O Estado de S.Paulo - SP 10/07/2024
O presidente do Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos), Jerome Powell, afirmou nesta terça-feira, 9, que o próximo passo de política monetária do BC americano “não parece ser um aumento de juros”, durante testemunho no Senado dos EUA. “Conforme fazemos progresso na inflação e no emprego, uma redução nos juros parece provável”, disse, ao ser questionado.
No entanto, Powell ressaltou que os dirigentes devem adotar uma postura cautelosa. “Sabemos que precisamos controlar o ritmo de alterações na política monetária para não prejudicar progresso na inflação ou prejudicar emprego”, afirmou.
Powell evitou projetar quando a próxima alteração na política monetária deve acontecer, apesar de ser questionado diversas vezes pelos senadores americanos. “Não enviarei qualquer sinal hoje sobre quando acontecerá qualquer ajuste nos juros”, pontuou.
Ele reiterou que não será apropriado reduzir juros nos EUA até que o banco central tenha confiança no progresso da desinflação. Por outro lado, destacou que a inflação “não é mais o único risco” enfrentado pelo BC americano, considerando a desaceleração significativa dos preços e do mercado de trabalho desde o início do aperto monetário.
“Os dados de inflação no primeiro trimestre de 2024 não nos deram confiança no progresso rumo à meta. Contudo, dados recentes mostram progresso modesto e expectativas ancoradas”, apontou o presidente do Fed. “Mais dados bons podem fortalecer nossa confiança em queda sustentada da inflação.”
Powell reforçou que, para lidar com os riscos dos dois lados do mandato, as decisões serão tomadas a cada reunião, para permitir que o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla) analise dados e perspectivas para a economia antes de decidir o “caminho apropriado para política monetária”. Ele lembrou que reduzir os juros cedo demais pode reverter o progresso da desinflação, ao mesmo tempo em que reduzi-los tarde demais pode enfraquecer a economia e o emprego.
Mercado de trabalho
O presidente do BC americano ainda observou que o mercado de trabalho não é mais o catalisador principal de pressões inflacionárias nos EUA.
Powell destacou que o mercado de trabalho americano parece ter retornado ao nível pré-pandemia “forte, sem aperto exagerado”. O presidente do BC dos EUA citou os dados da leitura mais recente do payroll, o principal relatório de empregos dos EUA.
De acordo com ele, há “clara desaceleração significativa” do emprego, com vários subíndices de volta aos níveis de 2019, e equilíbrio entre oferta e demanda. “Mas apesar desse arrefecimento, o mercado de trabalho continua forte e temos consciência de que precisamos protegê-lo”, disse, ao ser questionado pelos senadores.
Sobre a economia, Powell apontou que a atividade continua a expandir em ritmo sólido, junto a um desempenho ainda robusto de gastos com consumo e demanda doméstica privada. No entanto, ele nota que houve moderação no crescimento econômico e que os gastos com consumo têm aumentado em ritmo mais lento.
CNN Brasil - SP 10/07/2024
O gerente do seu banco trabalha para proteger o teu dinheiro. Em Brasília, o Banco Central (BC) é um banco um pouco diferente porque não lida necessariamente com depósitos e saques.
A principal função é proteger o valor da moeda, o real. Para isso, é preciso combater o grade inimigo do dinheiro: a inflação.
Como o BC pode agir contra a alta dos preços se eles são decididos na própria economia? Já que quem decide aumentar valores muitas vezes são indivíduos ou empresas, como um fazendeiro, uma indústria ou mesmo o dono do supermercado do bairro.
Para isso, entra o principal instrumento da política monetária: o juro básico da economia, que no Brasil é a taxa Selic.
Ao decidir esse número, o BC influencia boa parte de todas as transações com dinheiro na economia, especialmente — mas não apenas — aquelas que têm juros, como empréstimos e investimentos.
A cada 45 dias, o Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne para definir o novo patamar da Selic. E o processo é similar ao de um maestro que rege uma orquestra.
A partitura desse maestro econômico é a meta de inflação. Esse é o grande norte da autoridade monetária.
A meta é definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e atualmente está fixada em 3% no acumulado de 12 meses, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
A meta determina o ritmo que a música chamada inflação pode tocar.
Antes de definir a Selic, o BC faz um minucioso exame da sinfonia econômica. São coletados dados de diversos setores da economia, como indústria, serviços, mercado de trabalho e especialmente o comportamento dos preços, além do cenário externo.
Assim, os diretores do BC conseguem compor um panorama abrangente do ritmo da economia do país.
Juros altos, como um tom mais baixo, desaceleram a atividade econômica, enquanto taxas baixas, impulsionam. Essa modulação tem como objetivo influenciar o ritmo da atividade econômica e dos preços.
A conexão é simples: se a economia acelera e cresce, há mais espaço para aumento de preços. Já se a economia reduz o passo e encolhe, os preços tendem a aumentar menos.
As reuniões do Copom são cercadas de sigilo. Bloqueadores de celular e comunicação restrita a recados escritos garantem que os membros do Comitê baseiem suas decisões apenas nas informações disponíveis e no debate técnico aprofundado. E, principalmente, não vazem nada para fora daquela sala no 20º andar do edifício-sede em Brasília.
Apesar do sigilo durante as reuniões, as decisões do Copom são amplamente anunciadas. A cada atualização da Selic, o BC emite um comunicado detalhando os fatores considerados e as perspectivas para a economia, buscando esclarecer os rumos da política monetária.
O Estado de S.Paulo - SP 10/07/2024
Mesmo com as declarações recentes do presidente Lula e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o cenário ainda é o de que a pressão de alta sobre as expectativas de inflação e de desvalorização do câmbio deve prosseguir. Isso porque quase ninguém hoje aposta que o governo irá anunciar um bloqueio de gastos no valor necessário para dissipar totalmente o temor de que, até o fim do ano, a meta fiscal de déficit primário zero em 2024 será alterada.
Na semana passada, o dólar chegou perto de R$ 5,70 no auge das críticas de Lula ao Banco Central e de suas declarações indicando resistência a cortar gastos. Com o estresse, Lula interrompeu os ataques ao BC e mudou de tom em relação ao fiscal, autorizando, após reunião com Haddad, o corte de quase R$ 26 bilhões para 2025 em despesas obrigatórias com um pente-fino em cadastros de benefícios sociais.
Isso até acalmou, em parte, a desconfiança sobre a manutenção dos parâmetros do arcabouço fiscal em 2025, mas a pressão sobre a meta fiscal deste ano continua e ainda é agudo o nervosismo com sua eventual revisão. No calendário dos analistas, a próxima data crucial será o dia 22 deste mês, quando haverá a divulgação do relatório bimestral de avaliação de receitas e despesas do Orçamento.
Diante da frustração das receitas tributárias e da aceleração acima do esperado de gastos no primeiro semestre, especialmente com benefícios previdenciários, vários analistas estimam a necessidade de, ao menos, R$ 35 bilhões entre bloqueio e contingenciamento de despesas para que o governo consiga entregar até um resultado na banda inferior da meta deste ano, de déficit de 0,25% do PIB.
Um bloqueio nesse montante seria uma importante sinalização de compromisso do governo com o arcabouço fiscal e, provavelmente, contribuiria para melhorar as expectativas de inflação e forçar um recuo do dólar para R$ 5,30, caso o cenário externo fique mais favorável. Mas aquele valor não é politicamente viável.
Em notícias de bastidores recentes, circulou a disposição do governo de anunciar um bloqueio de R$ 10 bilhões. Confirmada essa cifra, o mercado iria reagir muito mal. E o estresse sobre o câmbio e a curva de juros aumentaria. Há quem diga que algo entre R$ 15 bilhões e R$ 20 bilhões poderia ser bem recebido. Um bloqueio nessa faixa será suficiente para ajudar o câmbio e melhorar as expectativas de inflação? Talvez, mas não seria uma surpresa se a projeção do IPCA para 2025 ainda caminhe para 4% e a de 2026 para 3,70% ou até 3,80%. E essa não seria uma boa notícia para o BC.
O Estado de S.Paulo - SP 10/07/2024
O governo federal terminou o primeiro semestre deste ano com um crescimento de 8,9% na arrecadação em relação ao mesmo período do ano passado, já descontada a inflação, segundo estimativas do banco BTG Pactual, tendo como base dados do sistema Siga Brasil, do Senado Federal. Em junho, a projeção de alta é de 9,9%, também em termos reais.
Apesar disso, a expectativa do banco é de um déficit primário nas contas do Tesouro de R$ 35,9 bilhões no mês e de R$ 65,1 bilhões no semestre.
“Os dados seguem apontando para um crescimento robusto da arrecadação, que deverá totalizar R$ 207 bilhões no mês, acima da expectativa do mercado (R$ 200 bilhões, segundo o Prisma). A tributação do come-cotas de fundos exclusivos deverá arrecadar R$ 4 bilhões em 2024, sendo metade em junho e metade em dezembro”, diz em relatório o economista Fábio Serrano.
O aumento da arrecadação faz parte da estratégia da equipe econômica para tentar cumprir a meta de déficit zero prevista para este ano. Ainda assim, o banco aponta uma série de problemas no Orçamento, tanto pelo lado das receitas, quanto pelo lado das despesas.
Entre as receitas, o Orçamento prevê a entrada de R$ 56 bilhões como resultado da volta do voto de qualidade a favor do Tesouro no tribunal do Conselho de Administração de Recursos Fiscais (Carf). Até junho, porém, não houve entrada de recursos com essa medida.
“O governo mantém uma expectativa de arrecadar R$ 56 bilhões com o Carf (projetamos R$ 15 bilhões para 2024) e deveria reduzir sua expectativa, dado que, até o momento, sua arrecadação foi nula”, disse Serrano.
Outra rubrica apontada como incerta é com concessões à iniciativa privada. O BTG entende que o governo precisará reduzir de R$ 25 bilhões para R$ 10 bi a estimativa com essa fonte de recursos.
Entre as despesas, a estimativa é a de que os gastos com a Previdência estão subestimados em cerca de R$ 20 bilhões. No segundo relatório de receitas e despesas, há uma previsão de gastos de R$ 918 bilhões com esses benefícios. No acumulado em 12 meses até maio, no entanto, as despesas somam R$ 930 bilhões, como mostrou o Estadão na última semana.
“Para o próximo relatório bimestral, que será divulgado dia 22 de julho, será importante que o governo atualize sua projeção para gastos com Previdência, que pelos nossos cálculos está subestimada em R$ 20 bilhões. A revisão exigirá um bloqueio entre R$15 a R$ 20 bilhões para adequar sua expectativa para os gastos deste ano ao teto”, diz.
O governo precisa realizar o contingenciamento para tentar alcançar a meta de déficit zero prevista para este ano, ainda que na margem de tolerância de um déficit de 0,25% do PIB, cerca de R$ 28 bilhões. Quanto mais tempo demorar para fazer o bloqueio de recursos, menor a margem de manobra da equipe econômica, já que os chamados gastos discricionários (cerca de R$ 200 bilhões) vão sendo consumidos pela execução do Orçamento.
Investing - SP 10/07/2024
Um estudo encomendado pela Logística Brasil mostra que os investimentos em infraestrutura de transportes no país tem ficado abaixo do necessário há pelo menos 24 anos. Durante um período que perpassou 5 presidentes da República, o Brasil não foi capaz de comprometer nem 1% do PIB (Produto Interno Bruto) no setor.
Segundo dados de 2023 da Abdib (Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base), o Brasil precisa destinar 2,26% do PIB para cobrir só a depreciação dos ativos públicos de transportes. Com um volume de recursos insuficientes ao longo de 1/4 de século, a situação do país se deteriorou.
Os investimentos em infraestrutura de transporte são essenciais para redução de custos logísticos e do Custo Brasil – valor gasto para uma empresa realizar suas operações no país. Os investimentos em infraestrutura de transportes no Brasil (rodovias, ferrovias, portos, aeroportos e hidrovias) caíram 16,42% de 2001 a 2023, em relação à proporção do PIB nominal.
“O comportamento da economia está diretamente relacionado à qualidade da infraestrutura de transportes. Quanto melhor a infraestrutura, menores os custos de recebimento de matérias-primas e distribuição dos produtos acabados e, em consequência, menores os custos totais de produção e transporte e menores os preços finais dos produtos e serviços, gerando maior competitividade”, disse o economista Riley Rodrigues de Oliveira, autor do estudo.
O 2º mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) registrou a maior proporção de investimentos em infraestrutura de transportes ante o PIB. Naquele momento, o país aparentava seguir uma trajetória desenvolvimentista, mas o governo seguinte não foi capaz de manter o nível de investimentos e ao fim dos governos petistas o Brasil ficou com as contas estranguladas.
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Os investimentos em infraestrutura voltaram a subir no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), mas ainda longe do necessário. Pressionado também pela pandemia de covid-19, os aportes nos ativos de transportes ficaram estagnados a pouco mais de 0,5% do PIB.
“A combinação de alto deficit fiscal (iniciado em 2013 como resultado da desastrosa Nova Matriz Econômica adotada pelo governo federal), escândalos de corrupção sistêmica, mercado nervoso, com o investidor sem confiança para investir devido à insegurança política, econômica e jurídica e os efeitos da pandemia de covid-19, empurraram os investimentos para em infraestrutura de transportes para 0,47% do PIB na década de 2014 a 2023”, diz o estudo.
Os investimentos públicos nos últimos 24 anos registraram média de 0,30% em relação ao PIB nominal. No pico dos investimentos, em 2010, o governo federal respondeu por 0,55% do total investido no setor de transportes em relação ao PIB.
Já os investimentos do setor privado registraram média de investimentos de 0,29% em proporção ao PIB no período analisado. O auge dos aportes do setor empresarial foi em 2005, quando atingiu 0,43% em relação ao PIB.
Durante 10 anos, de 2012 a 2021, o setor privado foi o principal investidor, com média de 0,26% em relação ao PIB. Nos últimos 2 anos o governo federal, que manteve investimentos médios de 0,23% em relação ao PIB na década anterior, voltou a liderar os investimentos, com 0,33% do PIB ante 0,24% de investimentos em relação ao PIB feitos pelo setor privado.
Diante do cenário de insuficiência da União em administrar de forma eficiente os investimentos em infraestrutura de transportes, o estudo da Logística Brasil apresenta como solução uma ampliação de concessões e parcerias público-privadas, mas em um modelo mais integrado aos órgãos de controle de contas e ambientais para garantir que as obras sejam efetuadas no cronograma correto.
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Na visão de Oliveira, o país precisa se distanciar de grandes projetos com volumosos recursos como o Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Para ele, seria mais vantajoso priorizar empreendimentos com capacidade de serem executados no curto prazo e que representem avanços para toda a cadeia econômica.
“Nas novas concessões, em especial naqueles programas já avançados e em fase de elaboração das licitações, é preciso discutir antecipadamente com os órgãos reguladores, ambientais e de controle para que haja um alinhamento nos projetos que garanta sua execução no prazo previsto”, diz Oliveira.
CNN Brasil - SP 10/07/2024
A Secretária do Tesouro dos Estados Unidos disse que os custos com aluguel e moradia estão mantendo a inflação do país norte-americano mais alta do que o esperado.
Entretanto, Janet Yellen acredita que os preços ao consumidor continuarão a cair ao longo do tempo, uma vez que os fatores inflacionários, incluindo problemas de oferta e aperto no mercado de trabalho, diminuíram. A declaração foi feita a congressistas dos EUA nesta terça-feira (9).
“Acredito que ela (a inflação) continuará a cair ao longo do tempo. Os aluguéis e os custos de moradia continuam a deixá-la mais alta do que gostaríamos”, disse Yellen ao comitê de serviços financeiros da Câmara dos EUA.
Janet ainda disse que embora o mercado de trabalho estivesse inicialmente muito apertado, agora há um mercado de trabalho forte, mas com menos pressões que criariam preocupações inflacionárias, de modo com que a inflação caia.
Globo Online - RJ 10/07/2024
É preciso que todos entendam que temos um problema fiscal no Brasil e que esse desequilíbrio das contas pode atrapalhar o crescimento, nos levar a um cenário de juros altos e inflação fora da meta. Nesse cenário, todos perdem.
O Brasil tem hoje um déficit primário estrutural (receita menos despesas do governo central sem incluir pagamento de juros) por volta de 1% do PIB e, quando se inclui o pagamento de juros, um déficit nominal de mais de 6% do PIB. Com esses números, mesmo com crescimento da economia entre 2% e 2,5% ao ano, a dívida bruta e a dívida líquida do setor público crescerão todos os anos neste governo.
Terminaremos o atual mandato presidencial, em 2026, com a dívida bruta em 82% do Produto Interno Bruto (PIB), crescimento de pelo menos dez pontos em relação a 2022. Esse ritmo de crescimento da dívida não é sustentável no médio e longo prazos.
O ajuste fiscal necessário para colocarmos as dívidas bruta e líquida numa trajetória de queda é de pelo menos três pontos do PIB (R$ 350 bilhões) — e precisa ser feito ao longo dos anos. Fazer ajuste fiscal não é mágica. Envolve, necessariamente, aumento de receita e/ou corte de despesas.
No caso do Brasil, dadas as escolhas feitas na nossa Constituição Federal de 1988, já definimos há mais de 35 anos que seríamos um país de carga tributária elevada. Para nosso nível de renda per capita, o Brasil tem uma carga de 32,4% do PIB, muito acima da média para a América Latina, de 22%, e mais próxima da média da OCDE, que inclui países muito mais ricos.
O Brasil não conseguirá fazer um ajuste fiscal de três pontos do PIB apenas aumentando carga tributária. Algum aumento da arrecadação é possível com a redução dos regimes especiais de tributação, mas é difícil estimar quanto este ou qualquer outro governo conseguiria arrecadar a mais com essas mudanças. Alguém acredita numa redução radical do Simples? Ou mesmo no fim da Zona Franca de Manaus?
Há ainda uma peculiaridade nas contas públicas no Brasil. Parte importante da despesa do governo federal — saúde, educação e parte das emendas parlamentares — está vinculada ao crescimento da receita. O crescimento mais rápido da arrecadação significa, necessariamente, aumento mais rápido do gasto. Qualquer que seja o ajuste fiscal, será necessário mexer nessas regras de vinculação da despesa à receita.
Adicionalmente, parte dos benefícios assistenciais e o piso da Previdência Social são vinculados ao salário mínimo. Uma política de valorização do mínimo acelera o crescimento da despesa da Previdência com benefícios sociais (BPC/Loas), seguro-desemprego e abono salarial. No próximo ano, mais da metade do crescimento programado de R$ 164 bilhões da despesa primária do governo central decorrerá dos programas acima, afetados diretamente pelo crescimento do salário mínimo.
Sem redução da correção real do salário mínimo ou desvinculação das despesas acima do crescimento real dele, é difícil projetar qualquer redução da despesa do governo federal em percentual do PIB ao longo dos próximos anos — redução necessária para fazermos parte do ajuste fiscal pelo lado da despesa.
Nos demais países, é normal haver despesas que crescem automaticamente com o aumento da receita? Não. É normal que benefícios sociais tenham o mesmo valor que o piso da Previdência? Não. Teremos de rever essas regras. Mesmo assim, teremos ainda algum aumento da carga tributária para fazer o ajuste fiscal e consolidar um cenário de juros menores, inflação na meta e mais crescimento.
Infomoney - SP 10/07/2024
Os indicadores industriais acompanhados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostraram um desempenho fraco em maio de 2024, mas ainda acumulam alta no acumulado de cinco meses, conforme dados divulgados nesta terça-feira (9).
O faturamento real recuou 3,8% em maio na comparação com abril, enquanto as horas trabalhadas na produção caíram 2,3%, a massa real salarial encolheu 1,5% e o rendimento médio real foi 1,2% menor. O emprego ficou estável (0,0%) na leitura mensal e o uso da capacidade instalada caiu de 79,1% para 78,7%.
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Segundo a CNI, essa queda da maior parte dos indicadores foi influenciada pelo recuo do setor automotivo no mês, que além de sentir os efeitos causados pelas enchentes no Rio Grande do Sul, também contou com greves dos trabalhadores, que interromperam a produção em outras regiões.
Porém, na comparação dos primeiros cinco meses de 2024 em relação ao mesmo período de 2023, a indústria de transformação mostrou avanço: o faturamento se mostrou 1,2% maior, as horas trabalhadas aumentaram 2,6%, o emprego avançou 1,5%, a massa salarial cresceu 4,4% e o rendimento médio real subiu 2,9%.
Larissa Nocko, economista da CNI, destaca que o setor que mais afetou negativamente o faturamento na pesquisa em maio foi o automotivo, não só pelas enchentes no Sul, mas também por algumas greves em outras regiões do país que também foram responsáveis por interromper a produção e, por consequência, afetaram outros indicadores.
“Quando compara o período de janeiro a maio de 2024 frente ao mesmo período de 2023, a indústria de transformação ainda apresenta avanço em todos os indicadores acompanhados. Isso significa que, apesar do comportamento negativo de maio, o setor está melhor em relação ao início do ano passado”, explica.
Segundo a economista, é esperado que essa queda, causada tanto pelas enchentes no RS quanto por outros aspectos setoriais, se dissipe ao longo dos próximos meses. “Mas é muito cedo para dizer qual a dimensão dessa queda que vai se dissipar e em quanto tempo.”
Infomoney - SP 10/07/2024
O principal tomador de decisões sobre uma intervenção cambial do Brasil sinalizou que não puxaria o gatilho para qualquer medida para conter a desvalorização do real neste ano sem obter total apoio do colegiado do Banco Central.
Gabriel Galípolo disse a investidores em reuniões privadas neste mês que procuraria o consenso de outros diretores do Banco antes de tomar medidas no mercado cambial, de acordo com quatro participantes nessas reuniões.
A postura cautelosa parecia parte da estratégia do diretor de Política Monetária para evitar qualquer aparência de ser suscetível a pressões políticas num momento delicado para a instituição, disseram as pessoas, solicitando anonimato.
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Galípolo é a provável escolha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para chefiar a instituição assim que o mandato de Roberto Campos Neto terminar, em dezembro. Isto o coloca num difícil ato de equilíbrio entre um chefe de Estado que exige que os decisores políticos combatam o que ele vê como especulação monetária e, por outro lado, investidores que estão desconfortáveis com a crescente influência de Lula no BC.
O governo também clama por taxas de juros mais baixas, enquanto os mercados apostam que eles irão na direção oposta.
O real brasileiro caiu mais de 10% no acumulado do ano, a maior queda entre os mercados emergentes depois do peso argentino. Os apelos à intervenção do Banco Central vieram dos aliados de Lula quando a moeda enfraqueceu acentuadamente na semana passada.
Em seguida, reduziu algumas dessas perdas quando Lula se absteve de comentar sobre o mercado cambial e o governo anunciou cortes de gastos.
“Tradicionalmente, qualquer decisão de intervenção seria acordada com o presidente do BC”, disse Luiz Fernando Figueiredo, ex-diretor de Política Monetária do BC e atualmente presidente da Jive Investments.
Os investidores se irritaram com as críticas de Lula à política monetária e atrasaram a aceitação das reduções de gastos. “Nossa moeda flutua e agora está reagindo ao aumento das incertezas”, acrescentou Figueiredo. Houve “muitos discursos públicos e entrevistas, aumentando a cada passo”.
Autonomia, mas com consenso
As decisões de intervenção no mercado cambial viriam de Galípolo, que chefia as mesas de negociação do Banco Central. Durante anos, o presidente da instituição também precisaria aprovar quaisquer ações antes da sua implementação.
No entanto, à medida que a pandemia da covid-19 perturbava os mercados nacionais e globais, o diretor de política monetária do Banco recebeu autonomia para realizar operações cambiais utilizando até 5% das reservas internacionais do Brasil, que atualmente se situam perto de US$ 360 bilhões.
Embora essa liberdade permaneça em vigor hoje – com um limite inferior, de 2,5% das reservas – Galípolo ainda procuraria o consentimento de outros membros do alto escalão do banco.
Em discursos públicos, os banqueiros centrais, incluindo Campos Neto e Galípolo, culparam o “ruído de curto prazo” pela liquidação, apontando para incertezas sobre o futuro fiscal e monetário do país. Eles não chegaram a sinalizar qualquer tipo de intervenção no mercado cambial.
A posição do Banco Central em relação à moeda, por sua vez, levou Lula a alegar que existe um “jogo de especulação” que “não é normal”.
Os decisores políticos enfatizam frequentemente que não têm uma meta para a taxa de câmbio. Mas, tal como acontece em muitos mercados emergentes, uma valorização sustentada do dólar pode aumentar os custos dos bens importados, pressionando a inflação.
No caso de falta de liquidez ou de sinais de disfunção do mercado, o BC pode leiloar novas linhas de swap cambial ou intervir no mercado à vista comprando ou vendendo dólares.
O banco central do Brasil se recusou a comentar esta história.
Ciclo de juros
As tensões entre Lula e o Banco deverão aumentar depois que o Copom interrompeu um ciclo de flexibilização de quase um ano em junho e não deu sinais de continuar os cortes. Galípolo juntou-se à votação unânime do conselho para manter os custos dos empréstimos em 10,5%, depois de ter discordado a favor de uma redução maior na reunião anterior.
A equipe econômica do governo interpretou o voto de Galípolo como uma decisão corajosa que reforça a sua imagem de um decisor político técnico, disse uma pessoa com conhecimento do assunto.
As apostas são altas num momento em que os traders já apostam em aumentos de taxas este ano. A preocupação é que os investidores possam antecipar um aumento nos preços ao consumidor devido ao real mais fraco e, consequentemente, elevar as suas estimativas de inflação ainda mais acima da meta de 3% do banco.
Se esse aumento persistir, poderá tornar inevitável outro ciclo de alta, segundo Italo Abucater, chefe de câmbio da Tullett Prebon.
Em meio a uma forte desvalorização do real, a maneira mais prática e eficaz de reagir seria vendendo dólares, disse ele, acrescentando que essas vendas “criariam o ambiente para que os investidores estrangeiros recuperassem naturalmente os fluxos”.
CNN Brasil - SP 10/07/2024
As grandes mineradoras e petroleiras avaliam judicializar a cobrança do Imposto Seletivo, caso seja mantido o texto atual do projeto de regulamentação da reforma tributária.
Os dois setores serão diretamente afetados pelo “imposto do pecado”, que vai sobretaxar produtos considerados nocivos à saúde ou ao meio ambiente.
No caso do petróleo e da extração mineral, prevê-se “alíquota máxima” de 1% sobre o “valor de mercado” do produto, deixando ainda em aberto o impacto final sobre as operações.
Até agora, no Congresso Nacional, falharam as tentativas desses dois setores de retirar a cobrança do Imposto Seletivo do projeto de regulamentação da reforma — que poderá ser votado pela Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (10).
Para o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), levando-se em conta o faturamento de 2023, a incidência da alíquota máxima do Imposto Seletivo geraria acréscimo de R$ 2,8 bilhões por ano na tributação do setor.
“Não tenho a menor dúvida de que haverá judicialização”, afirmou à CNN o presidente do Ibram, Raul Jungmann, argumentando que tributar exportações é inconstitucional.
Ex-ministro da Defesa e da Segurança Pública, o executivo disse ver o Imposto Seletivo com um “viés arrecadatório”, sem conexão direta com o objetivo declarado de desestimular bens prejudiciais à saúde ou ao meio ambiente.
“A mineração é crucial na transição energética, peça-chave na produção de veículos elétricos, aerogeradores e placas fotovoltaicas. Não faz sentido”.
No setor, a indústria brasileira projeta investimentos de US$ 64,5 bilhões entre 2024 e 2028. “Vamos rezar para que [essa estimativa] não diminua. Mas tudo o que se está fazendo vai na direção contrária”, disse Jungmann.
Além da criação do Imposto Seletivo, a reforma tributária “constitucionalizou” fundos estaduais de infraestrutura, que vêm cobrando taxas específicas sobre bens primários e semielaborados, como minérios.
Agora, estados como Goiás e Pará poderão aplicar essas taxas até 2043, conforme a emenda constitucional promulgada em dezembro do ano passado e agora em fase de regulamentação.
O Instituto Brasileiro do Petróleo e Gás (IBP), que representa as grandes empresas do setor, também evidencia sua intenção de contestar judicialmente o “imposto do pecado”.
“O IBP perseguirá as possíveis vias judiciais para questionar o Imposto Seletivo sobre a exploração de óleo e gás, se não conseguir alterar o atual cenário de discussão no Congresso”, afirmou o instituto, em nota à CNN.
Infomoney - SP 10/07/2024
Para onde o minério de ferro vai? Entre esperanças de estímulos chineses e preocupação com a demanda e estoques elevados, a commodity segue tendo sessões de volatilidade e negocia nos últimos dias na casa dos US$ 110 a tonelada.
Analistas destacam quais são os próximos eventos a monitorar e que envolvem as duas principais economias mundiais: dos EUA e da China.
O Morgan Stanley fez uma análise de como possíveis aumentos de tarifa podem afetar a procura do minério, à medida que os debates sobre os potenciais impactos das tensões comerciais se intensificam. “As reduções na procura de aço através de uma produção econômica mais fraca também são um risco, mas o forte crescimento dos mercados emergentes, com a China como principal fornecedor, impulsiona a nossa visão positiva da demanda global pela commodity”, avaliam os analistas.
As preocupações centram-se nos potenciais efeitos negativos sobre a produção industrial da China (e, portanto, a procura de minério de ferro), decorrentes de qualquer intensificação das tarifas comerciais. Ao traçar um paralelo com os aumentos tarifários feito pelos EUA em 2018, o banco apontou, contudo, que naquela ocasião não foi observado nenhum impacto material na procura global de minério de ferro, uma vez que o crescimento dos mercados emergentes/China compensou facilmente o aumento da produção de aço dos EUA (baseada em sucata).
A China aumentou as suas exportações diretas e indiretas de aço apesar das tarifas, uma vez que se manteve competitiva em termos de custos e atendeu ao crescimento dos mercados emergentes, com redirecionamentos evidentes.
“Tarifas mais severas poderão prejudicar a procura de aço, prejudicando a produção, mas a forte procura dos mercados emergentes deverá manter a procura mundial de minério de ferro numa trajetória positiva”, avalia.
O banco explica que, sendo um grande importador de aço, as tarifas implementadas pelos EUA têm potencial para alterar os padrões comerciais. Os EUA importam anualmente cerca de 50 milhões de toneladas (Mt) de aço, divididos numa proporção de 2:3 entre comércio direto e indireto (ou seja, bens manufaturados), complementando a sua produção interna de cerca de 75 Mt. Da China, a exposição dos EUA é principalmente através do comércio indireto. Embora a sua cota tenha diminuído, a China é responsável por cerca de 20% das importações de maquinaria e produtos metálicos dos EUA em valor, e por menos 5% das importações de veículos.
“Não vimos nenhum obstáculo óbvio à procura global de minério de ferro após a imposição de tarifas em 2018, uma vez que: 1) os EUA continuaram a aumentar as importações indiretas de aço, 2) a China continuou a aumentar as suas exportações indiretas de aço, acompanhando o crescimento dos mercados emergentes, mesmo quando as exportações diretas de aço caíram e 3) a procura por aço na China e em regiões emergentes como a Índia, o Sudeste Asiático e o Médio Oriente manteve a procura global de minério de ferro numa trajetória de alta”, apontam os analistas do banco.
Para o Morgan, embora qualquer potencial agravamento das fricções comerciais tenha o potencial de prejudicar a procura de aço, o crescimento da procura de aço nas economias emergentes é suficientemente forte para mais do que compensar esta situação, sendo a China um importante fornecedor global. As tarifas anteriores dos EUA tiveram apenas efeitos modestos. No entanto, as ações de um grupo mais amplo de países ou as barreiras centradas nas exportações indiretas teriam mais impacto.
Na visão do Bradesco BBI, olhando ainda mais para o curto prazo, todos os olhos estão agora voltados para as expectativas pela demanda pela commodity antes da reunião do “Terceiro Plenário” da China (com início em 15 de Julho).
O BBI, embora não espere uma recuperação acentuada nos preços do minério de ferro, dada a pior sazonalidade, continua a ver espaço limitado para que os preços se deteriorem ainda mais.
Valor - SP 10/07/2024
Três nomes devem ser escolhidos até o fim de julho; executivo pode ser definido em agosto.
Uma primeira lista, com 15 potenciais candidatos a presidente da Vale, tornou-se pública ontem dentro do conturbado processo sucessório da mineradora, que se arrasta desde 2023. Os nomes - boa parte deles revelada pelo colunista Lauro Jardim, do jornal “O Globo”, incluem executivos de grandes empresas brasileiras - entre as quais Embraer, Gerdau, Klabin e Engie -, apenas dois são da área de mineração, outros dois estrangeiros e somente uma mulher, a engenheira Ana Zambelli, com longa trajetória no setor de óleo e gás.
O Valor apurou que essa primeira seleção, preparada pela consultoria Russell Reynolds, teria desagradado à Previ, o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, por não incluir nome mais próximo do governo.
Na seleção, a consultoria de “head hunter” indica quais são os executivos considerados alta prioridade para o cargo e sugere candidatos que se colocaram à disposição de participar de uma segunda etapa do processo. A expectativa é de que três nomes sejam selecionados até o fim do mês - e o escolha do futuro CEO seja concluída até o fim de agosto, segundo fontes. A reportagem não teve acesso às notas atribuídas a cada indicado considerado de alta prioridade.
Fonte: Mercado – Valor Econômico
Parte dos acionistas ouvida pelo Valor demonstrou insatisfação com a lista divulgada pela consultoria responsável por essa seleção.
Nomes como Cristiano Teixeira, da Klabin, Gustavo Werneck, da Gerdau, e Francisco Gomes Neto, da Embraer, foram bem recebidos por parte dos acionistas, por terem uma trajetória nas respectivas empresas consideradas de sucesso. Outros, como Pedro Parente (EB Capital) e Antonio Maciel Neto (Caoa), por exemplo, não representariam hoje o “sangue novo” que a mineradora quer imprimir para voltar a crescer, segundo as fontes. Procurados, nenhum executivo da lista retornou as ligações. Os executivos estrangeiros, Pablo Di Si (Volks) e Antonio Filosa (Jeep), teriam resistência por parte dos acionistas. Filosa negou que tenha sido sondado.
A seleção feita pela consultoria de “head hunter” priorizou nomes ligados ao setor industrial, segundo um candidato ouvido pela reportagem. Na lista, não há ninguém ligado ao mercado financeiro.
Parte dos acionistas também tem defendido uma antecipação no processo de sucessão da Vale, para a empresa virar a página na crise do processo sucessório. No entanto, a dificuldade para encontrar um executivo para início imediato é apontado como a principal dificuldade.
Executivos incluídos na lista ouvidos pelo Valor, sob condição de anonimato, confirmaram que disponibilidade imediata pode ser um problema, mas pode ser negociado. Para parte deles, a Vale tem problemas por conta das tragédias ambientais de Mariana (MG), em 2015, e de Brumadinho (MG), em 2019, mas a empresa representa um desafio de carreira importante para um profissional experiente.
Acionista histórica da Vale desde a privatização da companhia, em 1997, a Previ vem sendo apontada, nos bastidores, desde o começo do governo Lula, como interlocutora do Planalto na sucessão da mineradora, processo marcado por várias tentativas de intervenção de Brasília.
Fontes próximas da Previ negaram que tenha havido qualquer pressão para mudar ou acrescentar nomes nessa primeira lista da Russel Reynolds. A reportagem apurou que a lista foi apresentada na segunda-feira (8) ao comitê de pessoas e remuneração, coordenado por João Fukunaga, presidente da Previ e um dos dois conselheiros do fundo de pensão na mineradora. O outro é Daniel Stieler, presidente do conselho de administração da empresa. Ontem, o colegiado da Vale se reuniu e a lista foi discutida. Procurados, Fukunaga e Stieler não se pronunciaram até o fechamento desta edição.
Alguns nomes próximos ao governo que circularam como eventuais candidatos à vaga de CEO da Vale foram Paulo Caffarelli, ex-presidente do Banco do Brasil, e, mais recentemente, Bruno Dantas, presidente do Tribunal de Contas da União (TCU). O primeiro nome foi do ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega, mal-recebido pelo mercado. O conselho acabou rachando nas discussões sobre a sucessão da mineradora. Outro candidato que apareceu ao longo do processo sucessório foi o do ex-presidente da Vale, Murilo Ferreira, que comandou a mineradora no governo Dilma Rousseff, além de Aldemir Bendine. Nenhum deles apareceu, porém, na lista inicial da Russell Reynolds. Procurado, Dantas não retornou até o fechamento desta edição.
O processo sucessório na Vale tem um rito de governança a ser seguido e a empresa já divulgou que existe um cronograma segundo o qual Eduardo Bartolomeo, o atual CEO, será substituído até dezembro. Mas todo o desgaste que esse processo vem trazendo para a empresa fez com que acionistas e administradores passassem a trabalhar para antecipar a conclusão da troca do presidente. Oficialmente, essas datas não constam do cronograma divulgado pela empresa.
A primeira nominata da Russell Reynolds vai passar por uma depuração que reduzirá o número de candidatos até se chegar a uma lista tríplice. O acordo que existe, segundo fontes, é que nessa lista final conste um candidato de dentro da Vale, que seria o vice-presidente de finanças, Gustavo Pimenta. Restariam, portanto, outras vagas a serem preenchidas. É dessa trinca que saíra o novo CEO.
O Valor apurou que na primeira lista a consultoria fez uma classificação, ordenando os candidatos de acordo com critérios técnicos. Mas a palavra final, sobre quem passará para as fases seguintes da seleção, caberá ao conselho de administração da Vale, que no momento tem 11 integrantes depois da renúncia de dois conselheiros independentes. José Luciano Penido renunciou em março, quando veio a público uma carta dele com críticas ao processo sucessório. Ele terminou se retratando um mês depois e uma apuração interna da Vale indicou que o processo sucessório respeitou a governança. Na semana passada, a canadense Vera Marie Inkster também renunciou.
O colegiado ficou com seis conselheiros independentes abaixo do que determina o estatuto da empresa e agora a Vale irá convocar uma Assembleia Geral Extraordinária (AGE), em data a ser definida, para recompor o conselho.
Em nota na noite de ontem a mineradora afirmou que Reynolds segue desempenhando os serviços de assessoria para a seleção do novo presidente da companhia. “As ações de competência do Conselho de Administração da Vale continuam em execução conforme comunicação ao mercado em 1º de maio de 2024. O processo de sucessão do Presidente da Vale é executado em conformidade com o estatuto social e as políticas corporativas da Companhia, bem como com o Regimento Interno do Conselho de Administração e a legislação aplicável. Por fim, a Companhia informa que não há definição pelo Conselho de Administração da Vale sobre a lista de candidatos até o presente momento e reitera que manterá o mercado informado a respeito de evoluções relevantes sobre a definição do seu novo Presidente.
A administração da Vale persegue um perfil de executivo que possa voltar a fazer a mineradora crescer depois dos problemas com o rompimento das barragens nos últimos anos. A empresa enfrenta problemas de licenciamento ambiental, sobretudo no Pará, onde estão as principais reservas, em Carajás. Existe, segundo dizem fontes próximas à empresa, uma matriz de competências para o CEO. Essa matriz inclui, por exemplo, a necessidade de experiência internacional em cargos anteriores pelos quais o executivo passou. Um ponto que se busca também é que o executivo tenha boa comunicação e priorize relações institucionais com as partes interessadas. (Colaborou Paula Martini, do Rio).
Investing - SP 10/07/2024
A Anglo American, empresa multinacional de mineração, contratou os serviços da Goldman Sachs, Morgan Stanley e Centerview Partners para facilitar a venda de suas operações de carvão siderúrgico.
Os ativos, que incluem cinco minas de carvão ativas, juntamente com projetos de desenvolvimento e joint ventures na Austrália, são estimados por analistas em até US$ 5 bilhões. Essa mudança faz parte da estratégia maior da empresa para otimizar suas operações e se concentrar em empreendimentos mais lucrativos, principalmente na expansão de sua produção de cobre.
A venda está se desenrolando após uma tentativa malsucedida de aquisição pela concorrente do setor BHP. O CEO Duncan Wanblad indicou em maio que o plano de desinvestimento da empresa era iminente, visando não apenas os ativos de carvão, mas também a separação de suas operações de platina na África do Sul, e o desinvestimento ou encerramento de seus ativos de níquel, juntamente com a potencial cisão ou venda de seu negócio de diamantes, De Beers. A Anglo American pretende ter essas mudanças bem encaminhadas até o final de 2025.
Apesar desses planos, a mina Grosvenor da Anglo American em Queensland, Austrália, está atualmente lidando com as consequências de um incêndio que começou em 29 de junho. O incidente exigiu uma avaliação completa dos danos e a mina deve permanecer fechada por vários meses. Essa interrupção pode afetar tanto o momento quanto a avaliação da venda de ativos de carvão.
A mina Grosvenor, que representa aproximadamente 30% do valor do negócio de carvão siderúrgico da Anglo, de acordo com a Jefferies, foi projetada para produzir 3,5 milhões de toneladas de carvão metalúrgico em 2024. No ano anterior, foi responsável por 17% da produção de carvão da empresa, com 2,797 milhões de toneladas produzidas.
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A empresa, reconhecida como a terceira maior exportadora mundial de carvão metalúrgico, já enfrentou desafios na mina Grosvenor no passado. Um fechamento ocorreu por um ano após uma explosão em maio de 2020, que feriu cinco trabalhadores e levou a um inquérito do governo devido aos problemas consistentes da mina com os níveis de gás metano. Medidas de segurança subsequentes foram implementadas e nenhum ferimento foi relatado no incidente recente.
Quanto ao mercado de carvão metalúrgico, os preços sofreram flutuações significativas, atingindo um pico de US$ 635 por tonelada em março de 2022 devido a preocupações com o fornecimento global após a invasão da Ucrânia pela Rússia. Na terça-feira, o preço estava em torno de US $ 250 por tonelada.
Investing - SP 10/07/2024
A incidência do Imposto Seletivo sobre a mineração pode provocar um custo de até R$ 5 bilhões por ano ao setor. É o que estima o diretor-presidente do Ibram (Instituto Brasileiro de Mineração), Raul Jungmann, caso prevaleça o atual texto do PLP (projeto de lei complementar) 68 de 2024, que regulamenta os impostos da reforma tributária.
Pelo substitutivo do grupo de trabalho da Câmara, apresentado na 5ª feira (4.jul.2024), o chamado “imposto do pecado” será cobrado de bens minerais extraídos no Brasil ou importados. O PLP deve ser votado no plenário da Casa Baixa na 4ª feira (10.jul) e depois seguirá para o Senado.
As alíquotas do imposto do pecado ainda não estão definidas. O texto estabelece que elas serão de até 1%. A fixação do percentual para cada produto será feita posteriormente, via projeto de lei. Segundo Jungmann, o impacto final dependerá da alíquota, mas de qualquer jeito haverá insegurança jurídica e para investimentos.
“É um imposto que peca contra as exportações brasileiras, contra a definição que a Constituição dá de que não vamos exportar tributos. Peca contra a balança comercial brasileira, já que o ferro é o 3º item mais exportado do país. Peca por ser cumulativo, como não vai ser compensado. E por fim peca contra o mercado, contra a segurança jurídica e contra a competitividade”, afirmou.
Ex-ministro da Defesa e da Segurança Pública, Jungmann diz ainda que o imposto pode afugentar investimentos no país, inclusive em projetos de minerais críticos e estratégicos para a transição energética, como aqueles necessários para fabricar aerogeradores, placas fotovoltaicas e baterias para veículos elétricos.
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“O mundo hoje está buscando cadeias de valor para ter os minerais críticos essenciais para a economia de transição e de baixo carbono. O Brasil tem um passaporte para o futuro. Mas estamos jogando fora esse passaporte. O mineral é base para praticamente todas as cadeias produtivas”.
Para o ciclo 2024-2028, o Ibram projeta investimentos de US$ 64,5 bilhões na mineração brasileira. Agora, teme-se que a possibilidade de tributação extra emperre esses projetos. Em média, a implantação de uma atividade mineradora leva de 6 a 10 anos. É um investimento alto e de longo prazo.
Atualmente, o minério de ferro representa 60% da produção mineral brasileira. Também é o minério mais exportado do país, sendo o 3º maior produto da balança comercial nacional. Jungmann afirma que a tributação do setor já é alta, sendo a maior do mundo para vários tipos de minerais. Aumentar os impostos ainda mais tornaria o minério brasileiro menos competitivo no mercado global.
“Quando olhamos esse cenário e lembramos que já pagamos a Cfem (royalty da mineração) para mitigar impactos ambientais, vemos que o setor mineral brasileiro está sob ataque. Um ataque fiscal e tributário. E isso terá reflexos negativos para o setor e toda a economia”, disse.
CruzeiroNet - SP 10/07/2024
O município de Sorocaba é um dos maiores polos industriais do Estado de São Paulo, abrigando importantes empresas que produzem bens de consumo, produtos para viabilizar o funcionamento de outras empresas e negócios e a economia de modo geral. A cidade conta com uma variedade de indústrias que atuam em áreas diversificadas, incluindo o mercado de máquinas pesadas, como tratores e retroescavadeiras, que são fundamentais para o desenvolvimento da infraestrutura e agricultura do Brasil e de outros países.
Entre as empresas do segmento está a JCB. Fundada em 1945, no interior da Inglaterra, hoje a empresa está presente em diversos países. No Brasil, a fábrica está instalada na rodovia Castello Branco, na região do Éden, em Sorocaba. Segundo o diretor de Estratégia e Soluções de Produto na JCB América Latina, Etelson Hauck, a cidade foi escolhida por ser considerada umas das melhores do País na área industrial. “O polo industrial de Sorocaba é muito forte. Estamos há 21 anos em Sorocaba e o plano da empresa é de só expandir aqui”.
A unidade, atualmente, conta com 600 funcionários diretos, além dos indiretos, e vende para 18 países, com foco na América Latina. “Do México até a Patagônia, vendemos máquinas. O mercado brasileiro é o principal — em torno de 50,55% do mercado, no volume, é o Brasil. E tem outros países que são muito relevantes, como o Chile, Colômbia, Peru, Argentina, o próprio México, que fica mais para cima, mas que também fornecemos”, explicou o diretor.
Etelson ressalta que a intenção da empresa é de crescer ainda mais no município, com o aumento da produção de equipamentos na unidade sorocabana. O anúncio mais recente foi realizado em junho — um investimento de R$ 500 milhões. O valor faz parte da aplicação na América Latina, que prevê dobrar de tamanho até 2030.
“Não temos planos de crescer em outras regiões neste momento. A ideia é crescer dentro do mercado do Estado de São Paulo e, especialmente, em Sorocaba. Mais pelo polo industrial, pela localidade, facilidade de transporte, muito próxima a São Paulo, muito próxima a Viracopos, com um aeroporto de carga muito relevante para o País. O próprio local aqui é muito favorável. Acredito que são muitos os benefícios para estarmos aqui em Sorocaba”, declarou Etelson.
Case IH
Outra indústria que trabalha com grandes máquinas instalada em Sorocaba é a Case IH, empresa fundada em 1840, nos Estados Unidos. Entre os produtos estão os tratores, colhedoras de cana, plantadeiras e plataformas de cortes de grãos. O gerente comercial da empresa na região, Jonas Baú, explica que cada equipamento é destinado a determinado perfil de clientes, distinções presentes na região de Sorocaba.
Conforme o gerente, as cidades de Piedade, Ibiúna, Itu, Salto e São Roque têm mais força na agricultura familiar. Para esse grupo, são vendidos tratores de baixa potência. Já a macrorregião de Sorocaba, nas localidades de Itapetininga, São Miguel Arcanjo e Capão Bonito, o perfil do cliente é de produtor com um viés mais comercial. “Temos nessa região uma produção grande de grãos, soja, milho, trigo, batata e laranja e perto de Sorocaba já comportamos tratores de alta potência, colheitadeiras, todo o nosso portfólio. Estamos falando de produtos com alto valor agregado e tecnologia embarcada, que podem chegar a até 3,5 milhões de reais”, detalhou Jonas. “Atendemos desde o menor produtor, aquele que tem o viés mais de agricultura familiar, desde o grande produtor, que exporta mundo afora”, complementou.
A empresa conta com três fábricas no Brasil. Além de Sorocaba, elas estão instaladas em Piracicaba e em Curitiba, no Paraná. As linhas fabricadas no País também atendem a América Latina. Já as colheitadeiras de canas, feitas aqui, são exportadas para todo o mundo. Inclusive, o lançamento mais recente da Case ocorreu em maio, de uma nova série de colheitadeiras Axial-Flow Série 160 Automation, produzida, exclusivamente, pela fábrica de Sorocaba. Com isso, a unidade se torna o polo mundial de produção da Série 160, exportando para regiões como Europa e os Estados Unidos, impactando positivamente a economia local. “Hoje nós temos na planta de Sorocaba mais de dois mil colaboradores, mas diretamente ligados à produção são cerca de 1.400. Isso traz uma certa estabilidade para Sorocaba e nossos colaboradores diretos, porque se o Brasil, que hoje está passando por uma fase de estabilidade, reduz o mercado total de colheitadeiras, a gente continua produzindo porque tem demanda em outras regiões ao redor do mundo. Então, acaba dando estabilidade na questão de mão de obra”, explicou Jonas Baú.
Já a Link-Belt, também instalada na cidade, trabalha com escavadeiras. A empresa chegou à América Latina em 2004, mas ganhou mais espaço no mercado latino-americano a partir de 2012, quando a LBX do Brasil, subsidiária da americana Link-Belt Excavator Company, empresa do grupo japonês Sumitomo, se estabeleceu em Sorocaba. Atualmente, a companhia opera em 14 países e conta com mais de 70 distribuidores independentes localizados em toda a América do Norte e América Latina.
IstoÉ Dinheiro - SP 10/07/2024
As vendas da indústria de materiais de construção em junho subiram 1,2% em relação ao mesmo período do ano passado. O aumento das vendas foi puxado pelos materiais de acabamento, com expansão de 2,9%, enquanto os itens de base avançaram apenas 0,2%. Os dados foram divulgados hoje pela Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat).
Com esses resultados, a indústria de materiais de construção terminou o primeiro semestre com um crescimento de 3,0%. Ao longo do ano, as vendas de itens de acabamento subiram 6,1%, e a de básicos, 1,0%.
Já no acumulado dos últimos 12 meses até junho, o setor teve alta de 0,7% nas vendas, sendo 0,3% em acabamento e 1,0% em básicos.
Há duas semanas, a projeção para as vendas da indústria de materiais em 2024 foi elevada de 2% para 3%, de acordo com os novos cálculos da Abramat em parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV). A expectativa mais otimista é reflexo de um aumento na demanda de materiais tanto por parte das construtoras quanto das famílias.
“Esse otimismo é impulsionado pela retomada de investimentos em infraestrutura e construção civil, além de políticas governamentais voltadas para o setor, que visam acelerar a geração de empregos e renda”, afirmou o presidente da Abramat, Rodrigo Navarro, em nota.
Veja - SP 10/07/2024
Enquanto os economistas se preocupam com o futuro dos juros no Brasil – que continuam altos e não só pararam de cair, como, na visão dos mais pessimistas, podem até voltar a subir –, a Moura Dubeux, uma das maiores construtoras do Nordeste, quase parece não sentir os efeitos recessivos que as taxas elevadas causam.
A companhia, focada em imóveis de alto padrão nas principais cidades da região, reportou vendas recordes no segundo trimestre deste ano. As vendas de seus empreendimentos já lançados ou em construção somaram 491,6 milhões de reais entre abril e junho, um aumento de 40% na comparação com o mesmo trimestre no ano passado e maior valor já registrado pela empresa fundada há 41 anos em Pernambuco. A construtora divulgou seus resultados operacionais do segundo trimestre nesta terça-feira, 9.
“É claro que a taxa de juros influencia todos os mercados e também o nosso”, disse a VEJA o diretor-presidente, Diego Villar. “Mas a renda da classe alta cresceu muito, mesmo no período da pandemia. São famílias que têm poupança, têm recursos investidos, e isso que acaba rendendo com os juros mais altos.”
Uma economia mais aquecida no Nordeste, conforme a ampliação de benefícios sociais do governo Lula ajuda a reaquecer o consumo da região, ao lado de um mercado de trabalho e renda em alta, são outros fatores que, de acordo com Villar, ajudam a rebater o peso dos juros altos.
“A decisão de comprar um imóvel está mais atrelada à confiança das pessoas em sua renda do que na taxa de juros em si”, disse. “Se os juros estiverem a 2%, mas você acha que será demitido, você não compra um imóvel. Já se os juros estão 10%, mas você acredita que não vai perder o emprego, ou que pode até ser promovido, você é mais encorajado. A prestação fica maior com juros maiores, mas o importante é o enquadramento dela na renda da pessoa.”
A Moura Dubeux lançou quatro novos empreendimentos nesse trimestre que, juntos, somam 637,4 milhões de reais considerado o Valor Geral de Venda (VGV) Líquido. É um aumento de 7% na comparação com o mesmo trimestre do ano passado – a despeito de o número total de apartamentos dos novos projetos estar 36% menor, o que significa que a empresa está lançando menos unidades, mas com valor final mais alto, resultado, justamente, de sua estratégia de avançar no nicho de alto padrão.
O caixa da empresa, que vem de trimestres de consumo dos recursos, teve uma geração positiva neste trimestre, de 19 bilhões de reais, e o plano da companhia, que abriu seu capital em fevereiro de 2020, é começar a pagar dividendos pela primeira vez no quarto trimestre deste ano. “Nosso plano é que ela seja uma pagadora recorrente de dividendos”, disse o diretor de relações com investidores, Diogo Barral.
Globo Online - RJ 10/07/2024
O investidor que comprar o terreno do antigo Gasômetro para construir o Estádio do Flamengo na Zona Portuária terá que se comprometer ainda com obras de melhoria na infraestrutura do entorno, incluindo a implantação de ciclovias e implantação de calçadas mais largas. As melhorias estão previstas nas regras do leilão do imóvel, marcado para o dia 31, como antecipou ontem o colunista Lauro Jardim. A previsão é que essas melhorias e o estádio fiquem prontos em três anos a partir do momento em que a prefeitura entregar o imóvel, que ainda está em fase de desapropriação.
A capacidade mínima do estádio será de 70 mil lugares, ficando abaixo dos 80 mil que o presidente do Flamengo, Pedro Landim, chegou a estimar. Sendo assim, o Maracanã continuaria a ser o maior da cidade, com capacidade para 78.838 torcedores. O edital não prevê a obrigatoriedade de construir um centro de convenções conforme chegou a ser anunciado pela prefeitura.
— Estabelecemos os critérios mínimos. Os 70 mil lugares são uma referência para orientar a licitação . Nada impede que o estádio tenha capacidade para 80 mil. O centro de convenções é uma ideia que pode integrar o projeto. Não está proibido. O projeto final será detalhado lá na frente por quem vencer a concorrência— disse o deputado federal Pedro Paulo Carvalho Teixeira (PSD-RJ), indicado pelo município para falar sobre o tema.
O edital não cita o Flamengo como o futuro gestor, mas deixa claro que o espaço será obrigatoriamente destinado a equipamento esportivo, onde também seriam realizados show e outros eventos culturais. Além disso, o projeto deverá prever áreas de entretenimento adicionais, como museus interativos e zonas de jogos, dentro ou fora do estádio.
Pelo cronograma proposto, o investidor terá dois prazos a cumprir. O plano urbanístico seria apresentado em até 18 meses, detalhando todas as intervenções. Aprovado pela prefeitura, o investidor teria outros 18 meses para concluir o estádio e as melhorias no entorno.
A preocupação no edital foi integrar o estádio como âncora do Projeto Porto Maravilha, de melhoria da infraestrutura da Zona Portuária do Rio e de São Cristóvão. As ciclovias previstas no edital, por exemplo, ligariam o futuro estádio aos condomínios residenciais em construção no porto. O acesso por carro ao estádio seria permitido até um um edifício-garagem ou estacionamento subterrâneo. Ele, no entanto, teria que ser acessado pelas ruas Pedro II e São Cristóvão, numa tentativa de evitar congestionamentos na Avenida Francisco Bicalho — uma das mais movimentadas da região — em dias de jogos.
Por sua vez, o termo de referência anexo ao estádio prevê que ele deverá ser equipado com iluminação em led, painéis solares e outras fontes de energia renovável para abastecer o equipamento e poder fornecer energia ao entorno. Preferencialmente, serão implantados sistemas de captação e reuso de água da chuva para irrigação de gramados e uso em sanitários.
O valor mínimo para arremate do imóvel é de R$ 138,1 milhões. Esses recursos serão usados para indenizar os gestores do Fundo Imobiliário do Porto Maravilha, administrado pela Caixa Econômica Federal (CEF) e atual proprietário da área. O vencedor também terá que se comprometer em arcar, se houver, com eventuais diferenças entre o valor ofertado no leilão e o que for fixado em juízo, caso haja contestação por parte dos gestores do Fundo Imobiliário e também com eventuais honorários de peritos indicados pela Justiça. Segundo o colunista Lauro Jardim, os gestores do fundo pretendem ajuizar o caso por estimarem que o terreno valeria pelo menos R$ 250 milhões. Nesse cenário, caberá ao juiz indicar quando seria dada a emissão de posse da área para a prefeitura.
A concorrência se dará em duas etapas. Os interessados deverão apresentar um lance inicial, em envelope fechado. A maior oferta será referência para o início da segunda etapa da concorrência, quando os lances passam a ser verbais. Encerradas as rodadas de lances verbais, o responsável pela maior oferta assinará o documento de arrematação , indicando o valor final ofertado, momento em que será declarado vencedor.
A Tribuna - SP 10/07/2024
Nas edições de janeiro e abril deste ano, abordei, nesta coluna, o tema da descarbonização da logística marítima e portuária. Nessas oportunidades, destaquei a importância do movimento de renovação da frota, tornando-a menos poluente. Retomo esta pauta, pois é peça-chave no combate às mudanças climáticas, e o Porto de Roterdã (Holanda) pode servir de exemplo para o Brasil.
Seria desejável que tal processo não ocorresse apenas pela via dos armadores, responsáveis pela operação das embarcações e pedidos de novos navios, mas também pelos operadores portuários e entidades governamentais. Por exemplo, não adianta os armadores encomendarem novas embarcações que utilizem combustíveis sustentáveis se não houver disponibilidade desses combustíveis nos portos em que o armador atuar. Por sua vez, para que os portos possam ofertar o combustível, é necessário haver legislações, incentivos e competências do Estado adequados para o fornecimento do produto.
Uma aplicação prática de incentivo para que os armadores utilizem cada vez mais embarcações movidas a combustíveis sustentáveis pode ser exemplificada pelo caso do Porto de Roterdã. Desde o ano passado, na ocasião de sua revisão tarifária, o complexo estipulou que daria descontos de até 500 mil euros para embarcações que abastecessem no porto com combustíveis sustentáveis.
Com isso, a autoridade portuária pretende dar maior suporte e prêmio aos armadores vanguardistas, além de, por consequência, também induzir maior disponibilidade desses combustíveis na própria instalação portuária. Para atender aos critérios do desconto, o armador deve abastecer com um combustível alternativo que reduza, no mínimo, 90% das emissões de gases de efeito estufa – tais como a bioamônia ou o biometanol. Não são considerados abastecimentos com misturas em biodiesel e outro combustível fóssil.
Importante salientar que a adoção de incentivos para que armadores adotem políticas ambientalmente mais sustentáveis não é nova no país. O desconto sobre abastecimento de embarcações sustentáveis se dá em complemento a outros descontos já oferecidos pelo Porto de Roterdã para embarcações bem avaliadas no Environmental Ship Index (EIS). O EIS avalia o volume de emissões de gases poluentes pela embarcação, sendo que navios menos nocivos ao meio-ambiente possuem notas melhores.
As políticas de desconto também visam dar suporte a pactos globais dos quais o Porto de Roterdã faz parte. É o caso da Zero Emissions Maritime Buyers Alliance (Zemba), um pacto global entre portos, embarcadores (donos das cargas) e armadores que busca incentivar e acelerar a descarbonização do transporte marítimo. Fazem parte dessa aliança grandes empresas multinacionais, como Amazon, Electrolux, Ikea e Philips. Vale destacar ainda o projeto Green & Digital Corridor com o Porto de Singapura, que tem o objetivo de agilizar a descarbonização da rota marítima entre Roterdã e Singapura.
Com todo o seu potencial e conhecimento em sintetização de combustíveis renováveis, o Brasil – como Estado e como sociedade – não deve se acanhar quando o assunto vem à tona. Portos e reguladores devem desenvolver iniciativas como as do Porto de Roterdã, tanto para o país ganhar projeção internacional e integrar as principais rotas marítimas quanto, e principalmente, participar do importante movimento de descarbonização do transporte marítimo.
Portal Fator Brasil - RJ 10/07/2024
Quinto rebocador com tecnologia mais sustentável e grande potência, beneficiando portos do País. Embarcação irá apoiar manobras de navios nos terminais de Ponta da Madeira, Itaqui e Alumar, em São Luís (MA), com impactos positivos em terminais portuários de outros estados.
Maior operador de logística portuária e marítima do mercado brasileiro, a Wilson Sons iniciou, este mês, a operação do WS Dorado, nos terminais de Ponta da Madeira, Itaqui e Alumar, em São Luís, no Maranhão, o quinto rebocador com tecnologia mais sustentável e grande potência de uma série de seis da classe 2513. O processo de construção dessas embarcações, projetadas pela holandesa Damen Shipyards, traz impactos positivos em todos os portos do País onde a companhia atua. Construído nos estaleiros da empresa, no Guarujá (SP), o novo rebocador dará apoio às operações de atracação e desatracação, nestes terminais, atendendo, principalmente, navios de grande porte utilizados para exportação de minério de ferro e que transportam até 400 mil toneladas de carga.
O WS Dorado passa a integrar a frota de 11 rebocadores da companhia na região. No Terminal Marítimo de Ponta da Madeira, pertencente à mineradora Vale, as embarcações dão apoio a navios com carga de minério de ferro. Com a sua localização estratégica, mais próximo dos principais mercados consumidores (EUA, Europa e China), o terminal é um dos principais portais de saída da produção de minério do País, contribuindo para a expansão do comércio internacional.
Já no Porto do Itaqui, os rebocadores atuam em operações de navios com cargas, por exemplo, de diesel, milho, soja, fertilizantes e celulose. Além da importância para o agronegócio, o porto se destaca no setor de granéis líquidos ao movimentar 8,3 milhões de toneladas em 2023, sendo 8 milhões apenas de petróleo e derivados.
Com a entrada em operação do WS Dorado, além da melhoria da frota alocada no complexo de São Luís do Maranhão, haverá um efeito positivo, a partir do final de julho, com o incremento de potência e tecnologia embarcada em outros três portos do País: Salvador (BA), Belém (PA), e Cabedelo (PB). Isso se dará porque, a cada vez que a Wilson Sons recebe um novo rebocador de seu estaleiro, ocorre um impacto significativo nos portos brasileiros onde a empresa opera, sentido de várias maneiras, ressaltando a importância estratégica do reforço contínuo da frota de rebocadores.
Primeiramente, quando o novo rebocador é alocado em um dos portos em que a empresa opera, substituindo uma embarcação na localidade, essa substituição não apenas melhora a eficiência das operações portuárias no porto de destino, mas também garante que as mais recentes tecnologias e inovações estejam disponíveis para atender às necessidades dos clientes. Rebocadores mais novos são, em geral, mais eficientes em termos de combustível, possuem equipamentos de segurança mais avançados e são mais potentes, o que melhora significativamente a capacidade operacional do porto.
O rebocador substituído, por sua vez, é realocado para outro porto, reforçando a frota existente. Esse processo de realocação cria um efeito em cascata, beneficiando múltiplas localidades. Portos que recebem esses rebocadores realocados experimentam um aumento na capacidade de manobra e atendimento, permitindo um fluxo mais ágil e seguro de navios e cargas. Isso é particularmente importante para portos menores ou menos movimentados, onde o incremento na frota faz uma diferença substancial na eficiência operacional.
—Essa estratégia de alocação e realocação dos rebocadores otimiza nossos recursos e maximiza o impacto positivo, assegurando que todos os portos sob nossa operação possam operar com a máxima eficiência e segurança —diz Márcio Castro, diretor-executivo da divisão de Rebocadores da Wilson Sons, acrescentando: —Se considerarmos a série de construções de seis novos rebocadores da companhia, todos os portos do Brasil onde atuamos são positivamente impactados com as movimentações realizadas—.
Novos rebocadores da companhia são pioneiros no Brasil — Os novos rebocadores da Wilson Sons possuem mais de 90 toneladas de bollard pull (tração exercida no cabo de manobra), sendo os pioneiros, no Brasil, com o padrão IMO TIER III, da Organização Marítima Internacional, que atesta a redução de até 70% dos óxidos de nitrogênio. Este padrão é exigido somente em áreas de controle de emissões, como em regiões da América do Norte e da Europa. O novo projeto de casco das embarcações, da Damen Shipyards (RSD 2513), permite reduzir as emissões de gases de efeito estufa, com uma redução estimada de até 14% no consumo de combustíveis fósseis, contribuindo para a melhoria da qualidade do ar dos portos onde operam.
As duplas quilhas (twin fins) melhoram a navegabilidade e aumentam a capacidade de arrasto nas manobras, garantindo menor consumo de combustível e, assim, menos emissões. As embarcações possuem 25 metros de comprimento e 13 metros de largura e operam avante e a ré com a mesma eficiência, podendo ser usadas em manobras portuárias e em rebocagem oceânica.
—O WS Dorado é particularmente notável como os demais da mesma classe, devido à impressionante tração estática de mais de 90 toneladas e à eficiência energética. Estes rebocadores, os mais potentes atualmente em operação no Brasil, estão alinhados aos padrões elevados exigidos nas operações dos navios dos nossos clientes— afirma Márcio Castro.
Empresa alcança marca de 153 embarcações construídas em seus estaleiros — Com a entrega do WS Dorado, a companhia alcançou a marca de 153 embarcações construídas em seus estaleiros. São mais de 80 rebocadores atuando ao longo da costa brasileira e presentes em mais de 40% das manobras dos navios que atracam no País. Com isso, a empresa gera impacto positivo na sociedade e indústrias do mundo inteiro, permitindo que o fluxo de comércio internacional aconteça com segurança, sustentabilidade e eficiência operacional.
Mateus Melo, gerente regional ES, Norte e Nordeste da Wilson Sons, diz que o WS Centaurus, o WS Orion e o WS Dorado mostram a relevância das operações da companhia, na Região Norte/Nordeste e em Ponta da Madeira.
—Atuamos há mais de três décadas em Ponta da Madeira, com operações seguras, sustentáveis e eficientes na região. Atualmente, com uma frota de rebocadores dimensionada para acompanhar a expansão dos portos do Arco Norte, somos a empresa com maior disponibilidade de embarcações e maior abrangência de atendimento— destaca. Sobre a Wilson Sons
A Wilson Sons é o maior operador de logística portuária e marítima do mercado brasileiro, com mais de 186 anos de experiência. A companhia tem abrangência nacional e oferece soluções completas para mais de 5 mil clientes, incluindo armadores, importadores e exportadores, indústria de energia offshore, projetos de energia renovável, setor do agronegócio, além de outros participantes em diversos segmentos da economia.
Valor - SP 10/07/2024
Valor será aplicado na ampliação da produção em três campos recém-adquiridos pela empresa brasileira.
A Fluxus, braço de óleo e gás do grupo J&F, anunciou, nesta terça-feira (9), que investirá US$ 100 milhões (cerca de R$ 550 milhões) na Bolívia até 2028. O valor será aplicado na ampliação da produção em três campos recém-adquiridos pela empresa brasileira.
A estimativa é que a produção diária subirá de 100 mil metros cúbicos de gás para 1,1 milhão de metros cúbicos. Segundo o presidente da empresa, Ricardo Savini, além da aquisição e dos investimentos nos três campos atuais, a Fluxus também avalia investir em atividades de exploração de gás em novas áreas da Bolívia.
“Também seguimos prospectando investimentos na Argentina, no Peru e na Venezuela, sempre na direção de nos consolidarmos como uma plataforma sul-americana de óleo, gás e energia”, disse o executivo.
Atualmente, as empresas do conglomerado utilizam cerca de 15,5 milhões de metros cúbicos de gás por dia para rodar o portfólio, se todas as usinas estiverem em capacidade máxima. Boa parte desse consumo vem das usinas do Amazonas e de Uruguaiana, que não se conectam com a Bolívia.
A produção na Bolívia visa também a deixar o grupo menos exposto às oscilações do preço internacional. Com relação aos investimentos na Bolívia, Savini ressalta que o gás natural do país vizinho é essencial para o abastecimento do mercado brasileiro, no qual o grupo J&F possui usinas movidas com o combustível.
A Fluxus foi comprada pelos irmãos Welsey e Joesley Batista no final de 2023. Em junho de 2024, empresa da J&F anunciou a compra do braço boliviano da Pluspetrol, petroleira independente privada que opera 412 mil barris de óleo equivalente por dia e possui três campos na bacia Tarija-Chaco.
As operações que receberão os novos investimentos da Fluxus abrangem três campos na bacia Tarija-Chaco: Tacobo, Tajibo e Yacuiba. “Com este passo, a Fluxus aproveita a reserva disponível e a posição estratégica da Bolívia para atender à demanda por gás na região, inclusive dos outros negócios do grupo J&F”, diz Savini.
O anúncio ocorre no momento em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, estão na Bolívia, com uma comitiva de representantes da indústria brasileira, para uma reunião com o governo da Bolívia para negociar a compra de gás natural diretamente dos bolivianos.
Na área de energia, o grupo possui a Âmbar, que tem uma capacidade instalada de 2,5 gigawatts (GW). A empresa opera unidades hidrelétricas, solares, de biomassa, carvão mineral e biogás, além de um conjunto de gasodutos.
A Âmbar é a quarta maior geradora de energia a gás natural no Brasil em termos de capacidade instalada e possui a termelétrica UTE Cuiabá, conectada às bacias de gás da Bolívia por gasoduto próprio, e a de Uruguaiana, ligada às reservas de gás da Argentina. Além disso, a térmica de Araucária está interligada às reservas de gás do Brasil e da Bolívia.
CNN Brasil - SP 10/07/2024
A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, declarou nesta terça-feira (9) que a estatal quer ampliar investimentos no setor de gás natural na Bolívia, no entanto, tais ações precisam ser capazes de expandir a oferta do insumo boliviano ao Brasil, e com preços competitivos para atender uma demanda crescente da indústria. A declaração ocorreu no Fórum Empresarial Bolívia-Brasil, realizado na cidade boliviana de Santa Cruz de La Sierra.
Durante o evento, Chambriard também destacou que a produção de gás boliviana atingiu um pico de cerca de 60 milhões de metros cúbicos por dia (m³/d) por volta de 2014, sendo metade desse volume operado pela Petrobras, antes de entrar em declínio.
A subsidiária Petrobras Bolívia, como operadora, chegou a ser responsável por 60% da produção total de gás boliviano entre 2007 e 2011, destacou.
Atualmente, a Bolívia produz aproximadamente 35 milhões de m³/d, com cerca de 25% de participação operada pela Petrobras. Além disso, Chambriard afirmou que 33% das exportações bolivianas de gás são de responsabilidade da petroleira estatal brasileira.
“Hoje nós produzimos 9 milhões (de m³/d), queremos voltar a produzir 30 milhões na Bolívia, mas para isso, de novo, esse gás e esse investimento tem que ser capaz de entregar gás para fertilizantes e para a petroquímica brasileira a preços acessíveis”, declarou.
“Essa é uma questão fundamental para nós, para viabilizar esses investimentos em que a gente acredita e que são essenciais para a parceria Brasil-Bolívia.”
O gás natural é tido como essencial para a retomada da produção de fertilizantes no Brasil, demanda importante do presidente Lula, mas que enfrenta desafios diante dos altos preços do gás natural vendido no Brasil, que é uma grande potência agrícola global, mas que depende amplamente de importações de fertilizantes.
Magda frisou acreditar no potencial do mercado boliviano e nas oportunidades exploratórias de gás que estão disponibilizadas hoje e que demandam investimentos.
Atualmente, a Petrobras tem sete áreas na Bolívia, sendo quatro delas como operadora, incluindo uma que está em processo de devolução, segundo apresentação mostrada durante o evento. Ambas as áreas são operadas por meio de contratos de serviço com a estatal boliviana YPFB.
Segundo a executiva, a companhia planeja realizar uma perfuração na área exploratória de San Telmo Norte, operada pela Petrobras, em 2025, mas que para isso aguarda uma licença ambiental.
“Nós estaremos onde nós formos bem-vindos, então se as comunidades quiserem, se as comunidades nos aceitarem, e se nós tivermos a possibilidade de perfurar esse poço, então nós viabilizaremos esse projeto de San Telmo e vamos entregar a produção de gás que o Brasil e a Bolívia merecem”, afirmou a executiva.
Magda Chambriard, está na comitiva que viajou junto ao presidente Lula à Bolívia, para tratar de diversos temas.
Ela assumiu a companhia brasileira no dia 24 de maio deste ano, após a demissão do ex-CEO Jean Paul Prattes.
Exame - SP 10/07/2024
O agronegócio brasileiro tem sido fundamental para os saldos comerciais positivos do país nas últimas três décadas. É que revela um estudo liderado por Rogério Edivaldo Freitas, técnico de planejamento e pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). A pesquisa abrange um período de 34 anos, de 1989 a 2022, e demonstra que a exportação de produtos agropecuários apresentaram superávit no saldo comercial em todos os anos analisados.
A partir de 2008, durante a crise financeira global, o Brasil enfrentou um saldo não agropecuário constantemente deficitário, ao passo que os superávits comerciais foram impulsionados pelos produtos agropecuários.
Em 2022, esses produtos responderam por 42% das receitas obtidas pelas exportações brasileiras em dólares. Em contraste, essa proporção era próxima de 25% em 1989.
Mudança na pauta exportadora do agro
O estudo identificou mudanças significativas nos principais produtos exportados ao longo dos anos.
Entre 1989 e 1994, resíduos de indústrias alimentares, café e mates, preparações de hortícolas, sementes e oleaginosos, e tabaco e seus manufaturados dominavam, correspondendo a 65% das exportações do agro.
Já de 2014 a 2022, sementes e oleaginosos, carnes e miudezas, açúcares e confeitaria, resíduos de indústrias alimentares e cereais assumiram a liderança, respondendo por 75% dos embarques nesse período.
Além disso, a pesquisa observou uma diminuição significativa nos gastos com importações de alimentos ao longo do tempo. Em 1989, esses gastos representavam em média 12% das importações totais do Brasil, percentual que caiu para cerca de 5% em 2022.
Outro aspecto relevante nesta discussão são os principais importadores dos produtos alimentícios brasileiros. De acordo com dados de 2018 do Brasil, China, União Europeia, Estados Unidos da América, Japão, Irã, Arábia Saudita, Rússia, Hong Kong, Coreia do Sul e Indonésia estão entre os principais compradores do agronegócio brasileiro.
Por outro lado, como mostra a Organização Mundial do Comércio (OMC) em 2020, os principais importadores de produtos alimentícios incluem União Europeia, Estados Unidos, China, Japão, Reino Unido, Canadá, Coreia do Sul, Rússia, Hong Kong e México.
Os dados destacam o alinhamento das exportações agropecuárias brasileiras com os países que representam a maior parte da demanda global. Vários fatores influenciam a busca do mercado internacional pelos produtos agropecuários nacionais, incluindo os diferenciais de preço que refletem a relação entre os preços externos e internos dos bens produzidos pelos agricultores e pecuaristas.
Futuro do agronegócio brasileiro
Quanto ao futuro, o estudo projeta que produtos como algodão, soja, milho, carnes (suína, bovina e de frango) e frutas, especialmente manga, serão os mais dinâmicos em termos de capacidade exportadora do Brasil nesta década.
No entanto, ele também alerta para a possibilidade de redução da área cultivada para culturas como mandioca, café, arroz, laranja e feijão, embora ganhos de produtividade possam compensar parte dessa diminuição.
No caso do algodão, o Brasil ultrapassou, pela primeira vez, os Estados Unidos como o maior exportador mundial do produto, atingindo uma meta originalmente planejada para 2030. O feito foi alcançado antes do término da safra 2023/2024.
De acordo com dados da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), nesta temporada, estima-se que o Brasil colha aproximadamente 3,7 milhões de toneladas de algodão em pluma e que os embarques atinjam cerca de 2,6 milhões de toneladas.
O estudo ainda destaca regiões estratégicas para as exportações agropecuárias brasileiras, como o Sudeste Asiático, com destaque para a China, além de outras áreas como México, União Europeia, Índia, Oriente Médio, África e América do Sul, cada uma com demandas específicas por produtos brasileiros do setor agropecuário.
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