Exame - SP 10/06/2025
O preço do feijão enlatado, da ervilha e até do pêssego em calda pode estar prestes a subir nos Estados Unidos — e não por causa do que tem dentro das latas. A questão está justamente nelas.
As embalagens metálicas usadas para conservar alimentos dependem de uma matéria-prima específica: chapas de aço ultrafinas revestidas com estanho, chamadas de tin-plate, ou folha-de-flandres.
E os Estados Unidos não produzem o suficiente desse tipo de aço para abastecer sua própria indústria de enlatados.
Segundo reportagem do Wall Street Journal, a nova tarifa de 50% imposta sobre o aço importado pode elevar o preço de produtos enlatados entre 9% e 15%, pressionando empresas como Campbell’s, Del Monte e Hormel.
“O consumidor americano vai pagar mais pelas suas latas”, afirmou Dan Dietrich, vice-presidente da Trivium Packaging, ao jornal.
A medida anunciada em 4 de junho é parte da nova ofensiva do ex-presidente Donald Trump para se reposicionar como defensor da indústria nacional.
A expectativa é que o aço importado fique tão caro quanto o nacional e, com isso, que mais empresas comprem o aço produzido nos EUA. Só que, no caso das latas, o problema é outro: falta capacidade instalada para atender à demanda.
“Eu adoraria comprar mais aço produzido nos Estados Unidos, mas a produção simplesmente não dá conta”, disse Robert Gatz, diretor-geral da Can Corp. of America, ao WSJ.
O risco para o futuro dos enlatados
Hoje, cerca de 75% do tin-plate usado nos EUA é importado, principalmente da Europa e do Canadá. Só em 2022, o país importou quase 1,6 milhão de toneladas, volume 37% maior do que em 2015.
A mudança na tarifa, segundo executivos do setor, pode elevar em pelo menos 14% os custos de produção das embalagens. Isso pressiona fabricantes como a McCall Farms, do sul dos EUA, que já vem enfrentando alta de custos com mão de obra e vegetais nos últimos anos.
“A maior preocupação é que os consumidores deixem de comprar vegetais enlatados porque ficaram caros demais”, disse Thomas Hunter, copresidente da McCall Farms.
Indústria avalia migrar para plástico
O risco é de um efeito dominó: com alimentos enlatados mais caros, os consumidores migram para outros produtos, e a indústria abandona o modelo tradicional.
A Consumer Brands Association estima que até 20.000 empregos nos EUA estejam em risco se a mudança de embalagens se acelerar.
“Estamos chegando ao limite com muitos clientes. Você acaba empurrando todos para o plástico”, afirmou Rick Huether, CEO da Independent Can Co.
O setor afirma que o aço americano feito com sucata não atende aos padrões técnicos da indústria alimentícia. E a redução da produção local de tin-plate só agravou a escassez.
Infomoney - SP 10/06/2025
Analistas do UBS BB cortaram a recomendação das ações da Raízen (RAIZ4) para neutra ante compra e o preço-alvo para R$ 2,30 ante R$ 3,90, conforme relatório enviado a clientes nesta segunda-feira (9). Os analistas do UBS BB também elevaram a recomendação das ações da Gerdau (GGBR4) para “compra”, no qual afirmam ver o aumento das tarifas de importação de aço pelos Estados Unidos de 25% para 50% como um divisor de águas para a tese de investimento na companhia. Nesta segunda, os papéis GGBR4 subiram 6,41% (R$ 17,76) e os ativos RAIZ4 tiveram baixa de 2,02% (R$ 1,94).
Com relação à Gerdau, os analistas apontaram: “em nossa visão, o cenário de oferta/demanda para aço nos EUA se tornará mais rigoroso, com níveis de equilíbrio de paridade de importação mais altos, o que, em última análise, se traduzirá em spreads de produto final mais elevados e margens de lucro mais altas para o produtor”.
No balanço do primeiro trimestre, as operações na América do Norte da Gerdau respondiam por 49,1% do Ebitda ajustado da companhia.
Caio Greiner e equipe elevaram a estimativa do Ebitda da Gerdau em 2025 de R$ 9,664 bilhões para R$11,063 bilhões e em 2026 de 10,025 bilhões para R$13,211 bilhões. O preço-alvo das ações subiu a R$22, de R$17 antes, um “upside” potencial de quase 32% em relação à cotação de fechamento da sexta-feira.
“Com o ‘capex’ provavelmente sendo cortado a partir de 2026, prevemos uma expansão significativa do fluxo de caixa livre (FCF), com yield de FCF de cerca de 12% para o ano”, afirmaram.
Eles acrescentaram que o retorno do caixa deve exceder a geração de FCF à medida que a empresa reequilibra a estrutura de capital, podendo chegar a 17% – “o que consideramos alto demais para ser ignorado”.
Tese sobre Raízen
Sobre a Raízen, Matheus Enfeldt e equipe afirmaram: “Nós prevemos que a reestruturação positiva que a empresa está realizando levará mais tempo para se materializar em retorno aos acionistas”.
Eles destacaram que, após anos de expansão que trouxeram complexidade e um salto na alavancagem, com desafios na cana-de-açúcar e juros elevados, a Raízen está em um novo ciclo, focada em ganhar eficiência e reduzir a carga de juros.
“Isso em algum momento levará a uma redução na dívida, mas acreditamos que os investidores podem esperar, pois estimamos que essa tendência se acelere apenas em dois a três anos, e há riscos”, acrescentaram.
Analistas do Citi também cortaram o preço-alvo das ações da Raízen, de R$3 para R$2,50, conforme reduziram estimativas para a companhia, refletindo principalmente a menor moagem de cana-de-açúcar e a previsão de menor preço do açúcar.
Gabriel Barra e Pedro Gama, contudo, mantiveram a recomendação de compra, citando crença de que a administração atual está seguindo a estratégia correta para desalavancar a empresa, mostrou relatório do banco nesta segunda-feira.
O Estado de S.Paulo - SP 10/06/2025
A mediana do relatório Focus para o IPCA de 2025 caiu de 5,46% para 5,44%. Agora, está 0,94 ponto porcentual acima do teto da meta, de 4,50%. Considerando apenas as 63 estimativas atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a medida passou de 5,42% para 5,34%.
A projeção para o IPCA de 2026 permaneceu em 4,50% pela quarta semana consecutiva, colada ao teto da meta. Considerando apenas as 60 estimativas atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a mediana também ficou em 4,50%.
O Banco Central espera que o IPCA some 4,8% em 2025 e 3,6% em 2026, conforme a trajetória divulgada no comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) de maio. O fim do ano que vem é o horizonte relevante do colegiado.
Na última decisão, de 7 de maio, o comitê aumentou a taxa Selic em 0,5 ponto porcentual, de 14,25% para 14,75% — o maior nível desde julho de 2006. O Copom volta a se reunir nos dias 17 e 18, terça e quarta-feira da próxima semana.
A partir deste ano, a meta de inflação é contínua, com base no IPCA acumulado em 12 meses. O centro é de 3%, com tolerância de 1,5 ponto porcentual para mais ou para menos. Se o IPCA ficar fora desse intervalo por seis meses consecutivos, considera-se que o BC perdeu o alvo.
A mediana do Focus para a inflação de 2027 permaneceu em 4,0% pela 16ª semana consecutiva. A projeção para o IPCA de 2028 se manteve em 3,85%. Um mês antes, era de 3,80%.
Alta do PIB
A mediana para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2025 aumentou de 2,13% para 2,18%. Um mês antes, era de 2,0%. Considerando apenas as 47 projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, mais sensíveis a novidades, passou de 2,24% para 2,26%.
O Comitê de Política Monetária (Copom) afirmou, na ata da sua reunião de maio, que a taxa de juros “significativamente contracionista” tem contribuído para moderar o crescimento da atividade. Segundo o colegiado, a tendência é que esse processo ganhe força nos próximos trimestres. O BC espera alta de 1,9% para o PIB em 2025.
A estimativa intermediária do Focus para o crescimento da economia brasileira em 2026 aumentou de 1,80% para 1,81%. Considerando só as 39 projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, passou de 1,99% para 1,83%.
A mediana para o crescimento do PIB de 2027 permaneceu em 2,0% pela 10ª semana seguida. A estimativa intermediária para 2028 ficou estável, em 2,0%, pela 65ª semana seguida.
Selic
A mediana para a Selic no fim de 2025 continuou em 14,75% pela quinta semana consecutiva. Considerando apenas as 57 projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, mais sensíveis a novidades, a mediana para o fim de 2025 também se manteve em 14,75%.
A mediana para a Selic no fim de 2026 ficou estável em 12,50% pela 19ª semana consecutiva. Considerando apenas as 56 projeções atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa intermediária também se manteve em 12,50%.
A projeção para o fim de 2027 continuou em 10,50% pela 17ª semana seguida. A mediana para a Selic no fim de 2028 se manteve em 10,0% pela 24ª semana consecutiva.
Dólar
A mediana do relatório Focus para a cotação do dólar no fim de 2025 continuou em R$ 5,80. Um mês antes, era de R$ 5,85. A estimativa intermediária para a moeda americana no fim de 2026 caiu de R$ 5,90 para R$ 5,89. Quatro semanas atrás, era de R$ 5,90.
A projeção para o dólar no fim de 2027 permaneceu em R$ 5,80 pela quarta semana seguida. A mediana para o fim de 2028 se manteve em R$ 5,80. Quatro semanas atrás, estava em R$ 5,82.
A projeção anual de câmbio publicada no Focus é calculada com base na média para a taxa no mês de dezembro, e não mais no valor projetado para o último dia útil de cada ano, como era até 2020.
IstoÉ Dinheiro - SP 10/06/2025
A balança comercial brasileira registrou superávit comercial de US$ 1,980 bilhão na primeira semana de junho. De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), divulgados nesta segunda-feira, 9, o valor foi alcançado com exportações de US$ 7,128 bilhões e importações de US$ 5,147 bilhões.
No ano, o superávit acumulado é de US$ 26,412 bilhões.
Até a primeira semana de junho, comparado com o mesmo período do ano passado, as exportações caíram 0,8% e somaram US$ 7,13 bilhões.
O resultado se deu devido à queda de 16,4% em Agropecuária, que somou US$ 1,61 bilhão; queda de 10,6% em Indústria Extrativa, que chegou a US$ 1,49 bilhões e, por fim, crescimento de 11,7% em Indústria de Transformação, que alcançou US$ 3,98 bilhões.
Já as importações caíram 8,1% e totalizaram US$ 5,15 bilhões na mesma comparação, com crescimento de 4,9% em Agropecuária, que somou US$ 0,12 bilhão; queda de 52,2% em Indústria Extrativa, que chegou a US$ 0,14 bilhão e, por fim, queda de 5,4% em Indústria de Transformação, que alcançou US$ 4,87 bilhões.
O Estado de S.Paulo - SP 10/06/2025
A Coalizão das Frentes Parlamentares Produtivas emitiu um manifesto no qual se posiciona contrariamente às medidas propostas pelo governo federal, como alternativa ao Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
A Coalizão, formada por 19 frentes parlamentares que representam o setor produtivo, classifica as propostas apresentadas pelo governo como uma “manobra para disfarçar a continuidade da escalada tributária”.
De acordo com dados compilados pela coalizão, desde janeiro de 2023, o governo aumentou ou criou impostos 24 vezes. “Isso significa uma média de um novo aumento de impostos a cada 37 dias! Essa é uma política fiscal insustentável, que mina a previsibilidade econômica, asfixia a produção, inibe o investimento de longo prazo, freia a geração de empregos formais e, em última instância, empobrece a população ao reduzir seu poder de compra e suas oportunidades”, diz a coalizão no manifesto, antecipado ao Estadão/Broadcast Agro. “O setor produtivo não aguenta mais”, alertam as frentes parlamentares produtivas.
As frentes defendem que a solução para o desequilíbrio fiscal passa por uma reforma do Estado brasileiro, focada na gestão eficiente dos recursos públicos e na eliminação de desperdícios. Para isso, as frentes exigem o fim da política de aumento de impostos, a redução imediata e substancial dos gastos públicos, a reforma administrativa urgente e foco na eficiência e na desburocratização.
“Chega de novas cargas tributárias. O Brasil precisa de estabilidade e previsibilidade fiscal para crescer, com foco na simplificação tributária e na desoneração da produção e do consumo”, argumentam as frentes.
Por fim, a coalizão critica a participação de lideranças do Congresso Nacional no acordo costurado com o governo como alternativa à elevação do IOF.
“É com preocupação que observamos a postura das lideranças partidárias do Congresso Nacional diante deste avanço fiscal do governo federal sobre os contribuintes. A ausência de uma resistência firme não reflete, necessariamente, o consenso dos parlamentares brasileiros, muitos dos quais compartilham de nossa indignação e profunda preocupação com o rumo das políticas fiscais adotadas”, ponderam as frentes parlamentares produtivas.
“Não aceitaremos que a conta da irresponsabilidade fiscal continue a ser paga por aqueles que produzem. O momento exige coragem para cortar na própria carne, e não para espremer ainda mais o contribuinte”, conclui a coalizão no manifesto.
Quem assina o manifesto
Frente Parlamentar de Comércio e Serviços; Frente Parlamentar do Livre Mercado; Frente Parlamentar do Empreendedorismo; Frente Parlamentar da Agropecuária;Frente Parlamentar Mista do Biodiesel; Frente Parlamentar Pelo Brasil Competitivo; Frente Parlamentar de Gestão de Resíduos e Economia Circular; Frente Parlamentar Mista em Defesa do Turismo; Frente Parlamentar da Habitação e do Desenvolvimento Urbano Sustentável; Frente Parlamentar Pela Mulher Empreendedora; Frente Parlamentar em Defesa da Aviação Civil; Frente Parlamentar em Defesa da Cultura e Entretenimento; Frente Parlamentar de Portos e Aeroporto; Frente Parlamentar Mista em Defesa do Saneamento Básico; Frente Parlamentar da Indústria de Máquinas e Equipamentos; Frente Parlamentar do Cooperativismo; Frente Parlamentar Mista da Saúde; Frente Parlamentar Mista de Logística e Infraestrutura e Frente Parlamentar da Mineração Sustentável.
Exame - SP 10/06/2025
Mesmo após uma trégua nas tensões econômicas, exportações da China para os Estados Unidos sofrem a maior queda desde 2020, no início da pandemia da covid-19.
As exportações caíram 35% em maio, segundo dados divulgados nesta segunda-feira, 9, pelo governo chinês. Em abril, a queda foi de 21%. Os resultados, segundo o jornal The Wall Street Journal, são reflexo das tarifas impostas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, sobre produtos vindos da China.
Durante uma conversa entre representantes das duas potências no último mês, em Genebra, foi acordado uma redução mútua das tarifas. Os EUA deveriam reduzir de 145% para 30%, enquanto a China abaixou de 125% para 10% sobre os produtos norte-americanos. Esse acordo tem validade de 90 dias e foi a primeira divulgação de dados comerciais após o anúncio da trégua. Autoridades de ambos os países estão reunidas em Londres para discutir os próximos passos nesta semana.
Na semana passada, Trump e Xi Jinping também conversaram por telefone, aumentando as expectativas para um acordo mais duradouro, embora a desconfiança entre os países persista. A Casa Branca acusa Pequim de não cumprir a promessa de retomar as exportações de terras raras, enquanto a China critica os controles dos EUA sobre chips de inteligência artificial e o cancelamento de vistos para estudantes chineses.
Apesar da queda para os Estados Unidos, a China registrou um aumento nas exportações para outras regiões do mundo, como o Sudeste Asiático e União Europeia. No total, as exportações da China aumentaram 4,8% em dólares no último mês, em relação a maio de 2024. Entretanto, esse aumento foi inferior à expectativa dos economistas, que apostaram 5,6%. O dado também marca um aumento menor do que os 8,1%, registrado em abril.
Após a trégua em Genebra, alguns importadores americanos e empresas chinesas correram para enviar os pedidos congelados antes do fim dos 90 dias. Consequentemente, houve um aumento nos preços de frete da China para os portos dos EUA, além de uma disparada nos valores de contêineres, que haviam caído durante a escalada tarifária.
Ainda segundo o The Wall Street Journal, indicadores governamentais e privados mostraram que novos pedidos de exportação ainda seguem em contração.
Para aumentar a incerteza, um tribunal federal de comércio nos EUA suspendeu quase todas as tarifas impostas por Trump neste ano. A decisão está congelada enquanto a Casa Branca recorre.
Money Times - SP 10/06/2025
Veja os indicadores econômicos que serão destaques entre os dias 9 e 15 de junho, com projeções e comentários do economista André Galhardo.
IPCA de maio deve desacelerar a 0,30% amparado pela queda dos preços das passagens aéreas
Arrefecimento da inflação no grupo de alimentos também deve contribuir. Ainda assim, indicadores qualitativos do IPCA, como os núcleos de inflação e o índice de difusão, permanecem sinalizando pressões subjacentes, em linha com a resiliência da atividade econômica. O foco da análise recairá, portanto, sobre a composição da inflação de maio, de maneira similar ao ocorrido com o IGP-DI. Apesar da deflação expressiva do índice agregado (-0,85%), os custos com mão de obra, captados pelo INCC-DI, mostraram forte aceleração, mantendo aceso o debate sobre o fechamento do hiato do produto. Esse pano de fundo qualitativo pode ganhar relevância na avaliação do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, contribuindo para calibrar o próximo passo da política monetária. O IPCA será divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísica (IBGE) nesta terça-feira (10).
Comércio varejista e serviços devem registrar recuo na margem em abril
Ainda assim, ritmo econômico deve permanecer forte. A trajetória robusta desses setores nos meses anteriores pode abrir espaço para uma correção técnica, especialmente após o varejo ter alcançado patamar recorde em março. Projetamos retração moderada nos serviços, interrompendo dois meses seguidos de alta, e uma ligeira queda no varejo restrito. Contudo, a combinação entre o bom desempenho da produção industrial e o impulso contínuo do agronegócio deve sustentar o dinamismo da economia brasileira na transição para o segundo trimestre. O debate em torno do ritmo de crescimento econômico se desloca agora para o mês de maio, cujo conjunto de indicadores antecedentes aponta para uma moderação mais disseminada entre os diferentes setores da atividade. Os dados do desempenho do varejo em abril serão divulgados na próxima quinta-feira (12), enquanto os números do setor de Serviços saem na sexta-feira (13).
Mesmo com contínuos riscos inflacionários, dados sinalizam inflação mais moderada nos EUA
A principal fonte de preocupação do Federal Reserve segue sendo os efeitos da guerra comercial sobre os preços, mas a perda de fôlego no mercado de trabalho — com moderação relativa da geração de postos e aumento no volume semanal de novos pedidos de seguro-desemprego — tem contribuído para ancorar as expectativas de inflação. Modelagens do próprio Fed apontam para variações meramente marginais nos preços ao consumidor nos próximos meses, com alta de 0,1% em maio e de 0,2% em junho. Ainda assim, o ritmo de crescimento da atividade permanece suficientemente robusto para afastar, ao menos por ora, a possibilidade de início do ciclo de cortes de juros nos Estados Unidos antes de setembro.
Inflação na China registra nova baixa em maio
O IPC da China em maio fechou em -0,1%, enquanto a previsão é de que o IPP mantenha a trajetória deflacionária. A relativa desaceleração da demanda interna, refletida na queda anual das importações, tem limitado o consumo e reduzido as pressões inflacionárias. Mesmo com os estímulos do governo, a economia segue, aparentemente, em ritmo abaixo do desejado pelas autoridades locais, o que, por sua vez, pode comprometer a meta de crescimento de 5% para 2025. Diante disso, novas medidas de apoio — fiscais e monetárias — podem ganhar força no segundo semestre.
Balança comercial da China de maio revela desaceleração nas exportações
Resultado seria reflexo do fim dos efeitos de antecipação de compras por parte dos EUA. As importações americanas, que chegaram a US$419 bilhões em março, recuaram fortemente para US$351 bilhões em abril, o que sugere menor demanda por produtos estrangeiros, inclusive produtos chineses, um dos pilares da balança comercial americana. Por outro lado, as importações chinesas permanecem fracas, refletindo a persistente fraqueza da demanda doméstica. As compras feitas pela China em maio caíram 3,4%, segundo os dados divulgados nesta segunda-feira (9), muito acima das projeções, que eram de recuo de 0,9% nas importações.
O Estado de S.Paulo - SP 10/06/2025
Os fundos de private equity e venture capital foram responsáveis pela injeção de R$ 280 bilhões na economia brasileira nos últimos dez anos, por meio de compras de participações em companhias em fase de crescimento ou nascentes ou mesmo as já de maior porte. Apesar dos investimentos somarem bilhões, o setor representa apenas 0,2% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, número ainda pequeno em comparação com países avançados, onde a contribuição desta indústria na atividade econômica é maior, superando 2% do PIB nos casos dos Estados Unidos e do Reino Unido.
A presidente da ABVCap, associação que reúne as gestoras destes fundos, Priscila Rodrigues, afirma que os private equities cresceram no Brasil nos últimos anos, ficaram mais sofisticados e especializados. Já a baixa participação no PIB mostra que o potencial de expansão ainda é grande, com um farto leque de oportunidades de boas alocações, como aconteceu recentemente com o agronegócio. Mas para isso, a economia brasileira precisa crescer mais.
Os números acima serão apresentados esta semana no congresso anual da ABVCap, que vai mostrar como o setor evoluiu nos últimos 25 anos. Rodrigues conta que o setor também ganhou no Brasil classes de investidores que não existiam há alguns anos, como os family offices, que cuidam do patrimônio das famílias, gestoras de fortunas, fundações de previdência e até pessoas físicas no varejo.
Investidor estrangeiro se afastou do País
Mas entre os investidores estrangeiros, que deram o pontapé nesta indústria no Brasil há 25 anos, a situação é oposta. Hoje, eles têm cheques muito grandes e que muitas vezes não se encaixam nas alocações disponíveis no País. Segundo a presidente da ABVCap, o volume de recursos que migrou para estes fundos no exterior, também chamados de alternativos, quintuplicou em 10 anos, exigindo dos gestores foco em alocações maiores. Por isso, o volume estrangeiro alocado no Brasil tem caído.
“Os grandes fundos internacionais concentram suas alocações em países que têm cheques maiores. Mercados locais, como a América Latina, onde os cheques estão mais próximos de US$ 200 a US$ 500 milhões, acabam não tendo grande atenção”, diz. Entretanto, Rodrigues destaca que o Brasil não passa despercebido e tem atraído aportes de venture capital (voltado a empresas menores) em setores como tecnologia, segurança, meio financeiro e inteligência artificial. Muitos fundos, como CVC e Bain Capital, acabam fazendo alguns aportes aqui direto de suas matrizes no exterior, diz ela.
Na ponta dos desafios e entraves, os principais são o próprio crescimento limitado do PIB brasileiro e as dificuldades de saída dos investimentos: o Brasil está prestes a completar quatro anos sem aberturas de capital na B3. Segundo ela, o ciclo de investimento dos fundos no Brasil pode chegar a até 10 anos, em contrapartida a ciclos de até cinco anos no exterior. “Por ser um ciclo mais longo, o investidor aloca um montante menor, apesar de termos oportunidades, gestores qualificados e um ambiente regulatório de referência”, afirma Rodrigues.
Volatilidade do câmbio também é entrave
O câmbio é outro gargalo para o estrangeiro. A histórica alta variação do câmbio brasileiro frustrou expectativa de retorno de muitos fundos estrangeiros em dólar e também justifica o afastamento dos fundos globais, de acordo com Rodrigues. E quanto mais tempo demora para saírem das empresas que compraram, mais expostos ficam à volatilidade do câmbio.
Por outro lado, os estrangeiros também lidam com outros desafios que estão espalhados em todo o mundo. Nos últimos três anos, por exemplo, as novas captações diminuíram e a reciclagem dos investimentos feitos, com o mercado de capitais mais fechado e a expectativa de juros mexendo com o valor de mercado das companhias, dificultou as vendas de empresas. Por isso, tem crescido no Brasil e no exterior, o negócio de fundos comprando a participação de outros fundos em empresas, dependendo do caso, com deságio.
Money Times - SP 10/06/2025
A XP Investimentos cortou a projeção para a inflação deste ano de 5,7% para 5,5%. A atualização reflete surpresas baixistas recentes e moderação nos preços ao atacado, afirma o economista Alexandre Maluf.
A prévia do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de maio ficou abaixo das expectativas, com destaque à inflação de bens industrializados. As leituras recentes de inflação ao produtor também se mostraram bem comportadas.
“Tudo indica que a maior parte do impacto altista da depreciação cambial do segundo semestre de 2024 parece ter se dissipado. Com isso, projetamos preços menos pressionados no segundo semestre, especialmente para bens duráveis”, afirma Maluf.
O economista ainda afirma que a inflação de serviços também foi relativamente contida em maio, mas pondera que o alívio pode ser temporário.
“Fomos surpreendidos com as taxas de variação baixas nos itens de aluguéis e condomínios nos últimos três meses. Itens voláteis, como passagens aéreas, também surpreenderam para baixo. No entanto, os fundamentos para a inflação de serviços — emprego, renda, inércia — não indicam queda persistente e disseminada adiante”.
Maluf ressalta ainda as surpresas baixistas em preços de alimentos. “Os preços de alimentos avançaram muito abaixo das expectativas no IPCA-15 de maio (0,30% versus 0,60%), devido a itens voláteis como frutas, tubérculos e hortaliças”, diz.
Fundamentos seguem desafiadores para a inflação de 2026
A projeção da XP para a inflação de 2026 segue em 4,7%, acima do intervalo de tolerância da meta perseguida pelo Banco Central. Maluf diz que os fundamentos seguem desafiadores, em meio a estímulos econômicos e mudanças no setor elétrico.
O economista diz que a redução na projeção para o IPCA de 2025 implica menor inércia inflacionária para os grupos de preços livres em 2026. No entanto, a nova medida provisória do setor elétrico deve implicar reajustes mais elevados nas tarifas de energia, compensando o efeito baixista.
Além disso, a demanda interna deve seguir aquecida, na esteira do mercado de trabalho aquecido e de medidas governamentais de estímulo.
O Estado de S.Paulo - SP 10/06/2025
Para o economista-chefe da Warren Investimentos, Felipe Salto, especialista em contas públicas, o anúncio das medidas fiscais feito na noite de domingo foi uma evolução que pode amenizar a crise fiscal, caso seja levado adiante. O ponto alto das medidas, em sua opinião, foi trazer de volta à mesa a revisão dos gastos tributários. O ponto fraco foi não ter havido cortes nas despesas públicas, seja por parte do governo, seja pelo Congresso.
Salto afirma que o Congresso é essencial nessa discussão e precisa assumir seu papel. “Vivemos uma espécie de parlamentarismo branco, com o Congresso querendo apenas a parte boa. Agora, quando nem o possível o Congresso parece estar disposto a apoiar, aí fica muito complicado.
A situação está tão grave, diz ele, que “ou se faz alguma coisa, ou o País vai parar”. “Essa é a verdade”, afirma. “Há um risco muito alto do chamado shutdown (apagão) da máquina pública acontecer já no ano que vem, se não houver mudanças. Se o Congresso não aprovar as medidas, a meta fiscal do ano que vem vai ter de ser alterada. Isso vai gerar mais confusão, vai pressionar a curva de juros e vai produzir mais custos para a sociedade como um todo.”
Salto diz que, tecnicamente, as medidas não são as ideais. Só que a política é a arte do possível, afirma, e as medidas são “inescapáveis”. Por isso, “tem de aprovar. Isso é o mínimo — e nem vai ser suficiente ainda".
A seguir, os principais trechos da entrevista:
O anúncio do pacote, feito em conjunto pelo governo e por lideranças do Congresso, foi uma evolução em relação à proposta inicial de aumento do IOF?
Houve um avanço, sim, porque o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, está praticamente sozinho na luta pelo ajuste fiscal. O Congresso, apesar do aparente rompante fiscalista, fez o oposto: quis enquadrar o Ministério da Fazenda, colocando o prazo de 10 dias para uma solução. O anúncio feito ontem (domingo), porém, não teve qualquer contribuição do Congresso, que não mexeu em um centavo nas emendas parlamentares ou em qualquer outro gasto. Foi positivo que se tenha conseguido avançar com algumas medidas, mas a minha preocupação é que elas podem ainda não ser suficientes para o que a gente precisa.
A conta não fecha?
Sim. Por exemplo, há uma incerteza muito grande sobre qual será o volume captado com essa tributação das bets, que já são tributadas em 12%. Também tem a questão da anterioridade tributária, já que boa parte das medidas só vão valer para o ano que vem. Por outro lado, a revisão dos gastos tributários foi o ponto alto. Esse tema é um tabu. Os governos anteriores que tentaram fazer alguma coisa sempre esbarraram nas pressões para derrubar isenções, como a do Simples Nacional, da Zona Franca, das instituições filantrópicas, da cesta básica... Parece que a escolha foi deixar de fora esses temas mais polêmicos e priorizar o restante, que é bastante coisa, dá uns R$ 250 bilhões. Se for efetivo o corte de 10% disso, dá uns R$ 25 bilhões, R$ 26 bilhões. É bastante coisa. Além disso, há ainda o JCP (Juros sobre Capital Próprio), que eles voltaram a falar em aumentar de 15% para 20%. São medidas importantes, mas elas não são suficientes para resolver o problema fiscal. Até porque faltou mexer do lado da despesa pública, que é o ponto fraco do anúncio.
Como fica o déficit no curto prazo?
Todas as medidas estão focadas em 2026, porque a maioria delas não vai valer de imediato. Mesmo com a CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido), que deve ser majorada para 15% sobre aquele conjunto de instituições que hoje tem uma alíquota de 9%, será preciso respeitar a noventena. Se fosse aprovada hoje, valeria para os últimos três meses do ano. O problema é menor porque o volume de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) que o governo estava considerando era algo como R$ 20 bilhões, e na nossa conta a gente considera R$ 15 bilhões. Pelo que foi sinalizado, a reversão do IOF não vai ser tão drástica. Por exemplo, ele vai mexer na parte fixa da alíquota das empresas, mas a parte variável vai continuar com o aumento proposto. O risco sacado, que são descontos de duplicatas, não vai voltar à estaca zero, também vai permanecer alguma tributação sobre isso. Na verdade, o governo ainda vai continuar contando com o IOF, para esse ano principalmente.
E o ano que vem?
Para o ano que vem, o efeito das medidas será maior, mas ainda será preciso essa ajuda do IOF. A situação em 2026 é mais grave porque, na nossa conta, considerado o cenário atual do IOF, seria preciso fazer um contingenciamento de R$ 46,8 bilhões. Não há espaço para isso porque a despesa discricionária ficaria inferior ao limite mínimo para o funcionamento da máquina pública. A situação é muito grave. As medidas são positivas, amenizam essa situação muito grave, mas estão longe de resolver o problema fiscal estrutural.
São paliativas?
Não diria paliativas, porque têm efeitos permanentes. Mas, enquanto não mexer do lado do gasto, ainda será um ajuste incompleto porque a carga tributária já é bastante elevada. Não há mais tanto espaço para se resolver o problema aumentando a tributação.
Representantes do agro já vieram a público dizer que as LCAs (Letras de Crédito Agrícola) não devem ser tributadas, bem como do setor de criptoativos, imobiliário e das fintechs. O governo conseguirá resistir à pressão?
São reações esperadas porque ‘farinha pouca. meu pirão primeiro’. Nunca esse ditado valeu tanto. Todo mundo é a favor de revisar o gasto tributário, mas, quando começa a mexer, os beneficiados começam a chiar. O setor do agronegócio, por exemplo, paga pouquíssimo tributo e ainda tem incentivo. As LCA, LCI (Letras de Crédito Imobiliário), o CRI , o CRAS (Certificados de Recebíveis Imobiliário e Agrícolas), debêntures incentivadas e correlatos vão continuar super incentivados (com menos impostos para receberem aplicações de investidores), com uma tributação bem inferior aos 17,5% que vão incidir sobre outros tipos de investimento. Essa reação é esperada, mas o governo, com o apoio do Congresso, tem de resistir.
O presidente da Câmara, Hugo Motta, afirmou que não há o compromisso do Congresso de aprovar as medidas anunciadas. O sr. acredita que elas irão passar?
Sinceramente, não consigo entender. Foi feita uma reunião em que o presidente Hugo Motta colocou o ministro da Fazenda na parede, o que é inédito na história. Aí aconteceu uma segunda reunião em que o Haddad apresentou medidas. Ele e os líderes saem do encontro dizendo que estão de acordo. Ato contínuo, Motta diz não ter compromisso com as medidas. Aí fica muito difícil. Vivemos uma espécie de parlamentarismo branco, com o Congresso querendo apenas a parte boa. Quer participar do orçamento, quer garantir R$ 50 bilhões de emendas — e já tem R$ 52 bilhões aprovados para o ano que vem —, por exemplo, no PLDO (Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias). Quer aprovar a desoneração da folha sem dizer quem paga a conta, quer manter as renúncias fiscais, quer proteger a Zona Franca... Quer dizer, o Congresso não está disposto a fazer ajuste fiscal. O Congresso é fundamental nesse compromisso que foi firmado. Se titubear, vai tudo por água abaixo. As medidas, tecnicamente, não são as ideais. Eu mexeria na vinculação da saúde e educação, no Fundeb, no Plano Safra (que tem uma fábula de dinheiro para equalização de juros), no subsídio de subvenções, na indexação da previdência ao salário mínimo, no abono salarial. Só que a política é a arte do possível. Agora, quando nem o possível o Congresso parece estar disposto a apoiar, aí fica muito complicado. Não dá para agradar a todo mundo sempre. E o Congresso parece que tem esse anseio de querer agradar a todos os setores a todo momento. Isso é impossível, principalmente com uma situação fiscal em que a dívida está crescendo a olhos vistos. Ou se faz alguma coisa, ou o País vai parar. Essa é a verdade. Há um risco muito alto do chamado shutdown da máquina pública acontecer já no ano que vem, se não houver mudanças. Se o Congresso não aprovar as medidas, a meta fiscal do ano que vem vai ter de ser alterada. Isso vai gerar mais confusão, vai pressionar a curva de juros e vai produzir mais custos para a sociedade como um todo.
O custo seria maior do que adotar essas medidas agora?
As medidas são inescapáveis. Tem de aprovar. Isso é o mínimo — e nem vai ser suficiente ainda. São medidas que estão focadas do lado da receita, mas o gasto tributário, por exemplo, é uma coisa inédita. O Paulo Guedes tentou com a Emenda Constitucional 109, o artigo 4º, colocar na Constituição uma revisão do gasto tributário. O Executivo enviou o projeto, no governo anterior. O Congresso sentou em cima e engavetou o projeto. Os gastos tributários atingiram um nível que é insustentável. Todos os setores têm um pedacinho desse gasto tributário: as filantrópicas, o agronegócio, os abatimentos dos gastos médicos no imposto de renda das pessoas físicas. Ficou faltando o lado da despesa, e eu imagino porque eles não encontraram consenso. Era uma oportunidade para avançar nisso. O Haddad disse que, ao longo dos próximos dias, eles ainda vão negociar essa questão do ajuste do lado dos gastos. É muito importante. As contas que a gente fez inicialmente, antes de ver os detalhes, estavam mostrando um volume de arrecadação até considerável.
De quanto?
Caso as medidas sejam aprovadas, o efeito em valores brutos para 2026 será da ordem de R$ 44,2 bilhões. A parte que ficará para a União girará em torno de R$ 30 bilhões.
Há uma conta do impacto dessa majoração de impostos para a população?
No primeiro trimestre, a economia ainda estava aquecida. A desaceleração já está contratada com a taxa de juros que temos e que não tem saída, já que a expectativa de inflação está acima da meta para os próximos 12 meses. Essa mudança de tributação que está sendo feita vai ser decisiva para mudar essa tendência. A economia vai crescer em torno de 2,3% este ano e, no ano que vem, por volta de 2%, o que também não é o fim do mundo. É menos do que cresceu na média do primeiro biênio, mas não há como atender a todos os objetivos de uma vez só. O momento é de contração fiscal, seja pelo lado da receita, reduzindo a renda disponível, seja pelo lado do gasto, que infelizmente ainda não veio nada.
De maneira geral, sua avaliação é positiva?
Sim, o governo está na direção certa: é o que foi possível de ser feito. Falta muito, principalmente porque faltou o lado do gasto, nem nas emendas parlamentares, que o próprio presidente Hugo Motta tinha dito que estava disposto a cortar, nem nas outras ações. O Fundeb, por exemplo, multiplicou por quase duas vezes e meia. O percentual para este ano será de 23%. Inicialmente era 10%. Então já está mais de duas vezes o que era quando foi aprovada na legislação. Nós não estamos aqui falando de cortar gastos, estamos falando de conter o crescimento. A mesma coisa vale para a questão da indexação ao salário mínimo, para todas as outras agendas que eu mencionei.
Globo Online - RJ 10/06/2025
O IPCA de maio, que será divulgado nesta terça-feira pelo IBGE, deve mostrar desaceleração em relação a abril (0,43%), com estimativas entre 0,33% e 0,38%. A mediana das expectativas é de 0,32% A alta do mês será puxada principalmente pelos preços administrados, como energia elétrica, remédios e tarifas de água e esgoto, enquanto os alimentos no domicílio e as passagens aéreas devem aliviar o índice.
O economista Igor Cadilhac, do PicPay, projeta inflação de 0,38% no mês, com queda da taxa acumulada em 12 meses de 5,53% para 5,44%.
— O avanço será impulsionado por administrados, como o reajuste na energia elétrica (2,9%) com a bandeira amarela, medicamentos (1,4%) e tarifa de água e esgoto (0,8%) — diz Cadilhac.
Do lado dos preços livres, ele destaca recuo de 0,31% na alimentação no domicílio — com forte queda nos alimentos in natura —, além da deflação nas passagens aéreas (-11,2%) e da desaceleração de bens industriais.
Cláudia Moreno, do C6 Bank, espera um IPCA de 0,35% em maio e chama atenção para o comportamento dos serviços subjacentes, cuja inflação segue elevada (0,39%), mesmo com o alívio nas passagens. Segundo ela, o mercado de trabalho aquecido deve manter a pressão sobre o setor. Sobre alimentação, a economista projeta números mais tranquilos.
— Projetamos uma inflação de 0,23% para alimentação no domicílio, um número mais baixo. Isso é influenciado por fatores sazonais: mais para o meio do ano, costuma chover menos, o que favorece especialmente os alimentos in natura. Além disso, pode haver algum alívio vindo da queda das commodities lá fora e de um câmbio mais apreciado aqui no Brasil. Esses dois fatores — commodities mais baratas e real mais valorizado — ajudam a conter os preços da alimentação — afirma.
O que esperar para os próximos meses?
Para os próximos meses, a expectativa é de continuidade na desaceleração especialmente por conta da queda na alimentação, inclusive com deflação. Segundo o Boletim Focus, o IPCA deve ficar em 0,32% em junho e 0,23% em julho. Luis Otávio Leal, da G5 Partners, projeta 0,25% em junho, 0,15% em julho e nova alta em agosto, para 0,40%, com a retomada da pressão dos alimentos. Em 2024, em maio, o IPCA subiu 0,46%, desacelerou para 0,21% em junho, voltou a subir para 0,38% em julho e teve deflação de 0,02% em agosto.
— Em julho, sem o impacto direto de preços administrados, mas com os alimentos ainda em deflação, a expectativa é de nova desaceleração, desta vez para 0,15%. Já em agosto, os alimentos voltariam a pressionar o índice, que aceleraria para 0,40% — projeta.
Cláudia Moreno projeta IPCA de 0,28% em junho, leve deflação de 0,04% em julho e aceleração para 0,61% em agosto. Nesse período do meio do ano, a alimentação tende a ter impacto relevante, com preços mais baixos.
— Por exemplo, em julho, a estimativa é de deflação de 0,20% na alimentação no domicílio, o que contribui para o resultado ligeiramente negativo do índice geral. A inflação em 12 meses pode cair para algo próximo de 5% em julho, mas depois volta a subir um pouco — diz.
CNN Brasil - SP 10/06/2025
As importações de minério de ferro pela China em maio não atenderam às expectativas, caindo 4,9% em relação a abril, uma vez que as usinas foram cautelosas na compra de cargas marítimas, antecipando um consumo de aço sazonalmente mais lento.
O maior consumidor de minério de ferro do mundo trouxe 98,13 milhões de toneladas métricas da principal matéria-prima para a fabricação de aço no mês passado, segundo dados da Administração Geral de Alfândega divulgados nesta segunda-feira (9).
O volume de maio, que ficou abaixo das expectativas dos analistas de mais de 100 milhões de toneladas, foi inferior ao total de 103,14 milhões de toneladas de abril e dos 102,03 milhões de toneladas de maio de 2024.
As importações mais fracas no mês passado ocorreram em parte porque algumas siderúrgicas preferiram adquirir cargas de portos onde a oferta era abundante e os preços mais baixos, de acordo com siderúrgicas e analistas.
As importações mais baixas fizeram com que os estoques no porto caíssem 2,8% em relação ao mês anterior, para 133 milhões de toneladas até 30 de maio, o menor nível desde fevereiro de 2024.
Nos primeiros cinco meses de 2025, as importações de minério de ferro pela China caíram 5,2% em relação ao ano anterior, para 486,41 milhões de toneladas.
Valor - SP 10/06/2025
Empresa conta com 83 pontos de venda e prevê investimento de R$ 1,3 bilhão para produção local no país
A montadora chinesa GAC lançou ontem (8) sua primeira campanha publicitária no Brasil. A peça, com o conceito “Inesquecível é o que você vai viver daqui pra frente”, foi veiculada durante os intervalos dos programas Fantástico e Autoesporte, na TV Globo, e marca o início da operação no mercado brasileiro.
A estatal controlada pelo governo da província de Guangdong, no sul da China, é mais uma das fabricantes chinesas a ingressar no mercado brasileiro nos últimos anos, com destaque para o segmento de veículos elétricos e híbridos. A empresa está presente em mais de 70 países.
A campanha de estreia adota um tom emocional, em contraste com as abordagens mais racionais adotadas anteriormente por marcas chinesas no país. Criada pela agência Greenz, a peça publicitária acompanha diferentes fases da vida de um casal a bordo de modelos da GAC: do primeiro encontro ao casamento, do nascimento do primeiro filho a momentos marcantes. A previsão é que a campanha fique no ar até o começo de agosto, com possibilidade de extensão até dezembro, com veiculação em TV aberta e fechada, canais digitais, rádio, mídia exterior, impressa e ações promocionais.
Diretor de marketing da GAC no Brasil, Marcello Braga afirma que a escolha por uma comunicação emocional reflete uma mudança no posicionamento das marcas chinesas no país já que, segundo ele, até pouco tempo atrás, as marcas chinesas ainda sofriam com a desconfiança e até a rejeição dos consumidores brasileiros. Por isso, as campanhas publicitárias sempre foram baseadas em fundamentos racionais como prêmios, comparativos, reconhecimentos, performance e tecnologia.
"Hoje em dia, esse cenário mudou bastante. As marcas chinesas já estão associadas à tecnologia e inovação e o consumidor já não duvida da qualidade do produto 'made in China'. Some-se a isso o fato de o povo brasileiro ser mais sensível e ter uma conexão emocional com o carro", diz.
Marcello Braga é diretor de marketing da GAC no Brasil — Foto: Divulgação
A GAC pretende vender 8 mil veículos no Brasil até o final de 2025 e projeta alcançar 29 mil unidades comercializadas em 2026, com foco inicial nos modelos elétricos e híbridos. A empresa já conta com 83 pontos de venda no país, sendo 33 concessionárias e 50 lojas em shoppings, e prevê chegar a 120 pontos até o final do ano. A companhia anunciou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva o plano de investir R$ 1,3 bilhão para produzir veículos no Brasil.
A GAC também firmou parcerias com três universidades brasileiras e com o Inmetro para contribuir no desenvolvimento de regulamentações técnicas para veículos eletrificados. Segundo Braga, o mercado brasileiro é hoje uma prioridade para a companhia.
“Nosso segmento está cada vez mais competitivo, vimos nos últimos anos a chegada de um número recorde de novas marcas automotivas. A questão da infraestrutura no contexto da mobilidade elétrica é também um desafio a curto prazo, mas acredito que a médio prazo essa questão se resolva, à medida que tivermos mais produtos eletrificados circulando por aí, a infra de carregamento vai se equalizar. Mas estamos preparados e confiantes no sucesso da GAC no país”, indicou o executivo.
Mercado brasileiro
No mercado brasileiro, produção, mercado interno e exportação de veículos continuam em expansão. Mas a indústria já instalada no país se preocupa com a queda de demanda no varejo, aumento da presença de importados, chineses sobretudo, e o impacto da elevação dos juros no segmento de caminhões pesados, segundo reportagem de Marli Olmos publicada pelo Valor na quinta-feira (5).
Nas fábricas, o ritmo de produção aumentou 28,8% em maio na comparação com o mesmo mês do ano passado (214,7 mil veículos) e 10,7% (1,02 milhão) no acumulado do ano. Mas se há alguns meses era o mercado interno que puxava o ritmo de produção, agora são as exportações, principalmente para a Argentina, onde o mercado cresce acima das expectativas. Em maio, as vendas externas somaram 51,5 mil veículos, um crescimento de 92,6% em comparação com um ano atrás. Foi o melhor resultado em exportação desde agosto de 2018.
O crescimento da produção e das vendas internas também é elevado porque a base de comparação é fraca. O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Igor Calvet, lembra que nesta mesma época, em 2024, as fábricas de veículos e de autopeças do Sul do país — e também as vendas na região — foram fortemente impactadas pelas enchentes no Rio Grande do Sul. Na comparação com abril, por exemplo, o volume de produção em maio ficou 5,8% menor.
CNN Brasil - SP 10/06/2025
Frank Eckard, presidente-executivo de um fabricante alemão de ímãs, tem recebido uma enxurrada de ligações nas últimas semanas. Montadoras de veículos e empresas de autopeças têm se mostrado desesperados para encontrar fontes alternativas de ímãs, que estão em falta devido às restrições de exportação chinesas.
Alguns disseram a Eckard que suas fábricas podem ficar paradas até meados de julho sem o fornecimento de ímãs. "Todo o setor automotivo está em pânico total", disse Eckard, presidente-executivo da Magnosphere, com sede em Troisdorf, Alemanha. "Eles estão dispostos a pagar qualquer preço."
Os executivos do setor automotivo foram mais uma vez levados às salas de guerra, preocupados com o fato de que os rígidos controles de exportação da China sobre ímãs de terras raras - essenciais para a fabricação de veículos - possam prejudicar a produção.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse na sexta-feira (6) que o presidente chinês, Xi Jinping, concordou em permitir o fluxo de minerais e ímãs de terras raras para os EUA. Uma equipe comercial dos EUA está programada para se reunir com seus homólogos chineses para conversações em Londres na segunda-feira.
O setor teme que a situação das terras raras possa se transformar no terceiro grande choque na cadeia de suprimentos em cinco anos. A escassez de chips causou redução de produção de milhões de carros entre 2021 e 2023 e, antes disso, a pandemia, em 2020, fechou fábricas por semanas.
Essas crises levaram o setor a fortalecer as estratégias da cadeia de suprimentos.
Os executivos priorizaram suprimentos de reserva para os principais componentes e reexaminaram o uso de estoques "just-in-time", que economizam dinheiro, mas podem deixá-los sem inventários quando uma crise se desenrola.
No entanto, a julgar pelas ligações recebidas de Eckard, "ninguém aprendeu com o passado", disse ele.
Desta vez, à medida que o gargalo das terras raras se torna mais apertado, o setor tem poucas boas opções, considerando a extensão do domínio da China sobre o mercado.
O destino das linhas de montagem das montadoras foi deixado para uma pequena equipe de burocratas chineses, que analisa centenas de solicitações de licenças de exportação.
Várias fábricas européias de fornecedores de automóveis já fecharam as portas, e mais paralisações estão por vir, disse a associação de fornecedores de automóveis da região, a CLEPA. "Mais cedo ou mais tarde, todos serão confrontados", disse o secretário-geral da CLEPA, Benjamin Krieger.
Atualmente, os carros terras raras em dezenas de pequenos motores elétricos que equipam componentes como espelhos laterais, alto-falantes, bombas de óleo, limpadores de para-brisa e sensores de vazamento de combustível e de frenagem.
A China controla até 70% da mineração global de terras raras, 85% da capacidade de refino e cerca de 90% da produção de ligas metálicas e ímãs de terras raras, segundo a consultoria AlixPartners.
O veículo elétrico médio usa cerca de meio quilo de elementos de terras raras, e um carro movido a combustível fóssil usa apenas metade disso, de acordo com a Agência Internacional de Energia.
A China já tomou medidas restritivas anteriormente, inclusive em uma disputa com o Japão em 2010, durante a qual restringiu as exportações de terras raras. O Japão teve que encontrar fornecedores alternativos e, em 2018, a China foi responsável por apenas 58% de suas importações de terras raras.
"A China tem uma carta de terras raras para jogar sempre que quer", disse Mark Smith, presidente-executivo da empresa de mineração NioCorp, que está desenvolvendo um projeto de terras raras no Estado norte-americano de Nebraska com início de produção previsto daqui a três anos.
Em todo o setor, os fabricantes de automóveis têm tentado se livrar do uso de ímãs de terras raras da China ou até mesmo desenvolver ímãs que não precisem desses elementos. Mas a maioria dos esforços está a anos de distância da escala necessária.
"Trata-se realmente de identificar... e encontrar soluções alternativas" fora da China, disse Joseph Palmieri, chefe de gerenciamento da cadeia de suprimentos do fornecedor Aptiv, em uma conferência na cidade norte-americana de Detroit na semana passada.
As montadoras, incluindo General Motors e BMW, e os principais fornecedores, como ZF e BorgWarner, estão trabalhando em motores com conteúdo de terras raras zero ou reduzido, mas poucos conseguiram escalar a produção o suficiente para cortar custos.
A UE lançou iniciativas, incluindo a Lei de Matérias-Primas Críticas, para impulsionar as fontes europeias de terras raras. Mas o bloco de países não agiu com rapidez suficiente, disse Noah Barkin, consultor sênior do Rhodium Group, um grupo de estudo norte-americano voltado para a China.
Mesmo as empresas que desenvolveram produtos comercializáveis têm dificuldades para competir com os produtores chineses em termos de preço.
David Bender, codiretor do negócio de reciclagem de ímãs da especialista em metais alemã Heraeus, disse que está operando com apenas 1% da capacidade e terá que fechar no próximo ano se as vendas não aumentarem.
A Niron, sediada na cidade norte-americana de Minneapolis, desenvolveu ímãs livres de terras raras e levantou mais de US$ 250 milhões de investidores, incluindo GM, Stellantis e a fornecedora de autopeças Magna.
"Observamos uma mudança radical no interesse de investidores e clientes" desde que os controles de exportação da China entraram em vigor, disse o presidente-executivo da Niron, Jonathan Rowntree. A empresa está planejando uma fábrica de US$ 1 bilhão com início de produção previsto para 2029.
A Warwick Acoustics, sediada na Inglaterra, desenvolveu alto-falantes sem terras raras que devem aparecer em um carro de luxo ainda este ano.
O presidente-executivo, Mike Grant, disse que a empresa está em negociações com mais uma dúzia de montadoras, embora os alto-falantes não devam estar disponíveis em modelos convencionais por cerca de cinco anos.
À medida que as empresas automotivas buscam soluções de longo prazo, elas se esforçam para evitar o fechamento iminente das fábricas.
As montadoras precisam descobrir quais de seus fornecedores precisam de licenças de exportação. A Mercedes-Benz, por exemplo, está conversando com fornecedores sobre a criação de estoques de terras raras.
Os analistas afirmam que as restrições podem forçar as montadoras a fabricarem carros sem determinadas peças e mantê-los em pátios até que as autopeças estejam disponíveis, como a GM e outras empresas fizeram durante a crise dos semicondutores.
A dependência das montadoras em relação à China não termina com os elementos de terras raras. Um relatório da Comissão Europeia de 2024 afirmou que a China controla mais de 50% do fornecimento global de 19 matérias-primas importantes, incluindo manganês, grafite e alumínio.
Andy Leyland, cofundador da SC Insights, especialista em cadeia de suprimentos, disse que qualquer um desses elementos poderia ser usado como alavanca pela China. "Isso é apenas um tiro de advertência", disse ele.
Automotive Business - SP 10/06/2025
A produção de veículos das montadoras foram configuradas para a fabricação de até 3,750 milhões de veículos no ano, apontaram dados da S&P Global obtidos por Automotive Business. Desse total, as fábricas estariam utilizando aproximadamente 67%.
Esse volume trata-se de um indicador chamado straight time capacity, ou capacidade em tempo integral, métrica usada para avaliar a capacidade da indústria em semana de trabalho padrão. Ou seja, como operam no momento.
Não se trata, portanto, da capacidade máxima instalada das fabricantes, que hoje, segundo a consultoria, está em 4,5 milhões de unidades/ano esse valor, sim, com todas as empresas e linhas em três turnos de trabalho.
Na comparação com os valores verificados pela consultoria no ano passado, esse indicador está 50 mil unidades maior. Neste cálculo da produção veículos pelas montadoras foi considerada a capacidade da fábrica da BYD em Camaçari (BA), a qual deverá iniciar a operação no mês que vem.
A montadora garante que vai começar a produzir em 26 de junho, informação que também foi confirmada pelo sindicato local dos metalúrgicos na segunda-feira, 9. De acordo com Júlio Bonfim, presidente da entidade, a linha de montagem está em fase final de instalação.
BYD perto do início da produção de veículos na Bahia
A reportagem, inclusive, apurou junto a um fornecedor local de automação que um lote de cerca de 400 robôs de manufatura foram negociados pela sua casa matriz com a montadora para serem instalados na unidade. O que indica que o pontapé inicial está de fato cada vez mais perto de acontecer.
A configuração das fábricas para produzir em 2025 também é superior àquela observada em 2023, 3,6 milhões de unidades. Naquele momento, a indústria como um todo lutava contra baixos volumes e interrupções provocadas pela falta de componentes.
Não é o caso do momento. Afora o fato da chegada de um novo competidor, o mercado local encerrou os primeiros cinco meses do ano com produção de veículos 10,7% maior na comparação com o mesmo período no ano passado.
Uma produção sustentada por um mercado interno que cresceu 6% sobre a mesma base, e as exportações que voltaram a dar o ar da graça neste ano, com aumento de 56,6% nos embarques.
Na China, capacidade de produção virou problema
Se por aqui capacidade aparenta não ser algo preocupante, na China, o maior mercado do mundo, e onde estão instaladas fábricas com importante poder de produção, a questão se tornou um ponto de atenção.
De acordo com Li Shufu, presidente da Geely, que também é dona de marcas como Volvo e Zeekr, a indústria automotiva global enfrenta grave excesso de capacidade. E isso teria levado a montadora chinesa a não construir novas fábricas ou expandir a produção.
O comentário surge no momento em que a guerra de preços, e as barreiras protecionistas, levam as montadoras chinesas a buscarem novos mercados no exterior. Há, portanto, mais carros montados do que o mercado pode absorver.
Saída pode ser costurar parcerias locais
Cenário similar é visto em parte da Europa, região onde, nos últimos anos, as montadoras anunciaram algum tipo de adequação do parque produtivo a um mercado menor do que aquele que se esperava em um passado não tão distante.
A afirmação do presidente da Geely pode ser vista aplicada de certa forma na parceria produtiva que estabeleceu com a Renault aqui no Brasil. Em vez de construir uma unidade própria, por que não selar amizades com os locais e cortar custos? Foi o que fizeram.
CNN Brasil - SP 10/06/2025
A concorrência feroz entre os principais fabricantes de veículos elétricos da China se intensificou, com uma disputa de longa data entre BYD e Great Wall Motor (GWM) aumentando depois que a Geely se juntou para criticar os cortes agressivos de preços da BYD.
A disputa remonta a 2023, quando a Great Wall Motor denunciou a BYD aos órgãos reguladores chineses, alegando que seus dois modelos híbridos mais vendidos não atendiam a padrões de emissões de poluentes.
A questão ressurgiu no mês passado, quando o presidente da GWM, Wei Jianjun, expressou preocupações sobre a guerra de preços em curso e confirmou que a investigação regulatória ainda estava ativa.
A BYD chamou os comentários sobre a saúde financeira do setor de "alarmistas", mas não comentou sobre a questão das emissões. Na época, a BYD rejeitou a alegação e disse que seus veículos atendiam aos padrões de emissão da China.
No sábado, o vice-presidente da Geely, Victor Yang, apoiou publicamente as alegações da GWM em uma conferência automotiva em Chongqing, afirmando que a Geely havia realizado seus próprios testes de emissões e que chegou às mesmas conclusões.
"Wei Jianjun é uma pessoa genuína e honesta e é o denunciante de nosso setor", disse Yang em vídeos de seu discurso publicados online pelo The Paper e outros veículos locais de imprensa.
As alegações da GWM dizem respeito ao uso pela BYD de tanques de combustível não pressurizados em seus híbridos plug-in Qin Plus e Song Plus, que permitem que o líquido em seu interior evapore mais rapidamente do que nos tanques pressurizados.
O gerente geral de marca e relações públicas da BYD, Li Yunfei, respondeu aos comentários da Geely no domingo em sua conta no Weibo, dizendo que os tanques não pressurizados usados em seus carros entre 2021 e 2023 estavam em conformidade com os requisitos regulatórios na época, mas acrescentou que a BYD os havia alterado desde então devido a reclamações de clientes.
A postagem de Li no Weibo não estava mais disponível nesta segunda-feira, embora a Reuters não tenha conseguido verificar o motivo disso e a empresa não tenha respondido imediatamente a um pedido de comentário.
A GWM não respondeu imediatamente a um pedido de comentário nesta segunda-feira, enquanto a Geely encaminhou a Reuters para os vídeos do discurso de Yang publicados online e se recusou a fornecer comentários adicionais.
O Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação da China (MIIT), um dos órgãos reguladores envolvidos na investigação de emissões, não se manifestou.
A briga crescente ocorre em um momento em que o mercado de veículos elétricos da China enfrenta intensa concorrência, já que os recentes incentivos de preço da BYD, que reduziram o preço inicial de seu modelo mais barato para 55,8 mil iuans (US$ 7.771,05), desencadearam uma venda mais ampla de ações de automóveis.
Depois disso, o MIIT pediu para o setor interromper a guerra de preços e convocou as montadoras para uma reunião na semana passada, segundo duas fontes familiarizadas com o assunto.
Os revendedores também pediram às montadoras que parassem de despejar estoques sobre eles.
Monitor Digital - RJ 10/06/2025
Apesar das incertezas trazidas pela reforma tributária, compradores de imóveis pelo programa Minha Casa, Minha Vida podem ser beneficiados com as novas regras a partir de 2026. Uma das principais medidas da mudança na legislação é a introdução de mecanismos que reduzem a carga tributária sobre imóveis de interesse social, como é o caso do programa do Governo Federal.
Paulo Antônio Kucher, vice-presidente comercial da Lyx Participações e Empreendimentos, construtora que atua nesse segmento, explica que a nova lei prevê o “redutor social”, que exclui R$ 100 mil da base de cálculo do novo Imposto sobre Valor Adicionado para imóveis populares. Além disso, há uma redução de 40% na alíquota padrão do IVA para o setor imobiliário, resultando em uma alíquota efetiva de aproximadamente 16,78%.
“Essas medidas têm o potencial de diminuir o custo final dos imóveis destinados às faixas de menor renda, facilitando o acesso à casa própria para essas famílias”, afirma.
Aprovada em 2024, a reforma tributária começará a ser implementada a partir de 2026 e prevê a substituição de tributos como ICMS, ISS, IPI, PIS e Cofins por dois novos impostos: a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) e o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), ambos no modelo de Imposto sobre Valor Agregado (IVA). O objetivo é simplificar a arrecadação, mas o setor teme aumento da carga fiscal em determinadas operações, especialmente nos imóveis de médio e alto padrão.
Kucher destaca que a Lei Complementar 214, que regulamenta parte da reforma, inclui dispositivos de compensação voltados ao segmento residencial popular. É o caso do redutor social, que, na prática, concede desconto fixo de R$ 100 mil no valor tributável de cada imóvel novo destinado à moradia, já no caso da locação, o desconto será de R$ 600 mensais. O benefício também vale para lotes residenciais, com abatimento de R$ 30 mil, e será corrigido anualmente pelo IPCA.
Para Kucher, a medida é decisiva para manter o equilíbrio social da reforma.
“O redutor social é uma sinalização importante de que o governo reconhece a função essencial da habitação popular. Ele ajuda a neutralizar o impacto da tributação e garante que as famílias de baixa renda não sejam punidas”, afirma.
A proteção ao Minha Casa, Minha Vida vai além do redutor. O novo sistema também permitirá que construtoras recuperem integralmente créditos tributários sobre insumos e serviços, eliminando a cumulatividade que encarece a construção. Segundo o especialista, isso pode tornar os projetos mais eficientes, com reflexos positivos no planejamento financeiro e na entrega de unidades.
Outro desafio será o período de transição, que começa em 2026, com uma fase de teste da CBS e IBS, e se estende até 2033, quando os antigos tributos serão totalmente extintos. Nesse intervalo, empresas precisarão conviver com dois sistemas de cobrança, o que deve aumentar a complexidade contábil e jurídica.
A expectativa é de que, ao longo de 2025, sejam definidas as alíquotas finais e regras complementares da regulamentação da reforma. O setor acompanha de perto os desdobramentos e já articula sugestões junto ao Congresso Nacional para garantir que a legislação reflita as necessidades específicas da atividade imobiliária.
“É fundamental que o mercado imobiliário tenha voz nesse processo. Moradia é um direito e, ao mesmo tempo, um vetor de desenvolvimento econômico. A tributação precisa refletir esse equilíbrio”, conclui.
Com a recente reformulação do programa e a criação da nova Faixa 4, famílias com renda mensal de até R$ 12 mil podem financiar imóveis de até R$ 500 mil, com prazos estendidos e condições mais acessíveis. A expectativa é que cerca de 120 mil famílias se beneficiem da ampliação, direcionada à classe média. Anteriormente, o teto era para imóveis de até R$ 350 mil e com renda de até R$ 8 mil.
O Estado de S.Paulo - SP 10/06/2025
Para Luiz França, presidente da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), a taxação das LCIs pode encarecer o crédito imobiliário ao consumidor e até travar projetos que já estão em andamento por causa de uma redução da demanda por incapacidade de arcar com as parcelas.
França critica a medida que está em análise no governo federal e pode levar a uma taxação de 5% nas LCIs e LCAs, dois títulos de crédito que são isentos de imposto de renda hoje.
O impacto na taxa de financiamento é estimado por França em 0,7% ao ano, o que pode levar famílias a não conseguirem pagar pelos imóveis que desejam. Em alguns casos, a medida por levar até mesmo a desistências de compras.
França lembra que o maior impacto será em projetos imobiliários para a classe média, uma vez que o público de baixa renda tem acesso ao crédito imobiliário do programa Minha Casa, Minha Vida, que usa o financiamento do FGTS e subsídios do governo.
Leia os principais trechos da entrevista a seguir.
Como a taxação das LCIs pode impactar o mercado imobiliário?
Com uma tributação de 5% para as LCIs, isso vai aumentar na ponta final 0,7% na taxa de juro final para o comprador de imóvel. É um aumento em uma taxa de juro que já está alta. Hoje, a média do juro de financiamento está TR mais 12,5% ao ano, e isso vai para 13,2%. Isso é uma coisa ruim para um mercado que ajuda a economia brasileira. No ano passado, quando o PIB cresceu 3,4%, o PIB da construção cresceu 4,3%. O PIB da construção puxa o PIB brasileiro. Nesse cenário, essa decisão deveria ser analisada com bastante cautela, dado que o volume que se tem hoje é de R$ 400 bilhões de LCIs, sendo que a poupança tem R$ 700 bilhões. As LCIs passaram a ter um volume muito representativo, e isso é importantíssimo para o financiamento das pessoas físicas de média renda. Então, a nossa posição é levar dados técnicos para o governo para que ele reflita e veja se não seria viável não fazer essa majoração nas LCI.
Haverá impacto no preço dos imóveis com a taxação das LCIs?
A taxa de juro passará de TR mais 12,5% para 13,20%. Esse aumento na taxa de juros vai dificultar para o consumidor. Ou seja, tem consumidores que talvez não consigam pagar a parcela (do financiamento) e vão deixar de comprar o imóvel. Então o que acontece? Um setor importante para o País, que mexe com 97 subsetores da economia, terá esse impacto. É um impacto em um segmento específico que emprega muito e é importante para o País. É um impacto desnecessário.
Isso pode travar novos empreendimentos ou levar a revisões de projetos em andamento?
Com uma redução da demanda, as empresas podem realmente ter de voltar para uma esteira e ver se os projetos são viáveis ou não. Eventualmente, pode até travar um pouco os setores de médio padrão. Por isso, já havia essa preocupação. E nós não estamos falando de recursos para empresários. Não é o empresário que ganha dinheiro com isso, ninguém ganha dinheiro. É um dinheiro que sai.
Qual padrão de imóvel será mais impactado pela taxação das LCIs?
Será o imóvel de médio padrão, porque temos dois grandes grupos de imóveis, o do Minha Casa, Minha Vida e o médio e alto padrão. No Minha Casa, Minha Vida, a estrutura de financiamento vem através de subsídios do governo e do FGTS. Não é preciso captar recursos via LCIs. O mercado de médio padrão, financiado através do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), também toma dinheiro no mercado usando LCIs. Quando você tira essa isenção para aplicações superiores a 180 dias, na verdade, está encarecendo o custo do dinheiro para o banco, que vai aumentar o custo do dinheiro para o tomador. Ou seja, aumenta a prestação e, às vezes, dificulta a aquisição do imóvel, que já está difícil com o nível de taxa de juros que a gente tem hoje no Brasil.
O governo federal ampliou neste ano o programa Minha Casa, Minha Vida para abranger renda de até R$ 12 mil e imóveis de até R$ 500 mil. Essa mudança nas LCIs pode comprometer o impacto positivo dessa ampliação no programa?
Essa é uma operação totalmente blindada. Na verdade, era uma operação que usava dinheiro do pré-sal. Esse recurso não deve ser afetado. Então, a operação dessa chamada faixa 4 do Minha Casa, Minha Vida não deve ter alteração e deve continuar da maneira que é para imóveis de até R$ 500 mil.
No mês passado, vimos a redução do prazo das LCIs e LCAs de nove meses para seis meses. A taxação desses títulos diante dessa mudança de prazo deixa a situação do financiamento para construtoras igual ou pior do que antes?
Pior. Quando você teve a redução, isso mostrou que todo mundo entendia que era preciso reduzir o prazo para trazer mais investidores. Trazendo mais investidores, os bancos captam mais barato. Essa foi uma decisão racional e correta. Agora, nós estamos no sentido contrário quando você taxa. A decisão de reduzir o prazo das LCIs foi perfeita, foi uma decisão importante para o comprador de imóvel. E agora nós quase que voltamos atrás quando tributamos a LCI.
InfraRoi - SP 10/06/2025
O Sienge, ecossistema de tecnologia e negócios da construção civil e do mercado imobiliário, lançou o Índice de Preços de Materiais de Construção (IPMC), no qual calcula a inflação dos cinco itens mais usados em obras: aço, argamassa, cimento, fio de cobre e tinta. Juntos, os insumos analisados podem representar até 55% do custo total de materiais utilizados nas obras no Brasil.
O lançamento do índice foi feito durante o Construsummit 2025, evento do Ecossistema Sienge realizado na semana passada em Florianópolis (SC). O IPMC aponta que o fio de cobre e o aço foram os insumos com maior inflação nos últimos 12 meses, com altas de 8,64% e 2,52%, respectivamente, seguidos do cimento, que registrou aumento de 1,79%. Por outro lado, a argamassa (-4,61%) e a tinta (-2,32%) tiveram deflação expressiva no mesmo período.
O novo índice foi feito com metodologia autoral da Cica Rev Consultoria e apoio institucional da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e deve ser divulgado mensalmente. Foram analisadas mais de 2 milhões de notas fiscais eletrônicas (NFe) em todo o Brasil, totalizando mais de 8 milhões de itens pesquisados via descrição da compra.
Índice aumenta informação para tomada de decisões
Segundo Gabriela Torres, gerente de Inteligência Estratégica do Sienge, o IPMC pode ajudar as empresas do setor a tomarem decisões com melhor embasamento. Sabendo a pressão inflacionária corrente, a empreiteira ou incorporadora pode se planejar melhor e decidir antecipar compras ou adiá-las. Ainda segundo ela, isso dá mais margem para a negociação entre as empresas.
Ela ainda ressalta que o IPMC é apurado com dados de vendas reais e não com informações repassadas por varejistas. “Um índice com dados de vendas reais traz mais clareza para a tomada de decisões. E se agrupados por um período de tempo maior, ele pode apontar tendências de queda ou alta de preços e servir para repensar estratégias”, diz Gabriela. Além disso, o estudo também agrega os dados por região, permitindo uma leitura mais precisa dos custos.
Fábio Garcez, diretor executivo e fundador do CV CRM (parte do Ecossistema Sienge), comenta que para haver resultados efetivos no uso do novo índice, as empresas precisam dispor de tecnologia que apoiem suas tomadas de decisão.
Resultados do IPMC – abril de 2025
Fio de cobre
Este foi o insumo que apresentou a maior variação de preços, com uma inflação acumulada de 8,64% em 12 meses, o que segundo Gabriela, pode estar associado à valorização do dólar, que impacta diretamente a cotação internacional do cobre. No início de 2025, o cenário se manteve bastante volátil e, mesmo após uma forte deflação nacional em janeiro (-3,24%), os preços voltaram a subir em março, puxados principalmente pela região Norte, que registrou uma alta de 5,33% no mês.
Entre maio e novembro de 2024, os aumentos foram particularmente expressivos, com altas de 3,31% em maio, 2,50% em outubro e 3,26% em novembro, indicando forte pressão inflacionária no segundo semestre. O início de 2025 manteve o cenário de volatilidade: janeiro registrou uma queda acentuada de 3,24%, seguida por um leve aumento em março (+0,86%) e nova retração em abril (-1,55%).
A inflação do fio de cobre também foi disseminada nas regiões do país, com todas fechando os últimos 12 meses com preços em alta. O Norte (16,94%), o Centro-Oeste (14,62%) e o Nordeste (13,48%) foram as mais pressionadas.
Aço
A inflação do aço no Brasil acumulou alta de 2,52% nos últimos 12 meses, marcada por oscilações significativas. Após uma sequência de deflação, o IPMC mostra que os preços começaram a subir gradualmente a partir de julho de 2024, culminando em um pico expressivo em setembro, com aumento de 1,92% no mês. No entanto, esse movimento foi seguido por uma queda acentuada no início de 2025, com recuos de 1,24% em março e 1,72% em abril, indicando uma possível correção de mercado após a forte valorização registrada no terceiro trimestre do ano anterior.
No cenário de inflação regional, entre julho e outubro de 2024, o preço do aço apresentou os maiores reajustes, com destaque para a região Norte, que registrou uma alta de 2,65% em julho. As demais regiões também acompanharam essa tendência, com variações acentuadas nos mesmos meses, impulsionando a inflação do insumo em nível nacional. No entanto, esse movimento de alta deu lugar a uma queda generalizada nos preços em março e abril deste ano, quando todas as regiões do país apresentaram deflação.
Argamassa
O item registrou uma deflação acumulada de -4,51% nos últimos 12 meses, refletindo um cenário de queda nos preços em nível nacional. Após recuos em julho e agosto de 2024, com variações de -0,47% e -1,01%, o insumo teve um pico de alta em dezembro, quando os preços subiram 1,39%. No entanto, esse movimento foi seguido por uma nova trajetória de queda no início de 2025, culminando em abril com o maior recuo do período, de -1,50%. A sequência de deflações sugere uma correção nos preços após os reajustes registrados no fim do ano passado.
Enquanto o Brasil registrou uma deflação acumulada de 4,51% no preço da argamassa em 12 meses, a região Norte se destacou como a única a apresentar alta, com inflação de 3,17%. Em contrapartida, as regiões Sul, Nordeste e Centro-Oeste foram responsáveis por puxar a média nacional para baixo, com quedas expressivas nos preços. O destaque ficou por conta do Centro-Oeste, que acumulou uma deflação de 7,51%, refletindo um movimento mais intenso de ajuste no mercado regional.
Cimento
Um dos insumos mais usados na indústria da construção civil apresentou alta discreta de 1,79% no acumulado dos últimos 12 meses, como mostra o IPMC. Entre junho e agosto de 2024, os preços registraram seu pico, com aumento de 0,69% em julho, seguido por uma reversão e oscilações negativas no início de 2025.
O começo do ano foi marcado por instabilidade, com recuo de 0,36% em janeiro e variações discretas em fevereiro (-0,13%) e março (-0,07%). O mês de abril, por sua vez, trouxe um aumento expressivo de 0,97%, indicando possível retomada da tendência de alta no curto prazo. Gabriela destaca que “o mês de abril trouxe um aumento expressivo de 0,97%.
No acumulado dos últimos 12 meses, o preço do cimento apresentou queda ou estabilidade na maioria das regiões do Brasil. O Norte teve a maior deflação: 0,63%. A exceção foi o Centro-Oeste, que acumulou alta de 3,28%, responsável por elevar a média nacional.
Tinta
O preço da tinta apresentou uma trajetória marcada por forte volatilidade nos últimos 12 meses a nível nacional, encerrando o período com deflação acumulada de 2,32%. O insumo oscilou ao longo do ano, com quedas relevantes em julho (-0,94%) e dezembro de 2024 (-0,89%), intercaladas por altas pontuais, como em outubro (+1,39%) e janeiro de 2025 (+1,04%).
No entanto, o movimento mais surpreendente ocorreu em abril deste ano, quando a tinta registrou uma queda expressiva de 4,21%, a mais acentuada do período. Embora não haja uma causa única evidente, esse comportamento pode estar relacionado a variações no ritmo de consumo ao longo do ano. De acordo com o Indicador ABRAMAT, o faturamento deflacionado do segmento de acabamento recuou 3,6% em fevereiro de 2025 frente a janeiro, sinalizando possíveis ajustes de mercado. “Precisamos continuar acompanhando os próximos meses para entender se essa deflação representa uma tendência mais duradoura ou um movimento pontual”, avalia Gabriela.
No recorte regional, o Centro-Oeste apresentou a maior deflação no acumulado dos últimos 12 meses (-8,43%), seguido pelo no Norte (-7,93%) e Sul (3,32%). O Sudeste e Nordeste tiveram as menores quedas – 0,43% e 0,22%.
Globo Online - RJ 10/06/2025
O secretário estadual de Transporte Washington Reis apresentou na manhã desta segunda-feira o plano de expansão do Metrô, que prevê uma ligação sob a Baía de Guanabara e a chegada dos trilhos até o Recreio e São Gonçalo, além a extensão entre Estácio e Praça Quinze, num investimento total de R$ 28.8 bilhões que serão bancados via Parcerias Público Privadas ou Cepacs (Certificado de Potencial Adicional de Construção). Reis fez o anúncio ao lado do prefeito do Rio, Eduardo Paes, do vice-prefeito da capital Eduardo Cavaliere e do ministro das Cidades, Jader Filho. Prefeitos de vários outros municípios, a maioria do MDB, partido de Reis e Jader, também estiveram presentes. O governador, Cláudio Castro não participou da apresentação.
A agenda conjunta de Reis e Paes, que é pré-candidato ao governo do estado, acontece poucos dias depois do secretário ter entrado em rota de colisão com o governador. Na semana passada, a proposta de redução e unificação das tarifas dos modais estaduais colocou Castro e o secretário em campos opostos. Enquanto Washignton e Reis anunciava que tarifa de trens e metrô reduziriam para R$ 4,70, dando prazo para isso acontecer, o Palácio Guanabara emitiu nota dizendo que aguardava estudos técnicos serem realizados. Nesta segunda-feira, Reis negou que o prefeito o tenha desautorizado no caso e garantiu que não há atrito entre os dois. Ele justificou a ausência de Castro, minimizando a importância do evento:
--O governador está com uma agenda pesada hoje e o ministro (Jader Filho) vai almoçar com ele. Aqui é uma reunião tão pequena, mas eu acho que a presença da imprensa deu uma levantada. Mas, está tudo bem lá (com o governador). Só tem beijo, não tem tapa --brincou o secretário, que assim como Castro, pleiteiam a disputa ao Senado, em 2026, sendo que para isso Reis precisa antes reverter a inelegibilidade no Supremo Tribunal Federal (STF).
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Tanto o prefeito do Rio como o de São Gonçalo, Capitão Nelson, também presente, não pouparam elogios a Reis. Paes, um dos primeiros a falar, disse que o secretário ficava com mais uma gravação na qual direcionava elogios a ele, se referindo à presença da imprensa. E lembrou a retomada das obras da estação Gávea do metrô e a redução da tarifa das barcas como avanços importantes da gestão de Reis na secretaria. Indagado se contaria novamente com o apoio de Reis em 2026, quando deve disputar o governo do estado, afirmou:
--A única coisa que posso dizer é que eu e Washington Reis, pelo bem do estado, vamos estar sempre juntos -- disse o prefeito, que antes havia lembrado que na disputa anterior ao governo do estado, em 2018, contou com o apoio da família Reis, representada na reunião pelo prefeito de Duque de Caxias, Netinho Reis, pelo deputado federal Gutemberg Reis e pelo deputado estadual Rosenverg Reis.
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Três nova linhas e 31 estações
O plano de expansão do metrô prevê a implantação de três novas linhas e 31 estações, num investimento total de R$ 28, 8 bilhões. Os novos trechos anunciados são: extensão da Linha 2, que prevê investimentos na ordem de R$ 4,4 milhões e terá uma ampliação de 3,7 km, ligando o Estácio à Praça Quinze; Linha 4 compreendendo um trecho de 19km entre o Jardim Oceânico e o Recreio, com investimentos previstos de R$ 9, 8 bilhões e, por fim vem a Linha 3, que vai interligar a Praça Quinze, no Rio, com a Praça Araribóia, em Niterói, seguindo até Guaxindiba, em São Gonçalo, com 21,7 km de extensão, com investimentos previstos de R$ 14,6 bilhões.
O governo do estado conta com a parceria da União e dos municípios para viabilizar a busca pelos recursos, a articulação no processo de integração dos transportes e participação no modelo de viabilização dos recursos para a expansão do metrô. O investimento total é previsto em R$ 28,8 bilhões, que poderão ser feitos por meio de Parcerias Público Privada (PPP) ou Cepacs (Certificado de Potencial Ativo de Construção). O próxima passo será a elaboração dos projetos e estudos de modelagem e viabilidade que permitirão a contratação de obras no primeiro semestre de 2026. A previsão é de que os primeiros trechos entrem em operação em 2031.
Segundo o ministro das Cidades, por enquanto estão garantidos os R$ 20 milhões da União para financiamento do projeto da Linha 3. O estado deve entrar com outros R$ 12 milhões, segundo Reis, para finalizar os três projetos. Jader Filho disse ainda que governo federal só aguarda a conclusão desse primeiro processo para definir as formas de financiamento das obras, que podem contar também com recursos do BNDES.
--Vamos conectar o Rio a São Gonçalo e Niterói com um transporte de alta capacidade e conforto. É um sonho antigo que agora começa a sair do papel. A população será a principal beneficiada -- disse Reis, sobre a Linha 3, que vem sendo prometida há décadas.
Revista Ferroviaria - RJ 10/06/2025
A Ferrovia Norte-Sul, malha de trilhos que corta o país de cima a baixo, ligando Maranhão a São Paulo, tem sido alvo de centenas de invasões e interferências ao longo de seus 2.250 km de extensão, uma situação que pode vir a comprometer o tráfego dos trens e, no limite, levar a acidentes graves.
A Folha teve acesso a um estudo de campo realizado entre janeiro e maio deste ano, com o objetivo de fazer um pente-fino nas chamadas “áreas remanescentes” da Norte-Sul. São espaços que foram desapropriados durante a implantação da ferrovia, mas que não foram ocupados pela via permanente. Muitos desses terrenos ficam dentro da chamada faixa de domínio, que considera um recorte de 80 metros em relação aos trilhos –sendo 40 metros de cada lado.
O levantamento contratado pela Infra S.A., estatal vinculada ao Ministério dos Transportes, revela um cenário grave de invasões ao longo da ferrovia que, ainda em 2023, teve parte de seu trecho inaugurado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e que, atualmente, é toda operada por VLI e Rumo Logística, duas concessionárias privadas.
Nos 2.250 km de extensão, um total de 662 áreas foram vistoriadas, entre 16 de janeiro e 16 de maio de 2025. Foram identificadas invasões em 73 áreas remanescentes. As formas de invasão mais comuns são casas e outros tipos de edificações, cercas, plantações e criação de animais.
Dessas áreas com ocupação irregular, 44 resultaram em registros técnicos formais, por conterem melhor detalhamento documental, como registros fundiários e identificação de ocupantes. Ao categorizar essas invasões, o relatório classifica 31 delas como gravíssimas, 12 muito graves e 1 grave.
O documento também aponta 541 situações de interferências irregulares de todo tipo, como passagem de redes elétricas, abertura de vias vicinais e passagens ferroviárias sem autorização. Desse total, 57 foram enquadradas como situações gravíssimas. Outras 473 foram consideradas muito graves e 11, graves.
A distância das ocupações em relação à via férrea é um dos principais critérios considerados para definir a gravidade das invasões e interferências. Ou seja, a maioria das situações encontrada está muito próxima dos trilhos.
Os dados fazem parte de um estudo em andamento que pretende traçar um diagnóstico sobre desapropriação, gestão fundiária e necessidades de regularização de passivos ao longo da Norte-Sul.
Construída com recursos públicos, a ferrovia que funciona como a “espinha dorsal” do transporte sobre trilhos tem sua malha dividida em três partes. O “Tramo Norte”, de 720 km de extensão, entre Açailândia (MA) e Porto Nacional (TO), é administrado pela VLI. O “Tramo Central”, com seus 855 km entre Porto Nacional e Anápolis (GO), está sob o comando da Rumo. A concessionária também responde pelo “Tramo Sul”, de 682 km, entre Ouro Verde de Goiás (GO) e Estrela D’Oeste (SP).
Recentemente, o governo também retomou planos de licenciar e oferecer, em leilão, o trecho de 477 quilômetros de extensão entre Açailândia, no Maranhão, onde hoje acaba a ferrovia, até a cidade de Barcarena, no porto de Vila de Conde, litoral do Pará.
A Folha questionou tanto o poder público quanto as concessionárias sobre a situação encontrada ao longo da ferrovia e as medidas que devem ser tomadas para coibir o problema. Em nota, a estatal Infra S.A. afirmou que ainda não recebeu o resultado completo do trabalho contratado, que deve ser concluído em 16 de junho.
“Após receber a documentação, que na data de hoje ainda se encontra em fase de elaboração, procederemos a análise do estudo em questão e avaliaremos as medidas administrativas e judiciais cabíveis”, afirmou.
A ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), que regula o setor ferroviário, afirmou que “realiza rotineiramente a fiscalização do cumprimento das obrigações previstas contratualmente —entre elas, a preservação da integridade da faixa de domínio”.
A agência declarou que atua para assegurar que as concessionárias adotem todas as medidas cabíveis, inclusive judiciais, para prevenir e regularizar ocupações nesses espaços. “A agência ainda não teve acesso ao estudo contratado pela Infra S.A., mas informa que, ao tomar conhecimento do material, irá considerá-lo no exercício de suas competências legais e regulatórias, tratando os casos identificados diretamente com as concessionárias e com a própria Infra”, afirmou.
A Rumo disse que “monitora regularmente a faixa de domínio das ferrovias que administra, conforme previsto em contrato com o poder concedente, visando à segurança da operação ferroviária e da população”.
A VLI declarou que sua equipe de segurança patrimonial faz rondas preventivas periódicas ao longo de toda a faixa de domínio sob sua concessão, para objetivo de identificar possíveis focos de invasão e ocupações irregulares.
“A companhia informa que, tão logo são constatadas estas ocorrências, são realizadas a identificação do perímetro e a notificação extrajudicial dos indivíduos envolvidos, com a maioria dos casos sendo solucionada sem que haja a necessidade de acionar as autoridades. Para os demais casos, é realizada a ação de reintegração de posse”, afirmou.
A companhia declarou que também faz campanhas educativas junto às comunidades locais para orientar sobre as implicações que invasões dos terrenos próximos à faixa de domínio podem ter para a segurança e a integridade física das pessoas.
IstoÉ Dinheiro - SP 10/06/2025
O governo de São Paulo republicou nesta segunda-feira, 9, o edital de licitação do túnel Santos-Guarujá. A nova versão prevê investimentos de R$ 6,8 bilhões pela futura concessionária, valor R$ 840 milhões acima do estimado inicialmente, e incorpora ajustes técnicos e operacionais.
Entre as alterações, estão a atualização da data-base contratual, a revisão dos custos de materiais como concreto e de serviços como dragagem. O edital também implementou ajustes em cláusulas de alocação de riscos e incorporou soluções provisórias para o Cais Outeirinhos e o pátio ferroviário em Guarujá.
Segundo os governos federal e o de São Paulo, que dividem a gestão do projeto, os ajustes foram sugeridos por investidores internacionais durante um roadshow em abril. O leilão, inicialmente marcado para 1º de agosto, foi adiado para 5 de setembro. A justificativa oficial é de que o novo prazo permitirá maior maturação das propostas que disputarão o certame.
A abertura dos envelopes com as propostas está marcada para o dia 1º de setembro, às 10h, enquanto o leilão ocorrerá no dia 5, às 16h, na B3, em São Paulo. O prazo da concessão será de 30 anos, abrangendo a construção, operação e manutenção do sistema viário submerso.
Projeto
Incluído no Novo PAC, o túnel será a maior obra do programa federal. Atualmente, mais de 21 mil veículos cruzam diariamente as duas margens utilizando balsas e catraias, além de 7,7 mil ciclistas e 7,6 mil pedestres. Com a nova estrutura, a travessia será feita em poucos minutos, reduzindo filas e otimizando o fluxo logístico do Porto de Santos.
Toda a estrutura terá 1,5 quilômetros de extensão, sendo 870 metros submersa. Haverá três faixas de rolamento por sentido, com uma delas para a passagem do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT). O túnel também terá acesso para travessia de pedestres e ciclistas. A previsão é de que as obras sejam iniciadas ainda neste ano.
O leilão já tem dois interessados confirmados para a disputa, conforme mostrou a Coluna do Broadcast. A construtora brasileira Marquise Infraestrutura se uniu à italiana WeBuild para formar um consórcio que disputará o certame. A multinacional China Communications Construction Company (CCCC) também afirmou ao governo brasileiro que vai entrar na briga, conforme confirmou o ministro Silvio Costa Filho.
Diário do Comércio - MG 10/06/2025
Com o objetivo de estimular o turismo e recuperar 35 rodovias, o governo do Estado lançou nesta segunda-feira (9) o programa Infraturismo – Minas é o Caminho, que vai contar com aportes superiores a R$ 1,5 bilhão.
A iniciativa vai contemplar mais de 1,3 mil quilômetros de intervenções, entre obras de pavimentação e recuperação funcional. Antes de atrair turistas de fora, a proposta é criar melhores condições para que os próprios mineiros redescubram o Estado, impulsionando a economia local, a cultura regional e o sentimento de pertencimento.
Ao todo, 26 regiões turísticas de Minas serão beneficiadas
Ao todo, 26 regiões turísticas serão beneficiadas, abrangendo diferentes territórios de Minas Gerais, como o Vale do Jequitinhonha e Mucuri, Serras Verdes do Sul de Minas, Trilhas do Rio Doce, Mar de Minas, Caminhos da Mantiqueira, entre outros.
A iniciativa, lançada na sede do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG), em Belo Horizonte, tem coordenação da Secretaria de Estado de Infraestrutura, Mobilidade e Parcerias (Seinfra) e do Departamento de Estradas de Rodagem do Estado de Minas Gerais (DER-MG), em conjunto com a Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult).
“O Infraturismo integra a infraestrutura ao planejamento turístico, conectando pessoas, cidades e oportunidades de forma inteligente e sustentável. Estamos falando de um programa com potencial de transformar o jeito de fazer turismo em Minas Gerais”, destaca o secretário de Infraestrutura, Mobilidade e Parcerias de Minas, Pedro Bruno.
Com previsão de execução até 2026, o programa, segundo informou o governo mineiro, atua como indutor de desenvolvimento econômico regional, contribuindo para geração de emprego, renda e para o fortalecimento da economia da criatividade em mais de 47 municípios e áreas de abrangência de 26 Instâncias de Governança Regionais (IGRs).
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Rodovias conectam importantes atrativos naturais, culturais e religiosos do Estado
Entre os destaques do programa, há rodovias que conectam importantes atrativos naturais, culturais e religiosos, como o Santuário da Padroeira de Minas, em Caeté, na região Central do Estado, além do Parque Estadual do Rio Doce (região do Vale do Aço), o centro histórico de Diamantina (Vale do Jequitinhonha) e o Parque Nacional da Serra do Cipó (na região sul da Serra do Espinhaço, no distrito de Santana do Riacho, na região Central do Estado). A iniciativa inclui também cidades turísticas como Monte Verde (Camanducaia, no Sul de Minas), Conceição do Mato Dentro (região Central), Gonçalves (Sul de Minas) e Serro (região Central).
Rodovias são consideradas estratégicas
Com cerca de 32 milhões de turistas em Minas, em 2024, dos quais 78% se locomoveram por via terrestre, o fortalecimento das rodovias é considerado estratégico para o governo do Estado. O programa ainda reforça a diretriz de valorização do turismo interno: 61% dos turistas em Minas são os próprios mineiros.
Para o secretário de Estado de Cultura e Turismo, Leônidas de Oliveira, o Infraturismo representa um marco para o turismo em Minas Gerais. “Não estamos apenas abrindo caminhos para o visitante, estamos fortalecendo as rotas do afeto, do pertencimento e da memória dos mineiros. É um projeto que conecta pessoas, valoriza o território e transforma a infraestrutura em ponte para a cidadania”, frisa.
TN Petróleo - RJ 10/06/2025
A edição comemorativa de 10 anos do Anuário do Petróleo no Rio (2016-2025), publicação da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), evidencia que o aumento dos volumes produzidos no país ao longo destes anos veio acompanhado do avanço tecnológico e do aumento do porte das unidades de produção. Em 2016, as plataformas que entravam em operação tinham uma capacidade de processar uma média de 150 mil barris por dia. Já em 2022, as unidades com capacidade de 180 mil barris por dia eram frequentes nessa indústria. Agora, as mais recentes plataformas confirmadas para entrar em operação atingem 225 mil barris por dia.
Com a expansão da produção, o Brasil passou, na última década, da 10ª posição em 2015 para o 7º maior produtor de petróleo do mundo em 2024, conforme dados da ANP. Já o estado do Rio, que produzia em torno de 65% do petróleo nacional, alcançou 87%, avançando para um ambiente de produção caracterizado por águas cada vez mais profundas, reservatórios mais produtivos e um óleo de melhor qualidade. Esse crescimento fez com que a exportação de óleo cru atingisse a marca de US$ 44 bilhões, superando a soja como principal produto exportado pelo país, em 2024.
"O período que nos trouxe à 10ª edição do Anuário do Petróleo no Rio marcou uma fase de notáveis transformações, que reafirmaram a importância desse mercado para o país e o posicionamento do petróleo como um motor econômico vital para o Rio de Janeiro. O crescimento expressivo na produção e na arrecadação de participações governamentais demonstrou o potencial do setor para gerar receitas significativas, que aliadas à implementação de políticas públicas eficazes e investimentos em pesquisa e desenvolvimento, contribuíram para a expansão das capacidades produtivas deste mercado tanto para o estado fluminense quanto para o país", afirma o presidente da Firjan, Luiz Césio Caetano.
O presidente da federação chama atenção também para os desafios da atividade que permanecem, incluindo a necessidade de reposição de reservas e a busca por soluções sustentáveis em um mundo que busca ser cada vez mais eficiente em carbono. "Além disso, a dependência de importações de combustíveis precisa ser abordada com urgência, a fim de mitigar a exposição do estado nesse segmento e reduzir a vulnerabilidade econômica", diz.
Queda no fator de reserva
"Esta edição comemorativa celebra 10 anos de excelência na análise, na divulgação e no acompanhamento de um mercado que, muito mais que números, traduz histórias de parcerias estratégicas, avanços tecnológicos e contribuições decisivas para a economia regional e nacional. Lançado em 2016, o Anuário tem como objetivo central fornecer informações qualificadas sobre o mercado de petróleo, permitindo às empresas pautarem suas decisões de investimentos e basear a composição de seus planos de negócios", explica a gerente geral de Petróleo, Gás, Energias e Naval da Firjan, Karine Fragoso.
Apesar do crescimento da produção ao longo do período, a publicação chama atenção também para as análises que avaliam o futuro da produção de petróleo no país. O documento alerta para a queda de 10 anos do fator de Reserva sobre Produção, que caiu, de 23 anos em 2014, para 13 anos em 2024, no caso do Rio, se igualando ao fator do Brasil, por exemplo.
"A evolução desse fator explicita a importância de encontrarmos soluções para agregarmos mais reservas e revertemos as perspectivas de queda da produção a partir da próxima década. Para isso, são necessárias ações para viabilizarmos a exploração de novas áreas, a extensão da vida útil de campos maduros e marginais, assim como a comercialidade de produção de certas áreas que hoje não possuem lógica econômica dentro do pré-sal", afirma Karine Fragoso.
A publicação especial celebra a trajetória da atuação da Firjan e do mercado de petróleo no Rio de Janeiro e Brasil nos últimos 10 anos, oferecendo uma análise dedicada à evolução do mercado de petróleo nessa última década nos segmentos de exploração e produção, abastecimento, tecnologia e reflexos socioeconômicos. O lançamento do Anuário do Petróleo no Rio 2025 ocorre em 10 junho em evento com as principais operadoras do país e empresas do encadeamento produtivo de óleo e gás.
Análises do mercado
Com um conteúdo robusto, a publicação conta com projeções e análises da federação, editorial do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, assinado pelo vice-presidente da República e ministro do MDIC, Geraldo Alckmin. Além disso, a publicação conta com a visão de importantes parceiros e players do mercado, apresentada por meio de artigos da Petrobras, PRIO, Equinor, PPSA, EPE, ANP e Rystad Energy.
Com 106 páginas, o estudo traz ainda tabelas e mapas ilustrativos, um Sumário Executivo nas versões português e inglês, um Painel Dinâmico dedicado e atualizado, apresentando os principais dados do mercado. Um outro Painel complementar destaca as participações governamentais associadas à produção de óleo e gás. Todo o conteúdo pode ser acessado em observatorio.firjan.com.br/anuario-petroleo .
Na visão de futuro, a 10ª edição do Anuário apresenta um Rio de Janeiro que se mantém como protagonista na produção de petróleo nacional, mas que deve focar em ser ainda mais resiliente em encontrar respostas para a questão central: qual o futuro do petróleo e o petróleo do futuro? Como desdobramento, como serão trabalhados os impactos dessa grande indústria e mercado no Rio de Janeiro e no país.
Participações governamentais, P,D&I e refino
O documento ressalta que, puxado pela combinação perfeita de crescimento de todas as variáveis que impactam a arrecadação - produção, preço do barril e câmbio -, as participações especiais do estado do Rio cresceram mais de 300% no período, chegando a R$ 12,6 bilhões. Já os royalties fluminenses aumentaram mais de 400%, atingindo a cifra de R$ 11,6 bilhões. A trajetória de expansão ao longo da última década reforça a relevância estratégica do estado na produção nacional de petróleo.
Este avanço, é acompanhado pelo investimento em tecnologias, e pode ser observado pela análise da Cláusula de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (P,D&I), da ANP. Em 2016, as obrigações de investimentos somavam pouco mais de R$ 900 milhões. Em 2024, ultrapassaram R$ 4 bilhões anuais, totalizando – nesse período – R$ 23 bilhões em obrigações.
Dos projetos iniciados e divulgados pela agência, mais de 70% são investimentos focados nas áreas de exploração e produção, que contribuíram para consolidar o país como líder global dessa atividade em águas profundas e ultraprofundas. Os números seguem crescendo a cada ano, dando destaque para o investimento da indústria de petróleo em energias renováveis e descarbonização, que conquistaram R$ 1,05 bilhão dos recursos em P,D&I em 2024, em comparação aos R$ 22 milhões em 2016.
Já a segurança do abastecimento foi analisada como o desafio da década, com a política de paridade de preço internacional, balança comercial e divergências entre parque de refino e consumo interno. Ao longo desses dez anos não foi observado aumento significativo do parque de refino, em especial no estado do Rio de Janeiro. No entanto, a expansão do consumo de combustíveis foi de 13%.
Por outro lado, foi registrado a melhoria operacional das refinarias, que alcançaram recordes de taxa de utilização passando da casa de 70% para 85% em 2024, com novos investimentos sendo anunciados. O destaque vai, entretanto, para o crescimento do óleo importado no total refinado no Brasil, ressaltando a dependência externa já apontada no Anuário de 2016. Mas, isso, ainda em função das características do parque de refino nacional que data da década de 1980.
Petro Notícias - SP 10/06/2025
Um novo avanço marca a trajetória de um dos projetos mais relevantes para ampliar a oferta de gás natural na costa brasileira. A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) concluiu a análise técnica da documentação apresentada pela Equinor para solicitar autorização de início de atividades antecipadas de construção e instalação do gasoduto de escoamento com gás especificado do Projeto Raia. A EPE considerou o projeto compatível com o planejamento setorial e recomendou sua autorização, destacando sua importância para o aproveitamento de uma oferta relevante de gás natural nacional, sua contribuição para a modicidade tarifária e sua aderência aos objetivos do Programa Gás para Empregar.
“Essa entrega da EPE é um marco para a implementação do Decreto do Programa Gás para Empregar. Conduzimos uma análise inédita, com rigor técnico, respeito aos prazos e diálogo constante com a ANP. É a demonstração concreta de como o planejamento energético pode acelerar investimentos e garantir mais segurança para a infraestrutura do gás no país“, disse o presidente da EPE, Thiago Prado (foto).
O gasoduto partirá da área de desenvolvimento dos campos de Raia Manta e Raia Pintada, localizados ao sul da Bacia de Campos, a cerca de 200 km da costa do Rio de Janeiro, e será interligado à malha da Nova Transportadora do Sudeste, em Macaé (RJ). Um diferencial técnico do projeto é que todo o processamento do gás será feito no mar, dispensando instalações em terra. Essa será a primeira vez no Brasil que o gás será especificado ainda no ambiente offshore e entregue diretamente ao sistema de transporte, graças à alta qualidade dos hidrocarbonetos extraídos na região.
“Os estudos da EPE para este projeto foram elaborados na perspectiva do planejamento integrado setorial, a fim de que sua implementação não comprometa o uso eficiente das infraestruturas existentes”, detalhou a diretora de Estudos do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis da EPE, Heloísa Borges (foto à direita).
O gasoduto terá trechos terrestre e marítimo que, em conjunto, totalizarão 204 km. Desse total, serão 200 km de trecho marítimo, desde o FPSO até sua chegada em terra, com subsequente trecho terrestre de aproximadamente 4 km desde a praia até sua chegada na Estação de Recebimento de Gás (ERG), localizado na cidade de Macaé (RJ). A ERG realizará a conexão com a rede de transporte nacional de gás, por meio da Nova Transportadora Sudeste (NTS).
O sistema também contará com uma válvula de chegada em terra na Praia do Lagomar, no Bairro Lagomar, em Macaé. No trecho marítimo, o gasoduto será conectado ao FPSO para o recebimento do gás processado, e seguirá pelo fundo do mar em águas ultra profundas, a cerca de 2700 m de profundidade. No trecho de águas rasas, o gasoduto seguirá coberto, garantindo a integridade física do mesmo. A chegada em terra ocorrerá na Praia do Lagomar, sendo a instalação realizada pelo método não destrutivo do furo direcional (HDD), a cerca de 1 km da costa.
No trecho terrestre, o duto voltará a ser enterrado em valas e seguirá por uma faixa de dutos já existente, utilizada pelos gasodutos Enchovão/Cabiúnas e Rota 2, operados por outras empresas de Óleo e Gás, até a ERG. No trecho terrestre o duto cruzará duas rodovias e também atravessará as proximidades do Bairro de Lagomar e do Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba. O gasoduto também contará com um equipamento utilizado para verificação e limpeza do seu interior chamado PIG (do inglês, Pipeline Inspection Gauge).
Localizado na Bacia de Campos, o Projeto Raia é operado pela Equinor (35%), em parceria com a Repsol Sinopec (35%) e a Petrobrás (30%). O ativo reúne três descobertas no pré-sal — Pão de Açúcar, Gávea e Seat — que somam reservas recuperáveis de gás natural e óleo/condensado superiores a 1 bilhão de barris de óleo equivalente (boe). A capacidade prevista de exportação pelo gasoduto é de 16 milhões de metros cúbicos por dia, o que poderá atender até 15% da demanda total de gás do país quando o projeto entrar em operação, prevista para 2028.
TN Petróleo - RJ 10/06/2025
A ANP publicou hoje (9/6) o Painel Dinâmico de Atividades e Investimentos Realizados na Fase de Produção. A ferramenta interativa apresenta as atividades e investimentos realizados a partir do ano de 2022.
É possível filtrar as informações por bacia, ano, ambiente, tipo de atividade e moeda. As informações não estão disponíveis por campo e/ou contratado, pois se trata de informações estratégicas e sigilosas das empresas.
Estão disponíveis também gráficos das evoluções das quantidades de atividades e investimentos realizados ao longo dos anos.
As informações apresentadas no painel são declaradas pelos contratados nos Programas Anuais de Trabalho e Orçamento (PATs) dos contratos vigentes.
Entre os dados do painel, destacam-se os investimentos realizados de 2022 a 2024, de cerca de R$ 190 bilhões. Nesse montante, 61,6% foram na bacia de Santos e 33,1% na de Campos.
É possível destacar ainda as atividades de construção de unidades estacionárias de produção (UEPs), como plataformas, realizadas no ano de 2024, correspondendo a 27% desse total de R$ 190 bilhões.
Acesse o Painel Dinâmico de Atividades e Investimentos Realizados na Fase de Produção: https://www.gov.br/anp/pt-br/centrais-de-conteudo/paineis-dinamicos-da-anp/paineis-dinamicos-sobre-exploracao-e-producao-de-petroleo-e-gas/painel-dinamico-de-atividades-e-investimentos-realizados-na-fase-de-producao.
O que é fase de produção
A fase de produção é a segunda fase dos contratos de exploração e produção de petróleo e gás natural. Esses contratos são divididos em duas fases. A primeira é a fase de exploração, na qual as empresas realizam estudos e atividades (como sísmicas, perfuração de poços etc.) para identificar a presença ou não de petróleo e/ou gás e, caso identifique, avaliar se as descobertas são ou não comerciais. Ao final da fase de exploração, a empresa decide se irá devolver o bloco à ANP ou se irá apresentar uma declaração de comercialidade e reter uma área de desenvolvimento - dando início à segunda fase, a fase de produção. Após a aprovação do Plano de Desenvolvimento pela ANP, a área de desenvolvimento transforma-se em um campo produtor.
Infomoney - SP 10/06/2025
Os preços do petróleo atingiram máximas de várias semanas nesta segunda-feira, impulsionados por um dólar norte-americano mais fraco, enquanto os investidores aguardavam notícias das negociações comerciais entre Estados Unidos e China em Londres, na esperança de que um acordo pudesse impulsionar as perspectivas econômicas globais e, consequentemente, a demanda por combustível.
Os contratos futuros do petróleo Brent subiram 0,9%, a US$67,04 por barril. Durante a sessão, o índice de referência subiu para US$67,12 por barril, o maior valor desde 28 de abril.
O petróleo West Texas Intermediate dos EUA (WTI) subiu 1,1%, para US$65,29. O contrato atingiu US$65,38 por barril durante a sessão, o maior valor desde 4 de abril.
Um dólar norte-americano mais fraco deu algum apoio aos preços do petróleo, com o índice do dólar caindo 0,3%, tornando o petróleo mais barato para os detentores de outras moedas.
Na semana passada, o Brent subiu 4% e o WTI subiu 6,2%, já que a perspectiva de um acordo comercial entre os EUA e a China aumentou o apetite pelo risco para alguns investidores.
“Grande parte desse avanço parece ser tecnicamente orientado e essas altas podem facilmente diminuir sem novas manchetes altistas”, disseram analistas da empresa de consultoria em energia Ritterbusch and Associates em uma nota. “Muita atenção será dada às negociações comerciais entre os EUA e a China.”
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