Vendas de aços planos crescem acima do previsto no início do ano

Diário do Comércio – MG   01/03/2023

As vendas de aços planos em janeiro apresentaram alta de 21,1% sobre dezembro, superando as estimativas do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda), que previam um incremento de 15%. Frente a igual mês do ano anterior, as negociações cresceram 4,3%. Para fevereiro, mês que tem menos dias úteis, a estimativa é que a comercialização dos distribuidores de aço recue 15% frente a janeiro.

Os dados do Inda mostram que, em janeiro, o setor de distribuição comercializou 311,2 mil toneladas ante as 257 mil toneladas de dezembro. A alta é atribuída ao maior número de dias úteis do mês.

Em relação às compras, foram 319,8 mil toneladas – volume que superou em 31,7% as 242,8 mil toneladas de dezembro. Na comparação com janeiro de 2022, a alta foi de 5,7%.

De acordo com o diretor executivo do Inda, Carlos Loureiro, o volume de vendas de aço em janeiro surpreendeu o setor, que previa um aumento de 15%.

“As vendas foram bem melhores do que imaginávamos e um pouco abaixo do montante de compras. Nas compras, o aumento maior veio das chapas grossas, com alta de 87%. O produto está muito demandado. A gente acredita que, neste ano, vamos crescer aproximadamente de 1,5% a 2% nas vendas gerais, mas, vamos ver como irão evoluir ao longo do ano”, explicou.

As vendas diárias de aços ficaram praticamente estáveis com uma média de 14,1 mil toneladas dia ante 14,2 mil toneladas de janeiro do ano passado. “Para fevereiro, estimamos que as vendas do setor caiam cerca de 15%. O mês, além do período de férias, ainda teve o Carnaval. Foram praticamente quatro dias a menos que janeiro. De qualquer maneira, o mercado ainda está começando a reagir. Está parecendo aquilo que a gente sempre fala do Brasil que tudo começa após o Carnaval”.

Com as vendas pouco abaixo das compras, o estoque cresceu somente 1,1% frente a dezembro e está em 825,7 mil toneladas ante as 817,1 mil toneladas. Na comparação com igual mês do ano passado, a variação positiva é de 0,9%. O estoque das distribuidoras tem giro de 2,7 meses.

“Em janeiro, ficamos com os estoques praticamente no mesmo nível”.

No que se refere à importação de aços, os dados do Inda mostram que em janeiro foi registrada alta de 6,9% em relação ao mês anterior, com volume total de 177,2 mil toneladas contra 165,7 mil toneladas. Na comparação ao mesmo mês do ano anterior – quando foram importadas 170 mil toneladas -, as importações registraram alta de 4,3%. A origem das importações é em sua maioria da China, com 70%.

“O número está muito estabilizado, ficando entre 150 mil a 180 mil toneladas de aço mensais nos últimos meses. O volume não é grande e estamos tendo muito problema com o Porto de São Francisco do Sul, que é o que recebe a maioria das cargas. A espera ainda é grande para a liberação de armazém. Isso explica que os importadores estão segurando material no porto aguardando melhores condições de desovar esses materiais”, disse o representante do Inda.

Em relação aos preços, Loureiro explicou que no mercado externo os mesmos seguem firmes e sustentados pelas altas dos preços do carvão e do minério de ferro. A alta tem ampliado os custos das usinas, que podem tentar implementar um novo aumento. Porém, no mercado interno, com a demanda ainda retraída, o setor de distribuição tem encontrado dificuldades de repassar o último reajuste feito pelas usinas. “No mercado externo, a gente tem preços firmes e, dificilmente, algum movimento de preço para baixo virá de fora. No mercado interno, se houver possibilidade e se tiver algum movimento de preços, será de aumento. Mas ainda não tem nada anunciado. Será um ano muito difícil para as usinas e para a distribuição também. As revendas não conseguiram passar todo o reajuste para os clientes, já que o mercado está um pouco mais fraco. Com isso, os distribuidores estão com a margem muito apertada e uma hora terão que repassar esse custo mais elevado”, disse Loureiro.