Diário do Comércio - MG 29/09/2023
Boa parte dos investimentos anunciados pela Gerdau para Minas Gerais deve acontecer no próximo ano, no patamar de 40% a 50%, segundo o vice-presidente executivo de finanças (CFO) Rafael Japur, que participou ontem do evento Gerdau Stakeholder Day 2023, no Museu das Minas e do Metal (MM Gerdau), no Circuito Liberdade, na região Centro-Sul de Belo Horizonte.
No total, a empresa vai aportar R$ 3,2 bilhões, entre 2023 e 2026, em uma plataforma de mineração sustentável no Estado. O projeto deve criar mais de 5 mil empregos em sua implementação. Atualmente, mil pessoas estão trabalhando no canteiro de obras e outras 2,5 mil vagas devem ser criadas em 2024.
O empreendimento vai utilizar o método de empilhamento a seco para disposição de 100% dos rejeitos de mineração, eliminando a necessidade do uso de barragem, além de ter um mineroduto para o transporte do minério de ferro.
O minério que será produzido na nova plataforma irá para o abastecimento das unidades de produção de aço da Gerdau em Minas, em Ouro Branco, Barão de Cocais, Divinópolis e Sete Lagoas.
A nova capacidade anual de produção de minério de ferro da empresa na mina de Miguel Burnier, distrito de Ouro Preto, de 5,5 milhões de toneladas, está prevista para entrar em operação no final de 2025.
Geral
Até o segundo trimestre deste ano, um terço dos desembolsos previstos no plano de investimentos da Gerdau de R$ 11,9 bilhões para o período de 2021 a 2026 foi realizado. A companhia estima que apurou R$ 600 milhões em Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização adicional) neste exercício com os investimentos realizados.
Ontem, o presidente-executivo da companhia, Gustavo Werneck, disse que está otimista de que o governo federal vai adotar tarifa de 25% de Imposto de Importação sobre o aço. Ele afirma que a medida anterior, que é a antecipação para 1º de outubro do fim da redução de 10% da tarifa de importação sobre 12 produtos de aço, é um passo pequeno. A medida começou a vigorar em 2022 e estava prevista para ser revertida em 31 de dezembro.
Apesar de não ser substancial, a medida foi avaliada pelo executivo como um indicativo de que o tema virou questão urgente em Brasília, que ele tem frequentado quase toda semana. “A interlocução nossa com o ministro Alckmin é muito intensa com o corpo técnico dele. Ele conhece bem o tema”, diz.
Ele observou que o tema tem um forte componente político, que contempla a relação com a China. “Há análises técnicas a serem feitas, protocolos a serem seguidos”, observa.
Valor - SP 29/09/2023
Chia Yuan Wang, no entanto, não descartou a possibilidade de queda nas vendas no último trimestre do ano
A greve das montadoras de veículos nos Estados Unidos não afetou as entregas de aço da Gerdau no mercado americano, em setembro, afirmou o presidente da Gerdau América do Norte, Chia Yuan Wang. Ele não descartou a possibilidade de queda nas vendas no último trimestre do ano. “Se a greve se alongar pode ter impacto nas vendas. Mas o que vai acontecer é que qualquer volume que não for entregue neste ano vai gerar um volume adicional no ano que vem”, afirmou o executivo.
A fala do executivo foi bem mais amena do que a própria Gerdau informou, na quarta-feira (27), à “Bloomberg”. A empresa havia afirmado que irá reduzir a entrega de aços especiais nos EUA em outubro por conta da greve do setor automotivo. O CEO da Gerdau, Gustavo Werneck, reforçou nesta quinta (28) que o impacto vai depender da duração da greve. “Outubro vai depender de até onde vai a greve”, disse.
Chia acrescentou que Stellantis, General Motors e Ford, que estão paralisadas, respondem por 40% da demanda de aço do setor automotivo nos EUA e que a Gerdau tem elevado entregas para montadoras asiáticas, como Honda e Nissan.
Os executivos participaram do evento Gerdau Stakeholders Day, realizado em Belo Horizonte.
Segundo Chia Yuan Wang, “se a greve [nas montadoras americanas] se alongar pode ter impacto nas vendas” no último trimestre do ano — Foto: LinkedIn/Chia Yuan Wang
Para Chia, a economia americana dá sinais de que pode entrar em recessão, após um desaquecimento lento da economia, mas, para o setor siderúrgico, esse cenário deve ser mais do que compensado por políticas de investimento anunciadas pelo governo americano para os próximos anos.
“Há um possível ambiente econômico mais lento até o início de 2024, mas a expectativa é que a demanda permaneça sólida para o setor”, afirmou Wang.
Ele ponderou que só os programas de incentivos na área de infraestrutura têm investimentos estimados em US$ 550 bilhões e expectativa de impacto na demanda adicional por aço de 20 milhões de toneladas. Ele também citou incentivos em outros setores econômicos que demanda aço, como a expansão da geração de energias renováveis, entre elas a solar.
“A gente vai passar por um ciclo muito positivo no mercado americano. Os programas de incentivo aos investimentos nos Estados Unidos mais do que compensam o ‘soft landing’ que o mercado americano possa ter” avaliou Werneck.
Diário do Comércio - MG 29/09/2023
A Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais (Usiminas) pode reativar o alto-forno 3 da usina de Ipatinga, na região do Vale do Aço, em outubro, de acordo com o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Ipatinga e Região (Sindipa), Geraldo Magela Duarte. Previsto inicialmente para ser reativado em setembro, o equipamento passa por reformas desde o mês de abril.
O alto-forno 3 é o maior equipamento de produção de aço bruto da companhia e o processo de modernização do local conta com um investimento total de R$ 2,7 bilhões. As intervenções pretendem trazer uma série de benefícios, permitindo a otimização da fabricação na planta, assim como melhorias no tratamento ao meio ambiente, com a redução de gases de efeito estufa.
Em entrevista à Reuters, Duarte declarou que a informação que o sindicato tem hoje é que a Usiminas acredita que na primeira quinzena de outubro o alto-forno 3 será religado. Ele ressaltou, porém, que não há uma data estimada para o religamento. “Não há uma data definida, está faltando apenas 1% dos trabalhos da reforma, coisas simples, se os testes correrem bem”, disse.
Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa da empresa ressaltou que as obras do projeto estão em fase final, mas não deu detalhes sobre a situação e não precisou a data da reativação.
Na conversa com a agência de notícias, o dirigente também afirmou que o sindicato está em negociações com a Usiminas sobre a implementação de um esquema de trabalho de quatro dias em dois turnos, com quatro dias de folga. A escala é conhecida como 4×4 de 12 horas.
Usiminas avalia reformas de altos-fornos 1 e 2
Em junho deste ano, o presidente da Usiminas, Alberto Ono, disse, em entrevista exclusiva ao DIÁRIO DO COMÉRCIO, que intervenções nos altos-fornos 1 e 2 de Ipatinga não estão descartadas e que as obras poderiam ocorrer a partir de 2027. Por enquanto, no entanto, a siderúrgica estuda a melhor estratégia para as adequações: reforma ou troca dos equipamentos.
“Teoricamente, teríamos que fazer uma reforma nos altos-fornos menores a partir de 2027 ou 2028, mas ainda estamos avaliando. São outros dois altos-fornos menores e, em termos de tecnologia, mais antigos. Então, talvez não adiante apenas uma reforma”, informou.
“Precisamos analisar o que é melhor, porque quando consideramos, por exemplo, a descarbonização, com tantas mudanças tecnológicas, pode ser que tenhamos que avaliar outras rotas de produção. E como isso deve ocorrer apenas em 2027, temos tempo para discutir o que fazer”, comentou Ono sobre a possibilidade de ser mais viável construir novos altos-fornos.
O executivo também comentou, na ocasião, que após a reforma do alto-forno 3, a estrutura poderá operar em sua capacidade máxima, recuperando cerca de 20% da sua capacidade de produção original, que é de 3 milhões de toneladas. Conforme ele, isso vai elevar a produção total da usina para 4,5 milhões de toneladas. Ainda segundo Omo, o objetiva garantir o funcionamento do equipamento por mais 15 ou 20 anos e modernizá-lo para maior eficiência e redução de custos.
Religamento pode ocorrer em momento negativo do setor
O religamento do alto-forno 3 da Usiminas pode acontecer em um momento negativo da indústria de aço. Operando com uma ociosidade de 40% e com previsões de quedas de 5% na produção, 6% nas vendas internas, 2,3% no consumo aparente, 0,3% nas exportações e uma alta de 40% nas importações, o setor siderúrgico vive uma “tempestade perfeita” e clama por medidas do governo federal.
A Gerdau, por exemplo, já sente os efeitos do cenário desfavorável e anunciou que paralisou parte de sua capacidade produtiva no Brasil em função da “inundação” de aço, principalmente, do mercado chinês no País. Cerca de 600 colaboradores da siderúrgica estão com contratos de trabalho suspensos temporariamente. Em Minas Gerais, porém, a produção não foi afetada.
IstoÉ Dinheiro - SP 29/09/2023
A alta de 0,92% nos preços dos produtos industriais na porta de fábrica em agosto foi decorrente de aumentos em 12 das 24 atividades pesquisadas, segundo os dados do Índice de Preços ao Produtor (IPP), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“Esse maior espalhamento das variações positivas está em linha com a depreciação de 2,1% do real frente ao dólar, o que não ocorria desde março, e que eleva os preços tanto do que importamos quanto do que exportamos”, justificou Alexandre Brandão, gerente do IPP no IBGE, em nota oficial.
No mês de agosto, as altas de preços mais acentuadas ocorreram em refino de petróleo e biocombustíveis (7,52%), indústrias extrativas (6,56%) e vestuário (5,89%). Não por acaso as maiores contribuições para a inflação na indústria partiram justamente de refino de petróleo e biocombustíveis, responsável por 0,72 ponto porcentual do IPP do mês, seguido pelas extrativas, com 0,30 ponto porcentual, e vestuário, 0,10 ponto porcentual.
“Houve aumentos tanto do óleo diesel quanto da gasolina, dois produtos de maior peso do refino”, lembrou Brandão.
Na direção oposta, as principais quedas de preços em agosto foram registradas por equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-2,79%) e metalurgia (-2,67%, impacto de -0,17 ponto porcentual).
“Os preços do minério de ferro tiveram queda significativa nos meses anteriores a agosto, com efeito sobre o setor de metalurgia, cujos preços também caíram devido à redução na demanda pelo aço”, concluiu o gerente do IPP.
Agência Brasil - DF 29/09/2023
O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) registrou inflação de 0,37% em setembro deste ano. É a primeira alta de preços do indicador desde março deste ano. Em agosto deste ano, havia sido apurada uma deflação (queda de preço) de 0,14%. Em setembro de 2022, a deflação havia sido de 0,95%.
Mesmo com a inflação de setembro, o indicador, medido pela Fundação Getulio Vargas (FGV), acumula taxas de deflação de 4,93% neste ano e de 5,97% em 12 meses.
Segundo o coordenador de Índices de Preços da FGV, André Braz, os índices de preços ao produtor e ao consumidor foram afetados fortemente pelo aumento dos preços dos combustíveis, ocorrido em 16 de agosto.
O Índice de Preços ao Produtor (IPP), que mede o atacado, teve inflação de 0,41% em setembro, ante o -0,17% do mês anterior. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que mede o varejo, passou de -0,19% em agosto para 0,27% em setembro.
Já o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) variou 0,24%, a mesma taxa do mês anterior.
Money Times - SP 29/09/2023
O Banco Central (BC) afirma que a possibilidade do IPCA superar o teto da meta (4,75%) neste ano é de 67%, contra 61% antes, mostra o Relatório Trimestral de Inflação divulgado nesta quinta-feira (28). Para 2024, a chance de estouro do limite passou de 21% para 24%.
A autoridade monetária destaca que a inflação aumentou nos últimos três meses, mas dentro do esperado. De acordo com o relatório, o movimento ocorreu porque saíram do cálculo de um ano os dados de meses de 2022 impactados por desonerações tributárias.
No curto prazo, as projeções consideram variações de 0,38% em setembro, 0,41% em outubro, 0,39% em novembro e 0,53% em dezembro.
“O cenário de referência até dezembro contempla variações mais altas do que as observadas nos três meses até agosto, em linha com a sazonalidade mais alta do período”, dizem.
A projeção do BC aponta para uma alta na inflação de 5% em 2023 e 3,5% no ano que vem. Já para 2025 e 2026, eles estimam 3,1%.
Além da inflação
Em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), o Banco melhorou sua estimativa de crescimento em 2023 para 2,9%. A autoridade também elevou a projeção para a economia brasileira em 2024 para 1,8%.
No documento, o BC destaca que a revisão da estimativa para este ano ocorreu pela alta observada no segundo trimestre e pelas previsões melhores para indústria, serviços e consumo.
Entretanto, a avaliação é que a surpresa positiva na primeira metade do ano refletiu fatores temporários, com previsão de um arrefecimento à frente.
“Avalia-se que o forte crescimento no primeiro semestre em parte reflete fatores transitórios e que permanece a perspectiva de que a atividade cresça em ritmo menor nos próximos trimestres e ao longo de 2024”, afirmam.
Agência Brasil - DF 29/09/2023
O Banco Central (BC) elevou a projeção para o crescimento da economia este ano. A estimativa para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB, a soma de todos os bens e serviços produzidos no país) passou de 2% para 2,9%, em razão, sobretudo, da “surpresa com o crescimento no segundo trimestre”. A projeção consta do Relatório de Inflação, publicação trimestral do BC, divulgado nesta quinta-feira (28).
Além disso, e em menor medida, o BC faz previsões “ligeiramente mais favoráveis” para a evolução da indústria, de serviços e do consumo das famílias no segundo semestre de 2023.
No segundo trimestre do ano a economia brasileira, superando as projeções, cresceu 0,9%, na comparação com os primeiros três meses, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em relação ao segundo trimestre do ano passado, a economia brasileira avançou 3,4%. O PIB acumula alta de 3,2% no período de 12 meses. No semestre, a alta acumulada é de 3,7%.
“A atividade econômica surpreendeu novamente no segundo trimestre”, destacou o BC no relatório, ponderando que o forte crescimento no primeiro semestre do ano se deve, em parte, a fatores transitórios. “Permanece a perspectiva de que a atividade cresça em ritmo menor nos próximos trimestres e ao longo de 2024”, avalia.
No primeiro trimestre deste ano, o setor agropecuário puxou o crescimento do PIB de 1,9%, devido ao ótimo resultado das safras recordes de soja e milho. No segundo trimestre, os desempenhos da indústria e dos serviços explicaram também a alta do crescimento da economia.
“Os impactos diretos e indiretos da forte alta da agropecuária no primeiro semestre de 2023 devem se dissipar no restante do ano e, para 2024, não se projeta alta tão expressiva do setor”, avalia o BC.
Outro impulso transitório no primeiro semestre, e que não deve se repetir na mesma magnitude, segundo o relatório, foi a expansão dos benefícios previdenciários – influenciados por alta do salário mínimo e por mudanças de calendário que anteciparam pagamentos para o primeiro semestre – e de assistência social sobre a renda das famílias.
A política monetária se situa “em terreno contracionista e há a expectativa de que se mantenha assim no horizonte de previsão, ainda que esteja sendo gradualmente flexibilizada”.
“Por fim, o cenário externo mostra-se mais incerto, com perspectiva de desaceleração da atividade econômica nos países avançados, em ambiente de pressões inflacionárias persistentes, e de menor crescimento para a economia chinesa”, explicou o BC.
Na política de juros, na semana passada o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC decidiu reduzir a taxa básica de juros, a Selic, de 13,25% ao ano para 12,75% ao ano. O comportamento dos preços fez o BC cortar os juros pela segunda vez no semestre, em um ciclo que deve seguir com cortes de 0,5 ponto percentual nas próximas reuniões.
Ainda assim, em ata divulgada na terça-feira (26), o Copom reforçou a necessidade de se manter uma política monetária ainda contracionista, para que se consolide a convergência da inflação para a meta em 2024 e 2025 e a ancoragem das expectativas. As incertezas nos mercados e as expectativas de inflação acima da meta preocupam o BC e são fatores que impactam a decisão sobre a taxa básica de juros.
A Selic é o principal instrumento do BC para alcançar a meta de inflação, porque a taxa causa reflexos nos preços, já que juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança, evitando a demanda aquecida. Os efeitos do aperto monetário, entretanto, são sentidos no encarecimento do crédito e na desaceleração da economia. Já para incentivar a produção e o consumo, diante de preços controlados, o Copom diminui a Selic.
Setores
Em 2022, a economia brasileira cresceu 2,9%, após alta de 5% em 2021 e recuo de 3,3% em 2020. O setor de serviços foi o que mais contribuiu para o crescimento do PIB no ano passado. Segundo o BC, os segmentos do setor foram severamente afetados pela pandemia da covid-19, inicialmente, mas desde então apresentam trajetórias de crescimento.
Para este ano, sob a ótica da oferta, a alta na projeção de crescimento do PIB reflete elevação nas projeções para os três setores: agropecuária, indústria e serviços.
A estimativa para o crescimento da agropecuária passou de 10% para 13%, refletindo melhora nos prognósticos do IBGE para a produção agrícola, principalmente de soja, de milho e de cana-de-açúcar, e crescimento do abate de animais no primeiro semestre maior do que o antecipado.
“Apesar da contribuição bastante positiva da agropecuária para o resultado do PIB no ano, o setor deve contribuir negativamente para as variações trimestrais do PIB ao longo do segundo semestre, sobretudo no terceiro trimestre, visto que a maior parte da colheita dos produtos com os maiores crescimentos anuais ocorreu na primeira metade do ano”, explicou o BC.
Para a indústria, a previsão foi alterada de 0,7% para 2%, com melhora nos prognósticos para a construção; para a “produção e distribuição de eletricidade, gás e água”; e, especialmente, para a indústria extrativa. Nesse último componente, houve elevado crescimento da produção de minério de ferro e de petróleo na primeira metade do ano. “Tal expansão se deu em ritmo superior ao compatível com os guidances [orientações] de produção dos principais produtores dessas commodities disponíveis à época do relatório anterior [em junho]”, diz o documento.
Ainda sobre a oferta, para o setor de serviços a projeção foi revista de 1,6% para 2,1%, com melhora nas previsões para todas as atividades, com exceção de comércio, bastante influenciado pelo desempenho da indústria de transformação, que segue com previsão de recuo em 2023.
“A alta da projeção reflete surpresas positivas no segundo trimestre bastante disseminadas, bem como a ligeira melhora nos prognósticos para as variações trimestrais das atividades do setor terciário no segundo semestre”, explicou a autoridade monetária.
Com relação aos componentes domésticos da demanda, houve alta nas projeções para o consumo das famílias de 1,6% para 2,8% e para o consumo do governo, de 1% para 1,8%. Para a formação bruta de capital fixo (investimentos) das empresas o recuo previsto passou de 1,8% para 2,2%.
A projeção para a variação das exportações este ano foi revisada de 3,7% para 6,7%, repercutindo, principalmente, prognósticos mais favoráveis para os embarques de produtos agropecuários e da indústria extrativa. A previsão para as importações continuou sendo de estabilidade em relação ao ano anterior.
Previsão para 2024
Pela primeira vez, o BC apresentou a previsão de crescimento do PIB para 2024, de 1,8%, com variações nos componentes da oferta e da demanda mais homogêneas do que as previstas para este ano.
Pelo lado da oferta, agropecuária, indústria e serviços devem crescer, respectivamente, 1,5%, 2% e 1,8%.
Na demanda doméstica, as taxas de variação esperadas para o consumo das famílias, o consumo do governo e a formação bruta de capital fixo são 1,9%, 1,5% e 2,1%, respectivamente.
Exportações e importações de bens e serviços devem crescer 1,5% e 1,6%, respectivamente.
Inflação
A previsão de inflação, calculada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), para este ano se manteve em 5%, a mesma do relatório de junho. Para isso, o BC projeta cenário com taxa básica de juros em 11,75% ao ano e câmbio em R$ 4,90.
Para 2024 e 2025, a expectativa é que o IPCA fique em 3,5% e 3,1%, respectivamente. Nessa trajetória, a taxa Selic chega ao final de 2024 e 2025 em 9% e 8,5% ao ano, respectivamente.
O relatório destaca que a chance de a inflação oficial superar o teto da meta este ano subiu de 61% no relatório de junho para 67% agora em setembro.
A meta para este ano, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), é de 3,25% de inflação, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é 1,75% e o superior 4,75%. Para 2024 e 2025, o CMN estabeleceu meta de 3% para o IPCA, nos 2 anos, com o mesmo percentual de tolerância.
“Na comparação com o Relatório de Inflação anterior, no cenário de referência, as projeções de inflação tiveram poucas alterações. Vários fatores atuaram para cima e para baixo, mas tenderam em boa medida a se compensarem”, explicou o BC.
Os principais fatores de revisão para cima são a trajetória mais baixa da taxa Selic da pesquisa Focus; a forte subida do preço do petróleo; e os indicadores de atividade econômica mais fortes do que o esperado. Já as revisões para baixo são influenciadas pela inflação observada recentemente menor do que a esperada e pela queda das expectativas de inflação.
“Quando se consideram os grupos de preços livres e administrados, na comparação com o relatório anterior, destaca-se o movimento oposto entre preços livres e administrados. Em particular, para2023, houve queda significativa na projeção da inflação de preços livres, puxada principalmente por alimentação no domicílio, e forte aumento na projeção para administrados, impactada pelo acentuado crescimento do preço do petróleo”, diz o relatório do BC.
As previsões do mercado estão mais otimistas que as oficiais. De acordo com o boletim Focus, pesquisa semanal com instituições financeiras divulgada pelo BC, a inflação oficial deverá fechar o ano em 4,86%.
IstoÉ Dinheiro - SP 29/09/2023
O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de Chicago, Austan Goolsbee, enfatizou nesta quinta-feira, 28, que a inflação nos Estados Unidos voltará à meta de 2% do Fed “aconteça o que acontecer”, e acrescentou que ela ainda precisa diminuir. Em discurso no Peterson Institute for International Economics, ele destacou como o quadro atual na economia americana difere dos padrões históricos.
Com direito a voto nas decisões de política monetária neste ano, Goolsbee comparou o cenário dos últimos anos com a “visão tradicionalista”. Para esta, por exemplo, conter a inflação elevada seria possível apenas com uma grande recessão. Mas o dirigente argumentou que, no quadro recente, acreditar muito fortemente na inevitabilidade de uma escolha entre inflação e desemprego “vem com um risco sério de um erro na política de curto prazo.
O dirigente notou que, nos dados recentes, o Produto Interno Bruto (PIB) não recua como na média histórica em quadros de desaceleração, o emprego está mais forte e a inflação começou a desacelerar antes, mas ainda segue mais forte que o desejado pelo Fed.
Ao analisar as fontes de inflação, Goolsbee disse que os preços saltaram pelo mundo, inclusive em locais com respostas fiscais distintas à pandemia. Na visão dele, os fatores principais para a inflação estão relacionados à covid-19.
Ele notou que houve choques negativos à oferta, bem como composições não habituais na demanda. Além das dificuldades do lado da oferta, ocorreu redução na oferta de trabalho com a pandemia, diante da redução na participação na força de trabalho, especialmente entre mulheres e no grupo que estava prestes a se aposentar.
Goolsbee avaliou que boa parte da inflação ocorre diante de problemas no canal da oferta. Segundo ele, “felizmente” agora esses choques na oferta e distorções na demanda têm diminuído de modo constante, o que ajuda a conter a inflação. Ele também destacou que houve crescimento na oferta de trabalho, em parte pela retomada das imigrações.
O dirigente afirmou que, no quadro atual, as expectativas de inflação ficaram bem ancoradas, em comparação com episódios anteriores de inflação elevada. Ele ainda disse que manter a credibilidade é crucial, por isso considera “muito arriscadas” propostas recentes para mudar a meta de inflação do BC americano.
Goolsbee vê riscos no cenário, como os preços do petróleo e a desaceleração na China. Agora, disse estar atento à inflação no setor imobiliário, e comentou que é crucial haver mais progresso nessa frente nos próximos trimestres. A autoridade também mencionou o crescimento da produtividade como um de seus focos.
Sobre os salários, recomendou que não se fique “obcecado” com a trajetória de curto prazo dos salários reais. No curto prazo, os salários tendem a ser mais persistentes que os preços, destacou. Ele disse que obviamente a trajetória dos salários é importante, mas vincular a política monetária a esse fator acarreta o risco de fazer demais no aperto.
Exame - SP 29/09/2023
O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou nesta quinta-feira, 28, que a "barra está ligeiramente mais alta" para acelerar o ritmo de corte de juros. O Comitê de Política Monetária (Copom) já sinalizou que deve fazer mais dois cortes de 0,5 ponto percentual na Selic nas próximas duas reuniões do colegiado e a taxa deve terminar o ano em 11,75% ao ano.
"Também está cedo para falar em um movimento de corte menor. Mas a gente vai avaliar isso melhor. A gente tem uma incerteza externa que será observada nas próximas semanas. Se houver uma mudança, isso será comunicado", disse.
No comunicado após a reunião do Copom, o BC julgou como pouco provável a aceleração do ritmo de queda da taxa, para 0,75 ponto percentual. "O Comitê julga como pouco provável uma intensificação adicional do ritmo de ajustes, já que isso exigiria surpresas positivas substanciais que elevassem ainda mais a confiança na dinâmica desinflacionária prospectiva. Tal confiança viria apenas com uma alteração significativa dos fundamentos da dinâmica da inflação, tais como uma reancoragem bem mais sólida das expectativas, uma abertura contundente do hiato do produto ou uma dinâmica substancialmente mais benigna do que a esperada da inflação de serviços", informou o BC.
Metas serão perseguidas
Campos Neto também afirmou que há uma discussão no mercado sobre a possibilidade de o BC apresentar um guidance sobre o tamanho do ciclo de corte, o que já foi feito anteriormente. Segundo ele, em um momento de incerteza, como agora, dar um guidance e depois trocar essa sinalização teria potencial para gerar um ruído que afetaria a credibilidade da política monetária.
A desancoragem das expectativas de inflação também está no radar do BC, afirmou Campos Neto. Segundo ele, a autoridade monetária não está confortável com o número estabilizado acima da meta.
"O BC persegue a meta [de inflação] sempre. O Brasil está indo em direção a meta, mas em nenhum momento quisemos dizer que estamos confortáveis com o número acima da meta", disse.
IstoÉ Dinheiro - SP 29/09/2023
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, destacou nesta quinta-feira, 28, que o entendimento do Comitê de Política Monetária (Copom) é de que, mesmo iniciado o ciclo de afrouxamento, a taxa Selic precisa permanecer em patamar ainda contracionista para alcançar os objetivos inflacionários.
“Mesmo com o ajuste, o que estamos fazendo é restritivo suficiente para atingir a meta”, disse Campos Neto, em coletiva de imprensa do Relatório Trimestral de Inflação (RTI). Hoje, o BC projeta 3,5% para o IPCA de 2024 – principal horizonte da política monetária – e 3,1% para 2025, que tem peso minoritário, ambos acima do centro da meta de 3,0%. A projeção considera uma taxa Selic de 11,75% no fim de 2023 e de 9,0% no final de 2024, conforme o Boletim Focus.
Durante a coletiva, o diretor de Política Econômica do BC, Diogo Guillen, ainda comentou sobre o estudo realizado pelo órgão e apresentado em box de RTI sobre as variáveis que podem explicar a desancoragem de expectativas para a inflação de 2025. As conclusões mostram que o principal impacto vem da inflação de 2024, devido à inércia, embora haja indicação de efeitos da persistência global da inflação e da perspectiva de déficits primários ou gastos públicos mais elevado no País.
Nas suas comunicações oficiais, o BC tem citado as preocupações fiscais, com a inflação global e uma possível percepção de leniência do BC com o combate à inflação ao longo do tempo como possíveis motivos para a desancoragem de expectativas. “A inflação de 2024 tem maior impacto, mas não dá para extrair desse estudo a explicação de todos os motivos da desancoragem. Ajuda a compor discussão, é mais uma peça do quebra-cabeça”, disse, citando que o BC tem trazido a hipótese de incertezas fiscais e que olha outras variáveis, como a inflação implícita, para entender o movimento.
Sem indicação de que está ‘confortável’
O presidente do Banco Central disse que, em nenhum momento, o BC quis indicar que está “confortável” com as expectativas de inflação acima da meta. No Boletim Focus, as projeções para o IPCA para os próximos anos estão todas acima do centro da meta de 3,0%.
Campos Neto frisou que o BC vai perseguir a meta de 3,0%. “Em relação às expectativas, é bem importante frisar que o BC persegue a meta. Em todas as decisões, a gente leva em consideração o que precisa ser feito para cumprir a meta. Quando muda o horizonte relevante, muda um pouco. Mas, em nenhum momento, quisemos dizer que está confortável com expectativas acima de meta.”
Barra ‘ligeiramente mais alta’
O presidente do Banco Central disse ainda que a barra para acelerar o ritmo de cortes da taxa Selic, atualmente em 0,50 ponto porcentual, está “ligeiramente mais alta” atualmente. Desde agosto, o Copom vem indicando que vê o ritmo de 0,50pp como adequado e que é pouco provável intensificação.
Dentre os fatores que explicariam essa barra “ligeiramente mais alta” estão os desenvolvimentos recentes no cenário externo.
Campos Neto mencionou o aumento recente da curva de juros dos Estados Unidos, destacando que há consequências para os emergentes. “Empresas boas americanas têm tido emissões de crédito saindo com 6,5% a 7,5% de juro. É dreno de liquidez para emergentes.”
Segundo o presidente do BC, boa parte dos analistas não avalia que as preocupações fiscais nos EUA explicam esse movimento do juro longo, mas, se assim fosse, conforme Campos Neto, o formato da curva seria outro. “Se fosse só a indicação de que as taxas de juros vão ficar altas por mais tempo o formato não seria esse”, disse, em relação à estratégia de política monetária nos Estados Unidos.
Outra razão que pode explicar o aumento da curva de juros americana, disse ele, é um tema mais técnico, em relação à China, que tem feito intervenções no mercado e vendendo títulos do Tesouro.
Campos Neto ainda disse que, no cenário externo mais incerto, há a discussão sobre o crescimento chinês. “Parece que há uma mudança de modelo, de passar de infraestrutura para inovação e consumo, o que pode fazer com que o crescimento fique mais baixo por mais tempo”, acrescentou.
Indicação sobre próximos passos
O presidente do Banco Central afirmou ainda que não há ganhos em indicar com maior clareza o tamanho do ciclo de cortes da taxa Selic no momento atual, em que há “grande incerteza”. Campos Neto reconheceu que isso já foi feito no passado, mas que o valor esperado de passar essa informação depende do grau de certeza que o BC tem sobre determinado cenário.
“Em momento de mais incerteza, trocar o guidance gera ruídos de credibilidade. Como definimos o momento atual como de grande incerteza, inclusive com incertezas adicionais no cenário externo, entendemos que não há ganho em indicar tamanho do ciclo no momento”, disse ele, na coletiva de imprensa do Relatório Trimestral de Inflação.
Divergências mínimas
O presidente do BC relatou ainda que a reunião do Copom mais recente foi uma das com menos divergências dentro do grupo. “Não mapeamos convergências ao longo do tempo. Escutamos opinião e tentamos refletir isso na ata”, disse, citando como exemplo um dos pontos mais constantes de debate, que é o comportamento dos preços dos alimentos.
De acordo com o presidente, as divergências não são as mesmas ao longo do tempo. Ele disse que houve mudanças e que, por critério de transparência, essas discussões são sempre reveladas. “(Esta última reunião) foi o que tivemos mais concordâncias sobre as variáveis. Foram mínimas (as discordâncias)”, disse.
Segundo ele, no passado, houve divergência sobre como o crédito ia ser afetado depois do episódio da Americanas e sobre a taxa neutra.
“Essas discussões são boas, geram estudos, nos fazem olhar outra dimensão”, disse Diogo Guillen.
Segundo ele, o mais relevante é ter concordância sobre a estratégia do Copom para a política monetária.
BNDES
Sobre a discussão do efeito do crédito direcionado na potência da política monetária, o presidente do BC repetiu, na coletiva, que o grosso desta modalidade não é do BNDES. “Não é um programa ou outro do BNDES que vai mudar política monetária. É o conjunto da obra que importa. Se tiver um sistema que grande parte do crédito é direcionado, significa que movimento de juros vai incidir sobre pedaço de crédito muito pequeno, para ter mesmo efeito no todo, precisa ser mais intenso.”
Agência Brasil - DF 29/09/2023
Com a mudança de calendário no pagamento de precatórios e de sentenças judiciais, o déficit primário do Governo Central – Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central – caiu quase pela metade em agosto na comparação com o mesmo mês de 2022. No mês passado, o resultado ficou negativo em R$ 26,35 bilhões, contra déficit de R$ 50,356 bilhões obtido em agosto de 2022.
Em valores nominais, o resultado de agosto foi o terceiro pior da história, só perdendo para agosto de 2020 e do ano passado. Em valores reais (corrigido pela inflação), foi o quarto maior déficit para o mês. O déficit recorde para meses de agosto foi registrado em agosto de 2020, quando o resultado ficou em R$ 96,07 bilhões por causa dos gastos extras com a pandemia de covid-19.
Apesar da melhoria em relação ao ano passado, o resultado veio pior do que o esperado pelas instituições financeiras. Segundo a pesquisa Prisma Fiscal, divulgada todos os meses pelo Ministério da Economia, os analistas de mercado esperavam déficit de R$ 25,1 bilhões em agosto.
Com o resultado de agosto, o Governo Central acumula déficit primário de R$ 104,59 bilhões em 2023. Em valores nominais, esse é o segundo maior déficit acumulado, só perdendo para o os oito primeiros meses de 2020 (resultado negativo de R$ 601,302 bilhões). Em valores reais (corrigido pela inflação), é o quarto maior déficit da série.
O resultado primário representa a diferença entre as receitas e os gastos, desconsiderando o pagamento dos juros da dívida pública. A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) deste ano estabelece meta de déficit primário de R$ 231,5 bilhões para o Governo Central (Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central).
Em janeiro, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou um pacote que pretende aumentar a arrecadação e revisar gastos para melhorar as contas públicas e diminuir o déficit para cerca de R$ 100 bilhões em 2023. Na semana passada, a Secretaria de Política Econômica informou que a previsão oficial de déficit primário está em R$ 141,4 bilhões para este ano.
Receitas
Na comparação com agosto do ano passado, as receitas caíram, mas as despesas caíram em volume maior por causa da mudança de calendário dos precatórios. No último mês, as receitas líquidas caíram 2,8% em valores nominais. Descontada a inflação pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a queda chega a 7,1%. No mesmo período, as despesas totais caíram 14,7% em valores nominais e 18,5% após descontar a inflação.
Se forem consideradas apenas as receitas administradas (relativas ao pagamento de tributos), houve queda de 6% em agosto na comparação com o mesmo mês do ano passado, já descontada a inflação. As maiores reduções ocorreram no Imposto de Renda, com recuo de 15,4% descontada a inflação, e na Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, com retração de 14,4%. As quedas decorrem tanto da diminuição do lucro das empresas como de pagamentos atípicos (acerto de contas) ocorridos em 2022 e que não se repetiram este ano.
Em relação às receitas não administradas pela Receita Federal, os maiores recuos foram registrados no pagamento de dividendos e de juros sobre capital próprio das estatais, com queda de R$ 9,5 bilhões (-66,3%) em valores corrigidos pela inflação. Segundo o Tesouro Nacional, isso ocorreu pela queda na distribuição de dividendos (parcela dos lucros destinada aos acionistas) pela Petrobras, tanto por mudança de calendário como por causa da diminuição dos lucros após os picos do preço do petróleo no ano passado por causa da guerra entre Rússia e Ucrânia.
Outro recuo importante ocorreu com as receitas de royalties, que caíram R$ 2,03 bilhões (-26,2%) descontada a inflação no mês passado na comparação com agosto de 2022. Atualmente, a cotação do barril internacional está em torno de US$ 90 após ter chegado a US$ 120 no meio do ano passado, por causa da guerra entre Rússia e Ucrânia.
Despesas
Turbinados pelo novo Bolsa Família, os gastos com programas sociais subiram R$ 9,9 bilhões acima da inflação em agosto na comparação com o mesmo mês do ano passado. Outros gastos mensais, no entanto, apresentaram queda. As despesas com abono salarial e seguro-desemprego caíram R$ 569,6 milhões descontada a inflação. Isso ocorreu porque o calendário deste ano foi diluído de fevereiro a julho, em vez de se concentrar em fevereiro e março, como em 2022.
Os gastos com o funcionalismo federal caíram 21,3% descontada a inflação em agosto comparados com o mesmo mês do ano passado. Apesar do aumento de 9% concedido aos servidores do Poder Executivo Federal, aprovado no fim de abril pelo Congresso, a mudança no calendário de pagamentos de precatórios e de demais dívidas judiciais caiu R$ 8,03 bilhões. Isso ocorreu porque o governo antecipou, neste ano, o pagamento para julho, enquanto o desembolso no ano passado ocorreu em agosto.
Em relação aos investimentos (obras públicas e compra de equipamentos), o governo federal investiu R$ 37,233 bilhões nos oito primeiros meses do ano. O valor representa alta de 32,8% acima do IPCA em relação ao mesmo período de 2022. Nos últimos meses, essa despesa tem alternado momentos de crescimento e de queda descontada a inflação. O Tesouro atribui a volatilidade ao ritmo variável no fluxo de obras públicas.
Infomoney - SP 29/09/2023
Os contratos futuros do minério de ferro subiram nesta quinta-feira, ajudados pela divulgação de dados de uma maior produção de metais quentes, mesmo com os investidores preferindo adotar uma postura cautelosa antes do feriado que se inicia em 29 de setembro na China, principal mercado consumidor do insumo.
O minério de ferro mais negociado para janeiro na Dalian Commodity Exchange (DCE) da China encerrou o dia com alta de 0,89%, a 852 iuanes (US$ 116,66) a tonelada.
O minério de ferro de referência de outubro na Bolsa de Cingapura subiu 0,77%, para US$ 117,45 a tonelada.
Os preços do principal ingrediente de fabricação de aço ignoraram a fraqueza no início da sessão, já que os dados mais altos da produção de metais quentes impulsionaram o sentimento.
A produção diária de metal quente entre as 247 usinas siderúrgicas pesquisadas pela consultoria Mysteel subiu 0,1% na semana, para 2,49 milhões de toneladas em 28 de setembro, o nível mais alto desde outubro de 2020.
Os analistas do National Australia Bank, no entanto, disseram em nota que enxergavam risco de queda nos preços nos níveis atuais.
Outros ingredientes de fabricação de aço se fortaleceram, com o carvão metalúrgico e o coque DCJcv1 em Dalian subindo 3,3% e 5,99%, respectivamente, com a expectativa de redução da oferta no futuro.
O sentimento no mercado de carvão também foi elevado pelas notícias de que as usinas siderúrgicas nas províncias chinesas de Shandong e Hebei aceitaram na quarta-feira a segunda rodada de aumento do preço do coque entre 100 iuanes e 110 iuanes por tonelada, disseram os analistas da Mysteel em um relatório.
Os mercados na China estarão fechados para feriados de 29 de setembro a 6 de outubro.
Valor - SP 29/09/2023
Previsão é de retração das vendas, mas há perspectiva de crescimento para alguns segmentos como os de logística, construção civil e de movimentação de carga
O setor de máquinas e equipamentos vem enfrentando conjuntura difícil em 2023, com queda de receita líquida de vendas, do consumo aparente e da carteira de pedidos. No ano, até dezembro, a direção da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), entidade que reúne indústrias do setor, espera uma retração entre 5% e 8%, patamar semelhante ao de 2022. Há, no entanto, duas notícias que atenuam o quadro. A primeira é que 2024 aponta para cenário bem mais favorável. A segunda diz respeito a segmentos que passam ao largo da má fase atual e vêm mostrando boa performance. São os casos de máquinas e equipamentos para logística e construção civil, cujas receitas cresceram 5,5% até julho, de acordo com a Abimaq, e o de movimentação de cargas.
Na movimentação de cargas, a expansão entre janeiro e maio deste ano foi de 8%, segundo a World Integrated Trade Solution (Witz). Os números dizem respeito a empilhadeiras, transpaleteiras, rebocadores e trilaterais.
“Para 2023, esperamos crescimento entre 10% e 15% no volume comercializado no Brasil em relação a 2022”, diz Raphael Souza, gerente comercial da Jungheinrich Brasil. Gustavo Couto, CEO da Vamos, observa o mercado reaquecido neste segundo semestre. “O ano começou um pouco mais frio, por incertezas e pela taxa de juros elevada, mas já há recuperação. Decisões postergadas por causa da alta de preços dos equipamentos e dos juros elevados começam a ser tomadas”, diz. Segundo ele, grandes indústrias que operavam com máquinas mais antigas começam a renovar suas empilhadeiras, que tiveram alta de 20% nos preços em 2022.
Já o cenário projetado pela Abimaq para a indústria de equipamentos destinados à logística e construção civil, que inclui empilhadeiras, esteiras e guindastes, é mais modesto, refletindo a retração da demanda por máquinas rodoviárias, setor que deve fechar o ano com queda de 15%. A razão, segundo Cristina Zanella, diretora-executiva de competitividade, economia e estatística da entidade, está na combinação de dois fatores: interrupção de obras públicas em função da mudança de governo e o alto custo de crédito relacionado aos patamares elevados da Selic.
Para 2024, no entanto, a perspectiva é outra. “Os setores de logística e construção devem melhorar em relação a este ano por conta da retomada de obras e dos investimentos, influenciada pelo PAC. São esperadas novas obras feitas pelas prefeituras, por conta das eleições municipais”, diz. O crescimento nos sete primeiros meses do ano da indústria de equipamentos para logística embute parcela importante das exportações, que, segundo Zanella, cresceram substancialmente no período. No total, as vendas externas do setor aumentaram receitas em 18,6% e volumes em 7,4%. Os números relacionados à renda, no entanto, merecem maior detalhamento, por não atingirem de forma linear todos os tipos de maquinário.
Inovação e tecnologia de ponta viraram questões-chave para a atividade logística, processo acentuado neste ano. “A venda de empilhadeiras elétricas vem crescendo. A eletrificação aumentou, assim como a demanda por veículos automaticamente guiados (AGVs) e a de robôs móveis autônomos (AMRs). É uma evolução”, diz Reinaldo Moura, presidente do Conselho do Instituto de Movimentação e Armazenagem de Materiais (Imam), citando equipamentos de última geração tecnológica. Na prática, tais máquinas elétricas e automatizadas se deslocam por centros logísticos, transportando mercadorias de um ponto a outro, sem presença humana. Neste ano, o mercado brasileiro viu chegar uma nova tecnologia, que é o braço robótico instalado no AGV, capaz de identificar itens que devem ser carregados, além de apanhar e depositar o produto na estação certa. Tudo automatizado. “Está sendo uma revolução. Há fila de espera para aquisição desses equipamentos”, diz Moura.
Cristina Zanella, da Abimaq: perspectivas bem melhores para 2024 — Foto: Divulgação
A alemã Jungheinrich, fabricante e desenvolvedora de veículos autônomos, é uma das empresas que têm projetos com grupos brasileiros, especialmente os dos setores de cosméticos e de operação logística, para importação dos novos equipamentos. Ainda não houve negociação, mas a demanda, segundo o gerente comercial da empresa, é alta. Robôs trabalham 24 horas por dia, sete dias por semana, com luz apagada. Tradução: mais produtividade, menos tempo, mais eficiência e menos custo operacional. A desvantagem ainda está no preço elevado dos equipamentos.
Outra característica do ano é o crescimento de 44% de máquinas elétricas no mercado doméstico, de acordo com Souza. Isso, com uma vantagem adicional: as novas trazem novidades que ampliam produtividade e segurança. Saem as antigas empilhadeiras e entram as trilaterais e selecionadoras verticais de pedidos elétricos. Em paralelo, também chegam aos clientes equipamentos mais simples e acessíveis. “Temos dois efeitos: a migração de empilhadeiras a combustão para outras elétricas e mais complexas e o crescimento de equipamentos elétricos, porque oferecemos opção barata e de entrada para a indústria e operadores logísticos”, diz. O mercado de empilhadeiras elétricas no Brasil, até maio, representava 57% do total da frota nacional, segundo a Witz.
A marca alemã lançou neste ano equipamentos com tecnologia de automação, como a de pequenos robôs que andam embaixo de estruturas, além de armazéns 100% automatizados. São máquinas que ganharam mercado a partir do aumento de custo do metro quadrado de centros de distribuição, levando clientes a verticalizar operações. “Por isso acontece esse aumento da demanda de máquinas semiautomatizadas, que chegam até 18 metros de altura”, diz.
Outra empresa com foco em inovação, a Store Automação, fornecedora de produtos e serviços de tecnologia para a área de logística, passa por situação semelhante. A busca do mercado, segundo Wagner Rodrigues, CEO da companhia, é cada vez mais por inovação. “É nisso que as empresas estão investindo, nos procuram nessa linha, não só em equipamentos, mas também em software, para terem melhor gestão, com mais mecanização e mais inteligência”, diz. Robôs que levam e trazem mercadorias para os locais corretos e inteligência artificial para gestão de dados e monitoramento tornam a movimentação de carga cada vez mais automatizada. Se no passo anterior, de semiautomação, a economia de tempo era de 40%, quando se evolui para equipamentos mais avançados, como transelevadores, a melhoria de tempo saltou para 70%, com precisão de 99,9%.
A Thermo King, fabricante de sistemas de controle de temperatura de transporte para caminhões e reboques, também adota a agenda da inovação tecnológica como forma de fortalecer seu modelo de negócios. Sistemas de controle de refrigeração que permitem transporte de produtos com necessidade de temperaturas diferentes levaram o setor de fármacos a se tornar um dos principais clientes da companhia. “Uma grande empresa de São Paulo, que era zero refrigerada em medicamentos, adquiriu cem carretas refrigeradas para transporte integral de remédios. O setor vai continuar puxando a demanda por um período”, diz Claudio Biscola, gerente de vendas América do Sul da Thermo King.
Em relação ao mercado como um todo, o ano foi marcado pela retração dos equipamentos de grande porte, em função do aumento de custos para investimentos. Diante disso, a Thermo Kink voltou o foco para a oferta de equipamentos intermediários, que vem crescendo em função da maior demanda do setor de fármacos. “A palavra de ordem é crédito. As transportadoras deram uma segurada por causa do custo do financiamento”, diz. Para lidar com a nova realidade, a empresa lançará produtos refrigerados de menor porte e mais versáteis, podendo ser utilizados tanto na frente do caminhão ou da van quanto no teto, com 50 kg a menos. Em relação a 2024, as projeções do executivo para o setor são conservadoras, com crescimento orgânico entre 3% e 4%, à espera da queda da taxa de juros.
Já o cenário de locação de máquinas e equipamentos destinados à logística e intralogística é bem mais positivo, em decorrência do alto custo do financiamento para aquisições. Três grandes nomes que atuam no setor comemoram resultados. A Locar Guindastes e Transportes Intermodais, especializada em movimentação de cargas, ampliou em 1,1 mil sua frota de plataformas elevatórias neste ano, totalizando 2,5 mil. “O mercado está muito aquecido nesse segmento, impulsionado pela demanda da energia eólica, mineração e infraestrutura”, diz Marcello Augusto Mari, diretor comercial da Locar.
A Vamos – uma das maiores empresas de locação de caminhões, máquinas e equipamentos do Brasil, dona de uma frota de cerca de 45 mil veículos, incluindo mais de 6 mil empilhadeiras – vem dobrando todos os anos o número de clientes. “Hoje, temos dez vezes mais clientes do que tínhamos em 2019”, diz Couto.
A Simak Rent, criada no início do ano pelo grupo Manserv, está investindo R$ 400 milhões neste ano e conta com uma frota de 1,5 mil máquinas, apostando na expansão do mercado de locação. “Temos previsão de crescimento de 15% até 2030. O mercado ainda é pouco explorado. Temos muitos competidores, mas com participação pequena”, diz Anderson de Abreu, CEO da empresa.
Valor - SP 29/09/2023
Expectativa é de queda de 11% neste ano, devido ao aumento do preço dos modelos Euro-6 e ao alto custo de financiamento
Cortes, da Volks: primeiras 20 unidades do modelo de condução autônoma — Foto: Wander Malagrine/Divulgação
Exigências ambientais e de produtividade e custos estimulam a renovação da frota de caminhões e ônibus por transportadoras e motoristas autônomos em todo o país. Mas essa modernização ficou aquém do esperado em 2023: de janeiro a agosto, as vendas tiveram queda de 16% em comparação ao mesmo período do ano passado, segundo a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) prevê uma queda de 11% no acumulado do ano.
“O alto custo do crédito e um aumento em torno de 20% no valor dos veículos impulsionado pelas diretrizes do Proconve8 (P8), ou Euro-6, regulamentação que exige uma redução média de cerca de 75% na emissão de gases, desestimularam as compras”, afirma Marcelo Paciolo, diretor de logística da AGR Consultores.
O governo lançou em junho a Medida Provisória 1175/23, que oferece R$ 700 milhões para a renovação da frota de caminhões e R$ 300 milhões para a renovação da frota de ônibus com mais de 20 anos, com descontos que variam de R$ 33 mil a R$ 99 mil e redução do preço de automóveis, caminhões e ônibus por meio de créditos tributários às montadoras.
Alguns requisitos para troca no caso dos caminhões, como o de ter 20 anos de uso, no entanto, dificultaram a adesão. “Ou o veículo não é tão antigo ou o transportador não consegue fazer o salto”, diz Paciolo. Outros fatores como o custo de manutenção da frota, a volatilidade do valor do óleo diesel e aumento do preço dos pneus também influenciaram a queda.
Segundo Roberto Zampini Junior, conselheiro da Associação Brasileira de Logística (Abralog), o Euro-6 elevou o preço dos caminhões entre 15% e 20% e os juros altos desestimularam o financiamento. “Algumas empresas anteciparam compras em 2022 e neste ano esperam a queda de juros e o equilíbrio dos preços dos caminhões”, afirma Zampini.
Algumas empresas filiadas à Associação Brasileira de Operadores Logísticos (Abol) reduziram em até 50% o planejamento de renovação da frota em 2024. “Observamos, no entanto, alta nos investimentos em inovação e fontes alternativas de energia, como é o caso de veículos elétricos e híbridos e combustíveis menos poluentes, como etanol e gás natural veicular (GNV) ”, afirma Marcella Cunha, diretora-executiva da Abol.
Investindo na modernização, a Vamos, do grupo Simpar, que faz locação e venda de caminhões, máquinas e equipamentos, terminou o segundo trimestre de 2023 com uma frota de mais de 45 mil ativos, 33,4% superior ao mesmo período do ano passado. “Em 2022 antecipamos compras com a aquisição de caminhões no sistema Euro-5/P7, garantindo um estoque competitivo cujo valor foi apreciado devido à escassez de oferta durante a transição para o Euro-6/P8 e que deve ser completamente locado até o fim do terceiro trimestre deste ano”, afirma Gustavo Couto, presidente da companhia.
Com o escoamento desse estoque, a Vamos retomou a compra de caminhões em 2023, com a aquisição de 140 unidades no modelo Euro-6/P8 por meio do programa de renovação de frota lançado pelo governo federal. “Essa aquisição de caminhões novos seguiu outra iniciativa de redução do impacto ambiental com a compra de 140 caminhões antigos, com idade média de 36,4 anos, de caminhoneiros autônomos pela Vamos – veículos retirados das estradas e encaminhados à Gerdau, responsável por transformá-los em matéria-prima para a produção de aço 100% reciclável”, destaca Couto.
Paciolo, da AGR Consultores: dificuldades com nova regulamentação e crédito caro — Foto: Divulgação
Em outro movimento, a Vamos adquiriu 2.926 caminhões do grupo Petrópolis, por meio de proposta vinculante, no contexto do plano de recuperação judicial da Petrópolis, com investimentos de R$ 576,2 milhões. Dos ativos, 76% dos modelos são de fabricação a partir de 2019.
Para cumprir as metas ambientais, as montadoras lançaram veículos elétricos, com combustível a gás e caminhões autônomos. A Volkswagen Caminhões e Ônibus entregou as primeiras 20 unidades do VW Constellation 31.280 8x4 com direção autônoma, destinadas a locações no agronegócio. “O benefício está no sistema que identifica sua posição e segue a rota pré-programada, com precisão de 2,5 centímetros com variações mínimas, impossíveis de se atingir na condução humana”, explica Roberto Cortes, presidente da Volkswagen Caminhões e Ônibus.
Segundo Alex Nucci, diretor de vendas de soluções da Scania Operações Comerciais, a empresa reforçou atuação nos segmentos de caminhões de médias distâncias nas aplicações de carga geral, sider, baú e combustível e numa linha de modelos semipesados movidos a gás. “Com a queda da Selic, a tendência é um aumento de vendas em 2024, principalmente nos mercados de agronegócio, combustíveis, cargas frigoríficas, cana e mineração”, afirma Nucci.
A modernização da frota permite aos gestores ter acesso a plataformas digitais, ganhando eficiência com a análise de dados gerados a partir de dispositivos embarcados. A Scania oferece serviços conectados com o Scania Zone, disponível para os caminhões da linha Euro-6. É um portal para gestão da frota em que é possível definir o limite de velocidade em trechos de risco da operação por meio de cercas virtuais ou geocercas.
Quando o veículo chega a uma região predeterminada, aparece um aviso ao motorista no painel e entra em operação o ajuste automático, limitando a atuação do pedal do acelerador sem qualquer interferência do condutor. “O veículo avisa ao motorista sobre o limite a ser seguido naquele trecho e aciona um mecanismo de trava de aceleração em trechos críticos, controlado pelo gestor da frota”, explica Nucci.
Outro recurso é o “control tower”, que acompanha em tempo real o veículo e a forma de condução de cada motorista, integrando dados da frota e das viagens em seus sistemas internos de gestão de ativos.
“As plataformas de gestão de frota permitem acompanhar o desempenho dos veículos, onde circulam e como são dirigidos, para identificar as oportunidades de melhoria e alcançar economia média de até 15% na redução de custos operacionais e 3,5% de diminuição de tamanho da frota”, afirma Diego Aguiar, diretor de operações da Telefónica Tech IoTCo, que oferece o sistema de gestão Vivo Frotas.
Valor - SP 29/09/2023
Os problemas atingiram pelo menos quatro fábricas da marca VW em Emden, Zwickau, Osnabrück e Wolfsburg, disse um porta-voz da VW na quarta-feira. A Audi também foi afetada
A Volkswagen AG corrigiu uma falha de TI que paralisou a produção nas fábricas da marca VW na quarta-feira, com a rede global de fábricas da montadora atualmente em processo de retomada das operações.
A empresa conseguiu resolver o problema durante a noite, embora alguns sistemas ainda possam ser afetados por um curto período, disse a VW na quinta-feira. Não há sinais de ataque cibernético, acrescentou a empresa.
Os problemas atingiram pelo menos quatro fábricas da marca VW em Emden, Zwickau, Osnabrück e Wolfsburg, disse um porta-voz da VW na quarta-feira. A Audi também foi afetada.
A interrupção ocorre logo após a VW reduzir temporariamente os turnos em duas fábricas alemãs, após uma queda na demanda por alguns modelos elétricos.
O Estado de S.Paulo - SP 29/09/2023
A Stellantis, dona das marcas Fiat, Jeep, Peugeot e Citroën, anunciou nesta quinta-feira, 28, que o italiano Antonio Fiolosa, presidente do grupo no Brasil e na América do Sul há cinco anos, deixará o comando do grupo em 1º de novembro para assumir globalmente as operações da Jeep nos Estados Unidos. Seu substituto será o também italiano Emanuele Cappellano.
A mudança ocorre num momento crítico para a Stellantis, que tenta prorrogar incentivos fiscais para sua fábrica em Goiana (PE), a mais moderna do grupo no País. A empresa depende da inclusão, pelo Senado, de um novo artigo no texto da Reforma Tributária e enfrenta oposição de todas as demais montadoras com fábricas no Sul e Sudeste, como General Motors, Toyota e Volkswagen.
Cappellano já foi diretor financeiro do grupo na região entre 2017 e 2021, de onde saiu para presidir o grupo de marcas de óculos Marcolin na América do Norte. Já Filosa foi escalado para substituir Christian Meunier que, segundo a companhia, vai se dedicar a projetos pessoais.
Em sua passagem pela região, Filosa coordenou vários projetos envolvidos no plano de investimento do grupo, de R$ 16 bilhões entre 2018 e 2025, e já estava negociando o próximo ciclo que, segundo ele, “será maior que a soma de todos os concorrentes”.
À frente da discussão com governos federal, estadual e municipais, e com parlamentares para renovar benefícios fiscais concedido por um programa de incentivo a empresas do Norte, Nordeste e Centro Oeste - criado em 1990 -, Filosa defende que estudos indicam uma diferença de 22% no custo de produção no Nordeste, resultante da carência de investimentos em infraestrutura logística e de vários outros fatores.
O incentivo está em vigor desde 2015 para a fábrica da Jeep, onde são produzidos utilitários-esportivos (SUVs) e picapes, e que deveria se encerrar em 2025. As negociações visam estender o incentivo, principalmente relacionado ao Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) por mais sete anos.
As demais montadoras avaliam os benefícios como concorrência desleal, pois foram concedidos para a atração de novas fábricas que, na visão deles, já estão estabelecidas. Também são beneficiados pelo programa os grupos Caoa/Chery e HPE/Mitsubishi, ambas com plantas em Goiás.
Valor - SP 29/09/2023
A intenção é ter uma malha maior e interligada, incluindo sete linhas de passageiros de trens regionais por meio de PPPs
Após décadas relegado a segundo plano, o transporte ferroviário de passageiros deixa de ser uma possibilidade para se tornar um programa de governo. Entre as prioridades do Plano Nacional de Ferrovias, previsto para outubro, destaca-se a criação de uma nova política, atualizando e adequando as demandas nacionais. Desta forma, estão sendo desenvolvidas iniciativas abrangendo os processos de concessão e autorização, além de uma especificamente para transporte de passageiros e outras inovações no setor como um todo, informa em nota o Ministério dos Transportes.
A intenção é executar sete linhas de passageiros de trens regionais por meio de Parcerias Público-Privadas (PPPs). O governo pretende aproveitar ferrovias existentes para o transporte de cargas, mas que hoje estão subutilizadas ou até mesmo em estado precário de manutenção, e transformá-las em modais para passageiros.
De olho nas principais tendências de modelos ferroviários mundiais e inovação, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) levou sua comitiva do programa de experiência técnica internacional até Bruxelas, na Bélgica, na primeira semana de junho, para troca de experiências e contato com boas práticas em infraestrutura e regulação de transportes terrestres, em especial no transporte ferroviário.
A ideia é migrar corredores ferroviários para ter realmente uma malha interligada, de modo que as ferrovias passem a fazer parte da logística nacional. A decisão permitirá bater a meta de equilibrar a matriz de transporte e atingir entre 35% e 40% por meio de estradas de ferro, que hoje correspondem a pouco mais de 20% do transporte de cargas, segundo a ANTT.
Se depender dos usuários de cargas, o novo plano terá como principal proposta a integração modal, que prevê a interoperabilidade. A sugestão é de Luis Henrique Teixeira Baldez, presidente da Associação Nacional dos Usuários do Transporte de Carga (Anut). “É preciso um sistema ferroviário que permita o direito de passagem e a integração de malha. A rede ferroviária interligada beneficiaria todo o processo produtivo e o escoamento das exportações brasileiras”, afirma. “Nas regras de hoje, qualquer concessionária pode impedir a passagem. Isso não é um sistema ferroviário, mas sim trechos ferroviários.”
Outra proposta de Baldez é que parte dos 20 mil km de ferrovias, metade subutilizada e outra metade ociosa, seja transformada em modais ferroviários de alimentação das estradas de ferro locais. “Ferrovias que seriam uma espécie de espinha de peixe para levar a carga”, diz Baldez
A projeção para 2023 é de alta entre 2% e 3% no volume de mercadorias transportadas por meio do modal, segundo ele. Dados da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF) indicam que no primeiro semestre a expansão foi de 2,5% sobre igual intervalo de 2022. No acumulado do ano passado, o volume atingiu 500,8 milhões de toneladas.
Para Baldez, trata-se de um crescimento pífio. “O Brasil aumenta a produção interna e, em vez de elevar de maneira robusta o transporte ferroviário, perde para as rodovias, que neste primeiro trimestre registraram alta de 57% na carga transportada”, ressalta. “Não tem ferrovias para atender à demanda. Não faltam mercadorias, faltam trilhos”, destaca.
Paralelo ao Plano Nacional de Ferrovias, o governo federal e as operadoras de ferrovias – Vale, Rumo e MRS – têm conversado sobre as renovações antecipadas e firmadas no governo anterior. As empresas alegam que não têm conseguido cumprir parte das obrigações pactuadas e buscam flexibilizações.
Em nota, a Rumo informa que a concessionária solicitou a revisão do caderno de obrigações da Malha Paulista na secretaria de soluções consensuais do Tribunal de Contas da União (TCU). O objetivo, detalha, é rever as obrigações que ficaram desatualizadas em virtude de investimentos já realizados no aumento da capacidade da via férrea.
Ainda de acordo com a nota, os investimentos somaram R$ 9 bilhões em Capex entre Malha Paulista, aquisição de vagões, término de obras da Ferrovia Norte-Sul (Malha Central) e no início do projeto de construção da Ferrovia de Integração de Mato Grosso. Para 2024, a Rumo seguirá com a expansão da ferrovia em Mato Grosso, que, ao ser concluída, terá 740 km e atenderá as regiões média e norte do Estado.
A MRS afirma, em nota, que vem executando as entregas previstas em seu plano de investimentos e que obras previstas para os próximos anos do contrato já estão em andamento. A empresa informa que “não serão poupados esforços e empenho para que os resultados possam melhorar a eficiência e aumentar a capacidade do modal”.
A Vale reforça que o processo de renovação das concessões foi estritamente regular e está cumprindo todas as obrigações decorrentes da renovação, inclusive entregou 100% do compromisso cruzado da Fiol (56 mil toneladas de trilhos e 32 mil dormentes) e adquiriu os equipamentos necessários para expansão da oferta de trem de passageiros. “As mais de 470 obras de mobilidade urbana e a obra da Fico seguem em implantação”, ressalta.
Já o Ministério dos Transportes esclarece que, em relação às renovações antecipadas, tem desenvolvido conversas cordiais com as concessionárias, para otimizar os contratos de concessão prorrogados no governo passado. Segundo nota, as negociações compreendem pleitos da iniciativa privada ou aspectos relacionados à conformidade dos contratos já assinados e que as premissas básicas das conversas são a segurança jurídica e o cumprimento dos contratos nos termos de suas cláusulas. E conclui: “A ideia é que os recursos devidos pelas concessionárias, após a conclusão das negociações, sejam direcionados para o plano nacional de ferrovias a ser anunciado em outubro”.
Lançado em agosto pelo governo federal, o novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) permitirá que saia do papel uma série de projetos ferroviários, com investimentos na casa dos R$ 94 bilhões nos próximos anos. Demanda histórica para o segmento, uma das obras do cronograma ferroviário do novo PAC é o trecho da Transnordestina em Pernambuco, que irá de Salgueiro ao porto de Suape, na região metropolitana do Recife.
Outras quatro obras públicas foram contempladas no planejamento do governo: a adequação das linhas férreas de Juiz de Fora (MG) e de Barra Mansa (RJ) e a construção das ferrovias de Integração Oeste-Leste (Fiol II) e de Integração do Centro-Oeste (Fico I). Além delas, seis estudos de novas concessões fazem parte do programa, como é o caso da EF-170, a Ferrogrão. Primeira obra de infraestrurura da iniciativa privada e prevista dentro do novo PAC a sair do papel é a Fiol I, que está sendo construída pela Bamin na Bahia. A linha terá capacidade para movimentar 60 milhões de toneladas de carga por ano.
Valor - SP 29/09/2023
Programa de concessões completa 30 anos com bons resultados sociais e econômicos, mas precisa de ajustes, segundo estudo da CNT
Schwantes, da CNT: necessidade de recursos públicos e privados — Foto: Divulgação
Responsável por mais de 60% do transporte de cargas e 95% do de passageiros, o modal rodoviário carece de avanços tecnológicos e de infraestrutura. Com baixo investimento dos setores público e privado, não há como garantir eficiência e sustentabilidade. Sob esta ótica, a Confederação Nacional do Transporte (CNT) elaborou um estudo com foco nos benefícios sociais e econômicos que o programa federal de concessões rodoviárias, que completa 30 anos em 2023, trouxe ao setor de transporte e logística entre 2016 e 2022, período em análise.
Trata-se de um minucioso levantamento de experiência em concessões, que o Valor obteve com exclusividade, intitulado “Parcerias – Provisão de Infraestrutura de Transporte pela Iniciativa Privada – Rodovias”. É necessário que “o programa de concessões tenha uma política de Estado, e não que a cada troca de governo se façam mudanças no programa”, diz Fernanda Schwantes, gerente-executiva de economia da CNT . Essa é uma das propostas que serão encaminhadas pela entidade ao governo e ao Congresso Nacional, no início de outubro.
A entidade defende o fortalecimento das parcerias como uma “política pública perene, capaz de oferecer previsibilidade ao setor privado, e assinala que as deficiências e a baixa disponibilidade de infraestrutura de transporte têm como uma das principais causas a baixa capacidade de o setor público promover investimentos”.
No total de aportes financeiros realizados nos últimos seis anos, as rodovias federais concedidas receberam, em média, 2,3 vezes mais por km do que as administradas pelo poder público federal, mostra o documento. Desde 2018, essa proporção tem crescido ano a ano: em 2021, foram 3,4 vezes superiores aos investimentos públicos e, no ano passado, 3,8 vezes. Os modais concessionados também são mais seguros do que aqueles sob gestão estatal. O estudo revela que o número de fatalidades nas federais sob gestão pública foi 40% maior do que nas federais sob concessão, entre 2021 e 2022.
“No ano passado, as concessionárias investiram R$ 486,55 mil/km em rodovias federais, enquanto os recursos públicos alcançaram R$ 127,42 mil/km”, diz Schwantes. Em contrapartida, o ministro dos Transportes, Renan Filho, de acordo com a assessoria especial de comunicação do Ministério dos Transportes, considera que “a parceria entre o setor público e o setor privado vai destravar projetos significativos”. O ministério também destaca os números positivos e as obras feitas em oito meses na atual gestão. “Já executamos quase 5 mil km de malhas degradadas”, diz Viviane Esse, secretária nacional de transporte rodoviário.
O Brasil, segundo Schwantes, tem cerca de 60 mil km de malha sob gestão do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (Dnit), 55 mil km pavimentados, 10 mil km concedidos, em 24 contratos. Existem ainda mais 35 contratos de concessão em estudo, que totalizarão 30 mil km de rodovias, diz. “Com isso teremos um equilíbrio entre execução de obras da malha sob gestão pública e privada.”
A qualidade da malha é um dos principais indicadores de risco de acidentes graves nas rodovias. Segundo a pesquisa da CNT, 2022 teve o pior índice verificado, com um total de 67% da malha classificada como regular, ruim e péssima. Viviane Esse, por sua vez, diz que com os R$ 20 bilhões previstos para este ano, já foi possível inverter a curva decrescente de piora.
Segundo ela, a estimativa é que a degradação da malha cause R$ 10 bilhões de prejuízo por ano. “Isso sem contar com o aumento do custo de transporte, diminuindo a competitividade com produtos estrangeiros e aumentando o número de acidentes, entre outras sérias consequências.” O mapeamento refere-se ao ano passado. “Já melhoramos esse cenário. E o ministro Renan [Filho] pediu que seja zerado o percentual de rodovias classificadas como ruins o mais rápido possível. Nós estimamos que isso aconteça até dezembro de 2023”, afirma Viviane.
A secretária diz que o governo “concentrou as obras de recuperação mais pesadas para o segundo semestre”, porque a atual gestão recebeu uma malha quase 52% boa e o restante entre regular, ruim ou péssima. Hoje, diz, o índice em boas condições passa de 55%. O que o governo planeja, destaca ela, é uma composição de investimentos públicos e privados. “Para 2024, os recursos previstos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para execução de obras públicas e privadas são da ordem de R$ 73 bilhões de aportes públicos e mais R$ 112 bilhões privados.”
O estudo da CNT estima que são necessários R$ 50,66 bilhões para a recuperação da malha federal sob a administração pública. Do lado dos recursos privados, a Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR) prevê “investimentos da ordem de R$ 11 bilhões a serem aplicados pelas concessionárias de grande porte até dezembro deste ano”.
A CCR, responsável pela gestão e manutenção de 3.615 km de rodovias em cinco Estados, acena com aportes vultosos. “A previsão de investimentos em rodovias no ano de 2023 é da ordem de R$ 4 bilhões”, diz Guilherme Motta Gomes, diretor de contrato de concessão da CCR Rodovias. Entre as obras de porte, ele destaca a ampliação da Via Dutra na região metropolitana de São Paulo, que absorverá R$ 1,4 bilhão.
Entre janeiro e junho deste ano, a Arteris, que administra sete concessões rodoviárias, somando 3,2 mil km, desembolsou R$ 1,3 bilhão, alta de 22% em relação ao valor de igual período de 2022. Desse total, 85% foram injetados nas concessionárias federais, informa a empresa, com destaque para a Litoral Sul, na finalização das obras do Contorno Viário de Florianópolis, e Fernão Dias, com o avanço das obras de terceiras faixas.
No documento, a CNT reconhece a importância e apoia a continuidade da agenda de concessões no país, porém defende que a expansão das parcerias com a iniciativa privada não exime o Estado da responsabilidade e de seu papel. “Há complementaridade entre a provisão de infraestrutura pela iniciativa privada e o investimento público”, reforça Schwantes. “A pesquisa deixa claro que o governo não tem condições de recompor a quantidade de investimentos na necessidade que temos para manter as rodovias e, principalmente, ampliar nossas malhas.”
O estudo da CNT apresenta os principais desafios para o avanço da agenda de concessões. “A extensão de rodovias não pavimentadas e os problemas de infraestrutura das já pavimentadas revelam a necessidade de investimentos em expansão e manutenção da malha rodoviária”, observa Schwantes.
Atualmente, há 75 projetos – trechos concessionados – nas esferas federal, estadual e municipal, que superam os 26,5 mil km de rodovias sob gestão privada. Do ponto de vista legal, a transferência desses trechos tem ocorrido por contratos de concessão ou de Parcerias Público-Privadas (PPPs). O levantamento revela outros benefícios das concessões: as rodovias concedidas tendem a ser mais sustentáveis. Segundo o texto, os contratos de concessão, sobretudo os mais recentes, possuem exigências que incentivam práticas sustentáveis, que reduzem o impacto ambiental da operação das rodovias.
A CNT reúne uma série de propostas para a agenda de concessões. A primeira é a construção de uma política de Estado em que a iniciativa privada seja um pilar para o desenvolvimento da infraestrutura de transporte. A entidade sugere ainda tornar os leilões de concessões de rodovias atrativos a um maior número de interessados, estimulando, por exemplo, a participação de empresas internacionais e a estruturação de projetos adequados para empresas de menor porte e a garantia de segurança jurídica.
Segundo o estudo, o modelo de concessão influencia positivamente a qualidade rodoviária. No ano passado, 67,1% da extensão da malha federal concedida avaliada pela CNT teve seu estado geral classificado como ótimo ou bom. No caso dos modais federais sob gestão pública, só 32,4% atingiram esse patamar. Após a assinatura dos contratos e a realização dos investimentos nos primeiros cinco anos da concessão, a extensão das estradas federais concedidas, cujo estado geral foi avaliado como ótimo, cresceu mais de 76%, passando de 16,7% no primeiro ano da concessão para 29,4% no quinto ano.
O Ministério dos Transportes, diz Viviane Esse, tem planejado várias ações para tornar as rodovias mais seguras. “A primeira delas é melhorar as condições de pavimentos e sinalizações, para o usuário trafegar com segurança. A outra foca em ampliação da capacidade de faixas adicionais, duplicação, trevos em desnível, entre outros pontos”, afirma. Segundo ela, ainda há necessidade de se dar um tratamento específico para pontos críticos, responsáveis pelo elevado número de acidentes. “Selamos uma parceria com a Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) para o mapeamento e diagnóstico desses trechos e, em seguida, sanar causas.”
Valor - SP 29/09/2023
Licitações no Paraná deram partida a novas rodadas de leilões e abrem caminho para financiamento com debêntures incentivadas e recursos do BNDES
A decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) aprovando soluções consensuais sobre contratos problemáticos na área de transportes e concessões de rodovias, tomada no início de agosto, foi comemorada por abrir caminho para novos investimentos. Com isso, já no fim do mesmo mês, o setor assistiu à primeira licitação desses lotes no Paraná. O Pátria venceu o leilão do primeiro lote do sistema rodoviário do Estado, que conecta o porto de Paranaguá, a capital, a fronteira com o Paraguai, o norte do Estado e as divisas com São Paulo e Mato Grosso do Sul.
Com oferta de desconto de 18,25% na tarifa por km rodado, o grupo arrematou 473 km de rodovias federais e estaduais entre Curitiba, região metropolitana, Centro-Sul e Campos Gerais do Paraná e deverá investir R$ 7,9 bilhões em obras de melhorias e manutenção em trechos das rodovias BR-277, BR-373, BR-376, BR-476, PR-418, PR-423 e PR-427.
Segundo o edital, 344 km serão duplicados e 210 km receberão faixas adicionais (terceiras faixas). Também estão previstos 44 km de novos acostamentos, 31 km de novas vias marginais, 27 km de ciclovias e 86 viadutos, trincheiras e passarelas.
O próximo leilão será realizado em 29 de setembro. O lote 2 de rodovias do Paraná compreende um total de 604,16 km, um investimento obrigatório de R$ 10,8 bilhões e custo operacional de R$ 6,5 bilhões. Um dos destaques será a implantação de uma faixa adicional na serra do Mar, importante eixo logístico de escoamento de importação e exportação.
O governo deverá ainda enviar em breve os editais de concessão dos lotes 3 e 6 do pedágio no Paraná ao TCU. O ministro dos Transportes, Renan Filho, informou recentemente que isso irá acontecer até o fim de setembro. De acordo com o planejamento, a expectativa é publicar o edital no começo do ano que vem, após a avaliação prévia do tribunal sobre a modelagem.
Ewerton Enriques, do Banco Fator: expectativa de novas fontes de recursos — Foto: Divulgação
O lote 3 abrange 561,97 km e passa por cidades como Londrina e Ponta Grossa. O projeto prevê investimentos da ordem de R$ 8,1 bilhões, durante todo o período de concessão, contemplando a duplicação de 200 km de rodovia, a implantação de 24,7 km de faixas adicionais, 14,7 km de vias marginais, além da correção de traçado de 12,5 km de via. Estão previstos 73,2 km de obras de contorno em Apucarana, Arapongas, Califórnia, além dos contornos Leste e Norte de Ponta Grossa.
O lote 6 tem uma extensão total de 662,18 km e corta os municípios de Pato Branco, Cascavel e Guarapuava. O projeto prevê investimentos de R$ 8,5 bilhões, durante todo o período de concessão, contemplando a duplicação de 443 km de rodovia, a implantação de 31,4 km de faixas adicionais, 112 km de vias marginais, a correção de traçado de 15,4 km de via, além da implantação do contorno de Marmeleiro. Está prevista, também, a implantação de 96 interseções em desnível, 19 retornos e rotatórias em nível, 38 passarelas, 31 obras de arte especiais, uma área de escape, além de 38,6 km de ciclovias.
Os olhares também se voltam para fora do Paraná. Em agosto, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) enviou ao TCU o plano de outorga que trata da concessão da BR-040/MG/GO. Pela proposta, a concessão compreende um trecho de 594,80 km, entre Belo Horizonte (MG) e Cristalina (GO). De acordo com o Ministério dos Transportes, a expectativa do governo federal é lançar o edital de concessão ainda neste ano, e o projeto tem potencial de assegurar R$ 5,5 bilhões para investimentos na rodovia.
O setor financeiro olha com atenção os projetos. “Do ponto de vista de financiamento, espera-se que os novos lotes sejam financiados em grande parte por debêntures incentivadas. Porém, diferentemente de anos anteriores, cresce a expectativa de maior participação do BNDES, como ocorreu com a concessão Rota de Santa Maria”, afirma o diretor de projetos de infraestrutura do Banco Fator, Ewerton Henriques. A concessionária Rota de Santa Maria detém o trecho da RSC-287 entre Tabaí e Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Obteve recentemente crédito de R$ 900 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Além das concessões, o setor de transportes está de olho em contratos problemáticos de aeroportos e rodovias, seja com renegociação de reequilíbrio econômico-financeiro, seja com devolução de ativos para posterior relicitação. Nesse contexto, dois eventos recentes trazem otimismo.
Na área de infraestrutura aérea, o governo relicitou em maio o aeroporto de São Gonçalo do Amarante (RN), que tinha sido concedido à iniciativa privada em leilão realizado em 2011, conforme certame vencido pela Inframerica, que é concessionária do aeroporto de Brasília. O terminal é considerado o maior exportador de cargas do Nordeste, tem a segunda maior pista do Brasil e capacidade para receber seis milhões de passageiros por ano.
O aeroporto foi concedido à Zurich Airport International, vencedora do certame, por um lance de R$ 320 milhões, ágio de 41% em relação ao lance mínimo. Trata-se do primeiro ativo do setor de transportes a ser relicitado. A companhia deverá investir cerca de R$ 295 milhões no ativo, principalmente em iniciativas de ampliação física e dos níveis de segurança operacional e de serviços prestados aos usuários, pelo prazo de 30 anos.
Também recentemente, o TCU julgou que as administradoras de concessões de infraestrutura podem desistir de devolver ativos e abriu ainda a possibilidade de as empresas e o governo assinarem um termo aditivo ao contrato, com a flexibilização das obrigações de investimento assumidas pelas empresas. De acordo com o TCU, caso haja consenso entre governo e concessionária, o processo de relicitação pode ser encerrado. O ministro dos Transportes, Renan Filho, disse que o governo pode gerar R$ 80 bilhões em investimentos com a revisão de contratos de licitação, possibilidade aberta com a decisão do TCU.
O aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, é um que pode ter seu futuro agora selado. O concessionário, a Changi, de Cingapura, tinha decidido no ano passado que iria devolver o ativo. Neste ano, no novo governo, anunciou que poderia voltar atrás na decisão. O governo do Rio de Janeiro e o federal estão em conversas com a Changi para saber qual será a decisão da empresa sobre o ativo, concedido em 2014.
O governo trabalha em outros processos de relicitação, como no setor rodoviário. O ministro dos Transportes disse que há quatro acordos sendo feitos. Segundo fontes do mercado, o mais avançado seria o da rodovia BR-040 DF-GO-MG.
Assinada em março de 2014, a concessão previu a exploração da infraestrutura, bem como a sua recuperação, manutenção e operação, mediante cobrança de pedágio, por um período de 30 anos, prorrogáveis por mais 30. O sistema rodoviário concedido abrange 936,8 km de extensão e a concessionária Via 040 assumiu, entre outras obrigações, a incumbência de realizar obras de ampliação de capacidade numa extensão de 714,5 km, com a duplicação dos trechos em pista simples e conversão de multifaixas para vias duplicadas ao longo dos cinco anos iniciais do contrato.
As administrações estaduais também se movimentam. O governo de São Paulo anunciou que deverá realizar 11 leilões de projetos de infraestrutura com a perspectiva de atrair R$ 42,3 bilhões em investimentos até 2026. Os estudos estão em fase de execução e envolvem a concessão de linhas de transporte público da Companhia Paulista de Trens Urbanos (CPTM), além de mais de 2 mil km de rodovias.
Os estudos estão sendo produzidos pela International Finance Corporation (IFC), instituição do Banco Mundial. Todos os levantamentos estão em fase de análise da pré-viabilidade. Após essa etapa, haverá a estruturação dos projetos para definir a modelagem ideal para cada proposta. Em rodovias, o governo paulista avalia a estruturação de trechos atualmente concedidos e outros sob administração do Departamento de Estradas de Rodagem (DER) no interior, litoral e Grande São Paulo. A previsão é atrair investimentos em torno de R$ 32,3 bilhões.
Já a proposta de transporte sobre trilhos envolve concessão de linhas e a criação de Parcerias Público-Privadas (PPPs) para a expansão de ramais ferroviários. A avaliação abrange as linhas 10-Turquesa, 11-Coral, 12-Safira, 13-Jade e a futura 14-Ônix da CPTM. A previsão de aportes é de até R$ 11 bilhões.
Valor - SP 29/09/2023
Logística global se normalizou, o custo do frete caiu, mas a economia enfraquecida reduz exportações e há pressa em obras para receber navios de grande porte
De janeiro a julho, o setor portuário movimentou 732,3 milhões de toneladas, alta de 5,4% em comparação com o mesmo período de 2022. Mesmo assim, a expectativa das empresas do setor é de uma queda de 10% em 2023, devido ao enfraquecimento da atividade econômica. Dados da Datamar revelam uma retração de 5,3% nas exportações e alta de 7,2% nas importações de janeiro a julho.
Rafael Dantas, diretor de vendas da Asia Shipping, multinacional brasileira que atua na gestão de processos logísticos, explica que as exportações caíram porque há um desaquecimento global devido a taxas de juros e inflação elevadas, além do excesso de estoques. A boa notícia é que a logística global se normalizou e o custo do frete caiu para abaixo de US$ 2 mil no trecho Santos/Ásia e para US$ 3,5 mil no trecho Manaus/China.
Para Dantas, ainda há desafios urgentes, como a necessidade de investir pesadamente na dragagem para aumentar a profundidade e permitir a chegada de navios de grande porte. “Hoje, para um navio de contêiner atracar em Santos, tem de esperar a maré encher, porque não temos calado, e a diária de um navio parado é US$ 50 mil”, diz Dantas.
Lançado em 11 de agosto, o novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) prevê R$ 1,7 trilhão em investimentos, dos quais R$ 54,8 bilhões destinados a portos. Em Santos, estão previstos novos arrendamentos, dragagem, sistema de gerenciamento de tráfego, ferrovia interna, reforma da margem direita da Avenida Perimetral e a construção do túnel Santos-Guarujá.
Em agosto, o Centro Nacional de Navegação Transatlântica (Centronave) – associação de armadores que reúne companhias como Maersk, MSC e CMA CGM – divulgou estudo alertando que a infraestrutura portuária de contêineres no Brasil está próxima ao limite. No centro da discussão está a necessidade ou não de um quarto terminal de contêiner em Santos, o STS-10, atualmente em compasso de espera.
Claudio Loureiro de Souza, diretor-executivo do Centronave, diz que não basta a capacidade estática (nominal) dos terminais. É preciso considerar toda a infraestrutura: pátio, canal de acesso e profundidade. O porto de Santos tem profundidade de 14,5 metros com restrições, o que faz os navios esperarem até nove horas para atracar.
O maior navio que chega ao Brasil, de 11 mil TEUs, precisaria de 16 metros de profundidade, e hoje não pode utilizar toda sua capacidade. “Estamos atrasados há seis gerações, pois já há navios de 24 mil TEUs. Deveríamos receber navios de 14 mil e 16 mil TEUs. Há uma demanda reprimida anual de 500 mil TEUs em Santos, que deixa de importar e exportar US$ 20,6 bilhões devido a essas limitações”, argumenta Souza.
Em 2025, há possibilidade de o volume de cargas superar a capacidade instalada total, segundo a projeção do Centronave. O resultado é a elevação dos preços dos serviços dos terminais atuais.
Antônio Carlos Sepúlveda, presidente da Santos Brasil, afirma que o único terminal com a capacidade esgotada é o da BTP, controlada pelos dois maiores armadores. Ele diz que voltou a cobrar valores próximos aos anteriores à chegada da BTP, cuja operação e maior competição fizeram os preços despencarem. “Ainda assim, cobro menos do que cobrava em 2013”, diz. Ele alega que a chegada da BTP, há quatro anos, fez o preço por contêiner cair de pouco mais de US$ 200 para US$ 30. “Não há como competir”, reclama.
Sepúlveda diz que a Santos Brasil tem capacidade de 2,3 milhão de TEUs para uma movimentação esperada de 1,8 milhão de TEUs em 2023. “Temos a obrigação de investir para chegar a 3 milhões de TEUs até 2033. A DPWorld e a BTP têm projetos de expansão. Isso garante a operação do porto até o começo da próxima década”, afirma.
A DPWorld assegura que opera dentro de um limite saudável de ocupação e, em março, iniciou as obras de expansão de capacidade para 1,4 milhão de TEUs com investimentos de R$ 200 milhões.
Na BTP, o processo de renovação antecipada está no TCU mediante investimentos de R$ 1,5 bilhão para elevar em 50% a capacidade no cais e 40% no pátio. “A aprovação deve ocorrer em até dois meses, e não acreditamos que a troca ministerial atrase ainda mais, pois o projeto já foi aprovado pelo ministro Márcio França”, diz Ricardo Arten, presidente da BTP.
Alvos de críticas de terminais de alguns portos, a APM Terminals e a Terminal Investment Limited (TiL), controladores da BTP, reiteram seu apetite para novos investimentos. A TiL tem hoje quatro ativos – BTP, Portonave, Multiterminais e TVV – e interesse em tudo o que abrir e em que não haja restrição à sua participação.
Patrício Júnior, diretor de investimentos em terminais na América Latina da TiL, explica que a lógica do mercado obedece à sequência carga-terminal-navio, e não o contrário. “Se não tiver carga, não adianta ter navio”, diz. Daí o foco na região Sudeste, que abriga 75% da matriz industrial brasileira, sendo que São Paulo responde por 45%.
Entre os ativos de interesse estão o STS-10, os TUPs greenfield em desenvolvimento pela Evolve, em Santos, e o porto Pontal, no Paraná, e até mesmo aquisições. O que não interessa para a empresa é investir em portos de pouco movimento, onde há um único operador.
No Nordeste, segundo o executivo, há o calado natural e área para desenvolvimento, mas não há carga. Em Santos, apesar das deficiências e da necessidade de investimentos, falta capacidade porque há demanda. “É preciso fazer novas expansões”, defende o diretor da TiL.
A APM Terminals conta com 11 terminais na América Latina, sendo três no Brasil – por meio de três joint ventures em Itapoá (SC), Santos (SP) e Pecém (CE) –, além de um em construção (Suape-PE). Leonardo Levy, diretor de investimentos para as Américas da APM Terminals, informa que, em 2022, a empresa investiu cerca de R$ 1 bilhão nos três terminais e planeja aportar mais de R$ 5,2 bilhões no Brasil, nos próximos anos.
No Rio de Janeiro, há expansões previstas no porto do Açu e no porto de Itaguaí, onde o governo pretende licitar um novo terminal de minério, o ITG 02, na “área do meio”, entre os terminais da CSN e da Vale, segundo informa Eduardo Nery, diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq).
Ulisses Oliveira, diretor de relações institucionais e sustentabilidade do porto Sudeste – também dedicado a minério na mesma região de Itaguaí –, diz não temer a competição, porque o Sudeste já tem carga cativa das mineradoras do quadrilátero ferrífero de Minas Gerais.
João Braz, diretor de terminais e logística do porto do Açu, diz que há investimentos no terminal TMult e numa planta de fertilizantes, que vai consumir de U$ 2 bilhões a U$ 3 bilhões. A planta aproveita o gás barato do BM-C-33, projeto conjunto de Equinor, Repsol e Petrobras que trará o gás do pré-sal para Cabiúnas, em frente ao Açu. “O principal insumo do fertilizante hidrogenado é o gás. Já temos uma tomada de preços para construir o gasoduto de Cabiúnas ao Açu”, diz Braz.
Valor - SP 29/09/2023
Imune a questões conjunturais, setor aguarda regulamentação da BR do Mar e antecipa mudanças que não dependem da lei
A despeito da queda esperada na movimentação portuária em geral, o segmento de cabotagem deve, mais uma vez, manter o crescimento dos últimos anos. A estimativa é da Associação Brasileira dos Armadores de Cabotagem (Abac) e das empresas do setor. Dados do Anuário Estatístico da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) apontam que a cabotagem cresceu 1,36% entre janeiro e junho deste ano e atingiu uma movimentação de 142,1 milhões de toneladas. Apesar da pequena expansão registrada no primeiro semestre, a expectativa do setor é fechar o ano repetindo a alta de 11% do ano passado.
Para Luis Resano, vice-presidente-executivo da Abac, a queda na movimentação portuária ocorre no segmento de longo curso, em razão do desaquecimento da economia doméstica. “A cabotagem é imune a essas variações e, caso não crescesse, faltaria arroz no Nordeste ou televisores no Sul e no Sudeste”, afirma.
No front regulatório, o setor ainda aguarda a regulamentação da Lei nº14.301, a BR do Mar – legislação de estímulo à cabotagem aprovada em 7 de janeiro de 2022. A mudança ministerial – com a saída de Márcio França para dar lugar ao deputado Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) – pode atrasar ainda mais a regulamentação.
“Tudo vai depender da prioridade que o novo ministro vai dedicar ao assunto”, diz Eduardo Nery, diretor-geral da Antaq. Ele explica que a agência está abrindo audiência pública para avaliar as mudanças trazidas pela BR do Mar que independem do decreto ministerial. Um exemplo é o afretamento a tempo por número de viagens. “Entendemos que isso foi suprimido e devemos alterar nossa regulamentação”, afirma Nery.
Resano, da Abac, diz que o atual governo traz como novidade uma política setorial que visa priorizar os investimentos no país. Mas avalia que não serão alterados pontos fundamentais, como o afretamento a casco nu, em que o afretador pode alugar (afretar) embarcações no exterior e manter a posse, o uso e o controle da embarcação por tempo determinado, incluindo o direito de designar o comandante e a tripulação.
“Para mexer nesse ponto, precisaria haver um projeto de lei alterando a BR do Mar, pois não dá para alterar apenas com a regulamentação. Mas não vejo o governo com base suficiente no Congresso para alterar esse ponto”, avalia Resano.
Ele observa que podem ocorrer alterações no número de embarcações afretadas a tempo. Originalmente, eram três navios, mas esse número pode ser reduzido para privilegiar investimentos em mais bandeiras brasileiras. Outro ponto que pode ser alterado é o contrato de longo prazo. “Em vez de cinco anos, pode-se chegar aos dez anos. O decreto também pode alterar a questão trabalhista com imposição de mais marítimos brasileiros”, diz Resano.
Do jeito que está, observa, a lei dá margem a dupla interpretação em relação ao lastro (posse de navios) necessário para o afretamento a casco nu. Já há empresas constituídas no Brasil que estão realizando esta modalidade e todas elas têm frota própria”, explica.
A Log-In, por exemplo, trouxe duas embarcações a casco nu, aproveitando os benefícios da BR do Mar. Hoje, a empresa tem oito navios na frota, sendo três embarcações próprias nacionalizadas e três próprias afretadas do exterior – nos dois casos com base na legislação anterior. As duas últimas são afretadas de acordo com a BR do Mar, que permitia afretar um navio no primeiro ano, dois no segundo e assim sucessivamente até o quinto ano, quando se poderá afretar quantas embarcações quiser.
“Como não exercemos o direito no ano passado, afretamos dois navios neste ano. No futuro, o grande proveito da BR do Mar será poder afretar sem a necessidade de lastro. Isso vai implicar mais competição, mas queremos nos diferenciar pela capacidade de atendimento, operando em todos os portos da Argentina a Manaus e com serviços porto a porta”, explica Felipe Gurgel, diretor comercial da Log-In Logística Intermodal. A empresa criou, em parceria com a Aliança, o Serviço Expresso Amazonas, um novo atendimento para Manaus que triplicou sua capacidade na região. E iniciou a operação de distribuição de carga fracionada na região Norte, com as empresas que adquiriu: Tecmar Transportes e Oliva Pinto.
Os números do primeiro semestre mostram os resultados dessa estratégia. A empresa cresceu 11,7% e registra receita de R$ 1,1 bilhão no período, com recorde de ganhos na cabotagem, somando R$ 651,4 milhões. O resultado está atrelado, principalmente, ao crescimento nos volumes movimentados e ao início do novo Serviço Expresso Amazonas, que representou R$ 230,8 milhões do valor total do segundo trimestre.
“Crescemos na cabotagem, mas andamos de lado em feed [transbordo de carga entre portos] e Mercosul, devido à crise econômica e a questões de liberação de receitas de frete na Argentina. Esperamos um volume acima de 2022”, diz Gurgel.
Marcus Voloch, presidente da Aliança Navegação e Logística, diz que a companhia não pretende ainda realizar afretamento a casco nu com base na BR do Mar porque já havia afretado três embarcações com o amparo da lei anterior.
A empresa espera crescer 6% em 2023, embora a expectativa seja de uma expansão menor no segundo semestre. “Estamos otimistas para 2024: a queda de juros deve começar a fazer efeito e o programa Desenrola pode resolver o problema de endividamento das famílias, fazendo com que o crédito e o consumo voltem a crescer”, analisa Voloch.
Em 2023, a companhia ampliou a carteira de clientes em mais de 50%, trazendo empresas menores, que não tinham acesso à cabotagem. Para isso, lançou um serviço de carga consolidada compartilhada. “Lançamos ainda o serviço expresso de dez dias para Manaus, em parceria com a Log-In, em adição ao serviço tradicional de 14 dias para o Nordeste”, completa o presidente da Aliança.
Além das empresas especializadas em contêiner, o setor de cabotagem inclui também outras companhias que levam insumos para a indústria ou retiram produtos acabados especialmente da indústria intermediária, como gases e granéis sólidos. É o caso da Flumar, El Cano, Hidrovias do Brasil, Lira e da Norsul.
“É um segmento muito dependente de novos projetos industriais, como o da Cia Siderúrgica do Pecém, que demandou a compra de dois navios pela El Cano. Com a privatização da BR Distribuidora – hoje Vibra –, está surgindo um novo mercado de biocombustíveis, antes concentrado na Transpetro”, diz Resano, da Abac.
Valor - SP 29/09/2023
Investimentos no setor somam US$ 180 bilhões de 2022 a 2031, mas o grande desafio é produzir de forma mais sustentável com a utilização de novas tecnologias
O setor de óleo e gás, que vive uma fase de expansão no Brasil, tem como pautas prioritárias o aprimoramento do processo de licenciamento ambiental, o fortalecimento das agências reguladoras e arcabouços fiscal e regulatório para manter e atrair investimentos. Essa agenda consta no panorama geral do setor 2023, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP). O estudo indica aportes de US$ 180 bilhões em exploração e produção de 2022 a 2031, com produção total de 5,2 milhões de barris por dia no país no fim do período.
O presidente do IBP, Roberto Ardenghy, lembra que a demanda continuará relevante nos próximos anos, garantindo segurança energética enquanto a transição para o baixo carbono avança. “É preciso manter o ambiente de negócios com a estabilidade de regras e segurança jurídica para que os investimentos continuem”, defende.
Diversas petroleiras tocam planos para elevar a produção no Brasil. A Petrobras, por exemplo, pretende instalar 11 plataformas no pré-sal até 2027, quando estima uma produção de 3,1 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boed, que inclui gás). Desse volume, 2,4 milhões de barris virão do pré-sal, considerando a parcela própria da estatal.
Em seu plano estratégico 2023-2027, a empresa prevê investimentos de US$ 78 bilhões, 83% dos quais destinados à exploração e produção, com foco no pré-sal. A revisão já feita da estratégia sinaliza, para o plano 2024-2028, maiores investimentos em descarbonização, busca por autossuficiência em derivados e reposição das reservas, com a exploração de novas fronteiras, como a Margem Equatorial, área costeira que vai da Guiana ao Rio Grande do Norte, objeto de polêmica ambiental por ser uma área bastante sensível.
A Petrobras teve, em maio, licença negada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para perfurar na Foz do Amazonas e aguarda reavaliação. Há outras empresas com blocos na região aguardando licenças.
Dados da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) informam que o Brasil produziu 4,48 milhões de barris de óleo equivalente por dia em julho, com 74,9% oriundos do pré-sal. A Petrobras respondeu por 3,96 milhões de boed. O diretor-geral da ANP, Rodolfo Saboia, mostrou, em apresentação para o mercado financeiro em São Paulo, em agosto, que a produção dos campos marítimos com base nas reservas 2P (provadas e prováveis) atingirão o pico antes de 2030.
Fernandes, da TotalEnergies: investir em ativos com baixo custo e baixas emissões de CO2 — Foto: Wagner Pinheiro/Divulgacao
Desse modo, é importante incorporar novas descobertas comerciais e sugeriu a exploração da Margem Equatorial – onde há potencial em águas profundas e ultraprofundas nas bacias da Foz do Amazonas, Pará-Maranhão, Barreirinhas, Ceará e Potiguar.
A Shell é uma das que também aguardam licenças na Margem Equatorial. A petroleira detém nove blocos na região, nas bacias de Barreirinhas e Potiguar. Opera sete deles e os outros dois são operados pela Petrobras. Flavio Rodrigues, vice-presidente de relações corporativas da Shell Brasil, defende estabilidade jurídica nos regimes regulatórios e fiscais do setor e diz que a inclusão de novas áreas nas ofertas permanentes da agência é lenta.
“É imprescindível que tenhamos maior previsibilidade, com um calendário regular de novas áreas de exploração e a abertura de novas fronteiras no país, como a Margem Equatorial”, diz o executivo.
Em agosto, a Shell notificou a ANP sobre indício da presença de hidrocarbonetos no poço Suçuarana-1, no bloco C-M-659, na bacia de Campos, em lâmina d’água de aproximadamente 2.900 metros. O consórcio é formado por Shell (40%, operadora), Chevron (35%) e Quatar Energy (25%). “Pretendemos continuar participando dos leilões da agência”, destaca.
Segundo a ANP, as sessões públicas para o 4º ciclo da oferta permanente de concessão e o 2º ciclo da oferta permanente de partilha de produção estão previstas para 13 de dezembro de 2023. Para o primeiro, há 87 empresas inscritas e aptas a fazer oferta. Para o segundo, o prazo para apresentar documentos de qualificação e declaração de interesse, acompanhada de garantia de oferta, vai até 28 de setembro.
Em janeiro deste ano, o consórcio formado por Shell (30%), TotalEnergies (45% e operadora) e Repsol Sinopec (25%) decidiu investir US$ 1 bilhão em Sudoeste de Lapa, na bacia de Santos, com produção prevista para 2025. A Shell, além das bacias Potiguar e Barreirinhas, atua nas bacias de Campos e Santos e produz no Brasil cerca de 400 mil barris de óleo equivalente por dia, com 15 milhões m3 de gás. Até o fim deste ano, prevê iniciar a operação da usina termelétrica de Marlim Azul, em Macaé (RJ), que usará gás do pré-sal.
Advogada Daniela Davila: aumento da competição por equipamentos escassos — Foto: Leo Pinheiro/Valor
Outra que elegeu o pré-sal como foco é a francesa TotalEnergies. Prevê aportes de US$ 800 milhões anuais nos próximos quatro anos. “A estratégia da empresa em óleo e gás é de investir em ativos de baixo custo e baixas emissões de CO2”, afirma Charles Fernandes, diretor- geral no Brasil.
A petroleira produz hoje cerca de 140 mil barris por dia e deve chegar a 200 mil boe diários até 2026. Em dezembro de 2022, a TotalEnergies arrematou um novo bloco não operado em águas profundas, na bacia de Campos, ficando com 30%. E segue avaliando oportunidades no modelo de oferta permanente ou nos leilões tradicionais nas bacias de Campos e Santos.
O líder de óleo e gás da consultoria BIP, Pedro Souza, diz que uma cotação do barril que viabilize novos projetos é determinante para os investimentos no setor. “A guerra entre Rússia e Ucrânia tem sustentado a cotação do petróleo Brent em patamares elevados e, até o momento, não há sinal de trégua”, ressalta.
O consultor aponta a demora para obter licenças ambientais com um desafio ao avanço do setor no Brasil. “Nos próximos cinco anos, os investimentos no pré-sal devem ser superados pelos da Margem Equatorial”, observa Souza. Ele lembra que até agora 42 blocos na região já foram concedidos pela ANP, com 14 petroleiras interessadas na nova fronteira.
No Brasil, diz a sócia da área de petróleo, gás e offshore do escritório Vieira Rezende Advogados, Daniela Davila, o setor segue aquecido em função da cotação em alta do barril. Ela vê, por conta das descobertas na Guiana, um aumento da competição por equipamentos escassos, como embarcações de apoio, por exemplo.
A advogada aponta outros gargalos para o setor no Brasil, especialmente em relação à produção e escoamento do gás natural. “Os desafios da reinjeção precisam ser superados e a criação do mercado consumidor também precisa ser equacionada”, diz.
Se o Brasil conseguir explorar e produzir óleo e gás de forma sustentável, com o emprego de novas tecnologias e considerando sua matriz energética diversificada, as atividades ainda podem durar por muitos anos, acredita a advogada. “O grande desafio do milênio é a geração de energia com preservação do meio ambiente”, ressalta.
Neste ano, o consumo médio de gás natural, sem considerar o segmento térmico, vem se mantendo estável, segundo dados da Associação Brasileira de Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás). O maior destaque do primeiro semestre é o consumo médio industrial, com alta de 4,2% em comparação a igual período de 2023.
Já o consumo térmico teve uma queda de 19,65%, por conta do maior volume de água dos reservatórios, o que vem trazendo menos necessidade de energia termelétrica. Para o presidente da Abegás, Augusto Salomon, a abertura do mercado de gás – que ocorre de maneira mais tímida do que o setor esperava – depende do aumento da oferta de gás natural e, para isso, é preciso expandir a infraestrutura, principalmente a malha de transporte.
Salomon lembra que o Gasoduto Brasil-Bolívia (Gasbol) vai reduzindo sua capacidade de transporte à medida que se aproxima do Rio Grande do Sul, limitando a oferta e impedindo a expansão do mercado de gás na região Sul. Segundo ele, é preciso que a ANP acelere sua agenda regulatória “para que novos investimentos possam aumentar a capacidade de suprimento da região Sul”.
O Programa Gás para Empregar, do Ministério de Minas e Energia, visa estimular a criação de infraestrutura de escoamento e transporte e viabilizar o gás natural como matéria-prima para a indústria de fertilizantes, química e para geração de energia. A iniciativa, avalia o governo, pode atrair R$ 94 bilhões do setor privado. “Vemos com bons olhos a disposição do governo de dar ao gás natural a atenção que merece como fonte de energia”, afirma Salomon. E acrescenta: “Novos investimentos são fundamentais para viabilizar excedentes de gás do pré-sal”.
TN Petróleo - RJ 29/09/2023
A Diretoria da ANP aprovou hoje (28/9) os estudos geológicos e econômicos de três blocos exploratórios, localizados no Pré-Sal da Bacia de Santos, para possível inclusão em futuras rodadas de licitações de áreas para exploração e produção de petróleo e gás natural.
Com a aprovação pela ANP, os blocos Amazonita, Safira Leste e Safira Oeste serão, agora, encaminhados para o Ministério de Minas e Energia (MME) analisar a viabilidade de inclusão em futuras rodadas. Cabe ao MME propor ao Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) a definição dos blocos que poderão ser objeto de rodadas de licitações de partilha de produção e os parâmetros a serem adotados.
A área total dos três blocos é de aproximadamente 11.300 km² e seu potencial petrolífero foi estimado considerando um volume in place de 16,8 bilhões de barris de óleo equivalente. O volume riscado médio total estimado é de 3,6 bilhões de barris de óleo equivalente.
Os três blocos são decorrentes do processo de nominação de área, que é a sugestão de uma área, por qualquer pessoa jurídica da indústria do petróleo e gás natural, para que a ANP estude a possibilidade de ofertá-la em uma futura rodada de licitação. Após essa indicação, os blocos passaram por avaliações da ANP referentes ao potencial petrolífero, ao risco exploratório e a análises econômicas. Esses estudos sugerem o potencial das áreas para exploração e produção de gás natural e apontam para a existência de condições efetivas de sustentação para projetos tecnicamente e financeiramente viáveis na região.
Levando em conta a disposição geográfica do Polígono do Pré-Sal, os estudos estiveram concentrados nos setores SS-AP1 e SS-AP2, atualmente classificados como de elevado potencial exploratório, e nos setores SS-AUP1 e SS-AUP2, que se associam ao modelo de nova fronteira exploratória (veja a Classificação de Modelos Exploratórios das Bacias Sedimentares: https://www.gov.br/anp/pt-br/assuntos/exploracao-e-producao-de-oleo-e-gas/estudos-geologicos-e-geofisicos/classificacao-de-modelos-exploratorios-das-bacias-sedimentares).
Valor - SP 29/09/2023
Suriname também aposta na região, mas Colômbia e Equador são contra explorar na Amazônia
Zylberstajn, ex-ANP: Margem é fonte de receita para investir em renováveis — Foto: Divulgação
A Margem Equatorial, região que se estende por cinco bacias sedimentares marítimas, chama a atenção pelo potencial revelado em países vizinhos que já exploram essas reservas, especialmente Guiana e Suriname. As projeções sobre o potencial da Margem Equatorial podem reforçar o papel da América do Sul como uma importante região petrolífera em momento em que se discute o ritmo de avanço da transição energética. A aposta em hidrocarbonetos não exclui as energias renováveis e vice-versa, dizem especialistas do setor.
Segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), dados de 2002 do Serviço Geológico Americano (USGS, na sigla em inglês) indicavam que a bacia Guiana-Suriname tinha potencial de 13 bilhões de barris de petróleo em pelo menos um só bloco, chamado Stabroek. Isso indicaria, segundo a EPE, que o potencial da bacia, também conhecida “Via Dourada”, seja muito maior.
Para a estatal, a Guiana pode se tornar um dos maiores produtores de petróleo per capita do mundo. A projeção se apoia no fato de a região produtora na Guiana ter a mesma geologia das bacias da costa oeste africana e da Margem Equatorial brasileira. A transformação da Guiana em um grande produtor também depende de um marco regulatório favorável a investimentos. Dados da EPE apontavam para 14 empresas atuando na Guiana, que já produz mais de 1 milhão de barris por dia. O Brasil produz cerca de 3,5 milhões de barris diários.
A Modec, por exemplo, anunciou em maio a construção de um navio-plataforma (FPSO, na sigla em inglês), denominado Uaru, após decisão final de investimento pela ExxonMobil no projeto. O FPSO vai ser implantado no bloco Stabroek, a 200 quilômetros da costa da Guiana, com capacidade de armazenamento de cerca de 2 milhões de barris de petróleo bruto.
Colômbia defende plano de ações progressivas para o fim da exploração de petróleo
Neste mês um leilão de áreas de petróleo realizado na Guiana foi vencido por seis empresas e consórcios, que apresentaram 14 ofertas para oito blocos colocados em negociação. Entre as empresas que arremataram áreas, sozinhas ou em consórcio, estão Qatar Energy, Petronas, Exxon, TotalEnergies e a chinesa Cnooc.
No Suriname, o potencial também é elevado, aponta a EPE, mas aquém da Guiana por ter geologia menos favorável e regulação menos atrativa. Em meados de setembro, a TotalEnergies anunciou que realizará estudos de desenvolvimento de projeto no Bloco 58. Segundo a empresa, foi concluída em agosto uma avaliação das duas principais descobertas, com perfuração e testes em três poços.
A petroleira francesa informou, em comunicado, que confirmou recursos recuperáveis perto de 700 milhões de barris para os campos de Sapakara South e Krabdagu, no Suriname. A produção será por meio de sistema de poços submarinos conectados a um navio-plataforma, localizado a 150 km da costa do país, com capacidade de produção de petróleo de 200 mil barris por dia.
Por outro lado, recentes decisões de países vizinhos amazônicos seguem direção oposta à tomada por Guiana e Suriname. O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, pediu o fim da exploração de petróleo na Amazônia, classificando a atividade na região como “contrassenso”. O governo colombiano defende elaborar um plano de ações progressivas para o fim da exploração e produção de petróleo.
Em janeiro, a então ministra de Minas e Energia colombiana, Irene Vélez, disse que o país não vai mais conceder novas licenças para exploração de petróleo e gás ou novas outorgas para mineração de carvão. Ela foi substituída em julho por Andrés Camacho, que tem a missão de seguir com plano de adotar “transição energética justa”.
O Equador realizou um plebiscito junto com as eleições presidenciais, cujo resultado indicou que 59% da população votou a favor da suspensão da produção de petróleo pela estatal Petroecuador no bloco 43-ITT. A área situa-se no parque Yasuni, de 1 milhão de hectares, na floresta amazônica do país e a empresa tem prazo de um ano para encerrar a produção.
Após 2015, pelo menos cinco países registraram atividades exploratórias na Margem Equatorial. Na Colômbia que pretende reduzir as explorações, 11 poços foram perfurados nos últimos oito anos, com oito descobertas de gás. O país mais avançado é a Guiana, que abriu 63 poços no período, com 41 descobertas de petróleo e gás.
Uma fonte do setor avalia que o interesse na exploração de áreas na bacia da foz do rio Amazonas, na qual a Petrobras teve um processo de licenciamento negado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), tem relação direta com o que se verifica na Guiana e Suriname. O potencial registrado nos dois países vizinhos traz uma percepção de risco exploratório menor no Amapá, diz a fonte.
Executivo do setor disse que a Margem Equatorial tem relação direta com as bacias do Suriname e da Guiana, mas a grande questão é saber o real volume de petróleo na área. Ele lembra que o primeiro poço furado na costa do Amapá foi na década de 1970 e desde então mais de 500 poços foram perfurados na Margem Equatorial sem nenhum incidente ambiental.
David Zylberstajn, ex-diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), ressaltou que caso o Brasil siga o plano de explorar a Margem Equatorial vai usar a receita do petróleo para fazer a transição energética: “É uma fonte de receitas, inclusive, para desenvolver fontes alternativas ao petróleo e combater diversas mazelas que existem no país”, avalia.
Fusões e Aquisições - SP 29/09/2023
A AGCO, fabricante e distribuidora global de máquinas agrícolas, anunciou que vai fazer parte de uma joint venture com a Trimble, para ser fornecedor exclusivo da oferta tecnológica da empresa, como soluções de hardware, software e aplicativos baseados em nuvem abrangendo desde a preparação da terra, plantio e a colheita.
A AGCO vai adquirir uma participação de 85% no portfólio de ativos e tecnologias agrícolas da Trimble por um valor em dinheiro de US$ 2 bilhões, que representa um valor empresarial implícito de aproximadamente US$ 2,35 bilhões, disse em comunicado.
O negócio está sujeito à aprovação regulatória e a previsão é de que seja fechado no primeiro semestre de 2024.
No comunicado, a AGCO afirmou que, além do fornecimento exclusivo de tecnologia da Trimble, vai apoiar o desenvolvimento e distribuição de tecnologias agrícolas de nova geração.
“Esta transação histórica cria uma joint venture que se torna a principal empresa de Agricultura de Precisão para frotas mistas do mundo e acelera a transformação estratégica da AGCO”, disse Eric Hansotia, presidente e CEO da companhia, dona de marcas como Fendt, Massey Ferguson e Valtra. “Este acordo melhora significativamente o conjunto de tecnologia da AGCO com tecnologias disruptivas que abrangem todos os aspectos do ciclo de cultivo, o que, em última análise, nos ajuda a atender melhor os agricultores, independentemente da marca que eles usam”, completou.
Hansotia disse ainda que o negócio “acelera as ambições de crescimento da AGCO em relação à autonomia, pulverização de precisão, agricultura conectada, gerenciamento de dados e sustentabilidade”.
A transação transformacional cria uma plataforma Global de Frota Mista Líder do setor Precision Ag Melhora a oferta abrangente de tecnologia da AGCO em torno de orientação, autonomia, pulverização de precisão, agricultura conectada, gerenciamento de dados e sustentabilidade Espera-se que a receita combinada da Precision Ag da AGCO agora exceda US$ 2,0 bilhões até 2028 Espera-se que a transação seja acretiva ao crescimento da receita da AGCO, ao perfil de margem operacional e aos ganhos por ação no primeiro ano inteiro após o fechamento O negócio de Grãos e Proteínas da AGCO será colocado sob revisão estratégica
DULUTH, Ga.–(BUSINESS WIRE)–28 de setembro de 2023– A AGCO Corporation (NYSE: AGCO), fabricante e distribuidora mundial de máquinas agrícolas e tecnologia Precision Ag, anunciou que entrou em uma Joint Venture (JV) com a Trimble (Nasdaq: TRMB), onde a AGCO adquirirá uma participação de 85% no portfólio de ativos e tecnologias Ag da Trimble para consideração em dinheiro de US$ 2,0 bilhões e a contribuição da JCA Technologies.
A JV cria uma plataforma líder global Precision Ag de frota mista que será a fornecedora exclusiva da abrangente oferta de tecnologia da Trimble Ag, apoiando o desenvolvimento e distribuição futuros de tecnologias Ag de próxima geração. A Trimble Ag oferece uma ampla variedade de tecnologias fáceis de usar compatíveis com todas as marcas, modelos de equipamentos e tipos de fazendas. Suas soluções de hardware, software e aplicativos baseados em nuvem abrangem todos os aspectos do ciclo de cultivo, desde a preparação da terra até o plantio e semeadura até a colheita.
“Esta transação histórica cria uma JV que se torna o principal negócio de Precision Ag de frota mista do mundo e acelera a transformação estratégica da AGCO”, disse Eric Hansotia, Presidente, Presidente e Diretor Executivo da AGCO. “Este acordo melhora significativamente a pilha de tecnologia da AGCO com tecnologias disruptivas que cobrem todos os aspectos do ciclo de colheita, o que, em última análise, nos ajuda a servir melhor os agricultores, independentemente da marca que eles usem.”
A JV complementará e aprimorará o portfólio existente da Precision Ag da AGCO para fornecer ainda mais soluções líderes do setor em todo o ciclo de cultivo, ao mesmo tempo em que suporta mais de 10.000 modelos de equipamentos. Ao combinar esses dois portfólios da Precision Ag e alavancar o acesso multicanal na Trimble Ag, AGCO OEM & Aftermarket, outros OEMs e revendedores Precision Planting, a JV estará posicionada para impulsionar o crescimento desproporcional e fornecer melhor tecnologias de próxima geração para ainda mais agricultores em todo o mundo.
Hansotia continuou: “O acesso exclusivo aos produtos Trimble Ag, combinado com as ofertas existentes de Precision Ag da AGCO, também acelera as ambições de crescimento da AGCO em torno de autonomia, pulverização de precisão, agricultura conectada, gerenciamento de dados e sustentabilidade. Todos esses pontos de contato resultarão em sermos ainda mais focados no agricultor.”
As sinergias comerciais resultantes do acesso direto ao OEM global da AGCO, pós-venda, outros canais de OEM e retrofit, além de sinergias modestas de custo de taxa de execução, devem dobrar aproximadamente o EBITDA da JV até o ano 5 após o fechamento.
“Os agricultores de hoje estão procurando soluções de frota mista em seus tratores e nos implementos que usam para alimentar o mundo de forma mais eficiente e sustentável”, disse Rob Painter, CEO da Trimble. “Acreditamos que uma joint venture com a AGCO, complementada pela abordagem bem-sucedida de frota mista que eles desenvolveram com seu modelo de negócios de Plantação de Precisão, pode nos ajudar a servir melhor agricultores e OEMs juntos.”
O preço de compra de US$ 2,0 bilhões para a propriedade de 85% da AGCO no negócio Trimble Ag representa um valor empresarial implícito de aproximadamente US$ 2,35 bilhões e implica um múltiplo de transação de aproximadamente 13,8x com base no EBITDA 2023E de aproximadamente US$ 170 milhões. Incluindo sinergias de receita estimada e custo de taxa de execução de US$ 100 milhões até o ano 3 e o valor presente líquido dos atributos fiscais superiores a US$ 50 milhões, o múltiplo sinérgico é de aproximadamente 8,5x na base de 2023E.
A transação não está sujeita a uma condição de financiamento. A AGCO garantiu US$ 2,0 bilhões em financiamento de ponte totalmente comprometido da Morgan Stanley Senior Funding, Inc. Espera-se que o preço de compra de US$ 2,0 bilhões seja financiado por uma combinação de liquidez existente, geração de fluxo de caixa livre e nova dívida. A AGCO continua comprometida em manter sua sólida classificação de crédito de grau de investimento.
O fechamento é esperado no primeiro semestre de 2024, sujeito à satisfação da aprovação regulatória e às condições habituais de fechamento…
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