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28 de Maio de 2024

SIDERURGIA

CNN Brasil - SP   28/05/2024

“O governo garantiu ao setor nacional de aço que a concorrência no mercado seria leal, só isso”. Secretário do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), Uallace Moreira defende que anúncio das siderúrgicas de que vão investir R$ 100 bilhões no Brasil até 2029 é reflexo da recente elevação de tarifas a produtos importados.

Há exatamente um mês, em novo capítulo da chamada “Guerra do Aço”, a Câmara de Comércio Exterior (Camex) decidiu estabelecer cotas máximas para limitar a entrada de importados no país. Se as cotas forem ultrapassadas, a tarifa de importação, antes de 10,8% a 14,4%, passa a ser de 25%.

A “guerra do aço” opõe grandes siderúrgicas, que reclamam principalmente do surto de importações chinesas, e indústrias consumidoras do produto. Em resposta a demanda, o governo anunciou a nova política tarifária, que vale por 12 meses e afeta 11 NCMs — nomenclaturas comuns do Mercosul para descrever cada produto.

Quase um mês após o movimento do governo, as siderúrgicas anunciaram o investimento bilionário na expansão da estrutura produtiva no Brasil nos próximo cinco anos. O anúncio foi feito pelo Instituto Aço Brasil e não há discriminação sobre o montante a ser aportado por cada empresa.

Para Moreira, o setor sofria com concorrência desleal, especialmente pela importação de aço subsidiado, por vezes vendido no Brasil abaixo do preço de custo. Nos últimos anos, por exemplo, empresas chinesas — em meio à desaceleração da economia do país — despejando “sobras” de produção em outros mercados.

“Quando uma empresa vende seu produto abaixo do preço de custo, isso dá indicativo de volume de subsídio muito alto. O que o governo brasileiro fez foi indicar que garantiria a concorrência leal ao setor de aço, o que fez com que o setor de aço anunciasse este investimento”, disse.

Em entrevista à CNN, o secretário de Desenvolvimento Industrial, Inovação, Comércio e Serviços comenta a Guerra do Aço e o cenário internacional para industrialização e defesa comercial.
Confira a entrevista completa com Uallace Moreira:

CNN: Para o Mdic, os investimentos de montadoras resultou da elevação do imposto de importação. Ocorreu o mesmo movimento no caso do aço?

Moreira: O setor de aço vinha passando por uma dificuldade de concorrência desleal na importação de aços de alguns países, em especial aço altamente subsidiado. O Brasil não saiu elevando tarifas para vários produtos, só mostrou a sensibilidade da atual conjuntura do setor, que tem capacidade de produção de 51 milhões toneladas de aço bruto e estava operando com ociosidade de 30% a 35%.

Essa capacidade ociosa inviabilizava atividades, e empresas já estava anunciando desligamento de fornos. A medida de cota tarifa deu indicativo de garantia de concorrência leal e market share para o setor de aço, que anunciou o investimento.

CNN: A tendência é de que o governo Lula trabalhe nesta direção junto aos demais setores, de garantir mercado e, em contrapartida, receber investimentos?

Moreira: Isso tem tido resultados, apesar de muitos criticarem, argumentarem que aumentar tarifa não gera concorrência, não estimula investimento. Acontece que este discurso ficou lá nos anos 1980, está descolado das transformações atuais. O mundo inteiro tem defendido seus mercados internos, com políticas de incentivo, subsídios.

Nos Estados Unidos, o IRS [Internal Revenue Service] já liberou mais de US$ 1,2 trilhão de incentivos e subsídios e, ao mesmo tempo, adota política agressiva de barreiras tarifárias. A Europa e a China fazem a mesma coisa. Essa dinâmica vem predominando, e o Brasil precisa, não fechar a indústria brasileira, mas garantir a competitividade.

CNN: Como este investimento, em uma indústria de base, se difere dos demais anunciados, dado o cenário de internacional de enrijecimento da defesa comercial

Moreira: A indústria de base é fundamental para dar garantia de resiliência à cadeia produtiva. Quando há dependência externa, o país fica vulnerável tanto a variações de preços quanto da oferta internacionais. E agora há no cenário geopolítico disputas de internalização de cadeia produtiva. Não ter uma indústria de base é ter vulnerabilidade alta.

CNN: No caso do setor automotivo, o Mover leva incentivos à sustentabilidade. Para as siderúrgicas e outros setores, quais serão os estímulos à industrialização verde?

Moreira: Discutimos com cada setor políticas para promoção da transição verde. Isso tem se dado da nova política industrial e do CNDI [Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial]. O Nova Indústria Brasil traz linhas de crédito específicas para financiar projetos inovadores e de transição e dialogamos para construir novas medidas no CNDI.

Valor - SP   28/05/2024

Gustavo Werneck: “O papel do comandante é fazer escolhas que perenizem a empresa” — Foto: Julio Bittencourt/Valor

Gustavo Werneck, CEO da Gerdau desde 2018, é um adepto da Felicidade Interna Bruta (FIB), conceito que leva em conta, entre outros itens, o bem-estar das pessoas. Primeiro comandante da companhia de fora da família fundadora, o executivo se aprofundou na filosofia nascida no Butão e usada por lá como política de Estado, ao visitar o pequeno país asiático em 2023.

“Gosto de dizer que o verdadeiro significado de CEO é Chief Enabling Officer, pois acredito que devo atuar como uma espécie de facilitador”, diz. Esse facilitador é o responsável pela transmissão da cultura dentro da companhia. No contexto da transformação cultural e digital, a Gerdau, diz ele, se destaca pela aplicação da filosofia da felicidade bruta e de conceitos voltados para a satisfação dos colaboradores.

Werneck defende a ideia de que a vida de CEO é compatível com tempo livre para se dedicar a outros projetos, praticar seu esporte preferido, o caratê – no qual, inclusive, é faixa preta – e curtir a família. Para ele, o papel do comandante é menos o de tomar decisões e mais o de fazer escolhas “que perenizem a empresa”. Por isso, sua gestão é pautada por um alto nível de delegação. Umas das escolhas mais relevantes feitas recentemente, destaca ele, foi paralisar totalmente as operações da Gerdau no Rio Grande do Sul. “Para que a vida, a saúde física e mental dos nossos colaboradores e familiares fossem colocadas acima de qualquer outra prioridade da empresa”, destaca.

Neste ano, a companhia – maior fabricante brasileira de aço e com atuação em sete países nas Américas do Sul e do Norte – pretende investir R$ 6 bilhões. Os recursos estão focados principalmente em ampliação de capacidade e de produtividade e em melhorias ambientais.

Embora mantenha seus planos, a companhia vê um cenário setorial de incertezas geradas por fatores internos e externos. Entre eles, os conflitos geopolíticos e o excesso de produção global. A operação brasileira enfrenta as dificuldades da economia chinesa, com a queda do setor de construção e a resposta do governo chinês de subsidiar as usinas locais para manter o nível de emprego e a produção constantes.

Isso levou a um excedente crescente de aço que passou a ser exportado para o Brasil. Segundo Werneck, ainda é preciso avaliar se as medidas anunciadas pelo governo federal em abril, para conter as importações excessivas, funcionarão para a retomada do ambiente competitivo.

Já para a operação internacional da Gerdau, há perspectivas de favorecimento da competitividade da indústria do aço, com geração de incentivos para a demanda local no longo prazo. Isso devido à continuidade das políticas e dos programas do governo americano que estimulam a demanda pela matéria-prima na região e ao fenômeno de reshoring, termo em inglês que indica a volta para o país de origem da produção de empresas que mantinham fábricas no exterior.

O mundo mais polarizado leva a reposicionamento de forças globais. Como resultado, surgem políticas de defesa comercial, que priorizam a produção local e reduzem os fluxos de comércio internacional. É um contexto que vem fazendo a Gerdau focar sua operação brasileira menos em exportações e mais em produtos de maior valor agregado para atender clientes locais.

Para Werneck, a sobrevivência da Gerdau passa por uma “altíssima capacidade” de se adaptar rapidamente a novos cenários. “Nosso time entende a mudança como parte do dia a dia. É um diferencial competitivo”, destaca.

Gustavo Werneck: CEO da Gerdau

Empresas onde trabalhou: SMS Group

Formação: engenharia mecânica na Universidade Federal de Minas Gerais. Outros cursos na Fundação Getulio Vargas (FGV), Ibmec, Harvard Business School, Kellogg School of Management, London Business School

Matéria predileta na escola: matemática

Me tornei CEO com: 45 anos

No fim de semana gosto de: ficar com a minha família

Café da manhã, almoço ou happy hour: café da manhã

Desligo o celular quando: nunca

O que salva um dia: impactar positivamente a vida das pessoas

O que acaba com um dia: mentiras

Os preferidos

Time: Atlético-MG

Drinque, comida ou sobremesa: feijão tropeiro

Livro: “Walking the Talk: A Cultura Através do Exemplo”, de Carolyn Taylor

Personagem: Galo Doido

Série: “The Chosen”

Hobby: artes marciais

Investing - SP   28/05/2024

O setor de aço teve um consumo aparentemente sólido em abril, período marcado por importações menores e exportações decepcionantes, destacou o JP Morgan em relatório aos clientes e ao mercado nesta segunda-feira, 27.

De acordo com dados do Instituto Aço Brasil (IABr), as importações totais de aço recuaram 7,6% na base mensal em abril, somando 449kt. “Embora os volumes ainda estivessem acima na base anual, a diferença diminuiu de +46,0% em março para +11,4%, porém é importante sinalizar que os números vêm de uma base elevada”, aponta o analista Rodolfo Angele.

As importações recuaram 66,1% na base mensal e 66,4% ano a ano, para 27kt. Os planos diminuíram 3,0% na comparação mês a mês, mas subiram 47,4% ao ano, para 289kt. Além disso, as importações dos longos subiram 22,0% na base mensal, para 133kt.

O analista do JP Morgan destaca ainda que importações chinesas foram reduzidas em 2,2% na base mensal, chegando ao patamar de 286kt. Apesar da queda, o patamar é considerado alto, com uma elevação anual de 30,1%. As importações da América Latina dispararam 212,7% na base mensal e 344,0% ao ano, para 34kt.

Enquanto isso, as vendas aos mercados externos foram consideradas decepcionantes. As exportações caíram 19,5% ao mês, ou 11,6% na base anual, chegando a 740kt. As exportações de longos recuaram 60,8% mês a mês.

A produção total de aço bruto caiu 1,3% em abril e 1,1% frente igual mês do ano passado, ao passo que a demanda aparente subiu 2,1% na base mensal e 13,2% na anual.

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‘Guerra do aço’

Em abril, o governo anunciou o estabelecimento de cotas máximas para o aço vindo do mercado externo e, se elas foram ultrapassadas, o aumento do imposto de importação de 11 tipos de produtos do aço. A alíquota para compra desses itens no exterior subiu para 25%, ante taxas que iam de 9% a 12,6% anteriormente. Entre os motivos, estaria o aumento na entrada dos produtos estrangeiros no Brasil, principalmente da China, que estaria vendendo em maior escala diante da desaceleração da sua economia. Dessa forma, a taxação seria uma forma de proteção das siderúrgicas contra a concorrência externa.

ECONOMIA

IstoÉ Dinheiro - SP   28/05/2024

A previsão do mercado financeiro para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – considerado a inflação oficial do país – teve elevação, passando de 3,8% para 3,86% este ano. A estimativa está no Boletim Focus desta segunda-feira (27), pesquisa divulgada semanalmente, em Brasília, pelo Banco Central (BC), com a expectativa de instituições financeiras para os principais indicadores econômicos.

Para 2025, a projeção da inflação também variou de 3,74% para 3,75%. Para 2026 e 2027, as previsões são de 3,58% e 3,5% para os dois anos.

A estimativa para 2024 está dentro do intervalo da meta de inflação que deve ser perseguida pelo BC. Definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), a meta é 3% para este ano, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é 1,5% e o superior 4,5%. Para 2025 e 2026, as metas de inflação estão fixadas em 3%, com a mesma tolerância.

Em abril, pressionada pelos preços de alimentos e gastos com saúde e cuidados pessoais, a inflação do país foi 0,38%, acima do observado no mês anterior (0,16%), mas abaixo do apurado em abril do ano passado (0,61%). De acordo com o IBGE, em 12 meses, o IPCA acumula 3,69%.
Juros básicos

Para alcançar a meta de inflação, o Banco Central usa como principal instrumento a taxa básica de juros, a Selic, definida em 10,5% ao ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom). A alta recente do dólar e o aumento das incertezas fizeram o BC diminuir o ritmo do corte de juros, que vinham sendo de 0,5 ponto percentual, para 0,25 ponto.

Além disso, com as expectativas de inflação acima da meta e, em meio a um cenário macroeconômico mais desafiador do que o previsto anteriormente, o Copom decidiu não prever novos cortes na Selic.

De março de 2021 a agosto de 2022, o Copom elevou a Selic por 12 vezes consecutivas, em um ciclo de aperto monetário que começou em meio à alta dos preços de alimentos, de energia e de combustíveis. Por um ano, de agosto de 2022 a agosto de 2023, a taxa foi mantida em 13,75% ao ano, por sete vezes seguidas. Com o controle dos preços, o BC passou a realizar os cortes na Selic.

Antes do início do ciclo de alta, a Selic tinha sido reduzida para 2% ao ano, no nível mais baixo da série histórica iniciada em 1986. Por causa da contração econômica gerada pela pandemia de covid-19, o Banco Central tinha derrubado a taxa para estimular a produção e o consumo. A taxa ficou no menor patamar da história de agosto de 2020 a março de 2021.

Para o mercado financeiro, a Selic deve encerrar 2024 em 10% ao ano. Para o fim de 2025, a estimativa é de que a taxa básica caia para 9% ao ano, se mantenha nesse patamar em 2026 e 2027.

Quando o Copom aumenta a taxa básica de juros a finalidade é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Mas, além da Selic, os bancos consideram outros fatores na hora de definir os juros cobrados dos consumidores, como risco de inadimplência, lucro e despesas administrativas. Desse modo, taxas mais altas também podem dificultar a expansão da economia.

Quando o Copom diminui a Selic, a tendência é de que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle sobre a inflação e estimulando a atividade econômica.
PIB e câmbio

A projeção das instituições financeiras para o crescimento da economia brasileira neste ano permaneceu em 2,05%.  Para 2025, a expectativa para o Produto Interno Bruto (PIB) – a soma de todos os bens e serviços produzidos no país – é de crescimento de 2%. Para 2026 e 2027, o mercado financeiro estima expansão do PIB também em 2%, para os dois anos.

Superando as projeções, em 2023 a economia brasileira cresceu 2,9%, com um valor total de R$ 10,9 trilhões, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2022, a taxa de crescimento havia sido 3%.

A previsão de cotação do dólar está em R$ 5,05 para o fim deste ano. No fim de 2025, a previsão é que a moeda americana fique no mesmo patamar.

Globo Online - RJ   28/05/2024

A China rebateu as críticas das nações do G7 sobre as práticas comerciais de Pequim, acusando os membros de exagerarem acerca de um excesso de capacidade produtiva na segunda maior economia do mundo. Um porta-voz do governo afirmou que o grupo, que reúne os países mais desenvolvidos do mundo, quer limitar o progresso da China: "É essencialmente protecionismo", afirmou.

O comunicado final do encontro de ministros das finanças e banqueiros centrais do G7, no último sábado, citou nominalmente a China, acusando o país de prejudicar seus parceiros comerciais através do "uso abrangente de políticas e práticas não comerciais".

Segundo o G7, o grupo vai monitorar o impacto negativo desse excesso de capacidade chinês e considera "tomar medidas para garantir condições de concorrência equitativas". A China tem sido alvo de críticas, sobretudo dos Estados Unidos, por supostamente exportar produtos a preços subsidiados pelo governo para dar vazão a um excesso de capacidade produtiva de suas fábricas, diante de uma desaceleração do crescimento da economia chinesa.

A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, minimizou as alegações do G7 durante uma coletiva de imprensa em Pequim nesta segunda-feira, 27.

— O G7 exagera a chamada supercapacidade da China e tenta estabelecer obstáculos e limitações ao progresso da China. É essencialmente protecionismo. Não é do interesse de nenhuma das partes — disse.

O desentendimento é a mais recente demonstração das crescentes tensões entre a China e as nações industrializadas do mundo.

A administração Biden anunciou na sexta-feira que está reimpondo tarifas sobre centenas de produtos importados da China e aumentou em quatro vezes os impostos dos EUA sobre veículos elétricos chineses. A União Europeia abriu uma investigação sobre a indústria de veículos elétricos chineses no ano passado e está perto de decidir sobre o aumento das tarifas.

A China, por sua vez, sinalizou que está pronta para impor tarifas de até 25% sobre carros importados com grandes motores.

IstoÉ Online - SP   28/05/2024

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse nesta segunda-feira, 27, não ver pressão sobre o Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) para um corte de juros. Isso, de acordo com o banqueiro central, se dá em face de as condições financeiras naquele país continuarem frouxas independentemente da alta da taxa de juros.

“É difícil imaginar desinflação contínua com pleno emprego e isso não vale apenas ao Brasil. Apesar dos juros altos, as economias do mundo estão surpreendendo para cima”, alertou o banqueiro central.

O Estado de S.Paulo - SP   28/05/2024

As projeções do mercado financeiro para a inflação no Brasil continuam piorando, aumentando a pressão sobre o Banco Central. No Boletim Focus, do BC, divulgado nesta segunda-feira, 27, a mediana do IPCA para 2024 passou de 3,80% para 3,86% e a mediana para 2025, de 3,74% para 3,75%, dando continuidade ao movimento observado nas últimas semanas. A projeção para 2026 - estável havia 46 semanas - também piorou, subindo de 3,50% para 3,58%.

Um aumento das estimativas de inflação de longo prazo já era esperado por analistas do mercado. A incerteza sobre o compromisso do Banco Central com o cumprimento da meta para o IPCA a partir do ano que vem, quando o presidente da autarquia, Roberto Campos Neto, será substituído por um indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pesa no movimento.

Essa incerteza cresceu desde a última decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), que diminuiu a taxa Selic em 0,25 ponto porcentual, para 10,5%. A minoria - inteiramente composta por diretores indicados por Lula, crítico do nível dos juros, que considera altos - votou por uma redução mais intensa da taxa, de 0,5 ponto porcentual.

Declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na semana passada, também podem ter pesado no movimento. Em uma audiência na Câmara dos Deputados, ele disse que o centro da meta de inflação, de 3%, é “exigentíssimo para as condições do Brasil”. O comentário renovou a percepção de que o governo ainda pode, eventualmente, aumentar a meta de inflação.

Selic

A mediana das estimativas no relatório Focus para a taxa Selic no fim de 2024, por sua vez, ficou estável em 10%, depois de três semanas de alta. Um mês atrás, estava em 9,5%. A projeção para o fim de 2025 também foi mantida, em 9%, estável há cinco semanas.

A mediana das estimativas do Focus para a taxa Selic no fim de 2026 também ficou estável, em 9%, ante 8,63% um mês antes. A projeção para o fim de 2025 foi preservada em 9%, de 8,5% há quatro semanas.

Considerando apenas as expectativas atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a mediana para a Selic no fim de 2024 passou de 10% para 10,25%, com base no ajuste de projeções de 81 participantes do Focus. Nessa mesma base, a mediana para o fim de 2025 ficou estável em 9%.

O Estado de S.Paulo - SP   28/05/2024

O economista-chefe do C6 Bank, Felipe Salles, de 47 anos, afirma que não se sente “confortável” em misturar política com economia e que procura manter um “olhar técnico” em suas análises sobre o cenário econômico do País e do exterior.

Nesta entrevista ao Estadão, Salles diz que a mudança nas metas fiscais proposta pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, gerou incertezas no mercado em relação ao controle das contas públicas e à evolução da dívida da União. Segundo ele, “é mais difícil” alcançar o equilíbrio fiscal apenas pelo lado da arrecadação, com o aumento de impostos, como está ocorrendo no atual governo. “O ideal seria que houvesse também um esforço de controle de gastos”, afirma.

Em sua visão, a sociedade tem de decidir não apenas o tamanho do Estado que deseja, mas também onde o Estado deve gastar. “Todo mundo quer um salário mais alto, uma aposentadoria mais alta, mas, se a gente decidir gastar nisso, tem de diminuir os gastos em outras áreas. Este trade-off a gente tem de fazer”, diz. “Isto ajuda a criar o hábito na sociedade de que os recursos são finitos e de que nós temos de fazer escolhas.”

Salles fala também sobre a divisão da diretoria do BC em relação ao ritmo de corte dos juros e sobre eventuais mudanças na política monetária após o atual presidente da instituição, Roberto Campos Neto, deixar o cargo, no fim do ano, quando termina seu mandato. Para ele, o atual cenário global, de juros mais altos e dólar forte, deve impulsionar a cotação da moeda americana ante o real e restringir a margem do BC para prosseguir com a redução da taxa básica (Selic). Confira a seguir os principais trechos da entrevista.

A valorização do dólar veio para ficar

Como é que o sr. está vendo o cenário econômico do País no governo Lula?

Quando a gente fala de economia brasileira, sempre gosto de falar primeiro do pano de fundo com o qual a gente trabalha, que é a economia global. O que acontece lá fora tem impacto direto no que ocorre aqui no Brasil. E o que nós estamos vendo – e acredito que vamos continuar a ver por algum tempo – é um cenário global difícil. A China, que foi o grande motor da economia mundial nas últimas décadas, não vai conseguir mais manter o ritmo de crescimento observado até agora. O crescimento da China está declinando – neste ano, a alta do PIB (Produto Interno Bruto) deve ficar em torno de 5% – e acredito que daqui para a frente deve ser ainda menor.

Além disso, os Estados Unidos, que até a pandemia vinham de uma década de juro muito baixo, praticamente zero, tiveram um forte aumento da inflação e acredito que as pressões inflacionárias devem continuar por lá. A consequência disso é que os Estados Unidos subiram os juros, atraindo mais capital e afetando o fluxo financeiro para todo o mundo, inclusive para o Brasil. Então, o que a gente tem hoje é um cenário global com um crescimento um pouco mais baixo do que a gente viu até pouco tempo atrás.

Como o sr. vê o comportamento dos juros americanos nos próximos meses? O sr. acredita que o Fed (Federal Reserve, banco central americano) vai cortar os juros, como muita gente espera?

Acredito que o mais provável é que a taxa fique parada por bastante tempo no patamar atual (entre 5,25% e 5,5% ao ano) e que o Fed espere um pouco mais para cortar os juros, para ver se a inflação vai, de fato, desacelerar. Embora não seja o cenário-base, não dá para descartar que haja até uma nova alta nos juros americanos. Hoje, temos um cenário de juros elevados no mundo inteiro. É uma mudança bem relevante em relação ao que se viu na década passada, de juro zero. Hoje, até o Japão, que tinha juro negativo até recentemente, está começando a subir a taxa.

Na prática, como isso deve afetar o Brasil?

O Brasil sofre os impactos dessa mudança global. Hoje, em função do juro americano mais elevado, nós temos um mundo de dólar forte. Então, como esse cenário deve se manter para a frente, acredito que a valorização do dólar em relação ao real veio para ficar. Pelas nossas projeções, a cotação do dólar deve chegar a R$ 5,30 no fim deste ano e a R$ 5,50 no fim de 2025, em grande parte por causa desse cenário externo.

Também deve ficar mais difícil reduzir os juros no País ou trabalhar com uma taxa mais baixa nesse mundo em que vários países estão com juros mais elevados. A gente está vendo que o ciclo de corte da taxa Selic está chegando ao fim. A última ata do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) deu alguns sinais importantes nessa direção. Apesar de os bancos centrais terem conseguido trazer a inflação para baixo, no Brasil e no mundo, ainda não conseguiram levá-la para a meta. Então, esses juros ainda devem ficar altos por mais algum tempo.
O sr. trabalha com que piso para os juros no Brasil, no fim do atual ciclo de cortes nas taxas?

A gente está trabalhando hoje com uma taxa de 10,25% ao ano, mas reconhece que a chance de não ter nenhum corte já na próxima reunião do Copom (marcada para 18 e 19 de junho) e de a Selic ficar na taxa atual, de 10,50% ao ano, é grande.

Na última reunião do Copom, houve um racha em relação ao ritmo de corte dos juros. Os diretores indicados para o BC pelo atual governo defendiam uma redução de 0,5 ponto percentual na taxa, enquanto os indicados pelo governo Bolsonaro era favorável a um corte menor, de 0,25. No fim, o corte de 0,25 acabou prevalecendo, mas essa divisão gerou muito ruído no mercado em relação ao que pode ocorrer a partir do ano que vem, quando a maioria dos diretores do BC, incluindo o presidente da instituição, tiverem sido indicados pelo presidente Lula. Como o sr. avalia esta questão?

Quando você lê a ata do Copom, observa que os argumentos expostos pelos dois lados são perfeitamente pertinentes. O pessoal do 0,25 argumentou, de maneira simplificada, o seguinte: “A gente achava que era 0,50 num determinado cenário, mas esse cenário não se concretizou. A situação piorou lá fora, tem a questão fiscal aqui dentro, o mercado de trabalho está aquecido. Então, é melhor tirar o pé do acelerador no corte dos juros e cortar 0,25". O grupo de 0,50 argumentou o seguinte: “O ritmo não importa tanto. O que importa é a Selic terminal”. E de fato, pelo que a gente leu na ata, parece ter havido mais ou menos um consenso de que não era para sinalizar o que acontecerá na próxima reunião do Copom. Tanto que eles não sinalizaram, não falaram se vai ter corte ou se não vai. Não falaram nada. Deixaram a questão completamente em aberto. Então, quando você olha os argumentos apresentados por cada turma, há justificativas técnicas dos dois lados.

O sr. acredita que houve muita espuma em torno disso?

Houve, de fato, uma divisão entre os dois grupos. O que gerou desconforto foi que os quatro diretores indicados pelo atual governo foram os que votaram pelo corte de 0,50, enquanto os membros antigos da diretoria, que o mercado já conhece, já sabe como que eles votam, votaram pelo corte de 0,25. Ficou realmente essa dúvida se, lá na frente, quando toda a diretoria tiver sido indicada pelo atual governo, haverá alguma mudança na condução da política monetária. Mas, por ora, quando a gente lê a ata, quando vê os motivos da divisão, não há nada que indique que isso irá acontecer.

A gente só vai conseguir ver a política monetária do atual governo a partir de 2025, quando o novo presidente do Banco Central assumir o cargo

De qualquer forma, isso acentuou a preocupação, que já vem vindo, de que haja uma volta da politização das decisões do Copom com a troca dos diretores antigos do BC e principalmente de seu presidente, Roberto Campos Neto, que deverá deixar o cargo no fim do ano, quando termina seu mandato. Como o sr. analisa isso?

Quando a gente olha para o mandato do Banco Central, de manter a inflação na meta, suavizar flutuações em torno do PIB e tentar fomentar o pleno emprego, as incertezas tendem a aumentar. Quando você tem uma meta única, de manter a inflação na meta, as incertezas em relação à mudança da diretoria, do presidente da instituição, diminuem, independentemente de quem estiver lá. Quando você tem dois ou mais mandatos, é meio natural que isso gere incertezas.

Nos Estados Unidos, por exemplo, há sempre aquela discussão dos Doves (que preferem juros mais baixos para alavancar o crescimento econômico) e dos Hawks (que preferem juros mais altos para manter a inflação mais controlada), porque lá eles têm dois mandatos, o de buscar o pleno emprego e o de manter a inflação na meta. Então, alguns diretores do Fed dão um pouco mais de peso para um e os demais dão um pouco mais de peso para o outro. Isso é natural quando você tem mais de um objetivo e às vezes estes objetivos entram em conflito. Se não entrassem, não precisaria ter os dois mandatos. No Brasil, temos de ver como o novo colegiado vai se comportar em relação aos objetivos, aos mandatos que o Banco Central tem. Com a autonomia do Banco Central (e a instituição de mandatos fixos para seus diretores), a gente só vai conseguir ver realmente qual será a política monetária do atual governo a partir de 2025, quando o novo presidente da instituição assumir o cargo.

Agora, o sr. mencionou há pouco a questão fiscal como um dos fatores que levaram os diretores mais antigos do BC a votar pelo corte de 0,25 na taxa Selic, em vez de 0,50. Como o sr. avalia a política fiscal do governo Lula?

Em relação à política fiscal, eu acredito que algumas coisas boas aconteceram. Primeiro, houve a manutenção de uma regra. O arcabouço fiscal é um conjunto de regras que estabelecem quanto o governo pode gastar e qual deve ser o crescimento real das despesas. O arcabouço estabelece também metas para o resultado primário (receitas menos despesas, sem contar os juros da dívida) ao longo dos anos. Só que, ao mesmo tempo, vem ocorrendo um aumento muito grande do gasto público, que dificulta o cumprimento das metas.

Só em 2023, segundo os dados oficiais, foram R$ 230,5 bilhões de déficit do governo central (Tesouro Nacional, Previdência e Banco Central), o pior resultado da série histórica, excluído o déficit registrado em 2020, no auge da pandemia.

É verdade, mas nós temos de levar em conta que esse valor incluiu o pagamento de precatórios pendentes, que representou uma parte relevante desse déficit. De qualquer forma, foi um déficit grande, para o qual nós temos de ficar atentos. O ponto principal é que, embora seja bom ter uma regra que traga previsibilidade para as contas públicas, embora seja bom ter metas que indiquem claramente que a gente está indo na direção de controlar o crescimento da dívida, caso elas sejam cumpridas, o fato é que o cumprimento do arcabouço fiscal e das metas de superávit primário caiu muito nas costas do aumento da arrecadação – e é mais difícil conseguir cumprir as metas simplesmente aumentando de maneira significativa a arrecadação.
Ainda mais se a gente levar em conta que a nossa carga tributária já é muito alta, na faixa de 33% do PIB.

Quando a gente compara o Brasil com países mais ricos, não é bem assim. Há países que têm carga tributária bem maior do que a nossa. Mas, quando a gente compara com países com um nível de renda parecido com o nosso, aí, sim, podemos dizer que o País já tem uma carga tributária elevada. Então, é difícil, bastante desafiador, você cumprir metas fiscais só em cima do aumento de arrecadação.

Recentemente, apenas quatro meses depois de o novo arcabouço entrar em vigor, o governo já anunciou a alteração das metas fiscais de 2025 e 2026. Qual a credibilidade que as metas podem ter se em tão pouco tempo o governo já as altera?

A gente está vendo o governo fazendo esforços para arrecadar mais, tapar buraco, propondo novas medidas. Ainda assim, restam dúvidas se isso vai ser suficiente para cobrir o déficit. De fato, a mudança das metas de 2025 em diante deixa o mercado com a pulga atrás da orelha. O ideal, quando você não cumprir a meta, seria disparar alguns gatilhos de contingenciamento de gastos que ajudariam a alcançar os objetivos traçados nos anos seguintes. Isso está previsto no próprio arcabouço. Então, quando você muda a meta de 2025 e 2026 em diante, isso gera algum arranhão na credibilidade. Se você tem uma meta, tem de tentar cumpri-la, tem de fazer o máximo que puder para cumpri-la.

Na pesquisa Focus (do Banco Central), os economistas aumentaram as previsões para a evolução da dívida pública

Qual o efeito que o anúncio de mudança nas metas feita pelo governo teve no mercado?

Ficou claro que existem custos de mudar as metas, de fazer isso de novo. O dólar subiu, os juros subiram. Na pesquisa Focus (do Banco Central), os economistas também aumentaram as previsões para a evolução da dívida pública. Isso gera algum grau de incerteza, principalmente no Brasil, que é um país que, historicamente, já tem problemas fiscais. Não é uma coisa que começou hoje, nem ontem.

Isso não significa que o arcabouço não serve para nada, que a gente tem de zerar tudo. Não é isso. De novo, eu acredito que as regras do arcabouço fiscal, as metas de resultado primário são boas, têm de ser mantidas, mas idealmente, se estiver difícil de cumpri-las, a gente deveria disparar os gatilhos, o contingenciamento, o corte de gasto. Só que eles estão tentando cobrir esse buraco de novo só via arrecadação. Seria melhor tentar fazer também algum controle de gastos.
Saindo do mundo das ideias para o mundo real, qual a possibilidade concreta de isso acontecer no atual governo, considerando que o próprio presidente Lula tem criticado o controle de gastos e a preocupação com o equilíbrio fiscal e o crescimento da dívida pública?

Como eu disse, acredito que, do ponto de vista de arrecadação, tem havido um esforço enorme para controlar o déficit fiscal. O esforço via arrecadação está sendo muito grande. Se isso não for suficiente, o ideal seria que houvesse também um esforço de controle de gastos. Mais uma vez, se isso não ocorrer, muito provavelmente novas medidas terão de ser implementadas mais para a frente. Mas esse não é um fenômeno que só está acontecendo no Brasil. Outros países apresentam problemas similares. Nos Estados Unidos, também há uma preocupação muito grande com a questão fiscal e com o aumento da dívida.

A gente tem de escolher se quer mais governo e menos setor privado ou mais setor privado e menos governo. Em economia, a gente sempre tem de fazer escolhas

Muitos analistas dizem que a realização do ajuste fiscal via aumento de impostos tem um limite, do qual a gente está próximo ou já passou dele faz tempo. Há uma percepção também de que as medidas arrecadatórias implementadas na atual gestão podem não ter o impacto que se esperava e ainda desestimular os investimentos privados, ao drenar recursos para o governo. O sr. concorda com eles?

Acho que são duas discussões diferentes. Uma delas tem relação com o tamanho do Estado. Nós, sociedade brasileira, queremos um Estado pequeno, médio ou grande? Pelo que a gente tem visto, estamos indo na direção de um Estado um pouco maior, com expansão de gastos e da própria arrecadação, cuja consequência lógica é o encolhimento do setor privado. Esta é uma discussão. Outra discussão é como é que a gente financia esse Estado. Pode ser com aumento de arrecadação, que é o que está sendo tentado pelo governo. Ou com aumento de dívida. Só que a dívida pública não pode crescer para sempre. A gente tem de escolher o que quer: mais governo e menos setor privado ou mais setor privado e menos governo. Infelizmente, não dá para ter tudo. Em economia, a gente sempre tem de fazer escolhas.
E o sr. concorda ou não com a ideia de que existe um limite máximo de arrecadação para o governo drenar do setor privado, sem afetar a atividade econômica e a própria arrecadação?

Existe um limite máximo de arrecadação, mas é difícil de conseguir estimar qual é. É difícil saber. Mas se torna de fato cada vez mais difícil aumentar a arrecadação. Se a carga tributária é pequena e você quer aumentá-la, é relativamente fácil. Se ela é média, já não é mais tão fácil. E, se ela já é elevada, começa a ficar mais difícil aumentar impostos.

Em sua visão, até que ponto esse desequilíbrio fiscal pode afetar o financiamento da dívida do País?

Essa é a dúvida que está havendo. Será que esse aumento de arrecadação que eles estão promovendo é suficiente para equilibrar as contas públicas e conter o crescimento da dívida? Com essa incerteza, os efeitos começam a aparecer hoje e não lá na frente. O dólar, por exemplo, fica um pouco mais alto. Isso tem impacto na inflação, nas importações. Os juros, principalmente os juros longos, também sobem. Então, o financiamento de longo prazo, de cinco anos ou mais, fica mais difícil. Qualquer tipo de incerteza tem impacto na economia.
Pelo que acompanhei, as estimativas de arrecadação que o próprio ministro Fernando Haddad tinha feito não estão se confirmando até agora, o que acaba agravando o cenário fiscal imaginado pelo governo.

De fato, (as estimativas de arrecadação) não estão se confirmando. Mesmo com a mudança das metas, é muito provável que eles tenham de tomar medidas adicionais de aumento de arrecadação ou de corte de gastos. Talvez haja uma demora para as medidas adotadas surtirem o efeito previsto. A gente ainda não sabe. Mas, como eu falei, é muito provável que novas medidas tenham de vir pela frente.

O governo aposta num suposto crescimento futuro da economia, para diluir o peso relativo da dívida no PIB. Isso não é muito arriscado, principalmente se levarmos em conta o cenário global que o sr. traçou no início da nossa conversa?

Sem dúvida, numa economia que cresce, que tem um crescimento potencial elevado, que consegue manter um ritmo bom durante vários anos, os problemas fiscais diminuem rapidamente. Então, se você mantiver o gasto mais ou menos parado ou crescendo menos do que o PIB, a relação entre os dois indicadores muda ao longo do tempo. Mas, no curto prazo, acho difícil a gente se beneficiar dessa dinâmica.

A questão prática que se coloca é: será que o Brasil tem condições de ter o ritmo de crescimento necessário para isso acontecer? Para responder a esta pergunta, é preciso olhar para três fatores principais. O primeiro é a demografia. E aqui a gente se depara com uma situação em que o bônus demográfico já não é mais tão favorável quanto foi no passado. A população em idade ativa, na idade de trabalhar, ainda está crescendo, mas cada vez menos.
Além da demografia, que outros fatores, em sua visão, podem afetar o crescimento do País?

Outro fator relevante é o investimento, que foi um dos fatores que puxaram o crescimento da China. O problema é que o Brasil tem um nível de poupança baixo. A taxa de investimento com proporção do PIB também é baixa. Então, o crescimento dificilmente deverá vir por esse caminho. O terceiro fator é o aumento de produtividade. Para aumentar a produtividade, a gente tem de fazer várias reformas. Neste sentido, a gente teve uma excelente notícia recentemente, que foi a reforma tributária. A reforma tributária não foi desenhada para aumentar a arrecadação, não é a função dela. Foi feita para simplificar um sistema que é extremamente complexo. Mas, para ela dar frutos, ainda vai demorar um tempo. Ela não vai dar frutos imediatos, porque até fazer toda a transição do atual sistema para o novo vai levar alguns anos.

Eu destacaria também mais dois pontos que acho muito importantes para alavancar o crescimento: a educação, que é uma área na qual a gente não está tendo um bom desempenho, pelos resultados obtidos nos testes do PISA (Programa Internacional de Avaliação de Alunos), e a abertura da economia. Não conheço uma sociedade que tenha se desenvolvido de forma inteiramente autônoma. Normalmente, o desenvolvimento vem com comércio, com trocas, não só de bens, mas de tudo.

Há pouca evidência de que a produtividade esteja aumentando. Isso gera dúvida se será possível manter o atual ritmo de crescimento do País

Recentemente, a Moody’s, uma das principais agências internacionais de avaliação de risco, mudou a perspectiva de crédito do Brasil de estável para positiva. Muitos analistas criticaram a decisão da Moody’s, por tudo o que sr. está falando. Como o sr. analisa esta questão?

Eu acredito que cada agência tem sua metodologia, olha para um conjunto de dados. Quer dizer, cada agência tem sua opinião sobre o que enxerga na economia brasileira e transmite essa opinião através de mudanças na classificação de risco, seja no viés, seja no próprio rating. Quando a gente olha para a economia brasileira, tem coisas que preocupam, mas tem também boas notícias, como afirmei há pouco. O que nos preocupa? Como sempre, é o fiscal. Esta é a grande preocupação da economia brasileira. Mas a gente enxerga também coisas boas.

Nos últimos três anos, o Brasil retomou um ritmo de crescimento bom. Isso eles já levam em conta. A inflação, que havia subido muito, agora já está em um patamar mais controlado. Ainda não está na meta, mas já está abaixo do teto. As agências olham tudo isso. Em relação às reformas, a gente aprovou a reforma tributária e sua regulamentação já está em análise no Congresso. Então, há boas notícias, apesar das preocupações. Cada agência toma sua decisão de acordo com o que julga apropriado.
Agora, o que o sr. mesmo pensa sobre isso?

Como já comentei, acredito que a gente teve boas notícias com relação à inflação e ao crescimento, embora eu quisesse ter mais evidências de que a produtividade está aumentando. A gente ainda tem pouca evidência de que isso esteja ocorrendo, o que gera alguma dúvida se será possível manter o atual ritmo de crescimento do País. Com o tempo, o próprio comportamento da produtividade vai responder isso. Mas realmente a incerteza fiscal é elevada. A incerteza fiscal é o calcanhar de Aquiles da economia brasileira – e não é de hoje, como eu falei.
Há alguns dias, a ministra Simone Tebet, do Planejamento, andou defendendo a desvinculação do salário mínimo das aposentadorias e de outros benefícios, como uma forma de controlar os gastos. Mas o ministro Fernando Haddad já disse que essa solução não será implementada pelo governo. Como o sr. vê esta questão?

A gente tem de decidir não só o tamanho do Estado que quer, mas também onde o Estado gasta, com o que devemos gastar. Esta é uma discussão que a gente também precisa ter. É uma discussão natural que a sociedade tem de ter, não só aqui, mas qualquer país. Levando em conta que a gente tem tanto para gastar, será que gastar dessa forma é bom ou ruim? Todo mundo quer um salário mais alto, uma aposentadoria mais alta, mas ao mesmo tempo, se a gente decidir gastar nisso, tem de diminuir os gastos em outras áreas. Este trade-off a gente tem de fazer.

Quando você coloca um limite no crescimento dos gastos, ajuda a criar o hábito na sociedade de que os recursos são finitos e de que nós precisamos fazer escolhas

Parece haver uma dificuldade de o governo entender que os recursos são limitados e que, na verdade, é um jogo de “rouba monte”. Não adianta imaginar que o monte pode crescer indefinidamente e que é possível atender a todas as demandas sem tirar nada de ninguém, que dá para deixar todo mundo feliz e vai ficar tudo bem. É isso?

Exatamente. Um dos princípios que norteou o teto de gastos (que limitava as despesas de um ano ao nível do ano anterior corrigido pela inflação) e até, em certa medida, o novo arcabouço fiscal é justamente esse. A partir do momento que você coloca um limite no crescimento de gastos – no caso do novo arcabouço, embora haja uma previsão de crescimento das despesas, existe um limite – isso ajuda a criar o hábito na sociedade de que os recursos são finitos e de que nós precisamos fazer escolhas, de que, se você resolver investir mais numa área, necessariamente vai ter de diminuir o gasto em outra.

IstoÉ Online - SP   28/05/2024

A balança comercial brasileira registrou superávit comercial de US$ 2,734 bilhões na quarta semana de maio. De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) divulgados nesta segunda-feira, 27, o valor foi alcançado com exportações de US$ 7,748 bilhões e importações de US$ 5,015 bilhões. No mês, o superávit acumulado é de US$ 6,851 bilhões e, no ano, de US$ 34,587 bilhões.

Até a quarta semana do mês, a média diária das exportações registrou queda de 0,7% na comparação com a média diária do período em 2023, com recuo de US$ 53,02 milhões (-12,7%) em Agropecuária; crescimento de US$ 72,7 milhões (23,6%) em Indústria Extrativa e queda de US$ 28,15 milhões (-3,8%) em produtos da Indústria de Transformação.

Já as importações tiveram crescimento de 8,7% no período, também na comparação pela média diária, com alta de US$ 9,57 milhões (63,6%) em Agropecuária; avanço de US$ 25,23 milhões (37,0%) em Indústria Extrativa e aumento de US$ 51,4 milhões (5,7%) em produtos da Indústria de Transformação.

MINERAÇÃO

Investing - SP   28/05/2024

Após ter apontado uma deterioração na tese de investimentos e como a falta de convicção sobre os mercados chineses poderia afetar a Vale (BVMF:VALE3), o BTG (BVMF:BPAC11) avalia que a “névoa” sobre a empresa estaria sendo limpa, conforme relatório divulgado a clientes e ao mercado na última sexta, 24.

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De acordo com o banco, as perspectivas são melhores, com retomada dos preços do minério de ferro e metais básicos, diante do apoio de autoridades chinesas. O BTG enxerga redução dos riscos da cauda da China, com anúncio de uma série de medidas para fomentar o mercado imobiliário, como recursos para comprar produtos não vendidos, visando acelerar a conclusão de obras inacabadas, maior disponibilidade de crédito para o setor e taxas mais baixas.

“Embora o tamanho do pacote seja pequeno (alguns economistas estimam que seja necessário mais de 10 vezes), o sentido de urgência parece ter mudado. Além disso, os riscos de cauda da história da China parecem ter desaparecido ultimamente, com uma taxa de crescimento de 5% bem encaminhada para 2024, apoiada por um comércio incrivelmente forte”, completam os analistas Leonardo Correa e Caio Greiner, indicando que riscos menores na China representam redução de risco do negócio da Vale.

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Ainda assim, seguem dúvidas sobre provisões, processo de mudança na presidência e eficácia dos estímulos no gigante asiático. A companhia tem tido uma série de pressões, incluindo a negociação da Samarco, com o mercado prevendo adicional de aproximadamente US$ 2-3 bilhões em provisões.

O BTG espera que a Vale tenha maior impulso de lucros dentro da cobertura de metais e mineração para o segundo trimestre. “A empresa foi atingida por uma tempestade perfeita no primeiro trimestre, marcada por fraca sazonalidade de volume e preços realizados sendo impactados negativamente por provisões ajustes. Se os preços do minério de ferro se mantiverem na faixa de US$ 115-120/t até o final do trimestre, acreditamos que o EBITDA da Vale poderá acelerar no 2T em 30-40% t/t – superando seus pares em nosso universo de cobertura”.

A aceleração seria motivada por remessas de minério sazonalmente mais fortes, maiores preços realizados da commodity e ainda preços de metais básicos “muito mais elevados e volumes que poderão levar o EBITDA da divisão a mais que duplicar”.

O BTG segue com recomendação neutra para as ações, com preço-alvo de US$16 para as ADRs. “Enquanto nós ainda mantemos nossa classificação neutra inalterada por enquanto, devemos reconhecer que há vários brotos verdes no horizonte”.
Vale no InvestingPro

A Vale paga bons dividendos aos acionistas e é negociada a um múltiplo de lucro baixo, de acordo com o InvestingPro, plataforma premium do Investing.com. Além disso, a gerência tem recomprado ações de forma agressiva, segundo as Protips, insights rápidos e descomplicados com base em indicadores fundamentalistas.

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A saúde financeira é considerada como desempenho excelente pela plataforma, com pontuação geral 3,02, acima da média de 2,75, ou nota B.

O preço-justo da Vale é estimado em R$82,10, de acordo com 15 modelos de investimentos do InvestingPro, que vão de R$63,03 a R$97,86. O alvo de 10 analistas é mais pessimista, em R$75,16.

Brasil Mineral - SP   28/05/2024

Fundo deverá investir em projetos de pesquisa, desenvolvimento, implantação ou operação de minas de minerais para transição energética e descarbonização, e minerais para fertilização do solo.

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou a realização de uma chamada pública, em parceria com a Vale, para selecionar um fundo de investimento que pretenda investir em projetos de pesquisa, desenvolvimento, implantação ou operação de minas de minerais para transição energética e descarbonização, e minerais para fertilização do solo.

De acordo com o Banco, a chamada faz parte Estratégia de Investimentos em Renda Variável da BNDESPAR, e uma de suas ações é “viabilizar e apoiar projetos em setores estratégicos para o país, em linha com as missões definidas pela Nova Indústria Brasil. Com o objetivo de desenvolver novas minas, o fundo será uma ferramenta importante para financiar a pesquisa mineral”.

O edital define que a BNDESPAR e a Vale irão subscrever cotas no valor mínimo de R$ 100 milhões e máximo de R$ 250 milhões cada, observado o percentual máximo de 25% de participação para cada uma no capital comprometido total do Fundo.
A iniciativa, ainda segundo a instituição, permitirá que BNDESPAR e Vale atuem como catalisadores de investimentos, alavancando recursos privados e fortalecendo o mercado de capitais nacional, enquanto incentiva a produção de insumos fundamentais para a Transição Energética, Descarbonização e a Segurança Alimentar.

As companhias alvo do fundo a ser selecionado são as detentoras de títulos minerários ou de direitos sobre recursos minerais, direta ou indiretamente, para mineração de cobalto, cobre, estanho, grafite, lítio, manganês, metais do grupo da platina (pgms), molibdênio, nióbio, níquel, silício, tântalo, terras raras, titânio, tungstênio, urânio, vanádio, zinco, fosfato, potássio ou outros minerais para promoção de fertilidade de solo. São elegíveis as companhias com sede e operações no Brasil, ou entidades com sede no exterior que detenham, no momento do primeiro investimento do fundo, ativos no Brasil que correspondam a 90% ou mais, e receita operacional bruta anual de até R$ 300 milhões.

“O fundo contribui diretamente para os objetivos estratégicos do governo do presidente Lula de expandir a capacidade produtiva da indústria brasileira por meio da produção e da adoção de insumos, inclusive materiais e minerais críticos, e de ampliar o apoio a projetos ambientais e climáticos, além de contribuir para a transição ecológica justa e a descarbonização, e estimular o mercado de capitais a atuar neste setor", afirmou o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante.

“A Vale tem orgulho de fazer parte dessa iniciativa, que está alinhada à nossa visão de longo prazo sobre a relevância crucial dos minerais críticos para o crescimento econômico global de forma sustentável e diversificada. Este acordo reforça nosso compromisso de apoiar a exploração e produção de minerais estratégicos no Brasil e fomentar futuras parcerias”, afirma o presidente da Vale, Eduardo Bartolomeo.

“O Brasil é um grande expoente em reserva e produção dos minerais estratégicos para a transição energética. Esse fundo será de grande importância para desenvolvermos o setor mineral, gerando emprego e renda em empreendimentos sustentáveis, seguros e que tragam benefícios sociais para as localidades onde estão inseridos”, afirmou o ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia). "O fundo lançado pelo MME e BNDES viabilizará projetos, sobretudo, para pequenas e médias mineradoras. Essa parceria será fundamental para fomentar novos investimentos no setor", completou.

Para o BNDES, a demanda mundial por uma série de minerais considerados críticos está crescendo vertiginosamente, cada vez mais vitais para a economia global, em um momento em que diversos países fazem a transição para tecnologias digitais e verdes. Essa mudança é em grande parte impulsionada pela adoção de tecnologias energéticas de baixo ou zero carbono e eletromobilidade, que costumam exigir mais minerais que as alternativas tradicionais baseadas em combustíveis fósseis. Segundo projeções do Banco Mundial, mais de 3 bilhões de toneladas desses minerais serão necessárias até 2050 apenas para as tecnologias de energia verde. No entanto, as atuais cadeias de suprimentos globais dependem principalmente de alguns países exportadores – China, República Democrática do Congo, Chile e África do Sul. A concentração geográfica das cadeias de suprimentos as torna suscetíveis a choques de mercado, eventos geopolíticos e interrupções logísticas. No Brasil, a elevada dependência de fertilizantes importados para a sustentabilidade do agronegócio levou o Plano Nacional de Fertilizantes ao objetivo de reduzir a dependência atual, da ordem de 85%, a partir de políticas e investimentos que promovam a produção de insumos fertilizantes no país.

O Brasil é um país com um vasto potencial geológico a ser explorado, apresentando uma rica diversidade de recursos minerais. Além do minério de ferro de alta qualidade, no país encontram-se cerca de 94% das reservas de nióbio, 22% do grafite, 16% de terras raras e 16% do níquel de todo o mundo. Com esse potencial, o país tem a oportunidade de ser a principal fronteira de investimento do setor e se posicionar estrategicamente como um parceiro e fornecedor com credibilidade para elevar os padrões sociais e ambientais do mercado global de minerais críticos para transição energética.

O investimento em projetos de pesquisa mineral, desenvolvimento de mina ou implantação de empreendimentos de produção de minerais críticos ou fertilizantes no Brasil não apenas impulsiona o setor de mineração, diversificando o mix atual de produtos, mas também promove o desenvolvimento regional, cria empregos e renda, gera arrecadação e divisas para o país.

Infomoney - SP   28/05/2024

Os preços futuros do minério de ferro caíram nesta segunda-feira, depois que alguns investidores e traders liquidaram posições compradas para lucrar com as apostas de um consumo vacilante em meio à demanda sazonalmente fraca por aço na China, principal mercado consumidor do minério.

Ao mesmo tempo, os embarques globais de minério de ferro aumentaram 8,4% em relação à semana anterior, para cerca de 33,27 milhões de toneladas no período de 20 a 26 de maio, segundo dados da consultoria Mysteel, o que pesou ainda mais sobre os preços.

O contrato de setembro do minério de ferro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) da China encerrou as negociações do dia com queda de 1,1%, a 899 iuanes (124,10 dólares) a tonelada.

O minério de ferro de referência de junho na Bolsa de Cingapura recuava 1,16%, a 119,4 dólares a tonelada.

A desaceleração sazonal da demanda por produtos de aço também reduzirá o consumo de minério de ferro, disseram os analistas da Sinosteel Futures em uma nota. Um declínio sazonal na atividade de construção devido ao clima quente geralmente pesa sobre a demanda de aço.

“Enquanto isso, os embarques semanais globais de minério de ferro ficaram acima de 30 milhões de toneladas por cinco semanas consecutivas, e os embarques de alguns dos principais fornecedores estão gradualmente voltando à tendência de alta. A oferta elevada e a demanda relativamente fraca contribuíram conjuntamente para o aumento persistente dos estoques portuários”, acrescentou a Sinosteel.

Também tem pesado sobre o sentimento do mercado a perda de 22,22 bilhões de iuanes nos primeiros quatro meses na indústria siderúrgica chinesa, mesmo com os lucros industriais da China voltando a ser positivos em abril, segundo dados do Escritório Nacional de Estatísticas do país.

Máquinas e Equipamentos

Brasil Mineral - SP   28/05/2024

Inovação, qualidade e performance dos caminhões XDE130, XDR100 e escavadeira XE1350, proporciona segurança incomparável, potência impressionante e desempenhos excepcionais.

Líder no mercado chinês e uma das lideranças globais no setor de máquinas pesadas, a XCMG anuncia uma nova fase para seu portfólio de mineração. Trazendo para o mercado nacional, três novas máquinas projetadas especificamente às mineradoras brasileiras.

Os caminhões XDE130 a Diesel e com sistema elétrico, XDR100 e a nova escavadeira XE1350 foram desenvolvidos com o compromisso da XCMG de oferecer qualidade, confiabilidade e o melhor TCO (Custo Total de Propriedade) do mercado. Esses equipamentos preenchem uma lacuna de mercado de grande porte no setor de mineração, proporcionando soluções eficientes para as operações mais exigentes e robustas.

Ao escolher as máquinas XCMG você faz a diferença em sua operação, conheça nossos modelos com os nossos especialistas.

Caminhão Mineração XDE130 modelo Diesel Elétrico tem capacidade de carga 120 toneladas e peso total carregado de 205 toneladas, com as caçambas de capacidade cúbica de 68 m³ a 73 m³. O motor é Cummins KTA38 ou MTU 16V2000C66. Itens de segurança: controle de peso, cabine ROPS e FOPS, “Eyes Bird – Visão total 360 graus”, sensor de fadiga do operador e sistema de condições da via. Destaque para a tecnologia, como o ESC (Electronic Stability Control), controle de estabilidade eletrônica, capaz de controlar e distribuir a pressão nas diferentes rodas do veículo.

Caminhão de Mineração XDR100 modelo tem capacidade de carga 91 toneladas e peso total carregado de 158 toneladas, com capacidade cúbica de até 60 m³. O powertrain traz componentes tradicionais no mercado. Motor Cummins QST30 com 783 kW de potência e transmissão Alisson H8610 AR. Prioridade para a XCMG são os itens de segurança, tais como: cabine ROPS e FOPS, freio de retarde, extintores de incêndio, além de fácil acesso aos itens de manutenção. O sistema de indicação de carga é externo, através de luzes para evitar sobrecarregamento. Design projetado para melhor visibilidade do operador. Itens opcionais: freio úmido, sistema de lubrificação automático e sistema de abastecimento rápido, entre outros.

A Escavadeira XE1350 é uma máquina da classe de 121 toneladas. Projetada para trabalhos pesados, ela é equipada com o motor Cummins QSK23, que oferece uma potência de 567 kW, além da bomba Kawasaki que proporciona um eficiente desempenho hidráulico. Sua estrutura tem design focado no operador, apresentando chassis em formato de "X", braço e lança heavy duty com reforços internos para garantir durabilidade e resistência em condições desafiadoras.

A cabine da XE1350 é projetada visando o conforto do operador. Possui um assento "Antifadiga" para reduzir o cansaço durante longas horas de operação, além de um painel touchscreen para controle intuitivo das funções da máquina. A caçamba é reforçada e oferece capacidade de 08m³.

Um dos destaques da Escavadeira XE1350 é seu baixo consumo de combustível, garantindo eficiência operacional e economia, combinando robustez, eficiência e conforto. A XE1350 é uma escolha excepcional para projetos que demandam alto desempenho e confiabilidade em ambientes extremos.

A XCMG realiza pós- venda, oferece assistência técnica com uma equipe de profissionais dedicados ao setor de mineração, para oferecer a melhor aplicabilidade do nossos caminhões XDE130/ XDR100 e Escavadeira XE1350 na operação dos nossos clientes.

Nossa fábrica em Pouso Alegre-MG, com mais de 1 milhão m², a maior fora da China, conta com mais de 1000 colaboradores brasileiros, dedicados a produção e ao desenvolvimento de novas tecnologias para os segmentos de construção, mineração, elevação e içamento, pavimentação e veículos elétricos. Além de poder financiar sua máquina pelo Banco XCMG.

E contamos com duas unidades exclusivas para mineração em Contagem-MG e Paraupebas-PA.

O que proporciona segurança e aumenta a produtividade destes equipamentos gigantes em operação. Por isso a chegada desta nova categoria de caminhões e escavadeira para mineração, consolida a XCMG como um dos grandes players do mercado brasileiro.

Fundada em março de 1943, a XCMG (Xuzhou Construction Machinery Group Co. Ltd.) está no Brasil desde 2004, e conta com revendedores e pontos de assistência técnica distribuídos por todo o País.

Em 2014, iniciou a sua linha de produção na cidade de Pouso Alegre (MG). A localização estratégica da unidade fabril, estreitou os laços da marca com um mercado cada vez mais exigente em qualidade, tecnologia e inovação.

Revista Manutenção e Tecnologia - SP   28/05/2024

Ao menos quatro fornecedores de peças e componentes para máquinas agrícolas e de construção estão com suas operações paradas no Rio Grande do Sul, consequência das fortes chuvas que afetaram o Estado.

É o que Márcio de Lima Leite, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), diz ter de informações concretas: é possível que outros também estejam parados, mas a entidade não conseguiu contato para saber da real situação.
O sinal de alerta está ligado para toda a indústria automotiva, pois de acordo com dados da Anfavea 5% de todas as compras de peças e componentes são realizadas com fornecedores gaúchos.

Em algumas fabricantes o porcentual chega a 11%. O estado de calamidade na região dificulta a troca de informações, segundo o presidente, porque a situação vai muito além da indústria automotiva.

Ele disse entender que existem outras questões mais importantes para serem resolvidas, como a própria condição de vida da população local. Por isso a postura da Anfavea é de recuar e aguardar novidades, ainda que as informações não cheguem na velocidade que Lima Leite gostaria.

“Sabemos desses quatro que tiveram suas fábricas alagadas, mas existem outras empresas com dificuldades e por questões logísticas não conseguem escoar sua produção. Também existem empresas que estão com a fábrica em ordem, mas não conseguem produzir porque a sua cadeia de fornecimento foi afetada pela chuva”.

A fábrica da AGCO, em Canoas, RS, está parada há duas semanas. A cidade foi uma das que mais sofreram com os alagamentos, mas a unidade da empresa não foi tão atingida, ainda que esteja com algumas áreas alagadas. Segundo Ana Helena Andrade, vice-presidente da Anfavea e diretora da companhia, os equipamentos não foram danificados.

“Precisamos esperar a água baixar para limpar tudo e solicitar a religação da energia para avaliar de perto o impacto do desastre. Acredito que ainda demorará algumas semanas”.

O Estado do Rio Grande do Sul representa 7,5% das vendas nacionais de máquinas agrícolas e de construção e o mercado está praticamente parado em maio. O presidente da Anfavea afirmou que a situação na região ainda é muito nebulosa e que, por isto, as informações concretas são escassas e é difícil prever qual o tamanho do prejuízo na produção de máquinas e veículos.

AUTOMOTIVO

O Estado de S.Paulo - SP   28/05/2024

Os veículos elétricos baratos da China já estão chegando à Europa, prejudicando um dos maiores setores da região. E a BYD, que ultrapassou a Tesla no final do ano passado como a maior fabricante global de veículos elétricos, está prestes a aumentar as apostas.

A fabricante chinesa anunciou no mês passado planos para trazer seu hatchback compacto Seagull para a Europa no próximo ano. O carro oferece recursos premium, como uma tela de toque giratória e carregamento de telefone sem fio, e é vendido por menos de US$ 10 mil na China. Mesmo após tarifas e modificações para atender aos padrões europeus, os executivos da BYD esperam vender o Seagull por menos de € 20 mi (US$ 21,5 mil) no continente.

Isso faria com que o preço do veículo de quatro lugares ficasse milhares de euros abaixo dos carros elétricos mais baratos que são as apostas da Stellantis, da Renault e de outras empresas para ajudá-las na transição energética. Sua chegada iminente está aumentando a pressão sobre as montadoras europeias pelo domínio na era pós-motor a combustão. E é improvável que uma investigação por parte da União Europeia contra subsídios acabe com essa ameaça.

“Estamos observando atentamente esse modelo e outros que vêm dos fabricantes chineses de veículos elétricos”, disse Martin Sander, chefe do negócio europeu de veículos elétricos da Ford Motor. “É claro que ficamos nervosos quando novos concorrentes chegam ao mercado.”

O Seagull recebeu elogios pela qualidade de construção, pelo design e pela tecnologia que a BYD incluiu no preço. E ele não é único: a empresa planeja introduzir um carro elétrico de € 25 mil mais sofisticado antes dele, disse o diretor administrativo europeu da empresa, Michael Shu, em um evento do setor em Londres neste mês. Os planos da BYD para duas fábricas na região a ajudarão a atenuar os efeitos de quaisquer tarifas da União Europeia destinadas a desacelerar seu caminho.

O modelo já está se saindo bem no exterior. No México, onde o carro foi batizado de Dolphin Mini, os motoristas têm se aglomerado em torno do carro de US$ 19.780 desde seu lançamento em fevereiro, apesar da infraestrutura de recarga irregular no país.

A BYD está na vanguarda das montadoras chinesas, que estão cada vez mais voltadas para as exportações depois de assumirem o controle de seu mercado doméstico. O CEO da Tesla, Elon Musk, alertou em janeiro que eles “praticamente demolirão” a maioria das outras montadoras se não forem erguidas barreiras comerciais.

Embora o presidente americano Joe Biden tenha decidido quase quadruplicar as tarifas dos EUA sobre os veículos elétricos chineses, essencialmente fechando a porta para essas importações, as tarifas são mais complicadas para a Europa.

As montadoras da região são mais dependentes do mercado chinês do que as empresas americanas, o que as torna vulneráveis a medidas retaliatórias de Pequim. O plano da Europa de eliminar gradualmente as vendas de carros com motor de combustão também exigirá carros mais baratos para impulsionar a adoção no mercado de massa.

A UE lançou uma investigação sobre o setor de veículos elétricos da China no ano passado e está se aproximando de uma decisão sobre o aumento das taxas, mas alguns executivos e especialistas do setor têm resistido.

“As tarifas não devem ser usadas para proteger nossos principais fabricantes de uma concorrência significativa”, disse Julia Poliscanova, diretora sênior de veículos e cadeias de suprimentos de mobilidade elétrica do grupo de lobby Transport & Environment. “O que importa, além das metas climáticas, que são fundamentais, é realmente ter empregos locais e que a descarbonização não resulte em desindustrialização.”
Novas parcerias

As montadoras europeias já estabelecidas estão considerando medidas pouco ortodoxas para enfrentar o desafio, incluindo novas alianças. A Renault está procurando abertamente parceiros para cortar custos em uma plataforma de carros pequenos, enquanto a Stellantis iniciará as vendas em setembro de carros fabricados por meio de sua joint venture com a Zhejiang Leapmotor Technologies, da China.

“Não temos intenção de deixar essa faixa de preço aberta para nossos concorrentes chineses”, disse o CEO da Stellantis, Carlos Tavares, na semana passada. Mas rejeitou a ideia de sobretaxas. “Não achamos que o protecionismo nos dará uma saída de longo prazo para essa concorrência.”

Há muito tempo, Tavares enfatiza a necessidade de agir rapidamente para combater os inimigos. O acordo com a Leapmotor, firmado em outubro, permite que a proprietária da Jeep e da Peugeot se beneficie das vantagens de custo e da tecnologia avançada de veículos elétricos da China, que, segundo os EUA e a UE, tem sido sustentada por ajuda governamental injusta. Embora a participação geral das marcas chinesas no mercado de veículos elétricos da Europa tenha sido de cerca de 7% no ano passado, a Transport & Environment projeta que ela poderá chegar a 11% este ano e a 20% em 2027.

A julgar pelas avaliações, os fabricantes de automóveis estabelecidos na Europa e nos EUA têm razão em levar o Seagull a sério. A Caresoft Global, uma empresa de engenharia de Michigan que desmonta veículos para avaliar a qualidade e as técnicas de fabricação, examinou o carro da BYD para avaliar os detalhes de sua construção que economizam dinheiro.

“Todos no setor deveriam estar falando seriamente sobre esse carro, porque é um veículo e tanto”, disse o presidente da Caresoft, Terry Woychowski, em um vídeo publicado no InsideEVs. “Ele muda a definição de barato e divertido, que basicamente dizia: ‘Ah, venda algo que seja realmente barato’. Esse carro não parece ser nada disso.”

Money Times - SP   28/05/2024

Embora o Brasil seja apontado como o líder da transição energética global, por suas diversas alternativas na produção de combustíveis verdes, o país ainda não conta com uma produção própria de carros elétricos, híbridos e movidos a etanol.

De acordo com o professor da Universidade de Waterloo, Jesse Van Griensven Thé, a realização desse objetivo enfrenta desafios significativos.

“O Brasil conta com uma capacidade financeira limitada. O investimento inicial necessário para estabelecer uma indústria de veículos elétricos é alto, incluindo custos com infraestrutura, pesquisa e desenvolvimento, além de tecnologia. Empresas e investidores brasileiros podem achar difícil competir com os subsídios e incentivos oferecidos em mercados mais desenvolvidos, como a China, Japão, Estados Unidos e a União Europeia, que possuem políticas robustas para apoiar a transição energética”, explica.

Outro fator que surge como um impedimento são às barreiras burocráticas. “O ambiente regulatório no Brasil é conhecido por sua complexidade e lentidão, o que pode desincentivar investimentos e atrasar projetos. Reformas na legislação e processos mais eficientes são necessários para atrair investimentos e facilitar o desenvolvimento da indústria automotiva sustentável”, avalia.

Van Griensven ressalta que apesar dos desafios, o Brasil tem um histórico de sucesso com carros movidos a etanol, e pode aproveitar essa experiência para avançar na produção de veículos híbridos e elétricos. “Iniciativas públicas e privadas, bem como parcerias internacionais, serão fundamentais para superar as barreiras financeiras e burocráticas e posicionar o Brasil como um competidor na indústria global de veículos sustentáveis”, conclui.

Infomoney - SP   28/05/2024

Há quase dez anos, enquanto examinava um punhado de sedãs de luxo de uma das maiores montadoras da China, a SAIC Motor Corp., o presidente Xi Jinping fez um discurso crucial que colocaria a China no caminho para dominar a indústria de veículos elétricos.
O caminho para se tornar uma nação automobilística forte está no desenvolvimento de veículos com novas energias, disse Xi, de acordo com um relatório da Xinhua de 2014. Reivindicar uma vantagem inicial, ou “terreno elevado”, neste setor é fundamental para a competição global, disse Xi.

Em 2014, a China vendeu cerca de 75 mil veículos elétricos e híbridos e exportou cerca de 533 mil carros. O mercado interno era dominado por fabricantes internacionais como a Volkswagen AG e a General Motors Co., que foram autorizados a entrar formando joint ventures com players locais nas décadas de 1980 e 1990. Isto ajudou a China a transformar-se de uma nação que anda de bicicleta numa nação que conduz automóveis. Os fabricantes de automóveis nacionais e as marcas que não trabalhavam com parceiros estrangeiros eram vistos como inferiores e atrasados em termos de motores e outras tecnologias automóveis.

Para avançar e enfrentar os desafios ambientais, Pequim apostou em veículos com baixo consumo de combustível e energias alternativas. O estado publicou uma diretriz em 2012 que estabelecia formas de desenvolver a indústria, estabelecendo metas de vendas, fornecendo subsídios e alocando recursos para a construção de infraestrutura de carregamento, entre outras coisas. O discurso de Xi, dois anos depois, sinalizou a determinação da China em usar isto como uma forma de ultrapassar as tradicionais potências automobilísticas ocidentais e asiáticas, em particular o Japão, sede da Toyota Motor Corp.

Com o cenário preparado, a China precisava de um catalisador para estimular o interesse dos consumidores em veículos elétricos, que no início da década de 2010 eram na sua maioria carros baratos com autonomia curta. Acabou sendo a Tesla, que se tornou a primeira montadora estrangeira a abrir uma operação integral na China. Com essa permissão especial, a Tesla concluiu a sua fábrica em Xangai em 2019. A sua entrada no mercado motivou os fabricantes locais a criarem veículos elétricos melhores e com autonomias mais longas.
Maior mercado de EVs do mundo

Avançando para 2024, a China tornou-se o maior mercado automotivo do mundo e vende mais veículos eletrificados do que qualquer outro país, com 9,5 milhões de carros entregues no ano passado. Ele também controla a maior parte da cadeia de fornecimento de baterias. A campeã local BYD Co. destronou a Volkswagen para se tornar a marca mais vendida na China e, no último trimestre de 2023, ultrapassou a Tesla como o maior produtor mundial de veículos elétricos. A China também ultrapassou o Japão como maior exportador de automóveis, enviando 4,14 milhões de unidades para o exterior, sendo 1,55 milhão delas EVs ou híbridos plug-in.

Os resultados provaram que a política industrial e os investimentos de Pequim valeram a pena. Mas também aumentaram as tensões com o Ocidente. O sucesso da China nos veículos eléctricos, que poderá perturbar as cadeias de abastecimento automóveis tradicionais que empregam milhões de pessoas, tornou-se uma importante fonte de desconforto em Washington e Bruxelas.

À medida que a guerra de preços interna e o abrandamento do crescimento levam os fabricantes de automóveis chineses a procurar compradores para os seus veículos eléctricos acessíveis e carregados de tecnologia noutros locais, estão a deparar-se com barreiras comerciais, especialmente na UE e nos EUA, que entretanto tentam desenvolver os seus próprios Cadeias de abastecimento de VE. Ambos acusaram a China de exportar o seu excesso de capacidade.

Os EUA quadruplicaram as tarifas de importação sobre automóveis chineses para mais de 100%, enquanto a UE está a investigar os VE chineses para ver se houve uma vantagem injusta dos subsídios governamentais. O Brasil eliminou recentemente uma redução de impostos sobre VEs importados e até a Rússia, indiscutivelmente o aliado mais forte de Pequim e o maior destino das exportações de automóveis chinesas desde a guerra com a Ucrânia, pediu aos fabricantes de automóveis chineses que considerassem a localização da produção.

Pequim ameaçou reagir, com a Câmara de Comércio da China à UE a afirmar, em 22 de maio, que as tarifas de importação sobre automóveis com motores grandes podem ser aumentadas de 15% para 25%. Há um prazo de 5 de junho para a UE informar os exportadores chineses de veículos elétricos sobre as conclusões preliminares e se serão impostas tarifas.

A SAIC, o fabricante estatal cujas instalações Xi visitou há 10 anos, é um dos três fabricantes de automóveis chineses, juntamente com a BYD e a Zhejiang Geely Holding Group Co., seleccionados para um escrutínio mais aprofundado pela UE na sua investigação anti-subsídios. A SAIC possui a marca MG de origem britânica, que é um dos EVs mais vendidos na Europa.

Num evento que marcou o 10º aniversário do discurso de Xi na sexta-feira, responsáveis da SAIC, incluindo o engenheiro-chefe Zu Sijie, disseram que se lembravam bem das instruções do presidente, e que a empresa tem inovado consistentemente em torno de tecnologias como condução inteligente e carros conectados.

CONSTRUÇÃO CIVIL

IstoÉ Dinheiro - SP   28/05/2024

O Índice de Confiança da Construção (ICST) subiu 1,2 ponto em maio, para 96,4 pontos, a primeira alta após dois meses consecutivos de queda. Em médias móveis trimestrais, o ICST recuou 0,4 ponto. As informações foram divulgadas nesta segunda-feira, 27, pela Fundação Getulio Vargas (FGV).

O crescimento na margem aponta para a retomada da rota de crescimento do setor aguardada desde o início do ano, de acordo com a coordenadora de Projetos da Construção do Ibre/FGV, Ana Maria Castelo. Para ela, porém, a manutenção do ICST abaixo do nível de 100 pontos reflete as dificuldades enfrentadas pelas empresas.

“A tragédia ambiental no Rio Grande do Sul não mexeu com os indicadores consolidados da construção, no entanto, será necessário acompanhar os efeitos secundários nos próximos meses. No processo de reconstrução, as dificuldades com mão de obra qualificada deverão se agravar”, acrescentou Castelo, em nota.

Nas aberturas desta leitura, o Índice de Situação atual (ISA-CST) avançou 1,2 ponto, para 95,3, sob influência do avanço observado tanto da situação atual dos negócios quanto do volume de carteira de contratos.

Também houve alta no Índice de Expectativas (IE-CST), que avançou 1,3 ponto para 97,8 pontos. O movimento, de acordo com a FGV, foi puxado por crescimentos na demanda prevista nos próximos três meses e na tendência de negócios para os próximos seis meses.

O Nível de Utilização da Capacidade (Nuci) da Construção, por sua vez, ficou estável, em 79,9% nesta leitura. O Nuci de mão de obra recuou marginalmente (-0,1 ponto porcentual, a 81,2%), enquanto o Nuci de Máquinas e Equipamentos subiu 0,7 ponto, para 75,3%.

Monitor Digital - RJ   28/05/2024

Medido pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getulio Vargas (FGV), o Índice Nacional de Custo da Construção – M (INCC-M) registrou alta de 0,59% em maio, registrando aceleração em comparação a taxa de 0,41% observada no mês anterior. Apesar da aceleração, este movimento sinaliza uma tendência de estabilização nos custos da construção, quando se observa a taxa em 12 meses, que está em 3,68%, patamar próximo ao registrado no mês passado. Em comparação a igual período em 2023, o índice registrou grande descompressão, pois a taxa anualizada em maio de 2023 era de 6,32%.

A componente referente a materiais, equipamentos e serviços evidenciou uma modesta aceleração em seu crescimento, passando de 0,18% em abril para 0,27% em maio. Esse movimento sugere estabilidade nos custos dos insumos e dos serviços no setor. Por outro lado, o setor da mão de obra subiu para 1,05% em maio, acelerando em relação à taxa de 0,74% registrada no mês anterior.

No grupo de materiais, equipamentos e serviços, a categoria de materiais e equipamentos registrou aumento de 0,25% em maio, marcando um incremento maior em relação à taxa de 0,17% vista em abril. Esse movimento reflete uma tendência de alta nos preços desses insumos, crucial para a execução de projetos de construção. Nesta apuração, três dos quatro subgrupos que compõem essa categoria exibiram avanço em suas taxas de variação. Um destaque particular foi o subgrupo materiais para instalação, que viu sua taxa subir de 0,63% para 0,85%.

No âmbito do grupo de serviços, observou-se um aumento significativo na variação, que passou de 0,29% em abril para 0,50% em maio. Esta elevação foi reflexo no item “projetos”, que viu sua taxa de variação avançar de 0,14% para 0,55%.

A variação do índice de mão de obra registrou 1,05% em maio, marcando uma importante aceleração quando comparada ao índice de 0,74% observado em abril, em função de reajustes espontâneos e dos dissídios.

As taxas de variação do índice mostraram uma dinâmica variada em diferentes cidades brasileiras durante o mês de maio. Brasília, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo apresentaram uma aceleração em suas taxas de variação, sinalizando um aumento nos custos de construção nessas localidades. Por outro lado, Salvador, Recife e Porto Alegre registraram recuo em suas taxas de variação, indicando uma diminuição relativa nos custos de construção nessas cidades.

Já o Índice de Confiança da Construção (ICST), também medido pelo Ibre, subiu 1,2 ponto em maio, para 96,4 pontos, após dois meses seguidos de queda. Na média móvel trimestral, o índice recuou 0,4 ponto.

“Em maio, a sondagem mostrou a retomada da rota de crescimento esperada desde o início do ano – a melhora da confiança (ICST) foi disseminada pelos três grandes segmentos de atividade – Edificações, Infraestrutura e Serviços Especializados. O Indicador de Evolução da Atividade registrou a maior alta mensal desde julho do ano passado. Por outro lado, a permanência do ICST abaixo de 100 reflete as dificuldades enfrentadas pelas empresas. A tragédia ambiental no Rio Grande do Sul não mexeu com os indicadores consolidados da construção, no entanto, será necessário acompanhar os efeitos secundários nos próximos meses. No processo de reconstrução, as dificuldades com mão de obra qualificada deverão se agravar,” observou Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos da Construção do Ibre.

O resultado do ICST de maio foi influenciado tanto pela melhora das avaliações sobre o momento atual quanto pela melhora das perspectivas nos próximos meses. O Índice de Situação Atual (ISA-CST) avançou 1,2 ponto, para 95,3 pontos, e o Índice de Expectativas (IE-CST) subiu 1,3 ponto, para 97,8 pontos.

O alta do ISA-CST é resultado dos avanços dos indicadores de situação atual dos negócios e de volume de carteira de contrato. O primeiro cresceu 1,0 ponto, para 94,9 pontos, e o segundo aumentou 1,3 ponto, e atingiu 96,5 pontos. Os dois componentes do IE-CST também avançaram: o indicador de demanda prevista nos próximos três meses subiu 0,7 ponto, e chegou aos 98,7 pontos, e o indicador de tendência dos negócios nos próximos seis meses cresceu 1,8 ponto, para 96,8 pontos.

O Nível de Utilização da Capacidade (Nuci) da construção ficou estável neste mês, mantendo-se em 79,9%. O Nuci de mão de obra ficou relativamente estável, com variação de -0,1 p.p, para 81,2%, enquanto o de máquinas e equipamentos subiu 0,7 p.p., para 75,3%, respectivamente.

Grandes Construções - SP   28/05/2024

O mercado da construção civil tem buscado obras com menor desperdício e soluções customizadas e concentradas no desempenho. A recente publicação da norma ABNT NBR 7480:2024 reflete esse movimento.

A atualização normativa traz uma importante novidade para o setor: pela primeira vez, considera o vergalhão de Alta Resistência, ou seja, inclui um novo grau de aço para as estruturas de concreto armado. Com essa mudança, a ArcelorMittal, produtora de aço brasileira, já tem validada a alteração de grau para o seu vergalhão de alta resistência, lançado de forma pioneira no mercado.

Com foco em produtos de alta qualidade, exclusivos e diferenciados, a ArcelorMittal desenvolveu, em julho de 2021, o vergalhão ArcelorMittal 50 S AR, aço de alta resistência mecânica, soldável com limite de escoamento mínimo de 700 MPa e 40% mais resistente que o vergalhão padrão CA50. Com a publicação da norma, o mesmo produto passará a se chamar ArcelorMittal 70 S AR.

“Os materiais de alto desempenho, como o novo vergalhão ArcelorMittal 70 S AR, seguem uma tendência global, buscando agregar valor com ganhos econômicos e ambientais na sua aplicação, devido a racionalização, aumento de produtividade e desmaterialização da construção civil”, afirma Everton Negresiolo, Vice-Presidente Comercial e Metálicos Longos Brasil da ArcelorMittal.

O vergalhão ArcelorMittal 70 S AR foi elaborado pela área de Inovação e Desenvolvimento de Produtos para Construção Civil do segmento de Aços Longos da ArcelorMittal em conjunto com a Cátedra Construindo o Amanhã (aliança entre a ArcelorMittal e a USP) e o Centro de Inovação em Construção Sustentável (CICS/USP).

De acordo com Antônio Paulo Pereira Filho, gerente de Inovação e Desenvolvimento de Produtos para Construção Civil da ArcelorMittal Aços Longos, o vergalhão ArcelorMittal 70 S AR permite reduzir a quantidade de armaduras – barras de aço que compõem uma estrutura de concreto armado – e aumentar a produtividade na construção civil.

“As principais vantagens incluem menor congestionamento de barras, melhor execução de concreto, ganho de produtividade da armação e redução de custos. Além disso, a melhor taxa de utilização do aço e potencial redução de concreto propicia a diminuição das emissões de gases de efeito estufa”, explica.

Para algumas aplicações são esperados ganhos da ordem de 20%, com redução no volume de aço em fundações e pilares. O número representa um potencial de economia da ordem de 7% em uma estrutura de concreto armado ao utilizar esse novo vergalhão.

IstoÉ Dinheiro - SP   28/05/2024

A indústria da construção se mostrou confiante em maio e com expectativas positivas para os próximos meses, segundo pesquisa Sondagem Indústria da Construção, divulgadas nesta segunda-feira, 27, pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). O levantamento mostra que, mesmo o recuo de 0,8 ponto, o índice de confiança do empresário da indústria da construção ficou em 51,7 pontos em maio, acima da linha divisória dos 50 pontos, indicando confiança. O índice varia de zero a 100 pontos e valores abaixo de 50 mostram falta de confiança.

“As expectativas para os próximos meses podem estar relacionadas ao papel fundamental que o setor da Construção desempenhará na reconstrução da infraestrutura que foi devastada no Rio Grande do Sul. Logo, há expectativas para nível de atividade, contratação de mão de obra, novos empreendimentos e compra de matéria-prima, além do aumento na intenção de investir”, avalia a economista da CNI, Paula Verlangeiro.

A Sondagem mostra que o índice de intenção de investimento da indústria da construção teve alta de 2,7 pontos de abril para maio, chegando a 45,9 pontos. Apesar de estar abaixo da linha dos 50 pontos, o índice é maior que o de maio de 2023 e 2022 e está acima da média histórica do indicador, que é de 37,4 pontos.

A CNI destaca que, apesar de o empresário do setor se manter otimista, os indicadores que compõem o índice de expectativa recuaram de abril para maio, mas ficaram acima da linha dos 50 pontos, sinalizando expectativas positivas. “Há otimismo, mas é menos intenso e disseminado”, diz a entidade.

“Vale reforçar que a confiança do empresário industrial não é referente ao momento atual da economia, mas sim, em relação ao que pode acontecer nos próximos meses”, lembra a economista da CNI.

O índice de expectativa do empresário em relação ao nível de atividade caiu 1,5 ponto de abril para maio, chegando a 53,3 pontos. Já o indicador que mede a expectativa de compra de insumos e matérias-primas registrou queda de 1,6 ponto, passando para 52,7 pontos. O índice de expectativas de novos empreendimentos e serviços foi o que registrou maior queda entre os indicadores de maio, de 2,3 pontos, chegando a 52,5 pontos. O índice de expectativa do número de empregados foi de 52,7 pontos, queda de 1,7 ponto.

Menor nível de atividade

A Sondagem mostra que, em abril, o índice de evolução do nível de atividade ficou em 48,4 pontos, mesmo valor registrado em março. Segundo a CNI, com a permanência do resultado abaixo da linha de 50 pontos, o nível de atividade segue em queda.

O mesmo ocorre com o índice de evolução do número de empregados que, apesar de ter crescido 1,6 ponto na comparação com março, ficou em 48,4 pontos, abaixo dos 50 pontos, mostrando queda, embora mais suave que no mês anterior.

A Sondagem Indústria da Construção foi feita entre os dias 1º e 16 de maio, com 349 empresas, sendo 140 pequenas, 140 médias e 69 grandes.

O Estado de S.Paulo - SP   28/05/2024

A China tem um problema de moradia. Um problema muito grande. O país tem cerca de quatro milhões de apartamentos que ninguém quer comprar, uma extensão de espaço de moradia indesejado quase igual à área da Filadélfia. Xi Jinping, o líder do país, e seus representantes pediram ao governo para comprá-los.

O plano, anunciado na semana passada, é a medida mais ousada já tomada por Pequim para interromper a crise imobiliária que ameaça uma das maiores economias do mundo. Mas também não foi suficiente.

A China tem um problema maior escondido atrás de todos esses apartamentos vazios: ainda mais imóveis que as incorporadoras já venderam, mas não terminaram de construir. Segundo uma estimativa conservadora, esse número é de cerca de 10 milhões de apartamentos.

A escalada do boom imobiliário da China foi de tirar o fôlego. A extensão de sua implacável queda, que começou há quase quatro anos, continua vasta e incerta.

Os líderes chineses já estavam administrando uma desaceleração após três décadas de crescimento de dois dígitos antes que a crise imobiliária criasse uma desaceleração que está fugindo do seu controle. Poucos especialistas acreditam que Pequim possa fazer a transição para um crescimento mais sustentável sem enfrentar todos esses apartamentos vazios e as incorporadoras que se esforçaram demais para construí-los. Ao todo, trilhões de dólares são devidos a construtores, pintores, agentes imobiliários, pequenas empresas e bancos em todo o país.

Depois de décadas promovendo o maior boom imobiliário que o mundo já viu e permitindo que ele se tornasse quase um terço do crescimento econômico da China, Pequim interveio repentinamente em 2020 para cortar o dinheiro fácil que alimentou a expansão, dando início a uma cadeia de falências que chocou uma nação de compradores de imóveis.

Foi o primeiro teste da determinação de Pequim de livrar a economia chinesa de sua dependência de décadas de construção civil para sustentar a economia.

Agora o governo está enfrentando outro teste de sua determinação. Para acabar com os excessos do passado, o governo sinalizou nos últimos anos que nenhuma empresa do setor imobiliário era grande demais para falir. Porém, com a falência de dezenas de grandes incorporadoras, a confiança que ainda restava no mercado imobiliário foi destruída. Desde então, as autoridades tentaram de tudo para restaurar o otimismo entre os compradores. Nada funcionou.

Com poucos compradores, as incorporadoras que continuam de pé também estão à beira da inadimplência. E elas estão intrinsecamente ligadas aos bancos locais e ao sistema financeiro que sustenta o governo em cada vila, cidade e município. Uma estimativa recente, feita pela empresa de pesquisa Rhodium Group, calculou que o total de empréstimos domésticos do setor imobiliário, incluindo empréstimos e títulos, é de mais de US$ 10 trilhões (R$ 51,7 trilhões), dos quais apenas uma pequena parte foi reconhecida.

“No momento, o fato de não conseguir vender casas parece um risco, mas não é. A falência de mais incorporadoras sim”, disse Dan Wang, economista-chefe do Hang Seng Bank. As primeiras grandes incorporadoras a ficarem inadimplentes, como a China Evergrande, eram problemas escondidos à vista de todos.

A inadimplência inicial da Evergrande em dezembro de 2021 provocou temores de que a China tivesse seu próprio “momento Lehman”, uma referência ao colapso do Lehman Brothers em 2008, que desencadeou um colapso financeiro global. As consequências, no entanto, foram cuidadosa e discretamente gerenciadas por meio de apoio político que permitiu que a Evergrande concluísse a construção de muitos apartamentos. Quando um juiz ordenou que a empresa fosse liquidada, há cinco meses, a Evergrande havia efetivamente deixado de ser uma empresa viável.

Mas a China tem dezenas de milhares de incorporadoras menores em todo o país. A única maneira de as autoridades impedirem a queda livre do mercado, disse Wang, é socorrer algumas incorporadoras de médio porte em cidades onde a crise é mais aguda.

Em vez disso, os principais líderes da China estão redirecionando o foco para lidar com os milhões de apartamentos que ninguém quer comprar, comprometendo-se a transformá-los em moradias sociais com aluguéis mais baixos. Eles comprometeram US$ 41,5 bilhões (R$ 214 bilhões) para financiar empréstimos para as empresas estatais começarem a comprar propriedades encalhadas. Isso equivale a oito bilhões de pés quadrados (743 milhões m²), dos quais um pouco mais de quatro bilhões de pés quadrados (371 milhões m²) são apartamentos não vendidos, de acordo com o National Bureau of Statistics.

Quando a resposta de Pequim foi anunciada na semana passada, as ações das incorporadoras inicialmente se recuperaram. Mas alguns críticos disseram que a iniciativa havia chegado tarde demais. E a maioria especulou que seria necessário muito mais dinheiro. As estimativas variavam de US$ 280 bilhões a US$ 560 bilhões.

As autoridades de Pequim começaram a suavizar sua abordagem no ano passado. Elas orientaram os bancos a canalizar empréstimos e outros financiamentos para dezenas de empresas imobiliárias que consideravam boas o suficiente para fazer parte de uma “lista branca” do governo.

O apoio não foi suficiente para impedir a queda dos preços das moradias.

Os formuladores de políticas acionaram outras alavancas. Eles fizeram o maior corte já feito nas taxas de hipoteca. Tentaram programas-piloto para fazer com que os moradores trocassem seus apartamentos antigos por novos. Eles até ofereceram empréstimos baratos a algumas cidades para testar a ideia de comprar apartamentos não vendidos.

Ao todo, as autoridades locais tentaram mais de 300 medidas para aumentar as vendas e fortalecer as empresas imobiliárias, segundo a Caixin, uma agência de notícias econômicas da China.

Ainda assim, o número de casas não vendidas continuou a atingir novos níveis. Os preços das novas casas continuaram caindo. Assim, no final de abril, Xi e seus 23 principais formuladores de políticas começaram a discutir a ideia de retirar do mercado alguns desses imóveis em um programa não muito diferente do Troubled Asset Relief Program, que o governo dos EUA criou após a quebra do mercado imobiliário americano.

Na semana passada, o funcionário mais graduado da China responsável pela economia, o vice-primeiro-ministro He Lifeng, convocou uma reunião online de funcionários de todo o país e deu a notícia: era hora de começar a comprar apartamentos. Pouco tempo depois, o banco central afrouxou as regras para hipotecas e prometeu disponibilizar bilhões de dólares para ajudar as empresas estatais a comprar apartamentos.

A medida ressaltou o quanto o governo estava preocupado com as disfunções do mercado imobiliário.

No entanto, quase tão logo a mídia estatal divulgou o apelo de He aos governos locais para que comprassem apartamentos não vendidos, os economistas começaram a fazer perguntas.

Espera-se que os governos locais comprem todos os apartamentos não vendidos? E se eles, por sua vez, não conseguissem encontrar compradores? E havia a questão do preço: os economistas calcularam que esse programa deveria estar na casa das centenas de bilhões de dólares, e não das dezenas de bilhões.

O que é mais preocupante, para alguns, é que o banco central já havia iniciado discretamente um programa de recompra de apartamentos para oito cidades duramente atingidas, comprometendo-se com US$ 14 bilhões (R$ 72 bilhões) em empréstimos baratos, dos quais apenas US$ 280 milhões (R$ 1,4 bilhão) haviam sido utilizados. Esses governos não pareciam estar interessados em usar os empréstimos pelo mesmo motivo que os consumidores não queriam comprar casas em cidades menores.

Uma grande diferença agora, disse John Lam, chefe de pesquisa imobiliária da China no banco suíço UBS, é a vontade política. Os líderes mais poderosos do país disseram que apoiam um plano de recompra. Isso exercerá pressão política sobre as autoridades para agirem.

“O governo local pode adquirir os apartamentos com prejuízo”, disse Lam.

No entanto, em locais onde a população está diminuindo, que são algumas das mesmas cidades e vilas onde as incorporadoras se expandiram de forma mais agressiva, haverá pouca necessidade de projetos de habitação social.

A visão otimista é que Pequim tem mais planos.

“Pequim está indo na direção certa no que diz respeito a acabar com a épica crise habitacional”, escreveu Ting Lu, economista-chefe para a China do banco japonês Nomura, em um e-mail para clientes.

Ele acrescentou que a tarefa era assustadora e exigia “mais paciência na espera de medidas mais draconianas”.

FERROVIÁRIO

O Estado de S.Paulo - SP   28/05/2024

Com mais de mil dias de atraso em relação ao cronograma inicial, as obras da Linha 6-Laranja do Metrô de São Paulo estão sendo aceleradas para entrega no prazo estipulado pelo governo. Com isso, o custo final vai aumentar. A promessa do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) é entregar a linha completa até outubro de 2027, mas problemas geológicos não previstos no projeto já causaram um atraso de 1.096 dias no cronograma, o que levaria a entrega da obra para 2028.

O governo negocia com a concessionária Linha Uni uma aceleração nos trabalhos para que o prazo seja cumprido. A concessionária já pediu um adicional de R$ 230 milhões pelos gastos não previstos no contrato. A Linha Uni, concessionária responsável pela obra, disse que o governo responderia sobre o assunto. A empresa detalhou que nove estações já tem escavações finalizadas.

O governo foi informado do atraso pela concessionária em um documento público emitido no final de março deste ano, ao qual a reportagem teve acesso. Segundo a empresa, problemas geotecnológicos não previstos inicialmente resultaram em um acréscimo de três anos e um dia, considerando o cronograma inicial, que previa a conclusão da Linha 6-Laranja em 2025. A Linha Uni assumiu as obras em 2020.
O novo ramal terá 15 estações e ligará a estação de Brasilândia, no extremo noroeste da capital, à estação São Joaquim, no centro, em percurso de 15,3 quilômetros.

Entre os motivos do atraso estariam rochas e condições de solo não abordadas pelos estudos de geologia realizados para lançar a licitação.

“A obra está sendo impactada em seu cronograma com os atrasos na construção de algumas estações, devido a problemas encontrados durante a sua construção que não foram previstos nos estudos de geologia durante os levantamentos prévios para a preparação do edital de licitação”, diz um trecho do documento.

O relatório acrescenta que as condições do solo durante os trabalhos na construção levaram a concessionária a buscar soluções de engenharia para avançar, causando atraso na previsão de entrega.

“O Poder Concedente (governo de SP) já possui conhecimento dos impactos no cronograma inicial para entrega da obra e por isso houve comunicação formal e reconhecimento pelo governo do Estado com o acréscimo de 1.096 dias”, informou.

Ao Estadão, o secretário-executivo da Secretaria de Parcerias em Investimentos (SPI), André Isper Rodrigues Barnabé, explicou que os 1.096 dias devem ser entendidos como um valor de referência para eventual penalização da concessionária por atraso no cronograma prevista no contrato.

“O risco geotecnológico que ocorreu nas obras da linha 6 implicaram, tecnicamente, em um justificado atraso de até 1.096 dias. Não quer dizer que nós, governo, não possamos negociar dentro dessa margem uma solução que reduza esse prazo para cumprir nosso acordo, que é inaugurar uma primeira perna até a estação Perdizes em outubro de 2026 e até São Joaquim, a obra completa, até outubro de 2027", disse.

O gestor confirma que haverá um custo adicional para acelerar as obras, mas não será arcado só pelo poder público, já que o contrato prevê que os riscos sejam compartilhados. Ele disse que ainda não é possível estimar os valores.

“A obra acaba custando mais porque você tem de mobilizar mais pessoal, mas o contrato não é só obra. A concessionária só vai ter receita quando começar a operar. Se por um lado a obra vai custar mais caro, por outro, encurtando o prazo, a concessionária começa a ter receita antes. A alternativa de acelerar o cronograma é vantajoso para o Estado, a concessionária e o usuário”, disse.

Barnabé confirmou que a concessionária encaminhou ao governo um pedido de reequilíbrio econômico financeiro no valor aproximado de R$ 230 milhões por conta do risco geotecnológico que implica em mais tempo e mais investimento na obra.

“Grandes obras, sobretudo quando envolvem túneis, têm risco de encontrar problemas que não foram detectados na análise do solo e, nesses casos, os atrasos não podem ser imputados à concessionária. No contrato há um limite de valor que a concessionária assume se esses eventos geotecnológicos acontecerem durante a obra. No caso, estamos falando de R$ 85 milhões em valores atualizados. A partir desse valor, o risco passa a ser assumido pelo Estado”, disse.

Tanto o pedido de reequilíbrio quanto os custos decorrentes do cronograma acelerado estão sendo analisados pelo governo.

Reduzir o atraso

Em 2020, quando o então governador João Doria anunciou a retomada das obras da Linha 6, ele afirmou que o tempo de construção seria de cinco anos, com entrega da obra concluída em 2025. Na época, Doria disse que a equipe da Acciona havia estudado o projeto e não havia obstáculo de natureza jurídica, administrativa, institucional ou de falta de recursos para o cumprimento do prazo. É além desse prazo que se contariam os 1.096 dias a mais.

Já na atual gestão, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) afirmou que parte da linha, entre Brasilândia e Perdizes, com oito paradas no caminho, entraria em operação em setembro de 2026 e o restante da obra, em 2027.

O relatório informou que a Acciona Construcción, responsável pelas obras, realiza estudos para reduzir o tempo de atraso, com mudanças no método de construção e ampliando os esforços e recursos aplicados.

O documento não especifica os locais onde ocorreram os problemas geológicos, mas especialistas apontam dificuldade para o trabalho do ‘Tatuzão’ – máquina que escava os túneis, também conhecida como tuneladora – em áreas com muitos prédios com fundações profundas, como no trecho sul da linha.

Há ainda áreas com grandes rochas de granito no subsolo e outras com solo poroso, sendo necessária a injeção de concreto na terra. Durante as obras, foram encontrados 12 sítios arqueológicos, alguns bem relevantes, com fragmentos de cerâmica, louças e vidros de mais de um século, o que acabou causando mais lentidão nos serviços.

Projeto

A Linha Laranja é apontada como o maior projeto de infraestrutura público-privada em desenvolvimento na América Latina. A linha vai atender algumas das principais universidades da capital e deve transportar 633 mil passageiros por dia.

São 15,3 km de túneis cortando regiões densamente habitadas. Para quem usa ônibus para o mesmo trajeto, o tempo de percurso com o metrô será reduzido de cerca de 90 minutos para 23 minutos, segundo a concessionária.

A Parceria Público-Privada da Linha 6-Laranja foi lançada pelo governo do Estado no início da década passada e o consórcio Move SP, único participante, foi declarado vencedor.

Várias desapropriações e algumas obras chegaram a ser feitas, mas o consórcio suspendeu as atividades em 2016. O grupo Acciona, conglomerado espanhol que lidera o consórcio Linha Uni, assumiu as obras em 2020.
O percurso abrange as estações Brasilândia, Vila Cardoso, Itaberaba-Hospital Vila Penteado, João Paulo I, Freguesia do Ó, Santa Marina, Água Branca, Sesc Pompéia, Perdizes, PUC-Cardoso de Almeida, Faap-Pacaembu, Higienópolis-Mackenzie, 14 Bis, Bela Vista e São Joaquim.Três estações serão interligadas a outras linhas: Água Branca, com a Linha 7-Rubi e Linha 8-Diamante; Higienópolis-Mackenzie, com a Linha 4-Amarela, e São Joaquim, com a Linha 1-Azul.
Atraso

Das 15 estações, seis estão com mais de 50% das obras já realizadas, situação em que se encontra também o Pátio Morro Grande, junto à Estação Brasilândia. O pátio é a obra mais adiantada, com 63,42% dos serviços concluídos.

Entre as estações, a Santa Marina teve o maior avanço (62,13%) e a 14 Bis é a mais atrasada, com apenas 8,58% dos serviços feitos, segundo a concessionária. Na média, o avanço das obras nas estações é de 46% em relação ao total a ser feito.

O secretário-executivo da SPI afirmou que as obras na estação 14 Bis sofreram paralisações devido aos achados arqueológicos, que exigiram estudos especiais e um projeto de resgate que foi submetido ao Iphan. “O resgate está acontecendo e a gente entende que o atraso é mitigável e que a estação também ficará pronta conforme o cronograma”, disse.

Procurada pela reportagem para comentar o relatório e o pedido de reequilíbrio do contrato, a Linha Uni informou que essa demanda seria respondida pelo governo. Sobre o atraso nas obras, a concessionária disse que a Linha 6-Laranja do Metrô já conta com mais de 8,2 km de túneis construídos com as tuneladoras norte e sul.

Estão sendo realizadas atividades nas 15 estações, no Pátio Morro Grande e nos 18 poços de VSE (ventilação e saída de emergência). “Já são nove estações com as escavações finalizadas e 2,2 km de túneis em método convencional (NATM). A Estação Marina, por exemplo, já conta com 62,1% das obras concluídas e o Pátio Morro Grande, com 63,4", informou em nota.

Revista Ferroviaria - RJ   28/05/2024

A Rumo, empresa de logística da Cosan, começou 2024 transportando no primeiro trimestre do ano 17,4 bilhões de TKU (sigla para a métrica que multiplica a tonelagem transportada pela distância), volume 8% acima de igual período de 2023 e com um Ebitda de R$ 1,7 bilhão, equivalente a um crescimento de 43%.

No ano passado, a Rumo transportou cerca de 49 milhões de toneladas, com expectativa de crescer 10% ao ano até 2025. Os principais produtos foram a soja em grão e farelo, milho, açúcar, fertilizantes e etanol.

“O estado tem um potencial de produção enorme que continuará crescendo”, disse Pedro Palma, CEO da Rumo. Ele está há 11 anos na empresa e desde março assumiu o novo cargo. Nesta quinta-feira (23), Palma participou de um evento do BTG, em Cuiabá (MT).

“A nossa competição é com os outros grandes corredores logísticos do mundo. Temos que garantir mais eficiência do que tem os corredores americano, argentino, entre outros”, disse ele. O executivo falou sobre investimentos no Centro-Oeste, infraestrutura e como a empresa vem gerenciando as demandas do setor:

Expansão dos trilhos do Terminal Rondonópolis
Sobre o terminal de Rondonópolis ligando o complexo a Cuiabá, Nova Mutum e Lucas do Rio Verde, um trecho de 730 km, Palma disse que a obra é fato consumado. A estrada é uma ferrovia estadual, em parceria com o governo de Mato Grosso.

“Estamos a todo vapor no primeiro trecho. Agora, em junho e julho, chegaremos a quase 5 mil pessoas trabalhando nos primeiros 200 km. Nesse trecho, o investimento é de R$ 4 bilhões para que seja executado dentro do prazo combinado para a primeira operação, que é 2026. Esse é o compromisso com o Governo do Estado, com os produtores que estão nessa região e com todo o mercado”, afirmou. Os investimentos totais podem chegar a R$ 15 bilhões.

“O sentido para a ferrovia é se aproximar cada vez mais do núcleo de produção, das áreas de expansão, seja na produção agrícola, seja no núcleo de consumo de produção industrial, na região de Cuiabá”, disse Palma.

Apesar de Mato Grosso responder por cerca de 30% da produção nacional de grãos, possui pouco mais de 350 366 km de ferrovias. Isso significa apenas 1,16% da malha transportes.

Capacidade de cargas sobre os trilhos
Mas o trabalho de crescimento não é só da expansão de capacidade por novos trilhos. A empresa também vem apostando na capacidade de operação dos trens. “Em Rondonópolis, ela foi de 12,5 milhões de toneladas para praticamente 25 milhões de toneladas”, afirma o executivo. “Os trens, que eram composições de 80 vagões, estão operando com até 120 vagões homologados.”

Está no projeto a ampliação de pátios ao longo da via férrea, para operar trens de 135 vagões. Ao aumentar o tamanho do trem, na prática aumenta a capacidade de carga, mas isso traz novas complexidades no processo. “É preciso colocar também mais inteligência e tecnologia na gestão desses trens maiores”, diz o executivo. “Então, um dos elementos muito importantes de investimento hoje, somente para dar um exemplo, é o sistema de comunicação, uma siglazinha em inglês, o PTC.”

No ano passado, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), financiou parte do projeto no valor de R$ 686 milhões. Batizado de Positive Train Control 2.0 (PTC 2.0), o sistema é capaz de determinar com precisão a localização, direção e velocidade dos trens ao longo de toda a malha. “No lado prático, isso vai fazer com que cada trem se comunique entre si e não somente junto ao sistema de controle. Isso vai permitir que se reduza a distância mínima entre cada um dos trens”, diz Palma, o que leva a maior tráfego de cargas.

Etanol nos trilhos
O crescimento da produção de etanol em Mato Grosso levou o estado a ocupar na safra 2023/24, o segundo lugar para o combustível de cana-de-açúcar e milho, ficando atrás apenas de São Paulo. Para o grão, o estado já é o maior produtor nacional.

Na safra encerrada, a produção total de etanol no estado foi de 5,72 bilhões de litros, um recorde e crescimento de 32% ante a safra anterior. O produto interessa à Rumo tanto quanto os grãos.

“Um mercado que tem sido muito promissor, excepcionalmente e que a gente uma alavanca de crescimento gigantesco é o etanol de milho”, diz Palma. Ele conta que quando a Rumo assumiu a ferrovia, o grande volume que de carga de combustível dentro da operação era levar derivado de petróleo de Paulínia (SP) para o Terminal de Rondonópolis.

No trecho Mato Grosso-São Paulo, em volume, cerca de 30% dos vagões continham biodiesel, com alguma carga no retorno. “Com o aumento da produção do etanol à base de milho, hoje esse processo já se inverteu”, afirma. “Até subimos com vagões vazios, porque há demanda para descer etanol para o complexo de Paulínia (SP)”.

Na distribuição do biocombustível, a partir desse complexo, são servidos os estados de São Paulo e Rio de Janeiro, na proporção de 25% da demanda. “Quando assumimos a ferrovia, nós não tínhamos essa perspectiva do etanol de milho. Foi a partir da criação de sistemas, infraestrutura e da própria demanda do mercado que passamos a adaptar o nosso sistema para fazer a captura desse processo”, disse Palma.

NAVAL

Porto Gente - SP   28/05/2024

As mudanças que estão se processando aqui, no Porto de Santos, Brasil, estão bem afastadas da conjuntura mundial. Isto deve despertar a atenção e interesse não só de grupos empresariais, políticos e trabalhadores, mas também das universidades locais. Portogente tem apontado causas e efeitos. No último dia 23, na reunião do Observatório das Metrópoles – Núcleo da Baixada Santista, acolhido pela Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP / Santos, encaminhou a proposta de Regionalização do Porto de Santos, há muito consagrada, mas por vezes barrada por interesses políticos ocasionais.

Desde 1991 e por muitos anos, foi tema de frequentes debates na cidade. Quando candidato, o presidente Fernando Henrique Cardoso - FHC (PSDB) assumiu a regionalização como programa de governo. Porém, não o implantou; segundo fonte bem informada, por acordo com o seu sucessor, o presidente Lula da Silva. Trata-se de uma visão de Porto de Santos já amplamente debatida, desde quando Telma de Souza (PT) foi prefeita de Santos e criou a secretaria municipal de Portos. Para bem compreender essa proposta, é preciso saber como é o Porto de Santos hoje e como poderá ficar após a regionalização.

Empresa de economia mista, hoje o porto tem administrações escolhidas por critérios meramente políticos, sem responsabilidades claras nem liberdade de ação. Essa situação dificulta a resolução dos principais problemas do complexo portuário santista. A administração é o fator que mais influi na eficiência das operações portuárias. Muito mais, até, do que a tecnologia. Com o novo padrão portuário global, responder com agilidade às pressões do mercado vai exigir um poder de decisão com competência e responsabilidade. O que há anos não ocorre.

Capacidade igualmente necessária na adoção de uma política de recursos humanos capaz de adequar cargos e salários, capacitação profissional, rendimento e condições de trabalho. Caso contrário, estaremos reduzidos ao estado de meros observadores do zarpar do navio da história. Todo santista e a região da Baixada Santista entendem a importância do porto para o desenvolvimento regional. Operacionalmente, atende 10 estados nacionais e é responsável por 28,5% da corrente comercial brasileira.

Como tem sido questionado com ênfase, o gigantismo da Antaq é uma agência capturada pelo governo, como extensão do poder executivo e cujo papel precisa passar pelo crivo dos mecanismos previstos em lei, para permitir uma avaliação objetiva do seu funcionamento. Para atender à necessidade de alinhar os objetivos dos vários setores e promover uma transição suave, a Regionalização do Porto precisaria adotar o Contrato de Gestão por um período determinado (dois anos). Assim, teria suas funções redefinidas.

Atualmente, como nunca antes, estamos diante da extraordinária possibilidade de conquistar a independência do Porto de Santos. Basta querermos e lutarmos. Como todo processo político, a regionalização dependerá da mobilização dos diversos segmentos, principalmente, da sociedade santista e da comunidade portuária. Somente com o entendimento da importância do comércio para a nossa região, poderemos perceber quanto tempo precioso poderemos estar desperdiçando.

PETROLÍFERO

Valor - SP   28/05/2024

Unidade FPSO tem capacidade de produzir até 180 mil barris de óleo por dia e entrará em operação no segundo semestre, na Bacia de Santos

A Petrobras informou que o navio-plataforma Marechal Duque de Caxias, que será usado no pré-sal da Bacia de Santos, chegou, nesta segunda-feira (27,) ao Brasil e entrará em operação no segundo semestre.

Segundo a estatal, a unidade flutuante de produção, armazenamento e transferência (FPSO, na sigla em inglês) vai operar no campo de Mero e tem capacidade de produzir até 180 mil barris de óleo por dia, comprimindo até 12 milhões de metros cúbicos de gás por dia.

O FPSO saiu do estaleiro em Yantai, na China, em fevereiro e depois fez uma parada nas Ilhas Maurício, na África, para troca de tripulação e movimentação de carga, segundo a Petrobras. Antes de iniciar a produção no Brasil, o FPSO passará pelos procedimentos legais e testes finais dos equipamentos de produção.

Com a nova unidade, o campo de Mero aumentará a capacidade instalada para 590 mil barris diários de petróleo. O sistema de produção prevê a interligação de 15 poços à unidade, 8 produtores de óleo e 7 injetores de água e gás, por meio de uma infraestrutura submarina composta por 80 km de dutos rígidos de produção e injeção, 47 km dutos flexíveis de serviços e 44 km de umbilicais de controle.

No campo de Mero, a Petrobras é operadora, com 38,6%, em consórcio com Shell Brasil (19,3%), TotalEnergies (19,3%), as chinesas CNOOC (9,65%) e CNPC (9,65%), e a estatal brasileira Pré-Sal Petróleo (PPSA) (3,5%), que representa a União.

Valor - SP   28/05/2024

O certame será realizado na B3 em dia 31 de julho e vai colocar em oferta toda a parcela da União que será produzida pelos campos de Mero e Búzios, no pré-sal da Bacia de Santos

A Pré-Sal Petróleo (PPSA) iniciou oficialmente a venda de 33 milhões de barris de petróleo detidos pela União, dos contratos de partilha, ao publicar o edital do leilão na edição desta segunda-feira (27) do Diário Oficial da União (DOU).

O certame será realizado na B3 no próximo dia 31 de julho e vai colocar em oferta toda a parcela da União que será produzida pelos campos de Mero e Búzios, no pré-sal da Bacia de Santos. A expectativa é que a arrecadação da União com o negócio supere R$ 13 bilhões.

O leilão vai comercializar quatro lotes de petróleo (três de Mero e um de Búzios). Dois lotes terão quantidades estimadas em 10 milhões de barris, um lote será de 10,5 milhões de barris e outro terá 2,5 milhões de barris.

Cada lote pode ser negociado no leilão em até duas etapas e vence quem oferecer o melhor preço. Na primeira etapa, vence quem apresentar preços maiores do que o piso a ser fixado pela PPSA dias antes do certame.

Caso existam ofertas cuja diferença de preços seja de até US$ 0,40 por barril, neste caso as ofertas serão feitas pelo sistema de viva-voz.

A segunda etapa será realizada apenas caso não sejam recebidas ofertas acima do piso. Ela será baseada num patamar de preços que será definido no momento do leilão e o pregão será por meio de viva-voz.

As empresas poderão participar do leilão individualmente ou em consórcio, segundo a PPSA. A depender da modalidade, acrescentou a empresa, poderão ser habilitadas empresas de exploração e produção de petróleo, comercialização, logística e refinarias.

Companhias estrangeiras poderão participar dos consórcios, mas não poderão liderá-los, ainda de acordo com a estatal.

De acordo com a PPSA, os recursos serão recebidos ao longo de 2025 e podem variar conforme o preço do barril, o valor oferecido no leilão e a taxa de câmbio.

A presidente interina e diretora técnica da PPSA, Tabita Loureiro, disse que o leilão na B3 será o primeiro de um calendário que está sendo discutido com o Ministério de Minas e Energia (MME).

"Em abril de 2025, já pretendemos fazer um novo certame para comercializar a produção da União prevista para 2026 para os campos de Mero, Búzios e Bacalhau. E outros leilões estão sendo avaliados para vender as cargas de 2027 e 2028", disse Loureiro, em comunicado.

O Estado de S.Paulo - SP   28/05/2024

O ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira, concedeu um punhado de entrevistas às vésperas da aprovação do nome de Magda Chambriard como nova presidente da Petrobras – o que ocorreu em tempo recorde e dispensando a praxe da votação dos acionistas reunidos em assembleia – com o ostensivo propósito de frisar que quem manda na companhia é o governo, não seus executivos nem muito menos os acionistas privados. E “todos sabem o que o nosso governo quer da Petrobras”, declarou ao Estadão.

Ao jornal O Globo, por exemplo, Silveira deixou claro que, para o governo petista, a administração da Petrobras nos mandatos anteriores de Lula da Silva foi “correta”, e só não entregou os resultados esperados porque “a Petrobras ficou paralisada por causa da Lava Jato”. Ou seja, para o ministro, não fosse a Lava Jato, que flagrou um colossal esquema de corrupção na Petrobras, a estatal teria voado.

Assim, Silveira matou dois coelhos com uma só declaração: atribuiu à Lava Jato a ruína da Petrobras, quando todos sabem que a empresa foi ao brejo por causa do seu escancarado uso político pelos governos petistas; e considerou “corretos” justamente os megalomaníacos planos desenvolvimentistas de Lula e Dilma Rousseff que dilapidaram a empresa.

Portanto, devemos agradecer ao ministro pela transparência. Ninguém mais no Brasil pode dizer que não foi avisado das intenções de Lula na Petrobras.

É verdade que a Petrobras é controlada pela União, razão pela qual seria ingenuidade supor que a empresa fosse atuar sem levar em conta os interesses do governo. Por outro lado, essa característica não significa que o governo possa fazer da estatal o que bem entender, porque uma má administração desta que é a maior empresa do País gera prejuízos para todos.

E foi isso precisamente o que aconteceu durante o trevoso mandarinato lulopetista ao qual o sr. Silveira aludiu. Em frentes simultâneas foram tocados projetos grandiosos que partiam do zero, como a construção de estaleiros e navios, criação de polos petroquímicos, grandes refinarias, gasodutos e plataformas. Tudo ao mesmo tempo, movimentando um volume de recursos que obrigou a companhia a contrair uma dívida que chegou a ultrapassar meio trilhão de reais (R$ 507 bilhões, em setembro de 2015, ante um caixa de pouco mais de R$ 100 bilhões na época).

Obviamente, nada disso importa para o governo. O movimento de Silveira – integrante do Centrão que se tornou um dos ministros mais influentes de Lula – pareceu ter como alvo a própria Magda Chambriard. Depois da gestão do petista Jean Paul Prates, demitido de forma sumária apesar de fazer quase tudo o que seu chefe mandou, o ministro deixa claro que não basta concordar com a estratégia estipulada pelo governo. É preciso ser veloz na execução e não questionar. Difícil acreditar que o recado do ministro tenha sido dado sem o aval do demiurgo petista.

O ministro Silveira sustenta que a Petrobras não é só uma empresa de petróleo e que tem outras obrigações com o Brasil, mesmo se tiver de renunciar ao lucro. Cita a produção de gás e fertilizantes, além do refino, para enfatizar que caberá ao presidente Lula, o verdadeiro CEO da empresa, a decisão final sobre os investimentos.

Logo, a nova presidente da Petrobras deve obedecer cegamente ao chefe, algo que, segundo Silveira, Magda Chambriard certamente fará, porque “as mulheres, quando pegam essa missão, o fazem com muito zelo”. Magda é funcionária de carreira da Petrobras e foi diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis. Sua linha de pensamento está em linha com os ideais do lulopetismo para o setor, desde a necessidade de investir em refino até a valorização da política de conteúdo local.

Resta saber se Magda Chambriard respeitará o alinhamento também em questões comerciais, como a definição do preço dos combustíveis, tão cara ao presidente da República, preocupado com o impacto na inflação. Mas o ministro deixou claro que a nova presidente da Petrobras terá de ter a “humildade” de fazer tudo o que o controlador mandar.

O Estado de S.Paulo - SP   28/05/2024

A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, disse por mais de uma vez, em sua primeira entrevista à imprensa no cargo nesta segunda-feira, 27, que o foco de sua gestão vai ser acelerar a atividades de exploração de petróleo para repor as reservas da estatal. Ela lembrou que as reservas de óleo da empresa, ainda muito baseadas no pré-sal, entram em declínio a partir de 2030.

“Temos que tomar muito cuidado com a reposição das reservas, a menos que queiramos voltar a ser importadores de petróleo, o que para nós está fora de cogitação. A questão das reservas é importante, ela traz consigo a questão das novas fronteiras, dentre elas Amapá, na Margem Equatorial, e a Bacia de Pelotas. O esforço exploratório dessa empresa tem que ser mantido e acelerado. Tudo faz parte da lógica negocial dessa empresa”, disse.

Segundo ela, a Petrobras tem domínio da produção de petróleo em águas ultra-profundas e o foco da companhia não poderia ser outro “que não zelar pela produtividade”. “E, para isso, é essencial repor reservas”, disse.

“A sobrevivência da Petrobras tem um grande componente que é a produção desses reservatórios, tempestiva, com máximo aproveitamento, majoração do potencial dos recursos, mas reposição de reservas”, disse.

Para além dessas chamadas “novas fronteiras”, Magda disse haver espaço para novas descobertas no próprio pré-sal, ainda que não seja nada tão grande como foram os campos do passado, entre os quais citou Tupi, de onde vem a maior produção da empresa.

Magda foi eleita presidente da Petrobras pelo Conselho de Administração da companhia na última sexta-feira, 24. Ela foi indicada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para substituir Jean Paul Prates no cargo com o objetivo de acelerar os investimentos da empresa.

Em sua fala, ela não descartou a internacionalização da exploração, ao lembrar que se trata de uma empresa internacionalizada, mas disse que a prioridade total é a geração de riqueza no litoral brasileiro. No ano passado, a Petrobras anunciou a volta das atividades na costa oeste da África, onde adquiriu participação em blocos da Shell em São Tomé e Príncipe e negocia para entrar no litoral da Namíbia.

Ministério do Meio Ambiente

Questionada sobre a resistência do Ministério do Meio Ambiente (MMA) e do Ibama em liberar a exploração na Margem Equatorial, Magda disse que a pasta de Marina Silva precisa ser mais esclarecida sobre a necessidade premente da Petrobras de repor reservas. “O Ministério do Meio Ambiente precisa ser mais esclarecido sobre a necessidade de o Brasil explorar a Margem (Equatorial) e perfurar esses poços, até para liderar a transição”, disse.

A nova presidente da Petrobras ainda afirmou que o cuidado da empresa vai muito além do que demanda a lei ambiental, o que vai ficar claro pela condução da empresa no tema. Ela também garantiu que a Petrobras seguirá investindo na diversidade de fontes de energia capazes de garantir o futuro da companhia.

Magda lembrou que terá como função reforçar a cadeia de fornecedores nacionais, assunto que acompanha há muitos anos, desde os tempos na Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

“Todos os contratos têm igualdade de oportunidades para fornecedores nacionais e estrangeiros. Vamos ter que honrar a igualdade de oportunidades entre fornecedor nacional e externo”, disse Magda.
Preços dos combustíveis

Magda indicou que não deve modificar a atual política de preços de combustíveis da estatal, que observa a realidade do mercado, como as cotações internacionais e a preservação de market share, mas sem considerar custos ligados importação — que não incidem sobre a operação da Petrobras.

“A Petrobras sempre funcionou acompanhando uma tendência de preços internacionais, ora mais alta, ora mais baixa. O que é altamente indesejável? Trazer para a sociedade brasileira instabilidade de preços todos os dias. A Petrobras sempre zelou pela estabilidade”, disse.

Ela relembrou o problema que foram os preços de gasolina e diesel elevadíssimos e que o presidente Lula prometeu, em campanha registrada no TSE, “abrasileirar os preços”. “E isso foi feito. É justo eu definir preços considerando custo de frete para um produto que eu não importo? Isso já foi tratado”, disse, em tom elogioso ao que já foi feito.

Ao mesmo tempo, afirmou Magda, a Petrobras teria um custo de oportunidade de exportação (não realizada) que é considerada nos preços finais dos produtos. “Isso não é invenção, é uma lógica comercial. A Petrobras, quando aborda o mercado, leva isso em conta, e nós estamos levando isso em conta também”, diz.

Ainda segundo ela, a mudança na política de preços sob Lula levou, em um ano e cinco meses, a uma redução de preço de quase 25% na gasolina, um “abrasileiramento do preço” que foi feito e que sua gestão “vai seguir fazendo”.

“Tem hora em que se eu aumentar o preço do combustível demais, perco market share. Então, praticamos o preço de um produto que segue uma lógica empresarial em uma companhia que não quer perder mercado. Isso tudo está em uma mesma cesta”, disse.

Recompra de Mataripe

A recompra da Refinaria de Mataripe, na Bahia, não está descartada, segundo a presidente da Petrobras, mas apenas se fizer sentido para a estatal e agregar valor, disse, ao ser questionada se teria interesse em recomprar o ativo vendido no governo de Jair Bolsonaro. “Se for um bom negócio, por que não?”, destacou a executiva.

Segundo ela, além da refinaria comprada da Petrobras, está sendo estudada uma biorrefinaria com a controladora de Mataripe, a Acelen, “mas que nada está definido”, informou. “Ninguém pode dizer, em uma época em que se fala tanto em transição energética, que não vamos considerar biorrefino. Mas isso ainda não está definido”, afirmou.

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