Portal Siderurgia Brasil - SP 31/07/2023
A chegada de milhares de toneladas de aços importados a preços competitivos está deixando os empresários da distribuição e processamento de aço muito preocupados com o futuro.
Os dados apresentados pelo INDA – Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço, relativos ao mês de junho foram marcados por uma queda histórica nas vendas.
Em junho foram vendidas 284,6 mil toneladas contra 331 mil do mês de maio com queda de 14%. Se fizermos a comparação com mesmo mês do ano passado, quando foram vendidas 302,8 mil toneladas a queda foi de 6%.
No mesmo período as importações voltaram a crescer, agora com um índice de 5,7% acima do mês passado e volume de 201, 3 mil toneladas contra 190,4 mil toneladas. Entretanto cabe lembrar ainda que no mês passado já havia acontecido um grande salto nas importações. E quando comparado o nível de entradas neste mês contra o mês de junho do ano passado, quando foram internadas115,1 mil toneladas o crescimento foi de absurdos 74,9%.
A explicação dada por Carlos Loureiro, presidente executivo do Inda, é que já existem em depósitos alfandegados nos portos brasileiros milhares de toneladas de aço importado, que estavam estocados, de outros momentos de importação e que agora com a valorização do real perante o dólar, por motivo dos preços estarem muito competitivos é chegado o momento da internação destes produtos.
Disse ainda que o que preocupa é que continuam chegando navios carregados de aço, principalmente no Porto de São Francisco do Sul, que é a principal porta de entrada dos aços no Brasil. “Há filas de navios carregados de aço, para serem descarregados”.
Já as compras acompanharam a tendência de queda e registraram baixa de 17,2% perante maio, com volume total de 293,5 mil toneladas contra 354,5 mil. Em relação a junho do ano passado (315,7 mil ton.), a queda foi de 7%.
Com esta movimentação os estoques cresceram 1,1% atingindo 850 mil toneladas em números absolutos e que representam 3 meses de vendas. Aqui cabe lembrar que o número histórico do Inda é de 2,8 meses.
Loureiro alertou os empresários que é preciso ter cautela com as compras neste momento pois se este número de estoque continuar crescendo e com os juros no patamar que estamos certamente haverá dificuldades de liquidez mais adiante.
Diário do Comércio - MG 31/07/2023
A Usiminas está mantendo preços de aço no terceiro trimestre ante o final do primeiro semestre e espera que as melhorias advindas da bilionária reforma do alto-forno 3 da usina de Ipatinga (MG) apareçam em seus resultados em 2024, afirmaram executivos da companhia na sexta-feira (28).
O diretor comercial da companhia, Miguel Camejo, afirmou em conferência com analistas que a média de preços de aço da empresa no Brasil em junho foi 3% menor que a média do segundo trimestre e que os contratos semestrais com montadoras de veículos tiveram os preços mantidos para o terceiro trimestre.
Camejo não mencionou a perspectiva para os próximos meses, em meio ao crescimento de importações de aço chinês pelo Brasil, que, segundo ele, têm sido feitas com “margens negativas” de lucro para os produtores da China. Mas afirmou que a empresa já iniciou discussões com montadoras com contratos que se iniciam em setembro.
A companhia estimou vendas de aço entre 900 mil e 1 milhão de toneladas para o terceiro trimestre, praticamente em linha com o vendido nos dois períodos anteriores. Segundo Camejo, para enfrentar as importações, que têm tomado mercado dos produtores nacionais, a Usiminas pretende “trabalhar com parceiros nos mercados para não perder espaço”, mas não deu detalhes. Além disso, a empresa defende uma “ação institucional” do setor siderúrgico nacional junto a autoridades, para “equalizar um pouco essa situação”.
As importações de aço no país dispararam cerca de 43% no primeiro semestre sobre um ano antes, para 2,2 milhões de toneladas, segundo dados da Aço Brasil.
Reforma e custos
Comentando sobre a reforma do alto-forno 3, o novo presidente-executivo da Usiminas, Marcelo Chara, afirmou que dada a complexidade dos trabalhos, “tivemos uma extensão de prazo agora, mas estamos alinhados ao orçamento, considerando uma obras deste tamanho”.
O forno tinha previsão de voltar a operar em agosto, mas a Usiminas informou mais cedo que a estimativa agora é setembro.
A Usiminas divulgou que teve lucro líquido de R$ 287 milhões entre abril e o final de junho, queda de 73% sobre o desempenho do mesmo período de 2022 e de quase 50% sobre os três primeiros meses deste ano, pressionado em parte pelas obras no equipamento.
O alto-forno 3, maior equipamento de produção de aço bruto da Usiminas, está parado desde abril para uma reforma geral que tem investimento estimado em R$ 2,7 bilhões. A capacidade do equipamento é de cerca de 3 milhões de toneladas por ano, mas a companhia vinha operando com ele a cerca de 60% deste volume, segundo os executivos.
As obras, segundo Chara, vão permitir que o forno tenha uma utilização mais eficiente de coque, o que deve contribuir para melhoria da produtividade da usina, mas o executivo não fez projeções. O equipamento estava operando uma campanha de 24 anos.
“Vamos perceber os impactos no resultado (da reforma do forno) em 2024”, disse o vice-presidente de finanças da Usiminas, Thiago Rodrigues, ressaltando que a progressão de crescimento do uso do equipamento, o chamado ramp-up vai levar vários meses.
A Usiminas vai retomar neste trimestre estoque de matérias-primas como carvão e minério de ferro para se preparar para o religamento do alto-forno 3, de acordo com Rodrigues. Com isso, o executivo afirmou que a empresa tem expectativa que o custo de produção até o final do ano fique estável ante o final do primeiro semestre.
“Apesar do custo caixa ter subido no segundo trimestre, ele caiu no último mês do trimestre, então a expectativa é de estabilidade”, disse Rodrigues.
Na sexta-feira, as ações da Usiminas lideravam as quedas do Ibovespa por volta das 15h20, com recuo de 4,5%, para R$ 7,15 cada, enquanto o índice operava praticamente estável.
Analistas da BB Investimentos afirmaram que a projeção de vendas para o terceiro trimestre da Usiminas reflete “a demanda enfraquecida no mercado doméstico” e mantiveram perspectiva “neutra” para as ações da empresa diante “de perspectivas pouco inspiradoras que possam levar à uma evolução dos resultados no curto prazo”.
Money Times - SP 31/07/2023
A Usiminas (USIM5) reportou lucro de R$ 287 milhões no segundo trimestre de 2023 (2T23), conforme balanço divulgado nesta sexta-feira (28).
O valor representa uma baixa de 47% frente ao lucro do trimestre passado, de R$ 544 milhões, e de 73% em relação ao do mesmo período de 2022, de R$ 1,1 bilhão.
O número, no entanto, veio acima das projeções do mercado, que esperava lucro de R$ 270 milhões no trimestre, segundo consenso da Bloomberg.
O Ebitda ajustado (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da companhia foi de R$ 366 milhões entre abril e junho, baixa de 81% na comparação anual.
Já a receita líquida da Usiminas no período acumulou R$ 6,8 bilhões, número 19% inferior ao registrado no mesmo período de 2022.
O volume de vendas de aço no 2T23 foi de 972 mil de toneladas, queda de 11% na comparação anual. Já o volume de venda de minério foi de 2,4 milhões de toneladas — e ficou estável em relação ao 2T22, mas saltou 27% frente ao 1T23.
Valor - SP 31/07/2023
As importações de laminados da China têm registrado margens negativas nos últimos 12 meses, sendo que, nos últimos cinco anos, os preços praticados apresentavam margem positiva.
O presidente da Usiminas, Marcelo Chara, disse ver com preocupação o aumento da importação de produtos acabados da China, principalmente porque os produtos têm sido vendidos abaixo do custo.
“Estamos vendo com preocupação alguns fatores como importações de produtos acabados da China, que aumentaram sensivelmente, e a elevada taxa de juros no Brasil. Estamos olhando com muita atenção a evolução desse cenário no segundo semestre”, afirmou Chara, em teleconferência de resultados do segundo trimestre para investidores e analistas de mercado.
O vice-presidente comercial da Usiminas, Miguel Homes, observou que as importações de laminados da China têm registrado margens negativas nos últimos 12 meses, sendo que, nos últimos cinco anos, os preços praticados apresentavam margem positiva. “O mercado local dificilmente vai operar por um período longo com margem negativa”, disse o executivo.
Homes disse que os preços do aço praticados no mercado interno têm se mantido estáveis nos últimos meses, apesar da pressão de importações. Ele acrescentou que não houve mudanças nos preços praticados nos contratos com as montadoras no terceiro trimestre e os contratos que vencem a partir de setembro começam as negociações agora.
“Hoje estamos enxergando estabilidade nos preços. No terceiro trimestre, os preços estão em nível muito similar ao praticado no segundo trimestre”, afirmou Homes. O vice-presidente acrescentou que o preço médio praticado no mercado interno em julho ficou 3% abaixo da média do segundo trimestre, resultado dos ajustes em contratos no setor automotivo e de atualizações de contratos industriais.
Homes disse ainda que a Usiminas tem buscado aumentar a qualidade do aço e o nível de serviços para garantir melhores preços, principalmente no mercado interno. E acrescentou que a empresa vai trabalhar com entidades representantes do setor siderúrgico para ver a possibilidade de discutir com o governo a adoção de medidas ara conter o “comércio desleal de laminados praticado pela China”.
Valor - SP 31/07/2023
Volume representa uma pequena retração em relação ao mesmo intervalo do ano passado, quando as vendas somaram 1,04 milhão de toneladas.
A Usiminas informou em fato relevante que projeta vendas de aço entre 900 mil e 1 milhão de toneladas no terceiro trimestre deste ano.
O volume representa uma pequena retração em relação ao mesmo intervalo do ano passado, quando as vendas somaram 1,04 milhão de toneladas.
Se alcançar o volume de 1 milhão de toneladas, a queda será de 3,6%. Se ficar na menor projeção de volume vendido, a queda será de 10,8%, ficando em linha com o desempenho do segundo trimestre deste ano, quando o volume de vendas de aço caiu 11%, para 972 mil toneladas.
Valor - SP 31/07/2023
Volume total de estoques de aço, incluindo estoque padrão e de placas para suprir a reforma do Alto Forno 3, atingiu 1,08 milhão de toneladas, ante 1,16 milhão de toneladas no primeiro trimestre.
A Usiminas encerrou o segundo trimestre com um estoque de 332 mil toneladas de placas de aço para suprir a produção durante a parada do Alto Forno 3, em Ipatinga (MG), iniciada em abril e prevista para ser concluída em setembro. O volume é 26% inferior ao registrado no fim do primeiro trimestre do ano.
De acordo com a companhia, em valores, houve redução de estoques em R$ 238 milhões, devido principalmente à redução nos estoques de placas.
O volume total de estoques de aço, incluindo estoque padrão e de placas para suprir a reforma do Alto Forno 3, é de 1,08 milhão de toneladas, ante 1,16 milhão de toneladas no primeiro trimestre.
Os investimentos da Usiminas somaram R$ 879 milhões no segundo trimestre do ano, 105% acima do total registrado no mesmo período de 2022.
Desse valor, R$ 382 milhões foram usados na reforma do Alto Forno 3, iniciada em abril. De acordo com a companhia, as obras estão em andamento com previsão de retomada da operação ao Alto Forno em setembro.
O investimento total estimado no Alto Forno 3 é de R$ 2,7 bilhões, com geração de pouco mais de 9 mil empregos temporários na fase de reforma.
O capital de giro foi de R$ 9,4 bilhões, ante 10,03 bilhões no segundo trimestre de 2022, redução de 5,8%, com redução de estoques e de contas a receber.
O caixa e equivalente de caixa somou R$ 4,9 bilhões, com redução de 11,7% em relação ao saldo do segundo trimestre de 2022.
A dívida bruta chegou a R$ 5,9 bilhões, com queda de 2,4% na comparação anual. A dívida líquida, por sua vez, aumentou 112% devido à redução do caixa.
Infomoney - SP 31/07/2023
A aprovação da reforma tributária, pela Câmara dos Deputados, foi comemorada por diversos setores e segmentos da sociedade, mas trouxe preocupação a outros. Entre os que enxergam a proposta com receio estão os de mineração e de siderurgia.
“Estamos acompanhando de perto toda discussão da reforma tributária”, afirmou o diretor financeiro da Vale (VALE3), Gustavo Pimenta, nesta sexta-feira (28), durante teleconferência com analistas, para comentar os resultados do segundo trimestre.
“Mas é importante lembrar que o nosso setor já é altamente tributado”, complementou o executivo da Vale, emendando – sem entrar em muitos detalhes – que a empresa “monitora de perto os possíveis impactos” da reforma, que agora tramita no Senado.
O tema foi abordado também, nesta sexta-feira, pela Usiminas (USIM5), que foi mais enfática nas preocupações, em relação à proposta. “A reforma tributária tem avanços importantes, como a não cumulatividade, simplificação de processo e fim da guerra fiscal”, disse o CFO da Usiminas, Thiago Rodrigues.
Segundo ele, porém, o artigo 20 do projeto, que tramita no Congresso Nacional preocupa. O item aprovado na Câmara possibilita que Estados criem uma contribuição nova para as atividades de agropecuária, mineração e petróleo.
“O artigo 20 coloca em risco, na nossa visão, o fim da guerra fiscal, já que permite que Estados estabeleçam impostos diferenciados para determinados setores”, afirmou ele a analista, por ocasião da divulgação dos resultados do segundo trimestre.
“Apesar da nossa leitura de que a proposta não vá ter impacto direto para as empresas de Minas Gerais, acreditamos que possa ter impacto indireto. É um assunto que precisa ser melhor discutido”, acrescentou Rodrigues.
Impacto da reforma tributária para Vale (VALE3) e Usiminas (USIM5)
Em recente análise, o Goldman Sachs destacou, após conversas com o Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM) e advogados especializados, que o artigo 20 é potencialmente o maior risco de aumento de impostos para o setor.
Conforme o banco, ele poderia abrir espaço para os governos estaduais implementarem novos impostos ou encargos, aumentando as incertezas fiscais. No entanto, existe a possibilidade de que o artigo seja modificado na versão final do projeto de lei tributária.
O artigo permitiria efetivamente que até 17 estados incluam tributação adicional sobre as exportações não só de produtos de mineração, mas também para agrícolas e petrolíferos.
Além disso, o artigo especifica que os recursos devem ser usados para financiar projetos de infraestrutura e habitação.
O Estado de S.Paulo - SP 31/07/2023
Para o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, havia razões já em junho para o início do corte da Selic. Mas, em sua avaliação, o perfil da diretoria do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, é conservador demais. “O Copom está muito monolítico, apesar de um corpo técnico muito qualificado”, disse em entrevista ao canal TV GGN, do jornalista Luis Nassif, neste sábado, 29.
Haddad afirmou que o papel do governo, especialmente em indicação de membros, é levar novos pontos de vista ao comitê. Com a troca de diretores neste ano, ele vê que o debate na política econômica será “arejado”.
O ministro repetiu que espera no fim deste ano a inflação aquém de 5%, e PIB, acima de 2%. Ele aponta que o setor do agronegócio será preponderante no crescimento, mas que já se nota a esperada desaceleração da economia. “Sempre dissemos que PIB mais forte no primeiro trimestre não era para festejar.”
Haddad afirmou enxergar espaço considerável para corte da Selic. Segundo ele, é possível começar o ciclo de baixa já na semana que vem com uma redução de 0,50 ponto porcentual.
O ministro diz considerar que uma queda da taxa Selic de 13,75% para 13,25% ao ano na próxima reunião do Copom será apenas uma sinalização, com pouco efeito prático na atividade econômica de imediato.
“Ainda assim, para os investimentos, começa a ter efeito com o impacto na curva de juros. A sinalização é muito importante para que os agentes econômicos comecem a se reposicionar”, disse.
A pressão por um corte mais ousado no início do ciclo tem respaldo na curva de juros. Departamentos econômicos, contudo, estão mais conservadores. Na pesquisa do Projeções Broadcast, 62 casas veem baixa de 0,25 ponto, e 26, de 0,50 ponto.
Projeções
Haddad criticou a disparidade entre os cenários projetados por economistas e operadores de mercado financeiro com relação à intensidade do primeiro corte de juros, que deve ocorrer na próxima semana.
Ele lembrou que operadores do mercado financeiro esperam corte da Selic superior aos economistas-chefes das instituições. “Há que se fazer uma distinção no mercado financeiro entre os que fazem suas projeções de acordo com fundamentos, e aqueles que têm uma visão mais acadêmica”, afirmou. A este último grupo, o ministro creditou uma perspectiva mais conservadora do que o próprio sistema financeiro.
Haddad pontuou ainda que a necessidade de aprovação da reforma tributária para que haja uma melhora do ambiente econômico, o que traria, em sua visão, uma queda maior da Selic. “Penso que queda da Selic vai ser consistente”, projetou.
O ministro disse ainda que o avanço das reformas pode fazer com que o PIB potencial suba, e o juro neutro, caia.
Money Times - SP 31/07/2023
Nos últimos meses, os investidores internacionais têm experimentado frustração com os dados de atividade econômica da China. Recentemente, o gigante asiático divulgou seus dados de inflação, que ficaram abaixo das expectativas.
Os preços ao consumidor apresentaram estabilidade, registrando a taxa mais fraca desde fevereiro de 2021 (contra uma expectativa de +0,2%), enquanto os dados de preços ao produtor mostraram uma deflação de 5,4%.
Em resumo, a deflação nos preços ao produtor se intensificou e os preços ao consumidor permaneceram estáveis ao longo do ano.
Enquanto os preços dos alimentos continuam em alta, os preços dos bens seguem em queda. Essa combinação de fatores tem gerado preocupações entre os investidores, uma vez que afeta a dinâmica econômica da China e pode influenciar as perspectivas globais.
Os dados divulgados apresentam dois efeitos indiretos para a inflação global:
Os dados de preços ao consumidor refletem os gastos dos consumidores chineses em serviços, em vez de bens, o que limita o impacto do crescimento da China na economia global. Os dados ressaltam que não há inevitabilidade global em relação à rigidez da inflação.
Em decorrência desses fatores, as commodities estão apresentando reação negativa no curto prazo, apesar da possibilidade de um maior espaço para cortes de juros na China. Os investidores veem as medidas adotadas até o momento como tímidas.
Além disso, o PIB do segundo trimestre de 2023 decepcionou, com um crescimento anualizado de 6,3%, abaixo da previsão de 6,9%. Esse resultado tem sido impactado, principalmente, pelo mercado imobiliário fragilizado, enquanto os gastos em infraestrutura tiveram um leve aumento, mas os investimentos em habitação ainda se mantêm fracos.
A oferta de imóveis residenciais também chegou ao nível mais baixo desde 2005, enquanto a demanda continua baixa, afetada por fatores cíclicos.
Como consequência desse cenário, a pressão por novos estímulos econômicos está aumentando, buscando fortalecer a atividade econômica e enfrentar os desafios enfrentados pelo mercado imobiliário.
Ainda que as perspectivas estejam sendo afetadas no curto prazo, os investidores permanecem atentos à evolução das medidas adotadas pela China e seu impacto na economia global.
A preocupação reside no fato de que uma economia chinesa mais fraca pode impactar o crescimento global, dado que a demanda doméstica do país tem se concentrado principalmente no setor de serviços, limitando seu impacto nas outras economias.
Os dados recentemente divulgados sugerem que o período de crescimento acelerado pós-pandemia na China está chegando ao fim.
É curioso notar que esses dados surgiram após a visita da secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, à China. O mercado interpretou que o encontro contribuiu para construir um canal de comunicação produtivo entre os países, complementando a visita anterior do secretário de Estado, Antony Blinken, há algumas semanas.
Além disso, o emissário para o clima dos EUA, John Kerry, também visitou Pequim para três dias de negociações, buscando iniciar um diálogo antes da cúpula do clima COP28 em Dubai, em novembro.
Isso marca a terceira visita de alto escalão dos EUA à China em um curto período, com o objetivo de aliviar as tensões e promover o diálogo.
Esses esforços são importantes porque as tensões entre Washington e Pequim recentemente se transformaram em uma nova guerra comercial, com ambos os lados restringindo exportações de tecnologias avançadas crucialmente importantes.
Os chineses têm buscado a liderança em áreas como computação quântica, inteligência artificial e fabricação de chips, o que levou a restrições de exportação de metais essenciais, como gálio e germânio, juntamente com seus compostos químicos.
No entanto, uma parte essencial da abordagem em Pequim foi estabelecer canais de comunicação que ajudem a gerenciar as tensões existentes. É fundamental reconhecer que a competição entre os Estados Unidos e a China não deve ser encarada como um jogo de soma zero.
Em vez disso, é necessário encontrar um equilíbrio entre as duas superpotências em questões que abrangem desde tecnologia e comércio até a segurança de Taiwan.
Ambas as nações têm a responsabilidade de cooperar diante dos grandes desafios globais que enfrentamos atualmente.
Na verdade, a palavra-chave para compreender o que está acontecendo é “desacoplamento” (decoupling), um termo recentemente enfatizado por Louis Gave, da Gavekal Economics, para descrever um mundo que está se afastando da China.
Essa tendência tem trazido benefícios para alguns países emergentes e prejuízos para outros, resultando em grandes vencedores e perdedores.
Um exemplo ilustrativo é o padrão das importações dos Estados Unidos, considerando o México e a China ao longo das últimas três décadas.
Os acordos comerciais tiveram um impacto significativo em ambos os países, com o México enfrentando uma perda significativa de participação após a entrada da China na Organização Mundial do Comércio em 2001.
Entretanto, recentemente, o México tem se beneficiado da redução da dependência em relação à China, com suas importações superando as da China nos últimos três meses, pela primeira vez em 20 anos.
Enquanto as duas superpotências globais buscam se distanciar uma da outra, outros países emergentes estão encontrando oportunidades.
Países da Ásia e América Latina, como o Brasil, têm a chance de expandir suas relações comerciais com a China e os EUA.
Resumidamente, estamos testemunhando o início de uma nova era na globalização. Como resultado, o crescimento do comércio nos mercados emergentes tem o potencial de impulsionar as commodities de forma estrutural.
Enquanto os Estados Unidos seguem uma política monetária restritiva e a China enfrenta desafios relacionados à deflação, pode ocorrer um boom nos países emergentes, excluindo a China.
O risco reside na magnitude da desaceleração no Ocidente. A política monetária agressiva do Federal Reserve durante uma recessão global na indústria manufatureira e a deflação na China geram preocupações para os ativos de risco em geral, especialmente para os setores cíclicos.
Embora os maiores desafios futuros possam envolver os Estados Unidos e a China, à medida que lidam com os efeitos posteriores da pandemia e aprendem a coexistir, o ponto principal é que o resto do mundo em desenvolvimento pode encontrar algum impulso positivo estrutural nos próximos anos, o que é promissor para países como o Brasil.
Veja - SP 31/07/2023
Na economia, assim como nas outras áreas do conhecimento, chegar a um consenso é algo que costuma ser muito raro. Nas últimas semanas, o Brasil parece ter alcançado esse momento único. Empresários de todos os portes, analistas e gestores do mercado financeiro, políticos dos mais diversos espectros ideológicos, personalidades liberais e progressistas e cidadãos comuns concordam que, a despeito de suas visões particulares de mundo, é hora de o Banco Central cortar os juros. No dia 2 de agosto, o Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne em Brasília para decidir os novos rumos da Selic, a taxa básica que baliza as transações financeiras realizadas no país. O consenso — eis aqui novamente a palavra que merece ser usada apenas em ocasiões especiais — sinaliza que o BC, enfim, mudará de postura após exatos 28 meses em que a Selic subiu ou se manteve inalterada. Agora, a não ser que haja alguma surpresa indesejável, a curva iniciará a sua jornada descendente.
Os juros, obviamente, não sobem ou caem por acaso, mas refletem os cenários econômicos dos países. De maneira simplificada, as taxas altas são usadas como um antídoto contra a escalada inflacionária. Na direção oposta, taxas baixas aceleram a atividade econômica. “Ruins são os efeitos dos juros, mas pior ainda são os impactos da inflação”, disse Roberto Campos Neto, o presidente do BC, em defesa de sua política de aperto monetário amplamente criticada pelo presidente Lula. Para o petista, Campos Neto manteve até agora a taxa nas alturas por razões políticas, mas a lamúria não poderia ser mais injusta. Acertadamente, a autarquia continuou a elevação dos juros ao longo de 2022, durante o período eleitoral, quando os preços ameaçavam sair de controle — o que, de fato, não ajudou em nada o então presidente Jair Bolsonaro. Lula, por ironia, tende a ser beneficiado pelo novo ciclo de queda da Selic. Esses movimentos só reforçam por que é vital ter um BC independente.
Não há razão para insistir na Selic em 13,75% ao ano. As condições para a queda dos juros estão dadas, expressas principalmente na inflação em declínio. Mas existem outros motivos. O novo marco fiscal, que deve impor freios aos gastos públicos, a reforma tributária concebida com a premissa de simplificar o emaranhado de impostos e até a trégua nos ruídos políticos são fatores que serão colocados na balança. “Só no início do segundo trimestre o governo deu sinais de que estava indo na direção correta”, diz o economista Luiz Fernando Figueiredo, ex-diretor do Banco Central, ao explicar por que só agora há consenso — ele de novo — sobre o corte de juros.
O mercado está dividido apenas quanto ao ritmo que a autoridade monetária adotará na reunião da semana que vem. As expectativas se dividem entre corte de 0,25 ou 0,5 ponto percentual. Uma ala, liderada pelo recém-empossado Gabriel Galípolo na diretoria de Política Monetária, defenderá que a redução seja mais agressiva. Do lado oposto, o grupo mais conservador, capitaneado por Fernanda Guardado (Assuntos Internacionais) e Diogo Guillen (Política Econômica), brigará por um movimento mais cauteloso. Há dúvidas sobre a posição de Roberto Campos Neto. “Tendo a acreditar que ele vai apoiar um corte de 0,5 ponto percentual”, diz o economista Tony Volpon, também ex-diretor do Banco Central.
Sob diversos aspectos, o tamanho do corte não importa muito. O que está em jogo, na realidade, é a virada da curva, que necessariamente precisa apontar para baixo. Ressalte-se que a atividade econômica brasileira está sufocada pelo juro real — a diferença entre a Selic e a inflação — mais alto do mundo. Em junho, o juro real era de 7,54%. No México, segundo colocado no ranking, o índice estava em 5,94%. Nos Estados Unidos, 1,25%, conforme dados da plataforma de transações monetárias MoneYou. Outro fator que pesa a favor dos cortes diz respeito ao chamado núcleo da inflação, aquele que mais preocupa os especialistas. Ele exclui para o cálculo inflacionário movimentos temporários. É o caso dos alimentos in natura, cujos preços sobem ou baixam com muita rapidez. No Brasil, o núcleo da inflação segue mais alto do que a taxa geral, mas também começou a cair.
O início do ciclo de distensionamento da política monetária é aguardado com ansiedade pela turma da Faria Lima — espera-se que seja um gatilho para a valorização das ações negociadas na B3, a bolsa de valores do Brasil. Segundo o boletim Focus, relatório que mede os ânimos do mercado, os agentes financeiros calculam que a Selic chegará a 12% no fim deste ano e a 9,5% ao término de 2024. Ainda assim, é um pouco mais do que seria considerado ideal para evitar distorções na atividade econômica.
O mercado de capitais brasileiro andou devagar nos últimos meses, e isso se deve inclusive às taxas de juros elevadas. De acordo com a Associação Brasileira das Entidades do Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), entre 2022 e 2023 foi realizada apenas uma abertura de capital na bolsa, algo raro na história recente do país. Para efeito de comparação, em 2021 houve 46 IPOs (oferta inicial de ações, na sigla em inglês), marca que, segundo analistas do setor, certamente levará um bom tempo para ser repetida. Se não houver surpresas, o ano de 2023 tende a permanecer zerado.
A expectativa de redução da Selic é compartilhada pelo mundo dos negócios. “O Banco Central fez um excelente trabalho até aqui, mas é hora de ajustar a dose do remédio”, afirma Camila Funaro Camargo, presidente da Esfera Brasil, associação empresarial que promove estudos e eventos corporativos. “A redução da taxa de juros tem impacto direto na diminuição do desemprego e na renda da população, dois indicadores cruciais para garantir que os 28 milhões de consumidores atendidos diariamente por nós possam adquirir tudo que necessitam”, diz João Galassi, presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras). “Estou otimista com o cenário e acho que a economia pode começar a se movimentar”, acrescenta Antonio Carlos Pipponzi, presidente do conselho de administração da rede de farmácias RaiaDrogasil.
Em comum, todos eles apontam para uma atividade enfraquecida pela agenda de juros altos: a oferta de crédito. Com as taxas nas alturas, os consumidores financiam menos carros, deixam de comprar casa própria e não trocam os eletrodomésticos da casa. Portanto, não apenas os varejistas sofrem, mas também as indústrias que fabricam bens de consumo. Por sua vez, as empresas fogem dos empréstimos bancários para obter os recursos necessários aos investimentos. Os números são incontestáveis. Em junho, os juros para compras no comércio estavam em intoleráveis 92% ao ano. Enquanto isso, as empresas pagavam 29% anuais para emprestar capital de giro. Não à toa, a busca por crédito corporativo caiu 3,5% no primeiro semestre diante de igual período do ano passado, segundo a empresa de análise de crédito Serasa Experian.
Na economia, é fácil identificar as relações de causa e consequência. Com o crédito caro, os índices de inadimplência sobem. As estatísticas são contundentes: o número de empresas devedoras passou de 5,9 milhões em dezembro de 2020, quando a Selic estava em seu menor patamar histórico, para 6,5 milhões em maio deste ano, já com a taxa nas nuvens. Enquanto isso, os níveis de atraso nas dívidas entre a população adulta passaram de 38% para 44%. Diversas razões levaram a esse cenário, mas a Selic alta é uma vilã incontestável. Não à toa, o governo federal lançou recentemente dois programas de renegociação de dívidas, o Desenrola e o Renegocia, que, afinal, ambicionam estimular o consumo.
Há outros sinais animadores na economia. Um dos mais recentes foi a elevação da nota de risco do Brasil pela agência Fitch. Em junho, sua rival S&P havia feito movimento semelhante. A escala de avaliação indica sobretudo o risco de um país dar calote — o Brasil ainda está distante de recuperar o grau de investimento perdido em 2015, embora as novas notas indiquem que o ambiente aqui vai ficando mais seguro para a vinda de recursos. “São notícias positivas, que podem acelerar o processo de redução de juros”, diz o economista Gustavo Loyola, ex-presidente do Banco Central. Não há dúvida: a tão desejada queda da Selic virá na semana que vem, mas a jornada para a retomada do crescimento está apenas começando.
O Estado de S.Paulo - SP 31/07/2023
Não é só o mercado que aguarda com ansiedade o final do expediente de quarta-feira para fazer suas contas. Quando, daqui a três dias, o Banco Central anunciar a decisão sobre a taxa básica de juros, a política também fará seus cálculos.
Ninguém é capaz de cravar com antecedência qual será a nova Selic, mas já é possível antecipar que, seja qual for o resultado da próxima reunião do Comitê de Política Monetária, Roberto Campos Neto seguirá como alvo do governo e do PT.
Isso em nada diminui a importância do próximo encontro da diretoria do banco. Não se espera que o presidente do BC saia da mira, mas o anúncio servirá para modular o tamanho da artilharia que será voltada a Campos Neto nos próximos meses.
Se o corte for de 0,25 ponto porcentual, como muitos apostam, não será uma surpresa para o mercado, mas suscitará uma forte onda de críticas da política. Para as vozes mais polidas do governo, o BC terá insistido numa posição excessivamente conservadora e injustificável diante das evidências. Para os quadros mais estridentes do PT, será a prova de que Campos Neto e seu time jogam contra o Brasil.
O ministro Fernando Haddad tratou de reforçar o que o governo espera do BC às vésperas da reunião do Copom. Na última sexta-feira, quando o dia já caminhava para o seu fim, ele chamou a imprensa e passou alguns recados. Entre eles, o de que estaria mais do que justificado um corte de 0,5 ponto porcentual na Selic diante dos últimos acontecimentos, como a revisão das projeções de inflação pelo mercado e melhora da classificação do Brasil por agências de risco.
Haddad é um inconteste expoente da ala dos moderados do governo. Mas nem ele esconde nos bastidores que já perdeu a paciência há tempos com Campos Neto. Em sua visão, havia espaço para um “pequeno corte” na taxa básica de juros já em maio. Se não em maio, definitivamente em junho.
Haddad havia investido em conversas, almoços e encontros com Campos Neto e tinha a impressão de que o presidente do BC havia entendido seus argumentos. Como sabemos, a Selic foi mantida em 13,75% tanto em maio quanto em junho. Haddad jogou a toalha, de acordo com pessoas próximas. Internamente, esbravejou que não conversaria mais “com aquele cara”. Publicamente, passou a repetir que “não há economia que resista” à insistência do BC em manter os juros tão altos.
Haddad, Lula e o PT têm razões para querer a queda da Selic. Sem um alívio por parte da política monetária, a desaceleração da economia no segundo semestre certamente virá, minando o trabalho feito pelo governo na área econômica.
O governo, portanto, tem pressa. E é por isso que, mesmo se o BC entregar um corte de 0,5 ponto percentual na próxima semana, a pressão sobre Campos Neto seguirá. O Planalto precisa de uma sequência de cortes expressivos para tornar mais célere o efeito sobre investimentos e fazer a roda de consumo girar.
A pressão sobre Campos Neto ganhou nos últimos dias, inclusive, novos contornos com a abertura de uma investigação contra ele pelo Tribunal de Contas da União. O argumento é que o presidente do BC foi imprudente ao cogitar repassar à iniciativa privada a gestão de parte dos ativos do banco. Na prática, todo mundo entendeu que a corte abriu uma nova frente de desgaste a Campos Neto.
O movimento do TCU soma-se a pedidos para que o presidente do BC se explique aos parlamentares, para que o Congresso o investigue, e a uma miríade de críticas públicas à postura do Copom. A política escolheu Campos Neto como alvo e dá sinais de que, nem tão cedo, pretende recolher suas armas.
O Estado de S.Paulo - SP 31/07/2023
Cenário para os próximos 12 meses é avaliado como positivo, graças a ambiente de reformas criado nos governos anteriores; sucesso da economia dependerá da manutenção de uma rota pragmática, dizem economistas
A economia brasileira tem gerado boas notícias: inflação em queda, desemprego com melhor resultado desde 2014, revisão das projeções de crescimento para cima, cotação do dólar mais baixa desde o período pré-eleitoral e a mais recente elevação da nota de crédito pela Fitch, uma das principais agências de classificação de risco. A pergunta que paira no ar é: a boa onda irá levar o Brasil para o rumo de um crescimento estrutural e sustentável ou será mais um voo de galinha?
Economistas ouvidos pelo Estadão concordam que o cenário para os próximos 12 meses é positivo, fruto de um ambiente de reformas criado antes do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de movimentos positivos do atual governo. Não é possível dizer até agora, no entanto, que o Brasil entrará em uma jornada de crescimento consolidado no médio e no longo prazos.
A rota para isso passará pela continuidade de uma agenda de reformas, sucesso em medidas levadas pelo governo ao Congresso, pela abertura ao capital privado para investimentos e, obrigatoriamente, pelo aumento da produtividade. Também dependerá, segundo os economistas, da continuidade da escolha, no governo Lula, por uma rota mais pragmática no campo econômico.
“Estamos no melhor momento de mercado, desde o início do governo, um momento que muita gente esperava que tivesse acontecido logo depois da eleição. Mas, como teve todo o barulho da PEC da Transição, do déficit projetado muito grande e não se sabia qual era o plano fiscal, o mercado passou cinco meses piorando. Agora, melhorou”, afirma Mansueto Almeida, ex-secretário do Tesouro e atual economista-chefe do BTG Pactual.
O mercado reagiu bem após a vitória de Lula nas eleições do ano passado. A incerteza sobre qual seria a nova regra fiscal que o novo governo colocaria no lugar do teto de gastos e a PEC da Transição com valor bem acima do projetado por economistas fizeram com que as perspectivas econômicas, no entanto, piorassem até meados de abril.
A apresentação do arcabouço fiscal, a promessa do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de chegar a um déficit menor do que o previsto no orçamento aprovado para este ano e o apoio público de Lula à agenda de responsabilidade fiscal colaboraram para a dissipação das incertezas.
“Ele (Haddad) voltou com a tributação em cima dos combustíveis e teve aquela mudança logo no início do ano sobre crédito de ICMS no pagamento de PIS e Cofins. Hoje, a expectativa do mercado é de terminar este ano com déficit primário em torno de R$ 100 bilhões. É alto, mas é menos da metade do que se esperava no início do ano”, afirma Mansueto.
A aprovação da primeira etapa da reforma tributária na Câmara consolidou o bom humor do mercado, de investidores e empresários com a equipe econômica e é a medida mais eficaz apresentada até agora, segundo os especialistas consultados, para contribuir para um crescimento sustentável. Isso porque a simplificação do complexo sistema tributário brasileiro é uma das maneiras de melhorar a produtividade do País.
Os dados do Censo mostram que o Brasil teve o menor crescimento da população em 150 anos. Sem o bônus demográfico, a questão da produtividade no País fica ainda mais urgente para garantir uma trajetória de crescimento de longo prazo. “Temos que fazer a revolução na educação básica do Brasil. Isso é uma agenda que vai ser importante não apenas para este governo, mas também para o próximo”, afirma o economista-chefe do BTG Pactual.
A economista para Brasil do BNP Paribas, Laiz Carvalho, afirma que o otimismo entre os investidores estrangeiros têm sido mais elevado do que o apurado em suas conversas com empresários brasileiros.
“O pessoal que é de fundo de investimento, que chamamos de investimento rápido, está muito, muito, muito otimista com o Brasil, principalmente pela comparação com outros países. Temos a China crescendo menos do que se esperava antes, a Rússia que ainda está com a questão da guerra na Ucrânia, África do Sul está sofrendo pressões políticas, Turquia, enfim. Aí olham para Brasil e México, que são os dois países que estão mais bem posicionados hoje em dia”, afirma.
“Quando falamos com as empresas, elas já não estão tão otimistas, principalmente por causa da taxa de juros no nível de 13,75%, e também pelas incertezas com relação à aprovação das reformas, aprovação do arcabouço fiscal. Tudo ainda está acontecendo”, completa.
Os dados mais recentes de inflação aumentaram as apostas sobre um início de ciclo de redução da taxa básica de juros, a Selic, nesta semana, em maior intensidade. No BTG Pactual, a previsão é de corte de 0,50 ponto porcentual na Selic na próxima reunião do Copom.
O governo Lula também vem argumentando que o Banco Central deve fazer uma redução superior a 0,25 ponto porcentual. Mansueto Almeida afirma que com a mudança na previsão da curva de juros do país, as operações de fusão e aquisição devem começar a voltar.
Crescimento
“Nos últimos dez anos, o Brasil cresceu em média 1% ao ano, que é um crescimento abaixo do que é o crescimento potencial, do quanto o País poderia crescer em condições normais de temperatura e pressão”, afirma Laiz.
O resultado do PIB do Brasil no primeiro trimestre foi de 1,9%, mais alto do que o projetado pela Fazenda, que estimava alta de 1,2%. O crescimento foi impulsionado pela agropecuária, e levou o governo a revisar de 1,9% para 2,5% a projeção de crescimento da atividade em 2023.
“Não estamos vendo sinais de que seja um crescimento sustentado, de que seja uma mudança estrutural do Brasil”, afirma a economista.
“Para os próximos 12 meses, vai ser muito importante a questão dos juros. Agora, isso significa que está consolidado o cenário do Brasil crescendo em um ritmo mais acelerado do que se esperava, de forma contínua? Não, porque aí vai depender”, diz Mansueto. Segundo ele, o Brasil precisa seguir a agenda de reformas já iniciada — com a aprovação da reforma tributária, mas também conseguir entregar um bom resultado fiscal no médio prazo.
“Depende de como é que vai ser o formato final da reforma tributária. Depende se o governo vai conseguir cumprir as metas de primário. Depende de uma série de coisas. O ministro da Fazenda fala que vai conseguir mexer no regime especial tributário, mas isso nem sempre é muito simples. O governo vai melhorar a articulação política e vai ter uma base mais consistente? Vai conseguir aprovar as reformas que precisa para o País crescer mais? Tudo isso está em aberto”, diz Mansueto.
A avaliação dos economistas também é a de que, para conseguir aumentar a porcentagem de investimento sobre o PIB, é preciso contar com alto investimento privado — e avançar na agenda de concessões de infraestrutura. O sucesso de acordos comerciais internacionais, como o da União Europeia com o Mercosul, e o avanço em uma reforma administrativa são ainda colocados na lista como fatores que ajudariam o País a trilhar um caminho de crescimento constante.
“Tivemos um início muito difícil do ponto de vista de preocupações com a agenda econômica do governo. Porém, desde abril, houve uma mudança para melhor neste ambiente. Claro que um marco foi o avanço do arcabouço fiscal, que afastou o temor de irresponsabilidade total nos gastos. O segundo aspecto veio das sucessivas demonstrações do Congresso de que não sancionarão retrocessos em agendas já feitas. O terceiro, a decisão do CMN de manter meta de inflação. E a própria postura do ministro Fernando Haddad, que foi uma peça central em conseguir conter esses ímpetos mais populistas, mais desenvolvimentista”, afirma o sócio e economista sênior da Tendências Consultoria, Silvio Campos Neto.
“É um ambiente obviamente bem melhor do que o que tínhamos há seis meses. Mas, daqui em diante, é uma trajetória só de resultados positivos? Acho importante ter cautela”, diz o economista.
Pragmatismo
Parte do crescimento acima do esperado no País, segundo os economistas, também está relacionado com reformas já feitas antes de 2023. “As agências de classificação de risco destacaram em relatórios as reformas que o Brasil fez nos últimos seis anos”, concorda Mansueto Almeida.
O ex-secretário do Tesouro destaca a reforma da Previdência, a independência do Banco Central, a mudança de marcos regulatórios, a redução de subsídios concedidos por bancos públicos, a reforma trabalhista e as concessões de saneamento.
“A economia brasileira já vinha numa tendência de recuperação há dois anos, diante de toda uma agenda que vem sendo tocada há um bom tempo. O Brasil promoveu reformas importantes e tem colhido os frutos disso”, afirma Silvio Campos Neto.
O pragmatismo do atual governo, segundo os economistas ouvidos, para manter políticas adotadas nos governos passados também é um fator capaz de melhorar o crescimento nos próximos anos.
“Qual foi a mudança radical que o governo fez no BNDES? Nenhuma. Qual foi a mudança radical que o governo fez em reformas que foram aprovadas? Trabalhista? Previdenciária? Também nenhuma. E a gente tem um plano fiscal que, embora o mercado ainda não acredite que o governo vai entregar o que prometeu, mostra que a despesa não vai crescer de forma descontrolada”, afirma Mansueto.
“Aqui no Brasil o que está se mostrando é um governo mais pragmático do que às vezes o investidor poderia antecipar baseado no discurso de governo”, completa o economista.
Silvio Campos Neto lembra que alguns pontos de contrarreformas merecem atenção por irem numa direção preocupante. “Falo, fundamentalmente, de mudanças em algumas agendas, de bancos públicos em essencial, uma tentativa de o BNDES adotar protagonismo como já teve no passado, o próprio uso em maior escala de algumas empresas estatais. A magnitude dessa visão desenvolvimentista ainda é incerta. Talvez não seja como no passado recente, mas temos que monitorar porque essas ideias estão presentes. Fica como um senão”, alerta.
CNN Brasil - SP 31/07/2023
O Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M), apelidado de de “inflação do aluguel”, registrou queda de 0,72% em julho, após recuo de 1,93% no mês anterior, informou a Fundação Getúlio Vargas (FGV) nesta sexta-feira (28).
A expectativa em pesquisa da Reuters com analistas era de um recuo de 0,71%. A taxa em 12 meses foi a uma queda de 7,72%, renovando um recorde de deflação da série histórica.
O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que responde por 60% do índice geral e apura a variação dos preços no atacado, caiu 1,05% em julho, ante queda de 2,73% no mês anterior.
“O IPA continua registrando deflação em seus principais grupos, movimento que permanece influenciando o resultado do IGP. No entanto, a intensidade destes movimentos está arrefecendo, pois importantes matérias-primas brutas começaram a registrar variações positivas ou menos negativas, como o minério de ferro (de -2,21% para 2,96%), os suínos (de -7,03% para 3,46%) e o milho (de -14,85% para -4,95%)”, explicou André Braz, coordenador dos índices de preços.
Já o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que tem peso de 30% no índice geral, passou a subir 0,11% neste mês, contra queda de 0,25% em junho.
A maior contribuição para esse resultado partiu do grupo Transportes, que subiu 0,70%, abandonando queda anterior de 1,68%. Dentro desse segmento, o item gasolina avançou 3,65%, ante baixa de 3,00% no relatório anterior.
O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), por sua vez, subiu 0,06% em julho, forte desaceleração contra a alta de 0,85% do mês passado.
A inflação no Brasil tem mostrado sinais de arrefecimento, de acordo com dados recentes, o que elevou a perspectiva de que o Banco Central começará em agosto a cortar a taxa de juros Selic, atualmente em 13,75%.
O IGP-M calcula os preços ao produtor, consumidor e na construção civil entre os dias 21 do mês anterior e 20 do mês de referência.
Recuo recorde
Em junho, o IGP-M, que também é usado como referência para reajustar o valor do aluguel nos contratos de imóveis, registrou queda de quase 7% acumulada em 12 meses.
Foi a maior retração já registrada pelo índice desde pelo menos 1995, no começo do Plano Real, de acordo com a série da FGV, responsável pelo indicador.
Há quatro meses negativo
Julho foi o quarto mês consecutivo em que o índice ficou negativo, de acordo com a FGV, o que significa que todos os contratos de aluguel que completaram ou estão completando um ciclo de 12 meses nesse período não serão reajustados.
O valor a ser pago ao proprietário ficará por pelo menos mais um ano exatamente no mesmo preço.
Expectativa do mercado vem melhorando, e projeções de inflação são reduzidas
Troca na pandemia
Durante a pandemia, quando aconteceu o contrário – o IGP-M disparou e passou dos 30% – a discussão sobre substituí-lo por outros indicadores nos contratos ganhou bastante força.
O entendimento de especialistas é que o IGP-M é muito volátil – pode cair muito em um momento, mas também disparar e outros – e menos aderente à realidade das pessoas do que outros índices de inflação, como o IPCA e o INPC, que medem os preços de serviços e produtos ao consumidor.
É um índice muito suscetível às variações do dólar e também às cotações de produtos como soja, milho ou minério de ferro.
Uso do IGP-M não é obrigatório
A lei dos aluguéis garante aos donos de imóveis o direito de fazer reajustes periódicos no valor cobrado, para preservar o poder de compra da negociação, mas nunca pré-determinou um indicador para isso.
A regra só proíbe que as correções sejam feitas pela variação do câmbio ou do salário mínimo. De resto, pode ser usado qualquer marcador escolhido de comum acordo entre o proprietário e o inquilino.
O fato é que, desde os tempos de hiperinflação, é o IGP-M – um dos índices de preços mais antigos do país (ele é calculado pela FGV desde os anos 1940) – que é aplicado em praticamente a totalidade dos contratos.
O Estado de S.Paulo - SP 31/07/2023
CNI revela nível preocupante de obsolescência do maquinário industrial; medida para acelerar a dedução tributária dos gastos com equipamentos é um começo de modernização
Ultrapassada é o termo que melhor define a indústria brasileira, a partir do resultado de pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) que revelou, pela primeira vez, a idade média dos equipamentos usados na produção. Quase um terço (28%) das companhias opera com maquinário entre 10 e 15 anos. Em alguns segmentos específicos, como biocombustíveis, a idade média das máquinas ultrapassa duas décadas. Numa parcela ínfima (2%), dentre cerca de 2.000 pesquisadas, a atividade é desenvolvida com equipamentos modernos, com até dois anos e meio de uso.
Numa época em que o mundo discute inteligência artificial, internet das coisas e os avanços da robótica que marcam o que se convencionou chamar de “indústria 4.0, é preocupante comprovar que parte considerável da produção nacional pode estar ainda presa ao século 20, como mostrou reportagem do Estadão. A quarta Revolução Industrial é uma realidade e está mudando, por meio de tecnologia e inovação, os modelos de negócios em todo o mundo. Pelos dados reunidos em junho pela CNI, o Brasil está ficando perigosamente para trás.
A iniciativa de permitir a depreciação acelerada na compra de equipamentos, medida anunciada recentemente pelo governo, chega com certo atraso, mas é um bom sinal de avanço. Ao contrário de ações midiáticas e setoriais recentes, embrulhadas como medidas de fomento, essa é uma decisão que pode de fato servir de estímulo à produtividade industrial brasileira. E que, diferentemente de “genialidades” encampadas pela gestão Lula da Silva, como “carro popular” e barateamento de passagens aéreas, não embute subsídios.
Anunciado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, o mecanismo permitirá às indústrias abater de impostos, com maior rapidez, gastos com a compra de máquinas e equipamentos. A depreciação acelerada deve representar uma parcela significativa de recursos no Orçamento público de 2024. Pelos cálculos de Haddad, o pacote completo pode envolver até R$ 15 bilhões.
Para uma economia com taxas de crescimento que mal passam do desprezível, o incentivo ao investimento em bens de capital modernos – como é feito em diversos países – é um avanço. A depreciação é um dispositivo já utilizado para dedução na base do Imposto de Renda e da Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido, mas de forma parcelada, entre 5 e 20 anos, à medida que os bens de capital se depreciam. Acelerar o processo era uma reivindicação antiga da indústria.
A velocidade com que novas tecnologias vêm sendo desenvolvidas no mundo torna também frenético o ganho de produtividade das empresas que conseguem acompanhar o ritmo da modernização. Ao mesmo tempo, o prazo de obsolescência das máquinas é cada vez mais curto; e a competição num mercado impactado pela tecnologia, mais acirrada. No relatório O Estado das Organizações 2023, a consultoria McKinsey calcula, com base em pesquisa em sete países, que o uso de inteligência artificial pelas empresas dobrou de 2019 a 2022.
A depreciação acelerada deve ser avaliada pelo Congresso em agosto e terá prazo de duração e abrangência ainda definidos pelo governo. Em razão do impacto fiscal, certamente serão discutidos meios para compensar a arrecadação. Mas não é correto classificar como renúncia fiscal a adoção de um instrumento cujo efeito é registrado no fluxo das receitas ao longo do tempo. Tampouco se trata de subsídio. É o diferimento, no pagamento de impostos, do investimento feito em atualização tecnológica.
O atraso tecnológico, obviamente, não é o único fator a definir a ineficiência de uma indústria, mas é um obstáculo evidente ao crescimento. Também não é apenas o tempo de desgaste dos equipamentos que dita o ritmo dos investimentos industriais. O cálculo engloba juros, que determinam o custo dos financiamentos, nível de demanda, comportamento da economia e previsão de ganhos de produtividade, entre outros fatores. Mas, sem dúvida, uma indústria bem equipada tem melhores condições de competir.
Money Times - SP 31/07/2023
Os contratos futuros de minério de ferro estenderam as perdas nesta sexta-feira (28), puxados para baixo por preocupações com limites de produção de aço iminentes e crescente impaciência com a falta de atualizações sobre estímulos da China.
O contrato de minério de ferro de setembro mais negociado na Dalian Commodity Exchange da China encerrou as negociações diurnas com queda de 2,68%, a 834,5 iuanes (US$ 116,60) por tonelada.
Na Bolsa de Cingapura, o minério de ferro de referência em setembro caiu 2,34% para US$ 107,20 a tonelada.
“Os altos-fornos chineses reduziram a utilização da capacidade e as taxas operacionais em resposta a uma confluência de restrições impostas pelo governo e a chegada iminente do tufão Doksuri na costa sul da China”, disse Atilla Widnell, diretor administrativo da Navigate Commodities em Cingapura.
A taxa de utilização da capacidade de altos-fornos entre 247 siderúrgicas chinesas pesquisadas pela consultoria Mysteel tiveram a terceira queda semanal consecutiva, em mais 1,33 ponto percentual, para 89,82% entre 21 e 27 de julho, já que mais produtores de aço em todo o país reduziram ainda mais sua produção por solicitação das autoridades locais.
Refletindo a queda na demanda por aço, as principais mineradoras de minério de ferro relataram queda nos lucros esta semana.
A Vale (VALE3) registrou uma queda de 78,2% em relação ao ano anterior em seu lucro líquido do segundo trimestre na quinta-feira (27), enquanto a Rio Tinto reduziu seu dividendo intermediário ao reportar seu menor lucro subjacente no primeiro semestre em três anos.
As ADRs da Vale (VALE) subiam 0,40% no pré-mercado de Nova York, a US$ 14,85, por volta das 9h desta sexta-feira (28).
“A recuperação do minério de ferro nos últimos meses parece cada vez mais frágil, à medida que se desvanecem as esperanças para o tipo de estímulo ‘big-bang’ e pesado em infraestrutura que a China costumava implantar”, disse o National Australia Bank em nota.
Valor Investe - SP 31/07/2023
Frustração com a retomada fraca da economia chinesa após rigorosa política de covid zero levou ao derretimento do minério de ferro desde a máxima em março, quando a matéria-prima ultrapassou o patamar de US$ 130 a tonelada.
Após um início de ano marcado pela crença de que a reabertura da economia chinesa puxaria os preços das commodities para cima, a esperança deu lugar à frustração, enquanto as incertezas se sobrepuseram ao excesso de confiança do mercado. Desde o pico alcançado em março, o minério de ferro acumula perdas de 15%. E, na bolsa nacional, leva a mineradora Vale à queda livre desde a máxima.
As ações da Vale, que têm a China como seu parceiro comercial e exporta minério de ferro para o país há anos, seguem a toada negativa da matéria-prima. Em janeiro, quando o mercado ainda ansiava uma forte retomada da economia chinesa, os papéis beiravam os R$ 100. No entanto, a mudança de perspectiva pesou sobre o preço dos ativos da mineradora. De lá para cá, os papéis derretem 26,5%.
Valor - SP 31/07/2023
O PIF adquiriu participações em fabricantes de videogames e montadoras de carros elétricos, mas o acordo com a Vale é o primeiro grande investimento em mineração.
A Arábia Saudita fez o primeiro grande negócio dentro da estratégia de empregar sua vasta riqueza na indústria global de mineração ao comprar uma participação na unidade de metais básicos da Vale.
O fundo soberano saudita, conhecido como PIF, e a Maaden, mineradora estatal do reino, comprarão 10% em uma empresa criada para abrigar os ativos de níquel e cobre da Vale, informou a companhia em comunicado. Separadamente, a empresa de investimentos Engine No. 1 comprará uma participação de 3%. O valor total a ser pago em ambos os acordos é de US$ 3,4 bilhões.
Nos últimos anos, a Arábia Saudita tem se lançado em uma onda de investimentos globais, na busca para diversificar sua riqueza petrolífera por outros setores. O PIF adquiriu participações em fabricantes de videogames e montadoras de carros elétricos, mas o acordo com a Vale é o primeiro grande investimento em mineração desde que estabeleceu uma joint venture com a Maaden em janeiro.
Em um processo de venda prolongado, a joint venture saudita venceu os concorrentes, incluindo a japonesa Mitsui & Co. e a Qatar Investment Authority, de acordo com pessoas com conhecimento do assunto. O Goldman Sachs assessorou a Vale. O Bank of America trabalhou com o PIF e a Maaden.
Além do acordo com a Vale, a Maaden recentemente formou uma joint venture com a Ivanhoe Electric para desenvolver projetos de mineração na Arábia Saudita. A empresa anunciou parcerias com a Barrick Gold para explorar e desenvolver duas novas áreas no reino, onde opera a mina subterrânea de cobre Jabal Sayid.
Para a Vale, a segunda maior produtora de minério de ferro do mundo, os recursos obtidos com a venda ajudarão a financiar os investimentos necessários para atender à crescente demanda por níquel e cobre na transição para veículos elétricos. O estabelecimento de uma unidade independente de metais básicos com parceiros sauditas também pode permitir que a Vale participe de uma onda de consolidação no setor.
Após anos de deliberação, a Vale decidiu criar a empresa de metais básicos, a partir principalmente de ativos no Canadá, Brasil e Indonésia absorvidos na compra da canadense Inco., em 2006. O ex-CEO da Anglo American, Mark Cutifani, foi recrutado para liderar um conselho independente para a unidade, que está avaliada em US$ 26 bilhões, de acordo com a transação.
A cisão dos metais básicos também proporciona aos investidores uma maneira mais simples de precificar a divisão. A gigante brasileira da mineração é negociada com desconto em relação a seus principais pares, uma vez que a maior parte de sua receita ainda vem das gigantescas minas de minério de ferro no Brasil, palco de dois colapsos devastadores de barragens de rejeitos nos últimos anos.
Além de Cutifani, o conselho de metais básicos também conta com Jerome Guillen, que passou uma década como braço direito de Elon Musk na Tesla. A Vale já é fornecedora direta da Tesla e da General Motors e tem a Ford Motor como uma de suas parceiras para desenvolver conjuntamente o níquel na Indonésia. O CEO da Vale, Eduardo Bartolomeo, vê potencial para que o negócio de metais básicos da companhia se torne tão grande quanto o de minério de ferro.
Os próximos passos para os metais básicos da Vale não são claros. Uma opção é abrir o capital da unidade. “Obviamente, um IPO no futuro é um evento de liquidez que poderia ser buscado”, disse Bartolomeo em abril, ressaltando que “há muitas formas de liquidez” pelas quais a empresa poderia optar.
Infomoney - SP 31/07/2023
Executivos da Vale (VALE3) afirmaram – em teleconferência após a divulgação dos resultados do segundo trimestre de 2023 – que uma oferta pública inicial de capital (IPO, na sigla em inglês) ou uma fusão não estão descartados para a frente de metais básicos, a VBM.
Na véspera, a companhia anunciou a venda de uma fatia de 13% do negócio de metais básicos por US$ 3,4 bilhões, 10% para a Manara Minerals, joint venture entre a mineradora Ma’aden e o PIF, fundo soberano da Arábia Saudita, e 3% para a a Engine No. 1, empresa de investimentos focada em “impacto”.
Por agora, no entanto, a mineradora pretende consolidar o seu negócio de metais básicos, utilizando parte do capital levantado para avançar nas operações.
“O caminho para metais básicos neste momento é de execução. Parceiros não são investidores de curto prazo, mas sim de longo”, falou Eduardo Bartolomeo, diretor executivo (CEO) da Vale, ao ser indagado sobre um possível IPO. “Foco é aquisição de talentos, ramp up de projetos e por ai vai. A conversão das coisas demora um pouco, vemos algo próximo a três anos. Depois veremos os tipos de demandas e oportunidades no mercado”.
Os executivos da companhia afirmaram que “acharam o que procuravam com o negócio”. De acordo com o diretor, a Manara Minerals, por exemplo, traz experiência para ajudar a Vale a chegar onde a empresa sozinha não conseguiria. A nova parceira tem parcerias com outras empresas de mineração e acesso a regiões estratégicas (por exemplo, mega-hubs no Oriente Médio) que podem ajudar a empresa a impulsionar sua divisão de metais básicos
“Compartilhamos visão de longo prazo. Falávamos que fecharíamos a parceria apenas com o parceiro correto e com visão compartilhada. Foi o que conseguimos”, comentou o CEO.
Dos US$ 3,4 bilhões da venda da fatia da Vale Metais Básicos, US$ 1 bilhão será mantido na VBM para financiar a frente, o que, para os executivos, será suficiente para os próximos anos. Os US$ 2,4 bilhões restantes serão devolvidos para a controladora, usados no pagamento de dívidas intercompanhias.
A subsidiária, por enquanto, continua também dentro do balanço da holding, apesar de uma mudança não ser descartada no futuro.
“O negócio que estamos construindo no metais básico oferece opções de financiamento, seja gerando caixa ou seja buscando o mercado”, falou Gustavo Pimenta, diretor financeiro (CFO). Segundo a Vale, a ideia é investir de US$ 25 a US$ 30 bilhões no negócio na próxima década.
Custo caixa e remuneração de acionistas
A diretoria da Vale, além de falar sobre as novidades sobre a frente de metais básicos, também deu outras sinalizações durante a teleconferência.
O custo caixa, por exemplo, foi um dos pontos negativos apontados por analistas no resultado do segundo trimestre. Os executivos, no entanto, pontuaram que a tendência é de melhora, dado a maior produção e uma maior participação do Sistema Norte, com maior qualidade, no volume total.
A administração falou também, por fim, sobre continuar focando no retorno aos acionistas, observando que considera seu programa de recompra uma das melhores alternativas de alocação de capital. O terceiro programa de recompra da Vale está agora com aproximadamente dois terços completos e aproximadamente 180 milhões de ações ainda podem ser adquirias.
A Vale reiterou que não pretende ultrapassar a meta de US$ 10 a US$ 20 bilhões para sua dívida líquida expandida, que atualmente está em US$ 14,7 bilhões.
Infomoney - SP 31/07/2023
O noticiário foi movimentado para a Vale (VALE3) na noite de quinta-feira (27). A mineradora divulgou resultados do segundo trimestre de 2023 (2T23), em que apresentou um lucro de US$ 892 milhões (-78,2% na base anual), ou R$ 4,573 bilhões em reais, e um JCP (juros sobre o capital próprio) de R$ 8,27 bilhões. Mas, além disso, ela informou a tão esperada parceria para metais básicos, o que foi visto como positivo, enquanto a revisão do guidance de custos foi apontada como negativa.
Para a XP, a Vale reportou resultados neutros no 2T23, com lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado pró-forma de US$ 4,1 bilhões, 2% abaixo das suas projeções e em linha com o consenso (+12% na base trimestral e -25% ano a ano).
Na visão do Itaú BBA, o Ebitda ficou em linha com suas estimativas e consenso, sendo que a deterioração anual dos resultados deveu-se principalmente a um desempenho mais fraco na divisão de ferrosos, prejudicado por preços realizados mais baixos e custos mais altos, que mais do que compensaram a ligeira melhoria nos volumes.
Os resultados na divisão de metais básicos diminuíram 21% ano a ano, uma vez que os melhores resultados no segmento de cobre foram mais do que compensados por um Ebitda mais fraco no segmento de níquel. “Em nota negativa, a geração operacional de fluxo de caixa livre foi fraca, em US$ 776 milhões, devido a maior capital de giro. A Vale também elevou sua orientação de custos para 2023 para os segmentos de minério de ferro e níquel”, resume o banco.
A Genial Investimentos também destacou os números em linha, embora efeitos não recorrentes tenham afetado o lucro líquido.
Enquanto o lucro foi de US$ 892 milhões, os analistas de mercado esperavam, segundo consenso Refinitiv, um número de US$ 2,15 bilhões no período.
No comunicado, a Vale explica que o resultado foi influenciado pela queda do minério, pela menor marcação a mercado das debêntures participativas e pelo impacto de tributos diferidos de ativos relacionados às provisões da Fundação Renova, após o plano de recuperação judicial.
A casa de análise destaca que a Vale entregou números melhores que o esperados na produção de minério finos (78,7 milhões de toneladas versus 76,4 milhões esperados pela Genial), em razão de um efeito natural da sazonalidade bem como o uso de britadores no projeto S11D, que potencializam a perfuração na região onde há um volume maior de jaspilito.
Ainda assim, o contratempo logístico em Ponta da Madeira (MA) no 1T23 acabou permeando o 2T23, uma vez que o empilhamento de estoque que ocorreu no trimestre anterior não se resultou em uma elevação de embarques adicionais neste trimestre.
A receita líquida total, de US$ 9,6 bilhões, por sua vez, foi em linha com o esperado, puxada pela dinâmica de finos e aglomerados sem nenhuma surpresa. “Embora o cenário de preços tenha piorado de um trimestre para o outro, a receita de minérios finos trouxe grande recuperação no trimestre, chegando em US$ 6,2 bilhões (+25,2% frente o 1T23; -12,3% na comparação com o 2T22), puxada então pelo (i) reflexo da normalização dos embarques do volume produzido no Sistema Norte, enquanto (ii) a sazonalidade traz um menor índice de chuvas, permitindo o sequenciamento do ramp-up [início] da produção”, avalia a Genial.
“Acreditamos que o resultado possui viés neutro, visto que mesmo diante da normalização dos embarques no terminal Ponta da Madeira (MA), o efeito moroso do estoque em trânsito colocou barreiras para constituição de queda nos custos do trimestre”, aponta.
Neste sentido, os analistas da XP destacam que, apesar do custo caixa C1 (custo que envolve mina, ferrovia e porto) do minério ter ficado estável no 2T23 versus o 1T23 (em US$ 23,5 a tonelada, ou t), a empresa revisou o guidance C1 de US$ 20-21/t para US$ 21,5-22,5/t para o ano, principalmente devido à apreciação do real, abaixo das expectativas para o 2S23 (queda de R$ 5,20 para R$ 4,94).
Além disso, o custo total do minério de ferro foi ajustado de US$ 47 para um intervalo entre US$ 52 e US$ 54, para refletir os prêmios reduzidos (de US$ 8/t para US$ 4/t) e as mudanças nas expectativas cambiais.
O Itaú BBA ressalta ainda que, apesar da geração de fluxo de caixa livre positiva, os US$ 1,4 bilhão em recompras no trimestre impulsionaram o crescimento da dívida líquida da Vale para US$ 14,7 bilhões (de US$ 14,4 bilhões no 1T23), mas ainda dentro da meta da empresa de US$ 10-20 bilhões. Isso, juntamente com um Ebitda mais baixos dos últimos doze meses, impulsionou a expansão da dívida líquida/Ebitda de 0,8 vez no 1T23 para 0,9 vez no 2T23.
Já sobre os proventos anunciados, o Bradesco BBI avalia que a remuneração ao acionista deverá continuar robusta (remuneração implícita anualizada ao acionista de 12% no 1S23).
Com uma visão mais positiva, o BBI aponta que os resultados da mineradora no 2T23 foram geralmente em linha com suas estimativas e consenso, com Ebitda recorrente chegando a US$ 4,14 bilhões, para uma recuperação sequencial de 12%.
A divisão de minério de ferro apresentou melhor desempenho operacional geral na comparação sequencial, com embarques aumentando 21% no trimestre após um trimestre fraco e preços realizados sendo suportados por prêmios mais altos.
No lado mais negativo, o banco também cita que os custos C1 permaneceram em níveis elevados chegando a US$ 26,5/t, já que a diluição do custo fixo e a falta de impactos não recorrentes do 1T23 foram compensados pela valorização do real e estoques de custo mais alto vendidos no trimestre. “De qualquer forma, os custos totais de entrega da Vale caíram para US$ 53/t contra US$ 58/t no último trimestre, impulsionados por prêmios mais altos e frete mais baixo”, avaliam os analistas.
“Dito isso, esperamos que os resultados continuem melhorando no segundo semestre, já que a produção e os embarques devem continuar ganhando força, provavelmente reduzindo os custos de C1”, avalia, apesar da elevação do guidance.
Parceria positiva e saldo dos anúncios para as ações
Por fim, a Vale anunciou a venda de 13% do negócio de metais básicos por US$ 3,4 bilhões, com valuation de US$ 26 bilhões, o que parece atraente, representando 33% do EV (valor da firma, soma do valor de mercado das ações de uma companhia com a dívida líquida) da Vale e quase 9 vezes o EV/Ebitda.
A esperada venda foi para a Manara Minerals (joint venture entre a Ma’aden da Arábia Saudita e a PIF, fundo soberano do país), que deterá uma participação acionária de 10% e Engine No. 1, que terá uma participação acionária de 3%.
“No entanto, dado que a venda é de apenas 13% de um negócio que gera entre 10-15% do Ebitda da empresa, acreditamos que os investidores não deveriam olhar para o negócio via soma das partes. Foi um primeiro passo para desbloquear valor no negócio, mas a Vale precisa estabilizar as operações antes de tentar monetizar de forma mais importante”, avaliam os analistas do Itaú BBA.
O Bradesco BBI, por sua vez, aponta ser importante dizer que, não apenas a avaliação superou suas expectativas anteriores (a previsão era de US$ 20 bilhões, contra os US$ 26 bilhões anunciados), mas também o tamanho do negócio é maior, já que a Vale vinha orientando para uma venda de 10% de participação acionária.
“Dito isso, o múltiplo EV/Ebitda implícito do negócio, sob nossa estimativa de Ebitda de US$ 2,2 bilhões para a VBM, é de 11,8 vezes – muito maior do que o múltiplo consolidado da Vale de 4,6 vezes. Matematicamente, o negócio por si só gera US$ 2,1 bilhões em valor para os acionistas da Vale (3,1% do atual valor de mercado da Vale)”, apontam os analistas do banco.
Para o BBI, este pode ser o primeiro passo importante para o desbloqueio de um valor ainda maior, com o possível uso dos termos deste acordo como ponto de partida em futuras negociações com novos parceiros estratégicos, ou em um eventual IPO.
“Assumindo a avaliação de US$ 26 bilhões para toda a divisão de Metais Básicos da Vale, o potencial de liberação de valor seria de US$ 16 bilhões, ou cerca de 25% do valor de mercado da empresa. Dito isso, achamos que o foco agora se volta para o desempenho operacional da empresa, onde vemos uma vantagem significativa. Também observamos que os projetos de crescimento da VBM, provavelmente, serão acelerados após essa primeira injeção de caixa de US$ 3,6 bilhões”, aponta o banco.
O BBI tem recomendação equivalente à compra para VALE3. “Embora não vejamos grandes vantagens para os preços do minério de ferro em relação aos níveis atuais, acreditamos que a recuperação econômica da China nos próximos trimestres ficará mais clara, enquanto o desempenho operacional da empresa, conforme mencionado acima, deve continuar melhorando. Também gostamos do acordo anunciado na divisão de Metais Básicos, que é o primeiro marco para um desbloqueio de valor significativo. Finalmente, o valuation parece atrativo (…) ante os pares australianos e ante o que vemos como justo”, apontam.
A Genial avaliou que, apesar de esperar reação negativa no curto prazo em razão da revisão das dinâmicas atreladas ao C1/t (mais alto do que a expectativa no 2T23 + revisão para cima de guidance), ainda assim os estragos em nosso modelo estão em patamares bem contidos, uma vez que as suas premissas já eram pessimistas e não incluíam o atingimento do guidance anterior no ano de 2023.
“Os efeitos na queda do lucro não foram recorrentes, então o outro motivo que poderia impactar em uma reação negativa do mercado também não revela como será o 2S23… os trimestres onde a performance operacional deve melhorar de maneira substancial. Dessa forma, mantemos nossa recomendação de compra, com um preço-alvo de R$ 83,00 para VALE3”, aponta.
Já para o Credit Suisse, os resultados devem ser neutros para as ações, mas o anúncio da venda da participação minoritária em metais básicos provavelmente definirá o tom e pode gerar uma reação positiva de forma mais imediata.
O banco suíço destaca que o saldo final da operação da venda é positivo, dada a avaliação atraente pela qual a participação minoritária da VBM está sendo vendida. O caixa obtido ajudará a financiar parcialmente o capex necessário (estimado em US$ 25-30 bilhões) para aumentar a produção de níquel e cobre em um múltiplo que é significativamente mais agregador de valor do que o múltiplo de mercado da Vale.
“Do lado negativo, o fato de os sócios não estarem trazendo experiência operacional na mineração de níquel pode limitar a confiança dos investidores nos níveis de produção da VBM. Por fim, resta saber se há outros itens relevantes no acordo que não foram divulgados, como algum compromisso off-take (que foi sugerido em artigo do Brazil Journal)”, avalia o Credit.
Segundo a publicação do BJ, a transação inclui um contrato de offtake proporcional à participação comprada por cada investidor no negócio. Em outras palavras, a Manara terá direito de comprar 10% de toda a produção de cobre e níquel da Vale Base Metals, e a Engine No. 1, 3%.
A Genial também avalia que, inicialmente, a ideia de trazer um player com uma grande experiência operacional no setor de metais básicos, como uma mineradora ou empresa pertencente a cadeia de transição energética, parecia ser uma opção que iria agregar mais para a construção de valor no longo prazo.
“Porém, o fato ainda nos faz refletir sobre o valor da Vale ex-metais básicos, negociando em um múltiplo EV/Ebitda esperado para 2023 de 3,55 vezes versus uma média histórica de 4,84 vezes. Portanto, se por um lado o valor de longo prazo poderia ser destravado com mais intensidade com um player mais estratégico e não financeiro, por outro o valuation mais esticado da unidade de metais básicos faz cada vez mais a unidade de metais ferrosos, já geradora de caixa robusto, parecer barata”, avaliam os analistas.
O Credit segue com sua recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) para o ativo, também apontando o valuation atrativo.
“À medida que avançamos para a segunda metade do ano, acreditamos que um melhor desempenho operacional e um sentimento melhorado para a China devem ser catalisadores para as ações. Além disso, o negócio de metais básicos também deve ser um gatilho positivo, pois foi melhor do que o esperado do ponto de vista de valuation”, reforça, destacando “que a melhor parte do ano ainda está por vir”.
A XP, por sua vez, embora veja o tão esperado anúncio de uma parceria na divisão de metais básicos da Vale como um marco importante para desbloquear as oportunidades de crescimento no segmento, aponta que os múltiplos de valuation implícitos já refletindo de forma justa o prêmio de valuation (bem-vindo) nas operações de cobre e níquel da Vale.
“Além disso, dado (i) um ambiente de custos pressionado em toda a linha e (ii) expectativas mais baixas para os preços do minério de ferro no futuro próximo, reiteramos nossa visão neutra sobre as ações da Vale”, avalia.
Valor - SP 31/07/2023
Gustavo Pimenta disse que o Ebitda pro-forma ficou abaixo de igual período de 2022 e que o fluxo de caixa livre foi negativamente afetado pelo capital de giro, mais destacou que mesmo assim a empresa continuou a “fazer progressos” nos resultados operacionais.
O vice-presidente executivo de finanças e relações com investidores da Vale, Gustavo Pimenta, ressaltou que o balanço do segundo trimestre da companhia mostra a melhora nos custos do minério de ferro, apesar da valorização do real.
Em teleconferência com analistas sobre o resultado do segundo trimestre, Pimenta destacou que o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) pro-forma ficou abaixo de igual período de 2022 e atingiu US$ 4,1 bilhões. Ele destacou que o fluxo de caixa livre da empresa foi negativamente afetado pelo capital de giro.
Mesmos assim, frisou que a Vale continuou a “fazer progressos” nos resultados operacionais.
Sobre a negociação anunciada ontem do acordo para venda de 13% do negócio de metais básicos para a Manara Minerals e a Engine No. 1 por US$ 3,4 bilhões, Pimenta afirmou que a entrada dos parceiros no negócio de metais básicos da companhia é fruto da decisão da mineradora de aumentar o valor da capitalização do segmento.
Governança
O presidente da Vale, Eduardo Bartolomeo, afirmou que a empresa vem, desde 2017, melhorando a governança da companhia. A resposta do executivo foi dada na teleconferência após uma pergunta se a companhia poderia tomar medidas para reforçar a governança, de forma a evitar mudanças no alto comando da mineradora.
Nas últimas semanas circularam informações nos bastidores de que o governo federal estaria disposto a tentar mudar o comando da Vale, colocando no comando da companhia o ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega.
Atualmente, a estrutura da Vale é diferente do que era nos dois primeiros governos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Desde 2018 a companhia é uma “corporation”, sem bloco de controle, qualquer mudança tem que passar por uma série de validações dentro do sistema de governança da companhia.
“Temos independência. A governança da empresa tem o tamanho certo para evitar problemas que possam acontecer”, afirmou Bartolomeo.
Jornal do Comércio - RS 31/07/2023
Responsável pelo desastre ambiental que matou 18 pessoas em Mariana (MG) em 2015, a mineradora Samarco entregou nesta sexta-feira (28) ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais o plano de recuperação judicial. O documento resulta de acordo fechado com os acionistas e parte dos credores financeiros.
Pelo plano, a Samarco, controlada pela Vale e pela BHP Hilliton, emitirá títulos de dívida para pagar os credores financeiros. Por meio desses papéis, a companhia captará recursos no mercado prometendo devolver o dinheiro com juros.
Caberá aos acionistas financiar a reparação do rompimento da barragem em Mariana, da emissão dos novos títulos de 2024 até o pagamento integral. A compensação, inclusive os pagamentos à Fundação Renova, entidade responsável pela compensação dos danos, está estimada em mais de US$ 1 bilhão.
Em relação aos títulos, a Samarco emitirá até US$ 3,566 bilhões em novas notas com vencimento em junho de 2031 com juros entre 9% e 9,5% e sem garantias (bens que podem ser dados em troca em caso de inadimplência da companhia). Os credores que optarem por receber as notas em troca do cancelamento das dívidas da mineradora receberão esses papéis.
Os credores que concordarem com o abatimento de 25% das dívidas receberão outro título, com vencimento em 2035. Os funcionários (credores Classe 1) com crédito de até R$ 1,5 milhão cada, as micro e pequenas empresas (credores Classe 4) e os fornecedores estratégicos da Classe 3 (quirografários, sem garantia) serão pagos integralmente.
Quaisquer acordos com autoridades públicas brasileiras para a reparação do desastre ambiental deverão ser preservados, segundo o plano. Além disso, a mineradora deverá continuar a investir em nível sustentável para ampliar as operações com segurança.
Após ficar sem operar de novembro de 2015, quando ocorreu o rompimento da barragem em Mariana, até 2020, a Samarco entrou em recuperação judicial há dois anos. O plano entregue na sexta-feira (28) à 2ª Vara Empresarial da Comarca de Belo Horizonte, segundo a companhia, permite a redução da dívida, atualmente em US$ 9,7 bilhões, em torno de R$ 46 bilhões pelo câmbio atual.
A proposta será analisado pelo Tribunal de Recuperação Judicial, sem a necessidade de uma assembleia geral de credores. Se aprovado, precisará ser reconhecido pelo Tribunal de Falências dos Estados Unidos do Distrito Sul de Nova York.
Revista Manutenção e Tecnologia - SP 31/07/2023
O mercado de equipamentos da linha amarela (movimentação de terra) deve ter uma retração nas vendas em 2023, após seis anos consecutivos de crescimento sustentável e do volume histórico de 39,9 mil unidades comercializadas no ano passado. A estimativa do Estudo Sobratema do Mercado Brasileiro de Equipamentos para Construção é de uma queda de 14% nas vendas de máquinas neste ano, com 34,6 mil unidades comercializadas.
Segundo o consultor Mario Miranda, coordenador do Estudo de Mercado da Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração (Sobratema), esse resultado está relacionado à menor confiança e otimismo no mercado, ao aumento dos custos operacionais, ao cenário econômico, que está ainda incerto, a desaceleração de investimentos de longo prazo e das concessões e a restrição de crédito às pequenas e médias empresas. “Apesar da expectativa de redução da Selic em agosto, a taxa segue muito alta, trazendo desafios para o crédito e financiamento das empresas”, afirmou Miranda, durante o Webinar Sobratema Atualização das Tendências no Mercado da Construção, realizado no dia 27 de junho.
Eurimilson Daniel, vice-presidente da Sobratema, ponderou que mesmo tendo uma estimativa de queda, o setor ainda estará entre os melhores da história em termos de venda de equipamentos, superando os anos de 2013 e 2021, quando foram comercializados mais de 33 mil máquinas da linha amarela. “Em 2022, tivemos um ano fora da curva e o ajuste da régua é normal. Considero 2023 um ano de alinhamento”, pontuou.
O Estudo de Mercado apontou fatores positivos para 2023, como as estimativas de um crescimento maior do Produto Interno Bruto (PIB), a aprovação da Reforma Tributária pela Câmara dos Deputados, o anúncio de um novo programa para infraestrutura, os resultados do agronegócio e a perspectiva de substituição da frota pelas mineradoras e pedreiras. “Esses fatores podem melhorar o cenário este ano e influenciar positivamente os resultados de 2024, que será um ano de transição”, disse Miranda. Para o ano que vem, a estimativa é de uma alta de 4% nas vendas de equipamentos da linha amarela.
Durante o Webinar Sobratema, Eduardo Lema, diretor da Mills Rental, fez uma avaliação sobre os três tipos de negócios da empresa. Na área de formas e escoramentos, vinculados às obras de infraestrutura, este ano é de recuperação, após um período desafiador. “Mas, grandes projetos de infraestrutura ainda estão por vir, então, há espaço para crescer mais”, acrescentou.
Para o segmento de locação de equipamentos leves, o comportamento de mercado está estável, com expectativas de um aquecimento no segundo semestre, mas existe o desafio de introduzir alguns conceitos, pois as plataformas podem substituir outras tecnologias de elevação de cargas e pessoas. Por fim, a locação de equipamentos da linha amarela voltada ao agronegócio começou o ano acompanhando os bons resultados do setor.
De acordo com Leonardo Pinheiro Magalhães, engenheiro da Magalhães Junior Engenharia, o o Estudo de Mercado da Sobratema está alinhado ao mercado de atuação da construtora, o nordeste brasileiro. “Existiu um momento importante em 2022, com grande crescimento. Neste ano, as questões colocadas como a taxa de juros e o realinhamento político e econômico influenciaram o primeiro semestre. Contudo, temos grande expectativa para o segundo semestre e 2024, com previsão de crescimento para nosso setor”, destacou.
A apresentação de Miranda trouxe ainda as oportunidades para 2023, como, por exemplo, a melhoria da economia em geral, crescimento da demanda no rental, e mais obras em infraestrutura, bem como as preocupações neste ano, que incluem a dificuldade de obtenção de crédito, juros altos e a política fiscal.
Na avaliação de Andrea Bandeira, da Ex Ante Consultoria Econômica, a relação apontada no Estudo de Mercado da Sobratema coincidem com aquelas listadas na macroeconomia. “O segundo semestre ainda está em aberto, com o anúncio do novo PAC (Programação de Aceleração do Crescimento), as reformas a serem aprovadas pelo Congresso Nacional, o encaminhamento do arcabouço fiscal, a redução da taxa de juros, entre outros, o que cabe um acompanhamento próximo”.
Outro ponto comentado pelos especialistas participantes do Webinar Sobratema foi a frota parada que está em torno de 20% neste ano, o que é considerada acima da média. “Isso mostra que o setor está trabalhando muito forte para aumentar a utilização das máquinas, por meio do uso de tecnologia e pela boa gestão”, analisou Miranda.
Mediado por Vagner Barbosa, o Webinar Sobratema Atualização das Tendências no Mercado da Construção teve a saudação do engenheiro Afonso Mamede, presidente da Sobratema, e contou com o patrocínio da Komatsu, John Deere, Grupo Tracbel, New Holland Construction e Volvo.
Valor - SP 31/07/2023
Grupos criaram uma empresa para desenvolver e operar um terminal multimodal de armazenagem e transbordo de grãos em Alvorada (TO).
A Rumo, empresa de logística do Grupo Cosan, e a CHS Agronegócio Brasil, subsidiária da maior cooperativa agrícola dos Estados Unidos, criaram uma empresa para desenvolver e operar um terminal multimodal de armazenagem e transbordo de grãos em Alvorada (TO). Cada uma das sócias tem 50% da joint venture. Elas não informaram quanto investiram na iniciativa.
O projeto prevê transformar um armazém de transbordo rodoviário já existente, que tem capacidade estática de 75 mil toneladas de grãos, em um multimodal com capacidade de movimentar 1,5 milhão de toneladas ao ano. A estrutura, que levará soja, milho e, posteriormente, farelo para o porto de Santos (SP), será a primeira do gênero que a Rumo instalará na Malha Central (Ferrovia Norte-Sul) em Tocantins.
"Com essa estrutura, vamos eliminar o transporte por rodovias, que é mais oneroso, demorado e poluente”, disse à Globo Rural o vice-presidente de Global Grain & Processing para a CHS na América do Sul, Horacio Ackermann. A cooperativa não divulga seus resultados financeiros por região. No mundo, ela faturou US$ 47,8 bilhões em 2022.
Valor - SP 31/07/2023
A Petrobras prepara um plano de renovação de sua frota de barcos de apoio a plataformas de petróleo, com encomendas para afretar até 36 embarcações que devem gerar negócios para a indústria naval brasileira.
O objetivo é substituir unidades que estão atingindo o fim de sua vida útil nos próximos anos, disse o diretor de Engenharia, Tecnologia e Inovação da estatal, Carlos Travassos.
São navios menores, usados para levar insumos às plataformas ou para serviços especializados, como o lançamento de dutos no fundo do mar. Em estudo preliminar, a empresa identificou a necessidade de substituir 28 embarcações até 2029 e outras 8 depois disso.
Travassos estima que os contratos podem gerar até 35 mil empregos diretos e indiretos nos estaleiros nacionais. Os projetos devem considerar tecnologias que reduzam as emissões de gases poluentes, acrescentou.
As licitações não indicam onde os prestadores de serviço devem construir os navios, mas a lei brasileira dá preferência a embarcações de bandeira nacional: elas têm prioridade sobre estrangeiras na fila de contratos da Petrobras.
Por isso, a frota atual é majoritariamente nacional. Segundo a Abeam (Associação Brasileira das Empresas de Apoio Marítimo), das 408 embarcações do segmento em operação no país em maio, 363 tinham bandeira brasileira.
A frota de apoio marítimo chegou a ter 500 embarcações em 2014, quando começou a crise do setor de petróleo provocada pela queda das cotações internacionais e pela Operação Lava-Jato, que incluiu investigações sobre contratos na indústria naval.
Entre 2017 e 2018, a Abeam calcula que o número de barcos de bandeira brasileira sem contrato chegou a 80. A partir daí, as contratações passaram a crescer, acompanhando o desenvolvimento de projetos no pré-sal.
As encomendas recentes da estatal contemplaram navios que estavam disponíveis no mercado. Agora, a avaliação é que novas embarcações terão que ser construídas para a renovação da frota.
A Petrobras planeja também um plano de contratação de navios de maior porte, por meio da sua subsidiária Transpetro, mas os estudos ainda não foram concluídos.
A demanda da estatal junto a estaleiros nacionais nos próximos anos inclui ainda a construção de módulos para plataformas de petróleo e o desmantelamento de plataformas que atingiram o fim da vida útil.
Neste último caso, o primeiro contrato foi assinado este mês com a Gerdau, que reutilizará todo o aço da plataforma P-32 após desmonte no Estaleiro Rio Grande, no Rio Grande do Sul. Outras 26 unidades terão de ser desmanteladas até 2027. Entre 2028 e 2030, há mais 27.
A retomada de investimentos na indústria naval brasileira é promessa de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em seus primeiros mandatos, o governo criou uma série de incentivos à construção local, fomentando a abertura de novos grandes estaleiros no país.
Entre eles, estava o Prorefam (Programa de Renovação da Frota de Embarcações de Apoio Marítimo), que encomendou mais de 120 embarcações sob o comando do primeiro delator da operação, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa.
O processo de encomendas foi interrompido após o início da Lava Jato, que identificou pagamentos de propina e superfaturamento em obras de construção naval, levando à prisão executivos e políticos. Então presidente da Transpetro, o ex-senador Sergio Machado fez acordo de delação premiada.
O setor de apoio marítimo, porém, sofreu mais com a queda do preço do petróleo e a consequente redução de encomendas do que com denúncias de corrupção, que envolveram principalmente estaleiros de grande porte.
Nesse caso, a Petrobras contrata a prestação do serviço, que é feita por empresas privadas, e não a construção dos navios. Ganham as licitações aqueles que oferecem as menores tarifas diárias.
Com a falta de encomendas nos últimos anos, muitos desses estaleiros deixaram de operar ou migraram para outros segmentos, como pequenos reparos navais, ou atividades portuárias, principalmente ligadas à indústria do petróleo.
O Estado de S.Paulo - SP 31/07/2023
O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, reafirmou neste domingo, 30, a intenção de a estatal explorar a bacia Foz do Amazonas, localizada na Margem Equatorial brasileira, rebatendo o que chamou de “campanha de desestabilização da atual gestão da Petrobras”.
Segundo ele, a atual administração estaria recebendo críticas por não estar sendo enfática o suficiente sobre o tema. A polêmica ocorre após cobranças públicas recentes do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, sobre a oferta de gás natural pela petroleira ao mercado brasileiro.
“Como em outros assuntos, tentam criar crises onde não há. O projeto vem sendo enfática e diligentemente defendido nos devidos fóruns e instâncias. E perante a opinião pública também nos posicionamos muito claramente desde abril”, disse Prates nas redes sociais, referindo-se a outras críticas que vem sendo feitas à atual gestão.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, já cobrou publicamente a Petrobras para que deixasse de injetar gás natural nos seus poços, ação que visa aumentar a produção de petróleo, para permitir o aumento da oferta de gás natural no mercado.
Já o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem pressionado o presidente da Petrobras para que o gás sirva aos seus planos de reindustrialização do País. Prates tem afirmado que não há gás suficiente no Brasil para atender todos os setores e defende a postura técnica da estatal, que desenvolve há anos técnicas de melhor aproveitamento do gás natural, como a reinjeção nos poços para aumentar a produção de petróleo e a sua premiada técnica de reinjeção de CO2 para descarbonizar a produção da empresa.
Na declaração deste domingo, Prates destaca que a condução de um pedido de licenciamento socioambiental relativo “a um projeto sensível e relevante”, como a perfuração de um poço pioneiro em nova fronteira exploratória como a Foz, requer muita responsabilidade e, sobretudo, respeito aos órgãos ambientais envolvidos (federal e estaduais), às comunidades e aos governos locais.
“A campanha exploratória proposta pela Petrobras para a Margem Equatorial começa por um conjunto de poços investigativos em fila. Uma mesma sonda deverá perfurá-los à medida que cada licenciamento for sendo concluído”, informou.
Em entrevista ao Estadão/Broadcast, em maio, Prates disse que, apesar do nome, o local que a Petrobras pretende perfurar na Margem Equatorial fica a 560 quilômetros da Foz do Amazonas e que a Petrobras não tem histórico de acidentes na fase de exploração. “A empresa tem cumprido todas as exigências do Ibama para conceder a licença de exploração. A questão é de Estado. E o Estado é que vai ter que decidir se vamos fazer um poço”, disse na entrevista.
O executivo afirmou ainda que, enquanto aguarda nova análise do Ibama, após o primeiro pedido ter sido rejeitado, a Petrobras poderá perfurar outro poço da Margem Equatorial, no Rio Grande do Norte, no campo de Pitu.
Prates afirmou neste domingo que a Petrobras tem como prioridade exploratória a busca de novas reservas, como na Margem Equatorial brasileira, que vão sustentar os investimentos em energias renováveis e biocombustíveis que virão pela frente. “Será importante para a reposição de nossas reservas, que nos levarão a financiar a transição energética”, afirmou.
Prates ressaltou ainda a excelência da Petrobras em perfuração, destacando que a experiência da empresa — intensificada após a descoberta do pré-sal — a torna qualificada para operar no local.
”Nenhuma outra operadora de petróleo e gás do mundo está mais capacitada a perfurar em águas profundas e ultraprofundas o litoral norte do nosso País, de forma social e ambientalmente comprometida com o presente e o futuro das comunidades e populações do Norte e do Nordeste”, finalizou.
Jornal de Brasília - DF 31/07/2023
A gigante estatal de energia russa Rosneft Oil fechou um acordo para vende uma quantidade substancial de sua produção de petróleo para um grupo de empresas pouco conhecidas, segundo fontes. A licitação dá direito de exportar petróleo no futuro. Nesse caso, os contratos são de até 12 meses e envolvem produtos brutos e refinados, disseram as fontes.
Não foi possível saber as quantidades exatas de petróleo vendidas, nem os preços. Mas o sucesso da licitação aumenta os sinais de que o aperto financeiro dos produtores de petróleo russos devido às sanções está diminuindo.
Um porta-voz da Rosneft disse que a empresa não comenta os detalhes de suas atividades comerciais e que parte do que foi apresentado em uma série de perguntas sobre a licitação estava incorreta. Quando questionado sobre quais detalhes eram imprecisos, o porta-voz não respondeu.
Entre os maiores vencedores da licitação estava a Bellatrix Energy. De acordo com os documentos de registro, a empresa foi constituída em Hong Kong. Também levaram grandes volumes de petróleo russo as tradings Amur e Tejarinaft, ambas registradas nos Emirados Árabes Unidos.
Todos as três são exportadores ativos de produtos brutos e refinados desde que as sanções ao petróleo russo entraram em vigor em dezembro, segundo dados da alfândega russa e executivos do setor.
IstoÉ Online - SP 31/07/2023
Os preços do petróleo tiveram o sexto dia de alta em sete nesta sexta-feira, estimulados pelas restrições de oferta, no momento em que a economia americana apresenta-se mais sedutora do que o previsto.
O preço do Brent para setembro subiu 0,89%, aos US$ 84,99. O WTI para o mesmo mês teve alta de 0,61%, aos US$ 80,58.
“Muitos no mercado veem uma aterrissagem controlada da economia americana, e não uma recessão brutal”, explicou Bart Melek, da TD Securities. “Também antecipam um plano de reativação significativo na China, o que ajudaria a demanda.”
IstoÉ Online - SP 31/07/2023
A fabricante norte-americana de máquinas CNH Industrial, dona de marcas como Case e New Holland, registrou lucro líquido de US$ 710 milhões, ou US$ 0,52 por ação, no segundo trimestre deste ano, informou a empresa nesta sexta-feira. O resultado representa alta de 29% na comparação com igual período do ano passado, quando a companhia obteve lucro líquido de US$ 552 milhões, ou US$ 0,40 por ação. O lucro por ação ajustado ficou em US$ 0,52. A receita avançou 8% em relação ao segundo trimestre de 2022, de US$ 6,082 bilhões para US$ 6,567 bilhões.
A companhia atribuiu o desempenho trimestral à capitalização de fundamentos de mercado favoráveis e sólida execução operacional. “Nosso segmento de agricultura estabeleceu recordes de margem e, no primeiro trimestre de nossa história, as vendas líquidas de construção ultrapassaram US$ 1 bilhão”, disse o CEO Scott Wine, em um comunicado de imprensa.
As vendas de equipamentos agrícolas da CNH subiram 4% no trimestre, de US$ 4,722 bilhões para US$ 4,890 bilhões. O Ebit (lucro antes de juros e impostos) ajustado do segmento ficou em US$ 821 milhões, avanço de 23,8% ante os US$ 663 milhões obtidos em igual intervalo do ano anterior. O desempenho foi puxado por uma melhora nos preços, parcialmente compensado pelo menor volume.
Na América do Norte, o volume da indústria aumentou 21% ano a ano no segundo trimestre para tratores acima de 140 HP e caiu 8% para tratores abaixo de 140 HP; por colheitadeiras, aumentou 27% em relação ao ano anterior. Na Europa, Oriente Médio e África (EMEA), a demanda de tratores e colheitadeiras caiu 6% e aumentou 32%, respectivamente, o que incluiu a demanda de tratores e colheitadeiras particularmente na Europa, com queda de 1% e aumento de 11%, respectivamente. A demanda por tratores na América do Sul caiu 4% e a demanda por colheitadeiras caiu 27%. A demanda de tratores na Ásia-Pacífico caiu 4% e a demanda de colheitadeiras caiu 29% (principalmente na China).
Para o acumulado do ano fiscal de 2023, a empresa disse que espera alta de 8% a 11% nas vendas. O fluxo de caixa deve ficar entre US$ 1,3 bilhão e US$ 1,5 bilhão.
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