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04 de Abril de 2025

SIDERURGIA

Valor - SP   04/04/2025

Em fevereiro, Trump anunciou a tarifa de 25% sobre a importação de aço e deu fim ao acordo de cotas

O Instituto Aço Brasil disse, nesta quinta-feira (3), que, após o anúncio do presidente dos EUA, Donald Trump, sobre tarifação de outros países, o setor mantém o pedido, feito em fevereiro, pelo reestabelecimento do acordo de cotas de 2018.

Desde 2018 até 11 de março, Brasil e Estados Unidos tinham acordo que previa isenção de tarifas de importação do aço brasileiro, considerando cota de 3,5 milhões de toneladas de semiacabados e 687 mil toneladas de laminados por ano.

Em fevereiro, Trump anunciou a tarifa de 25% sobre a importação de aço e deu fim ao acordo. O anúncio de quarta-feira (2) não impôs tarifa adicional em relação ao anunciado anteriormente.

"Desde então [fevereiro], a indústria brasileira de aço vem defendendo a reconstrução do mecanismo de cotas, o que também tem sido alvo de grande esforço negocial por parte do governo brasileiro e de sua diplomacia junto às autoridades norte-americanas", informa o Instituto Aço Brasil, em nota.

"O Aço Brasil reforça que a retomada das exportações de aço aos Estados Unidos nas condições vigentes até março atende não somente o interesse da indústria de aço brasileira, mas também da indústria de aço norte-americana. As usinas norte-americanas demandaram quase 6 milhões de toneladas de placas de aço em 2024, das quais 3,4 milhões de toneladas vieram do Brasil".

Na visão do instituto, a manutenção do cenário atual, sem a retomada do acordo, é prejudicial para ambos os países.

No anúncio de 2 de abril, Trump definiu a tarifa de 10% para todas as importações provenientes do Brasil, a cota mínima em relação à lista divulgada sobre os demais países. A cobrança começará a ser feita no dia 5.

O Estado de S.Paulo - SP   04/04/2025

O anúncio do tarifaço global de Donald Trump, nas chamadas tarifas recíprocas, para produtos exportados para o mercado dos EUA, à primeira vista trouxe vantagens para o Brasil frente a outros parceiros comerciais americanos, com tarifa básica (alíquota mínima) de 10%, mas traz uma preocupação, avalia Renê Medrado, sócio e especialista em comércio internacional e direito aduaneiro do escritório Pinheiro Neto Advogados.

O especialista alerta para um efeito que poderá atingir mercados que tiveram tarifas mínimas, como o Brasil. Os países que tiveram taxas elevadas, como China, Japão e Vietnã e os de União Europeia, vão buscar outros mercados com as portas fechadas nos EUA. “O Brasil é um alvo pela relevância de seu mercado. Passa a ser mais um desafio para o governo brasileiro nessa guerra comercial global”, afirma.

No chamado “Dia de Libertação” alcunhado por Trump, China, Japão, Taiwan, Vietnã, Malásia e outros países do Sudeste Asiático e as 27 nações que compõem a União Europeia foram o principal alvo do presidente americano. Tiveram tarifas que variam acima de 20%, com sobretaxas, por exemplo, de 46% para Vietnã, 36% para Tailândia, 34% para China e 32% para o Japão.

“É preciso fazer uma análise comparativa da tarifa imposta ao Brasil com as de China, União Europeia e países do Sudeste Asiático, que tiveram sobretaxas superiores. Relativamente, o caso do Brasil é menos pior, pois ganha uma vantagem de exportação para os EUA em relação as esses países”, avalia Medrado, que falou com o Estadão, por telefone, de Washington.

Uma das dúvidas ainda a ser dirimidas, aponta Medrado, é se haverá sistema de isenções para algumas categorias de produtos. Por exemplo: o Brasil é um grande exportador de petróleo cru para os EUA. É um item sensível.

“Há ainda um elevado grau de incertezas relativo ao prazo que essas medidas ficam em vigor, se haverá revisão em determinado momento. Temos de aguardar detalhamentos”, acrescenta Medrado.

Na visão de Medrado, neste momento não deve haver uma resposta do Brasil à nova medida de Trump. O País deverá permanecer em uma posição de observação. “O desafio é enfrentar o fluxo de produtos importados, que poderá crescer, imprimindo uma pressão sobre a indústria nacional”. No cenário agregado, o anúncio não foi tão ruim para o Brasil, acrescenta.
Negociações para renovação de cotas de exportação no aço

Os fabricantes brasileiros de aço sentiram um certo alívio no anúncio das tarifas recíprocas feito nesta quarta-feira, 2, por Trump na Casa Branca. Os 10% não serão cumulativos à tarifa de 25% aplicada às exportações de aço em vigor desde 12 de março, disse ao Estadão o presidente do Instituto Aço Brasil, Marco Polo de Melo Lopes.

“São informações que tivemos confirmação de representantes da Casa Branca”, disse Lopes. Segundo o executivo, isso significa que o Brasil, no caso do aço, estará na mesma condição de antes e em pé de igualdade de outros países que tiveram a mesma taxação, como Canadá, México e Vietnã. “Isso é um ponto positivo”, afirmou o presidente do Aço Brasil.

Ele ressaltou, no entanto, que o Brasil continuará negociando para voltar à mesma condição de 2018, quando foi sobretaxado em 25%, por Trump, mas conseguiu em negociações a fixação de um sistema de cotas para aços semiacabados (placas e lingotes, com 3,4 milhões de toneladas por ano) e para produtos acabados (687 mil toneladas anuais).

“Hoje (quarta, 2) mesmo houve uma reunião do ministro Mauro Vieira, do Ministério de Relações Exteriores (MRE) com o titular do escritório de Representação Comercial dos Estado Unidos (USTR, na sigla em inglês), Jamieson Greer”, informou Lopes. Para ele, o governo brasileiro está muito atuante nesse caso, mostrando que se trata de fornecimento estratégico à siderurgia americana.

“A exportação de aço semiacabado é complementar, porque os EUA não tiveram mudança na sua condição de importador desse produto desde 2018”, disse o presidente do Aço Brasil.

No caso das tarifas lineares, observa Lopes, a taxa de 10%, na sua avaliação, é resultado de um grande trabalho de negociações do governo brasileiro (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços e MRE) com o governo americano no último mês, em diversas reuniões com negociadores americanos na capital, Washington.

Sobre a aprovação no Congresso do projeto de lei da Reciprocidade, o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Flávio Roscoe, afirma que será uma ferramenta a mais para negociações, mas que o ideal seria que o governo não respondesse com retaliações.

“Dá para ficar na linha da amizade. A retaliação é ruim para todos, e o Brasil é um dos poucos países com quem os EUA têm superávit. Então, estamos com posição muito boa para negociar.”

O presidente da associação mineira avalia que Trump ainda está buscando colocar um “bode na sala”, para ganhar vantagens nas tratativas com os países.

“Estou entendendo ainda a estratégia de Trump como uma busca por uma posição de força, para se colocar estrategicamente e depois negociar bilateralmente. É mais um movimento de afirmação de uma política comercial mais agressiva do que qualquer outra coisa, na direção de ser mais impositivo em relação ao comércio americano”, disse.

Exame - SP   04/04/2025

Apesar do temor inicial, o consenso entre analistas de mercado é de que os impacto do tarifaço de Trump de 10% para produtos brasileiros é “relativamente baixo” para os papéis das companhias brasileiras.

Ainda assim, alguns setores tendem a sofrer consequências de forma indireta.

Uma das empresas mais apontadas entre as afetadas é a Embraer. O Citibank considera que as tarifas podem ter impacto modesto e mantém a recomendação de “compra” para as ações da Embraer (EMBR3).

O banco espera que uma tarifa de 10% cobrada sobre as importações da companhia resultaria em uma redução de 9% no Ebitda de 2025. Esse impacto estimado contrasta com o que já foi um declínio mais significativo no preço das ações devido a preocupações com tarifas.

A receita da Embraer foi de US$ 6,4 bilhões em 2024, e 59% foi registrada nos Estados Unidos. O UBS avalia que, apesar da alta exposição às vendas nos EUA, a produção local pode mitigar o impacto. Isso porque, das vendas para o país, pelo menos 10% são dos jatos executivos Phenom, que são produzidos na Flórida. Além disso, serviços e suporte os EUA representam cerca de 13% das vendas, o que diminuiria o montante tributável para US$ 2,3 bilhões, ou 36% da receita total.

Já para a WEG (WEGE3), o UBS estima que a exposição aos EUA seja de 25% da receita com a fonte de produção correspondente bem distribuída entre EUA, México e Brasil.

Uma parte significativa de sua fabricação ocorre no México, que pode ser isenta de tarifas devido ao acordo de livre comércio USMCA, entre México Canadá e Estados Unidos — o anúncio de Trump não trouxe novidades sobre os países vizinhos, que não entraram na lista.

No caso do Brasil, estima-se que a tarifa recíproca de 10% possa refletir em uma queda de 0,8% na margem potencial. No entanto, é improvável que a WEG suporte o ônus total das tarifas, que devem ser parcialmente repassadas aos preços, segundo o banco. A fabricante de equipamentos elétricos aumentou sua presença nos Estados Unidos com a aquisição da Marathon, onde há capacidade ociosa.

Outra análise do UBS é que os produtos podem reagir de maneira diferente às tarifas. A área de T&D, que hoje enfrenta restrição de capacidade, é mais provável de absorver as tarifas por meio de aumentos de preços.

A Tupy (TUPY3) e a Iochpe-Maxion (MYPK3) enfrentam apenas o impacto indireto das tarifas sobre veículos leves exportados para os EUA que contenham peças produzidas no México, além do risco de redução da demanda devido às tarifas, conforme a avaliação do UBS. Estima-se que essa exposição indireta à receita em um dígito médio percentual para ambas as empresas.

A Tupy é a mais exposta ao risco de tarifas diretas, já que a proclamação da Casa Branca mencionou peças de motor, mas não citou rodas e componentes estruturais. O banco projeta uma queda potencial de margem de no máximo 0,3% para a Iochpe e no máximo 0,6% para a Tupy, dependendo dos efeitos mitigadores da transferência de preços ao consumidor.

Em relação às siderúrgicas, a Genial Investimentos avalia como “razoável” esperar uma intensificação dos esforços chineses para redirecionar as exportações para mercados ainda acessíveis, como América Latina, Oriente Médio e partes da África. Esse cenário pode aumentar a pressão competitiva global sobre os preços e afetar a dinâmica regional para as siderúrgicas brasileiras, como Gerdau, CSN e Usiminas.

Quanto ao minério de ferro, os impactos tendem a ser indiretos, mas não insignificantes. A menor demanda externa por aço na China, por meio de redução nas exportações de bens duráveis, combinado com os cortes domésticos já sinalizados pelo governo chinês, pode resultar em uma redução adicional na demanda por minério de ferro.

Para a Genial Investimentos, o pacote tarifário dos EUA representa um novo vetor de pressão sobre a indústria siderúrgica chinesa, o que pode levar a consequências indiretas. Uma delas é o aumento na penetração de aço importado e embutido no Brasil, gerando um momento mais difícil para as usinas, especialmente aquelas focadas em aço plano, como CSN e Usiminas.

“Se as tensões comerciais piorarem e a retaliação ganhar força, há espaço para uma reprecificação dos fundamentos ao longo de 2025, em um ambiente mais protecionista, fragmentado e desafiador para os fluxos globais de aço e insumos industriais”, explicam os analistas.

O Santander ressalta os impactos das tarifas para a Suzano (SUZB3). Apesar da exposição de 15%, as tarifas podem ser um fator positivo líquido, pois isso poderia forçar o fechamento de produtores de alto custo no Canadá.

ECONOMIA

O Estado de S.Paulo - SP   04/04/2025

Poucos esperavam que ele fosse tão longe. Em uma mudança impressionante na política econômica americana, Donald Trump aumentou as tarifas em todos os países. Nesta quarta-feira, 2 de abril, falando no jardim da Casa Branca, ele declarou que os Estados Unidos imporiam taxas de 10% sobre todas as importações, além de taxas “recíprocas” mais altas - muito mais altas, em alguns casos - para se vingar de países que, na opinião dele, trataram os Estados Unidos de forma injusta. Somando-se a outras tarifas anunciadas desde seu retorno à Casa Branca, o resultado é que, no espaço de dez semanas, ele ergueu um muro de proteção em torno da economia americana semelhante ao do final do século XIX.

Para Trump, as medidas representam uma tentativa de encerrar definitivamente uma longa era de comércio global cada vez mais livre. Segundo ele, essa abertura permitiu que outros países “roubassem” os Estados Unidos. “Durante anos, os cidadãos americanos que trabalham duro foram forçados a ficar de fora, enquanto outras nações enriqueciam e se tornavam poderosas, em grande parte às nossas custas... Agora é a nossa vez de prosperar”, disse ele em seu discurso. As novas tarifas - de longe as mais amplas que ele já implementou - são nada menos que uma “declaração de independência econômica”, anunciou Trump.

Convenientemente ignorados por ele estão os fatos de que a globalização trouxe uma prosperidade sem precedentes para os Estados Unidos e que o país foi o principal arquiteto das regras que sustentam o comércio internacional. Agora, se Trump conseguir o que quer, a ordem econômica que foi lenta e firmemente construída após a Segunda Guerra Mundial estará morta e enterrada. Em vez disso, o presidente americano exaltou a prosperidade dos Estados Unidos no final do século XIX, quando o país era muito mais pobre do que é hoje. “Podemos ser muito mais ricos do que qualquer outro país, não dá nem para acreditar”, disse.

Empresas, investidores e diplomatas ainda estão tentando entender os detalhes das novas tarifas de Trump. No entanto, quando analisadas em sua totalidade, elas parecem ser mais sombrias do que muitos dos piores cenários para suas políticas comerciais, previstos há apenas alguns dias. As importações para os Estados Unidos agora enfrentarão uma taxa tarifária média ponderada de 24%, de acordo com a Evercore isi, uma empresa de pesquisa. Esse é um aumento drástico em relação aos cerca de 2% do ano passado.

Tanto para os americanos quanto para o resto do mundo, há pouco tempo para se ajustar. A tarifa universal de 10% sobre todos os países deve entrar em vigor em 5 de abril; as tarifas recíprocas direcionadas aos países com grandes excedentes em seu comércio bilateral com os Estados Unidos começarão em 9 de abril. Para calcular as taxas recíprocas, a Casa Branca sugeriu que havia pesado as tarifas de cada país contra os Estados Unidos, juntamente com outras medidas, incluindo manipulação de moeda e barreiras comerciais, antes de dividir o valor aproximadamente pela metade - um ato de grande bondade, como disse Trump.

No entanto, os dados sugerem que as autoridades podem ter simplesmente analisado o déficit bilateral dos Estados Unidos como uma parcela das importações de cada país para calcular as taxas recíprocas, o que teria sido uma metodologia extremamente grosseira.

Como consequência dessa abordagem, a União Europeia agora enfrentará tarifas de 20%, a Índia de 27% e o Vietnã de 46%. A China, por sua vez, terá tarifas totais de 65%, uma vez que sua taxa recíproca se acumulará às taxas existentes. Trump também prometeu fechar uma brecha que permite que fabricantes estrangeiros, geralmente chineses, enviem produtos com valor inferior a US$ 800 para os Estados Unidos sem nenhuma tarifa, em uma medida que pode causar estragos no setor de comércio eletrônico.

Uma pequena vantagem é que as tarifas sobre setores específicos, incluindo uma nova taxa de 25% sobre automóveis, serão isentas das taxas nacionais, o que significa que os automóveis fabricados, por exemplo, na Alemanha, enfrentarão apenas essa sobretaxa de 25%, sem a tarifa adicional da UE. A mesma lógica se aplica às importações de alumínio e aço.

Os produtos do México e do Canadá, os dois maiores parceiros comerciais dos Estados Unidos, também estarão livres de tarifas, desde que estejam em conformidade com a USMCA, um pacto comercial entre os países da América do Norte que Trump renegociou durante seu primeiro mandato. Aqueles que não o fizerem ainda terão de pagar uma tarifa de 25%. “Se você quer que sua tarifa seja zero, então construa seu produto aqui mesmo nos Estados Unidos”, disse Trump.
Tijolo por tijolo

Até recentemente, muitos observadores se apegavam a duas interpretações esperançosas do comportamento de Trump. A primeira era a de que ele queria aplicar tarifas principalmente para obter vantagem nas negociações ao buscar concessões de outros países. A segunda era a de que o presidente seria disciplinado pelo mercado de ações, com o qual ele se importava muito, e, portanto, recuaria em relação às barreiras comerciais se os investidores se desanimassem com elas.

Ambas as interpretações, já enfraquecidas pela enxurrada de tarifas de Trump desde que assumiu o cargo em janeiro, parecem ainda mais frágeis após seus comentários neste 2 de abril. Como o presidente explicou - apoiado por evidências de entrevistas de televisão que ele deu há cerca de 40 anos -, ele sempre foi um cético em relação ao livre comércio, acreditando que outros países exploram os Estados Unidos.

Ele não culpou os líderes estrangeiros por suas ações, dizendo que eles estavam se comportando de forma sensata. Em vez disso, apontou o dedo para seus antecessores na Casa Branca. Quanto ao mercado de ações, ele pareceu minimizar sua importância, insistindo que a prova real de seu sucesso virá da revitalização das fábricas dos Estados Unidos.

Naturalmente, isso levanta a questão de como as coisas ficarão feias nos mercados e, em última análise, na economia real nos próximos dias e meses. O índice S&P 500 de grandes empresas americanas caiu quase 10% desde que atingiu um recorde de alta no final de fevereiro. Nos dias que antecederam o anúncio da nova tarifa, o mercado havia se estabilizado, mas quando Trump falou - logo após o fechamento do pregão - os futuros já apontaram para uma queda acentuada nesta quinta-feira, 3.

Essa turbulência pode ser uma pequena prévia da dor que aguarda as pessoas e as empresas de modo geral. Devido ao tamanho e à amplitude das tarifas, inclusive sobre os países asiáticos, de Bangladesh ao Vietnã, que fornecem produtos básicos para os Estados Unidos, os preços ao consumidor certamente aumentarão. A inflação, que estava lentamente voltando a uma taxa anual de 2%, pode agora ultrapassar 4% antes do final do ano, de acordo com a Capital Economics, uma empresa de pesquisa.

Enquanto isso, é provável que os danos ao crescimento econômico americano sejam muito mais graves do que se imaginava anteriormente. Antes do anúncio das novas tarifas, os indicadores de sentimento do consumidor haviam se tornado muito brandos e a incerteza nos negócios havia aumentado. No entanto, a maioria dos economistas acreditava que, com o impulso subjacente robusto, isso representaria uma desaceleração da economia. Essa equanimidade pode ter sido equivocada. Mark Zandi, da Moody’s, uma agência de classificação de risco, acredita que uma recessão é inevitável se as políticas comerciais anunciadas forem totalmente implementadas.

A dor de curto prazo é um preço que Trump parece disposto a pagar para concretizar sua visão. Além de restaurar a capacidade de fabricação dos Estados Unidos, ele argumenta que os impostos gerarão “trilhões e trilhões de dólares” em receita para o governo, permitindo que ele reduza os impostos e pague a dívida nacional. Essas previsões são extravagantes: o impacto de tarifas grandes e permanentes que protegem empresas não competitivas superará todos os possíveis benefícios. Mas Trump está convencido de que, em seu brilhantismo, ele viu o comércio global como uma farsa. “Temos de começar a cuidar do nosso país agora”, disse. Na realidade de Trump, os Estados Unidos - o país mais rico e poderoso do mundo - são de fato uma vítima, e é hora de revidar.

Globo Online - RJ   04/04/2025

A economia brasileira está entre as menos expostas da América Latina às tarifas anunciadas ontem por Donald Trump, no que o presidente republicano chamou de “Dia da Libertação”. A avaliação é do banco Goldman Sachs, que calcula que as exportações do Brasil para os Estados Unidos representam cerca de 2% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, uma das menores participações da região.

O novo pacote tarifário prevê uma alíquota mínima de 10% sobre as importações, podendo chegar a até 46% no caso de países como Vietnã e 34% para a China, que terá uma sobretaxa total de 54%, considerando tarifas anunciadas anteriormente. Na América Latina, Brasil, Argentina, Chile, Colômbia, Peru, Equador e Uruguai foram incluídos na alíquota básica de 10%. A Venezuela, por sua vez, será submetida a 15%.

O relatório do Goldman Sachs ressalta que o México é o país latino-americano mais afetado pelo “tarifação”, já que 27,2% do PIB é dependente do mercado americano. O país não foi incluído na nova rodada de taxas, assim como Canadá. Os dois países, no entanto, estão submetidos a ordens executivas anteriores, que aplicaram tarifas de 25% sobre produtos.

Depois do México, os países da América Latina mais expostos à nova rodada de tarifas globais são Equador (7,1%), Chile (5,0%) e Colômbia (4,4%), considerando o peso das exportações para os Estados Unidos como proporção do PIB. O Brasil aparece entre os menos afetados ao lado da Argentina, com 1,2%. No geral, o impacto direto sobre a região tende a ser limitado comparativamente a outras do mundo, avalia o banco.

Entre os setores brasileiros mais expostos, estão os de metais (0,3% do PIB), produtos minerais (0,4%) e alimentos (0,2%), aponta o documento. Outras categorias com participação menor, mas ainda relevantes, incluem madeira e derivados (0,2%), máquinas (0,1%) e produtos químicos (0,1%).

O banco destaca que a rodada de tarifas inclui isenções para produtos como cobre, energia, fármacos, semicondutores e alguns minerais críticos. Segundo o banco, essas exceções ajudam a reduzir o impacto direto sobre a América Latina. As isenções foram adotadas pelo governo americano para preservar setores considerados estratégicos para a segurança nacional. Já produtos como aço e alumínio seguem sujeitos a tarifas anteriores e, por isso, não foram incluídos nessa nova rodada.

Apesar do impacto direto ser limitado na América Latina, com exceção do México, o Goldman Sachs alerta para efeitos indiretos decorrentes de uma possível desaceleração do crescimento global e de eventuais retaliações comerciais.

Globalmente, o banco destaca que China e outros exportadores asiáticos são os mais afetados, com tarifas bem acima das aplicados à América Latina, com tarifas de 32% para Taiwan, 26% para a Índia, 25% para a Coreia do Sul e 24% para o Japão.

“As taxas permanecerão em vigor por tempo indeterminado, até nova determinação do presidente Trump. A ordem presidencial também permite modificações, autorizando o presidente a aumentar as tarifas caso haja retaliações ou reduzi-las se os parceiros comerciais adotarem medidas significativas para corrigir desequilíbrios”, lembra o documento assinado por Alberto Ramos, diretor de pesquisa macroeconômica para a América Latina do Goldman Sachs.

O Estado de S.Paulo - SP   04/04/2025

O presidente americano, Donald Trump, pode ter inaugurado uma nova era do comércio mundial com o anúncio do tarifaço, na quarta-feira, 2, segundo muitos analistas. Os efeitos prometem ser disseminados, duradouros e abrangentes — tanto em produtos quanto em origens. Também podem redirecionar as vendas transnacionais e trazer para o Brasil exportações que seriam feitas para os Estados Unidos.

Por conta de tudo isso, as previsões de ganhos e perdas para o Brasil ainda trazem muitas incertezas, mas as contas já estão sendo feitas. O cenário desenhado não é visto pelos analistas como benéfico ao Brasil, mesmo que o anúncio da quarta-feira tenha sido recebido com certo alívio, com uma alíquota para o País mais favorável relativamente aos concorrentes comerciais.

“Começamos a vivenciar uma das maiores fricções, se não for a maior, do comércio global desde o acordo de tarifas de 1947. Todas as relações de comércio estão sendo reavaliadas a partir daqui”, afirma o economista-chefe do Bradesco, Fernando Honorato. “Muitos dos investimentos atuais foram feitos sob as regras anteriores, e considerando uma previsibilidade tarifária. O anúncio fomenta a incerteza. Vai haver um período de adaptação e produzir uma desaceleração da economia global, com fluxos de capitais mais retraídos.”

Do ponto de vista da balança comercial, os maiores impactos, se não forem estabelecidas exceções para esses produtos e para o Brasil, estarão nos setores que vendem mais para os EUA, casos do petróleo, café, papel e celulose, aço e ferro e aeronaves. Mas, dentro desse grupo, há expectativas diferentes e que podem mudar.

Por exemplo, entre as commodities agrícolas brasileiras mais vendidas para os EUA, estão o café e o suco de laranja. “Mas o café não tem produção local nos EUA, já o suco de laranja enfrenta competição local, que vai ser beneficiada por não pagar a tarifa”, diz o advogado especialista em comércio internacional Rodrigo Pupo, do escritório MPA Trade Law.

É um caso similar ao da indústria de aeronaves brasileira, mais especificamente, da Embraer. Com atuação na produção de jatos médios e executivos, ela tem como concorrentes diretos a canadense Bombardier e empresas chinesas, dois dos países mais afetados pela ofensiva de Trump. A americana Boeing não atua no mesmo nicho que a brasileira.

Outro efeito que deve advir da nova configuração depende da reação dos países mais afetados pela nova configuração comercial. A União Europeia, a China e nações do Sudeste Asiático estão entre as mais taxadas. Elas podem redirecionar parte da produção que iria para os EUA para países da América Latina, em especial, para um grande mercado como o Brasil.

“O Brasil é um forte candidato para receber essas exportações, porque tem um mercado consumidor relevante”, diz Renê Medrado, sócio e especialista em comércio internacional e direito aduaneiro do escritório Pinheiro Neto Advogados.

Ameaça à indústria, oportunidade ao agro

Há o risco de uma enxurrada de produtos baratos sendo trazidos para o País, que pode ameaçar setores industriais, como já aconteceu quando a China passou a vender fortemente pneus, painéis solares e aço no Brasil a preços muito inferiores ao da produção local. Esses impactos podem ser medidos nos próximos dias.

Por outro lado, commodities agrícolas podem fazer o caminho inverso. Com a possível resposta da China de restringir a importação de produtos agrícolas americanos, em retaliação, o Brasil pode ocupar mais espaços nas vendas para o mercado asiático. “A pauta brasileira concorre com o produto americano, como em soja e proteína animal. Inclusive, o Brasil pode abrir exportações para o Japão, que pode passar a comprar o produto brasileiro até como forma de proteção de fornecimento americano”, afirma Pupo.

A política comercial externa brasileira, muito menos agressiva do que a do governo Trump, será pressionada a abrir espaço para a formação de alianças estratégicas de longo prazo. “O Brasil tem buscado construir relações mais sólidas com a União Europeia, com a China e, mais recentemente, com o Japão”, afirma Carlos Fadigas, fundador da consultoria CF Partners e com larga vivência no setor industrial.

O consultor afirma que o País poderá obter vantagens e desvantagens, considerando o impacto grande nos fluxos de comércio global e a complexidade do tema. “Ainda assim, o país tende a colher mais benefícios do que prejuízos, considerando o cenário de forma agregada”, afirma o consultor.

Ele diz que, em primeiro lugar, o Brasil manterá acesso à maior economia do mundo com tarifas, em média, menores do que as aplicadas a outros países — especialmente quando comparadas às impostas à China.

Setorialmente, Fadigas avalia que exportadores brasileiros com foco na China — que vão desde o minério de ferro até o frango, passando pela soja — tendem a se beneficiar de um aumento no fluxo de comércio com a Ásia. “Desde o início do governo Trump, a China vem intensificando sua aproximação com a América Latina, especialmente com o Brasil”.
Impacto na inflação

Como as redes de comércios e os seus efeitos são bastante complexas, mesmo notícias negativas, como uma possível enxurrada de produtos chineses no Brasil pode trazer um benefício de curto prazo macroeconômico. “Depois da questão fiscal, o tema que mais assola o País e prejudica a popularidade do governo é a inflação, que obriga a juros mais altos. Pode ser conveniente ao Brasil permitir a importação de produtos baratos. Acho que a resposta inicial do País vai ser quieta no começo”, diz Honorato, do Bradesco.

Num segundo momento, a expectativa é de que essa superoferta global acabe se ajustando, defende o economista. “As empresas não vão ficar olhando uma queda global da demanda, e então vão cortar a produção. Deve ocorrer um equilíbrio de uma demanda global menor, com um choque de oferta clássico”, afirma Honorato.

Por exemplo, o setor de vestuário, que deve ser um dos setores mais afetados no mundo, e tem forte produção em Bangladesh e Vietnã, é relativamente simples fazer uma mudança para os EUA.

Quanto ao risco da chegada de produtos de menor custo vindos da Ásia, o Brasil pode ter formas de se defender dessa ameaça. “Isso pode afetar a competitividade dos produtores nacionais. Porém, o Brasil dispõe de mecanismos para mitigar esses impactos, como a aplicação de medidas antidumping e o uso seletivo e criterioso de tarifas, capazes de proteger os setores mais vulneráveis da economia nacional”, diz Fadigas.

O cálculo de benefício líquido para o Brasil, observa Medrado, do escritório Pinheiro Neto, tem de ser feito setor a setor e vai exigir muita estatística e muita observação empírica a respeito do desenvolvimento desses mercados. “Essa é uma análise bem econômica, porque precisa comparar os fluxos comerciais por produto, com os outros países que concorrem com tal produto”.

Por exemplo, se existe um determinado tipo de aço exportado do Brasil aos EUA, e as exportações que concorrem com o Brasil são da China, EUA e Vietnã, o Brasil vai se beneficiar. Agora, se a Argentina for também uma exportadora, como o país ficou com o mesmo patamar do Brasil, haveria uma divisão de ganho entre os dois países. Isso terá que ser feito de produto a produto. É um exame bem detalhado, com base em estatística de comércio.

IstoÉ Dinheiro - SP   04/04/2025

O mercado financeiro subiu a aposta de uma maior flexibilização monetária pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) neste ano e o corte acumulado de 1 ponto porcentual em 2025 passou a ser a maior probabilidade estimada (31,7%) pela ferramenta de monitoramento do CME Group, seguida de perto de redução de 0,75 ponto porcentual (30,5%), sinalizando um mercado divido em suas projeções.

A chance de uma maior redução dos juros ao longo do ano já vinha crescendo nos últimos dias, acompanhando os avanços nas expectativas de inflação nos EUA, alimentadas pelos anúncios tarifários do presidente americano, Donald Trump.

Comentários recentes de dirigentes do Federal Reserve sobre o aumento nas expectativas de inflação reforçam as atenções do mercado sobre o tema.

O mercado ainda posiciona junho como o mês mais provável para retomada dos cortes de juros pelo Fed, com a principal aposta em redução de 0,25 ponto porcentual (57,9% de probabilidade). A chance de manutenção da taxa é estimada em 24,9%.

Diário do Comércio - MG   04/04/2025

Semana passada, acompanhei a divulgação do Relatório de Política Monetária do Banco Central, seguida pela coletiva de imprensa de seu presidente, Gabriel Galípolo. Entre os diversos temas abordados, foi a análise sobre a inflação que mais me chamou a atenção.

A inflação é um fenômeno que afeta diretamente o poder de compra da população e a previsibilidade dos agentes econômicos. Para combatê-la, a política monetária precisa atuar de forma preventiva e, como agora, reativa, calibrando a taxa de juros e influenciando a formação das expectativas de inflação. Nesse sentido, o relatório pondera que a probabilidade de a inflação superar o teto da meta em 2025 é de 70%, um patamar expressivo que sugere desafios para a convergência dos preços ao centro da meta de 3%. Para 2026, essa probabilidade ainda se mantém relevante, em 28%. Esse cenário reflete as pressões de curto prazo, mas também a deterioração das expectativas inflacionárias.

Essas expectativas são um dos principais determinantes da dinâmica de preços, pois influenciam a formação de contratos, reajustes salariais e o comportamento de consumo e investimento. Quando os agentes econômicos passam a acreditar que a inflação permanecerá elevada, tendem a antecipar aumentos de preços, formando um círculo vicioso que torna a desinflação mais custosa e prolongada. No caso brasileiro, a piora das expectativas captada pela pesquisa Focus reforça esse risco.

A taxa de juros, principal instrumento da política monetária, acaba sendo calibrada de forma a reancorar as expectativas. No entanto, o atual contexto traz desafios adicionais. O câmbio em patamar elevado, aliado a incertezas sobre a condução da política fiscal e choques externos, pressiona a inflação, exigindo um manejo ainda mais preciso da Selic. Aqui, o desafio do Banco Central é posto pela busca do equilíbrio entre a necessidade de conter a inflação, sem comprometer excessivamente o crescimento econômico.

Outro elemento fundamental na formação das expectativas é a política fiscal. Um quadro fiscal desajustado tende a gerar preocupação sobre a sustentabilidade da dívida, o que impacta a percepção de risco dos agentes econômicos e pressiona a inflação via câmbio e aumento da demanda agregada. Assim, a coordenação entre políticas monetária e fiscal é condição básica para garantir que as expectativas sejam controladas.

Diante desse panorama, a comunicação do Banco Central também se torna importante. A sinalização de um compromisso firme com a meta de inflação e a transparência nas decisões ajudam a alinhar as expectativas do mercado, reduzindo os prêmios de risco e evitando reajustes desnecessários nos preços.
A credibilidade da autoridade monetária, a previsibilidade de suas ações e o comprometimento da pauta fiscal, serão determinantes para o sucesso do processo desinflacionário nos próximos anos.

O Estado de S.Paulo - SP   04/04/2025

O governo Trump anunciou ontem o maior aumento de tarifas de importação de sua história. Essa medida está diretamente ligada às ideias do economista Stephen Miran, recentemente nomeado para presidir o Council of Economic Advisers da atual administração. Uma explicação detalhada de sua visão -- que embasa as políticas em curso -- está no documento A User's Guide to Restructuring the Global Trading System, publicado em novembro de 2024. Nele, Miran apresenta a fundamentação teórica para uma possível reconfiguração radical do sistema comercial global -- ideias que parecem agora guiar a política comercial americana.

A Visão de Miran para um Novo Sistema Comercial

Para Miran, o problema central da economia americana é a persistente sobrevalorização do dólar, que prejudica a indústria manufatureira ao tornar as exportações menos competitivas e as importações artificialmente baratas.

"O dólar é persistentemente sobrevalorizado, em grande parte porque os ativos em dólar funcionam como moeda de reserva mundial", argumenta Miran, recorrendo ao "dilema de Triffin" -- a tensão entre o papel do dólar como moeda global e a necessidade de equilíbrio nas contas externas dos EUA.

A forte demanda por dólares, motivada por seu papel de reserva global, implicaria um câmbio sobrevalorizado que enfraquece as condições para produtores e exportadores domésticos, resultando em queda da produção e do emprego nos EUA. As tarifas de importação, segundo ele, seriam uma forma de compensar essa "distorção".

Miran afirma ainda que o impacto inflacionário das tarifas seria limitado, graças ao que chama de "compensação cambial" -- ou seja, países que sofrem tarifas tendem a ver sua moeda desvalorizar-se em proporção semelhante, neutralizando o impacto nos preços. Citando a guerra comercial EUA-China de 2018-2019, ele destaca que, embora a tarifa efetiva sobre produtos chineses tenha subido 17,9 pontos percentuais, o yuan se desvalorizou 13,7%, resultando em apenas 4,1% de aumento nos preços de importação em dólares.

"Com compensação cambial completa, as tarifas podem ter impactos inflacionários bastante modestos, entre 0% e 0,6% nos preços ao consumidor", escreve Miran. Ele estima que uma tarifa de 10% sobre todas as importações teria um impacto bastante limitado na inflação.

Miran propõe ainda um sistema de "escalas graduadas", em que diferentes países enfrentariam níveis tarifários distintos com base em critérios como acordos de segurança com os EUA, práticas comerciais e políticas cambiais -- ou seja, o acesso ao mercado consumidor americano passaria a ser usado como alavanca de negociação.

Críticas à Teoria da "Tarifa Sem Dor"

Há sérias dúvidas sobre as premissas centrais da tese de Miran, especialmente sua visão otimista sobre os impactos inflacionários das tarifas.

Estudos microeconômicos detalhados, como os de Alberto Cavallo (Harvard), Gita Gopinath (FMI e Harvard), Pablo Fajgelbaum (Princeton) e David Weinstein (Columbia), contradizem diretamente essa tese. Eles mostram que, na prática, as tarifas de 2018-2019 foram repassadas quase integralmente aos preços de importação, com os consumidores americanos arcando com a maior parte dos custos -- o que vai contra a hipótese de compensação cambial.

Além disso, o foco de Miran no dilema de Triffin ignora análises mais recentes. O prêmio Nobel Ben Bernanke, por exemplo, atribui os déficits comerciais americanos ao chamado "Excesso Global de Poupança" (Global Saving Glut), e não necessariamente ao papel do dólar como reserva internacional. Títulos americanos são vistos como ativos livres de risco, atraindo enorme demanda da poupança global. Isso de fato fortalece o dólar e prejudica o saldo comercial. Mas, em termos líquidos, parece muito mais uma bênção do que uma maldição: os EUA conseguem financiar sua dívida a juros baixíssimos.

Além dessas críticas, vejo outros quatro pontos relevantes que Miran pouco considera:

Outros países devem reagir com elevação de tarifas;

Ele ignora a complexidade das cadeias de valor globais: muitas empresas americanas dependem de insumos importados para manter sua competitividade. Tarifas mais altas podem prejudicar sua atuação global;

Há risco de perda de produtividade no médio e longo prazo, devido à redução da concorrência e ao aumento da ineficiência alocativa;

O comércio global é uma via de mão dupla: proteger o mercado interno pode significar perda de acesso a mercados externos para os exportadores.

O Que Está em Jogo

Há alguns anos, o Reino Unido saiu da União Europeia -- o Brexit. O resultado tem sido desastroso. Estudos mostram que tanto a economia britânica quanto a europeia evoluíram pior do que teriam evoluído num cenário contrafactual de permanência do Reino Unido no bloco.

O que o governo Trump faz agora é algo semelhante, mas em escala global: um USExit, no qual a economia americana se descola do restante do mundo.

Minha expectativa é de uma dinâmica econômica consistentemente pior nos próximos anos -- tanto para os Estados Unidos quanto para o resto do mundo. As quebras nas cadeias globais, a perda de eficiência e o enfraquecimento da inovação certamente levarão a economias mais estagnadas e com maior dificuldade para lidar com pressões inflacionárias.

Outros países já tentaram políticas similares às prescritas por Miran. O Brasil, por exemplo, com sua política de substituição de importações. A justificativa por aqui é parecida: embora não tenhamos uma moeda de reserva global, nem sejamos porto seguro da poupança internacional, alega-se que o real está sobrevalorizado por causa da "doença holandesa", na qual a exportação de bens primários valoriza o câmbio e prejudica a indústria nacional.

Independentemente da teoria usada para justificar esse tipo de política, o objetivo é sempre o mesmo: proteger a indústria doméstica. Não vejo motivos para acreditar que, nos EUA, o resultado será diferente do que ocorreu no Brasil: queda da produtividade e do nível de desenvolvimento. A diferença é que, no caso americano, o resto do mundo pode acabar indo junto.

O Estado de S.Paulo - SP   04/04/2025

Diretora de macroeconomia para o Brasil no UBS Global Wealth Management, Solange Srour vê um efeito direto pequeno das tarifas de Donald Trump à economia brasileira, mas pondera que um choque que pode mudar o crescimento dos principais parceiros comerciais do País teria repercussões na atividade doméstica. Segundo ela, a economia brasileira desacelera, mas não de forma significativa, os estímulos do governo representam um novo impulso e o viés às projeções de Produto Interno Bruto (PIB) é de alta. “Veríamos uma revisão de PIB para cima, se não fosse esse cenário global muito incerto”, pondera.

Diante da repercussão do tarifaço nos ativos e expectativas para juros no mundo, Srour considera que o Banco Central deve manter um discurso de cautela. “Tudo vai depender de como a atividade aqui vai reagir. O fator global pode trazer viés de baixa, e o doméstico, de alta. E o BC não tem certeza, como ninguém tem, de que o real vai valorizar daqui para frente”, afirma a economista. Leia abaixo os principais trechos da entrevista.
O tarifaço anunciado por Trump surpreendeu?

Surpreendeu bastante, porque a expectativa era de um nível alto de tarifas, embora as tarifas à China e à Europa tenham ficado muito acima do esperado. Com o impacto forte na China e na Europa, os mercados começam a colocar na conta que a inflação nos Estados Unidos pode ser bem maior e o efeito no PIB também pode ser bastante forte. Há projeções de que o núcleo da inflação pelo índice PCE pode subir quase 1 ponto porcentual e o PIB americano, cair 1,5 ponto porcentual. O grande perdedor parece ser os EUA.

Diante disso, o que esperar do Federal Reserve?

Os economistas, numa primeira reação, podem achar que o Fed (o banco central americano) não deve reduzir tanto os juros, mas o mercado vai aumentar as expectativas de corte porque entende que o Fed deve ficar mais preocupado com o risco de recessão e o impacto no emprego do que com a inflação. Com um núcleo do PCE muito próximo a 4%, os economistas podem achar difícil o Fed usar o argumento de um aumento de inflação temporário, porque é significativo e pode ter efeito secundário. O mercado vai tentar buscar o chamado ‘Fed put’, que é a possibilidade de corte mais forte para evitar uma recessão. A probabilidade de recessão aumenta, mas não é o cenário-base do consenso do mercado. O Fed está numa posição muito difícil. A inflação não converge à meta, o preço dos serviços está mais resiliente, a economia não estava desacelerando da maneira esperada e, agora, há um choque de difícil mensuração. Prefiro assumir uma postura cautelosa e esperar o Fed se pronunciar.

Considera a possibilidade de estagflação?

Depende de como se define estagflação. Se para estagflação é preciso recessão, não vejo possibilidade ainda. Podemos estar, aumentou a chance, mas se a gente pensar que estagflação é uma desaceleração bem mais forte da atividade com inflação bem mais alta, o cenário está se caminhando para isso. Se até o dia 9 não houver uma diminuição significativa dessas tarifas dos principais parceiros, o cenário-base vai ser estagflação.
E quanto a outras políticas monetárias, como da Europa?

No primeiro momento, a reação das moedas tem sido surpreendente. A expectativa era de dólar forte com tarifas muito elevadas por Trump. Só que a resposta tem sido de valorização do euro, iene e moedas emergentes. Se o euro se valoriza, abre um espaço maior para redução de juros, porque o choque ajuda a diminuir a inflação. Ao mesmo tempo, piora as exportações, que é fonte de crescimento importante para a Europa. Então, há espaço para os demais países terem uma política mais leniente. Mas tudo dependerá do dólar. Se tarifas agressivas não geram uma recessão global, o dólar fica fraco e os outros países conseguem navegar com políticas fiscais e monetárias expansionistas. Com uma recessão global, o dólar volta a ficar forte, por aversão a risco generalizada no mundo. Estamos caminhando em uma linha tênue. O mercado parece trabalhar com um cenário onde não há transbordamento de recessão para o resto do mundo e o dólar fica fraco.
E a China?

Uma tarifa média aos produtos chineses acima de 60% pode impactar muito o PIB, em 1,5 ponto porcentual. É um cenário bem complicado, de estagnação e desinflação, reduzindo a demanda por commodities de países como o Brasil, que dependem muito de importações chinesas. O mercado não trabalha com esse cenário porque os dados da China têm surpreendido para cima com estímulos do governo desde o fim do ano passado, o que segura bastante as expectativas de crescimento do país.

O Brasil escapou das tarifas mais elevadas. Quais os efeitos disso?

O efeito direto no Brasil é pequeno, pelas tarifas em 10%, na banda de baixo das expectativas. O Brasil é uma economia que tem uma exportação sobre PIB baixa. Não dependemos da exportação para crescer. Então, o impacto tanto na balança comercial quanto no PIB não deve ser super forte, no primeiro momento. Já o canal de contágio global, financeiro, pode ser grande. Se caminharmos para esse cenário em que a China desacelera muito e tem deflação, e Europa também sofre bastante, o efeito indireto pode ser muito maior no Brasil.

Quais as implicações para o Banco Central e a Selic?

O Brasil vive um momento sui generis. A economia cresce bem. Há uma desaceleração, mas longe de significativa. Ao mesmo tempo, forças como a medida do crédito consignado privado vão impulsionar a economia para cima. A ampliação da isenção do Imposto de Renda é provável. A maioria dos analistas acredita que o viés de PIB hoje no Brasil é de alta. Veríamos uma revisão de PIB para cima se não fosse esse cenário global muito incerto. Talvez até vejamos. Daqui a pouco vão mostrar o crédito mais pujante, enfim. O BC não incorporou os efeitos do crédito consignado e IR, o que ficou claro na apresentação do Relatório de Política Monetária. Ao mesmo tempo, há um choque que pode mudar completamente o crescimento dos nossos principais parceiros comerciais. O BC tem de manter um discurso de cautela, dado que a inflação corrente não está positiva e que as expectativas estão muito desancoradas ainda. Vai continuar a sinalizar que o processo de alta da Selic não acabou, mas deixar muito aberto o final do ciclo. Tudo vai depender de como a atividade aqui vai reagir. O fator global pode trazer viés de baixa, e o doméstico, de alta. E o BC não tem certeza, como ninguém tem, de que o real vai valorizar daqui para frente.
De qualquer maneira, essa incerteza adia expectativas de corte dos juros?

Sim. O viés do PIB este ano é para cima, dado esse novo crédito consignado, que é bastante potente. Deveria jogar a queda da Selic mais para frente, pelas nossas condições domésticas. Aquela desaceleração do final do ano talvez tenha sido bem curta mesmo, como tem sido nos últimos três anos. Há sempre uma política fiscal ou uma política creditícia impedindo a desaceleração do Brasil.
E quanto ao nosso cenário fiscal?

O fundamento fiscal no Brasil está bastante deteriorado. A cada dia que passa dependemos mais do cenário internacional. O nível de dívida está cada vez maior e os juros provavelmente não vão diminuir tão cedo. Conseguir empurrar com a barriga até o final de 2026 vai depender muito do cenário americano e desdobramentos globais. Não nos ajudamos e, inclusive, esse choque externo pode induzir mais medidas de estímulos à economia, se tiver uma repercussão negativa. Às vezes nem tem, mas muitas vezes diante da possibilidade de uma desaceleração global maior, já começamos a pensar em como evitar que sejamos atingidos por um choque global.

Infomoney - SP   04/04/2025

A diretora-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC) disse que as novas tarifas anunciadas pelos Estados Unidos, juntamente com aquelas adotadas no início do ano, podem levar a uma contração de cerca de 1% nos volumes globais de comércio de mercadorias em 2025.

“Estou profundamente preocupada com esse declínio e com a possibilidade de uma escalada para uma guerra tarifária com um ciclo de medidas retaliatórias que levem a mais quedas no comércio”, disse Ngozi Okonjo-Iweala em um comunicado nesta quinta-feira.

Ela alertou que as tarifas têm o potencial de criar efeitos significativos de desvio de comércio.
A OMC administra 74% do comércio global, abaixo dos cerca de 80% registrados no início do ano devido às recentes tarifas, de acordo com a organização.

Líderes mundiais alertaram sobre as possíveis consequências econômicas negativas das tarifas.

“O anúncio do presidente Trump de tarifas universais para todo o mundo, incluindo a UE, é um grande golpe para a economia mundial”, disse a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von Der Leyen.

Okonjo-Iweala disse aos Estados membros nesta quinta-feira, em uma carta vista pela Reuters, que a OMC havia recebido muitas perguntas sobre as tarifas.

“Muitos de vocês entraram em contato sobre o anúncio dos EUA sobre as tarifas, solicitando que a Secretaria forneça uma análise econômica do impacto dessas tarifas e qualquer reação potencial sobre seu comércio”, escreveu Okonjo-Iweala.

Observadores dizem que a determinação dos EUA em relação tarifas corre o risco de marginalizar a OMC e seu mandato de livre comércio.

MINERAÇÃO

Valor - SP   04/04/2025

Ministros da 1ª Seção aplicaram ao caso a Lei Anticorrupção

Regina H. Costa: “Alcance da lei não se restringe a atos de corrupção em sentido estrito” — Foto: Divulgação

A 1ª Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) manteve uma decisão da Controladoria-Geral da União (CGU) que aplicou multa de R$ 86 milhões à Vale por omitir informações sobre a estabilidade da barragem de Brumadinho, em Minas Gerais, que rompeu em 2019, provocando um desastre ambiental que matou 272 pessoas. Os ministros aplicaram ao caso a Lei Anticorrupção, a nº 12.846, de 2013, em julgamento unânime realizado ontem.

Segundo advogados especialistas, foi dada uma interpretação extensiva da lei de combate à corrupção e o precedente pode endurecer as sanções administrativas aplicadas a empresas que prestam informações equivocadas ou omitem dados ao poder público. Foi a primeira vez que o STJ decidiu sobre este tema, conforme afirmou no julgamento a relatora do caso, a ministra Regina Helena Costa.

O processo chegou ao STJ em setembro de 2023, por meio de mandado de segurança com pedido de liminar - indeferido pela ministra Regina Helena. A Vale tentava derrubar a decisão da CGU, que indicou que a mineradora teria dificultado a fiscalização da Agência Nacional de Mineração (ANM) na barragem, além de ter inserido informações falsas no Sistema Integrado de Gestão de Segurança de Barragens de Mineração (SIGBM).

O entendimento da CGU foi de que a Vale não corrigiu a fraude nos meses seguintes e omitiu às autoridades um incidente de 11 de junho de 2018 “relativamente aos drenos da barragem, o qual fora considerado grave pela própria Vale”.

A conclusão do processo administrativo foi de aplicar o artigo 5º, inciso V, da Lei Anticorrupção. O dispositivo diz que constitui ato lesivo à administração pública “dificultar atividade de investigação ou fiscalização de órgãos, entidades ou agentes públicos, ou intervir em sua atuação, inclusive no âmbito das agências reguladoras e dos órgãos de fiscalização do sistema financeiro nacional”.

Ao STJ, a Vale contestou a aplicação da norma, que pressupõe a prática de um ato de corrupção, o que não ocorreu, na visão dela. O recurso foi impetrado diretamente ao STJ pois é a competência da Corte julgar atos contra ministros, conforme prevê o artigo 105, inciso I, alínea B, da Constituição Federal.

Segundo Regina Helena Costa, “o alcance da Lei nº 12.846/2013 não se restringe a situações nas quais evidenciado ato de corrupção em sentido estrito”. “Tal diploma normativo tem por escopo a responsabilização administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a administração pública”, disse.

O dispositivo, acrescentou a relatora, “não toma por pressuposto a existência de ato de corrupção, tão pouco a criação de óbices ligados a investigações de ilícitos”. “Em verdade, o preceito busca tutelar quaisquer apurações efetuadas pelo poder público de modo a fomentar a atuação do setor econômico em conformidade com as regras editadas pelo Estado.”

A omissão da Vale dificultou o trabalho de fiscalização da Agência Nacional de Mineração (AGM), afirmou a ministra. Isso porque a autarquia “privada de dados essenciais ao exercício de sua relevância função, foi impedida de atuar no sentido de evitar um nefasto acidente ocorrido em 25 de janeiro de 2019 ou, quando menos, de minimizar as graves consequências dele decorrentes restando caracterizado o ilícito previsto no artigo 5, inciso V, da Lei Anticorrupção” (MS 29690).

Marcelo Figueiredo, sócio do Marcelo Figueiredo Advogados Associados, considera a decisão do STJ correta. “Quando as informações prestadas levam a erro ou causam dúvida ao órgão de fiscalização, é caso de aplicar a Lei Anticorrupção”, diz. Apesar de caber recurso, ele acredita ser difícil reverter o entendimento da Corte. “Seria difícil subir esse recurso para o STF. Não tem matéria constitucional.”

Para ele, foi dada “uma interpretação extensiva” da norma. “É provável que esse precedente abra uma interpretação extensiva e mais rigorosa do tribunal na prestação de informações de empresas privadas para o poder publico”, afirma o professor.

A Agência Nacional de Mineração, em nota, disse que “precisa aguardar o acórdão” para emitir um parecer. A AGU, também por nota, disse que as empresas não podem, quando houver fiscalização, "dificultar a prática do ato com interposição de subterfúgios ou criação de obstáculos que possam dificultar os atos praticados por órgãos estatais". Procuradas, CGU e Vale não deram retorno até o fechamento da edição.

O caso é classificado pela Vale como “processo sigiloso relevante” no último formulário de referência, publicado em março. No documento, a mineradora diz que, como o pedido de liminar no STJ não foi apreciado “antes do encerramento do prazo de cumprimento da decisão administrativa, a Vale cumpriu integralmente a decisão proferida pela CGU”.

Infomoney - SP   04/04/2025

Os contratos futuros do minério de ferro caíram nesta quinta-feira, depois do anúncio do presidente dos EUA, Donald Trump, de um conjunto amplo de tarifas recíprocas, embora a demanda sazonal pelo ingrediente de fabricação de aço tenha ajudado a amortecer a tendência de queda dos preços.

O contrato de maio do minério de ferro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) da China encerrou as negociações do dia com queda de 0,32%, a 788,5 iuanes (US$108,05) a tonelada.
O minério de ferro de referência de maio na Bolsa de Cingapura recuava 0,84%, a US$101,95 a tonelada.

As tarifas impostas pelos EUA foram mais agressivas do que o esperado e isso pesará sobre os mercados de ferrosos, disse a corretora Galaxy Futures em nota.
Trump revelou na quarta-feira uma tarifa mínima de 10% sobre a maioria das mercadorias importadas pelos Estados Unidos, com taxas muito mais altas sobre produtos vindos de dezenas de países, agravando uma guerra comercial que ameaça aumentar a inflação e paralisar o crescimento econômico dos EUA e do mundo.

As importações chinesas serão atingidas por uma tarifa de 34%, elevando o novo imposto total para 54%.
Na quinta-feira, Pequim pediu aos Estados Unidos que suspendessem imediatamente as últimas tarifas e prometeu contramedidas para proteger seus próprios interesses.

Ainda assim, as siderúrgicas aumentaram a produção durante o pico da temporada de construção em março e abril, amortecendo a queda nos preços do minério.

“A demanda por minério de ferro importado na China deve permanecer forte em abril, já que a recuperação do consumo de aço ( ) incentivará as siderúrgicas a aumentar ainda mais sua produção de ferro gusa”, disse a consultoria Mysteel em nota.

Do lado da oferta, as exportações de minério de ferro caíram 17% em relação ao ano anterior na atual temporada de ciclones na Austrália, disseram analistas do ANZ.

Os mercados financeiros da China estarão fechados na sexta-feira por causa de um feriado. As negociações serão retomadas na segunda-feira, 7 de abril.

Máquinas e Equipamentos

CNN Brasil - SP   04/04/2025

As novas tarifas impostas pelos Estados Unidos, anunciadas por Donald Trump na quarta-feira (2), terão um impacto significativo na indústria brasileira de máquinas e equipamentos, conforme alerta José Velloso, presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).

Embora o Brasil tenha sido incluído na lista de países com tarifa de 10%, considerada mais branda em comparação a outros países, Velloso aponta dois problemas principais para o setor:
Perda de competitividade nos EUA

Os Estados Unidos são o maior destino das exportações brasileiras de máquinas e equipamentos, representando 7% do faturamento do setor.

Com a nova tarifa, os produtos brasileiros ficarão 10% menos competitivos em relação aos concorrentes americanos.
Aumento da concorrência no mercado interno

O segundo problema, considerado ainda mais grave, é o provável desvio de comércio. Países como China, Japão, Coreia e nações europeias, que enfrentarão tarifas mais altas nos EUA, buscarão novos mercados para seus produtos, intensificando a concorrência no Brasil.

Velloso destaca que em 2023, mesmo com uma queda de 0,2% no consumo de máquinas no Brasil, as importações da China cresceram 34%. A participação dos fabricantes brasileiros no mercado interno caiu de 60% para 54% ao longo do ano.

O executivo também menciona o aumento dos custos de insumos, especialmente o aço, como um fator que prejudicou a competitividade da indústria nacional no ano passado.

Quanto às possíveis soluções, Velloso elogia a rápida ação do governo brasileiro em buscar negociações com os EUA. Ele defende que o Brasil adote uma política de “escalada tarifária”, com tarifas progressivas de acordo com o nível de processamento dos produtos, visando incentivar a agregação de valor no país.

“Nós temos que ganhar valor no Brasil, gerar valor no Brasil e industrializar as nossas matérias-primas no Brasil”, afirma Velloso, ressaltando a importância de negociações diplomáticas para mitigar os efeitos das novas tarifas.
Os textos gerados por inteligência artificial na CNN Brasil são feitos com base nos cortes de vídeos dos jornais de sua programação. Todas as informações são apuradas e checadas por jornalistas. O texto final também passa pela revisão da equipe de jornalismo da CNN.is.

O Estado de S.Paulo - SP   04/04/2025

Embora inferiores aos níveis temidos, as tarifas recíprocas anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na quarta-feira, 2, preocupam entidades da indústria brasileira.

“As alterações abruptas nas tarifas de importação tendem a resultar em insegurança comercial e econômica”, afirmou a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) , em nota.

“Essa elevação de tarifa pode gerar impactos negativos significativos para nossa economia e para a indústria brasileira de máquinas e equipamentos”, ressaltou a entidade.

Segundo a Abimaq, do total da receita do setor, cerca de 20% é direcionado ao mercado externo (exportação). “Em 2024, exportamos US$ 13,2 bilhões, destes, 25% ou US$ 3,5 bilhões, foram direcionados aos Estados Unidos, equivalente a 7% da receita total. O Brasil importou cerca de US$ 4,7 bilhões em máquinas e equipamentos de origem norte-americana. Portanto somos deficitários”, destacou na nota.

Na avaliação da Abimaq, com a medida anunciada, o Brasil será impactado negativamente em suas exportações ao país, uma vez que será menos competitivos em relação à indústria local (americana) de máquinas e equipamentos.

“Podemos citar como exemplo máquinas agrícolas, rodoviárias e máquinas para a indústria de transformação. Esses produtos, entre outros, são produzidos tanto pelo Brasil como pelos EUA”. Com a elevação de tarifa, afirma a entidade, haverá perda de competitividade frente aos produtos americanos.
A avaliação da indústria química

O presidente da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), André Passos Cordeiro, destacou que, no caso do Brasil, o superávit favorável para os americanos no comércio bilateral entre os dois países evitou uma taxação mais dura. “Em relação ao setor químico, há um superávit de US$ 8 bilhões para as exportações americanas”, afirmou o executivo.

Cordeiro observou que muito ainda vai ser destrinchado na documentação que embasou as medidas de Trump. “Tivemos uma tarifa básica (alíquota mínima) de 10%, como muitos países. Vai depender dos tipos de produtos que serão comparados”, afirmou.

Ele exemplificou que há um acordo mundial de tarifa máxima para matérias-primas químicas, de 6,5%. Ao se aplicar a recíproca de 10%, ocorre um aumento de 53% sobre esse índice. Há o caso de um produto, benzeno, em que a tarifa é zero para exportação do Brasil aos EUA, lembra. São mais de 100 mil toneladas exportadas a cada ano.

Segundo Cordeiro, em todas as categorias, o saldo na balança comercial é sempre positivo para os EUA, que colocam US$ 12 bilhões no Brasil. “Em resinas e elastômeros, US$ 2 bilhões de superávit; na área farmacêutica, outros US$ 2 bilhões. E assim por diante na maioria das classes”, afirma.

Cordeiro ressalvou que as exportações do Brasil para o mercado americano de produtos químicos, US$ 4 bilhões, não são significativas. “Os volumes que enviamos para lá não afetam preços e custos da indústria americana e as nossas exportações não operam com práticas predatórias.”

No caso de resinas termoplásticas, os EUA colocam no Brasil, em volume anual, 1,67 milhão de toneladas. Na mão inversa, fabricantes do Brasil enviam meras 26 mil toneladas.

As tarifas, segundo comunicado do governo Trump, ficarão vigentes até que os déficits comerciais sejam resolvidos ou mitigados. Trump justificou essa nova medida como uma forma de aumentar a arrecadação e ao mesmo tempo reagir às tarifas aplicadas por outros países sobre produtos do país.

O objetivo seria pressionar países a reduzir suas taxas de importação ou ajustarem suas políticas comerciais.

AUTOMOTIVO

Valor - SP   04/04/2025

O preço médio de um carro novo deve subir alguns milhares de dólares, ultrapassando os US$ 50 mil, com os incentivos caindo significativamente

O pacote de tarifas anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, nesta quarta-feira (2), incluiu uma taxa de 25% sobre carros e autopeças, que deve atingir duramente a indústria automobilística. É provável que as tarifas provoquem um aumento significativo do custo de fabricação de veículos. As montadoras já começaram a reagir.

Na quinta-feira (3), o jornal americano “The Wall Street Journal” informou que a Volkswagen estava adicionando uma “taxa de importação” aos seus carros que chegam aos EUA, citando um memorando da empresa enviado a concessionárias. A Volkswagen não respondeu a um pedido de comentário sobre o tema até a publicação da reportagem.

A Volkswagen, como todas as montadoras tradicionais, vende para concessionárias, que então vendem para os consumidores. As concessionárias que pagarem a taxa terão que aumentar os preços ou correr o risco de perder dinheiro nas vendas. A Volkswagen não aumentou seus preços de tabela propriamente ditos, mas o comprador acabará pagando uma conta maior.

As taxas de importação são uma das maneiras de repassar os preços. Elas têm a vantagem de não serem chamadas de aumentos de preços. Menos incentivos para compradores de carros é outra maneira pela qual os veículos podem ficar mais caros.

Os incentivos de concessionárias, que são subsidiados pelos fabricantes, incluem ofertas como reembolso de US$ 1 mil em dinheiro ou 0% de juros por 36 meses em leasing. Esses tipos de incentivos, atualmente, valem de US$ 3 mil a US$ 4 mil por carro.

Mas não se espera que eles durem. Eliminá-los é outra forma de as montadoras economizarem.

Difícil é dizer o quanto mais caros

Taxas de importação, menos incentivos e até aumentos diretos nos preços de tabela são todas maneiras pelas quais os carros deverão ficar mais caros nos próximos meses. O difícil é dizer o quanto mais caros.

O preço médio de um carro novo nos EUA é de cerca de US$ 48 mil. O mercado estima que as tarifas possam aumentar o preço de um carro importado em cerca de US$ 10 mil, em média. Cerca da metade dos carros nos EUA é importada, principalmente do México, Canadá, Coreia do Sul e Japão.

Os carros importados podem ficar relativamente mais caros, mas as tarifas sobre peças também aumentarão os custos para os fabricantes nacionais. Há também dinâmicas competitivas e internas a considerar.

A General Motors pode não aumentar o preço de todos os carros que fabrica no México em US$ 10 mil e manter os preços nos EUA inalterados. Isso poderia resultar em perda de participação de mercado nos modelos fabricados no México. A GM pode ter que aumentar um pouco todos os preços.

O aumento médio de custo para as montadoras em toda a sua produção deve estar na faixa de US$ 5 mil. O custo total para os consumidores não deve ser de US$ 5 mil, no entanto. Os fornecedores absorverão parte disso. Parte dos aumentos de custo reduzirá as margens de lucro das montadoras.

Preço médio do carro novo deve ultrapassar US$ 50 mil

O preço médio de um carro novo deve subir alguns milhares de dólares, ultrapassando os US$ 50 mil, com os incentivos caindo significativamente. Preços mais altos levam a menos consumo. Esse tipo de mudança pode eliminar 3 milhões de unidades da demanda anual, segundo o analista John Murphy, da BofA Securities. Os americanos compraram cerca de 16 milhões de carros novos em 2024.

Se há uma boa notícia, é que os preços dos carros provavelmente não subirão amanhã. As concessionárias têm o estoque que já compraram dos fabricantes. E as montadoras podem estar segurando estoques adquiridos antes do anúncio das tarifas.

Carros não são abacates ou tomates

Afinal, carros não são abacates ou tomates. O giro de estoque é mais rápido no setor de alimentos, então os preços se ajustam quase imediatamente. Os aumentos nos preços dos carros devem acontecer ao longo de seis a doze meses.

Como foi na pandemia

Antes da covid-19, o preço médio de um carro novo era de cerca de US$ 39 mil. A pandemia adicionou entre US$ 9 mil e US$ 10 mil a esse valor. As tarifas devem adicionar mais US$ 2 mil a US$ 4 mil.

Lidar com os aumentos de custos relacionados às tarifas será um desafio para a indústria automotiva global no futuro próximo.

Globo Online - RJ   04/04/2025

O Canadá irá impor tarifas retaliatórias de 25% sobre veículos fabricados nos Estados Unidos em resposta às taxas de importação anunciada pelo governo de Donald Trump sobre automóveis estrangeiros, disse o primeiro-ministro Mark Carney nesta quinta-feira.

As tarifas canadenses serão aplicadas apenas a veículos que não estejam em conformidade com o Acordo EUA-México-Canadá (USMCA) e sobre o “conteúdo não canadense” em carros e caminhões enviados sob as regras desse acordo comercial. Em outras palavras, os impostos canadenses seguem a mesma estrutura das tarifas automotivas dos EUA.

O Canadá foi poupado das chamadas “tarifas recíprocas” de Trump, anunciadas na quarta-feira, mas as novas tarifas de 25% dos EUA sobre automóveis produzidos no exterior entraram em vigor na manhã desta quinta-feira. Para o Canadá, essas tarifas se aplicam ao conteúdo não americano dos veículos acabados.

O setor automotivo canadense é altamente integrado ao dos Estados Unidos e pode sofrer um impacto significativo com as tarifas do presidente americano.

A Stellantis, proprietária das marcas Jeep e Chrysler, já anunciou que fechará sua fábrica de montagem em Windsor, no estado de Ontário, por duas semanas enquanto avalia os impactos, conforme informou a empresa em um memorando aos funcionários.

Pesadas tarifas dos EUA também continuam a ser aplicadas a produtos que não cumprem o Acordo EUA-México-Canadá, bem como a todos os produtos de aço e alumínio. Trump também ameaçou impor novas taxas sobre medicamentos, semicondutores, cobre e madeira.

Valor - SP   04/04/2025

De janeiro a março, a Tesla entregou 336.681 veículos em todo o mundo, uma queda de 13%; a BYD, por sua vez, entregou 416.388 veículos elétricos nos primeiros três meses de 2025, alta de 38,74% ano a ano

A montadora chinesa BYD superou a americana Tesla em veículos elétricos pelo segundo trimestre consecutivo, num momento em que a Tesla enfrenta reação negativa sobre as atividades políticas do executivo-chefe (CEO), Elon Musk.

No período de janeiro a março, a Tesla entregou 336.681 veículos em todo o mundo, uma queda de cerca de 13% em comparação ao mesmo período do ano passado.

A BYD, por sua vez, entregou 416.388 veículos elétricos nos primeiros três meses de 2025, alta de 38,74% ano a ano.

Para o ano inteiro de 2024, a Tesla manteve uma ligeira liderança nas vendas totais de veículos elétricos, entregando cerca de 1,79 milhão de elétricos, superando o 1,76 milhão de de unidades vendidas pela BYD.

No entanto, a montadora chinesa superou o número de entregas da Tesla no quarto trimestre de 2024.

As duas montadoras estão em uma disputa acirrada pela coroa global de veículos elétricos desde 2023. Ambas enfrentam adversidades, incluindo competição cada vez maior, enfraquecimento das economias, desaceleração da demanda e tarifas.

A Tesla teve um início de ano difícil, em parte devido ao seu CEO. Musk tem liderado o Departamento de Eficiência Governamental (Doge), uma força-tarefa da Casa Branca de Trump envolvida na demissão de dezenas de milhares de funcionários federais em um esforço para reduzir drasticamente o governo e melhorar sua eficiência de gastos.

Ele também fez inúmeras declarações e ações polêmicas nos últimos meses, incluindo dar o que alguns acreditam ter sido uma saudação nazista durante um comício em janeiro.

A Tesla tem sido criticada à medida que a indignação contra Musk cresce nos Estados Unidos e em outros lugares.

No domingo, mais de 200 protestos foram realizados em todo o mundo como parte do movimento "Tesla Takedown". Os organizadores disseram no site que Musk está "usando a fortuna que construiu na Tesla" para "destruir a democracia ao redor do mundo" e pediram aos participantes que "vendam seus Teslas, se livrem de suas ações, juntem-se às linhas de piquete".

O preço das ações da Tesla caiu quase 30% no acumulado do ano.

A fabricante de veículos elétricos dos Estados Unidos não divide as vendas por região. Mas dados da Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis mostram que as vendas da Tesla na Europa caíram mais de 40%, para 16.888 veículos em fevereiro.

Na China, as vendas da Tesla caíram 49,2% ano a ano em fevereiro, com 30.688 veículos vendidos, incluindo vendas domésticas e exportações. Isso ocorreu após um declínio de 11,5% nas vendas ano a ano em janeiro, de acordo com a Associação de Carros de Passageiros da China.

"Embora grande parte dessa fraqueza esteja relacionada aos clientes que esperam por atualizações do Model Y junto com um novo modelo de menor custo definido para ser lançado no período de verão, os problemas anti-Musk e de marca estão claramente em jogo e são um fator importante neste número fraco de entregas do primeiro trimestre", disse Dan Ives, diretor administrativo da Wedbush Securities, em uma nota aos clientes.

Musk é classificado como um funcionário temporário do governo, com um limite de 130 dias em seus serviços a cada ano. Isso significaria que o mandato de Musk terminaria no fim de maio se as diretrizes federais adequadas forem seguidas.

Em uma entrevista coletiva na segunda-feira, o presidente Trump disse que "em algum momento" Musk retornará à administração de suas empresas.

Enquanto isso, a tarifa de 25% de Trump sobre veículos de passageiros importados, caminhões leves e algumas peças de automóveis deve entrar em vigor em 2 de abril e adicionar ainda mais obstáculos à Tesla, principalmente em seu mercado doméstico. A BYD não vende seus veículos de passageiros nos Estados Unidos.

A tarifa de 25% de Trump sobre veículos de passageiros importados, caminhões leves e algumas peças de automóveis deve entrar em vigor em 2 de abril e adicionar ainda mais obstáculos à Tesla — Foto: Jamie Kelter Davis/Bloomberg

Infomoney - SP   04/04/2025

A Stellantis, controladora da Chrysler, informou nesta quinta-feira que vai paralisar a produção em uma fábrica em Warren, no Michigan, por algumas semanas devido à escassez de motores.

A empresa afirmou que o problema não está relacionado às novas tarifas automotivas dos EUA.

A montadora disse que está alocando todos os motores disponíveis para apoiar a produção do Ram 1500 na fábrica de Sterling Heights, também no Michigan.
A fábrica de Warren interromperá a produção em 14 de abril e deverá retomar a produção normal no início de maio, informou a empresa.

CONSTRUÇÃO CIVIL

Valor - SP   04/04/2025

Recursos irão para a faixa 3 do programa, voltado para a classe média, que inclui famílias com renda entre R$ 4.400,01 e R$ 8.000 ao mês

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assinou, nesta quinta-feira (3), ato regulamentando o repasse de R$ 18 bilhões do Fundo Social, oriundos do pré-sal, para o Minha Casa Minha Vida (MCMV). O decreto foi assinado durante o evento “O Brasil dando a volta por cima”, promovido pelo governo federal para divulgar medidas implantadas desde o início de 2023.

Os recursos irão para a faixa 3 do programa, voltado para a classe média, que inclui famílias com renda entre R$ 4.400,01 e R$ 8.000 ao mês. A medida faz parte dos esforços do governo federal para melhorar a sua avaliação dentro dessa parcela da população.

O MCMV foi idealizado inicialmente para beneficiar a população de baixa renda e fazer frente ao déficit habitacional.

O Fundo Social do Pré-sal foi criado em 2010 como fonte de recursos, vinculada à Presidência da República, para serem aplicados em programas e projetos nas áreas de combate à pobreza e de desenvolvimento de áreas como educação, saúde e ciência.

O Estado de S.Paulo - SP   04/04/2025

Enquanto boa parte dos investidores estrangeiros optou por ficar longe do mercado imobiliário no Brasil nos últimos anos, a gestora canadense Brookfield segue ativa e, inclusive, está de olho em novas oportunidades de negócios por aqui. A gestora conta com recursos captados por fundos globais que são aplicados à medida em que surgem negócios atrativos em cada país. Com o “dinheiro na mão”, a expectativa é encontrar “pechinchas” no mercado local ao longo desta temporada de juros altos e liquidez em baixa, que afasta outros concorrentes na disputa pelos ativos.

“Vemos que agora é a hora de encontrar grandes oportunidades de comprar ativos que, talvez, em um ambiente econômico melhor, não poderíamos comprar no preço desejado”, afirma o líder de negócios imobiliários da Brookfield no continente americano, Ben Brown, em entrevista exclusiva ao Broadcast durante passagem por São Paulo.

O Brasil, ao lado de Canadá e Estados Unidos, são os únicos três países onde a multinacional atua no continente. O México é avaliado como um possível próximo destino. Ao todo, a Brookfield tem US$ 170 bilhões sob gestão no setor imobiliário nas Américas. O Brasil responde por R$ 27 bilhões. Ou seja, é um capital grande para os padrões locais, mas representa uma fatia pequena do bolo.
Avaliação vai de data centers a escritórios

A tese da Brookfield de achar “pechinchas” vale para todos os setores imobiliários onde já está presente no Brasil - prédios de escritórios, galpões logísticos, residenciais e data centers - bem como para segmentos onde ainda não atua, mas tem experiência lá fora, como hotelaria, por exemplo. “Isso vai depender das oportunidades que encontrarmos e onde vermos os melhores retornos relativos”, diz. A gestora de recursos tem 170 hotéis ao redor do mundo, como os Ritz-Carlton na Califórnia e Flórida, e o Atlantis Paradise Island, nas Bahamas. Mas no Brasil, nada.

Em várias partes do mundo, o mercado de hotelaria decolou após a pandemia, impulsionado pelo aumento do turismo interno e pelo fato de as pessoas poderem trabalhar remotamente. Assim, a ocupação dos quartos e o valor das diárias são crescentes. Apesar do momento positivo, Brown pondera que a entrada da gestora no setor estará condicionada à chance de fazer compras com valores descontados. “Passamos um bom tempo olhando para o setor de hospitalidade. Nosso foco é muito baseado em encontrar o ativo certo e não apenas investir na tese e no setor”, diz. Outro fator importante é a escala nas operações, acrescenta.

A Brookfield está otimista também com os data centers, um setor que é intensivo em capital e restrito a poucos bolsos. A canadense é dona da Ascenty, maior provedora na América Latina, com cerca de 30 empreendimentos no Brasil, além de Chile e México. Com o aumento dos serviços de computação em nuvem, streamings de vídeo e difusão da internet 5G, a demanda por processamento de dados continuará crescendo. Por sua vez, a Brookfield atua com data centers em diversos países, o que lhe coloca em contato com inquilinos de peso, entre elas as big techs, que fecham grandes contratos. “Isso nos dá uma vantagem competitiva neste mercado para, potencialmente, investir mais”, conta Brown.
Brasil é estratégico

Questionado se os deslizes do Brasil na economia e na política não são motivos para afugentar investidores, Brown concorda parcialmente, ponderando que essa é uma realidade generalizada. “Muitas fontes de capital ao redor do mundo veem o Brasil como muito estratégico”, diz, citando o tamanho do mercado consumidor e o potencial de crescimento. “Estamos vivendo em um mundo onde há incerteza política em todos os lugares. Então, não acho que o cenário atual seja um grande obstáculo para os investidores estrangeiros superarem”, emenda.

Brown admite que a agenda do presidente dos EUA, Donald Trump, tem causado volatilidade e preocupações para o mercado imobiliário de lá no curto prazo. “Antes das eleições, dificilmente alguém diria que o governo Trump teria alguma semelhança com estabilidade, mas eu acho que muitos subestimaram quão voláteis seriam os primeiros dias”, observa.

Há temor de desaceleração ou até mesmo recessão da economia, o que derrubou as bolsas de valores e reduziu o fluxo de capital este ano. Além disso, as restrições a imigrantes devem reduzir significativamente a oferta de mão de obra para construção. “Acho que é um grande impacto. Você verá muitos projetos não avançarem porque não são mais economicamente viáveis”, alerta. Em contrapartida, as propriedades comerciais já existentes devem se valorizar devido à menor concorrência vinda de novos projetos, em sua avaliação.

Por outro lado, Brown acredita que essas dificuldades são momentâneas e pontuais, sem potencial para tirar o grosso do capital dos EUA. “Algum capital poderia fluir para outros lugares, mas o pano de fundo da economia dos EUA ainda é muito forte. Você ainda tem um bom crescimento e a inflação está em um lugar confortável”, frisa. “Em termos globais, os EUA ainda são uma das economias mais estáveis do mundo”.

O Estado de S.Paulo - SP   04/04/2025

Mais quatro empreendimentos de apartamentos com incentivos para a baixa renda receberam aviso sobre futuras sanções após a Prefeitura de São Paulo reconhecer indícios de que não foram destinados para o público previsto. O número total de edifícios e condomínios com avisos de sanção chegou a 15, mas o volume em apuração pelo Município é maior.

Até o momento, a maioria dos endereços fica em distritos de classe média da zona oeste. Além disso, os condomínios são majoritariamente de microapartamentos e pequenas unidades. Na quarta-feira, 2, a Câmara Municipal aprovou a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre o tema.

Dos 15 empreendimentos, dois já tiveram os valores da penalidade definido, que somam R$ 31 milhões. Os avisos de sanção - fase conhecida como “despachos sancionatórios” - são a última oportunidade para as empresas se defenderem após outras notificações ao longo de semanas e meses. O número total de empreendimentos notificados é de cerca de 200, segundo a Prefeitura.

Os novos despachos sancionatórios envolvem o Vibe Pinheiros (ligado à Vibra Residencial, do Grupo Nortis), no bairro homônimo, o Hype Style (ligado à Econ), na Vila Leopoldina, e o Six Santa Marina (também ligado à Econ), na Água Branca, todos na região oeste, além do Residencial Alegria, na Vila Ré, na leste.

Ao Estadão, a Vibra Residencial disse ter apresentado a documentação exigida, a qual comprovaria a “conformidade da comercialização das unidades habitacionais com o Plano Diretor e a regulamentação pertinente, reafirmando o compromisso da empresa com a transparência e o cumprimento integral das exigências legais”. Já a Econ não se manifestou, enquanto os responsáveis pelo Residencial Alegria não foram localizados.

Esses prédios receberam benefícios construtivos e fiscais para a construção de apartamentos voltados à população na faixa de até seis salários mínimos. Na prática, contudo, as apurações apontaram falta de comprovação de destinação adequada dos imóveis e, em parte dos casos, indícios de venda e aluguel de unidades para pessoas com maior renda ou em valores incompatíveis para a moradia popular. Todo o planejamento desses imóveis é de responsabilidade das empresas, que ficam responsáveis por garantir que a destinação final seja para a baixa renda.

Nos últimos meses, a gestão Ricardo Nunes (MDB) teria notificado ao menos 200 empreendimentos com casos semelhantes, com denúncias identificadas principalmente após a Corregedoria Geral da Justiça determinar a notificação do Município pelos cartórios e uma investigação de dois anos do Ministério Público de São Paulo (MP-SP). Também está em processo de contratação de uma auditoria, por cinco anos, no valor de R$ 43,7 milhões.

O Município conseguiu recente vitória na Justiça para manter a política de incentivos, enquanto a Promotoria defendia a suspensão temporária até se intensificar a fiscalização. A gestão Nunes afirma que os casos seriam “pontuais” e cita sua “proatividade na promoção de ajustes e aprimoramentos legislativos e administrativos da política pública em questão”.

“Infelizmente, a existência de fraudes é um fenômeno que pode se repetir continuamente, independentemente da ação fiscalizatória do Município. Isso não significa, de maneira alguma, que a fiscalização não ocorrerá”, declarou a Prefeitura à Justiça.

A ação do MP-SP também era vista com preocupação pelo mercado imobiliário. O Secovi-SP e a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) apresentaram dados de que a Habitação de Interesse Social (HIS), a grande maioria do total, e a Habitação de Mercado Popular (HMP) representam 75% das unidades aprovadas no sistema Aprova Digital (o principal hoje utilizado pelo Município).

O montante se refere ao período entre janeiro de 2019 e setembro de 2024, totalizando 248.498 unidades residenciais. No mesmo período, sem restrição de renda, foram autorizados 77,7 mil apartamentos e 4,5 mil casas na cidade. Esses empreendimentos obtiveram licença, mas não foram necessariamente entregues.

Na decisão, a Justiça reconheceu a obrigação da Prefeitura em fiscalizar e dar transparência para a aplicação da política de incentivo. “A necessidade de se criarem instrumentos de controle é incontroversa nos autos e restou devidamente reconhecida já nas informações prestadas”, pontuou o juiz Renato Augusto Pereira Maia, da 11ª Vara da Fazenda Pública.

O MP-SP chegou a defender que a Justiça fixasse o prazo de 180 dias para que a Prefeitura averiguasse todos os possíveis casos, mas não foi atendido. Futuramente, também avalia entrar com ações judiciais individualizadas, focadas em empreendimentos com indícios de irregularidades.

No inquérito, a Promotoria aponta indícios de que construtoras receberam incentivos urbanísticos, tributários e fiscais para construir unidades habitacionais para a população de baixa renda, mas permitiram a destinação de parte das moradias a pessoas com renda superior à prevista em lei. Os casos envolvem basicamente unidades classificadas como HIS-2, categoria voltada a famílias com renda de três a seis salários mínimos.

Os incentivos a HIS foram majoritariamente criados a partir do Plano Diretor de 2014, com novos benefícios e ampliações nos anos seguintes. Não há, porém, balanço público de toda a produção desde a implementação. O MP-SP também tem destacado a falta de estimativa sobre a renúncia fiscal resultante dos incentivos. A destinação para o público-alvo é de responsabilidade das empresas, sem a necessidade de atendimento a cadastros sociais da Cohab e afins, por exemplo.

As demais penalidades envolvem empreendimentos ligados a diferentes incorporadoras, construtoras e grupos, como Benx, Cyrela, Canopus, MF7, You,Inc, Tecnisa, Metrocasa, Presence Empreendimentos, Rev³ Incorporadora, Floor e Consthruir. Ao Estadão, a maioria afirmou ter seguido a legislação vigente à época do licenciamento.

Quando anunciou as primeiras multas, a gestão Nunes disse que as empresas “se beneficiaram de isenção de impostos para construir unidades habitacionais à população de baixa renda, mas desvirtuaram o processo comercializando moradias a pessoas que não se encaixavam na modelagem”.

Por enquanto, as penalidades anunciadas são referentes apenas a incentivos urbanísticos, porém construções para a baixa renda também recebem benefícios fiscais e tributários. Esses valores ainda serão calculados.

Além disso, em despachos recentes, a Prefeitura determinou a notificação do Procon para avaliar eventual infração às normas de defesa do consumidor. À reportagem, entretanto, o Programa de Proteção e Defesa do Consumidor do Estado respondeu que não recebeu qualquer comunicação do Município a esse respeito.

À Promotoria, alguns compradores relataram que não foram informados de que tinham adquirido habitação de baixa renda. Além disso, há indícios de que pessoas físicas e jurídicas adquiriram os imóveis cientes de ser uma habitação de interesse social e, mesmo assim, anunciaram a revenda ou aluguel (comum e via plataformas de hospedagem) por valores considerados incompatíveis para essa faixa.

A renda mensal máxima do público atendido é atualizada anualmente, a partir dos reajustes do salário mínimo. Em 2025, o HIS-1 é voltado para famílias com renda mensal de até R$ 4.554 (ou até R$ 759 per capita), isto é, até três salários.

O HIS-2 é para o público de até seis salários, ou seja, R$ 9.108 (ou até R$ 1.518 per capita). Já o HMP é voltado à renda de até dez salários mínimos, hoje de até R$ 15.180 (ou até R$ 2.277 per capita).

O que se sabe sobre os empreendimentos com aviso de sanção?

Denominado oficialmente de Cardeal Arcoverde SPE Empreendimentos Imobiliários Ltda, o Vibe Pinheiros fica na Rua Cardeal Arcoverde, nas proximidades da Avenida Eusébio Matoso e do Shopping Eldorado. O prédio tem cerca de 20 pavimentos, com 183 apartamentos de HIS-2 (três a seis salários mínimos), além de 45 unidades para o público em geral.

“Foram verificados casos de indícios de destinação irregular de unidades utilizando-se os dados presentes nas matrículas das unidades autônomas entregues”, diz parecer municipal.

O documento menciona que três unidades estão no nome de uma mesma pessoa, a qual não registrou os imóveis como destinados à locação para baixa renda. Também aponta que oito apartamentos foram destinados como pagamento a duas pessoas, sem a averbação em matrícula sobre a destinação para locação.

À Prefeitura, a defesa do empreendimento argumentou que não cometeu infração e que “apresentou documentos e esclareceu que todas as unidades HIS-2 foram ou serão destinadas ao atendimento de famílias enquadradas na faixa de renda mensal respectivamente aderente”.

Também defendeu prazo adicional para recorrer. “A empresa não tem qualquer ingerência ou responsabilidade sobre a adequada destinação da unidade alienada para a finalidade de locação pelo seu adquirente”, completou.

Além disso, a Prefeitura identificou imóveis anunciados para venda (até R$ 680 mil) e aluguel (R$ 4,3 mil) por valores descritos como “acima do esperado para a faixa de renda em questão”. A primeira notificação do empreendimento pela Prefeitura foi feita em setembro.

Outro caso é do Projeto Imobiliário DI 45 SP Ltda, divulgado como Hype Style. Fica na Rua Baumann, nas proximidades do Ceagesp.

“As unidades não foram destinadas ao público-alvo, conforme exposto nos relatórios juntados ao processo”, diz parecer da Procuradoria da Secretaria Municipal de Habitação. O empreendimento abrange 752 apartamentos voltados à faixa HIS-1 (até três salários mínimos) e 200 unidades de HIS-2.

“A empresa respondeu a notificação de forma tempestiva, mas não apresentou documentos considerados suficientes para comprovação da correta destinação das unidades”, destaca o parecer. No documento, são destacados casos em que não foram apresentados comprovantes de renda.

À Prefeitura, a empresa disse que os contratos firmados continham cláusulas em que o comprador declarava estar “enquadrado nos requisitos legais para aquisição da unidade, conforme comprovante de renda e demais documentos comprobatórios apresentados” ou se comprometia a “destinar a unidade ora adquirida exclusivamente para a venda ou locação” para a baixa renda.

Além desses dois, o Santa Marina SPE Empreendimentos Imobiliários Ltda. recebeu o aviso de sanção. Conhecido como Six Santa Marina, fica na Avenida Santa Marina, nas proximidades do MIS Experience e da futura estação da Linha 6-Laranja do Metrô. Segundo informações da construtora, o empreendimento tem duas torres, com 267 unidades habitacionais.

Por fim, o Residencial Alegre recebeu aviso de sanção em nome de Ideia Nova Empreendimentos Imobiliários Ltda. Está na Rua Buriti Alegre, na Vila Ré, nas proximidades da Estação de Metrô Patriarca.

“Não foi comprovada a correta destinação das unidades licenciadas como HIS-2 e HMP, havendo indícios de destinação em desacordo com a legislação municipal”, diz trecho do parecer municipal.

O documento cita casos em que a renda estimada a partir do financiamento feito na Caixa ficava acima da faixa do HIS, (chegando a R$ 11,3 mil). “A empresa entregou documentos insuficientes à comprovação de que as unidades foram corretamente destinadas”, completa.
Como tem ocorrido a apuração de casos suspeitos?

No Município, os casos multados começaram a ser apurados há cerca de um ano. A fiscalização tem a participação dos cartórios, que passaram recentemente a notificar a Prefeitura e o MP sobre suspeitas. A identificação envolve especialmente a renda declarada dos compradores.

Os procedimentos de investigação no âmbito municipal foram estabelecidos pela Prefeitura em decreto e portaria no ano passado, publicados após a revisão do Plano Diretor, de 2023. Antes da publicação da sanção, há a apuração preliminar, a notificação do empreendimento e a elaboração de relatório final conclusivo.

Nos processos, a Prefeitura tem alegado que as incorporadoras e construtoras autuadas tiveram “múltiplas oportunidades” de apresentar documentação comprobatória. “A empresa recebeu diversas vantagens (isenção tributária de ISS e isenção urbanística referente à outorga onerosa) para, em contrapartida, alienar as unidades para famílias de baixa renda. Sem que o público-alvo tenha sido atendido, não se justifica a subsistência das benesses legais, como corolário do princípio da proporcionalidade e razoabilidade”, diz a justificativa usada em diversos casos.

Os empreendimentos voltados a esse tipo de apartamento têm descontos e até isenção de outorga onerosa (principal taxa cobrada do mercado imobiliário, que pode chegar à casa de milhões de reais em bairros valorizados). Há ainda diversos incentivos construtivos atrativos para o setor — que favorecem, em especial, construções verticais.
O que o MP critica?

“Essa privatização dos lucros e socialização dos prejuízos é resultado de uma política pública mal formulada e que pode estar gerando vultosos prejuízos ao erário, sendo também fruto, inexoravelmente, da falta de avaliação técnico financeira. Nesse contexto, questões como eficácia, economicidade e eficiência jamais foram verificadas pelo requerido”, diz o MP. “É certo que vem ocorrendo em larga medida”, também assinalou.

Na ação judicial, é mencionada expressão do Laboratório Espaço Público e Direito à Cidade (Labcidade) da USP: “fake HIS”. Os pesquisadores da Faculdade de Arquitetura de Urbanismo têm falado em “social housing washing”, com possível maquiagem que daria indevida aparência de produção de moradia popular a uma política que incentivou imóveis usados por outra parcela da população.

No ano passado, após solicitar notificação dos cartórios, a Promotoria recebeu, em menos de dois meses, mais de 560 casos de imóveis e empreendimentos suspeitos. “Unidades colocadas à venda pelo mercado imobiliário como HIS e HMP têm metragem (em geral) entre 24 e 30 m², não raras vezes por valor que ultrapassa R$ 20 mil por metro quadrado. Essa tipologia e preço evidenciam-se claramente, em princípio, como sendo incompatíveis com famílias que recebem de três a seis salários mínimos”, aponta o MP na ação.

FERROVIÁRIO

A Tribuna - SP   04/04/2025

O Trem Intercidades (TIC) Eixo Sul, que ligará São Paulo à Baixada Santista, encontra-se em fase de estudos, segundo a Secretaria de Parcerias e Investimentos (SPI). O trajeto, que deve ter entre 80 km e 130 km, será percorrido em cerca de 90 minutos, beneficiando os nove municípios da região e aproximadamente 1,8 milhão de pessoas. Além disso, o projeto deverá gerar cerca de 13 mil novos empregos.

A proposta também visa impactar diretamente o desafogamento do Sistema Anchieta-Imigrantes. De acordo com a SPI, o projeto foi aprovado pela secretaria em junho de 2024, mas ainda precisa passar por várias etapas, incluindo análise adicional, audiência pública, elaboração de edital, leilão e assinatura de contrato, antes de ser implementado.

TIC Eixo Sul
O trajeto inicial utilizaria a Linha 10 – Turquesa da CPTM até Rio Grande da Serra, seguindo pela ferrovia já existente até Paranapiacaba. A descida da Serra do Mar seria feita pelo sistema de cremalheira, originalmente desenvolvido para o transporte de carga e passageiros, aproveitando a infraestrutura ferroviária existente para conectar o planalto ao litoral.

Esse trajeto segue uma rota ferroviária clássica, oferecendo um caminho já estabelecido, embora com desafios técnicos na adaptação para novos serviços.

O segundo percurso partiria da Zona Sul de São Paulo, com duas opções iniciais: seguir pela Rodovia dos Imigrantes ou utilizar a Linha 9 - Esmeralda, ligando-se a uma ferrovia antiga até Parelheiros. A descida da serra seria feita por uma área planejada para a construção de uma rodovia, cruzando os vales dos rios Capivari, Branquinho, Aguapeú e Branco, até se conectar com a ferrovia Santos-Cajati.

O trajeto demandaria obras de infraestrutura, como túneis ou escavações na montanha, mas poderia proporcionar uma conexão direta entre a capital e o litoral.

TIC Eixo Leste
A conexão entre a Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) e o Vale do Paraíba conta com estudos de traçado para média velocidade, com um tempo de viagem estimado em 1 hora e 15 minutos.

Linha 11 CPTM: Após Mogi das Cruzes, malha sob concessão da MRS (interface com operação é desafio)

Linha 12 CPTM: Menor distância, mas necessita de intervenções e melhorias na faixa existente

Linha 13 CPTM: Conexão com GRU e interface com operação da L13

VLT Campinas
De acordo com informações da Secretaria de Parcerias e Investimentos (SPI), está em andamento o planejamento para a criação de uma nova rota de capacidade média, destinada ao transporte de passageiros entre os municípios de Sumaré, Hortolândia e Campinas, com um ramal até o Aeroporto de Viracopos.

O projeto inclui estudos para definir o traçado com melhor desempenho econômico, visando melhorar a capacidade do transporte público e oferecer uma alternativa ao uso do automóvel, reduzindo emissões e congestionamentos.

Além disso, será implementado um sistema complementar com novos eixos de transporte e a revitalização de áreas urbanas, o que também ajudará a aprimorar a conectividade com a rede de transporte público existente, como ônibus e BRT. A nova conexão facilitará o acesso ao Aeroporto de Viracopos e fortalecerá a integração com a Região Metropolitana de São Paulo, por meio da TIC Campinas.

VLT Sorocaba
Conforme a SPI, serão realizados estudos de traçado com o objetivo de otimizar os benefícios econômicos do projeto, o que pode impactar a melhoria da capacidade do transporte público, o aproveitamento mais eficiente do eixo ferroviário existente e o aprimoramento da acessibilidade a São Paulo por meio da TIC Sorocaba.

Além disso, o projeto oferece uma alternativa ao automóvel, contribuindo para a redução das emissões e congestionamentos.

Entre as oportunidades, destacam-se a utilização da faixa existente no sentido Leste-Oeste e a conexão com o futuro TIC Eixo Oeste. Contudo, é necessário atenção especial para a avaliação da demanda, o que inclui a análise de traçados alternativos.

Rodoviário

O Estado de S.Paulo - SP   04/04/2025

O governo de São Paulo lança nesta quinta-feira, 3, um programa para realizar 829 novas obras em rodovias estaduais e municipais de todo o Estado. Destas, 62 terão a ordem de serviço assinada nesta quinta pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), sendo que 61 atendem estradas municipais.

O programa São Paulo pra Toda Obra prevê investimento de R$ 8,3 bilhões somente nas obras futuras, a maioria em estradas sem pedágio. Outras 176 obras viárias estão em andamento, com investimentos de R$ 4,5 bilhões.

O lançamento acontece após o início da operação, no domingo, 30, de duas novas concessões rodoviárias – os lotes Sorocabana e Nova Raposo – que vão instalar 36 novos pedágios de cobrança automática (free flow) na Grande São Paulo e na região de Sorocaba. Houve reações à quantidade de novos pedágios previstos.

De acordo com a secretária de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística, Natália Resende, o governo olha a rede de rodovias do Estado como um todo. “Se olhar os investimentos que já fizemos e ainda serão feitos, há obras da Artesp (rodovias concedidas) e do DER (não concedidas), além das municipais. As novas concessões trazem justiça tarifária através do sistema free flow, que melhora a segurança de tráfego e ajuda a questão ambiental. O usuário acaba pagando menos pelo trecho percorrido”, defendeu.

O programa que o governo anuncia inclui também as obras em rodovias concedidas, cujo maior aporte de recursos é das concessionárias. Com a inclusão de 544 obras já concluídas desde 2023, o investimento no sistema viário paulista sobe para R$ 30 bilhões em 22,3 mil km de estradas, que atendem mais de 500 cidades. No balanço do governo, são 1.581 obras - 544 concluídas, 208 em andamento e 829 previstas.

“Achamos importante fazer um balanço do que já foi feito e estamos fazendo, e do que vem de novo. O governador tem uma diretriz clara de olhar a infraestrutura e melhorar a mobilidade no estado. Como vemos isso de forma integrada, criamos um programa para mostrar a integração entre vicinais, estradas municipais e estaduais para que o usuário perceba qualidade em todas elas”, diz.

A gestora observa que, entre as 70 cidades beneficiadas pela primeira leva de obras, estão os municípios mais vulneráveis logisticamente do Vale do Ribeira. Será aberta, por exemplo, uma estrada de acesso de quase 5 km ao Quilombo de Bombas, uma comunidade isolada, no município de Iporanga.

Haverá ainda uma ciclovia na SP-165, ligação entre Sete Barras, Eldorado, Iporanga e Apiaí, atendendo as comunidades quilombolas de André Lopes, Ivaporunduva, Nhunguara, Ostras e Sapatú. “São 11 quilômetros e um investimento de R$ 16,5 milhões. Quando a gente foi lá pela primeira vez em 2023, a comunidade falou muito da questão de acesso e da ciclovia, que seria importante para eles. Como é região de Mata Atlântica, a ciclovia vai ser uma obra de mobilidade, sustentável e com inclusão social”, explica a secretária.

As obras municipais serão feitas em convênio com as prefeituras, mas o Estado banca 100% dos recursos. Os municípios se responsabilizam pela conservação. Além de recapeamentos, serão realizadas melhorias na drenagem, sinalização e contenção de taludes. Segundo a secretária, há preocupação com o aspecto ambiental: serão revitalizadas ou construídas mais de 100 passagens de fauna subterrâneas e aéreas.
Obras municipais de destaque:

Fase 09 - Lote 157 (Indiaporã / Macedônia): Estradas INP-030 e MCD-040 - Obras e serviços de Pavimentação - Total em extensão: 25,94 km. Valor Previsto do Projeto: R$ 64.186.968,75Fase 09 - Lote 154 (Barra do Turvo / Iporanga): Estradas BT-000 e IPG-999 - Obras e serviços de Pavimentação - Total em extensão: 29,55 km. Valor Previsto do Projeto: R$ 96.346.906,61Fase 09 - Lote 151 (Apiaí / Itaóca): Estrada API-010 - Obras e serviços de Recuperação Funcional - Total em extensão: 19,6 km. Valor Previsto do Projeto: R$ 22.489.116,53
Obras estaduais de destaque:

SP 123 - Contratação das obras de recuperação do pavimento e melhorias da SP 123, do km 1,200 ao km 46,000. Total em extensão: 44,80km. Valor total previsto do projeto: R$ R$ 246.145.235,16 (a licitar)SP 425 - Recuperação das pistas, dos acostamentos e melhorias da SP 425, no município de Iacri, Rinópolis e Parapuã. Total em extensão: 26,32 km. Valor Previsto do Projeto: R$ 235.152.353,86 (a licitar)
Obras concedidas de destaque (em andamento):

Rodoanel Norte - Projeto será concluído em 2026 para ligar a Grande SP às rodovias estaduais e federais, desviando o trânsito pesado das marginais Tietê e Pinheiros. Valor: R$ 3,4 bilhões.Recapeamento do Sistema Anhanguera-Bandeirantes - Com 38,4% de execução concluída. Iniciada em maio de 2024 para recuperar pavimento de 2.100 km em faixas das 2 rodovias, com conclusão no 1º semestre de 2026. Valor: R$ 1 bilhão.
rodovia

NAVAL

Globo Online - RJ   04/04/2025

O Queen B é um navio pequeno para os padrões dos porta-contêineres, mas estava desempenhando uma missão crucial enquanto atravessava a Baía de Tampa na tarde da última terça-feira.

Ele se apressava para chegar ao porto menos de 24 horas antes de o presidente Donald Trump anunciar as novas “tarifas recíprocas" sobre todos os países do mundo que ameaçam tornar frutas importadas, máquinas, matérias-primas e qualquer produto que entre no mercado americano muito mais caro.

As tarifas, conforme anunciou Trump nesta quarta-feira, entrarão em vigor no próximo sábado, dia 5. Trump tinha ameaçado aplicar a sobretaxa imediatamente, no dia seguinte ao anúncio. Mas aparentemente estendeu o prazo até sábado para dar margem a algum tipo de negociação. De qualquer maneira, nos últimos dias, a ameaça de Trump provocou um verdadeiro caos entre empresas marítimas globais.

— Tivemos clientes pedindo: “Por favor, descarregue até a meia-noite" — disse Daniel Blazer, cofundador da World Direct Shipping, de Palmetto, Flórida, que possui e opera o Queen B e outros dois navios porta-contêineres.

As empresas que haviam encomendado a carga a bordo do navio estavam fazendo tudo o que podiam para passar seus pedidos pela alfândega dos EUA antes de quarta-feira, garantindo assim que não teriam que pagar os novos impostos mais altos.

Entre a carga nos 220 contêineres que a embarcação transportou de Tampico, no México, para o SeaPort Manatee, em Palmetto, estavam azulejos, tequila, ar-condicionados, secadoras e sacos de uma tonelada de sulfato de manganês, frequentemente usado em ração animal.

Velocidade máxima e ondas de quase 2,5 metros

No porto, a World Direct também armazenava itens como frutas e açúcar trazidos em seus navios. O capitão do Queen B, Vadym Pryyma, natural da Ucrânia, disse que impulsionou a embarcação a 17,8 nós durante a viagem, um ritmo consideravelmente mais rápido do que o habitual, e teve que lidar com ondas de quase 2,5 metros.

— Os clientes estavam contando com a nossa chegada hoje — disse Blazer.

Corridas semelhantes estavam acontecendo em outros portos e nos postos de fronteira com o México e o Canadá. Embora Trump tenha fornecido poucos detalhes sobre quais produtos ou países seriam alvo de tarifas mais altas em sua ordem executiva de quarta-feira, as empresas decidiram que fazia sentido importar mais carga do que o normal para evitar pagar qualquer taxa que pudesse entrar em vigor.

Estatísticas do governo sugerem que muitas empresas estavam comprando mais do exterior antes das novas tarifas — uma prática às vezes chamada de front loading. As importações de bens de consumo em fevereiro foram 24% maiores do que em fevereiro de 2024, de acordo com as estatísticas oficiais.

Mas, segundo especialistas em logística, esse aumento não sobrecarregou as empresas de transporte marítimo, as ferrovias de carga e os caminhoneiros.

— A cadeia de suprimentos de importação, ferrovias, caminhões e transportadoras marítimas, lidou com o aumento das importações nos últimos meses com desafios limitados, certamente em comparação com as interrupções crônicas enfrentadas em 2021 e no início de 2022 — disse Jason Miller, professor de gerenciamento da cadeia de suprimentos da Michigan State University.

No SeaPort Manatee, uma equipe de 22 estivadores começou a descarregar o Queen B logo após as 19h de terça-feira e trabalhou até tarde na noite fria. Relâmpagos brilhavam à distância.

Os contêineres regulares de 40 pés foram retirados do navio por guindastes gigantes de fabricação alemã no cais e colocados em caminhões de pátio barulhentos. Mas a World Direct também transporta mercadorias em contêineres de 53 pés, que precisam ser movidos por empilhadeiras de grande alcance. Os contêineres maiores são melhores para transportar cargas volumosas, como eletrodomésticos, explicou Blazer.

Um dos maiores clientes da World Direct é a Agmark, que importa tanques de suco de laranja e outros produtos do México. No entanto, nenhum tanque da Agmark estava sendo descarregado do Queen B na terça-feira.

Carter Kaeser, vice-presidente sênior da Agmark, disse que, embora os clientes tenham antecipado as importações, eles recentemente interromperam os embarques, caso as cargas chegassem depois de terça-feira e estivessem sujeitas às tarifas mais altas.

— Temos zero cargas sendo carregada e zero cargas nos navios que cruzam o Golfo do México — isse Kaeser. — Ninguém quer pagar isso.

IstoÉ Dinheiro - SP   04/04/2025

A Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou sem restrições ato de concentração entre a Companhia Ultragaz S.A. e a Supergasbras Energia Ltda. A operação prevê a criação de sociedade de propósito específico (SPE) que ficará responsável pela construção, desenvolvimento e exploração de nova infraestrutura greenfield de movimentação e armazenagem portuária de GLP no Complexo Industrial e Portuário do Pecém, no Ceará. A decisão está publicada no Diário Oficial da União (DOU).

A joint venture terá como acionistas a Ultragaz e a Supergasbras Energia, cada uma com 50% de seu capital social.

“O custo estimado do desenvolvimento do projeto do terminal é de R$ 1,1 bilhão e terá capacidade de armazenamento de 61.900 toneladas ou 123.800 m³ de GLP, com conclusão prevista para 2028”, cita parecer sobre o negócio divulgado pelo Cade.

De acordo com as empresas, a parceria resultará na criação do primeiro terminal portuário de movimentação e armazenagem de GLP no Porto de Pecém, no Ceará. “Desta forma, a operação teria caráter pró-competitivo, na medida em que resulta na criação de nova infraestrutura de importação de GLP na Região Nordeste”.

“Atualmente, o GLP distribuído na região é primordialmente proveniente de importações, que são realizadas majoritariamente por meio do navio-cisterna da Petrobras baseado no Porto de Suape, no Estado de Pernambuco”, destacam as companhias.

Pelo projeto, o novo terminal irá atender a demandas não só das duas requerentes, mas também de qualquer empresa interessada em contratar serviços de movimentação e armazenagem de GLP. “Não haverá reserva de capacidade mínima do terminal às requerentes. Assim, na prática, toda a capacidade que vier a ser instalada no terminal estará disponível a contratação pelo mercado.”

PETROLÍFERO

IstoÉ Dinheiro - SP   04/04/2025

As novas tarifas anunciadas na quarta-feira, 2, pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não irão alcançar o petróleo e seus derivados. É o que indica a avaliação preliminar feita pelo governo brasileiro em cima dos documentos divulgados na quarta-feira, pela Casa Branca, horas depois de o republicano apresentar seu plano de tarifaço global. Ao Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) destacou também que uma “análise detalhada” dos documentos e dos procedimentos operacionais envolvidos está em andamento.

Segundo a pasta, o governo americano ainda não oficializou as questões operacionais relativas ao assunto no Federal Register, o “Diário Oficial” dos Estados Unidos.

“O governo brasileiro está examinando os documentos divulgados apenas na noite de ontem pelo governo dos Estados Unidos. A avaliação preliminar indica que as novas tarifas não alcançam petróleo e derivados, conforme produtos enumerados no Anexo II da Ordem Executiva intitulada Regulating Imports With A Reciprocal Tariff To Rectify Trade Practices That Contribute To Large And Persistent Annual United States Goods Trade Deficits”, respondeu o MDIC ao questionamento feito pela reportagem.

Em uma das seções da ordem executiva divulgada na quarta pela Casa Branca o governo norte-americano cita produtos, dezenas deles estabelecidos no Anexo II, que não estarão sujeitos às novas taxas. É nesse mesmo fragmento que os EUA apontam a exceção da tarifa para o aço e o alumínio, que continuarão tendo alíquota de 25%, conforme já estabelecido em 12 de março, sem adições.

Mais cedo, como mostrou o Broadcast, o analista de Inteligência de Mercado da StoneX, Bruno Cordeiro, avaliou que essa ressalva a produtos energéticos, incluindo petróleo, gás natural e derivados de petróleo explica em parte a queda do preço da commodity nesta quinta-feira, 3.

Os preços ainda refletem a expectativa de que a política isolacionista norte-americana acarrete uma pressão inflacionária em nível global, o que deve resultar em redução das atividades econômicas, impactando consequentemente a demanda por petróleo e derivados, disse.

Petro Notícias - SP   04/04/2025

O casco do navio-plataforma (FPSO) P-80 deixou o estaleiro chinês CIMC Raffles Offshore e seguiu para uma nova etapa do projeto. A embarcação está a caminho do estaleiro da Seatrium, em Singapura, onde passará pela fase de integração de módulos. A plataforma tem previsão de entrada em operação no campo de Búzios, no pré-sal da Bacia de Santos, em 2027.

Para lembrar, a Petrobrás escolheu a Keppel Shipyard para a construção do navio em agosto de 2022. No entanto, a empresa se fundiu com a Sembcorp Marine, dando origem à Seatrium. A P-80 será uma das maiores plataformas do Brasil, com capacidade para produzir até 225 mil barris de petróleo por dia (bpd), processar até 12 milhões de metros cúbicos de gás por dia e armazenar mais de 1,6 milhão de barris. A unidade será interligada a 14 poços, sendo sete produtores de óleo e sete injetores, e tem previsão de início das operações em 2026.

A plataforma faz parte da nova geração de unidades da Petrobrás, projetadas para alta capacidade de produção e equipadas com tecnologias inovadoras para a redução de emissões de CO2. Entre os destaques, está o sistema de flare fechado, que aumenta o aproveitamento do gás e evita sua queima na atmosfera, garantindo maior segurança e sustentabilidade. Outra inovação é o sistema de detecção de gás metano, desenvolvido para prevenir e mitigar riscos de vazamento desse composto.

Infomoney - SP   04/04/2025

As ações de petroleiras da B3 registraram forte queda nesta quinta-feira (3) na volta do Carnaval, seguindo as baixas da commodity. Os papéis ON da Petrobras (PETR3), às 10h40 (horário de Brasília), caíam 3,04% (R$ 39,58) e os PNs (PETR4) tiveram baixa de 2,96%, a R$ 36,10; Brava Energia (BRAV3) tem queda ainda maior, de 8,20%, a R$ 20,83. PRIO (PRIO3) caía 4,70%, a R$ 37,72.

O movimento ocorre em meio à forte baixa do petróleo no mercado internacional, de cerca de 7%, com o WTI com vencimento mais próximo em baixa de 7,28% (US$ 66,49), enquanto o brent tinha baixa de 6,83% (US$ 69,83) por volta das 10h30 (horário de Brasília).

O petróleo despenca, assim como outras commodities, caso de metais industriais a grãos também caem, enquanto o ataque tarifário do presidente Donald Trump intensificou uma guerra comercial que ameaça prejudicar a economia global e a demanda por matérias-primas. O ouro caiu após atingir um novo recorde.
Ajudando a intensificar as perdas do petróleo, oito países da Opep+ concordaram nesta quinta-feira em avançar com o plano de aumento da produção de petróleo, ampliando-a em 411.000 barris por dia em maio.

“Isso inclui o aumento originalmente planejado para maio, além de dois aumentos mensais”, disse a Opep em comunicado.

As ações de mineradoras, caso de Vale (VALE3) e CSN Mineração (CMIN3), também registram queda, com perdas respectivas de 2,13% (R$ 55,72) e 1,17% (R$ 5,89), também com queda do minério.

O contrato de maio do minério de ferro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) da China encerrou as negociações do dia com queda de 0,32%, a 788,5 iuanes (US$108,05) a tonelada.
O minério de ferro de referência de maio na Bolsa de Cingapura recuava 0,84%, a US$101,95 a tonelada.

Os contratos caíram depois do conjunto amplo de tarifas recíprocas, embora a demanda sazonal pelo ingrediente de fabricação de aço tenha ajudado a amortecer a tendência de queda dos preços.

Infomoney - SP   04/04/2025

Os preços do petróleo despencaram nesta quinta-feira, registrando sua maior perda percentual desde 2022, depois que a Opep+ concordou com um aumento surpreendente na produção, um dia depois que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou novas tarifas de importação abrangentes.

Os futuros do Brent fecharam a US$70,14 por barril, uma queda de US$4,81, ou 6,42%. Os contratos futuros do petróleo West Texas Intermediate terminaram em US$66,95 por barril, uma queda de US$4,76, ou 6,64%.

O Brent estava a caminho de sua maior queda percentual desde 1º de agosto de 2022, e o WTI a maior desde 11 de julho de 2022.
Em uma reunião de ministros nesta quinta-feira, os países da Opep+ concordaram em avançar com seu plano de aumento da produção de petróleo, agora com o objetivo de devolver 411.000 barris por dia ao mercado em maio, acima dos 135.000 bpd inicialmente planejados.

“A economia e a demanda de petróleo estão intrinsecamente ligadas”, disse Angie Gildea, líder de energia da KPMG nos EUA.

“Os mercados ainda estão digerindo as tarifas, mas a combinação do aumento da produção de petróleo e uma perspectiva econômica global mais fraca pressiona os preços do petróleo para baixo – potencialmente marcando um novo capítulo em um mercado volátil.”

Os preços do petróleo já estavam sendo negociados cerca de 4% mais baixos antes da reunião, com os investidores preocupados com a possibilidade de as tarifas de Trump aumentarem uma guerra comercial global, reduzirem o crescimento econômico e limitarem a demanda por combustível.

Na quarta-feira, Trump anunciou uma tarifa mínima de 10% sobre a maioria dos produtos importados para os EUA, o maior consumidor de petróleo do mundo, com tarifas muito mais altas sobre produtos de dezenas de países.

As importações de petróleo, gás e produtos refinados foram isentas das novas tarifas, informou a Casa Branca na quarta-feira.

Valor - SP   04/04/2025

Área é a mais recente vítima do plano do CEO, Murray Auchincloss, de voltar a direcionar a BP para seu negócio tradicional de petróleo e gás

A BP está dissolvendo sua equipe de mobilidade de baixo carbono no mais recente recuo da grande empresa de energia em sua tentativa de diversificar suas operações para além do petróleo e do gás, que já dura cinco anos.

A unidade era responsável por desenvolver soluções elétricas, de hidrogênio e outras de baixas emissões para veículos, especialmente caminhões. É a mais recente vítima do plano do CEO, Murray Auchincloss, de voltar a direcionar a BP para seu negócio tradicional de petróleo e gás.

O executivo sênior da BP, Martin Thomsen, disse à equipe, na quarta-feira (2), que não era mais “viável comercialmente” para a BP manter uma equipe dedicada à área. Ele acrescentou que as atividades remanescentes serão realocadas para outras partes da empresa.

Pressões do fundo Elliott Management

Em um esforço para aumentar os retornos e estimular o preço da ação da BP, Auchincloss anunciou, em fevereiro, que estava descartando um plano de cinco anos para a empresa se tornar uma grande presença em energia renováveis, além de um corte de 70% nos investimentos em energia verde. A mudança de estratégia se deu após a revelação de que o fundo ativista americano Elliott Management havia assumido uma participação de quase 5% na BP e estava pressionando por mudanças radicais.

Em um e-mail à equipe na quarta-feira, Thomsen escreveu: “Como vocês sabem, e Murray deixou bem claro, podemos ver que a transição energética está se movendo em um ritmo mais lento do que havíamos previsto”.

Os projetos de mobilidade de baixo carbono estavam se desenvolvendo “mais lentamente” e exigiam “muito investimento” em um momento em que o capital disponível para a divisão como um todo foi reduzido, acrescentou ele.

“Precisamos voltar à velha BP"

Em um telefonema com a equipe no mesmo dia, ele foi mais direto. “Tínhamos uma visão de baixo carbono que não se concretizou”, disse ele, segundo uma fonte que participou da chamada. “Precisamos voltar à velha BP – mais petróleo e gás – e ao varejo tradicional – gasolina, diesel.”

Atualmente, Thomsen é vice-presidente sênior responsável por mercados emergentes na divisão de clientes e produtos da BP, que gerencia a rede mundial de postos de gasolina da BP. Recentemente, ele foi promovido a chefe da operação mundial de carregamento de veículos elétricos da BP, a BP Pulse, e sua rede de varejo na Europa, depois da saída de vários líderes graduados.

Tracey Clements, uma ex-executiva da Boots e da Tesco, deixou o cargo de chefe da rede europeia de varejo da BP em janeiro, após três anos na companhia. Ela foi substituída pelo executivo-chefe da BP Pulse, Richard Bartlett, que foi nomeado para comandar os dois negócios. Bartlett, então, pediu demissão no mês passado.

O tamanho da equipe de mobilidade de baixo carbono já havia sido significativamente reduzido antes do anúncio, para nove pessoas, de um total de 30 nove meses atrás, segundo disse uma fonte a par das mudanças. A BP confirmou a decisão de reduzir e dissolver a equipe.

BP Pulse

“À medida que concentramos nossos negócios e atividades na área de refino e distribuição, não acreditamos que seja necessário manter uma equipe dedicada exclusivamente para considerar essas opções futuras”, disse a BP. “Suas atividades serão integradas aos nossos negócios.”

A BP acrescentou que a decisão não afetará a BP Pulse. A companhia disse que continua comprometida com a expansão de sua rede de carregamento para veículos elétricos em seus quatro mercados principais – Reino Unido, Alemanha, EUA e China – e com o crescimento por meio de joint ventures na Índia, Espanha e Portugal.

AGRÍCOLA

IstoÉ Dinheiro - SP   04/04/2025

As vendas de tratores subiram 15,9% em fevereiro, na comparação o mesmo mês do ano passado, informou nesta quinta-feira, 2, a Fenabrave, associação que representa revendedores de equipamentos usados no campo. No total, 3,2 mil tratores de rodas foram vendidos em fevereiro. Na comparação com janeiro, a alta foi de 0,7%.

No acumulado dos dois primeiros meses do ano, houve crescimento de 14,2% das vendas de tratores. Enquanto as vendas de carros podem ser atualizadas diariamente com base nos licenciamentos de veículos, os números de máquinas agrícolas precisam ser levantados com os fabricantes. Por isso, as estatísticas têm defasagem de um mês em relação ao balanço das vendas de automóveis, divulgado hoje pela Fenabrave com dados já relativos a março.

O balanço da Fenabrave mostra ainda que as vendas de colheitadeiras, de 384 unidades, caíram 4,5% em fevereiro ante o mesmo mês do ano passado. Na passagem de janeiro para fevereiro, houve queda de 26,9% no segmento. Com isso, as vendas de colheitadeiras acumularam crescimento modesto, de 0,6%, no primeiro bimestre, com 892 unidades comercializadas no Brasil nos dois meses.

“Apesar dos resultados positivos, tanto para colheitadeiras como para tratores, os produtores rurais estão na expectativa da liberação dos recursos do Plano Safra, que só devem retornar no segundo semestre”, comentou o presidente da Fenabrave, Arcelio Junior.

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