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22 de Maio de 2024

SIDERURGIA

Diário do Comércio - MG   22/05/2024

O anúncio do governo federal de que a indústria de produção de aço do Brasil vai investir cerca de R$ 100 bilhões nos próximos cinco anos engloba boa parte de projetos já em andamento e previamente divulgados por empresas do setor, que vive há anos quadro de baixa demanda nacional e importações elevadas, de acordo com uma fonte e levantamento da Reuters.

Após participar de reunião com o setor na segunda-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que “agora estamos anunciando mais R$ 100 bilhões de investimentos da indústria siderúrgica nos próximos cinco anos”, dando a entender que tratam-se de novos empreendimentos.

Lula e o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), o vice-presidente Geraldo Alckmin, no entanto, não deram detalhes dos novos investimentos, assim como empresas procuradas pela Reuters.

Uma fonte do setor, que pediu para não ser identificada dada a sensibilidade do assunto, disse que o anúncio “foi mais um movimento político” e uma “tentativa de pacificar as coisas com o governo”, por parte de um setor que cobra há anos do governo revisão das condições de competitividade do país como condição para ampliações de capacidade.

“Foi um anúncio em que não se falou nada. Não vi nada de novo… Faltou substância”, disse a fonte. “Anunciaram 100 bilhões para gastar no quê? Quando?” Procurado, o MDIC não respondeu de imediato a um pedido de comentário.

No mês passado, o governo atendeu uma das demandas do setor ao elevar de cerca de 11% para 25% a tarifa de importação de 11 produtos siderúrgicos, em medida válida por um ano. À época, o presidente-executivo da Gerdau, Gustavo Werneck, afirmou que a medida foi um avanço “muito importante, mas não resolve totalmente” os problemas do setor.

Procurada a respeito do anúncio de Lula, a empresa remeteu o assunto ao Aço Brasil, entidade que representa parte do parque produtor de aço do país, que não se manifestou.

Atualmente, o Brasil tem uma capacidade de produção de 51 milhões de toneladas por ano de aço bruto, segundo dados do Aço Brasil, mas em 2023 o volume da liga que saiu dos altos-fornos brasileiros foi de 32 milhões de toneladas, uma queda de 6,5% sobre 2022 e uma indicação de ocupação de capacidade de 63% ante um nível que o setor considera como ideal de acima de 80%.

Enquanto isso, a importação de aço pelo país cresceu 50%, para 5 milhões de toneladas, o equivalente à produção de uma usina siderúrgica inteira como a Ternium CSA, no Rio de Janeiro, segundo dados do Aço Brasil.

Entre os planos de investimento já anunciados pela indústria siderúrgica brasileira estão R$ 25 bilhões da ArcelorMittal, maior grupo siderúrgico do mundo, entre 2022 e 2026, afirmou a companhia nesta terça-feira. A conta inclui a compra da Companhia Siderúrgica do Pecém, no Ceará, por R$ 11,4 bilhões, concluída em março do ano passado.

A Gerdau, por sua vez, tem planos de investir R$ 8,6 bilhões em suas operações no Brasil entre 2021 e 2026, cifra que inclui R$ 1 bilhão em expansão florestal, em meio à estratégia do grupo de reduzir sua pegada de carbono.

Enquanto isso, a CSN, que nos últimos anos vem se diversificando e concentrando esforços no setor de cimento, menos afetado por importações, tem planos de investir por ano R$ 6 bilhões a R$ 7 bilhões em média entre 2025 e 2028 em projetos que incluem além de aço e cimento, mineração.

Money Times - SP   22/05/2024

O governo federal planeja publicar a regulamentação da cota de importação para 11 produtos de aço no início de junho, segundo informações do Broadcast, do Estadão.

Conforme comunicado do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) divulgado em 23 de abril, o Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior (Gecex/Camex) deliberou elevar para 25% o imposto de importação de 11 NCMs de aço.

Além disso, decidiram pela implementação de cotas de volume de importação para esses produtos, de forma que a tarifa só passe por aumento quando as cotas forem ultrapassadas. O Gecex ainda deve avaliar outros quatro produtos que poderiam ter a tarifa elevada.

A medida é válida por um ano e precisa ser regulamentada para entrar em vigor e terá validade de 12 meses, a partir de publicação da portaria.

“Estudos técnicos mostram que a medida não trará impacto nos preços ao consumidor ou a produtos de derivados da cadeia produtiva. Durante os 12 meses, o governo vai monitorar o comportamento do mercado. A expectativa do governo é que a decisão contribua para reduzir a capacidade ociosa da indústria siderúrgica nacional”, disse o MDIC.

Segundo a pasta, a decisão atendeu a pleitos do setor, que chegaram ao governo num contexto de excedente na produção de aço mundial.

“A decisão do Gecex trouxe esperança para nossa indústria, como um primeiro passo para a redução da entrada desenfreada de importações no Brasil”, destacou o presidente do Conselho diretor do Instituto Aço Brasil, Jefferson de Paula. “Reafirmo a disposição da indústria do aço de se engajar no esforço de retomada do crescimento do país”, disse.

Qual será o impacto para o setor de aço/siderurgia?

Na avaliação de Rafael Passos, da Ajax Capital, a medida anunciada pelo governo pode ajudar a restaurar a lucratividade do setor.

Ele lembra que a indústria local teve dificuldade com aumento das importações chinesas, pressão de preços e demanda fraca. Ainda, outros países também estão regulamentando importação com cota, em meio as importações mais baratas vinda da China.

“Sendo bem direto, essa medida abre espaço para os produtores locais de aço recuperarem alguma participação de mercado das importações e ajustarem os preços gradualmente. Mesmo que essa medida possa não ser tão agressiva, deve trazer um alívio para os players da indústria”, avalia. Ele destaca que a notícia é mais importante para as produtoras de aços planos.

Já Igor Guedes, da Genial Investimentos, avalia que a medida não representa uma solução que dê respaldo as necessidades integrais da indústria de aço brasileira e o número de NCMs contemplados está abaixo dos 30 produtos que o Instituto Aço Brasil havia solicitado em seu pleito.

“Fazendo uma analogia para ilustrar, acreditamos que a medida funcionaria como levar um guarda-chuva furado para uma tempestade. É melhor do que nada, mas não resolve. E dado a relação diplomática entre Brasil e China, novas mudanças na resolução, que trariam reflexos mais extensos do que a medida anunciada, parecem ser improváveis até pelo menos o ano que vem, conforme discorremos sobre a interdependência comercial entre os dois países”, explica.

O analista pontua que trabalham com uma premissa de aumento de alíquota para ~18%. Embora o aumento para 25% traga um uspide contra estimativa, o baixo número de NCMs, aliado ao mecanismo de volume travado em uma cota média, que parece desatualizada (2020/2022), não deverão criar um ambiente que devolveria maior poder de barganha para as siderúrgicas nacionais frente a suas negociações de preços com a indústria.

Valor - SP   22/05/2024

Em 2023 o Brasil exportou para todo o mundo cerca de US$ 24 milhões em tubos de aço, apenas 2% foram destinados aos EUA

Mesmo com uma política muito protecionista para sua indústria siderúrgica, em janeiro de 2024, os Estados Unidos revogaram a cobrança de uma sobretaxa de 103,4% sobre a importação de tubos de aço fabricados no Brasil. A notícia foi bem recebida, pois há uma projeção de aumentar em 25% a exportação desse produto, no entanto, os especialistas ouvidos pelo Valor acreditam que o incremento real será pouco relevante para o setor como um todo.

Para se ter uma ideia, no ano de 2023 o Brasil exportou para todo o mundo cerca de US$ 24 milhões em tubos de aço, e desse total, apenas 2% foram destinados aos Estados Unidos, algo em torno de US$ 500 mil, segundo os dados da Câmara Americana de Comércio (Amcham).

Considerando todas as exportações do setor siderúrgico, o Brasil embarcou US$ 16,7 bilhões de produtos em ferro fundido, ferro ou aço em 2023, sendo 44% somente para mercado americano, valor que corresponde a US$ 7,3 bilhões. O Brasil é atualmente o nono maior produtor de aço bruto do mundo, com 21 usinas espalhadas pelo país.

Ou seja, as exportações globais dos tubos de aço brasileiro representaram 1,4% de todos os embarques do setor siderúrgico brasileiro em 2023, enquanto que a parcela destinada aos EUA representou apenas 0,003% do montante.

A medida antidumping sobre os tubos de aço vigorava desde 1992, no entanto, os EUA não retiraram as sobretaxas sobre os outros produtos do setor, como pelotas de aço e laminados. Mesmo assim o Brasil foi o único país a ter uma medida antidumping do setor revogada pelos EUA. Outros países ainda possuem sanções sobre esses produtos, como Índia, México, Coreia do Sul, Taiwan e Tailândia.

O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) afirmou ao Valor que a revogação da taxa configura um resultado positivo para a relação entre os dois países, no entanto, as exportações do produto seguem limitadas pelas cotas impostas pelo governo americano, de 2.865 toneladas por ano.

O diretor de relações governamentais da Amcham, Fabrizio Panzini, diz que a retirada da sobretaxa sobre os tubos brasileiros é uma medida importante a se reconhecer, pois uma taxa adicional de mais de 100% é um valor muito relevante e que acabava travando as exportações brasileiras. “No entanto, a exportação de tubos soldados de aço para os Estados Unidos nunca foi muito grande, o maior volume desse produto exportado foi de US$ 15 milhões no ano de 2007, então não dá para esperar que o incremento nas vendas de tubo de aço em 2024 seja muito relevante.”

Panzini ressalta também que a relação entre Brasil e EUA na siderurgia é longa e muito relevante para a indústria de aço brasileira, lembrando que foram os EUA, por meio do Ex-Im Bank, que financiaram a construção da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), em 1941. “Além disso, a relação dos dois países nesse setor vem crescendo, em 2019, por exemplo, as vendas do Brasil para lá representavam 34% das exportações do setor, já em 2023 o número foi para 44%, um aumento de quase 10 pontos percentuais”, diz.

Outros analistas também não esperam um grande impacto com a medida anunciada em janeiro. “Não deixa de ser uma conquista do Brasil, mas foi apenas um item específico, não é sobre todo o mercado de aço, fizeram uma concessão sobre um item que não é tão importante assim”, afirma economista Igor Lucena, doutor em relações internacionais e CEO da Amero Consulting.

Segundo Lucena, é provável que as exportações de tubos de aço devam aumentar cerca de 25% em 2024, o que não é suficiente para impactar o mercado brasileiro de aço como um todo.

Valor - SP   22/05/2024

Companhia está entre as três maiores recicladoras de sucada da América do Norte, diz CEO

Mais metade dos resultados da Gerdau vem hoje da América do Norte, em especial dos Estados Unidos, onde atua há 35 anos, segundo o CEO, Gustavo Werneck. “A América do Norte se tornou uma das áreas de maior crescimento da companhia, com 14 unidades de produção nos EUA, Canadá e México. Também é uma das líderes de mercado na região, na produção de alguns tipos de barras de aço e vigas estruturais”, afirmou. A Gerdau está listada na bolsa de valores de Nova York (Nyse) há 25 anos.

Com capacidade para produzir nos EUA 5,4 milhões de toneladas de aço bruto e 4,5 milhões de toneladas de produtos acabados, a empresa tem oito unidades de produção no país, instalações de reciclagem de sucata e operações de “downstream” (que ocorrem após a produção principal). Do total de aço produzido por lá, 98% vêm de sucata reciclada. “Estamos entre as três maiores recicladoras de sucata da América do Norte, com 21 pontos de coleta de material nos EUA e Canadá”, disse Werneck.

A fim de impulsionar os negócios bilaterais, Werneck disse que o governo brasileiro tem tarefas a fazer e muitas oportunidades na mesa. “Mas ressalto os gargalos na oferta de infraestrutura no Brasil, que impedem o país de ser competitivo”, analisa. “Novos investimentos precisam ser destravados para que obras públicas, como de saneamento básico e rodovias, possam avançar.”

Nos Estados Unidos, a Gerdau continua fazendo seu dever de casa, segundo o CEO. “Seguimos investindo na modernização das operações”, garantiu, citando novos projetos na área de energia limpa.

“A empresa investiu na construção de um parque solar na cidade de Midlothian, no Texas”, contou. “Com capacidade de 80 MW [megawatts], ocupa uma área de 3 milhões de m 2, ao lado da usina da Gerdau na cidade, e é uma das maiores instalações ‘behind-the-meter’ [atrás do medidor, do inglês, ou cuja energia gerada será utilizada sem o uso da rede pública] dos EUA.”

Infomoney - SP   22/05/2024

O anúncio do governo federal de que a indústria de produção de aço do Brasil vai investir cerca de R$ 100 bilhões nos próximos cinco anos engloba boa parte de projetos já em andamento e previamente divulgados por empresas do setor, que vive há anos quadro de baixa demanda nacional e importações elevadas, de acordo com uma fonte e levantamento da Reuters.

Após participar de reunião com o setor na segunda-feira (20), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que “agora estamos anunciando mais R$ 100 bilhões de investimentos da indústria siderúrgica nos próximos cinco anos”, dando a entender que tratam-se de novos empreendimentos.

Lula e o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), o vice-presidente Geraldo Alckmin, não deram detalhes dos novos investimentos, assim como as empresas procuradas pela Reuters.

Uma fonte do setor, que pediu para não ser identificada dada a sensibilidade do assunto, disse que o anúncio “foi mais um movimento político” e uma “tentativa de pacificar as coisas com o governo”, por parte de um setor que cobra há anos uma revisão das condições de competitividade do país como condição para ampliar sua capacidade.

“Foi um anúncio em que não se falou nada. Não vi nada de novo Faltou substância”, disse a fonte. “Anunciaram 100 bilhões para gastar no que? Quando?”

Procurado, o MDIC não respondeu de imediato a um pedido de comentário.

No mês passado, o governo atendeu uma das demandas do setor ao elevar de cerca de 11% para 25% a tarifa de importação de 11 produtos siderúrgicos, em medida válida por um ano. À época, o presidente-executivo da Gerdau, Gustavo Werneck, afirmou que a medida foi um avanço “muito importante, mas não resolve totalmente” os problemas do setor.

Procurada a respeito do anúncio de Lula, a empresa remeteu o assunto ao Aço Brasil, entidade que representa parte do parque produtor de aço do país, que não se manifestou.

Atualmente, o Brasil tem uma capacidade de produção de 51 milhões de toneladas por ano de aço bruto, segundo dados do Aço Brasil, mas em 2023 o volume da liga que saiu dos altos-fornos brasileiros foi de 32 milhões de toneladas, uma queda de 6,5% sobre 2022 e uma indicação de ocupação de capacidade de 63% ante um nível que o setor considera como ideal de acima de 80%.

Enquanto isso, a importação de aço pelo país cresceu 50%, para 5 milhões de toneladas, o equivalente à produção de uma usina siderúrgica inteira como a Ternium CSA, no Rio de Janeiro, segundo dados do Aço Brasil.

Entre os planos de investimento já anunciados pela indústria siderúrgica brasileira estão R$ 25 bilhões da ArcelorMittal, maior grupo siderúrgico do mundo, entre 2022 e 2026, afirmou a companhia nesta terça-feira. A conta inclui a compra da Companhia Siderúrgica do Pecém, no Ceará, por R$ 11,4 bilhões, concluída em março do ano passado.

A Gerdau, por sua vez, tem planos de investir R$ 8,6 bilhões em suas operações no Brasil entre 2021 e 2026, cifra que inclui R$ 1 bilhão em expansão florestal, em meio à estratégia do grupo de reduzir sua pegada de carbono.

Enquanto isso, a CSN, que nos últimos anos vem se diversificando e concentrando esforços no setor de cimento, menos afetado por importações, tem planos de investir por ano R$ 6 bilhões a R$ 7 bilhões em média entre 2025 e 2028 em projetos que incluem além de aço e cimento, mineração.

ECONOMIA

Globo Online - RJ   22/05/2024

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) estima que as enchentes no Rio Grande do Sul tenha um impacto de redução de 0,3 ponto percentual a 0,4 ponto percentual no PIB da produção industrial nacional este ano. O estado, informa a CNI, tem participação relevante na indústria de fumo, extração de carvão, calçados, móveis, máquinas e equipamentos e produtos de metal. A instituição projeta ainda uma queda entre 0,2 ponto percentual e 0,4 ponto percentual da taxa de crescimento geral da economia em 2024. A projeção da CNI era de um crescimento de 2,4% do PIB para este ano.

- Essa estimativa já leva em conta o impacto positivo dos incentivos fiscais e transferências anunciados pelo governo. Apesar de todas as medidas a situação do estado terá um reflexo relevante para a economia brasileira - ressalta Rafael Lucchesi, diretor de Desenvolvimento Industrial da CNI.

Lucchesi diz que as enchentes do Rio Grande do Sul mostram que o Brasil precisa de reposicionamento estratégico do país como grande líder da agenda global de descarbonização, um plano de Estado.

- Os eventos climáticos extremos acontecem em todos mundo, mas as consequências dos extremos climáticos são maiores para a economias emergentes como o Brasil. Nosso modo de vida está em risco. Temos que construir uma sociedade mais sustentável. O Brasil perdeu R$ 485 bilhões em desastres naturais entre 2011 e 2023. A tragédia no Rio Grande do Sul serve de alerta máximo para uma mudança profunda no direcionamento das políticas públicas.

E acrescenta:

- A indústria é responsável por apenas 5% das emissões de CO2. Isso dentro da fábrica. Se olharmos para a logística, corresponde a 25% das emissões. A indústria faz parte da solução, porque ela inova, absorve novas tecnologias e isso precisa ser feito olhando para uma país mais verde. A Nova Indústria Brasil é um plano estratégico para descarbonizar a economia.

Segundo o diretor da CNI, a única forma de descarbonizar o planeta sem prejudicar o crescimento econômico e a redução da pobreza é a transição para energias renováveis e tecnologias verdes o mais rapidamente possível. Nesse sentido, ele aponta duas as prioridades da Nova Indústria Brasil:

-A construção civil mais moderna e sustentável e a descarbonização da indústria de base. Na construção, isso inclui usar materiais sustentáveis (como cimento verde, concreto sustentável) e reciclados, minimizar a produção de resíduos e o uso de insumos, como energia e água, e aumentar o reaproveitamento dos recursos. Na indústria de base, os estímulos são para o desenvolvimento das manufaturas verdes: como os químicos, os plásticos, o aço, o alumínio e o hidrogênio verde.

O Estado de S.Paulo - SP   22/05/2024

O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, demonstra otimismo com o desempenho da economia brasileira este ano, mesmo com os efeitos da tragédia no Rio Grande do Sul. Segundo ele, ainda não é possível ter uma noção clara do impacto negativo na atividade econômica, nem do impacto positivo posterior, com as medidas de apoio e reconstrução do Estado. Mas a projeção do governo para este ano, revista recentemente, é de aumento de 2,5% no PIB - no boletim Focus, a estimativa do mercado é de 2,05%.

Para 2025, a projeção é de alta de 2,8%, o que os analistas consideram excessivamente otimista. Mas, segundo Mello, o mercado tem tido de se adaptar à realidade constantemente. “Só de a gente ter uma perspectiva de crescimento em torno de 2,5% e 3% nos próximos anos, é uma mudança qualitativa muito grande em relação ao que a gente viu na última década. Mesmo no fiscal”, diz.

Em relação às críticas quanto à questão fiscal - que vêm sendo feitas por analistas do mercado e acadêmicos e que ganharam força após o governo ter flexibilizado as metas de ajuste fiscal estabelecidas para 2025 e 2026 -, Mello acredita que há um exagero.

“Estamos entregando exatamente o que falamos que íamos entregar e que ninguém acreditava que íamos conseguir”, afirma o economista, antecipando que o segundo relatório bimestral de receitas e despesas, que será divulgado nesta semana, deverá ser “positivo”. Mello ajudou a elaborar o plano de governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e integra a linha de frente do time de Fernando Haddad.

Ele alega que a dívida pública, como proporção do PIB, fechou abaixo das projeções em 2023, apesar de ter crescido em relação a 2022. Também cita um déficit de cerca de 1% no ano passado, excluído o pagamento de precatórios e as compensações aos Estados, e diz que o número foi o prometido por Haddad. O indicador, segundo Mello, também seria melhor do que o “real” Orçamento entregue pela gestão anterior, que tinha despesas subestimadas.

Questionado sobre a trajetória crescente dos gastos obrigatórios e dos riscos que isso significa ao novo arcabouço fiscal, Mello defendeu a revisão de despesas com o objetivo de “corrigir fraudes e distorções”. O que vem sendo classificado como insuficiente pelos economistas, que alertam para problemas mais profundos, que exigiriam respostas mais efetivas de corte de gastos.

Ele avalia, porém, que o governo ainda tem “muito espaço para percorrer”, em termos de melhoria de eficiência dos programas sociais, antes de partir para outras medidas, e diz que não há decisão tomada sobre rever a dinâmica dos pisos da educação e da saúde. Atualmente, eles são atrelados ao crescimento da receita e, com isso, os gastos tendem a aumentar em velocidade superior ao limite do arcabouço.

Confira abaixo os principais trechos da entrevista.
Em entrevistas ao ‘Estadão/Broadcast’, o investidor Luis Stuhlberger e o ex-presidente do Banco Central Arminio Fraga demonstraram frustração e preocupação com o que consideram uma deterioração fiscal mais recente. A equipe econômica vem sustentando uma visão oposta. A que se deve essa divergência?

Depois que a Moody’s indicou a possibilidade de aumento da nota do Brasil, eu comecei a ver várias dessas reações, de que o fiscal está muito ruim, de que o fiscal piorou muito. Mas piorou em relação a quê? Ah, às expectativas? Então vamos pegar as expectativas do começo de 2023. A expectativa da dívida em proporção do PIB era de 79%. No fim do ano, fechou em 74,4%, quase cinco pontos abaixo. Então, se é em relação à expectativa que se tinha, está muito melhor no principal indicador fiscal. Não tem surpresa negativa, e sim positiva. (No fim de 2022, porém, a dívida estava em 71,7% do PIB). No dia 12 de janeiro de 2023, o ministro deu uma coletiva anunciando uma série de medidas que ele tomaria para reduzir o déficit primário e falou: ‘Eu sei que a PLOA (projeto de lei orçamentária de 2023) projeta um déficit de 2,2% do PIB, mas eu não vou entregar esse número, eu vou mirar em 1% do PIB’. (Na ocasião, o ministro projetou déficit entre 0,5% e 1% do PIB). No fim do ano deu 2,2%, mas pagamos precatórios, o calote nos governadores.
E se descontar esses dois pagamentos?

Dá 1,1% do PIB, exatamente o que o ministro falou que a gente ia entregar. E quando a gente falava que ia entregar 1% do PIB, a maior parte dos analistas duvidava. Então, superamos as expectativas.

E o descolamento das expectativas neste ano?

No começo, todo mundo falava ‘vai chegar o primeiro (relatório) bimestral (de receitas e despesas, fechado em março) e o governo vai ter de contingenciar R$ 56 bilhões e, ainda assim, não vai ser suficiente para projetar o déficit zero’. Chegou o primeiro bimestral, contingenciamento zero (não houve contingenciamento, mas o governo bloqueou R$ 2,9 bilhões para evitar estouro no limite de despesas) e projeção de chegar à meta no final do ano. Vamos ver o segundo bimestral, eu estou confiante.
Mas no primeiro bimestral ainda havia uma série de questões em aberto, como a renúncia com as desonerações.

Na desoneração, nós conseguimos reverter o cenário, que era ‘perdeu, acabou, vai ser isso, sem compensação’. O ministro pediu o veto, foi vetado, foi derrubado o veto, fez uma medida provisória, tentamos negociar uma alternativa, não conseguimos, foi revertida a MP e aí fizemos o que nos restava, que era ir ao Supremo e alegar a inconstitucionalidade, porque está tirando receita da Previdência sem indicar fonte (de compensação). O Supremo deu uma liminar e agora a gente está construindo um acordo em que, tudo bem, vamos fazer um faseamento para acabar com as desonerações, mas com compensação. Isso faz toda a diferença do ponto de vista do impacto fiscal. O efeito líquido, do ponto de vista orçamentário, não existe. Eu acho que os indicadores fiscais, quando você pega as expectativas do mercado, eles têm surpreendido positivamente de maneira recorrente.
Como as desonerações serão compensadas pela Fazenda?

O ministro vai anunciar. Mas, se você está abrindo mão de receita, vai precisar ter outra fonte de receita.

O sr. mencionou que está confiante em relação ao segundo relatório bimestral, que será anunciado nesta semana. Poderia detalhar melhor?

Nós temos dados bons de atividade econômica e receita. Essas duas coisas têm vindo muito positivas. Então, a tendência é que isso se reflita em um resultado bimestral também positivo. Mas a gente só vai saber isso exatamente quando for divulgado o número oficial.

Do ponto de vista macro, o que permite ao governo sustentar projeções de um futuro positivo no campo fiscal?

Só voltando um pouco. Havia uma narrativa de que o que ocorreu em 2023 foi uma profunda deterioração fiscal vindo de um cenário positivo em 2022. Tenho de mostrar que, do ponto de vista estrutural, esse superávit não existiu, porque tinha muita receita não recorrente e cíclica. O que o governo Lula de fato herdou do governo Bolsonaro foi a projeção de 2023, que dizia que nós teríamos um déficit de R$ 63 bilhões, porque a receita cairia 1,4% do PIB, mesmo com crescimento econômico. Além disso, a projeção de despesas não incluía uma série de gastos que já haviam se tornado compromissos de campanha dos dois candidatos, como o Bolsa Família. Só isso dá uma subestimação de R$ 60 bilhões. Havia, ainda, uma subestimação do pagamento de benefícios previdenciários assistenciais. Se somar, chega-se a um valor de déficit real de R$ 138 bilhões. A gente entregou menos. A gente entregou menos do que o (ex-ministro da Economia) Paulo Guedes previu.
Mas o governo contou com a ajuda das expectativas em 2023, porque o mercado acreditou na promessa de ajuste fiscal que viria com o novo arcabouço e que agora está em xeque.

O arcabouço foi aprovado em agosto e o resultado fiscal de 2023 foi positivo porque a gente conseguiu recompor uma parte das receitas perdidas. Perdidas, inclusive, às vésperas de o presidente Lula assumir. Dias antes de o presidente Lula assumir foram assinadas várias medidas de desoneração, que a gente reverteu, como a de combustíveis. Essas medidas reduziram a inflação em 2022, mas pressionaram a inflação em 2023. E, mesmo assim, entregamos uma inflação de 4,6%, sendo que o mercado previa 6%.
Mas, novamente, as expectativas ajudaram, porque a inflação moderou após a promessa de ajuste fiscal do ministro Haddad. E agora os investidores se dizem traídos porque o ajuste não está sendo entregue na velocidade prometida.

Nós estamos entregando. Entregamos o déficit de 1% no ano passado, que foi exatamente o que dissemos que íamos fazer, e estamos prontos para entregar um déficit zero, perto do equilíbrio orçamentário neste ano. Agora, é evidente que, quando você constrói o cenário do resultado primário, principalmente os cenários mais longos, você estabelece a meta mas o resultado não é fruto só das nossas ações. Ele é fruto de um conjunto de ações de Executivo, Legislativo e Judiciário. Nós mandamos um conjunto de medidas ao Legislativo, ele foi muito correto, parceiro e aprovou praticamente todas as medidas, mas aprovou, o que é natural numa democracia, de uma forma modulada, diferente do que a gente previa. Isso impacta a nossa projeção para frente. Algumas medidas atrasaram, outras foram enviadas e acabaram não sendo apreciadas, como juros sobre capital próprio (a mudança na tributação desse benefício foi aprovada aquém do que desejava a Fazenda). O resultado não depende só do que o governo federal faz.
E o sr. considera que há espaço para aprovar mais medidas de arrecadação via Congresso?

Eu acho que existe uma estratégia, que boa parte dos Poderes do País entendeu. E isso ajuda. É claro que é difícil negociar, há questões que envolvem lobbies poderosos. Falamos de (tributar) offshores e fundos fechados, que envolvem poucas pessoas, mas pessoas com muito capital. Mesmo Carf (a volta do voto de desempate a favor do Fisco), é para casos grandes. Todos esses ajustes mostram o compromisso do ministro com uma agenda de recompor a base fiscal sem prejudicar os mais pobres. Como? Corrigindo distorções tributárias, sendo muito criterioso nos programas que nós fazemos, de incentivos, para que sejam bem desenhados, atinjam quem precisa atingir e sejam efetivos. E perseguir o equilíbrio fiscal.
Mesmo assim, o governo atrasou a agenda de equilíbrio fiscal, com a revisão da meta de 2025 em diante.

A mudança da projeção para os próximos anos reflete um pouco o sucesso dessa agenda, que não é um sucesso absoluto. Não é que a gente aprovou 100% do que a gente queria da forma 100% do que a gente precisava.
A que o sr. atribui o fato de os analistas estarem prevendo hoje um déficit fiscal maior em 2025 do que o de 2024? Ou seja, uma piora no resultado.

Vamos voltar ao tema que eu considero fundamental. Obviamente tenho todo o respeito aos analistas que projetam seja PIB, inflação ou resultado fiscal. Todo mundo está tentando acertar, porque eles têm clientes. Mas o que estou tentando mostrar é que, no último ano e meio, sequencialmente, as surpresas são positivas, não negativas. E, repito, ninguém esperava um primeiro (relatório) bimestral com déficit zero e eu acredito que o segundo também pode vir positivo. Agora, é evidente que, de alguma forma, a mudança nas nossas metas influencia a projeção dos analistas para o futuro. Mas, quando você olha para a trajetória da dívida, que é o indicador fiscal realmente relevante, tem caído sistematicamente. As agências de classificação de risco estão revisando porque eles também estão observando isso.

Esse efeito de revisão não é mais resultado do crescimento do PIB do que propriamente de um esforço fiscal do governo?

Mas o crescimento é uma parte super importante da trajetória fiscal, não tenha dúvida. O que mais impacta a trajetória da dívida pública em relação ao PIB é, em primeiro lugar, o juro, porque no caso brasileiro a taxa de juros é muito elevada. E, em segundo, o crescimento do PIB. O resultado primário (economia feita pelo governo antes do pagamento de juros) impacta? Claro, mas é menor. Então claro que o crescimento influencia. Mas, veja, isso também é outra coisa que mudou e que é sinal de sucesso. Mudou completamente a leitura do mercado sobre o patamar de crescimento. No ano passado, o mercado achava que o Brasil ia crescer 0,7%, 0,8% e cresceu 2,9%. Nesse ano, eles começaram com 1,5% e as pesquisas já estão em 2,5%.

O governo está prevendo 2,8% em 2025, o que os analistas consideram excessivamente otimista dados os percalços na economia, como juros mais altos em razão do fiscal mais frouxo e um cenário externo mais adverso.

Eles também achavam o nosso 2,1%, em 2023, e o nosso 2,2%, para 2024, muito otimistas.
O sr. acredita que haverá surpresa positiva nesse aspecto, mesmo com as inundações no Rio Grande do Sul?

Eu acredito. Nós revimos a nossa projeção de crescimento neste ano, colocamos em 2,5%, mas não incluímos os impactos do Rio Grande do Sul, porque nós não temos informação suficiente para saber qual será o impacto negativo do ponto de vista de redução da atividade e perdas. E também não temos um cenário completo de como as medidas de apoio e reconstrução do Estado vão impactar positivamente. Vão ter obras de infraestrutura, moradia.
Em qual espaço de tempo esses efeitos ocorrerão?

Muito provavelmente, o impacto negativo vai acontecer mais concentrado neste trimestre e o impacto positivo no segundo semestre. Ao longo do ano, temos de fazer a conta, mas precisamos de mais informações. No entanto, há outros fatores que precisam ser levados em consideração.
Quais?

Temos uma dinâmica do mercado de trabalho que tem surpreendido positivamente, e o mercado de crédito tem melhorado bastante, principalmente em relação ao ano passado. Tem uma série de medidas que lançamos agora, por meio do Acredita (pacote focado em pequenos empresários e no estímulo ao crédito imobiliário), que ainda vão começar a gerar impacto. Não sabemos a velocidade, mas temos uma perspectiva de redução de juros no Brasil. Pode ser que seja mais rápido ou mais devagar, depende do cenário internacional. Neste ano, o agro vai contribuir negativamente para o PIB, por causa dos fenômenos climáticos, mas a projeção para o ano que vem é de que o setor volte a contribuir positivamente. Hoje, o mercado acredita que o ritmo de atividade deva permanecer próximo de 2%. Um ano atrás, se fosse 1% já era muito. Nada impede que, à medida que os dados forem vindo e o cenário positivo se confirme, o mercado também reveja.
Reveja para quanto? Muda de patamar?

Já mudou, né? Não era 2% (de avanço do PIB). Agora é. E pode mudar de novo. Depende dos resultados. Só de a gente ter uma perspectiva de crescimento em torno de 2,5% e 3% nos próximos anos, é uma mudança qualitativa muito grande em relação ao que a gente viu na última década. Mesmo no fiscal. Nos últimos dez anos, de 2022 para trás, nós acumulamos praticamente R$ 2 trilhões de déficit. Então, só de ter perspectiva de equilíbrio orçamentário e retomar superávits sem, para isso, precisar esmagar programas sociais, é uma mudança qualitativa enorme.
Além da discrepância nas projeções de PIB, os economistas alertam para uma série de ‘ausências’ de gastos na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2025. Por exemplo, o crédito suplementar de R$ 15 bilhões, que será aberto em 2024, não está previsto. A prorrogação do Perse, que é o socorro ao setor de Turismo, não está prevista. A mesma coisa para a desoneração dos municípios…

Tudo isso estará no PLOA (Projeto de Lei Orçamentária Anual). E tudo que a gente está aprovando aqui, principalmente no caso da desoneração das folhas (das empresas e municípios), a gente vai buscar compensação. A LDO é um documento prévio. No PLOA, vamos especificar todas as ações que teremos de tomar para alcançar o déficit zero em 2025.
Também há preocupações em relação à trajetória dos gastos obrigatórios, principalmente dos benefícios previdenciários e dos pisos da educação e saúde. Há o alerta de que essas despesas irão inviabilizar o arcabouço. O que estão avaliando fazer para resolver isso?

Tem uma agenda importante de revisão de gastos que já começou. No ano passado, com a revisão do cadastro do Bolsa Família, se economizou mais de R$ 10 bilhões. Esse ano, já foram anunciadas medidas, do ponto de vista de melhoria de sistema e processos da Previdência, que também vão gerar uma economia superior a R$ 10 bilhões. No Proagro (espécie de seguro rural voltado a pequenos produtores), também tem medidas.

Mas elas são vistas como insuficientes diante do tamanho do problema...

Existem várias outras medidas que eu acho que podem ser tomadas para melhorar o desenho dos programas, combater distorções e fraude e que podem gerar uma economia e uma maior eficiência dos programas sociais. Todas as agendas de revisão de gastos, claro, têm algum tipo de discussão sobre o seu impacto distributivo, e a gente precisa analisar isso. Mas, repito: essa agenda já começou a gerar resultado e certamente nós vamos prosseguir trabalhando nela. O (Ministério do) Planejamento lidera esse assunto. Agora, os temas que que vão ser discutidos não necessariamente estão decididos a priori. Eu tendo a achar que nós ainda temos muito espaço para percorrer, em termos de melhoria de eficiência dos nossos programas.
O Tesouro Nacional tem estudos para alterar o índice que reajusta o crescimento dos pisos da educação e saúde, saindo de porcentuais vinculados à arrecadação e partindo, por exemplo, para um teto de 2,5%, que é a mesma trava prevista no arcabouço. Esse seria um caminho?

O Tesouro apresenta cenários. Opções existem inúmeras. Agora, não tem nenhuma decisão a respeito disso. O que se tem é uma agenda efetiva que está sendo implementada e que está gerando resultado e estou plenamente convencido de que irá gerar ainda mais.

Globo Online - RJ   22/05/2024

O trabalho dos bancos centrais de manter a inflação baixa ou na meta é influenciado por sua reputação, ou seja, pela crença de que serão capazes de cumprir sua missão. Ocorre que muitos fatores externos afetam essa construção de credibilidade. No Brasil, a política econômica do governo tem jogado contra.

Um termômetro da credibilidade do Banco Central é o comportamento das expectativas inflacionárias, e elas estão aumentando. As projeções de inflação do mercado estão em 3,74% para 2025 e 3,5% para os anos seguintes.

Independentemente do seu grau de acerto (na verdade, com frequência os analistas subestimam a inflação), há efeitos práticos da desancoragem das expectativas, como a tendência de repasse mais intenso de aumentos de custos ao consumidor, como mostra a pesquisa de Carlos Carvalho e outros economistas.

Mesmo em meio à queda da inflação corrente, as expectativas para anos futuros pioraram. A percepção de responsabilidade fiscal frouxa e o temor de pressão política sobre o BC são as prováveis razões para isso.

O primeiro movimento foi ainda na transição de governo, com a chamada PEC da Transição, que autorizou o aumento expressivo de gastos públicos (ao menos R$ 145 bilhões) em 2023. É possível que os ataques do presidente Lula ao presidente do BC, Roberto Campos Neto, e à autonomia da instituição tenham contribuído para consolidar o movimento.

As expectativas de longo prazo saltaram de 3% para 3,5% ao longo de 2023 — chegaram a atingir 4% quando Lula sinalizou que poderia elevar a meta de inflação, o que não ocorreu.

Mais recentemente, as expectativas para 2025 voltaram a subir, movimento que coincidiu com o relaxamento das metas fiscais do governo a partir de 2025, isso depois de iniciativas para elevar as despesas este ano.

A expansão fiscal também eleva o risco inflacionário ao estimular a demanda em ritmo superior à capacidade de ampliação da oferta. É, possivelmente, o que ocorre agora, tanto no setor de serviços como na indústria, cujos níveis de utilização da capacidade instalada estão se aproximando das máximas históricas, segundo as sondagens da FGV.

O mercado de trabalho aquecido também poderá se tornar um gargalo, elevando o risco inflacionário. Ainda que a taxa de desemprego seja elevada em termos absolutos (o desemprego é estruturalmente alto no Brasil, em boa medida por conta do reduzido capital humano, que afeta a empregabilidade de muitos), nota-se o crescimento dos pedidos de demissão, que é um indicador usual do descompasso entre oferta e demanda de mão de obra.

A ideia é que os indivíduos pedem demissão quando identificam elevada probabilidade de se recolocarem tempestivamente e em condições melhores. Ainda, é possível que o Bolsa Família revigorado esteja afetando a oferta de trabalho.

Como resultado, salários crescem em ritmo mais forte, o que poderá alimentar a inflação adiante. A política de valorização do salário mínimo em ritmo superior aos ganhos de produtividade do trabalho coloca mais pressão nos custos das empresas. E muitas delas não andam muito bem das pernas, a julgar pela elevada inadimplência.

Vale comentar que o impulso à demanda vai além daquele contabilizado no resultado primário do governo. Há gastos que correm por fora do orçamento. É o caso daqueles ligados a fundos (alguns da época da pandemia que foram mantidos), como aponta Marcos Mendes. Outra frente é o crédito direcionado, cujo crescimento poderá ser mais um fator a reduzir o espaço para cortes de juros pelo BC.

O maior risco fiscal impacta também a dinâmica nos preços de ativos (juros, dólar e bolsa), aumentando o desafio do BC. A reação dos mercados às turbulências externas recentes foi maior comparativamente a episódios anteriores em 2023. Apesar da melhora posterior dos mercados internacionais, observa-se uma pior performance em comparação a outros emergentes.

Nota-se certa rigidez nos preços de ativos em piores patamares. Reverter a deterioração da confiança de investidores exigirá maior esforço do governo para reconquistar o compromisso com a responsabilidade fiscal.

Isoladamente, cada um dos pontos acima pode parecer pouco relevante. Porém, tudo somado, aumenta-se a dificuldade do próximo presidente do BC em controlar a inflação. Ela seria ainda pior se a atual diretoria estivesse sendo ousada no corte dos juros.

O Estado de S.Paulo - SP   22/05/2024

A arrecadação de impostos e contribuições federais somou R$ 228,873 bilhões em abril, uma alta real (descontada a inflação) de 8,26% na comparação com o resultado de abril de 2023, quando o recolhimento de tributos somou R$ 203,889 bilhões, a preços correntes.

Em relação a março, quando o montante foi de R$ 190,611 bilhões, a arrecadação avançou 19,62%, em termos reais. Segundo a Receita, esse é o melhor resultado para o mês de abril em termos reais na série histórica, iniciada em 1995.

O resultado das receitas veio levemente acima da mediana das expectativas das instituições ouvidas pelo Projeções Broadcast, de R$ 228,3 bilhões. O dado ficou no intervalo de projeções, que ia de R$ 216,67 bilhões a R$ 299,90 bilhões.

O Fisco destacou a melhora no desempenho da arrecadação do PIS/Cofins, com o retorno da tributação sobre os combustíveis como um dos fatores para o avanço da arrecadação no mês. Os dois tributos somaram R$ 44,301 bilhões, um crescimento real de 23,38%. Também contribuiu o crescimento da arrecadação da contribuição previdenciária e do IRRF-Trabalho, em razão do crescimento da massa salarial, que arrecadou R$ 52,790 bilhões.

A Receita ainda mencionou o desempenho da arrecadação do Imposto de Importação do IPI-Vinculado à importação, em decorrência do aumento do volume em dólar das importações, taxa de câmbio e alíquotas médias. A arrecadação conjunta dos tributos foi de R$ 8,071 bilhões, um crescimento real de 27,46%.

Nos quatro primeiros meses de 2024, a arrecadação federal somou R$ 886,642 bilhões. Segundo a Receita, esse é o melhor resultado para o primeiro quadrimestre do ano, em termos reais, na série histórica iniciada em 1995. O montante representa um aumento real de 8,33% na comparação com os quatro primeiros meses de 2023.
Legislação e atividade

O chefe do Centro de Estudos Tributários e Aduaneiros da Receita Federal, Claudemir Malaquias, destacou que o resultado positivo da arrecadação federal, com crescimento acima de 8% no primeiro quadrimestre de 2024, responde a dois fatores principais: o efeito legislação e crescimento econômico.

No caso da legislação, ele explicou que são três os pontos que influenciaram no desempenho do ano: a reoneração dos combustíveis, tributação de fundos exclusivos e a exclusão do ICMS nas aquisições ao longo da cadeia. Esse último item influencia a arrecadação de PIS e Cofins, cuja previsão de arrecadação para o ano é de R$ 60 bilhões.

Em relação à atividade, ele destacou o crescimento vigoroso, acima de 10%, das receitas sobre salário, que reflete a redução do desemprego e o avanço da massa salarial.

Malaquias pontuou que abril teve arrecadação de R$ 120 milhões com fundos exclusivos. No quadrimestre, essas receitas somam R$ 11,440 bilhões.

“Os fundos exclusivos representam uma medida temporária, que teve um efeito temporário”, ponderou. A tributação de fundos exclusivos teve uma soma relevante que entrou em quatro parcelas: em dezembro, janeiro, fevereiro e março.

O resultado da arrecadação federal de abril teve como destaque os recolhimentos com PIS/Cofins, mas tributos como o IRPJ/CSLL apresentaram resultado abaixo do esperado. Os efeitos das mudanças do Carf feitas no ano passado também são ponto de alerta, na avaliação do economista da XP Investimentos Tiago Sbardelotto.

“Esperava uma recuperação mais forte dos recolhimentos com IRPJ/CSLL, uma vez que seriam afetados diretamente pelas mudanças feitas no ano passado, como a subvenção do ICMS e as mudanças de juros sobre o capital próprio. Os efeitos praticamente não vieram”, alerta. “Também não estamos vendo nenhum efeito das mudanças do Carf e transações tributárias”, emenda.

Sbardelotto vê com preocupação a ausência de efeito das mudanças do Carf e das transações tributárias, uma vez que ambas estão entre as principais medidas de aumento da arrecadação para o ano. “Juntas, elas somam R$ 98 bilhões. E, até agora, não veio nada”, diz. O economista avalia que pode haver uma compensação extraordinária à frente, mas alerta que “o tempo para o governo está acabando”.

Para o economista, a arrecadação de abril teve um crescimento disseminado entre as aberturas, mas a alta real de 8,26% ainda é insuficiente para cumprir a meta de déficit zero estipulada para o ano. “Devíamos ter um crescimento entre 13% e 13,5% para cumprir com a meta”, projeta. Sbardelotto prevê que a arrecadação federal feche o ano com alta real de 9,3%.
Arrefecimento

Segundo o economista-chefe do Banco BMG, Flavio Serrano, os números positivos ainda refletem o bom momento da atividade econômica doméstica ao longo do primeiro trimestre.

Para ele, porém, com a perspectiva de arrefecimento da atividade à frente, o desempenho da arrecadação também deverá se moderar ao longo do ano, sobretudo a partir do segundo semestre. “Quando chegar ali por junho, o desempenho da arrecadação já deve ser mais fraco”, aponta.

Entre os vetores positivos, Serrano cita a arrecadação com royalties advindos da exploração de itens como minério de ferro e petróleo. “Tivemos um ambiente favorável em termos de preço, mas com muita volatilidade. Isso coloca um pouco em dúvida se esse desempenho positivo vai se manter daqui para frente”, avalia o economista.

A expectativa de Serrano é que as leituras mensais da arrecadação federal sigam apresentando ganhos reais na comparação com 2023. Esse cenário positivo nas receitas, contudo, deve ser insuficiente para o governo chegar perto da meta de déficit primário zero neste ano.

“Continuamos vendo um déficit na casa de R$ 90,0 bilhões, e não vamos mudar por enquanto”, afirma. “Até achei que a parte dos gastos pudesse estar um pouco melhor, mas as despesas previdenciárias estão bem puxadas mesmo, por conta dos aumentos no salário mínimo”, complementa o economista.

O economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, também prevê arrefecimento da arrecadação federal nos próximos meses. “Exatamente por não termos novas rodadas de receitas extraordinárias”, diz.

Sanchez frisa que o dado da arrecadação de abril mostra um quadrimestre ainda muito bom, mas, sem sombra de dúvidas, produto de um crescimento extraordinário. “Não deixa a situação fiscal como um todo mais aliviada.” A projeção de Sanchez para 2024 é que a arrecadação some R$ 2,5 trilhões no ano./Com Daniel Tozzi Mendes, Marianna Gualter e Gabriela Jucá

IstoÉ Dinheiro - SP   22/05/2024

O dólar à vista encerrou a sessão desta terça-feira, 21, em leve alta, alinhado ao comportamento da moeda americana no exterior. Na ausência de indicadores de peso para guiar os negócios, investidores optaram por postura mais cautelosa na véspera da divulgação da ata do encontro mais recente de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).

Pela manhã, o dólar até esboçou uma queda, apoiado pela valorização do minério de ferro, e operou pontualmente abaixo de R$ 5,10, com mínima a R$ 5,0844. Já em alta no fim da primeira etapa de negócios, o dólar renovou sucessivas máximas no início da tarde, em sintonia com o exterior, até atingir R$ 5,1248.

A moeda encerrou o pregão cotada a R$ 5,1168, avanço de 0,24%. No mês, apresenta baixa de 1,45%.

Lá fora, o índice DXY – termômetro do comportamento do dólar em relação a uma cesta de seis divisas fortes – operou com ganhos bem moderados ao longo da tarde, perto dos 104,700 pontos. Entre divisas emergentes e de países exportadores de commodities, o pior desempenho coube ao peso mexicano, principal par do real, em aparente ajuste após as altas recentes.

Integrantes do Fed tem repetido que é preciso mais confiança na continuidade do processo de desinflação para que haja mudança na política monetária. Em falas nesta terça, o diretor Christopher Waller seguiu a mesma linha, mas pontuou que o viés da inflação “é mais de baixa que de alta” e que considera desnecessário apertar ainda mais a política monetária. “Se os dados seguirem desacelerando nos próximos três a cinco meses, podemos cortar mais para o fim do ano”, disse Waller.

Para o economista André Galhardo, consultor econômico da Remessa Online, “dificilmente a ata trará algo diferente” do visto nos discursos dos dirigentes do Fed nos últimos dias. Embora a rodada mais recente de indicadores de atividade nos EUA sugira alguma acomodação no ritmo da economia, o BC americano deve repetir que precisa de mais confiança antes de começar a cortar os juros, avalia.

“Não vejo possibilidade de a ata indicar leitura mais ou menos conservadora. O Fed não vai alimentar a esperança de um corte de juros prematuro, antes de setembro”, afirma Galhardo, para quem, caso a ata não traga novidades, o dólar deve permanecer relativamente estável, na faixa entre R$ 5,05 e R$ 5,15, à espera de novos dados de inflação e emprego nos EUA. “Não há grandes vetores para instabilidade no câmbio, a não ser se acontecer algo grave no cenário doméstico ou no quadro geopolítico”.

Entre indicadores domésticos, a Receita Federal informou pela manhã que a arrecadação de impostos e contribuições federais somou R$ 228,873 bilhões em abril, alta real (descontada a inflação) de 8,26% na comparação com o resultado de abril de 2023. O resultado superou levemente a mediana de Projeções Broadcast (R$ 228,2 bilhões).

Economistas ouvidos pelo Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) veem arrefecimento da arrecadação nos próximos meses com menor vigor da atividade. A avaliação é a de que o governo não vai conseguir cumprir a meta de déficit primário zero neste ano, como previsto no arcabouço fiscal.

Galhardo, da Remessa Online, a arrecadação tende a desacelerar, mas deve seguir ainda em ritmo forte. Ele prevê um déficit primário ao redor de 0,20% do PIB neste ano. A meta é de déficit zero, mas com banda entre -0,25% e +0,25% do PIB. “Tenho uma visão mais otimista que o mercado como um todo. A arrecadação de fato deve vir melhor do que as pessoas estão esperando”, afirma.

MINERAÇÃO

Consultor Jurídico - SP   22/05/2024

O presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Luís Roberto Barroso, marcou para a próxima segunda-feira (27/5) uma audiência de conciliação para discutir a suspensão da licença de operação da Mineração Onça Puma, subsidiária da Vale S.A., no Pará. Foram intimados a participar da reunião, além das duas empresas, o município de Ourilândia do Norte (PA), onde fica o projeto, e governo paraense, além da Procuradoria-Geral da República.

Atividade da Mineração Onça Puma está suspensa por decisão do TJ-PA

Na Suspensão de Tutela Provisória 1.014, as mineradoras questionam decisão do Tribunal de Justiça do Pará que sustou os efeitos da licença da Onça Puma para extração de níquel, em razão do suposto descumprimento de condicionantes ambientais.

Diante da complexidade da matéria e das possíveis consequências da suspensão da tutela provisória, Barroso encaminhou o caso ao Núcleo de Solução Consensual de Conflitos (Nusol) para que fosse marcada a audiência, que ocorrerá às 14h, na Sala de Audiências do STF. De acordo com o despacho, os representantes das partes devem ter poderes para negociar.

As mineradoras acionaram a Justiça estadual para questionar ato da Secretaria do Meio Ambiente do Estado do Pará que suspendeu a autorização para extração de minérios na mina, com a alegação de descumprimento de condicionantes ambientais. Após o juízo da Vara de Ourilândia do Norte (PA) deferir liminar para restabelecer a autorização, o estado do Pará recorreu ao TJ-PA e obteve a suspensão da decisão de primeira instância. Agora, as empresas buscam derrubar a decisão do TJ no Supremo e retomar as atividades de mineração, argumentando que a manutenção da sentença ocasionará lesão à ordem e à economia públicas. Com informações da assessoria de imprensa do Supremo Tribunal Federal.

Diário do Comércio - MG   22/05/2024

O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e a Kinross Brasil Mineração firmaram nesta terça-feira (21) um termo de transação judicial para iniciar o processo de descaracterização das barragens Eustáquio e Santo Antônio, da Mina Morro do Ouro, em Paracatu, no Noroeste do Estado. O termo também prevê a implantação de novos sistemas de disposição de rejeitos e investimentos socioambientais.

A Kinross comprometeu-se a iniciar as obras de descaracterização da estrutura Santo Antônio até 1º de julho de 2028, e da barragem Eustáquio até 1º de julho de 2033, após prévia aprovação de projeto detalhado pelos órgãos competentes, tendo como premissas a garantia à segurança do meio ambiente e das pessoas.

Ao longo de todo o ciclo de vida das barragens e enquanto não foram concluídas as obras de descaracterização, a Kinross irá adotar todas as medidas técnicas previstas na legislação para neutralizar riscos à população e ao meio ambiente, promovendo o monitoramento das condições de segurança das estruturas e a implantação de medidas preventivas de acidentes ou desastres.

De acordo com o coordenador do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Defesa do Meio Ambiente (Caoma), promotor de Justiça Carlos Eduardo Ferreira Pinto, esse acordo é muito significativo para a atuação ambiental do órgão. “É o primeiro acordo celebrado, no bojo de uma ação civil pública para garantir o descomissionamento de duas barragens da Kinross construídas pelo método de linha de centro. Esse acordo traz um marco regulatório de avanço no controle das barragens do nosso Estado e, com isso, garantiremos uma atuação firme em outros locais também. Não só atuando nas barragens a montante, mas também em outras estruturas”, projetou

Ainda segundo ele, os desastres de Mariana e Brumadinho trouxeram o holofote apenas para as barragens a montante. “Então, todo ordenamento jurídico foi voltado para barragem a montante. Essa ação com a Kinross parte de outro pressuposto que, apesar de as barragens serem por linha de centro, e não serem objeto da lei, nós atuamos de uma maneira para que estruturas nesse volume não possam mais operar. Dessa forma buscamos que as ações sejam traduzidas em segurança para os mineiros”, afirmou.
Barragens da Kinross com novos sistemas de disposição de rejeitos

O termo também prevê que, caso a mineradora necessite operar novos sistemas de disposição de rejeitos, deverá utilizar alternativas que minimizem os riscos socioambientais, com rigorosa observância das normas técnicas e legais. Também foi incluído que a Kinross irá custear projeto de estruturação da Defesa Civil de Paracatu, até o valor de R$ 500 mil, e destinar R$ 27.500 para projetos de interesse socioambiental.

As medidas compensatórias ambientais que vão ser aplicadas com esses recursos têm uma grande importância para a população de Paracatu e do entorno, disse a promotora de Justiça de Defesa do Meio Ambiente de Paracatu, Mariana Duarte Leão. “Elas vão conseguir promover reparos ambientais e fazer projetos que melhoram a qualidade de vida das pessoas, seja oferecendo acesso à educação ambiental, aplicação na causa animal ou projetos educacionais. Todas essas medidas têm uma grande importância para a população que vai sendo reparada pelos agravos sofridos em decorrência das atividades mineradoras”, destacou.

De acordo com a promotora, “a população tem uma certa relação conflituosa com a empresa, o que é normal nesse tipo de empreendimento. Mas, ao mesmo tempo, estão sendo trabalhadas políticas para melhorar essa relação e reparar esses danos sofridos, além de prevenir, com a disseminação de informações adequadas e atuação de políticas reparatórias para evitar que a população sinta menos o impacto da atividade”, salientou.

O acordo foi assinado no Centro de Autocomposição de Conflitos e Segurança Jurídica (Compor) do MPMG, durante a segunda edição do “Compondo em Maio”, iniciativa que visa incentivar a resolução extrajudicial de conflitos no âmbito das Promotorias e Procuradorias de Justiça.

Pelo MPMG, assinaram o termo o procurador-geral de Justiça, Jarbas Soares Júnior; o coordenador do Caoma, Carlos Eduardo Ferreira Pinto; o assessor especial do procurador-geral de Justiça, Felipe Faria de Oliveira; o coordenador estadual de Meio Ambiente e Mineração, Lucas Marques Trindade; a coordenadora regional das Promotorias de Justiça das Bacias dos Rios Paracatu, Urucuia e Abaeté, Carolina Frare Lameirinha; e a promotora de Justiça de Defesa do Meio Ambiente de Paracatu, Mariana Duarte Leão.

Pela Kinross, assinaram a vice-presidente Jurídica, Maria da Graça Montalvão, e o advogado Guilherme França Barros.

Também estiveram presentes à cerimônia de assinatura o corregedor-geral do MPMG, Marco Antônio Lopes de Almeida; a ouvidora do MPMG, Nádia Estela Ferreira Mateus; e o chefe de gabinete da Procuradoria-Geral de Justiça, Paulo de Tarso Morais Filho.

O descumprimento injustificado de qualquer das obrigações implicará a incidência de multa diária no valor de R$ 20 mil. O termo põe fim ao conflito objeto da Ação Civil Pública nº 5001224-90.2023.8.13.0470.

Procurada pelo DIÁRIO DO COMÉRCIO, a Kinross não havia conseguido disponibilizar fonte para comentar o assunto até o fechamento da reportagem.

Infomoney - SP   22/05/2024

Os contratos futuros do minério de ferro subiram nesta terça-feira, com a demanda resiliente e as melhores perspectivas na China, principal consumidor mundial do minério, continuando a dar suporte ao mercado.
O contrato de setembro do minério de ferro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) da China encerrou as negociações do dia com alta de 1,7%, a 908 iuanes (125,47 dólares) a tonelada.
O minério de ferro de referência de junho na Bolsa de Cingapura subiu 1,9%, para 120,4 dólares a tonelada.

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A China anunciou na sexta-feira medidas para seu setor imobiliário atingido pela crise, com o banco central facilitando 1 trilhão de iuanes (138 bilhões de dólares) em financiamento extra e flexibilizando as regras de hipoteca, entre outras iniciativas.
“Ainda há muita conversa fiada sobre os preços do minério de ferro e do complexo de metais industriais da China, que foram sustentados pelo otimismo e pelo sentimento positivo em torno dos recentes pacotes de apoio relacionados ao setor imobiliário”, disse Atilla Widnell, diretor administrativo da Navigate Commodities.
Widnell acrescentou, no entanto, que “embora as medidas sejam favoráveis aos preços de imóveis e tratem da destruição de riqueza e valor criada pelo excesso de estoque, não acreditamos que serão uma bala de prata para a atividade de construção e a demanda de aço associada”.
As margens das usinas siderúrgicas chinesas também continuam fracas, pressionando os preços das matérias-primas para a produção de aço, disse a ANZ Research em uma nota.

Valor - SP   22/05/2024

Para críticos, proposta que deve entrar em vigor em 2027 e inclui dois dos principais itens exportados pelo país tem intenção “arrecadatória”

Controversa, a tributação do Imposto Seletivo (IS) sobre a extração mineral pode render à União receita adicional de R$ 8,7 bilhões em 2027, quando começará a ser cobrada, e chegar a R$ 10,8 bilhões em 2033. Pela proposta do governo o tributo deve ser cobrado sobre petróleo, minério de ferro e gás natural, mesmo que destinados à exportação, o que tem despertado críticas ao que se considera como intenção “arrecadatória”.

Os itens que ficarão submetidos ao IS estão em ascensão na pauta exportadora e contribuem com mais de 20% do valor de todos os embarques brasileiros. No ano passado, somaram US$ 73,3 bilhões em exportações, o equivalente a 21,6% da receita total de embarques. A expectativa é que, com aumento de volume de produção, se tornem mais importantes na pauta exportadora nos próximos anos. De janeiro a abril deste ano somente minério de ferro e petróleo foram responsáveis por 24% das exportações ante 20% em iguais meses do ano passado. O petróleo, segundo especialistas, promete se tornar neste ano o principal item embarcado pelo país.

As projeções de arrecadação do IS são de Bráulio Borges, economista da LCA e pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre). As estimativas fazem parte de estudo em que Borges analisa o potencial de receitas que podem ser geradas pelo setor extrativo mineral até o início da próxima década. Atualizadas em fevereiro deste ano, as projeções consideraram alíquota do IS de 1%.

Pelos cálculos de Borges, a arrecadação total de tributos federais no setor extrativo mineral deve atingir R$ 52,7 bilhões em 2027 e chegar a R$ 63,5 bilhões cinco anos depois. As contas não incluem a contribuição previdenciária. O estudo tomou como base projeções de diversas fontes como ANP, Vale, Opep e PPSA. Os cálculos do economista consideraram, entre outras premissas, que o volume de produção de petróleo e gás vai crescer 50% até 2033 em relação ao observado em 2023. Para minério de ferro, foi considerada alta de 19% nos mesmos critérios.

Em entrevista ao Valor publicada no início de maio, Bernard Appy, secretário extraordinário da Reforma Tributária, disse que a arrecadação do Imposto Seletivo, da forma como proposta pelo governo federal, não deve ultrapassar total de R$ 50 bilhões.

O Imposto Seletivo deve ser cobrado a partir de 2027 e, segundo a emenda da reforma, tem como objetivo desestimular o consumo de bens e serviços nocivos à saúde e ao meio ambiente. Diferentemente de outras bases de incidência, como bebidas açucaradas e carros, a tributação sobre bens minerais não foi novidade do Projeto de Lei Complementar (PLP) 68/24 proposto pelo governo para regulamentação da emenda da reforma.

A cobrança do IS sobre bens minerais foi estabelecida na emenda, assim como a alíquota máxima de 1% para esse caso específico. O PLP especificou nos anexos que no caso dos bens minerais o alvo são petróleo bruto, minério de ferro e gás natural (liquefeito ou gasoso). Os produtos estão especificados por códigos da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) e ou do Sistema Harmonizado (SH).

Ao elencar o petróleo bruto e o minério de ferro nas bases da tributação do Imposto Seletivo, a proposta do governo abarcou dois dos itens que costumam estar entre os três principais da pauta exportadora brasileira.

Gabriela Faria, economista da Tendências, diz que em 2024 a expectativa é de destaque ainda maior para petróleo e minério de ferro, já que o desempenho agrícola, representado fortemente pela soja, não será tão forte este ano como foi em 2023. Embora tenha havido queda de preços do petróleo em relação a períodos mais recentes, diz ela, o aumento do volume deve fazer com que petróleo e minério contribuam para a balança comercial alcançar novamente um resultado robusto este ano.

Diferentemente dos demais tributos novos criados pela reforma tributária sobre consumo - a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), que será arrecadada pela União, e o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), que será gerido por Estados e municípios -, o IS não dará direito a crédito. Segundo o PLP, será cobrado uma única vez sobre o bem, o que deve acontecer na primeira comercialização pela empresa extrativista, ainda que destinada à exportação. Júlio de Oliveira, tributarista e sócio do Machado Associados, explica ainda que o IS, inclusive o cobrado na extração mineral, integrará a base de cálculo do IBS e da CBS.

Para Borges, no caso da extração mineral o Imposto Seletivo vai funcionar “na prática” como “um adicional de royalties, que ajuda a reduzir a alíquota-padrão da CBS e do IBS”. “No caso de petróleo e gás, até poderia ser considerado como um ‘upstream carbon tax’, mas nos demais setores extrativos isso não faria muito sentido, a não ser que esteja sendo considerado que essas atividades causam muitos danos ambientais nas áreas de mineração.”

Para empresas de mineração, cobrança do imposto no setor é “anomalia”

Para Rinaldo Mancin, diretor de relações institucionais do Ibram, que representa as empresas de mineração, a cobrança do Imposto Seletivo no setor é uma “anomalia”. Ele defende que os “excise tax”, tributos que inspiraram o IS, não costumam focar em um setor, mas sim em produtos, para desestimular consumo de tabaco ou álcool, por exemplo.

Uma das polêmicas, diz, é que a medida desincentiva a mineração. “O mundo vai precisar de mais mineração, dentro da transição energética e energia renovável para os quais a mineração é essencial.” Há, para ele, um “contrassenso” entre políticas públicas que eventualmente busquem a extração de minerais críticos e estratégicos, o que iria na contramão de um IS que desincentivaria a mineração.

Mancin diz que o governo tem intenção “arrecadatória” ao listar o minério de ferro entre as bases tributáveis pelo IS, já que o item, sozinho, foi responsável por 59,6% do faturamento de R$ 248 bilhões do setor mineral em 2023. Os dados são do Ibram. O setor, defende, Mancin, é favorável à reforma tributária, mas não quer a tributação de minerais estratégicos. A ideia, relata, é levar o tema para o Congresso nas discussões sobre a proposta de regulamentação do governo.

Para Tércio Chiavassa, tributarista e sócio do Pinheiro Neto, é importante assegurar que as exceções à tributação estejam claras na legislação. Ele lembra que o PLP 68/24 traz exceção expressa para gás quando utilizado no processo produtivo para empresas. “Por que somente o gás, e não outras coisas? Esta é uma discussão que terá que avançar no Legislativo.”

No sistema atual, diz ele, as leis complementares estabelecem a incidência de ICMS e ISS e há conflitos sobre qual tributo incide em determinadas operações. Com a reforma a premissa é outra, observa. “O governo traz um conceito de operações muito amplo para dizer claramente que está tudo dentro e estabelecer as exceções. O que não for bem material, bem imaterial ou direito é serviço. Por definição se abre uma válvula e se abrange tudo. Isso vale para o Imposto Seletivo também. Se há exceções, o legislador precisa incluir agora.” Caso contrário, destaca, será muito difícil alegar depois que algo é exceção se isso não estiver expressamente estabelecido.

Dependendo de como ficar definido o texto no legislativo, diz Chiavassa, é possível que haja uma discussão sobre a natureza jurídica do IS especificamente sobre extração mineral. Poderá haver espaço, afirma ele, para questionar se há outra incidência sobre o mesmo fato, já que o IS tem por finalidade proteger o dano no ambiente doméstico, algo que teria natureza indenizatória muito similar à já existente Contribuição Financeira pela Exploração Mineral (Cfem), considerada uma compensação ambiental sobre uso do solo.

Segundo dados do Ibram, o setor mineral arrecadou total de R$ 85,6 bilhões em tributos em 2023, incluído no valor R$ 6,9 bilhões com a Cfem.

Máquinas e Equipamentos

Valor - SP   22/05/2024

Medida agiliza análise da proposta que tira IPI de produtos como geladeira e fogão; deputados também vão analisar socorro ao setor do turismo

Em mais uma medida voltada a socorrer os afetados pelas enchentes e chuvas no Rio Grande do Sul, a Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira (21), em votação simbólica, o requerimento de urgência do projeto que isenta eletrodomésticos da linha branca (geladeira, fogão e máquina de lavar roupa) de IPI para usuários atingidos por desastres naturais ou eventos climáticos extremos. Deputados também aprovaram requerimento de urgência do projeto que prevê incentivos aos setores de turismo e cultura do Rio Grande do Sul.

Agora, as proposições podem ser apreciadas diretamente no plenário sem precisar passar pelas comissões temáticas da Casa.

A proposta que isenta produtos de IPI prevê que, para ter acesso ao benefício, o contemplado deverá comprovar que residia na localidade atingida e que sua residência foi diretamente atingida.

Na justificativa do projeto, a deputada Maria do Rosário (PT-RS) alega que a medida é uma maneira eficaz de fornecer apoio direto e imediato às vítimas, ajudando a restaurar um senso de normalidade em suas vidas.

"A aprovação de uma lei como essa demonstra o compromisso desta Casa com o bem-estar das vítimas de desastres naturais. Ao fornecer às vítimas os meios para reestabelecerem suas vidas rapidamente, a sociedade pode economizar a longo prazo em assistência social e apoio governamental contínuo. A restauração das

condições de vida normais ajuda a reduzir a dependência de programas de assistência pública", disse a petista na proposta.

"É uma medida que combina solidariedade, recuperação econômica e promoção do bem-estar social. Ela visa fornecer suporte imediato às pessoas que enfrentaram tragédias, ajudando-as a reconstruir suas vidas e, ao mesmo tempo, contribuindo para a estabilidade das comunidades afetada", acrescentou.

Incentivo ao turismo e cultura

A proposta de socorro a setores do turismo e cultural prevê que prestadores de serviços ou empresas dos segmentos não serão obrigados a reembolsar consumidores em algumas situações, quando o adiamento ou cancelamento de serviços, reservas e eventos, entre eles shows, ocorrer até a data de término da situação de emergência no Estado.

Para que possam ser beneficiados, os empresários deverão garantir a remarcação dos serviços, das reservas e dos eventos adiados ou disponibilizar créditos para uso ou abatimento na compra de outros serviços.

O texto estabelece ainda que os prestadores de serviços dessas áreas não serão obrigados a reembolsar imediatamente artistas, palestrantes ou outros profissionais impactados por adiamentos sob a condição de que o evento seja remarcado, observada a data-limite de término da situação de emergência.

Auto Industria - SP   22/05/2024

Balanço dos segmentos de máquinas dos primeiros quatro meses do ano consolidado pela Anfavea apresenta desempenhos desiguais. Enquanto a demanda do produtor agrícola registrou significativa baixa, a demanda por equipamentos rodoviários se mostra aquecida.

No caso de máquinas agrícolas, as vendas no primeiro quadrimestre somaram 14,6 mil unidades, volume 11,6% menor em relação ao mesmo período do ano passado, de 16,5 mil. No mês passado, quando foi anotada 4,1 mil entregas expressou alta de 8,9% sobre março, mas baixa de 1,7% em relação há um ano.

Segundo Ana Helena de Andrade, vice-presidente da Anfavea, o resultado reflete o preço menor das commodities, o que afasta o produtor do balcão de negócios. “Explica também os recursos do Plano Safra do ano passado esgotados rapidamente”, observou durante apresentação dos números do segmento na terça-feira, 21.

A representante da associação, no entanto, lembra que a depender das condições do Plano Safra 2024/25, ainda gestação pelo governo, há possibilidade de reverter o quadro rapidamente. “O produtor tem capacidade de reação desde que as condições sejam favoráveis. E o governo se mostra sensível a isso.”

Auto Data - SP   22/05/2024

Anfavea disse que a gravidade da situação torna difícil a chegada de informações concretas e traz nebulosidade para o futuro

São Paulo – Ao menos quatro fornecedores de peças e componentes para máquinas agrícolas e de construção estão com suas operações paradas no Rio Grande do Sul, consequência das fortes chuvas que afetaram o Estado. Ao menos é o que Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, diz ter de informações concretas: é possível que outros também estejam parados, mas a entidade não conseguiu contato para saber da real situação.

O sinal de alerta está ligado para toda a indústria automotiva, pois de acordo com dados da Anfavea 5% de todas as compras de peças e componentes são realizadas com fornecedores gaúchos. Em algumas fabricantes o porcentual chega a 11%. Algumas montadoras já estão sofrendo com os efeitos da crise no Rio Grande, como a Volkswagen, que protocolou pedido de férias coletivas em duas fábricas e foi atrás de fornecedores no Exterior para reduzir o tempo de parada.

O estado de calamidade na região dificulta a troca de informações, segundo o presidente, porque a situação vai muito além da indústria automotiva. Ele disse entender que existem outras questões mais importantes para serem resolvidas, como a própria condição de vida da população local. Por isso a postura da Anfavea é de recuar e aguardar novidades, ainda que as informações não cheguem na velocidade que Lima Leite gostaria:

“Sabemos desses quatro que tiveram suas fábricas alagadas, mas existem outras empresas com dificuldades e por questões logísticas não conseguem escoar sua produção. Também existem empresas que estão com a fábrica em ordem, mas não conseguem produzir porque a sua cadeia de fornecimento foi afetada pela chuva”.

A fábrica da AGCO, em Canoas, RS, está parada há duas semanas. A cidade foi uma das que mais sofreram com os alagamentos, mas a unidade da empresa não foi tão atingida, ainda que esteja com algumas áreas alagadas. Segundo Ana Helena Andrade, vice-presidente da Anfavea e diretora da companhia, os equipamentos não foram danificados:

“Precisamos esperar a água baixar para limpar tudo e solicitar a religação da energia para avaliar de perto o impacto do desastre. Acredito que ainda demorará algumas semanas, pois até a sexta-feira ainda chovia na região”.

O Estado do Rio Grande do Sul representa 7,5% das vendas nacionais de máquinas agrícolas e de construção e o mercado está praticamente parado em maio.  O presidente da Anfavea afirmou que a situação na região ainda é muito nebulosa e que, por isto, as informações concretas são escassas e é difícil prever qual o tamanho do prejuízo na produção de máquinas e veículos.

São Paulo – Ao menos quatro fornecedores de peças e componentes para máquinas agrícolas e de construção estão com suas operações paradas no Rio Grande do Sul, consequência das fortes chuvas que afetaram o Estado. Ao menos é o que Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, diz ter de informações concretas: é possível que outros também estejam parados, mas a entidade não conseguiu contato para saber da real situação.

O sinal de alerta está ligado para toda a indústria automotiva, pois de acordo com dados da Anfavea 5% de todas as compras de peças e componentes são realizadas com fornecedores gaúchos. Em algumas fabricantes o porcentual chega a 11%. Algumas montadoras já estão sofrendo com os efeitos da crise no Rio Grande, como a Volkswagen, que protocolou pedido de férias coletivas em duas fábricas e foi atrás de fornecedores no Exterior para reduzir o tempo de parada.

O estado de calamidade na região dificulta a troca de informações, segundo o presidente, porque a situação vai muito além da indústria automotiva. Ele disse entender que existem outras questões mais importantes para serem resolvidas, como a própria condição de vida da população local. Por isso a postura da Anfavea é de recuar e aguardar novidades, ainda que as informações não cheguem na velocidade que Lima Leite gostaria:

“Sabemos desses quatro que tiveram suas fábricas alagadas, mas existem outras empresas com dificuldades e por questões logísticas não conseguem escoar sua produção. Também existem empresas que estão com a fábrica em ordem, mas não conseguem produzir porque a sua cadeia de fornecimento foi afetada pela chuva”.

A fábrica da AGCO, em Canoas, RS, está parada há duas semanas. A cidade foi uma das que mais sofreram com os alagamentos, mas a unidade da empresa não foi tão atingida, ainda que esteja com algumas áreas alagadas. Segundo Ana Helena Andrade, vice-presidente da Anfavea e diretora da companhia, os equipamentos não foram danificados:

“Precisamos esperar a água baixar para limpar tudo e solicitar a religação da energia para avaliar de perto o impacto do desastre. Acredito que ainda demorará algumas semanas, pois até a sexta-feira ainda chovia na região”.

O Estado do Rio Grande do Sul representa 7,5% das vendas nacionais de máquinas agrícolas e de construção e o mercado está praticamente parado em maio.  O presidente da Anfavea afirmou que a situação na região ainda é muito nebulosa e que, por isto, as informações concretas são escassas e é difícil prever qual o tamanho do prejuízo na produção de máquinas e veículos.

AUTOMOTIVO

Jornal de Brasília - DF   22/05/2024

O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Márcio de Lima Leite, disse nesta terça-feira (21) que ainda não é possível saber os impactos no setor automobilístico por causa das inundações no Rio Grande do Sul.

“Está difícil inclusive acessar a essas empresas. Em alguns fornecedores e empresas, a gente sequer sabe a profundidade do que ocorreu e, muitas vezes, nem eles mesmo sabem. Nesse momento, a gente não tem como avaliar a situação com maiores detalhes”, disse.

Leite ressalvou, no entanto, que, até o momento, o setor automobilístico não tem enfrentado problemas graves na produção decorrentes das enchentes.

“Até agora não foi um problema tão dramático, a questão está se conseguindo organizar com alguns itens de estoque. Mas, infelizmente, nós não temos um raio x e uma radiografia tão precisa quanto nós gostaríamos”, afirmou.

Segundo a Anfavea, o estado representa 7,5% do mercado de veículos automotores do país. É local de origem de cerca de 5% dos componentes comprados pelas fabricantes brasileiras.

A Volkswagen colocou nesta segunda-feira (20) em férias coletivas de dez dias funcionários das fábricas da Anchieta, de São Bernardo do Campo (SP), Taubaté (SP) e São Carlos (SP). Segundo a empresa, a paralisação ocorre devido ao impacto na produção causado pelos alagamentos no Rio Grande do Sul. “Alguns fornecedores de peças da Volkswagen do Brasil, com fábricas instaladas no estado, estão impossibilitados de produzir nesse momento”, diz a montadora – em comunicado.
Programa Mover

O presidente da associação disse ainda que a entidade está preocupada com a proximidade do fim do prazo para a votação, no Congresso Nacional, do Programa de Mobilidade Verde e Inovação (Mover).

Lançado por medida provisória, publicada em 31 de dezembro de 2023, o Mover precisa ser aprovado pelos deputados e senadores até o final do mês para não perder a validade. O programa pretende reduzir a emissão de carbono na frota nacional e prevê que os veículos com inovações tecnológicas poderão ter menor Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).

“Há uma expectativa muito grande [pela aprovação do programa]. Mais do que expectativa, uma necessidade. Nós temos uma preocupação para que não ocorra a ruptura de prazo ou quebra de prazo, porque a medida provisória expira em 30 de maio”, disse Leite em entrevista na sede da Anfavea, na capital paulista.

No início da noite desta segunda-feira (20), o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), disse que os líderes decidiram votar nesta quarta-feira (22) o programa.

Valor - SP   22/05/2024

A unidade, conhecida como Complexo Ayrton Senna, é responsável pela produção dos modelos Kwid, Stepway, Kardian, Oroch e Duster

A produção da Renault na fábrica de São José dos Pinhais (PR) está suspensa por tempo indeterminado por causa de uma greve que já dura 15 dias e não tem prazo para acabar.

A estimativa é de 7,2 mil veículos deixaram de ser produzidos desde 7 de maio, quando os metalúrgicos iniciaram a paralisação. A unidade, conhecida como Complexo Ayrton Senna, é responsável pela produção dos modelos Kwid, Stepway, Kardian, Oroch e Duster.

De acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba, uma nova assembleia está marcada para as 14h desta terça-feira (21) com os trabalhadores.

Na última sexta-feira (17) o Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região (TRT-9) determinou multa de R$ 100 mil por dia de greve ao sindicato. Os metalúrgicos reivindicam mais segurança na linha de produção e melhoria da proposta de participação nos lucros e resultados (PLR) e data base.

O sindicato propõe a contratação de, pelo menos, um trabalhador absenteísta por linha de produção e setor, para auxiliar no revezamento e baixar a sobrecarga de trabalho. Os trabalhadores da Horse, fornecedora de motores para a montadora francesa, também seguem em greve.

Em São Paulo, os trabalhadores da General Motors (GM), em São José dos Campos, rejeitaram nesta terça (21) a proposta de PLR apresentada pela montadora. Uma nova assembleia será realizada às 14 horas, com o segundo turno, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região.

A GM ofereceu PLR de R$ 17.028, valor abaixo do reivindicado pelos metalúrgicos e inferior ao do ano passado. Em 2023, a montadora pagou R$ 18.008, que também incluía o abono.

Desde 7 de maio, quando os operários aprovaram a pauta de reivindicações em assembleia, o sindicato já se reuniu quatro vezes com a direção da empresa, mas há um impasse relacionado a metas e valores.

Uma nova rodada de negociação entre sindicato e GM está marcada para esta quarta-feira (22). Os trabalhadores exigem, além da PLR maior, que o pagamento da primeira parcela seja feito ainda em maio.

“Os metalúrgicos da GM não aceitam metas abusivas e rebaixamento do valor. A assembleia de hoje demonstrou que os trabalhadores estão dispostos a ir à luta”, afirma o vice-presidente do sindicato, Valmir Mariano.

Chuvas no Rio Grande do Sul paralisam produção em SP

Nesta segunda-feira (20), três fábricas da Volkswagen em São Paulo paralisaram sua produção para mitigar o impacto das chuvas no Rio Grande do Sul na produção do veículos.

Segundo a montadora, alguns fornecedores de peças, com fábricas instaladas no estado, estão impossibilitados de produzir.

A paralisação afeta as fábricas da Anchieta, em São Bernardo do Campo (ABC), Taubaté e São Carlos. A unidade do Paraná, em São José dos Pinhais, segue produzindo normalmente até o momento.

A fábrica de Anchieta produz os modelos Nivus, Virtus, Polo e Saveiro e terá 4.000 metalúrgicos em férias coletivas até 3 de junho. Pelo mesmo período ficam parados os 1.800 funcionários de Taubaté, unidade responsável pela fabricação do Polo Track e que terá um novo SUV compacto a ser lançado no mercado em 2025.

Como as duas fábricas não produzirão pelos próximos dias, a montagem em Ibaté, cidade ao lado de São Carlos, no interior do estado de São Paulo, será afetada, reduzindo o funcionamento da unidade de três para um turno de produção.

Em São Carlos, onde são fabricados os motores da Volks, 327 metalúrgicos estão em féria coletivas por 11 dias.

As fortes chuvas no estado impactaram também a Argentina. Em Córdoba, a Stellantis suspendeu a produção do Fiat Cronos, que depende de peças e componentes importados do Brasil.

Infomoney - SP   22/05/2024

As montadoras de automóveis BMW, Jaguar Land Rover (JLR) e Volkswagen foram citadas num relatório do Comitê de Finanças do Senado dos Estados Unidos por terem utilizando na montagem de seus veículos peças feitas por um fornecedor da China que figura numa lista de empresas banidas por supostas ligações com o trabalho forçado.

A importação de mercadorias feitas com trabalho forçado para os Estados Unidos é ilegal desde a década de 1930.

Segundo o presidente do colegiado, o senador democrata, Ron Wyden, “de alguma forma, a equipe de supervisão do Comitê descobriu o que empresas multibilionárias aparentemente não conseguiram: que a BMW importava carros, a Jaguar Land Rover importava peças e a VW fabricava carros que incluíam componentes feitos por um fornecedor proibido por usar trabalho forçado dos uigures.”

A ONU tem monitorado nos últimos anos a repressão praticada contra a etnia dos uigures na região de Xinjiang, após denúncias de práticas como tortura física e psicológica, trabalho forçado, deslocamento em massa forçado, esterilização forçada e separação de crianças de seus pais.

Wyden afirmou que “as montadoras estão enfiando a cabeça na areia e depois jurando que não conseguem encontrar trabalho forçado em suas cadeias de suprimentos”.

“O autopoliciamento das montadoras claramente não está fazendo o trabalho. Estou pedindo à Alfândega e Proteção de Fronteiras que tome uma série de medidas específicas para aumentar a fiscalização e reprimir as empresas que alimentam o uso vergonhoso de trabalho forçado na China”, completou o senador.

Segundo um relatório do Comitê divulgado nesta semana, pelo menos 8.000 carros BMW do modelo Mini Cooper foram importados para os EUA com componentes da empresa chinesa Sichuan Jingweida Technology Group (JWD).

Já a Jaguar Land Rover importou peças de reposição que incluíam componentes da JWD depois que a empresa foi colocada na lista de proibidos.

Em fevereiro, a Volkswagen comunicou que milhares de seus veículos, incluindo Porsches e Bentleys, estavam retidos pelas autoridades porque tinham um componente neles que violava as leis contra o trabalho forçado dos EUA.

Em resposta, a BMW disse que tem “padrões e políticas rigorosas em relação a práticas de emprego, direitos humanos e condições de trabalho, que todos os nossos fornecedores diretos devem seguir”.

A empresa acrescentou que tomou medidas para “interromper a importação de produtos afetados e realizará uma ação de serviço com notificação de clientes e revendedores para veículos automotores afetados”.

A JLR disse que já identificou e está destruindo qualquer estoque que detém em todo o mundo que inclua esse componente.

Segundo o Comitê, reconhecendo o uso sistemático e sancionado pelo governo de trabalho forçado na região de Xinjiang, na China, a Lei de Prevenção do Trabalho Forçado Uigur (UFLPA) em 2021 reforçou a aplicação da lei em relação às instalações em Xinjiang e outras entidades identificadas como cúmplices do esquema de trabalho forçado da China.

No relatório, o Comitê propõe, entre outras medidas, acelerar o trabalho da Força-Tarefa de Execução do Trabalho Forçado do DHS para identificar instalações em Xinjiang que usam trabalho forçado e adicioná-las à Lista de Entidades da UFLPA. Também está sendo pedida atualização da lista de setores prioritários para aplicação da UFFPA.

A legislação visa impedir a importação de bens da região de Xinjiang, no noroeste da China, que se acredita terem sido feitos por pessoas do grupo minoritário uigur em condições de trabalho forçado.

CONSTRUÇÃO CIVIL

Jornal de Brasília - DF   22/05/2024

A Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) aprovou, na tarde desta terça-feira (21), em 1 e 2 turnos e redação final, a proposta do GDF que visa conceder ajuda de R$ 15 mil às famílias com renda bruta de até cinco salários mínimos para compra do imóvel próprio. O PL nº 1092/2024, que cria o subsídio Morar DF, estabelece que a quantia só poderá ser repassada uma vez a cada família, e que o valor terá reajustes anuais.

Segundo a Companhia de Desenvolvimento Habitacional do Distrito Federal (Codhab), a maioria da população de baixa renda do DF não consegue ter acesso a habitações dignas e regulares por questões financeiras. Muitas pessoas comprometem mais de 30% da renda com aluguel e encontram dificuldades para conseguir pagar financiamentos.

Como traz a proposta, o subsídio tem como objetivo o pagamento da totalidade ou a redução significativa do valor a ser dado como entrada do imóvel. Segundo a Codhab, grande parte das famílias com essa renda mensal tem muita dificuldade em arcar com esse aporte inicial, o que tem inviabilizado a assinatura de grande parte dos contratos relativos aos empreendimentos habitacionais de interesse social.

Segundo as regras do texto aprovado, em uma família com quatro pessoas, por exemplo, não será possível obter quatro benefícios de R$ 15 mil. Por outro lado, é permitido que o subsídio seja acumulado com outros, sejam eles da política habitacional a nível Distrital ou Federal, exceto nos casos em que o imóvel for subsidiado pelo Fundo de Arrendamento Residencial (FAR).

A proposta é ofertar moradias com infraestrutura urbana, como abastecimento de água, esgoto sanitário, energia elétrica, iluminação pública, instalações telefônicas, redes de drenagem de águas pluviais, pavimentação asfáltica e equipamentos públicos, como escolas, postos de saúde e de polícia.

De acordo com a Codhab, segundo a Fundação João Pinheiro, o Distrito Federal apresenta 102.984 domicílios em déficit habitacional, o que representa 11,66% do total de domicílios. Em paralelo, outro indicador da demanda por novas habitações no DF é o cadastro da Codhab, que atualmente conta com 108.981 habilitados, sendo 88% desse total referente a famílias de até 3 salários mínimos. A consequência disso, muitas vezes, é a ocupação de residências em áreas irregulares, sem o devido acesso a serviços e infraestrutura.
Quem pode participar?

Pode participar do programa, o cidadão que atender aos seguintes requisitos:

Ter maioridade ou ser emancipado na forma da lei;Residir no Distrito Federal nos últimos cinco anos;Não ser, nem ter sido proprietário, promitente comprador ou cessionário de imóvel no DF;Não ser beneficiado em outro programa habitacional no Distrito Federal;Possuir renda familiar de até doze salários mínimos.

As condições para participar do Morar Bem estão previstas na Lei 3.877/2006, que dispõe sobre a Política Habitacional do Distrito Federal.
Reajuste dos valores

O valor do subsídio será reajustado anualmente, de acordo com o Índice Nacional de Custo da Construção Civil (INCC). O projeto justifica que há “necessidade de expansão e aprimoramento da política habitacional” do DF, que deve passar de 3 milhões de habitantes em 2020 para 3,4 milhões de habitantes em 2030.

Fases do programa

Inscrição: o interessado deve preencher o formulário na internet com os dados pessoais para concorrer à moradia;Convocação: o candidato deve apresentar a documentação para comprovar as informações declaradas na inscrição;Habilitação: os dados declarados são confirmados e publicados em Diário Oficial;

Titularidade: entrega da unidade habitacional e recebimento de escritura pública.

Valor - SP   22/05/2024

Contrariando os céticos, a Arábia Saudita avança com centenas de bilhões de dólares em projetos na Neom, uma região do tamanho de Massachusetts e construída do zero

Durante semanas, milhares de caminhões e escavadeiras trabalharam 24 horas por dia para retirar milhares de metros cúbicos de areia no maior projeto de construção do mundo, conhecido como Neom, na Arábia Saudita. Mas os trabalhadores tinham despejado o enorme monte de terra exatamente no mesmo local onde os arquitetos planejavam cavar uma hidrovia até o Mar Vermelho.

Os caminhões e as escavadeiras voltaram então ao trabalho, recolheram o amontoado todo e fizeram uma nova montanha de areia nas proximidades, em um contratempo dispendioso que é um exemplo da trajetória turbulenta do projeto saudita desde sua audaciosa concepção.

Contrariando os céticos, a Arábia Saudita avança com centenas de bilhões de dólares em projetos na Neom, uma região do tamanho do Estado do Alagoas (27,7 mil km2) e construída do zero, que se caracteriza pela arquitetura futurista, uma estação de esqui em pleno deserto e uma lista de projetos chamativos que têm a intenção de atrair uma população maior do que a da cidade de Nova York.

Nenhum é mais ousado que o multitrilionário par de arranha-céus mais altos que o edifício Empire State de Nova York, projetado para ter 170 km de extensão e alojar 9 milhões de pessoas - em termos de comparação São Paulo tem 12 milhões de pessoas -, que é seu principal complexo urbano, batizado de “A Linha”. Seu paladino, o príncipe herdeiro e governante de fato da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman (conhecido como MBS), comparou o projeto às Grandes Pirâmides do Egito.

Nos últimos meses, o governo saudita reduziu as despesas com a primeira fase da Linha, diante da realidade dos custos em um momento em que o país gasta muito mais do que arrecada. Segundo fontes a par dos planos, hoje a previsão é construir até 2030 cerca de 2,4 km do primeiro trecho da estrutura, em vez dos aproximadamente 16 km que previam antes. Ainda assim, mesmo essa parte reduzida seria a maior área edificada do mundo, equivalente a mais de 60 prédios iguais ao Empire State.

No mês passado, em uma entrevista à CNBC, o ministro da Economia e do Planejamento saudita, Faisal Al Ibrahim, foi questionado sobre uma notícia da Bloomberg a respeito do redimensionamento da primeira fase e indicou que as metas de longo prazo para a Linha continuavam as mesmas.

“Não há nenhuma mudança de escala - é um projeto de longo prazo que tem um design modular”, disse o ministro. “Hoje a economia saudita está crescendo mais rápido, mas não queremos superaquecê-la.”

Os riscos para a Arábia Saudita são tão descomunais quanto a ambição de Mohammed. A Neom é o símbolo máximo de seus planos para transformar a economia do país, reduzir sua dependência das receitas do petróleo e torná-lo um centro de atração de dinheiro e talentos de todo o mundo. Mas o príncipe corre o risco de desperdiçar grande parte do dinheiro público com uma experiência que não tem precedentes em termos de construção de cidades e pode revelar-se difícil demais de concretizar.

Há uma montanha de desafios pela frente. Mais de 100 mil trabalhadores da construção civil precisam ser alojados em um canto inóspito do vasto deserto da Arábia Saudita, a duas horas de carro de qualquer cidade de tamanho razoável. As necessidades da Neom em termos de aço, vidros para áreas exteriores e outros materiais são tão enormes que podem provocar uma alta de preços mundial e dificuldades para conseguir fontes de fornecimento suficientes. E os responsáveis pela obra temem que o conceito central sem precedentes da Linha, uma cidade vertical montada em arranha-céus gêmeos maior que Brasília, possa se mostrar um lugar pouco atraente para se viver.

Ao mesmo tempo, o encolhimento dos planos para a Linha põe em evidência a conta enorme da Neom para o que agora está a ponto de se tornar uma cidade de porte médio. Hoje a expectativa dos executivos da Neom é que a primeira fase do projeto tenha menos de 200 mil moradores - quase a população de Cabo Frio (RJ) -, segundo funcionários e ex-funcionários a par dos planos. No entanto, um dos ex-executivos disse que o governo saudita está colocando grandes somas na Neom em obras de infraestrutura planejadas para atender milhões de pessoas, entre elas um aeroporto gigantesco, um trem de alta velocidade que passará por um túnel de 32 km, usinas de dessalinização massivas e grandes instalações de lazer na Linha, como um teatro de ópera.

E o valor da obra faraônica continua a subir. O custo previsto para uma estação de esqui na região mais do que dobrou em dois anos, para US$ 38 bilhões em outubro, de acordo com documentos a que o “Wall Street Journal” teve acesso. A consultoria imobiliária Knight Frank estima que mais de US$ 237 bilhões em contratos de construção já foram fechados na Neom.

Mesmo para um dos maiores exportadores de petróleo do mundo, a Neom pode ser cara demais. Sua estimativa oficial de custos é de US$ 500 bilhões, 50% a mais do que todo o orçamento nacional para o ano e mais de metade do valor do seu fundo soberano.

Executivos que trabalham no projeto rejeitam esse número, que afirmam ser muito baixo em termos realistas. Segundo duas fontes, a estimativa interna só para os primeiros 2,4 km da Linha é de mais de US$ 100 bilhões.

Se estivesse completamente construída, a expectativa de funcionários da Neom é que o custo verdadeiro da Linha passasse em muito dos US$ 2 trilhões. Segundo eles, os custos de construção por metro quadrado da Neom são mais do que o dobro do padrão de outras torres do Oriente Médio.

Na avaliação deles, isso faz com que seja pouco provável que a Neom atraia investimentos privados significativos para financiar as fases futuras da Linha. Até o momento, o projeto é totalmente custeado pelo governo saudita.

A Neom é a peça central de uma reformulação da economia e da identidade da Arábia Saudita que MBS iniciou em 2015, quando seu pai assumiu o trono. Então com 29 anos, o filho do rei Salman conseguiu desbancar outros herdeiros possíveis e rapidamente consolidou seu poder.

Ávido por mudanças, o príncipe Mohammed permitiu mais normas culturais ocidentais e eliminou restrições como as que proibiam o convívio de mulheres e homens em locais públicos, mulheres motoristas e cinemas. Mas ele também impôs limites ainda mais duros à liberdade de expressão, esmagando as divergências a respeito das rápidas mudanças.

O plano Vision 2030 previa uma gama de novos setores não ligados ao petróleo, como entretenimento e tecnologia, e a construção de megaempreendimentos imobiliários para ajudar o país a tornar-se um centro turístico mundial.

A Linha é uma obra desconcertante até para aqueles que estão envolvidos em projetá-la”

— Peter Cook

A equipe de MBS procurou os principais arquitetos do mundo em busca de ideias projetos para a Neom. A empresa vanguardista de design Morphosis Architects, liderada por Thom Mayne, vencedor do prêmio Pritzker de arquitetura, e sediada em Los Angeles, apresentou a proposta de uma cidade com 161 km de comprimento e 2 km de largura, com edifícios espalhados por todo o terreno.

Só que o príncipe tinha uma ideia diferente. “Eu disse à equipe: que tal se pegarmos aqueles dois quilômetros e os viramos para transformá-los em duas torres para toda a Linha?”, contou ele em um documentário transmitido pelo Discovery Channel no ano passado. Assim nasceu a ideia da cidade arranha-céu.

Documentos internos de 2021 preveem mais de 6,5 bilhões de metros quadrados de área útil - uma superfície 29% maior do que todos os prédios da cidade de Nova York juntos. Apartamentos, escritórios, escolas, delegacias de polícia, museus e um palácio real estariam espalhados dentro.

Uma arquitetura deslumbrante é uma prioridade. MBS disse aos executivos da Neom que quer uma sensação de “gravidade zero”, com recursos que pareçam desafiar a física e flutuar, segundo ex-executivos.

Paira sobre a Neom uma história pouco auspiciosa de projetos de cidades-edifícios que costumam morrer ainda na prancheta de desenho. Aquelas que chegam a ser construídas em geral são menores do que previa a ideia original e frequentemente são consideradas estéreis.

Uma das maiores da história moderna é Brasília, a capital brasileira que prejudicou as finanças do país quando foi construída, no fim dos anos 1950. Hoje ela abriga [no Plano-Piloto] menos da metade da população esperada de 500 mil habitantes. E um número muito maior de pessoas mora nas cidades-satélites inicialmente construídas para alojar os trabalhadores da construção.

Sete anos depois de seu lançamento, muito pouco foi concluído, tirando os estúdios cinematográficos da Neom e um novo complexo real que ostenta palácios gigantescos, um campo de golfe e pelo menos 10 helipontos, como mostram imagens de satélite.

A Neom exige gastos de mais de US$ 5 bilhões para erguer moradias para os trabalhadores da construção civil, de acordo com a MEED, publicação sobre negócios e comércio do Oriente Médio que monitora os contratos da Neom.

Para demonstrar ao príncipe herdeiro que estão fazendo progressos, os engenheiros começaram a colocar os alicerces da Linha há um par de anos, antes mesmo de os arquitetos resolverem o que iria encima deles - uma maneira incomum de construir um empreendimento tão massivo, segundo especialistas em engenharia.

Porém, fontes a par do projeto contaram que pouco tempo depois os arquitetos decidiram que a primeira fase deveria ser construída em outro lugar, e as fundações iniciais da Linha foram abandonadas.

Por mais de um ano, o grosso do trabalho tem sido a operação de escavação - que é a maior do mundo, de acordo com a Neom. Estradas temporárias de quatro pistas estão atulhadas de filas de caminhões basculantes; vapores do diesel de caminhões e geradores impregnam o ar.

O foco atual é uma seção intermediária à beira-mar, onde o príncipe Mohammed quer construir um edifício no topo de uma nova marina capaz de abrigar os maiores navios de cruzeiro do mundo. Os trabalhadores estão cavando um buraco 15 metros abaixo do nível do mar, com uma área de mais de 1,8 km2. Foi lá que os trabalhadores escavaram uma pequena montanha de terra, só para descobrirem que ela estava no lugar errado.

Quando as fundações estiverem prontas, um teste fundamental acontecerá se e quando a Neom outorgar os dispendiosos contratos para iniciar a construção vertical - um marco crucial que tornará difícil uma volta atrás.

Outra questão é a altura. Vários executivos que trabalham na Neom questionam a necessidade de um edifício de quase 500 metros de altura - o que implica desafios extras de engenharia, tem custos maiores e dificulta uma evacuação em caso de emergência.

O renomado arquiteto britânico Peter Cook, que está envolvido no projeto da Linha, classificou sua altura como “um pouco estúpida e despropositada”, de acordo com comentários publicados no “Architect’s Journal” do Reino Unido. Em um documentário posterior, Cook, que de maneira geral elogiou o projeto, chamou a Linha de “desconcertante até mesmo para aqueles que estão envolvidos em projetá-la”. (Colaborou Chelsey Dulaney - Tradução de Lilian Carmona).

FERROVIÁRIO

Portos e Navios - SP   22/05/2024

Na segunda-feira (20), a Infra S.A. abriu as propostas referentes ao edital para contratação do projeto básico/executivo para viabilizar o trecho de 520 quilômetros da ferrovia Transnordestina, no estado de Pernambuco. Ao todo, a estatal recebeu nove propostas. A primeira colocada é a empresa Geosistemas Engenharia e Planejamento LTDA. A documentação exigida no Edital ainda será avaliada pela estatal.

O edital foi publicado pela Infra S.A. em abril e é a primeira contratação após 14 anos para elaboração de projeto básico/executivo de engenharia de novos trechos ferroviários e destinada à implementação de obras públicas. Pelo edital, a primeira etapa do projeto, visando a execução de 55 quilômetros de linha férrea, será entregue quatro meses após a assinatura do contrato.

Na prática, isso possibilitará que a Infra S.A. inicie a licitação para as obras assim que o projeto básico/executivo seja aprovado. O diretor-presidente da Infra S.A., Jorge Bastos, destaca que o modelo traz celeridade para o projeto que será custeado com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Lista propostas apresentadas por ordem de Classificação

1. Geosistemas Engenharia e Planejamento Ltda: R$ 12.406.488,85 – Convocada para apresentar documentação.
2. Estrategica Engenharia Ltda.: R$ 15.217.431,06
3. Nova Engevix Engenharia e Projetos S.A.: R$ 16.471.259,52
4. Kl – Servicos de Engenharia S.A: R$ 19.829.535,10
5. Engespro Engenharia Ltda.: R$ 19.946.282,81
6.TPF Engenharia Ltda.: R$ 20.685.758,88
7. R. Peotta Engenharia e Consultoria Ltda: R$ 21.663.580,95
8. Eagle Consultoria Economica e de Engenharia Ltda.: R$ 22.584.326,57
9. Strata Engenharia Ltda.: R$ 24.569.761,87

Rodoviário

Grandes Construções - SP   22/05/2024

A concessionária ViaPaulista inicia hoje (21) a duplicação de 31 km da Rodovia Engenheiro Thales de Lorena Peixoto Júnior (SP-318), do km 249 (próximo a São Carlos) ao km 280 – no entroncamento da SP-318 com a Rodovia Antônio Machado Sant’Anna (SP-255), em Rincão.

As intervenções serão sob supervisão da Artesp (Agência de Transporte do Estado de São Paulo) e o investimento total é de R$ 176 milhões.

Com a modernização, a rodovia contará com duas novas faixas de rolamento.

A divisão dos sentidos norte e sul será feita por elementos de contenção longitudinal, proporcionando maior segurança para os usuários.

A duplicação também inclui a construção de sete novos dispositivos de retorno ao longo do segmento, bem como a remodelação do dispositivo existente no km 269.

Essas mudanças visam reduzir acidentes causados pela travessia em nível, diminuindo ocorrências de colisões frontais e transversais.

Além disso, haverá implantação de nova sinalização vertical e horizontal.

A melhoria deve beneficiar diretamente os municípios de São Carlos, Rincão, Guatapará, Araraquara, Américo Brasiliense e Santa Lúcia, que somam cerca de 550 mil moradores.

Segundo a Artesp, a obra proporcionará condições mais seguras de tráfego no entroncamento entre as duas rodovias (SP-318 e SP-255), que conectam as cidades de São Carlos, Rincão e Araraquara.

“Isso favorece toda a infraestrutura do corredor logístico entre Ribeirão Preto e São Carlos”, destaca.

Cerca de 300 trabalhadores diretos devem ser mobilizados durante a evolução da obra, que tem previsão de término para novembro de 2026.

"É um investimento que representa mais do que uma simples expansão viária. É um investimento na segurança e no desenvolvimento regional”, acentua Milton Persoli, diretor-geral da Artesp.

“Essa obra não apenas proporcionará condições mais seguras de tráfego, mas também impulsionará o crescimento econômico das cidades da região”, complementa.

Além de melhorar a mobilidade e segurança viária para os usuários que trafegam pela rodovia, a duplicação promete benefícios para toda a região.

“Ela facilita o escoamento da produção agrícola e industrial e estimula a instalação de empresas e indústrias, contando com uma infraestrutura logística adequada”, comenta a agência.

Monitor Digital - RJ   22/05/2024

A pesquisa “Cenários de carregamento da rede multimodal de transporte com fluxos de cargas nos horizontes base atual e projetados (ainda sem novas infraestruturas)”, realizada pela Fundação Dom Cabral (FDC), revela como a matriz brasileira de transporte de cargas opera. O estudo considera apenas o transporte de longa distância e as variáveis Volume de Cargas (TU) e Produção de Transporte (TKU).

Ao considerar 15 grupos de produtos diferentes, o estudo analisa os modais de transporte que respondem pela maior parte da logística de cargas no país: malha ferroviária, rodoviária, hidroviária, dutoviária e navegação de cabotagem.

Atualmente, as rodovias respondem por 62,2% do transporte de cargas no Brasil. O setor que mais movimenta este modal é o de Alimentos e bebidas, uma vez que 91,4% do volume transportado da categoria é realizado por rodovias.

“Além do papel fundamental na logística brasileira, as rodovias são elemento de segurança nacional. O Brasil é um país de altíssima dependência das rodovias para o suprimento de sua população em alimentos e bebidas. Dificilmente haverá mudanças estruturais nessa condição. Portanto, é imprescindível o investimento na qualidade do sistema rodoviário”, comenta Paulo Resende, professor e coordenador do Núcleo de Infraestrutura, Supply Chain e Logística da Fundação Dom Cabral e responsável pela Plataforma de Infraestrutura em Logística de Transporte da entidade (PILT-FDC).

Ainda segundo ele, “a malha rodoviária é de extrema importância para o nosso país. Um sistema rodoviário ruim, significa que nossa alimentação também será comprometida. Se a rodovia parar, para o Brasil. Já vimos isso antes e a sociedade é quem sofre com esses acontecimentos. Já sabemos que o prejuízo por ter uma matriz desse jeito é de R$ 30 bilhões por ano.”

A pesquisa apresentada utiliza o estudo “Do nothing” (sem investimento em infraestrutura), que considera o mesmo cenário, para comparar os dados do ano base, referente a 2022, com uma projeção até 2035.

Os produtos manufaturados também se destacam entre os que mais utilizam o modal rodoviário, com 85,2% do transporte realizado por essa malha e uma projeção para 2035 de 84,7%.

“Esse é um tipo de produto que depende muito da facilidade que só é possível encontrar pelas rodovias para entrega porta-a-porta (máquinas, equipamentos e outros bens de consumo duráveis). Neste grupo, é possível considerar o equilíbrio entre rodovias e ferrovias/rodovias, uma oportunidade para o transporte multimodal”, explica o professor.

Dos 15 grupos analisados, o minério de ferro é o maior representante dos produtos que não possuem a malha rodoviária como principal meio de transporte. Para o responsável pela pesquisa, Paulo Resende, este é o melhor exemplo de distribuição eficiente de participação entre modais de transportes no país.

As categorias analisadas foram: alimentos e bebidas, produtos manufaturados, soja em grãos, farelo de soja, milho em grãos, celulose e papel, fertilizantes importados, combustíveis, petro e químicos, cimento ensacado, minério de ferro, carvão mineral, outros da lavoura e pecuária, outros minerais e produtos de borracha, plástico e não metal.

A projeção para 2035 é de que o transporte por rodovias esteja ainda mais sobrecarregado, respondendo por 63,7% de toda a movimentação de cargas no país.

De acordo com um levantamento da Polícia Rodoviária Federal (PRF), o número de mortos em acidentes de trânsito nas rodovias federais brasileiras, em 2023, foi o maior dos últimos seis anos. A soma de vidas perdidas, em 2023, representa um aumento de 3,34% em relação ao registrado em 2022. No que se refere ao total de acidentes, no mesmo período, houve uma alta de 4,82%, subindo de 64.547 para 67.658. E estudo realizado pelo Instituto Paulista do Transporte de Cargas (IPTC) mostrou que até fevereiro de 2023, foram registrados cerca de 4 mil acidentes com veículos de cargas, com média de 2 mil ocorrências mensais. As consequências destes incidentes também são alarmantes: 21,5% resultaram em ferimentos graves e 4% em óbito.

PETROLÍFERO

Valor - SP   22/05/2024

Em sua primeira declaração pública sobre a substituição do comando da estatal, ministro destaca que o objetivo da troca é o cumprimento integral do plano de investimentos

O ministro de Minas e Energia (MME), Alexandre Silveira, disse que o governo quer acelerar investimentos na Petrobras porque tem "ansiedade" para apresentar resultados rápidos Segundo ele, a demissão de Jean Paul Prates da presidência da companhia se deu pela compreensão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de que é necessário dar mais ritmo aos investimentos da petroleira em temas como refino, gás natural e fertilizantes.

Em sua primeira declaração pública sobre a substituição do comando da estatal, Silveira destacou que o objetivo da troca é o cumprimento integral do plano de investimentos da Petrobras, que elevou em 31% o volume de recursos a serem aplicados entre 2024 e 2028. A velocidade dos investimentos está associada, segundo o ministro, aos prazos da política que exigem a apresentação de resultados rápidos.

“Quem está no governo e tem tempo de vencimento tem que comprar “ampola” [remédio] de ansiedade e aplicar na veia. Quanto mais ansioso, mais resultados para o país o governo quer”, disse Silveira, em entrevista a jornalistas, na Base Aérea do Galeão, onde acompanhou envio de profissionais e equipamentos para redes subterrâneas a Porto Alegre (RS).

A justificativa da aceleração dos investimentos, porém, conflita com versões de bastidores sobre a razão por que Prates teria sido demitido do comando da petroleira e substituído por Magda Chambriard, apontando que embates com Silveira e Rui Costa, ministro-chefe da Casa-Civil, teriam sido o motivo.

Parte do mercado aponta que Prates vinha atendendo aos desejos do governo: alterou a política de preços de combustíveis, segurou reajustes dos derivados nas refinarias, sem repassar a volatilidade dos preços do petróleo, mudou a fórmula de distribuição de dividendos para reduzir o valor mínimo de remuneração aos acionistas e se mobilizava pela reentrada na refinaria de Mataripe, entre outras iniciativas.

Recentemente, Prates anunciou movimentações para incentivar o aumento das atividades da indústria naval, bem como a retomada das obras da refinaria do Nordeste (Rnest), em Pernambuco, e do polo Gaslub (antigo Comperj), no Rio de Janeiro.

Silveira disse que “temos respeito à contribuição da gestão que passou ao Brasil”, mas defendeu um trabalho “sinergizado” com a Petrobras, para tornar a empresa “mola propulsora dos investimentos” e dar tranquilidade a investidores de médio e longo prazos da companhia.

“Prates foi meu colega no Senado, por quem tenho absoluto respeito, às vezes as posturas são diferentes, mas respeito é primordial”, afirmou. Enfático, Silveira disse que Chambriard não será subserviente ao governo e que a troca de comando na companhia, realizada por Lula, não é uma intervenção.

“Magda chega com muito gás e energia da mulher brasileira, é desrespeitoso se dirigir a profissional como a companheira Magda como subserviente. Qualquer profissional que chega para contribuir com o país pode colocar ideias, para fazer um bom debate. Mas depois que há decisão, mesmo não consensuada, há de se cumprir”, salientou o ministro.

TN Petróleo - RJ   22/05/2024

A ANP realizará, em 28/5, a partir das 10h, o Workshop para Empresas Contratadas na Fase de Produção. O evento terá transmissão pelo canal da ANP no YouTube, para acompanhamento de qualquer interessado.

O principal objetivo do evento é aperfeiçoar os instrumentos regulatórios e de fiscalização dos contratos de exploração e produção de petróleo e gás natural (E&P) que estejam na fase de produção, visando aprimorar e agilizar a comunicação com as empresas contratadas.

No workshop, a ANP orientará esses agentes regulados sobre o envio de dados por meio dos sistemas da Agência, bem como orientações sobre procedimentos a serem realizados no curso dos contratos.

Serão apresentadas às empresas informações sobre: cadastro de instalações, dutos e equipamentos; prazos que devem ser observados pelos operadores de contratos; conteúdos publicados no site da Agência; procedimentos relativos à queima de gás natural em campos marítimos; entre outras.

Veja a programação e mais informações sobre o workshop na página https://www.gov.br/anp/pt-br/acesso-a-informacao/agenda-eventos /workshop-para-empresas-contratadas-na-fase-de-producao-e-p.

IstoÉ Online - SP   22/05/2024

O petróleo recuou nesta terça-feira, 21, pelo segundo dia consecutivo, em meio à preocupação sobre possível desaceleração da demanda, com incertezas sobre a trajetória de juros nos Estados Unidos.

Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para julho fechou em queda de 0,81% (US$ 0,64), a US$ 78,66 por barril. Na Intercontinental Exchange (ICE), o Brent para julho caiu 0,99% (US$ 0,83), a US$ 82,88 por barril.

Pela manhã, os preços chegaram a recuar mais de 2%, mas devolveram parte das perdas após falas de dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).

O diretor do Fed, Christopher Waller, disse ser pequena a chance dos juros voltarem a subir. Traders também comentam que a possibilidade dos juros nos EUA ficarem elevados por mais tempo pode prejudicar as expectativas de demanda.

A analista de Mercados do City Index Razan Hilal escreve que os preços do petróleo têm se comportado dentro da mesma faixa ao longo de maio, apesar de oscilarem para cima e para baixo.

Ela argumenta que o sentimento dos investidores de petróleo agora é de espera por mais dados da inflação americana, enquanto as falas de dirigentes do Fed também são monitoradas, em busca de pistas sobre o futuro da perspectiva de juros no país.

AGRÍCOLA

Forbes Brasil - SP   22/05/2024

As vendas de máquinas agrícolas no Rio Grande do Sul paralisaram em meio ao desastre ambiental vivido pelo Estado neste mês, quando cidades foram devastadas por enchentes históricas, afirmaram representantes do setor nesta terça-feira (21).

O Estado representa cerca de 7,5% das vendas e da produção de máquinas agrícolas do Brasil, afirmou o presidente da associação de montadoras, Anfavea, Marcio de Lima Leite, em entrevista a jornalistas.

“Está praticamente parado esse mercado”, afirmou o executivo. “As empresas estão administrando com o estoque que têm. Até agora não foi um problema tão dramático, uma vez que as empresas (fabricantes de máquinas) estão conseguindo se organizar com alguns itens de estoque”, acrescentou.

Mas a situação segue nebulosa, afirmou a vice-presidente da Anfavea para máquinas agrícolas, Ana Helena de Andrade. “Até sexta-feira passada continuava chovendo. Tinha muitos ventos impedindo o escoamento da água e o escoamento maior começou a ocorrer apenas a partir desta segunda-feira.”

Segundo Leite, está até difícil acessar essas empresas. “Algumas delas, alguns concessionários, a gente sequer sabe a profundidade do que aconteceu e muitas vezes nem eles mesmos sabem.”

A situação varia desde fabricantes de máquinas parados por problemas diretos com as chuvas, até aqueles com dificuldades em ter acesso a fornecedores que foram impactados pelas águas ou por destruição de vias de transporte.

“São quatro fornecedores que temos acompanhado mais de perto que têm dificuldade de produção mesmo. Porque houve alagamento em fábrica, outros tem questões logísticas”, disse o presidente da Anfavea.

O Rio Grande do Sul tem forte presença de agricultura familiar, segmento que tem menos força para aquisição de máquinas e equipamentos em comparação com Estados como Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, onde predomina o agronegócio com mais capital para investimentos.

Questionado se os produtores rurais gaúchos vão precisar de incentivos adicionais para reporem seus equipamentos, Leite afirmou que “sem dúvida será necessário um plano de financiamento para os produtores de lá… estamos trabalhando diretamente na ajuda deste plano com o governo”, acrescentou.

Segundo a Anfavea, 4% a 11% dos fornecedores da indústria de máquinas agrícolas do Brasil estão situados no Rio Grande do Sul.

Por sua vez, o presidente da fabricante de máquinas para movimentação de terra Caterpillar no Brasil, Carlos Alexandre de Oliveira, afirmou que ainda é difícil mensurar as consequências para o setor da tragédia no Rio Grande do Sul, mas que a indústria nacional tem capacidade ociosa para atender um eventual aumento de demanda a ser gerado por obras no Estado.

“Vai ter demanda adicional lá, cidades vão ter que ser reconstruídas”, afirmou o Oliveira. A Caterpillar tem fábricas em Piracicaba (SP) e Campo Largo (PR).
Mercado nacional

As vendas de máquinas agrícolas em abril caíram 1,7% sobre um ano antes, para 4,2 mil unidades, acumulando no primeiro quadrimestre um recuo de 11,6% sobre o mesmo período de 2023, a 14,6 mil equipamentos.

Segundo a Anfavea, as máquinas rodoviárias, enquanto isso mostraram um salto de 30,8% no período, para 2,9 mil unidades, crescendo 12,8% no acumulado de janeiro ao final de abril (10,8 mil equipamentos).

O destaque negativo no segmento de máquinas agrícolas foram as colheitadeiras, que tiveram um tombo de 37,7% nas vendas sobre abril de 2023, recuando no quadrimestre 41,2%.

“É uma queda expressiva (41%) nesse mercado porque tem um tíquete (preço de venda) super elevado”, disse Andrade. A executiva citou questões que incluem financiamentos do Plano Safra, cuja expectativa da Anfavea é de que uma nova edição seja anunciada a partir de meados de junho.

“Ficamos longo período do ano-safra que vai de julho a junho com financiamentos do Plano Safra fechados. Os recursos se esgotaram rapidamente”, disse Andrade.

IstoÉ Dinheiro - SP   22/05/2024

A venda de máquinas agrícolas no Brasil recuou 11,6% entre janeiro e abril, ante período equivalente de 2023. Os números foram divulgados no período da tarde desta terça-feira, em coletiva, pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). A vice-presidente da Anfavea, Ana Helena Andrade, afirmou que o recuo no primeiro quadrimestre do ano pode ser explicado pelo menor preço dos grãos e pelo esgotamento de recursos do Plano Safra.

Os números, no entanto, ainda não refletem os negócios fechados em feiras como a Agrishow e a M&T Expo, respectivamente de R$ 13,6 bilhões e de R$ 9 bilhões. “Mas uma coisa é intenção de compra, ir na feira visitar, outra coisa é o que vamos retirar de pedidos”, destacou. “Temos desejos muito fortes de converter em negócios o que aconteceu na Agrishow, mas não podemos ter expectativas.”

De acordo com a associação, em relação a março de 2024 as vendas avançaram 8,9% em abril, mas recuaram 1,7% ante abril de 2023.

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