Diário do Comércio - MG 01/12/2025
A Gerdau, maior empresa brasileira produtora de aço, foi reconhecida como Empresa de Excelência de Minas Gerais durante a cerimônia do XXVII Prêmio Minas de Desempenho Empresarial Melhores e Maiores Empresas Mercado Comum 2025, realizada na terça-feira (25 de novembro). Considerada uma das premiações mais tradicionais do ambiente econômico mineiro, a honraria destaca companhias com impacto relevante no desenvolvimento do Estado.
Entre os indicadores avaliados para a escolha das vencedoras estão inovação e absorção tecnológica, geração de riqueza, emprego e renda, competitividade e produtividade, entre outros, refletindo o papel estratégico desempenhado pela empresa ao longo do ano.
Além do reconhecimento institucional, Gustavo Werneck, CEO da Gerdau, recebeu a medalha Minas Gerais de Desenvolvimento Econômico, promovida pela Associação dos Economistas de Minas Gerais (Assemg). A homenagem ressalta a atuação do executivo na liderança de iniciativas que fortalecem a presença da companhia no Estado.
“O prêmio é uma celebração pelos nossos 125 anos de história. Minas Gerais é hoje o Estado mais importante para a Gerdau, onde concentramos mais de R$ 5 bilhões em investimentos. Para nós, Minas é o presente e o futuro. É a Gerdau fazendo história ao lado do povo mineiro, com aço, inovação e tecnologia”, afirmou Werneck.
Com operações estratégicas e investimentos contínuos, a Gerdau reafirma seu compromisso com o desenvolvimento social e econômico de Minas Gerais, fortalecendo sua trajetória junto ao Estado.
Jota - DF 01/12/2025
Fato inédito na sessão de julgamento de 22/10 do Cade: pela primeira vez, a autoridade antitruste aplicou uma multa sem avaliar sua dosimetria ou a necessidade, conveniência e oportunidade de sua aplicação mas por cumprimento estrito e direto de um comando judicial.
Isso mesmo: juízes determinaram ao Cade que usasse o seu poder sancionatório pelas razões e na forma que entenderam adequada. A atitude surpreendeu por ir na direção diametralmente oposta da literatura e da prática relativamente consolidada sobre deferência judicial a autoridades administrativas especializadas.
O resultado foi uma multa de R$ 128 milhões de reais à Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), em mais um episódio na longa disputa jurídica envolvendo a sua participação societária na Usiminas, concorrente no setor da siderurgia nacional.
Resumidamente: (i) em 2011 a CSN adquiriu em bolsa aproximadamente 15% do capital social da Usiminas; (ii) em 2014 a CSN assinou um acordo com o Cade por meio do qual se comprometia a reduzir sua participação na Usiminas a um patamar inferior ao de 5% num prazo de 5 anos; (iii) após ter sido prorrogado uma vez em 2019, o prazo para o desinvestimento foi alterado para indeterminado em 2022, por meio da assinatura de um termo aditivo ao acordo entre Cade e CSN.
Dentre as justificativas citadas pelo Cade para essa alteração estão a existência de outras obrigações no acordo que minimizariam o impacto concorrencial da manutenção da participação, além de mudanças no contexto geral do mercado que poderiam tornar a alienação da participação excessivamente onerosa.
Foi essa última alteração do acordo que ensejou a judicialização do tema pela Usiminas e que culminou com a aplicação da multa que aqui se comenta. Como os casos tramitam em sigilo, não é possível ter acesso à integra das decisões judiciais. Mas há informações públicas disponíveis que permitem alguns questionamentos.
O controle judicial da legalidade do ato administrativo é, nos termos da própria definição, uma análise da aderência da decisão administrativa à lei. Se a lei autoriza o Cade a celebrar acordos, e se a definição dos termos desses acordos que estabelecem obrigações desenhadas para enfrentar problemas concorrenciais identificados num caso concreto diz claramente respeito ao mérito do ato administrativo, caberia ao judiciário se substituir ao Cade e analisar a pertinência de alterações dos seus termos?
Não é ao Cade que cabe, na aplicação da lei antitruste, definir os termos dos acordos e posteriores alterações com base na sua própria avaliação sobre as medidas necessárias para evitar danos à concorrência? Por que poderia o Cade prorrogar o prazo ou alterar a forma de cumprimento de determinadas obrigações, e não poderia estabelecer prazo indeterminado, se assim julgasse mais conveniente e oportuno?
Pedidos de revisão de acordos fazem parte da realidade da autarquia, e por vezes resultam na implementação de alterações relativas ao prazo para adimplemento de algumas obrigações. O que faria essa alteração específica ser ilegal?
A decisão de casos antitruste é matéria notoriamente complexa, ancorada na análise dos contextos fáticos de cada caso e ponderações sobre a probabilidade de cenários futuros. Em se tratando da aplicação da lei antitruste pelo Cade, faz pouco sentido imaginar que há, previamente, no direito uma solução pré-concebida, uma única resposta correta, uma única resposta lícita, de cujo afastamento resultaria ilegalidade.
Nos casos envolvendo a celebração de acordos, isso é ainda mais evidente afinal, são vários os formatos e desenhos que podem ser estabelecidos nas negociações entre o Cade e agentes privados. Assim, há sempre o risco de que argumentos no sentido de que uma dada solução seria a exigida pelo direito (a única lícita, portanto) seja apenas uma forma de imposição de alguma alternativa preferida pelos juízes.
É justamente essa linha de ponderação que tem dado ensejo à defesa da deferência (ou autocontenção) do judiciário em face de decisões tomadas por órgãos administrativos especializados, como é o caso do Cade. Em alguns países, como na Itália, a jurisprudência relativa ao controle judicial da autoridade antitruste foi justamente o locus da concepção da orientação judicial deferente, dada a sua complexidade. No Brasil, o próprio Supremo Tribunal Federal já decidiu a favor dessa tese em algumas ocasiões (ver, por exemplo: ADI 4.874 e ADPF 825/DF).
Como se disse, a medida judicial surpreendeu por ir na direção diametralmente oposta a essa tese. Como resultado do atropelo judicial, coube aos juízes, e não ao Cade, definir (i) o prazo adequado, para fins de proteção à concorrência, dos desinvestimentos devidos pela CSN; (ii) a punição a esse descumprimento por meio de multa; e (iii) o valor dessa multa. As linhas demarcatórias dos espaços institucionais parecem ter sido cruzadas algumas vezes.
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O Estado de S.Paulo - SP 01/12/2025
A Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG) como proporção do Produto Interno Bruto (PIB) aumentou de 78,1% em setembro para 78,6% em outubro, informou o Banco Central. Em valores nominais, passou de R$ 9,748 trilhões para R$ 9,856 trilhões.
Este é o maior nível da DBGG desde outubro de 2021, quando ela estava em 79,52% do PIB. O pico da série foi em dezembro de 2020 (87,6%), devido às medidas fiscais do início da pandemia de covid-19. No nível mais baixo, em dezembro de 2013, a dívida bruta chegou a 51,5% do PIB.
Pelo conceito do Fundo Monetário Internacional (FMI), a DBGG passou de 90,5% do PIB em setembro para 91,1% no mês passado. O BC começou a divulgar a estatística este ano.
A DBGG — que abrange o governo federal, os governos estaduais e municipais, excluindo o BC e as empresas estatais — é uma das referências para avaliação, por parte das agências globais de classificação de risco, da capacidade de solvência do País. Na prática, quanto maior a dívida, maior o risco de calote por parte do Brasil.
O setor público consolidado (governo central, Estados, municípios e estatais, à exceção de Petrobras e Eletrobras) teve superávit primário de R$ 32,392 bilhões em outubro, após um saldo negativo de R$ 17,452 bilhões em setembro. Em outubro de 2024, o superávit foi de R$ 36,883 bilhões.
O resultado foi menor do que indicava a mediana da pesquisa Projeções Broadcast, de superávit de R$ 34,10 bilhões. As estimativas do mercado iam de R$ 30,600 bilhões a R$ 37,100 bilhões.
O governo central (Tesouro Nacional, BC e INSS) teve superávit primário de R$ 36,180 bilhões no mês passado. Estados e municípios tiveram déficit de R$ 3,639 bilhões. As empresas estatais tiveram déficit de R$ 149 milhões.
Isoladamente, os Estados tiveram déficit de R$ 2,952 bilhões, e os municípios, déficit de R$ 686 milhões.
Déficit nominal do setor público
O setor público consolidado teve déficit nominal de R$ 81,522 bilhões em outubro, após um rombo de R$ 102,185 bilhões em setembro, segundo o Banco Central. Em outubro de 2024, o resultado nominal havia sido negativo em R$ 74,681 bilhões.
O déficit nominal do setor público atingiu R$ 845,436 bilhões, ou 8,05% do PIB, no acumulado do ano. Em 12 meses, soma R$ 1,025 trilhão, ou 8,18% do PIB.
O resultado nominal representa a diferença entre receitas e despesas do setor público, contando o pagamento dos juros da dívida pública.
O governo central teve déficit nominal de R$ 67,785 bilhões no mês passado. Os governos regionais tiveram saldo negativo de R$ 13,131 bilhões, enquanto as empresas estatais tiveram déficit nominal de R$ 606 milhões.
Déficit primário no ano
O setor público consolidado tem déficit primário de R$ 46,852 bilhões no acumulado de janeiro a outubro de 2025. O montante equivale a 0,45% do PIB.
O resultado de 2025 é puxado por um déficit primário de R$ 63,382 bilhões nas contas do governo central, o equivalente a 0,60% do PIB. Estados e municípios têm superávit de R$ 23,974 bilhões (0,23% do PIB), e as empresas estatais, déficit de R$ 7,444 bilhões (0,07% do PIB).
Isoladamente, os Estados têm superávit de R$ 17,779 bilhões no acumulado de janeiro a agosto (0,17% do PIB), e os municípios, saldo positivo de R$ 6,195 bilhões (0,06% do PIB).
Déficit primário em 12 meses
O setor público consolidado tem déficit primário de R$ 37,726 bilhões nos 12 meses encerrados em outubro, o equivalente a 0,30% do PIB. O rombo aumentou frente a setembro, quando era de 0,27% do PIB.
Como proporção do PIB, este é o maior déficit primário acumulado em 12 meses desde janeiro de 2025, quando o rombo era de 0,39%.
O governo central tem déficit primário de R$ 42,335 bilhões, ou 0,34% do PIB, no acumulado de 12 meses até outubro deste ano. Estados têm superávit de R$ 12,329 bilhões (0,10% do PIB), e municípios, saldo positivo de R$ 31 milhões (0% do PIB). As empresas estatais têm déficit de R$ 7,752 bilhões, ou 0,06% do PIB.
Gasto com juros
O setor público consolidado teve uma despesa de R$ 113,914 bilhões com juros em outubro, após gastar R$ 84,732 bilhões em setembro, segundo o Banco Central.
O governo central (Tesouro Nacional, Previdência Social e BC) teve despesas de R$ 103,965 bilhões na conta de juros. Os governos regionais gastaram R$ 9,492 bilhões, e as empresas estatais, R$ 457 milhões.
De janeiro a outubro, a despesa do setor público com juros atingiu R$ 798,584 bilhões, ou 7,60% do PIB. No acumulado de 12 meses, a despesa soma R$ 987,160 bilhões, ou 7,88% do PIB. Em 2024, foi de R$ 950,423 bilhões, ou 8,09% do PIB.
Grandes Construções - SP 01/12/2025
Pacto pela Infraestrutura Nacional e Eficiência Logística, promovido pelo Instituto Besc, revelou projeções otimistas para o setor: o Brasil deverá receber R$ 372 bilhões em investimentos privados em infraestrutura entre 2025 e 2029, impulsionados pela ampliação das concessões em rodovias, ferrovias e mobilidade urbana.
O dado foi apresentado durante o painel “Visão de Longo Prazo: as Concessões”, mediado por Marcelo Perrupato (Magna Participações), que destacou o papel do capital privado como motor do desenvolvimento.
Segundo o debate, apenas o setor rodoviário deverá atrair R$ 288 bilhões, reforçando a importância da previsibilidade regulatória e da segurança jurídica para destravar investimentos.
Clóvis Magalhães, secretário adjunto de Logística e Transportes do Governo do Rio Grande do Sul, apresentou o plano estadual para conceder 1,3 mil quilômetros de rodovias, com aportes de R$ 10 bilhões, além de novos projetos ferroviários e aeroportuários regionais.
Ele ressaltou a necessidade de incorporar o risco climático ao planejamento das concessões, tema que ganhou destaque após os recentes eventos extremos no Sul do país.
Entre as soluções inovadoras, o público conheceu o aeromóvel, tecnologia de transporte 100% brasileira e sustentável, apresentada por Humberto Neiva, da Aerom Mobilidade Sustentável.
O sistema, que já opera em Porto Alegre e será implantado no Aeroporto Internacional de Guarulhos, liga os terminais à estação de metrô em apenas seis minutos, com 90% menos consumo de energia em relação a outros modais elétricos.
Outro destaque do evento foi o debate sobre inteligência logística, que abordou os caminhos para integrar rodovias, ferrovias, portos e terminais aduaneiros. Everaldo Fiatkoski Júnior, do Porto Seco Centro-Oeste, defendeu a Ferrogrão como projeto estratégico para conectar o Centro-Oeste aos portos do Arco Norte. Já Gabriel Toscano Bandeira, da Infra S.A., apresentou o Plano Nacional de Logística 2050, que prevê maior participação de ferrovias e hidrovias e redução da dependência do modal rodoviário, hoje responsável por 63% do transporte de cargas no país.
O consenso entre os especialistas é que sem planejamento de longo prazo, integração multimodal e inovação tecnológica, o Brasil continuará refém de gargalos logísticos que encarecem a produção e reduzem a competitividade.
Infomoney - SP 01/12/2025
O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, disse nesta sexta-feira (28) que o governo tem pressa nas negociações com o governo americano para reverter as alíquotas mais altas, de até 50%, sobre produtos brasileiros vendidos aos Estados Unidos.
O tarifaço norte-americano ainda atinge 22% das exportações brasileiras ao país, em especial produtos da indústria, como máquinas e equipamentos.
“Vamos nos empenhar e reduzir essa alíquota, porque não tem sentido uma alíquota de 40% ou 50% quando dos dez produtos que os Estados Unidos mais vendem para nós, em oito a alíquota é zero, e a tarifa média é 2,7%”, comentou Alckmin, em entrevista concedida à imprensa na saída da cerimônia de inauguração da delegacia cibernética do Inmetro.
“Então, vamos acelerar esse trabalho para excluir mais produtos e aproveitar novas oportunidades de complementaridade econômica entre o Brasil e os Estados Unidos. Podemos fazer um ganha-ganha: mais investimento recíproco, mais comércio exterior”, acrescentou.
Mais uma vez, Alckmin ressaltou que a orientação dada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva é de manter o diálogo com os norte-americanos. “Temos pressa, porque quanto mais rápido for resolvendo, mais exportamos. E comércio exterior é emprego e renda”, afirmou o vice-presidente.
Balança comercial
A boa notícia é que, mesmo com o tarifaço, as exportações brasileiras cresceram 9,1%, observou Alckmin, citando dados da balança comercial de outubro.
Ressaltando também a importância de abertura de mercados no exterior, Alckmin reiterou a expectativa de assinatura no dia 20 de dezembro do acordo entre Mercosul e União Europeia.
Queda no desemprego
Ele também destacou a divulgação feita nesta sexta pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) da taxa de desemprego na mínima histórica: 5,4% no trimestre encerrado em outubro. “Então, é um bom momento. E pode melhorar ainda mais”, disse o vice-presidente.
CNN Brasil - SP 01/12/2025
A inflação brasileira está retornando ao limite da meta oficial e deve fechar 2025 abaixo de 4,5%, segundo análises de casas de investimento. Por outro lado, a expectativa é que o BC (Banco Central) mantenha até março a taxa de juros em 15% — maior patamar em quase 20 anos, segundo analistas ouvidos pelo CNN Money.
Nesta quarta-feira (26), o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou que o IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo - 15), a prévia da inflação brasileira, desacelerou para 4,5% no acumulado dos últimos 12 meses, retornando ao limite da meta oficial.
O BC persegue a meta de inflação de 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto para cima ou para baixo.
Segundo o economista-chefe da Suno Research, Gustavo Sung, a expectativa é de o IPCA encerrar o ano em 4,5% — no teto da meta —, mas indicando processo de desinflação da economia brasileira.
O valor é próximo da mediana prevista pelo mercado, de 4,45%, segundo dados do Boletim Focus publicado pleo BC na segunda-feira (24).
“A inflação voltar nos 12 meses para o limite superior da meta é muito positivo, o que reflete esse processo de desinflação que estamos observando nos últimos meses”, explica Sung.
A avaliação de que o IPCA terminará 2025 dentro da meta também está presente na visão de outros economistas.
Para o diretor de pesquisa econômica do Banco Pine, Cristiano Oliveira, a projeção para o IPCA de 2025 se mantém em 4,4%, pouco abaixo do teto do intervalo da meta para a inflação.
Segundo ele, o leve desvio na prévia da inflação brasileira em relação ao esperado pelo mercado se deve à alta de alguns itens voláteis, como a passagem aérea, e “não altera a expectativa para a evolução dos preços livre.”
Para 2026, a expectativa do banco é que o IPCA mantenha a tendência de desaceleração e fique em torno de 3,8%.
“De modo geral, a leitura do IPCA-15 de novembro foi benigna com o núcleo e a inflação de serviços reforçando o cenário de desaceleração dos preços mais sensíveis ao ciclo da política monetária”, explica.
Na análise da Warren Investimentos, o IPCA-15 de novembro mostrou leitura pior, qualitativamente, do que o antecipado pelo mercado. Ainda assim, as projeções para o IPCA foram mantidas em 4,2% para 2025, também abaixo da meta.
Para o próximo ano, a expectativa dos economistas segue em 4,5% para a inflação.
Em outubro, a inflação desacelerou 0,09% ao menor patamar em 27 anos para o mês. No acumulado de 12 meses, o IPCA teve alta de 4,68%, se aproximando, ainda acima do intervalo da meta oficial.
Taxa de juros deve seguir elevada em 2025
A expectativa é que o Banco Central inicie o ciclo de corte de juros a partir de março do próximo ano, segundo a Suno Research. A taxa está atualmente em 15% ao ano, patamar mais elevado desde maio de 2006.
Em novembro, o Copom do Banco Central disse ter “maior convicção” de que a taxa básica de juros de 15% ao ano é suficiente para manter a inflação em torno da meta.
Segundo o economista-chefe da Suno, a autoridade monetária está monitorando a desaceleração da economia e as expectativas de inflação, em busca de ajustar a política monetária no futuro.
Para ele, a expectativa é que o Banco Central realize o primeiro corte em março, de 0,5 ponto, para 14,5%. Em seguida, a autarquia deve seguir sequência de reduções até a taxa de juros alcançar 12,50% no final de 2026.
“O Banco Central segue nesse piloto automático de 15% até que esse período de transição da economia brasileira se consolide. O país vive um hiato do produto negativo, com desaceleração da atividade econômica e expectativas de inflação melhor ancoradas. Esse é o ponto de principal preocupação hoje da autoridade monetária”, explica.
Com visão semelhante, Petrônio Cançado, sócio da gestora de fundos Occam, destaca que apesar de ver a queda marginal da inflação, a espera do BC em cortar juros somente em março dará credibilidade.
"Galípolo está sendo conservador e ganhando confiança do mercado. A postura dele aumenta chance de juros caírem mais rapidamente", diz, estimando o juro básico em 13% no final de 2026.
Em entrevista ao Capital Insights, programa feito em parceria entre o CNN Money e a Broadcast, o economista pontuou que a manuteçã dos juros em 15% contrata uma queda da atividade doméstica.
"A Selic é o fator que mais impacta mercado de crédito e a sensação de que os juros estão muito altos é uma unanimidade", disse.
Declarações recentes do presidente do BC, Gabriel Galípolo, reforçam que o corte de juros deverá ficar para o fim do primeiro trimestre de 2026.
Em evento nesta quinta-feira (29), Galípolo disse que política monetária deve seguir restritiva pelo "tempo que for necessário" para controlar a inflação, e classificou taxa de juros do país mais alta do que as de seus pares como uma "questão estrutural".
Sobre a comunicação após a última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), o presidente do BC disse que os dados até então indicam que a política monetária tem sido efetiva, mas que tem produzido efeitos lentos, sem uma grande alteração nas perspectivas e na postura da autarquia.
"Não vejo nenhum dado que surgiu neste ciclo que promova qualquer mudança de direção. É um processo que vamos seguir dependentes de dados", relatou, destacando que uma das virtudes do BC este ano foi "ser humilde".
Conforme o último Boletim Focus, as projeções para a Selic foram reduzidas de 12,25% para 12% no final de 2026. Para este ano, a expectativa do mercado financeiro permaneceu em 15% ao ano.
Segundo ainda o economista, houve uma melhora nas projeções do Focus, porém a tendência precisa continuar mais próxima do centro da meta de 3%.
Investing - SP 01/12/2025
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) saiu vitorioso da disputa tarifária com os Estados Unidos, segundo análise da colunista Gillian Tett, do jornal britânico Financial Times, em artigo publicado nesta 6ª feira (28.nov.2025).
Tett utiliza o acrônimo Taco de Trump Always Chickens Out (Trump sempre amarela) para descrever o recuo do presidente norte-americano Donald Trump (Partido Republicano) nas tarifas impostas a produtos agrícolas brasileiros. A colunista afirma que Lula reagiu com firmeza e venceu o americano.
Em agosto de 2025, Trump anunciou tarifa adicional de 40% sobre produtos brasileiros, totalizando 50% de impostos. Um dos motivos da decisão foi a irritação com a investigação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Tett afirma que Lula defendeu os tribunais brasileiros e manteve pressão diplomática. Na semana de 18 de novembro de 2025, Trump anunciou que determinados produtos agrícolas brasileiros não seriam mais submetidos à sobretaxa.
Para Tett, o recuo demonstra maior sensibilidade da Casa Branca ao impacto econômico interno. Pesquisas indicam queda na popularidade de Trump e aumento das preocupações com o custo de vida nos Estados Unidos. Assessores presidenciais buscam soluções para reduzir preços de alimentos.
A colunista identifica 3 lições no episódio. Primeira: o governo Trump age com mais cautela diante da inflação doméstica. Segunda: valentões respondem melhor à força países que enfrentaram as medidas conseguiram avanços, como China e Brasil. Terceira: a política externa norte-americana funciona mais por instinto que por estratégia clara.
Tett propõe uma estrutura analítica baseada em objetivos-estratégias-táticas para compreender Trump. Segundo a colunista, o presidente americano tem objetivos claros: dominância econômica e política extrema efletida no slogan Make America Great Again (Faça a América Grande de Novo).
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As estratégias envolvem política geoeconômica uso de ferramentas econômicas para fortalecer poder hegemônico americano. As táticas incluem intimidação, ameaças e mudanças dramáticas de posição, métodos transacionais para obter vantagem. A colunista argumenta que, por serem táticas instrumentais e não convicções ideológicas profundas, Trump pode recuar sem constrangimento quando não funcionam ou prioridades maiores surgem.
Tett afirma, ainda, que o triunfo brasileiro enviou sinais encorajadores para europeus e outros. Reis raramente são tão poderosos quanto parecem, diz.
IstoÉ Dinheiro - SP 01/12/2025
Em meio à desaceleração da inflação, o governo federal reduziu as estimativas para o valor do salário mínimo de 2026 de R$ 1.631 para R$ 1.627. O salário mínimo atual é de R$ 1.518.
“A estimativa do salário mínimo reflete variação nos parâmetros, e o seu valor definitivo só será conhecido no início do ano”, explicou o ministério do Planejamento em nota.
A informação foi divulgada inicialmente pelo G1 e confirmada pela IstoÉ Dinheiro.
“A atualização da projeção depende de outros fatores, como a variação da base de beneficiários, cabendo ao congresso avaliar a conveniência e oportunidade de alterar as estimativas dos gastos previdenciários e sociais durante a tramitação do Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA), podendo a estimativa também ser reavaliada durante as avaliações bimestrais ao longo de 2026, acrescentou o ministério.
O reajuste para 2026 é calculado com base no INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) de 12 meses até novembro e mais 2,5% de aumento real. Em agosto, o governo estimava um índice de inflação de 4,78%, mas agora o próprio mercado passou a projetar um INPC abaixo de 4,50%.
O Índice de Preços ao Consumido Amplo (IPCA), a inflação oficial do país, desacelerou para 0,09% em outubro, a menor para o mês desde 1998, quando foi registrado 0,02%. A alta do indicador desacelerou em meio a um cenário de alta de juros, com a Selic em 15% ao ano. Em novembro, o IPCA-15, considerado a prévia da inflação oficial, ficou em 0,20%. Com o resultado, o IPCA-15 passou a acumular alta de 4,50% nos últimos 12 meses.
Tiago Sbardelotto, economista da XP, estima que o valor do salário mínimo ficará em R$ 1.624 em 2026. A casa trabalha com a expectativa de uma alta de 4,36% do INPC até novembro. “Assim, somando-se a alta da inflação mais o ganho real de 2,5% previsto na lei n° 15.077/24, chegamos ao valor indicado”, explica.
Salário mínimo menor pode reduzir risco fiscal
Em nota, o Ministério do Planejamento explica que “a projeção menor tem o efeito de reduzir os gastos com aposentadorias, pensões e outros benefícios”. Tais benefícios sociais estão atrelados ao salário mínimo e assim são reajustados. Atualmente, 70% das aposentadorias ou cerca de 28 milhões de segurados recebem um salário mínimo.
Ainda segundo o órgão, a certeza sobre uma redução da pressão fiscal no entanto depende de outros fatores, “como a variação da base de beneficiários, cabendo ao congresso avaliar a conveniência e oportunidade de alterar as estimativas dos gastos previdenciários e sociais durante a tramitação do PLOA, podendo a estimativa também ser reavaliada durante as avaliações bimestrais ao longo de 2026”.
Globo Online - RJ 01/12/2025
O economista Ricardo Hausmann, um bom conhecedor da economia brasileira, disse em 2010 que “a grande sorte de Lula foi ter tido um ótimo antecessor, mas o próximo presidente do Brasil não terá a mesma sorte”. Vale ter esse comentário em mente para avaliar a situação fiscal com 2027 em perspectiva, considerando o quadro que o presidente Lula deixará para seu sucessor — talvez, ele mesmo.
O Brasil caminha para ter o período de governo mais deficitário depois da estabilização de 1994, como mostram os números abaixo, onde houve uma adaptação para levar em conta o período de governo de Dilma Rousseff; e onde as projeções para 2025/2026 são tomadas do Focus (levantamento das projeções coletadas pelo Banco Central).
Um déficit nominal médio de 9% do PIB em 4 anos! Nem com o déficit estratosférico da pandemia em 2020 afetando a última gestão tivemos um período de governo com uma média tão alta. Quem mais se aproximou foi Temer, mas com a ressalva de que ele vinha de um déficit de 10% do PIB na média do biênio 2015/2016.
Já Lula herdou um déficit nominal de 4,6% do PIB em 2022 e em 2026 irá aumentá-lo em quase 90%. É uma proeza.
As necessidades nominais de financiamento do setor público (déficit) por período de governo, em % do PIB, terão sido:
1995/98 — 6,0
1999/02 — 4,0
2003/06 — 3,8
2007/10 — 2,6
2011/16 — 5,5
2017/18 — 7,42
019/22 — 7,020
23/26 — 8,6
Na campanha eleitoral de 2022, Lula se negava sempre a dizer o que iria fazer em termos fiscais, escudando-se no argumento de que já tinha dado mostras de responsabilidade nos seus oito anos de governo e que, portanto, isso seria suficiente para credenciá-lo a receber a confiança da população e dos mercados.
O que ele não dizia é que quem tinha feito o trabalho duro antes tinha sido o governo FHC, que passou de um resultado primário — sem juros — nulo em 1998 para um superávit de 3,2% do PIB em 2002, exatamente o mesmo de 2003.
Quando, naquele ano, o mercado percebeu que a ideia de que Lula mudaria em 180 graus a política de FHC e Malan era “cascata”, foi só “correr para o abraço”, sem fazer grande esforço.
Nada mais diferente do quadro que seria encontrado em 2023. Seja por medidas populistas adotadas por Bolsonaro no final do seu governo, com redução de impostos no segundo semestre para tentar ganhar as eleições, com efeitos no ano seguinte, seja pelas promessas de mais gasto que o próprio Lula fez na campanha, sabia-se que em 2023 a receita cairia e o gasto aumentaria, contratando-se um agravamento do problema fiscal, que foi exatamente o que ocorreu.
O resultado foi que, enquanto em 2003 houve superávit primário de 3,2% do PIB, em 2023 houve um déficit, nesse conceito, de 2,3% do PIB. Mesmo que se tire da conta a despesa extraordinária de precatórios naquele ano, seria um déficit de 1,4% do PIB, ou seja, quase 5% do PIB pior que o do primeiro ano do seu primeiro governo.
Bolsonaro foi um governante — na melhor das hipóteses — inepto, mas atribuir os números fiscais de Lula em 2025 a seu antecessor é um nonsense. Por que vivemos uma séria crise fiscal? Porque no biênio 2023/24 o gasto primário federal em termos reais aumentou a uma espantosa taxa acumulada de 12%, e o governo se recusa a fazer o que todo mundo sabe que deve ser feito. Sejamos claros: o responsável pelo nível atual do déficit público é o presidente da República.
Ulysses Guimarães, quando seus interlocutores se queixavam da qualidade da legislatura, dizia com fria precisão: “Está reclamando? A próxima será pior”. O leitor está reclamando da trajetória fiscal no governo Lula 3? Aguarde o Lula 4.
Maquiavel dizia que, na política, é preciso ter sorte e habilidade. O fato de Lula praticar uma política econômica que, se mantida, levará a um beco sem saída no período 2027/2030 nos revela hoje, claramente, que, no conhecido balanço entre fortuna e virtú, o sucesso da sua primeira passagem pelo Planalto se deveu muito mais à primeira (e a FHC) que à segunda.
Globo Online - RJ 01/12/2025
O PIB do terceiro trimestre, que será divulgado na próxima quinta-feira, 4 de dezembro, deve confirmar que a economia brasileira perdeu força ao longo de 2025, mas não o suficiente para interromper a sequência de resultados positivos. As principais instituições financeiras projetam um crescimento fraco, porém ainda no campo positivo, em meio a um mercado de trabalho resiliente e a um ambiente de política monetária ainda contracionista, com os juros no alto patamar de 15%.
Nesta sexta-feira, o IBGE divulgou que a taxa de desemprego surpreendeu positivamente, mais uma vez, no trimestre encerrado em outubro, ficando abaixo do previsto pelos analistas: 5,4%, diante da média de estimativas de 5,5%. Apesar de ser o menor percentual da série histórica iniciada em 2012, os dados da Pnad mostram uma desaceleração do mercado de trabalho.
Ainda assim, o PIB segue registrando uma longa sequência de trimestres no azul: seriam 17 resultados positivos consecutivos na margem e 19 na comparação anual, segundo a Macro 4 Intelligence.
A mediana das expectativas gira em torno de 0,1%. Santander e Itaú esperam alta de 0,2% em relação ao segundo trimestre, assim como a Macro 4 Intelligence. O Bradesco, 0,3%. O economista André Galhado, da Análise Econômica, projeta um resultado ainda mais modesto, de 0,1%. Na comparação anual, a expectativa converge para um crescimento próximo de 1,7%.
Apesar dos números positivos, o quadro é de “desaceleração clara”, salienta Galhardo. A economia, que cresceu 1,3% no primeiro trimestre e 0,4% no segundo, teria avançado apenas entre 0,1% e 0,2% entre julho e setembro, o desempenho mais fraco do ano. Ainda assim, o PIB segue registrando uma longa sequência de trimestres no azul: seriam 17 resultados positivos consecutivos na margem e 19 na comparação anual, segundo a Macro 4.
Pelo lado da oferta, os dados devem trazer nuances importantes. O Itaú estima que a indústria tenha crescido 1,6% na comparação anual, acima do 1,1% registrado no trimestre anterior. Já o setor de serviços, que tem sustentado o ciclo de recuperação, deve mostrar perda de fôlego, com alta de 1,5% a/a, ante 2,0% no segundo trimestre.
Na agropecuária, o movimento é semelhante: o banco prevê desaceleração de 10,1% para 6% no período anual. A queda reflete base alta e menor ritmo em algumas cadeias específicas, após um primeiro semestre excepcional para o setor.
Do lado da demanda, tanto o consumo das famílias quanto o investimento devem vir mais fracos. A expectativa do Itaú é de que o consumo das famílias tenha crescido 1,2% no trimestre, abaixo do 1,8% observado entre abril e junho. Os investimentos, que haviam avançado 4% no segundo trimestre, devem ter aumentado apenas 2% a/a entre julho e setembro.
Ainda assim, o mercado de trabalho tem surpreendido positivamente, ajudando a sustentar a demanda. A taxa de desocupação caiu para 5,4%, renovando o menor nível da série histórica um dado que, segundo André, reforça a resiliência da economia mesmo com a Selic no maior patamar em quase 20 anos.
Investing - SP 01/12/2025
Exportações resilientes ofereceram algum suporte para a economia da China no período de julho a setembro, ajudando a compensar alguns obstáculos decorrentes de um "claro enfraquecimento" na demanda doméstica desde junho, segundo analistas do BofA Securities.
Em uma nota, os analistas, incluindo Helen Qiao e Xiaoqing Pi, afirmaram que os números recentes estão alinhados com sua visão de que o crescimento da segunda maior economia do mundo "seguirá cambaleando sem ajuda imediata de estímulos políticos" de Pequim.
A economia da China cresceu um pouco mais do que o esperado no terceiro trimestre de 2025, mas no ritmo mais lento em um ano, em meio a obstáculos persistentes devido à desinflação generalizada e às tensões comerciais com os EUA.
O Produto Interno Bruto cresceu 4,8% na comparação anual nos três meses até 30 de setembro, mostraram dados do governo na segunda-feira. O resultado ficou ligeiramente acima das expectativas de 4,7%, mas desacelerou em relação ao aumento de 5,2% observado no trimestre anterior.
Em base anualizada, o crescimento do PIB também foi o mais lento desde o terceiro trimestre do ano passado. O PIB cresceu 1,1% na comparação trimestral, acima das expectativas de 0,8%.
O resultado levou o PIB acumulado da China para 5,2%, ligeiramente abaixo dos 5,3% observados no trimestre anterior, mas ainda acima da meta anual de 5% de Pequim.
Exportações e manufatura continuaram sendo os maiores impulsionadores do crescimento, enquanto os gastos do consumidor e o investimento privado esfriaram ainda mais. Pequim distribuiu uma série de medidas de estímulo para apoiar o crescimento nos últimos trimestres, embora o suporte dessas medidas tenha diminuído nos meses recentes.
Os dados parecem destacar que algumas facetas da economia chinesa, especialmente sua massiva indústria de exportação, permaneceram fortes e continuaram a sustentar o crescimento. Mas a deflação persistente, o fraco investimento privado e um prolongado declínio no mercado imobiliário prejudicaram o crescimento.
Outros números mostraram a economia chinesa ganhando algum ritmo em setembro. A produção industrial e as vendas no varejo cresceram mais do que o esperado no mês passado, enquanto a taxa de desemprego da China também caiu inesperadamente para 5,2% de 5,3%.
Mas o investimento em ativos fixos um indicador de gastos empresariais encolheu inesperadamente 0,5%, registrando sua primeira contração mensal desde a pandemia de COVID-19 em 2020.
No entanto, dado "um tom mais positivo" em torno do comércio após um acordo alcançado entre o presidente dos EUA, Donald Trump, e seu homólogo chinês, Xi Jinping, no mês passado, "os riscos estão inclinados para cima", disseram os analistas do BofA.
Eles subsequentemente elevaram suas previsões de crescimento do PIB da China para 5% este ano, 4,7% para 2026 e 4,5% para 2027. Anteriormente, haviam previsto expansão de 4,7%, 4,3% e 4,1%, respectivamente.
Investing - SP 01/12/2025
Os preços futuros do minério de ferro caíram nesta sexta-feira, mas fecharam a semana com o terceiro ganho consecutivo em base semanal, puxado pela recente demanda de minério pelo setor de infraestrutura.
O contrato de janeiro do minério de ferro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) da China encerrou a sessão do dia com queda de 0,19%, a 794 iuanes (US$112,18) a tonelada. O contrato ganhou 1,14% esta semana.
O minério de ferro de referência de dezembro na Bolsa de Cingapura recuava 0,89% mais baixo, a US$105,75 a tonelada. O contrato subiu 1,73% até o momento na semana.
A demanda por infraestrutura aumentou recentemente, levando a uma melhora contínua na demanda aparente por aço, com expectativa de que os preços sigam os fundamentos de mercado no curto prazo, disse a corretora chinesa Galaxy Futures.
Os estoques dos cinco principais produtos de aço carbono mantidos pelas usinas siderúrgicas chinesas caíram pela sétima semana consecutiva em 2,5%, para 3,9 milhões de toneladas, na quinta-feira, atingindo o nível mais baixo desde o final de janeiro, mostraram dados da consultoria chinesa Mysteel.
Os estoques totais de minério de ferro nos portos da China caíram 0,42% em relação à semana anterior, para cerca de 139 milhões de toneladas, em 28 de novembro, segundo dados da SteelHome.
Do lado da oferta, os embarques dos principais produtores, Austrália e Brasil, diminuíram, enquanto o número de navios nos portos foi de 115, 8 a menos do que no mês anterior, disse a corretora chinesa Everbright Futures.
Money Times - SP 01/12/2025
Entre as maiores influências do Ibovespa, as ações da mineradora Vale (VALE3) sobem forte nesta sexta-feira (28) e figuram entre os destaques da bolsa de valores.
Por volta das 12h15 (horário de Brasília), os papéis da companhia avançavam cerca de 2%, negociados a R$ 67,67. Acompanhe o tempo real.
A alta ocorre após a companhia aprovar, na noite de ontem (27), o pagamento de R$ 3,58 por ação aos seus investidores, entre dividendos e juros sobre capital próprio (JCP). Considerando a atual base acionária, o total a ser distribuído deve alcançar cerca de R$ 15,3 bilhões, com repasses previstos entre janeiro e março do ano que vem.
A mineradora destacou que o montante antecipa parte da destinação dos resultado de 2025 e atende à remuneração mínima prevista na Política de Remuneração aos Acionistas.
Na visão da equipe da XP Investimentos, embora parcialmente antecipada, a distribuição sinaliza confiança na geração de caixa da empresa.
Segundo cálculos da casa, o anúncio implica um dividendo extraordinário de cerca de US$ 1 bilhão — acima das expectativas internas, de US$ 500 milhões, e no limite superior da faixa já esperada pelo mercado (entre US$ 0,5 a 1 bilhão).
“Vemos esse pagamento reforçando a abordagem simplificada de alocação de capital da Vale, mas sem grandes mudanças no horizonte”, afirmou a corretora.
Potencial de valorização
Analistas em geral têm avaliado que a mineradora demonstra flexibilidade operacional e está bem posicionada para cumprir o guidance (isto é, a projeção) de produção de 2025.
Entre julho e setembro (3T25), vale lembrar, a empresa reportou lucro líquido de US$ 2,7 bilhões, um crescimento de 11% em relação ao mesmo período de 2024 e acima das estimativas.
Segundo o banco Safra, a combinação desse desempenho recente, dos preços mais firmes das commodities, do short covering e da execução consistente da gestão ajudou a impulsionar as ações da companhia, que já acumulam alta de 24% desde janeiro.
Na avaliação da instituição, ainda assim, a Vale oferece dividendos e valuation decentes, com potencial de valorização em 2026 se o minério de ferro permanecer estável e o cobre/ouro estenderem os ganhos.
Automotive Business - SP 01/12/2025
A montadora chinesa Great Wall Motor (GWM) está intensificando sua estratégia para ganhar espaço no mercado europeu e pretende instalar sua primeira fábrica no continente até 2029. O objetivo é ambicioso: alcançar uma produção anual de 300 mil veículos, segundo a agência Reuters.
Mnater produção no Velho Continente faz parte de um plano mais amplo de expansão global e de recuperação das vendas na região, que vêm registrando queda. Parker Shi, presidente da GWM International, afirmou que a companhia avalia possíveis locais para a nova planta industrial na Espanha e na Hungria, além de outros países ainda não revelados.
As discussões sobre a instalação de uma fábrica fora da Ásia começaram no ano passado, quando o presidente da companhia, Mu Feng, confirmou o interesse da montadora em expandir operações na Europa. Desde então, a seleção do local vem sendo tratada com cautela, diante de uma série de desafios financeiros, logísticos e regulatórios.
Mão de obra e logística são estratégicos para GWM
Segundo Shi, os custos de mão de obra e logística são fatores centrais na análise da GWM. Como a produção inicial exigirá o envio de componentes da China para montagem na Europa, a viabilidade da operação depende de um planejamento que minimize gastos e riscos.
Além disso, a montadora acompanha de perto as políticas industriais da União Europeia, especialmente em relação ao ambiente de investimentos e às tarifas de importação, que têm impacto direto na competitividade de veículos elétricos segmento em que as marcas chinesas se destacam.
A preocupação não é infundada. Nos últimos anos, a Europa endureceu sua postura em relação às importações de veículos elétricos chineses, impondo tarifas mais altas e investigações sobre possíveis subsídios.
O movimento pressionou montadoras como GWM e BYD, que ganharam notoriedade global nesse segmento. Ao mesmo tempo, a disputa dentro do próprio mercado europeu fica mais acirrada, tanto com montadoras tradicionais quanto com rivais chineses em rápida ascensão.
BYD já tem fábricas na Europa e na Turquia
Um exemplo é a BYD, que considera a Espanha como candidata principal para instalar sua terceira fábrica na Europa a empresa já opera unidades produtivas na Hungria e na Turquia. A expansão da concorrente traz mais urgência aos planos da GWM, que atualmente possui fábricas fora da China em mercados como Rússia, Tailândia e Brasil.
Enquanto tenta consolidar sua presença global, a GWM enfrenta dificuldades pontuais no mercado europeu. Os licenciamentos de carros novos da marca de veículos elétricos Ora responsável pela maior parte das vendas da empresa na região caíram 41%.
A discrepância entre o avanço global e o recuo europeu reforça a necessidade de uma estratégia mais agressiva no continente. Com a perspectiva de alcançar 1 milhão de veículos vendidos anualmente no exterior até 2030, a GWM considera a instalação da fábrica europeia um passo fundamental. É por isso que estamos acelerando a estratégia europeia, afirmou Shi. Tudo precisa ser acelerado.
Investing - SP 01/12/2025
O chanceler alemão Friedrich Merz enviou uma carta a Bruxelas nesta sexta-feira para instar a Comissão Europeia a aliviar a proibição de novos carros com motor de combustão a partir de 2035, argumentando que as montadoras precisam de mais flexibilidade na mudança para veículos elétricos.
Merz, um conservador aliado da indústria automobilística, diz que o cronograma para a eliminação gradual dos motores de combustão não é realista, enquanto fabricantes enfrentam a forte concorrência da China e a adoção de veículos elétricos mais lenta do que o esperado.
Seus parceiros de coalizão, os social-democratas, estão divididos, mas na quinta-feira o governo concordou em buscar isenções para híbridos plug-in e motores de combustão altamente eficientes.
Depois de fechar o acordo em Berlim, Merz enviou uma carta à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, enfatizando a importância de apoiar o setor automobilístico, uma vez que ele está passando por uma dispendiosa transição para os veículos elétricos enquanto luta contra tarifas, choques na cadeia de suprimentos e forte concorrência externa.
"Nosso objetivo deve ser uma regulamentação de CO2 neutra em termos de tecnologia, flexível e realista que atenda às metas de proteção climática da UE sem prejudicar a inovação e a criação de valor industrial", escreveu Merz na carta, vista pela Reuters.
Fazendo eco aos apelos do setor, Merz disse que os híbridos plug-in e os veículos com "extensor de autonomia" devem desempenhar um papel na transição, assim como os biocombustíveis e os esforços para reduzir as emissões na produção, por exemplo, com o uso de aço verde, que é produzido com energia renovável.
Braço executivo da UE, a Comissão deverá anunciar metas atualizadas de emissão de carbono para o setor automotivo em 10 de dezembro.
Antes dessa data, montadoras como a Volkswagen, a Mercedes e a BMW têm feito lobby por tecnologias de transição enquanto se deparam com uma aceitação mais lenta do que o esperado de veículos elétricos na região.
O lobby automotivo VDA da Alemanha recebeu bem a pressão de Berlim por isenções.
"Essa é uma boa notícia para a indústria automotiva e suas centenas de milhares de funcionários", disse a presidente da VDA, Hildegard Mueller.
O grupo de campanha Transporte e Meio Ambiente criticou a medida, afirmando que Berlim estava se apegando a uma tecnologia ultrapassada.
"Qualquer um que pense que a Alemanha será capaz de garantir empregos e criação de valor no futuro com a tecnologia de motores de combustão, que já está ultrapassada hoje, está deliberadamente fechando os olhos para a realidade", disse o chefe da T&E Germany, Sebastian Bock.
Pedir às grandes corporações que eletrifiquem 75% de seus carros novos em 2030, com requisitos "made-in-EU", poderia levar a um adicional de 1,2 milhão de VEs produzidos localmente até o final da década, de acordo com pesquisa da T&E vista pela Reuters.
Parte da revisão das metas de VE da Comissão tem como objetivo impulsionar a adoção de veículos de emissão zero em frotas corporativas, que representam de 50% a 60% de todas as vendas de carros novos.
Valor - SP 01/12/2025
“O mercado de peças da América Latina é estimado em mais de 20 bilhões de euros, sendo que 80% estão nas mãos de empresas independentes e apenas 20% nas concessionárias”, afirma vice-presidente de peças e serviços da Stellantis na América do Sul
a Porto, gera receita, reduz sinistralidade e promove descarte consciente — Foto: Divulgação/Renova Ecopeças
“É uma coisa que deixa a gente meio chocado no começo. O primeiro impulso é pensar ‘cara, isso é contraintuitivo”, diz o engenheiro Paulo Solti, vice-presidente de peças e serviços da Stellantis na América do Sul. “Depois você se acostuma, entende o negócio e o porquê da história.” Nas últimas três décadas, com breves interrupções, Solti trabalhou em montadoras de automóveis. Mas, desde agosto, sua missão é desmontar. Ele está à frente da Circular Autopeças, primeira empresa de reciclagem de componentes ligada a um fabricante de automóveis no Brasil — a Stellantis, líder de mercado, dona de marcas como Fiat, Jeep, RAM, Peugeot e Citroën. Construída em um galpão em Osasco (SP), a linha de desmontagem desfaz de dez a doze carros por dia. “Para o próximo ano completo, a gente já tem uma capacidade para oito mil unidades”, afirma o executivo.
O centro é o segundo do grupo no mundo — o primeiro foi inaugurado em Turim, na Itália — e sinaliza uma mudança profunda na estratégia de negócios da Stellantis. O objetivo não é apenas dar destinação correta aos carros em fim de vida, mas criar uma nova fonte de receita e de aprendizado tecnológico.
“O mercado de peças da América Latina é estimado em mais de 20 bilhões de euros, sendo que 80% estão nas mãos de empresas independentes e apenas 20% nas concessionárias”, afirma Solti. “Eu, como fabricante, ajudei a criar um negócio gigante e estou atendendo apenas uma parte dele. Com a Circular Autopeças, a gente entra também no aftermarket.”
A Circular Autopeças recebe veículos da própria Stellantis ou comprados em leilões — inclusive de outras marcas. Conforme a avaliação técnica, o carro inteiro ou partes dele seguem quatro destinos que a indústria chama de 4Rs: reutilizar, remanufaturar, reparar ou vender o material por peso, para reciclagem. As peças são fotografadas, catalogadas e revendidas em plataformas digitais, no Mercado Livre, por WhatsApp e numa loja física anexa ao galpão. A operação tem metas de rentabilidade e faz parte da estratégia de diversificação da Stellantis, que neste ano também adquiriu 70% da DPaschoal, consolidando-se como maior distribuidora de autopeças da América do Sul. A empresa quer capturar valor em todas as fases da vida do veículo — da fabricação à desmontagem —, criando um ecossistema de circularidade.
“Para nós, o centro de desmontagem não é só uma iniciativa ambiental. Ele também gera dados valiosos sobre o desempenho dos carros depois de anos de uso”, explica Solti. As informações coletadas ajudam os engenheiros a aprimorar o design de componentes, entender falhas recorrentes e desenvolver materiais mais duráveis.
O processo está conectado à aceleradora de ideias da Stellantis, um laboratório interno que testa soluções de economia circular e inteligência artificial (IA). Uma das frentes em estudo é o uso de modelos de IA para analisar o histórico de leilões e definir quais carros valem a pena adquirir para desmontagem, considerando preço, estado e potencial de revenda das peças.
Essa abordagem data driven reflete uma mudança na mentalidade da indústria. No passado, montadoras viam o pós-venda como um serviço de suporte. Agora, ele se torna um eixo estratégico de crescimento, impulsionado pela digitalização e pelo valor dos dados. Segundo Solti, uma peça recondicionada pode emitir até 50% menos CO2 do que uma nova, ao mesmo tempo que amplia a margem do negócio. “É uma equação que combina sustentabilidade com eficiência econômica”, afirma.
No Brasil, cerca de dois milhões de veículos chegam ao fim da vida útil todos os anos, mas apenas 1,5% passa por desmontagem formal. É um mercado subaproveitado, como também uma oportunidade para o país desenvolver soluções próprias.
A lógica da desmontagem também move a Renova Ecopeças, empresa da Porto, líder do mercado de seguro automotivo do Brasil, com cerca de 25% de participação. Criada em 2013, a Renova já reciclou mais de 30 mil veículos, 37 mil toneladas de aço e mais de 24 mil pneus, além de vender mais de um milhão de peças e dar destino correto a mais de 11 mil baterias. “A gente começou como uma operação de descarte consciente. Hoje é um negócio rentável, que gera receita e reduz custo de indenização”, afirma Daniel Morroni, diretor da empresa.
Além de diversificar as atividades do grupo Porto, a Renova ajuda a reduzir a sinistralidade da seguradora. “Quando o mercado de peças usadas passa a ter origem legal e rastreável, o roubo deixa de ser financeiramente interessante. Isso diminui o risco, o custo dos sinistros e até o valor do seguro”, diz Morroni. Segundo ele, o mercado de desmonte legalizado é hoje um instrumento de segurança pública tanto quanto ambiental.
A operação da Renova é apoiada por tecnologia. A empresa desenvolveu um sistema próprio de rastreabilidade, integrado aos Departamentos Estaduais de Trânsito (Detrans), que controla desde a baixa do chassi até a revenda das peças. Para estimar o potencial de lucro em cada veículo, a desmontadora aproveita o enorme acervo de imagens e orçamentos de reparos acumulados pela Porto — a seguradora tem 80 anos de mercado. “Com esse histórico, conseguimos prever quanto cada carro vale como peça e se a desmontagem compensa”, explica Morroni.
Stellantis e Porto seguem caminhos diferentes, mas convergentes. A primeira entra na desmontagem para integrar verticalmente sua cadeia e explorar novos mercados; a segunda usa a desmontagem para reduzir riscos e gerar valor de dados. Ambas ajudam a formalizar um setor ainda dominado pela informalidade e mostram que a economia circular pode ser também uma boa estratégia de negócios. “O fim da vida do carro não significa o fim do seu valor”, afirma Solti.
A tendência global de circularidade automotiva chega ao Brasil com sotaque próprio. Aqui, o fluxo de veículos vem de leilões, seguradoras e frotistas – enquanto a Europa adota programas de recompra, taxação progressiva conforme o carro envelhece ou a mera proibição de circulação de veículos obsoletos em certas áreas urbanas. O hábito de comprar peças usadas ou remanufaturadas é padrão entre caminhoneiros, mas ainda não entre motoristas. “O consumidor brasileiro já compra peça usada, mas quer confiança e procedência”, diz Solti. “Nosso papel é oferecer isso com padrão industrial e preço competitivo.”
O modelo ainda está em construção, mas aponta para um novo equilíbrio na indústria automotiva. Ao desmontar carros, Stellantis e Porto aprendem a enxergar valor no ciclo completo, e não apenas na venda inicial. A desmontagem, que parecia contraintuitiva, torna-se uma engrenagem a mais no negócio — e talvez o símbolo mais claro de uma indústria que, para seguir crescendo, precisa também saber desfazer.
Exame - SP 01/12/2025
Pelo que conta Igor Calvet, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), as empresas que toparam participar do retorno do Salão Internacional do Automóvel de São Paulo estão satisfeitas.
Embora desacreditado nos bastidores, o principal evento automotivo do País recebeu mais de 120 mil pessoas nos primeiros três dias. Assim, não apenas agradou quem paga a conta, como também já cavou a próxima edição, agendada para daqui a dois anos.
“Isso é um evento da Anfavea e da RX. Quando nós decidimos fazê-lo, nossa primeira preocupação era como seria a reação do público ao retorno do salão. Com mais de 120 mil visitantes nos três primeiros dias, nos demonstrou que tinha sentido para o público brasileiro”, avalia a liderança da associação dos fabricantes de veículos.
“O que estou dando a elas é previsibilidade. O evento ocorrerá. O de 2025 foi um sucesso e o de 2027 será também. Daí é um planejamento que as marcas têm que fazer. A organização vai acontecer. Não vou enquanto Anfavea deixar para os últimos seis meses decidir se o Salão vai acontecer. Não faz sentido. Por isso, já estou avisando que o evento acontecerá”, promete Calvet.
Lucas Valente Pimentel, diretor de Marketing da RX, organizadora da mostra, acrescenta que o público abraçou a volta do evento de modo impressionante. “Há um aprendizado e uma lista de ajustes para a próxima edição, mas tivemos nossas expectativas superadas”, pondera.
O retorno
Realizada pela última vez em 2018, a mostra voltou diferente: geograficamente menor, por conta do menor número de expositores; e com as chinesas no mesmo patamar de protagonismo e de interesse de público das marcas tradicionais. E de volta também ao Anhembi, que não é sua primeira, mas é sua casa mais emblemática.
O panorama do Salão demonstra a transformação em curso na indústria nacional, que culturalmente tem Renault, Fiat, Jeep, Citroën, Peugeot, Ram, Honda, Toyota, Mitsubishi, Kia e Hyundai – considerando-se apenas as presentes no Salão – resistindo ao bloco chinês representado aqui por BYD, Denza, GWM, Omoda Jaecoo, Avtr, MG Motor, Geely e Leapmotor.
Ou seja: se estão escalando o ranking de vendas de automóveis, por que não teriam mais espaço também em uma exibição de automóveis, a maior da América Latina?
Geely e Leapmotor, aliás, acabam de firmar acordos fabris com marcas ocidentais que até então dominavam o Brasil. Em resumo: a Geely vai produzir na fábrica da Renault, em São José dos Pinhais (PR), e a Leapmotor em Goiâna (PE), de onde saem atualmente modelos de Jeep, Fiat e Ram.
Visitar seus estandes nos revela não apenas uma das fundamentais peças da mobilidade do futuro, como nos indica um possível caminho para a reindustrialização e modernização do parque fabril automotivo nacional.
Para 2027
Não é possível dizer que a área de test-drives ou o espaço dedicado aos carrões do Motogrid estavam à toa. Mas, pelo tanto que ocupam e entregam, deveriam ser repensadas – ou reduzidas, deslocadas, eliminadas –, o que poderia abrir mais espaço para as marcas que chegarão para o Salão de 2027.
“Não houve conversa com as marcas ausentes ainda, mas haverá”, avisa Calvet.
Audi, BMW, Chevrolet, Ford, Jaguar Land Rover, Mercedes-Benz, Mini, Porsche, Nissan, Suzuki, Volkswagen e Volvo não participaram.
Mas, mesmo que nenhuma dessas volte, a 32ª edição promete ser maior, pois haverá ainda mais marcas chinesas apresentando seus produtos para um público que, sim, vai ao Salão do Automóvel.
“Já temos data, já temos marcas confirmadas. E o mais legal é que o próximo capítulo começou a ser contado antes de a gente encerrar essa que já e uma edição memorável. É o começo, ou recomeço, de uma história que ainda vai ter muitos capítulos pela frente”, vibra Pimentel.
Valor - SP 01/12/2025
O setor responde por 34% das emissões globais de gases de efeito estufa (GEE), de acordo com dados do Programa das Nações Unidas para o Ambiente (Pnuma)
Inovações recentes das indústrias de materiais e a adoção de sistemas construtivos mais eficientes têm potencial de reduzir a pegada de carbono da construção civil. O setor responde por 34% das emissões globais de gases de efeito estufa (GEE), de acordo com dados do Programa das Nações Unidas para o Ambiente (Pnuma).
Só o cimento é responsável por cerca de 7% das emissões globais de GEE. Boa parte delas é gerada no processo de produção do principal insumo, o clínquer, obtido com a calcinação de calcário, sílica e outras matérias-primas em fornos de alta temperatura, gerando a emissão de dióxido de carbono (CO2).
Mas alternativas limpas começam a ganhar fôlego. No fim de dezembro entra em operação a primeira fábrica de cimento sem clínquer do Brasil, o VerdMax. A planta em Carapicuíba (SP) é da novata Liga, uma joint venture formada pelo grupo japonês Verdment, detentor da tecnologia, e o grupo Hipermix, e terá capacidade de produzir 50 mil toneladas por ano.
O processo da Verdment utiliza escória granulada de alto-forno siderúrgico moída (GGBFS) com uma série de aditivos químicos em substituição ao clínquer. A escória de alto-forno já é bastante utilizada na indústria cimenteira como substituto parcial do clínquer, mas a proposta da Verdment é de uma substituição total.
O VerdMax ainda irá demorar um pouco para chegar ao varejo. “É um produto inovador; primeiro vamos ganhar a confiança do consumidor”, diz o adviser Diego Rodriguez. Para isso, a Liga vai construir um condomínio de 148 casas populares em Americana (SP), com previsão de conclusão em outubro de 2026. “Vamos demonstrar na prática a resistência do novo cimento”, diz Rodriguez.
A Engemix, subsidiária da Votorantim Cimentos, lançou em 2022 o Spectra, um concreto de alta fluidez, que em sua formulação demanda menor consumo de água e cimento. O Spectra, por sua resistência, também permite a redução das dimensões de elementos estruturais da obra, reduzindo em até 6% o uso de concreto e em até 8% o uso de aço na estrutura, quando comparado aos concretos convencionais.
“No total, uma estrutura construída com Spectra apresenta uma pegada de carbono 14% menor e um custo total 3% inferior ao de uma estrutura semelhante construída com concreto tradicional”, diz Alvaro Lorenz, diretor de sustentabilidade e desenvolvimento de produtos da Votorantim Cimentos.
O Spectra é voltado principalmente para edificações verticais e foi empregado no edifício Alto das Nações, em São Paulo, a torre corporativa mais alta do país, com 219 metros, e no Parque Global Residences, com 173 metros, o residencial mais alto da capital paulista.
O aço responde por cerca de 8% das emissões de GEE e é um dos insumos básicos da construção civil. No fim de 2022, a ArcelorMittal lançou o vergalhão CA50 S XCarb, produzido a partir de sucata metálica em fornos elétricos abastecidos por energia renovável. “O CA50 S XCarb proporciona uma redução de 68% nas emissões de GEE em comparação com o vergalhão tradicional”, diz Paula Couri, diretora de marketing e produtos da siderúrgica.
A pegada de carbono da construção civil também pode ser limitada por meio de sistemas construtivos industrializados, um método em que todas as estruturas, como paredes, pilares e pisos, são produzidas em fábrica e apenas montadas no local da obra. “A industrialização reduz desperdícios e resíduos, garantindo o melhor aproveitamento dos insumos, melhora a qualidade e reduz o custo”, diz Renato Correia, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), que prevê uma expansão significativa nos próximos anos do uso de pré-fabricados de concreto, aço e madeira nos canteiros de obras.
Em São Paulo, a construtech Noah, que tem a Dexco entre seus investidores, desenvolveu um processo construtivo industrializado que tem como base o uso de madeira engenheirada. “Conseguimos reduzir em 50% o tempo de construção”, diz Nicolaos Theodarakis, CEO da Noah. A industrialização, porém, não implica construções padronizadas, uma vez que cada projeto é específico e com identidade própria.
A madeira, ao contrário do cimento e do aço, atua como um sequestrador de CO2 e toda matéria-prima utilizada é de área plantada certificada.
Os projetos construtivos podem ser totalmente em madeira ou híbridos, com aço ou concreto. “Dependendo da estrutura escolhida, a redução de emissões de GEE pode chegar a 80% em relação a uma obra convencional”, diz Theodarakis.
Atualmente a Noah constrói seus primeiros quatro projetos, sendo três prédios corporativos de alto padrão em Pinheiros, São Paulo, e um condomínio residencial na Vila Madalena, também na capital paulista. “Nossos projetos têm despertado um grande interesse de investidores e clientes. Vamos deslanchar após a entrega das primeiras obras”, afirma Theodarakis.
Globo Online - RJ 01/12/2025
A construtora gaúcha Melnick, que toca empreendimentos imobiliários de médio e alto padrão nos três estados do Sul e em São Paulo, vive uma virada aos 55 anos. A partir de 2026, deixará de operar como uma empresa única para se tornar um grupo com quatro unidades especializadas, nas áreas de incorporação, urbanização, consultoria e projetos e a recém-lançada Open Construtora, para o segmento econômico.
Em entrevista ao GLOBO, o CEO Leandro Melnick (que dirigiu a Even por seis anos) vê a combinação de juros altos, classe média “absolutamente achatada” e forte demanda por produtos subsidiados em meio a uma transformação que diagnostica no segmento de projetos mais baratos: sai o foco apenas nos custos mais baixos e entram mais conforto e qualidade. Já no topo da pirâmide, a alta renda vive um ciclo tão favorável que ele não descarta, no médio prazo, um risco de “superoferta” no luxo.
Com mais incentivos à casa própria das classes média e baixa, qual é a importância do segmento para a Melnick?
O segmento econômico no Brasil vai muito bem há bastante tempo e, nos últimos anos, especialmente bem. Houve a ampliação do Minha Casa, Minha Vida e o amadurecimento dos sistemas construtivos. Soma-se a isso o achatamento da classe média, fazendo com que muitas dessas famílias passem a consumir no topo do segmento econômico. Além disso, em Porto Alegre, não há empresas focadas nessas faixas.
Há quatro anos, lançamos uns quatro projetos econômicos. Aprendemos, erramos, entregamos mil apartamentos e nos posicionamos como o premium do econômico. É um projeto um pouquinho melhor, com uma área de lazer melhor. Vimos que agora era o momento de fazer o lançamento de mais projetos. Então, estruturamos uma empresa exclusiva (para o econômico). Após a pandemia explodiu o loteamento de alto padrão. Agora, com juros elevados e uma classe média fortemente comprimida, o segmento econômico, por ser subsidiado, tem ótimo desempenho.
Quando uma empresa atua apenas em um nicho, só consegue alocar capital naquele nicho. Como a Melnick não cresceu geograficamente, conseguimos fazer empresas independentes. Conseguimos alocar capital no segmento que estiver mais favorável.
Onde há maior potencial?
Neste momento, estou vendo o econômico com maior potencial, sem dúvida. O alto padrão continua muito bem. É interessante porque já imaginávamos que seria mais resiliente, mas não a expansão. Só exige atenção porque é a estrela da festa e pode haver oferta exagerada. Hoje está compatível, o mercado está absorvendo bem. A alta renda está comprando mais e pagando mais caro. Acho que uma das razões para isso foi o acúmulo de capital líquido no banco. E essa turma, de alguma forma, está tendo um incremento de receita, pelas aplicações que são feitas.
Quais mudanças nota nos projetos de alto padrão?
O produto imobiliário está mudando e agregando uma série de soluções para atender às demandas cotidianas de um cidadão de alto padrão. Se o empreendimento tem estrutura para pets, por exemplo, já tem uma demanda atendida. Se há um espaço onde a criança possa descer e brincar, sem precisar caminhar até áreas externas, isso também atende. Com supermercado, você atende outra. Estou vendo produto imobiliário se transformar em uma plataforma de soluções, que atende outras demandas do comprador.
O bem-estar é o novo luxo?
Ter tempo é o novo luxo. Qualidade de vida, longevidade. O produto imobiliário não é mais somente o lar, mas uma plataforma de demandas. Estão crescendo muito as demandas ligadas ao bem-estar. É uma tendência incremental. A Ferrari vermelha não é mais a ostentação. Já foi.
Teve um momento em que a ostentação era mostrar que se tinha mais que o outro. Aquela arquitetura dos edifícios espelhados, envidraçados, conversava com a lógica da ostentação. Hoje, a tendência é a arquitetura verde, com uso de aço e concreto, linhas minimalistas e elementos naturais, que seguem uma proposta teórica de proporcionar mais tranquilidade ao ambiente.
E como evoluiu o segmento econômico?
Antes, todo o foco era diminuir o custo. Torres baixas, sem elevador, o menor número de tomadas. Só que o Minha Casa, Minha Vida foi mudando e subindo a renda. O governo está ampliando a agenda de benefícios para uma classe média baixa. Antes se colocava no estande (em fonte) gigante: Minha Casa, Minha Vida. Hoje nem se coloca mais.
Com o aumento das faixas de renda (elegíveis ao programa), mudaram as características dos imóveis, que já têm área de lazer, maior qualidade. A Melnick está lançando um novo projeto com closet. Fazemos dois dormitórios com dois banheiros. Antes eram dois dormitórios com um banheiro.
Como novos modelos de família mudam as plantas?
Fomos uma das primeiras empresas a enxergar que o pet se tornou algo inexorável da sociedade. Outra mudança aconteceu entre os jovens. Hoje, eles não pensam em (primeiro)comprar e mobiliar um apartamento (para só então sair de casa). Agora a ideia é ser independente e sair de casa mais rápido. Ir para um apartamento pequeno, num prédio com serviço. O jovem quer independência, então não vai ter tanto tempo para buscar acúmulo de capital.
Por conta disso, os apartamentos ficaram menores, com áreas comuns maiores. O prédio substitui o clube e virou comunidade. Na pandemia, o trabalho de casa cresceu. Lançamos, por exemplo, um prédio em São Paulo com coworking na base. Em cima, construímos pequenas salas comerciais conectadas com o prédio. O cara pode levar o filho para uma aula, e o professor entra pela rua. Foi um sucesso. É uma novidade.
Quais são hoje as principais transformações nos layout?
Tradicionalmente, todo imóvel de alto padrão tinha cozinha fechada e ampla, além de um quarto de empregada. Isso fazia parte do pacote. Nos EUA, esse modelo praticamente não existe. A própria família cozinha, e a cozinha é integrada à sala. São Paulo já caminha nessa direção. Temos desenvolvido vários projetos assim. Há uma integração maior entre áreas de serviço e social, acompanhando famílias que têm menos empregados domésticos. Ninguém tem dúvida de que a próxima geração não terá mais um empregado que durma em casa.
Diário do Comércio - MG 01/12/2025
O Governo de Minas formalizou a implantação da linha dupla, e não singela, no trecho final da expansão da Linha 2 do metrô da Região Metropolitana de Belo Horizonte. A decisão foi confirmada durante reunião com representantes da MRS Logística e da concessionária Metrô BH, responsável pela execução do contrato de concessão, nessa quarta-feira (26).
O trecho envolve os dois quilômetros finais da extensão total de 10,5 quilômetros entre as futuras estações Ferrugem e Barreiro. A proposta de linha singela, com apenas uma via para tráfego em ambos os sentidos, havia sido encaminhada ao Estado pela concessionária em 2024, sob alegação de limitações técnicas para construção da via dupla prevista no projeto original.
Como gestora do contrato, a Secretaria de Estado de Infraestrutura, Mobilidade e Parcerias (Seinfra) solicitou estudos que comprovassem a inviabilidade técnica da duplicação e assegurassem o cumprimento dos indicadores de desempenho previstos. Após análise da documentação apresentada, a secretaria concluiu ser tecnicamente possível a instalação da linha dupla, com deslocamento de 14 metros das linhas de carga existentes para acomodar a segunda via do metrô. Segundo o governo, a intervenção será executada sem custos adicionais para os cofres públicos.
Para o secretário de Infraestrutura, Mobilidade e Parcerias, Pedro Bruno, a decisão reafirma a diretriz original da expansão. “Desde o início, trabalhamos para que a expansão do metrô adotasse a solução mais adequada ao sistema. A formalização da linha dupla reforça o compromisso com a execução do contrato e garante uma infraestrutura de qualidade para os usuários, que fortalece a mobilidade na região”, afirmou.
Contexto
No início de outubro, a Seinfra já havia solicitado formalmente que a Metrô BH elaborasse o projeto executivo da Linha 2 considerando duas vias em toda a extensão. À época, o governo estadual argumentou que a operação em via única no trecho Ferrugem–Barreiro poderia comprometer a fluidez das viagens e o cumprimento dos indicadores de desempenho contratual.
A decisão atual consolida o avanço do processo e confirma a execução da solução original, enquanto o projeto detalhado segue em fase de desenvolvimento.
A Tribuna - SP 01/12/2025
O primeiro terminal de contêineres privado do País, da Portonave, em Navegantes (SC), tem como objetivo receber os maiores navios do mundo, de 400 metros de comprimento, que ainda não aportam no Brasil.
Para isso, a empresa que faz parte do Grupo MSC e completou 18 anos no mês passado, faz obras de adequação no cais. O investimento é de aproximadamente R$ 1,6 bilhão, mas chega a R$ 2 bilhões, levando em conta novos equipamentos que serão instalados. A capacidade do terminal subiria de 1,5 milhão de TEU (medida equivalente a um contêiner de 20 pés) para 2 milhões de TEU. A conclusão é prevista para o segundo semestre do próximo ano.
“É uma realidade mundial. Existe uma demanda, de imediato, pelo navio de 366 metros (que o Porto de Santos recebeu em poucas vezes). Nossa intenção é, com essa obra, dar condição para que esses navios operem aqui”, diz o diretor-superintendente administrativo da Portonave, Osmari de Castilho Ribas, para A Tribuna, que esteve nesta quinta (27) no terminal visitando as obras. Ele projeta ainda um aumento da profundidade do canal de navegação de 14 para 17 metros.
O gerente de projetos especiais da Portonave, José Mario Batista Cunha, explica que as obras no cais envolvem duas novas vigas, com fundações, mais robustas e profundas, chegando a 56 metros de profundidade. “O cais todo está sendo desenvolvido pensando em um projeto de 400 metros de comprimento. Todo esse estudo foi feito para ter um ganho de escala e um frete mais baixo”, explica.
A intervenção está sendo feita com o terminal em atividade, com apenas um berço de atracação. Serão três no futuro, dependendo do tamanho do navio. O cais da Portonave possui 900 metros de extensão linear.
“Estamos trabalhando a toda velocidade e produtividade que podemos para dar conta sem muita perda. Estamos usando toda a nossa capacidade, tudo confinado em apenas um berço”, comenta Cunha.
Equipamentos
As adequações no cais também permitirão a chegada de novos equipamentos: dois guindastes Ship-to-Shore (STS), destinados a fazer o embarque e desembarque de contêineres nos navios, 14 Rubber Tyred Gantry (RTGs), que realizam a movimentação no pátio, uma Reach Stacker (esta já começou a operar em agosto) e dois scanners para inspeção de contêineres (instalados em setembro). Todos os equipamentos são elétricos. O investimento é de R$ 439 milhões.
Depois de a obra ser concluída, será possível a instalação do shore power, um sistema para o fornecimento de energia elétrica para embarcações atracadas, tecnologia inédita no Brasil. Isso permitirá que os navios reduzam as emissões de gases poluentes.
“Todo esse conjunto nos possibilita operar os navios maiores e, consequentemente, termos um volume maior de carga sendo movimentado no terminal”, afirma Ribas.
Leilão do canal
A concessão do canal de acesso de Itajaí, o porto vizinho, que serve também a Navegantes, é aguardada com expectativa pela Portonave. A estimativa é que o leilão aconteça no primeiro trimestre de 2026. “Esse agora é o debate. Estamos olhando, junto com os armadores, para ver qual vai ser a viabilidade disso. É importante termos esse cronograma de implantação, sobretudo aqui na nossa região, que compreende aprofundamento do canal e adequação da bacia de evolução”, pontua Ribas.
TUP
Responsáveis por 60% da movimentação portuária brasileira, os terminais de uso privado (TUPs) precisam contar com o apoio do setor público. A visão é da diretora-executiva da Associação de Terminais Portuários Privados (ATP), Gabriela Costa.
“A gente precisa dotar os TUPs de toda a infraestrutura nacional necessária para que os investimentos feitos sejam aproveitados na sua totalidade. Temos os TUPs hoje na vanguarda da realização desses investimentos, mas, se não tivermos os acessos rodoviário, ferroviário e aquaviário — por meio das dragagens — sendo feitos de forma eficiente, nunca vamos ter, de fato, esses investimentos sendo aproveitados da maneira como deveriam”, afirma.
Gabriela lembra que o modelo favorece ao País. “Essa movimentação de cargas é importação e exportação para o Brasil, impactando a balança comercial.”
A diretora-executiva da ATP também comentou sobre o Projeto de Lei (PL) 733/2025, a nova Lei dos Portos, que está sendo discutida na Câmara dos Deputados. A associação defende que seria mais interessante realizar alterações pontuais na legislação atual, a Lei nº 12.815/2013, em vez de criar um marco totalmente novo.
“A 12.815 já trouxe um olhar de modernização importante. Para os TUPs, ela foi bastante benéfica".
TN Petróleo - RJ 01/12/2025
A Construtora Elevação, uma das líderes em projetos de dutos e de infraestrutura no Brasil, entregou a Estação de Gás Ermida, em Divinópolis, Minas Gerais, concluindo uma etapa estratégica do Gasoduto Centro-Oeste. A inauguração, realizada na última segunda-feira, 17 de novembro, contou com a presença do governador de Minas Gerais, Romeu Zema, da diretoria da Gasmig e da diretoria da Construtora Elevação, além de outras autoridades, convidados e imprensa. A nova estrutura reforça o abastecimento de gás natural e impulsiona o desenvolvimento econômico e industrial de oito municípios da região.
As obras foram executadas ao longo de 18 meses pela Construtora Elevação, em parceria com a Gasmig e com o governo de Minas Gerais, em um investimento de R$ 280 milhões. Além deste aporte, a Companhia de Gás de Minas Gerais destinou recursos para a compra de tubos de aço, para a elaboração dos projetos, para o gerenciamento e para a liberação das áreas envolvidas. A iniciativa representa a maior ampliação do Sistema de Distribuição de Gás Natural da Gasmig desde 2010 e acrescenta cerca de 110 quilômetros à rede já instalada, ampliando o acesso a um combustível mais limpo e mais competitivo ao polo industrial do centro-oeste mineiro.
“O Gasoduto Centro-Oeste, além de ser uma grande obra de engenharia, é um grande legado para a população de Minas Gerais. Nos empenhamos nessa obra de quase dois anos, atendendo todos os requisitos de segurança, qualidade e cumprindo o cronograma, um compromisso que assumimos com o governo de Minas Gerais e com a Gasmig”, ressaltou o diretor comercial e de marketing da Construtora Elevação, André Sardinha.
A empresa informa que todas as fases previstas foram executadas no prazo e em conformidade com as exigências técnicas do projeto, garantindo a qualidade e a segurança da entrega. Um dos maiores destaques da execução foi o desempenho em segurança, que resultou no marco de acidente zero.
“Hoje celebramos a conclusão de uma obra que superou desafios, alcançando acidente zero e sem nenhum tipo de contratempo, uma continuidade que é prova da capacidade dos profissionais da Elevação. É uma satisfação trabalhar com a Gasmig, um cliente estratégico e muito importante. Os resultados que obtivemos desde o início confirmam nossa capacidade e disponibilidade para tocar os projetos prioritários do Estado, trazendo mais desenvolvimento para o país, mais energia e oferta de gás”, afirmou o diretor de operações da Construtora Elevação. Roberto Aguiar (foto).
A nova estação de gás foi projetada para possibilitar a expansão futura do fornecimento até o Triângulo Mineiro, ampliando o alcance da distribuição em Minas Gerais. A infraestrutura coloca o estado em posição estratégica para atrair novos investimentos e diversificar a matriz energética.
Sobre a Construtora Elevação - Fundada em 1976, a Construtora Elevação construiu sua reputação como especialista nas áreas de saneamento, óleo & gás e telefonia, com atuação também nos segmentos de energia, papel e celulose, montagem eletromecânica e mineração. Com quase 50 anos de história, a empresa atua em todo o território nacional, com sede em Curitiba/PR e escritórios em São Paulo/SP, Rio de Janeiro/RJ e Belo Horizonte/MG. É reconhecida pela ética, qualidade, segurança, inovação, engenharia de valor e excelência na execução de projetos complexos.
A dimensão de sua atividade é marcada por números expressivos: mais de 1.500 colaboradores efetivos, mais de 500 obras concluídas, mais de 40 ETE/ETA entregues, mais de 1.500 quilômetros de gasodutos e mais de 100 milhões de litros de capacidade de reservação. Sua carteira de clientes inclui empresas como Sabesp, Eneva, Gasmig, Vale, NTS, TAG, Raízen, Irani, COFCO, Sanepar, entre outras.
Petro Notícias - SP 01/12/2025
Novos tempos na Petrobrás. O novo plano estratégico da companhia para o período entre 2026 e 2030 revela uma mudança de paradigma na busca por novas reservas. Embora o pré-sal continuará recebendo um valor significativo de investimentos, será a Margem Equatorial que irá receber a maior fatia de recursos da estatal nos próximos cinco anos. Ao todo, o investimento em exploração da Petrobrás no período será de US$ 7,1 bilhões, sendo US$ 2,5 bilhões para a Margem Equatorial, US$ 2,2 bilhões para a Margem Sul e Sudeste, além de US$ 2,4 bilhões para bacias terrestres e novos ativos exploratórios no exterior.
A Petrobrás pretende perfurar 40 novos poços até 2030, sendo 15 apenas na Margem Equatorial. Como se sabe, atualmente a companhia está perfurando o poço de Morpho no bloco FZA-M-059, na Bacia da Foz do Amazonas. Este é o primeiro de um compromisso de perfuração de 8 poços em Amapá Águas Profundas.
Além disso, além das duas descobertas já realizadas na Bacia Potiguar (Pitu Oeste e Anhangá). O próximo passo será a perfuração do poço Mãe de Ouro, no bloco POT-M-762.
Na Margem do Sudeste, a Petrobrás prevê 11 poços, sendo 6 na Bacia de Santos e cinco na Bacia de Campos. A empresa deve perfurar o poço exploratório adjacente ao ativo de produção Marlim Sul, visando sinergias operacionais. A companhia avaliará ainda o potencial exploratório da Bacia de Campos nos blocos Citrino, Norte de Brava, C-M-477 e Jaspe. Por fim, a estatal também prevê testes de formação e perfuração em Aram, na Bacia de Santos.
Em paralelo, a Petrobrás mantém projetos que visam a aumentar a disponibilidade de gás e dedica atenção especial aos ativos maduros, com o objetivo de avaliar as possibilidades de prolongamento da vida produtiva desses ativos e seus sistemas de produção e, em último caso, iniciar as atividades de descomissionamento, seguindo as melhores práticas de sustentabilidade na destinação de ativos em final de ciclo de vida. A destinação sustentável de equipamentos e o abandono de poços demandarão dispêndios de US$ 9,7 bilhões nos próximos cinco anos.
No Plano de Negócios 2026-2030, a Petrobrás prevê atingir, no quinquênio, o pico de produção de óleo de 2,7 milhões barris por dia em 2028 e pico de produção total de 3,4 milhões de barris equivalentes de óleo e gás por dia (boed) em 2028 e 2029.
Infomoney - SP 01/12/2025
O pico de produção de petróleo da Petrobras, antes previsto para durar até 2032, deverá se estender até 2034, disse a CEO da companhia, Magda Chambriard, durante coletiva de imprensa nesta sexta-feira para comentar o novo plano de investimentos da estatal.
Na véspera, ao divulgar o plano para 2026-2030, a Petrobras informou que espera atingir em 2028 o pico de produção de óleo de 2,7 milhões de barris por dia (bpd), um volume de 200 mil bpd acima do previsto para 2026.
Chambriard acrescentou que a produção máxima da Petrobras deverá oscilar entre 2,6 milhões e 2,7 milhões de bpd, após atingir o pico, até 2034.
“Nós temos um ramp-up de produção (de petróleo) até 2027. A partir daí, nós temos um patamar de produção dessa ordem até 2034. Isso significa que nós estamos estendendo aquele platô de produção de 30 a 32 até 2034 Essa é uma diferença importante do plano anterior”, afirmou a CEO.
O aumento da produção da petroleira nos próximos anos vai se dar com a implantação de oito novos sistemas de produção até 2030, sendo que sete já estão contratados, especialmente no campo de Búzios, no pré-sal da Bacia de Santos.
Além disso, a Petrobras está trabalhando para elevar o fator de recuperação dos poços em atividade.
A Petrobras aprovou na véspera investimentos de US$109 bilhões entre 2026 e 2030, montante que representa uma queda de cerca de 1,8% na comparação com o seu plano quinquenal anterior (2025-2029), com uma baixa nos preços do petróleo exigindo maior disciplina de capital e controle de gastos.
Mas a execução de uma parte dos investimentos previstos também dependerá dos preços do petróleo, mesmo para os aportes previstos na carteira em implantação.
Do total previsto no plano, há US$91 bilhões na carteira de projetos em implantação e US$18 bilhões em aportes enquadrados na carteira de projetos em avaliação, composta por oportunidades com menor grau de maturidade.
O montante da carteira em implantação pode ser reduzido para US$81 bilhões, se o petróleo ficar em patamar mais baixo, com a companhia criando um novo mecanismo para dar segurança à financiabilidade do plano.
Nas premissas do plano, a Petrobras prevê agora o Brent, referência internacional do preço do petróleo, a US$63 o barril em 2026, contra US$77 no plano anterior.
Em um exemplo do efeito do preço do petróleo mais baixo, a Petrobras reduziu investimentos na Margem Equatorial para US$2,5 bilhões no atual plano quinquenal de negócios, ante US$3 bilhões no programa anterior.
Segundo Chambriard, alguns poços previstos para a Margem Equatorial, uma ampla área que vai do Rio Grande do Norte ao Amapá, foram colocados em avaliação.
A Petrobras realiza atualmente uma campanha exploratória na parte amazônica da Margem Equatorial, na Bacia da Foz do Amazonas, onde considera a possibilidade de existir uma grande reserva.
DIVIDENDOS
Ainda durante entrevista coletiva, o diretor financeiro Fernando Melgarejo afirmou que “muito provavelmente” não haverá dividendo extraordinário no horizonte do plano, que vai até 2030, diante de um cenário de preços mais baixos do petróleo.
No plano anunciado na véspera, a Petrobras deixou de prever dividendos extraordinários, que antes eram vistos em até US$10 bilhões no horizonte do programa anterior.
“Para pagar dividendos extraordinários, tem um pré-requisito para isso acontecer, a gente tem que ter um fluxo de caixa operacional robusto capaz de deixar a dívida neutra e ter caixa disponível para fazer essa distribuição de dividendos”, disse ele.
“Para ter um fluxo de caixa muito maior, a gente precisa ter Brent muito maior ou uma produção muito maior do que a gente está esperando ”, disse ele, notando que há consenso de que “o Brent não está numa trajetória altista no curto prazo”.
Money Times - SP 01/12/2025
Os países da Opep+ concordaram em manter as cotas de produção de petróleo do grupo para 2026 em uma reunião neste domingo, e também concordaram com um mecanismo para avaliar a capacidade máxima de produção de petróleo dos membros, disse a Opep em um comunicado.
Oito países da Opep+, que realizaram uma reunião separada neste domingo, também têm um acordo em princípio para manter uma pausa nos aumentos de produção para o primeiro trimestre de 2026, disseram anteriormente uma fonte da Opep+ e uma pessoa familiarizada com as negociações.
A reunião da Opep+, que fornece metade do petróleo do mundo, ocorre em meio a um novo esforço dos Estados Unidos para intermediar um acordo de paz entre a Rússia e a Ucrânia, o que poderia aumentar a oferta de petróleo se as sanções contra a Rússia forem aliviadas. Os ministros iniciaram uma série de reuniões online, segundo duas fontes.
Se o acordo de paz fracassar, a Rússia poderá ter sua oferta ainda mais restringida pelas sanções. A Opep+ agrupa a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados, liderados pela Rússia.
A Opep+ suspendeu os aumentos na produção de petróleo para o primeiro trimestre de 2026, depois de liberar cerca de 2,9 milhões de barris por dia no mercado desde abril de 2025.
O grupo ainda tem cerca de 3,24 milhões de bpd de cortes de produção em vigor, representando cerca de 3% da demanda global, e a reunião de domingo não os alterou.
A Opep disse que o grupo aprovou um mecanismo para avaliar a capacidade máxima de produção dos membros, a ser usado para estabelecer cotas de produção a partir de 2027.
A Opep+ vem discutindo a questão há anos e ela tem se mostrado difícil porque alguns membros, como os Emirados Árabes Unidos, aumentaram a capacidade e querem cotas mais altas.
Outros membros, como os países africanos, observaram declínios na capacidade de produção, mas estão resistindo aos cortes nas cotas. Angola deixou o grupo em 2024 devido a um desacordo sobre suas cotas de produção.
Valor - SP 01/12/2025
Na apresentação do plano de negócios 2026-2030, Magda Chambriard afirma que estatal separou projetos maduros dos que ainda não estariam avançados
A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, avaliou nesta sexta-feira (28), que o ano que vem deve ser “bastante difícil” para os preços do petróleo. Segundo ela, em coletiva sobre o plano de negócios 2026-2030 da companhia, a estatal separou projetos maduros dos que ainda não estariam avançados.
Dos US$ 91 bilhões dos projetos listados na carteira em implantação, US$ 81 bilhões são ativos já contratados, enquanto outros US$ 10 bilhões são investimentos em projetos que estão “sub judice”.
Os projetos “sub judice”, explicou, serão avaliados porque vão disputar espaço a depender de cenários de câmbio, cotação do petróleo Brent e de financiabilidade da companhia.
“É para garantir financiabilidade e adequação de projetos à realidade futura de mercado”, disse.
Sobre combustíveis fósseis
Na coletiva, Magda Chambriard disse que os combustíveis fósseis vão continuar necessários pelas próximas décadas. Por isso, avaliou, o petróleo brasileiro terá papel de destaque no cenário global por ter uma das menores pegadas de carbono.
Chambriard afirmou que a empresa vai explorar novas fronteiras petrolíferas “com excelência”, para recompor reservas quando a produção da companhia começar a declinar. Disse também que o petróleo, no primeiro semestre do ano passado, estava cotado a US$ 83 o barril, contra os atuais US$ 62 por barril, o que desafia a robustez dos projetos da petroleira.
Cenário conservador para projetar curva de produção
Segundo a CEO, a estatal considerou um cenário conservador para projetar a curva de produção da companhia nos próximos cinco anos. Segundo ela, é possível que a empresa venha a superar a produção prevista, mas assumiu cautela nas estimativas.
“Não queremos prometer; quando prometemos é porque sabemos que vai ser possível [produzir mais do que o projetado]. Estamos assumindo cautela. Mas olhando o histórico do último ano, é possível que entreguemos mais produção do que prevemos em nosso plano”, disse Chambriard.
Presente na teleconferência, a diretora de exploração e produção, Sylvia Anjos, afirmou que a empresa tem buscado aumentar a eficiência operacional da produção, o que tem dado resultado.
Já a diretora de engenharia, tecnologia e inovação, Renata Baruzzi, destacou que “o nome do jogo é antecipar projetos”, e que a companhia trabalha para antecipar o início da operação comercial da plataforma P-80 para o segundo semestre do ano que vem.
“Nossa ideia é que ela saia [do estaleiro] tripulada, como fizemos com a P-79. Não posso prometer [o início da produção da P-80] porque no segundo semestre o mar está muito movimentado. Com a P-78, tivemos dificuldades para ancorar”, disse Baruzzi.
A P-80 será um navio-plataforma (FPSO, na sigla em inglês) que será instalada no campo de Búzios, no pré-sal da Bacia de Santos. Terá capacidade de processar 225 mil barris de petróleo por dia e até 12 milhões de metros cúbicos por dia (m³/dia) de gás natural.
Valor - SP 01/12/2025
O crescimento da infraestrutura não produziu aumento de margem de lucro das empresas, segundo o levantamento
A expansão da infraestrutura de gás natural não se refletiu em aumento de margens das distribuidoras do segmento, mas em ganhos de produtividade e financeiros que refletiram o crescimento da rede no país, de acordo com estudo encomendado pela Associação Brasileira de Distribuidoras de Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás). O estudo, produzido pela empresa de consultoria Quantum, a pedido da associação, visa desmistificar a ideia de que investimentos na rede de distribuição, em busca da universalização, acrescentam custos sem resultados concretos.
A rede de distribuição de gás cresceu mais de 1.000% em 25 anos, passando de uma malha de 4 mil quilômetros de extensão em 1999 para mais de 45 mil quilômetros em 2024, segundo o estudo. Entre 1998 e 2024, o volume de gás natural distribuído cresceu 377%, passando de, respectivamente, 11 milhões de metros cúbicos por dia (m3/dia) para 52,5 milhões de m3/dia. Entre 2011 e 2024, o número de usuários passou de 2 milhões para 4,7 milhões.
O trabalho aponta uma série de desafios para a expansão do uso de gás natural, entre barreiras regulatórias, tarifárias e de infraestrutura. Por outro lado, a análise ressalta que a expansão da infraestrutrura pode permitir a formação de novos mercados, a integração de mais consumidores ao sistema energético e a redução da margem máxima de distribuição, com a diluição dos custos de rede por uma base maior de clientes.
“Temos muito a caminhar no Brasil. E isso só se faz com novos investimentos”, disse o presidente-executivo da Abegás, Marcelo Mendonça. A análise, que será apresentada nesta quinta-feira (26), no Congresso Brasileiro de Regulação, promovido pela Associação Brasileira de Agências Reguladoras (Abar), foi concluída no momento em que o governo busca incentivar a interiorização do gás natural e reduzir os custos do insumo com o aumento da oferta.
Ao mesmo tempo, a transição energética tem incentivado a troca de combustíveis mais poluentes por outros mais sustentáveis. “Sabemos o quanto o gás natural pode representar em termos de redução de emissões em substituição ao diesel. Esse é um segmento que apostamos muito”, disse Marcos Lopomo, diretor econômico-regulatório da Abegás.
Com investimentos anuais da ordem de R$ 1,2 bilhão por ano, as distribuidoras de gás natural querem apostar na expansão, afirma Mendonça, mas há uma visão de que crescimento de redes onera o consumidor. Nesse aspecto, explicou, a distribuição de gás canalizado é um setor de capital intensivo, o que por definição exige elevados aportes de recursos para a construção (“capex”). Como os custos fixos precisam ser recuperados, afirmou, as tarifas tendem a ser mais altas no início da vida útil dos ativos.
Porém, a lógica se inverte no médio e longo prazo com a amortização desses custos e a entrada de um número maior de consumidores, seguindo o conceito de economia de escala. O foco das empresas, salienta Lopomo, está no investimento para atrair consumidores de menor porte, como residências e comércios, menos dependentes do aumento da oferta. Embora tenham consumo de menor porte, residências e comércios agregam nas conexões e na margem das distribuidoras, afirmou Lopomo.
Apesar da evolução da rede, a penetração do gás natural no Brasil é inferior a 5%, contra os 65% da Colômbia e os 59% da Argentina. Além disso, aponta o trabalho, a universalização não é homogênea: em Estados como São Paulo e Rio, o gás natural tem penetração acima de 14%, enquanto outras unidades federativas possuem patamares abaixo de 2%. Mendonça explica que o segmento industrial, grande consumidor de gás natural, fica exposto a questões mercadológicas, com reflexos na demanda.
Hoje, por exemplo, o consumo de gás industrial está em declínio, o que impacta mais fortemente sobre as demais classes de consumo, de acordo com o presidente-executivo da associação. “O bônus do desenvolvimento, e da diversificação do mercado não foi atingido em todos os Estados. Outra conclusão é que Estados onde tem maior diversificação, como Rio e São Paulo, sofrem menos impacto da variação de outros segmentos”, disse Mendonça.
Valor - SP 01/12/2025
Perspectiva de aumento da oferta e a diminuição da demanda pressionam as cotações de algumas commodities, como suco de laranja, cacau, açúcar e algodão
Em novembro, a procura por soja americana da safra 2025/26 enfim começou a ganhar tração, o que puxou para cima as cotações do grão na bolsa de Chicago. A cotação média dos contratos de segunda posição de entrega, normalmente os mais líquidos, subiu 7,8% no mês passado, para US$ 11,3499 o bushel, segundo o Valor Data.
O encontro entre os presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, e da China, Xi Jinping, que ocorreu no fim de outubro, ajudou a destravar os embarques de soja americana ao mercado chinês, o que deu impulso às negociações da oleaginosa no mercado futuro. Os EUA estavam sem conseguir enviar navios com carregamentos de soja para a China desde setembro.
Segundo cálculos de Francisco Queiroz, analista da Consultoria Agro do Itaú BBA, a China acertou no mês passado a compra de 4 milhões de toneladas de soja dos Estados Unidos. O governo americano estabeleceu a meta de negociar 12 milhões com os chineses ainda em 2025.
“As compras de soja que aconteceram até agora são uma estratégia política, para atender o desejo de Trump, e não por necessidade da China. É difícil acreditar que a China irá mesmo comprar as 12 milhões de toneladas, já que a soja brasileira ainda é mais competitiva que a americana, sobre a qual a China continua cobrando 13% de tarifa de importação. Além disso, a margem das esmagadoras chinesas privadas segue negativa, o que reforça que essa demanda está vindo das estatais”, observa Queiroz.
As cotações de trigo e milho passaram por ajustes técnicos e também subiram em Chicago em novembro. O trigo encerrou o mês em alta de 3,4%, com valor médio de US$ 5,4891 o bushel, e o milho subiu 1,1%, a US$ 4,4466 o bushel.
Na bolsa de Nova York, a boa perspectiva para a oferta mundial de suco de laranja e a baixa demanda pela commodity pressionaram as cotações no mês passado. Segundo levantamento do Valor Data, o preço médio dos contratos de segunda posição do suco de laranja concentrado e congelado (FCOJ, na sigla em inglês) caiu 17,7% em novembro, para US$ 1,6546 a libra-peso.
Segundo Andrés Padilla, analista sênior do Rabobank Brasil, o consumo de suco de laranja não está reagindo no mercado internacional neste ano. “Isso se deve principalmente à manutenção de preços elevados no varejo dos Estados Unidos e, em menor medida, na Europa”, afirmou.
Padilla observa que, além disso, há estimativas de recuperação na safra 2025/26 de laranja do Brasil, o maior exportador mundial de suco de laranja. “A reposição de estoques de suco no final do ano safra 2025/26 deve ser considerável, aumentando a disponibilidade do produto”, disse.
A perspectiva de aumento da oferta e a diminuição da demanda também pressionaram as cotações do cacau, que caíram 7% em novembro, para US$ 5.711 a tonelada, em média. Adilson Reis, analista especializado no mercado de cacau, destaca que, com a expectativa de melhora da oferta em 2025/26 e a redução do consumo, muitos fundos ajustaram suas posições no mercado futuro da amêndoa, o que exerceu pressão adicional sobre os preços.
Outro elemento para a baixa foi a decisão do Parlamento Europeu de adiar o Regulamento da União Europeia sobre Produtos Livres de Desmatamento (EUDR, na sigla em inglês). Agora, a nova lei deve passar a vigorar apenas em 30 de dezembro de 2026.
“O adiamento da lei tranquilizou o mercado. A Europa, que é o maior consumidor de cacau do mundo, teria muito mais a perder com a exigência de compra de produto certificado. No momento, não existe capacidade de entrega de cacau dentro dessas normas”, afirma Reis.
O açúcar também encerrou o mês em baixa — o recuo dos contratos de segunda posição foi de 6,2%, para a média de 14,16 centavos de dólar a libra-peso. As previsões otimistas para as safras de cana-de-açúcar em produtores importantes, como Brasil e Índia, foram o principal fator para a queda.
O algodão, por sua vez, fechou o mês em queda de 1,1%, para uma média de 64,87 centavos de dólar a libra-peso. Entre as chamadas “soft commodities”, apenas o café valorizou-se na bolsa de Nova York em novembro. Os preços subiram 2,3%, para US$ 3,8183 a libra-peso.
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