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28 de Agosto de 2024

SIDERURGIA

O Estado de S.Paulo - SP   28/08/2024

Em se tratando de transição energética, Maurício Metz, vice-presidente da Operação Gerdau Aços Brasil, prefere não crer em uma solução única, como, por exemplo, o hidrogênio. “Não vamos conseguir uma solução baseada em uma bandeira apenas. Olhar tudo é super-relevante. Além do hidrogênio, temos a biomassa, o biometano, e temos também que potencializar o uso do gás natural”, afirma o executivo, um dos painelistas do Prumo Day 2024.

No caso específico da indústria do aço, uma das apostas recai, atualmente, sobre o HBI (Hot Briquetted Iron, na sigla inglês) ou briquete. Na prática, trata-se de um produto intermediário entre o minério de ferro e o aço, obtido em um reator de redução direta movido a gás natural. Em média, é um processo que emite 40% menos de gases de efeito estufa, o que torna esses briquetes detentores de um grande valor agregado, inclusive para a exportação. O processo padrão de produção de aço atualmente apresenta uma relação de duas toneladas de gás carbônico emitidas para cada tonelada de aço produzida. Dentro da chamada rota de redução direta, o uso dos briquetes para a produção dos hot briquetted irons (o HBI é uma espécie de tijolão de minério usado nos altos-fornos ao lado de sucata para sair o aço) faz a mesma relação cair para 1 contra 1. Ou seja, uma tonelada de carbono emitida para cada tonelada de aço produzida.

“Um dos caminhos naturais, atualmente, é você usar os mesmos fornos que utilizam sucata para o HBI. E no Oriente Médio, que tem um gás natural muito competitivo, há fornos elétricos carregados com até 90% de HBI. Ou seja, ele se torna um forno flex. Mas o HBI também pode ser usado nos altos-fornos”, afirma Metz. O que deixa o Brasil em condições de ser competitivo na exportação do produto. “Tanto o gás natural quanto o HBI são importantes em todo esse processo de transição energética.” Internamente, a Gerdau busca aperfeiçoar essas rotas para descarbonizar sua usina Ouro Branco, em Minas Gerais.

Desafio duplo

Do aço para o lítio, há necessidade de produzir dentro do conceito de carbono neutro, sendo que o mercado ainda não premia no preço esse tipo de processo, obstáculo que vem sendo enfrentado pela Sigma Lithium, como explica Ana Cabral, CEO da empresa. “Em 2019, imaginávamos que cinco anos depois haveria algum tipo de prêmio verde, mas não há. O que nos obrigou a sermos extremamente eficientes para ter custos baixos. Somos, hoje, o segundo menor custo do setor inteiro e somos carbono neutro”, explica a executiva.

A empresa, que acaba de completar um ano de embarques constantes em escala comercial para o exterior, opera o projeto Grota do Cirilo, no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais. Segundo Ana Cabral, o lítio da empresa é único no mundo, até por causa da preocupação integrada que existe com a produção. “Temos cinco zeros. Somos carbono zero, utilizamos água de reúso e, portanto, zero de água potável, não usamos produtos químicos nocivos, não temos barragem de rejeitos e utilizamos energia renovável”, afirma a executiva. O carbono residual da operação, segundo Cabral, que é de menos de uma tonelada por tonelada de produto produzido, é zerado pela Sigma Lithium com créditos de carbono.

No Brasil, a barra é alta

Em sua participação no Prumo Day 2024, Ana Cabral, CEO da Sigma Lithium, fez questão de frisar que “estamos em uma posição melhor do que a gente imagina”, fazendo referência ao contexto brasileiro para os negócios, dentro, claro, da área de expertise da produção mineral de lítio. “A barra é alta na questão ambiental e trabalhista, mas a regra é clara. As terras indígenas, por exemplo, são definidas, existe segurança jurídica nesse ponto. No Canadá é diferente”, afirma a executiva.

Temos cinco zeros. Somos carbono zero, utilizamos água de reúso e, portanto, zero de água potável, não usamos produtos químicos nocivos, não temos barragem de rejeitos e utilizamos energia renovável

Ana Cabral, CEO da Sigma Lithium

O lítio, matéria-prima essencial para a produção das baterias do carro elétrico e, por isso, um produto tipicamente de exportação, não pode estar atrelado, por exemplo, ao trabalho escravo ou infantil. Dois pontos que geram muita preocupação no setor automobilístico. “Aqui, damos tranquilidade para os fabricantes de veículos, o que não significa que não temos coisas a fazer, como a questão alfandegária, que ainda é bastante complexa”, afirma Ana Cabral. A Sigma, apesar de criada no Brasil, é de origem canadense.

Cadeia do lítio consolidada em Minas Gerais

O Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, é palco para operação de várias mineradoras interessadas na exploração de lítio. De acordo com o governo de Minas Gerais, é uma cadeia que já criou mais de 10 mil empregos diretos e indiretos e superou uma receita gerada de R$ 5,5 bilhões.

Além da Sigma, a Lithium Ionic, também canadense, tem negócios em municípios da região, assim como a Atlas Lithium (Estados Unidos). A brasileira Companhia Brasileira de Lítio (CBL) atua há mais de 30 anos no nordeste de Minas.

ECONOMIA

Infomoney - SP   28/08/2024

A tendência para a inflação no Basil ainda inspira cautela por parte do Banco Central, embora o IPCA-15 de agosto tenha novamente mostrado uma desaceleração na comparação mensal – o dado veio em +0,19% no mês, após alta de 0,30% em julho e de 0,39% em junho.

Os economistas alertam, no entanto, que as medidas de 12 meses e as trimestrais anualizadas apontam para uma inflação de 2024 bem acima da meta. As divergências de opinião desses especialistas são sobre a necessidade ou não de uma alta de juros na reunião de setembro do Copom.

Para Alexandre Maluf, economista da XP, a leitura divulgada hoje foi marcada pela forte deflação na alimentação no domicílio. Ele lembra que o primeiro semestre teve alta intensa de preços como os itens in natura, como reflexo das condições climáticas mais adversas (bolhas de calor em algumas regiões e chuvas intensas no Sul do país).

O movimento agora, é de devolução, como mostra a últimas leituras do IPCA-15 e do IPCA cheio. Itens como tomate, bata inglesa, cebola, cenoura, hortaliças e verduras e, mais recentemente, do arroz, estão mostrando esse comportamento.

Mas outas leituras de preços menos voláteis apontam uma inflação persistente e resiliente, adverte Maluf. As média dos núcleos, uma leitura que o BC acompanha com lupa, estão em torno de 4,2% na métrica de 3 meses anualizada. “Isso mostra que os núcleos de inflação têm rodado acima da meta de 3% e isso deve continuar adiante. Dá um pouco de suporte de que o BC tem de reagir a esse cenário”, destaca o economista.

Outra media citada pelo economista da XP são os serviços subjacentes – aqueles que não flutuam devido a choques momentâneos – que têm rodado em torno de 5,0% nessa leitura dos trimestres anualizada.

Maluf destaca que que os bens industriais pararam de contribuir para a desinflação, o que ajuda a manter o indicador cheio de inflação desancorado em relação a meta do BC. “No curto prazo, industriais voltaram a acelerar (4,7%). Já é um forte desvio em relação à meta”, explica.

Por conta dessa avaliação de tendência, a XP aposta numa inflação de 4,4% no final de 2024 e que esse quadro deve levar o BC a iniciar já em setembro um ciclo de aperto monetário que pode chegar a 150 pontos base, com uma alta de 0,25 p.p. em setembro, duas de 0,50 p.p. em novembro e dezembro e um reajuste residual de 0,25 p.p. em janeiro. Isso levaria a Selic para 12% no início de 2025.
Atenção e cautela

Mirella Hirakawa, coordenadora de pesquisa da Buysidebrazil, por sua vez, também destaca a estagnação do processo de desinflação de serviços. “Nossas médias de núcleos de serviços tiveram uma aceleração em 12 meses, com uma alta de 4,54%, vindo de 4,47%, diz, lembrando que, mesmo onde foi possível ver uma descompressão na margem, ainda permaneceu em patamares elevados.

A economista argumenta que o BC deve manter atenção e cautela após esses números e lembra que as medidas trimestrais dessazonalizadas que o BC trouxe em seu relatório de inflação em junho, tanto para o headline, quanto para os serviços subjacentes estavam em patamares bem abaixo do que os atuais.

“Então, apesar dessa leve melhora na margem, se mantém em patamares acima do que o BC tinha mostrado no último RTI, mostrando esse momento de maior atenção e cautela em relação ao número de serviços”, diz Mirella.

André Valério, economista sênior do Inter, também pondera que o núcleo da inflação desacelerou na margem, recuando de 0,34% em julho para 0,28% em agosto, mas que manteve a média móvel de 3 meses praticamente inalterada em 0,32%, sugerindo que algumas pressões observadas nos últimos meses ainda persistem.

“Apesar da desaceleração da inflação de serviços em agosto, no acumulado em 12 meses a tendência ainda é de alta, alcançando 5,14%, enquanto a de subjacentes subiu para 4,97%. O resultado de agosto traz um certo alívio ante o mau resultado do IPCA de julho, mas amplamente influenciado pelo comportamento dos alimentos, itens mais voláteis”, destaca.

Para Valério, a tendência de desaceleração da inflação de serviços deve continuar, mas de modo mais lento, considerando a política monetária mais restritiva e o fim do impulso fiscal mais significativo do primeiro semestre.

“O dado de hoje contribui para não aumentar ainda mais a pressão sobre os juros, com parte do mercado precificando alta de 150 pontos base até o início do próximo ano. Com a expectativa de um IPCA menor em agosto e o início do ciclo de cortes nos juros americanos, mantemos a expectativa de Selic constante pelo futuro próximo”, prevê.

A opinião de Carla Argenta, economista chefe da CM Capital, é que a divulgação de hoje, quando dissipadas as correções e movimentos pontuais, não fornece motivos tanto para uma visão mais pessimista, de elevações na Selic nesse momento.

A opinião de Leonardo Costa, economista do ASA, é parecida. Ele diz que o qualitativo do indicador veio modestamente melhor em agosto, com devolução de parte da alta dos serviços de veículos, que foi bastante elevada em julho.

Mas ele também chama a atenção para a aceleração do núcleo de serviços na medida trimestral, o que ajuda a alimentar o discurso de cautela do BC. “Nos bens industrializados temos aceleração  na margem, o que parece associado a alta recente dos IGPs, passando o momento mais benigno após a normalização das cadeias produtivas”, comenta.

A projeção de Costa é que o IPCA feche 2024 em 4,4%, perdendo um pouco de força em 2025, para 4,1%.
Alívio com alimentos

Claudia Moreno, economista do C6 Bank, também destaca no mês o alívio vindo do grupo alimentação no domicílio, que teve uma deflação de 1,30%, mas repete a leitura de cuidado com os preços dos serviços.

“Apesar da inflação de serviços subjacentes ter vindo um pouco melhor do que a gente previa, deve seguir rodando em patamares elevados. Em 12 meses, a alta acumulada é de 5%. Com o mercado de trabalho aquecido, os salários tendem a ser reajustados acima dos ganhos de produtividade, pressionando para cima a inflação de serviços”, explica.

Para a economista, a inflação deve voltar a subir até o final do ano. “Como não enxergamos trégua na inflação de serviços e acreditamos na volta da inflação de bens industriais, projetamos que o IPCA feche o ano em 4,7%. Para 2025, prevemos 5%.”

Mesmo com essa projeção mais salgada, Claudia espera que a Selic deva ser mantida em 10,5% até o final do ano. “Por ora, acreditamos que os fundamentos observados pelo Banco Central não indicam a necessidade de um aperto adicional na política monetária. Para 2025, nossa projeção é que a taxa básica de juros termine o ano em 9%.”

Para o Itaú, o IPCA-15 de agosto ficou em linha com as expectativas e mostrou uma desagregação ligeiramente melhor do que a esperada, especialmente devido à desaceleração mensal dos serviços subjacentes. “Olhando para o futuro, esperamos que o componente de serviços permaneça sob pressão, refletindo o mercado de trabalho apertado”, diz o banco em relatório.

Já o Bradesco acredita que a surpresa no número do IPCA-15 de agosto não indica uma trajetória muito diferente da inflação à frente. “O câmbio relativamente mais depreciado coloca alguma pressão sobre os preços, mas nossa Pesquisa Empresarial sugere repasses similares ao padrão histórico. Esperamos que o IPCA termine o ano com alta de 4,3%.”

O Estado de S.Paulo - SP   28/08/2024

O alívio pelo qual o mundo há tanto tempo anseia está prestes a se concretizar. “Chegou a hora de ajustar” a política monetária, afirmou o presidente do Fed (o Banco Central – BC – dos EUA), Jerome Powell, no encontro anual de líderes de Bancos Centrais em Jackson Hole, sinalização mais potente até agora de que os juros norte-americanos cairão em setembro. Se antes a discussão era sobre se o Fed cortaria os juros, agora já se debate a magnitude do corte iminente. Em tese, a queda das taxas nos EUA é boa notícia para o Brasil, mas o persistente desafio fiscal do País e, mais recentemente, a própria comunicação do BC brasileiro podem retardar esse impacto positivo.

E o que não tem faltado é confusão, desde as inúmeras críticas do presidente Lula ao presidente do BC, Roberto Campos Neto – acusado, entre outras coisas, de não ter sensibilidade e de prejudicar o País ao manter os juros altos –, até o ruído causado pela decisão dividida do Copom em maio, quando os quatro diretores indicados pelo atual governo votaram por um corte de 0,50 ponto porcentual (na ocasião, a Selic foi reduzida em 0,25 ponto porcentual, para os atuais 10,50%). De uns tempos para cá, o Banco Central foi calibrando o discurso para demonstrar não apenas coesão – na reunião de julho o Copom votou unanimemente pela manutenção dos juros –, mas também a certeza de que subirá a Selic caso os indicadores econômicos justifiquem tal decisão.

Nos últimos dias, Gabriel Galípolo, tido como provável sucessor de Campos Neto na presidência do BC, vem dando reiteradas declarações de que a autoridade monetária não será leniente no combate à inflação – a estimativa para o IPCA no boletim Focus mais recente subiu de 4,22% para 4,25% em 2024 –, reforçando posicionamentos de outros membros do BC, inclusive Campos Neto. Se, por um lado, o comprometimento dos integrantes do Copom com uma transição de poder harmônica – e, mais importante, com o combate à inflação – é em geral positivo, parte do mercado também vê nas declarações “realistas” de Galípolo uma armadilha.

Ao sinalizar que o BC subirá os juros, Galípolo consolida tal expectativa entre os agentes de mercado. Se em setembro – quando o Copom, como o Fed, se reúne – não houver uma elevação da Selic, a credibilidade da autoridade monetária brasileira pode sair arranhada, exatamente o oposto do que Galípolo parece buscar com suas declarações.

Em evento no Piauí, ao comentar a resiliência maior da economia brasileira ilustrada pelas constantes elevações de previsão do PIB e pela queda do desemprego, Galípolo afirmou que “o BC ficou dependente de dados”. Tal como a decisão sobre os juros deve ser ancorada nesses dados, a comunicação dos membros do BC também deve nortear-se por eles. Que a comunicação então encontre nos dados um bom conselheiro.

A extensão do benefício que a iminente queda de juros nos EUA em setembro renderá ao Brasil dependerá, em larga escala, da mensagem que o BC adotar, também em setembro, quando anunciar sua própria decisão de política monetária. Quanto mais técnicas forem a decisão e a comunicação, melhor.

O Estado de S.Paulo - SP   28/08/2024

Em agosto, Brasil e China celebraram 50 anos do restabelecimento de relações diplomáticas e, em novembro, o presidente chinês, Xi Jinping, virá ao Brasil para uma visita bilateral e também para participar da reunião do G-20.

Na década de 1990, durante a gestão de Fernando Henrique Cardoso à frente do Itamaraty, a China propôs e foi aceita pelo Brasil uma parceria estratégica que deveria beneficiar ambos os países. Os últimos 25 anos mostraram resultados bastante favoráveis a ambos os lados em termos de segurança alimentar (37% das exportações brasileiras de produtos agrícolas são absorvidas pelo mercado chinês) e energia (com investimentos chineses no Brasil). Deve ser mencionado, contudo, que, do lado brasileiro, ainda falta uma visão estratégica mais pragmática, sobretudo na atração de investimentos produtivos.

Dentro de uma visão estratégica de longo prazo, em 2013, o governo da China lançou a iniciativa Rota da Seda (Belt and Road Initiative) com o prazo de até 2049 para estar completa. A iniciativa dispõe de uma organização institucional integrada por um fórum para cooperação internacional e um conselho de alto nível. Os objetivos de Pequim são ampliação da coordenação política entre os países participantes, ampliação das facilidades de conexão entre todos os países, comércio desimpedido, integração financeira e melhora da relação entre os povos. A iniciativa Rota da Seda prevê investimentos chineses em infraestrutura (ferrovias, rodovias, energia, digital) em projetos terrestres e marítimos para conectar a China com a Ásia, Europa, África e América Latina por terra e mar. Integrada hoje por mais de 150 países, (20 na América Latina, somente Brasil, Paraguai e Colômbia estão fora até aqui), a Rota da Seda é o mais importante projeto da diplomacia chinesa.

Desde a ida do presidente Lula da Silva a Pequim em 2023, a China tem insistido para o Brasil integrar a Rota da Seda. Certamente, esse será um dos itens da agenda bilateral em novembro e, segundo se sabe, o Brasil deverá ser mais um país a participar da iniciativa chinesa.

Os aspectos geopolíticos do projeto foram ressaltados quando, como uma reação ocidental, os países do G-7, em 2022, aprovaram um plano de expansão na infraestrutura, com a possibilidade de gastos de US$ 600 bilhões. O plano, no entanto, pouco avançou, ao contrário da iniciativa chinesa, que iniciou mais de mil projetos nos últimos dez anos, especialmente na Ásia e África, mas também na Europa e América Latina.

A entrada na Rota da Seda deveria ser precedida da definição do interesse brasileiro. Levando em conta considerações geopolíticas, a questão que se coloca, do ponto de vista da política externa e do interesse nacional, é como o Brasil vai se juntar à Rota da Seda sem perder a visão de equidistância entre o Ocidente e a China. O gesto poderá ser oficializado pela simples adesão ou, confirmando a posição de independência, poderá ficar no contexto dos dois países, com a inclusão dessa questão na Comissão Mista Brasil-China (Cosban), mecanismo de coordenação bilateral, em que seriam discutidos os projetos que viriam a ser incluídos na Rota da Seda: quais poderão ser considerados e como se dará o acesso ao financiamento para a execução deles. Aqueles de infraestrutura na América do Sul são os que mais se enquadram no contexto da Rota da Seda. Caso concretizados, favoreceriam a ampliação do comércio do Brasil com os vizinhos sul-americanos e poderiam abrir um corredor para a exportação de produtos brasileiros para a Ásia, especialmente para a China. A Rota da Seda sul-americana, levando em conta os interesses brasileiros, poderia representar um passo relevante para uma política de integração física na América do Sul, liderada pelo Brasil, que possa beneficiar todos os países da região.

Não está incluído no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) um projeto estratégico de longo prazo que ligasse, por via ferroviária, o Atlântico ao Pacífico, de 3.755 quilômetros (km) de extensão (1.900 km no Brasil), passando pela metade norte do território nacional e pela Bolívia, e que chegasse aos portos peruanos, que estão sendo ampliados com recursos chineses. Esse corredor ferroviário teria um sentido estratégico fundamental para o Brasil se pudesse ser executado. Alternativamente, poderiam ser mais bem aproveitadas as vias hidroviárias nacionais na interligação com países vizinhos, como o Peru.

O transporte de produtos de exportação do Brasil não acompanhou a grande mudança do eixo comercial para a Ásia, em especial a China. Para alcançar essa região, 50% das exportações brasileiras têm de passar pelo Canal do Panamá ou pelo sul da África, o que não é eficiente nem econômico. Torna-se cada vez mais urgente abrir corredores de exportação diretamente para os mercados asiáticos, via portos no Peru e no Chile no Pacífico, para diminuir o tempo de transporte e o frete e tornar os produtos brasileiros mais competitivos.

A ideia de colaboração na construção do ambicioso corredor ferroviário ou de uma integração hidroviária no caminho do Pacífico, para o Porto de Chancay, no Peru, poderia ser um dos pontos altos das comemorações dos 50 anos.

Agência Brasil - DF   28/08/2024

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), que mede a prévia da inflação oficial, ficou em 0,19% em agosto deste ano. A taxa é inferior às observadas nas prévias de julho deste ano (0,30%) e de agosto do ano passado (0,28%).

Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e foram divulgados nesta terça-feira (27).

Com o resultado, o IPCA-15 acumula taxas de 3,02% nos oito meses deste ano, e de 4,35% em 12 meses. O acumulado em 12 meses ficou abaixo dos 4,45% registrados nos 12 meses anteriores, ou seja, de agosto de 2023 a julho deste ano.

Na prévia de agosto, oito dos nove grupos de despesa pesquisados pelo IBGE registraram alta de preços, com destaque para os transportes (0,83%), que tiveram o maior impacto no IPCA-15 do período.

O resultado dos transportes foi influenciado pelas altas de itens como gasolina (3,33%), combustíveis (3,47%), etanol (5,81%), gás veicular (1,31%) e óleo diesel (0,85%).

Por outro lado, os alimentos foram a única classe de despesas com deflação (queda de preços), de 0,8%, repetindo o comportamento da prévia do mês anterior, quando teve taxa de -0,44%.

Entre os itens alimentícios que registraram deflação estão tomate (-26,59%), batata-inglesa (-13,13%) e cebola (-11,22%). A refeição fora do domicílio, no entanto, teve inflação de 0,49%.

Os demais grupos de despesas apresentaram as seguintes taxas de inflação: educação (0,75%), artigos de residência (0,71%), despesas pessoais (0,43%), saúde e cuidados pessoais (0,27%), habitação (0,18%), comunicação (0,09%) e vestuário (0,09%).

O Estado de S.Paulo - SP   28/08/2024

Em seu discurso sobre política econômica em Raleigh, na Carolina do Norte, neste mês, Kamala Harris disparou um lindo refrão que esculachou uma certa proposta de política definindo-a como nada além de um “imposto nacional sobre as vendas” ao povo americano, que aumentaria os preços de “produtos cotidianos e necessidades básicas” e custaria a uma família típica US$ 3,9 mil.

Finalmente um dos candidatos presidenciais falava como economista — ou ao menos como um formulador de políticas prático, com um entendimento realista da lei da oferta e da demanda.

A proposta que ela criticou era de seu oponente, Donald Trump — especificamente uma tarifa de até 20% (e consideravelmente superior sobre importações da China). A vice-presidente Harris disse a verdade: tarifas são impostos pagos pelos consumidores americanos. Tarifas empobrecem o país. Quando as aplicou, Trump não gerou nenhum novo emprego, e os consumidores americanos, incluindo empregadores que dependem de aço importado, empacaram diante dos preços mais altos, o que prejudicou a indústria nacional.

Além disso, outras nações retaliaram contra as exportações americanas. Em retrospecto, os Estados Unidos produziram ligeiramente mais em áreas em que são menos competitivos, como máquinas de lavar, e venderam menos do que produzem melhor, como grãos de soja. Esse resultado disparatado explica por que a expansão nas tarifas proposta por Trump continua uma das piores ideias a emergir na campanha.

Desafortunadamente, a outra má ideia foi apresentada no mesmo discurso de Harris, com violência similar contra os princípios do livre-mercado. A candidata prometeu buscar autoridade federal para controlar os preços dos alimentos. Ainda que tenha criticado com força e especificamente a fracassada política de tarifas de Trump ao descrevê-la, Harris foi repreensiva e vaga ao definir controles de preços. Ela não imporia a todas as empresas — somente aos “atores malignos”, que “exploram crises” com “aumentos abusivos”.

Devemos nos esquecer, então, que sua proposta aborda um problema que deixou de existir (no ano recente, os preços dos alimentos aumentaram mero 1%) e que os supermercados operam com margens notoriamente tênues. Mais desalentadora foi sua aparente ignorância a respeito de controles de preços ocasionarem, quase sem exceção, escassez de produtos, perturbações em cadeias de abastecimento e, eventualmente, preços mais altos. Quando prometeu combater abusadores “oportunistas” e restringir “lucros corporativos excessivos”, Harris pareceu desconhecer que a exploração de oportunidades em busca de lucro é exatamente o que a empresa privada é destinada a fomentar (Henry Ford, Steve Jobs, Warren Buffett — todos oportunistas).

Tarifas e controles de preços são exemplos da guinada decidida da campanha de 2024 para o populismo econômico, como se a produção derivasse de comandos centrais e não de milhares de empresas e milhões de indivíduos trabalhando para ganhar a vida e maximizar lucros.

Os enormes déficits do governo foram outra causa, tanto sob Trump quanto com o presidente Joe Biden. Com a dívida soberana aproximando-se de um recorde enquanto fatia da economia, a bipartidária Comissão por um Orçamento Federal Responsável nota: “Estamos ouvindo, impressionantemente, muito pouco a respeito de planos para mudar as coisas”.

Durante a inflação dos anos 70, o autor Robert Samuelson notou: “Todos os programas de contenção de salários e preços na realidade pioraram as coisas, por obscurecer a natureza essencial da inflação”. Na atual campanha, os candidatos parecem disputar quem conseguirá ser mais esbanjador.

A “Agenda para baixar os custos das famílias americanas”, de Harris, de fato um programa para realocar custos por meio de mais benefícios e créditos tributários, elevaria os déficits em estimados US$1,7 trilhão a US$ 2 trilhões ao longo da próxima década. Trump rebateu com uma sugestão de acabar com os impostos sobre pagamentos de seguridade social, o que elevaria os déficits em aproximadamente US$ 1,7 trilhão. E piorou as coisas prometendo isentar impostos sobre renda oriunda de gorjetas — talvez numa tentativa duvidosa de política industrial encorajando os restaurantes, em detrimento, digamos, da construção de residências; ou numa tentativa descarada de comprar votos. Adequado para Trump, adequado para Harris — que também comprou a ideia.

Alguns planos de gastos de Harris são louváveis, notavelmente sobre assistência infantil, que estimulará o emprego, e créditos tributários para indivíduos de baixa renda para combater a pobreza. Mas até mesmo programas bons precisam de financiamento. E deveriam ser avaliados em função da necessidade de estabilizar programas já existentes, como a seguridade social e o Medicare. Nenhuma das campanhas está propondo cortes de gastos significativos (nem específicos). Que tal eliminar créditos para filhos de indivíduos de alta renda ou acabar com o abatimento da hipoteca?

No lado da receita, Harris propôs uma elevação significativa nos impostos das empresas — um passo no sentido do comedimento fiscal — mas prometeu não aumentar impostos sobre rendas individuais abaixo de US$ 400 mil, o que isentaria 80% das rendas tributáveis. Trump quer simplesmente ampliar seus cortes de impostos — de longe a mais dispendiosa destruição de orçamento apresentada pelos candidatos. Finalmente, a proposta de Trump de retirar imigrantes do país poderia criar uma súbita escassez de trabalhadores e produzir um tipo de choque econômico que ressuscitaria a inflação de imediato.

Reconhecidamente, é arriscado prever o desempenho de um futuro presidente na economia. Em 1929, o recém-eleito Herbert Hoover, um investidor milionário e ex-secretário do comércio altamente conceituado, era tido como o indivíduo mais bem preparado para cuidar da economia desde Alexander Hamilton. Como presidente, foi um fracasso singular.

Richard Nixon, no passado um famoso anticomunista, expandiu o Estado e propôs um programa de renda básica. Ele também impôs um desastroso congelamento de salários e preços. E Jimmy Carter, com frequência percebido erroneamente como um ultraprogressista, iniciou uma mudança geracional no sentido da desregulação. Portanto, é possível que as propostas da atual campanha sejam mais performáticas que premonitórias.

Ainda assim, é preocupante ver candidatos condescendentes com os eleitores. Harris e JD Vance, o colega de chapa de Trump, desvelam um anticorporativismo em voga e uma confiança exultante em política industrial. Mas a empresa privada — regulada e suplementada por governos responsáveis, com amplos mecanismos de segurança — foi o que fez dos EUA um sucesso econômico sem paralelo.

Ao contrário do que frequentemente se supõe, os salários medianos reais têm aumentado há mais de três décadas — ainda que não durante todo o período, incluindo após a Grande Recessão e durante a pior fase da recente inflação. Mas no longo prazo, de acordo com o economista Michael Strain, do American Enterprise Institute, os salários não ficaram estagnados, apesar de os períodos de dificuldade poderem dar a parecer que estiveram. O Arkansas, um dos Estados mais pobres, tem hoje lares com renda média mais alta do que a Alemanha. Os candidatos poderiam mostrar um pouco mais de confiança na maneira que chegamos aqui.

MINERAÇÃO

Valor - SP   28/08/2024

Receio é que empresas repitam erros do passado e se precipitem em suas aquisições

Em meio às previsões cada vez mais frequentes de que a mineração esteja prestes a entrar em uma nova onda de fusões, chefes de mineradoras têm alertado para os riscos de que as empresas repitam erros do passado e se precipitem em suas aquisições.

O executivo-chefe da Rio Tinto, Jakob Stausholm, foi o que falou mais abertamente a respeito, aludindo à experiência de um de seus antecessores, Tom Albanese, que foi tirado do cargo em 2013, após uma aquisição malsucedida.

Albanese foi criticado pela decisão da Rio Tinto de comprar a produtora rival de alumínio canadense Alcan, por US$ 38 bilhões, em 2007, que acabou sendo um dos motivos de uma baixa contábil de US$ 30 bilhões, após a forte desvalorização do metal nos mercados.

“Muitos negócios foram feitos entre 2005 e 2012 e muitos deles realmente se revelaram realmente ruins”, disse Stausholm ao “Financial Times”.

“Agora, parece que as coisas estão se abrindo um pouco [...], mas do ponto de vista da Rio Tinto, isso não é tão relevante: não sofro do medo de perder oportunidades”.

Mark Bristow, o combativo executivo-chefe sul-africano da Barrick Gold, segue a mesma linha e diz que as mineradoras podem "muito facilmente" voltar a se exceder pagando demais pelos ativos.

Década de ajustes

O debate sobre a possível onda de fusões chega na esteira do revigoramento dos balanços das grandes mineradoras nos últimos cerca de dez anos, período em que se empenharam em restaurar os retornos após a crise das commodities de 2015, o que pode ter criado poder de fogo para aquisições.

Acredita-se que o combustível para a onda de fusões será o desejo de garantir suprimentos de metais críticos para as fontes de energias limpas, segundo executivos da área de banco de investimento. Muitas mineradoras acreditam que esses metais terão suprimento insuficiente no futuro, o que empurrará os preços para cima à medida que a demanda superar a oferta.

Nesse cenário, prevê-se que o cobre será a commodity mais disputada, já que é usado em grandes quantidades nas fontes de energia renováveis, nas redes elétricas e nos veículos elétricos e, portanto, é vital na transição para a neutralidade de carbono.

Outros acreditam que a queda nos investimentos em novos suprimentos de minerais, em razão da disponibilidade restrita de capital e do impacto nos lucros causado pela queda dos preços das commodities, esteja preparando o terreno para mais fusões e aquisições.

De acordo com Michael Rawlinson, que foi executivo de banco de investimento e hoje é presidente do conselho da mineradora de prata e zinco Adriatic Metals, que tem ações negociadas em Londres, essa queda nos investimentos pode levar à falta de oferta e resultar em uma recuperação nos preços e lucros, o que, por sua vez, forneceria munição para as fusões.

Ele cita a forte queda do mercado em 2000, que coincidiu com a última bolha do setor de tecnologia, quando "os preços baixos restringiram a oferta, levando ao aumento dos preços e a um frenesi de fusões e aquisições e ao excesso de gastos em novos projetos entre 2006 e 2011".

“Aqui estamos em 2024, possivelmente com outra bolha tecnológica estourando, um pano de fundo de crescimento incansável da demanda por unidades, mas sem que ninguém no Ocidente tenha investido em projetos para preencher essa lacuna”, acrescentou.

Primeiros movimentos

Alguns dos grandes nomes já entraram no front das fusões. Em julho, a comercializadora de commodities suíça Glencore concluiu a aquisição de uma participação majoritária nas operações de carvão da canadense Teck Resources por US$ 6,9 bilhões. Em maio, BHP tentou comprar a Anglo American, embora a oferta de 39 bilhões de libras esterlinas (US$ 49,58 bilhões) tenha sido malsucedida.

Além disso, a BHP comprou a Filo Corp. — uma empresa canadense de exploração — por US$ 3 bilhões em julho, enquanto a Anglo American agora se prepara para desmembrar-se. A mineradora vai leiloar suas minas de carvão metalúrgico em Queensland e sua subsidiária de diamantes De Beers, além de separar sua unidade de metais do grupo da platina.

Em agosto, a sul-africana Gold Fields pagou US$ 1,6 bilhão pela produtora de ouro rival Osisko Mining, por um valor 55% superior ao preço médio das ações nos 20 dias anteriores ao acordo.

No entanto, outros dizem que as previsões de uma onda de fusões podem ser exageradas e ressaltam a queda no número de negócios, que atingiu o nível mais baixo em cinco anos no primeiro semestre de 2024, segundo a firma de análises BMI.

De acordo com a analista de commodities Sabrin Chowdhury, da BMI, realizar fusões agora está sendo dificultado pela inflação e pela queda nas cotações dos metais, que têm afetado os lucros.

“O sentimento em relação às commodities está bastante baixo, pois o otimismo em relação a estímulos na China se exauriu”, disse ela. “Neste ano, as mineradoras ainda estão silenciosas em razão da queda dos preços dos metais”.

A desvalorização das commodities, como minério de ferro, cobre e alumínio, provavelmente desestimula as fusões, em vez de incentivá-las, segundo alguns executivos de banco de investimento.

“Se eles forem corajosos e estiverem prontos para ser contracíclicos [comprando apesar de um mercado em queda], faz sentido [comprar]”, disse um executivo veterano de banco de investimento. “Mas as grandes mineradoras não costumam ser contracíclicas. Elas quase sempre saem e fazem suas grandes aquisições quando o ciclo está em alta”.

Ainda assim, a alta demanda projetada para o cobre na transição para as energias limpas está levando mineradoras a sondar o mercado em busca de possíveis fusões.

Até mineradoras de alta especialização, como as produtoras de ouro Newmont e Barrick Gold, estão interessadas no cobre, alimentando as especulações de que as maiores produtoras mundiais do metal vermelho, como o trio canadense Teck Resources, First Quantum e Capstone Copper, agora são grandes alvos para predadores.

Também se espera uma maior competição por outras commodities, como metais preciosos, minério de ferro e carvão, segundo Farid Dadashev, chefe da área de metais e mineração na região do Oriente Médio, Europa e África no banco RBC, que vê “fundamentos sólidos a favor das fusões e aquisições na mineração nos próximos 12 a 18 meses”.

A reação positiva dos investidores às fusões deverá ajudar a alimentar a onda de aquisições, acrescentou. “Esperamos ver os conselhos de administração considerando as fusões e aquisições cada vez mais como um canal para destravar valor futuro”.

Operações menores

De acordo com Rebecca Campbell, que lidera a área de mineração e metais na banca de advocacia White & Case, estão chegando cada vez mais serviços relacionados a minas individuais e empreendimentos conjuntos estratégicos, em vez de “fusões e aquisições grandes e chamativas”.

Um desses processos de venda envolve duas minas de zinco e cobre na Europa, pertencentes à canadense Lundin Group, que despertaram o interesse de nomes como Glencore, South32, Sandfire Resources, Grupo México, Zijin Mining e do fundo de mineração Hyperion, financiado pela Elliott, segundo duas fontes a par do assunto.

Outros dizem já ver sinais de que o mercado está dando um passo grande demais. Bristow, da Barrick Gold, considerou a compra da Filo Corp. pela BHP, adquirida com ágio, como “um projeto de desenvolvimento fora do preço” que está apostando na alta — o que significa que levará tempo para o investimento gerar retornos.

Analistas acrescentam que a compra feita pela BHP coloca em evidência a falta de outras oportunidades viáveis. "Gastar bilhões em uma mina não desenvolvida — se essa é a oportunidade mais quente do mercado, então não há muito mais disponível", disse Bob Brackett, do Bernstein.

A concorrência chinesa também aumenta o risco de exageros, já que eles estão dispostos a pagar acima do valor de mercado por minas em razão de sua importância estratégica. “Se você ganha uma disputa com os chineses, quer dizer que você pagou demais”, disse Rawlinson, da Adriatic Metals.

Por outro lado, as intervenções governamentais, como se viu nos dois últimos dramas de fusões e aquisições, pode atuar como um freio nos negócios.

Depois de a Glencore ter concluído a compra da participação majoritária das operações de carvão da Teck Resources, Ottawa se comprometeu a tornar mais rigorosos os critérios para a aprovação de futuras aquisições de mineradoras canadenses e advertiu que apenas haveria aprovação em "circunstâncias extremamente excepcionais". Da mesma forma, a África do Sul mostrou empenho para proteger a Anglo American da proposta de aquisição da BHP.

Ainda assim, muitos analistas preveem mais grandes combinações no futuro.

Eles dizem que o executivo-chefe da BHP, Mike Henry, não se intimidará com a rejeição da Anglo American, ainda mais considerando os fortes lucros e os fluxos de caixa em seu balanço gerados pelo minério de ferro.

“A ideia de que de alguma forma sua primeira rejeição em fusões e aquisições vai tirar dos trilhos seu plano de longo prazo parece um pouco tola”, disse Brackett. “Sem dúvida, ele tem uma lista de compras e reconsiderará a Anglo”.

Em novembro, pelas regras de aquisições do Reino Unido, a BHP poderá voltar a fazer uma oferta pela Anglo American, que se comprometeu a se concentrar em ser uma produtora de cobre e minério de ferro até o fim de 2025.

“O cenário básico seria que alguém volte e tente de novo”, disse Dawid Heyl, gestor de carteiras de investimento da Ninety One, um acionista de várias grandes mineradoras. “BHP, Glencore, Newmont e Rio vão, todas, fazer as contas para ver se podem pagar por ela e obter as sinergias”. (Tradução de

Sabino Ahumada)

IstoÉ Dinheiro - SP   28/08/2024

A S&P Global rebaixou a previsão para os preços de minério de ferro para US$ 104,00 por tonelada métrica seca (dmt) no segundo semestre deste ano, com base nas expectativas mais “frouxas” em relação a commodity nos próximos meses. A previsão anterior era de US$ 105 dmt no terceiro trimestre e de US$ 110 dmt no quarto trimestre. A média anual se mantém em US$ 110,84/dmt.

Em agosto, o preço do minério de ferro Platts IODEX 62% Fe caiu para US$ 95,25 por tonelada métrica seca, refletindo preocupações sobre a demanda da China no contexto de um aumento no fornecimento de minério de ferro por via marítima, o que levou a S&P a reavaliar as previsões de preço para o próximo semestre. A desaceleração no setor de manufatura da China e problemas no mercado imobiliário estão afetando a demanda de aço.

A analista sênior de pesquisa de Metais e Mineração da S&P Global Commodity Insights, Tamara Thorne, avalia que a produção de aço na China deve diminuir no segundo semestre, o que vai reduzir as importações de minério de ferro para um crescimento anual de 2,2%, alcançando 1.207 milhões de toneladas métricas em 2024.

Thorne avalia que embora o apoio do governo chinês à economia do país deva minimizar o impacto na demanda por aço, espera-se que exportações mais fortes reduzam os preços do minério de ferro no segundo semestre, com uma previsão de média de US$ 104,00 por tonelada métrica seca.

Para 2028, a expectativa é que o balanço comercial global marítimo mostre superávits crescentes, impulsionados pelo início do projeto de minério de ferro de Simandou na Guiné e por aumentos no Brasil e na Austrália, levando os preços a diminuir até US$ 80 por tonelada métrica seca.

Sobre importações, embora o minério de ferro da China tenham subido para 102,9 milhões de toneladas métricas em julho, a S&P espera uma redução devido a cortes na produção de aço nos próximos meses.

O Estado de S.Paulo - SP   28/08/2024

A escolha de um executivo de dentro da companhia como Gustavo Pimenta, atual CFO (vice-presidente financeiro), para substituir Eduardo Bartolomeo no comando da Vale, mostra que a empresa deve dar continuidade à sua estratégia de negócios, além de acabar com o risco de possíveis interferências do governo Lula, segundo analistas ouvidos pelo Estadão/Broadcast. Contudo, questões pendentes, como o acordo final da Samarco sobre o desastre de Mariana, ainda pesam sobre a companhia.

“Olhando para o futuro, a única questão relevante para a Vale deve continuar sendo a renegociação do passivo da Samarco, para o qual esperamos desfecho nas próximas semanas”, afirmam os analistas Leonardo Correa e Caio Greiner, do BTG Pactual. Para eles, a resolução deste tema pode colocar a mineradora em uma base mais firme com a comunidade de investimentos e ajudar a estabilizar ou mesmo reverter o sentimento negativo em torno da empresa nos últimos meses.

Ilan Abertman, analista da Ativa Investimentos, é de uma opinião similar. Ele avalia que os três principais riscos impedindo a alta dos papéis em pregões anteriores eram a sucessão, a recessão na China e o acordo de Mariana. “CEO foi resolvido, China não tem o que fazer e só o tempo dirá. O próximo passo é resolver Mariana, a principal prioridade da empresa”, diz.

A Genial aponta que a experiência prévia do executivo na companhia, especialmente como vice-presidente financeiro, posição em que gerenciou a alocação de capital, o coloca como uma escolha estratégica interna, familiarizado com os ativos, projetos de expansão e a importância da Vale na transição energética.

A casa destaca que, sob a gestão financeira de Pimenta, a empresa manteve uma alavancagem (relação de endividamento para operar e expandir seus negócios) responsável e tomou decisões assertivas em relação ao capex (Investimentos em bens de capital), destacando-se na condução dos projetos Capanema, MegaHubs, Vargem Grande, além de iniciativas voltadas para a descarbonização, como a VBM (níquel e cobre) e os briquetes verdes. Ao mesmo tempo, a nomeação desvincula a posição de influências governamentais, beneficiando a imagem e as operações da empresa.
Os temas mais sensíveis

Além disso, como fator positivo, há as expectativas de que Pimenta possa acelerar as negociações com o governo, abordando temas relevantes para a agenda da companhia como o imbróglio de Mariana, o ambiente regulatório e a renovação das concessões ferroviárias.

O Itaú BBA avalia que esses dois pontos devem ganhar um ritmo maior com a gestão de Pimenta, com a possibilidade de que sejam priorizadas pelo executivo. Os analistas Daniel Sasson, Edgard Pinto de Souza, Marcelo Furlan Palhares e Barbara Soares acrescentam que, operacionalmente, o foco do novo CEO deve ser a melhoria da confiabilidade do sistema Norte.

O trader Fábio Lemos, da Fatorial Investimentos, aponta que a ampla experiência de mercado e familiaridade com a empresa são pontos de peso na escolha de Pimenta, lembrando que o executivo já demonstrou expertise anteriormente ao liderar a negociação de spinoff da Vale Metals.
Desafios do novo CEO

Com relação aos desafios que o novo CEO deve enfrentar no comando da mineradora a partir de janeiro do ano que vem, os analistas Marcio Farid, Gabriel Simões e Henrique Marques, do Goldman Sachs, apontam a melhoria operacional contínua, incluindo desafios regulatórios no Norte, além de aumentar a eficiência dos ativos subutilizados no Sistema Sul.

Outro desafio identificado pelos analistas Igor Guedes, Rafael Chamadoira e Iago Souza, da Genial, é a incerteza sobre quem assumirá o cargo de CFO após sua saída, já que a empresa não forneceu detalhes sobre isso em seu comunicado.

A Guide, por sua vez, enxerga o crescimento moderado da China como um desafio relevante para a Vale. O país asiático representa 50% da demanda global de aço e 70% da demanda por minério de ferro, sendo um dos principais destinos das exportações da companhia. Os preços reduzidos do minério de ferro também são um ponto de alerta para a companhia.

Pimenta possui mais de 20 anos de carreira, com atuação global nos setores financeiro, de energia e mineração, no Brasil, Estados Unidos e Europa. Em 2021, assumiu como CFO e de Relações com Investidores da Vale, com responsabilidades adicionais nas áreas de Suprimentos e Energia & Descarbonização.

Antes da Vale, trabalhou 12 anos na AES, onde foi CFO Global, diretor de Planejamento e Estratégia, e vice-presidente de Performance e Serviços. Também foi vice-presidente de Estratégia e M&A no Citigroup em Nova York. Pimenta é formado em Economia pela Universidade Federal de Minas Gerais e tem mestrado em Finanças e Economia pela Fundação Getulio Vargas.

Infomoney - SP   28/08/2024

Os contratos futuros de minério de ferro subiram para uma máxima de quase três semanas nesta terça-feira, impulsionados pelo crescente apetite de compra das siderúrgicas da China, principal mercado consumidor do minério, antes da próxima temporada de pico de demanda.

O contrato de janeiro do minério de ferro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) da China encerrou as negociações do dia com alta de 3,34%, a 758 iuanes (106,38 dólares) a tonelada, o maior valor desde 7 de agosto.

O minério de ferro de referência para setembro na Bolsa de Cingapura subiu 1,5%, a 101,75 dólares a tonelada, o maior valor desde 9 de agosto.
“O principal fator que desencadeou essa rodada de recuperação dos preços foi o sinal reforçado de um corte na taxa de juros dado por Powell (do Federal Reserve dos EUA)”, disse Pei Hao, analista da corretora internacional Freight Investor Services, com sede em Xangai.

“Além disso, algumas siderúrgicas começaram a estocar minério de ferro para atender às necessidades de produção para setembro, quando a demanda por aço provavelmente melhorará, dando algum suporte aos preços do minério.”

Algumas usinas planejaram retomar a produção após um período de paradas para manutenção, gerando a expectativa de que a demanda de minério voltará a subir, de acordo com analistas da Everbright Futures.

No entanto, as margens estreitas do aço e os estoques portuários ainda altos continuaram a ser obstáculos, limitando a alta, disseram os analistas.

De janeiro a julho, as siderúrgicas passaram de lucros para prejuízos, em comparação com o ano anterior, mesmo com os lucros industriais da China crescendo em um ritmo mais rápido.

Outros ingredientes siderúrgicos na Bolsa de Dalian tiveram ganhos, com o carvão metalúrgico e o coque subindo 4,57% e 3,86%, respectivamente, para suas máximas de duas semanas.

Globo Online - RJ   28/08/2024

A escolha de Gustavo Pimenta como novo CEO da Vale aponta para o fim da novela que se tornou a sucessão do comando da mineradora. O processo foi marcado pela tentativa de interferência do governo federal, mas apesar de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter voltado a reclamar ontem da falta de influência da União na empresa, o Palácio do Planalto não deverá investir novamente contra a decisão.

O anúncio do nome de Pimenta, atual vice-presidente executivo de Finanças e Relações com Investidores, para o cargo, feito na noite de segunda-feira, tirou um “peso” de cima da mineradora, segundo analistas. A definição do futuro comando foi bem-recebida pelo mercado, com alta de 3,01% nas ações da empresa, que fecharam cotadas a R$ 59,80. Em valor de mercado, a mineradora ganhou R$ 7,94 bilhões em um dia.

Se a escolha do sucessor de Eduardo Bartolomeo retira boa parte da incerteza, analistas ponderam que a segunda maior produtora de minério de ferro do mundo ainda tem dois obstáculos no curto prazo, que terão que ser logo enfrentados por Pimenta: encerrar uma renegociação sobre concessões de ferrovias e fechar um acordo para a reparação pelos danos causados pelo rompimento da barragem da Samarco em Mariana (MG), em 2015.

Trânsito político

Os dois imbróglios envolvem cifras bilionárias e exigirão bom trânsito político. Assim como as turbulências em torno do processo de sucessão do comando, são consideradas por analistas de mercado como overhangs — jargão para designar problemas enfrentados por uma companhia aberta que afetam negativamente as cotações de suas ações e títulos de dívida. Apesar da alta de ontem, as ações da Vale ainda acumulam queda de 16,6% este ano.

Analistas e pessoas próximas tanto ao comando da Vale quanto ao Palácio do Planalto avaliaram ontem que Pimenta teria condições de atuar politicamente para resolver os dois obstáculos, especialmente o acordo sobre a tragédia de Mariana, no qual o executivo já trabalha e que poderá ficar em R$ 140 bilhões — divididos com a BHP Billiton, sócia da Vale na Samarco, dona da barragem que se rompeu em 2015, e subtraídos do que já foi investido pelas companhias.

A falta de jogo de cintura político era crítica frequente na avaliação sobre a gestão de Bartolomeo, CEO da mineradora desde 2019. Para Igor Guedes, analista da corretora Genial Investimentos, Pimenta tem condições de se sair melhor do que o antecessor nas relações políticas.

O executivo é economista, graduado na UFMG, e trilhou carreira como CFO, o segundo cargo mais importante das companhias abertas. Por mais de dez anos trabalhou na AES, gigante americana do setor elétrico, que atua sob regulação governamental em vários países.

— O currículo fala por si, por onde ele passou, o dialogo foi positivo — afirmou Guedes.

Em relatório, analistas do banco Itaú BBA destacaram ainda que a indicação de Pimenta permitirá uma continuidade, evitando atrasos inerentes a transições mais bruscas. Outro relatório, do banco BTG Pactual, considerou positivo o fato de que o anúncio veio antes do esperado. O cronograma anteriormente informado pela mineradora previa a confirmação do nome do substituto de Bartolomeo até o início de dezembro.

A sucessão do comando inflamou disputas entre acionistas da Vale, que já vinham desde que, em novembro de 2020, a mineradora se tornou uma corporation, ou seja, uma companhia sem controle definido, com o capital pulverizado, a maior nesse modelo no Brasil. Esse jogo de poder foi marcado, ano passado, pela volta do PT ao Planalto e pela participação acionária do Grupo Cosan na companhia.

“Uma tal de ‘corporation’ que não tem dono, monte de gente com 2%, monte de gente com 3%. É que nem cachorro de muito dono, morre de fome, morre de sede porque todo pensa que colocou água, todo mundo pensa que deu comida e ninguém colocou”, disse Lula

Desde o início do atual mandato, circula nos bastidores que Lula gostaria de ver o ex-ministro Guido Mantega no comando da mineradora, mas, com a pulverização do capital e a saída do BNDES como acionista, a influência direta do Planalto sobre a mineradora diminuiu.

A Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil (BB), sobre a qual o governo exerce influência, segue com 8,8% do capital da Vale, é a principal acionista individual, mas isso é pouco para definir o comando da empresa.

‘Cachorro de muito dono’

Em evento da estatal Telebras, Lula reclamou ontem dessa falta de influência, disse que a Vale não tem um “dono” com quem negociar “um acordo para receber dinheiro de Mariana”:

— Uma tal de corporation que não tem dono, monte de gente com 2%, monte de gente com 3%. É que nem cachorro de muito dono, morre de fome, morre de sede porque todo pensa que colocou água, todo mundo pensa que deu comida e ninguém colocou.

A reunião do Conselho que aprovou o nome de Pimenta foi presencial, na sede da mineradora, no Rio. Os conselheiros analisaram os currículos de Ruben Fernandes, executivo da mineradora Anglo American, e Marcelo Bastos, que trabalhou na Vale e, depois, na BHP.

Os dois estavam na lista de 15 nomes selecionados pela Russell Reynolds, consultoria de recrutamento contratada pela Vale, como relevou o colunista do GLOBO, Lauro Jardim, em julho.

Pimenta, Fernandes e Bastos foram sabatinados pelos conselheiros, segundo uma fonte que pediu o anonimato. Cada um fez uma apresentação de cerca de uma hora. Ao fim das apresentações, houve votação e os conselheiros escolheram unanimemente o nome de Pimenta.

AUTOMOTIVO

Valor - SP   28/08/2024

Como os veículos emitem apenas água durante a geração de energia, e não dióxido de carbono, alguns os consideram o "veículo ecológico definitivo"

A Toyota Motor e a BMW vão aprimorar sua parceria em veículos movidos a células de combustível, já que as duas gigantes automotivas veem esses veículos como potenciais modelos ecológicos de próxima geração em meio ao crescimento lento da demanda por veículos elétricos, conforme apurou o “Nikkei”. A BMW pretende iniciar a produção em massa de um modelo de veículo a célula de combustível dentro de alguns anos.

As empresas devem assinar um memorando de entendimento para a parceria na próxima semana e anunciá-lo durante a mesa-redonda de imprensa da BMW em 5 de setembro.

Os veículos movidos a células de combustível funcionam com eletricidade gerada por meio da reação química entre hidrogênio e oxigênio. Como os veículos emitem apenas água durante a geração de energia, e não dióxido de carbono, alguns os consideram o "veículo ecológico definitivo". Eles também têm a vantagem de um tempo de abastecimento mais curto em comparação com os veículos elétricos.

As duas empresas têm uma parceria em veículos movidos a células de combustível desde junho de 2012, na qual o papel da Toyota se limitava ao fornecimento de um número limitado de componentes.

Com base na parceria aprimorada, no entanto, a Toyota fornecerá à BMW mais componentes-chave para os veículos, incluindo tanques de hidrogênio e sistemas de células de combustível. A BMW usará, então, sua tecnologia interna de veículos elétricos, como sistemas de propulsão, para fabricar o restante do veículo.

A BMW desenvolveu um modelo conceitual de veículo a célula de combustível, o iX5 Hydrogen, que está equipado com dois tanques de hidrogênio e tem uma autonomia de mais de 500 quilômetros, além da capacidade de ser reabastecido rapidamente em três a quatro minutos. O veículo conceitual é baseado no SUV X5 da BMW.

A BMW pretende iniciar a produção em massa do iX5 Hydrogen dentro de alguns anos. Ao incorporar totalmente o sistema de células de combustível da Toyota, a BMW poderá reduzir os custos de desenvolvimento e produção.

A Toyota é líder na produção em massa de veículos movidos a células de combustível. Ela lançou seu próprio modelo, o Mirai, em 2014, à frente de seus concorrentes em todo o mundo.

No entanto, como o preço do Mirai supera 7 milhões de ienes (US$ 48 mil) no Japão, os veículos a células de combustível têm demorado a conquistar os consumidores. Toyota e BMW visam reduzir o preço dos veículos a células de combustível compartilhando os componentes-chave que representam uma grande parte do custo.

O vento favorável para os veículos a células de combustível está soprando à medida que o crescimento dos veículos elétricos desacelera. Em julho, a Honda Motor lançou seu novo veículo movido a célula de combustível no Japão e nos EUA, revertendo a decisão da empresa de interromper a produção de veículos a célula de combustível em 2021.

A BMW também planeja ter uma linha de vários modelos na década de 2030, após o lançamento do iX5 Hydrogen.

Espera-se que a aliança aprimorada envolva cooperação no desenvolvimento de infraestrutura de abastecimento de hidrogênio na Europa. Segundo a Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis, existem apenas 270 postos de abastecimento de hidrogênio em toda a Europa, bem menos que as 632 mil estações de recarga pública de veículos elétricos na União Europeia até o final de 2023.

Automotive Business - SP   28/08/2024

O governo de São Paulo quer atrair as atenções de empresas do setor automotivo para o estado. Uma delas é a Tata Motors, fabricante de veículos subsidiária do gigante Grupo Tata, sediado na Índia.

Segundo o secretário de desenvolvimento, Jorge Lima, representantes do governo estadual e membros da empresa vão sentar para conversar na primeira quinzena de setembro. A ambição de São Paulo é viabilizar uma unidade produtiva da Tata no estado.

"Temos para oferecer um parque de fornecedores bastante desenvolvido e próximo das áreas que concentram outras montadoras", disse o secretário à reportagem na última sexta-feira, 23, durante evento que marcou anúncio de investimento da Volkswagen em São Paulo.

Lima disse, ainda, que executivos da Tata estão no país cumprindo agenda a respeito de outros temas, e que este seria uma espécie de primeiro contato entre as partes. "Voltaremos a nos encontrar na Alemanha, também em setembro", completou.

A Tata Motors mantém a maior parte de suas fábricas em solo indiano, além de centros de pesquisa. A empresa tem uma oferta com modelos em diversos segmentos, dentre leves, pesados e motocicletas. O Grupo Tata, controlador da marca, também é dono das marcas Jaguar e Land Rover.

O secretário informou na oportunidade que o estado também está negociando com uma empresa chinesa produtora de autopeças a instalação de uma fábrica. O nome da companhia está em sigilo porque, segundo Lima, São Paulo disputa esta unidade com Minas Gerais e Paraná.

"Esta empresa tem um plano a longo prazo para produzir no aqui. Para se ter ideia, em São Bernardo do Campo não achamos espaço físico para atender às suas demandas", contou Lima. "Ainda nesta semana devemos bater o martelo a respeito da sua produção no estado."

Exame - SP   28/08/2024

A ampliação do mercado de carros elétricos é uma tarefa que demanda ambição e diplomacia. No caso do Brasil, um país com 85% da frota de veículos flex (que aceitam gasolina e etanol), a complexidade é ainda maior. O país é um dos que mais recebem investimentos para a ampliação da frota eletrificada no mundo.

Até julho de 2024, circulavam no país 315.047 veículos elétricos e nos sete primeiros meses do ano foram emplacados 94.616 carros, número que ultrapassa os 93.927 registrados em todo o ano de 2023. Os dados são da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE).

Apesar do vigoroso crescimento, é necessário uma maior integração entre as políticas do governo federal, dos estados e dos municípios para reduzir a emissão de poluentes e consolidar o setor. A afirmação é do vice-presidente sênior da BYD no Brasil, Alexandre Baldy, em entrevista exclusiva à EXAME.

Esse debate deveria ser acelerado durante o processo eleitoral nos municípios, disse Baldy, com a apresentação das propostas dos candidatos para reduzir a emissão de poluentes. Entretanto, isso não tem ocorrido, segundo o executivo.

“Mais de 20% da emissão global de poluentes decorre do transporte. O transporte público é um dos principais emissores de poluentes na cidade de São Paulo. Isso tem sido debatido? Como está esse debate em Curitiba, no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte? Ninguém sabe. As três esferas de do poder público, governo federal, estados e municípios precisam sentar e debater esse tema”, disse.

Segundo Baldy, não existe no mundo outra solução mais vantajosa para reduzir a emissão de poluentes do que a eletrificação das frotas de carga, de transporte públicos e de veículos de passeio. O executivo da BYD ainda disse que em alguns estados há isenção de IPVA para veículos elétricos, mas sem uma coordenação a nível nacional.

Imposto Seletivo é desafio de curto prazo

Além da ausência de políticas nas três esferas do Poder Público, a regulamentação da reforma tributária se transformou em um desafio para o setor. Segundo Baldy, o lobby de parte das fabricantes de veículos no Brasil afetou a regulamentação da reforma tributária, com a incidência do Imposto Seletivo (IS) sobre os veículos elétricos.

“Tenho convicção de que há um lobby de parte da indústria [automobilística] que não consegue competir e não estava preparada para a realidade da transição energética no setor automobilístico. O desespero em não conseguir concorrer leva à busca por medidas para protelar o desenvolvimento da eletrificação de frota”, disse.

Segundo ele, o IS, popularmente conhecido como “imposto do pecado”, incide sobre produtos e serviços danosos para a saúde humana e para o meio ambiente. No caso dos veículos elétricos, disse Baldy, não há explicação técnica para a incidência do tributo.

O executivo ainda afirmou que o projeto de lei complementar enviado pelo Ministério da Fazenda ao Congresso não definia essa tributação específica para veículos elétricos. Entretanto, essa previsão legal foi incluída e aprovada na Câmara no dia 4 de julho.

A regulamentação da reforma tributária aguarda votação no Senado. O relator, senador Eduardo Braga (MDB-AM), prevê apresentar o parecer em novembro e votar a matéria o início de dezembro.

Corpo a corpo no Congresso

Como o projeto tributa os veículos elétricos, Baldy afirmou que aguardará o início formal da tramitação do texto no Senado para iniciar uma peregrinação pelos gabinetes para apresentar aos parlamentares as justificativas para excluir essa previsão da proposta.

“Algumas pessoas questionam o processo produtivo das baterias [de veículos elétricos para justificar a incidência do imposto]. Há um profundo desconhecimento [sobre o assunto]. Vamos explicar esse processo de produção, como é feita extração dos minérios para sermos transparentes e mostrar o impacto ambiental comparado com outros setores para que [os senadores] possam desconsiderar os veículos elétricos do imposto seletivo”, disse.

Enquanto o Brasil debate a criação de um imposto que dificulta o processo de eletrificação de frotas, afirmou o executivo da BYD, nos Estados Unidos e na China, as duas maiores economias do mundo, há incentivos agressivos para a fabricação de veículos elétricos.

“A indústria aqui [no Brasil] que é contrária à eletrificação de frota não faz o mesmo esforço nos Estados Unidos. Qual a diferença entre a gasolina norte-americana para a brasileira? Não há argumento, fora o lobby de parte da indústria, que justifique a imposição de uma barreira como essa”, afirmou.

Investimentos no Brasil

Apesar das surpresas tributárias, Baldy reafirmou o compromisso da BYD de investir R$ 5,5 bilhões no país nos próximos anos. Segundo ele, 10% desse valor já foi investido na fábrica em Camaçari (BA) e os planos preveem concluir um sistema de montagem de veículos até dezembro de 2024 para iniciar a produção completa no primeiro semestre de 2025. A meta para o próximo ano é fabricar 150 mil veículos elétricos.

Atualmente, os veículos vendidos no país são importados da China, com incidência de imposto de importação. Com a produção local, a montadora chinesa passará a ter incentivos fiscais ao invés de ser sobretaxada. Na outra ponta, a empresa já possui 130 concessionárias e pretender chegar a 200 até o fim no ano, em um investimento de R$ 500 milhões.

Valor - SP   28/08/2024

O primeiro veículo a ser equipado com a tecnologia será o utilitário Bao 8, com lançamento previsto após o terceiro trimestre deste ano

A BYD, a maior fabricante de veículos elétricos do mundo, se uniu à gigante da tecnologia chinesa Huawei para desenvolver veículos autônomos, uma iniciativa que pode lhe dar uma vantagem no crescente setor e aumentar as vendas de seus modelos de luxo.

A Fangchengbao, marca premium da BYD, assinou um acordo para usar a tecnologia de condução autônoma da Huawei, segundo a empresa, em sua conta no WeChat, nesta terça-feira (27). O primeiro veículo a ser equipado com a tecnologia será o utilitário Bao 8, com lançamento previsto após o terceiro trimestre deste ano.

A parceria da BYD com a Huawei, uma das líderes no campo de direção autônoma na China, ocorre enquanto os fabricantes de automóveis disputam posição no mercado em expansão. As montadoras chinesas estão de olho na concorrência da Tesla, embora o sistema de condução autônoma da empresa americana ainda não tenha sido aprovado na China.

O diretor-presidente da Tesla, Elon Musk, disse em julho que o sistema receberá a aprovação regulatória até o final do ano.

Analistas dizem que a tecnologia de condução autônoma chinesa não é tão avançada quanto o sistema da Tesla, que utiliza inteligência artificial, enquanto muitas outras empresas utilizam codificação e programação tradicionais.

Mas muitas empresas chinesas têm buscado reduzir essa diferença, à medida que a competição se intensifica para colocar recursos avançados de condução autônoma nos carros.

A BYD tem liderado as vendas no mercado de veículos elétricos da China, em grande parte graças à sua estratégia de preços mais baixos, uma vantagem importante em um setor cada vez mais disputado. Mas a marca Fangchengbao não conseguiu acompanhar o ritmo. A colaboração com a Huawei pode ajudar a fabricante de veículos elétricos a aumentar as vendas da marca, que estão em queda.

A Fangchengbao reduziu os preços de todos os modelos Bao 5 no final de julho, após vendas fracas logo após o lançamento da série.

“Investidores e analistas estão preocupados com as vendas dos modelos da Fangchengbao”, diz o analista Qu Ke, da CCB International.

Dado o mercado-alvo da Fangchengbao, é provável que ela enfrente mais dificuldades do que empresas nos segmentos de preços mais baixos, considerando a fraca demanda por automóveis e o consumo contido na China, acrescentou.

“Trabalhar com a Huawei pode aumentar a vantagem competitiva da marca”, disse ele.

Mas se a parceria realmente conseguirá aumentar as vendas dependerá do posicionamento dos produtos da BYD, segundo o analista Angus Chan, da Bocom International.

Valor - SP   28/08/2024

A General Motors anunciou que atrasará o início da produção em uma planta de baterias em Indiana em cerca de um ano, para 2027, o último recuo da empresa em sua mudança para veículos elétricos.

A montadora sediada em Detroit e a parceira coreana Samsung SDI divulgaram o novo cronograma para a planta em um comunicado à imprensa na terça-feira, ao formalizarem os planos de seguir em frente com a fábrica de US$ 3,5 bilhões em New Carlisle, Indiana.

A GM e sua rival Ford Motor atrasaram ou cancelaram vários modelos de veículos elétricos e metas de produção no ano passado, pois os consumidores dos Estados Unidos têm adotado os veículos elétricos em ritmo mais lento do que as montadoras esperavam.

A GM disse em julho que atrasaria os planos para um novo veículo elétrico Buick e adiaria a abertura de uma fábrica de caminhões elétricos pela segunda vez. Ela também abandonou a meta de ter capacidade de fábrica suficiente na América do Norte para produzir um milhão de veículos elétricos em 2025.

A presidente-executiva da GM, Mary Barra, disse que a empresa ainda está se posicionando para um futuro totalmente elétrico, mesmo que demore mais para se materializar do que sua equipe esperava originalmente.

"O mercado de elétricos e as vendas da GM continuarão a crescer à medida que mais clientes experimentem nossos produtos, a infraestrutura de carregamento se desenvolva e haja expansão para mais segmentos", disse Barra no comunicado à imprensa na terça-feira.

A montadora disse que planeja montar pelo menos 200 mil veículos elétricos este ano. Ela vendeu cerca de 38 mil no primeiro semestre de 2024.

Nos últimos anos, as montadoras se juntaram aos fabricantes de baterias asiáticos em planos para mais de uma dúzia de fábricas de baterias para fornecer um influxo de modelos elétricos. As montadoras estão buscando explorar bilhões de dólares em créditos fiscais federais disponíveis para a produção de baterias nos Estados Unidos, uma política que visa cobrir o alto custo das baterias à medida que as montadoras expandem suas linhas de elétricos.

A GM foi uma das primeiras grandes montadoras a entrar no negócio de baterias. Ela opera fábricas em Ohio e Tennessee com a sul-coreana LG Energy Solution, e está lançando vários novos modelos elétricos este ano que usam baterias dessas instalações.

Uma terceira fábrica de baterias GM-LG em Lansing, Michigan, está programada para iniciar a produção no quarto trimestre, de acordo com o site da Ultium Cells, a joint venture GM-LG.

A futura fábrica de Indiana com a Samsung deve ser responsável por 15% a 20% da capacidade planejada de baterias da GM nos Estados Unidos.

CONSTRUÇÃO CIVIL

IstoÉ Dinheiro - SP   28/08/2024

O Índice de Confiança da Construção (ICST) subiu 0,2 ponto em agosto, chegando a 97,5 pontos, com alta pelo quarto mês consecutivo. Com o resultado, o ICST avança 0,4 ponto na média móvel trimestral, conforme divulgou há pouco a Fundação Getulio Vargas (FGV).

O avanço nesta leitura refletiu o crescimento do Índice de Situação Atual (ISA-CST), que subiu 1,5 ponto, a 97,0 pontos. Houve, nesta abertura, alta de 1,5 ponto na situação atual dos negócios e de 1,6 ponto no indicador de volume de carteira de contratos. Em contrapartida, o Índice de Expectativas (IE-CST) recuou 1,3 ponto, para 98,0 pontos. Neste mês, o indicador de demanda prevista nos próximos três meses teve queda de 2,6 pontos, enquanto o indicador de tendência dos negócios nos próximos seis meses recuou 0,1 ponto.

“A avaliação setorial sobre o ambiente corrente de negócios tem melhorado seguidamente desde o ano passado. O indicador de evolução recente alcançou novo recorde no ano, apontando que a atividade segue aquecida, gerando escassez de trabalhadores qualificados, que em agosto voltou a aumentar. Essa é a principal limitação ao crescimento do setor no cenário atual”, ressaltou, em nota, a coordenadora de Projetos da Construção do Ibre/FGV, Ana Maria Castelo.

Ela destacou que o Indicador de Expectativas devolveu parte da alta de julho, com as oscilações provavelmente influenciadas pelas pautas do cenário macroeconômico, agora sob efeito da possibilidade de elevação de juros. “Mas os fundamentos setoriais continuam positivos e, apesar da queda na margem, a maioria das empresas sinaliza que a demanda prevista para os próximos meses aumentará e os negócios irão melhorar”, ponderou.

O Nível de Utilização da Capacidade (Nuci) da Construção, por sua vez, avançou 0,5 ponto nesta leitura, atingindo 80,0%. O Nuci de mão de obra subiu 0,6 ponto, a 81,4%, enquanto o Nuci de Máquinas e Equipamentos avançou 0,5 ponto, a 74,6%.

Money Times - SP   28/08/2024

O mercado imobiliário brasileiro segue aquecido com construtoras batendo recordes de vendas, impulsionadas, principalmente, pelo programa Minha Casa Minha Vida. Durante evento promovido pelo Santander, nesta terça-feira (27), Hailton Madureira, secretário nacional de habitação do Ministério das Cidades, falou sobre a dificuldade que o setor tem encontrado em relação ao crédito habitacional.

“O Brasil vai ter que achar formas de financiar a habitação. A demanda ainda é gigantesca, o país ainda tem um déficit habitacional muito grande e a gente vai precisar discutir isso, sobre como vamos financiar esse crescimento”, avalia Madureira.

Com a implementação do “Saque Aniversário” no Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), os recursos ficaram mais escassos para financiar habitação, inclusive na Caixa Econômica Federal, maior agente financeiro a atuar no segemento.

“Vimos saques do FGTS para ovos de Páscoa, viagens e afins. Agora com a tragédia no Rio Grande do Sul, vimos algumas pessoas que não tinham valor para sacar. Estamos estudando soluções para essa questão”, explica.

Apesar da preocupação a médio prazo, Madureira ressalta que o fundo “vai bem” e avalia que esse ano devem ser financiadas 600 mil unidades habitacionais por meio do MCMV.

Outro desafio para o setor está na própria execução das obras. Segundo Ronaldo Cury, presidente do conselho de administração da Cury (CURY3), a dificuldade em encontrar mão de obra qualificada não é novidade para a companhia, que já enfrenta o problema há algum tempo.

Apesar do mercado de trabalho se encontrar aquecido, o setor de construção tem enfrentado uma escassez quando vai procurar pessoas para trabalhar. Isso tem gerado um ponto de atenção para a Cury, já que o desequilíbrio entre oferta e demanda por mão de obras vai levar a um aumento nos salários oferecidos pelas empresas.

Durante o evento, os convidados ainda debaterem sobre aumento de produtividade. Madureira ressaltou que o movimento pode ser impulsionado pela reforma tributária, uma vez que as alíquotas cobradas de incorporadoras e construtoras terão uma redução de 40% – as entidades de classe do setor ainda reivindicam com o governo uma redução de no mínimo 60%.

“A reforma vai incentivar o processo de industrialização e, assim, as empresas focadas em baixa renda vão poder experimentar um aumento de produtividade. Dessa forma, vamos poder seguir para caminhos mais sustentáveis também”, pondera o secretário.

O presidente do conselho da Cury ainda ressaltou a importância do plano diretor em São Paulo, que possibilitou a compra de terrenos mais próximos às grandes vias de acesso para a produção de mais imóveis para o programa habitacional do governo, o que de certa forma os destacam dos concorrentes.

“As mudanças no plano diretor fizeram com que novas praças fossem exploradas, com excelentes localizações. O que está por vir, a qualidade dos terrenos que a gente tem no nosso pipeline nos deixam muito animados”, disse Cury ao Money Times.

Valor - SP   28/08/2024

Nos últimos 12 meses até julho, o número de unidades lançadas em São Paulo subiu 23%

As divulgações dos balanços do segundo trimestre das incorporadoras, feitas neste mês, apontaram para um mercado em geral positivo, que tem demandado produtos e conseguido arcar com os custos do financiamento imobiliário, mesmo com taxas altas e sem previsão de baixa, após a interrupção do ciclo de queda da taxa básica de juros (Selic). O setor habitacional espera desempenho recorde em 2024.

O indicador do Secovi-SP (Sindicato da Habitação) para a cidade de São Paulo corrobora os resultados divulgados pelas companhias. Nos últimos 12 meses até julho, o número de unidades lançadas subiu 23%, para 88 mil, puxado pelo desempenho das empresas que estão no programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV).

As unidades lançadas no programa, na capital paulista, cresceram 75% em um ano, enquanto nos demais setores, de média e alta renda, houve queda de 15% no número de lançamentos.

As vendas subiram nos dois setores, mas o MCMV continua com desempenho acima da média. A alta geral de vendas foi de 28%, para 90,8 mil unidades — mais unidades foram vendidas do que chegaram ao mercado, o que causou uma diminuição do estoque da cidade. No MCMV, o aumento das vendas foi de 37%, enquanto nos demais mercados foi de 20%.

A oferta final na cidade, que representa todos os imóveis novos disponíveis para venda, caiu 12% em um ano, para 55,2 mil unidades.

Tendência firme

“Não existe no nosso radar nenhum fator que mostre que essa tendência vai se reverter nos próximos meses ou no próximo ano”, afirmou o economista-chefe do Secovi-SP, Celso Petrucci, ao apresentar os dados acima na segunda-feira (26), na Convenção Secovi. Nem a taxa básica de juros, que estacionou em 10,5% ao ano, teria o poder de atrapalhar a dinâmica positiva de vendas e de redução de oferta.

Petrucci chamou a atenção para o fato de ter havido, em São Paulo, uma paralisação na aprovação de novos projetos de incorporação, por causa da revisão de Lei de Zoneamento, o que afetou o volume de novas unidades no mercado, no segmento de média e alta renda (o setor do MCMV não foi afetado). Essa paralisação terminou em junho.

O que pode limitar o mercado imobiliário na cidade, e também em todo o país, segundo Petrucci, são os recursos para financiar as obras e os compradores. O economista lembrou que a entidade está em conversas para que os fundos de pensão contribuam com o crédito imobiliário, e reforçou a importância de proteger as fontes de financiamento para a pessoa física, para que seja possível continuar planejando empresas e empreendimentos.

O Conselho Curador do FGTS já ampliou neste mês o orçamento destinado à habitação para este ano, em R$ 22 bilhões, para R$ 140 bilhões.

2º semestre aquecido

Fabio Araújo, CEO da Brain Inteligência Estratégia, que realiza pesquisas do setor imobiliário, afirmou que a tendência para o segundo semestre é de lançamentos e vendas mais fortes, pela sazonalidade. “Em especial, o último trimestre tem sido o melhor do ano”, disse.

Há expectativa de que 2024 seja o melhor ano de vendas para o setor, desde que a Brain começou a acompanhar os dados nacionais de vendas e lançamentos, em 2016. Em lançamentos, deve ser ao menos o segundo melhor ano, atrás de 2021.

Para ele, a diminuição do estoque mostra que há espaço para que os preços dos imóveis “subam mais ainda”. A variação do preço das unidades já está acima do INCC (Índice Nacional de Custo da Construção), que ficou acumulado em 4,42% nos últimos 12 meses, até julho.

IstoÉ Dinheiro - SP   28/08/2024

O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC-M) desacelerou de 0,69% para 0,64% na passagem de julho para agosto, informou nesta terça-feira, 27, a Fundação Getulio Vargas (FGV). Apesar do arrefecimento, a tendência parece apontar para uma aceleração nos custos da construção, conforme indicado pela taxa acumulada em 12 meses de 4,84%, afirma a FGV.

Entre julho e agosto, houve desaceleração de Mão de Obra (0,85% para 0,57%). Por outro lado, houve aceleração em Materiais, Equipamentos e Serviços (0,58% para 0,69%).

Influências

As principais influências para baixo no INCC-M de agosto partiram de conta de energia (0,85% para -1,13%), materiais elétricos (0,06% para -0,21%), bomba de incêndio (0,05% para -0,63%), condutores elétricos (1,79% para -0,16%) e pias, cubas e louças sanitárias (0,49% para -0,22%).

Na outra ponta, puxaram o índice para cima os itens tubos e conexões de PVC (3,79% para 7,73%), pedreiro (1,47% para 0,73%), vergalhões e arames de aço ao carbono (0,47% para 0,79%), eletrodutos de PVC (2,71% para 4,89%) e elevador (0,51% para 0,64%).

Capitais

Quatro das sete capitais pesquisadas pela FGV registraram desaceleração no INCC-M entre julho e agosto: Brasília (0,44% para 0,30%), Recife (0,94% para 0,61%), Rio de Janeiro (1,52% para 0,96%) e São Paulo (0,69% para 0,51%).

Houve, por outro lado, aceleração em Salvador (0,45% para 0,46%), Belo Horizonte (0,25% para 0,39%) e Porto Alegre (0,41% para 1,37%).

Rodoviário

Valor - SP   28/08/2024

Após diversas tentativas frustradas, concessão será licitada nesta quinta. Os investimentos devem somar R$ 5,5 bilhões

Após diversas tentativas frustradas, o governo federal deverá tirar do papel a concessão da rodovia BR-381 entre Belo Horizonte e Governador Valadares (MG), que ficou conhecida como “Rodovia da Morte”. O leilão deverá ser realizado na quinta-feira (29).

Segundo fontes, deverão disputar o contrato duas gestoras de investimentos, que são novidades para o setor rodoviário: a Opportunity e a 4UM, formada pelas famílias Malucelli, Salazar e Federmann - acionistas das empresas MLC, Aterpa e Senpar.

A Opportunity já possui outros ativos de infraestrutura no país, como a operadora portuária Santos Brasil e uma participação minoritária na Equatorial Energia, porém, nenhum investimento no setor de rodovias. Trata-se de um segmento que o grupo vem sondando. No ano passado, a gestora já demonstrou interesse em comprar parte da Monte Rodovias - a operadora, que tem concessões no Nordeste, inclusive fez uma parte dos estudos da BR-381 para a Opportunity, mas não chegou a compor o consórcio, afirmou uma fonte.

Já o segundo concorrente da licitação, a gestora 4UM (antiga J. Malucelli Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários), afirma que concluiu neste mês a captação de um fundo de investimento em participações para atuar nos próximos leilões de rodovias, e a BR-381 será o primeiro alvo. Embora as famílias que compõem a gestora venham de empresas ligadas à construção e concessões de infraestrutura - a Aterpa, por exemplo, tem fatia minoritária na operação de saneamento do Amapá, em sociedade com a Equatorial, e a Senpar é uma das sócias do consórcio Way, que opera concessões rodoviárias do Mato Grosso do Sul -, a companhia diz que não há consócio com as construtoras.

Procuradas, Opportunity e Monte não se manifestaram.

O contrato deverá ter 30 anos e gerar investimentos de R$ 5,5 bilhões. As obras incluem a conclusão de 28 km de duplicações já iniciadas, além de mais 106,4 km de duplicação de novos trechos, 83 km de faixas adicionais e 9,7 km de vias marginais.

Entre 2021 e 2022, o governo Bolsonaro tentou fazer a concessão do trecho, em lote com a BR-262, mas o projeto não atraiu interessados. No ano passado, a atual gestão também tentou fazer a concessão, já excluindo o trecho da BR-262, mas a licitação tampouco teve sucesso. Desde então, foram feitas diversas mudanças no edital para viabilizar o interesse do setor privado.

Uma das medidas determinantes foi a decisão do governo federal de assumir, por meio do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), as obras em um trecho de 30 km, de Belo Horizonte a Caeté (MG), considerado muito complexo pelo setor privado devido à necessidade de desapropriações na região.

Obras devem somar R$ 5,5 bi; vencerá grupo que oferecer maior desconto de tarifa

Outra mudança foi o maior compartilhamento de riscos nos trechos em que há maior instabilidade geológica. Além disso, foi ampliada de forma significativa a taxa interna de retorno do contrato - de 9,9% para 11,97%.

Para Lucas Sant’anna, sócio do Machado Meyer, no cenário atual, é natural que projetos como esse, com maior risco, atraiam novos atores. “Quando você é um grupo mais novo no setor, a tendência é que a entrada seja feita em um ativo com competição menor, é mais difícil competir com os operadores tradicionais. E com as mudanças na matriz de risco do projeto, se abriu a possibilidade de uma concessão razoável, que tem a vantagem de ser federal, então com regulação madura.”

A leitura dos analistas é que os operadores mais tradicionais se concentrarão nos leilões com menor risco, dado que já têm contratos adquiridos recentemente em fase de investimentos intensivos e que há outros leilões, de ativos mais consolidados, no radar.

Rodrigo Campos, sócio do Vernalha Pereira, destaca que nem mesmo a EPR, operadora da Equipav e da Perfin que tem participado dos últimos leilões e cujo portfólio é concentrado em Minas Gerais, entrou no projeto. “Por um lado, nenhum dos grandes operadores acabou participando. Por outro, isso demonstra que o mercado está aquecido e que há alguns grupos com mais apetite para risco”, afirma.

Mesmo com os ajustes no projeto, para torná-lo mais atrativo, a percepção no setor privado é que se trata de uma concessão de alta complexidade. “É um trecho muito desafiador, sinuoso, com alto índice de acidentes, o que dificulta a operação da rodovia e gera dificuldade para fazer os investimentos”, resume Sant’anna.

Na concorrência, que será realizada na sede da B3, em São Paulo, vencerá o grupo que apresentar o maior desconto sobre a tarifa de pedágio. Tal como nos últimos leilões do governo federal, caso o vencedor ofereça um deságio superior a 18%, terá que pagar também um aporte, que aumenta conforme a agressividade da oferta, e vai de R$ 62 milhões a R$ 93 milhões por ponto percentual de desconto proposto.

NAVAL

Valor - SP   28/08/2024

Benefício se aplica às aquisições de embarcações novas cujos contratos tenham sido celebrados até 31 de dezembro de 2026 e que entrem em operação na atividade de cabotagem de petróleo e seus derivados a partir de 1º de janeiro de 2027

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva editou a Medida Provisória nº 1.255 para autorizar a concessão de quotas diferenciadas de depreciação acelerada para navios-tanque novos produzidos no Brasil destinados ao ativo imobilizado e empregados exclusivamente em atividade de cabotagem de petróleo e seus derivados.

Segundo a MP, publicada nesta terça-feira (27) no Diário Oficial da União, o benefício se aplica às aquisições de navios-tanque novos cujos contratos tenham sido celebrados até 31 de dezembro de 2026 e que entrem em operação na atividade de cabotagem de petróleo e seus derivados a partir de 1º de janeiro de 2027.

A renúncia fiscal decorrente da depreciação acelerada estará limitada a R$ 1,6 bilhão e terá vigência a partir de 1º de janeiro de 2027 até 31 de dezembro de 2031. O governo vai incluir essa renúncia de receita na estimativa de receita da Lei Orçamentária Anual a partir do início do período de vigência do benefício. Para acessar a medida, as pessoas jurídicas deverão ser previamente habilitadas pelo governo.

A MP informa ainda que o Poder Executivo federal ainda poderá, por meio de decreto, autorizar quotas diferenciadas de depreciação acelerada para navios-tanque novos, empregados nas atividades de navegação em cabotagem de petróleo e seus derivados, produzidos no Brasil, conforme índices mínimos de conteúdo local definidos por ato do CNPE, adquiridos a partir da data de publicação do referido decreto, destinados ao ativo imobilizado de pessoa jurídica e sujeitos a desgaste pelo uso, por causas naturais ou por obsolescência normal.

O Estado de S.Paulo - SP   28/08/2024

Nas palavras de Rogério Zampronha, CEO da Prumo Logística, o Porto do Açu, no litoral norte do Rio de Janeiro, “é o porto da transição energética do Brasil”. A estratégia que move o empreendimento, prestes a completar 10 anos de operação e que, no ano passado, movimentou 85 milhões de toneladas, está toda voltada para a aceleração da descarbonização das cadeias de valor, principalmente das indústrias da área siderúrgica, química, fertilizantes e cimenteira, responsáveis por aproximadamente 90% das emissões mundiais de gases de efeito estufa.

Na sua apresentação no Prumo Day 2024, realizado pela primeira vez em São Paulo, Zampronha mostrou como a energia renovável e o desenvolvimento do hidrogênio de baixo carbono serão pilares da industrialização do porto, baseada em negócios sustentáveis. “Continuamos avançando com novos contratos firmados com empresas de porte mundial, sobretudo em transição energética, agronegócio e industrialização de baixo carbono, que são os focos do nosso grupo para os próximos anos”, afirma o CEO da Prumo Logística, grupo econômico multinegócio responsável pelo desenvolvimento estratégico do Porto do Açu. A companhia é controlada pela EIG, investidor institucional dos setores globais de energia e infraestrutura, e pela Mubadala Investment Company, investidor de Abu Dabi, que aloca capital em diversos segmentos.

“A transição, cada vez mais, pressupõe uma caminhada que depende das cadeias estabelecidas pelas indústrias instaladas há muito tempo e são intensivas em carbono, como as de petróleo e gás. Por exemplo, hoje, a mesma cadeia que suporta a exploração de petróleo em alto-mar é usada para a construção, manutenção e operação de eólicas offshore. De cada nove tipos de embarcações usadas para a energia eólica em alto-mar, seis já estão disponíveis na maior base de apoio offshore no mundo, que fica no Porto do Açu.”

As pontes construídas entre investidores e clientes são reais, segundo o CEO do grupo. E, além disso, as condições para o consumo industrial também estão dadas. “Temos muita disponibilidade de gás natural liquefeito. Há um navio, por exemplo, que regaseifica gás liquefeito que tem a mesma capacidade do gasoduto Brasil-Bolívia, ou seja, 28 milhões de metros cúbicos/dia de gás.”

A combinação presente hoje no Porto do Açu envolve, além do gás natural e da energia renovável, água para uso industrial. “E também conseguimos, recentemente, a inédita licença prévia do primeiro hub de hidrogênio de baixo carbono no porto. São 1 milhão de metros quadrados que facilitam às empresas começarem a instalar suas indústrias no porto.”

Ficha técnica do porto

Inauguração: 2014Área: 130 km quadradosTerminais: 11Investimento: R$ 20 bilhões (executados) + R$ 22 bilhões (próximos 10 anos)Tipo: 100% privadoInfraestrutura: Agronegócio (fertilizantes e grãos), eólica offshore, hub de hidrogênio/amôniaNúmero: 40% da exportação de petróleo sai pelo AçuMovimentação: 84,6 milhões de toneladas em 2023 (crescimento de 27% em relação ao ano anterior)

No horizonte, a amônia verde

No recém-licenciado hub de hidrogênio de baixo carbono, o primeiro contrato de reserva de área é para uma futura usina de amônia. A assinatura, realizada no dia 12 de agosto, ocorreu entre Prumo, Porto do Açu Operações, uma das seis afiliadas do grupo, e a norueguesa Fuella AS, desenvolvedora e operadora de usinas de hidrogênio verde e amônia. A empresa nórdica tem como um dos investidores a Allianz Capital Partners, do grupo Allianz, da Alemanha.

O memorando de entendimento acertado entre as partes visa à implementação de uma planta de amônia verde de até 520 MW, que serão obtidos com a eletrólise da água. O potencial é de 400 mil toneladas por ano de produção, que poderá ser escoada tanto para o Brasil quanto para outras partes do mundo pelo Porto do Açu.

Milhões de tartarugas ganham o mar

O maior fragmento remanescente de restinga em área privada do Brasil, segundo o Porto do Açu, está sob seus domínios. E faz parte da Reserva Caruara, uma unidade de conservação do tipo RPPN, Reserva Particular do Patrimônio Natural. Criada de forma voluntária em 2012, abriga o Programa de Monitoramento de Tartarugas Marinhas que já liberou mais de 1,3 milhão de filhotes da espécie Caretta caretta (tartaruga-cabeçuda) no Atlântico. As tartarugas são monitoradas e mapeadas desde a desova até o nascimento dos filhotes. O projeto possui parceria com o Projeto Tamar, que instalou uma sede de reabilitação e preservação na área da reserva

A Reserva Caruara inaugurou em 2012 um centro de visitação, que visa potencializar o turismo sustentável, os serviços ambientais e a educação e a pesquisa científica.

IstoÉ Dinheiro - SP   28/08/2024

A Petrobras informou que assinou nesta terça-feira, 27, com a Helix, contratos de afretamento e prestação de serviços de dois navios de intervenção em poços do tipo LWIV (Light Well Intervention Vessel). As unidades Siem Helix 1 e Siem Helix 2 serão afretadas por um período de 3 anos a um valor de US$ 786 milhões.

As duas embarcações, informou a estatal, vão atender a campanha de intervenções em poços da Petrobras a partir de 2025. Ambos alcançam lâminas d’água entre 200 metros e 2,4 mil metros.

Conteúdo Local

A contratação, que combina contrato de afretamento e de serviço, prevê o compromisso mínimo de 30% de conteúdo local. No contrato de serviço, esse porcentual sobe a 85%. Cerca de 850 empregos diretos e indiretos devem ser mantidos durante a vigência do contrato.

Aplicação

Esses navios-sonda servem a um leque de projetos, como perfuração de topo, trabalhos de instalação, descomissionamento, guindaste offshore e trabalhos de construção, por exemplo.

“Esses serviços incluem melhoria e restabelecimento da produção, integridade de poços e instalação de equipamentos submarinos”, informa a Petrobras em nota. As embarcações também são equipadas com veículo operado remotamente e possuem capacidade de atendimento a operações de resposta a emergências, completou a estatal.

PETROLÍFERO

Portal Fator Brasil - RJ   28/08/2024

Antecipariam o regresso do armazenamento de navios-tanque em 2025. Por enquanto, produção do projeto América do Norte e América Latina aumenta para o próximo ano.

As notícias do mercado do petróleo bruto foram recentemente dominadas por manchetes sobre a fraca procura de petróleo da China, por um lado, e o conflito no Médio Oriente que ameaça a oferta, por outro. Por enquanto, a influência da procura mais lenta parece superar as tensões geopolíticas; No entanto, os mercados petrolíferos poderão enfrentar uma pressão adicional em 2025, à medida que uma onda de nova oferta de petróleo chegar ao mercado. De acordo com o último relatório Gibson , a menos que haja um crescimento da procura mais forte do que o esperado, e se os membros da OPEP+ não conseguirem manter a oferta limitada, o mercado parece destinado a ter um excesso de oferta até 2025. Isto poderá levar a um aumento na procura de armazenamento, talvez em navios-tanque se a situação se tornasse extrema.

A OPEP+ reduziu recentemente as expectativas de procura para 2,11 mbd de crescimento em 2024. No entanto, já no segundo semestre do ano, esta procura ainda não se concretizou, o que poderá exigir novas revisões em baixa das suas projeções e coloca a sua previsão para 2025 de um aumento na demanda de 1,78 mbd está em dúvida. A Agência Internacional de Energia (AIE) é mais conservadora e espera um crescimento moderado da procura de 0,97 mbd em 2024, seguido de 0,95 mbd em 2025.

Aumento da oferta na América do Norte e na América Latina — Os números da procura contrastam fortemente com as perspectivas da oferta. Tanto a América do Norte como a América Latina continuarão a aumentar a oferta em 2025, com os Estados Unidos e o Canadá contribuindo sozinhos com 740 mil barris de oferta adicional. Na América Latina, a produção de petróleo bruto no Brasil e na Guiana tem crescido cada vez mais e em 2025 totalizarão 290 mil barris por dia e 100 mil barris por dia, respectivamente. Espera-se que as adições de países não-OPEP+ atinjam 1,5 mbd, enquanto as fontes da OPEP+ adicionarão 400 kbd, se mantiverem os seus cortes voluntários de fornecimento.

No total, a AIE espera que um fornecimento adicional de 1,9 mbd de petróleo entre em operação em 2025. A posição atual da OPEP+ é aliviar as restrições à oferta a partir de outubro em 180 mil barris por dia, que aumentará para 227 mil barris por dia em janeiro, e suspender o corte total de 2,2 mil barris por dia a partir de janeiro deste ano em novembro de 2025. Portanto, o crescimento da oferta total poderá ser muito maior.

Fraca demanda chinesa — Espera-se que o crescimento da procura seja principalmente na Ásia, o que significa que a maior parte da oferta adicional será para envios de longo curso. No entanto, dos 0,95 mbd de procura adicional que a AIE prevê para 2025, espera-se que 320 mbd venham da China, e ainda não está claro se isso se concretizará.

Vale a pena mencionar que a AIE previu um crescimento da procura chinesa de 500 kbd em 2024 no início do ano, mas reviu esse valor para 300 kbd no seu último relatório. Segundo dados da Bloomberg, as importações chinesas de petróleo bruto no primeiro semestre de 2024 diminuíram 3% em comparação com o mesmo período do ano anterior, e 7% deste total, ou 800 kbd, foram utilizados para preencher reservas estratégicas. Isto pode indicar que as estimativas da procura real poderão continuar a registar uma tendência descendente, a menos que seja introduzida alguma forma de estímulo.

Impacto dos novos veículos energéticos — Um dos principais impulsionadores da fraca procura na China é a adopção de novos veículos energéticos compostos por GNL e veículos eléctricos, cujas vendas atingiram mais de 50% das vendas a retalho pela primeira vez em Julho de 2024.

Cortes de produção? — No geral, a AIE prevê que os mercados terão um excesso de oferta de cerca de 850 mil barris por dia em 2025. Projetos de longa duração para a maioria dos produtores significam que não serão capazes de cortar a produção para estabilizar os preços e, até agora, apenas a OPEP+ concordou em participar nesta situação. papel. Os produtores de xisto dos EUA são capazes de reduzir a oferta a curto prazo, mas não está claro a que preço os produtores de xisto reduziriam a produção. A OPEP+ já deu a entender que, se a procura continuar fraca, poderão manter os cortes de produção por mais tempo para estabilizar o mercado.

O Iraque, o Cazaquistão e a Rússia têm ultrapassado as suas quotas e, consequentemente, concordaram em impor mais restrições à oferta para cumprir as metas de produção. Um maior incumprimento poderá levar a conflitos dentro do grupo, que retém um total de 7,5 milhões de barris por dia de capacidade de produção excedentária.

Valor - SP   28/08/2024

Ao influir na eficiência e na velocidade da produção de petróleo, o decreto interfere nos planos de desenvolvimento empresariais já firmados

O preço do gás natural pago pelos usuários no Brasil é alto. A Lei do Gás, aprovada em 2021 pelo governo de Jair Bolsonaro, prometia um “choque de energia barata”, segundo o então ministro da Economia Paulo Guedes. Não deu certo, e o governo Lula faz agora nova tentativa de reduzir preços, com espírito bem diferente da lei anterior, intervindo nos preços nos setores da infraestrutura do insumo e na produção do gás natural. As medidas interferem nos planos das empresas e têm ingredientes suficientes para deslanchar batalhas judiciais à frente.

O problema do preço do gás é real e um peso para a indústria. O preço doméstico é de US$ 21 por milhão de BTUs, quase dez vezes os US$ 2,50 pagos pelos consumidores nos EUA e mais do que o dobro dos US$ 9 cobrados dos europeus (dados da CNI; Valor, ontem). Cerca de 70% da oferta de gás natural é proveniente da Petrobras, e um estudo do governo indicou que 46% do custo pedido pelo insumo decorre da cobrança da estatal pelo uso de gasodutos marítimos de escoamento e tratamento do gás. A extração compõe apenas 14% do custo total e o transporte e a distribuição, 20%.

Grande parte do gargalo de custos e oferta, então, se concentra na Petrobras e suas práticas monopolistas. A Lei do Gás, que apostava na “promoção da livre iniciativa para exploração de atividades concorrenciais”, conseguiu alguma abertura nas atividades periféricas do gás, mas não prosperou na redução dos preços e tampouco no aumento da oferta. Para um governo que desde seu início imiscuiu-se nos assuntos da Petrobras a ponto de demitir seu presidente, o petista Jean Paul Prates, seria natural que buscasse a saída para os problemas em negociação com a empresa. No entanto, o presidente Lula e seu ministro da Energia, Alexandre Silveira, foram por outro caminho.

O objetivo dos decretos que compõem o Plano de Transição Energética, mas que de imediato tratam apenas de petróleo e gás, é o maior controle sobre as atividades. Um decreto revogou a criação do Comitê Técnico para o Desenvolvimento do Mercado de Combustíveis, que, entre outras atribuições, tratava do processo de venda dos ativos de refino da estatal, já definitivamente sepultada.

Um dos pontos centrais do decreto 12.153, publicado ontem, e que modifica o decreto 10.712, que regulamentou a Lei do Gás, refere-se aos percentuais de injeção de gás na exploração de petróleo. Pelo menos 50% do gás natural, subproduto da exploração, é reinjetado. A reinjeção aumenta a eficiência e a velocidade da extração do óleo. A meta é ampliar a oferta de gás que sai dos poços diminuindo seu uso no processo de obtenção do petróleo.

Ao influir na eficiência e na velocidade da produção de petróleo, o decreto interfere nos planos de desenvolvimento empresariais já firmados com multinacionais e empresas domésticas. O decreto é taxativo, ao dar poderes à Agência Nacional do Petróleo (ANP) de, após ouvir empresas e examinar viabilidade técnica-econômica, determinar “a redução da reinjeção de gás natural ao mínimo necessário, inclusive com o estabelecimento do volume máximo de gás natural a ser reinjetado”. O Ministério de Minas e Energia disse que o decreto vale só para novos contratos, mas não há uma linha sobre isso no dispositivo legal. Ao contrário. Registra o decreto que “quando identificar a possibilidade de aumento do volume de produção de gás natural, a ANP determinará, aos atuais operadores dos respectivos campos, a revisão dos planos e projetos de desenvolvimento”. Além disso, “caso o operador do campo não atenda ao disposto... a ANP adotará as medidas legais e contratuais cabíveis”.

O decreto estende a atribuição da ANP à fixação de regras para a exploração dos serviços de transporte, distribuição, processamento e todas as etapas necessárias para que o gás chegue ao consumidor. Estabelecerá para elas uma tarifa máxima e outra mínima, esta correspondente ao retorno pretendido pelo investidor para a remuneração do capital investido, com correção monetária e amortização de longo prazo. Dado o viés estatista do governo Lula, há o temor de que a intervenção no sistema de produção recaia mais sobre as empresas privadas do que sobre a Petrobras monopolista.

Houve tempo suficiente, desde que o pré-sal foi descoberto, em 2006, para se encontrar uma solução para ampliar a oferta de gás natural, sem a necessidade de canetadas como a dos decretos desta semana. O presidente Lula aproveitou a ocasião para anunciar que estenderá a compra subsidiada de gás dos atuais 5,6 milhões de famílias que têm direito a um preço menor para 20,8 milhões de famílias. O custo, de R$ 102 pago bimestralmente por família, saltará de R$ 3,4 bilhões para R$ 13,6 bilhões em 2026, ano em que Lula tentará a reeleição.

O presidente age como se houvesse fartos recursos disponíveis e nenhuma restrição fiscal. Conseguiu ao mesmo tempo ampliar o intervencionismo estatal, criar insegurança jurídica sobre contratos em um setor que colhe esplêndidos resultados, gerar mais despesas e dificultar ainda a missão do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de encontrar receitas para financiar gastanças que parecem não ter fim.

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