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08 de Janeiro de 2024

SIDERURGIA

Agência Brasil - DF   08/01/2024

Após mais de 30 anos, os Estados Unidos retiraram uma barreira comercial sobre a produção siderúrgica brasileira. O país retirou o direito antidumping sobre os tubos soldados de aço do Brasil.

Agora, esses produtos deixarão de pagar sobretaxa de 103,4% para entrar no mercado norte-americano. Em vigor desde 1992, o direito antidumping foi revogado pela Comissão de Comércio Internacional dos Estados Unidos.

Segundo o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio e vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, a decisão ajudará a impulsionar as exportações brasileiras em 2024. “É uma conquista importante que vai expandir ainda mais a exportação siderúrgica de tubos de aço para os Estados Unidos”, disse Alckmin ao anunciar o superávit recorde de US$ 98,8 bilhões na balança comercial no ano passado.

Permitido pela Organização Mundial do Comércio, o direito antidumping é aplicado quando um país alega que um concorrente produz uma mercadoria abaixo do preço de custo, o que cria competição desleal com o produto nacional. Para revogar a sobretaxa, o país que sofreu a sanção precisa provar que as empresas não exportam as mercadorias abaixo do custo.

A secretária de Comércio Exterior, Tatiana Prazeres, ressaltou que o Brasil foi o único país que sofria esse tipo de punição a ter a sobretaxa retirada após a revisão do governo norte-americano. “Isso prova como o governo brasileiro está empenhado na defesa das empresas brasileiras no exterior e conseguiu provar que o direito antidumping não cabia”, declarou.

Com a exclusão do Brasil, os Estados Unidos continuam sobretaxando os tubos soldados de aço não ligados (não produzidos em forma de liga) dos seguintes países: Índia, México, Coreia do Sul, Taiwan e Tailândia.

Em 2023, o Brasil exportou cerca de US$ 22 milhões em tubos soldados de aço. Desse total, apenas US$ 457 mil foram destinados aos Estados Unidos, cerca de 2% do valor. Se for considerado todo o setor siderúrgico, o país vendeu, no ano passado, cerca de US$ 1,8 bilhão de produtos em ferro fundido, ferro ou aço, dos quais US$ 332 milhões ao mercado norte-americano, 18% das exportações brasileiras nesse segmento. Segundo o MDIC, a diferença entre as participações de mercado (entre 2% e 18%) indica o potencial da derrubada da medida sobre o comércio exterior brasileiro.

Infomoney - SP   08/01/2024

Para frear o avanço das importações de aços laminados visto em 2023, e que promete seguir neste ano, as siderúrgicas do país começam 2024 se movimentando e até tomando iniciativas mais concretas. A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), por exemplo, conforme apurou o IM Business, protocolou duas petições no Departamento de Defesa Comercial (Decom), em Brasília, visando uma potencial abertura de processo antidumping contra material oriundo da China.

O alvo das petições são as importações de folhas metálicas (produtos estanhados e cromados) e aço pré-pintado. Ambas as petições aguardam análise do órgão. O Decom é a autoridade investigadora do país em casos de defesa comercial e está vinculado à Secretaria de Comércio Exterior (Secex).

A CSN é a única fabricante do país de folhas metálicas, com produção na usina de Volta Redonda (RJ). Esse tipo de aço laminado é usado na fabricação de diversos tipos de embalagens, como latas para tintas, alimentos e outras. A empresa também fabrica aço pré-pintado nas instalações que tem em Araucária (PR). O material é aplicado em obras na construção civil e na fabricação de bens da linha branca (geladeiras, freezers e fogões).

Em apresentação a analistas e investidores, em dezembro, no CSN Day, os executivos da companhia destacaram que a entrada forte de aço estrangeiro no país tem afetado alguns tipos de produtos fabricados pela empresa. As chapas zincadas, usadas em automóveis, bens eletrodomésticos e outras aplicações, é um exemplo, segundo destacaram. O outro apontado são as folhas metálicas e os aços pré-pintados.

Ao mesmo tempo, neste início de ano, o Instituto Aço Brasil, que reúne a maioria das fabricantes locais, eleva a pressão sobre o governo federal para que se aplique uma alíquota emergencial, de 25%, sobre todos os tipos de produtos siderúrgicos importados, principalmente de China, Rússia e Coreia do Sul. A sobretaxa atual varia de 10,8% a 12%. Esse pleito foi formalizado em 2023 e foi objeto de várias reuniões com o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, e com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Não houve avanços nesse caminho até o momento.

O Aço Brasil formalizou seus pleitos na Câmara de Comércio Exterior (Camex) em outubro passado, abrangendo produtos laminados a quente e a frio, chapas zincadas, chapas tipo galvalume e aços longos, como vergalhão, barra, fio-máquina e perfis. De janeiro a novembro, alguns desses tipos de aço tiveram crescimento das importações de até 232% na comparação com igual período de 2022.

Nos 11 meses do ano passado, as importações totais de aço pelo Brasil somaram 4,51 milhões de toneladas, uma alta de 49,9% sobre o período anterior. No entanto, desconsiderando as importações de aço semi-acabado (placas e tarugos), o volume de aços laminados ficou em 3,91 milhões de toneladas, com um aumento de 38% na mesma base de comparação. Mesmo assim, é considerado expressivo.

As importações de placas e tarugos foram feitas por Usiminas, que estava com seu maior alto-forno parado para reforma desde abril, e pela CSN, para atender suas laminações em Volta Redonda devido a problemas em sua unidade de aciaria (de onde se extrai a placa). A empresa espera a volta da normalidade do equipamento em fevereiro, com investimentos que estão sendo realizados na usina.

Estima-se que os importados “roubaram” mais de 1 milhão de toneladas nas vendas das siderúrgicas no país. Representantes do setor atribuem a entrada à baixa alíquota de proteção local (10,8%), a subsídios do governo chinês e a uma política de desova de aço pelo país para manter a atividade nas siderúrgicas locais. Consultorias especializadas informam que a China já vem exportando no ritmo de 100 milhões de toneladas por ano. Cerca de 70% do aço importado pelo Brasil é de origem chinesa.

Em dezembro, conforme documentos na Camex, a CSN também entrou com pleito pedindo a elevação da tarifa nos estanhados, cromados e pré-pintados enquanto é aguardada a análise das petições no Decom e enquanto avançam, ou não, as tratativas do Aço Brasil com o governo. O pedido da empresa no órgão é que subam do nível atual,10,8%, para 16%.

Procurado, o Aço Brasil informou que não comenta a questão. Segundo informações, a entidade mantém a expectativa por uma reunião com o governo o mais breve possível para tratar do assunto, que considera crucial. O pleito, alega a entidade, está em linha com medidas tomadas pelos EUA, pela União Europeia e México, que aplicaram 25%. A CSN informou, pela assessoria de imprensa, que não comenta o assunto. Gerdau não retornou, ArcelorMittal disse desconhecer medidas para ações antidumping e Usiminas informou que o caso das importações está a cargo da entidade.

Pouco antes do fim do ano, algumas siderúrgicas — Gerdau, ArcelorMittal, Usiminas e Aperam – anunciaram que estão paralisando unidades de produção ou postergando investimentos de expansão e engavetando novos projetos. Segundo uma fonte, a data limite (o ‘dead line’, como afirmou) para anúncio de uma medida por parte do governo é o final deste mês.

Revista Mineração - SP   08/01/2024

A movimentação de placas de aço da ArcelorMittal em 2023 superou o melhor resultado anterior no Porto de Pecém, registrado em 2018.

Com mais de 2,9 milhões de toneladas de placas de aço embarcadas em 2023, o Porto de Pecém, no Ceará, concluiu o ano com recorde de movimentação. No total, foram usados 81 navios para transportar o aço produzido pela unidade Pecém da ArcelorMittal.

A marca supera o melhor resultado, anteriormente alcançado em 2018 e foi atingida em 30 de dezembro, com a conclusão dos carregamentos do navio Spar Pyxis, com destino ao porto de Mobil, nos Estados Unidos e do navio Iraklis, com destino ao porto de Paulsboro, também nos EUA.

Para o diretor comercial do Complexo do Pecém, André Magalhães, a marca histórica de movimentação das placas de aço é resultado de investimentos em novos equipamentos, além do trabalho intenso de toda equipe do complexo e da unidade Pecém da ArcelorMittal.

“A utilização dos novos guindastes eletromagnéticos e do tipo MHC combinada à dedicação da nossa equipe, incluindo os prestadores de serviços e o cliente, permitiram que conseguíssemos superar o recorde de 2018. Para este ano, estamos preparando o porto para crescer mais e esperamos ultrapassar as 3 milhões de toneladas de placas de aço”, ressalta Magalhães.

O CEO da unidade Pecém da ArcelorMittal, Erick Torres, destacou o papel fundamental da parceria entre a produtora de aço, a cadeia de suprimentos da indústria e o Porto do Pecém para essa conquista.

“Até chegar ao terminal portuário para embarque, milhares de pessoas colocam seus conhecimentos em prática, partindo do trabalho no Pátio de Matérias-Primas à consolidação da placa de aço na Aciaria, chegando à Logística para o Porto, que leva o aço do Ceará ao Brasil e ao mundo. Parabéns pelo resultado e sigamos juntos gerando valor para todos”, destaca.

A unidade Pecém da ArcelorMittal está instalada na Zona de Processamento de Exportação (ZPE) do Ceará. As placas de aço são um dos principais produtos movimentados pelo Porto do Pecém, que opera também outros tipos de carga como contêineres, pás eólicas e coque.

Diário do Aço - MG   08/01/2024

A partir do próximo dia 15, os trabalhadores da Usiminas, Usiroll e Unigal terão a jornada de trabalho alterada. O novo horário, conforme apurado pelo Diário do Aço junto ao presidente do Sindipa, Geraldo Magela, será o turno de 12 horas, dividido em dois dias de 7h às 19h, outros dois de 19h às 7h, e quatro dias de folga.

Atualmente, os empregados trabalham seis dias, dos quais, dois de 7h às 15h, dois de 15h às 23h e outros dois dias de zero hora, folgando 48 horas. Conforme Magela, os próprios trabalhadores pediram para que o horário fosse mudado.

“Nós tivemos a experiência durante a pandemia da covid-19 onde os trabalhadores fizeram a jornada de 12 horas para evitar uma troca de horário e com isso aglomerações. Os trabalhadores gostaram porque tem uma folga melhor que é de 4 dias”, explicou.

O dirigente ressaltou que o sindicato é contra o horário por ter “uma jornada muito longa”, mas devido à solicitação dos representados, o Ministério Público do Trabalho (MPT) foi procurado e deu o aval para que o Sindipa negociasse junto às empresas.

Nos dias 2 e 3 de janeiro foi realizada uma assembleia e aproximadamente 88% dos 1.600 participantes aprovaram o turno de 12 horas com a tabela 4 por 4.

Geraldo Magela crê que o impacto será positivo para os trabalhadores e poderá haver impacto na cidade de Ipatinga. “O impacto eu acredito que vai ser bom porque vai diminuir, inclusive, o trânsito na cidade de Ipatinga, já que o turno vai começar às 6h40, encerrar às 18h40 e quem vem trabalhar para pegar às 18h40 já terá um trânsito menos intenso dos bairros para o Centro ou para o Bom Retiro, que são as principais entradas da Usiminas”, afirma o sindicalista.

O dirigente acrescentou que, além do impacto nas vias, tem a possibilidade de o trabalhador aumentar o tempo de descanso e com a família. “Provavelmente vai aumentar o tempo dos trabalhadores para poder descansar e para poder ter um lazer com a família. Com certeza é mais gente na rua com mais tempo para comprar, para gastar, para curtir a sua folga”, conclui.

Magela também informou que há um desejo para a volta da semana francesa, em que os metalúrgicos trabalham seis dias na jornada de 8 horas e folgam em seguida 96 horas.

ECONOMIA

O Estado de S.Paulo - SP   08/01/2024

balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 9,36 bilhões em dezembro, o que levou o País a fechar com US$ 98,838 de saldo em 2023 — resultado recorde, 60,6% maior que o registrado em 2022.

De acordo com a Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), o valor do ano passado foi alcançado com exportações de US$ 339,673 bilhões (alta de 1,7% ante 2022) e importações de US$ 240,835 bilhões — recuo de 11,7% ante o ano anterior.

Em dezembro, as exportações somaram US$ 28,839 bilhões, e as importações alcançaram US$ 19,479 bilhões. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira, 5.

O resultado para o ano superou todas as expectativas da pesquisa do Projeções Broadcast, cujo intervalo de US$ 96,2 bilhões a US$ 98,4 bilhões, com mediana em US$ 97,1 bilhões. Para dezembro, o dado também ficou maior que todas as estimativas: as projeções iam de US$ 7,10 bilhões a US$ 9,10 bilhões, com consenso de US$ 7,80 bilhões.

No acumulado do ano em relação às exportações, comparando-se com igual período de 2022, houve crescimento de US$ 6,7 bilhões (9,0%) em Agropecuária, alta de US$ 2,64 bilhões (3,5%) em Indústria Extrativa e queda de US$ 4,21 bilhões (-2,3%) em produtos da Indústria de Transformação.

Já nas importações, houve queda de US$ 1,2 bilhões (-21,0%) em Agropecuária, recuo de queda de US$ 5,95 bilhões (-27,0%) em Indústria Extrativa e redução de US$ 24,18 bilhões (-10,0%) em produtos da Indústria de Transformação.

Em relação a dezembro, as exportações registraram alta de 9,5% se comparado a igual período de 2022, com crescimento de US$ 630 milhões (13,7%) em Agropecuária, elevação de US$ 620 milhões (8,9%) em Indústria Extrativa e aumento de US$ 1,26 bilhão (8,6%) em produtos da Indústria de Transformação.

Já as importações caíram 10,7%, com queda de US$ 100 milhões (-21,7%) em Agropecuária, recuo de US$ 1,06 bilhão (-54,1%) em Indústria Extrativa e redução de US$ 1,15 bilhão (-6,0%) em produtos da Indústria de Transformação.

O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, destacou que houve em 2023 um recorde na exportação de commodities como soja, açúcar, milho, carnes, além de máquinas para mineração e aparelhos elétricos.

A fala ocorreu em transmissão exibida na sede do MDIC, durante o anúncio do resultado da balança comercial brasileira em 2023. “Tivemos recorde de exportação para China, Indonésia, México, Vietnã, Argélia, Uruguai e Paraguai”, detalhou, acrescentando que a pasta projeta para 2024 um novo recorde para as exportações, com valor US$ 348,2 bilhões, alta de 2,5% em relação ao resultado de 2023.

Alckmin afirmou que a queda nas importações registrada no ano passado foi auxiliada pela queda de preços de commodities.

Segundo ele, o número de empresas brasileiras exportadoras foi recorde em 2023, com alta de 2% na comparação com 2022. Em junho do ano passado, a pasta divulgou um estudo inédito sobre o perfil das firmas exportadoras, tendo como base um recorte sobre dados disponíveis em 2020. Na ocasião, o estudo concluía que menos de 1% das empresas brasileiras (cerca de 25 mil) exportavam seus produtos. O mesmo estudo ainda apontava que essas empresas eram responsáveis por 15% da força de trabalho formal do País.

No ano passado, a pasta destacou o potencial de o Brasil ampliar sua base exportadora, pontuando que, para atingir este objetivo, o País dependia, dentre outros fatores, de assinaturas de novos acordos comerciais.

A secretária de Comércio Exterior, Tatiana Prazeres, destacou que a previsão de novo recorde de exportações em 2024 é feita mesmo num cenário externo mais desafiador para a economia global. Segundo ela, apesar de haver uma “interrogação” em relação aos preços, a expectativa é a de que o recorde seja alcançado especialmente em razão do aumento de volume exportado.

“A estimativa de aumento de exportações está relacionada, sobretudo, ao aumento de quantidade exportada”, disse Prazeres.

Ela também ressaltou que, pela primeira vez, o Brasil ultrapassou a marca de US$ 100 bilhões exportados à China. O montante é o maior valor já exportado pelo Brasil a um parceiro comercial. Foram US$ 105,7 bilhões em vendas ao país asiático no ano passado.

O ministério afirmou que prevê um superávit de US$ 94,4 bilhões da balança comercial em 2024. O número representa uma queda de 4,5% em relação a 2023.

Segundo a primeira projeção da pasta, é esperado para que as exportações brasileiras somem US$ 348,2 bilhões este ano, ante os US$ 339,7 bilhões de 2023. Como o valor alcançado no ano passado já foi recorde, o número esperado para este ano, se realizado, também será o maior da série histórica.

Para as importações, é esperado um valor de US$ 253,8 bilhões, ante os US$ 240,8 bilhões do ano anterior. Por fim, em relação à corrente de comércio, o governo projeta um valor de US$ 602,0 bilhões, ante os US$ 580,5 bilhões alcançados no ano passado.

IstoÉ Dinheiro - SP   08/01/2024

O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, destacou nesta sexta-feira, 5, que houve em 2023 um recorde na exportação de commodities como soja, açúcar, milho, carnes, além de máquinas para mineração e aparelhos elétricos. A fala ocorreu em transmissão exibida na sede do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), durante o anúncio do resultado da balança comercial brasileira em 2023.

“Tivemos recorde de exportação para China, Indonésia, México, Vietnã, Argélia, Uruguai e Paraguai”, detalhou Alckmin, acrescentando que a pasta projeta para 2024 um novo recorde para as exportações, com valor US$ 348,2 bilhões, alta de 2,5% em relação ao resultado de 2023.

Por fim, Alckmin afirmou, ainda, que a queda nas importações registrada no ano passado foi auxiliada pela queda de preços de commodities.

Recorde de empresas exportadoras

O vice-presidente ressaltou ainda que o número de empresas brasileiras exportadoras foi recorde em 2023, com alta de 2% na comparação com 2022.

Em junho do ano passado, a pasta de Alckmin divulgou um estudo inédito sobre o perfil das firmas exportadoras, tendo como base um recorte sobre dados disponíveis em 2020.

Na ocasião, o estudo concluía que menos de 1% das empresas brasileiras – cerca de 25 mil – exportavam seus produtos. O mesmo estudo ainda apontava que essas empresas eram responsáveis por 15% da força de trabalho formal do País.

Na ocasião da divulgação realizada no ano passado, a pasta destacou o potencial de o Brasil ampliar sua base exportadora, pontuando que, para atingir este objetivo, o País dependia, dentre outros fatores, de assinaturas de novos acordos comerciais.

Comemoração de fim de antidumping dos EUA

Nesta sexta-feira, Alckmin ainda comemorou o fim do antidumping aplicado pelos Estados Unidos aos tubos soldados de aço não-ligado de seção circular importados do Brasil.

Ele se referia a uma decisão, que estava em vigor desde 1992, da Comissão de Comércio Internacional dos Estados Unidos (USITC, na sigla em inglês), que revogou o direito antidumping aplicado a esses produtos na quinta-feira, 4.

Na prática, os EUA irão deixar de cobrar taxas adicionais de 103,4%, na forma de alíquota “ad valorem”, na importação de tubos soldados de aço não-ligado originários do Brasil, o único país a ser excluído da medida. Não houve alteração ou revogação das medidas de defesa comercial referentes aos demais mercados.

A decisão anunciada na quinta decorre da conclusão de que a extinção da medida para as exportações brasileiras não implicará dano material à indústria dos EUA.

Para a secretária de Comércio Exterior da pasta, Tatiana Prazeres, a medida é “muito positiva” para as exportações brasileiras.

Ela afirmou que, embora existam outras restrições afetando produtos siderúrgicos, o governo tem apoiado empresas nacionais que estão nessas situações. “E temos sido muito bem sucedidos. O fato de só o Brasil ter sido excluído da taxa é sinal da nossa capacidade”, disse a secretária.

Exportações do segmento

Em 2023, o Brasil exportou aproximadamente US$ 1,8 bilhão de obras de ferro fundido, ferro ou aço, dos quais US$ 332 milhões destinados aos EUA, representando 18% das exportações brasileiras nesse segmento, de acordo com o MDIC.

Já as exportações brasileiras de tubos soldados de aço de seção circular (classificadas na subposição 7306.30 NCM/SH6) somaram aproximadamente US$ 22 milhões em 2023, dos quais US$ 457 mil foram destinados aos Estados Unidos (2% das exportações brasileiras nesse segmento), podendo tal mercado experimentar incremento a partir da revogação da medida de defesa comercial pelo Governo dos EUA.

O Estado de S.Paulo - SP   08/01/2024

Saldo de quase US$ 100 bi reflete tanto a força do agro quanto a paralisia industrial

O recorde histórico da balança comercial em 2023, de US$ 98,8 bilhões, é uma excelente notícia que embute também um lado bem ruim. O destaque positivo foi, sem dúvida, o aumento surpreendente do volume de grãos exportados pelo Brasil, que garantiu o ótimo saldo financeiro a despeito da queda de valor das commodities agrícolas. O ruim foi a queda das importações, que, na economia nacional, caminha de mãos dadas com a taxa de investimento. Ou seja, quando as compras no exterior caem, é sinal de que pouco se está investindo por aqui.

Os dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) mostram o crescimento de 60,6% do saldo da balança em 2023. Mas, nessa aritmética, a queda de 11,7% das importações pesou mais do que o aumento de 1,7% das exportações. Levando em conta que, no ano anterior, o desempenho de ambos havia sido muito positivo, é possível entender a relação. As compras do exterior registraram aumento de 24,2% em 2022; e as vendas, de 19%. O resultado, naquele ano, foi de estabilidade no saldo comercial, com avanço de apenas 0,2% ante 2021.

Essa batelada de números é necessária para confirmar duas constatações básicas. A primeira é que o setor agropecuário foi, de forma incontestável, o principal suporte da economia brasileira em 2023. Produções recordes das principais culturas, como soja, algodão e milho, levaram ao aumento expressivo das exportações. As estimativas para o total do ano indicam avanço de 25% no volume de vendas da agropecuária.

A segunda é que a paralisia da indústria de transformação, principal importador nacional, fica ratificada pela queda das compras externas. Como bem diz o nome, essa indústria transforma matérias-primas em produtos intermediários, como o aço, ou bens de consumo final. Quando a atividade vai bem, a economia geral está aquecida. É exatamente o que faltou em 2023, apesar das inúmeras promessas do governo Lula da Silva sobre um plano de reativação industrial.

O calendário de 2024, ano de eleições municipais, prevê um grande esforço do governo para rodar as obras do “novo PAC”. Num cenário como o atual, essa indução pode representar um perigo em dobro, por não espelhar a realidade. O investimento da iniciativa privada deve vir do aumento natural da demanda e da melhoria do crédito. De nada adianta forçar um crescimento artificial – consequência do impulso do governo a seu cronograma de obras – que não se sustente a médio e longo prazos.

Hoje é impossível captar as tendências da balança para 2024 por causa de diversos aspectos, inclusive no agro, estrela do ano passado. Castigada no fim de 2023 por questões climáticas, a queda na produção de soja é certa, dizem especialistas. A dúvida é de quanto será. O comportamento internacional do petróleo, outro item de peso na pauta brasileira, é uma total incógnita, assim como o desempenho de parceiros importantes, como China e Argentina. Uma reação industrial poderia amparar não apenas o comércio, como toda a economia – se fosse essa uma prioridade real do governo.

Infomoney - SP   08/01/2024

A produção industrial brasileira avançou 0,5% em novembro na comparação com o mês anterior, acelerando o ritmo após ter registrado altas de 0,1% tanto em setembro como em outubro, informou nesta sexta-feira (5) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O índice acumulado no ano variou 0,1%, e, nos últimos 12 meses, a variação nula (0,0%) segue com o comportamento de estabilidade observado desde maio de 2023.

Segundo André Macedo, gerente da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), mesmo com o saldo positivo de 0,9% acumulado nos últimos quatro meses, a produção industrial ainda se encontra 0,9% abaixo do patamar pré-pandemia (fevereiro de 2020) e 17,6% abaixo do nível recorde alcançado em maio de 2011..
Duas das quatro grandes categorias econômicas e 13 dos 25 ramos industriais pesquisados tiveram crescimento na produção de outubro para novembro de 2023, mostrando um perfil equilibrado entre taxas positivas e negativas nessa comparação.

Entre as atividades industriais, foram destacadas por Macedo as indústrias extrativas (+3,4%) e produtos alimentícios (+2,8%) como as principais influência positivas no mês.

“As indústrias extrativas foram impulsionadas pela maior extração de petróleo e minério de ferro, e eliminaram o recuo de 0,4% do mês de outubro”, detalhou em nota.

Já o setor de produtos alimentícios, que teve como destaque os itens açúcar, produtos derivados da soja e carnes de bovinos, marcou seu 5º mês seguido de crescimento na produção, e acumulou nesse período um crescimento de 6,3%, disse o gerente da pesquisa.

Entre as doze atividades que tiveram redução na produção em novembro, produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-10,2%) e veículos automotores, reboques e carrocerias (-3,1%) exerceram os principais impactos negativos, com ambas eliminando os avanços registrados no mês anterior: de 3,5% e 1,0%, respectivamente.

Já entre as grandes categorias econômicas, ainda na comparação com outubro, bens intermediários (1,6%) teve o crescimento mais acentuado após também avançar em outubro (0,7%) e setembro (0,8%).

O setor produtor de bens de consumo semiduráveis e não duráveis (0,2%) também assinalou taxa positiva nesse mês e interrompeu dois meses consecutivos de queda na produção, período em que acumulou perda de 1,9%. Por outro lado, os segmentos de bens de capital (-1,7%) e de bens de consumo duráveis (-3,3%) tiveram resultados negativos em novembro, ambos com a terceira taxa negativa consecutiva e acumulando, nesse período, perdas de 4,7% e 9,7%, respectivamente.
Comparação interanual

Ante novembro de 2022, o setor industrial assinalou avanço de 1,3%, com resultados positivos duas das quatro grandes categorias econômicas, 10 dos 25 ramos, 32 dos 80 grupos e 46,9% dos 789 produtos pesquisados, informou o IBGE.

Entre as atividades, as principais influências positivas nessa leitura foram registradas por indústrias extrativas (14,5%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (11,6%) e produtos alimentícios (4,7%). Também se destacam as contribuições positivas dos ramos de bebidas (5,4%), de produtos têxteis (9,6%) e de produtos de madeira (10,6%).

Por outro lado, entre as quinze atividades com redução na produção, veículos automotores, reboques e carrocerias (-15,1%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-19,0%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-22,4%) e máquinas e equipamentos (-10,2%) exerceram as maiores influências.

“Esse resultado marcou o quarto mês seguido de crescimento na produção, após recuar 1,2% em julho último, quando interrompeu dois meses consecutivos de resultados positivos nesse tipo de comparação”, disse Macedo.

Contudo, ele detalhou que, no índice desse mês, permanece a característica de perfil disseminado de taxas negativas, alcançando 15 dos 25 ramos industriais pesquisados. “Dessa forma, observa-se pelo 15º mês seguido um número maior de atividades no campo negativo para esse tipo de comparação.”

O Estado de S.Paulo - SP   08/01/2024

Com a ajuda de uma conjuntura interna mais favorável e dos avanços nas exportações, a indústria brasileira completou quatro meses seguidos de crescimento, informou nesta sexta-feira, 5, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A produção acumulou uma expansão de 0,9% entre agosto e novembro de 2023, a sequência mais longa de resultados positivos desde o período de maio a novembro 2020, quando se recuperava do choque inicial provocado pela pandemia de covid-19, mostraram os dados da Pesquisa Industrial Mensal - Produção Física.

Os resultados deste ano, mês a mês, porém, foram modestos: agosto (0,2%), setembro (0,1%), outubro (0,1%) e novembro (0,5%, a mais acentuada para essa época do ano desde 2020).

A tendência para o desempenho do setor industrial ainda é de estagnação, avaliou o economista Helcio Takeda, da consultoria Pezco Economics.

“Não muda a percepção de que a indústria caminha de lado, as aberturas qualitativas da pesquisa mostram isso”, observou Takeda, que prevê crescimento de apenas 0,2% para todo o setor em 2023, na comparação com o ano anterior.

A manutenção no ciclo de cortes na taxa básica de juros, a Selic, e a expectativa de um bom desempenho da indústria extrativa dão margem a alguma recuperação do setor industrial a partir do segundo trimestre de 2024, defendeu o economista da Pezco.

“A projeção é de alta de 1,0% para a indústria neste ano (2024), o que é bem melhor do que 2023, mas ainda não tira aquela sensação de caminhar de lado”, pontuou Takeda.

Na passagem de outubro para novembro de 2023, os avanços nas indústrias extrativas (3,4%) e nos produtos alimentícios (2,8%) impulsionaram o desempenho positivo da produção industrial nacional no período.

“A gente está falando de dois segmentos associados diretamente a exportações”, confirmou André Macedo, gerente da pesquisa do IBGE, acrescentando que o bom desempenho da balança comercial brasileira em 2023 também ajudou na melhora da indústria nacional. “É um fator importante a ser considerado ao longo do ano de 2023.”

No caso de alimentos, a produção avançou por cinco meses seguidos, de julho a novembro.

“Tem a questão da safra recorde, tem exportações, tem produtos identificados com a demanda doméstica”, enumerou.

O crescimento recente reduziu a defasagem ante o patamar pré-pandemia, mas ainda não recupera todas as perdas anteriores.

“A gente tem um ritmo mais acentuado (de produção), mas não posso chamar alta de 0,2%, de 0,1%, como uma trajetória sustentada de crescimento”, explicou o gerente do IBGE.

A indústria brasileira chegou a novembro operando 0,9% aquém do patamar de fevereiro de 2020, mas apenas sete das 25 atividades investigadas funcionavam em nível superior ao pré-crise sanitária: outros equipamentos de transporte (13% acima do pré-covid), produtos do fumo (12,4%), derivados do petróleo (11,5%), extrativas (9,7%), alimentícios (5,2%), bebidas (2,1%) e máquinas e equipamentos (0,8%).

No extremo oposto, os segmentos mais distantes do patamar pré-pandemia são artigos de vestuário e acessórios (-31,4%), móveis (-28,9%), equipamentos de informática (-26,3%), produtos diversos (-23,7%), máquinas e materiais elétricos (-22,6%) e veículos (-21,6%).

No geral, há crescimento na produção da indústria, tendo como pano de fundo algum grau de melhora nas variáveis associadas à demanda doméstica, assim como uma ajuda do aumento das exportações, mas, apesar do início do ciclo de afrouxamento monetário, a taxa de juros ainda elevada prejudica setores mais ligados ao crédito, como as categorias de bens duráveis e bens de capital, resumiu André Macedo.

“Há uma leitura melhor dos fatores conjunturais”, afirmou Macedo. “Tem como pano de fundo algum grau de melhora nessas variáveis associadas ao mercado doméstico.”

Entre os elementos que melhoraram, o pesquisador menciona a evolução favorável do comportamento do mercado de trabalho, com mais trabalhadores ocupados e aumento da massa de salários em circulação na economia, e a inflação mais controlada, que também confere às famílias “algum ganho de renda disponível”. A inadimplência se mostra menor que no passado, mas o nível de endividamento permanece elevado, ponderou.

“O crédito permanece encarecido”, disse ele. “A taxa de juros ainda permanece em patamares elevados.”

A produção de bens de consumo duráveis segue afetada tanto pelo crédito caro quanto pela seca no Amazonas. A estiagem na região Norte prejudicou o acesso a matérias-primas, devido à característica de uso do modal fluvial na logística local, e algumas fábricas deram férias coletivas, relatou Macedo.

Entre os produtos impactados estão televisores, rádios, motocicletas, eletroeletrônicos e equipamentos de informática. Como consequência, a fabricação de bens duráveis acumulou uma perda de 9,7% nos últimos três meses, de setembro a novembro de 2023.

“A política monetária mais restritiva, com taxa de juros mais elevadas, tem também impacto nas decisões de investimentos de empresários”, acrescentou Macedo.

A produção de bens de capital acumulou uma perda de 4,7% nos últimos três meses divulgados pela pesquisa, de setembro a novembro de 2023.

“É algo que tem muita relação com o nosso nível de investimento. São números ainda preocupantes nos investimentos”, concluiu o economista Igor Cadilhac, do banco PicPay.

O Estado de S.Paulo - SP   08/01/2024

Após puxar junto com a agropecuária um resultado que, em 2023, surpreendeu as previsões iniciais, o desempenho do setor de serviços, maior empregador do País, será neste ano ainda mais importante para sustentar a economia.

As previsões do mercado indicam que 65% do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2024 virá das diversas atividades que compõem o setor de serviços nas contas nacionais, como o comércio, os bancos e as empresas de transporte, além de outros segmentos. O percentual leva em conta as projeções de economistas coletadas pelo Banco Central (BC) no Boletim Focus e o peso, no resultado total, de cada um dos três setores da economia: serviços, agropecuária e indústria.

Sem os impulsos da supersafra e dos estímulos fiscais, principais responsáveis pelas surpresas do PIB no ano passado, o crescimento da economia cairá praticamente pela metade: de 2,9%, em 2023, para 1,5% neste ano, segundo as projeções.

A tendência é que, com a economia global perdendo tração, as exportações contribuam menos no resultado esperado, ao passo que a expectativa para os investimentos é de uma reação bastante tímida.

O consumo das famílias, no entanto, deve evitar uma desaceleração mais forte, como reflexo da taxa de desemprego no menor patamar em quase nove anos e da recuperação da renda. Além disso, há o alívio da inflação no bolso das famílias.

O crédito, conforme os economistas, também deve ser uma importante alavanca do desempenho econômico neste ano, na esteira dos cortes da Selic, em paralelo à redução tanto da inadimplência quanto do comprometimento da renda dos consumidores com o pagamento de dívidas.

O contexto é favorável às atividades mais atreladas à economia doméstica, ainda que o País esteja longe de voltar a viver uma “festa do crédito”, já que os juros, embora em queda, continuam elevados. “Já começamos a ver uma redução nas taxas finais de empréstimo, mas ainda muito no começo. Os juros subiram para o 20º andar, agora estão no 19º. Ou seja, não voltaram para o que era antes, mas o elevador está descendo”, comenta o economista da Serasa Experian Luiz Rabi.

Para o economista-chefe do PicPay, Marco Caruso, o mais provável é que o consumo continue sendo mais puxado por produtos essenciais, como os alimentos, dado o alívio da inflação nos orçamentos das famílias de baixa renda.

“Tudo que é ligado ao consumo, principalmente dos produtos de preços mais baixos, continuará mostrando uma história positiva em 2024. Além da melhora no emprego e na renda, a desinflação aconteceu de forma mais clara nas famílias de baixa renda. É o estrato social com maior propensão ao consumo”, observa Caruso. “No crédito, os piores momentos ficaram para trás, mas a foto ainda é complicada”, acrescenta.

No cenário do PicPay, parecido com os traçados por instituições como Santander e XP Investimentos, a atividade deve ficar perto da estagnação até março.

Já nos trimestres seguintes, a tendência é de a economia voltar a crescer, embora em ritmo bastante moderado, à medida que os cortes de juros, junto com o melhor ambiente para as concessões dos bancos, chegarem às taxas de mercado, favorecendo o consumo de bens mais dependentes de crédito, como carros e eletrodomésticos.

Demais componentes

A indústria é, do lado da oferta, o único componente do PIB que deve crescer mais do que no ano passado: de 1,3% para 1,8%, conforme a mediana das projeções do mercado. Se for mesmo esse o ritmo, o setor responderá por 26% do crescimento do PIB deste ano, mais do que o dobro da contribuição de 2023: 10%.

Para Margato, da XP, o desempenho será encabeçado pela indústria extrativa, na qual a expectativa é de maior produção de petróleo e minério de ferro. Na indústria de transformação, o crescimento tende a ser mais lento. “Temos visto estagnação do setor há vários trimestres”, afirma o economista.

No campo, a tendência é de não repetição da safra recorde de grãos, com a volta da produção argentina pressionando os preços da soja, a principal commodity agrícola embarcada pelo Brasil. A agropecuária, uma grande força da economia no ano passado, deve sair de cena e não contribuir para o crescimento previsto para este ano.

Espera-se que os juros mais baixos estimulem os investimentos, mas de forma bastante gradual. Após a queda de 2,5% do ano passado, a perspectiva é de crescimento de 1,4% da chamada formação bruta de capital fixo.

Há confiança no mercado de que o governo, se não zerar o déficit como previsto no Orçamento, vai ao menos se esforçar para diminuir o buraco das contas públicas, o que representa um freio ao plano do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de retomar obras públicas. Além disso, como o foco do ajuste fiscal está do lado das receitas, a cobrança de impostos deve drenar recursos da economia.

Globo Online - RJ   08/01/2024

O forte resultado da balança comercial brasileira traz à memória o período de ouro das commodities, vivido no início dos anos 2000, e tem levado investidores a apostarem numa nova janela de valorização para o real.

O superávit comercial do país atingiu US$ 9,4 bilhões em dezembro, mais do que todas as estimativas de pesquisa da Bloomberg com economistas, que apontava para uma mediana de projeção de US$ 7,7 bilhões. Em 2023 como um todo, o Brasil registrou um superávit comercial de US$ 98,8 bilhões, bem acima dos US$ 61,5 bilhões registrados em 2022 e o maior resultado em mais de 30 anos.

O vice-presidente Geraldo Alckmin disse que o superávit foi significativo e acrescentou que o governo espera que as exportações aumentem ainda mais em 2024, para US$ 348 bilhões. O resultado do ano passado ajuda as reservas internacionais do país e a economia, disse ele aos jornalistas na sexta-feira, após a publicação dos números da balança comercial.

A notícia não poderia vir em melhor momento para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele lida com a perspectiva de uma desaceleração econômica e queda na arrecadação em 2024, quando precisará de recursos para bancar seu ambicioso plano de investimentos sem ameaçar a meta fiscal.

O sucesso econômico do Brasil durante os dois primeiros mandatos de Lula - de 2003 a 2010 - foi parcialmente ancorado num boom de commodities. Agora, mesmo com os preços das matérias-primas abaixo daqueles níveis, o volume das exportações do país cresceu com petróleo, soja e outros produtos agrícolas.

Após reforma ministerial PP e Republicanos entraram no governo

“Estamos vivendo um segundo período de bonança externa”, dizem economistas do Bradesco, em relatório. “Além do petróleo, também estão crescendo as exportações de produtos agropecuários.” Eles escreveram que, nos 12 meses encerrados em outubro de 2023, o volume vendido de produtos agropecuários aumentou quase 30%.

A SPX Capital, que totaliza R$ 60,7 bilhões em ativos sob gestão, aposta em uma mudança estrutural que vai garantir superávits robustos pelos próximos anos.

Outros fundos têm análises similares.

Em dezembro, a Verde Asset Management disse em carta a investidores que abriu uma aposta otimista no real em relação ao dólar, com a leitura de que superávits anuais de US$ 100 bilhões ou acima provavelmente serão o “novo normal” para o país.

O fundo justifica sua análise nos crescentes volumes exportados de petróleo e soja, que são os maiores componentes em valor da balança comercial brasileira.

A XP também espera que o real se fortaleça. Nesta semana, revisou suas estimativas para o câmbio de R$ 4,85 para R$ 4,70 baseado nas perspectivas de uma balança forte e na expectativa de cortes de juros pelo Federal Reserve.

“Houve uma mudança de nível na balança comercial brasileira” e os superávits devem seguir acima dos US$ 62 bilhões vistos em 2022, disse Rodolfo Margato, vice-presidente de pesquisa econômica da XP. Ele prevê superávit de US$ 86 bilhões em 2024.

Petróleo e agricultura

O Brasil está colhendo os efeitos dos investimentos feitos na extração de petróleo nos últimos anos e do ganho de produtividade no agronegócio. Embora alguns fatores cíclicos tenham ajudado a balança comercial brasileira em 2023, “há elementos permanentes e estruturais que favorecem a produção de petróleo, soja e milho”, diz Margato.

Infomoney - SP   08/01/2024

As encomendas à indústria dos Estados Unidos cresceram 2,6% em novembro de 2023 na comparação com outubro, para US$ 592,9 bilhões, informou nesta sexta-feira (5) o Departamento do Comércio. O dado veio acima do consenso Refinitiv de analistas, que previa alta de 2,1%.

Houve ainda revisão no dado de outubro, com a queda mensal de 3,6% antes informada corrigida para um recuo menor, de 3,4%.

MINERAÇÃO

Revista Mineração - SP   08/01/2024

Superando as projeções do início do ano, o Porto Sudeste movimentou mais de 26 milhões de toneladas de minério de ferro em 2023.

Consolidando uma estratégia que alia o desenvolvimento da operação portuária com alternativas e práticas que buscam o bem-estar da comunidade e a preservação do meio ambiente, o Porto Sudeste bateu recorde de movimentação de minério de ferro em 2023, superando 26 milhões de toneladas.

Com mais de 1.840 trens descarregados e 155 navios atracados, o resultado supera as expectativas do início do último ano, que eram de superar 20 milhões de toneladas de cargas movimentadas.

O gerente de operações de granéis sólidos, Robson Maia, comemora a movimentação que passou de 17 milhões de toneladas/ano em 2022 para os atuais quase 26 milhões.

“Isso representa um grande avanço, consolidando o crescimento do Porto Sudeste enquanto solução logística no país. Participar dessa evolução e ver tudo isso tomar forma é emocionante e, ao mesmo tempo, emblemático,” comenta.

Entre as melhorias portuárias que contribuíram para o resultado positivo, está a aprovação do novo calado, concedida em abril pela Marinha do Brasil, passando de 17,80 para 18,30 metros. O acréscimo de 50 centímetros na profundidade máxima que os navios podem ficar submersos ao entrar e sair do terminal portuário representa um aumento de carga de até 30 mil toneladas por navio.

Nesse contexto, a embarcação Golden Amreen, das Ilhas Marshall, foi a primeira a deixar o Porto Sudeste com seis mil toneladas de minério de ferro a mais do que os navios da classe capesize costumavam sair. A mudança também promoveu mais segurança nas condições de navegação e redução do tempo de entrada e saída de navios do terminal.

A integração entre cidade e porto também foi um destaque no Porto Sudeste em 2023. As práticas socioambientais foram premiadas, consolidando a estratégia ESG implementada no terminal.

Entre os projetos voltados para a comunidade, o Impacta Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), promovidos pela ONU – Incentivo à leitura venceu o Prêmio Firjan de Sustentabilidade na categoria Promoção da Agenda de 2030.

Outro projeto reconhecido foi o sistema Tratamento e Reaproveitamento de Águas. Do total de água utilizada na operação durante o ano, 90% foram provenientes das estações de tratamento instaladas. Com o aumento do consumo de água de reuso, mais água para o entorno, para o ecossistema e para a comunidade é disponibilizada.
Compromisso com o futuro

Reforçando o comprometimento com o futuro da sociedade, o Porto Sudeste colocou como meta reduzir, em 10 anos, mais de 50% das emissões de gases do efeito estufa de escopos 1 e 2 provenientes das operações.

Apenas no primeiro semestre de 2023, a empresa já havia apresentado um Estudo de Riscos Climáticos conduzido pela Way Carbon, por meio de uma iniciativa dentro do setor portuário.

Para o diretor de assuntos corporativos e sustentabilidade do Porto Sudeste, Ulisses Oliveira, pioneirismo, responsabilidade, segurança e respeito definem o ano de 2023 do terminal.

“Ficamos muito felizes por todos os resultados alcançados, que só foram possíveis porque temos um time de profissionais que acredita e investe no crescimento sustentável e na cidadania. Seguiremos com nosso compromisso de atuarmos para o desenvolvimento da região, para que a nossa empresa seja sempre uma extensão da nossa comunidade,” destaca.

Globo Online - RJ   08/01/2024

A proximidade do fim do mandato do presidente da Vale, Eduardo Bartolomeo, em maio, alimenta disputas entre os acionistas de uma das maiores empresas do Brasil, a segunda maior produtora de minério de ferro do planeta.

A tensão vem subindo na mineradora nos últimos três anos, desde que ela se tornou uma companhia sem controle definido, a maior nesse modelo no país, e vai aumentar ainda mais até o fim deste mês, quando o Conselho de Administração da Vale tem de decidir se mantém Bartolomeo no cargo ou escolhe um substituto. Uma sucessão será num ambiente distinto das últimas trocas de comando.

A reestruturação societária de 2020 encerrou o acordo de acionistas que deu as cartas na Vale desde a privatização, em 1997. Um bloco de controle acomodava interesses do governo — que manteve influência por meio de BNDES e fundos de pensão de estatais, com destaque para a Previ, do Banco do Brasil — e dos principais sócios privados, o Bradesco e o conglomerado japonês Mitsui. Uma miríade de minoritários, de fundos de investimento estrangeiros a pessoas físicas, vinha a reboque.

Nos últimos anos, a Vale virou um laboratório no país para o modelo de corporação (sem controlador), mais comum nos EUA. O ato inicial da atual disputa pelo comando da Vale foi a primeira eleição do Conselho de Administração após a reestruturação, em abril de 2021. O segundo foi a escolha de novos conselheiros em abril de 2023.

O próximo será a definição do CEO. Bartolomeo já indicou que quer ficar, mas nem todos os envolvidos estão dispostos a reconduzi-lo.

Quem é quem na cúpula da mineradora?

Uma das maiores empresas do Brasil, joia da coroa das privatizações dos anos 1990, a mineradora é uma corporação de capital pulverizado, sem um controlador, desde 2020. A Previ, maior acionista, tem 8,7% do capital. Veja no gráfico interativo abaixo quem são os principais sócios.

Influência do governo não é mais a mesma

No ano passado, houve duas reviravoltas: a entrada da Cosan (gigante do açúcar e do etanol controlado por Rubens Ometto, que atua em distribuição de combustíveis e logística ferroviária), no grupo dos acionistas com assento no conselho da Vale e a volta do PT ao Planalto.

O governo Lula veio com maior intervenção sobre estatais e empresas privadas nas quais a União tem influência. Levou a Petrobras a ampliar investimentos, tentou rever a Lei das Estatais, alterou a política de indicação de conselheiros pelo BNDES nas empresas em que é sócio e questionou seu voto limitado na Eletrobras recém-privatizada.

Na Vale, o poder de fogo do governo foi reduzido pela venda das ações do BNDES no governo Bolsonaro e a pulverização do capital. A Previ segue como maior acionista, mas reduziu sua fatia, que hoje não chega a 10%. No entanto, a última coisa que uma mineradora precisa é de problemas com governos, concordam acionistas e conselheiros.

Habilidade política importa

Minas são concessões da União e sua exploração depende de licenças estaduais. Ferrovias também são concessões, e a logística para levar minério aos portos é decisiva para os lucros da Vale. Além disso, a União mantém uma ação especial (golden share) que dá direito a vetar decisões sensíveis, como a venda de minas.

Por isso, a habilidade para se relacionar com o mundo político é um atributo importante para liderar a Vale, e essa pode ser uma das justificativas para uma troca. Esse ponto não se destaca no perfil de Bartolomeo, dizem algumas das fontes relacionadas à empresa ouvidas pelo GLOBO.

Mantega tem pouca chance

Isso não quer dizer que o governo conseguirá emplacar um nome. Desde o ano passado circula nos bastidores um suposto desejo do presidente Lula de ver seu ex-ministro da Fazenda Guido Mantega na direção da Vale, mas as regras de governança da companhia, formalizadas na reestruturação, são um obstáculo.

A política de sucessão definiu que a escolha do presidente para um mandato de três anos deve partir de uma lista de três executivos escolhidos por uma consultoria de recrutamento, daquelas que caçam profissionais de alto escalão, conhecidas como headhunters. Para a maioria das fontes ouvidas pelo GLOBO, nenhuma consultoria avalizaria a indicação de Mantega, que jamais presidiu uma empresa nesses moldes.

Atual CEO enfrenta desafio operacional

Bartolomeo assumiu em 2019 com o afastamento de Fabio Schvartsman após o colapso da barragem de rejeitos de Brumadinho (MG), que deixou 270 mortos e fez a Vale firmar acordo de reparação de R$ 38 bilhões. Foi reeleito em 2021. Pelas regras, pode ser reconduzido novamente ou ter sua sucessão iniciada, no máximo, quatro meses antes do fim do mandato.

Também está em jogo na sucessão a busca do equilíbrio entre resultados financeiros de curto prazo e desempenho operacional de médio e longo prazos. Na tradicional reunião anual da Vale com investidores internacionais em Londres, em dezembro, Bartolomeo disse querer ser reconhecido como quem “estabilizou operacionalmente” a empresa, mas, nos últimos anos, a mineradora tem tido dificuldade de cumprir suas metas.

Liderança perdida

Alguns observadores chamam a atenção para a piora em indicadores operacionais na gestão de Bartolomeo, como o aumento dos custos e a queda na produção. Outras fontes destacam a atuação dele nessa estabilização desde os primeiros momentos após a tragédia de Brumadinho, que completa cinco anos no próximo dia 25.

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Em 2018, a Vale bateu recorde com 385 milhões de toneladas de minério de ferro. Em 2019, após Brumadinho, a produção tombou para 302 milhões. A empresa perdeu a liderança para a Rio Tinto, da Austrália. Em 2022, foram 308 milhões de toneladas. A meta para 2023 era entre 310 milhões e 320 milhões de toneladas, mas os resultados ainda não foram divulgados.

Em Londres, a Vale projetou algo entre 340 milhões e 360 milhões de toneladas de minério até 2026. E reafirmou o foco em segurança e em qualidade, com a estratégia de produzir minério com alto teor de ferro para reduzir a pegada de carbono na produção de aço. Isso para voltar a assumir a liderança global no setor até 2025, como registrou o colunista do GLOBO Lauro Jardim no mês passado.

Analistas elogiaram, apesar de ponderações sobre o curto prazo, de acordo com relatórios do Itaú BBA e BTG Pactual. Para Caio Greiner e Leonardo Correa, do BTG, parece que “a baixa operacional da Vale ficou para trás”, e que o desempenho “deverá continuar a melhorar gradualmente”.

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Enquanto isso, Cosan se mexe

No ano passado, a Cosan conseguiu colocar no conselho da Vale Luis Henrique Guimarães, cuja saída da liderança da Cosan deu margem a especulações de que o grupo trabalharia por sua indicação para a presidência da Vale. Diferentemente de Mantega, Guimarães tem currículo palatável para os headhunters, mas seria visto como um “homem do Ometto”, disse uma fonte.

Para intrincar o enredo, concessões ferroviárias misturam interesses de Cosan, Vale e União. No governo Bolsonaro, Rumo (da Cosan) e Vale renovaram contratos antecipadamente, com obras e pagamentos à União como contrapartidas, mas o governo atual decidiu rever os acordos.

Com a Rumo, a revisão foi fechada e renderá R$ 1,2 bilhão ao Tesouro, segundo o Ministério dos Transportes. Com a Vale, a conversa sobre duas renovações “ainda está em processo de negociação”, informou a pasta.

A Vale não comentou esse assunto, nem os demais questionamentos sobre a sucessão de seu comando. Procurados, os principais acionistas da mineradora (Previ, BlackRock, Bradespar e Cosan) também não se manifestaram.

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Teste para o modelo de corporação

A sucessão na Vale é um novo teste para o modelo de corporação no Brasil. Companhias sem controle definido são mais comuns nos EUA, mas tornaram-se mais comuns aqui nos últimos anos, trazendo ao país questões típicas de mercados desenvolvidos. Existem por aqui desde meados dos anos 2000 – as Lojas Renner são o caso pioneiro e mais famoso –, mas empresas que migraram para o modelo recentemente, como Americanas, Eletrobras e IRB, vivem turbulências.

Nesse modelo, investidores em ações, como fundos de investimento, empresas de participações, fundos de pensão e até pessoas físicas, são os principais acionistas, mas raramente um deles tem participação suficiente para controlar as decisões.

Ganha poder a administração profissional — conselho de administração e diretoria, formados geralmente por executivos contratados. No desenho ideal, conselheiros são indicados pela própria administração das companhias, conforme competências pré-definidas. Acionistas votam para aprová-los, mas, uma vez escolhidos, eles atuam com independência, guiados pelos interesses da empresa.

A Lei das S.A., as normas da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), regulador do mercado, e a autorregulação da B3, a Bolsa de São Paulo, ditam as regras. Algumas empresas definem em estatuto boas práticas adicionais.

A vantagem, dizem os especialistas, é maior transparência e boa governança. Foco excessivo no retorno financeiro de curto prazo, salários e bônus de executivos altos demais, assembleias de acionistas conturbadas e potencial conflito de interesses — quando um mesmo investidor possui fatias em companhias concorrentes ou com negócios entre si — são alguns dos contras.

— Nas empresas de capital pulverizado, vendidas como algo sempre moderno, desafios muitas vezes são maiores, pois não há ali pessoas que tenham compromisso de longo prazo — diz Alexandre de Miceli, especialista em governança e fundador da Virtuous Company.

Na Vale, um experiente executivo do setor de mineração, que pediu para não se identificar avalia que os acionistas de grande porte financeiro priorizam a distribuição do lucro a cada trimestre, em vez de investimentos no longo prazo, fundamentais para o negócio.

Na visão da Associação de Investidores no Mercado de Capitais (Amec), entidade que representa acionistas minoritários, incluindo fundos de investimento, a legislação e a regulação no Brasil “não estão preparadas para lidar com conflitos societários oriundos de empresas com capital disperso”.

“A ausência de uma governança compatível com esse tipo de estrutura dispersa e a falta de definição mais abrangente do conceito de controle criam certa insegurança regulatória”, diz um relatório da Amec.

Publicado logo antes do Natal, o documento cita como exemplos dessa realidade as discussões sobre a Zamp, dona da operação do Burguer King no Brasil, o IRB, a aquisição da Linx, de softwares de gestão, pela Stone, de máquinas de cartão, e, claro, a Vale.

Antes de revelar a fraude contábil bilionára que a levou à recuperação judicial, há um ano, a varejista Americanas também fez uma reestruturação que dispersou o capital. Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles passaram de controladores a “acionistas de referência”.

Controle minoritário é previsto em lei

O advogado Gustavo Gonzalez, ex-diretor da CVM, defende ajustes pontuais, mas diz que as principais questões, inclusive a responsabilização de acionistas relevantes, estão resolvidas:

— A definição de controle da Lei das S.A. inclui o chamado controle minoritário, situação em que uma pessoa ou um grupo de pessoas atuando em conjunto exercem o controle mesmo detendo participação inferior à maioria.

No Brasil, há quem ache que a cultura do controlador emperra o funcionamento das corporações. Duas das pessoas ouvidas pelo GLOBO enalteceram a governança desenhada na reestruturação da Vale, mas avaliaram, separadamente, que as regras não bastam se os atores envolvidos não agem para segui-las à risca.

Um executivo de alto escalão que também pediu para não ser identificado defende o modelo de corporação, avaliando como positiva a presença de um “acionista de referência”, mas ressalta que o sucesso depende de uma “administração forte”, que possa dizer “não” para os sócios. Para ele, o caso da Vale pode ser um “divisor de águas” para as corporações no Brasil.

Infomoney - SP   08/01/2024

Os preços do minério de ferro caíram nesta sexta-feira, com a fraca demanda de curto prazo e um aumento maior do que o esperado nos estoques portuários na China, principal mercado consumidor do minério, minando o sentimento dos investidores e diminuindo o apetite de compra pelo principal ingrediente da fabricação de aço.

O minério de ferro de maio mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE), da China, encerrou o dia com queda de 1,38%, a 1.000 iuanes (139,56 dólares) a tonelada. O contrato encerrou a semana com um aumento de quase 3%.

O minério de ferro de referência para fevereiro na Bolsa de Cingapura caiu 1,87%, para 138,5 dólares a tonelada, perdendo 0,2% na semana.
“É uma correção normal de queda depois que o sentimento esfriou, pois o mercado digeriu as notícias do PSL”, disse Chu Xinli, analista da China Futures, com sede em Xangai.

O banco central da China concedeu 350 bilhões de iuanes em empréstimos a bancos de fomento por meio de seu programa de crédito suplementar (PSL) em dezembro, o que, acredita-se, dará suporte à demanda por minério e aço.

“O que pesa sobre os preços também é a diminuição da demanda de minério, refletida pela queda persistente na produção de metal quente, que atualmente está abaixo do nível do ano anterior”, acrescentou Chu.

A produção média diária de metal quente entre as usinas pesquisadas pela consultoria Mysteel caiu pela décima sessão consecutiva, em 1,4% na semana, para 2,18 milhões de toneladas, o que também representa uma queda de 1,2% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Além disso, os preços relativamente altos do minério levaram algumas usinas a adotar uma postura vigilante no momento, demonstrando pouco interesse em fazer pedidos agora, com a expectativa de que os preços caiam mais tarde em janeiro e fevereiro, disse Pei Hao, analista da corretora internacional FIS, com sede em Xangai.

Os estoques de minério de ferro no porto subiram 2,1% na semana, para 122,45 milhões de toneladas, em 5 de janeiro, o maior nível desde agosto de 2023, de acordo com dados da Mysteel.

Máquinas e Equipamentos

Diário do Comércio - MG   20/01/2023

O setor de locação de máquinas, equipamentos e ferramentas de Minas Gerais enfrentou desafios em 2022. A polaridade política com a disputa presidencial, Copa do Mundo e as chuvas impactaram a demanda e o desempenho das empresas. A estimativa é que o faturamento das empresas do setor tenha encerrado o ano entre uma estabilidade frente a 2021 e uma reposição da inflação.

Para 2023, as estimativas ainda são cautelosas e o resultado do setor de locação dependerá dos rumos da economia nacional e de investimentos estratégicos, como por exemplo, em obras de infraestrutura por parte dos governos.

De acordo com o presidente do Sindicato das Empresas Locadoras de Equipamentos, Máquinas, Ferramentas e Serviços Afins do Estado de Minas Gerais (Sindileq), Eugênio Porto Gazzinelli, 2022 foi um ano atípico para o setor.

“Em 2022, tivemos adventos importantes que atrapalharam o setor. Um deles foi a polaridade na disputa do governo federal, que foi iniciada muito antes de outubro. A Copa do Mundo também comprometeu o setor de locação, que ficou bem morno na reta final do ano. O período de chuvas também impactou, uma vez que o nosso setor está ligado à construção civil, que também é impactada pelas chuvas. São muitas as atividades onde estamos presente e que é necessário um clima bom para a execução dos serviços como terraplenagem, compactação, entre outros”.

Dos três fatores que impactaram de forma negativa o desempenho, o mais grave foram as eleições. “O processo eleitoral e a polarização deixaram todo mundo à espera, na expectativa do que seria o ano de 2023. Então, 2022 começou razoavelmente bem e terminou mal”.

O levantamento feito pela entidade aponta que o faturamento do setor de locação se manteve entre uma estabilidade frente a 2021 ou apenas repôs a inflação. Em termos de crescimento, não foi um ano bom para a atividade”.

Em relação à 2023, Gazzinelli explica que o setor inicia o ano confiante e otimista, mas atento aos rumos econômicos.

“A gente sempre começa confiante, faz projeções otimistas para o ano, prevendo um bom crescimento. Mas o que estamos assistindo nos deixa em alerta. A previsão para a economia é de desaceleração e, isso, não é uma boa visão para que se façam investimentos”.

Ainda segundo Gazzinelli, o setor de locação vê com preocupação a estimativa de crescimento da economia brasileira em apenas 1%, segundo previsões otimistas. “É um crescimento aquém do esperado. O novo governo tem colocado como prioridades os investimentos em infraestrutura, saneamento básico e tem ainda o Minha Casa, Minha Vida. Tirando o marco do saneamento, todos os investimentos demandam dinheiro do governo. Hoje, temos o discurso, mas será preciso ir para a prática. Nossa atividade age muito rápido logo que somos solicitados. Os pátios estão cheios, estamos com estoque e conseguimos atender”, reitera.

Uma ação que pode favorecer o setor é o pedido de prorrogação, por dois anos, da transição da vigência do Plano Diretor de Belo Horizonte. A proposta, feita pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) e pela a presidência da Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH), segundo Gazzinelli, é importante para a construção civil na Capital. Aprovado em 2019, o Plano, que entrará em vigor em fevereiro, pode inviabilizar a construção civil na Capital.

“Caso entre em vigor, o Plano Diretor vai trazer uma desaceleração do segmento da construção civil e do nosso também. Acho importante retomar a conversa. Da forma que ele foi elaborado, Belo Horizonte vai perder um número bem elevado de obras”.

Em relação a reposição de estoques e compras de máquinas e equipamentos, Gazzinelli explica que as empresas estão sempre investindo, principalmente na busca por produtos de maior tecnologia.

Diferentemente do cenário enfrentado em 2020, quando o setor de locação encontrou dificuldades em comprar máquinas e equipamentos, em função da pandemia, a oferta já está regularizada.

Um dos desafios enfrentados pelo setor é o roubo de máquinas e equipamentos e o aumento de golpes contra as empresas, anteriormente feitos por pessoas físicas e, agora, por jurídicas também. A falta de uma delegacia especializada, segundo o presidente do Sindileq, prejudica o setor, já que não há punição e os golpes são crescentes.

“Como o roubo das máquinas e equipamentos e o estelionato não são considerados crimes violentos, não há um combate efetivo, o que causa muitos prejuízos e desestimula as empresas”, acredita.

O gerente executivo do Sindileq-MG, Allan Rodrigues, explica que as empresas do setor atuam fornecendo equipamentos, máquinas, ferramentas e serviços para diversos setores, sendo os mais fortes o da construção civil, representando 60% das locações; agronegócio, com 30%, e indústria, com 10%.

“Em Minas Gerais, temos 4.692 empresas. É um número muito maior que em anos anteriores, que girava em torno de 1.700. A alta se deu por conta dos anos de 2020, 2021 e até mesmo 2022. A demanda gerada durante a pandemia, já que a construção civil não parou, cresceu muito e o negócio de locação se tornou muito rentável”.

O setor, em Minas Gerais, é responsável por cerca de 50 mil vagas de empregos e um faturamento estimado em torno de R$ 5 bilhões anuais.

AUTOMOTIVO

Infomoney - SP   08/01/2024

A Tesla está realizando um recall efetivo de 1,62 milhão de veículos, incluindo seus modelos S, X, 3 e Y na China, disse o regulador do mercado nesta sexta-feira (5).

Os recalls no segundo maior mercado da Tesla seguem-se a dois recalls da montadora nos Estados Unidos em dezembro.

A Tesla pode atualizar remotamente os veículos para resolver os problemas, disse a Agência Estatal da China para Regulamentação do Mercado em um comunicado. A mudança é categorizada como recall de produto, de acordo com as regulamentações chinesas. A montadora norte-americana lançará uma atualização de software over-the-air.

Estes consistem nos Modelos S e X importados e nos carros Model 3 e Model Y fabricados na China, fabricados de 2014 a 2023, para evitar o uso indevido da função Autosteer e reduzir o risco de colisão, disse o regulador.

Separadamente, também atualizará o software de 7,5 mil unidades dos carros Model S e Model X para corrigir o problema de portas que podem ser destravadas em caso de acidentes.

Nos Estados Unidos, a Tesla começou a recolher mais de 2 milhões de veículos para instalar novas salvaguardas no seu sistema avançado de assistência ao condutor Autopilot, após preocupações de segurança citadas por um regulador federal.

Também fez recall de pouco mais de 120 mil veículos Model S e Model X nos Estados Unidos devido ao risco de as portas serem destrancadas e abertas durante um acidente.

O Estado de S.Paulo - SP   08/01/2024

A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) comemorou o lançamento do Mobilidade Verde e Inovação (Mover), o novo programa de incentivo à indústria automobilística criado pelo governo Lula no apagar das luzes do ano passado. “Eu diria que, além de inteligente e robusto, o Mover é uma política sistêmica que visa a neoindustrialização ao mesmo tempo que se preocupa com a sustentabilidade. São os melhores padrões internacionais”, afirmou à Coluna o diretor-executivo da entidade, Igor Calvet.

“O mais importante no Mover é que é uma política sistêmica. Não olha apenas a indústria específica (automotiva), mas se preocupa com a cadeia produtiva que representa 20% do PIB. O programa se preocupa com a cadeia produtiva”, acrescentou Calvet, que vê uma continuidade de políticas anteriores.

O Mover foi lançado via Medida Provisória em 30 de dezembro e, assim, precisa de aprovação dos parlamentares para ganhar força de lei. Câmara e Senado prometem retaliar o governo pelos vetos à Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), como o que impediu a criação de um cronograma de execução de emendas parlamentares, mas o endosso de uma entidade de peso como a Anfavea ajuda a blindar o programa articulado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), que também é ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.

Para a redução das emissões de carbono, o Mover reduz o imposto das fábricas que poluem menos e estimula a produção de novas tecnologias em mobilidade e logística, ampliando o programa Rota 2030, que não foi descontinuado.

Para o diretor da Anfavea, o fato de a nova iniciativa incrementar as anteriores, e não promover descontinuidades, é um ponto a ser comemorado. “A política pública automotiva vem sendo aprimorada ao longo do tempo”.

Pelo texto do programa, haverá limites mínimos de reciclagem na fabricação dos veículos e diminuição na cobrança de impostos de quem polui menos, o que foi batizado de “IPI Verde”. O incentivo fiscal vai custar R$ 3,5 bilhões só em 2024. Até 2028, serão mais de R$ 19 bilhões em créditos concedidos. O secretário de Desenvolvimento Industrial do ministério de Alckmin, Uallace Moreira Lima, afirmou em entrevista ao Broadcast que o Mover pode fazer o Brasil liderar a descarbonização no setor de mobilidade. O dinheiro do programa virá da taxação de importação de carros elétricos.

Calvet rebate as críticas de que o setor automotivo recebe muita ajuda do Estado. “Os incentivos são condicionados a investimentos prévios das empresas no Brasil. Europa, EUA, países asiáticos, todos têm a mesma postura, porque reconhecem que os setor automotivo gera crescimento econômico e desenvolvimento social”, diz à Coluna. “Se o Brasil não fizer o mesmo, perde competitividade”.

O diretor da Anfavea também defende a renovação da frota brasileira por uma mais limpa, e saiu em defesa de mais inspeções veiculares. “Temos uma frota de veículos que foram vendidos quando as exigências de emissões não eram tão rígidas. Agora, estamos pareados com padrões internacionais. Tivemos um salto em regulamentação e em tecnologia nos últimos 20 anos. Quanto mais renovarmos nossa frota e fizermos inspeção técnica regular em todos os Estados, uma frota mais limpa é o resultado”.

“Fã” da agenda de competitividade, Alckmin anunciou no mesmo dia do lançamento do Mover um projeto de lei para a modernização do parque fabril. O texto passará ela análise do Congresso e utiliza o instrumento da depreciação acelerada para estimular os setores a investirem em novos equipamentos. Serão R$ 3,4 bilhões que as indústrias poderão abater de declarações futuras de Imposto de Renda (IRPJ) e Contribuição Social Sobre Lucro Líquido (CDLL) toda vez que adquirir um bem de capital.

Rodoviário

Diário do Comércio - MG   08/01/2024

O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) informou ter liberado, por meio de convênio, mais de R$ 951 milhões para estados, municípios e consórcios viabilizarem um total de 572 obras. O objetivo, segundo a pasta, é dar celeridade à recuperação e ampliação de estradas vicinais, melhorar o escoamento da safra e a infraestrutura logística da produção, além de facilitar o deslocamento da população rural.

O projeto é executado pela secretaria executiva e pelas superintendências federais. Os recursos são provenientes de emendas parlamentares, com base nas portarias interministeriais 424/16 e 33/23.

“A partir das normativas, é possível a aprovação de projetos que tiveram processos licitatórios antes mesmo da assinatura do instrumento de convênio, com a condição de que fique clara que a contratação é economicamente mais vantajosa em relação à realização de nova licitação e que esteja dentro das regras previstas na legislação”, destacou o ministério.

Segundo a pasta, prefeituras que apresentaram projetos para análise técnica do Mapa estão com as obras em fase adiantada. Entre os primeiros projetos aprovados está o do município de Canarana (MT), cujas obras estão na terceira medição para a recuperação de mais de 160 quilômetros de estradas.

Dados do ministério mostram que, em Minas Gerais, estão sendo executadas 84 obras em parceria com 69 municípios e com a Secretaria Estadual de Infraestrutura, Mobilidade e Parcerias. Paraíba e Rio Grande do Sul contam com 54 obras cada. Já no Maranhão, foram liberados mais de R$ 107 milhões para a execução de 40 obras.

NAVAL

A Tribuna - SP   08/01/2024

Obras qualificadas no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), do Governo Federal, ganham prioridade e celeridade nos processos. No Porto de Santos, o PPI poderá alavancar o túnel submerso Santos-Guarujá e o arrendamento do STS53, área destinada à movimentação de granéis minerais. Os dois projetos são considerados estratégicos para o futuro do complexo logístico santista e devem ser beneficiados pelo programa federal. O PPI facilita as parcerias público-privadas (PPPs) e é visto como uma ferramenta indutora de desenvolvimento.

Com essas premissas, o programa contribui para a concepção e a execução de projetos de parcerias entre o Poder Público e a iniciativa privada, conferindo segurança jurídica e retornos por meio de contratos de longo prazo que garantem o equilíbrio econômico-financeiro das empresas concessionárias.

Segundo o Ministério de Portos e Aeroportos (Mpor), a Resolução 213 do Conselho do Programa de Parcerias de Investimentos (CPPI), de 16 de dezembro de 2021, e o Decreto 11.025, de 31 de março de 2022, qualificam os estudos para a implantação e exploração da ligação seca entre Santos e Guarujá, que resultará em um túnel ligando as duas margens do Porto de Santos.

A obra, uma das mais esperadas na região, será viabilizada em conjunto pelos governos Federal e Estadual, que juntos destinarão R$ 5,8 bilhões ao empreendimento (cada um ficará responsável por 50% do valor). O empreendimento deverá sair do papel por meio de uma PPP. Recentemente, o presidente da Autoridade Portuária de Santos (APS), Anderson Pomini, disse que o edital da ligação seca deverá ser lançado ainda neste ano, com início das obras previsto entre 2024 e 2025 e conclusão entre 2028 e 2029.

À Reportagem, o consultor portuário da Agência Porto Consultoria, Ivam Jardim, explica que o PPI “agiliza o andamento dos processos, além de ofertar uma padronização e melhor interlocução com os órgãos de controle, como o Tribunal de Contas da União (TCU), quando da análise antes de publicação ao mercado. Outra função importantíssima do programa é fazer uma ponte com o setor privado, por meio de roadshow, verificando a atratividade desses projetos junto ao mercado para lançá-los por meio de licitações e leilões”.

Um leilão estratégico para o Porto de Santos é o arrendamento da área do STS53, qualificado no PPI e em fase de consulta pública. O STS53 envolve uma área de 87.981 m² no Bairro Outeirinhos, cujo edital prevê um prazo de arrendamento de 25 anos, com investimento estimado em R$ 658,8 milhões, para armazenagem e movimentação de granéis minerais. O processo envolve a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), a Secretaria Especial do Programa de Parcerias de Investimentos (SPPI), a Infra SA e o Mpor.

“Todos os leilões portuários foram classificados como prioritários no PPI. Essa estratégia e metodologia tem sido praticada desde o início para buscar essa integração transversal e agilidade na análise dos processos para uma rápida publicação do leilão ao mercado. Posteriormente, após uma empresa vencer o leilão, na fase de análises de projetos, ela pode recorrer dessa prioridade junto aos órgãos licenciadores de forma a auxiliar no cumprimento dos prazos exigidos em contrato”, explica Jardim.

A Reportagem procurou a Secretaria Especial do Programa de Parcerias de Investimentos (SPPI) para obter detalhes dos projetos que envolvem o Porto de Santos, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição.

Valor - SP   08/01/2024

Companhia deve fechar 2023 com saldo negativo de R$ 3,7 bi devido a investimentos realizados após capitalização de R$ 10,3 bilhões

Para Gabriel Leal de Barros, é conceitualmente correto elevar investimento para melhorar capacidade de defesa — Foto: Leo Pinheiro/Valor

A Emgepron é a estatal que apresenta a maior projeção de déficit para 2023 na análise do Ministério do Planejamento. São esperados R$ 3,695 bilhões de saldo negativo para o ano, segundo o Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas Primárias do quinto bimestre de 2023. A previsão anterior era de um déficit de R$ 1,544 bilhão. O déficit esperado para a empresa representa 82% do saldo negativo total, de R$ 4,5 bilhões, projetado para as estatais em 2023 e acontece depois de capitalizações na empresa que somaram R$ 10,25 bilhões desde 2017.

A estatal é uma empresa pública, não dependente, vinculada ao Ministério da Defesa, por intermédio da Marinha do Brasil. O saldo negativo para 2023 é esperado devido aos investimentos previstos para a construção de quatro fragatas da classe Tamandaré e do navio polar Almirante Saldanha.

Gabriel Leal de Barros, sócio e economista-chefe da Ryo Asset e ex-diretor da Instituição Fiscal Independente (IFI, ligada ao Senado), diz que os valores recebidos como aumento de capital estão sendo utilizados para investimentos. “Foi essa capitalização no passado que criou o funding e é o lastro de parte desse investimento que está sendo feito agora, e que explica parte do déficit. Algumas estatais receberam esses aportes lá atrás, só que os projetos de investimento às vezes demoram, nem todos se consegue viabilizar em dois anos”, diz Barros. O economista destaca que, à medida que as empresas vão tirando investimentos do papel, isso vira déficit. “Mas os funding, a origem do recurso para custear esses projetos, muitas vezes são de anos anteriores.”

Barros acrescenta que a Emgepron recebeu os aportes do governo - segundo ele, foram R$ 7,6 bilhões apenas em 2019 - para construir embarcações e aumentar o investimento na capacidade de defesa do país. “O Brasil precisa ter capacidade de defesa e isso é missão das Forças Armadas. Se para isso precisa aumentar o investimento, conceitualmente está ok.”

A companhia explica que a previsão de déficit “não indica que a empresa esteja operando com prejuízo ou que haverá a necessidade de alguma compensação por parte do Tesouro Nacional”, uma vez que os recursos necessários para arcar com o referido investimento já integram o ativo da estatal. Entre janeiro e setembro de 2023, a receita líquida da empresa somou R$ 108,3 milhões, alta de 19,6% na comparação com igual período do ano anterior, segundo o Valor Data. O lucro líquido em nove meses do ano passado ficou em R$ 485,7 milhões, 0,2% a mais que entre janeiro e setembro de 2022.

Navios estão sendo construídos no Brasil, com índices de conteúdo local de 40%

A Emgepron ressalta ainda que, do déficit previsto para 2023, 88% referem-se aos gastos com investimentos. “Tais dispêndios com investimentos, que estão disponíveis no caixa da empresa, são destinados efetivamente ao pagamento dos marcos contratuais que vêm sendo executados ao longo de 2023”, diz a Emgepron em resposta a questionamentos enviados pelo Valor.

Por ser uma estatal não dependente, os recursos da empresa são obtidos do resultado das suas atividades operacionais e financeiras ou os de eventuais capitalizações para o atendimento de políticas públicas. As receitas operacionais são provenientes do gerenciamento de projetos, comercialização de produtos e serviços disponibilizados pelo segmento naval da Base Industrial de Defesa (BID).

A empresa destaca que os recursos das capitalizações destinaram-se “à condução da política pública de recomposição do núcleo do poder naval, segundo um modelo de negócios aprovado pelo Tribunal de Contas da União”, com a construção das quatro fragatas e do navio polar. A Emgepron afirma que o modelo de negócios, caracterizado pela capitalização e pela afetação dos navios que serão utilizados por cerca de 35 anos, permitirá, durante o período das afetações, o ressarcimento de recursos que vão gerar caixa livre para a realização de novos investimentos.

O Programa de Fragatas Classe Tamandaré promete entregar à Marinha quatro fragatas de alta complexidade tecnológica e sistemas de última geração. Estão incluídos o desenvolvimento e a obtenção do projeto dos navios, com propriedade intelectual compartilhada com a alemã thyssenkrupp Marine Systems (tkMS) e transferência de tecnologia. Os navios estão sendo construídos no Brasil, com índices de conteúdo local de 40%. A primeira fragata tem entrega prevista para dezembro do ano que vem e a última deverá estar pronta em fevereiro de 2029.

O navio polar Almirante Saldanha será utilizado para apoiar as pesquisas científicas na Estação Antártica Comandante Ferraz. O contrato para construção do navio foi assinado em 2022 com a Polar 1 Construção Naval SPE Ltda, cujos acionistas são o Estaleiro Jurong Aracruz, onde a embarcação está sendo construída, e a Seatrium Specialised Shipbuilding Pte Ltd. A entrega do navio está prevista para o segundo semestre de 2025.

PETROLÍFERO

Infomoney - SP   08/01/2024

O presidente da Petrobras (PETR4), Jean Paul Prates, voltou a defender neste sábado, 6, a prospecção de petróleo em “novas fronteiras”, incluindo a Margem Equatorial, na Bacia da Foz do Amazonas, e a Bacia de Pelotas, na costa do Rio Grande do Sul, como forma de garantir reservas futuras de petróleo para o País.

Em postagem em no X, antigo Twitter, Prates afirmou que a Petrobras está avançando com novos projetos de exploração e produção também nessas regiões.

“A Petrobras é uma empresa de petróleo em transição, que está promovendo uma maior integração energética e descarbonização das suas atividades enquanto mantém sua sustentabilidade financeira, garante novos investimentos e avança com novos projetos de exploração e produção, seja no pré-sal e em novas fronteiras como a Margem Equatorial e a Bacia de Pelotas”, escreveu Prates.
A postagem foi acompanhada da publicação de um vídeo com trecho de uma entrevista que Prates concedeu à emissora de televisão GloboNews, no último dia 28 de dezembro.

Na ocasião, Prates afirmou que tem relação de respeito com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), mas defendeu a prospecção de petróleo na Margem Equatorial e argumentou que transição energética prevê gradualidade, e não ruptura.

Veja a publicação:

A Petrobras é uma empresa de petróleo em transição, que está promovendo uma maior integração energética e descarbonização das suas atividades enquanto mantém sua sustentabilidade financeira, garante novos investimentos e avança com novos projetos de exploração e produção, seja no pic.twitter.com/hhWoJwR4IO
— Jean Paul Prates (@jeanpaulprates) January 6, 2024

AGRÍCOLA

Terra - SP   08/01/2024

BRASÍLIA - A expectativa de uma menor safra de grãos neste ano somada à conjuntura de preços não tão remuneradores das commodities e juros ainda elevados devem levar à desaceleração nos investimentos do agronegócio.

Os produtores rurais tendem a manter a cautela nos investimentos neste ano, sobretudo em bens de capital, sem aportes expressivos, mas em níveis semelhantes ao realizado no ano passado, relataram consultorias e associações ao Broadcast Agro.

Do lado das agroindústrias, o custo do capital será determinante para a definição de novos investimentos, além da avaliação sobre as modificações nos incentivos estaduais em virtude da reforma tributária.

A Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) prevê estabilidade na venda de máquinas e equipamentos agrícolas neste ano, mas o nível de juros e os reflexos do El Niño sobre a safra de grãos influenciarão o apetite do produtor, avalia o presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas (CSMIA) da Abimaq, Pedro Estevão Bastos.

"Não vemos gatilhos nem para alta nem para a queda, mas ainda depende dos impactos e do comportamento do El Niño deste mês até março. Se voltar a chover bem, os fundamentos para agricultura melhoram, a janela para investimentos também e podemos ter estabilidade", afirmou Bastos.

Além dos efeitos climáticos sobre a safra, os juros também continuam no radar do mercado de máquinas, com a expectativa de redução na taxa básica de juros (Selic). Entretanto, juros mais baixos tendem a se refletir no mercado apenas no 2º semestre, com o lançamento das linhas de crédito do Plano Safra 2024/25, já que o atual Plano 2023/24, que se estende até 30 de junho, está com as taxas determinadas.

"Imaginamos taxas atuais neste 1º semestre (para investimento). Pedimos a revisão dos juros ao governo porque a Selic está caindo, mas a tendência é que permaneçam nesses patamares para a linha de crédito oficial até julho", acrescentou Bastos. "Hoje, mesmo com a queda, os juros seguem na casa de dois dígitos, o que encarece os investimentos de longo prazo, como em bens de capitais", apontou.

Já a consultoria MB Agro vê um maior nível de investimentos em armazenagem, a depender também do resultado final da safra de grãos 2023/24.

"Com a queda do custo de produção, o produtor tende a ter maior rentabilidade e retomar aos poucos os investimentos. O receio da troca de governo que permeou o ano passado também já passou. Agora, novos recursos para armazenagem e a tomada de financiamentos vão depender do desenvolvimento da safra, se haverá recuperação ou o tamanho das perdas", avaliou o sócio-diretor da MB Agro, José Carlos Hausknecht.

"Mesmo menor, a safra ainda será robusta e a capacidade de armazenagem continua baixa", acrescentou. Ele não acredita na retração do nível de investimento feito pelo agronegócio neste ano, mas também não vê incentivos para aceleração.

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