Diário do Comércio - MG 01/12/2023
O aumento nas importações de aço, tanto da China (em maior escala) quanto da Rússia, tem provocado sérios reflexos nas empresas siderúrgicas brasileiras.
Trata-se de uma questão que vai muito além da pauta tributária.
Nesse cenário, ganha relevo a seguinte indagação: Qual é a política adotada pelo governo federal e seus reflexos? Em relação à tributação do aço, observa-se que a Camex (Câmara de Comércio Exterior) do Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços), na prática, tem adotado o que podemos classificar como ‘medidas pontuais’, que consiste, apenas, em reduzir temporariamente alíquotas de determinados produtos siderúrgicos.
Os reflexos dessas medidas da Camex são positivos? Sim. Em certa medida podemos considerar como positivos, mas seria necessário avançar um pouco mais no terreno da defesa das indústrias nacionais do setor siderúrgico. Significa dizer que é necessário criar uma política nacional protecionista e favorável ao ‘aço nacional’.
A concorrência e o livre comércio de produtos são características do sistema de mercado. Porém, diversos países e blocos econômicos adotam medidas protetivas, visando ganho de competitividade de seus produtos e manutenção dos postos de trabalho.
A implementação de fatores estruturantes e, especialmente, a criação e manutenção de um ambiente de negócios favorável à competitividade empresarial devem ser uma política de Estado. É importante que seja adotada medida estrutural e permanente no sentido de diminuir a tributação do aço nacional, de modo a melhorar o ambiente de negócios e promover o ganho de competitividade das empresas brasileiras que atuam no setor.
A título de exemplo, nos Estados Unidos e no México já foram adotadas tarifas de importação elevadas, e na Europa foram adotadas salvaguardas sobre a importação do aço chinês.
De fato, o dilema do ‘aço brasileiro’ envolve aspectos tributários, tais como a necessidade de elevação da alíquota de importação do ‘aço chinês’. Todavia, a questão vai muito além da pauta tributária (de tributar em 25% as importações de aço chinês), pois é necessário analisar também a conjuntura econômica do Brasil.
É importante trazer resposta à seguinte questão: a conjuntura estrutural da economia brasileira é favorável, no sentido de proporcionar uma maior demanda do aço (no médio e longo prazo), oriunda dos setores, ex: indústria e a construção civil? Se a demanda interna por aço não se manter favorável no médio e longo prazos, e se não for elevada a tributação da importação do ‘aço chinês’, o dilema da indústria do aço brasileiro tende a persistir.
É necessário compreender que, se não houver crescimento econômico no Brasil, ou se a performance desse crescimento não revelar números razoavelmente expressivos, a indústria do aço terá um cenário cada vez mais desafiador. O aço chinês pode ser considerado um agravante, mas a questão vai muito além da pauta tributária. É conjuntural! Tal fato causa empecilhos na competitividade das empresas brasileiras que atuam no setor, tais como queda na produtividade, faturamento e até suspensões de contratos de trabalho.
É possível concluir no momento que tanto os Estados Unidos quanto a Europa têm adotado medidas protecionistas, elevando alíquotas de importação de aço.
Vale alertar que se o Brasil não adotar medidas para proteger a indústria local da concorrência, que conforme se encontra – pode ser classificada como desleal -, o aço que não é mais importado pela América do Norte e pela Europa será, por via de mercado, direcionado ao mercado brasileiro, e a depender do custo, pode causar impacto na indústria local e na geração de empregos. Portanto, observemos com lupa, como esse quadro será tratado pelo Brasil.
*Especialista em Direito Tributário. Membro associado à Câmara de Comércio França-Brasil (CCFB). Founder do escritório GS Advocacia Empresarial. Site: https://gsadvocaciaempresarial.com.br/ LinkedIN: https://www.linkedin.com/in/gs-advocacia-empresarial
Diário do Aço - MG 01/12/2023
Está aberto o processo seletivo para as novas turmas do Programa Aprendiz Usiminas. As vagas são para a Usina de Ipatinga e para a Mineração Usiminas, em Itatiaiuçu, com previsão de início em fevereiro de 2024. As inscrições vão até 10 de dezembro, informou a siderúrgica. Mais informações no site usiminas.gupy.io.
Para participar do programa, é preciso ter entre 17 e 22 anos e estar cursando ou já ter concluído o Ensino Médio. Nesta edição serão contemplados os cursos de Processos Siderúrgicos, Ponte Rolante, Manutenção Eletromecânica, Manutenção Mecânica, Manutenção de Equipamentos à Diesel e Manutenção Elétrica.
“O Programa Aprendiz Usiminas é uma porta de entrada para o universo profissional. Durante essa jornada, os participantes têm a oportunidade de desenvolver as competências exigidas pelo mercado, dando os primeiros passos para um futuro profissional sólido e competitivo”, explica a Analista de Recursos Humanos, Rita Mendonça Almeida.
Infomoney - SP 01/12/2023
O Indicador de Incerteza da Economia Brasileira (IIE-Br) caiu 0,5 ponto em novembro em relação a outubro, para 110,4 pontos, informou nesta quinta-feira (30) a Fundação Getúlio Vargas (FGV). O índice permaneceu no patamar superior a 110 pontos, limite inferior da faixa de incerteza considerada elevada.
“Após a alta do mês anterior, a ligeira queda do nível de incerteza em novembro sugere uma estabilidade em patamar moderadamente desfavorável”, avaliou em nota a economista da FGV/Ibre, Anna Carolina Gouveia.
Segundo Ana Carolina, o resultado foi determinado pela queda do componente de Expectativas, com redução da dispersão das previsões de inflação, juros e câmbio para daqui a 12 meses.
Em sentido oposto, o componente de Mídia, que mede o nível de incerteza através das notícias econômicas, subiu no mês, influenciado pela piora das projeções para o déficit primário de 2023. “No mês, as incertezas externas com relação às eleições na Argentina, também podem ter influenciado no resultado”, avaliou a economista.
O componente de Mídia subiu 0,4 ponto em novembro, para 112,2 pontos, contribuindo positivamente com 0,3 ponto para a evolução do índice agregado. O componente de Expectativas, que mede a dispersão nas previsões de especialistas para variáveis macroeconômicas, caiu 4,3 pontos, para 98,8 pontos, menor nível desde janeiro de 2018 (93,9 pts.) e contribuindo negativamente com 0,8 ponto para o IIE-Br.
“Com exceção ao mês passado, a queda do componente de Expectativas ao longo do segundo semestre leva o indicador ao nível registrado em 2018. O avanço da agenda das políticas econômicas do ano e as previstas para o futuro, como a reforma tributária, assim como uma maior estabilidade política parecem gerar um ambiente com menor volatilidade na economia, proporcionando maior previsibilidade para os agentes econômicos”, explicou Ana Carolina.
Investing - SP 01/12/2023
O diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, disse nesta quinta-feira que recentemente, diante de um cenário mais benigno, vem sentindo maior pressão do mercado para aceleração dos cortes de juros no Brasil, enfatizando a postura de cautela da autoridade monetária diante de incertezas.
Em evento organizado pelo JP Morgan, o diretor afirmou que uma possível retirada da orientação nas comunicações da autarquia de que o BC manterá o ritmo de cortes na Selic nas “próximas reuniões”, no plural, tem significados diferentes a depender do momento.
"Mais recentemente, num cenário mais positivo e benigno de devolver as taxas, o fechamento das treasuries, eu pelo menos venho sentido nas minhas interlocuções uma certa pressão maior por parte do mercado, de novo, em um sentimento de que existiria espaço para você eventualmente acelerar", afirmou.
“Temos tentado não nos emocionar, especialmente com os dados de alta frequência, e tentar nos beneficiar de que a gente está em um ponto do ciclo que nos permite ver como isso se desenrola”, acrescentou.
A Selic está atualmente em 12,25% ao ano após o BC dar partida no ciclo de afrouxamento monetário, com três cortes consecutivos de 0,50 ponto percentual na taxa e prometer manter esse ritmo à frente.
No seminário, Galípolo afirmou que o BC está bastante atento às expectativas de inflação para que haja uma reancoragem total, argumentando que o tema é desafiador.
O diretor disse que parte dos fatores que impactam as expectativas não diz respeito diretamente à atuação do BC, como questionamentos sobre a trajetória das contas públicas e viabilidade de uma meta de inflação de 3% no Brasil, destacando que esse não é um tema de discussão do BC, a quem cabe apenas perseguir esse objetivo.
"Temos compromisso com a meta de inflação, vamos seguir perseguindo a meta", disse.
Ele argumentou que a observação de dados positivos na própria inflação corrente pode ser a melhor maneira de ancorar as expectativas para o comportamento dos preços à frente.
Galípolo disse ainda que a adversidade no cenário internacional pode tornar o Brasil mais atraente em função de vantagens comparativas, como o estágio da política monetária, o volume de reservas e os resultados positivos da balança comercial.
Segundo ele, o crescimento econômico do Brasil vem surpreendendo positivamente, ao mesmo tempo que inflação tem se mostrado bastante "benigna".
"A maior adversidade do cenário internacional talvez torne o Brasil ainda mais atraente em função de vantagens comparativas que conseguimos reunir ao longo dos anos", disse.
Ao mencionar as surpresas positivas, o diretor afirmou que mesmo com o cenário externo adverso, a cotação do petróleo e a taxa de câmbio "se comportaram muito bem". Ele citou ainda que a agricultura deu um choque positivo significativo na atividade no Brasil, ao mesmo tempo em que ajuda no processo de redução da inflação.
Em uma analogia entre a política monetária e um tratamento médico, Galípolo fez referência ao cenário de incerteza para afirmar que “não seria muito recomendável aumentar muito a dose do remédio nem retirar a dose".
Após o Congresso dar um prazo para que seja encontrada solução para os elevados níveis de juros do rotativo do cartão de crédito, o diretor disse que é muito difícil chegar a uma solução ótima na qual todos os agentes saiam com vantagem.
Galípolo afirmou que o BC conduz as discussões com bancos, varejistas e outros atores na busca por um acordo. Ele enfatizou que se não houver consenso sobre o tema a lei aprovada pelo Legislativo determina o que acontecerá -- em referência ao teto de juros para o rotativo a ser estabelecido caso não haja uma regulação.
CNN Brasil - SP 01/12/2023
Diretor de pesquisa econômica para América Latina do Goldman Sachs, Alberto Ramos afirmou em entrevista à CNN que nem mesmo a trajetória de déficit primário projetada pelo Ministério da Fazenda é suficiente para estabilizar a dívida pública do Brasil.
A Fazenda prevê zerar o déficit primário em 2024, atingir um superávit de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2025, e de 1% do PIB em 2026.
Mesmo que execute as metas, a relação dívida/PIB, atualmente em 75%, continuará se elevada.
“Seria importante elevar o primário para 2% ou 2,5% do PIB. Estabilizar a dívida num patamar elevado deixa o Brasil vulnerável a choques macroeconômicos. Seria ideal ter um primário robusto para pôr a dívida em trajetória descendente”, aponta.
A resultado primário não considera os juros que incidem sobre a dívida brasileira. Por isso, a cifra positiva entre as receitas e despesas primárias não é suficiente para que haja dinheiro para diminuir o estoque de dívida.
Ramos destaca ainda que o primário “sonhado” pela Fazenda não deve ser, segundo projeções do mercado, o resultado executado. Agentes do mercado preveem déficits até o último exercício do terceiro governo de Lula.
Grau de investimento e crescimento econômico
O controle das contas públicas e as perspectivas de crescimento econômico são os principais fatores que podem aproximar o Brasil do chamado “grau de investimento”.
Neste ano, agências de classificação de risco melhoraram o rating do Brasil, mas, para Ramos, o país continua distante deste objetivo.
Na visão do diretor, o PIB potencial do Brasil (capacidade de crescer sem pressionar inflação) ainda é baixo. Ele destaca que a dinâmica de crescimento tímida não é exclusividade deste governo ou do passado, mas uma realidade das últimas duas décadas.
“Todas as reformas que avancem na direção de dar maior abertura comercial, reduzir a carga tributária, dar maior eficiência do gasto, como uma reforma administrativa, aumentar o investimento público reduzindo o gasto corrente, seriam positivas para impulsionar o crescimento”, analisa.
No campo da abertura comercial, Ramos indica que a possibilidade de o acordo Mercosul-União Europeia seria uma notícia animadora para fechar 2023.
“Quanto mais acordos de livre comércio o Brasil, individualmente ou dentro do Mercosul, vier a celebrar, melhor”, disse.
Milei e Argentina
O diretor comentou também sua visão sobre a eleição de Javier Milei na Argentina. Ele destacou o cenário de incertezas e desequilíbrio macroeconômico que vive o vizinho.
Para Ramos, atualmente a Argentina não contribui como poderia para a dinâmica econômica da América Latina. Ele indica ainda que Milei tem “um diagnóstico correto” da conjuntura do país.
“Ele tem um diagnóstico correto sobre o que tem deixado a Argentina para trás: um déficit fiscal muito elevado, um cambio desvalorizado e descontrolado. Agora, é mais fácil dizer do que fazer. Este ajuste vai ser complicado, potencialmente doloroso politicamente e socialmente”, completou.
IstoÉ Dinheiro - SP 01/12/2023
A inflação nos Estados Unidos caiu para 3% em 12 meses em outubro graças às quedas nos preços de bens e energia, segundo o índice PCE, o preferido do Federal Reserve (Fed, banco central), divulgado nesta quinta-feira (30).
O PCE, que mede os gastos do consumidor, caiu 0,4 ponto percentual em outubro em relação a setembro, segundo o Departamento do Comércio.
Se não forem considerados os preços mais voláteis dos alimentos e da energia, a “inflação subjacente” (ou núcleo da inflação) também moderou para 3,5% ao ano, em linha com as expectativas do mercado”, de acordo com o consenso de analistas reunidos pelo MarketWatch.
A renda dos trabalhadores também moderou seus aumentos no mês passado, para 0,2%.
Esta é uma boa notícia para o Fed, que na sua última reunião manteve as suas taxas de juros de referência nos índices mais altos em 22 anos para tentar continuar controlando o aumento dos preços e levar a inflação à sua meta de 2% ao ano.
O aumento das taxas encarece o crédito e, portanto, desestimula o consumo e o investimento, moderando a pressão sobre os preços.
No Fed, cresce o otimismo de que é possível conter a inflação sem causar uma recessão, algo chamado de “soft landing” em inglês ou “pouso suave”, em tradução literal.
Na quarta-feira, o Fed divulgou o seu “Livro Bege”, que indicava que a atividade econômica nos Estados Unidos se moderou nas últimas semanas e o mercado de trabalho continuou se esfriando.
“A atividade econômica moderou-se desde o relatório anterior”, afirmou o Fed nesta pesquisa periódica sobre a economia dos EUA.
– Preços de energia e bens caem –
Os preços da energia caíram 2,6% em outubro face a setembro, enquanto os preços dos bens caíram 0,3%. Serviços e alimentação ficaram 0,2% mais caros.
Os dados levantam a possibilidade de que o Fed mantenha as taxas estáveis pela terceira vez consecutiva na sua reunião de meados de dezembro.
“Esperamos que o próximo movimento do Fed seja um corte nas taxas, provavelmente em meados do próximo ano”, estimou Rubeela Farooqi, economista-chefe da High Frequency Economics.
O presidente da Fed de Nova York, John Williams, disse nesta quinta-feira, em uma conferência nesta cidade, que o crescimento econômico continuará se moderando no próximo ano, enquanto a taxa de desemprego poderá subir ligeiramente, prova de que a política monetária restritiva adotada pelo banco central está esfriando a maior economia do mundo.
“Considero que será adequado manter uma política restritiva durante algum tempo para restaurar totalmente o equilíbrio e trazer a inflação para o nosso objetivo de longo prazo de 2% de forma sustentada”, concluiu.
Investing - SP 01/12/2023
O dólar à vista subiu nesta sexta-feira, 30, no mercado doméstico de câmbio e fechou acima da linha de R$ 4,91, em dia marcado por fortalecimento global da moeda americana. Apesar de leitura benigna da inflação nos EUA em outubro, investidores apararam as apostas em torno do início do processo de queda de juros pelo Federal Reserve em 2024.
Em alta desde a abertura dos negócios, o dólar chegou a superar o nível de R$ 4,94 pela manhã, algo que não acontecia desde o último dia 11, ao registrar máxima a R$ 4,9456. Segundo operadores, as cotações foram turbinadas na primeira etapa de negócios pela disputa em torno da formação da última taxa ptax de novembro. Houve também rolagem de contratos futuros e ajuste de posições de fundos típicos de fim de mês.
Após passar a tarde orbitando os R$ 4,92, a moeda reduziu o ritmo de alta na reta final, quando renovou mínima a R$ 4,9142. No fim da sessão, era cotada a R$ 4,9152, em alta de 0,56%. Apesar do avanço de 0,34% na semana, o dólar à vista encerra novembro com queda de 2,50%. Trata-se da maior desvalorização mensal desde junho deste ano (-5,59%). Entre pares latino-americanos do real, peso mexicano liderou os ganhos no mês, com alta de mais de 3,5% em relação à moeda americana. Termômetro do comportamento do dólar em relação a uma cesta de seis divisas fortes, o índice DXY encerrou o mês com perdas ao redor de 3%.
"O dólar subiu hoje com ajustes e a disputa pela Ptax, além de uma correção dos exageros nas apostas para os juros nos EUA", afirma o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo, que vê ainda desconforto fiscal doméstico e alerta para possível impacto no fluxo de recursos em razão da taxação de fundos offshore. "Por enquanto, a taxa de câmbio deve continuar na faixa entre R$ 4,80 e R$ 5,00".
Novembro foi marcado por uma inflexão nas apostas em torno da política monetária americana. Índices de inflação ao consumidor e ao produtor divulgados no início do mês, ao lado de indicadores de atividade abaixo do esperado, não apenas enterram as chances de alta adicional dos juros pelo BC americano neste ano como abriram espaço para apostas em afrouxamento monetário no primeiro semestre de 2024.
Pela manhã, o Departamento de Comércio dos EUA informou que o índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) dos Estados Unidos ficou estável em outubro, quando se esperava alta de 0,1%. Na comparação anual, o índice subiu 3%, também aquém das expectativas (3,1%). Já o núcleo do PCE - que exclui itens voláteis como alimentos e energia - avançou 0,2% e outubro e 3,5% na comparação anual, em linha com as projeções.
O economista-chefe da Azimut Brasil Wealth Management, Gino Oliveira, observa que a leitura anual do índice cheio do PCE, de 3%, é a menor desde março de 2021. "A desinflação continua. Comunicação recente do Federal Reserve evidencia que os membros do Comitê de Política Monetária (Fomc) estão se sentindo mais confiantes de que a inflação entrou definitivamente em trajetória de queda", afirma, em nota, Olivares.
Apesar do PCE benigno, investidores refrearam as apostas mais ousadas para o início do processo de redução de juros nos EUA. Monitoramento de plataforma do CME Group mostra que o mercado voltou a apontar a reunião do Fed em maio como a data mais provável de redução dos juros. Ontem, a expectativa era de corte inicial em março. Após quedas seguidas, as taxas dos Treasuries subiram hoje, com o retorno da T-note de 10 anos voltando a superar 4,30%. No fim de outubro, a taxa chegou a se aproximar dos 5%.
Infomoney - SP 01/12/2023
Os contratos futuros de minério de ferro na bolsa de Dalian subiram nesta quinta-feira, depois de caírem por cinco sessões consecutivas, ajudados pelo otimismo do mercado de que os esforços de estímulo de Pequim revitalizariam o setor imobiliário em dificuldades.
O minério de ferro mais negociado para janeiro na Bolsa de Mercadorias de Dalian na China subiu 1,4%, para 956,5 iuanes (134,15 dólares) por tonelada no fechamento.
Este mês, o contrato de referência ganhou 6,63%, registrando seu quarto mês consecutivo de ganhos.
Na Bolsa de Cingapura, o minério de ferro de referência para janeiro teve alta de 0,9%, a 129,65 dólares por tonelada.
O Centro de Monitoramento de Preços da Comissão de Desenvolvimento e Reforma da China aumentou a supervisão para manter um mercado de minério de ferro saudável e controlar a alta dos preços, o que os analistas chamam de “intervenções frequentes e vigorosas”.
Apesar do sucesso na gestão dos preços nas cinco sessões anteriores, os preços agora estão se recuperando.
Construção Latino-americana - SP 01/12/2023
Paulo Torres, que desempenhava há quase sete anos a função de diretor de Desenvolvimento de Negócios na Divisão de Equipamentos de Mineração, assume a Diretoria de Vendas e Marketing da Divisão de Equipamentos de Construção, na posição de Chrystian Moreira Garcia, que, após seis anos, deixa a companhia.
Torres, que passa a se reportar à Kota Isoda, 46, vice-presidente da Komatsu Brasil International Ltda., dará continuidade ao trabalho de fortalecimento da imagem da marca Komatsu e da rede de distribuidores, além do desenvolvimento do portfólio de produtos da Divisão de Equipamentos de Construção, que vem contribuindo para os recordes de vendas alcançados nos últimos anos e a sustentabilidade dos negócios da companhia.
O novo diretor de Vendas e Marketing é formado em Engenharia Mecânica, possui MBA em Marketing, pós-graduação em Engenharia Econômica e especialização em Liderança. Possui 33 anos de empresa e, durante sua atuação na Divisão de Mineração, introduziu novos produtos no Brasil e foi responsável pela conta Vale em âmbito global e pelo segmento de Produtos Subterrâneos. Sob sua gestão, a Komatsu alcançou 90% de market share em carregadeiras no território brasileiro.
Revista Ferroviaria - RJ 01/12/2023
O Sistema de Conciliação da Justiça Federal da 1ª Região (Sistcon) alcançou um índice de 88,8% de sucesso na 2ª etapa do mutirão de audiências de conciliação nos processos de desapropriação de terras na área de influência da construção da Ferrovia de Integração Centro-Oeste (Fico). Dos 45 processos que passaram por audiências, apenas cinco não chegaram a um acordo.
As atividades foram realizadas na Justiça Federal em Goiás, com audiências em Uruaçu, Crixás e Goiânia, entre os dias 20 e 23 de novembro e contaram com a atuação do Centro Judiciário de Conciliação (Cejuc) da Seção Judiciária de Goiás; e com a participação das empresas Infra S.A e Vale, da Defensoria Pública da União (DPU) e das partes proprietárias de terras na região entre os municípios de Mara Rosa, Alto Horizonte, Nova Iguaçu de Goiás, Pilar de Goiás, Santa Terezinha de Goiás, Crixás, Nova Crixás e Aruanã.
O objetivo do mutirão de conciliação é o de alcançar acordos quanto à indenização das terras na faixa de domínio da ferrovia para a liberação da frente de obra; além de estabelecer adequações no projeto para definir, por exemplo, pontos de passagem na estrada de ferro para manejo de rebanhos, trânsito de máquinas e acesso às propriedades rurais.
Na primeira etapa do mutirão, a Justiça Federal em Goiás e o Sistcon alcançaram mais de 70% de acordos nas ações, com indenizações na casa dos R$ 8,4 milhões. Esses resultados possibilitaram a liberação da faixa de domínio da ferrovia e o início de frentes de trabalho. A expectativa agora é que uma terceira etapa de mutirão presencial seja realizada em Goiânia, no começo do mês de dezembro, além da previsão de audiências virtuais diárias.
Fico
A Ferrovia de Integração Centro-Oeste é um empreendimento gerido pela Infra S.A, que pretende interligar os polos produtores de grãos do Centro-Oeste até a Ferrovia Norte Sul.
Com 888 quilômetros de extensão, sendo 383 km de Mara Rosa (GO) a Água-Boa (MT) e 505 km de Água Boa a Lucas do Rio Verde (MT), a Fico escoará a produção de soja e milho da Região Centro-Oeste em direção aos portos de São Luís (MA), Santos (SP) e Paranaguá (PR).
Valor - SP 01/12/2023
Ministro Renan Filho tenta acordo com as concessionárias para recalcular — e aumentar — o valor das outorgas cobradas na assinatura dos novos contratos
O Ministério dos Transportes acusa a Vale de descumprir prazo definido nos novos contratos de concessão da Estrada de Ferro Carajás e da Estrada de Ferro Vitória-Minas. O alerta foi feito em ofício da Secretaria Nacional de Transportes Ferroviários enviado na quarta-feira ao comando da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
A interação entre os órgãos federais é mais um desdobramento da briga travada pelo ministro dos Transportes, Renan Filho, com as concessionárias que assinaram a renovação antecipada dos contratos no mandato do ex-presidente Jair Bolsonaro. O ministro tenta acordo com as concessionárias para recalcular — e aumentar — o valor das outorgas cobradas na assinatura dos novos contratos. O montante, alega, foi estimado em patamar reduzido por ter sido aplicado desconto de todo o investimento não amortizado no prazo da concessão antiga.
Em entrevista ao Valor, o ministro dos Transportes disse esta semana que, diante do desinteresse da Vale em rever os termos da renovação antecipada, considera levar o caso à Justiça, com a possibilidade de responsabilização criminal de gestores públicos e executivos que assinaram os novos contratos.
O Valor apurou que o movimento da Secretaria Nacional de Transportes de junto à ANTT visa antever qualquer influência que a mineradora possa tentar exercer sobre o comando da agência, formado em grande parte por indicações do governo anterior.
O envio do ofício à ANTT ocorreu às vésperas do julgamento do processo relacionado ao tema pela diretoria. Na próxima semana, o comando da agência analisará o caso em “reunião deliberativa eletrônica”, marcada para ocorrer entre os dias 4 a 12 de dezembro.
Conforme a pauta divulgada pelo órgão regulador, a decisão da diretoria envolverá a “celebração de aditivo aos contratos” das duas ferrovias da Vale. O objetivo é “formalizar a prorrogação dos prazos para cumprimento das obrigações não financeiras pela concessionária”.
O ofício do Ministério dos Transportes pondera que o prazo de 18 meses para a Vale apresentar informações econômicas vinculadas ao contrato acabou no dia 19 de junho. A secretaria também contesta o fato do processo na ANTT fazer referência ao “cumprimento das obrigações não financeiras”, o que permitiria o alongamento do período definido para cumprimento das obrigações contratuais.
“A obrigação contratual de apresentação do detalhamento da base de ativos e passivos tem caráter eminentemente financeiro, visto que a sua apresentação ou não apresentação tem o condão de impactar diretamente o valor da outorga”, informou o documento, assinado pelo secretário nacional de transportes ferroviários do Ministério dos Transportes, Leonardo Ribeiro. O ofício é endereçado nominalmente ao diretor-geral da ANTT, Rafael Vitale.
Se a decisão for desfavorável à Vale, a companhia pode perder o argumento de não aceitar a revisão dos termos da renovação, proposta pelo governo atual, por estar cumprindo 100% das obrigações.
O ministério tem buscado o respaldo jurídico de procuradores da União nas decisões sobre as ferrovias. O documento ressalta que a “secretaria realizará tratativas e assessoramento jurídico com a Conjur/MT, unidade da AGU [Advocacia-Geral da União] junto ao Ministério, para avaliar a necessidade de adoção de providências ulteriores, que visem a resguardar o interesse da política pública desta Pasta dos Transportes”.
Ainda de acordo com o documento, o Ministério dos Transportes, com órgão definidor de “diretriz de política pública” no setor, recomendou que a ANTT “suspenda qualquer deliberação acerca de aditamento contratual referente à obrigação de apresentação da base de ativos por parte da Concessionária”. Para a Pasta, “dado o caráter financeiro” da decisão, existe “risco de prejuízo ao erário”, além de que a agência só deveria voltar a deliberar sobre o tema após “apresentação de nova diretriz de política pública ministerial”.
Questionada sobre o ofício do Ministério dos Transportes, a Vale informou que “continua cumprindo com as obrigações decorrentes da renovação antecipada das ferrovias Estrada de Ferro Vitória a Minas e Estrada de Ferro Carajás”. De acordo com a empresa, já foi entregue 100% do “compromisso cruzado” de investir na Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol). Isso inclui a entrega de 56 mil toneladas de trilhos e 32 mil toneladas de dormentes, além da aquisição dos equipamentos para expansão da oferta de trem de passageiros. A mineradora ressaltou que “seguem em implantação” mais de 470 obras de mobilidade urbana, que irão beneficiar 33 municípios a partir de investimentos previstos de R$ 2,8 bilhões, e a obra da Ferrovia de Integração Centro-Oeste (FICO), com desembolsos de R$ 10,7 bilhões
Procurada, a assessoria de imprensa da ANTT informou que, no momento, a agência “não vai comentar sobre o tema”.
Exame - SP 01/12/2023
O mercado de concessões de estradas no Brasil passa por um período de reacomodação, avalia Carolina Rocha, diretora de operações da Perfin, empresa de investimentos que atua em infraestrutura. Essa fase de mudança é uma das razões para a falta de interessados em leilões recentes de estradas. Em novembro, o governo federal adiou o leilão de um trecho da BR-381 por falta de propostas.
"Alguns players estão mais alavancados e ficam mais seletivos, com razoabilidade de selecionar o que mais faz sentido para carteira e para que não se comprometa com um monte de coisa e depois não consiga cumprir. Existe uma racionalidade nesse processo todo é e uma adaptação. Em algum momento deverá ter mais players, mas a gente está nesse meio do caminho", disse, em entrevista à EXAME.
Apesar das ponderações, Rocha avalia que 2024 trará várias novas oportunidades de investimento. Para aproveitar o momento, a Perfin lançou um novo fundo em novembro, chamado Infra II, que tem a perspectiva de captar em torno de 2 bilhões de reais, mas que pode chegar a 5 bilhões, junto a investidores qualificados, até abril de 2024. Os recursos serão usados em novos projetos a serem disputados em leilões.
"Temos a visão de investir nos próximos três anos alguma coisa entre 2 e 5 bilhões de reais, e aí a gente vai vendo como vai caminhar. No ano que vem, vemos mais leilões de rodovias, mais até do que nesse ano. Em saneamento, esse ano a gente teve pouca coisa acontecendo. Então ano que vem deve ter aí também uma atração maior para o setor. A gente queria estar preparado para isso", afirmou.
A Perfin tem atualmente cerca de 9 bilhões de reais investidos em projetos de infraestrutura, boa parte na área de energia. Em estradas, faz parte do grupo EPR, que opera estradas em Minas Gerais e que venceu o leilão do lote 2 de rodovias federais do Paraná, realizado em setembro.
Na entrevista, Rocha fez mais comentários sobre o momento do mercado de concessões e as perspectivas para 2024.
Em leilões de estradas federais, tem havido pouca procura. Na semana passada, o leilão de um trecho da BR-381 foi adiado por falta de interessados. A que se deve essa falta de propostas?
Não é que tem algo errado na estrutura do setor. Pelo contrário: a gente vê evolução na forma de fazer os contratos e nas habilitações. É muito mais a adaptação do próprio ambiente competitivo. Alguns players estão mais alavancados e ficam mais seletivos, com razoabilidade de selecionar o que mais faz sentido para carteira e para que não se comprometa com um monte de coisa e depois não consiga cumprir. Existe uma racionalidade nesse processo todo é e uma adaptação. Em algum momento deverá ter mais players, mas a gente está nesse meio do caminho.
Lá atrás, no começo dos anos 2000, o setor teve players participando com alguns incentivos do BNDES, mas que acabavam gerando um compromisso acima do que o BNDES conseguia captar. No fim do dia, gerava um endividamento para o Estado que não é adequado. Isso foi sendo resolvido ao longo do tempo, então não tem mais essa parcela que dava mais incentivo. Há também um cenário em que as construtoras começaram a deixar de participar. Há uma acomodação da competitividade. Os players que ficaram são excelentes no setor de rodovias, mas talvez não tenham capacidade de fazer frente a esses investimentos.
Pode ser que um ativo ou outro tenha especificidades que não seja o melhor para esse momento de mercado, com menos players. Dependendo do ativo, eles podem não parar de pé e aí não vai fazer sentido em nenhum cenário. Tem algumas situações que o ativo em si até pode ser muito positivo, mas embute riscos desproporcionais. Nesse caso, precisa voltar para casa, entender melhor e voltar com uma outra consideração. Isso acontece em diversos leilões. Na Cedae, foram quatro blocos e três não tinha uma viabilidade tão adequada, que voltaram depois. Não dá para generalizar.
Carolina Rocha, diretora de operações da Perfin
Uma das ideias do governo é fazer leilões com trechos menores de rodovias. Como avalia esta ideia?
É parte de uma solução, porque provavelmente vai atrair mais players. Dependendo da situação, pode fazer sentido, mas em outras, nem tanto. Você pode acabar fatiando e um concessionário prejudicar outro. Também não adianta atrair uma competição que possa não trazer solução efetiva. Vai atrair players muito menores que podem não ter capacidade de fazer tanta coisa.
Outro ponto de governo defende também é fazer contratos com regras mais flexíveis e com novidades, como a adoção do pedágio free flow e cobrança de preços diferentes ao longo do dia. Acha que essas mudanças podem atrais mais investidores?
Acho que sim. Ao final, é uma equação entre o capex, as necessidades de mudança daquela concessão, a forma de faturamento que vai ter e os custos atrelados. Se a gente mexe de forma que as coisas fiquem mais atrativas, vai ser positivo, mas sempre com o cuidado de que não se faça algo que lá na frente prejudique a concessão como um todo. Dado nosso cenário de necessidade muito grande de investimentos, talvez soluções no meio caminho sejam o melhor que possamos ter nesse momento.
A questão contratual é o ponto crucial de uma concessão. A gente sempre bate muito nesse ponto de que ela precisa ser perene a qualquer governo e qualquer cenário. Tem pontos da matriz de risco que precisam ser consideradas para reequilíbrio caso mudem de forma substancial, porque senão você não tem previsibilidade sobre o investimento. A pessoa tá investindo aí quatro anos depois, ‘ah, acho que esse pedágio não é adequado, tem que mudar’. Tem que se pensar de forma que estabeleça um equilíbrio econômico. O combinado não sai caro.
O governo federal está em um processo de renegociação de contratos estressados de concessões de rodovias. Como avalia este processo?
É complexo de opinar. Talvez traga uma solução, pois é uma coisa que se arrasta há muito tempo e é ruim para todos nós como cidadãos. Mas por outro lado, tem o quanto você acaba tendo de abrir mão por causa de players que lá atrás fizeram bids [ofertas] talvez não apropriados.
É um trabalho do poder concedente de ver o que faz mais sentido ao Brasil, mas é preciso cuidado, para que não se passe a mensagem de que ‘lá na frente a gente pode rediscutir de novo”, o que pode trazer uma irracionalidade para bids quando havia players que estavam dispostos a fazer aquilo com racionalidade.
O governo tem buscado deixar claro que não haverá renegociações futuras.
Mas é aquela mensagem igual a gente com filho. “Ah, é só desta vez”. Somos seres humanos, todo mundo trabalha diante de expectativa, e se a gente tem uma sinalização como essa, pode não ser o melhor para o setor como um todo.
Com a mudança climática, tem havido mais queixas do consumidor em relação ao setor elétrico, como na pressão sobre a Enel, em São Paulo. Isso muda os planos de vocês de alguma forma no setor, como ter mais cautela?
Isso nos deixa até mais animados, de quanto tem necessidade ainda. A gente vem batendo o martelo de que ainda tem muita coisa para ser feita, do ponto de vista de geração e transmissão para poder colocar tudo isso de pé. Na questão da mudança climática e da transição energética, o setor elétrico será mais demandado. Com a eletrificação [de veículos], vai ter uma demanda maior por energia. Ano que vem, vai ter um leilão para térmicas a gás. Elas ajudam a dar um pouco mais de estabilidade ao sistema, obviamente com o compromisso que já existe sobre a saída do carvão.
Sobre saneamento, quais as perspectivas pro ano que vem?
Tem uma série de coisas no pipeline. Tem Sergipe por vir, Pernambuco sendo discutido, outras possibilidades de PPPs. Em relação a Sabesp e Copasa, são discussões mias complexas, porque dependem um pouco do ponto de vista político. Mas já está meio claro que o setor como um todo precisa da iniciativa privada, cuja entrada tem mostrado aumento da eficiência. É um setor de investimento de longo prazo e de capital muito intensivo. Ainda tem muito o que ser feito no Brasil.
Na Argentina, o novo presidente Javier Milei promete fazer muitas privatizações ao tomar posse. Como vê este movimento? Ele pode atrair investidores que hoje se concentram no Brasil?
É cedo para falar. Do olhar do estrangeiro, claramente vai abrir um pouco mais, mas nesse momento ainda talvez para um capital que busca mais risco. Mas é preciso entender a evolução disso. Nos países emergentes, você tem muita volatilidade no sentido político. Isso pode concorrer de alguma forma com o capital que viria ao Brasil, mas o tamanho do Brasil e o quanto o país está preparado em setores como energia, alimentos, agro, coloca a gente em situação melhor.
Infomoney - SP 01/12/2023
O Brasil poderá se juntar ao grupo de países produtores de petróleo conhecido como Opep+ (Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados) a partir de janeiro, disse um delegado da organização à Reuters nesta quinta-feira.
Já segundo fonte governamental ouvida pela agência, o Brasil recebeu convite para a entrada no grupo durante viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a Arábia Saudita, sendo que o governo do país ainda analisa o tema.
O grupo inclui a Arábia Saudita e a Rússia.
De acordo com a agência, o Brasil não participaria dos cortes de petróleo.
No início do mês, o secretário-geral da OPEP, HE Haitham al-Ghais, disse na Argus European Crude Conference que a porta da Opep estaria aberta caso o Brasil desejasse se juntar ao grupo.
“Hoje o Brasil se tornou um dos maiores exportadores e parou de comprar petróleo. Portanto, a porta está aberta”, disse al-Ghais.
Para a Opep, faz sentido trazer o Brasil para o grupo, com a sua produção de petróleo e gás tendo registrado níveis recordes em julho de 4,48 milhões de barris de óleo equivalente (boe)/dia.
A produção de petróleo cresceu 18,6% ano a ano, segundo dados da ANP, atingindo 3,51 milhões de bpd. Segundo a Wood Mackenzie, espera-se que as empresas petrolíferas privadas do Brasil aumentem a produção em 75% até 2030. Além disso, espera-se que a estatal Petrobras (PETR4) aumente a produção em 81% dentro do mesmo prazo.
A rápida ascensão do Brasil na indústria petrolífera para se tornar um exportador significativo não seria apenas importante para a Opep, como a sua não-adesão poderia representar uma ameaça para o grupo, com os principais produtores compensando parte do poder da Opep para manter os mercados petrolíferos em equilíbrio.
Contudo, já houve reticências em anos anteriores sobre os possíveis benefícios da adesão do Brasil ao grupo, uma vez que envolveria possíveis restrições de produção. Por outro lado, a adesão tornaria mais fácil um controle do mercado – e o Brasil passaria então a fazer parte desse grupo fortalecido.
CNN Brasil - SP 01/12/2023
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+), liderados pela Rússia, estão considerando novos cortes na produção de petróleo de até 1 milhão de barris por dia (bpd), disseram nesta quarta-feira (29) algumas fontes.
A medida, que provavelmente aumentaria os preços do petróleo, poderia ser anunciada na reunião virtual do cartel que acontece na quinta-feira (30) e já foi adiada devido a divergências sobre o nível de produção da commodity.
O acordo para novos cortes ainda não está garantido, e a proposta ainda enfrenta uma resistência significativa dentro do cartel.
A prorrogação da maioria das restrições à produção já em vigor é o cenário mais provável, mas as negociações continuam.
A Arábia Saudita, o maior produtor mundial de petróleo, é a favor dos novos cortes, disseram as fontes, enquanto os Emirados Árabes seguem relutantes sobre cortar a produção, assim como Nigéria e Angola, maiores produtores africanos de petróleo. Um porta-voz do governo saudita não respondeu sobre os possíveis cortes.
Valor - SP 01/12/2023
Ministro de Minas e Energia brasileiro Alexandre Silveira garante que país ‘não assumirá nenhum compromisso com corte de produção’
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse nesta quinta-feira (30) que o Brasil “não vai assumir nenhum compromisso com corte de produção”, após emergir a notícia de que o país foi convidado para integrar o grupo ampliado da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), a Opep+. O convite foi feito na quarta-feira, durante a passagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva por Riad, capital da Arábia Saudita. E formalizado por meio de uma carta, que Silveira recebeu ontem. Mas a ideia, segundo fontes, encontra resistências dentro do governo.
Após chegar a Dubai nesta quinta-feira com Lula, Silveira participou de uma teleconferência com os árabes na qual tratou de assunto e sinalizou que a adesão era quase certa. Mas, ao falar com jornalistas, adotou um tom mais comedido.
O ministro de Minas e Energia do Brasil, Alexandre Silveira, e o ministro de Minas e Energia da Arábia Saudita, príncipe Abdulaziz bin SalmanFoto: Ricardo Stuckert/PR — Foto: Ricardo Stuckert/PR
“Na minha fala com eles [Opep], eu deixo bem claro que existe um caminho a se percorrer, que é a análise dos termos da Opep+. E, na Opep+, está claro que os membros não têm compromisso com corte de produção, mas participam de uma plataforma de discussão”, afirmou. “Nós vamos analisar, porque o Brasil não assumirá nenhum compromisso de corte de produção.” Silveira afirmou ainda que o ingresso à entidade é “uma decisão de governo”, que não passa pelo Congresso.
Mais cedo, em teleconferência com membros da Opep, Silveira afirmou que “o presidente Lula confirmou a nossa carta de cooperação da Opep+ a partir de janeiro de 2024”. Sua assessoria disse que ele se referia à recepção da carta-convite, não ao aceite do Brasil.
Ao ser questionado sobre o corte de produção anunciado ontem pela Opep+ (a prorrogação do corte de 1 milhão de barris por dia anunciado em junho), defendeu que o Brasil “tenha preços mais competitivos” e afirmou que o valor negociado hoje no Brasil “está completamente descolado do mercado internacional”.
“A política que eu tenho defendido é que o Brasil tenha preços cada vez mais competitivos para poder estimular a economia nacional, para poder continuar estimulando redução de juros, e consequentemente o emprego e geração de emprego e renda. Todos sabem que o preço dos combustíveis impacta a vida das pessoas”, disse.
Questionado sobre o impacto de uma eventual alta do petróleo no Brasil, ele disse que não necessariamente os preços internos subirão. “O Brasil tem uma produção de petróleo que nós sabemos inclusive que é superavitária. O preço de combustível no Brasil, essa foi a política de abrasileiramento dos preços, está completamente descolado do preço internacional”, afirmou.
Integrantes da comitiva de Lula em Dubai afirmaram ao Valor que o ingresso do Brasil na Opep+ não é um fato consumado e ainda encontra resistências dentro do governo. A fonte não especificou de onde viriam essas resistências. Mas disse que há múltiplas visões dentro do governo acerca da adesão à entidade. Lula e auxiliares como o chanceler Mauro Vieira e o assessor especial da Presidência, Celso Amorim, ainda tentam entender o que representaria a entrada do Brasil na Opep+.
De um lado, há um grupo de auxiliares de Lula que acreditam que o país não deveria se associar à Opep+ no momento em que o Brasil tenta liderar uma aliança mundial pela descarbonização da economia. Lula está na capital dos Emirados Árabes Unidos para participar da COP 28, a conferência global sobre mudanças climáticas. E a notícia de uma possível adesão à Opep+ gerou críticas sobre a possível contradição entre aderir a um lobby petroleiro e liderar as discussões para evitar o aquecimento global acima de 1,5 grau em relação ao período pré-industrial.
Em outro extremo, há quem defenda que seria positiva a adesão brasileira a uma entidade como a Opep+ justamente para pressionar os países petroleiros a acelerar a transição energética. Além disso, esse grupo acredita que, por ser um país produtor de petróleo, o Brasil tem que estar presente nos principais fóruns de discussões sobre o assunto. Essa posição foi externada, com outras palavras, pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira
A Opep+ foi criada em 2016 para incluir com membros que atuam como “observadores”, que discutem temas relacionados ao mercado, mas não têm a obrigação de seguir as políticas do cartel. Juntos, eles atuam para aumentar ou reduzir a produção para influenciar os preços da commodity no mercado global. São membros da Opep+ a Rússia, o México, o Cazaquistão, Oman, Azerbaijão, Malásia, Bahrein, Sudão do Sul, Brunei e Sudão.
Segundo o Departamento de Energia dos EUA, esses dez países são responsáveis pela produção de 16,5 milhões de barris de petróleo por dia. Já os 13 países da Opep produzem ao todo 28,7 milhões de barris diários, liderados pela Arábia Saudita (10,4 milhões de barris). O Brasil tem uma produção diária de cerca de 3,67 milhões de barris de petróleo por dia, segundo a Agência Nacional de Petróleo e Biocombustíveis (ANP).
CNN Brasil - SP 01/12/2023
Os preços do petróleo caíram mais de 2% nesta quinta-feira (30), depois que os produtores da Opep+ concordaram com cortes voluntários na produção de petróleo para o primeiro trimestre do próximo ano que ficaram aquém das expectativas do mercado.
Os futuros do petróleo Brent para janeiro fecharam em queda de US$ 0,27 dólar, ou 0,3%, a US$ 82,83 por barril, e declínio mensal de 5,2%. O contrato de fevereiro, que começa a ser negociado como principal na sexta-feira, caiu US$ 2,00, ou 2,4%, a US$ 80,86.
Os futuros do petróleo bruto West Texas Intermediate (WTI) dos EUA caíram US$ 1,90, ou 2,4%, para US$ 75,96, e recuaram 6,2% em novembro.
Arábia Saudita, Rússia e outros membros da Opep+, que produzem mais de 40% do petróleo mundial, concordaram com cortes voluntários na produção de cerca de 2 milhões de barris por dia (bpd) para o primeiro trimestre de 2024.
Pelo menos 1,3 milhão de bpd desses cortes, no entanto, foram uma extensão de restrições voluntárias que Arábia Saudita e Rússia já tinham em vigor. Anteriormente, delegados haviam dito que os novos cortes adicionais em discussão eram de até 2 milhões de bpd.
“Por enquanto, o resultado não corresponde às expectativas (…) dos últimos dias”, disse Callum MacPherson, chefe de commodities da Investec.
Na avaliação de James Davis, da FGE, “parece um corte de cerca de 600-700 mil barris por dia (bpd) em relação aos níveis planejados para o quarto trimestre de 2023”.
“Na melhor das hipóteses, poderia ser um corte efetivo de cerca de 500 mil bpd em comparação com o quarto trimestre. Isso pode ser o suficiente para manter o mercado equilibrado no primeiro trimestre, mas será por pouco.”
Arábia Saudita, Rússia, Kuweit, Cazaquistão e Argélia estavam entre os produtores que afirmaram que os cortes seriam revertidos gradualmente após o primeiro trimestre, conforme as condições de mercado permitissem.
A reunião, realizada no mesmo dia em que líderes globais se reuniam em Dubai para a conferência climática da ONU, estava originalmente agendada para a semana passada, mas foi adiada devido a desacordos sobre cotas de produção para os produtores africanos.
A Opep+ também convidou o Brasil, um dos dez maiores produtores de petróleo, para se tornar membro do grupo. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse que espera ingressar em janeiro.
IstoÉ Dinheiro - SP 01/12/2023
A Argélia decidiu implementar uma redução voluntária e adicional na sua produção de petróleo bruto de 51 mil barris por dia (bdp) entre 1º de janeiro e 31 de março de 2024, elevando o seu abastecimento para 908 mil bpd durante este período, anunciou nesta quinta-feira, 30, o Ministério de Energia argelino. Em um publicação em sua página no Facebook, o organismo apontou que a ação ocorre como “medida de precaução” e em coordenação com vários membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+).
“Por conseguinte, para manter a estabilidade do mercado, estas quantidades reduzidas serão gradualmente reduzidas de acordo com as condições do mercado. Como lembrete, esta redução voluntária vem além do corte de 48 mil barril por dia anunciado anteriormente em abril de 2023, que vai até o final de dezembro de 2024”, apontou o ministério.
No final dos debates da reunião da Opep+, “as decisões tomadas, coletiva e individualmente, para regular a produção este ano revelaram-se úteis e demonstraram a sua eficácia para alcançar o equilíbrio e a estabilidade”, disse o ministério. “Por conseguinte, os 23 países da Declaração de Cooperação decidiram reafirmar os seus compromissos de redução da produção para todo o ano de 2024, de acordo com os níveis acordados na 35a Reunião Ministerial da Opep+ em 4 de junho de 2023”, destacou ainda.
Valor - SP 01/12/2023
Nova unidade deve contribuir para reduzir em 40% o tempo para lançamento de novos produtos no país, avalia companhia
A companhia norte americana de máquinas e implementos agrícolas John Deere anunciou hoje que investirá R$ 180 milhões na construção de um Centro de Desenvolvimento de novas Tecnologias em Indaiatuba, no interior de São Paulo. De acordo com a empresa, trata-se da primeira unidade deste tipo em área tropical em todo o mundo, reduzindo em cerca de 40% o tempo para lançamento de novos produtos.
“Se pegarmos um histórico dos últimos 20 anos nosso portfólio de produtos tem se baseado em tecnologias desenvolvidas nos EUA e adaptadas para diferentes mercados, mas com o anúncio de hoje estaremos aptos para focar nas necessidades locais e ganhar tempo”, ressaltou a diretora de Inovação da John Deere para a América Latina, Heather Van Nest.
O investimento de R$ 180 milhões inclui instalações com escritórios para mais de 150 funcionários; laboratórios de hidráulica e estruturas; uma oficina para montagem e testes em equipamentos agrícolas de todos os tamanhos; e uma pista de testes para operação de veículos e implementos.
A escolha da localização, de acordo com a executiva, se deu por conta da proximidade com o escritório da John Deere no Brasil e com outros centros de pesquisa e universidades com as quais a empresa mantém parceria, facilitando a contratação de profissionais da área de tecnologia. A previsão é de que a nova unidade, a 12ª da companhia no Brasil, seja anunciada em novembro de 2024.
“Este centro vai permitir desenvolver tecnologias e soluções locais para as variáveis e os desafios que os produtores enfrentam no Brasil e na América Latina, por isso é para nós um momento de orgulho”, comemorou o presidente da John Deere Brasil, Antonio Carrere. Dentre as pesquisas a serem realizadas, o executivo destaca os estudos para criar um motor movido a etanol e inteligência artificial. “A ideia é acelerar cada vez mais o lançamento de produtos customizados para o Brasil”, completa Carrere.
Forbes Brasil - SP 01/12/2023
Hoje em dia, nas fazendas ultra modernas, é impossível jogar um torrão de terra sem que ele atinja um robô. Não à toa, o setor agrícola é excepcionalmente ativo na aplicação de tecnologias para as tarefas necessárias ao cultivo. Uma infinidade de manejos agrícolas estão prontos para a automação – onde a tarefa é partilhada entre o ser humano e a máquina – e para a autonomia, onde a máquina realiza 100% de um trabalho específico sem envolvimento humano.
E quais têm sido os impulsionadores de negócios da inovação em tecnologias agrícolas? Nos EUA, por exemplo, está em primeiro lugar a falta de operadores de máquinas agrícolas. Como é comum em todas as sociedades, os trabalhadores estão escolhendo formas mais atraentes de ganhar dinheiro. Mas, de modo geral, para a força de trabalho existente é essencial aplicar a inteligência humana em tarefas mais complexas. Estes fatores cruzam-se com a necessidade de uma precisão cada vez maior para reduzir custos e melhorar a produtividade de um negócio de alto risco e margens baixas, como ocorre no setor do agronegócio.
Em contraste com os desafios de trazer a condução autônoma para as vias públicas, a agricultura é um espaço relativamente seguro para a autonomia fincar profundamente as suas raízes. Acrescente a isto a capacidade de modernizar os veículos agrícolas existentes com autonomia – o que não é uma opção viável em veículos rodoviários –, mostrando uma oportunidade de mercado significativa.
Embora a implantação seja discutida no futuro para caminhões autônomos de longa distância, a autonomia agrícola já está nas mãos dos agricultores. Mas quais são os pontos em comum? Quais são as diferenças fundamentais? Existem sobreposições? Sinergia? Para explorar estas questões, confira os movimentos recentes dos atores desse mercado, de grandes a pequenos.
AGCO quer chegar a US$ 2 bi em receitas combinadas
Trator autônomo da AGCO manobrando em uma lavoura de trigo
A grande mudança das últimas semanas vem da AGCO, uma das maiores empresas do setor, com receita anual em 2023 projetada em mais de US$ 14 bilhões (R$ 68 bilhões na cotação atual). A AGCO adquiriu uma fatia majoritária no negócio de tecnologia agrícola da Trimble, adquirindo uma participação de 85% no portfólio de ativos agrícolas da empresa, por um valor em espécie da ordem de US$ 2 bilhões (R$ 9,8 bilhões) e a contribuição da JCA Technologies. A Trimble atua em uma ampla gama de setores verticais, incluindo construção, geoespacial, recursos naturais e infraestrutura, além da agricultura.
O grupo de tecnologia agrícola da Trimble oferece autodirecionamento, pulverização de precisão, gerenciamento de dados e monitoramento de equipamentos, que a AGCO adicionará às suas ofertas de retrofit complementares. Especificamente, a AGCO combinará os produtos de tecnologia da Trimble com os produtos para plantadeiras Precision Planting, que a AGCO adquiriu em 2017. A AGCO disse que espera vendas da Precision Planting, que incluem seu negócio de retrofit Precision Planting e seu negócio Fuse Oem (frotas mistas), atinjam cerca de US$ 850 milhões (R$ 4,1 bilhões) este ano. Isto é mais do dobro do total de 2020, sendo que a AGCO prevê vendas de US$ 1 bilhão (R$ 4,9 bilhões) até 2025.
Acrescenta-se a isso que o software e os componentes da Precision Planting podem ser adicionados à maioria das marcas de plantadeiras, expandindo o seu mercado acessível aos agricultores que procuram atualizar modelos mais antigos. Com a combinação das receitas da agricultura de precisão da AGCO e das receitas da joint venture da Trimble Ag, a AGCO espera entregar mais de US$ 2 bilhões (cerca de R$ 10 bilhões) em receitas combinadas da agricultura de precisão até 2028.
Em agosto, durante um evento de tecnologia da AGCO em sua fazenda de pesquisa, no sul do Kentucky (EUA), em vastas extensões de terra, os produtores puderam conferir tecnologias como de uma plantadeira automatizada que deposita as sementes com precisão no solo, enquanto fornece a quantidade exata de fertilizante para cada semente. O que chama a atenção na inteligência de autonomia é que a plantadeira realiza uma tarefa complexa em um ritmo acelerado, enquanto é puxada por um trator automatizado que funciona em uma trajetória fixa.
Joint venture AGCO e Trimble coloca US$ 2 bi na agricultura digital Máquinas autônomas entram no campo para acelerar resultados
Outra tecnologia apresentada foi sobre controle de ervas daninhas. À medida que as plantas brotam e crescem, elas competem com as pragas. Usando bancos de câmeras e aplicando técnicas de visão estéreo, o pulverizador automático pré-comercial Precision Planting da AGCO detecta ervas daninhas individuais e as elimina com herbicida. Isso significa uma grande diferença em comparação com a abordagem tradicional de força bruta de pulverizar os produtos químicos em todo o campo, criando escoamento tóxico e desperdiçando dinheiro. Também foi mostrado um trator não tripulado, puxando uma enfardadeira de feno autônoma.
Mas o que realmente impressiona é a operação autônoma na colheita, por sua simplicidade e utilidade. Este vídeo mostra uma colheitadeira em uma lavoura de trigo pareada com um vagão de grãos. Quando o vagão atinge sua capacidade máxima, ele se afasta e outro vazio toma seu lugar. São vagões inteligentes, que antes eram puxados por um trator e seu operador, o que representa uma grande inovação.
Embora os tratores autônomos possam percorrer uma rota planejada no momento do plantio, o trabalho do trator que puxa o vagão coletor de grãos exige mais inteligência porque sua rota não é fixa. Quando despachado, ele deve encontrar a colheitadeira e deslocar-se de modo apropriado para que o vagão receba os grãos. Quando cheio, deve encontrar sua própria rota através do campo e seguir até o silo ou carreta. Nas operações agrícolas de baixa tecnologia, a movimentação de vagões é uma das tarefas menos qualificadas para os trabalhadores e, no entanto, altamente intensiva em mão-de-obra.
A AGCO afirma que oferecerá retrofits para pulverização direcionada em 2024, com uma oferta de fábrica chegando em 2026. A autonomia de retrofit para seu “vagão de grãos independente do operador” e o plantio de precisão chegarão em 2025, com “soluções integradas totalmente autônomas em todos os ciclos de cultura”, até 2030.
CNH de olho na demanda do produtor
A CNH, fabricante de equipamentos Case IH e New Holland, também vem levantando poeira na agricultura de precisão. Em 2021, eles adquiriram a Raven Industries por US$ 2,1 bilhões (R$ 10,3 bilhões). Os clientes da CNH podem solicitar sistemas de orientação, máquinas de pulverização e sistemas de direção autônomos da Raven, em uma nova compra ou como modernização de equipamentos existentes.
Obter os melhores rendimentos requer um nível de precisão que antes não era prático com as máquinas do passado. Normalmente, os agricultores ajustam as suas máquinas agrícolas uma vez e todo o campo é trabalhado com esta única configuração. Mas as máquinas inteligentes da CNH podem ajustar-se às variações de profundidade e qualidade da sujidade em todo o campo. A CNH observa que sua tecnologia de automação de preparo do solo permite ao operador definir a profundidade do cultivo com uma precisão de um décimo de polegada, enquanto seu sensor monitora e mantém a profundidade durante todo o processo de plantio, a uma velocidade média de 16 quilômetros por hora.
O resultado? A CNH afirma que os agricultores podem poupar 17% em combustível e produzir quase cerca de 40 quilos a mais de soja por hectare por causa dos ajustes automáticos. Nos EUA, significa mais de US$ 15 por hectare.
Quando se trata de proteção de cultivos, a CNH adicionou o Raven Vision Guidance System aos seus pulverizadores automatizados. São máquinas enormes, com mais de cem bicos de precisão em uma lança de 40 metros, direcionando o equipamento ao longo das fileiras com precisão de menos de uma polegada. Operando a mais de 32 km/h, a CNH reivindica benefícios de 15% menos tempo ocioso, 10% de economia de produtos e capacidade de cobrir pelo menos 10% a mais de hectare por dia. Para a aplicação de fertilizantes, a empresa lançou o aplicador sem motorista Case IH Trident 5550 com “autonomia Raven interna” em 2022.
A CNH também está particularmente otimista em relação ao seu Sistema de Automação de Colheita, observando que os agricultores economizaram US$ 30 mil (R$ 147 mil) por ano, por máquina, reduzindo os custos de combustível e permitindo-lhes cobrir mais hectares por hora. A inteligência da máquina reduziu o número de funções que os operadores precisam gerenciar de doze para três, gerando benefícios de produtividade tanto para operadores semiqualificados como totalmente qualificados.
O sistema de automação da colheita inclui uma câmera multiespectral com inteligência artificial para otimizar o desempenho. A CNH afirma que o uso deste sistema gerou 33% menos perda de grãos e 25% de aumento na produtividade.
Na colheita do feno nos EUA, em particular, a adaptação às mudanças nas condições do campo é fundamental. O sistema da CNH conta com um dispositivo na frente do trator para avaliar a posição e o formato da linha. Esta informação é utilizada para otimizar a posição e a velocidade do trator. A empresa relata um aumento de até 15% na produtividade.
E quanto às culturas permanentes, como vinhedos e pomares? Existem desafios únicos nesses cultivos. Isso porque durante a colheita, as plantas não devem ser danificadas para que possam permanecer saudáveis e produzir na estação seguinte. O sistema automatizado da CNH verifica o trabalho de colheita mais de 30 vezes por segundo enquanto monitora as plantas e o terreno dez metros à frente da máquina. Com esta informação, a máquina se orienta na trajetória ideal. O sistema também está equipado com tecnologia infravermelha para funcionar à noite, pois as características da fruta, especificamente o teor de açúcar, podem atingir seu pico durante a noite. A CNH afirma que os clientes obtiveram uma economia de 10% em herbicidas, 35% de economia de combustível por acre (um acre tem 0,404 hectare) e uma redução de 35% em CO2.
A empresa afirmou que soluções de preparo semi autônomo e soluções de colheita assistida por motorista estão sendo testadas pelos clientes desde o ano passado. Nas ofertas de total autonomia da CNH, a solução de vagões autônomo Raven permite ao operador da colheitadeira chamar um vagão diretamente para a colheitadeira para descarregar o produto sem um segundo operador no trator puxando o vagão. Esta função é semelhante à abordagem da AGCO descrita acima.
A John Deere também possui um sistema de pulverização robótico, bem como um produto que otimiza o uso de fertilizantes, registrando quando sementes individuais são plantadas e pulverizando a quantidade precisa de fertilizante inicial diretamente na semente, à medida que é plantada. A convite da empresa, em agosto deste ano, a Forbes Brasil esteve nos EUA conferindo as tecnologias (acesse a reportagem aqui)
A empresa introduziu sistemas de retrofit no início deste ano. Tal como os outros OEMs, a autonomia é uma alta prioridade. Em janeiro de 2022, a Deere mostrou ao mercado seu trator totalmente autônomo. A empresa diz que começou com o preparo do solo porque a colheita é a época do ano mais movimentada para os agricultores. Isto acontece porque o agricultor, nos países de clima temperado, deve retirar a colheita atual do solo e ao mesmo tempo preparar o solo para a próxima época, antes que ele congele. A autonomia permite essencialmente que um agricultor faça as duas tarefas ao mesmo tempo.
O objetivo da Deere é criar uma exploração agrícola totalmente autônoma para os agricultores de milho e soja até 2030, na qual as plantas possam ser plantadas, pulverizadas e colhidas. Por enquanto, a Deere está oferecendo um pacote Autonomy Prep para tratores das séries 8 e 9 que garante que essas máquinas tenham os componentes conhecidos necessários para operar de forma autônoma no futuro. Esses componentes incluem a transmissão correta, Ethernet e um alternador de amperagem mais alta.
Startups como parte fundamental na automação
Dados os movimentos da AGCO, CNH e Deere, as tecnologias agrícolas representam um espaço muito aquisitivo. Não por acaso, o setor também tem uma atividade significativa de startups independentes. Em comparação com a condução automatizada na estrada, a tecnologia agrícola é uma arena promissora para startups, uma vez que os requisitos de segurança do Domínio de Design Operacional são menos desafiadores (embora ainda complexos). E a percepção é de que o processo de aquisição deva ser mais simplificado.
A abordagem da startup Monarch Tractors foi discutida em uma entrevista recente com seu fundador e CEO, Praveen Penmetsa. Ele disse que a Monarch busca competir de forma aberta com plataformas fechadas como a Deere. Seu objetivo para o Monarch é se tornar “o Android da Ag”.
A abordagem de receita da Monarch consiste em vendas diretas, assinaturas digitais e licenciamento. Para vendas diretas, a primeira entrega do trator MK-V da Monarch foi fornecida à Constellation Brands no final do ano passado.
Do lado do licenciamento, a CNH anunciou o seu trator inteligente T4 Electric Power “powered by Monarch” no mesmo período. Em particular, Penmetsa destacou a sua abordagem de “autonomia supervisionada”, na qual até seis tratores podem operar sob a supervisão de um operador.
A startup Carbon Robotics, com sede em Seattle, oferece uma abordagem de “detonação a laser” para o manejo de ervas daninhas. Os dados da câmera são usados para identificar ervas daninhas, que são então eliminadas com precisão com rajadas térmicas de 150 watts. Funcionando sem motorista, dizem que o sistema pode matar mais de 100 mil ervas daninhas por hora.
A Nodar, fundada em 2020, aplicou técnicas de visão estéreo para obter a percepção de longo alcance que rivaliza com a capacidade Lidar. A Nodar é altamente ativa em detecção rodoviária e anunciou recentemente o AgriView, sua solução de visão 3D para robótica agrícola.
De acordo com a empresa, os recursos incluem detecção de pequenos objetos e calibração em tempo real em cenas naturais, com desempenho excepcional em poeira, pouca luz, brilho intenso e condições climáticas adversas. As saídas do sistema fornecem nuvens de pontos de alta resolução, mapas de disparidade, rastreamento de objetos e velocidade. Sua solução definida por software permite flexibilidade de hardware.
A Deere tem sido uma compradora assídua. Em 2021, adquiriram a Bear Flag Robotics, que desenvolve tecnologia de condução autônoma compatível com as máquinas existentes: outra peça do quebra-cabeça do retrofit. Em 2022, a Deere adquiriu a Light, cuja tecnologia de visão de câmera é aplicada em muitos dos sistemas de autonomia da Deere.
O fato é que um ecossistema está se desenvolvendo entre os Big Guys (AGCO, CNH e John Deere) e o mundo das startups. O mais proeminente é o programa Startup Collaborator da Deere, que está em funcionamento há quatro anos. A empresa afirma que isso “nos dá a oportunidade de trabalhar com startups inovadoras de todo o mundo e testar novas tecnologias sem um relacionamento comercial formal”. Para a CES (Customer Effort Score), no início deste ano, a Deere anunciou oito empresas para seu programa 2023 Startup Collaborator. Mas eles anunciarão uma nova safra de empresas colaboradoras de startups na CES 2024?
No início de 2023, a CNH Industrial anunciou um investimento minoritário na EarthOptics através do seu braço ventures. De acordo com o anúncio, “a EarthOptics aproveita a tecnologia proprietária de sensores para medir com precisão a saúde e a estrutura do solo por meio de uma combinação de sensores terrestres, satélites, amostras físicas de solo, modelos de aprendizado de máquina e experiência agronômica”. O seu tesouro de dados do solo pode permitir aos agricultores gerir melhor as suas terras, resultando em aumentos no rendimento das colheitas, reduções na aplicação de fertilizantes e dados essenciais para a gestão do impacto de carbono da exploração agrícola. A CNH Industrial iniciou uma fase piloto de testes da tecnologia da EarthOptics através de sua marca Case IH no início deste ano.
O fazendeiro moderno
Toda empresa de tecnologias agrícolas possui vídeos de depoimentos de clientes em seus sites. Doug Nimz é um agricultor de quarta geração que cultiva milho e soja em 800 hectares no sul de Minnesota e é fã dos produtos Deere. No vídeo convincente da empresa, Nimz observa que seu trator autônomo pode fazer a lavoura “tão bem quanto eu mesmo”. Elen diz que pode usar seu celular para verificar todos os aspectos de uma operação no campo, incluindo quanto de área foi cultivada, nível de combustível e quaisquer alertas. O trator o avisa caso se depare com uma situação que não sabe como lidar. Mas caso nada ocorra, ele diz ficar satisfeito por fazer outra coisa além de dirigir aquele trator.
Nimz salienta que a capacidade de operar o trator 24 horas por dia é vital, porque “podemos trabalhar muito quando as condições do solo são melhores”. Ele resume seu depoimento dizendo: “Precisamos de mão de obra por muitas e muitas horas por curtos períodos de tempo. A tecnologia AutoSteer ajudou a reduzir a nossa carga de trabalho, o que torna a minha vida muito mais fácil.” A agricultura e a logística podem parecer domínios muito diferentes, mas é fácil imaginar o depoimento do gestor de um centro logístico de carga defendendo muitos destes mesmos pontos.
A competição é acirrada entre as empresas de tecnologias agrícolas, à medida que a autonomia se estende a cada vez mais tipos de operações para oferecer maior precisão com menos intervenção humana. Por exemplo, devido à capacidade de modernizar os veículos existentes, a Ag Autonomy anunciou que pretende entrar no setor agrícola a um ritmo muito mais rápido do que em autonomia para caminhões rodoviários. Mesmo que em ambos os domínios, a produtividade deverá aumentar para um nível nunca imaginado em apenas alguns anos, mas o agro sai na frente.
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