FORGOT YOUR DETAILS?

Seja bem-vindo ao INDA!

Olá, seja bem-vindo
ao INDA!

19 de Fevereiro de 2024

SIDERURGIA

Investing - SP   19/02/2024

Thyssenkrupp e EPH estão enfrentando atrasos nas negociações sobre uma joint venture na área de produção de aço, uma vez que as negociações de contratos em andamento com clientes do setor automotivo dificultam os esforços do grupo alemão para elaborar um plano de negócios para a divisão, disseram três fontes.

A questão ressalta os desafios contínuos da Thyssenkrupp para encontrar uma solução estratégica para sua icônica divisão de aço, que tem sofrido pressão de preços elevados de matérias-primas e energia, bem como das importações asiáticas de aço.

A Thyssenkrupp afirmou em comunicado que as conversações abertas e construtivas com a EPH continuam inabaladas e que a empresa quer chegar a um acordo o mais rápido possível.

"É claro que o ambiente desafiador, com uma economia fraca, aumento dos custos das matérias-primas, altos custos de energia e forte concorrência de participantes do mercado não europeu, está tendo um impacto sobre as perspectivas dos fabricantes de aço europeus e, portanto, também sobre as negociações em andamento com a EPH", disse a empresa.

A EPH não quis comentar.

Fontes disseram à Reuters em dezembro que a empresa alemã pode ter que fazer sacrifícios financeiros para concretizar uma joint venture em partes iguais com a EPH, que surgiu pela primeira vez como uma parceira em potencial em junho de 2023.

Ambas as partes ainda estão interessadas em continuar as discussões, mas há diferenças sobre as perspectivas da Thyssenkrupp Steel Europe, a maior siderúrgica da Alemanha, disseram as fontes.

Embora os dois lados estejam conversando sobre aspectos menos críticos de um acordo, quaisquer esforços sérios da Thyssenkrupp para conquistar a EPH e o controlador bilionário Daniel Kretinsky dependem de estimativas sobre o mercado que reflitam mudanças no ambiente do setor, disseram as fontes.

Isso ainda levará algumas semanas, já que a Thyssenkrupp está trabalhando na renegociação de contratos com clientes do setor automotivo, seu maior grupo de clientes, acrescentaram as fontes.

A Thyssenkrupp espera que os contratos atualizados mostrem perspectivas de estabilização para a divisão de aço nos próximos 12 a 18 meses e forneçam um impulso para sua transição verde que visa descarbonizar a produção, disse uma das fontes.

O presidente-executivo da Thyssenkrupp, Miguel Lopez, disse no início desta semana que não há prazo para as discussões com a EPH e que a Thyssenkrupp está trabalhando em um novo plano de negócios para a divisão de aço, que serviria como base para a continuação das negociações.

A Thyssenkrupp disse que fazer isso é "absolutamente essencial no atual mundo volátil e especialmente na indústria siderúrgica, que é altamente dependente dos ciclos econômicos".

Consultor Jurídico - SP   19/02/2024

A prescrição para a ação de reparação pelos danos causados por formação de cartel começa a correr a partir da decisão do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) que reconhece a infração.

Com esse entendimento, a 2ª Turma do Superior Tribunal de Justiça concluiu que a Cobraço tem o direito de processar a siderúrgica Belgo-Mineira, hoje sucedida pela Arcelor Mittal, por danos causados pelo cartel do aço na década de 1990.

O cartel
À época, a Belgo-Mineira se uniu às siderúrgicas Gerdau e Barra Mansa para manipular preços em prejuízo ao mercado de vergalhões de aço usados na construção civil.

O cartel funcionou a partir de 1997, quando as empresas firmaram contrato e iniciaram as práticas anticompetitivas. O acordo foi rompido em 2001. Já o Cade reconheceu a existência do ilícito em 2005.

A Cobraço ajuizou a ação de reparação em 2006 para cobrar os prejuízos porque, por causa do cartel, não teve faturamento nos anos de 2004 e 2005. A empresa também pediu indenização por danos morais e de imagem e pelos prejuízos oriundos da prestação de serviços.

Prescrição
As instâncias ordinárias julgaram a ação parcialmente procedente. Elas condenaram a Belgo-Mineira a indenizar a Cobraço pelos prejuízos decorrentes da progressiva interrupção das atividades, entre 2004 e 2005.

No entanto, afastaram as demais condenações por reconhecer a prescrição. A data de início do prazo de três anos para pedir a reparação foi considerada 9 de abril de 2001, quando o contrato entre as empresas do cartel foi rescindido.

Relator da matéria na 2ª Turma, o ministro Herman Benjamin corrigiu a interpretação. Ele afirmou que a indenização por cartel insere-se no campo da responsabilidade extracontratual. Portanto, a prescrição começa quando a parte prejudicada tem ciência do dano.

Jurisprudência
No caso, a demanda judicial da Cobraço, de 2006, foi embasada pela decisão do Cade que condenou as empresas pela formação do cartel, em 2005. Logo, não há prescrição porque não correu o prazo de três anos.

Essa foi a posição do STJ quando sua 4ª Turma julgou um caso referente a cartel formado por empresas de gases industriais.

O ministro Herman Benjamin também destacou que o julgamento sobre a ação de reparação não pode ser afetado pela recente decisão da 1ª Turma do STJ que anulou a condenação do Cade no caso do cartel do aço.

“Nas ações de reparação por danos decorrentes de formação de cartel do tipo follow-on, a publicação da referida decisão administrativa, em que se reconheceu o ilícito concorrencial, funciona como demonstrativo da ciência inequívoca da violação do direito”, disse o relator.

A anulação da condenação do Cade continua em discussão, com tentativa de levar o caso ao Supremo Tribunal Federal.

Valor - SP   19/02/2024

Papéis da empresa continuam sendo negociados na B3 e na Nyse

A Gerdau anunciou que suas ações deixaram de ser negociadas no Mercado de Valores Latinamericanos (Latibex) a partir desta sexta-feira (16).

A siderúrgica diz que a bolsa espanhola deferiu o pedido de exclusão de negociação das suas ações e deixou de ser listada no ambiente.

Os papéis da Gerdau continuam sendo negociados na B3 e na Bolsa de Nova York (Nyse).

ECONOMIA

Investing - SP   19/02/2024

O diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, disse nesta sexta-feira, 16, que a autarquia tem demonstrado coerência em relação ao ritmo do ciclo de cortes de juros. O BC contribuiu, assim, para que o debate no mercado não seja sobre o próximo passo da autoridade monetária, mas sim sobre qual será a taxa no fim do ciclo, uma vez que a comunicação tem se limitado a indicar que os juros devem seguir em território restritivo, afirmou.

"O fato de termos demonstrado coerência na comunicação sobre o ritmo foi deslocando o debate no mercado sobre o que seria o juro terminal, que ganhou preponderância nas discussões", declarou Galípolo, durante live da Bradesco (BVMF:BBDC4) Asset.

Após observar que o BC não tem se engajado em indicar, em sua comunicação, qual será a Selic terminal, Galípolo frisou que as revisões de expectativas, tanto para a inflação quanto para a taxa no fim do ciclo, têm sido positivas. Isso, pontuou o diretor do BC, inibe ideias de mudar a estratégia de comunicação.

Segundo Galípolo, o BC está atento a como a inflação corrente afeta as expectativas. Pelo ritmo adotado, de cortes de 0,5 ponto porcentual a cada reunião, o Comitê de Política Monetária (Copom), frisou, ganha tempo para fazer o ajuste ao mesmo tempo em que colhe os indicadores, assim acompanha os juros nos Estados Unidos, para subsidiar as suas decisões.

Após dizer que o BC é "data-dependent" - ou seja, toma decisões com base nos dados que vão sendo apresentados entre uma reunião e outra do Copom -, Galípolo lembrou que o colegiado vai contar, até o próximo encontro, entre 19 e 20 de março, com três medições do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Mercado de trabalho

A resiliência do mercado de trabalho, considerando uma possível pressão dos salários, está no foco de análise do Copom, de acordo com o diretor de Política Monetária. "Acho que o mercado de trabalho se assemelha ao momento de abertura das taxas de juros norte-americanas para o Copom", comparou, durante a live realizada pela Bradesco Asset.

Galípolo observou, porém, que são fontes de preocupação e de cautela por parte da autoridade monetária, mas que precisam se concretizar e ter algum contágio para a inflação corrente ou para as expectativas para se tornarem um problema. "Ressaltamos isso na comunicação", afirmou, relatando que, em encontros com agentes do mercado financeiro foi apresentada a dificuldade de encontrar correlação entre as variáveis - emprego e preços.

O diretor do BC comentou que, enquanto o mercado financeiro tem como objetivo fazer apostas sobre o rumo desses dados e na academia há mais liberdade para se criarem hipóteses sobre o futuro, o trabalho do Banco Central é diferente. "Não se vai fazer política monetária baseada em posições que são mais arrojadas ou mais arriscadas. A autoridade monetária tem que atuar com cautela e conservadorismo", defendeu.

Por isso, de acordo com ele, o Copom decidiu chamar atenção para o que pode se tornar uma fonte de preocupação para o contágio da inflação. "Estamos chamando a atenção, mas vamos analisar como isso se transmite para a inflação corrente. Se isso vai realmente se revelar como uma pressão inflacionária ou na revisão das expectativas", ponderou.

Money Times - SP   19/02/2024

Os economistas estão preocupados com o efeito negativo da persistência da deflação chinesa para seu próprio crescimento econômico em 2024.

Embora tenha ajudado a baixar inflação do mundo todo com a exportação chinesa, a queda de preços dos produtos chineses também teria reduzido ou adiado a vontade do consumo imediato no mercado interno em 2023.

Como a maioria dos países já conseguiu controlar a inflação, a atenção da deflação acaba voltando para a China.

Felizmente, há bons motivos para acreditar que o índice geral de preço interno da China apresentaria a estabilidade e levemente positivo em 2024. Diferentemente da crise deflacionária estrutural do Japão, que começou no início de 2000, os recentes sinais do mercado e as novas reformas institucionais e econômicas da China tem mostrado que essa pressão deflacionária na China seria apenas temporária.

China: Esforço do governo com a economia

A China vem acelerando sua reforma institucional colocando a diplomacia a serviço a promoção da reabertura e reforma econômica.

Após o encontro dos presidentes Joe Biden e Xi Jinping, em novembro de 2023, a guerra econômica, tecnológica e financeira entre Estados Unidos e China ficou mais atenuada. Várias manufaturas americanas voltaram a considerar manter suas produções na China, mesmo que seja menos concentradas que antes.

O primeiro-ministro, Li Quiang, também detalhou medidas da abertura de negócio para plateia de investidores ocidentais na Reunião Anual 2024 do Fórum Econômico Mundial.

A nova política de isentar vistos ou prolongar o período de vistos para 10 anos para principais parceiros comerciais também mostra esforço e transparência do governo chinês para intensificar a reabertura de seu mercado para o mundo após a pandemia.

Essa política também promove o setor de turismo tanto para estrangeiro visitar a China quanto para chineses viajarem para exterior. Por exemplo, só nesse feriado de Ano Novo chinês, os turistas chineses lotaram voos de Singapura e Malásia, países que assinaram acordo de isenção de visto.

Paralelamente a simplificar entrada de estrangeiros na China, há esforço também para aumentar a demanda da própria população chinesa. Segundo o Ministério de Comércio, a China vai continuar expandindo o consumo interno. Basicamente, 2023 foi um ano para aumentar o consumo e 2024 será um ano para promover o consumo.

O governo vai reformular regulações e legislações para multiplicar diferentes canais de vendas digitais ou físicas, e aumentar segurança e experiência dos consumidores.

Ainda é esperada uma demanda adicional proveniente de pacote de política fiscal e monetária para garantir os novos incentivos seja direcionado para atender prioritariamente demanda da população, sem aumentar desnecessariamente produção da indústria.

A força de mercado na inflação

As forças de mercado também ajudam a reduzir a pressão deflacionaria. Há três principais fatores:
É esperado fim do super ciclo da carne suíno no segundo semestre de 2023. O preço de suíno é um importante componente no cálculo de inflação de consumidor na China. Devido ao excesso de oferta e fraca demanda, esse preço tem caído significativamente desde agosto de 2023. Isso reduziu a margem de lucro e a vontade de fazer mais criação de porcos para 2024. A tendência é a volta de equilíbrio de preço após o grande festival do barco de dragão em meados do ano, uma data importante de consumo de carne suíno. Potenciais aumentos de preços de fretes marítimas por conta de riscos geopolíticos podem encarecer os custos dos produtos. Vale lembrar que a China é um hub e faz parte de uma malha de logística intensa de trocas na cadeia de suprimento global e regional. Os custos de frete e tempo de transit time são componentes relevantes na formação de preço final. Esses reajustes de preços podem antecipar a decisão de compra dos consumidores, fortalecendo mercado de consumo.
3) Após um período conturbado de declaração de falência e liquidação das empresas relacionadas com setor imobiliário da China (por exemplo, Evergrande, ZhongZhi Enterprises Group), os novos donos desses ativos vão poder fazer restruturação e eliminar os ativos ineficientes, e reinvestir os ativos de maior retorno. Além disso, a nova gestão mais racional e eficiente também ajuda acabar com temores de contágio financeiro dessas empresas falidas. Como o Brasil será afetado?

Afastamento de riscos de deflação na China vai beneficiar os exportadores brasileiros em 2024. Setor de papel e celulose pode se beneficiar com a nova urbanização com base na reforma de registro família da população rural.

Já o setor de minério e aço pode ser beneficiado com a reestruturação dos ativos das empresas falidas, enquanto o setor de lítio fará parte de novos investimentos na economia verde.

O setor de exportação de proteína animal também pode se beneficiar com fim do super ciclo de carne suíno e setor de grão com o ano de promoção de consumo na área de alimentação.

Embora o mercado interno não seja mais igual os de 2022 e 2021, no qual não havia muita concorrência de fornecedores estrangeiros e os preços China batiam recorde para exportação brasileira, essas novas evidências de estabilidade de preços da China tendem garantir um preço médio melhor que era praticado em 2023 para empresas brasileiras.

*As análises e opiniões são de responsabilidade exclusiva do autor e não representam uma visão das instituições das quais o autor pertence.

Por Hsia Hua Sheng

Hsia Hua Sheng é vice-presidente do Bank of China (Brasil) S.A. e professor associado de finanças na Fundação Getulio Vargas (FGV- EAESP). Ele é economista pela Universidade de São Paulo (FEA - USP), doutor e mestre em administração em finanças pela Fundação Getulio Vargas (FGV – EAESP). Foi pesquisador visitante na NYU Stern School of Business e na Shanghai University of Finance and Economics (SHUFE). É especialista em finanças internacionais com foco em mercados emergentes, com larga experiência profissional em multinacionais e possui várias publicações em revistas acadêmicas e profissionais de excelências internacionais e nacionais.
hsia.sheng@moneytimes.com.br

O Estado de S.Paulo - SP   19/02/2024

O Congresso tem uma tarefa muito importante a cumprir neste ano. Após a histórica aprovação da reforma tributária sobre o consumo, o Legislativo terá de regulamentar a proposta, ou seja, apreciar projetos de lei complementares que tratarão da transição entre os antigos e os novos tributos sobre bens e serviços, o imposto seletivo, os regimes específicos, a governança do Comitê Gestor do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), o modelo para garantir a não cumulatividade dos tributos e a apuração de créditos ao longo da cadeia, o tratamento da Zona Franca de Manaus, a desoneração da cesta básica e os fundos de desenvolvimento regional e para os Estados da Região Norte, entre muitos outros.

O ano será curto, uma vez que as eleições municipais devem deslocar a atenção de deputados e senadores para as disputas políticas em suas bases ao longo do segundo semestre. Nesse sentido, foi muito positivo o encontro entre o presidente Lula da Silva e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), marcado para aparar arestas geradas pelo veto parcial às emendas de comissão e ao calendário para execução das emendas parlamentares.

Tudo que o País não precisa neste momento é de uma guerra silenciosa entre o Executivo e o Legislativo a travar a tramitação de propostas cruciais para colocar a reforma tributária nos trilhos. Esse armistício entre Lula e Lira, porém, não é suficiente. Há muitos temas a serem tratados por meio de projetos de lei complementares e será preciso construir apoio para cada um deles.

Para subsidiar a elaboração dos anteprojetos, o Ministério da Fazenda criou 19 grupos técnicos com participação de membros da União, dos Estados e dos municípios. Os trabalhos deverão ser concluídos até 25 de março, quando serão submetidos ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para só então serem enviados pelo governo ao Legislativo.

Com receio do que o governo pretende apresentar, uma vez que foi excluído dos grupos técnicos, o setor privado começou a se mobilizar. E o Congresso, como esperado, reagiu. O resultado foi a criação de colegiados que conduzirão as mesmas discussões tratadas na Fazenda, mas de forma paralela – o que tende a ampliar e consolidar divergências.

Como mostrou o Estadão, a indústria de mineração e o setor de petróleo querem impedir que o Imposto Seletivo, cuja alíquota será de até 1% sobre a produção, incida sobre as exportações. Assim, buscam maneiras de convencer os parlamentares a reduzi-lo e até isentá-lo, de forma a não comprometer a competitividade de seus produtos no exterior.

O setor de saneamento básico, por sua vez, alega que as contas de água podem subir até 18%. O segmento, que havia garantido um regime especial no Senado, acabou por perdê-lo na fase final de tramitação da proposta na Câmara. Teme, inclusive, que a tributação impeça o cumprimento dos compromissos de universalização estabelecidos no marco do saneamento.

Esses movimentos reforçam a importância de o governo atuar com prudência e cuidado na regulamentação da reforma tributária. É hora de buscar convergências com os setores, e o ideal é que isso seja feito antes mesmo do envio das propostas ao Legislativo. É essencial que o Executivo saiba reconhecer a oportunidade que tem em suas mãos.

Para facilitar essas negociações, transparência é fundamental. As dúvidas que permeavam o cálculo da alíquota padrão do futuro Imposto sobre Valor Agregado (IVA) já estão sanadas desde a promulgação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 45/2019, no fim do ano passado.

Antes da aprovação final da reforma, o Ministério da Fazenda a havia estimado em 27,5%. É hora, portanto, de o governo divulgar e de a sociedade saber qual será a alíquota padrão que resultou dessas discussões. Só assim será possível saber se os temores dos setores têm ou não algum sentido e propor correções, como a devolução do imposto para famílias de baixa renda.

Ademais, governo e Congresso não podem se perder em disputas de poder inócuas. É preciso concentrar forças nas propostas de que o País precisa para criar um ambiente propício ao crescimento econômico e à geração de empregos.

Globo Online - RJ   19/02/2024

O programa Nova Indústria Brasil, lançado pelo governo federal em janeiro, foi apresentado em termos vagos, mas com um dado concreto: investimentos de R$ 300 bilhões até 2026, a maior parte do BNDES, para promover o que seus defensores têm chamado de “neoindustrialização”. Tal montante, equivalente a algo como 1% do PIB brasileiro no período, exige pausa para reflexão. Vale a pena? Ou será apenas dinheiro desperdiçado em projetos fadados ao fracasso, como tantas vezes no passado? Ainda não dá para avaliar a destinação dos recursos, mas é possível desde já expor os principais riscos e as principais armadilhas.

É preciso reconhecer que políticas industriais têm reflorescido no mundo. Nos Estados Unidos, o governo Joe Biden destinou US$ 465 bilhões a fábricas de semicondutores e à transição energética. A China é conhecida pelo dirigismo em setores considerados “estratégicos”. Depois do choque da pandemia nas cadeias globais de suprimento, países europeus e asiáticos têm adotado medidas para favorecer a produção local de medicamentos, chips ou outros produtos. O plano brasileiro foi apresentado como mais um no contexto global e segue uma década de reavaliação das políticas industriais no meio acadêmico, com visão mais favorável que no passado. “O novo não está tanto nos argumentos em prol da política industrial, mas sim na melhor mensuração desse tipo de política pública”, escreveu o economista Luiz Guilherme Schymura, diretor do Ibre/FGV, numa síntese da discussão que o instituto realizou sobre o tema.

Políticas industriais se definem pelo incentivo a setores ou empresas específicas, com a intenção de dar-lhes vantagem em relação aos demais. Na teoria, o país recebe em troca benefícios na forma de incremento das exportações, fornecimento de bens públicos necessários — como uma matriz energética mais limpa — ou diversificação para tornar a economia mais resistente a choques. São medidas classificadas como “verticais”, em contraste com as “horizontais”, destinadas a beneficiar todos os setores e empresas. Um exemplo de política “horizontal” é a reforma tributária em curso, que provavelmente dará à indústria mais incentivo que todo o plano de “neoindustrialização”. Quanto às políticas “verticais” específicas, o histórico do Brasil recomenda, no mínimo, ceticismo.

Só na indústria naval, os governos petistas enterraram US$ 26,4 bilhões sem nenhum resultado, repetindo o que já acontecera na ditadura militar. A escolha de “campeões nacionais” em setores variados resultou apenas em crédito barato a grupos privados, sem que tenha havido salto de inovação ou competitividade na maioria. Subsídios recorrentes à indústria automobilística se tornaram apenas uma forma de salvar empresas improdutivas. Para não falar naquela que talvez seja a política industrial mais desastrada na História recente: a reserva de mercado de informática, que manteve o país alheio ao avanço da economia digital por décadas.

Fracassos em políticas industriais ocorrem mesmo no país visto como modelo pelos arautos da “neoindustrialização”, a China. Subsídios à indústria naval chinesa favoreceram as estatais, mas não houve benefícios para o resto da economia. Outro célebre malogro chinês foi a tentativa de criar um competidor para Boeing e Airbus com a aeronave Comac C919. Mesmo com investimentos de US$ 70 bilhões para desenvolver o projeto, a entrega atrasou cinco anos, e nenhum país fora da China homologou o novo avião.

Pode haver, contudo, casos em que incentivos setoriais se justifiquem, e os exemplos da Embraer e da Embrapa — sucessos decorrentes da aposta em conhecimento e inovação — estão aí para provar. A literatura econômica recente tem se esmerado em definir as condições para o êxito de políticas industriais com base em exemplos do mundo todo — da França sob Napoleão à Coreia do Sul nos anos 1970, passando pela pecuária uruguaia. Embora não haja conclusões definitivas, ao implementar um plano caro como o Nova Indústria Brasil, o governo deveria prestar atenção aos erros mais frequentes elencados pelos economistas.

É preciso manter avaliação constante e foco em resultados mensuráveis de produtividade (nos anos 1970, a Coreia monitorava metas de exportação e investimentos, cortando subsídios das empresas que não as cumpriam). Todo incentivo deve ser temporário e, quando der errado, precisa ser cortado. “A política industrial de sucesso não diz respeito a escolher vencedores, mas sim a rejeitar perdedores”, afirmou ao jornal Financial Times o economista Dani Rodrik, da Universidade Harvard. É ainda fundamental que haja uma relação próxima, mas não promíscua, entre o mercado e a burocracia do setor público. “É preciso basear a política em informação, interação e aprendizado.”

O plano Nova Indústria Brasil não enfrenta nem esboça resposta a nenhuma dessas questões. No lugar de foco, há metas genéricas e voluntaristas para atender a setores os mais diversos — do agronegócio à saúde, do saneamento à biotecnologia, da energia limpa à mobilidade urbana. “Quanto mais coisas você tentar alcançar, mais improvável consegui-las”, disse Rodrik.

A tentativa de turbinar o BNDES também desperta incredulidade diante do histórico. “O uso do BNDES como instrumento de indução do crescimento econômico é hoje reconhecido como um dos maiores erros de política econômica recente”, escreve o economista Marcos Mendes, do Insper. “O custo fiscal foi substancial, houve a indução de alocação ineficiente de capital, concentrou renda, subsidiou ditaduras como as de Venezuela, Cuba e Angola, teve efeitos colaterais negativos sobre a política monetária e controle da inflação, promoveu o afastamento de fontes privadas de financiamento de longo prazo.”

Por fim, o plano do governo traduz a crença injustificada no Estado como cérebro do desenvolvimento. Nada poderia ser mais distante da realidade. “Empresas privadas não acertam sempre. Mas, quando erram, são penalizadas pelo mercado”, afirma Mendes. A competição, diz ele, interrompe projetos malsucedidos, enquanto o “Estado pode sustentar por muitos anos iniciativas fracassadas, pois obtém financiamento pela extração compulsória de impostos”. Os riscos da nova política industrial do governo estão claros. Só falta ele esclarecer o que fará para evitar as armadilhas.

O Estado de S.Paulo - SP   19/02/2024

O volume cada vez mais imenso de moeda que circula pelo mundo provoca convulsões como a matéria escura no universo: invade tudo e repuxa tudo – a qualquer tossida da economia dos Estados Unidos.

São movimentos aparentemente sutis da inflação em dólares que, no entanto, têm forte impacto sobre os mercados e embaralham as previsões dos analistas e dos administradores de patrimônio.

Na terça-feira, foi a surpresa negativa da evolução do custo de vida (CPI, na sigla em inglês) de janeiro nos Estados Unidos, que veio acima da esperada e mostrou avanço dos chamados núcleos de inflação. Foi o suficiente para acender as luzes amarelas do Fed (o banco central dos Estados Unidos), indicando que terá de adiar pelo menos até junho o início do ciclo de baixa dos juros básicos, hoje entre 5,0% e 5,5% ao ano.

E bastou isso para que o mau humor tomasse os mercados e administradores de volumes incomensuráveis de capitais adiassem investimentos e novas aplicações de risco.

Na quinta-feira, nova pancada, mas em sentido ligeiramente inverso, veio com o recuo mais acentuado nas vendas ao varejo, também nos Estados Unidos: queda de 0,8% em janeiro, sensivelmente acima do 0,1% esperado. Poderia sugerir desaceleração da atividade econômica da principal locomotiva do mundo. Mas, para completar, os preços no atacado (PPI, na sigla em inglês) de janeiro também vieram acima do esperado – o que aumentou as pressões para que o Fed adie o início da baixa dos juros. Lá, a meta de inflação é de 2% em 12 meses.

A principal consequência para o mercado brasileiro recai sobre a política interna de juros. Como o Copom seguirá cortando os juros básicos (Selic) em 0,5 ponto porcentual em março e em maio, o diferencial entre os juros daqui e de lá continuará caindo. Já foi de mais de oito pontos porcentuais ao ano, hoje está a seis e deverá cair para cinco em maio. Essa diferença tende a ser suficiente para reduzir aplicações de risco no Brasil de capitais estrangeiros, especialmente de prazos mais curtos.

Se esse redesenho do jogo monetário deixar de inibir a atividade econômica global, as exportações brasileiras deverão continuar a ser beneficiadas.

Há alguns meses, o maior risco para o sistema produtivo do Brasil era o de que a crise climática derrubasse substancialmente a produção de grãos. No entanto, embora apontem certa quebra das safras, as últimas estimativas da Conab e do IBGE mostram que os estragos serão limitados e poderão ser compensados pelos bons preços dos grãos. Ou seja, apesar de tudo, dá para continuar esperando uma alta do PIB em 2024 da ordem de 2%.

Investing - SP   19/02/2024

O economista da Fundação Getulio Vargas (FGV) André Braz projeta que o Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) deverá desacelerar para cerca de 0,40% em fevereiro, após fechar janeiro com alta de 0,61%. A desaceleração de um mês para o outro deve decorrer do início da descompressão do grupo Alimentação, afirma Braz.

"Nos alimentos temos o efeito sazonal do clima, que traz pressão inflacionária até o período entre fevereiro e março. A tendência é que os preços voltem a cair", explica o economista. "O El Niño vai deixar marcas na inflação deste ano, mas o efeito tem sido menor que o esperado", acrescenta.

Conforme divulgou a FGV nesta sexta-feira pela manhã, o IPC-S desacelerou para uma variação positiva de 0,65% na segunda quadrissemana de fevereiro, após alta de 0,75% na primeira leitura do mês. No grupo Alimentação, a alta foi de 1,38%, também desacelerando em relação à primeira quadrissemana (1,74%).

Braz ainda destaca que a desaceleração do IPC-S na margem neste mês será puxada pelo grupo Educação, leitura e recreação, na esteira da dissipação dos efeitos do reajuste das mensalidades escolares. "O efeito das mensalidades vai saindo da apuração do índice e a tendência é zerar no final do mês", afirma.

Entre as pressões de alta, por outro lado, o economista cita a pressão dos combustíveis, como efeito das novas alíquotas de ICMS, que devem pressionar o grupo Transportes ao longo das próximas leituras do IPC-S. "Mas a não será capaz de inverter a desaceleração do índice", ressalta.

Infomoney - SP   19/02/2024

O Índice Geral de Preços – 10 (IGP-10) caiu 0,65% em fevereiro, após a alta de 0,42% em janeiro, informou a Fundação Getúlio Vargas (FGV) nesta sexta-feira (16). Foi a primeira deflação no indicador observada desde agosto de 2023. Com o resultado, o IGP-10 acumula um recuo de 0,23% neste ano. A taxa acumulada em 12 meses também está negativa, em 3,84%.

O resultado ficou abaixo do intervalo das estimativas dos analistas do mercado financeiro ouvidos pelo Projeções Broadcast, que esperavam desde uma queda de 0,60% a alta de 0,09%, com mediana negativa de 0,40%.

Quanto aos três indicadores que compõem o IGP-10, os preços no atacado medidos pelo IPA-10 tiveram redução de 1,08% em fevereiro, ante uma elevação de 0,42% em janeiro.
Os preços ao consumidor verificados pelo IPC-10 apresentaram aumento de 0,62% em fevereiro, após o avanço de 0,46% em janeiro.

Já o INCC-10, que mede os preços da construção civil, teve elevação de 0,10% em fevereiro, depois de subir 0,39% em janeiro.

Segundo André Braz, coordenador dos índices de preços do FGV/Ibre, as flutuações mais marcantes estão relacionadas a itens cuja produção é sensivelmente impactada por variações climáticas. Destacam-se especialmente produtos como tubérculos e frutas.

“Em relação às principais commodities agrícolas, uma mudança significativa na tendência foi percebida desde janeiro. O milho, que havia visto um aumento de 10,52%, sofreu uma queda para -4,99%, e a soja, que registrou uma redução drástica de seu valor, indo de uma diminuição modesta de 1,26% para um recuo acentuado de 15,01%”, detalhou Braz.

O Estado de S.Paulo - SP   19/02/2024

Há dois riscos externos que tendem a atrapalhar a economia brasileira em 2024: o primeiro, e que me parece mais sério, é a difícil situação econômica da China.

Há uma crise imobiliária grave naquele país. Os números do setor são preocupantes. O valor das vendas de imóveis caiu cerca de 20% nos últimos dois anos. A área construída de novas habitações desabou 58% no período 2019-2023. A inadimplência, que levou à liquidação da maior incorporadora chinesa, a Evergrande, continua crescendo.

Dada a importância do setor imobiliário no PIB da China, essa crise tende a contaminar toda a economia, pela destruição de empregos, instabilidade financeira e deterioração de expectativas. O pior é que o governo chinês vem lidando mal com essa situação. Os estímulos para evitar o pior têm sido tímidos, uma vez que Xi Jinping teme realimentar uma bolha, o que é compreensível, mas, ao mesmo tempo, fecha a válvula de escape que costumeiramente era aberta em situações semelhantes, ainda que menos graves, no passado.

E os problemas da China não param por aí. O país está em deflação e seu principal índice de ações, Shanghai Composite, apesar das intervenções do governo, caiu 13% nos últimos 12 meses e 20% nos últimos 2 anos.

Os dados aqui citados são como um termômetro, apenas medem a temperatura da crise. Sua verdadeira causa parece ser a visão de Xi Jinping de que ele próprio e o Partido Comunista devem aumentar seu controle sobre a economia. Vide, por exemplo, o endurecimento das regras sobre o setor de tecnologia, que tem afugentado investidores externos.

A provável redução drástica da taxa de crescimento da economia chinesa tende a enfraquecer a demanda por commodities exportadas pelo Brasil.

O segundo risco é a possível necessidade de o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) manter o aperto monetário por mais tempo do que o esperado pelo mercado. Uma amostra do estrago que isso pode provocar nos foi dada no início da semana passada, quando o Índice de Preços ao Consumidor dos Estados Unidos ficou um pouco acima das expectativas. Nesse caso, sou um pouco menos pessimista, pois tendo a crer que a inflação por lá está controlada. Mas não descarto a possibilidade de eu estar errado.

Tudo o mais constante, se um ou ambos os riscos citados se concretizarem, o Brasil será afetado principalmente pela depreciação do real, seja em função da queda do preço das commodities, seja pela redução do diferencial entre a taxa de juros interna e a externa. O efeito líquido disso é redução do crescimento e mais inflação.

A missão de enfrentar um quadro como o acima descrito não poderá ficar apenas a cargo do Banco Central. É essencial que Executivo e Legislativo façam sua parte, seja praticando uma política fiscal responsável, seja avançando nas reformas estruturais.

O Estado de S.Paulo - SP   19/02/2024

Quem investiu este ano em ações chinesas tem empreendido uma jornada arrepiante. Mesmo enquanto o índice americano S&P 500 alcançou altas-recorde, as bolsas na China e em Hong Kong perderam US$ 1,5 trilhão apenas em janeiro. Pequenos investidores ventilaram sua frustração nas redes sociais chinesas. A queda foi tão brutal que em 6 de fevereiro emergiram boatos de que o presidente da China, Xi Jinping, chegou a ser alertado; no dia seguinte, o então diretor da agência reguladora de títulos e obrigações, Yi Huiman, foi demitido. Os preços recuperaram-se um pouco, conforme o Estado começou a comprar ações. Nos próximos dias, deverão apreciar ainda mais.

A uma certa distância, contudo, o desalento no cenário maior fica nítido. O valor de mercado das empresas em bolsas da China e de Hong Kong despencou cerca de US$ 7 trilhões desde o pico, em 2021 — uma queda de aproximadamente 35%, mesmo enquanto as ações americanas subiram 14% e as indianas, 60%. O declínio sinaliza um problema fundamental. Investidores externos e domésticos consideravam no passado o governo chinês um cuidador confiável da economia. Agora essa confiança tem se esvaído, com consequências severas para o crescimento da China.

Menos de uma década atrás, o humor nos mercados chineses era fervilhante. Investidores estrangeiros estavam ávidos para acessar o potencial da estrela econômica mundial em ascensão. A China crescia a um ritmo constante e impressionante, mais que 6% ao ano. Carteiras estrangeiras de investimento entraram com tudo quando os investidores de fora obtiveram acesso direto a ações chinesas por meio de Hong Kong, em 2014.

Quatro anos depois, a MSCI, uma firma financeira, começou a incluir ações da China continental em seus índices globais. O governo chinês, de sua parte, esperava profissionalizar seus mercados para atrair capital estrangeiro e qualificação, para construir uma classe de ativos para substituir o mercado imobiliário. Uma elite de empresários e investidores abastados emergia, exortada pelo próprio Xi a viver o sonho chinês.

O entendimento implícito era que, fosse qual fosse a política da China, era possível confiar em suas autoridades para orientar sua economia no sentido da prosperidade. A China continuaria a crescer num ritmo invejável, seus cidadãos ainda colocariam riqueza e estabilidade econômica acima das liberdades políticas, e investidores estrangeiros colheriam lucros fartos. Todos poderiam enriquecer.

O que deu errado? Um problema amplamente notado é a formulação política inconstante de Xi. As ações regulatórias sobre empresas de tecnologia adotadas em 2020 derrubaram a confiança dos investidores. A política covid-zero foi um fiasco. O governo foi hesitante em uma crise no setor imobiliário que consumiu poupanças e sentimentos — e arrastou a economia para a deflação, com os preços caindo em janeiro deste ano no ritmo mais rápido desde a crise financeira de 2007-09.

Pequim pretende evitar, corretamente, voltar a inflar uma bolha. Mas também quer evitar ajudas e colocar o foco do crescimento em setores de “alta qualidade” que, acredita o governo, ajudarão a China a rivalizar com o poder tecnológico, econômico e militar dos Estados Unidos. Mas os lucros diminuíram este ano até nesses setores. E falta à China o estímulo necessário.

Um fator menos observado é quanto amor pela China os investidores estrangeiros perderam. Eles têm de enfrentar não apenas a formulação política ruim, mas também o risco de que a piora da relação de Pequim com os EUA possa colocar em perigo seus investimentos. Eles têm vendido mais ações do que compram na China continental há meses. Ainda que administradoras de ativos vibrassem no passado com a inclusão da China em índices globais, agora elas estão formatando produtos que deixam o país de fora.

Em vez disso, os investidores estão de olho na Índia, com sua grande população, e no Japão, com sua tecnologia de última geração. Hong Kong também tem sofrido. Empresas da China continental são responsáveis por três quartos de sua capitalização de mercado. Em 22 de janeiro, a Índia superou a China brevemente enquanto quarto maior mercado de ações do mundo.

O mais preocupante de tudo é que investidores na China continental também estão perdendo a confiança. Depois de três décadas de crescimento extraordinário, os chineses ricos estão experimentando uma dolorosa mudança de sorte. Seus investimentos imobiliários e financeiros estão afundando, e pesquisas indicam que muitos executivos tiveram ganhos cortados no ano passado.

Evidências sugerem que mais capital está deixando a China. Quem não consegue contornar os controles chineses sobre capital ou move seu dinheiro para fundos do mercado monetário mais seguros ou escapa para fundos listados nas bolsas da China continental que acompanham ações estrangeiras.

Tudo isso prejudicará o crescimento da China. Nossa análise de pesquisas socioeconômicas sugere que um grupo pequeno mas influente de pessoas detém a maioria dos ativos financeiros da China. Suas circunstâncias estreitadas surtirão efeitos em cadeia, reduzindo o consumo e influenciando decisões de investimento. Investidores presos na China continental poderão ter pouca opção a não ser colocar parte de seu dinheiro conquistado a duras penas em ações.

Em contraste, poderá ser difícil convencer os estrangeiros a retornar. Isso terá um custo para a China, mesmo que investidores estrangeiros ainda tenham uma pequena parte de seus ativos financeiros. Ao longo dos anos, eles forneceram um útil controle externo sobre preços de obrigações. Além disso, sua entrada no mercado, uma década atrás, foi associada com mais gastos de capital e investimentos em pesquisa e desenvolvimento das empresas chinesas. Sua partida, inversamente, poderia atrapalhar a inovação.

Xi parece saber que algo vai mal. Além de demitir Yi, o governo limitou vendas a descoberto, e administradoras de ativos pertencentes ao Estado receberam ordens de comprar ações. Isso poderá sustentar os preços das ações por algum tempo. Mas interferências desse tipo só fazem transparecer a desconfiança da China em relação aos mercados, sublinhando por que os investidores partiram.

Longe de aceitar a necessidade por uma mudança maior, Xi está piorando as coisas. Domesticamente, ele reprime críticas à economia. Ao mesmo tempo, a China está ficando mais desconfiada em relação a empresas estrangeiras. Investidores de fora estão com mais dificuldade de obter dados financeiros. Em dezembro, novas regras para a indústria de games foram propostas, mas acabaram silenciosamente retiradas após os mercados reagirem mal. Em janeiro, o banco central se recusou a cortar taxas de juros apesar da contínua deflação, contagiando os mercados. Tudo isso só serve para assustar os investidores.

O verdadeiro obstáculo para a mudança é a firme convicção de Xi de que ele e o Partido Comunista têm de estar totalmente no controle. Reconquistar a confiança dos investidores exige repensar o papel do Estado na economia. Mas Xi dificilmente abrandará sua linha. Investidores acharam no passado que a política da China não se intrometeria em sua capacidade de fazer dinheiro. Agora, sabendo que não há como escapar da política, eles terão mais cuidado. / TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

MINERAÇÃO

Valor - SP   19/02/2024

Mineradora informou que, após dois anos de negociação, chegou a um acordo de princípio com a entidade sem necessidade de paralisação

A greve dos trabalhadores de trens que transportam minério de ferro da australiana BHP Billiton, que estava marcada para hoje, foi cancelada após um acordo com o Sindicato de Mineração e Energia.

Em nota, a mineradora informou que, após dois anos de negociação, chegou a um acordo de princípio com a entidade sem necessidade de paralisação. A proposta ainda será levada à votação formal dos trabalhadores.

“É um grande resultado para nossos maquinistas e demais profissionais da Austrália Ocidental. Ouvimos seus comentários e apresentamos uma oferta revisada que é abrangente, generosa e reconhece importante contribuição desses profissionais para nosso negócio de minério”, informou na nota Warren Wellbeloved, chefe de ferrovias da BHP.

CNN Brasil - SP   19/02/2024

A Indonésia e a Vale Base Metals concluíram as negociações e concordaram com um preço para a parcela de ações que a mineradora venderá em sua unidade no país, disse o ministro de mineração do país na sexta-feira (16).

A Vale Canada, uma unidade da Vale Base Metals, e a japonesa Sumitomo Metal Mining assinaram um acordo inicial para vender uma participação de 14% em sua unidade de mineração de níquel na Indonésia para a holding estatal do país, a MIND ID, em novembro passado.

O ministro Arifin Tasrif não revelou o preço da operação, mas disse que seria abaixo do preço atual de mercado. Cerca de 20% das ações da Vale Indonésia são negociadas publicamente e estavam sendo vendidas a cerca de 3.860 rupias (R$ 1,23) por ação.

A Vale não comentou imediatamente.

O desinvestimento de ações é uma condição exigida pelas autoridades indonésias para estender a permissão de mineração da Vale Indonésia, que, caso contrário, terminará em 2025.

Investidores estrangeiros são obrigados a alienar 51% de suas participações para compradores locais após um determinado período de operação.

Arifin disse que o acordo deve ser assinado em breve, incluindo a aprovação da extensão da permissão de mineração da Vale Indonésia.

“Isso proporcionará clareza para seus planos e programas de investimento”, disse o ministro a repórteres.

A Vale Base Metals disse que está se comprometendo a investir US$ 10 bilhões na Indonésia na próxima década.

Após a conclusão do negócio, a MIND ID se tornará a maior acionista da Vale Indonésia, com sua participação subindo de 20% para 34%. A Vale Canada deterá 33,9%, ante 43,79%, e a Sumitomo 11,5%, ante 15,03%, de acordo com um comunicado de novembro.

CNN Brasil - SP   19/02/2024

Uma reunião do conselho da Vale na véspera terminou em um impasse, com os membros divididos sobre renovar ou não o mandato de CEO de Eduardo Bartolomeo, após o governo ter demonstrado insatisfação com os rumos da mineradora e ter dado sinais de que buscaria influenciar na escolha de um novo executivo.

Dos 13 membros do colegiado, seis votaram a favor da recondução de Eduardo Bartolomeo, cujo mandado de CEO termina em 26 de maio, outros seis votaram a favor da abertura de processo de sucessão e um último voto optou pela abstenção, segundo duas fontes com conhecimento do tema, que falaram na condição de anonimato.

“Houve um empate em seis a seis na reunião do conselho, e não há uma data para nova deliberação. Independentes e japoneses (conselheiros que integram o bloco no qual está a sócia Mitsui) estão a favor (do Bartolomeo). O que se tem agora é um impasse”, afirmou uma das fontes.

A fonte acrescentou que resolver este impasse será desafiador.

O voto de abstenção foi de Luis Henrique Guimarães, indicado pela Cosan — acionista relevante da Vale — no conselho e considerado nos bastidores como um dos candidatos à presidência da Vale. Guimarães foi CEO da Cosan, onde permanece como conselheiro.

Na véspera, a Vale informou em nota à imprensa que a reunião extraordinária terminou “de forma inconclusiva” e que o colegiado voltará a se reunir “nos próximos dias” em busca de uma definição sobre o processo de sucessão ou renovação de seu presidente, Eduardo Bartolomeo.

As ações da companhia operavam em alta de mais de 3,50% na tarde de sexta-feira (16), enquanto o Ibovespa tinha ganho de 0,6%, por volta das 15h20.

O conselho da Vale tem competência exclusiva para decidir sobre a escolha do presidente da companhia. No entanto, nos bastidores, o governo federal vem buscando meios de influenciar na escolha.

No início do ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva buscou emplacar seu ex-ministro da Fazenda Guido Mantega na liderança da Vale, conforme a Reuters publicou na ocasião com fonte próxima do assunto, e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, defendeu publicamente as qualificações dele para ocupar um cargo na empresa.

No fim do mês passado, porém, Silveira recuou e negou que o presidente tenha tratado sobre sucessão na Vale e afirmou que Lula “nunca” se disporia a fazer interferência em uma empresa com capital aberto.

Lula, por sua vez, vem fazendo críticas públicas à atuação da Vale nos trabalhos de reparação e compensação pelos rompimentos de barragens da Samarco — joint venture da Vale com a BHP — e da própria Vale, em 2015 e 2019, respectivamente.

Mas, nos bastidores, o que se fala é que Lula gostaria de um presidente que tivesse maior interlocução com o governo.

Segundo reportagem da Folha de S.Paulo, a substituição de Bartolomeo ganhou apoio dos dois conselheiros indicados pela Previ (fundo de pensão do Banco do Brasil), Daniel Stieler e João Luiz Fukunaga, e pelo indicado pelo Bradesco, Fernando Jorge Buso Gomes.
Trajetória do CEO

Bartolomeo assumiu a presidência da Vale primeiramente de forma interina em 2019, deixando o cargo de diretor de Metais Básicos da empresa, no Canadá, após afastamento do então presidente Fabio Schvartsman, que liderava a companhia quando houve o rompimento da barragem de Brumadinho (MG), em janeiro daquele ano.

Bartolomeo foi eleito em seguida definitivamente pelo conselho como CEO, a partir de uma lista preparada pela empresa internacional de seleção de executivos, Spencer Stuart, em conformidade com a governança da companhia.

O mandato de Bartolomeo ficou marcado pela busca por maior segurança nas instalações da companhia, com um plano para o descomissionamento de barragens de maior risco, além de um trabalho para a reparação de danos.

Do lado operacional, a gestão de Bartolomeo tem buscado valorizar qualidade do minério de ferro sobre volumes, tirando vantagens do produto da Vale com maior teor do que o dos concorrentes, além de investir em iniciativas na criação de materiais com maior valor agregado.

Bartolomeo também conseguiu efetivar uma separação da unidade de metais básicos da Vale, em busca de destravar valor diante das perspectivas para o crescimento da demanda de matérias-primas para baterias de carros elétricos com a eletrificação.

Máquinas e Equipamentos

Litoral Hoje - SP   19/02/2024

Segundo a Revista O Empreiteiro, a empresa Komatsu, renomada empresa fabricante de equipamentos para os segmentos de mineração, construção e florestal, está realizando um investimento expressivo na construção de novas fábricas, visando fortalecer sua presença e capacidade de atendimento no mercado brasileiro. Com um aporte inicial de R$ 175 milhões, a empresa está construindo novas unidades fabris em regiões estratégicas, incluindo Contagem (MG) e Parauapebas (PA).

As novas fábricas da Komatsu serão equipadas com tecnologia de ponta e adotarão as melhores práticas globais em termos de sustentabilidade, eficiência operacional e qualidade. Com foco em redução de emissões de CO2 e reutilização inteligente de peças, as instalações em Contagem e Parauapebas representam um avanço significativo para o setor de mineração brasileiro.

Além de impulsionar a indústria de mineração, os investimentos da Komatsu têm um impacto positivo no desenvolvimento regional. Com a geração de empregos diretos e indiretos, além da oferta de programas de capacitação, a empresa está contribuindo para o crescimento econômico e social das comunidades onde suas fábricas estão localizadas.

AUTOMOTIVO

O Estado de S.Paulo - SP   19/02/2024

De olho na ”pauta verde” e na crescente concorrência chinesa, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva prepara medidas de estímulo à produção nacional de ônibus elétrico. As iniciativas vão contar com verbas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e terão exigências de conteúdo local – pré-requisito que voltou a ganhar força com a nova política industrial defendida pela gestão petista.

O objetivo é estimular a produção dentro do País, tendo como principal mercado os médios e grandes municípios que estejam em processo de renovação das frotas, segundo apurou a reportagem. Dos 107 mil ônibus que rodam hoje no Brasil, apenas 444 são elétricos, de acordo com dados da plataforma E-bus Radar, que monitora o transporte público na América Latina. Na região, ocupamos o terceiro lugar, bem atrás de Chile (2.043) e Colômbia (1.590).

O principal entrave à expansão desse tipo de veículo é o preço: um ônibus com essa tecnologia custa na faixa de R$ 2,5 milhões a R$ 3 milhões, ante R$ 700 mil a R$ 900 mil da versão a diesel. “Embora o investimento seja três vezes maior, e ainda tenha o gasto com subestação, isso é compensado pelo custo menor de manutenção e da energia elétrica (na comparação com o combustível)”, afirmou ao Estadão a diretora de Infraestrutura, Transição Energética e Mudança Climática do BNDES, Luciana Costa.

Segundo ela, esse aporte adicional tende a se pagar em um período de 10 a 15 anos. Já pela ótica ambiental, cada ônibus elétrico significa cerca de 100 toneladas de CO2 a menos na atmosfera por ano. Pelo Acordo de Paris, o Brasil terá de zerar a emissão líquida desses gases do efeito estufa até 2050 – ou seja, buscar o equilíbrio entre a emissão e a captura do carbono.

A cidade de São Paulo, que transporta 7,3 milhões de passageiros por dia útil e concentra a maior parte da frota de ônibus elétrico do País, foi a primeira a obter financiamento do BNDES com o objetivo de aumentar a eletromobilidade.

O banco aprovou, no fim de 2023, R$ 2,5 bilhões para a capital paulista com o custo da TLP (Taxa de Longo Prazo, ou seja sem subsídio), mas com pagamento mais alongado, durante 15 anos, mais um de carência. O montante vai bancar a compra de até 1,3 mil veículos, o equivalente a 10% da frota paulistana.

Os veículos só poderão ser adquiridos das quatro montadoras que têm produção local e são certificadas pelo BNDES: Eletra (empresa que nasceu no ABC Paulista), Mercedes-Benz (alemã), BYD (principal fabricante chinesa de veículos elétricos, que ultrapassou a Tesla nas vendas mundiais) e Marcopolo (companhia que iniciou os negócios em Caxias do Sul, no RS).

Luciana admite que o número ainda restrito de empresas configura um gargalo: “Nós temos só quatro montadoras (de ônibus elétrico no País) e elas ainda estão começando. O início é um pouco mais lento; mas, depois, é uma curva exponencial. Nós gostaríamos de escalar rapidamente (a troca das frotas), mas depende da cadeia de suprimentos e da capacidade de produção”.

De acordo com o BNDES, essas montadoras têm apontado um potencial de produção de 4 mil veículos por ano, mas o número é considerado otimista e visto com cautela.

A expectativa do governo e da equipe econômica, segundo apurou a reportagem, é de que as indústrias automobilísticas já instaladas no País acelerem a conversão de suas plantas, atualmente focadas nos motores a combustão – bem como que haja um maior interesse de empresas estrangeiras, inclusive chinesas, de produzir esse tipo de veículo localmente.

Fundo Clima e aluguel de ônibus

Para dar escala a esses financiamentos, o BNDES aposta no Fundo Clima, que está no guarda-chuva do banco de fomento e tem cerca de R$ 10 bilhões em caixa. O dinheiro foi captado em novembro do ano passado, na primeira emissão brasileira de títulos soberanos verdes. Dentro do fundo, já há um subprograma de mobilidade urbana, mas ainda sem valor definido.

“É uma corrida contra o relógio. A expectativa é de que, no primeiro trimestre deste ano, já tenhamos os recursos disponíveis”, afirma Luciana. Segundo ela, as linhas abastecidas pelo Fundo Clima terão juros subsidiados, além de contarem com prazos mais longos do que a média do mercado.

Dentre as capitais, Curitiba também começou a estruturar um projeto de eletrificação de ônibus. A nova concessão será modelada pelo BNDES e terá a meta de renovar um terço da frota até 2030, chegando à totalidade em 2050, com o objetivo de zerar as emissões de CO2.

O problema é que diversos municípios acabaram de realizar concessões e teriam de fazer um reequilíbrio nos contratos para prever ônibus elétrico. Já as cidades menores esbarram na falta de disponibilidade de recursos para bancar subvenções que complementem eventuais financiamentos do BNDES. Para esse último caso, o banco avalia criar um sistema de aluguel.

“Temos estudado a possibilidade de se criar uma empresa de aluguel de ônibus elétrico, mas tem algumas restrições, inclusive regulatórias”, diz Luciana. “A gente não sabe se o BNDES participaria dela ou não. Temos conversado com (o setor de) private equity (que envolve a compra de participação em companhias) e com empresas privadas”, afirma a diretora.

Segundo ela, o sistema já foi testado em outras partes do mundo, como a Colômbia – país que tem a segunda maior frota de ônibus elétrico da América Latina. “Teríamos de tropicalizar e criar o nosso próprio modelo”, diz Luciana, frisando que as conversas, nesse caso, ainda estão em estágio preliminar.
Verbas do PAC

Em alta Economia

Outro braço desses investimentos virá do chamado PAC Seleções – focado nos municípios –, que disponibilizará R$ 3 bilhões para a renovação das frotas nas prefeituras. O Ministério das Cidades já recebeu demandas para 2,9 mil ônibus elétricos e 2,7 mil movidos a diesel (modelo Euro 6, mais sustentável). Como o dinheiro não é suficiente para atender a todos os pedidos, será realizada uma seleção, que levará em conta, por exemplo, a idade dos veículos a serem substituídos.

Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), as exigências de conteúdo local (ou seja, de uso de fornecedores que produzam internamente) serão definidas pela Comissão Interministerial de Inovações e Aquisições do PAC

Diário do Comércio - MG   19/02/2024

O secretário de Desenvolvimento Industrial, Inovação, Comércio e Serviços do governo federal, Uallace Moreira, diz que as empresas poderão acumular incentivos adicionais no Mover (Mobilidade Verde), o novo programa para a indústria automobilística, se exportarem mais e ampliarem a inserção do Brasil nas cadeias produtivas globais.

À Folha, Uallace Moreira afirma que haverá uma trava para o total de incentivo tributário que o governo vai conceder. O benefício será a concessão de um crédito financeiro, que as empresas poderão abater dos impostos a pagar.

“O pedido de crédito financeiro será por ordem cronológica. As empresas terão que correr”, diz. O programa prevê uma renúncia fiscal de R$ 19,3 bilhões entre 2024 e 2028.

Moreira defende o gasto do governo com a concessão de mais incentivos para um dos setores que mais foram beneficiados nas últimas décadas.

O secretário prevê que o carro elétrico no Brasil vai descarbonizar mais do que nos outros países. E afirma que o Brasil tem a vantagem de estar à frente com a tecnologia do etanol.
Descarbonização

O Mover é um programa que coloca o Brasil na fronteira do debate das rotas tecnológicas para carros sustentáveis.

Se você pegar um carro elétrico com a bateria produzida na Europa ou na China, considerando a matriz energética hoje, e pegar uma bateria produzida no Brasil, pode ter certeza que o carro elétrico no Brasil vai descarbonizar mais do que nos outros países. A razão é que a fonte da matriz energética aqui é limpa.
Trava nas concessões

Não há projeções de quanto pode chegar de investimento.

Tanto é que o programa tem uma trava. Se o volume de investimento, por exemplo, ultrapassar o limite de R$ 3,5 bilhões em 2024, as empresas que fizerem por último não terão o crédito financeiro. O pedido de crédito financeiro é por ordem cronológica. As empresas terão que correr.
IPI Verde

Há uma grande expectativa por parte do setor sobre a regulamentação do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) Verde para os carros sustentáveis.

Vai ser um IPI mais barato para os veículos que descarbonizar mais. É uma nova fórmula de cálculo do IPI que considera consumo, potência do motor, segurança veicular e reciclabilidade.

Esses critérios somados estabelecerão as alíquotas diferenciadas. Todos [híbridos e flex] obedecerão a esses critérios.
Decreto nos próximos dias

A regulamentação vai funcionar até 2028. Quando tiver o IBS e a CBS [tributos que serão criados pela reforma tributária], acabou, passa para outro tipo de regulamentação.
Incentivos pelo mundo

O mundo inteiro está fazendo isso [conceder benefícios]. Europa, Estados Unidos, Ásia O volume de subsídios e incentivos que BYD tem [na sua origem] não está no gibi. São bilhões.

Estamos falando de países de alta renda que estão dando subsídio. Não deveriam dar? O Brasil não está distanciado do mundo. Pelo contrário, não chega nem perto o que esses países estão fazendo para promover um processo de descarbonização na mobilidade.
Críticas

Não estamos falando de um setor ultrapassado, retrógrado. É um setor que está na fronteira tecnológica. O mundo inteiro vem discutindo novas rotas tecnológicas, buscando reduzir o custo de produção de carros elétricos, por exemplo, porque a bateria ainda pesa muito e é muito cara. O setor é extremamente estratégico para descarbonizar, emitir menos CO2.
Domínio de tecnologia

Ao mesmo tempo em que o programa tem a busca de sustentabilidade, envolve também o domínio de tecnologia.

Por que não podemos dialogar com um setor que corresponde a 20% da indústria manufatureira do Brasil, que é consolidada? Estamos dando o incentivo porque consideramos importante.

Estamos falando de um parque industrial que é a oitava maior produção mundial de automóveis. A pergunta que eu faço a todos que podem criticar: então, o Brasil tem que abdicar de estar na fronteira tecnológica?
Neoindustrialização

Se o Brasil busca uma neoindustrialização, e tem um setor que corresponde a dois tripés, que é a sustentabilidade e inovação tecnológica, vamos dizer “vocês estão fora”? Qualquer inovação tecnológica, no seu processo inicial de maturação do investimento, é cara.
Incentivos do passado

Você acha mesmo que o Brasil não avançou no setor automotivo? Eu discordo, se pegar o Inovar-Auto [programa de incentivo anterior ao setor], estamos avançando na tecnologia.
Etanol como diferencial

O Brasil está muito à frente do mundo em termos de descarbonização do setor automotivo. É uma vantagem o Brasil olhar e dizer ‘não necessariamente precisamos ir para o carro elétrico’. O programa tem uma pluralidade de entender todas as rotas tecnológicas.
Preços menores

Vai ter carro mais barato no Brasil. Quando, eu não posso dizer, mas que vai, vai. O mundo inteiro terá. Precisa de um tempo para ter maturação. Depende muito da evolução tecnológica da bateria.

Vai chegar o momento que teremos maturação de investimento com tecnologia em escala o suficiente para reduzir preço. Um carro elétrico custava R$ 300 mil. Hoje, você compra por R$ 140 mil, R$ 150 mil. Já caiu o preço.
Caminhões pesados

O programa contempla todos os tipos de veículos. O grande desafio do Brasil é descarbonizar mais caminhões pesados do que carros leves, porque nosso principal mecanismo de transporte são caminhões e ônibus.

O programa estimula a exploração de novas rotas, como o biodiesel e o biocombustível. O PL [projeto de lei] do combustível do futuro, que está vinculado ao Mover, trata de explorar novas rotas de fontes energéticas. Não tem um [tipo de veículo] que tenha um incentivo a mais.
Exportação

Tem um artigo da MP [medida provisória] que prevê a possibilidade de acúmulo de incentivos. Para ter o acúmulo de crédito, as empresas terão que cumprir etapas adicionais, como exportar mais, ter uma inserção maior nas cadeias globais.

Há sempre a crítica de que o setor não exporta muito. Isso é fato. É setor que, em média, quase 83% da produção depende do mercado interno. Só que hoje essas empresas não podem ficar presas ao mercado interno.
Portaria nesta semana

As empresas vão se cadastrar, apresentar projetos, e, cumprindo todos os critérios que estão no Mover, como de produção local, vão ter acesso ao crédito financeiro. A portaria vai regulamentar como as empresas se habilitam, os critérios, o que tem que compor os projetos, os relatórios para a fiscalização por parte do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio), se eles estão cumprindo com o previsto.
Metas

Se não cumprirem as metas, as empresas sofrerão sanções administrativas, que é a suspensão da habilitação e devolução do crédito.
Tramitação da MP

Já foram apresentadas mais de 200 emendas à MP. Por que alguém seria contra? Um programa que tem mais de R$ 41 bilhões em investimentos previstos.

Todos os deputados com quem temos conversado, inclusive do Centrão, têm se mostrado muito favoráveis e entusiasmados com o programa. Já estamos tendo conversas com eles.
Política industrial e plano safra

Queremos consolidar uma política de previsibilidade para toda a indústria um pouco parecida com o Plano Safra, que foi construído aos poucos ao longo do tempo. Hoje, sai governo e entra governo e ninguém mexe no Plano Safra. Queremos fazer a mesma coisa para a indústria. O Plano Safra não foi construído de um dia para outro.
Conteúdo local

O MDIC está mapeando os setores para identificar a possibilidade de estabelecer conteúdo local para algumas cadeias produtivas e o percentual.

O importante é aprender com os erros do passado, olhar e ter clareza se é possível estabelecer um direcionamento para compras para cadeias produtivas existentes, e um porcentual também razoável que não encareça as obras, que não comprometa o prazo de entrega da infraestrutura.

Esse processo está avançado. Fizemos mapeamento das cadeias eólicas, mineração, construção civil, de ônibus, porque tem prevista a renovação de frota nas grandes cidades no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
Revisão das metas da política industrial

Muita gente não percebeu e saiu fazendo críticas sem ter lido. Eu chamo atenção que o decreto estabeleceu o prazo de 90 dias para que as metas próprias do documento sejam revisadas, as contrapartidas, as sanções. Todo esse documento vai ser revisado e apresentado até 22 de abril.
Raio-X

Uallace Moreira, 44 anos
É secretário de Desenvolvimento Industrial, Inovação, Comércio e Serviços do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços). É doutor em desenvolvimento econômico pelo Instituto de Economia da Unicamp e pesquisador do KIEP (Korea Institute for International Economic Policy).
O que é o Mover?

O programa Mobilidade Verde e Inovação institui um regime de incentivos às atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D) da indústria automobilística para estimular a produção e comercialização de carros sustentáveis
Como é dado o benefício?

O benefício é dado via concessão de crédito tributário, que pode ser abatido do imposto a pagar
Qual é o custo?

O custo total será de R$ 19,3 bilhões de 2024 até 2028. Para os R$ 3,5 bilhões de renúncia previstos neste ano, R$ 3 bilhões já estão no Orçamento. Os R$ 500 milhões restantes serão feitos com a receita gerada pela recomposição tarifária na importação dos carros elétricos e dos painéis fotovoltaicos. A Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) fez uma previsão de que os investimentos podem superar os R$ 41 bilhões já anunciados e chegar a até R$ 100 bilhões
Renúncia 2024 – 2028

2024 – R$ 3,5 bilhões
2025 – R$ 3,8 bilhões
2026 – R$ 3,9 bilhões
2027 – R$ 4,0 bilhões
2028 – R$ 4,1 bilhões

Globo Online - RJ   19/02/2024

Proprietários do novo carro da Tesla relatam o surgimento de manchas de ferrugem na lataria do veículo elétrico. Lançado no fim do ano passado, o Cybertruck de Elon Musk pode custar até 96,3 mil dólares — aproximadamente R$ 478 mil —, e foi anunciado pelo seu criador como uma picape de aço inoxidável.

Os primeiros modelos do veículo foram entregues aos compradores em dezembro de 2023. Dois meses depois, proprietários já têm identificado manchas de cor alaranjada, similiares à ferrugem, na carroceria.

Segundo a CBS MoneyWatch, alguns dos motoristas contam ter visto as manchas após o carro ter sido exposto à chuva. Procurada, a Tesla ainda não respondeu à rede americana sobre as queixas dos compradores.

Em um fórum para usuários do Cybertruck, na internet, um dos proprietários do carro publicou fotos das manchas. De acordo com o consumidor, o veículo pegou chuva por dois dias seguidos.

Lançamento do Cybertruck

Quase quatro anos depois de Elon Musk ter revelado a picape de estreia da Tesla, a empresa construiu o seu primeiro Cybertruck em 2023. Pelo Twitter, na época, a montadora compartilhou uma foto do desenvolvimento do veículo elétrico.

A imagem mostrava dezenas de trabalhadores com coletes de segurança e capacetes ao redor do Cybertruck. Quando Musk revelou pela primeira vez o protótipo da caminhonete, em novembro de 2019, o plano era que a produção começasse dois anos depois.

Após o lançamento, o Cybertruck já foi alvo de um recall da Tesla, que afetou todos os Model X fabricados entre 2016 e 2024, todos os Model S fabricados entre 2012 e 2024, Model 3 fabricados entre 2017 e 2023, Model Y fabricados entre 2019 e 2024 e os Cybertruck com software até a versão 2023.44.9.1.

Em maio, durante a reunião anual com acionistas, o empresário moderou as expectativas sobre a rapidez com que a Tesla iria aumentar a produção do veículo. A justificativa era a de que o design do Cybertruck apresentava desafios. Segundo ele, o corpo da caminhonete será de aço inoxidável, o que pode ser caro e mais difícil de moldar e soldar.

Modelo já está disponível para pré-venda e será vendido por cerca de US$ 300 mil (R$ 1,4 milhão)

— Vai ser difícil tornar o custo acessível porque é um carro novo e um novo método de fabricação. Em termos gerais, comparada à taxa de produção de todos os outros carros que fabricamos, a produção será pequena. Mas ainda é muito legal — disse Musk.

Concorrentes saíram na frente

Inicialmente, a Tesla informou que venderia o Cybertruck em três configurações distintas. As opções iriam variar de modelos com 400 a 800 quilômetros de alcance e três faixas de preço: US$ 39,9 mil, US$ 49,9 mil e US$ 69,9 mil. Em outubro de 2021, no entanto, a empresa removeu os preços e especificações de sua página de pedidos do Cybertruck, sem dar explicações.

Em abril do ano passado, Musk foi questionado sobre especificações e preços do modelo. O empresário disse que a Tesla deixaria para divulgar essas informações no evento de entrega do Cybertruck, que custa de R$ 285 mil a R$ 478 mil.

A demonstração da Tesla de sua primeira picape elétrica não saiu conforme o planejado. As janelas do “vidro da armadura" estilhaçaram-se ao serem atingidas por uma bola metálica. Desde então, montadoras concorrentes apresentaram novidades no segmento. A Ford criou uma versão elétrica do seu F-150 mais vendido e a General Motors lançou a caminhonete R1T.

Globo Online - RJ   19/02/2024

Numa concessão às montadoras e sindicatos, o governo Biden vai flexibilizar uma de suas estratégias mais ambiciosas para combater as mudanças climáticas: o plano de limitar as emissões de escapamento, que visam fazer com que os americanos migrem de carros movidos a gasolina para veículos elétricos. A informação foi confirmada junto a três fontes a par do plano do governo.

Em vez de exigir que as montadoras aumentem as vendas de veículos elétricos nos próximos anos, o governo Biden vai dar mais tempo aos fabricantes, sendo um aumento nos pedidos necessário somente depois de 2030. As fontes pediram anonimato porque o regulamento ainda não foi finalizado. A administração do governo planeja publicar a regra final no início da primavera, em março.

Em ano eleitoral

Biden enfrenta ventos contrários intensos enquanto concorre à reeleição e tenta enfrentar as mudanças climáticas. Ele quer reduzir as emissões de dióxido de carbono dos veículos movidos a gasolina, mas precisa da cooperação da indústria automotiva e do apoio político dos trabalhadores sindicalizados (que o elegeram em 2020 e que agora temem que uma transição abrupta para carros elétricos custe seus empregos).

Além disso, a procura dos consumidores pelos carros elétricos não tem sido no nível que os fabricantes de automóveis esperavam. Os compradores estão frustrados com os preços elevados e a relativa escassez de estações de carregamento.

Percebendo uma brecha, o ex-presidente Donald Trump, favorito republicano, agarrou-se ao tema dos carros elétricos, alertando falsamente o público de que eles "não funcionam" e dizendo aos trabalhadores de montadoras que as políticas de Biden são "loucuras" que ele "extinguiria no primeiro dia" caso volte à Casa Branca.

O que prevê o plano

No ano passado, a Agência de Proteção Ambiental propôs limites rigorosos para as emissões de veículos. A agência concebeu regulamento propondo que 67% das vendas de carros novos e caminhões fossem de veículos elétricos até 2032, acima dos 7,6% em 2023. Uma reformulação radical do mercado automotivo americano.

Esse continua sendo o objetivo. Mas agora as autoridades vão ajustar o plano para tornar o ritmo mais brando aos fabricantes, de modo que as vendas aumentem de forma mais gradual até 2030, embora depois tenham que aumentar mais rapidamente.

As montadoras dizem que é preciso mais tempo para construção de uma rede nacional de estações de recarga, enquanto os sindicatos querem mais tempo para tentar sindicalizar novas fábricas de carros elétricos que estão abrindo no país, especialmente no Sul. Mas adiar os requisitos mais rigorosos da regra poderá ter um custo para o clima, ainda mais após o ano mais quente registado na história.

Custo para o clima

Os cientistas dizem que cada ano conta nos esforços do governo para evitar que o planeta se transforme em desastres climáticos mais mortíferos e dispendiosos.

— Teremos um aquecimento mais rápido se as emissões dos transportes nos EUA não diminuírem antes de 2030 — disse James Glynn, investigador sênior do Centro de Política Energética Global da Universidade de Columbia.

Os cientistas alertaram que se a temperatura média global aumentar mais de 1,5 graus Celsius em comparação com os níveis pré-industriais, a população vai ter dificuldade em se adaptar a tempestades, inundações, incêndios, ondas de calor e outras perturbações cada vez mais violentas. O planeta já aqueceu cerca de 1,2 graus Celsius.

Ali Zaidi, conselheiro sênior de Biden para o clima, recusou-se a discutir os detalhes do regulamento final. Mas disse numa entrevista que as políticas climáticas de Biden, combinadas com o investimento federal recorde em energias renováveis, ainda ajudariam a alcançar a meta do presidente de reduzir pela metade as emissões de gases de efeito estufa do país até 2030.

Ainda assim, os especialistas dizem que é incerto se Biden conseguirá cumprir o seu duplo objetivo de reduzir as emissões de gases com efeito de estufa do país para metade até 2030 e eliminá-las até 2050, uma meta que os cientistas dizem que todas as nações devem alcançar para evitar os impactos mais catastróficos das alterações climáticas.

CONSTRUÇÃO CIVIL

IstoÉ Dinheiro - SP   19/02/2024

Brasil parou no tempo. A dura afirmação parte de um homem que tem sua trajetória associada a boas iniciativas, grandes ideias e, principalmente, muita inovação: o empresário Roberto Justus. Ele se refere especificamente ao modelo que o País ainda adota na construção de obras civis, focado no tripé pedreiro-tijolo-canteiro. “Ainda estamos na década de 1960. Há uma resistência muito grande em sair da zona de conforto e evoluir nessa questão”, disse Justus à DINHEIRO. Ele não tem dúvida de que o aço pode ocupar o espaço do tijolo e ser muito mais vantajoso, em um modelo mais rápido e mais sustentável.

Inquieto e arrojado como é, o publicitário de 68 anos não fica apenas nas queixas sobre o modelo de erguer prédios, casas, galpões e estádios. Ele decidiu dar um passo à frente e contribuir para mudar esse cenário. Hoje ele comanda a SteelCorp, uma das maiores empresas brasileiras de Light Steel Frame (LSF), o mais representativo segmento da construção industrializada, e que usa o aço galvanizado como o principal elemento estrutural.

Os planos são ambiciosos: chegar ao fim de 2025 com faturamento de R$ 1,5 bilhão, mais que o dobro do que ele planeja para 2024 (R$ 700 milhões). “Isso mostra o quanto esse mercado estava carente de algo tão revolucionário como esse modelo”, afirmou o empresário, que tem 52% de participação da companhia.

Para alcançar a meta de receita, Justus cercou-se de especialistas.
• Trouxe como sócio Daniel Gispert, que tem mais de duas décadas de experiência no setor. Ele tem 15% de participação na empresa.
• Marcelo Pieruzzi, que comanda o Steel Bank, braço financeiro da companhia, possui 3% das ações.
•  Os outros 30% do capital da SteelCorp pertencem ao fundo de investimentos Reag.

Atualmente a empresa tem 30 obras em andamento, mas o plano mira um horizonte de grande expansão. E, para atender essa demanda, Justus decidiu comprar a fábrica TecnoFrame. A planta, que ficava em Arujá (SP), foi transferida para Cotia (SP), onde está em operação desde janeiro.

Os investimentos entre a compra da empresa, adaptações, capital de giro e aquisição de máquinas alcançaram R$ 30 milhões. Para se ter uma ideia da perspectiva de crescimento da companhia dirigida por Justus, o backlog (quantidade de pedidos recebidos mas ainda não concluídos) da SteelCorp é de R$ 3,1 bilhões.

Hoje a empresa tem cerca de 250 funcionários, sendo 100 somente na fábrica. A capacidade instalada da TecnoFrame deve aumentar mais de três vezes, passando de 12 mil toneladas para 40 mil toneladas produzidas por ano de perfil de Light Steel Frame, no tamanho que a obra precisar.

No papel, a SteelCorp foi criada há uma década, em Santo André, no Grande ABC, ainda com o nome Steel Home. Justus enxergou ali um grande negócio e comprou dos sócios a empresa e o banco. A aquisição foi feita em junho do ano passado e o novo escritório, na Zona Sul de São Paulo, perto do corredor financeiro da Avenida Luis Carlos Berrini, foi inaugurado em outubro. Construído, claro, em Light Steel Frame.

O mercado começa aos poucos a entender as vantagens da construção modular industrializada. Os números ainda são pequenos, mas vem crescendo de forma consistente.

Para se ter uma ideia desse universo:
• o Produto Interno Bruto (PIB) da construção civil movimenta R$ 2,3 trilhões;
• desse total, perto de 10% corresponde à fatia da construção industrial,
• e algo em torno de 1% para o Light Steel Frame (o que representa R$ 23 bilhões).

Mas também é possível enxergar esses números pela visão do copo meio cheio: isso significa que há um espaço enorme para crescimento.

E é nisso que Justus aposta suas fichas e sua energia diária, a ponto de estar novamente à frente da operação de uma empresa, como CEO, função que ele já havia dito há alguns anos que não ocuparia mais.

Antes da pandemia, era possível dizer que o sistema ainda era muito caro, por causa do preço do aço. Hoje esse cenário mudou significativamente.

Os custos atualmente se equivalem, principalmente nos segmentos de médio e alto padrão. Nos dois casos, é possível ir de R$ 3 mil a R$ 10 mil, a depender do tipo de obra. E, para dar ainda mais segurança a quem investe no novo formato, foi publicada em 2022 a norma ABNT NBR 16970, que define as diretrizes de aprovação para o sistema construtivo.
VANTAGENS

São muitas as diferenças do LSF para a alvenaria.
• Uma das mais impactantes no resultado tem a ver com o tempo de construção. Em média, leva 50% menos do que a construção civil.
• E em uma era de práticas ESG, a distância é enorme entre os dois modelos. No Light Steel Frame, não há entulho na obra, já que a produção toda é feita na fábrica e somente a montagem é realizada no terreno.
• Dados da Associação Brasileira das Empresas de Limpeza e Resíduos Especiais (Abrelpe) mostram que o País produziu 48 milhões de toneladas de resíduos de construção e demolição em 2021, que equivale a 227 quilos de materiais de entulho por habitante. Número esse que poderia ser zero caso o modelo industrializado já tivesse mais aderência no Brasil.
• O consumo de água na construção industrializada equivale a 1% do gasto nas obras de alvenaria. São 5 litros por metro quadrado, contra 500 na construção convencional. Há vantagem térmica e acústica. A parede é mais fina e ainda assim mais resistente. Isso pode significar um acréscimo de 4% no aproveitamento da área construída. “Imagine esse ganho para quem constrói um empreendimento”, afirmou Justus.
Novo centro da Scala Data Centers, em Barueri (SP), é uma das 30 obras que hoje estão em andamento pela SteelCorp

Hoje, pelo menos 30% de uma obra na construção industrializada é feita com o esqueleto do aço galvanizado e outra parte ainda no modelo de alvenaria. Justus quer elevar esse número para pelo menos 50%, o que vai reduzir ainda mais o tempo de entrega.

Traduzindo: metade da casa ou do prédio virá pronta da fábrica. Pelo modelo tecnológico e por esse conjunto de vantagens do sistema industrializado na construção é que Gispert considera a SteelCorp uma construtech. “O mundo mudou na forma de a gente se alimentar, de reservar um hotel, pegar um táxi. E a construção civil precisa seguir esse caminho. A nossa empresa está ajudando a desenvolver esse novo mercado”, disse. “Estamos falando de um modelo disruptivo, que substitui tijolo por aço e placa cimentícia.”

E, se o modelo de construção mudou, o emprego para este novo segmento também vem mudando. Saem os pedreiros e entram os montadores, que, ao invés de usarem a pá, utilizam uma parafusadeira.

Para Horácio Steinmann, presidente da Associação Brasileira da Construção Metálica (ABCEM), é falso o argumento dito por quem não entende a fundo o setor de que o modelo industrializado poderia gerar perda de postos de trabalho. “É exatamente o contrário. Enquanto que um pedreiro fica três anos em uma obra, no mesmo período o montador atua em três empreendimentos na construção industrializada.”

Ele também desmistifica a questão do custo. “Na obra convencional é preciso incluir canteiro, madeiramento e mais uma série de itens, o que aumenta o valor final do empreendimento. No caso do nosso modelo, não há esse custo extra.”

Pensando nisso, a SteelCorp resolveu também investir na formação profissional e criou a Steel Academy. A proposta é treinar aquele pedreiro que quer se modernizar ou aquele jovem que entende que esse pode ser um bom caminho profissional. “A gente ensina a usar a parafusadeira e a ler projetos”, afirmou Gispert.

Pelo menos 300 alunos já foram formados na academia. O próximo passo é desenvolver um curso também para engenheiros e arquitetos, para que possam entender mais as especificidades do Light Steel Frame.

Uma das obras mais relevantes em andamento pela empresa é o novo data center da Scala, em Barueri (SP), em parceria com construtoras convencionais. Serão seis pavimentos em 25 mil m². A empresa também está erguendo um estádio, no interior de São Paulo, que, ao invés de demorar um ano e meio, deve ficar pronto em quatro meses.

Justus sabe da importância de sua imagem para contribuir no desenvolvimento do Steel Frame no Brasil. Carismático e com 16 anos de experiência como apresentador de TV (o mais famoso deles foi O Aprendiz), o publicitário tem sido a principal voz no País do modelo tecnológico de construção.

O empresário não descarta, em um médio prazo (menos de cinco anos), realizar o IPO da SteelCorp. “Ela vai ter um crescimento vertiginoso. Esse vai ser o caminho. E vai precisar de capital.”
DESEJO DO PAI

Se já não houvesse elementos suficientes para Justus apostar na construção civil industrializada, há um componente emocional na decisão. Seu pai, Janos Justus, um húngaro que chegou ao Brasil com a mulher Lídia após a Segunda Guerra Mundial e que morreu em 2013, aos 93 anos, foi dono de uma construtora.

Ele queria que seu filho seguisse o caminho, mas sua carreira trilhou rota distante do desejo do pai. “Ele sempre quis que eu fizesse engenharia civil e eu fui cursar administração de empresas. Sempre fui de ciências humanas”, afirmou. “E, agora, talvez o principal negócio da minha vida esteja ligado ao sonho do meu pai”, disse.

Com linhas retas, de aço, o desejo de Janos Justus de certa forma se concretizou. “A família está de volta à construção civil.” E no melhor estilo Roberto Justus, em um modelo 4.0.
Entrevista
Roberto Justus, CEO da SteelCorp
(Claudio Gatti)

Justus: “Estou muito entusiasmado em desbravar esse mercado. Vi oportunidade gigante”

O que te fez mudar seu posicionamento de não mais estar na linha de frente de suas empresas e assumir como CEO da SteelCorp?
Me apaixonei pelo negócio. Estou integralmente na atividade, venho diariamente para o escritório. Minha mulher me lembrou que eu tinha falado lá atrás em ter uma vida mais calma, só em conselhos de empresas. Fato é que estou entregando parte da minha vida, que eu não precisaria mais, a uma atividade que eu acredito muito. Estou muito entusiasmado em desbravar esse mercado. Ninguém estava fazendo o que estamos fazendo hoje.

Isso que o motivou a colocar sua imagem como principal defensor do modelo Light Steel Frame?
Entendo que sou um gerador de oportunidades e estou usando todo o meu networking para mostrar o trabalho incrível da SteelCorp. As pessoas têm confiado muito na gente. O segredo agora é entregar tudo aquilo que a gente está projetando. Para isso, trouxe para a empresa pessoas que entendem muito do assunto. Com minha visibilidade, posso colocar o trombone na rua e fazer esse mercado acontecer.

Qual o horizonte de crescimento para a empresa?
Minha meta é elevar o mercado de Light Steel Frame para 10%, contra 1% atualmente. Isso significa R$ 230 bilhões. E não é para mim. Não vamos absorver tudo isso. Nossa ideia é criar um mercado inteiro. Pretendo chegar nesse horizonte em cinco anos.

Isso incluir formar mais profissionais?
Sem dúvida. Em 2024 queremos ter mais de 1 mil alunos na Steel Academy. Temos parcerias com o Senai e um de nossos cursos já está homologado pelo Ministério da Educação.

E qual o papel da Steel Bank?
É de fortalecer a indústria da construção tecnológica. Ela atua no fomento, desconto de recebíveis e outras ações financeiras. Este ano estamos com R$ 154 milhões de giro, até junho chegaremos a R$ 450 milhões e queremos terminar 2024 com R$ 1,1 bilhão em operações financeiras.

Como mudar a questão cultural da construção de alvenaria?
Não tem sido difícil. As pessoas no início se assustam um pouco, mas estão cada vez mais curiosas. As construtoras têm nos procurado para sermos aliados nas obras. Eles começam a ver o futuro da construção civil. Com as nossas entregas, a resistência vai diminuindo. A gente vai provando que nosso modelo funciona.

Você sempre foi um construtor de ideias e parte para a construção de fato. O que isso significa em sua jornada vitoriosa?
Isso é muito desafiador. Meu pai, meu grande ídolo, teve uma empreiteira grande, a ECEL, que realizou grandes obras no Brasil. E eu não via muita graça em ciências exatas. E sei que hoje ele está vendo em algum lugar. Basta ter uma boa oportunidade que sua cabeça muda. Eu enxerguei na construção tecnológica um grande negócio. Estar na liderança de um processo como esse não tem preço. Eu quero deixar na construção civil o mesmo legado que deixei na publicidade.

Valor - SP   19/02/2024

Risco de evento de crédito já o terceiro mais citado por gestores segundo pesquisa do Bank of America

Fachada do Silicon Valley Bank, um dos pivôs da crise dos bancos americanos em março de 2023 — Foto: Steven Senne/AP

Temores de um evento sistêmico de crédito estão crescendo entre gestores de fundos à medida que alarmes soam nos mercados imobiliários ao redor do mundo. Cerca de um em cada seis entrevistados consideram este o principal risco de cauda para os mercados, comparado com um a cada 11 em dezembro, de acordo com a última edição da pesquisa “Global Fund Manager”, do Bank of America.

O aprofundamento das preocupações com o setor imobiliário comercial (CRE, na sigla em inglês) dos Estados Unidos e o mercado da China levou os gestores a elencarem um potencial evento sistêmico como terceiro maior risco no momento, atrás apenas da alta inflação e geopolítica.

A esperança de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) cortasse os juros e aliviasse parte da pressão sobre o setor imobiliário caiu por terra após a divulgação de números de inflação acima do esperado nos Estados Unidos nesta semana. Os investidores agora precificam menos de 0,9 ponto percentual em cortes de juros neste ano - quase metade do que era esperado em janeiro.

Ao mesmo tempo, mais de US$ 900 bilhões em dívidas no CRE e em empreendimentos multifamíliares requerem refinanciamento ou vendas maiores neste ano - um salto de 40% em relação a estimativas preliminares - após bancos estenderem empréstimos e o valor das propriedades cair.

Bancos menores parecem estar em uma trajetória que os levará a taxas de default de 8% a 10%, alertou Bruce Richard, presidente da Marathon Asset Management. Estes credores estão particularmente vulneráveis à crise do CRE após aumentarem a sua exposição em anos recentes. Em contraste, bancos americanos de grande porte “estão tão fortes quanto o Rochedo de Gibraltar”, disse Richards.

Uma taxa de insolvência de 10% nos empréstimos ao CRE resultaria em cerca de US$ 80 bilhões em perdas adicionais aos bancos, de acordo com uma pesquisa sobre fragilidade bancária nos Estados Unidos publicada em dezembro. A pesquisa alerta que a crise do CRE poderia deixar mais de 300 bancos americanos de menor porte sob risco de default.

"Continuaremos a ver níveis crescentes de estresse", disse Omar Eltorai, diretor de pesquisa do provedor de dados Altus Group. "É uma daquelas variáveis que as pessoas podem chamar de precoce, mas há um atraso antes que ela passe", afirmou, acrescentando que, às vezes, isso pode ser medido em anos.

Por enquanto, o Fed está coordenando com os credores com exposição concentrada a CRE um plano para lidar com as perdas esperadas. Embora as perdas sejam uma preocupação, os órgãos reguladores dos Estados Unidos estão tentando garantir que as reservas e os níveis de liquidez estejam adequados para lidar com elas, disse a secretária do Tesouro americano, Janet Yellen, no início deste mês.

Ainda assim, quase 40% dos gestores de fundos veem o CRE dos EUA como a fonte mais provável de um evento de crédito, segundo a pesquisa do BofA, e outros 22% veem os imóveis chineses como a maior ameaça. A pesquisa foi realizada entre 2 e 8 de fevereiro, poucos dias depois que o New York Community Bancorp cortou seus dividendos e acumulou reservas, em parte devido à fraqueza nos mercados de escritórios e empreendimentos multifamiliares.

Desde então, a turbulência se espalhou para os credores alemães com exposição ao CRE americano. Os títulos do Deutsche Pfandbriefbank caíram ainda mais em território de estresse na quinta-feira (15), depois que a S&P Global Ratings rebaixou a nota de crédito do banco, citando sua alta exposição ao mercado em crise.

Rodoviário

O Estado de S.Paulo - SP   19/02/2024

O Ministério dos Transportes criou um grupo de trabalho que definirá a Rede Nacional de Integração (Rinter), um conjunto de rodovias consideradas as mais importantes do País. Na prática, isso poderá levar a transferência da gestão de rodovias estaduais para o governo federal.

Observando essas e outras possibilidades de federalização, o grupo terá foco em revisar “normas e procedimentos que possam trazer celeridade e transparência ao processo de incorporação de rodovias”.

A Rinter é prevista pela Lei 12.379, de 2011, mas ainda não há definição sobre quais rodovias devem compô-la. Segundo a lei, fazem parte da Rinter as vias que satisfazem a pelo menos um dos seguintes requisitos: promovem a integração regional, interestadual e internacional; ligam capitais de Estados ou ao Distrito Federal; atendem a fluxos de transporte de grande relevância econômica; e provém ligações indispensáveis à segurança nacional.

O Ministério dos Transportes explica, porém, que nem todas as rodovias que se enquadram nesses critérios serão federalizadas, ainda que sejam incluídas na Rinter. “Essa análise visa categorizar os segmentos à luz da legislação”, explica a pasta.

Para as demais possibilidades de incorporação, o ministério diz que esse é um procedimento pontual que visa reverter a descontinuidade de corredores e a incompatibilidade de características técnicas de segmentos estaduais e federais em uma mesma rota logística, “que acabam por prejudicar a segurança, a trafegabilidade e a eficiência do transporte naquele segmento”.

A primeira reunião do grupo técnico está prevista para a próxima sexta-feira, 23. A equipe terá representantes de secretarias da pasta, do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) e da Infra S.A. Os trabalhos terão prazo de vigência de 90 dias, automaticamente prorrogáveis pelo mesmo período, e serão extintos “com a plena consecução dos objetivos”, conforme prevê portaria publicada nesta sexta-feira, 16.

NAVAL

Infomoney - SP   19/02/2024

Muito comemorada por empresários do setor de portos, a renovação do “Reporto” (Regime Tributário para Incentivo à Modernização e à Ampliação da Estrutura Portuária) por mais 5 anos tem o potencial de destravar bilhões em investimentos até o fim da sua vigência, em 2028.

A estimativa é de uma redução de 20% a 30% no custo de importação de máquinas e equipamentos, a um impacto fiscal de aproximadamente R$ 2 bilhões por ano ao governo federal em renúncia de receitas. Agora, os Terminais de Uso Privado (TUPs) querem transformar o benefício em uma política permanente.

Só no porto da Imetame, no Espírito Santo, serão R$ 600 milhões em equipamentos impactados pela desoneração. O complexo, que começou a ser construído do zero em 2021 e deve ser inaugurado parcialmente em 2025, vai custar R$ 1,7 bilhão nesta primeira etapa.

Diretor comercial e de operações do porto, Anderson Carvalho diz que seria “praticamente impossível” colocar o empreendimento de pé sem o programa e que a empresa estava “muito preocupada” com a possibilidade de não renovação. “Um porto precisa de uma superestrutura muito cara, que fica inviável com as taxas de importação. Sem o Reporto, não tem como estruturar uma operação do mesmo nível de um porto internacional. Teria de economizar nos equipamentos, o que afetaria a viabilidade econômica e técnica do investimento e traria consequências operacionais”.

Já foram gastos cerca de R$ 400 milhões só na infraestrutura física do Imetame Logística Porto, em Aracruz (ES), como quebra-mares, dragagem do canal e início da construção de cais. “Foi um período bastante tenso, porque a obra já tinha começado. Quando construímos o projeto lá atrás, consideramos o Reporto”, conta o diretor. “E não tinha como voltar atrás, então a gente acabaria comprando equipamentos mais arcaicos, com menor produtividade. Ia acabar impactando o projeto tecnicamente e operacionalmente”.
Previsibilidade

Criado em 2004, o Reporto permite a compra de máquinas e equipamentos com desoneração de diversos tributos federais: IPI, PIS, Cofins e Imposto de Importação. Ele vem sendo prorrogado pelo Congresso Nacional desde 2007, em prazos curtos de 1 ou 2 anos, e teve sua vigência ampliada novamente no fim do ano passado – desta vez por um período maior.

As empresas destacam a importância dos 5 anos, pois as renovações mais curtas prejudicavam o planejamento de longo prazo dos terminais portuários – que levam anos para serem construídos. A estimativa é de uma redução de 20% a 30% no gasto com os produtos importados, que são encomendados com uma antecedência de 2 anos. A prorrogação por um prazo maior também é importante para o setor, porque o pagamento (ou não) dos tributos acontece só na chegada dos equipamentos no Brasil.

Com isso, os empresários tinham duas alternativas: ou faziam projetos sem considerar o benefício tributário – e depois “ganhavam” uma surpresa positiva, com a prorrogação –, ou antecipavam investimentos, que seriam feitos em um prazo mais longo. É o caso do porto Itapoá, em Santa Catarina, que teve de antecipar milhões em investimentos devido às renovações curtas. O complexo fica na Baía de Babitonga, no norte do estado, perto de diversos concorrentes como os portos de Itajaí, Navegantes e São Francisco do Sul.

Ele começou a ser construído em 2006 e já foram investidos R$ 2,5 bilhões no projeto. Em 2021, o Itapoá investiu US$ 35 milhões em dez RTGs (guindastes móveis sob pneus) autônomos e em um novo “portêiner” (guindaste portuário montado sobre uma estrutura pórtica), de 50 metros, para modernizar sua infraestrutura. Na época a empresa não precisava de tantos equipamentos, mas aproveitou o benefício do Reporto e não quis correr o risco de ele não ser renovado.

“Esse valor seria 25% maior se não tivesse o Reporto. Então a gente antecipou [o investimento], porque na época a validade era até o fim de 2023”, conta Cássio José Schreiner, CEO do porto. “Nós fechamos a compra há mais de 2 anos, no segundo semestre de 2021, pois esses equipamentos levam anos para serem construídos e entregues” (parte dos equipamentos chegou no meio do ano passado e a outra parte, em dezembro).

“Se eu tivesse a perspectiva, lá em 2021, que seria renovado, eu não precisaria antecipar 1 ou 2 anos de investimento. Mas acabou sendo até benéfico, porque estamos com o terminal operando acima de 80% da capacidade”, afirma o CEO do porto — que em 2023 viu seu faturamento ficar acima dos R$ 700 milhões pela primeira vez. “Em 2021 eu estava antecipando investimento. Mas foi bom, porque sem os novos equipamentos eu teria dificuldade de operar em 2024”.
Desoneração de investimento

O governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estima um custo de R$ 2 bilhões por ano com o Reporto. Mas até mesmo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), que tem perseverado na sua cruzada de acabar com diversos benefícios tributários no Brasil, defende a prorrogação. Ele disse que a medida “desonera investimento” e ressaltou que esta é, inclusive, “a espinha dorsal da reforma tributária”. “Não existe país que se desenvolva sem estímulo ao investimento e à exportação”.

A ATP (Associação dos Terminais Portuários Privados), que representa 33 empresas e reúne 65 TUPs, comemorou a prorrogação. Entre os associados estão os maiores players privados do país, como os porto do Açu, Sudeste, Itapoá, DPworld e Portonave, que em 2023 movimentaram 773,9 milhões de toneladas (uma alta anual de 6,6%).

Seu presidente, Murillo Barbosa, diz que a modernização tecnológica possibilitada pelo Reporto “incrementa a competitividade dos portos”. Agora, quer que o programa “seja reconhecido e elevado a um patamar de política pública nos próximos anos e se torne um incentivo permanente para o pleno desenvolvimento do setor de logística nacional”.

PETROLÍFERO

O Estado de S.Paulo - SP   19/02/2024

A balança comercial de petróleo e derivados atingiu recorde com um superávit de US$ 25 bilhões, em 2023, representando 25% do saldo nacional, cujo superávit foi de US$ 99 bilhões. O resultado mostra como foi bem-sucedido o modelo de leilões para explorar petróleo. Por outro lado, mostra, também, como o monopólio mantido no refino ajudou a sermos importadores de todos os derivados de petróleo.

O modelo de leilões atraiu grandes players e investidores, estimulando a competição e permitindo a exploração por parte de empresas estrangeiras e brasileiras, juntamente com a Petrobras. De 1997 a 2022, a produção de petróleo brasileira cresceu 257%, um crescimento anual de 5,34%, passando de 1,1 milhão de barris por dia (b/d) para 3,1 milhões de b/d. Além disso, a abertura do mercado levou a um crescimento da arrecadação das participações governamentais, que era de R$ 1,33 bilhão, em 1999, para R$ 129,93 bilhões, em 2022.

Enquanto ao longo dos anos nos tornamos exportadores de petróleo, também acabamos por ser importadores de derivados, em particular, de diesel. De acordo com dados da ANP, até novembro de 2023, a balança comercial de derivados foi deficitária em US$ 6,0 bilhões, enquanto a balança do petróleo foi superavitária, de US$ 30,2 bilhões. Nesse recorte, só a importação de diesel representou 50% das despesas com derivados.

A defasagem do refino em relação ao segmento de exploração e produção (E&P) resulta de anos de monopólio, obras inacabadas e insegurança jurídica e regulatória. Desde o início dos anos 2000, o parque de refino nacional não recebe investimentos significativos. O último foi a Refinaria Abreu e Lima, que iniciou suas operações com metade da capacidade prevista e se tornou símbolo de anos de corrupção na Petrobras.

Em 2019, o governo resolveu atender ao que a lei da abertura (9.478/97) previa, e Cade e Petrobras assinaram o TCC que previa a venda de oito refinarias, 50% da capacidade de refino da empresa.

Em 2023, a nova gestão da companhia anunciou a decisão de suspensão da alienação de ativos de refino. Não concluiu a venda da Lubnor (CE) e no fim de 2023 sinalizou a intenção de voltar a ter participação na Refinaria de Mataripe, que representa 15% da capacidade de refino do Brasil.

A título de comparação, enquanto em 1997 a Petrobras era responsável por 100% da produção nacional de petróleo, no fim de 2023 esse porcentual foi reduzido para 65%. Já no refino, a única mudança substancial foi a venda da RLAM, atual Mataripe, que representa 14% da capacidade nacional.

O sucesso do modelo do segmento de E&P deveria servir de inspiração para o refino. A entrada de novas empresas trazendo concorrência traria investimentos e geração de empregos e beneficiaria os consumidores e a própria Petrobras, que se blindaria de intervenções do governo na política de preços da empresa.

Valor - SP   19/02/2024

A produção de petróleo da PetroReconcavo foi de 16 mil barris por dia em janeiro; já a produção de gás ficou em 11 mil barris

A PetroReconcavo registrou produção média de 27,2 mil barris de óleo equivalente por dia em janeiro, recuperando-se da paralisação ocorrida em Potiguar no mês anterior.

Segundo a companhia, a produção de janeiro no ativo Potiguar ficou em 14,4 mil barris. No campo Bahia, a empresa produziu 12,7 mil barris.

A produção de petróleo da PetroReconcavo foi de 16 mil barris por dia em janeiro. Já a produção de gás ficou em 11 mil barris.

Valor - SP   19/02/2024

O petróleo WTI com entrega prevista para abril subiu 1,12%, nesta sexta (16), e o Brent anotou alta de 0,74%

O petróleo se recuperou ao longo da sessão desta sexta-feira (16) e fechou em alta. A performance do dia levou a commodity energética a um ganho acumulado de mais de 2% nesta semana. O mercado segue atento a perspectivas melhores para a economia global, que podem levar a uma demanda mais forte do que o previsto neste ano.

O petróleo WTI, a referência americana, com entrega prevista para abril subiu 1,12%, hoje, e 2,20% na semana, a US$ 78,46 por barril. Já o Brent, a referência global, teve alta diária de 0,74% e semanal de 1,56%, a US$ 83,47 por barril.

Segundo Rohan Reddy, diretor de pesquisa da Global X, o rali recente do petróleo foi ajudado por um otimismo maior dos investidores quanto à economia global. Hoje, o Reino Unido divulgou um forte salto das vendas no varejo em janeiro, de 3,4% em relação a dezembro.

“Acho que é pelos motivos errados que os preços do petróleo estão subindo, porque é mais uma alta impulsionada pela oferta do que pela demanda. A China não está adicionando muita coisa", acrescenta ele. O WTI, em torno de US$ 76 por barril, "parece ser uma faixa relativamente segura", acrescenta.

Fawad Razaqzada, analista de mercado do City Index e Forex.com, avalia que esta semana foi volátil para o mercado de petróleo, que teve de equilibrar sinais melhores para a oferta e demanda e a valorização do dólar após dados fortes de inflação nos Estados Unidos.

A força do dólar tem "compensado as medidas de apoio, como a situação no Oriente Médio, a intervenção contínua da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e a esperança de que as condições econômicas na China melhorem nos próximos trimestres", disse ele. "Em suma, acho que os riscos estão inclinados para o lado positivo do petróleo, já que não há muitas influências negativas para impactar os preços”, complementa.

Associe-se!

Junte-se a nós e faça parte dos executivos que ajudam a traçar os rumos da distribuição de aço no Brasil.

INDA

O INDA, Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço, é uma Instituição Não Governamental, legalmente constituída, sem fins lucrativos e fundada em julho de 1970. Seu principal objetivo é promover o uso consciente do Aço, tanto no mercado interno quanto externo, aumentando com isso a competitividade do setor de distribuição e do sistema Siderúrgico Brasileiro como um todo.

Rua Silvia Bueno, 1660, 1º Andar, Cj 107, Ipiranga - São Paulo/SP

+55 11 2272-2121

contato@inda.org.br

© 2019 INDA | Todos os direitos reservados. desenvolvido por agência the bag.

TOP