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15 de Abril de 2024

SIDERURGIA

Infomoney - SP   15/04/2024

O Conselho de Administração da CSN (CSNA3) aprovou sua 15ª emissão de debêntures simples, não conversíveis em ações, em até três séries, no valor total de R$ 800 milhões.

De acordo com a CSN, os recursos serão utilizados exclusivamente para o pagamento futuro e/ou reembolso de gastos, despesas e dívidas relacionados à implantação do projeto de investimento em infraestrutura no setor de logística e transportes, incluídos ferrovias, inclusive locomotivas e vagões, desde que tenham ocorrido em prazo igual ou inferior a 24 meses da data de encerramento da oferta.

As debêntures da Primeira Série terão prazo de vencimento de 10 anos, contados da data de emissão. Já as da Segunda Série terão prazo de vencimento de 15 anos.

Brasil Mineral - SP   15/04/2024

São previstos 1,793 bilhão de toneladas, um crescimento de 1,7%, enquanto a demanda por aço deverá crescer 1,2% em 2025

A worldsteel divulgou a previsão de demanda de aço Short Range Outlook (SRO) para 2024 e 2025. Neste ano, são previstos 1,793 bilhão de toneladas, um crescimento de 1,7%, enquanto a demanda por aço deverá crescer 1,2% em 2025, para atingir 1,815 bilhão de toneladas. “Após dois anos de crescimento negativo e grave volatilidade do mercado desde a crise da COVID em 2020, vemos os primeiros sinais de que a demanda global de aço está se estabelecendo em uma trajetória de crescimento em 2024 e 2025”, disse Martin Theuringer, presidente do Comitê de Economia do worldsteel.

A economia mundial continua a demonstrar resiliência, apesar de enfrentar vários ventos contrários fortes, o impacto persistente da pandemia e da invasão da Ucrânia pela Rússia, a inflação elevada, os custos elevados e a queda do poder de compra das famílias, o aumento das incertezas geopolíticas e o forte aperto monetário. A China deve manter em 2024 níveis parecidos com os da demanda do último ano, à medida que os investimentos imobiliários continuam a diminuir, mas a perda correspondente na procura de aço será compensada pelo crescimento da procura de aço proveniente de investimentos em infraestruturas e dos setores industriais. Em 2025, a procura de aço na China deve regressar à tendência descendente, com uma queda de 1%. Esta projeção sugere que até 2025 a procura de aço chinês será significativamente inferior ao recente pico de procura do ano, 2020.

As projeções mundiais de demanda de aço, com exceção da China, devem ter crescimento generalizado de 3,5% ao ano durante 2024/2025. A Índia continuará a avançar com um crescimento de 8% na sua procura de aço ao longo de 2024 e 2025, impulsionada pelo crescimento contínuo em todos os setores utilizadores de aço e especialmente pela continuação do forte crescimento dos investimentos em infraestruturas. Em 2025, prevê-se que a procura de aço na Índia seja quase 70 milhões de toneladas superior à de 2020.

Em outras regiões do mundo, como o MENA e a ASEAN, a demanda deve ser acelerada em 2024 e 2025, após um abrandamento significativo durante 2022-2023. O worldsteel comenta que as dificuldades crescentes na região da ASEAN, tais como a instabilidade política e a erosão da competitividade, podem levar a uma tendência de menor crescimento da procura de aço no futuro. “Espera-se também que o mundo desenvolvido apresente uma recuperação reforçada, com 1,3% em 2024 e 2,7% em 2025, uma vez que esperamos ver a procura de aço finalmente mostrar uma recuperação significativa na UE em 2025 e uma resiliência contínua nos Estados Unidos, Japão e Coréia”.

A União Européia e Reino Unido terão os principais desafios, em particular os setores siderúrgicos numa multiplicidade de frentes – mudanças geopolíticas e incerteza, inflação elevada, aperto monetário e retirada parcial do apoio fiscal, e preços ainda elevados da energia e das matérias-primas. A persistência destes fatores negativos resultou numa grande queda na procura de aço na região em 2023, para o nível mais baixo desde o ano 2000, e em revisões em baixa substanciais das previsões para este ano. Depois de apenas uma recuperação técnica em 2024, espera-se que a procura de aço na região apresente finalmente uma recuperação significativa, com um crescimento de 5,3% em 2025. A procura de aço prevista para a UE em 2024 é apenas 1,5 milhão de toneladas superior ao nível mínimo da pandemia em 2020. Em forte contraste com a UE, a procura de aço nos Estados Unidos continua a apresentar recuperação. Espera-se que a procura de aço no país regresse rapidamente à trajetória de crescimento em 2024, após uma queda acentuada liderada pelo abrandamento do mercado imobiliário em 2023, graças à forte atividade de investimento, que recebeu um impulso da Lei de Redução da Inflação e a uma recuperação gradual da atividade imobiliária.

O worldsteel comenta que a recessão na construção residencial, impulsionada pelas elevadas taxas de juros e pelos elevados custos de construção, arrastou a procura de aço na maioria das principais regiões utilizadoras de aço. “Em 2023, assistimos a quedas acentuadas na atividade imobiliária nos Estados Unidos, na China, no Japão e na UE, e espera-se que a fraqueza na atividade imobiliária se prolongue até 2024 na maioria dos principais mercados, devido ao impacto defasado do aperto monetário. Espera-se que uma recuperação significativa na construção residencial comece apenas a partir de 2025”. A queda da atividade industrial mundial devido aos altos custos e às incertezas, às condições de financiamento restritivas e à fraca procura mundial também prejudicou a procura mundial de aço em 2023. Os indicadores avançados sugerem o início de uma recuperação da atividade industrial global em 2024. O setor automobilístico foi uma exceção no setor industrial. Após um ano de forte crescimento de dois dígitos em todos os principais países produtores de automóveis, espera-se um crescimento fraco do setor em 2024.

O investimento em instalações de produção é impulsionado pela ambição das principais economias de desenvolver setores estratégicos e garantir a segurança do abastecimento de componentes e materiais estratégicos num contexto de crescentes tensões geopolíticas. “Acreditamos que a transição verde da economia mundial, que exige uma transformação econômica de magnitude e alcance sem precedentes, é um dos principais fatores por detrás da força dos investimentos em infraestruturas públicas. Por exemplo, um estudo recente do Comitê Econômico estimou que a procura mundial de aço para novas instalações de energia eólica triplicará até 2030, para cerca de 30 milhões de toneladas, em comparação com o início da década de 2020. Embora a percentagem da procura de aço para instalações de energia eólica permaneça relativamente baixa na procura global total, poderá dar um apoio bastante notável à procura global de aço em certas regiões, como a Europa”.

O worldsteel acredita também que os aportes em infraestruturas públicas destinadas a reforçar as infraestruturas contra os riscos crescentes das alterações climáticas e a reconstrução de áreas atingidas por catástrofes naturais foram fatores importantes que apoiaram a procura de aço em alguns dos principais países utilizadores de aço em 2023 (por exemplo, Japão, China, Coreia, Peru).

“Esperamos ver um fortalecimento contínuo nos investimentos em infraestrutura pública e instalações industriais. No entanto, observamos também que os elevados custos de construção e a escassez de mão-de-obra surgem como grandes constrangimentos para muitas das principais economias, o que poderá restringir o crescimento adicional em infraestruturas públicas e investimentos em instalações industriais no curto prazo”.

A associação considera que os riscos estão moderados e equilibrados desde a última atualização em outubro de 2023. Pelo lado positivo, há uma desinflação mais rápida do que o esperado, acompanhada por uma maior flexibilização da política monetária, que poderia proporcionar um impulso significativo aos setores que usam aço, especialmente a construção habitacional. “Acreditamos também que uma aceleração nos esforços globais de descarbonização para fortalecer as infraestruturas públicas contra os riscos crescentes das alterações climáticas são riscos positivos que podem apoiar a procura global de aço no futuro. Do lado descendente, observamos que uma nova escalada das tensões geopolíticas, as pressões inflacionárias que se revelam mais persistentes do que o esperado e os níveis elevados e crescentes da dívida pública que desencadeiam a consolidação orçamental nas principais economias são riscos significativos que certamente têm o potencial de abrandar a recuperação econômica em curso ou mesmo descarrilar”.

Valor - SP   15/04/2024

Negócio siderúrgico da Thyssenkrupp tem prejudicado os lucros e grupo vem tentando vender divisão há anos

A Thyssenkrupp Steel planeja cortar empregos e reduzir a capacidade de produção em resposta às condições desafiadoras do mercado, com a demanda fraca, custos de energia elevados e a crescente concorrência da Ásia prejudicando o negócio.

A siderúrgica alemã afirmou que o seu plano para aumentar a competitividade e a rentabilidade resultará num número ainda desconhecido de cortes de empregos.

A empresa disse que planeja reduzir a sua capacidade de produção para entre 9 milhões e 9,5 milhões de toneladas por ano, o que está amplamente em linha com os seus embarques nos últimos três anos, dos atuais 11,5 milhões de toneladas. A Thyssenkrupp Steel espera que os embarques permaneçam em um nível semelhante no futuro, o que significa que sua rede de produção está estruturalmente subutilizada.

O plano faz da Thyssenkrupp Steel a mais recente empresa industrial alemã a alertar sobre uma perda de competitividade. A Alemanha é a potência econômica da Europa, mas a sua indústria tem enfrentado dificuldades recentemente, à medida que o país procura reduzir sua dependência de fontes de energia russas, na sequência da invasão da Ucrânia.

O negócio siderúrgico da Thyssenkrupp tem prejudicado os lucros ultimamente e o grupo vem tentando vender a divisão há anos. Em novembro, a Thyssenkrupp disse que estava em negociações para formar uma joint venture para a unidade com a empresa de energia EPH, fundada pelo bilionário tcheco Daniel Kretinsky.

A Thyssenkrupp Steel disse que os seus planos são em parte uma resposta à fraqueza econômica na Alemanha, mas principalmente às mudanças estruturais de longo prazo no mercado siderúrgico europeu devido aos elevados custos de energia e à crescente pressão das importações, principalmente da Ásia.

As operações siderúrgicas europeias da Thyssenkrupp contavam com 26.822 funcionários em 30 de setembro, de acordo com o último relatório anual do grupo. A empresa vai agora iniciar conversações com os representantes dos trabalhadores, com o objetivo de evitar demissões por motivos operacionais, afirmou. A Thyssenkrupp Steel disse que não haverá mudanças em seus planos para tornar suas operações mais sustentáveis.

Valor - SP   15/04/2024

As decisões são da 1ª Turma da Câmara Superior

Roberto Quiroga: “Existe uma maior estabilidade na jurisprudência atual” — Foto: Divulgação

A ArcelorMittal e a CSN perderam no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) discussões sobre aproveitamento de ágio interno. São cobranças bilionárias de Imposto de Renda (IRPJ) e CSLL, que foram analisadas recentemente pelos conselheiros da 1ª Turma da Câmara Superior - última instância do tribunal administrativo.

Os conselheiros apenas afastaram, no processo da ArcelorMittal, parcela referente ao uso de empresa veículo, por maioria de votos. A autuação lavrada é no valor total de R$ 1,3 bilhão e refere-se ao aproveitamento de ágio entre 2006 e 2007 (processo nº 16643.720041/2011-51).

No caso da CSN, a Receita Federal cobra R$ 1,16 bilhão de IRPJ e CSLL, decorrente do aproveitamento de ágio nos anos de 2013 e 2014. É proveniente da incorporação da Big Jump Energy Participações pela Nacional Minérios (Namisa) que, por sua vez, ainda foi absorvida posteriormente pela CSN.

A cobrança sobre CSLL, porém, voltará à 1ª Turma da 2ª Câmara da 1ª Seção para ser reanalisada porque no julgamento, realizado em 2019, foi adotado o mesmo tratamento dado ao IRPJ, sem detalhamento. Portanto, esse ponto ficou pendente na 1ª Turma da Câmara Superior (processo nº 10600.720070/2018-18).

De acordo com a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), no caso, após apreciar os fatos, a Câmara Superior chegou à conclusão de que a empresa veículo foi utilizada artificialmente pelo contribuinte para que pudesse deduzir as despesas com ágio, o que levou a turma a manter o lançamento efetuado.

“As turmas do Carf apreciam os recursos e decidem caso a caso, quando se trata de lançamentos sobre ‘dedução de despesas com ágio’. Por isso, a jurisprudência do Carf apresenta precedentes com resultados diferentes para o mesmo tema, uma vez que as circunstâncias de cada caso concreto são relevantes para as turmas formarem seu convencimento”, afirma a PGFN, em nota.

Já no julgamento da autuação fiscal recebida pela ArcelorMittal, a Câmara Superior entendeu que havia finalidade negocial e justificativa legítima para a utilização da empresa veículo. Por isso, decidiu anular parte do lançamento. Não é possível saber qual o valor exato mantido nas autuações.

Apesar de tratarem de casos concretos, os julgamentos indicam a forma como a Câmara Superior vem se posicionando em um dos temas mais relevantes - e caros - para as grandes empresas que realizaram fusões e aquisições nas últimas décadas.

Em fevereiro, a mesma turma derrubou uma autuação bilionária recebida pela B3 por causa do aproveitamento de ágio na união da BM&F com a Bovespa Holding por meio de incorporação de ações. Naquela decisão, por maioria de votos, os conselheiros aceitaram um laudo sobre a rentabilidade futura da operação. A partir disso, autorizaram a amortização de ágio realizada. O valor da autuação era de R$ 4 bilhões.

No acórdão, recém-publicado, os conselheiros destacam que ainda que as partes do negócio, com base na curva de valores das ações disponíveis no mercado financeiro, tenham ajustado o preço do negócio em montante inferior aquele que constou no laudo que mensurou a expectativa de rentabilidade futura do investimento, essa diferença não desqualifica a origem do ágio (processo nº 16327.720307/2017-34).

De acordo com o advogado da B3 no caso, Roberto Quiroga, sócio do escritório Mattos Filho, os casos levados à Câmara Superior estão sendo bem debatidos. Para ele, existe maior estabilidade na jurisprudência atual.

Júlio César Soares, da Advocacia Dias de Souza, considera interessante, no caso da ArcelorMittal, o fato de o Carf ter aceitado o uso de empresa veículo. Segundo ele, ainda é um tema que provoca controvérsia. “É uma boa evolução da Câmara Superior no sentido de que apenas ser veículo não invalida o ágio. É necessário avaliar o motivo da criação da empresa”, afirma.

O advogado reitera que, apesar do placar apertado, de cinco votos a três, a decisão reforça que o Carf aceita a empresa veículo desde que ela não tenha sido criada apenas para fins tributários. O advogado lembra que esse também foi o entendimento do Superior Tribunal de Justiça (STJ) ao julgar um caso de ágio envolvendo empresa veículo.

Caio Quintella, ex-conselheiro e sócio da Nader Quintella Advogados, afirma que o julgado da ArcelorMittal mostra uma “considerável e desejada estabilidade da jurisprudência da Câmara Superior em relação ao ágio”, com empate em relação às operações internas dos grupos e decisão por maioria diante do uso de empresa veículo.

Com a aplicação do voto de qualidade, lembra o advogado, a multa fica afastada e, caso o contribuinte opte pelo pagamento da cobrança, ficará livre dos juros de mora, conforme alteração feita na legislação com a volta do desempate a favor da Fazenda Nacional.

Procuradas pelo Valor, ArcelorMittal e CSN não deram retorno até o fechamento da edição.

ECONOMIA

Agência Brasil - DF   15/04/2024

O pessimismo com a inflação nos Estados Unidos e tensões geopolíticas no Oriente Médio fizeram o mercado financeiro ter um dia de nervosismo global. O dólar voltou a fechar no maior valor em seis meses. A bolsa teve a terceira queda consecutiva e atingiu o nível mais baixo em quatro meses.

O dólar comercial encerrou esta sexta-feira (12) vendido a R$ 5,12, com alta de R$ 0,031 (+0,61%). A cotação abriu acima de R$ 5,10 e passou a disparar durante toda a sessão. Na máxima do dia, por volta das 12h15, a moeda encostou em R$ 5,15.

A divisa está no maior nível desde 13 de outubro do ano passado. Apenas nesta semana, o dólar subiu 1,1%, acumulando alta de 2,11% em abril e de 5,43% em 2024.

No mercado de ações, o dia também foi tenso. O índice Ibovespa, da B3 (Bolsa de Valores), fechou aos 125.946 pontos, com queda de 1,14%. O indicador está no menor nível desde 6 de dezembro.
Inflação nos Estados Unidos

Por mais um dia, o mercado financeiro global reagiu aos dados de inflação nos Estados Unidos, divulgados ao longo da semana. Apesar de a inflação ao produtor em março vir abaixo das expectativas, a inflação ao consumidor veio acima do esperado, o que praticamente anulou as chances de o Federal Reserve (Fed, Banco Central norte-americano) começar a reduzir os juros básicos em junho.

Taxas altas em economias avançadas estimulam a fuga de capitais de países emergentes, como o Brasil, pressionando o dólar e a bolsa. Os investidores migram para os títulos do Tesouro norte-americano, considerados os investimentos mais seguros do planeta. Por enquanto, esse movimento está atrelado ao dólar. O euro comercial recuou 0,23%, vendido a R$ 5,448, após o Banco Central Europeu anunciar que pretende baixar os juros em junho.

Paralelamente, as tensões no Oriente Médio conturbaram o mercado financeiro global. A expectativa de que o Irã retalie o ataque de Israel à embaixada iraniana em Damasco, na Síria, ampliou os temores de que o conflito na Faixa de Gaza ganhe escala regional.

Investing - SP   15/04/2024

Após dados de comércio externo abaixo do esperado, a China divulga na próxima semana dados do crescimento econômico e outros indicativos de atividade, como produção industrial e vendas no varejo. As estimativas consensuais indicam para uma expansão do Produto Interno Bruto (PIB) anualizada caindo dos atuais 5,2% para 5% para a segunda maior economia do mundo.

Além disso, o mercado projeta um esfriamento no indicador anual de vendas no varejo de março, caindo de 5,5% no mês anterior para 4,5%. A projeção para a produção industrial acumulada no ano é de que o índice caia de 7% para 5,4%. Dados de desemprego e da utilização da capacidade instalada também serão divulgados na próxima segunda pela noite.

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Analistas seguem receosos a respeito do crescimento econômico do gigante asiático, que vem elevando os atritos com os Estados Unidos, incluindo a respeito de um suposto excesso de capacidade em setores ‘verdes”. O Julius Baer, por exemplo, espera um crescimento do PIB em 4,4% neste ano. O Bradesco Asset Management, por sua vez, 4,7%.

Economistas questionam a sustentabilidade das medidas de impulso à manufatura e infraestrutura, com diretrizes estabelecidas pelo governo de Pequim voltadas a novas frentes de crescimento, como carros elétricos, painéis solares, além da prioridade para a indústria local em algumas frentes, como semicondutores.

As incertezas sobre as perspectivas diante de novos modelos de crescimento, em meio a uma crise no setor imobiliário, levaram a Fitch a cortar a perspectiva da classificação de crédito soberano para negativa, mencionando ainda riscos para as finanças públicas. Em dezembro, a Moody's já havia cortado perspectiva de crédito da China para negativa, apontando riscos imobiliários.

A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, disse que o país deveria estimular a demanda interna e direcionar mais sua economia para o setor de serviços. O setor imobiliário é a chave para as tensões. “Ela tem o maior tamanho de destoque em relação ao PIB de real estate no mundo, estima-se, porque esse dado ninguém tem ao certo, nenhum país chega ao perto hoje, o mais próximo é a Austrália”, afirmou Luis Stuhlberger, fundador do fundo Verde Asset, durante o Macro Summit, evento realizado na quinta-feira (11) pelo Market Makers.

“Todos os outros que chegaram em nível muito abaixo desse tiveram crises imobiliárias sérias. E tem uma população que vai diminuir. Essa conta tem que ser administrada no tempo, mas é um problema enorme. No resto, quanto à consumo, serviço, o mercado exagera um pouco”, completo Stuhlberger. O gestor do Verde avalia que o capitalismo de estado da China está tendo “seu momento de reflexão”, mas não indica ser tão pessimista como quem acredita que o gigante asiático causa problemas a nível global.

Crescimento em duas velocidades

A dinâmica da economia chinesa não é a mesma em relação ao período pré-pandemia, afirma o Itaú BBA em relatório divulgado aos clientes e ao mercado. “Desde 2021, o foco da política econômica tem sido estimular a manufatura e infraestrutura com o objetivo de compensar a fraqueza do setor imobiliário”, recorda.

Os economistas da instituição financeira acreditam que uma indústria forte pode sustentar um crescimento perto da meta de 5% em 2024, mas “se as decepções no setor imobiliário permanecerem relativamente contidas”. O banco projeta um crescimento de 4,7% em 2024.

CONFIRA: Calendário Econômico do Investing.com

Conforme Laura Pitta, economista do Itaú BBA, dados anteriores da produção industrial e investimentos vieram acima das expectativas do mercado, assim como a sondagem de Índice Gerentes de Compras (PMI) da manufatura.

No entanto, o setor imobiliário continua enfraquecido e com quedas em indicadores como construção e vendas. “A composição reforça o padrão vigente desde 2021 de uma economia em duas velocidades, com o crescimento em manufatura e infraestrutura se contrapondo à fraqueza do setor imobiliário”, avalia.

Apesar desses dados favoráveis, o comércio internacional da China ficou aquém do esperado por analistas de mercado, conforme indicadores divulgados nesta sexta, frustrando as esperanças de que as vendas ao mercado global poderiam compensar a demanda interna fraca para alavancar o crescimento.

Os embarques do gigante asiático encolheram 7,5% no mês passado na comparação anual, enquanto as importações recuaram 1,9% na mesma análise.

Infomoney - SP   15/04/2024

A balança comercial da China teve forte recuo em março, somando um superávit equivalente a US$ 58,55 bilhões, ante US$ 125,16 bilhões em fevereiro. O dado também veio bem abaixo do consenso LSEG de analistas, que estimava US$ 70,20 bilhões de saldo.

O resultado é explicado pelas exportações chinesas no mês, que tiveram acentuada desaceleração em março em termos anuais, após um período de quatro meses seguidos de evolução, segundo dados da administração geral alfandegária do gigante asiático divulgados nesta sexta-feira (12).

As remessas totais para o exterior caíram 7,5% em dólares, revertendo o ganho de 7,1% nos primeiros dois meses de 2024.

O número ficou bem abaixo da previsão de queda de 2,3% feita em uma pesquisa da Reuters com economistas.

Segundo os dados, uma retração na demanda por produtos mecânicos e de alta tecnologia, bem como de vestuário, contribuiu para a deterioração das exportações em março, a mais acentuada desde a queda de 8,8% observada em agosto do ano passado.

As exportações para a União Europeia caíram 5,7% no 1º  trimestre, enquanto os embarques para os Estados Unidos recuaram 1,3%. Mas as exportações para as economias do Sudeste Asiático cresceram 4%.
Importações

As importações denominadas em dólares, por sua vez, caíram 1,9% em março, também um dado também pior que a estimativa de crescimento de 1,4% na sondagem da Reuters.

Essa queda foi causada principalmente pela menor procura por produtos agrícolas e petróleo bruto.

Nos primeiros três meses de 2024, as compras externas cresceram 1,5%, lideradas pelas importações de países do Sudeste Asiático, Índia e Rússia. As importações dos EUA caíram 10,7%, enquanto as da UE recuaram 8%.

O Estado de S.Paulo - SP   15/04/2024

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem visto a agenda focada em aumento de arrecadação federal perder força daqui para frente. A percepção é reforçada por parlamentares, integrantes do mercado financeiro e por recentes movimentos da própria equipe econômica.

O governo avalia mudança nas metas fiscais de 2025 e 2026, indicando que pode não ter o aumento de arrecadação que esperava inicialmente. Um crescimento menor do Produto Interno Bruto (PIB), dúvidas sobre a sustentação de receitas a partir do ano que vem e impasses na agenda com o Congresso Nacional são obstáculos para o superávit (saldo positivo) nos próximos anos.

A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, disse na semana passada que a agenda de aumento de receitas está “se exaurindo”. Nos planos de Tebet, o governo tem um encontro marcado com outra parte da agenda fiscal: a que envolve revisão de gastos, e não apenas aumento de arrecadação de impostos.

“Já está se exaurindo o aumento do Orçamento brasileiro pela ótica da receita, passar disso significaria aumentar imposto. Há ainda outra medida pela ótica da receita? Só o ministro da Fazenda, Fernando Haddad pode dizer, eu não posso adiantar, se houver necessidade. O que precisamos colocar para rodar é a esteira sob a ótica da despesa. O que cortar, como cortar”, afirmou a ministra.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também falou sobre a dificuldade do Executivo com as metas fiscais. De acordo com ele, o tempo para fixar uma meta factível para 2025 está “se esgotando”. A fala foi recebida como mais uma sinalização de que o governo pode ser forçado a reduzir a agenda que busca aumento de receitas via reoneração, criação de taxas e novas formas de cobrar impostos.

“Estamos esgotando o tempo para fazer as contas necessárias e fixar uma meta factível”, disse Haddad na segunda-feira, 8. Até segunda-feira, dia 15, o governo precisa fixar a meta fiscal para 2025 ao enviar o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) para o Congresso Nacional. O governo avalia rever a meta fiscal de 2025, de 0,5% do PIB, para baixo, entre 0,25% e 0% do PIB.

Com a agenda de aumento de arrecadação em risco, Haddad tem sinalizado que o foco da equipe econômica neste ano deve ser a regulamentação da reforma tributária, que efetivaria as mudanças na cobrança de impostos sobre o consumo, que tradicionalmente pesam sobre quem tem menor renda. Além disso, o governo quer salvar o que é possível aprovar da agenda de reoneração da folha, que já teve perdas. Algumas pautas também estão no horizonte, como a tributação de lucros e dividendos.

“Nunca se tem uma previsibilidade exata de arrecadação e a agenda aqui (no Congresso) está muito polarizada como pautas como a ‘saidinha’. Esse território, eles adoram, porque é o território do time de futebol, ou você está aqui ou você está ali. Eu prefiro ficar na outra agenda”, afirma o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA).

No lado político, há aspectos que também dificultam a agenda de aumento de receitas. Em 2024, os municípios vão passar por eleição. No Congresso Nacional, os parlamentares resistem em aprovar novos projetos de cobrança e aumento de impostos. Além disso, a queda de popularidade do presidente Lula também é colocada como obstáculo para essa pauta. Com popularidade menor, o governo tem menos força para propor aumento de arrecadação. Fora isso, o Executivo já aprovou uma parte da agenda em 2023, no primeiro ano de mandato.

“Tudo sugere que o governo começa a enxergar que a agenda de aumento de arrecadação perdeu fôlego. Em um contexto de baixa popularidade, é receoso expor o presidente em uma agenda já desgastante, o que acaba reforçando o papel do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, como interlocutor”, avalia o cientista político e sócio da Tendências Consultoria Rafael Cortez. Para ele, no cenário mais positivo, a pauta se encerraria com a tributação da renda, uma agenda que ainda enfrenta um cenário “cheio de risco.”

No Congresso, a reoneração da folha de pagamentos sofreu perdas. O governo teve que revogar a reoneração para 17 setores da economia. A cobrança sobre a folha dos municípios também sofreu um revés, com a devolução da medida por parte do presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Sobraram a revogação do Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse) – que será mantido, mas com mudanças – e a limitação das compensações tributárias.

“Cumprindo o arcabouço fiscal, a mudança da meta para 0,25% não representa muita coisa. O que ainda precisamos saber é qual o efeito do aumento de receitas para 2025", diz o deputado Mauro Benevides Filho (PDT-CE), escolhido como vice-presidente da comissão mista que vai discutir a reoneração. “Há um efeito de curto prazo do que o Congresso aprovou muito mais forte para 2024 e muita gente acha que isso não passaria para 2025 no mesmo patamar. Vai depender muito do crescimento econômico.”

A agenda de aumento de arrecadação perdendo forças é um sinal de obstáculo para o cumprimento do arcabouço fiscal, aprovado em 2023. Com aumento real de despesas previsto pela regra fiscal todos os anos, o governo precisa aumentar a arrecadação para sustentar as contas públicas. O arcabouço determina que a despesa pode crescer 70% do aumento da receita, num intervalo entre 0,6% e 2,5% acima da inflação

“Acabou a fase de conseguir receitas fáceis em grandes volumes. Tudo que está na mesa vai ser um punhado. Para fazer a diferença na balança, só quando colocar a gestão e o corte das despesas”, afirma o economista-chefe da Reag Investimentos, Marcelo Fonseca.

O Estado de S.Paulo - SP   15/04/2024

O País precisa ver onde errou para conseguir voltar a ser a sexta maior economia do mundo, afirmou nesta sexta-feira, 12, o presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva. Ele afirmou ter orgulho de dizer que o Brasil viveu o melhor momento da indústria automobilística durante seus mandatos, mas salientou que não consegue entender a evolução do cenário do setor.

“Quando eu deixei a presidência, a última conversa que eu tive com a Anfavea era de que em 2015 estaríamos produzindo 6 milhões de carros. Estamos em 2024 e estamos produzindo quase metade do que produzíamos em 2010. Quem errou?”, questionou. “Foram vocês que desconfiaram do Brasil ou o Brasil que deixou de fazer o que deveria ser feito?”

Na inauguração da nova sede da Anfavea, em São Paulo, o presidente defendeu que é preciso “andar para frente sem olhar para trás” e que o governo tem compromisso com “tecnologia nova, inovação, geração de empregos, aumento da massa salarial, e, portanto, com a venda de mais produtos e mais exportação.”

Lula ainda afirmou que é preciso que o País aprenda ser grande e vá ao exterior vender produtos. “Fico imaginando como os vizinhos do Brasil compram um carro de 12 mil quilômetros de distância enquanto estamos aqui”, disse.

Ele prometeu apoio em “tudo o que for necessário” ao crescimento da indústria, mas também cobrou ajuda do setor produtivo na tramitação da agenda econômica do governo no Congresso.

“Da nossa parte, da parte do governo, não faltará dedicação e apoio para fazer o que precisar ser feito no Congresso Nacional”, disse Lula, pedindo apoio dos empresários ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

“Vocês podem ajudar. Agora, na reforma tributária, cada um de vocês conhece lá, um deputado, quatro deputados. Não vai deixar o Haddad sozinho. Vocês têm de conversar com os deputados: ‘vamos votar isso que é bom para o Brasil, que é bom para o emprego, que é bom para a indústria automobilística’. É um compromisso de todos nós com o País”, frisou Lula aos representantes das montadoras, quando o governo está prestes a enviar a regulamentação da reforma tributária ao Legislativo.

Num discurso feito de improviso, o presidente assegurou compromisso com tecnologia nova, inovação, geração de emprego, aumento da massa salarial, vendas internas e exportações. Em contrapartida, também pediu à indústria de veículos, setor que recebeu mais de R$ 19 bilhões em incentivos fiscais no programa Mover, a retomada do Salão do Automóvel. “O que quero pedir como contrapartida é pouco.”

Segundo Lula, o Brasil tem uma chance extraordinária e inédita de se transformar em uma grande potência econômica. Após reclamar do baixo número de acordos comerciais do País, o presidente expressou uma visão de política comercial focada em mercados compatíveis com os produtos feitos no Brasil, ao invés das economias mais desenvolvidas. “Não vamos exportar a países ricos, precisamos procurar mercados que precisam do Brasil.”

Por fim, ao concluir sua fala, Lula disse que, se a Anfavea, o grupo das montadoras de veículos, estiver disposta a apoiar o governo, haverá uma parceria. O presidente encerrou o discurso manifestando o desejo de voltar a se encontrar todos os anos com o setor para dizer que “valeu a pena o Brasil voltar a acreditar na indústria automotiva”.

MINERAÇÃO

IstoÉ Dinheiro - SP   15/04/2024

A Vale informou nesta sexta-feira, 12, que realizou as obras de correção da anomalia anteriormente identificada em um dos dispositivos de drenagem da barragem Forquilha III, localizada na mina de Fábrica, em Ouro Preto, em Minas Gerais. Em comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a empresa diz que conforme planejamento apresentado à empresa de auditoria que assessora o Ministério Público de Minas Gerais e demais autoridades, foi restabelecida a função de drenagem do dispositivo, eliminando a passagem de sólidos.

Ainda segundo a Vale, representantes da Agência Nacional de Mineração (ANM) inspecionaram o dreno e certificaram a realização da operação.

“A companhia continuará monitorando a estrutura permanentemente, assim como a efetividade da solução implantada, e empreendendo todos os esforços para avançar na descaracterização e na redução do nível de emergência da barragem Forquilha III”, afirma a empresa.

Investing - SP   15/04/2024

Os contratos futuros de minério de ferro registraram nova alta nesta sexta-feira e caminhavam para fechar a semana com ganhos, graças à perspectiva de demanda mais positiva na China, maior mercado consumidor do minério, e à melhora dos fundamentos no curto prazo.

O contrato de setembro do minério de ferro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) da China encerrou a sessão do dia com alta de 3,12%, a 843,5 iuanes (116,57 dólares) a tonelada, o maior valor desde 26 de março. O contrato registrou a quinta sessão consecutiva de ganhos, e encerrou com aumento de 9,3% em base semanal.

O minério de ferro de referência de maio na Bolsa de Cingapura subiu 2,89%, para 111,35 dólares a tonelada, o maior valor desde 11 de março e um aumento de 6,8% até agora nesta semana.

A produção média diária de metais quentes subiu 0,5% pela segunda semana, para 2,25 milhões de toneladas, em 12 de abril, enquanto os estoques de minério de ferro nos principais portos cresceram 0,2%, para 144,87 milhões de toneladas, segundo uma pesquisa da consultoria Mysteel.

"A produção de metais quentes provavelmente aumentará continuamente nas próximas semanas e esperamos que os estoques de minério no porto caiam para uma mínima de cerca de 130 milhões de toneladas no segundo trimestre", disseram analistas da Galaxy Futures em uma nota.

O progresso mais rápido do que o esperado em um plano prometido de atualização de equipamentos também estimulou o sentimento e apoiou os preços.

A China concederá forte financiamento para as empresas envolvidas no programa de atualização de equipamentos e troca de bens de consumo, disseram autoridades do governo na quinta-feira, a mais recente tentativa de estimular a demanda doméstica.

As importações de minério de ferro da China em março aumentaram cerca de 0,5% em relação ao ano anterior, mostraram dados da alfândega na sexta-feira, com a expectativa de um aumento da demanda após o feriado do Ano Novo Lunar, quando as siderúrgicas normalmente aumentam a produção.

Valor - SP   15/04/2024

Mercado alega que a falta de estrutura da Agência Nacional de Mineração (ANM) atrasa projetos

As empresas de pesquisa mineral defendem o fortalecimento da Agência Nacional de Mineração (ANM) como forma de reduzir os gargalos na concessão de licenças para pesquisa e lavra. Criada pela Lei 13.575 de 2017, a agência substituiu o antigo Departamento Nacional de Pesquisa Mineral (DNPM), mas tem sido alvo de críticas do setor pela demora na análise de processos.

A maior crítica se refere à demora nas respostas às devoluções de áreas após as pesquisas minerais.

Quando uma empresa entra com um pedido na agência para pesquisa de lavra e essa pesquisa é autorizada, a companhia passa a ter exclusividade sobre a região delimitada. Quando essa pesquisa não encontra reservas economicamente viáveis, ela devolve a área para agência.

Mas o mercado alega que a falta de estrutura da ANM causa uma demora na devolução dessas regiões. Como resultado, o balanço do processamento, alegam os críticos, é sempre deficitário.

Luís Maurício Azevedo, presidente da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa Mineral e Mineração (ABPM), ressalta que esse problema surgiu após a criação da agência, que lida hoje com mais camadas de exigência ligadas à área ambiental do que o antigo DNPM.

“Adquirimos o problema do engessamento do setor mineral na disponibilização das áreas”, frisa. “Esse é um problema muito grande que a gente imaginava que funcionaria porque a gente achava que a agência teria agilidade”, acrescenta Azevedo, que também é vice-presidente do Comitê temático de mineração (Comin) da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Azevedo afirma que há necessidade de mais verbas e mais pessoal para o melhor funcionamento da agência, que nos últimos anos “foi tomada em determinado momento a resolver o problema das barragens”. “Infelizmente [a agência] sofre com problema de esvaziamento do quadro, falta de recursos financeiros, falta de recursos técnicos e isso inibe a capacidade dela de dar resposta para a sociedade”.

Para Azevedo, esse “engessamento” afeta as grandes empresas ao impedir que elas expandam a produção de forma mais significativa e tem, sobre as pequenas companhias, o efeito de sufocamento, uma vez que muitas mineradoras operam com apenas um projeto.

Procurada, a ANM informou que, mesmo diante de carência de estrutura, orçamento e pessoal, tem “envidado esforços” para cumprir sua missão institucional. “Em 2023, o órgão conseguiu alguns resultados importantes, apesar da greve dos servidores por equiparação salarial com as demais agências. Entre os destaques está a força-tarefa para construção de regulamentação e distribuição da Compensação Financeira pela Exploração Mineral (CFEM) a municípios afetados no tempo recorde de três meses”, diz a nota enviada pela agência, que ressalta ainda que, pelo segundo ano consecutivo, teve resoluções selecionadas entre boas práticas regulatórias do governo federal, com destaque para as resoluções que tratam de segurança de barragens de mineração e de aproveitamento de rejeitos e estéreis.

“Com a devida estruturação, a ANM pode ter resultados mais expressivos. Atualmente, opera com um quadro composto por 659 servidores, defasado em 70% do previsto em lei, que é de 2.121 cargos”, afirma a agência, que acrescenta que o déficit é maior nas áreas responsáveis pelas atividades de outorga de títulos minerários para pesquisa e lavra e nas de fiscalização da produção e de pagamento de royalties.

Outras áreas estratégicas que possuem quadro reduzido, segundo a ANM, são as áreas de tecnologia da informação e a administrativa, que dão suporte às principais atividades da agência e potencializam as ações de modernização e inovação.

Segundo a autarquia, sua capacidade orçamentária precisa ser ampliada para suportar a realização das atividades. Essa recomposição do orçamento da agência pode ser feita via descontingenciamento dos 7% do total arrecadado pela CFEM, previsto na Lei 8.001 /1990, que estabelece os percentuais de distribuição dos royalties da mineração, acrescenta.

Valor - SP   15/04/2024

Preços da commodity tocaram a mínima em quase 11 meses no mercado à vista no início de abril, mas já retomaram o nível de US$ 112 por tonelada

Os preços do minério de ferro exibiram trajetória de montanha-russa nas últimas semanas. Oscilando junto com as incertezas relativas à economia chinesa — a China é a maior consumidora mundial da commodity — e as notícias sobre a crise no setor imobiliário local, as cotações tocaram, no início do mês, o menor nível em quase 11 meses no mercado à vista, de US$ 98,30 por tonelada. Na sexta-feira, já haviam retomado a marca de US$ 112 por tonelada, segundo índice Platts, da S&P Global Commodity Insights, com ganho acumulado de 9% em abril.

“Estamos acompanhando a evolução do setor de incorporação imobiliária na China, que segue sem dar tantos sinais positivos. Mas, mais recentemente, o setor de manufatura deu mostras de recuperação, com alguma melhora do PMI [índice de gerente de compras] na última leitura”, diz o analista Daniel Sasson, do Itaú BBA.

Daniel Sasson, do Itaú BBA: Desequilíbrio entre oferta e demanda deve pressionar preços do minério em 2024 — Foto: Claudio Belli/Valor

O setor de construção é responsável por cerca de 30% a 40% do consumo de aço na China, portanto um forte indutor da demanda de minério. Em 2024, segundo a mais recente projeção da Associação Mundial do Aço (World Steel Association), o consumo de produtos siderúrgicos no país asiático deve permanecer estável em relação ao ano passado, com as perdas no setor imobiliário compensadas pela maior procura de aço em infraestrutura e dos setores industriais.

Apesar da recuperação recente, o minério com teor de 62% de ferro ainda exibe desvalorização importante em 2024, de cerca de 20%. E até o momento não há indícios de que essa baixa possa ser zerada. Pelo contrário. Para o restante do ano, a expectativa do Itaú BBA é que os preços da commodity variem entre US$ 100 e 110 por tonelada

Em relatório recente, a equipe de analistas liderada por Sasson e a analista de macro Laura Pitta apontaram que o desequilíbrio entre oferta e demanda deve pressionar os preços, resultando em cotação média anual de US$ 110 por tonelada, contra US$ 120 por tonelada em 2023. A revisão do preço estimado para 2024 implica em preço médio de US$ 105 por tonelada entre o segundo e o quarto trimestres.

Segundo o banco, a demanda deve recuar no ano, em meio à queda estimada de 1,5% na produção chinesa de aço e ao maior uso de sucata ferrosa no processo produtivo. Ao mesmo tempo, a oferta da commodity deve crescer levemente, com o início de operação do projeto Simandou, o maior do mundo, pela Rio Tinto.

Do lado da sucata, os analistas do Itaú BBA lembram que a China pretende aumentar seu uso com vistas ao cumprimento de metas ambientais e à diminuição da dependência do minério importado. No curto prazo, contudo, o efeito sobre a demanda da commodity parece limitado.

Já em relação a Simandou, a leitura é que o projeto deve levar a uma “disrupção” na indústria de mineração dados sua dimensão, de 120 milhões de tonelada por ano, e o teor de 65% de ferro. Mas ainda há desafios de infraestrutura a superar.

O Itaú BBA estima a entrada de mais de 100 milhões de toneladas nos próximos cinco ou seis anos, o que pode levar a um ambiente de “sobreoferta estrutural, potencialmente pressionando os preços” do minério. “Por ora, estamos mantendo nossa estimativa de longo prazo de US$ 80 por tonelada em termos reais (equivalente a US$ 90 por tonelada em termos nominais em 2030”, escreveram.

AUTOMOTIVO

IstoÉ Dinheiro - SP   15/04/2024

Há dois anos na presidência da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Márcio de Lima Leite tem o que comemorar. Somente nos três primeiros meses deste ano, as principais indústrias do segmento já se comprometeram a investir mais de R$ 123 bilhões no País. Além disso, a primeira semana de abril de 2024 é a melhor para o mês desde 2014. Os dados de março da indústria automobilística dão suporte ao otimismo do setor. A produção de 195,8 mil veículos foi a melhor em quatro meses e superou em 3,2% o volume de fevereiro. No acumulado do 1º trimestre, 538 mil unidades deixaram as linhas de montagem, 0,4% a mais que no mesmo período do ano passado. Já nas vendas internas, a média diária foi de 9,4 mil unidades em março, uma alta de 7,9% em relação a fevereiro e 8,5% sobre março de 2023. No ano, a média diária de emplacamentos já é 12,6% superior à do primeiro trimestre de 2023. Em entrevista à DINHEIRO, o presidente avalia que os próximos meses devem ser marcados pelo aumento contínuo na produção, e 2024 deve fechar com 6% de aumento em relação ao ano passado – indo de 2,3 milhões de automóveis em 2023 para 2,47 milhões projetados para este ano.

DINHEIRO – Nesses quase dois anos à frente da Anfavea, quais foram as principais conquistas da indústria?
MÁRCIO DE LIMA LEITE – A gente vive um bom momento. O que queríamos desde o início era que o governo tivesse previsibilidade, e até agora está acontecendo. A Anfavea está com uma relação mais próxima do governo. Independentemente de partido, temos que trabalhar juntos para o País crescer e gerar empregos. Nós também podemos celebrar a política que batalhamos para definir as regras de importação de veículos de novas tecnologias, como híbridos e elétricos, que tinham uma alíquota de 0%, ou seja, muito aberto para importações e gerando zero investimentos, pois ninguém investiria em um país que não cobra tarifa para importar. A primeira coisa foi a mudança nessa regra, que foi uma grande conquista do setor. Concomitante a isso, também celebramos o Marco Legal das Garantias (sancionado pelo presidente Lula no ano passado), possibilitando que um bem possa ser utilizado como garantia em mais de um empréstimo, a redução no spread bancário e maior agilidade na recuperação dos itens, o que representa oferecer um crédito mais barato ao consumidor.

O sr. citou o Programa Mover na apresentação dos resultados. O que pode avançar com ele?
Também ficamos muito satisfeitos com a assinatura do decreto do Programa Mover [Programa de Mobilidade Verde] no mês passado pelo governo federal. Foi o resultado de muitas sugestões da nossa parte, além da academia e do setor de autopeças. Temos a certeza de que estamos diante de um programa que será referência para o mundo em termos de descarbonização, com a liberdade de escolha para os consumidores, que poderão optar pela rota tecnológica mais interessante às suas necessidades. Após essas medidas, foram R$ 123 bilhões de investimentos anunciados, o maior montante da história. Então vejo como um momento muito importante, pois o setor foi ouvido e conseguiu alguns reconhecimentos relevantes do papel da indústria automotiva no PIB brasileiro.
“Precisamos de uma indústria local de semicondutores, pois a crise está superada neste momento, mas o Brasil continua dependente, o que não é bom’’

A crise na cadeia de semicondutores já foi superada?
Sim, ela foi superada e está 100% equacionada, no entanto, esse é um ponto que a gente precisa desenvolver no País. Precisamos de uma indústria local de semicondutores, pois a crise está superada neste momento, mas o Brasil continua dependente, o que não é bom. Por isso, estamos conversando muito com o governo, isso faz parte da nossa agenda, a necessidade de avançarmos com a indústria. O terremoto que ocorreu em Taiwan, por exemplo, já exige da gente algum grau de preocupação, tamanha a dependência.

Vemos um crescimento da produção de veículos nos últimos anos, mas ainda estamos longe do recorde da indústria, do ano de 2013, com 3,7 milhões de veículos fabricados. Existe uma projeção para superar essa meta?
Nós estamos apresentando crescimento constante. Esse primeiro trimestre foi 12% superior ao ano passado. A primeira semana de abril foi a melhor desde 2014. Tem crescido bastante, mas o número de 2013, de 3,7 milhões, ainda vamos demorar para alcançar. No entanto, nós trabalhamos com um número mágico, que é de produzir 3 milhões de unidades. Esse número nós acreditamos que iremos alcançar em dois anos.

Como estão as vendas de veículos pesados e agrícolas?
Em ônibus há uma expectativa de alta com a retomada do programa Caminhos da Escola, do governo federal, que visa comprar ônibus escolares novos. Além disso, como estamos em ano de eleição, as renovações de frotas das cidades tendem a aumentar. Nos caminhões e máquinas agrícolas, apesar de uma projeção de queda na safra de soja, isso não será suficiente para impactar as vendas. Nesse segmento nós estamos otimistas com a Agrishow e as feiras do setor agropecuário, que sempre impulsionam as vendas desses produtos.
“O Brasil precisa alavancar as exportações, precisamos ter mais acordos bilaterais, com a América Latina e outros países. É um trabalho que o setor precisa fazer junto ao governo. É o nosso grande calcanhar de Aquiles’’

No 1º trimestre houve um aumento nas vendas (9,1%), mas a alta da produção não ocorreu na mesma intensidade (0,4%). O que aconteceu?
Apesar de o mercado ter crescido, a produção não acompanhou o mesmo ritmo em função da alta nas importações. Foram 25 mil unidades importadas no período. Além disso, as exportações tiveram queda de 28%, sendo 30 mil carros exportados a menos. A produção brasileira foi impactada em quase 60 mil unidades, mas como ela cresceu 10%, teve um efeito quase neutro de 0,5%. Nosso desafio é fazer crescer o mercado interno, ampliar exportações e olhar com cuidado para importações, que trazem consigo tecnologia, mas que não podem impactar nos nossos empregos. Quando a gente fala da atenção para as importações, é porque na produção estão os empregos. Quando falamos que a produção não cresceu tanto, apesar do mercado ter crescido, alguém supriu essa demanda. A grande questão é que nós precisamos monitorar a todo momento a entrada de produtos de fora do Brasil, que acabam impactando direto as nossas produções locais.

A Anfavea estima quantos empregos novos gerados pela indústria nos próximos anos?
Não temos esse número. O que nós temos são 1,2 milhão de pessoas empregadas em toda a cadeia da indústria. Para cada emprego direto, geramos de 10 a 11 indiretos. Somente agora, neste mês, geramos 700 empregos diretos, o que equivale a cerca de 7 mil postos gerados em um mês. É um efeito multiplicador.

Está havendo alguma dificuldade de liberação de importados?
Houve uma mudança na sistemática de liberação por parte dos órgãos ambientais e isso tem ocasionado um pouco mais de demora nas liberações. Tanto é que hoje nós temos 25 mil veículos aguardando liberação, um prejuízo para o mercado. E tem a demora para importar peças. Isso é um assunto que estamos procurando entender melhor. Os elétricos não sofrem com isso, pois não existem as mesmas restrições ambientais, então a importação é mais rápida do que a de híbridos e carros a combustão. Recentemente fomos acionados porque o Mercosul está começando a discutir essa maior lentidão na liberação das importações pelo Brasil. O fluxo vindo da Argentina está sendo tratado com maior lentidão, causando um tratamento mais moroso por parte deles também. Fazendo essa pergunta na Argentina, sim, isso impacta para eles, que começam a se perguntar se isso não agride a regra do Mercosul. Então queremos ver uma forma de termos uma liberação mais ágil, principalmente para o que está no âmbito do mercado sul-americano.

Falando nos elétricos, o início da produção da BYD no Brasil vai gerar um impacto positivo forte na produção nacional e na redução da importação?
Sem dúvida, hoje os maiores volumes de importações são das empresas que estão vindo para produzir no País, o que é algo muito positivo. Temos esse crescimento nas importações, mas que logo será substituído pela produção local.

E as exportações, por que estão caindo?
Esse é o nosso grande calcanhar de Aquiles. O Brasil precisa alavancar as exportações, precisamos ter mais acordos bilaterais, com América Latina e outros países. Esse é um trabalho que o setor precisa fazer junto ao governo, pois vivemos um momento de forte queda em relação a nossa média histórica. O México vive um grande momento e é nosso maior destino de exportações, compensando em parte as perdas nas vendas para outros países historicamente parceiros. A Argentina, que sempre foi nossa maior parceira, vive um momento de transição, com mudanças estruturais sendo realizadas, mas é um país que, sem a menor sombra de dúvida, está encontrando seu caminho. Acredito que em breve nossas exportações para eles terão um fluxo maior.

Pretendem expandir as exportações para outros países além da América Latina?
Há sim um trabalho na busca de novos mercados, não há dúvidas sobre isso, inclusive com o governo brasileiro, ter um foco nesses países também, apresentar o que o Brasil tem de melhor e a possibilidade de exportações. Há essa busca constante de novos mercados.

O Salão do Automóvel, que aconteceu pela última vez em 2018, vai voltar a acontecer em 2024?
Está caminhando bem. O problema das importações, toda vez que tem alguma instabilidade, ou algum fluxo, acaba tendo algum impacto nos custos do evento, pois tem toda uma logística complexa para trazer veículos para um evento desse tipo. E o que nós temos visto ao longo dos últimos meses tem causado um certo incômodo, mas não o suficiente para impedir a realização do evento.

Como o sr. enxerga o futuro do mercado de carros no Brasil? As ruas serão dominadas pelos elétricos, híbridos, flex?
As ruas do Brasil serão ecléticas. Um dos grandes méritos do Programa Mover é incentivar a descarbonização, independentemente da rota tecnológica, algo que não ocorre em outros países. No Brasil, o consumidor terá liberdade de escolher entre veículos elétricos, híbridos, híbridos plug-in, a etanol, no caso de pesados a GNV, biometano ou a qualquer outra tecnologia que surja com o objetivo de neutralizar a pegada de carbono. Caberá a cada fabricante calibrar suas estratégias de motorização às demandas de seus clientes.

Valor - SP   15/04/2024

Ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ministros, o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Márcio de Lima Leite, apontou sindicalistas e governadores como participantes do processo que tem levado a indústria automobilística a programar novos e robustos investimentos no país.

Em relação aos sindicalistas, o dirigente disse que “empresários e trabalhadores dialogam, mas não estão em lados opostos para se autodestruírem”. Segundo ele, ambos os lados “devem se unir para brigar pela competitividade”.

Já em relação aos governadores, o presidente da Anfavea citou alguns nomes dos que governam Estados onde há fábricas de veículos. Mas na menção inicial citou só nomes da oposição ao governo.

Momentos depois, ele retomou o microfone para fazer “uma homenagem às mulheres” e citou a governadora Raquel Lyra, de Pernambuco, Estado onde fica uma das maiores fábricas de veículos do país, da Stellantis.

Ainda em relação aos sindicalistas, Leite aproveitou a presença do presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Moisés Selerges, amigo próximo de Lula, para elogiar sua atuação na entidade. “Quantas madrugadas passamos discutindo acordos de trabalho; aquilo nos ensinou muito”, disse o presidente da Anfavea.

Em seguida, Leite conclamou não apenas governadores e sindicalistas, mas o Congresso e o STF para juntar esforços para o crescimento do país.

Lula ganhou da Anfavea uma placa comemorativa da inauguração da nova sede, em São Paulo. A entidade também preparou um vídeo mostrando fotos da trajetória do presidente da República, com destaque para os tempos de sindicato, nas portas de fábrica como sindicalista e, depois como chefe de Estado. E por fim, imagens que vinculam sua história ao setor.

Selerges destacou “a importância da Anfavea” na construção da indústria automobilística no país. Citou os acordos governamentais voltados ao setor, como a Câmara setorial, de 1991, cuja elaboração incluiu os representantes dos trabalhadores.

Lula e o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite — Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

Valor Investe - SP   15/04/2024

Ele destacou o ambiente macroeconômico como estímulo à indústria automobilística, que tem feito seguidos anúncios de novos ciclos de investimentos no país

Durante visita à nova sede da Anfavea, em São Paulo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou a nova onda de investimentos das montadoras no país, que, segundo ele, chegarão a R$ 125 bilhões até 2032.

Lula destacou o ambiente macroeconômico como estímulo à indústria automobilística, que tem feito seguidos anúncios de novos ciclos de investimentos no país.

“Aconteceu alguma coisa”, destacou. “A indústria passou a ter confiança no Brasil, a acreditar, a ter segurança jurídica, estabilidade econômica e social. É tudo o que interessa para quem quer investir e trabalhar”, completou.

O presidente da República também elogiou o papel dos sindicatos nesse processo e previu um bom relacionamento entre o setor e as entidades sindicais. “Pena que eu não estou mais no sindicato”, disse.

Lula estava acompanhado do vice Geraldo Alckmin, também à frente do Mdic, e dos ministros Fernando Haddad, da Fazenda, Ricardo Lewandowski, da Justiça e Segurança Pública, e Alexandre Padilha, de Relações Institucionais.

Esforços do governo para o crescimento

O presidente Lula ainda afirmou que "não há possibilidade de o governo não estar disposto a fazer tudo que for necessário para voltar a crescer".

"Temos de ver onde estamos errando [e corrigir] para voltar à 6ª economia do mundo que já fomos", disse.

Dirigindo-se a alguns de seus ministros, Lula disse que eles precisam "fazer com que o trabalhador possa ganhar um pouco mais para comprar o carro".

"Tem mercado que a gente pode ganhar e competir e tem o nosso mercado interno”, afirmou. "Temos de ter consciência de produzir carro que possa ser consumido pelo trabalhador", acrescentou.

Lula disse querer que a indústria automobilística no Brasil seja "grande" e que, "obviamente, a gente quer que ela exporte". "Precisamos procurar os mercados que precisam do Brasil", disse.

Lula também afirmou que "o Brasil está necessitando de um pouco de calma", dizendo que o mesmo vale para o mundo em geral. "Não temos nada contra nenhum país, adoro a União Europeia, quero fazer acordo com todo mundo", disse.

Conteúdo originalmente publicado pelo Valor PRO, serviço de notícias em tempo real do Valor Econômico

Valor - SP   15/04/2024

Presidente comemorou que o setor automotivo tem cerca de R$ 111 bilhões de investimentos previstos para o país

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, comemorou nesta sexta-feira que o setor automotivo — que, segundo ele, não anunciava investimentos relevantes no país havia décadas — tem cerca de R$ 111 bilhões previstos para o país.

“Hoje à tarde, vou na Anfavea [Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores], em São Paulo, e eles vão anunciar até 2028 investimentos de mais de R$ 111 bilhões neste país”, disse Lula durante participação em evento no frigorífico JBS, em Campo Grande (MS).

O presidente possivelmente se refere aos R$ 110,85 bilhões já anunciados pelas montadoras para a década, segundo levantamento realizado pelo Valor. Lula é esperado para a inauguração da nova sede da Anfavea, em São Paulo, nesta sexta.

Ele lembrou que, quando saiu de seu segundo mandato, em dezembro de 2010, o país vendia 3,8 milhões de carros por ano. “Quando voltei agora, esse país vendia 1,9 milhão por ano, a metade. Agora, já recuperamos para 2,3 milhões e vamos chegar aos 3,8 milhões de novo”, afirmou.

Segundo ele, o setor automotivo entrou em um momento mais favorável, assim como o que tem acontecido com frigoríficos como a JBS, que anunciou durante o evento de hoje um aporte de R$ 150 milhões em uma unidade de Campo Grande (MS) no segmento de carne bovina. Após expansões, a planta se tornará a maior do segmento na América Latina.

O evento marcou o primeiro embarque de carne desta unidade para a China, após habilitação das autoridades chinesas oficializada no mês passado.

Relacionando com o setor automotivo, Lula ressaltou que os investimentos ocorrem depois que “nossos amigos chineses resolveram vir para a Bahia produzir carros elétricos”.

O Estado de S.Paulo - SP   15/04/2024

Fabricantes de automóveis e seus fornecedores de peças estão se movimentando para trazer ao Brasil linhas de produção substituídas no exterior por montadoras que migraram para os carros elétricos. São linhas incompatíveis com a nova tecnologia, mas que têm utilidade para a indústria automotiva brasileira, que, em maior parte, não vai abandonar tão cedo os sistemas de propulsão convencionais.

A avaliação é que os equipamentos industriais aposentados em mercados que estão mais avançados na transição tecnológica oferecem ao Brasil a oportunidade de, a um custo mais baixo, melhorar a produtividade das fábricas de carros, assim como nacionalizar componentes hoje importados.

A lista inclui sistemas eletrônicos dos quais dependem a conectividade, a segurança e a própria eletrificação dos automóveis. Por exemplo, os carros híbridos, tecnologia que está sendo adotada em maior escala no Brasil, contam com uma central eletrônica para gerenciar o funcionamento dos dois motores, um elétrico e o outro a combustão interna.

Além das tendências tecnológicas, a transferência de linhas permitiria a produção nacional de dispositivos já com larga adoção pelas montadoras brasileiras, mas ainda importados. É o caso do câmbio automático, presente em 67% dos carros vendidos no País, segundo dados da consultoria Bright Consulting.

A importação de linhas desativadas em outros países não é uma novidade. Porém, passou a receber maior interesse após ser incluída no rol de projetos incentivados pelo governo federal no Mover, como foi batizado o programa de apoio à indústria de mobilidade lançado no fim do ano passado.

Pelo programa, montadoras ou fornecedores de peças, com projetos habilitados, receberão créditos financeiros na importação das linhas, correspondentes ao imposto de importação, e nas exportações dos produtos fabricados pelas linhas transferidas - neste segundo caso, o crédito é correspondente aos tributos incidentes sobre o lucro dos produtos exportados.

O benefício vale na relocalização desde células de produção a unidades industriais inteiras. No total, incluindo incentivos à pesquisa e desenvolvimento para a evolução tecnológica dos carros produzidos no Brasil, o Mover prevê, até 2028, R$ 19,3 bilhões em créditos financeiros, que podem ser usados no pagamento de impostos federais. Na esteira do programa, os investimentos anunciados pela indústria de automóveis, entre ciclos novos e ampliados, passam já de R$ 100 bilhões.

Mais barato e rápido

Antes mesmo de o governo abrir a habilitação ao Mover, em portaria editada duas semanas atrás, as empresas já faziam cálculos do custo de transferir linhas desmontadas, principalmente, na Europa, onde carros movidos a combustíveis fósseis devem sair de linha até 2035.

Sócio-diretor da Pieracciani, uma consultoria especializada em inovação, que vem sendo procurada por empresas interessadas em aproveitar os incentivos do Mover, Francisco Tripodi diz que simulações apontam para uma diferença de 50% entre transferir uma linha desativada na Europa e o custo de investir em equipamentos totalmente novos.

“Pensando que muitas vezes essa operação será feita dentro de um mesmo grupo - como, por exemplo, uma filial no Brasil que vai trazer uma linha não mais usada pela matriz na Alemanha -, o único gasto é de transferir a linha”, comenta Tripodi. Segundo ele, um dos objetivos da indústria é substituir as linhas atuais por outras mais modernas.

Uma das montadoras que confirmam, reservadamente, estudos para importar linhas de produção conta que outra vantagem é ganhar tempo. Como os equipamentos já estão à disposição, sua instalação é mais rápida se comparada ao prazo de entrega de máquinas completamente novas.
Governo vai levar em conta produção e emprego para liberar importação

Os critérios a serem observados pelo governo na concessão do incentivo à importação de linhas de produção ainda serão definidos nas portarias e decretos a serem editados na regulamentação do Mover, o novo regime automotivo. O ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) já adianta, no entanto, que será levado em conta o valor do investimento, assim como seu impacto no emprego, o volume de produção pretendido e a expectativa de exportação.

Procurado pelo Estadão/Broadcast, o ministério respondeu que a intenção é atrair linhas de produção que começam a ser desmontadas no Hemisfério Norte, gerando no Brasil emprego, renda, transferência de tecnologia e aumento de competitividade.

Conforme a pasta, componentes como a caixa de câmbio com transmissão automática deixarão de ser usados onde a eletrificação avança mais rapidamente, mas continuarão sendo necessários no Brasil e vários outros países, sobretudo no mercado de reposição de peças.

Ganho tecnológico

Para Ricardo Bastos, diretor de assuntos institucionais da GWM, é possível pensar em trazer linhas que forem renovadas pelas montadoras de carros elétricos na China, onde a escala de produção, 12 vezes superior a do Brasil, permite absorver mais rápido os investimentos pesados em equipamentos novos. A montadora chinesa está prestes a começar a produzir carros híbridos na fábrica adquirida da Mercedes-Benz em Iracemápolis, no interior de São Paulo.

“Não temos esse projeto no momento, mas é uma alternativa importante, sim, para a GWM e seus parceiros”, comenta Bastos. “Empresas que têm parcerias com chineses podem ter a oportunidade de fazer a transferência parcial ou completa de linhas, desde que seja compatível com a escala de produção no Brasil”, acrescenta o executivo, que também é presidente do conselho diretor da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE).

Ao prever compromissos com novos investimentos em ativos fixos, trazendo assim oportunidades também para a indústria nacional de bens de capital, o incentivo à transferência de linhas de produção não foi contestado pelos fabricantes de máquinas.

“Lá fora, vão produzir carros elétricos, e vai sobrar equipamentos que o Brasil não tem. É uma oportunidade de trazer equipamentos usados para a produção (no Brasil) de mobilidade verde”, comenta José Velloso, presidente-executivo da Abimaq, a associação da indústria de máquinas e equipamentos. “Entendemos que deve ser para a importação de linhas usadas que estejam intimamente ligadas à mobilidade verde, e que haja ganho tecnológico para o País. Junto com a linha usada, tem de vir a tecnologia”, pondera o representante da indústria de bens de capital.

Na avaliação de Gastón Diaz Perez, CEO na região da Robert Bosch, um dos maiores fornecedores das montadoras, o estímulo à importação de linhas responde ao desafio de tornar viável, em um mercado com a escala do Brasil, a produção do “carro do futuro”, que depende de muita eletrônica. “Já temos algumas linhas localmente, como centrais que controlam os dois motores (de carros híbridos). Mas diversas outras tecnologias de carros elétricos e híbridos não estão disponíveis no Brasil. Aí, sim, existe a possibilidade de trazer linhas para essa produção”, diz Gaston.

FERROVIÁRIO

Infomoney - SP   15/04/2024

Assunto acompanhado com ansiedade pelo mercado financeiro desde o ano passado, o imbróglio envolvendo a renovação antecipada dos contratos de concessão Vale (VALE3) pelas Estradas de Ferro Carajás (EFC) e pela Estrada de Ferro Vitória Minas (EFVM) deverá ter novos capítulos nos próximos dias.

O ministro dos Transportes, Renan Calheiros Filho (MDB), confirmou ao InfoMoney ter recebido, há cerca de 10 dias, uma proposta formal da companhia por um acordo em torno do montante adicional a ser pago à União pelas outorgas. Ele classificou a proposta como “boa” e defende que o governo “faça um esforço”.

“A proposta foi boa. Na minha visão, acho que o governo deveria fazer um esforço no sentido de encontrar um caminho”, disse, sem entrar em detalhes, em entrevista concedida à reportagem na quinta-feira (11), em São Paulo.
“O problema é que a proposta de pagamento tem um espaçamento no prazo. Mas as obras ferroviárias também. E esse prazo não dialoga diretamente com os desafios de governos”, ponderou.

O ministro conversou com o InfoMoney poucas horas antes do primeiro leilão de concessão rodoviária realizada pelo governo em 2024, que envolveu o trecho entre Belo Horizonte (MG) e Juiz de Fora (MG) da BR-040, vencido pela EPR.

Agora superado o leilão rodoviário, Renan Filho pretende reservar agenda na próxima semana para tratar da questão da Vale e chegar a uma posição sobre se o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aceita os termos propostos pela mineradora ou se aciona o Tribunal de Contas da União (TCU) em busca de outros caminhos.

“No entendimento do Ministério dos Transportes, é uma proposta relevante. Principalmente porque eles já tinham o contrato e fizeram essa proposta de maneira adicional, porque demonstramos que, da maneira que tinha sido feito [a renovação antecipada das concessões], não era justo com o país, estava desvalorizando o ativo público federal”, pontuou o ministro.

As declarações foram dadas um mês após Renan Filho dizer, em entrevista ao Broadcast, que o governo estava próximo de alcançar um acordo com a mineradora. Na ocasião, o ministro afirmou que o acordo com a Vale estava “mais adiantado do que se imaginava” e que seria “100% resolvido nos próximos dias”. Na semana passada, a própria Vale divulgou comunicado ao mercado em que informava estar “em discussões avançadas com o Ministério dos Transportes sobre as condições gerais para a otimização dos planos de investimentos” dos contratos de EFC e EFVM.

O governo cobra R$ 25,7 bilhões da Vale por outorgas não pagas na renovação antecipada dos dois contratos ferroviários em 2020, ainda durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O Poder Executivo usa entendimento firmado pelo TCU, de que ativos não amortizados em contrato anterior não poderiam ser abatidos de nova outorga, para reabrir a discussão sobre as duas concessões – sem, contudo, entrar em questões pactuadas nos próprios contratos, segundo o ministro.

“Com os parâmetros estabelecidos lá [no contrato], o valor da outorga a ser pago [pela Vale] por Carajás, por exemplo, seria R$ 19 bilhões. Só que a Vale disse que tinha R$ 18,4 bilhões aproximadamente de ativos não amortizados investidos na ferrovia, que teriam que ser amortizados até o final do prazo de 30 anos. Como ela tinha esse crédito e teria que pagar a outorga de R$ 19 bilhões, pagou [apenas] a diferença. Mas o TCU decidiu que o ativo não amortizado, em caso de renovação, não pode ser abatido da outorga. Em caso de licitação, sim”, explicou o político.

“Ela (a Vale) desejou renovar a ferrovia, não correu o risco de alguém ganhar Carajás. Ou seja, a outorga, se fosse a leilão, poderia não ter sido R$ 19 bilhões, poderia ter sido R$ 40 bilhões. E aí? Aí o governo recebia e pagava o débito da Vale. Mas, como fizeram um entendimento para não licitar, o TCU disse que o ativo não amortizado, no entendimento de não licitar, não pode ser abatido na cabeça da outorga – ele tem que ser amortizado no novo prazo de 30 anos. Então, em vez de receber o dinheiro à vista, que receberia se perdesse a licitação, ela vai receber aqueles R$ 19 bilhões em 30 anos, no novo contrato, que vai gerar uma nova receita, e paga a outorga à União. Porque, se não, a União daria um duplo benefício: nem paga a outorga, nem disputa a licitação”, argumentou.

“Essa tese ficou com uma clareza tão grande, que a própria Vale resolveu fazer esse entendimento. Por isso é que eles também não podem pagar muito menos do que isso (os R$ 25,7 bilhões pedidos pelo governo)“, continuou.

O ministro sustenta que a construção de um acordo representa um “grande ganho para o País”, mas também seria “excelente” para a Vale. “Se a ferrovia Carajás fosse uma ferrovia greenfield, para ser feita agora, custaria R$ 60 bilhões ou R$ 70 bilhões. Se [a Vale] fosse fazer greenfield por autorização do Brasil, ela o faria pelo prazo de 30 anos. Depois disso, ela volta para o ativo público federal. Então, ela teria que colocar R$ 70 bilhões para ter aquele ativo. Ela vai levar por muito menos do que isso e explorar por 30 anos, sem disputar licitação. E se abrisse licitação e o chinês ganhasse? Ela (a Vale) explora na mina de Carajás e tem que pagar o frete para chegar ao porto O negócio mudaria completamente”, disse.
Impacto fiscal

Antes da Vale, o governo celebrou acordo usando raciocínio similar, com a Rumo (RAIL3), para o pagamento adicional de R$ 1,5 bilhão pela renovação antecipada da concessão da Malha Paulista, e com a MRS, para outros R$ 2,6 bilhões, pela Malha Sudeste. Os recursos têm forte impacto nas expectativas de arrecadação do governo para 2024.

A Lei Orçamentária Anual (LOA) projetava receita de R$ 44,369 bilhões apenas com concessões e permissões – montante que foi ajustado para R$ 31,566 bilhões no Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas Primárias (RARDP) do primeiro bimestre, divulgado em 15 de março pelo Ministério do Planejamento e Orçamento (MPO). Segundo o documento, “o decréscimo ocorreu principalmente nas receitas de renegociação de contratos do setor ferroviário, uma vez que, mesmo sem alteração do valor global dos acordos, pode ocorrer reprogramação do cronograma de pagamentos ao longo de 2024 e 2025”.

“O problema é que houve uma estimativa do estoque possível atingível, e nós vamos ter um pagamento parcelado. Vai haver um impacto fiscal positivo – talvez não do tamanho que foi estimado. Mas há como ensejar uma negociação com a Vale”, disse Renan Filho. Segundo ele, ainda é possível incluir nas tratativas com a mineradora a possibilidade de pagamento à vista das outorgas com desconto.
Negócio da China

Durante a entrevista, Renan Filho também assegurou que o governo do presidente Lula não mexerá em termos de contratos estabelecidos (como estimativas de receitas e taxas de retorno previstas). Mas, quando questionado sobre “valor justo”, o ministro estimou que os 4 projetos (os 2 da Vale e os outros de MRS e Rumo) poderiam valer, somados, cerca de R$ 100 bilhões – mais de 3 vezes acima do que foi pactuado nas renovações.

“Se você tem o custo de oportunidade de R$ 70 bilhões para fazer uma obra, você presume que, em 30 anos, o fluxo de caixa dela será superior aos R$ 70 bilhões aplicados de Capex. Então, se o custo da obra é R$ 70 [bilhões], como a gente faz uma renovação que recebe R$ 19 bilhões? É como se ela fosse um investimento improdutivo. Não há lógica”, disse sobre o contrato das Estradas de Ferro Carajás com a Vale.

No contrato de renovação antecipada, a Vale assumiu compromissos totais estimados em R$ 24,7 bilhões, a serem executados até 2057, sendo R$ 11,8 bilhões para pagamento de outorga. Do montante total, a companhia desembolsaria R$ 9 bilhões com contrapartidas relacionadas às obras da Ferrovia de Integração Centro-Oeste (FICO) no trecho de 383 km de extensão, compreendido entre os municípios de Mara Rosa (GO) e Água Boa (MT), e da entrega de trilhos e dormentes para trecho na Bahia da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (FIOL). Além de R$ 3,9 bilhões com outros compromissos.

Segundo Renan Filho, os números indicam um WAAC (Weighted Average Capital Cost, da sigla em inglês) – jargão utilizado no mercado para se referir à taxa de retorno esperada do investimento – na casa de 12% reais ao ano. O que o ministro considera desproporcional para os riscos baixos envolvidos em uma operação consolidada.

“A Vale paga a tarifa para ela mesma, que é baixíssima, porque é ela que opera a ferrovia. Usaram um WACC para trazer o fluxo de caixa, receitas e despesas a valor presente, de 12% reais. Também não mexi nisso. Ou seja, aceitei que ela desvalorizasse a 12% real meu ativo por ano. Mesmo assim, com essas premissas – tarifa baixa, WACC muito alto para fazer o desconto –, sobraram R$ 19 bilhões [para a Vale pagar na renovação antecipada]. Imagine se colocássemos tarifa justa e WACC compatível. Porque lá é risco baixíssimo. Primeiro, a ferrovia está construída. Segundo, ela já opera há 30 anos, conhece tudo. Então, tem que ser o menor WACC possível. Ela colocou o maior – maior, inclusive, que o da licitação da BR-381 (a chamada “Rodovia da Morte”, em Minas Gerais)”, afirmou.

A reportagem está aberta caso a Vale ou qualquer uma das empresas mencionadas queira se manifestar sobre o assunto.

Rodoviário

Valor - SP   15/04/2024

TCU deve liberar editais para viabilizar a Rota dos Cristais e a Rodovia da Morte para este ano

O Estado de Minas Gerais vive uma onda de novas concessões rodoviárias em estruturação. Entre iniciativas federais e estaduais que poderão sair até o fim de 2025 há cerca de dez projetos em estudo, de blocos de estradas que atravessam o Estado.

Na última semana, o governo federal licitou um trecho da BR-040, entre Belo Horizonte e Juiz de Fora, e já prepara outros dois projetos: a continuação da BR-040, entre a capital mineira e Cristalina (GO), a chamada Rota dos Cristais; e a BR-381, entre a capital e Governador Valadares (MG), conhecida como a Rodovia da Morte.

Os dois editais poderão ser liberados pelo Tribunal de Contas da União (TCU) nos próximos dias e serem licitados ainda neste ano, afirmou o ministro dos Transportes, Renan Filho, na última quinta (11).

Um terceiro trecho da BR-040, entre Juiz de Fora e o Rio de Janeiro, também está em avaliação pelo ministério e poderá gerar tanto uma nova licitação quanto uma repactuação com a atual concessionária, a Concer, controlada pela Triunfo.

“Esse é um trecho que pode ser ou relicitado ou otimizado. Nós estamos na fase final de decisão disso. Depende do entendimento ou não com a empresa, se haverá ou não consenso”, afirmou o ministro.

Ainda entre projetos federais, já foram enviadas à análise do TCU outras duas concessões em Minas Gerais: a BR-262 entre a capital e Uberaba (a Rota do Zebu) e a chamada Rota Sertaneja, que abarca a BR-153 e a BR-262 entre Minas e Goiás.

Do lado estadual, também há uma série de concessões em estruturação. Segundo Pedro Bruno de Souza, secretário estadual de Infraestrutura, Mobilidade e Parcerias, há cinco lotes que deverão ser licitados até o fim do próximo ano.

Três deles estão sendo estruturados em parceria com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES): os lotes Vetor Norte, Zona da Mata Mineira e o Noroeste.

Além disso, o governo pretende publicar ainda neste ano o edital do Lote Mariana-Ouro Preto, para realizar a licitação no início de 2025, segundo o secretário. Há ainda um quinto lote em análise, o Quadrilátero Ferrífero.

Com a leilão da semana passada, a EPR terá que realizar investimentos na ordem de R$ 5,1 bilhões em obras, além de custos operacionais estimados em R$ 3,53 bilhões ao longo dos 30 anos de contrato. O projeto será o segundo contrato federal da companhia, que despontou em 2022 como um novo ator no mercado de concessões rodoviárias e que vem em crescimento acelerado desde então.

NAVAL

Diário do Comércio - MG   15/04/2024

A infraestrutura de portos brasileiros está defasada e não comporta navios produzidos nos últimos anos, que são maiores e demandam mais profundidade no acesso aos terminais para atracarem. É o que apontam representantes e entidades do setor.

Neste mês, a ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), que representa companhias como BRF, Cargill e Seara, afirma ter ido ao Ministério de Portos e Aeroportos pedir obras de ampliação dos calados (profundidade para atracação) nos portos do país.

Ricardo Santin, presidente da entidade, afirma que grandes navios que passam pelo Brasil hoje operam com, somente, 70% de sua capacidade, o que prejudica as exportações. Se transportassem mais contêineres, o peso do navio inviabilizaria sua saída, já que a profundidade é limitada, explica.

“Pelo tamanho dos navios que andam operando no Brasil, que são de 13 mil TEUs [medida que equivale a um contêiner de 20 pés], tem que reduzir de 20% a 30% sua capacidade de uso, senão ele encalha”, diz Santin.

De acordo com um estudo do Centronave (Centro Nacional de Navegação Transatlântica), o país deixa de movimentar cerca de um milhão de toneladas por ano devido à limitação nos calados. A entidade afirma que, em continentes como Europa e Ásia, os portos já têm capacidade para operar embarcações de até 24 mil TEUs.

Para o terminal de Santos (SP), por exemplo, o Centronave afirma ser necessário aprofundar o calado operacional em pelo menos 1,5 metro para que o porto dê conta de receber navios mais novos.

Hoje, o calado operacional do canal do porto organizado de Santos (área na qual os terminais são concedidos a empresas privadas por meio de arrendamentos) é de 13,5 metros na maré baixa e de 14,5 metros na maré alta.

O Centronave afirma que Santos deixa de movimentar, por ano, cerca de 500 mil TEUs, o que representa uma perda de receita de US$ 21 bilhões (aproximadamente R$ 107,5 bilhões) em importações e exportações.

Procurado pela reportagem, o Ministério de Portos e Aeroportos disse que, para atender a demanda de navios mais modernos, o governo federal tem dado atenção especial às concessões dos canais de acesso aos portos do país.

“A concessão vai permitir que se faça o aprofundamento dos canais de acesso para atrair navios maiores e modernos por meio da política pública de fomento da infraestrutura logística brasileira”, escreve em nota.

O ministério cita uma série de concessões previstas para os próximos anos, como a do canal de acesso do porto de Paranaguá, no Paraná. Os estudos para a concessão do terminal estão em fase de ajustes depois que uma audiência pública sobre o processo foi realizada. A expectativa é que o leilão seja realizado ainda neste ano.

Entre 2025 e 2026, estão previstas concessões em Itajaí (SC), Santos, Rio Grande (RS) e Bahia, segundo a pasta.

Segundo Leandro Carelli Barreto, especialista da Solve Shipping, o calado ideal para receber navios mais modernos seria de pelo menos 16 metros com a maré baixa.

Levantamento feito pela consultoria apontou que boa parte dos portos brasileiros ainda estão aquém desse patamar. É o caso dos terminais do Rio de Janeiro, de Santos e de Paranaguá, por exemplo.

“Cada metro de limitação de calado significa 800 contêineres deixados para trás. Isso é carne e celulose que não vai embora. O exportador e o armador perdem dinheiro porque o porto não acompanhou o crescimento dos navios”, diz.

Além do impacto na quantidade de carga exportada, o limite de profundidade nos canais de acesso também impulsiona a emissão de gases de efeito estufa. Em vez de fazer o trajeto uma única vez em um navio maior, o entrave força as empresas a aumentarem o número de viagens, emitindo mais carbono, explica Barreto.

Segundo ele, a expansão dos calados nos portos deve ser acompanhada de outras adaptações que fortaleçam as movimentações de carga. “Os terminais brasileiros precisam de uma combinação de calado com mais berço, pátio, guindaste.” (Paulo Ricardo Martins).

PETROLÍFERO

Petro Notícias - SP   15/04/2024

A PRIO termina a semana com motivos para comemorar. A operadora independente anunciou hoje (12) que recebeu da Câmara de Comércio Internacional (ICC) uma decisão favorável em uma disputa arbitral contra a IBV Brasil. Assim, a PRIO terá direito a 100% do petróleo a ser produzido no campo de Wahoo, na Bacia de Campos.

A ICC disse que não encontrou nenhuma violação contratual por parte da PRIO ou de qualquer uma de suas subsidiárias devido à declaração de operações exclusivas da Wahoo. Assim, a empresa continuará a executar o projeto de forma independente e terá direito a 100% do petróleo produzido.

Para entender a disputa entre PRIO e IBV Brasil, é preciso voltar no tempo. A PRIO havia declarado a comercialidade do campo em dezembro de 2021. A IBV Brasil, que possuía 35,7% de participação no campo, contestou a medida e não quis participar do investimento, alegando que faltavam informações necessárias para o desenvolvimento do ativo.

No início de 2022, a IBV conseguiu na Justiça uma decisão para suspender o processo de declaração de comercialidade do campo de Wahoo. A PRIO conseguiu reverter a medida na 7ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro. Em fevereiro de 2022, as duas companhias decidiram levar a questão de Wahoo para a esfera arbitral.

A descoberta de óleo em Wahoo aconteceu em 2008. O campo fica a cerca de 35 km ao norte de Frade (também operado pela PetroRio), com lâmina d’água de 1.400 metros. Segundo a petroleira, a área conta com 126 milhões de barris recuperáveis de óleo (1C). O Plano de Desenvolvimento do campo pressupõe a interligação de Wahoo ao FPSO de Frade. A ideia da PetroRio é formar um cluster de produção, com o compartilhamento de infraestrutura entre os campos de Frade e Wahoo.

Globo Online - RJ   15/04/2024

O governo Luiz Inácio Lula da Silva quer importar gás natural da reserva de Vaca Muerta, na Argentina, para garantir o abastecimento das indústrias brasileiras e estuda formas técnicas de fazer essa operação. Existe uma forte preocupação em termos de oferta, porque a Bolívia, principal fornecedor, está com uma produção decrescente. Uma das saídas é usar a parte ociosa do Gasoduto Brasil-Bolívia (Gasbol) para trazer o gás argentino.

Hoje, os bolivianos só enviam ao Brasil 15 milhões de metros cúbicos (m3) por dia, quando deveriam entregar 30 milhões m³/dia. E o Brasil tem uma carência no fornecimento. O gás doméstico é caro e insuficiente, na avaliação do governo.

Porém, as duas possibilidades em estudo para trazer ao Brasil o gás argentino dependem da conclusão da segunda parte do Gasoduto Néstor Kirchner, que liga a região de Vaca Muerta, a partir da província de Buenos Aires, até Uruguaiana (RS).

No ano passado, quando o país era presidido por Alberto Fernández, a previsão era que as obras fossem concluídas até o fim de 2024 ou início de 2025. Mas o novo presidente argentino, Javier Milei, ainda não sinalizou se há interesse na obra ou em manter o prazo estimado.

Salto na produção

Dentro do governo Milei, há um grande defensor dessa integração com o Brasil: o ex-embaixador da Argentina em Brasília Daniel Scioli, atualmente secretário de Turismo, Ambiente e Esportes do Ministério do Interior. O Brasil conta com o ex-embaixador para garantir a continuidade da obra. Procurado pelo GLOBO, Scioli não se manifestou sobre a ampliação do gasoduto.

Concluída a segunda etapa do duto argentino, o gás poderia chegar ao Brasil por dois caminhos. O primeiro seria usando uma parte ociosa do Gasbol, inclusive pagando um pedágio aos bolivianos pela passagem. O gás viria ao Brasil por meio de uma conexão entre os gasodutos Norte e Néstor Kirchner.

Maior empresa privada de energia da Argentina e maior produtora privada do gás de Vaca Muerta, a Pan American Energy (PAE) vê como importante os investimentos na ampliação da malha de gasodutos do país vizinho.

Segundo Alejandro Catalano, diretor-geral da PAE no Brasil, o gás de Vaca Muerta, segunda maior reserva de gás não convencional do mundo, tem ainda um grande potencial de crescimento.

Gás chegaria ao Brasil em 2025

Ele lembra que a produção da companhia aumentou de 2,5 milhões m3 por dia em 2015 para 13 milhões m3 cúbicos por dia em 2023. Ao citar a importância da infraestrutura, lembrou que parte da produção já é exportada para o Chile, por meio de quatro diferentes redes de gasodutos.

— A Argentina tem gás competitivo. Tem que ser feita infraestrutura para compartilhar esse gás com a região. Acreditamos que isso vai acontecer. É uma fonte competitiva para a região e a integração dos países. O gás é a ponte para o futuro — afirma Catalano.

Segundo ele, a Argentina tem investido na ampliação da infraestrutura. Ele cita a inauguração da Etapa I do Gasoduto Néstor Kirchner, conectando a região de Vaca Muerta a Saliqueló, na província de Buenos Aires.

Cita ainda a perspectiva de início das obras da Etapa II do gasoduto, de Saliqueló até San Jerónimo, de onde teria de ser feita uma ampliação para levar o traçado até o gasoduto que faz a conexão com a cidade gaúcha de Uruguaiana.

O GLOBO conversou com seis ex-ceos da estatal

Catalano lembra ainda outro investimento importante que será feito este ano: a inversão do Gasoduto Norte na Argentina. Isso permitirá direcionar o gás para a Bolívia, cuja molécula, então, poderá ser integrada ao Gasbol:

— Potencialmente esse gás poderia chegar ao Brasil em 2025. Apesar da complexidade de ter mais países envolvidos, há necessidade de um gás competitivo. Por isso, acreditamos que é possível uma negociação.

A segunda possibilidade seria via Rio Grande do Sul. O gás entraria no estado, mas para isso seria necessário construir um gasoduto de Uruguaiana até Porto Alegre. A obra foi considerada prioritária no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) pelo governador Eduardo Leite.

Inversão do fluxo

Segundo empresas ouvidas pelo GLOBO, o desafio é o investimento necessário para isso. A obra, orçada entre US$ 1 bilhão e US$ 1,2 bilhão, nunca saiu do papel.

A TSB, que opera o trecho de 25 quilômetros que liga a malha argentina até Uruguaiana e o trecho em Porto Alegre, tem como acionistas Petrobras, Ipiranga, Repsol e Total. Cada uma tem 25% da empresa. Procurada, a Petrobras disse apenas que não é a controladora.

Se a ligação entre Uruguaiana e Porto Alegre sair do papel, outra questão importante é que será preciso ajustar o Gasbol. Hoje, o gasoduto é uma “via de mão única”, seguindo do Mato Grosso do Sul em direção ao Rio Grande do Sul. Esse fluxo também teria que subir, passando a levar o gás da Região Sul para cima, para atender Minas Gerais, por exemplo, tornando-se uma espécie de pista dupla.

Um interlocutor do governo comentou que há empresas brasileiras interessadas em fornecer equipamentos, como canos, para a construção do gasoduto na Argentina. Mas, se quiserem realizar a obra, não poderão contar com a ajuda do BNDES, que atualmente só financia produtos e mediante apresentação de garantias. Um interlocutor do banco de fomento enfatizou que a liberação de recursos para financiamento de serviços está suspensa.

Elevada reinjeção

Segundo dados do Ministério de Minas e Energia, o Brasil produziu 130 milhões m3 de gás natural por dia em 2023. Entretanto, metade desse volume, ou o equivalente a 70 milhões m³, foi reinjetado, ou seja, voltou para o poço.

Outros 20 milhões não são comercializados no mercado brasileiro devido à queima, a perdas e ao consumo nas próprias plataformas. Com isso, sobram 40 milhões m³ para uma demanda interna estimada em 60 milhões m³ ao dia.

— Vaca Muerta é uma boa saída. Mais de 90% do mercado são dominados pela Petrobras. Como há pouquíssima competição, a empresa forma o preço. Um novo competidor seria muito interessante para nós — afirma Adriano Lorenzon, diretor responsável por gás natural da Abrace, associação que representa os grandes consumidores de gás e energia do Brasil.

Lorenzon explica que há algumas explicações para que os produtores reinjetem tamanha quantidade de gás. Uma delas é que o mecanismo aumenta a pressão e amplia a produção de petróleo. Outra é que o nível de contaminantes, com ênfase para o CO2, é muito alto.

Para construir a segunda parte do gasoduto, o governo anterior da Argentina anunciou que faria uma licitação. Um integrante do governo brasileiro acredita que Milei poderá abraçar a ideia, dadas as dificuldades econômicas perenes do país vizinho.

Valor - SP   15/04/2024

Expectativa é que eventuais altas nas cotações internacionais do petróleo sejam limitadas ao patamar de US$ 100 por barril, dado que a demanda global pelo insumo esta mais fraca

A escalada da tensão no Oriente Médio, deflagrada com o ataque do Irã a Israel, no sábado (13), abre espaço para aumentos nos preços do petróleo no mercado internacional, mas com efeitos limitados, a princípio, afirmam especialistas. As atenções se voltam para a abertura do mercado, na segunda-feira, quando serão verificados os efeitos da ação do Irã sobre as cotações do petróleo e do gás natural.

Na avaliação do sócio da Leggio Consultoria, Marcus D'Elia, parte do efeito da tensão entre os dois países foi sentida a partir do dia 1º de abril, quando o consulado do Irã em Damasco foi atacado a bombas lançadas por aviões militares. A ação sobre o consulado foi atribuída a Israel e reações eram esperadas.

Para D'Elia, a expectativa é que eventuais altas nas cotações internacionais do petróleo sejam limitadas ao patamar de US$ 100 por barril, dado o fato de que a demanda global pelo insumo estar mais fraca.

"O equilíbrio proporcionado pela demanda global acaba restringindo este crescimento de preço, como observado ao longo do ano passado em outras crises pontuais", disse D'Elia.

Para ele, somente um eventual envolvimento de outros países da região no conflito, ampliando-o, faria com que os preços externos do petróleo pudessem ultrapassar essa barreira.

D'Elia considera remota a possibilidade de interrupção do tráfego no Estreito de Ormuz, que tem o Irã ao norte e Omã ao sul, por onde passa um terço da produção global de petróleo, devido ao forte impacto que a iniciativa traria para a exportação dos grandes produtores da região.

“Com certeza da mesma forma que houve a mobilização de diversos países para garantir o fluxo no Mar Vermelho, o mesmo ocorreria no Golfo Pérsico,antecipadamente", avalia.

Para Décio Oddone, presidente da Enauta e especialista do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), normalmente eventos geopolíticos causam tensões nos mercados, com reflexos nos preços. Na sequência, as forças de mercado tendem a estabilizar os preços.

Foi assim que aconteceu quando o general iraniano Qassem Soleimani foi morto, em janeiro de 2020. Na ocasião, os preços internacionais do petróleo subiram para um patamar de US$ 70, estabilizado-se em seguida.

Ele lembra que há bancos cotando o barril do tipo Brent para entre US$ 95 e US$ 100. Uma escalada de preços para acima dos três dígitos, salienta, dependeria de outros fatores, como eventual recrudescimento das sanções contra o Irã, a ponto de reduzir a exportação de petróleo pelo país. "Daí teríamos aumentos nos preços externos", disse.

No Brasil, os efeitos da alta do petróleo podem ser eventuais reflexos sobre os preços dos combustíveis, com impactos sobre a inflação, ao mesmo tempo que a arrecadação dos governos cresceria, já que royalties, participações especiais e mesmo o imposto de renda sobre a comercialização da commodity estão associados às cotações internacionais.

Além disso, as empresas produtoras de petróleo no Brasil verificariam expansão do faturamento com a alta nas commodities.

Para analistas, há risco de ruptura na oferta de petróleo no mercado global, mas tal cenário depende de fatores resultantes de uma eventual escalada de tensões.

Na avaliação do professor Edmar de Almeida, pesquisador do Instituto de Economia da PUC-Rio, os preços vão ficar significativamente acima do que seria um contexto de estabilidade na região, com riscos de superar, por pouco tempo, a barreira de US$ 100 o barril.

Felipe Perez, diretor para de downstream da S&P Global para a América Latina, disse que a expectativa é de que os preços do petróleo subam nas próximas semanas, independentemente dos fundamentos de oferta e demanda.

O consultor e ex-diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), David Zylberstajn, ressaltou que o mercado de petróleo sempre tem movimentos especulativos em eventos geopolíticos mais tensos, como aconteceu com o início da guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas.

Sem escalada, a tendência é de um refluxo posterior nos preços. No entanto, mesmo que a barreira de US$ 100 seja rompida, a atual cotação do petróleo está mais barata, em termos reais, do que a registrada na primeira metade dos anos 2010, ao se considerar a atualização monetária até o momento.

Logo, de acordo com ele, a atual cotação não seria considerada um problema. “Não é uma tragédia nunca vista, o mercado internacional não deve se abalar, a não ser que ocorram novos movimentos bélicos”, salientou Zylberstajn.

Para que os preços superem essa barreira de US$ 100 por um período mais longo, segundo Almeida, da PUC-Rio, seria preciso que se verificasse uma redução involuntária da oferta de petróleo, com a destruição de infraestrutura petrolífera na região ou dificuldades no escoamento de óleo pelo Golfo Pérsico.

Um dos pontos que poderiam causar impactos mais expressivos no mercado seria um eventual aumento de sanções contra o Irã. Outro possível efeito seria um bloqueio do Estreito de Ormuz, por onde passa cerca de um terço da produção global de petróleo.

Ou, ainda, o aumento das tensões entre os dois países. “Acho que estamos só no começo de mais um conflito. Assim que um dos drones iranianos não for interceptado e matar civis israelenses pode se esperar que Israel ataque com força o Irã”, disse Perez.

Na visão do diretor da S&P Global, quando existem conflitos desse tipo o preço do petróleo se desconecta dos fundamento,s mas depois as forças de oferta e demanda voltam a prevalecer.

“Apesar de os fundamentos do mercado estarem equilibrados, o risco de alguma ruptura na oferta são reais e serão precificados”, acrescentou Almeida.

Zylberstajn observou, porém, que há algumas diferenças no quadro geopolítico e energético em relação ao que se via no passado. Uma delas é que não se viu solidariedade dos países vizinhos ao Irã após o ataque de drones, o que ressalta o quão isolado o país se encontra na comunidade internacional.

Além disso, comentou, os Estados Unidos possuem uma situação energética diferente, por serem autossuficientes na produção de petróleo e gás natural, não sendo mais fortemente dependentes de compras no Oriente Médio. “E o mercado está seguro, com mais alternativas”, observou Zylberstajn.

No Brasil, a pressão por aumento nos preços de combustíveis nas refinarias é ainda maior com o conflito do fim de semana. Perez, da S&P Global, destacou que nem sempre o impacto do aumento do preço de petróleo é imediato nos preços dos derivados. Mas eventual aumento no confronto, com sanções e bloqueio de fluxos comerciais, forçará a aplicação de reajustes nos preços dos derivados.

Zylberstajn aponta que os preços internacionais já vinham elevados e somados à cotação mais alta do dólar no Brasil trazem “potencial de estresse” para a Petrobras, já pressionada pela crise que envolve o comando da estatal.

AGRÍCOLA

Cultivar - RS   15/04/2024

Máquinas agrícolas, como tratores, plantadeiras e colheitadeiras evoluem dia após dia. Uma amostra da evolução desses equipamentos pode ser vista nos estandes da ExpoLondrina 2024. O visitante vê pessoalmente o desenvolvimento significativo dos equipamentos voltados para o plantio/colheita mecanizada em áreas cada vez mais declivosas e acidentadas, características de relevo muito comuns na topografia paranaense. Essas máquinas expostas no Parque Ney Braga foram especialmente projetadas para um plantio mais preciso na distribuição de sementes e adubo e trabalham em espaçamentos mais reduzidos, possibilitando rendimento ideal para os produtores que buscam aumentar a produtividade.

O vendedor da loja Top 100 máquinas, Rogério Adriano da Silva, destaca entre os produtos expostos da empresa a Coop Trio 650, uma máquina articulada, que possui três chassis. “Ela é pantográfica, ou seja, ela consegue copiar melhor o solo e isso possibilita que o adubo acompanhe a ondulação do solo. Isso faz com que o adubo incida exatamente onde foram depositadas as sementes”, destacou. Ele explicou que a máquina é mais alta, robusta e possui uma estrutura um pouco mais pesada e que possui maior vazão de palhada. “As outras máquinas vão sofrer um pouco mais, porque vão embuchar a palhada. A nossa não embucha, porque tem uma vazão muito grande de palhada em função do desencontro grande de facões.” Na caixa central existe a parte mecânica e a parte à vácuo que trabalha com duas turbinas: uma positiva que empurra a semente e outra negativa que segura o material.

Outro equipamento de destaque da Top 100 é o GTS Terrus, que é um descompactador do solo, voltado para o produtor cuja área de lavoura está muito compactada e que faz a planta ter dificuldade de enraizamento. “Com ele a gente consegue fazer um corte de 30cm a 50 cm na terra. Automaticamente o solo fica mais mole e até previne problemas de erosão.”

No estande da Planti Center, a novidade é a plantadeira elétrica tecnologia Smart Tech, desenvolvida pela própria empresa, que é o sistema de tecnologia 100% elétrico na plantadeira. De acordo com Anderson Ribeiro Santos, técnico e responsável comercial pela comercialização do equipamento, o instrumento permite fazer a calibragem da máquina sem a necessidade de descer do trator. “Antes, para fazer a configuração, tudo precisava ser feito manualmente e o operador precisava sujar a mão de óleo. Agora tudo pode ser feito na tela do tablet com um toque na tela. Com o Smart Tech o operador põe a quantidade de semente desejada e a adubação que quer aplicar e é só salvar esses dados na máquina e ela já está configurada.” Ele explicou que isso possibilita o monitoramento das linhas pelo monitor com a vantagem dessa máquina não depender da energia do trator para trabalhar. “Ela tem a caixa de bateria com um alternador que fornece a energia para o seu funcionamento.”

Ele explicou também que o trator possui o sinal de GPS para fazer o plantio e o Smart Tech permite fazer o desligamento da semeadura linha a linha. “Conforme eles vão semeando uma área, na tela ela aparece pintada. Conforme a máquina for plantando, quando chega em uma parte já plantada, a máquina desliga automaticamente.”

Para quem não tem dinheiro para comprar o trator com piloto automático, Eliel Tavares de Lima, da Planta Fértil, relatou que sua empresa disponibiliza um kit que pode ser instalado em tratores mais antigos. “É um kit de piloto automático da Sveaverken. Às vezes o produtor possui um trator barato usado e precisa de um piloto automático, mas não tem dinheiro para adquirir um trator novo e que possua esse tipo de equipamento. Com o kit ele pode instalar o piloto automático em qualquer trator para poder fazer o mesmo serviço que um trator que custa quase o dobro do valor do antigo e funciona tão bem quanto.” Ele explicou que seu uso é associado com uma antena externa, que é colocada na área e o trator consegue identificar a linha que ele precisa realizar. Outros equipamentos da empresa são a semeadora de grãos finos Pampeana 28.000, que é líder de mercado em vendas, e a Macanuda 3.20. “A Pampeana vai de 20 linhas até 43 linhas e é pantográfica, ou seja, acompanha bem o solo. Já a Macanuda 3.20 recebeu esse nome por conta da largura que ela fica quando fechada e que possibilita que ela seja transportada na estrada sem necessidade de desmontar.”

O técnico em agricultura de precisão da New Agro, Willian Ikeda, relatou que o produto tecnológico de destaque disponibilizado pela empresa é uma colheitadeira CR7.90, que possui tele sense inteligente, ou seja, ela possui um sistema de automação do controle de grãos que é monitorado por uma câmera por meio de autorregulagem da máquina. “O sistema reduz bastante o número de funções do operador e serve também para ter uma maior qualidade de grãos. Isso possibilita uma colheita com mais produtividade e faz com que não haja tantas perdas na lavoura.” lkeda acrescentou que a CR7.90 possui um monitor denominado Intelliview 4, que vai ser o responsável pela orientação do piloto automático juntamente à antena que também tem nessa máquina. “É uma antena bem tecnológica, de última geração. Ela é uma antena multiconstelação, ou seja, pega quatro constelações de satélite e ela tem todo o sistema de piloto automático e piloto hidráulico. O câmbio da CR7.90 tem opção de duas marchas ou quatro marchas, e tudo é automático. A direção do equipamento é hidráulica.”

Ikeda explicou que a empresa também disponibiliza os modelos CR8.90 e máquinas maiores como as CR9.90 e CR10.90. “Só que aqui na região ela não se encaixa pelo tipo de terreno que é mais acidentado. Os equipamentos maiores são voltados para o Mato Grosso, para o Mato Grosso do Sul, Maranhão e Goiás. Em alguns casos no Estado a gente pode atender também.”

Marcos Vinícius de Moraes é gerente de vendas da Kato Tratores, empresa representante da Valtra. Ele trouxe uma plantadeira de 18 linhas que foi lançada na Agrishow do ano passado e a empresa está trazendo para a região de Londrina pela primeira vez. “A plantadeira tem muita tecnologia embarcada e hoje é o melhor sistema de copiar terreno que nós temos hoje no mercado”, garantiu. “Ela vem no modelo auto transportável que pode passar em carreador ou pode ser transportada em pista com 3,20 m, ou seja, ela pode ser transportada em qualquer lugar.” Ele explicou que o equipamento possui GPS, tem piloto automático e controle de plantio. Por meio dele é possível determinar a quantidade de sementes por metro, a quantidade de adubo por hectares e tudo é controlado dentro do trator em uma tela só.” Ele ressaltou que a máquina é de fácil manejo. “É uma máquina bem tecnológica, mas muito simples de usar e é muito intuitiva.

Outro equipamento da Valtra é o trator T250 com transmissão CVT. “A troca de marcha se dá por velocidade, e isso gera um consumo de combustível menor. Na parte de trás do comando é tudo hidráulico e a parte de consumo de combustível consome 20 litros por hora. O painel tem um sistema bem tecnológico, com Trimble embarcado que vai auxiliar a ter uma exatidão melhor. A direção do veículo é hidráulica.”

Na Jacto Brasil, o administrador de vendas Valmir Gazeta Sumensari trouxe a plantadeira Lumina 300, que é uma plantadeira autotransportável. Ela pode ser configurada para 16 ou 18 linhas com o exclusivo sistema da Jacto Dual Force, com cilindro pneumático. “Isso garante a mesma profundidade em diferentes níveis do terreno, seja ele dentro da base até em cima da base. O nascimento será homogêneo e as plantas vão nascer todas ao mesmo tempo. Não tem problema de competição entre as plantas.” O equipamento é autotransportável, desenhado de forma que atenda as leis de trânsito. “É uma máquina que tem 3,20 m de largura, então você pode subir ela em uma prancha e não tem que desmontar praticamente nada da máquina para transportá-la de uma propriedade a outra com segurança, enquanto os outros equipamentos podem ocupar até duas faixas da pista de rolamento e muitas vezes precisam desmontar boa parte dela. “Essa plantadeira tem desligamento linha a linha na semente e tem desligamento de adubo também. Ela vem com sistema de inoculante próprio da máquina”, expôs.

“É uma máquina com uma vazão de palhada maior e permite trabalhar sem ter problema de embuchamento. O sistema de corte dela trabalha com disco de 22 polegadas de série para vencer a palhada e é pantográfica, para se adaptar a qualquer terreno.”

Outro equipamento da Jacto é o 5030, de adubação. É uma máquina com desligamento de aplicação de adubo. “É um sistema exclusivo da Jacto, que permite você ter sobreposição sem desperdício. O produtor rural tem controle de bordadura, o que significa que se estiver perto de uma mata de um rio, ele não vai jogar o adubo e vai concentrar no local de aplicação. A mesma coisa acontece em uma estrada ou em um carreador. Ele não vai jogar no carreador, ele vai jogar só dentro da área do sistema.”

André Silveira, da Integrada Máquinas, apresentou a plantadeira Prime AT como um dos destaques do estande da empresa. “Ela é transportável com sistema de pacote tecnológico que pode ser configurada para fazer de 8, 10, 12 ou 19 linhas sem ter que desmontar para poder transportar. Com um simples toque da tela, em menos de 1 minuto ela fica transportável ou em modo de plantio. É um recorde.” O equipamento possui pacote tecnológico à vácuo de precisão com sistema de taxa variável no adubo e na semente. “Então você pode fazer agricultura de precisão no momento certo e no alvo, gerando mais economia e muito mais produtividade. Quando o equipamento passar por uma área em que já passou ela desliga automaticamente linha a linha.” O equipamento possui chassi totalmente pantográfico e articulado, com sistema de pneus de alta flutuação. O Prime AT possui um dos maiores vão livres do mercado disco de corte de 20 polegadas para cortar a palhada.

A Integrada Máquinas também trouxe os drones T20 e o T40 da DJI, que é o maior fornecedor de drones do mundo, responsável por 70% das tecnologias mundiais na área. “A gente trouxe dois grandes equipamentos que podem fazer distribuição de líquido e sólido, ou seja, eles podem aplicar sementes, adubos e defensivos agrícolas. É uma máquina totalmente tecnológica, com a qual a gente pode aplicar em qualquer momento. A gente não vai substituir a pulverização tradicional, mas é um complemento para as áreas de nossos cooperados em um momento mais chuvoso ou em uma área mais íngreme ou de difícil acesso.”

Com o drone ele pode chegar com mais facilidade. “A autonomia da bateria é de até 13 minutos, embora a gente recomende um voo de 10 minutos. O drone vem com três baterias e a gente tem sistema de gerador de alto carregamento. A gente já tenta vender o equipamento completo para poder atender a demanda sem sofrer maiores problemas lá no campo.” A carga do drone pode ser de 50 kg de sólidos ou de até 40 litros de líquido.

A Baldan está expondo na ExpoLondrina em associação com a AgroTork. Luiz Fernando Paiva ressalta que o modelo mais em evidência é uma plantadeira de grãos finos, de cereais de inverno e pastagens. Trata-se do modelo 6000 S, que pode trabalhar em 29 linhas de 170 mm ou 17 cm. “Hoje existe uma tecnologia disponível que dispõe da melhor qualidade de distribuição e de armazenamento. Quanto as partes estrutural e de formação de suco, a máquina é fácil de regulagem e é praticamente manual a partir do ajuste de população de sementes e distribuição de adubo. A máquina é autotransportável, tanto na distribuição das sementes, quanto na de adubo. As unidades de plantio possuem duplos discos desencontrados que facilitam também o corte de palha e evita o embuchamento entre as linhas. O sistema é hidráulico- mecânico e é todo manual.

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