CNN Brasil - SP 05/05/2025
A tarifa de 25% dos Estados Unidos sobre todas as importações de aço e alumínio, em vigor desde 12 de março, impactou severamente os produtores de aço da UE, enquanto os consumidores americanos estão sendo forçados a pagar a conta da política protecionista.
Como pilar das indústrias tradicionais e da base econômica da Europa, o setor siderúrgico registrou perdas alarmantes. Dados da Associação Europeia do Aço (EUROFER) revelaram que os EUA são o segundo maior mercado de exportação para os produtores de aço da UE, respondendo por 16% do total das exportações de aço em 2024. No entanto, as exportações de aço para os Estados Unidos já despencaram desde a implementação das tarifas.
“Perdemos um milhão de toneladas. Estamos falando de um valor em torno de dois bilhões de euros (cerca de 2,26 bilhões de dólares americanos) que perdemos, e é claro que isso leva à redução de capacidade e perdas de empregos na Europa”, explicou Axel Eggert, Diretor Geral da EUROFER, em entrevista exclusiva à China Central Television.
Eggert criticou as medidas dos EUA, enfatizando que elas vão além de meras disputas comerciais e apresentam desafios estratégicos à estrutura industrial da Europa.
Líderes da indústria europeia estão pressionando a UE por uma resposta decisiva, afirmando que as tarifas não apenas prejudicam a meta dos EUA de revitalizar a produção de aço, mas também podem desencadear consequências negativas não intencionais.
“Esperamos medidas da União Europeia para apoiar nossa indústria. É preciso uma reação firme. Isso também teria um enorme impacto sobre os consumidores de aço dos EUA, que dependem de importações de aço da União Europeia. Há uma série de qualidades e produtos que a indústria siderúrgica dos EUA não está produzindo. Os custos para os consumidores de aço dos EUA aumentarão em 25% se não puderem obter recursos do mercado interno americano. E isso é preocupante para os consumidores de aço dos EUA”, disse Eggert.
Portal Fator Brasil - RJ 05/05/2025
Aumento de 3,8% ante o ano anterior. E volume de vendas em 15,1 milhões de toneladas, crescimento de 5,2% sobre 2023, sendo 55,5% de vendas no mercado interno e 44,5% de exportações. Resultados operacionais fecharam acima do esperado; aumento das importações explica o recuo nos principais indicadores financeiros.
A ArcelorMittal Brasil divulgou no dia 29 de abril (terça-feira), seus resultados financeiros e operacionais relativos ao exercício de 2024. Os dados consolidados de produção e vendas vieram acima das expectativas, apesar do cenário de pressão dos importados sobre o aço brasileiro.
O bom desempenho operacional veio atrelado ao aumento de consumo interno de aço, alinhado a uma bem estruturada estratégia de mercado, lançamento de novos produtos, excelência produtiva e redução de custos.
Em 2024, a ArcelorMittal Brasil produziu 15,3 milhões de toneladas de aço, um aumento de 3,8% em relação ao ano anterior. Já o volume total de vendas foi de 15,1 milhões de toneladas, crescimento de 5,2% sobre 2023, sendo 55,5% de vendas no mercado interno e 44,5% de exportações.
Os resultados financeiros poderiam ter sido melhores não fossem o aumento da importação do aço e a queda acentuada dos preços das commodities metálicas no primeiro semestre de 2024. No ano passado, o aço importado bateu recorde histórico de entrada no país, totalizando 5,9 milhões de toneladas, o que correspondeu a uma taxa de penetração sobre o consumo aparente de aço no país de 18,5%, e a um aumento em relação a 2023 de 18,2% (dados do Instituto Aço Brasil).
A receita líquida consolidada da ArcelorMittal Brasil apresentou recuo de 4,7%, para R$ 66,6 bilhões. Já o lucro líquido apurado foi de R$ 2,3 bilhões, uma queda de 39,7% na comparação com o ano anterior, decorrente também do aumento da despesa financeira advinda da variação cambial negativa da controlada Acindar (Argentina) e das despesas com juros da controladora.
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, sigla em inglês)alcançado foi de R$ 9,1 bilhões, menor em 2% na comparação com o ano anterior, mas o suficiente para permitir à empresa alcançar uma margem Ebitda sobre a receita líquida de 14% (contra 13% em 2023).
—Os resultados de produção alcançados são fruto da dedicação e competência dos nossos empregados, que trabalham alinhados ao nosso propósito e colocam o cliente no centro das decisões, atuando com foco contínuo em inovação e excelência operacional. Mesmo diante de um cenário global desafiador e da concorrência desleal do aço importado, conseguimos mostrar resiliência e solidez. Seguiremos trabalhando pelo fortalecimento da indústria do aço, com respeito às pessoas e guiados pelos nossos valores de segurança, sustentabilidade, qualidade e liderança —disse Jorge Oliveira, presidente da ArcelorMittal Brasil e CEO ArcelorMittal Aços Planos Latam.
Investimentos —Em 2024, foram feitas entregas de grande relevância, como a inauguração da expansão da Unidade Vega, em São Francisco do Sul, Santa Catarina, que demandou investimentos de R$ 2,2 bilhões. Foram construídas novas linhas de galvanização e recozimento contínuo de aço, que aumentaram a capacidade instalada da planta de 1,6 milhão para 2,2 milhões de toneladas por ano de aços laminados a frio.
Já na Unidade de Sabará, em Minas Gerais, foi inaugurada, em março de 2025, a nova linha de trefilação, ao custo de R$ 144 milhões, que abastecerá a indústria automotiva com produtos de alto valor agregado. Estão em andamento os investimentos em Barra Mansa, de R$ 1,6 bilhão, para a montagem de uma nova linha de laminação e melhorias na aciaria; e a ampliação e construção de uma nova planta de beneficiamento de minério na Mina Serra Azul, em Itatiaiuçu, Minas Gerais, que somarão outros R$ 2,5 bilhões.
Energia renovável — A ArcelorMittal anunciou a instalação de duas plantas de geração de energia solar, em Minas Gerais e na Bahia, como parte do plano de descarbonização da empresa. Os investimentos estão sendo feitos por meio de joint ventures estabelecidas com as empresas Casa dos Ventos e Atlas Renewable Energy e somam R$ 1,6 bilhão.
“Nossos investimentos em energia renovável mostram que a ArcelorMittal não quer ser apenas a maior produtora de aço no Brasil, mas também a mais sustentável. Estamos descarbonizando nossas operações e garantindo segurança energética para nossas unidades”, disse Everton Negresiolo, CEO ArcelorMittal Aços Longos LATAM e Mineração Brasil.
O investimento em energia solar soma-se aos R$ 4,2 bilhões que a empresa já está destinando para a construção de um parque de energia eólica na Bahia, o que perfaz um total de R$ 5,8 bilhões de investimentos em energia renovável no país. Quando estiverem em plena operação, a geração de todas as plantas de energia renovável reduzirá as emissões de CO2 da empresa em 200 mil toneladas ao ano. A ArcelorMittal tem a meta de alcançar 100% de fontes renováveis em energia elétrica até 2030.
ArcelorMittal — Maior produtor de aço no Brasil e líder no mercado global, o Grupo ArcelorMittal tem cerca de 127 mil empregados, sendo 20 mil no Brasil, e atende a clientes em 140 países, com o propósito de criar aços inteligentes para as pessoas e o planeta.
A empresa tem unidades industriais em oito estados (MG, ES, RJ, SC, CE, BA, SP e MS), além da maior rede de distribuição do país. Foi a primeira empresa das Américas com uma unidade certificada pelo ResponsibleSteel, uma das certificações em ESG mais respeitadas no mundo.
As plantas brasileiras têm capacidade de produção anual de 15,5 milhões de toneladas de aço bruto e de 5,1 milhões de toneladas de minério de ferro e atendem às indústrias automobilística, de eletrodomésticos, construção civil, óleo e gás, máquinas e equipamentos, dentre outras.
A empresa atua, ainda, em áreas como geração de energia para consumo próprio, produção de biorredutor renovável (carvão vegetal a partir de florestas plantadas de eucalipto) e tecnologia da informação.
O Estado de S.Paulo - SP 05/05/2025
Há cinco anos, quando a pandemia fechou a economia global, os economistas recorreram a novas medidas, como dados de mobilidade e reservas em restaurantes e cinemas, para acompanhar o fechamento em tempo real. Agora, o mundo está desesperado para avaliar os danos causados pelas tarifas excessivas de Donald Trump sobre as importações chinesas, e os especialistas estão novamente usando técnicas inovadoras. Suas descobertas sugerem que a maior economia do mundo ainda não está cambaleando. Mas os problemas estão chegando.
Mesmo antes da implementação das tarifas recíprocas em 9 de abril, as pesquisas sugeriam que os consumidores e as empresas americanas estavam preocupados. De acordo com uma pesquisa da filial de Dallas do Federal Reserve, a produção industrial caiu para um nível recorde em abril. E os números divulgados em 30 de abril mostraram que o PIB dos Estados Unidos contraiu 0,3% em termos anualizados. O déficit comercial aumentou à medida que as empresas correram para acumular estoques de produtos estrangeiros antes da entrada em vigor das tarifas.
Os dados em tempo real permitem que os economistas vejam o que aconteceu desde então. Muitos indicadores da era covid não são relevantes ou não são mais publicados. Felizmente, porém, o comércio global é minuciosamente monitorado. Os navios partem com semanas de antecedência de sua chegada, transmitindo sua posição para satélites e fornecendo uma lista do que eles contêm.
Alguns indicadores de alta frequência sugerem um impacto limitado da guerra comercial até o momento. Na semana que terminou em 25 de abril, dez navios porta-contêineres, transportando 555 mil toneladas de mercadorias, chegaram aos portos de Los Angeles e Long Beach - os portões de entrada preferidos dos EUA para mercadorias da China. Esse número é praticamente o mesmo de um ano atrás. Mas a navegação entre a China e a costa oeste dos Estados Unidos leva de duas semanas a 40 dias. Muitos navios de carga que chegam agora partiram antes do início das tarifas.
Outras leituras parecem mais assustadoras. As reservas para novas viagens entre a China e os Estados Unidos caíram 45% em relação ao ano anterior na semana que começou em 14 de abril, de acordo com a Vizion, uma empresa de dados. O número de viagens em branco, quando um navio pula um porto ou uma transportadora opera menos navios em uma rota para equilibrar o serviço, aumentou para 40% de todas as viagens programadas.
O custo da navegação entre Xangai e Los Angeles caiu em cerca de US$ 1 mil por contêiner no último mês, de acordo com a Freightos, uma empresa de logística, já que as empresas passaram a evitar as tarifas. O preço do transporte de mercadorias do Vietnã para os Estados Unidos aumentou em um valor semelhante, o que sugere que os importadores têm procurado fornecedores alternativos.
Os choques comerciais demoram para se propagar pela economia, o que significa que a extensão total dos danos ainda pode demorar um pouco. As empresas podem contar com seus estoques por um tempo, por exemplo; a demanda por armazéns alfandegados, que permitem que as empresas armazenem mercadorias perto dos portos e paguem à alfândega somente quando elas forem liberadas, aumentou. Muitas empresas também estão optando por não aumentar os preços - o que, em teoria, deveriam fazer, para racionar seus estoques - porque estão vinculadas a contratos pré-existentes ou querem preservar o relacionamento com os clientes, caso Trump mude de ideia.
E uma pausa de 90 dias nas tarifas a outros países asiáticos dará aos importadores a chance de reorganizar a produção. A Apple planeja adquirir mais iPhones para o mercado americano na Índia, por exemplo.
CNN Brasil - SP 05/05/2025
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que não vai demitir Jerome Powell do cargo de presidente do Federal Reserve (Fed) e vai esperar o contrato do banqueiro ser encerrado.
Powell tem previsão de ficar como chair no banco central americano até o fim de 2026. A declaração de Trump sobre a permanência dele até a vigência do contrato foi feita em entrevista à NBC.
Apesar de garantir a manutenção de Powell no cargo, o republicano afirmou que o Fed deveria reduzir os juros o quanto antes, e que isso só não aconteceu ainda porque
“Bem, ele [Jerome Powell] deveria reduzi-las. E em algum momento, ele o fará. Ele prefere não fazê-lo porque não é meu fã. Sabe, ele simplesmente não gosta de mim porque acho que ele é um completo inflexível”, disse na entrevista, gravada na Flórida na sexta-feira.
Quando indagado se removeria Powell antes do fim de seu mandato, em 2026, Trump emitiu sua negação mais contundente, dizendo: “Não, não, não. Isso foi um total… por que eu faria isso? Precisaria substituir a pessoa em um curto espaço de tempo.”
As ações de Wall Street caíram acentuadamente no mês passado, depois que o republicano redobrou os ataques ao presidente do Fed, ampliando as preocupações com a autonomia do banco central e abalando os mercados. Após a queda, Trump recuou um pouco.
Os comentários veiculados neste domingo (2) foram a indicação mais clara até o momento de que o presidente dos EUA manteria Powell no cargo, o que pode tranquilizar os mercados, profundamente receosos pelas ações de Trump para subverter o sistema comercial global com um tsunami de tarifas.
Em 2 de abril, Trump impôs uma tarifa mínima de 10% à maioria dos países, juntamente com tarifas mais altas para muitos parceiros comerciais, que foram então suspensas por 90 dias. Ele também impôs taxas de 25% sobre automóveis, aço e alumínio, além de 25% sobre Canadá e México e 145% sobre a China.
A Casa Branca está negociando com mais de 15 países novos acordos comerciais que possam evitar as tarifas mais altas, e autoridades dizem que a primeira concretização poderá ser anunciada em breve.
Trump reconheceu ainda que foi “muito duro com a China”, essencialmente cortando o comércio entre as duas maiores economias do mundo, e disse que Pequim agora queria chegar a um acordo.
“Nós paramos de repente”, disse. “Isso significa que não estamos perdendo um trilhão de dólares… porque não estamos fazendo negócios com eles agora. E eles querem fazer um acordo. Eles querem muito fazer um acordo. Vamos ver como tudo isso vai acabar, mas tem que ser um acordo justo”, completou.
O Estado de S.Paulo - SP 05/05/2025
Kevin Warsh estava sentado na Sala Leste da Casa Branca quando o presidente Donald Trump aproveitou para elogiar o ex-banqueiro central. Na cerimônia de assinatura de janeiro de 2020, Trump voltou-se para o ex-governador do Federal Reserve — um finalista para o cargo mais alto do Banco Central alguns anos antes — e fez um aparte sem script.
“Eu teria ficado muito feliz com você”, disse Trump, destacando Warsh. “Eu poderia ter usado você um pouco aqui. Por que você não foi mais enérgico quando quis esse emprego?”
Foi mais um golpe implícito em Jerome H. Powell, o presidente do Fed que Trump acabou escolhendo no final de 2017, mas que logo se desinteressou — e um momento revelador para Warsh, cujos laços estreitos com os círculos econômicos republicanos o mantiveram por muito tempo nas conversas para cargos importantes de formulação de políticas.
Agora, faltando cerca de um ano para o fim do mandato de Powell como presidente, Warsh é novamente visto como um dos principais candidatos a dirigir o Banco Central. O banqueiro já havia atuado na diretoria de sete membros do Fed de 2006 a 2011, tornando-se, aos 35 anos, o governador mais jovem de sua história.
Warsh é visto há muito tempo por Wall Street como um forte candidato a suceder Powell, cujas políticas ele criticou. Warsh também foi brevemente cogitado para se tornar a escolha de compromisso de Trump para dirigir o Departamento do Tesouro em meio a disputas internas pelo cargo entre o financista de Wall Street Scott Bessent e o executivo de corretagem Howard Lutnick no último outono. Bessent, que acabou se tornando secretário do Tesouro, disse à Bloomberg no mês passado que as autoridades da Casa Branca começarão a fazer entrevistas para o cargo no Fed ainda neste outono.
Se for nomeado, Warsh poderá enfrentar perguntas sobre suas opiniões hawkish (agressivas, inclinadas a juros mais altos) de longa data sobre a inflação e a expansão significativa do balanço patrimonial do Fed. Ele argumentou que a dependência prolongada do Fed em relação às baixas taxas de juros e às compras de ativos em grande escala obscureceu a linha entre as políticas monetária e fiscal, incentivando níveis insustentáveis de gastos do governo. Essa visão poderia colocá-lo em desacordo com uma Casa Branca ansiosa por estimular um crescimento mais rápido e uma política monetária mais frouxa para impulsionar a economia.
Ainda assim, alguns observadores do Fed veem Warsh como uma opção mais plausível em comparação com algumas das pessoas que Trump considerou para o Banco Central durante seu primeiro mandato. A comentarista econômica Judy Shelton e o falecido Herman Cain — ex-candidato presidencial do Partido Republicano e executivo de restaurante — não conseguiram entrar na diretoria do Fed quando ficou claro que um número significativo de senadores republicanos não os apoiaria. Cain nem chegou a ser indicado.
Outros que devem estar no páreo são Kevin Hassett, que dirige o Conselho Econômico Nacional da Casa Branca, e Bessent, ex-executivo de um fundo de hedge. O governador do Fed, Christopher Waller, também é visto pelos observadores do Fed como uma possível escolha.
Warsh está fora do governo há quase 15 anos, segundo alguns críticos, o que poderia colocá-lo em desvantagem em relação a outras autoridades que disputam a sucessão de Powell. Neil Dutta, da Renaissance Macro Research, observou que Powell e seus antecessores imediatos, Janet L. Yellen e Ben S. Bernanke, foram promovidos ao cargo mais alto a partir de funções sênior no Banco Central.
“Há muito tempo, ele não está nem perto de tomar decisões sobre questões de política monetária. Tudo o que ele faz é criticar as decisões depois que elas são tomadas”, disse Dutta.
O porta-voz da Casa Branca, Kush Desai, disse que qualquer discussão sobre possíveis decisões de nomeação e pessoal que não tenham sido anunciadas oficialmente pela Casa Branca é “pura especulação”.
Trump disse que não pretende demitir Powell, apesar de criticar repetidamente o líder do Fed por não ter reduzido as taxas de juros para amenizar os efeitos de suas políticas comerciais perturbadoras. Ainda assim, não está claro quando Trump poderá de fato substituir Powell. Seu mandato como presidente vai até maio de 2026, mas ele pode permanecer no conselho do Fed como governador até janeiro de 2028. Powell não disse se deixará o cargo imediatamente após o término de seu mandato como presidente. A primeira chance que Trump tem de nomear um novo governador do Fed pode não acontecer até janeiro, quando termina o mandato de Adriana Kugler.
Warsh iniciou sua carreira em 1995 no Morgan Stanley, onde trabalhou como banqueiro de fusões e aquisições. Ele entrou para o governo de George W. Bush em 2002 como consultor econômico e, quatro anos depois, foi nomeado para o Fed. Lá, atuou como contato entre o Banco Central e Wall Street durante a crise financeira de 2008, antes de deixar o cargo em 2011.
Em um discurso na semana passada à margem das reuniões de primavera do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial em Washington, Warsh criticou o Fed por “erros sistemáticos” que permitiram o aumento da inflação após a pandemia. A incapacidade do Fed de controlar a inflação, juntamente com o que ele descreveu como seus esforços para atender a questões políticas como a mudança climática, contribuiu para os desafios à sua independência do presidente.
“As feridas atuais do Fed são, em grande parte, autoinfligidas”, disse Warsh em um evento organizado pelo Group of Thirty, um órgão global independente que inclui líderes econômicos e formuladores de políticas proeminentes. Ele caracterizou sua palestra como uma “carta de amor” ao Fed, mas disse que suas autoridades deveriam ser submetidas a “questionamentos sérios, forte supervisão e, quando errarem, opróbrio (vergonha)”.
Warsh disse que o Fed deveria restringir seu foco, mas poderia ter sido mais franco sobre os riscos dos grandes déficits federais, que ele culpou o Banco Central por ajudar a facilitar por meio do crescimento de seu balanço patrimonial desde a crise financeira de 2008.
Ele disse que apoiava o estímulo inicial de compra de títulos do Fed — que ajudou a tirar a economia de uma queda acentuada provocada pela crise — mas não concordou que o Fed continuasse com esses esforços nos anos após a crise.
Segundo Warsh, o Congresso achou consideravelmente mais fácil se apropriar de dinheiro sabendo que os custos de financiamento do governo eram efetivamente subsidiados pelo banco central. Outros observadores do Fed dizem que a recuperação econômica sem brilho, com desemprego elevado e inflação abaixo da meta, exigiu uma política monetária mais frouxa por mais tempo.
Warsh é casado com a herdeira da Estée Lauder, Jane Lauder. Desde que deixou o Fed, ele foi professor da Stanford Graduate School of Business, acadêmico da conservadora Hoover Institution e sócio do investidor Stanley Druckenmiller.
Os laços de Warsh com os círculos republicanos são extensos. Seu sogro, o bilionário herdeiro de cosméticos Ronald Lauder, também é um aliado de Trump, que apresentou pela primeira vez a ideia de os Estados Unidos comprarem a Groenlândia durante o primeiro mandato.
O Estado de S.Paulo - SP 05/05/2025
A guerra tarifária vai fazer a economia mundial crescer menos, e para alguns países, como a China, esse impacto pode ser desinflacionário. No caso do Brasil, pode ajudar o Banco Central (BC) na “tarefa difícil” de controlar a inflação, segundo o economista-chefe do Itaú Unibanco, Mario Mesquita. O banco espera alta de 5,5% nos preços neste ano, bem acima da meta de 3,0%, com tolerância de 1,5 ponto porcentual para cima ou para baixo.
“O Brasil pode aproveitar esse momento para conseguir alguma desinflação oportunista”, afirma Mesquita, em entrevista ao Estadão/Broadcast, às margens das reuniões de Primavera do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, que aconteceram em Washington, nos Estados Unidos.
Isso não exime o BC de continuar usando a política monetária para controlar a inflação, fora a questão fiscal, alerta. “Se queremos juros menores, precisamos ter outra política fiscal”, diz Mesquita, que foi diretor de Política Econômica do BC e atuou no FMI. Para o economista, é difícil o Brasil avançar em uma agenda de consolidação fiscal sem voltar para o teto de gastos.
Abaixo, os principais trechos da entrevista:
Qual a visão dos investidores estrangeiros sobre os efeitos da guerra tarifária para o Brasil?
O que eu escutei de muitos investidores é a dúvida se o Brasil vai se beneficiar e atrair mais capital por ser um país que tem uma economia resiliente a esse tipo de choque. Se tivermos uma desaceleração nos Estados Unidos que alimente a saída de ativos americanos, como temos observado nas últimas semanas, a moeda brasileira poderia se apreciar e o Brasil ter um impacto positivo. Um cenário mais negativo provocaria o chamado “risk-off” — ou seja, a fuga de ativos de risco. Então, nesse cenário, é difícil ver o Brasil, o real especificamente, se beneficiando.
E do ponto de vista do comércio?
Do ponto de vista estritamente do comércio exterior já estamos começando a ver o aumento da demanda chinesa por produtos agropecuários brasileiros. Isso pode ter um impacto positivo sobre a balança comercial e elevar as nossas exportações em algo como US$ 8 bilhões e US$ 10 bilhões em 12 meses. Mas teria também um impacto potencial negativo na inflação de 0,3 ponto porcentual.
Como em 2018?
Em 2018, na primeira guerra comercial, o Brasil ganhou muito market share na China que os Estados Unidos perderam. O aumento da demanda chinesa foi tal que houve um descolamento importante do preço da soja no Brasil para o preço da soja nos EUA. E o preço da soja é superimportante para toda a cadeia de produção de alimentos. Então, tem esse lado positivo do ponto de vista comercial, mas pode ter um lado não tão positivo do ponto de vista da inflação.
Há também temores de uma enxurrada de produtos chineses entrando no Brasil...
A China tem uma produção industrial muito grande, e vai tentar escoar isso onde conseguir. O noticiário mais recente é mais benigno e indica uma mudança, pelo menos na retórica americana, na direção de buscar acordo, inclusive com a China. O grande produtor do mundo é a China e o grande consumidor são os EUA. É difícil ter uma ruptura permanente, e mesmo que a economia mundial consiga se adaptar a um afastamento dos dois, a transição implica o risco de uma desaceleração mais intensa.
O temor de recessão tem dominado as reuniões do FMI. O banco, assim como o fundo, não vê esse risco?
Não. Cortamos bastante a projeção de crescimento para os Estados Unidos, mais do que o FMI. De 2% para 1,2% neste ano, e de 2% para 1% em 2026. Não chega a ser uma recessão, mas é uma desaceleração grande. Para a economia mundial, passamos de 3,2% para 2,7% neste ano, e de 3,1% para 2,6% no ano que vem. O crescimento médio da economia global neste século é de 3,4%, então, já enxergávamos uma economia mundial que ia crescer abaixo da média antes do choque de incerteza, e agora mais ainda.
Mas manteve a expectativa de crescimento para o Brasil. Por quê?
Porque se não tivesse essa guerra tarifária, provavelmente, estaríamos elevando a projeção do PIB brasileiro por conta do novo (crédito) consignado. Estimamos um impacto de 0,6 ponto porcentual no crescimento do Brasil, algo como 0,2 pp neste ano e 0,4 pp no ano que vem. A desaceleração da economia brasileira tende a acontecer, mas os sinais ainda são incipientes.
Há riscos para o dólar?
O dólar pode se depreciar em relação a outras moedas. No fim do ano, todo mundo estava muito comprado nos EUA. Na medida em que você tem um choque de incerteza que, pelo menos em um primeiro momento, pode desacelerar a economia americana, isso quebra um pouco o cristal do excepcionalismo americano, e aí começa a ter uma saída de ativos americanos que levam à depreciação da moeda. Esse processo pode continuar.
E como moeda de reserva?
É muito mais difícil. Uma das muitas características da moeda de reserva é acesso a liquidez, que está nos mercados de capitais mais profundos. O maior deles é o americano, especificamente o dos Treasuries. Quando a União Europeia unificar o seu mercado de capitais e passar a emitir dívida comum em escala, é possível que o euro ganhe atratividade.
O tarifaço pode ser deflacionário?
A economia mundial vai seguir crescendo abaixo da sua tendência, e isso pode ter um viés desinflacionário para alguns países, notadamente a China. O impacto nas economias emergentes, no Brasil especificamente, vai depender muito do comportamento dos preços das commodities em reais. Se caírem, podemos ver um impacto positivo do ponto de vista do controle da inflação. Se não, não teremos esse impacto.
É isso que vai ditar se o Brasil surfa nessa onda de desinflação?
Historicamente, tivemos esse impacto em dois momentos. O primeiro, talvez o mais intenso, foi quando houve o choque do Lehman Brothers. O Brasil tinha uma economia que vinha superaquecida com a inflação acelerando e subindo os juros, e o choque permitiu ao Banco Central não só parar de subir, como cortar o juro agressivamente. Outro choque de intensidade grande foi o da covid-19. Em um primeiro momento, foi muito desinflacionário. Não parece que estamos lidando até aqui com choques dessa magnitude.
Qual pode ser o impacto na inflação?
O impacto na inflação também é menos claro, é incerto. Caso se materialize, ajudaria na tarefa difícil do Banco Central de trazer a inflação para a meta, dada a distância que temos hoje. Mas não exime o BC de continuar usando o seu instrumento de política monetária. Se o mundo está ajudando, o BC pode acelerar a convergência da inflação para a meta. É importante, porque a inflação tem ficado acima da meta há muito tempo. O Brasil pode aproveitar esse momento para conseguir alguma desinflação oportunista. É uma situação ideal para o Banco Central, caso o mundo favoreça, tentar avançar mais rápido na desinflação.
O BC está sinalizando isso?
O BC está olhando o cenário como todo mundo, com muita cautela. O próprio FMI traçou um cenário de referência e dois alternativos. Os Bancos Centrais em geral devem estar com essa mesma dificuldade de modelar. É uma incerteza grande.
O mundo pode ficar leniente de novo por conta do tarifaço do Trump?
Alguns países, sim, outros terão de perseverar no ajuste fiscal. Em uma economia emergente, com dívida e carga tributária elevadas, caso do Brasil, parece que o espaço fiscal para se contrapor à desaceleração mundial é muito limitado, se é que existe. A dívida bruta do Brasil deve terminar o ano próximo a 80% do PIB. A média dos países que estão em um nível inferior ao do grau de investimento é 50% do PIB. Quando o Brasil teve grau de investimento, em 2008, era 56% do PIB. Então, o Brasil tem uma situação fiscal muito difícil. Não dá para pensar em usar o fiscal para combater a desaceleração.
Como sai disso?
Acho difícil o Brasil avançar em uma agenda de consolidação fiscal sem voltar para o teto de gastos. O único período na experiência econômica brasileira recente, em que se conseguiu controlar a inflação com juros baixos, foi durante a vigência do teto de gastos. Não vale a pena ignorar a história.
O governo culpa os juros altos pelo aumento da dívida...
Os fatores que pressionam o crescimento das despesas no Brasil resultam de decisões de políticas econômicas. Às vezes, as pessoas colocam as inviabilidades políticas como se fosse um fato da natureza, algo imutável, uma lei da física. Não é. São decisões de política econômica que terão de ser repensadas para o Brasil poder controlar a despesa e ser uma economia normal, que não precisa de taxas de juros tão altas para controlar a inflação. Se queremos juros menores, precisamos ter outra política fiscal.
A inflação deve pesar nas urnas em 2026 como aconteceu nos EUA?
O fato de a inflação pesar torna muito difícil e custoso politicamente qualquer mudança na meta de inflação. Os políticos sabem perfeitamente bem que, uma vez que a meta está estabelecida, mudá-la e ficar com a pecha de inflacionista é muito ruim. Às vezes, fico espantado com o debate no Brasil. Tem muita gente dizendo que o juro agora está muito alto por conta da meta de 3%. Não é a meta de inflação, é a política fiscal que faz a diferença.
O mercado gostou do desmonte cambial na Argentina. Como o Brasil pode se beneficiar?
Nós queremos que os nossos vizinhos sejam os mais prósperos possíveis para nos ajudar no nosso processo de desenvolvimento também. A Argentina que é estável e que volta a crescer ajuda a nossa economia, o nosso setor industrial. Vamos ver como é que eles manobram isso. Ainda está no começo do novo regime cambial. A Argentina tem eleições de meio de mandato esse ano. Dependendo do resultado, se a oposição, que tem uma visão totalmente diferente de política econômica, vai bem nas eleições, o mercado pode ficar nervoso.
Veja - SP 05/05/2025
Pequim está “avaliando” uma oferta dos Estados Unidos para iniciar negociações comerciais, afirmou o governo chinês nesta sexta-feira, 2, uma semana após o presidente americano, Donald Trump, afirmar que as tratativas já estavam em andamento. A China havia negado que houvesse qualquer conversa ocorrendo, e que o presidente do país, Xi Jinping, tivesse telefonado para Washington, como o republicano sugeriu.
“Os Estados Unidos tomaram recentemente a iniciativa, em diversas ocasiões, de transmitir informações à China por meio de partes relevantes, afirmando que esperam conversar com a China”, declarou o Ministério do Comércio chinês.
A pasta acrescentou que os americanos precisam demonstrar “sinceridade” nas discussões e que não deveria se envolver em “coerção e extorsão”. Pequim tem acusado os Estados Unidos de usar uma abordagem comercial baseada na intimidação. Os dois países entraram em rota de colisão desde que Trump abriu uma nova guerra comercial no início de abril, elevando em 145% as tarifas americanas sobre produtos chineses, enquanto a China retaliou com taxas de 125%.
EUA “enganam o público”
Na quinta-feira, comentaristas influentes na China disseram que o país estava pronto para iniciar negociações. Ren Yi, um blogueiro nacionalista que escreve sob o pseudônimo de Chairman Rabbit, escreveu que soube por fontes que Washington “contatou frequente e proativamente o lado chinês por meio de vários canais, na esperança de negociar com o governo chinês sobre questões econômicas e comerciais”.
A China negou as alegações feitas por autoridades americanas de que as negociações já estavam em andamento, ou de que era Pequim quem tomou a iniciativa. Quando Trump disse na semana passada que Xi havia ligado para ele, o Ministério das Relações Exteriores chinês acusou os Estados Unidos de “enganarem o público” sobre o status das tratativas.
“Se a China tivesse cedido e tomado a iniciativa de ceder aos Estados Unidos, então, naturalmente, os Estados Unidos não teriam tomado a iniciativa de contatar a China”, escreveu Ren.
Impactos
Nenhum dos lados quer ser visto como o primeiro a ceder. No entanto, ambos países já introduziram uma série de exceções às suas respectivas tarifas para amenizar o impacto da guerra comercial, que corre o risco de abalar a economia global.
O PIB americano teve queda de 0,3% nos primeiros meses do mandato de Trump, enquanto a atividade industrial chinesa já desacelerou em abril. O departamento de estatísticas culpou “mudanças bruscas no ambiente externo” pelo declínio. Enquanto isso, Xi pediu que as autoridades do país se adaptassem às mudanças no ambiente internacional, embora não tenha mencionado os Estados Unidos diretamente em discurso nesta semana.
Em outros lugares, a propaganda chinesa tem sido mais explícita. O Ministério das Relações Exteriores divulgou um vídeo no início da semana acusando Washington de praticar intimidação e afirmando que ceder a tal comportamento seria como “beber veneno”.
Scott Bessent, secretário do Tesouro dos Estados Unidos, afirmou nesta semana estar confiante de que a China quer chegar a um acordo com o governo Trump.
“Primeiro, precisamos reduzir a tensão e, com o tempo, começaremos a nos concentrar em um acordo comercial mais amplo”, disse ele.
O Estado de S.Paulo - SP 05/05/2025
“Você já ouviu falar do olho da furacão?”, pergunta um vídeo publicado em 29 de abril pelo Ministério das Relações Exteriores da China. O centro de um tornado ou ciclone pode ser aparentemente calmo. Mas, na verdade, é uma “armadilha mortal”. O mundo está preso em uma situação semelhante, argumenta o ministério, graças à “tempestade tarifária” que os Estados Unidos criaram.
Não se trata de uma analogia ruim. A economia mundial de fato entrou em uma calmaria. O perigo parece estar tanto atrás quanto à frente. Quando Donald Trump disse, em 9 de abril, que adiaria seu plano tarifário “recíproco”, os mercados financeiros pararam de uivar tão alto. Muitos dos assessores de Trump também se sentiram mais felizes.
Enquanto o plano original do presidente havia imposto tarifas desconcertantes sobre aliados próximos e ilhas distantes, o que permaneceu durante a pausa de 90 dias foi mais fácil de entender: uma taxa alta sobre o principal rival dos Estados Unidos, a China, e uma tarifa baixa para quase todos os outros.
A calma, entretanto, pode não durar. Enquanto os navios porta-contêineres atravessam o Pacífico vindos da China, os líderes americanos estão acordando para a armadilha que criaram para si. O status quo, incluindo uma tarifa de 145% sobre muitos produtos chineses, não é “sustentável”, disse Scott Bessent, secretário do Tesouro dos EUA, em 22 de abril.
Essa porcentagem “cairá substancialmente”, disse o próprio Trump pouco tempo depois. Os Estados Unidos já isentaram muitos produtos eletrônicos, inclusive smartphones, das taxas mais altas. Quando o Punchbowl, um veículo de notícias, informou que a Amazon exibiria o custo das tarifas com o preço de alguns produtos, os representantes do comércio dos Estados Unidos pareceram chocados com o próprio trabalho.
O secretário de imprensa da Casa Branca acusou a Amazon, que minimizou a proposta, de um “ato hostil e político”.
A inquietação deles reflete o fato de que essas tarifas insustentáveis também não foram planejadas. Quando Trump propôs uma taxa de 34% sobre a China em 2 de abril, ele não sabia que a China retrucaria e a igualaria. E quando a China retaliou, seus líderes não sabiam com certeza que os Estados Unidos seriam tão imprudentes em sua resposta.
Será que as coisas poderiam se acalmar com a mesma rapidez? As tarifas que mais prejudicam a economia dos Estados Unidos são as que os próprios Estados Unidos impuseram. O aumento no preço de muitas importações chinesas prejudicará os consumidores americanos, quer a Amazon destaque o custo ou não. Isso também pode prejudicar muitas empresas que dependem de componentes chineses.
Trump poderia conter esse dano reduzindo suas próprias tarifas unilateralmente para um nível mais suportável. Para isso, bastaria uma nova ordem executiva (ele já assinou mais de 140 desde janeiro). Mas ele quer evitar parecer fraco. Portanto, ele insistiu que esperará até que a China entre em contato primeiro. “O ônus recairá sobre eles para retirarem essas tarifas”, disse Bessent em 29 de abril.
Essa teimosia deu à China um poder incomum sobre o destino econômico imediato dos Estados Unidos. Se ela se aproximar de Trump, o pior poderá ser evitado. Se não o fizer, a tempestade voltará em breve. Todos os sinais sugerem que os líderes da China ainda não estão prontos para aliviar o suspense. Eles podem até estar gostando bastante.
O novo vídeo do Ministério das Relações Exteriores, por exemplo, argumenta que agressores como os Estados Unidos são “tigres de papel”. “O compromisso não lhe trará misericórdia”, diz o vídeo, ‘ajoelhar-se apenas convida a mais bullying‘. Um artigo publicado em 28 de abril pelo Beijing Daily, um jornal estatal, foi igualmente desafiador.
Ele fez questão de refutar a “visão equivocada” de que a China deveria reagir ao aparente abrandamento da determinação dos Estados Unidos desistindo enquanto estava à frente. Em vez disso, aconselhou os leitores a consultarem “On Protracted War” (Sobre a guerra prolongada), uma obra de Mao Tsé-Tung, que argumenta que a “vitória rápida” é muitas vezes uma “mera ilusão”.
Essa bravata pode não durar muito. A China já está em uma guerra prolongada contra a deflação e uma queda no mercado imobiliário. Agora os exportadores estão começando a se preocupar. Uma pesquisa mensal de fabricantes chineses divulgada em 30 de abril mostrou que os novos pedidos de exportação foram os mais fracos desde o final de 2022. Para enfrentar a guerra comercial, a China precisa que seus consumidores cautelosos comecem a gastar. Sobre esse assunto, Mao oferece pouca inspiração.
IstoÉ Dinheiro - SP 05/05/2025
A Vale realizou investimentos totais de US$ 1,2 bilhão no primeiro trimestre de 2025, valor inferior em US$ 221 milhões comparado ao mesmo período do ano anterior, porém alinhado à revisão estratégica do plano de investimento anual.
A empresa manteve o guidance de CAPEX para 2025 em US$ 5,9 bilhões, destacando também uma geração de fluxo de caixa livre recorrente de US$ 504 milhões, impactada principalmente por um Ebitda menor e aumento do capital de giro.
Durante o período, a mineradora registrou crescimento de 4% nas vendas na comparação anual, com preço médio realizado de US$ 90,8 por tonelada. As vendas de cobre e níquel também cresceram, com aumentos respectivos de 7% e 18%.
O EBITDA proforma da companhia foi de US$ 3,2 bilhões, 8% inferior ao mesmo trimestre de 2024, refletindo preços menores do minério de ferro e níquel, embora parcialmente compensados por maiores volumes vendidos e menores custos operacionais.
O CEO da Vale, Gustavo Pimenta, destacou que a empresa está no caminho certo para atingir suas metas anuais de custos, com destaque para a redução contínua do custo caixa (C1) de minério de ferro, atualmente em US$ 21/t, e forte redução nos custos gerais do cobre e níquel.
Pimenta ressaltou ainda o avanço das iniciativas estratégicas e operacionais, como soluções asset-light e parcerias estratégicas, reforçando a capacidade da Vale em entregar resultados consistentes mesmo diante da volatilidade do mercado.
Valor - SP 05/05/2025
Daniel Stieler relata visitas a investidores e diz que relação com governo é “responsável”
Stieler, presidente do conselho: harmonia com o comitê liderado pelo CEO Gustavo Pimenta — Foto: Leo Pinheiro/Valor
Desde o fim do ano passado, a Vale, uma das grandes mineradoras mundiais, assumiu uma série de compromissos financeiros em dois grandes acordos com o governo: a reparação definitiva da tragédia de Mariana (MG), ocorrida em 2015, e a renovação antecipada de concessões ferroviárias da companhia. Só no caso de Mariana, o acordo envolve o pagamento de R$ 132 bilhões em 20 anos a serem arcados pela mineradora em parceria com a sócia BHP e com a controlada Samarco. A essas obrigações se somam outras, como o desembolso de dividendos aos acionistas e os investimentos que a companhia tem que fazer na operação no dia a dia.
Esse conjunto de obrigações, maior do que se esperava quando a empresa começou a negociar Mariana com o governo, levantou dúvidas em agentes do setor sobre possíveis efeitos na dívida em um contexto de incertezas para o minério de ferro, o principal produto da companhia, cenário esse agravado pela guerra tarifária aberta em abril pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O “tarifaço” pode provocar desaceleração econômica global e queda na demanda por commodities, caso do minério de ferro, o que até o momento não aconteceu.
“Não vamos estrangular a companhia, a geração de caixa, com essas obrigações”, diz o presidente do conselho de administração da Vale, Daniel Stieler, reconduzido em assembleia de acionistas da empresa, na quarta-feira (30). Ele reforça, assim, mensagem de otimismo responsável, algo que o comitê executivo, capitaneado pelo presidente da empresa, Gustavo Pimenta, também tem se encarregado de fazer.
O que a Vale fez ao fechar os acordos, diz Stieler, foi resolver problemas que eram motivo de preocupação interna e do mercado. Até sacramentar o acordo de Mariana, homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), havia dúvidas sobre qual seria o tamanho da conta. Ela veio maior do que se falava no começo das tratativas, mas ainda assim compatível com o cenário base de geração de caixa projetado pela companhia. “Não assumiríamos compromissos se não tivéssemos segurança de que a geração de caixa iria suportar.”
No cálculo também entram os dividendos, segundo o estabelecido na política de remuneração aos acionistas. A Vale considera o pagamento mínimo de 30% do lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) menos o investimento corrente. No ano passado, a empresa teve um Ebitda de US$ 14,8 bilhões (R$ 90 bilhões) e investiu US$ 6 bilhões (R$ 36,6 bilhões), distribuindo R$ 26,9 bilhões referente ao exercício fiscal em duas parcelas (setembro de 2024 e março de 2025).
No primeiro trimestre de 2025, a Vale terminou o período com dívida líquida expandida, conceito que inclui os compromissos com Mariana e com outra tragédia, a de Brumadinho, de US$ 18,2 bilhões, alta de 11% em relação há um ano. O aumento foi motivado pelo pagamento de dividendos e juros sobre capital próprio. A vantagem da Vale é que a empresa é forte geradora de caixa e tem mantido compromisso com as finanças, o que no jargão corporativo é chamado de “disciplina de capital”.
É esse lado positivo que Stieler prefere destacar, sem esquecer dos desafios que a Vale tem, os quais são, nas palavras dele, “enormes”. O chairman diz que trabalha em sintonia com o CEO, Pimenta. “O conselho é sempre orientado pelo comitê executivo”, diz Stieler, e acrescenta: “não queremos ser um conselho protocolar, mas um conselho que ajude a administração a encontrar alternativas.” Ele separa a alta administração nesses dois colegiados: o comitê executivo, no qual estão Pimenta e sete vice-presidentes, e o conselho de administração, formado por 13 pessoas.
“Tentamos criar um clima de harmonia entre esses dois colegiados”, diz Stieler. A busca por um maior equilíbrio nas relações - dentro da Vale e dela para com públicos de interesse - vem depois de um período, em 2024, em que a empresa enfrentou uma sucessão de CEO conturbada, com tentativas de ingerência do governo em uma companhia que, desde 1997, é privada e que, em 2020, tornou-se “corporation”, sem controle acionário definido.
Essas duas instâncias (conselho e comitê) passaram por mudanças desde que Pimenta, antes vice-presidente financeiro da Vale, tomou posse, em 1º de outubro do ano passado. A alteração mais recente passa pelo advogado Sami Arap, que assume, em 2 de junho, como vice-presidente executivo jurídico no lugar de Alexandre D’Ambrosio, cuja saída era especulada.
No conselho de administração, que vai ditar os rumos estratégicos da companhia no período 2025-2027, também houve mudanças. A eleição para o colegiado, na quarta-feira (30), ocorreu sem sobressaltos. Foram eleitos 12 indicados pela empresa e os acionistas também referendaram um representante dos empregados.
Houve três mudanças na formação. Entraram o holandês Wilfred Theodoor Bruijn, o americano Franklin Lee Feder e a brasileira Anelise Lara. O trio entra nas vagas de Paulo Hartung, do australiano Douglas Upton e de Luis Henrique Guimarães, que pediram para sair. Dos 13 integrantes do colegiado, oito são independentes e quatro ligados a acionistas de referência: Previ (dois), Mitsui e Bradespar. Há três mulheres e quatro estrangeiros no conselho.
O colegiado eleito representa uma continuidade daquele cujo mandato terminou esta semana. “O grande desafio de um conselho de administração é a formação de um comitê executivo de alta performance”, diz Stieler, uma vez que são esses executivos que vão executar a estratégia definida pelos conselheiros.
Stieler diz que, até 2030, a estratégia da Vale se apoia em um tripé que considera ter um portfólio de produtos superiores, parcerias confiáveis com os clientes, as siderúrgicas que compram o minério de ferro, e seguir sendo uma empresa orientada para resultado. Na carteira, a Vale tem produtos de alto teor de ferro e aposta em implantar “mega hubs”, que são complexos industriais para produção de aglomerados, como os briquetes, que ajudam a siderurgia a reduzir emissões de gases.
“O conselho olha estabilidade de produção, segurança e disciplina de capital”, prossegue Stieler. Na produção, há expectativa de que o governo edite decreto tratando de mineração em áreas onde há cavidades (cavernas), o que, segundo Stieler, uma vez aprovado, vai ajudar a reduzir custos. A estabilidade de produção também se aplica à Vale Base Metals (VBM), separada da empresa-mãe, com ativos no Canadá e Brasil, e na qual há anos a Vale tem dificuldades de garantir melhores resultados.
Stieler diz que, desde outubro, quando Pimenta assumiu, a empresa fez visitas a 50 ou 60 acionistas nos Estados Unidos e na Europa, Ásia e Brasil, sobretudo para ouvi-los. E qual é a preocupação dos estrangeiros, mais da metade da base acionária da empresa, sobre as tentativas de ingerência do governo na Vale? “Esse investidor [o estrangeiro] está mais longe e por vezes a informação chega a ele de forma ruidosa. Mas temos dado direito a um processo de escuta, que é muito importante”, diz Stieler. No Brasil, Pimenta tem melhorado o diálogo com o governo, antes conturbado. “Estreitamos a relação, mas é uma relação responsável”, diz Stieler.
Diário do Comércio - MG 05/05/2025
O setor de máquinas e equipamentos em Minas Gerais deve sofrer menos que o mercado nacional com o tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump. O fato de a indústria mineira de maquinário ter suas vendas quase que exclusivamente voltadas para a mineração pode garantir uma “blindagem” em meio à guerra comercial.
O mercado da indústria extrativa é o segmento de máquinas para infraestrutura e indústria de base, que tem crescido 25,5% ao longo do ano, disse a diretora de Competitividade, Economia e Estatística da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Cristina Zanella.
“Minas Gerais é um mercado exclusivo, o mesmo que acontece com o setor de máquinas agrícolas, que predomina menos nessa parte do mercado que está sofrendo as tarifas, com potencial de ter menos impacto. Agora, se pegar as máquinas, por exemplo, para construção civil, o grosso da nossa exportação é para os Estados Unidos, então elas tendem a ser mais impactadas”, explica.
A Abimaq mantém a expectativa de crescimento de 3,7% na receita total de vendas do setor no País, após três anos consecutivos de queda. A entidade observa no ano uma continuidade de recuperação do setor, enquanto analisa revisar expectativas frente ao tarifaço, revela Cristina Zanella, sobretudo por conta de uma possível “invasão” de produtos importados, sobretaxados no mercado americano.
“Esse problema do tarifaço do governo Trump pode ser um fator negativo para a indústria de máquinas e equipamentos por conta das máquinas da China que podem migrar para outros países. Por enquanto a gente mantém essa perspectiva. Vamos ver como as coisas se enrolam e se vai ser necessário fazer uma revisão ou não”, disse.
A receita líquida total do setor de máquinas e equipamentos do País cresceu 15,2% no primeiro trimestre do ano, em comparação com o mesmo período do ano anterior, e somou R$ 67,5 bilhões. O resultado foi impulsionado pelo avanço do mercado doméstico, com receita líquida interna da ordem de R$ 51,6 bilhões, 18% superior ao registrado no primeiro trimestre de 2024. Os dados são da Abimaq.
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Exclusivamente no mês de março, a receita líquida total do setor nacional cresceu 13,1% em comparação com o mesmo mês do ano anterior, e chegou a R$ 23,9 bilhões. Comparado a fevereiro, porém, houve uma queda de 4,9% – dado com os ajustes sazonais. A receita líquida interna em março foi da ordem de R$ 18 bilhões e ficou estável frente ao registrado em fevereiro.
O consumo aparente alcançou R$ 33,9 bilhões no mês de março, aumento de 16,8% na comparação ano a ano e queda de 8,4% – dado com ajustes sazonais – em relação a fevereiro. No trimestre, o consumo aparente cresceu 23,5% no País e alcançou R$ 99,9 bilhões.
O nível de ocupação da capacidade instalada do setor se expandiu nos últimos meses, enquanto o número de empregados em março deste ano aumentou 6% em relação a março de 2024, e chegou a 411 mil trabalhadores. Foi a oitava alta consecutiva na comparação ano a ano. Comparado a fevereiro, o avanço foi de 1,1%.
Exportações de máquinas e equipamentos para América do Norte caem
O levantamento da Abimaq mostra que, entre janeiro e março, as importações de máquinas e equipamentos aumentaram 12,9 % na comparação anual e atingiram US$ 30,6 bilhões, o maior volume já registrado em um primeiro trimestre. A China se consolidou como principal fornecedora do País, responsável por 34% das máquinas importadas no período.
Já as exportações do setor sofreram uma retração significativa, com queda de 5,8% em relação ao primeiro trimestre de 2024 e somaram US$ 1 bilhão. Um dos fatores determinantes foi a redução em torno de 30% dos embarques para Estados Unidos, México e Canadá.
Os números do primeiro trimestre causaram “espanto”, afirma Cristina Zanella, principalmente com os mercados mais relacionados à economia norte americana. Como os três países da América do Norte tem um tratado de livre-comércio, o USMCA, substituto do Nafta, as máquinas canadenses e mexicanas não sofreram aumento tarifário nos EUA, o que as deixou mais competitivas no mercado americano em relação ao maquinário brasileiro.
CNN Brasil - SP 05/05/2025
O comprador norte-americano médio de automóveis não pensa na origem das peças que fazem o seu veículo, mas as montadoras pensam nisso.
É por isso que uma nova rodada de tarifas automotivas — desta vez sobre peças — entrará em vigor neste sábado (3) e poderá mudar o setor de montadoras nos Estados Unidos, ainda mais do que as taxas anteriores sobre carros importados.
Desde àss 01h01 (horário de Brasília) deste sábado, a maior parte das importações de autopeças aos EUA estará sujeita a um imposto de importação de 25%.
As tarifas automotivas anteriores não afetaram os carros fabricados nos EUA. Isso mudou. Nenhum dos 10 milhões de carros produzidos pelas fábricas dos EUA no ano passado foi fabricado sem pelo menos algumas peças importadas. As tarifas sobre peças podem agora significar dezenas de bilhões de dólares em novos custos para o setor e, eventualmente, para os compradores e proprietários de carros americanos.
“Francamente, do meu ponto de vista, as tarifas sobre peças parecem piores para a economia em geral do que as tarifas sobre veículos importados”, disse Jonathan Smoke, economista-chefe da Cox Automotive, em um webinar da Automotive Press Association na semana passada.
Mais de 50% do conteúdo dos carros montados nas fábricas de automóveis norte-americanas é importado, de acordo com estimativas do próprio governo. Mas as tarifas não se aplicarão igualmente a todas essas importações.
Por exemplo, as peças de fornecedores canadenses ou mexicanos que pagam aos seus trabalhadores US$ 16 ou mais por hora são consideradas “compatíveis” com o Acordo EUA-México-Canadá, um acordo comercial negociado durante o primeiro governo Trump. Isso significa que a maioria das peças canadenses está isenta de tarifas, ao contrário de relativamente poucas peças mexicanas.
E, desde a semana passada, as montadoras que fabricam carros nos Estados Unidos podem compensar parte da tarifa das peças, pelo menos temporariamente. A Casa Branca disse que reembolsaria as montadoras em até 3,75% do preço do veículo em relação às tarifas de peças no primeiro ano, caindo para 2,5% no segundo ano antes de serem eliminadas gradualmente no terceiro ano.
Mas, mesmo com esse reembolso, o custo adicional das tarifas ainda pode chegar a uma média de cerca de US$ 4.000 por veículo, de acordo com estimativas derivadas de uma análise da CNN de dados comerciais do governo.
Os compradores de automóveis podem demorar um pouco para perceberem os aumentos de preços. A CEO da General Motors, Mary Barra, disse à CNN na quinta-feira (1) que as tarifas custarão à sua empresa entre US$ 4 bilhões e US$ 5 bilhões este ano, mas ela não espera que os preços dos carros mudem no curto prazo.
O CEO da Ford, Jim Farley, disse à CNN na quarta-feira (30) que estenderia sua oferta de “preços para funcionários” até 4 de julho.
Mas os americanos comuns ainda verão preços mais altos em outros lugares, como nas oficinas mecânicas.
“As tarifas sobre peças levarão a uma inflação mais alta em reparos, manutenção e seguro, o que afeta todos os americanos e não apenas as pessoas que estão pensando em comprar um novo veículo importado”, disse Smoke.
Não existe carro totalmente americano
A recente mudança nas regras de tarifas de peças significa que qualquer carro montado nos Estados Unidos com 85% de peças em conformidade com o USMCA (Tratado Norte-Americano de Livre Comércio, em tradução livre) estaria essencialmente livre de tarifas.
O problema é que praticamente nenhum veículo atende a esse limite de 85%, de acordo com a análise de Frank DuBois, professor aposentado da Kogod School of Business da American University.
Isso ocorre porque as montadoras vêm operando há décadas como se a América do Norte fosse um mercado único, movendo peças repetidamente através das fronteiras dos EUA com o Canadá e o México com poucas ou nenhumas tarifas.
Julgar qual conteúdo é de fato nacional também pode ser difícil, disse DuBois, chegando a pontos tão pequenos como a origem do óleo e do anticongelante.
Além dos US$ 19,2 bilhões em componentes canadenses importados, a maioria das outras peças importadas não será isenta.
Por exemplo, o México enviou US$ 82,5 bilhões em peças para os Estados Unidos no ano passado, de longe a maior fonte de peças importadas. Mas poucas delas são consideradas compatíveis com o USMCA; portanto, a maioria terá a tarifa anexada.
Se as tarifas atuais para autopeças (e taxas adicionais para produtos chineses em geral) estivessem vigentes no ano passado, o preço total teria sido de cerca de US$ 60 bilhões. Mesmo com as regras de reembolso anunciadas na semana passada, esse valor só teria caído para US$ 40 bilhões.
O reembolso de peças, disse Smoke, trata-se apenas de “pegar uma situação ruim e torná-la um pouco menos pior”.
O Estado de S.Paulo - SP 05/05/2025
Nos Estados Unidos, o crédito tributário federal, um incentivo de US$ 7.500 (aproximadamente R$ 39 mil) para veículos elétricos, já convence o público a pensar em um carro elétrico. Mas programas estaduais, como o de Nova York, tornam a compra ainda mais vantajosa. Recentemente, o estado adicionou cerca de US$ 30 milhões (R$ 156 milhões) ao programa Drive Clean Rebate, que oferece descontos diretos na compra de mais de 60 modelos de veículos elétricos e híbridos plug-in.
Apesar de obstáculos no âmbito federal, Nova York segue comprometida com a transição para veículos limpos. O programa estadual concede até US$ 2.000 (R$ 10.400) de desconto, dependendo da autonomia e do valor do veículo. Modelos com alcance de 320 km ou mais recebem o valor máximo; os de menor autonomia recebem entre US$ 500 a US$ 1.000 (R$ 2.600 a R$ 5.200).
Veículos com preço acima de US$ 42 mil (R$ 218.400) têm direito a no máximo US$ 500 (R$ 2.600). O desconto é aplicado no ato da compra ou leasing em concessionárias participantes.
Combinando os incentivos federal e estadual, é possível economizar até US$ 9.500 (R$ 49.400) na aquisição de um carro elétrico em Nova York. Segundo Doreen M. Harris, presidente da NYSERDA, a adoção de veículos elétricos reduz os custos de propriedade e ajuda o estado a cumprir suas metas ambientais.
Dois terços da frota municipal de Nova York usam combustíveis alternativos
A cidade de Nova York está na vanguarda dessa mudança: dois terços da frota municipal já utilizam combustíveis alternativos, e há metas para eletrificar toda a frota de ônibus escolares até 2035. Também estão previstos 40.000 carregadores de nível 2 e 6 mil de carga rápida até 2030.
Além disso, a NYSERDA oferece incentivos para instalação de carregadores: até US$ 3 mil (R$ 15.600) por ponto, ou US$ 4 mil (R$ 20.800) se instalados em comunidades carentes. Contudo, com mais de 17 mil carregadores públicos, Nova York fica atrás apenas da Califórnia, que lidera com mais de 84 mil.
Seja como for, a transição para veículos elétricos é inevitável, e estados americanos como Nova York e Califórnia estão tomando a dianteira com políticas e infraestrutura de apoio, mesmo diante da resistência federal.
CNN Brasil - SP 05/05/2025
O primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, expressou no sábado sua profunda decepção com a nova tarifa americana de 25% sobre peças automotivas que entrou em vigor no início do dia.
Ishiba disse a repórteres que o Japão continuará a pressionar o governo do presidente dos EUA, Donald Trump, para reconsiderar suas medidas tarifárias.
No sábado, o governo dos EUA impôs uma nova tarifa de 25% sobre componentes automotivos importados, incluindo motores e transmissões, em mais um golpe para a principal indústria automobilística do Japão, que já foi punida com a mesma tarifa sobre automóveis que entrou em vigor no início de abril.
Ishiba também disse que o Japão está negociando com os Estados Unidos sobre “todas” as tarifas americanas, após relatos de que o lado americano não está disposto a oferecer isenções em impostos sobre produtos como automóveis e aço.
O governo dos EUA disse ao Japão em sua segunda rodada de negociações, realizada em Washington na quinta-feira, que pretende se concentrar principalmente em tarifas recíprocas em suas negociações com Tóquio, sem incluir impostos sobre automóveis, aço e alumínio, informou a Kyodo News, citando fontes do governo japonês.
O Japão não tem intenção de fechar um acordo comercial com o governo dos EUA a menos que todas as suas novas tarifas sejam revistas, disse o principal negociador Ryosei Akazawa no sábado, após retornar ao Japão das negociações de nível ministerial em Washington.
“Pressionamos os Estados Unidos para reconsiderar a série de tarifas e não podemos chegar a um acordo se isso não for devidamente abordado em um pacote”, disse Akazawa, ministro da revitalização econômica do Japão, a repórteres.
De acordo com uma reportagem da Reuters, o Ministro das Finanças Kato Katsunobu declarou na sexta-feira que as participações do Japão em mais de um trilhão de títulos do Tesouro dos EUA são uma das ferramentas que o Japão pode usar em negociações comerciais com os EUA. Ele enfatizou que o Japão detém dívida dos EUA não para apoiar os EUA, mas principalmente para garantir liquidez suficiente para conduzir uma intervenção no iene quando necessário.
A Reuters observou que esta declaração contrasta fortemente com as observações feitas por Kato no mês passado, quando ele descartou a possibilidade de usar as participações do Japão em títulos do Tesouro dos EUA como moeda de troca em negociações comerciais.
Valor - SP 05/05/2025
Uma fábrica da General Motors (GM) no Canadá que produz picapes principalmente para exportação aos Estados Unidos vai reduzir de três para dois turnos devido à guerra comercial.
A montadora informou que está reorientando a fábrica em Oshawa, Ontário, para produzir mais picapes para o mercado canadense. A fábrica é a única da GM no país que ainda produz veículo para os consumidores. Outra fábrica da GM em Ontário produz vans comerciais elétricas, mas deverá ficar inativa por meses.
A fábrica de Oshawa fabrica picapes Chevrolet Silverado. A GM informou recentemente que está criando 250 novos empregos para impulsionar a produção em Fort Wayne, Indiana, onde a empresa também faz a Silverado.
O presidente dos EUA, Donald Trump, implementou tarifas de 25% sobre automóveis fabricados no exterior no início de abril, embora o governo tenha feito algumas mudanças para amenizar o impacto sobre as montadoras. Na quinta-feira, a General Motors (GM) reduziu sua previsão de lucro para o ano completo devido à exposição de até US$ 5 bilhões a tarifas automotivas, um dos maiores prejuízos financeiros já registrados por qualquer empresa até o momento na guerra comercial.
Aos trabalhadores de Oshawa, o primeiro-ministro canadense, Mark Carney, manifestou 'profunda solidariedade', enfatizando que a receita das tarifas recíprocas do país seria destinada a ajudar aqueles que forem afetados.
O Canadá está permitindo que as montadoras continuem importando um determinado número de carros e caminhões montados nos EUA, sem tarifas, desde que continuem fabricando veículos no país. Essas empresas devem "atuar em verdadeira parceria na manutenção de empregos e investimentos no Canadá", disse Carney. "Caso contrário, haverá consequências para essas empresas."
O sindicato que representa 3 mil trabalhadores da fábrica da GM criticou o corte de turnos. A presidente nacional do Unifor, Lana Payne, classificou a decisão como "imprudente" e disse que atingirá toda a rede de fornecedores de autopeças.
"A GM precisa reverter essa decisão antes que mais danos sejam causados", disse em comunicado. O sindicato estima que aproximadamente 700 empregos podem ser afetados se a GM prosseguir com seu plano.
O Estado de S.Paulo - SP 05/05/2025
Do Vale do Anhangabaú em direção ao início da Avenida São João, tem-se uma das vistas mais icônicas de São Paulo. A configuração desse cartão-postal é basicamente formada pelo Edifício Altino Arantes (atual Farol Santander), ladeado do Edifício Martinelli, à direita, e do Edifício do Banco do Brasil, à esquerda. Todos arranha-céus de outrora, de uma metrópole que despontava e cujo coração financeiro estava junto à colina histórica.
Também chamado de Edifício São João, o prédio do Banco do Brasil é o menos conhecido dessa trinca. Embora seja um dos edifícios mais altos do centro até hoje, não é tão famoso quanto seus vizinhos ilustres, mesmo que tenha aparecido até em anúncios de jornais no seu auge, quando era referência de modernização do setor bancário.
Desde janeiro, o imóvel passa por um processo de recuperação de suas características originais, em restauro. Esse momento ocorre após grande parte das suas atribuições migrarem para a nova sede da instituição, na Avenida Paulista, em 2021. Quase setenta anos atrás, havia passado por situação inversa: substituindo o antigo endereço da Rua Álvares Penteado (atual Centro Cultural Banco do Brasil).
Mesmo com a obra, o edifício segue com o funcionamento como agência bancária e atividades de áreas estratégicas, táticas e operacionais. O restauro deve durar um ano e meio, a fim de resgatar parte das características originais e corrigir problemas nas fachadas.
“O Edifício São João, um símbolo no centro histórico de São Paulo, está em uma localização estratégica para o BB, considerando não só o endereço, como a facilidade de acesso e infraestrutura do imóvel”, destacou o banco em nota ao Estadão. Não há, contudo, previsão de abertura para visitação, como há no Martinelli e Farol.
A reportagem visitou a obra e conta algumas das peculiaridades desse edifício muito fotografado, mas, por vezes, como coadjuvante em meio a um centro cheio de ícones arquitetônicos. Após a visualização do vídeo a seguir, há mais informações sobre o restauro e a trajetória do prédio. Confira:
Inspiração americana e ‘joia’ desconhecida
O prédio é tombado como patrimônio cultural da cidade, em conjunto com outros diversos imóveis vizinhos ao Vale do Anhangabaú. Com projeto do engenheiro Caio Pedro Moacyr, foi inaugurado após 10 anos de obra, na década de 1950, com recursos avançados para o setor bancário da época, como as esteiras transportadoras de documentos.
Por anos, o São João esteve entre os mais altos edifícios de São Paulo e do País. Até hoje, é um dos maiores do centro, o que fica mais ressaltado com a sua localização em uma parte elevada da região.
O edifício chega perto de 150 metros de altura. A medida oficial é distinta, contudo, pois é calculada da Rua São Bento, enquanto os demais acessos são considerados como “subsolos”.
O edifício foi construído em um momento em que a verticalização de Nova York influenciava cada vez mais a transformação do centro paulistano, enquanto seus antecessores tinham inspiração mais francesa. Uma das maiores referências da época era o Empire State Building, por exemplo, cujo desenho geométrico e algumas características art déco foram inspiração tanto para o prédio do Banco do Brasil quanto para o antigo Banespão.
“É um prédio com um perfil mais americanizado, com poucos ornamentos. É um prédio elegante”, descreve Samuel Kruchin, um dos responsáveis pelo restauro do São João. “É parte de uma transformação estilística dessa área mais central. E, pela magnitude, é como uma afirmação da condição metropolitana de São Paulo. O Martinelli perto dele é pequeno (em altura)”, completa.
Para o arquiteto, a obra pode ser uma oportunidade dos paulistanos perceberem e valorizarem o que chama de uma “joia” do chamado “eixo monumental” da São João.
“O centro tem prédios muito importantes desconhecidos”, diz. “O restauro reafirma a importância do edifício com suas características originais. Não é uma simples substituição de pastilhas.”
Como é o prédio?
A entrada principal do prédio é pela Avenida São João, embora o acesso da agência seja na São Bento. Em sua arquitetura, tem volumes mais estreitos nos últimos andares, como um “bolo de noivo”, formando alguns terraços com vista para grande parte do centro paulistano. Do 21º andar (são 24 ao todo), por exemplo, é preciso abaixar-se para conseguir enxergar o Martinelli.
Na base, o prédio é revestido de rochas escuras, do chamado “Granito Verde Ubatuba”, nativo do litoral norte paulista. A maioria da construção é, contudo, coberta de um mosaico de pastilhas de porcelana de diferentes tons de verde, amarelo e branco.
Antes do restauro, o prédio já estava coberto de telas de proteção, instaladas a fim de evitar incidentes com a queda das pastilhas. Dentre os problemas da fachada a serem resolvidos, estão, ainda, trincas, rachaduras, pichações e acúmulo de sujeira.
Descobertas durante obra e desafios
Embora haja levantamentos anteriores, a equipe de restauro tem feito descobertas sobre o edifício ao longo da obra. Isso porque há algumas características pouco usuais para a época e não evidentes com uma análise mais visual.
Um exemplo ocorreu durante a prospecção das pastilhas estavam soltas ou com risco de queda. Para tal, foi feito um procedimento com martelo de borracha, em que o som “cavo” é um dos principais sinais de que o revestimento precisa ser removido.
Nesse caso, contudo, havia som oco em grande quantidade, mesmo onde não parecia ter problemas. Decidiu-se, então, abrir uma “janela de prospecção”, com um buraco na parede. Essa abertura permitiu a identificação de tijolos baianos na construção, os quais seriam os responsáveis pelo barulho diferenciado.
“Aparentemente, a gente tem vários tipos de tijolos (analisando) só nesse andar, o que é uma coisa interessante”, diz Marina Tonussi, da equipe da Kruchin Arquitetura.
Outra descoberta foi que as pastilhas são feitas por uma empresa ainda existente, a Argilex, diferentemente do que era dito até então. Desse modo, as substitutas são feitas pela mesma fabricante das originais e estão sendo testadas em diferentes combinações, a fim de se aproximar do mosaico que recobre a construção.
A troca de pastilhas não é tão simples, contudo. Primeiramente porque, por vezes, partes da argamassa e do reboco também estão soltas e, então, é preciso fazer uma remoção maior. “Lá em cima, quando a gente imaginava que era só tirar pastilha, saiu um bloco gigante (com reboco etc)”, exemplifica Marina.
Além disso, em algumas partes, pelas diferenças no volume do prédio, será necessário que os trabalhadores atuem suspensos em balancins. “É um prédio como um bolo de noiva, com vários recuos e volumes, a gente tem uma dificuldade técnica”, explica.
Outro desafio apontado pela arquiteta é o de remoção de toda a sujeira acumulada ao longo de anos de exposição a intempéries e poluição, principalmente nas pedras. Para resolver isso, primeiramente, fez-se uma limpeza com detergente e hidrojateamento, mas não surtiu tanto efeito, assim como a higienização com um ácido mais fraco.
Agora, a próxima testagem é com um ácido muriático puro, aplicado durante horas. Há, ainda, um plano alternativo que pode envolver até mesmo o uso de laser. “Os granitos são muito porosos, são muito rugosos. Então, eles seguram muita sujeira”, aponta.
Globo Online - RJ 05/05/2025
Sem alarde, bem de acordo com suas características, o quiet luxury ganha mais espaço na Barra da Tijuca. O estilo definido pela sofisticação sem ostentação está representado em uma série de lançamentos imobiliários no bairro e nos arredores. Muitos se destacam por espaços amplos, integração com a natureza e valorização da ventilação e da luz naturais. Vários têm subsolos requintados e bem aproveitados. O vidro predomina nas fachadas, com a proposta de conectar ambientes. Outro destaque são os empreendimentos de casas — há, pelo menos, sete novos na região, alguns instalados dentro de condomínios tradicionais. O esforço para imprimir exclusividade inclui ainda parcerias de construtoras e incorporadoras com grifes internacionais de moda e design — de Ferrari a Armani, passando pela Porsche — para concepção do projeto arquitetônico. Luxo para um público seleto, em busca de conforto e disposto a pagar alguns milhões de reais para tê-lo.
Às margens da Lagoa da Tijuca, com vegetação nativa no entorno, está o condomínio Insigna, instalado na Península e lançado no fim do ano passado, com 39 unidades que podem custar mais de R$ 5 milhões. Oferece as chamadas casas suspensas, com pé-direito de 3,5 metros nas áreas sociais e 2,9 metros nas íntimas, grandes quintais, terraços e varandas, com espaço para piscina exclusiva; e opções térreas, com entrada independente diretamente pela calçada. As casas têm quatro quartos ou três suítes, e o projeto prevê ainda a plantação de espécies frutíferas, com o intuito de atrair pássaros e proporcionar alívio da temperatura, aumento da umidade e retenção de águas pluviais.
De acordo com a Azo Incorporadora, responsável pelo empreendimento, só metade do terreno adquirido será ocupada pelas construções, já que o restante faz parte de uma Área de Preservação Ambiental.
— Quando você entra na área social, que inclui salas de estar e de jantar e cozinha, logo se depara com o amplo vão de vidro da janela, possibilitando a vista da área externa, que inclui o gramado do quintal, a piscina, a lagoa e toda a mata densa da sua borda. Parece um quadro — detalha o CEO José de Albuquerque. — Há um público da Barra, notadamente de famílias com filhos, que já mora bem em apartamentos, mas tem buscado aprimorar o conforto em espaços mais amplos, exclusivos e sem vizinhos apinhados num prédio de dezenas de andares.
Avaliada em R$ 24 milhões, com 1.280 metros quadrados de área construída, cinco suítes com closet e garagem para dez carros, a Mansão Arouca, localizada no condomínio Arouca, é um dos mais recentes projetos concluídos pela Avanço Realizações Imobiliárias. Materiais como madeira, alumínio, pedras, porcelanato e mármore dão o tom no imóvel, que tem atrativos como espaço para adega, cozinha com ilha, piscina com hidromassagem, deque, sauna, cobertura, varanda e banheiro com bancada dupla e banheira. Há ainda um sótão multiúso dotado de banheiro e copa.
— Todas as casas do segmento Hiato ( grife da Avanço para casas de alto luxo, com unidades prontas e em construção na Barra e em Angra dos Reis) têm arquitetura atemporal, linhas retas e espaços amplos e integrados. É um luxo sem exageros — observa o CEO Sanderson Fernandes.
Moradias de alto a altíssimo padrão seguem o conceito de 'quiet luxury'
A Avanço tem mais duas casas de altíssimo padrão no condomínio Rio Mar, com quatro suítes cada: Azambuja e Portinari. Outro empreendimento, com entrega prevista ainda para este semestre, o Collection Art and Design Home, na Avenida Prefeito Dulcídio Cardoso 2.488, já vendeu a maioria das 18 casas, restando apenas três, a partir de R$ 4,5 milhões:
— O Collection está em um terreno de quase 6 mil metros quadrados num ponto muito nobre da Barra. É um condomínio seleto dentro de um outro já exclusivo, o Santa Lúcia. O conceito foi muito bem aceito pelos clientes. Temos compradores que são do próprio condomínio.
A Dimensional Engenharia prepara a entrega de duas mansões no início do segundo semestre: Casa Lithos, no condomínio Mansões, e Casa Cave, dentro do Santa Mônica Jardins, ambas na Barra, no valor de cerca de R$ 30 milhões cada uma. Com dois pavimentos e um subsolo, a Cave tem 1.160 metros quadrados e fachada frontal marcante, com duas caixas de concreto aparentes e superpostas. No térreo, com piso em mármore travertino, ficam ambientes como salas de estar com pé-direito duplo, espaço home theater, brinquedoteca, sala de jantar, escritório com banheiro, lavabo, cozinha, lavanderia e sauna com ligação direta à piscina com deque. Já o andar superior abrigará quatro suítes com closets e varandas. O subsolo terá garagem climatizada para oito carros, que pode ser revertida em salão de festa, adega, academia ou dependências para funcionários, com duas suítes.
A residência conta com dispositivos de eficiência energética, microgeração de energia solar, reservatório de reúso de água, cisterna e sistema de irrigação automatizado. O ar-condicionado, além de automatizado, chega a todos os cômodos. Nos quartos, há renovação de ar com captação exterior.
— Isto é um grande diferencial para a saúde dos moradores. Outro ponto estudado foi a dicotomia entre a privacidade e a integração com o exterior. A casa possui esquadrias que vão do piso ao teto, com grandes aberturas e áreas de vidro, inclusive na fachada frontal, propiciando iluminação e ventilação naturais, e integrando os ambientes internos e externos. Entretanto, todo o projeto arquitetônico e de paisagismo foi pensado para prover privacidade aos moradores. O pavimento superior, onde ficam os quartos, é protegido por uma porta de segurança — destaca Vinicius Benevides, diretor operacional e head de inovação da Dimensional.
Já a Casa Lithos, em fase final de acabamento, possui um pavimento e um subsolo, numa área de 830 metros quadrados, com quatro suítes (três delas com closet), piso de madeira cumaru, lavabos, salas de estar, piscina com borda infinita, sauna e área gourmet. Um dos destaques é a possibilidade de estacionamento de drones, para o recebimento de entregas.
Para novembro, está previsto o lançamento do Amanay, na Avenida Rachel de Queiroz, com 20 casas de três pavimentos, totalizando de 536 a 615 metros quadrados e com preços a partir de R$ 6 milhões. As unidades, com arquitetura de Duda Porto, paisagismo do Escritório Burle Marx e conceito artístico de Isabella Santoni e Beto Gatti, têm de cinco a seis suítes, que podem ter até 40 metros quadrados, e um subsolo com três vagas de garagem privativas. Todas têm elevador.
— O subsolo é espetacular, porque tem ainda um espaço que pode ser transformado em home theater com adega. Entre as casas, há um boulevard arborizado — destaca Henrique Blecher, CEO da incorporadora Origem, responsável pelo empreendimento. — Tivemos a preocupação de proteger os futuros moradores da vida lá fora. O projeto é para quem valoriza refúgios urbanos.
A tendência de casas de alto padrão alcança bairros próximos. Em São Conrado, a Performance Empreendimentos Imobiliários lançou este mês o Casas Ibitá, com quatro unidades de dois andares, entre 460 e 490 metros quadrados, quatro suítes e preços de R$ 7 milhões a R$ 8 milhões. Erguidas na Rua Celso Pestana 40, dentro de um condomínio já existente, as unidades têm sala envidraçada e vistas para a Pedra da Gávea, a Pedra Bonita e o mar.
— As Casas Ibitá são inspiradas na história e na geografia de São Conrado, dialogando com a natureza ao redor e equilibrando cidade, paisagem e bem-estar. O projeto prioriza ventilação cruzada e integração entre os espaços internos e externos, como no jardim de inverno. A paleta cromática remete aos tons terrosos da paisagem local — diz Celso Rayol, sócio-diretor da Cité Arquitetura, que assina o projeto.
Porsche, Ferrari, Armani
O quiet luxury também se faz presente em novos edifícios. Na orla da Barra, na altura do Posto 6, arte e arquitetura prometem se fundir num projeto a ser lançado no segundo semestre. Fruto de uma parceria entre a Origem Incorporadora e a Pininfarina — grife italiana de design em diferentes segmentos e fornecedora da Ferrari —, o Atto terá 20 apartamentos, todos de frente para o mar, de 450 a 1.100 metros quadrados, distribuídos em 14 andares. A cobertura custará em torno de R$ 80 milhões. As unidades poderão ter de quatro a cinco suítes, com a máster chegando a 50 metros quadrados. De acordo com o CEO da Origem, Henrique Blecher, já há fila de espera na pré-venda.
— Esse projeto já nasce exclusivo. Primeiro, por estar em frente ao melhor ponto da Barra. Segundo, por trazer um design atemporal e funcional, em que cada detalhe é pensado, desde a luz solar na fachada, para que esse prédio vá mudando de cor conforme o movimento do sol, até uma garagem onde as rampas terão inclinação perfeita para qualquer carro esportivo passar sem ser arranhado. Teremos um lobby em que todo o mobiliário em pedra e ferro está sendo desenhado pela Pininfarina. A fachada será uma obra de arte. É tudo muito sofisticado, sem ser agressivo — diz.
Todo o design é proposto e assinado pela Pininfarina, com execução da Origem.
— Acredito que o terreno escolhe a sua vocação. Como sempre tive o sonho de fazer algo junto com a Pininfarina, por ser apaixonado por carros desde criança, propus a eles um prédio boutique, com vista para a Pedra da Gávea, o mar e o Maciço da Pedra Branca. Temos excelentes arquitetos no Brasil, mas eu queria um olhar multicultural — conta Blecher.
Para Samuele Sordi, arquiteto chefe da Pininfarina na América, o projeto tem significado especial criativa e estrategicamente.
— O Rio é uma cidade de extraordinária energia e riqueza cultural e, para a Pininfarina, representa um local inspirador — diz. — E, desde o início, a visão da Origem era clara: criar um edifício que também fosse uma obra de arte escultural, onde arquitetura, arte e design estivessem perfeitamente integrados.
Outra grife italiana de moda e design de luxo envolvida em novo projeto residencial no Brasil, a Armani se juntou à Patrimar Engenharia para criar um residencial de 190 apartamentos entre 200 e 500 metros quadrados, nas proximidades do Campo Olímpico de Golfe, com lançamento previsto para o fim deste ano. Os preços ainda estão sendo definidos. A marca já assinou empreendimentos imobiliários em diversas cidades ao redor do mundo, como Miami, Londres, Dubai, Pequim e Istambul. Aqui, será responsável pelo conceito das áreas comuns, pensando nos detalhes e acabamentos, além de ser a fornecedora de mobiliários e acessórios.
De acordo com Lucas Couto, diretor comercial e de marketing do Grupo Patrimar, o projeto segue uma tendência no Brasil que já é uma realidade consolidada nos Estados e na Europa: os branded buildings, imóveis atrelados a marcas que são referência em sofisticação e design.
— Houve um boom de lançamentos vinculados a grifes fora do país. Estivemos em Miami, por exemplo, e vimos que todo empreendimento aliado a marcas de luxo vendiam mais rapidamente e com preços cerca de 20% maiores. Entendemos, então, que havia um potencial grande nesse sentido no Brasil. A Armani representa sofisticação e modernidade de forma equilibrada — destaca. — Nós nos reunimos na Itália e eles quiseram vir ao Rio para conhecer o terreno e a cidade. Fizemos um sobrevoo por diferentes pontos do Rio até chegarmos ao terreno, que permite uma vista 360 graus de uma natureza exuberante, com lagoa, mar, Pedra da Gávea e o Campo Olímpico de Golfe. Eles ficaram encantados.
Também da Patrimar, a ser lançado este mês, o Epic Golf Residence será construído na Avenida Ermanno Dallari 200. São duas torres em formato de asa-delta, uma côncava e outra convexa, com 278 unidades de 75 a 116 metros quadrados, incluindo coberturas lineares e duplex. Um dos pontos altos é o Epic Beach & Play, área de mil metros quadrados que simulará o ambiente de praia dentro do condomínio. Spa, coworking, quadra de tênis de saibro, piscina com jet swim, academia com ringue de boxe e espaços com piscina e churrasqueira para eventos são outros atrativos. Os apartamentos de duas suítes custam a partir de R$ 1, 2 milhão.
Há também o Coupé Tower, na altura do Posto 5, na Avenida Lucio Costa. Recém-lançado pela RJZ Cyrela, será dividido em uma torre de 30 pavimentos e outra de seis, num projeto com participação da Porsche Consulting, subsidiária da montadora Porsche, que atuará no planejamento e gestão de processos da construção. No 18º andar, um lounge suspenso servirá de área de convivência com vista para o mar. A fachada terá acabamentos especiais com fibra de vidro e revestimentos cerâmicos. A construtora não divulgou os preços dos imóveis, que têm de 83 a 260 metros quadrados, no caso dos apartamentos, e de 185 a 275 metros quadrados, no das coberturas.
Outro exemplar do quiet luxury na região é o Cyano Exclusive Residences. Entregue no final do ano passado pela Gafisa, no Posto 6, tem 45 apartamentos de 360 a 890 metros quadrados, distribuídos em três torres, com todas as unidades voltadas para o mar. Um clube interno abriga academia, sala multiúso, bar, quadra de esportes, piscina climatizada com raia de 25 metros, hidromassagem, sala de repouso e salão de beleza. O valor do metro quadrado fica em torno de R$ 25 mil.
Canal Rural - SP 05/05/2025
O agronegócio registrou, somente em março deste ano, um crescimento de 12,5% em relação ao ano anterior, segundo dados do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). Ao todo, o setor exportou US$ 15,6 bilhões e já representa 53,6% das exportações brasileiras.
Parte desse capital tem migrado para investimentos imobiliários, especialmente em regiões valorizadas, como o litoral norte catarinense, que concentra três dos cinco municípios do país com o metro quadrado mais valorizado.
“O fortalecimento do agronegócio, especialmente com o aumento das exportações de produtos como soja, café, carne bovina, celulose, carne de frango e algodão, tem ampliado o poder aquisitivo de grandes produtores e investidores rurais, e impactado diversos setores. Para esse público, a compra de imóveis de luxo se tornou uma forma segura e estratégica de diversificar seu patrimônio, garantindo liquidez e proteção contra a inflação, por exemplo. Atualmente, mais de 30% dos clientes e investidores de imóveis de luxo no litoral de Santa Catarina são do agro”, afirma Bruno Cassola.
As construtoras estão atentas à nova dinâmica do mercado e muitas incorporadoras passaram a adotar estratégias específicas. “A oferta de facilidades alinhadas à realidade do produtor rural tem ampliado o volume de negócios, acelerado o fechamento de contratos e, consequentemente, isso tem aquecido o setor. Entre essas facilidades, estão condições de pagamento adaptadas ao calendário da safra e maior flexibilidade nas negociações durante os períodos de alta liquidez no campo”, comenta Cassola.
Segundo o corretor, há produtores e investidores rurais que buscam imóveis como investimento, com foco em cidades com alta valorização imobiliária, localização estratégica e potencial de revenda. Já os que procuram uma segunda moradia para aproveitar com a família costumam considerar outros atributos além da rentabilidade, como vista para o mar, áreas de lazer completas, segurança, acabamentos, design e serviços exclusivos.
“Entender essas motivações é essencial para oferecer o produto certo. Enquanto o investidor pensa em retorno e segurança financeira, o comprador da segunda moradia é atraído pelo imóvel dos sonhos, onde terá conforto e qualidade de vida”, afirma.
Para o especialista, a grande fatia de clientes do agronegócio no mercado imobiliário de luxo é mais do que um fenômeno pontual, ela reflete um novo comportamento de consumo que está transformando o setor. “Com a perspectiva de novas safras recordes e das exportações seguirem em crescimento, a expectativa é de que o agro continue injetando recursos no mercado imobiliário de luxo ao longo de 2025. Cidades como Balneário Camboriú, Itajaí e Itapema já se consolidaram como destinos favoritos entre esses investidores com índices de crescimento que superam a inflação e outros investimentos como a renda fixa. E o cruzamento entre dois dos setores mais fortes da economia brasileira, o agronegócio e a construção civil, aponta para um cenário de oportunidades”, avalia Cassola.
Eleito campeão em vendas, premiado 10 vezes pelas renomadas construtoras FG e Embraed em Balneário Camboriú, Bruno Cassola é considerado uma autoridade em vendas de apartamentos de alto padrão na cidade. É empresário, administrador de empresas e corretor de imóveis especializado em ativos de alta rentabilidade. Atua há 18 anos no ramo imobiliário, especializado em imóveis de alto padrão em Balneário Camboriú, considerado o metro quadrado mais valorizado do Brasil.
O Estado de S.Paulo - SP 05/05/2025
O mercado imobiliário passa por uma transformação silenciosa: o financiamento para a construção de imóveis, historicamente dominado pelo crédito subsidiado via poupança no Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), está captando cada vez mais recursos no mercado de capitais. Com a fuga de recursos da poupança desde 2021 e a consequente restrição do crédito imobiliário tradicional, construtoras e incorporadoras passaram a buscar alternativas, como CRIs, LCIs e FIDCs, para financiar seus projetos de edifícios corporativos ou residenciais de alto padrão e luxo.
Hoje, o financiamento para o setor funciona assim: o dinheiro que o consumidor aplica na poupança é remunerado a uma taxa menor do que o CDI (que segue a taxa Selic) e esse capital é utilizado para financiar o mercado imobiliário, tanto do lado das construtoras quanto do lado dos consumidores que compram imóveis.
Com a redução dos recursos disponíveis na poupança e a demanda aquecida por imóveis no mercado nacional, os bancos têm priorizado o crédito ao consumidor. Nesse cenário, a participação do crédito originado na poupança para as construtoras diminui, enquanto o mercado de capitais ganha relevância como fonte de financiamento para projetos imobiliários.
Esse cenário abriu uma nova avenida de lucro para gestores de fundos, securitizadoras e bancos de investimento, especialmente aqueles ligados ao polo financeiro da Avenida Faria Lima, em São Paulo.
A ascensão das plataformas de investimento, como XP, BTG e Nubank, estimulou os investidores brasileiros a diversificar a alocação do seu capital, saindo da poupança para ativos mais sofisticados, como Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs), Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) e Letra de Crédito Imobiliário (LCIs), por exemplo - todos ligados ao mercado imobiliário. Mesmo no cenário de juros altos, esses ativos continuam a atrair investidores.
Segundo o presidente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), Sandro Gamba, nos últimos anos, o financiamento para construção vindo do mercado de capitais passou de 30% para 40% na representatividade na composição do crédito (o restante vem da poupança e do FGTS).
Para Gamba, o aumento do crédito do mercado de capitais é um movimento importante e necessário no cenário atual do financiamento imobiliário no Brasil, especialmente considerando a redução da participação dos recursos da poupança.
“Para demandas de ciclo longo, que é onde se enquadra o financiamento da pessoa física, vai ter o direcionamento de recursos da poupança. Para o ciclo curto, temos visto que o financiamento terá uma diminuição dos recursos da poupança e um crescimento do mercado de capitais”, afirma.
Na Finamob, empresa de originação e estruturação de crédito para incorporadoras, a expectativa é atingir R$ 1 bilhão em operações financeiras em 2025. O número representará um salto na comparação com 2024, que fechou em R$ 320 milhões. A empresa tem parcerias com gestoras institucionais e butiques de gestão de fortunas que financiam projetos imobiliários, capital que é usado como crédito para as incorporadoras.
Para Murilo Marchesini, sócio-fundador da Finamob, o aumento do financiamento de projetos via mercado de capitais é um caminho sem volta. “Há meses que o mercado de capitais já é o líder do financiamento. Hoje, o mercado de capitais tem R$ 300 bilhões em FIIs e a poupança tem um pouco mais de R$ 800 bilhões. Mas, em alguns meses, o mercado de capitais acaba financiando mais”, afirma Marchesini.
O executivo vê o uso de recursos do mercado de capitais como a principal fonte de empreendimentos imobiliários no futuro, o que seria um passo importante para o mercado. Ele é contra estruturas subsidiadas criadas pelo governo para financiar o setor.
“O mercado tem de andar com as próprias pernas de uma maneira que equilibre o retorno do investidor e a conta para o incorporador. Todos os países do mundo desenvolvidos já têm isso equilibrado. No Brasil, devido à montanha-russa da Selic, esse equilíbrio é o que parece mais razoável no longo prazo”, diz.
Já a gestora de recursos Multiplike, que oferece crédito ao mercado imobiliário por meio de Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs), ofereceu R$ 2,5 bilhões no ano passado e a cifra deve crescer mais neste ano. A empresa projetava um valor de R$ 1,5 bilhão para 2025 no começo do ano, mas precisou rever os números para cima em abril devido à demanda do mercado. A projeção agora é fechar o ano com R$ 3,5 bilhões.
De acordo com Volnei Eyng, presidente da Multiplike, os clientes da gestora são construtoras de todo o País, com um número relevante de construtoras em São Paulo e também na região Nordeste. “Temos clientes antigos e somos bem conhecidos no Nordeste”, afirma.
Na ponta para o investidor, que aplica o capital oferecido como crédito para as construtoras, Eyng conta que o perfil é composto por investidores pessoas físicas, escritórios de gestão de fortunas (chamados Family Offices) e fundos de previdência institucionais. O valor médio investido é de R$ 1 milhão e o rendimento do FIDC é de 115% a 120% do CDI.
O crédito obtido a partir de CRIs, LCIs e outros produtos de renda fixa costumam custar o valor do CDI (hoje em 14,15%) e mais uma taxa de 4% ou mais. Ou seja, na prática, o crédito para incorporadoras e construtoras fica mais caro, elevando o custo do empreendimento - o que pode reduzir a margem de lucro do negócio ou acarretar preços mais altos para o consumidor que compra um imóvel.
Por isso, Ana Maria Castelo, coordenadora de projetos da construção do FGV/Ibre, afirma que o mais comum é ver projetos voltados ao público de alta renda ou corporativo recebendo esses recursos, apesar de projetos acima do teto do programa Minha Casa Minha Vida também utilizarem parte desses valores captados no mercado.
“Com o custo do crédito como está hoje, para viabilizar o produto captando a um custo mais alto, não é qualquer valor de imóvel que vai caber no final da equação. O construtor trabalha com o limite superior da média-alta renda e com a alta renda”, afirma.
Além do investimento direto em CRIs e LCIs, que são produtos de renda fixa, o crédito imobiliário viabilizado pelo mercado de capitais chega ao investidor pessoa física também por meio dos fundos imobiliários. Atualmente, mais de 2,7 milhões de brasileiros investem em FIIs.
Evandro Buccini, sócio e diretor de gestão de crédito e multimercado da Rio Bravo, explica que os fundos imobiliários são produtos financeiros mais sofisticados do que a poupança, uma vez que retém os recursos das captações primárias e as vendas das cotas ocorrem no mercado secundário, evitando a grande oscilação natural que a poupança tem quando as pessoas sacam seus recursos no dia a dia.
Segundo Buccini, as dívidas do setor imobiliário são agrupadas em CRIs, LCIs e outros, formando o que o mercado chama de recebíveis, que são contratos de dívidas com lastro imobiliário. Por exemplo, em uma propriedade de R$ 1 milhão, o crédito concedido é de 60% do valor, de modo a ter uma garantia do valor caso o imóvel vá a leilão, onde é vendido com desconto sobre o preço de mercado.
Buccini diz que o pagamento de dividendos, isentos de imposto de renda, é um dos principais atrativos para os investidores brasileiros. Os valores, normalmente, são pagos mensalmente aos cotistas dos FIIs, e esse capital pode ser utilizado para fazer compras ou pagar contas, ou então reinvestido para aumentar o patrimônio financeiro. Na Rio Bravo, os principais fundos de recebíveis são o RBHG e o RBHY, que tiveram dividendos de 15% nos últimos 12 meses.
Poupança
O financiamento imobiliário com recursos da poupança ainda é dominante, mas o crédito vindo dessa fonte não acompanha o ritmo de crescimento do mercado imobiliário, deixando a brecha para o mercado de capitais entrar na composição do crédito para as construtoras.
Segundo dados da Abecip, em 2024, por exemplo, a poupança teve captação líquida negativa de R$ 21,7 bilhões, enquanto o valor financiado com recursos da poupança foi de R$ 186 bilhões, um salto de 22% ante 2023. Desse valor, R$ 50 bilhões foram para as construtoras, e o restante foi para crédito ao comprador.
Para este ano, a Abecip estima que o valor financiado via poupança seja um total de R$ 150 bilhões a R$ 160 bilhões, abrangendo construtoras e consumidores.
Gamba, da Abecip, em 2024, conta que os recursos da poupança destinados ao setor de construção totalizaram R$ 50 bilhões, enquanto o restante veio do mercado de capitais e do FGTS (no caso de moradias para a baixa renda).
Porém, no começo do ano passado, o Conselho Monetário Nacional (CMN) mudou as regras para o financiamento via LCIs, aumentando o prazo de vencimento dos títulos de três para 12 meses.
Para Gamba, isso prejudicou a captação de recursos, uma vez que o investidor que mantém o dinheiro aplicado por um ano deve ser melhor remunerado, encarecendo o crédito. Em agosto, o prazo foi reduzido para nove meses, mas a Abecip e o mercado imobiliário como um todo ainda tentam restabelecer junto ao governo o prazo de três meses para atender à demanda de crédito das construtoras.
Money Times - SP 05/05/2025
O Minha Casa, Minha Vida (MCMV), lançado em 2009, transformou o acesso à moradia para milhões de brasileiros. Mas, até recentemente, deixava a classe média em segundo plano.
Isso até a criação da Faixa 4, anunciada em 2025, que amplia o programa para famílias com renda mensal de até R$ 12 mil, e eleva o teto de financiamento para R$ 500 mil. Com a promessa de viabilizar 100 mil novas moradias e prestações mais acessíveis, a medida responde ao crescente déficit habitacional em um segmento que enfrenta taxas de juros elevadas no mercado tradicional.
A Faixa 4 chega com condições financeiras que a destacam no mercado: taxa de juros de 10,50% ao ano e prazo de até 420 meses. Comparada às linhas tradicionais via poupança (SBPE), que frequentemente superam 12% ao ano, a nova faixa oferece prestações mais leves e acessíveis a famílias de renda média.
A inclusão da classe média no MCMV reflete a tentativa de equilibrar inclusão social e dinamismo econômico. E a construção civil, principal motor do programa, ganha um novo mercado e a responsabilidade de entregar imóveis que combinem preço acessível e qualidade.
Como esse novo capítulo do MCMV impactará o setor? A resposta depende da capacidade de adaptação das construtoras a um público mais exigente, da sustentabilidade dos recursos públicos e da manutenção de condições financeiras atrativas.
Minha Casa Minha Vida e o reposicionamento estratégico das construtoras
A Faixa 4 do MCMV redefine o planejamento das construtoras ao abraçar famílias com renda entre R$ 8 mil e R$ 12 mil, antes limitadas a financiamentos tradicionais com taxas maiores.
Para aproveitar a oportunidade, é o momento para as construtoras ampliarem sua atuação geográfica e mirarem em regiões metropolitanas e cidades de médio porte (onde a classe média cresce). Canais de vendas também passam por mudanças, com maior investimento em plataformas digitais para alcançar o consumidor mais conectado. Aqui, parcerias com fornecedores viram diferenciais, a exemplo de materiais duráveis e áreas de lazer planejadas.
O reposicionamento, porém, exige cautela. As empresas precisam entender o comportamento desse público, que valoriza localização e infraestrutura, mas está de olho no custo-benefício.
Oportunidades econômicas: diversificação e valor agregado
Ter a classe média no MCMV é um boom de possibilidades para o mercado imobiliário. Isso porque as construtoras podem diversificar seus portfólios e reduzir a dependência de empreendimentos focados em baixa renda. Assim, imóveis com maior valor agregado, como apartamentos com varandas e condomínios com academia e espaços verdes, passam a fazer parte das estratégias comerciais.
A diversificação também estimula o crescimento em mercados regionais. Cidades com economias em expansão, mas fora dos grandes centros, ganham destaque como alvos para novos empreendimentos. A possibilidade de desenvolver projetos escalonáveis, que transitam entre as faixas 3 e 4, permite que as empresas otimizem recursos e atendam diferentes perfis dentro do mesmo programa.
Uma classe média rigorosa
Construir imóveis de até R$ 500 mil que atendam à classe média é um desafio que exige equilíbrio. Esse público espera qualidade em materiais e acabamentos, mas o limite de preço impõe restrições às construtoras. Encontrar soluções que mantenham custos baixos sem sacrificar durabilidade ou estética será a peça-chave para conquistar a confiança dos compradores.
Outro obstáculo é projetar espaços que combinem funcionalidade e conforto. Famílias da Faixa 4 valorizam apartamentos com áreas bem aproveitadas, além de condomínios com infraestrutura de lazer, como playgrounds e salões de festa. Escolher localizações estratégicas, próximas a serviços e transporte público, aumenta o apelo dos imóveis, mas eleva o custo do terreno, complicando o orçamento.
Ainda, as construtoras precisam transmitir o valor de seus projetos de forma clara e destacar diferenciais que justifiquem o investimento. Superar esses desafios exige inovação, desde o uso de tecnologias construtivas até a criação de campanhas que conectem os imóveis às aspirações da classe média.
Faixa 4: Um marco para a construção civil
A criação da Faixa 4 marca um ponto de inflexão para o Minha Casa, Minha Vida ao incluir a classe média em um programa historicamente voltado para a baixa renda. A medida responde à exclusão de milhões de famílias do mercado imobiliário, pressionadas por juros altos e preços elevados. Para a construção civil, é a chance de revitalizar o setor.
O sucesso da iniciativa, porém, depende da adaptação. Construtoras enfrentarão o desafio de entregar imóveis que combinem preço competitivo e qualidade, enquanto o governo precisará garantir a sustentabilidade dos recursos públicos.
Olhando para o futuro, a Faixa 4 pode ser um divisor de águas. Se executada com planejamento, reduzirá o déficit habitacional e consolidará ainda mais o papel da construção civil como motor de desenvolvimento do país. O caminho exige esforço conjunto, mas os primeiros passos já apontam para um horizonte de oportunidades.
Valor - SP 05/05/2025
Custo alto do financiamento imobiliário pode empurrar cliente para o aluguel, o que favorece segmento “multifamily” e atrai novo fundo
Maurício Muniz: “Pretendemos levar esse fundo para mais de R$ 1 bilhão” — Foto: Divulgação
O segmento de multifamily, empreendimentos residenciais construídos para serem alugados, tem mantido sua atratividade, apesar do aumento da taxa de juros, que testa os retornos e a paciência dos investidores com o tempo de desenvolvimento desses projetos.
A gestora Brio captou R$ 250 milhões para um fundo de desenvolvimento de imóveis desse segmento. Com esse valor, serão erguidos cinco prédios novos em São Paulo, que terão cerca de 700 unidades e serão administrados pela Greystar, companhia americana especializada na área e que atua no país há dois anos. O grupo Fictor, que tem participação em negócios dos setores de alimentos, infraestrutura e serviços financeiros, entrou com cerca de 30% do valor.
A tese da Brio é atrair o público de média renda, disposto a pagar aluguéis entre R$ 2 mil e R$ 6 mil. Como explica Maurício Muniz, sócio da gestora, é o alvo que está com mais dificuldade para comprar um imóvel agora, já que não se encaixa nos incentivos do Minha Casa, Minha Vida, e ainda enfrenta financiamento mais caro.
Dos cinco projetos, dois serão na região da Vila Buarque (Centro), com entrega prevista já para este ano. Também há prédios no Bela Vista e na Chucri Zaidan, conta. “Pretendemos levar esse fundo para mais de R$ 1 bilhão, já temos isso em novos negócios, entre negociações e diligências”, afirma.
Fictor e Greystar também vão participar dessa expansão. O Fictor está envolvido na construção de quatro prédios no Rio de Janeiro, com investimento de R$ 268 milhões. Os projetos estão em Botafogo, no Centro e na Barra, e deverão ser administrados pela Greystar.
Para Abelardo Sá, diretor de energia e infraestrutura do Fictor, o Rio é visto como “desafiador” pelos investidores, por isso foi preferível não incluir os projetos logo de cara no fundo da Brio. “Sabemos que muitos investidores não olham para o Rio, mas nós o conhecemos muito bem”, afirma. A primeira entrega na capital fluminense está prevista para 2027.
A própria tese de multifamily pode gerar desconfiança no mercado. Muniz afirma que ainda existe uma “barreira de desconhecimento” sobre o segmento, o que exige “esforço coletivo” para chegar no investidor e nos proprietários de terreno, fundamentais para o fundo, que só conta com projetos “greenfield”, feitos do zero.
Para ele, os juros em patamar alto são um problema mais por causa do tempo necessário até que o empreendimento comece a dar receita - “demora uns sete ou oito anos”, diz - e menos pela necessidade de ter retornos maiores. Na incorporação tradicional, os apartamentos são vendidos na planta, antes da construção, o que antecipa o retorno do investidor.
Para investir no setor é preciso pensar na taxa de juros média do país, afirma, e não no valor atual, de 14,25%. Não à toa, o segmento de multifamily recebe atenção de investidores institucionais estrangeiros. A canadense Brookfield é um desses casos e vem fazendo movimentos em multifamily há alguns anos no país, também de olho no público de renda média.
“Acabamos investindo mais nesses momentos de crise do que nos de bonança”, afirma André Lucarelli, vice-presidente sênior de investimentos da empresa no Brasil.
Neste ano, a Brookfield já adquiriu um prédio comercial para passar por reforma (retrofit) e ser convertido em residencial para locação. Em 2024, fez compras do tipo no Rio e outras em São Paulo. Também compra projetos prontos da Luggo, companhia de multifamily da MRV. Dessa parceria, já tem prédios em seis cidades, em cinco Estados. Ainda, adquiriu cinco projetos da Lavvi, na capital paulista, no Centro, na Barra Funda e no Brás, e tem outro prédio com a REM, próximo à avenida Paulista.
Segundo Lucarelli, a Brookfield tem hoje 2,3 mil unidades em operação e vai chegar a 6 mil em até 4 anos, mas novas aquisições seguirão ocorrendo. Os projetos estão de 93% a 95% locados, afirma, o que reforça que a demanda por esse tipo de moradia existe. Com os juros atuais, quem quer comprar um imóvel pode decidir adiar a decisão, diz. “Acaba tendo uma situação favorável para nós.”
O executivo analisa que ainda há pouca concorrência na renda média e em outras cidades, já que o mercado está mais concentrado em São Paulo e na alta renda. É esse o foco da JFL, companhia de Jorge Felipe Lemann, filho do empresário Jorge Paulo Lemann. A empresa dá preferência para imóveis maiores. As mensalidades vão de quase R$ 10 mil a mais de R$ 100 mil.
Diretor de operações da JFL, Lucas Cardozo conta que o negócio tem apostado no público corporativo para sustentar a ocupação, hoje em torno de 90%. “As empresas grandes têm demanda recorrente na cidade”, afirma. Para ele, é possível que esse segmento responda por até metade da receita da empresa, o que ainda não ocorre. “É o principal canal de desenvolvimento da JFL para 2026”, diz.
Outro interesse da empresa é atrair corretores especializados em alto padrão, que possam oferecer os apartamentos para quem precisa de um imóvel de luxo, mas de forma temporária.
A JFL também vai vender apartamentos de dois projetos novos, algo inédito até então. Segundo o diretor, os prédios são pequenos para que a operação de multifamily seja eficiente. Um deles, perto do parque Ibirapuera e que deve ser entregue em maio, tem 3,9 mil metros quadrados de área privativa, com 26 unidades, enquanto a empresa dá preferência para prédios com mais de 7 mil metros quadrados.
A companhia afirma ter elevado seu faturamento em 150% no último ano e almeja crescer mais 70% em 2025.
Valor - SP 05/05/2025
Com a campanha da Talent que estreia domingo, a empresa de infraestrutura de mobilidade pretende ser associada não apenas à concessão de rodovias, mas também às suas operações de aeroportos, trens e metrô
O Grupo CCR vai estrear uma campanha neste domingo (4) para apresentar ao público o seu novo nome, resultado de um trabalho de reposicionamento que custou R$ 4 milhões. Agora, sob a marca Motiva, a empresa de infraestrutura de mobilidade pretende ser associada não apenas à concessão de rodovias, mas também às suas operações de aeroportos, trens e metrô. Nesta sexta-feira (2), a empresa passará a ser negociada na bolsa brasileira com o código “MOTV3”, deixando de usar o “ticker” “CCRO3”.
O filme criado pela agência Talent será veiculado inicialmente em canais televisivos de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, mas, à medida que a marca for implementada em outros ativos, a campanha deve se estender para outras praças. Ao todo, a companhia possui 39 ativos, em 13 estados brasileiros e mais de 17 mil colaboradores.
Além do filme, o plano de mídia inclui anúncios em rádio, jornais, redes sociais e mobiliários urbanos. O valor do investimento não foi revelado, mas a expectativa é atingir 25 milhões de pessoas na primeira fase da campanha.
Segundo a diretora de marca e comunicação da Motiva, Vanessa Vieira, a publicidade faz conexão entre as manifestações culturais do país, como Carnaval e festas religiosas, e as atividades da companhia de logística. "O povo é feito de movimento, e a essência da empresa é movimento", explica.
A ação destaca ainda que a empresa é a mesma, com os seus 25 anos de história, e que só a marca é nova. "É um legado muito potente, por isso recuperamos o tema de movimento da campanha de aniversário do ano passado para fazer esse paralelo", afirma a presidente da agência Talent, Lica Bueno.
A Motiva também está treinando os times de comunicação para disseminar dentro de casa a nova marca. Além disso, a empresa, que já havia montado grupos focais para debater o nome e a identidade visual, em parceria com a agência FutureBrand, vai criar novas equipes para identificar o índice de lembrança da marca, assim que a campanha entrar no ar.
A Tribuna - SP 05/05/2025
Representantes de empresas de investimento e de dragagem belgas visitaram esta semana a Portos do Paraná, que administra os portos de Paranaguá e Antonina, interessados em disputar a concessão do canal de acesso à baía de Paranaguá. O projeto, inédito no País, recebeu a aprovação do Tribunal de Contas da União (TCU) na semana passada.
Atualmente, os portos paranaenses possuem um grande fluxo de exportação de produtos para os portos belgas, principalmente para o Porto de Antuérpia-Bruges, com volume significativo de farelo de soja e proteínas animais congeladas.
A cônsul honorária da Bélgica no Paraná, Lucia Casillo Malucelli, acompanhou a comitiva. Ela foi pela primeira vez ao Porto de Paranaguá. “Estamos realizando esta visita devido à importância do Porto de Paranaguá e para fortalecer o intercâmbio com o Porto de Antuérpia-Bruges, na Bélgica, um dos maiores da Europa. A nossa expectativa em relação à grande capacidade e às exportações do Porto foi mais do que atendida”, pontuou Lucia.
Claudia Rolim, conselheira econômica da Flanders Investment & Trade — agência de promoção comercial e de atração de investimentos do governo de Flandres, região norte da Bélgica — destacou a busca por mais parcerias.
“Temos duas empresas que atuam no Brasil com dragagem e que têm interesse no canal de acesso”.
Aprovação
No último dia 23 de abril, o Tribunal de Contas da União (TCU) autorizou a licitação do canal de acesso ao Porto de Paranaguá. O projeto, elaborado pelo Ministério de Portos e Aeroportos (MPor), será o primeiro do Brasil a conceder a entrada marítima e a infraestrutura de acesso aquaviário em portos organizados.
O investimento previsto é de R$ 1,23 bilhão ao longo dos cinco primeiros anos após a assinatura do contrato e do termo de posse. As ações previstas incluem estudos e levantamentos hidrográficos, dragagem, derrocagem, sinalização, balizamento náutico, implantação de sistema de monitoramento e controle de tráfego de embarcações, entre outras medidas que favoreçam a operação e manutenção do canal de acesso ao Porto de Paranaguá.
Ao final da concessão, em 25 anos, o concessionário deverá entregar o canal de acesso com, no mínimo, 15,5 metros de profundidade. Atualmente, o maior calado dos portos do Paraná é de 13,1 metros.
Valor - SP 05/05/2025
Avanço da China e da energia limpa ameaçam protagonismo americano nas próximas décadas
Embora os Estados Unidos dominem atualmente a produção global de petróleo e gás, o país deve enfrentar desafios para manter o mesmo nível de liderança nas próximas décadas por conta do avanço da China e da energia limpa, segundo um relatório feito pela Wood Mackenzie.
Denominado “Tough at the top: The threats to US energy dominance” (Vida difícil no topo: as ameaças ao domínio energético dos EUA, na tradução para o português), petróleo e gás representam 52% da energia primária mundial. As projeções da Wood Mackenzie apontam que essa participação na oferta permanecerá acima de 50% por mais duas décadas.
Os EUA são o maior produtor mundial de petróleo e gás, respondendo por cerca de 20% da produção global de óleo e 25% da produção de gás. O estudo sugere que, mesmo que a demanda permaneça robusta por décadas, a ideia de “domínio energético dos EUA”, como posicionada pelo governo do presidente Donald Trump, torna-se desafiadora a longo prazo, já que a produção americana deverá declinar na década de 2030 e o crescimento das energias de baixo carbono em todo o mundo, particularmente na China, pode deixar os EUA expostos.
“Os EUA alcançaram um sucesso notável na produção de petróleo e gás nas últimas duas décadas”, disse Robert Clarke, vice-presidente de pesquisa upstream da Wood Mackenzie. “No entanto, manter esse domínio exigirá o enfrentamento de vários desafios importantes, incluindo a maturação dos recursos e uma mudança global contínua para fontes de energia de baixo carbono.”
O relatório destaca que a produção de petróleo e gás dos EUA deverá cair em cerca de 1,7 milhão de barris de óleo equivalente por dia entre 2035 e 2040. Esse declínio pode ter implicações de longo alcance para a capacidade do setor de levantar capital e manter relações de exportação.
Simultaneamente, a China vem avançando rapidamente em tecnologias de baixo carbono, como veículos elétricos, armazenamento em bateria e painéis solares. O relatório observa que a participação do país asiático no mercado global dessas tecnologias é agora maior do que a dos EUA em petróleo e gás.
Na avaliação de Gustavo Franceschini, sócio e diretor de Estudos de Mercado da consultoria Envol, a produção de petróleo e gás em altos volumes garante influência no mercado, mas ela é volátil e altamente sensível a fatores como preços internacionais, geopolítica e transição energética. Neste contexto, a liderança no setor de energia exige também capacidade de antecipar transformações e adaptar o modelo de negócios.
“O risco apontado pelo relatório é que os EUA fiquem presos ao sucesso passado. Enquanto isso, a China confere um poder estratégico, não apenas econômico, mas também tecnológico e diplomático. Além disso, os EUA enfrentam um problema interno, com fragmentação política e regulatória”, explica.
Franceschini acrescenta que a transição energética demanda visão de longo prazo, consenso político e políticas públicas consistentes — três elementos que têm sido escassos no cenário político americano nos últimos anos. Esse contexto contrasta com o modelo chinês, mais centralizado, que permite a mobilização ágil e em larga escala de recursos para setores considerados estratégicos.
O Estado de S.Paulo - SP 05/05/2025
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) anunciou neste sábado, 3, que pretende acelerar novamente o ritmo de aumento na produção de petróleo do cartel. Em junho, o grupo produzirá 411 mil barris por dia acima dos níveis observados em maio, quando já havia feito um ajuste semelhante.
No fim do ano passado, a Opep+ havia decidido aumentar a produção de petróleo em 2,2 milhões de barris por dia a partir de abril de 2025, num cronograma que terminaria no último trimestre de 2026.
No plano original, os países do grupo deveriam produzir no mês que vem 30,289 milhões de barris por dia. Com as revisões feitas até agora, a meta para o volume de produção chegará a 31,375 milhões de barris por dia — nível que, no cronograma inicialmente divulgado, só deveria ser atingido em outubro.
A aceleração no aumento da produção ocorre num contexto de redução do preço da commodity e expectativa de queda da demanda global. A Opep+, porém, citou no comunicado com a decisão que o ajuste se justifica por “fundamentos saudáveis do mercado” e “estoques baixos” de petróleo.
“Os aumentos graduais podem ser pausados ou revertidos, sujeitos à evolução das condições de mercado. Essa flexibilidade permitirá que o grupo continue a apoiar a estabilidade do mercado de petróleo”, destacou a Opep+, em comunicado. “Os oito países da Opep+ também observaram que essa medida proporcionará uma oportunidade para os países participantes acelerarem sua compensação”, acrescentou.
Os países integrantes da organização devem realizar reuniões mensais para avaliar as condições do mercado, a conformidade e a compensação. O próximo encontro para decidir sobre os níveis de produção de julho está previsto para 1º de junho.
IstoÉ Dinheiro - SP 05/05/2025
A Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia-Brasil (TBG) estruturou projeto replicável de engenharia focado no transporte de biometano em áreas contíguas do seu trecho no gasoduto Bolívia-Brasil, o Gasbol, a fim de viabilizar a adição obrigatória do produto no gás natural, que começa com porcentual de 1% já em 2026. Esse mandato pode chegar a até 10% nos anos seguintes, conforme decisões do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE). A obrigação é válida para produtores e importadores de gás, que também podem adquirir créditos de garantia de origem (CGOBs) para cumpri-la.
Segundo a TBG, em função da chamada para aquisição da Petrobras, produtores entraram em contato com a empresa buscando informações sobre o projeto. “Foram mapeadas usinas produtoras de biometano nos cinco Estados do traçado do Gasbol, com ênfase em São Paulo e no Mato Grosso do Sul. O volume potencial é de aproximadamente 3 milhões de metros cúbicos por dia”, informou em nota.
Esse potencial de biometano a ser transportado pela TBG se deve à concentração de usinas sucroalcooleiras no centro-sul do País, além de outros produtores na margem da malha. “O projeto prevê a possibilidade de construção da instalação com capacidade faseada, seja por recebimento de biometano através de duto dedicado ou por modal rodoviário – caminhões de GNC e GNL. O tamanho do projeto irá depender da demanda de mercado, de análises internas da TBG e da interlocução com o órgão regulador”, continuou a transportadora.
A TBG informa que, com isso, está “apta” a colaborar com a chamada para aquisição de biometano da Petrobras, com potencial para 700 mil metros cúbicos por dia. O projeto para transporte de biometano pode ser modulado e replicado conforme demanda do mercado. A empresa também submeteu o contrato de conexão para o produto para aprovação da Agência Nacional do Petróleo (ANP).
O diretor comercial da TBG, Jorge Hijjar, diz no documento que a ideia é fazer da TBG um agregador de biometano a partir da criação de hubs que ajudem a viabilizar a conexão de produtores que, isoladamente, não teriam escala suficiente para se conectarem ao transporte.
Plano Nacional
Na nota, a TBG também informa a disposição de colaborar com o “Plano Nacional Integrado das Infraestruturas de Gás Natural e Biometano” (PNIIGB), da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), que abriu em 19 de março uma consulta pública de nota técnica metodológica. O plano tem o objetivo de promover estratégias para o desenvolvimento da oferta, demanda e infraestrutura de gás natural e biometano no País.
Gerado a partir de resíduos orgânicos, o biometano é intercambiável com o gás natural em termos residenciais, comerciais, industriais e para o abastecimento de veículos.
Globo Online - RJ 05/05/2025
As petroleiras de médio e pequeno porte estão aumentando suas apostas na produção de gás. Do poço à distribuição, os investimentos já chegam a responder por até 40% do plano de negócios, dividindo cada vez mais o espaço até então dominado pelo petróleo. Com a abertura do setor e a ampliação do mercado livre, as companhias vêm ampliando a infraestrutura com a construção de gasodutos e unidades para processar e tratar o gás, de olho em indústrias, residências e térmicas.
As estratégias das pequenas e médias empresas se somam aos planos das grandes do setor. Somente projetos da Petrobras e da Equinor, como BMC-33 e Raya, devem elevar a oferta de gás no Brasil em cerca de 35 milhões de metros cúbicos por dia até 2030, o equivalente a mais de duas vezes o consumo de São Paulo. O volume é pouco mais que o consumo atual, de cerca de 30 milhões de metros cúbicos, sem levar em conta o uso da matéria-prima para o sistema Petrobras.
De olho no mercado livre
Para Márcio Felix, presidente da Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Petróleo e Gás (Abpip), as empresas buscam ajudar o desenvolvimento do setor, ainda concentrado na Petrobras. Ele lembra que as pequenas e médias companhias já respondem por cerca de 7,51% da produção de gás, somando 11,5 milhões de metros cúbicos por dia, de um total de 153 milhões produzidos no país em 2024. Para 2029, a projeção é que o total chegue a 220 milhões de metros cúbicos por dia. Se somados os investimentos gerais em gás no Brasil, o total esperado entre 2025 e 2029 é de US$ 2,332 bilhões.
— Há um foco das operadoras independentes em novas infraestruturas, como unidades de processamento, gasodutos e terminais de distribuição, além da ampliação da capacidade produtiva para atender à crescente demanda nacional e a possíveis novas frentes de exportação — afirma Felix.
Rivaldo Moreira Neto, diretor sênior da consultoria A&M Infra, observa que o mercado passa por um momento de amadurecimento, após o fim do processo de venda de ativos da Petrobras e a abertura ao investimento privado com as mudanças regulatórias dos últimos anos:
— Se o primeiro movimento dessas empresas foi vender para distribuidoras de gás, agora também estão indo para o mercado livre, olhando para a indústria.
A Petroreconcavo, por exemplo, está investindo US$ 120 milhões em infraestrutura de gás — 40% do total planejado pela empresa. Com 57 campos em terra, está construindo no Rio Grande do Norte uma unidade de processamento de gás (UPGN) e assinou um acordo para comprar 50% dos ativos de gás da Brava no estado. Estes incluem UPGNs com capacidade de processamento de 3 milhões de metros cúbicos diários, um gasoduto e instalações para o armazenamento de GLP (gás de botijão).
— O gás é o combustível de transição. O país abriu seu mercado de gás, permitindo mais investimentos. Agora tem que desenvolver o mercado interno — afirmou José Firmo, CEO da Petroreconcavo.
A Brava, que tem polos de produção de gás em Rio Grande do Norte, Bahia e Espírito Santo, também está ampliando os investimentos. Pedro Medeiros, diretor de Novos Negócios e Comercial da empresa, cita os esforços para ampliar a produção de gás na Bahia e o desenvolvimento de descobertas de gás no mar, como o prospecto de Malombé, que está em análise e fica nas imediações do campo de Peroá (ES), onde já há uma plataforma e produção de gás.
— As distribuidoras de gás em regiões metropolitanas passaram por privatização nos últimos anos e agora estão investindo para ampliar o alcance da rede. A expectativa é que a demanda continue avançando acima do PIB. Também levamos gás produzido no Nordeste para o Sul por meio da malha da NTS, para atender a Comgás — diz Medeiros.
Também por mar
Em alguns casos, investir em gás foi necessário devido às características dos campos. A Alvopetro encontrou gás nos dois primeiros poços perfurados para explorar petróleo em Murucututu (BA), em 2013. Para viabilizar a comercialização, lembra o presidente e CEO, Corey Ruttan, foi aberto outro poço de gás no sul do estado, a fim de garantir volume para um contrato de longo prazo. A infraestrutura incluiu uma unidade de processamento e um gasoduto. Desde então, são 11 poços e mais de 25 quilômetros de gasoduto. Um novo poço está sendo perfurado, antecipa Ruttan. Até o momento, já foram investidos mais de US$ 150 milhões.
— Em janeiro e fevereiro de 2025, a produção média foi de 2.375 barris de óleo equivalente por dia, sendo 94% desse volume gás natural, totalizando 381 mil metros cúbicos por dia. É um aumento de 37% em relação à média de produção do quarto trimestre de 2024. O objetivo de curto prazo é aumentar a produção de gás natural para pelo menos 500 mil metros cúbicos por dia — diz Ruttan.
O gás também vem ganhando espaço entre empresas com foco em exploração marítima. A Prio está construindo um duto de 35 quilômetros para conectar o campo de Frade, onde já há um navio-plataforma, ao de Wahoo, na Bacia de Campos. É parte de um plano de investimento total de R$ 5 bilhões em Wahoo.
— Vamos levar gás para a unidade de processamento da Petrobras em Cabiúnas. Após passar por essa unidade, o gás será fracionado em GLP, gás natural tratado para uso residencial e automotivo, além de ser condensado para a indústria petroquímica — explica Gustavo Hooper, gerente de Comercialização.
Desafios regulatórios e ambientais
Apesar dos avanços, as companhias destacam uma série de desafios. Entre eles, a necessidade de maior simplificação e clareza nos processos regulatórios e ambientais, além da redução de custos e da ampliação da acessibilidade à infraestrutura de transporte e processamento, com maior transparência nos preços.
— A empresa precisou firmar um contrato de venda de gás de longo prazo, com altos compromissos de fornecimento e penalidades severas em caso de falha. Esse modelo de contratação, historicamente utilizado pela Petrobras, tornou a comercialização mais difícil para novos ativos sem histórico de produção e operando em um único campo. Esses desafios são barreiras significativas para novos projetos, especialmente para campos menores e empresas de menor porte. Como o setor já envolve riscos naturais, a adição de incertezas na comercialização pode levar empresas a evitarem investimentos de capital que, de outra forma, seriam viáveis — diz Ruttan, da Alvopetro.
A agenda regulatória de interação do gás natural com o segmento de distribuição de combustíveis e geração de energia elétrica é fundamental para acelerar a equação de oferta e demanda, avalia Pedro Medeiros, diretor de Novos Negócios e Comercial da Brava. Além disso, a agenda de licenciamento ambiental é essencial para apoiar os investimentos, garantindo a viabilidade da infraestrutura de transporte, escoamento e processamento.
— Ainda temos no Brasil oportunidades e necessidade de criação de novas infraestruturas, como capacidade de estocagem de gás. Hoje, somos sócios de um dos maiores campos do país, o de Manati, que tem potencial para se tornar um polo de estocagem, facilitando a consistência de consumo e oferta nesse ambiente de gás. Além disso, seguimos explorando novas fronteiras, como a parceria com a Eneva na Bacia do Paraná — afirma Medeiros.
Valor - SP 05/05/2025
Empresa apresentou queda no lucro trimestral e receita menor
A Chevron Corp. reduzirá as recompras de ações neste trimestre após a queda dos preços do petróleo, indicando que a guerra comercial do presidente americano Donald Trump está prejudicando uma indústria-chave nos EUA que ele prometeu ajudar.
A empresa recomprará cerca de US$ 2,75 bilhões em ações no segundo trimestre de 2025, cerca de 30% a menos do que comprou nos primeiros três meses do ano, anunciou nesta sexta-feira. A medida ocorre apesar de a Chevron ter superado as estimativas de lucro com a produção de baixo custo do Cazaquistão e da Bacia Permiana.
As ações da Chevron tiveram queda no pré-mercado em Nova York nesta sexta, após a gigante do petróleo e gás apresentar lucro trimestral que, apesar da queda, superou as expectativas do mercado, enquanto a produção ficou estável e a receita ficou abaixo das previsões.
O lucro líquido da petrolífera caiu 54,6% em relação ao ano anterior, para US$ 3,5 bilhões, enquanto o lucro ajustado por ação saiu de US$ 2,93 para US$ 2,18, acima da estimativa média de analistas compilada pela FactSet de US$ 2,16. A receita total diminuiu 2,3%, para US$ 47,61 bilhões.
A Chevron informou que retornou US$ 6,9 bilhões em dinheiro aos seus acionistas, US$ 3,9 bilhões por meio de recompras de ações e o restante por meio de dividendos.
TN Petróleo - RJ 05/05/2025
A PRIO comunica que assinou com a Equinor Brasil Energia a aquisição de participação de 60% e operação dos Campos de Peregrino e Pitangola.
O negócio, que agregará 202 milhões de barris de reservas e recursos 1P+1C à companhia conforme as estimativas de reservas referenciados em 01/01/2024, será dividido em duas partes: (i) aquisição de 40% de participação, conjuntamente com a operação do campo, e (ii) aquisição de 20% de participação.
Assim, o campo de Peregrino passará a ser detido e operado integralmente pela PRIO. As aquisições estão sujeitas às condições precedentes usuais para este tipo de operação, como aprovação da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (“ANP”) e aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (“CADE”).
As transações terão um valor conjunto de US$ 3.350 milhões. A operação de 40% será dividida entre: (i) US$ 2.233 milhões para os 40% e operação, e (ii) earn-out de US$ 166 milhões contingente à conclusão da operação de 20%. A operação de 20% terá um valor de US$ 951 milhões. Os pagamentos devidos na conclusão das aquisições estarão sujeitos aos ajustes até o fechamento da transação (contados a partir de 1º de janeiro de 2024), como o resultado do ativo e juros1, conforme transações similares.
A Companhia espera que as operações sejam concluídas entre o final de 2025 e meados de 2026 e todos os valores serão pagos utilizando os recursos já disponíveis em conta corrente da PRIO, somados à geração de caixa da Companhia até o closing da operação e um aumento temporário do nível de alavancagem para aproximadamente 2,0 Net Debt / EBITDA que permanecerá dentro de faixas saudáveis e conservadoras.
A PRIO foi assessorada pelo banco Jefferies, e pelos escritórios de advocacia Tauil & Chequer Advogados associado a Mayer Brown no Brasil e Mayer Brown International LLP no Reino Unido.
Agrolink - RS 05/05/2025
A 30ª edição da Agrishow, encerrada nesta sexta-feira (2) em Ribeirão Preto (SP), alcançou um volume recorde de R$ 14,6 bilhões em intenções de negócios no setor de máquinas e implementos agrícolas. O resultado representa um aumento de 7% em relação ao ano anterior, quando foram registrados R$ 13,6 bilhões.
Apesar do crescimento, João Carlos Marchesan, presidente da feira, fez um alerta sobre a necessidade de condições favoráveis para que os negócios sejam efetivados. “Só será possível a concretização desse volume de negócios com um plano Safra robusto e juros compatíveis à necessidade do setor”, afirmou.
O evento também registrou recorde de público, com 197 mil visitantes ao longo dos cinco dias. De acordo com a organização, os ingressos se esgotaram previamente na maioria dos dias da feira.
A edição de 2025 destacou a tecnologia como um dos principais focos, com expositores apresentando soluções baseadas em inteligência artificial. A participação de representantes da agricultura familiar foi outro ponto relevante, reunindo pequenos, médios e grandes produtores rurais em torno de inovações voltadas para diferentes perfis do agronegócio.
A próxima edição da Agrishow está prevista para ocorrer entre 27 de abril e 1º de maio de 2026, também em Ribeirão Preto.
Canal Rural - SP 05/05/2025
A Agrishow chegou à edição de número 30 e foi marcada pela presença de colheitadeiras de tamanho recorde, reflexo da safra histórica brasileira estimada em 330 milhões de toneladas de grãos e da esperança de um próximo ciclo ainda mais representativo.
Essas máquinas devem ser responsáveis por fatia significativa dos R$ 15 bilhões em intenção de negócios projetados pela organização do evento, cifra que, se confirmada, representará o maior volume gerado por uma feira agrícola na história do país.
Entre os modelos expostos, quem chega pela entrada principal do estande da New Holland dá de cara com a CR11, a maior colheitadeira de duplo rotor do mundo, já disponível no mercado brasileiro, mas com preço ainda em dólar.
De acordo com o diretor de Mercado Brasil da companhia, Cláudio Calaça Júnior, o produtor que quiser levá-la para a lavoura terá de desembolsar entre US$ 1,5 milhão e US$ 2 milhões (R$ 8,5 milhões e R$ 11,3 milhões, aproximadamente), a depender do pacote tecnológico embarcado.
Segundo o executivo, a gigante amarela é equipada com motor de 775 cavalos de potência, tanque graneleiro de 20 mil litros, plataforma de 61 pés e capacidade de descarga de 210 litros por segundo. Produzida na Bélgica, incorpora o novo sistema TwinClean, que utiliza dois conjuntos de peneiras para aprimorar a limpeza dos grãos e minimizar perdas.
Ao lado dela, Calaça Júnior comemorou na feira a participação de mercado da empresa, segmento altamente disputado por empresas que lançam novos produtos ou versões todos os anos. “A cada três colheitadeiras vendidas no Brasil, uma é New Holland e a cada cinco tratores comercializados em toda a América Latina, um é nosso”, disse.
A respeito da projeção da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas (Abimaq) de aumento de 8,2% nas vendas ao longo dos cinco dias de Agrishow, o diretor se disse otimista, mas acrescentou que o maior entrave ao setor continua sendo a taxa de juros.
Colheitadeira monorrotor
Trocando as cores, outra que impressionou pelo tamanho foi a Case IH ao dedicar boa parte de seu amplo espaço na feira para a maior colheitadeira monorrotor do mundo. A Axial-Flow AF10 Automation possui motor e tanque de grãos de mesmas capacidades que a sua concorrente amarela (775 cavalos e 20 mil litros).
De acordo com o vice-presidente da empresa para a América Latina, Christian Gonzalez, o modelo conta, ainda, com manobra de cabeceira autônoma, compartilhamento de mapa entre as máquinas e duplo monitor com acesso remoto para suporte do operador.
Para atender o modelo, a marca apresentou uma nova linha de plataformas de 25, 50 e 61 pés, chassis articulado, ângulo de ataque ajustável e velocidade de esteira regulável.
Trabalho em terrenos irregulares
Outra que também apostou no tamanho foi a alemã Fendt. A nova Ideal 25 é equipada com o sistema Dual Helix Processor e os maiores rotores do mercado (4,84 metros de comprimento), área de trilha 45% maior e sistema de limpeza 25% superior ao da versão anterior, o que gera compensação de até 15% de declividade, muito útil para terrenos irregulares como os das regiões Sul e Sudeste do país. Falando nisso, a fabricação é nacional, na unidade de Santa Rosa, noroeste do Rio Grande do Sul.
Segundo o vice-presidente da companhia, Marcelo Traldi, testes em campo comprovaram o padrão 10-10: redução de 10% no consumo de combustível e aumento de 10% na produtividade da máquina.
O executivo ressalta que a colheitadeira foi projetada para trabalhar mais tempo no campo, com menos paradas. Para isso, os motores são ajustados a operar a 1.900 rpm, o que também prolonga o intervalo entre as manutenções.
A máquina chega ao mercado com novo acionamento das esteiras da plataforma Draper com caixa selada de 90 graus, o que promete maior durabilidade e redução de intervalos.
Operação ininterrupta
Por fim, a gigante global John Deere levou para a Agrishow a nova colheitadeira de grãos X9 que, de acordo com o vice-presidente de Vendas e Marketing da companhia para América Latina, Antonio Carrere, é capaz de colher mais de 100 toneladas por hectare com menos de 1% de perdas.
Outro diferencial que vale nota é o motor de 13,6 L, capaz de trabalhar por até 14 horas sem reabastecimento por conta do sistema de transmissão de energia para os módulos finais.
Segundo Carrere, a X9 é dotada de tanque de grãos de 14.800 litros de capacidade, tubo de descarga de 9,5 metros articulado e com ponteira ajustável. A máquina possui taxa de descarga de 162 litros por segundo, sendo, assim, capaz de descarregar um graneleiro cheio em apenas 90 segundos.
Money Times - SP 05/05/2025
A Agrishow 2025 movimentou R$ 14,6 bilhões em intenções de negócios para máquinas agrícolas, um avanço de 7% contra 2024. E durante a principal feira de tecnologia para o agronegócio da América Latina, empresas como John Deere (DEEC34), Massey Ferguson e Fendt realizaram novos lançamentos.
Para a aquisição de máquinas, o produtor rural enfrenta como desafios o alto custo do crédito e as taxas de juros elevadas.
A John Deere focou em 2 linhas de plantadeiras, a 1200, voltada para pequenas propriedades do Sul do Brasil, com versões de 9 a 13 linhas e adaptada a terrenos acidentados e a 3100, que permite a aplicação de fertilizantes durante o plantio.
Além disso, a empresa destacou sua Trator 8R com motor a etanol, apresentado no ano passado e que foi apresentado na Agrishow 2025 com o protótipo.
As colheitadeiras S5, que conta com o Sistema de Ajuste Automático ao Terreno (ATA), capaz de reduzir perdas em até 50% em terrenos com inclinação de até 25 graus e a S7, um dos lançamentos mais esperados, por contar com Automação de Colheita, com máquina ajustando a velocidade de colheita de acordo com o rendimento 3,6 segundos antes do corte. Fora isso, as colheitadeiras contam com 100% de conectividade no campo.
“A automação de colheita traz em média 20% a mais de produtividade. Isso significa que se o produtor tiver uma frota de dez máquinas, ele consegue fazer o mesmo com apenas oito máquinas”, diz Felipe Santos, Felipe Santos, gerente de marketing e negócios de sistemas de produção para América Latina.
Massey Fergusson
A AGCO (NYSE: AGCO), por meio da sua marca Massey Ferguson, lançou a enfardadora MF 2234 prismática, com capacidade para compactar fardos gigantes de até três metros de comprimento, facilitando o transporte e o armazenamento.
Projetada para trabalhos pesados, a enfardadora MF 2234 se destaca pelo alto desempenho no recolhimento da palha da cana, capins e outros resíduos agrícolas, com capacidade para produzir um fardo por minuto e cobrir até quatro hectares por hora.
A empresa também lançou na Agrishow novas tecnologias do pulverizador MF 500R, com uma nova barra de 42 metros, que combina aço, alumínio e fibra de carbono, proporcionando maior leveza e alta resistência.
“Ela traz menos peso, menos compactação do solo, sendo mais ampla e cobrindo melhor, melhorando a produtividade”, comenta Rodrigo Junqueira, vice presidente da Massey Fergusson para América do Sul.
Fendt
A Fendt, empresa do ACGO que conta com seis anos no mercado brasileiro, levou para Agrishow sua nova colheitadeira IDEAL 25.
Segundo Rafael Antonio Costa, diretor comercial, a colheitadeira se diferencia por atacar três dores principais do agricultor: janela de colheita reduzida, perda na qualidade dos grãos e custo operacional.
“Ela tem uma excelente qualidade de grãos com baixo níveis de perda, entregando um rendimento operacional interessante com baixo custo operacional”.
Costa reforça que a empresa já é líder em alguns estados brasileiros e a ideia é crescer ainda mais no market share do Brasil.
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