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04 de Dezembro de 2023

SIDERURGIA

IstoÉ Online - SP   04/12/2023

A Gerdau venceu o leilão para desmantelamento e reciclagem da plataforma P-33, unidade de produção anteriormente utilizada pela Petrobras no Campo de Marlim, na Bacia de Campos (RJ). O valor da transação, contudo, não foi divulgado pela companhia.

A empresa afirma que utilizará a sucata metálica – que tem cerca de 45.000 toneladas – como matéria-prima para a produção de aço na unidade industrial de Charqueadas (RS), enquanto outros materiais, não metálicos, serão descartados corretamente, alcançando praticamente 100% de reciclagem da unidade.

Esta é a segunda plataforma descomissionada pela Petrobras e arrematada pela Gerdau para desmantelamento sustentável no Brasil. Em julho, a companhia adquiriu a plataforma P-32, unidade do sistema de produção utilizada pela Petrobras na Bacia de Campos (RS).

“Ao realizar esse trabalho de desmantelamento de plataformas, retiramos um volume significativo de materiais dos mares brasileiros, além de ampliarmos nossa disponibilidade de sucata metálica, que será transformada em aço de baixa emissão carbono, infinitamente e 100% reciclável”, avalia Carlos Vieira, diretor de matéria-prima e florestas da Gerdau.

Segundo ele, os destamantelamentos devem gerar aproximadamente 200 empregos no Estado do Rio Grande do Sul.

Anualmente, a Gerdau transforma mais de 11 milhões de toneladas de sucata metálica em aço, com cerca de 71% do aço produzido pela companhia proveniente do processo de reciclagem. Uma das fontes de geração de sucata metálica é o desmantelamento de plataformas, como a P-32 e P-33, e de navios.

Valor - SP   04/12/2023

Administração federal avalia possíveis impactos que elevação teria sobre cadeias industriais no Brasil

O governo federal tem avaliado nos últimos dias os efeitos que uma possível elevação do imposto de importação sobre 18 tipos de aço teria sobre as cadeias industriais no Brasil. O tema ganhou relevância nas últimas semanas, com o aumento das importações de aço vindas da China, e vem opondo dois setores da indústria nacional.

De um lado, estão os produtores brasileiros de aço, que alegam estar sendo prejudicados pelas importações baratas originárias do país asiático. Do outro, fabricantes de automóveis, máquinas e equipamentos, eletrônicos, entre outros, que afirmam que o aumento do imposto elevaria também o preço final dos bens.

“Não é uma solução simples de ser tomada”, diz uma fonte do governo federal. “O aço é um componente importante na produção de máquinas, equipamentos, automóveis, linha branca.”

Governo e representantes tanto das empresas quanto dos trabalhadores se reuniram na semana passada “para compreender e visualizar o impacto que uma mudança tarifária teria”, de acordo com a fonte.

Do lado do governo, participaram integrantes dos ministérios da Fazenda, do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) e da Casa Civil. Do setor privado, representantes de Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças), Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Associação Brasileira das Indústrias de Tubos e Acessórios de Metal (Abitam) e Central Única dos Trabalhadores (CUT), entre outros.

Em setembro, a Câmara de Comércio Exterior (Camex), responsável pela decisão de aumentar ou não o imposto, já tinha elevado em 10% a taxa que incide sobre 12 produtos siderúrgicos vindos do exterior. O aumento foi uma reversão de corte realizado no ano passado. Como justificativa, o Mdic, ao qual a Camex está ligada, afirmou que a alta foi uma “resposta às preocupações da indústria nacional de aço, dado o aumento substancial das importações a preços muitas vezes objeto de práticas desleais nos últimos anos”.

“Diversos países têm adotado políticas restritivas para barrar tais importações, o que leva na prática ao redirecionamento dessas importações para países como o Brasil”, disse na ocasião.

ECONOMIA

O Estado de S.Paulo - SP   04/12/2023

A taxa de inflação no Brasil continua a apresentar um comportamento bastante positivo. Nesta semana, foi divulgada a prévia da taxa de inflação do País, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), que mostrou variação de 0,33% no mês de novembro. As expectativas dos analistas apontavam para uma variação de 0,30% nos preços. Em 12 meses, o IPCA-15 foi de 4,84%, desacelerando em relação ao mês de outubro, quando atingiu 5,05% ao ano e nível próximo ao limite superior do intervalo de metas, de 4,75%.

A composição do índice teve aspectos negativos e positivos. Os negativos foram a aceleração da difusão dos aumentos de preços, que passou de 47,15% em outubro para 54,77% em novembro, além de uma pequena aceleração das taxas de inflação de serviços, serviços subjacentes, preços livres e da média dos núcleos de inflação.

Do lado positivo, as médias móveis trimestrais dessazonalizadas e anualizadas, que são um bom indicador da taxa de inflação na margem, tanto do IPCA-15 cheio quanto da média dos núcleos da inflação, continuaram em trajetória de queda, aproximando-se da meta de 3,25% ao ano. A título de comparação, este indicador de inflação, em março, estava rodando próximo a 8% ao ano.

O comportamento da taxa de inflação no Brasil mostra a importância da autonomia do Banco Central (BC) para o sucesso da política monetária e o controle da taxa de inflação. Ao longo do primeiro semestre de 2023, o presidente da República tentou revogar a autonomia do Banco Central e fez várias ameaças de intervenção nas decisões da autoridade monetária quanto à trajetória da taxa de juros. Segundo o presidente, a taxa de juros estaria excessivamente alta e fatalmente levaria a uma forte recessão.

Ao se recusar a rediscutir a autonomia do Banco Central, o Legislativo reforçou a autoridade da instituição, que manteve a taxa básica de juros em níveis elevados (13,75% ao ano) até que a taxa de inflação sinalizasse claramente que havia entrado em trajetória de desaceleração, o que ocorreu a partir de abril.

Com a inflação em queda por quatro meses consecutivos, foi possível ao Comitê de Política Monetária (Copom) iniciar, de forma segura, o processo de queda da Selic em agosto de 2023, com reduções de 0,5 ponto de porcentagem, indicação de quedas adicionais de mesma magnitude nas três reuniões subsequentes e perspectiva de fechar o atual ciclo de queda próximo de 10% ao ano. Sem autonomia, isso certamente não seria possível.

Agência Brasil - DF   04/12/2023

Beneficiada pela queda nas importações de combustíveis e compostos químicos e pela safra recorde de soja, a balança comercial – diferença entre exportações e importações – fechou novembro com superávit de US$ 8,776 bilhões, divulgou nesta sexta-feira (1º) o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). O resultado é o melhor para meses de novembro e representa alta de 41,5% em relação ao mesmo mês do ano passado, pelo critério da média diária.

Com o resultado de novembro, a balança comercial acumula superávit de US$ 89,285 bilhões em 2023, maior resultado para o período desde o início da série histórica, em 1989. Desde agosto, o saldo positivo acumulado supera o superávit comercial recorde de US$ 61,525 bilhões de todo o ano passado.

Em relação ao resultado mensal, as exportações ficaram estáveis, enquanto as importações despencaram em novembro. No mês passado, o Brasil vendeu US$ 27,82 bilhões para o exterior, alta de 0,6% em relação ao mesmo mês de 2022 pelo critério da média diária. As compras do exterior somaram US$ 19,044 bilhões, recuo de 11,2% pelo mesmo critério.

Do lado das exportações, a safra recorde de grãos e a recuperação do preço do minério de ferro compensaram a queda internacional no preço de algumas commodities (bens primários com cotação internacional). Do lado das importações, o recuo no preço do petróleo, de derivados e de compostos químicos foi o principal responsável pela retração.

Após baterem recorde no primeiro semestre do ano passado, após o início da guerra entre Rússia e Ucrânia, as commodities recuaram nos últimos meses. Apesar da subida do petróleo e de outros produtos em novembro, os valores continuam inferiores aos do mesmo mês do ano passado.

No mês passado, o volume de mercadorias exportadas subiu 5,1%, enquanto os preços caíram 4% em média na comparação com o mesmo mês do ano passado. Nas importações, a quantidade comprada caiu 1,8%, e os preços médios recuaram 9%.
Setores

No setor agropecuário, a safra recorde de grãos pesou mais nas exportações. O volume de mercadorias embarcadas subiu 46,6% em novembro na comparação com o mesmo mês de 2022, enquanto o preço médio caiu 15,2%. Na indústria de transformação, a quantidade subiu 5%, com o preço médio recuando 2,2%. Na indústria extrativa, que engloba a exportação de minérios e de petróleo, a quantidade exportada caiu 6,5%, enquanto os preços médios caíram 0,7%.

Os produtos com maior destaque nas exportações agropecuárias foram soja (+76%); frutas e nozes não oleaginosas (+81,6%) e animais vivos, exceto pescados ou crustáceos (+12,2%). Em valores absolutos, o destaque positivo é a soja, cujas exportações subiram US$ 1,178 bilhão em relação a novembro do ano passado. A safra recorde fez o volume de embarques de soja aumentar 105,8%, mesmo com o preço médio caindo 14,5%.

Na indústria extrativa, as principais altas foram registradas em minérios de ferro e concentrados (+27,5%) e pedra, areia e cascalho (+37,7%). No caso do ferro, a quantidade exportada aumentou 5,6%, e o preço médio subiu 20,7%, puxados principalmente pelos estímulos para a economia chinesa.

Quanto aos óleos brutos de petróleo, também classificados dentro da indústria extrativa, as exportações caíram 7,4%. Os preços médios recuaram 8,2% em relação a novembro do ano passado, enquanto a quantidade embarcada aumentou apenas 0,9%.

Na indústria de transformação, as maiores altas ocorreram em açúcares e melaços (+36,8%), farelos de soja (+15,3%) e carne bovina (+11%). A crise econômica na Argentina, principal destino das manufaturas brasileiras, também interferiu no recuo das exportações dessa categoria.

Entre os importados, os produtos que tiveram os maiores recuos foram trigo e centeio não moídos (-30,3%); milho não moído, exceto milho doce (-40,1%) e látex e borracha natural (-60,6%), na agropecuária; óleos brutos de petróleo (-35,4%) e gás natural (-11,4%), na indústria extrativa; e compostos organoinorgânicos (-46,9%) e válvulas e tubos termiônicos (-25,4%), na indústria de transformação.

Quanto aos fertilizantes, cujas compras do exterior ainda são impactadas pela guerra entre Rússia e Ucrânia, as importações subiram 2,7% na comparação com novembro do ano passado. No entanto, o crescimento seria maior não fosse a diminuição de 37,7% nos preços. A quantidade importada subiu 64,7%.
Estimativa

Apesar da desvalorização das commodities, o governo prevê saldo positivo recorde de US$ 93 bilhões, contra projeção anterior de US$ 84,7 bilhões, feita em julho.

Segundo o MDIC, as exportações ficarão estáveis em 2023, subindo apenas 0,02% e encerrando o ano em US$ 334,2 bilhões. As estimativas são atualizadas a cada três meses. As importações recuarão 11,5% e fecharão o ano em US$ 241,1 bilhões.

As previsões estão um pouco mais otimistas que as do mercado financeiro. O boletim Focus, pesquisa com analistas de mercado divulgada toda semana pelo Banco Central, projeta superávit de US$ 83,05 bilhões neste ano.

IstoÉ Dinheiro - SP   04/12/2023

O diretor de Estatísticas e Estudos de Comércio Exterior do Ministério de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Herlon Brandão, destacou nesta sexta-feira, 1º de dezembro, que a China continua como destaque no destino das exportações brasileiras, atingindo 32,1% de participação em novembro (no grupo com Hong Kong e Macau), ante 25,4% registrada no ano passado.

Em valores vendidos, o aumento foi de 27,5% na comparação com igual mês em 2022.

No detalhamento de produtos que tiveram boa performance de vendas em novembro, Brandão ressaltou a soja, que, apesar da entressafra, teve valor de exportação 76% maior que o registrado em igual período do ano passado.

As exportações de aeronaves e equipamentos também foi destacada pelo técnico, já que os desembarques apresentam uma recuperação em relação a 2022, com uma alta de 28,2% no acumulado do ano.

O Estado de S.Paulo - SP   04/12/2023

RIO - A indústria brasileira iniciou o quarto trimestre estagnada. A produção cresceu apenas 0,1% em outubro ante setembro, após já ter ficado estável (0,0%) no mês anterior. Os dados são da Pesquisa Industrial Mensal - Produção Física, divulgados nesta sexta-feira, 1º, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“Os resultados da produção industrial até outubro foram caracterizados por variações pouco expressivas. De forma geral, registraram-se altas e baixas moderadas, que acabam se anulando nos resultados acumulados no ano”, resumiu a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

Apesar do início do ciclo de afrouxamento monetário, os juros elevados permanecem afetando decisões de consumo e investimentos, ajudando a manter a tendência de menor dinamismo na produção industrial brasileira ao longo de 2023, justificou André Macedo, gerente da Coordenação de Indústria do IBGE.

“Esse é um fator importante a ser considerado para que a gente entenda essa característica de menor intensidade do setor industrial ao longo de 2023", afirmou Macedo.

Apesar do início em agosto dos cortes na taxa básica de juros, a Selic, a política monetária permanece restritiva, trazendo ainda reflexos negativos para o setor industrial, avaliou o pesquisador.

“A taxa de juros mais elevada afeta o comportamento das famílias em decisões de consumo, afeta a produção”, disse Macedo. “No caso de empresas, afeta a confiança, decisões do empresariado de investimentos.”

Ele reconhece, porém, que o efeito positivo sobre a atividade econômica do afrouxamento monetário já em curso pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central se dá com alguma defasagem de tempo.

“De fato, tem defasagem em relação a tomadas de decisões e efeitos não só na produção industrial, mas na economia. É possível que venha a acontecer, mas a gente não tem como afirmar”, ponderou Macedo. “A gente sabe que tem ali uma defasagem temporal. A trajetória descendente da taxa de juros claro que tem reflexo sobre confiança não só do consumidor, mas também do empresariado. Você tem algumas notícias que trazem algum alento, mas isso ainda não tem efeito direto sobre a trajetória do setor industrial ao longo de 2023.”

A expansão de 1,6% registrada na produção de alimentos deu a principal contribuição para manter o desempenho da produção industrial ainda em território positivo em outubro ante setembro. Houve avanços em 14 dos 25 ramos pesquisados.

Além da contribuição decisiva dos alimentos, as demais principais influências positivas sobre o total da indústria partiram de produtos farmacêuticos (3,7%), máquinas e equipamentos (2,4%), produtos de metal (2,3%), veículos (0,9%), bebidas (1,6%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (2,3%) e produtos de borracha e de material plástico (1,3%).

Na direção oposta, entre as 11 atividades com recuo na produção, os destaques negativos foram derivados do petróleo e biocombustíveis (-1,4%) e indústrias extrativas (-1,1%). Houve perdas relevantes também em equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-2,6%) e impressão e reprodução de gravações (-5,8%).

“A heterogeneidade da indústria segue relevante, com alguns setores mostrando crescimento e outros com quedas relevantes. Isso fica evidente quando olhamos o desempenho das indústrias extrativas, que crescem 3,7% em 12 meses, e as indústrias de transformação, que caem 0,7% no mesmo período”, frisou João Savignon, chefe de pesquisa macroeconômica da gestora de recursos Kínitro Capital, em comentário. “De fato, a indústria segue estagnada em 2023, operando literalmente de lado desde meados de 2021.”

A indústria brasileira chegou a outubro operando 1,6% aquém do patamar de fevereiro de 2020, no pré-pandemia de covid-19. Apenas sete das 25 atividades investigadas funcionam em nível superior ao pré-crise sanitária: outros equipamentos de transporte (11,9%), derivados do petróleo (10,5%), produtos do fumo (9,0%), extrativas (5,1%), máquinas e equipamentos (4,1%), impressão e reprodução de gravações (1,8%) e produtos alimentícios (1,6%).

No extremo oposto, os segmentos mais distantes do patamar pré-pandemia foram móveis (-29,6%), artigos de vestuário e acessórios (-29,0%), produtos diversos (-21,7%), máquinas e materiais elétricos (-20,8%), equipamentos de informática (-19,4%), couro e calçados (-19,1%) e veículos (-19,0%).

“Há um espaço importante ainda a ser recuperado por esse setor industrial das perdas relevantes do passado recente”, disse André Macedo, do IBGE.

Em outubro, a produção da indústria brasileira como um todo operava 18,1% aquém do pico alcançado em maio de 2011. Na categoria de bens de capital, a produção está 37,0% abaixo do pico registrado em abril de 2013, enquanto os bens de consumo duráveis operam 42,2% abaixo do ápice de março de 2011. Os bens intermediários estão 15,3% aquém do auge de maio de 2011, e os bens semiduráveis e não duráveis operam em nível 13,5% inferior ao pico de junho de 2013.

Macedo confirmou ainda que o aumento sazonal da demanda por bens de consumo industriais na reta final do ano não ajudou a aumentar a produção.

“A parte de bens de consumo, que é bem atrelada a essas encomendas do fim do ano, ela marca dois meses seguidos de queda (na produção)”, frisou.

O pesquisador lembrou que a seca severa no estado do Amazonas prejudicou a produção de indústrias de bens de consumo na região da Zona Franca de Manaus. O transporte de matérias-primas foi afetado, atingindo especialmente a produção de bens de consumo duráveis, como os eletroeletrônicos.

“Mas a perda nessa categoria econômica (duráveis) não deriva só de fator pontual, tem uma conjuntura por trás”, disse Macedo. “A questão do crédito, a taxa de inadimplência, o maior endividamento são fatores importantes para compreender a perda que bens duráveis têm em relação a patamares anteriores.”

Monitor Digital - RJ   04/12/2023

Medido pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o Índice de Confiança Empresarial caiu 1,1 ponto em novembro, para 91,8 pontos. Após três quedas seguidas, o índice registra agora o menor nível desde maio passado. Na métrica de médias móveis trimestrais, houve recuo de 1,0 ponto.

“A confiança empresarial seguiu em novembro o roteiro dos dois meses anteriores, com uma ligeira melhora das avaliações sobre a situação presente e uma piora mais acentuada das expectativas em relação aos meses seguintes. Esta combinação de resultados sugere que os segmentos cíclicos da economia, responsáveis por cerca de 2/3 do PIB, seguem apresentando um ritmo morno de atividade no quarto trimestre e estão preocupados com as perspectivas da economia para o primeiro trimestre de 2024. Pelo lado positivo, a confiança industrial subiu pela primeira vez no segundo semestre e o setor da construção mostra uma relativa resiliência, influenciado pela sustentação do otimismo no segmento de obras de infraestrutura”, avalia Aloisio Campelo Jr., superintendente de Estatísticas do Ibre.

A queda da confiança empresarial em novembro foi motivada exclusivamente pela piora das expectativas em relação aos meses seguintes. O Índice de Expectativas Empresarial (IE-E) caiu 1,4 ponto, para 88,2 pontos, e acumula perdas de 7,0 pontos desde agosto, se aproximando do menor nível do ano apresentado em janeiro (86,0 pts). Dentre os componentes do IE, a tendência dos negócios seis meses à frente e o emprego previsto ficaram estáveis em 89,0 e 94,5 pontos, respectivamente, e a Demanda prevista recuou 1,0 ponto, para 88,6 pts, o menor valor desde janeiro. Já o Índice da Situação Atual Empresarial (ISA-E) subiu 0,7 ponto em novembro, para 95,5 pontos.

O Índice de Confiança Empresarial (ICE) consolida os índices de confiança dos quatro setores cobertos pelas Sondagens Empresariais produzidas pelo Ibre: indústria, serviços, comércio e construção.

Em novembro, somente a confiança da indústria subiu entre os quatro grandes setores, com alta de 1,9 ponto, para 92,7 pontos. A confiança do comércio obteve o pior resultado, recuando 2,7 pontos, para 86,5 pontos, com piora tanto nas expectativas quanto na percepção sobre a situação atual das empresas. Em seguida, serviços observou queda de 0,9 ponto, passando para 94,4 pontos, apesar de uma ligeira melhora nas expectativas, e a confiança da construção andou de lado, recuando 0,1 ponto, para 96,2 pontos.

O Estado de S.Paulo - SP   04/12/2023

Os analistas que acompanham o ritmo da atividade econômica entraram desde 2021 num movimento de revisar para cima, de forma frequente, suas previsões de início de ano para o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB). Em 2023, o roteiro é o mesmo: as projeções iniciais apontavam um crescimento na faixa de 0,5% e 1%; hoje, estão próximas de 3%.

Entre os economistas, uma das hipóteses que pode ajudar a explicar essas revisões tem a ver com as reformas realizadas por diferentes governos nos últimos anos. A leitura é a de que elas ajudaram a aumentar o PIB potencial — a capacidade do País de crescer sem gerar desequilíbrios econômicos. Da faixa de 1% a 1,5%, passou para o patamar de 1,5% a 2%.

“O País fez várias reformas a partir de 2016, cujo impacto acumulado tende a ser positivo para o PIB”, diz Fernando Gonçalves, superintendente de pesquisa macroeconômica do Itaú Unibanco.

Na lista de reformas endereçadas, estão a da Previdência, a trabalhista — que reduziu a insegurança jurídica no mercado de trabalho, por exemplo —, a autonomia do Banco Central, a criação do marco do saneamento e a adoção de regras fiscais, como o teto de gastos e o arcabouço fiscal, que, apesar de imperfeitas, tentam dar alguma visibilidade para as contas públicas. No longo prazo, espera-se que a tributária, ainda em tramitação, também traga ganhos.

Na avaliação de economistas, é difícil quantificar quanto cada reforma trouxe de impacto positivo para o PIB brasileiro, mas a avaliação é que esse conjunto de medidas pode ter sido capaz de mudar o patamar de crescimento do País.

“Nós, economistas, subestimamos os efeitos das várias reformas feitas no Brasil nos últimos anos”, afirma Fernando Honorato, economista-chefe do banco Bradesco. “E não é um fenômeno só registrado pelos economistas brasileiros. Para o FMI (Fundo Monetário Internacional), o Brasil foi o país que teve a maior surpresa de crescimento em 2023. É representativo de algo que está acontecendo.”

Em outubro, o fundo revisou a previsão de crescimento do Brasil de 2,1% para 3,1%, e colocou a economia brasileira como a nona maior do mundo neste ano.

Nesse contexto de revisão geral, incluindo os organismos internacionais, Honorato também cita uma “inércia do pessimismo” com o Brasil depois da recessão do biênio de 2015 e 2016. “Foi uma crise muito severa que levou a PIBs que nunca tínhamos vistos nos últimos 100 anos.”

“O período em que houve a crise profunda no Brasil pode ter contaminado a avaliação”, diz Honorato.

Fatores pontuais

Além das reformas promovidas nos últimos anos, como a trabalhista e a da Previdência, fatores conjunturais podem ajudar a explicar o desempenho econômico melhor do que o esperado nos últimos anos.

Estímulos monetários e fiscais adotados pelo governo para combater os estragos causados pela pandemia de covid, que se somam a medidas recentes, como o reajuste real do mínimo e do salário dos servidores, estão entre os pontos levantados por economistas como explicações para ajudar a entender as diferenças entre as projeções e o PIB efetivo.

No auge da crise sanitária, a maioria dos governos despejou recursos para socorrer famílias e empresas. Bancos Centrais promoveram um longo ciclo de redução das taxas de juros. No Brasil, a Selic caiu a 2%.

Mesmo na pandemia, em 2020, as previsões mais pessimistas para o Brasil foram sendo deixadas de lado. O Fundo Monetário Internacional (FMI) chegou a projetar uma queda de 9,1% para o PIB brasileiro naquele ano. É verdade que a economia recuou, mas a recessão foi bem menor, de 3,3%.

“O efeito de política fiscal deve ir se acomodando, mas desde a pandemia temos muitas coisas acontecendo”, diz Eduardo Jarra, economista-chefe da Santander Asset Management. “Houve alta da quantidade de pessoas com acesso ao Auxílio Brasil (hoje Bolsa Família), tem a questão do salário mínimo e do (reajuste do) funcionalismo. Houve uma sequência de medidas.”

Em 2023, o PIB brasileiro ainda tem sido ajudado pelo bom desempenho do mercado de trabalho formal e do agronegócio. O País colheu uma supersafra e se beneficiou de preços ainda elevados das commodities no cenário internacional.

“O primeiro trimestre (do agronegócio) foi muito forte e tem efeitos indiretos seja em setores de logísticas e até financeiros”, diz Jarra.

E o que esperar?

Nos próximos anos, a previsão é que a economia brasileira tenha um desempenho muito próximo ao da nova faixa do PIB potencial.

Em 2024, por exemplo, a estimativa no relatório Focus, pesquisa divulgada pelo Banco Central com uma centena de economistas, é que o PIB cresça 1,5%, subindo para 1,93% em 2025 e 2% em 2026.

Nesse cenário, portanto, se não há uma preocupação com uma grande desaceleração, também não se espera uma grande aceleração do crescimento. Uma nova subida de patamar só virá com a volta do investimento, que está praticamente estagnado, e a redução das incertezas fiscais — se o País conseguir melhorar o desempenho das contas públicas, contribui para reduzir os juros da economia.

“O fato de o investimento não subir tem a ver com as incertezas nas economias, mas também com os juros altos. No processo de queda de juros, devemos ter alguma recuperação do investimento”, diz Fernando Gonçalves, superintendente de pesquisa macroeconômica do Itaú Unibanco.

Projeção do FMI

Para este ano, o FMI projeta um crescimento de 3,1% para o Brasil e de 3% para a economia global. O PIB dos emergentes deve avançar 4%. Em outubro, o Fundo se mostrou mais otimista com o País. A previsão anterior era de uma alta de 2,1%.

“O Brasil voltou a ser um país mais normal, que cresce em linha com a economia global”, afirma Fernando Honorato, economista-chefe do banco Bradesco.

MINERAÇÃO

Infomoney - SP   04/12/2023

Os contratos futuros de minério de ferro na bolsa de Dalian registraram sua primeira perda semanal em sete semanas, uma vez que Pequim continuou a intervir no mercado para regular os preços, embora o contrato tenha registrado ganhos nesta sexta-feira devido aos dados otimistas das fábricas.

O minério de ferro mais negociado para janeiro na Bolsa de Mercadorias de Dalian na China subiu 2%, a 975,5 iuanes (US$ 136,55) por tonelada no fechamento.

Esta semana, os preços do minério de ferro em Dalian perderam 0,12%.

Na Bolsa de Cingapura, o minério de ferro de referência para janeiro subiu 0,9%, a US$ 129,58 a tonelada.

O contrato de referência caiu 2,1% esta semana, sua primeira perda após cinco ganhos semanais consecutivos.

A cautela aumentou depois que a China, maior consumidora de minério do mundo, emitiu avisos sobre o aumento da supervisão do mercado para conter a alta dos preços.

A Bolsa de Mercadorias de Dalian disse na quinta-feira que continuará a fortalecer sua supervisão dos futuros de minério de ferro e a manter resolutamente a operação segura e estável do mercado.

Apesar do sucesso inicial na gestão de preços, os preços estão atualmente se recuperando.

Para elevar o sentimento, a atividade fabril da China registrou uma expansão inesperada em novembro, impulsionada pelo aumento dos pedidos, segundo uma pesquisa privada divulgada na sexta-feira. Entretanto, a fraca demanda externa continua a pesar sobre os fabricantes.

O otimismo em relação ao minério de ferro poderá se expandir se Pequim implementar mais reformas estruturais. A demanda da China por aço para veículos elétricos e infraestrutura verde já manteve os preços médios altos, apesar da queda no setor imobiliário.

Valor Investe - SP   04/12/2023

Negócios da mineradora brasileira acompanha desempenho positivo das pares internacionais no mercado europeu

As ações de Vale (VALE3) operaram em alta significativa no pregão de hoje na B3, acompanhando suas pares internacionais. O movimento é impulsionado pela alta do preço do minério de ferro, que ganhou força depois após a divulgação de que o índice que mede a atividade do setor siderúrgico chinês subiu acima das expectativas.

O contrato de minério de ferro mais negociado na Bolsa de Commodities de Dalian, na China, tem alta de 1,2%, a 968 yuans (US$ 135,5) por tonelada.

Na B3, papel da mineradora subiu 1,86%, cotado a R$ 75,22. Os recibos de ações negociados na Bolsa de Nova York chegaram a subir mais de 3%, e fecharam em alta de 2,47%, a US$ 15,46.

Em Londres, onde estão listadas outras gigantes do setor, a Rio Tinto avançou 3,67%, a Glencore teve de alta 3,58%, Anglo American, de 6,20% e a BHP ganhou 3,46%.

A demanda de aço tem sido moderada na China devido à fraqueza do mercado imobiliário, mas as medidas de apoio anunciadas recentemente aumentaram as expectativas de uma recuperação, afirmaram analistas da ANZ em relatório, divulgado pela agência Dow Jones Newswires.

Enquanto isso, os preços do minério de ferro provavelmente serão sustentados por uma oferta restrita, uma vez que há sinais de que estão surgindo interrupções na oferta, dizem os analistas.

A produção da Vale, maior produtora mundial de minério de ferro, caiu no terceiro trimestre devido a uma falha de equipamento em uma de suas operações e a uma parada temporária para manutenção em outra, acrescentam os analistas.

Valor - SP   04/12/2023

A Vale recebeu US$ 67,9 milhões pela transação

A Vale concluiu a venda de sua participação de 40% na Mineração Rio do Norte (MRN) para a Ananke Alumina, uma empresa afiliada à Norsk Hydro.

Conforme anunciado anteriormente, a Vale recebeu US$ 67,9 milhões pela transação.

A MRN é a maior produtora e exportadora de bauxita do Brasil, localizada no distrito do Porto de Trombetas (PA).

Globo Online - RJ   04/12/2023

Na terça-feira, em Londres, a Vale apresentará ao mercado financeiro dados para mostrar que voltará a ser a maior empresa de minério de ferro do mundo em 2025. O posto foi perdido para a australiana Rio Tinto logo após a tragédia de Brumadinho, em 2019.

Hoje, a Vale produz 315 milhões de toneladas por ano. Mas dentro de dois anos, com o início de suas operações em Vargem Grande e Capanema, ambas em Minas Gerais, esse volume subirá para 345 milhões de toneladas anuais.

Máquinas e Equipamentos

Construção Latino-americana - SP   04/12/2023

A demanda por máquinas para construção terá um viés positivo em 2024, após uma queda nas vendas estimada em 13% neste ano, alcançando 52,4 mil unidades comercializadas contra 60,3 mil unidades em 2022.

Segundo o inédito Estudo Sobratema do Mercado Brasileiro de Equipamentos para Construção a perspectiva é reverter o resultado alcançado neste ano, com um crescimento de 6% nas vendas de máquinas para construção no próximo ano. Especificamente para a linha amarela (movimentação de terra), a expectativa é de alta de 7% em 2024, diante de uma retração estimada em 21% neste ano ante 2022, com 31 mil unidades comercializadas.

O levantamento, apresentado durante o 18º Tendências no Mercado da Construção, aponta ainda que o mercado de máquinas está otimista para 2024, com 76% dos empresários respondentes da pesquisa realizada por Mario Miranda, coordenador do Estudo de Mercado, avaliando que haverá crescimento nessa área no próximo ano. Para o setor da construção, a expectativa também é positiva para 54% dos entrevistados.
Da esquerda para a direita: Christiano Kunzler (InfraBrasil), economista Luís Artur Nogueira, Eurimilson Daniel (Sobratema), Vagner Barbosa, e Mario Miranda (Estudo de Mercado da Sobratema).

Miranda mostrou que os setores mais relevantes para o mercado neste ano são o agronegócio, a locação e a construção pesada. “Em termos de vendas, os dois segmentos com maior Market sare - construção (37%) e a locação (26%) – somam 63%. As empresas que relataram crescimento neste ano, a média de elevação foi de 16%”, afirmou.

Na visão de Eurimilson Daniel, vice-presidente da Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração (Sobratema), ressaltou que o área de locação está em destaque, tendo potencial de ampliar sua participação no share de mercado. “Vemos uma inteligência estratégica por parte dos usuários de máquinas, sobretudo as construtoras, que estão intercalando o uso de sua frota com a locação. Por isso, o percentual de frota parada caiu para 19%, quando era de 57% em 2017”, explicou. Daniel reforçou ainda que o locador ganha no investimento e no tempo, enquanto o construtor ganha na produção.

De acordo com Christiano Kunzler, CEO da InfraBrasil, essa prática também é utilizada por sua empresa, uma vez que 30% da frota é das locadoras. “Nossa frota própria não para, complementando-a com equipamentos locados. Produzimos mais. É uma ótima estratégia”, disse.

Outro segmento que tem beneficiado o setor é a mineração. Kunzler comentou que as mineradoras estão exportando e que devem realizar investimentos nos próximos anos. “Nosso clientes estão consumindo equipamentos. A demanda por caminhões fora de estrada está crescendo”, explicou. O Estudo da Sobratema aponta uma estimativa de alta para essa categoria de 117% neste ano, com 163 unidades vendidas contra 75 unidades comercializadas em 2022.

O economista Luís Artur Nogueira avaliou que o 2024 é um ano de transição, para um novo ciclo de crescimento a partir de 2025. Em sua análise, a demanda por máquinas deve ficar aquecida já no próximo ano, devido às obras de infraestrutura, advindas das concessões e do PAC, da perspectiva de um novo ciclo de crescimento na área imobiliária com a queda da taxa de juros e a retomada do programa Minha Casa Minha Vida.

A respeito do crédito, que foi considerado um dos principais desafios pelos entrevistados no Estudo de Mercado, Nogueira pondera que a taxa Selic deve continuar caindo, podendo chegar abaixo dos 10% em 2024, a depender do cumprimento ou não do novo arcabouço fiscal, e da guerra entre Israel e o Hamas.

Durante o Tendências no Mercado da Construção, que contou com a participação de quase 2 mil profissionais do setor, Miranda lembrou a importância da tecnologia para o setor de máquinas, que tem adicionado tecnologia de controle em máquinas existentes na frota e aplicado inovação tecnológica para impulsionar ganhos de mercado. Também mencionou que para a realização da aquisição das máquinas, 43% dos entrevistados utilizaram capital próprio, seguido por CDC, com 27%.

Em sua mensagem de boas-vindas, Afonso Mamede, presidente da Sobratema, salientou que há boas perspectivas para 2024 pelos investimentos previstos na concessões, no PAC e pelos governos estaduais. Destacou a realização da M&T Expo – part of bauma NETWORK, principal feira de máquinas e equipamentos para construção e mineração da América Latina, e o lançamento do Sobratema Shopping, uma ferramenta online, onde o mercado encontrará oportunidades para suprir suas necessidades de vendas e compras de equipamentos, peças, insumos e serviços, no próximo ano.

Outros pontos tratados no debate do evento online da Sobratema foram o preço dos equipamentos, que tem acompanhado a demanda, o câmbio, o cenário internacional e a escassez de mão obra.

O 18º Tendências no Mercado da Construção teve ainda a mensagem de Rolf Pickert, diretor geral da Messe Muenchen do Brasil, e os depoimentos de José Velloso Dias Cardoso, presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq); Luciano Rocha, CCO da Armac; Ricardo Bertoni, vice diretor comercial da Zoomlion; Sergo Kariya, CEO da Mills; e Victor Misuzaki, Head of Latam Tranportation & Capital Goods do Bradesco BBI.

O evento online é uma realização da Revista M&T e conta com o patrocínio ouro da Cummins, John Deere, Komatsu, Mills, VRental, e Zoomlion, e o patrocínio prata da JCB, New Holland Construction, Sotreq e Volvo.

AUTOMOTIVO

O Estado de S.Paulo - SP   04/12/2023

Com problemas de fabricação ainda a serem resolvidos, a Tesla entregou a primeira dúzia de suas futurísticas picapes Cybertruck aos clientes nesta quinta-feira, 30, com dois anos de atraso em relação ao cronograma original, em meio à incerteza sobre quando a produção em larga escala começará.

O CEO Elon Musk exibiu as picapes elétricas em um evento na fábrica da empresa nos arredores de Austin, Texas, que foi transmitido pela X, a plataforma de mídia social anteriormente conhecida como Twitter, que ele comprou no ano passado.
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A cerimônia começou com Musk dirigindo a picape em um palco no escuro. “É a coisa mais diferente na estrada”, disse. “Finalmente, o futuro se parece com o futuro.”

A picape é voltada para a parte mais lucrativa do mercado automotivo dos EUA, que agora é controlado principalmente pela Ford, General Motors e pela Stellantis, dona da marca Ram. Mas desde que Musk a apresentou, há quatro anos, todas as três montadoras de Detroit mostraram suas próprias picapes elétricas. A Ford, a GM e a novata Rivian já têm picapes à venda, e a Ram elétrica deve ser lançado no início do próximo ano.

As picapes F-Series, da Ford, são os veículos mais vendidos nos Estados Unidos, seguidas pelas picapes Chevrolet Silverado e Ram. Juntas, as montadoras de Detroit venderam quase 1,7 milhão de picapes grandes até outubro, a preços que podem chegar a mais de US$ 100 mil por veículo.

Musk disse que a carroceria do Cybertruck é feita de uma liga de aço inoxidável desenvolvida pela Tesla. Os painéis da carroceria tiveram de ser angulares porque não podem ser estampados em uma prensa convencional, disse ele. O aço inoxidável, segundo ele, não sofre corrosão e não precisa de pintura, mas ainda pode ser produzido em massa.

A picape, segundo ele, tem 43 centímetros de distância do solo para sair da estrada e pode ir de zero a 60 milhas (97 km) por hora em 2,6 segundos. Ela tem tração nas quatro rodas, com esforço de direção que muda de acordo com a velocidade. Pode carregar mais de uma tonelada de carga na caçamba e rebocar mais de 5 toneladas, disse o empresário à plateia.

Cavando a própria cova

Quando Musk apresentou a picape, há quatro anos, disse que a produção começaria em 2021. Mas na teleconferência de resultados da empresa em outubro, ele falou da dificuldade em produzir a inovadora picape com uma carroceria feita de aço inoxidável difícil de dobrar.

“Cavamos nossa própria cova com o Cybertruck”, disse Musk, que acrescentou não achar que a empresa atingiria sua meta de produção de 250 mil unidades por ano até 2025.

Durante a teleconferência, ele disse aos investidores que queria moderar as expectativas em relação às novas picapes, citando “enormes desafios” para produzi-los em massa. Também será difícil gerar fluxo de caixa e vender os produtos a um preço que as pessoas possam pagar, disse Musk. Ele estimou que levaria de 18 meses a um ano para que a picape produzisse um fluxo de caixa positivo significativo.

“Temos mais de 1 milhão de pessoas que reservaram o carro, portanto não é um problema de demanda”, disse ele. “Mas temos de fabricá-lo e precisamos fabricá-lo a um preço que as pessoas possam pagar. Coisas insanamente difíceis.”

A Tesla, disse Musk, poderia facilmente ter produzido picapes semelhantes às já existentes no mercado, mas ele queria fazer algo inovador e especial.

“Os produtos especiais que aparecem de vez em quando são incrivelmente difíceis de serem lançados no mercado para atingir o volume, para serem prósperos”, disse ele. Ele disse esperar que um futuro carro de baixo custo da Tesla seja mais convencional e, portanto, muito mais fácil de construir.

Em seu site, a Tesla disse que a versão de tração traseira da picape começaria com um preço estimado de US$ 60.990. A versão topo de linha, “Cyberbeast”, custaria a partir de US$ 99.990. As picapes têm uma autonomia estimada de 400 a 550 quilômetros com uma única carga na bateria.

Mas quando a picape foi revelada em 2019, a Tesla disse que a versão básica custaria a partir de US$ 39.900, com um modelo de longo alcance com três motores custando US$ 69.900. E deveria ter uma autonomia de 400 a 800 quilômetros por carga elétrica.

Na cerimônia de entrega, uma fila de caminhões se dirigiu a um palco, onde os compradores se encontraram com Musk para tirar fotos, e ele os acompanhou até os veículos. Na maioria dos casos, eles entraram no lado do passageiro.

Este conteúdo foi produzido com o auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial e revisado por nossa equipe editorial. Saiba mais em nossa Política de IA.

BOL - SP   04/12/2023

No dia 11 de novembro a fábrica da Toyota em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, fechou as portas após 61 anos de atividade. Mas qual o destino da instalação histórica de mais uma marca de automóveis que deixou a região? O UOL Carros apurou que o novo dono do local não tem nada a ver com o setor automotivo.

Desde abril passado, parte das instalações da Toyota em São Bernardo do Campo foi vendida para a Tubos Ipiranga, fabricante e distribuidora de tubos de aço e conexões que tem entre seus clientes empresas como Companhia Siderúrgica Nacional, Raízen, Vale, Sabesp, JBS e Petrobras.

Segundo nota da Toyota enviada ao UOL Carros, a Tubos Ipiranga adquiriu o espaço antes utilizado pelas áreas corporativas da empresa, transferidas para Sorocaba (SP), em setembro de 2021.

Já a parte do complexo onde um dia veículos foram fabricados ainda segue sem destino. Questionada, a montadora afirma que o terreno que abrigava a área produtiva "ainda segue em processo de venda".

O fechamento da primeira linha de produção da montadora asiática fora do Japão já tinha sido anunciado em abril de 2022 pela companhia. Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, cerca de 350 funcionários ainda trabalhavam no local, que tinha 440 colaboradores diretos em meados do ano passado.

A Toyota não informa quantos trabalhadores aderiram ao PDV (programa de demissão voluntária) nem quantos foram realocados para suas demais fábricas - localizadas em Sorocaba, Porto Feliz e Indaiatuba, no interior de São Paulo.

"Não comentamos sobre detalhes específicos [do PDV], mas garantimos que todas as decisões foram tomadas em conjunto e com o máximo respeito e consideração pelo bem-estar das pessoas impactadas", diz nota da Toyota enviada ao UOL Carros.

Fábrica histórica

A unidade de São Bernardo do Campo era uma das mais antigas do Brasil, onde foi produzido o Bandeirante - primeiro modelo que a montadora lançou no país e que saiu de linha em 2001.

Conhecido em outros mercados como Land Cruiser, o "nosso" Bandeirante, inclusive, teve o último exemplar fabricado em solo brasileiro preservado pela Toyota. Com apenas cinco quilômetros rodados, o exemplar na cor azul e com chassi de número 104.621 era guardado na fábrica de São Bernardo do Campo.

Há muitos anos, a unidade já não fabricava veículos e, segundo a Toyota, vinha sendo responsável por produzir peças que equipavam modelos produzidos no Brasil, na Argentina e nos Estados Unidos.

A linha de produção da Toyota não é a única a encerrar as atividades no ABC: em 2019, a Ford fechou a fábrica de São Bernardo do Campo e, dois anos depois, encerrou as atividades das outras três unidades produtivas que ainda mantinha no país, para vender aqui apenas veículos importados.

Em maio passado, foi a vez de a Bridgestone demitir 600 funcionários da fábrica de Santo André e lá encerrar a produção de pneus para carros de passeio - que foi transferida para a Bahia. A unidade do ABC passou a fabricar exclusivamente pneus para caminhões e utilitários, além de molas pneumáticas.

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Valor - SP   04/12/2023

País também perdeu o posto para o México nas vendas externas para Argentina; Anfavea está atenta e acende sinal de alerta

Até uma década atrás, o mercado interno era suficiente para a indústria automobilística manter a atividade no Brasil. Não havia necessidade de grandes esforços para exportar. A demanda nos países vizinhos era garantida e servia de complemento. Desde então, porém, o mercado doméstico encolheu e tornou-se insuficiente para preencher a capacidade instalada. Para piorar, o país perdeu a liderança do mercado externo vizinho. Desde o ano passado, a China ultrapassou o Brasil e tornou-se a maior exportadora de veículos para a América Latina.

Em dez anos, a participação da China nas importações de veículos na região saltou de 4,6% para 21,2%. Enquanto isso, a do Brasil caiu de 22,5% para 19,4%. Esses dados, da Penta-transaction e Comtrade (Nações Unidas) referem-se a 2022 e a julgar pelas sucessivas quedas nas exportações brasileiras nos últimos meses, dificilmente haverá reversão do quadro este ano.

Há pouco mais de um mês a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) reduziu a previsão de queda nas vendas externas em 2023. Espera agora o embarque de 420 mil veículos este ano, incluindo automóveis, caminhões e ônibus.

O volume representa uma retração de 12,7% na comparação com 2022 e, exceto por quedas maiores nos dois anos de pico da pandemia, volta ao que o país exportava em 2015. Equivale, ainda, a 58% do pico da venda externa de veículos, em 2005, quando 724,1 mil unidades seguiram para o exterior.

Os dados da Penta-transaction, sistema de consulta de estatísticas de comércio exterior, mostram, ainda, que a participação de Estados Unidos e Canadá (17,9%) ficou bem próxima da brasileira no volume de veículos importados por Argentina, Chile, Colômbia, México, Paraguai, Peru e Uruguai. Mas esses dois países também perderam espaço para os chineses. Da mesma forma que Japão e Coreia, que, por outro lado, mesmo sendo países bem distantes, registraram fatia significativa (12,8%).

A direção da Anfavea está de olho nesses dados e demonstra preocupação. O caso da Argentina merece uma análise à parte. O país vizinho sempre foi o principal destino das exportações de veículos produzidos no Brasil. Mas em julho, o México assumiu o primeiro lugar.

Além da escassez de reservas, este ano, a Argentina criou um imposto de 7,5% para produtos importados que não excluiu veículos do Mercosul, desobedecendo, assim, o acordo bilateral automotivo com o Brasil.

Na Argentina, ainda, apenas carros produzidos no país foram incluídos num programa de controle de preços, destaca o consultor Cassio Pagliarini, da Bright Consulting, especializada em estudos sobre o setor. “Isso substituiu a importação. Junto com a carência de dólares, provocou a diminuição de vendas de produtos do Brasil.”

Além disso, lembra Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, este ano o governo argentino passou a aceitar que as importações da China fossem pagas na moeda daquele país, o yuan, incorporado, desde junho, pelo Banco Central da Argentina, como moeda aceita para depósitos e contas correntes.

Mas Leite aponta a concorrência chinesa como principal obstáculo para as exportações brasileiras não apenas na Argentina, mas em toda a América Latina. As fábricas brasileiras não conseguem, diz, acompanhar o custo. “Veja o dilema do aço”, afirma. “Se eles são tão competitivos no aço imagine no preço final do automóvel”, destaca o presidente da Anfavea. “Isso sem falar nos subsídios locais”, completa.

Se eles são tão competitivos no aço, imagine no automóvel”

— Márcio Lima Leite

Mas os chineses também conseguem avançar na América Latina, incluindo o Brasil, porque foram rápidos no lançamento de carros eletrificados, tanto os 100% elétricos como os híbridos (com um motor a combustão que trabalha de forma alternada com outro, elétrico).

Mas Leite queixa-se, também, do custo Brasil. “Produzir no Brasil ficou caro. E mesmo com tarifa zero exportamos impostos”, destaca o dirigente. Segundo ele, no passado, o Brasil era visto como um país de boa qualidade e custo competitivo. Por isso, diz, acordos comerciais “são fundamentais”. Segundo o dirigente, a indústria automobilística instalada no Brasil depende hoje de exportação.

Nos últimos 20 anos, a participação das exportações na produção brasileira de veículos oscilou em médias entre 25% e 28%. Se confirmada a previsão da Anfavea de embarcar 420 mil veículos, neste ano a fatia será a mais baixa dos últimos dez anos - menos de 18%. Segundo Leite, uma participação abaixo de 30% “é sempre uma relação perigosa”.

Este ano, porém, uma montadora conseguirá ultrapassar, com larga vantagem, essa marca. A Toyota prevê que 40% da sua produção seguirá para o mercado externo. As fábricas brasileiras da marca japonesa abastecem hoje 22 mercados da América Latina. Em 2015, eram apenas três destinos.

O trunfo da Toyota são os modelos híbridos, que, assim como os produtos chineses, atendem às novas tendências de eletrificação, além de programas governamentais que beneficiam os modelos eletrificados, como o que existe na Colômbia, com imposto reduzido.

Segundo Roberto Braun, diretor de comunicação da Toyota, a Colômbia é o principal destino das exportações das duas fábricas brasileiras. As linhas brasileiras abastecem 80% das importações de veículos Toyota na região.

“Nossos modelos híbridos nos possibilitaram abrir novos mercados” destaca Braun. Hoje a montadora vende dois modelos híbridos - Corolla sedã e Corolla Cross, no Brasil e no exterior. No fim de 2024, iniciará a produção de mais um compacto híbrido, que, segundo o executivo, também estará voltado, em grande parte, ao mercado latino-americano.

A fábrica na Argentina, onde é produzida a picape Hilux, também tem peso importante num país com poucas reservas em moeda estrangeira. Total de 70% da produção dessa unidade é dedicada à exportação e o Brasil é o maior mercado.

O avanço da montadora japonesa em direção ao mercado externo ocorreu já no ano passado e sequer foi notado. Dados da Anfavea mostram que em 2022, a Toyota ultrapassou a Volkswagen, historicamente a maior exportadora da indústria automobilística no Brasil.

No ano passado, a Toyota exportou 95,4 mil veículos, o correspondente a 42,5% da sua produção. Já a Volks embarcou 88,8 mil unidades, o que representou 25% da sua produção no país. A Volks chegou a exportar 392,5 mil veículos em 2010, o equivalente a 59% da sua produção naquele ano.

Também no ano passado, a General Motors, tradicionalmente outra grande exportadora, destinou ao mercado externo 27,2% da produção. A Fiat, que hoje pertence à Stellantis, também já foi uma grande exportadora. Mas em 2022, Fiat e Chrysler, outra marca do novo grupo, exportaram, juntas, 8,35% da produção.

Consultadas, GM e Stellantis não retornaram as solicitações de entrevista. A Volks informou que não conseguiria participar da reportagem.

Já a Renault, que embarcou 36% do que produziu no ano passado, informou que obteve um bom resultado porque conseguiu compensar a queda da demanda na Argentina com vendas para o México.

O Brasil é o oitavo maior produtor de veículos. Conseguiu subir no ranking na última década. Em 2003 ocupava o décimo lugar. Mas outros grandes produtores avançaram mais A China, que ocupava o quarto lugar, assumiu o primeiro. A Índia, na 14ª posição, foi para a quarta. O México passou de 11º para 7º. Já Alemanha e Japão mantiveram-se no sexto e terceiro lugares, respectivamente enquanto que Estados Unidos caiu do primeiro para segundo lugar.

Os países que estão na frente do Brasil no ranking têm uma característica que os favorece: ou têm grandes mercados internos ou são grandes exportadores. O Brasil, no entanto, anda fraco nas duas frentes.

O Estado de S.Paulo - SP   04/12/2023

O governo Biden propôs novas regras na sexta-feira, 1º, para transferir mais produção de baterias de veículos elétricos e os materiais que as alimentam para os Estados Unidos, em uma tentativa de construir um setor estratégico, atualmente dominado pela China.

As regras visam limitar o papel que as empresas da China podem desempenhar no fornecimento de materiais para veículos elétricos que se qualificam para créditos fiscais federais. Elas também desencorajarão as empresas que buscam financiamento federal para construir fábricas de baterias nos Estados Unidos a adquirir materiais da China ou da Rússia.

As regras podem incentivar mudanças nas cadeias de suprimentos automotivas, que continuam a depender fortemente da China para materiais e componentes de veículos elétricos. As montadoras também estão enfrentando intensas pressões de custo à medida que tentam modificar suas fábricas para produzir carros elétricos, e a China oferece algumas das tecnologias de bateria mais avançadas e de menor preço do mundo.

O governo Biden está tentando usar bilhões de dólares em novos financiamentos federais para mudar essa dinâmica e criar uma cadeia de suprimentos dos EUA para veículos elétricos.

A lei climática que o presidente Biden assinou em 2022 inclui até US$ 7,5 mil em créditos fiscais para os consumidores que comprarem veículos elétricos fabricados nos Estados Unidos usando principalmente materiais nacionais. A lei também incluiu uma proibição geral de produtos chineses.

Os legisladores determinaram que as empresas da China, Rússia, Coreia do Norte e Irã fossem proibidas de fornecer determinados materiais para carros que recebessem esses incentivos fiscais.

Mas a lei deixou em aberto várias questões, inclusive o que constitui uma empresa chinesa ou russa. As autoridades do governo disseram que essas definições incluem qualquer entidade que tenha sido incorporada ou tenha sede na China ou na Rússia, bem como qualquer empresa na qual 25% dos assentos da diretoria ou da participação acionária sejam detidos pelos governos chinês ou russo.

As empresas chinesas que estabelecem operações fora da China parecem poder se beneficiar das regras, desde que o governo chinês não seja um acionista significativo. Essa disposição foi um alívio para os fabricantes de automóveis, que temiam que o governo Biden pudesse impedi-los de contratar minas ou fábricas de propriedade chinesa nos Estados Unidos ou em outras partes do mundo.

A lei também exige que os fabricantes de baterias que fecham contratos ou acordos de licenciamento com empresas chinesas garantam que estão retendo determinados direitos sobre seus projetos. Essa disposição visa garantir que uma empresa chinesa não esteja efetivamente no controle de tal projeto.

Alguns legisladores conservadores contestaram os planos da Ford Motor de licenciar a tecnologia da gigante chinesa de baterias conhecida como CATL para uma fábrica em Marshall, Michigan, argumentando que essa parceria não deveria se qualificar para créditos fiscais federais.

Alguns legisladores republicanos sugeriram na sexta-feira, 1º, que a orientação do Departamento do Tesouro não foi longe o suficiente para diminuir a dependência do país em relação à China.

“Em um momento em que a China está usando subsídios maciços para reduzir o preço dos fabricantes americanos e estrangular o mercado global de componentes de baterias, as novas regulamentações ingênuas do Tesouro abririam as comportas para que o dinheiro dos impostos americanos fluísse para as empresas chinesas cúmplices de violações comerciais e abusos de trabalho forçado”, disse o deputado Mike Gallagher, de Wisconsin, presidente do Comitê Seleto da Câmara sobre o Partido Comunista Chinês.

As regras entrarão em vigor para componentes de baterias em 2024 e em 2025 para minerais essenciais como lítio, cobalto e níquel. Elas podem ser ajustadas dependendo dos comentários do setor.

As regras podem ter um impacto profundo no mercado de veículos elétricos dos EUA, que está crescendo rapidamente — os veículos movidos a bateria representaram cerca de 8% dos carros novos vendidos no terceiro trimestre. Os fabricantes de carros e baterias disseram na sexta-feira que ainda estavam analisando as 62 páginas de regras divulgadas pelo governo e que levaria algum tempo para determinar quantos modelos se qualificariam para os créditos fiscais.

John Bozzella, executivo-chefe da Alliance for Automotive Innovation, escreveu em uma postagem de blog na sexta-feira que as regras atingiram “um equilíbrio pragmático”, incluindo a isenção de materiais de rastreamento. Se o governo tivesse banido todas as peças chinesas menores da cadeia de suprimentos, nenhum modelo de carro poderia ter se qualificado para créditos fiscais no próximo ano, disse ele.

Muitos carros já foram desqualificados para os créditos de compra por outras regras, como a exigência de que os veículos sejam montados na América do Norte. Atualmente, apenas cerca de 20 veículos se qualificam para o programa, dentre os mais de 100 veículos elétricos vendidos nos Estados Unidos.

As regras também levantaram novas questões sobre se requisitos mais rigorosos para as cadeias de suprimentos poderiam continuar a tendência de levar mais compradores a alugar, em vez de comprar, veículos.

A proibição do fornecimento da China aplica-se somente aos veículos vendidos, não aos alugados. Os consumidores podem receber créditos fiscais para veículos elétricos que alugam de revendedores de automóveis, e isso levou a um boom no aluguel de veículos elétricos.

Jack Fitzgerald, presidente da Fitzgerald Auto Malls, que opera concessionárias na Flórida, Maryland e Pensilvânia, disse que observou um aumento no número de clientes que alugam veículos elétricos. No entanto, ele disse que a preocupação com a autonomia dos veículos elétricos e a disponibilidade de carregadores, mais do que o preço, estava impedindo as vendas de veículos elétricos.

“Esse é o principal fator”, disse Fitzgerald.

Os lobistas do setor automotivo alertaram que regras extremamente rígidas poderiam sufocar as vendas de veículos elétricos e pediram ao governo que fechasse mais acordos comerciais para garantir o fornecimento dos escassos minerais das baterias. Mas Paul Jacobson, diretor financeiro da General Motors, disse que a empresa havia estruturado suas operações de veículos elétricos para ter sucesso independentemente das regras federais.

“Não estamos ancorando o negócio em dizer que isso tem que acontecer” em relação às regulamentações, disse Jacobson aos repórteres na quinta-feira, 30. Se as regulamentações mudarem, ele acrescentou, “não será uma coisa difícil para nós”.

Embora as regras possam criar dores de cabeça para os fabricantes de automóveis, é provável que beneficiem as empresas que planejam fornecer baterias de fábricas nos Estados Unidos.

“Na verdade, é uma boa notícia para nós”, disse Siyu Huang, executivo-chefe da Factorial, uma empresa de Massachusetts que está desenvolvendo baterias de veículos elétricos de última geração com o apoio da Mercedes-Benz, Hyundai e Stellantis, proprietária da Dodge, Jeep e Ram.

Adquirir grandes quantidades de lítio, um ingrediente essencial nas baterias, pode ser difícil porque a maior parte do metal é processada na China, disse Huang. Mas as regras incentivarão o investimento em refinarias sediadas nos EUA, continuou ela. “Definitivamente, será mais um incentivo para a construção de mais suprimentos domésticos”, disse Huang.

John DeMaio, executivo-chefe da Graphex Technologies, que está construindo uma fábrica em Michigan para processar grafite para baterias, disse que as regras podem desacelerar temporariamente as vendas de veículos elétricos, dificultando a qualificação para o crédito fiscal. Mas, a longo prazo, ele acrescentou, elas incentivarão o investimento em fornecedores nacionais.

“Pode ser um contratempo”, disse ele, “mas, em geral, proporciona certeza e clareza para tirar as pessoas de cima do muro”.

Wally Adeyemo, vice-secretário do Departamento do Tesouro, disse em uma reunião com repórteres que as regras ajudariam a avançar as metas do governo de construir uma cadeia de fornecimento de energia limpa americana e, ao mesmo tempo, reduzir as emissões no setor de transportes.

“Essas mudanças levam tempo, mas as empresas estão fazendo os investimentos e os americanos estão comprando esses carros”, disse ele.

No ano passado, as empresas investiram US$ 213 bilhões na fabricação e implantação de energia limpa, veículos limpos, eletrificação de edifícios e tecnologia de gerenciamento de carbono nos Estados Unidos, de acordo com o acompanhamento do Rhodium Group e do Center for Energy and Environmental Policy Research do Massachusetts Institute of Technology. Isso representa um aumento de 37% em relação ao ano anterior.

Ainda assim, o setor global de veículos elétricos continua fortemente ancorado na China, que é o maior produtor e exportador de veículos elétricos do mundo. A China produz cerca de dois terços das células de bateria do mundo e refina a maioria dos minerais que são essenciais para alimentar um veículo elétrico.

As regras também restringem as montadoras de adquirir o níquel usado em suas baterias da Rússia, que é um dos maiores produtores de níquel do mundo.

Um dos desafios para os fabricantes de automóveis será o desenvolvimento de sistemas para rastrear todos os componentes de suas baterias em uma cadeia de suprimentos longa e, muitas vezes, opaca.

Os veículos informados incorretamente serão subtraídos da elegibilidade da montadora para créditos fiscais, informou o Tesouro, e as montadoras que cometerem fraudes ou ignorarem intencionalmente as regras poderão ser declaradas inelegíveis para o crédito no futuro.

CONSTRUÇÃO CIVIL

Valor - SP   04/12/2023

Moradores de bairros sobre os quais a verticalização está avançando temem que a mudança facilite a construção de grandes edifícios em ampla porção da cidade

A proposta de revisão da Lei de Zoneamento que será apresentada pela Comissão de Política Urbana da Câmara de São Paulo nesta segunda-feira (4) possui até o momento 747 áreas bloqueadas contra a regra do Plano Diretor que não limita a altura de prédios nos arredores de estações de metrô e de trem e dos corredores de ônibus.

As quadras excluídas ainda poderão, no entanto, receber prédios significativamente altos. Outras, com zoneamento mais restritivo, aparecem agora dentro dessas zonas de exclusão.

Moradores de bairros sobre os quais a verticalização está avançando temem que a mudança facilite a construção de grandes edifícios em ampla porção da cidade.

Somadas, essas zonas de exclusão possuem 13,4 km², algo próximo do tamanho de São Caetano do Sul. O município da região metropolitana tem 15,4 km². Estão fora desta conta os entornos de 1.042 vilas, onde arranha-céus também não serão permitidos.

Relator da proposta, o vereador Rodrigo Goulart (PSD) disse à reportagem nesta quarta (29) que áreas excluídas das ZEUs (Zona Eixo de Estruturação da Transformação Urbana) -onde não há gabarito para edifícios- receberão regras de zoneamento parecidas com o entorno ou as mais adequadas à característica do bairro.

"Onde há exclusões, provavelmente, o que vai valer será o zoneamento lindeiro ou o que mais couber a cada um dos casos", disse Goulart. "Estamos estudando isso em conjunto com a Smul [Secretaria de Urbanismo da Prefeitura]."

A exclusão de algumas quadras vale para locais com barreiras urbanas, naturais ou elementos que dificultem o trânsito de pedestres, como ladeiras íngremes. É, por exemplo, o caso da Vila Madalena. O bairro da zona oeste tem dezenas de quadras que aparecem bloqueadas contra ZEUs no mapa prévio da Câmara.

Existem, porém, diferentes tipos de zonas no entorno dessas quadras. Algumas são ZPRs, as zonas predominantemente residenciais onde a altura máxima de edifícios é de dez metros.

Há também nos arredores diversos quarteirões marcados como ZMs (zonas mistas), cuja altura máxima dos edifícios é de 28 metros, e algumas ZCs (zonas de centralidade), que permitem prédios de 48 metros.

Na proposta de revisão apresentada neste ano pela Smul, a prefeitura sugere que as áreas com gabarito ilimitado sejam trocadas por aquelas com limitação de 48 metros, na maioria dos casos, pois há exceções por critérios ambientais, urbanos e culturais. Isso poderá mudar na Câmara, como adiantou o relator.

Incertezas sobre o tipo de construção que será permitida nas ZEUs excluídas motivou moradores de diversos bairros do entorno da Vila Madalena a apresentarem à Câmara uma proposta com zoneamento mais restritivo do que o atual.

Movimentos organizados de bairros como Sumarezinho, Vila Anglo-Brasileira, Jardim Vera Cruz e Perdizes pedem a regressão de ZEU para ZM em todo o entorno do metrô Vila Madalena, por exemplo. Na prática, isso limitaria empreendimentos ainda não registrados ao gabarito de 28 metros.

Integrante desse grupo, o arquiteto Francisco Luiz Scagliusi diz que a proposta busca frear a verticalização que mudou drasticamente características do bairro desde a criação das ZEUs pelo Plano Diretor de 2014, aprovado na gestão de Fernando Haddad (PT).

"A Vila [Madalena] cresceu muito com esse processo de adensamento construtivo e populacional, além do crescimento dos setores de comércio e de serviços", comenta Scagliusi. "Não bastasse essa situação, as ruas do bairro viraram rotas de passagem [de veículos] porque as vias arteriais do entorno estão saturadas."

Estratégia central para incentivar a produção de moradias perto de áreas abastecidas de transporte público, o plano da gestão Haddad deu incentivos econômicos a empreendedores imobiliários para que construíssem nas ZEUs.

Neste ano, a revisão aprovada pela gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB) ampliou esses estímulos. O mais importante deles é a permissão para que se construa diversas vezes a mais do que a área do terreno.

A ideia é simples. O retorno financeiro sobre o terreno é maior quando se pode construir mais apartamentos, salas comerciais e lojas para venda ou locação. Isso torna interessante a compra de áreas, até mesmo as mais caras, para a construção de prédios.

A urbanista Lucila Lacreta, diretora-executiva do Movimento Defenda São Paulo, critica o mecanismo. "Na época [do plano de 2014], a maioria da população não captou o resultado dessa proposta. Deu no que deu: bairros dizimados, não houve estudo de impactos, e o resultado foi um desagrado total", diz Lacreta. "As pessoas perderam a identidade dos seus bairros e, neles, usos que eram bons para a qualidade de vida."

O Secovi-SP, que representa construtores e incorporadores paulistas, disse que não tinha porta-voz disponível para comentar as questões apontadas pelos movimentos de bairros.

Quem defende a expansão da verticalização nos eixos costuma apontar a necessidade de criar mais moradias, comércio e serviços em áreas fartamente abastecidas de infraestrutura urbana, sobretudo, de transporte público.

Há questionamentos, porém, sobre o resultado desta política. A gestão Nunes apontou como um dos defeitos do atual Plano Diretor o incentivo proporcionado à proliferação de microapartamentos em áreas valorizadas.

Plano Diretor ampliou espaço para arranha-céus

Aprovada no final de junho pelo Legislativo municipal, a revisão do Plano Diretor possibilitou o aumento do raio das ZEUs (Zonas Eixo de Estruturação da Transformação Urbana) de 600 para 700 metros no entorno de estações de metrô e trens. Também aumentou essas zonas nas faixas que contornam corredores de ônibus, que passaram de 300 para 400 metros. Os eixos também podem ser chamados pela sigla EETU.

Prédios construídos nessas áreas não têm limite de altura, mas ainda possuem tamanhos restringidos pela relação entre terreno e área construída.

A relação é representada pela sigla CA (coeficiente de aproveitamento). Quando a construção pode aproveitar apenas uma vez a área do terreno, diz-se que o coeficiente de aproveitamento é igual a um ou, simplesmente, CA1.

Edifícios residenciais que possuam unidades voltadas para a habitação social podem construir até seis vezes a área do terreno, portanto, um CA6.

O potencial construtivo pode aumentar ainda mais se existirem lojas na fachada do prédio, escritórios, diferentes tipos de moradia popular -Habitação Social 1 e 2 (renda familiar de até 3 ou até 6 salários mínimos) e de Mercado Popular (renda de 6 a 10 salários mínimos)--, entre outros incentivos criados pelo Plano Diretor.

Estima-se que seria possível alcançar algo próximo de um CA12, ou seja, um prédio com área construída quase 12 vezes o tamanho do terreno.

Valor - SP   04/12/2023

Mesmo com ciclo de cortes da Selic já em andamento, perspectiva é que os custos de empréstimos habitacionais possam cair apenas a partir do segundo trimestre

Gustavo Favaron: “Em 2024, a alta da demanda por crédito imobiliário virá casada com mais lançamentos” — Foto: Rogerio Vieira/Valor

As taxas de financiamento habitacional permaneceram estacionadas na máxima atingida no atual ciclo de política monetária - entre 10,49% e 11,49% - ao longo da maior parte deste ano, segundo levantamento da plataforma Melhor Taxa. Os juros dos empréstimos, porém, podem finalmente começar a recuar em meados de 2024, segundo especialistas ouvidos pelo Valor.

Na análise da diretora do Melhor Taxa, Priscilla Basso, “para o ano que vem, a perspectiva é que os custos de empréstimos habitacionais possam cair apenas a partir do segundo trimestre”. Conforme a especialista do serviço de comparação de taxas e intermediação de crédito, “com redução da Selic, melhora da economia e recomposição da renda, a tendência é de aumento da demanda por empréstimo para aquisição da casa própria”.

“Mas os bancos só vão começar a reduzir o custo da linha quando houver redução da inadimplência”, diz Basso. “Antes de haver cortes de juros das linhas, o esperado é que ocorra um aumento das concessões de novos financiamentos”, afirma.

Para a diretora do Melhor Taxa, atualmente, as instituições têm privilegiado o crédito para segmentos de renda mais alta. Com a melhora do cenário, “os bancos tendem a reduzir restrições para a aquisição de imóveis de renda média ao longo de 2024”. Conforme Basso, condições de financiamento vistas durante a pandemia com taxas abaixo de 7% ao ano não devem voltar. “O esperado é que, no fim do ciclo de corte da Selic, o custo médio do crédito imobiliário possa cair para uma faixa entre 8,5% e 9% ao ano.”

Na avaliação do diretor executivo de habitação da Caixa Econômica Federal, Rodrigo Wermelinger, “para o ano que vem a queda da Selic passa a ser fator importante para a [diminuição da] taxa do crédito imobiliário”. O dirigente explica que, “com a esperada redução da taxa básica, os bancos vão passar a reprecificar operações à espera do momento de cortar a taxa de financiamento habitacional”.

O diretor executivo da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), Filipe Pontual, ressalta que, apesar da expectativa de um 2024 melhor do que 2023, não existe relação necessariamente direta entre redução da Selic e queda do custo do crédito imobiliário. “A perspectiva de o país seguir no rumo do equilíbrio fiscal, por exemplo, é fundamental para o comportamento dos juros futuros, um fator que influencia no custo de captação [no mercado privado].”

O diretor da Abecip pondera que, “mesmo que a poupança comece a se recuperar, os bancos estão no limite do uso desse funding”. Segundo Pontual, “todos os agentes estão ‘sobreaplicados’ no direcionamento obrigatório de recursos, acima dos 65% do saldo”.

Para o especialista, “como os bancos têm feito cada vez mais um mix de funding de poupança com instrumentos de mercado de capitais, foi possível segurar o custo abaixo da Selic, mas os preços de mercado tendem a cair mais devagar”. Segundo Pontual, “para os juros longos caírem mais rapidamente seria necessário ter menos incertezas fiscais e internacionais”.

O diretor de crédito imobiliário do Bradesco, Romero Albuquerque, vê a recuperação da poupança como fator essencial para uma eventual redução de taxas. “O comportamento da poupança nos próximos anos será fundamental para vermos algum movimento de redução de taxas, porque a caderneta é ainda o principal funding para essa linha”, pondera.

Na visão de Gustavo Favaron, CEO do fórum internacional de mercado imobiliário e infraestrutura GRI Club, “a tendência é de retomada do mercado imobiliário como um todo no Brasil em 2024”. Segundo o executivo, com a queda da Selic passa a ocorrer um ciclo positivo na medida em que “quanto mais as taxas caem, mais acessível fica a compra da casa própria para uma parcela maior de consumidores”.

Favaron classifica como “dramático” o aumento do custo desde a mínima vista na pandemia. “Durante a crise sanitária, as taxas caíram para o menor nível histórico, abaixo de 7% ao ano. Com subida dos juros, chegaram até os 11% atuais em uma elevação dramática. Em 2024, a tendência é de aquecimento da demanda [por crédito] casada com maior volume de lançamentos. Com o INCC [Índice Nacional de Preços da Construção Civil] controlado, as incorporadoras tendem a ter mais apetite para lançamentos.”

Já o apetite dos bancos pelo crédito imobiliário se manteve um pouco abaixo de 2022, mas sem um recuo tão expressivo como o cenário macroeconômico poderia sugerir. Os números da Abecip indicam que as concessões de crédito imobiliário no SBPE têm recuo de 16,9% de janeiro a outubro deste ano na comparação com igual período de 2022. Apesar da queda, o movimento se mostra bem menor do que na crise de 2015 e 2016, quando a Selic alcançou 14,25%. Na época, em um ano, houve redução de 38,3% no volume de empréstimos, sendo que de 2014 para 2015 já havia ocorrido recuo de 33%.

Segundo Basso, do Melhor Taxa, as concessões voltaram a acelerar neste ano entre fim do terceiro trimestre e início do quarto. A principal produção tem sido no repasse de clientes aos bancos feito pelas incorporadoras na entrega das chaves dos empreendimentos, afirma a diretora. “O índice de aprovação, que havia caído muito na metade do ano, com reprovação de mais da metade dos pedidos de crédito, já subiu para uma faixa de 70%”, acrescenta.

O Santander, por exemplo, está mantendo neste ano o patamar de concessões de 2022, segundo o diretor de negócios imobiliários, Sandro Gamba. “O banco está tendo um ano bastante positivo, porque a gente não teve queda [na produção de crédito imobiliário ante o ano passado]”, diz. De acordo com o balanço do terceiro trimestre da instituição, a participação de mercado em termos de novas concessões a pessoa física atingiu 7,8%, com alta de um ponto percentual na comparação com 2022. A carteira de crédito imobiliário alcançou R$ 61 bilhões, com alta de 6% ante julho a setembro do ano passado.

Wermelinger, da Caixa, afirma que a instituição estatal já emprestou R$ 75 bilhões em financiamento imobiliário para pessoa física dentro do SBPE em 2023 até setembro. “A tendência é alcançarmos quase R$ 100 bilhões nesse segmento até o fim do ano”, afirma. O balanço da Caixa no terceiro trimestre mostra que o saldo da carteira imobiliária apresentou crescimento de 14% no fim de setembro de 2023 ante o mesmo período do ano passado, com estoque de R$ 707,9 bilhões. No total de nove meses, junto com as operações de habitação popular com recursos do FGTS, a Caixa emprestou R$ 136,9 bilhões, com alta de 10,3% frente ao intervalo de janeiro a setembro de 2022.

O Bradesco registrou no terceiro trimestre um aumento de 6,16% na carteira de crédito imobiliário pessoa física, na comparação com setembro de 2022, para R$ 87,9 bilhões. Mas o balanço indica uma desaceleração de originações frente ao ano passado.

Em nove meses, houve queda de 12% na produção de crédito imobiliário para pessoas físicas no Bradesco. O volume caiu de R$ 11,4 bilhões de janeiro a setembro de 2022 para R$ 10 bilhões no mesmo período de 2023. A desaceleração começou a partir do segundo trimestre. Nos três primeiros meses do ano, houve um crescimento anual de 7%. De abril a maio, as concessões caíram 26,2% na mesma base. No terceiro trimestre, houve nova queda, dessa vez de 17,2%.

No Itaú Unibanco, a carteira de crédito imobiliário para pessoas físicas registrou alta de 12,1% no fim do terceiro trimestre na comparação anual, para R$ 112,9 bilhões. O volume de contratações, porém, recuou 29% em nove meses na comparação com o mesmo período de 2022. No ano passado, de janeiro a setembro, as concessões alcançaram R$ 30 bilhões. Em 2023, em três trimestres, a produção atingiu R$ 21,3 bilhões.

Valor - SP   04/12/2023

No final do terceiro trimestre, os empréstimos bancários pendentes na China totalizaram US$ 33 trilhões

Nas duas décadas desde que o Conselho de Estado da China classificou oficialmente o setor imobiliário como “indústria pilar”, o segmento registrou rápido desenvolvimento, impulsionando a expansão do PIB e inspirando em milhões de chineses o sonho de possuir a própria casa. Mas o setor está agora assolado por problemas, desde preços elevados a dívidas enormes, e ameaça minar o crescimento em um momento em que a China não tem condições para evitar isso.

Embora não exista propriedade privada de terras na China, as famílias estão ansiosas por possuir as próprias casas, tanto para melhorar suas condições de vida como para acumular riqueza. Os chineses não conseguem adquirir facilmente ativos estrangeiros, devido aos controles de capitais, e as bolsas de valores chinesas não têm tido um bom desempenho. A China não tributa imóveis residenciais, ganhos de capital ou heranças - e promete grandes ganhos de valor. Como resultado, a propriedade se torna a forma de ativo mais atraente para se possuir.

De 2005 a 2021, o índice de preços reais dos imóveis residenciais na China cresceu 28,5%, de 87,95 para 112,99. Embora o indicador tenha caído algumas vezes ao longo dos anos, sempre se recuperou fortemente, dando aos chineses a impressão de que, quando se trata de acumulação de riqueza, a posse da casa própria é praticamente uma certeza.

Mas à medida que as expectativas de aumento dos preços da habitação e a especulação fazem com que os preços reais aumentem a uma taxa muito mais elevada do que o crescimento do rendimento disponível das famílias - as casas tornaram-se cada vez mais inacessíveis para os jovens chineses, e muito menos alcançáveis para os trabalhadores migrantes, que não gozam dos mesmos direitos que os trabalhadores permanentes, residentes na cidade. Em algumas cidades de primeiro nível, as unidades habitacionais custam mais de 40 vezes o rendimento médio.

O governo da China tentou repetidamente controlar os preços da habitação, restringindo, por exemplo, o número de compras de imóveis que uma única família pode fazer e até impondo controles administrativos sobre os preços da habitação. Mas essas medidas revelaram-se muito ineficazes e por vezes até contraproducentes. Embora isso se deva, em parte, ao fato de compradores e vendedores encontrarem formas de contornar as restrições, a razão fundamental é que o setor imobiliário efetivamente sequestrou a economia chinesa.

O setor imobiliário tem uma cadeia de valor muito longa, portanto, tudo o que aí acontece tem efeitos de longo alcance, tanto antes da produção como depois. O crescimento mais lento dos preços da habitação leva a um crescimento mais lento do investimento imobiliário. Uma vez que esse investimento e atividades relacionadas representam uma parte importante do PIB chinês - mais de 10%, em média, ao longo da última década - isso prejudica o crescimento econômico geral.

Durante anos, sempre que isso acontecia, o governo da China respondia afrouxando ou revertendo quaisquer medidas que impedissem o crescimento dos preços, abrindo caminho para uma forte recuperação tanto no investimento imobiliário como nos preços dos imóveis. Após a crise de 2014-2015, os preços da habitação dispararam - e continuaram a aumentar durante os seis anos seguintes, no que representou o aumento de preços mais longo (na sua maioria) ininterrupto desde 2003.

Assim, em 2021, o governo da China interveio novamente, introduzindo três “linhas vermelhas” para incorporadores imobiliários. Caso qualquer incorporadora tivesse uma proporção passivo/ativo superior a 70%, uma proporção de alavancagem líquida superior a 100% ou uma proporção caixa/dívida de curto prazo superior a 100%, perderia acesso ao crédito bancário. Não surpreendentemente, o índice de preços da habitação começou rapidamente a cair, seguido pelo crescimento do investimento imobiliário.

Investimento imobiliário caiu 10% em 2022 e recuou outros 9,3% nos primeiros dez meses de 2023. Além de liquidar e reestruturar incorporadoras falidas, China poderá conter riscos colocando empresas em risco sob maior controle governamental

O que surpreendeu foi a magnitude da queda: em 2022, o investimento imobiliário despencou 10% ano após ano. E embora o governo tenha de pronto significativamente afrouxado sua política restritiva, a recuperação familiar nunca se materializou. Pelo contrário, nos primeiros dez meses de 2023, o crescimento do investimento imobiliário caiu mais 9,3% em termos anuais e a quantidade de construções não vendidas aumentou 18,3%.

Hoje, um crescente número de incorporadoras imobiliárias está à beira da inadimplência, devido à combinação de altas proporções entre passivos e ativos e à escassez de liquidez. E alguns - mais notavelmente a Evergrande, a segunda maior imobiliária da China - já caíram para fora do limite. Embora as autoridades reguladoras chinesas insistam que a inadimplência da Evergrande é um acontecimento único que terá pouco impacto no mercado, não há como negar os riscos crescentes no setor imobiliário. No passado, a China sempre conseguiu avançar, mas desta vez poderá ser diferente.

Certamente, inadimplência entre incorporadoras imobiliárias, mesmo as muito grandes, não são suscetíveis de causar uma sistêmica crise financeira na China. No final do terceiro trimestre deste ano, os empréstimos bancários pendentes na China totalizaram CN¥ 234,5 trilhões (US$ 33 trilhões), com os empréstimos hipotecários representando apenas CN¥ 39 trilhões (16,6% do total) e o crédito aos incorporadores imobiliários ficaram em ¥ 13 trilhões (5,6% do total). Devido aos elevados padrões para os mutuários e as grandes exigências de pagamento inicial, a qualidade dos empréstimos hipotecários na China é elevada.

O problema que os bancos enfrentam não é a perspectiva de inadimplência em grande escala dos mutuários, mas sim um desejo crescente entre os mutuários de liquidarem antecipadamente seus empréstimos hipotecários. Embora a proporção de empréstimos inadimplentes dos bancos chineses seja atualmente muito baixa - abaixo de 2% - poderá aumentar acentuadamente se o governo não conseguir resolver a deterioração das finanças das incorporadoras (e das suas empresas antes ou depois).

Para além da liquidação e reestruturação das falidas incorporadoras imobiliárias, o governo da China pode conter os riscos financeiros, colocando as incorporadoras que estão em risco de insolvência sob maior controle governamental, seja através de tutela ou de nacionalização temporária. Poderia também fornecer liquidez às incorporadoras solventes que necessitem e comprar ativos (financeiros ou físicos) das incorporadoras que estão sob pressão para oferecer “vendas imediatas”.

Com uma posição fiscal relativamente forte e um banco central com espaço para adotar uma política monetária mais expansionista, a China deverá ser capaz de facilitar soluções para os problemas da dívida do setor imobiliário. Espera-se que o governo chinês consiga avançar mais uma vez. (Tradução de Anna Maria Dalle Luche)

Yu Yongding, diretor do Instituto de Economia e Política Mundial da Academia Chinesa de Ciências Sociais, atuou no Comitê de Política Monetária do Banco Popular da China de 2004 a 2006. Copyright: Project Syndicate, 2023.

Infomoney - SP   04/12/2023

Quem comprou imóveis nas cidades de Vitória, Vila Velha, Goiânia, Curitiba e Florianópolis obteve ganhos acima da inflação nos últimos cinco anos. De acordo com dados públicos do índice FipeZap analisados pelo Estadão, a valorização do preço médio do metro quadrado nesses municípios ficou entre 16% e 40,8% (já descontada a inflação pelo IPCA) no período de setembro de 2018 a setembro de 2023.

O levantamento abrange os preços em 18 cidades que têm dados divulgados pela FipeZap desde 2018. Os valores se referem aos preços pedidos pelos proprietários, mas não é necessariamente o preço efetivo de venda. Vitória, capital do Espírito Santo, ficou no topo do ranking, com uma valorização de 40,84%, seguida por Vila Velha, com 27,3%.

“Vitória tem um resultado alto no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), no topo do ranking”, diz o economista e educador financeiro Marlon Glaciano. Segundo ele, o que mais eleva o índice de valorização de uma região é a qualidade de vida e o acesso. Por outro lado, o aumento de indicadores negativos, como a violência urbana, tendem a catapultar a depreciação de imóveis nessas localidades.

Vitória já foi considerada pela ONU como a segunda melhor cidade do litoral brasileiro para se viver, ficando atrás somente de Florianópolis, em Santa Catarina. Também já foi apontada com uma das cidades com melhor infraestrutura para o empreendedorismo, segundo a Endeavor.

Na avaliação de especialistas, o avanço do preços de imóveis em um município está ligado ao desenvolvimento socioeconômico e à demanda por terrenos e moradias. O professor da FGV Alberto Ajzental afirma que uma explicação para o aumento pode também ser a falta de lançamentos imobiliários nas cidades nesse período, uma vez que o mercado vinha de um ciclo de baixa nos anos pré-pandêmicos.

“Cada região tem suas particularidades. Se uma cidade é guiada pelo agro, e o setor vai bem, pode haver mais lançamentos imobiliários, o que diminui o preço pedido dos demais imóveis, mas se o setor econômico principal da região vive crise, aquela região também vê essa valorização variar”, analisa.

Glaciano acredita que, de modo geral, regiões que investem mais em segurança pública e indicadores que afetam a qualidade de vida tendem a ter melhor valorização dos seus imóveis.

Os especialistas ressaltam que é difícil criar uma lista de atributos compartilhados entre os municípios que justifique os melhores resultados de valorização do metro quadrado dos imóveis, já que cada região tem características diferentes que afetam o mercado imobiliário.

Contudo, é possível elencar alguns fatores que os impulsionam individualmente, como explica o professor da FGV. “Existe um reflexo da economia local de cada cidade e da oferta de produto nesses locais. Em Vila Velha e Vitória, essa valorização também pode ter sido puxada pela operação portuária, que é uma atividade econômica importante”, diz Ajzental.

É na capital capixaba que estão localizados os portos de Vitória e de Tubarão, que atuam principalmente na exportação de minério de ferro e nas produções de petróleo, siderurgia e celulose.

“No caso de Goiânia, talvez esse resultado esteja atrelado ao bom momento do agronegócio, que movimenta a economia na região”, afirma o professor. A cidade do centro-oeste está em terceiro lugar no ranking de municípios com maiores valorizações nos últimos cinco anos.

Nesse caso, a riqueza do campo, gerada pelos consecutivos recordes na produção de grãos, explica o aumento dos preços. A cidade, de 1,4 milhão de habitantes, vive um boom de lançamentos imobiliários residenciais e comerciais, assinados por grifes famosas do designer nacional e internacional.

Nos últimos tempos, desembarcaram na capital goiana – localizada a 209 km de Brasília – nomes de peso, como o estúdio de design italiano Pininfarina, conhecido pelos projetos da Ferrari; o Studio Arthur Casas, de arquitetura; o WTC (World Trade Center); e até o V3rso, marca de hotelaria butique, do hotel Emiliano. O movimento tem elevado as vendas e provocado uma forte valorização dos preços dos imóveis de médio e alto padrões.

Entre as cidades que tiveram as maiores desvalorizações no preço do m² no País diante da inflação nesse período, estão Niterói, Rio de Janeiro, Campinas, Porto Alegre e São Paulo.

Para Glaciano, uma explicação seria o impacto da pandemia em capitais e regiões metropolitanas, que gerou um movimento de pessoas que deixaram os endereços em busca de novos lares em áreas com um maior nível de qualidade de vida. “As capitais sofreram bastante com isso. Outras cidades viram fugas de empresas. Tudo isso impactou”, diz.

Ajzental, da FGV, lembra que além dos fatores macroeconômicos, como PIB, Selic e poder de consumo, questões mais locais também afetam o mercado imobiliário. Um exemplo é a depreciação do valor de imóveis no ABC Paulista. Santo André e São Caetano estão na lista dos municípios que tiveram mais depreciação, com quedas de 4,6% e 3,33%, respectivamente.

O professor aponta as crises na indústria automobilística e metalúrgica como um possível fator que “puxou para baixo” o preço dos imóveis na região, uma vez que esses municípios eram guiados majoritariamente por esses dois segmentos econômicos, que sofreram para manter a produção nos últimos anos. “A situação do ABC é reflexo da derrocada da indústria”, diz.

Como escolher uma cidade?

O analista de mercado imobiliário da Empiricus, Caio Nabuco de Araújo, orienta que os compradores avaliem diversos fatores antes de fechar negócio, como o ambiente macro econômico, taxa de juros, crescimento do País e também questões microeconômicas do endereço escolhido, como infraestrutura na região, legislação urbana – como o plano diretor-, mobilidade urbana e segurança pública.

Ele lembra que tudo isso pode impactar para cima ou para baixo no preço do imóvel. “De fato não é uma decisão simples”, diz.

Araújo afirma que no caso de os compradores escolherem adquirir os imóveis via financiamento é preciso pôr na ponta do lápis, por exemplo, o patamar da Selic, que nos últimos dois anos subiu no País, elevando os custos de se comprar uma casa ou apartamento de forma parcelada.

“Com os juros imobiliários em alta, isso prejudica as empresas que atuam no setor”, avalia o analista.

O analista acredita que, se a Selic mantiver sua trajetória de queda ao longo do próximo ano, a expectativa é de que essa movimentação na taxa de juros tire a pressão do financiamento imobiliário, o que pode ajudar a valorizar os investimentos imobiliários em mais locais.

“Com esse ritmo de queda, principalmente a partir do segundo semestre, isso abre caminho para uma demanda maior e maior valorização dos imóveis”, afirma.
Metodologia do levantamento

Uma limitação do levantamento é que os preços compilados são aqueles publicados em anúncios, e não refletem necessariamente os valores pelos quais os imóveis foram efetivamente vendidos.

Tanto imóveis novos quanto usados são contemplados no estudo. “A FipeZap trabalha com os valores pedidos pelos proprietários, o que demonstra mais que os donos estão se sentindo confiáveis para subir o valor dos imóveis”, diz o professor da FGV Alberto Ajzental.

O especialista pondera ainda que o levantamento da Fipe Zap não leva em consideração a variação do Índice Nacional da Construção Civil (INCC), o que poderia impactar o porcentual de valorização de algumas regiões.

NAVAL

A Tribuna - SP   04/12/2023

O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, busca investimentos internacionais para cumprir a meta do Governo Federal de criar, até 2028, mais de 30 novos portos no Brasil. O objetivo é aumentar a parceria bilateral com os países árabes para ampliar o transporte de cabotagem e aperfeiçoar a infraestrutura, dando maior vazão às exportações da produção brasileira.

Costa Filho está desde a última segunda-feira no continente asiático, integrando a comitiva do presidente Lula (PT) que participa da 28ª Conferência de Mudança do Clima da Organização das Nações Unidas (ONU), a COP 28, em Dubai.

Evento
Nesta quinta (30), o ministro participou, junto com o presidente Lula, do Fórum Empresarial Brasil-Catar, em Doha. Em vídeo nas redes sociais, ele disse que Brasil apresentou no evento todas as oportunidades que têm na área de portos e aeroportos, petróleo e gás e investimentos em infraestrutura.

“Para que a gente possa levar investidores estrangeiros do Catar para prover investimentos no Brasil. Não tenho dúvida que nos próximos cinco anos nós teremos um amplo volume de investimentos dos árabes no Brasil, gerando emprego e renda e, sobretudo, estimulando o desenvolvimento do País”.

Um dia antes, ele havia dito que a meta era ampliar a movimentação nos portos. “Todas as parcerias são muito bem-vindas ao País, por isso queremos nos colocar à disposição de todos para compartilhar os projetos e, de maneira objetiva, tentar desburocratizar para trazer esses investimentos ao Brasil”, diz o ministro.

Participação
Durante seu discurso no seminário empresário Brasil-Arábia Saudita, na quarta-feira, em Riade, que tem por objetivo buscar novos investimentos para o desenvolvimento dos modais de infraestrutura do país, Costa Filho, afirmou que “o Brasil é hoje uma grande janela de oportunidade para novos investimentos estrangeiros”.

De acordo com o ministro, isso se explica por diversos fatores, entre eles: o fortalecimento das instituições brasileiras, a segurança jurídica, a estabilidade econômica, a previsibilidade e um ambiente de negócios favorável.

De acordo com o relatório do Banco Mundial, o Brasil é o segundo país mais procurado por investidores internacionais. “Isso demonstra que temos alta rentabilidade para os investidores, maior do que qualquer investimento na Europa ou no mercado americano. Isso, sem dúvida alguma, é um instrumento que fortalece a possibilidade de novos investimentos”, disse Costa Filho.

A Tribuna - SP   04/12/2023

O Porto de Santos manteve o recorde na movimentação de cargas entre janeiro e outubro deste ano, em comparação ao mesmo período de 2022. Foram 142 milhões de toneladas, crescimento de 2,7%.

O milho foi um dos responsáveis pelo bom desempenho geral. A commodity cresceu 29,6%, no mês de outubro, somando 3,2 milhões de toneladas. Assim, o acumulado do ano é de 14,8 milhões de toneladas, um incremento de 34,5%.

A Autoridade Portuária de Santos (APS) lembra que o embarque de granéis vegetais é impactado pela chuva. Nos momentos em que o tempo firma, é realizado um esforço conjunto para acelerar os embarques e liberação dos navios carregados nos terminais, além da organização dos comboios de entrada e saída de navios.

“A chuva faz com que a colheita seja postergada, obrigando o embarque de uma vez só. No entanto, os terminais têm capacidade efetiva de movimentar esse tipo de excepcionalidade. Dá para fazer uma operação incrível, não tenho dúvidas disso”, afirma o engenheiro naval e MBA em Negócios e Gestão Agrícola, Eduardo Jeronymo.

Gargalos

Segundo a APS, os granéis sólidos somaram, no acumulado do ano, 77,5 milhões de toneladas, aumento de 10,5% sobre o mesmo período de 2022 e melhor marca para esse intervalo. Ganharam destaque a soja, com 37,5%; açúcar, com 19,7%; milho, com 19,1%; soja peletizada, com 9,9%; e adubo, com 8,2%.

Jeronymo entende que o desempenho poderia ser ainda melhor, se alguns gargalos logísticos já tivessem sido resolvidos. “A licitação do STS11 foi importante para a ampliação da capacidade de granéis sólidos vegetais. Ali, na região de Paquetá, vai ter uma expansão de capacidade muito grande feita pela Cofco (empresa que arrematou a área em 2022), que vai dar um pouco mais de fôlego para Santos absorver a demanda de granéis sólidos”, pontua.

Os contêineres também merecem atenção - os números de outubro indicam que a carga conteinerizada somou 439.743 TEU (unidade de medida equivalente a um contêiner de 20 pés) e no acumulado do ano 3,9 milhões de TEU, reduções de 2,6% e 6,9%, respectivamente.

“Santos é o hub port brasileiro de movimentação de contêineres. Não ter uma nova infraestrutura - e as demais estarem saturadas - é complicado. Os clientes demandam, o armador demanda, e não há muito o que fazer, a não ser antecipar investimentos”, complementa o especialista.

Outubro

O total de cargas no Porto em outubro somou 14,3 milhões de toneladas, redução de 0,8% em relação ao mesmo mês do ano passado. Ainda assim, é a segunda melhor marca entre os meses de outubro.

Total

142 milhões de toneladas de cargas foram movimentadas de janeiro a outubro deste ano, crescimento de 2,7% em comparação ao mesmo período de 2022, diz a Autoridade Portuária de Santos (APS).

Portal Fator Brasil - RJ   04/12/2023

Crescimento de 18,8% no acumulado ano. Foram R$ 3,2 milhões em investimentos, com destaque para obras na perimetral da margem direita.

A Autoridade Portuária de Santos (APS), responsável pela infraestrutura pública do Porto de Santos, terminou os nove meses de 2023 com lucro líquido acumulado de R$ 494 milhões, alta de 18,8% sobre o mesmo período de 2022. A receita líquida da Companhia registrou R$ 1,2 bilhão no período, crescendo 12,1% em relação ao ano anterior.

Considerando apenas o 3º trimestre, a APS registrou um lucro de R$ 100,6 milhões. O resultado financeiro apresentou um ganho de R$ 56,7 milhões. As receitas líquidas alcançaram a marca de R$ 396,6 milhões, registrando aumento de 2,7% em comparação com o terceiro trimestre de 2022.

O resultado financeiro demonstrou expressivo ganho, passando de uma receita financeira líquida de R$ 40,5 milhões no 3º trimestre de 2022 para R$ 56,7 milhões em 2023. A evolução é resultado principalmente de maiores rendimentos de aplicações financeiras, tendo sido favorecida pela maior posição de caixa ao longo do ano e também pelo aumento das taxas de juros, que se refletiram em expressivo crescimento no rendimento das aplicações financeiras.

As Despesas Administrativas recorrentes representaram 7,6% da receita líquida, redução de 0,4 p.p. em relação ao mesmo período do ano anterior. As receitas patrimoniais totais apresentaram crescimento de 18,4% no 3º trimestre de 2023, com destaque para o incremento de 42,5% na receita referente a movimentação mínima contratual (MMC). A receita de arrendamentos registrou aumento de 4,1%, refletindo os reajustes contratuais e a busca constante por eficiência na alocação otimizada das áreas portuárias para contratos de transição e novos arrendamentos.

A posição final de caixa da Autoridade Portuária era de R$ 2,3 bilhões no encerramento do trimestre, indicando expressivo crescimento de 38,0% em relação à posição verificada no terceiro trimestre de 2022.

O Ebitda ajustado alcançou o valor de R$ 149,1 milhões (37,6% de margem), apresentando uma queda de 3,5% em relação ao resultado do 3T22 (43,5% de margem), em decorrência, principalmente, do reconhecimento de complemento de provisões do TAC Valongo e atualizações de provisões cíveis.

Orçamento de investimentos (Dispêndios de capital): Ao longo do terceiro trimestre foram realizados R$ 3,2 milhões de investimentos, com destaque para R$ 1,8 milhão referente obras na perimetral da margem direita.

PETROLÍFERO

O Estado de S.Paulo - SP   04/12/2023

A Petrobras deverá começar um estudo neste mês para analisar a viabilidade de abrir uma subsidiária da empresa no Oriente Médio. A declaração foi feita pelo presidente da estatal, Jean Paul Prates, à Bloomberg Línea, na sexta-feira, 1º. Ele se referiu à iniciativa como “Petrobras Arábia”. A ideia seria fortalecer os laços comerciais da companhia na região do Golfo Pérsico.

O anúncio ocorre após a sinalização de adesão do Brasil à Opep+. A entidade é um grupo formado por 23 países entre membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e aliados. No caso da Opep, os países têm obrigações a cumprir, como o aumento ou a redução da produção de petróleo, o que não ocorre com os membros da Opep+. Atualmente, entre os aliados que compõem a entidade estão países como Azerbaijão, Bahrein, Malásia, México e Rússia.

Neste sábado, 2, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o Brasil vai participar do grupo Opep+, mas não vai “apitar nada” nas decisões do bloco. Ele argumentou que a participação brasileira é importante para convencer países produtores de petróleo a reduzirem a exploração de combustíveis fósseis. Segundo o Ministério de Minas e Energia, Alexandre Silveira, a adesão não vai impor ao País nenhuma cota máxima de produção.

Lula participou de um encontro com a sociedade civil durante a Cúpula do Clima da ONU, COP-28, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Durante a reunião, representantes de organizações não governamentais defenderam postura enfática contra os combustíveis fósseis.

“Muita gente ficou assustada com a ideia de que o Brasil ia participar da Opep. O Brasil não vai participar da Opep, vai participar da Opep+”, disse. “Eu vou lá, escuto, só falo depois que eles tomarem a decisão e venho embora. Não apito nada. A Opep+ eu acho importante a gente participar, porque a gente precisa convencer os países que produzem petróleo que eles precisam se preparar para reduzirem os combustíveis fósseis”, disse.

Silveira já havia sinalizado a entrada do País na entidade durante a semana. “A Opep+ é uma plataforma de discussão da indústria petroleira, onde poderemos discutir transição energética”, disse, acrescentando ser necessário e urgente avançar nesse tema. Ele argumentou que o Brasil foi convidado porque o governo Lula é reconhecido por “ser do diálogo”.

Ainda neste sábado, Prates defendeu que as receitas petrolíferas sejam aplicadas em esforços de transição energética numa crescente. “É preciso compreender que o mundo simplesmente não pode parar de usar petróleo de um dia para o outro. Nós ainda vamos precisar dele. É importante também que as receitas petrolíferas dos Estados e empresas sejam usadas gradualmente cada vez mais para a transição energética”, disse em vídeo gravado na COP-28, em Dubai.

Segundo ele, o debate sobre o papel das petroleiras na transição, previsto para quarta-feira, 6, será a principal contribuição da Petrobras e suas pares globais, estatais e privadas, na conferência.

Parcerias com sauditas

Na quarta-feira, 29, Prates havia afirmado em uma rede social que a estatal estava avançando em parcerias com os sauditas, para “garantir que possamos trabalhar conjuntamente em projetos de segurança, acessibilidade e sustentabilidade energética”. Ele não deu mais detalhes.

O presidente da Petrobras participou da mesa de debates do Fórum Empresarial Arábia Saudita-Brasil, em Riade, na Arábia Saudita, com Lula. O evento promovido pela Apex Brasil reuniu as principais empresas e entidades brasileiras e sauditas para promover a prospecção econômica entre ambos os países.

“Na mesa sobre energia, defendi que o Brasil possui grande potencial na liderança operacional da transição energética, que já está em curso. Nosso País detém uma matriz energética e elétrica importantemente renovável. E isso serve tanto de desafio como de referência para nossas relações com a Arábia Saudita e demais países”, disse Prates.

No encontro, Lula também convocou a Arábia Saudita a avaliar parcerias na área de fertilizantes. O Brasil é o maior importador do insumo, ao mesmo tempo que é uma dos maiores fornecedores de alimentos do planeta.

A Petrobras possui quatro fábricas de fertilizantes, sendo uma em construção, a UFN III, em Três Lagoas, Mato Grosso do Sul, que chegou a ter a venda anunciada pelo governo Bolsonaro para o grupo russo Acron, mas não foi adiante; e outras três que foram hibernadas (Fafen-PR) e arrendadas (Fafen-BA e Fafen-SE) entre 2019 e 2020.

Segundo Prates, a intenção da Petrobras agora é retomar todas as unidades. A primeira que deverá voltar à operação é a unidade do Paraná, que está hibernando, e conversas já estão sendo feitas para possíveis projetos conjuntos nas fábricas arrendadas na Bahia e Sergipe. Já a fábrica de Três Lagoas tem previsão de iniciar a operação em 2028, com possibilidade de ter o prazo antecipado./Com Denise Luna.

Valor - SP   04/12/2023

Produção de gás natural no país foi de 152,51 milhões de metros cúbicos por dia, um aumento de 2,5% em comparação a outubro do ano passado

A Agência Nacional de Petróleo e Gás Natural (ANP) anunciou nessa sexta-feira (1º) que a produção nacional de petróleo atingiu os 3,543 milhões de barris por dia em outubro, um aumento de 9,2% em relação a igual período de 2022. Já na comparação com setembro, a produção de petróleo recuou 3,5% no país.

A produção de gás natural no país foi de 152,51 milhões de metros cúbicos por dia, um aumento de 2,5% em comparação a outubro do ano passado. Na base mensal, houve queda de 3,5%.

No total, a produção nacional de petróleo e gás foi de 4,502 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boe/d) em outubro.

No pré-sal, a produção total alcançou os 3,441 milhões de boe/d e representou 76,4% da produção total no país. A marca representa um aumento de 9,5% em comparação com outubro de 2022 e um recuo de 4,3% em relação a setembro de 2023.

Em outubro, os campos marítimos produziram 97,6% do petróleo e 86,2% do gás natural. Os campos operados pela Petrobras, sozinha ou em consórcio com outras empresas, representaram 89,28% do total produzido. A produção teve origem em 6.421 poços, sendo 515 marítimos e 5.906 terrestres.

Veja tudo sobre o balanço da Petrobras e outros indicadores financeiros, além de todas as notícias sobre a companhia no Valor Empresas 360

O Estado de S.Paulo - SP   04/12/2023

O Grupo J&F, dos empresários Joesley e Wesley Batista, comprou a empresa de exploração e produção de petróleo e gás Fluxus, que acabou de formalizar acordo para adquirir ativos em produção na Argentina.

Será mantida a estrutura da Fluxus, com o fundador, o geólogo Ricardo Savini, agora como diretor-presidente. Savini, que fundou e presidiu a 3R Petroleum, é figura respeitada no setor. Segundo comunicado, a empresa será a “plataforma de investimentos” do J&F nos setores de óleo e gás na América Latina.

Em paralelo, a Fluxus celebrou contratos da primeira compra de ativos operacionais da Fluxus na Argentina. A empresa tem com a Pluspetrol um acordo de compra total de três blocos do campo Centenário, na província de Neuquén, e de 33% do campo de Ramos, na província de Salta.

O fechamento do negócio está previsto para 2024. Somadas, as duas operações na Argentina têm produção diária atual de 9,32 mil barris de óleo equivalente (boed) para a participação da Fluxus. Por dia, a Fluxus vai tocar 1,3 milhão de metros cúbicos de gás e 1,36 mil barris de petróleo.

Futuro

Em nota, Savini, da Fluxus, informou que depois desse primeiro negócio na Argentina, a empresa analisa investimentos no Brasil, Bolívia e Venezuela, além de outros países. Haveria, portanto, um foco regional na América Latina. A Fluxus vinha sendo encarada por parte do mercado como uma empresa mais focada em exploração ou compra, melhora e revenda de ativos de óleo e gás, mas pode ganhar tendência mais perene com a chegada do J&F.

A empresa foi fundada esse ano por Savini, fundador e ex-presidente da 3R Petroleum, com passagem pela Petrobras; Jorge Lorenzón, ex-diretor da 3R Petroleum, com passagens por YPF, Pérez Companc e Petrobras; e Vitor Abreu, geólogo exploracionista que trabalhou para a Petrobras e ExxonMobil.

Expansão

Óleo e Gás será o oitavo grande ramo de atuação do grupo J&F, conglomerado com empresas de alimentos (JBS), celulose (Eldorado Brasil), energia (mbar), mineração (J&F Mineração), serviços financeiros (Picpay), higiene e cosméticos (Flora) e comunicação (Canal Rural). Com operações em 22 países e 290 mil empregados, o J&F tem receita anual de R$ 393 bilhões.

O Estado de S.Paulo - SP   04/12/2023

O anúncio da adesão do Brasil à Opep+, grupo expandido que agrega os 13 membros da Organização dos Países Produtores de Petróleo (Opep) e mais dez países, provocou críticas de organizações não governamentais ambientais. Representantes de ONGs apontam que a iniciativa “contradiz” o discurso do governo brasileiro de limitar as emissões de combustíveis fósseis.

“O Brasil diz uma coisa, mas faz outra na COP-28. É inaceitável que o mesmo país que afirma defender o objetivo de limitar o aquecimento global a 1,5°C anuncie agora sua aliança com o grupo dos maiores produtores de petróleo do mundo”, afirmou Leandro Ramos, diretor de programas do Greenpeace Brasil.

Peri Dias, representante da 450.org na América Latina, questionou: “O Brasil quer ser um líder climático ou um Estado dependente de combustíveis fósseis? Não pode ser ambos ao mesmo tempo.” Segundo ele, o País “precisa ser mais claro em seus compromissos e defesa para eliminar progressivamente os combustíveis fósseis e expandir as energias renováveis se quiser ser o líder que pretende ser para a COP-30", que será realizada em Belém, no Pará, em 2025. “O Brasil precisa pressionar firmemente pelo completo abandono do petróleo, gás e carvão no texto final da COP-28", afirmou.

Para Ramos, do Greenpeace, entrar na Opep+ é uma decisão “completamente equivocada e perigosa”, que ocorre em um momento em que o País deveria se preocupar em acelerar a transição energética e criar planos para eliminar progressivamente os combustíveis fósseis. “Não basta se comprometer com a desmatamento zero, o governo brasileiro deve adotar uma postura contra os combustíveis fósseis se quiser assumir um papel de liderança climática mundial”, disse.

A Opep+ anunciou a adesão do Brasil, a partir de janeiro de 2024, em sua última reunião realizada em Viena na quinta-feira passada. No sábado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-28), em Dubai, que o Brasil vai entrar no grupo, mas não vai “apitar nada” nas decisões do bloco. Ele argumentou que a participação brasileira é importante para convencer países produtores de petróleo a reduzirem a exploração de combustíveis fósseis.

Neste domingo, 3, antes de embarcar para Berlim, na Alemanha, o presidente voltou a falar do assunto. “O Brasil não será membro efetivo da Opep nunca porque nós não queremos. Agora, o que nós queremos é influenciar”, afirmou.

Segundo informações do Ministério de Minas e Energia, a adesão à Opep+ não vai impor ao País nenhuma cota máxima de produção de petróleo.

O Brasil, atualmente o maior produtor de petróleo da América Latina, se tornará o vigésimo quarto membro da Opep+ e o terceiro da região, ao lado do México e Venezuela, este último, um dos cinco países fundadores do cartel da Opep em 1960 e que hoje conta com as maiores reservas de petróleo do mundo.

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