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29 de Maio de 2023

INDA

Portal Fator Brasil - RJ   29/05/2023

O Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda) divulgou seus resultados referente ao fechamento do mês de abril no dia 25 de maio (quinta-feira), em coletiva de imprensa. De acordo com dados apresentados, as compras do mês de abril registraram queda de 11,8% perante a março, com volume total de 318 mil toneladas contra 360,7 mil. Frente a abril do ano passado (250,1 mil toneladas), apresentou alta de 27,2%.

Vendas — As vendas de aços planos em abril contabilizaram queda de 18,7% quando comparada a março, atingindo o montante de 301,1 mil toneladas contra 370,3 mil. Sobre o mesmo mês do ano passado, quando foram vendidas 302,7 mil toneladas, registrou queda de 0,5%.

Estoques — Em número absoluto, o estoque de abril obteve alta de 2,1% em relação ao mês anterior, atingindo o montante de 817,6 mil toneladas contra 800,6 mil. O giro de estoque fechou em 2,7 meses.

Importações (Chapas Grossas, Laminados a Quente, Laminados a Frio, Chapas Zincadas a Quente, Chapas Eletro- Galvanizadas, Chapas Pré-Pintadas e Galvalume). As importações encerraram o mês de abril com queda de 3,6% em relação ao mês anterior, com volume total de 161 mil toneladas contra 167,1 mil. Comparando-se ao mesmo mês do ano anterior (109,8 mil toneladas), as importações registraram alta de 46,7%.

Projeções — Para maio de 2023, a expectativa da rede associada é de que as compras e vendas tenham uma alta de 6% em relação ao mês de abril—conclui Carlos Jorge Loureiro, presidente-executivo do Instituto.

lDiário do Comércio - MG   29/05/2023

As vendas do setor de distribuição de aços planos encerraram abril com forte queda, o que gerou revisão dos resultados para 2023. De acordo com o Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda), a comercialização retraiu 18,7% frente a março.

Com o resultado negativo e uma tendência de mercado retraído, a projeção para o ano passou de um crescimento de cerca de 3% sobre 2022 para uma possível estabilidade ou pequena variação de 1% para cima ou para baixo.

Conforme os dados do Inda, em abril, as vendas de aços planos pelas distribuidoras chegaram a 301,1 mil toneladas contra 370,3 mil realizadas em março, queda de 18,7% no período.

Frente a abril de 2022, o recuo foi de 0,5%. O resultado mensal fez com que no acumulado do ano as vendas ficassem 0,6% menores, com a comercialização de 1,28 milhão de toneladas.

“Hoje, o resultado nos leva a um maior pessimismo. No início do ano, achávamos possível crescer 3% em 2023, mas esse resultado parece muito distante. Devemos terminar no zero a zero ou com uma variação de 1% para cima ou para baixo”, disse o presidente do Inda, Carlos Loureiro.

A redução das vendas se deve a abril ter menos dias úteis que março e também ao mercado menos demandador enfraquecido. No mês passado, também houve um aumento dos preços por parte das usinas, que ficou em torno de 5%.

“As usinas tentaram repassar um aumento maior e não conseguiram. Isso mostra uma resistência muito forte do mercado com relação aos preços, tanto compradores quanto a concorrência”.

Ainda segundo Loureiro, no atual momento, as empresas distribuidoras estão trabalhando com margens bastante estreitas.

“O último aumento feito pelas usinas – que ficou ao redor de 5% – a grande maioria dos nossos associados não conseguiu repassar. Esse aumento foi, em quase totalidade do setor, absorvido nas margens que já estavam muito fracas. A distribuição passa por um período de bastante apertos”.

Quanto às compras em abril, foi verificada queda de 11,8% perante março, com volume total de 318 mil toneladas contra 360,7 mil. Frente a abril de 2022 (250,1 mil toneladas) o movimento foi de alta, 27,2%. No ano, as compras somam 1,19 milhão de toneladas, aumento de 7,1%.

Com as compras pouco maiores que as vendas, as distribuidoras de aço encerram o quarto mês do ano com o estoque 2,1% maior se comparado com o mês anterior,

atingindo o montante de 817,6 mil toneladas contra 800,6 mil. O giro de estoque fechou em 2,7 meses.

Apesar do incremento, o volume estocado está menor que a média histórica, resultado da maior cautela do setor distribuidor frente ao mercado com alta oferta e demanda enfraquecida.

De acordo com Loureiro, no segundo semestre, a situação pode se agravar, com grande parte das usinas encerrando os períodos de manutenção e voltando à produção plena. O movimento aumentaria a oferta de aço e reduziria os preços, o que pode ser prejudicial para o setor, que se estiver com estoques formados a preços mais elevados, terá prejuízos.

“Para a distribuição, a queda de preços seria ruim porque os estoques foram formados a preço mais alto. Isso também é um fator que vem segurando a retomada do estoque, que é balizado pelo preço de reposição. Se a distribuição comprou o produto mais caro e a reposição está mais barata, significa prejuízo”.

Outro receio se refere às importações, que podem ser favorecidas, já que há uma queda de preços internacionais e prêmios interessantes. A queda dos valores internacionais é resultado do aumento das taxas de juros, o que inibe o consumo, e o receio de uma recessão global.

Em abril, as importações subiram 46,7% frente a igual mês de 2022, chegando a 161 mil toneladas de aços planos. No acumulando no ano, a alta foi de 18,5%, com a importação de 659,5 mil toneladas.

SIDERURGIA

Exame - SP   29/05/2023

A indústria do aço é uma das que mais sofrem pressão pela descarbonização. Considerada uma das mais poluentes do mundo, a siderurgia responde por até 9% das emissões antropogênicas globais de CO2 na atmosfera, de acordo com a WorldSteel Association. Com o compromisso de zerar as emissões de carbono até 2050, o setor enfrenta um grande desafio. Será possível alcançar as metas estabelecidas pelo Acordo de Paris?

Para Sandro Raposo, diretor de ESG e Novos Negócios da Aço Verde do Brasil (AVB), a resposta é sim. “O Brasil tem um potencial muito grande de energia renovável. É um país que pode ser um hub de produtos de baixo carbono, seja em aço, seja em cimento, seja em alumínio”, avalia.

Além disso, o momento é propício – e urgente, claro. Ao mesmo tempo que há um relevante movimento de stakeholders visitando o Brasil, explica o executivo, a Europa já dá sinais que entendeu que, para descarbonizar na velocidade necessária, precisará de parceiros externos.

“Acreditamos estar em curso uma nova Revolução Industrial silenciosa a nível global. Onde se produz não é mais a questão. A questão agora é como se produz e o nível de emissões de CO2 associado. E as empresas vão ter de se estruturar em razão do local onde é possível produzir com baixa emissão. Os próximos anos serão decisivos. Daqui dez, 20 anos, acreditamos que tudo será diferente”, diz Raposo.

"Acreditamos estar em curso uma nova Revolução Industrial silenciosa a nível global. Onde se produz não é mais a questão. A questão agora é como se produz e o nível de emissões de CO2 associado.” Sandro Raposo, diretor de ESG e Novos Negócios da AVB"Sandro Raposo, diretor de ESG e Novos Negócios da AVB

O caminho para a descarbonização, no entanto, não é único. Enquanto algumas soluções técnicas estão sendo estudadas, duas práticas têm sido amplamente exploradas pela indústria: via sucata ou via biocarbono.

No primeiro exemplo, é realizado o aumento do mix ou do percentual de sucata na carga para a produção do aço. Na prática, uma alternativa considerada simples, mas com pouca aderência para o cenário brasileiro. “Não temos a mesma cultura de descarte como a dos Estados Unidos”, explica Raposo. O mesmo não pode ser dito sobre o biocarbono. “A AVB é um exemplo de que a solução funciona e que pode ser uma das opções para a descarbonização do Brasil”, afirma.

O potencial inexplorado do aço verde no Brasil

A produção do aço verde da AVB começa na floresta. Nos seus 160 mil hectares de terra, área um pouco maior do que a da cidade de São Paulo, 90 mil hectares são utilizados para o plantio de eucalipto, enquanto os 70 mil hectares restantes são de áreas nativas e áreas preservadas (APPs).

É da árvore de eucalipto que é extraída a biomassa que será transportada para Açailândia, no sul do Maranhão. Nos altos-fornos da siderúrgica, o biocarbono é utilizado para a produção do ferro-gusa, que então será a principal matéria-prima metálica utilizada na fabricação do aço verde.

As vantagens do aço verde

Do ponto de vista da sustentabilidade, a produção de aço verde à base de biocarbono tem como grande vantagem a redução significativa de CO2 para a atmosfera. De acordo com WorldSteel Association (“WSA”), a média mundial de emissões do setor siderúrgico em 2022 foi da ordem de 1,91 t de CO2 para cada tonelada de aço.

“Na AVB, para cada tonelada de aço, são emitidos 0,02 tonelada de CO2, ou 20 quilos. Ou seja, nós temos um indicador de emissão que é 100 vezes menor que a média mundial, sendo o melhor indicador climático brasileiro nos últimos cinco anos”, pontua Raposo, utilizando-se dados da WSA. Já para a economia, o uso de matéria-prima nacional, como o biocarbono, torna o país mais independente das oscilações do preço do coque no mercado internacional.

Outro ponto a ser destacado é o seu potencial de escalabilidade. Com vasta extensão territorial e grande quantidade de florestas de eucalipto, o Brasil tem uma capacidade significativa para aumentar a produção de biomassa e, consequentemente, de produção de aço verde.

Um bom indicativo pode ser observado a partir da indústria de produção de papel, que também utiliza a biomassa de florestas de eucalipto para a produção de celulose – com a diferença de que consome mais madeira, são 3,8 m3/t para a produção de biocarbono ante 4,0 m3/t para a produção de celulose.

Em 2022, a produção brasileira de celulose foi de 25 milhões de toneladas, um resultado recorde. “O Brasil é atualmente o maior produtor de celulose do mundo. Se eu consigo ser recordista mundial de produção de celulose e exportar para o mundo inteiro, por que eu não consigo usar a madeira produzida por essa mesma floresta de eucalipto plantada para a produção de biocarbono, e que posteriormente será empregado na produção do aço verde a ser exportado para o mundo inteiro?”, questiona.

Os desafios do mercado de aço verde

Para alcançar todo o potencial de produção de aço verde no Brasil, alguns passos precisam ser tomados. Há tecnologias e soluções em desenvolvimento globalmente. Mas para Sandro Raposo, “a produção de aço verde no Brasil à base de biocarbono já é uma solução que existe há mais de 50 anos. É uma solução consolidada em relação a outros métodos que estão ainda em teste e que têm um custo de produção mais alto. Temos uma tecnologia local que funciona muito bem para o Brasil”, diz Raposo.

Porém, as usinas siderúrgicas ainda precisam se adaptar. O maior problema atualmente, do ponto de vista da sustentabilidade, é o uso de carvão mineral, que é utilizado para fazer o coque, que depois é carregado nos altos-fornos para a produção do ferro-gusa que será empregado na produção de um aço intensivo em carbono (altas emissões de CO2).

“Cerca de 75% da produção mundial usa rota à base de coque”, pontua. E diferentemente do biocarbono, o coque tem uma alta emissão de carbono enquanto o biocarbono é uma matéria-prima carbono neutro (zero emissões de CO2) conforme definição do IPCC.

O Brasil produziu em 2022 cerca de 34 milhões de toneladas de aço, sendo que o parque industrial é composto majoritariamente de indústrias siderúrgicas que usam o coque como redutor nos altos-fornos.

“Ao todo, mais de 75% da produção de aço no Brasil é feita do coque. Temos um parque com alta emissão de carbono que precisa de uma grande remodelação, e para que essa mudança seja feita no setor até o ano de 2050 serão necessário grandes investimentos, desenvolvimento de novas tecnologias, estruturação do mercado de créditos de carbono e adoção de políticas públicas de incentivos à descarbonização etc.”, opina Raposo.

A usina com capacidade instalada de 600 mil/t, alcançou a produção máxima histórica de cerca 360 mil toneladas de laminados de aço.

Além dos investimentos a serem realizados pela iniciativa privada, Raposo acredita ainda que seja essencial o fomento de incentivos governamentais. “O governo pode ajudar através da liberação de linhas de financiamento verde com baixas taxas de juro para investimentos na produção de biocarbono por exemplo, facilitar os financiamentos florestais e a compra de terras para o plantio de florestas que atualmente respondem por menos que 1,0 % do território brasileiro.

Com os incentivos governamentais adequados e os investimentos privados orientados para o crescimento de nossa área florestal plantada, o Brasil teria capacidade de produzir anualmente mais de 26 milhões de toneladas de aço verde”, conta.

Sustentável desde a planta

Com 50 anos de expertise na produção de biocarbono (carvão vegetal), e oito anos de experiência na fabricação de aço verde, a AVB é uma empresa idealizada para ser uma siderúrgica sustentável e ambientalmente responsável.

Além de produzir aço evitando as emissões de gases de efeito estufa, recuperando áreas florestais previamente antropizadas e com energia totalmente oriunda de fontes renováveis, a AVB prioriza a economia circular e a redução de desperdícios de matéria-prima.

Entre as iniciativas para 2023, Raposo destaca a inauguração de uma termelétrica de 11 MW com reaproveitamento dos gases de processo produzidos nos altos-fornos para a produção da energia elétrica renovável – o que, segundo o executivo, proporcionará uma economia de um terço da compra de energia elétrica externa feita anteriormente.

Além disso, evidencia ainda a implantação de uma planta de briquetes a frio que dará novo destino para os resíduos sólidos gerados no processo produtivo. A redução esperada de consumo de minério de ferro e de biocarbono nos altos-fornos é de até 10%, com 100% do reaproveitamento dos resíduos sólidos gerados na usina.

“Não temos conhecimento de players no Brasil que consigam atualmente produzir esses briquetes a frio à base de resíduos sólidos para emprego nos altos-fornos de forma consistente no Brasil. Até o primeiro trimestre de 2024, teremos desenvolvido uma patente para esse processo”, conta.

Ainda para este ano, o executivo enfatiza um dos grandes focos da AVB: a autossuficiência. “Queremos atingir a nossa maturidade de produção do aço verde alinhada ao crescimento de nossa produção florestal. Estamos em ramp up, e queremos continuar crescendo para ter a nossa capacidade total de produção de 600 mil toneladas por ano, com emprego de 100% de biocarbono”, detalha Raposo. Crescimento sustentável sem descuidar das boas práticas em ESG, é claro.

O plantio de florestas de eucalipto e a produção de biocarbono em áreas do Brasil de baixo Índice Desenvolvimento Humano (IDH) contribuem para o aumento da geração de emprego e renda nestas regiões.

Para isso, a AVB procura sempre estar alinhada às determinações dos órgãos oficiais reguladores. “Nós nos cercamos de uma série de certificações nacionais e internacionais para termos também a credibilidade do trabalho que estamos fazendo. Temos a certificação do nosso inventário de emissões de CO2 pela SGS Brazil, fazemos a divulgação do nosso inventário pela Fundação Getulio Vargas e via a organização internacional Carbon Disclosure Project (CDP), bem como validamos nossas metas climáticas via Science Based Targets (SBTi) e publicamos nosso Relatório de Sustentabilidade há mais de três anos”, enumera Raposo.

Para o diretor de ESG e Novos Negócios da AVB, o investimento em sustentabilidade hoje é mais do que uma questão ambiental, é uma questão de sobrevivência no mercado.

“Hoje não tem mais discussão, não se discute mais sobre a existência de problemas climáticos no planeta. Já existem na Europa tarifas de carbono sobre produtos intensivos em emissões de CO2 em implantação como o Carbon Border Adjustment Mechanism (CBAM). A partir de 2030, o aço que for importado pela Europa e que não for verde (baixas emissões de CO2) irá pagar uma tarifa adicional de carbono estimada hoje em torno de 100 euros por tonelada. Esta tarifa de carbono será um diferencial competitivo para as usinas produtoras de aço verde, ao mesmo tempo que impactará negativamente o custo de produção das empresas produtoras de aço de carbono intensivo”, diz

Raposo conclui dizendo que a adoção de políticas públicas de incentivos pelos diversos governos e países, como a disponibilidade de gás natural com preço baixo (gás de transição), biocarbono e de sucata, será fundamental para acelerar a descarbonização do setor siderúrgico.

ECONOMIA

O Estado de S.Paulo - SP   29/05/2023

Ao final da semana da aprovação do projeto do arcabouço fiscal pela Câmara, as telas dos computadores dos analistas do mercado financeiro apontavam taxas de juros para setembro de 2024 em 9,89%. Praticamente quatro pontos porcentuais de corte em pouco mais de um ano.

O otimismo tomou conta do mercado porque o projeto foi aprovado com surpresas de última hora que apertaram os botões, dando mais instrumentos para obrigar o governo a segurar a fome política por aumentar os gastos.

A “surpresa” garantiu ganho a valor presente do impacto da votação da nova regra para os preços do mercado. E ela veio pela votação dos deputados com o placar elevado de 372 votos.

No final de março, antes mesmo de o projeto ter sido apresentado pelo Ministério da Fazenda, a coluna informou o diagnóstico de que o presidente da Câmara, Arthur Lira, iria conduzir um movimento de aperto nas regras. Não era previsão; era apuração.

Na época, foram muitos e-mails e mensagens pelo WhatsApp e comentários de leitores nas redes sociais com ironias do tipo: “Em que mundo vive a colunista? Quando é que parlamentares vão querer gastar menos?”. As razões políticas foram descritas na coluna publicada no dia 24 de março.

Economistas também apontavam ceticismo com essa análise. Não deu outra. A Câmara apertou e o Senado deve apertar mais um pouquinho para deixar sua marca, como sugerem economistas ouvidos pelo Estadão, como o ex-secretário do Tesouro e Orçamento Bruno Funchal.

A redução dos juros futuros foi enfatizada pelo presidente do BC, Roberto Campos Neto, e o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo. Indicado pelo presidente Lula para a diretoria de Política Monetária do BC, Galípolo tem ajudado a puxar o coro de que as condições técnicas estão abertas para a queda dos juros.

O secretário apontou nesta semana que a reoneração dos combustíveis e o arcabouço fiscal têm feito com que o ceticismo do mercado venha sendo gradativamente vencido.

A ida do braço direito do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para o coração do Copom já vem produzido mudanças na comunicação do BC. Com a autonomia do BC, os diretores da instituição terão cada vez mais voz pública independente. Isso já vem acontecendo e, com Galípolo, esse modelo deve se acentuar.

No debate da queda de juros, a definição sobre a meta de inflação daqui para frente é central para o início do corte da taxa Selic. Para definir uma queda de juros, o BC tem de estar seguro de qual é a meta de inflação que vai perseguir.

Isso se o governo não estragar antes os ganhos que teve até agora, como políticas de incentivos para baratear os preços dos carros populares, na contramão do discurso de redução de benefícios de Haddad, e que coloca ainda mais o rico no Orçamento da União. O oposto do que prometeu o presidente Lula, de botar o pobre no Orçamento.

IstoÉ Dinheiro - SP   29/05/2023

O Fundo Monetário Internacional (FMI) projeta que o Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos deverá crescer 1,7% em 2023 e 1,0% em 2024. No quarto trimestre de 2023, o país deverá exibir avanço de 1,2%, na comparação com igual período do ano anterior. Já nos últimos três meses de 2024, também na comparação anual, o avanço deverá ser mais modesto, de 1,1%. As projeções foram divulgadas em publicação de relatório de missão sobre a economia do país, realizada no âmbito do Artigo IV das convenções da instituição.

Em comunicado, o FMI diz que “o grande e rápido” aumento das taxas de juros já praticado pode não ser suficiente para trazer rapidamente a inflação de volta à meta, de forma que o Federal Reserve poderá ter de aumentar os juros mais do que o esperado para retornar a inflação para a meta de 2%. “Do lado positivo, os resultados de crescimento de curto prazo podem ser melhores do que o previsto atualmente. No entanto, isso significaria apenas que a economia desaceleraria mais abruptamente em um estágio posterior (possivelmente em 2024), criando uma recessão à medida que a política monetária mais rígida se consolidasse”.

Olhando para a inflação, a expectativa é que o índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) avance 3,8% em 2023 e 2,6% em 2024. Já o núcleo do mesmo índice deverá subir 4,1% e 2,8%, respectivamente. A taxa de desemprego, por sua vez, deverá crescer lentamente, ficando em 3,8% em 2023 e em 4,4% em 2024.

Teto da dívida

O Fundo Monetário Internacional alerta que o impasse sobre o teto da dívida nos Estados unidos pode gerar um risco “sistêmico totalmente evitável” tanto para os EUA quanto para a economia global. O comentário está em comunicado sobre a conclusão de missão no país, no âmbito do Artigo IV das regras do fundo.

“Para evitar exacerbar os riscos negativos, o teto da dívida deve ser imediatamente elevado ou suspenso pelo Congresso, permitindo que as negociações sobre o orçamento do ano fiscal de 2024 comecem”, indica o relatório do FMI. A entidade também chama atenção para a necessidade de uma solução mais permanente para o impasse “recorrente” e que se “assegure que, uma vez aprovadas as dotações, o espaço correspondente no teto da dívida seja automaticamente disponibilizado para financiar esse gasto”.

Agência Brasil - DF   29/05/2023

Os lucros das indústrias da China caíram nos primeiros quatro meses de 2023, mostraram dados oficiais neste sábado (27), enquanto as empresas continuavam lutando com pressões de margem e demanda fraca em meio a uma recuperação econômica vacilante. Os lucros caíram 20,6% entre janeiro e abril em relação ao ano anterior, em comparação com um declínio de 21,4% nos primeiros três meses, segundo dados do National Bureau of Statistics (NBS).

Somente em abril, as empresas industriais registraram uma queda de 18,2% no lucro ano a ano, de acordo com o NBS, que apenas ocasionalmente fornece números mensais. Os lucros tinham encolhido 19,2% em março.

"No geral, os dados de hoje mostram que as empresas industriais, especialmente as empresas privadas, continuam a ser afetadas por uma combinação de fatores desfavoráveis, como efeito de base, pressão de curto prazo sobre a recuperação econômica e tendência de queda do PPI (preços ao produtor)", disse Bruce Pang, economista-chefe da Jones Lang Lasalle.

As empresas chinesas estão lutando com a fraca demanda em casa e a desaceleração da demanda nos principais mercados de exportação do país.

A deflação do produtor se aprofundou em abril, com o índice de preços ao produtor (PPI) caindo no ritmo mais rápido desde maio de 2020.

A Lenovo, maior fabricante de PCs do mundo, disse esta semana que a receita trimestral e o lucro despencaram em janeiro-março e cortou de 8% a 9% de sua força de trabalho para reduzir custos, já que a demanda global por computadores pessoais (PCs) continuou caindo.

Os produtores de aço e outros metais industriais também estão sofrendo. Os preços das barras de aço usadas na construção atingiram o nível mais baixo em três anos esta semana, e apenas um terço das usinas do país estão operando com lucro, de acordo com a consultoria Mysteel.

Infomoney - SP   29/05/2023

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta sexta-feira que o Brasil está prestes a entrar em um ciclo de queda de juros, ressaltando que a inflação está “mais comportada” e que o câmbio está estável em um patamar mais baixo do que o do início do governo.

“Nós estávamos com a ideia de a essa altura — e estamos prestes a — ter um ciclo de queda da taxas de juros. A inflação está mais comportada, o câmbio está estável em um patamar bem mais baixo do que nós herdamos, as curvas futuras de juros estão caindo, o PIB está sendo revisto para cima”, disse Haddad em entrevista à GloboNews.”, disse Haddad em entrevista à GloboNews.

O ministro ponderou, no entanto, que o hiato entre a queda de juros e a retomada do consumo é uma preocupação para o governo, e por isso foi lançado na véspera um programa para redução de IPI e PIS/Cofins para carros com valor de até 120 mil reais com o objetivo de reaquecer a indústria automotiva.

O atual patamar da taxa básica Selic, em 13,75%, tem sido motivo de duras críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de membros do governo ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. O presidente da autoridade monetária, por sua vez, tem alertado para os níveis ainda preocupantes da inflação.

O Estado de S.Paulo - SP   29/05/2023

Não é todo dia que o presidente da República e seu vice publicam um artigo no jornal. O tema, a desindustrialização e o que fazer a respeito, é de grande importância e merecedor de um debate construtivo. Com esse espírito, apresento aqui algumas considerações.

A produção industrial representa apenas 16% do PIB global e vem caindo em toda parte, a favor do setor de serviços. Mesmo na China, pulmão da manufatura global, a indústria é responsável por apenas 27% do PIB, tendo chegado a 32%.

No caso do Brasil, a queda foi brutal: de um pico de 24% do PIB nos anos 80 a 10% hoje. Em relação à indústria global, a fatia do Brasil está em 1,4%, número bem inferior aos 2,3% da nossa fatia do PIB global.

A queda é ainda mais relevante porque de longa data o setor tem se beneficiado de inúmeros subsídios, destacando-se crédito via BNDES, proteção contra a concorrência estrangeira e incentivos tributários. Ocorre que, na prática, essa estratégia de proteção à indústria nascente e substituição de importações acabou se perenizando e condenando o setor a um círculo vicioso de atraso tecnológico, que dura até nossos dias. O exemplo mais conspícuo é o da indústria automobilística, que vem se modernizando, mas ainda tem dificuldade em exportar para os grandes mercados do mundo.

Ao mesmo tempo em que a indústria recebia vantagens, consolidou-se a sua posição como de longe o setor mais tributado. A partir do início dos anos 90 algumas das vantagens foram sendo removidas, como barreiras à importação e crédito subsidiado, o que confirmou o receio histórico do setor de perder as benesses sem a compensação de uma redução do chamado Custo Brasil (a miríade de dificuldades e custos que afetam a produção).

A reforma tributária ora em pauta será uma oportunidade de ouro para se retificar essa sobrecarga relativa. Os benefícios ao setor industrial irão além de uma eventual redução da carga: com uma alíquota uniforme e um só conjunto de regras (hoje são 27, uma loucura), a produtividade da indústria aumentará deveras.

O presidente e seu vice apontam corretamente a necessidade de se aprovar a reforma e também de se reduzir o Custo Brasil. Creio que seja esse o ponto mais forte do artigo. Mas não será fácil. O quadro fiscal precário impede uma redução da carga tributária total da economia. Uma redução para a indústria viria às custas do setor de serviços, o maior e menos tributado, que tem manifestado feroz resistência à reforma da tributação indireta. Em breve saberemos se esse desafio político será superado.

Um componente de peso no Custo Brasil são as taxas de juros elevadíssimas que vigoram no país. Sendo o governo de longe o maior devedor da economia, vem em boa hora o novo arcabouço fiscal, um passo na direção certa. Se aprovado e cumpridas as metas para o saldo primário, ganhar-se-á algum tempo para a construção de um regime fiscal robusto, que deixe no passado um histórico de frequentes crises macroeconômicas.

Alguns itens da lista de demandas mais horizontais e modernas do setor vêm sendo atendidos, com destaque para a reforma trabalhista (hoje ameaçada). Nesse campo, é bom que se tenha em mente que o setor industrial não é um grande gerador de empregos. Na verdade, o Brasil carece de mão de obra qualificada, espelho da dificuldade que temos tido em melhorar a qualidade da educação, em especial a pública.

O artigo dedica maior espaço ao tema do resgate da política de escolhas setoriais. O reativado Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial “dará missões à indústria”. Deus sabe quais e como. Trata-se de uma ideia velha com nova roupagem. O artigo menciona complexidade e diversidade na economia, resiliência, conteúdo nacional e setores estratégicos, temas pomposos que precisam ser debatidos em profundidade. Claramente o espectro do desenvolvimentismo fracassado está de volta.

Não se trata para mim de uma questão de princípios. Preocupa a intenção de outra vez tentar no Brasil apenas parte de um modelo asiático que funcionou graças aos elevados investimento e poupança, e aos sucessos na educação e na produção para exportação. Uma estratégia que dependa de alta taxa de poupança e pouca proteção social claramente não é para nós.

Tenho defendido desde sempre a reforma tributária e a guerra ampla contra o Custo Brasil, como proposto no artigo. Creio ser importante também priorizar políticas voltadas para imperativos ambientais, sociais e outros genuinamente estratégicos, mas sempre a partir de um cálculo de benefício e custo social rigoroso e com transparência para permitir avaliação independente. Infelizmente, vejo aqui sinais de alto risco de repetição de erros do passado, inclusive recentes. Todo cuidado é pouco.

O Estado de S.Paulo - SP   29/05/2023

Após mais de sete anos operando com ociosidade, a economia brasileira superou enfim a sua capacidade máxima produtiva em 2022, fechando assim o hiato do produto — diferença entre o Produto Interno Bruto (PIB) corrente e o PIB potencial. No entanto, o fenômeno ocorreu por uma estagnação dessa capacidade produtiva, e não de um avanço mais contundente da demanda. Os cálculos são de um estudo do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).

O hiato do produto mede o espaço que o PIB tem para se expandir sem que estimule uma inflação de demanda: quando está negativo, significa que há ociosidade; quando está positivo, significa uma demanda maior do que a capacidade de produção.

Em território negativo desde 2015, o hiato voltou ao positivo apenas no segundo trimestre de 2022, a 0,5%. O indicador acelerou a 1,8% no terceiro trimestre de 2022, arrefecendo a 0,4% no quarto trimestre do ano passado. Até então, a última vez que o hiato mostrara um resultado positivo foi no quarto trimestre de 2014, de 0,7%.

No entanto, o hiato do produto positivo não é um sinal de aquecimento da economia brasileira, mas é explicado, em grande parte, pela estagnação do produto potencial, depois de 40 anos de crescimento no longo prazo, defendem os pesquisadores Claudio Considera, Elisa Andrade e Juliana Trece, autores do estudo do Ibre/FGV.

“É a falta de oferta”, escreveram os pesquisadores.

A economia brasileira permaneceu rodando com capacidade ociosa por 29 trimestres consecutivos. O pico da ociosidade ocorreu no segundo trimestre de 2020, quando o hiato estava em -14,7%, devido ao choque provocado pela pandemia de covid-19, mas a economia já mantinha capacidade ociosa desde a recessão econômica anterior, que se estendeu de 2014 a 2016.

O PIB potencial cresceu anualmente, em média, 2,73% entre 1982 e 2014. Desde a recessão, entre 2014 e 2022, esse crescimento médio arrefeceu para apenas 0,23% ao ano.

“O que eu chamo a atenção é que ele só está positivo porque o produto potencial (PIB potencial) parou de crescer. Se ele viesse no padrão dele, de 2,7% ao ano, como ele tinha crescido até 2014, não teria esse problema, ainda teríamos um hiato negativo. A economia está operando agora acima da capacidade potencial, mas não porque esteja aquecida, mas porque o produto potencial estagnou. Isso não é uma coisa normal.”, avaliou Claudio Considera, coordenador de Contas Nacionais do Ibre/FGV.

A estagnação da capacidade produtiva no País é decorrente de uma menor participação da população no mercado de trabalho e da falta de investimentos no capital produtivo, justificou.

O levantamento da FGV se baseia no PIB efetivo divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e estima o PIB potencial através da produtividade total dos fatores, que considera a capacidade instalada de capital e a utilização da oferta de mão de obra.

“Não cresce por quê? Porque não tem investimento em capital, e o trabalho não voltou”, resumiu Considera sobre a situação do PIB potencial.

Pelo lado do trabalho, apesar da recuperação no emprego, o Brasil ainda tem milhões de inativos — pessoas que não trabalham nem buscam uma vaga — a mais do que no pré-pandemia. A proporção de pessoas em idade de trabalhar (com 14 anos ou mais) que efetivamente participa do mercado de trabalho (seja trabalhando, seja procurando emprego) encerrou o primeiro trimestre de 2023 em 61,6%, patamar inferior ao registrado no primeiro trimestre de 2019, de 63,4%.

O fenômeno de aumento da inatividade é generalizado, afetando todas as faixas etárias, conforme os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) apurados pelo IBGE. O estudo da FGV lembra ainda que houve mais de 700 mil vidas perdidas para a covid-19 no País, “sem contar as várias pessoas com sequelas tornando-se pouco produtivas”.

Quanto à capacidade instalada de capital, Considera acredita que, além da ociosidade elevada persistente, o ambiente de incertezas políticas e econômicas nos últimos anos desestimulou novos investimentos.

“Assim não tem como dar confiança a investidor. O investidor prefere estar ganhando dinheiro fazendo outra coisa, apostando no mercado financeiro, comprando títulos do banco, que pelo menos dá 13% ao ano”, opinou o pesquisador.

O hiato entre o PIB efetivo e o PIB potencial é um dos elementos acompanhados pelo Banco Central para determinar os rumos da política monetária no País, já que indica a capacidade que a atividade econômica tem para crescer sem que gere pressões inflacionárias.

O resultado do estudo colocaria em xeque a tese do BC de que a inflação estaria pressionada como consequência de uma demanda aquecida, acreditam os pesquisadores.

“A partir disso, conclui-se que o hiato do produto positivo ou mesmo um pouco negativo que se tem observado no período recente, deriva não de um excesso de demanda, mas da falta de oferta”, escrevem os autores no estudo.

“Nesse contexto, é necessário se perguntar se a política monetária é o instrumento mais adequado para mitigar o processo inflacionário que temos observado e que está demorando a ceder, dada a alta taxa de juros por longo período.”

O IBGE divulga na próxima quinta-feira, 1º de junho, os resultados do PIB do primeiro trimestre de 2023.

Globo Online - RJ   29/05/2023

Em vigor no Brasil desde 1999, o sistema de metas de inflação pode passar pela sua primeira mudança estrutural no terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Crescem as expectativas de que, na próxima reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), em junho, o país abandone a meta definida para o chamado ano-calendário, ou seja, de janeiro a dezembro, e passe a ter como referência prazos não definidos, em uma espécie de “meta contínua”.

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Na prática, o Banco Central (BC) buscará sempre atingir a meta em um período entre 12 a 18 meses à frente, sem pensar mais em alcançar o objetivo no calendário fixo entre janeiro e dezembro de cada ano.

A mudança colocará o Brasil mais próximo de países que também adotam o sistema de metas no mundo. Segundo estudo feito pelo atual diretor de Política Econômica do BC, Diogo Guillen, de 26 países pesquisados, apenas o Brasil e a Tailândia seguem prazos definidos pelo ano-calendário, informou esta semana o blog da colunista do GLOBO Míriam Leitão.

O sistema de metas de inflação foi criado na Nova Zelândia, em 1989. No início, o BC neozelandês buscava levar a inflação para entre zero e 2% no médio prazo. A meta atual é um intervalo entre 1% e 3%.O Federal Reserve, o BC americano, busca inflação em torno de 2%, a ser alcançada “ao longo do tempo”.O Banco Central Europeu (BCE) adotou, em 2021, uma meta de 2%, a médio prazo.Países em desenvolvimento, como Chile, Colômbia e México, têm meta de inflação em torno de 3%.

Na última semana, tanto o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, quanto o presidente do BC, Roberto Campos Neto, defenderam rever o uso do ano-calendário como referência. O CMN é composto por Haddad, Campos Neto e pela ministra do Planejamento, Simone Tebet. No mercado, a alteração em junho já é dada como certa.

Mas não é só o prazo de referência que é alvo de críticas por parte dos economistas nos parâmetros usados pelo BC. Entre os países que adotam sistemas de metas de inflação, há variações em pelo menos dois outros aspectos: a meta de inflação em si e as sondagens usadas para medir as expectativas de inflação.

No Brasil, o sistema de metas foi implementado em 1999, no segundo mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Quando o regime cambial usado desde o início do Plano Real foi abandonado, houve uma maxidesvalorização do real e cresceu o temor da volta da hiperinflação.

Com Arminio Fraga à frente do BC, a opção foi usar o método criado dez anos antes na Nova Zelândia e que passou a ser recomendado por organismos internacionais como o Fundo Monetário Internacional (FMI). O sistema de metas de inflação é hoje referência para as principais economias do mundo, como EUA, Reino Unido, países da zona do euro, Japão, Austrália e Canadá.

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A lógica do modelo é ter um controle mais efetivo das expectativas de inflação. Quando o BC recebe um mandato em que é obrigado a levar a inflação a um determinado patamar, os agentes econômicos passam a incorporar esse número nas suas projeções. E isso torna mais fácil para o BC controlar a inflação, evitando aperto maior nos juros para desacelerar a economia.

Segundo estudo divulgado em janeiro pelo FMI, esse controle das expectativas fez com que a inflação tivesse forte queda logo nos três primeiros anos após a adoção do modelo em 11 países pesquisados, incluindo o Brasil. Por isso é tão importante, além do prazo e da meta da inflação em si, o controle das expectativas dos agentes econômicos.

Sem efeitos pontuais

O economista Sérgio Werlang, ex-diretor de Política Econômica do BC e um dos “pais” do sistema de metas no Brasil, diz que é “natural” um aprimoramento do regime e defende a adoção da meta contínua:

— É bem-vindo acabar com o ano-calendário. Assim, a cada mês, olhando para os 12 meses para trás, o BC verifica se está dentro do intervalo. Se não estiver, continua apertando a política monetária. Acho muito melhor do que ter uma data específica, pois pode haver alguma questão conjuntural que fez cair muito ou subir muito (a inflação) naquele último mês.

No Brasil, a meta de inflação estipulada para este ano é de 3,25%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Com a inflação acumulando alta de 4,18% em 12 meses até abril, o BC tem alegado que é preciso que as expectativas do mercado convirjam para a meta antes de baixar os juros, atualmente em 13,75% ao ano.

Na Nova Zelândia, quando foi criado, o banco central do país buscou levar a inflação para uma meta entre zero e 2% no chamado “médio prazo”, ou seja, sem data definida. Desde então, a principal alteração aconteceu nas margens da meta em si, que atualmente precisam estar entre 1% e 3%.

Já o Banco Central Europeu (BCE) passou a adotar, a partir de 2021, um sistema em que busca uma inflação “estrita” em 2%, também no chamado “médio prazo”. Desde 2003, a instituição adotava a premissa de uma inflação “abaixo, mas perto de 2%”.

Nos EUA, em agosto de 2020, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) definiu que seu parâmetro de inflação seria de 2% “em média”, o que deveria ser alcançado “ao longo do tempo”, ou seja, com grande flexibilidade para atingir a meta. Antes, o Fed não buscava um número específico, mas informalmente os economistas entendiam uma taxa ao redor de 2%.

Luis Otávio Leal, economista-chefe da G5 Partners, também concorda com aprimoramentos no sistema de metas do Brasil. Mas pondera que não seria prudente elevar a meta, como chegou a sugerir o presidente Lula em janeiro:

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— No caso do Brasil, é muito melhor estabelecer uma determinada meta no horizonte da política monetária, que seria em mais ou menos 18 meses. Acho que deixar uma meta maior, de 4%, por exemplo, em algum lugar do tempo, é muito frouxo, o mercado não iria gostar. A partir do momento em que você não diz o prazo, há uma flexibilidade muito grande, sem dizer que está descumprindo.

Críticas ao Focus

Outra discussão em torno do sistema de metas é o “peso” dado ao Boletim Focus como fonte para o BC sobre as expectativas de inflação. A crítica é que o relatório semanal com a média das projeções de cerca de cem instituições financeiras, como bancos e consultorias, representaria só a “Faria Lima” e poderia estar superestimando a inflação para beneficiar rendimentos com a alta dos juros.

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Campos Neto diz que há estudos para incorporar projeções de empresários, mas nega a tese de que o mercado joga a previsão de inflação para cima propositalmente. Em entrevista recente à GloboNews, ele lembrou que, nos EUA e também aqui no Brasil, há sondagens de inflação com consumidores que geralmente trazem números mais altos do que os do mercado.

Viés nas expectativas

Já Tony Volpon, ex-diretor do BC, avalia que as expectativas dos agentes econômicos podem ser “enviesadas” dependendo do contexto macroeconômico. A lógica é simples: períodos de otimismo geram expectativas positivas, e os de pessimismo levam às negativas:

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— Quando você passa por um período de inflação muito alta, normalmente as expectativas ficam exageradas. Então, o BC poderia reconhecer que há um certo viés no que o Focus está projetando e ter uma visão mais crítica sobre isso.

Ele vê como necessária uma reforma do Focus, tomando como referência o Fed, dos EUA, que usa um indicador comum de expectativas, reunindo diferentes setores, e não só o mercado financeiro. Na lista estão também as expectativas de consumidores, empresários e acadêmicos.

Embora o Focus não seja restrito — qualquer instituição especializada pode enviar projeções ao BC —, a maioria dos agentes que alimentam o relatório é do mercado financeiro. A lista não é pública.

De todo modo, o BC tem enfatizado que observa, primordialmente, as seguintes dimensões para determinar a política monetária: inflação corrente, capacidade de o país crescer sem gerar inflação e expectativas inflacionárias.

João Victor Issler, professor da FGV EPGE, discorda de que haja “superestimação” das expectativas de inflação por parte do BC na hora de definir os juros. Para ele, o histórico recente mostra o contrário:

— A base de dados do Focus tem sido usada em diversos estudos. Em minha experiência com essa base, existe de fato um viés quando usamos a mediana das expectativas dos agentes e confrontamos com a inflação observada. Os agentes econômicos na base Focus subestimam a inflação.

MINERAÇÃO

Infomoney - SP   29/05/2023

Os contratos futuros de minério de ferro devem encerrar a semana com perdas, apesar de um movimento de recuperação nesta sexta-feira, pressionados pela piora das perspectivas de demanda na China, maior produtora mundial de aço, devido a uma desaceleração sazonal na construção.

O contrato de referência do ingrediente siderúrgico de junho na Bolsa de Cingapura subia 4%, a 99,55 dólares a tonelada, depois de ter recuado 1,8% para 94 dólares no início do dia, atingindo seu ponto mais fraco desde novembro. Na comparação com a semana passada, a perda foi de mais de 5%.

O minério de ferro mais negociado em setembro na Dalian Commodity Exchange da China chegou a cair até 2,5%, para 665,50 iuanes (96,28 dólares) a tonelada, o nível mais fraco desde 2 de dezembro, antes de encerrar as negociações diurnas com alta de 4%, a 709,50 iuanes. A queda foi de 3,5% nesta semana.

Fornecendo algum suporte aos preços do minério de ferro, a consultoria da indústria e provedora de dados Mysteel relatou um aumento na taxa de utilização da capacidade do alto-forno entre 247 siderúrgicas chinesas cobertas em sua pesquisa semanal.

A Mysteel disse que a taxa subiu pela segunda semana consecutiva para 89,93% entre 19 e 25 de maio, mais 0,8 ponto percentual em relação à semana anterior, já que algumas usinas no norte da China reiniciaram os altos-fornos após trabalhos de manutenção.

Mas as perspectivas gerais do mercado permanecem pessimistas.

Espera-se que a típica desaceleração do verão na construção na China a partir de junho reduza a demanda por aço.

O cenário econômico decepcionante da China, com os dados mais recentes indicando uma recuperação pós-Covid vacilante, e as limitações esperadas para este ano na produção doméstica de aço em linha com a meta de descarbonização também reduziram os preços do minério de ferro.

Money Times - SP   29/05/2023

A Vale (VALE3) está sensível com a volatilidade no exterior. Exposta ao minério de ferro, as ações da companhia acumularam na semana uma queda de 4,16%, apesar da alta de 2,28% nesta sexta-feira (26).

A forte correção nos preços da matéria-prima siderúrgica jogaram os papéis da mineradora para o patamar de R$ 65-66. Mas não é de hoje que o mercado tem discutido sobre a normalização da commodity, que aproveitou no início do ano um rali movido especialmente por especulação.

Bancos como o Bank of America (BofA) e o UBS BB sinalizaram meses atrás que os níveis do minério de ferro a US$ 130/tonelada não eram sustentáveis, antecipando uma correção do mercado.

A Genial Investimentos, que também estava cética quanto aos preços com que a commodity era negociada, via que o caminho natural para os preços era para baixo. Segundo a corretora, a consolidação de alguns fatores na China deve frear a trajetória altista dos preços e inverter o sentido das curvas a partir da segunda metade de 2023.

Pelas projeções da Genial, o minério de ferro ficará abaixo da barreira dos US$ 100/tonelada a partir do segundo semestre de 2023.

Início de ano fraco

Outro fator que botou pressão nas ações da Vale foi a divulgação de números mais fracos no início do ano. Em abril, a companhia soltou seu habitual relatório de produção e vendas trimestrais, antecipando resultados menores de janeiro a março de 2023 em relação a períodos passados.

Dito e feito: o lucro líquido das operações continuadas da Vale atingiu US$ 1,87 bilhão no primeiro trimestre, tombo de 58% em relação ao valor reportado no mesmo período do ano passado, de US$ 4,47 bilhões.

Com vendas menores, a receita líquida da companhia totalizou US$ 8,43 bilhões no primeiro trimestre, recuo de 22% no comparativo anual.

Enquanto isso, o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado das operações continuadas totalizou US$ 3,57 bilhões, ante os US$ 6,21 bilhões apresentados um ano antes. O resultado mais fraco da linha reflete menores preços realizados de finos de minério de ferro e pelotas e menores vendas de finos de minério de ferro, além de maiores custos.
Dividendos vão secar?

Os dividendos das empresas brasileiras caíram no primeiro trimestre, com o impacto maior vindo da Vale, mostra a edição 38 do Janus Henderson Global Dividend Index, estudo que mapeia as tendências de dividendos a nível global.

A mineradora cortou US$ 1,8 bilhão em dividendos no período. O corte foi a maior redução no pagamento de dividendos em todo o mundo, revela o levantamento.

Em geral, a redução dos dividendos do setor de mineração trouxe impacto significativo no crescimento dos dividendos globais.

Segundo a Janus Henderson, os dividendos da mineração caíram em um quinto no primeiro trimestre, compensando os aumentos dos bancos e dos produtores de petróleo. A queda nos pagamentos aos acionistas do setor, explica, reflete preços menores de commodities.

Mais cortes devem ser realizados nos próximos meses pelas mineradoras espalhadas pelo mundo, avalia a gestora.

Fernando Siqueira, head de research da Guide Investimentos, também desenha um cenário mais fraco para os dividendos da Vale. Com a queda nos preços do minério de ferro, o lucro a ser reportado será menor, o que consequentemente afetará o valor a ser distribuído pela empresa.

O que fazer com as ações?

Pela perspectiva de proximidade da queda dos juros, a Guide avalia que outros setores parecem mais atrativos que as ações expostas a commodities.

“Tem muita ação que sofreu muito quando os juros subiram e, com a expectativa de queda dos juros, elas podem se beneficiar. Isso acaba sendo um ponto negativo, em termos relativos, para a Vale”, afirma Siqueira.

Apesar de ver para a Vale pouco espaço para novas quedas, a corretora está concentrando as posições de seus portfólios em ativos mais direcionados à economia doméstica.

Raphael Citron, gerente de renda variável da Porto Asset Management, acredita que o cenário de curto prazo deve continuar desafiador para a companhia. No entanto, avalia que, para investidores focados no médio/longo prazo, a ação continua sendo uma boa opção.

“A Vale tem um custo de extração de minério comparativamente mais baixo, então ela consegue passar por períodos de maré mais baixa confortavelmente. A dívida da empresa é baixa para o tamanho dela”, explica.

“Além disso, a empresa tem o negócio de metais básicos que deve se beneficiar da busca por uma matriz energética mais limpa. A estratégia da empresa é a de destravar valor nesse segmento, então podemos ter algumas notícias boas nesse quesito”, completa Citron.

Nesta semana, o Credit Suisse reafirmou a recomendação de “outperform” (desempenho esperado acima da média do mercado, equivalente a “compra”) para os ADRs (American Depositary Receipts) da Vale (VALE). O banco suíço entende que a Vale está melhor posicionada que os pares para se beneficiar do processo de descarbonização da indústria nos próximos anos.

Máquinas e Equipamentos

O Estado de S.Paulo - SP   29/05/2023

Na lista das marcas chinesas mais influentes no mundo, a Hisense, fabricante de televisores e eletrodomésticos, acaba de desembarcar no Brasil disposta a incomodar a concorrência. Ainda desconhecida da maioria dos brasileiros, a empresa faz sua estreia com produtos premium, produzidos na Europa e na China. Mas o objetivo é começar a produzir no mercado local. A expectativa é que, no caso das TVs, a produção comece até o fim do ano.

A vitrine escolhida pelo grupo chinês, que faturou globalmente US$ 27,5 bilhões no ano passado, para tornar a sua marca conhecida no País foi as lojas físicas da Via, dona da Casa Bahia e do Ponto. Desde março, a Hisense está vendendo refrigeradores, cooktops, fornos elétricos, lavadoras lava e seca e aparelhos de ar condicionado em 38 lojas físicas da Via no Estado de São Paulo - ainda não vende TV.

A meta da empresa é ambiciosa. O objetivo é ficar entre as cinco maiores fabricantes de eletroeletrônicos no País o mais rápido possível e fazer do Brasil o segundo maior mercado do grupo nas Américas, atrás apenas dos Estados Unidos. “Chegamos muito tarde ao Brasil”, diz o vice-presidente da Hisense no Brasil, o esloveno Matjaz Cokan.

Segundo ele, a complexidade tributária, o fato de o Brasil ser muito fechado e a pandemia retardaram a entrada no mercado local. Os concorrentes, tanto em televisores como em eletrodomésticos da linha branca, que incluem geladeiras e lavadoras, estão com marcas consolidadas no País. “Temos de fazer um trabalho forte para alcançá-los o mais breve possível.”

Apesar de o grupo ser pouco conhecido dos brasileiros, a empresa está presente em 160 países, tem 31 parques industriais e mais de 100 mil funcionários, operando com várias marcas, como Toshiba, Hitachi, ASKO, Gorenje, York VRF e Sand, por exemplo.

Foi fundada em 1969 pelo governo de Qingdao, na China, onde fica a sede. Além da participação estatal, tem capital aberto nas bolsas de Shanghai, Shenzhen, Hong Kong e Tóquio. No ano passado, a receita global de vendas, de US$ 27,5 bilhões, cresceu 4,55% sobre o ano anterior. O faturamento das operações no exterior atingiu US$ 11,2 bilhões.

No Brasil, antes dessa parceria com a Via, que não prevê exclusividade, produtos da Hisense podiam ser encontrados em marketplaces e em alguns locais, como Carrefour, que importavam o produto. Como não havia assistência técnica nem atendimento ao cliente, alguns consumidores tiveram problemas.

Desta vez, no entanto, a empresa está presente no País. Nos pontos de venda, há promotores da fabricante chinesa para explicar o diferencial dos produtos, que não são mais baratos do que os da concorrência. Mas, segundo o vice-presidente, têm boa relação entre custo e benefício, como motor inverter em todos os eletrodomésticos. Isso permite economizar energia.

Uma lava e seca da empresa pode custar R$ 4.599,00 e um refrigerador inverter Bottom Freezer R$ 6.499,00. Num primeiro momento, os eletrodomésticos serão importados, alguns da China e outros da Europa. “Estamos começando com os produtos premium, cujos concorrentes também importam, e, com isso, conseguimos competir”, diz o vice-presidente.

A médio prazo, quando a fabricação for local, a intenção é ter também eletrodomésticos mais populares. A empresa tem planos para fabricar no Brasil os produtos da linha branca, mas não revela quando será, quanto pretende investir e se planeja erguer uma fábrica ou comprar alguma já existente. “Estamos estudando as possibilidades”, diz Cokan. O projeto depende da aceitação dos produtos pelo mercado, que começa a ser testada neste momento.

Produção local

No caso da produção de TVs, os planos estão mais avançados. A produção local com a marca Hisense está prevista para começar até o final deste ano. Serão televisores com painéis LCD/LED, com recursos para amantes do futebol e dos videogames, dois públicos estratégicos para a marca globalmente.

Cokan não revela o caminho escolhido para a produção local de televisores, mas deixa entreaberta a possibilidade de que a parceria com a Multi para a produção de TVs com a marca Toshiba possa ser estendida para TVs da marca Hisense.

Apesar de ter chegado só agora ao País com a marca Hisense, desde 2021 o grupo chinês vende televisores com a sua tecnologia sob a marca japonesa Toshiba, que é conhecida dos brasileiros. Em 2018, a empresa comprou o direito de uso da marca Toshiba e fechou uma parceria com o grupo Multi para a produção em Manaus (AM) dos televisores. “Foi o jeito de entrar no Brasil com uma marca já conhecida”, diz o executivo.

No primeiro ano completo de operação, as TVs Toshiba conquistaram entre 2% e 3% do mercado de televisores, uma fatia considerada expressiva pelo vice-presidente. A chegada das TVs Hisense ao varejo está prevista para coincidir com a Black Friday, que ocorre em novembro, e é um ponto alto de vendas para os setor.

O caminho para conquistar o mercado brasileiro não será fácil. Hoje, de acordo com a empresa de pesquisa de mercado Omdia, a Samsung lidera mundial, e também o mercado local, com participação de mais de 30%. Além de enfrentar a sul-coreana, a Hisense também terá de concorrer com LG e TCL. Mas a marca poderá aproveitar o vácuo de mercado deixado pela Sony, que saiu do mercado de televisor no Brasil em 2021.

Para Fernando Baialuna, diretor de varejo da GfK no Brasil, apesar da complexidade tributária do Brasil para multinacionais, o mercado está bem posicionado no contexto global para a entrada de novas empresas nos segmentos de linha branca e televisores. O especialista diz que mercados emergentes têm uma demanda reprimida de consumo de eletroeletrônicos que, no País, pode ser resolvida com o aumento da concessão de crédito no varejo.

“Há uma expansão das empresas asiáticas para algumas categorias em toda a América Latina e também na África. É um movimento natural de busca por novos mercados. Como o mercado europeu está em um momento complicado, a América do Sul se torna atrativa, especialmente o Brasil, a Colômbia, o Chile e a Argentina”, diz.

Baialuna destaca que o ambiente econômico atual é positivo para a produção e venda de televisores no País. “No primeiro trimestre de 2023 em relação a igual período em 2022, o crescimento em volume de vendas de TVs foi de 7,4%. Em valor, foi de 1,1%, ou seja, o preço médio dos produtos vem caindo. A taxa de câmbio está controlada hoje, assim como as commodities. É um cenário melhor para trabalhar o preço. Os televisores crescem nesse cenário”, afirma.

Na estimativa da consultoria Statista, o setor de televisores no Brasil terá receita de R$ 20 bilhões em 2023. No País, uma pessoa a cada vinte compra um televisor por ano, acima da média global, que é uma a cada 33.

No mercado global, há uma guerra de narrativas sobre o ranking de vendas de TVs. A Hisense diz ser a segunda maior marca de televisores, afirmação também feita pela rival TCL, enquanto outros dados mostram que a segunda colocada é a LG. De acordo com Ken Park, gerente sênior de pesquisa para dispositivos de consumo da Omdia, a Hisense é a segunda colocada no mercado global quando considerado o volume de vendas total, incluindo a marca Toshiba. Sem a Toshiba, quem assume o posto é a TCL. Já a LG aparece como segunda colocada no ranking de 2022 em termos de receita, o que indica um maior preço médio pago pelos consumidores que compram produtos da marca.

Modelo mexicano

A entrada no Brasil repete a fórmula usada pela empresa no México. Lá inicialmente os produtos foram importados até a companhia tomar pé do mercado. A empresa levou cerca de dois anos para abrir a primeira fábrica. Mas hoje tem quatro plantas no México que abastecem também os Estados Unidos e Canadá. Em TVs, a Hisense é a segunda mais importante no México, diz o executivo.

O grande desafio da companhia no Brasil no momento é fazer a marca conhecida num mercado que é muito grande, mas muito concentrado em empresas globais. Thaís Nogueira, gerente de marketing da Hisense, lembra que globalmente a companhia é muito voltada ao esporte para se fazer conhecida, além dos games, no caso da TVs.

A Hisense patrocinou as duas últimas Copa do Mundo da Fifa. Também é patrocinadora do time de futebol Paris Saint-Germain, da Eurocopa, da NBA (EUA). “No Brasil, temos algumas coisas de olho e o esporte é o caminho para a divulgação da marca”, afirma a executiva.

O presidente da Eletros, José Jorge do Nascimento, vê potencial no mercado de eletroeletrônicos para a chegada de novos fabricantes. “Há no Brasil muito espaço a ser ocupado.” Nascimento lembra que o mundo está com problemas de consumo. Em países, como Índia e Brasil, com mercados muito grandes atraem os estrangeiros. No primeiro trimestre deste ano, as vendas de TVs no mercado brasileiro cresceram 21% e as de linha branca tiveram alta de 10%, segundo a Eletros. Mesmo assim, não recuperaram o nível pré-pandemia.

TVs de custo-benefício

No exterior, a Hinsense vende televisores como os integrantes da linha chamada Hisense U8H Series. Os aparelhos com tecnologia de tela LCD/LED, segundo avaliação do The New York Times, oferecem fidelidade de cores e taxa de brilho de produtos que chegam a custar duas vezes mais.

As TVs da empresa utilizam o sistema operacional Google TV e são compatíveis com os principais aplicativos de streaming de vídeo, como Netflix, Disney+ ou Amazon Prime Video. Nos Estados Unidos, os produtos custam US$ 900.

AUTOMOTIVO

Money Times - SP   29/05/2023

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta sexta-feira que o programa de desoneração de veículos anunciado esta semana pelo governo terá curta duração e que seu objetivo é estimular as vendas no setor até que os juros comecem a cair, o que ele estimou estar prestes a acontecer.

Em entrevista à GloboNews, Haddad também reforçou a defesa da adoção de uma meta de inflação contínua e, sobre a polêmica em torno da licença para a Petrobras atuar na região da Margem Equatorial, disse que o governo precisa compatibilizar preservação da área ecologicamente sensível com a exploração pela estatal.

Durante a entrevista, Haddad qualificou o programa voltado para o setor automotivo como “tópico” e disse que ele vai durar três ou quatro meses, para segurar o fechamento de fábricas no Brasil.

“Não é um programa de longo prazo, é um programa tópico, de alguns meses este ano, eu tenho certeza que nós vamos retomar o financiamento com o ciclo de queda da taxa de juros”, disse Haddad.

Questionado sobre as críticas ao programa automotivo que apontam para a renúncia fiscal do governo justamente em um momento de acerto de contas para a entrada em vigor do novo arcabouço fiscal, Haddad afirmou que a renúncia fiscal final com o programa pode não chegar a um quarto dos 8 bilhões de reais já estimados por especialista –ou seja, pode ficar abaixo de 2 bilhões de reais. Ele acrescentou que a sua equipe deve fechar o cálculo desse custo até a semana que vem.

Na quinta-feira, o governo anunciou a intenção de reduzir IPI e PIS/Cofins para carros com valor de até 120 mil reais, em uma negociação com a indústria automotiva que poderá levar a quedas entre 1,5% e 10,96% no preço ao consumidor, a depender da eficiência energética, valor do veículo e grau de nacionalização da produção.

A previsão da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) é de que o carro mais barato produzido no Brasil, que hoje custa em torno de 70 mil reais, possa cair para menos de 60 mil reais.

Haddad disse que o Brasil está prestes a entrar em um ciclo de queda de juros e que a preocupação do governo é lidar com o que chamou de “hiato”, até que o consumo seja retomado. Ele ressaltou que a inflação está “mais comportada” e que o câmbio está estável, em um patamar mais baixo do que o do início do governo.

“Nós estávamos com a ideia de a essa altura — e estamos prestes a — ter um ciclo de queda da taxas de juros. A inflação está mais comportada, o câmbio está estável em um patamar bem mais baixo do que nós herdamos, as curvas futuras de juros estão caindo, o PIB está sendo revisto para cima”, disse Haddad.

O atual patamar da Selic, de 13,75% ao ano, tem sido motivo de duras críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de membros do governo ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. O presidente da autoridade monetária, por sua vez, tem alertado para os níveis ainda preocupantes da inflação.

Meta contínua

Haddad também voltou a defender, durante a entrevista, a adoção de uma meta de inflação contínua no Brasil, no lugar dos objetivos anuais fixos estabelecidos no modelo atual, e afirmou que a alternativa está “angariando apoio”.

Haddad ponderou, contudo, que uma eventual mudança na sistemática do regime de metas ainda terá que ser discutida com os demais membros do Conselho Monetário Nacional (CMN) –a ministra do Planejamento, Simone Tebet, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto–, além de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O CMN deve definir a meta de inflação de 2026 em sua reunião de junho e há uma expectativa crescente de que o colegiado também aprove uma mudança no horizonte da meta.

Na entrevista, Haddad afirmou que a inflação no Brasil pode chegar a 5,5%, mas jamais chegará novamente ao que ocorreu no passado recente, quando superou os 10%.

Em 2021, durante o governo de Jair Bolsonaro, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou taxa de 10,06%, bem acima da meta de 3,75% perseguida naquele ano pelo Banco Central.

Haddad afirmou ainda que o Brasil vai crescer 1,7% ou 1,8% em 2023, acrescentando que “os mais otimistas”, como ele próprio, acreditam que o Produto Interno Bruto (PIB) pode bater os 2%.

Exploração na foz do Amazonas

Em outro momento da entrevista, Haddad afirmou que é preciso haver esforço para avaliar se é possível compatibilizar a preservação do ecossistema com a exploração de petróleo pela Petrobras na região da foz do rio Amazonas.

Segundo ele, o Ministério do Meio Ambiente faz muito bem em zelar pelo patrimônio ambiental, mas ressaltou que existem atualmente tecnologias para proteção ecológica, e que a Petrobras está disposta a dar todas as garantias de que isso ocorreria.

De acordo com o ministro, a estatal tem conhecimento sobre a região e não estaria chegando no local agora.

“Temos cientistas muito capazes de oferecer os melhores pareceres para que a decisão seja tomada com muito embasamento”, afirmou.

“Aquela região do país é muito impressionante, e o Brasil e as empresas têm suas prerrogativas de exploração. É possível compatibilizar? Não sou eu que vou responder, mas tem que ser tentado um esforço de verificar as melhores possibilidades”, acrescentou.

A declaração vem após a Petrobras retomar na véspera um pedido de licenciamento para perfuração de poço em bloco na região da Foz do Amazonas, no litoral do Amapá. O local tem grande potencial para petróleo, mas também enormes desafios do ponto de vista socioambiental.

Na semana passada, a empresa teve pedido negado pelo Ibama para perfuração de poços no mesmo bloco, o que opôs a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que defendeu a decisão do órgão, a outros ministros do governo, como o de Minas e Energia, Alexandre Silveira.

Valor Investe - SP   29/05/2023

A tentativa do governo de trazer de volta o 'carro popular' reacende um velho debate: Por que o carro custa tão caro no Brasil? Afinal, quem é o vilão?

A tentativa do governo de trazer de volta o "carro popular" com os incentivos fiscais prometidos na última quinta-feira (25) para carros de até R$ 120 mil reacende um velho debate: Por que o carro custa tão caro no Brasil? Afinal, quem é o vilão?

Um levantamento realizado pela consultoria automotiva Jato Dynamics mostra que o preço médio dos carros médios vendidos no Brasil em abril de 2023 foi de R$ 140,3 mil, mais que o dobro de 2017, seis anos atrás, quando o tíquete médio dos automóveis comercializados foi de R$ 70,8 mil.

No mesmo estudo, a Jato Dynamics revela que o brasileiro que ganha um salário mínimo - que hoje é de R$ 1.320 - precisa trabalhar 4 anos e 5 meses (53 meses sem gastar um centavo do salário) para comprar o carro mais barato vendido por aqui, o Renault Kiwd ou o Fiat Mobi - que custam a partir de R$ 68.990.

Em 2017, por exemplo, o carro mais barato no Brasil era o Chery QQ, que custava R$ 26.690 ou 28 salários mínimos da época (R$ 954) contra os 53 necessários de hoje. E aqui temos a primeira razão: a perda do poder de compra.

Impostos e 'custo Brasil'

Se perguntar para qualquer brasileiro que sonha em comprar um carro zero qual a principal razão de um carro ser tão caro ele deverá responder: a carga tributária!

E não está errado. Os impostos representam de 30% a 50% do valor de um carro novo. Se o veículo for importado, pior. Neste caso, o valor dos tributos pode ultrapassar os 60% do valor final. Tanto que o governo anunciou que pretende fazer uma desoneração (que ainda não é oficial) para baixar o preço dos carros produzidos no país que custam até R$ 120 mil.

Ainda não é oficial pois carece da avaliação do Ministério da Economia - falta calcular quanto o governo vai perder de arrecadação com as medidas e definir o prazo para a renúncia fiscal valer - e da edição de uma Medida Provisória que regulamente estes descontos nos tributos e que deve ser publicada até o começo de junho.

Milad Kalume Neto, diretor de desenvolvimento de negócios da Jato Dynamics do Brasil bota na conta do carro caro por aqui também o chamado "custo Brasil", que vai além dos impostos. Além dos tributos, a infraestrutura e a logística, por exemplo. "O custo para produzir um carro aqui é maior em relação a outros mercados".

"O Brasil é um país de dimensões continentais e o transporte de mercadorias é feito majoritariamente por estradas e o custo deste transporte (frete) ajuda a encarecer o produto. Combustíveis caros, estradas ruins... e tem ainda os encargos trabalhistas que não existem em outros países, por exemplo."

Como base de comparação vamos usar três carros vendidos no México e no Brasil, o Renault Kwid, o Volkswagen Nivus e o Toyota Corola Cross. Nos três casos, a diferença de preços do carro no Brasil e no México é grande. No Brasil, os três modelos custam entre 27% e 59% a mais do que no México. Veja o quadro abaixo.

No México é cobrado um imposto único, o IVA, cuja alíquota é de 16%. No Brasil, os impostos que estão na conta de um carro zero são: IPI, ICMS e PIS/Cofins.

E depois que compra o veículo, o dono ainda precisa arcar com o IPVA, que é anual e pode variar de 2% a 4% do valor do veículo dependendo do Estado.

Inflação oficial + crise de semicondutores = Inflação do automóvel

A segunda é a velha conhecida inflação. De 2017 para cá, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) - inflação oficial do País medida pelo IBGE - acumula alta de 39,25% (de janeiro de 2017 a abril de 2023). Mas essa é a inflação geral, que procura medir uma cesta de compras do brasileiro. A "inflação dos carros" foi muito maior.

Como a base de comparação é o ano de 2017, vamos usar o preço do Renault Kwid que naquele ano custava R$ 29.990. Hoje, o carro mais barato do país ao lado do Fiat Mobi, o Kwid custa R$ 68.990 na sua versão Zen. Um aumento de 137% no valor, contra os 39,25% de inflação no mesmo período.

Se fosse corrigido somente pela inflação oficial, o preço do carro de entrada da Renault deveria ser de R$ 41.579 e não os quase R$ 70 mil que custa atualmente. Ou seja, há uma diferença considerável entre o valor corrigido pela inflação e o valor cobrado atualmente: R$ 27.410.

O estudo da Jato comprova que o preço de venda dos veículos no Brasil cresceu muito acima da inflação oficial. O valor médio de um carro zero era de R$ 70,8 mil em 2017 e pulou para R$ 140,3 mil em abril de 2023 - 98% a mais contra uma inflação de 39%. Por quê?

Pós-pandemia

Para explicar esta diferença de inflação oficial e do automóvel, Kalume Neto, da Jato Dynamics, lembra que o maior aumento aconteceu no pós-pandemia, quando os fabricantes tiveram de lidar com paralisações devido ao lockdown provocado pela covid-19 e pela falta de peças, principalmente de semicondutores.

"A pandemia causou uma crise na cadeia de suprimentos da indústria automotiva e o aumento nos preços dos carros foi global. Com a crise dos semicondutores, em especial, os fabricantes se viram obrigados a escolher onde colocar os poucos chips que tinham disponíveis. Com 20 carros para montar e só 10 chips disponíveis, por exemplo, colocaram nos carros mais caros. Com isso, os carros de entrada saíram de cena e a indústria apostou em veículos com maior margem de lucro, como os SUVs."

Kalume Neto soma ainda a desvalorização do real no período - que impacta no preço final do veículo (suprimentos e logística) - para explicar o aumento de preços no Brasil nos últimos anos. Outro fator apontado por ele é cultural. "No Brasil, carro é sinônimo de status, independentemente da classe social. Se tem demanda no valor que está sendo praticado, o preço não vai baixar."

O salário mínimo, por sua vez, segue acompanhando a inflação, pelo menos de 2017 pra cá. Hoje é de 1.320 e, se acompanhasse o mesmo acumulado do IPCA desde janeiro de 2017 - que usamos para corrigir o valor do carro - ele deveria ser de R$ 1.328,41.

Carros zero mais baratos do Brasil em 2017

Chery QQ Smile - R$ 26.690

Renault Kwid Life - R$ 29.990

Fiat Mobi Easy - R$ 34.210

Carros zero mais baratos do Brasil em 2023

Renault Kwid Zen e Fiat Mobi Like - R$ 68.990

Citroën C3 Live - R$ 72.990

Fiat Argo - R$ 78.590

Carros com mais itens e consumidor mais exigente

Mesmo sendo os mais baratos do Brasil, Fiat Mobi e Renault Kwid não são os mais vendidos.

Em abril de 2023, segundo dados da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), os dois estão em 8º e 11º lugares, respectivamente na lista dos mais emplacados no mês.

No top 3 estão: o Onix (R$ 84,390*), da GM, com 7.376 unidades emplacadas no mês passado; o Hyundai HB20 (R$ 82.890*), com 7.143 unidades, e o Polo (R$ 81.490*), da Volkswagen, com 6.063 veículos vendidos. (*preços sugeridos e divulgados nos sites dos fabricantes).

Esta exigência maior por mais conforto e itens de série também pode explicar o valor cada vez maior dos carros mais vendidos no País.

"O produto (carro) foi reposicionado, aumentando o valor e diminuindo custo. A legislação brasileira obrigou mais itens de segurança obrigatórios, com todos os carros saindo de fábrica com airbag e freios ABS de série, e isso impactou no preço", diz Kalume.

O diretor da Jato acrescentou ainda outras exigências, como motores melhores, mais econômicos e mais ecológicos. "A indústria teve de mudar com as exigências de eficiência energética, tecnologia e conforto. E tudo isso gera custo", explicou Kalume, lembrando que outras exigências, como o controle de estabilidade ainda estão por vir e devem encarecer os carros ainda mais.

10 carros mais vendidos no Brasil em abril de 2023* e o preço de partida deles

Onix (GM) - R$ 84,390

HB20 (Hyundai) - R$ 82.890

Polo (VW) - R$ 81.490

Argo (Fiat) - R$ 78.590

Onix Plus (GM) - R$ 96.390

Compass (Jeep) - R$ 171.754

HRV (Honda) - R$ 148.900

Mobi (Fiat) - R$ 68.990

Creta (Hyundai) - R$ 110.990

T Cross (VW) - R$ 116.550

Fonte: Fenabrave

*Não incluímos nesta tabela os veículos comerciais leves. Incluindo esta categoria, o carro mais vendido no Brasil em abril de 2023 é o Fiat Strada, que supera o Onix em mais de 675 unidades emplacadas

Brasileiros compram menos carros

Os brasileiros estão comprando menos carros, revela este estudo da Jato. Segundo a empresa, em 2022 foram vendidos mais carros para pessoas jurídicas do que para pessoas físicas. Este foi o primeiro ano em que os CNPJs superaram os CPFs na compra de carros no país. No ano passado 52,9% das vendas foram para pessoas jurídicas.

Em 2018, as vendas para pessoas físicas representavam 64,4% do total, e hoje respondem por 47,1% do total de carros vendidos. Bom, dizer que estão computadas como pessoas jurídicas no estudo da Jato os CNPJs, as vendas diretas para locadoras, as vendas para pessoas com deficiência e os frotistas, entre outras.

O Estado de S.Paulo - SP   29/05/2023

Geraldo Alckmin, vice-presidente e ministro da Indústria e Comércio, anunciou na quinta-feira, 25, algumas medidas que devem fazer parte de um programa para baratear o preço dos carros no Brasil. O projeto completo, no entanto, ainda será apresentado pelo Ministério da Fazenda com todos os detalhes - a pasta pediu 15 dias para estabelecer como se darão os descontos. Com esse parecer, será possível avaliar se o governo pode editar uma Medida Provisória sobre o tema, afirmou Alckmin.

O Estadão separou algumas perguntas e respostas do que já se sabe sobre o programa até agora.

O que esperar do programa de carros populares do governo Lula?

O governo dará desconto nos impostos federais PIS, Cofins e IPI para veículos abaixo de R$ 120 mil. Segundo o vice-presidente, o desconto sobre o preço dos carros vai variar de 1,5% a 10,96%.

Os descontos ainda vão obedecer a alguns critérios sociais, de densidade industrial, que privilegia as companhias com mais componentes fabricados no País, e de sustentabilidade, considerando carros com menos emissão de CO2.

Como deve ficar o preço dos carros populares com o programa?

Com as regras anunciadas, os dois modelos mais baratos à venda atualmente, o Fiat Mobi e o Renault Kwid, que custam R$ 68.990, podem vir a ter os preços reduzidos para menos de R$ 60 mil, mas não é possível saber com exatidão até o programa completo ser divulgado.

Quais são os carros que poderão ter descontos?

O governo dará desconto nos impostos federais para veículos abaixo de R$ 120 mil.

Segundo Alckmin, quanto mais acessível o carro, maior será o desconto do PIS/Cofins. Além disso, a ideia é premiar a eficiência energética, “carros que poluem menos”, disse.

Além do Fiat Mobi e do Renault Kwid, pelo menos quatro modelos que hoje custam entre R$ 70 mil e R$ 80 mil poderão ter maiores descontos: o Citroën C3, o Peugeot 208, Fiat Argo e Hyundai HB20. Versões de entrada do Chevrolet Onix e do Volkswagen Polo Track, com preços na faixa de R$ 80 mil, viriam na sequência.

O que dizem especialistas sobre o programa de carros populares do governo Lula?

A iniciativa foi considerada “alentadora”, “amplamente positiva” e “meritória” por executivos do setor e economistas ouvidos pelo Estadão. Os especialistas apontaram, no entanto, a necessidade de estudos mais profundos, projetos detalhados e uma rápida execução dos planos.

Para o presidente executivo da Associação Brasileira da Infraestrutura e da Indústria de Base (ABDIB) e integrante do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI), Venilton Tadini, o Brasil precisa definir uma estratégia de desenvolvimento que priorize a infraestrutura e a indústria, diante do cenário de reestruturação das cadeias globais de valor e da transição energética.

Valor - SP   29/05/2023

Metalúrgicos do ABC veem situação mais crítica nas montadoras de veículos pesados, cujas vendas caíram mais de 20% de janeiro a abril

Moisés Selerges: “Trabalhadores precisam estar incluídos na proposta, com proteção ao emprego e conteúdo local” — Foto: Silvia Zamboni/Valor

Dar incentivo fiscal em automóveis, como previsto no programa do carro popular, poderá ajudar a indústria a desovar estoques. Mas por que não estender o benefício a caminhões e ônibus, que passam por crise mais aguda? A questão foi levantada pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC depois de o governo anunciar redução de PIS/ Confins, que deve resultar em queda de preços de 1,50% a 10,96% em carros de até R$ 120 mil.

De janeiro a abril a produção de caminhões caiu 28,6% na comparação com o mesmo período de 2022. No caso dos ônibus, a retração foi de 23%, segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores.

A queda era esperada em razão do aumento de preços, em torno de 25%, em decorrência da nova legislação de emissão de poluentes, conhecida por Euro 6, em vigor desde janeiro. Houve antecipação de compras pelos frotistas, no ano passado, para fugir do aumento. Mas a retração da demanda superou expectativas.

“Reforçamos na reunião as propostas que entregamos ao presidente Lula no início do mês. Além de promover o lançamento imediato de modelos populares de carros, destacamos medidas para caminhões e ônibus que podem reaquecer a economia”, disse o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Moisés Selerges, que participou, na quinta-feira, 25, em Brasília, da reunião em que o governo anunciou o programa do carro popular.

A indústria de autopeças emprega mais que as montadoras”

— Laurent Blaha

No caso dos ônibus, o sindicalista sugere a ampliação do Caminho da Escola, programa governamental que, por meio de recursos do Ministério de Educação e Cultura, promove a compra, pelos municípios, de um tipo de ônibus especial para transportar crianças para a escola em áreas rurais.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não conseguiu inserir no programa do carro popular compromisso das montadoras de manter o nível de emprego, como queriam os sindicalistas.

Para Selerges, “todo anúncio de incentivo é bem-vindo, mas os trabalhadores precisam estar incluídos na proposta, com proteção ao emprego e conteúdo local”.

Como o programa do carro popular precisa passar pelo crivo do Ministério da Fazenda, a indústria está em compasso de espera. Nenhuma montadora sinalizou planos para aderir ao programa. Os fabricantes de autopeças também aguardam detalhamento na expectativa de que o benefício possa se reverter em mais encomendas.

Em entrevista à GloboNews, na sexta-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, indicou que o programa pode ser menos duradouro do que muitos esperavam. Segundo ele, as medidas podem durar três ou quatro meses.

Essa indústria trabalha com contratos de fornecimento de longo prazo. “Espero que as novas regras sejam para um prazo mais longo, pois, como disse o governo, o benefício vai privilegiar os carros com mais conteúdo de peças nacionais”, afirma Laurent Wilhelm Blaha, executivo da Linhanyl, fabricante de proteções para tubulações de veículos de Sorocaba (SP).

Para Blaha, o ideal seria o programa prever benefício máximo nos primeiros meses, mas manter algum tipo de renovação nos meses subsequentes levando em conta o conteúdo local de componentes. “A indústria de autopeças emprega mais que as montadoras.”

O anúncio precoce de medidas que só devem entrar em vigor em duas semanas também preocupa os revendedores. “Alertamos aos clientes que, como foi anunciado, quanto mais próximo de R$ 120 mil menor o desconto. Mas alguns clientes ficaram confusos”, disse Marcos Leite, gerente da Amazon, concessionária de São Paulo.

O anúncio também mexeu no mercado de usados. Na sexta-feira, os preços dos seminovos - carros com até três anos de uso - começaram a cair, segundo Sant Clair de Castro Jr., presidente da Mobiauto, terceiro maior marketplace do setor no país. Segundo ele, com a iminência da queda nos preços dos novos, consequentemente o seminovo desvaloriza. “Sabendo disso, o revendedor que tinha carros em estoque já baixou os preços para não ficar com veículos mais caros em estoque.

CONSTRUÇÃO CIVIL

Agência Brasil - DF   29/05/2023

O Índice Nacional de Custo da Construção – M (INCC-M) registrou inflação de 0,40% em maio deste ano. A taxa é superior à observada no mês anterior (0,23%), mas inferior à apurada em maio de 2022 (1,49%). O dado foi divulgado nesta sexta-feira (26) pela Fundação Getulio Vargas (FGV).

O INCC-M acumula taxa de inflação de 1,34% no ano. Em 12 meses, a taxa acumulada chega a 6,32%, abaixo dos 11,20% acumulados em maio do ano passado.

Em maio deste ano, os materiais, equipamentos e serviços apresentaram uma inflação de 0,06%, ante uma variação de 0,14% em abril. Já a mão de obra teve uma alta de preços de 0,75% em maio, ante uma taxa de 0,23% no mês anterior.

CNN Brasil - SP   29/05/2023

O Índice de Confiança da Construção (ICST) caiu 1,4 ponto em maio, para 94 pontos, o menor nível desde janeiro (93,6). O dado foi anunciado nesta sexta-feira (26) pela Fundação Getulio Vargas. Em médias móveis trimestrais, o ICST ficou estável, ao variar apenas 0,1 ponto.

“A confiança da construção voltou a oscilar para baixo como resultado da deterioração das expectativas e da avaliação da situação corrente” , afirma a coordenadora de Projetos da Construção do Ibre/FGV, Ana Maria Castelo, em nota.

Ana Castelo afirma que, embora tenha sido um movimento generalizado entre os segmentos, ele se mostrou mais intenso entre as empresas de Infraestrutura, que reportaram piora na carteira de contratos. Ela acrescenta que desde outubro do ano passado, quando houve um pico do indicador, a confiança da construção tem oscilado entre altos e baixos, sem conseguir recuperar o mesmo nível recorde.

A coordenadora pondera que um destaque importante na leitura de maio foi a melhora no indicador de atividade, que vinha mostrando desaceleração, mas alcançou o melhor nível no ano. “Por outro lado, o acesso ao crédito teve a pior avaliação desde julho do ano passado, resultado de um cenário de mais restrição da oferta de financiamento.”

Nas aberturas do mês, o Índice de Situação Atual (ISA-CST) caiu 1,8 ponto, para 92,5 pontos – mesmo nível de maio do ano passado. O indicador da situação atual dos negócios recuou 1,2 ponto, para 91,5 – o menor nível desde maio de 2022 (89,7) -, e o indicador de volume de carteira de contratos cedeu 2,3 pontos, para 93,6 – o menor nível desde fevereiro de 2022 (90,0).

O Índice de Expectativas (IE-CST) também teve recuo, de 1,1 ponto, para 95,6, com queda de 1,4 ponto do indicador de tendência dos negócios. O indicador de demanda prevista cedeu 0,8 ponto, para 97,3.

O Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) subiu 0,1 ponto porcentual, para 79,9%, o maior nível desde agosto de 2014 (80,4%). O Nuci de Mão de Obra permaneceu em 81% e o de Máquinas e Equipamentos avançou 0,9 ponto, para 76,8%.

FERROVIÁRIO

Valor - SP   29/05/2023

Debate no Supremo gira em torno de mudança em área de parque nacional para liberar a passagens dos trilhos

O plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) pode julgar esta semana a liberação da Ferrogrão, nova ferrovia entre Sinop (MT) e Miritituba (PA), em momento de embate entre alas do governo sobre o licenciamento de projetos na Amazônia. A análise do caso está agendada para quarta-feira, 31.

As divergências dentro do governo vieram a público há duas semanas, com o parecer do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) contrário à perfuração de poço exploratório pela Petrobras na costa do Amapá, próximo à foz do rio Amazonas.

Já no megaprojeto ferroviário, orçado em mais de R$ 20 bilhões, a discussão no Supremo gira em torno da forma como houve a mudança na demarcação do Parque Nacional do Jamanxim, no Pará, para receber o projeto. A nova ferrovia promete mudar a rota de escoamento de grãos do Mato Grosso pelos portos e hidrovias da região Norte.

Ministério do Meio Ambiente teme que desmatamento aumente e é contra liberação da ferrovia

Provocado por ação do Psol, o ministro Alexandre de Moraes aceitou o argumento de que área de preservação não pode ser alterada por medida provisória (MP). Em 2021, ele suspendeu toda a contratação e os estudos.

A MP da Ferrogrão foi assinada em 2016, na gestão Michel Temer. A medida alarga a faixa de domínio [a margem] da BR-163, dentro do parque Jamanxim, para acomodar a ferrovia ao lado da estrada federal. Dos 933 quilômetros de extensão da ferrovia, 53 quilômetros passam pelo parque.

Quando Moraes expediu a liminar, o governo de Jair Bolsonaro se preparava para lançar o leilão. Faltava apenas o aval do Tribunal de Contas da União (TCU).

O julgamento do caso no Supremo tem o próprio Moraes como relator. Embora esteja agendado para o dia 31, não se descarta a possibilidade de a análise ficar para a próxima semana. A ação é o último item da pauta, que inclui outras duas importantes discussões: a pena a ser aplicada ao ex-presidente e ex-senador Fernando Collor e o julgamento sobre a descriminalização do porte de drogas para uso pessoal.

Pelo histórico de julgamento da Corte, os ministros têm se engajado na chamada “pauta verde”. A sensibilidade ao tema tem levado o Supremo a decidir pela máxima proteção ao meio ambiente. Por isso, ainda que o processo da Ferrogrão seja adiado, a tendência é que o caso não demore muito a voltar para a pauta.

Segundo fontes a par do processo, outra possibilidade de desfecho é que o relator recorra a um procedimento de conciliação para o caso Ferrogrão.

Na sexta-feira, a Advocacia-Geral da União (AGU) ingressou com uma manifestação no STF em apoio à inconstitucionalidade da lei que alterou os limites do parque Jamanxim. No governo anterior, o órgão jurídico se manifestava a favor da liberação do projeto a qualquer custo.

Agora, os procuradores alegam que o texto final aprovado pelo Congresso excluiu a medida compensatória de incorporação ao parque de mais 51 mil hectares da área de proteção ambiental (APA) do Tapajós.

Os advogados da União ressaltam que a inclusão de APA ao parque Jamanxim estava prevista na medida provisória, mas alterada na tramitação. Para AGU, tal decisão deveria ser “antecedida de estudos prévios que concluíssem pela adequação do ponto de vista ecológico”.

Na conclusão, o órgão pede a “revogação parcial da medida cautelar” do STF para que seja retomado o “o regular prosseguimento de processos administrativos relacionados à Ferrogrão, inclusive no que tange à atualização dos estudos, observadas todas as condicionantes legais, inclusive socioambientais”.

Uma decisão favorável à liberação dos estudos não seria vista como derrota por integrantes do Ministério dos Transportes, segundo o Valor apurou. Alegam que os dados, de 2013, estão defasados. “Não é possível fazer uma análise dos impactos nos dias atuais com números tão antigos, até para justificar a necessidade da obra”, disse uma fonte oficial.

Por outro lado, o Ministério do Meio Ambiente mantém posição contrária à liberação da ferrovia. A pasta avalia que a construção da Ferrogrão poderia ampliar o desmatamento. Com o baque sofrido na última semana, ao ver escapar atribuições importantes de sua pasta, outras fontes reforçaram que as ministras do Meio Ambiente, Marina Silva, e de Povos Indígenas, Sônia Guajajara, “não poderiam obter mais derrotas”. Na primeira posição da AGU sobre a Ferrogrão, sob a gestão Lula 3, interlocutores do governo entenderam a iniciativa como um aceno à ala ambientalista e indigenista.

O ministro Renan Filho (Transportes) tenta desvencilhar a Ferrogrão de Bolsonaro, considerado pouco sensível às questões ambientais. Os estudos da Ferrogrão, disse, foram autorizados há dez anos, na gestão Dilma Rousseff.

“A Ferrogrão começou bem antes do governo anterior e o importante agora é buscar possibilidades de materializá-la, porque a cada dia o Brasil precisa de mais investimentos em infraestrutura, sobretudo pelo grande crescimento da produção [agrícola] que bate recordes sucessivos, ano a ano”, disse o ministro, ao Valor.

Valor - SP   29/05/2023

A obra ampliaria a participação do modal ferroviário no transporte de grãos do Estado dos atuais 45% para 87% na safra 2031/32

Um parecer da Advocacia-Geral da União (AGU) a favor da decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que suspende a lei que altera os limites do Parque Nacional do Jamanxim, viabilizando a construção da Ferrogrão, caiu como um balde de água fria no agronegócio. A ferrovia é estratégica para reduzir os custos logísticos no escoamento dos grãos de Mato Grosso.

A obra ampliaria a participação do modal ferroviário no transporte de grãos do Estado dos atuais 45% para 87% na safra 2031/32, segundo estimativas do setor. A redução no custo do frete, hoje de R$ 250 por tonelada via BR-163, chegaria a R$ 60 por tonelada.

As lideranças do agronegócio ainda tinham esperanças de que o Supremo pudesse julgar constitucional a lei. Porém, agora, a percepção é que as chances são baixas. “Já seria um julgamento difícil, agora ficou ainda mais”, afirmou André Nassar, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), que representa 17 empresas produtoras de farelo, óleos vegetais e biodiesel.

Ele lamenta a decisão e reforça que, em seu parecer, a própria AGU reconhece a importância e os benefícios da Ferrogrão para a economia local e para o ambiente, já que reduziria as emissões de CO2 no transporte dos grãos.

O grande impasse em relação à lei, na visão de Nassar, foi causado pela retirada do trecho da lei que compensava a redução de 862 hectares do parque do Jamanxim no caminho da Ferrogrão com um aumento de 51 mil hectares em outras áreas. “É preciso reduzir nessa ordem para garantir a faixa de domínio. E não tem alternativa, não faz sentido mudar o traçado”, diz.

Uma fonte disse ao Valor que existe a possibilidade de o STF adiar o julgamento, para que o Congresso e o Executivo possam discutir um novo caminho. Para Nassar, isso também não seria positivo, porque uma nova lei pode demorar e quem vai arcar com o prejuízo é o agronegócio.

“Podemos ter um estrangulamento dos outros modais e rotas disponíveis. Se o preço do frete aumentar, é menos dinheiro que fica com o produtor. Já estamos passando por uma safra com custos elevados. Será muito ruim”, pontua.

O presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Fernando Cadore, afirma que continua confiante de que os ministros do STF entendem que os benefícios econômicos para o país são mais relevantes do que a supressão de área. “Atrasar seria falta de bom senso”, diz.

Segundo ele, a área a ser suprimida na faixa de domínio representa menos de 0,5% do parque. Ele acredita que só o impacto ambiental gerado pela redução da queima de combustíveis fósseis já seria “suficiente para qualquer compensação ambiental”.

“Atrasar é falta de bom senso. Era para essa discussão durar três meses em 2021, já estamos há dois anos”, critica.

PETROLÍFERO

TN Petróleo - RJ   29/05/2023

A Diretoria da ANP aprovou hoje (25/5) a publicação, no site da ANP, da Nota Técnica Conjunta nº 2/2023, que apresenta o Diagnóstico Concorrencial da Indústria do Gás Natural Brasileira visando a proposta de Programa de Redução de Concentração (Gas Release). A nota técnica será publicada em breve no site da Agência. A Diretoria também decidiu pela elaboração de análise de impacto regulatório (AIR) sobre o tema, que será incluído na Agenda Regulatória da Agência.

O objetivo do estudo apresentado na Nota Técnica Conjunta nº 2/2023, elaborada pelas áreas de Defesa da Concorrência e de Infraestrutura e Movimentação da ANP, é oferecer um diagnóstico concorrencial, considerando a atual estrutura da indústria nacional de gás natural, bem com analisar o comportamento do mercado nos diversos elos dessa indústria. O objetivo deste diagnóstico é a elaboração e adoção de programas pela ANP visando à desconcentração da oferta de gás natural e à promoção da concorrência.

A nota técnica demonstra que, após a flexibilização do monopólio estatal determinada pela Lei do Petróleo, de 1997, não ter obtido resultados relevantes, a efetiva abertura do mercado de gás natural decorrente das políticas públicas mais recentes não resultou na desconcentração esperada nos elos potencialmente competitivos da indústria de gás natural no Brasil. Esse fato motiva a adoção de outros mecanismos para promover a desconcentração do mercado e estimular tanto a eficiência, quanto à competição nos diversos elos dessa indústria.

O diagnóstico presente na nota técnica aponta recentes avanços na liberação de capacidade na malha de transporte e o início do processamento do gás natural de terceiros nas unidades de processamento de gás natural (UPGNs). No entanto, esses ganhos ainda representam uma redução pequena e localizada da participação de mercado do agente incumbente, o que não garante uma desconcentração natural de mercado capaz de assegurar concorrência saudável em todo o território nacional.

A medida da ANP está em linha com o conjunto de ações para a efetiva consolidação de um mercado aberto, dinâmico e competitivo estabelecidas pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) em sua Resolução nº 3/2022, que apresenta as diretrizes estratégicas para o desenho do Novo Mercado de Gás Natural. O artigo 12 da Resolução CNPE nº 3/2022 recomendava que a ANP, em articulação com o Ministério de Minas e Energia (MME), com o então Ministério da Economia (ME) e com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), elaborasse diagnóstico sobre as condições concorrenciais do mercado de gás natural, bem como proposta de programa para a liberação progressiva desse energético por parte do agente com posição relevante.

Valor - SP   29/05/2023

Crítica principal é para possível retirada de recursos de setores rentáveis para investir na exploração de óleo e gás no mercado externo

Jorge Camargo, ex-diretor da Petrobras: empresa foi bem sucedida nas duas vezes em que realizou a internacionalização — Foto: Divulgação

Explorar petróleo na costa da Guiana - possibilidade levantada pelo presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, depois que a estatal teve negada licença para perfurar na Bacia de Foz do Amazonas - significaria a volta da companhia ao investimento mais pesado fora do Brasil. Mas especialistas consultados pelo Valor acreditam que manter o foco no país seria um melhor uso dos recursos disponíveis. Além disso, aportar investimentos no exterior poderia retirar verbas de outros setores rentáveis.

Há duas semanas, Prates disse que poderá atuar na Guiana ou no Suriname caso a empresa não obtenha em definitivo a licença ambiental para a Foz do Amazonas, na Margem Equatorial. Os planos da Petrobras para a região, que vai do Amapá ao Rio Grande do Norte, visam repor o declínio da produção dos campos do pré-sal, previstos para o fim desta década.

Marcelo de Assis, diretor de pesquisa de exploração e produção da Wood Mackenzie, ressalta que é fundamental saber de onde sairia o dinheiro necessário para uma retomada dos investimentos fora do Brasil. Ele lembra que o atual Plano Estratégico 2023-2027 da Petrobras prevê quase US$ 3 bilhões em aportes na exploração da Margem Equatorial. Caso as restrições do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) à perfuração no local se mantenham e levem a estatal a desistir da região, a quantia poderia ser destinada no próximo Plano Estratégico a outras áreas, inclusive fora do Brasil.

Mas Assis destaca que, se a decisão de se internacionalizar necessitar de aporte de dinheiro novo e não previsto até agora, a empresa terá que buscar soluções, que podem passar pela redução de dividendos ou deslocamento de dinheiro originalmente destinado a outras atividades.

“Hoje a Petrobras tem ativos de exploração e produção apenas na Colômbia, Golfo do México e Bolívia. Não tem estrutura grande, não participa de ‘bids’ internacionais e a área teria que ser criada ou reorganizada. Vai ter que definir qual o papel da Petrobras”, diz Assis. Outro ponto, acrescenta, que tem impacto em uma eventual internacionalização da companhia diz respeito à transição energética e de qual será a velocidade que a estatal vai imprimir nessa mudança para uma energia mais limpa.

Uma fonte afirma que não vê razão para a Petrobras dar uma guinada em direção à internacionalização da exploração e da produção. Segundo a fonte, o Brasil tem possibilidades de projetos “extraordinários” em diferentes bacias e os recursos devem ser explorados o quanto antes, justamente por causa da transição energética. “Tem que acelerar agora porque a janela de petróleo, pela transição energética, não dura muito tempo”, diz. “Não vejo nenhuma razão de fazer diferente e ir para o exterior. Não faz o menor sentido estratégico”, acrescenta.

Outra fonte que conhece a empresa diz que não faz sentido disputar mercado com outras petroleiras em regiões como a Guiana quando há áreas inteiras inexploradas no Brasil, em que a empresa possui amplo conhecimento. Para Alexandre Calmon, sócio das áreas de fusões & aquisições e societário do Campos Mello Advogados, a fala de Prates sobre olhar o mercado externo é mais próximo de um exercício de retórica do que propriamente um plano alternativo para buscar o mercado externo. Calmon salienta que nos três processos de licenciamento para a Foz do Amazonas, o Ibama apresentou três razões diferentes para negar a licença. “Mas eu acredito que isso vai ser resolvido”, avalia.

Ele considera ser muito cedo para ter a conclusão sobre o caminho para o mercado externo, dado os investimentos que ainda devem ser feitos em diversas áreas, incluindo revitalização de poços. Talvez, caso se conclua que seja inviável explorar a Margem Equatorial, a internacionalização seja o caminho a ser seguido, mas essa avaliação seria realizada posteriormente. Outro aspecto em questão, disse, é o ambiental.

Isso porque, segundo Calmon, em algumas áreas no pré-sal, a Petrobras consegue emitir menos carbono: em alguns campos, consegue-se extrair com emissão da ordem de 15 quilos de gás carbônico equivalente por barris (kgCO2 e/boe), sendo que há áreas em que se emite ainda menos. “É melhor liberar para produzir na Margem Equatorial do que forçar a ida para outro local”, disse Calmon.

Assis ressalta que diversas estatais buscam estratégias de internacionalização. Ele cita Petronas (Malásia), Ecopetrol (Colômbia), Catar Energies (Catar) e Saudi Aramco (Arábia Saudita) como exemplos de empresas que atuam fora de seus países de origem. A Ecopetrol, inclusive, tem participação em blocos adquiridos no Brasil.

A Petrobras avançou em operações no exterior pela primeira vez na década de 1970, quando criou a Braspetro, com atividades na Colômbia, no Iraque e em Madagascar. Era motivada pela crise do petróleo, que obrigou a estatal a buscar alternativas para suprir a demanda nacional, pois 90% era atendida por importações).

A segunda tentativa, mais assertiva, foi no fim da década de 1990, a partir da descoberta de um campo gigante de gás natural na Bolívia e do acordo entre os dois países para a construção do Gasoduto Bolívia-Brasil (Gasbol). Em seguida, a empresa entrou na Argentina, com a aquisição da petroleira Perez Companc, maior petroleira independente da América Latina, e de ativos da Repsol-YPF. Foi a senha para diversificar as operações, com atuações em quase todos os países da América do Sul, além de nações europeias e africanas, puxada pelo fim do monopólio da exploração de petróleo no país, em 1998.

Jorge Camargo, ex-diretor da área internacional da Petrobras, lembra que no passado a internacionalização foi bem sucedida. Nos anos 1970, a brasileira descobriu o campo gigante de Majnoon, no Iraque, que até hoje produz no país do Oriente Médio. Além disso, Camargo lembra que entre 1999 e 2003, quando esteve à frente da diretoria, a meta traçada para a companhia era de saltar a produção fora do país de 70 mil barris por dia para 300 mil barris por dia em cinco anos - entre 2000 e 2005.

O executivo frisa que foram definidas áreas de atuação, no Golfo do México, oeste da África, e América do Sul, e em 2003, quando deixou o cargo, a empresa produzia 240 mil barris diários no exterior. Porém, a crise financeira da Petrobras a partir de 2015 e o impacto dos escândalos investigados pela Lava-Jato levaram a empresa a se desfazer de quase todos os ativos no exterior, como parte do plano de desinvestimento, para reduzir a dívida corporativa, que na época era de US$ 100 bilhões, a maior do mundo. Atualmente, a produção no exterior é de 36 mil barris/dia, enquanto no Brasil soma 2,1 milhões de barris/dia, segundo dados do relatório de produção da empresa do primeiro trimestre.

Valor Investe - SP   29/05/2023

Alta da commodity no dia foi apoiada pelo bom humor dos mercados diante da possibilidade de um acordo em breve para elevar o teto da dívida dos EUA

O petróleo subiu mais de 1% no mercado futuro hoje e fechou a semana com ganhos robustos. Hoje, a commodity foi apoiada pelo bom humor dos mercados diante da possibilidade de um acordo em breve para elevar o teto da dívida dos EUA. Além disso, dados fortes dos EUA deram apoio à perspectiva de demanda.

O barril do petróleo WTI - referência americana - com entrega prevista para julho fechou em alta de 1,17% e de 1,51% na semana, a US$ 72,67. Já o barril do Brent - referência global - para agosto subiu 1,05% para US$ 76,98 hoje, com avanço de 2% no acumulado semanal.

Diversos veículos da imprensa americana noticiaram, com base em fontes, que os democratas do governo de Joe Biden e os republicanos da Câmara dos EUA estão perto de acordar uma elevação do teto da dívida americana para o período de dois anos.

A notícia reduziu a cautela do mercado, que já não teme por um default da dívida dos EUA, o que abriu espaço para a busca por ativos de risco como o petróleo.

Ainda nos EUA, uma série de indicadores fortes sinalizaram que a economia vai bem mesmo diante da agressiva alta de juros imposta pelo Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano).

No dia seguinte à divulgação da revisão positiva do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre para alta de 1,3%, os EUA marcaram avanços de 0,4% na renda pessoal e de 0,8% nos gastos com consumo em abril. Já as encomendas à indústria americana subiram 1,1% no mesmo mês, contrariando a expectativa do mercado de queda.

Embora sinalize uma demanda por petróleo mais forte, os dados também indicam que o Fed pode ser mais agressivo na política monetária, o que tende a desacelerar a economia à frente e fortalecer o dólar, fatores que costumam pesar sobre a commodity.

“Embora continuemos esperando que o Fed faça uma pausa na alta de juros em junho, os dados de gastos do consumidor e inflação mais fortes do que o esperado desta manhã e a ampla gama de opiniões dos participantes do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) sobre o caminho de política monetária apropriado tornam essa uma decisão apertada”, alertam analistas do Goldman Sachs em relatório.

O banco americano refere-se ao índice de preços de gastos com consumo dos EUA, o PCE, medida inflacionária preferida pelo Fed e que voltou a acelerar em abril.

Este conteúdo foi publicado pelo Valor PRO, serviço de tempo real do Valor Econômico.

Valor - SP   29/05/2023

Ambientalistas divergem, já que o petróleo como fonte de energia deve perder força no processo de transição energética; debate diz respeito à exploração na Foz do Amazonas

O Brasil passará a importar petróleo a partir de 2033, caso não aproveite o potencial das reservas possivelmente existentes na Margem Equatorial, avaliam fontes do governo. Hoje, o país é autossuficiente e produz entre 3 milhões e 4 milhões de barris por dia, volume suficiente para atender ao consumo doméstico. A previsão, contudo, é que as reservas dos campos do pré-sal entrem em declínio a partir de 2029.

Algumas reservas de produção da Petrobras já estão caindo e, se quiser manter o mesmo nível de produção, a empresa terá que abrir novas frentes de trabalho. Ambientalistas não veem sentido, já que o petróleo como fonte de energia deve perder força no processo de transição energética.

“Só a partir de 2040, é que podemos falar de uma redução brutal da dependência de óleo. O pré-sal, a partir de sua descoberta, tem uma reserva de 12 bilhões de barris. Já a Margem Equatorial tem uma previsão total de 10 bilhões de barris, ou seja, é um novo pré-sal”, diz uma fonte a par do tema.

Polêmica divide governo

A nova fronteira de exploração de petróleo e gás tem sido alvo de polêmica dentro do governo, que está dividindo ministros. Ao passo em que os resultados verificados em países vizinhos, como a Guiana, mostraram importantes reservas que manteriam o Brasil autossuficiente, a exploração na Foz do Amazonas, em debate hoje, carrega um risco ambiental considerável por conta da proximidade com a floresta amazônica.

Os defensores do projeto dentro do governo dizem que, sem a Margem Equatorial, o Brasil poderia atrasar sua transição energética, já que voltará à condição de país dependente de importação de combustíveis fósseis. O Brasil saiu da dependência de petróleo no segundo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A discussão acontece em um momento em que a Petrobras e outras petroleiras do mundo vem centrando esforços para se adequar à transição energética. A estatal inclusive anunciou mudanças importantes em seu plano estratégico para incorporar aumento de investimentos em energias renováveis e tecnologias disruptivas.

A nova aposta de exploração da Petrobras pelos próximos dez anos se estende pelo litoral do Rio Grande do Norte até Oiapoque (AP) em seis Estados do Norte e Nordeste. A polêmica começou porque o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) negou à estatal licença ambiental para perfuração de um poço de petróleo numa bacia a cerca de 175 quilômetros do Oiapoque (AP) e 550 quilômetros da Foz do Rio Amazonas.

A Petrobras disse que pretende pedir que o Ibama reconsidere a decisão, prontificando-se a atender eventuais demandas adicionais do órgão. Em comunicado, a empresa reiterou que atendeu além dos requisitos previstos na legislação e cumpriu todas as exigências técnicas.

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