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17 de Abril de 2025

SIDERURGIA

Globo Online - RJ   17/04/2025

As negociações entre Brasil e Estados Unidos estão mais avançadas para o comércio de produtos siderúrgicos, que desde o mês passado têm uma tarifa adicional de 25% aplicada pelos americanos. Embora não haja perspectiva de um acordo a curto prazo, interlocutores do governo brasileiro estão otimistas quanto ao restabelecimento de um sistema de cotas, que permita que uma quantidade limitada de aço entre nos EUA sem a sobretaxa.

Diante desse cenário, o governo brasileiro quer ou reduzir a tarifa de 10%, ou excluir o máximo de produtos dessa sobretaxa. Brasil e Reino Unido estão entre os países que ficaram com o menor percentual. Trump aplicou taxas mais elevadas para a União Europeia e as nações asiáticas.

A escalada da guerra tarifária entre os EUA e a China e as negociações entre Trump com parceiros internacionais relevantes, como a União Europeia, não terão impacto sobre as conversas que ocorrem, desde o mês passado, entre Brasil e EUA, acreditam negociadores brasileiros.

A avaliação é que o canal de diálogo deve permanecer aberto, independentemente da costura de possíveis acordos entre Trump e outros países. As reuniões entre técnicos brasileiros e americanos ocorrem semanalmente.

Conforme interlocutores a par do assunto, apesar da porta aberta com técnicos do Escritório de Comércio dos EUA (USTR), um acordo com o país deve levar meses, porque os americanos estão em várias outras frentes de negociação.

A prioridade do governo brasileiro é um acordo com os americanos, para que as exportações do Brasil não sejam prejudicadas. Porém, um plano de retaliação não está descartado e tudo está em análise: desde a elevação de tarifas para produtos importados dos EUA, passando pela taxação ou pelo bloqueio de dividendos gerados pela exibição de filmes produzidos em Hollywood, até a cassação de patentes de medicamentos não controlados.

Recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) também é uma opção. No entanto, o organismo está fragilizado, por causa da paralisação do Órgão de Apelação, que funciona como um tribunal em última instância.

CNN Brasil - SP   17/04/2025

A indústria nacional alega temor de que a guerra comercial entre Estados Unidos e China redirecionará as exportações dos dois países, inundando o Brasil de mercadorias. E parte de seus segmentos já pedem ao governo federal medidas de proteção comercial contra este movimento.

A matemática do setor é a seguinte: Estados Unidos e China têm a maior corrente de comércio bilateral do mundo, de US$ 582 bilhões, e sua guerra tarifária com alíquotas acima de 100% levará estes produtos a procurarem outros mercados. Isso sem contar as taxas norte-americanas a outros parceiros.

A indústria química já abriu conversas com membros do governo para pedir mais proteção, enquanto prevê que o cenário agravaria suas perdas. Em reunião recente com quadros da gestão federal, o setor falou em possíveis salvaguardas, cotas, medidas compensatórias, entre outros mecanismos que poderiam defendê-lo.

Entre 2000 e 2023, a participação dos importados no mercado brasileiro saltou de 21% para 47%. Em resposta a este cenário, a Câmara de Comércio Exterior (Camex) decidiu elevar temporariamente tarifas para 30 produtos químicos.

Com o “efeito Trump” colocado no tabuleiro, esta medida não será suficiente para proteger o setor, disse à CNN o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Química (Abiquim), André Passos Cordeiro.

“Nós temos realmente este temor ao observarmos as elevações de tarifas nos EUA. Com isso, a situação vai se agravar, os produtos chineses vão procurar outros mercados. A Camex atendeu o pedido da indústria no ano passado, mas essa medida não será suficiente para enfrentar este novo cenário”, afirmou.

Também há movimentação na indústria têxtil, que vê produtos chineses ganharem mercado no país. Em 2024, as importações no Brasil subiram quase 15% e chegaram a US$ 6,6 bilhões. O temor diz respeito a parte dos US$ 28 bilhões vendidos pela China aos EUA, que procurarão outros mercados visto as tarifas de 145%.

O diretor-superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Fernando Valente Pimentel, relatou à CNN que o setor vem se reunindo com autoridades e pedindo para que o “ferramental” de defesa comercial esteja preparado para ser utilizado, mesmo que as medidas sejam apenas cotas temporárias.

“É enorme o risco que se apresenta neste momento. Nós monitoramos e todas as luzes do painel estão acesas. Nós já iniciamos as conversas com nossas autoridades, que estão sensíveis”, declarou.

As siderúrgicas neste momento se preocupam mais com as tarifas abrangentes de 25% impostas pelos EUA ao aço do que com a guerra tarifária. A maior economia do mundo importou cerca de US$ 26 bilhões, contando com o produto brasileiro, e o temor diz respeito ao destino que estas mercadorias procurarão daqui para frente.

Em abril de 2024, a Camex estabeleceu um novo sistema de cotas para importações de aço, a fim de proteger a indústria. Marco Polo de Mello Lopes, presidente do Instituto Aço Brasil, disse à CNN que o cenário se agravou e que podem ser necessárias novas medidas de proteção comercial.

“A preocupação com a defesa comercial já vem de longa data. Agora, com a questão dos EUA, pode ter um agravamento. Temos reuniões recorrentes com membros do Mdic [Ministério da Indústria e Comércio] e do MRE [Ministério das Relações Exteriores], em que analisamos a conjuntura”.

A CNN procurou o Mdic para que comentasse os pedidos da indústria. Até a publicação desta reportagem não houve resposta.

ECONOMIA

IstoÉ Dinheiro - SP   17/04/2025

A China fez um apelo, nesta quarta-feira (16), para que os Estados Unidos “parem de ameaçar e chantagear”, depois que a Casa Branca transferiu a Pequim a responsabilidade de iniciar uma negociação para desacelerar a guerra comercial entre as duas grandes economias mundiais.

O presidente americano, Donald Trump, iniciou uma guerra tarifária contra aliados e rivais, na qual a China levou a pior, com tarifas adicionais de 145% para seus produtos importados pelo país da América do Norte.

O gigante asiático respondeu com tarifas de 125% para as importações de produtos americanos. “A China não deseja lutar, mas não tem medo de lutar”, reiterou nesta quarta-feira o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Lin Jian.

“Se os Estados Unidos realmente querem resolver o assunto por meio do diálogo e da negociação, devem parar de exercer pressão extrema, parar de ameaçar e chantagear, e conversar com a China com base na igualdade, respeito e benefício mútuo”, insistiu.

Desde sua chegada à Casa Branca, em janeiro, Trump impôs tarifas adicionais de 145% sobre vários produtos chineses, que se somam às tarifas aplicadas pelas administrações anteriores, podendo chegar a 245% no total.

Inicialmente, o republicano decretou uma tarifa de 20% pelo suposto papel da China na entrada de fentanil nos Estados Unidos e, pouco depois, acrescentou outros 125% para teoricamente compensar os desequilíbrios na balança comercial entre os dois países.

Contudo, em um aparente indício de distensão, o governo americano isentou das tarifas mais recentes produtos como computadores, smartphones e semicondutores, dos quais a China é um grande produtor.

A incerteza provocada pelas tarifas americanas poderia “ter graves consequências para as economias mais vulneráveis”, afirmou Ngozi Okonjo-Iweala, diretora-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC).

Segundo as previsões anuais da OMC, o comércio mundial de mercadorias poderia sofrer quedas de volume de até 1,5% em 2025, em função da política de Trump.

Nesta quarta-feira, o presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano), Jerome Powell, disse que as tarifas “certamente vão provocar pelo menos a alta temporária da inflação” nos Estados Unidos, com a possibilidade de que “os efeitos inflacionários também sejam persistentes”.

Após as advertências de Powell, a bolsa de Nova York fechou com forte queda.

A gigante de tecnologia Nvidia levou um tombo devido à guerra comercial entre Estados Unidos e China. O índice Nasdaq, que concentra ações de tecnologia, fechou em queda de 3,07%. O índice ampliado S&P recuou 2,24% e o Dow Jones retrocedeu 1,73%.

Em um exemplo dos efeitos das tarifas para os consumidores, a plataforma de vendas online Shein anunciou aos clientes que vai aumentar seus preços a partir de 25 de abril “por causa das mudanças recentes nas regras de comércio mundial e sobre as taxações”.

– “No campo da China” –

Novas frentes alfandegárias abertas por Trump, dirigidas a alguns minerais e objetos eletrônicos, também afetaram as demais bolsas mundiais nesta quarta-feira.

Na Europa, o índice FTSE 100 da bolsa de Londres fechou em alta de 0,3%, mesmo percentual obtido em Frankfurt, enquanto Paris teve queda de quase 0,1%.

Na Ásia, o índice Nikkei da bolsa de Tóquio fechou em queda de 1%, enquanto o Hang Seng de Hong Kong recuou 1,9% e o Composite de Xangai fechou em alta de 0,3%.

Na terça-feira, a Casa Branca transferiu para a China a responsabilidade de dar o primeiro passo para reduzir a tensão que, segundo vários economistas, pode levar a uma recessão global.

“A bola está com a China. A China precisa chegar a um acordo conosco. Não temos que fazer um trato com eles”, afirmou Trump, em uma declaração lida por sua porta-voz, Karoline Leavitt.

Apesar da disputa, a economia chinesa cresceu 5,4% no primeiro trimestre. O resultado, melhor do que o esperado, ainda não reflete os efeitos da guerra tarifária iniciada este mês.

Na apresentação destes números, Sheng Laiyun, funcionário de alto escalão do Escritório Nacional de Estatísticas chinês (ONE), reconheceu “certa pressão sobre o comércio e a economia”, mas expressou confiança na capacidade da China de “enfrentar os desafios externos”.

Além do aumento expressivo das tarifas, Pequim adotou outras medidas de retaliação contra produtos americanos, como a suspensão da recepção de aviões da Boeing.

O setor agrícola também está no radar das autoridades comunistas. A federação de exportadores de carne dos Estados Unidos confirmou à AFP que Pequim decidiu não renovar as licenças da maioria dos exportadores de carne bovina desde março.

– Negociações –

A estratégia de Trump foi mais conciliadora com os demais países, aos quais concedeu uma pausa de 90 dias para negociar antes da aplicação da última rodada de tarifas “recíprocas”.

Nesta quarta-feira, por exemplo, um representante do governo japonês, Ryosei Akazawa, se reunirá em Washington com o secretário do Tesouro, Scott Bessent, com a esperança de conseguir um acordo em que “todos vençam”. O presidente Trump anunciou que participaria do encontro.

Idealizada com o objetivo de levar a produção industrial de volta aos Estados Unidos, a política tarifária de Trump afetou alguns dos principais parceiros de Washington, como Japão, Coreia do Sul, União Europeia, México e Canadá.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou, em entrevista à revista alemã Die Zeit, que o bloco está “em uma posição de força” diante de futuras negociações.

Além de uma tarifa universal de 10% para todos os países, Trump também decretou tarifas setoriais sobre o aço e o alumínio, além dos automóveis e autopeças.

O presidente também estuda aplicar medidas similares aos semicondutores e produtos farmacêuticos.

Infomoney - SP   17/04/2025

A Organização Mundial do Comércio cortou nesta quarta-feira (16) sua previsão para o comércio global de mercadorias, passando a ver queda e não mais um crescimento sólido, afirmando que novas tarifas dos Estados Unidos e efeitos colaterais pode levar à maior queda desde o auge da pandemia de Covid-19.

A OMC prevê que o comércio de mercadorias caia 0,2% este ano, contra expectativa em outubro de uma expansão de 3,0%. A organização disse que sua nova estimativa foi baseada em medidas em vigor no início desta semana.

O presidente dos EUA, Donald Trump, impôs tarifas extras sobre as importações de aço e automóveis, bem como tarifas globais mais abrangentes, antes de suspender inesperadamente as tarifas mais altas sobre diversas economias. Sua guerra comercial com a China também se intensificou, com trocas de acusações que elevaram as taxas sobre as importações de cada um para além de 100%.
A OMC disse que se Trump reintroduzir todas as suas tarifas mais amplas, isso reduzirá o crescimento do comércio de mercadorias em 0,6 ponto percentual, com outro corte de 0,8 ponto devido aos efeitos indiretos além do comércio vinculado aos EUA.

Em conjunto, isso levaria a um declínio de 1,5%, a queda mais acentuada desde 2020.

“A natureza sem precedentes das recentes mudanças na política comercial significa que as previsões devem ser interpretadas com mais cautela do que o normal”, disse a OMC, que também estima uma recuperação de 2,5% em 2026.

ONU projeta desaceleração global de 2,3%

Mais cedo nesta quarta-feira a agência de Comércio e Desenvolvimento da ONU (UNCTAD) disse que o crescimento econômico global pode desacelerar para 2,3%, uma vez que as tensões comerciais e a incerteza impulsionam uma tendência de recessão.

A OMC disse que a interrupção do comércio entre os EUA e a China deve aumentar as exportações de mercadorias chinesas em todas as regiões fora da América do Norte entre 4% e 9%.

Outros países teriam oportunidades de preencher a lacuna nos Estados Unidos em setores como têxteis, vestuário e equipamentos elétricos.

O comércio de serviços, embora não sujeito a tarifas, também seria afetado, segundo a OMC, pelo enfraquecimento da demanda relacionada ao comércio de mercadorias, como transporte e logística. Uma incerteza mais ampla poderia reduzir os gastos com viagens e serviços relacionados a investimentos.

A OMC disse que espera que os serviços comerciais cresçam 4,0% em 2025 e 4,1% em 2026, bem abaixo das projeções anteriores de 5,1% e 4,8%.

A desaceleração esperada ocorre após um 2024 forte, quando o volume do comércio mundial de mercadorias cresceu 2,9% e o de serviços comerciais aumentou 6,8%.

Globo Online - RJ   17/04/2025

As tarifas americanas aplicadas sobre produtos chineses podem, em alguns casos, chegarem a até 245%. Documento divulgado no site da Casa Branca na terça-feira detalha essa conta. Não houve a cobrança de tarifas adicionais sobre importações da China: o informe apenas explica como taxas já aplicadas podem se sobrepor.

O documento é uma ordem executiva do presidente Donald Trump para abrir investigações sobre o impacto para os Estados Unidos da restrição de exportações de minerais críticos — a China anunciou recentemente que ira conter a venda desses produtos em retaliação às tarifas americanas. Nesta ordem executiva, a Casa Branca exemplifica como são cobradas as tarifas sobre produtos chineses.

Hoje, os EUA cobram uma "tarifa recíproca" de 125% sobre produtos chineses. Essa tarifa se soma a uma taxa anteriormente aplicada de 20%, criada por Trump supostamente para combater o ingresso de fentanil no mercado americano. Essas são tarifas generalizadas. Além disso, produtos específicos chineses já pagavam, antes mesmo da escalada da guerra comercial, tarifas que variam entre 7,5% e 100%. Ou seja, em alguns casos, a soma das tarifas pode chegar a 245%.

Em viagem pelo Sudeste Asiático, onde busca fortalecer as relações comerciais regionais para compensar o impacto das tarifas dos EUA, o presidente chinês Xi Jinping afirmou, em uma publica ão na rede social X, que tarifas de 245% não vão assustar a China. Apesar as tarifas impostas por Trump, o Produto Interno Bruto (PIB) da China cresceu 5,4% no primeiro trimestre deste ano, além das expectativas.

"Tarifa de 245% não vai nos assustar. Bloqueio à Nvidia não vai nos assustar. Embargo aos veículos elétricos não vai nos assustar. Banimento do TikTok não vai nos assustar. Restrições de investimento não vão nos assustar. Patrulha no Mar do Sul da China não vai nos assustar. Exercício militar da AUKUS não vai nos assustar, escreveu o presidente chinês.

Nesta quarta-feira, a China fez um apelo nesta quarta-feira para que os Estados Unidos "parem de ameaçar e chantagear", depois que a Casa Branca transferiu a Pequim a responsabilidade de iniciar uma negociação para desacelerar a guerra comercial entre as duas grandes economias mundiais.

Detalhando a política de Trump

A Casa Branca detalha no documento as principais decisões da política econômica e comercial do presidente Donald Trump e classifica as tarifas como uma forma de "nivelar o campo de atuação e proteger a segurança nacional dos EUA". Lembra que no primeiro dia de governo, Trump iniciou sua política comercial “America First” para tornar a economia dos EUA grande novamente.

O documento lembra ainda que, no dia 2 deste mês, chamado pelo presidente americano de "Dia da Libertação", o governo dos EUA impôs uma tarifa de 10% a 180 países e tarifas recíprocas mais altas individualizadas às nações com as quais os EUA têm os maiores déficits comerciais. As taxas chegaram a até 50%.

Desde então, afirma a Casa Branca, mais de 75 países já procuraram os EUA para discutir novos acordos comerciais e, por isso, os EUA suspenderam as "tarifas recíprocas" por 90 dias, à exceção da China, que retaliou.

A União Europeia, afirma o documento, que havia anunciado retaliação tarifária para bens americanos, recuou após o anúncio do presidente americano.

CNN Brasil - SP   17/04/2025

Não é de agora o orçamento do governo federal é uma pedra no sapato dos economistas. Mas o alarde ficou ainda maior desde terça-feira (15) com a apresentação do Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) para 2026.

Algumas das previsões da peça orçamentária são vistas como “otimistas demais” por economistas ouvidos pela CNN. Mas o que mais incomodou foi a projeção negativa do governo quanto às despesas discricionárias — aquelas não obrigatórias, em suma, os investimentos.

Sobram para estes gastos os recursos do orçamento que não são tomados pelas despesas obrigatórias (ligadas a benefícios; gastos previstos em Constituição, como os ligados à educação e saúde; e outros) ou pelas emendas parlamentares.

Para 2026, o PLDO prevê 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro (ou R$ 208,3 bilhões) em gastos livres, enquanto aponta 17,4% do PIB (ou R$ 2,385 trilhões) para obrigatórias.

Em 2029, a previsão é de que os gastos obrigatórios subam a R$ 2,838 trilhões, 16,8% em proporção do PIB. Na contramão, as despesas discricionárias devem cair praticamente R$ 200 bilhões, a R$ 8,9 bilhões, ficando em mísero 0,1% do PIB.

Felipe Salto, economista-chefe e sócio da Warren Investimentos, apontou ao WW que “o déficit primário é só um pedacinho do problema”, com o juro real elevado do país pesando sobre o déficit nominal do país.
Gastos pressionando investimentos

Tiago Sbardelotto, economista da XP, explica em nota que esse movimento ocorre porque, a partir de 2027, todos os gastos com precatórios — requisição do Judiciário para pagamento de dívidas do governo federal — devem ser incluídos nos gastos da meta, tomando espaço das despesas discricionárias, que caem 41,3%.

Na nota, o economista ressalta que, ainda fora do limite de gastos, as despesas com precatórios atingirão novo recorde. Em 2026, cerca de R$ 115,7 bilhões em sentenças judiciais e precatórios, dos quais R$ 55,1 bilhões fora da meta de resultado primário, levando o governo a atingir um déficit de quase 0,9% do PIB no próximo ano, de acordo estimativas da XP.

“Atingir um déficit zero em 2026 exigirá receitas adicionais. […] Para atingir o centro da meta de resultado primário, serão necessários quase R$ 110 bilhões adicionais em receitas”, escreve Sbardelotto.

“De maior importância, esse gargalo deve desencadear uma mudança no arcabouço fiscal após a eleição de 2026”, pontua.

Em seu Relatório de Acompanhamento Fiscal (RAF) de abril, a Instituição Fiscal Independente do Senado (IFI) alerta que o arcabouço fiscal — regra para controlar o aumento dos gastos que foi estipulada pelo próprio governo Lula — não está sendo capaz de cumprir seu papel.

“As projeções de dívida indicam que o arcabouço fiscal como instrumento para efeito de estabilidade das contas públicas, no longo prazo, não tem sido muito eficaz”, afirmou ao CNN Money Alexandre Andrade, diretor da IFI.

O novo marco fiscal deu fim ao teto de gastos — regra adotada a partir do governo de Michel Temer. A partir de então, as despesas do governo podem crescer entre 0,6% – em períodos de retração – e 2,5% – em momentos de expansão – acima da receita do ano anterior e com valores corrigidos pela inflação.

Dentro da banda, os gastos poderão crescer até 70% da variação da receita do ano anterior.

A questão é que, ainda com a regra, os gastos obrigatórios seguiram em alta, num ritmo mais acelerado do que o permitido pelo arcabouço fiscal, de modo a tomar o espaço permitido pela regra.

Felipe Salto ressalta que a situação para 2025 “já está mais ou menos equacionada”, uma vez que o governo provavelmente cumprirá a meta de déficit fiscal zero, ainda que na banda inferior de tolerância.

O problema começa em 2026, quando o governo projeta um superávit fiscal de 0,25% do PIB e a Warren um déficit de 0,8%.

“O que o governo vai ter que fazer é mudar a meta fiscal, […] em agosto [quando apresenta o Orçamento] não vai escapar. Vai gerar ruído com o mercado, mas resolveu o mandato atual”, pontuou ao WW.

“Ajuste fiscal pra valer a partir de 2027, aí precisa de uma lista de medidas. Se não se comprometer com isso, esquece. Aí nao vai ter arcabouço, teto de gastos, a melhor regra do mundo que resolva esse problema”, concluiu o economista-chefe da Warren.
Governo otimista, realidade pessimista

Segundo o PLDO, a dívida bruta do governo geral deve atingir o pico em 2028, a 84,2% do PIB, e em seguida recuar até atingir 81,6% do PIB em 2035.

No WW, Salto pontuou que a dívida do Brasil em torno de 80% do PIB é aproximadamente 13 pontos porcentuais superior à média do grupo dos países emergentes.

O que os economistas apontam também é que as projeções do governo não corroboram com a realidade que está por vir.

“As projeções da dívida parecem otimistas. De acordo com nossa visão, a dívida deve chegar a 83,9% em 2026 e continuar crescendo nos anos seguintes, atingindo um pico de 94,7% em 2034. Isso representa um nível muito mais alto – e mais arriscado – do que o projetado pelo governo”, afirma Sbardelotto.

“A diferença provavelmente se deve às hipóteses relativas à trajetória do resultado primário atual (esperamos um superávit somente a partir de 2029), ao crescimento do PIB de médio prazo (assumimos uma média de 2%) e à taxa de juros (consideramos 9,5% no estado estacionário)”, pondera.

Alexandre Andrade pondera que enquanto alguns gastos — sobretudo os previdenciários — estão subestimados, as receitas foram superestimadas.

“Nós temos um posicionamento mais conservador em relação a materialização dessas receitas porque elas possuem muitas incertezas envolvidas”, afirma o diretor da IFI, ressaltando o risco de o governo acabar descumprindo as metas de gastos de 2026 em diante ao não seguir estimativas tão alinhadas com o que os economistas projetam.

Para Salto é importante ressaltar porém que o quadro não é de insolvência, uma vez que o Tesouro Nacional ainda tem caixa robusto e a demanda por títulos públicos é constante.

“Qual que é o problema então? É o nível elevado de gasto, a má qualidade da despesa e esse sistema orçamentário que entrou num piloto automático. Alguém é contra o gasto em saúde e em educação? Não, mas como fazer? O tamanho desse gasto, avaliar essa despesa, se essa agenda não for enfrentada, em 2027 o país fica ingovernável”, pondera o economista-chefe da Warren.

“Minha aposta é que será enfrentada, não agora. Mas o governo que assumir vai precisar de um plano para as contas públicas”, pontua.

Análise: Os fatores que levaram a um iminente colapso fiscal | WW

Solução

Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, ressalta que já faz tempo que as despesas obrigatórias tomam 90% do espaço do orçamento. Sua avaliação é de que não haveria grande diferença entre eleger “presidente ‘a’ ou ‘b'” porque há pouco espaço para manobrar os recursos.

A solução estaria em uma reforma estrutural.

“Tudo isso é bem limitado e cada vez menor. Há mais de 10 anos temos discussões sobre necessidade de discussão de gastos, de uma reforma fiscal que não olhe só para aumentar receita, mas discutir gasto porque não tem mais espaço”, pontua Cruz.

Apesar da dificuldade de se comprimir as despesas obrigatórias no curto prazo, Salto vê que “a saída para essa armadilha é resolver esse problema estrutural do gasto muito engessado”.

Dentre as possibilidades que elenca, o economista aponta para a necessidade de:
Mudar vinculação constitucional dos gastos de saúde e educação;Alterar a regra do salário mínimo: a política pode ser mantida, mas não como indexador para gasto público, sim como uma política de mercado de trabalho.

Mas aqui, também chama atenção para as emendas parlamentares. Olhando para o Congresso, o economista ironiza “farinha pouca, meu pirão primeiro”.

“Conseguiram carimbar um crescimento contínuo [das emendas] como se o país não precisasse de outra coisa”, disse o sócio da Warren, ressaltando que este é um gasto de má qualidade devido a maneira pulverizada e pontual como é executado, o contrário de um investimento estruturante voltado ao longo prazo.

“É preciso que o Congresso ponha a mão na consciência”, conclui.

Globo Online - RJ   17/04/2025

Mesmo com os esforços do governo federal para conter benefícios fiscais, os chamados gastos tributários — isenções, deduções e regimes favorecidos que reduzem a arrecadação — devem atingir R$ 620,8 bilhões em 2026, o equivalente a 4,53% do Produto Interno Bruto (PIB).

Os dados constam do Demonstrativo de Gastos Tributários anexado ao Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) de 2026, cujos detalhes foram divulgados nesta quarta-feira.

Os números totais representam um crescimento em relação aos R$ 543,6 bilhões projetados para 2025. Isso representa uma expansão de mais de R$ 77 bilhões em um ano. Em 2025, os gastos tributários já representavam quase 20% da arrecadação prevista pela Receita Federal.

A cifra mantém os gastos tributários em um patamar elevado, o que pode continuar gerando preocupação em órgãos de controle como o Tribunal de Contas da União (TCU), que já alertou para as necessidades de avaliar a eficácia dos incentivos e da sua compatibilidade com as metas fiscais do país.

De acordo com o documento apresentado, os benefícios estão fortemente concentrados em áreas como comércio e serviços, agricultura e no regime do Simples Nacional. Juntas, essas três frentes respondem por mais de R$ 350 bilhões em isenções. A estimativa inclui diversos tipos de benefícios, como desoneração da folha, isenção de tributos federais, regimes especiais e deduções.

O Simples Nacional, voltado a micro e pequenas empresas, responde sozinho por R$ 120,1 bilhões. Já o setor de comércio e serviços lidera em valores absolutos, com R$ 137,9 bilhões. A agricultura, que inclui desonerações como a da cesta básica e isenções previdenciárias sobre exportações, tem renúncia projetada em R$ 101,3 bilhões. Outras áreas, como assistência social, ciência e tecnologia e saúde, também aparecem entre os maiores valores.

Maiores renúncias tributárias em 2026 (por função orçamentária):

Comércio e Serviços: R$ 137,9 bilhões Simples Nacional: R$ 120,1 bilhões Agricultura: R$ 101,3 bilhões Assistência Social: R$ 41,1 bilhões Ciência e Tecnologia: R$ 18,7 bilhões Saúde: R$ 11,4 bilhões Educação: R$ 10,6 bilhões

Money Times - SP   17/04/2025

O Itaú Unibanco avalia que o Comitê de Política Monetária (Copom) pode realizar a última alta do aperto monetário na reunião de maio. Em outro cenário, a instituição ainda vê uma alta na Selic em junho, mas inferior a 0,50 ponto percentual (p.p.).

Segundo o economista-chefe Mario Mesquita, a guerra comercial causada pelo tarifaço do presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, pode ter impacto líquido desinflacionário para o Brasil.

O recuo da inflação pode ser motivado pela queda de preços de commodities em reais, a depender da taxa de câmbio, afirmam.

“Evidências de um impacto desinflacionário poderiam permitir uma pausa antecipada do ciclo de alta de juros”.

Os economistas, no entanto, não descartam que o impacto das tarifas impostas por Trump seja inflacionário.

“Dada a incerteza e volatilidade do cenário, o Banco Central deve ser cauteloso para não tomar decisões precipitadas que possam incorrer em mais risco inflacionário adiante, considerando um cenário de expectativas bastante desancoradas”, afirmam.

O cenário base do Itaú para a Selic

Apesar de reconhecer o risco de uma pausa antecipada no ciclo de alta da Selic, esse não é o cenário base do Itaú. A instituição espera que o Copom eleve a taxa de juros em 0,50 p.p. tanto em maio quanto em junho.

A projeção da casa é de que a Selic feche o ano de 2025 no patamar de 15,25% ao ano.

“As expectativas de inflação desancoradas, o hiato positivo, e as projeções do próprio Banco Central seguem indicando com a necessidade de seguir avançando com o ciclo de alta de juros em território contracionista”, dizem.

Para 2026, o Itaú espera que o Copom inicie os cortes de juros ao longo do primeiro semestre, levando a taxa para 13,25% ao final do ano.

O Estado de S.Paulo - SP   17/04/2025

Impactado negativamente por fatores como ambiente econômico e educação, o Brasil ficou em último lugar no mais recente ranking de competitividade industrial elaborado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). No estudo, antecipado ao Estadão/Broadcast, a entidade comparou o Brasil com outros 17 países que competem com o País no mercado internacional, considerando oito fatores que afetam o desempenho das empresas mundo afora.

Os três aspectos que mais pesaram negativamente no resultado foram Ambiente Econômico; Desenvolvimento Humano e Trabalho; e Educação. Em todos eles, o Brasil ocupou o último lugar no ranking. No primeiro, o custo alto de financiamento no País figura como um dos empecilhos históricos para a indústria. No momento, o alto patamar da Selic, em 14,25% ao ano, reforça esse efeito.

Nesse cenário, o segmento comemora o fato de o governo atual ter lançado uma política industrial, a Nova Indústria Brasil (NIB), que inclui uma vertente de crédito liderada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Para ver os efeitos do programa no ranking, no entanto, será necessário mais tempo. Por ora, o superintendente de Política Industrial da CNI, Fabrício Silveira, classifica a NIB como um “avanço considerável”, inclusive por ter sido incrementada desde o lançamento há um ano. A previsão de financiamentos pelo plano partiu de R$ 300 bilhões para R$ 507 bilhões até 2026.

“Estamos falando de políticas que geram incentivos para a transformação técnica, transformação tecnológica em alguns setores. São políticas que vão gerar incentivos, por exemplo, na formação de trabalhadores. A política industrial, no mundo, em geral, demanda de cinco a dez anos para ser avaliada”, aponta Silveira, defendendo a necessidade de o plano se tornar uma política de Estado permanente.

O ambiente tributário foi outro aspecto que ajudou a jogar o Brasil para a última posição no ranking de Ambiente Econômico. Nesse caso, a CNI entende que o País viverá um avanço significativo com a reforma tributária. Mas alerta que é preciso cuidado com as regulamentações, especialmente para que exceções tributárias não façam a alíquota média do novo imposto sobre o consumo ser muito alta.

O estudo da CNI mostra que, em nenhum dos macroindicadores que compõem o ranking, o País figurou na primeira metade da classificação. No aspecto em que o País se sai melhor é no desempenho de Baixo Carbono e Recursos Naturais, ocupando a 12ª posição. O destaque positivo ficou no subfator de descarbonização, com o 2º lugar no ranking. Segundo a CNI, ainda seria necessário o País avançar em termos de economia circular, subfator no qual o Brasil se desempenhou mal.

A CNI publica o ranking desde 2010. Nesta edição, a entidade trouxe alterações metodológicas, com a redefinição de países que competem com o Brasil. Agora, o estudo destaca as economias que possuem uma cesta de produção mais próximas à do País e que estão presentes nos mesmos mercados, tanto no nível de importação quanto de exportação.

As comparações foram feitas com Coreia do Sul, Países Baixos, Canadá, Reino Unido, China, Alemanha, Itália, Espanha, Rússia, Estados Unidos, Turquia, Chile, Índia, Argentina, Peru, Colômbia e México. Entender o nível de competitividade desses países frente ao Brasil e quais problemas internos atacar será importante também no novo cenário global, em que as cadeias são redesenhadas pela política tarifária de Donald Trump nos EUA.

Silveira, da CNI, diz que, embora o desempenho do Brasil no ranking tenha sido ruim, os resultados também revelam a “resiliência” da indústria brasileira. “No meio de um ambiente de negócio e um ambiente econômico que são adversos, que oneram, mesmo assim a gente ainda consegue acessar esses mercados de forma competitiva com algumas das nossas firmas”, diz o superintendente.
Desenvolvimento Humano e Educação

No fator de Desenvolvimento Humano e Trabalho, em que o País também figurou na última posição, quem lidera entre os países é a Coreia do Sul. Relações de trabalho, que aponta o Brasil em 16º; Saúde e Segurança, em que o País figura em 15º; e Diversidade, Equidade e Inclusão, no qual ocupa o penúltimo lugar, são os subfatores considerados na classificação. No primeiro, por exemplo, foram analisados os temas sobre razão de dependência e impacto das regulamentações trabalhistas na atividade empresarial.

Já no sub-ranking Educação, que também levou o Brasil para o último lugar do levantamento, problemas da formação educacional, como baixa adesão ao ensino técnico e volume baixo de formação de profissionais ligados à ciência e tecnologia, foram quesitos que afetaram negativamente o País. Nesse fator, quem ocupa o primeiro lugar é a Alemanha.

“A baixa qualidade da educação impacta diretamente no mercado de trabalho e no desenvolvimento sustentável econômico. O caminho é desafiador e inclui a necessidade de recuperação de problemas trazidos pela pandemia e pela guerra, a redução do Custo Brasil, como também o aumento da produtividade e da inovação em todas as camadas da economia”, comentou o presidente da CNI, Ricardo Alban.

Em outros cinco indicadores, o Brasil também esteve abaixo da média no ranking da competitividade industrial. No desempenho de Comércio e Integração Internacional, liderado pelos Estados Unidos, o Brasil ficou em 14º lugar. Nesse caso, há desafios em questões como a integração da indústria ao comércio internacional, participação nas exportações da indústria de transformação e exportação de média e alta tecnologia.

Na infraestrutura, em que os brasileiros convivem com problemas crônicos, o País ocupa a 15ª posição. “Os pontos de maior necessidade de melhoria são a qualidade das rodovias, a densidade da malha ferroviária e a eficiência nos portos”, aponta a CNI.

O Brasil ficou no mesmo lugar no ranking de Desenvolvimento Produtivo, Inovação e Tecnologia. Mas, no subfator de ciência, tecnologia e inovação, o País se saiu melhor, na 12ª posição, em que se tem os indicadores de complexidade econômica associado à pesquisa e o de investimento em pesquisa e desenvolvimento, ocupando a 9ª e 11ª posição, respectivamente.

“Não é todo país do mundo que tem uma estrutura com a capilaridade do Senai, por exemplo. Não é todo país que tem universidades federais que fazem pesquisa aplicada. Também temos bons exemplos de instituições de fomento como a Finep”, diz Silveira sobre os avanços brasileiros neste segmento.

Globo Online - RJ   17/04/2025

Mesmo com a guerra tarifária se acirrando, com impacto no crescimento global, a economia brasileira deve crescer acima de 2% este ano. A avaliação é da equipe de economistas do Itaú, liderados pelo economista-chefe, Mario Mesquita, que avaliam que o novo crédito consignado privado deverá compensar os efeitos negativos.

"Acreditamos que a desaceleração global e a queda de preços de commodities têm efeito negativo sobre a atividade, mas devem ser compensadas pela expansão do novo crédito consignado privado. Apesar da manutenção da projeção para este ano, de crescimento de 2,2% para a economia brasileira, destacamos o viés de baixa, diante do elevado risco de desaceleração da atividade mundial", escreveram os analistas do Itaú, ressaltando que para 2026 a projeção de crescimento do PIB de 1,5% também foi mantida.

Segundo os economistas do Itaú, o impacto das tarifas do presidente Donald Trump pela via comercial é limitado para o Brasil, devido ao reduzido grau de abertura comercial do país. Por vias indiretas, o Brasil é impactado pela desaceleração global, queda nos preços de commodities e redução do fluxo financeiro, com maior aversão ao risco. Mas o Itaú vê alívio externo com renegociação das tarifas, embora haja riscos relevantes com a escalada da guerra comercial.

Segundo os economistas, o real tem sido impactado pelo cenário internacional, mas o banco manteve a projeção de câmbio para R$ 5,75 este ano e também para 2026. Já para a inflação, o Itaú revisou sua projeção para 2025 de 5,7% para 5,5%, com expectativa de corte nos preços da gasolina nas refinarias e os efeitos da queda de preços de commodities metálicas sobre a inflação de bens industriais. Para 2026, a projeção de inflação foi revisada para 4,4% (de 4,5%).

O desafio fiscal do país segue significativo, observam os economistas do Itaú. O banco revisou sua projeção de resultado primário para −0,8% (de −0,7%) em 2025 e 2026. Diante da expectativa de receitas menores por inflação e preços de petróleo mais baixos. Os economistas avaliam ser ainda mais importante que o governo anuncie medidas de contenção de despesas.

Para a Selic, o banco manteve a projeção de fim de ciclo de política monetária em 15,25% na reunião de junho, patamar que deve ser mantido até o final do ano. O Itaú espera duas altas de 50 pontos percentuais nas próximas duas reuniões do Banco Central, mas com menor convicção sobre a segunda – cuja implementação depende da evolução do cenário internacional e seu impacto sobre a taxa de câmbio e os preços de commodities.

Impacto no PIB global

Os economistas do Itaú dizem que o aumento de tarifas tem impacto negativo no PIB global, que deve crescer 2,7% este ano de uma previsão anterior de 3,2%. Para 2026, a projeção é de crescimento de 2,6% dos 3,2% anteriores. Nos Estados Unidos, o crescimento deve se reduzir de 2% previstos anteriormente para 1,2% este ano e 1% em 2026.

Na China, mesmo que se chegue a um acordo que reduza a tarifa efetiva com os EUA dos atuais, 104% em vigor para cerca de 60%, as exportações do país para os EUA ficam virtualmente inviáveis. Com isso, os economistas do Itaú reduziram a projeção de crescimento da economia chinesas de 4,5% para 4,2% em 2025, com manutenção em 4% em 2026.

O Estado de S.Paulo - SP   17/04/2025

A análise dos números apresentados pelo governo na terça-feira, 15, durante o anúncio de envio do Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) de 2026 para o Congresso Nacional, trouxe mais preocupação para o mercado financeiro em relação às contas públicas. A proposta define as regras gerais do Orçamento e a meta de equilíbrio entre receitas e despesas que o Poder Executivo deve perseguir.

O BTG Pactual avalia, em relatório, que as estimativas do governo no projeto são superestimadas do lado das receitas e conservadoras nas despesas obrigatórias. O governo projeta déficit primário — a diferença entre a arrecadação e as despesas, fora os juros da dívida — de R$ 16,9 bilhões (0,12% do Produto Interno Bruto) no próximo ano, enquanto o banco estima déficit superior, de R$ 90 bilhões.

“As projeções do PLDO não consideram o aumento na CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido) — R$ 15 bilhões — e o imposto sobre IoE (”Interest on Equity”, os Juros sobre Capital Próprio) — R$6 bilhões —, incluídos no Orçamento de 2025. Essa mudança indica que essas medidas provavelmente serão excluídas da projeção de receita de 2025 no próximo relatório bimestral, agendado para 22 de maio”, observa.

O BTG destaca que a previsão para gastos com pensões está R$ 16 bilhões acima da estimativa do banco, enquanto a projeção para gastos com folha de pagamento ultrapassa em R$ 18 bilhões.

Em relação a 2027, o BTG avalia que a previsão do governo deve aderir à regra fiscal atual, que exige a inclusão total dos pagamentos determinados pela justiça dentro do teto de gastos e no cálculo do resultado primário.

Consequentemente, o gasto discricionário é comprimido a um nível incompatível com o funcionamento básico do setor público”, afirma. “Um entendimento mais preciso do cenário para 2027 só surgirá uma vez que uma nova regra para os pagamento determinados pela Justiça seja estabelecida - uma discussão que provavelmente ganhará impulso em 2026”, frisa.

‘Execução difícil’

O economista Tiago Sbardelotto, da XP Investimentos, considera que a execução do PLDO de 2026 será difícil, devido à desaceleração das receitas e ao crescimento das despesas acima do limite. “Isso impõe ao governo uma dificuldade muito grande no ano que vem, uma vez que precisará correr atrás de receitas e implementar contenção de despesas”, afirma.

Segundo o economista, a projeção de crescimento de 5,5% das receitas para 2026, em cima de uma base já inflada para 2025, parece muito otimista, sendo desafiador atingir os R$ 118 bilhões necessários em receitas adicionais para fechar a meta do resultado primário. “Esse número faz sentido, nós falávamos em algo em torno de R$ 110 bilhões, mas considerando dividendos e royalties de petróleo, o que o governo não considera”, pondera.

Quanto às despesas, o economista avalia que, mesmo retirando os precatórios das projeções das discricionárias para 2027, 2028 e 2029, os números devem seguir elevados, uma vez que as dívidas judiciais não são o único problema. Para ele, as estimativas do governo demonstram a insustentabilidade do arcabouço fiscal a partir de 2027.

“O governo precisa tomar uma decisão quanto a retirar os precatórios do limite de despesas porque não faz muito sentido essa dinâmica de colocar tudo dentro do Orçamento, mas não ter ali um espaço para isso. A minha visão é de que essa discussão poderia ser feita a qualquer momento”, diz.

Adicionalmente, Sbardelotto ressalta que a dívida pública não deve se estabilizar em 2028, mantendo trajetória ascendente até atingir o pico em 2034, quanto a XP projeta que a dívida atinja 94,7% do PIB.

Para 2026, a estimativa da corretora é de déficit primário de R$ 74,8 bilhões (0,6% do PIB), já considerando os precatórios.

‘Alta de receitas irrealista’

O crescimento das receitas para 2026 projetado pelo governo no PLDO é irrealista, na avaliação do economista da MCM 4 Intelligence Renan Martins. Ele destaca, porém, que o cumprimento da meta de resultado primário para o ano que vem, de superávit de 0,28% do PIB ainda é factível, dada a possibilidade de receitas extraordinárias advindas de dividendos de estatais ou de novos leilões de petróleo.

“A questão é que o governo insistiu em ganhos de receitas concentradas em regularização de passivos tributários, como o Carf, que já vimos em 2024 e 2025 que têm um potencial muito baixo”, afirma o economista. Assim, para ele, o superávit primário neste ano pode sim ser atingido, a depender do que ocorra com outros vetores. “O leilão do excedente do petróleo pode ocorrer neste ano e gerar uma receita na casa de R$ 35 bilhões, que entraria para o ano que vem”, exemplifica.

Entre os problemas da peça orçamentária apresentada ontem, mas pelo lado das despesas, Martins destaca que o governo pode ter subestimado o novo valor do salário mínimo de 2026, por estar prevendo uma inflação baixa de mais para 2025.

A projeção do governo é de um salário mínimo de R$ 1.630 a partir do ano que vem, o que leva em conta uma expectativa de inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) acumulado até novembro deste ano de 4,75%, segundo Martins. Ele, porém, trabalha com um cenário de inflação em 5,81% no período, o que obrigaria o salário mínimo a ser reajustado para R$ 1647. “Pode parecer pouco (a diferença), mas traria um impacto no orçamento na casa de R$ 7 bilhões”, observa.

Problema para 2027

A avaliação de Martins é de que, apesar de algumas incongruências, a questão fiscal para o ano de 2026 está em algum grau resolvida, mas que o grande problema se dará de 2027 em diante. Há especial preocupação com a perda contínua de orçamento das despesas discricionárias (não obrigatórias) pelos próximos anos, conforme o próprio governo prevê, o que, em última instância, levaria à paralisação da máquina pública.

“Pelos últimos anos, a gente conhece os valores necessários para funcionamento da máquina pública e pagamento de emendas, e vê que aquilo (que está no PLDO) é inviável. A partir de 2027 o Orçamento já é inexequível”, afirma.

Assim, a avaliação do economista é de que o governo estaria jogando o problema para a frente. “Resta a dúvida de saber ‘em que futuro’ esse problema será enfrentado, já que em meados de 2026 o Orçamento do ano seguinte precisará ser apresentado”, comenta Martins. “Pode ser que haja uso de projeções irrealistas e o problema fique para ser resolvido só em 2027, no próximo governo.”

Globo Online - RJ   17/04/2025

O presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, voltou a enfatizar que a instituição, equivalente ao banco central dos EUA, precisa garantir que as tarifas sobre importados impostas pelo governo de Donald Trump não provoquem um aumento mais persistente da inflação.

— Nossa obrigação é manter as expectativas de inflação de longo prazo bem ancoradas e assegurar que um aumento pontual no nível de preços não se transforme em um problema inflacionário contínuo — disse Powell hoje, lendo um discurso preparado para o Economic Club de Chicago.

A afirmação indica que ele vai priorizar o combate à inflação, o que deve adiar a redução da taxa de juros no país, mesmo diante dos riscos de uma recessão penalizar o mercado de trabalho. O Fed tem como mandatos não só manter a inflação em 2% ao ano. Também tem metas relacionadas ao emprego na maior economia do planeta. O problema é que as previsões apontam uma estagnação com inflação em consequência das tarifas.

Os integrantes do Fed cortaram os juros três vezes consecutivas no fim de 2024, mas começaram 2025, quando Trump assumiu, sinalizando uma abordagem mais paciente diante da inflação persistente. Muitos da cúpula da instituição destacaram a necessidade de minimizar o risco de que as tarifas levem a um aumento contínuo da inflação e das expectativas de longo prazo dos americanos sobre o crescimento dos preços.

Enquanto isso, as demissões e o desemprego — que ficou em 4,2% em março — continuam baixos. Os empregadores dos EUA criaram 228 mil vagas no mês passado, superando as previsões.

Equilíbrio delicado e ações em queda

Powell afirmou que os formuladores de política monetária equilibrarão suas duas responsabilidades — promover o máximo emprego e a estabilidade de preços — “tendo em mente que, sem estabilidade de preços, não podemos alcançar longos períodos de condições favoráveis no mercado de trabalho que beneficiem todos os americanos”.

Com a perspectiva de juros altos por mais tempo, as ações nos EUA ampliaram as perdas e o dólar caiu após os comentários de Powell. Os rendimentos dos títulos do Tesouro americano de 10 anos recuaram levemente.

As declarações reforçam uma mensagem que Powell vem enfatizando repetidamente, como no último dia 4 de abril: os dirigentes do Fed não têm pressa para mudar a taxa básica de juros da instituição.

Enquanto buscam maior clareza sobre como as políticas econômicas do presidente Donald Trump — especialmente no comércio — afetarão a economia dos EUA, Powell e outros dirigentes do Fed têm demonstrado apoio à manutenção das taxas inalteradas.

— Por ora, estamos bem posicionados para aguardar maior clareza antes de considerar qualquer ajuste em nossa postura de política monetária — disse Powell.

Decepção no mercado

Na sessão de perguntas e respostas após o discurso, Powell afirmou que espera que o desemprego e a inflação sigam se afastando das metas do Fed “provavelmente pelo restante do ano”.

O discurso foi seguido de frustração no mercado:

— As pessoas estavam esperando que o Fed diria que iria cortar (a taxa de juros), mas Powell afirmando que o Fed ainda precisa estudar é um desapontamento — afirmou Paul Christopher, líder de estratégia de investimentos do Wells Fargo Investment Institute. — Ele (Powell) está falando sobre desemprego, mas ele não está falando sobre como o Fed vai operar para diminuí-lo com cortes de juros.

Mandato em Conflito

O presidente do Fed reconheceu que uma economia em desaceleração e uma inflação elevada podem eventualmente colocar em conflito os dois objetivos da instituição.

— Podemos nos encontrar em um cenário desafiador no qual nossos objetivos de duplo mandato estejam em tensão — disse ele. — Se isso ocorrer, consideraremos o quão distante a economia está de cada meta, e os diferentes horizontes de tempo em que se espera que essas lacunas sejam fechadas.

Trump continua a alterar drasticamente seus planos de imposição de novas tarifas sobre importados, principalmente os da China, deixando empresas, consumidores e mercados financeiros globais em alerta diante da constante instabilidade.

Ele recuou das chamadas tarifas recíprocas anunciadas em 2 de abril, depois que os planos causaram turbulência nos mercados. Em seguida, avançou com uma tarifa global básica de 10% e encargos superiores a 100% sobre a China, depois enviou sinais contraditórios sobre criar isenções para smartphones e outros produtos tecnológicos.

O presidente dos EUA também impôs tarifas sobre importações de automóveis, aço e alumínio, e sinalizou que medicamentos e semicondutores podem ser os próximos.

Muitos analistas estimam que as tarifas impulsionarão a inflação e desacelerarão o crescimento econômico — uma visão que Powell compartilha.

A inflação, medida pelo indicador preferido do Fed, foi de 2,5% no acumulado de 12 meses até fevereiro, bem abaixo do pico pós-Covid, mas ainda persistentemente acima da meta de 2% do banco central americano. No discurso, Powell disse que as estimativas apontam que esse índice será de 2,3% em março.

Expectativas de Inflação

Powell reiterou nesta quarta-feira que o nível de aumento tarifário anunciado até agora é significativamente maior que o previsto. Ele acrescentou que os encargos provavelmente gerarão, no mínimo, um aumento temporário da inflação — mas que os efeitos inflacionários também podem ser mais duradouros.

— Evitar esse resultado dependerá da magnitude dos efeitos, do tempo que levará para que eles sejam totalmente repassados aos preços e, em última instância, de manter as expectativas de inflação de longo prazo bem ancoradas — disse.

MINERAÇÃO

Diário do Comércio - MG   17/04/2025

A produção de minério de ferro da Vale em Minas Gerais totalizou 32,7 milhões de toneladas nos primeiros três meses deste ano, conforme balanço divulgado nesta terça-feira (15). Em relação ao mesmo período do ano passado, o volume retraiu 6,3%.

A mineradora teve números negativos tanto no Sistema Sudeste, que abrange os complexos de Itabira, Minas Centrais e Mariana, quanto no Sistema Sul, que compreende as operações de Vargem Grande e Paraopeba. No primeiro, foram produzidas 18,4 milhões de toneladas, queda de 5,9%. No segundo, o montante somou 14,3 milhões de toneladas, baixa de 6,9%.

Segundo o relatório, o volume de minério de ferro produzido no Sistema Sudeste diminuiu 1,2 milhão de toneladas devido a uma manutenção corretiva de 49 dias na planta de Cauê, que impactou a produção de Itabira. O resultado, porém, foi parcialmente compensado por um melhor desempenho em Fazendão, em virtude de melhorias implementadas na unidade de processamento ao longo de 2024, e maiores compras de terceiros.

Já no Sistema Sul, a redução produtiva de 1,1 milhão de toneladas se deu em razão, principalmente, do plano de priorizar a produção de produtos de maior margem em resposta às atuais condições de mercado, de acordo com a empresa.

Minas Gerais respondeu por 48,3% do total de minério de ferro produzido pela Vale no trimestre. Localizado no Pará, o Sistema Norte, composto pelos complexos de Serra Norte, Serra Leste e S11D, foi responsável por 51,7% (35 milhões de toneladas) da produção. Ao todo, a mineradora produziu 67,7 milhões de toneladas, decréscimo anual de 4,5%.

No Sistema Norte, o resultado também foi negativo, em 2,6%, impactado pelas restrições de licenciamento em Serra Norte, já previstas pela empresa e intensificadas pelos níveis elevados de chuva. Por outro lado, o S11D atingiu a maior produção para um primeiro trimestre, estimulado pelas iniciativas de confiabilidade dos ativos.

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A previsão da Vale para o ano é de produzir entre 325 milhões e 335 milhões de toneladas de minério de ferro. Apesar da queda no primeiro trimestre, a empresa destacou que o comissionamento dos projetos Capanema e VGR1 progrediram, “garantindo uma maior flexibilidade operacional e aderência ao guidance de produção para 2025”.

Ambos os projetos citados ficam em Minas Gerais, começaram a ser comissionados no final de 2024, estão em fase de rump-up e visam adicionar, cada um, 15 milhões de toneladas de minério de ferro à produção anual da empresa. A capacidade máxima do de Capanema deve ser atingida no primeiro trimestre de 2026, e o de VGR1, no trimestre seguinte.
Produção de pelotas e vendas de minério de ferro

Com estimativa de alcançar entre 38 milhões e 42 milhões de toneladas neste ano, a Vale produziu, nos primeiros três meses deste ano, 7,2 milhões de toneladas de pelotas, o que representa um decréscimo de 15,2% em comparação ao mesmo intervalo do último exercício. Em Minas Gerais, o material é fabricado somente em Vargem Grande, sendo que, no período, foram produzidas 1,1 milhão de toneladas no complexo, baixa de 8,3%.

Ao contrário da queda na produção, as vendas de minério de ferro da empresa subiram 4% entre janeiro e março de 2025, ante igual época de 2024, para 66,1 milhões de toneladas.

Infomoney - SP   17/04/2025

Os preços futuros do minério de ferro caíram nesta quarta-feira, com a nova escalada da tensão comercial entre China e Estados Unidos aumentando os temores relacionados às perspectivas da demanda, enquanto também se intensificaram as dúvidas sobre a possibilidade de estímulos na China após uma série de dados otimistas.

O contrato de setembro do minério de ferro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) da China recuperou parte das perdas registradas mais cedo e encerrou as negociações do dia com queda de 0,14%, a 708 iuanes por tonelada.

O minério de ferro de maio, referência na Bolsa de Cingapura, caiu 1,28%, para US$97,45 a tonelada.

A economia da China cresceu 5,4% em relação ao ano anterior no primeiro trimestre, segundo dados divulgados nesta quarta-feira, superando as estimativas, sustentada pelo consumo sólido e pela produção industrial.

Além disso, os preços das casas novas na China ficaram estáveis em março em relação ao mês anterior, sinalizando uma ligeira melhora em relação a fevereiro, quando os preços caíram 0,1% em relação ao mês anterior.

As esperanças de que Pequim revele um estímulo agressivo para combater os choques tarifários dos EUA para atingir a meta de crescimento anual diminuíram um pouco, pressionando para baixo o mercado de ferrosos.

O enfraquecimento dos preços ocorreu apesar dos sinais de menor oferta e demanda resiliente.

A Rio Tinto informou seus menores embarques de minério de ferro para um primeiro trimestre desde 2019 e alertou que mais eventos climáticos poderiam levar a empresa a não atingir sua previsão para 2025.

A mineradora brasileira Vale (VALE3) produziu 67,7 milhões de toneladas de minério de ferro no primeiro trimestre de 2025, uma queda de 4,5% em relação ao ano anterior.

A produção de aço bruto da China em março subiu 4,6% em relação ao ano anterior, incentivada por margens mais altas e exportações robustas.

“A demanda por aço tem mostrado sinais de abrandamento desde a semana passada; o impacto das tensões comerciais sobre as exportações provavelmente não aparecerá até maio”, disse Zhuo Quiqiu, analista da corretora Jinrui Futures.

Brasil Mineral - SP   17/04/2025

A parceria tem como meta avaliar modelos de negócios e possíveis estruturas de financiamento que ajudem no processo de descarbonização da indústria capixaba.

O Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo (Bandes) e a Vale assinaram protocolo de intenções com o objetivo de fomentar a cadeia de valor da economia verde no Espírito Santo, com foco na produção e consumo de combustíveis de baixo carbono, como biometano, hidrogênio verde e tecnologias de captura e armazenamento de gás carbônico (CO2). A parceria tem como meta avaliar modelos de negócios e possíveis estruturas de financiamento que ajudem no processo de descarbonização da indústria capixaba, especialmente nas áreas de mineração e siderurgia. A proposta está alinhada às diretrizes estratégicas do banco de desenvolvimento, que visam promover uma economia mais verde por meio da neoindustrialização do Estado. “A gente nunca deixa de usar os combustíveis, mas precisamos usar cada vez menos. Estamos usando a força dos combustíveis fósseis para alavancarmos a energia limpa. Estamos montando um ciclo virtuoso e quando a Vale busca conosco todas as alternativas possíveis para a descarbonização nos deixa animados, pois esse é um caminho sem volta”, disse o governador capixaba Renato Casagrande.

Para o diretor-presidente do Bandes, Marcelo Saintive, a colaboração com a Vale fortalece a atuação do banco em prol de soluções sustentáveis. “A assinatura do documento sinaliza um passo importante para a construção de um ambiente mais favorável à inovação verde no Espírito Santo e reafirma o compromisso do banco em apoiar projetos que promovam a transição energética e o desenvolvimento sustentável capixaba. “Além disso, o Bandes segue o movimento dos bancos de desenvolvimento de todo o mundo, atuando como catalisador de investimentos em inovação e tecnologias limpas”, pontuou. Já a gerente de Mudanças Climáticas da Vale, Vivian MacKnigh, comentou que a assinatura do protocolo de intenções reforça a estratégia da empresa de explorar alternativas para descarbonização e combate às mudanças climáticas. “Temos metas claras para reduzir nossas emissões e buscamos soluções inovadoras para alcançar esses objetivos. Acreditamos que o Bandes pode ser uma alavanca de desenvolvimento para que as empresas estejam cada vez mais preparadas para atenderem ao mercado de forma sustentável”, disse.

A Vale já adota diretrizes sustentáveis em sua estratégia corporativa com o objetivo de reduzir as emissões de carbono e contribuir para a agenda ambiental global. A parceria com o Bandes poderá compartilhar conhecimentos, elaborar estudos técnicos e mobilizar especialistas e agentes de mercado nacionais e internacionais para viabilizar as iniciativas conjuntas. “A formalização dessa parceria é estratégica para a agenda de sustentabilidade e direcionamento dos esforços do Banco para financiamento de projetos relacionados à economia verde, porque estamos indo além do crédito, estamos criando as condições necessárias para que novas cadeias de valor surjam no estado, por meio da produção de combustíveis de baixo carbono. A Vale é um grande demandante do insumo, precisamos identificar e estimular o potencial de produção que o estado tem, e esta parceria é o primeiro passo para isso”, destacou a diretora Operacional do Bandes, Gabriela Vichi.

A iniciativa reforça a estratégia do Governo capixaba de posicionar o Estado como referência em sustentabilidade e transição energética. Por meio do Bandes, o governo tem atuado no apoio a projetos estruturantes que visam a descarbonização da economia, a ampliação do uso de energias renováveis e o fortalecimento de cadeias produtivas alinhadas com os princípios da economia circular. Nos últimos anos, o Bandes tem intensificado sua atuação como indutor de políticas públicas voltadas ao desenvolvimento sustentável, com destaque para a mobilização de capital verde, a criação de instrumentos financeiros voltados a tecnologias limpas e o incentivo à inovação industrial. “A parceria com a Vale é outro um marco neste caminho, reafirmando o papel estratégico do banco no futuro verde do Espírito Santo”, acrescentou Saintive.

Exame - SP   17/04/2025

A queda de 4,5% na produção de minério de ferro da Vale (VALE3) no primeiro trimestre, divulgada ontem à noite em prévia operacional, já era esperada e reflete em grande parte fatores sazonais, apontam analistas de mercado – e, com isso, não deve fazer preço nas ações da empresa no pregão de hoje.

"O relatório de produção da Vale no primeiro trimestre veio em linha com nossas expectativas pouco animadoras, marcado por uma fraqueza sazonal mas nada que vai tirar a compahia do trilho de atingir seu guidance para produção de minério de ferro em 2025", afirmou em relatório o analista Leonardo Corrêa do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME).

O desempenho também ficou em linha com as expectativas da XP.

Os preços realizados do minério de ferro recuaram 2% na comparação trimestral, refletindo teores mais baixos de ferro e menores prêmios de mercado. Os embarques de minérios finos de 56,7 milhões de toneladas representaram um aumento de 8% ano a ano, enquanto os embarques de pelotas foram de 7,5 milhões de toneladas, uma queda de 19% ano a ano, e 17% abaixo das estimativas do banco.

Um destaque positivo ficou por conta das operações de cobre, cuja produção se recuperou 11% na comparação anual, impulsionada pelo aumento da produção em Salobo (+3,9 mil toneladas ano a ano) e Sossego (+3,7 mil toneladas ano a ano).

Os preços dos embarques do cobre realizados ficaram em média em US$ 8.891 por tonelada, com queda de 3% na comparação trimestral.

Recomendação 'neutra', mas com viés mais positivo

O BTG segue com a recomendação 'neutra', ou de manutenção dos papéis, principalmente por conta das incertezas geradas pela guerra comercial.

Os analistas do banco antecipam novas revisões negativas para o resultado da Vale ao longo de 2025, à medida que os investidores ajustem suas expectativas para um cenário de preços de minério de ferro mais fraco. As projeções do banco assumem preços de US$ 95 por tonelada para 2025, frente ao spot atual de cerca de US$ 100 por tonelada.

A equipe, no entanto, reconhece que a Vale está negociando com um desconto expressivo em relação aos pares australianos e que houve melhoras na tese de investimento, com custos mais baixos e evolução positiva em relação à Samarco.

“Preferimos aguardar uma maior clareza sobre o cenário macroeconômico mais amplo antes de fazer mudanças significativas. A situação macro na China continua frágil — especialmente com o agravamento da guerra comercial — o que pressiona todo o complexo siderúrgico e gera uma trava adicional para os preços do minério de ferro”, escreveu Corrêa.

A XP vai na mesma linha: "Reiteramos nossa recomendação neutra para os papéis dada o baixo upside, ainda que vejamos uma assimetria positiva para os papéis nos preços atuais", disse a equipe da corretora.

AUTOMOTIVO

O Estado de S.Paulo - SP   17/04/2025

O novo presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos (Anfavea), Igor Calvet, elegeu três prioridades para sua gestão: tecnologia, atração de empresas estrangeiras e redução de custos. Empossado no cargo na noite da terça-feira, 15, Calvet é o primeiro executivo contratado do mercado para chefiar a entidade.

“O primeiro foco é tecnologia, para que nossas empresas associadas sejam competitivas. Hoje, em qualquer planta de montadoras no mundo, há um nível de automatização, robotização e uso de inteligência artificial gigantescos. Isso é mais produtividade e mais competitividade”, disse Calvet à Coluna do Estadão.

Calvet avaliou que o tarifaço internacional demandará estratégias também para o setor de fornecimento de peças às indústrias de automóveis. E que o setor enfrenta custos logísticos muito altos.

“Temos um custo de energia mais barato, sim, mas temos um custo logístico mais caro, nas nossas estradas, em questão de infraestrutura. A gente tem que voltar a discutir com o setor essa agenda de competitividade e redução de custos, como setor que emprega 1,3 milhão de pessoas no País e com base produtiva em nove estados”, afirmou.

Infomoney - SP   17/04/2025

Um navio cargueiro com 900 veículos da GWM chegou ao porto de Vitória nesta semana depois de ter saído de Xangai em meados de março, confirmou a montadora chinesa nesta quarta-feira (16).

Imagens da Reuters mostram o pátio do porto com filas de veículos utilitários esportivos. Segundo a montadora, os modelos são da linha Haval H6, uma das mais vendidas da marca no país. O navio também trouxe o utilitário offroad híbrido Tank 300, lançado no início do mês no Brasil, disse a GWM.

A montadora esclareceu que o cargueiro de bandeira norueguesa que saiu de Xangai em 18 de março é do tipo Ro-Ro, comumente usado no transporte de veículos e equipamentos como maquinário agrícola e de mineração, e que o navio não é de uso exclusivo da GWM, sendo compartilhado por outras empresas.
A GWM registrou vendas de 5.767 unidades do Haval H6 no Brasil no primeiro trimestre, na frente de modelos mais tradicionais do segmento, como o Renault Duster, segundo dados da associação de concessionários Fenabrave.

A montadora mantém planos de abertura de sua fábrica em Iracemápolis, no interior de São Paulo, em meados deste ano, segundo o diretor de assuntos institucionais da GWM Brasil, Ricardo Bastos. A unidade, comprada da Mercedes-Benz em 2021, está “na reta final de preparação”, afirmou.

Quando a fábrica ficar pronta, a GWM vai produzir o Haval H6 e, numa segunda etapa, uma picape, de acordo com o executivo.

As turbulências tarifárias criadas pela guerra comercial iniciada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, não alterou o projeto, disse Bastos, em resposta a perguntas da Reuters.

“O governo brasileiro está lidando muito bem com essa situação. Entendemos que a direção adotada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin (também ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio) mostra que o Brasil está respeitando as regras já definidas”, disse o executivo, se referindo ao aumento gradual do imposto de importação pelo governo federal no segmento de híbridos e elétricos a partir do início do ano passado.

A indústria automotiva nacional tem cobrado do governo federal a antecipação do aumento do imposto a 35%, o que atualmente está previsto para ocorrer apenas em meados do ano que vem.

Valor - SP   17/04/2025

A Asra, um consórcio que inclui Toyota, Nissan e Honda, está liderando discussões para criar um design padronizado para chips automotivos de próxima geração

As montadoras e fornecedores japoneses estão empreendendo um raro esforço em toda a indústria para aumentar sua competitividade em relação aos rivais chineses que se destacaram na corrida por veículos inteligentes.

A Asra, um consórcio que inclui Toyota, Nissan e Honda, está liderando discussões para criar um design padronizado para chips automotivos de próxima geração, que espera ter pronto até março de 2029. Padronizar o desenvolvimento de chips ajudaria as montadoras a reduzir custos e acelerar os cronogramas de desenvolvimento — potencialmente compensando o tempo perdido.

"Em termos de hardware adequado para garantir controle em tempo real, segurança funcional e a capacidade de executar o software de forma confiável, o Japão está atrasado", disse Nobuaki Kawahara, diretor executivo da Asra, ao “Nikkei Asia”.

A batalha por veículos inteligentes tem duas grandes frentes: a direção autônoma, de um lado, e os veículos definidos por software (SDV), cujas funções podem ser atualizadas como o software de um smartphone, do outro.

Kawahara, que também atua como consultor sênior da Denso, fornecedora do grupo Toyota, disse que as montadoras japonesas provavelmente estão dois ou três anos atrás da China em SDV.

Isso se deve, em parte, ao fato de que os fabricantes chineses e outros líderes de veículos elétricos "preferem selecionar o software primeiro e, em seguida, garantir que o hardware apropriado esteja instalado", disse ele. "As montadoras japonesas não abordam a questão dessa forma."

Em vez disso, as gigantes automotivas japonesas tendem a priorizar o hardware do veículo e, em seguida, determinar o software e os semicondutores que o controlarão, disse ele. Deixar as decisões sobre software e chips para um estágio relativamente tardio do desenvolvimento dificulta a seleção dos melhores e mais eficientes componentes.

Recentemente, montadoras chinesas como BYD, Geely e Chery vêm conquistando participação de mercado no mercado doméstico e em outras economias asiáticas, anteriormente dominadas por fabricantes japoneses e europeus, graças aos seus veículos inteligentes e elétricos acessíveis.

Em 2024, as vendas da Toyota na China foram de cerca de 1,8 milhão de unidades, uma queda de 7% em relação ao ano anterior, enquanto a Nissan e a Honda tiveram quedas de 12% e 31%, respectivamente.

IstoÉ Dinheiro - SP   17/04/2025

O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, disse nesta quarta-feira, 16, que está analisando “nesse momento” o pleito da Anfavea para que o governo antecipe o cronograma de elevação da tarifa sobre carros elétricos importados a 35%.

Em 2023, a Camex aprovou o retorno da tributação gradual a partir de janeiro de 2024, uma “escadinha” que fará a tributação cheia acontecer somente em julho de 2026. Pelo calendário, haverá uma nova elevação em julho deste ano. O setor, contudo, quer que o imposto cheio já seja cobrado a partir de agora, especialmente para conter a alta de importação de veículos elétricos que chegam majoritariamente da China.

Alckmin falou à imprensa logo depois de se reunir com representantes da Anfavea no prédio do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).

O secretário de Desenvolvimento Industrial, Inovação, Comércio e Serviços do MDIC, Uallace Moreira, lembrou também que “todo setor” tem o direito de fazer pleitos junto ao governo, e que o medido será analisado por todos os dez ministérios que compõem a Câmara de Comércio Exterior (Camex).

“São 10 ministérios dialogando sobre todos os pleitos que estão envolvidos ali. Então, como o presidente Alckmin colocou, isso está sendo discutido dentro do colegiado da Camex, com a possibilidade ou não de se deferir ou indeferir o pleito da Anfavea”, afirmou Moreira.

CONSTRUÇÃO CIVIL

Valor - SP   17/04/2025

Avanço da construção formal se manteve apesar da alta da Selic nos últimos três anos, com programas de habitação do governo, ampliação dos mercados de capital no financiamento imobiliário e ganhos de longo prazo de reformas microeconômicas

Mais de um quinto dos quase 100 milhões de casas e apartamentos existentes no Brasil têm menos de 15 anos de construídos. O Censo de 2022 revelou perto de 23 milhões de domicílios a mais do que o de 2010. Ou seja, um crescimento de 34% em pouco mais de uma década, com o número de apartamentos crescendo mais de 50%, enquanto a população cresceu apenas 6,4% (+12,4 milhões) no período.

A construção formal, retraída na década passada, expandiu na esteira da baixa da Selic a partir de 2019. Esse dinamismo se manteve, apesar da alta da Selic nos últimos três anos, com programas de habitação do governo federal, ampliação dos mercados de capital no financiamento imobiliário e ganhos de longo prazo de reformas microeconômicas, como a criação do patrimônio de afetação em 2004, que trouxe mais segurança ao financiamento imobiliário privado.

As estatísticas do setor imobiliário são fragmentadas e apresentadas sob óticas nem sempre fáceis de reconciliar. Mas há pouca dúvida de que 2024 foi bem ativo, com 1,2 milhão de moradias novas e usadas financiadas por várias fontes (Abecip) e a venda de 400 mil novas habitações verticais (CBIC). Aí estão incluídas aquelas do Minha Casa Minha Vida (MCMV), programa em que a construção de apartamentos, ao invés de casas, tornou-se mais frequente. Os lançamentos do segmento chamado de médio e alto padrão subiram 20%, e as unidades vendidas 5%, impulsionadas pelas de alto padrão, permitindo o valor comercializado crescer mais de 20%, depois de um 2023 também bom.

O setor imobiliário tem se beneficiado do crescimento econômico. O FGTS ganhou com a ampliação do emprego formal, fechando 2024 com um estoque de mais de R$ 0,5 trilhão emprestado a compradores, principalmente na baixa renda como parte do MCMV. Esse programa é um guarda-chuva que cobre tanto moradias financiadas pelo orçamento federal (183 mil desde 2023), quanto grande variedade de projetos privados ou imóveis existentes em certas faixas de preço e atendendo critérios crescentemente ligados ao acesso aos serviços urbanos, que podem, assim, pleitear acesso ao crédito mais barato, e.g., do FGTS. Desde 2023, foram contratadas cerca de 1,4 milhões de operações com construtores ou compradores sob esse guarda-chuva.

Isenções tributárias ajudaram o estoque de instrumentos como LCI, CRI e LIG a alcançarem no final de 2024 valores de R$ 400 bilhões, R$ 226 bi e R$ 116 bi respectivamente, irrigando o crédito para diversos segmentos, inclusive via bancos públicos tradicionalmente dependentes da caderneta de poupança, o estoque da qual, aplicado a taxas reguladas e livres, está perto de R$ 650 bi (www.bcb.gov.br/estatisticas/mercadoimobiliario). E, a inadimplência caiu para 1%, nível mais baixo desde 2006.

Apesar da ampliação do crédito imobiliário e da multiplicação dos domicílios nos últimos dez anos, apenas 12,5% dos que moram em domicílios próprios aqui, incluídos os do MCMV, têm algum financiamento em curso, contra mais de 60% de proprietários com uma hipoteca nos EUA. Além disso, o “déficit habitacional” oficial continua estacionado em 6 milhões de moradias e a população em favelas saltou 40%, para 16,4 milhões de pessoas, desde 2010. No Censo, as favelas têm 6,6 milhões de domicílios, 85,6% já com acesso à rede geral de saneamento, mas apenas 3% dos estabelecimentos de ensino e 1% dos de saúde do país, apesar de nelas viverem 8% da população brasileira.

Apesar da ampliação do crédito e da multiplicação de domicílios, déficit habitacional oficial segue estacionado em 6 milhões

Esses contrastes são de um Brasil que mudou desde 2000, a começar pela queda do número médio de moradores por unidade doméstica (3,7 pessoas em 2000, 3,3 em 2010 e 2,8 em 2022) e da proporção de domicílios permanentes com mais de 3 pessoas dormindo no mesmo cômodo (9,6% em 2000, 5,6% em 2010 e 2,6% em 2022).

A proporção de unidades com apenas um morador saltou de 12% em 2010 para 19% hoje, ou seja, o número dessas unidades duplicou (+ 6 milhões de domicílios). No caso dos idosos, quase 30% já vivem sozinhos. A ocupação menos densa das moradias também reflete a alta entre os dois censos da proporção de chefes de família mulheres, de 39% para 49%, e a baixa da de lares com dois cônjuges, de 65% para 57%. A demanda habitacional também se mantém aquecida porque, apesar da população de 0-25 anos ter encolhido entre 2010-22 (-10 milhões), a população de 25-39 anos, mais interessada em ter moradia, manteve-se estável.

As transições etária e da composição das famílias se refletem também no aumento de 27% desde 2010 das pessoas que moram de aluguel. De fato, famílias monoparentais com filhos de até 14 anos de idade, hoje mais frequentes, moram de aluguel em proporção 70% maior do que a da população geral (21%), tendência também dos jovens urbanos, que talvez tenham maior tolerância a arranjos transitórios. A expansão dos dois grupos, em geral de renda mais baixa que a média, vem contribuindo para sustentar o componente do “déficit habitacional” relativo às famílias que gastam mais de 30% da sua renda em aluguel. Esse componente do índice tem se contraposto à melhora daqueles relativos ao número de domicílios rústicos e à coabitação forçada de mais de uma família sob o mesmo teto, somando-se ao componente relativo a domicílios improvisados, também calculado a partir da PNAD anual, que aparenta evolução menos benigna do que a sugerida pelo Censo.

Olhando para frente, tem havido um esforço para ampliar de um lado as fontes de financiamento imobiliário para além dos mercados de capital, recentemente com receitas públicas da produção de petróleo, e do outro, a oferta de mão de obra, cada vez mais especializada. São desafios que se juntam a indagações sobre as perspectivas do “déficit habitacional”, o significado do crescente número de domicílios vagos (11 milhões em 2022) e o impacto na mobilidade e funcionalidade urbana do espraiamento das cidades, principalmente de médio porte (WRI), e esvaziamento do transporte coletivo pelos veículos de aplicativos. Assim, só poderão aumentar o escrutínio sobre as políticas públicas e o interesse de todos por soluções para necessidades tão centrais de uma sociedade em rápida transformação.

Joaquim Levy é diretor de Estratégia Econômica e Relações com Mercado do Banco Safra. Foi ministro da Fazenda e diretor-gerente do Banco Mundial.

Infomoney - SP   17/04/2025

O Conselho Curador do FGTS aprovou na terça-feira (15) a criação da faixa 4 do Minha Casa Minha Vida, batizada de MCMV Classe Média, já que contempla famílias com renda até R$ 12 mil e imóveis até R$ 500 mil.

A nova modalidade terá juros de 10% ao ano e contará com R$ 15 bilhões de funding (financiamento) do FGTS e mais R$ 15 bilhões de recursos próprios (poupança e LCI) das instituições financeiras – aporte que deverá ser capitaneado pela Caixa Econômica Federal, segundo anúncio recente do próprio presidente do banco.

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Conforme destaca a XP Investimentos, o governo agora prepara uma portaria com regulamentações adicionais, para definir, por exemplo, os porcentuais máximos de financiamento para imóveis novos e usados no âmbito da nova linha. Discussões preliminares apontam para um limite de até 80% para novos empreendimentos. Já os usados deverão seguir a mesma regra da faixa 3, ou seja: até 70% no Nordeste, Norte e Centro-Oeste e até 50% no Sul e Sudeste. Os percentuais ainda estão sendo calibrados, mas já está claro que o foco será nos imóveis novos, com o objetivo de fomentar a construção civil.

A equipe de economistas da XP avalia, de forma preliminar, que essa mudança no MCMV deverá aumentar o crescimento da Formação Bruta de Capital Fixo (investimento em ativos fixos) em 0,4 ponto percentual (p.p.) em 2025 e 0,6 p.p. em 2026. Esses cálculos pressupõem que 75% dos recursos adicionais ao programa (~R$ 30 bilhões) serão alocados para a construção de novas propriedades. Além disso, as estimativas consideram que 40% do impacto ocorrerá em 2025, com os 60% restantes afetando a atividade econômica em 2026. Dessa forma, o novo formato do MCMV deverá aumentar o crescimento total do PIB em cerca de 0,10 p.p. este ano e 0,15 p.p. no próximo ano.

Já a equipe de analistas de ações da XP aponta que os termos aprovados são muito semelhantes aos que discutiram anteriormente e estão em linha com as expectativas do mercado.

Em termos de impacto, continua a ver a Cury (CURY3) e a Direcional (DIRR3) como as mais beneficiadas pela expansão do Faixa 3 e pela criação do Faixa 4, especialmente agora com um limite mais claro para unidades usadas no novo grupo. Também acredita que a Tenda (TEND3) deve ser a mais beneficiada pelo aumento dos preços máximos para cidades com menos de 100 mil habitantes, devido às suas operações em cidades menores com a Alea.

Na visão do Bradesco BBI, a nova distribuição dos grupos do MCMV deve beneficiar todas as empresas expostas ao programa, com um efeito inicial do anúncio sendo um aumento na velocidade de vendas e, gradativamente, preços de venda mais altos.

“Considerando o Grupo 4, a aprovação pelo FGTS apenas oficializa o que já esperávamos”, aponta o banco. As famílias que agora se qualificam para o Grupo 4 vêm sofrendo com o aumento das taxas de financiamento imobiliário, portanto, devemos observar uma forte demanda devido às taxas de financiamento mais baixas, e a mudança do plano de pagamento “Price” (parcelas fixas) para o “SAC” (amortização constante) reduz as parcelas iniciais, beneficiando a elegibilidade das famílias.

Por outro lado, destaca que o financiamento no Grupo 4 é para unidades novas e usadas, mas no caso de unidades usadas, as condições devem ser semelhantes às atuais do Grupo 3 (50% de entrada, contra 80% de unidades novas), com a entrada sendo de 60% nas regiões Sul e Sudeste para unidades usadas do Grupo 4, o que beneficia marginalmente as unidades novas.

“Por fim, devemos continuar acompanhando as notícias sobre a potencial criação de um conselho curador exclusivo para o Grupo 4, bem como a perspectiva de recorrência do financiamento de R$ 30 bilhões nos próximos anos”, avalia o BBI.

Valor - SP   17/04/2025

Principal alteração foi uma nova faixa de renda, para famílias que ganham de R$ 8,6 mil a R$ 12 mil, e que engloba imóveis de até R$ 500 mil

As mudanças no Minha Casa, Minha Vida (MCMV), anunciadas nesta semana pelo conselho curador do FGTS, foram recebidas com entusiasmo por incorporadoras que já vinham com bom desempenho. O programa superou, pela primeira vez, em 2024, o número de lançamentos e vendas do segmento de média e alta renda, destaca Renée Silveira, diretora de incorporação da Plano&Plano.

A principal alteração foi uma nova faixa de renda, para famílias que ganham de R$ 8,6 mil a R$ 12 mil, e que engloba imóveis de até R$ 500 mil, com taxa prefixada de juros de 10% ao ano e prazo de até 35 anos. Essa faixa vai usar recursos do FGTS e também dos bancos que operarem o crédito.

"Alívio grande” com Fundo do Pré-Sal

Victor Almeida, presidente do conselho de administração da incorporadora Pacaembu, lembra que rumores sobre uma nova faixa eram recebidos com preocupação pelo setor, porque se questionava a capacidade de o FGTS absorver mais essa demanda. No entanto, o governo federal anunciou a destinação de R$ 15 bilhões do Fundo Social do Pré-Sal, e mais R$ 15 bilhões da Caixa.

Os recursos vão liberar espaço para que o FGTS atenda à nova faixa. “Quando apareceram os recursos do pré-sal, [a medida] trouxe um alívio grande”, afirma.

A expectativa, agora, é que haja recorrência na distribuição de recursos do fundo social para a habitação. “Ajuda muito no momento de dificuldade da poupança”, diz Almeida.

“Música para os ouvidos”

Gabriel Cançado, CEO da incorporadora Holos, analisa que as mudanças também são “música para os ouvidos” das empresas de média renda, que não atuavam no MCMV e dependiam de recursos do SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo), cada vez mais escassos.

O cliente que acessava o crédito do SBPE e agora se enquadra na nova faixa deve sentir uma queda de 3 pontos nos juros, o que, aliado a um prazo maior de financiamento e a um comprometimento maior da renda — o percentual sobe de 20% a 25% no SBPE para 30% com o funding do FGTS — deve aumentar em mais de R$ 30 mil a capacidade de compra do cliente, explica Anderson Lopes, diretor comercial da incorporadora BRZ.

A MRV fez conta parecida. Em evento com investidores nesta quarta-feira (16), a empresa ressaltou que o cliente que antes era do SBPE terá ganho de R$ 26 mil a R$ 37 mil na capacidade de compra. “Somos super impactados pela faixa 4, um percentual irrisório do nosso negócio vai estar fora do MCMV”, afirmou o co-CEO, Rafael Menin.

A Holos atua apenas no MCMV, somente na cidade de São Paulo, e está analisando seu banco de terrenos para identificar projetos que possam passar por um “upgrade”, como ganhar unidades maiores, com suíte, três quartos ou vaga de garagem. A ideia não é converter toda a produção para a nova faixa 4, mas passar a ter algumas unidades que atendam a esse público.

“Vai trazer fôlego"

Na BRZ, que tem cerca de 70% do pipeline na faixa 3, já estava difícil enquadrar clientes na compra dos imóveis, que custam, em média, R$ 300 mil. Segundo Lopes, o cliente consegue, com a Caixa, financiar cerca de R$ 280 mil. O restante depende do financiamento direto da companhia ao cliente, o chamado pro-soluto, que deve ser reduzido com a criação da nova faixa de renda. “Vai trazer fôlego, vamos começar a ter produto de R$ 310 mil dentro da renda”, diz.

O conselho curador do FGTS também liberou que clientes com rendas que se enquadram nas faixas 1 e 2 possam comprar unidades da faixa 3, o que foi visto como a correção de um erro do programa. Cançado explica que casos assim podem acontecer quando o cliente tem um saldo alto no FGTS, por ter muito tempo de contribuição, ou quando recebe uma herança. Ele tem o recurso para acessar um imóvel mais caro, mas era barrado pela renda.

Faixas de renda estavam “atrasadas”

Outra iniciativa anunciada foi a atualização das faixas de renda do MCMV. O limite da faixa 1 passou de R$ 2.640 para R$ 2.850 mensais. Da faixa 2, subiu de R$ 4.400 para R$ 4.700. Na faixa 3, foi de R$ 8.000 para R$ 8.600. Pedro Donadon, CEO da incorporadora ADN, afirma que as faixas estavam “atrasadas”, porque deveriam seguir o reajuste do salário mínimo, mas não eram alteradas desde 2023.

Houve também uma mudança no preço máximo das unidades do MCMV em cidades de até 100 mil habitantes. Ele conta que a ADN evitava cidades menores por causa do valor do teto, de R$ 190 mil.

“Quando se formulou o programa, entendeu-se que nessas cidades os terrenos seriam mais baratos e seria possível viabilizar projetos mais baratos, mas isso não se mostrou realidade”, afirma. Agora, essas cidades terão teto de R$ 210 mil a R$ 230 mil. “Estamos prospectando cidades, atuamos de Campinas a São José do Rio Preto e tem inúmeras com potencial”, diz.

Déficit habitacional

As mudanças anunciadas nesta semana beneficiam principalmente a classe média, mas 74% do déficit habitacional está concentrado na faixa 1 do MCMV, ressalta Silveira, da Plano&Plano.

A alteração na renda da faixa 1 que usa recursos do FGTS é uma ajuda, mas o setor espera, agora, mudanças na faixa 1 com recursos do FAR (Fundo de Arrendamento Residencial), que são as unidades praticamente doadas aos moradores. Essa faixa tem exigências próprias, como tamanho mínimo de 41,5 metros quadrados para as unidades, varanda e dois quartos.

Como explica Donadon, na prática, são unidades mais caras de produzir do que as da faixa 2, que são vendidas a um valor maior. O resultado é uma baixa adesão à faixa do FAR.

O setor enviou sugestões e aguarda atualizações. ADN, BRZ e Pacaembu têm interesse em produzir na faixa, se forem feitas mudanças, segundo os executivos.

FERROVIÁRIO

Revista Ferroviaria - RJ   17/04/2025

O Ministério dos Transportes deve publicar, ainda no primeiro semestre, edital de chamamento público para operação de um trecho da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) entre o Centro-Oeste do Estado e o litoral fluminense. Denominada Corredor Minas-Rio, a estrada de ferro será utilizada para escoar a produção de café do Sul de Minas Gerais. Os investimentos podem somar até R$ 720,3 milhões, sendo R$ 449,6 milhões exclusivamente em território mineiro. A previsão da pasta é que o processo seja realizado até o final deste ano.

O chamamento público é a alternativa do Ministério para buscar no mercado interessados na exploração indireta de trechos ferroviários federais, mediante outorga por autorização, que atualmente estão sem operação ou vem sendo pouco utilizadas pelas concessionárias. Desta forma, o processo envolve trechos da malha da FCA que atualmente não têm transporte ou vêm sendo subutilizados. Com o processo, os trechos deve ser transferidos a novos operadores.

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Os planos para o agora chamado “Corredor Minas-Rio” já haviam sido anunciados ao Diário do Comércio no final de janeiro do ano passado, pelo diretor do Departamento de Outorgas Ferroviárias da Secretaria Nacional de Transporte Ferroviário (SNTF) do Ministério dos Transportes, Hélio Roberto.

Ainda em julho daquele ano, o secretário-executivo do Ministério dos Transportes, George Santoro, confirmou ao Diário do Comércio a previsão do chamamento público para ferrovias no Sul de Minas entre o final de 2024 e início de 2025. Na ocasião, o secretário afirmou que aguardava a publicação da resolução para a modalidade pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), o que foi feito em dezembro.

O Corredor Minas-Rio começa com um trecho ferroviário de 496 quilômetros (km) da FCA, que sai de Arcos, no Centro-Oeste mineiro, e vai até Barra Mansa (RJ), com passagem pela estação Engenheiro Bhering, em Lavras, no Sul do Estado. Depois, há mais um trecho de 108 km de Barra Mansa (RJ) a Angra dos Reis (RJ).

Em Lavras há um ramal de 130 km deslocado para Varginha, também no Sul mineiro. O projeto conecta a Estação Engenheiro Bhering com a região do Porto Seco Sul de Minas por meio de uma ferrovia shortline. São linhas de menor distância que conectam pontos próximos mais importantes dentro da linha férrea. A produção de café sairia do Porto Seco para Barra Mansa que, por meio da outra shortline – de 108 km – chegaria até o Porto de Angra dos Reis.

Esse segmento de 130 km que vai de Varginha, passa por Três Corações e chega até Lavras está sem tráfego desde 2011 e tem um investimento estimado em R$ 449,6 milhões. Os aportes consideram aplicações em via permanente, material rodante e obras de arte especiais.

“Nós temos ali um potencial de demanda referente à produção de café no Sul de Minas. Sabemos que naquela região de Três Corações e Varginha há uma produção de café interessante e, com base nisso, estamos colocando esse trecho em chamamento público”, declarou diretor de Outorgas Ferroviárias da SNTF, durante evento da ANTT sobre chamamento público para ferrovias, nesta terça-feira (15), na sede da agência, em Brasília.

Já o trecho de 108 km da FCA totalmente localizado no estado do Rio de Janeiro, entre Barra Mansa e Angra dos Reis, também está sem operação, neste caso, desde 2010 e tem estimativa de investimentos de R$ 417,5 milhões.

Roberto explicou que o trecho de 496 km da FCA, de Arcos até Barra Mansa, está operacional, com transporte de praticamente uma carga da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), produzida na mina da companhia no Sul de Minas.

O investimento estimado neste trecho é de R$ 270,7 milhões, mas com possibilidade de redução, a depender da cessão de veículos rodante da VLI com a devolução do trecho. “Esse valor pode diminuir, considerando que há possibilidade de nós transferirmos material rodante da FCA para o operador deste trecho”, explicou.

O Superintendente de Transporte Ferroviário da ANTT, Alessandro Baumgartner, afirmou que, mesmo envolvido em um chamamento público para um possível novo operador, este trecho operacional da FCA continuará em operação durante o processo.

“O chamamento público está indicado, e só haveria a transferência deste serviço, que hoje está sendo prestado nestes trechos, depois da conclusão, já com a entrada do novo operador. Não há risco de paralisação de tráfego em nenhum trecho ainda que ele seja indicado para um chamamento público”, declarou.

Roberto explicou que o chamamento público para o Corredor Minas-Rio poderá ser oferecido ao mercado em toda sua totalidade, com os três segmentos, ou em diversas outras formas, com a retirada de trechos a depender do interesse dos potenciais operadores.

PETROLÍFERO

Valor - SP   17/04/2025

Em evento, Chambriard defende a atividade produtora de petróleo da companhia; segundo ela, se a estatal fechasse, o país dependeria do mercado externo e seria “muito mais pobre”

A fabricação de fertilizantes nitrogenados no Brasil, um dos produtos com forte dependência do mercado externo, demandaria um volume estimado em 30 milhões de m³/dia de gás natural, segundo a presidente da Petrobras, Magda Chambriard. Em evento na Coppe/UFRJ para lançamento de projeto-piloto que visa reduzir perdas no escoamento de óleo e gás, a executiva disse que um gás muito rico em gás carbônico permite baratear a produção de fertilizantes.

Na assinatura da parceria entre a Coppe e a Petrobras para desenvolver o projeto-piloto, Chambriard destacou o papel da inovação e da parceria com universidades para o desenvolvimento de tecnologias que permitam avançar na exploração e produção de petróleo e gás. “Zelamos pelo desenvolvimento dos cérebros nacionais, da indústria e do nosso meio acadêmico”.

O projeto vai estudar escoamentos de gás e óleo com teor de CO2 que pode chegar até 100%. O estudo pode apoiar ainda as pesquisas em captura e armazenamento de carbono (CCUS).

Produção de petróleo

Chambriard também defendeu a atividade produtora de petróleo da estatal. Segundo ela, caso a Petrobras fosse fechada hoje e não produzisse nenhuma gota, seria necessário importar petróleo com muito mais CO2. Além disso, acrescentou, o país dependeria do mercado externo e seria “muito mais pobre”.

Ela ressaltou que a Petrobras não está fora da transição energética, com o desenvolvimento e a comercialização de produtos como o combustível de navegação com adição de 24% de biodiesel e o diesel verde, com teores entre 5% e 10% de diesel fóssil coprocessado com óleos vegetais nas refinarias da estatal.

TN Petróleo - RJ   17/04/2025

A Petrobras e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) assinaram, nesta quarta-feira (16/4), Termo de Cooperação (TC) para a construção de um Loop de Garantia de Escoamento. Com características técnicas inéditas no país, a estrutura poderá testar novas tecnologias para evitar formação de hidratos e parafinas, elementos que podem obstruir os dutos e comprometer a produção de óleo e gás. A primeira fase do TC prevê uma parceria entre professores do Programa de Engenharia Química da Coordenação de Programas de Pesquisa e Engenharia (Coppe), da UFRJ, e especialistas do Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes) para a elaboração do projeto conceitual e básico do loop.

Com diâmetro de 2 polegadas e pressão de operação de 150 bar, o loop será capaz de operar com carga de até 100% de CO2 (gás que também pode formar hidratos). Esse laboratório a céu aberto, com previsão de cerca de 150 metros de tubulação, permitirá a realização de testes com fluidos à base de CO2, visando novos negócios e projetos na área de Captura, Armazenamento e Uso de CO2.

A estrutura será construída no Centro Tecnológico existente na Ilha do Fundão, com recursos do compromisso de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (P&D,I) da Petrobras com a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). O Loop de Garantia de Escoamento poderá ser utilizado por outros parceiros da academia e do mercado por meio de contratos de pesquisa com a universidade para custear os custos de manutenção e utilização. O prazo estimado para a entrada em operação é de até 5 anos.
Parceria estratégica

Desde a década de 1960, a Petrobras mantém parcerias estratégicas com UFRJ, em especial com a Coppe, consolidando uma colaboração pioneira no desenvolvimento de soluções tecnológicas para a indústria de óleo e gás. Atualmente, a parceria alcança números expressivos: mais de 700 parcerias tecnológicas desde a fundação do Cenpes (em 1963), sendo mais de 300 projetos de P&D,I realizados nos últimos 10 anos, com um investimento de cerca de R$ 1,35 bilhão no período. Os resultados incluem 81 pedidos de patentes no Brasil, dos quais 74 seguem ativos, e 164 termos de cooperação vigentes, totalizando mais de R$ 850 milhões contratados.
A Petrobras detém, no total, 1300 patentes ativas e há quatro anos lidera o ranking de pedidos de depósito no país.

Hidratos - Estruturas cristalinas formadas por moléculas de água que aprisionam moléculas de gás, como o metano, dentro de suas cavidades. Quando formados, se parecem com gelo e podem obstruir linhas de produção e injeção. Os hidratos se formam em condições de alta pressão e baixa temperatura, típicas de ambientes submarinos de produção de petróleo.

Parafinas - Moléculas formadas de carbono e hidrogênio que fazem parte da composição do petróleo. Podem ser encontradas em várias formas, desde gases leves até sólidos pesados. Têm diversas aplicações industriais e comerciais, mas seu adensamento nas linhas de produção de petróleo, motivado pela perda de temperatura do fluido produzido, pode gerar danos como perda de carga e até obstrução das linhas.

Agência Camara - DF   17/04/2025

O Projeto de Lei 1725/25 proíbe a oferta de novos blocos para exploração de petróleo e gás natural na Amazônia e obriga a recuperação ambiental das áreas com projetos de exploração em andamento na região. A Câmara dos Deputados analisa a proposta, que altera a Política Energética Nacional (Lei 9.478/97).

Autor do projeto, o deputado Ivan Valente (Psol-SP) cita desastres ambientais recentes envolvendo vazamentos de óleo no País – Baía de Guanabara (2000), Campo de Frade (2011) e costa brasileira (2019) – e argumenta que a abertura de uma nova fronteira na região amazônica contraria alertas climáticos emitidos pelo próprio Brasil e abre caminho para degradar ainda mais a área da floresta.

“Áreas de exploração ainda são ofertadas ou estudadas na Amazônia brasileira por meio de leilões da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Alguns blocos têm sido ofertados na Bacia da Foz do Amazonas e na Bacia do Parecis e há blocos em estudo na Bacia do Solimões, na Bacia do Amazonas, na Bacia do Tacutu e em outras bacias brasileiras", sustenta o deputado (Veja infográfico abaixo).

Ele lembra que a suspensão da exploração de óleo e gás já é realidade na Antártica e na Costa Rica, com discussões em andamento no Equador e na Colômbia, e suspensões temporárias nos Estados Unidos durante o governo Joe Biden.

Transição
A proposta prevê ainda um plano de transição para as operações em curso nas áreas proibidas, incluindo prazos para redução e encerramento das atividades, requalificação de trabalhadores, recuperação ambiental, incentivos a energias renováveis e o monitoramento de todas as etapas com participação popular.

Pelo texto, empresas que já possuem concessão para explorar as áreas proibidas ficam obrigadas a executar um plano de recuperação ambiental, aprovado pelo órgão competente.

Para financiar as operações de transição, poderão ser usados recursos de compensações ambientais pagas pelas concessionárias, fundos regionais, aportes de organismos internacionais, bancos de desenvolvimento e da criação de um Fundo Nacional de Transição Energética para a Amazônia, com recursos de royalties, multas ambientais e investimentos governamentais.

O texto veda expressamente a exploração de petróleo e gás nas seguintes províncias geológicas:
Acre-Madre de Dios, Alto Tapajós, Amazonas, Bananal, Barreirinhas, Bragança-Vizeu, Foz do Amazonas, Marajó, Pantanal, Pará-Maranhão, Paraná, Parecis, Parnaíba, São Francisco, São Luis, Solimões, Tacutu, e em outras áreas de bacias sedimentares do Acre, Pará, Amazonas, Roraima, Rondônia, Amapá e Mato Grosso, além de regiões de Tocantins, Goiás e do Maranhão.

O Estado de S.Paulo - SP   17/04/2025

Aquecido pela demanda da Petrobras no pré-sal e prejudicado por um hiato de quase dez anos na formação coordenada de mão de obra, o setor de óleo e gás offshore (em alto-mar) brasileiro tem um déficit de pelo menos 5,1 mil técnicos de nível médio hoje. O levantamento é da Associação Brasileira das Empresas de Bens e Serviços de Petróleo (Abespetro) em 30 empresas, entre fornecedores e petroleiras.

Segundo o presidente executivo da entidade, Telmo Ghiorzi, o número traduz uma “demanda mínima” do setor, visto que o universo de empresas é maior do que o pesquisado e, também, não entraram na conta a falta de profissionais de nível superior nem daqueles que exercem as chamadas atividades meio e administrativas em terra.

“Na verdade, o déficit do momento é bem maior do que este e pode subir consideravelmente já em 2026 e 2027, com novos projetos, por exemplo, na Margem Equatorial”, diz Ghiorzi, considerando um cenário de liberação do Ibama para que a Petrobras atue na exploração de petróleo no litoral do Amapá. Ghiorzi lista outros vetores de demanda por mão de obra no setor, como processos de revitalização de campos maduros por petroleiras independentes.

Foram coletadas informações sobre a demanda de 145 ocupações de nível técnico, entre as quais se destacam as dez profissões consideradas “mais críticas”, que totalizam 2,1 mil vagas ou 42% dos 5,1 mil profissionais a serem contratados. As dez ocupações são, em ordem de importância: soldador, caldeireiro, mecânico, pintor industrial, marinheiro de convés, ajudante, eletricista marítimo, operador de guindaste, operador de produção e técnico em segurança do trabalho.

Solução

Como saída para esse gargalo de mão de obra, a entidade aponta a retomada do Programa de Recursos Humanos da Agência Nacional do Petróleo (PRH-ANP) para nível médio, prestes a sair do papel sob a supervisão da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

Para Ghiorzi, a volta do programa é um passo importante para a resolução do problema. A formação de um profissional técnico especializado leva de 1 a 2 anos. Por isso, ele argumenta que a escassez de profissionais pode ter redução relevante a médio prazo.

Vai nesse sentido uma das iniciativas de modernização do PRH: a criação de um “Comitê da Indústria” com o papel de apoiar o alinhamento da formação de pessoal do programa às demandas reais do mercado. A Abespetro integra o comitê.
Hiato de formação

O vice-presidente da Abespetro, Breno Medeiros, diz que, para além da maior demanda por profissionais, ligada à profusão de novos projetos, houve uma interrupção na formação, com a paralisação do Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural (Prominp) em 2019.

O programa, que tinha comitê gestor ligado ao governo, mas era operacionalizado pela Petrobras, surgiu em 2004 e substituiu o PRH da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), mas também parou em 2016. “De lá para cá, foram quase dez anos sem uma formação coordenada de mão de obra especializada”, diz Medeiros.

A Abespetro aponta a desidratação do programa como consequência de cinco anos sem rodadas de licitações da ANP, entre 2008 e 2013, seguida da queda abrupta dos preços internacionais do petróleo em 2014. Colaborou para o cenário a operação Lava-jato, que travou investimentos do governo.
Cenário

A pesquisa da Abespetro mostra que a empregabilidade no setor de óleo e gás brasileiro vem se recuperando nos últimos anos. Em 2023, eram 616 mil empregados e, até 2029, o contingente pode chegar a 911 mil pessoas trabalhando no setor, se confirmadas iniciativas como a exploração da Margem Equatorial, diz a entidade.

Em 2024, mostra a pesquisa, o salário médio de admissão real para ocupações de nível técnico para o setor de óleo e gás foi de R$ 4.617, com valores variando entre R$ 1.988,00 (plataformista) e R$ 12.462,00 (imediato), segundo dados fornecidos pela gerência de Estudos Econômicos da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan).

Os salários das cinco ocupações mais críticas, diz a Abespetro, variam entre R$ 2.490,00 (Marinheiro de Convés) e R$ 3.429,00 (Mecânico). Entre 2022 e 2024, a média salarial do setor de P&G naval registrou aumento de 12%, o que pode sinalizar aquecimento do mercado de trabalho, em especial para o nível técnico no setor de óleo e gás.

AGRÍCOLA

Agrolink - RS   17/04/2025

O agronegócio paulista encerrou o primeiro trimestre de 2025 com superávit comercial de US$ 4,90 bilhões. Os dados, divulgados pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, mostram que, apesar da retração de 19,9% em relação ao mesmo período do ano anterior, o setor manteve participação significativa no comércio exterior estadual.

As exportações do setor totalizaram US$ 6,40 bilhões, valor 14,6% inferior ao registrado em 2024. As importações, por outro lado, somaram US$ 1,50 bilhão, com aumento de 9,5% na comparação interanual.

A análise foi realizada pelo coordenador da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta), Carlos Nabil Ghobril, e pelos pesquisadores José Alberto Ângelo e Marli Dias Mascarenhas Oliveira, do Instituto de Economia Agrícola (IEA-Apta). Segundo o estudo, o agronegócio foi responsável por 41,7% das exportações totais do estado no período, enquanto suas importações representaram 6,8% do volume estadual.

Entre os principais produtos exportados, o complexo sucroalcooleiro respondeu por 25,8% do total comercializado, seguido pelos setores de carnes (13,9%), sucos (13,5%), produtos florestais (11,9%) e complexo soja (7,9%). Juntos, esses cinco grupos corresponderam a 73% das exportações do agronegócio paulista. O café ocupou a sexta posição, com participação de 7,3%.

As exportações de café, sucos, carnes e produtos florestais apresentaram alta, enquanto o complexo sucroalcooleiro e a soja registraram queda. A maior elevação foi observada nas vendas de café, com aumento de 67,2%.

A China foi o principal destino das exportações, com participação de 19,3%, seguida pela União Europeia (16,4%) e pelos Estados Unidos (15,9%). Houve queda nas vendas para o mercado chinês, mas aumentos significativos para os demais, especialmente 34,4% para a União Europeia e 27,7% para os Estados Unidos.

No cenário nacional, São Paulo manteve a liderança nas exportações do agronegócio, com 16,9% de participação, à frente de Mato Grosso (15,7%) e Minas Gerais (11,9%).

Já o agronegócio brasileiro totalizou US$ 37,83 bilhões em exportações no primeiro trimestre de 2025, alta de 2,1% em relação ao mesmo período do ano passado. As importações cresceram 11,9%, chegando a US$ 5,18 bilhões. Com isso, o superávit do setor atingiu US$ 32,65 bilhões, crescimento de 0,7%.

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