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23 de Janeiro de 2024

ECONOMIA

IstoÉ Dinheiro - SP   23/01/2024

O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 0,5% em novembro ante outubro, segundo o Monitor do PIB, apurado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). Em relação a novembro de 2022, houve avanço de 2,6% no PIB de novembro de 2023.

“O crescimento do PIB em novembro é reflexo do desempenho positivo das três grandes atividades econômicas (agropecuária, indústria e serviços). Pela ótica da demanda, embora o consumo das famílias tenha crescido, destaca-se negativamente o desempenho da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF)”, avaliou a coordenadora da pesquisa, Juliana Trece.

Segundo Trece, no caso da FBCF, a forte retração de 7,1% em novembro, influenciada principalmente pelo fraco desempenho de máquinas e equipamentos, reflete-se diretamente na baixa taxa de investimentos. “Esses fatores indicam certa fragilidade desse crescimento, o que liga um alerta para o futuro”, afirmou Trece em nota.

O Monitor do PIB antecipa a tendência do principal índice da economia a partir das mesmas fontes de dados e metodologia empregadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pelo cálculo oficial das Contas Nacionais.

No acumulado em 12 meses até novembro, a atividade econômica teve um crescimento de 2,9%. A taxa de investimento em novembro foi de 16,9%; pouco acima da média histórica desde 2015 (16,4%), mas abaixo da média histórica desde 2000 (17,9%).

No trimestre móvel encerrado em novembro, ante o mesmo mês do ano anterior, o PIB teve uma expansão de 2%. Nesse tipo de comparação, sob a ótica da demanda, o consumo das famílias subiu 2,8%, mantendo a trajetória de desaceleração no ritmo de crescimento, com menor contribuição de todas as categorias de consumo.

“Ainda assim, observa-se que, à exceção do consumo de produtos semiduráveis, todas as demais categorias de consumo cresceram”, observou a FGV.

Exportações

A exportação de bens e serviços cresceu 7,9% no trimestre móvel terminado em novembro. Apesar de elevado, este crescimento é o menor desde o trimestre findo em abril, de acordo com a FGV.

“O recuo de 8,2% da exportação de bens intermediários no trimestre ampliou a contribuição negativa deste tipo de bem, o que se refletiu no menor crescimento da exportação no trimestre. Ainda assim, as elevadas exportações de produtos agropecuários explicam o desempenho elevado das exportações no decorrer de todo o ano de 2023”, informou a Fundação.

O total das importações retraiu 2,8% no trimestre móvel findo em novembro. Segundo a FGV, as importações de bens intermediários seguem sendo a principal razão para a retração do total importado, no entanto, desde o trimestre findo em outubro, as importações de serviços têm contribuído positivamente, o que contribui para atenuar o recuo das importações.

Em termos monetários, estima-se que o acumulado do PIB até novembro em valores correntes, tenha sido de R$ 9,871 trilhões.

Agência Brasil - DF   23/01/2024

O mercado financeiro reduziu novamente a previsão da inflação para este ano. Segundo projeção do Boletim Focus, divulgada hoje (22) pelo Banco Central (BC), o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) - considerado a inflação oficial do país - deve fechar este ano em 3,86%. Há uma semana, a projeção do mercado era de que a inflação este ano ficasse em 3,87%. Há quatro semanas, a previsão era de 3,91%.

Divulgado semanalmente, o Boletim Focus reúne a projeção de mais de 100 instituições do mercado para os principais indicadores econômicos do país. Para 2025, a projeção da inflação ficará em 3,5%. Para 2026 e 2027, a previsão é que o índice fique nos 3,5% nos dois anos.

A estimativa para 2024 está dentro do intervalo de meta de inflação que deve ser perseguida pelo BC. Definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), a meta é 3% para 2023, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual (p.p) para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é 1,5% e o superior 4,5%.

Para alcançar a meta de inflação, o BC usa como principal instrumento a taxa básica de juros, a Selic, a taxa básica de juros, definida em 11,75% ao ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom).

O comitê informou que deve seguir com cortes de 0,5 p.p nas próximas reuniões.

Quando o Copom aumenta a taxa básica de juros, a finalidade é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.

Quando o Copom diminui a Selic, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle sobre a inflação e estimulando a atividade econômica.

Para o mercado financeiro, a Selic deve encerrar 2024 em 9% ao ano. Para o fim de 2025, a estimativa é de que a taxa básica caia para 8,5% ao ano. A mesma previsão para 2026 e 2027.

PIB

Em relação ao crescimento do Produto Interno Bruto - soma de todos os bens e serviços finais produzidos no país - (PIB), o Focus aumentou a previsão de crescimento, em 2024, para 1,6%, ante os 1,59% da semana passada. Para 2025, o boletim também manteve a previsão de crescimento da semana passada de 2%, que também é a mesma para os anos de 2025 e 2026.

Câmbio

O boletim divulgado nesta segunda-feira também prevê diminuição no valor do câmbio em dólar. Segundo o Focus, em 2024, a moeda fecha o ano em R$ 4,92. Na semana passada, a previsão era de R$ 4,95. Há quatro semanas a previsão era de que a moeda norte-americana ficasse em R$ 5,00. Para 2025, a projeção é que o dólar também fique em R$ 5,00. Para 2026, a expectativa é que o câmbio feche em R$ 5,05 e para 2027, em R$ 5,10.

O Estado de S.Paulo - SP   23/01/2024

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou nesta segunda-feira, 22, um plano de estímulo à indústria brasileira, que enfrenta um quadro crônico de estagnação e perda de competitividade. Batizado de Nova Indústria Brasil, o pacote reedita políticas de antigas gestões petistas ao prever R$ 300 bilhões em financiamentos e subsídios ao setor, até 2026, além de uma política de obras e compras públicas, com incentivo ao conteúdo local (exigência de compra de fornecedores brasileiros).

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) lidera a iniciativa, mobilizando R$ 250 bilhões dos R$ 300 bilhões previstos em créditos subsidiados. Desse total, R$ 77,5 bilhões já foram aprovados em 2023, sendo R$ 67 bilhões do banco de fomento e R$ 10,5 bilhões da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).

Uma das linhas já disponíveis é o Programa Mais Inovação, que concede crédito cobrando a variação da Taxa Referencial mais um adicional de 2%. Segundo o Palácio do Planalto, trata-se dos “menores juros já aplicados para financiamento à inovação no País”. Outros R$ 20 bilhões virão da Finep por meio de recursos não-reembolsáveis, ou seja, que não precisam ser devolvidos e que serão distribuídos por meio de chamadas públicas e editais.

No evento, Lula afirmou que os R$ 300 bilhões são um “alento” para a indústria “dar um salto de qualidade”. “É muito importante para o Brasil que a gente volte a ter uma política industrial inovadora, totalmente digitalizada, como o mundo exige hoje, e que a gente possa superar de uma vez por todas esse problema de o Brasil nunca ser um país definitivamente grande e desenvolvido”, afirmou o presidente. “O nosso problema era dinheiro. Se dinheiro não é problema, então nós temos que resolver as coisas com muito mais facilidade”, disse Lula, ao cobrar os ministros para que apresentem resultados pelo novo programa.

“Muitas vezes, para que o Brasil se torne competitivo, tem que financiar algumas das coisas que ele quer exportar. A gente não pode agir como a gente sempre agiu achando que todo mundo é obrigado a gostar do Brasil e que todo mundo vai comprar no Brasil sem que a gente cumpra com as nossas obrigações. O debate a nível de mercado internacional é muito competitivo, é uma guerra”, disse Lula. “Muita gente fala em livre mercado quando é para vender, mas quando é para comprar, protege o seu mercado como ninguém.”

Economistas, porém, são críticos ao formato e veem um “vale a pena ver de novo”. Em entrevista ao Estadão, o economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale, afirmou que a política é uma “velha roupagem de coisas que a gente já conhece: uma velha política industrial baseada em usar recursos” públicos.

Vale se refere à política de estímulo à industrialização do primeiro governo Lula, que elegeu empresas de setores específicos na chamada política de campeãs nacionais. Além disso, concedeu crédito subsidiado, via BNDES, para compra de máquinas e caminhões e exigiu conteúdo local nas contratações feitas pela Petrobras.

Mercadante rebate críticas

O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, rebateu as críticas e defendeu a volta do investimento estatal, alegando que outros países também estão nessa trilha.

“Precisamos fazer um debate franco. Eu quero perguntar a esses que escrevem todos os dias dizendo que estamos trazendo medidas antigas: me expliquem a China? Por que a China é o país que mais cresceu no mundo nos últimos 40 anos? Me explique a política econômica americana. Já são dois trilhões na década em subsídio, incentivo, em investimento público para atrair empresas, inclusive empresas brasileiras”, afirmou.

“Não tem como rever a indústria brasileira sem uma nova relação de Estado e mercado. Não é substituir o mercado, não é não acreditar na importância do mercado, que é uma instituição indispensável de desenvolvimento econômico. Mas o Brasil precisa, diante de desafios históricos, da transição digital acelerada e do imenso desafio da crise ambiental (...) a transição para a economia verde exige a participação do Estado”, destacou.

Mercadante afirmou, ainda, que o valor de R$ 300 bilhões é “piso” do que o governo deseja aplicar na política industrial e afirmou que os demais bancos estatais - Banco do Brasil e Caixa, além da Finep - “trabalharão de forma coordenada no mesmo objetivo”.
Plano é focado em seis áreas

O Nova Indústria Brasil é focado em seis áreas específicas, que possuem metas de entrega para um horizonte de dez anos. São elas: cadeias agroindustriais; saúde; bem-estar das pessoas nas cidades; transformar digitalmente; bieconomia, descarbonização e transição e segurança energéticas; e defesa.

No caso do eixo ligado à saúde, por exemplo, uma das metas é elevar de 42% para 70% a participação da indústria nacional na produção de medicamentos, vacinas, equipamentos e dispositivos médicos. Já no caso da área de defesa, busca-se obter autonomia na produção de 50% das tecnologias “críticas” para a área.

“Ficamos sete anos sem ter reunião do CNDI (Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial) e esta já é a segunda no seu governo. Lula é compromissado com a indústria, porque sabe que não tem desenvolvimento mais forte sem indústria forte”, afirmou Geraldo Alckmin, vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços durante o evento no Palácio do Planalto.

O ministro estava ao lado do presidente Lula e do ministro da Casa Civil, Rui Costa. O evento também contou com a participação de empresários, como Guilherme Gerdau e Márcio de Lima Leite, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Chamaram a atenção, porém, as ausências dos ministros da área econômica. Não estavam presentes Fernado Haddad, da Fazenda.

No discurso, Alckmin também relembrou outras iniciativas, como a depreciação acelerada, que permite que as empresas abatam mais rapidamente, dos impostos federais, os investimentos em maquinário; e a utilização do poder de compra do Estado para contratações públicas, como obras e compras da administração direta e de empresas estatais para alavancar o desenvolvimento industrial em áreas consideradas estratégicas, como infraestrutura, energia limpa, saúde e defesa.

Nesses casos, sobressaem iniciativas como o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), coordenado pela Casa Civil, bem como as aquisições realizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e pelas Forças Armadas Brasileiras.

No âmbito das compras públicas, o foco está em três instrumentos que o Estado pode utilizar para fomento do desenvolvimento: margens de preferência (diferencial de preços, nas compras públicas, para beneficiar os produtos nacionais); compensações tecnológicas, industriais e comerciais (offsets); e encomendas tecnológicas. 

Investing - SP   23/01/2024

A balança comercial brasileira registrou superávit comercial de US$ 1,013 bilhão na terceira semana de janeiro (dias 15 a 21). De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) divulgados nesta segunda-feira, 22, o valor foi alcançado com exportações de US$ 5,512 bilhões e importações de US$ 4,499 bilhões. No mês, o superávit acumulado é de US$ 4,471 bilhões.

Até a 3ª semana de janeiro, a média diária das exportações registrou aumento de 22,4% na comparação com a média diária do período em 2023, com crescimento de US$ 55,2 milhões (34,2%) em Agropecuária; alta de US$ 85,57 milhões (35,4%) em Indústria Extrativa e avanço de US$ 90,25 milhões (14,4%) em produtos da Indústria de Transformação.

As importações igualmente tiveram crescimento no período, de 1,7%, também na comparação pela média diária, com queda de US$ 0,05 milhões (-0,2%) em Agropecuária; recuo de US$ 20,16 milhões (-27,1%) em Indústria Extrativa e crescimento de US$ 36,31 milhões (4,4%) em produtos da Indústria de Transformação.

Money Times - SP   23/01/2024

O plano de desenvolvimento do governo Lula para a indústria brasileira, que prevê 300 bilhões de reais em financiamentos até 2026, foi visto pelo mercado como um fator de risco para o equilíbrio fiscal, fazendo o dólar à vista subir mais de 1% ante o real nesta segunda-feira, em movimento sustentado ainda pela recuperação da divisa dos EUA no exterior durante a tarde.

O dólar à vista fechou o dia cotado a 4,9878 reais na venda, em alta de 1,23%. Em janeiro, a moeda acumula elevação de 2,81%.

Na B3, às 17:04 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 1,13%, a 4,9945 reais.

Pela manhã, o dólar já sustentava ganhos ante o real, a despeito de no exterior a divisa estar recuando ante uma cesta de moedas fortes e ante boa parte das divisas de exportadores de commodities.

Investidores demonstravam cautela nos negócios à espera do restante da semana, quando saem dados importantes no Brasil e no exterior, além de decisões de política monetária em economias centrais.

No início da tarde, porém, as cotações no Brasil aceleraram, após o governo anunciar o plano “Nova Indústria Brasil”, que prevê linhas de crédito para empresas, subsídios e conteúdo local nos produtos.

De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), dos 300 bilhões de reais previstos para financiamentos até 2026, sendo que 106 bilhões de reais já haviam sido anunciados em julho do ano passo.

Pela proposta, serão priorizados instrumentos financeiros sustentáveis e crédito para inovação, infraestrutura e exportações, além de subsídios, como os incentivos fiscais. Parte deles, segundo o MDIC, já começou a ser adotada por instituições como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).

No mercado, a percepção mais geral foi de que os 300 bilhões de reais anunciados — ainda que possam estar ligados a operações do BNDES, o que não necessariamente trará impacto fiscal — eleva o risco em relação às contas do governo. Em reação, o dólar se reaproximou dos 5,00 reais.

“Há uma recomposição de posições defensivas”, pontuou o diretor da Correparti Corretora, Jefferson Rugik, ao justificar a alta firme do dólar ante o real. “O programa pode trazer despesas para o governo e o mercado se ajusta, vai para a proteção do dólar.”

A aceleração das cotações no Brasil também foi favorecida pelo fato de que, no início da tarde, o dólar Index — que compara a moeda ante uma cesta de divisas fortes — recuperou fôlego no exterior, passando a registrar leves altas.

Assim, após oscilar pontualmente no negativo no início da sessão, marcando a cotação mínima de 4,9240 reais (-0,07%) às 9h02, o dólar à vista registrou a máxima de 4,9940 reais (+1,35%) às 16h23.

Porém, a divisa não teve força para superar os 5,00 reais — um importante nível de resistência técnica, cuja proximidade atrai vendedores de moeda ao mercado.

Às 17:25 (de Brasília), o índice do dólar –que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas– subia 0,09%, a 103,360.

O BC vendeu na sessão desta segunda-feira todos os 16.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados na rolagem dos vencimentos de março.

Ao longo desta semana, os investidores vão monitorar a decisão de política monetária do Banco Central Europeu (BCE), na quinta-feira, a divulgação de uma série de dados norte-americanos e o Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) no Brasil, na próxima sexta-feira.

O Estado de S.Paulo - SP   23/01/2024

Nada mais necessário para estancar a desindustrialização contínua e o definhamento da indústria brasileira do que uma política industrial.

No entanto, a que acaba de ser divulgada pelo governo Lula 3 está carregada de vícios antigos. Para garantir eficácia, uma política industrial tem de ser calcada em fundamentos macroeconômicos sólidos: contas públicas em ordem, inflação sob controle e juros mínimos; custo país lá embaixo, que minimize as despesas com infraestrutura; um quadro de sólidas regulamentações para segurança jurídica; e confiança do empresário na condução da política econômica.

Não é o que temos. O rombo fiscal tende a empurrar a dívida para cima, a aumentar a carga de impostos e a pressionar por mais emissão de moeda e, portanto, a dar força para a inflação. É um chão que tende a manter os juros em patamar elevado e, como consequência, compor um crédito caro – mais caro do que o da concorrência externa.

Apesar dos leilões de concessão, a infraestrutura do País está mais para sucata do que para produção azeitada. A rede elétrica não resiste a um vento forte e a temporais. Quase não há ferrovias. Apesar das reformas feitas no governo Temer, as leis trabalhistas continuam uma barafunda. E estas não são as únicas fontes de insegurança jurídica. O STF, por exemplo, vem passando inúmeras sentenças carregadas de interpretações subjetivas e de viés político.

Não é à toa que a poupança nacional e os investimentos vêm caindo todos os anos em proporção ao PIB. Todo empresário sabe que tem de correr certos riscos. Mas não nesse ambiente de instabilidade, que impõe jogo de retranca e gera fuga para os refúgios de sempre.

Então, falta muita qualidade nos fundamentos da economia brasileira que garanta sucesso a uma política industrial, qualquer que seja ela.

A respeito das novas propostas anunciadas pelo governo nesta segunda-feira, ainda não pode ser dito tudo, mas alguns enunciados já permitem desconfiar de que o governo está desenterrando velharias, baseadas em protecionismos que já deram errado no passado.

Uma dessas velharias é o princípio de conteúdo local, que obriga as empresas a engolir componentes, peças e produtos acabados “made in Brazil” a um custo alto demais.

Em princípio, a substituição das importações já deu o que tinha de dar. A Embraer, por exemplo, é um grande sucesso, exporta para o mundo todo e, no entanto, importa entre 60% e 70% dos componentes de seus aviões: motores, asas, trem de pouso, eletrônica embarcada e tanta coisa mais. Por que não deixar que o produtor opte pelo melhor e pelo mais barato?

Outra dessas ideias velhas é o uso das compras governamentais como mecanismo de fomento à indústria local. Há meses, o acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia está emperrado porque o presidente Lula insiste em não abrir mão na preferência de produtos nacionais em licitações públicas.

Ignora o fato de que a indústria teria enorme proveito se pudesse ter contrapartida nas compras de outros governos. A indústria precisa de mercado. Embora o Brasil tenha dimensões continentais, não garante escoamento para a produção nacional.

A indústria automobilística do Brasil, por exemplo, tem capacidade para produzir 5 milhões de veículos. Mas não vende nem produz mais do que 2,5 milhões, porque não consegue exportar. E, em vez de garantir aumento de competitividade à indústria, o governo segue defendendo as carroças daqui com aumento de taxas alfandegárias.

Enfim, são enormes as possibilidades que se abrem para a indústria brasileira nessa importante virada energética global. Mas, infelizmente, essa nova política industrial não entusiasma ninguém.

Globo Online - RJ   23/01/2024

Brasil e China completam cinco décadas de relações diplomáticas neste ano no ápice de seu comércio bilateral. Em 2023, o país asiático tornou-se o primeiro a comprar mais de US$ 100 bilhões em produtos brasileiros em um ano (US$ 104,3 bilhões), respondendo por 30,7% de nossas exportações e 52% do superávit recorde da balança brasileira no período (de US$ 98,8 bilhões). Manteve também sua folgada liderança como fornecedor de produtos manufaturados, com 22,1% das nossas importações.

Ao longo deste século, o Brasil teve apenas dois anos de déficit no comércio com a China (2007 e 2008); desde 2018, o país asiático responde por mais de um quarto das vendas brasileiras ao exterior, 74% delas concentradas em soja, petróleo e minério de ferro.

“O relacionamento entre o Brasil e a China é prioritário para o governo brasileiro, como ficou demonstrado pela visita do presidente Lula a Pequim nos primeiros meses do seu terceiro mandato”, afirmou o Itamaraty, em nota. “Nos dois últimos anos, as exportações do Brasil para a China foram maiores do que as para os Estados Unidos e a União Europeia somadas. No ano passado, a margem em favor da China, nessa comparação, foi ainda maior. Isso é também favorecido pelo bom diálogo no nível político.”

O padrão de comércio entre os dois países revela, no entanto, desequilíbrios que preocupam especialistas. Primeiro, o superávit brasileiro em commodities agropecuárias e da indústria extrativa tem como contraparte expressivo déficit em bens acabados da indústria de transformação

— Eu brinco que o Brasil para a China é um país exportador de peso, no sentido de quantidade. A China para o Brasil é um país exportador de peso em termos de valor — diz José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil. — A China mudou o Brasil, mas em commodities. O custo Brasil inviabiliza a exportação de manufaturados, não temos preços competitivos.

Outra questão é que a importância da China no total das vendas externas não tem paralelo com o número de empresas brasileiras exportando para aquele mercado.

— Soja, petróleo, minério de ferro têm uma concentração, a presença marcante de grandes empresas que exportam grandes volumes — diz Tatiana Prazeres, secretária de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento (MDIC).

Ela afirma que a diversificação da pauta exportadora é objetivo do governo e já poderia estar mais avançada, não fosse o desconhecimento dos produtores nacionais a respeito do mercado chinês.

— A ideia é partir de uma base já competitiva do nosso agronegócio e subir degraus na escala de agregação de valor, aproveitando o aumento de renda na China e expansão da classe média, novos hábitos de consumo. Então, alimento processado é algo, por exemplo, em que há um potencial interessante ainda a ser explorado. Isso envolve esforço público e privado — explica ela.

Na parte que cabe ao governo, a secretária cita ações como a remoção de barreiras para diferentes tipos de carne, a promoção comercial a cargo da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) e a abertura de um novo consulado na China, com a intenção de expandir as oportunidades comerciais para novas empresas e novos setores. Já o esforço privado, em sua visão, depende principalmente de maior presença de empresas brasileiras no outro lado do mundo.

— É necessário que os empresários conheçam pessoalmente potenciais clientes, fornecedores, parceiros, conheçam os canais de distribuição, o ecossistema digital chinês, que é completamente diferente do nosso — diz Prazeres, que morou na China por três anos antes de aceitar seu atual cargo. — Se as empresas brasileiras pretendem atingir consumidores finais na China, é fundamental que haja maior presença física e melhor entendimento de como utilizar a internet para negócios no país.

Sustentabilidade

Para Célio Hiratuka, diretor do Instituto de Economia da Unicamp, a mudança do perfil de comércio sino-brasileiro depende largamente da forma como se estruturarem as relações de investimento da China no Brasil.

— Temos recebido investimento da BYD na Bahia e da Great Wall em São Paulo, no setor automotivo. É uma novidade, empresas chinesas investindo fortemente num setor industrial associado à transição energética, apostando em veículos elétricos — diz Hiratuka.

Segundo o diretor, esse investimento contribui para a incorporação de conhecimento e geração de emprego, mas poderia ir além.

— Num segundo momento, pode atrair mais fornecedores chineses para o Brasil, adensando a cadeia produtiva e transformando o país em hub para distribuição na América Latina — opina.

Desde 2010, o Brasil passou a ser o maior destino de investimentos chineses na América do Sul (48% do total entre 2007 e 2022), com destaque para os setores de eletricidade e extração de petróleo e gás. O MDIC destaca também a importância da visão compartilhada entre dois países com respeito à sustentabilidade.

— Isso gera uma série de oportunidades, desde investimentos em energias renováveis e finanças verdes a cooperação em foros internacionais, inclusive no G20 [grupo que reúne as 20 maiores economias do mundo], que o Brasil preside — comenta Prazeres.

De acordo com ela, biotecnologia é, por exemplo, uma área em que o Brasil tem muito interesse em avançar.

— A abertura do mercado de milho, por exemplo, é resultado de um diálogo entre autoridades dos dois países no que diz respeito ao reconhecimento de eventos de biotecnologia — aponta. — No setor de carnes, há várias questões específicas que estão no nosso radar, para além da habilitação de novas plantas: reconhecimento de novas áreas como livres de febre aftosa, abertura de mercados importantes, como o de miúdos.

A secretária de Comércio Exterior aponta também “sinergia grande” entre os objetivos brasileiros do novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e a Iniciativa do Cinturão e Rota, lançada em 2013 pela China para o desenvolvimento de uma rede multimilionária de projetos de infraestrutura na Ásia, África, Europa e América. Isso não significa que há necessariamente interesse do Brasil em aderir à rota.

— Neste momento, o que eu posso dizer é que estamos empenhados em explorar essa complementariedade que existe entre o interesse brasileiro em atrair investimentos chineses para a infraestrutura de maneira geral, e para as obras do PAC em particular, e o interesse da China em investir no mundo, em projetos como esse — afirma.

Globo Online - RJ   23/01/2024

Ainda são tímidos os investimentos chineses em operações logísticas no Brasil, mas especialistas que acompanham de perto as relações sino-brasileiras avaliam que essa situação tende a mudar nos próximos anos.

— Existe interesse das empresas chinesas e boas oportunidades de investimentos em ativos logísticos no país — diz Gustavo Rabello, sócio e líder do China Desk na TozziniFreire Advogados.

As obras de infraestrutura representaram apenas 4% dos investimentos chineses no Brasil entre 2007 e 2022, enquanto os setores de eletricidade e petróleo ficaram, respectivamente, com 45% e 30% do total dos recursos aplicados, de acordo com levantamento realizado por Tulio Cariello, diretor de conteúdo do Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC).

Entre os raros investimentos chineses que envolvem concessões de ativos logísticos está a operação do Terminal de Contêineres do Porto de Paranaguá (PR), importante rota de exportações de carnes de frango e suína para a China, que é controlado desde 2017 pela CMPorts, empresa da China Merchants Group.

Outro ativo é o Terminal STS 11 de granéis sólidos vegetais no Porto de Santos (SP), arrematado em leilão em 2022 pela trading COFCO International Brasil, empresa exportadora de soja, milho e açúcar, que investirá R$ 764 milhões na operação para ampliar a capacidade do terminal para 14,3 milhões de toneladas anuais a partir de 2026.

Na Bahia, o consórcio formado pela China Communications Construction Company (CCCC) e a China Railway 20 Bureau Group Corporation (CR20) planeja iniciar a construção da ponte de 12,4 km entre Salvador-Itaparica no fim de 2024. O contrato no formato de Parceria Público-Privado (PPP) foi firmado com o governo do Estado em 2020 e a concessão é de 35 anos após o início da obra, que está com seu cronograma atrasado em três anos.

A CCCC, uma das maiores construtoras chinesas, chegou ao Brasil em 2016, com a aquisição da brasileira Concremat. Em 2018, a companhia anunciou acordo para a construção de um Terminal de Uso Privativo (TUP) no Porto de São Luís (MA). Em 2021, o TUP, com obra ainda em estado embrionário, acabou repassado para o grupo brasileiro Cosan.

A maioria das empresas chinesas de infraestrutura têm seu foco na engenharia e construção de ativos logísticos, nem tanto na operação.

— Na China, são atividades separadas e as construtoras têm resistência em assumir a operação dos ativos — diz Marcos Ludwig, sócio de infraestrutura e líder do China Desk da Veirano Advogados.

Uma concessão logística envolve um vínculo de longo prazo com o ativo, por volta de 30 anos. O retorno do investimento, que ocorrerá por meio das receitas obtidas ao longo do prazo de concessão, é um risco que precisa ser calculado. O risco é maior quando a qualidade da modelagem da concessão não é bem elaborada.

O histórico brasileiro é de concessões mal desenhadas pelo poder concedente, os governos federal, estaduais e municipais, com vários projetos com demandas superestimadas, que não se realizaram e geraram resultados financeiros muito abaixo do esperado, como ocorreu em pelo menos seis rodovias federais e nos aeroportos de Viracopos (SP), São Gonçalo do Amarante (RN) e Galeão (RJ), concedido em 2014 para a operadora Chang Airports International, de Singapura.

— A percepção de risco nas concessões brasileiras é grande. E o prejuízo de uma empresa asiática, a Chang, deixou os chineses em estado de alerta — diz Ludwig.

Por outro lado, concessões bem desenhadas e de baixo risco impulsionam os leilões de energia no Brasil.

— O governo brasileiro precisa demonstrar melhor capacidade de modelar concessões logísticas, como faz em energia, e criar mecanismos de mitigação de riscos, assumindo parte dos prejuízos gerados por modelagens inadequadas — afirma o advogado.

Além dos chineses, os americanos, europeus e japoneses também demonstram, até aqui, pouco apetite por ativos logísticos brasileiros. Mas há uma característica do investimento chinês que pode impulsionar uma maior presença no Brasil.

— O investimento chinês no exterior não visa apenas ao resultado financeiro do ativo, há uma avaliação macro, que leva em consideração os benefícios que a infraestrutura pode gerar para o acesso de insumos que vão abastecer a China e a melhor competitividade de produtos industriais chineses nos países que recebem o investimento — diz Jorge Arbache, vice-presidente do setor privado do Banco de Desenvolvimento da América Latina.

O Brasil é importante fornecedor de commodities agropecuárias e minerais para a China e empresas chinesas estão presentes no Brasil, fornecendo de roupas a painéis solares e automóveis.

— O que vemos é uma presença cada vez maior de investidores chineses estudando oportunidades de investimentos em infraestruturas que vão gerar benefícios para a China — diz Gustavo Rabello.

O Estado de S.Paulo - SP   23/01/2024

Industriais elogiaram a iniciativa do governo Lula de retomar a política de estímulos ao setor, mas se dividiram sobre o impacto que a ampliação dos gastos públicos poderá ter na economia. O governo promete injetar R$ 300 bilhões na nova política industrial, sendo R$ 271 bilhões em empréstimos - alguns com taxas de juros subsidiadas pelo Tesouro Nacional.

Haverá ainda estímulos por meio da preferência nas compras governamentais para fabricantes brasileiros, além da exigência de conteúdo local (compra de fornecedores brasileiros).

Diretor de Desenvolvimento Industrial e Economia da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Rafael Lucchesi disse considerar o valor um “ponto de partida”, ainda que insuficiente. Já outros representantes do setor fizeram referência ao impacto fiscal e à agenda de ajuste nas contas do governo empregada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

“É claramente insuficiente”, disse Rafael Lucchesi, que também é membro do conselho de administração do BNDES. “R$ 300 bilhões são US$ 60 bilhões. Estados Unidos estão colocando US$ 1,9 trilhão; União Europeia, US$ 2 trilhões; o Japão, US$ 1,5 trilhão. Então, digamos assim, ainda é pouco; precisamos fazer mais, mas é um belo ponto de partida”.

A comparação com estes países foi feita pelos auxiliares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no lançamento da nova política industrial nesta segunda-feira, 22, no Palácio do Planalto, com a defesa de que o Brasil deve seguir na mesma trilha.

“Países no mundo todo colocam como elemento central investir na atividade produtiva, essa é uma agenda de país. E por quê? Porque são as atividades econômicas que geram maior produtividade e agregam o maior valor, comparado a todas as outras atividades”, acrescentou Lucchesi.

O presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Renato Correia, disse avalizar o desenho do programa, mas diz acreditar que ajustes deverão ser feitos à medida que a política avance.

“Tem subvenção, tem empréstimos. Qual é a capacidade real do governo de transformar isso em dinheiro na veia? Nós vamos ver ao longo do tempo. Não adianta conseguir isso e inflacionar (a economia). Inflação é perda de renda”, afirmou Correia. “O que a gente tem que ter de preocupação é que seja tudo feito com responsabilidade fiscal, o governo muito mais como um indutor, para atração da iniciativa privada”.

José Velloso, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), afirmou que a política de estímulos ao setor industrial é importante para aumentar a taxa de investimento da economia, mas defendeu a contenção de gastos por meio de iniciativas como a reforma administrativa.

“A política industrial sempre começa com o equilíbrio da economia. Não adianta fazer uma política industrial se a economia não crescer. Ninguém vai investir em um país que não esteja com a economia equilibrada, com ambiente econômico e crescimento, por isso a agenda do ministro Haddad é muito importante”, afirmou.

Globo Online - RJ   23/01/2024

Depois de uma recuperação em 2023 de um ano anterior em que houve uma queda de 78% em investimentos, por conta da conjuntura internacional que somou o embate entre China e os Estados Unidos, a invasão da Ucrânia pelos russos e os reflexos ainda da pandemia com lockdowns severos entre os chineses, o ano de 2024 começa com otimismo e recorde.

— Um exemplo econômico que dá uma medida dessa temperatura na relação entre os dois países para este ano: tivemos uma nova superação histórica de exportações do Brasil para a China em 2023, de US$ 104,3 bilhões — diz Tulio Cariello, diretor de conteúdo e pesquisa do Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC) e responsável por um detalhado estudo em 2023 sobre os investimentos chineses no Brasil. — No que tange a investimentos em si, vimos movimentos volumosos em áreas como energia elétrica, automotores e petróleo, setores que comumente atraem projetos intensivos em capital — diz o pesquisador.

A relação esperada entre os dois países para 2024 é comparável a uma panela no fogo cuja temperatura vai aumentando, principalmente no número de projetos, que já vinha em alta no detalhado estudo da CEBC, com aumento de 14% (foram 32) em 2022 em relação ao ano anterior (28) e marcando um novo recorde histórico desde 2018. A própria China assinalou, por meio do porta-voz do Ministério do Comércio, He Yadong:

— Vemos 2024 com condições favoráveis de desenvolvimento para a economia, investimentos e comércio exterior, assim como uma melhora nas incertezas e instabilidades em relação ao ambiente externo.

O presidente da gigante de infraestrutura China Railway Construction Corporation (CRCC), Deng Young, que tem interesse, por exemplo, em leilões de rodovias no litoral paulista, Rio de Janeiro e Minas Gerais — que somarão investimentos de R$ 12 bilhões em três décadas —, segue na mesma linha, pontuando a nova relação política entre os parceiros. Segundo ele, encontro em abril passado entre os presidentes da China, Xi Jinping, e do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, estabeleceu uma nova era no relacionamento bilateral.

— O potencial é muito grande e existe uma demanda por infraestrutura — afirmou.

Apesar do Brasil ocupar o 27º lugar em investimentos e construções da China em comparação com outras nações, na somatória de períodos maiores está no Top 5.

Cariello, da CEBC, concorda que a nova gestão trouxe novamente a China para o centro da política externa brasileira, em um sinal positivo para os chineses após quatro anos de relativo afastamento. Em geral, os investidores chineses estão mais interessados em saber se o ambiente de negócios está favorável, se o país tem estabilidade econômica, se há abertura de mercado, leilões e concessões, mas o fator político também conta. No setor de infraestrutura, que tem os maiores valores em capital, o país funciona como um ímã graças a projetos de reindustrialização e renovação da infraestrutura nacional com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), com orçamento de R$ 1,7 trilhão.

— Algumas das maiores empresas chinesas presentes no Brasil, como State Grid, China Three Gorges, China National Offshore Oil Corporation (CNOOC) e China General Nuclear (CGN), são estatais centrais da China, com participação direta do Conselho de Estado, um dos mais altos níveis da burocracia chinesa — afirma Cariello.

A China teve duas décadas de investimento gigantesco em infraestrutura no próprio país, acumulando soluções inovadoras e desenvolvendo equipamentos e tecnologias de construção únicas no mundo. Algo que o Brasil, também em desenvolvimento e com escala compatível ao tamanho do interesse de empresas chinesas, poderia aproveitar.

Segundo o Ministério do Comércio e Administração Estatal de Câmbio da China, os investimentos diretos da China no exterior atingiram US$ 52,78 bilhões nos quatro primeiros meses de 2023, um aumento de 17,1% em relação ao ano anterior. Já as empresas domésticas fizeram investimentos, no mesmo período, em 3.379 empresas no exterior, abrangendo 147 países e regiões ao redor do globo — incluindo Brasil —, somando US$ 42,19 bilhões, um aumento de 17,6% em relação ao mesmo período de 2022.

As projeções indicam que essa evolução deve ter mais intensidade em 2024, direcionada para países com os melhores negócios a oferecer. A China é a terceira principal origem de investimentos externos no mundo, segundo dados de 2022 (atrás apenas de Estados Unidos e Japão).

Além dos projetos volumosos em capital que já existem entre Brasil e China, como mineração, petróleo e energia elétrica, há, segundo especialistas, um renovado interesse chinês em setores como tecnologia da informação, projetos ligados à transição energética (o país quer se tornar neutro em carbono até 2060), a exemplo de geração de energia, carros eletrificados e fabricação de painéis fotovoltaicos. Tudo pautado por uma preocupação com o meio ambiente, um problema que a China diz não querer em seus investimentos externos.

MINERAÇÃO

Infomoney - SP   23/01/2024

Os futuros do minério de ferro foram negociados em uma faixa estreita de preços nesta segunda-feira, com o índice de referência de Dalian subindo e o de Cingapura recuando, à medida que os investidores ponderaram sobre as perspectivas de demanda na ausência de uma esperada flexibilização monetária na China, principal mercado consumidor do minério.

O contrato de maio do minério de ferro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) da China encerrou o dia com alta de 0,53%, a 952 iuanes (132,29 dólares) a tonelada, ampliando os ganhos pela terceira sessão consecutiva.

O minério de ferro de referência para fevereiro na Bolsa de Cingapura, no entanto, caía 0,46%, a 129,3 dólares a tonelada.
A China manteve inalteradas as taxas de empréstimo de referência em sua fixação mensal na segunda-feira, após a decisão de manter estável sua taxa de empréstimo de médio prazo na semana passada, atendendo às expectativas e refletindo o espaço limitado de Pequim para flexibilização monetária em meio à pressão sobre o iuan.

O mercado está preocupado com as perspectivas de demanda de médio a longo prazo em meio à incerteza macroeconômica, disseram os analistas da Huatai Futures em uma nota.

“A produção de metais quentes permaneceu em um nível relativamente baixo em comparação com o mesmo período do ano anterior, mas o espaço de queda para os preços do minério pode ser limitado, já que algumas usinas ainda precisam repor matérias-primas”, acrescentaram.

As siderúrgicas chinesas normalmente reabastecem a matéria-prima para manter a produção em nível normal durante a semana do feriado do Ano Novo Lunar, conhecido por interrupções logísticas.

Os agentes do mercado estão atualmente apostando na perspectiva da demanda no primeiro semestre do ano, disseram os analistas da Galaxy Futures (GF) em uma nota.

As expectativas são de que o consumo de aço aumente no primeiro semestre, sustentado pela demanda do setor de infraestrutura e pela estabilização do mercado imobiliário, acrescentaram os analistas da GF.

Money Times - SP   23/01/2024

O setor de mineração deve ser destaque na temporada de balanços que está por começar, do quatro trimestre de 2023 (4T23), avaliam os analistas do BTG Pactual.

“Nos últimos meses, temos defendido exposição ao minério de ferro em detrimento de siderurgia e acreditamos que o quarto trimestre será mais uma prova disso”, dizem.

Leonardo Correa e equipe ressaltam que os preços do minério continuaram subindo, ultrapassando os US$ 140 por tonelada, enquanto o aço permanece pressionado.

Por isso, as empresas ligadas ao aço e ao alumínio, por outro lado, devem apresentar números mais fracos, avaliam. O excesso de oferta chinês continua a prejudicar ambos os setores, com as siderúrgicas brasileiras sendo impactadas negativamente com importações elevadas e margens pressionadas.

“Olhando além do trimestre, embora tenhamos tido um início de ano fraco em termos de preços de commodities e desempenho das ações, continuamos favorecendo a exposição ao minério de ferro em 2024”, recomendam.

Vale, CSN Mineração e os destaques do trimestre

Na análise do BTG, a Vale (VALE3) deve ser o destaque do trimestre, superando as expectativas do mercado. O desempenho operacional melhorou nas frentes de volumes, preços realizados e na unidade de metais básicos, avaliam.

CSN Mineração (CMIN3) e CSN (CSNA3) também devem entregar um trimestre sólido na esteira de um forte preço realizado do minério de ferro e de um desempenho robusto de volume.

Entretanto, as divisões siderúrgicas da CSN devem apresentar números fracos novamente, embora ligeiramente melhor. O cenário é similar para Usiminas (USIM5). “Margens Ebitda da Usiminas ainda ligeiramente negativas e CSN subindo para níveis de um dígito médio”, dizem.

A Gerdau (GGBR4) deve divulgar resultados abaixo do consenso devido a um desempenho inferior na maioria das unidades, mas especialmente no Brasil e na América do Sul.

Além dela, os analistas pontuam a CBA (CBAV3) como destaque negativo. “Prevemos outro trimestre de lucros pressionados e consumo significativo de caixa para a CBA, uma vez que o alumínio quase não se movimentou nos últimos meses”, afirmam.
Projeções para o 4T23
Empresa Receita líquida (R$mn) Ebitda (R$mn) Lucro líquido (R$mn) Div. Líquida / EBITDA (LTM)
Vale* 13,218 6,455 4,473 0.9x
CSN Mineração 5,427 2,534 1,436 -0.3x
CSN 11,635 3,393 1,440 2.5x
Gerdau 15,468 2,054 1,471 0.4x
Usiminas 6,278 128 -67 0.3x
CBA 1,764 71 -125 10.7x

Máquinas e Equipamentos

Globo Online - RJ   23/01/2024

Pelo segundo mês consecutivo, o Monitor do PIB, divulgado nesta segunda-feira pelo FGV Ibre, aponta um crescimento maior do que o do IBC-br, calculado pelo Banco Central do Brasil (BC). A alta apurada da economia em novembro de 2023 foi de 0,5% contra 0,01% do indicador do BC. O resultado mantém a expectativa de um incremento de 3% em 2023, nada mal se lembrarmos que no início do ano passado as estimativas mais otimistas ficavam próximas de 1%.

No entanto, a sustentabilidade desse crescimento está em xeque. A retração da Formação Bruta do Capital Fixo (FBCF) de 7,1% no trimestre móvel fechado em novembro, principalmente puxada pelo recuo de investimentos em máquinas e equipamentos, indica uma reduzida capacidade do país crescer, sem pressionar a inflação, o chamado PIB potencial, explica Juliana Trece, coordenadora da pesquisa do FGV Ibre.

- Esse é um dado bem ruim e que vem mantendo como uma tendência ao longo do ano de 2023. A taxa de juros muito elevada tem esse impacto negativo sobre o investimento. E quando dizemos que não há investimento em máquinas e equipamentos isso quer dizer que o país não está ampliando a sua capacidade produtiva. Isso é um entrave para o crescimento futuro - explica a economista.

Juliana destaca ainda que apesar do início do ciclo de corte de juros ter se iniciado em agosto do ano passado, a taxa ainda está elevada e lembra que há uma defasagem natural entre a redução e seus efeitos na economia:

- Mantendo-se o ciclo de corte dos juros, provavelmente, mais para o meio do ano a perspectiva é que a taxa de investimento melhore. Isso não muda do dia para a noite e não quer dizer que vai bombar em 2024. Mas o cenário de 2023 foi muito ruim nesse aspecto. E se país não está adquirindo máquinas e tal, a economia fica engessada. Se a gente gerar uma oferta de demanda e não tiver como ampliar a produção, isso aumenta a inflação. Inflação alta leva a aumento de juros e isso impacta ainda mais a capacidade de investimento das empresas. Ou seja, é um ciclo vicioso. Hoje o nosso crescimento está um pouco acima do PIB potencial. Isso significa que para a nossa economia crescer mais e de forma sustentável, é preciso aumentar a nossa capacidade de produção.

Um dado de novembro que merece acompanhamento, diz a economista, é a queda na exportação, que retraiu 2,1% em relação a outubro, principalmente, nos bens intermediários.

- A gente consegue ver aqui que há uma perda de força do crescimento da exportação. Então, com relação a 2022, a exportação ainda segue crescendo bastante, mas já perdeu um pouco de força nessa taxa trimestral móvel até novembro. É algo para se observar.

Globo Online - RJ   23/01/2024

O setor de máquinas e equipamentos brasileiro que tem relações, vende e fabrica na China tem o que comemorar. Projeta-se para 2024 que o país asiático continue sendo o principal destino das vendas brasileiras do setor, assim como foi no ano anterior. Em 2023 houve o mais alto fluxo de exportações para os chineses nos últimos cinco anos — excluindo o excepcional 2021, quando o Brasil atendeu uma demanda significativa por máquinas e projetos de Pequim. O número bateu no expressivo volume de US$ 372 milhões exportados, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), consolidando o Brasil como a nona maior origem dessa transação.

— Analisando um período de cinco anos, temos um crescimento notável de 93% nas exportações em 2023, revelando desempenho sólido impulsionado por crescimento constante ao longo desse tempo. O cenário sublinha a importância da China como destino das exportações brasileiras de máquinas e equipamentos — afirma Patrícia Gomes, diretora-executiva de mercado externo da Abimaq.

Estados Unidos e Alemanha também se destacaram nas exportações brasileiras, mas sem ameaçar a posição da China como principal destino. Empresas como a Embraco, que produz compressores e tecnologia para refrigeração, têm uma longa experiência com os parceiros chineses. A Embraco, inclusive, foi uma das primeiras a firmar uma joint venture com o país, ainda na década de 1980. Adquirida em 2019 pela japonesa Nidec Corporation, a empresa tem três fábricas na China: a de Pequim produz compressores residenciais e comerciais, e duas em Qingdao fazem controles e inversores para motores, além de partes para linha branca de eletrodomésticos.

— O que temos de aprender com a China é a velocidade e foco na execução, que gera um impacto enorme no desenvolvimento econômico — diz Guilherme Almeida, presidente da Nidec Global Appliance. — Isso se deve não só a questão cultural, mas também a investimentos públicos em infraestrutura, focados no apoio ao desenvolvimento de negócios locais e exportação.

No olho do furacão dos avanços tecnológicos, a empresa mantém 18 laboratórios e 100 engenheiros na China.

— De 2022 a 2023, investimos cerca de US$ 32 milhões para implantar novas tecnologias. Temos resultados palpáveis: ao longo do ano passado, registramos um aumento de 60% no volume de compressores fabricados na China para uso comercial — diz Almeida.

Lidar com o mercado chinês é ver-se em transformação constante e aproveitar as oportunidades nos negócios.

— Temos percebido um movimento de ‘desglobalização’, que deve se acentuar nos próximos anos, alterando o cenário de fornecedores globais. Esse contexto pode ter impactos positivos para nós, no sentido de ampliar nossas exportações em especial para a Ásia e países próximos — afirma o executivo da Embraco, que vê perspectivas ótimas para 2024, incluindo para quem exporta para a China.

Outra empresa com know-how sobre o país é a Marcopolo, que fabrica carrocerias de ônibus e atualmente também desenvolve soluções de eletromobilidade. Ela conta com uma operação na cidade de Changzhou desde 2017. Lá, tem um centro de desenvolvimento de parcerias locais que atende diferentes países de Ásia, África e Oceania, produzindo e exportando, inclusive para o Brasil, peças, componentes, ônibus e carrocerias.

— De janeiro a setembro de 2023 produzimos 91 unidades na China, enquanto no mesmo período, em 2022, fabricamos 79 ônibus. Isso representa um crescimento de 15,2% — diz José Luiz Moraes Goes, diretor de operações internacionais e comerciais para o mercado externo da Marcopolo.

Para 2024, a empresa prevê produção elevada e tem o objetivo de manter exportações para mercados tradicionais como Austrália e Hong Kong.

— A China enxerga a América Latina e, principalmente, o Brasil com bons olhos. Aqui existe um mercado maduro e com um interessante volume de negócios — diz Goes.

Ele lembra também que a China é considerada uma grande fabricante de baterias e componentes para ônibus elétricos, cuja demanda mundial cresce em função da busca por veículos menos poluentes.

— Inclusive a China está explorando novas alternativas para a descarbonização dos meios de transporte, como os ônibus movidos a hidrogênio.

As exportações de máquinas brasileiras para a China, no entanto, podem enfrentar desafios. Isso ocorre por conta de divergências nos padrões técnicos e normas, demandando ajustes específicos. Questões logísticas e geográficas impõem obstáculos adicionais, elevando custos e prolongando os prazos de entrega.

— A intensa concorrência global e a presença robusta do mercado chinês acentuam a necessidade de estratégias eficazes para destacar-se neste cenário competitivo. É um panorama desafiador para os exportadores — destaca Gomes, da Abimaq.

Globo Online - RJ   23/01/2024

A competição no mercado brasileiro de produtos como ar-condicionado, televisores, lavadoras, secadoras, lava-louças, geladeiras e micro-ondas vai se acirrar com novos investimentos previstos e ampliação da oferta de produtos de empresas chinesas que já estão no país ou estão chegando. Primeiro, nos anos 90, ganharam destaque os produtos os japoneses. Nos anos 2000, vieram os coreanos. E agora, completando o ciclo de companhias asiáticas do setor, fabricantes de eletrodomésticos e eletroeletrônicos chineses querem ganhar mais terreno na preferência dos brasileiros oferecendo produtos com muita tecnologia embarcada a preços competitivos.

— O Brasil está entre as dez maiores economias do mundo e é um mercado importante, com mais de 200 milhões de consumidores. E as marcas chinesas das linhas branca e marrom, que estão entre as três maiores do mundo, estão na fronteira da tecnologia competindo com gigantes como Samsung e Apple e se expandindo — explica Paulo Gala, professor de economia na FGV-SP e economista-chefe do Banco Master.

Com faturamento global de US$ 53,1 bilhões e 166 mil funcionários no mundo, a Midea tem no Brasil a segunda maior operação fora da China, atrás apenas dos Estados Unidos. A empresa já investiu R$ 45 milhões no país nos últimos cinco anos e está aportando perto de R$ 575 milhões numa fábrica própria de refrigeradores e lavadoras em construção em Pouso Alegre, em Minas Gerais. A unidade deve entrar em operação no segundo semestre deste ano.

— O Brasil se tornou prioridade para receber investimentos e estamos otimistas. Na segunda metade de 2024 teremos uma nova fábrica em funcionamento para ser um propulsor de negócios nos próximos anos — diz Mario Sousa, vice-presidente comercial e de marketing da Midea Brasil.

A empresa produz de geladeiras e secadoras a fritadeiras e micro-ondas. É líder do segmento de ar-condicionado no país, com cerca de 25% de participação no residencial e acima de 30% para empresas. Nesse setor, a Midea Carrier formou uma joint venture em 2011 com a Carrier, líder global em condicionadores de ar e climatização. A joint venture atua no Brasil, Argentina e Chile e tem duas fábricas, em Manaus (AM) e Canoas (RS). Em Manaus, a capacidade de produção é de dois milhões de unidades de ar-condicionado. Tem três centros de distribuição no país, 10 lojas próprias e e-commerce.

Segundo dados da GFK, consultoria de mercado, a Midea já tem 21% do mercado de lavadoras, 65% do segmento de frigobares e 23% em freezers horizontais. Atualmente, 85% de tudo o que é comercializado no país é produzido nas fábricas localizadas em Manaus e Canoas. A Midea quer crescer 30% no Brasil nos próximos três anos e ficar entre as três maiores empresas do setor. Do Brasil, exporta produtos para Argentina, Chile, Equador e México.

— Os sinais de melhora da economia brasileira, além da posição geográfica na América do Sul, atraem os fabricantes chineses. Produzir no Brasil facilita a entrada nos países vizinhos e chegar até o Caribe e América Central — diz José Jorge do Nascimento Junior, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos.

A TCL se prepara para lançar, no segundo semestre, seus primeiros produtos de linha branca no país, entre eles refrigeradores. No Brasil, desde 2016, tem uma joint venture com a Semp, fabricante de televisores e rádios, com 20% de participação no setor. Tem ampliado seu portfólio de produtos no Brasil com condicionadores de ar, sound bars, celulares e agora a linha branca. No terceiro trimestre vai lançar monitores gamers.

Mercado estratégico

A TCL/Semp tem duas fábricas em Manaus. Em 2022, a empresa inaugurou uma unidade para produzir condicionadores de ar.

— A fábrica foi inaugurada com produção anual inicial de 500 mil unidades e a expectativa é dobrar esse número até 2025. Este ano, com a linha branca, esperamos expandir ainda mais nosso portfólio e ter uma importante frente que vai contribuir com o nosso crescimento — diz Maximiliano Dominguez, diretor de produto, engenharia e qualidade da TCL/Semp.

O Brasil é um dos mercados mais importantes na estratégia global da Hisense, diz Matjaz Cokan, vice-presidente para o Brasil da marca. Há um ano com vendas no país, a chinesa quer se consolidar e disputar o mercado com as marcas já estabelecidas por aqui. Já tem refrigeradores, lava-louças, lava e seca e ar condicionado. Recentemente lançou a Wine Cooler, para armazenamento de vinhos, e a Beverage Center, para a preservação de bebidas em lata. Para 2024, terá novidades em TVs: é líder de vendas do artigo na China.

— Os resultados alcançados até agora superaram nossas expectativas. O brasileiro gosta de tecnologia e está disposto a experimentar marcas que não conhecia. A receptividade tem sido boa — afirma Cokan.

AUTOMOTIVO

IstoÉ Dinheiro - SP   23/01/2024

A Anfavea, entidade que representa as montadoras de veículos, destacou nesta segunda-feira, 22, em sua manifestação sobre a nova política industrial, que o plano traz previsibilidade para as empresas continuarem investindo e gerando empregos.

“Neste momento de rápidas mudanças tecnológicas, com foco no meio ambiente, a Anfavea saúda e celebra esta importante iniciativa do governo, que fortalece a indústria brasileira e entrega previsibilidade para que o setor privado continue investindo e gerando empregos de qualidade no nosso país”, comentou a associação da indústria de veículos, em nota.

No âmbito da nova política industrial, o governo já tinha anunciado no fim do ano passado o novo regime automotivo, chamado de Mover, que prevê incentivos fiscais de R$ 19,3 bilhões até 2028 para a produção de carros mais seguros e menos poluentes, sendo R$ 3,5 bilhões apenas neste ano.

O programa ao setor será em parte bancado pela taxação das importações de carros híbridos e elétricos, uma forma de o governo forçar a produção de novas tecnologias automotivas no Brasil.

A Anfavea destaca, em sua nota, que a descarbonização é um foco importante da nova política. “Estão contemplados, por exemplo, a sustentabilidade da frota automotiva, o estímulo à produção de novas tecnologias de mobilidade, a compra de máquinas nacionais para agricultura familiar, além da produção e uso do biodiesel”, observa a associação.

Tecnologistica - SP   23/01/2024

Os caminhões autônomos, destacando-se como diferencial nos processos produtivos da mineração, estão transformando significativamente a indústria com o uso de sistemas computacionais avançados, GPS, radar e inteligência artificial. Esses veículos percorrem o trajeto entre a frente de lavra e a área de descarga de forma autônoma, sendo gerenciados e otimizados em tempo real para buscar maior eficiência operacional, resultando em ganhos nos aspectos técnico, de segurança e sustentabilidade.

No aspecto técnico, que engloba a redução de custos como consumo de combustível e pneus, além do aumento de produtividade, os atuais sistemas computacionais alcançam percentuais impressionantes, chegando até 40%, conforme relatórios da Mining Technology Solutions (Modular Mining), unidade de negócios da Komatsu. Com 14 caminhões autônomos operando no país em conjunto com o sistema de gerenciamento de frota (Dispatch), esses sistemas são responsáveis pelo gerenciamento de 50% da produção mineral nacional.

Airton Neres, gerente geral da Mining Technology Solutions, destaca: "No caso da produtividade, nossos clientes têm registrado aumentos que variam de 10% a 40% com a utilização desses sistemas. Tudo depende da complexidade da operação. Quanto mais complexa, maior o potencial de aumento de ambos."

Enfrentando os desafios para o crescimento e sustentabilidade na indústria mineral brasileira, a Komatsu enfatiza que soluções tecnológicas, aliadas à capacitação de pessoas, podem acelerar o alcance desses objetivos por meio de otimização, automação e digitalização.

Luciano Arantes, gerente geral de Tecnologia da Komatsu, ressalta que a integração das soluções Autônomo Komatsu e Sistema de Gerenciamento de Frotas - Fleet Management System - Dispatch da Mining Technology Solutions oferece uma combinação ideal entre equipamento de última geração e algoritmos de otimização de frota poderosos. Esta combinação potencializa ganhos em produtividade, segurança e redução de custos operacionais.

Além disso, Neres revela que a Mining Technology Solutions está desenvolvendo uma nova plataforma que acelera a transformação digital, interoperabilidade e integração entre soluções tecnológicas em todas as fases do processo de mineração. Ele afirma: "Esta nova plataforma também disponibilizará soluções que ajudarão as empresas de mineração a atingir mais rapidamente os compromissos e targets rumo à sustentabilidade, descarbonização e remoção das pessoas da área de risco."

CONSTRUÇÃO CIVIL

Construção Latino-americana - SP   23/01/2024

A Associated General Contractors of America (AGC) divulgou recentemente seu relatório anual de perspectivas e, embora haja muitos motivos para sermos positivos no novo ano, a associação comercial informou que as empreiteiras americanas estão mais preocupadas com três problemas iminentes: altas taxas de juros/custos de financiamento, uma possível recessão e escassez de mão de obra.

Os executivos da AGC discutiram os resultados no início deste mês por meio de webinar e analisaram alguns dos dados no relatório da AGC - Construction Market in Transition: The 2024 Construction Hiring and Business Outlook.

A economia

Em última análise, as três principais ansiedades das empreiteiras dos EUA se resumem à economia.

De acordo com a pesquisa anual da AGC com seus membros, 64% responderam que o aumento das taxas de juros/custos de financiamento era sua maior preocupação. O fornecimento insuficiente de trabalhadores ou subcontratados ficou em segundo lugar, com 63%, e 62% dos entrevistados ficaram mais alarmados com uma possível desaceleração/recessão econômica.

Com relação às preocupações específicas do setor, as três principais estão na mesma linha da visão geral: 58% das empreiteiras estão preocupadas com o aumento dos custos de mão de obra, 56% com a qualidade dos trabalhadores e 54% estão preocupadas com os custos dos materiais.

A boa notícia é que essa inquietação pode estar diminuindo.

“A maioria dessas preocupações foi citada com menos frequência na pesquisa de 2024 do que há um ano”, afirmou o relatório de perspectivas da AGC.

Taxas de juros/custos de financiamento

As taxas de juros atuais nos EUA estabeleceram uma nova alta de 20 anos (5,25% a 5,5%) apenas alguns anos depois que a taxa foi reduzida a zero do início de 2020 ao início de 2022.

O Federal Reserve (Fed) dos EUA aumentou agressivamente as taxas de juros - com a esperança declarada de criar um “pouso suave” para evitar uma recessão após a pandemia - até 2022. Na metade de 2023, o Fed interrompeu seus aumentos regulares das taxas e sinalizou planos para reduzi-las em 2024.

Isso pode ser positivo para a economia dos EUA e para as empreiteiras, pois taxas mais baixas podem levar a mais empréstimos e, em última análise, a mais projetos reservados e concluídos no setor de construção.

Entretanto, o Fed, apesar de seus gestos, não é obrigado a reduzir as taxas de juros em 2024. Essa fluidez pode estar causando um nervosismo persistente no setor em antecipação à próxima reunião do Federal Reserve no final do mês.

Para combater os efeitos da atual política monetária e incentivar a construção, o governo dos EUA aprovou nos últimos anos uma legislação bipartidária que fornece financiamento para projetos de infraestrutura.

Lynn Hansen, CEO da Crowder Constructors na Carolina do Norte, observou que algumas das ferramentas fornecidas pelo governo federal (como os créditos fiscais da Lei de Redução da Inflação [IRA]) foram úteis para sua empresa.

Ela observou que, pelo menos em sua região, as prefeituras locais e os grupos federais regionais estavam fazendo bom uso do financiamento do governo para lidar com grandes projetos rodoviários, melhorias municipais de água/esgoto e reparos em pontes, represas e tomadas de água.

“Os créditos fiscais do IRA estão tornando os projetos [industriais e de energia alternativa] mais viáveis financeiramente”, disse Hansen, que acrescentou que os desenvolvimentos do setor público foram uma parte importante dos pedidos de sua empresa em 2023 e devem continuar em 2024. “As empresas de energia e os desenvolvedores estão planejando vários projetos em nossas áreas de trabalho na seção de energia alternativa.”

Recessão?

“Eu só gostaria de um pouco de estabilidade”, acrescentou Hansen, abordando a ameaça iminente de uma possível desaceleração ou recessão nos Estados Unidos.

“Está havendo uma desaceleração? As taxas de juros vão subir ou descer?”, afirmou Hansen, observando que essas perguntas persistentes dificultam o planejamento. “Os custos dos materiais estão subindo, mas achamos que estão caindo, [e] o que dizer de toda a regulamentação governamental?”

Hansen fez referência à Lei Davis-Bacon dos EUA (1931), que é uma lei federal dos EUA que estabelece a exigência de pagamento dos salários locais vigentes em projetos de obras públicas para trabalhadores e mecânicos. Ela se aplica a “empreiteiros e subempreiteiros que atuam em contratos financiados ou assistidos pelo governo federal que excedam US$ 2.000 para a construção, alteração ou reparo (incluindo pintura e decoração) de edifícios públicos ou obras públicas”.

Embora a intenção da lei seja garantir salários justos para trabalhadores qualificados, ela pode, em teoria, aumentar os custos gerais dos projetos para os contratantes e subcontratantes principais.

Muitos dos projetos da Crowder, especialmente alguns dos maiores, disse Hansen, estão sujeitos às normas da Davis-Bacon. Ela observou que esses requisitos também se aplicam a projetos que usam financiamento federal (não apenas a projetos em propriedades do governo).

Há uma certa preocupação no setor de que a barreira da burocracia tenha impedido que muitas firmas e empresas (a maioria de pequeno e médio porte) sequer participem de licitações.

“Embora o governo Biden tenha sido agressivo ao anunciar financiamento para muitos projetos de infraestrutura e construção de alto nível, ele demonstrou menos entusiasmo em fazer reformas legalmente exigidas para o processo federal de revisão e licenciamento”, afirmou o relatório de perspectivas da AGC, referindo-se à Lei de Investimento em Infraestrutura e Empregos (IIJA).

O relatório incluiu dados de sua pesquisa com membros, mostrando que apenas 9% dos entrevistados ganharam uma licitação federal via IIJA e começaram a trabalhar. A maioria dos entrevistados (33%) disse que a IIJA não teve efeito sobre seus negócios em 2023.

“Como resultado, a construção ainda não começou em muitos dos projetos financiados”, continuou o comunicado. “Além desses atrasos, há regras complicadas que o governo implementou e que tornam confuso e difícil para os funcionários garantir que todos os produtos usados em um projeto estejam em conformidade. Esses atrasos são provavelmente uma das razões pelas quais as expectativas das empreiteiras para vários segmentos do mercado do setor público estão em baixa este ano em comparação com o início de 2023.”

O Departamento do Trabalho dos EUA anunciou atualizações para a Davis-Bacon em agosto de 2023, que foi a primeira grande mudança na lei em cerca de quatro décadas. Isso ocorreu depois que o governo aprovou o IRA em 2022 e o IIJA em 2021.

As mudanças e as novas regras, para alguns líderes do setor, apontam para um sinal de que uma maior regulamentação governamental sobre o setor pode estar por vir.

“Esperamos que isso continue nos próximos anos”, acrescentou Hansen.
Photo: Adobe Stock

Ela acrescentou que, mesmo para as empresas que conseguem lidar com o volume e a burocracia, as novas regulamentações referentes a projetos federais podem causar atrasos e diminuir os lucros.

“Estamos fazendo licitações para projetos que só terminaremos daqui a três ou quatro anos, e é difícil ser lucrativo quando se tem todos os altos e baixos”, disse ela.

“Meu desejo de Ano Novo é estabilidade no setor.”

Recrutamento e retenção

Com a falta de mão de obra qualificada disponível, as empresas precisaram recrutar talentos dentro do setor; um sintoma da escassez que está criando um ciclo intrusivo.

“Nossas boas pessoas estão sendo constantemente recrutadas - talvez por um pouco mais de dinheiro e talvez por muito mais dinheiro - [e] manter nossos funcionários atuais é uma de nossas principais prioridades ao iniciarmos 2024”, disse Hansen.

Ela acrescentou que, na Crowder, o ajuste de alguns elementos culturais e benefícios tem sido útil para a retenção.

“Aumentamos nossos salários, mas também demos uma olhada em nossos benefícios”, disse Hansen. “O tempo livre é mais importante para os funcionários mais jovens.”

Atrair uma nova geração de profissionais do setor de construção, acrescentou ela, continua sendo uma meta para a Crowder. Além de criar relacionamentos com escolas locais, Hansen disse que a Crowder lançou recentemente um programa de aprendizado.

No entanto, ela incentivou outras empresas que desejam fazer o mesmo a ter paciência (“levamos um ano para ter um programa de aprendizagem registrado”).

Hansen acredita que o foco em novas tecnologias ajudará as empresas a incentivar a geração mais jovem a seguir carreiras na construção. Ela disse que a eficiência da implementação da tecnologia móvel na Crowder proporcionou ganhos em mais de um aspecto.

“A tecnologia é uma das maneiras pelas quais podemos atrair jovens talentos, [e] a tecnologia móvel nas mãos das equipes de nossos projetos é boa para todos nós”, disse Hansen.

Perspectivas

Embora algumas pessoas possam ver “mais do mesmo” entre 2023 e 2024, a falta de rupturas radicais nos últimos 12 meses pode indicar um futuro mais estável.

Obviamente, o que os próximos 12 meses trouxerem poderá influenciar o sentimento de várias maneiras, e a AGC está preparando seus membros para um cenário misto com vantagens.

Se [o governo federal dos EUA] conseguir sair do seu próprio caminho para levar adiante os projetos de infraestrutura; se o Federal Reserve conseguir administrar com sucesso a “aterrissagem suave” que vem buscando; e se o setor conseguir encontrar uma maneira de recrutar e reter mais trabalhadores, 2024 deverá ser um bom ano para a maioria das empresas de construção”, afirmou a AGC.

Rodoviário

Porto Gente - SP   23/01/2024

Logística é uma função essencial do porto, como é a dimensão humana da cidade

Na última quinta-feira, simultânea ao editorial do Portogente sobre o túnel submerso do Porto de Santos, a manchete do principal jornal de Santos anunciava que “Audiências Públicas do túnel têm início em abril”. Em página interna, destaca que se trata da maior obra de infraestrutura do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do Governo Federal. Também frisa que, de acordo com a Autoridade Portuária, o cronograma da obra ainda não está definido,

Tais procedimentos visam dar publicidade do projeto, no sentido de promover sua validade, não obstante, sem conseguir rechaçar a memória de quase um século de promessa vazia. Também passa longe da certeza da realização a palavra de mostrar a modelagem econômica, em abril. Só desajuda o clima de conflito com o governo do Estado de São Paulo, como anunciou a CNN, “que o governo federal definiu um cronograma tentativo de construção do túnel submerso e decidiu que o Estado de São Paulo ficará fora do financiamento direto da megaobra”.

A visita à Santos que o presidente Lula tem agendada para 2 de fevereiro, dia da fundação do Porto de Santos há 132 anos, decerto não irá alimentar o conflito com o governador Tarcísio, que critica a disputa de paternidade da obra pelo ministério de Portos e Aeroportos, cujo titular, ministro Silvio Correa Filho, Republicanos, é do seu partido. E assinala que “se houvesse uma decisão de levar adiante o túnel Santos-Guarujá, sem entrar em questões políticas, a consulta pública teria sido aberta no último trimestre de 2023”.

Trata-se de uma obra de Governo, de característica técnica bem complexa e com gestão política. O cronograma tentativo não tem base robusta para projetar a assinatura do contrato de PPP em 15/12/24. Surpreende o fato de estudos realizados sobre esse túnel pelo Estado de São Paulo não fazerem parte da documentação dessa obra gigante. Entretanto, neste caso, a integração dos governos federal e estadual é fundamental.

A análise desse cenário começa por avaliar a capacidade de gestão para tocar um projeto desse porte. Uma obra que, há quase um século, o anúncio da sua realização a cada quatro anos volta à baila, como promessa política festiva. Trata-se de uma das mais complexas soluções da engenharia, intolerante a desaforos. Politicamente, o resultado será debitado na carreira do presidente Lula que realizou a histórica transposição do rio São Francisco.

NAVAL

O Estado de S.Paulo - SP   23/01/2024

O governo Lula espera concluir até abril a divisão da Companhia de Docas do Rio Grande do Norte (Codern). Hoje, o órgão é responsável por administrar os portos potiguares e de Alagoas. Mas a ideia, como revelou a Coluna do Estadão, é criar uma estatal para administrar somente os portos alagoanos. Nos bastidores dos ministérios de Portos e Aeroportos (MPO) e da Gestão e Inovação (MGI), responsáveis pelo desenho da proposta, é dado como certo que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), indicará a diretoria. Procurada, a equipe do deputado afirmou que ele não indicou ninguém e que não possui informações sobre articulações envolvendo o fatiamento da Codern.

A separação das docas do Rio Grande do Norte e de Alagoas dependerá de aprovação no Congresso. Uma das ações da Codern em execução em Alagoas é a obra de adequação de instalações gerais e de suprimentos no Porto de Maceió. O projeto teve início em 2013 e deve ser concluído em 2027, segundo projeções do governo federal. Para 2024, o orçamento da Companhia é de quase R$ 50 milhões, segundo o Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) aprovado pelo Congresso.

Valor - SP   23/01/2024

Após ano de pouco avanço, presidente da autoridade portuária diz que busca celeridade em 2024

Anderson Pomini, presidente da Autoridade Portuária de Santos: obras para o aprofundamento do canal de acesso a 16 metros serão contratadas neste ano — Foto: Ana Paula Paiva/Valor

Após um ano em marcha lenta, o Porto de Santos traça novos planos e pretende acelerar seus projetos de crescimento, afirma o presidente da Autoridade Portuária de Santos (APS), Anderson Pomini. A estatal pretende lançar até o fim de 2024 duas parcerias público-privadas (PPPs): uma para o aprofundamento do canal de acesso e outra para o túnel Santos-Guarujá.

Além disso, a companhia descartou oficialmente a ideia de um megaterminal de contêineres no Saboó, o STS 10. Em contrapartida, estuda ampliar em cerca de 1,5 milhão de TEUs (contêineres de 20 pés) os terminais da Brasil Terminal Portuário (BTP) e da Santos Brasil por meio de aditivos, sem necessidade de licitação, diz ele.

No cargo desde abril de 2023, Pomini diz concordar com as críticas do mercado portuário de que o ano passado foi praticamente perdido em avanços para o porto. Porém, diz que em 2024 o cenário é diferente. “Neste ano, tenho a obrigação de impor celeridade. Para isso, precisava de três coisas: a retirada do porto do programa de privatização, o que engessava as contratações; mais orçamento; e a delegação das competências [medida que descentralizou decisões de leilões e planejamento à APS]. As três foram resolvidas.”

Uma das principais demandas dos operadores portuários é o aprofundamento do canal de acesso do porto, dos atuais 14,5 metros para 17 metros, o que permitirá a passagem de navios maiores. Segundo Pomini, a ideia é publicar ainda no primeiro semestre o edital para as obras de aprofundamento até 16 metros.

Já o aprofundamento até 17 metros viria por meio de PPP. “Estamos estudando junto ao BNDES uma concessão de dragagem e outros serviços vinculados, por 25 ou 30 anos.” Os recursos para o projeto seriam os mesmos que a APS já gasta com a dragagem hoje. “O orçamento de manutenção anual é de R$ 300 milhões.”

Outra PPP que a autoridade portuária pretende lançar neste ano é a do túnel Santos-Guarujá - obra incluída pelo governo federal no Novo PAC e cuja autoria tem sido disputada com o governo paulista. Segundo Pomini, a ideia é usar o caixa da APS, que está em cerca de R$ 2,9 bilhões hoje, para custear até 50% da construção do túnel - até o terceiro trimestre, o caixa somava R$ 2,3 bilhões. Não haveria contraprestações ao longo do contrato, diz ele. “Os 50% poderão cair, a depender da modelagem, que está sendo feita, e da concorrência”.

Companhia propõe ampliar em 1,5 milhão de TEUs terminais da BTP e Santos Brasil

A princípio, a União dividiria o aporte para a construção do túnel com o Estado, mas Pomini diz que o governo federal assumiu a totalidade, porque o aporte estadual seria financiado pelo BNDES. “Se vai ser 100% recursos do governo federal, a gente faz pelo próprio governo federal.”

Procurado, o Estado diz que tem “disponibilidade financeira e de captação de recursos” para o projeto e que o valor não foi incluído na Lei Orçamentária Anual do ano porque a obra não começaria em 2024. A gestão também diz que “o único projeto-executivo existente do túnel” foi feito pelo Estado e está sendo atualizado.

Além das PPPs, a autoridade portuária traça uma nova rota para expandir a área de contêineres no porto. Pomini bateu o martelo sobre o fim do projeto do STS 10, o megaterminal de contêineres no Saboó, que teria capacidade anual de 2,3 milhões de TEUs.

No lugar, a APS tem duas propostas de expansão. A primeira delas é ampliar os terminais da BTP (controlado por Maersk e MSC) e da Santos Brasil, anexando áreas vizinhas, o que seria feito por meio de aditivo contratual, sem necessidade de licitação, diz ele. Juntas, as duas ampliações gerariam capacidade adicional de 1,5 milhão de TEUs ao ano.

No caso da BTP, a ideia é incorporar uma parte da área que seria destinada ao STS 10. “Podemos classificar como área não licitável. Por exemplo, se tiver um cais público e uma retroárea usada pela BTP, posso dispensar a licitação, porque interessa ao poder público que a BTP aumente sua capacidade e que seja implementado um cais público. Há instrumentos jurídicos que permitem o adensamento sem licitação.”

No caso da Santos Brasil, a área anexada terá que ser desabrigada, porque hoje é ocupada por moradias precárias. “É um caso mais simples, porque é uma área não licitável. Vamos retirar as moradias das palafitas e, em contrapartida, a empresa investiria na construção dessas moradias.”

Apesar dos planos de Pomini, fontes do setor afirmam que nenhum dos dois grupos foi formalmente procurado e que não houve proposta concreta. Também dizem que há interesse em ampliar a capacidade, mas tudo depende dos termos das contrapartidas. Uma fonte também destaca que as companhias já têm investimentos em curso, fruto das renovações antecipadas dos contratos - a da Santos Brasil foi firmada em 2015 e a da BTP, em 2023.

Procurada, a BTP diz que “entende ser fundamental o aumento de capacidade no Porto de Santos” e que acompanha “de perto todos os projetos e ideias que estão sendo traçados”. A Santos Brasil diz que “está à disposição para colaborar com os projetos para o desenvolvimento do setor de contêineres no porto.”

Outro plano da APS para expandir capacidade seria construir um novo terminal de contêineres na Ilha de Bagres, na margem esquerda. Porém, Pomini diz que não se trata de projeto para o curto prazo. Ainda seria preciso alterar a poligonal e incluir o terreno na área pública do porto.

Para além de contêineres, Pomini diz que há planos de novos projetos em Santos, e que a prioridade é granéis líquidos - no fim de 2023, a APS abriu um chamamento para interessados em explorar o terminal STS 08. “A grande demanda é aumentar a área de granéis líquidos. Depois vêm açúcar e contêiner.”

PETROLÍFERO

Infomoney - SP   23/01/2024

O petróleo fechou em alta na sessão desta segunda-feira, 22, com o barril do Brent voltando a ultrapassar US$ 80 depois de dez dias. O preço da commodity é apoiado por conflitos geopolíticos no Oriente Médio e na Rússia, diante dos riscos de perturbação da oferta global.

O WTI para março subiu 2,06% (US$ 1,51), a US$ 74,76 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex). O Brent para o mesmo mês subiu 1,90% (US$ 1,50), a US$ 80,06 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE).

Nesta segunda-feira, o chefe das operações militares dos EUA no Oriente Médio, o vice-almirante Brad Cooper afirmou que o Irã – um grande produtor de petróleo – tinha envolvimento direto nos ataques a navios que os Houthis têm realizado no Mar Vermelho. A escalada dessas tensões vem contribuindo para os temores de que o transporte e a produção de petróleo na região possam ser afetados.
Outro ponto de alerta foi o ataque de drones atribuído à Ucrânia a um terminal de gás da Novatek na Rússia nesse fim de semana, que forçou o Kremlin a suspender algumas operações na instalação.

Head de Petróleo, Gás e Renováveis da StoneX, Smyllei Curcio, pondera, entretanto, que sinais de desaceleração da China, importante motor de demanda, limitam o impulso de alta.

Ele lembrou que o Banco do Povo da China (PBoC, na sigla em inglês) manteve juros inalterados na decisão do domingo, quando “o mercado esperava corte”. “Os dados chineses estão deixando o mercado cauteloso”, apontou Curcio.

Ainda assim, ele considera que a maior parte dos fundamentos é altista. “Ou seja, é preciso pensar em estratégias de participação de alta e proteção de alta”, recomendou.

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