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28 de Março de 2024

SIDERURGIA

Infomoney - SP   28/03/2024

Analistas do Bank of America foram à China tentar entender como participantes da indústria do país, que é o maior consumidor de commodities do mundo, estão avaliando as perspectivas para esses produtos não manufaturados. De forma geral, o que eles viram é um certo otimismo para a celulose e um cenário neutro para o aço e o minério de ferro.

Três conclusões foram tiradas após o encontro: 1) os mercados de celulose estão mais apertados do que os analistas do banco pensavam, apoiando os aumentos dos preços da celulose, 2) na China, o mercado imobiliário ainda enfrentará mais quedas e 3) o pior momento para o minério de ferro e o aço pode ter ficado para trás.

Em relação à celulose, os participantes da indústria parecem concordar que a relação entre oferta e demanda parece mais apertada do que o esperado. “Ouvimos de várias fontes que os estoques dos produtores de celulose e nos portos da Europa estão baixos, há uma forte demanda por celulose na Europa e na América do Norte com os fabricantes de papel operando em altas taxas de operação e com as interrupções na oferta também estão fornecendo suporte”, explicam.
Eles lembram que as greves dos transportadores na Finlândia, a questão dos ataques a navios no Mar Vermelho e a seca que atinge o Canal do Panamá atrapalham a logística de distribuição da celulose. Na Europa, que costuma importar mais papel da China, as fábricas estão atuando com taxas de operação mais alta, já que a tradicional rota para o gigante asiático enfrenta problemas.

Os fatores, segundo eles, apoiam os recentes anúncios de aumento de preço – caso da Suzano (SUZB3), por exemplo, que anunciou na última quinta-feira (21) novos aumentos no preço da tonelada de celulose vendida a clientes na Ásia, Europa e América do Norte a partir de abril -, e podem até mesmo levar a novos.

O BofA ainda menciona que a Semana da Celulose de Xangai (SPW) começou mais animada do que o último evento. Em 2023, após o encontro dos participantes do mercado, a commodity teve seu preço caindo, com poucos acordos fechados entre compradores e vendedores.

Já para o minério de ferro e para o aço, a visão dos players ouvidos pelo BofA é de que 2024 deve ser marcado por uma dinâmica flat ou de queda quando o assunto é a relação entre oferta e demanda.

Para as siderúrgicas, o cenário até traz tons mais positivos. Apesar da demanda por aço ainda pouco animadora, o recuo recente do preço do minério de ferro deve manter as margens mais saudáveis. Fora isso, a maioria das produtoras de aço espera ver um aumento na demanda por infraestrutura no segundo semestre, com estímulos na China, e vê a política de estímulos para a renovação de equipamentos e eletrodomésticos como um gatilho para melhoria na demanda à frente.

Quanto ao setor imobiliário chinês, a visão captada pelo banco americano é de que ele deve enfrentar uma contração durante vários anos – assim, o fundo ainda não foi atingido. “Segundo o Escritório Nacional de Estatísticas (NBS), o volume e valor de vendas de novas residências está declinando entre 25% e 33% desde o início do ano, enquanto a área de conclusão residencial diminuiu 20% desde o início do ano e as novas construções estão em queda de 31% desde o início do ano”, expõe.

A crise das grandes construtoras, apesar da intervenção do governo, fez com que a construção estagnasse nos últimos anos e pavimentou o caminho para a crise do setor imobiliário. “Como resultado, as preocupações dos compradores de imóveis em adquirir novos desenvolvimentos aumentaram significativamente, especialmente dado que uma grande parte dessas transações foram historicamente concluídas no método de pré-venda, com os compradores de imóveis tendo que pagar hipotecas por alguns anos antes que as unidades residenciais fossem de fato entregues”, explicam.

As restrições de liquidez das construtoras fizeram a confiança do consumidor em novos desenvolvimentos sendo de fato entregues diminuiu consideravelmente. Para agravar ainda mais a situação, os preços dos imóveis têm caído constantemente nos últimos anos, desencorajando ainda mais os compradores de tomar a decisão de comprar agora.

Embora o governo chinês tenha anunciado várias medidas nos últimos anos para compensar o declínio nos mercados imobiliários, essas medidas até agora se mostraram insuficientes para reverter efetivamente a tendência de baixa.

Diário do Comércio - MG   28/03/2024

A unidade da ArcelorMittal de Juiz de Fora chega a quatro décadas de atividades nesta quarta-feira (27). A trajetória da unidade é marcada pela eficiência operacional, inovação, amplo portfólio de produtos e soluções, cuidado com a sustentabilidade e desenvolvimento das comunidades onde atua.

Em homenagem à data, ocorreu uma sessão solene na Câmara Municipal de Juiz de Fora, no dia 25 de março. Estiveram presentes na cerimônia autoridades do município, lideranças e empregados da ArcelorMittal.

“Ficamos muito felizes por mais esse reconhecimento, pois é uma importante licença para a nossa operação no país. Atingimos essa marca histórica, no Estado que atuamos há mais de 100 anos, renovando nosso compromisso de atender às demandas atuais e futuras da sociedade, continuando a desenvolver soluções em aços com inovação e sustentabilidade”, avalia o diretor da unidade ArcelorMittal de Juiz de Fora, Eduardo Diniz.

Atualmente, a unidade da ArcelorMittal na Zona da Mata produz 1 milhão de toneladas anuais de aço bruto, atendendo aos segmentos da indústria, construção civil e agropecuária tanto no mercado nacional quanto internacional.

É uma das mais modernas plantas industriais do parque siderúrgico nacional. A usina desenvolve inúmeras soluções em aço – vergalhões, barras, fio-máquina e pregos, por exemplo.

“Entregamos fio-máquina, treliças, vergalhão CA25 e CA50, arame recozido e muitos outros produtos. O que é produzido em Juiz de Fora está presente em grandes obras do nosso país, como o Novo Maracanã, a Arena MRV, a revitalização e ampliação da BR-381, dentre outros grandes projetos”, destaca Diniz.

A produtora de aço é responsável pela geração direta de emprego de cerca de 1 mil pessoas, além da geração de outras centenas de postos indiretos.
Compromisso sustentável

Além de contar com várias certificações ISO, a planta industrial é caracterizada por sua “pegada sustentável”, reduzindo o impacto das operações no meio ambiente.

Nos altos-fornos faz uso de carvão vegetal proveniente de florestas renováveis de eucalipto plantadas pela própria ArcelorMittal; já na aciaria elétrica, a sucata reciclada é aplicada na produção do aço. A unidade conta ainda com uma política de gestão de resíduos para reutilização em coprodutos (fabricação de cimento e briquetes, por exemplo).

Ao longo de 40 anos, a proteção da biodiversidade e dos ecossistemas é outra frente de foco e atuação. Orientada pelas 10 Diretrizes de Desenvolvimento Sustentável, estabelecidas de acordo com a norma ABNT NBR ISO 14001, a companhia atua no controle e mitigação dos impactos inerentes às atividades produtivas.

O trabalho realizado na planta tem sido reconhecido pelas principais entidades estaduais ligadas ao meio ambiente. A unidade de Juiz de Fora da ArcelorMittal é a única empresa privada detentora do selo Semad Recomenda, da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável.
Atuação social

Para além da atuação estratégica para os negócios do Grupo, a ArcelorMittal tem também um compromisso com as comunidades do entorno da sua operação. Por meio da atuação da Fundação ArcelorMittal, leva às comunidades de Juiz de Fora e Santos Dumont ações e programas nas áreas de cultura, esporte e educação.

“Em 2023, por exemplo, mais de 12 mil pessoas foram beneficiadas com nossos projetos. Todo esse potencial transformador ganha ainda mais impulso com o engajamento dos nossos empregados, através dos programas Pró-Voluntário e Cidadãos do Amanhã”, afirma o diretor da unidade.
Trajetória

No dia 27 de março de 1984, o aço correu pela primeira vez na unidade de Juiz de Fora, na antiga Siderúrgica Mendes Júnior. Planejada desde a década de 1970, a planta industrial foi pensada para atender à demanda de aço dos principais mercados consumidores do país e possuía capacidade de produção de 340 mil toneladas de aço anualmente. Com o passar dos anos, em 1995, a então Belgo-Mineira arrendou as instalações e passou a gerir a usina.

Em 2006, o Grupo ArcelorMittal assume o controle das operações da empresa no país. No ano seguinte, alinhado ao plano de expansão, dois altos-fornos abastecidos com carvão vegetal entraram em operação. Desde então, a aciaria começou a utilizar a maior parte do ferro-gusa em estado líquido, alcançando resultados significativos para os indicadores de desempenho da unidade.

Diário do Comércio - MG   28/03/2024

A Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais (Usiminas) traçou um plano de descarbonização para a redução de emissões de gases de efeito estufa das suas operações. O objetivo é reduzir 15% das emissões de CO2 por tonelada de aço bruto produzido até 2030, tendo como base o ano de 2019. A atuação será por meio de quatro eixos. Um deles, a eficiência energética, foi alcançado com a reforma do Alto-Forno 3, em Ipatinga, no Vale do Aço. A maior produtividade do equipamento já possibilitou redução de emissões.

Os outros caminhos da descarbonização percorridos pela Usiminas serão a energia renovável, por meio de um parque solar; a otimização do mix de matérias primas dos processos, com mais uso de sucata metálica na fabricação do aço; e a substituição parcial do carvão e coque siderúrgico pela biomassa.

A Usiminas investiu R$ 2,7 bilhões na modernização do Alto-Forno 3, o maior da empresa. O equipamento é responsável por 70% da produção de aço da siderúrgica. “Um investimento que teve parcela dele atrelado à agenda de descarbonização. É uma agenda de ganha-ganha, com foco em eficiência, em produtividade e que suporta a agenda de descarbonização”, declara o diretor de Sustentabilidade e Relações Institucionais da empresa, André Chaves.

O diretor aponta que, ao buscar a melhor tecnologia disponível para tornar o Alto-Forno 3 um dos mais eficientes do mundo, a Usiminas conseguiu um suporte decisivo no plano de descarbonização.

Este ano, em Luziânia (GO), começa a construção do parque de geração de energia fotovoltaica da Usiminas, em parceria firmada com a Canadian Solar. Com investimentos estimados em R$ 1,35 bilhão, a previsão é que o parque entre em operação em janeiro de 2025.

Assim, a siderúrgica terá a capacidade para autoprodução de 30 megawatts (MW) médios de energia renovável por 15 anos. O volume representa cerca de 12% de toda a energia consumida pela Usiminas. “A gente deixa de ir ao mercado para fazer aquisição, uma vez que passamos a ser autoprodutores. Isso que é o suporte a estratégia com energia limpa, com energia renovável a partir dessa planta solar”, afirma Chaves.
Descarbonização pela biomassa

A siderúrgica do Vale do Aço aposta também em uma substituição de parte do seu consumo de carvão mineral pela produção de carvão vegetal a partir da biomassa, explica André Chaves. “No nosso parque industrial, identificamos algumas oportunidades onde a biomassa, nesse primeiro momento, dentro desse plano proposto em forma de carvão vegetal, pode ser usada em substituição ao coque siderúrgico, especialmente nas frações mais finas”, finaliza.

Valor - SP   28/03/2024

Falta de incentivo tributário e inexistência de um modelo de transição para a economia circular também contribuem para o baixo índice de reciclagem no país

São vários os entraves para o avanço da reciclagem no Brasil e para uma maior contribuição do reúso de insumos industriais no combate à degradação ambiental. A falta de incentivo tributário, a concorrência com as matérias-primas virgens beneficiadas pela queda na cotação de commodities e a inexistência de um modelo de transição para a economia circular estão entre as causas de o Brasil ter reciclado em 2022 somente 2,1% de todo o volume de resíduos coletados e destinados aos aterros e lixões, segundo estudo da GO Associados com dados oficiais do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS).

“Os materiais que poluem rios, mares e nossos territórios serão retirados da natureza e reprocessados para serem reinseridos no processo produtivo se tiverem valor econômico”, diz Clineu Alvarenga, presidente do Instituto Nacional das Empresas de Sucata de Ferro e Aço (Inesfa), que representa mais de 5,5 mil empresas de economia circular. Não por menos, estão no topo desta lista latinhas de alumínio e garrafas PET.

A crise, com impacto do catador às empresas processadoras, ganhou força em decorrência da maior oferta de commodities (petróleo e celulose), que deixou os preços dos insumos virgens mais competitivos em comparação com os recicláveis de sucata de plástico e de papel. Exportar tem sido uma saída. No primeiro bimestre do ano, as vendas externas de sucatas ferrosas totalizaram 151.604 toneladas, uma expansão de 56% em relação a janeiro e fevereiro de 2023.

Além disso, o setor reclama que a reforma tributária aprovada no ano passado deverá onerar a indústria de reciclagem em cerca de 27,5% com o novo Imposto sobre Valor Agregado (IVA), taxação igualada às demais atividades econômicas, se não houver um tratamento diferenciado, o que tiraria a competitividade do segmento. Também se aguarda do Supremo Tribunal Federal (STF) a confirmação do fim da isenção do Pis-Cofins (9,25%) para essas empresas. Atualmente, recicladores só recolhem o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) nas vendas fora do Estado.

João Paulo Santin, sócio da CRB Comércio de Resíduos Bandeirantes, com sede em Belo Horizonte, vai além e defende a aprovação do Projeto de Lei 4035/2021, em tramitação na Câmara dos Deputados, que isenta de PIS/Cofins as operações com materiais recicláveis e permite o crédito aos seus adquirentes.

“Temos uma tributação linear para um sistema de produção circular”, afirma o presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria Plástica (Abiplast), Paulo Teixeira. Entre um insumo reciclado ou virgem “o fabricante opta pelo que dará melhor resultado financeiro”, diz. A entidade apoia um decreto em elaboração pelo governo federal obrigando indústrias de plástico a incorporarem um porcentual de reciclados na produção - 5% ao ano, até alcançar 30%.

Fabricante opta pelo insumo que dará melhor resultado financeiro”

— Paulo Teixeira

Enquanto isso, processadores investem em tecnologia para superar a resistência de fabricantes a certos tipos de resinas recicladas. A própria CRB destinou R$ 20 milhões para modernizar sua planta, responsável por cerca de 3% do total de polietileno de baixa densidade (PEBD, um dos mais utilizados pelo mercado) no país, material com baixa reciclagem (11%). De 1,452 milhão de toneladas consumidas no Brasil dessa matéria-prima, somente 280 mil foram recicladas em 2022. “O resto foi parar nos lixões, nos aterros sanitários, nos rios”, lembra Santin.

Para Carlos Rossin, responsável pelo departamento técnico da Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (Abrema), tão importante quanto desonerar a cadeia produtiva seria cobrar dos consumidores uma tarifa, com punição do desperdício embutida. Os recursos subsidiariam a diferença de preços entre recicláveis e commodities virgens.

Fato é que quando os preços desabam por causa da superoferta, como ocorre com celulose e petróleo, até os catadores desistem. De R$ 100 por 100 kg de papelão, passaram a receber R$ 10. O sócio da CRB disse que alguns catadores autônomos que usavam carros para puxar a carreta de resíduos deixaram a atividade para tentar a vida como motoristas de Uber. O kg pago de sucata para PEBD caiu de R$ 4, em 2022, para R$ 1,50.

ECONOMIA

IstoÉ Dinheiro - SP   28/03/2024

As incertezas sobre a velocidade de convergência da inflação para a meta, tanto no Brasil quanto no exterior, demandam uma “maior flexibilidade” na administração da taxa básica de juros (a Selic). É o que diz a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, realizada na semana passada. Divulgado nesta terça, 26, o documento faz menção ao fato de que “alguns membros (do colegiado) argumentaram que, se a incerteza permanecer elevada no futuro, um ritmo mais lento de distensão monetária pode revelar-se apropriado, para qualquer taxa terminal que se deseje atingir”.

Pela leitura do mercado, o trecho abre a porta para uma redução do ritmo de corte da Selic a partir de junho, mesmo que isso não signifique mudança no ciclo total de redução da taxa até o fim do ano. “O cenário-base não se alterou substancialmente, mas, com as incertezas do cenário, julgou-se apropriado ter maior flexibilidade de política monetária”, informou a ata. “O comitê avalia que há maior incerteza nas conjunturas doméstica e internacional.”

Na reunião da semana passada, o Copom voltou a reduzir, pela sexta vez seguida, a Selic em 0,5 ponto porcentual, que passou a ser de 10,75% ao ano. Mas, em contraste com os encontros anteriores, sinalizou corte “da mesma magnitude” apenas na próxima reunião – marcada para maio. Até então, esse tipo de indicação vinha servindo para as duas reuniões posteriores.

Também ontem, o IBGE divulgou que a prévia da inflação em março ficou em 0,36%, desacelerando em relação a fevereiro. Mas, ainda assim, o índice acabou superando as estimativas do mercado financeiro para o período (mais informações na pág. B8).

Massa salarial

A ata mostrou ainda que os integrantes do Copom avaliaram o eventual impacto do aumento de ganhos salariais na inflação de serviços. “O comitê demonstrou maior preocupação com possíveis efeitos da ampliação de ganhos reais no período mais recente e da aceleração de crescimento observada nos dados referentes à massa salarial sobre a dinâmica prospectiva da inflação de serviços.”

Para Laiz Carvalho, economista para Brasil do BNP, o Copom “bateu na tecla de que o cenário não mudou, mas que as incertezas são grandes no futuro”. “Antes (da última reunião), esperávamos um corte de 0,50 ponto porcentual em junho, e começava a reduzir o ritmo em julho. Agora, vemos 0,25 ponto já em junho.”

Já o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, afirma que o cenário de atividade resiliente neste início de ano, atrelado ao mercado de trabalho aquecido, e uma pressão na inflação de serviços são elementos de preocupação para o BC, colaborando para a mudança do chamado “forward guidance”.

O economista, porém, ainda vê espaço para corte de 0,5 ponto na reunião de junho. “Se confirmar essa inflação moderada, pode haver espaço para a continuidade de corte em 0,5 ponto”, disse ele. Vale acrescenta que os dados de inflação de serviços permanecem como ponto de atenção para a tomada de decisões da autoridade monetária. “Esse momento de crescimento da atividade no início do ano é estimulado por política fiscal e monetária. O BC vai segurar o que pode na monetária, e precisa sinalizar para que a (política) fiscal não seja expansionista.”

Infomoney - SP   28/03/2024

O Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M) teve queda de 0,47% em março, informou nesta quarta-feira (27) a Fundação Getúlio Vargas (FGV). Foi a segunda deflação mensal seguida, após a queda de 0,52% de fevereiro. A deflação no acumulado no ano chega a -0,91% e, em 12 meses, está em -4,26%.

A deflação em fevereiro foi mais intensa que a esperada pelo consenso LSEG de analistas, que previa queda de -0,22%.

Em março de 2023, o índice tinha registrado taxa de +0,05% no mês e acumulava aumento de 0,17% em 12 meses.
Assim como em fevereiro, o que puxou o IGP-M para baixo foram os preços ao produtor, que caíram 0,77%, enquanto os preços ao consumidor voltaram a subir mês, embora tenham desacelerado, de 0,53% em fevereiro para 0,29% em março.
IPA

Segundo a FGV, em março, o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) caiu 0,77%, uma queda menos intensa que a observada em fevereiro, quando registrou -0,90%.

O grupo de Bens Finais variou 0,03% em março, taxa inferior aos 0,35% registrados no mês anterior. Esse decréscimo foi impulsionado principalmente pelo subgrupo de alimentos in natura, cuja taxa recuou de 5,15% para 2,17% no mesmo intervalo.

A taxa do grupo Bens Intermediários subiu 0,22% em março, invertendo o sentido em relação ao observado no mês anterior, quando registrou queda de 0,42%. O principal fator que influenciou esse movimento foi o subgrupo de combustíveis e lubrificantes para a produção, cuja taxa passou de -1,52% para 0,60%.

Já o estágio das Matérias-Primas Brutas apresentou queda de 2,71% em março, praticamente o mesmo comportamento de fevereiro, quando caiu 2,67%. A desaceleração deste grupo foi principalmente influenciada por itens chave como o minério de ferro, que intensificou a queda de -1,22% para -13,27%.
IPC

O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) teve uma variação positiva de 0,29%, recuando em relação à taxa de 0,53% observada em fevereiro. Entre as oito classes de despesa que compõem o índice, cinco mostraram desaceleração.

O maior impacto veio do grupo Educação, Leitura e Recreação, cuja taxa de variação decresceu de 0,11% para -1,85%. Dentro desta classe de despesa, foi destacado o recuo significativo no preço da passagem aérea, que passou de -4,78% na medição anterior para -10,53% na atual.

Também apresentaram recuo em suas taxas de variação os grupos Alimentação (1,09% para 0,68%), Despesas Diversas (1,52% para 0,81%), Comunicação (0,46% para -0,06%) e Saúde e Cuidados Pessoais (0,51% para 0,42%).

Os itens destacados foram: hortaliças e legumes (7,10% para -0,29%), serviços bancários (2,23% para 1,45%), combo de telefonia, internet e TV por assinatura (0,86% para -0,10%) e artigos de higiene e cuidados pessoais (0,78% para 0,64%).
INCC

Em março, o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) registrou uma variação de 0,24%, um valor ligeiramente superior à taxa de 0,20% observada em fevereiro. Dos três grupos que foram o indicador geral, o grupo Materiais e Equipamentos apresentou elevação, passando de 0,20% para 0,26%; o grupo Serviços teve um recuo de 0,49% para 0,14%; e o grupo Mão de Obra registrou avanço, variando de 0,16% para 0,23%.

IstoÉ Dinheiro - SP   28/03/2024

Depois de deixar de lado região, Estados Unidos volta a investir na América Latina. Movimento busca fazer frente à expansão da influência chinesa nos países latino-americanos.Nos últimos meses, autoridades do governo americano fizeram uma série de sinalizações sobre a necessidade do país se atentar mais à América Latina, especialmente por conta da presença chinesa na região. Enquanto isso, a China, que se notabilizou por uma série de grandes obras de infraestrutura, vem diversificando suas parcerias, como na cadeia de veículos elétricos, no que vem sendo chamado de “nova-infraestrutura”.

Essas iniciativas revelam o destaque internacional que a região ganhou nos últimos anos, em parte devido a conflitos geopolíticos como a guerra na Ucrânia e à disputa comercial entre Washington e Pequim. O potencial energético latino-americano também contribuiu para que a região subisse no rol de prioridades do Ocidente.

“A América Latina possui um amplo mercado, além de ser uma fonte rica em energia e minerais. Enquanto os Estados Unidos se afastaram na última década, a China aumentou sua presença na região, com fortalecimento de laços comerciais e investimentos em infraestrutura”, avaliam Christopher Garman, diretor executivo para as Américas na Eurasia, e Julia Thomson, pesquisadora da mesma consultoria.

“Alguns países, como México se beneficiam mais do que outros, pela proximidade com os Estados Unidos”, lembram os especialistas, destacando principalmente o fenômeno conhecido por nearshoring – estratégia que leva a produção para mais perto dos mercados consumidores –, com Washigton buscando assegurar sua cadeia de suprimentos em países mais próximos e com os quais tenha maior aliança.

Visando ampliar o nearshoring pelo continente, tramita no Congresso americano o chamado Lei de Investimento Comercial dos EUA, que contempla um investimento de 14 bilhões de dólares na América Latina e um plano de redução de impostos. Além disso, a secretária de Comércio dos Estados Unidos, Gina Raimondo, mencionou algumas vezes a possibilidade de o Brasil fazer parte da cadeia de investimentos do país em semicondutores, um dos temas mais sensíveis das disputas comerciais atualmente.

Por sua vez, o diplomata Marcos Caramuru, que foi embaixador do Brasil na China, tem uma opinião mais cética sobre a real capacidade de Washington fazer frente aos investimentos de Pequim na região. “A China funciona com empresas estatais, que muitas vezes possuem uma visão mais acoplada a do governo, o que não ocorre nos Estados Unidos”, aponta, sugerindo que para que o capital privado americano chegue à região, não basta vontade política.

“Nova infraestrutura”

Enquanto isso, a China amplia seus planos de investimento, especialmente focando no que vem sendo chamado de “nova infraestrutura”. Para Margaret Myers, diretora do programa de Ásia e América Latina do Inter American Dialogue, e autora de um estudo recente sobre o tema, estes setores incluem a fabricação de veículos elétricos e outras indústrias de ponta, telecomunicações, energia renovável e linhas de transmissão de ultra-alta tensão.

Nos últimos meses, as montadoras chinesas BYD e GWM fizeram uma série de anúncios para novos projetos na região, com destaque para o Brasil. Um dos mais recentes foi o da produção de baterias da primeira na Zona Franca de Manaus.

O interesse da China nas chamadas “novas infraestruturas” é em grande parte impulsionado pelos seus próprios esforços para melhorar a sua economia, aponta Myers. Segundo ela, Pequim observa que o crescimento futuro, mesmo a taxas moderadas, exigirá um maior grau de competitividade e até domínio dos setores fronteiriços.

De acordo com Myers, os projetos são geralmente de menor escala do que os grandes e emblemáticos da Nova Rota da Seda na América Latina, e tendem a incorrer em menos riscos operacionais, financeiros e de reputação. “Isto é importante num momento em que a China procura reduzir o risco da iniciativa”, avalia.

O boom de grandes construções financiadas por Pequim teve como legado obras importantes, como o porto de Chancay no Peru, que é visado por vários países da região, mas não escapou de polêmicas. Na Colômbia, a represa de Hidroituango, a maior do país, ficou marcada por problemas contratuais com empresas chinesas. A inciativa da China também impulsionou a alta nos endividamentos nacionais, algo que ficou marcado especialmente no continente africano, acrescenta Caramuru.

No Brasil, em meio ao entusiasmo com os as promessas de investimentos de Pequim, o Ministério Público da Paraíba (MPPB) instaurou um procedimento extrajudicial para investigar um projeto que propunha a construção de um porto de águas profundas e de uma cidade futurística em Mataraca, no Litoral Norte da Paraíba. Os investimentos previstos seriam de R$ 9 trilhões, o que levantou suspeita.

Um estudo do Inter American Dialogue revelou que dados sobre o investimento estrangeiro direto chinês na região mostraram uma notável tendência decrescente nos anúncios de projetos nos últimos anos. A queda é atribuível a numerosos fatores, mas está, pelo menos parcialmente, relacionada a uma recalibração em curso das prioridades de investimento por parte do governo da China e das suas empresas, concluiu. “A China está apostando em projetos menores e com utilização intensiva de tecnologia para fazer crescer a sua própria economia e reduzir o risco da sua presença internacional”, pontua Myers.

Tendências de não alinhamento

Os analistas convergem na visão de que os países da região deverão manter uma postura sem alinhamentos automáticos. “O quadro na América Latina tende a ser mais pragmático. Se trazem empregos e investimentos, serão bem-vindos”, avalia Caramuru. O diplomata reconhece que Washington até poderá tentar exercer maiores pressões para um afastamento de Pequim, mas não crê que isso gere grandes resultados.

Os analistas da Eurasia compartilham da visão, e acreditam que este movimento pode ocorrer em algum momento no futuro, mas não enxergam como algo próximo. “A tradição de não alinhamento é um marco na política externa brasileira, e da maioria da América Latina”, avaliam. “Diplomatas americanos reconhecem os laços comerciais grandes com a China, mas não vão forçar uma escolha. Isso ficou evidente com o fracasso da tentativa de forçar a exclusão da Huawei na adoção do 5G “, lembram, citando o episódio em 2020 quando houve pressão para que o Brasil não adotasse a tecnologia da empresa chinesa.

“É evidente que iniciativas como o anúncio da construção de uma fábrica da Huawei no Brasil, por exemplo, poderiam gerar certa consternação para os americanos, potencialmente acarretando uma queda na temperatura diplomática”, apontam. No entanto, tal evento, por si só, dificilmente se converteria em um divisor de águas nas relações bilaterais, ponderam os especialistas.

“Nações como Peru e Chile exemplificam essa dinâmica ao manterem acordos comerciais tanto com a China quanto com os Estados Unidos, demonstrando a habilidade da região em equilibrar e sustentar conexões políticas e econômicas com as duas potências”, concluem.

O Estado de S.Paulo - SP   28/03/2024

Do alto escalão do governo, a China está promovendo fortemente um plano para consertar a economia estagnada do país e compensar os danos causados por uma bolha imobiliária que já dura décadas.

O programa tem um novo slogan, apresentado principalmente por Xi Jinping, o principal líder do país, como “forças produtivas novas e de qualidade”.

Mas ele tem características que são familiares no manual econômico da China: a ideia é estimular a inovação e o crescimento por meio de investimentos maciços na indústria, especialmente em alta tecnologia e energia limpa, bem como gastos robustos em pesquisa e desenvolvimento. E houve poucas disposições concretas sobre como o governo espera persuadir as famílias chinesas a reverter uma desaceleração prolongada nos gastos.

O primeiro-ministro Li Qiang, a segunda autoridade do país, apresentou o plano no domingo em um discurso para executivos-chefes de todo o mundo, que se reuniram em Pequim para o Fórum de Desenvolvimento da China, realizado anualmente no país. “Vamos acelerar o desenvolvimento de forças produtivas novas e de qualidade”, disse ele na cerimônia de abertura do fórum.

Iniciado em 2000, o Fórum de Desenvolvimento da China foi criado para explicar aos líderes corporativos o plano econômico apresentado todos os anos pelo primeiro-ministro em 5 de março.

Nos anos anteriores, o fórum apresentava uma longa discussão a portas fechadas com os executivos-chefes, na qual o primeiro-ministro respondia a muitas perguntas. Mas a conversa com o premiê, geralmente no último dia do evento, foi cancelada este ano sem explicação, o que levou alguns executivos a pular a segunda-feira e programar seus jatos particulares para sair no domingo à noite.

O Fórum de Desenvolvimento da China também costumava incluir uma discussão bastante aberta sobre políticas econômicas pelos líderes corporativos e ministros chineses um dia antes da cerimônia de abertura, mas isso também não aconteceu este ano.

A China tem se voltado para eventos públicos menos numerosos e mais planejados envolvendo seus principais líderes. A coletiva de imprensa anual do primeiro-ministro no encerramento da legislatura em meados de março também foi cancelada.

Evan Greenberg, presidente e executivo-chefe do Chubb Group, uma grande seguradora americana, foi o co-anfitrião da abertura da conferência no domingo. A lista de participantes incluía Tim Cook, executivo-chefe da Apple, que esteve na China na semana passada tentando revigorar as vendas do iPhone, bem como Mike Henry, executivo-chefe da BHP, a gigante australiana da mineração.

Em seu discurso, Li pediu o aprimoramento da produção e o aumento dos serviços e do consumo. Ele repetiu os apelos para que as famílias chinesas substituam carros e eletrodomésticos antigos, mas não disse se o governo forneceria dinheiro para ajudá-las a fazer isso.

Os gastos dos consumidores na China têm sido fracos, pois os preços dos apartamentos caíram em um quinto nos últimos dois anos, de acordo com dados semi-oficiais. O número de transações imobiliárias também despencou. Os proprietários de imóveis reclamam que precisam reduzir os preços em até metade se quiserem encontrar compradores.

Os imóveis representam de 60% a 80% dos ativos das famílias, uma parcela muito maior do que na maioria dos países. Portanto, o quase colapso do mercado imobiliário fez com que muitas famílias se sentissem menos abastadas e tivessem dificuldades para pagar as prestações da hipoteca.

Li mencionou o setor imobiliário e um problema relacionado, a dívida do governo local, apenas brevemente, durante uma discussão sobre riscos. Nas últimas quatro décadas, disse ele, “os riscos e desafios não nos derrotaram”.

Li disse que o governo procuraria oferecer residência legal para mais de 250 milhões de pessoas de famílias de agricultores que se mudaram permanentemente para as cidades, mas não se qualificaram para residir nelas. As cidades oferecem benefícios médicos, de aposentadoria e educacionais muito mais elevados do que as áreas rurais.

Mas Li não explicou como as prefeituras, que já estão ficando sem dinheiro, poderiam se dar ao luxo de oferecer esses benefícios caros.

O mantra de “forças produtivas novas e de qualidade” tem como objetivo, em parte, acalmar as preocupações na China e no exterior de que as restrições às exportações de alta tecnologia para a China, lideradas pelos Estados Unidos, possam prejudicar seu crescimento. Nas instruções antes do fórum, as autoridades enfatizaram que a manufatura representa uma grande parte da economia do país — mais do que o dobro da participação dos Estados Unidos.

“Na China, você pode ver que ela está em constante crescimento e é muito maior do que em outros países”, disse Shi Dan, diretor geral de economia da Academia Chinesa de Ciências Sociais, um ministério do governo, em uma reunião.

Os parceiros comerciais da China estão preocupados com o fato de que mais manufatura provavelmente levará a mais exportações chinesas. A União Europeia está se preparando para impor tarifas sobre os carros elétricos da China. A Câmara de Comércio da União Europeia emitiu um relatório na última quarta-feira alertando que a política poderia levar à desindustrialização na Europa, já que as empresas europeias podem não conseguir competir com as empresas chinesas apoiadas pelo governo.

As empresas que dependiam da venda de commodities para a China para a construção de moradias e infraestrutura têm observado atentamente a ênfase redobrada na fabricação de alta tecnologia.

Andrew Forrest, presidente executivo do Fortescue Metals Group, um gigante australiano da mineração de ferro, disse que a China inevitavelmente continuará gastando muito em infraestrutura, incluindo estradas, linhas ferroviárias e portos.

“A situação da infraestrutura não será, na verdade, uma mudança, será apenas uma ênfase na fabricação”, disse ele em uma entrevista.

As autoridades chinesas fizeram várias promessas para estabilizar o mercado imobiliário, mas ofereceram poucos detalhes sobre como fazê-lo.

Li Xuesong, outro diretor geral de economia da Academia Chinesa de Ciências Sociais, disse em uma reunião que os governos locais poderiam fornecer mais apartamentos para os funcionários do setor público. Mas ele não falou sobre como os governos locais, muitos dos quais estão sofrendo com dívidas pesadas, pagariam por esses apartamentos.

Após um recente colapso nas vendas de terrenos públicos para incorporadoras imobiliárias, muitos governos locais tiveram que cortar os salários dos funcionários municipais e precisaram da ajuda de Pequim para pagar os juros. O Ministério das Finanças da China iniciou um programa para ajudar algumas cidades com suas dívidas, desde que elas reduzam os programas caros, mas populares, de construção de infraestrutura.

Ajudar os consumidores a arcar com mais gastos é fundamental, disse Wang Dan, economista-chefe para a China no escritório de Xangai do Hang Seng Bank, em uma conferência on-line organizada pelo International Finance Forum, uma afiliada do banco central da China. “Uma transferência direta de dinheiro ainda seria a maneira mais eficaz”, disse ela.

Por enquanto, a ênfase na China está no fortalecimento da oferta e da qualidade dos produtos, e não na preocupação com a demanda.

“A dinâmica de crescimento do investimento em novas forças motrizes é boa”, disse Liu Sushe, vice-diretor da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma.

Este conteúdo foi traduzido com o auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial e revisado por nossa equipe editorial. Saiba mais em nossa Política de IA.

IstoÉ Dinheiro - SP   28/03/2024

Diretor do Federal Reserve (Fed), Christopher Waller afirmou que não está pronto e nem tem urgência para começar a cortar juros, e que quer ver pelo menos mais dois meses de dados para avaliar se a hora chegou.

Waller avaliou que os índices de preços CPI e PCE de janeiro e fevereiro “decepcionantes” sugerem que o progresso desinflacionário desacelerou ou parou – o que só poderá confirmar depois de novas leituras, disse ele. Mas, de antemão, Waller considera apropriado reduzir dimensão dos cortes de juros em 2024 ou empurrá-los mais para a frente.

O dirigente ponderou que apenas dois meses de dados não necessariamente indicam tendência, e frisou que o Fed vinha fazendo progresso contra a inflação. Mesmo assim, “embora eu não queira reagir excessivamente a dois meses de dados, eu acredito que seja apropriado ter alguma reação”, disse ele em discurso em evento do Clube Econômico de Nova York nesta noite.

Segundo Waller, haveria ainda ampla evidência de que os dados foram digeridos pelos mercados financeiros e analistas e incorporados nas suas projeções econômicas. “Os mercados diminuíram o número de cortes de juros esperados para 2024”, comentou. As projeções dos dirigentes do Fed , publicadas junto com a decisão de política monetária de março, também mostrariam um ajuste na visão dos formuladores de política, acrescentou o diretor. “Interpreto que o Comitê Federal de Mercado Aberto não está reagindo excessivamente aos dados recentes, mas também não está descartando-os”, afirmou.

MINERAÇÃO

Valor - SP   28/03/2024

O CBA espera que a demanda por aço na China continue de lado neste ano, à medida que os gastos em infraestrutura compensam a demanda fraca por parte do setor imobiliário

Os preços do minério de ferro provavelmente terão dificuldades para permanecer em níveis abaixo de US$ 100 a tonelada por muito tempo, mesmo que o mercado continue a perder força, afirma o Commonwealth Bank of Australia.

Os preços do minério de ferro caíram para menos de US$ 105 a tonelada nesta semana devido às preocupações em torno da demanda chinesa por aço, dados os problemas no setor imobiliário do país.

O CBA espera que a demanda por aço na China continue de lado neste ano, à medida que os gastos em infraestrutura compensam a demanda fraca por parte do setor imobiliário.

O analista de commodities da CBA, Vivek Dhar, diz que um segundo apoio aos preços do minério de ferro está ligado à forma como os custos de transporte por mar evoluíram nos últimos anos.

Depois do rompimento da barragem da Vale em Brumadinho (MG), no início de 2019, o mercado substituiu as exportações perdidas de minério de ferro por uma oferta de custo mais elevado, que a BHP estima estar na faixa dos US$ 80 a US$ 100 por tonelada, afirma o CBA.

Infomoney - SP   28/03/2024

Os contratos futuros do minério de ferro ampliaram as perdas nesta quarta-feira, atingindo seus níveis mais baixos em mais de uma semana, pressionados por preocupações persistentes sobre a demanda na China, principal mercado consumidor do minério, em meio à falta de medidas políticas significativas para impulsionar a produção de aço.

O contrato de maio do minério de ferro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) da China encerrou as negociações do dia com queda de 3,53%, a 805,5 iuanes (111,43 dólares) a tonelada, o menor valor desde 19 de março.

O minério de ferro de referência para abril na Bolsa de Cingapura recuava 2,1%, a 101,95 dólares a tonelada, o valor mais baixo desde 18 de março.
“O preço fraco do aço e as margens reduzidas de siderúrgicas, juntamente com os altos embarques de minério, suprimiram a demanda e os preços do minério”, disse Cheng Peng, analista da Sinosteel Futures, com sede em Pequim.

A produção média diária de metal quente em abril deve ficar entre 2,25 milhões e 2,26 milhões de toneladas, muito abaixo das 2,45 milhões de toneladas no mesmo período do ano anterior, disseram analistas da consultoria Mysteel em nota na terça-feira.

A pressão sobre os preços do minério pelo lado da oferta persistiu no curto prazo, já que tanto os embarques de minério no exterior quanto as chegadas de minério doméstico se recuperaram esta semana, disseram analistas da Huatai Futures;

“Além disso, há uma expectativa de mais embarques da Austrália e do Brasil com a aproximação do final deste trimestre”, afirmaram eles.

A fraqueza persistente ocorreu apesar dos dados industriais melhores do que o esperado.

Os lucros das empresas industriais da China aumentaram 10,2% nos dois primeiros meses em relação ao mesmo período do ano passado, após um declínio de 2,3% acumulado no ano de 2023, mostraram dados oficiais na quarta-feira.

Os preços mais baixos das matérias-primas e a demanda fraca derrubaram a maioria dos índices de referência do aço na Bolsa de Futuros de Xangai.

Máquinas e Equipamentos

Valor - SP   28/03/2024

Entidade espera que a retomada das exportações já aconteça em março

Exportação de máquinas cai 23% com menos negócios com Argentina, informa Abimaq — Foto: Reprodução/Abimaq

Fabricantes de máquinas e equipamentos registraram em fevereiro forte queda nas exportações. Segundo números divulgados na tarde desta quarta-feira (27) pela Abimaq, entidade que representa o setor, o comércio exterior somou US$ 829,4 milhões no mês passado, redução de 23,2% sobre fevereiro de 2023 e de 21,4% na comparação com janeiro. No acumulado do ano, a perda na receita chega a 9,2%, com US$ 1,9 bilhão faturado no período.

O grande fator que explica o começo de ano ruim no embarque de máquinas e equipamentos é a redução de negócios com a Argentina. O país tem um peso significativo no comércio com a América do Sul, e as vendas para a região caíram 23,4% no primeiro bimestre. A Bolívia também tem apresentado problemas com falta de dólares para fechar os negócios, segundo a associação.

Na avaliação da Abimaq, é preciso considerar que o mês de fevereiro tem o efeito do carnaval, que reduz o número de dias úteis, e a queda no mercado externo registrada neste começo de ano não deve perdurar. A expectativa é de retomada das exportações já em março. A entidade destaca que “numa curva mais longa”, com os últimos 12 meses, as exportações crescem 8,7% e somam US$ 13,8 bilhões.

No outro sentido do comércio exterior, as importações continuam em alta. Em fevereiro somaram US$ 2,1 bilhões, expansão de 12,4% na comparação anual. No acumulado do ano crescem 9,7%, somando US$ 4,4 bilhões. Com isso a balança comercial do setor tem déficit de US$ 2,5 bilhões no bimestre, alta de 29,6% quando comparado com o mesmo período de 2023.

O desempenho do setor também não começou bem o ano no mercado interno. Em fevereiro a receita líquida interna foi de R$ 15,1 bilhões, baixa de 9% sobre o mesmo mês de 2023. No bimestre, as vendas para o mercado doméstico caem 18%, com R$ 26,4 bilhões faturados.

A receita total em fevereiro foi de R$ 19,2 bilhões, queda de 14% na comparação anual. No primeiro bimestre a redução é de 17,5%, com R$ 35,7 bilhões no acumulado. O começo de 2024 mantém o ritmo lento de negócios que marcou os últimos dois anos. O setor vem com desempenho ruim desde 2022, quando encerrou o ano com queda de 6,9% na comparação com 2021. Já em 2023, a receita total foi 15,4% inferior ao ano anterior.

Diário do Comércio - MG   28/03/2024

A indústria de máquinas e equipamentos teve queda de 14% na receita em fevereiro frente a um ano antes, para R$ 19,2 bilhões, mostraram dados divulgados nesta quarta-feira (27) pela associação do setor, Abimaq.

“Os números observados no primeiro bimestre do ano indicam que o baixo dinamismo da atividade industrial, continuam impactando negativamente os investimentos produtivos de alguns segmentos”, afirmou a entidade em apresentação.

No primeiro bimestre, o faturamento caiu 17,5% sobre um ano antes, para R$ 35,7 bilhões.

Na comparação com janeiro, a receita líquida do setor subiu 16,7% em fevereiro.

Segundo o analista de economia e estatística da Abimaq, Leonardo Silva, o movimento de alta sequencial na receita em fevereiro é sazonal, e deve se manter em março.

“O comportamento, tradicionalmente, segue esse padrão. E nesse ano não foi diferente, a gente vê um crescimento relativo, mas ainda assim vemos que o desempenho está mais fraco do que o primeiro bimestre do ano passado.”

“Esperamos um desempenho um pouco melhor agora em março e em abril tendemos a fazer novas projeções e ver como isso vai se dar até o final do ano”, acrescentou.

O consumo aparente de máquinas e equipamentos caiu 4,5% em fevereiro, para R$ 26,1 bilhões, na comparação ano a ano.

Já as importações de máquinas subiram 12,4% no mês passado, para US$ 2,1 bilhões, enquanto as exportações recuaram 23,2%, para US$ 829,4 milhões, após um desempenho forte em 2023.

De acordo com Silva, o feriado de Carnaval em fevereiro também pode ter tido efeito sobre o resultado de exportação, já que algumas operações acabam sendo adiadas ou computadas no mês seguinte.

A indústria de máquinas terminou o bimestre com um nível de ocupação de capacidade instalada de 71,4% ante 77,4% no fim de fevereiro do ano passado. A carteira de pedidos ficou estabilizada em 9,4 semanas para atendimento.

“Dentre os setores fabricantes, os que estão com carteira baixa são os que produzem máquinas destinadas à indústria, para agricultura e para construção civil”, afirmou a Abimaq.

Revista Manutenção e Tecnologia - SP   28/03/2024

Novidades da série C para o mercado norte-americano, os novos modelos W60C, W70C e W80C LR expandem a gama de carregadeiras compactas de rodas da New Holland Construction na região.

Os modelos trazem motor F5H de 4 cilindros e 3,4 l da FPT, que cumpre as normas de emissões Tier IV, sem a necessidade de uso de filtro de partículas (DPF).

Segundo a fabricante, as novas carregadeiras foram concebidas para “aumentar a eficiência, a produtividade e o conforto, independentemente do local de trabalho ou da tarefa executada”.

Equipados de fábrica com o sistema de telemática FleetForce (com uso gratuito por cinco anos), os novos equipamentos respondem a distintas necessidades do mercado.

A carregadeira W60C (abaixo) traz a mesma estrutura da W50C, mas com potência melhorada para aumentar a produção.

As atualizações de potência e o design da lança Z-Bar adaptam a máquina para aplicações como paisagismo, manuseio de materiais, remoção de neve e outras.

Modelo W60C traz potência melhorada para aumentar a produção

A versão W70C (abaixo) é indicada para os mesmos trabalhos, mas com maior potência, velocidade e desempenho.

Com peso operacional de 5,4 tm e 74 cv de potência, o modelo é indicado para tarefas em uma variedade de setores, incluindo construção leve, paisagismo e obras de manutenção urbana.

A carregadeira W70C tem peso operacional de 5,4 tm e 74 cv de potência

Concebido para o mercado agrícola, o modelo W80C LR (abaixo) é uma opção de alta velocidade com capacidade de elevação de 4,8 tm e peso operacional de 5,8 tm.

A máquina é indicada para tarefas como carregamento de ração em misturadores ou empilhamento de fardos em celeiros.

Opção de alta velocidade, a W80C LR oferece capacidade de elevação de 4,8 tm e peso operacional de 5,8 tm

Atualizações – Todos os modelos oferecem atualizações na cabine, agora pressurizada e com certificação ROPS/FOPS, além de trazer novo monitor de 7 polegadas e painel multifuncional.

As características tecnológicas incluem controle automatizado da lança, que permite definir movimentos de escavação, curso e altura a partir da cabine, reduzindo a fadiga durante operações repetitivas de carregamento.

Outra funcionalidade promete simplificar a utilização do modo de arraste, indicada para operações que requerem baixas velocidades e elevada potência hidráulica.

Por sua vez, o controle inteligente permite definir a velocidade em viagens de longa distância e ajustá-la no joystick, sendo que os modelos W70C e W80C LR podem atingir até 40 km/h.

O novo modo inteligente também promete aumentar a eficiência do combustível e reduzir o ruído durante a operação das máquinas, que oferecem ainda a opção de controle automático de deslocamento para uso em terrenos irregulares e acidentados.

"O desenvolvimento desses modelos avançados foi impulsionado pelo objetivo de melhorar a experiência do operador e do proprietário e, ainda, pela necessidade de oferecer opções com mais versatilidade em suas mãos", afirma Dan Kakareka, gerente de produto da New Holland Construction North America.

"O que também é evidente é a forma como os novos modelos proporcionam estabilidade excepcional, permitindo manusear cargas maiores com mais facilidade, manobrar com confiança em condições difíceis e desfrutar de um deslocamento mais suave, mesmo em terrenos acidentados", acrescenta.

Revista Manutenção e Tecnologia - SP   28/03/2024

A JCB segue ampliando seu portfólio e complementando a linha de equipamentos disponíveis para o mercado brasileiro. Desenvolvida para atender especialmente os segmentos da construção civil e da mineraçao, o novo modelo de pá-carregadeira 455ZX conta com caçamba de 3,3 m³.

Construída para ter grande durabilidade, a 455 ZX possui articulação central reforçada, com estrutura dupla superior e inferior. Seu motor oferece alta potência e alto torque em baixa rotação, além do sistema hidráulico sob demanda, configurados para manter curtos ciclos, enquanto proporciona turnos de trabalhos longos e eficientes.

Com peso operacional de 18 toneladas e motor de 165kW (221HP), a 455ZX foi desenvolvida par amover grandes volumes de material. Conta com eixos de patinagem limitada (LSD) padrão exclusivo para o porte, transmissão e sistema hidráulico funcionado em harmonia, buscando eficiência máxima em todas as operações.

Com pontos de inspeção de fácil acesso e ao nível do solo, é possível chegar tranquilamente todas as pressões hidráulicas do equipamento, graças às tomadas de testes agrupadas.

“A inovação é base para a evolução do portfólio de produtos da JCB. Por isso, estamos otimistas com o lançamento da 455ZX, um marco significativo da expansão da nossa oferta ao mercado brasileiro”, comenta Adriano Merigli, CEO da JCB para a América Latina.

A geometria do braço da carregadeira conta com barra em Z, proporcionando alta força de desagregação e menores tempos de carregamento. Além dessas vantagens, possui baixa necessidade de manutenção, isto é, foi projetada para a máxima disponibilidade mecânica.

“Além do sistema de monitoramento remoto, Livelink, padrão de fábrica por cinco anos, a 455ZX também conta com garantia completa de dois anos para todos os componentes””, afirma Davi Lunardi, diretos de vendas e marketing da JCB América Latina.

AUTOMOTIVO

Valor - SP   28/03/2024

O grupo sul-coreano Hyundai anunciou na quarta-feira que investirá 68 trilhões de wons (US$ 51 bilhões) ao longo de três anos para reforçar seu potencial de crescimento em veículos elétricos e novos negócios de mobilidade. Cerca de 80 mil novos funcionários serão contratados, segundo a empresa.

Mais da metade do investimento, ou 35,5 trilhões de wons, será alocada para novas infraestruturas de pesquisa e desenvolvimento e linhas de montagem para veículos elétricos, disse o grupo em comunicado.

Outros 31,1 trilhões de wons serão destinados à pesquisa e desenvolvimento em veículos elétricos, incluindo veículos definidos por software (SDVs) e tecnologia de baterias, disse a empresa.

A maioria dos novos empregos criados se destinará ao trabalho de promover negócios futuros, com 44 mil novos funcionários em eletrificação, SDVs e neutralidade de carbono.

O grupo Hyundai inclui o carro-chefe Hyundai Motor 005380.KS e sua afiliada Kia 000270.KS, que juntas são a terceira montadora mundial em vendas.

A fabricante de peças automotivas Hyundai Mobis e Hyundai Engineering & Construction também fazem parte do conglomerado.

Valor - SP   28/03/2024

Indústria automobilística e empresas de logística tentam recompor as perdas sofridas em 2023 e avançam em sustentabilidade e tecnologia para as frotas

Querichelli, da Iveco: serão necessárias várias tecnologias para substituir o diesel — Foto: Gaspar Nóbrega/Divulgação

A redução da taxa Selic e a expectativa de mais cortes em 2024, somadas aos recentes anúncios do governo federal como o novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), aquecem o mercado de caminhões no Brasil. Mesmo com as tensões geopolíticas internacionais e a redução da safra de grãos, o tom no setor é de otimismo se comparado ao começo de 2023. Naquele período, o cenário era de transição e adaptação à norma do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve P8) e os compradores ainda esperavam que o impacto da regra ficasse mais claro.

“O período de retração de mercado, quando da entrada de uma nova fase, historicamente vai se normalizando com o passar dos meses”, diz Gustavo Bonini, vice-presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Em fevereiro, foram licenciadas 8,4 mil unidades, 3,3% a mais do que no mesmo mês de 2023. As exportações, porém, caíram 19,5% na mesma comparação, enquanto a produção aumentou 25%. A alta no primeiro bimestre foi de 49% em relação aos dois primeiros meses do ano passado. A expectativa da Anfavea é de que a indústria de caminhões e ônibus cresça 14,1% neste ano.

Beto Zampini, conselheiro da Associação Brasileira de Logística (Abralog) e CEO da operadora logística Imediato Nexway, destaca duas razões para o momento mais favorável: o esforço dos fabricantes para recompor os prejuízos e a tendência de baratear os financiamentos. A avaliação do Sindicato das Empresas de Transporte de Carga de São Paulo e Região (Setcesp) é mais cautelosa.Segundo Marcelo Rodrigues, vice-presidente da instituição, “porque a demanda está alternada, com altos e baixos e imprevisibilidade de trabalho e remuneração”.

Para a Volvo Caminhões, o ano começou com perspectivas de expansão. “Acumulamos uma robusta carteira de pedidos para os próximos meses, com bom número de cotações dos transportadores. No segmento de caminhões acima de 16 toneladas, em que atuamos, estimamos um crescimento de mercado de 10% a 15% para todas as marcas”, diz Alcides Cavalcanti, diretor executivo. As projeções são estimuladas pela demanda global de commodities (agrícolas e minerais). Em 2023, a empresa começou a negociar caminhões elétricos no Brasil, em fase de experimentação. O movimento havia sido iniciado na Europa em 2019.

Cavalcanti, da Volvo: mercado deve crescer de 10% a 15% neste ano — Foto: Pablo Vaz/Divulgação

Já a Scania não comercializa modelos elétricos no Brasil, mas trouxe, a pedido da PepsiCo, o semipesado P25 6x2, fabricado na Suécia, para testes de performance e rotas na operação logística interna da fabricante de bebidas. A fase de experimentação “vai possibilitar o conhecimento necessário para o aprimoramento e adaptação às necessidades locais”, diz Alex Nucci, diretor de vendas de soluções da Scania Operações Comerciais Brasil. Ele destaca, no entanto, a procura pelos caminhões a gás. “Em dezembro, tínhamos uma carteira de 150 pedidos para começar o ano. Hoje, estamos chegando a cerca de 200.”

Na visão de Marcio Querichelli, presidente da Iveco para a América Latina, não há um caminho único na estratégia de descarbonizar o setor. “Serão necessárias várias tecnologias para substituir o diesel, passando pelo gás natural, biometano e eletricidade.” A Iveco investiu em uma linha completa, dos leves aos pesados, de veículos com propulsão alternativa. Ainda neste primeiro semestre, a marca trará ao Brasil o primeiro lote do eDaily, elétrico, que vai operar no transporte de cargas em centros urbanos.

Em 2023, o grupo Daimler Truck lançou, na Europa, o eActros 600, caminhão pesado elétrico a bateria para longas distâncias, e apresentou o protótipo do GenH2, que ultrapassou a marca de mil km com um abastecimento de hidrogênio líquido. Por aqui, a Mercedes-Benz do Brasil, que pertence à holding, está em fase de preparação para a eletromobilidade. “Isso ocorrerá no momento certo, considerando a viabilidade tecnológica, econômica e comercial, as condições de aplicação e o suporte em termos de infraestrutura para nossos clientes”, afirma Jefferson Ferrarez, vice-presidente de vendas, marketing e peças & serviços caminhões..

A Tegma Gestão Logística realizou recentemente a conversão de um caminhão a combustão para propulsão elétrica com baterias. O modelo cegonha será utilizado para transportar veículos zero-quilômetro ao Paraguai. Estima-se que possa percorrer até 700 km em um único dia. Segundo Sandro Torres, gerente de transportes da empresa, trata-se de um projeto-piloto que servirá como um “laboratório para o desenvolvimento de pontos de recarga e testes de autonomia”.

Na perspectiva dos operadores logísticos, a compra de caminhões elétricos é, de fato, uma tendência. Entretanto, segundo Marcella Cunha, diretora-executiva da Associação Brasileira de Operadores Logísticos (Abol), deve haver um planejamento estratégico. “A maioria das empresas tem optado por usar os caminhões elétricos em distâncias menores, até mesmo na chamada última milha, devido à dificuldade de autonomia e infraestrutura para carregamento”, diz. “Os modelos híbridos surgem como uma solução eficaz e versátil para as atividades de distribuição em ambientes urbanos, unindo o melhor dos dois mundos em eficiência energética e autonomia.” Aqueles a gás, por sua vez, surgem como opção para distâncias maiores e dispõem de uma rede de abastecimento mais consolidada. A tendência é que os postos reduzam gradualmente a venda de combustíveis líquidos, transformando-se em pontos multisserviço de mobilidade, segundo a projeção de Elmar Gans, sócio e líder do setor automotivo na consultoria Mirow & Co. “Eles deverão ter infraestrutura para oferecer diferentes fontes de abastecimento.” Unidades assim têm sido chamadas de “postos do futuro.”

Em relação ao futuro, para gestão eficiente das frotas os operadores logísticos apostam no monitoramento das torres de controle com inteligência artificial (IA). A tendência se soma a recursos como telemetria integrada, câmeras embarcadas e sensores de pneus. “A IA pode ser usada para analisar dados relacionados à segurança da carga, monitorar o comportamento dos motoristas e identificar potenciais riscos de acidentes ou roubo. Isso permite uma resposta mais rápida e eficaz a situações de emergência”, afirma Cunha.

FERROVIÁRIO

Valor - SP   28/03/2024

Governo projeta injeção de R$ 94 bilhões em ferrovias até 2026, com recursos do novo PAC e aprimoramento na revisão dos contratos renovados

As estradas de ferro iniciaram o ano com projetos de modernização e expansão da infraestrutura, refletindo as perspectivas de maior demanda pelo transporte de carga geral. O governo acena com um novo impulso na esteira de investimentos públicos e privados. Paralelamente, anunciou um estudo de dois terços da malha ferroviária nacional – que conta com 29,8 mil km de extensão – sobre a viabilidade para trechos pouco utilizados ou ociosos.

Diante de perspectivas promissoras já se desenha um novo cenário para a malha ferroviária, modal relevante para equilibrar a matriz nacional de transporte. A Secretaria Nacional de Transporte Ferroviário foi escalada para essa missão e trabalha na estruturação do setor.

Não faltam promessas para o futuro do modal. Segundo o governo, mais de R$ 94 bilhões serão injetados nas linhas férreas até 2026 por meio do novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Em outra frente, o governo revisou o aprimoramento dos contratos renovados com as concessionárias na gestão anterior. Os recursos arrecadados serão aplicados em novas ferrovias.

Somados, os valores adicionais corrigidos nos contratos da Vale e MRS podem render à União R$ 29,5 bilhões. De acordo com o Ministério dos Transportes, o acordo fechado com a MRS, referente à otimização do contrato da Malha Paulista, atingiu R$ 2,6 bilhões.

Procurada, a Vale reitera que “continua cumprindo com as obrigações decorrentes da renovação antecipada das ferrovias Estrada de Ferro Vitória a Minas e Estrada de Ferro Carajás em 2020, tendo entregue 100% do compromisso cruzado da Fiol [Ferrovia de Integração Oeste-Leste] e adquirido os equipamentos necessários para expansão da oferta de trem de passageiros. As obras de mobilidade urbana, que irão beneficiar 33 municípios a partir de investimentos previstos de R$ 2,8 bilhões, e a obra da Fico [Ferrovia de Integração Centro-Oeste], com desembolsos de R$ 10,7 bilhões, seguem em implantação”. A MRS não quis comentar o assunto.

Beto Abreu, presidente da Rumo, destaca que “a negociação foi um pleito da própria empresa, apresentado em agosto de 2022, com uma proposta de adequação do Caderno de Obrigações da Malha Paulista, assumido no contexto da renovação antecipada dessa concessão em 2020”. Segundo ele, “para proceder a atualização do Caderno de Obrigações, nos termos da Solução Consensual, a Malha Paulista precisará recompor o equilíbrio econômico-financeiro do contrato em um montante estimado em cerca de R$ 1,170 bilhão, dos quais R$ 500 milhões serão convertidos em investimentos na sua malha ferroviária”. O acordo, diz ele, conta com a anuência de todos e é chancelado pelo Tribunal de Contas da União (TCU).

Abreu, da Rumo: crescimento médio de 7% neste ano — Foto: Ana Paula Paiva/Valor

A preocupação do governo também aparece no empenho anunciado pela Infra S.A., a mais nova estatal em operação e que rege o projeto da retomada de ferrovias no país. Jorge Bastos, presidente da companhia, declarou, em evento em São Paulo, que está estudando nada menos que dois terços da malha ferroviária nacional.

O objetivo é desenvolver projetos de concessões, relicitações, além de estudos de viabilidade para trechos pouco utilizados ou ociosos. Segundo ele, vários projetos estão avançando. Entre eles, as obras da Transnordestina no trecho pernambucano Salgueiro/ Suape, que devem ser iniciadas em breve. Os investimentos previstos são da ordem de R$ 7 bilhões para conclusão.

O projeto da Ferrogrão, que prevê a construção de 933 km ligando Sinop (MT) ao porto paraense de Miritituba, anunciado em 2014, até agora não começou. O Ministério dos Transportes informa que trabalha na atualização do projeto em busca de “uma solução que seja ambientalmente sustentável e que atenda às necessidades para o escoamento da produção pelo Arco Norte”. Os estudos da ferrovia devem ser concluídos em seis meses.

A Bamin – Bahia Mineração, que faz parte do Eurasian Resources Group (ERG), é responsável pelo trecho I da Ferrovia Oeste-Leste (Fiol I). Com um total de 537 quilômetros de extensão, a ferrovia passará por 20 municípios e viabilizará um projeto integrado de logística (mina, ferrovia e porto), com capacidade de movimentar 60 milhões de toneladas de carga por ano. As obras começaram com investimentos de cerca de R$ 20 bilhões.

De acordo com os dados da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), a expansão da malha ferroviária do país soma 12 mil km de novos trilhos, em 19 unidades da federação. O Brasil conta com requerimentos e autorizações para mais de 22 mil km de novas ferrovias, com investimentos previstos de R$ 295 bilhões. O governo prevê que o setor ferroviário poderá transportar o dobro da carga movimentada até 2035.

Os trens, que por décadas foram vistos como transportadores de minério, começam a ampliar o espaço para a diversificação de produtos, antiga reivindicação dos usuários de transporte ferroviário.

O aumento da carga geral, ainda que pouco expressivo, já vinha sendo registrado em anos anteriores. De todo modo, o relatório elaborado pela Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF), sobre o desempenho de 2023, destaca que a movimentação total atingiu o maior nível em cinco anos. Foram 530,6 milhões de toneladas úteis transportadas por trens, terceiro maior volume da série histórica, só perdendo para o recorde de 569,4 milhões de toneladas úteis em 2018 e de 538,3 milhões obtidos em 2017, segundo a ANTF. Entre 2006 e 2023, o crescimento foi de 64%.

O movimento de diversificação de mercadorias – exceto minério – obteve um acréscimo maior, ao transportar 148,6 milhões de toneladas úteis, maior volume para a categoria desde 2005, quando foram movimentados149,6 milhões de toneladas úteis.

“Esse volume é pouco significativo para um país que produz cerca de 2,5 bilhões de toneladas de carga geral por ano”, diz Luis Henrique Teixeira Baldez, presidente da Associação Nacional dos Usuários do Transporte de Carga (Anut), “Ainda há uma defasagem de 31,1 milhões de toneladas sobre 2018. E há uma preferência pelo minério de ferro. Em resumo, temos uma ferrovia do minério de ferro”, observa.

Os investimentos vêm de diversas fontes. O novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) estima que mais de R$ 94 bilhões serão injetados no transporte ferroviário até 2026, entre dinheiro público e privado. Mesmo neste cenário animador, Baldez olha para frente com certa descrença. “O futuro é de cinco a dez anos à frente e os 60% da ferrovia que estão no foco da Infra S.A. não serão 100% operacionais”, diz. “Os estudos demandam tempo. E quem terá interesse operacional nesses dois terços de ferrovia?”, indaga. Na sua maioria, destaca, estão ociosos ou inoperantes.

De todo modo, os projetos são uma boa notícia, afirma Baldez. Mas, para que esses projetos fiquem em pé, é necessário superar três variáveis, na sua opinião. A primeira é quem financiará. A segunda são as licenças ambientais, que exigem tempo adequado para a implantação. E, por fim, a regulamentação de um sistema ferroviário que permita o direito de passagem e a integração da malha.

“A rede ferroviária interligada beneficiaria todo o processo produtivo e o escoamento das exportações brasileiras”, afirma Baldez. “Nas regras de hoje, qualquer concessionária pode impedir a passagem. Isso não é um sistema ferroviário, mas sim trechos ferroviários”, critica. “É preciso criar condições hoje, para lá na frente movimentar a carga geral.” Para 2024, ele não acredita em aumento do volume total transportado.

A Rumo, por sua vez, movimentou 77,2 bilhões de toneladas por km útil (TKUs) em 2023, superando os 74,9 bilhões de TKUs em 2022. “Foi o maior volume da história da companhia”, diz Beto Abreu. Para este ano, prevê em crescimento médio de 7%.

Segundo o executivo, esse resultado reflete a consistência do plano estratégico da empresa, que colheu os frutos dos investimentos feitos nos últimos anos. Entre as obras estão o aumento de capacidade da Malha Paulista e no porto de Santos, a inauguração de novos terminais na Malha Central – Ferrovia Norte-Sul –, bem como o projeto de expansão da ferrovia em Mato Grosso, trazendo perspectivas otimistas para os próximos anos, relata.

Nos últimos três anos, diz Abreu, a Rumo investiu quase R$ 10 bilhões entre expansão da Malha Paulista, aquisição de material rodante, modernização de via permanente, término de obras da Ferrovia Norte-Sul (Malha Central), além do início do projeto de construção da Ferrovia Estadual de Mato Grosso. “Projetamos para 2024 algo entre R$ 5,3 bilhões e R$ 5,8 bilhões”, destaca.

O dado mais recente divulgado pela MRS mostra que, no segundo trimestre de 2023, a concessionária obteve o melhor resultado da história em volume transportado, com 51,4 milhões de toneladas de carga, 12% superior ao mesmo período de 2022. O incremento foi puxado pela movimentação de carga geral recorde de 19,7 milhões de toneladas, alta de 8,4% sobre os 18,2 milhões de igual intervalo do ano anterior. A movimentação de minério avançou 14,5%, atingindo 31,7 milhões no período, ante os 27,7 milhões anteriores.

Rodoviário

Valor - SP   28/03/2024

Com sérias deficiências em todo o país, estradas devem receber maior volume de investimentos públicos e privados para melhorar as condições de tráfego

Clara Ferraz, da Entrevias: além de aportes, políticas de inclusão — Foto: Fabio Melo/Divulgação

As rodovias mantidas pelas concessionárias ainda ganham de braçada das estradas administradas pelo poder público quando se avaliam os critérios de qualidade de pavimentação, sinalização e geometria, de acordo com os dados da 26ª edição da tradicional pesquisa de rodovias da Confederação Nacional do Transporte (CNT), que avaliou as condições da malha rodoviária em 2023. Com base no levantamento feito em 111.502 km de vias pavimentadas, dos trechos correspondentes às rodovias públicas (federais e estaduais), que representam 76,6% da malha, apenas 22,9% foram considerados como bom ou ótimo.

Já as rodovias concessionadas, que representam 23,4% do universo pesquisado, obtiveram índice de aceitação de 64,1%. O quadro manteve-se estável ante os números da pesquisa anterior, mas a expectativa é que haja uma reação das rodovias públicas em razão dos investimentos anunciados no novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que prevê R$ 1,7 trilhão de recursos para todos os Estados, dos quais R$ 185,80 bilhões exclusivamente para o modal rodoviário, com previsão de recursos da ordem de R$ 112,8 bilhões vindos da iniciativa privada (60,7%) e R$ 73 bilhões (39,3%) dos cofres públicos federais. A intenção é atacar as fragilidades do sistema rodoviário por meio de colaborações com a iniciativa privada, tanto na forma de concessões como de parcerias.

Para 2024, a Lei Orçamentaria Anual (LOA) destinou R$ 54 bilhões para obras de infraestrutura do novo PAC. Deste montante, R$ 13,7 bilhões estão destinados ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) para obras no sistema rodoviário. O valor é 4,5% inferior ao volume dotado em 2023, mas bem superior ao que foi ofertado em anos anteriores, afirma Fabrício Galvão, diretor-geral do Dnit. “Viramos o ano com cerca de R$ 6 bilhões em restos a pagar, então os recursos devem beirar R$ 20 bilhões. A malha estava bastante deteriorada e já notamos sinais de recuperação”, afirma Galvão.

Com base em metodologia própria, o Dnit avalia mensalmente as condições das rodovias sob sua jurisdição (61.158,77 km) por meio do Índice de Condição de Manutenção (ICM), que tem como critérios os estados de pavimentação e conservação. Em janeiro deste ano, a somatória de bom e regular registrou 87%, enquanto no mesmo mês de 2023 o total havia sido de 76%. Como exemplo, Galvão cita os serviços de recuperação da BR-158, rodovia longitudinal que atravessa o Pará, passando pelo Centro-Oeste, indo até o Sul do país, considerada uma das principais vias de escoamento de grãos. “Focamos nos trechos do Pará e do Mato Grosso. Saímos de um índice de reprovação de 80% para uma taxa de aprovação de 90%.”

Para 2024, os investimentos estarão concentrados nos principais corredores do agronegócio. No Arco Norte (regiões Norte e Nordeste), serão destinados R$ 2,66 bilhões para a continuidade da restauração da BR-158, duplicação na BR-135, no Maranhão, recuperação do trecho baiano da BR-242 e construção da ponte sobre o rio Parnaíba na BR-330, no Piauí.

No Arco Sul (regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste), serão investidos R$ 2,05 bilhões em obras de duplicação em trechos da BR-116, BR-386, BR-470, BR-280 e BR-163, todas nos Estados do Sul, na construção da ponte de Luiz Alves, em Goiás, na BR-080 e no Trevão de Monte Alegre, interligando as BR-153 e BR-365, em Minas Gerais.

Na região Norte, a prioridade está voltada para a recuperação dos quase 900 km da BR-319, que liga Manaus (AM) a Porto Velho (RO). Construída na década de 1970 no regime militar, a rodovia nunca teve manutenção e encontra-se intransitável, principalmente nos 400 km conhecidos como Trecho do Meio, na Floresta Amazônica. “O trecho de 52 km do Lote C, em Rondônia, já está aprovado e deve ficar em R$ 250 milhões. Quanto ao Trecho do Meio, depende de licenças ambientais e não há estimativa de recursos ou prazo de início”, diz Galvão.

Do lado das concessionárias, a expectativa é repetir o recorde histórico registrado em 2023, quando foram investidos R$ 11,3 bilhões em obras e cerca de R$ 7 bilhões na manutenção da malha concessionada. “O setor privado segue investindo fortemente na infraestrutura rodoviária”, afirma Marco Aurélio Barcelos, diretor-presidente da Melhores Rodovias do Brasil – Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR). As obras de destaque ficam por conta das maiores concessionárias – no caso, a EcoRodovias (4.543 km concessionados), CCR (3.246 km) e Arteris (3.199 km).

De acordo com Barc elos, as principais obras de 2023 foram o início dos trabalhos de ampliação da capacidade de tráfego do trecho metropolitano da Via Dutra, na Grande São Paulo, com previsão de entrega em março de 2025; as obras do Contorno Sul de Florianópolis (SC), que incluem sete pontes e quatro túneis duplos, fruto de um investimento de R$ 3,9 bilhões da Arteris; as obras na rodovia Tamoios, no litoral norte paulista; a duplicação de 90 km da BR-135, em Minas Gerais; e a duplicação da BR-153, em Goiás e Tocantins, que está sob responsabilidade da concessionária Ecovias do Araguaia.

Além de pontes, acessos viários e obras de manutenção e sinalização, os futuros investimentos deverão priorizar a melhoria do fluxo de tráfego nos pedágios e a conectividade em todos os trechos da rodovia. Ainda em fase experimental, a CCR foi pioneira no modelo de pedágio free flow, no qual o motorista sequer precisa reduzir a velocidade para a cobrança, mediante identificação da TAG ou leitura da placa. O sistema foi importado da Áustria e está instalado em três pórticos no trecho fluminense da BR-101 (Rio-Santos).

“Em janeiro, foram registradas mais de 500 mil cobranças, com baixo índice de inadimplência”, afirma Eduardo Camargo, presidente da CCR Rodovias. A próxima experiência será na pista expressa da Via Dutra, na região de Guarulhos, em 2025. O projeto faz parte de um pacote de investimentos de R$ 28 bilhões, que inclui obras nas rodovias Raposo Tavares e Castello Branco, ambas em São Paulo.

Para Barcelos, da ABCR, o free flow veio para ficar. Ele ressalva, porém, que ainda há aprimoramentos legais a serem feitos para inibir o risco de evasão. Ainda sem prazo de implantação, a EcoRodovias anunciou que irá aderir ao modelo. “A EcoNoroeste, que atua no interior paulista, está em fase bem adiantada de implantação de dois pórticos. Haverá a substituição de todas as praças do trecho e a cobrança será exclusivamente pelo modelo free flow nos atuais 442 km que já estão sob nossa administração e nos 158 km que assumiremos em 2025”, informa Marcello Guidotti, CEO da EcoRodovias. Segundo ele, a conectividade 4G, em parceria com a TIM, está presente na área da Ecovias do Araguaia e deve alcançar os 28 municípios da região até o fim do ano.

Já a Arteris trabalha em um projeto-piloto no trecho da Via Paulista para usuários do aplicativo da concessionária. “A tecnologia foi desenvolvida por nós”, afirma Sergio Garcia, diretor-presidente da companhia. Por sua vez, o sistema da CCR, também em parceria com a TIM, será lançado no próximo ano para os usuários da Via Dutra e da Rio-Santos, com isenção de tarifa nas funções do aplicativo nos trechos concessionados.

Os investimentos não se restringem às grandes concessionárias. Com 570 km sob concessão em sete rodovias estaduais na região centro-oeste paulista, a Entrevias tem buscado investir na duplicação e na construção de acessos que facilitem a conexão entre os 30 municípios da região, entre os quais cidades do porte de Ribeirão Preto, Assis e Marília. Em 2023, foram investidos R$ 288 milhões, dos quais R$ 240 milhões em ampliações e melhorias e R$ 48 milhões em conservação do pavimento. “Em 2024, faremos 83 km de duplicação da SP-333 e a duplicação de uma ponte de 2,4 km sobre o rio Tietê”, afirma a engenheira civil Clara Ferraz, CEO da Entrevias.

Em paralelo com as atividades rotineiras de uma concessionária, a Entrevias investe na diversidade e em políticas de inclusão. “Atuar em um setor predominantemente masculino trouxe muitos desafios. Tenho como valor a promoção da diversidade e inclusão, em especial de gênero, para que as mulheres reconheçam na organização um espaço onde possam prosperar, liderar e ocupar qualquer posição”, afirma a CEO. Em 2023, 47 % dos cargos eram ocupados por mulheres, 10,3% estavam ocupados por pessoas acima dos 50 anos e 25,5% se declararam negros ou pardos.

A preocupação em ações afirmativas se estende em iniciativas voltadas ao meio ambiente. A concessionária mantém um viveiro de produção de mudas cuidadas por funcionários com déficit cognitivo, com capacidade para produzir 35 mil mudas de árvores nativas, que são usadas nos projetos de restauração ecológica. Com relação à fauna, a Entrevias desenvolveu 40 passagens sob as rodovias, com cerca de 80 km de cercas de proteção. Segundo a concessionária, houve 70% na redução de atropelamentos de animais de espécies ameaçadas, como onça-pintada, tamanduás e jaguatiricas.

NAVAL

Petro Notícias - SP   28/03/2024

Desde as primeiras horas da manhã desta quarta-feira (27) trabalhadores estão protestando frente a Ecovix. Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do Rio Grande e São José do Norte (STIMMMERG), o protesto é contra demissões no Estaleiro Rio Grande, após terem contratado mão de obra para atuar no descomissionamento da plataforma P-32, e também contra a falta de empregos na cidade, conforme informou o vice-presidente Sandro Barros. A P-32 chegou a Rio Grande em dezembro do ano passado e até agora o trabalho de desmanche não evolui devido ao impasse sobre quem vai se responsabilizar pela retirada dos resíduos de petróleo e gás que encontram-se no interior dos tanques. O impasse envolve a Petrobrás, Ecovix e Gerdau.

Para Lembrar, a embarcação, que fazia parte do sistema de produção da Petrobrás e foi arrematada em leilão pela produtora de aço Gerdau em julho, é a maior unidade marítima a passar por esse processo no país, em um novo modelo de destinação sustentável da petrolífera. A plataforma foi adquirida em leilão pela Gerdau, maior empresa brasileira produtora de aço, que contratou a Ecovix para o desmantelamento. Na parceria estabelecida entre Gerdau e Ecovix, a desmontagem das estruturas ocorrerá no estaleiro. Na sequência, a Gerdau utilizará a sucata metálica gerada como matéria-prima para produção de aço em sua unidade de Charqueadas (RS). Outros materiais serão enviados para descarte seguro e correto, com praticamente 100% da unidade sendo reciclada. A Gerdau é a maior recicladora de sucata metálica da América Latina, transformando mais de 11 milhões de toneladas de material em aço anualmente, e cerca de 71% do aço produzido pela companhia é proveniente do processo de reciclagem.

Valor - SP   28/03/2024

Para este ano, previsão é de aumento de 2,3% no transporte de cargas em relação a 2023 e os investimentos devem superar R$ 75 bilhões até 2026

Arten, da BTP: mais autonomia na gestão portuária — Foto: Silvia Costanti/Valor

O setor portuário movimentou 1,303 bilhão de toneladas em 2023, maior volume registrado na série histórica, representando um crescimento de 6,9% ante 2022. Os dados são da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), que aposta em crescimento de 2,3% neste ano, alcançando 1,313 bilhão de toneladas.

Para atender o aumento da movimentação de cargas são necessários mais recursos. “Em 2024, teremos um volume de investimentos de cerca de R$ 7,9 bilhões em novos arrendamentos e de R$ 6 bilhões em TUPs [terminais de uso privado]. Até 2026, serão mais de R$ 75 bilhões em todas as frentes”, diz o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho.

Em 2023, a carga industrial movimentada no segmento de contêineres teve recuo de 0,5%, devido à redução da demanda global após o pico dos anos de pandemia. “Acabaram os programas de incentivo e transferência de renda dos governos e estamos voltando aos níveis pré-pandemia”, diz Caio Morel, diretor-executivo da Associação Brasileira dos Terminais de Contêineres (Abratec).

Andrew Lorimer, CEO da Datamar, afirma que as exportações brasileiras em contêineres cresceram 1,2%, mas, para a China, aumentaram 7%. Já as importações subiram 5,2%. Segundo ele, os fretes haviam baixado, mas tiveram ligeiro aumento com as guerras entre Rússia e Ucrânia e na faixa de Gaza. O Mar Vermelho e o Canal de Suez são vitais para o transporte de mercadorias entre a Ásia e a Europa, mas os riscos aumentaram desde novembro, quando militantes Houthi, no Iêmen, começaram a atacar navios no Mar Vermelho. “A maioria dos navios tem feito desvios em torno do Mar Vermelho, aumentando as rotas. Os fretes subiram, mas já estão voltando ao normal”, diz Morel.

Rafael Dantas, diretor de vendas da Asia Shipping, diz que, assim como a cabotagem, o setor de contêineres foi afetado pela seca em Manaus (AM) e no Canal do Panamá, comprometendo a produção industrial, especialmente na Zona Franca. “Mas, apesar da seca, o mercado está indo bem, não há problemas na economia brasileira.”

O setor portuário tem resolvido parte de seus desafios regulatórios. Mesmo assim, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) instituiu, em dezembro, uma comissão especial de juristas que tratará da revisão da Lei no 12.815/2013, a Lei dos Portos. O grupo discutirá questões trabalhistas, arrendamentos, concessões e tarifas e terá 180 dias para elaborar um relatório sobre o marco legal e apresentar um projeto de lei.

“O setor vive uma crise de mão de obra. Em dezembro, entramos com uma ação direta de inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal (STF), em relação à exclusividade do Órgão Gestor de Mão de Obra (OGMO), prevista na Lei no 13.815. Há terminais com 200 vagas, mas os trabalhadores avulsos não querem trabalhar em regime CLT”, reclama Morel. O OGMO regulamenta e fiscaliza trabalhadores avulsos do setor portuário.

Para Patrício Júnior, diretor de investimentos em terminais da Terminal Investments Limited (TIL), é preciso celeridade nos processos regulatórios para atrair investimentos. A TIL, do grupo MSC, tem participação nos terminais BTP (SP), Portonave (SC), Multiterminais (RJ) e TVV (ES). “Onde houver oportunidade de operações de contêineres temos interesse em investir no Brasil, um dos três países do mundo em que os controladores da MSC nos deram liberdade para investir, ao lado da China e Estados Unidos.”

Leonardo Levy, diretor de investimentos para Américas das APM Terminals, defende dragagem contínua e ampliação de capacidade. A empresa tem investimentos em terminais de contêineres em Itapoá (SC), Santos (SP), Suape (PE) e Pecém (CE). Ele cita incidentes – como o fechamento do porto de Navegantes, devido às enchentes – que afetaram vários outros portos. “Não temos, na costa brasileira, folga para suportar esses incidentes devido à falta de capacidade. Há um potencial enorme para o Brasil receber cargas de outros países, mas a capacidade de Santos tem de dobrar nos próximos dez anos.”

A comissão de juristas, diz Ricardo Arten, CEO da Brasil Portuário Terminal (BTP), tem consultado o setor e espera-se que ela garanta mais autonomia na gestão portuária. O modelo centralizado em Brasília está sendo flexibilizado com a delegação de competências de alguns portos: Santos (SP), Paranaguá (PR), Suape (PE), Itajaí (SC), São Sebastião (SP) e Itaqui (RS).

Em 2023, Santos movimentou 173,3 milhões de toneladas, alta de 6%, e obteve sua delegação em dezembro. Assim, trabalha para cuidar das licitações de seus próprios arrendamentos e conduzir obras com investimentos de R$ 7 bilhões. Anderson Pomini, presidente da Autoridade Portuária de Santos (APS), diz que a meta é dobrar a capacidade em granéis líquidos e licitar um novo terminal de granel sólido vegetal. Mas a principal novidade foi a decisão de não licitar mais o quarto terminal de contêineres. Ele calcula que o limite será atingido em 2030.

“Temos seis anos para ampliar nossa capacidade de movimentação de contêineres. A solução é adensar as áreas da BTP e da Santos Brasil, os dois maiores terminais, aumentando, imediatamente, a capacidade de Santos em mais de 1,5 milhão de TEUs (medida de um contêiner de 20 pés). O processo com a Santos Brasil está mais adiantado; com a BTP aguardávamos a renovação de sua concessão”, diz Pomini. O porto de Santos terá investimentos de R$ 10,64 bilhões de 2024 a 2028, com cerca de R$ 5,8 bilhões para a construção do túnel subterrâneo que ligará os municípios de Santos e Guarujá. Os recursos são dos governos federal, estadual e R$ 1 bilhão da iniciativa privada.

Antônio Carlos Sepúlveda, CEO da Santos Brasil, considera a solução satisfatória. A empresa receberá uma área greenfield, onde hoje vive uma comunidade que será transferida com a contrapartida dos investimentos. Em 2023, o Tecon Santos movimentou 1,8 milhão de TEUs, atingindo 76% da capacidade operacional de 2,4 milhões de TEUs, que deve chegar a 3 milhões em 2030.

Para Patrício Júnior, da TIL, uma das controladoras da BTP, a solução não resolve a falta de capacidade em Santos; o ideal é que haja uma licitação plena de toda a área do STS-10. “O nosso problema é a falta de planejamento a longo prazo. O STS-10 era a última área para contêiner no Brasil. Quanto maior a capacidade, menor o preço.”

A BTP receberá uma parte do STS-10 e uma outra área greenfield. Arten, da BTP, diz que não teve informação oficial sobre o adensamento, mas entende que é fundamental a expansão em Santos. Ele comemora a renovação antecipada de seu contrato, uma negociação que durou três anos. Até 2027, a empresa vai investir R$ 1,9 bilhão para aumentar em 40% a capacidade e elevar a movimentação de 1,4 milhão para 2,1 milhões de TEUS.

Em 2023, foram leiloados dez terminais, somando R$ 1,41 bilhão de investimentos. Para 2024, estão previstos leilões de 15 arrendamentos portuários com mais R$ 7,9 bilhões em investimentos. Um dos ativos que geram dúvidas é a licitação da polêmica “área do meio”, localizada entre os terminais da Vale e da CSS no porto de Itaguaí (RJ).

Já existem quatro terminais de minério na região: a Vale opera o Terminal da Ilha Guaíba e o Terminal da CPBS, a CSN Mineração tem o Tecar, e há o porto Sudeste, que em 2023 movimentou 26 milhões de toneladas de minério de ferro, alta de 47,9%, mas ainda longe da capacidade de 100 milhões de toneladas. Os demais terminais também operam abaixo de sua capacidade.

“A partir dos planos de desinvestimento da Vale, surgiram novos e menores players, que precisam ter alternativas. Pelas rodadas que fizemos, acreditamos que haverá interessados no terminal. Nossa sugestão é de que Vale e CSN só possam participar se não aparecerem interessados. Quanto ao Sudeste, não há restrição”, diz Eduardo Nery, diretor-geral da Antaq.

Outra novidade é a concessão dos canais de acesso ou da dragagem de Paranaguá, Santos e Itajaí. Pomini, de Santos, descarta uma concessão do canal, preferindo conceder serviços de dragagem por 25 anos, cuja modelagem será feita pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Paranaguá realizou audiências públicas que receberam mais de 400 contribuições, atualmente em análise para chegar ao modelo de concessão que será submetido ao Tribunal de Contas da União (TCU). A meta é licitar no último bloco de leilões em novembro. “Já Itajaí será uma concessão parcial do acesso aquaviário conjugado com o arrendamento do terminal de contêineres, que era operado pela APM Terminals”, diz o diretor-geral da Antaq.

Em 2023, o porto de Paranaguá (PR) teve seu melhor ano, com uma movimentação de mais de 65 milhões de toneladas. Luiz Fernando Garcia, diretor-presidente da Portos do Paraná, diz que a ideia é que, nos quatro primeiros anos, haja investimentos de mais de R$ 1 bilhão pelo vencedor da concessão do canal. “Vence aquele que oferecer a menor tarifa combinada com o maior lance”, diz Garcia.

Já Suape concluiu a dragagem do canal externo para uma profundidade de 20 metros – capaz de incluir novamente o porto nas rotas internacionais de contêineres – e contratou a Infra S.A. para conduzir estudos de viabilidade visando à expansão do porto. Segundo Márcio Guiot, presidente do porto de Suape, há planos para relicitação em 2026 do terminal de contêiner, que vence em 2031, e concessão de novas áreas.

Única autoridade portuária privatizada, a Codesa, agora Vports, também prepara novos arrendamentos, o que desagrada operadores já instalados. Gustavo Paixão, diretor de terminais da Log-In, que mantém em Vitória o terminal de contêineres TVV, entende que a concessão está no início, mas faltam investimentos rápidos e práticos que destravem a operação portuária.

Valor - SP   28/03/2024

Seca na Amazônia e inundações em Santa Catarina limitam a movimentação de cargas e segmento tem avanço tímido pelo segundo ano consecutivo

Lorenzi, da Norsul: 16 milhões de toneladas transportadas em 2023 — Foto: Claudio Belli/Valor

Os eventos climáticos que resultaram em estiagem no Amazonas e inundações em Santa Catarina comprometeram o desempenho da cabotagem em 2023. Segundo a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), o segmento movimentou 290,1 milhões de toneladas, ligeira expansão de 1,6%, repetindo o fraco desempenho de 2022 (1,2%). Isso após anos de crescimento amplo, que resultaram em expansão de 59,3% desde 2010. Luiz Fernando Resano, diretor-executivo da Associação Brasileira dos Armadores de Cabotagem (Abac), diz que havia a expectativa de crescimento, mas a seca do Amazonas, mais extensa que em anos anteriores, mudou o quadro.

Normalmente, a seca ocorre de setembro a meados de novembro, exigindo navios com menor volume de carga para ficarem mais leves. Em 2023, a estiagem ocorreu por três meses, de agosto a novembro, e os navios não puderam sequer chegar a Manaus. “A carga tinha de chegar à Vila do Conde (PA) e seguir de balsa até Manaus. Só que não havia infraestrutura e nem equipamentos para esse transbordo, e muitas cargas ficaram retidas. A expectativa é que em 2024 a seca seja ainda mais severa”, diz.

Para Luiza Bublitz, presidente da Aliança, 2023 foi um ano desafiador devido à seca no Norte e fortes chuvas e ciclones no Sul, que acabaram impactando a operação. Ela destaca que 51% da cabotagem brasileira passa por Manaus, e a Aliança tem um percentual relevante de clientes na Zona Franca.

“É natural que sofrêssemos impactos em nossas movimentações. Mas as perspectivas para 2024 são mais otimistas. Acreditamos na logística integrada, combinando a cabotagem aos modais rodoviário e ferroviário e utilizando armazéns estrategicamente posicionados nos Estados”, diz Bublitz.

Bublitz, da Aliança: perspectivas mais otimistas para 2024 — Foto: Silvia Zamboni/Valor

Há 70 anos no Brasil, a Aliança lidera o mercado com uma carteira de cerca de 1,8 mil clientes, 170 caminhões próprios e nove navios de contêiner que atuam entre 14 portos, além de 18 terminais ferroviários e mais de 48 mil m² de armazéns. Apesar do poderio, a empresa tem perdido participação de mercado. “É claro que queremos crescer nossa participação ano a ano, mas também entendo que existem fatores que impactam as estratégias, como o clima, e, então, entram fatores essenciais para a logística, que são a resiliência e a capacidade de se adaptar rapidamente a novos cenários.”

O Programa BR do Mar, de incentivo ao crescimento da cabotagem, há dois anos aguarda regulamentação por meio de decreto que deveria ser editado pelo Ministério de Portos e Aeroportos. Mas a Lei n° 14.301/2022 já promoveu alterações de regras liberando, de forma progressiva, o uso de navios estrangeiros. Com isso, houve aumento de frota da Log-In e da Mercosul Line e também com a chegada de um novo player. A Aliança ainda não utilizou os benefícios da BR do Mar, mas acompanha a evolução da demanda nacional e a capacidade disponível para futuras ampliações de frota ou novas rotas.

“Nosso foco é impulsionar o novo serviço Express Manaus, com saídas semanais do porto de Santos (SP) para Manaus. Um incremento em termos de capacidade e menor ‘lead-time’, ou seja, nove dias, sem paradas”, reforça Bublitz.

A novidade do mercado é a chegada da Norcoast, joint venture entre a brasileira Norsul e a alemã Hapag-Lloyd. O novo player confirma o movimento de os armadores globais terem uma perna de cabotagem no Brasil, tendência verificada com as associações Aliança/Maersk, Log-In/MSC e Mercosul Line/CMA CGM.

Gustavo Paschoa, CEO da Norcoast, diz que a empresa surgiu incentivada pelas novas regras que permitem trazer navios sem necessidade de lastro. A empresa começou a operar em fevereiro, com quatro navios de 3.500 TEUs (medida usada para calcular o volume de um contêiner) afretados da Hapag-Lloyd. O foco não é capturar cargas das empresas já estabelecidas no país, mas fazer o volume crescer.

“Um novo entrante traz capacidade adicional, mas só isso não vai atrair quem não usa cabotagem. Teremos dois diferenciais: um portal para contratação on-line, e não apenas para cotação; e regularidade de oferta semanal equânime entre Santos, Paranaguá (PR), Suape (PE), Pecém (CE) e Manaus. Nascemos para atender prioritariamente o mercado de cabotagem e secundariamente o de feeder para a Hapag [sua controladora] e também outros armadores”, diz Paschoa.

A Log-In Logística Integrada possui uma frota de nove navios, sendo oito próprios e um afretado da MSC. Dois navios, Log-In Discovery e MSC Belmonte, foram afretados via BR do Mar e está prevista mais uma embarcação, no fim do primeiro semestre, adquirida recentemente. Felipe Gurgel, diretor comercial da Log-In, diz que a operação de cabotagem teve o crescimento recorde de 15,8% em 2023, em função do aumento de 19,4% na capacidade nominal com a adição dos dois novos navios para a operação do Serviço Expresso Amazonas.

A Mercosul Line informa que a seca afetou seu desempenho a ponto de a empresa passar várias semanas sem conseguir entrar em Manaus com um navio. Para enfrentar a situação, organizou rapidamente, em dezembro, um serviço adicional em Manaus com o navio porta-contêineres CMA CGM Aristote.

Em 2023, a Mercosul Line agregou à sua frota um navio de 3.800 TEUs e outro de 3.400 TEUs via BR do Mar. Eles se somam aos três de 2.500 TEUs que a companhia já tinha. Em 2024, a expectativa é seguir ampliando a capacidade. A empresa defende a dragagem regular do rio Amazonas para assegurar a circulação de mercadorias.

Fora do segmento de contêineres, Norsul, El Cano e Flumar operam com granéis sólidos e granéis líquidos. Há 60 anos no mercado, a Norsul transporta as duas modalidades (como bobinas, cimentos, minerais e produtos siderúrgicos, em sólidos, e hidrocarbonetos, derivados e biocombustíveis, em líquidos), tendo movimentado 16 milhões de toneladas em 2023, com receita de R$ 1,5 bilhão. A empresa possui 19 embarcações próprias destinadas à cabotagem e ao longo curso e opera contratos de longo prazo em projetos dedicados.

“Para citar algumas operações, temos um serviço porta a porta de bauxita da Alumar, levando o produto da mina para o cliente da mineradora; um serviço dedicado de cimento de Aracaju a Manaus; um de celulose com a Portocel no sul da Bahia; e outro de aço da ArcelorMittal. São dezenas de clientes ante centenas do negócio de contêineres. O nosso diferencial é estar sempre perto do cliente, atuando como um elo da sua cadeia”, diz Fabiano Lorenzi, diretor comercial da Norsul.

PETROLÍFERO

Valor - SP   28/03/2024

Principal motivo seria decisão da Opep+ em não elevar os cortes na produção para o segundo semestre

Os preços do petróleo voltam a registrar queda nesta quarta-feira (27) em um ajuste depois da forte alta do início da semana. Isso se deve ao fato da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) decidir, segundo fontes, não elevar os cortes na produção a partir de junho, conforme era esperado por investidores.

Por volta das 10h40, o petróleo Brent — referência mundial — para junho caía 0,57% a US$ 85,76 por barril, enquanto o petróleo WTI — referência americana — também para junho recuava 0,5% a US$ 81,21.

Apesar da queda, a promessa da Rússia de aprofundar os cortes na produção de petróleo poderá levar o petróleo Brent a US$ 100 o barril até setembro, se nenhuma ação for implementada para mitigar os efeitos dos preços mais altos, afirmou o J.P. Morgan em nota. O Kremlin ordenou às empresas que reduzissem a produção de petróleo no segundo trimestre para cumprir sua meta de produção até ao final de junho, em linha com a política da Opep+, segundo a Reuters.

O aumento dos preços poderia ser ainda mais amplificado por uma possível extensão das restrições da Opep+ até ao final do ano, e colocaria pressão sobre os EUA antes das eleições presidenciais, empurrando os preços da gasolina para cima, afirma o J.P. Morgan.

Analistas do banco americano, no entanto, mantêm sua previsão para o Brent inalterada em US$ 90 por barril até maio e US$ 85 por barril no segundo semestre, dizendo que aguardam obter mais clareza sobre as intenções da Rússia.

Infomoney - SP   28/03/2024

Os contratos futuros de petróleo fecharam em queda nesta quarta-feira, 27, após o inesperado salto nos estoques da commodity nos Estados Unidos amplificar os temores em relação à demanda.

Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o barril do WTI para maio encerrou a sessão em baixa de 0,33% (US$ 0,27), a US$ 81,35. Já o do Brent para junho negociado na Intercontinental Exchange (ICE) caiu 0,26% (US$ 0,22), a US$ 85,41.

A pressão sobre o ativo prevaleceu desde a madrugada, horas depois de o American Petroleum Institute (API) estimar um avanço de 9,3 milhões de barris nos estoques americanos de petróleo na semana encerrada em 22 de março.
O movimento se confirmou no final da manhã, quando o Departamento de Energia (DoE, na sigla em inglês) informou um aumento de 3,165 milhões de barris nos inventários nos EUA. O número contrariou a expectativa de analistas consultados pelo The Wall Street Journal, que previam redução de 1,2 milhão de barris.

No lado da oferta, investidores aguardam a reunião da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e Aliados (Opep+), marcada para 3 de abril. Conforme relatos de múltiplos veículos da imprensa estrangeira, o cartel deve manter a produção petrolífera inalterada, o que contribui para o sinal negativo das cotações.

Para a chefe de Dinheiro e Mercados da Hargreaves Lansdown, Susannah Streeter, essa questão segue no foco das mesas de operações. “Novos ataques dos rebeldes Houthi no Mar Vermelho nos últimos dias e a ausência de um cessar-fogo em Gaza deverão ajudar a manter um piso para os preços”, projeta.

AGRÍCOLA

Jornal do Comércio - RS   28/03/2024

Revendas têm estoque de tratores e colheitadeiras para até seis meses, projeta Abimaq

As indústrias de máquinas e implementos agrícolas encerraram os dois primeiros meses de 2024 com queda de 29,7% sobre o faturamento do mesmo período do ano passado. O dado, apontado pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), coloca em risco a projeção inicial, de uma redução de 15% para o exercício atual.

Na análise do presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas da entidade, Pedro Estevão, a performance do ano precisará ser revisada negativamente caso o comportamento do mercado se sustente no patamar atual até abril. O dirigente atribuiu os números na comercialização de tratores e colheitadeiras ao momento de menor rentabilidade dos produtores agrícolas.

“Com as principais commodities em baixa, taxas do Moderfrota em 12,5%, consideradas altos, e uma leitura do movimento de queda na Selic fizeram o produtor segurar as compras e esperar melhor momento. A seca no Centro-Oeste e a chuva no Sul também contribuíram para diminuir a capacidade de investimento”, ponderou.

Ao longo de 2023, a retração foi de 22% sobre o ano anterior, segundo a Abimaq. A expectativa da entidade é pela confirmação da renegociação das parcelas que vencem neste ano para os financiamentos agrícolas, para revigorar o fôlego do setor. A medida foi sinalizada pelo ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, durante a Expodireto Cotrijal, no início do mês, em Não-Me-Toque.

Para o presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas do Rio Grande do Sul, Claudio Bier, porém, será preciso esperar um pouco mais pela recuperação das vendas. Ele argumenta que, como as revendas estão com muitos tratores e colheitadeiras estocados – a Abimaq estima volume para quatro a seis meses –, novas encomendas só ocorrerão após esvaziarem os pátios.

Por conta da paralisação nos negócios, John Deere e AGCO, duas das maiores empresas do segmento do País, interromperam total ou parcialmente a produção em suas unidades em Santa Rosa e Horizontina. O movimento, inclusive com lay-off por 60 e 90 dias, respectivamente, é justificado por ambas como de revisão do cenário e adequação da produção à demanda.

“Mas não vivemos um momento de crise no setor. Estamos em período de acomodação do mercado. Acredito que a criação de linhas de financiamento para que os pequenos agricultores possam adquirir equipamentos menores, na linha do que conversamos com o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), Paulo Teixeira, recursos para o Plano Safra 2024/2025 e juros em queda irão ajudar muito”, completou Bier.

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