ADVFN - SP 18/12/2023
Após uma semana de sinalizações positivas dos bancos centrais do Brasil e dos Estados Unidos, o mercado financeiro nacional tem pela frente alguns indicadores importantes a serem avaliados no âmbito doméstico e também ficará de olho em mais uma semana que promete ser intensa no Congresso Nacional. No exterior, atenção para indicadores importantes para a condução da política monetária, como o PCE e o PIB dos Estados Unidos.
A semana que entra vem em clima de final de ano. Nos Estados Unidos, teremos o índice de confiança das construtoras, construção de imóveis, conta corrente, confiança do consumidor, venda de imóveis usados, estoques de petróleo, pedidos de seguro-desemprego, leitura do PIB do terceiro trimestre, índice de atividade industrial do Fed Filadélfia, PCE, bens duráveis, o Michigan/Reuters de confiança do consumidor, e venda de imóveis novos.
A Alemanha publica o índice IFO de confiança do empresário, o Gfk de confiança do consumidor e o índice de preços ao produtor. O Reino Unido divulga o índice de preços ao consumidor, ao produtor, o PIB do terceiro trimestre e as vendas no varejo. A eurozona publica a leitura revisada do índice de preços ao consumidor, o saldo em conta corrente e a confiança do consumidor.
No Japão, o Banco do Japão (Bo) divulga a decisão de política monetária e ata da reunião dos dias 30 e 31 de outubro, e o índice de preços ao consumidor. Na China, teremos a decisão de política monetária do Banco do Povo da China (Pboc, o banco central do país).
A agenda de indicadores no Brasil da próxima semana reserva importantes indicadores. Na segunda, sai a pesquisa Focus, com a atualização das projeções do mercado após as decisões do Fed e do Copom. Na terça, o mercado inicia o dia dissecando a ata do Copom, procurando sinalizações sobre os próximos passos a serem adotados na política monetária. Na quarta, será conhecido o IBC-Br de outubro. Na quinta, será publicado o relatório trimestral de inflação pelo Banco Central.
A semana que antecede o feriado de Natal também terá a divulgação dos últimos indicadores e anúncios corporativos de 2023. Na terça-feira (19), por exemplo, o Instituto
Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda) apresenta os números de fechamento do mês de novembro e as previsões para dezembro.
O mercado segue atento a uma possível redução no preço de venda da gasolina para as distribuidoras pela Petrobras, após o anúncio de corte de R$ 0,27 por litro do preço do diesel A no dia 8 de dezembro. Na última segunda-feira (11), BGC Strategy disse esperar que a companhia corte o preço do combustível em suas refinarias em 8%, ante 5% previsto anteriormente, o que pode impactar em aproximadamente -16 pontos base na inflação. Na sexta-feira (15), o litro da gasolina e do diesel nas principais refinarias do País estavam 1% e 2% mais altos que o preço de paridade de importação (PPl), respectivamente, em média, que o preço no exterior, ou R$ 0,03 e R$ 0,08 mais caros, segundo a medição diária da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom). Já em relação aos polos operados pela Petrobras, a defasagem média estava em 2% e 3% acima do PPI na gasolina e no diesel, ou R$ 0,04 e R$
0,12 mais caros.
Os investidores também ficam atentos à divulgação de pagamentos de proventos pelas companhias, que começam a fechar seus números do último trimestre e do ano 2023.
Confira a agenda completa dos principais indicadores:
Segunda-feira (18/12/2023)
- A FGV divulga, às 8h, o IPC-S da 2a quadrissemana de dezembro.
- O Banco Central (BC) divulga, às 8h30, o Boletim Focus.
- O Ministério do Desenvolvimento, da Indústria. do Comércio e Serviços divulga, às 15h, a parcial mensal preliminar de dezembro.
- O índice de confiança das construtoras de dezembro será publicado às 12h pelo NAHB.
- O índice IFO de confiança do empresário de dezembro será publicado às 6h pelo CESifo Group.
Terça-feira (19/12/2023)
- A Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) divulga, às 7h, o IPC do município de São Paulo da 2 quadrissemana de dezembro.
- O Banco Central (BC) divulga, às 8h, a ata da última reunião do Copom.
- AFGV divulga, às 8h, o IPC-S Capitais da 2a quadrissemana de dezembro.
- A FGV divulga, às 10h15, o Monitor do PIB de outubro.
- A construção de imóveis de novembro será publicada às 10h30 pelo Departamento do Comércio.
- A leitura revisada do índice de preços ao consumidor de novembro será publicada às 7h pelo Eurostat.
- A decisão de política monetária será publicada às 00h00 pelo Banco do Japão (Bo)).
- Ata da reunião do RBA
Quarta-feira (20/12/2023)
- A FGV divulga, às 8h, o ICOMEX de novembro.
- O BC divulga, às 9h, o IBC-Br de outubro.
- O BC divulga, às 14h30, o fluxo cambial referente à semana anterior.
- O saldo em conta corrente do terceiro trimestre será publicado às 10h30 pelo Departamento do Comércio.
- A confiança do consumidor de dezembro será publicado às 12h pelo Conference Board
- As vendas de imóveis residenciais usados de novembro serão publicadas às 12h pelo NAR.
- A posição dos estoques de petróleo até sexta-feira da semana passada será publicada às 12h30 pelo Departamento de Energia (DoE).
- O índice de preços ao consumidor de novembro será publicado às 4h pelo departamento de estatísticas
- O índice de preços ao produtor de novembro será publicado às 4h pelo departamento de estatísticas.
- O índice de preços ao produtor de novembro será publicado às 4h pelo Destatis.
- O índice de confiança do consumidor de janeiro será publicado às 4h pelo instituto GFK.
- O saldo em conta corrente de outubro será publicado às 6h pelo Banco Central Europeu (BCE).
- A leitura preliminar do índice de confiança do consumidor de dezembro será publicada às 12h pela Comissão Europeia.
- A decisão de política monetária será publicada às 22h15 pelo Banco do Povo da China (Pboc, o banco central do país)
- Balança Comercial (20h50)
Quinta-feira (21/12/2023)
- O BC divulga, às 8h, o Relatório trimestral de inflação.
- Os pedidos de seguro-desemprego da semana encerrada no último sábado serão publicados às 10h30 pelo Departamento do Trabalho.
- A terceira leitura do PIB do terceiro trimestre será publicada às 10h30 pelo Departamento do Comércio.
- O indice de atividade industrial Fed Filadélfia de dezembro será publicado às 10h30 pelo Fed Filadélfia.
Sexta-feira (22/12/2023)
- O BC divulga, às 8h, as Estatísticas do setor externo.
- O índice PCE, que mede os gastos individuais, bem como os dados sobre a renda e gastos pessoais de novembro serão publicados às 10h30 pelo Departamento do Comércio.
- Os pedidos de bens duráveis de novembro serão publicados às 10h30 pelo Departamento do Comércio.
- O índice de confiança do consumidor Michigan/Reuters de dezembro será publicado às 12h pela Universidade de Michigan e pela Thomson Reuters.
- As vendas de imóveis novos de novembro serão publicadas às 12h pelo Departamento do Comércio.
- A leitura do PIB do terceiro trimestre será publicada às 4h pelo departamento de estatísticas.
- As vendas no varejo de novembro serão publicadas às 4h pelo departamento de estatísticas.
- A leitura do índice de preços ao consumidor de novembro será publicada às 20h30 pelo departamento de estatísticas
- A ata da reunião dos dias 30 e 31 de outubro será publicada às 20h50 pelo Banco do Japão (Bo]).
Valor - SP 18/12/2023
A produção brasileira de aço bruto em novembro foi de 2,7 milhões de toneladas, 3,8% a mais que em igual mês do ano passado, segundo dados do Instituto Aço Brasil
A produção brasileira de aço bruto em novembro foi de 2,7 milhões de toneladas, 3,8% a mais que em igual mês do ano passado. Em relação aos laminados, a produção somou 1,8 milhão de toneladas, 5,7% abaixo da observada em novembro de 2022. A produção de semiacabados para vendas foi de 799 mil toneladas, um aumento de 32,1% em relação a igual mês do ano passado. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (15) pelo Instituto Aço Brasil.
As vendas internas recuaram 2,1% frente a novembro de 2022, para 1,6 milhão de toneladas, enquanto o consumo aparente de produtos siderúrgicos foi de 2 milhões de toneladas, 2,5% superior a novembro de 2022.
As exportações de novembro somaram 971 mil toneladas, ou US$ 723 milhões, o que significou um aumento de 19,9% em volume e de 5,7% em valor na comparação com novembro do ano passado.
As importações de novembro foram de 356 mil toneladas, que equivaleram a US$ 402 milhões, um aumento de 9,2% em volume e uma queda de 7% em valor na comparação com o registrado em novembro de 2022.
No acumulado do ano até novembro, a produção brasileira de aço bruto soma 29,3 milhões de toneladas, o que representou uma queda de 7,1% na comparação com os 11 primeiros meses do ano passado.
Na mesma comparação, a produção de laminados foi de 20,1 milhões de toneladas, uma queda de 8,5% frente aos 11 primeiros meses de 2022. A produção de semiacabados para vendas somou 8,8 milhões de toneladas de janeiro a novembro, um aumento de 20,4% frente ao período janeiro-novembro.
As vendas internas entre janeiro e novembro somaram 18 milhões de toneladas, uma redução de 5% frente a igual período do ano passado. O consumo aparente nacional de produtos siderúrgicos foi de 22 milhões de toneladas no acumulado até novembro, uma alta de 0,5% frente a igual período de 2022.
As importações alcançaram 4,5 milhões toneladas no acumulado até novembro de 2023, um aumento de 49,9% frente a igual período do ano anterior. Em valor, as importações atingiram US$ 5,4 bilhões, alta de 20,7% na mesma comparação. As exportações de janeiro a novembro de 2023 atingiram 10,9 milhões de toneladas, ou US$ 9,2 bilhões. Esses valores representam redução de 0,9% em volume e queda de 8,6% em valor na comparação com o os 11 primeiros meses de 2022.
Estoque de aço da CNS — Foto: Reprodução/CSN
Exame - SP 18/12/2023
O CEO da Gerdau, Gustavo Werneck, vem afirmando que a situação do setor no Brasil é "dramática". O BTG (do mesmo grupo de controle da Exame) concorda. E hoje, depois de quase uma década recomendando a compra das ações da siderúrgica, rebaixou sua indicação para "neutra", com corte no preço-alvo de R$ 33 para R$ 27 ao fim de 2024.
Por trás da mudança, está a expectativa que “um dos cenários globais mais fracos para a siderurgia em anos” – com consumo fraco no país e enxurrada de importação chinesas – continue a pesar até mesmo para siderúrgica com maiores vantagens competitivas do país.
“A unidade brasileira está com margens EBITDA similares àquelas da recessão de 2014/2015 no Brasil, com prospectos limitados de uma mudança no curto prazo”, escreveram os analistas em relatório sobre o setor de mineração e siderurgia divulgado hoje pela manhã.
Num texto marcado por superlativos, com um cenário “inimaginável” de margens que chegaram próximas a zero na CSN e a líder global Arcellor Mittal negociando a 0,6 vezes seu valor patrimonial sinalizando “tempos desafiadores”, a equipe liderada pelo analista Leonardo Corrêa reconhece que as expectativas do mercado já são baixas.
Mas não há nada que não possa piorar. Segundo os analistas, os resultados do quarto trimestre deste ano e o primeiro trimestre de 2024 devem vir bastante fracos, o que pode pressionar por novas revisões para baixo nas previsões de lucro.
“Acreditamos que o setor está numa posição binária a esse ponto, dependendo de tarifas de importação, o que consideramos improvável”, ponderam.
Com um lobby cada vez mais vocal, o setor siderúrgico brasileiro vem trabalhando para um aumento da tarifa de importação sobre o aço chinês dos atuais 10% a 12% para 25%.
O BTG afirma que a perspectiva para o mercado de americano de aço – que responde por metade da receita da Gerdau – é um pouco mais positiva, mas a volta da lucratividade nesse mercado para patamares mais próximos do histórico também deve pesar sobre o papel.
O banco reduziu o preço-alvo para as ações da Gerdau ao fim de 2024 e R$ 33 para R$ 27. As ações negociam a R$ 23,44 neste ano, com queda de 18,6% neste ano.
Money Times - SP 18/12/2023
A CSN (CSNA3) realizou o seu dia do investidor com a presença do Bradesco BBI. No encontro, os analistas Francisco Navarrete e Renato Chanes destacam que a administração cumprirá seu cronograma agressivo de investimentos sem alavancagem excessiva, o que levará a dividendos inferiores aos níveis extraordinários de 2023.
O investimento da companhia será de R$ 6 bilhões em 2024, contra R$ 4,1 bilhões em 2023. Entre 2024 e 2027, a empresa pretende investir entre R$ 5,5 bilhões a R$ 6,5 bilhões e R$ 6 a R$ 7 bilhões entre 2025 e 2028.
A empresa afirmou no comunicado ao mercado que prevê o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) consolidado em 2028 entre R$ 19,6 bilhões e R$ 37,6 bilhões, dependendo da variação de preços de minério de ferro (entre US$ 90 e US$ 150 a tonelada) e aço, com a média anual de preço da bobina laminada a quente entre US$ 550-650 a tonelada.
“Mensagens positivas em geral em todas as unidades de negócios, com alguns contratempos no plano de expansão do minério de ferro (produção superior a 60 milhões de toneladas apenas em 2028, com P15 aumentando volumes apenas em 2027, contra2026 anteriormente), o que ficou um pouco dentro das expectativas”, colocam os analistas.
Para 2024, a CSN espera menores importações da China em 2024, já que o país deve mudar seu foco para o mercado interno. Neste contexto, a CSN espera aumentar seus volumes domésticos em mais de 10% (contra a orientação de 3% do IaBR), implicando ganhos materiais de participação de mercado provenientes das importações.
Em relação a IPOs, a companhia diz que levará todas as suas unidades de negócio (cimento, siderurgia, energia, logística) para a bolsa, mas o timing não foi previsto (embora o cimento seja naturalmente o próximo).
O Brasdesco tem recomendação neutra para a CSN e compra para CSN Mineração (CMIN3).
Revista Mineração - SP 18/12/2023
Acordo busca uma produção de aço com emissões quase nulas e a descarbonização da indústria siderúrgica.
O incentivo ao desenvolvimento de alternativas de produção de aço para uma gama mais ampla de minérios de ferro é o principal objetivo de acordo assinado pela BHP com a chinesa HBIS Group, que prevê testes da produção de ferro reduzido direto (DRI, na sigla em inglês) e a utilização de minérios de ferro da BHP em misturas.
Além disso, a parceria prevê o desenvolvimento de um teste separado de estágio 2 de granulação aprimorada visando reduzir as emissões de carbono do alto-forno, aumentando o uso de granulados de carga direta e reduzindo a necessidade de carga aglomerada que requer energia de combustível fóssil.
O mais recente acordo de colaboração expande os fluxos de trabalho estabelecidos no memorando de entendimento de 2021 e aproveitará o investimento de até US$ 15 milhões ao longo de três anos proposto pelas duas companhias no memorando de entendimento anterior.
As empresas anunciaram que pretendem testar a produção de DRI em escala comercial usando minérios de ferro BHP em misturas na recém-comissionada planta da HBIS e depois avaliar o desempenho do DRI nas etapas posteriores da siderurgia. A planta utiliza subprodutos de gás ricos em hidrogênio na siderurgia para converter o minério em um produto de ferro metálico que é posteriormente refinado para produzir aço.
“O Grupo HBIS é um parceiro importante da BHP e um líder do setor na avaliação e demonstração de uma série de caminhos potenciais para reduzir os gases de efeito estufa na produção de aço”, disse Mike Henry, CEO da BHP.
O trabalho da BHP com clientes como o Grupo HBIS, juntamente com as ações próprias, visa acelerar o progresso na redução das emissões de gases de efeito estufa ao longo da cadeia de valor.
“O ferro reduzido direto é um elemento importante no caminho da BHP para a produção de aço com emissões quase nulas e na jornada de descarbonização da indústria siderúrgica. As empresas ainda colaboram no desenvolvimento de fornos elétricos de fundição (ESF), e esperamos que os resultados forneçam caminhos para reduzir as emissões de carbono da produção de aço usando produtos da BHP”, comentou a diretora comercial da BHP, Vandita Pant.
O presidente da HBIS, Yu Yong, destacou que as duas companhias estão alinhadas em seus objetivos de ajudar a desenvolver soluções mais ecológicas e de baixo carbono que possam reduzir as emissões na produção de aço, aproveitando a parceria duradoura e confiável construída ao longo dos anos.
“O acordo assinado hoje é outro marco na sequência da nossa cooperação substantiva em áreas relacionadas à captura, utilização e armazenamento de carbono, e destaca os esforços da HBIS para construir uma cadeia de abastecimento de matérias-primas com baixo teor de carbono. A HBIS espera fortalecer nossa sinergia estratégica abrangente com a BHP no desenvolvimento sustentável do aço nos próximos anos”, apontou o presidente da HBIS.
IstoÉ Dinheiro - SP 18/12/2023
Estar comprometido com a agenda ESG (Ambiental, Social e de Governança) é condição sine qua non para qualquer empresa atenta e inserida em questões globais. Tirar projetos do papel e colocá-los em prática é o desafio que bate à porta. São necessários vontade e investimento. Dificuldades todas têm. Companhias de todos os portes e de todas as áreas. Para a indústria do aço, tão tradicional, com processos de produção centenários e acentuada emissão de gases, é ainda mais desafiador. A siderúrgica ArcelorMittal tem um plano ousado nessa direção e por isso é destaque na categoria ESG nesta edição dos EMPREENDEDORES 2023.
Boa parte dos R$ 25 bilhões de investimentos previstos pela companhia no Brasil até 2025 serão para avanços no uso de fontes renováveis de energia e ao compromisso de liderar a descarbonização na indústria do aço. A meta é chegar a 2030 com redução de 25% nas emissões de CO2 e em 2050 tornar-se globalmente neutra em carbono.
“Acreditamos na produção de aço sustentável e estamos comprometidos com a agenda ESG, pois sabemos da nossa responsabilidade, como empresa, com a construção de um futuro mais próspero e inclusivo”, disse Jefferson De Paula, presidente da ArcelorMittal Brasil e CEO de Aços Longos e Mineração da companhia para América Latina.
Os projetos de ESG da siderúrgica de origem luxemburguesa foram acelerados neste ano. Em abril, a ArcelorMittal anunciou uma joint venture com a Casa dos Ventos (CdV) para a instalação do Parque Eólico Babilônia Centro, no sul da Bahia. É o maior contrato de energia eólica do País, que engloba R$ 4,2 bilhões de aportes e capacidade de produção de 553,5MW, provenientes de 123 aerogeradores.
O empreendimento fornecerá 267MW para a ArcelorMittal, volume superior à média do estado do Amapá e o dobro do Acre. O projeto deve entrar em operação em 2025. Vai atender 38% das necessidades de eletricidade da ArcelorMittal no Brasil em 2030, e evitar a emissão anual de 208 mil toneladas de CO2 na atmosfera.
A ArcelorMittal atua ainda:
• na otimização da matriz metálica com aprimoramento do uso de sucata como matéria-prima,
• na troca de combustível com a substituição parcial do carvão mineral por gás natural,
• na maximização do uso de carvão vegetal renovável,
• e na continuidade de melhorias de eficiência energética nos processos de produção de aço.
Na ponta do processo são gerados produtos mais limpos. Como o vergalhão 50S Xcarb, primeiro produzido pela ArcelorMittal Brasil com 100% de material metálico reciclado e 100% de energia renovável com baixa pegada de carbono — cerca de 60% a menos na comparação com o vergalhão tradicional.
“O aço, infinitamente reciclável, será fundamental na transição para uma economia de baixo carbono.”
Jefferson De Paula, presidente da ArcelorMittal Brasil
Em outubro, a ArcelorMittal e a Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) assinaram convênio de cooperação para a criação do Centro CIT/SenaiI de Descarbonização Industrial na capital mineira. Com foco em P&D, serão desenvolvidas ações e projetos relacionados a biocombustíveis sustentáveis, uso de hidrogênio verde, captura e transformação de CO2 e novas tecnologias de produção de aço.
GESTÃO HÍDRICA
A empresa é signatária do Compromisso Empresarial Brasileiro para a Segurança Hídrica. Existe um Plano Diretor de Águas aplicado em todas as unidades da empresa no Brasil. Na de Tubarão (ES), 98% da água doce utilizada é recirculada ou reaproveitada internamente.
Além disso, a empresa firmou acordo com governo estadual para a compra de água de reuso de esgoto sanitário. A ação reduz a demanda da usina por água do Rio Santa Maria da Vitória. Ainda em Tubarão, a siderúrgica possui a maior planta de dessalinização de água do mar para fins industriais do Brasil.
Com todas essas iniciativas de ESG, a ArcelorMittal é a única produtora de aço do Brasil certificada como ResponsibleSteel, que reconhece o alto padrão dos processos de produção e a série de ações realizadas em prol da transformação social, sustentabilidade, diversidade e inclusão.
São três unidades da empresa com o selo: Tubarão (ES), a primeira planta industrial nas Américas e fora da Europa a obter o certificado, Monlevade (MG) e Vega (SC). O objetivo é que todas as unidades do grupo no País sejam certificadas nos próximos anos. Assim a companhia segue com o propósito de criar aços inteligentes para as pessoas e para o planeta. Sempre na vanguarda.
Diário do Comércio - MG 18/12/2023
Minas Gerais produziu em novembro deste ano 832 mil toneladas de aço bruto, conforme dados divulgados na sexta-feira (15) pelo Instituto Aço Brasil. O resultado foi 7% menor em relação ao volume produzido no mesmo período do ano passado (895 mil toneladas).
A situação foi diferente para a fabricação de semiacabados para venda e laminados, o Estado somou 819 mil toneladas no penúltimo mês de 2023. Neste caso, a pesquisa apontou alta de 2,3% na comparação com novembro do exercício anterior (801 mil toneladas).
No País, a produção de aço bruto somou 2,7 milhões de toneladas, alta de 3,8% frente ao apurado no mesmo mês de 2022. Já a produção de laminados foi de 1,8 milhão de toneladas, 5,7% inferior à registrada em novembro de 2022. E a produção de semiacabados para vendas foi de 799 mil toneladas, o que representou um aumento de 32,1% em relação ao ocorrido no mesmo mês do ano passado.
Produção de aço em Minas Gerais também recuou no acumulado do ano
No acumulado do ano, tanto o aço bruto como o grupo de semiacabados e laminados apresentaram recuo em Minas Gerais, sendo o resultado mais intenso para o aço bruto, com queda de 8,9%. A produção mineira chegou a 8,512 milhões de toneladas de janeiro a novembro deste ano, contra 9,347 milhões em igual intervalo de 2022.
No caso de semiacabados e laminados, o recuo nesse tipo de análise foi de 1,5%. A fabricação somou 8,686 milhões no acumulado de 2023 até novembro, enquanto no mesmo período do exercício passado o total contabilizado foi de 8,823 milhões.
De janeiro a novembro de 2023, a produção brasileira de aço bruto foi de 29,3 milhões de toneladas, o que representa uma queda de 7,1% frente ao mesmo período do ano anterior.
A produção de laminados no mesmo período foi de 20,1 milhões de toneladas, redução de 8,5% em relação ao registrado em 2022. A produção de semiacabados para vendas totalizou 8,8 milhões de toneladas de janeiro a novembro de 2023, um aumento de 20,4% na mesma base de comparação.
Participação
Conforme o levantamento do Instituto Aço Brasil, Minas Gerais manteve a primeira posição na produção de aço bruto no País no penúltimo mês de 2023, com participação de 30,4% do mercado nacional, seguido pelo Rio de Janeiro, com 28% de mercado e produção de 766 mil toneladas no mês. A terceira posição é ocupada pelo Espírito Santo, com 566 mil toneladas e participação de 20,7%.
Considerando o acumulado do ano, a participação das siderúrgicas de Minas Gerais chega a 29% do mercado brasileiro. Com a segunda posição do estado fluminense, com 27,4% e produção de 8,028 milhões de toneladas. Em seguida, está a produção da indústria capixaba, com 6,433 milhões de toneladas no acumulado dos 11 meses de 2023 e 21,9% de participação no mercado do País.
Valor - SP 18/12/2023
A companhia reafirmou que suspendeu a operação do alto-forno devido ao grande volume de aço, principalmente da China, que chega ao Brasil a preços abaixo do custo de produção
A Usiminas paralisou nesta sexta-feira (15) o alto-forno 1, da usina de Ipatinga (MG), como anunciado no começo desta semana. O equipamento tem capacidade para 600 mil toneladas de ferro gusa por ano.
A companhia retomou o alto-forno 3, que passou por uma reforma ao longo do ano, passando a ter uma capacidade de produção de 3,6 milhões de toneladas de ferro gusa por ano em Ipatinga.
A companhia reafirmou que suspendeu a operação do alto-forno devido ao grande volume de aço, principalmente da China, que chega ao Brasil a preços abaixo do custo de produção. As importações de aço da China cresceram 48,6% neste ano em volume.
“É uma concorrência desleal que estamos enfrentando, uma vez que o Brasil é um dos poucos países que mantêm o mercado aberto, com impostos de importação bem abaixo da média de outros grandes mercados como a Europa, os Estados Unidos e o México”, afirmou em nota o presidente da Usiminas, Marcelo Chara.
As ações preferenciais da Usiminas subiram 0,68% na B3, chegando a R$ 8,78 no fim da tarde desta sexta-feira (15). O Ibovespa recuava 0,47%, para 130.220 pontos.
Globo Online - RJ 18/12/2023
Com os juros em queda no país, o crédito pode ser o impulso para manter o consumo das famílias no ano que vem, apontam economistas. Na última quarta-feira, o Banco Central (BC) fez mais um corte na taxa básica de juros (Selic), para 11,75% ao ano, e o ciclo de queda iniciado em agosto já começa a chegar na ponta.
A taxa do crédito direto ao consumidor está em 55,4% ao ano, ainda muito alta, mas é a menor desde setembro de 2022. Em abril, havia chegado a 59,6%. Somando o menor endividamento das famílias e a renda menos comprometida com dívidas, fabricantes de bens como automóveis, eletrodomésticos, móveis e vestuário já projetam crescimento de vendas em 2024, depois da estagnação deste ano.
— É o início de uma trajetória de queda (dos juros). É um movimento que vamos ver com mais força no ano que vem, e com as famílias conseguindo renegociar suas dívidas com o programa do governo — diz Julia Braga, coordenadora do grupo de conjuntura do Ipea, referindo-se ao Desenrola Brasil, que ainda não alcançou o universo de 32 milhões de inadimplentes que poderiam ser reabilitados ao crédito, segundo o governo.
O efeito do crédito não será suficiente para manter em 2024 a economia no mesmo ritmo deste ano, que teve melhora no mercado de trabalho. A previsão do mercado é que o Produto Interno Bruto (PIB) cresça entre 1,5% e 2% no ano que vem, abaixo dos 3% previstos para 2023, mas Julia diz que o crédito pode dar fôlego ao consumo em 2024:
— O movimento do crédito tem muito a percorrer, no sentido de incentivar a economia.
Da máquina de lavar ao aparelho de barbear
O universitário carioca Pedro Marques, de 22 anos, aproveitou a última Black Friday, juntamente com o pai e o tio, com quem mora, para comprar uma máquina de lavar, em dez parcelas. Ele ganha pouco como estagiário, mas o salário do pai subiu, o que aumentou a confiança deles para a compra. Depois de habilitar um cartão de crédito, ele agora planeja parcelar também um aparelho de barbear:
— Sempre fui contra (cartão de crédito), por não me achar tão responsável e ver valores cobrados incompatíveis com minhas necessidades. Por isso escolhi um cartão com benefícios e taxas mais compatíveis com minha realidade.
José Jorge do Nascimento, presidente executivo da Eletros, que reúne os fabricantes de eletrodomésticos, prevê que, se a Selic confirmar a previsão de analistas para o fim de 2024 e cair para perto de 9%, as vendas sobem no ano que vem, ofuscando 2022 e 2023, os piores do setor em dez anos:
— Com a Selic chegando a 9%, 8%, redução da pressão inflacionária e custo de produção menores, há uma expectativa de alta de 5% a 8%. Sem isso, devemos igualar este ano.
Menor endividamento
A mesma perspectiva alimenta previsões da Anfavea, que reúne montadoras e prevê emplacamento 7% maior em 2024, sendo 6,6% para veículos leves e 14,1% para pesados. Na produção, a alta deve ser de 4,7%. O crédito é um fator decisivo em boa parte das compras de carros e caminhões. Para Marcio Lima Leite, presidente da Anfavea, o último corte da Selic vai mexer bastante com o mercado automotivo, principalmente pela indicação do BC de novos cortes de 0,5 ponto percentual:
— Para o consumidor também vai cair, e isso é muito favorável para o nosso mercado.
A construção civil também espera maior disposição para a compra de imóveis. A Construtora MBigucci, por exemplo, lançou quatro empreendimentos em 2023, com 400 unidades. Vai dobrar no ano que vem. Serão oito lançamentos, com 859 unidades.
— Em novembro, houve alta forte nas vendas. O faturamento aumentou 35% frente a outubro. Foram 31 vendas de apartamentos em outubro e 50 em novembro — diz Milton Bigucci Junior, diretor técnico da empresa.
Compra no 2º semestre
A gerente de marketing Luara de Araújo, de 33 anos, e o marido se preparam para comprar um imóvel em São Bernardo do Campo (SP) no segundo semestre do ano que vem, quando acreditam que os juros estarão mais baixos. Com uma filha de 2 anos, o casal já começou a juntar dinheiro:
— Temos um imóvel financiado, mas, como a família cresceu, mudamos para um apartamento maior, de aluguel. Iniciamos economia mensal para dar entrada em outro e depois complementar com financiamento bancário.
Mesmo com a queda no fim do ano, os juros reais (descontada a inflação) vão continuar altos em 2024, aponta a pesquisadora do FGV Ibre Silvia Matos. Mas ela diz que o efeito do crédito vai aparecer com mais força na economia a partir da segunda metade do ano.
— O ciclo de crédito mais favorável virá mais para segundo semestre e em 2025, quando o mundo e os EUA começarem a reduzir juros — diz a economista, referindo-se ao contexto internacional que pode facilitar a queda mais forte da Selic.
Silvia chama a atenção para a inadimplência bem mais alta na baixa renda, mas em queda: foi de 12,15% em janeiro para 11,53% em outubro. Nas famílias que ganham mais de cinco salários mínimos, a taxa é bem mais baixa, de 4,65%.
— O problema da inadimplência está concentrado na média e baixa renda, que não têm acesso a crédito consignado, de automóveis e outros mais baratos. Dependem do cartão de crédito e do parcelamento do varejo. Como a inadimplência vem caindo, isso permite que o juro (ao consumidor) caia mais também.
O endividamento das famílias chegou a 47,7%, a menor parcela desde setembro de 2021, segundo o BC, o que abre espaço no orçamento para o consumo. Fábio Bentes, economista da Confederação Nacional do Comércio (CNC), diz que a melhoria nas condições do crédito começou em maio, ainda antes de a Selic começar a cair:
— A taxa média de juros chegou a 60% (ao ano) em maio e caiu para 55%. Está distante do ideal, mas cinco pontos desafogam o orçamento familiar.
A inadimplência, que estava em 6,3% em junho, caiu para 5,91% em outubro, aponta Isabela Tavares, economista da Tendências. Ela prevê alta de 3,1% no crédito em 2024:
— O Desenrola favoreceu a redução da inadimplência e a oferta (de crédito). O comprometimento da renda (com dívidas) também reduziu (está em 27,4%). E as concessões que vão crescer no ano que vem são de melhor qualidade, de veículo e consignado.
Monitor Digital - RJ 18/12/2023
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) mostrou um aumento de 0,28% em novembro, ficando ligeiramente abaixo da alta de 0,30% esperada pelo mercado. Pela análise no acumulado do ano (4,04%) e dos últimos 12 meses (4,68%), há uma desaceleração na comparação com o mesmo período do ano passado, o que sugere uma maior estabilidade no índice oficial de preços brasileiro. Em novembro de 2022, o avanço acumulado em 12 meses era de 5,90%.
Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados em novembro, seis apresentaram alta. A maior variação (0,63%) e o maior impacto (0,13 p.p.) vieram de Alimentação e bebidas. Os grupos Habitação (0,48%) e Transportes (0,27%) contribuíram com 0,07 p.p. e 0,06 p.p., respectivamente. As informações foram divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Já o CPI (Consumer Price Index), principal medida de inflação ao consumidor nos EUA, apresentou leve alta de 0,1% em novembro, embora os analistas locais projetassem estabilidade. O núcleo do CPI, que exclui alimentos e energia, teve alta de 0,3% no mês passado e ficou em linha com o consenso. O comportamento do núcleo da inflação costuma ser monitorado mais de perto pelos investidores, uma vez que tende a mostrar melhor as tendências de longo prazo.
O índice de habitação subiu novamente em novembro, mas foi compensado pela queda da gasolina. O índice de energia caiu 2,30% durante o mês, devido a queda de 6% do preço da gasolina.
No acumulado em 12 meses, o CPI geral chegou a 3,10% e o núcleo ficou no mesmo patamar de 4,0%. Os dados foram publicados pela Bureau of Labor Statistics (BLS).
Avaliação
As taxas de inflação mais recentes no Brasil e a melhoria do cenário externo são fatores que devem proporcionar o respaldo necessário ao Comitê de Política Monetária (Copom) para manter o ritmo de cortes da taxa de juros. Os resultados de novembro, sem grandes mudanças significativas, devem seguir favorecendo a perspectiva otimista dos investidores em relação aos ativos de risco e ao ciclo de queda de juros.
Nos EUA, a inflação também segue arrefecendo, mas ainda com certa dificuldade de chegar a meta de 2% estipulada pelo Fed. Esse é o principal motivo de um viés mais cauteloso, uma vez que é preciso um cenário sólido para o início da queda dos juros pela autoridade monetária.
Isso foi demonstrado na última reunião do ano dos comitês que decidem taxas de juros. O Copom reduziu os juros em 0,50%, passando a Selic de 12,25% para 11,75%. O Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), por sua vez, manteve a taxa-alvo de fundos Fed entre 5,25% e 5,50%. Ambas as decisões vieram conforme o esperado.
Como a expectativa dos investidores em relação ao futuro guia a direção do mercado, o horizonte mais estável vem sendo precificado na bolsa local e americana, que caminham para fechar o ano de 2023 com uma boa rentabilidade.
Por fim, as medidas de inflação abaixo das expectativas colaboram para a queda da taxa de juros e impulsionam os preços das ações. Por outro lado, os indicadores de inflação acima das expectativas contribuem para elevação ou manutenção da taxa de juros e gera efeitos negativos nos preços dos papéis.
Exame - SP 18/12/2023
A iniciativa da China de fazer uma injeção recorde na economia e dar mais apoio ao setor imobiliário nesta sexta-feira deu uma sinalização mais poderosa de estímulo aos investidores.
O banco central concedeu aos credores comerciais US$ 112 bilhões em empréstimos de um ano para tentar dissipar preocupações com a liquidez em meio a um aumento nas emissões de dívida pública. O anúncio veio na esteira de um relaxamento das restrições às compras de imóveis residenciais em Pequim e Xangai.
A reação do mercado sugere que a dobradinha de medidas trouxe algum alívio, mas é necessário fazer mais. As ações de empresas chinesas negociadas em Hong Kong chegaram a subir 3,7%, antes de devolverem parte dos ganhos após o governo dizer que mira um déficit de 3% do PIB em 2024. A bolsa de Xangai fechou em queda pelo terceiro dia seguido.
“É muito cedo para considerar que se trata de uma virada. A confiança dos investidores permanece frágil e as tensões geopolíticas continuam a ser uma fonte potencial de risco”, disse Zhong Liang Han, estrategista de investimentos do Standard Chartered Bank.
As autoridades chinesas enfrentam o desafio de melhorar a liquidez o suficiente para que as instituições financeiras possam absorver as vendas de títulos do governo, sem provocar uma queda no yuan.
“A falta de confiança ainda é o principal fator que impede o crescimento, mas juros mais baixos ajudarão a economia”, disse Serena Zhou, economista do Mizuho Securities. “Ainda espero cortes de juros de 20 pontos-base e redução de 50 pontos-base na alíquota do compulsório no próximo ano.”
O Banco Popular da China ofereceu aos credores comerciais 800 bilhões de yuans (US$ 112 bilhões) líquidos em financiamento de um ano através do chamado mecanismo de empréstimo de médio prazo. Embora o banco central tenha mantido a taxa de juros inalterada, a dimensão da injeção, mais que o dobro do esperado pelos analistas, foi uma surpresa.
Poucos minutos antes da injeção, o BC chinês colocou sua taxa de câmbio diária de referência no nível mais forte desde junho. A taxa limita os movimentos da moeda no mercado onshore em 2% para baixo ou para cima.
Dados econômicos divulgados nesta sexta-feira mostraram que o crescimento da produção industrial chinesa em novembro superou as expectativas, mas as vendas no varejo vieram abaixo do esperado e a contração do investimento imobiliário se aprofundou.
“Injetar liquidez e tentar aumentar a oferta do lado financeiro é útil, mas provavelmente não será suficiente se não houver vontade de gastar ou de investir”, disse Louis Kuijs, economista-chefe para Ásia-Pacífico da S&P Global Ratings. “Aparentemente, é preciso fazer mais, tendo em vista o quão precária é a situação.”
O Estado de S.Paulo - SP 18/12/2023
Prestes a completar o primeiro ano de governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já está deixando sua marca nas contas públicas – e o quadro que se revela até agora confirma, em boa medida, as previsões negativas feitas por muitos analistas desde antes da posse, em janeiro.
Com sua perspicácia e capacidade de articulação política, Lula tem conseguido contornar mecanismos de controle de gastos, sem deixar brechas para contestações legais, e está gastando muito além do que poderia, tingindo o Orçamento de vermelho e encorpando a dívida pública.
Neste ano, se não houver nova revisão nos dados oficiais, o governo deverá fechar suas contas com um saldo negativo de R$ 203,4 bilhões, segundo o Banco Central (BC), o equivalente a 1,9% do PIB (Produto Interno Bruto), sem contar os juros da dívida pública.
Exceto pelo resultado de 2020, no auge da pandemia, o déficit de 2023 interrompe uma série de cinco anos de melhora na situação fiscal do País, iniciada em 2017, primeiro “ano cheio” do governo Temer, após o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.
Somando a esse resultado o valor gasto com o pagamento dos juros da dívida, o buraco no ano deverá ficar em torno de R$ 800 bilhões ou 7,5% do PIB, de acordo com estimativas feitas a partir dos números mais recentes do BC. Com isso, a dívida bruta, que havia caído para 72,9% do PIB em 2022, depois de atingir o pico histórico em 2020, está empinando de novo. Até o fim de outubro, conforme os dados do BC, já estava em 74,7% do PIB. E, de acordo com projeções de analistas de mercado, deverá continuar a crescer, chegando a 78,5% do PIB em 2025 e superando os 80% do PIB em 2026, no fim do governo Lula.
“Para o PT, o importante é o governo gastar para estimular a economia e fazê-la crescer”, diz Marcos Mendes, doutor em economia e pesquisador associado do Insper, uma escola de negócios, direito e engenharia de São Paulo. “Para eles, desajuste fiscal não leva ao aumento da inflação, ao aumento dos juros, ao aumento dos riscos, das incertezas. Déficit fiscal só tem o lado bom, porque as pessoas compram mais, as empresas investem mais, a economia roda. É assim que funciona a cabeça deles.”
Embora o rombo de 2023 esteja dentro da “licença para gastar” que Lula obteve do Congresso antes mesmo de tomar posse, ele supera de longe o déficit de 0,5% do PIB, depois reajustado para 1% do PIB, prometido pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ao longo do ano.
Como o presidente brecou qualquer iniciativa de contenção de gastos, as despesas acabaram sendo maiores do que as previstas por Haddad, e as receitas, menores, apesar de seu empenho em implementar sua pauta arrecadatória, para tentar reduzir o estrago nas contas públicas.
“As medidas de aumento de arrecadação não surtiram o efeito que o ministro desejava”, afirma Rafaela Vitoria, economista-chefe do Banco Inter. “As despesas estão crescendo bem mais do que as receitas e o que preocupa é que não existe debate sobre a necessidade de controlar o aumento dos gastos.”
Haddad até corre atrás de receitas adicionais, já que não tem autorização do chefe para cortar despesas, com o objetivo de aliviar da melhor forma possível o déficit fiscal. Ainda que por vias tortas, por meio de medidas de aumento de impostos, algumas das quais dependendo de aprovação do Congresso, Haddad está tentando colocar um pouco de ordem na casa.
O problema é que, com a carga tributária na faixa de 35% do PIB, bem acima da média dos países emergentes, o espaço para o aumento da arrecadação e a realização do ajuste pelo lado da receita é relativamente pequeno. “Se o governo quisesse, haveria espaço para controlar despesas, mas existe pouca vontade para fazer isso”, diz Rafaela.
É certo que, hoje, mesmo com as contas públicas no vermelho e a perspectiva de manutenção do déficit fiscal nos próximos anos, o cenário ainda parece distante do quadro sombrio que marcou a economia na gestão de Dilma, que pisou no acelerador dos gastos e levou o País à maior recessão de que se tem notícia, com uma queda acumulada de quase 7% no PIB, em 2015 e 2016.
Depois do impeachment, com a adoção do teto dos gastos, que limitava as despesas de um ano às do ano anterior corrigidas pela inflação, o panorama fiscal se manteve mais ou menos sob controle. As despesas totais do governo nesse período caíram de forma significativa, de 19,9% do PIB em 2016 para 18,2% em 2022, com o congelamento dos salários do funcionalismo, a reposição parcial dos funcionários aposentados e a suspensão de concursos públicos. A reforma da Previdência, cujo rombo crescia em progressão geométrica, também deu uma forte contribuição para melhorar a situação. Além disso, a inflação e os juros, que na época de Dilma estavam em alta, vêm caindo de forma progressiva nos últimos meses.
“Nós sabemos que a situação fiscal não vai garantir a sustentabilidade da dívida pública, mas também não vai deteriorá-la muito. Agora, em algum momento, nós vamos precisar fazer um ajuste equivalente a 2% ou 2,5% do PIB para estabilizar o crescimento da dívida”, afirma o economista Luiz Fernando Figueiredo, presidente do conselho de administração da Jive Investiments e ex-diretor de Política Monetária do Banco Central. “Uma coisa que ajuda o Brasil é que o mundo também não está uma beleza do ponto de vista fiscal. Se houvesse um concurso internacional de bruxas, o Brasil com certeza não seria a bruxa mais feia da disputa”, diz.
Mesmo assim, o atual quadro fiscal do País recomenda certa moderação nos gastos. Em tese, o novo arcabouço proposto pela Fazenda, aprovado pelo Congresso e sancionado por Lula, deveria dar o norte na área fiscal a partir de 2024, em substituição ao teto de gastos, mantendo as contas públicas sob relativo controle. Mas, diante do rumo que as coisas estão tomando nas últimas semanas nesse campo, muitos analistas têm dúvidas de que o arcabouço de Haddad, que estabelece metas anuais de resultado primário (saldo entre receitas e despesas, sem contar os juros da dívida) e prevê contingenciamento (bloqueio) de gastos se o cumprimento das metas estiver em risco, conseguirá “parar em pé”.
Ainda que Lula tenha dado seu aval para o arcabouço, ele tem demonstrado desconforto com as metas previstas no dispositivo. Recentemente, depois de muita controvérsia, Haddad conseguiu convencer o presidente a deixar para trás, ao menos por enquanto, a ideia de rever a meta de déficit zero no ano que vem.
O presidente, no entanto, já disse que não vai cortar investimentos em infraestrutura e despesas nas áreas de educação e saúde, entre outras, nem realizar um eventual contingenciamento de verbas para cumprir a meta em 2024, o que reforça os temores existentes na praça em relação à sobrevivência do arcabouço.
Mesmo concordando em manter a meta de déficit zero, Lula vem se empenhando junto ao Congresso, que deverá votar ainda nesta semana o Orçamento, para excluir o maior número possível de despesas do resultado primário, evitando o desgaste de negociar a mudança da meta mais à frente.
Foi o que aconteceu, por exemplo, com os investimentos de até R$ 5 bilhões das estatais no âmbito do novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), as despesas da bolsa para alunos de baixa renda do ensino médio, calculadas em R$ 20 bilhões, e os gastos com o seguro rural. Tudo isso foi excluído da meta.
O expediente tem levado vários economistas a dizer que a chamada “contabilidade criativa”, que prosperou no governo Dilma para mascarar a deterioração fiscal, está de volta à cena. Não por acaso, a média das previsões dos bancos, divulgada pelo BC no Relatório Focus mais recente, aponta para um rombo fiscal equivalente a 1% do PIB em 2024, bem acima da meta oficial. “Nós estamos de olho, não estamos deixando de ver o que está acontecendo”, diz Figueiredo.
O deputado federal Danilo Forte (União-CE), relator do projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), até manteve a meta de déficit zero, a pedido do governo. Mas estabeleceu um limite máximo de R$ 22,3 bilhões para contingenciamento de despesas, o que inviabilizaria o cumprimento da meta, segundo técnicos da Câmara, já que o governo terá de fazer um bloqueio de pelo menos R$ 56 bilhões para ficar dentro do limite de gastos previsto no arcabouço.
Cheque especial ilimitado
Algumas lideranças do Congresso estão dizendo que o texto final da lei orçamentária libera o governo de fazer qualquer contingenciamento de despesas para cumprir a meta. Na prática, isso significaria, se confirmado, que o Legislativo estaria concedendo a Lula um cheque especial ilimitado, para ele gastar como quiser, transformando o País numa espécie de “terra sem lei” no campo fiscal. A questão, de acordo com parlamentares que detectaram o problema, deverá ser alvo de questionamentos antes da votação da matéria pelo plenário e promete render muita controvérsia.
Nos últimos dias, Lula voltou a fazer profissão de fé no receituário heterodoxo adotado em seu segundo mandato, levado ao limite por Dilma em seu governo, ampliando ainda mais as incertezas em relação ao futuro do arcabouço e da gestão fiscal do País.
Centrado na política do “gasto é vida”, como dizia Dilma, com o alegado objetivo de turbinar o crescimento econômico, sem preocupação com o efeito negativo que isso terá nos cofres do Tesouro, esse modelo é encarado por Lula e pelo PT como uma alternativa ao que o partido chama de “austericídio”, em referência a um suposto impacto sinistro que a austeridade fiscal geraria na economia, em prejuízo das empresas e dos cidadãos.
“Se for necessário este país fazer endividamento para crescer, qual o problema?”, afirmou Lula, em reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, o Conselhão, realizada na semana passada, em Brasília. “Nós temos o caminho das pedras e temos de decidir agora se vamos retirar essas pedras ou não. Ou se a gente vai chegar à conclusão de que, por um problema da Lei de Responsabilidade Fiscal, de superávit primário, de inflação, não vai poder fazer (o que acha que tem de ser feito) e vamos todo mundo desanimar, voltar para nossa vidinha”, acrescentou o presidente, escancarando sua rejeição por dois princípios essenciais para a preservação da estabilidade econômica – o equilíbrio nas finanças públicas e a manutenção do poder de compra da moeda.
Curiosamente, como se fosse um movimento orquestrado, a fala de Lula se seguiu a declarações semelhantes de dirigentes e parlamentares do PT sobre o tema, realçando o benefício que a gastança do governo pode proporcionar para a legenda nas eleições municipais de 2024. O pleito é considerado essencial para alavancar a candidatura do presidente à reeleição e para ele garantir uma base mais amigável no novo Congresso, a ser eleito em 2026, caso seja o vencedor nas urnas.
“Se tiver que fazer déficit, vamos fazer, ou a gente não ganha a eleição em 2024", afirmou o deputado petista José Guimarães (CE), líder do governo na Câmara, em encontro eleitoral promovido dias antes pelo partido, também em Brasília. “Do ponto de vista econômico, o instrumento que temos hoje para usar é a política fiscal. É o Estado forte, é o Estado indutor, é o Estado que gasta; porque senão vamos ficar na mão de Banco Central, na mão desses liberais de mercado”, disse a deputada Gleisi Hoffmann, presidente do PT, no mesmo evento.
Também presente ao convescote petista, Haddad até contestou a visão de Gleisi, argumentando que a existência de déficit fiscal não garante crescimento econômico, mas foi uma voz quase isolada no encontro. Nem a experiência fracassada de Dilma no governo, com resultados desastrosos na economia, parece suficiente para fazer Lula e o PT mudarem de ideia em relação ao modelo perdulário de gestão encapado pelo presidente e pelo partido.
“O pensamento econômico do PT é esse mesmo. A maioria das pessoas de esquerda não admite que as políticas adotadas na economia lá atrás foram a causa da grande recessão de 2015 e 2016", diz Marcos Mendes. “Eles acham que tudo estava indo muito bem e que foi a Lava Jato, o processo de impeachment, alguma coisa no campo político que atrapalhou o projeto deles. Então, é natural que, ao voltar ao poder, retomem aquelas políticas que eles acreditam que estavam indo bem.”
O Estado de S.Paulo - SP 18/12/2023
O País conseguiu vencer os obstáculos que travavam a reforma tributária nesta semana. Foram mais de 35 anos até que o Legislativo desse aval a uma proposta que havia se tornado um folclore no noticiário nacional, um feito e tanto e uma vitória a ser muito celebrada por toda a sociedade.
O texto havia recebido apoio da maioria da Câmara em julho, na primeira etapa de tramitação. Em novembro, os senadores deram 53 votos a favor e 24 contra, mas modificaram trechos da reforma e devolveram a proposta para uma última apreciação dos deputados.
Foram necessários mais de 30 dias até que se chegasse a um acordo sobre o texto final. E numa sexta-feira, dia de votações tradicionalmente esvaziadas no Legislativo, os deputados aprovaram o texto por 371 votos a favor e 121 contra no primeiro turno de votação e por 365 a 118 no segundo.
A ampla margem de apoio a uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) pode dar a falsa impressão de que o texto era consensual. Mas o que unia a todos era o reconhecimento da necessidade de abandonar um modelo que deu ao País o título de pior sistema tributário do mundo: arcaico, confuso, cumulativo, regressivo e absolutamente injusto.
A despeito dessa convicção, todas as tentativas anteriores de reformar o sistema tributário acabaram frustradas. Esbarrou-se, ao longo desse longo caminho, na resistência dos Estados produtores, de setores privilegiados e da própria União em dar sua contribuição para encerrar o manicômio tributário. Há que reconhecer, portanto, os acertos que levaram a esse verdadeiro feito histórico.
Em vez de buscar protagonismo próprio, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, acertadamente escolheu apoiar uma proposta que já tramitava no Congresso desde 2019. Nomeou como secretário extraordinário da reforma tributária na pasta o economista Bernard Appy, que dedicou muitos anos de sua vida ao estudo do tema.
Não teria sido possível avançar sem o apoio dos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Na Câmara, o texto voltou à relatoria de Aguinaldo Ribeiro (PP-AL), que já estava familiarizado com a PEC desde o início. No Senado, a escolha do senador Eduardo Braga (MDB-AM) para a relatoria foi essencial, dado que a reforma não avançaria sem garantia de apoio à Zona Franca de Manaus.
Acolher as sugestões dos senadores, que defendiam um Imposto sobre Valor Agregado (IVA) dual em vez de um IVA único da proposta da Câmara, e manter o Simples Nacional também foram gestos políticos corretos rumo à reforma possível. A reforma ideal, como se sabe, jamais seria aprovada.
Os críticos da proposta certamente apontarão todos os tratamentos especiais que a reforma manteve ou criou. Mas até nisso o texto final saiu melhor que o esperado, ao excluir os setores de saneamento, rodovias, telecomunicações, transporte aéreo e micro e minigeração de energia do rol dos que terão direito a regimes específicos. Muitas das desconfianças em relação à alíquota final do novo IVA foram dirimidas com essas mudanças corajosas que os deputados assumiram na reta final da votação.
A despeito de todas as exceções que permaneceram, haverá um número muito menor de alíquotas, o que é um ganho e tanto em termos de transparência e conformidade. O sistema de devolução de crédito pleno será revolucionário para a produtividade e a eficiência de uma economia que se acostumou a pagar tributo sobre tributo.
O governo ainda enviará os projetos de leis complementares para regulamentar a reforma. Eles precisarão ser acompanhados com atenção para não deturpá-la, em especial a cesta básica nacional. No médio e longo prazos, a União terá de encontrar receitas para abastecer os quatro fundos para compensar os Estados pelas mudanças, mas o fim da guerra fiscal é um ganho que não pode ser menosprezado.
A mudança de paradigma trazida pela reforma, comparável ao Plano Real e ao controle da inflação, ainda levará tempo para ser compreendida, mas tem tudo para conduzir a uma nova etapa de desenvolvimento e crescimento econômico, como a sociedade anseia e merece há muito tempo.
Infomoney - SP 18/12/2023
Os contratos futuros do minério de ferro negociados na China perderam terreno na sexta-feira, apagando totalmente os ganhos registrados na sessão da manhã, uma vez que a demanda mais fraca e a expectativa de falta de estímulo vigoroso em 2024 pesaram sobre o sentimento.O minério de ferro mais negociado na bolsa de Dalian encerrou o dia com queda de 1,37%, a 935 iuanes (131,51 dólares) a tonelada métrica, o menor valor desde 7 de dezembro.
Os líderes chineses concordaram, em uma reunião anual sobre a economia nesta semana, em executar um déficit orçamentário de 3% do produto interno bruto em 2024, abaixo da meta revisada de 3,8% deste ano, informou a Reuters.
Isso sugeriu que Pequim não está considerando uma grande bazuca fiscal no próximo ano.
CNN Brasil - SP 18/12/2023
Com uma mobilização conjunta de oito frentes parlamentares, a Câmara dos Deputados se articula para reverter uma das principais mudanças feitas pelo Senado na reforma tributária: a cobrança do imposto seletivo — com alíquota de até 1% — sobre a extração de minérios e petróleo.
Segundo relatos feitos à CNN, a exclusão tem o apoio de diferentes partidos e pode ocorrer por meio de uma emenda supressiva ou de um destaque após a votação do texto principal. Não se descarta, entretanto, que a mudança já apareça no parecer do relator Aguinaldo Ribeiro (PP-PB).
Oito frentes parlamentares já se pronunciaram favoravelmente à retirada da mineração e da indústria de petróleo e gás do imposto seletivo.
Frente Parlamentar do EmpreendedorismoFrente Parlamentar da AgropecuáriaFrente Parlamentar do Livre MercadoFrente Parlamentar dos CombustíveisFrente Parlamentar da Mineração SustentávelFrente Parlamentar dos Recursos Naturais e EnergiaFrente Parlamentar em Apoio ao Petróleo, Gás e EnergiaFrente Parlamentar para o Desenvolvimento do Petróleo e Energias Renováveis
O imposto seletivo foi introduzido na reforma tributária como uma forma de desestimular o consumo de bens prejudiciais à saúde e ao meio ambiente, sem detalhamento. Os únicos setores mencionados — a partir de nova redação dada pelo Senado — são a extração de minérios e de petróleo e gás. Prevê-se alíquota máxima de 1% sobre as receitas.
O presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Raul Jungmann, disse à CNN que a cobrança é uma exceção mundial, uma “jabuticaba”, porque nenhum outro país, entre 53 que aplicam o imposto seletivo, tributa o setor. Questionado sobre os últimos passos na tramitação da reforma e eventuais mudanças no texto, porém, ele preferiu não fazer comentários.
Estudo recente foi contratado pelo Ibram, junto à LCA Consultores, para avaliar possíveis efeitos da cobrança. Um dos achados foi o de que, entre 53 países onde existe a aplicação do imposto seletivo, nenhum taxa a mineração.
“O imposto seletivo sobre a mineração vai contra o princípio de não tributar as exportações. Também vai contra a economia da transição energética, que precisa de minérios do Brasil para levar adiante o processo de descarbonização”, afirmou Jungmann.
O estudo da LCA identificou uma série de cadeias produtivas — siderurgia, indústria automotiva, bens de capital, construção civil, entre outros — que serão impactadas caso com o encarecimento dos minérios usados como insumos.
“Uma consequência indesejável da medida seria afetar a atividade econômica de um conjunto de setores relevante para a economia brasileira, que somados representam em média 9,3% de todo produto gerado na economia entre 2015 e 2020, encarecendo a venda de seus produtos no mercado externo e estabelecendo uma competição não isonômica com importações”, diz o estudo.
Investing - SP 18/12/2023
A Nissan Motor disse neste domingo que irá vender veículos elétricos (EVs) desenvolvidos na China em todo o mundo, após fechar um acordo com a principal universidade do país para alavancar recursos locais para acelerar a pesquisa e o desenvolvimento em eletrificação.
A montadora japonesa está considerando exportar a linha de veículos com motor de combustão interna existentes e os próximos carros puramente elétricos e híbridos plug-in fabricados e desenvolvidos na China para mercados internacionais, disse Masashi Matsuyama, vice-presidente da Nissan Motor e presidente da Nissan China, a repórteres em Pequim.
A Nissan está considerando alcançar os mesmos mercados que rivais chineses, como BYD, disse ele.
A empresa está se unindo a marcas estrangeiras, incluindo Tesla (NASDAQ:TSLA), BMW e Ford (NYSE:F), que estão expandindo suas exportações de automóveis fabricados na China para explorar os custos de produção mais baixos do país e aumentar a utilização da capacidade das suas fábricas.
A China foi responsável por pouco mais de um quinto das vendas mundiais da Nissan, de cerca de 2,8 milhões de veículos nos primeiros 10 meses do ano, abaixo dos mais de um terço no mesmo período do ano passado.
A Nissan anunciou que estabelecerá um centro de pesquisa conjunto com a destacada Universidade Tsinghua da China no próximo ano, focado na pesquisa e desenvolvimento de veículos elétricos, incluindo infraestruturas de carregamento e reciclagem de baterias.
Valor - SP 18/12/2023
Inserido na votação da reforma, benefício é renovado até 2032
Dois dias depois de o acordo da COP28 ter definido o fim da era dos combustíveis fósseis, o Congresso brasileiro aprovou, na noite de sexta-feira (15), a prorrogação de incentivos fiscais para montadoras do Nordeste e Centro-Oeste, inclusive para a produção de veículos a combustão.
A Stellantis foi a grande vencedora dessa votação que levou para o plenário da Câmara um dos mais acalorados debates registrados durante a tramitação da reforma tributária. Pertence a essa montadora gigante, que surgiu há dois anos da união de várias outras, um imponente parque industrial localizado em Goiana, no extremo Norte de Pernambuco.
Inserida na votação da reforma pelo Senado, a manutenção dos incentivos fiscais para as fábricas de veículos nessas regiões até 2032 recebeu 341 votos a favor, 153 contra e quatro abstenções.
Também se beneficiam da decisão o grupo brasileiro CAOA, que produz veículos da marca chinesa Chery, em Anápolis, e a HPE, fabricante da marca Mitsubishi em Catalão. As duas cidades estão em Goiás. No caso do Centro-Oeste, porém, os incentivos já eram menores. Além disso, as duas estruturas industriais estão longe do empreendimento de Goiana, inaugurado em 2016.
De certa forma, a decisão também beneficia a chinesa BYD, que anunciou investimento em Camaçari, na Bahia. Mas também em menor grau que a Stellantis porque a fábrica da marca chinesa começará a funcionar apenas entre o fim de 2024 e início de 2025. Enquanto isso, a BYD vai amargar o aumento do Imposto de Importação para carros elétricos, que começa a vigorar em janeiro e que beneficia os fabricantes locais, independentemente da região.
A vitória da Stellantis foi rodeada de forte apoio político, que ganhou força em julho, quando, na primeira votação da reforma tributária, a Câmara derrubou a prorrogação do incentivo por um voto de diferença. Na época, o destaque teve 307 votos dos 308 necessários para a aprovação de propostas de emenda à Constituição (PECs).
O movimento dividiu as montadoras. Três das maiores concorrentes dos veículos produzidos em Pernambuco – General Motors, Toyota e Volkswagen, que concentram a produção no Sul e Sudeste - foram a público, em cartas publicadas nos grandes jornais contra a manutenção do benefício.
No sentido contrário, recentemente, Stellantis CAOA e HPE (produtora dos veículos Mitsubishi) revidaram com outra carta que enaltecia o desenvolvimento regional. Na semana passada, o grupo do Sul e Sudeste publicou mais uma carta, dirigida aos deputados.
Mais do que uma briga regional, o assunto tornou-se polêmico à medida que passou a envolver também a questão ambiental. Em determinado ponto da discussão, ainda no Senado, surgiu a ideia de estender benefícios apenas para veículos híbridos e elétricos.
A solução beneficiaria a nova montadora na Bahia, a BYD. Mas excluiria os veículos produzidos hoje pela Stellantis no Nordeste, principalmente a linha Jeep, a que mais oferece concorrência para as montadoras do Sul e Sudeste.
Na votação do Senado, porém, o texto incluiu adendos colocados pelo relator, que modificaram o artigo que previa a extensão dos incentivos apenas para veículos híbridos e elétricos. Novos parágrafos, acrescentados de última hora, acomodaram também veículos a combustão produzidos nessas regiões.
Nas cartas publicadas nos jornais, Volkswagen, General Motors e Toyota, reivindicavam a exclusão desses parágrafos. Essas montadoras se queixavam do que consideram “excesso” de incentivos.
O assunto chamou a atenção do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, berço do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que apontou a ameaça a postos de trabalho no Sudeste. E provocou a manifestação contraria também da Great Wall, uma montadora chinesa que comprou uma fábrica em Iracemápolis, no interior de São Paulo, para produzir carros híbridos a partir do próximo ano, e elétricos, futuramente.
Mas os deputados concederam alguns ganhos para a turma do Sul e Sudeste. O incentivo, que prevê, sobretudo, reduções de IPI, permanece até o fim de 2032 para a produção de veículos, mas exclui o ganho tributário na fabricação de peças nas mesmas regiões.
Além disso, as vantagens fiscais numa fábrica instalada no Nordeste, por exemplo, não poderão mais ser usadas em fábricas de outras regiões, como chegou a acontecer em versões anteriores do programa.
Apesar de chamar a atenção pela briga entre montadoras, o tema envolve o rumo que o país pretende tomar em relação à descarbonização. Ao incluir veículos a combustão, o texto aprovado na sexta-feira repete, em grande parte, o formato do programa criado em 1997 e que envolve renúncia fiscal de R$ 5 bilhões por ano.
Esta foi a quarta prorrogação do programa criado há 26 anos. A extensão do benefício tem o mérito de manter viva a discussão sobre as vantagens de descentralizar a produção industrial e promover o desenvolvimento regional.
Mas, por outro lado, emperra o debate sobre qual rumo o país vai tomar em relação à sua matriz energética para veículos. Vai eletrificar? Vai investir no etanol?
O Congresso perde a chance de promover o debate em torno de políticas industriais e coloca mais um pedaço numa já extensa “colcha de retalhos” de benefícios, uma prática que tem se tornado comum nos incentivos concedidos à indústria automobilística.
Valor - SP 18/12/2023
A montadora demitirá 945 funcionários em uma fábrica em Lake Orion, Michigan, nos arredores de Detroit, e dispensará 369 trabalhadores em uma instalação em Lansing, Michigan,
A General Motors Co. cortará mais de 1.300 empregos em duas fábricas em Michigan, nos EUA, menos de um mês depois que um novo contrato de trabalho foi ratificado por sua força de trabalho sindicalizada.
A montadora disse em registros com reguladores estaduais na quinta-feira (14) que uma fábrica em Lake Orion, Michigan, nos arredores de Detroit, demitirá 945 funcionários e um instalação em Lansing, Michigan, perderá 369 trabalhadores. As reduções de pessoal em ambas as fábricas entrarão em vigor a partir de 1º de janeiro.
Um porta-voz da GM não fez comentários imediatos sobre os cortes de empregos, que ocorrem depois que a empresa se comprometeu com aumentos salariais que foram aprovados no mês passado por Membros da United Auto Workers.
A fábrica de Lake Orion fabrica o carro elétrico Chevy Bolt, cuja produção a empresa encerrará no final do ano. A GM adiou os planos de construir picapes elétricas lá até 2025, um ano depois do inicialmente projetado. A fábrica de Lansing produz os modelos Cadillac CT4 e CT5, bem como o sedã esportivo Chevrolet Camaro, que a GM disse que deixará de fabricar no próximo mês.
IstoÉ Dinheiro - SP 18/12/2023
Representantes do setor de construção elogiaram a aprovação da lei de zoneamento da cidade de São Paulo na primeira votação na Câmara dos Vereadores, mas defenderam que o teor seja ajustado na segunda votação, prevista para o fim do mês. O ideal, segundo eles, seria permitir a construção de mais prédios nas regiões centrais e com menos restrições de altura.
O argumento é que esse tipo de flexibilidade é fundamental para aumentar a oferta de moradia e evitar que as pessoas sejam obrigadas a morar nos bairros distantes das áreas de lazer e trabalho situadas no centro expandido (entra as marginais Tietê e Pinheiros).
O presidente do Sindicato da Habitação (Secovi-SP), Ely Wertheim, considerou positivo, mas ainda “tímido”, o teor da lei de zoneamento. Na sua avaliação, a legislação confirmou a premissa do Plano Diretor de aumentar o potencial de construção nas partes da cidade com mais oferta de transporte (arredores das estações de trem e metrô, bem como corredores de ônibus). No entanto, o adensamento poderia ser ainda maior, segundo ele.
“A primeira questão é que a lei está em linha com os termos aprovados no Plano Diretor, que é o adensamento mais elevado nos eixos de transporte e na porção do território que tem mais infraestrutura de transporte, água, luz, esgoto e empregos”, disse. “Uma vez aprovada, a lei terá como efeito prático proporcionar o maior adensamento nessas áreas.”
No entanto, defendeu maior flexibilidade para a construção. “Entendemos que o projeto ainda está um pouco tímido. Poderia avançar no gabarito nas zonas de centralidade. Poderia ser mais audacioso de permitir um gabarito maior, considerando o que as quadras já têm”, declarou.
Essa é a mesma opinião do presidente da Federação Internacional Imobiliária (Fiabci), Flávio Amary. “O balanço até aqui é positivo, porque nós teremos uma regra mais clara com a atualização da lei de zoneamento. Mas estamos ainda longe de ter um planejamento urbano que busque um adensamento mais profundo. Sem isso, a cidade vai se espraiando, as pessoas estão indo para moradias cada vez mais distantes do centro”, afirmou.
“Outras cidades do mundo tem prédios de 30 a 40 andares, enquanto nós aqui estamos discutindo se pode ter prédio de sete ou oito”, criticou Amary, que foi secretário estadual da Habitação no governo de João Doria. “Vejo com preocupação os problemas que o baixo adensamento vai continuar provocando em São Paulo no longo prazo.”
Até um quilômetro
A Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), que representa empresas como MRV, Cyrela, Eztec e Even, entre outras, defende que os eixos de maior potencial construtivo deveriam ser ampliados. Como argumento, citou uma pesquisa interna segundo a qual 89% dos potenciais compradores de imóveis estão dispostos a caminhar até 15 minutos de casa até o transporte público para seus deslocamentos diários.
Essa caminhada equivale a mil metros das estações de metrô e corredores de ônibus. Já o limite em discussão é de 700 metros para estações de metrô e 400 metros para corredores de ônibus. Basta que o quarteirão esteja na zona do raio, e não necessariamente o terreno do empreendimento.
Em nota, a Abrainc defendeu também que a revisão do zoneamento deixe de excluir certas áreas que estão dentro das Zonas de Estruturação Urbana (ZEU), perto dos eixos de transporte, onde o potencial de construção é maior. Foi limitado o adensamento em quadras com inclinação acentuada, vias estreitas ou presença de curso d’água, por exemplo, ainda que fiquem perto de transporte. Na visão da associação das incorporadoras, esse conjunto de exclusões diminui as opções de terrenos, encarece as áreas nos demais quarteirões e prejudica a oferta de moradias.
A Abrainc defendeu também ampliar as ZEUs até os limites estabelecidos na revisão do Plano Estratégico, argumentando que essa medida ampliaria a oferta de moradias ao tornar o terreno mais acessível para o mercado, além de direcionar os empreendimentos para áreas mais próximas do transporte público.
Ela também defende que flexibilizar os limites de gabarito (altura) de edificações nas Zonas Mistas (ZM) e Zonas de Centralidade (ZC). Em sua visão, isso permitirá retomar o desenvolvimento imobiliário de áreas que têm restrições em excesso.
O Estado de S.Paulo - SP 18/12/2023
O perdão que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva concedeu a famílias de baixa renda que têm débito no programa habitacional Minha Casa, Minha Vida (MCMV) vai beneficiar mais Estados onde o petista venceu Jair Bolsonaro (PL) no 2º turno das eleições de 2022. Estimativas inéditas da Caixa Econômica Federal obtidas pelo Estadão por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI) mostram que ao todo cerca de 711,9 mil famílias – ou 1,98 milhão de pessoas – serão beneficiadas pelo perdão das parcelas do MCMV.
Os três Estados mais beneficiados pela medida, em relação ao total da população, são Alagoas, Maranhão e a Bahia, todos lugares onde Lula venceu Bolsonaro em 2022. Dois deles têm governadores de esquerda – a Bahia, por Jerônimo Rodrigues (PT), e o Maranhão, por Carlos Brandão (PSB). Dos 10 Estados mais beneficiados pela medida, 7 deram a vitória a Lula no 2º Turno das eleições de 2022.
Mesmo com a medida impactando quase 2 milhões de pessoas, a Caixa disse não ter uma estimativa de quanto custará o perdão de dívidas. “Esclarecemos que inexiste neste momento (...) informação acerca do impacto financeiro decorrente da Portaria do Ministério das Cidades”, disse a CEF em resposta ao pedido via Lei de Acesso.
Além de coincidir com o mapa eleitoral, a lista de Estados mais impactados pelo perdão das dívidas do Minha Casa Minha Vida segue também os números do Bolsa Família. Das dez unidades federativas mais impactadas, oito têm mais beneficiários do Bolsa Família que a média do Brasil. Nos cinco Estados mais impactados pela anistia do MCMV, todos têm percentual acima da média de pessoas apoiadas pelo programa de transferência de renda para famílias pobres.
Anunciado pelo governo no fim de setembro, o perdão das dívidas vale somente para as modalidades subsidiadas do MCMV, isto é, aquelas nas quais há uso de dinheiro de fundos públicos, como o Fundo de Arrendamento Residencial (FAR), o Fundo de Desenvolvimento Social (FDS) e o MCMV Rural. No caso dos empreendimentos com dinheiro do FAR, a estimativa da Caixa é que mais da metade (57,79%) dos usuários tenha as dívidas perdoadas. Para o FDS, esse percentual deve ficar em 34,07% e, no MCMV Rural, em 20,79%. Essas modalidades são voltadas para famílias de baixa renda.
Em todos os casos, há uso de dinheiro público, o Orçamento da União, para alimentar os fundos. No caso do FAR, há ainda recursos vindos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, o FGTS. O FGTS é uma espécie de “poupança” obrigatória, alimentada pelas empresas em nome dos funcionários com carteira assinada. Além das famílias beneficiárias do Bolsa Família, também poderão ter as parcelas quitadas aquelas que tenham um membro recebendo o Benefício de Prestação Continuada (BPC), um auxílio pago a pessoas com deficiência e idosos de famílias pobres.
Formato garante que pobres serão beneficiados, diz economista
Economista e diretor do FGV Social, Marcelo Neri diz que programas como o Bolsa Família e o BPC têm a vantagem de atender principalmente pessoas que realmente precisam. No jargão, diz-se que são programas “bem focalizados”. São essas famílias as principais beneficiadas pelo perdão das parcelas do Minha Casa, Minha Vida.
“É verdade que nos últimos anos houve problemas de cadastro, (os programas) perderam qualidade. Mas sem dúvida é um perdão de dívida que tende a ser bem focalizado. Uma questão é essa perda de qualidade dos últimos anos, e a outra é o futuro dos programas de habitação. Quer dizer, perdoar dívidas é bom para quem tem as dívidas perdoadas, mas talvez dificulte o mercado de crédito no futuro”, avalia ele.
Neri diz ainda que o efeito positivo para a economia pode não ser tão relevante quanto numa injeção direta de recursos. Além disso, o número de beneficiários não é grande quando comparado ao total do Bolsa Família, que abrange hoje pouco mais de vinte milhões de pessoas.
”Se você põe R$ 1 no Bolsa Família, o PIB aumenta R$ 1,78. No BPC, aumenta R$ 1,20. Já na Previdência, é R$ 0,45, bem menor. Só que isso (o perdão de dívidas) não é um dinheiro que você está injetando na economia. Nesse caso, me parece que não tem um efeito tão direto. Vai sobrar, mas é indireto, não é um impacto tão direto (na economia) quanto dar um real a mais a essa pessoa”, diz Neri.
Ao editar a portaria com novas regras para o MCMV, o governo federal também criou normas mais favoráveis para os pagamentos, com o objetivo de equiparar as condições dos contratos mais antigos àquelas da nova fase do MCMV, iniciado no ano de 2023.
O Minha Casa, Minha Vida começou em 2009, no segundo mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, mas foi praticamente abandonado durante os anos de Jair Bolsonaro (PL) na Presidência da República. Rebatizado de “Casa Verde e Amarela”, o programa habitacional sofreu uma redução brusca das verbas ao longo da gestão do militar da reserva. No caso do Fundo de Arrendamento Residencial (FAR), o corte chegou a 98% do montante – de R$ 1,5 bilhão para apenas R$ 27 milhões em 2021.
A Tribuna - SP 18/12/2023
O governador do Estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), anunciou, nesta sexta-feira (15), projeto executivo de uma nova ligação rodoviária entre a Capital e o Porto de Santos. A informação foi divulgada por meio de vídeo veiculado nas redes sociais da deputada estadual Solange Freitas (União Brasil), após uma audiência pública da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), que debatia os impasses do tráfego nas rodovias.
A nova via fará parte do Sistema Anchieta-Imigrantes e deve amenizar os transtornos enfrentados pelos usuários do complexo rodoviário, que tem registrado congestionamentos frequentes em razão do elevado fluxo de veículos em direção ao cais santista. Segundo o governador, o projeto será realizado pela Ecovias, concessionária responsável pela administração do SAI.
Tarcísio de Freitas também anunciou que a Ecovias será responsável por implantar um novo viaduto para a Alemoa (área industrial e portuária de Santos), além de obras na Avenida Perimetral do Porto. Conforme o governador, ambos os projetos serão incorporados à concessão da Rodovia dos Imigrantes, com o intuito de minimizar os impactos provocados pelo elevado número de veículos que transitam pelas rodovias.
O chefe do Executivo prevê um ano e meio para que o estudo desses projetos seja finalizado e afirma que as obras serão iniciadas logo após a conclusão desses levantamentos. Para ele, a nova medida será um alívio considerável para a população.
A Ecovias informou, por meio de nota, estar atenta às melhorias de infraestrutura a serem feitas. “A empresa se coloca à disposição do poder concedente para desenvolver e implantar soluções que contribuam para a fluidez e segurança nas estradas, bem como para o crescimento econômico da região”, finalizou.
Em entrevista para A Tribuna, a deputada Solange Freitas destacou que o projeto de ligação do SAI era algo pelo que lutava desde o início de seu mandato. “Recebo diariamente diversas reclamações sobre congestionamentos e comboios, desde quando atuava como jornalista. Então, era algo que eu precisava discutir para que essas ideias fossem concretizadas”.
Solange também pontuou a dificuldade de amenizar tais transtornos neste primeiro momento e disse estar muito preocupada com a questão, mas assegurou que Tarcísio de Freitas se mostra comprometido para solucionar a situação a médio e a longo prazos. Ainda segundo a deputada, a criação dessa terceira pista é o principal foco do governador.
Até o momento, não se sabe se a nova pista será voltada apenas para veículos comerciais ou se irá abranger veículos de passeio. A deputada enfatizou que o governador quer fazer um projeto executivo para que se tenha a melhor proposta para que a nova ligação seja efetiva de fato.
“Todas as melhorias foram anunciadas oficialmente durante a audiência pública na Alesp. Fiquei animada ao ver o comprometimento do governador para que essa proposta saia do papel, ainda mais com datas predefinidas para o fim do primeiro semestre de 2024 ou para o início do segundo. O objetivo é garantir à população uma maior segurança nas estradas”, concluiu.
Túnel Santos-Guarujá
Outra aposta do governador é a implantação do túnel Santos-Guarujá, que servirá como ligação seca entre os dois municípios para o deslocamento de veículos, bicicletas e pedestres. O projeto faz parte do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do Governo Federal.
Tarcísio garantiu que a proposta já está sendo discutida com investidores e que uma nova audiência pública deverá ser aberta no início do ano que vem. A previsão é que o leilão também seja realizado no final do primeiro semestre ou no início do segundo.
A Tribuna - SP 18/12/2023
Infraestrutura de acesso precária, insegurança jurídica e burocracia estão entre os principais problemas que afetam a eficiência de portos públicos e terminais de uso privado (TUPs) que operam cargas de exportação e importação no País. É o que aponta a pesquisa Terminais de Carga do Brasil – Terminais Gateways Portuários, que será divulgada nesta quinta (14) pela Confederação Nacional do Transporte (CNT).
A Tribuna teve acesso antecipado, com exclusividade, ao documento de 231 páginas que apresenta um mapeamento completo de todas as áreas da cadeia produtiva do setor, com destaque para os chamados gateways, que são as instalações portuárias que operam cargas de longo curso. O estudo analisou 12 ativos portuários — seis portos organizados e seis TUPs.
Santos é um dos portos organizados contemplados na pesquisa, ao lado do complexo portuário do Rio de Janeiro (RJ), Paranaguá (PR), Rio Grande (RS),Itaqui (MA) e Vila do Conde (PA). Já os TUPs são Terminal de Tubarão (ES), Terminal Aquaviário de Angra dos Reis (RJ), Porto do Açu (RJ) e Portocel (ES), Portonave (SC) e Terminal de Ponta da Madeira (MA).
Segundo a CNT, as 12 instalações portuárias selecionadas respondem, “juntas, por cerca de 64% da movimentação total de longo curso no Brasil nos últimos dois anos” e, por isso, “são caracterizados como os principais terminais gateways, considerando suas movimentações, perfis de carga e representatividade em suas regiões.
As principais mercadoria movimentadas por esses ativos portuários foram minério de ferro, contêiner e soja, com Santos e Paranaguá impulsionando a movimentação de contêineres e o Terminal Marítimo de Ponta da Madeira (MA) e do Terminal de Tubarão (ES) operando predominantemente granel sólido.
O estudo apresenta uma caracterização geral dos terminais portuários destinados à movimentação de cargas em direção e a partir de outros países. Ao todo, o Brasil tem 235 instalações portuárias, entre públicas e privadas, marítimas ou fluviais. Desse total, 96 (41%) movimentaram cargas de longo curso em 2022, sendo 28 portos organizados (arrendatários) e 68 TUPs (autorizatários). Os dados são da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq).
Ainda de acordo com a CNT, com base no anuário estatístico da Antaq, no ano passado, enquanto os portos organizados movimentaram cerca de 422 milhões de toneladas de mercadorias, os TUPs atingiram aproximadamente 786 milhões de toneladas.
Para melhorar
Em entrevista para A Tribuna, o diretor-executivo da CNT, Bruno Batista, disse que o objetivo da pesquisa é chamar atenção para o potencial de melhoria na movimentação de cargas.
“Identificamos a dificuldade de se manter um nível de qualidade nos acessos e também a falta de coordenação entre os órgãos públicos na gestão dos TUPs e dos portos organizados”.
A pesquisa identifica seis gargalos e propõe soluções (veja no quadro) com base em consulta em levantamentos bibliográficos e questionários respondidos por operadores de terminais selecionados e representantes da Associação Brasileira dos Terminais Portuários (ABTP) e da Associação dos Terminais Portuários Privados (ATP).
“Nosso segundo objetivo é, a partir da difusão desses problemas e das propostas de soluções, encaminhar esse material ao Ministério de Portos e Aeroportos (MPor)”, diz Batista.
Ele comentou ainda que é preciso estreitar os laços entre órgãos públicos, gestões dos portos e operadores, pois “o distanciamento é um campo fértil para a burocracia”.
CAPs
O diretor-executivo da CNT defende também mais autonomia aos Conselhos de Autoridade Portuária (CAPs). “A valorização dos CAPs seria muito boa para a solução dos problemas. É preciso fazer com que os CAPs voltem a ter função deliberativa”.
Batista apontou ainda a necessidade da multimodalidade para a eficiência logística. “As cargas têm vocação específica, dependendo de sua natureza e da distância de movimentação necessária. Precisamos construir as opções para que o mercado defina o caminho logístico mais vantajoso, ágil, equilibrando os custos que cada cadeia pode suportar”.
De acordo com ele, a pesquisa será apresentada ainda ao Congresso Nacional. “Acreditamos que uma ampla mobilização, mostrando a urgência para sanar os problemas identificados é vital nesse momento”.
Associações
O presidente da ATP, Murillo Barbosa, afirmou que trata-se de uma demanda que a ATP já articula com a CNT há cerca de quatro anos. “A ATP foi ouvida, contribuiu com o conteúdo e indicou terminais para esse primeiro trabalho. Ainda falta um segundo trabalho, que são os Terminais Gateway Domésticos, que deve ficar para 2025. É um instrumento muito positivo, informativo e importante para o setor portuário nacional”, afirmou Barbosa.
A Tribuna - SP 18/12/2023
A concessão do canal de navegação do Porto de Santos por parceria público-privada (PPP) deverá ser anunciada pelo Governo Federal no segundo semestre de 2024, disse o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, na quinta-feira, após o leilão de terminais portuários na Bolsa de Valores de São Paulo (B3).
A PPP poderá contemplar a dragagem do canal de acesso, aumentando a profundidade dos atuais 15 metros para 17 metros e gerar R$ 6 bilhões em investimentos, segundo ele.
O presidente da Autoridade Portuária de Santos (APS), Anderson Pomini, explicou que os aspectos técnicos vão depender da modelagem. “Podemos conceder, por meio desta PPP, só a dragagem ou, no futuro, incluir serviços. Tudo vai depender da modelagem econômica, jurídica, e, principalmente, do modelo que está sendo implementado em Paranaguá”.
Em 13 de novembro, a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) promoveu audiência pública e consulta pública para a concessão do canal de acesso do Porto de Paranaguá, a primeira dessa natureza no País. “Será uma espécie de laboratório, que vamos observar justamente para evitar cometer erros”, complementou Pomini.
Quanto à dragagem, o presidente da APS explicou que “temos um contrato vigente que, possivelmente, será renovado, com cláusula resolutiva, enquanto é feito um estudo de PPP para um contrato de manutenção por período maior, podendo chegar a 25 ou 30 anos, para que tenhamos previsibilidade e economicidade. Ou seja, o contrato atual renovado, com cláusula que permita sua interrupção no momento em que a PPP estiver formatada”.
STS 10 na Ilha de Bagres
Costa Filho também comentou sobre a possibilidade de realocação do STS10 para a Ilha de Bagres, com a ampliação da poligonal do Porto Organizado de Santos. “O STS10 poderá ser realocado para a área que será da futura ampliação do Porto, que é Bagres”.
Contudo, no primeiro semestre deste ano, a empresa Evolve Empreendimentos foi autorizada pelo Ministério de Portos e Aeroportos a instalar um Terminal de Uso Privado (TUP) na Ilha de Bagres. Os investimentos previstos para o Santos Terminais Sustentáveis (STS) são de R$ 7,6 bilhões. O equipamento deverá movimentar, principalmente, contêineres e granéis sólidos e líquidos na região.
O extrato do contrato assinado entre a empresa e o Governo Federal foi publicado no Diário Oficial da União de 9 de maio e o anúncio da autorização para o TUP ocorreu em 27 de junho. Conforme o contrato, o TUP será instalado na ilha localizada na Margem Esquerda do Porto de Santos, de frente para o Largo de Santa Rita e Largo de Canéu.
Boa ideia
O presidente da APS entende ser adequada a iniciativa de incluir a Ilha de Bagres na poligonal do Porto Organizado, justamente para atender à necessidade de expansão portuária de abrigar novos terminais de contêineres, de granéis líquidos e cargas gerais, independentemente de decisões anteriores.
“Essa expansão da poligonal também contempla a Área Continental de São Vicente para prestigiarmos o modal hidroviário, além de outros ajustes a serem feitos na poligonal, visando este tema de extrema importância, que é a ampliação das atividades portuárias”, disse Pomini.
Monitor Digital - RJ 18/12/2023
No contexto da indústria naval brasileira, a construção de navios e plataformas deve continuar sendo o pilar fundamental para impulsionar o crescimento econômico e tecnológico do país. Embora o desmantelamento possa desempenhar um papel complementar importante, não é o salvador da nossa indústria. É vital reconhecer que a prioridade deve permanecer na construção naval.
O Brasil possui uma oportunidade significativa de fomentar a geração de empregos e renda por meio da Indústria Naval. O Presidente Lula anunciou no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) que o país retomaria a construção de navios em estaleiros brasileiros. Em seguida, a Transpetro lançou o Plano de Construção de 25 Navios (TP 25). No entanto, existe uma séria ameaça de que essa encomenda não aconteça e que seja direcionada para estaleiros asiáticos.
Em estudos realizados pelo Fundo da Marinha Mercante (FMM) e disponíveis em seu site, podemos ver que, em um cenário ideal, considerando a construção de 25 navios e 4 plataformas no Brasil (cerca de 3 módulos por FPSO), além da demanda anunciada por outros setores da Construção Naval e Offshore, inclusive o desmantelamento, os estaleiros brasileiros estariam trabalhando com uma ociosidade de 20% da capacidade, ou seja, ainda abaixo do ideal.
Porém, ainda nesse cenário, essas encomendas seriam capazes de gerar, em seu pico de contratação, 48.616 postos de trabalho diretos e mais de 111 mil postos indiretos, totalizando quase 160 mil postos de trabalho. Esses postos gerariam uma movimentação financeira na economia de 900 milhões de reais no ano de pico das construções, contando apenas os salários. Se contarmos impostos e arrecadações, podemos considerar algo em torno de 19 bilhões de reais por ano de movimentação da economia.
Em termos de receitas governamentais, a Indústria Naval é uma fonte significativa de arrecadação de impostos. O crescimento dessa indústria contribui diretamente para a saúde financeira do Estado, permitindo a implementação de políticas públicas e investimentos em áreas essenciais, como educação, saúde e infraestrutura.
Olhando para um cenário sem as embarcações da Transpetro, mas considerando a carteira de encomendas para outros segmentos, o cenário de geração de emprego cai incrivelmente para 27.659 postos de trabalho diretos e para 63.615 de forma indireta, número 43% menor que com as encomendas da Transpetro.
A Indústria Naval, além de fornecer empregos, desempenha um papel vital na desoneração dos serviços públicos. Trabalhadores do setor recebem salários substanciais, acompanhados de planos de saúde abrangentes para suas famílias. Isso resulta em menos demanda por serviços de saúde pública, aliviando a carga sobre o sistema e permitindo uma alocação mais eficiente dos recursos públicos.
O desmantelamento pode, sim, ser uma estratégia eficaz para cobrir vales de construção nos estaleiros, otimizando a capacidade ociosa durante períodos de demanda reduzida. No entanto, é essencial não perder de vista a necessidade de fortalecer a capacidade produtiva para construir e inovar constantemente.
Embora reconheçamos o papel que o desmantelamento pode desempenhar na estabilização dos estaleiros durante períodos de menor atividade, é crucial não perder de vista o potencial transformador e a importância da construção naval para o desenvolvimento sustentável da indústria no Brasil; ela precisa ser trabalhada como um Plano de Estado, sendo a força motriz para o desenvolvimento abrangente do Brasil.
Reduzir o desequilíbrio competitivo com as principais nações detentoras de uma Indústria Naval forte é pavimentar o caminho para um futuro próspero, onde a Indústria Naval e as encomendas da Transpetro desempenham um papel central na construção de uma sociedade mais justa, segura e tecnologicamente avançada. Os estaleiros brasileiros se modernizaram, ampliaram sua capacidade produtiva e se capacitaram após os problemas enfrentados na década passada. Estamos prontos!
Valor - SP 18/12/2023
Na semana, os contratos do WTI subiram 0,48% e os do Brent, 0,94%
O petróleo fechou nesta sexta-feira (15) em leve queda, pressionado pela força do dólar, que encarece e diminui a demanda por commodities cotadas na moeda americana. Apesar do movimento de hoje, os contratos futuros registraram a primeira alta semanal desde a semana encerrada em 20 de outubro.
O petróleo WTI, a referência americana, com entrega prevista para fevereiro recuou 0,18%, a US$ 71,78 por barril. Já o Brent, a referência global, para o mesmo mês cedeu 0,08%, a US$ 76,55 por barril. Na semana, os contratos subiram 0,48% e 0,94%, respectivamente.
O driver da sessão para as commodities foi o dólar, que pressionou não só o petróleo mas também o ouro, após comentários mais conservadores de dirigentes do Federal Reserve (Fed) e dados que sinalizaram resiliência da economia americana.
No restante da semana, a postura mais propensa à redução dos juros do presidente do Fed, Jerome Powell, levou o mercado a reprecificar suas expectativas para as economias americana e global, o que deu suporte ao petróleo. No entanto, a questão-chave para a commodity energética segue com o nível da oferta da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+), avaliam os analistas de commodities da Capital Economics.
“Presumimos que a produção da Opep+ começará a aumentar a partir de abril de 2024, pois os membros estão ansiosos para explorar as reservas existentes, enquanto a demanda ainda está crescendo. É certo que isso provavelmente pressionará os preços do petróleo para baixo, o que todos os membros gostariam de evitar”, dizem os analistas sob comando da economista-chefe para commodities, Caroline Bain.
A consultoria projeta que o mercado ficará em um pequeno déficit de oferta na maior parte do ano, passando por um leve excesso de produção no último trimestre de 2024. A Capital espera que o WTI seja negociado a US$ 70 e o Brent, a US$ 75, no fim do ano que vem.
Diário do Comércio - MG 18/12/2023
O resultado do leilão de áreas para exploração de petróleo realizado pelo governo na quarta-feira (13) reforça que o país ainda atrairá investimentos no setor por muito tempo, apesar das pressões pela eliminação gradual dos combustíveis fósseis na COP28.
Foi o leilão com o maior número de blocos concedidos desde que a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis) inaugurou o modelo atual de oferta, em 2019, mesmo diante de protestos de entidades ambientalistas.
A concorrência reforçou ainda a busca das petroleiras por novas frentes de exploração no país para além da margem equatorial, hoje vista como principal alternativa para compensar o declínio do pré-sal, que responde por três quartos da produção nacional de petróleo.
“O petróleo ainda será consumido por algumas décadas”, diz o consultor David Zylbersztajn, ex-diretor-geral da ANP, resumindo o argumento do setor para se comprometer com pesados investimentos mesmo diante dos alertas de emergência climática.
Serão ao menos R$ 2 bilhões nas áreas concedidas fora do pré-sal e outros R$ 360 milhões em uma área do pré-sal. Segundo os contratos, esses recursos devem ser destinados a pesquisa do subsolo e, em caso de descobertas, podem se multiplicar.
Em relatório divulgado na quinta-feira (14), a consultoria Wood Mackenzie afirmou que o resultado do leilão traz otimismo à indústria de petróleo do país após decepções recentes. Parte desse otimismo, afirmou, está na esperança do desenvolvimento de novas fronteiras exploratórias.
Foram duas novas frentes de exploração aberta, a bacia de Pelotas e a exploração fora das águas territoriais brasileiras. A bacia do Paraná, ainda pouco explorada, também recebeu lances no leilão e terá um reforço da atividade.
Na bacia de Pelotas, no Rio Grande do Sul, o interesse foi renovado após descobertas gigantes na Namíbia, área com características geológicas semelhantes. Ao todo, 44 blocos na região foram arrematados no leilão de quarta.
Em estudo sobre o potencial remanescente de petróleo no país, o geólogo Pedro Zalán aposta que a bacia de Pelotas está “fadada à mudança de patinho feio para um belo cisne”. Tem semelhanças, além da Namíbia, com a Guiana, onde descobertas gigantes criaram um conflito geopolítico no continente.
Zalán diz acreditar na possibilidade de descoberta de um “campo supergigante de gás” no alto de Torres, no litoral norte, e de “alguns bilhões” de barris no litoral sul. Não houve descobertas até agora, afirma, porque a exploração se concentrou em águas rasas.
Na bacia de Santos, hoje a principal produtora do país, o governo conseguiu conceder uma área fora do limite de 200 milhas das águas territoriais brasileiras, onde estima-se haver um “espelho do pré-sal”, com base na indicação de formações geológicas semelhantes às que contém hoje as maiores reservas de petróleo do país.
A região conhecida como polígono do pré-sal já teve os principais prospectos concedidos e hoje não atrai mais tanto interesse exploratório —no leilão de quarta, apenas uma entre cinco áreas recebeu oferta. A primeira exploração para além das águas brasileiras será feita pela norueguesa Equinor.
Na bacia do Paraná, que também teve bloco arrematado no leilão, a vocação é para campos de gás, segundo Zalán. Foi uma das primeiras bacias exploradas no Brasil, mas a última a ter produção —ainda assim, uma produção pequena, de 20 mil metros cúbicos de gás por dia.
Tem hoje sete contratos assinados de exploração, concentrados em Mato Grosso do Sul, oeste de São Paulo e sul de Goiás. A retomada do interesse na região é recente, após descobertas de gás natural na bacia do Parnaíba, no Maranhão.
Descobridora no Maranhão, a Eneva prepara para 2024 o início de uma campanha de pesquisa sísmica, espécie de ultrassonografia do subsolo, em seus blocos em Mato Grosso do Sul. A empresa aposta na utilização de gás natural no transporte de cargas, como na Argentina e na Europa.
O sucesso dessa empreitada garantiria a primeira descoberta de petróleo e gás do Centro-Oeste brasileiro.
Em entrevista após o leilão de quarta, o diretor-geral da ANP, Rodolfo Saboia, disse que foi um “excelente resultado para o Brasil”. “O leilão demonstrou que há interesse das companhias em áreas de novas fronteiras.”
Realizado um dia após o encerramento da COP28 e sob protestos de organizações ambientalistas, o leilão teve 17 empresas ofertantes, o maior número desse novo modelo inaugurado em 2019. O número de áreas arrematadas também foi recorde.
Mesmo desconsiderando as 122 áreas que foram concedidas a uma novata que surpreendeu o mercado ao se tornar a maior concessionária de exploração do país em número de blocos, ainda foi bem maior do que o recorde anterior, de 59 áreas concedidas em 2022.
“Independentemente do resultado do leilão em volume de contratação, o sinal de oferecer um volume recorde de blocos mostra uma grande desconexão do Brasil com a urgência de descontinuar o uso de combustíveis fósseis“, diz Ricardo Baitelo, gerente de projetos do Iema e coordenador da Coalizão Energia Limpa.
“A contribuição brasileira nas negociações em pressionar para o financiamento da transição do Sul Global não pode ser dissociada do compromisso em parar de ampliar a estrutura de exploração e uso de combustíveis fósseis, tanto para uso doméstico quanto internacional.”
O setor defende que o mundo continuará precisando de petróleo e que a produção brasileira, menos poluente, é ideal para garantir essa demanda até o fim.
“A eventual paralisação da produção de petróleo no Brasil não contribuiria para a redução de emissões, apenas nos tornaria mais pobres e mais dependentes de países produtores com pegada de carbono maior”, afirmou Saboia, antes do leilão. (Nicola Pamplona)
Infomoney - SP 18/12/2023
A Petrobras (PETR4) informou que celebrou novo aditivo ao contrato de compra de gás natural com a Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB), estatal boliviana que atua na área de exploração, produção de venda de petróleo e derivados.
Segundo a companhia brasileira, o contrato foi assinado após o cumprimento de trâmites internos de governança. O aditivo altera o perfil de entregas do volume total de gás contratado pela Petrobras, em função da disponibilidade de gás para exportação pela YPFB.
Volume máximo
O contrato prevê a manutenção do volume máximo de 20 milhões de m³ por dia, com maior flexibilização dos compromissos firmes de entrega e recebimento de acordo com a sazonalidade e a disponibilidade da oferta.
Segundo a Petrobras informou na noite dessa sexta-feira (15), os termos garantem “o fornecimento em equilíbrio contratual para as empresas e a possibilidade de venda adicional de gás pela YPFB para outros importadores brasileiros. Além disso, [há] maior segurança e previsibilidade de suprimento de gás ao mercado atendido pela Petrobras”.
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