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31 de Julho de 2024

SIDERURGIA

Valor - SP   31/07/2024

O vice-presidente executivo da Nippon Steel, Takahiro Mori, visitou no início de junho uma usina da U.S. Steel para aplacar a oposição do sindicato United Steelworkers (USW), que representa 850 mil pessoas

A Nippon Steel está em uma missão para construir apoio popular para sua proposta de aquisição da United States Steel, enviando um de seus principais executivos para se envolver diretamente com os funcionários no local.

O vice-presidente executivo da Nippon Steel, Takahiro Mori, visitou no início de junho uma usina da U.S. Steel na área de Pittsburgh, onde detalhou aos trabalhadores os planos de sua empresa sobre emprego e investimento de capital após o acordo.

A viagem foi sua quarta aos Estados Unidos desde que a Nippon Steel anunciou o plano de aquisição em dezembro passado. Pouco depois, em meados de julho, Mori se apresentou para uma entrevista com uma emissora de TV local.

"Este é um investimento que visa crescimento, que melhorará a segurança do emprego e criará novos empregos", disse ele.

Mori e o executivo-chefe (CEO) da U.S. Steel, David Burritt, também apareceram recentemente em um podcast juntos para angariar apoio para o acordo.

Um dos objetivos do lobby de Mori no local é aplacar a oposição do United Steelworkers (USW), um sindicato influente que representa 850 mil pessoas em vários setores. Os funcionários da U.S. Steel representam cerca de 10 mil de seus membros.

"A declaração do USW sobre a compra planejada pinta o acordo como ultrajante, então estamos comunicando os fatos diretamente aos funcionários da U.S. Steel", disse Mori. "A reação dos trabalhadores muda quando o fazemos."

Mori começou a falar diretamente com os trabalhadores da U.S. Steel em maio e tem visitado os Estados Unidos todos os meses desde então. Ele parece estar tentando conquistar os membros do sindicato para enfraquecer a oposição do USW ao acordo.

A eficácia dessa estratégia ainda está para ser vista. Mas o envolvimento com os trabalhadores da U.S. Steel pressiona a liderança do USW e abre caminho para unir a Nippon Steel e a U.S. Steel após a aquisição.

Os acionistas da U.S. Steel aprovaram a proposta da Nippon Steel em abril. Em maio, a aprovação regulatória foi concedida por autoridades de fora dos Estados Unidos, incluindo na Europa e no México.

Mas o acordo chegou a um impasse nos Estados Unidos, onde haverá eleição presidencial em novembro. O ex-presidente Donald Trump, indicado pelo Partido Republicano, prometeu bloquear o acordo se eleito. O atual presidente, Joe Biden, também expressou oposição, mas este renunciou à tentativa de reeleição.

Para receber a aprovação das autoridades americanas, o acordo precisará passar por uma revisão de segurança pelo Comitê de Investimento Estrangeiro nos Estados Unidos (CFIUS). "O CFIUS é visto por alguns como sujeito a pressão política", disse Tomoko Nakajima, sócia do escritório de advocacia multinacional Freshfields Bruckhaus Deringer.

Os executivos da Nippon Steel esperam que os desenvolvimentos ligados à aquisição acelerem após a eleição. Até lá, eles estão se concentrando em abordar os problemas potenciais um por um.

A Nippon Steel anunciou na terça-feira sua saída de uma joint venture que remonta a 2004 com a chinesa Baoshan Iron & Steel. Embora a empresa japonesa tenha dito que a mudança estava em andamento há dois anos e não estava relacionada ao acordo com a U.S. Steel, o fim do vínculo pode representar um problema a menos na fusão, dado o ambiente hostil entre Washington e Pequim.

O CFIUS não divulga seus critérios de triagem. Mas geralmente desconfia de vínculos com a China, devido ao risco de vazamento de informações e outras preocupações de segurança nacional.

"Acho que a dissolução da joint venture certamente ajuda a acalmar as preocupações relacionadas à segurança nacional com esta transação", disse Sarah Bauerle Danzman, professora associada de estudos internacionais na Indiana University Bloomington.

Além da triagem oficial, a Nippon Steel foi criticada por suas operações chinesas por rivais e por legisladores americanos. A separação da Baoshan pode silenciar essas críticas.

Um impulso adicional pode vir de Mike Pompeo, que atuou como secretário de Estado no governo Trump e foi recentemente contratado pela Nippon Steel como consultor. Pompeo continua próximo o suficiente de Trump para chamá-lo diretamente, de acordo com uma fonte. Se o ex-presidente for eleito novamente, Pompeo pode ajudar a persuadi-lo a permitir a aquisição.

Uma fonte do Partido Republicano em Pittsburgh expressou confiança de que o acordo com a Nippon Steel será concretizado se Trump vencer a eleição. A fonte concordou com a visão de que a aquisição traria investimentos de volta à região, ajudando a torná-la mais competitiva com o aço chinês.

Mas a recente escolha de Trump para ser o vice em sua chapa, o senador JD Vance, pode ser um entrave à fusão. Vance é de Ohio, estado do Cinturão da Ferrugem dos Estados Unidos, e tornou-se famoso ao escrever um livro sobre o empobrecimento da região após as fábricas americanas migrarem para México e China.

A siderúrgica americana Cleveland-Cliffs já fez uma oferta própria pela U.S. Steel. O CEO da Cleveland-Cliffs, Lourenço Gonçalves, um oponente vocal do acordo com a Nippon Steel, disse recentemente que sua empresa ainda está interessada em comprar a U.S. Steel se o preço for baixo o suficiente.

Ainda assim, a empresa, que é influente no USW, parece estar mudando seu foco para outro lugar. Ela anunciou em meados de julho um acordo para adquirir a Stelco Holdings, a maior siderúrgica do Canadá, por US$ 2,5 bilhões.

Infomoney - SP   31/07/2024

A CSN afirmou nesta terça-feira que não está descumprindo decisão judicial envolvendo a venda de ações da Usiminas, argumentando que não houve o decurso do prazo estipulado pelo juízo para a alienação dos papéis.

“Sobre o processo ainda pendem recursos e o mesmo tramita sob segredo de Justiça”, acrescentou a companhia.

Na véspera, a Usiminas divulgou fato relevante ao mercado afirmando que a CSN não cumpriu decisão judicial de vender a participação que detém na rival, conforme determinado em acordo com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

Portal Fator Brasil - RJ   31/07/2024

16,7% superior ante o trimestre anterior. Mas teve um prejuízo líquido de R$ 100 milhões. No mesmo período do ano passado, a empresa lucrou R$ 287,3 milhões.

A Usiminas divulgou seus resultados do segundo trimestre no dia 26 de julho (sexta-feira), onde dados registraram um prejuízo líquido de R$ 100 milhões, resultado R$ 135 milhões inferior ao lucro líquido apresentado no trimestre anterior, de — R$ 36 milhões —. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, em inglês)ajustado consolidado do segundo trimestre de 2024 ficou em R$ 247 milhões, apresentando uma redução de 40,6% em relação ao primeiro trimestre de 2024. As vendas de aço permaneceram praticamente estáveis, com 1.042 mil toneladas no segundo trimestre e 1.037 no primeiro trimestre, — crescimento de 0,5%.

Os resultados foram impactados, principalmente, por fatores externos, como a desvalorização do real frente ao dólar e custos das matérias-primas (carvão, coque, minério e placas), que afetaram especialmente a planta de Cubatão. A importação chinesa continua sendo um grande obstáculo ao mercado nacional. Só no primeiro semestre deste ano, foi registrado um aumento de 22% nas importações de aços planos, em relação ao primeiro semestre de 2023.

O presidente da Usiminas, Marcelo Chara, reforça que as importações chinesas ainda representam um grande obstáculo.

— Ainda enfrentamos uma pressão interna por causa do excesso de oferta do aço chinês. Em junho, primeiro mês da cota implementada pelo governo, as importações não sofreram impacto. O volume de importações de aços planos foi de 233 kt, superior à média mensal de 2023, ano em que registramos a maior participação de consumo aparente da última década— afirmou Chara.

Apesar dos desafios e dos números impactados por fatores externos, Chara ressaltou que foram registrados avanços relevantes nas operações da Usiminas. —O ramp up do Alto-forno 3 está concluído e alcançamos a estabilidade do equipamento, o que nos permitiu atingir em junho a maior produção do AF3 desde 2013. Isso é resultado do comprometimento de todo o time Usiminas — estacou.

Outros pontos positivos são a melhora do fuel rate (consumo de combustível) e aumento da carga metálica em torno de 8% e menor consumo de gás natural, em 17%.

Esses resultados já são reflexo de toda a transformação que vem sendo realizada na Usiminas, com foco nas rotinas de gestão e KPIs voltados para melhoria contínua e excelência operacional, em todos os processos.

Para finalizar, Chara ressalta que a companhia continuará cada vez mais voltados para busca de melhores resultados. —Agradeço nossos colaboradores pela dedicação e profissionalismo, acompanhando nossos desafios de transformação da Usiminas. Vamos continuar buscando a excelência operacional, estando cada vez mais próximos dos nossos clientes, reduzindo custos de produção e tendo como alvo os mercados de maior valor agregado. Sempre com a segurança em primeiro lugar e com muito cuidado ao meio ambiente, sendo bons vizinhos e integrando as comunidades das localidades onde operamos—

Siderurgia — A produção de aço bruto no segundo trimestre de 2024 foi de 817 mil toneladas, 16,7% superior em relação ao primeiro trimestre de 2024 (700 mil toneladas), reflexo da contínua evolução operacional do Alto-forno 3. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, em inglês) ajustado alcançou R$ 70 milhões, frente a R$ 334 milhões do trimestre anterior.

Mineração — No segundo trimestre de 2024, o volume de produção alcançou 1,9 milhão de toneladas, ligeira redução de 1,1% em comparação ao primeiro trimestre de 2024. O volume de vendas atingiu 2,0 milhões de toneladas no segundo trimestre, superior em 2,7% em relação aos três primeiros meses do ano. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, em inglês) Ajustado ficou em R$ 156 milhões, representando um aumento de 89,1% em relação ao primeiro trimestre de 2024 (R$ 83 milhões).

Valor - SP   31/07/2024

A siderúrgica registrou um prejuízo de US$ 743 milhões, no período

A siderúrgica Ternium registrou um prejuízo de US$ 743 milhões no segundo trimestre, revertendo o lucro de US$ 736 milhões apresentado um ano antes. Diluído por ação, a companhia teve um prejuízo de US$ 3,71, ante o lucro de US$ 3,19.

O resultado ficou bem baixo das expectativas do mercado, que estimavam um lucro por ação de US$ 1,25, segundo analistas escutados pela consultoria FactSet.

Em carta aos acionistas, a Ternium explica que realizou no segundo trimestre o provisionamento de US$ 783 milhões para litígios em andamento relacionados à aquisição de uma participação na Usiminas em 2012, como resultado de uma decisão judicial brasileira emitida em junho de 2024.

“A Ternium acredita que tal decisão é contrária à lei substantiva e processual aplicável; consequentemente, planeja defender vigorosamente sua posição, que foi confirmada por uma longa linha de precedentes e decisões judiciais, e apresentar todas as moções e recursos disponíveis”, declarou a companhia.

Descontada essa provisão, o lucro líquido ajustado da Ternium seria de US$ 40 milhões, ante os US$ 736 milhões apresentados no segundo trimestre de 2023. Ainda assim, diluído por ação, a empresa teria um prejuízo de US$ 0,11, ante o lucro de US$ 3,19 de um ano antes e abaixo da projeção do mercado de US$ 1,25.

Entre abril e junho, o lucro operacional da Ternium encolheu 49% na comparação anual, para US$ 371 milhões, enquanto as vendas subiram 17%, para US$ 4,51 bilhões.

A melhora nas vendas foi impulsionada pelo segmento no Brasil, em que houve um alta de US$ 38 milhões para US$ 1,01 bilhão, e por outros mercados, que apresentaram uma alta anual de 27%, para US$ 561 milhões.

Já no México, as vendas caíram 13%, para US$ 2,14 bilhões, enquanto na Região Sul houve uma queda de 35% nas vendas, para US$ 569 milhões.

O resultado antes de juros, impostos depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado ficou em US$ 545 milhões, redução anual de 38%. A margem Ebitda ajustada também caiu de 23% para 12%.

Segundo a Ternium, a queda no Ebitda ajustado pode ser explicada principalmente pelos preços realizados mais baixos do aço e um ligeiro aumento nos custos, já que as remessas de aço permaneceram relativamente estáveis.

No segundo trimestre, os embarques de produtos de aço somaram 3,84 milhões de toneladas, alta anual de 29%. Já os embarques de produtos de mineração chegaram a 1,5 milhão de toneladas, sem uma base de comparação anual, mas em relação ao primeiro trimestre, esse resultado representou um aumento de 5%.

No início da noite desta terça-feira (30), as ações da Ternium caíam 2,7%, a US$ 34,50, no pós-mercado em Nova York. No pregão regular, os papéis tiveram queda de 1,2%, a US$ 35,46.

Valor - SP   31/07/2024

Mercado se pergunta até onde vai a quebra de braço entre dois importantes acionistas da siderúrgica mineira: Steinbruch e Ternium, grupo ítalo-argentino

Na Usiminas, os problemas vão muito além dos resultados para lá de frustrantes do segundo trimestre, anunciados na sexta-feira (26). As ações da siderúrgica mineira acumulam queda de quase 27% em uma semana.

Os papéis ensaiaram um movimento de alta na segunda (29), reflexo de uma decisão que corre em segredo de Justiça para que a CSN, de Benjamin Steinbruch, reduza sua fatia na companhia dos atuais 12,9% para menos de 5% do negócio, conforme já determinado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

O mercado se pergunta até onde vai a quebra de braço entre dois importantes acionistas da siderúrgica mineira: Steinbruch e Ternium, grupo ítalo-argentino. Os dois travam uma longa disputa societária.

No fim de junho, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que houve mudança no bloco de controle com a entrada do grupo Ternium na siderúrgica mineira, com o voto de desempate, por 3 2, do ministro Antonio Carlos Ferreira.

A compra da participação de 27,7% da Ternium foi anunciada em 2011, por R$ 4,1 bilhões, e a CSN, sócia minoritária da siderúrgica mineira, entrou na Justiça para fazer valer o direito de “tag along”, ou seja, de estender a oferta aos demais acionistas.

Com a decisão, o grupo ítalo-argentino terá de pagar indenização que pode chegar a R$ 5 bilhões. A Ternium contesta.

A sócia fez uma compra direta dessa fatia em 2011, que pertencia aos grupo Votorantim e Camargo Corrêa, e alega que, por isso, não seria um movimento de alteração de controle.

Fontes ligadas à CSN afirmam que a redução de participação da siderúrgica se dará nos próximos meses, mas não há uma data para que isso aconteça. O valor dos papéis, segundo esse interlocutor, está baixo — e por conta disso, é preciso esperar mais um pouco para que a companhia se desfaça de sua fatia com mais tempo.

Em comunicado ao mercado, nessa terça (30), a CSN informou que não está descumprindo decisão judicial que determinou a venda da participação que detém na Usiminas. Segundo a companhia, não houve o fim do prazo estipulado em juízo para a venda das ações da siderúrgica, uma vez que o processo, em segredo de justiça, ainda é passível de recursos.

No meio dessa disputa, está a Usiminas. Em teleconferência na sexta-feira (26), a companhia disse que o cenário para a indústria siderúrgica segue desafiador, com a entrada de aço importado em volumes muito superiores à média histórica e pressão da desvalorização do real frente ao dólar na linha de custos.

Se depender da melhora de resultados para vender as ações da companhia, a CSN vai demorar muito para se desfazer desses papéis. E a disputa entre os sócios ainda está longe do fim.

ECONOMIA

O Estado de S.Paulo - SP   31/07/2024

A indústria de transformação do País continua perdendo competitividade e reduzindo sua participação no Produto Interno Bruto Brasileiro (PIB), e a tendência é permanecer nesse caminho. A avaliação foi feita nesta terça-feira, 30, pelo presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Josué Gomes da Silva, numa de suas raras entrevistas desde que assumiu o cargo no início de 2022. Dono do grupo têxtil Coteminas, atualmente em recuperação judicial, ele admitiu que não concedeu mais de cinco entrevistas à imprensa e declarou que gosta de falar pouco.

”A maior falta de dinamismo na economia brasileira se deve à perda de produtividade na indústria de transformação e não se pode atribuir a um único fator a falta de crescimento e da regressão da participação no PIB”, afirmou. O setor, que engloba mais de uma dezenas de segmentos, que vão de fabricação de calçados, aço, máquinas e equipamentos, alimentos até automóveis, representa cerca de 11% do PIB. Décadas atrás, esse número superava 30%.

Josué lista três pontos que, na sua visão, são fundamentais. Sem eles, assegura, dificilmente qualquer setor consegue prosperar no País. O primeiro, diz, são os juros reais elevados, de mais de 6% ao ano, durante os últimos 25 anos. “Certamente, essa é uma das causas-raiz para o nosso problema de crescimento econômico”.

Segundo, por ser um dos setores mais organizados, a indústria é um dos setores mais tributados da economia. “Pagamos cerca de 30% do total de tributos arrecadados pelo Brasil, contra uma participação no PIB ao redor de 11,5%. E pior do que isso, são 45% do valor adicionado.” Em outros setores mais competitivos, diz, “o que nós aplaudimos”, é menos de 5% desse valor. A referência é ao agronegócio.

Por último, aponta o câmbio. “Em alguns momentos esteve desalinhado, sobrevalorizado. Não é o momento atual, que está mais desvalorizado que a taxa de equilíbrio.”

Ele diz que a indústria de transformação no País já representou 50% da mesma indústria nos Estado Unidos. Hoje, fica abaixo de 25%, já caminhando para 20%. Por quê?, pergunta. Diz que 70% da produtividade da indústria de bens de capital é explicada pela intensidade de capital aplicado.

“Se, durante três décadas, a geração de caixa das empresas diminuiu porque elas foram mais tributadas e não puderam recorrer a recursos de terceiros porque as taxas de juros eram elevadíssimas, é óbvio que o investimento foi menor do que da indústria de outros países.”

O Brasil, afirma Josué, precisa discutir esse tópico, e a sociedade tem de encontrar formas de romper esse baixo crescimento. “Nos últimos dez anos, o crescimento médio nacional foi de menos de 1%.” A indústria de transformação, destaca Josué, melhora significativamente a produtividade da economia brasileira. “Um fato é que o Brasil não cresce nos últimos 30 anos, principalmente nos últimos dez anos, quando a indústria de transformação encolheu no País”, afirma.

Sobre o novo modelo de imposto, originado da reforma tributária, o IVA (Imposto de Valor Agregado), o dirigente disse lamentar que a taxa de referência vai acabar fiando superior a 28%. “Tomara que prevaleça esse limite colocado de 26,5%. Nós, aqui na Fiesp, defendemos um limite de 25%, num esforço de compor com segmentos econômicos de maior poder político. Cada setor brigando por si e deixando de olhar o todo da sociedade”, afirmou.

Josué realçou que a sociedade precisa debater condições para que o País volte a crescer com taxas maiores. E fez um mea culpa referente à questão dos incentivos. “Nós mesmos, líderes de entidades empresariais, continuamos trabalhando pela perpetuação de incentivos que já perderam o sentido, se é que tiveram algum. Sou contra o incentivo e contra políticas verticais. O que funciona, numa economia complexa como a brasileira, são políticas horizontais”, afirma, ressalvando que isso ocorre, muitas vezes, numa luta pela sobrevivência. São R$ 600 bilhões de gastos tributários que vão se perpetuando sem ser revistos, informa.

O presidente da Fiesp defende que setores super-relevantes da economia, sem nominar quais, precisam, também, fazer uma contribuição para a economia nacional. Não apenas de crescimento do PIB, mas também de maior pagamento de impostos, de uma normalização de suas condições de competição em relação aos outros segmentos. “Temos de evitar que não pare em R$ 250 bilhões anuais a transferência de renda vista hoje no País. Daqui a pouco, vamos chegar a R$ 1 trilhão ou R$ 2 trilhões.”

Josué disse que seu objetivo nos próximos 17 meses à frente da Fiesp, até o final de 2025, é debater como o Brasil pode voltar a crescer. E a indústria de transformação tem um papel nisso, junto da sociedade brasileira, que deverá achar uma saída. “O Brasil cresce pouco nos últimos 30 anos, período em que esse segmento industrial regrediu. Foi quando a taxa de juros permaneceu em patamares elevados, em que o Estado avançou cada vez mais com uma carga tributária maior em relação ao PIB. Temos déficit nominal de 9,9% do PIB e gasto de 7% para pagamento de juros da dívida.” Sem essa saída, ressalta, o País continuará patinando.

O presidente da Fiesp criticou quem defende plena abertura da economia brasileira para a indústria ganhar competitividade. “Se abrir a economia e deixar sem nenhuma condição de isonomia, a produtividade da indústria vai premiar uns poucos”, diz.

Ele disse que a entidade defende uma revisão da TEC (Tarifa Externa Comum, adotada no Mercosul), pois valia que a estrutura tarifária do Brasil está errada. “Há setores com tarifas de importação há muitos anos acima da tarifa consolidada pelo Brasil na Organização Mundial de Comércio, a OMC. Não estão sendo respeitadas e as alíquotas efetivas.” No caso de máquinas e equipamentos, exemplifica, a média praticada é de 6% a 7%, em razão dos ex-tarifários. Comparado com 15% a 16% definidos na OMC. “Estamos trabalhando para a revisão, para o Brasil se tornar um País normal.”

Josué apontou a questão das importações elevadas que os setores de aço e resinas plásticas vem enfrentando, com volumes crescentes oriundos principalmente da Ásia, com destaque para China. Informa que a China faz mais de 1 bilhão de toneladas de aço por ano e que ao exportar 10% é muito mais, algumas vezes, o que é consumido pelo Brasil. “O setor reivindica proteção, mas como ficam as indústrias de bens de capital e automotiva que tem o aço como um item crucial”, afirma.

Globo Online - RJ   31/07/2024

O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Josué Gomes, disse nesta terça-feira que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, teria "posicionamento político", o que colocaria em xeque a autonomia da autoridade monetária. Segundo Gomes, dois exemplos disso seriam a ida de Campos Neto às urnas em 2022 vestindo a camisa da seleção brasileira, e a homenagem que recebeu em jantar promovido pelo governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas (Republicanos).

— Ele optou pessoalmente por um posicionamento político. Se acabarem com a autonomia do Banco Central, o "mérito" vai ser todo do Campos Neto — disse Gomes a jornalistas em café da manhã realizado na Fiesp.

Questionado se Lula deveria se eximir de questionar a postura de Campos Neto à frente da autarquia, Gomes minimizou os ataques do presidente. Para o executivo, seria preciso “um José Alencar” para distensionar as relações entre o governo federal e o BC. José Alencar foi vice de Lula em seus dois primeiros mandatos. É também pai de Josué Gomes.

Segundo o presidente da Fiesp, o governo federal precisa de alguém capaz de reprovar publicamente decisões do BC.

— Tinha alguém que falava com legitimidade sobre o assunto e ele (Lula) não precisava falar. Infelizmente falta hoje no governo alguém que trate desse debate, então ele se sente na obrigação de falar.

Gomes também disse que o fato de a indústria ter avançado pouco nas décadas recentes é consequência da combinação entre câmbio, taxas de juros e impostos elevados sobre o setor. Segundo o executivo, a taxa de juros brasileira se manteve próxima a 6% na média dos últimos 25 anos, enquanto outros países adotaram percentual bem menor.

Além disso, ele acrescentou, a indústria responderia por aproximadamente 30% do montante arrecadado pelo governo federal em impostos, mesmo representando uma parcela relevante do PIB (25,5% em 2023).

Josué Gomes expressou desaprovação em relação à manutenção da taxa básica de juros em patamar de 10,5%, considerado por ele elevado, mesmo diante da queda nos índices de inflação nos últimos meses, o que estaria limitando investimentos na indústria.

— Com essa taxa de juros, é preferível deixar o dinheiro no banco [...]. Se você deixar o dinheiro no banco, aplicado em títulos do tesouro, que são os títulos mais seguros de um país, você vai ter um retorno dessa magnitude. A empresa só tem duas fontes de recursos: recursos de terceiros, que, com essa taxa de juros, são proibitivos, e o lucro, mas nosso negócio tem diminuído porque a indústria é altamente tributada. Se a gente não resolver esses dois problemas, a indústria não vai investir e a produtividade vai continuar caindo.

"Taxa das blusinhas"

O presidente da Fiesp também minimizou as polêmicas recentes sobre a taxação das plataformas online de varejo, medida conhecida como “taxa das blusinhas”. Para ele, a iniciativa do governo em criar o Remessa Conforme é positiva, por trazer maior regulamentação e permitir que o setor seja mensurado com dados realistas:

— A digitalização é uma realidade inescapável. As indústrias ou segmentos que não entenderem isso vão ficar para trás e é inevitável. Você tem Mercado Livre que é altamente competitivo. Você tem Ali Express, você tem o Temu que acabou de entrar — afirmou.

Para ele, a indústria deveria se associar a essas plataformas online:

— Eu vejo eles mais como potenciais clientes do que como potenciais concorrentes. Eles são varejistas. A indústria brasileira tem em vários segmentos do vestuário muita competitividade e eu não vejo nenhuma razão pela qual a indústria brasileira não possa fornecer para todas essas plataformas. Sem problema nenhum. A gente precisa aderir a um modelo de varejo sofisticado e que está dando certo no mundo. A indústria tem que tirar proveito disso se associando a elas (as plataformas) e encarando elas como parceiros e como clientes.

O Estado de S.Paulo - SP   31/07/2024

Após a disparada do dólar e a piora das expectativas inflacionárias desde a sua última reunião, o Copom não terá como escapar de abordar um tema indigesto para o governo Lula no comunicado que acompanhará a decisão nesta quarta-feira, 31: uma eventual alta dos juros até o fim do ano. Se não endurecer a mensagem já nesse documento, o Banco Central corre sério risco de perder o controle do câmbio e das projeções para a inflação no horizonte relevante da política monetária. Ninguém espera que, nesta reunião, o BC mexa na taxa Selic, atualmente em 10,50%.

No comunicado da reunião passada, o Copom apresentou um cenário alternativo de projeção de inflação, no qual o IPCA desacelerava para 3,1% em 2025, portanto, próximo da sua meta, caso mantivesse a Selic inalterada em 10,50% até o fim do ano que vem. Porém, esse cenário foi construído com base em duas premissas: um dólar de referência a R$ 5,30 e uma projeção de inflação em 2025, tirada da pesquisa Focus, de 3,8%. De lá para cá, a situação doméstica e o ambiente externo se deterioram. O dólar chegou a bater R$ 5,70. Agora, recuou um pouco, para ao redor de R$ 5,65. Já a projeção do IPCA para 2025 subiu para 3,96%.

Ou seja, nas condições atuais, não há mais como o Copom entregar uma inflação de 3,1% em 2025 apenas mantendo a Selic parada onde está. Diante da piora do câmbio e das expectativas de inflação, o Copom teria que subir os juros para cumprir o alvo do seu cenário alternativo. Se decidir manter a Selic inalterada, então terá que revisar para cima a sua projeção de inflação em 2025 nesse cenário alternativo, afastando-se da meta de 3%.

Como o Copom poderá sinalizar que a piora no balanço de riscos poderá exigir a retomada de um aperto monetário? Basicamente, dizendo que, sem um alívio nas expectativas de inflação no horizonte relevante, um cenário de juros constantes não assegura a convergência à meta. Traduzindo do “coponês”: posso ter de elevar juros já a partir da próxima reunião, em setembro. O outro lado da moeda é que, em setembro, o Federal Reserve provavelmente começará a cortar os juros americanos, o que daria um alívio nas condições globais de liquidez, ajudando os países emergentes.

Mas o mercado já precificou, no valor do dólar, dois cortes de juros nos EUA em 2024, sendo o primeiro em setembro. Sem falar que o risco fiscal no Brasil segue exacerbado, mesmo diante dos recentes anúncios do governo em relação à contenção de gastos. Assim, se o Copom não abordar amanhã o risco de elevar a Selic de novo, o dólar pode subir além de R$ 5,70.

O Estado de S.Paulo - SP   31/07/2024

A reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que começa nesta terça-feira, 30, e vai até quarta, não deve trazer surpresa. É unânime entre os analistas do mercado financeiro, segundo pesquisa feita pelo Estadão/Broadcast, a projeção de que a taxa de juros será mantida nos atuais 10,5%. Mas, com as incertezas que cercam a economia, vem crescendo na avaliação de economistas — embora ainda não seja o cenário base — a possibilidade de a taxa de juros voltar a subir ainda este ano.

O debate sobre a necessidade de um eventual aumento dos juros surgiu para o mercado no início de junho, após o dólar ter escalado até uma máxima de R$ 5,70 na cotação intradiária. Agora, a moeda opera acima da linha de R$ 5,60, mais de 6% acima dos R$ 5,30 usados nos cenários do Copom, e as expectativas de inflação continuam subindo.

Essas variáveis devem levar a um aumento das projeções de inflação do BC, incluindo a estimativa de um IPCA de 3,1% em 2025 em um cenário alternativo, com juros estáveis em 10,5% até o fim do próximo ano. Uma elevação dessa estimativa para a inflação poderia sugerir que apenas manter a Selic seria insuficiente para fazer a inflação convergir para o centro da meta, de 3%.

Em um relatório enviado a clientes, o diretor de pesquisa macroeconômica para América Latina do Goldman Sachs, Alberto Ramos, destacou que esses fatores, combinados ao mercado de trabalho forte, crescimento da renda disponível das famílias, pressão na inflação de serviços e baixa credibilidade da política fiscal, requer “extrema cautela” na calibração da política monetária.

“(Esse cenário) aponta para uma longa pausa no ciclo de normalização das taxas e para um crescente risco de aumento dos juros no curto prazo”, afirma o economista.

Nas contas do economista Carlos Kawall, ex-secretário do Tesouro e sócio-fundador da Oriz Partners, já é possível falar em uma chance de 40% de elevação dos juros ainda este ano, contra 60% para o cenário básico, de manutenção da Selic em 10,5%. O analista destaca que, com a piora das variáveis que influenciam a inflação, o BC precisa adotar um curso de ação que demonstre seu compromisso com o centro da meta e afaste preocupações do mercado.

A principal delas continua sendo a transição no comando da autarquia. O mandato do atual presidente do BC, Roberto Campos Neto, termina em 31 de dezembro, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que repetidamente criticou o nível dos juros, considerado elevado por ele, poderá indicar o seu sucessor, além de dois outros diretores. Com isso, a partir do próximo ano, o petista terá nomeado a maioria dos membros do Copom.

“Existe essa preocupação de como será essa transição, se teremos uma mudança na condução da política monetária, mas só vamos saber isso daqui a cinco reuniões. Mas o BC ainda tem quatro reuniões para trabalhar este ano e atuar, com os juros, sobre a inflação de 2025. Você não pode condenar a próxima gestão do BC a lidar com um problema que você poderia ter resolvido antes”, afirma Kawall. “Esse é o caminho natural. Se não, vamos entrar em conjecturas sobre se o BC é político, se está atuando como deveria.”

Em um relatório enviado a clientes, a equipe da Kínitro Capital também alerta que os riscos de um aumento dos juros “estão se avolumando”, especialmente após a inflação medida pelo IPCA-15 de julho, divulgado na semana passada, ter ficado acima do esperado.

“Nossas simulações sugerem que, com valores atuais para os principais determinantes da inflação, mesmo com a taxa Selic estável em todo horizonte prospectivo, as projeções de inflação do Copom se situariam ligeiramente acima do centro da meta. Isso significa que estamos em um limiar para o BC e os seus passos seguintes seguirão dependendo de uma série de elementos, como a resiliência da atividade econômica, a interrupção do processo de desancoragem das expectativas fiscais e de inflação, além da flexibilização da política monetária nas principais economias”, afirma a Kínitro.

A Legacy Capital, por sua vez, avalia que, na reunião que começa nesta terça-feira, o Banco Central precisa preparar o mercado para uma provável elevação de juros na reunião de setembro, sob pena de induzir uma depreciação ainda maior da taxa de câmbio e desancoragem adicional das expectativas de inflação.

A gestora afirma que, nas últimas semanas, as incertezas quanto ao compromisso do governo sobre a manutenção do arcabouço fiscal e quanto à condução da política monetária a partir de 2025, além de outros fatores, contribuíram para uma depreciação significativa da taxa de câmbio e para a elevação das expectativas de inflação.

“Nossas estimativas sugerem que a projeção de inflação a ser apresentada pelo BC, na reunião do Copom da próxima semana, no cenário com juros estáveis, dificilmente será inferior a 3,4%. O patamar de desvio de 40 pontos-base (0,4 ponto porcentual) seria compatível com elevação imediata dos juros, já nesta próxima reunião (de setembro)”, afirma a Legacy Capital, em publicação na rede social LinkedIn.

O Itaú Unibanco avalia que a política monetária brasileira se encontra no limiar de uma inflexão, com o banco simulando que, nas condições atuais, o nível da Selic necessário para levar a inflação à meta no horizonte relevante já seria de pelo menos 11% ao ano.

“Tal condição deve levar o comitê a renovar a promessa de vigilância, e afirmar que avaliará se a estratégia de manutenção da política monetária em patamar contracionista por tempo suficiente será capaz de assegurar o processo de desinflação e reancoragem das expectativas”, afirma o time de pesquisa macroeconômica liderado pelo economista-chefe do Itaú Unibanco, Mário Mesquita.

Para o Itaú, um possível sinal mais duro e inteiramente cabível pelo Copom seria “a descrição de um balanço de riscos assimétrico para cima, acompanhada da afirmação de que o comitê não hesitará em retomar o ciclo de ajuste (para cima)”.

Globo Online - RJ   31/07/2024

Os índices de inflação estão desacelerando em julho em relação ao mês anterior. E o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), conhecido como a inflação do aluguel, divulgado hoje pelo FGV Ibre, não foi diferente, variou 0,61% contra 0,81% apurado em julho. No entanto, a taxa em 12 meses continua em ata: subiu 3,82%, enquanto acumulava queda de 7,72% em 12 meses anteriores. E é essa comparação que interessa ao Comitê de Política Monetária (Copom) que inicia nesta terça-feira a reunião em que definirá o juros básico da economia brasileira. E nesse cenário, diz o economista André Braz, coordenador do Índices de Preços do FGV Ibre, não há qualquer perspectiva de retorno do ciclo de cortes da Selic. A expectativa é de manutenção da taxa em 10,5%.

- Os preços estão numa tendência de aceleração menor, mas ainda assim não vencem o ritmo do ano passado. Quando se olha na margem, que é de um mês para o outro, a inflação está cada vez menor. Mas quando você olha em 12 meses, a inflação está subindo. E aí que está o problema, porque a inflação tem que ir para a meta, no caso do Índice de Preço ao Consumidor (IPC) a previsão é que termine acima da meta, que é de 3%. O que indica que a política monetária tem que continuar austera para favorecer no médio prazo uma convergência da inflação para a meta. Quando a taxa em 12 meses começar a desacelerar, subir menos mês a mês, a gente pode começar a comemorar que a gente está na trajetória mais segura e poderemos pensar em juros voltando a uma trajetória de queda. Enquanto o ritmo for de aceleração da taxa em 12 meses, isso é preocupante, o que mantém a expectativa de uma Selic em 10,5% até o final deste ano - explica Braz.

No Boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira, o mercado voltou a elevar as projeções de inflação para 2024 e 2025. No entanto, os analistas mantiveram inalteradas as estimativas para a Selic em 10,5% para este ano e em 9,5% para o ano que vem.

- Se a expectativa da inflação do ano que está subindo, isso significa que o Banco Central não está conseguindo ancorar bem as expectativas. E quando isso acontece, quer dizer que a credibilidade da política monetária está enfraquecida e ele precisa recuperar essa credibilidade sendo um pouco mais austero - reforça o economista.

Rafael Santos, professor de economia da FGV EPGE, concorda. Santos disse ao blog que apesar de juros brasileiro ser inegavelmente alto, a taxa de 10,5% não parece ser excessiva para que o Banco Central do Brasil cumpram a sua missão de manter a inflação na meta.

O relatório da equipe de Macro Research da Genial Investimentos avaliou como negativo o resultado do IGP-M. " Alimentos in natura escondem maior pressão em itens importantes, como serviços no consumo e na construção civil. A queda dos in natura é sazonal e impulsionada por possíveis normalizações do evento no Rio Grande do Sul, que foi responsável por altas significativas na categoria. Lembrando que in natura e arroz já vinham de elevadas altas antes mesmo do impacto do Sul, devido ao intenso El Niño do começo do ano que ampliou as condições desfavoráveis sazonais no primeiro trimestre, dificultando separar o que está causando o quê", diz o texto dos analistas.

Braz pondera, no entanto, que há chance de ver quatro meses de desaceleração consecutiva do IGP-M em 12 meses a partir de setembro.

- Esse efeito base, que nos faz comparar com a inflação muito mais baixa no ano passado, não vai durar para sempre, porque ao longo do segundo semestre do ano passado, a inflação acelerou. Então essa condição de comparar com taxa muito baixa, ela vai enfraquecer ao longo do tempo.E isso vai permitir, então, que se veja qual é, de fato, a tendência da inflação. No último trimestre, outubro, novembro e dezembro, a variação do IGP-M foi a seguinte, foi de 0,5%, 0,59% e 0,74%, respectivamente. Em setembro já tinha sido 0,37%, então assim, o IGP-M só registrou taxa negativa até agosto, que foi menos 0,14%. Depois a taxa foi crescente. Saímos em julho de 2023, com uma tava negativa de 0,72% para 0,6q% em julho deste ano. E provavelmente a taxa de agosto também vai ser uma taxa positiva, mas a partir de setembro há chances de vermos o início da desaceleração da taxa em 12 meses - ressalta o coordenador dos Índices de Preços do FGV Ibre.

Em julho, o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) variou 0,68%, uma desaceleração em relação ao comportamento observado em junho, quando registrou alta de 0,89%.O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) também recuou em relação a junho, foi 0,30% ante 0,46%. O mesmo com Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) registrou uma alta de 0,69%, um valor inferior à taxa de 0,93% observada em junho. Em 12 meses, no entanto, todos os indicadores estão em aceleração.

IstoÉ Dinheiro - SP   31/07/2024

A alta de 1,28% nos preços dos produtos industriais na porta de fábrica em junho foi decorrente de altas em 19 das 24 atividades pesquisadas, segundo dados do Índice de Preços ao Produtor (IPP), divulgado hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O setor de alimentos puxou o índice, sendo responsável por 0,36 ponto porcentual (p.p.) de influência na variação de 1,28% da indústria geral. Outras atividades que também sobressaíram foram outros produtos químicos, com influência de 0,31 p.p., metalurgia, com 0,19 p.p., e indústrias extrativas, com 0,08 p.p.

Em termos absolutos, as quatro atividades com as maiores variações de preços foram os chamados outros produtos químicos (3,93%); outros equipamentos de transporte (3,67%); metalurgia (2,99%); e fumo (2,83%).

Alimentos

O setor de alimentos experimentou uma alta de 1,48% no Índice de Preços ao Produtor de junho. Esta foi a terceira alta mensal seguida dos alimentos no índice, e a mais alta das três, informou nesta terça-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Em termos de influência, respondendo por 1,10 ponto porcentual da variação de 1,48% dos alimentos em maio ante junho, os produtos de maior destaque são o “óleo de soja em bruto, mesmo degomado”; “açúcar VHP (very high polarization)”; “carnes e miudezas de aves congeladas” e “café torrado e moído”, informou o IBGE.

Contextos

O aumento de preços de “óleo de soja em bruto, mesmo degomado” está ligado tanto à variação positiva do preço da soja na esteira da depreciação do real e, tão logo, aumento da demanda externa, como à pressão de demanda exercida pelos biocombustíveis, que usam o óleo como matéria-prima.

Mesmo com o avanço da safra da cana-de-açúcar, os preços do açúcar VHP avançaram, em boa medida devido à depreciação de 5,0% do real frente ao dólar no período, detalhou o IBGE.

O aumento do preço do café, em que pese o período de colheita, responde a incertezas do mercado mundial, particularmente em torno da capacidade produtiva do Vietnã, exportador de relevo do produto, além de, novamente, a depreciação do real frente ao dólar.

No caso de “carnes e miudezas de aves congeladas”, a demanda externa, associada à depreciação do real, está por trás do avanço observado.

Na comparação entre junho e maio, apenas dois grupos evoluíram acima da média de 1,48% dos alimentos: “fabricação de óleos e gorduras vegetais e animais” (2,86%) e “torrefação e moagem de café” (7,90%).

MINERAÇÃO

IstoÉ Online - SP   31/07/2024

A Rio Tinto teve lucro líquido de US$ 5,81 bilhões nos seis primeiros meses de 2024, um aumento de 13,50% ante igual período de 2023, de acordo com balanço divulgado nesta terça-feira. O lucro diluído por ação foi de US$ 3,54, o que representou aumento de 0,57 na mesma comparação.

A segunda maior mineradora do mundo em valor de mercado teve receita de US$ 26,8 milhões no primeiro semestre de 2024, um crescimento de 1% sobre o mesmo período de 2023.

Segundo o comunicado da Rio Tinto, o aumento da produção e dos preços mais altos do cobre ajudaram a compensar a queda na produção e dos preços do minério de ferro.

“A Rio Tinto é consistentemente muito lucrativa e está crescendo”, disse Jakob Stausholm, executivo-chefe da mineradora. “Isso está sendo impulsionado pelos investimentos disciplinados que estamos fazendo para fortalecer nossas operações e progredir nos principais projetos de crescimento orgânico lucrativo”, complementou.

AUTOMOTIVO

Automotive Business - SP   31/07/2024

Carros elétricos e a indústria automotiva chinesa têm sido pauta de diversas rodas de conversa, seja na casa dos brasileiros, seja no conselho de administração de grandes empresas do setor automobilístico ao longo de 2024. Entre janeiro e abril de 2024, os carros elétricos puros e híbridos importados pelo Brasil, oriundos da China, somaram 88,32 mil unidades, tornando o Brasil maior o destino desse tipo de veículo.

Para se ter uma ideia da dimensão, segundo a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), o total de automóveis emplacados nos primeiros quatro meses de 2024 foi de 541.047. Falando só de eletrificados (híbridos e 100% elétricos), tivemos o emplacamento de 64,8 mil unidades entre janeiro e maio.

SAIBA MAIS

Todo esse movimento caminha em paralelo com o aumento de tarifas de importação pelo mundo contra os carros produzidos no país asiático. A União Europeia, após uma investigação sobre subsídios no setor, notificou as montadoras chinesas dizendo que vai impor tarifas adicionais de até 48% sobre os carros elétricos importados da China a partir de julho.

Assim como no Brasil, os veículos elétricos chineses têm avançado no mercado europeu em meio a uma guerra de preços doméstica. Estima-se que, com as tarifas, as importações chinesas reduzam 25%, totalizando um valor de aproximadamente R$ 21 bilhões .

Já nos Estados Unidos, a medida é ainda mais radical. Em ano de eleição e temendo a perda da hegemonia do mercado automotivo, o governo Biden impôs uma alíquota de 100% sobre os carros elétricos chineses. Antes do aumento, a taxação era de 25% sobre o valor do produto.

A intenção é dobrar o preço assim que os veículos entrarem em território americano, quase inviabilizando a importação desse tipo de automóvel. As baterias e outros componentes também passarão por um aumento de alíquotas. O imposto para baterias, que antes era de 7,5%, irá para 25%, enquanto as células fotovoltaicas usadas em painéis solares serão taxadas em 50%, o dobro do imposto anterior.

No Brasil, o aumento do imposto de importação foi anunciado em novembro de 2023, com o primeiro aumento já em janeiro de 2024, conforme a tabela abaixo:

Ao mesmo tempo, as empresas têm até 30 de junho de 2026 para continuar importando com isenção até determinadas cotas de valor, também estabelecidas por modelo (NCM). Para híbridos, as cotas serão de US$ 130 milhões até junho de 2024; de US$ 97 milhões até julho de 2025; e de US$ 43 milhões até 30 de junho de 2026.

Para híbridos plug-in, US$ 226 milhões até julho de 2024, US$ 169 milhões até julho de 2025 e de US$ 75 milhões até 30 de junho de 2026. Para elétricos, nas mesmas datas que os híbridos plug-in, respectivamente US$ 283 milhões, US$ 226 milhões e US$ 141 milhões.
Tributos em nome da industrialização

Segundo o governo, a volta da tributação dos eletrificados – que eram isentos desde 2015 – visa desenvolver a cadeia automotiva nacional neste setor, acelerar o processo de descarbonização da frota brasileira e contribuir para o projeto de neoindustrialização do país, cujas bases são a inovação, a sustentabilidade e o fortalecimento do mercado interno, com geração de emprego e renda .

Uma das da gigantes do setor e que no início das suas atividades fabricava apenas baterias, a BYD informou que planeja trazer até julho 100 mil carros importados da China e que esse volume deve ser suficiente para suprir as operações da empresa até o fim do ano, quando existe a previsão do início da produção local em Camaçari (BA ).

Fica mais do que claro, analisando todos esses números, que a superprodução chinesa de automóveis elétricos está intimamente ligada ao dumping. A China investiu massivamente na capacidade de produção desses veículos, impulsionada por políticas governamentais que incentivam a transição para tecnologias mais limpas e sustentáveis, bem como aplicando subsídios diretos para reduzir o custo de produção.

Essa combinação de fatores resultou em um excedente de veículos elétricos que o mercado interno não consegue absorver totalmente. Como resultado, a China busca mercados externos para escoar seu excedente, muitas vezes vendendo os veículos a preços muito baixos, o que caracteriza o dumping.

O dumping e a superprodução chinesa de automóveis elétricos representam desafios significativos para o comércio internacional e a economia global. A resposta dos países afetados pode variar desde a implementação de medidas protecionistas até a promoção de suas próprias indústrias de veículos elétricos para competir de forma mais eficaz. A situação, assim como os outros conflitos comerciais recentes, exige um equilíbrio cuidadoso entre proteger os mercados locais e manter boas relações comerciais com a China.

Em suma, as reações das principais economias mundiais, como União Europeia, Estados Unidos e Brasil, demonstram uma tentativa de proteger suas indústrias locais e equilibrar as relações comerciais com a China. As tarifas impostas variam em rigor, mas todas têm o objetivo de restringir a entrada massiva de carros elétricos chineses, minimizando os impactos negativos do dumping e incentivando o desenvolvimento das indústrias automotivas nacionais.

A maneira como os países navegarão por este cenário influenciará não apenas o comércio internacional, mas também o avanço tecnológico e a sustentabilidade das frotas automotivas. O Brasil, ao se posicionar de maneira estratégica trazendo plantas automotivas e desenvolvimento de tecnologia para o país, pode aproveitar as oportunidades de crescimento econômico e inovação, ao mesmo tempo em que contribui para a descarbonização do transporte.

Auto Industria - SP   31/07/2024

Independentemente do que você pensa sobre a frase “o cliente tem sempre razão”, há uma verdade fundamental nela: os clientes são aqueles que definem os hábitos e tendências de consumo. Em nenhum lugar esse fato é mais importante de se ter em mente do que no setor automotivo de hoje.

À medida que governos e montadoras buscam soluções para o desafio global da mobilidade descarbonizada em escala, eles precisam garantir opções que sejam adequadas às necessidades dos consumidores. E não existe uma abordagem única para a mobilidade sustentável.

Na Europa, vimos um importante crescimento na adoção de veículos elétricos (EVs) nos últimos anos. Mais recentemente, no entanto, surgiu uma tendência significativa e surpreendente em jogo: consumidores migrando em massa para os híbridos. No ano fiscal (2023/2024), os híbridos tiveram um aumento astronômico na demanda, com as vendas aumentando em 33,1%. Isso superou completamente todas as outras categorias de veículos, incluindo EVs, cujas vendas aumentaram 14,8% no mesmo período.

De acordo com dados da Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis, 35,6% das vendas de carros novos europeus, em junho de 2024, foram de veículos elétricos híbridos (HEVs) e elétricos híbridos plug-in (PHEVs). Em contraste, os movidos a gasolina representaram 34,4%. Tudo isso sugere que os híbridos estão se tornando uma nova opção de mobilidade padrão para os consumidores europeus.

No Brasil também já é possível enxergar esta tendência no mercado. A comercialização de carros híbridos, na comparação de junho do ano passado com 2024, foi 64% superior, segundo dados da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores).

Mas o que explica esse grau de demanda por veículos híbridos? Na minha opinião, tudo se resume a algo ligado à arquitetura desta categoria: versatilidade.

Versatilidade em uso

Os EVs são, sem dúvida, parte do futuro. Eles oferecem aos consumidores e frotas um modo de transporte sustentável e com zero emissões, impulsionando a descarbonização. E, atualmente, apresentam uma solução de mobilidade ideal para ambientes densos e urbanizados, que podem contar com infraestrutura de suporte de EVs, como pontos de carregamento e acesso à rede.

A razão pela qual 85% dos novos EVs são vendidos na Europa Ocidental e na China é que a geografia econômica desses mercados permite que a infraestrutura necessária seja dimensionada mais facilmente, já que a maioria da população vive em grandes regiões urbanas bem conectadas.

No entanto, nem toda Europa possui essa geografia econômica. Muitos europeus vivem em regiões rurais ou viajam regularmente para fora de centros urbanos densos. Muitos também trabalham fora das áreas urbanas, nas áreas de agricultura, mineração e energia.

Os híbridos oferecem o melhor dos dois mundos para esses europeus: transporte livre de emissões dentro das áreas urbanas, ao mesmo tempo em que permitem que viajem ou trabalhem de forma confiável em regiões onde a infraestrutura de carregamento não está disponível.

Versatilidade para regiões

Essa vantagem se torna mais óbvia em nível global. No mundo rural e no hemisfério sul, a perspectiva de uma implementação completa de infraestrutura de EV está muito distante — a escala de investimento necessária é, atualmente, economicamente inviável.

Como resultado, regiões como a América do Sul ainda não possuem números representativos de venda de EVs. Dos 3,1 milhões de novos carros de passeio comercializados em 2023, apenas 90 mil eram EVs. Nessas regiões, os híbridos fornecem mobilidade sustentável, de baixa emissão, inclusiva e responsável.

Para ajudar a atingir o desafio global de descarbonização, essas regiões estão se voltando para soluções de combustível alternativo. No Brasil, por exemplo, mais de 80% dos veículos novos vendidos são movidos a etanol e flex fuel.

Outros mercados estão investindo em combustíveis alternativos como parte central de sua rota de sustentabilidade, como a Índia, que irá lançar um novo padrão de combustível com 20% de etanol no ano que vem.

Versatilidade para o futuro

A versatilidade proporcionada pelos veículos híbridos impulsionou sua rápida adoção na Europa e além. Em vez de ser uma escolha entre veículos com motor a combustão e EVs, os híbridos são uma alternativa no caminho para a descarbonização, oferecendo soluções que acompanham o ritmo de mudança e demanda na região.

A inovação em combustível sustentável está permitindo que esses híbridos alcancem pegadas de carbono quase idênticas às dos EVs ao longo de suas vidas úteis. Investimentos anuais em tecnologias de combustível como e-fuels, biocombustíveis e flex fuels totalizam US$ 51 bilhões em todo o mundo: todos esses projetos se baseiam no uso contínuo de motores a combustão e híbridos.

Em vez de considerar EVs e híbridos como soluções concorrentes, devemos reconhecer que são complementares para necessidades diferentes, com ambos nos ajudando a atingir o objetivo maior da descarbonização. Juntos, eles podem criar novos caminhos para um futuro mais sustentável para a Europa e o planeta.

CNN Brasil - SP   31/07/2024

A produção global da Toyota caiu em junho, registrando queda pelo quinto mês consecutivo, à medida que a montadora japonesa continua sendo duramente atingida por um escândalo de certificação em seu mercado doméstico e uma guerra de preços na China.

A produção mundial da maior montadora do Japão caiu 12,9%, para 795.862 veículos, o declínio mais acentuado desde dezembro de 2022.

Em seu mercado doméstico, a produção recuou 18,8% depois que o Ministério dos Transportes encontrou irregularidades nos pedidos da Toyota e de outras montadoras para certificar determinados modelos em uma ampliação de um escândalo de segurança automotiva.

Na China, onde fabricantes nacionais de veículos elétricos, como a BYD, têm conquistado rapidamente participação no mercado e reduzido agressivamente os preços, a produção caiu 21,7% – marcando o quinto mês consecutivo em que a produção da Toyota caiu 20% ou mais.

A produção na América do Norte teve queda de 6,2%, enquanto na Europa caiu 6,6% devido a menos dias de produção em comparação com o ano passado.

As vendas globais da Toyota recuaram 5,1% durante o mês, prejudicadas pelas quedas no Japão e na China.

A montadora divulgará seus resultados para o trimestre na quinta-feira (25).

Espera-se que ela registre um aumento de 21% no lucro operacional em relação ao ano anterior, para 1,35 trilhão de ienes (US$ 8,7 bilhões), de acordo com um consenso de estimativas da LSEG de seis analistas, ajudada por um iene mais fraco e pela forte demanda por veículos híbridos nos Estados Unidos.

Durante os primeiros seis meses deste ano, a produção global da montadora caiu 5%, enquanto as vendas globais recuaram 0,9%.

IstoÉ Online - SP   31/07/2024

O grupo automotivo Stellantis afirmou nesta terça-feira (30) que está entrando no setor de eletrificação no Brasil de forma “gradual” para manter o equilíbrio nos campos ambiental, econômico e social.

A declaração chega enquanto a empresa se prepara para lançar no mercado brasileiro os primeiros veículos da plataforma Bio-Hybrid, que combina motores flex com diferentes níveis de eletrificação, de modo a aproveitar a experiência do país com o etanol.

“Estamos colocando um pé na eletrificação, mas de forma gradual. É preciso um equilíbrio econômico e social, sem gerar desemprego e nos preparando para o carro elétrico que vem à frente”, disse João Irineu Medeiros, vice-presidente de assuntos regulatórios da Stellantis, em coletiva de imprensa online.

O executivo apontou que as tecnologias de baterias – ainda caras e pesadas demais para massificar os carros elétricos – estão em “franca evolução”. “Mas até que se tornem uma solução acessível, de baixo custo e que não demande tanto da infraestrutura de recarga, a gente precisa fazer a transição de forma gradual”, disse Medeiros.

De acordo com a Stellantis, o ciclo de vida completo de um veículo a etanol gera 26 toneladas de CO2 equivalentes (tonCO2e), contra 62 dos automóveis a gasolina e 23 dos elétricos puros no Brasil, o que justificaria a decisão de apostar nos híbridos flex no maior mercado da América Latina.

“É uma oportunidade importante. O carro 100% a etanol é de baixo carbono e tem custo baixo, enquanto o 100% elétrico é de baixo carbono, mas tem custo alto. A combinação de diferentes níveis de eletrificação ao biocombustível é uma solução que nos permite resolver vários problemas ao mesmo tempo, em prol da descarbonização”, salientou

FERROVIÁRIO

Revista Ferroviaria - RJ   31/07/2024

O Metrô de São Paulo suspendeu a licitação para a elaboração do projeto básico de arquitetura e engenharia da Linha 20-Rosa, que pretende conectar a região da Lapa com a cidade de Santo André, no ABC paulista.

A decisão foi divulgada na última sexta-feira (26/7) após atender a dois pedidos feitos por concorrentes ao contrato que contestaram a escolha do Consórcio MNEPI Linha 20, formado pelas empresas Maubertec, Nova Engevix, Pólux e Intertechne, como vencedor da concorrência conforme as especificações do edital.

Curiosamente não apenas o segundo colocado, o Consórcio Sener Setepla – Egis – Setec, deu entrada em recurso administrativo como o próprio vencedor reclama do resultado apontado pelo Metrô.

O MNEPI Linha 20 afirma que a comissão de licitação errou a nota técnica atribuída a ele e deve revisá-la para cima. Além disso pede a desclassificação dos concorrentes Sener Setepla – Egist – Setec e CASL20 – Civil – Arquitetura – Sistemas porque teriam usado como comprovante de experiência profissionais com diplomas obtidos no exterior.

Além disso, o vencedor do certame pede que o Metrô revise para baixo as notas atribuídas aos dois consórcios.

Já o consórcio Sener Setepla – Egis – Setec diz que o MNEPI Linha 20 teria obtido a melhor nota comercial por meio de um artifício, o de ter considerado uma mesma equipe de técnicos para produzir os projetos das duas partes da Linha 20-Rosa.

O Metrô dividiu a licitação em dois blocos, o primeiro entre as estações Santa Marina e Abraão de Morais e o segundo a partir dela até Santo André.

Os dois blocos têm um cronograma de execução paralelo, o que exigiria duas equipes diferentes, mas o consórcio derrotado alega que o MNEPI Linha 20 apenas considerou um pequeno grupo de 10 profissionais, insuficiente para dar conta da demanda dos trechos.

“Este consórcio recorrente requer se digne a ilustre comissão de licitação e julgamento da companhia do metropolitano de São Paulo – Metrô, proceda ao reexame da classificação final do certame do edital de licitação nº 10019740, reconsiderando a decisão proferida anteriormente, para o fim de dar provimento ao presente recurso administrativo, desclassificando o Consórcio MNepi Linha 20 em um dos dois lotes, a fim de que não seja considerada nenhuma vantagem não prevista ou exigida neste edital, com fundamento no item 8.3 do Edital, conforme apontamentos realizados no presente recurso”, diz o documento apresentado pelo consórcio.

Com a suspensão do processo, o Metrô de São Paulo analisará os documentos para decidir se acatará ou não os recursos apresentados. A decisão sobre a continuidade ou modificação do processo licitatório será tomada após a avaliação detalhada das alegações e evidências fornecidas pelos consórcios concorrentes.

O projeto básico da Linha 20-Rosa é importante para que o governo de São Paulo possa modelar a futura concorrência para concessão do ramal à iniciativa privada, que deverá construí-la e operá-la.
Metrô prevê entrega até 2035

A Linha 20-Rosa está prevista para ser entregue até 2035, com extensão de 33 km, 24 estações e dois pátios de manutenção, conectando diversos pontos da capital e do ABC Paulista.

Estima-se que a linha atenderá cerca de 1,3 milhão de passageiros diariamente, com uma frota de 50 trens.

NAVAL

Portal Fator Brasil - RJ   31/07/2024

Assim como diversos setores importantes para a economia, a indústria naval depende de iniciativas que a mantenham em constante desenvolvimento, permitindo sua reestruturação através de novos investimentos, atualizações tecnológicas atrativas para projetos de construção e modernização das frotas de embarcações, garantindo, assim, a retomada dos postos de trabalho do setor naval.

Como exemplo dessas iniciativas, temos o AFRMM (Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante), que consiste em uma CIDE (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico). Estabelecido pela Lei 9.432, de 1997 e regulamentado através da Lei 10.893, em 2004, trata-se de um adicional incidente sobre o frete cobrado para o transporte de cargas descarregadas em portos brasileiros, seja na Importação, na Cabotagem (transporte marítimo entre portos brasileiros), ou no transporte de cargas na navegação de interior, através dos rios. Dessa forma, o tributo arrecadado é destinado à única fonte de recurso do Fundo da Marinha Mercante (FMM), administrado pelo Ministério dos Portos e Aeroportos, através da nova Secretaria de Hidrovias e Navegação, sendo responsável pelo financiamento de projetos de construção e modernização da frota brasileira de navios, sempre em estaleiros brasileiros.

Entretanto, pela Lei 10.893, é estabelecido que o AFRMM gerado no transporte de Cabotagem, Longo Curso e Navegação de Interior, realizado por embarcações de registro brasileiro operadas por empresas brasileiras de navegação, será direcionado para essas mesmas companhias que realizam o transporte, através de depósito na conta vinculada das empresas, no Banco do Brasil.

Esses valores depositados na conta vinculada são gerenciados pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), e tem uso específico, sendo obrigatoriamente direcionados à construção de embarcações ou docagens e manutenção de embarcações feitas em estaleiros brasileiros.

Atualmente, o valor do AFRMM é calculado de acordo com o tipo de navegação e produto transportado, podendo variar de 8% a 40%. Nos serviços de Cabotagem, a alíquota é de 8% sobre o frete aquaviário. Entretanto, na prática, a maior parte dos clientes não paga o AFRMM, devido a um dispositivo da lei que considera como não incidente o AFRMM gerado no transporte de cargas de e para portos das regiões Norte e Nordeste. Este mesmo dispositivo estabelece que esses valores não pagos pelos clientes, devem ser ressarcidos às empresas que operam os navios de registro brasileiro, sendo que a gestão do ressarcimento é de responsabilidade da Receita Federal desde 2014.

Conforme informações da própria Receita Federal, os valores ressarcidos pela instituição vem sendo reduzidos ano a ano, desde 2019, sendo que em 2024, foram pagos aproximadamente metade dos pagamentos de 2023, e somente 28% dos valores ressarcidos em 2022.

Este tem sido um grande gargalo para as empresas de navegação, que dependem deste recurso para fazer seus investimentos no setor naval brasileiro, tanto na construção quanto na modernização de sua frota, pois, mais do que o recurso em si, é necessário que se tenha a segurança jurídica e operacional na obtenção do recurso, para que se possa planejar tais investimentos.

Muitos entraves são alegados pela Receita Federal, como falta de orçamento, pessoal treinado e sistema adequado, mas o fato é que desde 2014, ainda não temos um sistema adequado para a validação dos processos, de forma que a validação das informações e o pagamento dos ressarcimentos seja feito de forma regular. O que temos até agora foram pagamentos manuais, feitos caso a caso, o que tem gerado grandes passivos com as empresas, e processos pendentes de ressarcimento há quase 10 anos.

Em janeiro de 2023, a Receita Federal implementou uma nova evolutiva do seu sistema de validação de informações, para o Ressarcimento do AFRMM, que resultou em bloqueio de 100% dos ressarcimentos, de todas as Empresas de Navegação, devido ao excesso de travas implementadas no sistema, algumas sem critérios claros de validação. As empresas passaram quase todo o ano de 2023 sem ressarcimentos, tendo ocorrido algum pagamento somente no último trimestre daquele ano. Algumas empresas ainda estão sem receber os valores devidos desde janeiro de 2023.

Devido ao agravamento desta situação, que está comprometendo a saúde financeira de várias empresas, em junho de 2024, foi realizado um debate na Câmara dos Deputados em Brasília, promovido pela ABANI (Associação Brasileira para o Desenvolvimento da Navegação Interior), juntamente com a Frente Parlamentar da Navegação de Interior e Indústria Naval, com participação de autoridades, representante do Ministério dos Portos e Aeroportos, ANTAQ (Agência Nacional de Transportes Aquaviários), ABAC (Associação Brasileira dos Armadores de Cabotagem) e Receita Federal.

Neste evento, foram apresentados, pela Receita Federal, dados que indicam que há valores pendentes de ressarcimento de AFRMM acima de R$ 800 milhões, sendo R$ 638 milhões para a Cabotagem e R$ 214 milhões para a Navegação Interior. Neste evento, foi discutida a transferência da gestão do Ressarcimento do AFRMM para o Ministério dos Portos e Aeroportos, sob a responsabilidade da Secretaria de Hidrovias e Navegação, que promete destravar e desburocratizar o processo de ressarcimento do AFRMM, através de uma revisão estrutural, regulatória e sistêmica.

Benefícios do AFRMM para a indústria naval brasileira — Diante de todas as nuances que envolvem o AFRMM, a principal delas está relacionada à competitividade do mercado marítimo brasileiro. Isto porque, com o tributo, os armadores têm a possibilidade de fomentar o desenvolvimento do setor naval, ao implementar melhorias em toda a sua infraestrutura, seja para a construção de novos navios, ou, até mesmo, para a realização de manutenções ou retrofits nos períodos de docagem das embarcações.

Nesse contexto, ao utilizarem o AFRMM para realização destes serviços, as companhias de navegação precisam, obrigatoriamente, contratar estaleiros em território brasileiro, desestimulando a internacionalização deste tipo de iniciativa e fomentando a indústria nacional.

O setor naval, dessa forma, é beneficiado com aumento na contratação de projetos, acesso a mais recursos para serem empregados na melhoria da infraestrutura e no desenvolvimento de tecnologias que garantam qualidade nas construções e segurança jurídica nas contratações. Isto promove a geração de novos empregos e inovação tecnológica, impulsionando o desenvolvimento do Setor Naval.

Além disso, o AFRMM é um importante responsável pelo próprio desenvolvimento da Cabotagem, pois através de seus recursos, as empresas brasileiras têm condições de ampliar e modernizar, em estaleiros brasileiros, a frota de navios que são empregados no Brasil, e com isso, melhoram sua competitividade em relação ao modal rodoviário. De forma indireta, isso contribui para termos uma matriz de transporte mais equilibrada, e o desenvolvimento de um modal de transporte (aquaviário) mais sustentável, com redução dos níveis de emissão de CO2, que podem chegar a 80%, dependendo do trecho, em relação ao modal rodoviário.

Desta forma, para além de estimular a indústria naval brasileira, os efeitos do AFRMM estendem-se para toda a economia do Brasil e entender seus detalhes, bem como defender a segurança jurídica para os investimentos baseados no tributo, é um caminho para que as empresas do setor possam tomar decisões estratégicas para melhor aproveitarem seus benefícios, seguindo navegando em prol do fortalecimento desse mercado.

• Por: Eduardo Simeone, Diretor Jurídico, Compliance e Relações Governamentais da Log-In Logística Integrada, grupo de soluções logísticas, movimentação portuária, navegação de Cabotagem e Mercosul, além de atuação na ponta rodoviária

PETROLÍFERO

TN Petróleo - RJ   31/07/2024

O descomissionamento de plataformas fixas de águas rasas foi um dos assuntos no centro do debate durante o último dia de Sergipe Oil & Gas (SOG). O tema envolve a remoção de instalações, a destinação adequada de materiais e a recuperação ambiental de áreas após a interrupção definitiva de operações de petróleo em plataformas e poços.

Segundo consultores da Aurum Energia, Future Tank e Destri Energy, Sergipe reúne, após desinvestimentos da Petrobras, mais de 150 poços no mar a serem descomissionados, além de 26 plataformas. Em terra, o número de poços para descomissionamento ultrapassa 3,2 mil. Para esse processo, há um potencial previsto de mais de R$ 8 bilhões em investimentos até 2026.

Steve Spease, consultor da TSB Offshore, detalhou o processo de descomissionamento em Sergipe. “A Bacia Sergipe-Alagoas é a segunda maior em volume de investimento para descomissionamento no Brasil por parte da Petrobras. O valor chega a R$ 8,9 bilhões, e fica atrás apenas da Bacia de Campos, no Rio de Janeiro, cujo montante é de mais de R$ 30 milhões. O programa de descomissionamento em Sergipe está previsto para começar entre 2024 e 2025”, informou.

O gerente-executivo de Terra e Águas Rasas da Petrobras, Ilton Rosseto, apresentou o ponto de vista da companhia diante do cenário de descomissionamento em Sergipe. “A indústria de óleo e gás no Brasil é madura, e, portanto, o processo de descomissionamento é natural. É uma atividade que propõe um grande desafio, e que vai trazer oportunidade de geração de emprego e renda”, avaliou.

A variedade de mercados a serem beneficiados com a destinação dos materiais foi sublinhada por Mauro Destri, CEO da Destri Energy. “As oportunidades em Sergipe com o descomissionamento são inúmeras, com grande potencial para o mercado de sucata. É um material absorvido por cooperativas, prefeituras, catadores, pequenos depósitos, além de envolver siderúrgicas e o comércio atacadista. É preciso, portanto, preparação frente ao desafio do descomissionamento para que todo o potencial seja aproveitado”, elencou.

José Harlen Albino Dantas, gerente geral de Gestão de Ativos de Descomissionamento da Petrobras, comentou que há 540 km de tubulações a serem recolhidas em Sergipe. “É um número significativo em terra e em águas rasas. O descomissionamento em Sergipe já começou. Estamos conduzindo projetos de abandono de poços e preparação das plataformas para entrada de empresas que vão tirá-las do mar. Portanto, já estamos gerando emprego. Sergipe volta a protagonizar uma nova forma de desenvolvimento e está na vanguarda pela possibilidade de aplicação e expansão de tecnologias, além da quantidade de instalações”, destacou.

O gerente sênior da Gran Service, Francesco Santoro, também participou do painel e apresentou questões logísticas relacionadas ao descomissionamento.

Debates

Durante a manhã, a ‘Produção de O&G em Sergipe’ foi tema de painel no Congresso SOG. João Vitor Moreira, COO na PetroRecôncavo, e Philipe Passos, gerente na Carmo Energy, fizeram parte do debate. A secretária-geral da Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Petróleo e Gás (ABPIP), Kidja Frazão, também integrou o painel, assim como o gerente de relações institucionais da EnP.

Mais uma pauta do Congresso SOG foi a ‘Qualificação de mão de obra técnica em Sergipe’. O diretor do Instituto de Tecnologia e Pesquisa da Universidade Tiradentes (ITP/Unit), Paulo do Eirado, esteve ao lado de Lucas Mota, da Society of Petroleum Engineers (SPE). O co-organizador do SOG e CEO da BrainMarket Eduardo Aragon mediou a discussão.

Semana de Petróleo, Gás e Energia

A terceira edição do Sergipe Oil & Gas, que ocorreu de 24 a 26 de julho, foi a primeira em formato de feira. O evento é organizado pelas empresas Brainmarket, Eolus e Austral com o apoio do Governo de Sergipe, por meio da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico e da Ciência e Tecnologia (Sedetec). Além da programação de painéis, ocorrida dentro do Congresso SOG, o evento conta com diversas atividades paralelas, no intuito de movimentar o setor energético do estado.

O Sergipe Oil e Gas integra a programação da Semana do Petróleo, Gás e Energia de Sergipe, realizada de 22 a 26 de julho. Durante todo o período, diversos eventos vinculados ao setor serão sediados em Aracaju, promovendo as potencialidades do estado no mercado nacional e internacional.

Petro Notícias - SP   31/07/2024

A Petrobrás terminou o segundo trimestre do ano com uma produção de 2,7 milhões de barris de óleo equivalente por dia, o que representa uma alta de 2,4% na comparação com o mesmo intervalo do ano passado. Segundo a petroleira, o aumento aconteceu graças à evolução na produção (ramp-up) dos FPSOs Almirante Barroso, P-71, Anna Nery, Anita Garibaldi e Sepetiba. Além disso, a entrada em produção de 12 novos poços de projetos complementares, sendo oito na Bacia de Campos e quatro na Bacia de Santos, também ajudaram a impulsionar o resultado. Ainda assim, o volume extraído entre abril e junho deste ano é é 2,8% inferior em relação ao primeiro trimestre, devido, principalmente, ao maior volume de perdas por paradas para manutenções, dentro do previsto no PE 2024-28+, e ao declínio natural de campos maduros.

A companhia também está na expectativa de iniciar a operação do FPSO Marechal Duque de Caxias, que chegou recentemente ao Brasil. A plataforma, que será o terceiro sistema definitivo de produção do campo de Mero, no pré-sal da Bacia de Santos, está prevista para entrar em operação no segundo semestre deste ano. Já o FPSO Maria Quitéria teve sua entrada em produção adiantada para o último trimestre de 2024. A plataforma saiu do estaleiro da China em maio e está em navegação para o Brasil. A unidade irá operar no campo de Jubarte, localizado no pré-sal da Bacia de Campos, no litoral do Espírito Santo, e possui tecnologias para descarbonização, como o ciclo combinado na geração de energia e Flare Gas Recovery Unit – FGRU (flare fechado).

As vendas de derivados de petróleo no mercado interno cresceram 3,2% no trimestre, com destaque para a comercialização de diesel e GLP, impulsionadas pela maior atividade econômica e temperaturas médias mais baixas, respectivamente. As vendas de diesel S-10 no período representaram 64% do total de óleo diesel vendido pela Petrobras, estabelecendo um novo recorde trimestral.

No primeiro semestre de 2024, as emissões operacionais de gases de efeito estufa oriundas das atividades de óleo e gás da companhia foram de 21,4 milhões de toneladas, patamar similar ao 1S23, no qual alcançaram 20,7 milhões de toneladas. O fator de utilização total (FUT) do parque de refino manteve patamar elevado, de 91% no 2T24, mesmo considerando as paradas programadas realizadas nas refinarias REPLAN, REDUC, RECAP, REVAP e REGAP.

O Estado de S.Paulo - SP   31/07/2024

A estatal Pré-Sal Petróleo (PPSA) realiza nesta quarta-feira, 31, na Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, o quarto leilão de óleo-lucro que cabe à União, com a oferta de 37,5 milhões de barris de petróleo, o maior volume já ofertado. O óleo-lucro se refere ao volume de petróleo após desconto dos custos de produção e investimentos. A expectativa de arrecadação é de R$ 15 bilhões.

O certame será dividido em três lotes: dois do campo de Mero e um de Búzios, todos da Bacia de Santos. Ao todo, dez empresas se inscreveram, número recorde, e a expectativa é que seja o leilão mais disputado já feito pela empresa representante do governo nos contratos de partilha da produção, que vigoram no pré-sal.

Especialistas ouvidos pelo Estadão/Broadcast afirmam que o aumento da procura por petróleo brasileiro no exterior e o aumento da produção doméstica de derivados, por refinarias da Petrobras e unidades privadas, estão por trás da maior concorrência. Ela tende a se repetir daqui para frente com o aumento de leilões e calendário mais previsível.

Desta vez, estão no páreo Petrobras, Refinaria de Mataripe, CNOOC Petroleum Brasil, ExxonMobil Exploração Brasil, Equinor Brasil Energia, Galp Energia Brasil, PetroChina International (Brazil) Trading, Prio Comercializadora, Shell Trading Brasil e TotalEnergies EP Brasil. As empresas poderão fazer ofertas para apenas um lote ou para todos os lotes.

Para o presidente da Refina Brasil, Evaristo Pinheiro, esse deverá ser o melhor leilão já realizado pela PPSA, não apenas pelo maior volume ofertado, como pela disputa. Vencedora do último leilão, a Refinaria de Mataripe, na Bahia, controlada pela Acelen, busca no certame a oportunidade de obter um petróleo mais barato do que vem adquirindo junto à Petrobras.

Segundo o analista da Ativa Investimentos, Ilan Arbetman, apesar da expectativa por competição, por se tratar da produção de campos operados pela Petrobras, isso pode colocar a estatal em vantagem. “Estamos falando de campos que são muito grandes, que a Petrobras já tem ali o domínio e escala. Isso pode facilitá-la na hora de oferecer excedente para o governo, e fazer lances mais assertivos”, disse. O leilão se baseia em projeções, e as cargas exatas a serem vendidas são conhecidas à frente.

O analista de óleo e gás da consultoria de preços Stonex, Bruno Cordeiro, observa o aumento na demanda por óleo cru no País, com alta de 2,8% no consumo das refinarias brasileiras no primeiro semestre, na comparação com igual período do ano passado. Isso ocorre, sobretudo, em função do aumento do uso de capacidade pela Petrobras em suas unidades.

O mesmo acontece internacionalmente, com exportação, sobretudo pelas grandes petroleiras, sócias da estatal no País ou não, e a Prio, que exporta toda a carga. O Brasil produz atualmente entre 3 milhões e 3,2 milhões de barris por dia e registrou um crescimento nas vendas externas de petróleo próximo a 30% no primeiro semestre ante o mesmo período do ano passado.

“Há tendência de manutenção de preços mais competitivos em 2025. As projeções hoje apontam para uma continuidade do crescimento da demanda global de petróleo para o ano que vem. Exatamente por esse cenário e olhando até 2025, que é o período de entrega dos barris do leilão da PPSA, é que a gente observa o país ampliando vendas ao exterior”, diz.
Termos do leilão

Na segunda-feira, 29, foram divulgados os limites mínimos de preço para cada lote na primeira etapa do leilão. O limite mínimo para os lotes de Mero será igual ao valor do Brent datado (referência internacional publicada diariamente na Platts) menos US$ 4,40/barril, enquanto o limite mínimo da primeira etapa do lote de Búzios será igual ao valor do Brent datado menos US$ 4,25/barril. Ou seja, vence o leilão quem oferecer o menor desconto abaixo desse limite.

Segundo a PPSA, o desconto é considerado porque a empresa vencedora será responsável por toda a logística para buscar o petróleo nas plataformas tipo FPSO (produz, armazena e transfere petróleo e gás), onde se encontra a parcela do petróleo de propriedade da União. Nessa conta estão incluídos custos de alívio, inspeção, transbordo e frete de longo curso, entre outros. Os três lotes do campo de Mero somam 35 milhões de barris, e o único lote de Búzios, 2,5 milhões de barris.

“Os volumes são as melhores estimativas da parcela de petróleo da União em 2025 nesses campos, que contemplam as incertezas inerentes ao processo. Isso significa que, ao arrematar um lote, o comprador terá disponível todas as cargas nomeadas em 2025, ainda que o montante total seja maior ou menor ao volume estipulado no edital”, disse a PPSA em nota. “As cargas nomeadas em janeiro de 2025 serão embarcadas em março de 2025, sempre com dois meses de defasagem. O ciclo do leilão se encerra com as cargas nomeadas em dezembro, sendo embarcadas em fevereiro de 2026", complementou a estatal.

Ainda segundo a PPSA, os valores serão depositados diretamente na conta única do Tesouro Nacional à medida que as cargas embarcadas forem sendo pagas pelo comprador, o que ocorre entre 30 e 45 dias após o embarque. “Assim, os recursos entrarão no caixa do Tesouro entre abril de 2025 e abril de 2026", informou a estatal.

Segundo o professor do Instituto de Energia da PUC-RJ, Edmar Almeida, a importância do leilão da PPSA está associada ao fato de que é uma oferta de óleo no Brasil, que se dá abertamente e por concorrência. “É uma condição rara, porque, em geral, os produtores vendem óleo através de negociação bilateral que está ligada à estratégia mais ampla da empresa”, avalia.

Calendário de ofertas

A presidente da PPSA, Tabita Loureiro, disse ao Estadão/Broadcast que a maior concorrência tem a ver, principalmente, com os volumes crescentes ofertados. E, segundo Tabita, esses volumes serão crescentes nos próximos anos. Além disso, a estatal planeja organizar um calendário de leilões com antecedência, a fim de dar previsibilidade ao mercado e estimular a disputa pelas cargas.

“Estamos trabalhando com um calendário de leilões. Também vamos anunciar o leilão que faremos em 2025. E divulgamos, anualmente, as curvas da União para os próximos anos. Assim, os interessados poderão acompanhar os potenciais volumes que serão ofertados”, diz.

A PPSA planeja um novo certame para o primeiro semestre de 2025, a fim de comercializar a produção da União prevista para 2026 para os campos de Mero, Búzios e Bacalhau. Outros leilões já são avaliados para vender as cargas de 2027 e 2028.

“O crescimento do interesse do mercado neste leilão é resultado de um conjunto de fatores, sendo o principal deles a oferta crescente dos volumes de petróleo”, disse Tabita. O aumento da demanda global por petróleo e também no mercado doméstico, relacionada à maior capacidade utilizada e refino de Petrobras e refinarias privadas, são condições que favorecem o certame.

Tabita cita também outros fatores, como capacidade de entrega da PPSA, aumento do número de produtores no pré-sal e condições do edital e contrato, que “refletem as melhores práticas do mercado”.

No início de maio, Tabita já tinha dito ao Estadão/Broadcast que a parte que cabe à União via PPSA vai experimentar um “crescimento exponencial” até o fim da década, graças ao amadurecimento da produção no pré-sal.

Estimativas mostram que a produção do petróleo que cabe à União passará dos atuais 50 mil barris por dia (bpd) para 103 mil bpd em 2025, 234 mil bpd em 2026, 327 mil bpd em 2027, 417 mil bpd em 2028 e chegando ao pico de 564 mil bpd em 2029, detalhou a executiva. Com isso, a receita de leilões da PPSA também deve escalar para cerca de R$ 69,4 bilhões em 2029, afirmou. Esses valores são destinados ao Fundo Social, com aplicação prevista em saúde, educação e políticas ambientais.

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