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16 de Julho de 2024

SIDERURGIA

Investing - SP   16/07/2024

A Cleveland-Cliffs Inc. anunciou a aquisição da siderúrgica canadense Stelco Holdings Inc. por C$ 3,85 bilhões, equivalente a US$ 2,8 bilhões. Este movimento ocorre como a primeira aquisição bem-sucedida da Cleveland-Cliffs após uma tentativa malsucedida de adquirir a US Steel no ano passado.

A consolidação entre os produtores de aço norte-americanos continua, pois eles visam reduzir os custos de produção, enfrentando a concorrência de importações baratas da China. O CEO da Cleveland-Cliffs, Lourenço Gonçalves, destacou o ajuste estratégico da Stelco em suas operações, afirmando: "A Stelco é um ativo plug-and-play para a Cleveland Cliffs... Será o ativo de laminação plana de menor custo e maior margem EBITDA em toda a nossa pegada."

Os termos do acordo envolvem a oferta da Cleveland-Cliffs de C$ 60,00 em dinheiro e 0,454 ações ordinárias para cada ação da Stelco, totalizando C$ 70,00 por ação. Esta oferta está significativamente acima do último preço de fechamento da Stelco de C$37,36. Após o anúncio, as ações da Stelco subiram cerca de 74%, para C$ 64,82, enquanto as ações da Cleveland-Cliffs tiveram um aumento aproximado de 1%.

A aquisição surge no contexto da rejeição da U.S. Steel à oferta anterior de US$ 7,3 bilhões da Cleveland-Cliffs, favorecendo uma fusão com a Nippon Steel por US$ 14,9 bilhões - um acordo que atualmente enfrenta desafios regulatórios e oposição dos legisladores. Analistas da Jefferies indicaram que a aquisição da Stelco pela Cleveland-Cliffs sugere uma probabilidade reduzida de buscar a U.S. Steel se a fusão da Nippon não prosseguir.

A Stelco, que registrou uma receita de C$ 2,92 bilhões em 2023, atende a uma ampla gama de setores, incluindo automotivo e construção, e opera duas instalações em Ontário. A aquisição recebeu o apoio de David McCall, presidente internacional do sindicato United Steelworkers, e deve ser concluída no quarto trimestre do ano. A Cleveland-Cliffs prevê que o acordo contribua imediatamente para seu lucro por ação para 2024 e 2025.

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Embora o acordo deva melhorar a posição da Cleveland-Cliffs no setor, a aprovação regulatória canadense continua sendo um ponto de consideração. Analistas do Citi observaram o recente escrutínio de tais transações, mas também mencionaram que o aço não é classificado como um mineral crítico oficial e que as usinas em questão estavam anteriormente sob propriedade dos EUA, potencialmente aliviando as preocupações regulatórias.

A taxa de transação usada para a aquisição é baseada na taxa de câmbio atual de US$ 1 a 1,3641 dólares canadenses.

IstoÉ Dinheiro - SP   16/07/2024

O Ministério Público Federal (MPF) e Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) emitiram recomendação conjunta ao Instituto Estadual do Ambiente (Inea) para que seja concluída a regulamentação do Programa de Monitoramento de Partículas Sedimentáveis. O documento cobra, especificamente, o acompanhamento das emissões do “pó preto” pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), em sua unidade de Volta Redonda (RJ).

A criação do Programa de Monitoramento de Partículas Sedimentáveis foi determinada por meio do Decreto 48.668/2023, publicado pelo governo estadual em setembro do ano passado. Foram concedidos seis meses para que o Inea fizesse a regulamentação, e o prazo se esgotou em março.

A recomendação foi tornada pública na última sexta-feira (12). O MPF e o MPRJ cobraram uma resposta do órgão ambiental em 10 dias. Também foi fixado um prazo de 30 dias para o cumprimento da recomendação. Diante de eventual negativa, poderá ser movida uma ação civil pública.

De acordo com nota divulgada pelo MPF e pelo MPRJ, o Decreto 48.668/2023 amplia o monitoramento da qualidade do ar que já era realizado pelo Inea, aumentando o número de estações. Dessa forma, seria incluído o acompanhamento das emissões do “pó preto” em Volta Redonda.

Uma minuta com as normas do programa já teria sido elaborada pelo órgão ambiental e apresentada a todas as suas diretorias. A proposta também já teria parecer favorável da sua procuradoria jurídica. No entanto, para entrar em vigor, depende ainda da decisão final do Conselho Diretor do Inea.
Poluição

Volta Redonda possui 261 mil habitantes, de acordo com o Censo Demográfico 2022. Moradores da cidade têm reclamado nos últimos anos das emissões provenientes das atividades da CSN. O “pó preto” é formado por micropartículas de ferro que, soltas no ar, podem prejudicar a saúde dos moradores e poluir o meio ambiente.

O tema já foi abordado em audiências públicas realizadas na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro e também na Câmara dos Deputados. Para evitar a fuligem, muitos afirmam que precisam manter as casas com portas e janelas fechadas. Vídeos que circulam na internet registram cenas em que uma fumaça cinza se propaga em vários pontos da cidade.

Caso a minuta em análise seja aprovada, caberá ao Inea divulgar diariamente os índices de qualidade do ar nas suas estações distribuídas pelo território estadual. Além disso, anualmente, deverá ser elaborado um relatório de avaliação das condições atmosféricas no estado.

Procurado pela Agência Brasil, o Inea não retornou ao contato. A CSN afirmou em nota que a recomendação não foi dirigida à empresa. “Não compete à CSN se manifestar ou opinar sobre a questão”, acrescenta o texto.

ECONOMIA

IstoÉ Dinheiro - SP   16/07/2024

A balança comercial brasileira registrou superávit comercial de US$ 1,428 bilhão na segunda semana de julho. De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) divulgados nesta segunda-feira, 15, o valor foi alcançado com exportações de US$ 6,527 bilhões e importações de US$ 5,099 bilhões. No mês, o superávit acumulado é de US$ 3,792 bilhões e, no ano, de US$ 46,102 bilhões.

Até a segunda semana de julho, a média diária das exportações registrou alta de 2,4% em relação à média diária de igual mês de 2023. O maior crescimento nos embarques ocorreu na Indústria Extrativa (6,9%), seguida pela Indústria de Transformação (1,1%) e pela Agropecuária (1%).

Já as importações tiveram crescimento de 4,4% na mesma comparação, com aumentos de 11,7% na Agropecuária e de 5% na Indústria de Transformação. Por sua vez, a Indústria Extrativa teve queda de 3,6%.

Agência Brasil - DF   16/07/2024

A previsão do mercado financeiro para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – considerado a inflação oficial do país – teve redução, passando de 4,02% para 4% este ano. A estimativa está no Boletim Focus desta segunda-feira (15), pesquisa divulgada semanalmente, em Brasília, pelo Banco Central (BC), com a expectativa de instituições financeiras para os principais indicadores econômicos.

Já para 2025, a projeção da inflação subiu de 3,88% para 3,9%. Para 2026 e 2027, as previsões são de 3,6% e 3,5%, respectivamente.

A estimativa para 2024 está acima da meta de inflação, mas ainda dentro de tolerância, que deve ser perseguida pelo BC. Definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), a meta é 3% para este ano, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é 1,5% e o superior 4,5%.

A partir de 2025, entrará em vigor o sistema de meta contínua, assim, o CMN não precisa mais definir uma meta de inflação a cada ano. Em junho deste ano, o colegiado fixou o centro da meta contínua em 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.

Em junho, influenciada principalmente pelo grupo de alimentação e bebidas, a inflação do país foi 0,21%, após ter registrado 0,46% em maio. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), em 12 meses, o IPCA acumula 4,23%.
Juros básicos

Para alcançar a meta de inflação, o Banco Central usa como principal instrumento a taxa básica de juros, a Selic, definida em 10,5% ao ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom). A alta recente do dólar e o aumento das incertezas econômicas fizeram o BC interromper o corte de juros iniciado há quase um ano. Na última reunião, em junho, por unanimidade, o colegiado manteve a Selic nesse patamar após sete reduções seguidas.

De março de 2021 a agosto de 2022, o Copom elevou a Selic por 12 vezes consecutivas, em um ciclo de aperto monetário que começou em meio à alta dos preços de alimentos, de energia e de combustíveis. Por um ano, de agosto de 2022 a agosto de 2023, a taxa foi mantida em 13,75% ao ano, por sete vezes seguidas. Com o controle dos preços, o BC passou a realizar os cortes na Selic.

Antes do início do ciclo de alta, a Selic tinha sido reduzida para 2% ao ano, no nível mais baixo da série histórica iniciada em 1986. Por causa da contração econômica gerada pela pandemia de covid-19, o Banco Central tinha derrubado a taxa para estimular a produção e o consumo. A taxa ficou no menor patamar da história de agosto de 2020 a março de 2021.

Para o mercado financeiro, a Selic deve encerrar 2024 no patamar que está hoje, em 10,5% ao ano. Para o fim de 2025, a estimativa é de que a taxa básica caia para 9,5% ao ano. Para 2026 e 2027, a previsão é que ela seja reduzida, novamente, para 9% ao ano, para os dois anos.

Quando o Copom aumenta a taxa básica de juros a finalidade é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Mas, além da Selic, os bancos consideram outros fatores na hora de definir os juros cobrados dos consumidores, como risco de inadimplência, lucro e despesas administrativas. Desse modo, taxas mais altas também podem dificultar a expansão da economia.

Quando o Copom diminui a Selic, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle sobre a inflação e estimulando a atividade econômica.
PIB e câmbio

A projeção das instituições financeiras para o crescimento da economia brasileira neste ano subiu de 2,1% para 2,11%. Para 2025, a expectativa para o Produto Interno Bruto (PIB) - a soma de todos os bens e serviços produzidos no país - é de crescimento de 1,97%. Para 2026 e 2027, o mercado financeiro estima expansão do PIB em 2%, para os dois anos.

Superando as projeções, em 2023 a economia brasileira cresceu 2,9%.

Globo Online - RJ   16/07/2024

A economia da China registrou o pior ritmo em cinco trimestres, com varejo fraco, uma prolongada crise no setor imobiliário e a insegurança no emprego prejudicaram a recuperação econômica do país, aumentando a pressão sobre Pequim para liberar mais estímulos e aumentar a confiança dos consumidores e investidores.

O Produto Interno Bruto (PIB) da segunda maior economia do mundo cresceu 4,7% no segundo trimestre do ano (de abril a junho), segundo dados divulgados pelo Gabinete Nacional de Estatísticas (NBS).

Foi o ritmo mais lento desde o primeiro trimestre de 2023 e abaixo da previsão de 5,1% em uma pesquisa da Bloomberg junto a economistas. Também desacelerou em relação à expansão de 5,3% do trimestre anterior.

Numa base trimestral, o crescimento foi de 0,7%, contra uma revisão em baixa de 1,5% nos três meses anteriores, revelaram os dados do Gabinete Nacional de Estatísticas (NBS).

O resultado do PIB foi divulgado no mesmo dia em que o presidente Xi Jinping convocou a terceira reunião plenária do Partido Comunista para definir as principais políticas econômicas e políticas para os próximos anos.

O governo também divulgou que a produção industrial aumentou 5,3% em junho, em comparação com as previsões dos economistas de 5%. Já as vendas no varejo aumentaram 2%, em comparação com uma previsão de crescimento de 3,4%.

O investimento em ativos fixos aumentou 3,9% nos primeiros seis meses, correspondendo a um aumento esperado de 3,9%. A taxa de desemprego urbano manteve-se inalterada em 5% em junho em relação a maio.

Crise no setor imobiliário se agrava

A contração no sector imobiliário continuou. Os preços de novos imóveis na China caíram, em junho, no ritmo mais rápido em nove anos, enquanto as vendas e os investimentos no setor imobiliário despencaram, aumentando a pressão sobre os formuladores de políticas para mais estímulos a fim de sustentar o setor abalado, que luta para se estabilizar.

Os preços de novos imóveis caíram 4,5% em relação ao ano anterior, atingindo o nível mais baixo desde junho de 2015, uma queda mais acentuada do que a de 3,9% registrada em maio. Os preços caíram 0,7% de um mês para o outro em junho, após uma queda de 0,7% em maio.

Desde 2021, a acentuada desaceleração do mercado imobiliário levou uma série de incorporadoras à inadimplência, deixando inúmeros canteiros de obras parados. Isso corroeu a confiança no setor, tradicionalmente favorecido pelas famílias chinesas como um porto seguro para suas economias.

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O setor imobiliário, que no seu auge representava um quarto do PIB, continua sendo um grande obstáculo para a economia de US$ 18 trilhões.

O abrandamento refletido nos dados — o primeiro conjunto de indicadores trimestrais sem distorções devido à pandemia — poderá reforçar os apelos para que Pequim intensifique os esforços para estimular o crescimento.

A China deve "avaliar plenamente as dificuldades, os desafios e as incertezas do desenvolvimento", reforçando ao mesmo tempo a confiança na economia, e aplicar corretamente as políticas macroeconômicas para promover um crescimento saudável, declarou o Gabinete Nacional de Estatísticas num comunicado que acompanha a publicação.

O Estado de S.Paulo - SP   16/07/2024

Os Estados Unidos se destacaram como o principal destino das exportações brasileiras no primeiro semestre de 2024, o que impulsionou crescimento nas trocas comerciais bilaterais entre os dois países. Segundo o Monitor do Comércio Brasil-EUA da Amcham Brasil (Câmara Americana de Comércio para o Brasil), divulgado nesta segunda-feira, 15, o Brasil exportou um valor recorde de US$ 19,2 bilhões para os EUA nos primeiros seis meses do ano, o que marca um aumento de 12% em relação ao mesmo período do ano passado.

Conforme destaca a Amcham, o crescimento foi observado em todos os setores, incluindo indústria de transformação, extrativa e agropecuária. Na contramão, as exportações brasileiras para outros mercados globais cresceram apenas 1,4% no mesmo período. A expansão das vendas, sobretudo de bens industriais, para os EUA, representou 29,1% do total do aumento das exportações brasileiras.

O comércio bilateral entre Brasil e EUA totalizou US$ 38,7 bilhões no período, marcando um aumento de 5,1% em relação ao ano anterior. Ainda segundo o levantamento, o déficit comercial para o Brasil foi o menor dos últimos dez anos, demonstrando um avanço significativo na balança comercial entre os dois países, reforça a entidade em seu relatório.

Entre os principais produtos exportados pelo Brasil para os EUA no primeiro semestre de 2024, destacam-se combustíveis de petróleo, petróleo bruto, café, celulose e aeronaves, todos registrando aumentos expressivos.

Segundo a Amcham, os dez principais produtos vendidos pelo Brasil aos Estados Unidos são:
Óleos brutos de petróleo;Produtos semi-acabados de ferro ou aço;Aeronaves e suas partes;Óleos combustíveis de petróleo;Ferro-gusa e similares;Celulose;Café não torrado;Equipamentos de engenharia civil;Sucos de frutas ou de vegetais;Madeira parcialmente trabalhada.

As importações brasileiras dos EUA também mostraram crescimento em diversos setores, apesar de uma leve queda no valor total importado.

Lula celebra resultado

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comemorou os índices de exportação aos Estados Unidos em uma postagem na rede social X, nesta segunda. O presidente havia compartilhado uma notícia sobre o levantamento da Amcham.

“Aumento de 12% em valores e 23% em volume. Trabalho, muito trabalho. Economia não tem mágica, mas tem palavras-chave: estabilidade e previsibilidade”, escreveu o presidente.

 

O Estado de S.Paulo - SP   16/07/2024

O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB), avançou 0,25% em maio, na comparação com abril, na série com ajuste sazonal. No mês anterior, havia subido 0,26%, conforme o dado revisado nesta segunda-feira, 15.

O indicador atingiu 149,6 pontos, o maior nível da série histórica. Ainda assim, ficou aquém da mediana da pesquisa Projeções Broadcast, que indicava alta de 0,30% para o IBC-Br. As estimativas das 25 instituições consultadas iam de queda de 0,60% a alta de 0,90%.

A queda da produção industrial em maio foi mais que compensada pelos resultados positivos do comércio varejista e pela estabilidade de serviços, avalia o economista da MAG Investimentos Felipe Rodrigo de Oliveira. “Foi o que contribuiu para esse resultado positivo do IBC-Br”, afirma.

Na comparação com maio de 2023, o IBC-Br subiu 1,30%, também menos do que sugeria a mediana da pesquisa, de 1,40%. Na série sem ajuste sazonal, o índice atingiu 148,86 pontos, o maior nível para o mês na série histórica.

O IBC-Br acumula alta de 0,53% no trimestre móvel encerrado em maio, na margem e considerando a série com ajuste sazonal. Na série sem ajuste, o índice sobe 1,24% no trimestre frente aos mesmos três meses de 2023.

No ano, o IBC-Br sobe 2,01% e, em 12 meses, acumula alta de 1,66%, todos na série sem ajuste sazonal.

O Banco Central revisou para cima do desempenho do seu Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) em todos os meses deste ano.

O resultado de abril, na margem, passou de 0,01% para 0,26%, enquanto o resultado de março passou de -0,36% para -0,25%. A alta de fevereiro foi revisada de 0,36% para 0,46% e a de janeiro, de 0,60% para 0,66%.
Projeções do mercado

A estimativa de alta frequência do Santander Brasil para o PIB do segundo trimestre subiu de 0,2% para 0,3%, após a divulgação do IBC-Br de maio. O banco pondera que há a possibilidade de impactos tardios das enchentes no Rio Grande do Sul em junho.

“A divulgação do IBC-Br de maio trouxe um leve aumento na margem, com revisões positivas para os resultados recentes, consolidando assim uma leitura positiva. Essa percepção é reforçada quando consideramos as expectativas iniciais negativas após as enchentes no Rio Grande do Sul, que se mostraram menores do que a maioria dos analistas estimavam em maio”, avalia o economista Gabriel Couto em nota.

O Santander manteve a projeção de crescimento de 2,0% para o PIB de 2024.

Para junho, o economista Felipe Rodrigo de Oliveira, da MAG Investimentos, projeta alguma acomodação para o comércio varejista e a continuidade de variações positivas para o setor de serviços. Este último, porém, deve mostrar um crescimento menos robusto do que o visto no pós-pandemia, segundo Oliveira. Para a indústria, o prospecto é de recuperação no mês.

A MAG Investimentos prevê expansão de 0,4% para o PIB do segundo trimestre, com viés de alta. “É um número em linha com a perspectiva de desaceleração ante o primeiro trimestre. Considera impactos menores que o esperado do Rio Grande do Sul e um cenário de juros em nível elevado”, frisa. Para o ano, a estimativa é de alta de 2,1%, enquanto o BC prevê 2,3%.

O Estado de S.Paulo - SP   16/07/2024

O presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, reiterou nesta segunda-feira, 15, que a autoridade monetária não planeja esperar a inflação voltar exatamente a 2% para começar a cortar juros. Segundo ele, o Fed estaria mantendo o aperto por tempo exageradamente longo se aguardasse o retorno a essa taxa exata.

Durante evento do Clube Econômico de Washington, Powell afirmou que a economia dos Estados Unidos teve desempenho muito forte nos últimos anos. A inflação arrefeceu de maneira substancial, particularmente na segunda metade de 2023, de acordo com ele. Powell disse ainda que esse progresso estagnou no primeiro trimestre deste ano, mas voltou a acontecer nos últimos três meses.

Sobre a possibilidade de o Fed cortar juros durante a campanha eleitoral nos EUA, Powell disse que a autoridade monetária não leva fatores políticos em consideração ao definir sua política.

O presidente do Fed afirmou que não descarta a possibilidade de um “pouso forçado” — uma recessão profunda para reduzir a inflação à meta de 2%. No entanto, explicou que esse não é o cenário mais provável.

Powell disse que sempre acreditou que havia um caminho possível para pressionar a inflação sem induzir um dano significativo à economia. Segundo ele, a política monetária funciona com defasagem, então não é possível prever exatamente como os juros vão evoluir.

Ele afirmou que a política monetária atualmente está restritiva, mas não de maneira intensa. Para ele, esse cenário é um indício de que a taxa neutra dos juros está mais alta atualmente do que antes da pandemia.

Powell reforçou que o Fed será ditado pela evolução dos dados ao definir os próximos passos, mas ponderou que o Banco Central americano não pretende ser “muito avesso ao risco”. Ele reafirmou que o Fed apenas cortar juros quando houver maior confiança de que a inflação caminha de maneira sustentada de volta à meta de 2%. E reconheceu que, se o Fed cortar juros tarde demais, poderá induzir um dano desnecessário à atividade. Por outro lado, um corte prematuro poderia reverter os progressos na inflação, de acordo com ele.

Questionado sobre se aceitará um novo mandato à frente do Fed, Powell se limitou a dizer que planeja cumprir o atual, que termina em 2026.
Dados do segundo trimestre

O presidente do Fed afirmou que os dados do segundo trimestre ampliaram a confiança de que a inflação caminha de volta à meta de 2%, após a pausa no processo durante os três primeiros meses do ano. Apesar disso, Powell disse que não planeja enviar sinais sobre em qual mês os cortes de juros vão começar.

Ele reforçou que o Fed está mais atento aos dois lados do mandato do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC). Segundo ele, os riscos estão mais equilibrados e o mercado de trabalho não está mais superaquecido. Powell reiterou que um enfraquecimento inesperado do emprego pode justificar o começo do relaxamento monetário.
Expectativa do mercado

As falas de Powell não alteraram as perspectivas de investidores sobre o início e intensidade do afrouxamento monetário americano em 2024, segundo indica o monitoramento do CME Group. Powell evitou enviar um sinal claro de quando os cortes de juros vão começar, mas reconheceu que as últimas leituras de inflação favorecem a redução da taxa dos Fed Funds.

Segundo o CME, o primeiro corte acontecerá em setembro, com 98,1% de probabilidade, e com a chance de um corte de 50 pontos-base (0,5 ponto porcentual) na reunião subindo a 6,6%. No agregado do ano, a curva futura precifica que as taxas devem ser cortadas em 75 pontos-base (0,75 ponto porcentual) no total, com 53,3% de chance. Para a taxa de juros terminar o ano com redução de 50 pb (0,5 p.p.), a probabilidade é de 37,8%./Com Gabriel Tassi Lara

Globo Online - RJ   16/07/2024

Como vivenciou em muitos momentos de sua História moderna, a China discute esta semana como deflagrar uma nova era de reformas, sem quebrar o molde. Com esse foco, o topo do Partido Comunista fica reunido em Pequim até quinta, quando devem sair as diretrizes que guiarão a segunda economia do mundo, nos próximos cinco anos e além. O mistério não está tanto em quais são as prioridades, mas na capacidade do PC de cumpri-las.

A questão é como manter o país na trajetória de crescimento das últimas quatro décadas, evitando rachaduras na estabilidade social sem cair na armadilha da estagnação, como aconteceu com outros países que viveram milagres econômicos. É provável que o país cumpra a meta oficial de crescimento econômico, em torno de 5%, mas isso não afasta a insegurança de boa parte da população, sobretudo pela fragilidade do mercado de trabalho.

O encontro desta semana segue o ritual do processo decisório chinês, com uma nomenclatura que soa como relíquia da Guerra Fria: “Terceira sessão plenária do Comitê Central do Partido Comunista da China”. Das sessões do período entre os Congressos bienais do PC, a terceira plenária é a que mais atrai interesse, pelo foco nas reformas socioeconômicas de longo prazo. Tudo bem longe dos dramas da campanha presidencial nos EUA, mas com impacto inevitável na economia mundial, cedo ou tarde.

A expectativa tem origem na célebre terceira plenária do Comitê Central realizada em dezembro de 1978. Foi a sessão de lançamento das bases do programa de reforma e abertura sob a liderança de Deng Xiaoping, que pavimentou o caminho para a ascensão econômica da China após as décadas de isolamento e pobreza coletiva da era maoista.

Desde então, porém, nenhuma se igualou à lendária sessão de 1978, ainda que algumas tenham estabelecido metas ambiciosas. Como a de 2013, a primeira no governo do atual presidente, Xi Jinping. Ainda cercada da expectativa de que seria o início de uma era de liberalismo, derrubada em pouco tempo por Xi, a terceira plenária de 2013 é mais lembrada pela orientação de que as forças de mercado teriam papel “decisivo” na economia.

Foi o que aconteceu, mas não exatamente graças ao Partido. Nos anos seguintes, a presença do Estado liderado por Xi se ampliou em todas as esferas. Algumas intervenções alternaram êxitos e fracassos, como a política de Covid zero. Outras deixaram rastros de desconfiança nos empresários, como o aperto regulatório nas empresas de tecnologia. Agora, a promessa é alavancar o apoio ao setor privado, em reconhecimento a sua parcela no avanço do país.

Em discurso que marcou o 130º aniversário de nascimento de Mao Tsé-tung, no fim de 2023, Xi repetiu o de uma década atrás, destacando o “papel decisivo” do mercado. Mas deixou claro que essa é só parte da receita. No ambiente em que opera o setor privado, o condutor é o Partido, e as estatais continuam tendo protagonismo como fator de estabilização social e controle estratégico.

Com mais investimento, em 2023 o valor de mercado das estatais cresceu 4,4%, contra 1,9% das firmas privadas — embora as privadas gerem 60% do PIB e 80% dos empregos urbanos. O controle estatal também obteve mais relevância estratégica devido ao ambiente geopolítico hostil. Ainda assim, o capital privado se expandiu e ganhou o mundo: dos 13 maiores patrocinadores da Eurocopa, cinco eram empresas chinesas, todas privadas.

MINERAÇÃO

Revista Mineração - SP   16/07/2024

Após as discussões sobre Projeto de Lei Complementar 68/24, aprovado em 10 de julho na Câmara dos Deputados, prevaleceu a percepção de que produtos minerais derivados do ferro são prejudiciais ao meio ambiente e à saúde e devem, portanto, ter seu consumo desestimulado a partir de uma sobretaxa de 0,25%.

Em comunicado, a Associação das Empresas de Pesquisa Mineral e Mineração (ABPM), reitera o posicionamento contrário à incidência do Imposto Seletivo sobre bens minerais. Ainda que restrita a uma substância e em percentual abaixo do inicialmente discutido, a associação considera a medida como prejudicial à economia nacional, pois a perda de competitividade comprometerá a balança comercial do país.

A expectativa da ABPM, conforme divulgado, é de que o Senado Federal revise tal dispositivo, eliminando a incidência do Imposto Seletivo sobre qualquer produto mineral.

A associação ressalta que a medida ignora o uso do minério de ferro como insumo para diversas cadeias produtivas nacionais, como a siderurgia, a metalmecânica e a construção civil, sem possibilidades de alternativas imediatas para o ferro enquanto insumo nos mais diversos processos produtivos.

“Não se vislumbra a redução de seu consumo e o sobrepreço incidente sobre tal insumo gerará impactos e distorções ao longo de diversas cadeias produtivas nacionais, prejudicará a indústria e certamente chegará ao consumidor final. Diferentemente do argumento utilizado de que o minério de ferro é prejudicial ao meio ambiente, é exatamente com ele que a sociedade obtém soluções que asseguram o conforto e o bem dos seus indivíduos e das famílias. É, portanto, um insumo da mais alta essencialidade.”, reforça o comunicado.

A ABPM informou ainda que a incidência de Imposto Seletivo sobre a produção de ferro desestimula a verticalização da produção nacional, uma vez que o preço ao insumo ficará mais caro, o que coloca em risco a viabilidade econômica de uma série de projetos de mineração em curso no Brasil.

Entre as consequências da incidência do imposto seletivo, juntamente com as taxas de fiscalização ambiental recentemente criadas em alguns estados, está a ameaça à continuidade dos empreendimentos mineiros e o melhor aproveitamento dos recursos minerais.

A associação ressalta ainda que haverá o fechamento de postos de trabalho, a descontinuidade de atividades dependentes da mineração e a queda de impostos e contribuições para estados e municípios.

“De forma direta, tal medida prejudicará a atividade das frentes e lavra, encurtará a vida útil dos empreendimentos e precipitará o fim da mineração em diversas localidades, especialmente naquelas em que a atividade de mineração de ferro já ocorre há algum tempo e o teor de minério já não é tão atrativo.” conclui a nota divulgada.

Valor - SP   16/07/2024

Segundo um estudo realizado pela KPMG em junho, das 73 empresas que possuem barragens com alto risco alto, 16 estão comprometidas com o Padrão Global da Indústria em Gerenciamento de Barragens.

Um estudo realizado pela KPMG em junho deste ano indicou um aumento no número de mineradoras no Brasil que assumiram publicamente compromissos para garantir a segurança de suas barragens de rejeitos.

Das 73 empresas que possuem barragens com risco alto potencial, 16 estão comprometidas com Global Industry Standard in Tailings Management (GISTM), ou Padrão Global da Indústria em Gerenciamento de Barragens. O GISTM possui 77 requisitos para gestão segura de barragens de rejeitos existentes e novos projetos.

Em 2022, havia 12 empresas comprometidas com esse padrão, de um total de 65 mineradoras com barragens com risco alto potencial.

As 16 mineradoras comprometidas em 2024 possuem 142 barragens, ou 53% das barragens de rejeitos de minério do país. Em 2022, as 12 empresas comprometidas detinham 131 barragens (51% do total).

O levantamento da KPMG foi feito com base nos dados da Agência Nacional de Mineração (ANM) de barragens de rejeitos classificadas com alto potencial de rompimento.

O estudo também mostrou que o percentual de mineradoras com barragens com alto dano potencial no Brasil baixou de 279 (28% do total em 2022) para 276 (26% este ano).

André Winter, sócio-diretor de consultoria em ESG (sustentabilidade ambiental, consciência social e governança) da KPMG, disse que, embora seja um aumento pequeno no número de mineradoras que assumiram compromisso com padrões mais rígidos de segurança de barragens, essas empresas são donas das maiores barragens, o que é positivo para o país.

“Uma parte das empresas não assumiu publicamente o compromisso com o GISTM, mas já adota padrões de segurança na gestão de barragens. A tendência nos próximos anos é de avanço na adoção pública desses compromissos”, acrescentou Winter.

Ricardo Marques, sócio líder de mineração da KPMG, observou que as mineradoras têm sofrido uma pressão crescente de órgãos reguladores, comunidades e investidores a aprimorar seus controles nessa área. “Neste contexto, a adoção de práticas alinhadas ao GISTM representa um caminho a ser seguido pelas mineradoras que ainda não seguem essas medidas”, disse Marques.

Marques observou que alguns investidores institucionais já exigem que as empresas nas quais investem adotem padrões mais rígidos de segurança e sustentabilidade. Um exemplo é a Igreja Anglicana da Inglaterra (Church of England), que mantém participações nas grandes mineradoras.

Winter acrescentou que até a conclusão dos trabalhos para eliminar todas as barragens com alto risco de rompimento, é importante que as mineradoras adotem uma gestão adequada para mitigar os riscos associados.

De acordo com o levantamento, 32% das mineradoras possuem planos de resposta a emergências de barragens divulgados, ante 22% em 2022.

Do total de mineradoras, 18% assumiram compromisso público de reduzir o uso de barragens, ante 3% em 2022.

Infomoney - SP   16/07/2024

Os preços futuros do minério de ferro subiram nesta segunda-feira, sustentados por apostas crescentes de que a China, principal mercado consumidor do minério, revelará mais estímulos em sua terceira reunião plenária nesta semana, depois que a divulgação de uma série de dados econômicos decepcionou os investidores.

O contrato de setembro do minério de ferro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) da China encerrou as negociações do dia com alta de 1,03%, a 834 iuanes (114,83 dólares) a tonelada.

O minério de ferro de referência de agosto na Bolsa de Cingapura subiu 0,69%, a 108,75 dólares a tonelada.

A economia da China desacelerou no segundo trimestre, segundo dados divulgados nesta segunda-feira, à medida que uma prolongada retração no setor imobiliário e a insegurança no emprego pesaram sobre a demanda doméstica, mantendo vivas as expectativas de que Pequim precisará liberar mais estímulos.

A segunda maior economia do mundo cresceu 4,7% entre abril e junho na comparação com o mesmo período do ano anterior, de acordo com dados oficiais, resultado mais fraco desde o primeiro trimestre de 2023 e abaixo da previsão de 5,1% em uma pesquisa da Reuters. Também houve desaceleração em relação à expansão de 5,3% do trimestre anterior.

Isso ocorreu depois que os empréstimos bancários chineses aumentaram menos do que o esperado em junho, enquanto alguns indicadores monetários importantes atingiram novos recordes de baixa, segundo dados divulgados na última sexta-feira.

A altamente antecipada reunião terceira plenária, que começou na segunda-feira, delineará os esforços para promover a manufatura avançada, gerenciar uma vasta crise imobiliária e impulsionar o consumo doméstico, segundo consultores de políticas.

A demanda resistente no curto prazo, segundo os analistas, também sustenta os preços do principal ingrediente da fabricação de aço.

A China produziu uma média diária de cerca de 3,05 milhões de toneladas de aço bruto em junho, o maior volume desde abril de 2023, de acordo com cálculos da Reuters baseados em dados do Departamento Nacional de Estatísticas.

Os analistas do Citi esperam que o governo chinês lance outra rodada de medidas de apoio ao mercado imobiliário após uma reunião do Politburo, a principal instância de decisão do Partido Comunista, que deverá ocorrer no final de julho.

Valor - SP   16/07/2024

Expectativa no governo e no setor privado é que tema, alvo de críticas de Lula, seja retomado.


Fonte: Raul Jungmann: “Código Mineral tem instrumentos que bastariam ser aplicados” — Foto: Rogerio Vieira/Valor

Uma vez resolvida a intrincada sucessão para presidente da Vale - a maior mineradora brasileira e uma das maiores mundiais -, uma outra discussão envolvendo as grandes empresas do setor mineral deve voltar a ganhar força: as regras que regem os direitos minerários no país. Os direitos minerários são licenças que as empresas recebem do governo, via Agência Nacional de Mineração (ANM), para prospectar, explorar e produzir minérios, que, por estarem sob o solo, são um bem da União. As mineradoras são uma espécie de concessionárias desses direitos.

O tema dos direitos minerários tem sido levantado publicamente pelo governo desde 2023. O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, já acusou as mineradoras de “sentarem em cima” dos direitos minerários e não fazerem os devidos investimentos em pesquisa e exploração. A mensagem foi referendada em várias ocasiões, em 2023 e no primeiro semestre de 2024 pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, que disse ser “irresponsável”, por parte das grandes mineradoras, não aproveitar de forma adequada os bens sobre os quais têm direitos.

Com os ruídos surgidos na sucessão da Vale e outras prioridades no MME, como a revisão de regras para o setor elétrico, o debate sobre os direitos minerários arrefeceu, mas há expectativa que volte à tona, segundo fontes próximas do Planalto. No setor privado, também se prevê que o tema possa entrar na agenda como um potencial debate para os próximos meses.

Levantamento feito pelo Valor no Sigmine, sistema público da ANM, mostra que, embora as grandes mineradoras tenham as maiores áreas em extensão territorial, essas companhias representam uma fração pequena do total de títulos minerários concedidos.

A Nexa (ex-Votorantim Metais), por exemplo, é individualmente a empresa com maior número de concessões minerais e maior área geográfica para mineração no país. Mas quando se olha o caso da empresa em relação ao todo do setor mineral a participação é pequena.

A Nexa possui 2,97% da área total concedida (em vários tipos de licenças), somando 6,093 milhões de hectares de um total de 205,1 milhões de hectares concedidos pela ANM, segundo o levantamento feito por este jornal. Os dados apurados no Sigmine mostram que as dez empresas com maior volume de títulos homologados - que garantem os direitos minerários - no site da autarquia somam 15,08% da área total concedida.

Fontes do setor afirmam que a concentração de direitos minerários apregoada pelo governo não se evidencia. Segundo essas fontes, há uma pulverização entre empresas de diferentes portes e diferentes tipos de minérios explorados. A questão, dizem as fontes, passa pelo fortalecimento da ANM, o que poderia tornar mais eficiente a aprovação de licenças e incrementar o ritmo da produção mineral (ler mais na reportagem abaixo).

Para a União, o crescimento do setor teria a consequência de aumentar a arrecadação em momento em que a condução da economia do país sofre com a desconfiança sobre a capacidade do governo de cumprir as metas fiscais, o que afeta negativamente as expectativas dos agentes do mercado. No ano passado, o setor mineral faturou R$ 248,2 bilhões, segundo dados do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram). O pagamento de impostos pelas mineradoras somou R$ 85,28 bilhões, sendo R$ 6,84 bilhões relativos à Compensação Financeira pela Exploração Mineral (CFEM), equivalente ao royalty da mineração.

Especialistas ouvidos pelo Valor afirmam que a falta de recursos financeiros e humanos da ANM causam atrasos na análise da tramitação dos processos. A legislação prevê o avanço de fase, que consiste na evolução dos pedidos à medida que as pesquisas são feitas. A empresa começa com o requerimento de pesquisa e avança até a concessão de lavra caso haja sucesso exploratório.

Os alvarás de pesquisa possuem prazos de até três anos, podendo ser prorrogados por igual período por solicitação do interessado, que precisa demonstrar o andamento dos trabalhos realizados no período inicial. Segundo a ANM, esse prazo máximo será ampliado para quatro anos em breve, uma vez que a agência está trabalhando na regulamentação da nova redação da legislação. Uma vez autorizada a lavra, o titular da concessão tem que iniciar os trabalhos previstos no plano de aproveitamento econômico em seis meses, contado da data de publicação da concessão no Diário Oficial da União.

Um interlocutor diz que há na legislação vigente prazos para as diferentes etapas de autorização ou concessão de uma área minerária. “O que tem é uma expectativa, que a ANM seja mais eficiente, e as empresas passem a cumprir os prazos”, diz. E acrescenta que nas regras atuais há previsão inclusive para a caducidade de títulos: “Tem que demonstrar para a ANM que você está tentando, está seguindo o plano que foi apresentado.” O especialista pondera que uma ferramenta que o governo tem para pressionar as empresas e cassar títulos é reduzir os prazos previstos, com exigências que não serão atendidas. “Se ele [o governo] fizer uma exigência para tudo ao mesmo tempo agora, ninguém consegue atender. Então uma maneira de forçar a caducidade é fazer exigências que não se consegue atender.”

O Ibram ressalta que a atividade mineral é caracterizada pelo elevado grau de risco, com taxa de sucesso média entre a pesquisa mineral e efetividade da implantação de um projeto mineral de 1 para 1.000. E acrescenta que o ciclo de investimentos em projetos do setor é de, no mínimo, dez anos. O presidente do Ibram, Raul Jungmann, critica o acesso limitado a linhas de financiamento adequadas para o desenvolvimento de projetos de mineração no Brasil: “Neste contexto, qualquer que seja a análise sobre o tema dos títulos minerários tem que considerar obrigatoriamente os três pontos: taxa de sucesso, ciclo de implementação de projetos e mecanismos de financiamento”, diz Jungmann.

O dirigente também rebate as críticas feitas pelo presidente Lula de que empresas “sentam em cima” das áreas concedidas e afirma que o Código Mineral brasileiro contém “instrumentos claros” que bastariam ser aplicados para evitar qualquer tipo de uso indevido dos títulos minerários, como o eventual uso especulativo.

O Valor tentou ouvir o Ministério de Minas e Energia sobre a discussão dos direitos minerários. Mas nem o ministro Alexandre Silveira nem o secretário de geologia, mineração e transformação digital do MME, Vitor Saback, procurados via assessoria do ministro, responderam aos questionamentos.

Estudos do Ibram apontam que há “discrepâncias” na base de dados da ANM. Jungmann cita que não há diferenciação de títulos minerários que aguardam oferta pública; aqueles que estão em fase de disponibilidade; que permanecem com pendências no julgamento do edital de disponibilidade e que estão livres para novos requerimentos. “A simples aplicação desses filtros faria reduzir o número de títulos hoje onerados em 45%”, diz.

Apesar da baixa concentração de direitos minerários no país, Jungmann diz que é natural que as grandes empresas tenham os maiores percentuais de áreas, uma vez que são as que mais têm recursos para investimentos em pesquisa e para execução de projetos.

As principais empresas do setor no país afirmam que cumprem os prazos e regras da legislação. A Nexa ressalta que o sistema Sigmine, da ANM, possui “caráter informativo” e contempla em sua base, inclusive, os 1.786 direitos já renunciados pela companhia ao longo dos últimos anos. “Sua atualização ocorre a partir de oferta pública [edital de disponibilidade], quando esses direitos renunciados passam a outro titular ou são excluídos do sistema”, diz a Nexa.

A mineradora diz ainda que no ano passado aportou US$ 23 milhões em atividades de pesquisa mineral no país. A companhia afirma que mantém “estratégia sólida de otimização de portfólio”, com expansão de ativos, e cita o exemplo de Aripuanã, maior empreendimento mineral do Mato Grosso, com investimentos de US$ 632 milhões e que gera 1,5 mil postos de trabalho diretos. Aripuanã consiste em três áreas que produzem zinco, chumbo, cobre, prata e ouro.

A Vale diz que detém menos de 1% do número total de direitos minerários cadastrados no Sigmine e afirma que, desde 2005, reduziu o portfólio desses direitos no Brasil em 80%, como resultado de desinvestimentos, cessões de direito e de desistência de áreas. “A empresa mantém planos de desenvolvimento de todas as suas concessões e possui uma estratégia integrada de desenvolvimento para seus processos minerários”, diz a Vale.

A mineradora também afirma que é a empresa que mais investe em pesquisa mineral no país. Em dez anos, diz, investiu mais de R$ 1 bilhão em pesquisa mineral em Carajás, no Pará, sem considerar projetos de minério de ferro. Em Minas Gerais, os investimentos em pesquisa mineral de minério de ferro ultrapassam R$ 250 milhões ao ano. “Como resultado destes investimentos, a Vale possui ativos minerais de excelente qualidade que fazem da empresa a maior produtora mineral do país, arrecadando maior volume de CFEM [royalty] do que todos os outros ‘players’ de mineração somados.” Em 2023, a arrecadação de CFEM no Brasil foi de R$ 6,9 bilhões, sendo R$ 3,9 bilhões pagos pela Vale.

Valor - SP   16/07/2024

Agência de mineração pediu a contratação de mil funcionários.

A Agência Nacional de Mineração (ANM) reconhece que há um cenário de “diversos problemas” na autarquia e aponta que os mais críticos envolvem a escassez de servidores, assim como a estrutura de cargos e orçamento “aquém das demais agências reguladoras”.

A agência afirmou que atua “ativamente e insistentemente” nos últimos seis anos junto ao governo federal em busca de melhores condições, incluindo solicitações de concurso público, estrutura de cargos e incremento orçamentário. “Importante destacar que sem a correta estruturação da agência, torna-se inócua qualquer busca do governo atual, dos órgãos de controle ou da sociedade para exigirem da autarquia que cumpra suas obrigações legais na integralidade”, disse a agência em resposta ao Valor.

A agência pondera que “vem trabalhando arduamente” para eliminar o passivo de processos, mas diz que este passivo não inclui apenas solicitações de requerimentos de títulos minerários pendentes. “Para títulos de exploração nos diversos regimes de aproveitamento (regime de concessão, regime de licenciamento, regime de permissão de lavra garimpeira e regime de extração), sua outorga é obrigatoriamente precedida do licenciamento ambiental da futura atividade. Sem a apresentação da competente licença ambiental, os processos permanecem parados, o que aumenta o tempo médio de decisão”, diz a ANM.

A agência cita ainda possibilidades de transferência de títulos a terceiros e procedimentos sancionadores, que acabam por aumentar o tempo de tramitação. “Sendo assim, os passivos processuais não se balizam apenas na quantidade de processos [requerimentos] pendentes da outorga de títulos minerários, mas sim na quantidade de solicitações constantes em cada processo”, acrescenta a autarquia.

A ANM conta atualmente com 234 mil processos minerários ativos, considerando todos os cenários desde o requerimento de título até o procedimento de disponibilidade, excetuando-se os procedimentos sancionadores. Nestes processos constam quase 690 mil solicitações, parte delas já atendidas e que demandam análise pelo corpo técnico. Segundo o órgão regulador, essas demandas “vêm em uma ascendente” a partir dos anos 2000, atingindo quase 100 mil solicitações por ano a partir de 2015.

Para lidar com o problema, a agência tem apostado em mecanismos automatizados, como inteligência artificial generativa e ciência de dados, entre outros. A autarquia diz que tais projetos podem reduzir “drasticamente” o passivo nos próximos 24 meses, mas alerta que essas iniciativas acabam postergadas por insuficiência orçamentária fruto do contingenciamento de verbas. “Isso impossibilita totalmente a inovação e as iniciativas de redução do passivo processual da agência”, diz a ANM, que tem 650 servidores efetivos, dos quais 205 têm tempo para aposentadoria. Em abril, o órgão regulador solicitou ao Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos a contratação de mais 1.072 funcionários de diferentes qualificações.

“Sim, existem muitos problemas regulatórios, mas o principal deles é a fragilidade da Agência Nacional de Mineração, que, conforme comentado pela sua própria diretoria, carece de recursos humanos, materiais e financeiros para a sua atuação. É fundamental o fornecimento destes recursos para que a agência possa desenvolver suas atividades”, diz Raul Jungmann, presidente do Ibram (a entidade das mineradoras), para quem a “completa e rápida” reestruturação da ANM é o principal passo que o governo poderia dar para incrementar a atividade minerária no país.

Máquinas e Equipamentos

Poder 360 - SP   16/07/2024

A Camex (Câmara de Comércio Exterior), vinculada ao MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços), zerou a cobrança do imposto de importação sobre produtos automotivos sem produção nacional equivalente.

A isenção foi definida em resolução publicada no Diário Oficial da União nesta 2ª feira (15.jul.2024). Entra em vigor a partir de 22 de julho.

Pela resolução, 7 produtos passam a ser incluídos no regime de ex-tarifário. A categoria consiste na redução temporária da alíquota do imposto de importação de BK (bens de capital) e de BIT (bens informática e telecomunicação) desde que não haja produção nacional equivalente.

Eis a lista dos produtos automotivos isentos pela resolução:

rolos compactadores de solo, vibratório, autopropulsados de duplo cilindro, potência nominal de 16,3 kW, com peso operacional de 1.590 kg, a gasolina, largura de trabalho de 856 mm, com força centrífuga de 17 kN, carga de linha estática na dianteira de 0,96 kg/m, carga de linha com vibração na dianteira de 3,5 kg/m, velocidade máxima de 11 km/h, cilindrada de 1.123 cm³, rotação nominal de 2.600 RPM, indicado para compactação comercial e residencial de asfalto e de zona de suporte granular;

rolos compactadores de solo, vibratório, autopropulsados de duplo cilindro, potência nominal de 16,3 kW, com peso operacional de 1.590 kg, a gasolina, largura de trabalho de 856 mm, com força centrífuga de 17 kN, carga de linha estática na dianteira de 0,96 kg/m, carga de linha com vibração na dianteira de 3,5 kg/m, velocidade máxima de 11 km/h, cilindrada de 1.123 cm³, rotação nominal de 2.600 RPM, indicado para compactação comercial e residencial de asfalto e de zona de suporte granular;
pás carregadeiras compactas, acionadas por motor diesel de potência líquida (no volante) de 100HP, tração nas 4 rodas, transmissão hidrostática de 2 velocidades, com chassi articulado, braço frontal para levantamento, carregamento e acople de implementos com sistema auxiliar hidráulico, carga operacional de 2.000 kg;

escavadeiras hidráulicas ambulantes, tipo Aranha (Spider), autopropulsadas sobre pneus, para todo-o-terreno, com potência de 136HP/100Kw e sistema elétrico de 12V, com lança e braço hidráulico tipo munck extensivo, extensão hidráulica da lança de aproximadamente 1,50m, com alcance máximo de 7,740m, patolas móveis retráteis hidráulicas de segurança, velocidade máxima de trânsito de 10 km/h, controles de tração e movimentação por meio de Joystick e pedais, com cabine de giro de 360 graus, ar-condicionado, proteção anti amassamento de cabine – ROPS e FOPS, movimentação laterais da máquina e de tração móveis, equipada com guincho e cabo de aço que suporta seu próprio peso, tração efetivada por motores hidráulicos nas rodas, incluindo softwares para operação de escavação, limpeza, com baldes de escavação e com ferramentas de trabalho;

colheitadeiras de tapetes de grama, autopropulsadas sobre rodas, com motor turboalimentado tipo Tier 4, com potência de 55 kw (74hp) e transmissão hidrostática, compostas por: empilhador sincronizado, acionado eletricamente; cortador sincronizado de tapetes com largura de corte fixa e ajustes no comprimento e na profundidade; transportadores acionados eletricamente; injetor de paletes e cabine climatizada e aquecida;

colheitadeiras de tomates autopropulsadas sobre rodas, com capacidade máxima de colheita igual ou superior a 55 t/h, dotadas de: colheitador ajustável, com lâmina dente de serra; uma ou mais esteiras transportadoras; agitador vibratório, com câmara de agitação; ventilador, para eliminação de resíduos; seletores ópticos-eletrônicos autonivelantes, com largura de trabalho igual ou superior a 40"; cabine para o operador, com ar-condicionado; sistema de autoengraxamento;

trituradores de resíduos florestais, móveis ou semimóvel, montados sobre pneus ou esteiras, autopropelido, com peso entre 11.000 a 46.000 kg, dotados de triturador de alta rotação; motor diesel com potência de 275 até 1200HP; rotor de trituração equipado com 24 ou 28 dentes ou facas, com largura a partir de 1420mm até 1680mm, diâmetro de 606 até 1066mm; peneira classificadora, central de lubrificação automática; chassis com correia transportadora dobrável integrada para descarga de material triturado com separador de metais ferrosos montado sobre a correia; comando via controle remoto ou diretamente no painel de controle lógico programável integrado, com rotinas de operação pré-programadas; sistema de controle computadorizado de monitoramento e diagnóstico de falhas e manutenção com transmissão on-line; e

máquinas rotativas de estabilização, recuperação ou mistura de solos e reciclagem ou recuperação de pavimentos asfálticos, com rotor de corte dotado de pontas de carbeto giratórias de movimento contínuo, com controle da profundidade de corte manual ou automático, com profundidade máxima do rotor de 508 mm, largura do rotor de 2.438 mm, com potência bruta de 350 a 636 hp.
autores Luísa Carvalho redatora

Valor - SP   16/07/2024

Recuo dos juros e base de comparação fraca explica alta de 20% em eletrônico e de 16% em eletrodoméstico até junho.

O mercado de eletrônicos, eletrodomésticos e portáteis bateu recorde histórico de venda semestral no acumulado de janeiro a junho, com 51,5 milhões de unidades vendidas pela indústria ao varejo. É o maior patamar já registrado pela Eletros, a associação dos fabricantes do setor, em todos os três segmentos - o levantamento é realizado desde 2012.

O volume é 34% acima do mesmo período de 2023, quando a venda das fábricas às lojas já havia subido 14% - em 2022, houve queda de 16%. O número surpreendeu o mercado ontem, considerando que as grandes cadeias, como Magazine Luiza e Casas Bahia, não devem ter crescido volume nesse ritmo, segundo analistas. E também levantou dúvidas sobre a hipótese de um eventual aumento de estoques no comércio.

Até março, as lojas do Magalu cresceram (em valor vendido) 8%, e o on-line recuou 2%. Na Casas Bahia, lojas encolheram 11% e o digital da rede caiu 20%.

Segundo o levantamento, na linha branca, que inclui refrigeradores, máquinas de lavar roupa e fogões, a expansão alcançou 16%, e na linha marrom, com itens como TV e áudio e som, o avançou foi de 20%. No primeiro caso, a base de comparação com 2023 é fraca, o que facilita percentuais elevados. Mas na linha marrom, trata-se de uma base mais forte (veja tabela ao lado).

“Foi uma alta meio surpreendente, mas alguns produtos têm ido bem mesmo porque a comparação deles é difícil com 2023, como geladeiras”, diz um ex-diretor comercial de uma líder varejista.

“Ainda pode ser que seja um reflexo da demanda de mercados regionais onde a renda tem subido mais, como Centro-Oeste, somado com a venda dos canais próprios da indústria, que se desenvolveu muito.”

Uma outra possibilidade levantada foi o aumento da venda em certos canais digitais, especialmente no Mercado Livre, que está com ações agressivas. A ideia é tentar ocupar o terreno de empresas com dificuldade de crédito, como Americanas e Casas Bahia.

Fontes ouvidas descartam aumento considerável de estoque num cenário de capital ainda caro “O comércio não tem caixa hoje para comprar e ficar fazendo estoque. Mas vale a pena olhar inventário das lojas depois e ver como isso anda”, diz a fonte.

A Eletros celebra os números, e vê um peso nisso do recuo da taxa básica de juros após agosto de 2023, mas faz a ressalva de que a alta geral, de 34%, é “turbinada” pela venda de ar-condicionado e certos portáteis (com preços médios mais baixos do que eletrônicos).

A entidade também diz que não há expectativa de manutenção desses patamares de crescimento no segundo semestre.

“O que ajudou nas vendas de janeiro a junho, como os eventos esportivos da Euro Copa e da Copa América, e as altas temperaturas que elevaram a demanda de ar-condicionado, não se repetirão no resto do ano. Temos Olimpíadas em julho e agosto, mas o clima com altas temperaturas deve mudar”, afirma José Jorge do Nascimento Junior, presidente da Eletros.

“Até estamos contentes com o que entregamos, mas bem cautelosos com o resto do ano”, afirma. A entidade participou ontem da abertura da Eletrolar Show, a maior feira do setor.

Com a alta de 16% na linha branca, a venda ao varejo atingiu 7,3 milhões de unidades no primeiro semestre. Esse crescimento não inclui a venda de ar-condicionado, que avançou 88% no intervalo por conta do verão fora de época.

As vendas da linha marrom, com a alta de 20%, atingiram 6,3 milhões de itens.

Os portáteis, como “air fryer” e cafeteiras, cresceram 40% no primeiro semestre de 2024, com 34,1 milhões de unidades, e tem o apelo de terem preços inferiores à media do setor eletrônico.

O volume é 34% acima do mesmo período de 2023, quando a venda já havia subido 14%.

Trata-se também de recorde histórico para cada um dos segmentos no semestre, na base de dados coletada pela entidade.

A Eletros representa 33 empresas do setor, boa parte delas estrangeiras, como Whirlpool, Electrolux, Samsung e LG.

O recorde de vendas anual do setor foi em 2019, com 104,9 milhões de unidades vendidas para o comércio. Para superar isso, seria preciso vender uma quantidade acima do visto no primeiro semestre. É algo comum no varejo de duráveis, pelo efeito da demanda no Natal e na Black Friday.

Mas, para isso, seria necessário ter um cenário de estímulo à demanda e de aumento da confiança dos consumidores na economia, lembra a entidade.

Nascimento diz que a melhora em alguns indicadores macroeconômicos pode até ajudar a manter esse fôlego - como aumento do emprego, após desaceleração da pandemia, e a manutenção do controle da inflação, que eleva renda disponível.

Porém, ele diz que o fim do ritmo de queda da Selic neste ano, e a alta do dólar, que encarece os produtos importados, além do efeito do clima, são fatores que pesam de forma contrária no segundo semestre.

“Aço e alumínio já vêm subindo há um tempo, e também há o peso dos componentes eletrônicos, como semicondutores, e essa alta tem chegado ao mercado”, afirma Nascimento. Nos fabricantes e varejistas, o discurso é de recomposição de margens há alguns anos, algo que tornou-se foco maior das empresas, levando a repasses de aumento de impostos e alterações em regras tributárias.

AUTOMOTIVO

Automotive Business - SP   16/07/2024

A regulamentação do Programa Mobilidade Verde(Mover) está em andamento em Brasília (DF), e uma das regras discutidas entre governo e empresas do setor automotivo trata da retirada da circulação de veículos usados para reciclagem por parte das montadoras em troca de redução na tributação de modelos zero quilômetro.

Segundo apurou a reportagem com interlocutores da indústria a par da discussão, há uma proposta das fabricantes sendo avaliada no momento: para cada unidade de veículo usado retirada de circulação, a montadora terá desconto de 2,5 pontos porcentuais do IPI, o Imposto sobre Produtos Industrializados, em cinco unidades novas que sejam do mesmo porte e segmento do usado.

Enquanto a proposta é discutida, as empresas avaliam a contratação de empresas para realizar esse processo de coleta e de reciclagem de veículos usados, uma vez que não têm este tipo de atividade em seu rol industrial no país.

"Não se trata apenas de retirar o veículo velho de circulação, mas dar o destino certo aos seus materiais. Separar metais, plásticos, fluidos e destiná-los para a reutilização", contou a fonte à reportagem da Automotive Business.
Conceito de emissões avançou com Mover

A reciclagem veicular é uma das novidades do Mover, que é uma espécie de segunda fase da política industrial anterior, o Rota 2030. Além dela, o conceito de emissões avaliando o ciclo do veículo do poço à roda também se mostra como ponto forte da legislação.

O Mover também incentivará projetos que proporcionem eficiência energética aos veículos novos produzidos no país.

Até o momento, o programa impulsionou investimentos de R$ 130 bilhões e mais 6% na indústria de autopeças, o que deve gerar aportes de R$ 7 bilhões a R$ 8 bilhões nesse setor, segundo cálculos do governo federal.

O programa prevê um total de R$ 19,3 bilhões em créditos financeiros entre 2024 e 2028, que podem ser usados pelas empresas para abatimento de impostos federais em contrapartida a investimentos realizados em P&D e em novos projetos de produção.

O Estado de S.Paulo - SP   16/07/2024

Se você deseja experimentar um carro elétrico, o aluguel pode ser uma opção acessível. Mas encontrar um pode se tornar, em breve, muito mais difícil.

Os veículos elétricos têm sido financeiramente desastrosos para as empresas de aluguel, especialmente para a Hertz, que em janeiro deste ano reduziu seus planos de adquirir 100 mil Teslas depois que os valores de revenda dos carros caíram muito mais rápido do que a empresa esperava.

A experiência da Hertz teve um efeito assustador no setor, e muitas locadoras de veículos estão agora tentando vender veículos elétricos com grandes descontos. Pode levar algum tempo até que elas comecem a comprar novamente.

No ano passado, mais de 4% dos carros vendidos pelos fabricantes às empresas de aluguel eram elétricos, segundo a S&P Global Mobility. Neste ano, até o momento, esse número é de apenas 1,4%.

Em teoria, alugar um carro elétrico é uma ótima maneira de as pessoas experimentarem e se sentirem confortáveis com novos tipos de veículos, como carros movidos a bateria que não produzem emissões de escapamento. “O potencial que as empresas de aluguel podem ter para remodelar o comportamento do consumidor e ajudar a promover a adoção é fundamental”, disse Stephanie Valdez-Streaty, diretora de insights do setor na Cox Automotive. “Mas ainda há um longo caminho a percorrer.”

Valdez-Streaty disse que as empresas de aluguel de carros recentemente ofereceram boas ofertas em veículos elétricos, mas é improvável que elas durem, pois as empresas reduziram suas frotas desses carros.

A Hertz e outras empresas de aluguel de carros descobriram que oferecer aos clientes veículos elétricos com lucro era mais difícil do que esperavam. A maioria dos complexos de aluguel de carros nos aeroportos não tinha carregadores. Muitos locatários não estavam preparados para a rapidez com que os carros elétricos aceleravam, o que levou a mais acidentes e prêmios de seguro mais altos. E algumas empresas descobriram que não conseguiam obter peças de reposição para esses carros com a mesma rapidez que conseguiam para os carros a gasolina.

“Eles achavam que os veículos elétricos seriam mais simples, diretos e de manutenção mais barata”, disse Karl Brauer, analista executivo do iSeeCars.com, um site de busca de carros on-line. “Eles estão descobrindo que isso não é verdade.”

Em um comunicado, a Hertz disse que “continuará a oferecer aos nossos clientes a mais ampla escolha possível de marcas e modelos de veículos, incluindo elétricos”.

O maior problema para as empresas de aluguel foi a rápida desvalorização dos carros fabricados pela Tesla, a principal fabricante de carros elétricos. A empresa, liderada por Elon Musk, reduziu drasticamente os preços dos novos modelos no ano passado para sustentar as vendas. Isso fez com que os preços dos Teslas usados caíssem.

Um estudo divulgado no mês passado pela iSeeCars.com constatou que os veículos elétricos usados perderam valor mais rapidamente do que a média dos carros a gasolina usados neste ano e, em maio, pela primeira vez, custaram menos, em média, do que os carros a gasolina usados.

Os valores de revenda são uma parte essencial do cálculo financeiro das locadoras, pois elas vendem geralmente os carros antes que eles acumulem muitos quilômetros. As locadoras de veículos registram perdas quando vendem carros por um valor menor do que o esperado. Nos primeiros três meses do ano, a diminuição do valor da frota elétrica da Hertz reduziu seu lucro em US$ 195 milhões.

As empresas de aluguel “dependem 100% dos valores residuais”, disse Shay Natarajan, sócio da Mobility Impact Partners, uma empresa de capital privado que investe em transporte sustentável. “É um modelo de negócios muito difícil.”

James Iovino, que mora em Baldwin, Nova York, listou cerca de nove veículos elétricos no site de compartilhamento de carros Turo. Mas ele saiu do negócio há cerca de um mês, depois que os preços dos veículos elétricos caíram.

“Fui prejudicado pelo mesmo motivo que a Hertz: Elon Musk abre a boca e o setor despenca”, disse ele.

Mas algumas empresas de aluguel de carros dizem que não estão se desfazendo de carros movidos a bateria devido à recente queda nos preços.

A Enterprise Mobility tem vários milhares de veículos elétricos disponíveis nos Estados Unidos, Canadá e Europa, e adicionará mais dependendo da demanda do mercado, disse Mike Wilmering, porta-voz da empresa. A Enterprise também está trabalhando para disponibilizar mais carregadores para seus clientes.

“Estamos analisando além do número de carregadores disponíveis e trabalhando para identificar as necessidades e o acesso à energia, tanto em nossas localidades quanto nas comunidades que atendemos”, disse Wilmering. “Queremos que os clientes tenham uma ótima experiência com os veículos elétricos e estamos mantendo-os no centro de nossa estratégia de longo prazo.”

Algumas pessoas que nunca dirigiram um veículo elétrico enfrentam uma curva de aprendizado acentuada quando recebem um carro movido a bateria. Normalmente, as empresas de aluguel não têm pessoal para dar um tutorial aos clientes. A Hertz, por exemplo, oferece informações on-line para locatários de veículos elétricos e envia instruções por e-mail.

Tom Moore e sua esposa alugaram um Tesla em uma locadora Hertz em Portland, Oregon, no ano passado, como um teste para comprar um carro elétrico.

Sua esposa, que dirigiu a maior parte do tempo, pediu a um vizinho que tem um Tesla em Mountain View, na Califórnia, uma aula antes da viagem. Foi uma boa ideia: os funcionários da Hertz não ofereceram nenhuma instrução antes de entregar o chaveiro.

“Eles apenas disseram: ‘Esta é a sua vaga de estacionamento’”, disse Moore.

A Hertz disse que “aprendeu muito como pioneira no mercado de aluguel de veículos elétricos e, à medida que alinhamos nossa frota com a demanda dos consumidores, estamos focados em aprimorar continuamente a experiência de aluguel, o que inclui facilitar e recompensar todos os clientes”.

O reabastecimento tem sido outro problema. Muitas empresas de aluguel esperam que os clientes recarreguem os veículos elétricos até cerca de 70% antes de devolvê-los. Isso significa que os clientes devem planejar parar em um carregador próximo ao final de suas viagens, o que nem sempre é fácil de fazer quando as pessoas estão tentando pegar voos e não há carregadores rápidos suficientes perto do centro de aluguel de carros.

As locadoras não querem ser responsáveis pelo carregamento porque gostam de colocar os carros de volta na estrada rapidamente. Também pode ser difícil para as locadoras instalarem carregadores nos aeroportos.

“Os aeroportos são notoriamente hostis ao desenvolvimento de infraestrutura elétrica”, disse Raghu Iyengar, executivo da Volkswagen of America, cujas funções incluem vendas para locadoras. A demanda das locadoras pelo veículo utilitário esportivo elétrico ID.4 da Volkswagen tem sido quase nula, disse ele.

As pessoas que alugam Teslas têm acesso à sua rede Supercharger, o maior sistema de carregamento rápido dos Estados Unidos. Mas a maioria dos Superchargers funciona apenas com carros da Tesla. As pessoas que alugam carros fabricados por montadoras como Kia, General Motors ou Polestar precisam usar carregadores oferecidos por outras operadoras, cada uma com seu próprio aplicativo de celular para pagamento. Os locatários também precisam estar cientes de que há poucos ou nenhum carregador rápido em muitas partes do país, especialmente nas áreas rurais.

Mas mesmo no coração do setor de tecnologia, dirigir um carro elétrico alugado pode ser difícil.

Kerry Dietz, uma arquiteta aposentada que mora em Springfield, Massachusetts, reservou o “especial do gerente” no ano passado na Thrifty Car Rental, que pertence à Hertz, durante uma viagem a Berkeley, Califórnia. Na época, ela tinha um Tesla e não estranharia a direção elétrica. Mas a Thrifty lhe deu um Polestar, um carro projetado na Suécia e fabricado na China que não podia usar a rede de carregamento da Tesla.

“Passei todo o tempo em que estivemos lá tentando encontrar um lugar para carregar — um lugar para carregar onde as coisas funcionassem”, disse Dietz. “Foi uma experiência realmente frustrante.”

À medida que os veículos elétricos se tornarem mais populares, as locadoras terão de descobrir como oferecê-los, disse Iyengar, da Volkswagen. “Haverá uma maré elétrica que elevará todos os barcos”, disse ele, “e o aluguel seguirá essa tendência.”

Auto Industria - SP   16/07/2024

Mais recente estudo da S&P Global Mobility aponta que o ímpeto pela transição para carros elétricos está diminuindo mundialmente, com a penetração dos veículos a bateria, os chamados VEBs, reduzindo nos principais polos consumidores, com exceção da China.

Dados recentes sugerem que a eletrificação dos veículos pode demorar mais do que se pensava, diz a consultoria, que reviu suas projeções para participação de automóveis e comerciais leves a bateria nas vendas globais. A expectativa agora é de que eles representem 42,8% dos negócios em 2030, 2,1 pontos porcentuais abaixo do projetado há um ano.

“No entanto, se a demanda do consumidor não acelerar, há risco maior de que os governos suavizem as posições regulatórias sobre veículos híbridos e a combustão, enfraquecendo ainda mais as perspectivas dos VEBs”, alerta a  S&P Global Mobility.

Tem contribuído para a revisão para baixo desses índices médios a relutância dos consumidores dos Estados Unidos de migrarem de tecnologia, assim como o elevado preço dos elétricos na Europa. A diferença média de preço de varejo sugerido pelo fabricante entre um VEB e um veículo não-VEB é de 24% na Europa Ocidental e 37% nos Estados Unidos.

“Além da despesa relativa, a hesitação dos clientes em comprar elétricos na Europa e na América do Norte é agravada por preocupações com a autonomia e a infraestrutura de carregamento, bem como valores residuais e o risco de rápida obsolescência tecnológica”, destaca o estudo.

Por outro lado, na China a participação dos VEBs, que chegou a 25% no primeiro trimestre de 2024, está expandindo rapidamente devido aos baixos custos de fabricação, apoio substancial do governo e abundância de produtos acessíveis.

Lá o preço sugerido médio para os VEBs já está 7% abaixo ao dos não-VEB, com os microcarros elétricos, característicos do mercado chinês, pesando muito nessa conta. Desconsiderando esse segmento, entretanto, o preço médio de um VEB na China já está alinhado com o de um não-VEB.

O desenvolvimento e produção de carros elétricos mais baratos somente agora começa a ganhar corpo nas estratégias das montadoras ocidentais. Ainda assim, a consultoria calcula que na Europa os VEBs de entrada, na faixa de € 20 mil a € 25 mil, como o VW ID2 e o Renault Twingo, cheguem entre 2025 e2026 apenas como pequeno parte dos portfólios.

“Para tornar esses veículos realmente acessíveis, os custos do produto precisam diminuir materialmente – mais notavelmente, o custo das baterias, que, em média, representam 40% do preço de um veículo elétrico.”

De qualquer forma, o estudo frisa que uma desaceleração do mercado de veículos elétricos pode ser positiva para as montadoras tradicionais, leia-se ocidentais, na medida em que prolonga a vida útil das plataformas convencionais existentes, das quais são ainda altamente dependentes.

Além da queda do preço final dos produtos e melhora da infraestrutura de carregamento e autonomia, o crescimento da eletrificação seguirá dependendo, em boa parcela, das regulamentações de emissões de carbono. A União Europeia tem estabelecida a meta mais ambiciosa para reduzir as emissões de CO2 em 55% até 2030 em comparação com os níveis de 2021 e eliminar gradualmente a venda de novos carros e vans movidos a combustão até 2035.

A China pretende atingir 50% das vendas de veículos de “novas energias”, o que inclui modelos híbridos e a célula de combustível, em regiões sujeitas a medidas específicas de controle da poluição do ar e 40% em todo o país até 2030.

Segundo o estudo, os produtores asiáticos continuarão a dominar o fornecimento global de baterias de veículos elétricos, que têm preços em queda. Os custos do pacote ficaram em média em torno de US$ 142/kWh em 2023 (base média ponderada por volume) e devem custar em média US$ 128 este ano.

A maioria das baterias, 63% do mercado mundial em 2023, é baseada na química de níquel manganês cobalto (NMC),  tecnologia relativamente cara, mas de alto desempenho. A principal alternativa química é o fosfato de íons de lítio (LFP),  25% mais barata. As células LFP têm maior participação em elétricos e híbridos mais baratos, especialmente na China — como os da BYD.

Valor - SP   16/07/2024

Modelo a etanol ajuda montadora na descarbonização e atende desejo do consumidor.


Fonte: E. Cappellano: “O híbrido exclusivo para a América Latina foi desenvolvido pela nossa engenharia” — Foto: Rogerio Vieira/Valor

Quando era estudante, o presidente da Stellantis na América do Sul, Emanuele Cappellano, não podia usar carro. Por um motivo muito simples. Ele morava em Veneza, cidade onde todo o transporte é feito em embarcações. Mas o automóvel passou a ser fundamental em sua vida em 2002, quando começou a trabalhar na Fiat, em Turim. Desde então, a carreira tomou um rumo que o tornou especialista em gestão de crises e, principalmente, projetos de integração entre montadoras. Começou quando ele ainda morava na Itália e a Fiat se juntou à Chrysler. Posteriormente, já no Brasil, ele liderou o projeto de integração de Fiat e Chrysler com Peugeot e Citroën na América Latina. Dessa união surgiu a Stellantis.

Passada a onda de crises profundas e fusões nas montadoras, o desafio, agora, é convencer o mundo de que o setor é bem-intencionado quando se apresenta como parte do esforço para reduzir os gases de efeito estufa no planeta. “Querendo ou não, a indústria automobilística continua poluindo; somos parte do processo de descarbonização”, destaca.

No Brasil, a Stellantis vai investir para desenvolver e produzir veículos híbridos movidos a etanol. E promete apresentar seu primeiro modelo com essas características ainda neste semestre. “Não podemos pensar em tecnologias hiper caras”, afirma Cappellano, ao referir-se aos carros 100% elétricos.

Ele segue o raciocínio do presidente mundial da companhia. Carlos Tavares tem reiterado que se vender apenas carros 100% elétricos a indústria automobilística perderá a maior parte da sua clientela, formada pela classe média. Segundo ele, produzir um carro totalmente elétrico custa entre 30% e 40% mais.

Cappellano praticamente não morou na cidade onde nasceu -- Rieti, a quase 60 quilômetros de Roma. Veneza, onde viveu dos 15 anos até a conclusão da faculdade de Economia, foi uma das várias cidades por onde a família passou na época em que seu pai era oficial da Marinha. “A vida em Veneza tem um ritmo diferente”, diz. Tudo mudou quando o jovem economista decidiu enviar um currículo à Fiat, sonho de emprego de italianos na época.

No primeiro dia na Fiat, Cappellano conheceu a esposa. Assim como ele, Valentina, uma engenheira, havia sido selecionada no programa de estágio. Ela também continua na Fiat, hoje no Brasil. A primeira troca de olhares, se Cappellano bem se recorda, foi na sala de espera do exame médico para a admissão na empresa. Dois anos depois, eles se casaram e tiveram um casal de filhos, Andrea, hoje com 12 anos, e Lorenzo, com 10. Ambos nasceram na Itália, mas, segundo o pai, hoje são “mineiros na cultura”.

Admitido para trabalhar na área financeira, Cappellano logo percebeu que a Fiat estava à beira da falência. Foi quando o grupo contratou para o cargo de CEO, Sergio Marchionne, morto em 2018. Trabalhar com Marchionne - “um cara brilhante”, como diz o executivo, proporcionou a Cappellano a primeira experiência sobre fusões. Em sua gestão, a Fiat se junto à americana Chrysler, o que deu uma guinada em ambas. “Esse momento de crise foi um aprendizado”, lembra.

A segunda experiência com crises aconteceu em 2014, quando o executivo foi escalado para vir ao Brasil para trabalhar na área financeira. Depois de um ano de recordes, as vendas de veículos no Brasil haviam despencado. Coube a Cappellano dar andamento ao projeto da fábrica em Goiana, Pernambuco. “Tínhamos um investimento grande num mercado difícil.”

Três anos depois, ele assumiu o comando da área financeira e, posteriormente, a liderança, na região, da integração entre Fiat Chrysler e Peugeot Citroën, preparando as empresas para o nascimento da Stellantis. “Sabíamos que não adiantava criar uma indústria no papel; era necessário mudar a cultura de governança”, diz.

Em 2021, Cappellano decidiu fazer uma mudança radical na carreira e na vida. Aceitou ser CEO para a América do Norte do grupo Marcolin, uma fabricante italiana de óculos, mais conhecida por grifes como Max Mara, Tom Ford, Guess. A família seguiu, então, para Nova York. “Eu queria um novo desafio, sair da zona de conforto. Seria, também, uma experiência de vida para os meninos”, afirma.

De fato, foi. Mas a experiência americana durou só dois anos. Cappellano sentia falta do que chama de “complexidade” de um setor que oferece indústria, comércio, pesquisa, tudo ao mesmo tempo, e que, para ele, é uma característica inerente da indústria automobilística. E foi assim que ele regressou ao Brasil para assumir o comando da Stellantis na América do Sul, onde a companhia tem 30 mil funcionários e vendeu 404 mil veículos apenas no primeiro semestre. As marcas do grupo somam participação de 22,7% do mercado da região (29,3% no Brasil). A operação sul-americana responde por 15% do volume de vendas global.

A mais aprazível tarefa que o executivo de 48 anos recebeu desde que assumiu o comando da operação sul-americana, em novembro de 2023, aconteceu em março. Cappellano acompanhou Tavares numa viagem a Brasília. Na sede do governo, a dupla revelou um novo investimento: R$ 30 bilhões até 2030. Trata-se do maior ciclo anunciado por uma única montadora no país e também o valor mais alto da recente onda de aportes na indústria automobilística. Leia, abaixo, o que Cappellano disse sobre conjuntura na entrevista ao Valor:

Valor: O setor automotivo costuma falar bastante sobre os planos para reduzir emissões. A sociedade vê essa indústria como participante desse processo?

Emanuele Cappellano: Precisamos pensar na mobilidade do futuro porque isso impacta na vida das pessoas. Querendo ou não, a indústria automobilística continua poluindo. Somos parte do processo. Os carros emitem menos hoje do que há dez anos e a eletrificação trará uma grande contribuição. A Stellantis se comprometeu a, até 2030, reduzir as emissões de CO2 em toda a cadeia, do processo produtivo à reciclagem. E atingir a neutralidade até 2038.

Valor: A Stellantis optou pela produção de modelos híbridos a etanol no Brasil e promete lançar o primeiro deles ainda neste semestre. O senhor acredita que o carro híbrido será uma tendência no mercado brasileiro?

Cappellano: A escolha da hibridização responde a uma demanda regulatória do Mover (programa federal de incentivos fiscais em troca de redução de poluentes e investimento em pesquisa). Mas não é a única razão. Enxergamos um mercado que demanda os híbridos. Existe um aumento da consciência do consumidor a respeito disso. Isso aparece nas nossas pesquisas. E isso requer investimentos pesados.

Valor: Parte da indústria tem defendido o aumento do Imposto de Importação em carros elétricos e híbridos. Qual é a sua avaliação a respeito?

Cappellano: A solução tem que vir do Brasil. É fundamental adaptar-se à realidade local. Os biocombustíveis são uma solução que tem muito a ver com o Brasil. Não podemos pensar em tecnologias hiper caras. E essa é uma questão de competição igual entre as montadoras. A Europa já confirmou a existência de dumping em relação aos carros produzidos na China. Aqui precisamos ter em vista os investimentos em curso e o emprego.

“Querendo ou não, a indústria automobilística continua poluindo”

— E. Cappellano

Valor: Isso tende a regionalizar a atividade desse setor?

Cappellano: Essa região está se tornando cada vez mais relevante. Nossa engenharia trabalha em projetos futuros globais. Temos 4 mil engenheiros no país e uma estrutura de testes em laboratório. Mas eu acredito que hoje temos um nível de industrialização mais local do que no passado. Trabalhamos no desenvolvimento da digitalização e, assim, reduzimos a necessidade de importação de software. Vamos projetar carros brasileiros para brasileiros. O híbrido exclusivo para a América Latina foi desenvolvido pela nossa engenharia.

Valor: A conjuntura macroeconômica do país estava melhor no início do ano, quando a Stellantis anunciou o novo investimento. O cenário de hoje altera os planos?

Cappellano: Os ciclos de volatilidade sempre existiram na América Latina. Ao mesmo tempo, temos o programa Mover. A volatilidade existe. Mas os fundamentos são fortes.

Valor: A Stellantis sempre defendeu a extensão dos incentivos fiscais para o setor no Nordeste até 2032, aprovada no Congresso. Ao mesmo tempo, conseguiu aumentar o número de fornecedores no Nordeste para quase 50. Qual é a importância dessa prorrogação do benefício?

Cappellano: Estamos trabalhando para chegar a 100 fornecedores no entorno da fábrica em Goiana. Queremos ganhar competitividade no Nordeste porque o benefício fiscal vai diminuir ao mesmo tempo em que a concorrência vai aumentar. Se não fizermos assim não vamos ganhar o jogo.

Valor - SP   16/07/2024

Pequim questiona o uso do Pacote de Redução de Inflação dos EUA como maneira de subsidiar a produção de veículos elétricos no país.

A China fez uma solicitação formal à Organização Mundial do Comércio (OMC) para investigarem o uso de subsídios do governo para a indústria de carros elétricos dos Estados Unidos, que Pequim acusa de estar afetando o equilíbrio do setor no mercado global, segundo a agência de notícias estatal “Xinhua”.

Pequim questiona o uso do Pacote de Redução de Inflação dos EUA como maneira de subsidiar a produção de veículos elétricos no país, já que ele fornece ao setor bilhões de dólares em créditos fiscais para ajudar os consumidores a comprar veículos elétricos produzidos no país.

A ação na OMC foi iniciada depois que os dois países não conseguiram resolver a disputa em consultas bilaterais, segundo comunicado emitido pelo Ministério do Comércio da China.

Segundo a China, o pacote de subsídios americanos "exclui produtos de membros da OMC, como a China, estabelece barreiras comerciais artificiais e aumenta os custos da transição para energia verde".

O pacote de subsídios americanos foi aprovado em agosto de 2022 e destina US$ 369 bilhões para a transição energética ao subsidiar e financiar projetos de energia renovável no país.

CONSTRUÇÃO CIVIL

Valor - SP   16/07/2024

Governo contemplará famílias que tiveram moradia, própria ou alugada, destruída ou interditada definitivamente e com renda mensal de até R$ 8 mil ou até a Faixa Rural 2, de renda anual de até R$ 52.800 por ano.

O Ministério das Cidades divulgou nesta segunda-feira (15) a lista de critérios e procedimentos para alocar as famílias que tiveram casas atingidas pelas chuvas no Rio Grande do Sul em unidades do Minha Casa Minha Vida.

Serão contempladas famílias que tiveram sua moradia (própria ou alugada) destruída ou interditada definitivamente e cujas rendas se encaixem até a categoria de Faixa Urbano 1, 2 e 3 do programa habitacional, ou seja, rendas de até R$ 8.000 ou até a Faixa Rural 2, que engloba rendas anuais de até R$ 52.800 ao ano.

Famílias com idosos, crianças, adolescentes ou pessoas com deficiência terão prioridade na ordem de cadastro dos dados.

A indicação das famílias será feita pela Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional. A partir daí, o Ministério das Cidades vai encaminhar a lista ao gestor do Fundo de Arrendamento Residencial.

Os beneficiários precisarão doar sua moradia anterior, afetada pela chuva, aos municípios, que devem adotar medidas para que os imóveis não voltem a ser ocupados.

Eles devem informar o nome de cada um dos membros do grupo familiar, CPF de todos os membros, idades, indicação de pessoa com deficiência física, endereço da residência original e a faixa de renda bruta familiar.

É necessário que a família já esteja habilitada no cadastro utilizado para pagamento do Apoio Financeiro do Governo Federal das famílias desalojadas ou desabrigadas nos municípios do RS.

No momento, o governo federal apura indícios de fraude em mais de 300 mil pedidos de acesso aos R$ 5.100 do Auxílio Reconstrução criado para apoiar as pessoas afetadas pelas enchentes. As suspeitas recaem sobre quase metade do total de solicitações (629,6 mil).

O Executivo investiga o caso de 150,6 mil pessoas que solicitaram o benefício mas que, em tese, não moram na área atingida pela tragédia ambiental.

A concessão do benefício será intermediada pela Caixa Econômica Federal, que também fiscalizará se as famílias da lista enviada pela Secretaria Nacional não estejam na base do Apoio Financeiro instituído pela Medida Provisória que concedeu os benefícios extraordinários da situação do RS.

Pessoas moradoras das áreas atingidas por eventos climáticos anteriores às últimas chuvas em questão também poderão ser beneficiados, desde que cumpram os critérios estabelecidos na decisão.

A decisão também abrange casos especiais de moradores que precisem ser realocados para viabilizar a execução de obras e serviços na alça da ponte do rio Guaíba e outras obras de reconstrução da infraestrutura local.

Em junho deste ano, o governo federal disponibilizou mais de R$ 689,7 milhões para o pagamento do Auxílio Reconstrução de R$ 5.100 às famílias vítimas da tragédia, contemplando 135 mil famílias. O crédito extraordinário em favor do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional custea o benefício e a operação.

Deste valor, R$ 688,5 milhões são para a concessão do apoio financeiro às famílias e R$ 1,18 milhão são para as despesas de operacionalização e atendimento.

Quem tem direito

  • Famílias que tiveram sua moradia (própria ou alugada) destruída ou interditada
  • Famílias com renda nas categorias Faixa Urbano 1, 2 e 3 (até R$ 8.000 por mês) ou Faixa Rural 1, 2 e 3 (renda entre R$ 31.680,01 até R$ 52.800 ao ano)
  • Prioridade na fila do benefício: famílias com idosos, crianças, adolescentes ou pessoas com deficiência

Rodoviário

Porto Gente - SP   16/07/2024

Os investimentos significativos do Ministério dos Transportes em rodovias federais brasileiras têm gerado resultados positivos na qualidade da malha rodoviária. Segundo dados do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), em maio deste ano, o Índice de Condição da Manutenção (ICM) atingiu um recorde, com 70% da malha rodoviária considerada boa e apenas 12% em estado péssimo, a melhor proporção desde 2016.

Em 2022, último ano do governo anterior, o ICM registrou 52% de malha rodoviária considerada boa e 23% de malha rodoviária considerada ruim ou péssima. Essa evolução é resultado de uma cooperação governamental que beneficia um dos principais usuários das rodovias federais e um dos setores cruciais para a economia do país: o transporte rodoviário de cargas.

Franco Gonçalves, gerente administrativo da TKE Logística, transportadora situada em Araranguá, Santa Catarina, avalia as malhas rodoviárias: "Pelas rotas que mais percorremos, observamos uma malha rodoviária que, em sua maioria, ou está sobrecarregada pelo trânsito intenso de veículos, ou em estado de conservação ruim. Além dos problemas de sinalização em 66% das estradas avaliadas pela Confederação Nacional do Transporte (CNT)".

Apesar de ser uma necessidade há muito tempo, os investimentos começaram a ser implementados de forma mais intensa apenas neste ano. Um exemplo é a região Sul do Brasil, em que Santa Catarina receberá cerca de R$ 200 milhões para a recuperação das rodovias, segundo o Ministério dos Transportes.

Como uma das empresas atuantes na região, a TKE Logística reconhece que esse repasse beneficiará a logística das empresas e reduzirá o tempo de transporte das mercadorias pelas rodovias catarinenses: "No caso do impacto nas operações logísticas, uma infraestrutura melhor torna as viagens mais rápidas, já que os veículos ficarão menos tempo parados em função de sinistros e trânsito; melhora na programação de demanda das indústrias, que muitas vezes não precisarão de um estoque de controle tão grande e terão previsão da chegada de produtos; melhora na programação de viagens dos próprios motoristas referente a locais de parada e tempo em casa; além da diminuição no consumo de combustíveis, pneus, freios e risco de furtos e roubos como acontece com frequência com os veículos parados em função de acidentes nas rodovias", pondera Franco.

Com 2,18 milhões de caminhões em circulação no país, representando 4,6% do total da frota de veículos, que atingiu 47,12 milhões em 2023, segundo dados do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças), a infraestrutura das estradas é essencial para o principal modal de transporte de cargas no Brasil.

As empresas do setor entendem ser necessário que a infraestrutura rodoviária esteja em perfeitas condições para continuar impulsionando a economia. Para Franco, as operações logísticas só tendem a ganhar com uma malha rodoviária adequada: "Um investimento consciente em infraestrutura tem impacto direto nos custos que temos nacionalmente. Basta pensar que, com uma rodovia bem-feita e conservada, aumentam a capacidade de circulação de produtos e turistas, que aumenta o fluxo financeiro nas regiões, diminuem os acidentes e, consequentemente, gastos relacionados, como: socorros, internações, seguros, além de diminuírem as chances de sobrecarga em hospitais, sem falar dos impactos ao meio-ambiente, que são inúmeros.

NAVAL

Porto Gente - SP   16/07/2024

Na sua estratégia de desenvolver tecnologias e comer pelo mundo, a China de Xi Jinping expande a sua rota comercial. Em novembro próximo, está prevista a inauguração do novo e amplo porto de Chancay, a 70 km de Lima, no Peru. Seu quebra-mar é uma obra de um porte, com dimensão gigante. É o primeiro porto com predominância de capital chinês na América Latina. No investimento de cerca de US$ 3,6 bilhões (R$ 17,8 bilhões), a armadora chinesa Cosco Shipping detém 60% do capital e a peruana Volcan 40%.

A Rota Bioceânica ligando os oceanos Atlantico e Pacífico, a partir, respectivamente, dos portos de Santos, no Brasil, e de Antofagasta, no Chile, expande o projeto chinês Rota da Seda, pelo continente Sul Americano. Sua inauguração é prevista para 2026. Potencialmente, também faz parte desse contexto o corredor de 3.400 km da hidrovia Paraguai e Paraná, uma das maiores bacias fluviais do mundo. Um complexo de produção e distribuição que impacta sobremaneira e potencializa o cenário atual. Circunstância que irá demandar novos arranjos logísticos.

Os reflexos da disputa comercial, que ocorre entre o Ocidente e a China, como se assiste nos Estados Unidos (EUA), no Canadá e na Uniâo Europeia (EU), com imposição de altas taxas de importação para produtos chineses, também afeta a América Latina e já tem consequências no comércio brasileiro. Os automóveis da chinesa BYD, que desembarcaram no Porto de Suape e estopim da crise no hemisfério norte, também intranquiliza as fabricas brasileiras.

Esse novo tempo de relações comerciais, no qual predominam a Inteligência Artificial (AI) e outras tecnologias informacionais, caracteriza-se, também, pela utilização de energias sustentáveis, como tecnologia limpa, com economia dos recursos naturais. Nesse contexto, avulta o conceito de Porto Inteligente, como capacidade de integração da infraestrutura essencial do porto e o fluxo de trabalho, como competitividade. Portanto, no controle do processo, a meta é otimizar os interesses nacionais, ante a conjuntura do expansionismo chinês.

Cabe uma pergunta: como a comunidade do Porto de Santos vem pensando essa circunstância da Rota da Seda? Uma logística que conecta o continente Sul Americano por portos do Chile e do Peru, bem como o de Santos, principal do Brasil, pela Rota Bioceânica, num contexto multimodal estratégico, de modo a prosperar os interesses comerciais da China. Portanto, reciprocamente, é imperativo um planejamento para minimizar os riscos e aumentar a flexibilidade para as necessária mudanças no principal porto brasileiro.

O Estado de S.Paulo - SP   16/07/2024

A licitação anunciada de 4 navios, de um total de 25 que a subsidiária de transporte e logística da Petrobras pretende mandar construir, dá início a uma nova e inconcebível empreitada do governo federal de incentivo à indústria naval. Com ligeiras modificações, a Transpetro segue um esquema já bastante conhecido de subsídio aos estaleiros nacionais, com taxas decrescentes à medida que aumenta o conteúdo local dos equipamentos. As mais atrativas exigem índice de nacionalização de 65%.

Desde o desastroso projeto de fabricar no Brasil 28 navios-sondas para o pré-sal – que teve apenas 4 deles entregues –, a indústria naval não recebe encomendas de grande porte, como navios e plataformas. Num emaranhado que somou corrupção a um cenário de deficiências tecnológicas, baixa produtividade e qualificação insuficiente de mão de obra, a promessa das primeiras gestões petistas de transformar o País num polo naval global foi um fiasco.

Mapeamento feito pelo Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP) mostra que seis estaleiros foram desativados e outros dez estão sem nenhuma demanda, como o Atlântico Sul, uma das grandes apostas da gestão petista, que está em recuperação judicial. Os dados reunidos pelo IBP indicam 43 estaleiros ainda em atividade (14 grandes e 29 de pequeno porte), o que inclui os que estão sem encomendas, os dedicados apenas a reparos e 3 em recuperação judicial.

Os presidentes da Transpetro, Sérgio Bacci, e da Petrobras, Magda Chambriard, afinaram discursos, alegando que a aquisição de petroleiros vai reduzir custos de frete. Mas, por óbvio, a opção de construir os navios passou longe de uma estratégia comercial da empresa. Até os guindastes de estaleiros desativados sabem que essa é uma decisão política, praticamente uma obsessão do presidente Lula da Silva, em busca dos dividendos eleitorais que os prometidos milhares de empregos da indústria naval podem lhe conferir, ainda que por pouco tempo.

Magda, levada à presidência da Petrobras com essa missão, acelerou o processo em curso desde o início do terceiro governo petista. Entre os rumores que acompanharam a queda de Jean Paul Prates, seu antecessor, estava a demora nas encomendas aos estaleiros. Prates chegou a apontar a grande discrepância de competitividade da indústria nacional para justificar a dificuldade. Bacci, da Transpetro, veio do Sinaval, o sindicato que reúne os estaleiros, e defende entusiasticamente a política de conteúdo local, como não poderia deixar de ser.

É um projeto cercado de desconfiança, por tudo o que ocorreu na fracassada política petista: da dependência exclusiva da Petrobras à ausência de qualificação profissional prévia. Os empregos desaparecem com a mesma facilidade com que foram criados.

Não se trata de coincidência que o lançamento do primeiro dos quatro navios licitados esteja previsto para junho de 2026, dois meses antes do início oficial da campanha presidencial. O navio estará ainda inacabado, com apenas o casco pronto, que será entregue com toda a pompa.

PETROLÍFERO

O Estado de S.Paulo - SP   16/07/2024

Em períodos de crise econômica, quando a redução de renda limita a capacidade de aquisição de combustíveis limpos para cocção, a pobreza energética no Brasil é agravada. Entre 2016 e 2022, houve um aumento na utilização de lenha e carvão para cozinhar, refletindo as dificuldades enfrentadas pelas camadas sociais menos favorecidas, que recorrem a fontes de energia mais baratas e poluentes. Essa tendência mostra a necessidade de políticas públicas que incentivem o uso de combustíveis e tecnologias mais limpas, melhorando a qualidade de vida e reduzindo os impactos ambientais.

Para entender a importância dessa transição, é fundamental considerar as diretrizes de qualidade do ar estabelecidas pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Por exemplo, para partículas finas PM2.5, a diretriz anual é de 5 µg/m³, enquanto a meta interina-1 é de 35 µg/m³. Para o monóxido de carbono, a diretriz de 24 horas é de 4 mg/m³, com a meta interina-1 fixada em 7 mg/m³, de acordo com a OMS. Combustíveis como eletricidade, biogás, gás natural, gás liquefeito de petróleo (GLP) e etanol são considerados limpos porque atendem a essas diretrizes, ao contrário de opções como lenha, carvão e querosene, que geram alta poluição doméstica e externalidades negativas.

Segundo o World Energy Council, os combustíveis para cocção são classificados em três categorias: fontes de energia modernas (energia elétrica e GLP), intermediárias (querosene e carvão) e tradicionais (biomassa como lenha, esterco seco e resíduos agrícolas). Internacionalmente, o GLP tem demonstrado vantagens expressivas como matriz energética de transição, especialmente em programas de redução da pobreza energética, devido à sua facilidade de transporte, que possibilita alcançar locais de difícil acesso, ampla disponibilidade e longa vida útil dos recipientes, possível por conta de um modelo regulatório que incentiva o investimento em segurança e qualidade.

Nesse contexto, o Brasil se destaca pela vasta rede de distribuição, com aproximadamente 60 mil pontos de venda e mais de 20 distribuidoras. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2022, o GLP está presente em 100% dos municípios, com uma cobertura substancial de 90,5% dos domicílios, abrangendo cerca de 67,1 milhões de residências, com um modelo de entrega rápida. Em média, 34 milhões de botijões são vendidos mensalmente, com um tempo médio de entrega de apenas 17 minutos após a solicitação, atendendo a uma demanda do consumidor por fornecimento rápido, dado que a demanda normalmente se dá no momento da cocção.

Comparado ao gás natural encanado, o GLP também apresenta vantagens econômicas consideráveis. Os altos custos fixos associados à expansão da rede de gasodutos tornam o GLP uma opção mais acessível e prática para grande parte da população, especialmente em regiões rurais e de difícil acesso, normalmente afetadas de forma mais substancial pelo risco de pobreza energética. Essa capilaridade e eficiência de distribuição tornam o GLP um componente essencial na matriz energética residencial brasileira.

Do ponto de vista ambiental, a substituição de combustíveis como lenha, carvão vegetal e querosene pelo GLP pode reduzir drasticamente as emissões de gases de efeito estufa. Estima-se que, em 2022, enquanto o GLP emitiu cerca de 608 milhões de toneladas de CO2 equivalente (tCO2e), a lenha emitiu aproximadamente 3,01 bilhões de tCO2e.

A análise também explora cenários de substituição da lenha por GLP, considerando diferentes proporções de substituição (25%, 50% e 100%). Os resultados indicam que a substituição de 25% da lenha por GLP poderia evitar a emissão de aproximadamente 736 milhões de tCO2e, enquanto uma substituição de 50% poderia evitar cerca de 1,47 bilhões de tCO2e. No cenário de substituição total (100%), as emissões evitadas seriam de cerca de 2,94 bilhões de tCO2e.

Esses cálculos levam em conta não apenas as diferenças diretas de emissão por tonelada de combustível, mas também as diferenças na eficiência energética entre os dois combustíveis. Os fogões a GLP têm uma eficiência de 57%, muito superior aos fogões a combustíveis sólidos (13%-17%), segundo a pesquisadora Adriana Gioda, da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Além disso, o GLP gera menos partículas em suspensão e emite menos óxidos de nitrogênio (NOx) do que outros combustíveis fósseis, melhorando a qualidade do ar e reduzindo os impactos negativos à saúde.

Os benefícios de saúde pública também podem ser significativos. Como a população de baixa renda que utiliza lenha como matriz de cocção fica em ambientes internos, fechados, normalmente pequenos, é muito significativa a exposição aos poluentes emitidos durante a combustão incompleta, incluindo materiais particulados (PM), monóxido de carbono (CO), dióxido de nitrogênio (NO2), compostos orgânicos voláteis, formaldeído e benzopireno. Essa exposição dá origem a uma série de doenças graves que impactam a vida das pessoas e também os sistemas de saúde, merecendo políticas públicas que a enderecem. É muito importante lembrar que a poluição do ar doméstico está associada a uma série de doenças respiratórias e cardiovasculares graves, entre as quais se destacam infecções respiratórias, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), doenças cardiovasculares e acidente vascular cerebral (AVC).

O GLP não apenas apresenta uma solução eficaz para a cocção doméstica, mas também oferece uma série de vantagens econômicas, ambientais e de saúde pública. Com uma ampla cobertura e uma rede de distribuição eficiente, o GLP já é e pode se tornar ainda mais relevante na matriz energética do Brasil, ajudando a reduzir a dependência de combustíveis poluentes. Por isso, é essencial que se aperfeiçoem políticas públicas que incentivem o seu uso para a população carente em risco de pobreza energética.

AGRÍCOLA

IstoÉ Online - SP   16/07/2024

As exportações brasileiras de produtos agropecuários alcançaram US$ 82,39 bilhões no primeiro semestre deste ano, informou o Ministério da Agricultura, em nota. O valor é 0,4% inferior ao obtido de janeiro a junho do ano passado, o equivalente a uma queda de US$ 291 milhões. Apesar do recuo, a receita é a segunda maior para o período na série histórica. O setor respondeu por 49,2% dos embarques totais do País na primeira metade deste ano, levemente abaixo dos 50% de igual período de 2023.

No período, houve retração de 17,6% nas exportações do complexo soja, para US$ 33,528 bilhões, e de 44% nos embarques de milho, para US$ 1,874 bilhão, o que, em parte, reflete a menor safra colhida no País. “O principal fator para a queda nas exportações brasileiras de soja em grãos está na redução das vendas ao mercado chinês. Apesar de a China ser o maior destino, tendo representado 72,2% das vendas brasileiras, foram exportados US$ 20,15 bilhões e 13,0% a menos do que havia sido registrado no ano anterior. Outro mercado que sofreu forte redução foi a Argentina, cujas exportações brasileiras foram quase US$ 1,5 bilhão inferiores em 2024”, observou a pasta.

Os setores do agronegócio que mais contribuíram para amenizar a queda das exportações brasileiras no primeiro semestre deste ano foram o complexo sucroalcooleiro (+US$ 3,24 bilhões), fibras e produtos têxteis (+US$ 1,85 bilhão) e café (+US$ 1,68 bilhão). “Contudo, o crescimento desses setores foi inferior à queda nas vendas externas do complexo soja, que sofreram redução de US$ 7,19 bilhões. Ademais, o setor de cereais, farinhas e preparações registrou queda de US$ 1,66 bilhão na comparação entre o primeiro semestre de 2023 e 2024”, ponderou a pasta.

Na nota, a Secretaria de Comércio e Relações Internacionais da pasta destacou que o complexo soja liderou as exportações nos primeiros seis meses deste ano, respondendo por 40,7% do total de produtos do agronegócio embarcados no período. Na sequência, o setor das carnes representou 14,3% do total, somando US$ 11,81 bilhões, aumento de 1,6% contra 2023. O complexo sucroalcooleiro totalizou US$ 9,22 bilhões, 54,1% mais ante o primeiro semestre do ano passado, correspondendo a 11,2% do total.

A receita com as exportações dos produtos florestais avançou 11,9%, para US$ 8,34 bilhões, ou 10,1% do total. A celulose foi responsável por 59,6% desse total, com US$ 4,97 bilhões, um aumento de 19,5%. O setor de café alcançou US$ 5,31 bilhões em exportações no período, aumento de 46,1%, o que equivale a 6,4% dos embarques totais no período. Juntos, esses setores foram responsáveis por 82,8% das vendas externas do agronegócio brasileiro.

No primeiro semestre deste ano, as importações de produtos agropecuários cresceram 14,2% em relação a igual período do ano anterior, para US$ 9,512 bilhões, equivalente a 7,6% do total internalizado pelo País no período. O incremento foi puxado sobretudo pela maior internalização de cereais, farinhas e preparações, de 10,4%. O saldo da balança comercial do setor ficou positivo em US$ 72,877 bilhões frente aos US$ 74,353 bilhões de igual período de 2023.

Junho – Em junho, as exportações do agronegócio brasileiro alcançaram US$ 15,20 bilhões, queda de 1,3% ante igual mês do ano passado. Já em quantidade, as exportações de produtos do agronegócio brasileiro cresceram 4,5%.

Em volume, os embarques de grãos subiram 0,7%, de 14,96 milhões de toneladas para 15,07 milhões de toneladas no último mês deste ano, seguido pelo aumento de açúcar (+335,1 mil toneladas), celulose (+182,8 mil toneladas), algodão não cardado nem penteado (+100,1 mil toneladas), farelo de soja (+84,0 mil toneladas), café verde (+64,6 mil toneladas).

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