Portal Fator Brasil - RJ 30/06/2023
Inteligência Artificial no setor siderúrgico é o caminho para aumento de produtividade e segurança do trabalho.
A World Steel Association publicou a edição de 2023 do relatório World Steel in Figures, que dá dados detalhados sobre a produção siderúrgica mundial. De acordo com o relatório, o mundo presenciou um crescimento substancial na produção nos últimos dez anos. Em 2012 a produção era de 1.563 milhões toneladas e em 2022 passou a 1.885 milhões de toneladas. O Brasil figura entre os top 20 países produtores, sendo o 9o maior produtor mundial de aço, de acordo com o relatório da World Steel Association.
O relatório também mostra que a produção mundial caiu de 2021 para 2022 - passando de 1.962 para 1.885 milhões de toneladas. Houve ainda um crescimento muito maior no uso de commodities com o aço e de beneficiamento do produto do que propriamente da produção em si. E é neste ponto que a Inteligência Artificial pode colaborar ativamente, no chão de fábrica.
Em um avanço significativo para a segurança do trabalho, o setor siderúrgico está adotando a Inteligência Artificial (IA) como uma ferramenta fundamental na prevenção de acidentes e garantia de um ambiente de trabalho mais seguro. Com a capacidade de analisar grandes quantidades de dados em tempo real, a IA está transformando as práticas de segurança e contribuindo para a redução de incidentes nas usinas siderúrgicas.
Para entender melhor os benefícios da IA neste segmento, conversamos com Eduardo Vargas, Business Development Manager para o Brasil da Graymatics, uma das principais empresas de processamento cognitivo multimídia do mundo, que atua colaborando com Siderúrgicas na transformação de seus CFTV Câmeras com IA para coleta dados e emissão de alertas.
O executivo explica que a aplicação da IA no setor siderúrgico permite uma análise minuciosa de informações coletadas por sensores, câmeras e outros dispositivos conectados. —Algoritmos sofisticados são capazes de processar esses dados de forma rápida e eficiente, identificando padrões e comportamentos anormais que possam representar riscos para os trabalhadores. Um dos principais benefícios da IA é sua capacidade de detectar situações de risco iminentes antes mesmo que elas ocorram— afirma Vargas.
Como funciona na prática a IA para o setor siderúrgico — A tecnologia pode identificar condições de calor excessivo em determinadas áreas da usina, alertando os responsáveis para que medidas corretivas sejam tomadas antes que ocorra um acidente. Além disso, a IA pode monitorar o uso de equipamentos de proteção individual (EPIs) pelos trabalhadores, garantindo o cumprimento das normas de segurança.
Outra aplicação da IA no setor siderúrgico é o uso de sistemas de visão computacional para monitorar o comportamento dos funcionários. Câmeras equipadas com algoritmos de reconhecimento facial podem identificar se um trabalhador está realizando uma tarefa de maneira inadequada ou se está se colocando em uma situação de risco. Nesses casos, alertas podem ser enviados automaticamente aos supervisores, que podem intervir imediatamente para corrigir o comportamento.
— A adoção da IA em segurança do trabalho também permite uma análise mais precisa dos acidentes ocorridos, ajudando na identificação das causas raiz e na implementação de medidas preventivas mais eficazes. Os algoritmos podem analisar dados históricos de acidentes e incidentes para identificar padrões e fornecer insights valiosos para melhorar as práticas de segurança — comenta Vargas. —A IA funciona como um aliado de gestores, fornecendo informações valiosas e agindo como um sistema de alerta antecipado—.
Na siderurgia, entre os casos típicos de utilização de IA para monitorar dados, o executivo cita o consumo de combustíveis e composição química final, que permitem prever a demanda de matéria prima, melhorar as rotas de entregas, analisar resultados de ensaios mecânicos, mensurar a qualidade das chapas laminadas e criar atuação inteligente e autônoma em laminadores. —É evidente o aumento de produtividade, redução de desperdícios e de erros potenciais que costumam causar sérios prejuízos, além de é claro reduzir o risco para os trabalhadores —comenta.
A implementação da IA em segurança do trabalho no setor siderúrgico representa um avanço significativo na proteção dos trabalhadores e na redução de acidentes. —A combinação da expertise humana com a capacidade analítica da IA oferece um ambiente mais seguro e saudável para todos os envolvidos nas operações siderúrgicas— conclui Eduardo Vargas.
Graymatics — A Graymatics é uma empresa líder em processamento de multimídia cognitiva. Por meio das melhores e mais completas tecnologias de IA, extrai insights aprofundados e permite soluções a partir da base instalada de câmeras CCTV. Fundada no Vale do Silício, com sede em Singapura, Graymatics está presente em 15 países, incluindo EUA, Reino Unido, Índia e Chile. Fornece soluções baseadas em IA por vídeo para vários setores, incluindo segurança e vigilância, transporte inteligente, marketing digital, comércio eletrônico, telecomunicações e Internet das Coisas. Sua cartela de clientes é composta por grandes fábricas de infraestrutura, manufatura e setor público, dentre eles Development Bank of Singapore, Fujitsu, Samsung, Hitachi, LG, Dentsu, Flipkart e Globe.
Valor - SP 30/06/2023
Empresa começa a exportar 350 toneladas ao mês de ferro-sílico manganês, de baixo carbono, que será usado como insumo em siderúrgica na Finlândia
Pessoa, diretor Comercial e de Supply Chain: “Temos a vantagem de usar a maior parte de biorredutor de carvão vegetal e energia renovável no processo de produção de nossa fábrica em Itapeva” — Foto: Celso Doni/Valor
A Maringá Ferro-Liga, companhia que faz ferroligas de manganês, insumo crucial para a fabricação de diversos tipos de aço, busca inserir suas atividades nos padrões da economia verde. A empresa vem investindo para atender a demanda de produtos com baixa pegada de carbono e, nessa rota, almeja ganhar novos mercados no país e no exterior.
A partir de julho, a Maringá começa a exportar lotes mensais da liga ferro sílico-manganês para uso na produção de aço verde em uma siderúrgica do grupo sueco SSAB, um dos maiores da siderurgia da Europa. O material será utilizado em uma usina na Finlândia. O contrato, de um ano, prevê pouco despachos de 4,2 mil toneladas da liga (350 mil mensais).
O que chamou a atenção da empresa sueca é que a liga da Maringá tem baixo carbono - uso de carvão vegetal como redutor energético e de energia renovável na operação dos fornos, afirma Luís Pessoa, diretor comercial e de Supply Chain da Maringá.
A liga de manganês é uma espécie de “tempero” na fabricação do aço - utilização de 8 a 10 quilos para cada toneladas de aço fabricada. O material é lançado no processo de refino do aço na aciaria. A liga é aplicada para se obter maior resistência ao produto siderúrgico em obras civis, de infraestrutura, chapas de automóveis, gasodutos, entre outros.
A empresa faz 60% do carvão vegetal (biorredutor energético) que utiliza no processo a partir de florestas próprias (5 mil hectares), informa Rodrigo Junqueira dos Santos, diretor industrial da Maringá. Mais 20% são adquiridos de terceiros. Na produção das duas ligas (sílico-manganês e ferro manganês alto carbono) ainda se usa 20% de coque de petróleo ou carvão metalúrgico. Esses dois insumos têm forte geração de emissões de CO2.
No suprimento de energia, com a reforma de uma central de geração elétrica, a companhia atingirá até 30% de geração própria. O restante é adquirido de geradoras no mercado. “Já até avaliamos um investimento de geração eólica, mas não evoluiu. Mas nosso plano é diversificar a matriz com energias solar e eólica”, afirmou Junqueira.
Nosso plano é diversificar nossa matriz energética com solar e eólica”
— Rodrigo Junqueira
A liga de ferro sílico manganês vendida para a SSAB, explica Pessoa, é um produto com baixos teores de boro e fósforo - elementos contaminantes do aço.
Atualmente, a Maringá tem um plano de investimento de R$ 633 milhões no período 2022-2027. Há vários projetos, com destaque para aumento da geração de energia, troca de fornos de carvão, sinterização de finos de minério de manganês e repotenciação dos fornos de ligas. Desse pacote, R$ 90 milhões estão previstos para este ano.
“Com esses projetos, teremos mais energia renovável, mais biorredutor vegetal (menos geração de CO2), utilização de minério de rejeitos e ganho energético nos fornos, com impactos ambientais e de redução de custos”, ressalta Pessoa. “Em custos, estamos no primeiro quartil global. Esperamos obter mais 10%”, diz.
Na parte de biorredutor, a Maringá está trocando todos os fornos circulares por sistemas mecanizados, retangulares - modernos, maiores e mais eficientes. A previsão é finalizar as trocas em 2024. Com isso, a fumaça gerada no processo (ainda com CO2 e metano) é captada e direcionada para um queimador, que elimina o metano. O plano é utilizar o calor para gerar energia, com uma térmica.
A repotenciação de três dos cinco fornos de ligas, a partir do próximo ano, vai permitir elevar a capacidade de produção anual em 20%, para 120 mil toneladas.
A empresa tem unidade fabril em Itapeva, interior de São Paulo. Das 100 mil, 60% é de ferro sílico-manganês (FeSiMn) e ferro manganês alto carbono (FeMnAC) fica com 40%. Os grandes clientes da empresa são fabricantes de aço. A Maringá é a líder na produção no Brasil e se destaca como maior fornecedora da América do Sul.
Em 2022, a empresa produziu 89 mil toneladas das duas ligas, queda de 10% sobre 2021. As vendas, sendo 80% para o mercado interno, somaram 96,7 mil toneladas. As exportações atingem diversos mercados, com destaque para siderúrgicas da Argentina. “Neste ano estamos embarcando ao exterior até 30% da produção”, informa o diretor.
Atualmente, a tonelada do produto é comercializada em torno de US$ 1,18 mil. Na pandemia, a variação acompanhou o movimento de alta de outras commodities minerais e metálicas, chegando a valer US$ 2,4 mil.
Globo Online - RJ 30/06/2023
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, confirmou nesta quinta-feira um ajuste no sistema de metas de inflação, adotado no Brasil em junho de 1999. A decisão foi anunciada por Haddad após reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN).
Além disso, o CMN manteve as metas de inflação em 3,25% para 2023, e 3% para 2024 e 2025, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
O governo vai alterar os parâmetros adotados hoje para que o país tenha um sistema em que a meta de inflação seja contínua, como antecipou O GLOBO na segunda-feira. A mudança vale a partir de 2025, quando em seguida a meta será de 3%. Havia uma preocupação no mercado com a possibilidade de mudança nessa meta, o que foi descartado por Haddad.
— Eu anunciei ao Conselho Monetário Nacional, porque isso é uma prerrogativa do presidente da República, uma mudança no regime (de metas) em relação ao ano-calendário. De maneira que agora nós adotaremos agora a meta contínua a partir de 2025. Nós decidimos manter a meta (de 3%) à luz dos indicadores econômicos, sobretudo os índices de preços, que vem demonstrando uma queda acentuada e uma convergência para a meta — disse Haddad.
A mudança começa depois da saída da Roberto Campos Neto da presidência do Banco Central. O mandato dele termina em dezembro de 2024. O nome mais cotado para ser indicado pelo governo é do ex-secretário-executivo do Ministério da Fazenda Gabriel Galípolo, indicado para a diretoria de Política Monetária do BC.
— Por que a partir de 2025? É quando começa o mandato de um novo presidente, decidimos alterar o regime para horizonte contínuo a partir dessa data — disse Haddad.
Haddad fez o anúncio ao lado da ministra do Planejamento, Simone Tebet. Campos Neto não participou. Os três compõem o CMN.
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Atualmente, a meta é definida seguindo o ano-calendário, tendo que atingir o objetivo de janeiro a dezembro de cada. Em vez de considerar um ano cheio para atingir a meta, o objetivo será perseguido num período mais longo. Esse período será olhando para a frente.
Haddad mencionou um período de 24 meses, mas ressaltou depois que quem define o horizonte da política monetária é o Banco Central.
Dessa forma, o BC poderia ser mais suave na sua atuação para manter os preços sob controle. Hoje, a Taxa Selic está em 13,75% ao ano, alvo de críticas do governo.
— Define trajetória de atingimento daquela meta, quando tem choque externo, tem crise, você não fixa, não abre mão da meta. O que se fazia no Brasil é abrir mão da meta para cumprir ano-calendário. Agora faz o contrário, mantém a meta abrindo mão do ano-calendário. Dá um horizonte de longo prazo para a política monetária — explicou.
A mudança no regime de metas é prerrogativa do presidente da República. Por isso, disse Haddad, a decisão foi comunicada ao CMN — e não deliberada pelo colegiado, como é em outros casos.
Haddad afirmou que a projeção para IPCA em 2025 já está praticamente no patamar de 3% e que Campos Neto comunicou que projeção do BC em 2025 já está em 3,1%. Isso, na sua visão, permite a queda dos juros.
O titular da Fazenda afirmou também que a regra anterior não era "factível" e a mudança de substituir o ano-calendário é "fundamental para o país" e uma "modernização necessária".
— Mudança do regime de meta é fundamental para o futuro do país. O Brasil estará em sintonia com demais países do mundo — disse o ministro.
Haddad acrescentou que há grande expectativa do governo de cortes consistentes da Selic a partir de agosto.
— Temos razões para nos preocupar com desaceleração que está sendo vista para 2024. Tudo concorre para que tenhamos harmonização de política monetária e fiscal. Sem harmonia entre políticas monetária e fiscal, resultados fiscais não aparecerão — disse Haddad. — Estou convencido que não podemos conviver com essa taxa de juros. Estamos falando de 13,75 (de juros) contra uma inflação projetada para 2025 de 3,1%. Eu não estou falando de política, estou falando de matemática.
O ministro afirmou ainda que a meta contínua dá horizonte de longo prazo e tranquilidade para política monetária.
Para ele, os cortes de juros podem ser feitos em agosto sem desancoragem das expectativas (quando as estimativas de mercado estão acima da meta). Haddad afirmou que essa regra é factível.
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Governo defendia mudança
A avaliação dentro do governo é que uma regra que não siga o ano calendário poderia atenuar as pressões e reduzir as chances de a política monetária ser muito contracionista — ou seja, com taxas de juros muito elevadas.
Mudar a sistemática pode ser decisivo para os rumos da taxa de juros no país. O principal objetivo do BC ao definir a Selic é seguir a meta de inflação, definida pelo CMN.
O mercado já começa a reduzir projeções para 2026, o que pode abrir espaço para uma queda mais rápida da Selic. No Boletim Focus, a estimativa caiu para 3,72%. Há um mês estava em 4%.
O calendário oficial do CMN prevê a discussão sobre as metas de inflação nos meses de junho. Neste ano, seria discutida a meta de 2026 e rediscutidos os objetivos de 2024 e 2025. Mas o que entrou em discussão e foi decidido foi a adoção de calendário móvel.
Levantamento, conduzido em 1872, contabilizou 1,5 milhão de escravos à época
Críticas de Lula
O Conselho Monetário Nacional (CMN) se reúne todos os meses, mas, tradicionalmente, apenas nas reuniões de junho são discutidas mudanças nas metas de inflação. Este ano, o tema escalou em importância, depois de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sugerir um aumento na meta, como estratégia para permitir um corte mais rápido da Taxa Selic. A ideia, no entanto, foi fortemente contestada pelo presidente do Banco Central, que alega que a estratégia pode ter o efeito contrário.
— O presidente me deu carta branca para tomarmos decisão de meta mais conveniente para o momento — disse Haddad. — Não nos cabia nesse momento uma alteração que pudesse para baixo implicar um aperto monetário ainda maior e para cima sinalizar um descompromisso com o combate à inflação.
Formado pelos ministros da Fazenda e do Planejamento e pelo presidente do Banco Central, o CMN trata quase sempre de assuntos técnicos, referentes à moeda ou a políticas de crédito no país.
Desde 2019, a meta de inflação vem caindo ano a ano. Era de 4,5% e foi sofrendo cortes graduais de 0,25 ponto. Para este ano, a meta foi estabelecida em 3,25%, e para o ano que vem cairá para 3%.
Na avaliação do governo, o patamar atual dos juros funciona como entrave ao crescimento econômico. Há temor de que a demora para reduzir os juros básicos afete a eficácia da política fiscal, no momento em que o governo concentra esforços na aprovação do novo arcabouço no Congresso.
Descumprimento da meta
No formato atual, se a inflação ficasse fora do intervalo de tolerância, o presidente do Banco Central tinha de divulgar publicamente as razões do descumprimento, por meio de carta aberta ao Ministro da Fazenda, que preside o CMN. Campos Neto fez isso dois anos seguidos.
Ao ser questionado como funcionará o mecanismo no novo formato, Haddad disse que a instituição vai ter que prestar contas ao CMN e “tende a ser mais frequente”.
Sem detalhar a frequência, o ministro disse apenas que a prestação de contas seria disciplinada por um decreto do presidente Lula.
Infomoney - SP 30/06/2023
A nova prévia do PIB dos Estados Unidos, que apontou para um crescimento de 2% no primeiro trimestre de 2023, acima das projeções do mercado, mostra uma continuidade da resiliência da atividade econômica no país, segundo analistas, um sinal de que os efeitos da política monetária restritiva ainda não chegaram. Isso corrobora a linha de comunicação recente do Federal Reserve, que indicou para a necessidade de pelo menos mais duas altas de juros até o final do ano.
André Cordeiro, economista-sênior do Banco Inter, lembrou que a expectativa para o indicador hoje era de 1,4% e que em todas as três estimativas divulgadas para o primeiro trimestre a correção veio acima do esperado.
“O resultado reflete revisões nas exportações e no consumo das famílias, enquanto investimento e gastos do governo reduziram. Isso sugere que a economia americana ainda está crescendo acima da tendência, mantendo-se resiliente em meio à elevada taxa de juros. Outro ponto importante é o mercado de trabalho, que permanece aquecido, sustentando a demanda interna”, comentou Cordeiro.
Ele também destacou que, nesta quinta-feira (29), foram divulgados os dados de pedidos de seguro-desemprego, que vieram abaixo do esperado, indicando que menos pessoas estão necessitando do benefício.
O economista do Inter lembrou ainda que o banco central americano acredita que o crescimento potencial da economia americana, ou seja, a taxa de crescimento que não é acompanhada de aceleração na inflação, seja de 1,8%.
“Portanto, vemos a economia ainda operando acima do crescimento potencial e o mercado de trabalho ainda aquecido, o que pode levar o Fed a interpretar que a economia não está reagindo à política monetária contracionista como esperado”, afirmou.
Assim como os integrantes do Fomc já anteciparam mais duas altas na taxa de juros até o fim do ano, o desempenho da atividade econômica parece corroborar a visão do Fed, tornando novas altas mais prováveis, segundo Cordeiro.
Para Lucas Zaniboni, economista da Garde Asset Management, a terceira leitura do PIB mostrou um panorama ainda mais otimista para a economia americana. Ele também destacou que o PIB americano cresceu acima do potencial no início do ano. “Além disso, a composição da revisão também foi positiva, com o consumo crescendo fortes 4,2% em termos anualizados”, detalhou.
Zaniboni fez a ressalva de que os dados são relativamente defasados, mas que o padrão de surpresas positivas para dados de atividade americanos vem se mantendo também em divulgações mais recentes.
Claudia Rodrigues, economista do C6 Bank, destacou que o resultado de hoje ficou bem acima não só das projeções, mas também da divulgação anterior (1,3%) e que esse crescimento do PIB refletiu tanto o aumento das exportações líquidas como o maior gasto com consumo de serviços.
Mas ela fez uma ressalva de que, apesar da surpresa positiva, o cenário é de desaceleração da economia americana, resultado de seguidos aumentos de juros por parte do Federal Reserve com o objetivo de conter a inflação. “Acreditamos que a economia americana crescerá em ritmo menor, abaixo do potencial, em 2023, mas não prevemos recessão”, disse.
Para a economista do C6 Bank, o cenário de inflação elevada e atividade resiliente é consistente com mais dois aumentos de 0,25 pontos-base na taxa de juros nas próximas reuniões do Fed, conforme sinalizado pelo próprio comitê de política monetária.
IstoÉ Dinheiro - SP 30/06/2023
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta quinta-feira, 29, que a autoridade monetária está “otimista” com o cenário para a inflação e as expectativas de inflação. “As expectativas estão caminhando em um caminho positivo. Estamos otimistas. Já venho falando há uns meses que a inflação tem ido para baixo e o crescimento, para cima.”
Ele destacou que há um processo de convergência de inflação ocorrendo e que o BC está “animado” com esse cenário. “Entendemos que vai voltar para meta. Há esse processo de convergência acontecendo. Estamos animados com o que está acontecendo, com menor custo para sociedade”, disse, avaliando que o impacto para a economia tem sido ameno, até com revisões para cima para expectativas do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).
Questionado se, olhando a inflação e a diferença para as metas hoje, o BC avalia que deveria ter agido diferente, Campos Neto respondeu que há sempre um trade-off do aumento dos juros e sua duração, o que aconteceu no Brasil e agora acontece nos Estados Unidos. “Se subo demais, pode ter efeito não linear no crédito. Não é fácil de corrigir ruptura no mercado de crédito.”
Já o diretor de Política Econômica do Banco Central, Diogo Guillen, disse que a contração monetária hoje é explicada pelas expectativas de inflação acima da meta.
Meta
O presidente do Banco Central repetiu que o governo é que define as metas de inflação que a instituição deve perseguir, e evitou responder se uma meta de 3,0% é ou não adequada para a realidade da economia brasileira.
“Os aperfeiçoamentos da meta têm que mirar o trabalho da convergência da inflação com o menor custo para a sociedade. Quando você não está atingido a meta, mudar a meta para ganhar flexibilização tem efeito contrário”, completou Campos Neto.
Crédito direcionado
O presidente do Banco Central repetiu que quando há um crédito direcionado estrutural maior no mercado, a potência da política monetária diminui. “É bastante direta essa relação”, avaliou.
Campos Neto disse que entende a necessidade de se aumentar o crédito direcionado de maneira conjuntural, mas alertou para que essas medidas não se tornem estruturais. “Sobre o Plano Safra, temos trabalhado para que os grandes agricultores possam acessar o mercado de capitais, para que o crédito direcionado seja focado no médio e no pequeno. Isso tem um resultado muito bom”, acrescentou.
O presidente do BC admitiu que quando os juros sobem muito, o mercado de capitais se fecha, criando a demanda por mais crédito direcionado. “A gente entende isso”, completou.
A instituição alterou, no Relatório Trimestral de Inflação (RTI) divulgado nesta quinta-feira, sua projeção para o saldo total de crédito de alta de 7,6% para elevação de 7,7%. Para o saldo de crédito livre – aquele que não utiliza recursos da poupança ou do BNDES – passou de alta de 7,1% para elevação de 6,3%.
Já a projeção do BC para o saldo de crédito direcionado, que utiliza recursos da poupança e do BNDES, passou de alta de 8,3% para 9,6%.
Formação da taxa de câmbio
O presidente do Banco Central citou diversos fatores que têm levado à apreciação do real em relação ao dólar desde o começo do ano. “Vimos de fato a melhora de algumas moedas emergentes. A safra muito grande também gera uma forte entrada de câmbio. Há ainda a melhora da percepção do fiscal, com as medidas do governo, e a percepção de que o BC está fazendo o trabalho correto e que a inflação está convergindo. As taxas de juros altas também funcionam como ancoragem, porque o diferencial de juros é favorável”, detalhou.
Campos Neto repetiu que, para o BC, o que importa não é a taxa de câmbio em si, mas o seu impacto sobre a inflação corrente e as expectativas.
Globo Online - RJ 30/06/2023
O IGP-M, índice de inflação que reajusta contratos de serviços, como alugueis, já tem queda acumulada de 4,65% nos últimos três meses, segundo dados divulgados nesta quinta pelo Ibre/ FGV.
O movimento vem se intensificando mês a mês: a queda foi de 0,95% em abril, 1,84% em maio e, agora em junho, de 1,93%.
Neste mês, além dos preços ao produtor terem caído 2,7% (mesma queda de abril), os preços ao consumidor também voltaram a cair (recuo de 0,25%, que se somou à queda de 0,48% no mês anterior).
Como explica o economista André Braz, responsável pelos índices de preços da Fundação, esse movimento está relacionado à queda dos combustíveis e redução forte dos preços dos alimentos, em um cenário de desaceleração da economia mundial e super safra de grãos no Brasil.
- A inflação ao produtor registrou nova deflação, agora impulsionada pela queda dos preços dos combustíveis na refinaria - explicou ele. - E os preços de importantes commodities agropecuárias seguem em queda, como milho (que caiu 14,85%) e bovinos (redução de 6,55%).
Para o economista André Perfeito, as quedas dos últimos meses reforçam o corte da taxa básica de juros, a Selic, pelo Copom em agosto. Isso porque, na ata da última reunião, em que o BC manteve a Selic em 13,75% ao ano, o comitê indicou que a redução nos juros básicos dependerá de mais dados que mostrem perda de fôlego dos preços.
Ele destacou que, além da queda dos preços ao consumidor, os preços ao consumidor também tiveram queda dentro do IGP-M.
- Tudo isso reitera mais uma vez a perspectiva de que sim, o Copom irá iniciar os cortes na taxa básica na próxima reunião - avaliou. - Em uma economia altamente indexada como a brasileira, a queda do IGP-M tem forte poder moderador de preços em geral.
Globo Online - RJ 30/06/2023
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta quinta-feira que a avaliação majoritária na última reunião do Conselho de Política Monetária (Copom) foi “deixar a porta aberta” para o rumo da taxa básica de juros, a Selic.
Na última terça-feira, o Banco Central sinalizou que pode iniciar o ciclo de corte da taxa básica de juros na próxima reunião em agosto. É a primeira indicação de queda na Selic desde o início do terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva.
— Você tem um grupo que entendeu que não era bom deixar a porta aberta de forma alguma e um grupo que entendeu que era bom deixar a porta aberta. O que predominou foi a visão de baixar a porta aberta — disse Campos Neto durante coletiva sobre divulgação do relatório de inflação.
Ainda em junho, o BC manteve a Selic em 13,75% pela sétima vez consecutiva. O comunicado da decisão não teve sinais de queda na Selic - movimento que só foi observado na Ata do Copom.
— Nós temos dois instrumentos de comunicação. A função do comunicado é expressar uma opinião de consenso. E a ata tem o objetivo de explicar o que foi discutido na reunião. Quando você tem uma reunião bem dividida, como foi a última, explicamos (essa divergência) na ata — avaliou.
O movimento de sinalizar corte de juros só na Ata foi entendido, por integrantes do governo Lula, como erro de comunicação. Também nesta quinta-feira, o presidente do Banco Central apontou que “melhorias” nos anúncios do BC são bem-vindas e disse que busca sempre transparência nesse processo:
— Eu liguei para o presidente da CAE (Comissão de Assuntos Econômicos, do Senado), me ofereci para explicar a decisão (do Copom). Tem muita gente que fala do Comunicado, que é técnico, mas não lê o histórico de comunicados — diz o presidente do BC.
Meta de inflação
Roberto Campos Neto foi questionado sobre meta de inflação e lembrou de um estudo do Banco Central, de 2017, que mostrou maior eficiência na adoção de uma meta contínua - ou seja, prazos mais longos para calibrar a inflação. Atualmente o BC adota o chamado ano-calendário, ou seja, de janeiro a dezembro.
O Conselho Monetário Nacional (CMN) tem reunião nesta quinta-feira e deve discutir um ajuste no sistema de metas de inflação. Atualmente, o colegiado é formado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, pela ministra do Planejamento, Simone Tebet, e pelo presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto.
— Tem esse estudo que mostra que a meta contínua é mais eficiente. Em alguns momentos, o governo ficou preocupado em estourar a meta em um ano específico e acabou tomando medidas no fim do ano que fizesse com que aquela inflação caísse de forma pontual e que gerou uma alocação de recursos que não era a mais eficiente do ponto de vista econômico. E grande parte dos países não tem meta de ano-calendário — disse o presidente do BC.
Agência Brasil - DF 30/06/2023
O Banco Central (BC) elevou a projeção para o crescimento da economia este ano. A estimativa para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB, a soma de todos os bens e serviços produzidos no país) passou de 1,2% para 2%, em razão de “surpresas positivas em algumas atividades da indústria e do setor de serviços no primeiro trimestre, além de melhora nos prognósticos para a agricultura”. A projeção consta do Relatório de Inflação, publicação trimestral do BC, divulgado nesta quinta-feira (29).
“A atividade econômica apresentou forte crescimento no primeiro trimestre (1,9%), superando amplamente as expectativas. O resultado repercutiu sobretudo o desempenho do setor agropecuário. Por sua vez, a evolução da demanda doméstica e dos componentes da oferta mais sensíveis ao ciclo econômico reforça a avaliação de arrefecimento da atividade econômica”, explicou o BC no relatório.
“Apesar dessa elevação, a projeção continua refletindo cenário prospectivo de desaceleração da atividade econômica em 2023, sob influência da diminuição do ritmo de crescimento global e dos impactos cumulativos da política monetária doméstica [alta da taxa básica de juros]”, alertou a autarquia.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC mantém a taxa Selic em 13,75% ao ano desde agosto do ano passado, o maior nível desde janeiro de 2017, apesar da queda da inflação e das pressões de parte do governo para redução dos juros básicos.
A Selic é o principal instrumento do BC para alcançar a meta de inflação porque a taxa causa reflexos nos preços, já que juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança, evitando a demanda aquecida. Os efeitos do aperto monetário são sentidos no encarecimento do crédito e na desaceleração da economia.
Setores da economia
Em 2022, a economia brasileira cresceu 2,9%, após alta de 5% em 2021 e recuo de 3,3% em 2020. O setor de serviços foi o que mais contribuiu para o crescimento do PIB no ano passado. Segundo o BC, os segmentos do setor foram severamente afetados pela pandemia da covid-19, inicialmente, mas desde então apresentam trajetórias de crescimento.
Para este ano, a projeção para o setor de serviços teve alta de 1% para 1,6%, diante do bom desempenho em algumas atividades. Entre elas, está o de transporte, “possivelmente influenciada pelo escoamento da safra de soja”, e de atividades financeiras. O BC cita ainda o comércio, que teve variação modesta mas acima da prevista, também possivelmente beneficiada pela alta na agropecuária.
Na indústria, a projeção foi elevada de 0,3% para 0,7%, com maior crescimento da indústria extrativa e da produção e distribuição de eletricidade, gás e água. Essa última atividade saiu de uma projeção de crescimento de 0,4% para 5%, beneficiada no primeiro trimestre pela reduzida participação de usinas termoelétricas na produção total de energia elétrica, o que deve continuar acontecendo ao longo do ano, em cenário de reservatórios de hidrelétricas em níveis confortáveis e da maior oferta de energia proveniente de usinas eólicas e fotovoltaicas.
“Em sentido oposto, houve redução nas estimativas para a indústria de transformação e para a construção, atividades mais sensíveis ao ciclo econômico e que recuaram mais do que o previsto no primeiro trimestre”, informou o BC.
A projeção de crescimento da agropecuária para este ano foi elevada de 7% para 10%, após recuo de 1,7% em 2022, repercutindo prognósticos favoráveis para a produção agrícola, notadamente a de soja, a da segunda safra de milho e a de cana-de-açúcar.
Com relação aos componentes domésticos da demanda, a projeção para o consumo das famílias teve ligeira alta, de 1,5% para 1,6%; para o consumo do governo, de 0,7% para 1%, e para a formação bruta de capital fixo (investimentos) das empresas, de estabilidade para recuo de 1,8%. As exportações e as importações de bens e serviços, este ano, devem variar de 3,7% para zero, ante projeções respectivas de 2,4% e queda de 0,5% no Relatório de Inflação de março.
Riscos
Segundo o BC, foi mencionado no relatório de março uma possível desaceleração da concessão de crédito mais intensa do que seria compatível com o atual estágio de política monetária, sendo um risco negativo para a atividade econômica. Na atual publicação, “a despeito do risco continuar”, o BC sugere que as concessões de crédito com recursos livres “têm evoluído em linha com o esperado”.
As concessões de crédito com recursos livres (a juros determinados pelos bancos) têm mostrado desaceleração desde o final do ano passado, sobretudo no segmento de pessoas jurídicas, e recuaram 3,7% no trimestre encerrado em abril. “Um menor dinamismo no mercado de crédito já era esperado, tendo em vista o grau de aperto da política monetária. Todavia, ocorreram no início de 2023 eventos relevantes, no Brasil e no exterior, que potencialmente trazem deterioração adicional ao mercado de crédito, de magnitude incerta”, analisou o BC.
De acordo com a instituição, contribui para a diminuição dos riscos o avanço na criação do novo regime fiscal, “que reduziu a incerteza associada a cenários extremos de crescimento da dívida pública”. Desde o último Relatório de Inflação, novas medidas foram apresentadas ou estão em discussão e o Ministério da Fazenda também sinalizou o interesse na diminuição de benefícios tributários.
Ainda assim, no relatório, a avaliação é de que a aprovação do novo regime fiscal na Câmara dos Deputados e o anúncio de ações para aumento de receitas “ainda não impactaram de forma significativa as projeções dos analistas para as variáveis fiscais”. O BC incorpora as expectativas de mercado nas decisões de política monetária (sobre juros).
No ambiente externo, entre os possíveis riscos para o crescimento global, o relatório cita a persistência de pressões inflacionárias nos países centrais, que pode requerer aperto monetário mais prolongado, com efeitos sobre a atividade econômica; o ritmo de reabertura e recuperação da economia chinesa e os riscos oriundos dos ajustes no setor imobiliário do país; e reflexos dos episódios recentes envolvendo bancos no exterior, apesar do contágio limitado sobre as condições financeiras até o momento.
Inflação
Segundo o BC, as projeções de inflação caíram para todo o horizonte considerado. A inflação, calculada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), deve encerrar este ano em 5%, no cenário com taxa básica de juros em 12,25% ao ano e câmbio em R$ 4,85. No relatório de março a projeção era 5,8%.
O BC também projeta que a inflação deve ser de 3,4% em 2024 e de 3,1% em 2025. Nessa trajetória, a taxa Selic chega ao final de 2024 e 2025 em 9,5% e 9% ao ano, respectivamente.
O relatório destaca que a chance de a inflação oficial superar o teto da meta este ano caiu de 83% no relatório de março para 61% agora em junho.
A meta para este ano, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), é de 3,25% de inflação, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é 1,75% e o superior 4,75%. Para 2024 e 2025, o CMN estabeleceu meta de 3% para o IPCA, nos dois anos, também com 1,5 ponto percentual de tolerância.
O Estado de S.Paulo - SP 30/06/2023
BRASÍLIA - Os Estados propuseram nesta quinta-feira, 29, ao relator da reforma tributária, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), que a unificação do ICMS (estadual) com o ISS (municipal) ocorra somente em 2033. Dessa forma, argumentam, a União não precisaria bancar um fundo de compensação a empresas que hoje têm incentivos fiscais. Pela proposta, o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) poderia entrar em vigor em 2026, mas com uma alíquota simbólica de 1% como “teste” — e convivendo com o ICMS e o ISS até 2033.
Presidente do Comitê Nacional de Secretários de Fazenda, Finanças, Receita ou Tributação dos Estados e do Distrito Federal (Comsefaz), Carlos Eduardo Xavier afirmou que o valor necessário para bancar os benefícios fiscais do ICMS às empresas pode ser maior que os R$ 160 bilhões calculados. No texto do relator, está previsto que a União banque os recursos necessários para honrar essas convalidações até 2032.
“O problema é que essa diferença (em relação aos R$ 160 bilhões) pode ser muito maior do que está posto. A gente entende que dificilmente a União terá esses recursos disponíveis no Orçamento para fazer esse financiamento. Então, é uma solução (unificar o ICMS e o ISS somente em 2033) que visa dar mais segurança nesse processo de transição”, disse Xavier.
“Efetivamente, até 2032 esses benefícios estão postos, a gente tem que conviver com eles. O problema é que se aquela compensação não for suficiente, vai haver uma judicialização das empresas que têm contrato com prazo determinado contra os Estados, e nós vamos ter que arcar com isso”, emendou o presidente do Comsefaz.
Se o relator acatar essa sugestão dos Estados, o fundo para compensar o fim dos incentivos fiscais não seria mais necessário, porque esses benefícios seriam extintos em 2032. Nesse caso, o Comsefaz defende que os recursos sejam direcionados para o Fundo de Desenvolvimento Regional (FDR).
“A nossa proposta é que esse aporte de recursos, ao invés de ir pro fundo de compensação, ele venha para o fundo de desenvolvimento. E a gente comece a fazer desenvolvimento já desde 2025", disse Xavier. A ideia é preparar a infraestrutura dos Estados para o fim dos incentivos.
Os Estados também defenderem a Aguinaldo que o início do modelo de cobrança da Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), tributo que ficará com a União, e do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), que será repartido entre Estados e municípios, ocorra ao mesmo tempo. O Estadão/Broadcast antecipou ontem que o grupo de parlamentares e técnicos do governo que se debruça sobre o texto avalia a regulamentação simultânea.
Pela proposta do relator, a cobrança da CBS iniciaria em 2027, enquanto a do IBS apenas em 2029. Fonte a par do assunto disse ao Estadão/Broadcast que esse ponto deve ser modificado, para permitir que o novo modelo de cobrança dos dois tributos ocorra ao mesmo tempo, com transição mais rápida para a União. O ano para início da cobrança do IVA Dual ainda está em discussão, mas o presidente do Comsefaz citou 2026 hoje ao falar da alíquota “teste” de 1% do IBS.
Money Times - SP 30/06/2023
Os contratos futuros de minério de ferro na bolsa de Dalian subiram para os níveis mais altos em 15 semanas nesta quinta-feira (29). A alta é sustentada pelo otimismo renovado em torno das perspectivas de mais estímulos para apoiar a recuperação econômica da China.
O contrato de setembro mais negociado do ingrediente siderúrgico na Dalian Commodity Exchange da China encerrou o comércio diurno com alta de 0,9%, a 830,50 iuanes (US$ 114,71) por tonelada métrica, depois de atingir mais cedo 835 iuanes, a maior cotação desde 16 de março.
Na Bolsa de Cingapura, no entanto, o minério de ferro de referência para julho caiu 0,4% para US$ 112,95 por tonelada métrica.
Outros ingredientes siderúrgicos também subiram, com carvão metalúrgico e coque na bolsa de Dalian avançando 0,6% e 0,4%, respectivamente.
A reação do mercado aos sinais de estímulo da China foi mista, com alguns traders ponderando até que ponto Pequim está disposta a apoiar particularmente o setor imobiliário em dificuldades, e com os indicadores econômicos nos primeiros cinco meses de 2023 decepcionantes no geral.
Algumas das perspectivas mais recentes dos analistas para a demanda de aço na China, maior produtora mundial de aço e consumidora de metais, também não oferecem alívio.
“Internamente, não se espera que novas políticas favoráveis sejam introduzidas no curto prazo e a eficácia das políticas anteriores na melhoria da demanda de aço continua a ser observada”, disse a consultoria e fornecedora de dados da indústria Mysteel em sua perspectiva semanal.
Infomoney - SP 30/06/2023
Ollie Oliveira é membro independente do colegiado da mineradora desde 2021, com atuação reconhecida em diversos conselhos internacionais na área industrial e com mais de 35 anos de experiência em finanças corporativas e estratégia, principalmente no setor de mineração.
O executivo deixará a coordenação do Comitê de Auditoria e Riscos da Vale, permanecendo como membro e especialista técnico do referido órgão de assessoramento do Conselho de Administração. Assume a posição de coordenadora do Comitê de Auditoria e Riscos da Vale a Sra. Vera Marie Inkster, membro independente do Conselho de Administração.
O Comitê de Auditoria e Riscos, segue, portanto, composto pelos mesmos três membros e integralmente independente.
“Nesta função, o membro independente do Conselho atuará como alternativa de contato com os acionistas, para entender suas expectativas e percepções em relação à Vale, e como sounding board do Presidente do Conselho de Administração. Também capturará junto aos demais membros independentes percepções sobre a dinâmica do Conselho e prioridades e auxiliará na contínua evolução do desempenho do colegiado, dentre outras atribuições descritas no regimento interno do Conselho de Administração da Vale”, explica a mineradora.
Infomoney - SP 30/06/2023
O governo do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou nesta quarta-feira (28) que pretende investir US$ 2 bilhões da Lei de Redução da Inflação do ano passado para acelerar a fabricação doméstica de veículos elétricos (EVs, na sigla em inglês) e ressuscitar fábricas em dificuldades.
Acelerar concessões e outros subsídios para financiar a conversão de fábricas de automóveis existentes para construir veículos elétricos pode ajudar a Casa Branca a conter as críticas das montadoras e do sindicato United Auto Workers (UAW) sobre as regras ambientais propostas destinadas a ajudar a inaugurar a era EV.
O programa de subsídios de conversão para produção doméstica de EVs fornecerá subsídios de custos compartilhados para a fabricação de veículos híbridos eficientes, híbridos elétricos plug-in, veículos totalmente elétricos e com célula de combustível.
O Departamento de Tecnologias de Veículos, do Departamento de Energia dos EUA, disse que o programa priorizará projetos que reformam ou reequipam fábricas que pararam recentemente de operar ou que devem fechar em breve.
O objetivo é preservar os empregos existentes, incluindo empregos sindicais e salários, e “oportunidades de trabalho em comunidades que têm alimentado nossa economia automotiva há décadas”, anunciou o departamento.
A fabricante de caminhões elétricos Lordstown Motors, com sede no Estado norte-americano de Ohio, entrou com pedido de recuperação judicial na terça-feira (27), o mais recente de uma série de startups que abriram o capital durante o “boom” das empresas de aquisição de propósito específico (SPACs) na era da pandemia. As SPACs são empresas de capital aberto criadas com o objetivo de adquirir empresas privadas.
O governo Biden, como parte de sua meta de descarbonizar a economia até 2050, está pressionando a indústria automobilística dos EUA a acelerar a transição para os veículos elétricos. A Agência de Proteção Ambiental (EPA, na sigla em inglês) propôs em abril regras que poderiam resultar em até dois terços do mercado de veículos novos mudando para EVs até 2032.
Infomoney - SP 30/06/2023
A Volkswagen substituiu o presidente-executivo de sua marca premium Audi, já que a maior montadora da Europa busca se manter na corrida dos carros elétricos e reverter a queda nas vendas na China.
Gernot Döllner, assumirá a liderança da marca no lugar de Markus Duesmann em setembro, disse a Audi nesta quinta-feira (29), confirmando apuração da Bloomberg.
A mudança ocorre depois que Oliver Blume, que lidera a VW há menos de um ano, destacou no início deste mês que a Audi estava aquém de seu potencial quando delineou uma série de medidas para melhorar o desempenho em todo o grupo .
Duesmann, comanda a Audi – a “vaca leiteira” da VW ao lado da Porsche – desde 2021. Ex-executivo da BMW, o executivo teve como marca o atraso na estratégia de lançamento de seus principais modelos, levando a atritos com a Porsch. Blume, que também dirige a Porsche, cancelou no ano passado o prestigioso veículo autônomo da Audi por causa do progresso lento.
“A Audi caiu um pouco em termos de promessas de produto e conceito de produto em comparação com Mercedes ou BMW”, disse Philippe Houchois, analista global de automóveis da Jefferies. “A formação da Audi envelheceu e Duesmann esteve sob pressão por algum tempo.”
Em Döllner, a Audi está apostando em um ex-executivo da Porsche que trabalhou ao lado de Blume em uma jornada de 30 anos na VW. Ele atualmente lidera a estratégia do grupo.
Blume está tentando injetar mais urgência nos esforços da VW para acompanhar a transição de carros elétricos (EV, em inglês) e digitais. No topo de sua agenda está a execução e a entrega do produto – geralmente os pilares da VW – depois que os caros investimentos em EV e planos de software do antecessor Herbert Diess tiveram problemas. A empresa está enfrentando uma erosão alarmante de participação de mercado na China depois que falhas de software irritaram os clientes e os concorrentes avançaram com modelos EV mais atraentes.
Na conferência de investidores da VW no início deste mês, Blume também disse que os modelos elétricos da Audi não estavam acompanhando a China, o maior mercado da marca. As entregas globais caíram por três anos consecutivos para 1,61 milhão no ano passado, o nível mais baixo desde 2013. Nos primeiros três meses deste ano, a Tesla Inc. saiu na frente com 422,9 mil veículos contra 415,7 mil unidades da Audi.
A saída de Duesmann é a mais recente de uma série de mudanças na administração, já que Blume deixa sua marca na extensa montadora alemã, conhecida por suas brigas internas e lutas pelo poder. No ano passado, ele encolheu o inchado conselho de administração da VW, removendo os cargos de vendas e compras. Ele também instalou um novo líder para a unidade de software Cariad em dificuldades.
Valor - SP 30/06/2023
Ferrovias ligariam as regiões produtoras do interior aos portos catarinenses
O governo catarinense quer viabilizar cinco projetos ferroviários para aliviar os gargalos logísticos do Estado. Se os planos forem concretizados, a malha ferroviária somará 852 quilômetros de trilhos à malha atual de 763 km. Dois projetos estão mais adiantados. Um trecho de 319 km planeja ligar a região de Chapecó a Correia Pinto, para interconexão com a rede da Rumo, que chega ao Porto de São Francisco do Sul . O outro, com 62 km, prevê ligar Araquari à cidade portuária de Navegantes. “Um acesso ferroviário seria importante para melhorar a mobilidade da região”, diz Osmari de Castilho Ribas, diretor superintendente do Portonave, em Navegantes, que recebe 3.000 caminhões por dia.
“Estamos engajando entidades empresariais do Estado e a sociedade civil no empenho de atrair investidores”, diz o secretário de Portos, Aeroportos e Ferrovias do Estado, Beto Martins. O governo quer contratar em 2024 estudos de três outros trechos. Um, de 168 km, vai de Rio do Sul, no Alto Vale do Itajaí, a Tubarão, com conexão com a ferrovia Tereza Cristina, que liga a região de Criciúma ao porto de Imbituba. Outro prevê 88 km de trilhos para o contorno ferroviário de Joinville e a ligação ao terminal de contêineres de Itapoá, na Baía da Babitonga, onde fica o Porto de São Francisco do Sul.
O maior projeto é para 221 km de trilhos entre Navegantes e Correia Pinto, que se somará aos 319 km previstos até Chapecó. “Vamos ter um corredor ferroviário direto entre o oeste catarinense e os portos de Navegantes e Itajaí”, diz Martins. Essa ligação leste-oeste, a chamada Ferrovia do Frango (devido à produção de aves em Chapecó), é um plano antigo. Outra conexão da Ferrovia do Frango seria com a ferrovia Litorânea, que nunca saiu do papel e que seria paralela à BR-101, conectando os portos de Santa Catarina. A ferrovia, porém, esbarrou em viabilidade econômica e questões legais por ter de cortar uma terra indígena na região de Palhoça.
Martins diz que o governo está empenhado nos novos projetos. “Temos cinco ótimos portos, que estão entre os melhores do país, mas estamos muito atrasados em acesso ferroviário a eles”, diz o secretário. “Superar esse gargalo é uma prioridade”.
Valor - SP 30/06/2023
Com a implantação, a empresa espera contribuir para expansão da capacidade de refino nacional, viabilizando o aumento da produção de derivados, principalmente diesel S10
O conselho de administração da Petrobras decidiu dar continuidade à implantação do Trem 2 da Refinaria Abreu e Lima (Rnest), cujas obras foram interrompidas em 2015, após reavaliação e confirmação da atratividade econômica do projeto, como parte do plano estratégico de 2023 a 2027, diz a empresa, em comunicado ao mercado.
“O início das operações do Trem 2 da Rnest é previsto para 2027, e, com essa implantação, a Petrobras contribuirá para expandir a capacidade de refino nacional, viabilizando o aumento da produção de derivados, principalmente diesel S10, em atendimento às demandas do mercado”, de acordo com o comunicado.
Segundo a Petrobras, o projeto já estava previsto dentro dos investimentos do plano estratégico de 2023 a 2027. A empresa diz que as contratações associadas à continuidade das obras do Trem 2 da Rnest passarão por todas as análises necessárias, em observância às práticas de governança e aos procedimentos internos aplicáveis, e serão divulgadas oportunamente ao mercado.
“A Petrobras reforça, assim, os direcionadores estratégicos que norteiam as decisões da companhia: atenção às pessoas, adequação e aprimoramento do parque atual de refino, foco em ativos rentáveis e descarbonização da produção e exploração, desenvolvimento sustentável do país, transição energética justa e atuação internacional por meio de parcerias tecnológicas e operacionais.”
A Petrobras assinou em abril contrato para modernização da refinaria, que terá aumento na capacidade total de processamento do Trem 1, passando dos atuais 115 mil barris de petróleo por dia para 130 mil, reportou o Valor.
Em 2019, a Petrobras firmou Termo de Compromisso de Cessação (TCC) com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para vender cerca de metade da capacidade de refino da companhia. A Rnest estava entre os ativos que seriam alienados. A atual diretoria, alinhada com o governo federal, deseja reverter esse acordo.
InfraRoi - SP 30/06/2023
O Porto de Santos é o maior complexo portuário da América Latina, sendo responsável por cerca de 25% do comércio exterior brasileiro. Por isso, o Crea-SP ofereceu um Termo de Cooperação Técnica para trazer opções para resolver o problema logístico.
O presidente do conselho paulista, Vinicius Marchese, pediu à Autoridade Portuária de Santos (APS) dê suporte à elaboração de projetos de integração e infraestrutura do local. “São mais de 350 mil profissionais registrados que podem ajudar no desempenho de todas as diretrizes do complexo portuário, atendendo as demandas de infraestrutura por meio da atuação da área tecnológica, e assim contribuir para o desenvolvimento regional”, propõe Marchese.
Durante o encontro, Anderson Pomini, diretor da APS, pontuou as necessidades do empreendimento na região e reforçou que a cooperação técnica entre as instituições pode auxiliar nesse processo. “Precisamos melhorar a infraestrutura de dragagem para atender o mercado. E queremos também implementar um túnel ligando Santos e Guarujá, e, ainda, promover uma integração com os moradores dessas cidades”, relata o diretor-presidente.
Relatório de logística
Além do gargalo no Porto de Santos, o relatório do Crea-SP traçou sugestões técnicas para o fluxo dos trechos críticos diagnosticados na rodovia Anchieta-Imigrantes, com solução integral e revisão completa das funcionalidades atuais dos modos de transportes entre o Planalto e a Baixada, em destaque o modo ferroviário.
Além desta análise, o documento elaborado em 2022, aponta para outras diversas demandas de logísticas e de desenvolvimento em diferentes regiões do estado, alertando para um possível colapso no sistema logístico paulista, caso as alternativas não sejam adotadas a tempo.
Valor - SP 30/06/2023
Navegantes e São Francisco do Sul investem em produtividade, e Itajaí vive indefinições
Os portos de Santa Catarina registram expansão significativa na movimentação de cargas em 2023 e programam investimentos capazes de melhorar a infraestrutura e a produtividade portuária. Segundo a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), os portos catarinenses movimentaram 19,3 milhões de toneladas no primeiro quadrimestre do ano, um crescimento de 6,35% em relação ao mesmo período de 2022, enquanto a expansão média nacional foi de 1,47%. O Estado passou a movimentar 5,11% de todas as cargas portuárias nacionais. No final de 2022, respondia por 4,7% das cargas dos portos brasileiros.
Os terminais de uso privado (TUPs) Porto de Navegantes (Portonave) e Porto Itapoá tiveram, respectivamente, a segunda e a terceira maiores movimentações de contêineres do país nos primeiros quatro meses deste ano, 4,75 milhões de toneladas e 3,21 milhões de toneladas - atrás apenas de Santos (SP), que lidera com 10,3 milhões de toneladas.
O porto público de São Francisco do Sul (SFS), maior do Estado e de múltiplo uso, bateu recorde entre janeiro e maio, com 6,3 milhões de toneladas, alta 26% na comparação anual. Soja, milho, fertilizantes, produtos siderúrgicos, madeira e celulose são os principais itens movimentados. A expectativa no SFS é movimentar 13,5 milhões de toneladas no ano, alta de 7%. Contribui para a expansão a abertura de três novas balanças controladas pela Receita Federal, que vão agilizar o acesso terrestre na área portuária. Hoje há duas, que permitem a entrada e saída de 500 caminhões diários, número que deverá triplicar com os novos equipamentos.
“O maior fluxo de caminhões agilizará a carga e descarga dos navios e reduzirá o tempo de atracação”, afirma Cleverton Vieira, presidente do SFS. A medida tem potencial de permitir expansão de 2 milhões de toneladas por ano no movimento do porto. O investimento é de R$ 4 milhões. Outra prioridade para 2023 são as obras de derrocagem de uma pedra nas proximidades do Berço 101, prevista para ocorrer até o início de 2024. “Vai gerar mais eficiência e segurança na manobra dos navios graneleiros, com ganho de produtividade em 20%”, afirma Vieira. O canal de acesso aquífero também deverá passar por aprofundamento, passando de 14 metros para 16 metros de profundidade.
O desempenho dos portos catarinenses em 2023 só não é melhor devido à crise vivida no Porto de Itajaí, iniciada com a indefinição sobre o modelo de gestão. Só em junho o governo federal sinalizou ao município de Itajaí, atual responsável pela administração, que vai assinar um novo convênio de delegação do porto para a gestão municipal por mais 25 anos, afastando a hipótese de nacionalização da gestão ou privatização, que chegou a ser anunciada pela administração federal anterior. A renovação contratual com o município será acompanhada de um novo arrendamento dos berços portuários, que será válido por 35 anos, ato que só é esperado para 2024.
A APM Terminal, empresa responsável por operar os dois principais berços de atracação do porto, tem contrato de arrendamento vencendo em 30 de junho. A companhia informou que as indefinições sobre o arrendamento afetaram sua capacidade em renovar contratos com companhias de navegação, o que levou a uma queda de 95% na movimentação de contêineres no local. Com isso, optou por encerrar suas atividades no porto a partir de julho.
No Complexo Portuário de Itajaí, mas na outra margem do rio Itajaí Açu, está o Porto de Navegantes, o Portonave, terminal que movimentou 1,2 milhão de TEUs (contêineres de 20 pés) em 2022, e que está expandindo sua infraestrutura. No final de janeiro, a companhia recebeu licença ambiental para realizar obras no cais do terminal a partir do segundo semestre. A obra, que deve ser concluída em 2025, prevê o investimento de R$ 1 bilhão para permitir ao terminal o recebimento de navios de até 400 metros. Hoje, o porto opera com navios de até 350 metros. Nenhum porto brasileiro recebe navios de contêineres de nova geração, que medem 366 metros.
“A geração, seguinte, que já está sendo construída nos estaleiros, será de navios de contêineres de 400 metros. Precisamos estar preparados”, afirma Osmari de Castilho Ribas, diretor superintendente do Portonave. Para receber essas embarcações, será necessário alargar a bacia de evolução, área de manobra dos navios, e aprofundar o canal de acesso, com o berço de atracação passando de 14 metros de profundidade para 17 metros.
As obras dependem do governo federal, que ainda não definiu se fará os investimentos necessários ou se repassará a obrigação para os próximos arrendatários dos terminais.
IstoÉ Online - SP 30/06/2023
O petróleo fechou em alta nesta quinta-feira, 29, estendendo ganhos de ontem, após pregão marcado por volatilidade nas negociações. Investidores ponderaram sobre alta mais forte do que o esperado na atividade econômica dos Estados Unidos durante o primeiro trimestre e outros dados mistos americanos, pesando os relatórios contra a possibilidade de maior aperto monetário pelo Federal Reserve (Fed).
O contrato do WTI para setembro fechou em alta de 0,43% (US$ 0,30), em US$ 69,86 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex), e o Brent para setembro subiu 0,36% (US$ 0,27), a US$ 74,51 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE).
Os contratos mais líquidos do petróleo começaram a sessão devolvendo parte dos ganhos fortes registrados ontem, porém, inverteram sinal reagindo a dados macroeconômicos dos Estados Unidos, sugerindo resiliência da economia americana. As negociações foram marcadas por alta volatilidade, enquanto o mercado ponderava também sobre perspectivas de política monetária e lidavam com o dólar forte no exterior, que tende a minar a atratividade de commodities.
Hoje, as estimativas de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA no primeiro trimestre subiram de 1,3% para 2,0%, segundo leitura final do Departamento do Comércio dos EUA. A revisão robusta surpreendeu o mercado, acompanhada também de dados demonstrando resiliência da inflação, queda nos pedidos de auxílio-desemprego – sugerindo mercado de trabalho ainda apertado, segundo a Oxford Economics – e recuo acentuado nas vendas pendentes de imóveis, conforme levantamento da Associação Nacional de Corretores (NAR).
O conjunto geral dos dados, horas após falas do presidente do Fed, Jerome Powell, ampliou as expectativas por mais altas nos juros básicos americanos.
Para a Oanda, os preços do petróleo devem continuar “flutuando” nesta faixa enquanto perdurar a incerteza sobre a inflação e as taxas de juros. “Investidores de energia estão observando as expectativas de aumento da taxa do Fed”, destaca o analista Edward Moya, em nota. “O BC americano pode se juntar aos pares europeus na entrega de diversas elevações das taxas que prejudicarão o crescimento econômico”.
Contudo, a recuperação da demanda chinesa permanece o fator crucial para a commodity. “A recuperação da demanda da China, o maior importador do mundo, ainda é a chave para abrir uma recuperação” nos preços do petróleo, avalia o chefe de commodities da Saxo, Ole Hansen
Valor - SP 30/06/2023
Resultado indica força do setor mas podem não se manter no ano, ponderam especialistas
Com exportação de US$ 67,3 bilhões de janeiro a maio, 5,8% mais que o de igual período de 2022, o agronegócio sustentou o crescimento do superávit da balança comercial brasileira no período recente. O saldo atingiu US$ 60,3 bilhões no acumulado do ano até maio, recorde para o período, 73% acima do superávit de US$ 34,9 bilhões da balança total do país.
O valor também superou o saldo positivo de US$ 34,3 bilhões do agronegócio de janeiro a maio de 2018, apenas cinco anos atrás. A escalada do resultado comercial do setor foi intensificada desde 2021, quando chegou a US$ 43,1 bilhões, recorde até então, seguido de novo patamar histórico em 2022, com US$ 57 bilhões, sempre nos cinco primeiros meses do ano.
Os dados são da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex), que usa a classificação de produtos do agronegócio elaborada pelo Ministério da Agricultura e Pecuária e dados divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic). A classificação inclui produtos da indústria da transformação, como papel e celulose, couro e calçados, fibras e produtos têxteis, inclusive vestuário, além de alimentos e bebidas.
Daiane Santos, economista da Funcex, lembra que os produtos do agronegócio sempre garantiram, historicamente, saldo positivo para a balança, já que as exportações brasileiras do setor sempre foram relevantes, e as importações, relativamente pequenas. Excetuando-se o agronegócio, o agregado dos demais produtos exportados pelo país quase sempre apresentou déficits comerciais.
Nos resultados anuais desde 1996 levantados pela Funcex, os “demais produtos” só não tiveram saldo negativo em 2005 e 2006, quando a exportação de automóveis contribuiu para superávit desse grupo de US$ 5,4 bilhões e de US$ 2,3 bilhões, respectivamente. O déficit nos “demais produtos” se aprofundou para US$ 91,8 bilhões em 2013. Naquele ano, o superávit do agronegócio foi de US$ 82,9 bilhões, restando déficit de US$ 9 bilhões na balança comercial total.
O agronegócio continuará sendo destaque, mas sem o brilho de 2022”
— Fábio Silveira
Em 2021 o superávit da balança do agronegócio rompeu de forma inédita a casa da centena e chegou a US$ 105 bilhões, ajudando a sustentar o então saldo recorde de US$ 61,4 bilhões da balança total.
No grupo dos “demais produtos”, o déficit de US$ 43,6 bilhões em 2021 quase dobrou em 2022, para US$ 80,1 bilhões. Já o superávit do agronegócio avançou 35%, para US$ 141,6 bilhões. Esse nível, considerado “extraordinário” pelos especialistas, garantiu novo superávit histórico da balança total, de US$ 61,5 bilhões em 2022.
Ainda que o agronegócio tenha exibido superávit comercial de janeiro a maio deste ano acima do registrado nos mesmos meses do ano passado, há divergência sobre a perspectiva de o setor conseguir superar a marca histórica de 2022.
“Para 2023 o resultado esperado para a balança comercial é positivo, influenciado pelo bom resultado previsto na balança do agro, embora não extraordinário como o saldo de 2022”, avalia Daiane.
“O que ocorreu no ano passado foi algo extraordinário. É preciso lembrar que em 2022 havia bom volume com preços excelentes, porque somaram-se os efeitos da recuperação após o período mais agudo da pandemia e os da guerra entre Rússia e Ucrânia”, diz Fabio Silveira, sócio da MacroSector.
Ele ressalta que já há queda de preços em soja e milho neste ano, como resultado do fraco desempenho da economia mundial. “A desaceleração dos mercados americano e europeu não será compensada pela razoável performance esperada para China e Índia”, diz. A consultoria estima crescimento da economia chinesa de 4,8% em 2023, após alta de 3% em 2022. Já para Estados Unidos, diz, a expectativa é de avanço de 1,4% em 2023 e, na zona do euro, de 0,7%. A Organização Mundial do Comércio (OMC) prevê que o comércio global desacelere de alta de 2,7% em 2022 para 1,7% neste ano.
“O agronegócio continuará sendo destaque e sua participação se manterá em bons níveis no comércio total do país, mas não com o brilho do ano passado, que juntou condições de volumes e preços elevados. O movimento global de alta de juros manterá preços em queda e os produtos primários ficam sujeitos a esse efeito mais rapidamente”, diz Silveira.
Rafaela Vitória, economista-chefe do Banco Inter reconhece o movimento de cotações ajustadas para baixo, mas acredita que o volume da produção agrícola poderá compensar esse efeito. “Neste ano devemos ter um volume versus preços em que a exportação final fica maior que a do ano passado.” Ela lembra que, apesar do ajuste de preços, as cotações de commodities ainda estão relativamente altas. Esse cenário do agro, das commodities metálicas e energéticas, diz, deve contribuir para um superávit comercial próximo de US$ 75 bilhões, o que deve ser um novo recorde pelos critérios da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).
Apesar do ajuste de preço, Rafaela diz não ver desestímulo à continuidade de produção agrícola, já que há demanda da China e Europa, que buscam alternativas ao fornecimento de alimentos. O cenário, diz, pode permitir mais diversificação de destinos.
Daiane ressalta que o resultado do agronegócio tem sido puxado por grãos, principalmente complexo soja, cuja produtividade tem avançado com aplicação de tecnologia. Para ela, o estímulo ao investimento em outras culturas pode propiciar diversificação de produtos embarcados pelo agronegócio.
Em 2022, o complexo soja, segundo a Funcex, somou US$ 60,82 bilhões em exportação, equivalente a 38,3% da exportação do agronegócio e 18,2% dos embarques brasileiros. Sob influência do milho, os cereais, farinhas e preparações à base de cereais ficaram com 9% da exportação do agronegócio. Em terceiro, com 8,2%, ficou a carne bovina, incluídas miúdos, preparações e conservas.
Há concentração também dos destinos. Segundo a Funcex, considerando a média 2021-2022, o comércio com a China resultou em US$ 44,9 bilhões em superávit do agronegócio, seguida por União Europeia, com saldo de US$ 18,7 bilhões. As duas regiões equivaleram a mais de 50% do superávit comercial total da média do biênio na balança do agronegócio.
A diversificação de produtos e destinos, diz Silveira, passa por uma política de governo que enfrente barreiras protecionistas e resistência à entrada de produtos brasileiros em mercados. “Impulsos adicionais no campo diplomático poderiam aproveitar segmentos que já têm certo dinamismo no país, ao lado de uma estratégia para desenvolvimento de marcas.” Entre os produtos, ele aponta frango, carne bovina e suco de laranja.
“É preciso lembrar que uma hora a exportação de soja nesses patamares perderá dinamismo, porque num prazo mais longo entrará no cenário a produção africana e a Nova Rota da Seda”, diz Silveira, referindo-se ao projeto “One Belt, One Road”, lançado por Pequim em 2013, que abrange uma série de projetos de infraestrutura, além de obras no setor energético.
Para o economista, o mapa da diversificação deve incluir, além de maior variedade de produtos para mercados como China, Estados e Europa, também ampliação de exportação à Índia e a países do Sudeste Asiático. Também é preciso lembrar, diz Silveira, que para enfrentar barreiras protecionistas e tentar garantir a manutenção de participação relevante de carnes, grãos e cereais nas exportações, é preciso que haja crescente coeficiente de sustentabilidade ambiental na utilização de insumos.
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