Infomoney - SP 29/08/2023
A queda da economia chinesa afeta seu setor de commodities, com os lucros da mineração de carvão e da produção de metais minguando à medida que a crise imobiliária se agrava e a produção de bens e serviços desacelera.
O setor siderúrgico foi o mais atingido, com os ganhos dos produtores de metais ferrosos caindo 91% nos primeiros sete meses do ano, de acordo com dados do National Bureau of Statistics no domingo.
Os produtores de metais básicos viram os lucros caírem 37% e as mineradoras de carvão 26%, superando a queda mais ampla de 16% na lucratividade industrial da China.
Os últimos relatórios de lucros pintam um quadro sombrio para as empresas enraizadas na velha economia.
A Sinopec, principal refinadora de petróleo da China, informou que o lucro líquido do primeiro semestre caiu 19% devido à lenta recuperação.
A China Shenhua Energy, sua maior mineradora de carvão, viu o lucro líquido cair 13% e disse que os preços do combustível básico podem cair novamente no segundo semestre, de acordo com um registro na bolsa de valores.
Melhores notícias podem estar no horizonte para as empresas de metais ligadas à transição energética. O Goldman Sachs Group Inc. apontou uma força significativa no consumo de cobre verde da China, com a demanda de veículos elétricos e energia renovável aumentando 74% ao longo do ano até julho, de acordo com uma nota do banco.
A Jiangxi Copper Co. também disse que é provável que os preços subam em sua divulgação de balanço.
No entanto, é provável que o carvão continue sob pressão. Os preços do combustível, que sustentam a produção industrial da China, caíram quase um terço este ano, depois que Pequim ordenou um aumento maciço no fornecimento para apoiar a reabertura da economia.
Mas a demanda permaneceu morna e as expectativas de uma forte recuperação das restrições da era Covid não se concretizaram, disse a Fitch Solutions em uma nota na semana passada.
Os setores com uso intensivo de energia, como cerâmica, fabricação de vidro e siderurgia, em particular, sofreram perdas significativas devido à sua dependência do mercado imobiliário em dificuldades do país.
Saída ocorre no momento em que o declínio no mercado imobiliário aumenta risco de contágio financeiro. Em 13 dias, foram vendidos US$ 10,7 bilhões em ações.
Mas a perda do setor de mineração é o ganho do setor de energia, já que os geradores aproveitam a queda dos preços do carvão para voltar à lucratividade.
O setor viu os lucros aumentarem 51% no ano até julho, de acordo com o departamento de estatísticas.
Essa tendência pode continuar nos próximos meses, já que a Shenhua espera que a demanda por eletricidade cresça mais rapidamente no segundo semestre do ano do que no primeiro, de acordo com o registro da empresa.
A Jiangxi Copper, que relatou uma queda de 3% no lucro líquido do primeiro semestre, disse que os preços devem subir no segundo semestre para serem negociados entre 68.000 yuans e 75.000 yuans (US$ 10.300) por tonelada, devido a um mercado apertado.
O maior produtor do país citou as políticas de Pequim para estabilizar o crescimento e o provável fim dos aumentos das taxas de juros dos EUA para seu otimismo. O cobre na Bolsa de Futuros de Xangai foi negociado pela última vez em torno de US$69.000 a tonelada.
Money Times - SP 29/08/2023
Na Bolsa, o setor de mineração e siderurgia se destaca negativamente entre as commodities por “estar atrás” em 2023. Ao longo dos últimos meses, o segmento foi machucado por dados fracos da China que não atenderam às expectativas do mercado.
O resultado disso é um desempenho misto entre as empresas expostas ao minério de ferro e à dinâmica da indústria do aço, com o tombo de quase 30% das ações da Vale (VALE3) no acumulado do ano sob os holofotes.
Números fracos do primeiro semestre pesaram ainda mais sobre os papéis. Entre abril e junho, Vale conseguiu entregar a melhor leva do período, mas, no geral, o trimestre foi “pouco inspirador” para o setor, avalia a XP Investimentos.
A corretora destaca que a margem Ebitda apresentou queda sequencial para a maioria das empresas sob sua cobertura devido a uma combinação de preços mais baixos de commodities, valorização do real e aumento de custos.
O que esperar daqui para frente?
Na avaliação da XP, o mercado pode esperar tendências melhores passado o primeiro semestre de 2023.
No caso da Vale, analistas esperam que a empresa reverta parte do aumento dos custos caixa do minério de ferro C1, principalmente pela expectativa de maior produção no segundo semestre, impulsionando maior diluição dos custos fixos.
“Estimamos que a Vale precisará reduzir os custos caixa C1 em 8-15% no segundo semestre de 2023 vs. o primeiro semestre de 2023 para cumprir seu guidance revisado. […] Em nossa opinião, ainda é alcançável neste ponto (embora desafiador)”, diz a XP.
Para a CSN (CSNA3), espera-se que a divisão siderúrgica mostre menores custos com a normalização das operações da Usina Presidente Vargas. A companhia sinalizou que os custos do aço em julho já estavam abaixo da média do segundo trimestre.
“Acreditamos que isso pode compensar parcialmente um ambiente pressionado de preços no terceiro trimestre de 2023 para produtos de aços planos no Brasil”, afirma a XP.
No caso da Usiminas (USIM5), a corretora antecipa mais um trimestre desafiador, sob impacto da reforma do Alto Forno 3, com conclusão prevista para setembro de 2023.
A paralisação do Alto Forno 3 poderá impactar a produção de aço e manter os custos estabilizados em patamares mais elevados até o fim do ano, avalia.
“Além disso, também vemos um cenário de pressão de preços para produtos de aços planos no Brasil como um risco de curto prazo para a Usiminas”, acrescenta o time de análise da XP.
Valor - SP 29/08/2023
Resultados coroam esforço de abrir novos mercados e consolidar atuação global, sobretudo nos Estados Unidos e Canadá
Forno elétrico na unidade da Gerdau em Araçariguama (SP): empresa reduziu emissão de CO2 — Foto: Julio Bittencourt/Valor
A quinta geração dos Gerdau, representada por Claudio e Guilherme, tetranetos do fundador da empresa, Johann Heinrich Kaspar Gerdau, já acumula, em três anos de atuação, marcos importantes. O grupo alcançou recordes históricos nos resultados de 2022, graças aos quais conquistou não só a liderança do setor de metalurgia e siderurgia do ranking Valor 1000, como, especialmente, o prêmio de Empresa de Valor 2023. Foi a melhor receita líquida de sua história – R$ 82,4 bilhões – e o segundo melhor Ebitda ajustado anual, que totalizou R$ 21,5 bilhões. Diante desses números, o desafio dos novos comandantes, abrigados no conselho de administração, é não perder o ritmo no desempenho e assegurar os padrões globais de inovação e sustentabilidade.
As novas gerações, de fato, já inovaram culturalmente ao acolher o primeiro CEO do grupo que não é membro da família, Gustavo Werneck da Cunha, “prata da casa” com extensa carreira no grupo. Houve também a consolidação do mercado norte-americano (Estados Unidos e Canadá) como principal fatia do negócio global do grupo. Tudo sob a batuta do mais jovem da família a assumir a presidência do conselho de administração, Guilherme Chagas Gerdau Johannpeter, sobrinho do carismático Jorge Gerdau.
Em 2020, aos 48 anos, Guilherme recebeu da octogenária quarta geração da família a missão de expandir uma das maiores multinacionais brasileiras e consolidar o grupo na liderança da oferta de aço na América Latina. Hoje, na região, entre controladas ou coligadas, a Gerdau possui unidades na Argentina, Peru, Colômbia, Chile, Uruguai, México e República Dominicana, além das brasileiras. Ao todo, a companhia tem duas minas de ferro e 32 unidades fabris em 10 países, 13 delas nos Estados Unidos e no Canadá.
Com uma receita líquida de R$ 18,3 bilhões, a Gerdau fechou o segundo trimestre de 2023 com Ebitda ajustado (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) de R$ 3,8 bilhões e lucro líquido ajustado de R$ 2,1 bilhões. As vendas físicas de aço totalizaram 2,9 milhões de toneladas
No segundo trimestre deste ano, as unidades norte-americanas colaboraram com 46,1% da receita líquida e uma fatia de 32,4% nas vendas de aço; o Brasil contribuiu com 25,7% da receita para uma participação de 44,7% nas vendas e a América do Sul registrou, respectivamente, 12,5% da receita e 10,3% nas vendas.
Gustavo Werneck, da Gerdau: serviços de maneira integrada — Foto: Julio Bittencourt/Valor
Os números do primeiro semestre de 2023 ficaram aquém do recorde de 2022, sobretudo porque no segundo trimestre houve um desembolso considerável com a concentração de pagamentos de tributos e vencimentos de ADRs, justamente quando o mercado mundial de aço encolheu, os estoques de aço na China cresceram e a variação cambial foi desfavorável.
As previsões para o segundo semestre, especialmente com a queda dos juros e a tramitação da reforma tributária, são de mudança para melhor no cenário econômico no Brasil.
Os investimentos alcançam R$ 2,183 bilhões. Para o triênio de 2023 a 2026 mais R$ 3,2 bilhões em aportes foram confirmados para a mina de Miguel Burnier, em Minas Gerais, cuja capacidade, após a expansão e ajuste a novos parâmetros de sustentabilidade, passará para 5,5 milhões de toneladas ao ano, a partir de 2025.
O projeto, localizado no distrito de Ouro Preto, contemplará, além de um mineroduto, o descarte de 100% dos rejeitos por empilhamento a seco, o que evita a contenção por barragens. Ao mesmo tempo, a Gerdau anunciou um contrato com a Petrobras para reciclagem da acidentada plataforma petrolífera P-32 e a reutilização de sua sucata na produção de aço de baixo carbono, o que reforça o papel da companhia como importante transformadora de rejeitos de aço e produtos ferrosos em novos produtos metalúrgicos, como vergalhões e perfis de aço para construção. Praticamente 70% da produção de aços da Gerdau tem origem em sucatas.
“Temos avançado na geração de valor aos nossos clientes, uma vez que deixamos de vender apenas uma commodity para oferecer produtos e serviços em aço de maneira integrada”, afirma Werneck, CEO do grupo. Além de distribuidora própria, com mais de 75 lojas no país para serviços de corte e dobra diretamente para obras do cliente, a digitalização oferece canais para consumidores 24 horas por dia nos sete dias da semana.
A plataforma digital da companhia, com inteligência artificial, entrou em operação há um ano. Com ela, foi possível reduzir em média em uma semana o prazo de entrega dos pedidos aos clientes. Além disso, no chão das fábricas vão se consolidando os padrões digitais da indústria 4.0 para otimização e controle da produção.
A Gerdau tem uma das menores médias de emissão de gases de efeito estufa (CO2e), de 0,89 t de CO2e por tonelada de aço, o que é cerca da metade da média global do setor, de 1,91 t de CO2e por tonelada de aço (Worldsteel). Para 2031, a meta é diminuir as emissões de carbono para 0,80 t de CO2e por tonelada de aço, razão pela qual a corporação não reduz as taxas de investimentos na pauta ESG.
A ambição do grupo é a neutralidade na emissão de carbono até 2050. Também projeta uma crescente demanda de aço na jornada de descarbonização do planeta com, por exemplo, as pás eólicas e veículos elétricos, uma vez que o aço é um material 100% reciclável.
Os investimentos ganham ainda o destino das bancadas próprias de inovação. O principal centro de pesquisa e desenvolvimento (P&D) do grupo fica em Manchester (Inglaterra), onde se destaca o projeto de grafeno, um nanomaterial que deve representar, ao ganhar escala e rateio dos custos, uma disrupção na produção de polímeros (plásticos) e seus derivados. Os plásticos baseados no grafeno são mais finos e resistentes e reduzem o desperdício em até 40%, têm melhores propriedades mecânicas e térmicas e fazem parte do portfólio de clusters da Gerdau Next (Gerdau Graphene).
Paralelamente, a empresa tem buscado parcerias no ecossistema de inovação aberta, de forma a fomentar startups e obter soluções de desafios em seu negócio. Um exemplo é o Cubo Construliving, projeto de coparticipação de players para criar experiências inovadoras na área de habitação, em São Paulo (SP), cujo objetivo é impulsionar setores da construção civil, principalmente na América Latina.
Werneck, entretanto, enfatiza um contraponto: a necessidade da evolução sistêmica de competitividade para a indústria brasileira, que no ano passado enfrentou um custo Brasil de R$ 1,7 trilhão, correspondente a 19,5% do PIB, de acordo com dados do Movimento Brasil Competitivo (MBC). E o consumo de aço, que é um importante indicador para o PIB, está estagnado em 108,6 kg por habitante (2022).
“Outro desafio que enxergo como relevante é a questão de atração e retenção de talentos. A Gerdau, nos últimos anos, passou por uma jornada de transformação cultural, tornando-se mais simples, ágil, inovadora, diversa e inclusiva, focada em pessoas que querem construir conosco um futuro cada vez mais sustentável, em todas as dimensões”, aponta o executivo.
Agência Brasil - DF 29/08/2023
A previsão do mercado financeiro para o crescimento da economia brasileira este ano subiu de 2,29% para 2,31%. A estimativa está no boletim Focus de hoje (28), pesquisa divulgada semanalmente pelo Banco Central (BC) com a projeção para os principais indicadores econômicos.
Para o próximo ano, a expectativa para o Produto Interno Bruto (PIB, a soma dos bens e serviços produzidos no país) é de crescimento de 1,33%. Em 2025 e 2026, o mercado financeiro projeta expansão do PIB em 1,9% e 2%, respectivamente.
No primeiro trimestre do ano o PIB cresceu 1,9% na comparação com os três meses imediatamente anteriores. O resultado do segundo trimestre será divulgado na próxima sexta-feira (1°) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Já a previsão para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) - considerada a inflação oficial do país - foi mantida em 4,9% neste ano, a mesma da semana passada. Para 2024, a estimativa de inflação ficou em 3,87%. Para 2025 e 2026, as previsões são de 3,5% para os dois anos.
A estimativa para este ano está acima do teto da meta de inflação que deve ser perseguida pelo BC. Definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), a meta é de 3,25% para 2023, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é 1,75% e o superior 4,75%. Segundo o BC, no último Relatório de Inflação, a chance de a inflação oficial superar o teto da meta em 2023 é de 61%.
A projeção do mercado para a inflação de 2024 também está acima do centro da meta prevista, fixada em 3%, mas ainda dentro do intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual.
Em julho, influenciado pelo aumento da gasolina, o IPCA foi de 0,12%, segundo o IBGE. A taxa ficou acima das observadas no mês anterior (-0,08%) e em julho de 2022 (-0,68%). Com o resultado, a inflação oficial acumula 2,99% no ano. Em 12 meses, a inflação é de 3,99%, acima dos 3,16% acumulados até junho.
Taxa de juros
Para alcançar a meta de inflação, o Banco Central usa como principal instrumento a taxa básica de juros, a Selic, definida em 13,25% ao ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom). Diante da forte queda da inflação, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, iniciou, neste mês, um ciclo de redução da Selic.
A última vez em que o BC tinha diminuído a Selic foi em agosto de 2020, quando a taxa caiu de 2,25% para 2% ao ano, em meio à contração econômica gerada pela pandemia de covid-19. Depois disso, o Copom elevou a Selic por 12 vezes consecutivas, num ciclo que começou em março de 2021, em meio à alta dos preços de alimentos, de energia e de combustíveis, e, a partir de agosto do ano passado, manteve a taxa em 13,75% ao ano por sete vezes seguidas.
Para o mercado financeiro, a expectativa é de que a Selic encerre 2023 em 11,75% ao ano. Para o fim de 2024, a estimativa é que a taxa básica caia para 9% ao ano. Já para o fim de 2025 e de 2026, a previsão é de Selic em 8,5% ao ano para os dois anos.
Demanda
Quando o Copom aumenta a taxa básica de juros, a finalidade é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Mas, além da Selic, os bancos consideram outros fatores na hora de definir os juros cobrados dos consumidores, como risco de inadimplência, lucro e despesas administrativas. Desse modo, taxas mais altas também podem dificultar a expansão da economia.
Quando o Copom diminui a Selic, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle sobre a inflação e estimulando a atividade econômica.
Por fim, a previsão do mercado financeiro para a cotação do dólar está em R$ 4,98 para o fim deste ano. Para o fim de 2024, a previsão é de que a moeda americana fique em R$ 5.
Agência Brasil - DF 29/08/2023
Pelo segundo mês seguido, a taxa média de juros das concessões de crédito livre teve queda e passou de 44,6% para 44,3% ao ano em julho, redução de 0,3 ponto percentual (pp) no mês. Em 12 meses, entretanto, a alta nos juros médios é de 3,9 pontos percentuais, segundo a publicação Estatísticas Monetárias e de Crédito, divulgada nesta segunda-feira (28), em Brasília, pelo Banco Central (BC).
Nas novas contratações para empresas, a taxa média do crédito livre ficou em 23,3% ao ano, aumento de 0,3 pp no mês. De acordo com o BC, a alta decorre de um impacto sazonal no mês. Em 12 meses, a redução é de 0,1 pp. Nas contratações com as famílias, a taxa média de juros atingiu 58,5% ao ano, redução de 0,6 pp no mês e alta de 5,1 pp em 12 meses.
No crédito livre, os bancos têm autonomia para emprestar o dinheiro captado no mercado e definir as taxas de juros cobradas dos clientes. Já o crédito direcionado - com regras definidas pelo governo - é destinado basicamente aos setores habitacional, rural, de infraestrutura e ao microcrédito.
No caso do crédito direcionado, a taxa para pessoas físicas ficou em 12% ao ano em julho, estável em relação ao mês anterior e alta de 1,3 pp em 12 meses. Para empresas, a taxa caiu 1,6 pp no mês e teve redução de 6,4 pp em 12 meses, indo para 10,3% ao ano. Assim, a taxa média no crédito direcionado ficou em 11,6% ao ano, redução de 0,4 pp no mês e 0,6 pp em 12 meses.
Juros básicos
O comportamento dos juros bancários médios ocorre em um momento em que a expectativa do mercado financeiro é de queda da taxa básica de juros da economia, a Selic, definida em 13,25% ao ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do BC. A Selic é o principal instrumento usado pelo BC para alcançar a meta de inflação.
Diante da forte queda da inflação, o Copom iniciou, neste mês, um ciclo de redução da Selic. A última vez em que o BC tinha diminuído a Selic foi em agosto de 2020, quando a taxa caiu de 2,25% para 2% ao ano, em meio à contração econômica gerada pela pandemia de covid-19.
Depois disso, o Copom elevou a Selic por 12 vezes consecutivas, num ciclo que começou em março de 2021, em meio à alta dos preços de alimentos, de energia e de combustíveis, e, a partir de agosto do ano passado, manteve a taxa em 13,75% ao ano por sete vezes seguidas.
Até o fim do ano, a previsão dos analistas é que a Selic caia para 11,75%. Com isso, a taxa de captação dos bancos (o quanto é pago pelo crédito) vem recuando. Desde abril, ela está em queda e ficou em 11,3% em julho.
Considerando o conjunto dos recursos livres e direcionados para pessoas físicas, o pico dos juros aconteceu em maio: 38,2% ao ano. Para empresa, o pico foi em janeiro: juros a 22,2%. Desde então, há redução nas taxas mês a mês, com flutuações, e desaceleração no crescimento em 12 meses.
A elevação da taxa básica ajuda a controlar a inflação porque causa de reflexos nos preços, já que juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança, contendo a demanda aquecida.
Cartão de crédito
Para pessoas físicas, as taxas do cartão de crédito tiveram redução média de 1,5 pp no mês, mas com alta de 17,5 pp em 12 meses, alcançando 102,7% ao ano.
Após queda em junho, o crédito rotativo cresceu novamente, com alta de 8,7 pontos percentuais em julho e de 50,8 pp em 12 meses, indo para 445,7% ao ano. O rotativo é o crédito tomado pelo consumidor quando paga menos que o valor integral da fatura do cartão e dura 30 dias.
A modalidade é uma das mais altas do mercado e o Banco Central já estuda o fim do crédito rotativo do cartão de crédito.
Após os 30 dias, as instituições financeiras parcelam a dívida. Nesse caso do cartão parcelado, os juros subiram 2,3 pp no mês e registraram alta de 16,7 pp em 12 meses, indo para 198,4% ao ano.
Já no cheque especial houve queda de 2 pp no mês e alta de 5,1 pp em 12 meses, chegando a 132,5% ao ano.
A taxa do crédito consignado teve redução de 0,5 pp no mês e aumento de 0,4 pp em 12 meses (25,4% ao ano). Já no caso do crédito pessoal não consignado, os juros subiram 1,4 pp no mês de julho e apresentaram crescimento de 6,2 pp em 12 meses (92,7% ao ano).
Novas contratações
A manutenção dos juros em alta - resultado do aperto monetário - e a própria desaceleração da economia levaram também a uma desaceleração do crédito bancário, em especial, para as famílias. No mês passado, as concessões de crédito subiram 3,1% para as pessoas físicas e tiveram redução de 15,5% para empresas.
Em julho, o estoque de todos os empréstimos concedidos pelos bancos do Sistema Financeiro Nacional (SFN) ficou em R$ 5,405 trilhões, com uma variação negativa de 0,2% em relação a junho. O resultado refletiu a diminuição de 1,1% no saldo das operações de crédito pactuadas com pessoas jurídicas (R$ 2,090 trilhões) e o incremento de 0,4% no de pessoas físicas (R$ 3,314 trilhões).
Na comparação interanual, o crédito total cresceu 8,2% em julho, mantendo a trajetória de desaceleração observada desde meados de 2022. Na mesma base de comparação, o saldo com as empresas desacelerou para 2,7%, ante 3,5% em junho, assim como o volume de crédito às famílias passou de um crescimento de 13,2% em junho para 12,1% no mês passado.
O crédito ampliado ao setor não financeiro, que é o crédito disponível para empresas, famílias e governos independentemente da fonte (bancário, mercado de título ou dívida externa) alcançou R$ 15,170 trilhões, com redução de 0,5% no mês, por conta principalmente da queda de 2,1% no saldo da dívida externa, associada à apreciação cambial de 1,6%.
Na comparação interanual, o crédito ampliado manteve a trajetória de desaceleração iniciada em março com crescimento em 12 meses de 7% no mês passado, ante 7,8% registrado em julho deste ano.
Endividamento
Para o Banco Central, a inadimplência - considerados atrasos acima de 90 dias - tem se mantido estável há bastante tempo, com pequenas oscilações e registrou 3,6% em junho. Nas operações para pessoas físicas, ela está em 4,2% e para pessoas jurídicas em 2,7%.
O endividamento das famílias - relação entre o saldo das dívidas e a renda acumulada em 12 meses - ficou em 48,3% em junho, queda de 0,5% no mês e com recuo de 1,6% em 12 meses. Com a exclusão do financiamento imobiliário, que pega um montante considerável da renda, o endividamento ficou em 30,5% no sexto mês do ano.
Já o comprometimento da renda - relação entre o valor médio para pagamento das dívidas e a renda média apurada no período - ficou em 28,3% em junho, aumento de 0,2 na passagem do mês e com alta de 1,5% em 12 meses.
Esses dois últimos indicadores são apresentados com uma defasagem maior do mês de divulgação, pois o Banco Central usa dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
IstoÉ Online - SP 29/08/2023
Estados Unidos e China anunciaram a criação de um grupo de trabalho para questões comerciais, anunciou nesta segunda-feira (28) o Departamento do Comércio americano, no momento em que as duas potências mundiais tentam reduzir as tensões bilaterais.
A secretária americana do Comércio, Gina Raimondo, e seu homólogo chinês, Wang Wentao, alcançaram o acordo durante uma reunião com suas delegações em Pequim.
Gina Raimondo é a quarta funcionária de alto escalão do governo Joe Biden que viaja à China este ano, um sinal da aproximação entre os dois países.
As visitas podem resultar no agendamento de uma reunião entre os dois presidentes, o americano Joe Biden e o chinês Xi Jinping.
Os dois países concordaram em criar um grupo de trabalho para “buscar soluções a questões comerciais e de investimentos”, afirma um comunicado divulgado pelo Departamento do Comércio americano.
O grupo de trabalho se reunirá duas vezes por ano a nível vice-ministerial. O primeiro encontro acontecerá nos Estados Unidos, no início de 2024, segundo o texto.
Também concordaram em estabelecer o que Washington chamou de “troca de informações sobre a aplicação do controle de exportações”, apresentado como uma plataforma para “reduzir os mal-entendidos sobre as políticas de segurança nacional dos Estados Unidos”.
“Nós compartilhamos 700 bilhões de dólares (3,4 trilhões de reais na cotação atual) em comércio e eu concordo com você que é profundamente importante que tenhamos uma relação econômica estável”, disse a secretária americana ao ministro chinês, segundo um comunicado divulgado pelo Departamento do Comércio.
“É uma relação complicada, uma relação desafiadora”, acrescentou.
“Nós vamos, é claro, discordar em algumas questões, mas acredito que podemos estabelecer progressos se formos diretos, abertos e práticos”, completou.
Os dois se reuniram com suas respectivas equipes, segundo as imagens divulgadas pela emissora estatal CCTV.
“Bem-vinda. É um grande prazer iniciar este diálogo para coordenar as áreas da economia e comércio”, declarou o ministro chinês do Comércio.
Gina Raimondo desembarcou no domingo em Pequim e foi recebida por Li Feng, diretor do ministério do Comércio para América e Oceania. Ela também pretende visitar a capital econômica chinesa, Xangai.
– Tensão comercial –
As relações entre Estados Unidos e China estão no pior nível em várias décadas, em grande parte devido às restrições comerciais americanas.
Washington afirma que as limitações são cruciais para proteger a segurança nacional, mas Pequim considera as medidas uma tentativa de travar o avanço econômico chinês.
Biden promulgou este mês uma ordem executiva para restringir determinados investimentos americanos em alguns setores de alta tecnologia da China, o que Pequim chamou de “antiglobalização”.
As medidas, que devem entrar em vigor no próximo ano, afetam setores como os semicondutores e a Inteligência Artificial.
Gina Raimondo disse às autoridades chinesas nesta segunda-feira que “não há margem de manobra para ceder ou negociar” sobre a segurança nacional dos Estados Unidos.
“Mas a grande maioria das nossas relações comerciais e de investimentos não envolve questões de segurança nacional”, acrescentou.
“Acreditamos que uma economia chinesa forte é uma coisa boa”, reiterou.
A secretária americana do Tesouro, Janet Yellen, também tentou acalmar as autoridades chinesas durante uma visita em julho a Pequim, onde prometeu que qualquer nova medida seria aplicada de forma transparente.
Em junho, o secretário de Estado, Antony Blinken, também viajou a Pequim, onde se reuniu com Xi Jinping e destacou avanços em vários temas que registram divergências. Um mês depois, o enviado do governo americano para o Clima, John Kerry, visitou a China.
Porém, nenhuma visita rendeu grandes avanços. Além disso, um recente encontro de cúpula em Camp David entre Estados Unidos, Coreia do Sul e Japão, que em parte tinha o objetivo de confrontar a China, foi muito criticado por Pequim.
Depois do encontro com o presidente sul-coreano e o primeiro-ministro japonês, Biden insistiu que ainda espera ter uma reunião este ano com Xi Jinping.
Biden convidou o homólogo chinês para o encontro do fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico, em novembro, em San Francisco.
Eles também podem se reunir em setembro em Nova Delhi, durante o encontro de cúpula do G20.
Monitor Digital - RJ 29/08/2023
Funcionários trabalham numa linha de produção de veículos de nova energia numa empresa de automóveis em Liuzhou, Região Autônoma Zhuang de Guangxi, sul da China, 12 de agosto de 2021. (Xinhua/Li Hanchi)
A contribuição do consumo é essencial para a recuperação econômica da China após a pandemia, e o consumo continua se expandindo, avalia a KPMG, a partir de dados de mercado. O PIB da China deve crescer 5,5% em 2023 e 5,2% em 2024.
O Produto Interno Bruto (PIB) é a representação do tamanho da economia de um país. A KPMG destaca que os gastos finais do consumidor no segundo trimestre de 2023 impulsionaram o crescimento econômico chinês em 5,3%, respondendo por 84,5% dessa alta.
A produção industrial de itens de valor agregado da China cresceu 3,8% no primeiro semestre em relação ao mesmo período do ano anterior, e 0,8% no segundo trimestre na comparação com os três primeiros meses deste ano.
Políticas para expandir o consumo
A China está empenhada em impulsionar a procura interna, reforçar a confiança e prevenir riscos no segundo semestre deste ano, disse Zheng Shanjie, chefe da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, nesta segunda-feira.
Espaço Publicitário
O principal responsável pelo planejamento econômico da China fez as observações num relatório apresentado numa sessão em curso do Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional.
As políticas ajudarão a aumentar a renda e expandir o consumo, agilizar a emissão e o uso de títulos especiais do governo local, estimular o investimento privado, otimizar o ambiente de negócios e estabilizar o comércio exterior e o capital, disse Zheng.
Acrescentou que as medidas também serão ajustadas para apoiar o bom desenvolvimento do mercado imobiliário e que serão construídas e fornecidas habitações mais acessíveis, divulgou a agência de notícias Xinhua.
PIB da China apresentou recuperação ‘relevante’
“O PIB da China cresceu 5,5% no primeiro semestre de 2023 em relação ao ano anterior, atingindo uma recuperação econômica relevante e estável. No segundo trimestre de 2023, a economia cresceu 6,3%, ante 4,5% do primeiro trimestre”, afirma Daniel Lau, sócio-líder do Desk China da KPMG no Brasil e na América do Sul.
“Com a suspensão das restrições de locomoção interna e das operações das cadeias das indústrias oriundas das quarentenas, as vendas no varejo tiveram uma importante recuperação neste ano até agora, e a contribuição do consumo para o crescimento econômico continua se expandindo. O sentimento do consumidor melhorou, e a parcela de domicílios indicando maior poupança caiu ligeiramente, mas continua alta”, explica Lau.
Segundo a KPMG, outro dado interessante está no novo eixo de crescimento robusto da indústria e nas exportações de produtos manufaturados avançados com os “Novos Três”: novos veículos de energia (NEVs), painéis solares e bateria de lítio.
São produtos que se tornaram valiosos para as exportações da China. A venda deles ao exterior cresceu 50% no primeiro semestre de 2023, elevando a taxa de crescimento das exportações em 1,5%, e se tornando o principal motor chinês de exportações.
De um modo macro, a participação da manufatura avançada no mix das exportações chinesas continua crescendo rapidamente, decorrente de investimentos maciços nesses setores, aliados com alta tecnologia e soluções integradas em hardware e software, analisa a KPMG.
O investimento em ativos fixos da China cresceu 3,8% nos primeiros seis meses. Ao mesmo tempo, investimentos em manufatura e infraestrutura mantiveram crescimento de 6% e 10,7% no primeiro semestre de 2023, respectivamente.
Um robô arremessa na cesta do basquete durante a Conferência Mundial de Inteligência Artificial (WAIC) 2023 em Xangai (foto de Fang Zhe, Xinhua)
“Olhando para o futuro, a fabricação de produtos de ponta e a atualização de equipamentos provavelmente continuarão tendo um crescimento robusto. Este fato é corroborado por índices de investimentos na indústria de alta tecnologia, que cresceu 12,5% no primeiro semestre de 2023, e de investimentos em manufatura e serviços de alta tecnologia, que cresceram 11,8% e 13,9%, respectivamente”, complementa Daniel Lau.
Políticas acomodatícias para a transição verde, particularmente para veículos eletrificados, também estão sendo ativamente implementadas globalmente. De acordo com a KPMG, a recuperação da economia chinesa está em andamento e varia de acordo com cada setor.
Melhorar a confiança das famílias e das empresas ainda é a chave para destravar um crescimento econômico mais rápido. O governo emitiu diretrizes para aumentar a confiança no setor privado e uma nova rodada de medidas de flexibilização imobiliária para reativar o crescimento, de acordo com a análise da KPMG.
Política fiscal proativa
A China intensificará a macrorregulação e intensificará os esforços para implementar eficazmente uma política fiscal proativa, de acordo com um relatório do Conselho de Estado.
O relatório sobre a execução orçamental em 2023, até agora, foi submetido à quinta sessão do Comitê Permanente da 14ª Assembleia Popular Nacional, a mais alta legislatura da China, para deliberação, nesta segunda-feira.
Desde o início do ano, a reforma financeira e o desenvolvimento do país têm sido solidamente impulsionados, a operação financeira global tem sido estável, e o orçamento tem sido bem executado, de acordo com o relatório.
No próximo passo, a China concentrar-se-á na expansão da procura interna, no aumento da confiança, na prevenção de riscos e na promoção da melhoria contínua do desempenho econômico, das forças motrizes endógenas e das expectativas sociais, disse o Ministro das Finanças, Liu Kun, ao apresentar o relatório.
Serão feitos esforços para fortalecer e otimizar a economia real, salvaguardar e melhorar eficazmente os meios de subsistência das pessoas e prevenir e neutralizar os riscos da dívida dos governos locais, de acordo com o relatório.
O Estado de S.Paulo - SP 29/08/2023
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou há pouco que mesmo sem o efeito da agricultura, a atividade tem apresentado surpresas positivas na questão do crescimento.
Campos Neto disse que tem visto casas revisando suas projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) para cima, e que já observa projeções de desemprego abaixo de 8,0% no fim do ano, ante taxas de 9,5% há cerca de três meses. As reformas feitas nos últimos anos, para o presidente do BC, explicam parte desse cenário.
Durante evento do Warren Institutional Day, em São Paulo, ele também falou sobre a evolução da taxa Selic. Ele defendeu que as quedas mais sustentáveis no tempo de Selic são as que ocorrem após haver uma melhora das condições financeiras. O presidente do BC citou que esse foi o caso do início dos cortes da Selic feito em agosto. “O BC esperou as condições financeiras começarem a cair. Vimos uma piora na margem, mas um pouco disso é global.”
As taxas de juros futuras, emendou, também começaram a cair antes da Selic, o que proporciona uma queda mais sustentável, argumentou. Campos Neto ponderou que houve um repique na ponta, em parte pelo cenário global e em parte como retorno dos questionamentos sobre a credibilidade fiscal do País.
Campos Neto defendeu que esse ciclo de juros no Brasil está bem coordenado com a maior parte dos países, mas que nem sempre foi assim. Sobre o nível dos juros reais hoje, o presidente do BC admitiu que eles são altos, mas ponderou que proporcionalmente são menores do que já foram na média dos períodos passados. A diferença em relação ao praticado em outros países também diminuiu, disse.
“Grande parte dos países como forma de enfrentamento à pandemia teve de subir juros muito mais proporcionalmente do que o Brasil teve”, afirmou. Boa parte desses países, ainda segundo Campos Neto, está com um pouso da economia menos suave do que o brasileiro.
Ao listar os motivos que ajudam a explicar o nível do juro real no País, o presidente do BC disse que a recuperação do crédito está no centro do debate. “Poucos países têm uma recuperação de crédito pior que o Brasil, é algo dramático”, disse Campos Neto, que atribui o problema, em parte, a ser um processo judicial demorado.
A dívida maior e a taxa de poupança baixa também foram citados como razões para o juro real elevado no Brasil, assim como o crédito direcionado. “Se quisermos viver com uma taxa de juros mais baixa por um tempo maior, temos de priorizar o que de fato é importante em termos de direcionamento.”
Arcabouço fiscal
O crescimento de gastos real do Brasil previsto pelo FMI para entre 2023 e 2028, mesmo com o novo arcabouço fiscal, é mais alto do que a previsão para os demais emergentes, disse Campos Neto.
Para ele, parte desse cenário é resultado de um problema estrutural, que não é deste governo: embora o País tenha feito uma reforma da previdência, parte das medidas foi anulada.
Campos Neto afirmou que, tendo em vista que o crescimento de gastos reais no Brasil é alto, é preciso que o País cresça mais ou aumente arrecadação de forma mais constante, “o que é difícil com a carga tributária do Brasil de acreditar que vai acontecer de forma sustentável.”
O presidente do BC citou novamente a questão da desancoragem gêmea, entre inflação e fiscal, e a atrelou parcialmente à necessidade de receita para obter o resultado primário almejado pelo governo. Ele também reiterou que reconhece o esforço que o governo tem feito para obter receitas, mas que há uma preocupação com uma possível erosão de base de imposto a depender da sustentabilidade das medidas consolidadas.
IstoÉ Dinheiro - SP 29/08/2023
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reiterou nesta segunda-feira, 28, que a inflação de núcleos tem apresentado uma queda mais acentuada nos países emergentes, em comparação aos desenvolvidos.
Campos Neto frisou que há uma figura de inflação um pouco melhor na América Latina, o que pode estar atrelado ao fato de que grande parte dos países da região elevou juros antes, com efeito maior agora.
Ainda sobre o cenário inflacionário, o presidente do BC pontuou que houve uma melhora na inflação de energia no mundo, que foi um vetor forte de pressão no passado. Campos Neto acrescentou que a maior parte dos países está com expectativas de inflação bem desancoradas da meta para 2023. Para 2024, alguns mais e outros e outros menos, e, para 2025, grande parte mostra certa ancoragem, emendou. Ele também destacou que a maior parte dos países tem metas entre 2,0% e 3,0%.
No Brasil, afirmou, os três anos estão mais ou menos dentro da banda. Campos Neto ponderou que houve um aumento recente das expectativas em 2023, após o último aumento da gasolina – sobre o qual se posicionou favoravelmente.
Reprecificação dos juros
O presidente do BC emendou que há uma enorme reprecificação de juros ocorrendo nos Estados Unidos, em comparação ao cenário de três meses atrás. Entre os emergentes, disse, Chile e Brasil têm a precificação de juros mais avançada, seguidos por Colômbia – onde ainda há uma inflação de núcleos pressionada, logo a perspectiva é que ocorra uma desaceleração rápida – e México – país no qual o BC local tem apresentado mensagens duras.
Desaceleração do crédito no Brasil é bem mais lenta
O presidente do Banco Central reafirmou que a desaceleração do crédito no Brasil é bem mais lenta do que em outros países do mundo.
“Grande parte dos países está com crédito zero ou negativo”, disse Campos Neto. No Brasil, em contrapartida, a perspectiva é de uma desaceleração do crescimento do crédito para 8,0%, ante 13,5% no ano passado, emendou.
O presidente do BC reiterou que essa percepção corrobora a visão de que o Brasil está em um pouso suave, ou seja, trazendo a inflação para baixo com o menor custo possível para sociedade. Campos Neto participou de painel no Warren Institutional Day, em São Paulo.
Serviços
Campos Neto frisou que a autarquia está olhando com atenção para o núcleo de serviços, algo comum em outros países do mundo.
Campos Neto disse que a inflação de serviços subjacentes tem indicado queda, tanto no acumulado em três quanto em 12 meses, mas ainda em processo lento. O presidente do BC também avaliou que o último IPCA-15, de agosto, mostrou a inflação subindo um pouco, voltando para uma média acima de 4,0%, mas que essa já era mais ou menos a trajetória esperada pela autarquia.
Campos Neto participou de painel no Warren Institutional Day, em São Paulo.
Infomoney - SP 29/08/2023
Os contratos futuros do minério de ferro recuaram nesta segunda-feira, com os traders adotando uma postura de “esperar para ver” após o rali da semana passada, estimulado pelo otimismo quanto medidas de apoio da China à economia em dificuldades e às perspectivas de demanda no curto prazo para o ingrediente siderúrgico.
O minério de ferro mais negociado para janeiro na Bolsa de Commodities de Dalian encerrou as negociações do dia com queda de 1%, a 811 iuanes (111,27 dólares) por tonelada.
Na Bolsa de Cingapura, o contrato de setembro de referência do minério de ferro caiu 1,4%, para 112,15 dólares a tonelada. Na semana passada, o contrato atingiu uma máxima de quatro semanas de 114,85 dólares.
A cautela prevaleceu no mercado apesar de o gabinete da China ter aprovado na sexta-feira diretrizes para o planejamento e construção de moradias populares em uma reunião presidida pelo primeiro-ministro Li Qiang, segundo a agência de notícias estatal Xinhua.
“As atualizações de estímulo da China continuam sendo o foco das perspectivas”, disseram analistas do National Australia Bank em nota. “Esperamos que novas medidas serão provavelmente necessárias para melhorar as perspectivas.”
O mercado também está aguardando os dados da atividade manufatureira desta semana, bem como os resultados trimestrais de empresas, especialmente das principais incorporadoras imobiliárias e produtores de aço da China, para suas projeções, disseram analistas.
“Os principais players na região divulgarão os seus relatórios do PMI industrial. Esperamos que os números mostrem uma maior deterioração, enquanto aguardamos um apoio mais substancial do governo para impulsionar a demanda interna enquanto a demanda global permanece fraca”, disseram os economistas do ING.
Os lucros das empresas industriais da China caíram 6,7% em julho em relação ao ano anterior, estendendo a queda deste ano para o sétimo mês, mostraram dados divulgados no domingo.
A maioria dos índices de referência do aço em Xangai registrou perda na segunda-feira. O vergalhão caiu 1,3%, a bobina laminada a quente recuou 1,4% e o fio-máquina perdeu 0,9%, enquanto o aço inoxidável subiu 0,1%.
Valor - SP 29/08/2023
Líder global na produção de minério de ferro e níquel estabelece parcerias com clientes estratégicos em busca de operações mais sustentáveis
Com parceria estratégica, Vale mantém o ritmo dos investimentos — Foto: Julio Bittencourt/Valor
Maior produtora de minério de ferro e níquel do mundo, com uma receita operacional líquida que totalizou R$ 226,5 bilhões em 2022, a Vale S.A. avança nos processos de reformulação de sua estratégia, definindo novas linhas de atuação em busca de uma mineração mais sustentável. Com objetivo de fornecer metais para atender a indústria de carros elétricos, por exemplo, a organização está transformando o negócio de minério de ferro, visando apoiar clientes estratégicos rumo a uma economia de baixo carbono. No ano passado, a companhia firmou parcerias para o desenvolvimento de soluções com cerca de 50 clientes, responsáveis por aproximadamente 35% das emissões indiretas de resíduo gerado ao longo da cadeia de produção. Além disso, assinou acordos com clientes do Oriente Médio para criação de megahubs focados em produtos de baixo carbono.
“Na transição energética global, a empresa tem papel fundamental, com seu portfólio de produtos e soluções de minério de ferro de alta qualidade, essencial para a descarbonização da siderurgia, e como produtora de metais essenciais à eletrificação no mundo”, destaca Eduardo Bartolomeo, CEO da Vale S.A. Segundo ele, em 2022, a mineradora completou 80 anos e lançou um olhar para os próximos 20 anos. Por isso, vem desenvolvendo várias iniciativas, que envolvem pesquisas científicas e tecnológicas, promoção da economia circular para ajudar a reduzir a geração de rejeitos industriais, ações de incentivo e até uma agenda da bioeconomia e de florestas, entre outras iniciativas.
“Continuamos com a prioridade de reparar integralmente e compensar os danos causados às pessoas e aos territórios pelo rompimento da barragem em Brumadinho, em Minas Gerais”, afirma Bartolomeo ao citar a tragédia ocorrida em janeiro de 2019. “E seguimos avançando no aprimoramento da gestão das barragens. Descaracterizamos 40% das estruturas e pretendemos não ter mais nenhuma barragem em nível crítico até 2025”, ressalta.
A Vale registra também progressos no desempenho operacional e deve atingir suas metas de produção neste ano. A expectativa é produzir entre 310 milhões e 320 milhões de toneladas de minério de ferro e entre 36 milhões e 40 milhões de toneladas de aglomerados de minério de ferro – com produtos como pelotas e briquetes. Em relação ao níquel, as projeções são de produzir cerca de 160 mil a 175 mil toneladas. Segundo Bartolomeo, o níquel é um mineral de classe 1 e coloca a Vale em uma posição única, na medida em que suas operações ambientalmente responsáveis no Atlântico Norte são consistentes com a transição para uma economia de baixo carbono. E no caso do cobre, outro produto de destaque no portfólio da mineradora, a previsão é de uma produção de 335 mil a 370 mil toneladas, com um aumento entre 32% e 46% em relação à produção do ano passado.
A companhia mantém ainda o ritmo de investimentos. Neste aspecto, destaca-se a parceria estratégica, firmada em julho deste ano, com a Manara Minerais e com a empresa norte-americana de investimentos Engine No.1. O acordo prevê investimento de US$ 3,4 bilhões na Vale Base Metals Limited (VBM), entidade gestora do negócio de metais de transição energética da Vale. A Manara Minerals é uma joint venture entre a Ma’aden e o Fundo de Investimento Público da Arábia Saudita. “Esta parceria estratégica irá acelerar o programa de investimento da VBM, que deverá atingir entre US$ 25 bilhões e US$ 30 bilhões na próxima década, e ajudará a impulsionar um aumento potencial de produção da VBM de cerca de 350 mil toneladas/ano para 900 mil toneladas/ano em cobre e de aproximadamente 175 mil toneladas/ano para mais de 300 mil toneladas/ano em níquel”, informa o CEO.
Eduardo Bartolomeo, presidente da Vale: foco na transição energética — Foto: Leo Pinheiro/Valor
O processo de reformulação da estratégia para assegurar o desempenho operacional passou por mudanças no modelo de governança, aponta Bartolomeo. O conselho de administração, por exemplo, que tem o papel de incentivar e apoiar o novo modelo de mineração sustentável, mudou e, atualmente, conta com oito conselheiros independentes entre os 13 que compõem o colegiado. “Além disso, foi feita uma ampla revisão das atribuições dos órgãos de governança, em linha com as melhores práticas globais”, diz o executivo.
A estratégia climática teve marcos importantes, como o início da operação, no ano passado, do parque de energia solar Sol Cerrado, localizado no município de Jaíba, no norte de Minas Gerais, com potência instalada de 766 megawatts (MW), equivalente ao consumo de uma cidade de 800 mil habitantes. A operação do complexo solar alcançou plena capacidade no mês passado e irá representar 16% de toda a energia consumida pela Vale no Brasil. O empreendimento recebeu investimentos que somam R$ 3 bilhões e representa um passo importante para ajudar a mineradora a atingir suas metas climáticas de reduzir emissões líquidas de carbono (escopos 1 e 2) em 33% até 2030 e zerá-las até 2050. Na parte de preservação e recuperação de florestas, cerca de 50 mil hectares adicionais passaram a ser protegidos em 2022, totalizando mais de 170 mil hectares protegidos e recuperados desde 2019.
Em linha com a agenda ESG (sigla em inglês para boas práticas ambientais, sociais e de governança corporativa nas empresas), a companhia também está cada vez mais empenhada em promover a inclusão e a diversidade, de acordo com o CEO. “Encerramos 2022 com a participação de 22,1% de mulheres na nossa força de trabalho, sendo que nossa meta é atingir 26% até 2025”, diz. Na pauta de equidade étnico-racial, 32,1% das posições de liderança da Vale no Brasil estão ocupadas por funcionários negros. A empresa informa que espera chegar a 40% até 2026.
A Vale, segundo Bartolomeo, tem ciência dos desafios, tanto globais como os inerentes ao setor de mineração, que considera necessário superar – como a apreensão geopolítica em meio ao conflito entre Rússia e Ucrânia, crises de energia na Europa e nas cadeias globais de abastecimento, alta mundial da inflação, entre outros. Daí o esforço que a mineradora vem fazendo para executar uma estratégia não apenas para assegurar o desempenho operacional. “Queremos realmente criar valor para a sociedade, investidores, empregados, fornecedores e comunidades”, afirma o executivo.
Na perspectiva de Julio Cesar Nery Ferreira, diretor de sustentabilidade e assuntos regulatórios do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) – organização nacional privada e sem fins lucrativos, que representa as empresas e instituições que atuam no setor mineral –, a tendência para o cenário dos negócios com os produtos minerais no Brasil não deve sofrer grandes abalos nos próximos anos.
“Não se esperam grandes mudanças na demanda mundial, e os preços das principais commodities devem se manter estáveis”, diz Ferreira. Mas as grandes mineradoras ainda enfrentam obstáculos para manter seu ritmo de crescimento, especialmente em relação à falta de investimentos para a pesquisa mineral e sob o aspecto regulatório. “Temos projetos no Amazonas, para exploração de potássio, que há mais de dez anos estão esperando por licenciamento”, afirma.
Globo Online - RJ 29/08/2023
Parques de energia solar e eólica para gerar a própria energia de forma renovável. Iniciativas para o aproveitamento de resíduos, políticas de reciclagem e ações de reflorestamento. É assim que as mineradoras vêm investindo em programas de sustentabilidade para reduzir emissões de gases do efeito estufa e buscam se adaptar a um cenário em que investidores cobram cada vez mais uma agenda verde.
O Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) estima que os investimentos em ações de sustentabilidade somam cerca de US$ 1 bilhão por ano. A avaliação é que as companhias hoje procuram se antecipar a exigências dos investidores, atentos a mudanças climáticas.
A CSN Mineração selou acordos com a Shell e a Itochu Corporation para buscar soluções de eletrificação. Além disso, investiu R$ 4 bilhões na aquisição de ativos de energia renovável para atender sua própria demanda por eletricidade. Já a ArcelorMittal vem apostando no aumento do uso de sucata como matéria-prima e a utilização de gás natural em seus processos, diz Wagner Barbosa, diretor-geral de Mineração e BioFlorestas:
— A meta é ser carbono neutro até 2050.
Eficiência nos processos
A Gerdau investe na reciclagem. Gustavo Werneck, CEO da empresa, lembra que a sucata já está em 71% do aço produzido. A empresa vai ampliar o uso de energia renovável, com parques solares:
— O Comitê de Estratégia, no qual é discutida uma visão de longo prazo para a companhia pela alta liderança, passou, há alguns anos, a se chamar Comitê de Estratégia e Sustentabilidade, reafirmando a importância estratégica do tema para o negócio.
Para reduzir as emissões, a Mineração Morro do Ipê, produtora de minério de ferro em Minas Gerais, tem investido em parcerias com startups, como a Green. Juntas, desenvolveram uma técnica que injeta hidrogênio nos motores de veículos com o objetivo de reduzir o uso de diesel.
— O objetivo é buscar eficiência nos processos e reduzir os impactos no entorno das operações. Desenvolvemos mais de dez programas socioambientais nos municípios ao redor da mina — diz Cristiano Parreiras, diretor de Assuntos Corporativos da empresa.
A Anglo American aposta no uso de GNL (gás em estado líquido) como combustível na frota de navios. Segundo o CEO da companhia, Wilfred Bruijn, a substituição reduz em 35% as emissões em comparação com as embarcações movidas a combustível marítimo convencional (bunker):
— Estamos buscando alternativas para a substituição de frotas, com eletrificação de veículos e de equipamentos auxiliares de operação minerária. Estamos estudando a compensação das emissões de carbono com geração de crédito.
A Vale tem investimento previsto de US$ 6 bilhões até 2030 em ações de sustentabilidade. A empresa busca zerar as emissões até 2050. Em uma das frentes, está o uso de fontes renováveis, como eólica e solar, para as próprias operações. A meta é que 100% do seu consumo de eletricidade seja verde, o que inclui o uso de locomotivas elétricas.
A Hydro investe na geração de energia renovável. A empresa também selou parceria com a Universidade Federal do Pará (UFPA) para uso de placas solares flutuantes dentro de suas operações de produção de bauxita.
— Um dos objetivos é possibilitar a redução da evaporação da água dos reservatórios da planta, além de oferecer nova fonte de energia renovável para atender parte do consumo da mina — diz Carlos Neves, vice-presidente de Operações da Hydro, citando a aquisição de carros elétricos para substituir modelos a diesel.
Globo Online - RJ 29/08/2023
A desaceleração da economia da China, que tem levado turbulências aos mercados financeiros nas últimas semanas, é um fator de atenção no setor. A avaliação de que o motor de crescimento da economia global está rateando afeta diretamente projeções de vendas, receitas e desempenho na Bolsa das mineradoras.
Crescendo menos, a China produz menos aço e, portanto, demanda menos minério de ferro. Pela lei da oferta e da demanda, as cotações internacionais da matéria-prima caem, afetando a receita das mineradoras e, portanto, causando impacto no preço dos papéis de grandes empresas do setor, como Vale, Rio Tinto, BHP e Anglo-American.
A tonelada do minério de ferro está cotada em torno de US$ 110, mesmo patamar de um ano antes. Para a XP Investimentos, o preço de equilíbrio é menor do que o atual, em torno de US$ 75 por tonelada, de 2025 em diante.
— Temos uma visão de médio e longo prazo para um preço estruturalmente menor, que melhor ilustraria esse equacionamento entre oferta e demanda — diz Lucas Laghi, analista da XP. — O grande fator que justifica um preço menor é a demanda.
A freada da China, locomotiva da economia global desde o início do século, está há anos no radar de economistas e investidores, assim como a incerteza sobre como ela se dará — se de forma suave ou abrupta, com crise.
A Zhongrong International Trust, que oferece crédito privado ao setor imobiliário chinês, deixou de pagar rendimentos a investidores em dezenas de seus produtos, espalhando temores de uma crise financeira. Enquanto isso, o China Evergrande Group pediu proteção contra credores no Judiciário dos EUA, na esteira dos problemas financeiros revelados em 2021, símbolo dos desequilíbrios do setor.
Construção civil
Durante o boom, a construção civil, tanto no segmento imobiliário quanto na infraestrutura, puxou o crescimento, ampliando seu peso na economia. O mercado imobiliário responde por cerca da metade do mercado de crédito, direta ou indiretamente, diz a economista Fabiana D’Atri, da gestora Bradesco Asset.
Em parte por isso, em 2020, o governo chinês começou a mudar a regulação do mercado imobiliário, lembra a economista, para reduzir o excesso de endividamento e evitar uma crise. Como resultado, o lançamento de imóveis está 60% abaixo do auge, segundo Fabiana. O cenário de desaceleração é reforçado pelo consumo doméstico mais fraco, sinalizado por uma deflação de 0,3% em 12 meses até julho, e pelo comedimento do governo em introduzir medidas de estímulo.
— Nos últimos três anos, as exportações chinesas, por efeito da demanda global, meio que compensaram essa desaceleração (do consumo doméstico), o que este ano começa a ficar mais difícil de se repetir — diz Fabiana, lembrando que a alta de juros em vários países reduz a demanda pelos produtos chineses.
Em junho, as exportações chinesas caíram 12,4%, em dólar, sobre igual mês de 2022.
O cenário mais adverso dificulta, mas não impede o crescimento das mineradoras brasileiras, nas estimativas da XP Investimentos. A equipe de analistas projeta valorização das ações da Vale, em razão de fatores internos da empresa. E não à toa, o setor tem visto nos últimos tempos maior diversificação de investimentos, com foco na extração de minérios ligados à transição energética, o que abre nova frente de expansão.
Globo Online - RJ 29/08/2023
Desde antes da aprovação da Reforma Tributária na Câmara dos Deputados, o setor de mineração vinha demonstrando preocupação com a criação de taxas e elevação de tributos sobre produtos primários pelos governos estaduais. Um dos casos mais ruidosos foi o novo tributo sobre a mineração e a produção agrícola em Goiás, atualmente suspenso por decisão judicial.
A reforma promete simplificação e redução da carga de impostos sobre a indústria, mas o formato final da proposta de emenda à Constituição (PEC), aprovada na Câmara no mês passado e agora em tramitação no Senado, acabou acendendo um sinal de alerta.
Horas antes da votação na Câmara, uma mudança permitiu que governos estaduais criem um novo tributo, sobre produtos primários e semielaborados. O Ibram, entidade que representa as mineradoras, engrossou o coro de críticas a esse ponto.
— Temos esperança de conseguir mudar isso, porque o potencial de impacto no setor é muito grande — afirma Julio Nery, diretor de Sustentabilidade e Assuntos Regulatórios do Ibram. — Esse artigo que foi colocado abre uma porta para que todos os estados e todos os municípios possam implantar uma taxa de fiscalização.
Segundo Nery, o Ibram defenderá a retirada da mudança junto aos senadores, mas novos obstáculos poderão surgir.
No início do mês, o senador Jader Barbalho (MDB-PA) apresentou uma emenda à PEC que reforça ainda mais o artigo que permite a introdução de tributos estaduais sobre produtos primários, como os minérios.
Fundos estaduais
Conforme o artigo introduzido na PEC, podem cobrar o novo tributo estados que têm “contribuição a fundos estaduais, estabelecida como condição à aplicação de diferimento, regime especial ou outro tratamento diferenciado”. A maioria dos fundos — a Confederação Nacional da Indústria (CNI) mapeou 17 — surgiu após a crise fiscal de 2015.
Para o advogado Mario Prada, sócio da área tributária do escritório Mattos Filho, a possibilidade de criação desse tributo vai contra o preceito constitucional de desonerar as exportações.
A isenção de tributos sobre as exportações de produtos primários está na Constituição. Se a reforma for aprovada com o artigo sobre o novo tributo, o Supremo Tribunal Federal poderá ser questionado. O argumento é que a Constituição ficaria com dois artigos conflitantes.
— A regra de imunidade (isenção tributária) das exportações está na Constituição desde 1988. O risco é que se pode entender que essa imunidade é cláusula pétrea — diz Prada, referindo-se às cláusulas da Constituição que não podem ser modificadas por emendas.
A emenda do senador Barbalho reforça o artigo incluído no apagar das luzes da votação na Câmara porque mexe, justamente, na regra de isenção de tributos das exportações. Segundo o tributarista Luiz Gustavo Bichara, do escritório Bichara Advogados, a nova emenda “pega em cheio” o setor de mineração.
Para o advogado, a permissão para que os estados criem tributos sobre bens primários “é a antítese de tudo que a Reforma Tributária prega”.
Por um lado, os novos tributos esvaziariam o intuito da simplificação da reforma. Por outro lado, permitem uma prorrogação de benefícios da chamada “guerra fiscal”. Isso porque a contribuição a esses fundos estaduais está atrelada a tratamentos diferenciados na cobrança de impostos.
Esses benefícios tinham que acabar após 2032, conforme a legislação atual, mas a mudança de última hora na PEC permite que os novos tributos estaduais valham até 2043.
— Parece impensável imaginar que os fundos criados para, de maneira canhestra, compensar benefícios fiscais que vigorariam até 2032, possam ser perenizados até 2043 — diz Bichara
Globo Online - RJ 29/08/2023
O setor de mineração vem aderindo com rapidez às inovações tecnológicas. Com a chegada do 5G e das redes de altíssima velocidade, o uso de veículos autônomos e plataformas de inteligência artificial baseadas em algoritmos já são realidade em minas Brasil afora. A estratégia é aumentar a produtividade e reduzir os custos com a operação.
A agenda não faz parte apenas das gigantes do setor mineral. Especialistas ressaltam que pequenas e médias mineradoras também têm se voltado para novas soluções em TI. Para acelerar o processo, muitas buscam parcerias com startups por meio da Mining Hub, um projeto criado pelo Ibram em 2019, que reúne companhias do setor. Mais de 900 startups já passaram pelo programa:
— Com o hub, mapeamos as dificuldades e lançamos desafios para buscar ideias e talentos — diz Leandro Rossi, diretor executivo do Mining Hub.
A Vale, que investiu R$ 3,4 bilhões em pesquisa e desenvolvimento em 2022, já usa robôs em seus processos produtivos. Segundo Eduardo Bartolomeu, CEO da empresa, a automação é importante para reduzir a exposição a risco, melhorar a confiabilidade dos ativos e aumentar a eficiência dos processos. A empresa conta com caminhões autônomos em minas.
Ao detectarem riscos, os veículos paralisam operações até que o caminho volte a ser liberado. Sensores do sistema de segurança são capazes de identificar objetos de maior porte, como rochas e outros caminhões, e seres humanos nas imediações da via.
— Aumentamos a proteção dos empregados com o uso de equipamentos autônomos e inteligência artificial. Além dos ganhos de segurança e eficiência, há benefícios de sustentabilidade no caso de equipamentos móveis, como caminhões, devido à redução do consumo de combustível e aumento da vida útil de componentes.
Carlos Neves, vice-presidente de operações da Hydro, diz que a empresa usa tratores que operam de forma remota em minas de bauxita, no Pará:
— Dentro da cabine de operação remota, o operador tem menos trepidez e consegue ter visão de 360 graus do local onde o trator está operando e acompanhar os detalhes. A tecnologia está em fase de testes e os operadores passaram por treinamento com simulador. A expectativa é que, com o projeto implantado, uma pessoa opere até três equipamentos simultaneamente, com toda a segurança.
A Gerdau adotou em sua mina de Ouro Branco, em Minas Gerais, um sistema chamado “gêmeo digital”, no qual parte da produção é espelhada em um ambiente paralelo, permitindo tornar virtual o ambiente físico.
A empresa fez um mapeamento de postos de trabalho críticos, com elevado risco em relação à segurança. Com isso, foram identificados 62 funções que podem ser substituídas por robôs. Já há sete em operação.
— A inteligência artificial serve de apoio para os desafios de negócio e das operações da companhia e seu uso reflete a jornada de transformação digital, visando maior competitividade — destaca Gustavo Werneck, CEO da Gerdau.
Mais segurança
Tiago Miranda, diretor financeiro da Horizonte Minerals, empresa de níquel, diz que os avanços tecnológicos visam a maximização de custos e eficiência dos processos:
— As tecnologias usadas no processo têm ainda o potencial de minimizar as emissões e reduzir o desperdício.
Alessandro Nepomuceno, diretor de Sustentabilidade da Kinross, produtora de ouro em Minas Gerais, destaca o uso de equipamentos de perfuração operados de forma remota.
— Seis perfuratrizes operam de maneira independente, recebendo dados e parâmetros dos técnicos. Com a automação, os intervalos do operador foram eliminados, resultando em maior número de furos no mesmo espaço de tempo, o que aumentou a produtividade e a segurança.
Otávio Carvalheira, presidente da Alcoa no Brasil, cita o uso de sensores que permitem acompanhar e prever possíveis falhas em equipamentos, e o uso de robôs para inspeção em áreas críticas para reduzir os riscos na operação:
— Temos trabalhado em oportunidades que envolvem medições remotas, para que possam ser coletadas automaticamente e on-line. Em algumas áreas, a inteligência artificial já é a ferramenta mais usada para construir soluções.
Globo Online - RJ 29/08/2023
A perspectiva de aumento do consumo de aço e a transição energética, que estimula a demanda por baterias para carros elétricos, impulsionam os planos de negócios de mineradoras no país. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), as companhias planejam aportes de US$ 50 bilhões (ou quase R$ 250 bilhões) em projetos até 2027. O número significa alta de 23% em relação ao planejamento anterior.
O minério de ferro é o carro-chefe, com 34% dos recursos. Em seguida, minerais como níquel, cobre, lítio, vanádio, entre outros, são destaque por seu uso relacionado a fontes de energia limpa. No primeiro semestre, o faturamento do setor subiu 6% e somou R$ 120 bilhões. Para Julio Nery, diretor de Sustentabilidade do Ibram, há perspectiva de alta nos investimentos:
— Estamos consolidando os planos das empresas para o período de 2024 a 2028 e esperamos avanços em relação ao plano para 2023 a 2027. O minério de ferro vai continuar forte, não vai perder espaço, pois há demanda, sobretudo da China, que, mesmo reduzindo sua taxa de crescimento, ainda avança com força. Vemos projetos para aumento de capacidade de produção.
Economia de baixo carbono
Nery destaca os aportes previstos para níquel, de US$ 2,3 bilhões até 2027, com reservas localizadas em Pará, Bahia e Goiás. O titânio deve ter investimentos de US$ 2 bilhões, com reservas no Rio Grande do Sul e na Bahia. Ele menciona outros US$ 400 milhões em minas de vanádio na Bahia e US$ 433 milhões em lítio, em Minas Gerais.
— Há possibilidade de dobrar os investimentos em lítio em Minas Gerais e potencial para desenvolver cobre em Mato Grosso — disse Nery.
Rafael Marchi, sócio-diretor da área de Infraestrutura da A&M (Alvarez & Marsal), cita o investimento crescente de empresas no mercado de lítio, de cobre e ouro. Mas afirma que são necessárias mais iniciativas do governo para ampliar a diversificação de minerais no Brasil:
—Seria interessante promover maior conhecimento do território brasileiro através de pesquisas de minerais para elevar investimentos no setor.
A Vale pretende investir US$ 6 bilhões em 2023, mais que os US$ 5,5 bilhões de 2022. Segundo Eduardo Bartolomeo, CEO da empresa, a mineração é peça-chave para o Brasil liderar a revolução energética e a descarbonização global. Minério de ferro, cobre e níquel estão entre as prioridades:
— Investimos em ampliar a qualidade do minério de ferro, em inovações tecnológicas e em parcerias com clientes. A transição para uma economia de baixo carbono está fortemente ligada à oferta de minerais, com o crescente uso de fontes de energia mais limpas e dos veículos elétricos.
O executivo ressalta ainda a criação da Vale Base Metals, empresa focada em metais de transição energética, que deve acelerar seus investimentos no segmento.
Na Gerdau, diz Gustavo Werneck, CEO da empresa, serão R$ 3,2 bilhões entre 2023 e 2026 aplicados em uma nova plataforma de mineração em Minas Gerais, com a construção de um mineroduto em substituição ao transporte rodoviário. Ele diz que a nova mina vai eliminar a necessidade do uso de barragem, com um método chamado de empilhamento a seco:
— A nova capacidade anual de produção de minério de ferro na mina de Miguel Burnier, distrito de Ouro Preto, de 5,5 milhões de toneladas, está prevista para entrar em operação no fim de 2025. O projeto vai permitir que a companhia aumente a competitividade e amplie futuramente sua produção de aço em Minas.
Também em Minas, a Cedro Mineração investiu R$ 200 milhões em pesquisa e tecnologia na Mina do Gama, em Minas Gerais, que estava desativada desde o início dos anos 2000. Desde 2018, quando iniciou a gestão, já elevou a produção de 1,3 milhão de tonelada para 3,9 milhões de toneladas. A empresa, que também atua em Nova Lima e Mariana, tem capacidade de produção de 6 milhões de toneladas por ano e quer atingir 20 milhões de toneladas de minério de ferro a partir de 2026.
— Após o licenciamento dessas operações, a produção anual colocaria a Cedro entre as cinco maiores mineradoras do país, sendo a primeira com capital 100% nacional— disse Lucas Kallas, presidente da Cedro.
De níquel a ouro
A Horizonte Minerals, empresa de níquel com ações nas Bolsas de Londres e do Canadá e controlada por La Mancha Investments, Glencore e Orion Resource, desenvolve dois projetos no Pará.
Em um deles, o Projeto Araguaia, a previsão é que a produção inicie no primeiro trimestre de 2024. A outra unidade (Projeto Vermelho) está em fase de estudo de viabilidade, diz Tiago Miranda, diretor financeiro da companhia. Quando os dois estiverem concluídos e entrarem em operação, a previsão é ter mais de 60 mil toneladas de níquel por ano.
A extração de ouro também está em expansão A Kinross, que atua em Minas Gerais, investe US$ 30 milhões para ampliar a produção, diz Rodrigo Gomides, vice-presidente de Operação. Em 2022, foram 577,4 mil onças (17,9 toneladas) de ouro, cerca de 22% da produção nacional:
— A previsão é aumentar a produção em 20 mil onças de ouro por ano. Para alcançar esse resultado, serão instalados novos equipamentos.
Na Mineração Morro do Ipê, controlada pela Mubadala e Trafigura, os investimentos somam R$ 1,270 bilhão entre 2022 e 2024. Cristiano Parreiras, diretor de Assuntos Corporativos e Sustentabilidade da empresa, destaca que para os próximos anos vai desenvolver estudos para estender a vida útil da mina em Serra Azul, em Minas Gerais, por mais 30 anos.
A Anglo American, por sua vez, pretende investir R$ 7 bilhões nos próximos cinco anos no sistema Minas-Rio, de minério de ferro. Já em Goiás, com as operações de níquel, o investimento é da ordem de R$ 2 bilhões.
De janeiro a maio, o setor criou 5 mil vagas. Hoje, emprega 206 mil em postos de trabalho diretos. Segundo o Ibram, indiretamente, são mais de 2 milhões de vagas.
O Estado de S.Paulo - SP 29/08/2023
A Mercedes-Benz anunciou que vai inaugurar suas primeiras estações de carregamento de alta potência para veículos elétricos, implementando seus planos para expandir sua infraestrutura global de carregamento. A partir de outubro, os primeiros Centros de Carregamento Mercedes-Benz entrarão em operação em Atlanta (EUA), Chengdu (China) e Mannheim (Alemanha).
Até o final de 2024, a Mercedes-Benz tem como objetivo expandir ainda mais sua rede global de carregamento para mais de 2 mil pontos de carregamento de alta potência. O objetivo de longo prazo é criar mais de 2 mil centros de carregamento com mais de 10 mil pontos de carregamento até o final da década.
As estações estão localizadas em áreas de tráfego principais e concessionárias selecionadas da Mercedes-Benz. A rede de carregamento está aberta para motoristas de todas as marcas, informa a empresa. Porém, clientes da Mercedes-Benz desfrutam de benefícios, como a capacidade de reservar um ponto de carregamento para reduzir os tempos de espera.
Em comunicado para a imprensa, Franz Reiner, CEO da Mercedes-Benz Mobility AG, disse: “Com a Rede de Carregamento de Alta Potência Mercedes-Benz, estamos expandindo as opções de carregamento global e estabelecendo novos padrões no carregamento de veículos elétricos. Queremos incentivar nossos clientes a mudar para veículos de emissão zero e, assim, contribuir positivamente para a proteção do nosso ambiente”.
Infomoney - SP 29/08/2023
O Índice de Confiança da Construção (ICST) subiu 0,7 ponto em agosto, para 95,9 pontos, o maior nível desde outubro de 2022 (100,9 pontos). Em médias móveis trimestrais, o ICST aumentou 0,6 ponto. As informações foram divulgadas nesta segunda-feira (28) pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Segundo a coordenadora de Projetos da Construção do FGV/Ibre, Ana Maria Castelo, o destaque foi a melhora da confiança do segmento de Preparação de Terrenos, alavancada pela forte recuperação da carteira de contratos. Em nota, ela citou que o indicador que mede a evolução recente da atividade das empresas desse segmento superou os 100 pontos, passando para um nível favorável e atingindo o melhor resultado desde dezembro de 2022.
“A preparação de terrenos é uma etapa antecedente do ciclo de produção, assim, esse é um indicador importante do início de novas obras”, lembrou.
Nas aberturas do mês, o Índice de Situação Atual (ISA-CST) cresceu 0,6 ponto, para 94,6 pontos, o maior nível desde janeiro deste ano (95,1 pontos).
Contribuiu para o avanço do ISA-CT no mês a melhora do indicador da situação atual dos negócios, que avançou 1,2 ponto para 93,9 pontos. Já o indicador de carteira de contratos ficou estável nesta leitura, mantendo-se em 95,2 pontos.
Pelo lado das expectativas, o Índice de Expectativas (IE-CST) avançou 0,7 ponto, para 97,4 pontos, o maior nível desde outubro do ano passado (103,2 pontos).
A melhora na margem foi puxada pelo indicador de tendência dos negócios nos próximos seis meses, que subiu 3,5 pontos, para 96,7 pontos em agosto. Em contrapartida, a demanda prevista para os próximos três meses recuou 2,1 pontos, a 98,0 pontos.
O Nível de Utilização da Capacidade (NUCI) da Construção retraiu 0,5 ponto porcentual (p.p.), para 79,0%. O NUCI de Mão de Obra caiu 0,5 ponto p.p. para 80,1%, enquanto o NUCI de Máquinas e equipamentos cedeu 0,4 p.p., para 74,3%.
Valor - SP 29/08/2023
De janeiro a junho, foram 119,9 mil unidades lançadas, recuo de 19,1% sobre o primeiro semestre de 2022
Pesquisa da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), realizada em 217 cidades brasileiras, aponta que no segundo trimestre foram lançadas 64,3 mil unidades, queda de 15,8% sobre o mesmo período do ano passado, mas uma recuperação de 15,7% sobre o primeiro trimestre deste ano.
De janeiro a junho, foram 119,9 mil unidades lançadas, recuo de 19,1% sobre o primeiro semestre de 2022.
Renato de Sousa Correia, presidente da Cbic, afirmou em coletiva de imprensa que a queda dos lançamentos pode afetar a geração de empregos pelo setor da construção. “O lançamento de hoje é o emprego de amanhã”, diz.
As vendas de imóveis novos caíram 5,3% na comparação do segundo trimestre deste ano e do ano passado, e avançaram levemente (0,5%) sobre o primeiro trimestre de 2023.
No acumulado do ano até junho, foram vendidas 148,2 mil unidades novas, queda de 7,5% sobre a primeira metade de 2022.
Essa dinâmica fez a oferta final de unidades novas no país, o estoque disponível para compra, recuar 6,3% sobre o segundo trimestre do ano passado e 3,8% sobre o primeiro trimestre deste ano, para 279,5 mil unidades.
Celso Petrucci, economista-chefe do Secovi-SP, afirma que parte do dado positivo de lançamentos e vendas sobre o primeiro trimestre ocorre porque o período de janeiro a março é o mais fraco para o setor imobiliário.
Já o desempenho negativo na comparação com 2022 se deve à alta taxa de juros e a impactos do período eleitoral e do início de um novo governo.
O oferta final é a menor desde o segundo trimestre de 2021.
Petrucci ressalta que as vendas caíram em ritmo menor do que os lançamentos. “Isso mostra que o mercado continua forte, porque a tendência era de ter muito menos vendas”, afirma.
Segundo a pesquisa, seriam necessários 11 meses para escoar a oferta do país, patamar estável sobre o ano passado.
No acumulado dos últimos 12 meses até junho, a quantidade de lançamentos caiu 14,5%, para 290,6 mil unidades, e a de vendas recuou 4,8%, para 305,7 mil unidades.
Mesmo com a queda de 15,8% nos lançamentos, o valor das unidades novas colocadas no mercado no segundo trimestre recuou 6%, para R$ 38 bilhões, o que indica aumento do preço de venda.
A mesma dinâmica se deu com as vendas, que somaram R$ 41 bilhões de abril a junho, alta de 11,8% sobre o segundo trimestre de 2022, apesar da queda nominal das unidades comercializadas.
No segundo trimestre, o indicador de preço das unidades da pesquisa (157,9) ficou acima do indicador do INCC, o índice de inflação da construção (154,2), algo que não ocorria desde o final de 2020. Isso aconteceu pela estabilização dos custos da construção, que subiram durante a pandemia, e pela recuperação do preço das unidades.
Minha Casa, Minha Vida
Os lançamentos e as vendas de imóveis econômicos, enquadrados no programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) tiveram retração maior na comparação anual, mas já esboçam reação sobre o primeiro trimestre.
Os lançamentos de abril a junho caíram 25,8% em relação ao segundo trimestre de 2022 e cresceram 4,1% sobre o primeiro trimestre deste ano.
Marcos Kahtalian, sócio-fundador da Brain Inteligência Estratégia, que realizou a pesquisa, afirma que parte da queda dos lançamentos no MCMV aconteceu porque os incorporadores estavam aguardando as novidades do programa. “Isso segurou a oferta que esperamos que virá no terceiro e no quarto trimestres”, diz.
As vendas recuaram 26,4% na base anual, mas subiram 0,9% sobre janeiro a março.
A oferta final das unidades econômicas novas caiu 25,7% em um ano e ficou estável em relação ao primeiro trimestre de 2023, com alta de 0,1%.
A expectativa da Cbic é que a quantidade de lançamentos e de vendas do MCMV aumente no terceiro e quarto trimestres. Conta para isso as atualizações do programa, com aumento de subsídio e de teto de unidades, que só começaram a valer em julho. “O grande efeito deve vir no próximo trimestre”, diz Petrucci.
Ele destaca que a participação das unidades do MCMV no total de lançamentos do país caiu de 48% para 31% em dois anos. “É muito pouco para as necessidades de habitação de interesse social no país”.
Segundo o economista, a sinalização de novas quedas da taxa Selic deve influenciar na confiança dos incorporadores e resultar em aumento de lançamentos no resto do ano. A Cbic espera um resultado parecido com 2022, tanto para o MCMV quanto para as unidades de médio e alto padrão.
O custo de capital para construir vem subindo e isso também impactou os lançamentos no país, afirma Kahtalian, mas parte desse aumento deve ser balanceado pela melhora do programa MCMV, que vai atrair parte da produção que dependia de financiamento com recursos da poupança.
IstoÉ Online - SP 29/08/2023
O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC-M) acelerou a 0,24% em agosto, ante alta de 0,06% em julho, informou nesta segunda-feira, 28, a Fundação Getulio Vargas (FGV). A taxa acumulada em 12 meses pelo indicador passou de 3,15% para 3,06% no período.
Em agosto, o índice relativo a Materiais, Equipamentos e Serviços diminuiu o ímpeto de queda para 0,07%, após recuo de 0,16% na leitura de julho. Já o referente à Mão de obra acelerou a 0,71%, ante alta de 0,38% em julho.
Nas aberturas, houve nova retração em Materiais e Equipamentos (-0,26% para -0,11%), com destaque para o subgrupo materiais para instalação (-0,88% para -0,23%). Em Serviços houve arrefecimento nesta leitura (0,77% para 0,22%), puxado pelo item projetos (0,81% para 0,24%).
Influências
As principais influências para cima no INCC-M de agosto foram eletricista (0,59% para 1,64%); pedreiro (0,29% para 0,52%); massa de concreto (0,02% para 0,74%); engenheiro (0,38% para 0,72%) e mestre de obra (0,58% para 1,16%).
Por outro lado, puxaram o resultado para baixo os itens cimento portland comum (0,44% para -2,12%); vergalhões e arames de aço ao carbono (-1,01% para -0,33%); condutores elétricos (-0,54% para -1,22%); esquadrias de alumínio (-0,04% para -0,52%) e tela de proteção para fachada (0,34% para -1,30%).
Capitais
Seis das sete capitais pesquisadas pela FGV em agosto apresentaram acréscimo em suas taxas de variação no INCC-M: Porto Alegre (-0,07% para 0,56%); Rio de Janeiro (0,41% para 0,83%); Salvador (0,01% para 0,40%); Brasília (-0,17% para 0,16%); Belo Horizonte (-0,03% para 0,14%) e São Paulo (-0,07% para 0,04%).
Em contrapartida, a única desaceleração aconteceu no Recife (1,13% para -0,35%).
Valor - SP 29/08/2023
Construtora completa 60 anos como líder do setor, bate recordes e planeja expansão na esteira do Minha Casa, Minha Vida
Instalação da rede externa de esgoto em empreendimento da Cury em São Paulo — Foto: Julio Bittencourt/Valor
Disciplina de custos nos canteiros de obras e agilidade no lançamento de empreendimentos para o rápido repasse de preço são alguns dos fatores que justificam os bons resultados da Cury Construtora e Incorporadora em 2022, listada em primeiro lugar no ranking do setor de empreendimentos imobiliários na 23ª edição do ranking Valor 1000. No ano passado, a Cury registrou um crescimento de 29,9% na receita líquida, para R$ 2,25 bilhões, e lucro líquido sobre patrimônio líquido médio de 49,1%. “Prevemos um importante crescimento para 2023”, diz o CEO da empresa, Fábio Cury.
No acumulado do primeiro semestre deste ano, a companhia soma R$ 2,27 bilhões em vendas líquidas, alta de 37,7%, e R$ 2,64 bilhões em lançamentos, crescimento de 43,8% sobre o primeiro semestre de 2022. “Neste período, em que completamos 60 anos, atingimos o melhor primeiro semestre da nossa história, tanto em nosso desempenho operacional – vendas, repasse e unidades produzidas – como nos resultados financeiros – receita e lucro –, e alcançamos patamares inéditos”, informou a construtora e incorporadora na divulgação de resultados.
Diante dos números registrados entre janeiro e junho de 2023, a companhia se diz mais confiante para os próximos meses. As perspectivas otimistas devem-se às novas medidas do Minha Casa, Minha Vida (MCMV). O relançamento do programa aumentou os subsídios para a aquisição da casa própria, elevando portanto o potencial de compra dos beneficiários e o teto do valor das unidades, que passou de R$ 264 mil para R$ 350 mil, permitindo o lançamento de residências mais rentáveis por parte das construtoras.
Segundo o CEO, 90% dos produtos da Cury são elegíveis no programa. “A atuação da empresa nas faixas mais altas e até fora do programa MCMV permitiu subir preços e preservar margens”, explica. O foco da construtora são famílias com renda mensal de R$ 2 mil a R$ 8 mil ou que pretendem comprar imóvel de médio padrão, com dois dormitórios e cerca de 40 metros quadrados de área, em média.
O preço médio dos lançamentos da empresa no segundo trimestre foi de R$ 321,8 mil, enquanto o preço médio de venda ficou em R$ 278,3 mil, já acima do teto antigo do programa habitacional. Mesmo com a taxa de juros ainda na cada de dois dígitos, 13,25% ao ano, os clientes do MCMV têm taxas subsidiadas e fixas, o que contribui para a continuidade do pagamento das parcelas do financiamento.
Fábio Cury: compra de terrenos é feita sempre com permuta ou parcelas de longo prazo — Foto: Carol Carquejeiro/Valor
No novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), lançado em 11 de agosto, o maior investimento, R$ 610 bilhões, será para o eixo Cidades Sustentáveis e Resilientes, que prevê a construção de novas moradias do MCMV e o financiamento para aquisição de imóveis. Dessa forma, a expectativa do CEO da companhia é a de ter um crescimento sustentável nos próximos anos, mantendo a rígida gestão financeira. “Somos muito disciplinados em seguir nossas regras de ouro na companhia. [A primeira delas] é sempre comprar nossos terrenos em permuta ou com parcelas de longo prazo”, afirma. A segunda regra de ouro, explica Cury, é o uso do crédito associativo, operado pela Caixa Econômica Federal, em todos os empreendimentos, o que permite o repasse do financiamento do cliente ainda na planta. “O que também nos garante receber da instituição bancária o valor financiado durante o processo construtivo”, afirma.
A terceira regra de ouro elencada por Cury é o foco em rápidas vendas. O executivo afirma ter hoje a maior velocidade sobre vendas do setor. “Essas regras nos têm proporcionado consistente geração de caixa e ótima rentabilidade, que tem se traduzido em distribuição de dividendos e um modelo de asset light [operação com poucos ativos]”, completa Cury.
A companhia planeja crescer nas mesmas regiões em que já atua. Segundo o CEO, a estratégia da empresa é lançar empreendimentos em ótimas localizações, concentrados nas regiões metropolitanas de São Paulo e Rio de Janeiro, e assertividade dos produtos. A Cury tem market share de 4,5% na região metropolitana de São Paulo e de 9% na do Rio. Os projetos costumam ser lançados em áreas com comércio e infraestrutura. “Ainda vemos grande potencial de expansão nessas duas regiões, pois existe uma demanda muito grande”, afirma Cury.
Nos últimos dois anos, a companhia cresceu com lançamentos residenciais no Porto Maravilha, uma área urbana próxima ao centro da capital fluminense que estava sendo revitalizada para o mercado comercial, mas que não vingou para esse fim. Outra região explorada foi a Mooca, bairro da zona leste de São Paulo próximo à região central, com cerca de sete mil unidades prontas ou em via de lançamento.
Os novos planos diretores das duas maiores cidades do país também podem beneficiar a companhia. No Rio de Janeiro, onde a alteração ainda estava em discussão até meados de agosto, a expectativa do mercado é que seja incentivado o crescimento do centro da cidade e da zona norte, áreas que já são pontos de atuação da Cury, em oposição à tendência de crescimento na zona oeste.
Em São Paulo, a reforma urbana, que ocorre uma vez a cada década, libera o potencial de verticalização e também afrouxa significativamente as restrições de altura de construção, tamanho da unidade e disponibilidade de vagas de estacionamento. O Plano Diretor Estratégico, aprovado pela Câmara Municipal de São Paulo no fim de junho, traz medidas que promovem o adensamento urbano inteligente em áreas da cidade próximas a eixos de transporte. Segundo analistas do setor imobiliário, embora as construtoras de renda média e alta provavelmente se aglomerem em áreas próximas ao transporte público, as reformas também tornarão as oportunidades disponíveis em toda a cidade. A experiência da Cury em empreendimentos de grande escala deve garantir uma vantagem sustentada em um mercado de renda média-baixa ampliado, mas menos competitivo.
A companhia lançou oito projetos entre abril e junho deste ano, sendo cinco na capital paulista e três no Rio, com valor geral de venda (VGV) potencial de R$ 1,22 bilhão, um crescimento de 15,7% ante o ano anterior. Considerando todo o primeiro semestre de 2023, os novos projetos somaram R$ 2,64 bilhões em VGV, 43,8% mais do que há um ano.
A receita líquida operacional subiu 26% em um ano, para R$ 1,3 bilhão, enquanto a margem bruta ficou em 37,6%, alta de 1,3 ponto percentual. Houve geração de caixa operacional de R$ 111 milhões, aumento de 14%. A receita líquida cresceu 21% no segundo trimestre, para R$ 728 milhões. A Cury terminou o segundo trimestre com vendas líquidas de R$ 1,19 bilhão, crescimento de 33% ante o mesmo período de 2022. E já planeja o terceiro trimestre de 2023 com um volume forte de lançamentos, mas menor do que nos dois primeiros trimestres. A Cury tem estoque avaliado em R$ 1,4 bilhão em VGV, alta de 14,8% em um ano – deste total, 1,7% são de unidades concluídas.
Valor - SP 29/08/2023
Para quem vai estrear no MCMV, copresidente da Cyrela alerta para as “idiossincrasias”do setor
Um lançamento da Cyrela de 2002, que foi o residencial mais alto de São Paulo, com 120 metros, é revisitado no novo empreendimento da companhia. O edifício Mandarim vai ganhar uma homenagem com o Mandarim The Legend, projeto a 1,8 quilômetro de distância do original, na Zona Sul de São Paulo. Hoje, o maior residencial é o Figueira Altos do Tatuapé, com 168 metros.
A novidade, lançada oficialmente no próximo fim de semana, vem em um ano de aumento de lançamentos para a empresa, que elevou os novos projetos em 43% no primeiro semestre.
Mesmo assim, a expectativa do copresidente Efraim Horn é que 2023 traga um desempenho em linha com 2022. “Não achamos que existe muito crescimento por aí, porque o brasileiro está endividado. É para seguir com cautela”, diz.
Ele lembra que, embora o setor imobiliário esteja mais otimista, os preços de terrenos e os custos de obra subiram, o que também aumenta o custo para o consumidor. “Precisamos dar um tempo para a sociedade refazer suas poupanças e os juros baixarem, para eles poderem comprar”, afirma.
Para Horn, 2023 se diferencia pela diminuição da inflação e da taxa de juros, que trazem “ventos melhores” para o setor. O executivo afirma que a companhia atua com um banco de terrenos que a permite aumentar lançamentos em 10% ou 20% em um ano bom. Se o mercado estiver ruim, também pode reduzi-los em 20%.
“Aprendemos com os erros do passado a não crescer de forma descompassada, só por crescer”, diz. Para ele, um crescimento saudável fica em torno de 15%.
O último grande lançamento da companhia, o On the Sky, prédio com 150 metros de altura que começou a ser vendido em junho, já está 77% comercializado. Horn diz não esperar a mesma velocidade para o The Legend, embora a expectativa seja de desempenho bom “em velocidade normal”.
O empreendimento terá unidades de 88 a 145 m2, que somam R$ 430 milhões em valor geral de venda (VGV). O projeto é dividido com o grupo VR, que tem 30% do negócio por ser dono do terreno, de 5,8 mil m2.
O metro quadrado das unidades vai custar a partir de R$ 16,9 mil. Para Horn, esse valor está abaixo do que poderia ser cobrado na região.
Apesar de remeter a algo do passado, o The Legend tem inspiração futurista. Em evento com vendedores, um holograma do executivo conversou com sua versão real. “Era alguém que veio do futuro entregar um projeto de 2100 para ser lançado em 2023”, afirma. O evento teve ainda um show de drones.
A Cyrela também atua no segmento econômico, com a marca Vivaz e com participações na Cury e Plano&Plano. Nessa área, o executivo espera aumento mais expressivo dos lançamentos do mercado como um todo - o que também pode ter um lado ruim.
Ele afirma que muitas empresas que não eram da área “se empolgam” e querem entrar no econômico, mas que o setor tem suas “idiossincrasias” e “pulos do gato” para construir, vender e repassar. “O volume vai aumentar muito, mas só o tempo vai dizer se a rentabilidade dos ‘players’ será igual”, diz, comparando ao que é obtido por empresas especializadas.
Ele faz um paralelo com a expansão das incorporadoras pelo país na década passada. “Compraram terrenos, lançaram e venderam, mas não tiveram lucro”.
A própria Cyrela se expandiu para outras regiões e decidiu voltar. Horn lembra que a empresa fez lançamentos similares ao Mandarim no Rio, em Porto Alegre, em Salvador e em Belém.
Dos R$ 27 bilhões de VGV que a Cyrela tem em terrenos, 70% estão no Rio. A capital fluminense está aprovando um novo Plano Diretor, mas o copresidente não vê mudanças que a torne mais atrativa para lançamentos como o The Legend.
A restrição de altura na Barra da Tijuca impede empreitadas assim, afirma, e os terrenos na Zona Sul e Centro são raros. Ele defende mais mudanças urbanísticas. “Toda cidade que quer aparecer no mapa precisa se atualizar, em edução, transporte, turismo e moradia, ou vai ficar uma cidade-museu”.
Revista Ferroviaria - RJ 29/08/2023
A VLI encomendou à Greenbrier Maxion 166 vagões hopper do modelo HTT. O material rodante será destinado ao transporte de grãos na Ferrovia Norte-Sul. A estimativa é que as unidades comecem a ser entregues entre novembro e dezembro deste ano, para que estejam prontas para operarem no período de safra, que começa em fevereiro.
A concessionária tem investido na compra de vagões para atender a demanda de transporte no chamado corredor Norte (Ferrovia Norte-Sul, de Açailândia-MA a Porto Nacional-TO, chegando ao Porto de Itaqui-MA por meio de direito de passagem pela Estrada de Ferro Carajás). Em 2022, a companhia movimentou 15 milhões de toneladas por esse corredor, contra 12,7 milhões de toneladas em 2021.
Em abril deste ano, a companhia já havia anunciado a aquisição de 78 unidades hopper HTT, para a movimentação de adubos/fertilizantes no trecho. A carga responde por 11% do mix total movimentado pela empresa.
Os vagões hopper HTT, desenvolvidos e produzidos pela Greenbrier Maxion, têm três principais diferencias, segundo a fabricante: redução do comprimento sem perda de volume, diminuição da tara (peso) e aumento da vida útil. Além disso, apresenta sistema de descarga rápida e revestimento interno com pintura especial, que não retém a carga no interior do vagão, afirma a empresa.
Novas locomotivas
No segundo trimestre de 2024, está prevista a chegada das primeiras das nove locomotivas do modelo ES-43BBI, da Wabtec, encomendadas pela VLI para operarem na malha de bitola métrica da Ferrovia Centro-Atlântica.
As máquinas devem atuar no transporte de cargas dos setores siderúrgico, agroindustrial, carvão, fertilizantes, combustíveis e celulose para portos do Espírito Santo.
Diário do Comércio - MG 29/08/2023
O secretário de Estado de Infraestrutura, Mobilidade e Parcerias, Pedro Bruno Souza, reconheceu hoje, em audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), as condições ruins das rodovias mineiras e os desafios da conservação e desenvolvimento da maior malha rodoviária do País.
No seminário sobre ‘Perspectivas e soluções para as rodovias mineiras”, ele reconheceu que o Estado possui uma malha rodoviária aquém do que merece, com classificações que giram entre ruim, regular e bom.
Para reverter a situação, ele anunciou que o governo pretende investir R$ 1,5 bilhão até o fim do ano em recuperação de rodovias e que até 2026 haja uma recuperação total da malha rodoviária mineira. “É uma perspectiva de multiplicar por cinco o investimento que tivemos na última década”, disse se referindo aos 10 anos em que os recursos para as rodovias giraram em torno de R$ 300 milhões por ano para recuperação.
O secretário considerou que, com pouco investimento, as operações como as de “tapa-buracos” ficam ineficazes para o tamanho da situação. “O que nós temos hoje é o desafio de lidar com a maior malha rodoviária do País. Minas Gerais tem 22 mil quilômetros de rodovias estaduais e mais de 5 mil quilômetros de rodovias federais , que ficou cerca de 10 anos com muito pouco investimento. As estradas vão se deteriorando e depreciando. Então, de fato as operações tapa-buracos chegam no limite e exigem recuperações mais profundas”.
Segundo o secretário, já foram concluídas 40 obras de recuperação de estradas, mais de 50 estão em andamento e outras 36 devem se iniciar ainda em 2023, antes do período chuvoso.
Para ele, a parceria público-privada, os leilões e o bom diálogo com a ALMG e os municípios são parcerias fundamentais para ajudar a solucionar os problemas e salvar vidas. “Temos acompanhado com muito cuidado os leilões das rodovias federais que cortam o Estado de Minas. Aguardamos o leilão da BR-381, já agendado para novembro, e também o da BR-040. Acreditamos ter sido uma decisão acertada a manutenção da atual concessionária, até que um novo ator assuma a rodovia. Estávamos com uma preocupação grande, com a previsão de que no dia 18 de agosto a atual concessionária iria deixar o trecho e ele seria repassado ao Dnit. Ficaria um tempo descoberto, sem atendimento ao usuário e sem serviços de guincho. Nós sabemos como esse atendimento é fundamental”, avaliou.
Como critério de priorização para escolha das obras, o secretário explicou que o governo leva em conta trechos com situação pior e com maior tráfego, depois a recuperação de polos economicamente importantes para que o Estado não perca investimentos.
Desde o ano passado, o secretário destacou que já foram realizados quatro leilões, o equivalente a pouco mais de 10% da malha rodoviária do Estado. Já foram contratados R$ 18 bilhões e a estimativa é arrecadar valor similar com as próximas concessões, o que ajudaria a financiar as intervenções na malha viária.
Além de recuperar e investir em rodovias, outros pontos destacados pelo secretário são a segurança viária e a fiscalização, já que grande parte dos “vilões” das estradas é o excesso de caminhões que trafegam acima do peso permitido, o que acaba, de acordo com ele, acelerando o processo de deterioração das rodovias. “Em termos de balança, a gente estava com seis balanças em funcionamento, hoje temos 25 e temos a perspectiva de fechar o ano com 35. Quanto mais incrementamos a fiscalização, maior a garantia de tempo de vida útil das nossas rodovias”, disse.
Com relação à segurança e a preocupação em salvar vidas, ele comentou da intensificação do número de radares. “A gente sai de um patamar de 493 no ano passado, para 626 este ano, com a perspectiva de atingir 700”, afirmou.
“Rodoanel é a maior obra de transformação de mobilidade urbana”, diz secretário
Sobre a concessão do Rodoanel, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, o secretário afirmou ser a obra de maior transformação da mobilidade urbana da região. “A gente assinou o contrato em março deste ano e estamos na fase de licenciamento ambiental. É um projeto muito complexo que envolve vários municípios. Mas, esperamos antecipá-las e iniciá-las até o final do ano que vem. Pois, pelo cronograma contratual, começariam em 2025 pela região de Sabará e Santa Luzia”, detalhou.
Para o Rodoanel, são 70 quilômetros de rodovia e R$ 5 bilhões de investimentos. “Estamos falando da retirada de 5 mil caminhões por dia do Anel Rodoviário de Belo Horizonte. Então, é uma questão de salvar vidas e de redução de custos. A gente sabe quanto tempo se perde nesse trajeto, sobretudo em horário de pico e o quanto isso prejudica o escoamento da nossa produção”, disse.
Pedágio só depois da duplicação, diz ANTT
O diretor da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Guilherme Rodrigues, também participou do debate ocorrido na ALMG e comentou sobre os processos de concessões. Ele relatou que a quinta e última etapa do programa será implantada no fim deste ano ou, no mais tardar, no início do próximo, com investimentos de R$ 47 bilhões previstos para o Estado.
Ao todo no País, são 13 mil quilômetros de rodovias concedidas e um quarto deles está em Minas Gerais, com seis concessões, atualmente. Dentre as que estão para acontecer, ele destacou a concessão da BR-381 no trecho que liga a Capital a Governador Valadares, no Vale do Rio Doce. “Isso já passou de um sonho e virou uma necessidade”, afirmou.
De acordo com ele, no dia 24 de novembro serão concedidos mais de 300 quilômetros da BR-381, com previsão de mais de R$10 bilhões de investimento para o trecho e que deverá haver dois players interessados.
Aprendizado
No processo de evolução e experiências frustradas de concessões, o diretor ressaltou que nos novos modelos de contrato alguns problemas estão sendo corrigidos. “Hoje, a gente traz um programa de concessão vinculado a menor tarifa. Com recursos vinculados, onde quanto mais uma limitação de deságio seja dado, a concessionária tem que fazer um aporte que será usado em eventuais desequilíbrios ou eventuais descumprimentos. Para que em momentos como aqueles grandes deságios ou obrigações que realmente não eram exequíveis, estes erros não sejam repetidos”, explicou.
Rodrigues comentou ainda que no novo programa de concessões que está sendo adotado haverá o que é chamado de “tarifa justa”, em que o valor da tarifa em pista duplicada só será cobrada após a execução da obra. “Isso é algo previsto em contrato no novo modelo, de forma que a gente corrija os erros do passado em que a tarifa era cobrada antes da duplicação”, afirmou.
Petro Notícias - SP 29/08/2023
Se num futuro muito próximo o Banco Nacional de Desenvolvimento Social ganhar o “ e Internacional “ em seu nome, ninguém poderá se espantar. Está a caminho o financiamento de mais um projeto no exterior, agora criando empregos na Argentina, em detrimento de obras sociais aqui no Brasil. Nenhuma novidade. Prometido pelo governo brasileiro, vai sair do papel o projeto que levará gás de Xisto da bacia de Vaca Muerta, no extremo sul da Argentina, para sete províncias do país. O governo da Argentina já apresentou o edital de licitação para a construção do Gasoduto Norte, que servirá para escoar a produção de gás na Patagônia. E nãoserá pouco dinheiro. O projeto tem custo estimado em US$ 710 milhões (R$ 3,5 bilhões) e criará 3 mil postos de trabalho diretos e 12 mil indiretos em solo argentino.
Em evento na província central de Córdoba, o ministro da Economia e candidato a presidente, Sergio Massa, apoiado pelo governo de Alberto Fernandes ( FOTO A DIREITA COM lULA) e pelo Presidente Lula, disse que o gasoduto “permitirá reforçar as reservas monetárias, promover o emprego, garantir fornecimento energético e reduzir custos produtivos”. Já a secretária de Energia da Argentina, Flavia Royon(foto principal), que havia anunciado o financiamento do BNDES no final do ano passado, mas negado à época pelo banco, afirmou que a obra reduzirá a dependência do país em relação ao gás da Bolívia. O gasoduto começará na província de Buenos Aires, que já está ligada à bacia de Vaca Muerta, e passará pelas províncias de Córdoba, Tucumán, La Rioja, Catamarca, Santiago del Estero, Salta e Jujuy.
Vaca Muerta, a origem do gás
Na semana passada, ambientalistas organizaram uma manifestação para se oporem ao oleoduto Vaca Muerta Sur, embora eleja esteja aprovado e será liderado pela YPF, estatal argentina do petróleo. Os ambientalistas dizem que o gasoduto é “perigoso e teria impactos negativos incalculáveis tanto no clima global como no ecossistema do golfo e as comunidades locais.” Os ambientalistas dize que este projeto, não só deixará a Argentina ainda mais atrasada na transição energética, “como também colocará em perigo inúmeras espécies marinhas que vivem no Mar Argentino e facilitará ainda mais as emissões de gases com efeito de estufa que estão a aquecer o nosso planeta. Além disso, os habitantes da zona do Golfo de San Matías vivem da pesca, uma fonte vital de rendimento, que será ameaçada pelo gasoduto.” As comunidades locais também manifestaram a sua oposição ao projeto e organizam uma petição para enviar ao congresso, mas o governo argentino diz nem tomar conhecimento. Para ele, a obra tornará a “Argentina independente do gás boliviano.”
Petro Notícias - SP 29/08/2023
A Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia-Brasil (TBG) e a Companhia de Gás de Santa Catarina (SCGÁS) assinaram o contrato de conexão para a construção e operação do novo Ponto de Saída Siderópolis. A capacidade técnica da instalação é de 1,8 milhão de m³/dia e a previsão é que a instalação esteja em operação até o final de 2025. O Ponto de Saída Siderópolis ficará situado entre os pontos de Urussanga e Nova Veneza, em Santa Catarina. Com a construção deste novo Ponto, a SCGÁS poderá requisitar retiradas de gás pelos pontos que compõem a Zona de Saída SC2 até o limite da capacidade contratada. Esse projeto traz flexibilidade operacional e poderá atender os clientes da região.
“O contrato assinado com a SCGÁS é fruto de planejamento logístico coordenado entre as empresas visando o atendimento aos usuários finais do gás natural”, disse a empresa. Este projeto com a SCGÁS se beneficiará dos desdobramentos da Chamada Pública da TBG que teve como resultado o aumento da capacidade na zona SC2 de 826 mil m³/dia para 1,469 milhão m³/dia a partir de 2024. Segundo o Presidente da SCGÁS, Otmar Müller(foto), para o Estado de Santa Catarina este fato soluciona o gargalo crítico para o suprimento do gás natural para o polo cerâmico do Sul, abrindo espaço para a expansão industrial desta região, e também para o crescimento do uso do gás natural em veículos de transporte de pessoas e de cargas, com benefício ambiental e econômico. Para o Diretor Comercial da TBG, Jorge Hijjar, a concretização deste novo ponto de saída representa o compromisso da empresa em atender a demanda de nossos clientes, sendo mais um marco alcançado na abertura do mercado de gás natural do Brasil.
Valor - SP 29/08/2023
O barril do petróleo WTI com entrega prevista para outubro fechou em alta de 0,34%, a US$ 80,10, e o do Brent para novembro cedeu 0,10%, a US$ 83,87
O petróleo fechou sem direção única nesta segunda-feira (28). O foco de investidores de commodities industriais ficou sobre o anúncio da redução de um imposto sobre investimentos em ações na China, medida tomada pelas autoridades do país para reaquecer os mercados locais. Embora a decisão tenha apoiado o petróleo mais cedo, os agentes ainda aguardam estímulos mais robustos para apoiar a economia do país asiático.
O barril do petróleo WTI, a referência americana, com entrega prevista para outubro fechou em alta de 0,34%, a US$ 80,10. Já o barril do Brent, a referência global, para novembro cedeu 0,10%, a US$ 83,87.
A redução do chamado imposto sobre transações de títulos financeiros de 0,1% a 0,05%, conforme anunciou o Ministério das Finanças da China ontem, apoiou especialmente o mercado acionário asiático e europeu, mas deu pouco suporte às commodities, uma vez que não alteram as preocupações quanto à demanda do maior comprador global de petróleo.
“A boa notícia é que estamos vendo mais medidas de flexibilização, mas a má notícia é que estas medidas ainda são insuficientes, especialmente no contexto da grave crise imobiliária”, pondera Hui Shan, economista-chefe para China do Goldman Sachs.
Com o mercado de petróleo pouco animado pelos estímulos mais recentes da China, o contrato futuro do WTI conseguiu ganhar algum impulso e fechar em terreno positivo, em meio aos riscos de que a tempestade tropical Idalia se transforme em um furacão nos próximos dias.
Caso isso ocorra, é possível que algumas atividades petroleiras na região do Golfo do México tenham de ser paralisadas, reduzindo a oferta dos EUA. Para Phil Flynn, porém, o impacto do fenômeno no mercado de petróleo deve se concentrar na demanda.
O Estado de S.Paulo - SP 29/08/2023
A Petrobras acusa o Ministério Público Federal (MPF) de utilizar informações falsas para impedir a exploração de petróleo na Margem Equatorial, na bacia da foz do Amazonas. Em ofício enviado ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), a empresa afirma ainda que caso o instituto siga a recomendação do MPF, poderá ter de responder judicialmente pelo posicionamento. O documento ao qual o Estadão teve acesso foi enviado pela Petrobras ao Ibama na quinta-feira, 24.
A empresa trava um embate com o instituto para obter autorização para buscar petróleo na Margem Equatorial. Na semana passada, a Advocacia Geral da União (AGU) deu um parecer favorável ao pedido da Petrobras, contrariando a área ambiental do governo, que negou licença para perfuração.
No dia 18, o Ministério Público Federal recomendou ao Ibama que mantenha a negativa dada à Petrobras para exploração de petróleo na Margem Equatorial, que vai do Rio Grande do Norte ao Amapá. No texto, o MPF afirma, entre outros pontos, que o argumento da empresa de que o poço para exploração, chamado “Morpho”, está a 560 km da foz do Amazonas omite que a área está sob influência do rio. O MPF argumenta ainda que, diferentemente do que diz a empresa, o poço está próximo de unidades de conservação e terras indígenas.
No ofício enviado ao Ibama, a Petrobras rebate ponto a ponto e acusa o MPF de ser “sensacionalista”:
“As considerações formuladas pelo órgão ministerial no texto da recomendação – que toma por base as considerações infundadas que suportaram a Recomendação Conjunta nº 07/2023 do MPF-PA e MPF-AP – são lastreadas em premissas inverídicas e sensacionalistas, que contrariam fatos geográficos incontestáveis e se destinam apenas a criar um clamor social a respeito do tema, calcado em senso comum e sem levar em conta os dados técnicos mais atualizados disponíveis”, diz a empresa.
A Petrobras argumenta ainda que o poço está a 175 km em linha reta de duas cidades do Amapá, Oiapoque e Calçoene, considerado um local afastado da costa. Segundo a empresa, essa distância da costa é equivalente a de poços perfurados na região Sudeste, na Bacia de Campos. A Petrobras classifica a recomendação do Ministério Público Federal como “verdadeira ameaça” ao Ibama e diz que os argumentos utilizados são “infelizes”.
A recomendação do MPF cita ainda o impacto da exploração de petróleo em áreas úmidas, como são chamados ecossistemas que englobam lagoas, manguezais, entre outros. “Os estudos apresentados no processo de licenciamento ambiental, atualizados sempre que necessário, e aprovados pelo Ibama, demonstram que não há impactos previstos em áreas úmidas, razão pela qual, mais uma vez, evidencia-se que os argumentos trazidos na recomendação ministerial são suportados por premissas falsas, que não representam as informações técnicas mais confiáveis a respeito do assunto”, rebate a Petrobras.
De acordo com a empresa, caso siga a recomendação do MPF, o Ibama poderá ser responsabilizado judicialmente. A Petrobras argumenta que tem atualizado informações com base em evidências e adotado postura colaborativa a respeito dos pedidos feitos pelo Ibama.
“Acolher os argumentos do MPF pode induzir o IBAMA a tomar uma decisão com base em premissas e informações organizadas de forma parcial e extemporânea pelo MPF, que não representam os fatos em sua essência. Sob o ponto de vista jurídico isto pode acarretar responsabilidades ao órgão ambiental, já que do acolhimento da recomendação ministerial decorreriam severos danos para a Petrobras e para toda a atividade de exploração e produção de petróleo no Brasil, trazendo insegurança jurídica e causando prejuízos inestimáveis para a sociedade brasileira como um todo”, afirma.
Novas frentes de exploração de petróleo
Ambientalistas têm se posicionado contra a exploração de petróleo na Margem Equatorial. Além de apontarem risco ao ecossistema, os especialistas argumentam que o País não deve abrir novas frentes de exploração de petróleo e sim buscar fontes de energia limpa.
O tema foi uma das tônicas da Cúpula da Amazônia, realizada em Belém no início do mês. O encontro reuniu representantes dos oito países detentores da floresta Amazônica.
Na ocasião, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi pressionado pelo presidente colombiano, Gustavo Petro, que criticou a exploração de combustíveis fósseis na região. O tema acabou de fora do documento final da Cúpula, a Declaração de Belém.
Como revelou o Estadão, aos ministérios do Meio Ambiente e de Minas e Energia travam embate dentro do governo Lula sobre a possibilidade de explorar petróleo na região. Em maio, o Ibama negou licença para a perfuração do poço no bloco. O órgão argumentou, entre outros pontos, que era necessário realização de estudos de caráter estratégico na bacia da foz do Amazonas. O MME discordou da avaliação e pediu o parecer técnico da AGU.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já defendeu o empreendimento e disse querer “continuar sonhando” com a exploração de petróleo na região. Marina Silva já disse que o processo de exploração de petróleo na região é “complexo”, mas defendeu que a última palavra sobre autorização ambiental é do Ibama.
Questionado pelo Estadão sobre a acusação da Petrobras, o MPF informou que não iria se manifestar sobre o assunto. O Ibama e a Petrobras não responderam até a publicação desta reportagem.
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