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22 de Abril de 2024

SIDERURGIA

O Estado de S.Paulo - SP   22/04/2024

O governo federal elabora uma proposta intermediária para os pleitos da indústria siderúrgica de sobretaxar o aço importado no Brasil em até 25%, segundo apurou o Estadão/Broadcast.

Segundo interlocutores, a ideia é definir uma cota de importação para determinados itens da siderurgia – que seria a média das compras de 2020 a 2022. Sobre o que for importado dentro desse volume, incidiria as alíquotas de importação atuais. Se as compras ultrapassarem essa cota, o imposto de importação iria a 25%. A expectativa é de que o tema seja analisado na próxima terça-feira, 23, pela Câmara de Comércio Exterior (Camex).

Com o plano, que deve envolver 15 itens da NCMs (Nomenclatura Comum do Mercosul), o governo quer avançar com uma saída que não provoque impactos inflacionários e nem um problema geopolítico, especialmente com a China. O risco inflacionário é um dos fatores sobre os quais técnicos do governo mais se debruçaram nos últimos meses.

Interlocutores ouvidos pela reportagem durante esse período apontavam que uma simples elevação a 25% seria impraticável no Brasil. A equipe econômica também manifestou preocupações. Diante disso, o governo tenta entrar num consenso por uma proposta intermediária. O martelo será batido em uma reunião na Casa Civil na próxima segunda-feira, às vésperas do encontro do colegiado executivo da Camex – formada por dez ministérios.

A pressão da indústria siderúrgica para o governo sobretaxar o aço de fora a até 25% – contra uma média que gira em torno de 10% –, vem crescendo desde meados do ano passado. O Executivo deu um primeiro passo para atender à atividade quando, em setembro, excluiu doze produtos siderúrgicos do rol de itens que sofreram redução de 10% no imposto de importação em junho de 2022. Desde então, contudo, usinas reclamam que a medida é insuficiente e ameaçam que precisarão rever a estratégia no Brasil, caso o cenário se mantenha.

Apesar do perfil mais protecionista, o governo se viu numa encruzilhada porque não pode ignorar os impactos inflacionários de um eventual aumento do imposto de importação. Por isso, técnicos passaram os últimos meses analisando a real situação de cada área específica da siderurgia, com o fim de constatar em quais produtos há, de fato, um aumento preocupante das importações - já que há itens que registraram redução de entrada no País.

Com a forte movimentação da indústria siderúrgica, a cadeia afetada por um eventual aumento de impostos também passou a se movimentar. Como mostrou o Estadão/Broadcast, uma coalizão de 16 entidades alertou para o risco de desindustrialização caso o Brasil venha a aumentar a taxação das importações de aço de aproximadamente 12% para 25%.

Formada por entidades de representação que têm forte consumo de aço para as suas atividades, a coalizão alertou para uma escalada inflacionária e perda de competitividade da indústria se houver aumento no imposto e importação do produto.

Além da pressão inflacionária, outro receio que orbita no governo é o risco de piora na diplomacia com a China, justamente no ano em que os países completam 50 anos de relação bilateral e o Executivo comemora diversas ampliações e abertura de mercado. O temor é que a China, assim como fez com os Estados Unidos, imponha represália à importação de produtos brasileiros, sobretudo minerais e commodities agrícolas.

Valor - SP   22/04/2024

As exportações chinesas de aço cresceram 33% no último ano, com os grandes produtores do país tentando descarregar seus produtos no exterior diante da recessão no mercado interno da construção

A crise imobiliária épica na China sobrecarregou suas siderúrgicas com um excesso de metal não vendido. Elas agora estão vendendo para o exterior a preços reduzidos — e os Estados Unidos não são o único país que está reagindo.

O presidente Joe Biden solicitou na quarta-feira a autoridades comerciais dos EUA a imposição de tarifas mais pesadas às importações de aço chinês, na ação mais recente de uma campanha mais ampla contra as exportações baratas chinesas que segundo Washington estão inundando os mercados globais e o americano.

As exportações chinesas de aço cresceram 33% no último ano, com os grandes produtores do país tentando descarregar seus produtos no exterior diante da recessão no mercado interno da construção. Nos 12 meses até fevereiro, a China exportou 95 milhões de toneladas de aço, segundo dados da Alfândega chinesa, uma soma que supera as estimativas do consumo total de aço pelos EUA em todo o ano de 2022.

O aumento das exportações chinesas de aço é um exemplo potente da crescente preocupação com a perspectiva de um “novo choque chinês” que abale o comércio mundial.

Pequim está canalizando investimentos para fábricas para acelerar o crescimento de uma economia sitiada pela queda dos gastos do consumidor e pela crise imobiliária. O resultado é uma explosão das exportações que está trazendo de volta lembranças do choque chinês original do começo dos anos 2000, quando uma torrente de produtos baratos fez a festa dos consumidores, mas revelou-se um desafio intransponível para alguns setores americanos expostos à nova concorrência.

Na quarta-feira, o presidente Biden pediu a triplicação de uma tarifa importante sobre o aço chinês para 25%, um imposto que se soma a uma segunda tarifa de 25% aplicada ao aço chinês pelo governo Trump em 2018, por razões de segurança nacional.

Em um sinal de que a briga comercial com os EUA pode estar se intensificando, o Ministério do Comércio da China disse na sexta-feira que vai impor uma taxa de 43,5% às importações de um produto químico importante dos EUA, depois que uma investigação concluiu que as empresas americanas fizeram “dumping” no mercado chinês. A China iniciou no ano passado a investigação sobre o ácido propiônico — usado na produção de alimentos, medicamentos e pesticidas —, após reclamações de produtores chineses.

Números chineses mostram que as exportações de aço para os EUA diminuíram desde que as tarifas da era Trump entraram em vigor. A China exportou 1,2 milhão de toneladas de aço para os EUA em 2018, segundo dados alfandegários chineses. Em 2023, elas caíram para 815 mil toneladas.

Assim, o aço chinês está sendo despejado em outros países como Brasil, Vietnã, Índia, Reino Unido, Filipinas e Turquia, todos com investigações “antidumping” em andamento.

As autoridades chinesas rejeitam as queixas de que o país esteja subsidiando injustamente seus fabricantes e exportando um excesso de produtos para os mercados mundiais. Elas classificam as críticas de uma cortina de fumaça à incapacidade das empresas ocidentais de concorrerem com as chinesas.

Na quinta-feira, a China exortou os EUA a não repetirem o que ela descreveu como erros do governo Trump ao aumentar as barreiras comerciais. O Ministério do Comércio classificou a tarifa proposta de medida protecionista. “Conclamamos os EUA a enfrentar seus próprios problemas”, disse o ministério.

O forte crescimento das exportações chinesas de aço nos últimos 12 meses lembra uma inundação parecida em 2015. As exportações de aço atingiram o recorde de 112 milhões de toneladas naquele ano, 5,5 vezes as exportações registradas uma década antes.

Esse aumento foi impulsionado por um colapso na demanda por aço graças ao enfraquecimento do mercado imobiliário chinês. Segundo algumas estimativas, o setor da construção chinês responde em um ano normal por 25% da demanda global por aço, segundo Frederic Neumann, principal economista do HSBC para a Ásia.

O mercado imobiliário chinês passa mais uma vez por uma crise profunda. A maioria dos economistas acredita que a crise persistirá enquanto Pequim elimina do sistema o que vê como excessos especulativos. Isso significa que os produtores de aço poderão ficar com metal encalhado durante anos, a não ser que controlem a produção.

No entanto, a produção aumentou no ano passado, cerca de 3% em comparação ao 1,2 bilhão de toneladas métricas. “Qual é a saída? Isso precisa ser exportado”, diz Neumann.

A Angang Steel, uma unidade do Ansteel Group listada na Bolsa de Valores de Hong Kong e o terceiro maior produtor mundial de aço, disse no mês passado que as vendas internas em 2023 caíram 15%, mas as exportações cresceram 18% depois que ela “ampliou ativamente seus canais de venda no exterior”. A companhia teve um prejuízo de 3,25 bilhões de yuans no ano passado, equivalente a cerca de US$ 449 milhões, atribuindo-o aos preços baixos e à demanda interna fraca.

Dados chineses mostram que as exportações de aço para a Índia nos 12 meses até fevereiro foram 84% maiores do que no ano anterior, somando cerca de 3 milhões de toneladas. As exportações para o Vietnã cresceram 78% para quase 10 milhões de toneladas.

No mesmo período, as exportações para o Brasil cresceram 55%, para a Turquia 58% e para o México 14%. No Brasil, cerca de 2.000 trabalhadores siderúrgicos foram demitidos colocados de licença nos últimos seis meses em fábricas da Gerdau e da ArcelorMittal de Luxemburgo, enquanto os produtores lutam para competir com as importações chinesas. As siderúrgicas brasileiras vêm pedindo a imposição de tarifas de 25% sobre o aço importado, para proteger a produção local.

“O Brasil exporta minério de ferro para a China, que o transforma em aço e vende de volta para nós a um preço inferior ao que nossas próprias siderúrgicas conseguem estabelecer”, diz Weller Gonçalves, presidente de um dos maiores sindicatos dos trabalhadores siderúrgicos do país. “A concorrência da China é hoje muito pior do que antes”, afirma ele.

Em março, as autoridades brasileiras iniciaram investigações antidumping sobre certas chapas de aço-carbono e aço pré-pintado da China. Em setembro, o México iniciou uma investigação sobre os pregos de aço da China usados em concreto. O Vietnã está de olho nos fios de aço, o Reino Unido em cabos de aço e as Filipinas em cilindros de aço.

O governo Biden disse que pretende trabalhar com o México para garantir que seu vizinho não seja usado como canal para a entrada de aço chinês no mercado americano, refletindo preocupações de que os produtores chineses estejam buscando meios para contornar as tarifas. Em 2018, o governo Trump acusou o Vietnã, a Malásia e a Tailândia de serem vetores desse tipo de baldeação.

A Casa Branca disse que as autoridades comerciais também estão lançando investigações antidumping sobre as indústrias da construção naval, marítima e de logística da China. O ataque acontece antes de uma eleição presidencial em que o comércio com a China deverá ser uma questão fundamental.

Em contraste com o começo dos anos 2000, quando a China fabricava principalmente produtos de baixo custo, hoje a China compete com indústrias do mundo todo, seja aço, produtos têxteis ou cerâmicos nos mercados emergentes, ou semicondutores, veículos elétricos e outros equipamentos de alta tecnologia nas economias avançadas.

Em uma viagem recente à China, a secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, alertou que a China é agora simplesmente grande demais para o resto do mundo absorver sua crescente produção industrial, que segundo autoridades americanas é apoiada por subsídios generosos e empréstimos dirigidos pelo Estado.

“Quando o mercado global é inundado por produtos chineses artificialmente baratos, a viabilidade das empresas americanas e de outras empresas estrangeira é colocada em dúvida”, disse Yellen. (Colaboraram Xiao Xiao de Pequim, Samantha Pearson de São Paulo e Clarence Leong de Cingapura)

IstoÉ Online - SP   22/04/2024

A maior siderúrgica do Chile, Huachipato, anunciou neste domingo a retomada das suas operações, suspensas há um mês, após a decisão de autoridades de tributar temporariamente o aço chinês que inundava o mercado.

O Conselho de Administração da Compañía Siderúrgica Huachipato “tomou a decisão de reverter o processo de suspensão por tempo indeterminado comunicado ao mercado” em 20 de março, informou a siderúrgica privada em comunicado dirigido ao mercado financeiro.

A empresa informou que dará prosseguimento às suas atividades “enquanto se mantiverem em vigor sobretaxas” que lhe permitam “operar em um ambiente competitivo”.

O Ministério da Fazenda estabeleceu ontem impostos provisórios sobre as importações chinesas de barras e esferas de aço, de 24,9% e 33,5%, respetivamente. Ambos os insumos são fundamentais na moagem de cobre, cuja produção mundial é liderada pelo Chile.

IstoÉ Online - SP   22/04/2024

A maior siderúrgica do Chile, Huachipato, anunciou neste domingo a retomada das suas operações, suspensas há um mês, após a decisão de autoridades de tributar temporariamente o aço chinês que inundava o mercado.

O Conselho de Administração da Compañía Siderúrgica Huachipato “tomou a decisão de reverter o processo de suspensão por tempo indeterminado comunicado ao mercado” em 20 de março, informou a siderúrgica privada em comunicado dirigido ao mercado financeiro.

A empresa informou que dará prosseguimento às suas atividades “enquanto se mantiverem em vigor sobretaxas” que lhe permitam “operar em um ambiente competitivo”.

O Ministério da Fazenda estabeleceu ontem impostos provisórios sobre as importações chinesas de barras e esferas de aço, de 24,9% e 33,5%, respetivamente. Ambos os insumos são fundamentais na moagem de cobre, cuja produção mundial é liderada pelo Chile.

Portal Fator Brasil - RJ   22/04/2024

O que já é e o que ainda precisa ser realidade para que o mundo tenha aço sem emissões de CO2, como prevê o Acordo de Paris.

A produção do aço gera de 7% a 9% das emissões globais de CO2 e consome cerca de 8% da energia do planeta, sendo um segmento de difícil descarbonização, mas que, apesar disso, está determinado a se descarbonizar.

A siderurgia está entre os signatários do Acordo de Paris, de forma que tem diante de si a meta de ser neutra em emissões até 2050, condição que, no entanto, só será atingida se o setor conseguir fazer uma profunda transformação tecnológica para mitigar emissões e ser mais eficiente, o que já está em curso.

De forma muito simplificada, o aço é formado pela mistura do minério de ferro, por vezes sucata, e uma fonte de carbono, geralmente carvão em fornos que, na maior parte do mundo, ainda funcionam a carvão mineral. No forno, esses materiais são fundidos numa primeira versão de aço líquido, que recebe a adição de cal viva para aglutinar e remover rejeitos indesejáveis e só então ser resfriado, laminado e transformado industrialmente em sua aplicação final.

Nesse processo, inevitavelmente há emissões. A extração do minério de ferro está, inclusive, entre as atividades de difícil descarbonização. A produção de carvão e cal viva também geram emissões consideráveis. A laminação e transformação final do aço demandam grande quantidade de energia, na maioria das vezes de origem fóssil. Mas nada se compara à queima de carvão mineral em altos-fornos, responsável pela quase totalidade da pegada de carbono do metal, razão pela qual o setor busca urgentemente descarbonizar essa etapa.

Pelo mundo, muitas são as siderúrgicas que vêm conseguindo substituir o carvão mineral por fontes menos poluentes. A brasileira Aperam, por exemplo, planta 100 mil hectares de florestas com a finalidade principal de abastecer seus altos-fornos, diminuindo significativamente suas emissões pelo fato de as florestas também sequestrarem e fixarem carbono no solo, enquanto planeja a adoção do hidrogênio verde como fonte energética de suas linhas, quando o combustível estiver mais amplamente disponível.

A americana Boston Metal e a sueca SSAB estão entre as primeiras do mundo a utilizar fornos de arco-elétrico que fazem aço líquido a partir do arco de eletricidade com pegada de carbono até 95% menor em relação ao alto-forno de carvão mineral. O forno de arco-elétrico, contudo, é de difícil implementação em muitas partes do mundo por depender de eletricidade abundante, barata e necessariamente de origem limpa (eólica, solar e hidrogênio verde) para fazer sentido.

Ao menos esses exemplos comprovam a existência de tecnologias viáveis para reduzir e mitigar emissões. O gargalo para a adoção de fornos de arco-elétrico na indústria siderúrgica global ainda está relacionado à baixa oferta de energia limpa. Só 12% da matriz energética global é energia eólica e solar, fontes que podem efetivamente serem expandidas sem o impacto ambiental da hidroeletricidade. A disponibilidade de hidrogênio verde também vem crescendo, mas ainda longe de se efetivar como alternativa.

Tanto é assim que os exemplos citados, a Boston Metal e a SSAB, têm linhas produtivas de aço verde que funcionam como projetos-pilotos, viabilizados por acordos com geradoras de energia limpa, que lhes garantem o suprimento para um mínimo de operações. A empresa sueca, por exemplo, espera conseguir implantar uma linha produtiva de aço verde em escala comercial só em 2026, mas o plano é factível.

Além disso, essas empresas encontraram clientes dispostos a pagar um prêmio por seu aço verde e financiar o custo produtivo objetivamente mais alto nesse momento de transição. Claro que não se trata da realidade de todas as empresas, mas isso, em si, é um ótimo sinal, pois mostra que a indústria siderúrgica e seus clientes já decidiram abraçar a descarbonização do metal.

Também é preciso destacar as iniciativas de descarbonização que vêm acontecendo na etapa da mineração, onde há pesquisa em curso para desenvolver métodos de beneficiamento de minério de ferro para facilitar sua conversão em aço na planta siderúrgica, com menor uso de energia e emissões de CO2.

A indiana Tata Steel, por exemplo, desenvolveu num custo que faz sentido um processo que transforma minério de ferro em pó, mais puro, capaz de reduzir emissões no alto-forno em até 10%, enquanto moderniza seus equipamentos para operar com gás natural, menos poluente do que o carvão mineral, perseguindo a meta de ser neutra em carbono até 2045.

A mineradora sueca LKAB também desenvolveu um método de enriquecimento de minério que retira parte das impurezas ainda na mina. Esse método foi, inclusive, usado para produzir o primeiro lote de aço sem emissões do mundo em 2021, fundido em fornos de arco-elétrico operados pela SSAB e, por fim, adquirido pelo Grupo Volvo.

A brasileira Vale também desenvolveu um método de briquetagem de minério ferro, que basicamente produz briquetes com maior teor de ferro e permite reduzir emissões em alto-fornos em 10%. Há também esforços para reduzir a pegada de carbono da cal viva, usada para agregar escória no aço líquido.

Essas ações, ressalto, já dão ao setor siderúrgico a perspectiva de produzir aço de emissões líquidas zeradas, mas não sem muito investimento. Aí se tornam muito importantes os esforços de digitalização e automação das operações siderúrgicas que podem, inclusive, gerar capital extra para financiar a transição e fazer a conta fechar.

A estratégia de buscar mais eficiência tem se mostrado relevante especialmente entre as siderúrgicas chinesas, que, sem acesso a quantidades relevantes de hidrogênio verde e eletricidade limpa, têm buscado construir e modernizar plantas com soluções digitais e de automação, otimizando operações dos pontos de vista financeiro e ambiental.

Esse olhar rumo à digitalização vem permitindo a várias empresas no país asiático enxergar e corrigir uma série de perdas e ineficiências que muitas plantas no mundo só vão perceber quando elas mesmas intensificarem seus processos de automação.

Para se ter uma ideia do impacto, a adoção de um único equipamento, o misturador eletromagnético, instalado em fornos para homogeneizar a composição do aço líquido, já se mostra capaz de reduzir o consumo de energia na unidade entre 3% e 5%.

Pode parecer pouco, mas ao longo dos anos, essa economia representa milhões de dólares em lucro, que justificam não só o investimento do equipamento, mas também permitem às empresas fazerem aportes para reduzir a pegada de carbono em outras etapas.

É certo que muito ainda tem de ser feito para que o aço verde seja realidade no mercado mundial. Mas, felizmente, essa transformação está ocorrendo e, além disso, com todos os indícios de que será um processo sem volta para o bem da vida no planeta.

. Por: Luis Pinchete, Gerente da linha de negócios de metais da ABB para América Latina.

Valor - SP   22/04/2024

Uma das alternativas é usar o hidrogênio verde como fonte de energia na corrida pela menor pegada de carbono

O aço brasileiro está melhor posicionado do que boa parte de seus concorrentes, em particular os produtos siderúrgicos feitos por China e Índia, diante das novas exigências “verdes” do mundo.

Um dos principais pontos de atenção neste terreno, o CBAM (do inglês Carbon Border Adjustment Mechanism) europeu — que não é limitado ao aço —, poderá representar, em teoria, mais oportunidades para a indústria instalada no país. Mas ainda há desafios a serem superados e novos investimentos para tornar a siderurgia local mais sustentável são esperados, na avaliação da GEP Costdrivers, plataforma de inteligência que acompanha cerca de 100 mil indicadores de diferentes setores.

Em relatório recente, a economista-chefe da plataforma, Tânia Gofredo, e o analista de metais Rodrigo Scolaro destacaram que um possível acordo entre Estados Unidos e União Europeia em torno do comércio de metais com baixo carbono, com taxas preferenciais, pode levar os americanos a adotarem medidas com impacto relevante no mercado internacional de ferro e aço, inclusive com a imposição de alguma taxação das emissões de carbono sobre produtos importados similar à dos europeus.

A expectativa é que a tarifa sobre as importações com elevada pegada de carbono comecem a ser cobradas apenas em 2026. Mas alguns produtores de aço, como China e Índia, têm protestado e os indianos já buscam ações na Organização Mundial do Comércio (OMC) contra a iniciativa, lembram os especialistas. “Esse protesto pode impactar no tempo de adoção da matéria no mercado, mas não deve anular o processo”, ponderaram.

Diante disso, disse Scolaro ao Valor, a leitura é que, embora o Brasil esteja à frente nesse processo, novos investimentos devem ser anunciados nos próximos anos para que o aço produzido no país seja ainda mais verde.

Uma das alternativas é usar o hidrogênio verde como fonte de energia na corrida pela menor pegada de carbono. “O hidrogênio verde pode ser o combustível chave para aço o verde. A biomassa também é uma alternativa viável, mas ainda não está claro como isso se dará”, afirmou.

Conforme o especialista, a matriz energética mais limpa do Brasil traz uma vantagem de partida em relação a outros países produtores. O país, inclusive, é sede da primeira produtora de aço do mundo com certificação de carbono neutro, a Aço Verde Brasil (AVB), que cultiva o eucalipto (biomassa) que será usado como fonte de energia em seu processo produtivo. Mas praticamente todas as grandes instaladas no país, como Gerdau, Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e ArcelorMittal — que puxa o movimento na Europa —, já estão investindo em mais descarbonização e avaliando o uso de combustíveis alternativos em busca do aço com menor pegada de carbono. Novos projetos devem ser anunciados à frente.

Além disso, segue o especialista, o minério de ferro usado na obtenção do aço verde a partir do hidrogênio também verde precisa ser de maior qualidade — até acima dos 65% de pureza —, mas a Vale tem investido nessa tendência. Isso se deve ao fato de a produtividade de aço com uso dessa tecnologia ainda ser relativamente menor, o que exige a utilização do minério de maior qualidade.

Mas já há iniciativas de uso do hidrogênio verde em outras regiões do planeta, a despeito do custo ainda elevado, e o país deve enveredar também por essa rota. “A discussão é que é possível usar esse combustível para fazer aço. Há vários investimentos na Europa, que devem entrar em operação nos próximos anos”, observou.

“O Brasil está entre os dez maiores de aço, ainda bem longe da china, mas com uma produção mais verde e potencial de torná-la ainda mais limpa”, comentou. “Na teoria, as siderúrgicas brasileiras seriam mais beneficiadas [pela adoção do CBAM]. Não é o aço mais verde do planeta, mas seria valorizada”, acrescentou.

Conforme Scolaro, há duas vertentes de análise do CBAM: a questão ambiental, mas também uma questão política, relativa à proteção comercial do mercado europeu — algo que os americanos também estão olhando. “Querendo ou não, funciona como um mecanismo de proteção da indústria europeia, ao colocá-la como limpa e as de fora, sujas, com imposição de taxa para esses produtos”, explicou.

Num primeiro momento, em sua avaliação, o aço verde tende a custar mais do que o “cinza”. Mas ao longo do tempo e com o ganho de escala, seu valor será reduzido. Ainda não há um parâmetro para os preços desses produtos, observou, mas já começa a existir algum repasse de “prêmio”, seja por marketing, seja pela necessidade de cumprimento de metas de descarbonização.

Valor - SP   22/04/2024

Indústria siderúrgica global emite 5% dos gases do efeito estufa

Uma iniciativa para descarbonizar a indústria siderúrgica, que responde por cerca de 5% das emissões de poluentes globais, deverá começar a funcionar em 2025 na Suécia. A startup H2 Green Steel prevê produzir aço utilizando hidrogênio verde (H2V) em seu processo, o que representaria redução de 95% nas emissões de CO2 em relação aos altos-fornos que queimam carvão. Com financiamento de € 6 bilhões, o projeto é considerado o de maior escala no segmento de H2V no mundo.

Na sua primeira fase, produzirá 2,5 milhões de toneladas de aço verde. A segunda fase produzirá 5 milhões de toneladas por ano. Até 2040, a expectativa é de redução de 300 milhões de toneladas de CO2. A siderúrgica tem contratos de venda com duração de cinco a sete anos com clientes do setor automobilístico e agrícola.

O hidrogênio verde desponta como promissor combustível da transição energética, mas enfrenta barreiras. Hoje dois grandes desafios são custo e pegada hídrica. O processo, a partir da eletrólise de água com o uso de energia gerada por fontes renováveis, é considerado caro, estimado em US$ 6 por kg - mas segundo estudo da Agência Internacional de Energias Renováveis (Irena), esse valor pode cair para US$ 1 a US$ 2 por kg na década de 2030. Outro entrave é seu transporte, que pode ser feito de três principais formas: como gás (comprimido), liquefeito ou através de um outro produto químico, como amônia ou metanol.

No Brasil, a indústria siderúrgica começa a analisar oportunidades. Um exemplo está na Arcelor Mittal, que anunciou em 2022 a compra da Companhia Siderúrgica do Pecém por US$ 2,2 bilhões. Além de ampliar sua produção no Brasil, a aquisição teve na energia um de seus pilares, com a intenção de capitalizar investimentos de terceiros para formar um hub de eletricidade limpa e de hidrogênio verde em Pecém (CE).

Portal Fator Brasil - RJ   22/04/2024

Nos últimos 20 anos, a China se tornou o maior produtor de aço do mundo, aumentando sua participação de 15% em 2000 para 54% em 2023. No mesmo período, a América Latina aumentou sua produção em 4%, enquanto a China aumentou em 693%. A América Latina emite 1,55 toneladas de CO2 por cada tonelada de aço produzida, enquanto a China emite 2,24 toneladas por tonelada, 44% a mais.

Segundo o vídeo divulgado no dia 19 de abril (sexta-feira) pela Associação Latino-Americana do Aço (Alacero), o domínio da China na produção de aço atingiu novos patamares, representando mais da metade da produção mundial em 2023. Por outro lado, a América Latina viu um modesto aumento em sua produção desde o ano 2000. Essa disparidade é o resultado da estratégia do governo chinês de apoiar suas empresas siderúrgicas com subsídios significativos que reduzem os custos operacionais e potencializam as exportações, sem exigir padrões de qualidade ou ambientais comparáveis aos de seus concorrentes internacionais.

O impacto dessa política foi um fluxo massivo de aço chinês a preços inigualáveis no mercado latino-americano, o que levou a um recorde de importações em 2023 e iniciou um processo de desindustrialização na região. Esta situação deixou as empresas locais incapazes de competir, resultando em fechamentos de operações e perda de empregos.

—O recente anúncio da suspensão definitiva da planta siderúrgica Huachipato causou grande preocupação, sendo considerado não como um fato isolado, mas como evidência de um problema mais amplo na indústria do aço na América Latina. Essa situação se agravou devido ao aumento das importações de aço chinês a preços baixos, que bateram recordes em 2023. Embora esse problema também afete outras regiões, países da Europa, América do Norte e recentemente México responderam com medidas de defesa comercial, como a imposição de tarifas de 25% em certos produtos de aço, com o objetivo de equilibrar o terreno para a competição no mercado local e enfrentar o dumping chinês — afirma Alejandro Wagner, diretor executivo da Alacero.

A inundação de produtos de aço a baixos custos, longe de ser apenas uma questão de mercado, representa uma ameaça direta para mais de 1,4 milhão de empregos diretos e indiretos que a indústria do aço da América Latina gera e para a sustentabilidade econômica e ambiental da região. As emissões de CO2 da China na produção de aço são 44% maiores do que as da América Latina, o que reforça a importância de enfrentar esse desafio, não apenas do ponto de vista econômico mas, também, ambiental.

Diante deste cenário, apresenta-se como imperativo urgente que os governos latino-americanos implementem medidas eficazes de defesa comercial. A adoção de tarifas, bem como a exigência de cumprimento de padrões de qualidade e ambientais nas importações, perfilam-se como soluções potenciais para essa situação crítica.

É hora de tomar ação coordenada e decisiva. A indústria do aço na América Latina não apenas sustenta empregos e contribui para o desenvolvimento econômico, mas é fundamental para a mobilidade social e na criação de infraestruturas para um mundo mais sustentável. | Vídeo: https://shre.ink/8AOB

Alacero — A Associação Latino-Americana do Aço é uma entidade civil sem fins lucrativos que reúne a cadeia de valor do aço na América Latina com o objetivo de promover o emprego industrial de qualidade, a integração regional, a inovação tecnológica, o cuidado com o meio ambiente, a excelência em recursos humanos, a segurança no trabalho, o desenvolvimento integral de suas comunidades e a responsabilidade empresarial. Fundada em 1959, é composta por mais de 60 empresas produtoras e relacionadas e cerca de 1,4 milhão de trabalhadores, cuja produção é de 62 milhões de toneladas anuais. Alacero é reconhecida como Organismo Consultor Especial pelas Nações Unidas. Representa o aço da América Latina perante organismos internacionais como worldsteel, OCDE, Agência Internacional de Energia (IEA), ONU (UNCTAD) e BID, aos quais leva as ideias e posições de seus associados.

Valor - SP   22/04/2024

As esferas de aço chinesas e as barras utilizadas na sua fabricação estarão sujeitas a tarifas de 33,5% e 24,9%, respectivamente, nos próximos seis meses

O Chile anunciou a imposição de tarifas anti-dumping temporárias sobre os produtos siderúrgicos chineses utilizados pelo setor de mineração do país, numa tentativa de apoiar a indústria local.

As esferas de aço chinesas e as barras utilizadas na sua fabricação estarão sujeitas a tarifas de 33,5% e 24,9%, respectivamente, nos próximos seis meses, segundo decreto publicado no fim de semana.

Um aumento nas importações baratas devido à desaceleração da economia da China está pressionar os produtores de aço em toda a América Latina. No início deste mês, os legisladores chilenos aprovaram oito resoluções para pressionar o presidente Gabriel Boric a defender a deficitária indústria local e o seu ministro da Economia disse que medidas anti-dumping estavam em estudo.

A mineradora Cap SA registrou uma forte valorização de suas ações quando anunciou, em março, o fim das operações de sua unidade de siderurgia. Para proteger 20 mil empregos nesse setor, o Chile coloca em xeque sua estratégia de comércio livre e arrisca enfurecer da China, seu maior comprador de cobre - principal produto de exportação chileno.

ECONOMIA

Globo Online - RJ   22/04/2024

A escalada dos conflitos no Oriente Médio, com a investida de Israel contra Irã nessa madrugada, os dados da economia americana e a percepção de um piora fiscal no Brasil ampliaram a discussão sobre qual será a trajetória dos juros brasileiro. No mercado já há quem avalie que na próxima reunião do Copom, marcada para o dia 8 de maio, a redução será de 0,25 e não de 0,50 como sinalizava a última ata e até quem estime que a Taxa Selic não chegue a um dígito este ano. Ou seja, não caia abaixo de 10%, lembrando que está hoje em 10,75%. No entanto, não há razão nenhuma para que a Selic não continue caindo, os juros reais ainda estão muito altos no Brasil, e eles podem cair a um dígito, ou seja, em torno de 9%. Quanto vai cair, isso é uma definição do Banco Central, diante da conjuntura.

A economia está crescendo um pouco acima de 2%, não é um crescimento espetacular, a inflação está sob controle até o presente momento. A natureza do crescimento deste ano não é como a de 2023, quando foi capitaneada pela agropecuária que puxou outros setores. O que vemos agora é um crescimento mais disseminado na economia e que depende muito do consumo das famílias, de melhora da renda, do emprego, do investimento. Nas últimas semanas, têm se elevado as expectativas de crescimento do país. A redução no ritmo de queda de juros ou qualquer reversão desse ciclo monetário impacta nesse andamento. Até porque os juros brasileiros ainda são altos demais, como eu tenho dito.

O que o presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, mostrou nesta quinta-feira, no FMI, foram vários cenários. De fato sempre há vários cenários na economia, é sempre assim. E apesar de ser inegável o aumento da instabilidade com a crise no Oriente Médio, é cedo para saber qual será a extensão do conflito. O petróleo começou o dia em leve alta, mas já voltou a cair. Houve uma surpresa negativa com a inflação americana, que permaneceu mais alta e os recados do Banco Central americano, o Fed, de que não vai cortar os juros tão cedo. Fora isso há uma piora na percepção fiscal no Brasil. Mas tudo isso justifica juros acima de 10% no final do ano de 2024, com a inflação que está rodando 3%? Não, não se justifica.

Agência Brasil - DF   22/04/2024

Num dia de alívio no mercado internacional, o dólar caiu para abaixo de R$ 5,20. A bolsa de valores subiu pela segunda vez consecutiva.

O dólar comercial encerrou esta sexta-feira (19) vendido a R$ 5,199, com recuo de R$ 0,044 (-0,96%). A cotação iniciou o dia em alta, chegando a R$ 5,27 pouco depois das 9h, ainda sob a tensão dos ataques israelenses a instalações militares iranianas. Após a abertura dos mercados norte-americanos, no entanto, a moeda inverteu o movimento. Na mínima do dia, por volta das 15h30, chegou a R$ 5,18.

Apesar do recuo desta sexta, o dólar fechou a semana com alta de 1,53%. A divisa acumula valorização de 3,67% em abril e de 7,13% em 2024.

No mercado de ações, o dia também foi marcado pelo alívio. O índice Ibovespa, da B3, fechou aos 125.124 pontos, com alta de 0,75%. Mesmo com as altas de ontem (18) e de hoje, o indicador caiu 0,65% na semana.

No mercado externo, o dólar passou a cair num momento de ajuste internacional, em que investidores aproveitam ganhos recentes para venderem a moeda e embolsarem os lucros. O esvaziamento das tensões no Oriente Médio, após a constatação de que o ataque de Israel provocou danos mínimos à infraestrutura iraniana, ajudou a amenizar o clima no cenário global.

Nas últimas semanas, a divulgação de dados que mostram o aquecimento da economia norte-americana tem provocado tensões no mercado. No entanto, a ausência de novos indicadores econômicos nos Estados Unidos ajudou a dissipar a turbulência nesta sexta-feira.

O Estado de S.Paulo - SP   22/04/2024

O arcabouço fiscal será incapaz de estabilizar, no tempo previsto pelo governo, a dívida pública brasileira, que continuará crescendo neste e nos próximos cinco anos, pelo menos. Em resumo, é isso o que mostra um relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI), que retira de vez a credibilidade – se é que ainda havia alguma – do compromisso do governo de Lula da Silva de conter a dívida com a produção de superávit nas contas públicas. Pelos cálculos do FMI, as contas só voltam ao azul em 2028, e a redução da dívida dependerá de um “esforço mais ambicioso” do Brasil.

Os dados foram divulgados esta semana, dois dias depois de o governo anunciar as novas – e bem menos rigorosas – metas para os resultados fiscais de 2025 e 2026. O que significa que a avaliação do Fundo poderia ter sido ainda mais crítica diante do afrouxamento das métricas do arcabouço. É verdade que a promessa de déficit zero para este ano já estava eivada de descrédito, e por mera questão de prazo legal o objetivo permanece inalterado. Mas para o ano que vem as expectativas ainda se fiavam em algum superávit, mesmo que inferior ao 0,5% do PIB originalmente previsto. Agora, o governo praticamente jogou a toalha ao admitir continuar no vermelho também em 2025 e 2026.

A decisão de mudar a estimativa de superávit de 2025 para meta zero foi traduzida pela maioria dos analistas como a admissão de um novo déficit, já que há uma margem permitida de 0,25 ponto porcentual para cima (improvável, diante da conjuntura atual) ou para baixo. Para 2026, o prometido superávit, que era de 1%, foi revisto para 0,25%, o que foi entendido pelo mercado como um sinal de que nem isso será alcançado, principalmente por se tratar de um ano de disputa presidencial. Imperativos eleitoreiros têm prevalecido sobre a necessidade de concentrar o esforço fiscal mais na redução das despesas do que no aumento da receita.

Ao prever que a trajetória da dívida pública brasileira caminha para alcançar 93,9% em 2029 – o último horizonte de cálculo do Monitor Fiscal do FMI –, o Fundo emparelha o Brasil com países em dificuldade extrema, como a Ucrânia, em guerra há dois anos, e o Egito, em gravíssima crise econômica. Apesar disso, a projeção ano a ano para o Brasil ficou menos ruim do que o cenário anterior traçado pelo Fundo: a relação para a dívida em 2024 caiu de 90,3% do PIB para 86,7%; para 2025, passou de 92,4% para 89,3%.

Há um conjunto de bons parâmetros que, numa gestão responsável, poderiam contribuir para um planejamento eficiente de longo prazo. Por exemplo, a perspectiva de o Brasil ingressar, neste ano ou no próximo, no clube das economias com PIB acima de US$ 3 trilhões. Passaria, com isso, da 9.ª para a 8.ª posição entre as maiores economias do mundo. O País está num momento raro que permitiria elaborar uma equação combinando rigor fiscal e investimento, não fosse a visão eleitoreira, inconsequente e imediatista que caracteriza o lulopetismo.

Isso ficou muito claro no acordo recente firmado entre a Casa Civil e o Congresso para antecipação do gasto extra de R$ 15,7 bilhões, previsto apenas para maio, mas que poderia ser inviabilizado por receitas abaixo do previsto, conforme as regras do arcabouço – devidamente dribladas.

O equilíbrio fiscal é uma agenda a ser adotada pelo Executivo e pelo Congresso, mas é necessário que o governo demonstre genuíno compromisso com a consolidação fiscal, o que é posto em dúvida a cada novo ataque ao Orçamento e a cada declaração de Lula e dos petistas no sentido de que é preciso gastar mais para promover o crescimento econômico e, assim, gerar superávits por mágica.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, preferiu enxergar o relatório do FMI sob a ótica da projeção menos ruim da dívida pública para este ano e para 2025, desconsiderando que a relação de 90,9% prevista para o último ano do governo Lula da Silva colocará o Brasil em posição pior do que a da estropiada Argentina de Javier Milei. A equipe econômica calcula em 1% ao ano o superávit necessário para buscar a consolidação fiscal. Por tudo o que se viu até agora, este não é de forma alguma o espírito do governo.

O Estado de S.Paulo - SP   22/04/2024

Apesar do crescimento do PIB acima do esperado, a taxa de investimento da economia brasileira mostrou forte queda ao longo de 2023, saindo de 19,6% do PIB no início do ano para 16,6% do PIB no terceiro trimestre. O crescimento da economia foi concentrado no aumento do consumo das famílias, do consumo do governo e das exportações. A Formação Bruta de Capital Fixo e, em especial, máquinas e equipamentos, mostrou queda de – 8,9%.

Com uma taxa de investimento tão baixa e em queda, a capacidade produtiva do País não cresce e o aumento do consumo acaba esbarrando no estoque de capacidade preexistente, gerando pressão inflacionária. No longo prazo, o crescimento da economia depende fundamentalmente de investimento em capital físico e em capital humano.

Vários são os fatores que estão gerando esta queda da taxa de investimento. Um primeiro fator é a elevada taxa de juros real, resultado de gargalos do sistema produtivo e de transportes decorrentes da pandemia e de uma política fiscal expansionista.

Os elevados e persistentes déficits fiscais geram aumento da dívida, o que aumenta a taxa de juros demandada pelos investidores para financiar esta dívida, mantendo os juros reais elevados.

Um segundo fator é a política de aumentar a carga tributária sobre as empresas e os lucros, para financiar aumentos de gastos do governo e, desta forma, manter o déficit fiscal minimamente sob controle. Como grande parte deste aumento de gastos é transferência de renda para as famílias (bolsa família, previdência social, BPC, entre outros), o País está taxando investimento para financiar consumo.

Terceiro, a Reforma Tributária aprovada em 2023 simplifica e diminui o contencioso tributário no longo prazo mas, no curto prazo, aumenta a incerteza. Concretamente, hoje nenhum agente econômico sabe qual será a alíquota padrão do imposto sobre consumo (IVA), nem quanto vai pagar de impostos nos próximos anos. Como resultado, as empresas preferem esperar para ver como vai ficar a carga tributária no futuro, adiando ou cancelando seus investimentos.

Quarto, o aumento da intervenção do governo na economia, seja diretamente seja através de empresas estatais, como a Petrobras, ou privadas, como a Vale e a Eletrobras, diminui a atratividade da economia brasileira, gera redução do investimento direto estrangeiro no País e reduz a taxa de investimento.

Diante deste conjunto de fatores, não é uma surpresa que a taxa de investimento seja tão baixa e se mantenha em queda.

MINERAÇÃO

Infomoney - SP   22/04/2024

Os preços futuros do minério de ferro recuaram nesta sexta-feira, 19, mas caminhavam para fechar uma segunda semana consecutiva de ganhos em razão da melhora da demanda na China, principal mercado consumidor do minério.

O contrato de setembro do minério de ferro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) da China encerrou as negociações do dia com queda de 0,34%, a 871 iuanes (US$ 120,30) a tonelada. No entanto, o contrato deve fechar a semana com um aumento de 5,3%.

O minério de ferro de referência de maio na Bolsa de Cingapura caiu 0,12%, a US$ 116,7 a tonelada, mas subiu 5,1% até agora nesta semana.

“É normal ver os preços do minério se consolidarem depois de registrarem ganhos significativos nas duas últimas semanas, com alguns traders liquidando partes de posições compradas para garantir lucros”, disse Pei Hao, analista da corretora Freight Investor Services (FIS), com sede em Xangai.

A produção média diária de metal quente entre as usinas siderúrgicas pesquisadas pela Mysteel subiu pela terceira semana consecutiva, com um aumento de 0,7% em relação à semana anterior, para 2,26 milhões de toneladas em 19 de abril, enquanto a lucratividade cresceu de 38% para 48,48%, segundo dados da consultoria.

No entanto, um aumento de preço de mais de 15% até agora neste mês provocou temores de que o planejador estatal da China possa intervir para controlar a alta.

Outros ingredientes de fabricação de aço avançaram na bolsa de Dalian, com o carvão metalúrgico e o coque subindo 0,39% e 0,37%, respectivamente.

Valor Investe - SP   22/04/2024

Vendas do primeiro trimestre e novas premissas macroeconômicas foram consideradas nas análises. Veja detalhes

O J.P. Morgan e o BB Investimentos revisaram o preço-alvo para as ações da Vale a partir da atualização de estimativas para a companhia. Veja como ficou a recomendação para os papéis.

J.P. Morgan

O J.P. Morgan cortou o preço-alvo de Vale de R$ 102 para R$ 99. Os analistas Rodolfo Angele e Tathiane Martins Candini atualizaram estimativas para Vale, incorporando os resultados de produção e vendas do primeiro trimestre e novas premissas macroeconômicas.

O banco reitera sua visão positiva sobre a mineradora, destacando que o desempenho das ações é pior do que o minério no ano, além de ver China com demanda elevada pela commodity, o que manterá os preços em torno de US$ 115 por tonelada.

A empresa também vem avançando em melhorias operacionais, o que conjuntamente com os preços das commodities, deve manter geração de caixa acima do que os investidores estão considerando.

BB Investimentos

O BB Investimentos cortou o preço-alvo de Vale de R$ 89 para R$ 80. A analista Mary Silva escreve que os resultados operacionais de primeiro trimestre da Vale apresentaram volumes em geral crescentes na comparação anual, mas abaixo das estimativas e com fraqueza nos preços realizados.

Ela aponta que o volume de produção de minério de ferro em 70,8 milhões de toneladas superou estimativas em 2,7%, mas o preço médio de US$ 100,70 a tonelada ficou US$ 5,70 a tonelada abaixo do que era esperado.

Em metais básicos, o banco destacou a evolução na produção e venda de cobre, com melhor desempenho em Salobo. Já o níquel teve resultado afetado por manutenção nas operações do Brasil.

A instituição financeira revisou estimativas para a Vale, incorporando nova premissa do minério de ferro para 2024, reduzindo preço de US$ 115 a tonelada para US$ 103 a tonelada, além de outras premissas macroeconômicas, resultando no novo preço-alvo.

Veja tudo sobre os balanços e outros indicadores financeiros, além de todas as notícias sobre a empresa, no Valor Empresas 360.

Conteúdo originalmente publicado pelo Valor PRO, serviço de notícias em tempo real do Valor Econômico

Money Times - SP   22/04/2024

Vale (VALE3) e CSN Mineração (CMIN3) deverão ter um tombo de 50% e 65% no Ebitda, que mede a geração de caixa, ante o quarto trimestre, mostra relatório do Bank Of America publicado no dia 18 de abril.

Segundo os analistas, a baixa deverá ser puxado por preços mais baixos do minério de ferro, ajustes de preços provisórios negativos, embarques mais fracos (motivados sazonalmente) e custos de caixa mais elevados (frete e custos mais elevados), além de uma menor diluição de custos fixos.

Já as siderúrgicas devem reportar resultados mistos, com Usiminas (USIM5) e Gerdau (GGBR4) reportando lucros mais fortes, mas a CSN apresentando um trimestre mais fraco sequencialmente devido aos resultados mais baixos da divisão de minério de ferro.

“Reduzimos nossos objetivos de preço (local e ADR) em 7% com base em estimativas mais baixas para 2024”, discorre.

Não é só o BofA

O Safra também vê cenário fraco para o minério de ferro. O banco estima que a Vale reportará uma geração de caixa (EBITDA) de US$ 3,4 bilhões no 1T24, uma queda de 50% comparada ao trimestre e 13% abaixo do consenso estimado de US$ 3,9 bilhões.

“Acreditamos que os resultados serão impulsionados principalmente pelos preços realizados de finos de minério de ferro, em US$ 99/t (5% abaixo do consenso) e custo caixa C1, incluindo compras de terceiros a US$ 26,7/t (4% acima)”, ponderam.
E a CSN Mineração?

É estimado pelos analistas um EBITDA ajustado de R$ 1,1 bilhão no 1T24 para a CSN Mineração, o que representa uma queda de 60% trimestre a trimestre, além de ser 24% abaixo do consenso estimado de R$ 1,7 bilhão.

“Os resultados devem ser impactados por preços mais fracos realizados de minério de ferro, em US$ 57/t ‘Free On Board‘, e 23% abaixo do consenso, e níveis mais fracos de embarques em um trimestre sazonalmente mais fraco”, apontam Monegaglia e Vegner.

Além disso, os efeitos negativos mais do que compensarão um menor custo dos produtos vendidos, ou seja, minério de terceiros mais baixo custa mais do que compensar o C1 mais alto.

Diário do Comércio - MG   22/04/2024

Entidades representantes do setor mineral se mobilizaram para discutir os riscos da pauta pró-garimpo em debate na Frente Parlamentar da Mineração Sustentável. Projetos de lei em tramitação no Congresso preveem a superposição da atividade garimpeira em áreas tituladas para pesquisa e lavra mineral, colocando em risco a realização de investimentos para descoberta e exploração de novas jazidas. As entidades reconhecem as dificuldades na obtenção de títulos de lavra para garimpeiros, mas entendem que o problema maior está na falta de estruturação da Agência Nacional de Mineração (ANM).

Atualmente existem mais de nove mil permissões de lavra garimpeira (PLGs) requeridas e que aguardam posicionamento da ANM, que, por falta de recursos e pessoal, não consegue atender essas e outras demandas do setor mineral. Para as entidades, a proposta de criação de alternativas para lavra garimpeira agravará a situação-problema e legitimará o avanço da atividade ilegal sobre áreas oneradas.

“Qualquer tentativa de mudança no Código de Mineração pode abalar a segurança jurídica do setor mineral brasileiro, afirmou Luís Maurício Azevedo, presidente do Conselho da Associação Brasileira das Empresas de Pesquisa Mineral e Mineração (ABPM), durante audiência pública promovida pela Frente Parlamentar da Mineração Sustentável, realizada, dia 17 de abril, na Câmara dos Deputados, em Brasília.

A audiência foi convocada para debater o Projeto de Lei nº 957/2024, que trata da revisão do Código de Mineração, de autoria do deputado Felipe Barros (PL-PR), que tramita em regime de urgência na Câmara. O PL seria levado para votação em plenário, contudo, após forte reação das entidades do setor, foi retirado da pauta de votação pelo presidente da Câmara, Artur Lira (PP-AL).

Azevedo, que também é vice-presidente do Comitê Temático de Mineração da Confederação Nacional da Indústria (COMIN/CNI), afirmou durante a audiência que o setor não é contra aprimorar o Código de Mineração, que teve atualizações recentes pelas Leis nº 13.575/2017, 14.066/2020 e, mais recentemente pela Lei nº 14.514/2022. Alguns pontos da proposta, no entanto, são inaceitáveis para o setor, citando a possibilidade de lavra em superfície, que permitiria a atuação de garimpos em áreas de pesquisa mineral. “Concordamos em 80% do texto, mas nossas diferenças de 20% são talvez intransponíveis”, destacou Azevedo.

O presidente da ABPM afirmou que a mineração é uma atividade de alto risco e que, de cada mil empreendimentos, apenas 10 vão chegar a ser uma jazida descoberta, e apenas um se transformaria em uma mina. “Todo esse processo leva entre 10 e 15 anos para chegarem entrarem em produção. Não dá para uma empresa que pesquisa para descobrir uma jazida mineral admitir a emissão de uma PLG “flutuante” sobre a sua área já outorgada”.

Para Azevedo, a PLG vai retirar o mineral aflorante que não raramente é o mais rico e normalmente é utilizado para viabilizar economicamente o empreendimento minerário de escala industrial. O executivo também alertou que a proposta de cinco PLGs de 50 hectares para cada garimpeiro não parece razoável, pois representaria quase 2,5 milhões de m², cerca de 250 campos de futebol. “Trata-se de uma área excessivamente grande, considerando que a Permissão de Lavra Garimpeira é um regime de extração mineral de exceção autorizado pela Constituição,” afirmou.

O presidente da ABPM disse que o principal problema está na falta de estrutura da Agência Nacional de Mineração e que a criação de alternativas para ampliar a PLG em áreas outorgadas, como a proposta de PLG Flutuante ou de lavra de superfície, sem a estruturação da ANM, somente agravará o problema.

Rinaldo Mancin, diretor de Relações Institucionais do IBRAM, concordou com a avaliação de Azevedo.  Segundo ele, o direito de prioridade é o princípio basilar do código mineral brasileiro, que garante investimento em projetos de pesquisa mineral.  “Se o minerador não tiver esse direito para desenvolver um projeto, não existe credibilidade no nosso sistema”, ponderou Mancin.

O IBRAM também não concorda com a possibilidade de incluir PLG flutuante em qualquer tentativa de mudança da legislação do setor. “Não vamos concordar com cobre e manganês serem minerais garimpáveis. As tecnologias que são necessárias para o processamento e transformação são complexas, não havendo o melhor aproveitamento no caso da garimpagem. A extração mineral do cobre e do manganês é incompatível com garimpo”, afirmou o representante do IBRAM.

Entre os deputados, não há um consenso sobre a proposta de PLG flutuante, inserida no Projeto de Lei 957/2024. De um lado estão parlamentares pró-garimpo, e do outro, deputados moderados, que entendem a importância de atividade mineradora responsável, comprometida com meio ambiente e as comunidades onde atua. Liderada pelas deputadas Laura Carneiro (PSD/RJ) e Greyce Elias (Avante/MG), essa ala avalia que não adianta mudar o código mineral, pois o gargalo do setor está na ANM, que precisa ser fortalecida com recursos financeiros e de pessoal. “Precisamos fortalecer a ANM e não criar mais entraves. Cada vez que criamos uma regra nova, ao invés de ajudar, só prejudicamos. Não podemos sufocar o setor. Ninguém vai investir no Brasil sem segurança jurídica. A mineração pode ser o novo agro”, disse Laura Carneiro, que apontou ainda a necessidade de mais diálogo com o setor para entender suas reais necessidades.

Por outro lado, o deputado Joaquim Passarinho (PL/PA), relator do PL 957/2024, reafirmou que a ideia de trazer a discussão para a Frente Parlamentar é justamente promover o debate e ouvir todas as partes interessadas. Para o parlamentar, qualquer alteração no Código deve ser devidamente discutida e se colocou à disposição das entidades presentes, assim como do setor mineral para continuar as discussões.

O deputado Zé Silva (Solidariedade-MG), foi escalado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira, para mediar o conflito. “Eu não tenho a receita de como será, mas eu tenho certeza que os dois lados terão que abrir mão um pouco para a gente ter uma Lei que seja mais equilibrada”, disse o deputado.

Zé Silva comentou que, como foi falado na reunião, o problema está na ANM, que não funciona como deveria. “Essa foi a primeira constatação que nós tivemos logo depois da tragédia de Brumadinho. E, de lá para cá, passaram-se três governos e nenhum deles cumpriu seu papel. Então, eu vou refletir um pouco mais e tomar medidas mais enérgicas em relação ao governo, porque assim não dá! Ou o governo sabe e faz que não sabe, ou ele não tem visão estratégica para entender que a única maneira de garantir uma mineração sustentável e gerar desenvolvimento é estruturando a ANM,” afirmou Zé Silva.

AUTOMOTIVO

Valor - SP   22/04/2024

Montadora tem enfrentado ano caótico até para seus padrões incomuns de gestão

Os subordinados de Elon Musk na Tesla estão acostumados ao caos. Isso envolve trabalhar para um executivo-chefe que estabelece metas rigorosas e muitas vezes muda de direção abruptamente – cujo biógrafo descreve seus estados de espírito mais intensos como “demon mode”.

Mas mesmo para os padrões da Tesla, este ano foi indisciplinado. Suas ações caíram mais de 40% em meio à queda nas vendas, decisões confusas sobre produtos e mais cortes de preços. A sua posição outrora dominante no mercado de veículos elétricos da China está sob ataque. Uma visita ao primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, para um anúncio antecipado de investimento, foi cancelada no último minuto. Ao mesmo tempo, o conselho tentou retomar um pacote de remuneração de US$ 56 bilhões a Musk que um juiz anulou em Janeiro, alegando que os diretores tinham atuado como “servos passivos” do CEO.

Na terça-feira, a Tesla deverá reportar uma queda de 40% no lucro operacional e seu primeiro declínio nas receitas em quatro anos. Musk ordenou as maiores demissões de todos os tempos da empresa e apostou seu futuro em um conceito de veículo autônomo de próxima geração chamado robotáxi. Pessoas familiarizadas com as suas diretivas, que pediram para não serem identificadas, estão inquietas com as mudanças que o CEO pretende promover.

A ideia de criar um serviço de táxi autônomo tem circulado pela Tesla há pelo menos oito anos, mas a empresa ainda não criou grande parte da infraestrutura de que necessitaria, nem obteve aprovação regulamentar para testar tais carros em vias públicas. Por enquanto, Musk adiou os planos para um veículo de mercado de massa de US$ 25 mil que muitos investidores da Tesla – e alguns insiders – estão defendendo e acreditam ser crucial para o futuro da montadora.

Na sequência das notícias sobre a mudança estratégica, gestores importantes - incluindo Drew Baglino, um veterano de 18 anos na empresa que chefiou o negócio de engenharia e energia de motores da Tesla - saíram da empresa.

Musk, 52 anos, tirou a montadora de muitos problemas no passado. Com US$ 469 bilhões, a empresa ainda está avaliada em mais de nove vezes o valor de mercado da General Motors ou da Ford. Mas depois de perder quase US$ 350 bilhões em valor de mercado em quatro meses, funcionários, investidores e analistas estão perplexos e questionando a estratégia da empresa.

Musk sinalizou em sua rede de mídia social que os movimentos recentes equivalem à ativação do modo CEO em tempo de guerra. Ele curtiu uma postagem dizendo isso depois de enviar um e-mail para toda a empresa anunciando que a Tesla estava cortando mais de 10% do quadro global de funcionários, o que significaria a eliminação de pelo menos 14 mil empregos.

O número real de demitidos pode ultrapassar 20 mil, segundo pessoas familiarizadas com o planejamento da empresa. O raciocínio de Musk, de acordo com uma fonte, era que a Tesla deveria reduzir o número de funcionários em 20% porque as entregas de veículos caíram nesse valor do quarto trimestre de 2023 para o primeiro trimestre de 2024.

Para aqueles que ainda estão nas fileiras de Tesla após este abate, Musk alterou radicalmente as ordens. A empresa está “dando duro pela autonomia”, declarou ele na semana passada. O robotáxi agora tem precedência sobre um carro mais barato que ele apresentou pela primeira vez há quatro anos, tanto no que diz respeito ao estabelecimento de prazos para protótipos quanto ao arranjo da capacidade de produção, disse uma pessoa familiarizada com o planejamento.

Musk tem falado muito sobre autonomia há mais de uma década e convenceu os clientes a pagar milhares de dólares por um produto que a Tesla comercializou como Full Self-Driving, ou FSD. O nome é impróprio – o FSD requer supervisão constante e não torna os veículos autônomos – mas Musk previu repetidamente que está prestes a estar à altura da marca.

Elon Musk e Tesla — Foto: Bloomberg

Musk e os principais engenheiros estão particularmente otimistas em relação a uma grande mudança na forma como o FSD funciona agora. Câmeras colocadas ao redor dos carros da empresa gravam vídeos e usam essas imagens para ditar como o veículo se dirige, em vez de depender de código de software. Ashok Elluswamy, diretor do programa Autopilot da Tesla, escreveu no X no mês passado que isso deveria levar a um “progresso sem precedentes”.

Mas o otimismo em torno do FSD e a crença de Musk de que esta nova abordagem poderia viabilizar os robotáxis está nublando o futuro do projeto do carro de US$ 25 mil da Tesla. Pessoas com conhecimento dos planos da companhia contestaram a noção de que o programa foi totalmente cancelado. Desde sempre, a empresa tem perseguido uma arquitetura de veículos de baixo custo que irá sustentar vários tipos diferentes de modelos, um dos quais não teria volante nem pedais.

Embora essas pessoas tenham confirmado que o robotáxi está sendo priorizado, uma delas descreveu o projeto do veículo da próxima geração como um esforço para extrair reduções de custos de componentes e métodos de produção e, em seguida, aplicar essas inovações para baratear o Modelo Y e o Modelo 3, os dois mais populares. As equipes estão dando ênfase ao Modelo Y, o veículo mais vendido no mundo no ano passado.

Não está claro até que ponto isso pode ser um consolo para os investidores que ficaram assustados com os relatos de que a resposta da Tesla a opções acessíveis como o Toyota Corolla foi totalmente descartada. Muitos estão preocupados com o fato de que o único novo modelo que a empresa oferecerá aos consumidores na meia década após a estreia do Modelo Y será o Cybertruck, uma picape cara e difícil de construir. Na semana passada, a empresa fez recall de quase 3.900 desses veículos para consertar pedais de acelerador com defeito.

Reorientar a Tesla em torno do robotáxis é arriscado. Embora as agências federais tenham adotado uma abordagem permissiva para regulamentar a tecnologia que tem o potencial de tornar as estradas mais seguras, o controle em nível estadual e local tem se revelado difícil de navegar.

O ex-governador Doug Ducey deu as boas-vindas aos veículos autônomos da Uber no Arizona em 2016, apenas para proibi-los após uma colisão fatal com um pedestre em 2018. A Uber vendeu sua unidade de carros autônomos dois anos depois.

Mais recentemente, a Cruise, da GM, passou os últimos seis meses voltando aos testes do robotáxi depois que um de seus carros atingiu e arrastou um pedestre em São Francisco. A Califórnia também está atrasando uma expansão da Waymo, da Alphabet, após vários incidentes, incluindo um de seus veículos atropelando um ciclista.

Mesmo assim, Musk aposta que a Tesla pode tornar os robotáxis uma realidade, disponibilizando o FSD para mais consumidores e reduzindo os preços. Ele está promovendo test drives e testes gratuitos de 30 dias para promover o recurso, aumentar a receita e consumir mais imagens de câmera.

A Tesla está construindo data centers em Buffalo, Nova York, e Austin, onde está sediada, para processar as imagens capturadas por seus veículos e treinar seus sistemas de direção. A unidade de Buffalo está mais adiantada, enquanto a de Austin está enfrentando custos excessivos, disseram pessoas familiarizadas com os projetos.

A justificativa para as demissões da Tesla não foi extrair economias de partes da empresa e redirecionar os gastos para robotáxis, de acordo com uma pessoa com conhecimento direto de como os cortes de empregos foram elaborados. As equipes de toda a organização – incluindo aquelas que trabalham com autonomia – receberam metas iguais de redução de pessoal, disse essa pessoa.

Com base em entrevistas com mais de uma dúzia de funcionários afetados nos EUA, as demissões foram mal organizadas e executadas.

Os e-mails que começavam com “Prezado Funcionário” foram enviados para endereços pessoais após a meia-noite. Na fábrica de baterias da Tesla em Nevada, muitos funcionários começaram a segunda-feira com engarrafamentos no portão da frente. Eles foram desviados para um estacionamento onde os seguranças escanearam os crachás para saber quem ainda tinha emprego e quem havia sido demitido. Uma pessoa que soube que foi dispensada dessa forma disse que foi a experiência mais fria e humilhante de sua carreira.

“Muitas pessoas descobriram que não estavam mais empregadas no meio do turno ou depois de chegarem para o que parecia ser apenas mais uma segunda-feira”, escreveu Jordana Hernandez, ex-gerente de serviços na Virgínia, no LinkedIn. “Essa é a parte que dói. Dando literalmente sangue, suor e lágrimas a uma empresa que mostrou zero de humanidade pelas pessoas que sacrificaram mais do que qualquer pessoa fora de Tesla pode imaginar.”

Na noite de sábado, antes do início das demissões, Musk estava fazendo poses dramáticas no tapete vermelho e brincando sobre quem deveria interpretá-lo em um filme biográfico.

Dias depois, a presidente da Tesla, Robyn Denholm, criticou um tribunal de Delaware por rejeitar o pacote salarial do conselho para Musk e instou os acionistas a aprová-lo novamente. Nessa época, o CEO descobriu que a empresa havia economizado no que oferecia aos funcionários cujos empregos haviam acabado de ser eliminados.

“Chegou hoje ao meu conhecimento que alguns pacotes de indenizações são incorretamente baixos”, escreveu Musk em um e-mail aos funcionários restantes da Tesla. “Minhas desculpas por esse erro. Está sendo corrigido imediatamente.”

Valor - SP   22/04/2024

Estratégia reflete razões econômicas e a necessidade de cumprir exigências de descarbonização

A Associação Brasileira de Veículos Elétricos (ABVE) estima que as vendas dos eletrificados (elétricos e híbridos) vão aumentar neste ano. “Devem chegar a 150 mil unidades, ante 94 mil comercializadas em 2023”, diz o presidente da entidade, Ricardo Barros. Confirmada a estimativa, a participação de mercado desses veículos subiria de 6% no ano passado para 8% em 2024.

Os números sinalizam o avanço comercial desse tipo de automóvel, em um movimento passível de ganhar mais tração em razão de investimentos bilionários anunciados pelas montadoras, que passam a mirar no híbrido flex, sem abandonar o elétrico, refletindo razões econômicas e estratégicas e também para cumprir exigências de descarbonização e de redução da emissão de poluentes do setor.

A oitava fase do Programa de Controle de Emissões Veiculares (Proconve) vai entrar em vigor no próximo ano e passará a exigir metas corporativas das montadoras, a fim de reduzir progressivamente a produção de gases poluentes até 2029. Isso significa que, se a companhia vender um carro com emissões acima da média, terá que vender outro que esteja abaixo para se manter dentro dos parâmetros.

Marcelo Bales, gerente de avaliações de emissões veiculares da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), diz que apesar do aumento da frota - são mais de 32 milhões de veículos no Estado, segundo o IBGE - as emissões totais vêm caindo, porque o Proconve estabelece limites cada vez mais restritivos e a indústria vem adotando tecnologias para reduzir os índices.

Se continuarem com modelos desatualizados, vão perder espaço”

— Henry Joseph Jr.

Já o Programa Mover visa aumentar a descarbonização da frota e estimular a produção de novas tecnologias. Lançado no fim de 2023, prevê incentivos fiscais para empresas do ramo automotivo que investirem em sustentabilidade e cumprirem obrigações a fim de diminuir seu impacto ambiental. Desde então, as montadoras anunciaram investimentos bilionários no país - o valor divulgado pelo Ministério do Desenvolvimento supera os R$ 107 bilhões.

“As empresas sabem que têm de fazer os investimentos até para manter a visibilidade do produto delas no mercado. Se continuarem com modelos desatualizados ou que não tenham atratividade, vão perder espaço”, afirma Henry Joseph Jr., diretor-executivo da Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

Apesar de não emitirem CO2 e poluentes, os veículos elétricos, vistos como parte da solução para combater as emissões, enfrentam dificuldades como falta de infraestrutura para recarga e custos mais elevados. Em consequência, o híbrido flex ganha espaço. “É uma solução positiva para o mercado brasileiro, porque não tem o mesmo preço de um elétrico puro e permite redução do nível de emissões”, afirma Joseph. Ainda assim, as chinesas BYD e GWM seguem apostando nos elétricos.

Segundo o diretor de comunicação da Toyota, Roberto Braun, o fato de o Brasil ter ampla estrutura para o etanol, com 42 mil postos espalhados pelo país que vendem o combustível, é outro ponto positivo para essa tecnologia. “Ela é sustentável, pois combina a alta eficiência do motor elétrico com as baixas emissões do motor flex abastecido com etanol”, afirma.

FERROVIÁRIO

Veja - SP   22/04/2024

A construção da linha de trem de passageiros que ligará as cidades de São Paulo e Campinas não animou a multinacional com sede em Luxemburgo ArcelorMittal, líder na produção de aço no Brasil. “É algo pequeno comparado às necessidades (de transporte ferroviário) do país”, diz Jefferson De Paula, presidente da companhia, ao Radar Econômico durante evento da plataforma de educação empresarial StartSe, em São Paulo.

O que entusiasma a ArcelorMittal é o uso de inteligência artificial (IA). A empresa avalia capacitar seus executivos sêniores no uso da tecnologia, além da utilização da IA para diagnosticar ineficiências em seus processos e solucioná-los. A empresa está cotando os serviços da StartSe. A diferença entre quem investir ou não em IA será como “uma Ferrari versus um Fusca”, segundo De Paula. Atualmente, a empresa conta com 11 pessoas no Brasil, a maioria jovens, dedicadas ao tema.

Monitor Digital - RJ   22/04/2024

O trem-bala CR450, o modelo de trem de alta velocidade mais recentemente projetado na China, poderá operar a velocidades de 400 quilômetros por hora, de acordo com a operadora ferroviária do país.

Um protótipo do trem-bala sairá da linha de montagem ainda este ano, informou a China State Railway Group Co. (China Railway), observando que o projeto de inovação do CR450 está progredindo a todo vapor.

O novo modelo será significativamente mais rápido que os trens de alta velocidade Fuxing CR400 atualmente em serviço, que operam a velocidades de 350 quilômetros por hora.

Em comparação com o CR400, o CR450 é 12% mais leve, consome 20% menos energia e tem um desempenho de frenagem 20% melhor, de acordo com a China Railway.

O projeto de inovação do CR450 também envolve inovação tecnológica em infraestrutura, incluindo ferrovias de alta velocidade, pontes e túneis, informou o grupo.

A China construiu a maior rede ferroviária de alta velocidade do mundo para atender às crescentes demandas da população por viagens convenientes e confortáveis.

A extensão operacional total de sua rede ferroviária de alta velocidade ultrapassou 45 mil quilômetros, com os trens de alta velocidade Fuxing operando em 31 regiões de nível provincial em todo o país. Fim

Revista Ferroviaria - RJ   22/04/2024

Os governos de Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul estão unindo esforços para apresentar ao Executivo federal demandas conjuntas sobre a Malha Sul, ferrovia de 7.223 quilômetros que corta os três estados. A malha está sob administração da Rumo, cujo contrato de concessão acaba em fevereiro de 2027.

Cabe ao governo federal conduzir o processo para a realização de uma nova licitação ou para a renovação do arranjo atual.

Os governos estaduais buscam protagonismo nas tratativas, diante do que classificam como “abandono” por parte da Rumo. Representantes dos três estados vão a Brasília no dia 14 de maio para tratar do tema junto ao Ministério dos Transportes. “Não estamos satisfeitos com a concessão atual. Não há investimentos. No Rio Grande do Sul, a malha tem três mil quilômetros. Metade está abandonada. O resto está subutilizado”, disse o vice-governador gaúcho, Gabriel Souza (MDB), em entrevista à Gazeta do Povo.

Na visão dos estados, se for mal feito, o processo pode “condenar” a Malha Sul a mais 30 anos de precariedade. “É um momento histórico na medida em que temos essa oportunidade [de debate]. Depois, só poderemos rediscutir o contrato daqui a mais 30 anos”, destacou Souza. O coordenador do Plano Estadual Ferroviário do Paraná, Luiz Henrique Fagundes, afirma que as ferrovias do estado são imperiais, e que as decisões tomadas sobre a concessão da Malha Sul podem comprometer três décadas de futuro da região. “Historicamente, há uma degradação da malha ferroviária, principalmente dos trechos não utilizados. Se o trecho perde competitividade, vai acabar sendo menos utilizado. Precisamos quebrar esse ciclo vicioso”, afirmou Fagundes.

Em janeiro, por exemplo, a Rumo decidiu desativar o ramal ferroviário que liga Londrina (PR) a Ourinhos (SP). Segundo a empresa, o trecho – que era utilizado para transporte de combustíveis, grãos e fertilizantes – tinha baixa demanda. Por outro lado, de acordo com o Sindicato dos Ferroviários de Sorocabana, que representa os trabalhadores do ramal desativado, a atuação da empresa teria o objetivo de inviabilizar o trecho para aumentar o preço do frete ferroviário.

Indefinição prejudica outros projetos

Representantes dos três estados afirmam não ter preferência por uma das soluções à mesa – a prorrogação do contrato ou a realização de uma nova licitação. Eles afirmam, porém, que o processo precisa ser tocado com celeridade. “Estamos correndo contra o tempo. A concessão vence em fevereiro de 2027, mas temos que assinar o contrato antes. Uma rodovia funciona sem contrato de concessão. Uma ferrovia, não”, diz Fagundes.

No caso do Paraná, o projeto da Nova Ferroeste deve ser levado em conta nas negociações, já que o traçado contempla uma nova descida na Serra do Mar rumo ao Porto de Paranaguá. A ideia é fazer com que as duas linhas atendam a demanda para o porto em conjunto. “A atual descida é inviável ambientalmente. A linha é tombada, não podemos sair mexendo no traçado. Para que repetir o investimento se a Nova Ferroeste já tem esse novo trecho?”, questiona Fagundes.

No ano passado, a expectativa do governo paranaense era de realizar o leilão do projeto da Nova Ferroeste ainda em 2024. O processo de licenciamento ambiental, porém, acabou demorando mais do que o esperado depois que a Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas) pediu uma ampliação dos estudos.

Agora, a ideia é ter o licenciamento emitido até o final deste ano para, na sequência, publicar os documentos finais. Depois, o governo deve aguardar mais seis ou oito meses para realizar o leilão. “Na melhor das hipóteses estaremos com o leilão feito no final do ano que vem”, afirma Fagundes. Depois, o primeiro trecho da nova ferrovia deve ficar pronto em cinco ou sete anos. A prioridade é o caminho para a Serra do Mar, já que é a obra mais cara e mais complexa do projeto. No total, a Nova Ferroeste tem 1.567 quilômetros.

Santa Catarina e Rio Grande do Sul também têm projetos de novas ferrovias, porém em menor escala. Beto Martins, secretário de Portos, Aeroportos e Ferrovias no governo catarinense, afirma que a indefinição sobre a Malha Sul prejudica o andamento dessas novas propostas, já que há conexões entre as linhas. “Esse impasse está gerando insegurança para que a gente possa tocar outros projetos ferroviários e atrair investidores”, afirma.

Para os estados, Rumo subestima demanda

Uma das vantagens de renovar o contrato com a Rumo seria antecipar investimentos. Mas, de acordo com o vice-governador do Rio Grande do Sul, Gabriel Souza, um dos problemas é o estudo de demanda apresentado pela própria empresa. Na visão dos estados, o documento tem “inconsistências”. “Entendemos que há mais demanda de carga do que o apontado pela própria concessionária. Quanto maior a demanda, mais investimentos”, afirma. Por isso, os três estados decidiram contratar um estudo próprio, para levantar a quantidade de carga que pode, de fato, ser transportada pela Malha Sul.

A possível falta de concorrentes em uma eventual licitação, porém, é considerada um “ponto de atenção”, segundo Souza. Por outro lado, ele lembra que grupos internacionais, especialmente da China, têm apresentado interesse em atuar na área logística no Brasil, o que pode tornar o processo mais competitivo. O Terminal de Contêineres de Paranaguá, por exemplo, é administrado por uma empresa chinesa.

Setor produtivo também se organiza

Empresários do Paraná também estão se organizando para apresentar demandas ao governo federal. No último dia 15, um evento na Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), em Curitiba (PR), discutiu o tema com representantes da indústria, do agronegócio e dos governos federal e estadual. Nos próximos dois meses, a Fiep vai realizar novas reuniões em outras regiões paranaenses, com o objetivo de ouvir queixas dos empresários sobre o assunto.

“Nós temos uma janela de oportunidade, que é o fim da concessão. ( ) Quanto mais eficiente for o escoamento [da produção], mais poderemos buscar novos mercados”, disse Edson Vasconcelos, presidente do Sistema Fiep, durante o evento.

Processo corre na ANTT

Por meio de nota, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) afirmou que o projeto de renovação da concessão foi qualificado pelo Programa de Parcerias de Investimentos, e está em tratativas entre a Rumo, a Agência e o Ministério dos Transportes. “Na fase atual, a ANTT aguarda que o Ministério apresente as diretrizes para que a empresa adeque o projeto e possa submetê-lo para análise da Agência”, diz o texto.

Durante o evento promovido pela Fiep, Jefferson Vasconcelos, gerente de projeto da Secretaria Nacional de Transporte Ferroviário, prometeu a publicação de uma portaria regulamentando a renovação antecipada de concessões. Ele não deu uma data exata para que isso aconteça.

Procurada pela reportagem, a Rumo não se posicionou sobre as críticas feitas pelos representantes dos estados. A empresa afirmou que protocolou um plano de negócios para a prorrogação da concessão, e que os documentos estão em análise na ANTT. Ainda segundo a Rumo, o processo é “extenso” e está em debate técnico com o governo federal. “O processo precisa cumprir uma série de etapas junto ao órgão regulador e demais entidades. Entre os temas, constam os estudos das questões relativas à capacidade de demanda da malha ferroviária e de trechos que já estão desativados há décadas por falta de viabilidade econômica, antes mesmo da empresa assumir a concessão em 2015”, diz nota enviada pela Rumo.

Valor - SP   22/04/2024

Documentos mostram diferenças nas estimativas de receitas de Fazenda e Transportes

Documentos obtidos pelo Valor por meio da Lei de Acesso à Informação mostram que houve divergência entre os ministérios da Fazenda e dos Transportes em torno da estimativa de receitas com a renovação de concessões ferroviárias - um dado questionado por especialistas desde o ano passado, quando a proposta de Orçamento foi enviada ao Congresso. O debate se deu durante a elaboração do Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas Primárias, divulgado em 22 de março.

Na época, o Tesouro pediu ao Ministério dos Transportes uma atualização das estimativas de receitas que ingressariam no ano, decorrentes de concessões e permissões. Para as renovações de contratos em ferrovias, o valor que consta do Orçamento é R$ 34,5 bilhões. A pasta manteve a cifra, alegando impossibilidade de refazer a estimativa.

Diante das incertezas quanto ao ingresso dos recursos, a Fazenda optou por cortar o valor pela metade. A medida foi tomada por prudência, “até que tenhamos informações mais assertivas sobre tais acordos e cronograma de pagamento”, informou em despacho o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron.

“Ponderando que estamos ao final de março e que a materialização dos acordos pode levar algumas semanas ou meses e, mesmo sem alteração do valor global do acordo, pode ocorrer reprogramação do cronograma de pagamentos que resulte em ingresso inferior ao projetado na LOA [Lei Orçamentária Anual] 2024, parece-nos razoável reduzir em 50% a previsão de ingressos de receitas por uma questão meramente prudencial, reduzindo em R$ 17,2 bilhões a projeção anteriormente informada”, diz o documento.

O secretário-executivo do Ministério dos Transportes, George Santoro, disse ao Valor que, na época, não foi possível realizar nova estimativa porque os contratos estavam - ainda estão - em negociação. Assim, ele e o secretário de Transporte Ferroviário, Leonardo Ribeiro, reuniram-se com integrantes da Fazenda para detalhar o andamento dos trabalhos. Após as explicações, o Tesouro decidiu pelo corte de 50%.

“Eu teria feito o mesmo ou até mais”, disse Santoro. Ele acrescentou que o Ministério dos Transportes apresentará à Fazenda estimativas atualizadas das receitas no próximo relatório de avaliação de receitas e despesas, em maio.

Transportes trabalha na renovação antecipada de quatro contratos de concessões ferroviárias: Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), Rumo Malha Sul, Transnordestina Logística e Ferrovia Tereza Cristina (FTC). Também devem entrar na carteira as concessões da Malha Oeste, que deverá ser otimizada, e a Malha Sul.

Além disso, o ministério revisa as renovações de contrato assinadas no governo de Jair Bolsonaro: Carajás, Vitória-Minas e MRS Logística (Malha Sudeste). O contrato da Rumo Malha Paulista já foi revisto.

Para o economista Alexandre Andrade, diretor da Instituição Fiscal Independente (IFI), as expectativas de receita com concessões se mostraram “otimistas” desde o início.

“Nós sempre consideramos com cautela a projeção constante da LOA 2024 porque nesse setor são poucas empresas que atuam e a materialização dessa arrecadação dependeria de negociação com as concessionárias”, analisou.

A consistência da LOA é questionada por especialistas também em outros pontos. O principal deles é a despesa com benefícios previdenciários, que pode estar subestimada em cerca de R$ 20 bilhões.

No relatório de março, as receitas esperadas com concessões e permissões em seu conjunto - incluindo outras áreas, como energia, petróleo e loterias - foram reduzidas em R$ 12,8 bilhões em relação aos valores incluídos no Orçamento. A redução foi verificada “principalmente nas receitas de renegociação de contratos do setor ferroviário”.

No global, o relatório reduziu as receitas brutas em R$ 31,5 bilhões, dos quais R$ 12,8 bilhões decorrem de revisões na expectativa de receitas com concessões e outorgas, R$ 17,7 bilhões foram cortados da projeção da arrecadação de impostos e contribuições administrados pela Receita Federal, e R$ 14,5 bilhões, da queda nas receitas de exploração de recursos naturais. A expectativa com receitas previdenciárias foi elevada em R$ 8,6 bilhões.

No balanço entre novas projeções de receitas e despesas, o relatório determinou o bloqueio de R$ 3,9 bilhões em despesas, para cumprir o limite estabelecido pelo arcabouço fiscal. Ao mesmo tempo, apontou para o cumprimento da meta de déficit zero, com um resultado negativo de R$ 9,3 bilhões - dentro da margem de tolerância.

No dia 15, o governo divulgou o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) de 2025. O documento traz novas projeções de receitas com concessões e permissões para os próximos anos: serão R$ 23,3 bilhões em 2025. Para os anos seguintes, os valores são menores: R$ 6,2 bilhões para 2026, 6,4 bilhões em 2027 e R$ 6,7 bilhões em 2028.

A redução reflete a decisão de priorizar, como critério para definir vencedores dos leilões de concessão, os que cobrarem menores tarifas. No governo anterior, o principal critério era o maior valor de outorga.

NAVAL

InfraRoi - SP   22/04/2024

Entre janeiro e março deste ano, o Porto do Rio Grande, administrado pela Portos RS, consolidou sua posição como principal via de entrada para veículos importados no Rio Grande do Sul, pelo modal hidroviário. No período, o porto rio-grandino recebeu 643 unidades. Se comparado ao mesmo período do ano passado, os dados de 2024 representam um aumento de cerca de 330%, o que demonstra um crescimento do setor, além de reforçar a eficiência e a capacidade operacional do Porto do Rio Grande.

Para atender essa demanda, a empresa conta com um pátio alfandegado próximo da área de cais que atende tanto operações de importação quanto exportação de veículos. Segundo a Portos RS, esse aumento em relação ao ano passado demonstra que o seu planejamento para crescer em relevância está no caminho certo.

Os navios utilizados nessa modalidade de operação são do tipo Roll-on Roll-off, conhecidos popularmente pela sigla Ro-Ro. Eles são especialmente projetados para permitir que os veículos sejam direcionados tanto para dentro quanto para fora da embarcação, sem a necessidade de uso de outros equipamentos de carga pesada, facilitando, com isso, o carregamento e o descarregamento. Além de otimizar o tempo de operação, a metodologia reduz significativamente o risco de danos aos veículos durante o processo.

No Brasil, o mercado de importação de veículos apresentou um crescimento expressivo nos primeiros três meses do ano. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), dados indicam que as importações de veículos aumentaram mais de 40% no acumulado de janeiro a março de 2024, somando US$ 1,42 bilhão, um avanço de 46,3% em relação ao mesmo período de 2023.

No contexto nacional, a China emergiu como o principal fornecedor de veículos para o Brasil, com destaque para os carros eletrificados e híbridos, que dominaram as linhas de importação.

PETROLÍFERO

TN Petróleo - RJ   22/04/2024

A Petrobras realizou, ontem e terça-feira (16 e 17), uma simulação de vazamento de petróleo na Bacia Potiguar, no bloco de exploração POT-M-762, localizado a 85 km da Praia de Ponta Grossa, em Icapuí, no Ceará. O simulado foi realizado em cumprimento a uma condicionante apresentada pelo Ibama como etapa para a obtenção da licença de perfuração dos poços Pitu Oeste e Anhangá, na Bacia Potiguar.

No total, foram mobilizadas cerca de 440 pessoas, durante os dois dias do exercício, que ocorreu em Fortim, no Ceará, e no Rio de Janeiro. Foram mobilizadas quatro aeronaves, dois drones, duas ambulâncias, 32 veículos terrestres e 20 embarcações para as ações de simulação de contenção e recolhimento de petróleo, proteção costeira, monitoramento, resgate e atendimento à fauna.

Em Fortim, foi montado um posto avançado com uma unidade médica e duas ambulâncias. No Rio de Janeiro, no Edifício Senado, sede da Petrobras, no centro da cidade, as equipes ficaram empenhadas no atendimento de demandas e nas articulações necessárias para o andamento das operações.

O diretor de Exploração e Produção da Petrobras, Joelson Falcão Mendes, ressaltou a importância do exercício:

“Qualquer simulado que faça parte da nossa rotina nos ensina bastante para que a gente se sinta pronto para possíveis eventos reais. Estamos buscando licenciamento para uma nova fronteira, uma área extremamente importante para a Petrobras e tenho convicção de que, com esse competente trabalho feito aqui, o Ibama terá mais confiança de que, em uma remotíssima hipótese de algum incidente, estamos preparados para atuar”, destacou Joelson.

Para comprovar a robustez de recursos para atendimento à fauna, 20 forças-tarefas foram colocadas em ação no mar e nas praias, com cerca de 50 profissionais especializados no tema, incluindo biólogos, veterinários e tratadores. Quatro unidades de recepção e estabilização de fauna foram montadas entre Aracati e Icapuí. Além disso, o Centro de Despetrolização e Reabilitação e Quarentena (IAAP), em Caucaia, ficou mobilizado para o evento.

Somente na Margem Equatorial, há quatro Centros de Defesa Ambiental (CDAs), localizados no Pará, Maranhão, Ceará e Rio Grande do Norte; além de outros nove CDAs, bases avançadas e centros de resposta à emergência, distribuídos pelo restante do Brasil. Todas essas estruturas estão devidamente equipadas para pronta resposta em caso de eventos acidentais envolvendo vazamento de óleo no mar, de modo a minimizar danos ao meio ambiente, mesmo que a probabilidade de um evento dessa natureza ocorrer seja remotíssima.

O comandante do simulado, Jeferson Kinzel, explicou que a Petrobras aprimora continuamente a capacidade de resposta a emergências:

“Esse simulado representa uma etapa final de um trabalho de vários anos. Nossa equipe de EOR trabalhou muito bem orquestrada, mostrando que temos total condições de atender a todas as demandas relacionadas à proteção ao meio ambiente, fauna e proteção costeira, conforme compromisso da Petrobras. Em uma área de nova fronteira como esta, mostrar eficiência, segurança e uma enorme mobilização de pessoas, equipamentos e recursos nos abre novas perspectivas para que possamos atuar na Margem Equatorial como um todo”, enfatizou.

Vale lembrar que esses poços já foram perfurados. O simulado foi realizado nesta época do ano, a pedido do Ibama, devido a condições climáticas e marinhas, mas diz respeito a perfurações já feitas.

Margem Equatorial

A Bacia Potiguar abrange porções marítimas dos estados do Rio do Grande do Norte e do Ceará e é parte da chamada Margem Equatorial brasileira, que se estende entre os estados do Amapá e do Rio Grande do Norte. A região é considerada uma das mais novas e promissoras fronteiras mundiais em águas profundas e ultra profundas.

Descobertas recentes anunciadas em regiões contínuas a essas fronteiras, especialmente nos vizinhos Guiana e Suriname, indicam relevante potencial de produção de petróleo para a Margem Equatorial brasileira.

As novas fronteiras brasileiras são essenciais para a garantia da segurança e soberania energética nacional, em um contexto de transição energética e economia de baixo carbono.

Valor - SP   22/04/2024

Petrobras planeja investir US$ 960 milhões na região, com novos poços em 2025; cadeia petroquímica responde por 50% do ICMS recolhido pelo Estado

O professor Barbosa Jr. ao lado do primeiro extrator de petróleo do Brasil — Foto: Sérgio adeodato

O bairro do Lobato, subúrbio de Salvador, está dominado pelo tráfico de drogas. No “Beco do Inferno”, como é conhecida a rua de acesso ao local do primeiro poço de petróleo do Brasil, perfurado há 85 anos, impera a lei do silêncio. A antiga estrutura de extração do óleo, sonho de riqueza no passado, está abandonada. Ao lado, o monumento a Getúlio Vargas, ícone desse marco histórico do ano em que começava a Segunda Guerra Mundial, foi vandalizado e acumula lixo e entulho. Esquecida, a área a beira-mar já não é frequentada. A quadra esportiva construída há duas décadas em uma tentativa de revitalização está tomada pelo manguezal da baía de Todos os Santos.

O cenário reflete o desafio da justiça climática diante dos impactos do aquecimento do planeta, que têm o petróleo como vilão e atingem principalmente as populações mais pobres. “Morar no bairro do ‘ouro negro’ sempre foi motivo de visibilidade e orgulho nas escolas, mas hoje vemos que a vida local não melhorou”, afirma o professor de educação física José André Barbosa Junior, ao lado do velho equipamento de sucção que poucos arriscam acessar.

A descoberta do óleo no Lobato foi o ponto de partida para o atual momento do país como player mundial do petróleo, com produção no pré-sal e perspectiva de exploração na foz do rio Amazonas. Em Salvador, o funcionário público Evangivaldo de Araújo, 71 anos, relata que a atividade atraiu muita gente para a cidade, mas logo veio a frustração, com ocupações irregulares e esgoto lançado no oceano. “Peixes, agora, só bem longe em alto-mar”, lamenta o pescador Carlos Martins, 70 anos.

“É inacreditável que os primeiros poços de petróleo do país, cavados pelo trabalho de homens negros, tenham como passivo uma região de extrema pobreza”, lamenta Diosmar Marcelino de Santana Filho, professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e membro da Associação de Pesquisa Iyaleta, entidade de fomento às ciências e inovações.

Após o ciclo do cacau, o petróleo reinseriu a Bahia no desenvolvimento do país, na década de 1940, com a primeira refinaria brasileira, a Landulpho Alves, privatizada em 2021. Com o passar do tempo e descobertas de áreas mais promissoras, porém, os investimentos em exploração e produção acabaram deslocados para outras regiões, reduzindo os projetos na Bahia, onde os poços antigos começaram a se exaurir. A produção estadual, que já atingiu 70% da nacional nas décadas de 1960 e 1970, caiu para menos de 1% no ano passado. O último poço perfurado pela Petrobras no Estado foi em 2019. Nos próximos cinco anos, a estatal planeja investir US$ 960 milhões na região, com novos poços em 2025.

“A retomada precisa compensar passivos ambientais e sociais deixados ao longo da história”, defende André Ferraro, chefe de gabinete da Secretaria do Meio Ambiente da Bahia. O plano estadual é estabelecer metas de mitigação climática ainda neste ano, como forma de gerar negócios e inserção na nova economia.

A principal estratégia está no hidrogênio verde, favorecido pelo potencial eólico da região, em substituição a fontes fósseis - a cadeia petroquímica representa 50% do ICMS baiano. “Precisamos repensar a rota tecnológica do setor”, defende Eduardo Fontoura, consultor da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb). A expectativa é que investimentos na descarbonização possam gerar empregos que o petróleo já não oferece e, assim, melhorar indicadores sociais.

“No caminho do hidrogênio verde, é urgente mobilizar recursos para a adaptação de populações expostas a impactos climáticos - não só mitigação de carbono”, completa o professor Santana Filho, nas instalações do Hub Salvador. O espaço que reúne empreendedores e coletivos urbanos tem vista para a orla da baía de Todos os Santos, onde se originou o ciclo escravagista e, também, a indústria do petróleo brasileira.

Em nota, a Petrobras informa que está dando prosseguimento às discussões com o Mubadala Capital em relação à formação de parceria de downstream no Brasil, cujo escopo envolve a participação na refinaria de Mataripe (antiga Landulpho Alves) e no projeto de uma biorrefinaria integrada para produção de diesel e querosene de aviação renováveis a partir de óleos vegetais.

A Bahia representa 80% dos ativos onshore da companhia, com 4.300 empregados. São 20 concessões de produção em terra e uma no mar. Em 2023, o ICMS recolhido pela empresa ao Estado foi de R$ 600 milhões. A volta dos investimentos na região deve incluir recursos do Fundo de Descarbonização, estimados em US$ 1 bilhão em cinco anos, no país. O compromisso é reduzir emissões operacionais em 30% até 2030, em comparação a 2015.

“É inegável que o petróleo trouxe avanços no cenário econômico, mas o modelo já exauriu há algum tempo”, aponta o vereador soteropolitano André Fraga (PV-BA). “Os royalties recebidos pelos municípios não condizem com os baixos indicadores sociais e a falta de infraestrutura urbana”, completa.

Engenheiro ambiental, Fraga idealizou uma exposição com imagens que simulam a elevação do mar na capital em 2100, conforme projeções científicas das mudanças climáticas. O bairro da Ribeira, palco da tradicional festa do Senhor do Bonfim, deverá ser inundado. Segundo ele, houve avanços na mobilidade urbana, mas o plano de ação climática do município, finalizado em 2020, ainda está lento.

Valor - SP   22/04/2024

Mudança faz parte da estratégia do governo para reduzir o preço do gás natural no Brasil

Silveira, que quer mais transparência em contratos relativos ao gás do pré-sal — Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

A estratégia do governo para reduzir o preço do gás natural no Brasil deve incluir a autorização para a PPSA, estatal que representa a União nos contratos de partilha, fazer a venda do produto diretamente na costa brasileira, apurou o Valor. Hoje, a empresa é obrigada a comercializar os volumes de óleo e gás na plataforma.

Com a medida, o governo espera acompanhar de perto as negociações da estatal do pré-sal, 100% controlada pela União, com a Petrobras. A ideia é obter contratos de uso das instalações, que levam o gás do pré-sal até a costa, amparado nas boas práticas internacionais, com remuneração “justa e razoável” para o dono do ativo e custo não proibitivo de contratação.

No programa “Gás para Empregar”, anunciado no ano passado, o governo quer garantir preços entre US$ 6 e US$ 8 por milhão de unidades térmicas britânicas (BTU). Ainda seria mais alto do que os valores de US$ 2 e US$ 3 por milhão de BTU praticados, respectivamente, nos EUA e no Oriente Médio. Porém, sem o custo de operação logística, a produção de fertilizantes, petroquímicos e minério beneficiado seria retomada.

A decisão sobre a PPSA deve vir em resolução do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE). O Ministério de Minas e Energia não quer esperar a próxima reunião do conselho para aprovar a medida. Sua validação deve vir do “de acordo” formalizado por ofício de cada ministro do CNPE, em decisão “ad referendum”. Só então, a minuta iria para a Casa Civil e despacho do presidente da República.

Para o governo, o ato do CNPE teria efeito mais imediato do que autorizar a PPSA fazer troca (swap) de óleo da União por gás, anunciada em 2023, o que demandaria a edição de medida provisória (MP).

Na quinta-feira (18), ao anunciar que o país dobraria a oferta de gás (adição de 150 milhões de m³/dia), Alexandre Silveira, ministro de Minas e Energia, defendeu mais transparência e fiscalização dos contratos de uso das instalações de gás do pré-sal. Para ele, isso deve reduzir o preço final em 25%.

Após ouvir órgãos e representantes do setor, o grupo de trabalho (GT) do programa levou o governo a mudar a percepção sobre a reinjeção de gás - usada para elevar a produção de óleo na plataforma. Agora, a operação não é mais considerada, por si só, a grande vilã da baixa oferta, embora o país registre taxa bem maior, de 51%, do que a média mundial, de 28%. O GT, que encerrou as atividades em 8 de abril, constatou que a Agência Nacional do Petróleo (ANP) já restringe o alto grau de injeção e a simples queima nas plataformas. Sem as duas alternativas, operadores são obrigados a vender o gás mais barato, praticamente sem margem, para a Petrobras ou ceder às duras condições contratuais para levar o produto até a costa.

Para o governo, mesmo se PPSA oferecesse 100% de subsídio ao gás ou o país diminuísse o nível de reinjeção nas plataformas, a redução do preço ainda não viabilizaria a retomada de investimentos na indústria.

Para o governo, parte do problema dos contratos da Petrobras está ligada à demora da ANP em regulamentar a Nova Lei do Gás, que trata do “acesso não discriminatório e negociado de terceiros” às instalações. O GT constatou que a lacuna atrasou adoção de boas práticas de regulação, que permitiria, ao regulador, combater distorções de preço no uso de ativos de caráter essencial, quando não há outra empresa com mesma infraestrutura para prestar o serviço. Com o “comitê de monitoramento” do mercado de gás, anunciado por Silveira, o governo quer propor “regulamentações transitórias” para ajudar a ANP a acelerar a regulamentação dos temas mais urgentes.

Procurada, a Petrobras informou que os contratos de escoamento de gás foram “devidamente compartilhados com a ANP conforme exigido pela regulação vigente”. A empresa ressaltou que as negociações envolvem outras empresas que integram os consórcios proprietários da infraestrutura e seguem as diretrizes estabelecidas no Caderno de Boas Práticas do setor, que valorizam o “ambiente de negócios estável, previsível e transparente, o que contribui para realização de novos investimentos”.

Já a ANP destacou que a regulamentação do acesso não discriminatório, previsto na Nova Lei do Gás, “sempre foi tema prioritário”. Alega que, logo após a sanção da lei, mobilizou superintendências para participarem do Grupo de Trabalho especializado para discutir a regulamentação “inédita no Brasil”, organizou workshop e realizou consulta prévia para a edição da nova regra. Atualmente, a Análise de Impacto Regulatório (AIR) está em processo de complementação e deve ser apreciada já em maio pela diretoria do órgão.

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