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05 de Fevereiro de 2024

SIDERURGIA

Exame - SP   05/02/2024

O secretário executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Márcio Elias Rosa, afirmou que a pasta analisa a demanda da indústria siderúrgica sobre o aumento da taxa de importação do aço chinês. Segundo ele, o assunto é complexo e pode gerar um impacto inflacionário na economia.

"É uma questão que está na pauta. Não tem um prazo, isso ainda está sendo analisado. O governo vai lançar mão de um instrumento para atender ou negar. Essa é uma decisão que precisa ser tomada. A questão é um efeito em cascata que pode ser criado e gerar um impacto inflacionário", disse Elias Rosa, durante entrevista ao programa Macro em Pauta, da EXAME.

Elias Rosa disse ainda que a indústria do aço é estratégica para o Brasil, e por isso o governo é sensível à preocupação do setor. No entanto, é preciso ponderar o impacto na base da cadeia produtiva, como o "transbordamento" dessa medida para outros setores.

"As questões aduaneiras e tarifarias não são simples de serem resolvidas. A discussão [de aumento da alíquota], quando é apresentada, recebe uma oposição de outro setor afetado", explicou. "No caso do aço, como ele está presente na base da cadeira produtiva, como na produção de carros, em tese, uma elevação da alíquota gera aumento do custo, e os outros setores são contra."

A indústria siderúrgica nacional pleiteia o estabelecimento de uma alíquota de 25% para a importação de produtos siderúrgicos – um pedido que não agrada consumidores intensivos em aço, como a indústria automotiva e de máquinas. Até agora, o governo retirou incentivos à importação, antecipando para 1º de outubro de 2023 o fim da redução de 10% na alíquota de imposto de importação sobre 12 produtos de aço, que só acabaria em 31 de dezembro.

Isenção de compras internacionais na Shein

Ao comentar sobre a isenção de impostos de importação das compras internacionais, Elias Rosa disse que o assunto tem sido ligado a Receita Federal, mas também está relacionado ao MDIC e ao mistério do empreendedorismo. O número 2 do MDIC disse que o vice-presidente Geraldo Alckmin, titular da pasta, defende uma isonomia tributária entre as empresas, mas que a solução não é simples.

"Qualquer que seja a solução, não pode significar a interdição de acesso ao bem ou produto a quem quer que seja. O que eu quero dizer: se é algo que custa R$ 50 e passa a ser R$ 75, terá uma interdição. Então, essa não seria uma solução inteligente, precisamos encontrar uma nova solução", afirmou.

Money Times - SP   05/02/2024

A Genial Investimentos elevou o preço-alvo em 12 meses da ação da Usiminas (USIM5) de R$ 7 a R$ 8,70. Ainda assim, o novo valor estipulado implica um potencial de queda de 5,74% para a cotação atual. Na avaliação da corretora, faltam gatilhos de alta após a “rápida valorização dos ativos”.

Vale lembrar que a Usiminas engatou uma forte valorização no fim do ano passado. As ações dispararam 50% em pouco mais de 60 dias. Isso se deve principalmente ao destravamento de valor após a reforma do Alto-forno 3, diz a instituição.

Junto com o movimento de queda da Selic e melhores perspectivas para 2024 no segmento automotivo, as ações de Usiminas obtiveram ganho considerável na reta final do ano passado, destaca a Genial.

A recomendação de “manter” foi reiterada. Com a ação negociando a 5,2 vezes EV/Ebitda (Valor da Empresa/Ebitda) para 2024, os analistas da instituição enxergam pouca margem para a manutenção da trajetória de alta dos papéis.

“Inclusive, as ações ficaram levemente acima do preço que acreditarmos ser justo, pensando que no curto prazo”, afirmam Igor Guedes e Lucas Bonventi, do time de análise.

Na opinião dos analistas, as ações da Usiminas podem devolver parte dos ganhos nos próximos meses por “falta de oxigenação, que ainda pode durar alguns trimestres”. Para eles, como as ações subiram de maneira muito robusta dentro de um período tão curto, acabaram “passando do ponto”.

4T23 da Usiminas: leve melhora, mas ainda no prejuízo

Analistas da Genial rolaram suas estimativas para os resultados do quarto trimestre de 2023 da Usiminas. O balanço deve mostrar um trimestre ainda de desafios para a companhia, com questões da demanda interna ainda em foco.

“Mesmo considerando que a Usiminas consiga aumentar o volume em relação ao mesmo período de 2022, isso ocorrerá com a ajuda de um redirecionamento maior de vendas para o mercado externo, principalmente para a Argentina, adicionado também de um efeito de uma leve melhora no mercado automotivo no âmbito doméstico”, destaca a corretora.

A Genial levanta que os desafios da demanda no mercado doméstico podem ser associados ao aumento de importação de aço da China, o que intensificou a concorrência e promoveu uma guerra de preços.

Por isso, a Genial prevê uma redução sequencial de 4,5% da demanda no mercado doméstico no balanço do quarto trimestre de 2023, a 889 mil toneladas.

Do lado de preço, a corretora projeta queda tanto em base sequencial quanto anual, em linha com as dificuldades atravessadas pelas siderúrgicas nacionais em um ambiente bastante apertado, considerando a forte elevação da penetração do aço importado.

Na avaliação da Genial, o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) deve vir “anêmico”, ao passo que a linha do lucro mostrará um prejuízo de R$ 123 milhões.

Money Times - SP   05/02/2024

O Goldman Sachs elevou a recomendação de Gerdau (GGBR4) de neutra para compra. O preço-alvo do banco para as ações da companhia é de R$ 26, implicando uma potencial alta de cerca de 24%.

Em reação, os papéis da companhia estão entre um dos poucos que sobem nesta sexta-feira (2), destoando do cenário negativo do mercado. Por volta das 16h30, GGBR4 avançava 2,58%, a R$ 21,51, e puxava junto GOAU4, que saltava 2,23%, a R$ 10,07.

Em fevereiro do ano passado, quando o Goldman rebaixou a indicação para as ações de Gerdau para neutra, os analistas esperavam que o ciclo negativo de revisão de resultados levasse a uma “rentabilidade abaixo do normal”.

Agora, no entanto, esse ciclo provavelmente será revertido, dado ao elevado pessimismo dos investidores em relação à companhia e ao ciclo do aço, avaliam.

“Embora seja pouco provável que se vejam catalisadores para esta inversão no curto prazo, consideramos que os atuais níveis de avaliação são atrativos e recomendamos que os investidores comprem Gerdau antes de um ciclo de revisão ascendente”, dizem.

Segundo os analistas, esse movimento deve ser impulsionado por três fatores:

O Goldman ainda rebaixou as expectativas para o Ebitda da Gerdau deste ano em 20% em relação ao pico de junho de 2023 — para R$ 10,5 bilhões. Mas, em conversas com os investidores, viu que as projeções de lucro são inferiores ao consenso do sell-side (aqueles com posição vendedora).

Gerdau está atraente

O preço das ações da Gerdau caiu cerca de 29% desde que o Goldman rebaixou a classificação no ano passado.

Hoje, a Gerdau está sendo negociada a 4,4x/3,9x 2024-25 EV/Ebitda — frente a 5,5x média histórica. Além disso, o rendimento de fluxo de caixa do acionista (FCF) atual é de 6%-9%.

“Numa base normalizada de lucros e investimentos, a empresa está sendo negociada a 3,8x EV/Ebitda e a um rendimento de 14%, o que consideramos atraente”, avaliam.

ECONOMIA

O Estado de S.Paulo - SP   05/02/2024

Se é verdade que o protecionismo se tornou a nova regra global, até que ponto a proteção à indústria brasileira está em condições de concorrer com a proteção à indústria das grandes potências globais?

Na última segunda-feira, o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante,, entendeu ser necessário advertir, em reunião do grupo empresarial B20, atrelado ao Grupo dos 20 (G-20), do qual o Brasil ocupa a presidência até o fim de 2024, que o livre-comércio está morto e que é preciso proteger o produtor e o emprego industrial no País. A partir daí, justificou a nova política industrial do governo Lula 3 mais os R$ 250 bilhões que o BNDES se dispõe a despejar para reidratar a indústria de transformação, que não consegue competir nem no mercado de quinquilharias, como se pode conferir pelas pressões para supertaxar importações de até US$ 50.

Convém dar uma espiada nos números apontados pelo empresário José Ricardo Roriz Coelho, presidente da Associação Brasileira da Indústria Plástica, em debate recente realizado pelo Instituto de Relações Internacionais & Comércio Exterior.

O governo dos Estados Unidos está investindo em infraestrutura e educação por meio do Infrastructure Investment and Jobs Act, a bagatela de US$ 1,2 trilhão. Outros US$ 369 bilhões vão para projetos de segurança energética e para políticas de sustentabilidade, de olho na transição energética, por meio do Inflation Reduction Act.

E tem mais US$ 280 bilhões para o financiamento de pesquisas e desenvolvimento de componentes eletrônicos, sobretudo para a fabricação de semicondutores – aos quais destina US$ 52,7 bilhões, por meio do Chips and Science Act.

A União Europeia disponibiliza mais de US$ 800 bilhões no seu programa Next Generation EU, para uma política comum de desenvolvimento tecnológico e ambiental.

A China,por sua vez, reservou US$ 632 bilhões para desenvolvimento de Tecnologia da Informação, com o objetivo de projetar e produzir veículos movidos com novas fontes de energia, desenvolvimento de novos materiais, biomedicina e máquinas agrícolas.

Acrescentem-se os programas de defesa da produção do Japão, da Coreia do Sul e de um punhado de tigres asiáticos.

Por aí se vê que o Brasil já começa jogando na segunda divisão. Não dá para enfrentar de igual para igual os times grandes, especialmente quando pretende defender um programa tão amplo que não pode nem ser enunciado setor por setor. O governo não fez por menos. Chamou de programa missionário porque atende a quase tudo, por meio de iniciativas que chama de missões.

Isso não significa que o Brasil deva ficar parado, limitando-se a espiar a derrocada da indústria. Significa que um programa de defesa não pode pretender abranger tudo. Também nesse campo, quem quer tudo não quer nada. Significa que é preciso foco, escolher prioridades e definir metas.

O Estado de S.Paulo - SP   05/02/2024

A produção industrial brasileira teve alta de 1,1% em dezembro - o quinto mês seguido com resultado positivo. Com isso, fechou 2023 com um crescimento de 0,2%. Em 2022, o resultado tinha sido queda de 0,7%. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira, 2, pelo IBGE.

O resultado ajuda a colocar a produção das fábricas em um patamar superior ao período da pré-pandemia - 0,7% acima de fevereiro de 2020. Porém, o setor industrial está ainda 16,3% abaixo do maior nível já registrado, em maio de 2011.

Apesar de o ano passado ter terminado no campo positivo, somente nove dos 25 ramos pesquisados mostraram crescimento na produção. Os destaques positivos foram nas indústrias extrativas, produtos derivados de petróleo e biocombustíveis e produtos alimentícios.

Entre as atividades com indicadores negativos destacam-se veículos automotores, produtos químicos, máquinas e equipamentos, máquinas, aparelhos e materiais elétricos e equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos.

Segundo o gerente da pesquisa no IBGE, André Macedo, 2023 foi marcado por dois períodos distintos. O primeiro semestre teve um comportamento predominantemente negativo da indústria geral, com uma queda de 0,3%. Já no segundo semestre houve uma melhora de ritmo na produção industrial, resultando num crescimento de 0,5%.

“Isso também fica muito visível quando observamos o indicador mês contra mês imediatamente anterior, com cinco meses de taxas positivas consecutivas, culminando com a expansão de 1,1% em dezembro. Com isso, o acumulado do ano, que ficou negativo uma boa parte de 2023, passou para o campo positivo”, observa.

O pesquisador do IBGE explica que o resultado de 2023 é considerado praticamente estável, ou seja, um crescimento tímido. Entre os fatores que contribuíram para o desempenho da indústria, ele lista o comportamento positivo do mercado de trabalho, com aumento na massa de rendimentos e inflação controlada, especialmente no segmento de produtos alimentícios.

Esta semana, o IBGE divulgou que a taxa média de desemprego do ano passado ficou em 7,8% - a menor desde 2014. Já a inflação oficial terminou o ano passado em 4,62%.

“Vale destacar também a contribuição positiva das exportações, especialmente no que se refere às commodities [matérias-primas básicas negociadas com preços internacionais]. Também se observa, ao longo do ano, o início da flexibilização na política monetária com a redução na taxa de juros”, finaliza.
Avaliação

Apesar de reconhecer que a produção industrial teve, ao fim de 2023, um desempenho mais positivo do que o esperado no início do ano, o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, avalia, porém, que o crescimento do setor nas últimas leituras mensais trata-se mais de um “soluço” do que da consolidação de um movimento de robustez.

“Não engrenou ainda, mas a alta anual de 0,2% no ano é melhor do que o esperado. No início de 2023 a perspectiva era de recuo nesse setor”, afirma o economista.

Entre os pontos de atenção, Agostini também cita que o crescimento do setor nos últimos meses não tem ocorrido de maneira uniforme. Ele aponta, em especial, o desempenho dos bens de capital, que recuaram 1,2% em dezembro, acumulando queda de 11,2% em todo ano de 2023, na comparação com 2022. “É uma abertura que mostra que ainda não há confiança para investimento”, afirma.

À frente, a perspectiva da Austin é que a indústria cresça cerca de 0,3% no primeiro trimestre deste ano, desacelerando em relação à alta de 1,2% registrada no quarto trimestre de 2023. A depender dos efeitos de alguns vetores, como o programa Desenrola, a queda de juro e um cenário global menos crítico, esse desempenho pode ser melhor, salienta Agostini.

Entre os vetores de alta para o ano como um todo, ele também cita a nova política industrial anunciada pelo governo federal em janeiro. A iniciativa, porém, deve ser observada com cuidado, em parte devido às experiências recentes dos governos do PT com programas semelhantes, que, segundo, Agostini não deram tanto resultado.

“Uma política industrial é sempre bem-vinda, em qualquer país, mas a questão é em quem ela será focada. O foco deve ser em quem pode trazer resultado, trazendo ganhos na ponta”, avalia Agostini.

Para o economista-chefe da G5 Partners, Luis Otávio de Sousa Leal, os recentes resultados positivos da produção industrial parecem sugerir que, após dois anos muito ruins, o pior momento do setor ficou para trás. “O que não quer dizer que a indústria brasileira não apresenta problema estruturais, e isso fica muito claro quando observamos que a nossa indústria opera 16,3% abaixo do recorde histórico atingido em, surpreendentemente, maio de 2011", diz o economista, em relatório.

De acordo com Leal, o contexto macroeconômico aponta para uma melhora no médio prazo do setor, com inflação estável, juro em menor nível, famílias menos endividadas e com renda e o governo buscando incentivos para o setor. “Mas são necessários mais dados para traçar um cenário prospectivo mais construtivo”, salienta. A G5 projeta, por ora, crescimento de 2% para a indústria em 2024. / Daniel Tozzi Mendes e Agência Brasil

O Estado de S.Paulo - SP   05/02/2024

A proposta do Nova Indústria Brasil é muito abrangente. Seus autores dizem que aprenderam com o passado, apontando que não existirá a ligação direta entre Tesouro e BNDES, como ocorreu na década passada. Embora isso não seja 100% correto, é certo que houve algum avanço.

A ideia das missões, concebida por Mariana Mazzucato, é criativa. Entretanto, ela não garante que dessa vez a política vai dar certo. A ambição da proposta é enorme, as metas não são claras e inúmeros são seus objetivos. Só a missão 3, “infraestrutura, saneamento, moradia e mobilidade sustentáveis para integração produtiva e o bem-estar das cidades”, abarca um belo pedaço do País e da economia.

Argumenta-se que os países ricos estão fazendo política industrial. Mas, entre outras coisas, eles têm excelentes sistemas educacionais e são abertos à economia internacional, o que evidentemente não é o caso do Brasil. Como podemos fazer tudo o que se propõe sem considerar esses dois elementos?

Além disso, os instrumentos elencados são os mesmos de sempre, incluindo subvenções, créditos tributários, requisitos de conteúdo local, margem de preferência e compras governamentais. O histórico de sua aplicação não é recomendável.

Mas, para mim, o que mais chamou a atenção foi que, após a enfática afirmação que aprenderam com o passado, o BNDES acena com um novo programa naval, que será puxado pela Petrobras, como o executivo da Transpetro já mencionou inúmeras vezes. Como o último desastre do programa naval ocorreu há poucos anos, pergunta-se qual foi o progresso que poderia justificar a construção competitiva de “navios do futuro”, mencionados pelo presidente do banco. Os estaleiros melhoraram sua estrutura de capital, o quadro da mão de obra, o seu nível tecnológico?

Ao contrário, as empresas do setor têm passado por crise e estagnação. O ilustre público merece, pelo menos, um estudo justificando por que agora vai.

* * * * *

Milei é mais um do tipo “contra tudo que está aí” que arrisca e ganha a eleição. Chega ao poder sem preparo ou com alguma proposta que faça sentido.

Assume um país com grave desarranjo fiscal e sem reservas cambiais. Desvaloriza o dólar, resultando na maior inflação do mundo. Também não tem maioria no Parlamento.

Apresenta um projeto com 664 artigos (!!!!) que tem de tudo. Bastante reduzido, toda parte econômica saiu da lei. Não se sabe o que vai sobrar até a votação final no Senado.

Não tem condições de dar certo.

IstoÉ Dinheiro - SP   05/02/2024

Os produtos da China, que já são normalmente competitivos, ficaram ainda mais baratos, dificultando aumentos de preços dos concorrentes mundo afora. No Brasil, a situação não é diferente. A China tornou-se uma força adicional à tendência de queda da inflação de bens de consumo, somando-se aos efeitos do crédito caro na demanda, do comportamento mais estável do câmbio e da normalização da oferta após a superação de gargalos de produção.

Conforme conta da Warren Investimentos, a inflação de bens industriais – um grupo que abrange produtos duráveis e semiduráveis, além de materiais de construção – ficou em 1,09% em 2023, a menor taxa em cinco anos, sendo que os preços chegaram a cair, ou seja, marcaram deflação, em junho (-0,57%), setembro (-0,20%) e novembro (-0,54%).

Ficaram mais barato, ao longo do ano passado, eletrodomésticos como geladeira, máquina de lavar roupa e tevê, aparelhos eletrônicos como videogame e computador pessoal, e alguns itens de vestuário, como vestido e roupa infantil, além de pneus e bicicletas.

Segundo Andréa Angelo, economista da Warren, o comportamento dos preços de bens é muito benigno e está relacionado, principalmente a câmbio e inflação externa. “A tendência de curto prazo é que a inflação de bens continue desacelerando”, prevê a economista.

A China influencia o comportamento da inflação não apenas pela concorrência direta dos produtos finais que estão nas prateleiras das lojas, ou que podem ser importados diretamente nas plataformas de comércio eletrônico estrangeiras. O país é também um grande fornecedor de insumos usados por diversas indústrias, como peças de smartphones, componentes eletrônicos e aço. Preços mais baixos da China ajudam, assim, a aliviar o custo dos produtos nacionais.

Os produtos industriais acabados ou intermediários respondem por praticamente tudo o que o Brasil importa da China.

No último ano, os preços cobrados pelos produtores (PPI, na sigla em inglês) caíram na China 3%, após a inflação de 4,1% de 2022. Por trás desse dado estão as dificuldades tanto internas quanto externas da indústria chinesa. No mercado doméstico, a recuperação do consumo pós-pandemia não acontece como esperado, refletindo a cautela associada à queda nos preços dos imóveis, que faz os chineses preferirem poupar a consumir.

Já no exterior, o país perde vendas em seus principais destinos comerciais – entre eles, Estados Unidos, Japão e Alemanha -, em razão do esfriamento do comércio pelos juros mais altos e pela substituição da China por outros parceiros nos movimentos de nearshoring – isto é, a busca por fornecedores geograficamente mais próximos – e friendshoring – ou seja, a troca por aliados geopolíticos.

Mesmo com o relaxamento das rígidas restrições da política de covid zero, a China não conseguiu mais repetir o aproveitamento da capacidade industrial de antes. O excesso de capacidade na indústria de transformação, que três anos antes estava em 21,6%, chegou a 24% na última leitura, referente ao quarto trimestre de 2023.

A China passou, assim, a “exportar deflação”, contribuindo aos bancos centrais do resto do mundo no controle da inflação. A ajuda chinesa vale ainda mais para as economias emergentes, onde os bens têm, na comparação com os países ricos, um peso maior nos índices de inflação.

Economistas ouvidos pelo Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), incluindo ex-diretores do Banco Central (BC), entendem, porém, que a contribuição chinesa nos próximos passos das autoridades monetárias será limitada. Em outras palavras, não deve ser determinante para acelerar cortes de juros, em economias como o Brasil, ou para antecipar o início de ciclo de flexibilização monetária nos EUA e na Europa.

Essa expectativa tem como base o foco dos bancos centrais na inflação de serviços, mais resiliente e cujo comportamento é mais determinado por variáveis domésticas.

Para Bruno Serra, ex-diretor de Política Monetária do BC e atualmente gestor dos fundos Janeiro da Itaú Asset, a China terá participação relevante em manter a inflação de bens industriais baixa e ajudar na desinflação geral ao longo deste e do próximo ano. Não será razão suficiente, porém, para levar a cortes mais agressivos da Selic, já que o consumo das famílias continua surpreendendo no Brasil, embalado pelo mercado de trabalho aquecido.

“Requer cuidado o impacto disso [consumo] sobre a inflação de serviços, onde começamos a ver alguns primeiros sinais de que a desinflação chegou ao fim. Precisamos da desinflação de bens vinda da China mais um câmbio comportado para poder atingir cuidadosamente a expectativa do mercado para a Selic, entre 9% e 9,5%”, comenta Serra.

Segundo Robert Sockin, economista global do Citi, a queda brusca nos preços dos produtos exportados pela China vem contribuindo para a desinflação global de bens, que já vinha acontecendo pela migração dos gastos ao consumo, junto com a normalização das cadeias de produção. “Enquanto as pressões inflacionárias dentro da China continuarem suaves, a economia chinesa provavelmente continuará contribuindo à pressão baixista dos preços globais de bens.”

No entanto, emenda Sockin, ainda que seja aliada do resto do mundo na convergência da inflação às metas perseguidas pelos bancos centrais, é improvável que a China guie o ciclo monetário global. “Os bancos centrais estão menos focados nos preços dos bens porque eles já estão amplamente normalizados”, comenta o economista global do Citi.

Menor impacto

O gigante asiático também vem se tornando menos influente na dinâmica de preços nas economias desenvolvidas, na medida em que os países ricos descentralizam suas fontes de fornecimento para reduzir a dependência da China.

Os economistas não ignoram que movimentos como nearshoring e friendshoring também têm efeitos desinflacionários, por levarem a um aumento de oferta global pela duplicação de cadeias em setores importantes – isto é, a produção em novos mercados de produtos que continuarão sendo feitos pela China.

O ex-BC Tony Volpon observa, contudo, que nos EUA, por exemplo, a substituição se dá por fornecedores do México, da Índia ou do Vietnã que nem sempre são tão competitivos quanto a China. “Então, existe um custo de transição [nos rearranjos das cadeias], de forma que, para os EUA, o impacto da desinflação em função da China é menor do que em emergentes”, comenta Volpon, que hoje é professor adjunto da Georgetown University, em Washington.

Tensões na geopolítica

Há ainda uma preocupação importante dos bancos centrais com os riscos de geopolítica, sendo o mais recente o conflito no Mar Vermelho, que volta a trazer estresse no transporte de cargas marítimo e a elevar os preços de frete. Limita-se, dessa forma, o potencial de redução mais expressiva na inflação de produtos.

“A preocupação maior, para mim, são os vários riscos de ruptura no cenário geopolítico internacional, como o bloqueio no Mar Vermelho, a eleição presidencial em Taiwan [vencida por partido contrário à unificação com a China], a guerra na Ucrânia e a grande chance de maior instabilidade no Oriente Médio”, afirma o economista Luís Eduardo Assis, ex-diretor de Política Monetária do BC.

O Estado de S.Paulo - SP   05/02/2024

Os oponentes de Joe Biden mencionam sua idade como algo que o torna titubeante, confuso e, em última instância, inepto para a função. Portanto o grande paradoxo do primeiro mandato do presidente de 81 anos é que ele foi responsável talvez pelo governo americano mais energético em quase meio século. Biden determinou um aumento no gasto que rapidamente cortou a pobreza infantil pela metade, devolveu à vida um movimento sindical confrangido e produziu uma política industrial que tem como objetivo reformular a economia americana.

Há muito o que debater a respeito dos méritos disso tudo. Um aumento acentuado no gasto federal agravou a preocupante trajetória fiscal dos Estados Unidos. Subsídios para empresas investirem no país enfureceram aliados e ainda poderão acabar desperdiçados. Mas não há como negar que muitas dessas políticas já surtem impacto. Considerem a explosão na construção de fábricas: mesmo levando em conta a inflação, o investimento em instalações de manufatura mais que dobrou sob Biden, chegando ao maior nível já registrado.

O que Biden faria num segundo mandato? Seu slogan de campanha — “Nós somos capazes de concluir o trabalho” — soa mais como promessa de empreiteiro que reforma residências que à retórica de uma ebulição política. Ainda à espera de notícias de conselheiros e ex-conselheiros do presidente, a Bidenomics equivale quase a uma revolução econômica para os EUA. Seria uma revolução moldada pela fé no governo e uma certa desconfiança em relação aos mercados.

Cinco elementos se sobressaem. O primeiro é um desejo de estimular os trabalhadores, principalmente por meio dos sindicatos. O segundo é mais gasto social, especialmente em educação na primeira infância. O terceiro é uma política de competição mais dura para conter o grande empresariado. O quarto, uma onda de investimento destinado a tornar os EUA tanto mais verdes quanto mais produtivos. Por último, Biden quer taxar grandes empresas e os ricos para pagar por grande parte disso.

Da mesma forma que em relação a qualquer presidente, a agenda de Biden até aqui tem sido limitada pelo Congresso. Todos os cinco elementos estiveram presentes no plano “Build Back Better”, de US$ 3,5 trilhões, que os democratas na Câmara dos Deputados apoiaram em 2021 mas que acabou dando de cara com um Senado dividido. Resultou que a parte mais proeminente da Bidenomics existente tem sido o elemento do investimento, compreendendo três peças legislativas com foco em infraestrutura, semicondutores e tecnologias verdes. Sancionar três grandes leis de gastos, contudo, conta como um mandato presidencial produtivo. Elas totalizam um estímulo de até US$ 2 trilhões para reformular a economia americana.

Se Biden retornar para a Casa Branca para um segundo mandato e os republicanos mantiverem o controle da Câmara ou ganharem maioria no Senado — ou possivelmente ambos — conselheiros afirmam que seu foco seria defender suas conquistas legislativas. Apesar de serem incapazes de reverter os pacotes de investimentos de Biden se não assumirem a presidência, os republicanos poderiam desgastá-los.

Vejamos a lei dos semicondutores. Juntamente com cerca de US$ 50 bilhões para a indústria de chips, ela também incluiu aproximadamente US$ 200 bilhões em financiamento para pesquisa e desenvolvimento de tecnologias pioneiras, de materiais avançados a computação quântica. Mas esse imenso balde de dinheiro só foi autorizado, não destinado, pois cabe ao Congresso aprovar orçamentos que forneçam a quantia prometida.

Até aqui ainda falta o seguinte: no atual ano fiscal, os legisladores estão a caminho de conceder US$ 19 bilhões para três agências federais de pesquisa, incluindo a Fundação Nacional da Ciência, o que equivale a cerca de 30% do nível autorizado, de acordo com estimativas de Matt Hourihan, da Federação dos Cientistas Americanos, um grupo de defesa de direitos. Se o Congresso não concordar em trabalhar com Biden, lapsos desse tipo aumentarão.

O financiamento direcionado para infraestrutura e semicondutores é mais seguro, mas grande parte se esgotará até 2028, antes do fim de um segundo mandato. Sem apoio republicano para o financiamento, o investimento iniciado ao longo dos últimos dois anos pode desvanecer. Produtores com alto custo terão dificuldades para sobreviver. Críticos poderão não ver motivo para dedicar tanto dinheiro à manufatura quando uma economia moderna com base em serviços profissionais, técnicos e científicos já gera abundantemente empregos bem pagos.

Mas Biden terá com que negociar se os republicanos tentarem diluir suas políticas. Muitos dos grandes cortes de impostos aprovados durante a presidência de Donald Trump expiram no fim de 2025. Os republicanos querem renová-los para evitar que as alíquotas de imposto de renda saltem. Portanto, uma possibilidade é Biden montar um acordo no qual concorda com uma extensão de muitos dos cortes de impostos em troca dos republicanos no Congresso apoiarem algumas de suas prioridades, incluindo seus subsídios à indústria — deixando para lá que um acordo desse tipo seja fiscalmente irresponsável.

A Casa Branca também espera que os programas de investimento de Biden desenvolvam impulso próprio. “Nós estamos muito agradavelmente surpresos pela medida com que o capital privado fluiu na direção dos nossos incentivos”, afirma o presidente do Conselho de Assessores Econômicos, Jared Bernstein. Grande parte do dinheiro vai para Estados republicanos, fecundando distritos empresariais e políticos locais que se oporiam a cortes.

Enquanto isso há, em princípio, apoio bipartidário para gastos federais em ciência e tecnologia como maneira de salvaguardar a vantagem competitiva dos EUA sobre a China. Por esse motivo, algumas dezenas de republicanos na Câmara e no Senado, exceto uma minoria, votaram a favor do pacote dos semicondutores. Dada a tamanha constelação de interesses e influências, as políticas industriais que definiram a Bidenomics no primeiro mandato do presidente provavelmente sobreviveriam no segundo, ainda que de forma pouco mais limitada.

Mas o que ocorrerá se Biden for menos limitado? Para entender verdadeiramente o possível escopo da Bidenomics vale a pena perguntar o que o presidente faria se os democratas acabassem controlando ambas as Casas do Congresso. Uma vez que seu júbilo pelo resultado eleitoral passasse, o time em torno de Biden saberia que teria uma janela limitada — provavelmente de apenas dois anos, até as eleições de meio de mandato seguintes — para promover qualquer coisa digna de nota.

Para começar, eles se voltariam para as políticas sociais que não chegaram a ser incluídas no Build Back Better — como pré-escola gratuita para crianças de 3 e 4 anos, generosos subsídios para assistência infantil, gastos em cuidados aos idosos, mais créditos tributários para famílias com crianças e licenças parentais remuneradas. A secretária do Tesouro, Janet Yellen, descreveu essa agenda como “economia moderna pelo lado da oferta”.

Ela argumenta que investimentos em educação tornariam os trabalhadores americanos mais produtivos, enquanto investimentos em ajudas permitiria às pessoas, especialmente às mulheres, trabalhar, ocasionando um aumento na força de trabalho. Mas isso também seria caro, acarretando em pelo menos US$ 100 bilhões ao ano em gastos adicionais — acrescentando meio ponto porcentual ao déficit federal anual (que atingiu 7,5% do PIB em 2023).

E a implementação seria difícil. Por exemplo, financiamento para assistência infantil alimentaria a demanda pela ajuda, que por sua vez exacerbaria uma escassez crônica de cuidadores.

O desejo de Biden de fortalecer sindicatos também receberia um novo ímpeto. Ele descreve a si mesmo como o presidente mais pró-sindicatos na história americana — uma alegação que pode muito bem ser verdadeira. Em seu primeiro mandato, o apoio aos sindicatos foi expressado mais claramente por meio de palavras e ações simbólicas: quando se juntou a trabalhadores do setor automobilístico em greve, próximo a Detroit, em setembro, Biden se tornou o primeiro presidente a integrar uma linha de piquete.

Ele gostaria de ter feito mais. No início, Biden quis atrelar muitos subsídios à indústria à condição das empresas contratarem trabalhadores sindicalizados, uma exigência que acabou não virando lei. A grande esperança do movimento operário para um segundo mandato de Biden é a aprovação da Lei de Proteção do Direito à Organização, que fomentaria acordos coletivos, entre outra ações, dificultando para as empresas intervirem em votações sindicais.

Isso representaria um risco: a flexibilidade do mercado de trabalho dos EUA é fonte de resiliência para sua economia, que tem sido boa para os trabalhadores nos anos recentes.

Por outro lado, Biden aspirar aprovação como um presidente pró-sindicatos também faz com que ele seja visto como antinegócios. Membros de seu gabinete ressentem-se dessa acusação notando que os lucros corporativos foram às alturas e que empreendedores criaram um número recorde de empresas durante seu primeiro mandato. Mas a maior razão que explica a má reputação da Bidenomics é sua agenda de competição, liderada por Lina Khan, da Comissão Federal de Comércio (FTC).

Apesar de seus esforços no sentido de abalar os gigantes corporativos terem engasgado, com processos jurídicos fracassados contra a Meta e a Microsoft, ela ainda não acabou. A FTC introduziu novas diretrizes de revisão de fusões que exige das agências reguladoras escrutinar praticamente qualquer contrato que torne grandes empresas maiores, o que poderia produzir políticas de competição ainda mais contenciosas.

O excesso de escrutínio nos contratos também esgotaria os escassos recursos das agências reguladoras e envenenaria o ambiente para grandes negócios. Um foco alternativo, sobre relaxamento de restrições de uso de terra e licenciamento para ocupação, daria um impulso muito mais saudável à competição.
Capitão da indústria

Ao mesmo tempo, Biden poderá dobrar a aposta nas políticas de estímulo à manufatura de seu primeiro mandato. Os cerca de US$ 50 bilhões em incentivos para a indústria de semicondutores foram um início, mas o montante é pequeno em relação a quanto investimento é preciso para construir grandes fábricas de chips.

Conselheiros falam de um pacote de financiamento subsequente. Também haveria um desejo de criar uma nova legislação para abrandar os solavancos na implementação da política industrial. Todd Tucker, do Instituto Roosevelt, um centro de análise que pende para a esquerda, defende a criação de um banco nacional de desenvolvimento, com uma reserva de dinheiro a ser destinado para projetos merecedores.

Como pagar por isso tudo? Biden deixa claro há muito que deseja aumentar impostos dos ricos, em particular de lares que ganham mais de US$ 400 mil ao ano, e de empresas. Os conselheiros do presidente argumentam que ele acredita verdadeiramente em disciplina fiscal. Seu orçamento para o atual ano fiscal, por exemplo, cortaria o déficit em US$ 3 trilhões ao longo de uma década, ou em 1% do PIB ao ano, de acordo com o Comitê para um Orçamento Federal Responsável (CRFB), uma organização sem fins lucrativos. Isso, contudo, dependeria de um comedimento dos democratas conforme as receitas fiscais aumentarem — algo difícil de imaginar, afirma Maya MacGuineas, do CRFB.

À parte uma aversão a negociações comerciais tradicionais, foi notável a ausência de qualquer agenda comercial séria no primeiro mandato de Biden. Talvez ele possa ficar algo menos onerado pela assustadora política doméstica de contratos comerciais em um segundo mandato. Um teste será a capacidade de EUA e Europa estabelecerem um contrato crítico de minérios, trabalhando juntamente para assegurar fornecimentos para a produção de baterias e diminuindo a dependência de fornecedores chineses.

Mas a aparente desconfiança de Biden a respeito da globalização provavelmente descartará qualquer ambição maior. A decisão do presidente de 26 de janeiro de pausar aprovações para exportações de gás natural liquefeito foi a mais recente demonstração de seus instintos protecionistas. E ele quase certamente manterá uma linha dura com a China. Durante grande parte de seu primeiro mandato, especulou-se que ele reduziria as tarifas sobre a China. Agora, alguns em sua órbita falam, em vez disso, de ajustes: reduzir encargos sobre bens de consumo básicos e aumentá-los sobre produtos de alta tecnologia.

A maior parte da ação, portanto, ocorreria na arena doméstica — o campo de batalha para todo tipo de coisa, de gastos com assistência infantil a subsídios para semicondutores. Apoiadores argumentam que essas políticas tornariam os EUA mais igualitários, impulsionariam sua indústria e favoreceriam as condições dos trabalhadores, em detrimento dos patrões.

Para outros, elas parecem um retrocesso para um Estado grande, com foco ultrapassado na manufatura e nos sindicatos, o que pode tensionar laços com aliados. Biden foi um radical dos mais improváveis em seu primeiro mandato. Se as opiniões penderem para seu lado, ele poderá ser ainda mais no segundo.

O Estado de S.Paulo - SP   05/02/2024

O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, afirmou ao Estadão/Broadcast que a atual projeção de avanço do PIB de 2,2% para 2024 é conservadora porque há uma nova composição de crescimento, em que o peso do agro diminui e os investimentos e indústria voltam a avançar. O quadro é diferente de 2023, quando a economia, que deve avançar 3% na previsão da SPE, foi muito impulsionada pelo desempenho do agronegócio.

“Nós vamos ver em 2024 um crescimento quantitativamente um pouco menor que 2023, mas qualitativamente um pouco melhor no sentido de mais bem distribuído. Teremos serviços ainda contribuindo positivamente, a indústria voltando a contribuir positivamente e, do ponto de vista da demanda, os investimentos voltando a contribuir positivamente”, disse.

É por essa razão que a Fazenda entende que conseguirá avançar no nível de arrecadação em 2024, para a casa dos 19% do PIB, cenário aliado ao conjunto de medidas aprovadas no Congresso para aumentar o patamar de receita — embora esse salto seja visto com desconfiança no mercado e até mesmo pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Com pouca margem para cortar despesas, o governo conta com a arrecadação para cumprir a meta de déficit zero neste ano.

Nova composição

Mello pontua que, apesar de o agro não contribuir para o avanço do PIB no mesmo nível de 2023, ainda terá uma participação positiva, assim como o setor externo. “Temos uma expectativa de que principalmente o mercado de crédito possa melhorar em relação a 2023, quando foi muito afetado pelos efeitos defasados da política monetária e também pelo evento Americanas. Juntando esses fatores, o mercado de crédito, em particular para empresas, sofreu um baque bastante significativo. Mesmo o crédito imobiliário não teve um bom desempenho em 2023 por fatores parecidos”, avalia.

Com a flexibilização dos juros, a normalização do mercado de capitais pós-Americanas, redução dos spreads e as medidas que estão sendo tomadas, como o marco de garantias, Mello pontua que 2024 tem potencial de ser o ano de reação de investimentos e indústria.

“Essa nova composição do crescimento traz menos agro e um pouco mais de indústria, menos demanda externa e um pouco mais de investimento. Para um ciclo de crescimento se sustentar, ele tem de trazer consigo uma retomada no investimento — tanto público quanto privado — senão você pode até ter alguns anos de crescimento, mas isso se sustenta com o tempo. Nós estamos vendo aqui esse momento de desaceleração quantitativa, mas a melhoria qualitativa vai preparar um novo tipo de crescimento para os próximos anos”, defende.

No campo das incertezas, o cenário internacional é a maior incógnita, especialmente devido a conflitos geopolíticos que podem afetar as cadeias produtivas. O cenário avaliado pelo governo, no entanto, já considera uma perspectiva de desaceleração do crescimento global, mas também de desinflação, com o afrouxamento da política monetária no mundo desenvolvido a partir de meados de 2024.

Mello pontuou ainda que a SPE não identificou até o momento um “fator decisivo” que indique uma mudança na projeção de crescimento do PIB de 2,2% em 2024. A última grade de parâmetros da secretaria foi divulgada em novembro, e uma nova deve ser publicada em março.
Equilíbrio fiscal

O secretário de Política Econômica reforçou a confiança do Ministério da Fazenda sobre o cumprimento da meta de zerar o déficit neste ano, apesar de o mercado ainda prever um rombo nas contas públicas em 2024. Ele minimizou a diferença nas projeções e defendeu que o espaço de incerteza fiscal já diminuiu muito desde o ano passado, a partir do novo arcabouço fiscal e das medidas para recuperar a arrecadação, que em 2023 deve fechar abaixo do nível histórico, de 17,5% do PIB. Sob desconfiança do mercado e do próprio TCU, a equipe econômica acredita que pode elevar esse nível a 19,2% do PIB em 2024.

“Parte do mercado fala: ‘Eu não acredito nisso, acho que será um déficit próximo de 0,5%, 0,6% do PIB’. O espaço de incerteza é muito menor, quase que margem de erro. Então o nível de incerteza se reduziu. A discussão é se você vai conseguir encontrar um equilíbrio ou se vai se aproximar de um equilíbrio e ainda não chegar nele”, disse Mello.

O secretário ainda avaliou que essa incerteza fiscal não deve ser um fator fundamental para a definição da taxa terminal para a Selic neste ano. No último relatório Focus, o mercado manteve em 9% ao ano a mediana para a taxa de juros no encerramento de 2024. Para ele, o que irá de fato determinar se o País terá ou não uma taxa de juros mais próxima da neutralidade está ligado ao cenário inflacionário doméstico e aos rumos da política monetária no exterior.

O mercado, contudo, teme que, pressionada a mudar a meta fiscal pela ala política do governo, a equipe da Fazenda ceda e isso comprometa desde já qualquer confiabilidade na tarefa do arcabouço em controlar o avanço de gastos públicos no Brasil.

Questionado sobre esse cenário, Mello afirmou que a equipe está “confiante” na entrega do resultado primário neutro. Para justificar o otimismo, ele citou as medidas para turbinar a arrecadação aprovadas no ano passado e a nova composição do crescimento esperado para 2024.

“A composição do crescimento é melhor para a arrecadação. É um crescimento mais distribuído entre os setores, em particular indústria e serviços. Isso é melhor para a arrecadação do que crescimento muito concentrado no agro, que é um setor menos tributado, porque é muito exportador. Temos excelentes motivos”, disse Mello.

Ele ainda citou a expectativa melhor sobre o IGP-M, que, deflacionado em 2023, prejudicou o nível de arrecadação. “Há vários elementos para acreditar que a receita vai se comportar muito melhor esse ano que se comportou no ano passado”, concluiu.

MINERAÇÃO

Infomoney - SP   05/02/2024

Os preços futuros do minério de ferro ampliaram as perdas nesta sexta-feira, atingindo seu nível mais baixo em duas semanas, e devem fechar a semana com queda acumulada, já que se mantêm as preocupações com a recuperação do setor imobiliário na China, principal mercado consumidor do minério.

O contrato de maio do minério de ferro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) da China encerrou as negociações do dia com recuo de 2,23%, a 941 iuanes (131,07 dólares) a tonelada, marcando seu nível mais baixo desde 19 de janeiro. O preço caiu mais de 5% esta semana.

Enquanto isso, o minério de ferro de referência de março na Bolsa de Cingapura perdeu 3,24%, a 126,75 dólares a tonelada, marcando uma mínima desde 18 de janeiro. O contrato caiu mais de 6% até o momento nesta semana.
“Os problemas do setor imobiliário da China continuam a persistir as perspectivas para a demanda doméstica de aço desse setor permanecem sombrias, com a demanda por parte dos segmentos de moradias sociais e energia renovável compensando apenas parcialmente”, disseram analistas do banco ANZ.

“Além disso, a pressão sobre o setor siderúrgico da China para reduzir as emissões vem aumentando. As novas restrições à produção serão um novo obstáculo para a demanda de minério de ferro.”

Preocupações com as perspectivas de demanda ressurgiram na esteira da falência da gigante imobiliária endividada China Evergrande Group, decretada nesta semana por um tribunal de Hong Kong.

A Fitch Ratings disse que a falência da Evergrande poderia ter efeitos mais amplos sobre investimentos e mercado imobiliário.

A fraqueza do mercado de ferrosos persistiu apesar de uma série de medidas de estímulo para apoiar o problemático setor imobiliário da China.

Valor - SP   05/02/2024

O conselho de administração da mineradora pode decidir nesta sexta-feira (2) o futuro CEO da companhia

O conselho de administração da Vale pode decidir nesta sexta-feira (2) o futuro CEO da companhia. O colegiado se reúne desde cedo, no Rio, para discutir o tema e pode tomar uma decisão ainda hoje sobre a renovação ou não do mandato do atual CEO, Eduardo Bartolomeo, no cargo desde 2019. Também é possível que o tema siga em debate e um novo encontro do colegiado seja marcado para tratar do assunto ao longo de fevereiro.

Existe a possibilidade ainda de que, se Bartolomeo não for reconduzido, seja formada uma lista de três candidatos a partir da qual sairia o CEO da Vale. A decisão cabe exclusivamente ao conselho de administração da empresa formado por 13 integrantes. A decisão é por maioria.

A seguir o Valor apresenta alguns pontos que precisam ser considerados na escolha do CEO da Vale e os desafios que o executivo e a companhia terão a curto e médio prazos.

Qual é o perfil esperado para o CEO da Vale?

Embora tenha havido tentativa de interferência do governo na Vale para indicar o ex-ministro Guido Mantega como CEO da companhia, uma empresa desse porte requer um executivo de mercado, de preferência com conhecimento de mineração e finanças e experiência em gestão de grandes corporações.

Um executivo nesse cargo precisa ter trânsito e diálogo com outras grandes empresas e lideranças empresariais, no Brasil e no exterior, com governos e outros públicos de interesse onde está presente.

É um perfil de executivo que precisa ainda ser próximo dos investidores, do mercado financeiro, e estar disposto a passar a maior parte dos 365 dias do ano sentado em um avião, atravessando o oceano ou o Brasil, para reuniões com bancos, lideranças políticas e empresariais ou para fazer apresentações em conferências mundo afora.

Ganhou ainda relevância para o gestor da Vale, depois das tragédias de Mariana (2015) e Brumadinho (2019), estar mais próximo e ouvir as comunidades locais nas regiões de influência das operações da companhia.

É importante também que o CEO e a diretoria-executiva ligada a ele saibam comunicar o que fazem e têm feito, algo que a própria Vale reconheceu que nem sempre fez bem no passado recente. Só internamente, a mineradora tem um público de mais de 64 mil colaboradores diretos, segundo os últimos dados disponíveis, de 2022.

A Vale foi apontada por críticos por tratar com certa arrogância públicos de interesse no passado, postura que seria decorrente do tamanho e do poder econômico da companhia. Mas as tragédias recentes fizeram a mineradora passar por uma reformulação interna, o que a levou a revisitar processos e procedimentos.

A Vale sempre manteve uma relação tensa com os Estados onde opera, uma vez que prefeitos e governadores têm, invariavelmente, a expectativa que a companhia, além das contrapartidas naturais que precisa fazer, supra lacunas muitas vezes deixadas pelo Estado na área de infraestrutura, por exemplo.

Cabe ao CEO da Vale, portanto, reunir todas essas qualidades e atributos para liderar a empresa e conseguir que as equipes desenvolvam, sob a liderança dele, uma gestão que garanta resultados aos acionistas e, ao mesmo tempo, atenda de forma negociada e justa, os interesses de governos e comunidades diretamente impactados pela mineração.

Qual é o peso do CEO na estratégia dos próximos anos?

Um tema recorrente na Vale, nos últimos anos, é qual será a estratégia de crescimento da empresa? Nos anos 2000, sob a condução de Roger Agnelli (1959-2016), a Vale experimentou rápido crescimento, e se expandiu para o exterior. Comprou a Inco, no Canadá, e promoveu consolidações no mercado de minério de ferro no Brasil. Houve, porém, diversos casos de aquisições que terminaram dando perdas contábeis (ativos de carvão na Austrália e Moçambique; reservas de potássio na Argentina; de níquel, na Nova Caledônia).

Depois dessa grande expansão, veio uma fase de ajuste e encolhimento, sob a gestão de Murilo Ferreira, que tinha uma história na Vale e chegou ao cargo de CEO, segundo relatos de bastidores, por ter proximidade com a ex-presidente Dilma Rousseff. Tanto Dilma quanto Murilo são mineiros. Nessa transição de uma Vale grande para uma mineradora enxuta, surgiram comentários jocosos, na indústria de mineração, segundo os quais enquanto Agnelli queria fazer mineração na lua Ferreira queria minerar em Uberaba.

A realidade, porém, era outra. A vale tinha crescido demais, muitas vezes sem retorno nos projetos, e o ajuste foi necessário, sobretudo em uma época em que a indústria já não vivia o superciclo das commodites (o minério de ferro chegou a superar os US$ 200 por tonelada nos anos 2000).

Veio a tragédia de Mariana, em 2015, ainda na gestão de Ferreira. A Vale tardou a reagir, e precisou seguir arrumando a casa. Em 2017 e 2020, houve movimentos para transformar a companhia em uma empresa sem controle acionário definido, algo impensado na época de Agnelli, cuja origem foi no Bradesco, banco que deu as cartas na Vale desde a privatização (hoje a Bradespar, braço de participações do Bradesco, tem posição inferior a 5% na mineradora, mas ainda assim tem peso, voz).

O processo de transição para uma corporação, empresa sem controle acionário definido, foi conduzido por Fabio Schvartsman, executivo com carreira bem-sucedida e que estava perto de se aposentar quando assumiu a Vale. Foi sob a administração de Schvartsman que, em 2019, a Vale sofreu outro baque, com Brumadinho, e houve dúvidas se a empresa poderia resistir a outra tragédia dessa magnitude.

Mais uma vez foi preciso voltar-se para dentro, e os planos de crescimento ficaram em segundo plano. A produção de minério de ferro, carro-chefe da companhia, caiu, sobretudo em Minas Gerais, por limitações para liberar minas em processos ambientais.

Foi no pós-Brumadinho que Eduardo Bartolomeo, então responsável pelas operações de metais no Canadá, assumiu como CEO no lugar de Schvartsman. E nos cinco anos em que está no cargo tem conduzido um processo de reestruturação interna da Vale.

Ficou claro, nos últimos anos, que a Vale não vai crescer de forma desenfreada, como foi com Agnelli, mas apontar a nichos de mercado, privilegiar retornos financeiros no lugar de grandes volumes de produção. Esse tem sido o discurso, praticamente um mantra.

Mas a pergunta permanece: o que vai ser da estratégia da empresa nos próximos anos de forma a mostrar a ambição de uma corporação desse tamanho sem com isso descuidar da disciplina financeira que os investidores tanto prezam?

É uma resposta que o CEO, com o apoio e a diretriz do conselho de administração, terá que dar.

Quais são as tarefas pendentes para o CEO?

Uma das tarefas pendentes é o fechamento de um acordo global com as autoridades em relação ao rompimento da barragem de Fundão, da Samarco, em novembro de 2015.

No dia em que a outra tragédia, a de Brumadinho, completou cinco anos, em 25 de janeiro de 2024, um juiz federal condenou a Samarco, Vale e BHP a pagar indenização de R$ 47,6 bilhões por danos morais coletivos pelo caso de Mariana. Vale e BHP são sócias da Samarco, dona da mina onde a barragem se rompeu.

Um acordo global, como o que vem sendo tentado para Mariana, já foi conseguido no caso de Brumadinho, no qual a Vale se comprometeu a desembolsar R$ 37,7 bilhões.

Outra tarefa importante para o CEO será consolidar a cisão no negócio de metais para a transição energética, operação na qual a Vale separou os ativos de níquel e cobre e os colocou sob o guarda-chuva de uma nova empresa, a Vale Base Metals (VBM), no Canadá.

No minério de ferro, principal negócio da companhia, também há um trabalho contínuo a ser feito junto a clientes e internamente em busca de excelência operacional.

Outras frentes envolvem, por exemplo, o desenvolvimento de projetos de hidrogênio verde em parceria com outras empresas no Brasil.

Também será importante que a gestão da Vale encontre, por meio de medidas e ações concretas, formas de aumentar o valor de mercado da mineradora e reduzir a diferença que existe para as principais concorrentes, as australianas Rio Tinto e BHP Billiton. Nos últimos anos, a Vale perdeu terreno para esses competidores e viu o "desconto" aumentar, chegando a valer próximo da metade do valor de mercado da Rio Tinto, por exemplo.

Seja quem for o CEO da Vale haverá, portanto, uma longa lista de tarefas à frente.

O Estado de S.Paulo - SP   05/02/2024

A imagem da câmera de segurança que flagrou, há cinco anos, o rompimento do reservatório de rejeitos da mina da Vale em Brumadinho expôs ao mundo, de forma trágica, o que ocorre com uma barragem a montante monitorada de forma negligente e irresponsável. O próprio termo “barragem a montante” entrou para o vocabulário cotidiano, ilustrando o noticiário sobre as consequências do desastre e apresentando ao cidadão comum o método mais barato – e, infelizmente, mais comum – de descarte dos resíduos da mineração. De forma simplificada, é o depósito de camadas de rejeitos umas sobre as outras.

Depois que a montanha de rejeitos desmoronou, soterrando 270 vítimas, vieram as cobranças das autoridades fiscalizadoras e os compromissos de substituição de todas as barragens a montante por outras, mais caras e mais seguras, num prazo considerado então perfeitamente exequível: três anos, ou seja, até 2022. Hoje, cinco anos depois do desastre e dois após o final do prazo para a substituição, apenas 22% dos 74 reservatórios semelhantes foram de fato desativados, como mostrou reportagem do Estadão. A intenção da Vale, dona da maior parte deles, é inutilizá-los até 2035.

O Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), que representa as mineradoras, argumenta que o setor busca se adequar às novas leis para garantir a segurança do meio ambiente e das pessoas. Ora, 16 anos para um processo de adequação parece uma jornada longa demais, sob todos os aspectos. Ainda mais diante do elevado risco que representa esse tipo de barragem. Em algumas, o perigo chega ao nível máximo.

Por óbvio, a mudança da metodologia de depósito de rejeitos é de alto custo, mas isso não deveria ser considerado impedimento para uma empresa do porte da Vale, a segunda maior mineradora do mundo – que, aliás, já deveria ter-se empenhado há muito tempo em mudar processos perigosos e obsoletos em suas minas. É inestimável o valor de cada uma das vidas perdidas, e nenhuma indenização será capaz de aplacar a dor das famílias das vítimas.

Se, cinco anos depois da tragédia, é ultrajante constatar que nenhum culpado foi punido criminalmente pelas mortes, apesar de a investigação ter apontado que o comando da Vale foi suficientemente alertado sobre a iminência do desastre, é também estarrecedor saber que 53 barragens ainda aguardam o processo de desativação. De acordo com levantamento da Agência Nacional de Mineração, metade delas está situada em Minas Gerais.

O mínimo que se espera, da empresa, das demais mineradoras e dos órgãos públicos responsáveis pela fiscalização são providências para evitar novos desastres. O rompimento em Brumadinho ocorreu menos de quatro anos depois da tragédia na cidade mineira de Mariana, com uma barragem da Samarco, controlada meio a meio pela Vale e pela anglo-australiana BHP. Foram 19 mortos e um impacto ambiental e socioeconômico sem precedentes ao longo do Rio Doce, que transportou a lama mineral até o mar, no Espírito Santo.

Duas tragédias que poderiam ter sido evitadas, se as empresas tivessem cumprido normas de segurança. É inconcebível que ainda não tenham aprendido.

Consultor Jurídico - SP   05/02/2024

A Vale apresentou recurso contra a decisão que a condenou a depositar em juízo R$ 34 milhões para o custeio das atividades das Assessorias Técnicas Independentes (ATIs) relacionadas ao acordo judicial sobre o desastre de Brumadinho (MG), ocorrido em 2019.

Vale questiona valor extra de R$ 34 milhões para custeio de assessorias técnicas

Em dezembro do ano passado, o juiz Murilo Silvio de Abreu, da 2ª Vara da Fazenda Pública de Belo Horizonte, determinou que a empresa fosse intimada para depositar o valor no prazo de dez dias.

A defesa da Vale alegou que o recurso só foi apresentado em 31 de janeiro por causa do recesso forense. A empresa também argumentou que os valores exigidos para o custeio das ATIs devem ser incluídos no total do acordo já assinado por ela, e não ser cobrado de maneira independente.

O acordo firmado entre a Vale, o Ministério Público Federal, o governo de Minas Gerais, o MP-MG e a Defensoria mineira prevê R$ 37 bilhões para a reparação dos danos decorrentes do rompimento da barragem da mina Córrego do Feijão, que deixou 270 vítimas, entre mortos e desaparecidos. Desse montante, R$ 700 milhões devem ser destinados à contratação das estruturas de apoio aos proponentes do acordo.

“Indo na contramão de tudo o que fora exaustiva e minuciosamente discutido entre as partes para celebração do Acordo, a r. decisão agravada deferiu o pedido formulado pelos agravados, criando uma inaceitável separação da fonte de custeio das atividades executadas pelas Assessorias Técnicas, sendo parte incluída no teto de R$ 700 milhões previsto na cláusula 4.4.11 do AJRI e, outra parte, também sob responsabilidade financeira da VALE, e sem limitação de valor”, diz trecho do recurso apresentado pela empresa.

CONSTRUÇÃO CIVIL

O Estado de S.Paulo - SP   05/02/2024

Quem pensa em aproveitar a queda da taxa de juros para investir em imóveis e obter lucros com aluguéis ou revenda em São Paulo tem mais chances de sucesso ao apostar em dois perfis diferentes de propriedades. Para locação, os apartamentos compactos localizados em bairros periféricos tendem a ter o melhor retorno ao investidor que busca renda mensal. Por outro lado, imóveis maiores, situados em áreas centrais, demonstram ser mais lucrativos para aqueles que planejam comprar e vender.

As conclusões são de um levantamento feito pelo economista, pesquisador da FEA/USP e fundador da RBA Consultoria Econômica, Rodger Campos, em parceria com a startup imobiliária Loft. A análise mostra que apartamentos menores dão um retorno médio anual de 7,5% do valor de venda em aluguel, enquanto os imóveis maiores registram um retorno menor, de 5,95%.

Bairros como Artur Alvim, Vila Andrade e Itaquera têm maior retorno na renda vinda do aluguel do que Jardim Europa e Paraíso, onde os moradores tendem a comprar imóveis próprios em vez de optar pela locação. O principal motivo apontado por Campos é o déficit habitacional das regiões periféricas da cidade, o que torna o aluguel mais atrativo para o morador, além de se tratar de população de baixa renda e maior dificuldade para aquisição de imóvel próprio sem comprometer mais de 30% do salário.

A análise foi feita utilizando dados de fontes oficiais, como Banco Central e Prefeitura de São Paulo, bem como a calculadora imobiliária da Loft, treinada com uma base de 10 milhões de anúncios.

Campos conta que o estudo foi feito sob a óptica da compra de propriedades com finalidade de investimento, e não de moradia, por isso, classifica que os maiores retornos de aluguéis estão em bairros onde o risco de inadimplência é mais alto, enquanto o melhor retorno para revenda acontece em bairros centrais e mais urbanisticamente desenvolvidos.

“Há um fator cultural do brasileiro que nos leva a investir em imóveis. Somos uma sociedade que cresce sonhando com o imóvel, que é um símbolo de segurança. Nossa sociedade também não é muito educada a fazer investimentos financeiros, apesar do crescimento nos últimos anos. Além disso, temos empresários que continuam a investir em imóveis porque são ativos que oferecem bons retornos”, diz.

O mercado imobiliário já vende produtos tanto para moradores quanto para investidores. Em alguns casos, os próprios sites e esforços de vendas das empresas do ramo são separados.

Empresas como Cyrela e Vitacon apostam em apartamentos localizados em bairros nobres da capital paulista, como Moema, Brooklin, Perdizes e Jardins, para atrair investidores.

O diretor de marketing e inteligência de mercado da Trisul, Lucas Araújo, conta que investidores profissionais chegam a comprar 10 ou 20 unidades para compor uma carteira de investimentos diversificada. “Quem tem R$ 2 milhões em conta pode comprar dois compactos próximos a estações de metrô, faculdades ou eixos corporativos para ter a renda do aluguel. Historicamente, o brasileiro é ‘machucado’ com essa história de deixar o dinheiro no banco. O imóvel sempre foi uma opção segura de investimento, seja com o aluguel ou com a venda com lucro após alguns anos”, diz.

Araújo afirma ainda que a Trisul tem empreendimentos com apartamentos de pequeno porte que são feitos pensando em vender para investidores. “Temos lançamentos de compactos que são vendidos majoritariamente, 80%, para investidores. Temos empreendimentos assim na Vila Mariana, Vila Clementino, Moema, Vila Madalena, Perdizes e Bela Vista”, diz o diretor.

Segundo o sócio-diretor da Inter Asset, Mauro Lima, o mercado imobiliário brasileiro começa a traçar uma trajetória rumo a um cenário similar ao dos Estados Unidos, onde mais de 40% dos imóveis residenciais pertencem a investidores ou fundos de investimento, que são oferecidos para locação. “Com um grande número de inquilinos e baixa vacância, o risco de inadimplência é baixo. Chega até a ser menor do que o de fundos imobiliários que têm apenas um cliente corporativo”, afirma Lima.

De olho em regiões fora do radar do mercado, a gestora Alianza Investimentos, que tem o fundo imobiliário ALZR 11, está captando recursos para um fundo de investimento imobiliário com ativos localizados na periferia da capital paulista. Dois empreendimentos na Vila Matilde, na Zona Leste, estão iniciando as obras. Cada um terá 150 apartamentos, com lançamentos previstos para o fim de 2025.
Compra e venda de imóveis

Se a locação dá mais retorno em imóveis de pequeno porte, são os grandes que têm vez no lucro com compra e venda. Segundo o estudo, os apartamentos grandes tiveram retorno de 14% aos investidores, diante de 9,1% dos menores.

Os bairros que mais se destacaram na análise foram Itaim Bibi e Sé com valorização em torno de 25% em cinco anos. Porém, mais oportunidades podem ser encontradas por pessoas que estão atentas às movimentações do poder público e do mercado imobiliário, segundo Campos.

“Entendendo mais sobre o desenvolvimento urbanístico, o plano diretor e de infraestrutura da cidade, dá para se antecipar à valorização dos imóveis em diferentes bairros de São Paulo. Com isso, é possível ter rentabilidade acima da média, tanto com aluguel ou com revenda”, diz Campos.

O estudo, porém, não considera separadamente os casos de leilões de imóveis, que tendem a ter retornos acima da média de mercado.

Vale a pena investir em imóveis?

Nos últimos cinco anos, o retorno dos investimentos em imóveis ficou aquém do desempenho de outras classes de ativos, como a renda fixa. Um imóvel de R$ 300 mil adquirido em 2019 subiu pra R$ 335,7 mil em 2023. Já um investimento de R$ 300 mil em ativos que pagam 100% do CDI no mesmo período alcançaram R$ 413,3 mil (descontando 15% sobre o lucro de ambos os casos). O lucro médio obtido com compra e venda de imóveis no período nem chega a repor a inflação. Para isso, o mínimo seria vender o imóvel de R$ 300 mil por R$ 398,4 mil.

“As comparações com renda fixa são ingratas, pelas condições macroeconômicas e políticas do Brasil. Nem sempre a Selic trouxe ganhos acima da média ao investidor. Houve momentos com a Selic a 2% ao ano e momentos em que os imóveis e fundos imobiliários renderam mais do que a Selic”, afirma Caio Nabucco de Araujo, analista da Empiricus.

Os investidores que optaram por investir no mercado imobiliário por meio da bolsa de valores, colocando suas economias em fundos imobiliários, tiveram retorno maior do que comprando propriedades em São Paulo nos últimos cinco anos. Segundo o índice Ifix, que considera os maiores fundos imobiliários negociados na bolsa de valores, a variação entre 2019 e 2023 foi de 39%.

Ou seja, quem aplicou os mesmos R$ 300 mil em fundos imobiliários teve, em média, um valor final de R$ 417 mil no ano passado. Os pagamentos mensais de dividendos desses fundos são isentos de imposto de renda, que é pago somente sobre a valorização das cotas ao longo do tempo e no ato da venda.

Segundo especialistas, antes de investir em imóveis, é preciso avaliar fatores como as despesas de manutenção e o risco de inadimplência, o que pode minar os lucros com o pagamento de contas como IPTU e condomínio. No caso de imóveis comprados via leilão, é preciso colocar na conta ainda o risco da demora do despejo do antigo ocupante e custos de reformas.

Valor - SP   05/02/2024

Otimismo com o setor aumentou, mas ainda está longe de ser o que era há dois anos

Pesquisa realizada com 148 executivos e empresários do mercado imobiliário mundial mostra que o otimismo com o setor aumentou, mas ainda está longe de ser o que era há dois anos.

O levantamento foi realizado durante evento anual do GRI Club, clube que reúne profissionais e líderes do setor, que ocorreu em janeiro na Suíça. Quatro brasileiros também participaram.

Perguntados sobre a visão da indústria imobiliária nos próximos 12 meses, 34% se disseram otimistas, ante 23% em 2023. Os altamente otimistas passaram de zero, no ano passado, para 1%. É um contraste sobre os 62% de otimistas e altamente otimistas encontrados em 2020 e os 63% de 2022. O levantamento não foi realizado em 2021.

O número de pessimistas se manteve similar entre o ano passado e este ano, passando de 24% para 23%. Diminuiu a parcela que afirma ter uma visão neutra — de 50% para 28%.

Melhores investimentos no mercado imobiliário

O investimento em ativos imobiliários para formação de data centers foi considerado o melhor para se estar envolvido nos próximos dois anos, votado por 54% dos participantes. Para o GRI, no entanto, essa preferência é mais aspiracional do que real, já que poucos participantes já tinham estratégias claras de como ou onde investir nesse tipo de imóvel.

Gustavo Favaron, brasileiro que é CEO global do GRI Club, destaca que o setor tem atraído desenvolvedores de ativos de logística. “Estão migrando seus canhões para os data centers”, afirma, apostando na curva de crescimento desse setor, que deve se manter ascendente nos próximos anos.

Com 43% da preferência, os hotéis também foram considerados bons ativos para se investir. Favaron pontua que as diárias têm se mantido altas pelo mundo e a demanda surpreendido, após o desafio enfrentado pelo setor na pandemia. Esse cenário ocorre inclusive no Brasil, afirma.

A terceira categoria imobiliária considerada mais atrativa no futuro próximo foi a de moradias compartilhadas, incluindo residências estudantis outros tipos de “coliving”. Recebeu o voto de 39% dos participantes. O segmento residencial veio em quarto lugar, com 36% da preferência.

Piores investimentos no mercado imobiliário

Os participantes também apontaram quais são as piores classes de ativos para os próximos dois anos. Os escritórios conquistaram 63% dos votos, ante apenas 30% em 2023.

A piora no segmento tem sido notada especialmente nos Estados Unidos e na Europa, afirma Favaron, onde se espera uma série de devoluções para os bancos de prédios corporativos e comerciais financiados por empresas do setor imobiliário, que sofrem com a vacância ainda alta, o aumento dos custos operacionais e dos juros.

“Fora do Brasil se trabalha muito alavancado, os bancos financiam 95% do ativo, aí os juros mudam, a parcela sobe, e não vão conseguir refinanciar”, diz. Segundo a plataforma Trepp, financiamentos bancários de imóveis comerciais que somam US$ 560 bilhões vão vencer nos EUA até o fim de 2025, como publicado pela “Bloomberg”.

É também, afirma Favaron, uma oportunidade para se comprar edifícios por valores baixos. As mesmas empresas que estão devolvendo prédios podem levantar capital para comprar outros ativos, baratos. “É o jogo do mercado imobiliário”.

O Brasil, apesar de ainda ter vacância alta em parte dos ativos de escritório, não vive a mesma realidade, diz. “Não tem linha de crédito nos bancos para financiar como nos Estados Unidos”, explica, o que acaba “protegendo” o setor de uma crise de devoluções.

O segundo pior segmento para se investir, de acordo com os executivos, é na área de imóveis comerciais, para varejo. Nesse caso, porém, a percepção melhorou no último ano, passado de 41% para 35%.

O terceiro pior segmento, que gerou surpresa, é o de galpões industriais e de logística. Em 2023, apenas 6% dos presentes apontaram o setor como um investimento ruim, ante 22% neste ano. “Houve um boom na pandemia, mas ele já passou”, afirma Favaron, ressaltando que é um setor que deve continuar com demanda por novos ativos, porque o consumidor está mais exigente com a velocidade de entrega.

No Brasil, o segmento também não vive mais uma explosão de crescimento, mas tem mantido taxas de vacância baixas, em cerca de 10%, e atraído fundos de investimento.

As principais ameaças ao setor, que “mantêm acordados” os participantes do evento, são conflitos geopolíticos, as altas taxas de inflação e de juros pelo mundo e uma possível volta de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, ao final deste ano.

Os conflitos em Taiwan, no Oriente Médio e na Ucrânia foram apontados como preocupantes por 61% dos entrevistados. Juros e inflação não deixam dormir 43% dos participantes, e Trump atrapalha o sono de 36% deles.

Apesar de ainda preocupar, Favaron afirma que juros e inflação eram os grandes temas do encontro em 2023, mas que perderem espaço. “Não que estejam em patamar bom para o mercado imobiliário, mas não há mais a sensação de que vão subir, nem ficar estacionados”, diz.

FERROVIÁRIO

Exame - SP   05/02/2024

Em alguns meses, os passageiros que viajarem pelo Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, poderão chegar até lá por meio de um aeromóvel que viajará a até 11 metros de altura. O transporte, chamado de "people mover", terá dois vagões com capacidade para 200 pessoas, em um trajeto de 2,7 quilômetros.

A obra, que teve início no governo passado, entrou no roteiro de visita de obras paulistas de ministros do presidente Lula, neste sábado, 3, com ministro-chefe da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), Alexandre Padilha; ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho; e o ministro de Transportes, Renan Filho. A previsão é que o aeromóvel comece a operar até julho deste ano.

"O aeromóvel será fundamental para melhorarmos a mobilidade urbana de Guarulhos", diz Silvio Costa, que acrescenta que o governo estuda a criação de um novo aeroporto em São Paulo para melhorar "o volume de investimentos no estado".

Orçada inicialmente em 272 milhões de reais, a obra deverá custar pouco mais de 300 milhões de reais, vindos de recursos federais e privados. O projeto foi fruto de um termo aditivo ao contrato de concessão do aeroporto de Guarulhos, firmado quando o agora governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, era ministro da Infraestrutura do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Como funciona o "people mover" de Guarulhos

O objetivo do aeromóvel é fornecer uma ligação direta entre os trens da CPTM e o aeroporto, que é o mais movimentado do país. Hoje, a estação de trem mais próxima dos terminais está a 2,5 km de distância. Quem vai ao Aeroporto de transporte público precisa pegar um ônibus operado pela concessionária GRU Airport, o que deixará de ser necessário com o "people mover".

Com capacidade de transportar 2.000 pessoas por hora, o aeromóvel contará com duas composições com capacidade de até 200 passageiros cada uma. O trajeto da CPTM até os três terminais levará seis minutos e será operado pelo AeroGRU – formado pelas empresas AEROM, HTB, FBS, e TS Infraestrutura – pelos próximos dez anos.

O sistema, que irá substituir os ônibus gratuitos que hoje ligam a CPTM aos terminais, é operado de forma automatizada por uma central de comando. Uma das vantagens é o baixo consumo energético, além da não emissão de poluentes, como o CO2.

Tecnologia de propulsão e início gradual

A tecnologia, que foi desenvolvida no Brasil e já opera no Aeroporto de Porto Alegre, faz o transporte dos vagões com um sistema automatizado de propulsão pneumática, que cria uma espécie "colchão de ar" ao longo da via, responsável pelo movimento do trem.

"É um sistema com apelo ambiental, porque do ponto de vista energético é muito eficiente, com gasto de 80% menos de energia", diz Marcus Coester, CEO da Aerom, que lidera o consórcio.

Coester explica que a construção da infraestrutura do aeromóvel "está praticamente concluída". A próxima etapa do projeto, explica ele, é a de comissionamento, que envolve a integração de oito subsistemas que compõem o transporte, como o de propulsão e o elétrico.

O projeto chegou a ser previsto para o primeiro trimestre deste ano, mas foi adiado para ser entregue até a metade de 2024. A operação, explica Coester, vai começar de forma gradual, primeiro com horário limitado e velocidade menor para, depois, chegar à capacidade total.

NAVAL

O Estado de S.Paulo - SP   05/02/2024

Dona de autorização para operar o maior terminal de contêineres do Sul do Brasil, no Porto de Navegantes, em Santa Catarina, e menor apenas do que os de Santos (SP), a Portonave começou, em janeiro, uma obra orçada em R$ 1 bilhão em seu cais. O investimento tem como objetivo tornar o porto capaz de receber navios de até 400 metros de comprimento, que são os maiores em circulação transportando cargas pelo mundo. Nesse espaço, cabem quase quatro gramados do Maracanã e 24 mil TEUs, a unidade de medida equivalente a um contêiner de 20 pés (6,09 metros), o padrão da indústria.

Para se ter a dimensão do porte desses navios, na quinta-feira, 1º, desembarcou no Porto de Santos o maior cargueiro que já chegou ao País, o MSC Natasha XIII, construído em 2018, com 366 metros de comprimento, e capacidade de 14,4 mil TEUs. Na última semana, também foi notícia o início da viagem do Icon of the Seas, o maior navio de cruzeiro do mundo, que tem 365 metros, que saiu de Miami, Flórida, no sábado, 27. Já a Vale, nos últimos anos, passou a operar supernavios de minério, que são graneleiros com capacidade de suportar mais peso que uma embarcação de contêineres, mas que não ultrapassam os 362 metros de comprimento.

Na Portonave, em Navegantes, o maior navio a já atracar foi o APL Yangshan, do armador CMA CGM, com 347 m de comprimento e capacidade de 10.800 TEUs. “Essa é a nossa capacidade atual. Precisamos capacitar o nosso terminal para receber a geração de navios de 366 metros. Então, estamos adequando já para até 400 metros”, afirma o diretor-superintendente da Portonave, Osmari de Castilho Ribas. “Os navios de 400 metros não devem chegar em curto prazo, mas temos de olhar para o longo prazo. Temos autorização do terminal, não uma concessão ou arrendamento, e ela se renova automaticamente a cada 25 anos.” A Portonave começou a operar em 2007, como o primeiro terminal privado de contêineres do País.

As obras atuais, as maiores, desde o início do seu negócio, devem levar 27 meses e serão executadas em duas fases. Enquanto um lado, de 450 metros, do porto estará em obras, o outro seguirá em operação normalmente, para não comprometer fortemente as atividades. “Esse mercado exige investimentos permanentes em infraestrutura”, diz Ribas. O Porto de Santos também está em ciclo de investimentos para permitir a atracagem de navios de 400 metros.

Obras como essas envolvem não apenas a infraestrutura portuária, mas também demandam dragagem para aprofundamento dos canais, já que as embarcações de maior porte possuem também um maior calado - a parte do casco que fica submersa.

Segundo informações do Ministério de Portos e Aeroportos, atualmente 19 portos brasileiros estão aptos para receber navios com mais de 300 metros - incluindo Santos, Navegantes, Paranaguá, Pecém, Fortaleza, Suape e Açu -, além de alguns terminais aquaviários da Transpetro, subsidiária da Petrobras para logística e transportes.

O Porto de São Sebastião (SP), por exemplo, ainda não recebe navios com este comprimento, porém, na modelagem para o seu futuro arrendamento, está previsto o investimento para construção de novo berço de atracação que será capaz de receber navios de até 400 metros, informa o Ministério. Já o Porto do Rio de Janeiro iniciou em dezembro a dragagem que permitirá receber navios de 366 metros. Já o Porto de Fortaleza Docas (CE), que recebe atualmente embarcações de até 300 metros, contratou estudos para indicar a viabilidade e quais obras precisarão ser realizada para uma ampliação da capacidade.

Todos esses possíveis investimentos serão beneficiados pela renovação até 2028 do Regime Tributário para Incentivo à Modernização e à Ampliação da Estrutura Portuária (Reporto), anunciada pelo governo na terça-feira, 23. O programa pode representar uma desoneração de até R$ 5 bilhões em um período de cinco anos, segundo o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho.

Implementado em 2004, o Reporto isenta empresas do pagamento do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), da Contribuição para o PIS/Pasep, da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) e do Imposto de Importação. A previsão era que os benefícios fiscais seriam extintos no ano passado.

“Foi importante essa prorrogação para os investimentos acontecerem, até para não se inibir os aportes. Pelo mundo, não se tributa investimentos em infraestrutura. Essa é até a espinha dorsal da reforma tributária”, diz o diretor-presidente da Associação Brasileira dos Terminais Portuários (ABTP), Jesualdo Conceição da Silva. “Além disso, o Reporto tem um impacto de menos de 1% nos gastos fiscais federais.”

Para a ABTP, esses incentivos são necessários para que os investimentos no setor portuário alcancem a meta de R$ 54,8 bilhões, até 2026, prevista no novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Em torno de R$ 44 bilhões deste valor seriam relacionados a investimentos privados.

Operações em Navegantes

A Portonave é controlada em sua totalidade, desde 2017, pela empresa suíça de transportes marítimos MSC. Naquele ano, por meio de sua controlada Terminal Investment Limited (TIL), a companhia europeia comprou os 50% de participação na Portonave que pertenciam ao grupo brasileiro Triunfo Participações e Investimentos.

A Portonave ganhou em 2001 a autorização para operar o Porto de Navegantes, o maior terminal portuário privado do País, e que fica atrás apenas dos terminais do Porto de Santos. Entre janeiro e novembro de 2023, ela representou 15,4% do mercado de movimentação de contêineres no Brasil, segundo a consultoria especializada no modal marítimo Datamar.

Para conseguir isso, o porto movimentou 1,3 milhão de TEUs no ano inteiro, o que representou um crescimento de 10% em relação a 2022. O resultado recorde para o terminal foi alcançado mesmo após as fortes chuvas ocorridas no Sul, em outubro e novembro, terem obrigado a operação a ser interrompida por mais de 20 dias.

Em exportações, a Portonave registrou a terceira maior movimentação do ano, atrás de Santos e Paranaguá, e, em importações, perdeu apenas para Santos. A China e os Estados Unidos foram tanto os principais destinos para exportações quanto as origens de importações. O pódio foi completado pelo México, em exportações, e pela Colômbia, em importações.

No ano passado, os principais produtos de exportação foram madeiras e seus derivados (41%), carnes congeladas e seus derivados (32%) e papel (5%). Na importação, a Portonave recebeu principalmente plásticos e derivados (17%), têxteis (11%) e maquinário (10%), muito disso utilizado pela indústria catarinense.

Além de contêineres, a Portonave movimentou cargas especiais, como motores, lanchas e até mesmo aviões. Foram três operações de caças suecos Gripen F-39, encomendados pela Força Aérea Brasileira (FAB). A proximidade, a apenas 10 minutos de trajeto, do Aeroporto de Navegantes possibilitou a escolha do porto para receber essas cargas.

A Tribuna - SP   05/02/2024

Modernização, incremento de infraestrutura, avanço tecnológico e a construção de novos empreendimentos. Ao chegar em 2024 completando 132 anos, o Porto de Santos relembra os desafios, ao mesmo tempo em que idealiza o futuro. E os próximos anos prometem ser de constante evolução, desde que o complexo esteja pronto para atender a demanda.

Há muito o que ser feito, mas as metas já foram traçadas, assim como obras estão sendo planejadas. Será uma década de grandes investimentos, inclusive com a perspectiva de que sonhos saiam do papel, como o túnel Santos-Guarujá, o primeiro da lista da Autoridade Portuária de Santos (APS) quando se trata do destino do cais santista em médio e longo prazos.

Não é à toa que as autoridades escolheram esta sexta-feira, dia do aniversário do Porto, para assinar o termo de cooperação técnica para a execução das obras do túnel. O documento será firmado pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas (Republicanos), e o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, em visita a Santos. O valor previsto para execução do serviço é de R$ 6 bilhões.

O termo de cooperação busca consolidar a parceria entre os governos Federal e Estadual, de forma a delinear as ações e agenda necessárias para construção do empreendimento. A ligação entre as duas margens do cais santista vai melhorar o fluxo de pedestres entre as cidades, além de permitir mais segurança às embarcações.

Pelo projeto de engenharia, o túnel será construído em uma profundidade de cerca de 20 metros no canal de Santos. Estão previstas três faixas por sentido, além de integração com Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), ciclovia e passagem urbana. Quando for concluída, a estrutura deverá ser utilizada por 78 mil pessoas por dia, que vão circular pelos 860 metros de extensão. À princípio, o acesso ao túnel está previsto, em Santos, na altura do Cais da Marinha, no Macuco, entre os armazéns 27 e 29, e, em Guarujá, na região da Prainha.

A Tribuna - SP   05/02/2024

Três letras ganharam destaque no universo corporativo nos últimos anos: ESG (sigla em inglês para Environmental, Social and Governance, ou Ambiental, Social e Governança). O significado do termo é amplo e envolve o risco financeiro do negócio e dos investimentos. E apesar da importância de analisar o contexto geral da tríade, é a sustentabilidade que chama a atenção, sobretudo em setores cujas emissões de CO2 geram preocupação e precisam ser constantemente mitigadas. Isso sem contar o fato de o Brasil ser um dos maiores emissores de gases de efeito estufa, com cerca de 2 bilhões de toneladas de gás carbônico por ano.

O setor portuário está inserido nesse cenário, de forma que a descarbonização e a transição energética dos portos estiveram no centro da pauta da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) na COP28, a Conferência Climática da ONU, realizada no final do ano passado. Além disso, a Câmara dos Deputados também aprovou em dezembro a proposta que regulamenta o mercado de carbono no Brasil (PL 2.148/15). O texto cria o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE), estabelecendo tetos para emissões e um mercado de venda de títulos.

No Porto de Santos, os terminais estão atentos às mudanças e têm feito a lição de casa com foco na preservação do meio ambiente. De modo geral, a Autoridade Portuária de Santos (APS) apontou a produção de hidrogênio verde a partir da Usina de Itatinga como a principal proposta em médio prazo. Em curto prazo, há a adoção de descontos tarifários para os chamados “navios verdes”.

A lista de prioridades da estatal também inclui a adesão ao Pacto Global da ONU e medidas ESG, tanto concretas (diminuição de resíduos e destinação adequadas deles) como de conscientização, sendo o carro-chefe a jornada ESG e o manifesto ESG, encabeçado pela APS e aderido pela maioria das empresas do complexo santista.

IstoÉ Dinheiro - SP   05/02/2024

O diretor-presidente da Autoridade Portuária do Porto de Santos (SPA), Anderson Pomini, afirmou que em 2023 o Porto de Santos transportou 174 milhões de toneladas. “Hoje o porto gera 50 mil empregos diretos, somos 30% da corrente comercial do Brasil, estamos conectados com 200 países e podemos mais”, disse em evento no Porto de Santos nesta sexta-feira, 2.

Segundo Pomini, durante a cerimônia, devem ser anunciados R$ 7 bilhões em investimentos “para melhorar a infraestrutura do porto, principalmente para logística”.

Ele também avaliou como “muito positivo” o acordo entre o governo de São Paulo e o governo federal para a construção do túnel que ligará Santos e Guarujá.

A Tribuna - SP   05/02/2024

O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) buscará investimentos e expertise junto a grupos empresariais internacionais para projetos de infraestrutura de grande porte, inclusive o túnel Santos-Guarujá, na próxima semana. A comitiva paulista cumprirá uma agenda de reuniões na Espanha, Itália e França voltada a leilões, concessões e parcerias entre segunda e sexta-feiras. Tarcísio comentou sobre a intenção de buscar recursos na Europa, sexta-feira (2), na sede da Autoridade Portuária de Santos (APS), onde participou da cerimônia em comemoração aos 132 anos do Porto de Santos ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“Há empresas especializadas, com trabalhos relevantes em alguns países, como o túnel da baía de Sydney (Austrália). Temos outros operadores na Holanda, na França, na Espanha, ou seja, empresas que têm competência e experiência. A ideia é mobilizar operadores lá fora para projetos que virão”, disse Tarcísio.

A visita a Santos consolidou uma parceria com o Governo Federal com o intuito de alavancar uma série de obras de infraestrutura, tendo como carro-chefe o túnel Santos-Guarujá. Contudo, o termo de cooperação técnica que oficializaria a parceria entre os governos de São Paulo e Federal não foi assinado por “necessidade de ajustes de ordem jurídica no documento”.

O governador explicou os efeitos do documento, quando assinado. “Esse termo possibilitará fazermos uma audiência pública conjunta. A ideia é que essa audiência seja estruturada pelas duas agências, a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) e Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp)”.

A intenção, de acordo com Tarcísio, é iniciar as audiências públicas a partir de março. “Vamos fazer a apresentação em sessões presenciais, colher as sugestões de todos para que a possa ter o melhor projeto possível. Digamos que a gente já tem um projeto bem maduro, que foi analisado por certificadores experientes neste tipo de investimento. É um projeto que, do ponto de vista de geometria, agrega aquilo que a gente precisava para o transporte de carga e de passageiros, a gente vai conseguir fazer a transposição do VLT de Santos para Guarujá, o que é importante do ponto de vista da mobilidade no transporte público”.

O governador ressaltou que “o capital sempre procura boas oportunidades, bons projetos”. “Quem enxerga na frente, consegue induzir e mobilizar mais rápido”.

O Governo do Estado pretende oferecer 13 projetos em leilões ao longo de 2024. Entre eles, estão o Trem Intercidades Eixo Norte, que vai ligar a cidade de São Paulo à Campinas, e concessões e parcerias de infraestrutura rodoviária e ferroviária, além das desestatizações da Sabesp e da Empresa Metropolitana de Águas e Energia (Emae).

De acordo com a Secretaria Estadual de Parcerias em Investimentos (SPI), a carteira de projetos de concessões, desestatizações e parcerias da gestão estadual é estimada em mais de R$ 220 bilhões em investimentos do setor privado.

Agenda na Europa

Na segunda-feira, a comitiva terá encontros de negócios com diretores dos grupos Acciona, Santander e Sacyr em Madri, na Espanha. Na terça, as reuniões com executivos das organizações Gavio e Ghella ocorrerão em Milão, na Itália. Entre quarta e sexta-feiras, em Paris, na França, Tarcísio participará de encontros com diretores de empresas sediadas na Alemanha.

PETROLÍFERO

Valor - SP   05/02/2024

O contrato futuro do petróleo Brent para abril caiu 1,74%, a US$ 77,33 o barril, e o do WTI para março recuou 1,54%, a US$ 72,28 o barril

Os preços do petróleo fecharam em queda forte nesta sexta-feira (2), pressionados pela disparada do dólar depois que o relatório oficial do mercado de trabalho dos EUA, o chamado "payroll", mostrou um forte crescimento dos empregos em janeiro.

No fechamento, o contrato futuro de petróleo Brent, a referência mundial, para abril caiu 1,74%, a US$ 77,33 o barril. Já o contrato futuro de WTI, a referência americana, para março recuou 1,54%, a US$ 72,28 o barril. Com a queda de hoje, os preços voltaram ao patamar de um mês atrás.

O "payroll" revelou a abertura de 353 mil vagas em janeiro, além de adicionar mais 126 mil vagas referentes a revisões altistas nos relatórios de novembro e dezembro, o que mostrou que o mercado de trabalho segue mais resiliente do que o esperado. Com isso, as expectativas de cortes de juros em março evaporaram.

A aceleração do dólar fez o petróleo perder os primeiros ganhos registrados depois de vários dias de queda. Por volta das 17h15 (horário de Brasília), o índice DXY subia 0,85%, a 103,92 pontos.

Pela manhã, o petróleo subia, impulsionado pela decisão da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) de manter os cortes voluntários de produção até a próxima reunião em março, quando a questão será novamente analisada.

Na semana, o petróleo registrou forte queda. O Brent caiu 7,03% e o WTI recuou 7,65% no período. A pressão veio de preocupações com a economia chinesa, informações de que o Hamas e Israel assinariam um acordo de cessar-fogo, retirando o prêmio de risco dos preços, e do aumento dos estoques americanos.

Valor - SP   05/02/2024

Montante supera os R$ 7 bilhões captados pela Eletrobras em agosto de 2023 em uma das mais emblemáticas ofertas do ano

A Nova Transportadora do Sudeste (NTS) se prepara para uma das maiores emissões de debêntures da história do mercado de dívida brasileiro. A companhia, que transporta gás natural e é responsável pelo gasoduto Brasil-Bolívia, pretende captar nas próximas semanas R$ 8 bilhões com uma oferta voltada a investidores institucionais.

O montante supera os R$ 7 bilhões captados pela Eletrobras em agosto de 2023 em uma das mais emblemáticas ofertas do ano.

Os recursos da NTS serão usados em uma operação estruturada. Todo o volume será investido em um fundo exclusivo que vai comprar R$ 8,6 bilhões em títulos de dívida (notas) que serão emitidos por acionistas da NTS. Os principais acionistas da empresa hoje são um fundo gerido pela Brookfield Asset Management, com 91,5%, e a Itaúsa, com 8,5%.

Em relatório sobre a transação, a agência de classificação de risco Fitch destaca que a remuneração que será recebida pelas notas dos acionistas é 80 pontos-base acima do custo das debêntures. Esse recebimento, porém, estará associado ao pagamento de dividendos da NTS aos acionistas.

A oferta será feita em três séries com vencimento em cinco, sete e dez anos. A remuneração será definida após a coleta de intenções dos investidores, mas o plano da NTS é pagar CDI e um spread máximo de 1,2% na série mais curta, de 1,4% na intermediária e de 1,7% na mais longa.

O nível das taxas pode ser considerado baixo se comparado, por exemplo, à mais recente operação da companhia, feita em 2022, e que teve o mesmo perfil de prazo. Na ocasião, a NTS captou R$ 3,5 milhões.

Segundo a Fitch, a emissão de R$ 8 bilhões deve elevar o índice de alavancagem da companhia, que passará de 2,7 vezes a 3 vezes até 2028. A partir de 2029, porém, a tendência é de declínio, com o início das amortizações do principal da operação estruturada.

A alocação dos investidores será feita na próxima sexta-feira, dia 9, e a liquidação no dia 16. Atuam na operação o Itaú BBA, como coordenador líder, o Bradesco BBI, o Santander e o BTG Pactual.

Maiores operações

Considerando ofertas no mercado primário e secundário, a maior operação envolvendo debêntures feita nos últimos cinco anos é da Vale. A mineradora captou R$ 11,47 bilhões em abril de 2021 com a venda de títulos participativos que pertenciam ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), à BNDESPar e à União.

Outra companhia que movimentou grandes volumes com debêntures foi a Celg-D, do grupo Energisa. Em uma operação no início de 2023 no mercado primário, a companhia captou R$ 7 milhões em títulos. Os recursos foram usados para pagamento de dívidas.

Outra companhia que levantou volumes vultuosos com o instrumento de dívida foi a Celg-D, do grupo Equatorial, com uma captação de R$ 7 bilhões no começo de 2023.

Valor - SP   05/02/2024

Receitas caíram 16%, para US$ 47,1 bilhões entre outubro e dezembro

A Chevron registrou lucro líquido de US$ 2,25 bilhões no quarto trimestre de 2023, queda de 64,4% na comparação anual. As receitas da petrolífera americana somaram US$ 47,1 bilhões entre outubro e dezembro, redução de 16,4% sobre o mesmo período de 2022.

“Em 2023, tivemos recorde de produção de petróleo e gás e devolvemos uma quantia histórica de dinheiro aos nossos acionistas”, diz Mike Wirth, diretor-presidente da Chevron, em nota. Ele destaca também as aquisições que a empresa fez em 2023.

A produção da Chevron no trimestre final de 2023 foi de 3,39 milhões de barris de óleo equivalente por dia, alta de 12,6% na comparação anual. Em 2023, a média de produção ficou em 3,12 milhões de barris de óleo equivalente por dia.

Em 2023, o lucro da Chevron foi de US$ 21,3 bilhões, queda de 39,7% na comparação com o calendário anterior. As receitas entre janeiro e dezembro somaram US$ 200,9 bilhões, diminuição de 18,4% em um ano.

A companhia retornou US$ 26,3 bilhões aos acionistas ao longo de 2023, sendo US$ 11,3 bilhões em dividendos e US$ 14,9 bilhões na forma de recompra de ações. Nesta sexta-feira, anunciou um aumento de 8% nos dividendos, a US$ 1,63 por ação, a partir de março.

O lucro por ação ajustado de US$ 3,45 ficou acima do esperado por analistas ouvidos pela FactSet em US$ 3,19. Já as receitas ficaram abaixo da projeção de US$ 50,9 bilhões.

O Estado de S.Paulo - SP   05/02/2024

O Brasil ultrapassou pela primeira vez, no ano passado, a média anual de produção de 4 milhões de barris de óleo equivalente por dia, (boe/d), atingido 4,344 milhões de boe/d, informou a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). O pré-sal foi responsável por 75,18% desse total, com 3,304 boe/d.

Segundo a ANP, o recorde ficou 11,69% acima do anterior, alcançado em 2022. Houve recorde nas produções separadas de petróleo, com 3,402 milhões de barris por dia (bbl/d), 12,57% acima do valor de 2022 (de 3,022 milhões de bbl/d); e de gás natural, com 150 milhões de metros cúbicos por dia (m3/d), cerca de 8,7% maior do que a observada no ano anterior (de 138 milhões de m3/d).

Apenas em dezembro, foram produzidos 4,570 milhões de boe/d de petróleo e gás natural. Separadamente, a produção foi de 3,585 milhões de bbl/d de petróleo, uma diminuição de 2,5% com relação a novembro de 2023 e um aumento de 16,6% em comparação a dezembro do ano anterior; e de 156,618 milhões de m³/d de gás natural, uma redução de 3,4% comparando com o mês anterior e um crescimento de 11,8% em relação ao mesmo mês de 2022.

A produção do pré-sal, decorrente de 150 poços, foi de 2,742 milhões de bbl/d de petróleo e 118,34 milhões de m3/d de gás natural, totalizando 3,487 milhões de boe/d, uma queda de 2,7% em relação ao mês anterior e aumento de 16,8% se comparada ao mesmo mês de 2022.

Em dezembro, a produção do pré-sal correspondeu a 76,3% do total produzido no Brasil. O aproveitamento de gás natural no mês foi de 97,8%, disponibilizando ao mercado 51,77 milhões de m3/d de gás. Já a queima foi de 3,39 milhões de m3/d, tendo redução tanto na comparação com o mês anterior (-7,4%) quanto com o mesmo mês de 2022 (-8,5%).

Com relação à origem da produção, os campos marítimos produziram 97,7% do petróleo e do gás natural do país. A produção ocorreu em 6.546 poços, sendo 539 marítimos e 6.007 terrestres. Os campos operados pela Petrobras, em consórcio ou não, produziram 88% do petróleo e gás natural.

AGRÍCOLA

Agência Brasil - DF   05/02/2024

A cidade de Apodi, no Rio Grande do Norte, inicia nesta sexta-feira (2) uma parceria de cooperação agrícola com a China para aumentar a produtividade de propriedades da agricultura familiar, com o lançamento da Unidade Demonstrativa Brasil-China de Cooperação em Desenvolvimento Agrícola. O programa prevê a testagem de 31 máquinas chinesas, em assentamentos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), cooperativas e em unidades de agricultura familiar.

A expectativa é que a introdução do maquinário aumente a eficiência, em diferentes estados da Região Nordeste, a partir dos tipos de solo e sistemas produtivos.

O acordo, fechado entre brasileiros e a Universidade Agrícola da China, prevê um período de testes para identificar os itens do maquinário que se adaptam ao dia a dia da produção em território nacional.

Das 31 máquinas, 11 serão entregues ao MST no Rio Grande do Norte. O maquinário também será enviado para Ceará, Maranhão e Paraíba, onde serão realizadas as testagens de eficiência nos diferentes tipos de solo e sistemas produtivos. O objetivo é que, futuramente, os equipamentos sejam produzidos no Brasil.

“O ato é resultado da parceria estratégica do Brasil com a China para fortalecer a mecanização agrícola na agricultura familiar e nas áreas reforma Agrária, contribuindo na produção de alimentos saudáveis”, informou o MST.

Segundo o movimento, a relação entre brasileiros e chineses tem se estreitado desde 2022. A parceria conta com apoio da Associação Internacional para a Cooperação Popular (AICP), da Universidade Agrícola da China, da Associação de Fabricantes de Máquinas Agrícolas e do governo federal, que oferece financiamento a partir do programa Mais Alimentos.

Na programação marcada para o final da tarde desta sexta-feira, está prevista a realização de uma visita ao campo de demonstração das máquinas chinesas e logo em seguida a realização de um ato político no centro de Apodi. O evento contará com a presença da Universidade Agrícola da China, da Associação Chinesa de Indústrias de Mecanização Agrícola e representantes de sete diferentes empresas de máquinas agrícolas chinesas, que já estão no Brasil.

Também participam do lançamento a governadora do estado, Fátima Bezerra, o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, o ministro Secretária Geral da Presidência, Márcio Macedo, a ministra Luciana Santos das Ciências, Tecnologia e Inovação, além e instituições governamentais e empresas públicas.

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