Distribuidores de aço defendem taxa de 25% para produto chinês

Diário do Comércio – MG   23/05/2025

O Instituto Nacional de Distribuidores de Aço (Inda) defendeu, nesta quinta-feira (22), uma taxa de 25% para as importações do aço chinês, para proteger a indústria nacional. Durante coletiva de imprensa, o presidente do instituto, Carlos Loureiro, disse que, mesmo que o governo federal adote uma solução como esta, o problema não será resolvido nos próximos quatro meses, diante do alto volume de estoque.


Conforme os dados apresentados, a importação continua pressionando o mercado nacional. Em abril, foi apurada alta de 21% na comparação com o mesmo mês do ano passado, passando de 242,3 mil toneladas para  293,3 mil toneladas importadas de aço plano.

No acumulado do ano, o crescimento das importações é ainda maior, 31,7%, passando de 827,3 mil toneladas importadas de janeiro a abril de 2024 para 1,08 milhão de toneladas no mesmo período deste ano. “O número é muito alto, você percebe que é em cima de um ano que já foi alto, que foi 2024, e que causou, inclusive, o movimento de criar cotas”, lembra Loureiro.

Medidas do governo federal foram insuficientes
A imposição de cotas e o aumento de tarifas por parte do governo federal, em junho do ano passado, já foram medidas criadas para limitar a entrada do aço importado no País. Atualmente, a taxa de importação do aço da China para o Brasil é de 25%, se as cotas de importação forem ultrapassadas. Caso contrário, a taxa padrão de importação, que é de 10,8%, em média, continua a ser aplicada.

As medidas adotadas pelo governo federal, no entanto, são consideradas insuficientes pelo Inda, já que as importações continuaram subindo, mesmo após as regulamentações.

Segundo Loureiro, mesmo que o governo tome uma medida agora, taxando o aço chinês em 25%, uma vez que responde por mais de 76% das importações, o problema se perpetuará, no mínimo, pelos próximos quatro meses, considerando o número de material que ainda tem para entrar no Brasil. 

De acordo com o presidente do Inda, só no porto de São Francisco do Sul, em Santa Catarina, há 750 mil toneladas em viagem, com data registrada para chegar ao País, ou aguardando para ser descarregado.

“Então, só neste porto você tem 750 mil toneladas, fora o material que está nos depósitos. Com isso, fica claro que mesmo que venha uma solução, não vamos resolver o problema nos próximos quatro, cinco meses. Todo esse material só tem uma saída, vender no mercado interno. Se é importado, não tem como devolver”, afirmou.

Loureiro ressaltou, ainda, que a redução do preço dos produtos praticados pelas usinas nacionais não fará com que elas vendam mais. “Não resolve o problema, porque o material que está para ser descarregado vai ter que ser vendido no Brasil. A opção de baixar preço é só prejuízo para nós distribuidores e para as próprias usinas, que passam a ter suas margens de lucro muito apertadas”, frisou.

Com relação aos estoques dos distribuidores, eles ficaram estáveis em relação a março, mas aumentaram quase 16% em relação ao mesmo mês do ano passado. O volume acumulado é de 1,06 milhão de toneladas e equivale a 3,3 meses de vendas. Nível considerado elevado e que causa preocupação do instituto, uma vez que os preços estão em tendência de queda pela pressão da importação.

Volume de aço importado já é o terceiro do ranking de fornecedores
O volume de aço plano importado pelo Brasil já torna o exterior o terceiro maior fornecedor de aço plano do País. Segundo o presidente do Inda, a CSN, que ocupava a terceira posição, atrás de ArcelorMittal e Usiminas, já foi superada pelas importações. Está à frente apenas da Gerdau, se considerados os cinco fornecedores principais. “Se a gente não tomar cuidado, as importações ainda podem ultrapassar a Usiminas”, alertou. 

Tarifas impostas pelos EUA reduzem exportações de aço
Apesar de o Inda considerar que a taxa de 25% imposta pelo presidente Donald Trump ao aço brasileiro não restringiu as exportações do Brasil para os Estados Unidos (EUA), uma vez que o País de Donald Trump continua sendo o maior importador de aço brasileiro, o que se notou foi uma queda de 31% nas vendas em abril em relação a março.

De acordo com os dados do Instituto, enquanto em março o volume de aços planos vendido pelo Brasil para o país norte-americano somou 643,1 mil toneladas, em abril, o volume reduziu para 443,7 mil toneladas, recuo de 31%.

Confirmando as projeções do Inda, apesar da taxação imposta pelo presidente Donald Trump ao aço brasileiro, os EUA continuam sendo o maior comprador. “Conforme previmos, apesar dos 25% de tarifa impostos pelos EUA ao Brasil, os EUA continuam sendo o maior importador de aço do Brasil. Oitenta e dois por cento das nossas exportações continuaram indo para lá”, disse Loureiro.

Depois dos EUA, são pequenas as vendas para a Argentina (6,9%), o Reino Unido (5,1%) e a República Dominicana (4,7%). Outros países respondem por menores volumes.

Vendas de aço caem 4,3% em abril
As vendas de aços planos, em abril, conforme dados do Inda, tiveram queda de 4,3%, quando comparadas a março, atingindo o montante de 317,3 mil toneladas, contra 331,7 mil. Segundo Loureiro, uma queda dentro do esperado, que era de cerca de 4%.

Em relação ao mesmo mês do ano passado, quando foram vendidas 332,1 mil toneladas, as vendas registraram queda de 4,5%. Ainda assim, o mês de abril registrou média de venda de 15,9 mil toneladas por dia, considerado um número bom pelo instituto, e acima da média do ano passado, que foi de 15,1 mil toneladas. Já no acumulado do ano, a alta foi de 0,9%.