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22 de Janeiro de 2024

SIDERURGIA

Investing - SP   22/01/2024

Após notícias de que representantes do setor siderúrgico devem se reunir com membros do governo para discutir reivindicações e debater um possível o aumento da tarifa de importação do aço de 12% para 25%, analistas de instituições financeiras afirmaram que o movimento é incerto, mas pode fomentar companhias brasileiras expostas à commodity.

Em relatório divulgado aos clientes e ao mercado, o banco Itaú BBA lembra que o aço importado representou 21% do consumo da commodity no país no ano passado e afirma que um possível aumento nas tarifas de importação “poderia gerar ventos favoráveis para o poder de fixação de preços das siderúrgicas”, e a Usiminas (BVMF:USIM5) seria a mais beneficiada. Enquanto isso, CSN (BVMF:CSNA3) e a Gerdau (BVMF:GGBR4) também seriam beneficiadas, mas estariam “relativamente menos expostas”.

Também em relatório, o banco BTG (BVMF:BPAC11) avalia que é pouco provável que sejam implementadas tarifas mais elevadas, mas considera o tema como “altamente imprevisível”. O BTG concorda que uma medida como essa seria marginalmente positiva para companhias do setor, que vem sendo pressionadas. “Dado que o setor tem estado largamente sob pressão ao longo dos últimos meses e o lado negativo parece bastante limitado para as siderúrgicas brasileiras nos níveis atuais, não ficaríamos surpresos em ver alguma cobertura adicional a descoberto. Ainda assim, continuamos cautelosos quanto ao espaço”, completa.

O BTG recorda que as siderúrgicas sofrem com margens baixas por diversos anos, diante da inundação de importações de baixo custo no mercado interno. O impacto inflacionário seria modesto, no entendimento do banco.

“Se nada mudar, as siderúrgicas provavelmente continuarão cortando capacidade (devido à lucratividade pressionada), continuam a executar demissões e suspender investimentos. Assim, o país pode claramente perder se a indústria siderúrgica é desmantelada com o tempo”, conclui.

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ECONOMIA

O Estado de S.Paulo - SP   22/01/2024

Em 2023, a economia dos Estados Unidos superou em muito as expectativas. Uma recessão amplamente prevista nunca aconteceu. Muitos economistas (embora eu não me inclua) argumentaram que, para reduzir a inflação, seriam necessários anos de alto desemprego; em vez disso, tivemos uma desinflação impecável, uma queda rápida da inflação sem nenhum custo visível.

Mas a história tem sido muito diferente na maior economia do mundo (ou segunda maior, dependendo da medida). Alguns analistas esperavam que a economia chinesa crescesse depois que o país suspendeu as medidas draconianas da “covid zero”, que havia adotado para conter a pandemia. Em vez disso, a China teve um desempenho inferior em praticamente todos os indicadores econômicos, exceto no PIB oficial, que supostamente cresceu 5,2%.

Mas há um ceticismo generalizado em relação a esse número. Nações democráticas, como os Estados Unidos, raramente politizam suas estatísticas econômicas - embora eu me pergunte novamente se Donald Trump voltará ao cargo -, mas os regimes autoritários costumam fazê-lo.

E, de outras maneiras, a economia chinesa parece estar tropeçando. Até mesmo as estatísticas oficiais dizem que a China está sofrendo uma deflação no estilo do Japão e um alto índice de desemprego entre os jovens. Não se trata de uma crise total, pelo menos por enquanto, mas há motivos para acreditar que a China está entrando em uma era de estagnação e decepção.

Por que a economia da China, que há apenas alguns anos parecia estar caminhando para a dominação mundial, está com problemas?

Parte da resposta é a má liderança. O presidente Xi Jinping está começando a parecer um mau gestor econômico, cuja propensão a intervenções arbitrárias - algo que os autocratas tendem a fazer - sufocou a iniciativa privada.

Mas a China estaria em apuros mesmo que Xi fosse um líder melhor do que é.

Há muito tempo ficou claro que o modelo econômico da China estava se tornando insustentável. Como observa Stewart Paterson, o gasto do consumidor é muito baixo como porcentagem do PIB, provavelmente por vários motivos diferentes. Entre eles estão a “repressão financeira” - o pagamento de juros baixos sobre a poupança e os empréstimos baratos a alguns favorecidos -, que retém a renda familiar e a desvia para investimentos controlados pelo governo; uma rede de segurança social fraca, que faz com que as famílias acumulem poupança para lidar com possíveis emergências; e muito mais.

Com os consumidores comprando tão pouco, pelo menos em relação à capacidade produtiva da economia chinesa, como o país pode gerar demanda suficiente para manter essa capacidade em uso? A principal resposta, como aponta Michael Pettis, tem sido promover taxas de investimento extremamente altas, mais de 40% do PIB. O problema é que é difícil investir tanto dinheiro sem ter retornos extremamente decrescentes.

É verdade que taxas de investimento muito altas podem ser sustentáveis se, como a China no início dos anos 2000, você tiver uma força de trabalho em rápido crescimento e um alto crescimento da produtividade à medida que se aproxima das economias ocidentais. Mas a população em idade ativa da China atingiu seu pico por volta de 2010 e vem diminuindo desde então. Embora a China tenha demonstrado uma capacidade tecnológica impressionante em algumas áreas, sua produtividade geral também parece estar estagnada.

Em resumo, essa não é uma nação que pode investir produtivamente 40% do PIB.

Esses problemas têm sido bastante óbvios há pelo menos uma década. Por que eles só estão se tornando agudos agora? Bem, os economistas internacionais gostam de citar a Lei de Dornbusch: “A crise demora muito mais para chegar do que você imagina, e depois acontece muito mais rápido do que você imaginava”. O que aconteceu no caso da China foi que o governo conseguiu mascarar o problema do gasto inadequado do consumidor por vários anos promovendo uma gigantesca bolha imobiliária. Na verdade, o setor imobiliário da China tornou-se insanamente grande para os padrões internacionais.

Mas as bolhas acabam estourando.

Para observadores externos, o que a China deve fazer parece simples: acabar com a repressão financeira e permitir que mais renda da economia flua para as famílias, além de fortalecer a rede de segurança social para que os consumidores não sintam a necessidade de acumular dinheiro. E, ao fazer isso, o governo pode reduzir seus gastos insustentáveis com investimentos.

Mas há atores poderosos, especialmente empresas estatais, que se beneficiam da repressão financeira. E quando se trata de fortalecer a rede de segurança, o líder desse regime supostamente comunista soa um pouco como o governador do Mississippi, denunciando o “assistencialismo” que cria “pessoas preguiçosas”.

Então, até que ponto devemos nos preocupar com a China? De certa forma, a economia atual da China lembra a do Japão após o estouro de sua bolha na década de 1980. Entretanto, o Japão acabou gerenciando bem seu problema. Evitou o desemprego em massa, nunca perdeu a coesão social e política, e o PIB real por adulto em idade ativa aumentou 50% nas três décadas seguintes, não muito abaixo do crescimento dos Estados Unidos.

Minha grande preocupação é que a China talvez não responda tão bem. Quão coesa será a China diante dos problemas econômicos? Ela tentará sustentar sua economia com um aumento nas exportações que esbarrará nos esforços ocidentais para promover tecnologias verdes? E, o mais assustador de tudo, a China tentará disfarçar as dificuldades domésticas se envolvendo em aventuras militares?

Portanto, não vamos nos vangloriar do tropeço econômico da China, que pode se tornar um problema de todos.

Este conteúdo foi traduzido com o auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial e revisado por nossa equipe editorial. Saiba mais em nossa Política de IA.

O Estado de S.Paulo - SP   22/01/2024

A China pretende unir as obras do novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), relançado no ano passado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com os investimentos internacionais da iniciativa Belt and Road (Cinturão e Rota), conhecida como a nova Rota da Seda. A proposta foi trazida a Brasília pelo ministro chinês das Relações Exteriores, Wang Yi.

Em discurso no Palácio do Itamaraty, Wang Yi sugeriu nesta sexta-feira, dia 19, que os governos do Brasil e da China devem trabalhar em conjunto para aproximar os objetivos “entre a iniciativa Cinturão e Rota e o PAC do Brasil”.

Wang Yi defendeu mais abertura, inclusão e cooperação entre os dois programas governamentais e citou que as parcerias sino-brasileiras passam pela soja e pela exploração espacial. Segundo ele, há interesse em maior cooperação agrícola, na economia verde, economia digital, inteligência artificial e outras áreas.

Dúvidas no governo

A China corteja o Brasil para aderir à mega rede de infraestrutura que monta através do mundo, mas o tema divide opiniões no governo, entre diplomatas no Palácio do Planalto e no Itamaraty. Uma ala não vê vantagens práticas, enquanto outros afirmam que seria um gesto político.

Durante a visita de Estado de Lula a Pequim e Xangai, no ano passado, o Brasil não anunciou o ingresso, o que frustrou expectativas dos chineses.

O Palácio do Planalto tenta atrair empresas da China para as obras do Novo PAC, por meio de concessões, PPPs, fornecimento de materiais e equipamentos ou na composição de capital para tomar parte em leilões.

A iniciaitavia chinesa, lançada por Xi Jinping em 2013, consiste em formar uma rede global de infraestrutura, conectando ferrovias, hidrovias e rodovias, além de portos e aeroportos, para escoamento de produtos. O projeto expandiu a influência de empresas da China, seja do setor financeiro, de operação de serviços e de engenharia.

Críticas americanas

Em dez anos, os contratos de projetos ligados à nova Rota da Seda somaram US$ 2 trilhões. Ao todo, 147 países ingressaram em projetos ou manifestaram interesse de participar da rota. Houve reação de aliados ociddentais do Brasil. Os Estados Unidos alegam que as obras trazem poucos benefícios e criam uma “armadilha da dívida”, o que é contestado por Pequim.

No ano passado, para fazer frente a Pequim, os EUA lançaram em parceria com a Índia, a União Europeia, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos a proposta de estabelecer um Corredor Econômico Índia-Oriente Médio-Europa. Seria uma frente similar à nova Rota da Seda, com objetivo de ligar produtores e consumidores, por meio de infraestrutura de transportes.

Minutos após a despedida de Wang Yi nesta sexta, a embaixadora dos Estados Unidos em Brasília, Elizabeth Baglaey, entrou no Palácio do Itamaraty para se reunir com o ministro Mauro Vieira. Por poucos minutos a norte-americana e o chinês não se encontraram no icônico vão-livre do palácio.

Ao fim do encontro, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, confirmou que o presidente da China, Xi Jinping, virá ao Brasil em novembro para a Cúpula do G-20, no Rio de Janeiro. Ele cancelou no ano passado a presença em Nova Délhi, durante o G-20 organizado pela Índia, num sinal interpretado como tentativa de esvaziar o prestígio do país rival na Ásia.

O objetivo do governo Lula é preparar uma visita de Estado do líder chinês. Antes de chegar ao Brasil, Xi Jinping estará em Lima, no Peru, para a cúpula de líderes da APEC (Cooperação Econômica Ásia-Pacífico).
Conversa com Lula

O ministro chinês manteve uma série de reuniões em Brasília durante o Quarto Diálogo Estratégico Global. Foi recebido em jantar no Itamaraty para cerca de 60 convidados, entre empresários, congressistas e membros do governo, entre eles o vice-presidente Geraldo Alckmin.

Ainda nesta sexta-feira, dia 19, Wang Yi desloca-se a Fortaleza (CE), para uma audiência com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na base aérea. Segundo o chanceler chinês, o objetivo é ouvir opiniões de Lula sobre assuntos bilaterais.

Vistos de 10 anos

Durante o encontro, os chanceleres assinaram um acordo para prorrogar a validade dos vistos de turismo, negócios e visita. Atualmente em cinco anos, os vistos terão a validade dobrada e passarão a durar dez anos, além de permitir multiplas entradas. Segundo o minsitro, a mudança facilitará viagens e a promoção de contatos entre empresários, além de impulsionar o turismo.

A chancelaria chinesa também se comprometeu a facilitar a abertura de um consulado geral do Brasil em Chengdu.

Mauro Vieira afirmou que o “dinamismo do relacioamento sino-brasileiro é também expressão de um novo mundo em construção” e salientou que os países compartilham interesses e visões do mundo. Já Wang Yi afirmou que os países devem buscar cooperação cada vez maior e consolidar a “confiança política”.
Guerras

Os chanceleres conversaram ainda sobre as guerras entre Israel e Hamas, na Faixa de Gaza, e entre Rússia e Ucrânia, no Leste Europeu. O ministro brasileiro afirmou que eles trocaram impressões sobre como China e Brasil podem contribuir para solucionar os conflitos.

O ministro chinês disse que ambos os países estão cientes da responsabilidade, demonstram “força moral” e persistem na estratégia de promover união, paz e o desenvolvimento comum.

Segundo ele, a relação com o Brasil está “mais madura e resiliente” e ultrapassa o âmbito bilateral ganhando “significado de projeção mundial cada vez mais importante”. Ele disse contar com a parceria estratégica do Brasil para “construir uma multipolaridade equitativa”.

O ministro chinês voltou a falar no conceito pregado por Xi Jinping de “futuro compartilhado para a humanidade”. Wang Yi disse que o conceito “ultrapassa as diferenças geopolíticas” e “tem grande sinergia e pontos em comum com os conceitos de diplomacia do Brasil”.

Wang Yi deverá retornar ao Brasil em fevereiro, para a reunião de chanceleres do G-20, nos dias 21 e 22, no Rio de Janeiro. O chanceler Mauro Vieira também informou que aceitou um convite de Wang Yi para visitar Pequim, dentro de três meses

Em junho, os vice-presidentes do Brasil e da China se reunirão em terrotório chinês para a 7ª Sessão Plenária da Cosban, a Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação.
Missão inaugural

A visita ao Brasil faz parte da primeira missão diplomática internacional de Wang Yi, em 2024. Todos os anos, a viagem inaugural da diplomacia chinesa é cercada de simbolismos e sempre inclui uma passagem na África. Antes do Brasil, ele visitou a Tunísia, o Egito, Togo e Costa do Marfim.

Analistas da política externa chinesa dizem que os objetivos das visitas são sinalizar prioridades e aumentar a influência geopolítica, econômica e a presença financeira da China nessas regiões, sobretudo na América Latina, no Norte e no Oeste da África.
Taiwan

Atualmente, apenas 12 países reconhecem a ilha de Taiwan como um país autônomo e mantêm relações diplomáticas com o governo local, considerado por Pequim um território rebelde. Sete deles estão na América Central e no Caribe. A longo prazo, a China almeja a reunificação. Ameaças militares são constantes e recrudesceram nos últimos anos.

Na semana passada, o Partido Democrático Progressista, contrário à reunificação, foi vitorioso em eleições internas. O atual vice-presidente, Lai Ching-te, elegeu-se presidente da República da China. Ele disse, em Taipei, que vai proteger a ilha da intimidação e das ameaças de Pequim.

Nesse contexto, o ministro Mauro Vieira citou durante o discurso que o Brasil reafirmou o apoio “histórico, consistente e inequívoco do Brasil ao princípio de ‘Uma só China’”. O gesto é uma forma de o Brasil manifestar o reconhecimento da integridade territorial da China e dos reclamos da China continental por soberania sobre a ilha de Taiwan.

Em resposta, o chanceler chinês afirmou que “a parte chinesa manifesta apreço ao fato de todas as instituições do Brasil aderirem ao princípio de ‘Uma só China’”.

Em 15 de agosto de 2024, os países celebram 50 anos de relações diplomáticas e promoveram uma série de eventos culturais, acadêmicos e políticos.

Homem de confiança de Xi Jinping, Wang Yi é membro do Birô Político do Comitê Central do Partido Comunista Chinês e voltou a atuar como ministro das Relações Exteriores no ano passado. Ele foi nomeado chanceler novamente em julho do ano passado e havia exercido o mesmo cargo por quase 10 anos, entre 2013 a 2022.

Wang Yi substituiu na chancelaria o ex-embaixador chinês nos Estados Unidos, Qin Gang. O diplomata ficou apenas sete meses como ministro das Relações Exteriores e foi afastado após suposto problema de saúde. Sua demissão nunca foi explicada claramente pelo governo, mas ele é suspeito de ter mantido um caso extraconjugal com uma apresentadora de TV. Eles teriam tido um bebê nos Estados Unidos, revelou o Financial Times.

Globo Online - RJ   22/01/2024

Na divulgação de seu último plano quinquenal, em 2021, em que o governo chinês traça suas estratégias para crescimento, um detalhe chamou a atenção do mundo. Não havia uma meta para crescimento do país. Para a segunda maior economia do mundo, que em anos passados chegou a apresentar expansão de dois dígitos, essa era uma novidade e tanto. Segundo os especialistas, esse já era um sinal de mudança no modelo de crescimento do país asiático.

A China não quer mais ser a "máquina de exportações de bugigangas" que tornou-se nos últimos anos. Pequim também está fechando a torneira do investimento pesado em infraestrutura, gasto público que impulsionava o Produto Interno Bruto (PIB). O governo chinês aposta agora num modelo puxado pelo consumo interno, além de avançar cada vez mais em alta tecnologia. O objetivo é crescer menos, mas de forma sustentável no longo prazo. E esse projeto já está em curso.

— Os chineses, durante muito tempo, foram muito bons em copiar e escalar. Isso fez o país ser conhecido como a "fábrica do mundo" e deu a eles a chance de interagir com tecnologia ocidental. Desde então, passaram a liderar a inovação. Como já tinham uma capacidade de escala enorme, fecharam um ecossistema poderoso, onde existe inovação, dinheiro, escala e mercado consumidor interno — explica Junior Borneli, CEO da StartSe, uma das maiores escolas de tecnologia do país.

Na semana passada, Pequim divulgou que o país cresceu 5,2% em 2023, um pouco acima da meta de 5% e distante do pico de 20027 quando o Produto Interno Bruto (PIB) se expandiu 14,2%. Na média, de 1994 a 2022, a China teve uma alta média anual de 8,7% no PIB. Para este ano, o crescimento projetado pelo governo é de 5,3%, enquanto o mercado projeta expansão de 4,6%.

O primeiro-ministro, Li Qiang, disse na semana passada no encontro de autoridades em Davos, na Suíça, que o crescimento de 5,2% foi obtido sem estímulos excessivos à economia, evitando que a busca de efeitos de curto prazo pudesse gerar problemas de longo prazo — como inflação.

O professor de economia chinesa do Insper, Roberto Dumas, afirma que este já é um efeito do novo motor de crescimento chinês, que cada vez mais contribuirá menos para a expansão do PIB global.

— Que ninguém espere mais um PIB chinês de dois dígitos. Não há mais a menor chance. O país agora busca um padrão de crescimento de longo prazo — diz Dumas.

Dumas observa, entretanto, que o consumo interno na China ainda tem muito espaço para crescer. Enquanto nos EUA, mais de 76% do PIB vem do consumo, no país asiático atualmente são apenas 40%. Na China, existem atualmente mais de 400 milhões de pessoas na faixa de rendimento médio, que são consumidores. A expectativa do governo é que esse número atinja 800 milhões de pessoas na próxima década. Um dos desafios é elevar a renda dessa população para que se tornem consumidores. Ampliar a urbanização do país e pagar melhores salários é um dos caminhos. Para Dumas, o brasil se beneficia desse modelo já que pode aumentar suas exportações de grãos e carne.

Dumas lembra que o governo chinês vem reduzindo seus investimentos na infraestrutura, especialmente para desarmar a bolha imobiliária, que se tornou um problema, com imóveis inacabados ou encalhados. Cada vez mais, o setor imobiliário terá menos peso na expansão da economia chinesa, observa Dumas. No ano passado, os gastos em construção caíram 7,8% e os preços de novas moradias, em dezembro, encolheu no ritmo mais forte desde 2015.

Mas a indústria ainda é a base da da economia chinesa, que não se transformou ainda numa economia de serviços. O objetivo não é diminuir a importância da indústria, mas diminuir a dependência desse setor, diz Borneli, da StartSe. O país está reduzindo indústrias com menor viés tecnológico e menos eficientes. Ao mesmo tempo, estimula empresas que investem em inovação e avançam em tecnologia. Esse é um caminho para elevar a renda da população, já que são empresas que pagam os melhores salários.

— Eles não querem produzir menos, mas querem avançar também em outras frentes — afirma Borneli.

Larissa Wachholz, sócia da Vallya Participações, consultoria especializada em China, e ex-assessora especial para assuntos relacionados ao país asiático do Ministério da Agricultura, lembra que os chineses sempre tiveram capacidade de produzir produtos de alto valor agregado e tecnologia. Mas antigamente, produtos considerados de primeira linha, só saíam das fábricas estrangeiras erguidas por lá.

A imagem de produzir apenas produtos "xing ling", como os brasileiros passaram a chamar os itens copiados e produzidos pelos chineses, já está mudando. Agora, são as próprias companhias chinesas que produzem itens de qualidade. A principal mudança é que as empresas chinesas passaram a utilizar essa mão de obra capacitada para fabricar suas prórias marcas — e isso é uma grande novidade, explica Wachholz. E o país continua se abrindo cada vez mais ao investimento estrangeiro.

— Carros elétricos, celulares, placas solares, turbinas eóliocas, equipamentos de transmissão de energia atualmente saem das fábricas chinesas e estão sendo vendidos em diversos países. Houve uma mudança de perfil na produção manufatureira, as empresas melhoraram seu padrão de qualidade e inseriram mais tecnologia para mostrar o que tem de melhor e se internacionalizar — explica a especialista da Vallya.

Ela lembra que, ao mesmo tempo, os chineses estão sendo capazes de manter preços competitivos, com o mercado interno que oferece escala. A especialista afirma que o papel do governo chinês nesse processo tem sido mais importante no fomento ao mercado doméstico do que na internacionalização das marcas. E especialmente quando considera o setor estratégico.

— No caso de equipamentos para energia renovável, por exemplo, a escala do mercado chinês permitiu a redução de custos. E o governo estimulou e subsidiou esse segmento, que é estratégico, porque a China tem necessidade desses equipamentos. Assim o país tornou-se o maior invetsidor em energia renovável — afirma Larissa Wachholz.

O Estado de S.Paulo - SP   22/01/2024

O crescimento do PIB deve ser, mais uma vez, maior do que o esperado por muitos, talvez algo como 2,5%, mesmo considerando que deveremos ter alguma perda de safra. Devido ao clima, a MB Agro estima, preliminarmente, uma quebra de 15 milhões de toneladas de grãos.

A primeira razão para nossa proposição é que, ao final de dezembro, o Tesouro pagou algo como R$ 90 bilhões de precatórios, boa parte dos quais referentes a casos envolvendo o INSS. Dependendo do multiplicador de gastos, pode-se esperar uma alta de até 0,5% do PIB. Além disso, seguramente teremos um déficit primário de alguma relevância neste ano.

O mercado de trabalho tem mostrado um desempenho sempre melhor do que o esperado, seja no que tange ao crescimento do número de ocupados, que atingiu 100 milhões no final de 2023, seja na variação dos rendimentos. Também surpreendente foi a melhora na produtividade da mão de obra nos primeiros três trimestres do ano passado, como mostrou Fernando Veloso. Acredito que essas tendências continuarão no exercício que se inicia, inclusive a elevação do número de beneficiários de transferências públicas.

Certamente, a reforma trabalhista tem dado uma contribuição importante. Além disso, em muitas empresas pequenas a utilização de plataformas digitais vem elevando a produtividade de forma significativa, especialmente nos prestadores de serviços às famílias. Esse grupo teve um impulso com as inovações financeiras, como Pix, maquininhas e bancos digitais, que permitem uma gestão com eficiência e custos muito mais baixos.

Na última avaliação do Pisa, os mais de 200 mil alunos dos cursos técnicos no Estado de São Paulo tiveram nota bastante melhor do que a média brasileira, beneficiando inúmeros setores, como serviços e agropecuária.

Esperamos também que a continuidade da queda na inflação, da Selic e da inadimplência das famílias permitam a expansão do crédito e do consumo. Por exemplo, o programa Desenrola 2 beneficiou até agora 11 milhões de pessoas, renegociando R$ 33 bilhões de dívidas.

Penso que os investimentos em infraestrutura serão maiores que os do ano passado e que a balança comercial seguirá apresentando saldos positivos muito significativos. Para 2024, projetamos US$ 85 bilhões.

Encerro chamando a atenção para algo surpreendente: embora ainda levará tempo para que a reforma tributária seja implantada, vejo muitos casos nos quais empresas já estão redefinindo sua estrutura logística, um passo importante na maior eficiência da economia.

O Estado de S.Paulo - SP   22/01/2024

A nova política industrial, que deve ser lançada na próxima segunda-feira, 22, pelo governo Lula, prevê três grupos de “estímulo” do Estado ao setor produtivo, divididos em instrumentos financeiros, como linhas de crédito, subsídios e subvenções; melhoria do ambiente de negócios; e o uso do poder de compra do setor público para alavancar “áreas estratégicas”.

Em relação ao último, como mostrou o Estadão/Broadcast em junho do ano passado, parte das decisões irá passar por uma comissão de ministros que vai definir, por exemplo, os setores nos quais o governo exigirá a aquisição de produtos e serviços nacionais, além do estabelecimento de margens de preferência — tendo os eixos do Novo PAC como referencial.

As metas “aspiracionais” da política industrial, chamada de “Nova Indústria Brasil”, serão aprovadas na segunda-feira pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI), que se reúne às 11h, no Palácio do Planalto. O documento que detalha as diretrizes, revelado pelo jornal Folha de S.Paulo, e ao qual o Estadão/Broadcast teve acesso, traça estratégias com foco até 2033.

A política foi produzida ao longo do segundo semestre do ano passado pelos membros do CNDI, que é liderado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), e é composto por 20 pastas, pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e 21 entidades representativas da sociedade civil, do setor produtivo e dos trabalhadores.

Na minuta, o governo detalha programas e instrumentos para perseguir as seis missões estabelecidas pelo CNDI ainda no ano passado. São elas:
Cadeias agroindustriais sustentáveis e digitais para a segurança alimentar, nutricional e energética; Complexo econômico industrial da saúde resiliente para reduzir as vulnerabilidades do SUS e ampliar o acesso à saúde; Infraestrutura, saneamento, moradia e mobilidade sustentáveis para a integração produtiva e o bem-estar nas cidades; Transformação digital da indústria para ampliar a produtividade; Bioeconomia, descarbonização e transição e segurança energéticas para garantir os recursos para as gerações futuras; Tecnologias de interesse para a soberania e defesa nacionais.

Para cada uma delas, a nova política elaborada pelo governo traça metas até 2033. Prevê, por exemplo, aumentar a participação do setor agroindustrial no PIB agropecuário para 50% e alcançar 70% de mecanização dos estabelecimentos de agricultura familiar, com o suprimento de pelo menos 95% do mercado por máquinas e equipamentos de produção nacional.

Para a missão “verde”, o Executivo quer reduzir em 30% a emissão de CO2 por valor adicionado da indústria, e aplicar em 50% a participação dos biocombustíveis na matriz energética de transportes. Por fim, aumentar o uso tecnológico e sustentável da biodiversidade pela indústria em 1% ao ano.

Transformar digitalmente 90% das empresas industriais brasileiras e obter autonomia na produção de 50% das tecnologias críticas para a defesa também estão entre as metas citadas.

Entre os meios financeiros para alcançar esses objetivos, o governo lista as atividades do BNDES, da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). Também cita o Plano de Transformação Ecológica liderado pelo Ministério da Fazenda.

A minuta ainda aponta diversas estratégias específicas para impulsionar a indústria, como a regulamentação da nova Lei de Licitações, de 2021, e a implementação do Mercado Regulado de Carbono — já em discussão no Congresso. Cada missão também tem instrumentos específicos. No caso do agro, por exemplo, o governo quer promover a racionalização das taxas portuárias e impulsionar o crédito não financeiro nas cadeias produtivas.

Sobre ações para a área de infraestrutura e mobilidade sustentável, a minuta lista a retomada das exportações de serviços e a racionalização de encargos setoriais sobre energia elétrica, entre outras ações, como a recomposição da força de trabalho das agências reguladoras. Já na área de Defesa, o governo reforça seu plano de colocar de pé um novo Sistema de Apoio Oficial à Exportação, que hoje sofre por falta de sustentabilidade financeira.

Em relação à indústria automotiva, o objetivo é que, até 2030, o Brasil avance como hub global de desenvolvimento e produção de veículos elétricos e híbridos, com ênfase nos combustíveis alternativos. Para isso, o Executivo conta com projetos como o Mover (o novo Rota2030), a retomada do imposto de importação sobre veículos eletrificados e um programa de nacionalização progressiva para baterias, por exemplo.

Infomoney - SP   22/01/2024

Suspeitas de longa data sobre a precisão dos dados oficiais de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da China impulsionaram um mercado de cálculos alternativos, que entrou em ação nesta semana após Pequim anunciar que a expansão econômica de 2023 estava de acordo com a meta anual de cerca de 5%.

Há um consenso de que a economia cresceu no ano passado, impulsionada por um aumento no consumo após o levantamento das restrições da pandemia. Isso é facilmente visível em dados compilados fora do Escritório Nacional de Estatísticas da China, como o número de voos domésticos ou o crescimento da receita de empresas focadas no consumidor. Também estão de acordo estimativas que apontam uma forte queda na construção imobiliária, juntamente às finanças locais tensas e à queda nas exportações, que exerceram pressão negativa sobre a segunda maior economia do mundo.

Uma divergência gira em torno dos dados de investimento de Pequim, que mostram que os gastos em manufatura e infraestrutura superaram o impacto negativo do setor imobiliário.
Outros discordam do dado sobre o crescimento econômico. O investimento geral foi amplamente estável no ano passado, o que significa que os dados do PIB “superestimaram significativamente” o crescimento da China em 2023, de acordo com Logan Wright, diretor do Rhodium Group. Ele afirmou que o número real provavelmente foi em torno de 1,5%.

Dúvidas sobre as estatísticas oficiais de investimento da China, que medem os gastos com coisas como habitação, fábricas e infraestrutura, foram alimentadas por revisões frequentes nos últimos anos, e os dados mais recentes implicam em um ajuste incomumente grande.

O investimento em ativos fixos, ou IAF, aumentou 3% em termos nominais em 2023, segundo o Escritório de Estatísticas. Mas acrescentou que o montante total de investimento, de 50,3 trilhões de yuans (US$ 7,1 trilhões), não podia ser comparado diretamente com o valor relatado para 2022 devido a fatores, incluindo “dados problemáticos descobertos durante inspeções estatísticas de aplicação da lei”.

‘Ajuste’ surpreendente

O número de crescimento do IAF para 2023 implica uma revisão para baixo de 7 trilhões de yuans, ou 17% do investimento total em relação ao valor inicialmente anunciado para o ano anterior, segundo economistas da Pantheon Macroeconomics. Eles chamaram o ajuste de “surpreendente”. A revisão “mostra quão problemáticos são esses dados”, disse Carsten Holz, professor de economia especializado em estatísticas chinesas na Universidade de Ciência e Tecnologia de Hong Kong.

A estimativa da Rhodium é plausível, acrescentou. O escritório central de estatísticas não tem autoridade para impor relatórios precisos por parte de autoridades de nível inferior e encontra-se em um “ambiente administrativo cada vez mais politizado”, disse Holz. Isso acrescenta pressão aos funcionários para usar “mudanças nos métodos de compilação de dados, ou manipulação direta de dados, para obter os dados considerados desejáveis”, disse ele.

A estimativa de crescimento da Rhodium para 2023 está no extremo inferior de uma escala ampla. Uma amostra de estimativas independentes reunidas pela Bloomberg mostrou outros com números de expansão variando até 7,2%. Essa falta de consenso é uma razão pela qual o número oficial continua sendo um ponto de referência para os mercados e discussões sobre a economia da China.

A Rhodium adota uma abordagem “de baixo para cima”, avaliando as contribuições do consumo, investimento e exportações líquidas para o crescimento geral com base em dados de nível inferior, como investimento em imóveis, empréstimos com cartão de crédito e gastos do governo. Muitas vezes, a informação ainda vem de fontes oficiais e é mais confiável do que o número de crescimento divulgado, argumenta Wright.
Resultados diferentes

No entanto, outros que adotam uma abordagem semelhante produzem estimativas de crescimento diferentes. O indicador GDP China Nowcast da QuantCube Technology, que se baseia em uma variedade de dados não oficiais que vão desde números de poluição do ar até envios e análise de texto de relatórios online, tem “correspondido de perto aos lançamentos oficiais” este ano, disse a empresa.

Dúvidas sobre os dados do PIB da China tendem a aumentar quando a economia desacelera, com o ceticismo atingindo o pico depois que Pequim relatou um crescimento de supostamente 3% em 2022, apesar dos amplos bloqueios. Mas de acordo com um artigo da China Economic Review com base em dados de luzes noturnas rastreadas do espaço, os controles do coronavírus naquele ano reduziram o PIB em 3,9%.

Para muitos na China, economia parece estar em recessão

Uma estimativa mais baixa para o crescimento em 2022 pode significar que o número de 2023 acaba sendo mais alto. Um exemplo é a estimativa de baixo para cima da Fathom Consulting, com base em séries de dados oficiais que técnicas econométricas sugerem estar menos sujeitas a manipulação.

O veredicto deles: crescimento de 7,2% no ano passado, após crescimento de 0,9% em 2022. “Esses efeitos básicos acabaram agora, e nossa estimativa para 2024 está novamente de volta a taxas mais ‘normais’, de cerca de 4%”, disse Juan Orts, economista da Fathom. Alguns economistas duvidam da precisão das medidas de baixo para cima como um todo. Um motivo: à medida que a economia da China avança, a estrutura da atividade se altera.

Há cerca de uma década, o “Índice Li Keqiang” estava na moda, nomeado em homenagem ao ex-primeiro-ministro da China, que foi citado dizendo que dependia de estimativas de uso de eletricidade, volumes de transporte ferroviário e crescimento de empréstimos bancários como um indicador do PIB. Mas caiu em desuso, pois a economia da China agora consiste principalmente em serviços, com a indústria pesada desempenhando um papel menor.

Uma abordagem alternativa é usar os números oficiais do PIB nominal da China, que não são ajustados para a inflação, e então aplicar um deflator de preços independente para obter uma estimativa de crescimento real. A abordagem ganhou popularidade antes da pandemia, quando o deflator oficial da China passou a ser amplamente visto como uma ferramenta para suavizar a taxa real de expansão do PIB.

No entanto, não há consenso sobre o melhor deflator. A Pantheon Macroeconomics diz que o PIB real aumentou cerca de 4,9% no ano passado, usando seu deflator. Mas a TS Lombard chegou a 3,6% usando sua própria fórmula de ajuste.

No Goldman Sachs Group (GS), economistas têm experimentado com uma medida de crescimento baseada em dados não chineses, usando números de importações da China mais uma medida de correlação entre exportações e crescimento. O resultado para os últimos anos foi “bastante consistente com o crescimento oficial do PIB”, concluíram em um relatório de outubro.

Outras estimativas baseadas no consumo de commodities e na produção industrial foram “ligeiramente mais baixas” do que os dados oficiais. “Quanto a economia da China desacelerou?” eles perguntaram. “Essa pergunta simples é difícil de responder.”

O Estado de S.Paulo - SP   22/01/2024

População em queda e PIB com crescimento modesto acendem alertas para a economia mundial

A população da China encolheu em 2023, pelo segundo ano consecutivo, e está em franco processo de envelhecimento, segundo dados oficiais de Pequim. A redução, em apenas um ano, de 2 milhões de habitantes, o equivalente a todos os moradores de Manaus (AM), pode parecer efêmera diante do contingente total de 1,4 bilhão de chineses – o segundo maior dentre todos os países. Mas, ao contrário, o dado dispara mais um alarme para a economia mundial. À persistente queda populacional somam-se as incertezas sobre a retomada do crescimento econômico em patamares sustentáveis. Trata-se de dilemas de difícil solução.

O cenário preocupante na China tende a puxar para baixo as previsões de desempenho da economia global nesta e nas próximas décadas. Terá repercussão, em particular, para o Brasil. Os resultados positivos na balança comercial e parte significativa do Produto Interno Bruto (PIB) tornaram-se dependentes da demanda chinesa nos últimos anos e assim podem se manter.

O crescimento econômico da China de 5,2% em 2023, pouco acima da estimativa de Pequim, não chega a trazer conforto. Escamoteia o fato de ter sido calculado sobre a base fraca do ano anterior e, certamente, traz ajustes nada transparentes para adequar-se às expectativas do mercado – uma prática comum em tempos bicudos. Fato é que a crise do setor imobiliário, uma das principais alavancas da atividade chinesa, e os efeitos da pandemia de covid-19 sobre a atividade não foram ainda contornados.

Os dilemas do crescimento econômico baixo e da população em declínio e em acelerado processo de envelhecimento não são desprezíveis. Significam que a força de trabalho chinesa sofrerá recuos mais robustos do que os já observados nos últimos anos. A solução exige uma política agressiva – e custosa – de aumento da produtividade, ainda em patamares pífios quando comparada à das principais economias mundiais. Porém, o país hesita em investir em mecanismos inovadores no grosso de sua indústria manufatureira, ancorada na ainda abundante oferta de mão de obra com pouca qualificação.

Pequim certamente tem ciência de seus desafios. Mas insiste no estímulo ao crescimento da natalidade, como se fosse uma panaceia. Desconsidera o contexto de elevado custo de vida para sua crescente população urbana neste período pós-pandemia. O fim da opressiva política de “um só filho”, mantida a ferro e fogo pelo governo chinês por 35 anos, não trouxe os resultados esperados nos últimos oito anos.

Não se espera pausa – muito menos recuo – na tendência de redução da população enquanto o governo de Xi Jinping não entregar melhores condições de vida aos chineses. Do crescimento vigoroso e da melhor partilha de seus benefícios depende também a sobrevivência do próprio regime. O pacto social na China é, sem dúvida, assegurado pelo extraordinário poder de coerção do Estado. Mas, em um território gigantesco, com 1,4 bilhão de habitantes, a passividade requer ganho econômico como contrapartida.

O Estado de S.Paulo - SP   22/01/2024

Até há pouco tempo, a expressão “política industrial” estava proscrita entre os principais economistas brasileiros. Por nunca ter concordado com esse radicalismo, li com satisfação a excelente Carta do Ibre-FGV, deste mês, reconhecendo a necessidade de o Brasil praticar uma política industrial ativa, mas advertindo sobre o risco de repetir erros do passado.

É consensual que a política industrial não prospera sem estabilidade macroeconômica, boa infraestrutura, mão de obra qualificada, sistema tributário que não penalize a produção e segurança jurídica.

Claro que essas transformações são lentas, mas a política industrial não pode esperar até que elas estejam totalmente implementadas. Dado que os agentes econômicos tomam decisões baseadas em expectativas, as ações, em ambos os fronts, estrutural e de apoio à atividade industrial, podem e devem ser executadas simultaneamente.

No papel, as linhas gerais da nova política industrial do atual governo são animadoras. As diretrizes publicadas pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI) definem corretamente, a meu ver, os setores prioritários e parecem respeitar as vantagens comparativas do País.

As principais ações seriam concentradas em: cadeias agroindustriais sustentáveis e digitais, complexo industrial de saúde, infraestrutura, saneamento e mobilidade sustentável, transformação digital da indústria, bioeconomia, descarbonização e tecnologia para a soberania e defesa nacional, sendo este último mais delicado, porque pode incluir, por exemplo, a ideia equivocada de recuperação da indústria naval.

Contudo, a implementação de uma boa política industrial esbarra em problemas de difícil solução.

Um deles é o reduzido espaço fiscal para dar largada às ações. Mais de 90% das despesas primárias da União são obrigatórias e permanentes. Além disso, grupos com maior poder de pressão em Brasília, com forte apoio no poder legislativo, obtêm vantagens fiscais que já chegam a quase 5% do PIB e que dificilmente serão reduzidas. O ministro Haddad que nos diga.

Mas, o que mais preocupa é que alguns sinais emitidos pelo governo não deixam claro que erros do passado não serão repetidos. Por exemplo, recriar uma estatal como o Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec), para fabricação de microchips, não parece um bom caminho, dado que se trata de uma atividade que necessita de constantes inovações e de muito capital. Ao governo caberia apenas estimular o setor.

Da mesma forma, tentar influir politicamente na governança de estatais, e até mesmo de empresas já privatizadas, como a Eletrobras e a Vale, subsidiar passagens aéreas e dar estímulos fiscais temporários para compra de automóveis, são ações que diminuem a confiança na capacidade e disposição de o governo implementar uma moderna e transformadora política industrial.

MINERAÇÃO

Infomoney - SP   22/01/2024

Os preços futuros do minério de ferro subiram pela segunda sessão consecutiva nesta sexta-feira, sustentados por esperanças renovadas de mais estímulos na China, maior mercado consumidor do minério, e por reabastecimento antes do feriado por parte das siderúrgicas.

O contrato de maio do minério de ferro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE), da China, encerrou as negociações do dia com alta de 2,63%, a 957 iuanes (133,04 dólares) a tonelada, o maior valor desde 12 de janeiro. Na semana, houve avanço de 1,3%.

O contrato de referência de fevereiro do minério de ferro na Bolsa de Cingapura subiu 0,55%, atingindo seu nível mais alto desde 16 de janeiro, a 130,15 dólares a tonelada, registrando um ganho semanal de 2,1%.
“Recentemente, o mercado de minério foi mais impactado pelo sentimento em relação à macroeconomia, sem mudanças drásticas observadas em seus próprios fundamentos”, disseram analistas da Everbright Futures em uma nota.

O sentimento do mercado também foi impulsionado pela recuperação do mercado acionário da China na quinta-feira frente às mínimas de cinco anos, em meio a sinais de apoio estatal.

A expectativa é de que parte das usinas siderúrgicas armazenem matérias-primas para sustentar sua produção durante o feriado do Ano Novo Lunar, em fevereiro, dando suporte aos preços do principal ingrediente da fabricação de aço.

A produção média diária de metal quente entre as usinas pesquisadas pela Mysteel subiu 0,51% na semana, para cerca de 2,22 milhões de toneladas na semana encerrada em 19 de janeiro, segundo dados divulgados pela consultoria.

AUTOMOTIVO

Valor - SP   22/01/2024

Xin Guobin, vice-ministro da Indústria e Tecnologia da Informação, disse que o país irá adotar medidas firmes para conter o desenvolvimento “cego” de novos projetos no setor de veículos elétricos

A China anunciou nesta sexta-feira (19) que irá controlar a expansão do setor de veículos elétricos local, em resposta a uma série de críticas feitas por países do Ocidente às políticas industriais e comerciais que contribuíram para um “boom” de carros chineses exportados, segundo o “Financial Times” (FT).

Em entrevista coletiva, Xin Guobin, vice-ministro da Indústria e Tecnologia da Informação, disse que o país irá adotar medidas firmes para conter o desenvolvimento “cego” de novos projetos no setor de veículos elétricos, ressaltando a existência de alguns “comportamentos de concorrência desordenados“.

Por outro lado, o vice-ministro chinês também criticou os “comportamentos protecionistas” dos países estrangeiros e o “abuso” de mecanismos de disputa comercial, ressaltando outras críticas anteriores de Pequim sobre as restrições e investigações contra os veículos elétricos chineses.

Os comentários do membro do governo de Pequim acontecem em meio a uma guerra comercial entre a China e o Ocidente na produção e exportação de veículos elétricos. Em setembro, a União Europeia (UE) lançou uma investigação antidumping à indústria chinesa, destacando os receios de que as empresas chinesas representassem uma ameaça aos fabricantes de automóveis alemães, franceses e italianos.

Segundo o “FT”, as empresas europeias temem que a China esteja construindo mais fábricas de veículos elétricos do que o necessário para satisfazer a procura interna, assim como fizeram na indústria de aço, alumínio e painéis solares, setores em que a China tem dominado a concorrência internacional.

Valor - SP   22/01/2024

Mais de mil funcionários da Ford serão afetados com a transição do Rouge Electric Vehicle Center para um turno a partir de 1º de abril deste ano, informou a montadora com sede em Dearborn, Michigan

A Ford anunciou que reduzirá o número de trabalhadores que fabricam seu caminhão F-150 Lightning, por conta que a demanda por veículos elétricos continua fraca nos EUA.

Cerca de 1.400 funcionários serão afetados com a transição do Rouge Electric Vehicle Center para um turno a partir de 1º de abril deste ano, informou a montadora com sede em Dearborn, Michigan, em um comunicado nesta sexta-feira (19).

A empresa disse que espera um crescimento contínuo nas vendas globais de veículos elétricos em 2024, embora seja menor do que o previsto. No mês passado, a Bloomberg informou que a Ford cortará as metas de produção do F-150 EV pela metade este ano.

Em um sinal de que a demanda por veículos tradicionais movidos a gasolina continua forte, a Ford também disse que esta contratando cerca de 900 novos funcionários e adicionando 700 funcionários de seu Complexo Rouge para um terceiro turno em sua fábrica de montagem em Michigan. Isso permitirá que a montadora aumente a produção dos veículos utilitários esportivos Bronco e Bronco Raptor, e das picapes Ranger e Ranger Raptor.

As ações da Ford caíam 0,8%, para US$ 10,90, a partir das 9h38 da manhã desta sexta-feira (19), em Nova York.

A Ford disse que equilibra a produção para atender à demanda dos clientes e o CEO, Jim Farley, disse que a empresa ainda vê "um futuro brilhante" para EVs destinados a "clientes específicos".

Os compradores de carros americanos esfriaram em relação aos VEs, recusando os preços altos e uma infraestrutura de carregamento irregular. A Ford reagiu cortando repetidamente a produção do F-150 Lightning, seu EV característico, e do Mustang Mach-E, que é fabricado no México. A montadora também reduziu quase pela metade a fábrica de baterias que está construindo em Michigan e está adiando os planos para uma fábrica de baterias em Kentucky, à medida que adia US$ 12 bilhões em gastos planejados com veículos elétricos.

"Está bem claro que houve uma desaceleração na adoção de veículos elétricos", disse David Lefkowitz, chefe de ações de consumo da UBS Global Wealth Management, na Bloomberg Television nesta sexta-feira (19). "Estamos chegando à parte do mercado em que será necessário um pouco mais de esforço para penetrar no setor."

O UBS previu um crescimento de vendas de apenas 11% no mercado de veículos elétricos dos EUA este ano, abaixo dos 47% do ano passado e do crescimento de 60% em 2022.

No início desta semana, o analista do UBS, Joseph Spak, reduziu sua classificação da Ford de compra para neutro, devido a preocupações de que sua estratégia de veículos elétricos demorará a dar resultados.

"Embora gostemos da visão e da direção do CEO Farley para o futuro da Ford, acreditamos que pode levar alguns anos para que os benefícios desses planos sejam realizados", escreveu Spak em uma nota aos investidores.

CONSTRUÇÃO CIVIL

Globo Online - RJ   22/01/2024

Um bairro imperial começa a ganhar passaporte para o futuro. Ignorado por décadas pelas incorporadoras, São Cristóvão está na ordem do dia do mercado imobiliário graças ao projeto Reviver Centro, que propõe a revitalização da área que vai da Lapa à Zona Portuária. O bairro que abrigou a Família Real Portuguesa, a partir de 1808, tornou-se uma área natural de expansão do coração central do Rio, e as empresas já se mobilizam para construir na região. A Cury Construtora tem dois lançamentos ali, um deles em parceria com a Riva Incorporadora — os novos residenciais serão os primeiros dessa fase de redescoberta de São Cristóvão.

No masterplan do Centro do Rio de Janeiro, contratado pelo BNDES em convênio com a prefeitura da cidade, o Consórcio Conexão Rio — formado por Urban Systems, Finarq Consultoria, Vieira, Rezende e Guerreiro Advogados, Ramboll e Porto Marinho — esmiúça a região central com foco “em ativos imobiliários públicos atualmente subutilizados, para que catalisem e impulsionem o desenvolvimento dessa região”, como consta no documento concluído em dezembro de 2023.

Ao longo do século XX, a circulação de pessoas no bairro imperial foi mantida pela atividade fabril e pela praia que sucumbiu aos sucessivos aterros para a expansão do Porto. Agora, com a inauguração do Terminal Intermodal Gentileza no início deste ano, o movimento tende a crescer de novo.

O masterplan aponta três locais no bairro com potencial para o setor imobiliário: Leopoldina, Fonseca Telles e Almirante Mariath Docas. Nos 80 mil metros quadrados do terreno da antiga Estação Leopoldina, por exemplo, será possível erguer um novo bairro com dez quadras.

—Na época da Copa do Mundo já havíamos feito um estudo para o Maracanã e arredores, incluindo São Cristóvão. E foi interessante observar como Maracanã e Tijuca eram bairros superqualificados, enquanto São Cristóvão, em contrapartida, parecia esquecido pelo carioca. A região tem um enorme potencial de desenvolvimento urbano e imobiliário, e apostamos nisso — conta o sócio-diretor da Urban System, Paulo Takito.

INFRAESTRUTURA

Motivos para essa aposta não faltam. A região é atendida por diferentes modais de transporte, tem infraestrutura completa, escolas, museus e uma das áreas de lazer mais importantes da cidade, a Quinta da Boa Vista, com o BioParque e o Museu Nacional. Na avaliação do diretor da Sérgio Castro Imóveis, Claudio Castro, São Cristóvão tem uma coisa que o vizinho Porto Maravilha ainda não tem: cara de bairro.

— No contato com potenciais clientes, muitas vezes percebemos que eles relutam em morar no Porto Maravilha. Os comerciantes dizem que faltam moradores, e os moradores, que falta comércio. A área vai terminar se consolidando, mas, por enquanto, São Cristóvão é mais convidativo para quem quer morar ou ter um negócio no Centro do Rio e prefere esperar um pouco mais para ver o que acontecerá com o Porto — observa Castro.

De olho nessa ligação entre o Museu Nacional e o Museu do Amanhã, casando o passado e o futuro da Cidade Maravilhosa, a Cury está lançando o Origem Porto Imperial, em parceria com a Riva. São apartamentos de dois e três quartos com suítes, negociados entre R$ 400 mil e R$ 450 mil. Além disso, vai erguer na região o Porto Maravilha Residencial, com unidades de dois quartos por R$ 200 mil, que serão enquadradas no programa Minha Casa, Minha Vida.

— Era um desperdício não aproveitar uma área tão preparada para receber empreendimentos imobiliários. A construção de residenciais no bairro atrai o movimento de pessoas e de estabelecimentos comerciais e de serviços. Isso acaba qualificando a região — afirma o vice-presidente Comercial da Cury, Leonardo Mesquita.

O Estado de S.Paulo - SP   22/01/2024

Em um ano marcado pela retomada das vendas de imóveis e pelo início da trajetória de queda da taxa de juros, o valor de mercado das empresas do setor imobiliário cresceu 64,6% em 2023 na Bolsa, chegando ao total de R$ 45,7 bilhões, de acordo com levantamento feito pela consultoria Elos Ayta a pedido do Estadão. O salto do setor representa quase três vezes mais do que o registrado pelo índice Ibovespa, que subiu 22,3% no ano.

Um dos motivos que levaram a isso foi o aumento, promovido pelo governo federal, do teto do financiamento de projetos do Minha Casa, Minha Vida (MCMV), que passou de R$ 264 mil para R$ 350 mil. Também ajudou a ampliação do prazo de pagamento do financiamento pela Caixa Econômica Federal, que foi de 360 para 420 meses. Com isso, as empresas que mais cresceram em valor de mercado em 2023, em porcentuais, foram Tenda, Plano&Plano e Moura Dubeux, voltadas a habitações populares. No caso da Tenda, o aumento foi de 327%.

Para Luis Novaes, analista da Terra Investimentos, o desempenho positivo das construtoras reflete o melhor momento vivido pelas empresas do setor nos últimos anos e perspectivas também favoráveis para os próximos anos.

“A expectativa com o ciclo de queda dos juros básicos fornece uma perspectiva melhor para as receitas ao longo dos próximos anos, com a maior disponibilidade de renda da população e exigências menores na concessão de crédito, além do menor impacto das despesas financeiras sobre os resultados das empresas”, diz. “As mudanças no MCMV também tiveram um expressivo impacto sobre as empresas expostas ao programa social, permitindo uma perspectiva mais positiva para essas empresas, de recuperação de margens e maior volume de vendas”, diz Novaes.

Em valores absolutos, a Cyrela foi a incorporadora que mais cresceu na Bolsa no ano passado. A empresa lidera o segmento no quesito valor de mercado, tendo começado o ano passado valendo R$ 4,9 bilhões e chegado ao fim de dezembro valendo mais de R$ 9 bilhões.

Na visão do diretor financeiro do Grupo Cyrela, Miguel Maia Mickelberg, a valorização da empresa no mercado se deu tanto pela melhora do ambiente macroeconômico no Brasil e no mundo quanto pelos resultados financeiros alcançados pela incorporadora em 2023.

“A empresa registrou um aumento significativo nas vendas e nos lançamentos, alcançando respectivamente 11% e 16% de crescimento em comparação com o mesmo período de 2022, conforme indicado pelos dados já públicos referentes ao terceiro trimestre de 2023", diz Mickelberg.

Em 2023, conforme os dados de janeiro a setembro, a empresa registrou R$ 7 bilhões em lançamentos imobiliários, uma alta de 12% em relação aos nove primeiros meses de 2022. No período, o lucro líquido da companhia subiu de R$ 601 milhões para R$ 694 milhões.

Apesar de ser conhecida no segmento de luxo, a Cyrela tem outras marcas que atuam em faixas de preços mais acessíveis. A Living atua no setor médio-alto, com apartamentos de R$ 350 mil a R$ 1,2 milhão, enquanto a Vivaz atua dentro do programa Minha Casa, Minha Vida, com oferta de imóveis de até R$ 350 mil.

A Vivaz é o principal motor de crescimento da empresa em termos de números de apartamentos vendidos. Foram 2.290 unidades lançadas pela marca dentro do programa Minha Casa, Minha Vida no terceiro trimestre de 2023, em comparação com 635 no mesmo período do ano anterior. O preço médio do metro quadrado desses projetos foi de R$ 6.299.

Estoque

Para o analista de fundos imobiliários da Empiricus Research, Caio Nabuco de Araujo, 2023 foi importante também para a venda de imóveis mais antigos, que estavam no estoque das companhias, dando lugar a lançamentos. “Além da melhora gradual dos resultados, as empresas tiveram lançamentos com margens menores ou prejuízos em 2020 e 2021 devido ao aumento de custos, que não foram repassados no preço ao consumidor”, diz. “A saída desses produtos e a entrada de novos lançamentos, com margens melhores, gera uma melhora gradual.”

O analista estima que 2024 seja positivo para todo o setor imobiliário, com a continuidade de lançamentos de moradias populares com o incentivo do programa Minha Casa, Minha Vida e a melhora das finanças das incorporadoras. “Em 2024, com queda de juros, controle da inflação e crescimento econômico, a perspectiva para o setor imobiliário é positiva”, diz. “No final do semestre, pudemos ver uma queda no custo de financiamento, o que pode ser um gatilho importante para as incorporadoras. O crescimento do lucro dessas empresas deve ser considerável neste ano, não só pela retomada das margens de lucro, mas por ganhos vindos da melhora da estrutura de capital.”

Valor - SP   22/01/2024

Prefeito vetou 58 pontos do texto, entre eles alguns incluídos apenas 48 horas antes da votação

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), sancionou na sexta-feira (19) a revisão da Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo da cidade, mais conhecida como Lei de Zoneamento. Nunes vetou 58 pontos do texto, que havia sido aprovado na Câmara Municipal em 21 de dezembro do ano passado. O material foi publicado em edição extra do Diário Oficial da cidade, ainda na sexta.

Os vetos incluem alguns dos pontos mais polêmicos da lei, que foram acrescentados no segundo substitutivo do texto, apenas 48 horas antes da votação na Câmara, e que não foram discutidos nas reuniões de preparação da revisão, o que motivou indignação de entidades ligadas a urbanismo e arquitetura em São Paulo. Também incluem mudanças que tinham sido vistas como positivas por entidades do setor imobiliário.

Nunes excluiu artigo que aumentava a altura máxima dos prédios, o gabarito, em zonas mistas (ZMs) e zonas de centralidade (ZCs), que ficam mais distantes dos eixos de transporte público e, por isso, têm regras mais restritas para adensamento. As ZMs são chamadas também de “miolos de bairro”.

O texto da revisão propunha ampliar a altura máxima dos edifícios de 28 metros para 42 metros nas ZMs, o que representaria passar de um limite de cerca de 9 andares para 14 andares. Nas ZCs, que são áreas com mais comércio e serviço dentro dos bairros, o limite passaria de 48 para 60 metros — o novo valor seria próximo a um prédio de 20 andares. Foram mantidos os limites já estabelecidos.

Junto a esse veto, foi excluída uma mudança que permitia construções mais altas em uma quadra se ao menos 40% dos edifícios presentes nela fossem maiores do que o permitido no local, por terem sido construídos sob regras anteriores. A exigência anterior era de 50%, percentual que foi mantido com o veto.

Na quinta-feira (18), arquitetos, urbanistas, entidades que representam essas classes e associações de bairro assinaram um manifesto no qual pediam que Nunes vetasse partes da revisão, o que incluía as mudanças acima.

Sobre o aumento de gabarito nas ZCs e ZMs, a crítica era de que nessas áreas não há limites para número de vagas de garagens e tamanho das unidades. “A revisão estimula a dispersão da verticalização por quase toda a cidade”, dizia o texto, o que iria contra a estratégia do Plano Diretor Estratégico (PDE) paulistano, que prevê maior adensamento nas regiões de eixos de transporte de massa. O Plano Diretor foi revisado em julho.

Essas zonas, oficialmente chamadas de eixos de estruturação urbana, ficam a um raio de 700 metros de estações de metrô e trem e de 400 metros de corredores de ônibus.

Após a sanção, a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) emitiu nota na qual afirma que esse veto trará prejuízo para a habitação de interesse social na cidade, porque, para conseguir um acréscimo de até 50% na área construída, os prédios teriam que dedicar esse aumento à habitação social. Com a exclusão, não há o acréscimo. A entidade havia se posicionado a favor da aprovação integral da revisão.

O prefeito vetou ainda a transferência de competência para decidir sobre o tombamento de imóveis, que iria do Conselho Municipal de Proteção ao Patrimônio Cultural e Ambiental (Conpresp) para o poder legislativo. Excluiu também a possibilidade de instalar empreendimentos de interesse social em zonas de proteção ambiental.

A Abrainc afirma ser preciso estabelecer prazos para a análise dos processos de tombamento, porque as áreas ao redor do imóvel ficam com seu desenvolvimento congelado enquanto isso não é definido.

Também foi vetado um benefício de desconto de até 20% no valor que as construtoras precisam pagar à prefeitura de outorga onerosa (pagamento para se construir acima dos limites do PDE) se fizessem edifícios com características consideradas ecológicas, como jardins verticais, mais árvores, uso de energia solar e pré-tratamento de esgoto.

Junto esse veto, foi excluída uma mudança que permitia construções mais altas em uma quadra se ao menos 40% dos edifícios presentes nela fossem maiores do que o permitido no local, por terem sido construídos sob regras anteriores. A exigência anterior era de 50%, percentual que foi mantido com o veto.

FERROVIÁRIO

A Tribuna - SP   22/01/2024

Diretores da Autoridade Portuária de Santos (APS) e da Associação Gestora da Ferrovia Interna do Porto de Santos (AG-Fips) se reuniram ontem para discutir o cronograma de obras previstas no contrato de cessão da Ferrovia Interna do Porto de Santos (Fips). Entre elas está a pera ferroviária, com início previsto para o final deste mês e conclusão em 2026.

O presidente da APS, Anderson Pomini, recebeu ontem à tarde o presidente da AG-Fips, João Almeida, na sede administrativa da estatal responsável pela gestão do Porto de Santos. Almeida apresentou “o status do planejamento das obras”, de acordo com a Autoridade Portuária, mas o “cronograma segue em estudo”.

Segundo a APS, as obras da pera ferroviária contemplam duas etapas. A primeira começou em 20 de dezembro, com o reforço do terceiro pontilhão do Rio dos Soldados, o Canal do Mercado. Para a intervenção, foi necessário interditar a travessia das catraias Santos-Vicente de Carvalho, entre a Bacia do Mercado e o estuário de Santos, de 20 a 26 de dezembro e de 9 a 15 de janeiro. Com isso, o local de embarque e desembarque de passageiros foi transferido para o cais do Armazém 15, na Margem Direita do Porto de Santos.

A pera ferroviária consiste em um pátio circular que possibilitará o transbordo da carga sem a necessidade de desmembramento do trem, que será construído a partir do final do mês. De acordo com Pomini, a estrutura ampliará a capacidade de movimentação de grãos na Margem Direita em 20 milhões de toneladas ao ano. A pera será construída em uma área de 102 mil metros quadrados, atualmente ocupada pela Marimex, que será transferida para o Teval.

Em dezembro, a Ag-Fips deu início às primeiras obras estruturantes previstas no contrato firmado com o Governo Federal para operação ferroviária, segundo adiantou A Tribuna, que são as três linhas férreas do Pátio do Macuco.

Na época, o presidente da Ag-Fips explicou que “as linhas do Pátio do Macuco atenderão o cluster de celulose, na Margem Direita, e o Pátio de Conceiçãozinha, que atenderá terminais da Margem Esquerda do Porto”.

Conforme o contrato, a empresa deverá investir em torno de R$ 1 bilhão em cinco anos em obras estruturantes a fim de ampliar a capacidade de movimentação de carga das atuais 51 milhões de toneladas para 115 milhões.

O projeto engloba 13 obras, entre as intervenções previstas estão o pátio ferroviário entre Canal 4 e Ponta da Praia com três vias férreas para atendimento aos terminais de celulose, viadutos para eliminação de passagens em nível, passarelas de pedestres e a pera ferroviária.

Cessão
A AG-Fips é uma sociedade de propósito específico formada pelas empresas Rumo, MRS e VLI.O contrato de cessão foi firmado em 16 de dezembro de 2022 com o então Ministério da Infraestrutura pelo prazo de 35 anos, prorrogáveis por igual período, para gestão, operação, manutenção e expansão da ferrovia interna do Porto santista.

As operações iniciaram em 1º de outubro de 2023, quando a primeira locomotiva da Fips entrou em operação, um dia após a assinatura do distrato entre a Portofer e a APS.

NAVAL

A Tribuna - SP   22/01/2024

O Ministério de Portos e Aeroportos destinará R$ 200 milhões para a dragagem de aprofundamento do canal do Complexo Industrial Portuário Governador Eraldo Gueiros, o Porto de Suape, em Pernambuco. A profundidade será ampliada de 14 para 16 metros. O anúncio foi feito pelo ministro da pasta, Silvio Costa Filho, quinta-feira (18), durante sua visita à refinaria Abreu e Lima, acompanhando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

De acordo com o Mpor, a dragagem beneficiará o novo terminal de contêineres, estimulando ainda mais investimentos privados, atingindo a profundidade de até 20 metros nas áreas do terminal de minérios, que demandam navios maiores. O porto terá também a requalificação do mole 4, que terá investimento de R$ 164 milhões.

“Os investimentos do Governo Federal, sob a liderança do presidente Lula, vão fazer com que os sonhos dos pernambucanos voltem a estar na ordem do dia. Os projetos vão resgatar a vida e a esperança do povo nordestino de dias melhores”, lembrou o ministro Costa Filho.

Refinaria Abreu e Lima
Para a refinaria Abreu e Lima, o presidente Lula anunciou um pacote de R$ 8 bilhões em investimentos. A refinaria fica no Complexo Industrial Portuário Governador Eraldo Gueiros, o Porto de Suape. Os recursos serão injetados na expansão do Trem 2, também conhecido como Rnest, com o objetivo de ampliar a produção de granel líquido para reduzir a importação brasileira de diesel. Os recursos virão do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Globo Online - RJ   22/01/2024

A cada 12 meses, cerca de 500 a 700 navios de grande porte atingem o limite de sua vida útil e precisam ser descomissionados em todo o mundo, segundo a Organização Internacional do Trabalho. Desse total, menos de 10% recebem o tratamento correto: são milhões de toneladas de sucata marítima contaminada com substâncias tóxicas que têm como destino principal a costa sul da Ásia. É nas “praias de encalhe” de Bangladesh, Índia e Paquistão, longe de qualquer infraestrutura adequada e de fiscalização, que milhares de trabalhadores não qualificados, incluindo crianças, realizam o desmanche das embarcações — considerado um dos trabalhos mais perigosos pela OIT. De acordo com a ONG Shipbreaking Platform, que reúne 17 organizações de 10 países, ao menos 447 pessoas morreram em instalações desse tipo na região desde 2009.

DESMANCHE DE EMBARCAÇÕES

Ao menos 443 navios comerciais foram vendidos para estaleiros de desmanche em 2022. Embarcações desse tipo são construídas para operar durante 20 a 25 anos, em média. Depois desse período, elas precisam ser descartadas, o que, geralmente, é visto por seus proprietários como uma fonte de renda, já que é possível vender a estrutura obsoleta para uma empresa de desmanche — uma espécie de “ferro velho marítimo”. O problema é que o valor da sucata não é determinado apenas pela quantidade de aço presente no casco, mas também pela porcentagem de resíduos tóxicos que ele contém.

Substâncias como amianto, mercúrio, metais pesados, óleo e tintas aumentam os custos da reciclagem, o que reduz consideravelmente os preços de venda e, em casos específicos, podem até gerar despesas em vez de lucro para o proprietário, explica Nicola Mulinaris, consultor sênior de comunicação e política da Shipbreaking Platform. Assim, a maior parte dos operadores opta pela utilização de intermediários nas transações, contornando leis internacionais e de seus próprios países para garantir um faturamento maior.

— Apenas 5% a 10% das embarcações em final de vida útil são destinadas à reciclagem limpa e segura em estaleiros certificados na Europa, Turquia e Estados Unidos — afirma Mulinaris.

Conhecidos como “cash buyers”, os intermediários são entidades registradas em paraísos fiscais ou Estados onde as regras de controle marítimo e ambiental costumam ser desrespeitadas. Quatro marcas controlam 80% do mercado, que se utiliza de empresas de fachada em países como as Ilhas Virgens Britânicas, no Caribe, e Comores, na África, para ocultar a propriedade dos navios, fugindo assim da responsabilização legal .

DINHEIRO SUJO

Proprietários de navios da Ásia e da Europa estão no topo da lista dos maiores exportadores de barcos para desmonte irregular no sul asiático. Em 2022, a Índia desmanchou 127 embarcações em estaleiros de Alang, na costa oeste; e as empresas de desmonte de Chittagong, na costa sudeste de Bangladesh, e as de Gadani, no litoral sul do Paquistão, reciclaram, respectivamente 122 e 43 unidades.

Enquanto uma empresa de reciclagem certificada paga em média US$ 100 por tonelada de aço dos navios descomissionados, os “compradores à vista” chegam a oferecer US$ 500 pela mesma quantidade. Isso só é possível porque, ao reduzir os custos com segurança, mão de obra e proteções ambientais, muitos estaleiros do sul da Ásia se oferecem para comprar embarcações obsoletas por mais que o dobro do preço de seus concorrentes, diz Julia Bleckner, pesquisadora sênior da Human Rights Watch.

— Mas esse lucro vem acompanhado de um grande custo humanitário e ambiental para a região — alerta.

O desmanche de navios é um setor extremamente lucrativo para Bangladesh, contribuindo com cerca de US$ 2 bilhões para a sua economia. Mas o país não tem nenhuma instalação de processamento de resíduos tóxicos. Também não há nenhum tipo de segurança: homens adultos e menores de idade escalam as embarcações sem cintos de proteção e utilizam suas próprias meias como luvas para proteger as mãos ao manusear objetos quentes ou cortantes, relata Bleckner. Nos pés, calçam chinelos de dedo. Além disso, muitas vezes, os navios atracam sem passar por uma inspeção adequada, e restos de combustível armazenados em seu interior acabam causando explosões durante o desmanche, afirma a especialista.

Em 2022, ao menos 10 trabalhadores perderam a vida e 33 ficaram feridos ao desmontar embarcações na praia de Chattogram, em Bangladesh, segundo a ShipBreaking Platform. Fontes locais também registraram três mortes em Alang, na Índia, e três feridos em Gadani, no Paquistão. Alguns desses acidentes ocorreram a bordo de embarcações pertencentes a empresas de navegação conhecidas, como Berge Bulk, Sinokor e Winson Oil.

Além de causar um enorme impacto na saúde dos trabalhadores, o desmanche de navios é considerado um setor altamente poluente. Grandes quantidades de carcinógenos e substâncias tóxicas como mercúrio, chumbo e ácido sulfúrico intoxicam os trabalhadores do setor e também atingem comunidades vizinhas, devido à contaminação do solo e das águas costeiras, já que maioria dos estaleiros não tem sistemas ou instalações de gerenciamento de resíduos para evitar a poluição, afirmam especialistas.

DE QUEM É A CULPA?

De acordo com a OIT, um navio de tamanho médio contém até 7 toneladas de amianto, que geralmente é vendido em comunidades locais após o desmanche. Amplamente utilizado como isolante térmico ao longo de décadas, o material hoje é banido em mais de 60 países, incluindo o Brasil, já que a inalação prolongada de suas fibras pode provocar doenças graves como o câncer de pulmão, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

— Os navios que estão sendo descomissionados hoje foram construídos anos atrás, quando não havia ainda uma preocupação ambiental com a destinação de sua estrutura — explica o oceanógrafo David Zee, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. — Eles sequer foram pensados para ser desmontados.

O Brasil teve seu próprio escândalo de descomissionamento há cerca de um ano. Em fevereiro de 2023, a Marinha optou por afundar o porta-aviões São Paulo após meses de impasse. A embarcação havia sido enviada para desmonte na Turquia, mas o estaleiro responsável se recusou a recebê-la depois de serem detectadas 10 toneladas de amianto e outros materiais tóxicos em seu casco. Proibido de entrar no Brasil e no exterior, o navio foi afundado a 350 km da costa de Pernambuco, uma decisão amplamente criticada por ambientalistas. Na ocasião, a Marinha disse em nota que o procedimento “foi conduzido com as necessárias competências técnicas e segurança”.

A Organização Marítima Internacional (IMO) é a entidade das Nações Unidas responsável pela regulamentação e aplicação dos padrões internacionais de transporte marítimo, incluindo proteções ambientais e trabalhistas. Críticos, porém, acusam o órgão de ser controlado por empresários do setor, que limitam sua capacidade de atuar como um regulador eficaz, já que os países com mais bandeiras registradas (incluindo as de conveniência) têm mais peso nas votações. Procurada pelo GLOBO, a OMI respondeu que “quaisquer penalidades relacionadas a instrumentos de tratados internacionais estão sujeitas às leis nacionais”.

PETROLÍFERO

Investing - SP   22/01/2024

Os preços do petróleo fecharam em leve queda nesta sexta-feira, mas registraram ganhos semanais, à medida que as tensões no Oriente Médio e as interrupções na produção de petróleo compensaram as preocupações com as economias chinesa e global.

O petróleo Brent fechou em queda de 0,54 dólar, a 78,56 dólares o barril. O petróleo West Texas Intermediate dos Estados Unidos caiu 0,67 dólar a 73,41 dólares.

Na semana, o Brent ganhou cerca de 0,5%, enquanto o contrato de referência dos EUA subiu mais de 1%.

Na China, o crescimento econômico mais lento do que o esperado no quarto trimestre levantou dúvidas sobre as previsões de que a demanda naquele país impulsionará o crescimento global do petróleo em 2024.

"O mercado acionário chinês caiu esta semana para perto do menor nível em cinco anos", disse Bob Yawger, diretor de futuros de energia do Mizuho (NYSE:MFG) Bank. A indicação de uma demanda mais fraca fez com que os preços do petróleo caíssem nesta sexta-feira.

Entretanto, no Oriente Médio, os riscos geopolíticos apoiaram os preços durante a semana.

Na sexta-feira, as tensões aumentaram em Gaza à medida que as forças israelitas avançavam para Sul contra os militantes do Hamas, enquanto no início da semana os EUA lançaram novos ataques contra mísseis anti-navio houthi apontados ao Mar Vermelho.

Embora o conflito no Oriente Médio não tenha paralisado qualquer produção de petróleo, as interrupções na oferta continuaram na Líbia.

Valor - SP   22/01/2024

De acordo com a companhia, o campo de São João possui reservas de petróleo provadas e prováveis, classificadas pelo código "2P", estimadas em 1,9 milhão de barris, com avaliação de US$ 73,5 milhões

A petroleira independente Petro-Victory anunciou a mobilização de uma sonda de recuperação de óleo (workover) para o campo terrestre de São João, localizado na Bacia de Barreirinhas (MA), a fim de aumentar a produção de petróleo.

O campo de São João passou a operar integralmente a partir de 2022. A Petro-Victory possui 100% de participação no campo.

Segundo a empresa, o equipamento, que pertence à Braserv Petróleo, deve chegar no local até o dia 25 de janeiro.

A programação da empresa visa aumentar a produção de petróleo com a inclusão de 14 zonas adicionais em três poços produtores.

De acordo com a companhia, o campo de São João possui reservas de petróleo provadas e prováveis, classificadas pelo código "2P", estimadas em 1,9 milhão de barris, com avaliação de US$ 73,5 milhões.

A americana possui 41 concessões de petróleo em campos maduros em terra (onshore) localizados nas bacias no Rio Grande do Norte e no Maranhão.

Petro Notícias - SP   22/01/2024

Depois de mais de um mês ouvindo os principais executivos dos setores de óleo, gás, energia e logística, o Petronotícias encerra hoje (19) o seu projeto especial Perspectivas 2024. Ao longo das últimas sete semanas, diversos representantes do empresário brasileiro compartilharam com nossos leitores as projeções para este ano que acabou de começar (você pode ler todas as reportagens clicando neste link). No geral, as expectativas para 2024 são positivas, mas é evidente que o Brasil ainda precisa avançar muito em diversos pontos para tornar o ambiente de negócios mais atrativo.

Para encerrar essa série especial, nosso último entrevistado será o presidente da Transpetro, Sérgio Bacci. Ele chegou ao comando da companhia em 2023 e foi muito celebrado pelo mercado – especialmente pela indústria naval. No cargo há cerca de oito meses, Bacci afirma que a Transpetro quer retomar a sua vocação natural – a de protagonista como operadora logística. No ano passado, a companhia assinou mais de R$ 500 milhões em contratos de novos negócios e ampliou sua carteira de clientes. Para 2024, o presidente da empresa prevê um ambiente econômico mlehor. Já na área logística, Bacci também está otimista, por conta da demanda que virá a partir de novos investimentos da Petrobrás. O Petronotícias agradece aos seus leitores que acompanharam a série Perspectivas 2024 até aqui, bem como aos patrocinadores Rosatom e Nuclep que apoiaram este projeto. Desde já, deixamos o convite para todos para o Projeto Perspectivas 2025. Vejamos agora as opiniões e projeções de Sérgio Bacci:

Como foi o ano de 2023 para sua empresa, no seu segmento de negócios?

A Transpetro retomou o protagonismo como maior operadora logística de petróleo, derivados e biocombustíveis da América Latina. E tem agora um direcionamento estratégico voltado para o crescimento e a retomada dos investimentos. Apenas em 2023, a Transpetro fechou mais de R$ 500 milhões em contratos de novos negócios, e passamos a atender mais de 180 clientes.

Quais sugestões gostaria de passar para o mercado, com o objetivo de melhorar as condições de negócios no Brasil?

O governo Lula tem avançado em várias frentes para tornar o ambiente de negócios mais atraente no país, como a aprovação da Reforma Tributária e a redução de aspectos artificiais da política econômica herdada do governo passado, e está desenvolvendo uma nova política industrial.

A retomada do diálogo com o setor produtivo também é um traço importante do novo governo e que deve ser aprofundado neste ano.

Quais são as suas perspectivas de negócios, dentro do seu setor, para este novo ano que está começando, e quais as perspectivas da nossa economia para 2024?

Tenho uma expectativa positiva para a economia em 2024, considerando que o desemprego vem caindo e os juros também estão voltando para padrões que incentivam os investimentos, e, com a inflação sob controle, podemos esperar uma retomada do crescimento econômico.

Para o setor logístico na cadeia de óleo e gás, a perspectiva também é positiva, com a Petrobras retomando o protagonismo na produção e exploração no país. Isso gera demanda e investimentos.

O Estado de S.Paulo - SP   22/01/2024

O Brasil pode colher um valor recorde com a exportação de petróleo bruto neste ano. Em um cenário de produção crescente, a expectativa é a de que o produto seguirá ainda mais relevante na balança comercial brasileira nos próximos anos, o que deve contribuir - e muito - para os números do setor externo do País.

A Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) projeta que, em 2024, as vendas do petróleo podem somar US$ 43,575 bilhões. Até então, o melhor desempenho obtido com a exportação de petróleo foi observado em 2022, quando o País vendeu US$ 42,553 bilhões. Em 2023, o resultado foi muito parecido: US$ 42,539 bilhões.

“A exportação de petróleo está crescendo em termos de quantidade. Há um aumento todo ano”, afirma José Augusto de Castro, presidente executivo da AEB. Nas projeções da associação, a exportação do produto atingirá 83 milhões de toneladas, acima das 81 milhões de toneladas apuradas em 2023.

As previsões da AEB foram feitas no fim do ano passado e, claro, podem ser alteradas ao longo de 2024. O preço do petróleo pode ser impactado, por exemplo, por alguma questão geopolítica que hoje nem sequer está no radar dos analistas e pelo desempenho da economia global.

O preço do barril de petróleo tipo Brent chegou a ser cotado por volta de US$ 95 logo após o início da guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas, no início de outubro. Mas recuou desde então: na sexta-feira, 19, o barril fechou cotado a US$ 78,73.

Nos últimos anos, a exportação de petróleo assumiu um papel relevante na balança comercial, rivalizando com a soja e o minério de ferro, dois dos principais itens da pauta brasileira. A expectativa é que esse protagonismo do petróleo se consolide nos próximos anos, diante da perspectiva de forte aumento da produção até 2030, quando a extração do pré-sal deve começar a perder força.

“Daqui até lá, o Brasil terá uma curva ascendente de produção de petróleo, o que significa que o petróleo vai ser sempre o item mais importante ou o segundo mais importante da balança comercial”, afirma Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE).

Os especialistas explicam que, como o Brasil tem uma produção em alta e uma capacidade de refino limitada, o excedente produzido acaba sendo exportado. “Nos últimos anos, falamos de uma taxa de 50% do que é produzido que acaba sendo escoado para o exterior”, diz Jankiel Santos, economista do banco Santander.

O desempenho da exportação de petróleo deve ajudar a mitigar a queda que pode ser observada com a venda de soja para o exterior, destaca o economista do Santander. A projeção do banco é de um saldo comercial de US$ 85 bilhões este ano, ainda alto para o padrão histórico do País, mas abaixo dos quase US$ 100 bilhões apurados em 2023.

“A exportação de petróleo vai contribuir para que tenhamos um montante de exportações importante. É um dos fatores que devem dar sustentação para um saldo comercial na casa dos US$ 85 bilhões”, afirma Santos. “No caso do petróleo, devemos observar um cenário de estabilidade ou de leve crescimento em 2024.”
Aumento de produção

Hoje, o Brasil produz cerca de 3,5 milhões de barris de petróleo por dia. Até o fim da década, esse número deve estar no patamar de 5 milhões de barris por dia. “Nos próximos anos, o Brasil tende a ser um dos cinco, seis maiores produtores de petróleo do mundo”, afirma Pires.

Em 2022, no último dado disponível consolidado, o Brasil estava na nona colocação entre os principais produtores, com pouco mais de 3,1 milhões.

No ano passado, a economia brasileira ganhou um reforço importante na sua capacidade de produção. Quatro plataformas entraram em operação. Em 2024, mais uma deve começar a funcionar, de acordo com um acompanhamento da consultoria Tendências. Juntas, têm capacidade para 660 mil barris por dia.

“Neste ano deve haver um aumento de produção em cima de um crescimento bastante forte no ano passado, que foi de 10%. A demanda doméstica não vai aumentar muito mais e você tem um excedente que vai ser exportado”, diz Walter De Vitto, analista da Tendências.

Em 2025, a expectativa é a de que mais cinco plataformas entrem em operação, aumentando a capacidade de produção em mais 905 mil barris por dia.

“Tem uma certa limitação no refino e um cenário econômico (interno) nada muito brilhante. Esses dois fatores tendem a gerar um excedente e uma balança mais superavitária”, afirma De Vitto.
Debate ambiental

A escalada de produção de petróleo prevista para durar até 2030 abriu uma discussão sobre o que vem depois, num momento em que o mundo discute a transição energética, para fontes mais limpas de energia.

Nesse debate, que divide até integrantes do governo Lula, a principal aposta é de que o novo foco de exploração se dê na Margem Equatorial, que fica entre o Amapá e o Rio Grande do Norte, e é formada por cinco bacias — Foz do Amazonas, Potiguar, Pará-Maranhão, Barreirinhas e Ceará.

“No passado, a principal bacia produtora era Campos e, agora, é Santos. A próxima fronteira deveria ser a Margem Equatorial para o País não perder protagonismo”, afirma Pires.

Em dezembro, a Petrobras informou que iniciou a perfuração do poço de Pitu Oeste, no Rio Grande do Norte. O grande debate no governo é sobre a perfuração da Bacia da Foz do Amazonas. Ela segue vetada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e a estatal recorre para reverter a decisão.

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, tem sido um dos grandes defensores da exploração de novas fronteiras, incluindo a Margem Equatorial. Como um contraponto ao governo, em entrevista ao Financial Times, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, disse que deveria haver limites à exploração de petróleo. “É um debate que não é fácil, mas que os países produtores de petróleo terão de enfrentar”, disse.

“O País tem reservas importantes e estamos num processo de implementação de novas plantas para fazer a extração. Por mais que se fale na transição energética, é um processo a longo prazo”, afirma o economista do Santander. “Não resta dúvida de que vamos nessa direção (da transição energética), mas, por ora, não vejo a perda do protagonismo do petróleo nos próximos dez anos.”

Valor - SP   22/01/2024

Alta de produção pode propiciar contribuições cada vez maiores da commodity às exportações brasileiras até o fim desta década

Livio Ribeiro: “Não se pode esquecer que a Petrobras trabalhou a maior parte de 2023 com preço abaixo do internacional” — Foto: Leo Pinheiro/Valor

O superávit da balança comercial de petróleo e derivados atingiu recorde de US$ 25 bilhões em 2023, valor 20% maior que o do ano anterior e equivalente a um quarto do saldo de US$ 99 bilhões da balança total brasileira do ano passado. Puxado pelos campos do pré-sal, o aumento da produção de petróleo deve propiciar contribuições cada vez mais importantes para as exportações brasileiras até o fim desta década, mesmo com projeções mais conservadoras do que as dos órgãos oficiais, indicam economistas.

O superávit somente nesses produtos pode avançar para US$ 31 bilhões neste ano e chegar a US$ 50 bilhões em 2029. Os cálculos são do BTG Pactual e consideram que a produção de petróleo chegue à média de 3,75 milhões de barris ao dia em 2024, com alta gradativa para 4,54 milhões de barris diários daqui a cinco anos. Entre outras premissas, o cálculo considerou preço médio do petróleo de US$ 80 o barril em 2024, US$ 75 em 2025 e US$ 70 a partir de 2026. Os dados de comércio baseiam-se nas divulgações da Secretaria de Comércio Exterior (Secex/Mdic).

O banco espera que o crescimento do superávit no decorrer dos próximos anos resulte muito mais do aumento das exportações do que do nível de importações na balança de petróleo e derivados. O cenário traçado por Iana Ferrão e Pedro Oliveira, economistas do banco, mostra que a exportação desse grupo deve subir dos US$ 54 bilhões em 2023 para US$ 61 bilhões neste ano e chegar a US$ 84 bilhões em 2029. As compras externas da commodity e derivados devem subir de US$ 29 bilhões para US$ 30 bilhões de 2023 para este ano e alcançar US$ 34 bilhões daqui a cinco anos.

Para as projeções, destaca Ferrão, o banco considerou um aumento de produção de petróleo “bem mais modesto” que o estimado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), empresa pública federal ligada ao Ministério das Minas e Energia. Se os cálculos considerassem as projeções de produção da EPE, o superávit estimado da balança de petróleo e derivados chegaria a US$ 33 bilhões em 2024 e atingiria US$ 95 bilhões em 2029. A EPE projeta que daqui a cinco o anos a produção brasileira de petróleo atingirá média de 5,4 milhões de barris ao dia.

“O Brasil ganhou destaque na produção de petróleo no cenário global nos últimos anos e as perspectivas à frente são ainda melhores”, diz Ferrão. Ela ressalta que entre 2016 a 2022 a produção de petróleo acumulou crescimento de 20%. No ano passado, diz, o aumento deve ter alcançado cerca de 13%. Para 2024, a estimativa do banco é de alta de 10% Somente no biênio 2023-2024, diz ela, a produção de petróleo subirá mais do que no acumulado dos sete anos anteriores. “Em novembro [último dado disponível], a produção de petróleo brasileira foi de 3,7 milhões de barris por dia. Se esse nível de produção for mantido até o fim de 2024, já se garante para este ano um crescimento de 8%.”

Tomando como base as projeções da EPE, diz Ferrão, a produção de petróleo poderá crescer 8,3% na média anual entre 2023 e 2029. Pelas projeções do banco o aumento médio no período poderá alcançar 6%, compara. Ainda que menor que a estimada com base nos dados da EPE, a taxa é praticamente o dobro da obtida nos sete anos anteriores, quando o crescimento médio anual foi de 3,2%, compara.

Iana Ferrão: “No primeiro trimestre podemos ter uma surpresa positiva na balança total vinda do minério de ferro” — Foto: Divulgação

As estimativas do BTG estão um pouco acima das projeções da Agência Internacional de Energia (AIE), explica a economista. O órgão tem estimativa para a produção brasileira de petróleo até 2028, ano para o qual projeta média de 4,1 milhões de barris/dia. Ferrão lembra, porém, que a AIE estima média de 3,5 milhões de barris/dia para 2024, marca que já foi ultrapassada no fim de 2023.

Influenciada pelo setor de petróleo, a balança comercial, estima a MCM Consultores, poderá ter “superávits bem acima de US$ 100 bilhões pelos próximos anos e com isso trazer grande estabilidade ao setor externo da economia brasileira”. O estudo da consultoria tem como base projeções da EPE. A consultoria ressalva, porém, que “não é difícil encontrar analistas” que “consideram otimistas as projeções da EPE”. O estudo também considera cenários com “uma margem de frustração dessas projeções”, em que a produção diária alcançaria 4,9 milhões de barris em 2029, por exemplo.

No cenário mais pessimista traçado pela MCM, o país “poderia atravessar esta década com superávit comercial total ainda bastante significativo, em torno de US$ 90 bilhões [anuais] até 2029”. Nesse cenário, a consultoria destaca que o superávit ex-petróleo de US$ 53 bilhões em 2024 se transformaria em déficit de US$ 40 bilhões em 2032. Isso aconteceria devido ao “aumento da demanda doméstica” e consequentemente das importações. Ainda assim, o país teria “robusto excedente na rubrica petróleo”.

Perspectivas para produção brasileira de petróleo são ainda melhores”

— Iana Ferrão

O mercado, diz Ferrão, olha com cautela os dados de petróleo porque no passado já houve projeções de produção superestimadas. A mudança na produção nacional da commodity, com declínio de participação da Petrobras e entrada de empresas privadas, inclusive estrangeiras, pode ajudar a tornar as projeções mais confiáveis, avalia. O levantamento do BTG mostra que em 2013 a Petrobras respondia por 91% da produção nacional de petróleo, fatia que caiu para 63,4% no ano passado.

Até 2014 o Brasil era deficitário na balança comercial de petróleo e derivados, lembra Ferrão. Naquele ano, o saldo dessas trocas foi negativo em US$ 10 bilhões, segundo levantamento do BTG. O país, recorda a economista, passou a integrar o ranking dos dez maiores produtores do mundo em 2015. A expectativa, diz, mesmo considerando as projeções mais conservadoras da AIE, é de que em 2029 o Brasil chegue à sexta colocação.

Caso o superávit comercial de US$ 31 bilhões em petróleo e derivados estimado pelo BTG para 2024 se concretize, o valor será equivalente a um terço do superávit de US$ 90 bilhões projetado pelo banco para a balança total. Ferrão explica que por enquanto a estimativa de superávit para a balança total em 2024 tem viés altista devido a aumento de preço e volume de exportação de minério de ferro nos últimos meses.

O preço do minério de ferro subiu para perto de US$ 140 a tonelada e a estimativa do banco para 2024 é de média de US$ 120. “No primeiro trimestre de 2024 podemos ter uma surpresa positiva na balança vinda do minério de ferro, o que também pode se refletir nas projeções do mercado.”

O que também deve propiciar saldos maiores na balança de petróleo e derivados nos próximos anos são os níveis de importação. No cenário-base do banco, no qual o superávit da balança de petróleo e derivados atinge US$ 50 bilhões em 2029, a importação desse itens deve ficar praticamente estável de 2023 a 2026, em US$ 29 bilhões, com aumento gradativo a partir de 2027, para chegar a US$ 34 bilhões em 2029. Enquanto o crescimento acumulado de exportações estimado entre 2023 e 2029 é de 56%, nas importações o aumento é de 17%, em igual critério.

Ferrão explica que o Brasil exporta principalmente óleo bruto, seguido de óleo combustível, e importa principalmente combustíveis, com destaque para diesel, e óleos brutos de petróleo de melhor qualidade. Ela destaca que a importação de óleos brutos tem diminuído porque o petróleo do pré-sal tem qualidade melhor do que o do pós-sal, permitindo que o Brasil refine mais óleos domésticos do que há alguns anos. “As importações só não caem muito nos próximos anos porque a nossa capacidade de refino ainda não é suficiente para atender a demanda interna e precisamos ainda continuar importando gasolina, diesel e outros derivados.”

“Outro ponto que também não deve deixar aumentar tanto as importações nos próximos anos é a questão do preço, já que no cenário-base consideramos cotação a US$ 70 o barril a partir de 2026”, diz Ferrão. A evolução dos superávits na balança de petróleo e derivados, destaca, dependerá muito das cotações internacionais da commodity. Entre os demais cenários que o BTG traçou, no mais otimista o superávit dessa balança chega a US$ 78 bilhões em 2029, caso os preços do petróleo a partir de 2024 fiquem em US$ 100 o barril, em média. No cenário mais pessimista, com US$ 50 o barril, o superávit daqui a cinco anos pode ser de US$ 32 bilhões.

Para Livio Ribeiro, sócio da BRCG e pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), é muito claro que o petróleo terá maior importância na balança comercial pelo lado das exportações, num movimento que indica mudança estrutural. “O que me preocupa é a importação. Não se pode esquecer que a Petrobras trabalhou a maior parte de 2023 com preço abaixo da cotação internacional de petróleo, o que tirou do mercado parte dos importadores concorrentes. Essa política funciona no curto prazo, mas não pode ser sustentada num médio prazo. E essa política pode mudar, é conjuntural.”

Especialistas lembram ainda que as projeções para o futuro da produção brasileira de petróleo devem considerar o movimento global de transição energética, mas a avaliação tem sido de que a petróleo deve continuar importante na exportação brasileira porque a redução de uso de combustíveis fósseis deve acontecer gradativamente. O crescimento da produção de petróleo tem sido avaliado como oportunidade para o Brasil obter divisas pelo menos até meados da próxima década.

O Estado de S.Paulo - SP   22/01/2024

A Copel caminha para vender sua participação de 51% na distribuidora de gás canalizado Compagás, numa transação que deve acontecer ainda no primeiro trimestre, segundo fontes relataram à Coluna do Broadcast. A perspectiva é que o negócio seja fechado ainda em fevereiro, logo após o Carnaval.

O ativo vale R$ 2,3 bilhões e tem sido monitorado de perto por grupos do Brasil e do exterior, uma vez que o Paraná é considerado um Estado promissor em termos de crescimento e com capacidade para ampliar a rede de gasodutos. Para a venda, a Copel havia contratado em setembro a XP Investimentos.

Contudo, as negociações caminham para que a Commit, do Grupo Cosan, e a japonesa Mitsui Gás exerçam seu direito de preferência para ficar com a empresa. Cada uma delas tem 24,5% da companhia e, de acordo com pessoas próximas às negociações, têm grande interesse em comprar a participação da Copel.

Concessão vai até 2054

Quem levar a Compagás ficará com um contrato de concessão renovado por 30 anos, ou seja, com vigência até 2054, período no qual a empresa deve investir R$ 2,5 bilhões para expandir a rede de gás canalizado para as 10 grandes regiões do Estado. Atualmente a empresa atua em apenas três: região metropolitana de Curitiba, e regiões de Ponta Grossa e de Londrina, onde atende 53 mil clientes.

Diante desse cenário, o Grupo Infra, que era um dos potenciais compradores não deve oferecer proposta pela distribuidora de gás paranaense. De acordo com fontes do mercado, a empresa está focada na possibilidade de adquirir parte dos ativos que eram da Gaspetro e que a Compass precisará vender para cumprir com acordo feito com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). A Coluna apurou que a empresa aguarda por uma definição dessa questão até a próxima quarta-feira, 24.

A empresa tem um acordo assinado com a Compass para comprar as empresas e aguardava apenas a cisão dos ativos para avançar com a aquisição. A operação foi realizada no final do ano, com a criação da Norgás, e agora há uma indefinição sobre o exercício de preferência nas distribuidoras, que têm os governos estaduais e os japoneses da Mitsui como sócios.

Procurada, a Copel reafirmou a posição de comunicado divulgado ao mercado sobre o tema, em que indicou a intenção de vender a empresa. O grupo, porém, não deu mais detalhes sobre o negócio. Grupo Infra e Compass não quiseram comentar. Mitsui não foi encontrada para comentar.

Globo Online - RJ   22/01/2024

A ANP projeta que este ano estão previstos investimentos da ordem de US$ 1,96 bilhão em petróleo e gás natural. A estimativa refere-se somente à etapa inicial dos contratos, ou seja, a fase de exploração.  Destes, cerca de 95% dos investimentos previstos para 2024 estão concentrados nas bacias marítimas. Para as da Margem Equatorial (bacias marítimas da Foz do Amazonas, Pará-Maranhão, Barreirinhas, Ceará e Potiguar) a previsão é de cerca de US$ 1,09 bilhão.

Para as bacias da Margem Leste (bacias marítimas de Pernambuco-Paraíba, Sergipe-Alagoas, Jacuípe, Camamu-Almada, Jequitinhonha, Cumuruxatiba, Mucuri, Espírito Santo, Campos, Santos, Pelotas), o total pode chegar a US$ 772 milhões.

Já as bacias terrestres contam com um montante de investimentos previstos para 2024 de US$ 100 milhões, distribuídos entre as bacias de nova fronteira (Amazonas, Paraná, Parnaíba, São Francisco, Solimões e Tucano Sul), com US$ 61 milhões de investimentos previstos, e as maduras (bacias terrestres Potiguar, Sergipe, Alagoas, Recôncavo, Espírito Santo), com um montante de US$ 39 milhões.

As projeções animam as empresas de toda a cadeia. Flavio Ribeiro, CEO da Bunker One Brasil, multinacional dinamarquesa de fornecimento de combustíveis marítimos, revela que há uma expectativa muito grande de que a Petrobras venha forte em investimentos para desenvolver a Margem Equatorial, principalmente nas bacias do Pará-Maranhão e de Barreirinhas, que têm um alto potencial de exploração e produção de petróleo e gás natural.

- Já acreditando nesse potencial, posicionamos uma embarcação para fazer fornecimento de combustível marítimo (bunker) na área do Porto do Itaqui, na Baía de São Marcos (MA), e apostamos que essa área tem todas as características necessárias para ser a base do mercado offshore que vai se estabelecer na região.

Segundo a ANP, a perfuração de poços é a atividade que mais impactará os investimentos previstos para o ano de 2024, com US$ 1,71 bilhão projetados para a perfuração de 39 poços exploratórios. Isso representa 87% dos investimentos estimados para este ano.

Para o Rio de Janeiro, maior produtor do país, segundo a Firjan, estão previstas que duas novas plataformas entrem em operação este ano. Em 2023, quatro plataformas entraram em operação e a produção até novembro fechou em 3,3 milhões de barris de petróleo por dia, valor 12% maior que a média do ano de 2022.

-A retomada do setor de petróleo e gás no estado do Rio de Janeiro é evidente. Já no último ano, principalmente a partir do terceiro trimestre, sentimos a recuperação, com mais projetos para as bacias de Campos e de Santos e também com novos projetos, para outras regiões do país, que também impactam a economia do estado, já que a maior parte das empresas de petróleo e gás tem sede no estado. Para este ano e os próximos, a expectativa é muito positiva, com mais investimentos, parcerias e projetos sendo alavancados. O reaquecimento do mercado de óleo e gás não é só fundamental para o estado. É essencial para a economia de todo o país - diz Ribeiro.

No próximo dia 30 , a Firjan apresenta a 6ª Edição do Perspectivas do Gás no Rio. Segundo os dados da federação, a produção bruta de gás no Brasil atinge recorde ultrapassando 145 MMm³/dia entre janeiro e outubro de 2023, um crescimento de 5% frente a média de 2022 , que foi de 138MMm³/dia). O Rio reforçou sua liderança na produção de gás atingindo a marca recorde de 72% de toda a produção bruta do país e, também, recorde com 51% da produção disponível.

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