Agência Brasil - DF 30/06/2025
Depois de ter diminuído em maio (-0,49%), o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), também conhecido como inflação do aluguel, recuou mais 1,67% em junho. Essa deflação no mês, isto é, queda média dos preços, é a maior desde junho de 2023 (-1,93%). Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (27), no Rio de Janeiro, pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV/Ibre).
No acumulado de 12 meses, o índice soma 4,39%, o menor desde agosto de 2024 (4,26%). Em março de 2025, o patamar chegou a 8,58%, apontando tendência de redução da inflação.
IGP-M acumulado em 12 meses, mostra que em março, o índice ficou em 8,58; em abril, 8,50%; no mês de maio o índice foi 7,02% e em junho, 4,39%.
A FGV leva em conta três componentes para apurar o IGP-M. O maior peso é o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que mede a inflação sentida pelos produtores e responde por 60% do IGP-M cheio. Dentro do IPA, o item que mais ajudou a derrubar a inflação de junho foi produtos agropecuários, com recuo de 4,48%.
Individualmente no IPA, as maiores influências negativas foram o minério de ferro (-4,96%), milho em grão (-16,93%) e o café em grão (-11,01%).
Efeito safra
Outro componente do IGP-M é o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que responde por 30% do IGP-M. Dentro dessa análise do consumo das famílias, os alimentos foram protagonistas para pressionar a inflação para baixo. Com deflação de 0,19% no mês, foi o único dos oito grupos apurados a apresentar preços mais baixos na passagem de maio para junho.
O economista do FGV Ibre Matheus Dias, atribui a queda ao comportamento da safra no campo, que deve ser recorde. “O avanço das safras tem alimentado expectativas de maior oferta, pressionando os preços para baixo tanto ao produtor quanto no varejo”, afirma.
Ajudaram a baixar o IPC no mês os preços do tomate (-7,20%), ovos (-7,60%), arroz (-3,78%) e mamão papaya (-11,28%).
Construção
O terceiro componente medido pela FGV é o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), que subiu 0,96% no mês. A pressão de alta veio do custo da mão de obra (2,12%). “Em função dos reajustes salariais recentes”, explica Dias. Já o grupo materiais, equipamentos e serviços subiu 0,13%.
Inflação do aluguel
O IGP-M é conhecido como inflação do aluguel porque o acumulado de 12 meses costuma ser base para cálculo de reajuste anual de contratos imobiliários. Além disso, o indexador é utilizado para reajustar algumas tarifas públicas e serviços essenciais.
Entenda aqui
A FGV faz a coleta de preços em Belo Horizonte, Brasília, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador. O período de levantamento do IGP-M foi 21 de maio a 20 de junho.
IstoÉ Dinheiro - SP 30/06/2025
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta sexta-feira, 27, que não vê mais espaço para aumento dos juros de referência da economia, e que o Banco Central (BC) vai começar a calibrar, em algum momento, quando voltará a cortar a Selic. “A essa altura, eu não vejo mais espaço para aumentar a taxa de juros, e acredito que aí o Banco Central vai ter que calibrar o momento do ciclo de corte. Eu não sei quando vai acontecer, mas tem muita coisa boa acontecendo”, disse o ministro durante entrevista à GloboNews.
Haddad ressaltou que a inflação está em baixa, chegando inclusive a marcar deflação no grupo de alimentação e bebidas na última medição do IPCA-15, ao mesmo tempo em que o Federal Reserve acena com a possibilidade de retomar o ciclo de corte de juros nos Estados Unidos.
Questionado durante a entrevista sobre por que o governo não ataca o presidente do BC, Gabriel Galípolo – indicado por Lula e que manteve o ciclo de aumento dos juros -, como fazia com Roberto Campos Neto, Haddad respondeu que teve apenas dois momentos de divergência com o ex-chefe do BC. O primeiro deles foi em torno do início do último ciclo de corte de juros que, para Haddad, deveria ter começado antes.
A segunda divergência foi na mudança de forward guidance anunciada por Campos Neto em um encontro com investidores promovido pela XP em Washington, em abril do ano passado. Até aquele evento, o mercado operava com a sinalização de que o Comitê de Política Monetária (Copom) seguiria cortando os juros a um ritmo de 0,5 ponto porcentual. Campos Neto, no entanto, disse naquele encontro que incertezas poderiam levar o BC a rever a sinalização, o que levou os investidores a prever diminuição no ritmo de relaxamento monetário, o que acabou acontecendo no mês seguinte.
Nesta sexta, mais uma vez, Haddad disse que as últimas elevações dos juros, com o BC sob o comando de Galípolo, foram contratadas na última reunião do Copom presidida por Campos Neto, quando os juros subiram 1 ponto porcentual. No encontro, realizado em dezembro, o comitê indicou a repetição da dose – ou seja, novos aumentos de 1 ponto porcentual da Selic – nas duas primeiras reuniões deste ano.
IstoÉ Dinheiro - SP 30/06/2025
Enquanto o desempenho econômico da América Latina tem moderado neste ano, o Brasil é uma exceção na região, com forte demanda interna, destaca o Banco de Compensações Internacionais (BIS), em seu relatório anual, publicado neste domingo. O progresso da inflação, contudo, chama atenção e obriga a autoridade monetária a subir os juros no País, alerta o ‘banco central dos bancos centrais’.
“Na América Latina, a atividade econômica foi geralmente moderada, exceto no Brasil, onde uma forte demanda doméstica foi sustentada por um mercado de trabalho apertado e transferências fiscais”, diz o BIS, no documento. O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 1,4% no primeiro trimestre deste ano ante o mesmo intervalo de 2024.
Quanto ao nível de preços praticado na região, o organismo faz um alerta. Enquanto no mundo, a inflação continuou se reduzindo, rumo às metas dos bancos centrais, esse processo desacelerou em algumas economias da América Latina, aponta. Brasil, Chile e Colômbia são exemplos, conforme o BIS, que menciona fatores internos como forte demanda privada, ajustes em preços regulados e desvalorização das moedas domésticas.
“O Banco Central do Brasil aumentou rapidamente as taxas em resposta à evidência de que as expectativas de inflação estavam se desancorando em meio à alta inflação”, afirma o BIS, em seu relatório anual.
Na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central aprovou novo aumento de 0,25 ponto porcentual para a taxa básica de juros, que passou de 14,75% para 15% ao ano. O mercado espera que esse patamar seja mantido até dezembro, com o primeiro corte na Selic vindo apenas em janeiro de 2026, conforme o boletim Focus do BC.
Salto da inflação em 12 meses preocupa famílias de países ricos a emergentes
As famílias estão preocupadas com o risco de salto nos preços no curto prazo, de um lado ao outro do Atlântico, a despeito de os preços caminharem rumo às metas dos bancos centrais em algumas economias, alerta o Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês), em seu relatório anual, publicado neste domingo.
Pesquisa realizada pelo organismo em 29 economias avançadas e de mercado emergente mostra que, em média, os indivíduos esperam que a inflação nos próximos 12 meses seja de cerca de 8%, significativamente mais alta do que o nível atual de inflação média de 2,4%. A taxa de inflação mais alta possível é esperada em torno de 11%, enquanto a mínima é cerca de 4%.
De acordo com o assessor econômico e chefe do Departamento Monetário e Econômico do BIS, Hyun Song Shin, as expectativas de inflação das famílias tendem a superestimar o nível real dos preços. “Há um certo viés ascendente nessas pesquisas”, explicou ele, em coletiva de imprensa, para comentar o relatório anual do BIS.
Mas, independentemente disso, o que importa é que as expectativas de inflação das famílias influenciam no comportamento econômico, conforme Shin. “Se esse viés ascendente leva a ações por parte dos agentes econômicos, então, na prática, não importa se as expectativas estavam corretas ou não, pois estas influenciam as ações”, destacou ele.
Esse é mais um ponto que exige que os bancos centrais mantenham uma postura vigilante com as expectativas para a inflação. “Elas podem impactar o comportamento econômico de maneira substancial”, alertou o assessor econômico do BIS.
A pesquisa do BIS também mostra que, para as famílias, os preços aumentaram significativamente mais rápido nos anos após a pandemia em comparação com o período anterior. Em média, nas diferentes regiões, a percepção é de que os preços subiram cerca de 9% entre 2015 e 2019 e 18% entre 2020 e 2024. Esses valores estão amplamente alinhados com a taxa real de inflação, segundo o BIS.
No entanto, parte importante dos indivíduos, quase 20%, percebe um aumento muito mais acentuado no nível de preços praticados em suas respectivas economias, com relatos que indicam patamar acima dos 30%. As causas do aumento da inflação são preços elevados das commodities e escassez relacionadas à pandemia.
“Essas conclusões ressaltam como surtos temporários de inflação podem deixar uma marca duradoura nas expectativas de inflação das famílias”, diz o BIS.
A análise do organismo também identificou que as expectativas de inflação são negativamente correlacionadas com o conhecimento das famílias sobre o banco central. As que conhecem a autoridade monetária e aquelas acreditam no seu mandato de estabilidade tendem a ter expectativas de inflação significativamente mais baixas, reduzidas em 2,3 e 1,2 pontos porcentuais, respectivamente. Mas, na prática, a maioria das famílias carece de um entendimento básico sobre o banco central, conclui.
Tarifas de Trump
A nova política comercial dos Estados Unidos elevou os indicadores de incerteza a níveis tipicamente associados a crises e tornou o horizonte da economia global ‘imprevisível’, avalia o Banco de Compensações Internacionais (BIS). O otimismo em torno de uma aterrissagem suave da economia global, que era iminente no ano passado, foi colocado em xeque, na visão do banco central dos bancos centrais, sediado em Basileia, na Suíça.
“As interrupções comerciais agora ameaçam remodelar o cenário econômico global, à medida que relações políticas e econômicas de longa data estão sendo questionadas”, diz o organismo, em seu relatório anual, divulgado neste domingo.
Desde o anúncio das tarifas recíprocas do presidente dos EUA, Donald Trump, em abril, organismos como o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Mundial e a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) cortaram suas projeções para o crescimento da economia global neste ano. Além disso, há “implicações mistas” para a inflação em todas as economias, alerta o BIS.
“Era para termos uma aterrissagem suave. Tudo estava indo conforme o planejado. Então, tivemos esse período muito substancial de volatilidade, com a ameaça de que as tarifas poderiam dificultar a convergência da inflação para a meta de 2% ao ano em alguns países”, disse o gerente-geral do BIS, Agustín Carstens, ao comentar o relatório anual da organização, em coletiva de imprensa.
Segundo ele, as tarifas de Trump tornam o processo de desinflação e atingimento das metas dos bancos centrais “mais difícil” em alguns países. Em paralelo, as expectativas inflacionárias não convergiram para o patamar almejado, conforme Carstens.
O dirigente do BIS explicou que leva tempo para as pessoas diferenciarem níveis de preços e inflação. O fato de que os preços aumentaram e não caíram leva muitos a acreditar que a inflação está “muito alta, mesmo que esteja baixa”. “Isso torna as expectativas de inflação resistentes à convergência, e é por isso que os bancos centrais devem estar extremamente vigilantes, atentos a qualquer ressurgimento da inflação ou grandes mudanças nas expectativas”, observou Carstens.
Por outro lado, tarifas e outros fatores podem causar um impacto no crescimento econômico, e reduzir a pressão inflacionária, ponderou. “Em algumas regiões, essa situação pode aliviar a pressão sobre a inflação. No entanto, em outras, como nos Estados Unidos, o banco central pode enfrentar um cenário muito desafiador”, alertou o gerente-geral do BIS.
Fiscal e Oriente Médio
Na questão fiscal, o banco central dos bancos centrais não vê uma “crise iminente”, mas avalia que a direção atual não é a correta, com a proporção da dívida pública em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) em muitos países aumentando rapidamente nas últimas décadas. “Um ajuste é crucial e deve começar o quanto antes”, alertou Carstens.
Segundo ele, quanto mais cedo os países adotarem ajustes fiscais e restabelecerem seus colchões de proteção, menores são as chances de que isso tenha consequências negativas para o restante da economia. Além disso, nunca se sabe quando será necessário implementar novamente uma política fiscal agressiva para estabilizar a economia, como ocorreu com a covid-19, acrescentou.
“Se os países precisarem destinar mais recursos para gastos militares, isso certamente terá um impacto fiscal”, projetou o dirigente do BIS. Quanto à situação no Oriente Médio, ele destacou os aumentos nos preços do petróleo nas últimas semanas e disse que o impacto dependerá do tempo de duração. “Se for um impacto duradouro, terá consequências significativas, pois representa um choque econômico”, avaliou.
Israel e Irã concordaram, até o momento, em um cessar-fogo para negociações. Esse choque pode ser “único e pontual”, mas dependendo de sua permanência e de como afeta as expectativas de inflação, pode ter consequências mais graves e desencadear alguma reação de política econômica, conforme Carstens. Neste momento, o BIS não prevê grande impacto, mas monitora a situação no Oriente Médio de perto.
Trump x Fed
O gerente-geral do Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês), Agustín Carstens, defendeu a importância da independência dos bancos centrais em meio às pressões do presidente do Estados Unidos, Donald Trump, sob o presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell. Na sua visão, os constantes ataques do republicano ao chefe do BC dos EUA não representam uma “ameaça”.
Em seu relatório anual, publicado hoje, o BIS destaca que a gestão Trump desencadeou dúvidas sobre seu compromisso com a independência da política monetária nos EUA. Segundo Carstens, é importante ter em mente os fatores que motivam a necessidade de um banco central autônomo, que precisa do apoio da sociedade para fazer o seu trabalho.
“Ao longo da história, a política, especialmente a monetária, levou a efeitos devastadores sobre a inflação e o sistema financeiro, afetando o bem-estar de indivíduos e empresas, muitas vezes levando países à beira do colapso”, alertou Carstens, em coletiva de imprensa, para comentar o relatório anual do BIS, publicado hoje.
Por isso, ao longo do tempo, muitas sociedades tomaram a ‘decisão consciente’ de que é fundamental proteger o país contra pressões políticas sob a autoridade monetária, avaliou. “O importante que a sociedade apoie os bancos centrais e que o mandato dos bancos centrais reflita as preferências da sociedade”, reforçou o dirigente do BIS.
Conforme ele, é esperado que, em diferentes momentos, haja fricções, pois é justamente por isso que em muitos países do mundo o banco central autônomo foi instituído. O ideal, contudo, seria que essas fricções não existissem, mas isso vai além das capacidades do banco central, disse.
“Isso ocorre em qualquer lugar, e não é apenas uma questão nos Estados Unidos”, afirmou Carstens. “Enquanto a sociedade apoiar a existência de uma instituição dentro do estado com o mandato de preservar a estabilidade, isso não deve ser visto como uma ameaça”, acrescentou.
Nos últimos dias, Trump renovou os ataques contra Powell, na sequência de seu depoimento de dois dias no Congresso dos Estados Unidos. “Temos que combater esse cara, ele não está fazendo o trabalho”, afirmou o republicano, sem mencionar o presidente do Fed.
Swap cambial
O mercado de swap cambial alcançou a marca de US$ 111 trilhões no ano passado, de acordo com o Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês). O segmento de maior e mais rápido crescimento é o de contratos entre instituições não bancárias (NBFIs, na sigla em inglês), que quase triplicou de tamanho desde 2009, informa o organismo, em seu relatório anual, publicado hoje.
“Isso torna necessária uma abordagem regulatória mais holística”, cobrou o assessor econômico e chefe do Departamento Monetário e Econômico do BIS, Hyun Song Shin, em coletiva de imprensa, para comentar o documento.
Ele defendeu que atividades bancárias e não bancárias que representam riscos semelhantes devem estar sujeitas a abordagens regulatórias “igualmente rigorosas”. “Também é necessário monitorar melhor a quantidade de alavancagem que esses gestores de ativos e fundos acumulam e até que ponto suas ações e posições amplificam o estresse existente”, sugeriu Shin.
O BIS também chama atenção para a maior posição das instituições não-bancárias como principais credores privados estrangeiros de títulos de governos. Nos Treasuries, o maior mercado de títulos soberanos do mundo, as NBFIs expandiram rapidamente sua fatia na última década, de acordo com o organismo, com sede em Basileia, na Suíça.
Dólar mais fraco
O assessor econômico do BIS minimizou preocupações com a desvalorização da divisa americana. O estudo do organismo mostra que aproximadamente 90% dos swaps cambiais envolvem o dólar em uma das partes, o que enfatiza o seu papel central no sistema financeiro global. Mais de três quartos de todos os contratos em aberto têm vencimento inferior a um ano.
“Tipicamente, é quando o dólar está fraco que os mercados tendem a assumir mais risco”, disse o assessor econômico do BIS.
De acordo com ele, um dólar mais forte geralmente é considerado um barômetro de um episódio de aversão ao risco, reduzindo a alavancagem e levando a uma retirada do risco. “Portanto, um dólar mais fraco não é, geralmente, algo ruim para a estabilidade financeira”, esclareceu.
No relatório, o BIS destaca ainda o papel importante que a taxa de câmbio desempenha na propagação global das condições financeiras, especialmente para as economias de mercado emergentes. Esses países captam no exterior geralmente por meio de emissões de títulos em dólar. “Qualquer mudança nas condições financeiras externas ou na taxa de câmbio é diretamente transmitida para o ambiente doméstico”, atenta o banco central dos bancos centrais.
Corredor estreito
Outro alerta do BIS é quanto ao vínculo mais estreito dos mercados financeiros globais. “Isso significa que as condições financeiras são transmitidas de forma mais poderosa entre as economias e em múltiplas direções. Não é uma via de mão única”, disse o assessor econômico do organismo.
O relatório anual do BIS aponta que a política monetária ainda direciona amplamente as condições financeiras domésticas, mas os bancos centrais devem estar atentos às influências globais e seus efeitos, antecipando o impacto das decisões de juros de outras jurisdições.
“A sensibilidade aumentada aos fatores de risco globais exige uma compreensão mais profunda dos desafios transfronteiriços inerentes a um sistema financeiro mais baseado no mercado”, concluiu Shin, em conversa com jornalistas.
CNN Brasil - SP 30/06/2025
O governo escolheu olhar para a meta de inflação como algo irrelevante, mesmo diante de um cenário de desancoragem das expectativas e deterioração fiscal. É o que diz à CNN o ex-diretor de Política Econômica do BC e diretor de macroeconomia do ASA, Fabio Kanczuk.
"Acredito que o governo escolheu seguir o caminho de que a meta de inflação é irrelevante. [...] Para a atual gestão, a meta não significa nada apesar da lei", disse Kanczuk, ao ser questionado se o governo poderia retomar o debate sobre mudança na meta definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
O ex-BC é conciso ao afirmar que o problema da inflação brasileira é doméstico e fiscal. Para Kanczuk, a taxa de juros, que foi elevada para o maior patamar em quase 20 anos na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), não dará conta de ancorar as expectativas, que seguem bastante acima do centro da meta no horizonte relevante.
O centro da meta perseguida pelo BC é de 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
Para este ano, o mercado prevê que a inflação alcance 5,24%, de acordo com o último boletim Focus. Para 2026 e 2027, o IPCA deve seguir operando ainda acima de 4%, recuando pouco abaixo desse percentual apenas em 2028 (3,83%).
Em seu comunicado da última reunião, ao sinalizar para o fim do ciclo de alta da Selic, o BC dá o aval para que o mercado comece a precificar com mais virulência uma queda dos juros.
Esse movimento, na leitura de Kanczuk, resulta em uma falta de credibilidade.
"Apesar de elevar a Selic para 15%, ele fez um esforço de não deixar a porta aberta. A vantagem imensa de deixar em aberto [a próxima decisão] é que as pessoas ficam em dúvida sobre o que vai acontecer no futuro e a curva de juros não fica precificando queda. Ao fechar a porta, a curva de juros começa a precificar a queda. O BC só faz isso porque está preocupado em não elevar mais os juros. Dessa forma, ele não está preocupado em colocar a inflação na meta", analisa o ex-diretor da autarquia.
Nos cálculos do economista, a taxa de juro real neutra do Brasil — aquela que, descontada a inflação, não estimula nem segura a atividade econômica — gira em torno de 8% atualmente. Valor consideravelmente acima do trabalhado pelo Banco Central em seus modelos, que é de 5%.
Questionado sobre os gastos bilionários do governo que ficaram de fora das regras fiscais, totalizando mais de R$ 300 bilhões nos últimos três anos, Kanczuk reforça que os "truques fiscais" pioram ainda mais a credibilidade da atual gestão.
"Uma das poucas coisas que temos convicção é de que o Brasil vai ter de lidar com o problema fiscal depois das eleições", conclui.
Infomoney - SP 30/06/2025
O diretor de Política Econômica do Banco Central, Diogo Guillen, disse nesta sexta-feira que a autarquia prevê um prazo bastante prolongado de taxa de juros estável diante da desancoragem de expectativas de mercado para os preços, período no qual a autoridade monetária avaliará se a Selic atual de 15% é suficiente para levar a inflação à meta.
Em evento promovido pelo Barclays, em São Paulo, Guillen acrescentou que a discussão sobre corte de juros está “muito distante” e não tem sido feita no Comitê de Política Monetária (Copom).
“Esse me parece um debate muito distante, o debate de corte não faz parte do Copom”, disse.
O BC elevou a Selic em 0,25 ponto percentual neste mês, a 15% ao ano, já sinalizando que o ciclo de alta será interrompido e prescrevendo a manutenção da taxa nesse patamar por período bastante prolongado.
Na apresentação, o diretor disse que a decisão de indicar a interrupção das altas de juros na reunião de julho do Copom é fruto de uma evolução do ciclo monetário, que ficou mais contracionista e permitiu ao BC parar para avaliar se o ajuste feito até o momento é suficiente.
Guillen ainda afirmou que a autarquia tem enfatizado que as expectativas de mercado para a inflação estão desancoradas para curto, médio e longo prazos, um fator de desconforto para todos os membros da autoridade monetária.
Ele ressaltou que, na visão do BC, o quadro inflacionário no Brasil é explicado por uma pressão de demanda em meio a uma atividade econômica resiliente.
“A gente continua com a mesma perspectiva de abertura de hiato (do produto) e desaceleração, julgando que isso é um mecanismo essencial para convergência da inflação”, afirmou.
O diretor pontuou que o debate relacionado às surpresas positivas atividade passa por uma avaliação sobre as causas dessa resiliência, se estaria relacionada ao nível da taxa neutra de juros, ao sistema de crédito ou a programas sociais.
Em um cenário com projeções de inflação acima da meta mesmo em prazos mais longos, Guillen reafirmou que o BC não mudou sua atuação, mantendo a busca pelo centro do alvo de 3% no horizonte relevante, que atualmente está no último trimestre de 2026.
O Estado de S.Paulo - SP 30/06/2025
As companhias brasileiras que buscam recursos no mercado externo de dívida estão sendo privilegiadas pela mudança que os investidores estrangeiros estão fazendo em suas carteiras, diminuindo a exposição a ativos norte-americanos e buscando outros países. Isso soma-se à redução das emissões externas feitas por empresas nacionais nos últimos anos, diante de um o mercado doméstico mais robusto, que passou a absorver prazos maiores e montantes elevados de papéis. O resultado da combinação de maior demanda externa com ritmo menor de captações brasileiras lá fora pressiona para baixo o retorno que as empresas têm que pagar aos investidores.
A Gerdau foi a primeira a cravar no início de junho um custo recorde de baixa em captação feita no exterior por uma empresa brasileira, quando levantou US$ 650 milhões. O feito foi renovado esta semana pela JBS USA, que emitiu US$ 3,5 bilhões em títulos garantidos pela matriz brasileira. Ambas são consideradas companhias de primeira linha e baixo risco. Mesmo o Tesouro Nacional captou US$ 2,75 bilhões, também no início de junho, com prêmio próximo as mínimas históricas e a maior demanda registrada por seus papéis em sete anos.
De acordo com um banqueiro que preferiu não se identificar, o prêmio médio exigido pelos investidores para comprar bonds (títulos de dívida emitidos no exterior) de empresas brasileiras de primeira linha está em território negativo dado o apetite dos estrangeiros em alocar no País. “Diria que mais empresas poderão captar com prêmios recorde de baixa”, afirma.
Companhias se voltaram ao mercado local
Muitos desses grandes emissores que eram frequentes têm feito parte de suas captações no mercado de dívida local, como Vale e Petrobras, entre várias outras. “O investidor estrangeiro vê a operação e faz ordens grandes, porque não sabe mais quando a companhia vai voltar”, afirma outro banqueiro.
Essa realidade, no entanto, está aumentando novamente a operações internacionais. De janeiro até agora, as empresas brasileira captaram US$ 20,25 bilhões no mercado de dívida externa e há possibilidade de outras companhias aproveitarem o apetite externo antes das férias do Hemisfério Norte, em agosto. O volume emitido de janeiro a julho de 2024 foi de US$ 11,8 bilhões. Além da JBS USA, esta semana emitiram Raízen (US$ 750 milhões) e Latam (US$ 800 milhões).
Globo Online - RJ 30/06/2025
O governo federal arrecadou nada menos que R$ 230 bilhões em maio, um ganho real, acima da inflação, de 7,7% sobre o mesmo mês do ano passado. No período de janeiro a maio deste ano, a arrecadação alcançou R$ 1,2 trilhão, ganho real de 4% sobre o mesmo período de 2024. Fiquemos com esse último indicador — o governo federal arrecadou 4% acima da inflação. Como o arcabouço fiscal determina que o gasto de um ano deve ser igual ao do período anterior mais 2,5%, a conclusão simples é que a receita deveria dar para o gasto.
Entretanto o governo luta com o Congresso pelo aumento do IOF, que levaria mais uns R$ 12 bilhões aos cofres federais neste ano. Além disso, o ministro Fernando Haddad tem outras propostas de aumento de arrecadação para 2025 e 2026. Sem entrar nos detalhes, chegamos à conclusão mais simples possível quando se analisa o desempenho das contas públicas: o governo gasta mais do que arrecada. Quando isso acontece, toma dinheiro emprestado para cobrir o rombo e, com isso, aumenta sua dívida. Logo, gasta ainda mais com juros.
Como notam diversos analistas, o governo federal gasta, em termos anuais, algo como 19% do PIB. E não é suficiente para o tamanho dos compromissos. Todos os analistas, inclusive os do governo, sabem onde está a crise fiscal: gastos obrigatórios — Previdência, benefícios sociais, pessoal, Educação e Saúde— crescem mais que os 2,5% além da inflação permitidos pelo arcabouço. Isso comprime os demais gastos, aqueles que mantêm a máquina pública em funcionamento.
É preciso, pois, cortar esses gastos. Isso tem sido feito aqui e ali, nas agências reguladoras, mas tem sido claramente insuficiente. O risco fiscal está claro: no ritmo atual, em determinado momento, talvez já em 2027, toda a arrecadação será consumida pelos gastos obrigatórios, e o governo simplesmente parará de funcionar. Daí a vontade arrecadadora. Não tem limite.
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O ministro Haddad, ecoando a linha política e eleitoral de seu governo, tem dito que se trata de cobrar dos ricos, do pessoal da “cobertura”. Mas, quando se olha por onde cresce a arrecadação, fica claro que se cobra mais de todo mundo. Um exemplo: não são apenas os ricos que pagam IOF, mas todas as pessoas físicas e empresas, grandes ou pequenas, que tomam financiamento.
Há previsão de novos impostos só para os mais ricos, mas está claro que isso não será suficiente para equilibrar as contas. Daí o aumento da carga tributária que incide sobre toda a atividade econômica, aumentando o custo de fazer negócios no Brasil. O Congresso impôs pelo menos um limite quando derrubou, por ampla maioria, o decreto que aumentava as alíquotas do IOF.
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Ok. Mas fez a coisa certa pelas razões erradas. Entre outros motivos, deputados e senadores estavam de bronca pela demora na liberação das emendas parlamentares. Trata-se de dinheiro do Orçamento gasto por indicação exclusiva dos parlamentares. Eis aonde chegamos: o Congresso veta um aumento de imposto com a conversa de que o governo precisa cortar gastos; mas o próprio Congresso faz isso, veta o IOF para que o governo libere os gastos deles, parlamentares.
A crise fiscal transforma-se numa aguda crise política. Está claro que pequenos cortes de gastos e aumentos de impostos não levam ao equilíbrio das contas. Há limites nas duas pontas — e são limites que só podem ser superados com uma ampla reforma estrutural dos gastos públicos. Essa reforma, de sua vez, depende de sólida liderança do presidente da República, que consiga obter maioria no Congresso para aprovar as medidas necessárias.
Não há ambiente para isso. O presidente Lula acha que não precisa de reforma alguma. Quer mais dinheiro para gastar e ganhar as eleições de 2026. A oposição e o Centrão, no Congresso, também não querem reforma nenhuma. Querem gastar o “seu” dinheiro, das emendas e dos fundos partidário e eleitoral. A população paga a conta, na forma de serviços públicos ruins e mais impostos.
O Estado de S.Paulo - SP 30/06/2025
Sem muita cerimônia, o Banco Central elevou a taxa Selic para 15% ao ano. Já era esperado pelos operadores de mercado (mas não pelos analistas, que dão palpites, mas não têm fichas para jogar). Parece tudo muito simples, já que a inflação corre muito acima da meta e a economia mostra sinais de vitalidade. Só que não. Juros tão elevados, mesmo quando necessários, trarão graves efeitos colaterais.
É preciso atentar para o tamanho da encrenca. Olhando para trás, os juros reais calculados pela diferença entre a Selic e o IPCA nos últimos 12 meses ficaram em 6,1%. Olhando para a frente, a diferença entre juros prefixados (que espelham a estimativa da Selic) e a inflação projetada sobe para quase 10%. O que está ruim vai piorar. Duas são as consequências principais de juros tão altos. A primeira é agravar a enorme concentração de renda e riqueza que nos macula.
Relatório recente do Banco UBS (Global Wealth Report 2025) estima em 433 mil o número de brasileiros que têm patrimônio superior a US$ 1 milhão. Esse número é compatível com as estatísticas da Anbima, que reporta que investidores do segmento “private” de bancos e corretoras detêm 763 mil contas, no valor total de R$ 2,45 trilhões (lembrando que uma pessoa pode ter várias contas). Para esse grupo de felizardos, a Selic a 15% é viver o céu na terra (e eles ficam no cercadinho VIP).
A outra implicação dos juros exorbitantes está nas finanças públicas, que espelham, com sinal trocado, a riqueza privada. O Banco Central estima que um aumento de 1 ponto porcentual na Selic implique uma elevação de R$ 50 bilhões na dívida pública. A despesa de juros do governo federal pode atingir R$ 1 trilhão em 2025, rivalizando com os gastos da Previdência (que é o maior item do Orçamento). Juros exorbitantes retroalimentam o crescimento da dívida pública.
A Instituição Fiscal Independente (IFI) prevê que a relação dívida bruta/PIB, que era de 71,7% no final do governo Bolsonaro, passe para 82,4% no final de 2026 (seguindo para 100% em 2030 e 125% em 2035). Uma dívida maior comandará pagamentos maiores de juros – o que aumentará ainda mais a dívida.
Mesmo a exorbitância dos juros não garante a queda da inflação. Analistas de mercado estimam que o IPCA de 2025 ficará 0,4 ponto porcentual acima da inflação de 2024. Antes que o remédio vire veneno, é preciso rediscutir a baixa eficácia dos juros no combate à inflação no contexto de uma economia altamente vulnerável a preços externos, ainda fortemente indexada e na qual um ajuste fiscal crível é bloqueado pela falta de consenso político que decrete o fim de privilégios. Inventamos uma geringonça. Ela pode nos devorar.
Money Times - SP 30/06/2025
A atividade industrial da China encolheu pelo terceiro mês consecutivo em junho, embora em um ritmo mais lento, à medida que aumentos nos novos pedidos, nos volumes de compras e nos prazos de entrega dos fornecedores sinalizaram que as medidas de estímulos implementadas desde o final do ano passado começam a surtir efeito.
No entanto, o sentimento empresarial permanece contido, conforme mostrou a pesquisa anunciada nesta segunda-feira. Indicadores como emprego, preços na saída da fábrica e novos pedidos de exportação continuam fracos, mantendo vivos os apelos por mais estímulos, enquanto as autoridades lidam com a ofensiva tarifária do presidente dos EUA, Donald Trump, e com a crônica fraqueza do setor imobiliário.
O Índice de Gerentes de Compras (PMI) do Escritório Nacional de Estatísticas subiu para 49,7 em junho, frente aos 49,5 registrados em maio, igualando a mediana das previsões em uma pesquisa da Reuters, mas ainda abaixo da marca de 50 que separa expansão de contração.
“Dois meses seguidos de melhora — isso é um dado razoável, considerando que junho foi o primeiro mês completo sem as tarifas proibitivas de mais de 100% impostas por Trump”, disse Xu Tianchen, economista sênior da Economist Intelligence Unit.
“Ainda há evidências de antecipação nas exportações, mas as tarifas agora são mais baixas e os fabricantes estão se preparando para enviar mercadorias para a temporada de festas”, acrescentou.
O subíndice de novos pedidos de exportação permaneceu em contração pelo 14º mês consecutivo em junho, subindo levemente para 47,7 frente aos 47,5 de maio, enquanto o emprego divergiu dos demais indicadores e piorou ainda mais.
Por outro lado, os novos pedidos domésticos subiram de 49,8 para 50,2, e os volumes de compras saltaram de 47,6 para 50,2 — oferecendo alguma esperança aos formuladores de políticas de que a demanda interna pode estar começando a se recuperar.
Zichun Huang, economista da Capital Economics para a China, afirmou que os PMIs sugerem que a segunda maior economia do mundo recuperou algum fôlego no último mês, mas alertou que as tensões com o Ocidente continuarão pressionando as exportações e ainda há sinais de pressões deflacionárias.
O PMI não-industrial, que inclui serviços e construção, cresceu para 50,5 em junho, frente aos 50,3 de maio.
A atividade nos setores de alimentos e bebidas, turismo, hotelaria e logística caiu neste mês, segundo Zhao Qinghe, estatístico sênior do NBS, em comunicado. Contudo, esse impacto negativo foi compensado por uma recuperação no PMI da construção, que atingiu o maior nível em três meses, chegando a 52,8, destacou Huang da Capital Economics.
“O apoio fiscal parece ter continuado a impulsionar os gastos com infraestrutura”, acrescentou Huang, mas advertiu que “a perda de força desse impulso fiscal provavelmente desacelerará a atividade na segunda metade do ano”.
Mais estímulos
A incerteza também persiste entre os industriais, já que o índice de perspectivas de negócios — que normalmente anda em linha com o PMI principal — caiu em junho, sugerindo que os produtores estão esperando por um acordo comercial mais duradouro após o frágil esboço firmado entre Pequim e Washington no início deste mês.
Isso pressiona os formuladores de políticas a implementarem mais medidas de apoio, já que o governo não pode permitir que o vasto setor manufatureiro da China estagne ou encolha, se quiser atingir sua ambiciosa meta de crescimento de “cerca de 5%” para 2025.
Os lucros das empresas industriais chinesas voltaram a cair acentuadamente em maio, o que autoridades atribuíram à fraca demanda e à queda nos preços dos produtos industriais.
Crescimento pelo consumo
Os formuladores de políticas acreditam que podem seguir adiante com as reformas lançadas no final do ano passado para transformar o modelo econômico chinês — centrado na indústria — em um mais voltado para o consumo, afirmou o premiê Li Qiang a delegações durante reuniões do Fórum Econômico Mundial e do Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura na semana passada.
Essa mudança nos motores de crescimento — considerada crucial por economistas para garantir o futuro da China — poderia avançar mantendo-se um ritmo de crescimento forte, afirmou Li.
Mas os economistas alertam que essa transição pode levar anos, e que reformas normalmente vêm acompanhadas de um crescimento econômico mais moderado no curto prazo.
“As exportações devem desacelerar na segunda metade do ano, e as pressões deflacionárias internas devem se intensificar”, disse Dan Wang, diretor para a China do Eurasia Group, que prevê mais estímulos nos próximos meses.
“O consumo das famílias não pode ser um verdadeiro motor de curto prazo, mas os gastos fiscais em áreas como infraestrutura podem gerar o tipo de crescimento necessário para atingir a meta deste ano.”
O Estado de S.Paulo - SP 30/06/2025
O CEO da Vale, Gustavo Pimenta, disse que a empresa vê oportunidade de o Brasil entrar em uma rota de industrialização verde. Ele diz que é possível buscar soluções economicamente viáveis. “Ninguém emite [carbono] porque gosta, emite porque é a solução mais econômica”, afirmou.
“Quanto mais rápido descarbonizarmos a indústria siderúrgica, melhor para a Vale”, afirmou em evento do Lide, grupo que reúne empresários.
Pimenta falou do potencial da empresa de fornecer os metais necessários para a transição energética, tais quais cobre e níquel. Citou ainda a produção de minério de ferro de alto teor, que também reduz as emissões na indústria siderúrgica.
Segundo Pimenta, a partir do gás natural e do hidrogênio, é possível construir indústrias de aço verde. Para ele, há potencial nesse campo na região Nordeste, onde há mais oferta de energias renováveis.
Impacto de questões geopolíticas e barreiras tarifárias
O CEO da Vale afirmou que as commodities se beneficiam e sofrem muito com o ambiente macroeconômico. “A Vale não é diferente”, disse.
Segundo o executivo, a companhia passou por um momento traumático com o acidente de Brumadinho e que, ao longo dos anos, a companhia foi se transformando.
“Operacionalmente, nunca estivemos tão bem, com tamanha estabilidade”, afirmou. No entanto, enquanto internamente a situação é positiva, em sua visão, o cenário macroeconômico é diferente.
“O macro é mais desafiador, com questões geopolíticas e barreiras tarifárias. Macro afeta preço; o minério de ferro está em cerca de US$ 93/t, frente a US$ 105 no início do ano”, disse.
Apesar de incertezas, a demanda segue no mercado
Pimenta declarou que a produção de aço na China segue construtiva. “A demanda real na ponta segue otimista”, afirmou. Ele disse que, apesar das incertezas geradas pelas questões macroeconômicas que afetam preços de commodities, os clientes seguem demandando os produtos da companhia.
“Os clientes seguem acelerando s agenda de descarbonização. Não vemos recuo. A Vale tem condições de ser uma das maiores ofertantes de minerais de transição energética”, disse o executivo.
Para ele, o Brasil ficou para trás no desenvolvimento do cobre, mas o potencial do território da Floresta dos Carajás, segundo o executivo, “é enorme”.
Já o níquel, em sua visão, está em um momento desafiador de sobreoferta por produtos da Indonésia. “Mas estamos bem posicionados. No médio e longo prazo, o níquel segue estratégico”, disse.
O executivo afirmou ainda que a empresa hoje tem 85% da produção de minério de ferro sem o uso de barragens. “Estamos caminhando bem para eliminar todas as barragens a montante”, afirmou.
Pimenta disse ainda que, para ele, o ideal seria ter uma operação completamente autônoma, sem colocar vidas em risco.
Vale é a 9ª em valor de mercado no mundo
Pimenta disse que, hoje, a companhia é a 9ª em valor de mercado no mundo, mas que, pelo potencial do País, deveria ser a primeira.
“A Vale não tem que ser a décima mineradora do mundo. Tem que ser a maior, porque estamos sentados no maior ‘endowment’ [recursos] de minério do mundo”, disse.
Money Times - SP 30/06/2025
O preço global do minério de ferro vem sofrendo impactos de incertezas e questões geopolíticas, mas a demanda na economia real segue firme, disse o presidente-executivo da Vale (VALE3), Gustavo Pimenta, durante evento do Lide nesta sexta-feira (27).
Ele destacou que a produção de aço na China continua “bastante construtiva”, enquanto outros mercados asiáticos e no Oriente Médio seguem crescendo. “Seguimos bastante otimistas”, afirmou.
Pimenta também disse que a Vale quer atingir produção de 360 milhões de toneladas de minério de ferro ao ano, reafirmando que a companhia caminha para retomar a posição de maior mineradora de ferro do mundo.
Ele não detalhou quando a empresa poderia superar a australiana Rio Tinto na produção de minério de ferro.
Por Reuters
A Reuters é uma das mais importantes e respeitadas agências de notícias do mundo. Fundada em 1851, no Reino Unido, por Paul Reuter. Com o tempo, expandiu sua cobertura para notícias gerais, políticas, econômicas e internacionais.
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Valor - SP 30/06/2025
Executivo, que assumiu em outubro, tem a difícil tarefa de superar rivais maiores, como o Grupo BHP e o Grupo Rio Tinto.
Diferentemente do que foi publicado na sexta-feira (27), a Vale ocupava o segundo lugar em valor de mercado em 2010, e não há uma década como dizia o texto original. Segue a reportagem com a correção.
O novo chefe da Vale estabeleceu uma das maiores ambições da empresa brasileira: tornar-se a maior produtora de metais do mundo em capitalização de mercado.
Confira os resultados e indicadores da Vale e das demais companhias de capital aberto no portal Valor Empresas 360
“Tem que ser a maior mineradora do mundo, porque estamos sentados no maior fundo patrimonial de mineração do mundo”, disse o CEO, Gustavo Pimenta, nesta sexta-feira (27), em evento empresarial em São Paulo. “Precisamos liberar o valor desta empresa.”
Pimenta, que assumiu o cargo de CEO em outubro, tem a difícil tarefa de superar rivais maiores, como o Grupo BHP e o Grupo Rio Tinto. A capitalização de mercado da Vale é de US$ 43,9 bilhões, quase um terço do valor de mercado da BHP e menos da metade do da Rio Tinto.
Ele afirmou que a Vale ocupava o segundo lugar em valor de mercado em 2010. Isso mudou quando dois desastres fatais em minas e uma queda na produção de minério de ferro minaram o sentimento dos investidores em relação às ações.
Pimenta disse ao público empresarial que pretende aumentar o valor de mercado da Vale por meio da estabilidade operacional, de melhorias na segurança e desenvolvimento adicional de seus ativos de mineração. Ele também afirmou que a meta de produção anual de minério de ferro da Vale para 2030 deve garantir à empresa a posição de maior produtora mundial do insumo siderúrgico.
“Queremos atingir 360 milhões de toneladas, recuperando a posição que jamais deveríamos ter perdido como a maior mineradora de minério de ferro do mundo”, disse ele. “Estamos no bom caminho para reconquistar essa posição.”
Revista Manutenção e Tecnologia - SP 30/06/2025
Sem dúvida, 75 anos é tempo suficiente para que três gerações de brasileiros tenham visto o país se transformar, do campo às cidades, do chão batido às rodovias que cortam estados.
Durante todas essas décadas, as gerações de máquinas também evoluíram, acompanhando o progresso com tecnologia e resistência crescentes.
Ao longo desse tempo, a New Holland Construction esteve sempre presente com seus equipamentos, promovendo desenvolvimento, criando infraestrutura, abrindo caminhos para novos rumos, nivelando o chão, erguendo pontes, construindo cenários em que pessoas e máquinas moldaram o Brasil com suor, aço e tecnologia.
CELEBRAÇÃO
Para celebrar seus 75 anos de Brasil, a fabricante acaba de lançar uma edição comemorativa da motoniveladora RG170.B EVO: Titanium Edition. Um dos modelos mais tradicionais no mercado, considerada a ‘menina dos olhos’ dos clientes.
“Os profissionais que trabalham com pavimentação a reconhecem como uma excelente máquina, devido à qualidade, robustez e precisão na operação”, explica Mariana Bicalho, gerente de marketing da marca para a América Latina.
“Por isso, lançamos essa versão numa data importante, com pintura especial na cor cinza New Holland e alguns diferenciais”, completa a executiva.
A edição é limitada, diz ela, com produção de apenas 75 unidades numeradas pela fábrica.
Com 75 unidades disponíveis, a edição comemorativa da motoniveladora RG170.B EVO
Titanium Edition celebra os 75 anos de compromisso da New Holland com o mercado brasileiro
De acordo com Bicalho, a motoniveladora será vendida em toda a América Latina, já que a fábrica tem cobertura em 95% de todo esse território por meio da rede concessionária.
“Contamos com uma rede sólida, com parceiros que representam a marca há mais de 50 anos e novos parceiros, investidores que acreditam na força da marca e iniciaram operação recentemente”, comenta Mariana.
“Isso mostra a New Holland como uma marca de grande tradição, mas também em plena expansão, principalmente devido ao crescimento do mercado da construção nos últimos cinco anos”, diz ela.
Uma novidade é que a motoniveladora sai de fábrica com três anos de garantia ou até 4.500 horas de uso (o que ocorrer primeiro), assim como as demais máquinas produzidas nacionalmente.
O novo programa de garantia é mais um atrativo, traduzindo o compromisso da marca com a qualidade e seu olhar no futuro, acrescenta a gerente, compondo o calendário de comemorações dos 75 anos.
TRAJETÓRIA
Embora a fábrica da marca tenha sido inaugurada no Brasil em 1970, na cidade de Contagem (MG), a New Holland Construction iniciou sua trajetória brasileira no ano de 1950, inicialmente a partir da importação e montagem de máquinas em um galpão instalado no bairro do Brás, na capital paulista.
Nas décadas seguintes, vivenciou diferentes momentos – de início, adotou o nome de Moto Agrícola Indústria e Comércio, tornando-se na sequência Fiat Tratores, Fiatallis e, desde o início dos anos 2000, New Holland Construction.
Nesse período, os equipamentos da marca trabalharam em algumas das obras mais icônicas do país, como as construções de Brasília, da Hidrelétrica de Itaipu, da Usina Hidrelétrica de Paulo Afonso, da Rodovia Belém-Brasília, da Ponte Rio-Niterói e do Metrô de São Paulo, entre inúmeras outras.
Durante 75 anos de compromisso com a qualidade, os equipamentos da marca vêm se destacando
nas mais icônicas obras de engenharia do país, consolidando uma tradição no setor da construção
“Infraestrutura é a base de tudo. Apreciamos com orgulho o trabalho da marca durante esses 75 anos, mas continuamos olhando para o futuro, porque há muito a ser feito”, sublinha Mariana Bicalho.
Para ela, os países latino-americanos têm um potencial fantástico para o crescimento do mercado, o que é evidenciado pelos dados demográficos e econômicos da região, com diferentes níveis de carência em saneamento, infraestrutura de transportes e energia.
“Nesse cenário, estamos prontos para continuar lado a lado com nossos clientes e atuar no desenvolvimento de toda a região”, reforça.
Essa trajetória de sucesso também marcou a vida de incontáveis clientes no país. O executivo do Grupo PERC, Paulo Codeço, por exemplo, lembra que a primeira máquina zero adquirida pela empresa foi uma New Holland Construction, uma experiência que o faz sentir um carinho especial pela marca.
“Fico feliz em ver o que esses equipamentos proporcionam atualmente, pois é uma satisfação muito grande entregar uma obra pública e sentir que você está melhorando a qualidade de vida de muitas pessoas”, diz Codeço. “Isto é gratificante.”
Na percepção dele, é muito confortável trabalhar com uma marca com a qual se sente que há respaldo – e que nunca vai te deixar na mão.
“Enfim, que atende o cliente nas suas reais necessidades”, observa o especialista.
DESENVOLVIMENTO
Hoje, a empresa está estabelecida em Minas Gerais, com fábrica instalada na cidade de Contagem, e em 2023 recebeu um aporte de R$ 106 milhões para modernização e aumento da capacidade produtiva.
Atualmente, a instalação apresenta um portfólio amplo, com cinco linhas de produtos produzidos localmente: retroescavadeiras, escavadeiras hidráulicas, pás carregadeiras, motoniveladoras e tratores de esteira.
Além da produção nacional, a operação importa rolos compactadores, miniescavadeiras e minicarregadeiras produzidos em diferentes plantas fabris ao redor do mundo.
A gerente de marketing informa que a produção atual da empresa é cerca de 40% superior ao volume fabricado em 2020.
“Estamos focados num propósito de crescimento em toda a América Latina, com olhar no cliente e alinhamento às tendências globais do mercado de equipamentos”, pondera Mariana.
Outra iniciativa relevante – e ainda mais recente – foi a inauguração do Centro de Experiência do Cliente (CEC) em Sarzedo, que recebeu um investimento de R$ 12 milhões.
Com área de 962 m², o novo Centro de Experiência do Cliente (CEC) de Sarzedo (MG) recebeu investimento de
R$ 12 milhões para oferecer testes de engenharia, capacitação, test-drives e demonstrações de produtos e soluções
Com estrutura completa, o Centro conta com espaço de 962 m² para oferecer demonstrações de produtos e serviços, realizar testes de engenharia e prover capacitação técnica e comercial para a rede de concessionárias, elevando a experiência do cliente e reforçando ainda mais a proximidade com a marca.
O local também engloba a área de Product Validation, que foi revitalizada e é responsável por validar os equipamentos da marca.
“O investimento no CEC reafirma o nosso compromisso com a inovação, qualidade e excelência de produtos e serviços, sendo um polo de treinamento técnico e comercial”, afirma Pedro Silva, líder da New Holland Construction para a América Latina.
“Também representa um ponto de contato ainda mais próximo com as concessionárias, parceiros, colaboradores e, especialmente, clientes do segmento de construção”, observa o executivo, destacando que a inauguração coloca a operação brasileira em linha com outros centros de excelência da empresa no mundo.
“Se equipara a Tomahawk, nos Estados Unidos, que serviu de referência e inspiração para o projeto do CEC”, completa Pedro Silva.
PROXIMIDADE
Com tudo isso, a New Holland Construction tem reafirmado seu compromisso e parceria com o cliente. “A proximidade é um valor para nós e um dos pilares da marca na região”, acentua Bicalho.
“Buscamos sempre ouvir, estar lado a lado com nossos clientes, concessionários, operadores e mecânicos das máquinas que fabricamos. Já chegamos a implementar mudanças em alguns modelos de equipamentos tendo com base insights gerados em conversas com nossos clientes e até mesmo nas redes sociais”, relata.
Nos últimos 15 anos, a empresa lançou mais de 50 modelos de máquinas e tem planos cada vez mais ambiciosos.
A ideia é fornecer soluções versáteis, que aumentem a eficiência, melhorem a produtividade, ofereçam facilidade e conforto na operação.
Em 2024, durante a M&T Expo, a New Holland Construction apresentou novidades como a linha de retroescavadeiras – composta pelos modelos B110C, B95C e B80C –, a pá carregadeira W12D e a miniescavadeira E35D, além da pá carregadeira compacta W80, ofertada para o mercado fora do Brasil.
Todas as máquinas já saem de fábrica com sistema de telemetria embarcado para garantir mais eficiência, menor custo operacional e maior rentabilidade para os clientes.
Na fábrica de Contagem está localizada uma das centrais de controle conectadas, o Fleet Connect Center, que analisa e gerencia os alertas gerados pela frota no campo em tempo real, auxiliando os clientes na tomada de decisões antecipadas e baseadas em dados.
Soluções como o FleetConnect Center garantem o gerenciamento em tempo real da frota em
campo, composta por máquinas que já saem de fábrica com sistema embarcado de telemetria
Uma equipe de especialistas fica à disposição para dar todo o suporte necessário, garantindo respostas rápidas, experiência diferenciada e entrega eficiente nas operações.
A marca oferece ainda um aplicativo, lançado recentemente, para auxiliar o cliente na gestão da frota – o My New Holland Construction.
Disponível para Android e iOS, o app é acessível de qualquer aparelho com conexão de internet, colocando o cliente em contato direto com a rede de concessionários e a fábrica.
Por dois anos, o cliente tem uma licença para utilizar esse sistema de gestão de forma gratuita, assegura a empresa.
MERCADO
A New Holland Construction tem atuado em diferentes setores da cadeia produtiva, como construção civil leve e pesada, terraplenagem, mineração, agronegócio, locação, num mercado bem amplo, com equipes totalmente dedicadas para os países latino-americanos.
As lideranças da marca estão atentas não somente às tendências e necessidades do mercado, mas principalmente para o extenso portfólio global da empresa, levando em consideração que, além de Contagem, o mercado é abastecido pelas fábricas na Europa, Japão, Índia e Estados Unidos.
“Temos planos promissores para as próximas décadas, pois o mercado tem se mantido com tendência de estabilização na procura por equipamentos”, afirma Silva.
“Por isso, reafirmamos nosso compromisso de permanecer lado a lado com o cliente”, garante.
Atualmente, a fábrica de Contagem produz um amplo portfólio de máquinas, com cinco linhas de produtos:
retroescavadeiras, escavadeiras hidráulicas, pás carregadeiras, motoniveladoras e tratores de esteira
Para Eurimilson Daniel, diretor da Escad Rental, a New Holland Construction tem como ponto forte a evolução da tecnologia, com capacidade de levar segurança e conforto ao operador, além de melhor produtividade e menos consumo de combustível.
“Acima de tudo, oferece uma grande variedade de equipamentos”, diz ele.
“Uma palavra mágica que traduz a New Holland Construction é pertencimento. Que a marca nunca perca esse lado humano, esse lado de entender os projetos, de respeitar o mercado e estar sempre aberta para ouvir a gente”, declara Daniel.
Revista Manutenção e Tecnologia - SP 30/06/2025
A recente elevação da taxa Selic para 15% ao ano - o maior patamar em quase duas décadas - impõe desafios significativos a empresas que operam em setores de capital intensivo.
O segmento de infraestrutura depende de investimentos contínuos em máquinas e equipamentos, e o aumento dos juros eleva consideravelmente o custo do crédito, comprometendo o fluxo de caixa e dificultando a manutenção de margens operacionais saudáveis.
Em 2024, o mercado de equipamentos da Linha Amarela, que inclui escavadeiras, retroescavadeiras e pás carregadeiras, registrou um crescimento de 14% nas vendas, totalizando mais de 36,9 mil unidades comercializadas.
Este desempenho foi impulsionado por obras de infraestrutura e construção civil, consolidando 2024 como o segundo melhor ano da série histórica de vendas para o setor.
No entanto, para 2025, a projeção é de estabilidade nas vendas, com tendência de crescimento de cerca de 1%, refletindo as incertezas econômicas e o impacto das altas taxas de juros.
“A elevação da Selic, além de prejudicar as operações e investimentos da WPX, especializada em terceirização de frota, e de outras empresas do setor, afeta a economia como um todo. O crédito mais caro desestimula investimentos, reduz a geração de empregos e compromete o crescimento do país. É um freio que atinge os setores produtivos, que mais geram riqueza e desenvolvimento para o Brasil”, declara Alexandre Petkow, sócio-fundador da WPX.
"É imprescindível que as decisões macroeconômicas considerem os efeitos diretos sobre os setores que movimentam a economia real. A sustentabilidade do crescimento econômico depende de políticas que incentivem o investimento e a produção, sobretudo em áreas estratégicas como infraestrutura", finaliza.
Portos e Navios - SP 30/06/2025
O Porto de Suape registra a maior operação de exportação de veículos da Stellantis em uma única remessa. No total, 4.006 unidades produzidas na planta da montadora localizada em Goiana, na Zona da Mata Norte do estado, foram embarcadas com destino à Argentina. O conglomerado automotivo fabrica modelos das marcas da Fiat-Chrysler, Jeep e RAM.
“A Stellantis é um parceiro estratégico importante para o desenvolvimento de toda a região Nordeste. Temos atuado de forma contínua para aprimorar a infraestrutura do porto, garantindo operações cada vez mais ágeis e eficientes. Essa conquista é resultado do empenho coletivo e todos os envolvidos estão de parabéns”, destacou o diretor-presidente do Porto de Suape, Armando Monteiro Bisneto.
Os veículos foram carregados a bordo do navio "Dover Highway", da armadora K-Line, especializado no transporte automotivo. A operação, que aconteceu no Cais 5, representa o maior volume já exportado de uma só vez pelo porto público. A megaoperação ocorreu nos dias 17 e 18 de junho e mobilizou dezenas de trabalhadores ao longo de 48 horas.
“Esse recorde confirma o fortalecimento das nossas operações na América do Sul e sinaliza uma retomada importante da demanda para a Argentina, um mercado estratégico para a Stellantis”, afirmou o presidente da Stellantis para a América do Sul, Emanuele Cappellano.
O Jeep Renegade foi o modelo mais exportado nesta operação, respondendo por 26% do volume total. Em seguida, destacam-se o Jeep Compass (25%), a Fiat Toro (24%), a Ram Rampage (16%) e o Jeep Commander (9%).
Em 2024, 80.057 veículos foram movimentados no hub, sendo 77% de unidades fabricados pelo Polo Automotivo da Stellantis de Goiana. De janeiro a junho deste ano, o porto já movimentou 37.668 veículos. Entre os dias 27 e 29 de maio de 2024, o porto havia registrado o maior recorde numa operação de importação de veículos: 5.459 unidades de modelos elétricos e híbridos da empresa BYD, gigante chinesa automobilística.
Automotive Business - SP 30/06/2025
Novas marcas chinesas desembarcaram no mercado brasileiro nos últimos anos e várias outras vão aportar por aqui em breve.
Essa onda de montadoras reflete a ascensão global da indústria automotiva da China. BYD e GWM lideraram o fenômeno que continua com as conterrâneas Omoda Jaecoo e Leapmotor.
Enquanto as três primeiras já operam no país, a Leapmotor estreia no segundo semestre de 2025 sob administração do grupo Stellantis, que tem 50% da empresa e assinou acordo para comandar as operações da marca fora da China.
Esse tema será abordado durante o Automotive Business Experience #ABX25, o maior evento do setor automotivo e da mobilidade do Brasil. O painel Os planos das novas montadoras para o mercado brasileiro será uma das atrações do Palco Principal.
No debate você poderá conhecer os planos dessas montadoras e se ainda há espaço no mercado local para tantas novas concorrentes.
O #ABX25 acontecerá no dia 17 de setembro, no São Paulo Expo, em São Paulo (SP). As inscrições podem ser feitas aqui, no site do evento.
O Estado de S.Paulo - SP 30/06/2025
Em 23 de junho de 2021, a Audi anunciou que deixaria de lançar novos modelos a gasolina a partir de 2026 e encerraria a produção de veículos exclusivamente a combustão até 2033. A meta era tornar a marca totalmente elétrica em todos os mercados, com exceção da China, onde a demanda por motores térmicos poderia manter esse tipo de veículo em produção por mais tempo.
No entanto, esse plano mudou. Em entrevista à Autocar, o CEO Gernot Döllner afirmou que “é provável que a Audi continue produzindo carros a gasolina até 2035, possivelmente indo além”. Ele explicou que os próximos lançamentos darão à empresa a flexibilidade para manter os motores a combustão por “mais sete, oito, talvez 10 anos”. Segundo ele, “vamos observar como os nossos mercados evoluem. Já decidimos estender a produção além das datas anteriormente anunciadas”.
Mudança ocorre após saída de CEO da Audi
A mudança na estratégia ocorre após a saída de Markus Duesmann, que liderava a Audi quando o plano original foi definido. Desde então, a empresa descontinuou o elétrico Q8 e-tron e fechou uma fábrica por vendas abaixo do esperado. Ainda assim, os modelos elétricos da marca vêm ganhando espaço: no primeiro trimestre de 2025, as entregas cresceram 30,1%, totalizando 46.371 unidades — menos que os 86.449 da BMW, mas mais que os 40.706 da Mercedes-Benz.
Um novo elétrico de entrada, com preço abaixo do Q4 e-tron e posicionado na faixa do A3, será lançado em 2026 e deve ampliar a participação da Audi no segmento. Apesar disso, a combustão continua longe do fim: modelos como A5, A6 e o recém-revelado Q3 seguirão em produção por vários anos, incluindo versões esportivas S e RS.
Audi acompanha rivais alemãs e estuda saídas para o futuro
Resta saber como a Audi lidará com a possível proibição de carros a combustão na União Europeia a partir de 2035. A empresa pode optar por encerrar esses modelos na região ou mantê-los para mercados com regras mais flexíveis. A Mercedes-Benz, que também havia planejado se tornar totalmente elétrica em alguns mercados até 2030, já recuou. A BMW, por sua vez, nunca estabeleceu um prazo e segue defendendo a escolha do consumidor e apontando falhas na infraestrutura de recarga.
Com isso, mesmo diante do avanço da eletrificação, Audi e suas concorrentes admitem que a transição será mais longa do que se imaginava.
Valor - SP 30/06/2025
O Japão não recebe carros americanos, e seus veículos deveriam estar sujeitos a uma tarifa de 25% sobre automóveis nos EUA, disse o presidente Donald Trump em uma entrevista ao canal de televisão Fox Business exibida no domingo (29), frustrando as esperanças do Japão de obter uma isenção baseada em sua relação como aliado de confiança.
A administração Trump anunciou três conjuntos de tarifas sobre bens de muitos países: uma tarifa base de 10%, as tarifas "recíprocas" país a país (atualmente pausadas) baseadas no tamanho do déficit comercial, e tarifas setoriais de 25% sobre automóveis, aço e alumínio por motivos de segurança nacional. Trump anunciou em 2 de abril que a tarifa "recíproca" sobre bens japoneses seria de 24% – ou seja, 14% mais a tarifa base de 10%.
As tarifas automotivas, que foram anunciadas em março com base na Seção 232 da Lei de Expansão Comercial de 1962, são consideradas não negociáveis por funcionários da administração. Mas o enviado comercial japonês Ryosei Akazawa tem visitado Washington quase semanalmente, buscando remover todas as tarifas, incluindo as sobre automóveis.
Perguntado pela apresentadora da Fox Business, Maria Bartiromo, se estenderia a pausa das tarifas "recíprocas" após seu término em 9 de julho, Trump disse que preferia enviar cartas aos países declarando que as negociações terminaram e que eles podem continuar a comercializar com os EUA enquanto pagam as tarifas.
"Vou enviar cartas — é o fim do acordo comercial", disse ele. "Poderia enviar uma ao Japão. ... 'Aqui está a história. Vocês vão pagar uma tarifa de 25% sobre seus carros.'" Estritamente falando, as tarifas são pagas pelos importadores no país de destino, não pelo país exportador.
Trump culpou o estado injusto do comércio automotivo entre o Japão e os EUA.
"Não damos carros ao Japão", disse ele. "Eles não aceitam nossos carros, e ainda assim recebemos milhões e milhões dos carros deles nos Estados Unidos. Não é justo. E eu expliquei isso ao Japão, e eles entendem. E temos um grande déficit com o Japão, e eles também entendem isso."
Trump disse que o Japão comprar petróleo e outros produtos americanos poderia ajudar a reduzir esse déficit comercial, mas ele parecia propenso à ideia de obter receita de tarifas.
"E sou a favor de fazer isso agora mesmo — enviamos cartas a todos os outros países explicando a eles" o problema, disse ele. "Vamos olhar para o déficit que temos, ou o que quer que seja com o país."
Ele disse que, se os países cobrarem tarifas de 35% ou 40% sobre automóveis dos EUA, ele aumentará sua tarifa de 25% sobre automóveis para os mesmos níveis.
Mas o Japão já tem uma política de tarifa zero para carros de passageiros importados. Os EUA geralmente impõem uma tarifa de 2,5% sobre carros de passageiros importados, mas permitem a entrada livre de tarifas de carros fabricados no México e no Canadá através do Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA). Muitas empresas japonesas aproveitam essa disposição do USMCA, que Trump assinou em 2020.
A posição de Trump esfria as esperanças de Akazawa de remover a tarifa de 25% sobre o setor automotivo, juntamente com a tarifa "recíproca" de 24%.
Akazawa acaba de concluir sua sétima rodada de negociações com suas contrapartes americanas, incluindo uma reunião de uma hora com o Secretário de Comércio Howard Lutnick. Simbolicamente, ele não conseguiu uma reunião com o Secretário do Tesouro Scott Bessent desta vez.
Na manhã de segunda-feira (30), horário de Tóquio, Akazawa postou no X que ele e o lado americano concordaram em se reunir novamente, após a entrevista de Trump ter sido gravada na sexta-feira (27), sinalizando que as negociações comerciais não haviam terminado.
Os EUA há muito tempo expressam frustração com a dificuldade de penetrar no mercado automotivo japonês. Trump culpa as barreiras não-tarifárias japonesas — como padrões rigorosos de economia de combustível — pela insignificante participação de 2% de carros fabricados nos EUA lá. Mas analistas observam que veículos grandes são impraticáveis nas ruas estreitas do Japão e que a adaptação para a direção do lado direito no Japão torna economicamente inviável para as montadoras americanas fazerem os ajustes necessários.
Valor - SP 30/06/2025
Montadora chinesa pediu redução do tributo para 10% para carros semidesmontados; no entanto, no dia da cerimônia o imposto vai subir.
A BYD realiza, nesta terça-feira (1º), em Camaçari (BA), uma cerimônia para mostrar sua fábrica de veículos, a primeira de uma marca chinesa no Brasil. Não se trata, ainda, da inauguração oficial, já que o início de operação da linha de montagem depende da finalização das obras do galpão principal. A empresa mantém a expectativa de, até lá, convencer o governo a reduzir o Imposto de Importação para veículos semidesmontados.
Paradoxalmente, a cerimônia acontece no mesmo dia em que as alíquotas do Imposto de Importação vão subir de 18% para 25% para carros totalmente elétricos e de 20% para 28% no caso dos híbridos plug-in. A elevação do tributo será a mesma para veículos semidesmontados. A BYD pede a redução para 10% para os semidesmontados.
“Não tem como o imposto de um produto pronto ser o mesmo daquele que receberá custo adicional no país, como mão de obra”, afirma o vice-presidente da BYD, Alexandre Baldy. “Somos agressivos, mas não podemos jogar dinheiro fora”, destaca o executivo.
Segundo Baldy, dos R$ 5,5 bilhões em investimentos anunciados pela BYD no país, R$ 1,4 bilhão já foram aplicados na fase inicial de instalação. Um total de 870 pessoas já trabalham na fábrica e, durante a cerimônia, serão anunciadas 3 mil novas vagas.
Por enquanto, robôs e outras máquinas já instalados na fábrica aguardam a chegada dos carros, que virão da China no sistema chamado SKD (semi knocked down), sigla usada na indústria automobilística para definir a importação de veículos semidesmontados. “Alguns já estão em Camaçari, outros, em navio prestes a atracar e outros a caminho”, diz Baldy.
A fábrica da BYD começará a funcionar com a produção de dois modelos: o compacto Dolphin Mini, um carro 100% elétrico e o modelo mais barato da marca, e o utilitário esportivo Song Plus, um híbrido plug-in. Para marcar a apresentação da fábrica, a empresa reduziu os preços dos dois modelos em 2,3%. O Dolphin Mini custa em torno de R$ 120 mil e o Song Plus em torno de R$ 200 mil.
Em 2024, a BYD vendeu 77 mil veículos no Brasil. No acumulado deste ano, chega a 47 mil. Segundo Baldy, o objetivo da empresa é produzir pelo menos 50 mil veículos em Camaçari ainda este ano e 150 mil em 2026. Pela legislação, a empresa terá 12 meses para deixar de produzir no sistema SKD e iniciar o processo de nacionalização.
Em maio, a BYD ficou em quarto lugar nas vendas no varejo, ultrapassando a Toyota. O varejo representa 50% do mercado. A outra metade são vendas diretas, a frotistas - locadoras, principalmente.
Os carros importados não podem ser vendidos com isenção de impostos e taxas prevista na venda direta. Mas, com o início da produção, a direção da BYD espera poder entrar na venda direta.
Segundo Baldy, o sedã King deverá ser o terceiro modelo a sair da linha de Camaçari. Com esse carro, a marca pretende disputar o mercado de venda direta para taxistas, principalmente.
“Do investimento total de R$ 5,5 bi, R$ 1,4 bilhão já foram aplicados”
— Alexandre Baldy
O executivo promete detalhar os planos de nacionalização dos veículos durante a cerimônia desta terça-feira. Segundo ele, está prevista a instalação de novos fornecedores, embora, tradicionalmente, a BYD costume ser a próprias fabricantes de muitos dos itens essenciais nos carros elétricos, como baterias.
“Vamos mudar o parâmetro de montadoras no Brasil”, destaca Baldy. A marca chinesa está de olho, por exemplo, nas reservas de lítio do Brasil.
Há poucos dias, Baldy foi almoçar no restaurante Ki-Mukeka, em Camaçari, e os garçons lhe perguntaram quando a fábrica começará a funcionar. É grande a expectativa dos habitantes da cidade, ainda traumatizados com o fim das atividades da Ford, que encerrou a produção de veículos em 2021.
Na época, a Ford teve de arcar com indenizações que incluíram o governo da Bahia, pelos incentivos fiscais recebidos, trabalhadores, fornecedores e concessionários. A Ford opera hoje no país como importadora.
A BYD se instalou no mesmo lugar da Ford. A decisão teve forte participação do ministro da Casa Civil, Rui Costa, ex-governador da Bahia.
Depois de meses de frustradas negociações entre BYD e Ford, para compra da fábrica, em agosto de 2023, foi assinado um acordo entre o governo da Bahia e a Ford para reversão de propriedade da instalação, já que a fábrica da montadora americana havia sido construída em terreno que pertencia ao governo estadual. Esse acordo viabilizou a instalação da BYD no Estado.
A chinesa pagou R$ 300 milhões ao governo da Bahia pelo terreno e instalações industriais. Em março de 2024, a BYD deu início às obras para aumentar e modernizar a instalação.
Uma parte da obra, no entanto, está embargada em consequência de uma ação civil pública do Ministério Público do Trabalho da Bahia (MPT-BA), que processou a montadora chinesa e duas empreiteiras por trabalho escravo e tráfico de pessoas na obra de construção da fábrica.
As negociações para a BYD se instalar no Brasil também contaram com forte participação da vice-presidente mundial da companhia, Stella Li. Nos dois últimos anos, a executiva veio ao país diversas vezes, incluindo visitas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que em abril de 2023 se encontrou, na China, com o presidente e fundador da empresa, Wang Chuanfu.
Em julho de 2023, quando as negociações com a Ford ainda estavam travadas, empresa e governo estadual organizaram uma festa para fazer uma espécie de pré-anúncio oficial do investimento.
Sem certeza de que a fábrica seria em Camaçari, a cerimônia aconteceu no farol da Barra, em Salvador. Além da exposição de carros e discursos políticos, a festa contou com uma apresentação musical do Olodum. Li retornará à Bahia nesta terça-feira. Desta vez, já na fábrica, em Camaçari.
Globo Online - RJ 30/06/2025
A SuperVia assumiu o transporte ferroviário de passageiros na Região Metropolitana do Rio em novembro de 1998. Após quase 27 anos, a concessionária deve entregar o serviço ao governo estadual até o fim de setembro, como foi definido no acordo judicial assinado entre as partes em dezembro de 2024. E vai devolvê-lo mais lento: o usuário hoje gasta mais tempo dentro das composições do que na época em que a empresa venceu a licitação. Em alguns casos, a diferença, para pior, chega a ser de 28 minutos, levando em conta apenas os horários de pico. Não é só. Além de rodar com trens das décadas de 50 e 60 do século passado em trechos não eletrificados, a concessionária não conseguiu atingir a meta de dois milhões de usuários transportados diariamente em cinco anos — estabelecida por Marcello Alencar, que governou o estado entre 1995 e 1999.
Atualmente, são transportados em média 300 mil passageiros por dia — o mesmo número de quase três décadas atrás. O tempo de viagem praticado em 1998 consta nos anexos do contrato de concessão. Segundo o documento, o percurso da Estação Pedro II (Central do Brasil) até Santa Cruz era feito em 75 minutos. Hoje, o mesmo trajeto dura 98 minutos. No ramal Belford Roxo, a distância entre o município da Baixada e a Central era vencida em 53 minutos, contra os 64 da grade atual. Fechada, a antiga Estação Barão de Mauá, na Leopoldina, era ponto de partida do ramal Gramacho, que, em 37 minutos, avançava por trilho até a estação de mesmo nome. A viagem agora sai da Central do Brasil e dura 59 minutos. Quem recorre às composições do ramal Japeri perde ainda mais tempo: no fim da década de 90, o trem fazia o percurso até a Central em 75 minutos, contra os atuais 103. A menor diferença ficou com Deodoro, que passou de 40 minutos para 50.
— Ando de trem há mais de 30 anos. Antigamente era ruim, não tinha ar-condicionado nem nada. Mas o tempo de viagem parecia mesmo ser menor — lembra a cuidadora Celeste Dorneles, de 58, usuária do ramal Japeri.
Valmir de Lemos, presidente do Sindicato dos Maquinistas, observa que o maior tempo de viagem nos trens vem da obrigatoriedade de redução da velocidade, que, por sua vez, se deve ao estado da via permanente — termo técnico para definir instalações e equipamentos que permitem a passagem do trem.
— Há problemas na via permanente e de sinalização. Os trilhos não estão em bom estado, e há dormentes de madeira apodrecidos. Os trens têm de circular entre 40 e 50 quilômetros por hora para que acidentes não ocorram — diz ele.
Opinião parecida tem o engenheiro ferroviário Hélio Suevo Rodrigues, vice-presidente e diretor da Associação dos Engenheiros Ferroviários:
— Os trilhos de modo geral necessitam de substituições em trechos localizados. Agora, a situação mais crítica se refere à substituição de dormentes. Com restrições e dormentes podres, ocorre uma diminuição da velocidade operacional. Não só pela via permanente, mas também pela decadência do sistema de sinais e do furto de cabos. Tem certos trechos em que a velocidade operacional dos trens é de 40 quilômetros por hora. Antes, dependendo do trecho, chegava a 60km/h ou até 70km/h.
Problemas no caminho
A reportagem do GLOBO viajou por três semanas nas composições da SuperVia, entre os últimos dias 6 e 25, por cinco ramais e três extensões. Além do descontentamento dos passageiros, flagrou trens superlotados nos horários de pico, aglomeração nas estações para esperar a abertura das portas, na tentativa de encontrar um lugar para viajar sentado, e defeitos apresentados durante as viagens.
Um deles aconteceu quase no fim do trajeto de uma composição que fazia a ligação entre Central do Brasil e Belford Roxo, na noite do dia 6. Pouco após sair da estação Coelho da Rocha, o trem parou a cerca de 600 metros de distância da última estação do trecho. Quando as portas abriram, os passageiros desceram e caminharam pelos trilhos para completar a viagem.
Outro sufoco foi no início da manhã do dia 17 de junho. Na décima estação do trajeto, em Anchieta, a composição, que estava lotada, apresentou pane em uma das portas dos vagões logo na partida, que seguiu aberta até duas estações depois, em Deodoro. Lá, um funcionário fez a manutenção necessária.
Números da Agência Reguladora de Transportes Públicos do Rio de Janeiro (Agetransp) revelam uma rotina de atrasos sobre trilhos. Em 2024, 4.990 viagens foram canceladas ou interrompidas por motivos não justificados em todos os ramais e extensões. Em média, significa que foram registradas 13 ocorrências por dia no ano passado.
Uma das heranças que a SuperVia deixará será um cemitério ferroviário, onde 79 composições repousam enfileiradas num pátio entre o muro da estação de Japeri, na Baixada Fluminense, e uma passarela. Um relatório feito pelo Departamento Técnico de Patrimônio da Companhia Estadual de Transporte e Logística, empresa pública que substituiu a Companhia Fluminense de Trens Urbanos (Flumitrens), considerou-as inservíveis ou não operacionais. O maquinário teve peças retiradas, como cabos de alta e baixa tensão, tubulações do sistema de freio, componentes elétricos e portas.
As composições são das séries 500, 700 e 900, fabricadas entre os anos 70 e 80. Para os moradores, a presença dos trens parados virou sinônimo de perigo. Uma rápida olhada para o interior dos vagões, em sua maioria sem portas, sugere que o movimento por lá é maior durante a noite — e, no mínimo, suspeito. No interior de uma composição havia restos de utensílios usados no consumo de crack. Do lado externo de outra, a frase “viva a maconha” foi pichada com tinta preta.
— Durante a noite isso aqui fica perigoso. Tem muito assalto — confirma uma moradora.
Em um pátio próximo da estação Deodoro, 113 vagões de composições antigas, que transportavam passageiros pela extinta Flumitrens, aguardam algum destino. Foram penhorados numa ação judicial de 1997, anterior à gestão da SuperVia, originada por um pedido de indenização de uma mulher que caiu do trem. Procurada, a Central Logística informou que os 79 trens de Japeri serão retirados da lista de bens da SuperVia, e leiloados. Já no caso dos vagões um acordo foi feito para que sejam leiloados e vendidos como sucata. O dinheiro arrecadado vai servir para quitar parte do pagamento da indenização à vítima.
A SuperVia alega que o problema de portas abertas ocorre quando uma válvula de segurança é acionada indevidamente. Quanto a trilhos e dormentes, a empresa informa que a via é inspecionada segundo normas nacionais e internacionais. E que, nos últimos 18 meses, foram substituídos mais de 45 mil dormentes e 402 toneladas de trilhos. A concessionária diz que, após a pandemia da Covid-19, enfrentou desafios por conta da diminuição de passageiros e do aumento do furto de materiais. Por isso, foi obrigada a adaptar intervalos e horários de partida.
Agora, o governo estuda como será a escolha da empresa que vai administrar o sistema de trens e o modelo de gestão.
Jornal de Brasília - DF 30/06/2025
A Marcopolo Rail fez o embarque de mais dois carros para a Empresa de Los Ferrocarriles del Estado – EFE Trenes de Chile, empresa pública responsável pela gestão da rede ferroviária daquele país. Com isso, a divisão especializada no desenvolvimento e produção de veículos ferroviários concluiu o fornecimento das três composições previstas para este ano no mais importante negócio internacional realizado.
“O objetivo agora é acompanhar a entrega das composições e dar suporte nos testes de campo, que serão realizados ao longo do segundo semestre, para que os veículos possam entrar em operação ainda este ano, beneficiando mais de 300 mil pessoas das zonas rurais do vale central e da zona costeira, na região do Maule”, destaca Petras Amaral Santos, gerente executivo da Marcopolo Rail.
Os trens vão operar na linha Talca-Constitución, um circuito interurbano de transporte de passageiros de média distância, com 88 quilômetros de extensão, 11 estações, que vai transportar cerca de 50 mil passageiros por ano, ligando quatro municípios. O contrato com a EFE inclui o fornecimento de material rodante, peças de reposição e manutenção.
Veículos modernos e eficientes
As unidades do modelo Prosper fornecidas são modernas, eficientes e bidirecionais, pois possuem cabines de operação em cada extremidade. As composições têm capacidade para transportar 223 passageiros, sendo 80 sentados e 143 em pé. Os modelos vão contar com climatização, espaço destinado para pessoas com mobilidade reduzida, além de um sanitário adaptado. São três unidades Diesel Multiple Units, DMUs, com dois carros cada uma, com portas em ambas as laterais, poltronas com apoio de braço, portas USB e mesa dobrável no encosto. Para maior conforto térmico, os trens terão sistema de ar-condicionado independente para cada carro.
“O negócio com a Empresa de Los Ferrocarriles del Estado – EFE Trenes de Chile, reforça a posição da Marcopolo Rail como player importante no cenário metroferroviário internacional e fortalece nossa atuação neste mercado, o que pode facilitar a nossa entrada em outros países da América Latina, com possibilidade de expansão da mobilidade sobre trilhos”, afirma Petras Amaral Santos.
Transformação da mobilidade sobre trilhos
Desde o início das suas atividades, em 2019, a Marcopolo Rail tem trabalhado para conectar a mobilidade sobre trilhos com o futuro e identificar oportunidades que contribuam para o avanço do segmento em linha com as atuais demandas globais.
Além do fornecimento à tradicional empresa pública chilena, dentre os projetos já aprovados e desenvolvidos estão o Prosper VLT, primeiro veículo leve sobre trilhos (VLT) da Marcopolo Rail e que em 2024 entrou em operação em uma rota turística operada pela Giordani Turismo, em Santana do Livramento (RS). A companhia também é responsável pela fabricação dos people movers fornecidos para o consórcio AeroGru. O consórcio é responsável pelo projeto de transporte que conecta a linha 13-Jade da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) aos terminais 1, 2 e 3 do Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo (SP).
Globo Online - RJ 30/06/2025
Promessa antiga, a primeira concessão de ferrovia de transporte de passageiros do país começa a sair do papel. O pontapé inicial deve ser dado pelo trecho entre Brasília (DF) e Luziânia (GO), cujos estudos estão na fase final de ajustes e devem ser alvo de consulta pública ainda este ano, com leilão previsto para 2026. Os projetos para as ligações ferroviárias entre Salvador e Feira de Santana, na Bahia, e entre os municípios paranaenses de Maringá e Londrina também estão adiantados.
Atualmente, apenas duas ferrovias no país servem ao deslocamento da população comum, excetuando-se as que fazem apenas passeios turísticos. Ambas são administradas pela Vale: a Estrada de Ferro Vitória-Minas e a Estrada de Ferro Carajás. Mas elas não foram alvo de uma concessão específica, são uma obrigação no contrato para transporte de carga.
A dificuldade de conceder ferrovias de passageiros à iniciativa privada passa pelo custo do modal e a perspectiva de retorno do investimento. Somente a cobrança de passagens não fecha a conta. Para tirar a promessa do papel, o governo Lula vem adotando algumas estratégias. A primeira é aproveitar a malha de ferrovias abandonadas ou subutilizadas.
Seis projetos-pilotos e aporte público
Com base em um estudo inicial do LabTrans, laboratório da Universidade Federal de Santa Catarina, o Ministério dos Transportes chegou a uma lista inicial de seis projetos-pilotos. Além dos três que já estão mais adiantados, há ainda planos para Pelotas-Rio Grande (RS), Fortaleza-Sobral (CE) e São Luís-Itapecuru Mirim (MA). Os trechos foram escolhidos levando em consideração análises sobre o fluxo de pessoas, critérios econômico-financeiros e o potencial de atração de investidores.
Mesmo assim, será necessário fazer algum aporte público nos projetos para que eles parem de pé. Mas o Ministério dos Transportes quer usar operações imobiliárias para reduzir o volume de recursos do Tesouro Nacional que serão necessários para tornar os projetos viáveis.
A ideia é integrar à concessão terrenos adjacentes à linha férrea, de modo que a empresa vencedora do leilão possa ter uma receita secundária, com a gestão imobiliária de galpões logísticos, prédios corporativos ou para moradia.
Interlocutores do governo saíram animados de conversas com bancos para avaliar a viabilidade da utilização de operações do setor imobiliário para alavancar as garantias financeiras dos projetos de linhas férreas. A proposta é que a alternativa possa ser usada para qualquer tipo de concessão ferroviária, mas o entendimento é que a sinergia é maior com o trem de passageiros.
Desenvolvimento ao longo dos trilhos
A existência do meio de transporte tende a valorizar as regiões próximas a linhas, o que traz dividendos para os negócios imobiliários. Esse modelo é inspirado, inclusive, na experiência de países como Inglaterra e Cingapura, em que o desenvolvimento ocorreu ao longo dos trilhos.
André Paiva, consultor da Tendências Consultoria, afirma que a integração das concessões a operações imobiliária faz sentido econômico, porque permite a diversificação das fontes de receita, reduzindo a dependência de tarifas e do aporte do governo.
Ele explica que projetos ferroviários demandam expressivo volume de recursos, que são amortizados por um longo período, o que torna desafiadora a modelagem das licitações para passageiros, porque pequenas mudanças nas estimativas de usuários afetam as projeções de retorno do investimento.
— Os projetos de trens regionais utilizando a infraestrutura já construída são um caminho interessante, no sentido de reduzir os custos de implantação e possibilitar o início mais célere da operação pelo privado, beneficiando a rentabilidade do projeto.
O especialista aponta, contudo, que a opção pelo real estate demanda, em muitos casos, alinhamento com diferentes órgãos reguladores, como de transporte, urbanismo e meio ambiente:
— É um desafio complexo, pois a discussão sobre a transversalidade entre a regulação de diferentes segmentos do Poder Público ainda é algo incipiente no Brasil.
Primeiro teste será no Centro Oeste
O primeiro teste do novo modelo deve oferecer nova opção de transporte entre Luziânia (GO) e Brasília (DF), o único dos seis projetos considerados pelo governo federal que envolve dois estados. Isso se deve às condições peculiares da capital federal, que tem integração muito grande com os municípios goianos do entorno.
Segundo o secretário do entorno do Distrito Federal do governo de Goiás, Pábio Mossoró, existe uma linha para transporte de carga na região, operada pela FCA, mas a utilização está abaixo da capacidade. Há possibilidade de devolução da concessão.
A ideia do governo federal é adequar a malha para Veículo Leve sobre Trilhos (VLT). A FCA, por sua vez, disse que o trecho integra o processo de renovação da concessão, que está em curso nos órgãos responsáveis.
Na segunda-feira, Mossoró tem reunião com o secretário Nacional de Transporte Ferroviário, Leonardo Ribeiro, para tratar do projeto. A ideia, segundo ele, seria ligar a região de Jardim Ingá, em Luziânia, à antiga Rodoferroviária, no Cruzeiro Velho (DF), passando pelo município de Valparaíso de Goiás.
O transporte público no trecho é considerado caro e ineficiente. Além disso, há atuação de grupos em situação irregular. Com trânsito, a viagem de ônibus entre o ponto inicial e final chega a durar mais de 2 horas ao custo médio de R$ 12. O fluxo de passageiros gira em torno de 20 mil a 25 mil pessoas diariamente.
Goiás e Distrito Federal já anunciaram a formação de consórcio para melhorar a gestão do transporte, hoje realizada pela Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT), e possibilitar a concessão de subsídios nas passagens. Mossoró afirmou que acredita que há possibilidade de o governo de Goiás aportar recursos para viabilizar a concessão ferroviária.
Grandes Construções - SP 30/06/2025
O Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso (TCE-MT) revogou a liminar que havia suspendido uma licitação de R$ 2,6 bilhões para a concessão de rodovias estaduais. A decisão do presidente da Corte, conselheiro Sérgio Ricardo, foi publicada no dia 23 de junho.
O recurso foi apresentado pelo Consórcio Rodoviário Vale do Arinos, representado pela empresa Zopone Engenharia, que venceu a licitação.
A licitação havia sido suspensa em junho, após representação da empresa V.F. Gomes Participações (VFPAR), desclassificada do certame. A empresa alegava que o edital continha exigências técnicas confusas e que teria sido prejudicada por alterações não previstas nas regras do processo licitatório.
A licitação, realizada na modalidade Concorrência Pública Internacional, prevê a concessão de 237 quilômetros de rodovias entre os municípios de Juara e o distrito de Ana Terra, em Tapurah, a 414 km de Cuiabá, com investimento estimado em R$ 2,6 bilhões.
No recurso, o consórcio argumentou que a empresa denunciante teria distorcido o conteúdo do edital com o objetivo de anular o certame. A defesa também destacou que o edital estabelecia de forma clara que as exigências de qualificação técnica profissional e técnico-operacional eram cumulativas, sendo obrigatória a comprovação de ambas.
Ao analisar o pedido, o conselheiro Sérgio Ricardo entendeu que não havia motivos para manter a suspensão da licitação, uma vez que não foram apresentados fatos novos ou argumentos relevantes que justificassem a continuidade da medida cautelar.
Com isso, o TCE autorizou a retomada do processo licitatório pela Secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística (Sinfra-MT). A decisão tem efeito provisório, permitindo o andamento regular da licitação enquanto o mérito da denúncia da empresa desclassificada ainda é analisado pelo Tribunal.
Globo Online - RJ 30/06/2025
Uma ação da dinamarquesa Maersk questionando na Justiça os critérios do leilão do novo megaterminal no Porto de Santos estabelecidos pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) expôs uma guerra já deflagrada nos bastidores que coloca em campos opostos os interesses de operadoras estrangeiras e da JBS dos irmãos Batista, que têm buscado ampliar sua atuação no setor através da subsidiária JBS Terminais.
A disputa pelo novo terminal, que vai aumentar em 50% a capacidade de movimentação do porto de Santos e será o maior da América Latina, atrai a atenção de todas as multinacionais do setor por ser a maior concorrência em curso no planeta.
Na última quarta-feira, a 21ª Vara Federal Cível de São Paulo negou o pedido da Maersk, mas estabeleceu um prazo de dez dias para a Antaq explicar por que propôs mudanças no regramento do certame que, na prática, restringiriam a competição pelo contrato, que prevê um investimento de R$ 5,6 bilhões no chamado Tecon 10 e um bônus pelo arrendamento por no mínimo 25 anos.
Nos bastidores, operadores que já atuam em Santos dizem que as restrições da Antaq favorecem players como a JBS Terminais e a chinesa estatal Cosco, que ainda não estão em Santos. O porto de Itajaí (SC), controlado pela empresa dos Batista, é bem menos rentável – movimenta pouco mais de 100 mil TEUs (medida referente a contêineres) por mês. Já o de Santos movimentou 1,3 milhão TEUs só no primeiro trimestre deste ano.
A especulação sobre o interesse da JBS e da companhia da China também foi citada pelo subprocurador-geral do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União Lucas Rocha Furtado, que menciona ainda a filipina ICTSI e a americana Hudson Ports como potenciais favorecidas.
No documento, Furtado aponta ainda que as principais prejudicadas seriam a Maersk e a MSC, que são os dois maiores armadores do mundo, além da Santos Brasil, controlada pela gigante francesa CMA CGM, e a DP World (Emirados Árabes Unidos).
Tudo porque, diferentemente do que faz em outros leilões, a Antaq optou por dividir a concorrência em duas fases e vetou na primeira etapa a participação de companhias que já atuam no Porto de Santos – como é o caso da Maersk, da MSC, da CMA e da Dubai Ports.
A justificativa foi impedir a concentração de mercado no porto e blindá-lo da chamada verticalização, quando os mesmos grupos econômicos controlam toda a cadeia portuária, dos terminais à operação dos navios.
De acordo com as regras agora questionadas na Justiça, essas empresas só poderiam se candidatar a operar o novo terminal na segunda rodada, caso não haja interessados – o que é considerado muito improvável, dado o tamanho e o potencial do terminal – , e mediante o compromisso de desinvestimento nos ativos mantidos atualmente em Santos.
Nos últimos meses, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), também entrou na briga, aumentando sua voltagem política. O governo paulista avalia que as novas regras “esvaziam a ampla competição, impedem a participação de agentes econômicos tecnicamente qualificados na disputa pelo ativo e podem resultar na prestação de um serviço menos eficiente e mais custoso” – como escreveram em um ofício enviado ao Ministério de Portos e Aeroportos a secretária de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística, Natália Resende, e o titular de Parcerias e Investimentos, Rafael Benini.
Na avaliação do governo Tarcísio, para impedir a concentração no porto bastaria permitir a participação das grandes operadoras já estipulando que se alguma delas for vencedora, deve abrir mão dos investimentos atuais no porto.
Em resposta ao governador, o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, se disse “muito confortável” em relação às mudanças recomendadas pela Antaq porque a diretoria foi indicada por Jair Bolsonaro e não por Lula. Embora faça parte do governo Lula, Costa é filiado ao Republicanos, mesmo partido de Tarcísio.
Mudanças a jato
Na ação, a Maersk sustenta que as mudanças de grande impacto no formato do leilão não foram levadas à discussão em audiências públicas, contrariando a jurisprudência da agência, do Tribunal de Contas da União (TCU) e do Cade, e avançaram de forma inusual na burocracia de Brasília.
Em menos de 24 horas, o Ministério de Portos e Aeroportos recebeu as novas recomendações da Antaq, chancelou prontamente as mudanças e as submeteu ao Tribunal de Contas da União (TCU), a quem cabe revisar o formato da concorrência.
As alterações já haviam provocado a reação do Ministério Público de Contas junto ao TCU. O subprocurador-geral Furtado chegou a solicitar a suspensão do leilão, classificou as restrições como “prévias e completamente genéricas” e alertou para os riscos à competição e à valorização do ativo leiloado, o que poderia acarretar em “prejuízos ao erário federal”.
Mas o pedido foi negado pelo ministro Antonio Anastasia, que alegou que os critérios do leilão ainda passariam pelo crivo do TCU, e por isso não caberia decisão liminar.
Disputa em curso
Embora não haja concorrentes formais no momento, uma vez que o edital não foi apresentado, empresas e armadores (operadores de navios) interessados já movimentam há meses o mercado de consultorias e escritórios de advocacia para estudar o leilão e projetar eventuais propostas.
Embora a JBS não tenha manifestado publicamente interesse na concorrência, nos bastidores emissários da companhia procuraram executivos das grandes operadoras de terminais propondo conversas com os irmãos Joesley e Wesley Batista com a finalidade de tentar algum tipo de associação.
De olho no gargalo logístico no setor portuário, que eleva os custos de grandes exportadoras como a J&F, também dos irmãos Joesley e Wesley, já opera o porto de Itajaí.
Recentemente, Wesley esteve entre os convidados de um evento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que lançou a criação de uma doca federal no complexo da cidade catarinense.
Os Batista também estiveram na China, na comitiva que acompanhou o presidente Lula na visita oficial realizada em março de 2023.
Procurada pela equipe da coluna, a JBS informou não ter manifestado “interesse em participar do leilão do Tecon 10”.
Questionada sobre a mudança nos critérios, a Antaq afirmou ser “uma defensora da competitividade e entende que concentrações de mercado devem ser evitadas” e que as mudanças ocorreram com o objetivo de “promover e ampliar a concorrência no referido complexo portuário”, embasadas em “critérios técnicos” que apontaram “níveis de concentração superiores ao aceitável” sem as restrições propostas.
Ainda segundo a agência, as mudanças ocorreram “a pedido do Ministério de Portos e Aeroportos” e também a partir de contribuições apresentadas em audiências públicas. Já em relação à decisão da Justiça de São Paulo, a Antaq informou não ter sido notificada oficialmente até ontem.
O Ministério de Portos e Aeroportos, por sua vez, afirmou que só tomará qualquer decisão sobre o leilão “após uma ampla discussão” com o TCU. Questionado sobre as alterações da Antaq, a pasta alegou que “a matéria possui natureza regulatória, o que limita a atuação direta do ministério quanto ao mérito da decisão”.
O órgão comandado por Silvio Costa Filho disse ainda trabalhar para “assegurar a ampla participação dos agentes nacionais e internacionais envolvidos” e que espera que o projeto saia do papel para o desenvolvimento do Porto de Santos e “o fortalecimento da infraestrutura logística do país”.
Petro Notícias - SP 30/06/2025
Novidades em um dos empreendimentos de gás natural mais promissores do país. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) concedeu nesta semana a licença prévia para as atividades de produção de óleo e gás do Projeto Raia, operado pela Equinor no pré-sal da Bacia de Campos. Ainda nesta semana, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) aprovou a construção do gasoduto de 200 km que ligará o FPSO de Raia a Cabiúnas, em Macaé (RJ).
O gasoduto partirá da área de desenvolvimento dos campos de Raia Manta e Raia Pintada, localizados ao sul da Bacia de Campos, a cerca de 200 km da costa do Rio de Janeiro, e será interligado à malha da Nova Transportadora do Sudeste (NTS), em Macaé. Um diferencial técnico do projeto é que todo o processamento de gás será feito no mar, dispensando instalações em terra. Esta será a primeira vez no Brasil que o gás será especificado ainda no ambiente offshore e entregue diretamente ao sistema de transporte, graças à qualidade dos hidrocarbonetos extraídos na região.
O gasoduto terá trechos terrestre e marítimo que, juntos, somarão 204 km. Desse total, serão 200 km no trecho marítimo, do FPSO até sua chegada em terra, seguidos por cerca de 4 km em trecho terrestre, da praia até a Estação de Recebimento de Gás (ERG), em Macaé.
Além de aprovar a construção do gasoduto, a diretoria da ANP também autorizou a unificação das áreas de Raia Manta e Raia Pintada. Segundo a agência, os dois campos estão localizados no mesmo bloco e compartilharão a mesma unidade de produção. A ANP destacou ainda que manter os campos separados poderia resultar em menor arrecadação de participações governamentais. Com a junção, o novo campo passará a se chamar apenas Raia Mantada. A Equinor terá agora 60 dias para apresentar um plano de desenvolvimento para a área unificada.
Localizado na Bacia de Campos, o Projeto Raia é operado pela Equinor (35%), em parceria com a Repsol Sinopec (35%) e a Petrobrás (30%). O ativo reúne três descobertas no pré-sal — Pão de Açúcar, Gávea e Seat — que somam reservas recuperáveis de gás natural e óleo/condensado superiores a 1 bilhão de barris de óleo equivalente (boe). A capacidade prevista de exportação pelo gasoduto é de 16 milhões de metros cúbicos por dia, volume capaz de atender até 15% da demanda total de gás do país quando o projeto entrar em operação, prevista para 2028.
Valor - SP 30/06/2025
Entidades afirmam que produção de novos campos iniciaria quando demanda pelo óleo deve recuar.
Os planos do Brasil de expansão da produção de petróleo e gás natural em 20% até 2030 podem não ser economicamente viáveis no cenário de limitação do aquecimento global a 1,5 0 C, um dos objetivos centrais do Acordo de Paris. Um relatório conjunto do Instituto Internacional para o Desenvolvimento Sustentável (IISD), do World Benchmarking Alliance e do WWF-Brasil aponta que os empreendimentos de maior risco da Petrobras só gerariam lucro se as temperaturas globais aumentarem 2,4 0 C ou mais - bem acima dos limites climáticos acordados internacionalmente.
O estudo foi lançado poucos dias antes do megaleilão de 172 blocos para exploração de petróleo e gás pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), que teve 47 blocos ofertados na foz do Amazonas, região que está no epicentro das discussões sobre a expansão da produção de combustíveis fósseis no país. O leilão terminou com 19 blocos concedidos para empresas como Chevron, CNPC, ExxonMobil e Petrobras, totalizando 16,3 mil km2 de áreas marinhas.
Após analisar o plano de investimentos da Petrobras para o período 2025-2029, o relatório conclui que até 85% da extração planejada pela estatal pode não gerar lucro em um cenário de controle do aquecimento global.
Procurada, a Petrobras afirmou que seus projetos apresentam “alta resiliência a baixos preços de petróleo” e conseguem manter a atratividade econômica em um cenário de menor demanda por combustíveis fósseis. A estatal planeja investir US$ 111 bilhões em atividades de exploração, produção, transporte e refino de petróleo e gás natural durante o quinquênio. Uma fatia de 15% será destinada à descarbonização das operações e diversificação para fontes de energia limpa.
Como são de longo prazo - devem levar pelo menos dez anos desde a aquisição da concessão até o início da exploração -, os projetos podem encontrar pela frente um cenário de redução da demanda por combustíveis fósseis ou de precificação do carbono, o que transformaria esses investimentos nos chamados “ativos encalhados”, pois perderiam o valor antes do previsto, segundo o relatório das organizações.
“O Brasil precisa avaliar se, estrategicamente, faz sentido abrir novos poços de exploração, sendo que eles só começarão a produzir em um momento em que pode haver queda na demanda”, afirma Ricardo Fujii, coautor do relatório e líder de transição energética do WWF-Brasil. “É preciso pensar se a Petrobras está realizando seu planejamento de longo prazo com base em premissas e princípios que valeram para o passado, quando a preocupação com as mudanças climáticas já existia, mas não era tão disseminada.”
Para o setor petroleiro, a substituição gradual da energia fóssil, o chamado “phase-out”, não deve acontecer antes de 2050, embora diferentes projeções, inclusive as da Agência Internacional de Energia (AIE), apontem que o pico da produção de petróleo se dará por volta de 2035 - e, a partir daí, sua posterior redução -, embora esse movimento ocorra de forma diferenciada entre os mercados desenvolvidos e em desenvolvimento.
A Petrobras trabalha com a projeção de que o pico da capacidade de produção mundial ocorra no fim desta década, de forma similar à AIE, e que o pico da produção no Brasil se dê no início da década de 2030.
“Produção de novos poços deve coincidir com redução na demanda global"
— Ricardo Fujii
Estimar o ponto de inflexão do petróleo depende de muitas variáveis, como oferta, demanda, consumo final e abertura de novos poços de exploração e encerramento de outros. Nesse sentido, segundo os autores do relatório, migrar o portfólio do setor para energias renováveis ajudaria a mitigar o risco de ativos encalhados e posicionaria a Petrobras como empresa líder na transição energética.
“O Brasil tem uma oportunidade real de liderar em clima e preparar sua economia para o futuro”, diz Joachim Roth, líder de política climática da World Benchmarking Alliance, “think tank” que analisa práticas corporativas frente aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Isso poderia ser feito, segundo ele, com a redefinição do mandato da Petrobras, o encerramento de novas licenças de exploração e com o alinhamento das metas de redução de gases de efeito estufa nacionais (contidas na NDC do Brasil) com as do setor privado.
O estudo traz uma série de recomendações para o governo brasileiro, principal acionista da Petrobras, induzir a transição energética no país - e isso passa pela redução dos investimentos em energia fóssil. Segundo cálculos do relatório, impedir novos campos com exploração em andamento, mas ainda não em desenvolvimento, poderia evitar perdas entre US$ 12 bilhões e US$ 35 bilhões para a Petrobras.
Em nota, a Petrobras destaca que os investimentos para o período 2025-2029 direcionados à transição energética aumentaram 40% em relação ao plano anterior, englobando, além dos projetos em energias de baixo carbono, projetos para descarbonização das operações que permeiam todos os segmentos. A empresa ressalta que, mesmo no cenário da AIE, que prevê 50% de chances de limitar o aquecimento a 1,7 0 C até 2050, citado no relatório, há uma projeção de aumento da participação do Brasil na oferta mundial de petróleo.
No cenário interno de referência utilizado para quantificar o plano de negócios, a estimativa de preço de petróleo é de US$ 65 por barril em 2030. Mesmo em um cenário de preços abaixo desse patamar, a Petrobras afirma que o portfólio de projetos de exploração e produção (E&P) apresenta “alta resiliência a baixos preços de petróleo”, com 65% do Capex previsto para 2025-2029 resiliente a um preço do óleo Brent de US$ 35/barril, e 98% resiliente a um Brent de US$ 45/barril.
“Um indicativo de que os projetos e ativos conseguem manter a atratividade econômica mesmo em cenários de preço de petróleo mais baixos”, diz a estatal.
Valor - SP 30/06/2025
Especialistas avaliam que país tem ‘base robusta’ para liderar transição energética viável.
Reunidos em Bonn, Alemanha, nas últimas duas semanas, na chamada “pré-COP”, os negociadores dos países que fazem parte da Convenção do Clima na ONU tiveram uma amostra do que devem enfrentar durante a COP30, em Belém, em novembro. Além dos velhos impasses sobre financiamento climático entre países ricos e em desenvolvimento, o encontro foi marcado por protestos da sociedade civil e de cientistas contra a exploração de combustíveis fósseis e por novas evidências científicas apontando para a elevação da temperatura global.
Um relatório do Indicators of Global Climate Change (IGCC), grupo de mais de 60 cientistas, divulgado no encontro, aponta que é cada vez mais improvável estancar o aquecimento global em 1,5 0 C, objetivo primordial do Acordo de Paris. E mais: o orçamento de carbono - quantidade limite de emissões para tornar exequível a meta do tratado - está prestes a ser esgotado nos próximos três anos, caso não haja esforços dos países para reduzir, de fato, as emissões de gases de efeito estufa.
Os cientistas apontam que os planos de extração de combustíveis fósseis existentes, por si só, esgotarão o orçamento de carbono previsto para limitar o aquecimento. Para que a temperatura média global permaneça abaixo desse limiar, as emissões globais devem cair ao menos 48% até 2030, segundo o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU. No entanto, as emissões continuaram a crescer, o que significa que cortes ainda maiores são necessários para atingir as metas definidas pelo Acordo de Paris.
O Brasil, como anfitrião da COP30, foi pressionado para defender um plano de eliminação dos combustíveis fósseis na conferência de Belém. O embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP30, recebeu uma carta assinada por mais de 250 cientistas de 27 países com cobranças por uma liderança mais enfática do Brasil no chamado “phase-out” do petróleo. Climatologistas brasileiros como Carlos Nobre, Mercedes Bustamante e Paulo Artaxo, assinam o documento. A carta relembra que “o mundo ultrapassou 1,5 0 C de aquecimento em um único ano pela primeira vez registrada, com impactos climáticos crescentes em todos os continentes”, e aponta que “a causa preponderante é nossa contínua dependência de combustíveis fósseis".
A substituição gradual dos combustíveis fósseis enfrenta barreiras difíceis de serem superadas, como a dependência global dessas fontes e a força econômica dessa indústria, que responde por cerca de 3% do PIB global e movimentou US$ 3 trilhões em 2023. No entanto, diversas projeções têm apontado que a inação em relação às mudanças climáticas pode custar ainda mais caro, abocanhando uma fatia de pelo menos 18% do PIB mundial até 2040, ou seja, US$ 20 trilhões - o cálculo leva em conta principalmente perdas causadas pelos eventos climáticos extremos.
Nos países do G20, que respondem por mais de 80% do consumo de energia do mundo, a dependência dos fósseis é da ordem de 70% de sua energia primária - a exceção é justamente o Brasil, com 50% de participação no consumo de energia primária fóssil.
O país, quinto maior emissor global de gases de efeito estufa, tem uma matriz de emissões diferente em relação ao restante do mundo. Aqui, a agropecuária responde por 37% das emissões brutas, seguida por desmatamento e mudanças no uso da terra (29%) e pelo setor de energia, com 24%, segundo o Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG) do Observatório do Clima. Na média global, energia responde por cerca de 75% das emissões. Essa diferença no perfil de emissões, em tese, muda a prioridade do Brasil para o combate ao desmatamento e para a adoção de práticas agropecuárias que sequestram carbono, muitas delas já preconizadas pela Embrapa.
Os compromissos climáticos de reduzir as emissões entre 59% e 67% até 2035, contidos na NDC (Contribuição Nacionalmente Determinada, a sigla em inglês) brasileira abrangem todos os setores da economia e trazem metas específicas de zerar o desmatamento ilegal e recuperar áreas degradadas. Para especialistas, contudo, isso não elimina a responsabilidade do Brasil em traçar um cronograma para a transição energética.
“O processo do afastamento dos fósseis (...) precisa ser acelerado”
— Karen Oliveira
Karen Oliveira, diretora de políticas públicas da The Nature Conservancy Brasil, traça um paralelo entre o momento atual e a crise do petróleo na década de 1970, que impulsionou a busca por soluções energéticas complementares, como o Proálcool. “Naquele momento, ficou claro que havia limites para o crescimento e alternativas foram viabilizadas. Se hoje o Brasil é potência em biocombustíveis, isso é fruto dessa crise”, diz Oliveira. Para ela, a atual crise que ronda a expansão de energia fóssil é ainda mais grave, indo além de um choque de oferta. “O processo do afastamento gradual dos fósseis deve ser gradual, para não gerar um colapso na economia global. Mas precisa ser acelerado”, diz.
Com predominância (acima de 80%) de energia renovável na matriz elétrica, experiência consolidada na produção de biocombustíveis e produção de petróleo com menor intensidade de carbono, caso do pré-sal, o Brasil parte de uma posição singular para a descarbonização da economia e o alcance das metas climáticas. “Essa combinação oferece ao país uma base robusta para liderar uma transição energética ambiciosa e viável, desde que haja coordenação estratégica entre os setores público e privado e direcionamento adequado dos investimentos”, diz Marina Grossi, enviada especial da COP30 para o setor empresarial e presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), grupo formado por 120 grandes empresas.
A pedido da presidência da COP30, a organização está liderando coalizões para acelerar a descarbonização de seis setores-chave: transportes, energia, florestas, agropecuária, mineração e indústria. A primeira uniu mais de 50 organizações, entre empresas, associações e instituições de pesquisa, e construiu um plano técnico com 90 medidas que podem reduzir em até 70% as emissões dos transportes até 2050. Sozinho, o setor representa em torno de 47% da demanda final de energia no Brasil. Globalmente, responde por quase 25% das emissões de carbono relacionadas à energia.
Segundo o plano, o Brasil tem potencial para liderar a descarbonização do setor em três principais frentes: eletrificação de frotas urbanas; ampliação do uso de biocombustíveis, especialmente para segmentos difíceis de serem eletrificados, como carga pesada e aviação; e mudanças na matriz logística, com maior uso de ferrovias e hidrovias, indo além da predominância do modal rodoviário.
Para Grossi, o país tem vantagens estratégicas para liderar soluções sustentáveis, como o avanço em biocombustíveis inovadores, especialmente SAF (combustível sustentável de aviação, na sigla em inglês) e hidrogênio verde, que pode contribuir para a descarbonização da indústria e dos transportes.
A despeito da lacuna deixada na COP29, em Baku, no Azerbaijão, onde o tema do “phase-out” dos combustíveis fósseis sequer entrou em pauta, as pressões para que a discussão avance na COP30 vêm de todos os lados. Protestos contra a exploração de petróleo na bacia amazônica foram realizados em Bonn, com lideranças acusando a proximidade dos blocos (leiloados no último dia 17) com territórios indígenas. A Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) diz que o leilão foi feito sem a devida Avaliação Ambiental de Área Sedimentar (AAAS) e sem consultar comunidades tradicionais e indígenas.
“Não procede a informação de que terras indígenas estão sob ameaça direta ou sistêmica”, rebate o Ministério de Minas e Energia, citando a distância de mais de 100 km que separam a costa dos blocos arrematados. A pasta nega que exista um requisito legal para que a oferta de blocos seja submetida a consulta livre, prévia e informada, embora esse tema já tenha sido alvo de questionamentos por parte do Ministério Público Federal. Em relação à AAAS, informa que o Supremo Tribunal Federal já pacificou o entendimento sobre o tema, ao afirmar que a viabilidade ambiental de empreendimentos dessa natureza deve ser aferida durante o licenciamento ambiental.
Valor - SP 30/06/2025
A Petrobras ainda aguarda que o Ibama confirme uma data para realização da Avaliação Pré-Operacional (APO), a última etapa dentro do processo de licenciamento.
O navio sonda da Petrobras designado para a perfuração na Foz do Amazonas, região da Margem Equatorial, deve chegar ao local da atividade na segunda-feira (30), segundo a companhia. Neste sábado (28), a embarcação se aproximava do Estado do Maranhão, conforme ferramenta de monitoramento de navios, a caminho do chamado poço Morpho, na bacia da Foz do Amazonas, onde devem iniciar os trabalhos quando houver autorização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama).
O navio ODN II, da fornecedora Foresea, deixou a Baía de Guanabara em 7 de junho, segundo a Petrobras informou ao Ibama, depois de passar por serviços de limpeza do casco. A embarcação fez uma parada em Cabo Frio, Região dos Lagos do Rio, para carregamento de materiais antes de seguir para o norte do país.
A Petrobras ainda aguarda que o Ibama confirme uma data para realização da Avaliação Pré-Operacional (APO), a última etapa dentro do processo de licenciamento. A APO é um simulado em que a petroleira demonstra capacidade de atender a vazamentos. Para realizar a atividade, a sonda precisa estar no local.
A estatal havia apontado ao órgão ambiental a data de 14 de julho para realizar a APO. Procurado pelo Valor, o Ibama disse que a data ainda não foi confirmada.
A petroleira tem realizado treinamentos internos de preparação para a APO. No sistema do Ibama, a atualização mais recente é uma carta da Petrobras em que informa ao órgão ambiental a realização de simulado operacional interno entre 10 e 12 de junho. Com atividades no comando central e em campo, a companhia testou estratégias e a eficácia do plano de proteção à fauna, documento que foi aprovado conceitualmente pelo Ibama em 19 de maio.
"O resultado do exercício comprovou que os planos são exequíveis e atenderam os tempos de resposta do Manual de Boas Práticas de Atendimento à Fauna do Ibama", disse a Petrobras na carta, registrada em 20 de junho.
Infomoney - SP 30/06/2025
Os contratos futuros de petróleo avançaram nesta sexta-feira, 27 após dia de alta volatilidade em meio à informações de que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) deve avaliar outro aumento na produção da commodity e sinais de avanço dos EUA nas negociações comerciais com a China.
Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o contrato de petróleo WTI para agosto fechou em alta de 0,42% (US$ 0,28), a US$ 65,52 o barril, e o Brent para setembro, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), avançou 0,16% (US$ 0,11), a US$ 66,80 o barril. Todavia, o WTI e Brent encerraram a semana com perdas robustas de 11% e 13%, respectivamente, após tombarem na segunda e terça-feira em reação ao cessar-fogo entre Israel e Irã.
Grande parte do prêmio de risco que levou os preços da commodity às máximas de vários meses foi a ideia de interrupção do fornecimento pelo Estreito de Ormuz, diz a consultoria TD International, o que não aconteceu. “A maioria dos traders agora voltou aos casos básicos ancorados pela oferta e demanda”, acrescenta.
Segundo a Bloomberg, a Opep+ está considerando estender sua série de aumentos de produção em uma reunião no próximo mês. Vários delegados, que pediram para não serem identificados, disseram que seus países estão prontos para considerar o mesmo aumento novamente para agosto, quando se reunirem em 6 de julho.
O fato de que os EUA e a China foram capazes de alcançar um acordo formal – e que foi assinado por Donald Trump na quarta-feira – também prendia a atenção dos investidores. O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, afirmou que vê uma redução da tensão com Pequim. “Tudo dependerá dos chineses, mas acredito que a desescalada das tensões comercias estará sob controle”, disse.
Ainda na política americana, Trump afirmou nesta sexta que estava considerando a suspensão de sanções contra o Irã, mas que foi surpreendido por declarações hostis do líder supremo iraniano, o aiatolá Ali Khamenei.
Agrolink - RS 30/06/2025
A Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo anunciou a formalização de novos convênios com cooperativas de crédito para a expansão do programa FEAP Pró-Trator e Implementos. As parcerias foram firmadas com o Banco Cooperativo Sicredi, o Banco Cooperativo Sicoob e a Cooperativa Central de Crédito Cresol Baser.
Com os acordos, as cooperativas passam a operar diretamente as linhas de crédito do programa. Caberá a elas a análise das propostas, a liberação dos recursos e a aplicação do subsídio estadual sobre o saldo devedor do financiamento.
Segundo a secretaria, o Pró-Trator foi criado para apoiar a aquisição de tratores e implementos agrícolas por pequenos e médios produtores rurais. “A principal vantagem é o subsídio de 50% da taxa de juros, equivalente à metade da Selic, concedido por meio do Fundo de Expansão do Agronegócio Paulista (FEAP)”, informou a pasta.
Cada produtor pode obter até R$ 50 mil em crédito, o que, segundo o governo, amplia a capilaridade da política pública. Os recursos são destinados à compra de tratores novos de fabricação nacional com potência máxima de 125 cavalos. A medida visa fortalecer a agricultura familiar e modernizar a frota agrícola em todo o estado de São Paulo.
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