Medidas de proteção não surtem efeito, e Brasil caminha para recorde de importações de aço

Diário do Comércio – MG   26/06/2025

Realizada no último mês, a renovação das medidas de proteção tarifária para reduzir o volume de importação de produtos de aço e fortalecer a indústria nacional continua sem surtir efeitos. Prova disso é que o País deve bater recorde de importações neste ano, segundo o Instituto Nacional dos Distribuidores de Aços Planos (Inda).

A avaliação é do presidente do Inda, Carlos Loureiro, que há vários meses critica a política comercial brasileira. Nesta quarta-feira (25), ele disse que a medida de proteção tarifária “não resolveu nada e continuará sem resolver”.

As medidas têm sido adotadas desde o ano passado pelo Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior (Gecex-Camex). A alíquota de 25% foi mantida para 19 produtos importados de aço, que já eram atendidos pela medida, e ainda foi estendida para outros quatro produtos, totalizando 23.

Mesmo assim, essas medidas continuam sendo consideradas insuficientes pela entidade para proteger o mercado nacional e devem manter a pressão sobre a indústria brasileira nos próximos meses.

“Alguns colegas estão comprando material importado mesmo pagando os 25%. Esse material está entrando no País ainda com uma vantagem muito grande [em relação aos produtos brasileiros]”, diz Loureiro.

Conforme os números do Inda, a importação no quinto mês deste ano avançou 71,5%, na comparação com o ano anterior, passando de 243 mil toneladas para 418 mil toneladas, volume considerado “chocante” pelo dirigente. De janeiro a maio, o aumento foi de 40,8%.

Queda de preço e alta das importações
O cenário atual de estoque elevado, portos sobrecarregados e preços internacionais em queda deve continuar fazendo com que os preços caiam no mercado brasileiro de aços planos nos próximos meses e que as importações aumentem ainda mais.

“Só no porto de São Francisco do Sul, em Santa Catarina, há mais de 900 mil toneladas para serem internalizadas. Em junho, o número de importação vai nos surpreender, e tudo leva a crer que esses números continuarão altos não só em junho, mas também em julho e agosto. A perspectiva é que a gente tenha, neste ano, um volume recorde de importação”, analisa o presidente do Inda.

De acordo com os números divulgados pelo instituto, no mês de maio, havia um estoque de produtos suficiente para 3,3 meses, o que representa um volume 17% maior em relação aos estoques de maio do ano anterior.

Ao todo, 1,1 milhão de toneladas de aço estão em estoque atualmente, enquanto em 2024 eram 915 mil toneladas. O número é considerado altíssimo pelo instituto. “Praticamente todos os distribuidores estão com o preço de estoque médio acima do preço de reposição. Isso significa um prejuízo acumulado, já que o que vale no preço de venda é o preço de reposição”, explica Loureiro.