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20 de Maio de 2024

SIDERURGIA

Monitor Digital - RJ   20/05/2024

As exportações de sucatas ferrosas, insumo usado na composição do aço, voltaram a cair em abril, diante de um cenário internacional desfavorável e ligeira melhora no mercado interno. As vendas externas somaram 34.561 toneladas no mês passado, retração de 58% em relação às 82.443 toneladas de abril de 2023.

Entre janeiro e abril, as exportações também caíram pela primeira vez no comparativo anual, 11,3%, para 222.824 toneladas, ante 251.103 toneladas em igual período de 2023. Os dados foram divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex), ligada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). Em março deste ano, as vendas ao exterior já haviam se retraído 50,5% comparadas ao mês de fevereiro.

“Embora as dificuldades no mercado interno continuem, notamos pequena melhora desde março. Já o cenário internacional está desfavorável, com os fretes marítimos em alta em função de conflitos no Mar Vermelho e menor demanda de países como a Índia, um dos potenciais consumidores de sucata brasileira”, afirma Clineu Alvarenga, presidente do Instituto Nacional da Reciclagem (Inesfa).

Segundo ele, ainda há um cenário de incerteza no Brasil, mas a recuperação na construção civil e na venda de automóveis, com a baixa nos juros, podem impulsionar a demanda por aço e consequentemente por sucatas metálicas.

Uma das maiores preocupações do setor é a questão tributária. A reforma, conforme Alvarenga, castigous a reciclagem no Brasil.

“Caso não haja mudanças no texto, a PEC/45-2019, aprovada no Congresso, deverá onerar o setor em cerca de 27,5% de imposto. Atualmente, a reciclagem é isenta do PIS e Cofins na venda à indústria de transformação (situação ainda em análise pelo STF) e tem o diferimento do ICMS nas operações dentro do Estado”, afirma.

Apesar da pequena evolução na demanda por sucatas ferrosas no mercado interno, há enorme dificuldade com os outros insumos reciclados, como papel e plásticos. As indústrias de embalagens estão preferindo usar celulose na produção ao invés de papéis recicláveis, enquanto as recicladoras de plásticos sofrem com a ociosidade.

“Há falta de estímulo do governo ao consumo de materiais reciclados, que estão com os preços em queda, afetando diretamente a parte mais vulnerável da economia circular, os catadores”, afirma.

Segundo Aline Souza, representante do Movimento Nacional dos Catadores, que fez a entrega da faixa presidencial no ano passado, “a atenção e recomendações de incentivos que o presidente Lula passou ao Ministério do Meio Ambiente deveria também ser adotada pelo Ministério da Fazenda, que precisa desonerar a cadeia produtiva dos recicladores, chegando na ponta, ou seja, aos catadores”.

No Brasil, a reciclagem mecânica de plástico pós-consumo alcançou a marca de 25,6% em 2022, representando o maior crescimento desde 2018, conforme revelado pelo Índice de Reciclagem Mecânica de Plásticos Pós-consumo no Brasil, divulgado pelo PICPlast (Plano de Incentivo à Cadeia do Plástico), uma iniciativa promovida pela Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast).

O presidente da Aliança Internacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (IAWP) e secretário de Articulação Internacional da UniCatadores, Severino Lima Júnior, destaca a importância das atividades dos catadores. “Se não fossem esses profissionais, os oceanos já estariam todos poluídos e os aterros, saturados. Os catadores são protagonistas e conhecem suas responsabilidades. A preocupação com a reciclagem do plástico é grande e nas reuniões do Tratado Contra a Poluição do Plástico, discutimos muito sobre a reciclabilidade e a importância desses materiais retornarem ao ciclo de vida normal, promovendo assim a economia circular”.

No entanto, Severino expressa preocupação com a disseminação de informações de ONGs que sugerem que a reciclagem não passa de uma solução falsa. “Estas afirmações desconsideram, desvalorizam e subestimam o trabalho árduo dos mais de 40 milhões de catadores ao redor do mundo. É lamentável ver uma discussão que só serve para estragar a histórica contribuição da nossa categoria para a economia circular de resíduos, especialmente no que diz respeito aos plásticos”, ressalta.

O representante dos catadores também critica matérias e pesquisas publicadas recentemente que não representam adequadamente a realidade da reciclagem. “De fato, nunca vi uma pesquisa que coletasse informações de catadores de rua ou dos lixões. Querem estabelecer pesquisas que não refletem a realidade do Brasil, nem da América Latina e continentes como África e Ásia-Pacífico. No Brasil, o mercado de sucata de plásticos é extremamente desafiador. Como catador de base, questiono qualquer dado ou pesquisa mercadológica gerada em outros países que não leve em conta a contribuição dos catadores de recicláveis e as particularidades geográficas que influenciam suas atividades”.

De acordo com Lucas Silva, responsável pelas relações institucionais da Cooperativa de Profissionais da Área de Reciclagem do Brasil (Cooperlínia), os catadores, tanto individualmente quanto por meio de cooperativas, são responsáveis por cerca de 90% de todo o material reciclável coletado no Brasil, conforme dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

“Este número por si só ressalta a importância crucial dos catadores no sistema de reciclagem nacional. É por meio do trabalho dos catadores que esse volume é alcançado. Eles são a linha de frente na coleta e separação de materiais recicláveis, especialmente plásticos, garantindo que esses itens sejam encaminhados para os processos corretos de reciclagem, contribuindo significativamente para a sustentabilidade ambiental”.

Lucas ressalta ainda que o plástico representa cerca de 20% do volume físico destinado para a reciclagem, mas contribui com aproximadamente 60% a 70% da rentabilidade financeira. “Isso evidencia o alto potencial de rentabilidade do plástico para as cooperativas. Se houver uma homogeneização dos tipos de plásticos recicláveis, poderemos aumentar a quantidade de material destinado à reciclagem, melhorando os resultados financeiros das cooperativas e, por consequência, criando mais empregos e gerando renda para milhares de famílias, fortalecendo a economia circular e promovendo a sustentabilidade econômica e ambiental em nosso país”, conclui.

Em 2022, foram gerados 14,7 mil empregos pela indústria recicladora com mais de 1,3 mil empresas. A indústria de reciclagem do plástico obteve mais de R$ 4,7 bilhões de faturamento, de acordo com a Pesquisa de Reciclagem PICPlast/MaxiQuim.

Segundo o Atlas Brasileiro de Reciclagem 2022, publicado pela Associação Nacional dos Catadores e Catadoras de Materiais Recicláveis, apenas 23% dos municípios brasileiros têm algum tipo de programa de coleta seletiva de resíduos, um índice significativamente baixo considerando a obrigatoriedade estabelecida pela Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), promulgada há mais de uma década.

Conforme indicado pelos dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS, 2021), os maiores percentuais de municípios com programas de coleta seletiva implementados estão nas regiões Sul e Sudeste, as mais desenvolvidas economicamente.

ECONOMIA

IstoÉ Dinheiro - SP   20/05/2024

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse em entrevista ao jornal Estado de S. Paulo publicada nesta sexta-feira que não pode antecipar novos cortes na taxa de juros e afirmou que é uma prerrogativa da autarquia mudar sua orientação futura quando necessário.

Campos Neto disse que a autarquia precisa “de tempo, serenidade e calma para saber como as variáveis vão se desenrolar” até a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em junho.

“Temos inflação corrente, expectativas de inflação, do Focus e inflação implícita, cenário externo, tema geopolítico que está balançando, o que isso significa para o preço do petróleo, a gente tem o tema do que vai significar a reconstrução do Rio Grande do Sul, sobre a inflação, o crescimento. Não tem uma coisa só”, afirmou.

O BC decidiu na semana passada reduzir o ritmo de afrouxamento monetário, cortando a Selic em 0,25 ponto percentual, a 10,50% ao ano, após seis reduções consecutivas de 0,50 ponto percentual. A decisão significou o abandono da orientação futura dada na reunião anterior do Copom, que previa um corte de 0,50 ponto neste mês.

Campos Neto afirmou na entrevista que nunca avisou o governo sobre mudanças de orientação, algo que, para ele, é uma prerrogativa do BC autônomo.

“Já teve muitas mudanças de ‘guidance’ — estou aqui há quase seis anos — e em nenhum momento passou pela minha cabeça ligar para o ministro Paulo Guedes para falar que eu achava que o ‘guidance’ ia mudar para A, B ou C”, disse. “Nunca fiz isso no governo anterior e com certeza não planejo fazer neste.”

A decisão deste mês do Copom foi dividida, por 5 votos a 4, com os diretores indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva tendo sido vencidos ao votarem pela manutenção do corte mais forte na Selic, de 0,50 ponto.

Para Campos Neto, é importante passar a mensagem de que a reunião da autoridade monetária é técnica e opiniões divergentes fazem parte do processo.

Ele disse que tem reuniões individuais com cada um dos diretores para discussões.

“Sinto o clima, mas nem sempre consigo extrair o voto. Desta vez, vários diretores disseram que estavam em dúvida. Mas o grosso do debate é no dia. A pergunta é se o fato em si, de ter a divisão, poderia afetar o mercado de forma diferenciada. Sim, isso foi discutido”, afirmou.

Segundo ele, o colegiado debateu os possíveis efeitos da divisão e entendeu que era importante cada diretor seguir com a sua opinião, e que a divisão poderia ser explicada com o tempo.

“A reunião foi baseada em aspectos técnicos”, disse.

O Estado de S.Paulo - SP   20/05/2024

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta sexta-feira, 17, que não cabe ao Banco Central antecipar à equipe econômica o “guidance”, ou seja, o ritmo de definição da Selic antes da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).

Ele disse que há um procedimento natural de troca de informações entre a Fazenda e BC, mas reforçou que não “se toca no assunto” sobre condução da política monetária antes da reunião.

“Nenhum dos nove diretores do Banco Central deveria comunicar absolutamente nada antes da reunião do Copom”, disse o ministro ao ser indagado pela reportagem sobre a declaração dada pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em entrevista exclusiva ao Estadão/Broadcast.

Questionado sobre se poderia ter informado Haddad de que mudaria a orientação da política monetária, Campos Neto afirmou que nunca fez isso, nem no governo anterior, e que não o fará agora.

Haddad também minimizou as críticas à política fiscal feitas na manhã desta sexta por ex-presidentes do Banco Central durante o evento em comemoração aos 30 anos do Plano Real.

O ministro citou que o País vivenciou cenários de déficit durante dez anos e reforçou o seu compromisso com o ajuste nas contas públicas e com a recomposição da base fiscal do Estado. “Todo gasto tributário está sendo revisto para essa composição”, disse. Ele também reiterou a inflação controlada este ano e a busca para convergi-la à meta.

O Estado de S.Paulo - SP   20/05/2024

Em uma decisão controversa, o Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu a Selic em 0,25 pontos de porcentagem em sua última reunião, desrespeitando o forward guidance da reunião anterior, que indicava uma redução de 0,5 p.p. O que gerou apreensão foi o placar dividido, 5 a 4 a favor de 0,25 p.p., com os quatro votos a favor de uma redução de 0,5 p.p. dados por membros indicados pelo atual governo. Coincidência ou não, o fato foi interpretado como a antecipação de uma política monetária mais expansionista e menos direcionada a perseguir a meta a partir do final de 2024, quando a composição do Comitê terá maioria de membros indicados pela atual administração.

O comunicado foi bastante duro, indicando que o ambiente externo permanece adverso, as incertezas aumentaram, no cenário interno a atividade econômica e o mercado de trabalho estão se mostrando mais resilientes que o esperado e que as expectativas para a inflação passaram de “parcialmente ancoradas” para “desancoradas”.

Apesar de não mencionar as mudanças das metas fiscais, indicou que “acompanhou com atenção os desenvolvimentos recentes da política fiscal” e reafirma que “uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida contribui para a ancoragem das expectativas de inflação e a redução dos prêmios de risco, impactando a política monetária”.

A reação dos investidores foi imediata, expectativas para a inflação em alta, desvalorização do Real e queda dos preços das ações.

A ata da reunião indicou que houve consenso sobre a deterioração dos cenários interno e externo, o que justificaria uma política monetária mais contracionista. Em especial, o Comitê se mostrou preocupado com a desancoragem das expectativas para a inflação no médio prazo.

Dado o consenso, por que a divergência? Segundo a ata, os dirigentes que votaram por -0,5 p.p. o fizeram para respeitar o forward guidance e preservar a credibilidade do instrumento. Uma justificativa pouco convincente, dado que o presidente do Banco Central já havia descartado o forward guidance publicamente. Não é um bom presságio para a política monetária.

Nossa avaliação é que o comportamento das expectativas vai definir a trajetória da Selic até o final de 2024. Caso permaneçam desancoradas, o que é o mais provável, o ciclo de queda da Selic deve ter sido encerrado na reunião da semana passada. A ausência de forward guidance no comunicado e na ata apoia esta avaliação.

Globo Online - RJ   20/05/2024

Não foi surpresa que o governo tenha enviado ao Congresso uma proposta orçamentária relaxando as metas fiscais que ele próprio propusera um ano antes. Desde o início havia dúvidas sobre a viabilidade das regras que substituíram o antigo teto de gastos. Além de afrouxar as metas, o Planalto se esforçou por mexer no novo arcabouço fiscal nem bem ele entrara em vigor, para antecipar despesas extraordinárias de R$ 15,7 bilhões, inserindo um jabuti numa lei sobre seguro obrigatório de veículos. Diante do recado que transmite a mudança de regras com o jogo em andamento, quem acreditará que o governo leva a sério o ajuste fiscal? Ao protelar qualquer perspectiva de equilíbrio para 2027, Executivo e Legislativo revelam não ter noção da dimensão dos riscos que criam para o país.

A incompatibilidade de gastos com receitas é crônica no Brasil, e todos os sinais vindos de Brasília mostram que o assunto não é prioridade da classe política. Como avisou o Fundo Monetário Internacional (FMI) recentemente, a estabilidade financeira será testada em países como o Brasil. O descontrole da dívida pode torná-los vulneráveis a saída de capital, depreciação cambial ou aumento de inflação futura. Em certa medida, o valor do real, 20% abaixo do esperado dadas as circunstâncias internacionais, já reflete isso. Mas ninguém em Brasília parece muito preocupado com as consequências da dívida crescente: perda de confiança no governo, desvalorização do real, mais inflação, menos investimento e empobrecimento da população.

Nos últimos anos, o endividamento público ganhou proporções gigantescas. A dívida bruta, que há dez anos não chegava a 60% do PIB, fechará este ano em 74,4%, pelas projeções da Instituição Fiscal Independente (IFI). No ritmo atual de crescimento, ainda demorará anos a baixar. “Não estamos conseguindo ter uma trajetória sustentável para as contas públicas, com impacto no dia a dia”, disse ao GLOBO o economista Marcos Lisboa. Os números revelam um quadro preocupante.

O indicador que melhor traduz a situação fiscal é chamado de “resultado estrutural”. Calculado pela IFI, ele desconsidera gastos extraordinários — caso de despesas resultantes da pandemia ou catástrofes climáticas, como as enchentes no Rio Grande do Sul — e os altos e baixos do ciclo econômico — aumentos ou quedas de arrecadação devidos ao aquecimento ou resfriamento da economia. Representa com precisão o comportamento da máquina pública, refletindo se o que o governo arrecada é suficiente para arcar com o que gasta numa situação neutra.

Por essa medida, de acordo com o economista Samuel Pessôa, o Brasil melhorou seu desempenho fiscal entre 1997 e 2003, como demonstra o gráfico abaixo. De 2006 a 2014, houve piora. O superávit estrutural de 2,7% do PIB se tornou um déficit de 1,8% nos governos anteriores do PT. A partir de 2018, os números melhoram novamente. Nos dois últimos anos do governo Jair Bolsonaro, o então ministro da Economia, Paulo Guedes, segurou as despesas e entregou ao sucessor um superávit estrutural de 0,2% do PIB. Foi a PEC da Transição, aprovada antes da posse de Luiz Inácio Lula da Silva com o apoio do PT, que criou gastos adicionais de R$ 145 bilhões e levou o déficit estrutural de volta ao patamar de 1,65% do PIB, registrado em 2023.

Para evitar a explosão da dívida, é imperativo promover um ajuste fiscal. Isso significa, consideradas as restrições da legislação brasileira, ao menos impedir que os gastos cresçam de modo descontrolado — cenário infelizmente plausível diante no novo arcabouço fiscal. Ao mesmo tempo que ele criou uma trava de crescimento para os gastos de 2,5% além da inflação, restaurou o vínculo das despesas com saúde e educação ao crescimento da receita. Além disso, as despesas da Previdência continuam indexadas ao salário mínimo, que passou a obter ganhos acima da inflação. Tudo isso significa que, com o passar do tempo, caso a arrecadação cresça, haverá pressão dessas despesas fixas sobre as demais, que deverão ser reduzidas. Estão aí investimentos, segurança, verbas para prevenção de enchentes e outros gastos sociais necessários.

“Os pisos previdenciários e de benefícios assistenciais deveriam ser corrigidos apenas pela inflação e não pelo salário mínimo”, diz o economista Bráulio Borges, do Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getulio Vargas (FGV-Ibre). O regime previdenciário dos trabalhadores de empresas privadas apresenta um déficit da ordem de quase 3% do PIB. Sem olhar para esse desajuste, não se vai a lugar algum.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, demonstra estar atento aos riscos. Foi o responsável pelo novo arcabouço fiscal e não perde a oportunidade de ressaltar como é essencial colocar as contas públicas em ordem. Mas Haddad priorizou apenas a agenda de aumentar receitas. A estratégia conquistou apoio no Congresso, corrigiu algumas injustiças, porém tem limite. Por ora, infelizmente, expoentes da Esplanada dos Ministérios e do Congresso fingem não enxergar a necessidade de um plano consistente para ajuste dos gastos. Minam a credibilidade do arcabouço fiscal com mudanças de regras e “pautas-bombas”, como se não houvesse restrição às despesas e a deterioração do cenário externo fosse impossível. Passou da hora de o país enfrentar a tarefa de escolher prioridades. Em algum momento, Executivo e Legislativo terão de encarar a realidade. Quanto antes isso acontecer, maior a chance de o ajuste ser mais ameno e menos traumático.

IstoÉ Dinheiro - SP   20/05/2024

A diretora do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) Michelle Bowman afirmou continuar disposta a retomar altas de juros caso os dados indiquem que o progresso na inflação estagnou ou reverteu. Ela disse que considera o nível atual da política como restritivo, e que seu cenário-base é de que inflação baixará com os juros mantidos no nível atual nos EUA. No entanto, Bowman reconheceu que há diversos riscos altistas para os preços que impactam sua projeção.

“Continuarei cautelosa em minha abordagem ao considerar futuras mudanças na postura da política”, declarou Bowman nesta sexta-feira, 17, em discurso preparado para a convenção anual da Pennsylvania Bankers Association. “Seguirei monitorando de perto os dados enquanto avalio a trajetória apropriada para a política monetária.”

A dirigente disse prever que a inflação continuará elevada por “algum tempo”, depois de o avanço desinflacionário do ano passado ter cessado. “Não vimos mais progresso na inflação neste ano”, apontou.

Ela sublinhou que recente aceleração da inflação aparece em diversas categorias de bens e serviços.

Entre os riscos ascendentes para os preços, Bowman citou a forte demanda de consumo por serviços, aumento na imigração, contínuo aperto do mercado de trabalho, tensões geopolíticas, estímulos fiscais, e a flexibilização das condições financeiras desde o ano passado.

A banqueira central falou que os indicadores recentes seguem mostrando um mercado de trabalho ainda apertado. “Embora tenhamos visto sinais de que o mercado laboral está entrando em melhor equilíbrio, o progresso diminuiu”, citou. Gastos com consumo de serviço permaneceram fortes – ainda que a atividade possa ter moderado no início de 2024, após a aceleração em 2023, disse ela.

MINERAÇÃO

Money Times - SP   20/05/2024

Nesta sexta-feira (17), a China anunciou novas medidas para impulsionar o setor imobiliário do país, que enfrenta crises graves. O anúncio impulsionou o ferro e, com isso, também animou as ações da Vale (VALE3).

O governo chinês irá incentivar a compra de imóveis não vendidos para transformação em habitações acessíveis para famílias de baixa e média renda. No total, o Banco Popular da China irá liberar 300 bilhões de yuans (cerca de R$ 213,2 bilhões) para as compras, esperando até 500 bilhões de yuans (R$ 355,3 bilhões) em empréstimos bancários.

Entre as medidas anunciadas, estão:

De acordo com o vice-ministro da China, He Lifeng, “Devem ser feitos esforços para enfrentar os riscos relativos a projetos de habitação comercial inacabados, garantir a entrega de projetos de habitação e impulsionar a redução das habitações comerciais disponíveis”.

A Evergrande, gigante imobiliária que declarou falência no começo do ano, foi um personagem-chave ao evidenciar os problemas enfrentados pelo setor que impulsionou o crescimento econômico chinês.

A empresa tomava empréstimos de bancos chineses e outros credores estrangeiros, aumentando sua dívida e vendendo apartamentos antes dos mesmos serem construídos.

Demanda da China por ferro é boa notícia para Vale

Segundo a Reuters, o contrato de setembro do minério de ferro, negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) da China encerrou as negociações do dia com alta de 2,18%, seu maior valor desde 8 de maio.

A Reuters destaca que o aumento foi apoiado por uma perspectiva de demanda maior pela China, país que mais consome ferro, com a reconstrução do setor imobiliário do país que irá demandar mais aço para as construções.

A Terra Investimentos afirma que “Ativos brasileiros podem ganhar impulso de alta no setor de commodities metálicas, liderada por disparada do níquel e notícias na China que anunciaram medidas amplas para impulsionar mercado imobiliário”.

A XP Investimentos também destacou a influência do aumento do preço do minério de ferro na China nas ações da Vale e de siderúrgicas, em seu Morning Call.

As ações VALE3 operavam em alta, também durante a tarde desta sexta, de 2,08%.

Infomoney - SP   20/05/2024

Os contratos futuros de minério de ferro ampliaram a alta nesta sexta-feira, atingindo o valor mais alto em mais de uma semana, e estavam a caminho de encerrar a semana com ganhos, apoiados pelo consumo resiliente e por uma perspectiva de demanda mais animadora na China, o maior mercado consumidor do minério, graças aos mais recentes esforços de estímulo imobiliário.

O contrato de setembro do minério de ferro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) da China encerrou as negociações do dia com alta de 2,18%, a 891,5 iuanes (123,47 dólares) a tonelada, o maior valor desde 8 de maio. Na semana, o ganho foi de 2,8%.

O minério de ferro de referência para junho na Bolsa de Cingapura subia 1,37%, a 118,15 dólares a tonelada, também uma máxima desde 8 de maio. O contrato registrou um aumento de 1,8% até o momento nesta semana.

A demanda de minério no curto prazo permaneceu resiliente, com a produção média diária de metal quente entre as siderúrgicas pesquisadas subindo 1% em relação à semana anterior, para 2,37 milhões de toneladas em 17 de maio, a maior desde novembro de 2023, mostraram dados da consultoria Mysteel.

Também reforçou o sentimento a notícia de que a China anunciou medidas mais abrangentes para estabilizar o setor imobiliário atingido pela crise, permitindo que os governos locais comprem “alguns” apartamentos, flexibilizando as regras de hipoteca e prometendo mais esforços para entregar casas inacabadas.

Isso ocorreu depois que uma série de dados do setor imobiliário divulgados ter mostrado que a demanda continuava fraca.

O investimento em imóveis na China nos primeiros quatro meses de 2024 caiu 9,8% em relação ao ano anterior, depois de cair 9,5% no primeiro trimestre.

Além disso, os preços de novas residências na China caíram em abril no ritmo mensal mais rápido em mais de nove anos.

Outros ingredientes de fabricação de aço na bolsa de Dalian avançaram ainda mais, com o carvão metalúrgico e o coque subindo 2,37% e 2,96%, respectivamente.

AUTOMOTIVO

Automotive Business - SP   20/05/2024

A Volkswagen negocia a importação de componentes para abastecer as fábricas no Brasil e e manter as linhas de produção em plena operação, após a catástrofe no Rio Grande do Sul. A montadora deve receber peças de empresas dos Estados Unidos, Alemanha, México e da China, segundo o presidente da empresa para a América do Sul, Alexander Seitz.

“A situação não é fácil. Estamos buscando alternativas no mundo inteiro para não parar de produzir. Na semana passada estive na China e, nesta semana, nos Estados Unidos”, disse o executivo. “Tenho 36 anos no setor automotivo e, por isso, muitos contatos. A nossa proposta é fazer um pedido firme com alguns fornecedores com volume e período definidos.”

Entre 2008 e 2013, o executivo foi vice-presidente de compras da Volkswagen no país e promoveu uma série de ajustes, elevou a demanda por qualidade e o patamar de exigência com os fornecedores. Antes disso, trabalhou no departamento de finanças e controladoria da Mercedes-Benz no Brasil.

A experiência de Seitz em países emergentes inclui também a China. O executivo foi vice-presidente da SAIC Volkswagen Automotive, joint venture entre a companhia e o governo do país asiático.
Fábricas paulistas abastecidas até o dia 20

Seitz informou que a Volkswagem está abastecida até o dia 20 de maio, próxima segunda-feira. Nesta semana, em função desta condição, a montadora protocolou, junto aos sindicatos dos metalúrgicos, um aviso de férias coletivas de 10 e 11 dias para os funcionários das três fábricas instaladas em São Paulo. A unidade do Paraná não será afetada, conforme a montadora.

“Estamos monitorando. Um ou outro fornecedor pode voltar a produzir, mas demora um tempo para retomar o ritmo. Até porque os pedidos podem ser 20% a 30% superiores ao acordado. Estamos analisando as possibilidades para a nossa produção não parar”, ressaltou Seitz.

Segundo o executivo, no Rio Grande do Sul não estão instalados tantos fornecedores da Volkswagem. “Não são tantos, se conta nos dedos, mas são de grande importância para a nossa operação.”
No RS, mais de 90% da atividade econômica afetada

De acordo com o levantamento da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS), até o dia 13 de maio, 94,3% de toda a atividade econômica estadual foi afetada pela catástrofe ambiental.

“Os locais mais atingidos incluem os principais polos industriais do Rio Grande do Sul, impactando segmentos significativos para a economia do Estado”, disse o presidente da entidade, Arildo Bennech Oliveira.

Em relação aos estabelecimentos industriais, as regiões com a maior quantidade de Indústrias no RS em municípios afetados são Vale dos Sinos (9,1 mil), Metropolitana (8 mil) e Serra (6,6 mil). Já as regiões que mais empregam na indústria gaúcha em municípios atingidos são Vale dos Sinos (184 mil), Metropolitana (128 mil) e Serra (121 mil).

Dessas regiões industriais, segundo a FIERGS, a Serra e a e Região Metropolitana de Porto Alegre se concentram os polos metalmecânicos no estado.

CONSTRUÇÃO CIVIL

O Estado de S.Paulo - SP   20/05/2024

Uma região de cerca de 100 quilômetros (km) entre os Estados de Alagoas e Pernambuco, conhecida pelas belas praias de águas cristalinas e mornas, tem atraído investimentos bilionários para o mercado imobiliário. A exemplo do que ocorreu nas cidades catarinenses Balneário Camboriú e Itapema, que hoje têm o metro quadrado (m²) mais caro do Brasil e foram impulsionadas, sobretudo, por celebridades do mundo futebolístico, essa faixa do litoral do Nordeste também terá um nome de peso: Neymar.

A incorporadora Due fechou uma parceria com a Neymar Sports para criar a Rota Due Caribe Brasileiro, que visa fomentar o desenvolvimento socioeconômico e turístico do Nordeste. O projeto consiste no lançamento de 28 empreendimentos imobiliários na região até 2037, com Valor Geral de Vendas (VGV) de R$ 7,5 bilhões.

São edifícios residenciais de alto padrão nas praias de Porto de Galinhas e Carneiros, em Pernambuco, assim como em Maragogi, Antunes e Japaratinga, no Estado de Alagoas. Os empreendimentos têm preços que partem de R$ 300 mil e chegam a R$ 6 milhões. O tamanho dos apartamentos varia entre estúdios de 25 m² e propriedades de seis quartos com 218 m².

Dos 28 projetos, 10 já foram lançados e as primeiras unidades, nas praias de Muro Alto e Carneiros, devem ser entregues a partir do segundo semestre de 2024, com datas previstas para julho, novembro e dezembro. Os demais 18 empreendimentos já têm terreno comprado e estão em processo de autorização ambiental, e a expectativa é de fazer três lançamentos por ano. “Queremos que olhem para aquela região com o mesmo olhar que têm para Balneário Camboriú, que tem o metro quadrado mais valorizado do Brasil”, diz Rafael Zulu, sócio da incorporadora.

A Due é uma empresa que tem como foco o mercado do Nordeste, sobretudo Pernambuco. A incorporadora foi criada em 2020 pelo ator Rafael Zulu, o ex-jogador Adaílton dos Santos (ex-jogador do Santos e Vitória) e os empresários locais Abílio Costa e André Costa. Desde então, a companhia já lançou sozinha vários empreendimentos de luxo na região, que somam um VGV de R$ 2,5 bilhões e 3 mil clientes. Os empreendimentos superam 550 mil metros quadrados de área em construção no litoral.

Agora, para tirar do papel a Rota Due Caribe Brasileiro, a empresa se aliou a Neymar Sports, empresa de Neymar da Silva Santos, pai do jogador Neymar. A família de Neymar já faz investimentos no Sul do País, especialmente na cidade de Balneário Camboriú, junto com a FG Empreendimentos, e agora busca no Nordeste uma nova oportunidade de lançar imóveis com potencial de valorização pela beleza natural da região turística.

“A expectativa em relação ao projeto é não apenas fomentar o turismo na área, mas também criar um impacto positivo na comunidade, proporcionando visibilidade internacional e abrindo portas para oportunidades de negócios sustentáveis”, diz Neymar pai. Segundo ele, a parceria promete não só transformar a paisagem turística, mas também fortalecer a economia local e promover um ambiente próspero para os residentes e empreendedores da região.

Zulu, Adaílton e Neymar são amigos de longa data e há algum tempo “flertavam” sobre fazer algum trabalho em conjunto. “O convite para o grupo Neymar (que fará aporte de recursos no projeto) veio para que a gente possa expandir essa ideia de criar a rota do Caribe Brasileiro, que vai ter um impacto turístico gigantesco e um impacto social grande também”, diz Zulu.
Carência de infraestrutura

Zulu diz que o projeto Caribe Brasileiro surgiu da carência da infraestrutura local, como falta de restaurantes e serviços gerais. “Quando a gente ficava hospedado ali, nunca conseguia resolver uma mínima coisa. Se faltasse um quilo de arroz, tinha de se virar para ir ao mercado um pouco mais distante. Dentro dos nossos projetos, vamos oferecer exatamente isso para quem chegar ali e não precisar ter trabalho em nada”, diz Zulu. “São empreendimentos residenciais com alma de resort. Teremos de lavanderia a serviço de quartos.”
Financiamento imobiliário

Para viabilizar os lançamentos, a Due conta com um crédito de R$ 600 milhões em financiamento das obras. Como é praxe em lançamentos de imóveis residenciais, com a venda dos apartamentos na planta, a dívida e o risco de inadimplência são repassados para a Caixa Econômica Federal, que coloca alienação fiduciária na escritura em casos de pagamento a prazo.

Desse modo, a Due, como ocorre com outras companhias do setor, não precisa lidar com o risco da inadimplência dos compradores durante a execução dos projetos. O financiamento permitido é de até 90% do valor do imóvel.

De acordo com dados do Índice FipeZap de abril, Maceió foi a capital que teve o maior aumento de preços de imóveis residenciais no acumulado dos últimos 12 meses, tendo uma alta de 14,58%, quase o triplo da média nacional, de 5,76%. Recife também teve aumento acima da média, de 7,52%. Ou seja, as regiões dos empreendimentos da Due passam, de fato, por uma fase de valorização imobiliária.

“Do lançamento até a entrega, a valorização média dos nossos imóveis está acima de 55%. Tem unidades que chegam a ultrapassar 70%. Na largada, o cliente comprou por R$ 1 milhão, hoje está R$ 1,8 milhão”, diz Adaílton. Segundo ele, 73% dos nossos clientes adquiriram os imóveis para uso misto.

Ou seja, eles vão utilizar as unidades, mas eventualmente também vão transformar o passivo de outrora que era uma casa, uma segunda residência, em um ativo. “Assim, o cliente consegue utilizar, investir no seu bem-estar, mas também rentabilizar aquele dinheiro que ele colocou ali naquela unidade”, afirma Adaílton.

Para isso, a Due tem a administradora Sintta Stay, que irá gerenciar as locações para os compradores. Segundo a empresa, os proprietários poderão reservar suas estadias, trocar diárias entre os empreendimentos da rota turística e usar um aplicativo que funcionará como um concierge de experiências. Além disso, terão acesso a um clube de vantagens, que oferece serviços e entretenimento ao longo de toda a rota, bem como aos serviços de decoração. A ideia é unir os imóveis residenciais a uma experiência de resort.

Valor - SP   20/05/2024

Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base ainda está formulando um diagnóstico final dos impactos na infraestrutura do Estado, mas avaliou que recursos terão que ser alocados, independentemente da situação fiscal

O desastre climático no Rio Grande do Sul deverá demandar ao menos uma década para a reconstrução da infraestrutura local, mas a priorização dos recursos para esse processo é inevitável, avalia Venilton Tadini, presidente-executivo da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib).

A entidade ainda está formulando o diagnóstico final dos impactos na infraestrutura do Estado, mas a maior preocupação é com o “dia seguinte”, segundo ele. “A questão é o cenário de médio e longo prazo”, afirma.

Os cálculos sobre o custo dessa reconstrução ainda são incertos para a Abdib, mas Tadini destaca que são recursos que necessariamente terão que ser alocados, independentemente da situação fiscal. “Não há o que fazer. Os mais céticos em relação a questões fiscais sabem que esses recursos efetivamente vão ter que ser gastos”, diz ele.

“Agora, também isso não é da noite para o dia. Para recuperar aquilo vai precisar de uma década. O que é ruim, mas é assim, infelizmente. Não se refaz do dia para noite. O desastre provocado pelo [furacão] Katrina em Nova Orleans levou dez anos para se reconstruir, e isso na economia americana. Então isso é um problema grave que vai trazer sequelas e vai exigir recursos. Ninguém sabe quanto, mas vamos ter que fazer porque é uma situação inaceitável, e mais inaceitável é deixar que ocorra novamente daqui a um ano”, diz ele.

Além disso, Tadini afirma que os investimentos também trarão uma renovação da infraestrutura local e deverão gerar demanda para a indústria e para a cadeia de fornecedores como um todo.

Em relação à necessidade de mitigar impactos climáticos no restante do país, ele avalia que é preciso acelerar as ações. “Está um pouco tarde para resolver toda a questão, vamos ter sequelas de qualquer maneira, mas quanto mais tarde focarmos nisso, maior será o sacrifício e a dificuldade de retomada da economia”, afirma.

As novas necessidades de investimento deverão se somar às antigas demandas da infraestrutura brasileira. Em seu relatório anual de 2023, a Abdib estimou uma lacuna anual de R$ 249 bilhões nos investimentos em transportes, energia elétrica, saneamento e telecomunicações. O hiato representa a diferença entre o montante investido no ano passado (de R$ 213,4 bilhões) e o valor anual de investimento que a entidade calcula ser necessário para que os gargalos sejam mitigados (R$ 462,3 bilhões).

Questionado sobre como a emergência dos novos projetos de mitigação dos impactos climáticos podem impactar essa demanda anterior, em um momento de crise fiscal, Tadini afirma que a maior parte dos investimentos previstos no Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) deverá vir do setor privado, e não do orçamento.

Na quinta-feira (23), a Abdib deverá realizar seu fórum anual, em Brasília, no qual deverá debater o andamento e resultados dos programas federais de infraestrutura e de neoindustrialização. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deverá fazer a abertura do evento.

Infomoney - SP   20/05/2024

No primeiro trimestre, a Resia, subsidiária da MRV&Co (MRVE3) nos Estados Unidos, não conseguiu vender e queimou R$ 268,7 milhões em caixa. O desempenho, mais uma vez, impactou o balanço do grupo como um todo, que abrange o negócio de incorporação no Brasil. Não à toa, a companhia confirmou a intenção de segregar a operação americana.

“Resia, hoje, não está agregando valor ao negócio agrupado da MRV&Co, e está sendo vista meio de lado”, disse Ricardo Paixão, CFO da companhia, em entrevista ao Por Dentro dos Resultados, do InfoMoney. “Também tem atrapalhado um pouco a dinâmica de crédito”.

No mercado americano, o negócio queima caixa na fase de construção e gera caixa quando um empreendimento é vendido. Paixão diz que Resia está “segurando” o andamento de obras para não impactar a alavancagem consolidada da MRV&Co, o que, segundo o executivo, não faz sentido. “Não estamos conseguindo perceber todo o valor de Resia dentro da companhia e começamos, de fato, a pensar em separar as duas operações”, confirmou.

Juros elevados frearam obras

De acordo com o CFO, as construtoras nos Estados Unidos, de maneira geral, não têm começado novas obras por conta dos juros elevados da economia. “A Resia, hoje, tem capacidade produtiva, uma fábrica em funcionamento e terreno”, diz o CFO. “A taxa de juros americana não vai ficar no patamar em que está. Os fundamentos do negócio são muito fortes. A gente tem conseguido alugar bem os apartamentos, a vacância está muito baixa e a taxa de inadimplência também”, complementa. As unidades alugadas da subsidiária americana registraram um crescimento de 71% na comparação anual.

“Em algum momento a taxa de juros americana vai cair e quando isso acontecer a gente vai ver o negócio da Resia se recuperando, em um patamar de operação bem superior ao que estamos observando agora”, afirma Paixão.

A Resia é fruto da AHS Residential, especializada em construção de imóveis residenciais para locação, adquirida pela MRV em 2020. Segundo o formulário de referência da empresa, a subsidiária foca em cidades com crescimento populacional e possui operações na Flórida, Texas e Georgia. Foi a aposta da MRV para expandir sua presença internacional e se inserir em um mercado maduro, com ciclos econômicos independentes do ambiente brasileiro.

A subsidiária da MRV nos Estados Unidos é financiada por empréstimos bancários habitacionais e por fundos de investimento e desenvolvimento. “A medida que a gente conseguir captar esses fundos e vender os projetos que estão em estabilização, conseguimos começar novas obras”, afirma o CFO. “Quem já investiu, tem tido bons retornos”.

Segundo Paixão, ainda não há prazo para ocorrer o spin-off do braço americano da MRV. “O melhor timing de fazer essa separação ainda está sendo avaliado”, afirma.

Na operação brasileira, queima de caixa diminuiu

No Brasil, a MRV se beneficiou de uma combinação entre inflação mais comportada (de matérias-primas e mão de obra) e crescimento de vendas a preços mais altos. O tíquete médio da companhia no primeiro trimestre registrou um aumento de 13,7% no período. A margem bruta da MRV Incorporação cresceu 5,3 pontos percentuais em relação a um ano antes, para 25,9%, e a queima de caixa diminuiu consideravelmente.

“Estamos no melhor momento de capacidade de compra do cliente”, afirma Paixão. Quase metade dos lançamentos da MRV no primeiro trimestre (45%) foi destinada ao Grupo 1 do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV), que teve revisão de corte de renda e subsídios ampliados no ano passado. Nos empreendimentos para famílias que recebem até R$ 2.640 por mês, a incorporadora também foi beneficiada pela decisão da Receita Federal que reduziu a alíquota sobre o faturamento obtido com vendas nessa faixa do programa (RET), de 4% para 1%.
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Construtoras devem faturar alto com Minha Casa Minha Vida até 2025, estimam analistas Minha Casa Minha Vida ‘superaquece’ e deve exigir mais R$ 25 bi no Orçamento

Para o ano, a previsão é que 35% dos lançamentos atendam ao Grupo 1 do MCMV. Além do programa federal, a companhia deve ser positivamente impactada por subsídios regionais do Minha Casa, Minha Vida Cidades. “É como se fosse um complemento ao subsídio fornecido pelos Estados. Obviamente isso ajuda na capacidade de compra do cliente e diminui a necessidade de crédito que a MRV precisa conceder”, diz o executivo.

O patamar do chamado pro-soluto, o percentual da carteira de imóveis que é financiada pelo próprio grupo, caiu de 20,9% no primeiro trimestre de 2023 para 15% nos três primeiros meses deste ano. A meta é chegar a 12%.
MRV mantém postura conservadora

Mesmo com o contexto favorável, MRV mantém o plano de construir 40 mil unidades por ano dentro do Minha Casa Minha Vida. Essa meta, inicialmente, era de 60 mil. “Para uma operação de 40 mil unidades, não vamos precisar estar em 120 cidades como estávamos antes. Já reduzimos a presença geográfica para 100 e o plano é sair de outras 20”, explica o CFO.

Segundo o executivo, a saída é faseada e sem impacto para as cidades onde a MRV tem operação. “Temos interesse em estar em todas as regiões do país, mas de forma concentrada em algumas cidades”, diz Paixão. Assim, a MRV deve sair de cidades que ficaram para trás na revisão do MCMV, onde os projetos demoram mais tempo para ser atividades ou localidades onde a renda não esteja mais se enquadrando à nova fase de produtos da incorporadora, após a subida de preços.
O peso dos terrenos

O banco de terrenos (landbank) da MRV ainda é do tamanho da antiga meta de crescimento e foi detrator do caixa no primeiro trimestre. A companhia desembolsou R$ 250 milhões em garantias relacionadas a áreas previamente adquiridas. “O landbank suporta de oito a nove anos de operação, quando o ótimo seria cinco anos”, diz o CFO. Com mais lançamentos, a incorporadora busca reduzir o landbank enquanto aposta em uma outra modalidade: a permuta financeira, com a troca de terrenos por um percentual de recebimento do empreendimento.

“Durante um tempo estávamos fazendo pagamentos parcelados em dinheiro e não à performance do empreendimento. Agora, voltamos o canhão de compra de terrenos da MRV para a modalidade de permuta. Isso vai fazer com que o nosso capital alocado em terrenos reduza muito”, explica o executivo. Atualmente a MRV possui R$ 2,5 bilhões de capital alocado em terrenos e com a permuta, a empresa espera reduzir essa cifra de forma “agressiva” ao longo dos próximos anos.

“A gente estima que temos capacidade de retirar de R$ 1,5 bilhão a R$ 2 bilhões de capital empregado com terreno nos próximos quatro, cinco anos”, conclui Paixão.

Diário do Comércio - MG   20/05/2024

O setor de construção pesada de Minas Gerais vem se beneficiando, desde 2023, com o volume de obras que têm sido realizadas por todo o Estado e a previsão é a de que o segmento se mantenha aquecido até outubro, reforçando o fato deste ser um ano eleitoral. A expectativa de mercado aquecido, com grandes obras em andamento e novos negócios por toda Minas Gerais, é do vice-presidente do Sindicato da Indústria da Construção Pesada no Estado de Minas Gerais (Sicepot-MG), Bruno Baeta Ligório.

De acordo com o dirigente, este ano a demanda está boa, bastante aquecida, mas deverá sofrer uma pausa em função das eleições municipais que teremos em breve. “Os municípios de forma geral têm investido bastante em obras de infraestrutura neste ano eleitoral. No âmbito do governo do Estado, também está um pouco mais aquecido que o mesmo período de 2023 e o Estado tem performado bem, mesmo com todas as restrições orçamentárias, e realizado uma quantidade significativa de obras, comparado aos anos anteriores. Só o governo estadual estima que deve investir cerca de R$ 2 bilhões em infraestrutura até o final de 2024”, afirmou.

Porém, ele admite que os investimentos no segmento ainda são insuficientes em função da necessidade que a infraestrutura necessita. “Mas isso é uma questão do País como um todo, pois investimos nessa área muito menos do que deveríamos mas, comparado com anos anteriores, tem sido um período bem melhor”, disse Ligório.

Com relação às perspectivas de negócios, na avaliação do dirigente, este ano está um pouco melhor que em 2023. De acordo com ele, o governo de Minas Gerais ainda tem algumas licitações para fazer, algumas obras para soltar de acordo com o planejamento apresentado e ainda é possível ver boas perspectivas no restante de 2024. “No âmbito municipal já não dá mais tempo de licitar obras, pois em breve os prefeitos de Minas Gerais já não poderão contratar para construção em função do período eleitoral e acredito que haverá uma desaceleração nas obras municipais pós-eleição. Enquanto isso, o Estado continuará e, até quem sabe, aumentar o volume das obras”, projetou.

Também estão previstos investimentos das concessionárias de rodovias, como por exemplo o Grupo EPR, que é um player que está em Minas Gerais e deverá gerar divisas e movimentar o mercado de infraestrutura. “Temos sempre que pedir atenção aos nossos governantes para que invistam em infraestrutura, pois é desenvolvimento na veia, com melhoria nos empregos, na logística e indústrias. Precisamos, tanto no médio quanto no longo prazo, arrumar formas para atrair mais capital, mais investimentos nesse setor que, certamente, se desdobrarão em outros investimentos de outras áreas. Quem investe mais em infraestrutura acaba atraindo, em uma fase seguinte, mais investimentos”, reforçou.

Um dos principais gargalos do setor de construção em Minas Gerais ainda é a mão de obra. Segundo o vice-presidente, falta mão de obra em todos os níveis, desde chão de fábrica, passando por técnicos de engenharia e chegando nos engenheiros. “O setor ficou mais de 10 anos com pouquíssimos investimentos e muitas empresas se desestruturaram no período e, com isso, a mão de obra que existia partiu para outros setores. A formação desse grupo é um dos grandes desafios da construção, para que possamos continuar crescendo e fomentar mais investimentos”, disse.

Para ele, uma possível saída é buscar atrair mais pessoas para o setor e criar novos profissionais aptos para atuar no segmento. “Existem várias iniciativas, ainda em discussão, envolvendo órgãos públicos, municípios como Contagem, Belo Horizonte, e iniciativas da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) e Sicepot-MG para tentar consolidar e coordenar uma ação conjunta em breve. Hoje são ações isoladas e o setor precisa consolidar, unificar os esforços para fazer um movimento mais efetivo para a geração de mão de obra para atuar no segmento”, salientou.

Outro gargalo que o setor enfrentou no ano passado foi com acesso a asfalto em função de uma manutenção na Refinaria Gabriel Passos (Regap) e, este ano, o problema será com o agregado pétreo, que é um produto utilizado na produção do concreto asfáltico. “Já vislumbramos essa necessidade na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) em função da demanda das mineradoras, especificamente nessa área. Então, o setor começou a ter algum problema, mesmo ainda não chegando na ponta, contamos com a possibilidade de falta do insumo agregado pétreo nos próximos meses”, adiantou.

Valor - SP   20/05/2024

Governo quer que autoridades municipais e locais comprem casas não vendidas e as convertam em moradias acessíveis para famílias de baixa e média renda

A China lançou suas medidas mais fortes até agora para consertar o assolado mercado imobiliário do país, sinal de que o governo tenta finalmente encerrar a longa crise imobiliária que tem refreado sua economia há anos.

O ponto central das medidas anunciadas nesta sexta-feira é a adoção por Pequim de uma política já testada em algumas cidades da China — fazer com que as autoridades municipais e locais comprem casas não vendidas e as convertam em moradias acessíveis para famílias de baixa e média renda.

O pacote também inclui o fim de um patamar mínimo para os juros dos financiamentos imobiliários e a redução do pagamento de entrada exigido dos possíveis compradores de imóveis.

Essas medidas indicam "o início do fim da crise habitacional da China", disse Ting Lu, economista-chefe para a China no banco de investimentos Nomura.

As ações das empresas chinesas do setor imobiliário decolaram na sexta-feira. Os papéis da gigante imobiliária Sunac China valorizaram-se 26% e os da China Vanke, negociados em Hong Kong, 19%.

Outrora com um valor equivalente a duas vezes o do mercado residencial dos EUA, o setor imobiliário da China está em queda livre. As vendas despencaram e a construção praticamente parou.

Desde o início da crise, mais de 50 incorporadoras imobiliárias, incluindo gigantes antes prestigiadas como a China Evergrande Group e a Country Garden, deixaram de honrar suas dívidas internacionais. Cerca de 500 mil pessoas perderam o emprego, segundo o Keyan, um centro de estudos privado, em Xangai.

Ao intervir como comprador de última instância para milhões de propriedades, o governo busca salvar empreendimentos fracassados, reduzir o estoque de imóveis não vendidos e persuadir compradores assustados a voltarem ao mercado.

A grande esperança é que interromper a deterioração do mercado imobiliário faça os consumidores chineses voltarem a gastar e impulsione a economia como um todo. Novos dados divulgados na sexta-feira mostraram desaceleração nas vendas varejistas em abril e declínio de quase 10% nos investimentos imobiliários na comparação anual. Os líderes chineses têm recorrido à indústria e à exportação como propulsores para o crescimento, embora isso venha agravando as tensões comerciais com o resto do mundo.

Ainda assim, não se sabe ao certo a escala do programa — nem como as cidades e governos locais, sofrendo de falta de dinheiro, obterão os recursos para financiá-lo. Economistas estimam que limpar o enorme acúmulo de casas vazias ou inacabadas espalhadas pela China custará centenas de bilhões de dólares. Apenas o governo federal em Pequim ou o Banco do Povo da China, autoridade monetária do país, teriam os recursos necessários para financiar uma expansão de alcance nacional do plano de compra de casas, dizem os economistas.

A China anunciou planos de emitir bilhões de dólares em títulos de longo prazo, embora não tenha especificado que os recursos serão direcionados para o setor imobiliário. O banco central anunciou na sexta-feira um mecanismo conhecido como reempréstimo, que destinará 300 bilhões de yuans, equivalentes a cerca de US$ 41 bilhões, em financiamento para que os bancos ajudem empresas estatais a comprar imóveis, embora essa quantia seja muito menor do que a considerada necessária por economistas.

O pacote de sexta-feira chega na esteira de uma série de medidas de 2023, que incluiu cortes nos juros e ajustes nas normas sobre a compra de imóveis, mas não foi suficiente para desencadear uma recuperação duradoura no setor imobiliário.

Economistas dizem que limpar o acúmulo de casas não vendidas e concluir projetos paralisados é essencial para abrandar os problemas imobiliários da China e ressuscitar a abalada confiança de consumidores e empresas.

Em cidades como Hangzhou, perto de Xangai, e Nanjing, na província de Jiangsu, Leste do país, as autoridades já lançaram planos para comprar ou reformar casas particulares e transformá-las em moradias públicas.

Para ter chances de sucesso, contudo, qualquer programa nacional precisará ser grandioso, dado o volume de imóveis não vendidos e casas inacabadas.

O Nomura estima que existem entre 20 milhões e 30 milhões de casas inacabadas, e que custaria ao governo pelo menos US$ 440 bilhões para terminá-las e destravar o mercado imobiliário e a economia da China como um todo.

Arthur Budaghyan, estrategista-chefe de mercados emergentes na firma de análises BCA Research, em Montreal, acredita que uma quantia ainda maior precisará ser injetada no setor imobiliário — pelo menos 5 trilhões de yuans — para que o efeito sobre a economia como um todo seja significativo. E será necessário gastar isso rapidamente, disse Budaghyan, não aos poucos, ao longo de três a cinco anos. "O problema é quanto, quando e com que rapidez", acrescentou.

Na sexta-feira, a China vendeu o primeiro lote de uma emissão total planejada de 1 trilhão de yuans em títulos de longuíssimo prazo, cujos recursos serão usados, segundo o governo, para respaldar a economia e financiar projetos estratégicos.

Carlos Casanova, economista sênior especializado em Ásia no Union Bancaire Privée, em Hong Kong, prevê que parte do dinheiro será canalizado para governos locais financiarem o plano de compra de imóveis. De acordo com Casanova, comprar casas não vendidas não levará a uma recuperação do mercado imobiliário da China da noite para o dia. No entanto, isso deverá convencer as famílias de que o pior já passou e de que as vendas e os preços deverão começar a subir. "Eles só precisam saber que há uma luz no fim do túnel", disse.

Dados divulgados na sexta-feira mostraram que essa luz ainda parece estar muito distante. O preço médio das novas residências em abril caiu 0,58% em relação a março, maior declínio mensal em dez anos, segundo a Agência Nacional de Estatísticas da China. No acumulado dos quatro primeiros meses do ano, os investimentos em propriedades caíram 9,8%, em comparação ao mesmo período de 2023, ampliando a queda de 9,5% do primeiro trimestre, de acordo com os dados da agência.

O plano de socorro do setor imobiliário surge enquanto outros dados, também divulgados na sexta-feira, mostraram a economia da China ficando ainda mais desequilibrada e dependente da indústria para impulsionar o crescimento, uma vez que a queda do setor imobiliário também afeta o consumo.

Em abril, as vendas no varejo na China aumentaram 2,3% em comparação com o mesmo mês de 2023, divulgou a Agência Nacional de Estatísticas da China na sexta-feira, número inferior aos 3,1% registrados em março e aos 4% previstos por economistas consultados pelo "The Wall Street Journal".

A queda é reflexo dos gastos mais fracos com carros e eletrodomésticos, segundo os dados, apesar dos esforços do governo para incentivar as pessoas a trocarem produtos antigos por novos.

Muitos consumidores ainda mostram preferência por economizar muito, disse o presidente da Tencent, Martin Lau. Essa tendência tem sido refletida na grande entrada de dinheiro em fundos do mercado monetário, que investem em títulos de dívida de curto prazo. "Há uma disposição reduzida dos consumidores para gastar", disse.

Já o setor industrial da China registrou um desempenho muito melhor em abril. A produção industrial aumentou 6,7% na comparação anual, acima dos 4,5% em março.

Com seu setor imobiliário paralisado e o consumo em baixa, a China tem se voltado para a indústria para impulsionar a economia. Empréstimos têm sido direcionados para as fábricas, em especial àquelas em setores de preferência do governo, como os de veículos elétricos, baterias e equipamentos de energia renovável.

No entanto, o fraco consumo interno faz com que esses produtos estejam cada vez mais sendo enviados ao exterior a preços baixos, também auxiliados pela relativa fraqueza do yuan.

Nesta semana, o presidente dos EUA, Joe Biden, anunciou novas tarifas sobre cerca de US$ 18 bilhões em importações chinesas, argumentando que os subsídios chineses e outras práticas comerciais desleais colocam em risco empregos americanos. Entre as medidas, está a elevação das tarifas sobre veículos elétricos fabricados na China para 100%, o que na prática os exclui do lucrativo mercado dos EUA.

A China respondeu que as decisões são protecionistas e um reflexo da competitividade decadente dos EUA em setores-chave. (Colaboraram Xiao Xiao e Grace Zhu, em Pequim, e Raffaele Huang e Jiahui Huang, em Cingapura)

NAVAL

Portal Fator Brasil - RJ   20/05/2024

O Governo do Maranhão, por meio da Empresa Maranhense de Administração Portuária (Emap), e a VLI, companhia de soluções logísticas integradas que opera ferrovias, portos e terminais, assinaram, no dia 15 de maio (quarta-feira), um Memorando de Entendimento (MoU)para estudos de ampliação da infraestrutura do Porto do Itaqui.

Participaram do evento o governador Carlos Brandão, o CEO interino e diretor de finanças, supply chain e serviços da VLI, Fábio Marchiori, e o presidente da Empresa Maranhense de Administração Portuária (Emap), Gilberto Lins.

—Acompanhamos de perto cada etapa do processo de ampliação dos serviços, investimentos e, acima de tudo, operação da VLI em nosso estado. Para nós, isto significa mais oportunidades de emprego e de geração de renda para o maranhense. Nossa política de trabalho tem sido incentivar ao máximo o potencial produtivo de cada setor de crescimento em todo o estado. Avançamos com mais esta conquista —comemorou o governador Carlos Brandão.

Os estudos podem concluir pela possibilidade de investimentos em estruturas como: uma pera ferroviária na poligonal do porto; um novo berço para embarque de grãos — além da capacitação de outro berço; e a construção de armazéns, moega e interligações ferroviárias.

O projeto prevê um investimento de R$ 2,5 bilhões e a criação de mais de 2.500 postos de trabalho para os maranhenses.

—O sistema portuário do Maranhão é o caminho natural para a produção do Matopiba [Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia] e estados como Mato Grosso, Tocantins e Goiás, que estão dentro da área de cobertura do Corredor Norte da VLI. Os estudos para ampliação da infraestrutura do Porto do Itaqui reforçam nossa vocação para atender os clientes, o caráter desenvolvimentista da companhia, que é parceira do incremento da produção regional e do fortalecimento da pauta de exportações do Brasil —afirma Fábio Marchiori.

Para Gilberto Lins, presidente da Emap, responsável pelo Porto do Itaqui, —o investimento em questão só reforça a grandeza de nosso equipamento e, principalmente, sua importância como hub logístico nacional. Além disso, demonstra a confiança de grandes empresas na forma como estamos conduzindo o maior porto do Norte/Nordeste—.

Após a assinatura, VLI e Emap trabalharão conjuntamente para atestar a viabilidade das obras, em um processo que deve ser concluído em até 180 dias. Uma vez definida a continuidade do projeto, as obras devem ser iniciadas em 2025. A capacidade a ser ampliada, condições operacionais e outros itens serão analisados na fase de estudos.

A VLI já opera atualmente no Porto do Itaqui, por meio do berço 105, onde a companhia movimenta cargas como grãos (soja e milho), farelo de soja, ferro gusa e fertilizantes.

Pera ferroviária: carga e descarga mais eficientes —A pera ferroviária é uma obra de engenharia que torna mais ágil a formação de composições para transporte de carga e está presente em todos os terminais integradores de transbordo rodoferroviário da VLI e no Terminal Integrador Portuário Luiz Antonio Mesquita (Tiplam), porto localizado na Baixada Santista.

O sistema proporciona ganho de performance, eliminando a necessidade de vários pontos de carregamento ou descarregamento. Para efeito de comparação, em Araguari (MG), onde a companhia possui um terminal interligado à Ferrovia Centro-Atlântica, o tempo de carregamento de composições com 80 vagões passou de mais de 64 horas para apenas cinco horas, após a implantação da pera.

Investimentos e resultados —Os resultados da VLI do Corredor Norte, que liga Porto Nacional (TO) ao sistema portuário do Maranhão por meio da concessão da VLI do tramo norte da Ferrovia Norte-Sul e da Estrada de Ferro Carajás, onde a companhia opera por direito de passagem, atestam o crescimento da produção regional.

De 2013 a 2023, o transporte ferroviário da companhia no corredor cresceu mais de 300%, passando de 3,5 bilhões de TKU (toneladas por quilômetro útil) para 14,4 bilhões de TKU. Além do aumento de volumes, a VLI estimula o desenvolvimento de novos fluxos de carga na região.

Em 2023, por exemplo, a companhia inaugurou um fluxo de retorno de fertilizantes que sai do Porto do Itaqui, em direção ao Terminal Integrador de Palmeirante (TO), para distribuição local.

Para viabilizar este novo fluxo, que tem capacidade inicial estimada de 1,5 milhão de toneladas por ano, a VLI investiu cerca de R$ 400 milhões, em parceria com a Companhia Operadora Portuária do Itaqui (Copi).

Também no último ano, a VLI investiu para aumentar sua capacidade de transporte de carga na região, com a aquisição de 168 vagões e três locomotivas, em um negócio de valor aproximado de R$ 200 milhões. Os vagões já estão em operação no Corredor Norte, atuando no transporte da safra atual de grãos.

Além da ferrovia e investimentos em capacidade de transporte, a VLI mantém no Corredor Norte três terminais integradores estrategicamente posicionados em Porto Nacional e Palmeirante, no Tocantins, e Porto Franco, no Maranhão. Além de realizarem o transbordo da carga de caminhões para a ferrovia, estes locais também auxiliam os produtores ao proporcionar capacidade de armazenagem.

A Tribuna - SP   20/05/2024

Maior exportador global de açúcar, a CLI Sul, unidade de negócios da CLI no Porto de Santos, assinou um aditivo ao contrato de arrendamento com o Ministério de Portos e Aeroportos (MPor), válido até 2036, e, em contrapartida, investirá R$ 565 milhões na modernização do terminal. Com isso, aumentará a movimentação de açúcar, milho e soja das atuais 15 milhões de toneladas ao ano para 19 milhões de toneladas ao ano a partir de meados de 2028.

Em entrevista exclusiva para A Tribuna, o diretor da CLI Sul, Luís Neves, afirma que o terminal passará por uma renovação completa que engloba a construção de um armazém, aumentando a capacidade estática em 100 mil toneladas, e um novo parque de moegas (local onde são armazenados os grãos) contando com quatro pontos de descarga de caminhões autodescarregáveis e graneleiros. “Também teremos uma nova sede administrativa, uma subestação de energia elétrica e aquisições de um shiploader (equipamento que carrega os navios com grãos e açúcar por esteira) e de esteiras mais eficientes, que reduzem a dispersão de particulados em mais de 90% no meio ambiente”.

Área de atividade

Localizada na Margem Direita do complexo portuário santista, na Avenida Eduardo Pereira Guinle, s/n - Armazém IX, no antigo terminal da Rumo, a CLI possui um parque logístico completo, cujas atividades abrangem desde o transporte da carga dos centros produtores até o embarque em navios, no cais, para exportação. A China é o principal destino da maior parte da carga embarcada. O açúcar é produzido no Estado de São Paulo e os grãos — soja e milho — vêm de Mato Grosso e Goiás.

A carga chega ao terminal por caminhões e trens graneleiros. Enquanto o açúcar é transportado 50% por cada modal, os grãos são trazidos ao Porto em sua maioria por ferrovia (90%). Na chegada ao terminal, é colhida uma amostra do produto para análise em laboratório próprio. Se ela for aprovada, é autorizada a descarga do produto nas moegas rodoviária e ferroviária, seguida da armazenagem e posterior embarque no navio. O terminal opera como um ponto de transbordo, pois entre a chegada e o embarque, a carga permanece entre cinco e seis dias.

“Movimentamos 15 milhões de toneladas ao ano, sendo 9,5 milhões de açúcar e 5,5 milhões de soja e milho. A soja no primeiro semestre e o milho no segundo. Nossa meta, com os investimentos, é ampliarmos para 19 milhões de toneladas ao ano”, afirma Neves.

Maior movimentação de açúcar do mundo

Conforme o cronograma apresentado pela CLI Sul, as obras deverão iniciar em agosto deste ano com a construção da sede administrativa, já as moegas deverão ser instaladas entre 2025 e 2026 e a substituição das correias de embarque estão previstas para 2027 e 2028. “Nossa expectativa é concluir as obras em 2028, mas pode ocorrer antes, em 2027”, projetou o diretor da CLI Sul, Luís Neves.

Participação

Com o intuito de explicar os impactos dos novos investimentos em superestrutura no Porto de Santos, Neves apontou qual é a participação da CLI no comércio exterior. “Nós somos o maior terminal de açúcar do mundo. A CLI tem aproximadamente 42% de market share (participação de mercado) em Santos, e Santos, por sua vez, tem 75% de market share do Brasil. Então, a gente arredonda que um terço de todas as exportações mundiais passam pelo nosso terminal e o País, hoje, é o maior exportador de açúcar do mundo”.

Sustentabilidade

Luís Neves ressaltou que parte dos investimentos será dedicada à construção de uma subestação de energia elétrica. “Com o aumento da estrutura, o consumo de energia será maior”. Contudo, o executivo adiantou que a companhia já planeja adotar energia renovável em Santos como foi feito no terminal de Itaqui (MA). “Estamos investindo e aumentando a participação de energia eólica na nossa matriz. Nossa intenção é, a partir de 2026, contar 100% com energia de fonte renovável”.

A companhia também afirma que substituirá um dos três shiploaders. “Nós vamos comprar um novo shiploader, com maior capacidade, que nos permitirá carregar os navios mais rápido, aumentando a competitividade do Porto de Santos. Com isso, vamos tornar o Porto de Santos a alternativa mais eficiente para atendimento do Centro-Oeste, principalmente os estados do Mato Grosso e Goiás, e, também, São Paulo, no Sudeste”.

O shiploader mais moderno da CLI no Porto de Santos opera 3 mil toneladas de produtos por hora atualmente.

Pera ferroviária

Neves destacou ainda os benefícios da futura pera ferroviária, em Outeirinhos, cuja construção está a cargo da Associação Gestora da Ferrovia Interna do Porto de Santos (AG-Fips).

“A pera impactará e muito no nosso sistema de descarga, que ficará ainda mais eficiente. Hoje, a locomotiva deixa os vagões, nós movimentamos os vagões e, depois, ela vem buscar. Com a movimentação em pera, a descarga será contínua, sem desconexão dos vagões”.

Grandes Construções - SP   20/05/2024

A movimentação de cargas da PortosRio, que administra os portos do Rio de Janeiro, Itaguaí, Niterói e Angra dos Reis, totalizou 16,1 milhões de toneladas no 1º trimestre de 2024.

O volume representa um aumento de 3,1 milhões de toneladas, ou 24,4% na comparação com o mesmo período de 2023.

O crescimento foi impulsionado principalmente pela movimentação de minério de ferro no Porto de Itaguaí, que superou 11,6 milhões de toneladas.

Em relação ao mesmo período do ano passado, isso corresponde a um acréscimo de 2,4 milhões de toneladas, ou 26,9% na exportação dessa commodity.

O Porto do Rio de Janeiro também contribuiu significativamente para o desempenho da companhia, movimentando cerca de 2 milhões de toneladas de carga conteinerizada no período, uma alta de 36,1% em relação ao volume registrado de janeiro a março de 2023.

InfraRoi - SP   20/05/2024

O governo de SP vai implementar um projeto piloto de uso da tecnologia Port Community System (PCS), nas operações no porto de São Sebastião, no litoral norte do estado de São Paulo. A intenção é que o sistema possa aumentar a eficiência na logística portuária com maior integração entre os agentes envolvidos, redução de custos e diminuição de tempo de espera em filas de embarcações e veículos de cargas.

O êxito na implantação do projeto-piloto abre a possibilidade também para o uso da plataforma nas operações do Porto de Santos, que com a adoção da tecnologia pode ter uma economia da ordem de R$ 1 bilhão por ano, apenas no trânsito marítimo de chegada e saída de embarcações.

O PCS é uma plataforma digital que integra todos os atores envolvidos na comunidade portuária reduzindo o tempo de espera de navios e caminhões e o custo das operações de importação e exportação. O uso da plataforma digital também gera ganhos em sustentabilidade ao melhorar a gestão da cadeia logística portuária. A expectativa é que o Porto de São Sebastião implemente a tecnologia até 2026.

Com o investimento na tecnologia e os avanços promovidos pela atual gestão em infraestrutura de transporte, com destaque para a conclusão das obras do Contorno Sul da Rodovia Nova Tamoios, prevista para final deste ano, o Porto de São Sebastião deve avançar em eficiência das operações portuárias para se tornar referência e modelo.

A Companhia Docas de São Sebastião acredita que o sistema tornará possível um rastreamento de alta qualidade das cargas no porto e melhor gestão de toda a logística portuária. A empresa espera contar com a ajuda da comunidade portuária para alcançar o objetivo e vai visitar portos da Europa que já utilizam a tecnologia para conhecer mais detalhadamente a plataforma, benefícios conquistados e recursos otimizados.

O sistema digital é utilizado em portos como o de Hamburgo, na Alemanha, de Rotterdam, maior da Europa, na Holanda, e o de Valência, na Espanha, o PCS integra informações sobre chegadas e partidas de navios, além de cargas importadas e exportadas. Da autoridade portuária até os armadores, despachantes e práticos, todos os stakeholders envolvidos estarão dentro do sistema.

A Secretaria de Negócios Internacionais do Governo de São Paulo tem participado das discussões sobre os melhores modelos de governança do PCS junto à comunidade portuária de São Sebastião, além de iniciativas para solucionar gargalos regulatórios.

PETROLÍFERO

Petro Notícias - SP   20/05/2024

As commodities energéticas, como petróleo e gás natural, figuram entre as mais voláteis do mundo, influenciando diretamente a economia global. As oscilações nos preços do petróleo, por exemplo, impactam significativamente as atividades de sondas, de perfuração e a produtividade de poços de petróleo. Victor Arduin, analista de Energia e Macroeconomia da Hedgepoint Global Markets, explica que as empresas de energia nos Estados Unidos cortaram o número de sondas de petróleo e gás em operação pela terceira semana consecutiva. “O total de plataformas ativas chegou a 603, representando uma queda de 17,51% em relação ao mesmo período do ano passado. Esse é um indicador importante para o mercado de petróleo e gás, pois fornece insights sobre o potencial de produção de combustíveis fósseis no futuro“, explicou. Porém, a produção de petróleo nos EUA segue crescendo e deverá registrar em 2024 o maior volume de toda sua história. Além do resultado simbólico, a maior disponibilidade de petróleo ajudará a reduzir o impacto das ações da OPEC+ que tem restringido sua produção em mais de 5 milhões de bpd pressionando os preços do petróleo e a inflação global.

Uma sonda é uma máquina que gira a coluna de perfuração a partir da superfície para perfurar um novo poço (ou desviar um poço existente) para explorar, desenvolver e produzir petróleo. O número de plataformas de petróleo ativas é um indicador crucial para o mercado de energia, pois representa, até certo ponto, o nível de investimento no setor e porque mais plataformas ativas podem perfurar mais poços novos. Após a invasão da Ucrânia pela Rússia em 2022, a atividade de perfuração de petróleo e gás teve um crescimento substancial até meados de 2023. “Esse aumento foi impulsionado pelo aumento dos preços do petróleo no mercado global, devido às sanções impostas à Rússia e às interrupções no fornecimento do produto. O número de plataformas de petróleo ativas caiu significativamente depois disso, com contagens atuais chegando a 496, uma redução de 15,36% em relação ao ano anterior (YoY), de acordo com a Baker Hughes na última sexta-feira. Da mesma forma, as plataformas de gás também diminuíram 26,95% em relação ao ano anterior, ficando em 103“, observa o analista.

Entretanto, a produção de petróleo, continuou a crescer mesmo com essa redução na atividade de perfuração. Isso se deve aos avanços nas tecnologias, que resultam em um aumento na produtividade dos poços, permitindo que os produtores dos EUA extraiam mais petróleo bruto de novos poços perfurados e, ao mesmo tempo, mantenham a produção dos poços antigos. Um aumento na produção de petróleo, juntamente com a redução das exportações levou a um aumento nos estoques dos EUA nas últimas semanas, aliviando as preocupações com o aperto do mercado e exercendo pressão de baixa sobre os preços. Esse acúmulo de estoques foi particularmente evidente no final de abril, contribuindo para uma queda significativa nos preços do WTI.

“Apesar das expectativas de demanda moderada, espera-se que as medidas de apoio da OPEP+ e as condições favoráveis de preço em comparação com o ano passado incentivem o aumento da produção nos Estados Unidos. Como o principal produtor não pertencente à OPEP+, os EUA têm um papel importante no equilíbrio do déficit de fornecimento previsto para 2024”, diz Victor Arduin. Atualmente, a produção de petróleo dos EUA está em 13,1 milhões de barris por dia, aproximadamente 200.000 barris abaixo do recorde histórico de 13,3 milhões. A Administração de Informações sobre Energia dos EUA (AIE) previu que, em 2024, a produção de petróleo crescerá 260.000 barris por dia. Isso sugere que os EUA poderão quebrar o recorde mensal nos próximos meses.

Depois que os indicadores econômicos dominaram o sentimento do mercado de petróleo em abril, espera-se que o foco mude para as especulações de fornecimento em maio, principalmente nas semanas que antecedem a próxima reunião da OPEC+ (01/06), que será crucial para o mercado. Essa reunião determinará se os cortes voluntários de produção do grupo, de 2,2 milhões de barris por dia (bpd), serão estendidos. Dada a forte correlação entre os preços do petróleo e a atividade das plataformas de petróleo, os fundamentos de apoio do mercado que favorecem os preços do petróleo podem potencialmente levar a uma estabilização na tendência de declínio da contagem de plataformas. Essas condições favoráveis apoiam fortemente a noção de que os Estados Unidos estão no caminho certo para estabelecer um novo recorde de produção de petróleo em um futuro próximo. Espera-se que esse aumento na produção reduza o déficit de fornecimento projetado para 2024. Acesse o relatório completo clicando aqui.

Valor - SP   20/05/2024

Dados de janeiro a março confirmam projeções da ANP de previsão de receita neste ano de R$ 90 bilhões, 20% mais que no ano passado

Vilma Pinto, diretora da IFI: uso de royalties para ampliar despesa recorrente pode gerar desequilíbrio fiscal futuro — Foto: Wenderson Araujo/Valor

O aumento na produção de petróleo no Brasil neste ano deve levar o país a arrecadar R$ 90,3 bilhões com royalties e participações especiais, o que vai significar aumento de 20,4% em relação aos R$ 75 bilhões levantados no ano passado, segundo projeções da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Os primeiros meses de 2024 confirmam a tendência de alta da produção para o ano apontada pela agência. A ANP também estima maior arrecadação com participações governamentais nos próximos anos.

Entre janeiro e março, último dado disponível, a produção média de petróleo no país foi de 3,441 milhões de barris por dia, alta de 6,96% na comparação anual. A produção média de gás natural entre janeiro e março foi de 148,8 milhões de metros cúbicos por dia (m3 /dia), 4,26% acima do verificado um ano antes, segundo a ANP.

As receitas geradas a partir do aumento da produção ajudam a reforçar os cofres públicos em um momento positivo, de alta nas cotações do barril, e dão fôlego a União, Estados e municípios produtores de petróleo em meio às discussões sobre equilíbrio fiscal.

Especialistas ouvidos pelo Valor dizem que a União pode usar livremente o dinheiro de royalties e participações especiais, com exceção da parte destinada ao fundo social. Os campos sob regime de partilha de produção destinam 22% dos royalties para o Fundo Social. Para Estados e municípios, há vedações. A legislação federal proíbe o uso de royalties e participações especiais para pagamento de funcionários públicos ativos e quitação de dívidas, com exceções de salários de professores da rede pública e dívidas com a União.

Vilma Pinto, diretora da Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado, pondera que não é adequado utilizar royalties para ampliar gastos correntes, uma vez que esse tipo de receita é "sensível ao ciclo". "Usá-la para ampliação de despesa recorrente pode gerar desequilíbrio fiscal futuro. Isso se aplica tanto para a União quanto para Estados e municípios", diz.

Entre janeiro e abril, o barril do Brent foi cotado, em média, a US$ 82,95, 0,95% acima da média de igual período um ano antes, de US$ 82,16, segundo o Valor Data. Em maio, o Brent segue em alta e fechou na sexta-feira (17) com alta semanal de 1,41%, a US$ 83,98. Preço do barril e câmbio são chave no cálculo das participações governamentais no setor de petróleo.

Na quinta-feira (16), a ANP informou que destinou R$ 8,3 bilhões a União, Estados e municípios relacionados a pagamento de participação especial (campos de grande volume) e correspondentes de janeiro a março deste ano.

Os dados da ANP indicam também que os entes federativos terão aumento de receita com royalties e participações especiais nos próximos anos. As projeções da ANP apontam que a arrecadação com essas participações governamentais deve situar-se em R$ 404,1 bilhões entre 2024 e 2027, 12% acima dos R$ 360,9 bilhões que irrigaram os cofres da União, Estados e municípios entre 2019 e 2023 (ver quadro nesta página).

A projeção considera preço de petróleo pouco abaixo de US$ 80 por barril. Ainda não há previsão de quando os dados que dão base ao levantamento, feito em 2023, serão atualizados.

Symone Araújo, diretora da ANP, disse que no histórico de arrecadação, observa-se que, em 2022, as participações governamentais bateram recorde pela alta dos preços do petróleo e da crescente produção. Houve queda de arrecadação em 2023, comparado a 2022, devido à redução dos preços do petróleo após o pico: “As participações governamentais nos próximos anos tendem a aumentar em razão da previsão do aumento da produção de óleo e gás, com a entrada em operação de novas unidades de produção, trazendo impactos positivos à arrecadação pública”, disse ao Valor.

O economista Gabriel Barros Leal, ex-diretor da Instituição Fiscal Independente (IFI), diz que os royalties e participações especiais dão ao governo federal mais flexibilidade de uso que impostos e contribuições, pois não têm destinação específica, exceto pela parte destinada ao Fundo Social. “Esse valor a mais [de arrecadação] poderia ajudar a pagar dívida e no resultado primário. Também ajudaria se o governo quisesse financiar despesas”, diz Barros Leal, que alerta que o risco é que a despesa financiada pelo governo em geral é obrigatória e de retorno baixo. “O governo gasta mais do que arrecada e gasta mal, pega o dinheiro da sociedade e transfere de forma incompetente”, diz. A melhor saída para o uso do dinheiro, acrescenta, seria reduzir a dívida pública, que caracteriza como “alta e caríssima”.

O economista e especialista em contas públicas Raul Velloso acrescenta que a arrecadação maior de royalties e participações especiais este ano, caso se comprove, traz uma oportunidade de redução da dívida do setor público consolidado. Araújo, da ANP, diz que a agência não tem por atribuição avaliar o uso das receitas dos entes beneficiários das participações governamentais: “Essa atribuição é dos tribunais de contas de Estados e municípios. A agência efetua apenas o cálculo e o repasse, cabendo aos gestores dos entes decidir sobre o uso dos recursos, não havendo interferência da ANP.”

O governo gasta mais do que arrecada e gasta mal, pega o dinheiro da sociedade e transfere de forma incompetente”

— Gabriel Leal de Barros

Royalties são uma compensação financeira paga pelas produtoras de petróleo e gás natural a União, Estados, Distrito Federal e municípios que são beneficiados pela exploração desta atividade. O cálculo dos royalties considera uma alíquota que incide sobre o campo produtor (que varia entre 5% e 15%), a produção mensal do campo e o preço de referência do petróleo ou do gás natural. A fiscalização da distribuição dos recursos é feita pela ANP.

A legislação fixa que 40% dos royalties são destinados à União, 22,5%, para Estados produtores, e 30%, para municípios também produtores. Os 7,5% restantes são distribuídos para todos os Estados e municípios da federação. Na União, os recursos são divididos entre Marinha e Ministério da Ciência e Tecnologia. “O royalty é uma forma simples e direta de tributação”, disse Décio Hamilton Barbosa no livro “Tributação do Petróleo no Brasil e Outras Jurisdições”. As participações especiais, por sua vez, são compensações financeiras extraordinárias pagas por petroleiras, relativas a campos de petróleo e gás natural com grandes volumes de produção. A remuneração é feita a cada trimestre e a destinação dos recursos depende do tipo de campo.

A União também se beneficia das reservas de petróleo antes mesmo do início da produção. Em leilões de áreas, o Estado brasileiro recebe recursos das empresas vencedoras nas disputas. No regime de concessão, as empresas que arrematam blocos pagam bônus de assinatura, valor baseado na percepção prévia de geração de recursos. No regime de partilha de produção, adotado para parte do pré-sal, os vencedores de áreas destinam parcela da produção, denominada óleo-lucro, para a União, por meio da estatal Pré-Sal Petróleo (PPSA), que, posteriormente, a comercializa no mercado em leilões próprios.

Eduardo Pontes, sócio da Infis Consultoria, disse que 69% da receita obtida na comercialização de petróleo no país é destinada à União sob a forma de tributos, royalties e participações especiais. “E no pré-sal, a União fica com 70%, 80% do óleo-lucro, isso é uma forma de participação especial, tanto sobre a Petrobras quanto sobre as outras empresas”, disse Pontes.

A Petrobras é a principal contribuinte para a arrecadação pública, diante do fato de ser a maior petroleira do país, com produção de petróleo e gás na casa de 3 milhões de barris de óleo equivalente por dia. A empresa injetou R$ 420,5 bilhões em royalties, participações especiais e outras rubricas (como bônus de assinatura) nos cofres públicos entre 2016 e 2023.

Procurada, a Petrobras afirmou em nota: “Em 2023, recolhemos R$ 61,4 bilhões a título de participações governamentais (royalties e participação especial), cujos valores são distribuídos pela ANP ao Tesouro Nacional, Estados e municípios, com base nos critérios definidos em lei. Além disso, nossa contribuição sob a forma de tributos recolhidos à União, em 2023, foi de R$ 87,4 bilhões”.

Em cenários geopolíticos adversos, a estatal tende a se beneficiar pelo aumento da receita de venda de petróleo e por eventuais reajustes nos preços dos derivados no mercado interno, além de possíveis altas na cotação do dólar. Há, no entanto, efeitos negativos da alta do petróleo e dos derivados sobre a inflação, o que tende a fazer que tanto a Petrobras, uma empresa de economia mista, quanto o próprio governo retardem aumentos quando necessário. Por outro lado, quanto maior é o preço do Brent, mais viável se torna a atividade de exploração e produção. A Petrobras tem buscado a exploração de novas áreas para repor o portfólio em regiões como a Margem Equatorial e as bacias Sergipe-Alagoas e de Pelotas, preocupada com o declínio dos seus campos.

Com a manutenção das reservas atuais, sem a exploração de novas fronteiras, estudos apontam que a produção deve continuar aumentando até declinar perto de 2030. “A tendência é que as participações governamentais acompanhem a produção, com aumento nos próximos anos e queda a partir de 2030, 2031, caso não sejam incorporadas novas reservas”, disse Araújo, da ANP.

O ritmo atual é de crescimento de reservas, que devem se converter em aumento de produção. Também de acordo a ANP, as reservas provadas totais de petróleo (que possuem razoável certeza de que pode haver extração comercial) tiveram aumento de 6,98% em 2023, na comparação com 2022. No gás natural, as reservas tiveram aumento de 27,12% no ano passado, frente ao ano anterior.

Valor - SP   20/05/2024

Atual plano estratégico da empresa prevê que 71,5% dos US$ 102 bilhões a serem investidos serão aplicados na produção de petróleo e gás

O governo tem instado a Petrobras a investir para além da exploração e produção (E&P), saindo do modelo adotado desde 2016, quando a empresa se desfez de ativos para concentrar esforços no petróleo. Mesmo assim, o atual plano estratégico (2024-2028) prevê que 71,5% dos US$ 102 bilhões a serem investidos serão aplicados na atividade principal, a produção de petróleo e gás.

O plano também prevê investimentos em projetos da transição energética (eólicas offshore, hidrogênio verde, captura e armazenamento de carbono e biocombustíveis). Há ainda investimentos em áreas consideradas estratégicas, casos dos fertilizantes, do refino e da distribuição de combustíveis e petroquímica.

Especialistas dizem que, caso os investimentos se confirmem, vão demandar escolhas para evitar perda de rentabilidade, uma vez que parte dos projetos pode não dar o retorno esperado. Agentes de mercado veem risco de que sejam tomadas decisões ruins de investimento. Os receios se dão porque no passado movimentos similares prejudicaram a Petrobras.

Para uma fonte do setor, investimentos direcionados para outras áreas tendem a reduzir os recursos que seriam aportados em E&P, o que diminuiria o pagamento de royalties e participações especiais a União, Estados e municípios produtores. Ele explica que, como “o cobertor é curto”, o dinheiro alocado em refinarias, por exemplo, deixa de ser utilizado na exploração e produção de novos campos em águas profundas. “A gente pode estar gastando dinheiro bom com agenda ruim. A Petrobras pode ter muito dinheiro, mas não é infinito”, disse o especialista.

Antes de deixar o conselho de administração da Petrobras, em abril, o economista Marcelo Mesquita disse ao Valor ser importante que a Petrobras foque em segmentos que a empresa conhece e tem escala para operar, como exploração e produção na Margem Equatorial. “Quantas empresas conseguem colocar US$ 2 bilhões num FPSO [navio-plataforma]? Nenhuma “junior company” tem ‘bala’ para fazer um negócio desses com a velocidade da Petrobras”, disse Mesquita.

Em evento recente, o agora ex-presidente da Petrobras Jean Paul Prates afirmou que a empresa precisa investir no refino, na conclusão da Rnest (PE) e do polo Gaslub, independentemente dos vários anos com as obras paradas. “São unidades modernas. Vamos recuperar uma por uma”, disse.

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