Grandes Construções - SP 14/05/2025
A revolução tecnológica tem seguido seu curso e isso não é diferente no setor de engenharia de infraestrutura e no segmento de cabos de aço.
Embora ainda raro aqui no Brasil, em diversos lugares do mundo já é possível perceber que o futuro das grandes obras não será feito apenas de concreto e aço, mas também de dados. Isso é consequência da crescente integração de tecnologia de sensores – e da inteligência artificial – no monitoramento inteligente de estruturas.
Um estudo recente da Business Research insights aponta que o mercado global de monitoramento de saúde estrutural era avaliado em US$ 1,5 bilhão em 2024 e deve chegar a US$ 3,71 bilhões até 2033.
Este é um crescimento que tem sido impulsionado por avanços tecnológicos como redes de sensores sem fio, integração com soluções de manutenção preditiva baseadas em IoT e inteligência artificial. Na liderança desses avanços estão América do Norte, Europa e a região da Ásia-Pacífico.
É nesse contexto que os cabos de aço inteligentes estão ganhando protagonismo. De elementos passivos, voltados apenas à sustentação mecânica, os cabos de aço vêm se transformando em vetores ativos de segurança e informação, graças à incorporação de sensores que detectam deformações, tensões e variações ambientais em tempo real.
A evolução desses sistemas está redefinindo o conceito de infraestrutura resiliente e transformando a maneira como grandes estruturas são projetadas, monitoradas e preservadas.
Um novo ciclo de evolução para os cabos de aço - Pontes estaiadas, plataformas flutuantes, barragens e túneis são exemplos de estruturas nas quais os cabos de aço exercem um papel essencial, não apenas sustentando cargas, mas também absorvendo dinâmicas de vento, tráfego, umidade e dilatação térmica.
Essas forças atuam diariamente sobre as estruturas, muitas vezes de forma invisível ao olhar humano, mas com potencial deteriorante acumulativo.
Nos últimos anos, sensores como FBGs (Fiber Bragg Gratings), acelerômetros e extensômetros começaram a ser integrados diretamente à malha interna dos cabos, possibilitando a coleta contínua de dados estruturais. Diferente dos sensores superficiais, esses dispositivos funcionam como termômetros embutidos no coração do aço, capazes de captar alterações sutis de tensão, torção ou temperatura, que são sinais muitas vezes precursores de falhas.
A principal vantagem desses sistemas está na capacidade de transformar inspeções esporádicas em monitoramento contínuo, remoto e preditivo. Em vez de depender da inspeção visual tradicional, muitas vezes com limitações impostas por dificuldade de acesso ou restrições climáticas, é possível dispor de uma base sólida de dados operacionais para tomar decisões embasadas.
Mais segurança para operações offshore - Essa lógica também se estende ao offshore. Plataformas de petróleo ancoradas por cabos de aço operam sob pressão constante de fatores externos como salinidade, correntes marítimas e tempestades tropicais.
O uso de cabos com sensores embarcados nessas linhas de ancoragem permite detectar variações de tensão e desgaste por fadiga com semanas de antecedência. Em ambientes onde cada hora de parada custa milhões, essa capacidade preditiva se traduz em ganho direto de segurança, produtividade e rentabilidade.
Além disso, a integração desses sensores com plataformas de análise em nuvem e inteligência artificial permite a construção de gêmeos digitais: modelos virtuais que replicam o comportamento da estrutura física em tempo real. Essa simulação contínua viabiliza testes de carga, análises de falha e ajustes operacionais com base em dados reais, reduzindo drasticamente a margem de erro técnico.
No Brasil, as universidades têm contribuído com avanços importantes. Pesquisas da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) demonstram a viabilidade técnica de sensores embarcados em cabos nacionais, com resultados promissores em termos de precisão, durabilidade e custo de implantação.
Ainda assim, há muitas barreiras a serem vencidas. O alto custo inicial de sensores especializados, a ausência de normatização clara para sensores embutidos em cabos e a escassez de profissionais com formação multidisciplinar em engenharia e análise de dados são entraves que precisam ser enfrentados.
Cultura da prevenção precisa avançar - Sabemos que falhas críticas não acontecem de forma inesperada, mas sim pela falta de monitoramento adequado. O recente histórico brasileiro de acidentes causados pelo colapso de estruturas mostra que o desafio não é apenas técnico, mas também cultural. A indústria precisa abandonar a lógica de manutenção corretiva e adotar uma abordagem baseada em prevenção e inteligência estrutural.
Nesse sentido, o avanço dos cabos de aço inteligentes representa muito mais do que um salto tecnológico. É a materialização de uma nova mentalidade sobre segurança, eficiência e sustentabilidade estrutural. Para o Brasil, essa inovação não é apenas bem-vinda, mas indispensável.
A Gazeta - ES 14/05/2025
O presidente estará no Espírito Santo na próxima sexta e ouvirá do governador Renato Casagrande que um dos maiores investimentos previstos para o Estado depende da ação do governo federal
O governador Renato Casagrande aproveitará a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Espírito Santo, marcada para a próxima sexta-feira (13), para levar ao Planalto a preocupação com os desequilíbrios econômicos - no presente e no futuro - causados pela aceleração da importação de aço, principalmente vindo da China. Trata-se de uma questão que vem impactando o mundo todo e, claro, o Brasil. No Estado, o alerta é maior porque coloca em risco um enorme empreendimento que a ArcelorMittal, maior siderúrgica do Brasil, já anunciou querer fazer em Tubarão: R$ 4 bilhões em um laminador de tiras a frio (LTF) e em uma nova linha de galvanizados.
Em entrevista à coluna, na última segunda-feira (12), o CEO da ArcelorMittal Brasil, Jorge Oliveira, responsável pelo complexo do conglomerado em Tubarão, foi bastante claro. "Os trabalhos para a implantação das novas instalações de Tubarão estão andando normalmente, estamos inclusive tratando do licenciamento ambiental, mas precisamos de viabilidade econômica. A Arcelor quer fazer o investimento, o senhor Mittal (Lakshmi Mittal, acionista majoritário do conglomerado) me pediu toda a atenção na defesa comercial que apresentaremos ao conselho. Ele quer fazer, acredita no potencial do país, mas há riscos no horizonte. Não trabalhamos, por exemplo, com a possibilidade de o governo não renovar a sobretaxa em cima do aço importado, imposta em maio do ano passado e que vence no dia 31 de maio. Esta é uma condição básica e que precisa, inclusive, de mais força. Além disso, há uma investigação em curso sobre dumping, que está para ser concluída, esperamos isso para o segundo semestre. Confirmada a prática, vai ampliar ainda mais a taxação em cima do aço de determinados países. A renovação da sobretaxa é o mínimo que esperamos, caso contrário complica (a decisão de investimentos inclusive para o Espírito Santo). Bom frisar que não é o suficiente, precisamos conversar melhor sobre o tema, mas já seria uma sinalização positiva do governo federal".
O vice-governador do Espírito Santo, Ricardo Ferraço, se disse otimista e afirmou que o Estado não perderá o investimento. "Está havendo um claro desequilíbrio no mercado do aço e o Brasil precisa tomar suas medidas, assim como outros países do mundo já fizeram. Não podemos permitir que investimentos como esse da ArcelorMittal deixem de ser feitos por causa de um comércio que não segue as regras do jogo. Vamos levar a questão ao presidente Lula nesta visita prevista para sexta-feira e também ao vice-presidente Geraldo Alckmin, que é o ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, onde está a Camex (Câmara de Comércio Exterior), que é o órgão responsável por resguardar o Brasil nesse tipo de questão. As sobretaxas em cima do aço importado precisam, pelo menos, ser renovadas. Estamos otimistas e não vamos perder o investimento".
Infomoney - SP 14/05/2025
O início da negociação entre Estados Unidos e China para definir novas alíquotas de importação no comércio entre os dois países deverá terminar com a definição de impostos em torno de 30% a 34%, avalia o ex-diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI) Otaviano Canuto.
Os dois países anunciaram uma trégua de 90 dias na cobrança dos impostos que, em uma escalada sem precedentes, chegou a ser de 145% dos EUA contra a China, e de 125% da China contra os EUA. Durante a pausa, os países aceitaram derrubar os números. EUA cobrará até 30% para produtos chineses (10% no geral e 20% para produtos relacionados ao fentanil) e a China cobrará 10% dos produtos americanos que entrarem em seu território.
Direto de Washington, Canuto deu entrevista ao InfoMoney para analisar o que deverá ocorrer na mesa de negociações. Entre um compromisso e outro – o economista era esperado para uma entrevista em uma TV chinesa – Canuto falou que esse tipo de negociação demora mais do que 90 dias para chegar a um desfecho.
No entanto, ele acredita que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não deverá escalar a tensão para não reviver os momentos de turbulência econômica com queda da Bolsa, liquidação de títulos americanos, desvalorização do dólar e fuga de capital.
“A questão é o que vai acontecer após esses 90 dias. Porque, em geral, a maioria dos acordos comerciais leva muito mais tempo, e os Estados Unidos já estão tentando fechar acordos com outras 16 economias”, afirmou.
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Apesar das dificuldades, Canuto diz que EUA e China têm interesse em chegar rapidamente a um denominador comum. “Creio que eles devem chegar em um acordo, até porque do jeito que estava, com 145% sobre a China e 125% sobre os EUA, ia significar um colapso no comércio entre as duas economias, um descolamento completo. Isso, evidentemente, ia levar a impactos poderosamente negativos nos dois lados”, afirma.
No entanto, o fim do acordo não levará os países ao mesmo patamar de antes da escalada de tensões. Para Canuto, as duas potências econômicas deverão chegar ao fim das negociações com tarifas mais altas do que aquelas praticadas anteriormente, mas ainda assim bem menores do que o teto que atingiram na onda de retaliações.
“Não haverá um retorno ao que as coisas eram antes do Trump. Ao fim, antevejo uma tarifa em torno de 30 a 34%, que é bem mais alta do que no ano passado”, diz o ex-FMI.
Tarifas de Trump: contágio no Brasil é menos comercial e mais financeiro, diz Canuto
Leia a entrevista completa abaixo:
InfoMoney: Qual a sua leitura sobre o anúncio de redução de tarifas entre EUA e China? É um avanço ou uma cortina de fumaça?
Otaviano Canuto: Não, certamente não é uma cortina de fumaça, é um começo de uma negociação. A questão é o que vai acontecer após esses 90 dias. Porque, em geral, a maioria dos acordos comerciais leva muito mais tempo e, ao mesmo tempo, os Estados Unidos já estão tentando fechar acordos com outras 16 economias.
Creio que eles devem chegar em um acordo, até porque do jeito que estava, com 145% [de tarifas] sobre a China e 125% sobre os EUA, ia significar um colapso no comércio entre as duas economias, um descolamento completo. Isso, evidentemente, ia levar a impactos poderosamente negativos nos dois lados.
IM: São duas superpotências negociando tarifas, e nenhuma delas vai ceder. Qual é a tendência para essa negociação?
OC: A tendência é que cheguem a um acordo, que vai ser alguma coisa intermediária. [Mas, antes] É preciso ter clareza de que provavelmente as tarifas americanas sobre a China, ao final desse acordo, serão mais altas do que aquelas que estavam vigorando antes.
É uma espécie de jogo de poker, ou jogo de truco. Cada lado vai tentar difundir a ideia de que foi o outro lado que piscou. [Mas isso] Na verdade, não importa. O que importa é a concretude do resultado do acordo.
Não haverá um retorno ao que as coisas eram antes do Trump. Ao fim, antevejo uma tarifa em torno de 30% a 34%, que é bem mais alta do que no ano passado.
IM: Deve haver contrapartidas?
OC: Provavelmente os americanos vão exigir promessas de compras pelo lado chinês – inclusive que nos afetam – a promessa de compra de produtos agrícolas, como teve na primeira fase do acordo que foi oficializado no final do primeiro governo do Trump, mas foi interrompido pela pandemia e, depois, o Trump não se reelegeu. Tinha lá uma cláusula de voltar a comprar produtos agrícolas norte-americanos, o que foi um bônus para as nossas exportações agrícolas.
IM: Os dados da economia americana ainda não refletem os impactos das medidas tarifárias, mas os mercados sinalizaram com a liquidação dos títulos americanos e a desvalorização do dólar frente a outras moedas. Foi este cenário que levou Trump a negociar?
OC: Definitivamente, e é preciso realçar as especificidades daquilo que aconteceu. O Trump viria com tarifas, isso era bola cantada. Os anúncios iniciais de aumento de tarifas não surpreenderam tanto — exceto as tarifas sobre Canadá e México, por conta da interligação produtiva entre a indústria manufatureira dos EUA e dos vizinhos.
A dúvida ficou se era apenas meio de negociação para arrancar promessas do Canadá e México no que dizia respeito à migração e controle da entrada de drogas. Mas aí, no Dia da Libertação, em 2 de abril, o Trump veio com aquelas tarifas “recíprocas” – entre aspas, porque não havia reciprocidade. Naquele momento houve um baque. Não era uma coisa limitada a segmentos industriais considerados de segurança nacional. Foi uma avalanche protecionista brutal.
Antevendo o impacto disso sobre lucros e dividendos, os mercados e as bolsas desabam. Mas a coisa ficou ainda pior quando chegaram nos títulos do Tesouro americano. A gente viu uma coisa que só tinha visto em economias emergentes, com fuga de capital, [títulos com] juros de 10 anos subindo, enquanto a moeda do país se desvalorizava.
Ali sim, o susto bateu, e Trump suspende por 90 dias [as tarifas recíprocas entre os demais países] e diz que vai abrir negociações. O fato é que os mercados acalmaram, mas o resultado desse processo será tarifas mais elevadas nos Estados Unidos em relação ao resto do mundo.
IM: Donald Trump é famoso pelo seu estilo de ataques e recuos. Ele deve se dar por satisfeito com as condições negociadas até aqui ou podemos esperar mais emoções após esse prazo de 90 dias?
OC: O homem é imprevisível, mas eu acho que não, não deve ter uma repetição do que se passou ali em 2 de abril e nos dias seguintes, com a suspensão das tarifas [exceto para a China] em 7 de abril. Não creio que ele vá repetir mais uma dose desse movimento. Provavelmente, ele vai se dar por satisfeito e vai cantar vitória com a obtenção de tarifas mais altas para todo mundo do lado de fora.
Mas os efeitos dessas tarifas são desastrosos, ainda que não levem a economia americana ao colapso.
IM: Em termos práticos, Trump conseguirá levar para os EUA uma parcela significativa da produção industrial que migrou para o exterior, como ele tem anunciado?
OC: A substituição de importações por produção local deve ocorrer em alguns casos, mas os custos dessas novas produções domésticas serão mais altos do que hoje são as importações. Isso pode ter um efeito dentro do próprio Estados Unidos, e provocar um deslocamento de fatores de produção de atividades mais eficientes para atividades menos eficientes. Até porque você tem um baixo nível de desemprego, não tem mão de obra sobrando. Então, o aumento de produção nesses setores onde haja substituição de importações vai ocorrer em detrimento de outros setores.
Não dá para voltar a fita da história, nós não podemos ter mais em Detroit aquelas fábricas que existiam há 30, 40 anos atrás, porque a tecnologia mudou.
IM: Na sua avaliação, o comércio global deve mudar depois dessa experiência? Os países devem fazer mais triangulações para vender para os EUA, buscando driblar as tarifas e a origem dos produtos?
OC: A triangulação de exportação já vem ocorrendo desde a primeira guerra comercial do Trump com a China. Foi lá que a China começou a colocar as partes finais das cadeias de valor em outros países, como o México, o Vietnã e a Malásia, para que a exportação para os EUA saíssem desses lugares. [Mas agora] O aumento generalizado de tarifas americanas vai pegar todo mundo, vai afetar todo mundo. Esse mecanismo de translado tende a ser atacado também.
Um próximo passo poderá ser o de impor regras de origem, que são certificações de que aquele produto tem um mínimo de conteúdo local, que não é simplesmente produto chinês ou de outro país disfarçado como daquele país.
IM: É possível que a China coloque uma não-interferência na questão de Taiwan nesses acordos comerciais?
OC: Eu não creio. Essa guerra tarifária não é de interesse da China. Ela está sendo carregada nesse tipo de rivalidade. A China, se pudesse, mantinha manteria as coisas exatamente como estavam. Para ela, tudo estava indo muito bem. Em 30 anos, a China veio de lá de baixo, com elevação de renda per-capita monstruosa, três décadas com crescimento do PIB acima de 10% na média, escalada tecnológica em diversos setores. Então, eu creio que tentar envolver Taiwan nesse negócio vai tornar muito mais difícil o desejo de normalização.
IM: Para o Brasil qual é o impacto das tarifas para a economia?
OC: No que diz respeito à relação bilateral Estados Unidos e Brasil, há provavelmente margem para alguma negociação no que diz respeito às tarifas sobre aço. O Brasil pode tentar trocar tarifas de aço por cotas. E não há muito mais margem do que isso.
Já no terceiro vértice do triângulo, temos a China. No primeiro governo Trump, a nossa agricultura se beneficiou do movimento chinês de trocar importações agrícolas dos Estados Unidos por importações de Brasil e Argentina. Trump tentou reverter isso no acordo de 2020 com a China, mas a medida acabou não se efetivando.
Então, por enquanto, não temos clareza. Ao mesmo tempo, tudo vai depender do impacto das tarifas no crescimento da China, porque as exportações para a China, nosso principal parceiro comercial agora, vão depender também do dinamismo da economia chinesa. Essas variáveis estão em aberto, que a gente só vai ver com o passar do tempo.
Tem uma fantasia que eu escuto muito dos brasileiros de que a gente poderia pegar uma uma janela de oportunidade de exportar manufaturados para os Estados Unidos. Mas isso é uma fantasia. Primeiro, porque essa diferença deve cair, principalmente se as tarifas de Trump convergirem para um aumento de 10%. Segundo, porque a nossa capacidade de exportar manufaturados depende de uma lição de casa que a gente está longe de cumprir, que é investimento em infraestrutura e logística, em termos de fazer os negócios no Brasil se tornarem uma coisa menos custosa e complicada como é.
Então, sem essa lição de casa, não vai ter milagre de oportunidade.
CNN Brasil - SP 14/05/2025
As vendas do varejo apresentaram uma alta de 0,6% em abril, segundo o Índice do Varejo Stone (IVS). No comparativo com o mesmo mês do ano anterior, o crescimento foi de 0,4%.
“Apesar da alta pontual em abril, é importante observar que o desempenho positivo se deve principalmente à baixa base de comparação, visto que março apresentou queda de 1,2%”, afirmou Matheus Calvelli, pesquisador econômico e cientista de dados da Stone.
“Ou seja, a leve recuperação observada não é suficiente para compensar o baixo nível de atividade anterior”, acrescentou
Segundo o levantamento, sete dos oito segmentos analisados tiveram crescimento mensal, com destaque para livros, jornais, revistas e papelaria (7%) e material de construção (2,1%).
O único setor que registrou retração foi o de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, com queda de 2,2% no comparativo mensal.
“O segmento foi um dos poucos que apresentou resultado positivo em março, com alta de 2%. Portanto, a queda do mês apenas retorna o setor para níveis similares aos dos últimos meses”, explicou Calvelli.
O pesquisador econômico também relacionou a queda com o cenário de alta inflação e disse que a população tende a antecipar o máximo possível o consumo de bens essenciais.
Já o comércio digital apresentou um crescimento de 5,3% em abril, mas teve retração de 4,8% no comparativo anual.
“O comércio digital, apesar de apresentar níveis diferentes, também vem apontando na mesma direção de desaceleração dos índices gerais. A alta do mês está muito mais atrelada ao baixo nível de comparação, dado a queda de 9,2% do mês passado”, disse o pesquisador.
Dentre os estados analisados, 19 apresentaram crescimento anual nas vendas, com destaque para Acre (12,1%), Amapá (9,4%) e Sergipe (8,6%).
Já o Distrito Federal liderou as retrações, com queda de 4,7%, seguido por Mato Grosso do Sul (-4,4%) e Rondônia (-3,3%).
Para avaliar uma possível reversão desse quadro nos próximos meses, Calvelli destaca a importância de monitorar indicadores-chave.
“Alguns dos principais indicadores que merecem atenção são a evolução da taxa de desemprego, o volume de criação de empregos formais, os índices de inadimplência e o nível de endividamento das famílias. Além disso, o comportamento da inflação e a política de juros continuam sendo fundamentais para entender a dinâmica do consumo”, concluiu.
Infomoney - SP 14/05/2025
Os preços ao consumidor dos Estados Unidos tiveram leve alta em abril, mas é provável que a inflação aumente nos próximos meses conforme as tarifas elevam o custo dos produtos importados.
O índice de preços ao consumidor aumentou 0,2% no mês passado, após uma queda de 0,1% em março, que havia sido o primeiro declínio desde maio de 2020, informou o Departamento do Trabalho nesta terça-feira.
Economistas consultados pela Reuters previram que o índice subiria 0,3%. Nos 12 meses até abril, os preços ao consumidor avançaram 2,3%, depois de alta de 2,4% nos 12 meses até março.
Excluindo os componentes voláteis de alimentos e energia, o índice subiu 0,2% no mês passado, de 0,1% em março. O chamado núcleo da inflação ao consumidor teve alta de 2,8% nos 12 meses até abril, depois de subir 2,8% em março.
Os dados provavelmente capturam apenas as tarifas adotadas antes do anúncio do “Dia da Libertação” do presidente Donald Trump em 2 de abril, incluindo a duplicação dos impostos relacionados ao fentanil sobre todas as importações chinesas para 20%, além de uma taxa de 25% sobre carros e caminhões leves importados,
Enquanto Trump, em abril, suspendeu por 90 dias a maioria de suas tarifas específicas para cada país, uma tarifa geral de 10% sobre quase todas as importações permaneceu em vigor. Economistas disseram esperar que o impacto das tarifas sobre os preços comece a aparecer significativamente a partir do relatório de inflação de maio.
No fim de semana, os EUA e a China deram um passo importante para diminuir a tensão de sua guerra comercial, com Washington concordando em reduzir as tarifas sobre os produtos chineses para 30% nos próximos 90 dias. As tarifas sobre os produtos norte-americanos importados pela China diminuirão de 125% para 10%.
Economistas ainda esperam que a inflação aumente este ano por causa das tarifas, mas provavelmente não de forma tão acentuada quanto haviam previsto antes da trégua de 90 dias entre as duas maiores economias do mundo, permitindo que o Federal Reserve mantenha sua postura de esperar para ver.
Eles também consideram que o abrandamento das tensões comerciais ajudará a economia dos EUA a evitar uma recessão, embora o crescimento provavelmente seja lento este ano.
O Fed tem uma meta de inflação de 2%. Na semana passada, o Fed manteve sua taxa de juros de referência na faixa de 4,25% a 4,50%. Os mercados financeiros esperam que o banco central retome o afrouxamento monetário em setembro.
O Estado de S.Paulo - SP 14/05/2025
O Comitê de Política Monetária (Copom) repetiu, na ata da sua última reunião, que o cenário de “elevada incerteza” exige cautela adicional e flexibilidade para calibrar a taxa Selic no seu próximo encontro, dos dias 17 e 18 de junho. Na última quarta-feira, 7, o colegiado aumentou a taxa Selic de 14,25% para 14,75% ao ano, o maior nível desde julho de 2006.
“Para a próxima reunião, o cenário de elevada incerteza, aliado ao estágio avançado do ciclo de ajuste e seus impactos acumulados ainda por serem observados, demanda cautela adicional na atuação da política monetária e flexibilidade para incorporar os dados que impactem a dinâmica de inflação”, diz a ata publicada nesta terça-feira, repetindo um trecho do comunicado da semana passada.
Na discussão sobre o tema das expectativas de inflação, a principal conclusão obtida e compartilhada por todos os membros do Comitê, conforme o parágrafo 13 da ata, foi o de que, em ambiente de expectativas desancoradas, exige-se uma “restrição monetária maior e por mais tempo do que outrora seria apropriado”.
Na sua última reunião, o colegiado abandonou o forward guidance - que vinha sendo renovado desde dezembro, quando o Copom aumentou a Selic em 1 ponto porcentual e sinalizou mais duas elevações da mesma magnitude, em janeiro e março - e deixou os seus próximos passos em aberto.
O Copom repetiu ainda as projeções de inflação que já haviam sido divulgadas no comunicado: de 4,8% para o fim de 2025 e de 3,6% para o fim de 2026, este último sendo o horizonte relevante da política monetária. A estimativa para o ano que vem está acima do centro da meta, de 3%, e considera altas de 3,4% para os preços livres e de 4,0% para os administrados.
A projeção para 2025 está acima do teto da meta, de 4,50%, e considera altas de 5,3% e 3,5% para livres e administrados, nesta ordem.
A ata traz que, para as próximas reuniões, o Comitê seguirá acompanhando o ritmo da atividade econômica, fundamental na determinação da inflação, em particular da inflação de serviços. Também acompanhará de perto o repasse do câmbio para a inflação, após um processo de maior volatilidade na cotação do dólar frente ao real.
“Enfatizou-se que os vetores inflacionários seguem adversos, como a resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho, expectativas de inflação desancoradas e projeções de inflação elevadas”, enumerou.
Crédito consignado privado
O Copom também analisou o mercado de crédito sobre o impacto da nova modalidade de empréstimo - o consignado para o setor privado - para a economia. De acordo com a autoridade monetária, ainda há muita incerteza sobre efeito total desse tipo de financiamento, mas parte de seus reflexos já foi contemplada na decisão do colegiado de elevar a taxa básica de juros de 14,25% para 14,75% ao ano na semana passada.
A cúpula do BC explicou que incorporou em seu cenário-base “algum impacto” das alterações no consignado privado sobre o crescimento, mas majoritariamente por meio de uma elevação de renda disponível a partir da troca de dívidas. Isso, conforme o documento, tem efeito mais comedido sobre a projeção agregada.
“Ainda há muita incerteza sobre qual será o efeito total do programa, que ainda se encontra em período inicial, então o Comitê acompanhará os dados atentamente para refinar os impactos estimados sobre o mercado de crédito e sobre a atividade”, considerou.
Tal medida, conforme a diretoria do BC, não deve ser interpretada como medida cíclica e representa, possivelmente, uma alteração estrutural no mercado. “De todo modo, na condução de política monetária, tais medidas serão devidamente incorporadas para a determinação apropriada da restrição monetária necessária para a convergência da inflação à meta”, adiantou.
O colegiado voltou a dizer, no parágrafo 11, que o mercado de crédito se manteve-se pujante nos últimos trimestres em função do dinamismo do mercado de trabalho e da atividade econômica, contribuindo para o dinamismo da atividade.
“Recentemente, condizente com o cenário atual de aperto de condições financeiras e elevação de prêmio de risco, o crédito bancário tem apresentado inflexão, com elevação de taxa de juros, menor apetite ao risco na oferta de crédito e redução no ritmo das concessões de crédito.”
Guerra comercial
A cúpula do Banco Central analisou ainda que o Brasil parece menos afetado pelas novas tarifas comerciais dos Estados Unidos do que outros países, mas que o País ainda sente o impacto da medida em função do cenário global adverso. Por isso, o Copom destacou que focará nos mecanismos de transmissão da conjuntura externa para a inflação, cujos desafios estão “muito maiores” agora.
“O cenário externo mostra-se adverso e particularmente incerto. O choque de tarifas e o choque de incerteza, apesar de todas as tentativas de mensuração, ainda são de impacto bastante incerto”, enfatizou o colegiado, acrescentando que as camadas de incerteza envolvem a própria determinação da política tarifária americana, a resposta tarifária dos demais países a essa política e a reação das empresas políticas. Esse conjunto de fatores deve levar a possíveis impactos em cadeias globais de produção, e a resposta dos consumidores às mudanças de preços.
Pela demonstração da cúpula do BC, o cenário atual se apresenta com incerteza “muito maior”, o que já tem provocado mudanças nas decisões de investimento e consumo. “Ainda é cedo para concluir qual será a magnitude do impacto sobre a economia doméstica, que, por um lado, parece menos afetada pelas recentes tarifas do que outros países, mas, por outro lado, é impactada por um cenário global adverso”, ponderou.
Além disso, a ata cita que as condições financeiras globais que prevalecerão serão particularmente importantes, em ambiente com incertezas econômicas e geopolíticas amplificadas. O documento explica que o cenário-base do Comitê nas últimas reuniões já contemplava dois eixos: um aumento da incerteza e uma deterioração do cenário de crescimento global, com desaceleração gradual e ordenada da economia norte-americana. “Ambos os vértices se deterioraram e se aprofundaram”, concluiu.
Infomoney - SP 14/05/2025
O JP Morgan revisou sua estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2025, de 1,9% para 2,3%, citando uma melhora no cenário externo com o acordo tarifário entre Estados Unidos e China e uma maior produção agrícola nacional.
Ao mesmo tempo, o banco elevou sua estimativa para a inflação em 2026, de 3,2% para 3,6%.
Anteriormente a instituição projetava que o crescimento do PIB brasileiro superaria expectativas, mas reduziu suas estimativas para incorporar probabilidades de uma recessão norte-americana e uma desaceleração considerável na atividade econômica chinesa.
Contudo, a instituição revisou novamente as estimativas na esteira da diminuição das tensões comerciais entre EUA e China, após o anúncio de uma redução, por 90 dias, das tarifas impostas pelos dois países entre si.
Para 2026, no entanto, o JP Morgan manteve sua projeção de crescimento de 1,2% na atividade econômica brasileira.
O Estado de S.Paulo - SP 14/05/2025
Chama a atenção de vários analistas quão otimistas estão as projeções de inflação do Banco Central, em particular a de 2026, que agora é o horizonte relevante para a política monetária. A questão é que praticamente ninguém ainda entendeu direito o porquê de essas estimativas estarem bem abaixo do consenso das projeções do mercado.
Para o ano inteiro de 2026, a projeção de inflação do BC, divulgada no comunicado da última reunião do Copom, é de 3,6%. Esse número é quase 1 ponto porcentual (0,90 ponto) abaixo da mediana das estimativas dos analistas para o IPCA de 2026 (de 4,50%) na última pesquisa Focus.
O que o BC estaria enxergando como trajetória para a inflação que o mercado não está vendo? Ou melhor, o que o BC estaria se negando a embutir nas suas projeções de inflação que o mercado já está prevendo na dinâmica de preços?
Projeções de inflação mais otimistas do BC não são novidades. Mas suscita desconfiança a grande discrepância entre o BC e o mercado na estimativa para o IPCA do ano que vem.
Essa divergência também pode ser interpretada como falta de credibilidade por parte do mercado no compromisso do Copom em trazer a inflação em direção à meta. Até porque um IPCA de 4,50% está acima até do limite superior de tolerância da meta. E 3,6%, embora muito acima do centro (3%), ainda está no intervalo permitido de oscilação.
Em termos dos modelos usados para projetar a inflação, não existem tantas diferenças entre os fatores que o BC e o mercado usam para alimentar os seus cálculos. Talvez a divergência entre os números seja em razão do peso dado pelo BC e pelos analistas a variáveis como expectativas de inflação, hiato do produto (nível de ociosidade da economia), câmbio e preços de commodities. Mas não é só uma questão de parâmetros.
Há suspeita de que, quanto às expectativas inflacionárias, o BC não esteja levando em conta o impacto que os analistas consideram que o risco fiscal, em 2026, terá sobre as projeções de inflação e, por tabela, na inflação corrente.
Os preços de serviços, por exemplo, sofrem influência grande das expectativas inflacionárias. E a questão fiscal pesa.
Do lado do desempenho do PIB, há a crítica de que o BC ainda ignora o potencial aumento na demanda em razão de estímulos ao crédito consignado do setor privado ou da proposta de isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil.
E a projeção de quem aposta dinheiro? A inflação implícita nos títulos públicos, com vencimento em maio de 2027, é de 5,34%. Não à toa, a visão de que a inflação do BC está “Poliana” demais.
BOL - SP 14/05/2025
A Moodys Ratings prevê que os preços globais do minério de ferro permanecerão entre US$ 80 e US$ 100 por tonelada nos próximos 12 a 18 meses, refletindo uma combinação de demanda moderada da China e oferta global elevada. Essa dinâmica limitará o crescimento dos lucros dos principais produtores do setor.
A produção de aço da China, que responde por mais da metade do consumo global de minério de ferro, enfrenta um declínio estrutural impulsionado pela desaceleração do setor imobiliário e por políticas governamentais voltadas à redução de emissões. Como resultado, a demanda chinesa por minério de ferro - especialmente de baixo teor - deve continuar em queda.
A Moodys destaca ainda que a fraqueza nos setores consumidores de aço, como construção civil e indústria automotiva, deve manter a demanda global por aço e minério de ferro em níveis moderados em 2025. A atividade manufatureira global também segue enfraquecida, impactada por custos elevados, incertezas econômicas e tensões comerciais.
Apesar do cenário desafiador, a Moodys acredita que uma confluência de fatores - como a saída de produtores de alto custo e a estabilidade operacional dos grandes players - ajudará a evitar volatilidade excessiva nos preços.
Valor - SP 14/05/2025
Contratos para setembro, os mais negociados, fecharam em alta de 1,06%, a US$ 99,18 por tonelada
Os futuros do minério de ferro voltaram a subir na Bolsa de Dalian, ainda beneficiados pelos avanços nas negociações tarifárias entre China e Estados Unidos.
Os contratos para setembro, os mais negociados, fecharam em alta de 1,06%, a 714,5 yuan (US$ 99,18) a tonelada.
Valor - SP 14/05/2025
O lucro operacional deve cair para cerca de 500 bilhões de ienes no atual ano fiscal, até março de 2026 — bem abaixo das estimativas dos analistas de 1,35 trilhão de ienes
A Honda Motor espera um impacto de 450 bilhões de ienes (US$ 3 bilhões) em seu lucro anual, enquanto se prepara para as consequências das tarifas automotivas do presidente dos EUA, Donald Trump, juntando-se às rivais que se recuperam da guerra comercial.
O lucro operacional deve cair para cerca de 500 bilhões de ienes no atual ano fiscal, até março de 2026 — bem abaixo das estimativas dos analistas de 1,35 trilhão de ienes. O lucro no ano fiscal encerrado em 31 de março foi de 1,21 trilhão de ienes após um quarto trimestre fraco, informou a empresa em um comunicado na terça-feira.
“O impacto das políticas tarifárias em vários países sobre nossos negócios tem sido muito significativo, e revisões frequentes são feitas, dificultando a formulação de uma perspectiva”, disse o CEO, Toshihiro Mibe, a repórteres. A montadora, que já delineou planos para transferir a produção de seu Civic híbrido do Japão para os EUA, está considerando a possibilidade de expandir a capacidade de produção americana em resposta às tarifas.
A Honda se junta a uma lista crescente de montadoras globais que calculam o custo das tarifas de Trump. A General Motors reduziu sua projeção de lucro anual em até US$ 5 bilhões, enquanto a Ford Motor se prepara para uma queda anual de US$ 1,5 bilhão. A Toyota Motor prevê uma queda de US$ 1,2 bilhão no lucro apenas em abril e maio. Na segunda-feira, a Mazda Motor informou que estava retendo sua projeção anual até que a poeira baixe, acrescentando que o impacto das tarifas pode chegar a US$ 68 milhões somente em abril.
Os EUA representam o maior mercado para cinco das maiores montadoras japonesas, incluindo a Honda. A empresa vendeu cerca de 1,4 milhão de carros nos EUA em 2024, de acordo com a Bloomberg Intelligence, quase 40% dos quais foram importados.
A Honda também anunciou na terça-feira que adiou os planos de estabelecer uma cadeia de suprimentos para veículos elétricos em Ontário, Canadá, por dois anos, devido à queda na demanda.
O plano anunciado anteriormente incluía uma fábrica de baterias e uma fábrica de veículos elétricos com capacidade de produção anual de 240.000 veículos.
“O crescimento do mercado de veículos elétricos desacelerou mais do que o esperado inicialmente, dificultando a previsão de novos progressos”, disse Mibe. As mudanças na estratégia de eletrificação da empresa serão explicadas em detalhes durante uma atualização de negócios em 20 de maio.
Embora a Honda possa ter se esquivado de um golpe ao desistir de um acordo para se unir à rival em dificuldades Nissan Motor, ela terá que seguir sozinha, já que o mercado automotivo global está abalado pelas tarifas americanas e pela intensa concorrência na China.
A Honda assinou um acordo com a Nissan em dezembro para unir as duas marcas em uma única holding. Mas as negociações rapidamente começaram a se deteriorar e, por fim, a aliança foi formalmente encerrada em poucos meses. Desentendimentos entre as duas marcas tradicionais, que se recusaram a se encontrar em pé de igualdade, chegaram a um fim rápido, o que, em teoria, poderia ter criado uma gigante capaz de competir com a Toyota e outros pesos pesados do setor.
Um ponto positivo: o negócio de motocicletas da Honda representou metade de seu lucro operacional e cresceu durante o ano fiscal anterior. Seu segmento de automóveis diminuiu, principalmente na China.
A expectativa é que ambas as tendências continuem durante o atual ano fiscal, afirmou a empresa.
O Estado de S.Paulo - SP 14/05/2025
A Venezuela pode voltar ao mapa da produção automotiva na América do Sul por meio de uma cooperação com a Rússia. O governo venezuelano negocia com Moscou a instalação de fábricas de veículos no país, com o objetivo de abastecer o mercado interno e também exportar para outros países da América Latina e Caribe. A informação foi divulgada pelo ministro das Relações Exteriores venezuelano, Ivan Gil Pinto, em declarações à imprensa russa.
Segundo o chanceler, empresas russas foram convidadas a estabelecer produção local não apenas no setor farmacêutico, mas também na indústria automotiva. A proposta faz parte de um esforço de reindustrialização do país, que já foi um dos maiores polos de fabricação de veículos na região.
“Temos capacidade técnica para a produção e ela está em constante crescimento”, afirmou Gil Pinto, reforçando que a Venezuela busca se posicionar novamente como um centro produtivo. A cooperação pode incluir a montagem de veículos da Lada e de outras marcas russas, como a Moskvich, que recentemente foi relançada com tecnologia chinesa da JAC Motors após a saída das montadoras ocidentais da Rússia.
A aposta em modelos russos sinaliza um novo caminho para a indústria automobilística venezuelana, que nas décadas de 1990 e 2000 contava com fábricas da Ford, General Motors, Toyota, entre outras. Com o colapso econômico do país e o agravamento das sanções internacionais, essas operações foram encerradas, deixando o país praticamente sem produção local.
Nos últimos anos, Caracas chegou a cogitar acordos com o Irã para produção de veículos, mas sem sucesso. Além da necessidade de retomada da produção, o mercado venezuelano sofre com um dos preços mais altos do mundo para automóveis, reflexo da escassez e da dependência de importações.
Assim, o acordo com a Rússia pode aliviar essa situação, além de impulsionar a reativação do parque industrial automotivo. Para os russos, o movimento também tem significado geopolítico. Em meio ao isolamento causado pela guerra na Ucrânia e às sanções do Ocidente, o governo de Vladimir Putin tem buscado ampliar sua influência econômica e industrial em países aliados, como a Venezuela.
A parceria, se concretizada, poderá beneficiar os dois lados: Moscou expande sua base produtiva, e Caracas recupera uma indústria estratégica.
Valor - SP 14/05/2025
Empresa tem se afastado das vendas com desconto há cerca de 10 anos
Montadora japonesa de crescimento mais rápido nos Estados Unidos nos últimos 10 anos, a Mazda Motor está mudando para o modo de sobrevivência, enquanto se concentra em resistir à tempestade das políticas tarifárias do presidente americano Donald Trump.
A Mazda anunciou na segunda-feira (12) que está retendo uma previsão de lucros para o ano que termina em março de 2026. "Estamos dizendo aos nossos fornecedores que estamos entrando no modo de sobrevivência", disse o presidente da Mazda, Masahiro Moro, em uma coletiva de imprensa sobre os resultados financeiros.
Enquanto a Toyota Motor e a Mitsubishi Motor divulgaram suas previsões de lucros para este ano fiscal, a Mazda diz que "a previsão é extremamente incerta e difícil de fazer", segundo Moro.
O impacto em seus lucros apenas em abril atingiu 9 bilhões a 10 bilhões de ienes (US$ 60,7 milhões a US$ 67,5 milhões), representando um golpe significativo para o ano inteiro.
O mercado vê a Mazda em uma posição precária. Os EUA são sua maior fonte de lucros e representam 30% das vendas globais. Cerca de 80% dos veículos que vende nos EUA são importados, com as tarifas de Trump pesando fortemente em seus lucros.
A Mazda tem se afastado das vendas com desconto há cerca de 10 anos, e seus esforços para aumentar o valor da marca renderam frutos. As vendas nos EUA em 2024 aumentaram 17% em relação ao ano anterior, para 424 mil unidades, estabelecendo um novo recorde pela primeira vez em 38 anos.
Enquanto a Toyota, a Nissan Motor e a Honda Motor viram suas vendas nos EUA despencarem na última década, a Mazda obteve um rápido crescimento.
Mas seu sucesso no país significa um grande impacto das tarifas de Trump. "A única maneira de evitar perdas é aumentar os preços, mas o reconhecimento da marca Mazda não é alto o suficiente", disse Seiji Sugiura, analista sênior do Tokai Tokyo Intelligence Laboratory.
A Mazda criou uma equipe interdepartamental para trabalhar em um plano de sobrevivência. Interrompeu a produção de veículos destinados ao Canadá em sua fábrica no estado do Alabama, no sul dos EUA, e agora está direcionando toda a produção do local para os EUA.
A capacidade de produção da fábrica do Alabama é de cerca de 150 mil unidades. Ao canalizar toda a sua produção para o mercado dos EUA, a Mazda pode aumentar a oferta em cerca de 10%.
Em preparação para riscos futuros, a empresa anunciou planos em 2024 para reduzir os custos em 100 bilhões de ienes. Agora, explorará se são possíveis mais reduções de custos.
Ao mesmo tempo em que toma essas medidas, a Mazda pretende atingir vendas globais de 1,3 milhão de unidades no ano fiscal de 2025, o mesmo nível do ano fiscal de 2024. Busca construir um modelo de negócios que lhe permita aumentar as vendas em outros mercados, mesmo que as vendas nos EUA caiam.
No Japão, um mercado chave, transplantará estratégias que tiveram sucesso nos EUA, como eliminar reduções de preços. Os consumidores que compram a preços reduzidos têm maior probabilidade de escolher outras montadoras quando compram seu próximo veículo. A Mazda espera aumentar os fãs e aumentar as vendas.
Se as exportações para os EUA do Japão diminuírem, a produção doméstica poderá cair. A Mazda produziu 748 mil unidades internamente no ano encerrado em março de 2025. "Mesmo que temporariamente caiamos para o nível de cerca de 700 mil unidades, vamos empurrá-lo de volta para cima", disse o presidente da montadora.
InfraRoi - SP 14/05/2025
A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) apresentou os indicadores econômicos do setor no primeiro trimestre de 2025 e destacou a elevada taxa de juros como a principal preocupação. A taxa Selic, que serve de base para os cálculos de empréstimos e financiamentos, subiu para 14,75% em 7 de maio, por decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central.
A nova alta dos juros não reverteu as expectativas positivas da CBIC, que aposta em crescimento de 2,3% da construção civil este ano. A boa previsão se relaciona com a ativação da faixa 4 do programa Minha Casa, Minha Vida, do governo federal. Em contrapartida, o setor vê os custos voltando a subir acima da inflação.
A economista-chefe da CBIC, Ieda Vasconcelos, afirma que a menor captação de poupança compromete uma das principais fontes de financiamento ao crédito imobiliário. “É essencial termos taxas de juros mais baixas para que esse público possa aumentar a sua demanda e o ritmo de lançamentos crescer”, diz. Nesse sentido, ela destacou a importância do lançamento da faixa 4 do MCMV. “É um sopro de esperança diante de um cenário tão desgastante, com a taxa de juros num patamar tão alto”.
Crédito vira desafio para construção com juros altos
Embora a expectativa da CBIC permaneça positiva, o acesso ao financiamento continua desafiador, especialmente para as famílias de renda média. A entidade aponta que existe demanda e crédito graças à aplicação de R$ 127 bilhões do FGTS na construção de moradias do MCMV, além dos R$ 30 bilhões adicionais da faixa 4. O problema aparece no mercado de imóveis acima de R$ 500 mil, onde Ieda diz que a concessão de crédito vai ser mais seletiva em razão da falta de dinheiro na caderneta de poupança.
Os juros altos também contribuem para a saída de recursos da poupança. No primeiro trimestre de 2025, a captação líquida foi negativa em R$ 34,6 bilhões, superando a perda registrada em todo o ano de 2024 (R$ 21,7 bilhões). Desde 2021, a poupança já perdeu R$ 244,4 bilhões.
Mais dados do setor
Dois componentes principais puxaram o aumento do Índice Nacional de Custo da Construção (INCC). O primeiro foi a mão de obra, que registrou alta de 9,96% nos últimos 12 meses finalizados em março. No mesmo período, o custo com materiais e equipamentos acumulou alta de 6,09%. Os dois tiveram aumentos acima da inflação acumulada no período (5,88%).
A construção civil encerrou o primeiro trimestre com saldo positivo de 100 mil novas vagas com carteira assinada, segundo o Novo Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados). O setor somava, em março de 2025, 2,95 milhões de trabalhadores formais — alta de 3% em relação ao mesmo mês do ano anterior. A construção foi o setor com o maior salário médio de admissão do país: R$ 2.420,97, acima da média nacional de R$ 2.225,17.
No primeiro bimestre de 2025, a produção de insumos típicos da construção cresceu 4,9% em relação ao mesmo período do ano anterior, segundo o IBGE. O resultado reflete o forte aumento nos lançamentos imobiliários em 2024, que avançaram 18,6%.
O comércio varejista de materiais de construção também cresceu 6,7% nos dois primeiros meses do ano, na comparação anual. O mercado de trabalho aquecido e o aumento da renda média explicam parte desse desempenho.
Segundo dados do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC) analisados pela CBIC, as vendas acumuladas de cimento no primeiro trimestre de 2025 totalizaram 15,6 milhões de toneladas — alta de 5,9% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Revista Ferroviaria - RJ 14/05/2025
O ministro da Casa Civil, Rui Costa, disse, nesta segunda-feira (12/5), que o governo brasileiro assinará um acordo para ampliar a participação da China no setor ferroviário do Brasil. Segundo o titular da pasta, a proposta vai ser assinada nesta terça-feira (13/5), quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) terá uma reunião com o líder chinês, Xi Jinping.
“Nós estamos montando — isso será assinado amanhã entre os governos — um fórum específico para avançar na área, por exemplo, de participação deles [chineses] na área ferroviária. A instalação no Brasil de produção de trens, de metrô, de VLT, de equipamentos”, adiantou o ministro à imprensa, durante visita ao país asiático.
“Eles têm capital humano, capital de investimento e tecnologia, e nós queremos aproveitar esse capital humano e essa tecnologia, inclusive, para levar para produzir trens no Brasil. Trem, metrô, VLT, monotrilha”, detalhou Rui.
Ainda de acordo com o ministro, os governos assinarão também um mecanismo que vai permitir que empresas chinesas possam acompanhar com antecedência os leilões de concessão de estradas, portos e aeroportos no Brasil.
“Essa iniciativa é importante porque os chineses têm um processo decisório bastante específico e que, muitas vezes, ter conhecimento apenas nos 100 dias do prazo de publicação do edital até o leilão, acaba não sendo suficiente”, destaca.
A missão do governo brasileiro na China busca expandir as oportunidades de comércio. Durante o fórum com empresários, que contou com a participação de Lula, o presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, anunciou o investimento de US$ 27 bilhões de empresas chinesas no Brasil.
O Estado de S.Paulo - SP 14/05/2025
ENVIADO ESPECIAL A PEQUIM - Se nada mudar nas próximas horas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve retornar ao Brasil da viagem a Pequim sem conseguir um de seus principais objetivos: atrair o capital chinês para a obra da ferrovia bioceânica. A delegação brasileira já deu sinais de que essa meta tão perseguida na visita de Estado pode ficar para depois, e pediu que estatais da China deem um sinal verde em 30 dias.
A construção da ferrovia é um dos pontos mais importantes para o plano de integração sul-americana que visa ligar Altântico e Pacífico e criar uma rede integrada de escoamento de produtos brasilerios para a China - e vice-versa - além de outros mercados na Ásia.
A rota de escoamento visa criar a infraestrutura necessária para diminuir o tempo e custos de transporte, e tem na ferrovia seu trecho mais complexo, por atravessar a cordilheira dos Andes.
A visita de Estado foi precedida de viagens de ambos os lados. Chineses analisaram os projetos em Brasília, e ministros brasileiros como Rui Costa (Casa Civil) e Simone Tebet (Planejamento) liderando delegações em Pequim.
Mas, segundo integrantes do Palácio do Planalto, os chineses indicaram que ainda não vão entrar no projeto estratégico do Corredor Bioceânico. Eles suspeitam que haja algum entrave geopolítico.
O corredor é um dos focos da carteira de projetos do Novo PAC, e o Brasil ainda insiste para que seja abraçado pela China, dentro do acordo de sinergia com a iniciativa chinesa Nova Rota da Seda (Belt and Road Initiative).
A China continua pressionando o Brasil a aderir a seu projeto, que já reúne 150 países, muitos na América Latina, e deve agora receber o ingresso da Colômbia.
No entanto, o governo Lula se dividiu sobre uma adesão formal e rejeitou, em novembro passado, essa opção. Houve descontentamento dos chineses.
Uma razão foi a sensibilidade política e o sinal diplomático de que o Brasil estaria se alinhando demais a Pequim. Os dois países então optaram por lançar um plano que sintonize PAC e Nova Rota da Seda.
O megaprojeto de infraestrutura global financiado e construído pela China ao redor do mundo passa dos US$ 2 trilhões, e entrou na mira dos EUA e de Donald Trump. Após ameaçar tomar o Canal do Panamá, ele conseguiu pressionar o governo de José Raúl Mulino a abandonar a estratégia chinesa.
“O Brasil quer fazer parcerias com todos e não aceita veto de ninguém”, disse Rui Costa, ao ser indagado sobre o potencial de retaliação dos americanos. “O Brasil prega o multilateralismo, não funciona na base da ameaça e da tensão de nenhum país.”
Um diplomata chinês disse ao Estadão que o Brasil precisa de um plano, e que pode ainda demorar algum tempo, como é tradição, para que as empresas chinesas tomem uma decisão tão vultosa.
Segundo o ministro Rui Costa, os chineses têm alertado também que o Brasil precisa formar uma cadeia de suprimentos para ver as obras deslancharem, com formação de pessoal.
O titular da Casa Civil indicou que as obras da Ferrovia de Integração Centro-Oeste (FICO), em Goiás, no segundo trecho, podem ser atrativas aos chineses, assim como o terceiro trecho da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (FIOL), que parte de Ilhéus (BA). Depois, há o desafio da travessia para chegar ao Pacífico, o projeto de engenharia mais desafiador.
“Uma ligação bioceânica não é simples, é um arranjo gigantesco de investimento, com o ‘pequeno’ detalhe de atravessar a cordilheira dos Andes. Não é trivial”, afirmou Costa, sem estimar um prazo para que os chineses decidam. “O que queremos de antemão é chamá-los para participar desse projeto em construção no Brasil.”
Rui Costa disse que os chineses tem um processo decisório mais lento e que por isso o governo brasileiro planeja fazer fóruns de apresentação antecipada dos projetos que serão leiolados em infraestrutura (estradas, ferrovias, portos e aeroportos) a fim de que possam de fato aparecer nas concorrências. Os editais, lembrou ele, tem duração de 100 dias.
Já a ministra Simone Tebet pediu uma decisão de investimentos pelos chineses, a respeito da ferrovia do corredor bioceânico, em 30 dias - a tempo da prevista visita de Xi Jinping ao Rio de Janeiro, em julho, para a Cúpula do Brics. Ela apelou aos empresários chineses e autoridades do governo dizendo que o Brasil não tem recursos orçamentários suficientes para tocar o projeto sozinho e depende da parceria. Mesmo os investimentos privados nacionais são insuficientes para as ferrovias, afirmou a ministra.
“Nós temos hoje uma conversa com o governo chinês, especialmente no que se refere à ferrovia, e temos um prazo de, nos próximos 30 dias, estamos vendo a oportunidade de fazermos um projeto ferroviário interligando o Atlântico ao Pacífico, rasgando o Brasil em ferrovia na área considerada o celeiro do Brasil. Nós estamos falando de interligar a Bahia, a região de Matopiba, centro-oeste, o celeiro do Brasil, com o maior investimento chinês na América do Sul, que é o porto de Chancay”, disse Tebet.
“Todos os investimentos, rodovias, portos, aeroportos, cabotagem, conectividade, segurança de fronteira, alfândega, nós temos recursos necessários pelo lado do Brasil e no que se refere à América do Sul, nós temos hoje uma carteira que ainda está em aberto de 10 bilhões de dólares para que todos os países possam se financiar e fazer essa integração. O que falta para o Brasil? Nós precisamos de parceria com a China para fazermos aquilo que há de mais caro: ferrovias. Dentro de 30 dias esperamos ter um sinal verde, no sentido brasileiro, no caso da China, vermelho, no sentido de sermos financiados com o projeto executivo daquela ferrovia que apresentamos.”
Valor - SP 14/05/2025
Rota bioceânica usa trecho do projeto Rotas de Integração Sul-Americana, encabeçado pelo Ministério do Planejamento
O Brasil tenta fazer com que autoridades da China invistam em uma ferrovia que ligaria o oceano Atlântico ao Pacífico, num projeto que pode mudar o tempo e o custo do comércio entre as duas nações. A história parece sedutora — uma "revolução", como afirmou a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet —, se foram desconsiderados alguns obstáculos, como a Cordilheira dos Andes e o financiamento da empreitada.
A ferrovia bioceânica sonhada pelas autoridades brasileiras teria 3 mil km de extensão e integraria trechos de projetos já existentes: a Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), a Ferrovia Norte-Sul (FNS) e a Ferrovia de Integração Centro-Oeste (Fico). Em um exemplo hipotético, o trem partiria de Ilhéus, no litoral da Bahia, e seguiria para Mara Rosa, em Goiás. De lá, iria para Lucas do Rio Verde, em Mato Grosso.
Daí em diante, não existe nada de concreto. O Ministério do Planejamento (e não da Infraestrutura ou dos Transportes, que também conduzem as tratativas junto com a Casa Civil) disse ao Valor que o trem hipotético nesta ferrovia sonhada subiria pelo estado de Rondônia até Rio Branco, capital do Acre, de onde seguiria para Assis Brasil, onde o estado faz fronteira com o Peru.
Nesta abstração, o trem seguiria a direção da chamada Estrada do Pacífico, no país vizinho, e a próxima parada seria o porto de Chancay, considerado o maior investimento chinês na América Latina, que custou US$ 3,5 bilhões e tem rotas para o porto de Xangai. Seu uso diminui em cerca de dez dias o período para o escoamento de mercadorias para a Ásia.
Hoje em dia, o acesso brasileiro ao complexo portuário se dá principalmente por hidrovias, fruto do projeto de integração sul-americana.
O trajeto da ferrovia bioceânica, segundo o Ministério do Planejamento, usa a terceira das Rotas de Integração Sul-Americana, programa criado em 2023 para fortalecer cinco caminhos logísticos para o comércio com países vizinhos ao Brasil. Ainda segundo a pasta, a iniciativa tem caráter multimodal: prevê a interligação da região a partir de rodoviárias, ferroviárias, hidroviárias, infovias, portos e aeroportos.
O problema Cordilheira dos Andes
A interligação dos dois oceanos passando pelo Centro-Oeste brasileiro enfrenta como um dos obstáculos a Cordilheira dos Andes, que faz parte do trajeto aventado.
O professor José Leomar Fernandes Júnior, do Departamento de Engenharia de Transportes da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC), da USP, ressalta que a viabilização de um empreendimento desse porte requer, além de um estudo técnico preliminar, investigações geológico-geotécnicas para obras de túneis, viadutos, cortes e aterros.
Ele usa como exemplo para ilustrar a complexidade do projeto as obras da Rodovia dos Imigrantes, que corta a Serra do Mar para conectar a região metropolitana de São Paulo à Baixada Santista. “Trata-se de uma obra muito mais curta, em uma região desenvolvida e conhecida desde a época do Império. Mesmo assim, veja quanto tempo levou para fazer a outra pista”, disse. A primeira pista, de subida, foi inaugurada em 1976, enquanto a segunda foi concluída em 2002.
Entre os desafios para uma possível ferrovia bioceânica, ele elenca a passagem por áreas de diferentes relevos e composição de solo, altitude elevada e a necessidade de construção de túneis ou viadutos, obras de alta complexidade. “O túnel ferroviário mais extenso na Suíça tem 54 km, mas para fazer esses 54 km são mais de 100 km de perfurações, porque você tem que ter instalações complementares”, destaca.
O acesso a lugares de difícil acesso, tanto para os estudos prévios, como para a execução da obra em si, também soma às dificuldades. “Por isso que é algo que já estava sendo pensado e, 15 anos depois, a gente continua conversando sobre”, afirma.
O projeto da ferrovia bioceânica já esteve em discussão durante a presidência de Dilma Rousseff, a mesma governante que prometeu o trem-bala entre São Paulo e Rio de Janeiro, passando por Campinas, e que nunca foi construído.
Na época do governo Dilma, o trajeto da ferrovia bioceânica passava por áreas de preservação e territórios de povos originários no Brasil e no Peru. Agora, o trajeto, segundo o ministério do Planejamento, ainda está "sendo definido".
Custo "dispendioso" de um valor não revelado
Segundo o governo federal, outro obstáculo para a ferrovia bioceânica é o custo do projeto, cujo valor estimado ainda não foi revelado publicamente pelo Ministério do Planejamento.
Em um comunicado, a pasta afirmou que "projetos ferroviários tendem a ser dispendiosos e demoram para ser concluídos, uma vez que envolvem diversas etapas, desde estudos de viabilidade técnica, ambiental e econômica até a execução das obras". Ainda de acordo com esse comunicado, "a participação do capital privado – incluindo o internacional – é essencial para a concretização de uma iniciativa dessa magnitude".
Neste mesmo comunicado, Simone Tebet afirmou que "não há investimento privado nacional suficiente" e que, "atualmente, quem possui os recursos necessários é a China, tanto no setor privado quanto no público."
Ao Valor, o Ministério do Planejamento afirmou que o cenário é de abertura para capital internacional, seja público ou privado, e que "países europeus", "Estados Unidos" ou "qualquer país" são bem-vindos se puderem "apoiar ferrovias no Brasil". "No caso [planejamento da ferrovia bioceânica], a China tem uma predisposição maior, por isso a gente gasta mais tempo com a China, porque tem mais capital disponível e mais expertise acumulada nesse modal".
Integrantes do Ministério do Planejamento e Orçamento que estiveram na comitiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na viagem à China disseram ao Valor que a expectativa era fechar a contratação de um estudo técnico para a ferrovia bioceânica. No entanto, segundo reportagem publicada pelo jornal "O Estado de S.Paulo", os chineses indicaram que ainda não vão entrar no projeto por suspeitarem que exista algum entrave geopolítico na empreitada.
CNN Brasil - SP 14/05/2025
O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, afirmou nesta terça-feira (13) que empresários chineses vão participar do leilão do Túnel Santos-Guarujá, marcado para 1º de agosto.
“Grandes empresas na área da construção civil aqui da China querem participar do leilão. Serão investimentos na ordem de mais de R$ 6 bi. Nos próximos 30 dias, um conjunto de empresas está indo ao Brasil para poder participar efetivamente da construção de consórcios”, disse
Silvio Costa Filho está em Pequim, com a comitiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Além disso, assinamos um conjunto de ações com o setor produtivo portuário, onde a gente espera investimentos de quase R$ 5 bi nos portos públicos brasileiros”, acrescentou.
Costa Filho confirmou ainda a assinatura de um acordo de cooperação com a Universidade da Aviação Civil da China, com o objetivo de otimizar a tecnologia e a governança dos aeroportos brasileiros.
A Tribuna - SP 14/05/2025
O Tribunal de Contas da União (TCU) aprovou, na semana passada, o leilão de arrendamento do terminal VCD29, do Porto de Vila do Conde, no Pará. O TCU também dispensa da análise da concessão do terminal portuário RDJ07, no Porto do Rio de Janeiro, permitindo que o empreendimento seja concedido à iniciativa privada.
Localizado na cidade de Barcarena, no Pará, o Porto de Vila do Conde fica às margens da Baía do Marajó. O arrendamento do terminal VCD29 tem investimentos previstos de R$ 908,5 milhões, com prazo de 25 anos. O novo terminal será utilizado para armazenagem e movimentação de granéis sólidos vegetais, principalmente soja e milho.
O RDJ07, no Porto do Rio de Janeiro, receberá R$ 99,4 milhões em estrutura especializada em movimentação de petróleo. A concessão também tem prazo de 25 anos.
Em abril, houve o primeiro leilão portuário do ano. Com investimentos e aportes de cerca de R$ 2 bilhões, quatro terminais foram arrematados no Paraná, e no Rio de Janeiro.
O certame foi promovido pelo Ministério de Portos e Aeroportos (MPor), pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) e pela Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa).
Globo Online - RJ 14/05/2025
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decidiu nomear o ex-prefeito de Belford Roxo, Wagner Carneiro, mais conhecido como Waguinho, para o comando da PortosRio, a antiga Companhia Docas do Rio de Janeiro, estatal responsável pela administração dos portos públicos federais no estado. A informação foi divulgada inicialmente pelo o jornal "Folha de S.Paulo" e confirmada por articuladores ao GLOBO.
A nomeação é vista como um gesto de retribuição a um dos principais aliados do presidente na Baixada Fluminense, região em que Lula enfrentou forte resistência eleitoral em 2022 e onde busca consolidar apoio político tendo em vista à reeleição do ano que vem.
Waguinho, que é filiado ao Republicanos, tem laços estreitos com o núcleo evangélico e atuou de forma ativa para ampliar a base de apoio de Lula no estado do Rio de Janeiro. O ex-prefeito é marido da ex-ministra do Turismo Daniela Carneiro, que foi exonerada do cargo em 2023 após o rompimento de Waguinho com o União Brasil.
Apesar do respaldo direto de Lula, a nomeação iminente de Waguinho gerou desconforto entre integrantes do PT. A principal crítica recai sobre a proximidade do ex-prefeito com o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, figura central no processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.
Cunha e Waguinho atuaram juntos no comando do diretório estadual do Republicanos até a semana passada, quando foram destituídos por decisão da cúpula da Igreja Universal do Reino de Deus — ligada à fundação do partido — que tem manifestado incômodo com o avanço da ala política em detrimento da ala religiosa da legenda.
Além das tensões políticas, pesam contra Waguinho as investigações conduzidas pela Polícia Federal. Em fevereiro deste ano, ele foi alvo de mandados de busca e apreensão no âmbito de um inquérito que apura supostas fraudes na aquisição de livros didáticos durante sua gestão como prefeito de Belford Roxo. As investigações ainda estão em curso, mas o caso já levanta questionamentos na base governista preocupados com a imagem da gestão.
A presidência da PortosRio é considerada um cargo estratégico dentro da estrutura federal no estado, com influência direta sobre setores econômicos importantes, como logística, comércio exterior e infraestrutura. A nomeação de Waguinho reforça a aposta do governo em alianças regionais, em meio a dificuldade de conseguir o comprometimento dos partidos com seu projeto na esfera nacional.
A expectativa é de que a nomeação seja formalizada nos próximos dias no Diário Oficial da União.
A Tribuna - SP 14/05/2025
O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, apresentou nesta segunda-feira (12) a empresários chineses a agenda de projetos previstos nos setores portuário e hidroviário do Brasil até 2026. Acompanhando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em viagem oficial à China, o ministro participou do Fórum Empresarial Brasil-China, em Pequim.
Em discurso no evento, Costa Filho ressaltou as relações sólidas comerciais e diplomáticas entre os dois países e afirmou que a meta do Governo Federal é completar 60 leilões, de 2023 a 2026, e contratar cerca de R$ 30 bilhões em investimentos nos portos brasileiros.
“O Brasil hoje tem uma economia consolidada, com segurança jurídica e institucional para receber grandes investimentos. Estamos com um grande olhar, sob a liderança do presidente Lula, para o setor portuário brasileiro”, afirmou o ministro em seu discurso no painel chamado Sessão Ministerial.
“Será a maior quantidade de leilões da história e com os maiores investimentos”, afirmou o ministro. Além da Sessão Ministerial, o Fórum contou com outros três painéis: Investimentos e Novas oportunidades de financiamento; Transição energética e sustentabilidade; e Segurança alimentar.
O ministro citou o Programa de Arrendamento Portuário (PAP), que tem o objetivo de modernizar a infraestrutura portuária brasileira e promover o desenvolvimento regional. “Temos o agronegócio como prioridade. E queremos apresentar ao mercado chinês nossa carteira de negócios”, afirmou Costa Filho, lembrando que a China foi o principal destino das exportações brasileiras em 2024, respondendo por 28% do total, com predominância de produtos como soja, carne bovina e açúcar.
“O Brasil tem se transformado num grande player internacional e passou a ser a grande janela de oportunidades para investidores. Assim, nossa prioridade tem sido estruturar os nossos portos, para atração de investimentos e fortalecimento de todo o setor produtivo brasileiro”, acrescentou, lembrando que o momento geopolítico pode abrir oportunidades para o Brasil.
O ministro também apresentou o projeto do túnel imerso Santos-Guarujá, cujo leilão está previsto para agosto. Com investimentos de R$ 6 bilhões, o túnel será o maior projeto de infraestrutura de transportes do Novo PAC. Será o primeiro do tipo na América Latina, com 870 metros de extensão embaixo da água.
Setor hidroviário é destaque
Aos chineses, o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, ressaltou que a pasta está desenvolvendo uma agenda para o setor hidroviário, prevendo seis grandes hidrovias para os próximos cinco anos. “É a primeira vez na história que haverá uma agenda para o setor hidroviário, que dialoga com ferrovias e rodovias”, acrescentou.
Costa Filho falou ainda de potenciais parcerias para a aviação, para o turismo de negócios e de lazer. Ele citou o combustível do futuro, o Combustível Sustentável de Aviação (SAF), sobre o qual foi assinado ontem um memorando de entendimento com a Universidade de Aviação Civil da China.
“O Brasil pode ser um dos grandes exportadores de SAF nos próximos anos. É uma agenda que dialoga o desenvolvimento da economia brasileira com nossa pauta da sustentabilidade.”
A agenda do ministro prevê reuniões bilaterais com empresas e autoridades do governo da China.
Cargas
Costa Filho detalhou aos chineses a movimentação de cargas nos portos brasileiros, que alcançou 1,3 bilhão de toneladas em 2024. Ele ressaltou a perspectiva de crescer mais 2% em 2025.
Lembrou ainda que a movimentação de contêineres apresentou o melhor resultado da história em fevereiro deste ano. Foram 12,4 milhões de toneladas, crescimento de 9,26% sobre o mesmo mês de 2024.
Porto Gente - SP 14/05/2025
A cabotagem consolidou-se, nos últimos anos, como um dos modais mais promissores da logística nacional. Em 2024, o segmento movimentou 1,5 milhão de TEUs, segundo dados da Associação Brasileira dos Armadores de Cabotagem (ABAC), o que representa uma expansão de 19,8% em relação ao ano anterior. Desde 2008, o volume transportado pelo modal praticamente dobrou. Esse avanço reflete, além da resiliência do setor, os esforços de modernização da frota e a crescente busca por soluções logísticas sustentáveis. O ritmo de crescimento, no entanto, esbarra em um problema estrutural ainda pouco enfrentado com a devida urgência, que é a formação e a disponibilidade de mão de obra qualificada.
Atualmente, a formação de oficiais da Marinha Mercante está concentrada em duas instituições: o Centro de Instrução Almirante Graça Aranha (CIAGA), no Rio de Janeiro (RJ), e o Centro de Instrução Almirante Braz de Aguiar (CIABA), em Belém (PA). Juntas, essas escolas formam pouco menos de 300 novos oficiais por ano, de acordo com as vagas disponibilizadas em 2024, número esse insuficiente para atender à demanda imposta pela expansão do setor.
Um estudo conduzido pela Fundação Vanzolini, em parceria com o Centro de Inovação em Logística e Infraestrutura Portuária da USP (CILIP), estima que será necessário formar cerca de 4 mil profissionais até 2030 para suprir a atual demanda do segmento. A defasagem é expressiva e tende a se agravar caso não sejam adotadas medidas estruturantes para ampliar e diversificar a capacidade formativa nacional.
Mais do que uma limitação quantitativa, o modelo atual de formação enfrenta um descompasso em relação às exigências atuais da operação. Embora ofereça sólida capacitação técnica, ainda carece de conteúdos voltados à gestão, liderança, segurança organizacional, compreensão do negócio e uso de tecnologias aplicadas à rotina de bordo. Essa lacuna impõe aos profissionais um esforço individual para complementar sua formação, muitas vezes por meio de MBAs, especializações ou programas corporativos, criando um ambiente em que apenas os mais preparados conseguem se destacar.
Rotatividade elevada compromete estabilidade operacional
A elevada rotatividade de tripulantes no setor é outro fator igualmente crítico quanto à escassez de marítimos. Estimativas apontam que, na cabotagem, o índice de turnover gira em torno de 20% ao ano. Em outras palavras, a cada cinco tripulantes, um é substituído anualmente, uma taxa que compromete a previsibilidade operacional e impõe desafios crescentes à gestão de pessoas a bordo.
As causas para esse fenômeno são multifatoriais, mas a competição com o setor offshore se sobressai. A indústria de óleo e gás, com histórico de remunerações mais elevadas e escalas de trabalho mais atrativas, frequentemente absorve profissionais da cabotagem, oferecendo condições que ainda não podem ser plenamente replicadas pelas empresas de navegação costeira.
Essa movimentação traz consequências que vão além da simples substituição de pessoal. Cada desligamento gera custos operacionais e administrativos, demanda replanejamento logístico e, em casos extremos, pode levar à suspensão temporária de rotas por falta de tripulação habilitada. Além disso, a instabilidade das equipes prejudica a construção de vínculos interpessoais e a consolidação de práticas colaborativas, elementos fundamentais para o bom desempenho a bordo.
Com frequência, as empresas se veem forçadas a iniciar do zero o processo de integração de novos profissionais, o que representa não apenas uma sobrecarga para as lideranças embarcadas, mas também um obstáculo à formação de uma cultura organizacional sólida. Em um ambiente técnico e de alta complexidade como o marítimo, o impacto dessa rotatividade se traduz em riscos operacionais, perda de eficiência e, em última instância, redução da competitividade do setor.
Perspectivas e caminhos para a reversão do cenário
Reverter o quadro atual exige medidas estruturantes e uma atuação coordenada entre os diversos atores do ecossistema logístico e marítimo. Do ponto de vista institucional, seria fundamental considerar a possibilidade de credenciamento de novas entidades formadoras, com supervisão técnica adequada, como forma de ampliar a oferta de cursos e modernizar metodologias de ensino. Além disso, revisar, ainda que em caráter emergencial, critérios de certificação pode contribuir para mitigar os efeitos imediatos da escassez de mão de obra, desde que respeitados os padrões de qualificação exigidos pela atividade.
As empresas, por sua vez, podem assumir protagonismo na retenção e valorização dos profissionais. Investir em programas internos de desenvolvimento, oferecer planos de carreira transparentes, estruturar avaliações de desempenho e garantir boas condições de trabalho são iniciativas que contribuem diretamente para a fidelização dos talentos já embarcados. Em um cenário de alta competitividade, o ambiente organizacional pode ser tão decisivo quanto a remuneração.
É preciso considerar, ainda, que grande parte dos profissionais marítimos se orgulha da própria trajetória. Preservar esse sentimento de pertencimento e projetar um futuro atraente para os que estão ingressando exige esforço coletivo e políticas claras. A cabotagem tem potencial para crescer de forma sustentável, mas seu avanço dependerá, em grande medida, da capacidade do setor de formar, atrair e reter os profissionais que garantirão o funcionamento das operações nos próximos anos.
Andréa Simões é Diretora de Gente, Cultura e Transformação Digital da Informação na Log-In Logística Integrada, grupo de soluções logísticas, movimentação portuária, navegação de Cabotagem e Mercosul, além de atuação na ponta rodoviária.
TN Petróleo - RJ 14/05/2025
A Petrobras atingiu um lucro líquido de R$ 35 bilhões (US$ 6 bilhões) no primeiro trimestre do ano. A companhia também registrou uma forte geração de caixa, alcançando um EBITDA ajustado de R$ 61 bilhões (US$ 10,5 bilhões) e um Fluxo de Caixa Operacional (FCO) de R$ 49,3 bilhões (US$ 8,5 bilhões). O FCO representa a geração de caixa da companhia a partir de suas operações e é uma métrica fundamental para avaliação do desempenho de uma empresa. Os investimentos atingiram R$ 23,7 bilhões (US$ 4,1 bilhões), concentrados em projetos do pré-sal nos campos de Búzios e Atapu. Os Resultados Financeiros do 1T25 foram divulgados nesta segunda-feira (12/05).
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“Iniciamos o ano de 2025 com resultados operacionais e financeiros robustos, que refletem a capacidade técnica da Petrobras em superar desafios e gerar valor para a sociedade brasileira. Aumentamos a nossa produção em 5,4% em relação ao último trimestre de 2024 e assim alcançamos um caixa de US$ 8,5 bilhões com as nossas operações, que nos permite investir para continuar gerando valor e remunerar os nossos acionistas”, afirmou a presidente da Petrobras, Magda Chambriard.
O resultado financeiro foi impactado positivamente pela valorização de 7% do câmbio (real x dólar) no final do trimestre. Desconsiderando este impacto da variação cambial e de outros eventos exclusivos no trimestre, o lucro líquido apurado no período foi de R$ 23,7 bilhões (US$ 4 bilhões), 31% maior em relação ao 4T24.
O EBITDA Ajustado sem eventos exclusivos alcançou R$ 62,3 bilhões (US$ 10,7 bilhões), um crescimento de 8% em comparação ao quarto trimestre de 2024. A melhora do resultado reflete principalmente o aumento nos volumes de petróleo produzido e comercializado, além do cenário externo mais favorável caracterizado pelo aumento no crackspread de diesel.
A Petrobras retornou à sociedade R$ 65,7 bilhões pagos em tributos no período. Foram aprovados R$ 11,72 bilhões em dividendos e juros sobre capital próprio relacionados ao resultado do primeiro trimestre de 2025.
Investimentos no trimestre
A Petrobras investiu R$ 23,7 bilhões (US$ 4,1 bilhões) no primeiro trimestre de 2025 principalmente em função dos avanços em grandes projetos do pré-sal da Bacia de Santos.
“Seguimos comprometidos com a execução do nosso Plano de Negócios, por isso, investimos US$ 4,1 bilhões neste primeiro trimestre do ano, o que representa 22% do guidance anual. Esses investimentos estão concentrados em projetos do pré-sal, em especial nos campos de Búzios e Atapu. Estamos realizando mais perfurações e interligações de poços e avançando na construção das novas unidades que sustentarão nossa curva de produção. São projetos de investimento que geram valor para os nossos acionistas e se traduzirão em receita nos próximos anos”, afirma o diretor Financeiro e de Relacionamento com Investidores, Fernando Melgarejo.
No segmento Refino, Transporte e Comercialização os destaques são a conclusão do Trem 1 da RNEST e avanço no projeto de hidrotratamento (HDT) de médios da REPLAN.
Destaques operacionais
No primeiro trimestre de 2025, a produção total de óleo e gás natural da Petrobras alcançou 2,77 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boed), o que corresponde a um aumento de 5,4% em relação ao trimestre anterior. O FPSO Almirante Tamandaré entrou em produção no dia 15 de fevereiro no Campo de Búzios, no pré-sal da Bacia de Santos. O FPSO tem potencial para produzir diariamente até 225 mil barris de óleo (bpd) e processar 12 milhões de metros cúbicos de gás. No Campo de Mero, também localizado na Bacia de Santos, o FPSO Alexandre de Gusmão chegou à locação e a previsão é de que a unidade comece a operar entre o 2º e 3º trimestre de 2025.
Foram confirmadas novas descobertas na Bacia de Campos (Bloco Norte de Brava), na Bacia de Santos (Aram e Búzios) e concluído o TRF (Teste de Formação a Poço Revestido) na Colômbia (poço Sirius -2).
No primeiro trimestre, também foram concluídas as obras de modernização do Trem 1 da RNEST, elevando a capacidade de processamento da refinaria para 130 mbpd e a capacidade de produção de diesel S-10 em 6 mil barris por dia. Já no início de maio, foi iniciada a operação comercial do segundo módulo da Unidade de Processamento de Gás Natural (UPGN) do Complexo Boaventura, elevando a capacidade total de processamento para 21 MM m3/d de gás.
Em fevereiro de 2025, a Petrobras realizou sua primeira venda de VLSFO (Very Low Sulfur Fuel Oil) com 24% de conteúdo renovável no mercado asiático, em parceria com a empresa Golden Island, fornecedora de bunker em Singapura. Essa comercialização está alinhada com a estratégia da Petrobras de desenvolver produtos sustentáveis e inovadores, contribuindo para um mercado de baixo carbono. Ainda na área comercial, foi assinado contrato com a estatal indiana Bharat Petroleum Corporation Limited (BPCL) para exportar até 6 milhões de barris de petróleo por ano a partir de 2025.
Ainda no primeiro trimestre, Petrobras e BNDES firmaram parceria para reflorestar a Amazônia e fortalecer o mercado de créditos de carbono. Objetivo é recuperar até 50 mil hectares de floresta e capturar cerca de 15 milhões de toneladas de carbono.
Infomoney - SP 14/05/2025
O resultado da Petrobras (PETR3;PETR4) no primeiro trimestre de 2025 (1T25) foi analisado por Regis Cardoso, analista de óleo e gás da XP, nesta terça (13), durante o programa Morning Call da XP. A volatilidade do barril do petróleo parece ditar mais o que pode vir pela frente do que propriamente as questões domésticas ou internas da estatal.
“O petróleo tem sido muito volátil desde o início de abril em função dos anúncios de tarifas e incertezas sobre o crescimento do PIB global que, consequentemente, afeta a demanda da commodity”, disse.
Petrobras (PETR4): lucro vai a R$ 35,2 bi, alta anual de 48,6%, e supera projeções
Companhia divulgou resultados na noite desta segunda-feira (12)
As tarifas em questão são as anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com os países os quais os americanos mantêm comércio internacional, em meio à muita indefinição sobre a adoção, as negociações e os efeitos das taxas de importação.
“Mas as empresas locais estão expostas a esse preço internacional”, comentou. Ele explicou que a Petrobras se expõe ao tema do petróleo em razão de rendimento trimestrais em função do preço do Brent. “A gente não acha que o petróleo vai cair abaixo de US$ 60, mas há muita incerteza”, analisou.
Balanço
Sobre os resultados da Petrobras no 1T25, ele destacou que de forma geral vieram ligeiramente abaixo do que a XP esperava. “Mas nada tão surpreendente ou fora de consenso como foi no quarto trimestre (de 2024), quando o investimento superou em muito a expectativa do mercado e teve impacto negativo na distribuição de dividendos”, ressaltou.
No 1T25, o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) da Petrobras veio em US$ 10,7 bilhões, 4% abaixo estimativa da XP. “Por outro lado, o lucro de US$ 6 bilhões superou em 16% nossa previsão, em parte ajudados por ganho de variação cambial”, comentou Regis Cardoso.
O dividendo anunciado foi de US$ 2,1 bilhões, um pouco menor do que os US$ 2,3 bilhões que a XP esperava. “Isso representa um rendimento 2,7% das ações ordinárias e 2,9% das ações preferenciais, comparado com o último fechamento da ação”, afirmou o analista.
“A alavancagem da empresa veio muito controlada. A dívida líquida financeira que exclui os arrendamentos ficou estável em US$ 15,4 bilhões”, acrescentou. O Capex também veio em linha, concluiu Cardoso.
Valor - SP 14/05/2025
Segundo a diretora de exploração e produção, Sylvia Anjos, o plano de negócios da petroleira prevê investimentos de US$ 3 bi na perfuração de 15 poços exploratórios na Margem Equatorial
A Petrobras atendeu a todos os requisitos do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) sobre a licença para perfuração de um poço na Bacia da Foz do Amazonas, no Amapá, disse a diretora de exploração e produção da estatal, Sylvia Anjos.
Segundo a executiva, em teleconferência nesta terça-feira com analistas sobre os resultados do primeiro trimestre de 2025, a empresa ainda aguarda a visita de técnicos do Ibama ao centro de fauna construído pela companhia no Oiapoque (AP), por exigência do órgão ambiental. Anjos ressaltou que o orçamento da empresa tem espaço para a perfuração do bloco FZA-M-59, na Foz do Amazonas, conforme previsto no plano de negócios 2025-2029.
Mas disse que a estatal também tem previsão de perfurar poços de exploração em outras regiões e mesmo no exterior, como na Colômbia e em São Tomé e Príncipe, na África, além de áreas na África do Sul. “Não estamos dependendo da Foz, temos outras áreas para perfurar".
Investimentos de US$ 3 bilhões
Segundo ela, o plano de negócios atual prevê investimentos de US$ 3 bilhões na perfuração de 15 poços exploratórios na Margem Equatorial, extensa área petrolífera que vai do Amapá ao Rio Grande do Norte.
Presente à teleconferência, a diretora de assuntos corporativos da companhia, Clarice Coppetti, afirmou que a Petrobras comunica semanalmente ao Ibama sobre os passos na Foz do Amazonas e “demonstra prontidão” para a última avaliação antes da emissão da licença ambiental — a avaliação pré-operacional, uma simulação da atividade de perfuração “in loco”.
Centro de remoção de petróleo da fauna
A presidente da empresa de petróleo, Magda Chambriard, disse, por sua vez, que a companhia está com tudo programado para mover a sonda que vai operar na área na qual pretende perfurar um poço exploratório na Bacia da Foz do Amazonas. A sonda está concluindo a limpeza do casco antes de seguir para o Estado.
Segundo ela, a última exigência do Ibama foi atendida no fim de março: a construção de um centro de remoção de petróleo da fauna. Chambriard salientou que a estatal está entregando para a sociedade o maior plano de emergência já realizado pela companhia e que não crê que a região do Amapá não será contemplada com a exploração de petróleo, mesmo com todo o aparato proposto pela Petrobras, dentro do processo de licenciamento.
“Esperamos uma resposta do órgão ambiental para os próximos dias”, acrescentou Clarice Coppetti.
Contrato com a sonda
A diretora de engenharia, tecnologia e inovação da Petrobras, Renata Baruzzi, afirmou nesta terça-feira (13) que o contrato com a sonda que a Petrobras pretende usar na perfuração um poço exploratório na Bacia da Foz do Amazonas, vence em outubro. Caso a operação seja iniciada antes do fim do contrato, a empresa pode finalizar os trabalhos com o mesmo equipamento mesmo que ultrapasse o prazo do fim do contrato, esclareceu Baruzzi.
Sylvia Anjos chegou a afirmar que, caso não sejam iniciados os trabalhos em breve, a estatal precisará de uma licença do Ibama para uma outra sonda. A informação foi retificada posteriormente pela assessoria de imprensa da Petrobras.
A sonda atual, denominada NS-42, está vinculada ao projeto em estudo e foi autorizada pelo Ibama. A troca de equipamento, caso seja necessário, exigirá que sejam refeitos apenas os estudos de risco da nova sonda, dentro do mesmo licenciamento. A Petrobras aguarda a vistoria do Ibama para atestar que a sonda destinada à perfuração está desincrustrada de coral-sol, espécie exótica invasora que pode afetar a biodiversidade marinha brasileira.
Valor - SP 14/05/2025
Segundo Magda Chambriard, a estatal precisa comercializar petróleo com as melhores margens de lucro, ao mesmo tempo buscando a maior redução de custos possível
A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, disse, nesta terça-feira (13), que a empresa vai pensar, “em breve”, na produção antecipada de petróleo e gás para o bloco de Aram, na Bacia de Santos. A área foi alvo de duas descobertas de indícios de hidrocarbonetos nos últimos meses.
A primeira descoberta foi anunciada no dia 19 de março e a segunda, mais recente, na sexta-feira (9). Em teleconferência com analistas sobre os resultados do primeiro trimestre deste ano, a executiva ressaltou que o óleo é proveniente do pré-sal e de boa qualidade.
Chambriard destacou também que a descoberta de gás na Colômbia, recentemente, foi “excelente”. “O bloco será responsável por atender a todo o consumo de gás daquele país”, afirmou.
Ela salientou que a Petrobras tem que comercializar petróleo com as melhores margens de lucro, ao mesmo tempo buscando a maior redução de custos possível.
“Estamos endereçando redução de custos neste cenário desafiador, em prol de nossos acionistas”, completou.
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