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22 de Março de 2024

INDA

IstoÉ Online - SP   22/03/2024

O Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda) informou que as vendas de aços planos somaram 307,3 mil toneladas em fevereiro de 2024, o que representa uma alta de 4,4% na comparação com o mesmo mês do ano anterior. O resultado para o mês ficou abaixo do projetado pela entidade, que esperava um volume de 320 mil toneladas em vendas. Na comparação com janeiro o número é 6,8% menor.

Segundo o Inda, o volume de aço importado em fevereiro foi de 192,7 mil toneladas, valor 25% maior na comparação com o mesmo mês em 2023. Na comparação com janeiro, o avanço é de 46,2% no indicador.

Houve forte redução nas importações de chapas grossas em fevereiro, com queda de 62,8% no indicador na comparação com o mesmo mês de 2022. As importações de laminados a quente, por sua vez, aumentaram 68,5% em igual intervalo de comparação.

As compras de laminados a frio no mercado externo registraram um salto de 175,5% na comparação anual e atingiram 43,8 mil toneladas em fevereiro. A principal origem das importações permanece sendo a China, com 51,8% de participação no total do indicador. A Rússia representou 32,6% do volume total importado, com uma quantidade relevante de placas enviadas ao Brasil (93,5 mil toneladas em fevereiro).

Com relação às compras realizadas pelo setor de distribuição, em fevereiro foram adquiridas 321 mil toneladas de aço, o valor é 15,1% maior na comparação com o mesmo período do ano anterior, mas sinaliza um recuo de 6,9% ante janeiro de 2024.

As compras de laminados a quente por parte dos distribuidores somaram 179,2 mil toneladas em fevereiro, o que representa um aumento de 17,8% na comparação anual, mas houve recuo de 7,1% no intervalo mensal. As aquisições de laminados a frio, por sua vez, totalizaram 42,1 mil toneladas, redução de 7,5% ante um ano e recuo 3,4% ante janeiro.

Terra – SP 22/03/2024

A vendas de aços planos por distribuidores do Brasil podem subir 6% em março ante fevereiro, mas isso não significa necessariamente uma boa notícia para o setor responsável por cerca de um terço das vendas das usinas siderúrgicas no país, segundo dados apresentados nesta quinta-feira pela entidade que representa os distribuidores, Inda.

"Fomos surpreendidos, achamos que vínhamos em movimento forte de recuperação, mas março está como surpresa negativa, com vendas mostrando reação muito baixa", disse o presidente do Inda, Carlos Loureiro, a jornalistas, ao apresentar os números do setor no primeiro bimestre. "Essa previsão de março é um banho de água fria."

Segundo ele, a perspectiva de crescimento de 6% nas vendas em março vai frustrar a projeção inicial da entidade de expansão no trimestre. "Confirmado esse número, vamos entrar em número negativo no primeiro trimestre deste ano e vai ser muito difícil recuperar", disse Loureiro.

No primeiro bimestre, as vendas dos distribuidores de aços planos no Brasil subiram 5,2% sobre um ano antes, para 637,2 mil toneladas, ante uma expectativa divulgada em fevereiro de expansão de 7,5%.

A surpresa da entidade com o movimento de vendas de março também decorre do fato de que as vendas de fevereiro por dia útil foram as melhores dos últimos 10 anos, em parte diante de um período menor de comercialização.

Loureiro afirmou que parte da explicação decorre de certa descrença entre os distribuidores e clientes de que as siderúrgicas vão conseguir manter reajustes de preços de 5% a 6% realizados mais cedo neste ano por conta da queda nos preços internacionais da liga.

"Como teve reajuste de preço... Muitos clientes não acreditam que o preço vai se firmar e vem o movimento de segurar um pouco a compra", disse Loureiro. "É uma queda de braço entre consumidores e fornecedores", acrescentou.

Outro ponto de atenção para o mercado siderúrgico nacional foi o nível de importações em fevereiro: alta de 25% na comparação anual, para 192,7 mil toneladas, segundo os dados citados pelo Inda. Isso depois de uma queda de 25,6% em janeiro.

Segundo Loureiro, "a queda de janeiro foi só um soluço". O presidente do Inda citou que a fila de navios esperando para desembarcar carga em São Francisco do Sul (SC), principal porta de entrada de aço importado no Brasil, está se mantendo no mesmo nível de meses anteriores, "o que leva a crer que dificilmente teremos uma queda das importações este ano".

Há meses usinas siderúrgicas como Gerdau, Usiminas, CSN e ArcelorMittal cobram do governo a imposição de tarifa de importação de 25% sobre aço proveniente da China, assim como mercados mais desenvolvidos como Estados Unidos e Europa adotaram.

O destaque das importações em fevereiro foram os laminados a frio, que dispararam 175,5% sobre um ano antes, para quase 44 mil toneladas, acumulando no bimestre salto de 91,7%, segundo os dados do Inda.

SIDERURGIA

Diário do Comércio - MG   22/03/2024

As importações de aço, principalmente da China, continuam a impactar o setor siderúrgico no Brasil. No primeiro bimestre, as compras externas cresceram 15,7% na comparação com o mesmo intervalo do ano passado. Por outro lado, a produção das usinas cresceu no período, de acordo com os dados divulgados nesta quinta-feira (21) pelo Instituto Aço Brasil.

Entre janeiro e fevereiro as importações de aço somaram 813 mil toneladas, ante 702 mil toneladas no mesmo intervalo do ano passado. Em valor, as compras externas de produtos siderúrgicos movimentaram US$ 897 milhões, o que representa uma alta de 4%.

Somente no segundo mês deste ano, as compras externas avançaram 37,2% em relação a fevereiro do ano passado. Os desembarques atingiram 446 mil toneladas, de acordo com o instituto. O ingresso de produto siderúrgico estrangeiro no mês supera a média mensal de 2023, que foi de 419 mil toneladas

A invasão do aço importado, sobretudo da China, vem jogando o setor siderúrgico brasileiro em uma crise. Desde o ano passado, empresas estão adotando medidas para reduzir o ritmo de produção e até mesmo postergando investimentos.

A Usiminas, por exemplo, decidiu, em dezembro último, paralisar o alto forno 1 da usina em Ipatinga, no Vale do Aço. O equipamento tem uma capacidade anual de 600 toneladas de ferro/gusa. Já a Aperam, por sua vez decidiu postergar investimentos que seriam realizados em Timóteo e a Arcelor prolongou uma parada técnica prevista em algumas de suas usinas no País.

O setor siderúrgico cobra do governo medidas para frear a entrada do aço chinês no Brasil. A proposta é aumentar a taxação sobre o produto importado.
Por outro lado, produção cresceu no início do ano

As usinas brasileiras produziram 5,506 milhões de toneladas de aço bruto no primeiro bimestre. O resultado representa um incremento de 6,4% sobre o mesmo período de 2023, quando atingiu 5,173 milhões de toneladas.

A produção de laminados cresceu 6% no acumulado dos dois primeiros meses deste ano em relação ao mesmo intervalo de 2023, passando de 3,582 milhões de toneladas para 3,796 milhões de toneladas.

Já no segmento de semiacabados para venda a produção alcançou 1,480 milhão de toneladas. O volume é 10% inferior ao registrado em 2023, quando totalizou 1,644 milhão de toneladas.
Vendas de aço cresceram no Brasil

As siderúrgicas instaladas no Brasil venderam 3,169 milhões de toneladas no mercado interno, o que representa um incremento de 4,3% na comparação com o primeiro bimestre do exercício passado.

O consumo aparente, por sua vez, que compreende tanto as vendas internas quanto as importações, cresceu 6,2%, somando 3,9 milhões de toneladas, de acordo com o Aço Brasil.
Executivos estão menos confiantes em meio às importações de aço da China

O Índice de Confiança da Indústria do Aço, no mês de março, fechou em 44,6 pontos, queda de 0,6 ponto em relação a fevereiro. O ICIA posicionado abaixo dos 50 pontos demonstra continuidade da falta de confiança dos CEOs da indústria do aço.

Brasil Mineral - SP   22/03/2024

O consumo anual de aço laminado aumentou 5,4% na região em relação ao ano anterior, com 73 mil toneladas registradas.

Segundo dados da Associação Latino-Americana de Aço (Alacero), o consumo anual de aço laminado aumentou 5,4% na região em relação ao ano anterior, com 73 mil toneladas registradas, contra 69,3 mil toneladas, de 2022. O número ficou também acima dos balanços de 2019 e 2020 em 12,1% e 22,3%, respectivamente. "Os setores da construção e automotivo foram os que mais marcaram o ritmo do consumo em 2023, com participação importante também do setor doméstico", destacou Alejandro Wagner, Diretor Executivo da Alacero.

A produção de aço bruto em janeiro de 2024 somou 4.991,8 mil toneladas, 1,7% a menos do que no mesmo mês do ano anterior, mas 8,8% a mais do que dezembro passado. Quanto ao aço laminado, a produção de janeiro alcançou 4.572,5 mil toneladas, 3,3% superior ao mesmo mês do ano anterior e 12,4% superior a dezembro passado. Destacam-se nesse setor os produtos longos, cuja produção aumentou 18,9% em janeiro, enquanto os produtos planos aumentaram 7,1% e os tubos sem costura ficaram com 5,9% a mais.

As importações de aço de dezembro de 2023 foram de 2.084,9 mil toneladas, um aumento de 10,3% em relação a dezembro de 2023, mas 3,9% inferiores ao mês anterior. No acumulado de 2023, as importações estiveram 14,1% acima de 2022. Em matéria de exportações, em dezembro de 2023, foram registradas 678,0 mil toneladas, 9% a menos na comparação a dezembro de 2022, mas 26,7% superiores ao mês anterior. No total de 2023, as exportações estiveram 26,3% abaixo do ano anterior. A má notícia para a indústria é que o déficit comercial foi 44,5% superior ao do ano anterior, impulsionado por um aumento nas importações, que representaram 38% do consumo.

Produção brasileira em fevereiro cresce 1,9%

O Instituto Aço Brasil (IABr) divulgou que a produção de aço bruto somou 2,8 milhões de toneladas em fevereiro de 2024, um crescimento de 13,1% frente ao apurado no mesmo mês de 2023. Já a produção de laminados foi de 1,8 milhão de toneladas, 3,8% superior à registrada em fevereiro de 2023, enquanto a produção de semiacabados para vendas foi de 759 mil toneladas, uma retração de 3,3% em relação ao ocorrido no mesmo mês de 2023.

As vendas internas avançaram 7,3% frente ao apurado em fevereiro de 2023 e atingiram 1,6 milhão de toneladas. O consumo aparente de produtos siderúrgicos foi de 1,9 milhão de toneladas, 11,5% superior ao apurado no mesmo período de 2023. As exportações de fevereiro de 2024 foram de 700 mil toneladas, ou US$ 587 milhões, o que resultou em queda de 26,2% e de 25,1%, respectivamente, na comparação com o ocorrido no mesmo mês de 2023. Já as importações de fevereiro de 2024 foram de 446 mil toneladas e de US$ 491 milhões, um aumento de 37,2% em quantum e de 32,3% em valor na comparação com o registrado em fevereiro de 2023.

O acumulado do primeiro bimestre de 2024 mostrou incremento de 6,4% na produção de aço bruto em relação ao mesmo período do ano anterior, para 5,5 milhões de toneladas. As importações aumentam 15,7%, para 813 mil de toneladas, enquanto as exportações recuaram 13,8%, para 1,6 milhão de toneladas. As vendas internas cresceram 4,3% e atingiram 3,2 milhões de toneladas na mesma comparação. O consumo aparente de aço avançou 6,2%, para 3,9 milhões de toneladas. O Índice de Confiança da Indústria do Aço, no mês de março, fechou em 44,6 pontos, queda de 0,6 ponto em relação a fevereiro. O ICIA posicionado abaixo dos 50 pontos demonstra continuidade da falta de confiança dos CEOs da indústria do aço.

Valor - SP   22/03/2024

“O ingresso de produto siderúrgico estrangeiro no mês supera a média mensal de 2023”, informa a entidade

As importações de aço mantiveram a tendência vista desde meados do ano passado e seguiram em alta acentuada em fevereiro, segundo estatísticas do Instituto Aço Brasil.

No mês passado, foram importadas 446 mil toneladas de produtos siderúrgicos, 21,7% acima do visto em janeiro e 37,2% maior que o volume registrado em fevereiro do ano passado.

“O ingresso de produto siderúrgico estrangeiro no mês supera a média mensal de 2023, que foi de 419 mil toneladas”, informa a entidade. Com isso, no primeiro bimestre, as importações brasileiras de aço chegaram a 813 mil toneladas, um aumento de 15,7%.

De acordo com a associação, a produção nacional de aço bruto cresceu 1,9% em fevereiro frente ao mês anterior, e 13,1% na comparação anual, a 2,8 milhões de toneladas.

Já o consumo aparente de produtos siderúrgicos caiu 1,4% na comparação mensal e subiu 11,5% em relação a fevereiro de 2023, com 1,9 milhão de toneladas.

As exportações, por sua vez, encolheram 25,2% em fevereiro ante janeiro, para 700 mil toneladas. Na comparação anual, a queda foi de 26,2%.

De acordo com o Instituto Aço Brasil, o Índice de Confiança da Indústria do Aço encerrou março em 44,6 pontos, queda de 0,6 ponto em relação a fevereiro. “O ICIA posicionado abaixo dos 50 pontos demonstra continuidade da falta de confiança dos CEOs da indústria do aço”, informa.

ECONOMIA

O Estado de S.Paulo - SP   22/03/2024

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), cobrou o governo sobre o envio dos projetos de leis complementares para regulamentar a reforma tributária sobre o consumo. Para Lira, essa fase precisa ser encerrada ainda neste ano, sob pena de que a proposta venha a naufragar.

Tem razão o presidente da Câmara ao fazer um apelo público ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad. À primeira vista, o calendário para a aprovação dos projetos parece confortável, uma vez que a reforma entrará em vigor somente em 2026.

No entanto, a disputa eleitoral deve encurtar o ano no Legislativo. Com deputados e senadores dedicados a apoiar prefeitos em suas bases, o governo teria apenas o primeiro semestre para tocar os projetos de seu interesse no Congresso.

Os 19 grupos técnicos responsáveis pela elaboração dos anteprojetos, no entanto, ainda não concluíram os trabalhos, e os textos ainda terão de ser submetidos a Haddad antes que eles se tornem projetos aptos a serem enviados ao Legislativo.

Todas essas discussões não podem se estender além deste ano. Em 2025, será preciso regulamentar a reforma por meio de normas infralegais que dependem dos projetos de lei. Além disso, será preciso testar os sistemas para garantir que a transição entre o modelo atual e o novo ocorra sem contratempos.

Não será uma tarefa trivial, dado que a reforma aprovada pelo Congresso, que cria o Imposto sobre Valor Agregado (IVA) e unifica cinco tributos federais, estaduais e municipais, representa uma verdadeira revolução diante do caótico modelo tributário brasileiro.

A emenda constitucional, no entanto, deu apenas as diretrizes gerais que agora precisam ser devidamente detalhadas, discutidas e aprovadas. Entre os temas pendentes está a governança do Comitê Gestor do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), tributo cuja arrecadação será dividida entre Estados e municípios.

Será preciso garantir a não cumulatividade dos tributos, que corrói a competitividade dos produtos brasileiros no exterior, estabelecer os itens da cesta básica que serão ou não desonerados e discutir os detalhes dos regimes específicos, diferenciados ou favorecidos para alguns setores econômicos.

Também será preciso decidir quais serão alvo do Imposto Seletivo, cuja alíquota será de até 1% sobre a produção. Naturalmente, todos os setores que potencialmente possam se tornar alvo dessa cobrança têm trabalhado para se livrar dela, como a indústria de alimentos ultraprocessados e de bebidas açucaradas e os setores de mineração e petróleo.

Disso dependerá a alíquota padrão do IVA, que, aliás, o governo ainda não divulgou. Antes da aprovação da reforma, o Ministério da Fazenda a havia estimado em 27,5%, mas as mudanças no texto durante a fase final de tramitação ainda não haviam sido incorporadas quando tal porcentual foi divulgado.

Críticos da reforma podem até argumentar que esse porcentual colocaria o País na liderança das alíquotas mais elevadas do mundo, mas nenhum deles arriscaria dizer qual o nível de tributação do modelo atual – não por incompetência, mas porque as distorções do sistema atual tornaram uma tarefa tão simples como essa simplesmente impossível.

Apesar de a demora dos grupos técnicos do governo para concluir os anteprojetos ser evidente, o Congresso também deveria fazer a sua parte e colaborar com o avanço da reforma. Lira já poderia ter definido o relator dos textos na Câmara, mesmo porque mais de 70 pontos precisam de legislação complementar.

Além disso, seria prudente que os parlamentares recuassem da proposta paralela que articulam para impor travas ao Imposto Seletivo e reduzir as prerrogativas da Receita Federal sobre o tema. Trata-se de clara e indevida invasão de competências por parte dos parlamentares, que não merece prosperar.

Há muito a ser feito e pouco tempo para concluir os trabalhos. Mas governo e Congresso não podem titubear nem se perder em disputas de poder inócuas. É hora de avançar com a reforma tributária e colocá-la em prática para que o País possa iniciar uma nova fase de desenvolvimento.

O presidente da Câmara defendeu que a “regulamentação da tributária não pode naufragar por falta de calendário”. Segundo ele, se o governo deixar a proposta para depois de 2024, “fica complicado”.

O Estado de S.Paulo - SP   22/03/2024

A arrecadação de impostos e contribuições federais somou R$ 186,522 bilhões em fevereiro, um aumento real (descontada a inflação) de 12,27% na comparação com o resultado de fevereiro de 2023, quando o recolhimento de tributos somou R$ 158,995 bilhões. Em relação a janeiro, a arrecadação recuou 34,08%, em termos reais. De acordo com a Receita Federal, esse é o melhor resultado para o mês de fevereiro, em termos reais, desde o início da série histórica, em 1995.

O resultado das receitas veio um pouco acima da mediana de R$ 184,365 bilhões das expectativas das instituições da pesquisa feita pelo Projeções Broadcast. O intervalo das estimativas ia de R$ 166,394 bilhões a R$ 188,500 bilhões.

Nos dois primeiros meses de 2024, a arrecadação federal somou R$ 467,158 bilhões. Segundo a Receita, esse também é o melhor resultado para o primeiro bimestre do ano, em termos reais, desde o início da série histórica. O montante representa um aumento real de 8,82% na comparação com os dois primeiros meses de 2023.

Conjunto de medidas

De acordo com o chefe do Centro de Estudos Tributários e Aduaneiros da Receita Federal, Claudemir Malaquias, o resultado da arrecadação do mês de fevereiro reflete um conjunto de medidas de incremento, administrativas e legislativas.

A medida da taxação das offshores, por exemplo, aprovada no ano passado pelo Congresso Nacional, é apontada como um dos fatores extraordinários responsáveis pelo desempenho das receitas. De acordo com Malaquias, a tributação de fundos exclusivos gerou R$ 4 bilhões em fevereiro, valor considerado atípico.

O coordenador de previsão e análise da Receita Federal, Marcelo Gomide, disse também que a retomada da tributação regular do diesel foi o principal fator para o aumento da arrecadação do PIS/Cofins no mês de fevereiro. “Base estava desonerada em fevereiro de 2023 e em fevereiro de 2024 volta a estar uma base mais normal por conta do restabelecimento das alíquotas”, disse.

Ele explicou ainda que o crescimento da massa salarial foi o principal responsável pelo aumento das receitas previdenciárias. “A gente mantém o mercado de trabalho como forte componente para explicar resultado, mas a gente tem de destacar a arrecadação do Simples Nacional”, disse.

IstoÉ Dinheiro - SP   22/03/2024

O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, afirmou nesta quinta-feira, 21, que a decisão divulgada na quarta-feira, 20, pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central revela que a autoridade monetária, assim como o Ministério da Fazenda, está atenta ao conjunto de incertezas que existe nas economias internacionais, envolvendo aspectos geopolíticos e climáticos. Ele disse que não cabe a ele ou aos integrantes do Ministério da Fazenda fazer críticas ou elogios às decisões do Copom, mas reforçou que os dados macroeconômicos revelam um cenário benigno para o Brasil.

“Aparentemente, os dados que temos disponíveis tanto de inflação e as projeções que temos de inflação, quanto às projeções que o próprio mercado tem, mostram um cenário benigno, mostram um cenário de inflação que fechou em 2,6%, tende a se aproximar de 3,5%. O próprio modelo do Banco Central mostra isso, mostra uma convergência para a meta”, afirmou Mello.

Apesar da sinalização dada na quarta pelo Copom, o secretário disse acreditar em um “pouso suave” das economias centrais e emergentes, com desaceleração no nível das atividades e, consequentemente, flexibilização da política monetária. “Não vejo alteração do nosso cenário base nem com decisão do Copom, nem com indicadores domésticos”, avaliou.

Mello reforçou que é compatível trazer a taxa básica de juros para baixo e, ainda assim, manter a inflação sob controle.

Na quarta, pela sexta vez seguida, o Copom reduziu a taxa Selic em 0,50 ponto porcentual. Os juros básicos da economia caíram de 11,25% para 10,75% ao ano, em decisão unânime dos nove membros do colegiado.

O Copom também resolveu alterar a sinalização para os próximos passos de afrouxamento monetário, após uma queda acumulada de 3 pontos porcentuais da Selic desde agosto. No comunicado desta quarta, o BC se comprometeu com apenas mais um corte de 0,50 ponto porcentual. A próxima reunião está marcada para maio, quando o juro deve cair para 10,25%.

O Estado de S.Paulo - SP   22/03/2024

Dos disputados ingressos para os shows de Taylor Swift ao efeito da Messimania na liga de futebol dos Estados Unidos, os sinais de uma inflação de serviços resistente reforçam o alerta de que a última milha (“last mile”) da luta contra a alta dos preços pode ter um caminho esburacado à frente.

Após encorajar investidores ao redor do globo quanto à queda dos juros ao longo deste ano, o processo de desinflação se mostra mais lento, pode exigir taxas elevadas por mais tempo e retardar o grito de vitória dos bancos centrais.

Dados da inflação ao consumidor de janeiro e fevereiro, no Brasil e nos Estados Unidos, vieram acima das expectativas de Wall Street e da Faria Lima, em novo alerta do setor de serviços. Na Europa, os preços caíram em países como Portugal, Alemanha, França e Espanha no mês passado, mas o segmento e o mercado de trabalho firme também preocupam o Banco Central Europeu (BCE).

“Tivemos dois meses de uma inflação instável. Temos dito constantemente que seria uma jornada esburacada. Agora, aqui estão alguns solavancos, e a questão é: há mais do que solavancos?”, questionou o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell, em entrevista à imprensa, ao comentar a visão dos dirigentes sobre a dinâmica da inflação nos EUA.

No Brasil, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, também tem feito declarações recorrentes quanto à necessidade de monitorar os desdobramentos da inflação de serviços. Em uma delas, ele disse que os preços do setor seguem bem acima da média histórica no mundo, o que exige cautela das autoridades monetárias. Mas afirmou também, em uma palestra no início do mês, que ainda não vê uma luz amarela à frente.

Para Powell, os dados da inflação em janeiro e fevereiro não podem ser usados “em demasia”, mas também não devem ser “ignorados”. “Acho que não sabemos realmente se isso é um obstáculo no caminho ou algo mais. Teremos que descobrir”, admitiu ele.

O alerta também veio do Banco de Compensações Internacionais (BIS). Em seu mais recente relatório trimestral, o organismo, conhecido como o banco central dos bancos centrais, avaliou que a inflação de serviços deve retardar o corte de juros, além de servir como um obstáculo para a “last mile” na luta das autoridades monetárias contra os preços que dispararam na esteira da pandemia.

“Existem riscos. A luta contra a inflação ainda não terminou. Haverá diferenças entre países, mas, em geral, é importante que os bancos centrais permaneçam vigilantes e ágeis”, disse o diretor do departamento econômico e monetário do BIS, Claudio Borio, em entrevista à imprensa, ao comentar o novo relatório trimestral da entidade.

Segundo o estudo do organismo, a inflação de serviços deve fazer com que o processo de desinflação caminhe em um ritmo mais lento em 2024. Há três razões para isso. Primeiro, o setor é menos sensível à queda dos preços de energia. Segundo, o mercado de trabalho segue aquecido e o setor de serviços é mais intensivo em mão de obra. Por fim, a pandemia causou “desvios substanciais” no segmento e, caso isso se repita, os preços praticados podem subir ainda mais para recuperar o atraso.

O economista-chefe do Bank of America para os EUA, Michael Gapen, vê a inflação de serviços resistente no país, mas diz que está “moderadamente preocupado” com o componente e os seus efeitos na economia americana. Na sua visão, um crescimento maior do Produto Interno Bruto (PIB) e uma menor taxa de desemprego em 2025 podem pressionar os preços do setor, mas sem grandes chances de respingar na trajetória da inflação e na política monetária do Fed.

Isso porque, por outro lado, os custos de moradia nos EUA, que têm grande influência no componente, devem apresentar uma tendência de queda nos próximos dois anos, rumo ao patamar dos aluguéis. “Os riscos de a inflação de serviços se tornar mais rígida são maiores do que o cenário oposto, mas a minha preocupação é de baixa a moderada, principalmente porque os custos de moradia têm um grande peso e devem apresentar uma tendência de queda (à frente)”, prevê.

O diretor de Investimentos de Renda Fixa Global da BlackRock, Rick Rieder, explica que muitos dos componentes dos preços do setor de serviços são cíclicos e têm dificuldade em responder ao instrumento de juros altos, que pode acabar sendo ineficiente nesses casos. E os impactos aparecem além de segmentos tradicionais como seguros, custos médicos e educação. “Um exemplo dramático é o extraordinário frenesi de preços pós-pandemia para serviços experienciais, como shows. Pense em Taylor Swift, e eventos esportivos como o efeito do Messimania na liga de futebol americana”, diz Rieder.

No Brasil, a preocupação dos analistas também é com a última pernada na luta contra os preços. Na quarta-feira, 20, no comunicado da sua decisão de juros, o Comitê de Política Monetária (Copom) afirmou que a trajetória de desinflação continua, mas destacou que medidas de inflação subjacente têm superado as expectativas nos últimos dados.

O economista-chefe do Banco BV, Roberto Padovani, diz que, sem a ajuda da desinflação de matérias-primas vista em parte de 2022 e 2023, o IPCA deve demorar mais para convergir ao centro da meta, de 3%. O mercado de trabalho aquecido e a expectativa de elevação nos gastos do governo também indicam aumento da renda da população, que deve manter a inflação resiliente, sobretudo nos serviços.

Ele acrescenta que, aqui, dois fatores aparecem como um peso extra para a inflação: a expectativa de um cenário mais turbulento de crescimento americano, que deve contribuir para levar o dólar a R$ 5,30 no fim de 2024; e a incerteza sobre quem será o indicado pelo governo Lula para presidir o Banco Central a partir do próximo ano, que tem contribuído para manter as projeções do mercado para o IPCA acima do centro da meta.

“Isso não significa necessariamente uma aceleração inflacionária, porque, no fim do dia, o mundo é desinflacionário, com a China e a Europa desacelerando”, afirma Padovani. “Mas, quando você junta todos esses fatores, a última milha no Brasil pode dar trabalho, assim como nos Estados Unidos. A nossa preocupação é com a última milha.”

O economista-chefe da G5 Partners, Luís Otávio de Souza Leal, diz que as surpresas recentes com o crescimento das vendas do varejo e dos serviços no Brasil — que superaram as expectativas do mercado em janeiro — ainda sinalizam pouca pressão para a inflação de serviços. Em contrapartida, o desempenho do mercado de trabalho indica uma taxa mais resiliente, que pode atrasar o alívio desse grupo.

“Não há, a princípio, uma expectativa de que a inflação de serviços vá voltar a subir no acumulado de 12 meses, a discussão é quanto ela vai desacelerar em relação ao ano passado”, diz o economista. “Talvez o dado mais preocupante tenha sido o Caged, que mostrou a criação de 180 mil empregos e, quanto mais aquecido estiver o mercado de trabalho, mais fácil fica conseguir aumentos acima da inflação.”

MINERAÇÃO

Money Times - SP   22/03/2024

O setor de mineração e siderurgia registrou fraqueza nos preços do minério de ferro na China esta semana, em meio à divulgação de dados relevantes, além de investimentos imobiliários e e o fato de os preços das casas caírem novamente.

Em relatório publicado na terça-feira (19), assinado por Lucas Laghi, Guilherme Nippes e Fernanda Urbano, a XP Investimentos avaliou que os preços do minério de ferro enfrentaram a pressão do enfraquecimento da procura e do sentimento na China, apoiados por fundamentos que apontavam para um mercado de minério de ferro relativamente mais equilibrado.

Mineração e siderurgia: o que dizem os analistas?

A oferta marítima de minério de ferro foi mais forte do que o normal no 1T24, devido às exportações do Brasil estarem aumentando mais de 20% ano a ano. Isso se dá principalmente pela falta de chuvas sazonais que ocorreram em janeiro e fevereiro e pelo recuo na produção chinesa de aço bruto em comparação ao ano passado.

Com isso, os fatores acabaram contribuindo para maiores estoques portuários de minério de ferro na China, que registram alta de 2% em comparação à média de cinco anos para o período, e para maior estoque total de aço, que também se encontra acima dos valores de 2022 e 2023.

“Acreditamos que a menor atividade manufatureira pós-Ano Novo Chinês e a falta de um estímulo fiscal sólido da reunião da Assembleia Popular Nacional (que ocorreu de 5 a 11 de março) também impactaram negativamente os preços do minério de ferro nas últimas semanas”, ponderam os analistas.

Na semana, os investimentos imobiliários da China diminuíram 9% ano a ano no período de janeiro a fevereiro, com vendas de propriedades caindo 20%. Além disso, os preços das novas casas na China caíram 2% em termos homólogos, gerando um contexto de setor imobiliário fraco e persistente.

Vale: É hora de comprar ou vender?

Os analistas apostam na queridinha do mercado, Vale (VALE3), precificando o minério de ferro a US$ 97 por tonelada, contra os pagamentos à vista (preços spot) de US$ 104 por tonelada (-10%).

Já em relação à CSN Mineração (CMIN3), a corretora precifica o minério de ferro a US$ 115 por tonelada, com potencial de 7% em relação aos preços spot.
Confira as recomendações dos analistas para o setor:
Companhia Ticker Preço-Alvo Potencial Recomendação
Vale VALE3 R$ 82,00 35% Compra
Bradespar BRAP4 R$ 26,40 31% Compra
Gerdau GGBR4 R$ 27,00 26% Compra
Metalúrgica Gerdau GOAU4 R$ 12,50 27% Compra
CSN CSNA3 R$ 20,00 27% Neutro
CSN Mineração CMIN3 R$ 6,00 7% Neutro
Usiminas USIM5 R$ 10,00 1% Neutro

Agência Brasil - DF   22/03/2024

Interior de Minas Gerais. Canções de música clássica tocadas sem plateia. O eco das sirenes e a orientação de que se deve deixar as casas para trás, trancando portas e fechando janelas. O helicóptero em sobrevoo. A instrução de que é preciso ter calma nesse tipo de situação. A denominação "Zona de Autossalvamento".

Parece um conto de realismo fantástico, mas se trata de uma simulação feita pela mineradora ArcelorMittal, sob a coordenação da Defesa Civil, no município de Itatiaiuçu, onde fica a Mina de Serra Azul. O objetivo do treinamento é orientar a população sobre como agir no caso de uma evacuação de emergência causada pelo eventual rompimento da barragem.

Barragem da Mina Serra Azul, em Itatiaiuçu (MG), está em processo de descaracterização - Reprodução Google Maps/Direitos reservados

Por conta dos riscos envolvendo a barragem, que está em processo de descaracterização (retirada de todo o rejeito de seu interior), moradores das comunidades de Pinheiros, Samambaia, Curtume, Quintas do Itatiaia, Lagoa das Flores, Retiro Colonial, Capoeira de Dentro e Vieiras tiveram a rotina alterada. Das cerca de 13 mil pessoas que vivem no município, 2 mil podem ser consideradas atingidas pela barragem, que foi construída em 1987.

Uma das pessoas afetadas pelo empreendimento é Luzia Soares de Souza, mulher negra que integra, ao lado de outros 14 membros, a comissão que defende os direitos dos habitantes da região. Ela ainda tenta conseguir selar um acordo que repare as perdas que teve por causa da Mina de Serra Azul.

Em março de 2022, a Agência Nacional de Mineração (ANM) mudou a classificação da barragem, de 2 para 3, em uma escala que varia de 1 a 3. O nível 3 indica que a ruptura da estrutura é iminente ou já está ocorrendo, embora a ArcelorMittal negue a aplicação que a Mina de Serra Azul esteja nessas situações.

A situação das famílias se complicou cerca de três anos antes, em 8 de fevereiro de 2019, quando a ArcelorMittal começou a retirar moradores da comunidade de Pinheiros que se encontravam na chamada Zona de Autossalvamento (ZAS) da Mina de Serra Azul. A providência foi necessária em decorrência do acionamento do Plano de Ação de Emergência (PAEBM) da barragem da Mina Serra Azul, que teve seu nível de emergência elevado para 2. Naquela fase, 56 famílias mudaram de endereço e foram morar em casas alugadas pela empresa.

O que a ArcelorMittal se comprometeu a fazer para tentar barrar a lama de rejeito de minérios foi construir uma Estrutura de Contenção a Jusante (ECJ). A obra foi iniciada em 2022 e deve ser terminada somente em 2025. Até lá, moradores da região vivem com o temor de que aconteça um desastre como o rompimento da barragem Mina Córrego do Feijão, ocorrido na cidade de Brumadinho, também em Minas Gerais, no dia 25 de janeiro de 2019.

Quinze dias após o rompimento da barragem de Córrego do Feijão, 90 famílias de Pinheiros, Lagoa das Flores e Vieiras tiveram de ser retiradas de suas casas.

Em entrevista à Agência Brasil, Luzia Soares de Souza contou por que escolheu a localidade para criar a filha.  Para ela, atendia ao critério de tranquilidade que buscava.

A barragem, no entanto, corroeu amizades e laços familiares. No caso de Luzia, o elo com seus irmãos foi cortado, pois eles, com receio de a barragem romper-se a qualquer hora, deixaram de visitá-la. O mesmo ocorreu com amigos que tinham pais idosos e que correriam risco se estivessem presentes no momento de uma eventual tragédia, pois, diante das dificuldades de locomoção, talvez não sobreviveriam. Várias pessoas com as quais Luzia convivia se mudaram para a capital mineira ou municípios como Betim e Contagem.

"A minha filha, que estava morando comigo, foi embora, com medo. E eu, no primeiro ato, fiquei meio perdida, porque a ficha demorou para cair. Quando caiu, eu iniciei o tratamento para depressão, comecei a me dar conta de que eu não comia direito, não dormia mais direto. Fiquei uns quatro meses fora de lá e voltei. Fechava os olhos e via a cena de Brumadinho acontecendo, porque lá não tinha propensão nenhuma de a barragem romper e rompeu", diz ela.

O integrante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) Pablo Dias explica que o perfil dos moradores da região é heterogêneo. Havia pessoas que tinham sítios e passavam neles temporadas, mas há também um número significativo de idosos que decidiram passar ali um período de maior serenidade nessa delicada fase da vida, com a aposentadoria.

Segundo Dias, uma das manobras usadas pela mineradora é considerar os imóveis como parcialmente atingidos, quando a empresa acha brecha para sustentar que somente o acesso a ele foi prejudicado.

"Há aqueles danos que não são individuais. Por exemplo, o agravamento da saúde das famílias sobrecarrega o SUS [Sistema Único de Saúde], os atendimentos psiquiátricos e psicológicos da região. Atingidos que já estão em sofrimento não conseguem ter o atendimento necessário por conta disso", afirma o integrante do MAB.

"Outra questão é essa perda de perspectiva de vida. Desde que acionou o plano de emergência, a vida das pessoas está em suspenso. As pessoas não sabem se investem dinheiro para construir a casa ali ou não, pois não sabem como vai ser a retomada da vida. Não sabem o que vai acontecer com a comunidade. O pessoal costuma falar: 'essa lama invisível destruiu nossos projetos de vida'", completa Pablo Dias.
Imóveis perdidos

Como aponta Luzia, uma das características que marcam as relações entre os membros da comunidade local é a informalidade nos tratos firmados, já que muitas negociações sempre foram marcadas pela confiança. Isso acabou representando um empecilho ao reconhecimento da condição de atingidos para muitas pessoas, pois, na hora de comprovarem vínculos como os existentes entre inquilinos e proprietários de imóveis, a coisa se torna difícil.

"É uma comunidade em que as pessoas alugam para outras e falam: ‘não, é tanto, no final do mês, você me paga, não se preocupe com o recibo’. Tem algumas áreas que não têm luz, algumas que têm luz, mas não têm água. O documento é do dono do imóvel e as contas estão no nome dele. É essa coisa de interior, em que um confia no outro. A ArcelorMittal quer que você tenha um contrato de aluguel, uma conta de água, de luz. E já ouviu falar de casa cedida, que um dá para o outro, deixando para cuidar, tomando conta, na confiança de não ter usucapião, nada? Tem muito isso também", ressalta a líder.

O imóvel em que Luzia vive foi cedido a ela e já foi anunciado para venda. Como aconteceu com outras casas, nenhum interessado em fazer negócio surgiu. Luzia calcula que alguns imóveis tenham perdido 70% de seu valor de mercado.

O MAB chama a atenção para outras táticas da ArcelorMittal para não reconhecer a condição de atingidos dos habitantes do município. Uma delas é reconhecer somente uma das pessoas que formam um casal, mesmo quando há documentos comprobatórios, como uma certidão de casamento.
Argila tóxica?

Na opinião de Luzia, o desprezo da companhia pelos atingidos alcançou outro patamar quando a empresa ofertou um curso de cerâmica no qual disponibilizou argila feita de rejeitos da barragem. "O pessoal estava modelando argila para fazer as peças. Aí, uma pessoa que estava participando teve alergia e o curso parou. Fomos perguntar por que teve alergia. Ela [alguém relacionado à organização do curso] não sabia o que dizer, mas disse que estava fazendo com rejeito da mineração. A gente pediu para o Ministério Público fiscalizar o que estava acontecendo, porque pode ser que não seja o rejeito, mas tem 90% de [chances de] ser", diz a moradora, explicando que o laudo ainda não foi finalizado e que o curso não foi retomado.

"A gente achou isso uma falta de respeito aos atingidos, porque a lama que pode derramar nas nossas casas e acabar com a nossa vida é a mesma com que a gente deve trabalhar [manusear, no curso]", desabafa.

Para ela, a sensação que a ArcelorMittal tenta consolidar é a que está fazendo um favor aos habitantes da comunidade. "É como se os moradores tivessem atingido a mineradora, não o contrário", resume.
Medidas

Em 19 de junho de 2023, a ArcelorMittal e a Comissão de Pessoas Atingidas de Itatiaiuçu assinaram um termo de acordo preliminar (TAP) para tentar garantir a reparação dos direitos difusos e coletivos das famílias atingidas pela elevação, em 2019, do nível de emergência da barragem Serra Azul. O TAP foi assinado também pelo Ministério Público de Minas Gerais, o Ministério Público Federal (MPF) e a prefeitura de Itatiaiuçu.

O acordo previa recursos de R$ 440 milhões da ArcelorMittal para a reparação dos danos transindividuais causados pelo risco de rompimento da barragem. Além do montante, o TAP estabeleceu que as vítimas continuariam tendo direito a uma assessoria técnica independente, além do serviço de auditoria financeira externa. A assessoria deve beneficiar as 655 famílias já cadastradas e outras 540 que foram incluídas no acordo.

De acordo com o MAB, o termo de acordo complementar (TAC) que irá ampliar os direitos dos atingidos e que está sendo construído entre o Ministério Público e a empresa já reúne 65 propostas. Todas foram construídas em conjunto com as vítimas.
Riscos a trabalhadores

O Ministério Público do Trabalho (MPT) chegou a intervir nas atividades da ArcelorMittal, por entender que a circulação de funcionários da companhia na área da Mina de Serra Azul demandava mais cuidados. Em novembro de 2023, foi firmado um acordo judicial entre o órgão e a mineradora, para obrigá-la a incorporar medidas de segurança de empregados próprios e/ou terceirizados que, eventualmente, prestarem serviços no local e na sua respectiva Zona de Autossalvamento (ZAS), incluindo as atividades de construção da Estrutura de Contenção a Jusante (ECJ).

"A ArcelorMittal deverá pagar, ainda, a importância líquida de R$ 10 milhões, a serem revertidos, na forma da Resolução 179/2020 do Conselho Superior do Ministério Público do Trabalho (CSMPT), à promoção de saúde e segurança no ambiente de trabalho e prevenção de acidentes, apoio a órgãos/instituições ou programas/projetos públicos ou privados, que tenham objetivos filantrópicos, culturais, educacionais, científicos, de assistência social ou de desenvolvimento e melhoria das condições de trabalho", determinou, paralelamente, a procuradora Adriana Augusta Souza.
Outro lado

Na estrutura do Grupo ArcelorMittal, a ArcelorMittal Brasil atua no ramo de produção de aço e é um dos principais nomes da mineração de todo o mundo. Em 2022, sua receita líquida consolidada foi de R$ 71,6 bilhões.

A ArcelorMittal mantém no ar uma página para divulgar informes sobre a Mina de Serra Azul. Na seção, destaca aspectos como o funcionamento de "indicadores que monitoram a barragem 24 horas por dia, sete dias da semana" e que "nenhuma imobiliária ou corretor imobiliário estão autorizados a fazer contato com moradores para tratar de assuntos relativos à compra e venda de imóveis".

Em resposta à Agência Brasil, a companhia afirmou, em nota, que "está comprometida com a justa reparação social, individual e coletiva aos danos causados pelo acionamento do Plano de Ação de Emergência para Barragens de Mineração (PAEBM) da Mina de Serra Azul" e que tem cumprido todas as obrigações estabelecidas no Termo de Acordo Complementar 1 (TAC1).

A empresa confirmou que o reconhecimento da condição de atingido depende da "apresentação de provas" e que a principal delas é o comprovante de residência. "Nas negociações individuais, das 58 famílias que foram realocadas provisoriamente em imóveis alugados pela empresa, 41 já mudaram para suas residências definitivas", pontuou.

Perguntada sobre a argila do curso de cerâmica, a companhia respondeu que o material não representava risco à saúde. "O rejeito foi objeto de estudos prévios que confirmaram a inexistência de riscos, sendo utilizado como elemento diferenciador do produto final. Não há contato direto com a pele dos alunos, já que são fornecidos EPIs [equipamentos de proteção individual], sendo uma escolha dos alunos trabalhar com massa com ou sem rejeito em sua composição", argumentou.

"A empresa está construindo a Estrutura de Contenção a Jusante (ECJ), que será uma grande estrutura capaz de reter todo o rejeito no caso de um eventual rompimento da barragem. A conclusão da ECJ, prevista para setembro de 2025, permitirá o início dos trabalhos de descaracterização da barragem, que será a retirada de todo o material em seu interior e o desmonte da estrutura. A construção da ECJ não causou quaisquer danos às casas dos moradores, tampouco ruído acima dos limites legais, fatos demonstrados por laudos técnicos submetidos às autoridades", acrescentou na nota.
Governo federal

Em nota, a Agência Nacional de Mineração (ANM), que divulga um relatório anual sobre a segurança das barragens, informou à reportagem da Agência Brasil que a barragem, "que vinha sendo reportada com solução de engenharia já finalizada, possui versão preliminar do projeto executivo elaborado com o conhecimento pré-existente da estrutura, conforme verificado em fiscalização in loco recente pela agência". De acordo com o órgão, as fases de projeto da descaracterização e a execução das obras terão continuidade quando os funcionários puderem trabalhar com segurança.

A ANM ainda destacou que poderá fazer uma nova avaliação das soluções propostas pela empresa à medida que as etapas da ECJ forem cumpridas. A Agência Brasil também entrou em contato com o Ministério de Minas e Energia, que não deu retorno até o fechamento desta reportagem.

Diário do Comércio - MG   22/03/2024

Diante de centenas de convidados, entre autoridades e empresários de vários setores, Ana Sanches, presidente da Anglo American no Brasil, assinou o termo de posse no cargo de presidente do Conselho Diretor do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), na noite de quarta-feira (20), na sede do Instituto, em Brasília. Ela é a primeira mulher a ocupar o cargo máximo do Conselho. Em seu pronunciamento, Ana Sanches destacou que a diversidade de gênero nas empresas e instituições não deve ser encarada como um embate entre homens e mulheres, em que todos perdem, mas, sim, uma união de forças: “Juntos somos muito mais fortes. Esta é a força da diversidade, dos diferentes olhares.”

A nova presidente do Conselho Diretor também ressaltou a importância do Ibram para congregar a indústria mineral e agir na defesa dos interesses setoriais, bem como para expor a verdadeira mineração à sociedade, que é a que contribui para o desenvolvimento socioeconômico do País e é essencial para a vida humana e o futuro do planeta.

“A gente não vive em sociedade sem a mineração. Temos o dever de fazer mineração que gere recursos, renda, mas que tenha muita responsabilidade social, muita escuta, muita humildade com as comunidades onde estamos inseridos, muita vontade de fazer cada vez melhor e com mais responsabilidade com a transparência. A gente tem que colocar a cara para fora, tem que contar nossas histórias para as pessoas e é importante engajar coletivamente e esta é a força do Ibram que pode nos conduzir nesta jornada. Juntos somos mais fortes.”

O diretor-presidente do Ibram, Raul Jungmann, falou sobre a vinda de Ana Sanches ao Conselho Diretor: “Nosso rumo é voltado para o desenvolvimento, para a equidade, para o respeito às pessoas e preciso destacar a questão da diversidade. A Ana não está como CEO da Anglo American por outro motivo que não seja pela sua competência de 27 anos profissionalmente muito bem disciplinados, uma formação excelente em várias áreas do conhecimento, experiências em vários cargos nas empresas onde construiu sua carreira. Por ser mulher, Ana é um símbolo também. O Ibram tem 47 anos de existência e nunca tivemos uma mulher que nos representasse. Somos um setor masculino”.

O vice-presidente do Conselho Diretor do Ibram, Ediney Maia Drummond, também reforçou o profissionalismo de Ana Sanches. “Sua nomeação não é um marco para só o Ibram, mas para toda a indústria mineral brasileira. Mostra a importância da diversidade e da inclusão em todos os níveis de liderança”, afirmou em seu discurso.

O ministro do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, aproveitou a oportunidade para dar um recado para o setor mineral na luta contra o garimpo ilegal. “Só vai combater o garimpo a mineração legal. O setor mineral precisa se mostrar para as instituições, para o povo brasileiro. Mostrar o trabalho importante que é realizado”, afirmou.

Também discursou José Fernando Aparecido de Oliveira, prefeito de Conceição do Mato Dentro e presidente da Associação dos Municípios Mineradores de Minas Gerais e do Brasil (Amig).

NAVAL

Portal Fator Brasil - RJ   22/03/2024

A Portos RS divulgou no dia 18 de março (segunda-feira) os dados de movimentação de fevereiro de 2024. Os números levam em consideração os três portos públicos sob sua administração e os terminais privados instalados ao longo da infraestrutura do sistema hidroportuário gaúcho.

O destaque este mês fica com o porto de Porto Alegre que tem o melhor primeiro bimestre de sua história operacional, tendo movimentado no primeiro bimestre deste ano 62.795 toneladas a mais do que em 2023, atingindo 175.137 toneladas movimentadas.

—Os portos do Rio Grande do Sul ultrapassaram a marca de 5.7 milhões de toneladas nos primeiros dois meses de 2024. O Porto de Porto Alegre, especificamente, registrou uma importante movimentação no mês de fevereiro, operações que somadas ao mês de janeiro fizeram deste o melhor primeiro bimestre de toda a sua história. Esse resultado mostra a importância da hidrovia para o desenvolvimento do estado do Rio Grande do Sul e vai ao encontro de tudo aquilo que estamos fazendo para dar cada vez mais competitividade às nossas unidades— explica o presidente da Portos RS, Cristiano Klinger.

O número de embarcações recebidas ao longo dos últimos 30 dias foi de 631 no total, sendo 505 delas somente no Porto do Rio Grande, o que corresponde a 80,03% do valor total. Em segundo lugar está Pelotas, por onde passaram 83 barcaças e Porto Alegre aparece na terceira posição com outros 43 navios.

As movimentações de carga específicas também tiveram aumento nos portos do estado, como trigo, soja em grão, cavacos de madeira, polietileno e fumo. Mas o destaque fica com os granéis sólidos, que lideram a lista de movimentações, com um total 3.421.814 toneladas. Em segundo lugar aparecem as cargas gerais, com 1.930.862 toneladas, e na terceira posição os granéis líquidos, com 434.842 toneladas.

O principal destino das exportações é a China, que é seguida pela Filipinas, pelo Vietnã, pela Tailândia e pelos Estados Unidos. Juntos, estes países respondem por 1.757.977 toneladas. Já as importações possuem como origem a Argentina, que é seguida por Marrocos, China, Peru e Holanda, totalizando 629.207 toneladas.

PETROLÍFERO

TN Petróleo - RJ   22/03/2024

A Gasmig abriu a primeira Chamada pública para aquisição de suprimentos de GNC/GNL para atendimento a Teófilo Otoni.

As empresas interessadas devem encaminhar as propostas para o endereço eletrônico informado pela companhia até a data limite 03/04, bem como o preenchimento dos formulários e as devidas comprovações.

GNC e GNL

Os clientes que revendem o Gás Natural Comprimido (GNC) adquirem o gás da Gasmig e o comprimem a uma pressão de 250 bar, o que reduz seu volume em até 270 vezes. Após esse processo, o gás natural é armazenado em cilindros especiais, ainda no estado gasoso. O transporte do GNC é feito em carretas. Após a entrega, o gás natural é descomprimido, e o usuário final receberá o gás natural nas condições ideais de utilização. No caso do Gás Natural Liquefeito (GNL), o cliente da Gasmig utiliza um processo criogênico no qual o gás natural é resfriado à temperatura de -162ºC e tem seu volume reduzido em até 600 vezes, o que facilita a logística de transporte. Seu transporte também é feito por carretas, que mantêm o gás natural no estado líquido desde a planta de liquefação de gás até as estações de regaseificação instaladas nos usuários finais, onde o gás volta ao estado gasoso nas condições ideais de utilização. Esse modal é ideal para maiores distâncias ou grandes volumes adquiridos pelos usuários finais de gás. Os clientes que revendem o gás natural, via GNC ou GNL, têm como usuário final, indústrias, comércios, postos de combustível veicular e até mesmo grandes condomínios residenciais. Essas alternativas possibilitam o fornecimento do gás natural para os usuários finais localizados em áreas ainda não atendidas por gasodutos.

O Estado de S.Paulo - SP   22/03/2024

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse que o Brasil tem grande potencial para ampliar sua produção de petróleo, mesmo no contexto de transição energética global.

Segundo ele, isso demonstra que “a transição energética precisa ser equilibrada, tem que ser olhada pela ótica do respeito, da prioridade energética e em especial às necessidades energéticas do planeta”, disse durante o evento CERAWeek 2024, no Texas, nos Estados Unidos.

O ministro lembrou também que o Brasil usa parte de sua produção de petróleo para uso interno e ainda importa a commodity, para atender à demanda principalmente no segmento de mobilidade.

Silveira destacou que mesmo nesse segmento o País tem buscado maneiras de se descarbonizar utilizando o etanol, e destacou que o combustível renovável pode ser utilizado inclusive na produção de hidrogênio. “Avançamos na captura para que a indústria do etanol possa chegar a ser carbono negativo.”

Ele lembrou que é possível usar para isso o etanol feito de cana-de-açúcar, enquanto para a mobilidade urbana é possível apostar no etanol de milho.

O ministro lembrou que não apenas a Petrobras, mas outras empresas de petróleo têm feito investimentos em poços brasileiros, a exemplo da Equinor, que no final do ano anunciou que investiria “US$ 10 bilhões no País, numa plataforma extremamente moderna, em parceria com a Petrobras”.

Diário do Comércio - MG   22/03/2024

A expansão da malha de gasodutos no Estado pode possibilitar uma menor tarifa do gás natural para o setor industrial no futuro com a entrada de novos clientes, de acordo com representantes da Companhia de Gás de Minas Gerais (Gasmig) durante reunião da Câmara de Energia, Petróleo e Gás da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), ontem, na antiga sede da entidade, em Belo Horizonte. Somente com o projeto Gasoduto Centro-Oeste, cerca de 40 grandes empresas do setor industrial devem passar a utilizar o combustível.

O gerente de Comercialização Industrial, Veicular e Cogeração da Gasmig, Darlan Cozendey, explica que o valor da tarifa de gás natural envolve outros fatores além da expansão do fornecimento, como investimentos realizados. A revisão do preço é homologada a cada cinco anos, sendo regulamentada pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede).

A expansão de gasodutos pelo Estado, como o Projeto Centro-Oeste da Gasmig, pode contribuir para que na próxima revisão tarifária, em 2026, o valor pago pela indústria pelo fornecimento de gás natural tenha uma redução. “Provavelmente, nesse momento, acreditamos que sim. Pode melhorar à medida que vão entrando mais indústrias e nós conseguirmos expandir mais a rede de distribuição”, disse Cozendey.

Ele explica que, atualmente, a Gasmig não tem uma rede de distribuição de gás natural capaz de atender toda a indústria mineira. Mas com o novo gasoduto, a companhia estima aumentar o fornecimento para entre 35 a 40 novas grandes empresas do setor, fora as pequenas e médias indústrias.

Gasoduto Centro-Oeste terá investimento de R$ 780 milhões

As obras do Gasoduto Centro-Oeste contarão com aportes de cerca de R$ 780 milhões e estão previstas para serem concluídas em 2026. O gasoduto terá 300 quilômetros e passará pelas cidades de Betim; Divinópolis; Igarapé; Itaúna; Juatuba; Mateus Leme; São Joaquim de Bicas e Sarzedo, que, juntas respondem por 7% do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado.

O gerente do Projeto Centro-Oeste da Gasmig, Adil Vitório, aponta que o grande território do Estado é o grande desafio da companhia para fornecer gás natural aos principais consumidores da indústria. “As distâncias que têm de percorrer são sempre muito grandes”, afirma.

Valor - SP   22/03/2024

Outra medida em estudo, segundo fontes consultadas pelo Valor, seria limitar o uso do instrumento para pagamento de outorgas em leilões, o que pode diminuir o montante pago nos certames

O governo federal estuda criar novas restrições para as emissões de debêntures incentivadas e limitar seu uso para o financiamento de outorgas de concessões, apurou o Valor. Uma das ideias, segundo fontes, seria a de canalizar o uso de instrumento, que possui isenção de Imposto de Renda para investidores pessoas físicas, para setores que precisam de funding mais barato, tais como energia renovável, saneamento e de linhas de transmissão. Na prática, o uso desse instrumento pode ser limitado para o setor de óleo e gás.

Uma das fontes consultadas pelo Valor afirma que o plano por trás é restringir o uso dessas debêntures para setores em que a rentabilidade tem sido maior. Por isso, mais especificamente, haverá limitações para o setor de óleo e gás. “A indústria de O&G, por exemplo, tem margem relevante e o funding barato não é o ‘game changer’ [definidor]”, diz.

Com isso, o governo conseguiria maior arrecadação num momento em que precisa ampliar as fontes de receita. Neste ano, o Conselho Monetário Nacional (CMN) já estabeleceu uma série de restrições ao uso de lastro para emissão de títulos incentivados, como certificados de recebíveis imobiliários (CRI) e do agronegócio e letras de crédito imobiliário (LCI) e do agronegócio (LCA).

“A maior expectativa que a gente tinha é se haveria alguma restrição por tamanho de empresa, mais ou menos como foi feito no CRA e no CRI, retirando as empresas de capital aberto de poderem utilizar lastros de reembolso e coisas do tipo. Mas ouvimos que esse tipo de restrição, por tamanho, não deve ocorrer”, diz um interlocutor que tem acompanhado o assunto.

Uma fonte do setor de óleo e gás afirma que, se a restrição ocorrer, uma porta de financiamento para as empresas será fechada, especialmente para as menores, que têm menos acesso ao funding do que a Petrobras.

Entre os grupos do setor que captaram recentemente com debêntures incentivadas está a PetroRio. A empresa fez uma oferta de R$ 2 bilhões em fevereiro para financiar projetos de petróleo. A 3R Petroleum emitiu R$ 1 bilhão em papeis em novembro de 2023 e a Enauta levantou R$ 1,1 bilhão com uma operação em setembro.

Outra medida em estudo, segundo fontes consultadas pelo Valor, seria limitar o uso do instrumento para pagamento de outorgas em leilões, o que pode diminuir o montante pago nos certames, afetando arrecadações estaduais e municipais. Essa limitação poderá se aplicar tanto às debêntures incentivadas quanto às debêntures de infraestrutura, criadas por lei em janeiro deste ano, mas que ainda não foram regulamentadas. “Isso seria uma péssima notícia para Estados e municípios”, diz a fonte.

Empresas do setor privado também têm criticado a proposta. “Teremos leilões menos competitivos. Isso vai seguramente diminuir o apetite dos investidores para o pagamento de outorga e provavelmente vai aumentar o custo de capital dos projetos. Estamos muito preocupados”, afirma Percy Soares Neto, diretor-executivo da Abcon (Associação e Nacional das Concessionárias Privadas de Água e Esgoto).

A proposta de limitar o uso das debêntures para outorgas condiz com uma avaliação do governo federal de que os valores oferecidos no leilão acabam sendo pagos pelos usuários dos serviços de infraestrutura. Isso ocorre porque as tarifas fixadas nos editais poderiam ser menores caso os governos não buscassem, na estruturação do projeto, maximizar a outorga. Além disso, o governo federal tem buscado estimular licitações com critério de menor tarifa, e maior outorga.

Soares reconhece que o diagnóstico está correto, mas avalia que o remédio de limitar as debêntures é equivocado. “A melhor solução seria buscar um diálogo com quem faz a licitação.”

Na decisão tomada na reunião de fevereiro, o CMN decidiu também vedar ofertas de CRI e CRA de companhias abertas que não são relacionadas aos dois setores (imobiliário e do agronegócio). Por trás da decisão, estava o plano do governo de ampliar a arrecadação e aumentar a efetividade dos títulos, de modo que os recursos captados fossem direcionados aos setores.

Desde 2016, houve uma flexibilização no entendimento das normas dos CRA e companhias que atuavam em outras áreas, como redes de restaurantes e supermercados, passaram a emitir títulos dessa natureza. A partir de 2022, também passou a ser permitido que empresas que pagassem aluguel pudessem usar esses contratos como lastro para emissão de CRI, ampliando ainda mais o volume de ofertas.

Com a esperada redução desses papéis, os investidores migraram para as debêntures incentivadas. As taxas dos títulos no mercado secundário caíram e a demanda cresceu tanto que abriu espaço, inclusive, para ofertas sem remuneração adicional ao de um título de dívida do governo.

Ao mesmo tempo em que estuda restrições aos títulos incentivados, o governo trabalha na regulamentação de outro tipo de debênture, as de infraestrutura. A lei que criou o instrumento, que permite a isenção fiscal das empresas emissoras, foi sancionada no início de janeiro, mas até agora não foi publicado o decreto com detalhes como os setores que poderão emiti-las. A expectativa, segundo fontes, é que as regras sejam divulgadas entre hoje e o fim da próxima semana.

Procurado, o Ministério da Fazenda afirmou que não vai comentar, “uma vez que o assunto ainda está em discussão no âmbito do governo federal”.

O Estado de S.Paulo - SP   22/03/2024

A produção de petróleo na Margem Equatorial brasileira tem potencial para criar 326.049 novos empregos formais. Os dados foram levantados pelo Observatório Nacional da Indústria da Confederação Nacional da Indústria (CNI) em estudo inédito sobre o tema, que aponta ainda que a extração pode adicionar R$ 65 bilhões ao PIB nacional e acrescentar R$ 3,87 bilhões à arrecadação indireta.

Segundo a CNI, os cálculos do estudo tiveram como base o sistema de contas regionais do IBGE de 2019, para isolar eventuais distorções por causa da pandemia. A simulação considerou que cada Estado produzirá as máquinas e equipamentos necessários para a produção de petróleo, o que demandaria quantitativos de mão de obra de acordo com o volume de produção de cada Estado. O estudo também assumiu que todo o petróleo obtido será exportado.

A CNI projetou os impactos econômicos e sociais da produção de petróleo em cada um dos Estados que fazem parte da Margem Equatorial — Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí, Maranhão, Pará e Amapá. Para isso, considerou a estimativa de exploração de um poço por Estado, com capacidade de 100 mil barris por dia, ao preço do barril de US$ 80, com uma taxa de câmbio de R$ 4,93.

Com base nesse cenário, o potencial por Estado seria o seguinte:

Amapá

Valor adicional ao PIB de R$ 10,7 bilhões, um acréscimo de 61,2%

Criação de 53.916 empregos

Pará

Valor adicional ao PIB de R$ 10,7 bilhões, um acréscimo de 6,2%

Criação de 51.706 empregos

Maranhão

Valor adicional ao PIB de R$ 10,9 Bilhões, um acréscimo de 12,2%

Criação de 56.626 empregos

Piauí

Valor adicional de R$ 10,7 bilhões ao PIB, um acréscimo de 21,5%

Criação de 52.828 empregos

Ceará

Valor adicional de R$ 10,9 bilhões, um acréscimo de 7,2% no PIB

Criação de 56.669 empregos

Rio Grande do Norte

Valor adicional ao PIB de R$ 10,8 Bilhões, um acréscimo de 15,9%

Criação de 54.304 empregos

“A produção de petróleo na margem equatorial viabilizará recursos que poderão melhorar a segurança energética do Brasil, abrir caminhos de transição para a economia verde e a descarbonização, além de promover avanços sociais e na infraestrutura dos Estados que compõem a Margem. É importante dizer que isso dependerá da capacidade de o País construir uma governança dos recursos que garanta transparência, metas e fiscalização da aplicação da riqueza obtida a partir da exploração”, afirma o diretor de Desenvolvimento Industrial da CNI, Rafael Lucchesi.

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O INDA, Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço, é uma Instituição Não Governamental, legalmente constituída, sem fins lucrativos e fundada em julho de 1970. Seu principal objetivo é promover o uso consciente do Aço, tanto no mercado interno quanto externo, aumentando com isso a competitividade do setor de distribuição e do sistema Siderúrgico Brasileiro como um todo.

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