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06 de Maio de 2024

SIDERURGIA

Valor - SP   06/05/2024

Gustavo Werneck parabenizou o governo pela adoção de sistema de proteção comercial misto, mas destacou que não resolve integralmente os desafios enfrentados pela indústria siderúrgica no Brasil

A entrada excessiva de aço importado, sobretudo na China, no mercado brasileiro foi a maior fonte de pressão sobre os resultados da Gerdau no primeiro trimestre e segue como principal fator de impacto nos mercados em seus mercados de atuação, disse nesta sexta-feira (03) o presidente da siderúrgica, Gustavo Werneck, em videconferência com jornalistas para comentar o desempenho nos três primeiros meses do ano.

Conforme o executivo, a Gerdau seguiu apostando em forte disciplina de custos para garantir resultados sólidos e segue buscando oportunidades de adequação de suas operações frente ao cenário atual.

Werneck parabenizou a iniciativa do governo de adotar um sistema de proteção comercial misto, que combina a fixação de cotas de importação para 11 produtos e aplicação de tarifa de 25% sobre o volume excedente por 12 meses.

“É um avanço importante nas condições de isonomia de competição e contempla 25% do mix de produtos comercializados pela Gerdau no país”, comentou.

Embora sejam importantes, seguiu o executivo, as medidas representam um primeiro passo e não resolvem integralmente os desafios enfrentados pela indústria siderúrgica instalada no país.

“A medida não resolve totalmente os problemas, mas a gente acredita que, se acontecerem novas exportações ou crescimento da penetração dos importados [que chegou a quase 20% no primeiro trimestre], novas medidas podem ser adotadas”, comentou.

A expectativa é reativar as capacidades produtivas que foram retiradas do mercado à medida que a taxa de penetração do aço importado seja reduzida.

Segundo o executivo, o caminho para uma solução estrutural para o problema de competitividade enfrentado pela indústria brasileira passa por debates mais amplos, como o de redução dos preços do gás.

“A gente gostaria que, junto com essas medidas de curto prazo, viessem outras olhando as condições de competitividade no médio e longo prazos”, observou.

Em relação a um potencial aumento de preços na esteira da menor oferta de determinados tipos de aço, como reflexo da medida de proteção comercial, Werneck afirmou houve essa preocupação, mas uma iniciativa nesse sentido “nunca foi colocada”.

“O grande benefício que teremos é aumentar nossa capacidade produtiva, diluir custos e manter empregos. Não tem ambiente de negócios hoje, no Brasil, para usar medidas de proteção comercial para subir preço”, afirmou.

De acordo com Werneck, o governo federal e Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) se comprometeram a monitorar os impactos da adoção de cotas de importação para determinados produtos de aço, com aplicação de tarifa de 25% sobre os volumes excedentes, e reavaliar a lista de NCMs caso as importações predatórias cresçam.

“Um primeiro passo foi dado e, a partir daí, esse mecanismo vai sendo ajustado para de fato haver condições mais justas de competição”, explicou.

Inicialmente, houve algum questionamento sobre o estabelecimento de um adicional de 30% sobre os volumes importados entre 2020 e 2022 na definição do tamanho das cotas. Na avaliação de Werneck, essa definição foi feita “dentro da plataforma adequada, mais focada em [aços] planos do que longos”.

“Existe compromisso claro do governo federal, inclusive em longos, que se houver crescimento das importações, novas NCMs podem ser adicionadas”, comentou.

O executivo voltou a afirmar que a adoção da medida não deve se traduzir em aumento significativo de preços ou rentabilidade no curto prazo. “Os preços parecem estar, no curto prazo, mais relacionados a buscar competividade via matérias-primas”, afirmou.

Gustavo Werneck, presidente da Gerdau — Foto: Foto: Carol Carquejeiro/Valor

Nova usina no México

A Gerdau pretende tomar uma decisão sobre a construção de uma nova usina de aços especiais no México até o fim do ano, em um investimento que pode chegar a US$ 600 milhões, levando em conta as estimativas de mercado para um projeto com o porte pretendido pela companhia.

A siderúrgica deu início a estudos de viabilidade para o potencial investimento em uma unidade com capacidade produtiva de cerca de 600 mil toneladas anuais naquele país. Se a decisão for por seguir em frente, a construção será iniciada já em 2025, de acordo com Werneck.

A Gerdau produz aços longos no México, por meio de uma joint venture, e tem duas unidades nos Estados Unidos, uma operação de negócios (ON) que tem se destacado por margens elevadas e demanda aquecida.

A siderúrgica já havia indicado que os recursos com a venda da fatia em outras duas joint ventures, na Colômbia e na República Dominicana, poderiam ser direcionados a novos investimentos no México ou nos Estados Unidos.

Conforme Werneck, a decisão de ampliar presença no México leva em conta a previsão de ampliação de capacidade de montadoras e clientes instalados naquele país, além do fato de 70% da demanda mexicana de aços especiais ser atendida por importações atualmente.

“O México será uma grande plataforma de exportação de carros para os Estados Unidos e importa aço especiais para essa indústria”, comentou.

O valor exato do projeto pretendido pela Gerdau será conhecido ao fim dos estudos de viabilidade, mas segundo estimativas de mercado, pode variar entre US$ 500 milhões e US$ 600 milhões. “A gente só terá condições de dar visibilidade do tamanho do nosso investimento no fim do ano”, disse.

Segundo o vice-presidente de finanças da Gerdau, Rafael Japur, hoje o mercado de aços especiais no México gira em torno de 1,2 milhão de toneladas por ano e o investimento na nova usina, se for executado, seria realizado 100% pela companhia brasileira.

Até o momento, indicou Japur, a companhia já desembolsou 41% dos R$ 11,9 bilhões previstos no plano de investimentos para o período de 2021 a 2026, com aportes de R$ 858 milhões em suas operações no primeiro trimestre. Metade deste valor foi direcionada para manutenção.

O executivo explicou ainda que a proposta de emitir R$ 1,5 bilhão em debêntures tem como objetivo aproveitar as condições favoráveis no mercado e refinanciar parte das dívidas da Gerdau, com custo mais elevado.

O Estado de S.Paulo - SP   06/05/2024

De olho no crescente mercado automobilístico e de autopeças do México, a siderúrgica brasileira Gerdau estuda a viabilidade econômica de montar uma usina de produção de aços especiais no país. O objetivo é fornecer esse tipo de material para a fabricação de componentes e peças usados na montagem de veículos, principalmente pesados (caminhões e ônibus), que têm no aço especial sua principal matéria-prima.

O projeto da usina de aço mexicana prevê uma capacidade de produção de 600 mil toneladas por ano, segundo o CEO da Gerdau, Gustavo Werneck. A companhia não revela o montante a ser aplicado no empreendimento. “Ainda é cedo para falar”, diz ele, ao Estadão. Especialistas do setor estimam um valor entre US$ 500 milhões e US$ 600 milhões numa unidade desse porte.

Werneck disse que a empresa já vem há algum tempo avaliando essa possibilidade no México, onde a empresa já outras três operações de aços comuns — perfis estruturais, perfis médios e vergalhões — na região próximo à capital mexicana. Os estudos, bem como a decisão do investimento pelos acionistas da companhia, estão previstos para até o final deste ano.

As obras civis e de montagem devem ser iniciadas ainda em 2025, após escolha do local, compra de terreno e equipamentos e a contratação de empresas para executar os serviços. A previsão é de 24 a 30 meses para a conclusão da usina e o início da operação.

Segundo o executivo, à frente do grupo desde janeiro de 2018, o consumo desse tipo de aço no México vem subindo nos últimos anos e acelerou mais recentemente. Atualmente, soma 1,2 milhão de toneladas. O que mais chama atenção, afirma, é que 70% desse volume é atendido por importações. A própria Gerdau, a partir de suas operações já existentes de aços especiais nos EUA e Brasil, exporta volumes para clientes que estão no México.

Rafael Japur, vice-presidente de Finanças, diz que estimativas apontam que a demanda interna de aço especial pode chegar, alguns anos, a 1,5 milhão de toneladas por ano — o que, num primeiro momento, justifica o investimento em uma siderúrgica local. Ele destaca que isso se deve ao fato de o México estar recebendo muitos investimentos de montadoras e de fabricantes de autopeças.

Os anúncios abrangem desde montadoras de veículos — Nissan, Hyundai-Kia, Toyota, Stellantis, BMW e Tesla — até fabricantes de componentes e peças, como SKF, Dana GKN, JTEKT, Nexteer e Hirschvogel, entre outros, que já são clientes da Gerdau no país, EUA e Brasil. O executivo comenta que companhias chinesas também estão avaliando entrar no México.

Werneck afirma que outra vantagem local é o fato de o México participar da região formada pela América do Norte, contando com medidas de defesa comercial que “asseguram a competitividade da indústria nacional e condições justas de mercado”. O país, seguindo o governo americano, impôs tarifa de importação de 25% para aço oriundo da China e outros países. Além disso, diz, haverá uma política de conteúdo local (compra de bens e insumos fabricados na América do Norte).

Outro ponto mencionado por ele é que o país tem se beneficiado de maiores volumes de negócios com países vizinhos, principalmente EUA, o chamado “nearshoring”. Esse modelo ganhou força na pandemia e com as questões geopolíticas agravadas pelas guerras na Ucrânia e recentemente no Oriente Médio. Por meio de parcerias ou investimentos em novas geografias, as empresas querem aproveitar vantagens competitivas por ficarem próximas do mercado consumidor.

O CEO diz que a intenção de investimento nessa fábrica mexicana não tem relação com os problemas da entrada excessiva de aço estrangeiro no Brasil em 2023 e com a demora do governo local em adotar medidas de contenção de importações predatórias, em especial da China.

“A Gerdau já tem unidades de produção de aço especial no Brasil (Pindamonhangaba e Mogi das Cruzes, em São Paulo, e Charqueadas, no Rio Grande do Sul), com capacidade plena para atender a demanda no País.” Recentemente, diz, o grupo investiu R$ 700 milhões na instalação de novo equipamento e na modernização da usina de Pindamonhangaba.

Japur informa que o México já é o terceiro maior produtor de autopeças do mundo e o principal exportador desse produto para os EUA. Ele afirma que a previsão é o país montar 4 milhões de veículos pela primeira vez, em 2025.

Atualmente, a Gerdau tem duas usinas de produção de aços especiais nos EUA e mais duas unidades dedicadas a acabamentos desse tipo de aço para entrega aos clientes americanos — Monroe, Fort Smith, Huntington e Jackson. Com Brasil e EUA, o grupo dispõe de capacidade anual de 2,49 milhões de toneladas, sendo líder nas Américas e um dos maiores fabricantes do mundo nesse negócio.

Na montagem de veículos, um caminhão pesado chega a utilizar 1,5 mil quilos de aço especial, usado na fabricação de sistemas de transmissão, barras de direção, caixa de câmbio, suspensão, molas e outros componentes. Em tratores ou máquinas, são consumidos até 500 quilos e, num automóvel, cerca de 150. Uma motocicleta leva 15 quilos. Esse tipo de aço é também usado em projetos de energia eólica e solar e em equipamentos da agricultura, construção civil e de mineração.

A planta industrial no México, se aprovada pelo conselho, prevê produzir aço na forma de barras chatas e redondas, uma carência do México, que traz de fora. A Gerdau vai avaliar ainda, no estudo, se inclui a produção de fio-máquina (tipo de produto do qual se faz arames, pregos e vários outros itens). O objetivo é que o projeto seja montado na região central do país, próximo das demais unidades siderúrgicas da empresa no país. “Será 100% abastecida à base de sucata metálica, permitindo fazer aço com baixa emissão de carbono, além de processo produtivo moderno e alta tecnologia”, afirma Japur.

“Já aprendemos a operar no México, onde um dos nossos últimos investimentos foi a usina de Sahagún, que faz aços estruturais. Temos um parceiro local, o Grupo Corsa, que é minoritário”, comenta o CEO da Gerdau. Ele diz não ver risco político para o investimento pelo fato de ter eleições previstas no país para este ano, e também nos EUA.

A empresa conta ainda com as usinas de Tultitlán, que faz vergalhões, e La Presa, de perfis médios (mais leves), além de sete pátios voltados para coleta e reciclagem de sucata de ferro e aço.

A unidade de negócios de aços especiais, uma das quatro da siderúrgica, teve receita líquida de R$ 11,38 bilhões no ano passado, com produção de 1,42 milhão de toneladas. A unidade respondeu por 16,5% da receita total do grupo, que atingiu R$ 69 bilhões e teve Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação em amortização) de R$ 1,91 bilhão. Emprega atualmente mais de 6 mil pessoas nos dois países.
Importações de aço no Brasil

Sobre as medidas tomadas pelo governo brasileiro para minimizar as importações de aço, principalmente da China, Werneck avalia que foi um alívio, mas que não resolvem totalmente o problema da entrada de material estrangeiro, no elevado volume que se verificou no ano passado.

No caso da Gerdau, disse que as cotas definidas (média de volumes de 2020 a 2022, mais acréscimo de 30% sobre o volume) abrangem 25% das vendas no mercado doméstico. “Vamos ter que monitorar e avaliar os efeitos das medidas.” As importações de vergalhão, produto de relevância da empresa, por exemplo, não entraram nas cotas.

“As negociações mostraram que foi importante o governo e as empresas chegarem ao um entendimento. Diria que foi fundamental para a empresa manter seus investimentos no país”, declarou o executivo. Ele lembra que 63% do valor total de aportes definido pelo grupo no período 2021-2026, de R$ 11,9 bilhões, foram para projetos no Brasil — usinas de aço carbono, mineração de ferro e até expansão de florestas de eucaliptos (fabricação industrial de carvão vegetal para altos-fornos). Nesse percentual, não estão incluídos os R$ 700 milhões na usina de aço especial em Pindamonhangaba (SP).

Globo Online - RJ   06/05/2024

As fortes chuvas que atingem o Rio Grande do Sul paralisaram as atividades de diversas empresas no estado.

A Gerdau, maior produtora brasileira de aço do país, está com as duas operações paralisadas de Charqueadas e Riograndense localizadas em Sapucaia do Sul. As unidades empregam duas mil pessoas.

Embora não haja problema de alagamento, a Gerdau decidiu suspender as atividades até domingo para que os colaboradores foquem suas atenções para cuidar dos familiares. A companhia afirma que não haverá interrupção de entrega do aço produzido aos clientes. Uma nova análise sera feita semana que vem sobre a possibilidade ou não da retomada das operações.

O mesmo ocorre com Marcopolo, que decidiu suspender as operações nas duas unidades localizadas em Caxias do Sul que produzem os veículos das empresas. Segundo a empresa, as operações, que empregam mais de 9.500 pessoas, estão suspensas em caráter preventivo até domingo. "O período pode ser estendido de acordo com as chuvas do fim de semana", informou a companhia.

Os temporais afetam ainda dezenas de companhias. A Calçados Bibi interrompeu desde o último dia 02 a sua fabricação na unidade de Parobé, onde fica também a sede administrativa da companhia.

"Com o cenário de chuvas torrenciais, que atingem nosso estado desde o último sábado, mais de 100 municípios foram comprometidos. Nos últimos dois dias, o Rio Paranhana e dos Sinos, que banham a cidade de Parobé e arredores, transbordaram e inundaram vários bairros de nossa cidade", disse a empresa.

Além disso, a companhia disse que as entregas poderão ser afetadas nos próximos dias pelas dificuldades de movimentação dos parceiros transportadores nas cidades mais impactadas. "Neste momento extremamente delicado para todos, estamos priorizando a segurança dos nossos colaboradores e familiares", disse a Calçados Bibi.

A loja da Lupo em Lajeado, da Lupo, está fechada e sem previsão de abertura. Segundo a empresa, os produtos foram retirados da loja e colocadas no estoque, no segundo pavimento. Outros espaços como Santa Cruz do Sul e Santa Maria também fecharam.

A diretora de uma fabricante de chocolate no estado afirmou, por sua vez, que a equipe administrativa está de home office e vem tendo pouco acesso às operações fabris por conta da ausência de luz e internet. "Está um absoluto caos, sem comunicação", relatou ela.

A Bolognesi Energia, dona de PCHS no Sul, disse que até o momento as vazões registradas estão dentro dos limites previstos em projeto. Com isso, diz a empresa, as nossas usinas continuam gerando energia de forma estável e segura.

"Destacamos que não há indícios de problemas nas barragens. Monitoramos com rigor os volumes de chuva previstos e contamos com um plano de contingência para responder de forma imediata a qualquer alteração, garantindo a segurança de nossas estruturas e comunidades circundantes", disse a companhia.

Segundo a empresa, cada PCH possui um Plano de Ação de Emergência (PAE), com ações a serem tomadas em caso de rompimento, incluindo o acionamento imediato da Defesa Civil para coordenar a evacuação de qualquer população ainda presente na área afetada.

Mais de 100 municípios foram impactados pelo temporal no estado.

Money Times - SP   06/05/2024

A Gerdau (GGBR4) reportou seu balanço referente ao primeiro trimestre de 2024 (1T24) na quinta-feira (2), após o fechamento do mercado, que recebe no campo positivo os números da companhia no pregão desta sexta (3).

Por volta das 11h50, as ações da companhia subiam 5,64%, a R$ 19,68, em reação ao balanço. Analistas avaliam os números como positivos, destacando o desempenho na América do Norte.

O que dizem os analistas sobre Gerdau?

Para o analista Henrique Cavalcante, da Empiricus Research, o balanço trouxe números sólidos, com sinais de recuperação no Brasil. O analista destaca que, após um 4T23 abaixo das expectativas e que pressionaram as ações de Gerdau, os números divulgados ontem surpreenderam.

“A operação norte-americana seguiu se destacando, com uma demanda resiliente e rentabilidade robusta, e a brasileira mostrou sinais de recuperação em meio a um cenário competitivo bastante desafiador”, avalia.

O analista pondera que, apesar de ainda enxergar desafios para a companhia nos próximos trimestres no âmbito doméstico, há sinais de recuperação e os resultados seguem fortes nos EUA, que é mais de 50% do resultado operacional.

“Negociando a atrativas 4 vezes EV/Ebitda para esse ano (enquanto pares norte-americanos negociam a 8x), com uma carteira de pedidos saudável, gestão qualificada e diversificação geográfica, enxergamos uma boa assimetria nos preços atuais”, explica. A Gerdau segue como uma recomendação de compra da Empiricus Research.

O Itaú BBA pontua que a companhia apresentou melhores margens em todos os aspectos, destacando que o Ebtida (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado de R$ 2,8 bilhões representa um aumento de 38% na comparação trimestral, mas uma queda de 35% na comparação anual, 10% acima da estimativa da casa e 8% acima do consenso.

O analista Daniel Sasson e equipe, que assinam relatório, ponderam que o número maior deveu-se a resultados acima do esperado em todos os setores, principalmente no Brasil e no segmento de aços especiais. A casa tem classificação market perform para GGBR4, equivalente à neutra.

Os analistas Aline Cardoso e Arthur Bíscuola, do Santander, também destacam o Ebtida e a melhora das margens no Brasil e, principalmente, América do Norte.

“Ressaltamos que a divisão América do Norte representou 54% do resultado consolidado da Gerdau no trimestre. Observamos que a empresa continua citando um ambiente desafiador no Brasil, especialmente dada a alta taxa de penetração de produtos siderúrgicos importados”, dizem.

Neste cenário, os analistas reiteram classificação outperform (desempenho esperado acima da média do mercado, equivalente a “compra”), no entanto, destacam preferência por Vale (VALE3) ante siderúrgicas.

A Genial Investimentos aponta que o balanço mostrou um trimestre com desempenho melhor de forma sequencial em todas as unidades de negócio.

Os analistas Igor Guedes, Lucas Bonventi e Rafael Chamadoira, explicam que empresas de commodities são extremamente cíclicas, e especialmente as de metais e mineração possuem seus ciclos altamente correlacionados com o ambiente macro.

“Adicionalmente, vemos a participação da América do Norte trimestre após trimestre ganhando mais relevância dentro do Ebtida consolidado da Gerdau”, avaliam.

Apesar de apontarem um cenário desafiador no curto prazo, os analistas da Genial optaram por elevar a recomendação para compra.

“A decisão é respaldada pela gestão eficaz da Gerdau diante das adversidades macroeconômicas, evidenciada por um plano robusto de corte de custos. Este plano, que inclui significativas reduções de despesas fixas, tem o potencial de impulsionar o desempenho financeiro no médio prazo”, explicam.

Por fim, o BTG Pactual também elevou a recomendação para GGBR4 para compra, com um novo preço-alvo de R$ 25 para a ação.

Para Leonardo Correa e Caio Greiner, foram atingidos níveis mínimos em termos de rentabilidade no Brasil, com margens Ebtidas baixas quase históricas de 8-9% (vs. níveis de meio de ciclo de 18-20%).

“A realidade é que a Gerdau já está trabalhando em uma série de medidas de redução de custos e buscando ajustar preços para restaurar os níveis de rentabilidade. Nos EUA, os resultados permanecem apoiados num nível elevado, com spreads de metais saudáveis e uma perspectiva de procura sólida”, avaliam.
Primeiro trimestre de 2024 da Gerdau

A Gerdau fechou o primeiro trimestre de 2024 com lucro líquido ajustado de R$ 1,2 bilhão, queda de 48,2% ante o mesmo período do ano passado, mostra documento enviado ao mercado nesta quinta-feira (2).

Apesar da queda, o número ficou em linha com o esperado pelo consenso da Bloomberg, que aguardava lucro de R$ 1,1 bi.
Decifrando os números do 1T24: veja quais são as ações que você comprar, vender ou ficar neutro, na opinião dos analistas.

A receita líquida somou R$ 16 bilhões, queda de 14%, enquanto o Ebtida ajustado, que mede o resultado operacional, ficou em R$ 2,8 bilhões, tombo de 35%.

Segundo a empresa, o primeiro trimestre de 2024 reflete o excesso de oferta de aço no mercado global, resultando em um ambiente de preços internacionais desafiador.

Grandes Construções - SP   06/05/2024

A ArcelorMittal iniciou no último mês de abril as operações de um novo Centro de Distribuição, na cidade de Guarulhos, em São Paulo. A nova estrutura, que fica em uma localização estratégica e tem investimento de cerca de R$ 10 milhões, vai facilitar o processo de transporte e agilizar a entrega de produtos e soluções para os clientes, principalmente na região metropolitana de São Paulo.

A unidade conta com um galpão de cerca de 12 mil metros quadrados e vai armazenar produtos como vergalhões, arames, telhas, fio, inox e telas, entre outros. O objetivo é que os produtos cheguem de forma segura e ágil aos mais de 7 mil clientes da região, atendendo à demanda do mercado, principalmente de setores como construção civil, automobilístico e industrial.

“Esse modelo de atuação assegura ampla presença do aço ArcelorMittal, custos competitivos, oferta de produtos com valor agregado e alta performance. A importância dessa nova unidade passa não só pela redução dos custos logísticos e otimização dos transportes em São Paulo, mas também pela melhora na prestação de serviços aos nossos clientes, reduzindo prazos e encurtando distâncias. Além disso, essa unidade vai proporcionar ampliação da nossa base de clientes, alcançando novos consumidores, identificando oportunidades de crescimento e impulsionando as vendas”, destaca Alexandre Belinello, gerente de Distribuição São Paulo.

O Centro de Distribuição visa aumentar a eficiência das operações no estado de São Paulo, reforçando a logística que já existe com a divisão de Diadema. A ArcelorMittal espera ainda contribuir para o desenvolvimento da região por meio da ampliação de impostos e geração de novos empregos.

Valor - SP   06/05/2024

Um acordo mal resolvido pode ter desdobramentos para uma das maiores companhias do país

Na família Steinbruch, dona da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e da Vicunha, tudo é discutido tintim por tintim, mas uma disputa entre acionistas minoritários do conglomerado mostra que, nos bastidores de um dos ramos do grupo, um acordo mal resolvido pode ter desdobramentos para uma das maiores companhias do país.

O conflito ocorre dentro da holding CFL, representada por Léo, Clarice e Fabiane Steinbruch, que detém 10,25% da companhia, avaliada em quase R$ 20 bilhões no mercado. Clarice e Léo são primos de Benjamin Steinbruch.

Fabiane, viúva do empresário Fabio Steinbruch, morto em um acidente de moto em 2012 aos 51 anos, está avaliando quais as medidas cabíveis na Justiça para questionar um tratado fechado há dois anos e meio entre a CFL, holding da qual faz parte com seus cunhados, Léo e Clarice, e a Rio Purus, ramo da família de Benjamin Steinbruch e seus irmãos Elizabeth e Ricardo.

Pelo acordo fechado, em novembro de 2022, os dois ramos da família acertaram que a holding CFL teria participação direta na CSN, desfazendo as fatias cruzadas no conglomerado, uma das maiores siderúrgicas e mineradoras do país.

Fabiane Steinbruch — Foto: Arquivo pessoal

Fabiane alega, contudo, que não participou das negociações que envolviam a CFL e a Rio Purus no período que o acordo foi fechado e está tomando as medidas cabíveis na Justiça, sem dar detalhes da estratégia que a sua defesa está conduzindo para o caso. Ela entende que a CSN é um grupo bem administrado, mas não tem recebido os dividendos em valores atualizados.

“Fui informada pela imprensa sobre esse acordo à época. Solicitei questionamentos, cópia dos documentos, mas até agora nada. Isso já faz dois anos e meio. Estou tomando as medidas cabíveis [na Justiça]”, diz. “O grande problema é que existe uma sócia que não está sendo respeitada.”

Procurados pelo Valor, Clarice e Léo não comentam o assunto. A CSN também preferiu não se manifestar por ser uma questão familiar.

A viúva tem uma participação de 17% na holding CFL — os outros 83% estão nas mãos de Clarice e Léo. A fatia de Fabiane na CSN é de 1,7%, mas não pode ser vendida isoladamente.

Fabiane e seus cunhados não falam a mesma língua desde a morte de Fabio, há quase 12 anos. Casada por sete anos com o empresário em regime de separação total de bens, a viúva teve de ir à Justiça para receber sua herança àquela época.

Os irmãos de Fabio afirmavam que a viúva teria direito a R$ 20 milhões deixados pelo marido em testamento. Ela discordou. Em 2016, após ferrenha disputa, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) rejeitou a tese de Clarice e Léo, e reconheceu que Fabiane é herdeira do espólio do marido.

Além da siderúrgica, indústria têxtil e o banco Fibra, a família tem propriedades agrícolas e imóveis.

Fabiane conheceu o empresário quando trabalhava em uma das empresas da família — ela é ex-funcionária do Banco Fibra e se casou com Fabio em 2006. Os dois não tiveram filhos.

Com a decisão do STJ, Fabiane ficou com 50% da fatia de Fabio na holding, ou seja, cerca de 17%. O restante (outros cerca de 17%) foi dividido igualitariamente para Léo e Clarice.

Após o fim do inventário de Fabio, Fabiane passou a frequentar as assembleias da CFL, sempre de forma “bastante incisiva”, afirma um interlocutor de Clarice e Léo, que preferiu não identificar.

O acordo fechado em novembro de 2022 envolvia uma disputa societária entre os primos Clarice e Léo e Benjamin Steinbruch, iniciada em 2018. À época, os cunhados de Fabiane queriam ter voz no conselho de administração da CSN e foram à Justiça por entender que o ramo da família de Benjamin Steinbruch estava à frente das principais decisões do grupo.

Quatro anos depois, os dois lados da família se acertaram — e foi aí que Fabiane alega que ficou de fora.

De acordo com o interlocutor que representa os irmãos de Fabio, como Fabiane é sócia minoritária da CFL, ela não precisaria ser consultada sobre qualquer negócio envolvendo a holding de investimentos.

Fábio Steinbruch (à esq.) — Foto: Arquivo pessoal

Segundo essa fonte, os direitos de Fabiane serão respeitados, tendo em vista que se trata de uma “acionista minoritária em uma empresa fechada”. Só que Fabiane não vê dessa forma.

Ela diz que não recebe integralmente os dividendos e afirma que voltou a ser sondada por investidores para vender a sua parte na holding. Em um passado recente, ela foi procurada por gestoras, mas não se desfez de sua fatia.

Essa fonte ligada a Léo e Clarice também afirma que Fabiane recebe os dividendos, mas que esses proventos estão atrelados aos ganhos da companhia, que não são lineares.

A venda isolada da fatia de Fabiane na CFL é possível, mas o desafio seria buscar um interessado em comprar uma participação minoritária em uma holding fechada com uma disputa familiar ainda não resolvida, algo que pode exigir um desconto.

Fabiane afirma que, desde novembro de 2022, tenta buscar informações sobre o acordo e ter maior diálogo com os cunhados, mas a relação entre eles já estaria desgastada após a morte de seu marido, em 2012.

Amante de carros e velocidade, o empresário morreu em um acidente de moto — ele estava pilotando a moto Guzzi 250, de sua coleção, quando sofreu o acidente, provocado provavelmente pelo estouro do pneu dianteiro.

Ele próprio acionou o resgate, mas quebrou a clavícula. Conhecido no meio esportivo de corridas de automóvel e do antigomobilismo (paixão por carros de época), Fábio era descrito por amigos como uma unanimidade no assunto, com uma coleção de mais de 200 carros antigos. Amante do automobilismo, Fabio fundou o Clube do Alfa Romeo, além de ser autor dos livros “Automóveis no Brasil – Marcas que o Tempo Não Apaga” e “Memórias Sobre Rodas – O Automóvel no Brasil na Virada da Década de 1960 para 1970”.

ECONOMIA

Globo Online - RJ   06/05/2024

O dólar encerrou esta sexta em queda de 0,85%, cotado a R$ 5,06, três dias após alcançar R$ 5,20, em uma semana marcada pela volatilidade do mercado em torno da decisão do Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, sobre a taxa de juros americana.

Hoje, o câmbio iniciou o dia em queda e chegou a bater a mínima de R$ 5,04, após os dados de emprego fora do setor agrícola nos Estados Unidos em abril (também conhecido como payroll) virem abaixo do esperado pelo mercado, com a criação de 175 mil vagas, ante expectativa de 238 mil.

Isso pode sinalizar uma economia menos aquecida e mais espaço para cortes de juros no país, o que tende a favorecer ativos de risco e países emergentes como o Brasil, explica Diego Costa, diretor de câmbio para o norte e nordeste da B&T Câmbio:

— Com a perspectiva de juros mais baixos no futuro, os investidores se sentem mais confiantes para buscar retornos mais altos em ativos de risco, como ações e títulos de mercados emergentes. Mas a economia global ainda enfrenta incertezas e os investidores aguardam pela ata do Fomc (comitê de política monetária do banco central dos Estados Unidos, que decide sorbe a taxa de juros) em busca de sinais mais concretos — ele afirma.

Nesta semana, o Fomc se reuniu na quarta-feira, quando os mercados estavam fechados no Brasil por conta do feriado. Em um movimento de aversão a risco global, com o temor de que o Federal Reserve pudesse adotar uma postura mais rígida em torno do controle da inflação, o dólar encerrou a terça em alta de 1,52%, a R$ 5,19. Mas com a sinalização de Jerome Powell, presidente do banco central americano, de que não haveria aumento na taxa de juros, os investidores ficaram mais calmos.

Os juros nos Estados Unidos, fixados entre 5,25% e 5,50%, estão no maior patamar em mais de 20 anos, e os investidores estavam otimistas de que o Federal Reserve começaria a reduzir essa taxa no primeiro trimestre deste ano.

Com a divulgação de dados econômicos sugerindo uma atividade econômica mais aquecida e uma inflação mais resistente nos últimos meses, os dirigentes do banco central americano começaram a sinalizar que as taxas não iriam diminuir tão cedo. Isso frustrou as expectativas do mercado e tem causado volatilidade no preço do dólar desde então.

O câmbio subiu 3,54% em abril e chegou a bater a cotação de R$ 5,26, o maior valor em mais de um ano.

— Os mercados ficaram bem animados no fim do ano passo e as expectativas do mercado chegaram a apontar para sete cortes na taxa de juros ao longo de 2024, com alta probabilidade da primeira redução acontecer até março, então toda essa frustração levou a uma volatilidade e patamares bem altos na taxa de câmbio — explica Rodolfo Margato, economista da XP Investimentos.

Agora, investidores acompanham atentos cada dado sobre a economia dos Estados Unidos e sinalizações de dirigentes do Federal Reserve em busca de pistas sobre a condução da taxa de juros no país.

Margato diz que a XP Investimentos projeta dois cortes de juros nos Estados Unidos em 2024 e vê que ainda há mais espaço para a desvalorização do dólar nas próximas semanas e projeta o câmbio a R$ 5 no final do ano, mas reconhece que há riscos no radar do mercado, como as tensões no Oriente Médio e o déficit fiscal no Brasil:

— Ainda há muita volatilidade. Essas estatísticas de abril que foram divulgadas pela manhã surpreenderam para baixo, mas as anteriores haviam surpreendido para cima, então teve uma melhora com os dados publicados hoje, mas ainda não dá para cravar que terá desaceleração na economia dos Estados Unidos ao longo dos próximos trimestres — ele diz.

Já o C6 Bank projeta o dólar a R$ 5,30 ao fim do ano e R$ 5,50 para o ano que vem, e considera que o Federal Reserve pode não diminuir os juros neste ano.

— Nossa visão é que a inflação nos Estados Unidos ainda está bastante elevada e os dados de atividade econômica estão fortes, mesmo com esse dado de payroll vindo um pouco mais fraco, e o Fed pode vir a não cortar juros esse ano. Do lado doméstico, temos uma dívida elevada e vemos uma deterioração da perspectiva fiscal — avalia Claudia Moreno, economista do C6 Bank.

O Estado de S.Paulo - SP   06/05/2024

Com ajuda do mercado de trabalho aquecido e dos juros em queda, a indústria brasileira encerrou o primeiro trimestre no azul, embora tenha começando o ano rateando. A produção subiu 0,3% no primeiro trimestre de 2024 ante o quarto trimestre de 2023, na série com ajuste sazonal, segundo os dados da Pesquisa Industrial Mensal, divulgados nesta sexta-feira, 3, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“Foi o quarto trimestre seguido no campo positivo”, apontou André Macedo, gerente da pesquisa do IBGE.

Na verdade, a indústria permaneceu invicta ao longo de todo o ano passado, sem resultados trimestrais negativos (houve estabilidade no primeiro trimestre de 2023). Em 2024, a despeito do avanço recente, o setor deve contribuir pouco com o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, previu a economista Claudia Moreno, do C6 Bank.

“Apesar de a indústria acumular um crescimento de 1,9% no ano até aqui, reforçando a leitura de que a atividade está mais forte do que se esperava para este começo de ano, o cenário para os próximos meses não é tão otimista. Acreditamos que a indústria terá mais um ano de estagnação em 2024. Na nossa visão, o setor deve contribuir com apenas 0,1 ponto percentual do crescimento de 2,2% que projetamos para o PIB deste ano”, estimou Moreno, em comentário.

Adiante, o setor industrial deve continuar a enfrentar dificuldades decorrentes das condições financeiras restritivas e da demanda externa fraca, anteviu o diretor de pesquisa macroeconômica para América Latina do banco Goldman Sachs, Alberto Ramos.

“Do lado positivo, as transferências fiscais significativas para as famílias, a expansão da massa salarial real da economia, as políticas fiscais e parafiscais expansionistas, a inversão do ciclo de crédito e as políticas industriais agressivas patrocinadas pelo governo deverão apoiar o sector”, ponderou Ramos, em relatório.

Em relação ao mês imediatamente anterior, que desconta influências sazonais, a produção industrial cresceu 0,9% em março ante fevereiro, o segundo mês de avanços consecutivos, recuperando-se da queda vista em janeiro. No entanto, a expansão da indústria nacional em março foi concentrada em apenas cinco das 25 atividades investigadas: alimentícios (1,0%), têxteis (4,5%), impressão e reprodução de gravações (8,2%), indústrias extrativas (0,2%) e farmacêuticos (0,5%). Houve recuos nos demais 20 ramos pesquisados, com destaque para os impactos negativos de veículos (-6,0%) e equipamentos de informática e eletrônicos (-13,3%).

“Os resultados negativos mais espalhados do que a presença de resultados positivos claro que chamam atenção, claro que trazem algum sinal de alerta”, reconheceu André Macedo, do IBGE.

Porém, o pesquisador ressalta que a indústria brasileira tem mostrado tendência positiva desde meados do ano passado. Segundo ele, essa trajetória favorável está “diretamente associada à melhora do mercado de trabalho”, com aumento no número de trabalhadores ocupados e ampliação da massa de salários em circulação na economia.

“A taxa de juros está em patamares mais baixos do que tinha no passado”, acrescentou André Macedo, do IBGE. “São fatores que ajudam a explicar a melhora nesse setor industrial não só neste mês.”

Macedo diz que não é possível antecipar o desempenho da indústria nos meses vindouros, mas frisa que esses mesmos elementos que ajudaram a explicar o avanço na produção recente ainda permanecem presentes no cenário macroeconômico atual, ou seja, podem influenciar as próximas leituras da pesquisa.

A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) projeta um crescimento de 2,2% na produção industrial em 2024.

“A tendência é que a indústria extrativa se recupere nos próximos meses e a indústria de transformação mantenha a trajetória de crescimento, conforme sinalizam os fundamentos econômicos, entre eles, a queda da taxa de juros, a melhora das condições de crédito, forte expansão real da massa salarial ampliada, que avançou 10,3% na comparação do primeiro trimestre de 2024 e o mesmo período do ano anterior e as medidas anunciadas pelo governo, como Depreciação Superacelerada, Mover e o Plano Mais Produção (P+P)”, enumerou a Fiesp, em nota.

A entidade alerta, entretanto, que um aumento do Custo Unitário do Trabalho representaria um fator de risco nesse processo de retomada esperado para o ano. “Esse processo é reflexo do avanço dos rendimentos reais do trabalho que não estão sendo acompanhados por ganhos em produtividade no setor”, explicou a Fiesp.

Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, a produção industrial teve um recuo de 2,8% em março de 2024, ante março de 2023, interrompendo assim uma sequência de sete meses de avanços consecutivos. O mau desempenho foi influenciado pelo efeito calendário: o mês de março de 2024 teve 20 dias úteis, três dias úteis a menos do que março de 2023, que teve 23 dias úteis.

“A queda (na produção) precisa ser relativizada, na medida que a gente tem diferença importante de dias úteis”, apontou André Macedo, do IBGE.

A indústria brasileira chegou a março de 2024 operando 0,4% acima do patamar de fevereiro de 2020: nove das 25 atividades investigadas estão operando em nível superior ao pré-crise sanitária.

IstoÉ Dinheiro - SP   06/05/2024

Diretora do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Michelle Bowman demonstrou cautela sobre o quadro inflacionário nos Estados Unidos, não descartando defender mais alta nos juros, caso o quadro na inflação demande. Em discurso na convenção anual da Massachusetts Bankers Association, ela afirmou que, em seu cenário-base, a inflação deve cair mais, mas acrescentou que existem agora “vários riscos de alta” para ela.

A autoridade menciona que não está claro se mais melhoras do lado da oferta continuarão a reduzir a inflação, bem como riscos geopolíticos que podem apoiar preços, pressionando alimentos, energia e commodities. Há ainda o risco de que um relaxamento nas condições financeiras visto desde o ano passado e estímulo fiscal adicional apoiem a demanda, freando mais progressos ou mesmo levando a inflação a voltar a acelerar.

Houve progresso “considerável” para desacelerar a inflação no ano passado, mas neste primeiro trimestre não houve mais progresso, avaliou Bowman, que prevê “inflação seguindo elevada por algum tempo”. Os preços seguem bem acima de antes da pandemia, “o que pesa na confiança do consumidor”, acrescenta.

A atividade econômica cresceu em um ritmo forte no ano passado e vinha mantendo impulso no primeiro trimestre, aponta ela. No mercado de trabalho, a diretora do Fed vê “sinais de que ele caminha para um melhor equilíbrio, mas relatórios recentes de emprego ainda apontam para um mercado de trabalho apertado.

Outro risco citado, nesse contexto, é de demanda mais forte dos consumidores por serviços, mais imigração e a força continuada do mercado de trabalho puxando para cima o núcleo da inflação de serviços no país.

No quadro atual, a política monetária “parece ser restritiva” e Bowman diz que continuará a monitorar os dados para decidir sobre o nível adequado para levar a inflação à meta.

A diretora ressalta que a política monetária não está em rumo definido a priori, mas leva em conta reunião a reunião todos os dados e suas implicações para o quadro, bem como os riscos à perspectiva. Além disso, reforça que pode votar por mais alta nos juros, caso o progresso na inflação “fique estagnado ou se reverta”.

Veja - SP   06/05/2024

No próximo dia 8 de maio, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reúne-se mais uma vez para definir qual taxa de juros balizará a economia brasileira. Desde que o BC iniciou o ciclo de corte da Selic, em agosto do ano passado, a opção sempre foi pela redução de 0,50 ponto percentual da taxa, mas agora o cenário é diferente. Especialistas já apostam numa queda menor, de 0,25 ponto percentual, o que representaria um freio que, até pouco tempo atrás, parecia fora de cogitação. No início de 2024, analistas da economia chegaram a projetar que a Selic chegaria até os 8% ao ano ao fim do atual ciclo de corte de juros, na esteira de uma inflação mais comportada e do mercado de trabalho menos aquecido. O que antes se desenhava como um afrouxamento monetário, contudo, agora dá lugar a estimativas conservadoras — os economistas já revisam seus cenários para uma Selic parando na casa dos 10% ao ano. Se ficar por aí, irá gerar uma grande decepção entre os que esperavam por uma nova e promissora era na política monetária do Banco Central.

Há várias razões para a provável mudança de rumo. A primeira delas diz respeito à inflação americana, que teima em não ceder na velocidade esperada. Com os temores em relação à resistência dos preços, o Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, manteve os juros por lá inalterados na reunião da quarta-feira, 1º de maio, na faixa de 5,25% a 5,50% ao ano — é o maior nível desde 2001. “Nos últimos meses, não houve novos progressos em direção ao objetivo de inflação de 2%”, disse Jerome Powell, presidente do Fed, para justificar a decisão.

Na sexta-feira, 3, os dados de emprego divulgados pelo governo americano reforçam a mensagem de Powell na última coletiva, em que adotou um tom mais “dovish” – isto é, menos inclinado a um aumento de juros. A economia americana abriu 175 mil vagas de trabalho em abril, abaixo da expectativa, indicando uma desaceleração do mercado de trabalho. Porém, cortes nos juros dependem que a inflação americana — que está na casa dos 3% — responda da mesma forma, com desaceleração.

Com o receio inflacionário, a perspectiva de redução de juros, de fato, mudou. Se no final de 2023 muitos analistas apontavam a possibilidade de o Fed fazer até sete cortes na taxa em 2024, agora o movimento pode ser até mesmo na direção contrária. Em sua carta anual endereçada a acionistas, Jamie Dimon, presidente do banco J.P. Morgan, afirmou que os juros americanos poderão subir para 8% nos próximos anos como resultado de déficits colossais na economia e da piora de conflitos geopolíticos. Seria um recorde histórico e a erupção de um tremendo obstáculo para o crescimento econômico global.

O que isso tem a ver com o Brasil? “O juro americano mais alto é um fato, está dado, e ele é o piso para os juros no mundo inteiro porque dita o custo do dinheiro globalmente”, afirma Fernando Fenolio, economista-chefe da gestora WHG. Quando a taxa americana está em nível elevado, investidores passam a se interessar menos por mercados emergentes, considerados mais arriscados. No Brasil, os estrangeiros bateram em retirada: em 2024, a saída de recursos da bolsa já somou 30 bilhões de reais até o final de abril, no maior fluxo negativo da série iniciada em 2016. Isso explica a cotação do dólar já ter ultrapassado a barreira dos 5 reais e a bolsa brasileira seguir sem brilho.

Não é apenas o contexto internacional que justifica a mudança de perspectiva na política monetária brasileira. Uma velha conhecida do investidor ajudou a piorar o sentimento em relação à Selic: a política fiscal. Não bastasse a posição já frágil do Brasil enquanto emergente, o país não cansa de enviar mensagens equivocadas. Desta vez, foi a revisão das metas de resultado primário das contas públicas anunciada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Para 2025, a meta saiu de um superávit de 0,5% do PIB para zero. Para 2026, o superávit de 1% do PIB cairia para 0,25%.

Após as revisões, um relatório da Instituição Fiscal Independente, órgão ligado ao Senado Federal, atestou que a decisão afeta a credibilidade do arcabouço fiscal proposto pelo governo, com efeitos em inflação, juros e dívida pública. “A alteração de metas de superávit coloca bastante incerteza no mercado quanto à forma de o governo conduzir a questão fiscal”, diz Juliana Inhasz, professora de economia do Insper. “As pessoas estão tirando o pé do acelerador. É uma revisão total de expectativas no curto prazo.” Por isso, a recente melhora de perspectiva de nota do Brasil anunciada pela agência de classificação de risco Moody’s veio com uma ressalva: o risco fiscal.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, expôs sua preocupação em evento recente promovido pela gestora XP. Afirmou que a incerteza fiscal já fez com que o cenário mudasse, levando a uma revisão da política de juros no país. Isso se dá porque, quando o governo não mostra compromisso com o equilíbrio das contas e amplia os gastos, há efeito inflacionário na economia. O Banco Central então é forçado a adotar uma política mais restritiva. A nova realidade que se impõe vem levando instituições financeiras a revisitar seus cenários para a Selic.

Pautado pelo ambiente mais desafiador tanto no cenário externo quanto doméstico, o Itaú alterou sua projeção para a taxa Selic no fim deste ano de 9,25% para 9,75%, com o dólar valendo 5 reais. Em relatório assinado pelo economista-chefe da casa, Mário Mesquita, a instituição pondera que as estimativas mais conservadoras são resultado dos efeitos da política fiscal praticada no país, considerando a dificuldade do governo em manter uma “trajetória de convergência” de resultados primários. Outro exemplo de quem já trabalha com níveis de Selic mais elevados é o do J.P. Morgan, que recentemente recalculou a estimativa para a taxa de 9,5% para 10% ao ano. Em documento assinado pelos economistas Cassiana Fernandez e Vinicius Moreira, o banco assinala que já havia mudado a perspectiva para a trajetória de juros no mundo, considerando os efeitos de uma política monetária mais restritiva nos Estados Unidos. Agora, afirma a instituição, um “novo desafio” surge no horizonte no Brasil, com as mudanças na meta de superávit — uma combinação bombástica para a política de juros local.

Outros fatores alimentam a preocupação. “O excesso de dívida em vários países, no contexto de juro mais elevado, está produzindo grande piora do déficit nominal”, diz Gabriel Barros, economista-chefe da gestora Ryo Asset. “Esse cenário reduz a paciência do investidor com países em que o lado fiscal é desarrumado, como o Brasil.” Por ora, não parece haver disposição do governo para arrumar a casa, o que poderia ser feito essencialmente via corte de despesas. Afinal, o zelo pelas contas públicas raramente foi uma característica das gestões petistas. Mas a gastança desenfreada traz inflação e, com ela, a necessidade de aumento dos juros. É uma escolha que impede o país de crescer tudo o que poderia — e que precisa.

MINERAÇÃO

Monitor Digital - RJ   06/05/2024

As vendas do setor mineral brasileiro atingiram R$ 68 bilhões no primeiro trimestre deste ano, o que representa um aumento de 25% frente ao mesmo período de 2023, informou o Instituto Brasileiro de Minas (Ibram), que representa empresas como Vale, Gerdau, ArcelorMittal e Mosaic.

As exportações totalizaram 87,5 milhões de toneladas entre janeiro e março de 2024, alta de 11,3%. As receitas dos embarques chegaram a R$ 10,9 bilhões, 18,3% a mais que no mesmo trimestre do ano passado.

As vendas externas de minério de ferro representam a maior parte das exportações: 84,1 milhões de toneladas, 11,9% a mais que na mesma comparação.

A arrecadação de royalties sobre minérios, a chamada CFEM (Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Mineiros), subiu para R$ 1,930 bilhão no primeiro trimestre de 2024, alta de 29,8%.

Agência Brasil - DF   06/05/2024

O balanço do primeiro trimestre de 2024 do setor minerário revela um melhor desempenho na comparação com o mesmo período de 2023. Houve alta de 25% no faturamento e de 18,3% nas exportações.

Os dados foram apresentados na última quinta-feira (2) pelo Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), que representa as maiores mineradoras do país. Além de detalhar os resultados, diretores da entidade fizeram críticas à implantação do Imposto Seletivo, tal como previsto na reforma tributária.

O faturamento do setor no primeiro trimestre de 2024 foi de R$ 68 bilhões. A alta de 25% foi impulsionada principalmente pelos dois estados mais mineradores do país, que registraram expansão acima da média nacional. Minas Gerais, com alta de 29% na comparação com o mesmo período do ano passado, alcançou faturamento de R$ 28,2 bilhões. Já o Pará subiu 34% chegando a R$ 25,1 bilhões.

O minério de ferro respondeu por 64,2% de todo o faturamento do setor e ocupa com folga o topo da lista dos produtos de maior impacto no desempenho. Em seguida, aparecem cobre, com 7% de participação, e ouro, com 6,8%.

"As chuvas desse ano não tiveram um impacto tão negativo como no passado. O primeiro trimestre é um período onde geralmente há o impacto de chuvas fortes. E nesse ano, felizmente, elas foram mais bem distribuídas. Isso afetou menos a produção. Por isso, também tivemos esses resultados melhores", disse Julio Nery, diretor de sustentabilidade do Ibram.

Ele acrescentou que as projeções são otimistas também para o restante do ano, o que vem se reforçando por relatórios parciais produzidos pelas mineradoras.
Imposto Seletivo

O Ibram manifestou preocupação com a adoção do Imposto Seletivo e considerou que, da forma como está sendo proposto, o tributo assume viés arrecadatório. "A gente segue trabalhando na linha de levar uma informação qualificada, de apresentar estudos sobre competitividade e sobre tributação", disse Rinaldo Mancin, diretor de relações institucionais do Ibram.

O Imposto Seletivo tem por princípio a seletividade, isto é, usa a tributação para desencorajar o consumo de bens selecionados. Ele foi adotado por outras nações e ganhou o apelidado em inglês por Sin Tax (imposto do pecado, em tradução literal).

No Brasil, ele é um dos novos tributos previstos na reforma tributária aprovada no ano passado pelo Congresso Nacional. O artigo 153 da Constituição Federal foi alterado para incluir um novo inciso. Ele estabelece um imposto sobre a produção, extração, comercialização ou importação de bens e serviços prejudiciais à saúde ou ao meio ambiente.

A reforma tributária, no entanto, fixou a necessidade de uma Lei Complementar para regulamentar o tributo. Nela, deverão ficar definidos quais os produtos serão taxados, bem como as alíquotas e as regras. Dessa forma, a discussão envolve o Projeto de Lei Complementar 68/2024, apresentado pelo governo federal recentemente. Ele prevê a incidência do Imposto Seletivo para veículos, embarcações e aeronaves, produtos fumígenos, bebidas alcoólicas, bebidas açucaradas e bens minerais extraídos.

"Não tenha dúvida que reduz a atratividade do Brasil como destino porque eu estou mexendo em algo que possui um planejamento sofisticado, de longo prazo. Mercado de minério de ferro é um mercado extremamente sofisticado, os contratos são negociados com muita antecedência", disse Mancin.

Além de criar o Imposto Seletivo, a reforma tributária estabeleceu que - a partir de 2033 - o ICMS e o IPI serão unificados a outros três tributos (ISS, PIS e Cofins), de forma a simplificar o sistema. Haveria, assim, uma única cobrança, com a arrecadação sendo repartida entre a esfera federal (Contribuição sobre Bens e Serviços - CBS) e as esferas estadual e municipal (Imposto sobre Bens e Serviços - IBS). De acordo com Mancin, o Ibram tem visão convergente com a reforma tributária, porém, não concorda com a cobrança do Imposto Seletivo.
Mapa da mineração

O diretor-presidente do Ibram, Raul Jungmann, comentou o levantamento das áreas de mineração industrial e garimpo realizado pelo MapBiomas, uma rede colaborativa formada por organizações não governamentais, universidades e empresas de tecnologia. Produzido a partir de imagens de satélites, ele mostra a evolução ocorrida no país entre 1985 e 2020.

Raul Jungmann mostra-se preocupado com projetos tramitando no Congresso sem a necessária discussão - Foto - Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

Os dados revelam que, desde 2018, as áreas de garimpo - incluindo as atividades legais e as ilegais - superam as áreas de mineração industrial. Também indica que a mineração como um todo avançou mais de 600% no Brasil entre 1985 e 2020.

Em 2020, último ano que aparece no levantamento divulgado, o garimpo respondeu por 107,8 mil hectares. Já a mineração industrial explorou 98,3 mil hectares. No recorte por biomas, 72,50% de toda a área minerada do Brasil ficam na Floresta Amazônica. Outros 14,7% situam-se na Mata Atlântica e 9,9% no Cerrado.

No período entre 1985 e 2020, a área garimpada dentro de unidades de conservação subiu cerca de 300%. Nessas áreas, é proibida a mineração e, portanto, todas as atividades que ocorrem nelas são ilegais. "Isso é inadmissível. É um caso de polícia", lamenta Jungmann. Pelos dados do MapBiomas, atualmente 50% do garimpo ocorrem em unidades de conservação ou em terras indígenas, onde a atividade também é vedada.

Jungmann manifestou preocupação com projetos de lei tramitando em ritmo acelerado na Câmara e no Senado, sem a necessária discussão. Segundo ele, há propostas que facilitam a expansão do garimpo e que abrem margem para acabar beneficiando inclusive a prática ilegal. Além disso, ele critica a possibilidade de que o garimpo possa avançar sobre áreas já concedidas a mineradoras.
Garimpo ilegal

O Ibram tem nos últimos tempos cobrado maior fiscalização do garimpo ilegal e discussão do marco regulatório. Enquanto as empresas mineradoras podem refinar, fundir e exportar os minerais extraídos, o garimpeiro recebe apenas autorização para extração local e venda às chamadas Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários (DTVMs). São instituições autorizadas pelo Banco Central e funcionam como a porta de entrada do ouro e de outros minerais para o sistema financeiro, para o mercado internacional ou  joalherias.

Ocorre que o ouro extraído de áreas ilegais geralmente é levado para regiões em que há atuação do garimpo legal, onde intermediários locais realizam a venda às DTVMs. "Já pedimos investigação de algumas DVTMs e estamos sendo processados por elas, com muito gosto porque nosso posicionamento é verticalmente contrário ao que elas representam", finalizou Jungmann.

Infomoney - SP   06/05/2024

Diversos analistas participaram, nesta sexta-feira (3), de um encontro com executivos da Vale (VALE3), que contou com a presença do CEO Eduardo Bartolomeo e do CFO Gustavo Pimenta. Como destaques ficaram o otimismo da companhia em chegar a um acordo no caso de Mariana e de conseguir as renegociação de valores acordados por de concessões ferroviárias em breve, fatores que vêm pressionando a performance das ações recentemente.

De acordo com o time do Itaú BBA, no primeiro tópico, a Vale enxerga que a chegada a um consenso para a questão da Samarco — sua joint venture com a BHP, responsável pela mina onde a tragédia de 2015 aconteceu — pode estar próxima e permanece confortável com seus níveis atuais de provisionamento. A administração, segundo eles, observou que as conversas com o governo avançaram nas últimas semanas e todas as partes relacionadas estão “trabalhando arduamente para chegar a um acordo a curto prazo, potencialmente até meados do ano”.

Hoje, no entanto, foi noticiado que a União e o Espírito Santo rejeitaram a proposta da Samarco. De acordo com os entes, a decisão foi tomada porque a oferta das mineradoras “não representa avanço em relação à proposta anterior, apresentada e discutida em dezembro de 2023”, além de conter “condições inadmissíveis” que desconsideram o que “já havia sido exaustivamente debatido e acordado” desde que as tratativas estão em andamento

Sobre o impacto dessa decisão mais recente, o Morgan Stanley mencionou que, de qualquer forma, é de interesse de todos os participantes que o acordo saía e que por isso o caso deve ser concluído ainda neste ano.

“Mas está claro para nós que se as autoridades não oferecerem segurança jurídica às empresas, que elimine o risco de demandas e reclamações adicionais no futuro relacionadas a Mariana, não fará sentido para a Samarco e para a Vale assinarem um acordo. Infelizmente, se isso acontecer, acreditamos que a pressão sobre as ações da Vale relacionada a passivos e pagamentos potenciais permanecerá por muito tempo”, diz o time do banco americano.

Fora a questão de Mariana, o time da Vale também manifestou, como já mencionado, otimismo sobre as concessões ferroviárias, que serão abordadas em breve. A companhia está em discussão com o governo para renegociar valores acordados pelas concessões da EFC (Estrada de Ferro dos Carajás) e da EFVM (Estrada de Ferro Vitória Minas).

“A Vale também está otimista com a possibilidade de chegar a um acordo com o governo sobre as concessões ferroviárias a muito curto prazo, equilibrando os pagamentos potenciais com obrigações futuras, resultando em um acordo vantajoso para ambas as partes”, expõe o BBA.
Para além de conversas com o governo

Tirando os trâmites com o governo, os diretores endereçaram outras questões sobre o futuro da companhia.

Sobre o novo CEO da frente de metais básicos, por exemplo, os executivos da mineradora mencionaram que a decisão deve vir até o meio do ano. Fora isso, eles deram mais detalhes da transição do CEO à frente da companhia, já que Bartolomeo deixa o cargo em dezembro deste ano (se mantendo, no entanto, como presidente do Conselho).

A companhia também explicou que o recente aumento do Capex está relacionado a um atraso de licenciamento de dois anos no Sistema Norte e ao consequente custo inflacionário – sem esperar, no entanto, novos sobrecustos.

Ainda na frente de possíveis gastos, os executivos teriam sinalizado que fusões e aquisições ousadas por enquanto, são improváveis, já que a alocação disciplinada de capital “permanece sendo o mantra”. “A administração observou que os atuais níveis de preços das ações da Vale tornam difícil engajar-se em negociações de M&A relacionadas à troca de ações.

Para os executivos, as ações da mineradora atualmente estão baratas. No entanto, eles reconheceram que, por enquanto, há menos espaço no balanço para recompras de ações. “A empresa tem menos flexibilidade do ponto de vista da alavancagem financeira para ser mais agressiva nesse aspecto. Os dividendos e recompras de ações continuarão sendo o uso preferencial de caixa após capex e obrigações financeiras”, contextualiza o Goldman Sachs.

Por fim, a Vale também sinalizou certo otimismo com a sua produção de minério de ferro, mantendo as projeções para 2024.

Morgan Stanley, Itaú BBA e Goldman têm, todos, recomendação de compra para a mineradora, com preços-alvo em, respectivamente, US$ 18 (para o ADR), US$ 14 e US$ 16,20.

Máquinas e Equipamentos

Revista Manutenção e Tecnologia - SP   06/05/2024

No ano em que comemora 70 anos no Brasil, a Caterpillar marca presença na Agrishow 2024 apresentando novas máquinas, recursos e tecnologias inovadoras destinadas a aumentar a eficiência e a produtividade nas operações agrícolas.

Durante a feira, a Caterpillar realizará o lançamento da nova geração de carregadeiras de rodas pequenas, com os modelos Cat 924 e 938.

Além da mudança de nomenclatura (remoção da letra K), os novos modelos oferecem um conjunto de novas tecnologias e funcionalidades destinadas a aumentar a produtividade, simplificar a operação e reduzir custos operacionais.

O interior da cabine foi alterado para proporcionar mais conforto e melhorar a visibilidade. Novas funções de auxílio ao operador foram projetadas para proporcionar mais desempenho e eficiência na realização das mais diversas atividades.

Outra novidade, exclusiva nessa categoria, é a opção de direção por joystick, que oferece maior ergonomia, conforto e facilidade de operação principalmente em longas jornadas de trabalho.

A nova geração de carregadeiras, afirma a fabricante, mantém a conhecida robustez do seu sistema de transmissão hidrostático e do motor Cat C7.1 ACERT e continua a oferecer arranjos especiais para diversos segmentos, como para movimentação da biomassa do bagaço de cana (Arranjo Sugarcane), que também será exposto na feira.

Para a edição 2024 da Agrishow, a Caterpillar também apresentará diferentes modelos das marcas Cat, como retroescavadeiras, motoniveladoras, carregadeiras de porte mini, pequeno e médio, além do trator de esteira D4.

Também estará em exibição a escavadeira Cat 316 GC, lançada em 2023 e desenvolvida para superar desafios. É um modelo que funciona para subir ladeiras complicadas sem perder desempenho. Assim como os demais modelos GC, o modelo padrão 316 GC oferece baixo consumo de combustível e produtividade excepcional, tornando-o simples e fácil de possuir.

A Caterpillar ainda apresentará modelos da marca SEM, com as carregadeiras de rodas SEM618D, SEM636D e SEM656D, e a motoniveladora SEM919. A SEM é uma marca Caterpillar e oferece produtos acessíveis, duráveis e de fácil manutenção, apoiados pela engenharia da Caterpillar.

“Os visitantes da Agrishow terão acesso ao que há de mais moderno em equipamentos Cat e SEM, além de melhorias destinadas a aumentar a eficiência e produtividade nas operações agrícolas”, afirmou o presidente da Caterpillar Brasil, Carlos Alexandre de Oliveira. “Iremos apresentar soluções adequadas para uma ampla variedade de clientes”, completou.

AUTOMOTIVO

O Estado de S.Paulo - SP   06/05/2024

O Auto China 2024, que termina neste sábado, 4, foi palco para muito mais do que duas centenas de lançamentos de veículos, sobretudo para o mercado chinês. No Salão de Pequim ficaram claros dois recados importantes para o Ocidente. O primeiro é a impressionante evolução das fabricantes locais em relação à qualidade de seus produtos. O segundo é a avidez com que elas avançam para além-mar. Vários modelos expostos na feira serão vendidos em breve também no Brasil - várias dessas marcas chegarão ao Brasil até 2025.

São elas: Omoda e Jaecoo, da Chery (porém, em operação separada da Caoa), Neta, Keekr, da Geely, dona da Volvo, e MG, que pertence à Saic. Esta, aliás, deve erguer uma planta em Pouso Alegre (MG), onde já fica a unidade da XCMG - a gigante chinesa foca produtos da linha amarela (máquinas de construção) e, mais recentemente, começou a vender caminhões elétricos no Brasil. Assim, as “novatas” se juntarão à GWM, que começa a fabricar seus carros em Iracemápolis (SP) na virada de 2024 para 2025, e à BYD, que assumiu o complexo que pertencia à Ford em Camaçari, na Bahia.

Para a China, o Brasil é um parceiro fundamental no projeto de internacionalização de suas marcas de veículos. Tanto que, juntas, GWM, BYD, Omoda e Jaecoo levaram 24 jornalistas brasileiros das áreas de automóveis e economia ao Salão de Pequim deste ano. Além disso, em um jantar oferecido a convidados da GWM de uma dezena de países, o general manager, Feng Mu, e o chefe da divisão internacional, Parker Shi, se sentaram na mesa da delegação brasileira.

O Brasil também sabe da importância dos chineses. Nesse sentido, um grupo com representantes de Anfavea, (associação das montadoras) Sindipeças (sindicato dos fabricantes de peças), AEA (engenheiros automotivos) e ABVE (associação dos veículos elétricos) esteve no Salão de Pequim.

O objetivo da visita era conhecer as tecnologias e buscar novas oportunidades de negócio. Segundo o presidente da Anfavea, Marcio Leite, a velocidade da evolução dos veículos chineses é notável. Ele aproveitou a viagem para visitar fábricas e centros de pesquisa e desenvolvimento da GWM e da BYD. E também foi conhecer a associação das revendedoras de veículos do país. “Foi uma importante oportunidade para troca de ideias”.

Uma das novidades dessa nova onda de veículos chineses no Brasil é a chegada da Neta. A marca, criada há 10 anos, será lançada no País em maio. Inicialmente, deve oferecer dois carros, ainda em 2024 - um terceiro modelo está programado para 2025. Segundo Henrique Sampaio, diretor de marketing e produto no País, a empresa acaba de receber um aporte do governo da China de 5 bilhões de yuans (cerca de R$ 3,5 bilhões). O investimento será feito em pesquisa e desenvolvimento e na expansão das exportações.

A Neta acena com a possibilidade de ter uma planta de produção de veículos no País. Atualmente, a empresa tem três fábricas na China e uma na Tailândia. Assim, a futura unidade brasileira seria responsável por fabricar automóveis para abastecer não apenas o mercado interno, mas também outros países da região. Porém, ainda não há detalhes sobre onde essa planta seria instalada. Seja como for, é possível que a operação tenha início até 2026.

Omoda e Jaecoo negociam fábrica com Caoa

Além da Neta, as marcas Omoda e Jaecoo confirmaram o início de operações no Brasil. Elas pertencem à Chery, que tem negócios no País em parceria com a Caoa, e vende veículos com a marca Caoa Chery. Porém, a nova operação será independente. A chegada dos SUVs Jaecoo 7 e 8 está agendada para ocorrer entre o último trimestre deste ano e março de 2025, respectivamente. O plano de Omoda e Jaecoo para o mercado brasileiro inclui o lançamento de oito a dez modelos até 2026.

Enquanto a Omoda, que promete chegar a 40 mercados fora da China ainda neste ano, foca SUVs de uso urbano, a Jaecoo pretende chegar a 25 países e oferece veículos com apelo fora de estrada. A nova divisão da empresa também não esconde sua intenção de produzir automóveis no Brasil. Uma opção seria utilizar a fábrica que foi da Chery, em Jacareí (SP), fechada desde 2022. Segundo o diretor da Omoda e Jaecco para o Brasil, Alex Wang, as negociações com a Caoa estão em fase avançada. Porém, ele não revelou detalhes das conversas.

Outra marca chinesa com as “malas prontas” para o Brasil é a Zeekr. A divisão de veículos premium elétricos da Geely, dona da sueca Volvo e da britânica Lotus, vai começar a operar no País ainda neste ano. Dois carros já estão, inclusive, em processo de homologação: o crossover 001 e o SUV compacto X. Segundo a empresa, o objetivo é disputar vendas com marcas consagradas, como as alemãs Mercedes-Benz e Porsche. O 001, por exemplo, pretende ser rival do Porsche Taycan, enquanto o X deverá mirar clientes do Volvo EX30, com o qual, aliás, divide a plataforma.

Além disso, outros dois elétricos estão nos planos da marca para 2025. O primeiro deve ser um sedã médio, que ainda não foi revelado, além de outro já existente em seu portfólio, mas ainda indefinido. A marca informa que ainda está estudando o mercado brasileiro para escolher os modelos mais adequados. Por ora, não há detalhes sobre preços e rede de concessionárias.

Da mesma forma, a Morris Garages, ou MG Motor, britânica que pertence à chinesa Saic, estaria preparando sua volta ao Brasil, segundo reportagem da Autoesporte. Isso porque alguns modelos da MG foram vendidos no País há cerca de uma década, sem muito sucesso, por meio de importação independente. Agora, contudo, a marca terá uma filial local. A vinda da Saic foi anunciada no fim do ano passado pelo governo de Minas Gerais.

Fundada em 1924, na Inglaterra, onde produzia cupês e esportivos, a MG foi comprada pela Saic em 2007. Atualmente, produz carros elétricos na China.

GWM pode ter segunda fábrica no Brasil

Das, digamos, “novas veteranas”, a primeira a iniciar a produção no Brasil será a GWM. No fim de 2021, a empresa comprou a fábrica que pertencia à Mercedes-Benz em Iracemápois (SP). Inicialmente, a previsão era iniciar a fabricação nacional com a picape híbrida Poer. Porém, com a aprovação do Mover, novo programa de fomento ao setor no País, os planos mudaram. Assim, o primeiro GWM feito no Brasil será o SUV híbrido Haval H6.

Além das linhas Haval, focada em picapes, e Ora, de automóveis elétricos, a GWM lançará mais duas marcas no Brasil. Ou seja, a Wey, de SUVs híbridos e elétricos premium, e Tank, de jipes. Esta, aliás, terá três modelos com preços a partir de cerca de R$ 300 mil. E, com o aumento da oferta de produtos, já há até estudos para a construção de uma segunda planta no País. Isso tem a ver com a produção do Haval H4, um novo veículo, que será revelado em breve e deverá ser o carro-chefe de vendas da empresa no mercado brasileiro.

Segundo Ricardo Bastos, diretor de Relações Institucionais e Governamentais da GWM Brasil, o novo modelo fará com que a capacidade máxima de produção da planta de Iracemápolis seja atingira nos próximos anos. “Nesse caso, para atingir nossas metas será preciso ter uma segunda fábrica”, diz. Antes, porém, a empresa vai erguer no complexo um centro de pesquisa e desenvolvimento. O primeiro fruto desse plano deve ser lançado antes mesmo de a unidade ficar pronta. Será a versão híbrida com motor flexível do Haval H4.

Valor - SP   06/05/2024

Veículos elétricos e híbridos dominam; total é mais de 5 vezes maior que no 1º tri de 2023

Welber Barral: Há pressão muito grande por estímulos ao etanol — Foto: Wenderson Araujo/Valor

O cronograma de elevação de alíquotas de importação de veículos elétricos e híbridos provocou antecipação de embarques de carros da China para o Brasil neste início de 2024. Em janeiro e fevereiro, a China exportou US$ 589,9 milhões em automóveis para o Brasil. Em março, o ritmo se acelerou e foram outros US$ 580 milhões, somando no primeiro trimestre deste ano US$ 1,17 bilhão, mais de metade do que foi vendido ao Brasil em todo o ano passado e mais de cinco vezes os US$ 239,42 milhões exportados em iguais meses de 2023, segundo a Administração Geral de Alfândega da China.

O Brasil, que era o 19º maior destino de veículos para passageiros embarcados pela China no primeiro bimestre de 2023, ficou em quinto lugar em iguais meses deste ano. Com os dados de março, o Brasil subiu para a quarta posição no acumulado do primeiro trimestre, atrás de Rússia, Bélgica e Reino Unido, e deixando o México para trás, embora com pouca diferença, de menos de US$ 50 milhões.

Considerando somente março, o Brasil foi o terceiro maior comprador de carros exportados pelos chineses, atrás apenas de Rússia e Bélgica. Do total que a China embarcou ao Brasil no primeiro trimestre, 40,9% são elétricos e pelo menos outros 36,8% são os híbridos plug-in, também chamados de conectáveis, que permitem a recarga na rede elétrica doméstica ou em estações de carga rápida.

Embora o embarque acelerado de carros chineses ao Brasil se explique pelo cronograma de alta de alíquota de importação e o ritmo dessas exportações deva se ajustar à medida que a tributação suba, especialistas não acreditam que haverá queda brusca.

O que vemos agora é um movimento de antecipação de embarques”

— Lívio Ribeiro

“O que vemos agora é um movimento de antecipação de embarques, mas depois desse período haverá quedas grandes nessas exportações? Provavelmente não”, diz Livio Ribeiro, sócio da BRCG e pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre). Para ele, é preciso enxergar o movimento atual como parte de um plano mais amplo, o que inclui a produção das montadoras chinesas em território brasileiro.

Para Tulio Cariello, diretor de conteúdo e pesquisa do Conselho Empresarial Brasil-China, o salto no embarque chinês de carros ao Brasil faz parte de uma estratégia típica do país asiático, de longo prazo. “Eles sabem que seus veículos fazem parte de um mercado de nicho crescente. Eles querem construir esse mercado e já posicionar o produto chinês, o que converge com o movimento de chegada de montadoras chinesas ao Brasil, como a GWM e a BYD ”, diz.

Desde janeiro, o desembarque de carros elétricos e híbridos está sujeito ao pagamento no Brasil do imposto de importação. Pelo cronograma estabelecido pelo governo, o imposto começou a ser cobrado desde janeiro e vai aumentar gradualmente até chegar a 35% em julho de 2026. Para carros elétricos, a alíquota é de 10%. Para os híbridos e híbridos plug-in já é de 15% e 12%, respectivamente. As alíquotas quase dobram em julho: vão para 18% para os elétricos, para 25% nos híbridos e para 20% nos híbridos plug-in.

Há também as cotas estabelecidas para aproveitar um teto de isenção. Definidas para cada empresa importadora, essas cotas vão diminuir gradativamente e desaparecerão a partir de julho de 2026. A cota global para carros elétricos, por exemplo, iniciou com US$ 283 milhões até junho de 2024, cairá para US$ 226 milhões até julho de 2025 e, depois, há um último período com limite de US$ 75 milhões até julho de 2026 (ver quadro).

Como a “viagem” dos carros que saem da China ao Brasil leva de 45 a 60 dias, parte desses automóveis que já deixaram o Oriente nem desembarcou ainda em território brasileiro. Por isso a estatística da Secretaria de Comércio Exterior (Secex/Mdic) indica que de janeiro a março o Brasil importou US$ 569,9 milhões em carros da China.

Ribeiro lembra que possivelmente as montadoras chinesas têm operado com margens de lucro baixas e eventualmente têm espaço para absorver parte da tributação maior sem perder tanto o market share que vêm conquistando. “Como os carros chineses estão entrando num mercado de nicho, a elasticidade em relação a preço tende a ser menor, mas a alíquota não é pequena”, diz.

A tributação na importação de carros elétricos e híbridos desde janeiro de 2024 resultou de uma reação das montadoras mais tradicionais no Brasil em relação ao desembarque crescente de carros híbridos e elétricos chineses. Dados da alfândega da China mostram que os embarques de automóveis para passageiros do país asiático rumo ao Brasil iniciaram o ano passado com US$ 71,5 milhões em janeiro e US$ 63,12 milhões em fevereiro. Em março, as exportações chegaram a US$ 104,8 milhões, mas foi no decorrer do segundo semestre que a tendência de crescimento ficou mais clara.

O embarque chinês de carros ao Brasil fechou o ano passado em US$ 2,11 bilhões, quase quatro vezes os US$ 553,59 milhões de 2022, segundo o governo chinês. Pelos números da Secex/Mdic, o abastecimento chinês alcançou cerca de 40% do total de carros que o Brasil importou de janeiro a março, deixando para trás a Argentina, fornecedora tradicional do item.

Os carros elétricos e híbridos, importados ou não, ainda devem ser alvo de outros debates no Brasil. No Projeto de Lei Complementar (PLP) 68/2024, sobre a regulamentação da reforma tributária sobre consumo, o governo propõe que os veículos se sujeitem ao Imposto Seletivo, novo tributo criado pela reforma e que será cobrado sobre bens e serviços considerados nocivos à saúde ou ao meio ambiente. No texto proposto ficarão com alíquota zero os automóveis comerciais leves, considerados como “sustentáveis”. Para o veículo ser caracterizado como tal serão verificados a emissão de dióxido de carbono, reciclabilidade veicular, realização de etapas fabris no país e categoria do veículo.

A proposta tem gerado debates sobre eventual regressividade, caso carros elétricos sejam contemplados, já que esse tipo de automóvel é pouco acessível considerando a renda das famílias no Brasil.

Welber Barral, sócio da BMJ e ex-secretário de Comércio Exterior, avalia que o assunto deve gerar uma batalha. “Não há nem entre os tradicionais fabricantes brasileira um consenso sobre isso”, diz.

Ele destaca que, na discussão sobre transição energética envolvendo carros, há muita pressão por estímulos ao etanol, sob alegação de que o biocombustível é um projeto grande e muito antigo e que não pode simplesmente ser abandonado.

CONSTRUÇÃO CIVIL

Valor - SP   06/05/2024

Gestoras de crise passaram a atuar nesse segmento, assumindo os empreendimentos

Lara, da Strategi Capital: “Não só bancos fecharam a torneira, o custo da obra aumentou e muito projeto hoje tem problema” — Foto: Gabriel Reis/Valor

Com o crédito mais escasso, pequenas e médias incorporadoras estão em busca de solução de capital junto a gestoras especializadas em investimento alternativo como forma de conseguirem fôlego financeiro para concluírem obras. Uma das razões tem sido o maior aperto da torneira de crédito pelos bancos, diante de uma queda de captação da poupança e aumento da aversão ao risco, em um cenário de juros ainda altos no país.

Com esse pano de fundo, gestoras especializadas em capital de transição, também chamadas de “special sits”, têm se debruçado no setor. A escassez de capital entre muitas incorporadoras também tem levado empresas a atuarem nesse vácuo, assumindo construções paradas por falta de recursos.

Empresas tradicionais, como a Construtora São José, que atua no segmento de alto padrão, têm batido na porta dessas gestoras, apurou o Valor. Outro exemplo é o grupo João Fortes, que entrou em recuperação judicial, conseguiu empréstimo DIP (que tem prioridade de recebimento) pela gestora Vinci SPS, de quase R$ 170 milhões. A Ekko é outra construtora que tem batido na porta de fundos, disseram fontes.

Um dos modelos feitos na Arc Capital, por exemplo, tem sido por meio de instrumento de dívida a essas empresas, com apartamentos dados em garantia. Com isso, incorporadoras são irrigadas com dinheiro novo e ganham fôlego para entregar o empreendimento. Segundo o sócio da gestora, Sérgio Machado, um cálculo que costuma ser feito é o valor estimado da venda do estoque de imóveis de um determinado empreendimento - e se há uma gordura a ser queimada em relação ao capital emprestado. Se a folga for pequena, o risco se torna mais alto e a chance de negócio se dissipa.

Ao se colocar os apartamentos como garantia, se afasta da tese da essenciabilidade do bem, ou seja, de que o ativo é essencial para a atividade da empresa. Se a garantia for um terreno, por exemplo, o judiciário poderia em um eventual pedido de recuperação judicial recusar a execução.

A demanda de incorporadoras por recursos tem sido elevada, segundo Machado, mas muito empreendimento acaba não passando pelo crivo da casa. “Chega muita coisa, mas com o vento contra é mais difícil arrumar as coisas”, explica. Machado aponta que a maior procura tem sido por empresas pequenas e médias e que já chegaram à mesa, inclusive, empresas de capital aberto.

Na Strategi Capital, o setor também tem sido olhado com uma lupa e a visão é de que há boas oportunidades. O problema dessas empresas, segundo o sócio da gestora, Cristian Lara, cresceu no momento pós-pandemia, quando os bancos deixaram de lado a maior flexibilidade com os vencimentos e os custos das obras subiram, especialmente por conta da inflação da matéria-prima. Somado a isso, o juro alto por um tempo prolongado tem ajudado a estrangular as empresas e tem prejudicado a venda de imóveis.

“Não só os bancos fecharam a torneira, o custo da obra aumentou e muito projeto hoje tem problema. O dinheiro acabou sendo utilizado na própria obra e muitas incorporadoras acabaram operando muito alavancadas”, diz Lara.

Uma das atuações da Strategi tem sito por meio da compra de imóveis distratados, o que pode dar um alívio de caixa à incorporadora. Em outros casos, a alternativa é se tornar sócio do empreendimento.

Os modelos de suporte são variados. O sócio de uma gestora que preferiu não se identificar afirma que uma das formas de atuar no setor imobiliário é fornecendo financiamento para incorporadoras que iriam contratar o crédito com bancos, o chamado plano-empresário, mas que não atingiram o gatilho mínimo de vendas para fazer isso.

Segundo ele, há empresas com dificuldade para pagar seus financiamentos, mas não é uma situação disseminada no mercado - ao contrário do que acontece no agronegócio, pontua, com a quebra no preço das commodities. “O mercado imobiliário é muito mais maduro em termos de garantias e de execução”, diz.

Chega muita coisa, mas com o vento contra é mais difícil arrumar as coisas”

— Sérgio Machado

Incorporadoras de pequeno e médio porte, que não tenham grandes diferenciais para venda, são as que têm menos acesso a capital, afirma o gestor. Ainda assim, o mercado continua líquido, de acordo com ele, mas com taxas mais caras.

Em alguns casos, o histórico de companhias tem atrapalhado o acesso ao crédito. “Se tem a imagem arranhada com o consumidor final, não queremos estar perto, porque traz risco para as vendas, de não conseguir vender na velocidade ou valor que queria”, afirma Leonardo Rigobello, sócio da Cartesia Capital.

A própria Cartesia financiou lançamentos da incorporadora de capital aberto Viver, após o encerramento da recuperação judicial da empresa. Rigobello afirma que a gestora entendeu que não havia problemas com a imagem da empresa para os clientes, e que os projetos valiam a pena. “Fizemos os financiamentos e foi um sucesso”, diz.

Mesmo com as taxas mais altas do mercado de capitais, há quem afirme preferir esse modelo de financiamento. A incorporadora B.Fabbriani, que lança principalmente em Itapema (SC), está expandindo seus projetos para outras onze cidades e sempre construiu com capital próprio ou com recurso do mercado de capitais, segundo Paulo Fabbriani, membro do conselho de administração da companhia. “É um pouco mais caro, mas é mais flexível, e se acontecer alguma coisa, falo diretamente com quem resolve”, afirma.

Seu filho, Bruno Fabbriani, CEO da incorporadora, ressalta que as gestoras costumam oferecer uma solução personalizada para cada projeto, enquanto com os bancos, é preciso se adaptar ao produto oferecido.

Mesmo assim, tanto os Fabbriani quanto Rigobello ressaltam que a relação entre mercado de capitais e incorporadoras ainda precisa amadurecer mais. “Conversamos com assets toda semana e vemos que muita gente não sabe o que está fazendo”, diz Bruno.

Rigobello diz que, para entrar em uma operação, a Cartesia precisa sempre estar disposta a bancar todo o custo da obra, ainda que a incorporadora peça menos, já que há risco de que esse incorporador não consiga o recurso que falta. “Ele acredita que vai vender no meio do caminho ou que outro banco vai vir financiar, mas aí trava a obra e você fica parado com ele”, diz.

Em casos assim, as gestoras precisam ter o recurso e a expertise para terminar o empreendimento, para não “dar um tiro no pé”, como afirma o sócio da gestora que não quis se identificar. “A garantia não está toda constituída, porque um apartamento pela metade vale 10% de um apartamento”, diz.

Procuradas, Ekko, São José e João Fortes não retornaram o contato do Valor até o fechamento desta reportagem.

FERROVIÁRIO

Infomoney - SP   06/05/2024

Em meio ao esforço do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para se aproximar do agronegócio − terreno minado para o petismo nos últimos anos e no qual o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ainda conta com um apoio expressivo −, um dos projetos de infraestrutura considerados prioritários pelo setor está “emperrado” em intermináveis discussões sobre possíveis impactos ambientais – que já passaram, inclusive, pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Incluído na nova versão do Programa de Aceleração do Crescimento (o Novo PAC), mas ainda sob a rubrica de “estudos de viabilidade econômica, social e ambiental”, o projeto da Ferrogrão é apontado por amplos segmentos do agro como um “divisor de águas” que poderá resultar na mais importante rota de escoamento da produção de grãos do país. De acordo com estimativas do governo federal, o investimento previsto na ferrovia é de cerca de R$ 25 bilhões. A Ferrogrão teria 933 quilômetros de extensão e conectaria a região produtora de grãos do Mato Grosso, a partir de Sinop (MT), ao estado do Pará, desembocando no porto de Miritituba, em Itaituba (PA).

A ferrovia teria capacidade de levar grande parte da carga de soja, milho e algodão produzida no Centro-Oeste até os portos da Região Norte (proporcionando, inclusive, uma competição entre portos país afora), funcionando como uma “esteira de grãos” e substituindo o modal rodoviário – mais caro e menos eficiente. Em 30 anos, de acordo com estimativas do setor, ela poderia movimentar mais de 40 milhões de toneladas e criar 385 mil empregos diretos e indiretos, reduzindo em até 40% o preço do frete para exportadores. O custo logístico da produção poderia diminuir em R$ 20 bilhões.

Ao lado de Macron, cacique Raoni pede a Lula que não aprove construção da Ferrogrão Idas e vindas no Judiciário

No dia 11 de abril, em decisão publicada no Diário Oficial da União, o grupo de trabalho criado pelo Ministério dos Transportes para debater a Ferrogrão foi prorrogado por mais 180 dias. O colegiado havia sido instituído em 17 de outubro de 2023 e tinha um prazo de 6 meses para apresentar suas conclusões – a data-limite foi alcançada em 17 de abril de 2024. Até o momento, houve pouco avanço nas discussões.

O projeto da Ferrogrão começou a ser elaborado ainda durante o primeiro mandato da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), há mais de 10 anos, mas andou mais rápido partir dos governos de Michel Temer (2016-2018) e Jair Bolsonaro (2019-2022). Em 2021, no entanto, o caso chegou ao STF após uma ação apresentada pelo PSOL contra a execução das obras. Na época, o ministro Alexandre de Moraes atendeu à solicitação do partido e suspendeu os efeitos da Lei 13.452/2017 – que teve origem a partir da Medida Provisória (MP) 758/2016.

A MP questionada pelo PSOL promoveu o alargamento da “faixa de domínio” na lateral da rodovia BR-163, que passou de 396 para 862 hectares. Trocando em miúdos, eram 466 hectares a menos para o Parque do Jamanxim, o que representa 0,054% de sua área original de mais de 862 mil hectares. No entendimento do PSOL, acompanhado por Moraes na ocasião, essa supressão de áreas em unidades de preservação não poderia ter sido determinada por uma MP; apenas por um projeto de lei.

No ano passado, a Advocacia-Geral da União (AGU) se manifestou de forma favorável à ação do PSOL e se posicionou, perante o STF, contra o projeto que abre espaço para a Ferrogrão, mesmo reconhecendo a “relevância” da ferrovia e seu potencial de “possibilitar números significativos em geração de empregos diretos na sua construção e em redução no custo do frete”. No fim de maio de 2023, Moraes autorizou a retomada dos estudos de viabilidade da obra, embora a lei tenha continuado suspensa. O ministro também encaminhou o caso para a fase de mediação, na qual as partes envolvidas podem buscar uma solução consensual.

Decisão de Moraes permitiu continuidade dos estudos para construção da Ferrogrão, diz ministro Agro aposta em custo menor e escoamento maior

Segundo especialistas do setor ouvidos pela reportagem do InfoMoney, a preocupação com os impactos que a Ferrogrão poderia trazer ao meio ambiente é legítima, mas a inviabilização do projeto pode comprometer a produção do agronegócio na região. “O Mato Grosso é um dos estados que mais sofrem com a falta de escoamento porque não tem armazéns suficientes”, aponta Fernando Augusto Paiva do Prado e Silva, advogado ambientalista no Escritório Moraes, Prado & Paes Leme Advogados e membro da Comissão de Direito Ambiental da Ordem dos Advogados do Brasil de Goiás (OAB-GO).

“Quando você tem um produto estocado, com dificuldade de escoamento, isso pode levar à queda do preço de mercado. Muitas vezes, as grandes tradings de grãos que atuam no país forçam o preço para baixo. E o produtor rural do Mato Grosso, que não tem como armazenar corretamente, acaba aceitando praticar esses valores impostos pelo mercado. Ou ele vende, ou ele perde”, explica Prado e Silva.

Ainda segundo o advogado, “a legislação ambiental brasileira é uma das mais rígidas do mundo e sempre pede uma contrapartida em relação ao risco ou dano que o empreendimento pode gerar”. “Se você vai empreender em uma área na qual haverá um desmate ou terá de alterar o curso das águas, por exemplo, sempre será exigida uma compensação ambiental, como reflorestamento, ou uma indenização para o governo investir em obras ligadas ao meio ambiente, como recuperação de mananciais ou áreas degradadas. Portanto, não há uma perda ambiental significativa, e a perda que existir será compensada por meio dessas medidas”, afirma.

João Daronco, analista da Suno Research, classifica a Ferrogrão como um “divisor de águas” para o agro do país. “Hoje, o agronegócio brasileiro é muito competitivo da porteira para dentro, mas perde competitividade da porteira para fora, depois que o produtor sai da fazenda, dada a logística mais precária em relação aos players com os quais o Brasil compete no mercado internacional. A Ferrogrão deve aumentar a competitividade do agronegócio e será extremamente importante para o escoamento de grãos pelo agro-norte, sendo uma alternativa à BR-163. Com isso, também haverá uma melhora no custo de frete e no tempo para exportar esses grãos”, diz.

Daronco aponta que, apesar da mobilização de ONGs, ambientalistas e grupos indígenas contra o projeto, “há um consenso cada vez maior” de que a Ferrogrão deve se tornar realidade. “Parece-me que não há muita saída a não ser fazer essa obra. Ou deixaremos de lado toda a competitividade do agronegócio brasileiro. E tudo bem: nesse caso, o país abriria mão do agronegócio em prol de uma vertente única e exclusivamente ambiental. É uma escolha”, completa.

Antonio Galvan, ex-presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), menciona a diminuição dos custos operacionais e de transporte como um dos benefícios da Ferrogrão. “O potencial econômico é o principal item a ser levado em consideração. A nossa região [Mato Grosso] produz, hoje, cerca de 40 milhões de toneladas de soja e milho, sem contar outras culturas. O frete é muito mais barato do que o do caminhão, o que diminuirá o custo do transporte. Esse alimento vai chegar mais barato à gôndola do supermercado e, consequentemente, à mesa do consumidor final. A Ferrogrão atenderá as três pontas da cadeia: o investidor, o produtor e o consumidor”, afirma.

Galvan acredita que o atual governo se empenhará para levar adiante o projeto de construção da ferrovia. “Pelo que a gente ouve, inclusive do próprio ministro Carlos Fávaro [da Agricultura], o governo tem interesse de que a ferrovia se torne realidade. Na minha avaliação, o grande problema é essa pressão política de certos setores, que vêm intimidando o governo. O presidente [Lula] tem de mostrar vontade política e tomar uma decisão. É importante para o país”, defende. “Acredito que a ferrovia vai acontecer. Pode até demorar um pouco, mas o governo tem demonstrado boa vontade em relação ao projeto.”

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O InfoMoney procurou os três ministérios que tratam diretamente do tema Ferrogrão. Tanto a Casa Civil quanto o Ministério da Agricultura e Pecuária informaram que a pasta dos Transportes estava coordenando as atividades do grupo de trabalho sobre o tema e, portanto, era a mais indicada para responder os questionamentos.

Em nota encaminhada à reportagem, o Ministério dos Transportes afirmou que, “no que se refere à sustentabilidade e preocupação com o desmatamento, a condição é que o empreendimento e o setor do agronegócio atendam aos normativos e à legislação ambiental, inclusive às convenções internacionais”.

De acordo com a pasta, “o Grupo de Trabalho cumpriu com as atividades do Plano de Ação relacionadas aos eixos de planejamento e estudos técnicos nos prazos previstos” e “o prazo adicional [de 180 dias] propiciará que a sociedade civil tenha oportunidade de participar mais efetivamente do processo de contribuições para a atualização dos estudos socioambientais”. “Após cumpridas as exigências legais e judiciais e de licenciamento ambiental, a nova etapa de trabalho será definida”, concluiu o ministério.

O ministro Renan Filho (MDB) abordou o assunto em entrevista concedida ao InfoMoney no mês passado. Na ocasião, o político informou que os estudos haviam sido atualizados e encaminhados ao Supremo, mas a pasta já trabalhava com a ideia de incluir a Ferrogrão no novo plano para o desenvolvimento nacional ferroviário.

NAVAL

A Tribuna - SP   06/05/2024

A ideia de empreender na área portuária, um segmento que movimentou, só em 2023, mais de 1,3 bilhão de toneladas, soa atraente para qualquer empresário. Porém, o processo não é simples nem possui uma fórmula pronta. Mesmo assim, a capacidade de gerar empregos e dividendos, sobretudo no Porto de Santos, o maior do Hemisfério Sul, une empreendedores para quem o sonho foi apenas o primeiro passo.

É o caso do diretor-presidente do Grupo Sudeste Navegação/Marfort Serviços Marítimos, Kleber Bluhm. A empresa completa 30 anos em dezembro e emprega diretamente mais de 600 pessoas espalhadas pelo País. Ele recorda que o início da jornada foi na união de pai e filho.

“Em 1993, aos 24 anos, vim para Santos trabalhar com meu pai em um posto flutuante de abastecimento para atender a demanda de barcos pesqueiros. A ideia foi de um amigo do meu pai, que tinha uma empresa que trabalhava na área portuária, no atendimento a navios, e o incentivou a empreender nessa área. Viemos do Espírito Santo para a Baixada Santista e instalamos o primeiro posto flutuante da região”.

Na oportunidade, o empresário percebeu que existiam muitos pedidos de barcos de apoio, tipo rebocador e balsa de pequeno porte, para levar materiais a navios atracados e fundeados na região. Foi a senha para montar o próprio negócio. “Vendi meu único carro e comprei meu primeiro barco no Rio de Janeiro. Com ajuda de alguns amigos, passei um ano reformando o rebocador. Voltei a Santos em setembro de 1994, quando fundei a Sudeste Navegação”, diz.

Bluhm afirma que o crescimento se deu basicamente em oferecer soluções de transporte via marítima dentro do canal do Porto de Santos. Até que, em 1995 adquiriu a área de um antigo estaleiro de barcos de pesca, em Vicente de Carvalho.

“Hoje, temos três bases marítimas na Margem Esquerda (Guarujá) do Porto que oferece serviços de reparos e atracação, entre outros, com uma frota própria de mais de 28 embarcações, entre balsas, rebocadores e de passageiros. Também estamos presentes em diversos estados, no segmento de operações portuárias, onde trabalhamos com empresas voltadas para exploração de petróleo na costa brasileira”.

Dica para quem busca empreender? Ele tem uma: paixão pelo que faz. “Dessa forma, os degraus da subida se tornarão mais suaves para serem vencidos. É preciso ser forte, corajoso e, sobretudo, humano com as pessoas”, raciocina.

CEO da T-Grão Cargo Terminal de Granéis, Vinícius Pina também leva adiante um sonho do pai, Virgílio Pina, que morreu em 2018. Em 1997, ao lado do sócio Antonio Braz, então já consolidado no segmento de grão com uma agência de navegação, decidiu solicitar a área do silo do Porto de Santos, no Armazém 27.

“A ideia nasceu da necessidade de consolidar a expertise em movimentação de grãos de origem vegetal. Adotamos conceitos até então inexistentes no cais santista, com nível de automação operacional relevante, instalações de armazenagem verticalizadas e com mínima exposição a contaminantes externos”, recorda Pina.

Segundo ele, em 2024, serão entregues investimentos que devem resultar em movimentações superiores a 5,5 milhões de toneladas para a atual safra, podendo chegar a 7 milhões até 2027.

“Temos 200 colaboradores diretos e aproximadamente 100 terceirizados. Em um mercado tão globalizado, onde massivamente os grandes grupos e multinacionais dominam, empreender exige serviços diferenciados e de rápida adequação às necessidades pontuais”, complementa.

O Estado de S.Paulo - SP   06/05/2024

Em recente evento no Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP), o presidente da Petrobras disse que a companhia estima investimentos de US$ 73 bilhões em atividades de exploração e produção e que destinará parte dos recursos para demandas endereçadas à indústria naval e offshore, com oportunidades reais de construção no Brasil. Os projetos destinados a essas demandas contemplam plataformas de petróleo, navios de apoio marítimo, embarcações de cabotagem e destinação sustentável de unidades, dentre outros.

Já o diretor de Engenharia pontuou que “com estas encomendas devidamente mapeadas e sem o prejuízo de novos anúncios adiante, vamos agora contribuir para o governo federal recriar um ambiente favorável ao investimento e fornecimento local, ajudando decisivamente para a reabilitação da indústria naval e offshore brasileira”.

Finalmente, o presidente do BNDES, falando sobre o setor (Valor, 30/4), disse que “nós temos que fazer um diagnóstico rigoroso sobre nossa capacidade de construção. Qual é nossa expertise e não repetirmos os erros que nós já tivemos e não foram pequenos. Mas nós temos uma curva de aprendizado e nos recusamos a ideia de que o Brasil não pode entrar nesse segmento”.

O setor naval tem uma história pouco edificante, de muitos subsídios e várias crises, a última das quais de enorme proporção e relativamente recente, a partir de 2014/15. Apenas profissões de fé não são suficientes para justificar mais um programa grande.

No mínimo, seriam necessários estudos independentes prévios que atestassem capacitação técnica e custos minimamente competitivos antes de novos grandes contratos.

Já deu para aprender que apenas vontade política não traz crescimento. A recessão de 2014/16, a maior de nossa história, foi construída com muito voluntarismo e má política econômica, que nenhuma narrativa pode esconder.

* * * * * *

Os dados da inflação americana de março provocaram mais um solavanco no mercado, pois mostraram uma piora na ponta. Espera-se agora apenas uma queda de juros até o final do ano. Em consequência, as taxas subiram e o dólar se valorizou frente às outras moedas.

Simultaneamente, por aqui, várias propostas foram feitas no Congresso que implicam grandes elevações de gastos (especialmente a reintrodução do quinquênio dos juízes) e o Executivo alterou as metas fiscais para 2025 e adiante.

O quadro fiscal ficou mais complicado e o cenário econômico muito mais pedregoso.

Voltaremos a isso.

Globo Online - RJ   06/05/2024

Uma das bandeiras do governo Lula, a retomada do setor naval — que chegou a empregar mais de 82 mil pessoas há dez anos — vem esbarrando em uma série de desafios para deslanchar.

Com estaleiros em recuperação judicial e a expectativa em torno das licitações da Petrobras para novas embarcações, representantes do setor vêm discutindo com o governo a criação de uma nova política de incentivos para o fim deste ano.

As discussões são coordenadas pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) e têm como principais objetivos a ampliação de linhas de financiamento via BNDES, mudanças tributárias e novas regras de conteúdo local (parcela de equipamentos produzidos no país) da indústria do óleo e gás. Recentemente, o BNDES previu que deve aprovar neste ano R$ 5 bilhões em projetos com recursos do Fundo de Marinha Mercante (FMM).

Enquanto isso, a geração de empregos no setor é lenta. Segundo o Sinaval, que representa os estaleiros no Brasil, o setor emprega hoje 26 mil pessoas. A expectativa era de que, a esta altura do ano, 41 mil já estivessem atuando na construção de novas embarcações. Mas, com encomendas atrasadas e gargalos persistentes, a estimativa do setor agora é que esse número de vagas só seja alcançado entre 2025 e 2026.

Ecos da Lava-Jato

A crise começou em 2014, após a revelação dos casos de corrupção na Petrobras pela Operação Lava-Jato. Muitas empresas do setor envolvidas nas investigações foram impedidas de serem contratadas pela estatal. Encomendas foram canceladas e vários estaleiros entraram em recuperação judicial e demitiram em massa. O número de vagas chegou a um mínimo de 15 mil, segundo o Sinaval.

Um dos principais baques foi o cancelamento do projeto de construção de uma série de sondas para exploração de campos de petróleo da Sete Brasil, empresa criada e incentivada nos primeiros governos petistas com participação de fundos de pensão de estatais que terminou inviabilizada pelo escândalo de corrupção. Esse projeto segue em análise no Conselho de Administração da Petrobras, mas ainda não há uma decisão final sobre sua retomada.

O mercado espera ainda a publicação do edital de navios da Transpetro, anunciado no ano passado, cujo total passou de 25 para apenas quatro embarcações neste primeiro momento. A Petrobras está com processo de licitação de seis plataformas em curso e pretende encomendar até o fim do ano 31 embarcações e outras sete em 2025.

Apesar do trauma da Lava-Jato, não foi apenas a corrupção que inviabilizou os estaleiros do Brasil. O setor sempre foi marcado por baixa competitividade em relação à indústria de outros países, agravada pelos projetos frustrados. Para Roberto Levier, consultor de transporte marítimo e setor portuário da FGV Transportes, para evitar o fracasso dos incentivos anteriores ao setor, é preciso combinar volume de encomendas das petroleiras e linhas de financiamento:

— O número de encomendas só vai aumentar quando as empresas, que são as tomadoras dos projetos, sentirem firmeza de que não haverá mudança no meio do processo. Falta uma política pública para o setor para que empresas possam colocar os projetos na rua. Não adianta falar só em financiamento e não tratar das garantias, por exemplo.

A retomada do setor naval é lenta, admitem executivos da indústria e especialistas. Essa recuperação, apontam, terá de passar pelos estaleiros que foram envolvidos na Lava-Jato. Apenas a Odebrecht Ambiental e a Schahin Engenharia (atualmente Base Engenharia) ainda sofrem bloqueio cautelar na Petrobras. As outras empresas já foram reabilitadas para licitações após acordos de leniência.

— É um processo demorado. O setor vai retomar aos poucos e buscar sua vocação com a construção e integração de módulos de plataformas e embarcações de apoio. Perdemos a curva de aprendizado e hoje não conseguimos competir com China, Coreia do Sul e Japão na produção de cascos. Nesse período, estaleiros buscaram serviços de reparos e, agora, o descomissionamento (aposentadoria) de plataformas. Mas é algo paliativo para minimizar prejuízos — conta Sergio Leal, secretário-executivo do Sinaval. — O caminho será lento. Muita coisa foi para o exterior.

Levier, da FGV Transportes, avalia que uma das principais dificuldades da expansão do crédito a um setor com tantas fragilidades financeiras é a falta de um sistema robusto de garantias. O governo tem usado recursos públicos para esse tipo de instrumento financeiro nos últimos anos, mas o especialista aponta dificuldades:

— Hoje, o governo tem outras prioridades, como na área social e fiscal. Se fechar a conta com o que já tem é difícil, imagina colocar mais coisas.

Agentes do setor também destacam a necessidade de ajustes na política de conteúdo local do setor de petróleo. No fim de 2023, os percentuais de conteúdo local passaram de 18% para 30% na fase de exploração, e de 25% para 30%, na etapa de desenvolvimento da produção. Agora, dizem essas mesmas fontes, um dos projetos que estão em discussão com o Mdic e a Petrobras é a criação de uma espécie de “incentivo” financeiro ao conteúdo local.

Novos estímulos

A ideia é criar um “bônus” para as petroleiras que ultrapassarem o nível mínimo de contratação nacional. Além disso, um dos projetos em discussão é o (PL) 02/2024, já aprovado na Câmara, que prevê a redução de 25 para dois anos do tempo para que o valor patrimonial de um navio possa ser depreciado em balanços financeiros. Com isso, haveria redução na base de cálculo de Imposto de Renda e Contribuição sobre Lucro Líquido (CSLL) das empresas de navegação, estimulando a contratação de novas embarcações.

Em outra frente, o governo também pretende adotar incentivos tributários a estaleiros semelhantes aos aplicados recentemente às montadoras de carros elétricos, aumentando o Imposto de Importação e o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) dos importados no setor naval.

Executivos do setor temem que, sem essas alterações, a demanda de navios da Transpetro, subsidiária de navegação da Petrobras, vá para estaleiros no exterior porque os nacionais têm dificuldades na concorrência. Jean Paul Prates, presidente da estatal, disse recentemente que iniciou estudos para a contratação de mais sete plataformas, além das 14 já previstas até agora, para serem instaladas após 2028:

— Com essas encomendas mapeadas, vamos contribuir para o governo recriar um ambiente favorável ao investimento e fornecimento local, ajudando a reabilitação da indústria naval. É importante complementar isso com políticas públicas. Passou aquele período em que vinham de 12 a 15 concorrentes. Hoje temos dificuldade. Temos visto licitações desertas ou em que aparecem um ou dois fornecedores, e sempre os mesmos.

Grupo de trabalho no ministério

Ainda assim, há otimismo. Estima-se que ao menos 16 estaleiros no país têm condições técnicas de disputar contratos. Gisela Mac Laren, que comanda o estaleiro Mac Laren, no Grande Rio, conta que, nos últimos anos, teve de ocupar as instalações com prestação de serviços portuários:

— Isso tem baixíssima engenharia agregada. Estamos diante de um cenário promissor. Temos dois terminais portuários em Niterói com capacidade de atracar 15 embarcações e de construir 18 módulos simultaneamente. Felizmente há uma clareza da importância do setor para a geração de empregos atualmente.

Conheça plataformas de petróleo da Petrobras pelo Brasil

No Estaleiro Mauá, em Niterói, Arialdo Félix, diretor-comercial da companhia, em Niterói, diz que a empresa não foi envolvida na Lava-Jato, mas acabou sofrendo com a falta de encomendas. Tem atuado ultimamente no reparo e fabricação de estruturas submarinas.

— Para essas demandas temos um efetivo de 1,2 mil colaboradores. Mas já tivemos 6 mil postos de trabalho — diz Félix, que espera agora política abrangente para o setor. — É preciso proteger a indústria dos equipamentos importados que podem ser produzidos no país e proporcionar mais competitividade perante outras nações que subsidiam a sua indústria no mundo. Coreia do Sul, Cingapura e Japão são alguns exemplos do sucesso deste tipo de ação.

IR 2024: O GLOBO preparou um guia de como preencher a declaração

Procurado pelo GLOBO, o Mdic — liderado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin — afirmou que o grupo de trabalho voltado à indústria naval estuda ações de curto, médio e longo prazo para o setor, envolvendo capacitação de mão de obra, fortalecimento da cadeia de fornecedores, investimentos em pesquisa, questões tributárias, compras públicas e mecanismos de financiamento.

“Tais políticas estão em construção, algumas ainda em fase de estudo, e devem ser finalizadas no segundo semestre”, informou a pasta em nota. A Petrobras afirmou que tem mantido “escuta ativa” do mercado nacional e estimula “que as empresas sanem eventuais pendências operacionais e de conformidade para que estejam aptas” às concorrências.

A Tribuna - SP   06/05/2024

Transporte marítimo entre portos do mesmo país, a cabotagem reduz significativamente as emissões de carbono, já que dispensa um grande número de caminhões que seriam necessários para o mesmo serviço. Assim, descarbonização e cabotagem andam juntas e serão temas de palestras no 1º Encontro Porto & Mar 2024, na próxima quarta-feira, na sede da Receita Federal, em Santos (Avenida Bernardino de Campos, 17).

A primeira palestra – O Brasil, a Descarbonizaçao e as Portas para a Transição Global – será ministrada pela diretora-executiva do Instituto E+ Transição Energética, Rosana Santos. Para ela, o Brasil tem totais condições de liderar a corrida global pela transição na matriz energética.

“Temos um movimento global que a gente chama de emergência climática. O mundo inteiro acordou para essa problemática com una urgência enorme, porque você já tem variações do clima que estão afetando as economias – para não dizer as vidas. O Brasil, nesse contexto, tem, provavelmente, as melhores soluções”, afirma Rosana.

Segundo a palestrante, o País possui recursos renováveis, capital humano, estradas e uma estrutura portuária. “Dentro desse ataque à emergência climática, será fundamental que a gente tenha portos capacitados, pois vai aumentar a necessidade de transitar mercadorias verdes. E, também nos portos, vai aparecer parte das cadeias industriais dessa nova economia”, prevê.

Rosana entende que países como o Brasil serão capazes de produzir mercadorias, produtos e mesmo commodities de baixas emissões. “Precisamos conversar sobre descar-bonização do próprio transporte marítimo. Os portos têm que estar preparados, não só para serem locais onde parte dessa transformação vai acontecer, mas também por onde a exportação brasileira dessas commodities de baixas emissões irá ocorrer”, salienta.

Cabotagem
A segunda palestra, com o tema A Cabotagem – O que o Governo Espera do Mercado? –, ficará a cargo do secretário nacional de Hidrovias e Navegação, Dino Antunes. Para ele, já é possível notar avanços após a implementação da BR do Mar, em 2022. Mas há espaço para mais conquistas.

“A gente espera um pouco do que já está acontecendo. Que o mercado faça suas contas, se planeje, e comece a utilizar os instrumentos oferecidos com a alteração da lei. Já está acontecendo, o mercado se estruturando, com empresas novas buscando novos tipos de mercados a serem atendidos pela cabotagem. Porém, a ausência de regulamentação da lei, a ausência do decreto regulamentador, certamente dificulta que as empresas façam esse movimento da melhor maneira possível”, pondera.

Antunes acrescenta que a palestra de quarta-feira será mais um incentivo à busca por soluções. “Nos itens que independem de regulamentação, o que mais se esperava que pudesse acontecer era a criação de novas empresas e ampliação do afretamento a casco nu (contrato de arrendamento do navio por tempo determinado)”.

Missão Coreia
Ainda na programação do evento está a agenda da missão internacional, promovida pelo Grupo Tribuna, para a Coreia do Sul, em junho. “Será uma agenda riquíssima. Todos os participantes do Encontro Porto & Mar terão a oportunidade de ver o que vamos fazer (na viagem)”, explica o consultor para assuntos portuários do Grupo Tribuna, Maxwell Rodrigues.

O diretor comercial do grupo, Demetrio Amono, ressalta a importância da preocupação técnica na confecção da programação da missão. “Vamos aproveitar o Encontro Porto & Mar para mostrar a agenda 100% fechada. Está tudo confirmado, e agora entramos na reta final de organização”.

Especialistas participam de painéis
O encontro terá ainda dois painéis. O primeiro, Cabotagem - O Futuro da Navegação no Brasil, receberá autoridades e empresários para discutir o tema.

“O evento é extremamente importante para colocarmos, cada vez mais, a pauta da cabotagem em evidência. Em um país continental como o Brasil, com pouco mais de 8 mil quilômetros de costa, o transporte marítimo não só é a via natural, como a mais econômica, eficiente e sustentável”, aponta o CEO da Norcoast, Gustavo Paschoa, um dos participantes do painel.

Ele acrescenta que, nos últimos dez anos, a navegação costeira cresceu em média 11% ao ano e segue em ritmo de crescimento acima do PIB e superior ao crescimento da indústria.

“Isso mostra que a cabotagem vem ganhando espaço na matriz de transporte brasileira, e que pode e deve sempre fazer parte do planejamento logístico das empresas que atuam em um território tão vasto quanto o nosso”.

Paschoa diz que, considerando a responsabilidade ambiental, a cabotagem emite quatro vezes menos gases de efeito estufa, se comparada aos demais modais de transporte, como o rodoviário, segundo o Observatório do Clima, além de causar menos acidentes ambientais.

“A cabotagem caminha ao lado de outros setores da economia como agente ativo para a construção de um desenvolvimento social e econômico sustentável. E o Brasil tem potencial para ser um dos protagonistas globais neste segmento”.

Debate
O segundo painel irá promover um debate, com perguntas e respostas com os colunistas de Porto & Mar de A Tribuna. Será mais uma oportunidade para discutir a cabotagem, entre outros temas do setor.

“A única possibilidade de que a cabotagem realmente seja uma modalidade de transporte relevante no Brasil é que o serviço seja regular, pontual, constante e com capacidade”, afirma o consultor Luís Carlos Montenegro.

Segundo ele, entretanto, um fator faz com que o País esteja preso na armadilha da demanda X nível de serviço: não há a demanda esperada para um país de dimensões continentais como o Brasil e, por conta disso, não se consegue ter uma oferta com a regularidade e capacidade desejada.

“Há uma solução colocada na mesa, já com processo iniciado pelo BR do Mar, que é a oferta de vantagens e benefícios as empresas de navegação de cabotagem, de forma que seja ofertado, em contrapartida, um serviço regular compromissado com a eliminação de externalidades negativas do transporte rodoviário em distâncias muito grandes”.

PETROLÍFERO

O Estado de S.Paulo - SP   06/05/2024

A Petrobras cederá à Argentina uma parte de sua capacidade de gás natural contratada junto à Bolívia a partir de julho. A medida faz parte de um acordo fechado com a empresa Energia Argentina (Enarsa) e prevê a destinação de até 5 milhões de metros cúbicos por dia (m³/d).

O gás cedido pela petrolífera brasileira será utilizado para garantir o suprimento de usinas termelétricas, demandas residenciais e industriais na província de Salta e outras localidades da região norte argentina. A cessão ocorrerá durante os meses de inverno, enquanto o país vizinho aguarda pela conclusão do gasoduto norte, licitado recentemente.

Após a conclusão das obras, a região norte da Argentina será atendida com gás vindo das reservas dos campos de Vaca Muerta.

A cessão do gás faz parte de um memorando de entendimentos assinado no dia 18 de abril pela Petrobras e pela Enarsa. O acordo prevê, ainda, o intercâmbio de informações, a identificação e estudos de viabilidade das diferentes alternativas, ações e mecanismos de médio e longo prazo para cooperação e cooperação energética entre as empresas.

Os despachos de gás destinados à Argentina serão recompensados com o fornecimento pela Enarsa à Petrobras de energia elétrica a preços mais baixos e de gás natural liquefeito (GNL).

Procurada, a Petrobras informou que “está constantemente avaliando oportunidades comerciais que atendam seus interesses e seus compromissos com seus clientes”.

Globo Online - RJ   06/05/2024

O número de poços de petróleo para produção perfurados em mar, no Brasil, cresceu nada menos que 33% de 2022 para 2023. Dos 72 poços perfurados no ano passado, 88% estão nos mares do Rio. No mesmo período, a produção nacional média de barris por dia saiu de 3,02 milhões para 3,40 milhões, um avanço de 13%, sendo 86% originados de águas fluminenses. No entanto, houve uma queda de 27,3% na perfuração de poços exploratórios no país, aqueles que encontram novos reservatórios - de 11, em 2022, para oito no ano passado - o que indica uma tendência de menor produção à frente. Na análise da Firjan, responsável pelo levantamento, esse dado acende um sinal de alerta sobre a situação das reservas. A federação explicitou também a crescente demanda pela diversificação do portfólio de investimentos, incluindo aqueles relacionados à transição energética, isso para que o estado mantenha sua posição de principal polo energético do país.

- O Rio de Janeiro é o principal destino das oportunidades de óleo e gás do país. Além dos diversos benefícios economicamente e sociais que o petróleo atrai, precisamos cultivar os novos mercados relacionados à transição e integração energética a partir das expertises que já desenvolvemos, viabilizando, por exemplo, projetos de eólica offshore e hidrogênio no Norte Fluminense. Isso sem deixar de lado a renovação de nossas reservas de petróleo com campanhas exploratórias nas águas fluminenses, mas também nas novas fronteiras - diz o vice-presidente da Firjan, Luiz Césio Caetano.

Esses dados, a que blog teve acesso em primeira mão, fazem parte do levantamento “Números do Petróleo 2024 – Visão Rio” que será apresentado pela comitiva da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) que desembarca nesta segunda-feira nos Estados Unidos para participar da maior conferência de tecnologia offshore do planeta a OTC Houston. A meta é atrair investimentos para o estado, que é o maior produtor de óleo e gás do país, e também vender os serviços do Senai do Rio, incluindo seus Institutos de Tecnologia e Inovação às empresas que atuam ou querem atuar aqui.

O evento em Houston contará além da comitiva da Firjan, com quatro empesas e seis especialistas, com 50 empresas brasileiras, além da Petrobras.

Infomoney - SP   06/05/2024

Os preços do petróleo fecharam em queda nesta sexta-feira, 3, e registraram a maior perda semanal em três meses, enquanto investidores avaliavam dados fracos sobre o emprego nos Estados Unidos e o possível momento de um corte na taxa de juros do Federal Reserve (Fed).

Os futuros do petróleo Brent para julho fecharam em queda de US$ 0,71, ou 0,85%, a US$ 82,96 o barril. O petróleo West Texas Intermediate (WTI) dos EUA para junho caiu US$ 0,84 dólar, ou 1,06%, a us$ 78,11 o barril.

Os investidores estavam preocupados com o fato de os custos de empréstimos mais elevados durante mais tempo poderem travar o crescimento econômico nos EUA, o principal consumidor de petróleo do mundo, depois do Federal Reserve ter decidido esta semana manter as taxas de juro estáveis.

Na semana, o Brent caiu mais de 7%, enquanto o WTI caiu 6,8%.

O crescimento do emprego nos EUA desacelerou mais do que o esperado em abril e o ganho salarial anual esfriou, mostraram dados desta sexta-feira, levando os investidores a aumentarem as apostas de que o banco central dos EUA realizará seu primeiro corte nas taxas de juros neste ano, em setembro.

AGRÍCOLA

IstoÉ Dinheiro - SP   06/05/2024

São Paulo, 3 – As vendas de máquinas agrícolas caíram 38,1% em março, na comparação o mesmo mês do ano passado, informou nesta sexta-feira a Fenabrave, associação que representa revendedores de equipamentos usados no campo. No total, 3,8 mil tratores de rodas e colheitadeiras de grãos foram vendidos em março.

Na comparação com fevereiro, quando foram vendidas 2,9 mil unidades, o número representa um crescimento de 33,5%.

“A boa notícia é que o agronegócio tem mostrado bons resultados neste início de ano, como o recorde de exportações e a abertura de novos mercados. Esperamos que esse ambiente reflita na melhora da venda de máquinas agrícolas no restante do ano”, comentou o presidente da Fenabrave, José Maurício Andreta Júnior.

Enquanto as vendas de carros podem ser atualizadas diariamente com base nos licenciamentos de veículos, os números de máquinas agrícolas precisam ser levantados com os fabricantes. Por isso, as estatísticas têm defasagem de um mês em relação ao balanço das vendas de automóveis, divulgado hoje pela Fenabrave com dados já relativos a abril.

No acumulado do primeiro trimestre, as vendas de máquinas agrícolas somaram 8,6 mil unidades, 39% a menos do que nos três primeiros meses de 2023.

Revista Manutenção e Tecnologia - SP   06/05/2024

A Valtra apresenta na Agrishow 2024, a maior feira agrícola da América Latina, que finaliza hoje (3 de maio) em Ribeirão Preto (SP), sua série de tratores que conquistou reconhecimento na Europa. A série Q5 chega para complementar o portfólio da marca no Brasil, trazendo máquinas com potência variando de 265 a 305 CV.

Segundo o diretor comercial da Valtra no Brasil, Cláudio Esteves, a fabricante é uma empresa reconhecida por seu constante apoio aos produtores rurais, oferecendo máquinas robustas, econômicas e eficientes. Desde a agricultura familiar até a produção em larga escala de commodities, a empresa disponibiliza produtos que atendem a todas as principais demandas do campo. A Série Q5 reflete esse compromisso, sendo uma série que se destacou no mercado europeu e recebeu, em 2023, o prêmio Red Dot Award pelo design inovador e o prêmio Farm Machine pela tecnologia de ponta.

"O lançamento da série Q5 da Valtra na Agrishow é uma oportunidade excepcional para apresentar ao setor agrícola brasileiro o que há de mais inovador e avançado em termos de tecnologia agrícola. Estamos confiantes de que a série Q5 não só atenderá, mas também superará as expectativas dos produtores brasileiros, contribuindo significativamente para o avanço e o sucesso do agronegócio no país”, finaliza.

Tratores – Os modelos Q265 (265 cv), Q285 (285 cv) e Q305 (305 cv), disponíveis no mercado brasileiro, oferecem não apenas potência em campo, mas também se destacam pela inteligência e facilidade de uso. Equipados com o confiável motor AGCO Power de 7,4 litros e a renomada transmissão CVT da Valtra, esses tratores permitem que os operadores realizem uma variedade de tarefas de forma eficiente.

A transmissão CVT, pioneira no Brasil, opera em baixas rotações do motor, proporcionando velocidades precisas sem a necessidade de escalonamento. Além disso, seleciona automaticamente a velocidade mais econômica, otimizando o consumo de combustível e distribuindo a potência conforme necessário para o sistema hidráulico, a tomada de força ou a transmissão.

“É um trator pronto para desempenhar múltiplas tarefas, principalmente na produção de grãos, cana-de-açúcar e atividades florestais, onde a Valtra é referência. Com alto desempenho operacional nas lavouras, ele proporciona maior economia de combustível e redução de custos com manutenção. As máquinas oferecem o máximo conforto na cabine e atividades automatizadas com o auxílio da agricultura de precisão”, afirma Fábio Dotto, diretor de marketing de produto Valtra e Fendt.

A Série Q5 combina potência com inteligência, manobrabilidade e alto nível de visibilidade. A tecnologia integrada na série, perfeitamente incorporada à cabine do condutor, foi ergonomicamente projetada para oferecer maior conforto e facilidade de uso, com comandos fáceis de serem manipulados. A tecnologia SmartTurn permite que o equipamento execute automaticamente as manobras de cabeceira, sem intervenção humana. Tudo na Série Q5 foi concebido de maneira inteligente para maximizar a visibilidade e o conforto durante todo o dia.

O motor de 7,4 litros da AGCO Power, com seis cilindros, garante máxima confiabilidade e eficiência de combustível. A potência máxima está disponível a 1.850 rotações por minuto, e o torque máximo permanece constante na faixa de 1.000 a 1.500 rotações por minuto. A função EcoPower é instalada como padrão para reduzir o consumo de combustível. O gerenciamento do motor permite atingir rapidamente a potência e o torque disponíveis. O recurso do Permatorque faz com que o motor trabalhe praticamente com o torque máximo constantemente, o que permite iniciar a operação já com o implemento no solo.

Em conjunto com as Plantadeiras Momentum, os tratores da Série Q5 trarão ao usuário a melhor experiencia de plantio, maximizando os ganhos nas lavouras.

“Esses equipamentos combinam inteligência, eficiência, capacidade operacional e robustez, sem negligenciar o bem-estar do operador da máquina. A automação é parte desse processo, pois, além de facilitar as operações, permite que o operador se concentre em aumentar a produtividade da lavoura”, comenta Dotto.

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