FORGOT YOUR DETAILS?

Seja bem-vindo ao INDA!

Olá, seja bem-vindo
ao INDA!

15 de Março de 2024

SIDERURGIA

Globo Online - RJ   15/03/2024

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou nessa quinta-feira que se opõe à venda da siderúrgica US Steel à japonesa Nippon Steel.

O anúncio, em plena campanha eleitoral nos Estados Unidos, pode incomodar Tóquio, um dos seus principais aliados.

“É importante que mantenhamos empresas siderúrgicas americanas fortes, impulsionadas por trabalhadores americanos. Eu disse aos nossos metalúrgicos que os apoio, e estou falando sério”, disse Biden em um comunicado.

A US Steel, com sede em Pittsburgh, Pensilvânia, "tem sido uma empresa siderúrgica americana icônica há mais de um século, e é vital que continue sendo uma empresa siderúrgica americana, operada no país, com propriedade local", acrescentou o presidente democrata.

As declarações de Biden ocorrem antes da visita de Estado do primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, à Casa Branca, marcada para 10 de abril.

Também ocorrem em plena campanha eleitoral rumo às eleições presidenciais de novembro, nas quais Biden disputa o voto dos trabalhadores contra o republicano Donald Trump.

Trump, que, salvo surpresa, será adversário de Biden em novembro, prometeu que bloquearia a operação se regressasse à Casa Branca, segundo comentários divulgados pela imprensa norte-americana.

O porta-voz do governo japonês, Yoshimasa Hayashi, disse nesta sexta-feira, que Tóquio estava “ciente da declaração (de Biden), mas se recusa a comentar sobre uma questão individual de gestão da empresa”.

A "aliança Japão-EUA está mais forte do que nunca", acrescentou, ao mesmo tempo que observou que as nações continuariam a cooperar em muitas áreas, incluindo "manter e fortalecer uma ordem econômica livre e aberta, baseada em regras".

Um êxito

Os dois grupos reagiram num comunicado conjunto, afirmando que "estão confiantes de que (a sua) parceria (será) um sucesso" para o emprego e a cadeia de abastecimento nos Estados Unidos, "ao mesmo tempo que fortalecem a competitividade da economia americana e criam resistência às ameaças da China.

Eles observaram que o grupo japonês havia “indicado claramente que não haveria cortes de empregos, fechamento de fábricas ou transferências de produção como resultado desta transação”.

“Continuaremos a defender esta transação e confiamos que uma revisão imparcial e ponderada levará à sua aprovação”, concluíram.

Em comunicado separado, a Nippon Steel disse que o acordo "oferece benefícios claros à US Steel, aos trabalhadores sindicalizados (e) à indústria siderúrgica dos EUA em geral".

As ações da US Steel caíram 6,4% na quinta-feira. As da Nippon Steel praticamente não mudaram na sexta-feira, com alta de 0,1% nas operações matinais.

O acordo de compra de US$ 14,1 bilhões, anunciado em dezembro passado, continua sob revisão pelas autoridades de segurança federais dos EUA.

Nessa altura, a Casa Branca alertou que a operação deveria passar por uma análise cuidadosa porque poderia ter implicações para a segurança nacional.

Os sindicatos ficaram furiosos com o acordo proposto, apesar da promessa das empresas de honrar os contratos acordados entre os trabalhadores e a empresa americana.

Em dezembro, o sindicato siderúrgico United Steelworkers (USW) classificou o acordo como uma "atitude gananciosa e míope" por parte da US Steel e questionou a capacidade da empresa japonesa de cumprir contratos.

Agora, o sindicato “saúda” a declaração de Biden, disse David McCall, seu presidente para relações internacionais.

Na sua opinião, a propriedade estrangeira da US Steel tornaria a defesa e a infra-estrutura crítica dos EUA "vulneráveis".

“As declarações do presidente deveriam pôr fim ao debate”, declarou, ao mesmo tempo que se dizia “grato” a Biden “pelo seu apoio infalível”.

Diário do Comércio - MG   15/03/2024

A ArcelorMittal adquiriu 28,5% das ações da alemã Vallourec por 955 milhões de euros (cerca de R$ 5,1 bilhões na cotação atual). As duas companhias contam com unidades produtivas em Minas Gerais, porém, o impacto da transação nestas operações não foi informado.

Em comunicado divulgado nesta quarta-feira (13), a ArcelorMittal informou que assinou o contrato para adquirir 65.243.206 ações que estavam em posse de fundos administrados pela Apollo Global Management. Cada ação foi negociada por 14,64 euros.

O fechamento da transação está sujeito a aprovações regulatórias e deverá ser concluído no segundo semestre do ano.

“Tendo realizado uma reestruturação bem-sucedida nos últimos anos, a Vallourec apresenta uma oportunidade atraente para aumentar a exposição da ArcelorMittal ao atrativo mercado tubular de valor agregado”, informou a companhia em comunicado.

A Vallourec é líder global em soluções tubulares premium para mercados de energia e aplicações industriais. De acordo com a ArcelorMittal, 85% dos 2,2 milhões de toneladas de capacidade anual de laminação da Vallourec concentram-se em centros de produção integrados e de baixo carbono nos EUA e no Brasil, sendo que ambos são mercados estratégicos importantes para a ArcelorMittal.

“A Vallourec é uma empresa tubular de qualidade e alto valor agregado, com posições de força estabelecidas nos atraentes mercados brasileiro e norte-americano. Como produtor de soluções tubulares premium, tem um papel crítico a desempenhar na transição energética, produzindo produtos vitais para aplicações de hidrogênio, CCS e geotérmicas, para as quais se espera que a procura cresça. Também tem uma pegada de carbono comparativamente baixa, com metas de melhoria ambiciosas. Estamos ansiosos para fazer parte do futuro da empresa.”, afirmou, em comunicado, o CEO da ArcelorMittal, Aditya Mittal.

O CEO da Vallourec, Philippe Guillemot, agradeceu, em comunicado, a participação da Apollo na reestruturação financeira do conglomerado siderúrgico francês.

“Com a ajuda da Apollo, mudamos fundamentalmente a estrutura operacional e financeira da Vallourec e agora estamos bem posicionados para levar esse impulso ao futuro. A ArcelorMittal é acionista natural da Vallourec e estamos entusiasmados com as contribuições que ela trará para a nossa Companhia. Compartilhamos uma paixão pela indústria siderúrgica global e uma visão comum de seu futuro. Com esta transação, passamos de um parceiro financeiro de classe mundial para um parceiro industrial de classe mundial. Estou ansioso para liderar este magnífico grupo e continuar a aproveitar todo o potencial da nossa principal base industrial”, disse.
ArcelorMittal e Vallourec contam com operações em Minas Gerais

A Vallourec mantém operações tanto na siderurgia quanto na mineração em Minas Gerais. Uma de suas usinas está na região do Barreiro, em Belo Horizonte. Além disso, a companhia mantém uma siderúrgica em Jeceaba (Campo das Vertentes) e a Mina Pau Branco, em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).

A ArcelorMittal, por sua vez, conta com usinas em João Monlevade, na região Central, Divinópolis (Centro-Oeste), Sabará e Contagem, ambas na RMBH.

ECONOMIA

Infomoney - SP   15/03/2024

Washington (Reuters) – As vendas no varejo dos Estados Unidos se recuperaram em fevereiro, impulsionadas por aumentos nas concessionárias de automóveis e nos postos de gasolina, mas os gastos dos consumidores estão diminuindo à medida que as famílias enfrentam a inflação e os custos mais altos dos empréstimos.

As vendas no varejo aumentaram 0,6% no mês passado, informou o Departamento de Comércio nesta quinta-feira (14). Os dados de janeiro foram revisados para baixo, mostrando que as vendas caíram 1,1%, em vez de 0,8% conforme informado anteriormente.

Economistas consultados pela Reuters previam que as vendas no varejo, que são principalmente de bens e não são ajustadas pela inflação, aumentariam 0,8% em fevereiro.
Em janeiro, as vendas foram prejudicadas, em parte, pelas temperaturas frias e pelas dificuldades de ajustar os dados às flutuações sazonais. Com esses fatores em grande parte fora do conta, as vendas estão voltando a um padrão mais normal.

As vendas varejistas excluindo automóveis, gasolina, materiais de construção e serviços de alimentação ficaram inalteradas em fevereiro.

Essa medida do núcleo de vendas no varejo é a que mais se aproxima do componente de gastos do consumidor no cálculo do produto interno bruto (PIB). O núcleo das vendas de janeiro foi revisado para mostrar uma queda de 0,3%, em vez de 0,4%, conforme informado anteriormente.

Gastos esfriando

Os gastos do consumidor estão esfriando no primeiro trimestre, depois de terem ajudado a alimentar o crescimento econômico no trimestre de outubro a dezembro. Entretanto, os gastos continuam a ser sustentados por um mercado de trabalho bastante apertado. Economistas não veem uma recessão iminente.

Os gastos dos consumidores estão se mantendo apesar da inflação mais alta, embora as famílias estejam se concentrando cada vez mais em itens essenciais e reduzindo os gastos discricionários.

Desde março de 2022, o Federal Reserve aumentou a taxa de juros em 525 pontos-base, para a faixa atual de 5,25% a 5,50%. A expectativa é de que o banco central dos EUA comece a cortar as taxas em junho.

Agência Brasil - DF   15/03/2024

A inflação no mês de fevereiro acelerou para todas as faixas de renda. As famílias de renda média alta foram as que mais sentiram a alta nos preços, que afetou as mensalidades escolares e o preço dos combustíveis.

Os dados estão no Indicador Ipea de Inflação do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada.

De janeiro para fevereiro, a inflação no segmento de rnédia alta subiu 0,88% – a maior alta no período. Já a menor inflação para o período, de 0,78%, foi registrada na classe de renda muito baixa, impactada pelo aumento dos alimentos no domicílio e das tarifas de ônibus urbano e de integração.

No acumulado em 12 meses até fevereiro, enquanto as famílias de renda muito baixa tiveram a menor taxa de inflação (3,56%), a faixa de renda alta registrou a taxa mais elevada (5,44%).

Em fevereiro, pelo terceiro mês consecutivo, o principal impacto para as classes com rendas mais baixas veio do grupo alimentos e bebidas, refletindo a alta nos preços de alimentos no domicílio, especialmente em itens importantes da cesta de consumo, como arroz (3,7%), feijão (5,1%), batata (6,8%), cenoura (9,1%), ovos (2,4%) e leite (3,5%). Em menor intensidade, o grupo transporte também impactou a inflação dos segmentos de menor renda, repercutindo os reajustes das passagens de ônibus urbano (1,9%) e do transporte público por integração (9,4%).

Já para as classes de renda média, média alta e alta, o foco de pressão inflacionária em fevereiro, veio do grupo educação, influenciado pelo aumento de 6,1% das mensalidades escolares. No caso dos transportes, embora os reajustes da gasolina (2,9%) e do etanol (4,5%) também tenham contribuído positivamente para a inflação das famílias dos estratos mais elevados de renda, em fevereiro, a queda de 10,7% das passagens aéreas gerou um forte alívio sobre a inflação nesta faixa.

IstoÉ Online - SP   15/03/2024

Após troca de sinais pela manhã, o dólar à vista ganhou força ao longo da tarde desta quinta-feira, 14, e se firmou em alta no mercado local, acompanhando a onda de valorização da moeda norte-americana no exterior. Resultado acima do esperado da inflação ao produtor nos Estados Unidos aumentou a probabilidade de um ciclo menor de queda de juros pelo Federal Reserve (o banco central dos EUA) neste ano e levou a nova rodada de alta das taxas dos Treasuries, castigando divisas emergentes.

Com máxima a R$ 4,9940 à tarde, o dólar à vista encerrou a sessão desta quinta-feira em alta de 0,22%, a R$ 4,9870. Após o avanço desta quinta, a moeda passa a acumular valorização de 0,28% em março. No ano, os ganhos são de 2,76%. Principal termômetro do apetite por liquidez, o contrato de dólar futuro para abril teve bom giro, acima de US$ 15 bilhões – o que pode sugerir mudanças relevantes no posicionamento de investidores.

O índice de inflação ao produtor (PPI, na sigla em inglês) subiu 0,6% em fevereiro, bem acima da expectativa (0,3%). O núcleo do índice – que exclui itens mais voláteis como energia e alimentação – avançou 0,3%, um pouco acima do esperado (0,2%). Na terça-feira, 12, o núcleo do índice de preços ao consumidor (CPI) também havia superado as estimativas.

“As taxas dos Treasuries sobem e a maioria das moedas se desvaloriza em relação ao dólar. O PPI mais forte veio depois de um CPI também forte”, afirma o head da Tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt lembrando que as chances de o Federal Reserve promover corte de juro em junho, que superavam 80% no início da semana, agora estão abaixo de 70%.

Weigt observa que o real tem neste ano desempenho inferior ao de seu principal par, o peso mexicano, em razão dos problemas domésticos. Enquanto a moda brasileira apresenta perda de mais de 2% no ano, oscilando no intervalo entre R$ 4,90 e R$ 5,00, o peso mexicano tem ganhos de cerca de 3% em relação ao dólar de 15 de janeiro para cá.

“Se o real estivesse acompanhando o peso mexicano, o dólar estaria em R$ 4,78. Mas temos muito intervencionismo do governo na economia, como mostraram os casos da Vale e da Petrobras”, diz o tesoureiro, ressaltando que o foco está no aumento da arrecadação. “E quando a arrecadação sobe, os políticos falam em gastar mais”.

O respiro do real pela manhã, quando o dólar registrou mínima a R$ 4,9538, foi atribuído por operadores a ajustes e à leitura forte das vendas no varejo em janeiro. Isso sugere atividade anda em ritmo maior que o previsto e pode colocar um piso mais alto para taxa Selic terminal – fato que impede uma erosão maior do diferencial de juros e mantém certa atratividade para o “carry trade”.

Operadores afirmam que o fluxo comercial impediu que o dólar rompesse os R$ 5,00 nos últimos dias. Toda vez que a taxa de câmbio se aproxima desse nível técnico, exportadores internalizam recursos. De fato, dados do fluxo total cambial divulgados nesta quinta pelo Banco Central mostram saldo positivo de US$ 2,233 bilhões em março (até o dia 8), graças à entrada líquida de US$ 1,840 bilhão via comércio exterior. No ano, o fluxo total é de R$ 5,312 bilhões, em razão de entrada líquida de US$ 9,193 bilhões. No ano passado, até o dia 10 de março, o fluxo total era positivo em US$ 10,266 bilhões.

Infomoney - SP   15/03/2024

Os analistas de mercado ouvidos mensalmente pela Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda projetam que o governo entregará um resultado primário com déficit de R$ 82,817 bilhões em 2024. Os dados constam do boletim Prisma Fiscal de março, divulgado nesta quinta-feira (14). No documento anterior, de fevereiro, a estimativa era de rombo um pouco maior, de R$ 83,974 bilhões.

O governo pretende zerar o déficit este ano, de acordo com meta definida no novo arcabouço fiscal, aprovado no ano passado. A Lei Orçamentária Anual de 2024 prevê um pequeno superávit, de R$ 2,8 bilhões, este ano, dentro do resultado neutro almejado.

Para 2025, a expectativa do mercado é de déficit de R$ 86,541 bilhões – no mês anterior, a projeção era de rombo de R$ 79,740 bilhões. O arcabouço fiscal coloca como meta um superávit equivalente a 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) no próximo ano.
Um dos objetivos da nova regra fiscal é perseguir superávits primários, partindo de um resultado neutro em 2024. A proposta, com regras mais flexíveis para as despesas do governo, substituiu o teto de gastos. As despesas só poderão crescer em até 70% do aumento da receita, dentro do intervalo de 0,6% a 2,5% acima da inflação.

Receitas maiores

O Prisma deste mês revisou para cima as previsões do mercado para as receitas federais em 2024, com a estimativa passando de R$ 2,545 trilhões para R$ 2,565 trilhões. Para 2025, a projeção de arrecadação passou de R$ 2,694 trilhões para R$ 2,706 trilhões.

A estimativa para a receita líquida do governo central este ano passou de R$ 2,092 trilhões para R$ 2,100 trilhões, enquanto para o próximo ano variou de R$ 2,222 trilhões para R$ 2,211 trilhões. O número de fevereiro para 2025 foi revisado de R$ 2,221 trilhões, no relatório publicado no mês passado, para R$ 2,222 trilhões em documento atualizado em março.

Pelo lado do gasto, a projeção de despesas totais do governo central este ano passou de R$ 2,178 trilhões para R$ 2,180 trilhões. Para 2025, a estimativa caiu de R$ 2,306 trilhões para R$ 2,304 trilhões. O número de fevereiro para 2025 foi revisado de R$ 2,303 trilhões, no relatório publicado no mês passado, para R$ 2,306 trilhões em documento atualizado em março.

A mediana das projeções dos analistas do Prisma para a Dívida Bruta do Governo Geral de 2024 passou de 77,67% do PIB no mês anterior para 77,50% do PIB no relatório divulgado nesta quarta. Para 2025, a estimativa passou de 80,10% para 80,09%, na mesma comparação.

Infomoney - SP   15/03/2024

O índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos avançou 0,6% em fevereiro, o que representou uma aceleração ante a alta de 0,3% de janeiro, informou nesta quinta-feira (14) o Departamento do Trabalho.

Numa base não ajustada, a inflação “na porta da fábrica” avançou 1,6% nos 12 meses encerrados em fevereiro, o maior aumento desde os 1,8% observados em setembro passado.

Os dados vieram mais altos que o esperado pelo consenso LSEG de analistas, que previa alta mensal de 0,3% e anualizada de 1,1%.
Em fevereiro, quase dois terços do aumento dos preços industriais podem ser atribuídos ao índice de bens, que subiu 1,2%, enquanto os preços dos serviços subiram 0,3%.

O núcleo do PPI, que exclui variações de alimentos, energia e serviços comerciais, subiu 0,4 % em fevereiro, perdendo um pouco de força após a alta de 0,6% em janeiro. Para os 12 meses encerrados em fevereiro, a variação do núcleo do PPI ficou em 2,8%.

MINERAÇÃO

Valor - SP   15/03/2024

No ano passado, a SGX negociou 4,4 bilhões de toneladas de minério de ferro em opções e derivativos. O montante é três vezes o volume físico do mercado transoceânico global da commodity

O mercado de minério de ferro global experimentou forte crescimento nos últimos dez anos e a expectativa é que esse avanço siga em ritmo elevado. Um bom exemplo desse cenário positivo está no incremento dos negócios com a commodity experimentado pela SGX Group, de Cingapura que transaciona contratos futuros, com opções e derivativos, para o produto.

No ano passado, a SGX negociou 4,4 bilhões de toneladas de minério de ferro em opções e derivativos. O montante é três vezes o volume físico do mercado transoceânico global da commodity.

Em termos de valores, Will Chin, diretor-geral e chefe do grupo de commodities do SGX Group, destaca que, a um preço médio de US$ 120 por tonelada em 2023, o volume transacionado na bolsa de Cingapura equivale a mais de US$ 500 bilhões.

“Se você voltar atrás e olhar os mercados de commodities, você não vai achar um produto que tenha crescido tão rapidamente na última década [quanto o minério de ferro]. E o minério de ferro se tornou muito grande por várias boas razões”, diz Chin, que esteve no Brasil, na semana passada, e conversou com o Valor em um espaço na agenda que incluiu visitas a empresas, traders, gestoras e outros clientes em potencial.

A SGX é uma bolsa integrada, que tem mercado de ações e negocia contratos de opções e derivativos. Além do minério de ferro, tem receita relevante também com contratos de navegação.

“O que fazemos em Cingapura é tentar ser uma plataforma neutra confiável para acesso à economia global. Os clientes vêm até nós para terem acesso a grandes economias, como Índia, China e Japão”, diz Chin. “Temos produtos de renda fixa, câmbio e commodities. Mas nosso grande produto é o minério de ferro”, acrescenta.

O executivo se mostra entusiasmado com as possibilidades de crescimento da commodity. Ele destaca que os contratos futuros de minério de ferro foram lançados “apenas” 14 anos atrás, em 2009.

Chin explica que o volume transacionado nesses contratos subiu de forma gradual até 2015, quando atingiu o dobro dos anos iniciais. Quatro anos depois, em 2019, o volume voltou a dobrar frente a 2015. E entre 2019 e 2023, dobrou novamente. Ou seja, em nove anos o volume transacionado quadruplicou.

“Está crescendo muito rapidamente [o volume transacionado de minério de ferro]. Então, estamos muito otimistas sobre qual o limite. Eu acho que não tem limite para esse crescimento”, afirma.

Ele diz que a razão para o otimismo está na comparação com outras commodities. Chin lembra que, até a década de 1980, a negociação de derivativos de petróleo cru não era tão comum. Além disso, ressalta que os volumes negociados nos contratos futuros de produtos como petróleo e cobre são 15 a 25 vezes maiores que os volumes físicos embarcados globalmente.

“Essa é a razão pela qual nós achamos que o crescimento em minério de ferro é muito grande e continuará sendo. A relação [entre contratos futuros e volume físico] é cerca de três vezes”, diz Chin.

A bolsa cingapurense tem hoje contratos que abarcam, para o minério de ferro, produtos de menor qualidade, com 58% de teor de ferro, o padrão Platts, com 62% de teor de ferro; e contratos para produto de melhor qualidade, com 65% de teor de ferro e que refletem, por exemplo, o Iron Ore de Carajás (IOCJ), produzido pela Vale e que tem maior pureza.

A SGX opera com plataforma eletrônica e por telefone, com traders. Do total negociado, 65% passam pela plataforma eletrônica e 35% via telefone.

Infomoney - SP   15/03/2024

Os preços futuros do minério de ferro ampliaram as perdas nesta quinta-feira, devido às preocupações persistentes sobre a demanda na China, principal mercado consumidor do produto, apesar da mais recente promessa de Pequim de um plano para atualização de equipamentos, que limitou a queda no início da sessão.

O contrato de maio do minério de ferro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) da China encerrou as negociações do dia com queda de 2,62%, a 798 iuanes (110,94 dólares) a tonelada, o menor valor desde 22 de agosto de 2023. Desde a volta do feriado do Ano Novo Lunar, o recuo é de 17%.

O minério de ferro de referência para abril na Bolsa de Cingapura caiu 2,37% para 103,05 dólares a tonelada, o menor valor desde 17 de agosto. A queda acumulada após o feriado do ano novo na China é de mais de 18%.
Agentes do mercado estão monitorando de perto os possíveis sinais de uma reviravolta, de olho na mudança da produção de metais quentes, disseram os analistas.

“A produção de metais quentes ainda está em um nível baixo, suprimida pelas baixas margens do aço e pelas expectativas pessimistas”, disseram os analistas da Huatai Futures em uma nota.

No entanto, o ritmo de queda dos preços diminuiu, em parte devido à mais recente medida da China para sustentar sua economia. Na quarta-feira, o gabinete da China divulgou detalhes de um plano para promover modernização de equipamentos em larga escala e vendas de bens de consumo.

“Sem dúvida, isso é bom para o mercado, pois poderia compensar alguma redução da demanda da área de construção, mas ainda depende da implementação efetiva da política para ver o impacto real”, disse Kevin Bai, analista da consultoria CRU Group, com sede em Pequim.

Outros ingredientes de fabricação de aço na bolsa de Dalian registraram perdas adicionais, com o carvão metalúrgico e o coque caindo 3,67% e 1,77%, respectivamente.

“O aço para construção é o maior obstáculo para todo o mercado de ferrosos”, acrescentaram os analistas da Huatai.

Monitor Digital - RJ   15/03/2024

O minério do ferro registra queda de 16,5% nos últimos 12 meses e de 22,8% apenas neste ano nas cotações da bolsa de commodities metálicas de Londres (LME, na sigla em inglês). Essa redução nos preços do minério, que, na última terça-feira encerrou cotado a US$ 108,40 por tonelada, tem um motivo: China. O país, maior consumidor mundial do produto, está com estoques elevados e demanda menor provocada, em grande parte, pela desaceleração do setor de construção porque há um grande endividamento do mercado imobiliário.

De acordo com o consultor em Comércio Internacional da BMJ Consultores Associados, Guilherme Gomes, essa redução nos preços pode ser ruim para a lucratividade das empresas que exploram o minério, mas pode ser bom para os consumidores da commodity, que compram a preços menores, e para as exportações do Brasil aos países árabes. Além disso, diz Gomes, os preços podem ficar baixos no médio prazo porque dependem da China para se recuperar.

“É possível que essa queda nos preços seja temporária, pois foi resultado da combinação da entrada de mais minério de ferro na China do que esperado com uma demanda menor do que o previsto para o início do ano. Contudo, a tendência de desaceleração econômica chinesa ao longo desse ano poderá prolongar o período de baixa no preço do minério de ferro, que poderá demorar a retomar ao patamar anterior de preço”, afirma Gomes.

Por outro lado, analisa o especialista, essa nova realidade de preços deverá influenciar diretamente a balança comercial brasileira, pois o Brasil é um dos maiores produtores mundiais de minério.

“Há uma elevada representatividade do minério de ferro nas exportações brasileiras, que representou 11% do total exportado pelo Brasil neste ano. Desse total, a China foi o destino de 66% do total exportado pelo Brasil de minério de ferro em 2024. Portanto, caso a demanda chinesa por minério de ferro não se recupere no médio prazo, é possível que haja algum impacto na balança comercial, com redução no superávit comercial brasileiro ao longo do ano”, afirma Gomes.

Se, por um lado, pode haver um impacto negativo na balança comercial total, por outro os exportadores brasileiros podem lucrar mais com os clientes do mundo árabe. A Vale, uma das maiores mineradoras do mundo, exporta minério do Brasil para Omã, no Golfo, onde possui um complexo industrial. E, de lá, distribui o produto para outros países.

“Omã é o terceiro maior consumidor das exportações brasileiras de minério de ferro, que, junto com outros países do Golfo, equivalem a cerca de 5% da demanda de minério de ferro do Brasil. Nesse sentido, é possível que a queda do preço internacional do minério de ferro, aliada à menor demanda da China, beneficie as exportações brasileiras para a região. Isso ocorre pois a queda no preço internacional torna mais atrativa a importação do produto brasileiro, reduzindo os custos associados à importação do produto vindo do Brasil. Assim, é possível que a região do Golfo eleve a sua participação nas exportações brasileiras de minério de ferro no médio prazo”, afirma Gomes.

Máquinas e Equipamentos

Valor - SP   15/03/2024

Projeto de lei deve ser votado nas próximas duas semanas

A indústria trabalha para ampliar, no Congresso, o projeto de lei da “depreciação superacelerada”, que busca estimular a compra de novas máquinas e equipamentos este ano para ajudar no crescimento econômico do país. As medidas foram levadas esta semana ao relator do projeto na Câmara, deputado Márcio Honaiser (PDT-MA), e estão em discussão com o governo. A expectativa é de que o projeto seja votado em até duas semanas.

Uma das demandas já recebeu sinalização positiva do Poder Executivo, segundo o parlamentar, que é a dilatação do prazo para adesão. O projeto prevê o uso desse benefício tributário em 2024, mas o mecanismo só entrará em vigor após a aprovação pela Câmara, Senado e sanção presidencial.

Relator, Honaiser diz que isso é motivo de preocupação porque pode limitar o benefício apenas ao segundo semestre. “Até votarmos na Câmara já teremos perdido o primeiro trimestre e não sabemos quanto tempo demorará no Senado. Pode ter alterações e precisar voltar para cá”, argumenta. “A princípio, o governo não se opôs a ampliar o prazo.”

A nova versão estenderia o programa para os 24 meses após a conversão em lei. Com isso, parte do impacto fiscal pode respingar em 2026. O governo reservou R$ 1,7 bilhão no Orçamento de 2024 para o programa e prevê mais R$ 1,7 bilhão em 2025, mas pode elevar os valores por decreto se entender que é necessário e encontrar espaço fiscal para isso.

O projeto da depreciação superacelerada é considerado pelo governo um ponto central da Nova Indústria Brasil (NIB), conjunto de medidas voltadas ao crescimento do setor. Superintendente de economia da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Mário Sérgio Telles diz que o programa pode ampliar os investimentos no país em 8,35% e gerar um crescimento adicional do Produto Interno Bruto (PIB) de 3,5% em dez anos.

Na depreciação linear, a empresa abate anualmente do imposto sobre seu lucro o desgaste pelo uso de uma máquina ou equipamento adquirido, de acordo com a vida útil desse bem. Na depreciação superacelerada, todo o desgaste (e desconto no seu imposto de renda) é antecipado para dois anos (50% em 2024 e 50% em 2025), o que reduz o custo do investimento.

A medida tem impacto apenas no fluxo das contas das empresas e do governo federal, sem alteração no estoque de impostos a ser recolhido, já que toda a quantia é em algum momento recuperada pela União. O benefício é diminuir o custo de compra dos equipamentos e, assim, estimular o crescimento da economia. A CNI estima que em dez anos a arrecadação líquida do governo aumente em R$ 12,9 bilhões como retorno dos investimentos feitos.

A indústria, porém, defende alterações no projeto para ampliar seu escopo. O relator as levou para o governo e aguarda reunião com o Ministério da Fazenda para concluir o relatório até terça-feira ou quarta-feira e apresentá-lo aos partidos. O projeto tramita em regime de urgência e passa a trancar a pauta da Câmara a partir de terça-feira.

Uma das mudanças pedidas é retirar a trava ao uso do prejuízo fiscal gerado pela depreciação superacelerada. Geralmente, no ano de realização dos investimentos, a empresa tende a registrar prejuízo. Isso vira um crédito para reduzir os impostos sobre o lucro nos exercícios seguintes, mas a legislação impede um desconto maior do que 30% do lucro ao ano. “Com isso o governo dá com uma mão e tira com outra. Pode levar anos para conseguir abater o prejuízo. Precisa ou ampliar o percentual ou retirar a trava”, afirma Telles, da CNI.

Outra alteração negociada é permitir o uso da depreciação superacelerada com máquinas e equipamentos importados com ex-tarifário (redução temporária de tarifa) quando não houver produção no Brasil. “Se queremos modernizar nosso parque industrial, mas não tem máquina disponível no Brasil, não tem motivo para proibir que esta importação se beneficie”, concorda Honaiser. “Senti, nos contatos preliminares com o governo, disposição de fazer os ajustes”, diz.

Construção Latino-americana - SP   15/03/2024

A Zoomlion Brasil se prepara para deixar uma impressão duradoura na M&T Expo 2024 com sua participação no estande interno D10 e no estande externo K10. A empresa, reconhecida por seu papel no desenvolvimento e fabricação de equipamentos de grande porte e alta tecnologia nas áreas de engenharia e agricultura, apresentará sua tão aguardada linha amarela no mercado brasileiro.

Um dos destaques da participação da Zoomlion na feira será o lançamento oficial de sua linha amarela. “A introdução de escavadeiras e minicarregadeiras representa um marco importante para a Zoomlion no Brasil, onde operamos desde 2013, demonstrando nosso compromisso em atender às demandas específicas do mercado brasileiro e oferecer soluções inovadoras”, afirmou a empresa.

A escolha de lançar a linha amarela no Brasil durante a M&T Expo 2024 não é apenas uma estratégia de mercado, mas também uma demonstração de confiança na força econômica e no potencial de crescimento dos setores de construção civil, mineração e agricultura no país. “Temos o compromisso de oferecer produtos que atendam às necessidades locais, impulsionando o desenvolvimento da indústria e contribuindo para o progresso econômico do Brasil”.

À frente da delegação da Zoomlion Brasil estará Ricardo Bertoni, vice-diretor comercial, que compartilhará a visão da empresa com os visitantes da feira.

AUTOMOTIVO

CNN Brasil - SP   15/03/2024

segmentos, furgões, elétricos e, a partir deste ano, vai estudar trazer modelos exclusivos da linha de Performance, como o Mustang GTD de US$ 300 mil (quase R$ 1,5 milhão).

A fabricante norte-americana foi pioneira na produção de automóveis no Brasil: em 1919, começou a montar o clássico Ford T no centro da cidade de São Paulo, com peças importadas. Mas em 2021, quando encerrou as atividades fabris, batalhava para se manter como uma das “quatro gigantes” da indústria local, ao lado de Fiat, Chevrolet e Volkswagen.

Em 2018, a versão mais barata do Ka custava R$ 44.030. Agora em 2024, o modelo de entrada da marca é o SUV urbano Territory, importado da China a R$ 210 mil. Segundo a consultoria Jato Dynamics, cada cliente entrega em média R$ 250 mil à Ford em cada compra — antes, eram apenas R$ 100 mil.

Neste período, a marca manteve apenas diretoria, em São Paulo, além do Centro de Pesquisa e Design, na Bahia. Este exporta insights de design e tecnologia: o Bronco teve seu visual pensado no Brasil, ao lado de outros projetos que renderam R$ 500 milhões à Ford em 2022.

No final de fevereiro, a Ford reuniu imprensa e seus principais executivos para um lançamento aparentemente secundário, a versão elétrica do furgão Transit Chassi Cabine. Mas a oportunidade foi tratada pela empresa como fundamental para reafirmar seus objetivos no país.

No evento, a CNN conversou com o Vice-Presidente da Ford para América do Sul, Rogélio Goldfarb, não sobre números (que a marca evita comentar), mas sobre o aprendizado da empresa dos últimos cinco anos. E sobre qual o caminho a ser seguido a partir de agora.

Leia abaixo a entrevista com o executivo da Ford:

CNN: Qual é a avaliação feita pela Ford América do Sul, repassada à sede em Detroit, sobre a mudança de rumo local, com fechamento de fábricas no Brasil e realinhamento de produtos? Deu o resultado esperado? Qual é a leitura desses últimos cinco anos?

Rogélio Golfarb: A gente fez uma mudança dramática em nosso modelo de negócio para o Brasil, e óbvio que o que as pessoas mais lembram é com relação ao encerramento da manufatura. Mas uma parte muito importante é o nosso investimento em toda a parte de pesquisa desenvolvimento, com a nossa operação na Bahia e no interior de São Paulo, com Centro de Desenvolvimento de Tecnologia e cerca de 1.600 pessoas trabalhando em projetos para o mercado americano, europeu e chinês.

Hoje, 85% das horas dedicadas desses 1.600 colaboradores são para projetos futuros de alta tecnologia. Ainda estamos fechando os dados de 2023, mas em 2022 nós exportamos mais de R$ 500 milhões em projetos. Esse pessoal trabalha em novas gerações de produtos, que virão a partir de 2025, híbridos, elétricos, de conectividade.

Só a Ford faz isso, com esse novo modelo, de focar aqui no Brasil em pesquisa, desenvolvimento e tecnologia, desde pesquisa com patentes em grafeno, por exemplo, desenvolvimento de softwares que estão sendo utilizados globalmente, e design. Nós participamos, por exemplo, do design do Bronco, com resultado financeiro, porque conseguimos ser competitivos.

Você citou eficiência e redução de custos. Mas a Ford não divulga mais números e balanços. Como podemos saber, e como vocês fazem para reportar, se resultados foram positivos em 2022 e 2023 e qual será a perspectiva para 2024?

RG: Não posso dar os números, mas vou te explicar uma coisa interessante. Globalmente, mudamos a maneira de reportar. Antes nós reportávamos os resultados por região. Hoje os resultados são divididos globalmente por pilares de negócios.

Tem o Ford Blue, unidade de negócios de veículos com motor a combustão pura e híbridos. Tem o Model E, de veículos totalmente elétricos. O Ford Pro, cuja apresentação estamos fazendo aqui em São Paulo, com toda parte de veículos comerciais. E o Ford Credit, que é o braço financeiro.

Não posso dizer “ganhamos tanto aqui ou perdemos tanto na América do Sul”. Mas posso dizer que, após o ano da transformação, nós fizemos um turnaround [recuperação financeira da empresa] e passamos a ter resultados positivos. Tudo isso também é uma análise temporal, que leva alguns anos e considera variações de mercado.

Mas considerando tudo isso, rumos de mercado, ações de governo como o Programa MoVer e suas regras, a decisão de fechar fábricas no Brasil poderia ter sido evitada se fosse tomada hoje?

RG: Eu vou te responder novamente de outra maneira. Pensamos e priorizamos um modelo que fosse resiliente à volatilidade da região e estamos muito satisfeitos com os resultados que a gente tem, esse modelo entrega exatamente aquilo que nós imaginávamos para Ford.

Com investimentos em tecnologia, hoje nós estamos praticamente sozinhos no setor automotivo, no Brasil. Produtos e pilares têm funcionado muito bem, SUVs, picapes, veículos comerciais, com as diversas propulsões, sejam elas híbridas, a combustão pura ou elétricas.

Olha para o mercado brasileiro, o que cresceu? O volume de grande frotistas, hoje, é praticamente 50% do volume de vendas do Brasil. Eles alugam, fazem a terceirização da frota, é outro modelo de negócio.

E dos veículos que predominam nesse segmento, 50% são veículos compactos. Nós saímos deste segmento, nossos rivais ficaram, mas têm um desafio enorme do ponto de vista comercial, porque essas vendas são de grandes volumes, mas com grandes descontos sazonais também.

As pessoas que têm baixa renda estão comprando veículos usados ou estão alugando veículo para trabalhar. Não estão comprando da montadora, do distribuidor, isso mudou.

Nós crescemos 60% em 2022 e 2023, é um crescimento fantástico. Estamos nos outros 50% do mercado, que continua crescendo.

Estamos inovando, trazendo uma van chassis elétrica, inaugurando esse segmento elétrico de até 5 toneladas, não tem ninguém nesse segmento, que vai crescer.

Desses três pilares de negócios, nos quais vocês decidiram apostar tudo, o que parece mais forte no Brasil, neste momento, é o segmento de picapes. Vocês têm produtos fortes e reconhecidos em todos os sub-segmentos. Com o lançamento da área comercial, também estão tendo atuação forte. Mas, curiosamente, vocês estão devendo no segmento de SUVs, onde a Ford foi pioneira com EcoSport. Não falta algo justamente para a entrada desse segmento, que está sendo muito bem explorada pelos rivais?

RG: Sim. Nós trouxemos o Bronco, que aqui não tem um grande volume, mas tem potencial de crescer muito, é um excelente produto. E a gente trouxe o Territory, que está superando todas as expectativas, dobramos o volume do ano passado com o Novo Territory, que tem uma equação de custo-benefício fantástica, é um produto com espaço enorme, muita tecnologia embarcada.

Nós temos que aumentar a importação desse veículo, porque a gente não está dando conta da demanda, e estamos concorrendo com produtos fabricados localmente. A sua pergunta reflete a fotografia de 2022 e 2023, mas você vai ver uma mudança significativa nessa nossa participação com o Territory.

A gente tem o Bronco Sport, que é um veículo menor, mas com muito mais capacidade off-road e potência que os rivais, a gente vai ver crescimento dele.

Mas o mais interessante é que, nesse segmento, também vemos a busca por picapes, é algo que está crescendo. Quando trouxemos a Maverick, nós inauguramos um segmento que é o das picapes derivadas de automóvel abaixo do que são aquelas consideradas médias, como a Ranger e outras.

Essa picape, tem espaço de SUV médio, com o espaço dedicado da cabine, mas ainda com toda a caçamba, que é uma das maiores dos segmento, e toda a tecnologia. Com essa flexibilidade de uso enorme, nos Estados Unidos, esse produto substituiu os carros compactos, que para nós não são tão compactos assim, e está esgotada.

Então, acredito que nós vamos ver neste ano mais crescimento do Bronco e também da Maverick, inclusive com a versão híbrida, que custa a mesma coisa que a versão a combustão, pode rodar 900 quilômetros com um tanque, é extremamente eficiente e entrega todo esse conforto e espaço.

A eletrificação é outro pilar muito forte na apresentação dos planos da Ford. [Durante a apresentação do Ford Chassi Cabine Elétrico] Você falou do quanto o Brasil necessita de uma ação governamental mais forte nesse segmento. Explique um pouco melhor isso, por favor.

RG: A questão aqui não é a Ford, nós vamos nos adaptar às condições de mercado e nosso portfólio mostra isso, temos um portfólio global fantástico. É mais uma questão de Brasil mesmo.

Nós [a indústria brasileira] temos uma grande vantagem competitiva que é o etanol, nós dominamos a tecnologia, temos produtividade. Mas nós temos que entender que existe uma outra tecnologia no mundo e que ela vai crescer.

Em 10 ou 15 anos, não tenho dúvida que os motores elétricos e eletrificados vão estar totalmente globalizados e mais baratos. As tecnologias vão estar cada vez mais desenvolvidas e baratas com essa base de escala global. E o motor a combustão interna com o etanol vai continuar sendo uma tecnologia brasileira.

Então, vejo isso como uma transição. O Brasil não pode abrir mão de jeito nenhum do etanol. Mas o Brasil não pode perder a oportunidade de entrar nessa outra tecnologia, que vai conviver com o etanol por muito tempo aqui e que vai crescer de maneira absurda lá para frente.

A política da eletromobilidade para o Brasil tem de ser uma política de inserção na cadeia automotiva de um não tão distante futuro global. Porque o etanol, por mais que ele seja ótimo, tem limitações para ser adotado globalmente. Nós temos o álcool de cana, uma produtividade que não existe em outros locais, o mundo não tem álcool de cana. Ou seja, a tendência de a gente poder realmente participar da nova tecnologia de mobilidade com o etanol em outros mercados é muito pequena.

Mas nós também temos tudo para eletrificação no Brasil. Nós temos os minerais da eletrificação, temos uma matriz energética muito limpa comparada com o resto do mundo. Nós teríamos uma vantagem competitiva, que não necessariamente tem entrar em conflito com etanol, ela vai se complementar.

Se a gente conseguisse ter uma política de eletromobilidade bem estruturada, que inclui uma política específica para minerais, uma política específica para o desenvolvimento de baterias e motores. Você não precisa começar fazendo a bateria, mas fazendo um beneficiamento dos minerais que compõem a bateria. Uma política de geração de energia limpa, o Brasil tem a [energia] eólica, tem biomassa, mas também tem potencial de energia fotovoltaica solar brutal.

Muita coisa está sendo feita pelo governo, sim, mas a gente podia ter uma missão muito maior. Imagine se cada casa daqui para frente tiver placa solar, muda a estrutura de energia do país. Mas hoje o Brasil não desenvolve tecnologia para energia solar, praticamente não produz placa fotovoltaica, o que se tem ainda é praticamente tudo importado.

Há ainda o ponto da conectividade. Fala-se dos semicondutores, mas a questão da fábrica é ela custar 6 bilhões de dólares e você teria de ter uma escala gigantesca. Agora, sobre o software, costumo dizer que lá na frente o software vai definir o PIB.

[O software] está absolutamente em tudo, e nós temos um déficit de profissionais, o mundo tem déficit de profissionais. Segundo pesquisas, em 2025 nós vamos ter um déficit de pelo menos 500 mil especialistas, isso apenas no Brasil. E isso porque tem muita gente aqui no Brasil que trabalha para empresas de fora.

Nós, da Ford, criamos um projeto social chamado Ford Enter, destinado a pessoas de baixa renda, para treiná-los e desenvolvê-los em programação e software. Fechamos parceria com o Senai, levamos esse jovens, eles têm bolsa-transporte, bolsa-alimentação, o ambiente do Senai é uma experiência de transformação, pela parceria com Ford, com Land Rover, com Harley-Davidson, e pelos professores, que não ensinam apenas a técnica, mas ensinam a civilidade.

A imagem da F-150 sempre foi muito forte lá fora, e agora pode ser replicado no Brasil também; a Ford tem imagem forte em competição, algo que no Brasil também pode ser fortalecido com a parceria com a Red Bull na Fórmula 1, que é algo que a marca já está usando nos Estados Unidos, bem como com o WEC (Campeonato Mundial de Endurance), que além de Le Mans vai ter prova em São Paulo, em junho; e a Ford tinha nomes clássicos, como Maverick, em outros anos, que agora é usado em um veículo diferente, mas segue forte. A Ford global sempre usou a cultura da marca, da performance. Isso será mais explorado no Brasil?

RG: Nunca nos preocupamos apenas em quem vai comprar o carro, em usar o carro. Já tínhamos a noção de cultura de marca, já podíamos ver isso em termos de marketing, em termos de abrangência da nossa imagem, do Maverick clássico. E isso vai se ampliar, não posso te contar todos os detalhes do que a gente vai fazer.

Mas quando fizemos um carro elétrico, nosso primeiro carro elétrico global, havia muita discussão de como a gente ia fazer. Resolvemos fazer uma coisa absolutamente impensável pelo consumidor, que era fazer um Mustang elétrico [Mach-E]. Foi fazer um carro elétrico com emoção, ligado a um dos mais poderosos ícones da indústria, desenhado para ter cara de carro, não de geladeira ou outra coisa.

Veja nossa linha. O Bronco é um ícone, o Mustang é um ícone sem dúvida nenhuma, a F-150 é um ícone, a Ranger já está se tornando um ícone, já tem clubes no mundo. E performance tem absolutamente tudo a ver com isso, nós vamos estar nas provas de GT3 e GT4 globalmente, estivemos em Le Mans, em Daytona, vamos ter essa colaboração com a Red Bull já aceleradíssima e em andamento.

E temos a divisão Ford Performance gerando produtos interessantíssimos, como a Ranger Raptor, que não damos conta de vender, é um produto de alta performance. Acabamos de lançar, nos Estados Unidos e Europa, o [Mustang] Mach-E Rally, um elétrico de performance.

A gente vai trabalhar forte a performance e vamos trabalhar esses eventos aqui, sem dúvida nenhuma.

Temos o Mustang GTD, que eu tive a oportunidade de olhar com bastante cuidado lá nos Estados Unidos, agora no começo do ano. É um carro maravilhoso, vai levar a marca Mustang a outros patamares e nós vamos trabalhar isso aqui, com certeza. Vamos conseguir ver esse carro por aqui, pelo menos para exibição, mas não pense que fica só nisso.

A produção é muito limitada, o número de unidades do GTD é muito pequeno, mas nós estamos trabalhando para ver se a gente traz aqui [para o Brasil], sim. Não posso prometer porque não tenho nada decidido.

E vamos trabalhar em outras coisas, que não posso dizer, em modelos específicos e versões específicas para os entusiastas do automobilismo, fará sentido para esse pessoal. Independente de ser volumes muito pequenos, estamos pensando lá na frente.

Valor - SP   15/03/2024

Montadora alemã diz que aumento nas entregas e a integração da Brilliance Automotive na China ajudaram os números

A BMW atingiu metas de margens no quarto trimestre, mas sua unidade de automóveis teve lucro abaixo do esperado no período. A montadora alemã divulgou nesta quinta-feira (14) que seu lucro antes de juros e impostos (Ebit) na unidade de automóveis, principal negócio da BMW, subiu de 2,93 bilhões de euros para 3,17 bilhões de euros no quarto trimestre.

A companhia diz que aumento nas entregas e a integração da Brilliance Automotive na China ajudaram os números. Mesmo assim, o indicador ficou abaixo dos 3,25 bilhões de euros que analistas ouvidos pela FactSet esperavam.

A margem Ebit ficou em 9,8% no quarto trimestre, dentro da meta da montadora entre 9% e 10,5%. Custos de 1,4 bilhão de euros relacionados à integração da Brilliance impactaram os resultados.

O Ebit do grupo como um todo foi de 4,41 bilhões de euros no quarto trimestre, contra 3,5 bilhões de euros no ano anterior. O resultado ficou acima da expectativa do mercado em 3,94 bilhões de euros.

As receitas no quarto trimestre somaram 42,9 bilhões de euros, alta de 8,7% na comparação anual, apoiado no aumento de 10% nas entregas. O número também superou estimativas de analistas.

A companhia propôs um dividendo de 6 euros por ação, menor que os 8,50 euros por ação pagos sobre os resultados de 2022. O resultado completo da companhia será divulgado na próxima semana.

As ações da BMW fecharam em queda de 3,04% na Bolsa de Frankfurt.

O Estado de S.Paulo - SP   15/03/2024

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu na tarde desta quinta-feira, 14, no Palácio do Planalto com representantes do setor automotivo. Segundo o perfil oficial do petista no X, antigo Twitter, a conversa foi sobre transição energética no setor.

“Tarde de reunião com representantes do setor automotivo e de combustíveis para falar do potencial brasileiro na produção de veículos híbridos flex, o carro bioelétrico, tecnologia que só o Brasil tem no mundo e que combina a possibilidade do uso do etanol e dos carros elétricos”, disse presidente da República.

“Cada vez que converso com Geraldo Alckmin (vice-presidente e ministro da Indústria e Comércio) sobre os crescentes investimentos, fico feliz com a virada do setor no nosso País. Já são mais de R$ 117 bilhões anunciados pelas montadoras até 2028, gerando empregos e crescimento econômico”, acrescentou. “Acreditamos no Brasil e no seu potencial na transição energética. O País abandonou o discurso do passado e está investindo no futuro.”

Além de Lula e Alckmin, participaram o ministro da Casa Civil, Rui Costa, e o professor de economia e ex-presidente do BNDES Luciano Coutinho, além do secretário especial de Análise Governamental da Casa Civil, Bruno Moretti.

Os representantes do setor privado eram Emanuele Capellano (presidente da Stellantis para a América do Sul), Ciro Possobom (CEO da Volkswagen no Brasil), Evandro Maggio (presidente da Toyota no Brasil), Christopher Podgorski (CEO e presidente da Scania para a América Latina), Aroaldo Oliveira (presidente da IndustriALL-Brasil e diretor-executivo do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC), Evandro Gussi (diretor-presidente da União da Indústria da Cana-de-Açúcar e Bioenergia - Única), Mário Campos (presidente da Bioenergia Brasil), Carlos Ubiratan Garms (conselheiro da Associação Brasileira do Biogás - Abiogás - e diretor da Cocal); Tyler Li (CEO da BYD), Stella Li (vice-presidente global da BYD), Alexandre Baldy (presidente do Conselho da BYD Brasil, Roberto Matarazzo Braun (diretor de Comunicação e ESG da Toyota) e Gustavo Bonini (diretor Institucional da Sania América Latina).

CONSTRUÇÃO CIVIL

Infomoney - SP   15/03/2024

A crise imobiliária da China pode piorar? Essa pergunta tem sido feita por especialistas nos últimos dias, após notícias nada animadoras. A já problemática incorporadora Country Garden reportou nesta semana o atraso no pagamento de juros de um título e a Vanke teve sua classificação de crédito rebaixada para “junk” pela Moody’s na segunda-feira (13). O maior temor é que as duas se juntem em breve à outrora gigante Evergrande, que está em liquidação.

Isso tudo em meio a declarações do ministro da Habitação da China de que o governo manterá sua decisão de não resgatar os enrascados promotores imobiliários do país.

“As empresas imobiliárias que estão gravemente insolventes e perderam as suas capacidades operacionais devem ir à falência e ser reestruturadas, de acordo com os princípios do Estado de Direito”, disse Ni Hong, em entrevista coletiva na semana passada.
Na verdade, a crise imobiliária chinesa  já dura anos e tem aspectos tanto estruturais quanto conjunturais, lembra um estudo da Swiss Re. Houve tanto fatores cíclicos – como o abrandamento do crescimento do rendimento durante a pandemia de covid-19 – como fatores estruturais, incluindo a redução da população em idade ativa, a diminuição dos retornos dos investimentos e o crescimento mais lento da produtividade.

O modelo de negócios das incorporadoras chinesas é de pré-venda de moradias, estratégia arriscada, mas que funcionou bem durante a bonança dos tempos em que o país crescia a taxas de mais de 10% ao ano e com crédito farto.

Com empresas fortemente alavancadas, o ciclo global de subida das taxas de juro de 2022-2023 desencadeou vários incumprimentos na China, especialmente na dívida denominada em dólares, incluindo parte de grandes promotores imobiliários.

Os efeitos são imensos: calcula-se que existam centenas de milhares de chineses que compraram casas e apartamentos dessas incorporadoras e agora não têm a menor ideia se os projetos serão concluídos. Imagens de grandes esqueletos de prédios são frequentes na imprensa local e global.
Crise de confiança

A crise atingiu a confiança das famílias e das empresas, travando o crescimento interno e aumentando o risco de uma armadilha de liquidez. “Os efeitos de repercussão na economia resultaram principalmente da queda do investimento e do consumo, que se estima afetar cerca de 24% das cadeias de valor relacionadas com o setor imobiliário que constituem o PIB”, diz o relatório da Swiss Re.

A seguradora global estima uma redução do investimento no setor imobiliário chinês 0,5 pontos percentuais e 0,7 p.p. do PIB em 2024. Isso para uma previsão de crescimento anual da economia em 4,5%.

Ainda assim, especialistas acreditam que o risco de incumprimento sistêmico é limitado, dada a estrutura da dívida do setor imobiliário e os esforços do governo para ajudar a desalavancagem nos últimos anos.

As dívidas pendentes dos proprietários e dos promotores imobiliários atingiram o pico em 2020. No terceiro trimestre de 2023, já haviam diminuído para 30,8% e 13,0% do PIB, respetivamente. E as taxas mais baixas em nível mundial também deverão aliviar as pressões financeiras.
Mão do governo

Ainda que não queira passar a mensagem de que podem ajudar os especuladores, o governo tem se mexido em busca de soluções. O recente relatório de trabalho apresentado na reunião “Duas Sessões” apelou à aceleração da promoção do que foi chamado de “um novo modelo de desenvolvimento imobiliário”, destacou a agências de notícias estatal Xinhua.

Essa intenção vem se somar a medidas adotadas no ano passado, que incluíram condições hipotecárias favoráveis, taxas de juro mais baixas e benefícios fiscais, tudo para tentar reforçar a confiança e neutralizar os riscos no setor.

Para este ano, a China promete se concentrar no planeamento e construção de habitação a preços acessíveis e no avanço da construção de infraestruturas públicas e na renovação de 50 mil antigas comunidades residenciais urbanas.

Devem ser modernizados ainda mais de 100 mil quilômetros de dutos subterrâneos para gás, água, esgotos e aquecimento. O governo acredita que essas medidas vão aumentar a demanda pelo setor imobiliário.

Especificamente sobre a Vanke, Sok Yin Yong, analista de renda fixa para a Ásia na Julius Baer, acredita não ser do interesse do governo deixar a empresa quebrar. Ele destaca que a empresa tem fortes ligações com a rica província costeira de Shenzhen e que há uma previsão oficial que os fundos geridos pelo governo local aumentem 0,1% este ano, impulsionados pelas vendas de terrenos.

“Não seremos, portanto, surpreendidos por ver um resgate liderado pelo estado para Vanke. É do interesse do governo garantir que alguns promotores, especialmente os maiores e mais fortes, sobrevivam a esta crise imobiliária para ajudar a atingir a meta de receitas.”

Valor - SP   15/03/2024

Os preços de residências novas na China caíram ainda mais em fevereiro, segundo dados oficiais divulgados nesta sexta-feira em Pequim, mesmo após o governo ter baixado as taxas de juros de hipotecas.

As principais cidades, incluindo Pequim, Guangzhou e Shenzhen, lideraram o declínio mensal de 0,3% nas localidades de primeira linha, apesar do corte recorde do mês passado na taxa hipotecário. O ritmo correspondeu aproximadamente ao registrado em janeiro.

Em relação a fevereiro do ano passado, a queda foi mais acentuada, de 1%, em parte devido ao efeito de uma base de comparação elevada há um ano.

Os preços das casas de segunda mão nas cidades maiores caíram 0,8% em fevereiro em relação ao mês anterior, face a uma queda de 0,6% em janeiro, uma vez que as compras permaneceram fora do alcance de muitos cidadãos comuns.

Os preços em outras cidades importantes caíram por margens maiores, uma vez que a procura permaneceu moderada num contexto de atividade econômica mais fraca.

A crise no setor imobiliário da China pesou sobre a economia desde que o governo adotou uma política de “três linhas vermelhas” em 2021 para conter o endividamento excessivo por parte dos construtores. A política limitou vários tipos de dívida, provocando descumprimentos entre algumas das maiores empresas imobiliárias do país.

Uma reviravolta do mercado é vista como crucial para manter a dinâmica de crescimento da China.

Após a redução recorde da taxa referencial de hipotecas (LPR) com prazo de cinco anos, de 4,2% para 3,95%, em janeiro, as autoridades sugeriram na semana passada uma maior flexibilização monetária para apoiar o crescimento, mantendo os riscos sob controle.

O ministro da Habitação, entretanto, prometeu apoio “razoável” aos promotores imobiliários em dificuldades, mas não aos que enfrentam insolvência.

Nesta sexta-feira, o banco central da China manteve em 2,5% a taxa de juros de médio prazo (MLF) sobre uma injeção líquida de 387 bilhões de yuans (US$ 54,5 bilhões) no sistema financeiro, recurso destinado a instituições financeiras.

A MLF é usada para precificar a LPR, e a taxa de hipoteca de fevereiro deve ser anunciada daqui a uma semana. Com a manutenção da MLF nesta sexta-feira, o mercado prevê que a LPR não deverá ser reduzida.

"O [banco central] continua numa atitude conciliatória, mas a pressão de depreciação sobre o yuan limita a margem para a flexibilização monetária na China antes que os bancos centrais globais comecem a reduzir as taxas", disse Lynn Song, economista-chefe para a Grande China no ING Research, num comunicado nesta sexta-feira.

O dólar americano se fortaleceu cerca de 1,1% em relação ao yuan neste ano.

O banco central, disse ela, “provavelmente cronometrará cuidadosamente seus cortes nas taxas para apoiar uma política de apoio mais ampla nos próximos meses”.

O Estado de S.Paulo - SP   15/03/2024

Criado em 2009, o Minha Casa Minha Vida (MCMV) vai completar 15 anos em 2024, chegando ao seu melhor momento em termos de atratividade para o desenvolvimento de novos projetos pelas construtoras. Esse ápice veio após uma série de medidas implementadas pelo governo desde julho do ano passado e outras que estão entrando em vigor agora. O resultado foi o aumento no poder de compra pela população e mais rentabilidade para as empresas, que têm aproveitado o momento positivo para subir o preço das casas e apartamentos.

A avaliação é do empresário Rafael Menin, copresidente da MRV, construtora com mais empreendimentos feitos sob o guarda-chuva do MCMV desde o seu início. “Não me lembro de ter um programa tão favorável para o segmento econômico quanto o atual”, afirmou Menin, em entrevista exclusiva ao Broadcast.

Pesquisa da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) divulgada ontem, 13, mostrou que, em 2023, as vendas no MCMV cresceram 42,2% ante 2022, chegando a 117,4 mil unidades, enquanto os lançamentos subiram 16,7%, para 93,3 mil unidades. “O governo tem implantado vários benefícios que estimularam o poder de compra”, afirmou o presidente da Abrainc, Luiz França, em entrevista coletiva. Para este ano, a previsão é de mais crescimento.
Programa foi reformulado para turbinar lançamentos

Grande vitrine do governo Lula, o MCMV foi reformulado para turbinar os lançamentos, especialmente no grupo 1, destinado a famílias com renda mensal de até R$ 2.640. O grupo 1 se refere aqui às operações de mercado, com venda pelas construtoras para as famílias; e não à contratação direta pelo governo e repasse às famílias como doação, como feito nos primórdios do programa.

Desde a metade de 2023, houve aumento do subsídio dado às famílias para aquisição de imóveis (de R$ 47,5 mil para R$ 55 mil), corte dos juros em 0,25 ponto porcentual para o financiamento das famílias de menor renda (para o patamar de 4,0% a 4,25% ao ano) e elevação do teto de preços dos imóveis de R$ 265 mil para até R$ 350 mil no País todo, permitindo que mais moradias sejam enquadradas no programa.

Como resultado, muitas incorporadoras têm ampliado os lançamentos. Isso abrange desde pequenas e médias até outras empresas maiores que pretendem entrar na Bolsa.
Corte de imposto vai aumentar o lucro

Outro estímulo anunciado na época passou a valer este mês. A Receita Federal publicou a instrução normativa que reduz a alíquota do Regime Especial de Tributação (RET) de 4% para 1% nos projetos residenciais do grupo 1. A medida teve o objetivo de atrair construtoras para este segmento que, historicamente, tem as margens de lucro mais apertadas.

“Essa foi uma medida importante. Teremos um impacto bem relevante no bottom line (linha final, equivalente ao resultado líquido) da companhia”, afirmou Menin. O empresário não pode dar projeções oficiais sobre a expectativa de ganho, mas isso já está bem precificado pelo mercado. O ganho deve girar em torno de R$ 50 milhões em 2024 e R$ 100 milhões em 2025, de acordo com cálculos de analistas do BTG Pactual e do Itaú BBA. Outras empresas listadas na Bolsa, como Tenda (a maior operadora da faixa 1), Direcional, Plano & Plano e Cury também devem se beneficiar e ampliar os lucros.

No caso da MRV, 85% dos lançamentos estão dentro do programa habitacional, sendo que pouco mais de 30% desse montante ficam no grupo 1. No ano que vem, esse porcentual pode aumentar dada a maior atratividade. “Olhando para o curto prazo, temos dificuldade de mexer no ‘mix’. Já para 2025, eventualmente podemos ter um pouco mais lançamentos no grupo 1", explicou Menin, acrescentando que a companhia tem um estoque de terrenos que comporta mais projetos no setor.
FGTS Futuro será a cereja do bolo

A cereja do bolo para o programa será o início do chamado “FGTS Futuro”, previsto para os próximos dias. A medida permitirá que os compradores de imóveis no grupo 1 complementem as parcelas do financiamento com os depósitos do FGTS que ainda serão feitos pela fonte pagadora. A medida também será válida exclusivamente para a faixa 1 do MCMV e ajudará a aumentar o poder de compra da população.

A título de exemplo, Menin citou que uma família com renda de R$ 2.640 consegue comprar uma moradia de até R$ 200 mil. Com o FGTS Futuro, poderá comprar uma de R$ 215 mil. “Hoje 30% do nosso landbank (banco de terrenos) do MCMV é elegível ao grupo 1. Com o FGTS Futuro, vai aumentar para 40%”, estimou.

Além dos incentivos do governo federal ao MCMV, os governos estaduais também decidiram apoiar o programa habitacional com a oferta de subsídios adicionais para facilitar a compra pelas famílias. Essa já é uma realidade nos Estados de São Paulo, Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pernambuco e, em breve, Rio de Janeiro e Amazonas. Em média, o subsídio extra é de R$ 17 mil. Na visão dos governos estaduais, é mais fácil complementar o MCMV e atrair empreendimentos para suas regiões do que colocar de pé um programa habitacional próprio.

“Com o complemento de subsídios ao MCMV, os governos estaduais buscam facilitar o acesso à habitação formal ao maior número de pessoas. Vendo esses movimentos, outros Estados têm procurado associações de classe para debater e fazer o mesmo. Ninguém quer ficar para trás”, disse Menin, que também participa da Abrainc.
Por enquanto, MRV não acelera

Para a MRV, o principal efeito desse conjunto de estímulos ao MCMV será acelerar o processo de recuperação da sua rentabilidade. A incorporadora viu os custos dispararem ao longo da pandemia, estourando os orçamentos de obras e derrubando o lucro desde então. Em 2023, o prejuízo foi de R$ 30 milhões, e em 2022, de R$ 177 milhões.

A resposta foi reduzir o ritmo de lançamentos e focar nas vendas, combinado com uma subida expressiva do preço das moradias (a alta foi de 45% em um ano, de R$ 169 mil para R$ 246 mil, em média). Concluída essa reestruturação, a direção da incorporadora tem repetido a investidores e analistas que é questão de tempo para as margens voltarem aos níveis normais.

Mesmo com a atratividade maior do MCMV, Menin descartou ampliar o volume de lançamentos consolidados neste momento. O foco, segundo ele, é continuar dentro da meta de produção de 40 mil unidades por ano, já divulgada. “Não existe debate interno para aumentar o tamanho da companhia. Mantemos a disciplina com a proposta de retomar a rentabilidade, reduzir a alavancagem e aumentar o giro dos ativos”, frisou.

A MRV tem previsto uma reunião pública com investidores e analistas, o “MRV Day”, em 15 de março, quando serão compartilhados mais detalhes sobre a estratégia do próximo ciclo de negócios.

Rodoviário

Diário do Comércio - MG   15/03/2024

A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) aprovou por unanimidade o edital de novo modelo para concessão da BR-381 em Minas Gerais. Em sessão extraordinária realizada nesta quinta-feira (14), a proposta técnica foi analisada e, com o parecer favorável, encaminhada para o Tribunal de Contas da União (TCU).

É o TCU o responsável por aprovar ou não o processo de desestatização da rodovia. O segmento da concessão apresenta extensão de aproximadamente 304 quilômetros, com previsão de investimento de R$ 9,3 bilhões ao longo de 30 anos, sendo R$ 5,57 bilhões em obras e R$ 3,68 bilhões destinados à operação.

A concessão da BR-381 em Minas Gerais está prevista para os trechos com início em Belo Horizonte, no entroncamento com a BR-262 para Sabará até o entroncamento com a BR-116 em Governador Valadares.

As mudanças mo projeto foram propostas para aumentar a atratividade de parceiros privados para assumir a concessão do trecho, após a falta de interesse da iniciativa privada nos processos de concessão da chamada “Rodovia da morte”.

A principal delas diz respeito à retirada do trecho de 31 km entre Belo Horizonte e Caeté, que serão assumidos pelo governo federal através do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), conforme já noticiado pelo DIÁRIO DO COMÉRCIO.

Para o senador de Minas Gerais, Carlos Viana (Podemos), a retirada dos lotes 8A e 8B (na saída de Belo Horizonte até Caeté), bem como as indenizações para as famílias que vivem às margens da rodovia são pontos positivos nesta nova versão do edital da BR-381 em Minas Gerais.

Porém, ele pondera a preocupação com o cumprimento dos prazos. “A notícia preocupante é que o Dnit assume essa parte que é justamente a mais complicada, que é a saída da Capital, o que mais gera atraso para os motoristas e o trecho mais perigoso. E não há um prazo para a execução dessas obras“, diz.

Outra mudança é a duplicação 95 km, e a criação de 123 km de faixas adicionais. Além disso, serão construídos de 10 km de vias marginais e diversos dispositivos de melhoria na circulação de veículos, entre eles 23 passarelas e uma área de escape. O projeto de concessão ainda prevê a criação de bases de apoio ao usuário da rodovia, guinchos e áreas de descanso.

A previsão do governo é que a concessão crie 7 mil empregos diretos e gere aproximadamente R$ 42 milhões em impostos arrecadados por ano para os municípios da área afetada.

NAVAL

Portos e Mercados - SP   15/03/2024

Nos primeiros 60 dias de 2024 passaram pelo cais comercial porto-alegrense 43 embarcações entre barcaças de navegação interior e navios de longo curso A unidade Porto Alegre da Portos RS registrou o melhor mês de fevereiro de toda a sua história ao atingir a movimentação de 107.274 toneladas. O aumento contribuiu para também fazer deste o melhor primeiro bimestre de todos os tempos, com o total de 175.227 toneladas nos dois primeiros meses de 2024, um crescimento de 81.02% em relação ao mesmo período de 2022.
Somente as cargas de trigo movimentaram 89.811 toneladas, sendo seguidas pelos fertilizantes (45.996t), pelo sebo bovino (20.879t), pela cevada (17.291t) e por cargas gerais (1.250t).

O Brasil lidera a lista dos países de origem das mercadorias desembarcadas na unidade durante o primeiro bimestre, com 89.721 toneladas, o equivalente a 58.64% do total. Na sequência, aparecem a Rússia (38.936t), Argentina (12.530t), Alemanha (7.060t) e o Uruguai (4.761t).

Já os embarques realizados no Porto de Porto Alegre tiveram, principalmente, os Estados Unidos como destino (21.559t) e também o mercado interno (570t). Em fevereiro, a Portos RS anunciou que planeja executar ainda em 2024 a obra de requalificação da pavimentação da área operacional da unidade, o que dará mais agilidade e segurança às operações.

Ao comentar os resultados obtidos pela unidade, o gerente de planejamento e desenvolvimento da Portos RS, Fernando Estima, lembrou dos editais de novas áreas de arrendamento, da recuperação da sinalização náutica da hidrovia e das licenças operacionais obtidas junto à Fepam que colocam o Porto de Porto Alegre no caminho de um futuro ainda mais próspero.
“O mês de fevereiro é uma boa demonstração do quanto as empresas continuam apostando no Porto de Porto Alegre e do quanto a Portos RS continua apostando firmemente na hidrovia e no cais comercial de Porto Alegre”, afirmou Estima.

PETROLÍFERO

Jornal de Brasília - DF   15/03/2024

O gás natural é um combustível considerado sujo, porque é fóssil (e, portanto, não renovável) e emite gases de efeito estufa, que acirram o aquecimento global.

Apesar disso, é visto como uma espécie de “mal menor” nas políticas de descarbonização de vários países, porque sua queima libera menos poluentes do que o óleo (derivado do petróleo) e o carvão.

Isso faz do gás uma alternativa para empresas que precisam reduzir suas emissões e ainda não contam com outras fontes de energia limpa.

Dados do governo americano apontam, por exemplo, que o gás natural emite 53 quilos de CO2 por MMBtu (milhão de unidades térmicas britânicas, uma medida de energia equivalente a 252 calorias) –o carvão e derivados do petróleo emitem 96 kg e 74 kg, respectivamente.

Como a substituição de outros combustíveis pelo gás é mais fácil e mais barata que a mudança para fontes de energia mais limpas, como eletricidade (o que exige novos equipamentos e sistemas de produção, entre outros investimentos), o gás natural é tido pela indústria e por alguns estudiosos como elemento da transição energética no país.

A ideia é que o setor utilize o gás até que os combustíveis mais sustentáveis, como o hidrogênio verde, tenham escalabilidade industrial e sejam economicamente viáveis.

No final de fevereiro, por exemplo a multinacional norueguesa Hydro, uma das maiores produtoras de alumínio do mundo, iniciou seu plano de substituir todo o óleo que consome por gás natural. O projeto faz parte da meta da empresa de zerar suas emissões de carbono até 2050.

O contrato com a fornecedora de gás natural vai até 2050 e a ideia é que, até lá, a empresa consiga eletrificar seus calcinadores e caldeiras, hoje movidos a carvão e a óleo BPF (óleo combustível pesado, derivado de petróleo) —esse último será substituído por gás até o final deste ano.

Como no Brasil a eletricidade vem principalmente de fontes renováveis, a eletrificação é uma das formas de tornar a produção industrial mais limpa. A empresa também estuda o uso de hidrogênio verde, biogás e biomassa.

O uso do gás natural como elemento de transição energética também é defendido pela União Europeia, vanguarda em regulações ambientais e dependente do combustível em sua matriz energética. Paralelamente, nos Estados Unidos, o gás de xisto (um tipo de gás natural) é tido por especialistas como o principal responsável pela queda de emissões de CO2 do país desde 2005, os americanos aumentaram sua produção de gás e em 2011 se tornaram o maior produtor do mundo.

A realidade do Brasil, porém, é mais desafiadora, porque o país está longe de ser um dos maiores produtores de gás natural do mundo e hoje um terço da sua demanda precisa ser suprido por importações —em 2022, foram 24 milhões de m3 de gás importados por dia. Além disso, a malha de distribuição de gás natural no país é pequena.

Assim, segundo especialistas, o Brasil precisaria ou ampliar seu mercado de gás ou elevar investimentos em tecnologias verdes, para limpar ainda mais sua matriz energética, o que não é simples, segundo Drielli Peyerl, pesquisadora da Universidade de Amsterdã: “O Brasil tem uma dependência tecnológica muito grande; estamos importando a maioria dessa tecnologia de renováveis. O mundo inteiro está correndo atrás de renováveis agora. Tem toda uma questão geopolítica aí envolvida; não é só dizer que teremos uma infraestrutura renovável e pronto”.

O primeiro caminho é visto como mais fácil e rápido por setores como cerâmica, cimento e siderurgia, que têm maior dificuldade em eletrificar suas operações.

Mais de 80% do gás produzido hoje no país está associado à extração de petróleo, em grande parte pela Petrobras. Segundo o Ministério de Minas e Energia, o Brasil produziu 121,45 milhões de m3 (metros cúbicos) por dia de gás em 2022. Desse total, metade foi reinjetada nos poços, o que levou a novo atrito entre o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e a direção da estatal de petróleo.

Como o aumento da oferta de gás a menores preços é uma das suas bandeiras, Silveira cobra da Petrobras que a empresa reinjete menor quantidade de gás natural. A estatal, por sua vez, diz que a reinjeção é um processo natural e que não há sobra de gás no país.

A menor reinjeção é uma das principais medidas defendidas pela Abrace, entidade que representa os grandes consumidores industriais de energia do país, para ampliação do mercado.

Em um documento elaborado no ano passado, a associação diz que o limite técnico de reinjeção de gás é de 30%, bem menor do que os 50% hoje reinjetados pela indústria local. A Abrace credita a maior reinjeção a incertezas de mercado, o que tornaria o aumento da quantidade de gás desvantajoso para o produtor.

“A gente tem um potencial no pré-sal muito significativo para aumentar a produção de gás, se houver demanda. É por isso que nós defendemos que o governo ajude a ser um matchmaker (casamenteiro, em inglês) deste gás que está no fundo do poço com o consumidor. O governo pode ajudar a criar uma convergência entre oferta e demanda”, diz Paulo Pedrosa, presidente da Abrace.

O MME diz que o setor de petróleo e gás natural receberá R$ 335 bilhões em investimentos com o Novo PAC, incluindo recursos para a ampliação do escoamento via gasodutos, reduzindo a reinjeção para além do tecnicamente necessário.
Mauricio Tolmasquim, diretor de transição energética e sustentabilidade da Petrobras, também defende o papel do gás natural como elemento de transição. Como ações da petroleira para aumento da oferta no país, ele cita a finalização do projeto Rota 3, gasoduto de escoamento previsto para este ano, e o desenvolvimento do BM-C-33, na Bacia de Campos –o projeto, feito junto com Equinor e Repol, tem início de operações previsto para 2028. Já o SEAP, campo de gás em desenvolvimento em Sergipe, deve ficar pronto em 2029.

Os três projetos, segundo Tolmasquim, têm potencial de acrescentar 50 milhões de m3 por dia à malha brasileira (70% da demanda atual), mas ele aponta ser improvável que o aumento líquido seja desse tamanho, já que outros campos deverão produzir menos gás até esse período.

“Isso vai eventualmente diminuir um pouco a importação, mas o Brasil ainda vai continuar importando mesmo depois disso.

Não dá para falar que a gente vai estar nadando em gás”, afirma Tolmasquim. Ele também alerta para a possibilidade de o combustível ficar mais caro se a obrigação de misturar biometano no gás natural for aprovada no Congresso.

Segundo a Abrace, hoje seriam necessários cerca de 40 milhões m³ por dia dia de gás natural para substituir o atual consumo de carvão mineral pela indústria. A conta não considera a quantidade para substituir o óleo.

Além do debate sobre seu uso na redução de emissões das indústrias, há discussões sobre a geração de energia elétrica em usinas térmicas movidas a gás.

Como o sistema elétrico brasileiro tem hoje uma grande porcentagem de geração solar e eólica, fontes intermitentes, que não garantem geração contínua, é preciso contar com usinas que possam ser ligadas sempre que necessário para garantir o atendimento da demanda. Termelétricas têm essa flexibilidade, e, entre elas, as que usam gás como fonte de energia são menos poluidoras que as que usam carvão.

“A solução definitiva seria o desenvolvimento de uma forma de armazenamento, não precisa ser bateria, que seja viável economicamente, mas por enquanto isso ainda não é viável em larga escala”, diz Tolmasquim.

Já Pedrosa, que representa a grande indústria, discorda e aponta que uma eventual expansão do mercado de gás deve focar apenas a descarbonização da indústria.

O que nenhum deles sabe dizer é quando exatamente acabará o período dos gás natural na transição.

“Os investimentos vão sendo feitos, as tecnologias vão avançando e nós vamos migrar para o hidrogênio lá na frente. Mas nós temos muita riqueza para aproveitar do nosso gás nesse período e entregando para o planeta a redução de metade das emissões num país que já é campeão de emissões”, afirma Pedrosa.

Petro Notícias - SP   15/03/2024

Mais um índice inédito para prateleira da Petrobrás. A companhia anunciou no início da noite de hoje (14), que registrou um recorde de processamento de gás natural do pré-sal da Bacia de Santos em 2023. A petroleira alcançou a média diária de 25,25 milhões de m³, superando o registro de 2022 em cerca de 200 mil m³/dia. O gás do Pré-Sal é processado nas unidades de Caraguatatuba (UTGCA), no estado de São Paulo; e de Macaé (UTGCAB), no Rio de Janeiro. Segundo a companhia, as melhorias na utilização dos ativos de processamento de gás natural contribuíram, decisivamente, para o resultado.

“O recorde histórico que alcançamos em 2023 é fruto da sinergia entre nossas equipes e do foco em rentabilidade e eficiência que empregamos para uma maior oferta do produto ao mercado”, disse o diretor de Processos Industriais e Produtos da Petrobrás, William França.

A Petrobrás deve continuar nessa crescente de processamento. Isso porque a empresa espera iniciar, ainda neste ano, a operação do gasoduto Rota 3, cujo gás será processado em uma planta com capacidade de 21 milhões de m³/dia no Polo Gaslub, em Itaboraí (RJ).

Associe-se!

Junte-se a nós e faça parte dos executivos que ajudam a traçar os rumos da distribuição de aço no Brasil.

INDA

O INDA, Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço, é uma Instituição Não Governamental, legalmente constituída, sem fins lucrativos e fundada em julho de 1970. Seu principal objetivo é promover o uso consciente do Aço, tanto no mercado interno quanto externo, aumentando com isso a competitividade do setor de distribuição e do sistema Siderúrgico Brasileiro como um todo.

Rua Silvia Bueno, 1660, 1º Andar, Cj 107, Ipiranga - São Paulo/SP

+55 11 2272-2121

contato@inda.org.br

© 2019 INDA | Todos os direitos reservados. desenvolvido por agência the bag.

TOP