Valor - SP 11/08/2025
Proprietário da Soma, brasileira que exporta lâminas para extração de petróleo, aposta que o tarifaço será temporário
Há 20 anos, a Soma começou a exportar lâminas de aço para empresas de extração de petróleo dos Estados Unidos. Com o tempo, o mercado americano tornou-se uma dos principais fontes de vendas dos seus produtos, representando, em 2024, 18% do faturamento da metalúrgica localizada em Ribeirão Pires (SP).
A sobretaxa de importação de 50% aplicada pelo governo dos EUA seria um bom motivo para a empresa brasileira mudar planos estratégicos. Mas Nilson Bagatin, um dos sócios da empresa, pretende redobrar esforços para manter os clientes, pois ele acredita que o “tarifaço” de Donald Trump “não vai durar muito tempo”.
Se repassar o custo da sobrecarga tributária a empresa brasileira corre o risco de perder os clientes americanos para concorrentes do México, cujos produtos foram taxados em 30%. Se a alíquota fosse a mesma, Bagatin não tem dúvidas de que o cliente americano manteria o contrato com o fornecedor do ABC.
A Soma exporta o mesmo tipo de produto para a China e para Dubai. Mas, não existe a possibilidade de desviar o produto fabricado para os EUA para outros mercados. Os moldes das peças embarcadas para os EUA foram feitas sob medida, com especificações definidas pelos clientes e inclusive pertencem a eles.
As peças produzidas em Ribeirão Pires são feitas com aço especial, também sobretaxado pelo governo americano o que, segundo Bagatin, vai encarecer o produto mesmo que produzido em outras partes do mundo.
Com 240 funcionários, a Soma trabalha com aço produzido no Brasil. A empresa, que não divulga dados financeiros, foi fundada em 1998 a partir da compra da subsidiária brasileira da multinacional americana Tempel Steel, da qual Bagatin era funcionário. Com o tempo, a Soma diversificou a produção e hoje também fabrica sistemas de aquecimento solar.
A nova tarifa alterou as perspectivas que o empresário tinha de expandir negócios. Recentemente Bagatin participou de uma feira do setor nos Estados Unidos e, segundo ele conta, saiu de lá com expectativas de fechar negócios com clientes que gostaram do produto brasileiro. “A nova tarifa foi um balde de água fria”, diz o empresário.
Mas Bagatin não pretende entregar os pontos. “É vida que segue. Vamos para o sacrifício, mas não perderemos o cliente”, destaca. O empresário prevê que o “tarifaço” de Trump não durará muito tempo porque “não tem lógica”. Quanto tempo? “Uns dois ou três meses”, prevê.
Em 2024, as exportações dos sete municípios do ABC somaram US$ 5 bilhões, dos quais 13,4% tiveram como destino os Estados Unidos - percentual superior ao das importações provenientes daquele país, que ficaram em 11,2%.
A região exportou o equivalente a US$ 750 milhões para o mercado norte-americano, sendo 78% desse total ligados à indústria metalúrgica. Os dados são da subseção ABC do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE).
Em nota técnica sobre as tarifas de Trump, os técnicos do Dieese informam que em 2024 o ABC apresentou superávit comercial com os EUA de US$ 150 milhões.
O quadro se inverteu em relação ao que foi a balança comercial entre os dois países no passado. Entre 2014 e 2021, a região era deficitária no comércio com os EUA. Mas desde 2022, o saldo foi sempre superavitário.
Em 2024, as vendas de São Bernardo do Campo representaram a maior parte - 47,5% do total embarcado pela região aos EUA, com destaque para insumos industriais - principalmente produtos de cobre (barras, perfis, chapas), além de máquinas e aparelhos industriais. Em segundo lugar aparece Ribeirão Pires, que em 2024 respondeu por 21,3%. A balança comercial da região sofrerá impactos negativos com a nova tarifa, diz a nota.
O Estado de S.Paulo - SP 11/08/2025
A combinação da desvalorização do dólar no mercado financeiro internacional e o rápido aumento da taxa de juros no Brasil desde o final de 2024 – 3,75 pontos de porcentagem em menos de seis meses – gerou forte aumento do diferencial de juros em relação às taxas de juros nos Estados Unidos, atração de capital de curto prazo e valorização do real em relação ao dólar.
Este comportamento do dólar é reforçado pela pressão do presidente Trump sobre o presidente do Federal Reserve (Fed) por reduções nas taxas de juros, além de declarações de que poderá, inclusive, demiti-lo. A perda de credibilidade do Fed aumenta a pressão por desvalorização do dólar, o que deve persistir até que a incerteza quanto ao perfil do futuro presidente da instituição seja definida.
Diante desse cenário, o resultado para a economia brasileira foi pressão desinflacionária, desaceleração da atividade e melhora das expectativas para a inflação.
Entretanto, os dados começam a sinalizar que a desaceleração da atividade não tem sido suficiente para evitar que sintomas de que a economia brasileira caminha para o superaquecimento surjam.
Em especial, o déficit em conta corrente da balança de pagamentos entrou em trajetória de rápido crescimento, passando de aproximadamente 1,5% do PIB em 2023 para próximo a 4,0% do PIB em 2025 – devido ao aumento das importações, queda das exportações e redução dos preços de commodities exportadas pelo País.
O déficit em conta corrente atingiu níveis recordes, o fluxo de capitais de curto prazo para o Brasil tem mostrado forte desaceleração, e o investimento externo direto permanece próximo a US$ 70 bilhões.
No primeiro semestre de 2025, o saldo do fluxo de capitais financeiro é o mais negativo da série histórica, a saída líquida de US$ 49,064 bilhões e a entrada de investimento estrangeiro direto têm sido insuficientes para financiar os déficits em conta corrente.
Com os níveis de incerteza hoje vigentes – política econômica do presidente Trump, dúvidas quanto ao perfil do próximo presidente do Fed, efeitos das tarifas sobre a taxa de inflação –, financiar o déficit em conta corrente via fluxo de capital de curto prazo é extremamente arriscado.
Uma mudança no cenário pode gerar a necessidade de um forte ajuste via desvalorização cambial, pressão inflacionária e recessão. O fluxo de capitais de curto prazo não é suficiente para financiar déficits em conta corrente de forma estável e sustentável no longo prazo.
IstoÉ Dinheiro - SP 11/08/2025
A vice-presidente de Supervisão do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Michelle Bowman, apontou neste sábado (9) que, anteriormente, considerava apropriado manter os juros entre 4,25% e 4,5%. Contudo, a partir da reunião de julho, começou a defender a redução pelas condições do mercado de trabalho.
“Na minha opinião, as condições econômicas pareciam estar mudando e, como resultado, deveríamos refletir essa mudança em nossas decisões”, disse. Bowman também destacou sua avaliação de que a inflação se aproximou consideravelmente do alvo do Fed, excluindo os efeitos temporários das tarifas, e o mercado de trabalho permaneceu próximo do pleno emprego.
“Como minha declaração de discordância observa, com o crescimento econômico desacelerando este ano e sinais de um mercado de trabalho menos dinâmico se tornando claros, vejo como apropriado começar a mover gradualmente nossa postura política moderadamente restritiva em direção a uma configuração neutra”, afirmou.
Segundo Bowman, tomar a decisão de cortar os juros em julho poderia reduzir o risco de enfraquecimento adicional do mercado de trabalho e da atividade econômica. Na avaliação dela, apesar de o desemprego estar na mínima histórica em julho (4,2%), o último payroll mostra sinais de fragilidade e perda de dinamismo do mercado de trabalho.
“A relação emprego-população caiu significativamente este ano, sugerindo um maior enfraquecimento nas condições do mercado de trabalho do que a taxa de desemprego implica”, detalhou.
Além disso, segundo Bowman, os ganhos de empregos se concentraram em um conjunto restrito de indústrias que tendem a ser menos afetadas pelo ciclo econômico.
IstoÉ Dinheiro - SP 11/08/2025
O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, classificou como “contraproducente” a mistura de agendas políticas e econômicas nas relações dos Estados Unidos com o Brasil.
Em evento no Recife, ele disse que a forma como os Estados Unidos utilizam o tarifaço trará consequências ruins em termos de emprego, mas que o Brasil já está se mobilizando para amenizar esses efeitos, acessando novos mercados e destinos para seus produtos.
Costa Filho participou, neste sábado (9), do seminário Esfera Infra. Ele dividiu a mesa com os ministros das Cidades, Jader Filho; e da Controladoria-Geral da União (CGU), Vinícius de Carvalho.
“Infelizmente, a decisão [dos EUA] foi misturada com a agenda de anistia, de interesse daqueles setores bolsonaristas mais radicais. Defender isso é contraproducente com o Brasil porque emprego não é de direita nem de esquerda. Emprego é do povo brasileiro. Estamos prejudicando milhares de empresas por conta dessa taxação”, disse o ministro de Portos e Aeroportos.
Mercados alternativos
De acordo com o ministro, em pouco menos de 8 meses de governo Donald Trump, os EUA estão sendo “levados à recessão, aumento do desemprego e aumento da inflação, prejudicando a economia mundial”.
Ele disse, no entanto, que, por outro lado, a taxação dos Estados Unidos contra produtos brasileiros acabou por reforçar a estratégia brasileira de buscar mercados alternativos.
“Em pouco menos de dois anos e meio, o governo Lula abriu mais de 390 novos mercados. Eu olho essa decisão dos EUA como um momento de reflexão. Não gostaríamos que tivesse acontecido, mas já que aconteceu, o próprio setor produtivo vai acelerar o que já estava acontecendo ao abrir novos mercados com a Ásia, Europa e outros países”, disse Costa Filho.
O ministro das Cidades, Jader Filho, disse esperar que surjam questionamentos internos no cenário norte-americano, de forma a rever as políticas externas implementadas por aquele país.
“Tenho a impressão de que as grandes cabeças dos Estados Unidos pressionarão para que essa bola baixe, e que acabe essa loucura que está estabelecida na política internacional norte-americana”, disse Jader Filho.
Também presente no evento, o ministro da CGU, Vinícuis de Carvalho, chamou a atenção para o fato de o governo Trump ter suspendido algumas legislações norte-americanas que previam punição a empresas americanas que corrompessem servidores públicos de outros países.
O Brasil, segundo ele, tem, desde o fim da ditadura militar, avançado na construção de instituições voltadas à cooperação internacional e à governança multilateral de agendas.
“Isso aconteceu em diversas áreas, e também na de combate e enfrentamento à corrupção, que se dá em cima de três pilares, a transparência, supervisão e sancionamento. Tudo isso em um contexto de criação de capacidades estatais e no contexto de participação da sociedade civil”, disse.
Globo Online - RJ 11/08/2025
No momento mais tenso nas relações diplomáticas entre Estados Unidos e Brasil, os indicadores socioeconômicos dos dois países caminham em direções opostas. Enquanto os números de emprego e inflação melhoram por aqui, pioram por lá.
O que mais chama a atenção é o mercado de trabalho. No Brasil, a taxa de desemprego é a menor desde 2012 e pela primeira vez abaixo de 6%. Nos EUA, números ruins de geração de vagas, os menores desde a pandemia, precipitaram até a demissão de Erika McEntarfer, chefe do Departamento de Estatísticas do Trabalho, pelo presidente Donald Trump, sob alegação de manipulação.
— Há um processo de desaceleração nos EUA, com aumento da taxa de desemprego, que deve subir ao longo do segundo semestre. Há uma perda da qualidade geral da economia americana, com diminuição de investimento em inovação e tecnologia, em educação. Do ponto de vista estrutural, é muito ruim — diz Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados.
Já no Brasil, segundo Rodolfo Margato, economista da XP, o desemprego deve continuar baixo, com a economia crescendo a bom ritmo, com mudança no crescimento setorial: setores ligados à renda expandindo, e os mais afetados pelo crédito, desacelerando.
Efeitos distintos
A taxa de desemprego deve ficar nesse patamar de 6%, as mais baixas historicamente, com a renda crescendo. No Brasil, foram criados no segundo trimestre, uma média mensal de 600 mil vagas, contra 35 mil na média mensal de maio a julho nos EUA.
— A situação do mercado de trabalho tem a ver com as incertezas de política tarifária, com empresas postergando decisões de investimento de aumento de produção. Maior percepção de risco bate no mercado de trabalho. O próprio quadro de juros altos para os padrões americanos causa esse arrefecimento — diz o economista da XP.
Como a inflação americana está em torno de 3%, acima da meta de 2%, os juros básicos americanos, o correspondente à nossa taxa Selic, está na faixa entre 4,25% e 4,5% ao ano.
— Foi a grande virada na precificação da economia americana.o, com escassez de mão de obra. Mas, recentemente, a geração de vagas está muito menor e surpreendeu pela revisão baixista (a criação de vagas em junho foi revista de 147 mil para 14 mil):
— Foi a grande virada na precificação da economia americana.
Na inflação, o quadro se repete. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) estava em 5,35% em 12 meses até junho, com o teto da meta fixado em 4,5%. Mas as projeções do mercado apontam para índice de 5,07% no Brasil no fim do ano. Em 2026, 4,43%.
Nos EUA, a taxa se mantém próxima de 3%, com viés de alta, pelo esperado impacto nos preços da alta no Imposto de Importação no país, que passou de média de 2,3% em 2024 para cerca de 17% agora. A meta de inflação é 2%.
— As empresas já vinham segurando esses custos, já que Trump poderia voltar atrás. Mas já que está ficando claro que essas tarifas vão se manter, o plano dessas empresas é repassar esses custos, vamos começar a ver o aumento da inflação nos EUA — afirma o economista Guilherme Klein, professor na Universidade de Leeds (Inglaterra) e pesquisador do Made-USP.
Segundo o Departamento de Estatísticas do Trabalho dos EUA, o preço da libra (453 gramas) da carne moída e dos bifes é o mais alto em uma década. Houve choque de oferta de carne no país.
No Brasil, o efeito é contrário. A queda na cotação do dólar, que estava perto de R$ 6,20 no fim de 2024 e chegou a R$ 5,50 recentemente, ajudou a trazer os índices para baixo, juntamente com queda nos preços das commodities. E as tarifas podem baratear carnes e frutas com o desvio para o mercado interno de itens que iriam para os EUA.
Nas contas públicas, apesar de a situação brasileira ser mais complexa de administrar, o quadro fiscal já vinha piorando nos EUA, com a dívida no mesmo nível da época da Segunda Guerra Mundial, lembra Vale. O pacote de corte de gastos sociais e redução de impostos, chamado de “grande e belo projeto de lei” por Trump, deve fazer o déficit acumulado em dez anos chegar a US$ 4,7 trilhões, com efeitos na distribuição de renda.
— O quadro fiscal americano já vinha se deteriorando. Com o pacote, ficou pior ainda. E o efeito é mais renda para população mais rica, enquanto a população mais pobre perde. Vai aumentar a polarização, o ressentimento econômico da classe média mais pobre. Não significa que a gente (no Brasil) está bem, mas já sabemos os desafios que temos que enfrentar. O EUA estão se esforçando para se parecer mais com a América Latina.
Margato diz que o enfraquecimento do dólar frente a outras moedas como franco suíço e euro, com desvalorização de 10% no ano, já é um sinal dessa deterioração fiscal.
Apesar do quadro atual do Brasil estar numa direção melhor que o dos EUA, tanto a inflação quanto o desemprego ainda são bem mais altos aqui. Nos EUA, a taxa de desemprego está em torno de 4%. Por aqui, perto de 6% e não deve cair muito mais, dizem analistas. Na inflação, a mesma situação: 3% lá, 5,5% no Brasil.
A situação fiscal brasileira é mais delicada. A dívida pública em relação ao PIB deve subir de 77,6% este ano para 82,4% em 2026, de acordo com a Instituição Fiscal Independente. Sem contar que os EUA, emissor do dólar, contam com o mundo para se financiar. Não é o caso do Brasil.
Money Times - SP 11/08/2025
A combinação entre tarifas comerciais e a futura mudança na liderança do Federal Reserve pode colocar a economia dos Estados Unidos em rota de colisão com uma nova onda inflacionária. O alerta é de Ashwin Alankar, chefe global de Asset Allocation da Janus Henderson Investors, que vê um risco crescente de erro de política monetária semelhante ao cometido pelo Fed nos anos 1970.
Alankar faz referência ao ciclo inflacionário daquela década, quando o Fed, sob o comando de Arthur Burns, reduziu os juros antes de controlar totalmente os preços — o que levou a uma inflação ainda mais persistente e a aumentos agressivos nas taxas anos depois.
“Desde que a taxa de juros dos Fed Funds atingiu 5,50% em resposta à inflação mais alta, temos manifestado preocupação com o risco de um erro de política monetária, caso o banco central dos EUA ceda e afrouxe prematuramente sua política antes que a ameaça inflacionária esteja completamente sob controle”, afirmou Alankar, em relatório.
Hoje, apesar da desaceleração no índice cheio de preços ao consumidor, que está em 2,7%, a inflação considerada “pegajosa” — categorias de preços mais lentos para se ajustar — segue em 3,3%, segundo dados do Federal Reserve de Atlanta.
“Nesse contexto, o argumento de que a taxa dos Fed Funds — atualmente em 4,5% — tem ampla margem para cair se torna mais frágil. Os juros já estão muito próximos do nível da inflação que realmente importa, e mirar na inflação cheia — mais volátil e ruidosa — pode fazer os preços ao consumidor voltarem a subir”, diz.
A preocupação se agrava com a possibilidade de Donald Trump substituir o presidente do Fed, Jerome Powell, por um nome mais favorável ao afrouxamento monetário — embora o Fed seja controlado por um comitê, e a troca de presidente não implique necessariamente em uma mudança de postura.
“Um Fed mais dovish em 2026 poderia liberar um impulso de crédito via redução de juros, o que incentivaria a demanda justamente em um momento em que as cadeias globais de suprimento e os preços ainda estariam em desordem”, afirma o gestor.
Alankar argumenta que o atual ambiente reúne os dois elementos necessários para uma nova espiral inflacionária: choques de oferta (via tarifas) e estímulo à demanda (via corte de juros).
Outro fator de risco citado é o tamanho do balanço patrimonial do Fed, que está em US$ 6,7 trilhões. Segundo ele, a quantidade de dólares em circulação significa que bastaria uma perturbação relativamente pequena na oferta para que todo esse dinheiro começasse a disputar uma quantidade limitada de bens.
Além de consolidar as expectativas de inflação em níveis indesejados, uma segunda onda causada por erro de política monetária também destruiria a credibilidade do banco central norte-americano.
“A única alternativa seria o Fed elevar novamente os juros — como foi forçado a fazer no fim dos anos 1970 e início dos anos 1980 — até níveis que muito provavelmente causariam uma forte recessão”, completa.
O Estado de S.Paulo - SP 11/08/2025
O economista Marcos Lisboa avalia que o impacto do tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre as exportações do Brasil será “pior do que as pessoas estão imaginando”. “Desorganiza algumas cadeias produtivas”, afirma.
Ex-secretário de Política Econômica, Lisboa diz que as políticas de Trump se assemelham às do Brasil — que mantém uma economia fechada — e aponta que o governo brasileiro não deveria adotar nenhum pacote de socorro aos setores da iniciativa privada afetados pelo tarifaço.
“No Brasil, o setor privado é muito curioso. Quando eles estão pressionados, pedem ajuda do governo. E quando passa a pressão, não querem pagar imposto. Foi assim com o Perse, foi assim na covid. Acho que a regra do Brasil deveria ser não ajudar o setor privado”, afirma Lisboa, sócio-diretor da Gibraltar Consulting.
A seguir, leia os principais trechos da entrevista concedida ao Estadão.
Qual será o impacto do tarifaço dos Estados Unidos?
Acho que é pior do que as pessoas estão imaginando, porque desorganiza algumas cadeias produtivas no Brasil. E vai ser igualmente prejudicial para os Estados Unidos. O Brasil optou no passado por ser uma economia fechada. No nosso caso, construir pontes de superação desse problema vai ser mais difícil.
E quais caminhos o governo brasileiro pode adotar?
O primeiro passo é o Brasil ser uma economia aberta. O Brasil quer negociar com os países ou prefere ficar refém desse tipo de ameaça? A nossa opção por ser uma economia fechada torna a gente mais refém desse tipo de retaliação.
O presidente Lula deveria ligar para o Trump?
Não vou entrar nisso. Isso é coisa para diplomata.
Economia americana vai pagar um preço elevado. Ela vai perder produtividade. Vai deixar de ter engenheiro na costa Oeste fazendo software para montar geladeira e televisão
E quais as consequências para a economia dos Estados Unidos com o tarifaço global?
A economia americana vai pagar um preço elevado. Ela vai perder produtividade. Vai deixar de ter engenheiro na costa Oeste fazendo software para montar geladeira e televisão. É uma perda de produtividade grande que a economia americana vai sofrer por adotar essas práticas mercantilistas semelhantes às que a Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe) defendeu durante décadas e que o Brasil adotou.
Os EUA estão virando o Brasil, então?
Os Estados Unidos estão copiando o Brasil. É inacreditável.
E quando fica evidente essa perda de produtividade dos EUA e os impactos na economia?
Isso demora, isso toma tempo. É um processo lento de você tirar investimento de setores produtivos e levar para setores deficientes. Olha o caso do Brexit. Quanto tempo demorou para começar a aparecer nos dados que a Inglaterra ficou mais pobre depois da saída da Comunidade Europeia? Isso tem quase uma década.
Mas como o sr. vê a negociação do governo brasileiro?
Outros países negociaram diferente do Brasil. O Brasil optou por uma agenda mais de defesa de posições. Outros países foram negociar. O Brasil tem uma dificuldade, porque, há décadas, é um país que adota práticas semelhantes às que o governo americano está propondo hoje. O Brasil não quis fazer acordo com os Estados Unidos há 25 anos, se recusou a completar o Mercosul e adota uma série de políticas protecionistas tarifárias e não tarifárias. É um dos países mais fechados ao comércio internacional e que adotou várias políticas ilegais. Vamos lembrar do Inovar Auto. A gente não tem muito lugar de fala nessa história. Se alguém quiser pegar um país como exemplo de práticas anticomércio internacional assemelhadas às que o governo Trump faz, é só olhar para o caso brasileiro.
No Brasil, o setor privado é muito curioso. Quando eles estão pressionados, pedem ajuda do governo. E quando passa a pressão, não querem pagar imposto
Que tipo de pacote o governo deveria apresentar aos setores prejudicados?
Nenhum pacote. No Brasil, o setor privado é muito curioso. Quando eles estão pressionados, pedem ajuda do governo. E quando passa a pressão, não querem pagar imposto. Foi assim com o Perse (Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos), foi assim na covid. Acho que a regra do Brasil deveria ser não ajudar o setor privado. Eles são ótimos para pedir ajuda governamental e são péssimos para pagar tributos.
Corremos o risco de ver a indústria ou alguns setores saindo dessa confusão toda mais protegidos?
Acaba ficando. Como ficou o Perse, a desoneração da folha?
E, de forma geral, como avalia o atual momento da economia brasileira?
Vejo com preocupação. Vejo como via o Brasil de 2013. É uma economia que desacelera. Os sinais de problemas contratados são grandes. Isso ainda não aparece nos indicadores macroeconômicos, mas os sinais estão aí.
É um cenário parecido com uma crise tão severa como a do segundo governo Dilma? O setor privado, por exemplo, não está tão alavancado como no passado.
O setor privado está menos alavancado do que estava lá atrás. O governo se endividou menos do que no caso da Dilma e se comprometeu menos com subsídios. Agora, a trajetória é parecida.
Globo Online - RJ 11/08/2025
Com uma economia relativamente fechada, a tarifa de 50% imposta por Donald Trump sobre produtos brasileiros provavelmente já teria efeito limitado. Com a insenção de 700 itens anunciada pelo governo americano, o golpe será ainda mais leve, avalia a revista britânica The Economist, que classifica que as tarifas de Trump sobre o Brasil são mais um latido do que uma mordida.
A revista lembra que a maior economia da América Latina é relativamente fechada e que suas exportações representaram menos de um quinto do Produto Interno Bruto (PIB) no ano passado. No México, as exportações representam um terço do PIB e em alguns países asiáticos, como Vietnã e Tailândia, equivalem a 70%. Hoje, diz a revista, o Brasil é menos dependente dos EUA em relação às exportações, enquanto crescem os laços comerciais com a China.
Com as isenções anunciadas, diz a Economist, quase metade das exportações brasileiras para os Estados Unidos serão poupadas, estima a TS Lombard, empresa de pesquisa de investimentos. Como resultado, o Itaú Unibanco espera que a alíquota tarifária efetiva fique em torno de 30%, enquanto o Goldman Sachs manteve sua previsão de crescimento do PIB para este ano inalterada em 2,3%, citando as isenções, aponta a revista.
Setores como café, carne e frutas, que ficaram fora da lista de isenções, sentirão de forma mais intensa os efeitos do tarifaço — e as exportações desses itens já apontam queda em meio à incerteza dos clientes para fechar novos pedidos.
Mas o país diversificou seus mercados, diz a Economist, e mesmo os setores mais afetados podem se mostrar resilientes. A União Europeia, por exemplo, continua sendo a maior compradora de café brasileiro.
As vendas para o Leste Asiático, Oriente Médio e Norte da África aumentaram 25% e 61%, respectivamente, no ano passado. O comércio com a China continua crescendo. O país já compra a maior parte da carne bovina brasileira e, em 2 de agosto, aprovou importações de 183 novas empresas brasileiras de café.
Além disso, observa a revista, o pacote de ajuda que o governo brasileiro promete a empresas exportadoras trará ainda mais alívio. E ainda há esperança de que as tarifas possam ser amenizadas. A alta dos preços nos Estados Unidos pode pressionar a Casa Branca a mudar de rumo, avalia a Economist.
Indignação política de Trump
A revista cita o fato de Trump estar indignado com o fato de seu aliado, Jair Bolsonaro, ex-presidente de extrema direita do Brasil, estar sendo julgado, acusado de planejar um golpe. As tarifas, alegou ele, foram uma resposta a essa "caça às bruxas". E aponta que o motivo da tarifa excessiva sobre o Brasil não foi econômico, já que os Estados Unidos têm superávit no comércio com o Brasil.
O governo brasileiro, lembra a revista, não chegou a retaliar os Estados Unidos, e as palavras do presidente Lula defendendo a soberania do país trouxeram melhora em sua popularidade. Lula desafiou Trump e afirmou que o Brasil não será "tutelado" por potências estrangeiras, nem se "humilhará" diante de um "imperador" indesejado, observa o texto da Economist.
Valor - SP 11/08/2025
A ideia é impulsionar e garantir um desenvolvimento produtivo inovador, inclusivo e sustentável, prioritariamente nos territórios elegíveis da Política Nacional de Desenvolvimento Regional
O governo criou o Programa Nacional de Máquinas, Equipamentos e Veículos para o Desenvolvimento Regional e Territorial (Inova) para aquisição ou doação de máquinas, equipamentos e veículos essenciais à estruturação de atividades produtivas, arranjos produtivos e rotas de integração para o Desenvolvimento Regional e Territorial. A ideia é impulsionar e garantir um desenvolvimento produtivo inovador, inclusivo e sustentável, prioritariamente nos territórios elegíveis da Política Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR).
A medida consta de portaria do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), publicada nesta sexta-feira (8) no Diário Oficial da União (DOU), que também estabelece as diretrizes para implementação do Inova, assim como define estratégias para a aquisição e doação de máquinas, equipamentos e veículos voltados à provisão de infraestrutura produtiva.
Segundo a portaria, considera-se como equipamentos os caminhões, os veículos, as máquinas pesadas e os implementos agrícolas adquiridos por Pregão Eletrônico em Sistema de Registro de Preços, gerenciado pela Secretaria Nacional de Política de Desenvolvimento e Territorial.
A implementação do Programa Inova será realizada por meio de uma coordenação federativa, com a formação de redes e parcerias entre órgãos e entidades públicas das esferas federal, estadual, distrital e municipal, além de organizações privadas sem fins lucrativos, pela aplicação direta e indireta de recursos públicos e pela periódica medição e avaliação dos resultados e impactos.
O Estado de S.Paulo - SP 11/08/2025
A General Motors e a Hyundai anunciaram nesta sexta-feira (8) os primeiros cinco modelos que serão fruto de um projeto conjunto entre as duas montadoras. A parceria, oficializada em setembro de 2024, prevê o desenvolvimento compartilhado de quatro veículos para os mercados da América Central e América do Sul, um SUV, um carro de passeio, uma picape compacta e uma picape média, além de uma van comercial elétrica voltada para a América do Norte.
Os modelos terão arquitetura flexível, podendo adotar motores a combustão ou sistemas híbridos. A previsão é que os lançamentos ocorram a partir de 2028. Segundo as montadoras, quando a produção estiver em plena capacidade, as vendas devem superar 800 mil unidades por ano.
A GM ficará responsável pela plataforma da picape média, enquanto a Hyundai deverá liderar o desenvolvimento dos modelos compactos e da van elétrica. Apesar de compartilharem a base mecânica, cada veículo terá design próprio, de acordo com o comunicado divulgado pela GM.
A van elétrica será produzida nos Estados Unidos, enquanto os modelos para América Central e do Sul terão projeto iniciado nos próximos meses. Além dos veículos, GM e Hyundai também vão se unir para compras conjuntas de materiais, transporte e logística, e estudam colaboração no fornecimento de aço com baixa emissão de carbono.
As empresas não descartam expandir a parceria para outras áreas, como novos sistemas de propulsão, incluindo motores a combustão, híbridos, elétricos a bateria e células de hidrogênio.
Valor - SP 11/08/2025
Os EUA aumentaram as tarifas sobre veículos do Japão para 27,5% — de 2,5% — em abril, mas concordaram no mês passado em reduzi-las para 15%
Sete grandes montadoras japonesas perdem cerca de 3 bilhões de ienes (US$ 20,3 milhões) em lucros combinados por dia que os EUA atrasam a redução das tarifas automotivas, conforme o recente acordo entre os países. A preocupação com a demanda tem desencorajado as empresas de repassar esse custo aos clientes.
As estimativas das montadoras, que incluem Toyota Motor, Honda Motor e Nissan Motor, colocam o impacto total anual das tarifas em 2,7 trilhões de ienes, ou US$ 18,3 bilhões. Excluindo a Nissan, que não forneceu uma previsão de lucros, isso reduziria o lucro operacional agregado das empresas em 36%.
Os EUA aumentaram as tarifas sobre veículos do Japão para 27,5% — de 2,5% — em abril, mas concordaram no mês passado em reduzi-las para 15%. O Goldman Sachs Japan estimou que a mudança reduzirá o impacto das tarifas mais altas em 1,6 trilhão de ienes.
O “Nikkei”, com o apoio de Takaki Nakanishi, analista e CEO do Nakanishi Research Institute, estimou que um atraso de um mês na implementação da nova taxa aumentaria o ônus sobre as montadoras em 100 bilhões de ienes, ou cerca de 3 bilhões de ienes por dia.
Quase 1,37 milhão de veículos foram exportados do Japão para os EUA no ano passado, informa a Associação de Fabricantes de Automóveis do Japão, tornando-se o principal mercado. As montadoras que exportam uma grande parte de seus veículos para os EUA, como a Mazda Motor e a Subaru, estão sendo especialmente afetadas pelo atraso na tarifa.
Os EUA são responsáveis por cerca de um terço das vendas globais da Mazda, e cerca de metade dos veículos que ela vende lá vêm do Japão. A empresa divulgou sua primeira previsão de lucros fiscais para 2025 na terça-feira, antecipando uma queda de 82% no lucro líquido, para 20 bilhões de ienes. Com o impacto da tarifa estimado em 233,3 bilhões de ienes para o ano, a montadora espera obter um lucro através de 80 bilhões de ienes em reduções de custos.
Mas suas projeções assumiram que a taxa de tarifa mais baixa entraria em vigor em 1º de agosto, uma data que já passou. Se o atraso continuar, a Mazda pode acabar no vermelho.
A Subaru gera cerca de 70% de suas vendas nos EUA, com aproximadamente metade desses veículos exportados do Japão. Ela espera um impacto de 210 bilhões de ienes das tarifas neste ano fiscal, com o lucro operacional caindo 51%, para 200 bilhões de ienes.
A Toyota projeta o maior impacto nos lucros, em 1,4 trilhão de ienes, devido tanto às suas altas vendas nos EUA quanto ao ônus de custo adicional sobre os fornecedores da montadora. Essa estimativa também se baseou em uma data de início de 1º de agosto para o corte da tarifa.
Quanto mais longa a espera pela taxa mais baixa, mais difícil será para as montadoras criarem uma estratégia. Absorver as tarifas apenas através de aumentos de preços nos EUA seria difícil.
A Toyota em julho aumentou os preços dos veículos vendidos nos EUA em uma média de US$ 270, citando o desempenho melhorado dos veículos, em vez das tarifas. Um representante disse que as tendências do mercado e as estratégias de preços dos concorrentes foram levadas em consideração.
Takanori Azuma, diretor do grupo de contabilidade da Toyota, insinuou possíveis aumentos futuros no futuro "se houver um momento apropriado em que os clientes possam aceitá-los".
A Toyota agora espera que as mudanças de preços elevem os lucros em 370 bilhões de ienes neste ano fiscal, acima de sua estimativa inicial de 250 bilhões de ienes. Mas isso continua sendo um número muito menor do que o impacto geral da tarifa.
Além disso, uma corrida de compras no último trimestre antes dos aumentos de preços pode prejudicar a demanda no segundo semestre, enquanto as montadoras que optam por aumentos de preços podem enfrentar mais perdas se a precificação menos competitiva levar a menos vendas.
"Continuamos a considerar [aumentos de preços] com cautela", disse o diretor financeiro da Honda, Eiji Fujimura.
A Mitsubishi Motors aumentou os preços em junho, mas ainda registrou uma perda operacional de 3 bilhões de ienes na América do Norte no último trimestre, com um arrasto de 14,4 bilhões de ienes das tarifas. A empresa parece ter promulgado o aumento mais tarde do que o planejado inicialmente devido à preocupação com o efeito sobre as vendas.
Se as montadoras não puderem compensar a tarifa com preços mais altos, elas enfrentarão cortes de custos. A Toyota espera que uma combinação de reduções de custos, maior volume de vendas e um mix de modelos mais lucrativo adicione 899,5 bilhões de ienes ao seu lucro operacional.
Ryosei Akazawa, o principal negociador comercial do Japão, disse na quinta-feira que espera que os EUA emitam uma ordem executiva reduzindo a taxa de tarifa automotiva quando Washington corrigir sua ordem sobre tarifas "recíprocas".
Perguntado quando isso acontecerá, Akazawa disse que os dois lados "compartilham tacitamente o entendimento de que seria melhor fazê-lo rapidamente", disse ele.
Automotive Business - SP 11/08/2025
Era começo de noite em São Caetano do Sul (SP), e Flávio Figueiredo Assis parecia entusiasmado com a inauguração da primeira concessionária da Lecar. A startup aspira ser uma montadora nacional a partir de 2026, data em que deverá começar a produzir veículos híbridos em fábrica instalada em Sooretama (ES).
O CEO da companhia, oriundo do mercado financeiro, fala na ocasião com firmeza a respeito de assuntos que são caros aos experts do setor automotivo: desenvolvimento de powertrain, prospecção de fornecedores e processos de fabricação.
Também comentou com a reportagem de Automotive Business como pretende financiar uma operação produtiva no país, erguer a primeira fábrica e, também talvez isso seja o mais importante -, como pretende modelar o preço dos seus veículos para que eles sejam competitivos em um mercado que está cada vez mais acirrado.
As pesquisas de tendências em mobilidade, os próximos passos do setor automotivo e a preparação para o próximo ano do mercado, só no #ABX25
Primeiro, os recursos. Assis mantinha negócios no mercado financeiro com duas empresas, a Le Card, de meios de pagamentos online, e o Lebank. Em determinado momento ele desmobilizou os seus ativos para outros players do segmento. Logo depois, decidiu investir na montagem de veículos no país.
Uma vez capitalizado, o autointitulado Elon Musk brasileiro saiu em busca de recursos para custear o seu novo empreendimento.
Executivo vendeu outros negócios para viabilizar a Lecar
A venda de seus antigos negócios lhe deu lastro para viabilizar financiamento nos bancos de varejo. Partes importantes do processo produtivo de veículos, como equipamentos de pintura e de soldagem, podem ser comprados via Finame, uma das linhas de financiamento do BNDES.
Completou o pacote de R$ 870 milhões uma parcela não revelada do seu próprio capital. Na Lecar, o executivo afirma ser o único investidor. Parceria mesmo só em desenvolvimento de produto. Aqui, vale ressaltar, encontra-se um aspecto importante para o modelo de negócio da startup ficar de pé.
Isso porque o outsourcing, também conhecido como terceirização, representa um pilar importante em vários aspectos para a empresa que está iniciando os seus trabalhos.
Assis conta que o Senai Cimatec, da Bahia, colaborou com testes de validação. As áreas de engenharia de seus fornecedores, como Horse (motor), Suspensys (suspensão) e Frasle (sistemas para freios) também colaboraram com o projeto do hatch Lecar 459 o primeiro modelo da marca a sair das linhas. Na sequência é esperada a picape Campo.
Hatch híbrido da Lecar é multimarca
O esquema colaborativo, segue o CEO da empresa, proporcionou economia de recursos e ganho de tempo. Mas talvez a principal vantagem desse modelo em termos de otimização de dinheiro e horas de desenvolvimento seja o fato de que o projeto do 459 envolva a aplicação de componentes já disponíveis no mercado.
O motor flex da Horse, produzido no Paraná, já é um item de prateleira, como se costuma dizer na indústria. Assim como o sistema range extender, da WEG. Também os componentes da Suspensys, da Frasle, e assim por diante.
O executivo afirma que nenhuma dessas partes do trem de força foram desenvolvidas de forma exclusiva para a Lecar a empresa paga apenas pelo lote.
Os componentes estampados, por envolver design, sim, demandam certo nível de customização e nesse ponto se abriu uma exceção. Assis diz que ter uma prensa in house envolve um investimento que a empresa não dispõe no momento, por isso o plano é recorrer a um fornecedor local.
E por que a peça de prateleira é considerada uma vantagem? Em linhas gerais porque a montadora não precisa garantir volumes aos seus fornecedores, algo que ainda não dispõe e condição quase que imperativa para que um sistemista possa sentar na mesa de negociação com montadoras.
Lecar 459 é um dos híbridos mais baratos do mercado
Com o desenvolvimento e o fornecimento de peças diluído no mercado, mais o apoio de programas de fomento à produção local, a Lecar acredita que seja possível criar condição para oferecer o seu hatch híbrido no mercado por um preço pelo qual o consumidor médio pode pagar.
O Lecar 459 tem preço promocional válido até dezembro de R$ 159,3 mil. O preço de um Toyota Corolla Cross, modelo similar em porte e motorização, parte R$ 203.990.
A empresa aposta todas as suas fichas no Salão do Automóvel deste ano para tornar a marca mais conhecida entre os consumidores. A promessa é de que na oportunidade seja possível apresentar ao público uma primeira versão do 459 homologada para testes. Por ora, o modelo que todos já vimos em fotos de divulgação é apenas um mockup.
O CEO da Lecar também fala com entusiasmo a respeito da expansão da rede de distribuição. Em agosto a empresa terá um representante em Brasília (DF). Até o fim do ano a ideia é que a rede tenha 20 lojas espalhadas pelo país.
Apesar dos planos e estratégias traçados, tudo na Lecar existe apenas no campo das ideias, e isso de alguma forma deixa o mercado em compasso de espera e ao mesmo tempo aumenta a pressão sobre os trabalhos da startup.
Mas isso não parece ser um problema se olharmos em retrospecto a saga do doutor Carlos Alberto Oliveira Andrade para tirar do papel a fábrica da Caoa. As circunstâncias podem ser diferentes, mas não há como negar que o sonho, pelo menos, é o mesmo.
Valor - SP 11/08/2025
Fabricantes de componentes automotivos tentam entender por que dos Estados Unidos fixaram dois tipos de alíquotas e esperam que o cliente os ajude a pressionar governo para reduzir a mais alta
Os fabricantes de autopeças passam por uma situação inusitada. Ninguém sabe explicar por que, na organização das tarifas de Imposto de Importação impostas pelo governo de Donald Trump, fornecedores de peças para caminhões e máquinas agrícolas e de construção foram muito mais penalizados do que os que exportam componentes para carros e veículos leves em geral.
Tudo ia bem até abril, quando o governo americano elevou as alíquotas de Imposto de Importação de peças exportadas pelo Brasil em dez pontos percentuais. O tributo subiu, assim, de 2,5%, para 12,5%. Desde então, a decisão já provocou impacto no setor que tem os Estados Unidos como o segundo principal mercado de exportação.
Mas o quadro ficou confuso no dia 6 de agosto, quando o “tarifaço” entrou em vigor para valer. Curiosamente, peças destinadas à produção de carros leves, como automóveis, entraram numa lista de exceções dos EUA, chamada “Section 232”. Dessa forma, foram taxadas com alíquota adicional de 25% e passaram a recolher imposto de 27,5%.
No entanto, os componentes produzidos no Brasil destinados à indústria de veículos pesados, com capacidade de carga acima de cinco toneladas, além de máquinas de construção e as destinadas à agricultura, foram sobretaxados em 40 pontos percentuais e passaram a recolher 52,5% quando entram nos EUA.
O que explica essa diferença? Ninguém sabe. Nem mesmo o presidente do Sindicato da Indústria de Componentes Automotivos (Sindipeças), Cláudio Sahad.
Em sua primeira entrevista, desde o “tarifaço” de Donald Trump, Sahad disse ao Valor que decidiu resolver o problema como a iniciativa privada sempre soube fazer: conduzir as negociações ao sabor dos interesses comerciais, afastando-se das questões políticas que, nesse caso, são evidentes.
Como a tal “Section 232” permite novas inclusões, Sahad espera que os clientes dos Estados Unidos pressionem o governo Trump para incluir na lista de exceções os componentes destinados a veículos com capacidade de carga acima de cinco toneladas, além de máquinas agrícolas e de construção.
O dirigente lembra que, ao contrário de outros produtos exportados pelo Brasil, que podem ser redirecionados a outros mercados caso as vendas para os EUA seja reduzidas, na indústria de autopeças, a questão é mais complexa. Em geral, cada componente é produzido sob medida para determinado veículo. Não é, portanto, tão fácil substituir o fornecedor de um país por outro. “Isso não se resolve da noite para o dia”, diz Sahad.
O presidente do Sindipeças, que representa mais de 500 empresas pequenas, médias, e grandes, além de multinacionais, acredita na boa intenção e esforços do governo, principalmente do vice-presidente Geraldo Alckmin, também ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. Mesmo assim, ele não conta com uma solução entre governos.
O que Sahad e os associados do Sindipeças enfrentam nos últimos quatro meses lhes parece ilógico. “O exportador que vendia peças para veículos leves com imposto de 2,5% nos EUA lamentou os dez pontos percentuais adicionais anunciados em abril. Só que agora esse mesmo empresário comemora estar na nova faixa adicional de 25 pontos, o que totaliza 27,5%”. “Os mesmos que estavam chateados agora estão felizes, mesmo com uma sobretaxa”, diz Sahad.
Isso porque outros estão em situação pior. As empresas que exportam peças para veículos pesados foram sobretaxados com tarifa adicional de 40 pontos, o que agora soma imposto de 52,5%.
No entanto, grande parte das válvulas, blocos de cilindros, cabeçotes de motor e componentes de carrocerias e de freios e de amortecedores, entre outros itens, que seguem do Brasil para os Estados Unidos é destinada ao abastecimento de linhas de montagem de veículos pesados e máquinas, os mais sobretaxados.
O Sindipeças não sabe qual será o impacto dessa sobretaxa nos negócios do setor porque não consegue calcular, ainda, quantas encomendas serão canceladas. Mas a entidade percebe uma perda de participação dos EUA nas exportações do primeiro semestre, já como efeito do impacto da tarifa inicial de 10%, em vigor desde abril.
No ano passado o mercado dos Estados Unidos representou 17,4% das vendas externas de autopeças fabricadas no Brasil, com receita de US$ 1,37 bilhão. Foi o segundo maior mercado depois da Argentina, que fechou o ano com fatia de 34,6%.
No entanto, segundo dados do Sindipeças, as exportações de componentes automotivos para os americanos diminuíram desde maio, levando a participação dos EUA nas exportações do setor diminuir para 15%.
Sahad lamenta que um dos principais concorrentes do Brasil nessas exportações seja o México, um país que não enfrenta hoje “o problema político” que interfere nas negociações de tarifas.
O dirigente afirma que o setor está hoje em compasso de espera. “Nenhum empresário pode cravar o que vai acontecer. Quem garante que essas alíquotas vão permanecer?” Sua recomendação é “esperar a poeira baixar”.
Exame - SP 11/08/2025
A Toyota anunciou que espera um impacto de US$ 9,5 bilhões devido às tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre veículos importados — o maior prejuízo já projetado pela montadora em decorrência dessas medidas.
A estimativa reflete o aumento da pressão sobre as margens de lucro da empresa, atualmente a líder global em vendas de automóveis.
A companhia também reduziu em 16% sua previsão de lucro operacional para o ano fiscal, atribuindo a queda ao aumento de custos com tarifas sobre veículos, peças, aço e alumínio aplicadas pelos EUA.
“É muito difícil prever o que acontecerá em relação ao ambiente de mercado”, disse o diretor financeiro da Toyota, Takanori Azuma, em entrevista coletiva. Ele afirmou que, apesar das dificuldades, a empresa seguirá atendendo o mercado norte-americano.
Azuma afirmou que a projeção de 1,4 trilhão de ienes (US$ 9,5 bilhões) inclui também impactos indiretos sofridos por fornecedores, especialmente os que operam nos Estados Unidos e importam peças do Japão. No entanto, ele não detalhou quanto dessa estimativa corresponde a esses parceiros.
No primeiro trimestre de 2025, as operações da Toyota na América do Norte registraram prejuízo operacional de 63,6 bilhões de ienes (US$ 431,3 milhões), revertendo o lucro de 100,7 bilhões de ienes (US$ 682,9 milhões) no mesmo período do ano anterior. O resultado foi impactado por um prejuízo acumulado de 450 bilhões de ienes (US$ 3 bilhões) relacionado às tarifas.
Com unidades fabris nos EUA, Canadá, México e Japão, a Toyota enfrenta tarifas não apenas sobre exportações diretas, mas também sobre veículos e peças que cruzam as fronteiras norte-americanas.
Nos primeiros seis meses de 2025, a montadora produziu aproximadamente 1,1 milhão de veículos das marcas Toyota e Lexus na América do Norte, sendo mais de 700 mil nos Estados Unidos.
Previsão de lucro revisada para baixo
Para o ano fiscal até março de 2026, a Toyota espera um lucro operacional de 3,2 trilhões de ienes (US$ 21,7 bilhões), inferior à previsão anterior de 3,8 trilhões de ienes (US$ 25,7 bilhões).
Anteriormente, a empresa havia estimado um impacto tarifário de 180 bilhões de ienes (US$ 1,2 bilhão) apenas para os meses de abril e maio, considerando apenas veículos da Toyota, sem projeção anual.
Concorrentes relataram perdas menores: a Stellantis prevê aumento de custos de US$ 1,7 bilhão; a General Motors projeta impacto entre US$ 4 e 5 bilhões; e a Ford estima uma redução de US$ 3 bilhões no lucro ajustado antes dos impostos. A Ford também comunicou que as tarifas custaram US$ 800 milhões no segundo trimestre.
Acordos comerciais em negociação
Apesar das pressões, um recente acordo comercial entre Tóquio e Washington prevê a redução da tarifa para veículos japoneses exportados aos EUA de 27,5% para 15%, mas o prazo para implementação ainda não foi definido.
No primeiro semestre de 2025, a Toyota registrou produção e vendas globais recordes, impulsionadas pela demanda na América do Norte, Japão e China, incluindo veículos híbridos e elétricos.
Além disso, a montadora anunciou a construção de uma nova fábrica no Japão, com início das operações previsto para o início da próxima década, sem definição dos modelos que serão produzidos.
Infomoney - SP 11/08/2025
As construtoras listadas na B3 (B3SA3) apresentaram resultados variados nos balanços financeiros do segundo trimestre deste ano (2T25), revelando diferentes dinâmicas de desempenho entre empresas voltadas para baixa, média e alta renda. Eztec (EZTC3), Tenda (TEND3), Plano&Plano (PLPL3), Mitre (MTRE3), Lopes Brasil (LPSB3) e HBR Realty (HBRE3) divulgaram números que vão desde fortes avanços de receita e lucro até revisões de guidance e aumento de despesas.
A Eztec, por exemplo, registrou receita líquida de R$ 449 milhões, beneficiada pela venda de dois terrenos adquiridos em 2010 em Praia Grande (SP), operação que contribuiu para margens brutas de 40,8%, as maiores dos últimos três anos, segundo o balanço financeiro da empresa. O lucro líquido atingiu R$ 140 milhões, superando em 30% as estimativas de mercado.
Mesmo sem o efeito pontual da venda, a margem bruta teria superado 39%. Para a XP Investimentos, a melhora nos indicadores e na rentabilidade posiciona a companhia de forma favorável para recuperar o retorno sobre o patrimônio líquido (ROE), embora esse processo deva ser gradual. A corretora mantém recomendação de compra, com preço-alvo de R$ 28.
A Tenda apresentou receita líquida de R$ 992 milhões, alta de 28% na comparação anual, com margem bruta de 32%. O lucro líquido somou R$ 204 milhões, 8% acima das projeções do BTG Pactual, mas 23% abaixo das estimativas do Itaú BBA quando excluídos efeitos não recorrentes. O guidance para 2025 foi elevado no segmento Tenda, com margem prevista entre 36% e 37%, enquanto a operação Alea teve projeção de margem reduzida para 6% a 10%.
Segundo a XP, a atualização das projeções da Tenda sugere confiança na demanda e abre espaço para revisões positivas de lucro em 2026. A ação segue com recomendação de compra pelo BTG, que vê preço-alvo em R$ 22.
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A Plano&Plano, por outro lado, divulgou receita líquida de R$ 784 milhões, avanço anual de 12%, e margem bruta de 34,5%. O lucro líquido foi de R$ 84 milhões, em linha com as projeções do BTG, mas cerca de 20% abaixo do consenso do mercado, devido a maiores despesas administrativas e interesses minoritários. Para a XP, o crescimento do banco de terrenos e a normalização de aprovações devem favorecer novos lançamentos. A recomendação é de compra, com preço-alvo de R$ 19.
A Mitre reportou receita líquida de R$ 257 milhões, queda de 11% frente ao ano anterior, e lucro líquido de R$ 10 milhões, abaixo das projeções do BTG e do Itaú BBA. A margem bruta atingiu 32,2%, com ganhos de eficiência em despesas gerais e administrativas. A companhia manteve expectativa de geração de caixa positiva neste ano e anunciou dividendos de R$ 12 milhões. O BTG mantém recomendação neutra e preço-alvo de R$ 7.
A Lopes Brasil obteve receita de R$ 51 milhões, alta de 13% em relação ao 2T24, com destaque para o crescimento de 82% na operação da CrediPronto. O lucro líquido mais que dobrou, alcançando R$ 15,5 milhões. Apesar do avanço, houve queda na margem Ebitda, que representa o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, para 36,3%, devido a comissões e custos jurídicos mais altos.
Já a HBR Realty apresentou receita líquida de R$ 50 milhões, avanço de 36% no comparativo anual, com crescimento de 30% nas vendas mesmas lojas (SSS) e 6% nos aluguéis mesmos espaços (SSR) nos strip malls. O resultado líquido, porém, foi negativo em R$ 33 milhões, pressionado por despesas financeiras elevadas. O BTG mantém recomendação de compra para HBRE3, com preço-alvo de R$ 8, destacando o potencial de valorização via venda de ativos e fusões ou aquisições.
Entre as seis construtoras analisadas, a Eztec, segundo os analistas, apresentou o maior avanço de lucro em termos percentuais e margens elevadas, beneficiando-se de operações pontuais e de ganhos de eficiência. A Tenda se destacou pela receita e pelo ajuste positivo de projeções no segmento principal, enquanto a Plano&Plano manteve crescimento em linha com expectativas e perspectiva de expansão de lançamentos.
Mitre e HBR tiveram desempenho mais pressionado, e Lopes Brasil ampliou o lucro, mas enfrentou aumento de despesas, segundo os estrategistas. Para a XP, as oportunidades de valorização estão mais evidentes em Eztec, Tenda e Plano&Plano, que seguem com recomendação de compra.
O Estado de S.Paulo - SP 11/08/2025
O governo Lula prepara uma mudança na linha de crédito imobiliário corrigida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O objetivo é reduzir o impacto de oscilações bruscas da inflação no bolso dos consumidores, tornando a linha, que foi engavetada nos últimos anos, mais atrativa.
A mudança prevê a possibilidade de o tomador do empréstimo pagar amortizações extraordinárias enquanto a inflação estiver mais controlada. Com isso, um eventual repique do IPCA seria absorvido antecipadamente, reduzindo o risco e a volatilidade da linha, tornando-a mais atrativa para o consumidor. O saldo devedor e as prestações continuariam corrigidos pelo índice de variação de preços.
A linha de financiamento com correção pelo IPCA foi lançada em 2019, mas acabou engavetada pelos bancos nos anos seguintes, uma vez que os picos de inflação aumentaram bruscamente as parcelas dos tomadores e geraram casos de inadimplência.
Isso levou a uma correria para a portabilidade das operações para linhas com juros pré-fixados e/ou corrigidas pela Taxa Referencial (TR), cuja oscilação é próxima de zero. Em 2019, por exemplo, a inflação foi de cerca de 4%. Em 2021, saltou para 10% - o que motivou vários processos de portabilidade.
A Tribuna - SP 11/08/2025
Desde a dispensa de autorização prévia para a emissão de debêntures de infraestrutura e incentivadas, em agosto de 2024, o Ministério de Portos e Aeroportos (MPor) já recebeu projetos que somam R$ 3,33 bilhões e que utilizam esse tipo de financiamento. Entre eles estão dois projetos no Porto de Santos que somam R$ 718 milhões.
Um deles é a expansão da Bacia 10, onde opera a Ageo Terminais, na Ilha Barnabé, com a adição de 12 novos tanques, no valor de R$ 154 milhões. O outro é a readequação do Armazém XIV, com instalação de nova moega rodoviária (estrutura para descarga de granéis) e outros serviços, somando R$ 564 milhões.
Ao todo são 11 empreendimentos beneficiados, em seis estados brasileiros: Bahia, Maranhão, Paraná, Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo. Desse total, dois projetos são para ampliação de aeroportos e os demais são relativos ao setor portuário, como construção e ampliação de capacidade de terminais, expansão de readequação de armazéns, compra de equipamentos, realização de obras e pagamento de outorgas.
A dispensa de autorização prévia foi instituída pela Portaria do MPor 419/2024, que regulamentou o Decreto 11.964/2024 e tratou dos critérios e condições para a emissão das debêntures no setor de portos e aeroportos por meio do mercado de capitais.
As debêntures são títulos de renda fixa emitidos por empresas e pessoas físicas para financiar projetos de infraestrutura e que concedem benefícios fiscais, como isenção de Imposto de Renda para o investidor pessoa física.
A iniciativa tem o objetivo de impulsionar o desenvolvimento do setor de portos e aeroportos, atraindo investimentos e melhorando a infraestrutura logística do País.
“Desde que instituímos a nossa portaria, o processo se tornou mais ágil, facilitando a apresentação de projetos por parte das empresas que querem investir no setor”, afirmou o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho.
Portal Fator Brasil - RJ 11/08/2025
O navio de guerra é um dos quatro previstos para fabricação no estado, até 2029, em um projeto nacional de defesa, com investimento de R$ 11 bilhões.
A Marinha do Brasil (MB), a Sociedade de Propósito Específico (SPE) Águas Azuis e a Empresa Gerencial de Projetos Navais (Emgepron) realizaram, no dia 08 de agosto (sexta-feira), a cerimônia de lançamento da segunda fragata do Programa Fragatas Classe Tamandaré (PFCT), na TKMS Estaleiro Brasil Sul, em Itajaí(SC), cuja madrinha de batismo da embarcação foi Lu Alckmin, esposa do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços(MDIC), Geraldo Alckmin.
O navio foi batizado com o nome “Jerônimo de Albuquerque”, uma homenagem ao primeiro comandante de uma frota naval da Marinha nascido em território Brasileiro. A embarcação tem alto poder combatente para proteger os mais de 5,7 milhões quilômetros quadrados de área marítima da Amazônia Azul. Pode ser usada para monitorar e combater ações de poluição, pirataria, pesca ilegal, dentre outras ameaças, e também está pronta para atender a compromissos internacionais, com a capacidade de realizar operações de busca e resgate no mar.
A F201 começou a ser construída em novembro de 2023, com o corte da primeira chapa de aço, e passou pela Cerimônia de Batimento de Quilha em junho de 2024, marco que deu início à montagem dos blocos que integram o navio. O investimento o PFCT é da ordem de R$ 11 bilhões.
A cerimônia de lançamento contou com a participação do vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços(MDIC), Geraldo Alckmin; do ministro da Defesa, José Mucio Monteiro, do comandante da Marinha, almirante de esquadra Marcos Sampaio Olsen, representantes do almirantado e os colaboradores da TKMS.
Nos próximos dias, o navio será lançado ao mar por uma operação chamada “load out”, que consiste na movimentação da embarcação para um dique flutuante. Em seguida é realizada a imersão controlada até o navio atingir a sua própria sustentação na água. Trata-se de um procedimento complexo e, após essa etapa, a fragata será transferida para o cais até a conclusão dos acabamentos e testes necessários para, então, seguir para as provas de mar.
A Fragata “Jerônimo de Albuquerque” teve o primeiro corte de chapa feito em novembro de 2023. A previsão é de que seja entregue à Marinha do Brasil em janeiro de 2027, ampliando as capacidades operativas da Força Naval. A construção é feita pela Sociedade de Propósito Específico (SPE) Águas Azuis, formada pelas empresas thyssenkrupp Marine Systems, Embraer Defesa e Segurança e Atech (subsidiária da Embraer), Atlas Elektronik GmbH (Alemanha), em parceria com a Marinha do Brasil.
A embarcação:107,2 metros de comprimento, o que equivale ao comprimento de um campo de futebol; pista para aeronave, hangar para helicóptero, radares, sensores e armamentos; altura de 20,2 metros, o que equivale a um prédio de seis andares; velocidade de 25 nós (equivalente a cerca de 47 km/h);e tem autonomia de 5.500 milhas náuticas.
A previsão é de que ocorram os trabalhos de finalização da fragata, com construções internas e de armamentos. A previsão é de que seja entregue à Marinha do Brasil em janeiro de 2027.
A fragata Tamandaré, primeira das quatro previstas e lançada em agosto do ano passado, está na fase final e em breve deve ser enviada para testes ao mar. A terceira embarcação, batizada de Cunha Moreira, também já teve a construção iniciada, com a primeira chapa já cortada. A previsão de lançamento é julho de 2026. Por fim, a quarta fragata, chamada de Mariz e Barros, tem início previsto para março de 2026.
Consultor Jurídico - SP 11/08/2025
Em março de 2025, a Secretaria de Acompanhamento Econômico (Seae) emitiu o Parecer nº 955/2025/MF sobre o processo de arrendamento do Tecon Santos 10, o maior terminal de contêineres a ser leiloado no Brasil. O que deveria ser uma análise técnica robusta para orientar decisões sobre um ativo de R$ 5,6 bilhões em investimentos, revelou-se um exercício de superficialidade analítica que pode custar caro ao desenvolvimento logístico nacional.
A Seae iniciou seu parecer declarando que utilizaria o checklist de concorrência do Guia da OCDE e os critérios da Instrução Normativa SRE nº 12/2024. Promessa não cumprida. O Guia da OCDE estabelece quatro categorias analíticas precisas: limitação do número de empresas, restrições à capacidade competitiva, redução de incentivos à competição e limitação de escolhas do consumidor. Cada categoria possui subcritérios específicos que deveriam ter sido sistematicamente avaliados.
Em vez disso, o que se viu foi uma abordagem genérica que sequer definiu adequadamente o mercado relevante — primeiro passo de qualquer análise concorrencial. A Seae não estimou participações de mercado com precisão, não avaliou barreiras à entrada de forma estruturada, não analisou a intensidade da rivalidade competitiva e, mais grave, ignorou completamente as eficiências econômicas da integração vertical no setor portuário.
Em síntese, o Parecer afirma que “não verificou nenhuma cláusula injustificada considerada prejudicial à livre concorrência” nas minutas analisadas. Mas em seguida, a Seae listou preocupações: disse temer que empresas de navegação que já operam terminais em Santos possam vencer o leilão e criar um “poder de mercado excessivo”. Mencionou que as alianças internacionais entre essas empresas poderiam piorar a situação.
Especificamente, a Seae manifestou receio de que a nova aliança Gemini (entre Maersk e Hapag Lloyd) pudesse “levar a uma concentração ainda maior do mercado”. Argumentou que as três principais alianças globais de navegação controlam 80% do mercado mundial e que essas alianças “tendem a atracar em terminais pertencentes a grupos econômicos integrantes”.
Essas preocupações, contudo, carecem de fundamentação técnica sólida. Primeiro, a Seae ignora que o próprio CADE – autoridade máxima em defesa da concorrência no Brasil – aprovou recentemente, sem qualquer restrição, operações que resultaram em integração vertical no setor: CMA CGM adquirindo participação na Santos Brasil [1] e MSC assumindo o controle da Wilson Sons [2]. Se a integração vertical fosse intrinsecamente problemática, o CADE teria imposto condições nessas operações.
Segundo, a tese de que alianças “preferem” terminais de integrantes não encontra respaldo empírico. O CADE arquivou investigação sobre suposto direcionamento preferencial de cargas após constatar “ausência de indícios” dessa prática. Os dados mostraram que terminais integrados e independentes competem em igualdade de condições, com decisões baseadas em eficiência operacional, localização e preço – não em relações societárias.
A análise superficial da Seae desconsiderou realidades fundamentais do setor. Portos eficientes ao redor do mundo operam com níveis de concentração muito superiores aos brasileiros. Roterdã e Antuérpia, referências globais, têm operadores com 50% a 75% de participação. A fragmentação excessiva, ao contrário do que sugere a Seae, pode gerar ineficiências, duplicação de investimentos e custos mais altos para os usuários.
E ainda mais preocupante: a Seae não analisou os benefícios concretos da integração vertical. Operadores integrados podem coordenar melhor as escalas de navios, reduzir tempos de espera, otimizar o uso de equipamentos e oferecer soluções logísticas completas. Essas eficiências se traduzem em menores custos para exportadores e importadores brasileiros.
A conclusão final da Seae foi, em essência, uma não-conclusão: após afirmar que não identificou cláusulas prejudiciais à concorrência no edital e expressar diversas preocupações sobre riscos de concentração de mercado, o órgão declarou que só poderia emitir posicionamento definitivo após a Antaq realizar estudo concorrencial aprofundado, recomendando inclusive a reabertura da audiência pública quando tal análise estivesse disponível — ou seja, a Seae encerrou seu parecer dizendo que não tinha condições de opinar definitivamente sobre o objeto central de sua análise, transferindo para o órgão regulador setorial a responsabilidade por uma avaliação antitruste que caberia primariamente a ela própria realizar, sem prejuízo da necessária análise que o Cade deve também realizar.
Diante desse vácuo analítico, a Antaq surpreendeu ao tomar decisão radical: através da Nota Técnica nº 51/2025/GRP/SRG, implementou um sistema de leilão em duas fases, sendo que na primeira etapa os operadores já estabelecidos no Porto de Santos foram completamente proibidos de participar, podendo concorrer apenas na segunda fase caso a primeira fracassasse – e ainda assim condicionados ao desinvestimento total de suas operações atuais.
Tal decisão, tomada sem o estudo aprofundado que a própria Seae disse ser indispensável e sem realizar a nova audiência pública recomendada, baseou-se paradoxalmente no parecer inconclusivo para justificar restrições que nem a Seae havia expressamente recomendado, criando uma situação kafkiana onde um parecer que não concluiu nada serviu de base para decisões drásticas que podem esvaziar o maior leilão portuário do país. Além disto, a decisão da Antaq ignorou dois pontos fundamentais: não realizou o estudo aprofundado que a própria Seae considerou indispensável, tampouco promoveu a nova audiência pública recomendada.
Diante disso, torna-se fundamental que se restabeleça o debate público e técnico qualificado. A correção de rumo é não apenas possível, mas necessária, a qual exige (i) que a Seae assuma seu papel institucional e produza a análise técnica robusta que o caso demanda, (ii) que a Antaq reconsidere restrições impostas sem fundamento adequado e, sobretudo, (iii) que se reconheça uma verdade fundamental: proteger a concorrência não significa necessariamente maximizar o número de competidores, mas sim criar condições para que o mercado opere de forma eficiente em benefício dos usuários finais.
O leilão do Tecon Santos 10 pode ainda tornar-se um marco positivo na modernização portuária brasileira. Para isso, é preciso abandonar o caminho das restrições artificiais e abraçar uma regulação baseada em evidências, alinhada com as melhores práticas internacionais e comprometida com a eficiência econômica.
[1] Ato de concentração nº 08700.008863/2024-25
[2] Ato de concentração nº 08700.010433/2024-73
Pedro Victhor Gomes Lacerda
é advogado de direito concorrencial e mestre em Direito, Estado e Regulação pela Universidade de Brasília.
O Estado de S.Paulo - SP 11/08/2025
A Petrobras está voltando oficialmente ao setor de distribuição, seis anos após ter saído da área com a venda da BR Distribuidora. O conselho de administração da estatal aprovou, em reunião realizada nesta quinta-feira, 7, sua volta à atividade, nos segmentos de refino, transporte e comercialização, gás e energia e baixo carbono.
Segundo fato relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a Petrobras prevê primeiramente a expansão na distribuição de GLP (gás de cozinha), a integração com outros negócios no Brasil e no exterior e a oferta de soluções de baixo carbono aos clientes.
Segundo apurou o Estadão/Broadcast, na reunião de ontem do conselho de administração, decidiu-se que era cedo para discutir a volta aos postos de abastecimento de combustíveis líquidos no momento, já que até 2029 a Petrobras não pode, por contrato, concorrer com a Vibra (ex-BR Distribuidora). Apesar da mudança de nome, a marca Petrobras foi mantida com a Vibra por dez anos.
A subsidiária foi vendida no governo Bolsonaro, em 2019, por R$ 9,6 bilhões. À época, a BR era a maior distribuidora do País, com 30% do mercado de combustíveis e lubrificantes e quase 8 mil postos.
Para que a venda fosse efetivada, Supremo Tribunal Federal (STF) precisou autorizar a privatização de BR Distribuidora sem o aval do Congresso. A justificativa da estatal, à época, era que a venda fazia parte do plano de desinvestimentos da Petrobras, que planejava usar os recursos para reduzir sua dívida e aumentar a capacidade de investimentos no pré-sal.
A volta da Petrobras à distribuição de GLP acontece em um momento no qual o governo tenta lançar o programa Gás para Todos, que pretende distribuir botijões de graça para famílias de baixa renda. A estatal era dona da Liquigás até 2020, quando vendeu essa operação para um consórcio formado pela Copagaz, Itaúsa e Nacional Gás por R$ 4 bilhões.
Analistas de mercado desaprovaram a iniciativa. “Vemos a medida sob uma ótica negativa”, afirmou Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos, em nota. “Trata-se de um segmento com margens historicamente mais apertadas, o que tende a reduzir a eficiência da alocação de capital e pressionar o rendimento anualizado do caixa livre.”
O Citi afirmou em relatório que o ritmo de capex (investimentos em atividades produtivas) está mais alto do que o previsto, indicando que a Petrobras se aproxima de atingir sua orientação de US$ 18,5 bilhões. “A maior alavancagem chama a atenção para o fato de que, pela primeira vez em muito tempo, a Petrobras ultrapassou US$ 65 bilhões de dívida bruta”, afirmam os analistas.
As ações da Petrobras caíam ao redor de 2% por volta das 10:30 de hoje, na contramão do petróleo. Além da retomada em refino, pesaram dividendos menores pagos pela estatal. O Citi avalia que os preços mais baixos do petróleo pesaram sobre o balanço. A XP afirma que os resultados trimestrais da petroleira vieram em linha, mas que a geração de caixa e os dividendos ficaram abaixo das expectativas.
O movimento das ações da Petrobras derrubou o Ibovespa, que tinha quatro dias de altas consecutivas. Na semana, o indicador teve ganhos de 3,09% e ainda segue no patamar dos 136 mil pontos, considerado importante para a manutenção do canal de alta.
Valor - SP 11/08/2025
Petroleira aumentou a produção em 380 mil barris por dia nos últimos sete meses
A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, disse que a empresa está chegando ao topo da meta de produção estabelecida para 2025. Em teleconferência com analistas sobre os resultados do segundo trimestre, a executiva disse que a petroleira aumentou a produção em 380 mil barris por dia nos últimos sete meses.
“O aumento de produção é resultado do compromisso de buscar forte execução de nosso planejamento”, disse Chambriard.
A presidente da Petrobras acrescentou: Nosso aumento de produção só foi possível porque estamos executando o capex [investimentos]. Estamos acelerando tudo o que é possível, com segurança e respeito ao meio ambiente.”
O diretor financeiro e de relacionamento com investidores da Petrobras, Fernando Melgarejo, disse que a empresa tem “compromisso firme” com o mercado de executar as metas (“guidance”) que foram planejadas.
Segundo ele, a expectativa é que a produção média fique na “banda superior” da meta projetada. Se o cenário mais otimista se concretizar, disse ele, a uma cotação de US$ 70 o barril, a receita da empresa teria adicional de US$ 2,5 bilhões por ano.
Brent em queda
Chambriard disse também que a Petrobras está atenta à necessidade de redução de custos. O atual planejamento estratégico da companhia, elaborado no ano passado, considerava um preço do petróleo do tipo Brent a US$ 83 o barril.
Agora, apontou, a cotação internacional da commodity está em torno de US$ 67. “O preço do petróleo é uma variável que não está em nosso controle.”
Sinergia na produção de gás
A Petrobras analisa a possibilidade de sinergias quando se vê aumento da produção de gás natural da petroleira no país, disse Chambriard. De acordo com ela, a empresa vê como uma rota de aproveitamento de sinergias a produção de gás liquefeito de petróleo (GLP), o gás de cozinha.
O conselho de administração da Petrobras aprovou na quinta-feira (7) um “posicionamento” da estatal para uma eventual retomada de atuação no mercado de distribuição. Um primeiro caminho seria pelo segmento de GLP.
Chambriard ressaltou, porém, que a Petrobras não vê, atualmente, nenhum projeto de aquisição de empresas de distribuição de GLP. Porém, segundo ela, a empresa garantiu “que a porta esteja aberta” caso surjam novas oportunidades. “Vemos que a produção [de gás natural] será crescente e se isso for lucrativo, podemos exercer mais sinergia, diz a presidente da Petrobras.
Projetos mais competitivos
Chambriard disse ainda que a empresa trabalha para que os projetos futuros fiquem mais competitivos diante de um cenário de incertezas geopolíticas e de queda de preços do petróleo no mercado internacional. O barril de petróleo mais barato tende a tornar menos viáveis projetos de petróleo.
A executiva afirmou que a estatal está analisando “todas as alternativas e possibilidades de simplificar e otimizar projetos, para reduzir custos e ganhar eficiência”.
“Vamos gerar valor mesmo em cenário de queda de preços do petróleo. Vamos buscar os melhores resultados possíveis para investidores”, disse a executiva.
Um dos caminhos para enfrentar o cenário mais adverso, avalia, é com o aumento de produção de petróleo e gás e aceleração da velocidade de entrada de projetos, como forma de evitar os efeitos da volatilidade da cotação do Brent.
Chambriard ressaltou também que a Petrobras teve avanços na entrega de gás natural ao mercado, com aumento de oferta do insumo nos últimos meses.
De acordo com ela, o avanço aconteceu graças ao avanço do gasoduto Rota 3, de escoamento da produção de gás natural do pré-sal na Bacia de Santos. O gasoduto liga áreas do pré-sal ao continente, no Rio.
Agência Brasil - DF 11/08/2025
A Petrobras registrou um lucro líquido de R$ 26,7 bilhões no balanço do segundo trimestre de 2025. O resultado é 24,3% menor do que o registrado no trimestre anterior, mas superior ao do mesmo período do ano passado, quando a companhia registrou prejuízo de R$ 2,6 bilhões.
O aumento da produção de óleo compensou os impactos da queda de 10% no preço do Brent no trimestre. Desconsiderando eventos exclusivos, o resultado do trimestre foi de R$ 23,2 bilhões (US$ 4,1 bilhões), alcançando um patamar similar ao do trimestre anterior.
O EBITDA Ajustado, que é um indicador financeiro muito usado para tomar decisões, alcançou no trimestre R$ 57,9 bilhões (US$ 10,2 bilhões). O fluxo de caixa Operacional (FCO), que representa a geração de caixa a partir das atividades operacionais da companhia, totalizou R$ 42,4 bilhões (US$ 7,5 bilhões) no trimestre, alavancado pelo aumento da produção de óleo e gás. Já os investimentos (Capex), somaram R$ 25,1 bilhões (US$ 4,4 bilhões) no segundo trimestre de 2025, com maior foco em projetos no pré-sal.
“Estamos acelerando nossos investimentos em projetos de alta atratividade. Nos primeiros seis meses do ano, investimos R$ 48,8 bilhões, um crescimento de 49% em relação ao mesmo período do ano passado. No aspecto operacional, tivemos excelentes resultados: produzimos 2,3 milhões de barris de óleo por dia no segundo trimestre. Isso representa um aumento de 5% em relação ao primeiro trimestre e cerca de 8% em comparação ao mesmo período do ano passado”, afirmou a presidente da Petrobras, Magda Chambriard.
No segundo trimestre de 2025, a Petrobras totalizou R$ 66 bilhões em tributos pagos à União, estados e municípios. Foram aprovados R$ 8,7 bilhões em dividendos e juros sobre capital próprio.
“Tivemos uma excelente performance operacional no segundo trimestre, impulsionada pela implementação de novos sistemas de produção e por uma melhoria na eficiência dos campos em operação. Esses fatores nos permitiram aumentar o volume de óleo e gás, refletindo positivamente nos resultados financeiros e compensando os impactos da queda no preço do Brent", explica o diretor Financeiro e de Relacionamento com Investidores, Fernando Melgarejo.
A dívida bruta da companhia registrou US$ 68,1 bilhões em junho de 2025, representando um crescimento de 5,5% em relação ao final do trimestre anterior, em função, principalmente, do crescimento do arrendamento de plataformas, com a entrada em operação dos navios-plataforma Alexandre de Gusmão e Almirante Tamandaré, que adicionaram 270 mil barris por dia de capacidade de produção para a Petrobras.
A produção de óleo e LGN da Petrobras alcançou 2,32 milhões bpd (barris de óleo por dia), um aumento de 5% em relação a do trimestre anterior.
Em maio, a Unidade Flutuante de Produção, Armazenamento e Transferência (FPSO, da sigla em inglês) Marechal Duque de Caxias alcançou a capacidade máxima de produção com apenas quatro poços produtores.
Também foi iniciada a produção do FPSO Alexandre de Gusmão, no campo de Mero, que tem capacidade de produção de 180 mil bpd e de processamento de 12 milhões m³/dia de gás.
O navio-plataforma P-78 está em trânsito para o Brasil, sendo a primeira plataforma a ser rebocada até a locação com tripulação a bordo, o que vai permitir antecipar o início da produção em cerca de duas semanas. Sua capacidade de produção será de 180 mil barris de petróleo por dia, além de comprimir até 7,2 milhões de m³ de gás diários.
Foi confirmada uma nova descoberta de petróleo de excelente qualidade no pré-sal da Bacia de Santos, em poço exploratório no bloco Aram. Foram adquiridos mais 10 blocos exploratórios na Margem Equatorial e três na bacia de Pelotas na 5ª Rodada de Oferta Permanente da ANP. Além disso, a Petrobras declarou interesse em nove áreas exploratórias na Costa do Marfim.
Em junho, foram assinados os primeiros contratos para conclusão do Trem 2 da Refinaria Abreu e Lima (RNEST). Esse importante marco permitirá que a capacidade nominal da refinaria seja ampliada a partir de 2026, duplicando para 260 mil bpd em 2029.
O Estado de S.Paulo - SP 11/08/2025
A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, acredita que a companhia está “perto de um consenso” para a licença da exploração da Foz do Amazonas. “Nossa perspectiva é de que dia 12 seja decisivo para se estabelecer as condições e a data para a Autorização Pré-Operacional (APO). Já conversei pessoalmente com o presidente do Ibama, que está ciente de tudo que estamos apresentando, de todos os condicionamentos operacionais”, afirmou.
“Estamos ofertando o maior e melhor plano de emergência individual que já se viu na indústria do petróleo em águas profundas no mundo”, completou, reiterando que a APO ainda não tem data.
Conforme o Estadão/Broadcast já mostrou, a demora na marcação da APO pelo Ibama para a Petrobras explorar o poço Morpho, no bloco FZA-M-59, na Bacia da Foz do Amazonas, Margem Equatorial brasileira, tem provocado insatisfação na estatal. A companhia desembolsa mais de R$ 4 milhões por dia para manter a sonda ODN II pronta para operar.
A executiva falou com a imprensa durante o evento “Energia Delas: Empoderamento Feminino nas Instituições”, organizado pela Petrobras para discutir a equidade de gênero em instituições públicas e privadas e promover a troca de experiências sobre o papel das mulheres em posições de liderança.
Descoberta da BP
Questionada se existe a possibilidade de algum acordo com a British Petroleum (BP) em relação ao campo Bumerangue, no pré-sal da Bacia de Santos, a presidente da Petrobras ressaltou que qualquer decisão vai depender “do que a área vai representar de fato”.
A British anunciou no início da semana que perfurou o poço exploratório 1-BP-13-SPS no bloco Bumerangue, na Bacia de Santos, a 404 quilômetros do Rio de Janeiro. O poço tem reservatório cerca de 500 metros abaixo do topo da estrutura e penetrou em uma coluna de hidrocarbonetos bruta estimada em 500 metros em um reservatório de carbonato de pré-sal de alta qualidade com uma extensão areal de mais de 300 quilômetros quadrados.
O Estado de S.Paulo - SP 11/08/2025
O dia 5 de agosto foi uma rara ocasião de boas notícias para a BP, gigante britânica do petróleo que enfrenta dificuldades. A empresa não só anunciou um lucro trimestral de US$ 2,4 bilhões, 30% acima do esperado por analistas, como também revelou uma enorme descoberta de petróleo, batizada de Bumerangue, a cerca de 400 km da costa do Rio de Janeiro. É a maior descoberta da companhia em 25 anos.
A BP não é a única petroleira apostando alto na América do Sul, que no ano passado produziu cerca de dois quintos do volume de petróleo bruto da América do Norte. Trata-se da região de crescimento mais rápido no mundo em petróleo e gás, afirma Mark Oberstoetter, da consultoria energética Wood Mackenzie.
Até 2030, projeta-se que a produção aumente cerca de um terço, comparado a um crescimento de um quarto no Oriente Médio e de um décimo na América do Norte.
Três países sul-americanos se destacam.
O primeiro é o Brasil. A consultoria Rystad Energy prevê que a produção de petróleo bruto no país aumente 10% este ano, ultrapassando 3,7 milhões de barris por dia (b/d). Analistas veem a descoberta do campo Bumerangue como um sinal positivo para as perspectivas do petróleo brasileiro em geral.
A Equinor, estatal norueguesa do setor, tem dois campos próximos. A descoberta também deve impulsionar o interesse em um leilão de blocos de petróleo previsto para outubro. Gigantes como Chevron, Shell e TotalEnergies já têm operações em expansão no país. A Petrobras, estatal brasileira, também está investindo em expansão da exploração e produção.
A Guiana, com menos de 1 milhão de habitantes, surgiu como outro ponto quente na região. A Rystad espera que a produção de petróleo no país cresça 12% este ano, para cerca de 690 mil b/d, podendo atingir 1,2 milhão b/d até 2030. O Bloco Stabroek, um imenso campo petrolífero a cerca de 200 km da costa da capital Georgetown, foi motivo recente de disputa entre as duas maiores petrolíferas dos EUA.
A aquisição da Hess — uma rival menor americana com participação no projeto — pela Chevron foi inicialmente contestada pela ExxonMobil, que também detém parte do bloco Stabroek. Após longas disputas, um tribunal arbitral em Paris decidiu no mês passado que a Chevron poderia concluir a compra.
Por fim, há a Argentina. O setor de petróleo do país, historicamente sufocado por governos intervencionistas, está agora em plena retomada sob o presidente Javier Milei. Impulsionando esse boom está Vaca Muerta (“vaca morta”, em espanhol), uma formação de xisto no oeste argentino.
A produção de petróleo na região cresceu 26% no primeiro trimestre de 2025 em relação ao mesmo período do ano anterior. As perspectivas são ainda mais promissoras com a construção de um grande oleoduto, prevista para iniciar em 2027, que deverá transportar cerca de 700 mil b/d até a costa atlântica para exportação.
A revolução do xisto nos Estados Unidos, que começou no início dos anos 2010, transformou o país no maior produtor de petróleo do mundo. Mas os campos de xisto americanos estão envelhecendo. O próximo capítulo da indústria global de petróleo pode estar começando ao sul.
Portal Fator Brasil - RJ 11/08/2025
A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) aprovou, no dia 23 de julho (quarta-feira), o Acordo de Individualização da Produção (AIP) da Jazida Compartilhada do Pré-Sal de Jubarte, localizada na Bacia de Campos. Com a decisão, a União passa a contar com uma participação de 1,89% na jazida, parcela correspondente as Áreas Não Contratadas. A PPSA é a representante da União na jazida.
O AIP passou a vigorar a partir de 1º de agosto de 2025(sexta-feira). A jazida compartilhada abrange: 97,25% de área do Campo de Jubarte (BC-60); 1,89% de Áreas Não contratada, sob responsabilidade da União; e 0,86% de área do Campo de Argonauta (BC-10).
O AIP é o instrumento previsto pela regulação da ANP para os casos em que jazidas se estendem além dos limites de concessões ou contratos vigentes, permitindo a definição de regras para exploração e partilha dos recursos de forma conjunta. Com a efetivação do Acordo, está previsto o início das negociações entre as partes para definir a compensação financeira relacionada aos investimentos realizados e às receitas obtidas com a produção da jazida até a data de entrada em vigor do AIP.
O Acordo estabelece as participações de cada uma das partes envolvidas, bem como as regras para a execução conjunta das operações de desenvolvimento e produção de petróleo e gás natural na jazida. A distribuição das participações ficou definida da seguinte forma: Petrobras: 97,250%; Shell: 0,430%; Brava Energia: 0,198%; ONGC: 0,232%; e União (representada pela PPSA): 1,890%
Valor - SP 11/08/2025
Na mesma linha, a presidente da Petrobras salientou que a empresa “está batendo na porta” de grandes consumidores, inclusive os do agronegócio
O diretor de logística, comercialização e mercados da Petrobras, Claudio Schlosser, disse que a estatal vem conversando com grandes consumidores de gás liquefeito de petróleo (GLP) por meio de venda direta. O negócio pode ser adotado como um caminho para se aproximar do mercado, segundo ele.
Schlosser, durante teleconferência com analistas sobre os resultados do segundo trimestre de 2025, afirmou que a petroleira já promove a venda direta de derivados a grandes consumidores e é natural chegar até “a ponta”, ao cliente final.
A empresa se desfez do braço de distribuição de derivados com a venda da BR Distribuidora (atual Vibra) e da Liquigás.
A expectativa da companhia, disse Schlosser, é de aumento na produção de GLP e com esse cenário, “precisamos de mercado.”
“A Petrobras já atua em busca de ser a melhor opção para o cliente. Se tiver racional econômico, isso [a venda direta de GLP] vai ser avaliado na nossa aprovação de projeto”, afirmou Schlosser.
Na mesma linha, a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, salientou que a empresa “está batendo na porta” de grandes consumidores, inclusive os do agronegócio. De acordo com a executiva, a Petrobras busca consumidores industriais de GLP, não apenas o residencial, segmento no qual o insumo é majoritariamente negociado.
Chambriard reiterou que a Petrobras está expandindo “o mercado” de gás natural e recorda que a Petrobras “teve a obrigação” de sair de alguns mercados. “Não podemos ter limitação para avançar nesses esforços. Queremos portas abertas para optar por melhor agregação de valor e a forma mais eficiente de colocar produto no mercado”, diz a presidente.
Presente na teleconferência, o diretor financeiro e de relacionamento com investidores, Fernando Melgarejo, afirmou que a possibilidade de retorno ao segmento de distribuição de GLP vai seguir todo o rito de governança da Petrobras. “Só irá avançar se houver financiabilidade, dentro do limite da dívida”, afirmou.
A meta de endividamento, disse ele, está mantida em US$ 65 bilhões.
Valor - SP 11/08/2025
O Índice de Produção Agroindustrial (PIMAgro), elaborado pelo FGV Agro, registrou aumento de 0,1% em maio na base anual
A produção da agroindústria brasileira teve um ligeiro crescimento em maio, depois de sofrer um tombo em abril, sustentada pela maior produção de alimentos e bebidas, enquanto as indústrias de itens não alimentícios tiveram em geral desempenho negativo. O Índice de Produção Agroindustrial (PIMAgro), elaborado pelo FGV Agro, registrou aumento de 0,1% em maio na base anual.
O segmento de produtos alimentícios registrou sozinho um crescimento de 2,1%. A produção da indústria de alimentos de origem animal subiu 3%, apesar das restrições comerciais que ainda estavam em vigor contra a carne de frango brasileira, depois do caso de gripe aviária em uma granja comercial em Montenegro (RS).
Mesmo a indústria nacional de aves não sofreu com a crise sanitária naquele mês. Segundo o FGV Agro, a produção de aves e suínos teve expansão anual de 4,5%.
A indústria de alimentos de origem vegetal teve um crescimento mais modesto, de 0,3%, reflexo da queda na produção de conservas e sucos, arroz, trigo, açúcar e, sobretudo, café. No segmento de bebidas, a produção cresceu 3,4%, puxada por bebidas não alcoólicas.
A produção do segmento não alimentício recuou de forma agregada 2,4%, refletindo uma retração de 36,7% na produção de biocombustíveis no país.
Segundo o FGV Agro, essa queda decorreu da menor produção de etanol de cana-de-açúcar. O volume de colheita e a concentração de sacarose na planta estão menores nesta safra, como resultado da seca e dos incêndios em 2024. Com isso, as usinas ainda estão priorizando a produção de açúcar.
De acordo com o centro de estudos, ainda que a produção de etanol de milho tenha crescido, ela não compensou integralmente a redução da fabricação de etanol a partir da cana.
Já as outras agroindústrias dentro do segmento não alimentício tiveram um desempenho em geral positivo, com destaque para a indústria de insumos agropecuários, cuja produção subiu 24%, a décima expansão consecutiva. No caso do mês de maio, houve ainda um efeito de uma base de comparação menor no segmento de tratores e máquinas, impactado pelas enchentes no Rio Grande do Sul um ano antes.
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