Diário do Comércio - MG 30/10/2023
A Usiminas divulgou nesta sexta-feira prejuízo líquido de R$ 166 milhões no terceiro trimestre, revertendo resultados positivos obtidos no mesmo período de 2022 e no segundo trimestre deste ano, com queda na receita e vendas de aço em baixa.
A companhia apurou um resultado operacional medido por lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado negativo em R$ 20 milhões, abaixo dos R$ 836 milhões positivos obtidos um ano antes.
Analistas, em média, esperavam prejuízo líquido de R$ 180 milhões e Ebitda negativo de cerca de R$ 64 milhões, segundo dados da LSEG.
O desempenho marca o primeiro Ebitda ajustado negativo da Usiminas desde o quarto trimestre de 2015, quando a companhia tomou a decisão de desativar o alto forno de produção de aço bruto na usina de Cubatão (SP) diante da fraca demanda nacional.
Na época, a empresa vendeu 1,2 milhão de toneladas de aço, com um custo de produtos vendidos (CPV) por tonelada de R$ 1.856, de acordo com o balanço do período publicado pela companhia. O CPV do terceiro trimestre deste ano em siderurgia foi de R$ 5.719 por tonelada, queda de 1,6% sobre o segundo trimestre.
No terceiro trimestre, quando havia a previsão da companhia de retomada da operação de seu maior alto-forno na usina de Ipatinga (MG), as vendas da Usiminas somaram 1 milhão de toneladas de aço e 2,4 milhões de toneladas de minério de ferro. Os volumes representam queda de 2% sobre um ano antes no caso do aço e alta de 7% no caso do minério.
O alto forno 3 de Ipatinga está paralisado desde abril para reforma, o que obrigou a Usiminas a formar estoques anteriores de placas para atender os clientes. No terceiro trimestre, a Usiminas investiu 886 milhões de reais, dos quais 386 milhões na reforma do equipamento.
A Usiminas ainda não anunciou quando o alto forno 3 de Ipatinga será reativado. Na véspera, o presidente do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda), Carlos Loureiro, afirmou que informações do mercado indicam uma retomada em novembro.
A receita líquida da produtora de aços planos entre julho e setembro deste ano somou R$ 6,7 bilhões, quedas de 3% no trimestre e de 20% no comparativo anual. A expectativa média do mercado era de faturamento de R$ 6,46 bilhões, de acordo com a LSEG.
A empresa, que concentra sua produção de aço-bruto em Minas Gerais e mantém paralisado o alto-forno de Cubatão desde 2016, previu vendas no quarto trimestre de 900 mil a 1 milhão de toneladas de aço.
A Usiminas terminou setembro relação dívida líquida sobre Ebitda ajustado de 0,21 vez ante 0,38 vez no fim de junho e 0,14 vez no final do terceiro trimestre de 2022.
O caixa somou R$ 5,7 bilhões no trimestre passado, subindo 15,8% ante o final do primeiro semestre diante de uma redução de capital de giro da ordem de R$ 1,5 bilhão.
Valor - SP 30/10/2023
O foco dos últimos três meses, segundo o executivo, foi acompanhar todos os indicadores de desempenho da Usiminas para dar início a um processo de transformação da empresa
A nova gestão da companhia está imersa atualmente no processo de transformação da empresa, afirmou nesta sexta-feira o diretor presidente da Usiminas, Marcelo Chara, a analistas e investidores em teleconferência.
“Estamos imersos num profundo processo de transformação, que tem como foco fundamental o ganho de eficiência. Posso garantir que o plano de investimentos está fortemente vinculado a consolidar processos produtivos, pensando como melhor o nível de serviços para os clientes, integrando processos, aumentando nossa capacidade de atendimento. Estamos focados em melhorar eficiência e rentabilidade”, afirmou Chara.
O foco dos últimos três meses, segundo o executivo, foi acompanhar todos os indicadores de desempenho da Usiminas para dar início a um processo de transformação da empresa. A afirmação foi feita pelo executivo ao ser questionado por um analista a respeito do processo de integração da Usiminas com a Ternium.
O conglomerado ítalo-argentino concluiu em julho a aquisição de 14,2% de ações da empresa que pertenciam ao grupo NSC, passando a deter 61,3% das ações da companhia.
O executivo acrescentou que a companhia também considera a agenda de meio ambiente, sustentabilidade e relação com as comunidades.
Chara acrescentou que a companhia concluiu as obras de manutenção do Alto-Forno 3, em Ipatinga (MG), o maior equipamento da companhia para produção de aço. E deve começar a retomar a produção efetiva nesse alto-forno nos próximos dias.
Valor - SP 30/10/2023
Devido ao maior consumo de estoque de placas de aço e de carvão, a companhia registrou uma redução de R$ 1,5 bilhão no capital de giro entre julho e setembro, o que contribuiu para a geração de caixa de R$ 5,72 bilhões
A redução de capital de giro no quarto trimestre deve ser menor do que a registrada no terceiro trimestre deste ano, disse o vice-presidente de finanças e relações com investidores da Usiminas, Thiago Rodrigues, em teleconferência com analistas e investidores.
No terceiro trimestre, a Usiminas registrou uma redução de capital de giro de R$ 1,5 bilhão, que não era esperada por analistas de mercado e que contribuiu para a geração de caixa de R$ 5,72 bilhões.
Rodrigues associou o resultado ao maior consumo de estoque de placas de aço e de carvão. “Foi o pico da redução do capital de giro. Temos expectativa de redução do capital de giro no quarto trimestre, mas não nesse patamar. Será um montante menor do que no terceiro trimestre”, afirmou Rodrigues.
Rodrigues também disse que a redução de custos deve ser mais importante a partir de 2024, quando o alto-forno 3 estiver operando plenamente. Ele observou que a retomada da operação demanda um custo mais alto no início.
O executivo acrescentou que os preços do aço ainda devem estar pressionados no quarto trimestre. O diretor vice-presidente comercial da Usiminas, Miguel Homes, observou que o preço do aço em setembro estava de 4% a 5% abaixo da média do terceiro trimestre. Segundo ele, haverá um carregamento dessa queda de preço para o quarto trimestre.
Homes disse que não espera mudanças no mix de contratos para o mercado interno no quarto trimestre, mas pode haver melhora nos contratos de exportação com acordos de vendas para setores de óleo e gás, principalmente para a Argentina.
Em relação aos contratos com o setor automotivo, Homes disse que começaram as negociações agora dos reajustes que serão feitos em janeiro, sendo que cerca de um terço terá aumento em torno de 5% no quarto trimestre.
Em relação ao mercado de aço, a Usiminas informou que espera estabilidade no consumo do aço em 2023, impulsionado pelo setor agrícola, mas com baixo desempenho da indústria de transformação. Para 2024, a expectativa é de um desempenho positivo, mas mais fraco, considerado que o Produto Interno Bruto (PIB) deve crescer 1,5%, segundo a projeção mais recente divulgada pelo Boletim Focus, contra um crescimento de 2,9% neste ano
Correio Braziliense - DF 30/10/2023
Chamou-me a atenção a reação de alguns setores à decisão da indústria do aço de pedir elevação emergencial e temporária da alíquota de importação de 18 produtos siderúrgicos para fazer frente à avalanche do aço que vem ingressando, especialmente da China. Esses setores, de forma intrigante e incompreensível, alegam que a iniciativa não só estaria associada a um suposto oportunismo de elevação de preços, como também inviabilizaria o processo de reindustrialização.
A importação e a exportação de bens fazem parte do livre mercado, desde que observadas práticas justas de comércio. Não é o que vem acontecendo. Há um enorme excesso de capacidade de produção de aço no mundo, grande parte instalado na Ásia. Há, vale ressaltar, uma desaceleração do crescimento, especialmente na China, diminuindo o consumo de aço em seu mercado doméstico. Diante da produção anual de mais de 1 bilhão de toneladas de aço, cerca de 31 vezes maior do que a produção de aço no Brasil, as siderúrgicas chinesas precisaram encontrar uma solução urgente para seus estoques.
A solução até então encontrada foi simples. Graças aos subsídiosmrecebidos do governo, as empresas chinesas, em grande parte estatais, vêm exportando produtos siderúrgicos a preços abaixo de seus custos de produção.
É com essa situação que a indústria de aço brasileira está se defrontando atualmente. Alguns distribuidores e consumidores de aço no país vêm se aproveitando dessa prática destrutiva para importar grandes volumes de produtos siderúrgicos e, em silêncio, aumentar suas margens, mesmo que à custa da destruição do parque siderúrgico do país e da perda de empregos. Neste momento, garantir empregos de qualidade e especializados é questão muito importante para o Brasil.
Nos últimos 10 anos, a média mensal de importações de aço foi de cerca de 252 mil toneladas, sendo 113 mil toneladas da China. Em 2023, a média de janeiro a agosto foi de 398 mil toneladas mensais, sendo 216 mil da China, 54% do total. Em setembro, as importações brasileiras alcançaram o volume de 550 mil toneladas, 67% provenientes da China. Nesse mês, as importações representaram 23% do consumo no país, quando historicamente esse percentual era de 12%.
Para fazer frente a essa avalanche de aço, é compreensível e defensável que a indústria do aço esteja pleiteando a elevação da alíquota de importação de alguns produtos para 25%, dos atuais 9,6%. Não se trata de invenção brasileira: outros países seguiram o mesmo caminho. Estados Unidos, Reino Unido, 27 países europeus e o México já elevaram a alíquota para 25%.
Precisamos parar de exportar renda e empregos para outros países e voltar a ter uma produção industrial feita por brasileiros e para os brasileiros. A reindustrialização defendida pelo governo, pelas
indústrias e por nós, trabalhadores, pressupõe o fortalecimento das cadeias de produção no país e a maior oferta de empregos qualificados. Uma indústria nacional forte é base essencial para o crescimento da economia brasileira.
Nós, trabalhadores, defendemos a produção industrial, investimentos em tecnologia e desenvolvimento social como motor do crescimento econômico e da melhoria da qualidade de vida dos brasileiros. Se nada for feito
para controlar as importações predatórias de aço, mais siderúrgicas paralisarão suas operações, gerando demissões, desabastecimento de aço e consequente desarranjo das cadeias produtivas no país. É importante
destacar que há uma cadeia, com geração de empregos, nos setores metalúrgico, químico, minério, transporte, alimentação, entre outros.
Neste cenário, todos nós seremos perdedores. O Brasil precisa de uma política de fortalecimento da indústria, que garanta empregos de qualidade e competitividade no cenário internacional.
IstoÉ Dinheiro - SP 30/10/2023
Pelo menos 32 pessoas morreram e 14 continuam desaparecidas neste sábado (28) em um incêndio em uma mina no Cazaquistão, propriedade da gigante siderúrgica ArcelorMittal, ao qual o governo deste país da Ásia Central respondeu com um plano de nacionalização.
"Às 16h00 locais (07h00 em Brasília), os corpos de 32 pessoas foram encontrados na mina Kostenko, a busca por 14 mineradores continua", anunciou o Ministério de Emergências em comunicado.
Anteriormente, a empresa havia dito que mais de 200 trabalhadores foram resgatados do incêndio na mina Kostenko, ao norte da cidade de Karaganda. As operações de resgate ainda estão em andamento.
Após o drama, o presidente do Cazaquistão, Kassym-Jomart Tokáyev, ordenou neste sábado "o fim da cooperação de investimentos com a ArcelorMittal" e denunciou a "natureza sistêmica dos acidentes" na ArcelorMittal.
Ele também chamou a ArcelorMittal de "a pior empresa da história do Cazaquistão em termos de cooperação com o governo".
O presidente cazaque chegou mais tarde ao local do acidente, cujas causas não foram imediatamente esclarecidas.
O governo disse que trabalharia na nacionalização da subsidiária local da empresa.
"O governo chegou a um acordo preliminar com os acionistas da ArcelorMittal Temirtaou e está finalizando a transação para transferir a propriedade da empresa a favor da República do Cazaquistão", anunciou o primeiro-ministro em comunicado.
"Neste momento, trabalhos são feitos para devolver a empresa à República do Cazaquistão", disse ele no Telegram, especificando que não considera entregar a empresa a "outros investidores estrangeiros".
A ArcelorMittal "pode confirmar" que "as duas partes (...) assinaram recentemente um acordo preliminar para uma transação que transferirá a propriedade para a República do Cazaquistão", afirmou o grupo siderúrgico e de mineração, acrescentando em um comunicado que "está empenhada em concluir esta transação o mais rápido possível".
A ArcelorMittal, listada no Luxemburgo, tem um histórico de catástrofes mortais no Cazaquistão e é regularmente acusada de não respeitar as normas ambientais e de segurança.
A empresa anunciou que iria parar "todas as minas durante as próximas 24 horas" para realizar trabalhos de verificação.
Antes desta nova tragédia, doze funcionários da ArcelorMittal no
Cazaquistão perderam a vida em acidentes em menos de um ano e, em 2023, as autoridades registraram quase 1.000 violações das normas de segurança industrial nas minas da ArcelorMittal.
O incêndio é o pior acidente de mineração no Cazaquistão desde 2006, quando 41 mineradores morreram em outra instalação da ArcelorMittal, e ocorreu dois meses depois de cinco trabalhadores terem morrido em uma
explosão no verão passado.
– Investigação –
A ArcelorMittal prometeu indenização e disse que cooperaria com as autoridades. "Nossos esforços são direcionados para isso (indenização) e para uma estreita cooperação com as autoridades estaduais", disse.
Tokáyev anunciou um dia de luto nacional para domingo e garantiu que seria criada uma comissão de investigação para determinar a causa do acidente.
O presidente russo, Vladimir Putin, apresentou neste sábado as suas condolências ao seu homólogo cazaque, aliado de Moscou.
A ArcelorMittal opera cerca de uma dúzia de minas na região industrial altamente poluída deste vasto país rico em recursos, anteriormente parte da União Soviética.
A extração de ferro e carvão, assim como de petróleo, gás e urânio, tornou a sua economia a maior da Ásia Central, embora os acidentes sejam comuns devido ao envelhecimento das infraestruturas e equipamentos e aos padrões de segurança brandos.
O Estado de S.Paulo - SP 30/10/2023
Após quatro meses no vermelho, as contas do governo central voltaram a registrar superávit primário em setembro. No mês passado, a diferença entre as receitas e as despesas ficou positiva em R$ 11,548 bilhões. O resultado sucedeu o déficit de R$ 26,350 bilhões em agosto.
O saldo — que reúne as contas do Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central — foi o melhor desempenho em termos nominais para o mês desde 2010, quando registrou superávit de 25,946 bilhões, em valores nominais. Em setembro de 2022, o resultado havia sido positivo em R$ 10,936 bilhões
O resultado do mês passado ficou acima da mediana das expectativas do mercado financeiro, que apontava um saldo positivo de R$ 10,505 bilhões, de acordo com levantamento do Projeções Broadcast. O dado de setembro ficou no intervalo das estimativas, que eram de déficit de R$ 8,90 bilhões a superávit de R$ 13,70 bilhões.
No acumulado do ano até setembro, o governo central registrou déficit de R$ 93,376 bilhões, o pior resultado desde 2020. Em igual período do ano passado, esse mesmo resultado era positivo em R$ 33,822 bilhões.
Em setembro, as receitas tiveram alta real de 7,7% em relação a igual mês do ano passado. No acumulado do ano, houve baixa de 4,4%. Já as despesas subiram 11,5% em setembro, já descontada a inflação. No acumulado de 2023, a variação foi positiva em 5,2%.
Em 12 meses até setembro, o governo central apresenta um déficit de R$ 71,4 bilhões — equivalente a 0,7% do PIB. A meta fiscal ajustada para 2023 admite um rombo primário de até R$ 216,4 bilhões.
No último Relatório Bimestral de Avaliação de Receitas e Despesas, publicado em setembro, o Ministério do Planejamento e Orçamento estimou um resultado deficitário de R$ 141,4 bilhões nas contas deste ano,
equivalentes a 1,3% do PIB. A equipe técnica da Fazenda tem insistido que o governo ainda mira um déficit de 1,0% do PIB em 2023.
Teto de gastos
As despesas sujeitas ao teto de gastos subiram a 12,2% no acumulado do ano até setembro na comparação com o mesmo período de 2022, segundo o Tesouro Nacional.
Pela regra do teto, o limite de crescimento das despesas do governo era a variação acumulada da inflação no ano passado. Porém, como o governo não ocupou todo o limite previsto em anos anteriores, na prática, há uma margem para expansão de até 18,5%.
Com a aprovação do novo arcabouço fiscal, o limite de gastos a partir de 2024 terá como parâmetro o novo indicador de Receita Líquida Ajustada (RLA), que desconsidera fontes voláteis, como concessões, dividendos, royalties, recursos não sacados do PIS/Pasep e com programas especiais de recuperação fiscal.
Entre julho de 2022 e junho deste ano, a RLA teve uma taxa real de crescimento de 2,43%, que foi usado para calcular o limite de crescimento real das despesas para a Proposta de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2024, definido em 1,70%.
O Estado de S.Paulo - SP 30/10/2023
A proposta de reforma tributária que tramita no Senado, elaborada pelo relator Eduardo Braga (MDB-AM), inviabilizou a cobrança de impostos pelos Estados sobre as exportações de grãos, produtos primários e
semi-elaborados. A taxação havia sido negociada de última hora na votação na Câmara, para atender aos Estados do Centro-Oeste, mas acabou travada no Senado.
Em seu texto, Braga assegurou a validade da cobrança somente até 2032, justamente quando o ICMS (imposto estadual) deixa de existir. Na versão aprovada pela Câmara, a cobrança vigoraria até 2043 para quatro Estados: Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Pará.
O Estadão apurou que o prazo mais curto foi resultado da resistência de senadores de outros Estados em autorizar a cobrança. Grandes exportadores também se mobilizaram contra a medida.
Os governadores do Centro-Oeste, contudo, já contam com ela até 2032 e não veem eficácia no prazo de validade mais curto estipulado por Braga. "É uma enganação. Se não escrever nada, (a tributação) vai vigorar até 2032, porque enquanto existir o ICMS, e ele existirá até 2032, esse imposto poderá ser cobrado", afirma o governador do Mato Grosso, Mauro Mendes (União).
A decisão irritou os governantes dos Estados do Centro-Oeste, que já estão insatisfeitos com a divisão do Fundo Nacional de Desenvolvimento Regional - pelas regras de rateio, eles ficaram no fim da fila.
Em entrevista ao Estadão, Mendes afirmou que as duas decisões combinadas vão "destruir" o Mato Grosso, uma vez que os Estados produtores terão perdas com a mudança da arrecadação dos impostos da origem, como é hoje, para o destino de consumo das mercadorias, um dos pilares da reforma tributária.
"Como pode o relator colocar grandes privilégios tributários para Manaus (Braga é do Amazonas) e querer acabar com um programa de desenvolvimento regional que existe há anos?", questiona Mendes. "O agronegócio exportador não vai pagar absolutamente nada de imposto no País, em nenhum Estado. Você acha justo que o agronegócio não pague nem o ICMS do diesel e use as estradas que serão mantidas com o imposto dos outros?"
O governador do Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PSDB), afirma que uma saída para o impasse é que Braga deixe explícito, no texto da reforma, que a arrecadação da cobrança hoje feita pelos Estados do Centro-Oeste seja computada na base de cálculo do que eles vão receber do futuro IBS (que vai unificar o ICMS e o ISS). Dessa forma, diz Riedel, o dinheiro continuará entrando no caixa do Estado.
O IBS terá a arrecadação centralizada e depois dividida entre os Estados. O cálculo sobre quanto cada um deve receber terá como base a média da arrecadação entre 2024 e 2028.
"Aí passa a ser uma questão do gestor do momento. Nós recebemos todo o dinheiro hoje do fundo de infraestrutura e direcionamos para investimentos. Quem gerir o orçamento do Estado (no futuro) vai ter que
ter a responsabilidade de direcionar para investimentos. Mas você não perde a receita", disse.
Sobre o rateio do FDR, Riedel afirma que considera a opção de Braga "extremamente injusta" e já articula com governadores de outros Estados, inclusive Santa Catarina e Espírito Santo, uma fórmula alternativa. A
divisão proposta pelo relator da reforma no Senado distribui 70% pelo critério do FPE (Fundo de Participação dos Estados) e 30% pelo tamanho da população. Riedel advoga que uma fatia de 20% a 30% do fundo seja distribuído igualmente entre os Estados da federação.
"Nosso Estado é um dos últimos no FPE porque tem baixa população e PIB per capita alto. Mas isso não nos tira a necessidade de um grande aporte de investimentos para tornar o Estado cada vez mais competitivo", disse Riedel. "Não pode um Estado como o nosso receber o que está previsto para fazer toda a política de desenvolvimento regional que fazemos hoje através de atração fiscal. É um volume muito maior do que o colocado pelo fundo proposto", afirmou.
O governador diz ainda que defenderá que o valor total do FDR seja
elevado de R$ 60 bilhões para R$ 75 bilhões. "Mais fácil a União absorver mais R$ 15 bi por ano do que os Estados abrirem mão de um porcentual disso para o seu desenvolvimento", afirmou. "Claro que a reforma tem alguns elementos de impacto fiscal; mas, no conjunto, destrava o crescimento do País, e a União vai ter também outros benefícios a partir disso".
Infomoney - SP 30/10/2023
O Índice de Confiança da Indústria (ICI) recuou 0,2 ponto em outubro, para 90,8 pontos, atingindo assim o menor nível desde agosto de 2020 (89,8 pontos), informou nesta sexta-feira (27) o FGV/Ibre. Em médias
móveis trimestrais, o índice caiu 0,3 ponto, para 91,1 pontos, acumulando seu quinto resultado negativo seguido.
Em outubro, houve queda da confiança em 10 dos 19 segmentos industriais pesquisados pela Sondagem.
Stéfano Pacini, economista do FGV/Ibre, comentou em nota que o recuo no mês refletiu uma percepção de melhora da situação atual, mas um aumento do pessimismo em relação aos próximos meses.
"A maioria dos segmentos reduz sua projeção de produção, dado o nível elevado dos estoques e o fraco nível de demanda. Apesar da melhora do cenário macroeconômico, as taxas de juros e o endividamento ainda se
mantêm em patamares elevados, fatores que dificultam o reaquecimento da demanda", afirmou.
De acordo com Pacini, o efeito do início do ciclo de quedas na taxa de juros e das medidas governamentais com o intuito de reduzir o endividamento ainda não surtiram efeito na demanda por bens industriais
e isso tem limitado a recuperação da confiança do setor. O Índice Situação Atual (ISA) subiu 1,2 ponto, para 90,9 pontos, enquanto o Índice de Expectativas (IE) recuou 1,6 ponto para 90,8 pontos, pior resultado desde julho de 2020 (90,5 pontos), período caracterizado pelo lockdown motivado pela pandemia de covid-19.
Entre os quesitos que integram o ISA, o que mais influenciou a alta no mês foi o que mede o nível de estoques, que subiu 1,3 ponto para 112,3 pontos. Quando este indicador está acima de 100 pontos, sinaliza que a indústria está operando com estoques excessivos (ou acima do desejável).
Em menor magnitude, tanto a percepção dos empresários sobre a situação atual dos negócios e como o indicador que mede o nível atual de demanda
subiram 0,3 ponto, para 94,0 e 91,9 pontos, respectivamente.
Com relação as expectativas, houve piora das perspectivas sobre à produção e nas contratações para os próximos três meses.
O indicador que mede o ímpeto sobre as contratações recuou 2,7 pontos, para 94,3 pontos, menor patamar desde julho de 2020 (93,0 pontos) e o que mede a produção prevista caiu 1,9 ponto para 90,1 pontos, menor nível desde abril de 2021 (86,6 pontos).
No sentido contrário, a tendência dos negócios para os próximos seis meses acomodou 0,2 ponto, para 88,6 pontos, permanecendo abaixo dos 100,0 pontos desde setembro de 2021 (102,7 pontos).
O Nível de Utilização da Capacidade Instalada da Indústria (NUCI) recuou 0,9 ponto percentual no mês, para 80,8%.
Valor - SP 30/10/2023
Entre julho e setembro, a empresa produziu 95,413 milhões de toneladas de minério de ferro e pelotas, com vendas de 78,327 milhões de toneladas. Esse hiato é 28,9% menor que a diferença obtida no mesmo intervalo de 2022
O presidente da Vale, Eduardo Bartolmeo, ressaltou que a companhia “encurtou” a diferença entre a produção e vendas de minério de ferro no terceiro trimestre e espera uma nova redução nesse “gap” nos últimos três meses do ano.
Entre julho e setembro deste ano, a Vale produziu 95,413 milhões de toneladas de minério de ferro e pelotas, com vendas de 78,327 milhões de toneladas, ou seja, uma diferença de 17,086 milhões de toneladas entre a produção e as vendas.
Esse volume de pouco mais de 17 milhões de toneladas foi 28,9% menor que a diferença de 24,055 milhões de toneladas observada no terceiro trimestre de 2022. Na ocasião foram produzidas 97,957 milhões de toneladas de minério de ferro e pelotas, com vendas de 73,902 milhões de toneladas.
“Entregamos sólida performance de produção nesse trimestre e ao longo de 2023. Estamos começando o quarto trimestre em nível robusto”, disse Bartolomeo.
Ele acrescentou que a companhia vem avançando no processo de descaracterização de barragens a montante, reduzindo o risco e seguindo as “melhores práticas” internacionais.
Também na teleconferência, o vice-presidente-executivo de finanças e relações com investidores, Gustavo Pimenta, afirmou que a empresa continua acreditando nas tendências de mercado que sustentam a demanda por produtos de alta qualidade. Além disso, destacou que a mineradora também continua a ver a recompra de ações como uma das melhores maneiras de criar valor para os acionistas.
“Acreditamos que a recompra de ações é uma boa forma de alocação de capital e por isso decidimos estender o programa”, frisou Pimenta.
Bartolomeo acrescentou que, desde 2021, a Vale já recomprou cerca de 16% de sua base acionária.
Investimentos
Pimenta afirmou que a empresa “está indo bem” com investimentos (capex) anual abaixo de US$ 6 bilhões e que dará mais detalhes no começo de dezembro, no Vale Day — que neste ano acontecerá em Londres.
O executivo destacou ainda que parte dos investimentos previstos nos “mega hubs” será feito com ajuda de sócios nos empreendimentos. Os mega hubs serão grandes complexos industriais com soluções logísticas — porto, rodovias e ferrovias —, que também contarão com insumos, como minério de ferro e energia, para entregar um produto final de maior valor agregado, como o briquete, por exemplo.
A empresa já tem acordos assinados com autoridades locais e clientes para estudarem em conjunto o desenvolvimento desses complexos industriais na Arábia Saudita, nos Emirados Árabes e em Omã, com o objetivo de produzir produtos de baixo carbono para a indústria siderúrgica. A companhia também estuda a instalação de uma mega hub no Brasil.
Questionado sobre a situação das negociações para compensações do acidente com a Samarco, ocorrido em Mariana (MG) em 2015, Pimenta frisou que a expectativa é fechar um acordo definitivo no fim deste ano ou início do ano que vem.
Monitor Digital - RJ 30/10/2023
Em meio às turbulências do mercado global, a gigante da mineração Vale (VALE3) revelou seu balanço do terceiro trimestre de 2023, uma peça crucial de transparência que ilumina tanto os desafios quanto as
perspectivas da empresa. Com um lucro líquido de US$ 2,836 bilhões, a Vale enfrenta uma redução significativa de 36,3% em comparação com o desempenho estelar do mesmo período no ano passado. Este declínio, embora alarmante à primeira vista, desdobra uma narrativa complexa que vai além dos números.
O mercado, um palco de constante mudança de variáveis econômicas e geopolíticas, tem imposto desafios severos. A Vale, não imune a essas forças, viu-se navegando em mares tempestuosos devido a flutuações de
preços de commodities, oscilações cambiais e a incerteza econômica persistente alimentada pela pandemia global. No entanto, o que define uma empresa líder de mercado é frequentemente sua resposta a tais
adversidades.
Apesar da queda nos lucros, a Vale demonstra resiliência e uma visão estratégica. A empresa continua a investir em suas operações core, otimizando a eficiência enquanto equilibra as responsabilidades
ambientais e sociais. Esta abordagem holística é evidente em seus esforços contínuos para modernizar operações, investir em tecnologia verde e manter um diálogo aberto com comunidades e reguladores.
Além disso, a resposta do mercado é multifacetada. Investidores e analistas, armados com expectativas prévias, dissecam não apenas os lucros, mas também o EBITDA, as iniciativas de sustentabilidade, e as
projeções futuras da empresa. A Vale, ciente do cenário, não hesitou em implementar uma estratégia robusta para garantir dividendos atrativos, mantendo sua posição favorável aos olhos dos acionistas.
Olhando para o futuro, a tempestade atual pode ser um disfarce para uma oportunidade de ouro. Com discussões sobre transição energética e demandas por minerais para tecnologias limpas, a Vale está em uma posição única para moldar seu futuro. A empresa não é apenas uma mineradora, mas um player crucial no palco global de um futuro sustentável.
A habilidade da Vale de adaptar-se, inovar e manter o curso em meio a desafios define não apenas sua resiliência, mas também sua posição como um investimento de calibre "triple A". Sem dúvida, para aqueles que buscam ancorar seus investimentos em um porto seguro com vistas para um horizonte de crescimento sustentável e responsável, a Vale emerge comouma escolha incontestável.
Revista Manutenção e Tecnologia - SP 30/10/2023
A partir de agora, a indústria da mineração do Brasil passa a contar com um projeto setorial voltado à descarbonização de suas atividades, por meio da inovação de rotas e modelos de visão sistêmica integrada, com ênfase na transição energética para fontes renováveis.
De início, 11 mineradoras aderiram ao projeto, que é resultado de uma parceria entre o Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), o Governo Britânico no Brasil e o Mining Hub – espaço de inovação do setor
mineral.
O lançamento do 'Projeto de Descarbonização do Setor Mineral' foi realizado na quinta-feira (26), na sede do IBRAM em Brasília (DF).
Junto ao 3º Inventário de Gases e Efeito Estufa, em elaboração desde agosto, o projeto servirá de base para o Instituto estruturar, a partir de 2024, um roadmap do carbono na mineração, permitindo estipular metas setoriais de redução de emissões.
A direção do IBRAM acredita que o roadmap irá influenciar na tramitação dos processos de licenciamento ambiental, beneficiando mineradoras engajadas na agenda setorial do clima, conduzido pelo Instituto.
As mineradoras que já aderiram ao projeto de descarbonização incluem Alcoa, Anglo American, CBMM, Gerdau, Hydro, Kinross, Lundin Mining, MRN, Samarco, Nexa e Vale.
Para o diretor-presidente do IBRAM, Raul Jungmann, "a questão climática é o 'desafio dos desafios' contemporâneos da humanidade.
"Ninguém pode se excluir de agir para enfrentar a questão climática já que afeta a todos nós", diz ele.
"E temos ainda um desafio ético e moral, que é legar às futuras gerações uma natureza melhor do a nossa geração encontrou", comenta.
Money Times - SP 30/10/2023
No ano passado, Honda e GM haviam firmado um acordo de colaboração sob
uma promessa ousada: revolucionar o mercado de carros elétricos com o
desenvolvimento de modelos a preços mais acessíveis.
A parceria levava em conta o know-how tecnológico e de design das duas
montadora, além do uso da bateria de última-geração da GM, chamada de
Ultium, para a produção de milhões de veículos elétricos com custo
inferior a US$ 30 mil.
O foco das montadoras era a inclusão desta nova tecnologia em modelos
mais compactos em mercados como Estados Unidos, China e possivelmente o
Brasil.
Mas o entusiasmo das montadoras não resistiu a mudanças nas condições de
mercado, com o aumento dos juros e redução da demanda pesando contra as
montadoras.
"Após extensos estudos e análises, chegamos a uma decisão mútua de
descontinuar o programa", disse o porta-voz da General Motors em um
e-mail.
O fim do acordo já havia sido prenunciado pelo CEO da Honda Motors,
Toshihiro Mibe, em uma declaração feita a Bloomberg TV no início da
semana. Segundo ele, um "programa de carros acessíveis seria difícil
como negócio".
Com isso, o investimento previsto US$ 5 bilhões em novos lançamentos
ficou descartado. Apenas dois modelos foram produzidos pela curta
parceria: os SUVs Honda Prologue e Acura ZDX, que não foram
disponibilizados no mercado brasileiro.
Agora, GM e Honda devem seguir seus caminhos separados, focando no
lançamento de veículos acessíveis. A GM
GM cita impacto de greve
Pelo lado da GM, a decisão de se concentrar em sua própria receita teve
também influência das greves em suas plantas nos Estados Unidos. As
greves do sindicato United Auto Workers (UAW), que começaram ainda em
setembro, tem custado a GM cerca de US$ 200 milhões por cada semana em
paralisação.
A GM enfrenta uma greve também no Brasil, desde a última segunda-feira
(23). O objetivo dos grevistas é a reversão das demissões anunciadas por
e-mail e telegramas.
A ação do sindicato dos metalúrgicos impacta a produção das unidades de
São Caetano, São José dos Campos e Mogi das Cruzes, todas no Estado de
São Paulo.
A GM culpou a queda das vendas no mercado interno e das exportações. A
montadora também afirmou que as estimativas de venda e produção para
2024 foram reduzidas.
Valor - SP 30/10/2023
Funcionários da fábrica da GM em Spring Hill receberam a ordem para iniciar a paralisação
Trabalhadores vinculados ao United Auto Workers (UAW), sindicato da indústria automobilística dos EUA, convocaram neste sábado uma nova greve em uma fábrica da General Motors no Tennessee, surpreendendo negociadores da empresa que trabalhavam para finalizar um acordo ainda neste final de semana.
Funcionários da fábrica da GM em Spring Hill receberam a ordem para iniciar a paralisação já na noite de hoje, de acordo com pessoas com conhecimento dos planos do sindicato. A greve ocorre pouco depois do UAW ter confirmado que chegou a um acordo provisório com a Stellantis sobre um novo contrato trabalhista.
A greve na fábrica de Spring Hill terá início apesar das conversas entre representantes da GM e líderes sindicais, que se intensificaram nos últimos dias. Algumas reuniões contaram com a executiva-chefe da GM, Mary Barra, e do presidente do UAW, Shawn Fain.
Cerca de 4.000 mil trabalhadores devem cruzar os braços na fábrica de Spring Hill, onde são montados três modelos utilitários esportivos da Cadillac e motores que são enviados para outras unidades da GM.
A nova paralisação ocorre após o UAW ter confirmado o acordo provisório com a Stellantis, deixando o sindicato mais perto de encerrar uma greve histórica que prejudicou as duas montadoras e a Ford.
A Ford ofereceu aos funcionários sindicalizados um aumento salarial de 25% durante os quatro anos e meio de contrato, além de outros benefícios para compensar o aumento de custo de vida e para garantir o direito de greve em caso de fechamento de fábricas.
Os termos do acordo da Stellantis foram muito similares aos aceitos pela Ford, inclusive o aumento salarial de 25%, segundo o UAW. O entendimento, porém, precisa ser aprovado pelos funcionários da empresa.
Os negociadores da GM se reuniram com representantes do sindicato no início da manhã e retomaram as conversas durante a tarde. As partes estavam se aproximando de um acordo antes do anúncio da nova greve, segundo pessoas com conhecimento do assunto.
Executivos do setor automotivo têm alertado que um acordo trabalhista muito generoso pode prejudicar o futuro financeiro das empresas, já que elas estão gastando bilhões de dólares para converter suas linhas de produção para veículos elétricos e ampliar a competição com a Tesla, cujas fábricas não são sindicalizadas.
Além disso, o custo das paralisações das fábricas está aumentando. No início da semana, a GM disse que greve custa US$ 200 milhões por semana. Já na Ford o cálculo é que o movimento tenha custado pelo menos US$ 1,3 bilhão em lucros antes dos impostos.
Grandes Construções - SP 30/10/2023
A taxa Selic é um importante indicador para os mais diversos setores
econômicos, inclusive o da construção civil que, com o patamar de
12,75%, definido em setembro de 2023, e com vislumbre de mais quedas,
pode voltar a sonhar com reaquecimento.
De acordo com Roberto Braz Thá, diretor da Thá Engenharia, isso acontece
porque o ritmo de queda da taxa de juros estabelece uma relação direta
com financiamentos, retorno de investimentos e empréstimos, tanto para
quem constrói quanto para quem decide comprar.
"A construção civil prevê crescimento de 2,5% em 2023. Para se ter uma
ideia, o Ministério da Fazenda estipula que o crescimento do Produto
Interno Bruto (PIB) chegue a 3,2%, ou seja, o segmento acompanha o
crescimento econômico geral e de maneira constante. Isso porque a
construção civil gera milhares de empregos diretos e indiretos, mantém a
roda da economia girando, já que oportuniza anos de financiamento e
injeção monetária, além de contribuir para a valorização de bairros e
cidades inteiras. É importante lembrar que esse setor não é voltado
apenas a imóveis, mas também a construção de obras em diversos
segmentos, como comércios, hospitais, indústrias entre outras", afirma
Thá.
Ainda de acordo com o diretor da Thá, dado o otimismo do setor, somado à
constante diminuição que a taxa de juros representa, a construção civil
deve se concretizar como um importante motor econômico e gerador de
empregos, o que representa um avanço para toda a sociedade de forma
circular.
"A queda da Selic e a expectativa de que essa taxa caia ainda mais é um
sinal para todo o cenário econômico, que vai desde o empresariado ao
consumidor final. Isso porque entendemos que há oportunidade de
aquecimento de diversos segmentos, como saúde, em que a construção civil
é a responsável pela construção de hospitais, por exemplo, indústrias e
serviços, desde a execução de estabelecimentos comerciais até toda a
área de logística, que é um setor em forte crescimento no Brasil. Nesse
setor, que compõe diversos processos industriais, como armazenamento,
estoque e distribuição, a construção civil se mostra presente em toda a
cadeia, que vai desde a construção de espaços para atividades
especializadas até a criação e manutenção de vias de transporte, como
ferrovias e rodovias, ainda mais em um país continental como o nosso",
ressalta o diretor da Thá Engenharia.
"Nesse contexto otimista, há crescimento ordenado, pluralidade de
negócios e retorno para a população, que ganha mais oportunidades de
crédito, enquanto os investidores enxergam um mercado mais propício para
construírem de modo residencial ou comercial", completa Thá.
Nos dois últimos anos, dados da Câmara Brasileira da Indústria da
Construção (CBIC) mostram que a construção civil cresceu 17,7%.
Mercado imobiliário – Nikolas Nissel, head de Real Estate da TM3
Capital, explica que, devido à última reunião do Comitê de Política
Monetária (Copom) ter sido em setembro e a expectativa de continuidade
de queda da Selic permaneça até o fim de 2023, tanto a produção quanto a
aquisição de imóveis devem ter melhora até o fim do ano.
"Essa reunião foi bastante motivadora para quem é do setor de construção
e imobiliário, porque a queda de 13,75% para 12,75% foi bastante
significativa quando estamos falando de bens de alto valor. Do lado da
produção, um dos principais benefícios é o custo da dívida que começa a
diminuir com a queda da Selic. Então, financiar a produção de novos
imóveis fica mais barato e os projetos começam a ficar cada vez mais
rentáveis. Do lado do comprador, o negócio é interessante devido ao
financiamento, que é o principal meio para se adquirir um imóvel. Com
juros mais baixos, o valor do financiamento é menor e mais pessoas se
tornam aptas para a aquisição desse produto", esclarece Nissel.
O especialista ainda ressalta que essas decisões econômicas devem atrair
investidores que optam por renda fixa. "Com a baixa da Selic, o mercado
endereçável de imóveis, seja os de baixo ou alto padrão, acaba ficando
maior porque as pessoas têm incentivo para adquirirem esse bem. Quando a
taxa de juros está muito alta, é difícil convencer um investidor a
desaplicar dinheiro e comprar um imóvel. Porém, à medida que vai
baixando, esse mercado começa a ficar mais atrativo porque o trade off é
atrelado à Selic e ao CDI. Portanto, torna-se um investimento mais
aquecido e de maior segurança", finaliza.
Infomoney - SP 30/10/2023
O governo federal havia prometido o lançamento do Plano Nacional de
Ferrovias para este mês, mas entraves como a devolução de trechos
ociosos (não operacionais) e a conclusão de um trabalho de mapeamento da
malha existente devem adiá-lo para o começo de 2024.
O plano é considerado uma das prioridades do governo em infraestrutura e
vai contemplar um pacote de obras e medidas a serem implementadas no
setor, incluindo sete projetos de transporte ferroviário de passageiros.
O número 2 do Ministério dos Transportes, George Santoro, confirmou ao
InfoMoney que o plano deve ficar para o primeiro bimestre do próximo
ano. Segundo o secretário-executivo, a equipe do ministério tem
trabalhado nos últimos detalhes e em adequações para dar maior segurança
jurídica a investidores estrangeiros interessados em participar dos
leilões.
Santoro afirma ser preciso um trabalho de "taxonomia" para dar clareza
ao mercado sobre as novas concessões, pois existem mais de 100 projetos
envolvendo autorizações para exploração de trechos que concorrem
diretamente com ferrovias cujas concessões fazem parte do planejamento
do ministério. Um exemplo é a Ferrovia de Integração Oeste Leste (FIOL),
que liga a Bahia ao Tocantins em um trajeto de 1,5 mil km, onde há pelo
menos quatro projetos da mesma natureza.
"Antes de soltar essa carteira, como fiz com rodovias, eu preciso
resolver a devolução de trechos. Essas malhas não operacionais, como que
a gente devolve? As empresas têm contratos. Como que eu antecipo essa
devolução? A gente está com uma proposta de fazer uma regulamentação",
afirmou o braço direito do ministro Renan Filho (MDB).
"No caso das rodovias a gente já tinha um mercado mais consolidado e
mais arrumado, com uma experiência maior de resultados de concessões. Já
em relação às ferrovias, fizeram a renovação antecipada das quatro
principais, que representam praticamente 90% de todo transporte de
cargas", ponderou.
Advogado com experiência no setor público, Santoro está há 7 meses como
número 2 dos Transportes. Ele já passou pela Secretaria da Fazenda de
Alagoas, onde Renan foi governador por 2 mandatos, e também pela do Rio
de Janeiro, onde foi subsecretário.
Santoro recebeu a reportagem do InfoMoney no escritório do Ministério da
Fazenda em São Paulo, na Avenida Paulista, para uma entrevista de pouco
mais de uma hora. O secretário apresentou suas expectativas para atrair
cada vez mais grupos estrangeiros interessados em investir em grandes
projetos de infraestrutura e falou dos sete projetos de transporte
ferroviário de passageiros que estão em pauta, como a ligação entre
Brasília e Luziânia (GO).
Ele também confirmou a previsão de dez leilões de rodovias em 2024, além
dos certames da BR-381 (no trecho entre Belo Horizonte e Governador
Valadares) e da BR-040 (entre a capital mineira e Juiz de Fora) ainda
neste ano. Entre as diretrizes para os modelos de concessão, o
secretário defende o uso de novas tecnologias para o monitoramento das
rodovias como forma de reduzir custos operacionais.
Abaixo, os principais trechos da entrevista, que também abordou a
política de outorgas de rodovias e concessões rodoviárias, recém-editada
pelo governo:
Política de outorgas de rodovias
"A gente fez uma consulta em maio de uma política de concessões
rodoviárias. A gente publicou o resultado dessa consulta. É uma política
que nunca teve, que dá a direção de como o ministério vai colocar nas
ruas. A gente identificou que havia muita falta de padronização. A gente
está editando a quinta rodada de licitação. A partir do edital da BR-040
a gente vai padronizar o edital em contrato, e os próximos 31 editais
vão seguir o mesmo padrão. Todo mercado vai esperar um padrão de
contrato. A ideia nossa é trazer de volta investidores que já colocaram
dinheiro no Brasil".
Desequilíbrio em contratos
"A gente está fazendo um trabalho de otimização de 15 contratos de
concessões rodoviárias. O TCU concordou com nossos argumentos. A gente
está refazendo os projetos, em um novo patamar que demonstre vantagens
para o usuário, com investimentos que não seriam feitos. Eu dou novo
equilíbrio no contrato, para que o operador volte a ter lucro.
Identificamos desequilíbrio, com demanda que aumentou ou diminuiu. O
agente regulador não tinha liberdade para encontrar soluções para os
problemas que vinham aparecendo. A gente quer buscar o melhor para o
usuário. Tenho operação em que o pedágio é R$ 2,90, que não cobre nem a
despesa. Melhorar a previsibilidade".
BR-319
"Manaus é uma capital de 5 milhões de habitantes e não tem uma ligação
rodoviária. O ministério entende que não pode deixar Manaus abandonada.
A estrada é toda em barro, porque não houve manutenção. É preciso um
diálogo aberto e franco. Se lá na frente a gente verificar que não tem
condição técnica, precisamos deixar isso claro. Podemos ter uma estrada
parque com monitoramento diferenciado, por exemplo. Eu acho que vale a
pena".
Meio ambiente
"A gente tem um passivo ambiental, de compensação social, muito grande
no ministério. Ao assumir que vou fazer e não faço, gera uma
desconfiança. Temos que resgatar e cumprir o que precisa ser feito. Na
semana passada, a gente criou um sistema de banco de dados que atualiza
as informações de licenciamento ambiental na Infra S/A, ANTT e DNIT. Uma
subsecretária de sustentabilidade vai montar uma fila de demandas e
abrir interlocução com as comunidades. A gente espera resolver esse
passivo a partir de uma sistemática e cumprir. Isso muda como os órgãos
de licenciamento nos veem. Eles vão ter que olhar a mudança de postura
do ministério e olhar os projetos como parceiros do meio ambiente, e
parceiros da comunidade".
Transição energética
"A gente acredita em pequenas ações que vão se avolumando e criando um
espaço para descarbonizar. Uma das possibilidades que temos discutido no
ministério é a permissão para que caminhões migrem do diesel para o gás
liquefeito. Eu tenho que autorizar uma mudança no veículo, que é uma
mudança feita pela Senatran. Isso pode gerar um mercado novo. A gente
migrar direto para o elétrico talvez seja muito custoso. Uma migração
para o gás liquefeito já tem uma boa redução de emissão [de poluentes]".
Valor - SP 30/10/2023
Em sua fase inicial, o porto deverá manipular 1 milhão de contêineres e 6 milhões de toneladas de carga solta ao ano
A outrora modorrenta cidade pesqueira de Chancay, 80 quilômetros ao norte de Lima, era mais conhecida como refúgio de fim de semana dos habitantes da capital. Mas hoje o trecho em frente à praia é um canteiro de obras de crescimento tentacular, com guindastes içando colunas enquanto caminhões basculantes rugem logo abaixo.
A cidade está em vias de abrigar um dos maiores portos de águas profundas da América Latina. A construção e a operação serão totalmente realizadas por empresas privadas — coisa que, segundo autoridades, poderá vir a constituir um modelo para outras obras de infraestrutura no Peru. O projeto é tão colossal que tem o potencial de subverter o tráfego marítimo em toda a costa do Pacífico da América do Sul, deslocando-o do Chile, Equador e Colômbia. Em sua fase inicial, o porto deverá manipular 1 milhão de contêineres e 6 milhões de toneladas de carga solta ao ano.
A Cosco Shipping, uma empresa estatal chinesa de transporte marítimo e logística, tem uma participação de 60% no porto, com o restante sendo controlado pela mineradora peruana Volcán. Do custo de construção de US$ 3,6 bilhão, US$ 1,3 bilhão já foi investido na fase inicial, segundo a Cosco.
“A intenção do porto é empurrar os países sul-americanos para o Peru como ponto central [para o comércio voltado para a Ásia], aproveitando-se da nossa localização estratégica”, diz Gonzálo Ríos Polastri, vice-diretor-geral da Cosco Shipping Ports Chancay Peru e almirante da reserva. “Será uma locomotiva de desenvolvimento para vários setores.”
O porto ocupará um terreno de 280 hectares. Só os quebra-mares usaram volume de concreto suficiente para construir 20 prédios de 10 andares e vão proteger 1,5 quilômetro de espaço de docas capaz de comportar a ancoragem de alguns dos maiores navios de carga do mundo.
Um túnel de 1,8 quilômetro cavado embaixo de Chancay – em alguns pontos a uma profundidade de 900 metros – ligará o quebra-mar a um centro de logística e à via expressa pan-americana sem afetar o tráfego na cidade.
A carga conseguirá chegar do Peru à China em 10 dias, em vez dos 45 atuais. E prevê-se que o Brasil também será um beneficiário do porto, que possibilitará um acesso mais rápido aos mercados asiáticos aos produtos exportados pelo país. O Brasil e o Peru são ligados pela Rodovia Interoceânica Sul que passa pelos polos agrícolas brasileiros de Acre e Rondônia.
“Há toda uma área do Brasil muito mais voltada para o Pacífico do que para o Atlântico”, diz Ríos Polastri. “Chancay tem muitas vantagens do ponto de vista do Peru, e uma delas é que é o porto mais próximo ao Brasil. Esse é um incentivo a mais para o comércio exterior.”
A inauguração do megaporto está prevista para o fim do ano que vem, quando o presidente da China, Xi Jinping, participará da cúpula da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec, nas iniciais em inglês), a realizar-se no Peru. Cosco diz que o porto acabará se expandindo. “O projeto principal é ele ter 15 quebra-mares, embora não haja cronograma, pelo fato de termos de ver como o porto vai operar nos primeiros anos”, explica Ríos Polastri.
Mas, apesar das vantagens comerciais que, segundo autoridades, o porto proporcionará ao Peru, alguns observadores – entre os quais autoridades americanas – manifestaram preocupação de que ele poderá aumentar a influência chinesa sobre a infraestrutura do país.
Mario de las Casas, diretor de comunicação social da Cosco Shipping Ports Chancay Peru, diz que a legislação peruana proíbe o uso do porto para fins militares sem aprovação prévia do Executivo ou do Congresso. “Sem essa pré-aprovação, qualquer ingresso desse gênero será equivalente a uma invasão, independentemente da propriedade do terminal”, observa.
Algumas pessoas da população local criticaram o caos causado pela construção, também, embora os eleitores tenham eleito em janeiro, por esmagadora maioria, um prefeito abertamente favorável ao projeto. “Acho que esse é um bom barômetro para situar a população em termos de aceitação do porto”, sugere Ríos Polastri.
O governo peruano diz que o porto impulsionará a economia local, e as incorporadoras locais estão esperançosas. Ao longo da rodovia que leva a Chancay, outdoors divulgam a venda de projetos imobiliários ainda não construídos. “Há, na área, seis fábricas de farinha de peixe e uma frota de cerca de 70 barcos de pesca industrial que são a maior fonte de trabalho em Chancay”, diz Raúl Pérez-Reyes, o ministro dos Transportes do Peru. “O projeto dá margem à possibilidade de fazer remessas diretas ao exterior.”
Pérez-Reyes acrescenta que, embora o porto será operado por empresas privadas, o governo vai monitorar seu cumprimento da regulamentação de segurança e ambiental. Postos de polícia e alfandegário serão construídos no local.
“O governo encara o desenvolvimento de portos em nível nacional de uma maneira abrangente, com um esforço de fornecer acesso rodoviário ou ferroviário, bem como a infraestrutura logística”, diz o ministro. “Esses tipos de investimento permitem que os portos operem com mais eficiência.”
O Congresso estuda um projeto de lei que, se aprovado, dará margem a operações de cabotagem – para o transporte de carga entre portos peruanos antes de chegar à terra —, a fim de reduzir o tráfego em torno do porto.
Ríos Polastri diz que Chancay poderá abrir o caminho para projetos de infraestrutura privados semelhantes no Peru, o que facilitará o avanço ao contornar atritos entre os setores púbico e privado. A constituição descentralizada do país determina que os projetos de infraestrutura provinciais sejam contratados e administrados pelo governo municipal.
IstoÉ Dinheiro - SP 30/10/2023
O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, assinou nesta
sexta, 27, medida que a retira o Porto de Santos do Programa Nacional de
Desestatização (PND), pondo fim às discussões sobre a concessão ou não
do principal terminal portuário do País à iniciativa privada.
"A decisão do presidente Lula é pela não privatização do Porto de
Santos. Vamos esquecer esse debate para trazer mais previsibilidade para
os investimentos", disse Costa Filho, em evento ontem no final da manhã,
na cidade do litoral paulista. À tarde, ele tinha uma agenda com a
Autoridade Portuária de Santos.
A decisão de incluir o Porto de Santos no Programa Nacional de
Desestatização foi tomada no governo de Jair Bolsonaro, pelo então
ministro de Infraestrutura Tarcísio de Freitas, hoje governador de São
Paulo. A intenção de excluir o terminal santista do programa já havia
sido manifestada por Márcio França, que antecedeu Costa Filho na pasta
de Portos e Aeroportos.
"O Porto de Santos já é quase todo privatizado, as operações são
privadas, o porto mantém a autoridade pública. Esse é o modelo de 99% do
mundo. Vender o CNPJ da autoridade portuária criaria, na minha visão,
problemas bem graves", afirmara França em março deste ano.
Obras estruturantes
A decisão da União significa que a iniciativa privada pode apenas
investir em obras estruturantes no terminal. Como exemplo, o ministro
citou projetos de mobilidade urbana e dragagem.
Entre as obras de acesso, Costa Filho destacou a construção do túnel
Santos-Guarujá, que deve sair do papel em breve, com a apresentação do
projeto inicial até dezembro, com as obras começando no próximo ano.
Segundo Costa Filho, a União e o Estado de São Paulo têm conversado
sobre a alocação dos recursos necessários para custear a obra. "O foco
do (presidente) Lula é ampliar diálogo com Tarcísio para trabalhar em
conjunto."
De acordo com o ministro, o foco da atuação do governo no Porto de
Santos estará voltado para as obras de dragagem, movimento urbano, o
aumento de capacidade e reformas. No total, estão previstos R$ 13
bilhões em investimentos para a área do terminal para os próximos cinco
a oito anos.
Outorgas
O Ministério de Portos e Aeroportos planeja lançar até dezembro o
programa Navegue Simples, iniciativa que visa simplificar o trâmite de
processos para todos os tipos de outorgas portuárias. Segundo Costa
Filho, esses trâmites duram entre dois anos e meio e três anos. Com o
Navegue Simples, a expectativa é que o tempo caia para de seis a oito
meses. "Isso é uma forma de acelerar a carteira de empreendimentos
portuários no Brasil."
Situação financeira do terminal está 'saneada'
Ao anunciar a decisão do governo de excluir o Porto de Santos do
Programa de Desestatização, o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio
Costa Filho, ressaltou ontem que o terminal santista tem uma situação
financeira saudável.
"Hoje temos um porto saneado do ponto de vista financeiro", assegurou
ele, destacando que a decisão foi tomada depois de o governo dialogar
com diversos setores.
Reforçando a afirmação do ministro, o presidente da Autoridade Portuária
de Santos (APS), Anderson Pomini, afirmou que o objetivo é demonstrar
que uma empresa pública pode e deve ser eficiente.
Governança e melhorias
De acordo com Costa Filho, o foco agora é trazer mais governança ao
Porto de Santos por meio da autoridade portuária, sem excluir no entanto
a participação privada da operação de infraestrutura.
"Queremos trazer as parceria público-privadas para projetos como o túnel
Santos-Guarujá e dragagem", explicou Costa Filho.
No topo da lista de prioridades do governo, está também a melhora do
acesso ao terminal para ajudar no escoamento da produção agrícola. Entre
esses projetos, estão o de ampliação da área de estacionamento para
caminhões, a construção de uma via perimetral e a otimização dos modais
de transporte, especialmente o ferroviário.
Mobilidade
Dos R$ 13 bilhões em investimentos previstos para o Porto de Santos nos
próximos cinco a oito anos, explicou Pomini, cerca de R$ 800 milhões
deverão ser direcionados às obras de mobilidade urbana.
Para a construção do túnel Santos-Guarujá, maior obra do PAC, serão
aportados cerca de R$ 6 bilhões.
Também as iniciativas de dragagem do canal do porto também deverão
custar cerca de R$ 6 bilhões, segundo cálculo do Ministério de Portos e
Aeroportos.
A Tribuna - SP 30/10/2023
A Autoridade Portuária de Santos (APS) firmou parcerias com três
startups para o desenvolvimento de soluções inovadoras voltadas à
otimização das operações portuárias, mitigação de riscos, redução de
custos e sustentabilidade. O anúncio foi feito ontem, durante o Inova
Portos, evento promovido pela APS em Santos e que contou com apoio do
Ministério de Portos e Aeroportos.
O gerente de Planejamento Logístico da APS, Roberto Paveck Pinheiro,
afirmou que "não existe futuro no Porto do Santos sem inovação. Se a
gente quiser estar preparado para os desafios do futuro, precisa inovar
hoje. Essas tecnologias vêm justamente para fazer com que a nossa
operação seja mais eficiente, mais barata e mais sustentável".
Paveck destacou que a inovação está intrinsecamente relacionada à agenda
ESG (ambiental, social e governança, em inglês). "A grande importância
de focar nas novas tecnologias é que, justamente, estamos falando em
pensar na sustentabilidade do Porto de Santos daqui a 10, 20 anos".
Um passo rumo ao Porto do futuro foi dado ontem, em busca eficiência
operacional, de acordo com Paveck, com a assinatura das novas parcerias
da Autoridade Portuária com as empresas Infinito Mare, voltada a
soluções azuis para o setor marítimo e portuário; Via Frota, que
apresentou propostas para rastreabilidade das operações de exportação; e
Right Ship, que apresentou soluções para o uso de dados e digitalização
para mitigar o risco marítimo.
"A Infinito Mare trata da questão ambiental, com a limpeza da água
através do uso de algas. A Via Frota aborda o monitoramento do trânsito,
a vinda de caminhões para o Porto de Santos. E, por último, a Right Ship
fará a análise de dados dos navios que vêm ao Porto, de todas as
informações dispostas de um navio, o risco, se teve algum tipo de
incidência etc.", explicou.
O gerente de Planejamento Logístico da estatal ressaltou ainda que "a
Autoridade Portuária tem uma política de celebração de parcerias com
startups na base da cooperação, ou seja, sem troca financeira. A
Autoridade Portuária fornece um local para a startup instalar algum tipo
de equipamento e, em troca, ela pode desenvolver o seu produto".
Por fim, Paveck esclareceu que "a nossa parceria não é para testar um
produto pronto. É justamente para desenvolver um novo produto que está
em andamento, pegar uma ideia e concretizá-la. Essa é a beleza da
parceria de inovação".
Parceria com o Cenep
A Autoridade Portuária santista também firmou parceria com o Centro de
Excelência Portuária de Santos (Fundação Cenep). Na ocasião, a diretora
de Administração da APS, Bernadete Bacellar, o diretor de Operações da
companhia, Antonio de Pádua Andrade, e o diretor-presidente da Fundação
Cenep Santos, Bruno Pelochs Barbino, assinaram um termo de fomento à
pesquisa aplicada.
Gestão de equipes
Apresentador do programa Porto 360°, da TV Tribuna, o empresário Maxwell
Rodrigues ministrou a palestra "O perfil do profissional moderno e
gestão de equipes" no Inova Portos e apresentou inovações desenvolvidas
por startups israelenses que conheceu durante a Missão Internacional
Porto & Mar Brasil-Israel, promovida pelo Grupo Tribuna em 2023.
"Se o setor portuário não se organizar para inovar, não inovará. São
ações pontuais e distintas. Precisa ter organização. Eu vi isso
funcionando na Israel Inovation Authority. Há uma autoridade olhando só
para inovação e protegendo o mercado".
Maxwell comentou ainda que, segundo o Fórum Mundial Econômico, 50
profissões vão desaparecer até 2027 e outras dez vão surgir, como
especialistas em inteligência artificial, analista de PI, analista de
segurança da informação, engenheiro de fintech, analista e cientista de
dados, especialista em transformação digital, entre outras.
Portal Fator Brasil - RJ 30/10/2023
O Porto do Itaqui (MA) registrou, no dia 22 de outubro (domingo), mais
um importante marco de movimentação de cargas neste ano, alcançando 30
milhões de toneladas movimentadas, 22 dias antes do que em 2022.
A meta inicial do Porto previa um crescimento anual de 1,5%. Porém, a
diretoria de operações trabalha com a nova meta de 7%, o que pode fazer
com que o Porto do Itaqui supere os 35 milhões de toneladas de cargas
movimentadas.
Os produtos predominantes no Porto do Itaqui são os granéis sólidos,
como soja e farelo de soja, que respondem por aproximadamente 72% do
total de movimentação. Além disso, graneis líquidos, como gasolina,
diesel e GLP, representam cerca de 23% do volume de cargas em trânsito.
A carga geral, composta por itens como celulose, trilho e cargas de
projeto, compreende cerca de 5% da movimentação.
A soja é a principal commodity movimentada, com um volume de 12 milhões
de toneladas transportadas até o momento.
O crescimento da movimentação de cargas no Porto do Itaqui é um reflexo
do aumento da produção agrícola e industrial no Brasil. O porto é um
importante hub logístico para o escoamento da produção da região
Centro-Oeste do país, que é uma das principais produtoras de grãos e
commodities do mundo.
Administrado pela Empresa Maranhense de Administração Portuária (Emap),
o Porto do Itaqui, a cada dia, supera as expectativas, evidenciando um
crescimento significativo no cenário portuário nacional.
—O crescimento do Porto do Itaqui se dá pela excelência de seu corpo
funcional e por sua estratégia e atendimento ao mercado. O seu papel
essencial como hub logístico, para a produção agrícola e industrial do
Brasil, torna-o uma peça-chave na infraestrutura do país. O Porto do
Itaqui é um grande vetor de desenvolvimento do Maranhão— destacou
Gilberto Lins, presidente do Porto do Itaqui.
A Tribuna - SP 30/10/2023
O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, irá detalhar
nesta sexta-feira (27), em visita ao Porto de Santos, como serão
investidos R$ 400 milhões em obras para o complexo portuário santista,
em especial ligadas à infraestrutura viária. O roteiro do ministro na
região ainda não está definido.
O valor e os projetos foram discutidos em reunião com o governador
Tarcísio de Freitas (Republicanos), realizada na última terça-feira, em
Brasília. A secretária nacional de Portos e Transportes Aquaviários,
Mariana Pescatori, também participou do encontro com Freitas e Costa
Filho.
"Construímos com o governador investimentos na área de mobilidade
urbana, que vão ajudar no modal de transporte ao Porto de Santos. São
investimentos em todo aquele acesso viário que ajudarão no escoamento da
produção", afirmou o ministro, durante evento da Associação de Terminais
Portuários Privados (ATP), também na Capital Federal.
Costa Filho também disse que irá conversar em breve com Freitas e com o
presidente da Autoridade Portuária de Santos (APS), Anderson Pomini,
para discutir "a obra estratégica que será feita com esses recursos que
poderão ajudar na mobilidade".
"O Governo do Estado está fazendo a articulação com a bancada federal
(deputados e senadores) para pegar esses recursos do Governo Federal e
alocar para o Porto de Santos", revela o ministro de Portos e
Aeroportos.
Túnel
O tema central da reunião a portas fechadas com o governador foi a
construção do túnel Santos-Guarujá, o que pode indicar uma aproximação
entre os governos Federal e do Estado, que têm a intenção de realizar a
obra.
"A orientação do presidente Lula e do ministro-chefe da Casa Civil, Rui
Costa, é cada vez mais ampliarmos as parcerias com os estados e
municípios para levarmos obras e ações que melhorem a qualidade de vida
da população", escreveu Costa Filho nas redes sociais.
A obra, cujo valor foi atualizado para R$ 5,8 bilhões, está prevista no
novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), da União - e é
considerada a maior de infraestrutura do País entre as relacionadas no
plano. Já a gestão paulista conta com os projetos básico e executivo do
empreendimento, desenvolvidos pela extinta Dersa, em 2012, e que já têm
licenças ambientais concedidas, mas que precisam ser revalidadas.
No último dia 14, A Tribuna publicou que a construção do túnel submerso
está qualificada para integrar o Programa de Parcerias de Investimentos
(PPI) do Governo Federal, porque deverá ser viabilizada por meio de
parceria público-privada (PPP), segundo informou o ministério na
ocasião. A intenção do Ministério de Portos e Aeroportos e da APS é
lançar o edital de concessão no próximo ano, com previsão de entrega
para 2028.
Petro Notícias - SP 30/10/2023
Começou a nova temporada de divulgação de balanços financeiros da
petroleiras. A começar pela americana ExxonMobil, que registrou um lucro
líquido de US$ 9,07 bilhões no terceiro trimestre deste ano. O valor
representa uma queda de 53,9% na comparação com o mesmo período de 2022.
Já as receitas da companhia somaram US$ 90,7 bilhões, uma diminuição de
19% usando a mesma base de comparação.
"Apresentamos mais um trimestre de forte desempenho operacional, lucros
e fluxos de caixa, adicionando quase 80.000 barris líquidos equivalentes
de petróleo por dia para apoiar o fornecimento global", disse o CEO da
companhia, Darren Woods (foto).
Enquanto isso, a também americana Chevron reportou um lucro líquido de
US$ 6,52 bilhões no terceiro trimestre. Também nesse caso, o número
reflete uma queda (-41,9%) em comparação com o mesmo trimestre de 2022.
As receitas da empresa totalizaram US$ 54 bilhões entre julho e
setembro, diminuição de 18,8% utilizando a mesma base de comparação.
"Apresentamos mais um trimestre de resultados financeiros sólidos e
fortes retornos de caixa aos acionistas", disse o CEO da Chevron, Mike
Wirth. "A empresa está apresentando sólidos resultados financeiros e, ao
mesmo tempo, investindo no crescimento lucrativo de nossos negócios de
energia tradicionais e novos, a fim de gerar valor superior para os
acionistas", concluiu.
Por fim, a norueguesa Equinor apurou um lucro líquido de US$ 2,52
bilhões no terceiro trimestre, o que representa uma severa queda de
73,1% na comparação com os US$ 9,37 bilhões registrados no terceiro
trimestre de 2022. A produção total da companhia entre julho e setembro
foi de 2 milhões de barris de óleo equivalente por dia, em linha com os
2,02 milhões de barris por dia no mesmo período do ano passado.
"A Equinor apresentou forte fluxo de caixa e lucros em um trimestre com
preços de gás consideravelmente mais baixos do que no ano passado.
Através de um forte desempenho operacional, entregamos alta produção de
petróleo de Johan Sverdrup e de nosso portfólio internacional. A
produção de gás da plataforma continental norueguesa foi impactada pela
manutenção planeada e pelas paradas prolongadas. Continuamos com uma
distribuição significativa de capital e entregaremos uma distribuição
total de 17 bilhões de dólares em 2023", comentou o CEO Anders Opedal.
Valor - SP 30/10/2023
O prejuízo da petroleira mexicana no período foi de 79,1 bilhões de pesos mexicanos (US$ 4,38 bilhões)
A Pemex registrou prejuízo líquido de 79,1 bilhões de pesos mexicanos (US$ 4,38 bilhões) no terceiro trimestre, aumentando as perdas em 52% na comparação anual. As vendas da estatal mexicana somaram 461,8 bilhões de pesos mexicanos (US$ 25,5 bilhões) entre julho e setembro, queda de 26,8% sobre o mesmo período de 2022.
A produção total da Pemex no terceiro trimestre foi de 2,64 milhões de barris de óleo equivalente por dia, alta de 4% na comparação anual. A produção de petróleo foi de 1,87 milhões de barris por dia, alta de 4,4%. A produção de gás natural foi de 4,88 milhões de pés cúbicos por dia, crescimento de 3,1%.
Em refino, o processamento da Pemex ficou em 778 mil barris por dia, uma queda de 3,6% no ano. A maior queda ficou em produtos petroquímicos, com queda de 34,1%, a 234 mil toneladas. A produção de líquidos caiu 1,9%, a 787 mil barris, sendo que 414 mil barris foram de gasolina e diesel.
Assim como outras companhias ao redor do mundo, a Pemex sentiu a queda nos preços do petróleo. A cotação de exportação ficou em US$ 77,1 por barril no terceiro trimestre, queda de 12% no ano. O preço da gasolina vendida no México caiu 4,8% e o do diesel recuou 13,8%.
A dívida da Pemex, uma das maiores do mundo, era de 1,86 trilhão de pesos mexicanos (US$ 105,8 bilhões) ao fim de setembro. Na comparação anual, houve queda de 10,8%, graças a uma injeção de capital no valor de 55,9 bilhões de pesos mexicanos feita pelo governo do México.
Valor - SP 30/10/2023
Levantamento da gestora Kinea mostra que o pico deve ser atingido no final desta década; petroleiras “junior oils” ganham mais espaço no setor no país
Daniela Lima, da Kinea, vê o consumo de combustíveis no país em trajetória ascendente, seguindo o crescimento do PIB — Foto: Rogerio Vieira/Valor
A produção brasileira de petróleo terá um salto nos próximos anos, para atingir um novo pico no final da década, consolidando o Brasil entre os grandes produtores da commodity. O cálculo é de que em seis anos o volume alcançará 5,1 milhões de barris diários, alta de 50% ante a marca atual, o que deve empurrar o país da nona para a quinta colocação global.
Um dos efeitos diretos, segundo especialistas, é que a indústria de petróleo seguirá com um papel relevante nas contas públicas, diante de um pano de fundo de valorização do óleo dado o contexto geopolítico. Do lado da indústria, a leitura mais recente é de que a demanda por óleo fóssil seguirá aquecida nos próximos anos, a despeito das discussões sobre a transição energética.
No mesmo período, a exportação brasileira de petróleo bruto, se confirmadas as estimativas, poderá registrar um crescimento de 120%, para 2,9 milhões de barris por dia. Apesar disso, o declínio começará já na virada da década, o que vem pressionando o setor para a exploração de novas áreas.
As projeções são da gestora Kinea, do grupo Itaú - em estudo exclusivo passado ao Valor. E de acordo com o estudo, após o pico da produção, os volumes passarão por um declínio, tendo em vista a maturidade dos campos explorados hoje, inclusive do pré-sal. A análise considera os campos que já estão hoje em produção ou já mapeados. Como consequência, o volume deve cair a 4,8 milhões de barris por dia em 2030, ainda de acordo com o cálculo da gestora.
O estudo da Kinea lembra que a produção brasileira de petróleo avançou 50% na última década, passando de 2 milhões para 3 milhões de barris/dia, na esteira da descoberta do pré-sal. Nessa nova onda de expansão, o aumento da produção veio essencialmente fora da Petrobras, incluindo grupos estrangeiros como Total e Equinor, mas também as independentes que surgiram no mercado nos últimos anos, depois que a estatal vendeu campos mais maduros. Nesse grupo também estão as chamadas “junior oils” - Prio, PetroReconcavo, Enauta, 3R e Seacreast.
A produção da Petrobras também cresce, não na mesma proporção que as independentes. A estatal atingiu marca recorde de 3,98 milhões de barris de óleo equivalente por dia no terceiro trimestre do ano, alta de 7,8% na comparação trimestral.
Os aportes também justificam o momento. Até o final da década, o setor receberá investimentos da ordem de US$ 200 bilhões, segundo dados do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), o que vai ajudar o país a subir no ranking entre os maiores produtores globais. Também refletindo a posição externa do Brasil, no ano passado, as exportações de óleo bruto e petróleo chegaram em US$ 42,5 bilhões, um recorde, fazendo com que esse item subisse para a segunda posição de produto mais vendido ao exterior, somente atrás da soja.
No entanto, segundo o presidente do IBP, Roberto Ardenghy, os principais campos do país - o de Santos (SP) e o Campos (RJ) - regiões onde se concentram aproximadamente 80% da produção nacional, entrarão em declínio. “Temos de continuar a exploração para manter o nível de reservas. Aí que vem a discussão da Margem Equatorial para substituição dos campos que entrarão em declínio”, afirma o executivo.
O analista da Kinea, Antonio Zacharias, aponta que há anos observa a produção global de petróleo e o crescimento da produção brasileira mais recente chamou sua atenção. “Eu não costumava ter surpresa em relação ao Brasil”, diz.
Zacharias diz que o momento é propício para o aumento da produção local de petróleo, tendo em vista que, além dos preços elevados, a narrativa sobre a transição de combustíveis fósseis para energia limpa mudou após a Guerra da Ucrânia, mirando dessa vez o discurso de “energy security”, ou seja, de segurança energética.
Ardenghy, do IBP, aponta que a demanda mundial por energia vai seguir crescendo e que o Brasil estará bem posicionado para suprir um mercado que já começou a surgir pelo óleo com baixo teor de carbono, algo que já vem sendo notado por consumidores europeus. Ao contrário do Brasil, outros grandes produtores como Canadá e Venezuela registram maior emissão na produção. “O baixo teor de carbono será precificado a partir de agora e o Brasil tem condições de ter uma indústria bem ativa até 2070, 2080 por conta da característica do nosso petróleo.”
O professor da FGV Energia, João Vitor Marques, afirma que outro ponto positivo ao Brasil se dá pela “geopolítica do petróleo”. “O Brasil é um produtor confiável, em região pacífica. Se torna beneficiado pela conjuntura estável e com uma fronteira explorada provada é reconhecida”, diz o especialista. Ele lembra que, se excluída a região produtora que integra a OPEP no biênio de 2022 e 2023, os Estados Unidos e Brasil vão liderar a produção mundial de petróleo.
A Kinea destaca, ainda, que o futuro do petróleo, ao contrário do que se vê pelo retrovisor, está no Norte do país e não mais no Sul, exatamente onde está localizada a Margem Equatorial.
Marques, da FGV, aponta que existe na média um prazo de sete anos para que um poço comece a produzir e que manter a produção seria o desafio no Brasil para a próxima década. Segundo ele, além da busca de novas fronteiras de exploração, outro caminho a ser trilhado é aumentar a taxa de recuperar dos campos já existentes, e que nesse processo as petroleiras menores podem ajudar.
Na PetroReconcavo, que opera campos maduros terrestres (“onshore”), uma boa parte do incremento da produção da companhia será por meio de recuperação da reserva, explicou Marcelo Cruvinel, gerente de relações com os investidores da companhia, ao Valor. A empresa comprou ativos da Petrobras na Bahia e Rio Grande do Norte.
Temos de continuar a exploração para manter o nível de reservas. Aí que entra a discussão da Margem Equatorial”
— Roberto Ardenghy
A empresa prevê expansão de 28 mil barris por dia para 43 mil diários a partir de 2026, conta Cruvinel. Segundo ele, a estratégia de expansão orgânica permanece firme para extração de petróleo e gás da companhia.
Adriano Pires, sócio-diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), vê a Margem Equatorial como a nova fronteira a ser explorada, depois do pré-sal, apesar das polêmicas envolvendo as licenças ambientais.
“Cerca 75% da produção de petróleo no Brasil vêm do pré-sal e o declínio virá em 2030. A Petrobras responde também por 75% da produção. O restante está com as ‘junior oils’”, lembra Pires.
Na exploração, contudo, Pires diz que as “juniors oils” não assumem risco, uma vez que só compram campos que já estão produzindo petróleo. Com o movimento mais nacionalista da Petrobras, com a troca de governo, o sócio do CBIE vê um potencial movimento de consolidação dessas companhias, uma vez que a petroleira nacional deixou claro que não quer se desfazer de ativos.
A estatal desistiu da venda do Polo Bahia Terra, conjunto de campos terrestres de óleo e gás que estava em negociações com o consórcio PetroReconcavo/Eneva, além do Polo de Urucu (AM), que tinha a Eneva como interessada. “Dado o fato que comprar novos campos é difícil, o mercado vê movimento de fusões e aquisições entre as empresas onshore no radar.”
Hoje há 48 empresas atuando na exploração de petróleo no Brasil, segundo dados do IBP. A leitura é de que uma combinação de preços altos da commodity somada a uma necessidade de escala de produção leve a uma onda de fusões e aquisições no setor.
O presidente da Enauta, Décio Oddone, afirma que o setor tem na escala um ponto primordial e que a consolidação se trata de um caminho natural. Sobre quem será o consolidador nesse processo, Oddone diz que hoje as companhias independentes estão trabalhando para entregar seu planejamento estratégico e as que tiverem sucesso caminham para serem as protagonistas no processo de consolidação. “Esse é um negócio de escala e isso vale para o mundo inteiro.”
Oddone diz que, além da busca por novas áreas de exploração, o Brasil terá de endereçar outro ponto para conseguir aumentar as taxas de recuperação dos campos: os royalties. Na sua opinião, as tarifas devem cair a medida que o campo se torna mais maduro. “A partir de 2030 os grandes campos do pré-sal estarão maduros e, para estender o tempo de produção, teremos que falar sobre os royalties”, comenta.
Depois de investir US$ 700 milhões com a compra de dois campos maduros de óleo e gás no Espírito Santo, a Seacrest Petróleo, fundada pela Seacrest Capital, levantou US$ 260 milhões com ocerta pública de ações (IPO) na Bolsa de Oslo este ano para realiza a expansão dos seus negócios no país.
Ao Valor, Michael Stewart, CEO da companhia, afirmou que a empresa segue firme para expandir seus negócios no país. “Somos uma companhia de capital aberto, investindo no Brasil e esperamos poder continuar crescendo”, diz.
O executivo vê as petroleiras independentes como um movimento importante para o Brasil e acredita na importância dos desinvestimentos da Petrobras. “Foi muito importante para a Petrobras vender esses ativos para criar um setor independente.”
Segundo ele, a estatal tem importantes parcerias com grandes grupos no Brasil e seria importante as independentes crescerem no país dentro de uma política de livre mercado. Stewart acredita que o setor de pequenas e médias empresas petrolíferas tem potencial para atingir 1 milhão de barris de petróleo por dia no próximo ano, até 2029.
A Seacrest produziu quase 10 mil barris de óleo equivalente por dia (BOEPD) no Espírito Santo. A consolidação desse setor de ‘junior oils”, para Stewart, contudo, é inevitável e acredita em alianças estratégicas. Uma das razões de a Seacrest ter investido no Espírito Santo, segundo o executivo, é que o petróleo da região “é de boa qualidade, com baixo teor de enxofre”.
Essa dinâmica positiva para o petróleo tem dado um impulso para as contas públicas. Um peso pesado na balança comercial brasileira, a estimativa da Kinea é de que em 2030 a arrecadação com extração de petróleo e gás natural alcance 2,2% do Produto Interno Bruto (PIB). “Essa não será uma bala de prata e o governo precisará continuar fazendo seu ajuste fiscal”, afirma a economista da Kinea, Daniela Lima.
Lima lembra que o desempenho de 2022, quando o setor extrativo foi responsável por 2,6% do PIB, não deve se repetir, visto que o salto teve por trás principalmente a distribuição recorde de dividendos pela Petrobras. Apesar disso, o aumento de produção ao longo dos próximos anos sustentará o aumento da arrecadação.
Para a economista, apesar de o Brasil ser exportador de petróleo, o país depende da importação de combustíveis, algo que deve permanecer nos próximos anos, visto que não há sinalização sobre interesse para investimentos em refinarias. Olhando para frente, a economista aponta que o consumo de combustíveis por aqui seguirá em trajetória ascendente, seguindo o crescimento do PIB.
Valor - SP 30/10/2023
Segundo avaliações feita ao Valor, apesar da maior volatilidade dos preços do Brent, trata-se de uma “reação psicológica” que não deve se sustentar
Em 2022 e em 2023, até agosto, a Arábia Saudita foi a principal origem da importação de petróleo brasileira. Entre os temores trazidos pela guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas está o risco de que países produtores de petróleo, vizinhos à região do conflito, se envolvam na disputa. Essa conjuntura aumenta a volatilidade sobre os preços do Brent, mas, conforme especialistas ouvidos pelo Valor, trata-se de uma “reação psicológica” que não deve se sustentar e tampouco resultar em redução da oferta global.
As importações de petróleo no Brasil este ano, até agosto, já ultrapassam o total de 2022, conforme dados da Agência Nacional de Petróleo (ANP). Em oito meses de 2023, dos 306,9 mil barris importados por dia 58,3 mil vieram da Arábia Saudita.
No ano passado, a importação brasileira de óleo bruto saudita representou quase um terço do total comprado no exterior. Dos 274,7 mil barris por dia importados no ano, 87,3 mil vieram da Arábia Saudita, de acordo com informações da ANP.
João Victor Marques, pesquisador da FGV Energia, diz que a origem da importação está mais diversificada neste ano, com o aumento da importância de países do continente africano, como Nigéria, Angola e Congo. Isso ocorre por conta do maior volume de compras externas das refinarias privatizadas. O óleo bruto saudita ainda representa uma fatia importante pela qualidade do produto, segundo o especialista.
O pesquisador reforça que a autossuficiência brasileira em petróleo, desde quando o pré-sal começou a ganhar protagonismo na produção em 2016, reduz qualquer preocupação que possa surgir quanto à importação da Arábia Saudita em meio ao conflito entre Israel e o Hamas.
Segundo a ANP, o Brasil produziu 3,021 milhões de barris por dia no ano passado. Em 2023, até agosto, a produção diária média foi de aproximadamente 3,462 milhões de barris.
“O planejamento energético brasileiro foi voltado à busca pela autossuficiência em petróleo. A maior parte do que é consumido nas refinarias vem do pré-sal. Mas, dentro desse recorte de menor importância das importações, a Arábia Saudita é a principal origem do óleo importado”, afirma Marques.
“A participação da Petrobras reduziu consideravelmente nas importações se compararmos aos dados históricos. Em 2022, a maior participação foi de agentes privados.”
Irã e Arábia Saudita têm deixado a pauta bélica de lado”
— Najad Khouri
A Petrobras ainda compra petróleo da Arábia Saudita. Questionada pelo Valor sobre a existência de intercorrências no fornecimento em meio ao conflito no Oriente Médio, a estatal afirmou que monitora constantemente os movimentos do mercado e que não houve alteração nos fluxos. “A companhia acompanha diariamente os desdobramentos do conflito na região”, disse a Petrobras em nota.
Em janeiro de 2020, a estatal brasileira precisou suspender o trânsito de navios com cargas no Estreito de Ormuz, importante via no Golfo Pérsico para navios petroleiros de grandes companhias como Saudi Aramco e Petrobras. À época, a estatal brasileira afirmou que a decisão não prejudicaria o abastecimento de combustíveis no Brasil.
O conflito atual é diferente do que era visto em 2020, quando havia ataques do Irã a bases americanas no Iraque como resposta ao assassinato do general iraniano Qasem Soleimani pelos Estados Unidos.
“Em 2020, existia um forte temor de um conflito direto entre Irã e Estados Unidos. Esse não é o caso agora. A tendência é de ataques de grupos contrários a Israel, apoiados pelo Irã. Existe um risco de escalada nessa disputa, mas deve haver um conflito indireto com um apoio iraniano nos bastidores. Até o momento não existe restrição nos fluxos físicos e nem nas unidades de produção ou de refino. Não vemos esse risco agora”, diz o pesquisador da FGV Energia.
Marques explica ainda que Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados (Opep+), que, segundo ele, é “praticamente liderada pelos sauditas em cooperação com a Rússia”, tem controlado bem o mercado. “Não existe vontade política de desestabilizar o mercado de petróleo.”
Najad Khouri, especialista em Oriente Médio e fundador do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre o Oriente Médio (Gepom), faz coro à ideia de que os países produtores de petróleo daquela região têm tentado deixar as relações cada vez mais estáveis. “Os fundamentos do petróleo são muito fortes. A Opep+ tem apresentado sucesso na função de gerenciar o mercado e isso vem mantendo os níveis de produção”, afirma Khouri, que tem origem libanesa.
De acordo com o especialista, os confrontos entre Hamas e Israel nunca afetaram os preços do petróleo. Segundo Khouri, atualmente, as relações geopolíticas entre Arábia Saudita e Israel estão ainda mais estáveis e, além disso, o Irã tem passado por um processo de abertura diplomática. “Irã e Arábia Saudita precisam do progresso econômico. Eles estão deixando de lado a pauta bélica por ora. O próprio Irã já afirmou que precisa ter prudência e não pode sacrificar a união pelo conflito.”
“Existe uma tendência de negociação, de não destruir os próprios recursos. A Arábia Saudita teve um aumento considerável do Produto Interno Bruto (PIB) nos últimos anos. O Irã tem buscado abertura econômica para a China. Não vejo agora uma probabilidade de o Irã elevar o envolvimento no conflito, tampouco um risco sobre o Estreito de Ormuz”, afirma Khouri.
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