Jornal de Brasília - DF 28/08/2023
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, voltou a dizer que a batalha da inflação no País ainda não está ganha, com uma parte ainda bastante acima da meta, o que ainda demanda um quadro restritivo de juros em meio ao processo de afrouxamento monetário. Campos Neto, porém, não deu dicas sobre o quão restritiva terá de ser a política monetária para controlar a inflação. “Vai depender do caminho que vamos tomar e das variáveis até lá”, disse, em entrevista gravada ao Amarelas on Air, da Revista Veja.
Nesse sentido, Campos Neto afirmou que há consenso no Comitê de Política Monetária (Copom) para continuidade de cortes de 0,50 ponto porcentual na taxa Selic.
No início do mês, o Copom decidiu pela primeira queda dos juros de 13,75% para 13,25% ao ano. Campos Neto citou que a parte de serviços da inflação está melhor, mas não como o Copom gostaria. “E a expectativa de inflação está em 3,5% quando a meta é 3%.”
Na entrevista, questionado sobre uma percepção de que o BC demorou a reduzir os juros, Campos Neto disse ter dificuldade em ver que a autoridade monetária tenha demorado para apertar ou para afrouxar a política monetária. “Foi o primeiro BC a subir os juros e um dos primeiros a cair também”, disse, repetindo que a autarquia teve visão privilegiada sobre a persistência da inflação após a pandemia de covid-19. “Percepção de outros BCs é de que BC aqui foi rápido e forte, mesmo em ano de eleição”, completou, reforçando o argumento de autonomia da instituição.
China e EUA
O presidente do Banco Central destacou as mudanças recentes no cenário internacional, com mais preocupações com o quadro da China e dos Estados Unidos, na entrevista ao Amarelas on Air, da Revista Veja.
Segundo ele, duas coisas principais ocorreram: um temor maior com o panorama fiscal dos EUA e a deflação na China, que reforça a expectativa de desaceleração da economia do país asiático. “O fiscal dos EUA, que está bastante expansivo, começou a cobrar seu preço. Houve o alerta da Fitch sobre a dívida americana e depois houve um pouco de mau humor dos mercados. Na China, houve um dado de deflação totalmente inesperado e parece que a economia está desacelerando. Os dados de envelhecimento da população mostram que está muito mais acelerado do que se imaginava.”
Campos Neto avaliou que a China não tem tanto espaço para corte de juros e que os movimentos já feitos “não fazem tanta diferença assim”.
Além disso, destacou que a crise no setor imobiliário chinês parece mais grave do que o esperado. “A China não faz parte dessa sincronia global da política monetária, eles têm mundo à parte. Subiram os juros quando quase todo mundo estava caindo e agora estão caindo quando grande parte do mundo desenvolvido ainda está subindo.”
O Estado de S.Paulo - SP 28/08/2023
O que deu errado? Depois que a China voltou a participar da economia mundial em 1978, ela se tornou o caso de crescimento mais espetacular da história. A reforma do sistema agrícola, a industrialização e o aumento dos salários tiraram aproximadamente 800 milhões de pessoas da extrema pobreza.
Se na década de 1980 a economia da China era apenas um décimo da dos Estados Unidos, hoje ela é cerca de três quartos do tamanho da americana. Entretanto, em vez de voltar a ser um sucesso após o governo abandonar a política de “covid zero” no final de 2022, ela está saindo de um buraco e caindo em outro.
A economia cresceu a uma taxa anualizada de apenas 3,2% no segundo trimestre, uma decepção que parece ainda pior considerando que, segundo uma estimativa de destaque, a americana talvez esteja crescendo em quase 6%.
Os preços dos imóveis caíram e as construtoras, que tendem a vender casas antes de elas serem construídas, chegaram no limite, afugentando os compradores. As despesas dos consumidores, o investimento nos negócios e as exportações ficaram aquém das expectativas.
E, enquanto grande parte do mundo luta contra uma inflação alta demais, a China está sofrendo com o problema oposto: os preços ao consumidor caíram na comparação anual em julho. Alguns analistas alertam que a China pode entrar numa armadilha deflacionária como a do Japão nos anos 1990.
Desde 2020, as agências reguladoras vêm afundando os mercados ao aplicar medidas severas contra empresas de tecnologia bem-sucedidas que eram consideradas indisciplinadas demais e monopolistas. Durante a pandemia, as autoridades ganharam tempo com lockdowns, mas não conseguiram usá-lo para vacinar pessoas suficientes para uma saída controlada do confinamento e, em seguida, foram arrasadas pela altamente contagiosa variante Ômicron.
Por que o governo continua cometendo erros? Um dos motivos é que o crescimento a curto prazo deixou de ser a prioridade do Partido Comunista Chinês. Os sinais são de que Xi acredita que a China deve se preparar para um conflito econômico e, possivelmente, militar constante com os EUA. Hoje, portanto, ele enfatiza a busca pela importância, segurança e resiliência da China. Ele está disposto a fazer sacrifícios materiais para alcançar esses objetivos e, dentro dos limites em que deseja crescimento, ele deve ser “de alta qualidade”.
Contudo, mesmo segundo os critérios de Xi, as decisões do Partido Comunista Chinês são equivocadas. O fracasso da política covid zero prejudicou o prestígio de Xi. O ataque às empresas de tecnologia espantou os empresários. Se a China entrar numa deflação persistente porque as autoridades se recusam a estimular o consumo, as dívidas aumentarão em valor real e terão um peso maior sobre a economia. Acima de tudo, a menos que o Partido Comunista Chinês continue a elevar o padrão de vida, enfraquecerá seu controle sobre o poder e limitará a capacidade da China de se igualar aos EUA.
Portanto, as crescentes políticas falhas parecem mais claras decisões mal tomadas do que um novo foco abnegado na segurança nacional. Elas coincidem com a centralização do poder de Xi e a substituição de tecnocratas por aliados em cargos de destaque. A China costumava tolerar o debate a respeito de sua economia, mas hoje persuade analistas com um falso otimismo.
Recentemente, deixou de publicar dados desfavoráveis sobre o desemprego dos jovens e a confiança do consumidor. As altas esferas do governo ainda têm muito talento, mas é ingênuo esperar que uma burocracia produza análises racionais ou ideias criativas quando a mensagem que vem de cima é que a lealdade está acima de tudo. Em vez disso, as decisões são cada vez mais regidas por uma ideologia que une uma desconfiança da esquerda dos empresários ricos com uma relutância da direita em dar dinheiro aos pobres desempregados.
O fato de os problemas da China começarem no topo significa que persistirão. Podem até mesmo piorar, à medida que os formuladores de políticas desajeitados enfrentam os desafios crescentes da economia. A população está envelhecendo rapidamente.
Os EUA estão cada vez mais hostis e tentando sufocar setores da economia chinesa, como a fabricação de chips, que considera estrategicamente importante. Quanto mais a China alcançar os EUA, mais difícil será para diminuir a diferença no futuro, porque as economias centralizadas são melhores na emulação do que na inovação.
As previsões dos liberais a respeito da China com frequência revelam ilusões. Nos anos 2000, os líderes ocidentais acreditavam erroneamente que o comércio, os mercados e o crescimento impulsionariam a democracia e a liberdade individual.
Mas a China agora está testando a relação inversa: se mais autocracia prejudica a economia. Há cada vez mais provas de que sim — e de que, depois de quatro décadas de crescimento rápido, a China está entrando num período de desilusão./Tradução de Romina Cácia
Globo Online - RJ 28/08/2023
O aumento acima do esperado do IPCA-15 em agosto (o indicador do IBGE mostra a prévia da inflação oficial) reduziu o otimismo de parte do mercado com a chance do Banco Central, que cortou a taxa Selic em 0,50 ponto na última reunião, acelerar em breve o ritmo de reduções nos juros básicos.
O índice oficial de inflação mostrou avanço de 0,28% neste mês, acima da alta de 0,16% esperada pela média dos economistas, o que elevou os contratos de juros futuros negociados no mercado para o ano que vem.
A principal razão da alta foi o fim do desconto especial, conhecido como tarifa “Bônus Itaipu”, que foi aplicado na conta de energia dos consumidores no mês de julho.
Isso já era esperado, mas o indicador trouxe algumas surpresas, como explica o economista Luis Menon, da Garde Asset Management. Uma delas foi o forte aumento nos preços dos automóveis após o fim do programa de descontos do governo. Em julho, a queda nos preços dos veículos tinha sido de 2,34%, redução que foi mais que compensada pela alta de 2,9% neste mês.
- Apesar da surpresa, não há intenção de revisar a projeção de 4,8% - apontou. - O dado de hoje coloca um freio nas expectativas de um corte mais acelerado da taxa Selic na próxima reunião. Mas não é suficiente para fazer o Banco Central alterar seu plano de ação.
Ele lembra ainda que o IPCA-15 de agosto sofreu com o reajuste das mensalidades escolares para o segundo semestre, com o segmento de educação com alta expressiva nos preços, de 0,71%.
Por outro lado, o dado do IBGE trouxe boas notícias, como a perda de fôlego dos serviços subjacentes (uma medida de inflação que exclui o impacto de fatores temporários). Estes reduziram o ritmo de uma alta 0,35% em julho para 0,27% neste mês.
- Grande parte das surpresas se concentraram em itens de alta volatilidade, e a composição segue saudável - ponderaram os economistas Marco Caruso e Igor Cadilhac, da PicPay, em relatório. - Dito isso, esse cenário não contribui para o Copom acelerar o ritmo de corte de juros.
A economista Claudia Moreno, do C6 Bank, avalia que o menor patamar de inflação já foi passou, e que os preços continuarão subindo daqui para a frente.
De acordo com ela, além do efeito estatístico - no ano passado houve deflações em julho, agosto e setembro por causa de incentivos tributários - há outros fatores de pressão sobre o IPCA.
- Entre eles, está o fato de os núcleos do BC (medidas que excluem os itens de preços mais voláteis) e da inflação de serviços seguirem em patamar elevado mesmo depois de entrarem em ritmo de desaceleração - apontou.
CNN Brasil - SP 28/08/2023
Os dados da economia da China indicam uma desaceleração da segunda maior economia do mundo, e geraram preocupação para alguns especialistas.
No Brasil, o alarde é motivado pela magnitude da parceria comercial entre os dois países. Com o enfraquecimento da China, o volume das trocas comerciais entre os países pode diminuir e mudar a perspectiva dos investidores estrangeiros sobre o mercado brasileiro.
Marlon Glaciano, especialista em finanças e investimentos, explica que o país enfrenta um cenário preocupante por conta da deflação, a crescente dívida do governo e os desafios do mercado imobiliário. “Com essa conjuntura, teríamos uma queda na demanda do país, que é o maior mercado mundial por energia, alimentos e matérias-primas”, explica.
O parlamento chinês traçou uma meta de crescimento de 5% para a economia em 2023. Mas o cenário econômico preocupante se agravou após o desempenho da economia no segundo trimestre, que cresceu apenas 0,8% na comparação trimestral e decepcionou o mercado, e fez com que as instituições financeiras projetassem um crescimento abaixo dessa meta para a China este ano.
O Morgan Stanley vê o PIB chinês em 4,7% neste ano, abaixo da previsão anterior do próprio banco, também de 5%. O JPMorgan também cortou a previsão de expansão da atividade do país asiático deste ano para 4,8%, de 5% antes, enquanto o Barclays reduziu para 4,5%.
Impacto no Brasil
Como um dos principais parceiros comerciais da China, principalmente na exportação de commodities, a situação pode preocupar o Brasil. “Se a China cresce menos, a gente exporta menos”, reflete Alexandre Queiroz Guimarães, especialista em Economia Política e professor da PUC-MG.
Até o momento, as exportações e importações anuais da China têm caído. Respectivamente, os números registraram quedas de 14,5% e 12,4% no mês de julho, na comparação com o mesmo período de 2022.
Em relação ao Brasil, Glaciano aponta que a desaceleração econômica da China será sentida principalmente nas vendas para o nosso principal parceiro comercial. “O maior impacto deve ser na exportação de commodities metálicas”, indica o analista.
O economista chefe da Planner Corretora, Ricardo Martins, reforça a ideia ao lembrar que a China é também a principal compradora de insumos agrícolas do Brasil. “A partir do momento em que a atividade chinesa desacelera, o país deixa de importar commodities, o que enfraquece preços e reduz produção, assim diminuindo a oferta e por consequência, num segundo momento, eleva preços desses produtos básicos”, explica Martins.
Contudo, o especialista indica que se bem trabalhada a situação, o Brasil pode não sofrer impactos tão grandes. “Se as exportações para a China pelo Brasil diminuem, podem ser redirecionadas para outros mercados, o que não é ruim”, conclui.
Por outro lado, Guimarães e outros especialistas avaliam que o momento não é tão alarmante. “Não é um momento de ruptura”, afirma Daniel Lau, que integra o China Desk da consultoria KPMG, divisão da empresa que estuda os negócios do país.
“Em matéria das relações comerciais entre os dois países, é necessário ficar de olho nas bolsas de commodities. Elas estão estáveis, não há sinal de pânico”, aponta Lau.
Os dados de importação de produtos chineses pelo Brasil disponibilizados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), entre o 1º semestre de 2022 e 2023, apontam para uma leve desaceleração:
Contudo, se analisados os números dos mesmos períodos em relação às exportações para a China, é reforçada a tese de que o mercado chinês não está se rompendo, mas sim se ajustando:
Apesar disso, os números ainda são recentes. O impacto da economia chinesa ainda pode vir a longo prazo, dizem os especialistas.
Evasão de investimentos
Os especialistas ainda avaliam outra forma que a desaceleração da economia chinesa afeta o Brasil: a evasão de capital estrangeiro.
Daniel Abrahão, analista da iHub Investimentos, explica que no contexto de desaceleração da segunda maior economia do mundo, é esperado que surja um sentimento de aversão ao risco globalmente.
“O Brasil, por ser um país emergente, pode deixar de ter entrada de capital, porque em momentos de preocupação com o risco, o dinheiro vai para países com mais qualidade de crédito e maior segurança”, pontua.
Recentemente, a agência de classificação de risco Fitch Ratings definiu como “BB” a classificação de crédito do Brasil. Com isso, o país ficou a “dois passos” de atingir o chamado “grau de investimento”, que abarca os países com classificação entre “BBB” e “AAA”, nota máxima.
Nesse cenário, Abrahão explica que a preocupação com o cenário faz com que os investidores globais deem preferência para colocar dinheiro na economia americana ou europeia, investindo em ativos como dólar e ouro.
Lívio Ribeiro, pesquisador associado do FGV Ibre e sócio da BRCG Consultoria, também menciona que a forte relação da economia brasileira com a China, além de uma queda no diferencial de juros por aqui, fez com que outras economias emergentes na América Latina começassem a despontar como opção de investimentos ao Brasil.
“Há dois ou três meses, o Brasil era a primeira opção de investimentos no continente, mas é possível observar uma mudança na percepção que coloca o México em uma posição mais forte”, explica.
O pesquisador pontua que a economia mexicana está mais ligada aos Estados Unidos, que tem performado melhor em relação à chinesa.
Mas Ribeiro ressalta que isso não necessariamente quer dizer que o país vai ficar para trás, “essa mudança está mais na margem na estrutura do cenário, é uma coisa para ter na cabeça de maneira objetiva, porque existe essa mudança na percepção do debate”, pontua.
Outro lado da moeda
Mas a situação do crescimento econômico chinês ainda apode ser questionado, há analistas que não veem a situação como o “grande buraco” que aparenta ser. “Era esperado que [a economia chinesa] desacelerasse, tem fatores que agravam, claro, mas eu não vejo o modelo chinês indo para o buraco”, pontua o professor Alexandre Guimarães.
“É natural, nenhum país cresce dessa maneira para sempre. O governo vai enfrentar as dificuldades”, conclui o especialista em economia política.
Daniel Lau considera bons os números mais recentes para o que a China pretende. Isso porque, a China já chegou a crescer a dois dígitos no passado, uma realidade difícil de alcançar para o país como ele é hoje.
“Aquele número não vem mais, a China não quer crescer mais naquela velocidade. A estratégia de crescer de forma frenética não é mais a realidade do país”, avalia..
Mas Guimarães não exclui o fato de que o problema ainda pode ressoar no Brasil. “A gente sofre porque exporta muitas commodities para lá. O Brasil não pode se preocupar em ser só um exportador, tem que expandir os horizontes e investir em outros setores”, conclui.
O Estado de S.Paulo - SP 28/08/2023
Jackson Hole, Wyoming - A força da economia dos Estados Unidos pode exigir mais aumentos das taxas de juro, alertou o presidente da Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell, nesta sexta-feira, 25, durante o Simpósio Econômico realizado anualmente em Jackson Hole, no Estado de Wyoming. O presidente do Fed também destacou a natureza incerta das perspectivas econômicas americanas.
Segundo Powell, a economia cresceu mais rápido do que o esperado e os consumidores continuam a gastar sem preocupações, tendências que podem manter elevadas as pressões inflacionárias. Ele reiterou que o Fed está determinado a manter a sua taxa de referência elevada até que a inflação seja reduzida para a meta de 2%.
“Estamos atentos a sinais de que a economia não está arrefecendo como esperado”, disse. “Estamos preparados para continuar a aumentar as taxas de juros, se for apropriado, e manter o nível restritivo até termos a certeza de que a inflação cai de forma sustentável em direção ao nosso objetivo.”
No seu discurso, Powell destacou a incerteza em torno da economia e a complexidade da resposta do Fed. Isso contrasta com suas observações feitas na conferência de Jackson Hole no ano passado, quando avisou Wall Street que o Fed continuaria a sua campanha de aumentos das taxas de juros para frear o aumento de preços.
Ainda de acordo com Powell, o Fed acredita que sua taxa básica de juros é alta o suficiente para desacelerar a economia, a criação de empregos e a inflação. Mas acrescentou que é difícil calcular o nível dos custos dos empréstimos para conter a economia, “e, portanto, há sempre incerteza” quanto à eficácia das medidas do Fed para conter a inflação.
Portanto, disse, o Fed “procederá com cuidado enquanto determinamos se devemos apertar ainda mais ou manter a taxa constante enquanto se aguardam novos dados”.
Desde a conferência de Jackson Hole no ano passado, o Fed aumentou a sua taxa de referência para 5,4%, o nível mais elevado em 22 anos. A inflação atingiu um pico de 9,1%, em termos anuais, em junho de 2022, antes de cair para os atuais 3,2% - embora permaneça acima da meta do Fed, de 2%.
Globo Online - RJ 28/08/2023
O Palácio do Planalto precisa acompanhar de perto a situação econômica da China, principalmente os sinais de deflação que começam a aparecer. Por ser o maior parceiro comercial do Brasil, se o país entrar em recessão, as exportações de minério de ferro, grãos e alimentos sofrerão impacto. O agronegócio, atividade mais dinâmica da economia brasileira, será atingido, com menor circulação de dinheiro no interior e reflexos inevitáveis no PIB.
A deflação é tão ou mais perigosa que a inflação. Os preços se retraem, os consumidores adiam suas compras para mais à frente pagar menos, e o país fica assombrado pelo fantasma da recessão, que, no limite, pode se tornar depressão. Governos devem agir antes de a situação chegar a esse ponto.
A saída da economia chinesa das restrições impostas pela pandemia era esperada como um impulso que ajudaria o mundo a também retomar o crescimento. Em vez disso, as taxas estão aquém das previsões e, para tornar a situação mais crítica, os preços estão em queda em diversos setores.
O crescimento da economia chinesa no segundo trimestre — de 6,3% em relação ao mesmo período do ano anterior — não animou os analistas. Ficou abaixo do esperado, mesmo com o benefício de um efeito estatístico: a base de comparação é baixa, pois 2022 ainda sofreu o impacto da recessão da pandemia, com lockdown em cidades como Xangai. Para confirmar o pessimismo, basta mudar a referência: a economia chinesa cresceu apenas 0,8% no segundo trimestre, na comparação com o primeiro.
Entre as evidências de que a China pode estar entrando em deflação está a constatação de que os preços de bens e serviços caíram 1,4% no segundo trimestre em relação ao ano anterior. Foi a maior queda desde 2009, na crise financeira mundial.
O cenário é ainda mais inóspito, pois o mercado imobiliário chinês, que concentra boa parte dos ativos financeiros do país, há tempos enfrenta dificuldades. Em junho, a venda de apartamentos caiu 27% na comparação com 2022. A segunda maior incorporadora, a Evergrande, luta contra a insolvência. Não honrou em 2021 o resgate de títulos que lançou no mercado e continua com pesadas dívidas. A maior incorporadora, a Country Holdings, vai pelo mesmo caminho. Nos últimos dias não teve dinheiro em caixa para pagar títulos de dívida vencidos.
Ao contrário do ativismo demonstrado noutras crises, o governo chinês tem mantido uma postura de passividade. Cortou um pouco a taxa de juros, e lideranças do Partido Comunista, segundo a revista britânica The Economist, distribuíram apenas 31 orientações para autoridades incentivarem o setor privado, sem nenhum plano fiscal de estímulo ao crescimento. Em tais circunstâncias, o governo brasileiro deveria evitar, em seus planos econômicos, arroubos que apostem nos bons ventos vindos de fora.
Infomoney - SP 28/08/2023
Os contratos futuros de minério de ferro retomaram o rali na bolsa de Cingapura nesta sexta-feira, colocando-os no caminho para o maior ganho semanal em 11 semanas, uma vez que medidas de apoio à hesitante recuperação econômica da China e o otimismo com as perspectivas de demanda no curto prazo sustentaram os preços.
O índice de referência do ingrediente siderúrgico na China também caminhava para registrar seu maior ganho semanal desde junho, antes de uma recuperação sazonal na atividade de construção doméstica de setembro a outubro.
O contrato de setembro do minério de ferro na Bolsa de Cingapura subiu 2%, para 114,15 dólares por tonelada, após o declínio de 1,2% registrado na quinta-feira, que se seguiu a uma alta de cinco sessões. Na semana, o contrato ganhou mais de 6%.
O minério de ferro mais negociado para janeiro na Bolsa de Commodities de Dalian, na China, encerrou as negociações do dia com alta de 0,5%, a 827 iuanes (113,49 dólares) por tonelada, após oscilações para cima e para baixo.
O minério de ferro spot também subiu esta semana, sendo negociado na sexta-feira a 118,00 dólares, com alta de 1,50 frente ao fechamento da véspera, segundo dados da consultoria SteelHome. mostrou.
O suporte ao minério de ferro permaneceu intacto apesar de um relatório da consultoria Mysteel dizer que algumas usinas no centro siderúrgico da cidade de Tangshan, na China, suspenderam a operação de sinterização por uma semana a partir de 24 de agosto, conforme necessário para melhorar a qualidade do ar.
A China, principal consumidora de minério de ferro do mundo, pretende alcançar um equilíbrio entre oferta e demanda no seu mercado siderúrgico este ano, de acordo com o Ministério da Indústria, mesmo num momento em que as siderúrgicas enfrentam pressão crescente de uma economia em dificuldades e de problemas no mercado imobiliário.
Outros ingredientes siderúrgicos na bolsa de Dalian caíram após ganhos recentes, com o carvão metalúrgico e coque recuando 1,2% e 0,7%, respectivamente.
IstoÉ Dinheiro - SP 28/08/2023
Um mês após a empresa fechar a venda de 13% do negócio de metais básicos, o presidente da Vale, Eduardo Bartolomeo, disse nesta sexta-feira, 25, que a divisão que abriga as operações de cobre e níquel representa a “joia da cora” da mineradora. “O negócio de metais básicos, claramente, é a joia da coroa”, afirmou Bartolomeo ao participar do fórum do grupo Esfera Brasil no Guarujá, litoral de São Paulo.
No fim de julho, a mineradora anunciou a venda, por US$ 3,4 bilhões, de 13% da unidade de metais básicos para a Manara Minerais, da Arábia Saudita, que ficou com 10%, e a empresa de investimento americana Engine No. 1, que adquiriu outros 3%. Os investimentos previstos no negócio na próxima década são da ordem de US$ 25 bilhões a US$ 30 bilhões.
Só no Brasil, os investimentos devem chegar a R$ 50 bilhões no período, informou Bartolomeo, citando planos de dobrar a produção de cobre, de 450 mil para 900 mil toneladas anuais, e de níquel, de aproximadamente 200 mil para 300 mil toneladas por ano.
Apesar da atenção dada a metais que serão mais consumidos com a maior produção de baterias na transição energética, Bartolomeo considerou que o minério de ferro continua sendo um negócio, conforme palavra sua, “sexy”, por ser insumo do “aço verde”. “Não vai ter nada sem aço”, assinalou o presidente da Vale.
“O minério é sexy, é necessário e é indutor de desenvolvimento regional, como a Vale sempre fez em sua história”, acrescentou Bartolomeo.
Money Times - SP 28/08/2023
A Vale (VALE3) não vive o seu melhor momento na bolsa, com queda de 30% no ano. Porém, o Bradesco BBI vê espaço para a ação subiu 45%, com preço-alvo de R$ 92 para o papel da mineradora.
Segundo os analistas Thiago Lofiego e Renato Chanes, embora o quadro global permaneça confuso, especialmente porque a reabertura chinesa não conseguiu ganhar força, as estimativas de preço do minério de ferro de US$ 110/tonelada em 2023 e US$ 100 em 2024 foram mantidas.
Para sustentar a sua tese, a corretora elencou oito motivos para sustentar o otimismo com o papel. Veja a seguir:
Produção de minério de ferro saltará quase 20% no 2S23
Na visão dos analistas, a Vale está no caminho certo para entregar o guidance (projeções) de produção de 310 a 320 milhões de toneladas para 2023, especialmente porque está desbloqueando gradualmente a produção em seus diferentes sistemas.
Enquanto no Sistema Sudeste, a barragem de Torto recebeu a licença de operação e o comissionamento está em andamento, no Sistema Norte, o S11D está se beneficiando de maior estabilidade operacional e novos britadores para o minério Jaspilito.
Além disso, o relatório de produção do segundo trimestre mencionou um aumento significativo na movimentação de minas, o que implica maior disponibilidade para o segundo semestre do ano, destacam.
O Bradesco elevou as estimativas de produção em 2023 para 320 milhões de toneladas, das 315 milhões de toneladas anteriores (o que implica uma produção de 175 milhões de toneladas no 2S23, alta de 17% no semestre).
Vale, no caminho do crescimento
No médio prazo, destaca o BBI, a Vale deverá progredir gradativamente sua produção para 350 a 370 milhões de toneladas, sendo 350 milhões de toneladas em 2026 e 370 milhões de toneladas em 2028.
Para isso, os analistas consideram:
Legislação Nacional de Cavidades
Os analistas explicam que as cavidades naturais, segundo a legislação brasileira, podem ser classificadas em quatro categorias diferentes de acordo com sua relevância: máxima, alta, média ou baixa.
“Cavernas naturais com grau máximo de relevância não podem sofrer impactos negativos irreversíveis e, portanto, estão protegidas de diversos empreendimentos (mineração, infraestrutura, rodovias, túneis, etc). No início de 2022, o Governo assinou um decreto que permitia às empresas realizar atividades de construção em cavidades de máxima relevância. Um mês após o decreto, o STF suspendeu temporariamente o decreto”, discorrem.
O resultado provável, dizem, é que a legislação anterior prevaleça. No entanto, os analistas veem chances de a legislação ser discutida e potencialmente flexibilizada pelo atual Governo (embora provavelmente com termos diferentes dos aprovados pelo governo anterior), pois não apenas impede a Vale de expandir novas frentes de minas, mas também cria vários gargalos para diferentes projetos de infraestrutura a serem executados no Brasil.
O pior já ficou para trás em termos de custos
O BBI recorda que os custos com entrega total aumentaram de US$ 44/tonelada em 2021 e US$ 49 em 2022 para um máximo de US$ 58 no primeiro trimestre (recuando para US$ 53 no segundo trimestre).
“Esperamos que os custos C1 se aproximem de US$ 20/tonelada nos próximos trimestres (a orientação da Vale para o ano inteiro de 2023 é de US$ 21,50 a 22,50), enquanto os custos totais entregues devem voltar abaixo do limite de US$ 50/tonelada, provavelmente atingindo US$ 47 a 49”, discorre.
De uma perspectiva normalizada, o BBI acredita que todos os custos provavelmente retornarão à faixa de US$ 40 a 45, à medida que a Vale aumenta a produção (modelamos US$ 43 em 2024 e US$ 42em 2025).
Divisão de metais básicos acelerando sua busca para desbloquear valor
Depois de vender uma participação de 13% para Manara Minerals (10%) e Engine No 1 (3%), por US$ 3,4 bilhões, avaliando a empresa em US$ 26 bilhões (implicando um múltiplo EV/EBITDA de 10a 12x), o Bradesco acredita que a Vale agora irá focar em transformar a VBM (Vale Base Metals).
“Acreditamos que com a base de ativos existente, o Ebitda normalizado da VBM poderia oscilar em torno de US$ 2 a 3 bilhões, mas o EBITDA poderia aproximadamente triplicar nos próximos 10 anos, considerando que a produção de cobre poderia aumentar de 350 mil toneladas para 900 mil toneladas e a de níquel de 175 mil toneladas para 300 mil toneladas”, coloca.
As negociações de Mariana ainda são um ponto de interrogação, mas o Bradesco acredita que um acordo é provável
Atualmente, o Bradesco considera uma provisão adicional de aproximadamente US$ 2 bilhões para a tragédia de Mariana, que matou 19 pessoas.
Isso é derivado de um acordo potencial total de R$ 110 bilhões (que foi divulgado algumas vezes pela imprensa desde o ano passado), dos quais R$ 60 bilhões já foram provisionados ou desembolsados pela Vale e BHP, o que implica R$ 50 bilhões restantes (R$ 25 bilhões para a Vale, a serem pagos ao longo de 15 a 20 anos, resultando em nosso VPL de aproximadamente US$ 2 bilhões).
“O momento tornou-se incerto, especialmente após a mudança de Governo. Nosso entendimento é que os estados de Minas Gerais e Espírito Santo receberiam a maioria das indenizações, mas não está claro para nós se o Governo Federal estaria exigindo um percentual maior do novo acordo, considerando o novo quadro fiscal e a necessidade de encontrar novas fontes de receita. Embora esperássemos que tal acordo fosse finalizado no segundo semestre, parece que isso poderá ser adiado para 2024”, coloca.
A remuneração dos acionistas continua a ser uma parte fundamental da estratégia de alocação de capital
Para o Bradesco, a Vale continua a gerar caixa significativo (a corretora estima em US$ 5,1 bilhões em 2023 e US$ 4,5 bilhões em 2024), devolvendo a maior parte aos acionistas.
Os dividendos e recompras deverão representar 14% do valor de mercado nos próximos 12 meses (considerando US$ 6,2 bilhões em dividendos totais no 1T24 e 3T24 e US$ 2bilhões restantes em recompras de ações).
“No futuro, um tema a ser observado é como a empresa tratará os dividendos e fará referência à Dívida Líquida, considerando a separação da divisão de Metais Básicos e sua diferente estratégia de alocação de capital, que será mais focada no crescimento do que nos dividendos”, completa.
Amplo desconto em relação aos pares
O Bradesco nota que as ações da Vale continuam negociando com grande desconto para as da Rio Tinto e BHP (VALE3 negocia a 4,1x o múltiplo EV/EBITDA para 2024, com desconto de 25% e EV/tonelada de US$ 200, com desconto de 33%).
“Embora entendamos que os acidentes com as barragens de rejeitos e ruídos político no Brasil pesem sobre o desconto, acreditamos que a Vale fez importantes avanços nas frentes de segurança de barragens de rejeitos e ESG”, destacam.
O Bradesco diz também que a Vale tem um crescimento de produção mais forte em relação a Rio Tinto e BHP, o que por si só garantiria um múltiplo mais elevado.
“Por último, mas não menos importante, acreditamos que a Vale está progredindo no sentido de liberar mais valor em sua divisão de Metais Básicos, o que poderia contribuir com cerca de US$ 15 a 20 bilhões em uma eventual reavaliação”, completa.
Jornal de Brasília - DF 28/08/2023
O Escritório Nacional de Estatística da China divulgou, neste domingo (27), mais um dado negativo para a economia do país, com os lucros industriais apresentando queda de 6,7% em julho, em comparação com o mesmo mês do ano anterior. Mas foi uma queda menor do que aquela registrada em junho, de 8,5%.
Outros resultados, sobretudo no setor de serviços, já têm vindo melhores.
As bilheterias de verão, dominadas por filmes chineses, bateram o recorde de 2019, pré-pandemia, segundo as plataformas de ingresso Maoyan e Lighthouse. Também as viagens e reservas aéreas, domésticas e internacionais, superaram os números de quatro anos atrás, segundo as plataformas Flight Master e Trip.
Para as exportações brasileiras, o que mais preocupa é o setor imobiliário, que está no centro da desaceleração do país –40% da demanda chinesa por aço, que consome o minério de ferro do Brasil e da Austrália, também atenta, vem da construção.
Marco inicial dos problemas econômicos na China, com sua crise de liquidez há um ano e meio, a empreiteira Evergrande apresentou na semana passada um pedido para que suas ações voltem a ser negociadas nesta segunda-feira (28) na Bolsa de Hong Kong. Elas estão suspensas desde março do ano passado.
Com o pedido de proteção que apresentou nos EUA há dez dias, a medida é parte do processo de reestruturação da dívida. Neste sentido, uma boa notícia, que registrou na bolsa de Hong Kong, é que sua subsidiária para serviços imobiliários alcançou um crescimento de 43% no lucro do primeiro semestre.
Mas o eventual retorno simbólico da Evergrande ao mercado financeiro bate de frente com os problemas de sua concorrente, Country Garden, que há duas semanas avisou de “incertezas” quanto ao pagamento de títulos –e na sexta (25) adiou uma decisão sobre o alongamento deles, por falta de apoio dos acionistas.
No primeiro semestre deste ano, as vendas da incorporadora caíram 30% em relação ao período em 2022.
O Brasil segue “diariamente” o vaivém dos dados sobre a China, afirmou nesta semana o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em coletiva na África do Sul. “Continuamos acompanhando, mas o diagnóstico não está concluído, porque as pessoas têm visões diferentes do alcance do problema”, disse.
Segundo ele, “ainda está inspirando cuidados, mas o tamanho do problema não está suficientemente claro, pelo menos pelas informações que estamos recebendo”. Haddad acrescentou, citando o recorde nos juros longos americanos, que a atenção externa está voltada também para EUA e Argentina.
Seu colega australiano, Jim Chalmers, afirmou no domingo (20) ao canal Sky News que também está “acompanhando de perto, com preocupação”, as informações sobre a economia chinesa, citando o setor imobiliário e as “implicações óbvias para a Austrália”, exportadora de minério de ferro, entre outras matérias-primas.
Procurada, a secretária de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Tatiana Prazeres, afirmou que “uma diminuição da atividade no setor imobiliário da China afeta sua demanda por aço e por minério de ferro, mas o minério brasileiro é muito competitivo”, devido à sua qualidade, ao teor de ferro.
De modo geral, prosseguiu ela, que está na Índia, “a despeito da desaceleração as exportações para a China seguem com desempenho muito positivo”. Avalia ser “importante uma dose de cautela”, mas mantém a previsão de que elas podem bater os US$ 90 bilhões no ano, “um pequeno aumento” em relação a 2022.
“Acompanhamos nossas vendas para lá semanalmente, e os resultados confirmam a visão positiva para o ano”, diz. “As exportações de milho, seguidas de soja, minério de ferro, petróleo e açúcar puxam o crescimento mais recente das nossas vendas para a China, mesmo com os preços jogando contra.”
Maior concorrente da brasileira Vale no mercado chinês, a mineradora australiana BHP afirmou, ao apresentar na semana passada os resultados do primeiro semestre, que “a demanda por commodities se manteve relativamente robusta na China e na Índia”, apesar da redução “substancial” nos países desenvolvidos.
No curto prazo, acrescentou, “a trajetória da China depende da eficácia das medidas recentes, da implementação da política de estímulo especialmente no que diz respeito ao setor imobiliário”. A demanda chinesa continua, de qualquer maneira, “razoavelmente saudável”, citando setores como automóveis.
O governo chinês segue anunciando medidas de estímulo, sobretudo ao setor imobiliário. Na sexta, estendeu por dois anos um incentivo fiscal para compradores de imóveis e permitiu que pessoas com uma hipoteca possam tomar empréstimo para comprar outro imóvel. As Bolsas até subiram, mas por poucos minutos.
Por outro lado, apareceu mais um sinal de que Pequim não vai interferir muito além dessas medidas. Um colunista do Jingji Ribao (Economic Daily), diário financeiro ligado ao PC (Partido Comunista Chinês), retomou a frase de Xi Jinping que norteia a contenção chinesa no setor, “casas são para morar, não para especulação”, dita por ele há seis anos.
Infomoney - SP 28/08/2023
Há algum tempo, a entrada da operação da mina de Simandou começou a aparecer em algumas projeções de oferta de minério de analistas do setor e o ativo, que fica na Guiné, tem potencial de interferir nas teses de mais longo prazo para a Vale (VALE3).
Especialistas da Wood Mackenzie, em entrevista ao InfoMoney, afirmaram ver a mina colocando até 120 milhões de toneladas no mercado por ano até 2027. Eles alegaram que já é possível, hoje em dia, ver uma movimentação considerável de construções na área onde ela se encontra.
Se a quantidade já não fosse relevante, a commodity proveniente do país africano tem uma altíssima qualidade, algo similar àquilo que a Vale extrai de Carajás. Isso ao mesmo tempo, a Vale vem há algum tempo afirmando que pretende se tornar referência em minério limpo.
“Para que ir atrás de 400 milhões de toneladas se estamos ganhando mais dinheiro com menos?”, indagou o diretor executivo (CEO) da companhia, Eduardo Bartolomeo, no último Vale Day.
“Estamos enfrentando uma transformação única no mercado siderúrgico. Temos a única solução na frente de minério de ferro no mercado, que pode atender essas necessidades”, afirmou Marcello Spinelli, vice-presidente Executivo de Ferrosos, na mesma ocasião. “Ninguém está atendendo a demanda por minério de mais alta qualidade, mais limpo. Nossos clientes precisam descarbonizar, mas há dificuldade em realizar essa meta”.
Como curiosidade, os analistas da Wood Mackenzie explicaram que o minério de Simandou provém da mesma formação geológica do que o do Sistema Norte da mineradora brasileira. Isso porque na Pangeia, época em que todos os continentes eram apenas um (há uns bons milhões de anos atrás), as duas regiões eram vizinhas.
Indo além, a Vale já teve ligações com a mina africana. Por um bom tempo, a companhia brasileira tentou explorar o ativo junto do bilionário israelense Beny Steinmetz. A tentativa, no entanto, se tornou um imbróglio após o parceiro da companhia ser acusado por autoridades de se envolver em escândalos de corrupção com o ex-presidente da Guiné, Lansana Conté, na tentativa de conseguir a concessão de exploração e acabou caindo por terra.
Entrada de oferta pode prejudicar prêmios da Vale
A questão é que a entrada de uma oferta de uma commodity de qualidade à da Vale semelhante pode, no futuro, diminuir prêmios do minério mais limpo da mineradora. Tanto a commodity de Carajás quanto a de Simandou tem teores acima dos 65%.
“Essa mina entrando como caso base claramente é um fator significativo para equilíbrio de preço maior do que vemos hoje para o minério de ferro. Pensando em uma relação de oferta e demanda, quanto mais competidores, menos poder de mercado. A Vale quer chegar a 240 milhões de toneladas no Sistema Norte. Se os 120 milhões de Simandou saírem do papel, será um volume significativo e pode diminuir o poder de barganha, o spread”, falou Paulo Azevedo, da Wood Mackenzie.
“Em oferta e demanda, temos hoje um mercado balanceado. Com a entrada de Simandou, é possível que para o médio e longo prazo nos moveremos para um mercado over supply, com excesso de oferta”, completou Cícero Prado Machado, da mesma casa.
A Vale, para a empresa de pesquisa e consultoria, já está consciente do fato e vem segurando seu aumento de produção em parte por conta disso. A mineradora, em 2022, revisou seus guidances, jogando-os para baixo.
O analista do Itaú BBA, Daniel Sasson, tem visão parecida. Segundo ele, desde que a China entrou na jogada de Simandou, em meados de 2020, houve mudanças no cenário.
“O projeto de Simandou, para quem cobre o setor, parecia aqueles projetos brasileiros que a gente escutava desde criança e que não saíam do papel, algo como uma transposição do São Francisco ou a Transnordestina”, afirma Sasson. “Desde que uma das maiores mineradoras entrou no consórcio, no entanto, muita gente passou a acreditar. A China, nós sabemos, tem uma capacidade grande de realização”.
Ele pontua que a política da Guiné, que traz consigo a instabilidade vista em muitos países africanos, e o investimento necessário para desenvolver a logística necessária na extração, de cerca de US$ 15 bilhões, são fatores a se monitorar.
“Avalia que [o projeto] vai sair e os especialistas estão gradativamente colocando esse projeto nos modelos de oferta e demanda. Talvez a única questão que siga desconhecida seja o momento de entrada. Inicialmente se falava em 2024, 2025, agora eu já acho que é um negócio mais para 2026”, explica.
“Se a Vale hoje tem uma vantagem competitiva contra os maiores players do mundo – as australianas – no que tange a qualidade, ela vai ter uma competição com um novo entrante de qualidade tão boa quanto a sua”, fala o analista.
Sasson, no entanto, expõe que ainda é necessário ter maiores elucidações sobre Simandou. O custo de operação da mina, o de transporte, com uma ferrovia de quase 700 quilômetros necessária para o escoamento, e o frete transoceânico são questões a serem monitoradas.
“Para chegar na China da Guiné tem que passar por toda a parte de baixo da África. Não me parece nem tão perto do porto de Santos, por exemplo. Há questões importantes a serem solucionadas”, indaga. “Mas que a credibilidade do projeto aumentou nos últimos trimestres e que é uma ameaça para a sustentabilidade do prêmio da Vale no minério de maior qualidade, acho que isso não dá mais para negar”.
Por enquanto, no entanto, a provável nova concorrente não aparece nos valuations da Vale. O especialista do BBA expõe que companhias como a mineradora acabam sendo foco dos investidores institucionais mais no curto e médio prazo, em grande por conta de toda a oscilação do mercado de minério.
“Há maior preocupação do mercado com o que vai acontecer com os resultados da Vale no segundo semestre deste ano do que em 2026 ou 2027 e também com o que vai acontecer com a China. É um risco e está no radar, mas não acho vejo que o mercado coloque o preço do minério de ferro despencando em 2027 no modelo financeiro”, fecha.
A XP, em relatório divulgado em julho, destacou que, por enquanto, a entrada de operação não está no seu valuation para a Vale.
“De acordo com as últimas notícias, a infraestrutura portuária deve estar pronta entre o fim de 2024 e a produção comercial deve ser iniciada em 2026. No entanto, mantemos nossas visões conservadoras e não descartamos mudanças na timeline do projeto, o que já aconteceu nos últimos 15 anos”, avaliou.
EPBR - SP 28/08/2023
No Brasil desde 2004, a fabricante chinesa de máquinas e equipamentos pesados XCMG encontrou um terreno fértil para sua linha de produtos zero carbono.
“É um mercado que já existe e está carente de produtos de grande porte eletrificados”, afirma Ricardo Hidemi Senda, head de veículos elétricos da XCMG, em entrevista à agência epbr.
Ele conta que, por enquanto, a procura por soluções que ajudem as empresas nas suas jornadas de descarbonização têm crescido entre as multinacionais listadas em bolsa e com metas de emissões líquidas zero.
Mas a expectativa é que esse mercado comece a expandir conforme os governos estaduais e federal estabelecem regulações para induzir a transição energética.
“São Paulo, por exemplo, não pode mais emplacar ônibus a combustão. Só elétrico. Tá todo mundo gritando porque as montadoras tradicionais não têm chassis de ônibus elétricos”, exemplifica.
Na visão do executivo, o governo brasileiro precisa definir os prazos para a transição das frotas de veículos e equipamentos – e o mais rápido possível – tanto para a indústria poder programar sua linha de produção, quanto para atrair investimentos internacionais.
Um exemplo vem da política de hidrogênio. Senda revela que algumas empresas no Brasil estão interessadas em veículos a célula combustível, mas sem uma perspectiva de desenvolvimento da cadeia de H2 no Brasil, a XCMG ainda não vê viabilidade de trazer essa tecnologia para cá.
“Já tem cliente querendo hidrogênio. Mas eu só fabrico equipamentos, não produzo combustível. Vamos colocar o equipamento em um aquário? Como abastece? Acho que vamos chegar lá, mas ainda vai demorar um pouquinho”.
Produtos net zero
A XCMG chegou ao Brasil com centros de distribuição e instalou sua primeira fábrica dez anos depois, em 2014, em Pouso Alegre (MG), com capacidade de produção de quase 10 mil equipamentos por ano.
Hoje, o grupo comercializa 160 tipos de produtos entre caminhões rodoviários e off-road, carregadeiras, escavadeiras e equipamentos para mineração e construção. Desse total, 50 são totalmente produzidos no Brasil.
Nem tudo é elétrico. O portfólio global da companhia – 3ª maior do mundo no mercado de linha amarela – conta com motores a combustão (90%), biocombustíveis, híbridos, elétricos a bateria e hidrogênio.
Para a linha de produtos net zero no Brasil, a aposta inicial é na eletrificação a bateria.
Um dos lançamentos é o cavalo mecânico 6×4 rodoviário E7-49T com tara de 10.800, carga máxima de bateria de 282 kWh e autonomia de 150 km. Um dos diferenciais do caminhão está na tecnologia de armazenamento de energia.
O sistema Swapping permite a substituição do pacote completo em cerca de seis minutos com a utilização de um dispositivo de troca de bateria, o que dá mais 150 km de autonomia para o motorista.
Já o carregamento é feito em uma hora, desde que em uma rede de 360 quilowatts.
Na frota pesada, Senda afirma que a eletrificação a bateria é viável até uma autonomia de 300 km. Acima disso, a solução deve vir do hidrogênio, com motores a célula a combustível.
“Com hidrogênio conseguimos chegar em torno de 800 a 1.000 quilômetros de autonomia. Essas vão ser as próximas matrizes energéticas”, diz.
Diferente de montadoras de veículos que estão investindo nos modelos híbridos, a XCMG não pretende trazê-los para o Brasil.
“É uma tecnologia ultrapassada. Estamos tendo alguns problemas nessa família de híbridos, porque a mistura de elétrico com a combustão dá mais autonomia, mas o histórico está mostrando que não tem um casamento”, justifica.
“Nos carros mais velhos, a parte elétrica ainda está funcionando quando a combustão começa a dar problema. O mercado vem mudando de direção”, completa.
Cobrimos por aqui:
Nos veículos leves etanol versus baterias
Enquanto os veículos 100% elétricos disparam no cenário mundial como a solução mais eficaz para reduzir as emissões fósseis, o Brasil vê crescer a popularidade dos modelos híbridos – movidos a combustível e eletricidade.
Os automóveis têm conquistado a preferência dos consumidores. Em 2022, aproximadamente 62% das vendas de eletrificados no país foram de versões híbridas.
A hibridização das frotas também é vista como melhor alternativa para a composição de veículos no Brasil em direção à eletrificação.
“Hoje no Brasil, um híbrido a etanol é um excelente agente de transição”, defende Ricardo David, sócio-diretor da Elev, startup brasileira de soluções para eletromobilidade.
Em entrevista à agência epbr, ele defende que o Brasil estabeleça uma política que fomente, ao mesmo tempo, o uso de elétricos puros e híbridos movidos a etanol, sem descartar nenhuma rota tecnológica.
“Temos que usar o elétrico e o etanol. Nós não podemos prescindir de um e de outro [ ] É importante ter uma política governamental com a combinação dos dois”. Entenda a discussão
E tem a célula a hidrogênio
A Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) aprovou o projeto de lei que prevê isenção do IPVA para carros elétricos ou movidos a hidrogênio.
O projeto agora segue para a decisão do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que poderá sancioná-lo ou vetá-lo. Em suma, o texto estabelece que a isenção será concedida por meio de créditos vinculados à quota-parte estadual do IPVA.
Deste montante, 20% é destinado ao Fundeb, enquanto os 80% restantes são divididos entre municípios e a arrecadação estadual. Os créditos seriam limitados aos primeiros cinco anos de tributação do veículo.
No início de agosto, Tarcísio participou do lançamento da pedra fundamental da primeira estação experimental de abastecimento do mundo a adotar a tecnologia de reforma a vapor do etanol para produção de hidrogênio.
O projeto é resultado da parceria entre Shell, Hytron, Raízen, SENAI CETIQT e USP para avaliar a viabilidade do hidrogênio de etanol.
Para testar o abastecimento, o grupo firmou um memorando de entendimento com a Toyota, que fornecerá um veículo para os estudos. A previsão é de que a estação experimental esteja operando no segundo semestre de 2024.
Artigos da semana
CCS: as oportunidades e desafios do Brasil para a expansão da captura de carbono Existe muito espaço para projetos de captura de carbono no país, que dependem diretamente de políticas públicas, escrevem Daniela Costa e Suzana Borshiver
Setor Elétrico: avanços de 2023 e cenários para 2024 Fundador e Presidente Executivo da Associação Brasileira de Hidrogênio e Combustíveis Sustentáveis (ABHIC), Sérgio Augusto Costa lista cinco tópicos para reflexão sobre os desafios do setor elétrico e as expectativas para o mercado no ano.
Os combustíveis sustentáveis de aviação e o Corsia Há diversos desafios para a indústria dos combustíveis sustentáveis de aviação no Brasil; a legislação é um deles, escrevem Larissa Paganelli e Thiago de Oliveira Frizera.
Valor - SP 28/08/2023
Agosto foi o primeiro mês em que o IPCA-15 não absorveu o impacto do programa de incentivo do governo
Após duas quedas seguidas, o preço do automóvel novo voltou a subir em agosto, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo -15 (IPCA-15), prévia da inflação oficial do governo. Os dados divulgados nesta sexta-feira (25) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que o preço do automóvel novo teve alta de 2,94% em agosto, após recuos de 0,84% em junho e 2,34% em julho.
Foi o primeiro mês em que o IPCA-15 não absorveu o impacto do programa de incentivos fiscais do governo para a compra de veículos novos, que valeu durante o mês de junho. Como a coleta de preços do IPCA-15 de julho foi entre 15 de junho e 13 de julho, ainda pegou um período do programa em vigor.
No caso do automóvel usado, no entanto, o IPCA-15 ainda registra queda de preços. Foi o quarto mês consecutivo de deflação no item. Houve queda de 0,34% em agosto, após recuos de 0,78% em maio, 0,21% em junho e 1,05% em julho.
Dados do IBGE, da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) e da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) registraram o impacto do programa na produção e vendas de veículos no país.
Valor - SP 28/08/2023
Segundo a prefeitura de Vila Velha (ES), onde aportará o navio Green Kemi, a maior parte dos automóveis têm como destino São Paulo
Chega ao país na próxima terça-feira (29), frota de 2,8 mil novos veículos elétricos das montadoras chinesas GWM e BYD. Segundo a prefeitura de Vila Velha (ES), onde aportará o navio Green Kemi, a maior parte dos automóveis têm como destino São Paulo.
A embarcação partiu do porto de Taicang, no leste da China, em 18 de julho, e faz sua viagem inaugural. O Green Kemi pertence à nova geração de navios pertencentes à “frota verde” da China Ocean Shipping Company (Cosco), que está entre os grandes estaleiros do mundo, diz a nota.
Os veículos trazidos pela embarcação são do tipo SUV. Segundo o presidente da Câmara de Comércio Brasil-China, Carlos Eiras, cerca de oito mil veículos chegaram ao Brasil por meio da mesma rota no primeiro semestre de 2023. Até dezembro, há projeção de a soma alcançar 15 mil carros elétricos — a maioria deles das mesmas montadoras, GWM e BYD — com destino a São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Brasília e Salvador.
O secretário de Desenvolvimento Econômico de Vila Velha, Everaldo Colodetti, lembra que as fabricantes chinesas já atuam no mercado automotivo do Brasil, no segmento de elétricos e híbridos. A maior parte dos veículos vai para a sede da Comexport, que atua no segmento de importados, e que, em 2022, faturou quase R$ 4 bilhões, disse o secretário.
Valor - SP 28/08/2023
United Auto Workers (UAW) dará início à paralisação, caso os trabalhadores não cheguem a um novo acordo com as montadoras de Detroit
Funcionários de montadoras de Detroit votaram majoritariamente a favor da medida que autoriza a liderança do sindicato United Auto Workers (UAW) a iniciar greve, caso não cheguem a um novo acordo trabalhista com as empresas.
Os votos ainda estão sendo contados, mas a UAW diz que a média combinada dos funcionários nas três montadoras que ela representa, General Motors (GM), Ford e Stellantis, chegou a 97% a favor da autorização de greve.
A autorização é um passo protocolar que dá poderes à liderança do sindicato de iniciar uma paralisação trabalhista. Isso não é garantia que uma greve no setor vai acontecer.
“Nossos membros estão cansados de viver salário a salário, enquanto as elites e os bilionários continuam se dando bem”, diz Shawn Fain, presidente da UAW. “As montadoras estão com resultados recorde em cima do nosso trabalho.”
A UAW negocia um novo acordo trabalhista de quatro anos que abarca cerca de 140 mil funcionários da GM, Ford e Stellantis. O atual acaba no próximo dia 14 de setembro.
O sindicato quer reaver benefícios perdidos nas negociações passadas e aumentar salários em 40% pela duração do novo acordo. Caso consigam, seria o maior reajuste na história recente do setor.
As negociações se tornaram contenciosas neste mês, com a UAW criticando a lentidão das montadoras. O sindicato vem organizando piquetes e está preparando seus membros para uma greve.
Representantes de GM, Ford e Stellantis não responderam a pedidos para comentar.
Valor - SP 28/08/2023
Setor imobiliário do país passa por crise profunda que pode desestabilizar toda a economia chinesa; colapso dos mecanismos de financiamento teria repercussões no segmento bancário mundial
A cidade de Xian, no oeste da China, irá criar um fundo público-privado no valor de até 5 bilhões de yuans (US$ 686 milhões) para oferecer mecanismos de financiamento para empresas do setor imobiliário do país. O segmento passa por uma crise profunda que pode desestabilizar toda a economia chinesa.
O fundo público-privado emprestará dinheiro, por até seis meses, para mecanismos de financiamento de governos locais (do inglês LGFVs) em dificuldades para obter crédito com bancos ou do mercado de capitais.
O fundo terá, inicialmente, 2 bilhões de yuans em capital, cerca de 40% fornecidos pela cidade de Xian, 30% por LGFVs e 30% por instituições financeiras. A quantidade total de capital pode subir para até 5 bilhões de yuans.
A iniciativa pode criar um modelo a ser seguido por outros governos locais. Não está claro, no entanto, se o esquema ajudará a estabilizar o mercado imobiliário, dada a dimensão das dívidas do setor em Xian, que, segundo os analistas da HuaAn Securities, têm passivos totais no valor de 1,13 biliões de yuan ( US$ 158 bilhões).
Contudo, os governos locais, incluindo a cidade de Xian, podem fornecer apoio financeiro em grande escala. Eles também enfrentam desafios de financiamento devido a uma queda acentuada nas receitas fiscais.
Muitos governos locais chineses dependiam do mercado imobiliário para obter receitas, incluindo impostos pagos por construtoras privadas e vendas de direitos de uso de terras.
De acordo com a HuaAn Securities, Xian ficou em sexto lugar entre as 15 principais cidades chinesas em 2022 em termos de maiores dívidas. A cidade paga juros médios de 5,36% sobre a dívida, o segundo maior patamar da lista.
Risco para setor bancário mundial
O financiamento de LGFVs vem sendo analisado de perto recentemente, à medida que crescem as preocupações sobre a saúde das construtoras da China, como Evergrande, que entrou com pedido de proteção contra falência em Nova York neste mês, e Country Garden, que perdeu o prazo para pagamento de títulos da dívida, também neste mês.
De acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), os LGFV acumularam dívidas no valor de 53% do Produto Interno Bruto (PIB) da China, muito superiores aos 24% do governo central do país ou aos 32% dos governos locais. Um colapso dos LGFVs teria repercussões no setor bancário mundial.
O governo central poderia conter a maré oferecendo apoio aos LGFV, mas Pequim pode ter receio de assumir a toda a dívida, deixando o destino das construtoras no limbo.
O Estado de S.Paulo - SP 28/08/2023
A redução dos juros do crédito imobiliário — que voltaram ao patamar de dois dígitos, esfriando as vendas de imóveis nos últimos trimestres — é um tema que só deve entrar na agenda a partir do próximo ano, segundo os próprios bancos. O início do ciclo de corte da Selic é um dos fatores necessários para começar a se pensar no tema, mas não o único.
Esse movimento continua condicionado à continuidade da recuperação da economia brasileira e da melhora da renda e do emprego, capazes de engrossar os depósitos nas cadernetas de poupança, ainda a principal fonte de recursos baratos para os bancos concederem os empréstimos.
“A redução de taxa não está no cenário por enquanto”, disse a vice-presidente de Habitação da Caixa Econômica Federal, Inês Magalhães, durante o Abecip Summit, evento promovido pela Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) que reuniu os representantes dos bancos.
Mediante a melhora da economia e da confirmação dos cortes na Selic, a Caixa poderá iniciar o debate interno sobre o orçamento e a taxa para o financiamento a ser praticado nos meses seguintes, disse Magalhães. Além disso, ela ressaltou que a recuperação das captações pela poupança é um fator importante.
Pelas regras do Banco Central, 65% dos recursos da caderneta vão para os financiamentos imobiliários, enquanto 20% são guardados como colchão de liquidez na forma de depósitos compulsórios, e os 15% restantes são de uso livre pelas instituições. O problema é que a caderneta perdeu R$ 173 bilhões desde o início do ano passado — fruto de um volume maior de saques do que depósitos em meio aos solavancos da economia brasileira.
Os bancos passaram a buscar dinheiro em outras fontes para não deixar de conceder financiamentos para a compra e a construção de moradias. Aí entraram a letra de crédito imobiliário (LCI), e letra imobiliária garantida (LIG) e os certificados de recebíveis (CRI). No entanto, o custo de captação desses instrumentos é atrelado ao CDI (cerca de 13%), enquanto a poupança fica em 6,17% + Taxa Referencial (TR) atualmente.
A participação da poupança no funding total do setor caiu entre 2021 e 2023, de 46% para 36%. Por outro lado, essas fontes alternativas pularam de 24% para 38%, conforme levantamento da Abecip.
Agora não
“Com as informações que temos hoje, eu não vejo espaço para uma redução dos juros no imobiliário neste ano”, afirmou o diretor de negócios imobiliários do Santander, Sandro Gamba.
Ao olhar para 2024, ainda há uma série de fatores que precisam ser definidos antes de um corte de taxas se tornar possível — como o comportamento da economia nacional, inflação, juros, além da poupança, complementou. No Bradesco, a visão é semelhante. “Não trabalhamos com reduções de juros neste semestre”, disse o diretor de crédito imobiliário, Romero Albuquerque.
O diretor de produtos de crédito imobiliário do Itaú Unibanco, Rodrigo Penteado, afirmou que a composição do mix de captação será determinante para apontar a velocidade da queda das taxas. Hoje, o setor observa um peso muito maior de captações com custo atrelado ao CDI.
“A composição de mix dessa diversidade de instrumentos de captação que a gente tem é que vai dar o custo final do crédito imobiliário. Essa evolução da poupança (com saques no último ano) também afeta”, afirmou ele.
No Banco do Brasil, não há previsão para cortes tão cedo, contou o gerente-executivo, Luiz Alberto Valadão. “Em 2023 e 2024, não está no radar reduzir taxa”, disse. Ele comentou que o BB direciona os recursos em poupança majoritariamente ao crédito agrícola, e que por isso, faz financiamento imobiliário baseado em LCIs, tornando muito distante uma discussão sobre corte de juros.
O Banco de Brasília (BRB), sexto maior no segmento, também trabalha com uma possível redução a partir da virada do ano. Para o diretor da rede de atendimento do BRB, Diogo Oliveira, um fator que pode ajudar a derrubar as taxas é o reaquecimento da competição. “Com a taxa reduzindo, voltaremos a ver a figura da portabilidade do financiamento e aumento da competição de novo”, disse, em evento organizado pelo Estadão/Broadcast semana passada.
Disputa por medalha
O presidente da Abecip, José Rocha Neto, disse que os financiamentos no próximo ano podem ficar entre os maiores da história. “Em 2024 o volume de concessões de financiamento imobiliário vai estar em níveis próximos dos atuais”, disse.
“Pode até estar lutando pelo bronze ou pela prata (no ranking dos melhores anos)”, estimou. Os financiamentos com recursos da poupança tiveram o recorde em 2021, com R$ 205 bilhões, seguido por 2022, com R$ 179 bilhões. Para 2023, a previsão é de queda para R$ 155 bilhões, mas, ainda assim, seria o terceiro melhor ano do setor.
Segundo Rocha, 2024 poder igualar ou superar 2023 devido à melhora do cenário macroeconômico, com inflação e juros em queda, e emprego em níveis estáveis. Ele também disse que os bancos não fecharam a torneira. O problema é que os recursos ficaram mais caros e isso foi repassado para a ponta, o que acaba culminando em uma diminuição nas contratações.
O Estado de S.Paulo - SP 28/08/2023
A Infraestrutura Brasil Holding XXI, da qual o fundo Pátria faz parte, arrematou o primeiro lote de rodovias do Paraná, leiloado nesta sexta-feira, 25, na sede da B3 em São Paulo. A oferta vencedora representa um desconto de 18,25% em relação ao teto máximo estipulado, que era de R$ 0,10673 por quilômetro rodado.
A disputa contou com apenas mais um participante: o Consórcio Infraestrutura PR, composto pelas empresas EPR 2 Participações e Perfin Voyager Fundo de Investimento. A concorrência limitada já era prevista pelo mercado e autoridades.
O primeiro lote de rodovias do Paraná é composto por quatro estradas federais e três estaduais, somando 473 quilômetros entre Curitiba, Região Metropolitana, Centro-Sul e Campos Gerais. O edital prevê R$ 13,1 bilhões em investimentos ao longo dos 30 anos de contrato nas rodovias BR-277, BR-373, BR-376, BR-476, PR-418, PR-423 e PR-427.
Do montante total, R$ 7,9 bilhões devem ser aplicados em obras de melhorias e manutenção e R$ 5,2 bilhões em custos operacionais, como serviços médico e mecânico, pontos de parada de descanso para caminhoneiros e sistema de balanças de pesagem.
No total, 344 quilômetros serão duplicados e 210 quilômetros receberão faixas adicionais (terceiras faixas). Ao longo das rodovias, haverá cinco praças de pedágio: São Luiz do Purunã (BR-277), Lapa (BR-476), Porto Amazonas (BR-277), Imbituva (BR-373) e Irati (BR-277).
O lote é o primeiro de seis previstos que devem ser leiloados pela gestão paranaense, com previsão de mais de R$ 50 bilhões em investimentos em 3,3 mil quilômetros. O próximo certame está marcado para 29 de setembro, quando serão concedidos 605 quilômetros das rodovias federais BR-153, BR-277 e BR-369 e das estaduais PR-092, PR-151, PR-239, PR-407, PR-408, PR-411, PR-508, PR-804 e PR-855. Os lotes 3, 4, 5 e 6 ainda estão em fase de análise pelo Tribunal de Contas da União (TCU).
Novidades
O leilão desta sexta-feira inclui pontos das novas regras elaboradas pelo governo em parceria com Estados e entes privados. O objetivo é corrigir distorções vistas em disputas passadas, que levaram a problemas de sustentabilidade de contratos e, consequentemente, pedidos de devolução de concessões em alguns casos.
Entre as atualizações, está a previsão de aportes adicionais em caso de descontos muito elevados. Segundo o governo do Paraná, o dispositivo é acionado a partir dos 18%, com o valor de R$ 100 milhões aportados a cada ponto porcentual de desconto até os 23%. Entre 23% e 30% de desconto, o valor adicional deverá ser de R$ 120 milhões a cada ponto, que passará a ser de R$ 140 milhões para descontos acima de 30%, cumulativamente.
O novo contrato prevê também a implantação gradativa do pedágio automático, conhecido como free flow. A meta é que, em alguns anos, o sistema permita que o valor pago pelo usuário seja proporcional ao trecho percorrido. O edital inclui também outras tecnologias, como câmeras para reconhecimento de placas, iluminação em LED e sistema de pesagem automático em movimento (WIM) de caminhões.
Portos e Navios - SP 28/08/2023
Para professor, opção por desmantelamento da P-32 em dique seco foi acertada e contribuirá para curva de aprendizado dos estaleiros nacionais
O Brasil está entrando no mercado global de reciclagem de embarcações e uma fatia pequena já seria interessante para desenvolver a atividade em instalações brasileiras e criar uma cadeia de suprimentos reversa como em outros países. A avaliação é de Newton Narciso Pereira, professor adjunto da Universidade Federal Fluminense (UFF) lotado na Escola de Engenharia Industrial Metalúrgica de Volta Redonda. Para Pereira, existem novas oportunidades para estaleiros nacionais, que possuem vantagem competitiva devido à capacidade de receber navios de grande porte.
O professor citou um levantamento acadêmico de Guilherme Coltri Peres Ramos, mestrando em Montagem Industrial da UFF, que mapeou que, dos 48 estaleiros e instalações de reciclagem na lista da Comunidade Europeia, apenas 17 conseguiram atender navios com mais de 300 metros de comprimento. O regulamento europeu prevê que as instalações de reciclagem precisam ser certificadas e listadas na comunidade europeia. Já os estaleiros fora da comunidade precisam passar por inspeção.
“É uma oportunidade porque ainda não há estaleiros brasileiros na lista da comunidade europeia e é um mercado que deve se expandir nos próximos anos pela necessidade de instalações capazes de receber esses navios”, disse o professor durante painel no 3º dia da conferência da 17ª Navalshore.
Pereira identifica uma tendência de aumento do volume de embarcações enviadas para reciclagem nos próximos anos. Um estudo da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad) mostrou que, a partir de 2030, centenas de navios serão enviados para reciclagem. Segundo Pereira, algumas empresas já perceberam que, provavelmente, não haverá instalação de reciclagem suficiente para atender à demanda global.
O professor observa que caiu, de 800 para cerca de 400, a média anual de navios enviados para reciclagem, o que teria acumulado demandas nos últimos anos. Pereira calcula que uma fatia de 5% (40 navios/ano) já representaria uma grande demanda para as instalações brasileiras. Pereira explicou que a principal diferença entre a Convenção de Hong Kong (2009) e o regulamento europeu (2013) é a proibição de reciclar diretamente nas praias, além de exigir sistemas de proteção de derrames de todos materiais perigosos que possam cair na água.
Pereira também constatou que no período entre 2013-2019, entre publicação e entrada em vigor do regulamento europeu, o mercado asiático perdeu capacidade de atendimento de navios porque navios de bandeira europeia são proibidos de migrar para realizar esse processo na Ásia. A atividade se concentrou na Índia, Bangladesh e Paquistão a partir da década de 1980, porém os métodos rudimentares foram questionados, principalmente pela insegurança dos trabalhadores e pelos danos ambientais causados pela falta de tratamento e descarte correto dos resíduos.
Após a ratificação da Hong Kong Convention por Libéria e Bangladesh, as regras devem entrar em vigor no dia 26 de junho de 2025. No Brasil, tramita na Câmara dos Deputados o projeto de lei 1.584/2021, que trata da reciclagem de embarcações. O PL, porém, não estabeleceu uma lista de materiais perigosos. Uma proposta de instrução normativa para controle de importação de resíduos inclui materiais que constam na lista de materiais perigosos de navios. A avaliação, segundo Pereira, é que a proibição poderia representar um risco à atividade de reciclagem de navios.
P-32
Pereira considera que o Brasil passou a ser player do mercado de reciclagem em 2023, a partir do anúncio da primeira grande instalação no país: o desmantelamento da plataforma P-32, pelo consórcio formado pelas empresas Gerdau e Ecovix, que administra o estaleiro Rio Grande (RS). A execução do serviço no ativo, de 44.000 toneladas, foi licitado pelo valor de R$ 3,2 milhões. Ele avalia que o método adotado para a primeira operação de reciclagem do Brasil, em dique seco, foi acertado para gerar curva de aprendizado para grandes embarcações em dique controlado, além de mostrar para autoridades brasileiras que o país tem condições de desmantelar estruturas de maneira eficiente e segura.
O professor também nota que outros países começaram a investir nessa atividade. É o caso da África do Sul, com o projeto de um estaleiro de reciclagem no Oriente Médio e da Arábia Saudita, que anunciou um novo estaleiro com quatro diques para atender navios de 350 metros a 500 metros e que entra em operação em 2025 para atender o mercado de reciclagem sustentável. Três estaleiros turcos entraram na última lista da Comunidade Europeia, divulgada em julho deste ano. “Se demorarmos muito, vamos perder esse mercado. É importante o PL (1.584/2021) ser aprovado e o ambiente de negócios ser fomentado no país porque outros players estão de olho nessa oportunidade”, alertou.
Globo Online - RJ 28/08/2023
Prestes a oficializar a entrada do Republicanos no governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva avalia entregar a um nome indicado pelo partido o comando do Porto de Santos, maior complexo portuário da América Latina e rota de entrada e saída de cerca de um terço das transações comerciais do Brasil. A equipe de articulação do Planalto entende que a nomeação poderia aplacar a insatisfação do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, com a adesão de sua sigla à gestão petista.
Pelo cálculo de auxiliares de Lula, se o Republicanos assumir o Ministério de Portos e Aeroportos com o deputado Silvio Costa Filho (PE), como previsto, o governador paulista pode ser chamado a participar da indicação do novo presidente do porto, que é vinculado à pasta. Quando Tarcísio era ministro da Infraestrutura do governo Jair Bolsonaro, o porto ficava sob o seu guarda-chuva.
O então ministro chegou a elaborar um plano para privatizar o terminal e encaminhou uma minuta do edital de concessão para o Tribunal de Contas da União (TCU). Como governador de São Paulo, Tarcísio manteve o projeto e conversou com Lula e com o ministro da Casa Civil, Rui Costa, sobre o tema. Porém, relatou ter encontrado as portas fechadas com o atual titular da pasta, Márcio França (PSB), que se declarou contrário a desestatizar o terminal portuário.
Segundo interlocutores do governador ouvidos pelo GLOBO, Tarcísio avalia que a privatização do porto está travada por questão política, que pode ser revertida. Seu argumento é que a venda do terminal pode trazer recursos para a região. A estimativa é que seriam gerados R$ 20 bilhões em investimentos para a Baixada Santista.
Apontado como herdeiro político de Bolsonaro e cotado para disputar a Presidência em 2026, contudo, Tarcísio avalia que a entrada do Republicanos na base de Lula pode prejudicar seu discurso de oposição. Ao comentar a possibilidade durante um evento no dia 9, o governador não descartou deixar a legenda se a entrada da sigla no governo for concretizada. Neste caso, disse que iria “avaliar a situação com o partido”. Na época, a destinação do Ministério de Portos e Aeroportos para o Republicanos era apenas uma possibilidade.
De acordo com aliados, o governador não mudará a sua posição em relação à adesão do seu partido ao governo federal. Porém, esses mesmos nomes reconhecem que para ele é interessante ter um integrante de sua legenda no comando do ministério que cuida do Porto de Santos, tema considerado “muito caro” a ele.
O presidente do Republicanos, Marcos Pereira, desconversa sobre a possibilidade de Tarcísio deixar a sigla e afirma que, mesmo que integrantes de seu partido assumam cargos no governo, o partido não poderá ser considerado aliado ao Planalto.
— Mesmo que Lula convide Silvio (Costa Filho), o partido seguirá independente — disse Pereira.
Embate com França
Se o Republicanos assumir o Ministério de Portos e Aeroportos, hipótese vista como muito provável no Planalto, aliados de Tarcísio afirmam que deve intensificar as articulações para privatizar o terminal. A avaliação é que a oposição de França à ideia é maior do que a de Lula.
O atual ministro, que na semana passada conversou com o presidente sobre a sua eventual saída da pasta de Portos e Aeroportos, tem a sua base política na Baixada Santista. França foi prefeito de São Vicente, cidade vizinha a Santos, por dois mandatos e governou São Paulo entre abril e dezembro de 2018. Ele não descarta a possibilidade de voltar a concorrer ao comando do estado, o que poderia colocá-lo como eventual adversário de Tarcísio em 2026 (caso o atual chefe do Executivo paulista concorra à reeleição).
Para presidir o Porto de Santos, França nomeou o advogado Anderson Pomini, um de seus aliados mais próximos. O atual ministro lançou, inclusive, a proposta que o porto assuma a construção de um túnel para ligar Santos ao Guarujá. Hoje, essa travessia é feita por balsa. A obra, orçada em mais de R$ 5 bilhões, foi incluída no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) lançado por Lula no início do mês.
Dentro do governo, articuladores políticos do Planalto dão como certa a saída de França de Portos e Aeroportos. A ideia é realocá-lo em outra pasta. Entre as possibilidades estão Ciência e Tecnologia ou o Ministério da Micro e Pequena Empresa, que o governo ainda estuda criar. A reforma ministerial só será concretizada quando Lula voltar de sua viagem à África, neste domingo.
Valor - SP 28/08/2023
Grupos de navegação e especialistas apontam gargalo em terminais, em especial em Santos; companhia docas nega saturação
A infraestrutura portuária de contêineres no Brasil está próxima a um limite, segundo empresas de navegação e especialistas ouvidos pelo Valor. Estudo do Centronave, associação que reúne companhias como Maersk, MSC e CMA CGM, indica que, em 2023, a demanda de cargas do país já deve superar a capacidade operacional (que corresponde a 70% da total) dos terminais.
Em Santos, a situação é mais crítica. No principal porto do país, a demanda de contêineres já alcançou o limite operacional em 2019. Em 2025, há possibilidade de o volume de cargas superar a capacidade instalada total, segundo a projeção das empresas.
“A espera média para um navio atracar em Santos é enorme, isso significa aumento no custo logístico. Há uma situação grave de perda de janela dos navios. Em outros locais do país isso tem ocorrido, mas em Santos é mais grave”, afirma Cláudio Loureiro, diretor-executivo da associação.
Hoje, um navio precisa esperar cerca de 18 horas para atracar em Santos - o dobro do prazo de 2019, que era de 8,9 horas, em média, segundo as empresas.
A fila de navios se explica pela alta ocupação dos terminais, aponta o Centronave. Nos três principais terminais de contêineres em Santos, a taxa de ocupação dos berços em 2022 ficou acima do nível considerado adequado pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), de cerca de 65%.
No ano passado, na Santos Brasil, a média foi de 66%, com picos mensais de 76%; na BTP, a média ficou em 71%, com picos de 84%; e, na DP World Santos, a média foi de 69%, com picos de 77%, indica o levantamento.
Segundo especialistas, a situação em 2022 foi impactada por problemas logísticos excepcionais, decorrentes da pandemia, em especial no primeiro semestre. Em 2023, a percepção é que o efeito já se encerrou. Porém, as filas persistem, afirma Loureiro.
As empresas de navegação, responsáveis pelo estudo, têm defendido a realização do leilão do STS 10, um grande terminal de contêineres no Porto de Santos, que ampliaria essa capacidade de forma significativa - e no qual as companhias têm interesse.
A espera para um navio atracar em Santos chega a cerca de 20 horas”
— Cláudio Loureiro
A licitação foi alvo de disputa em 2022, com operadores “bandeira branca” criticando a possibilidade de as empresas de navegação participarem do leilão, sob acusação de possível abuso de poder, devido à verticalização dos grupos - o que elas negam. O embate, assim como a discussão de privatização do porto de Santos, travaram o avanço do leilão.
No atual governo, o projeto do STS 10 foi colocado na geladeira. O governo tem dito que está reavaliando os estudos, possivelmente para licitar área menor do que a inicialmente prevista. Procurado, o Ministério de Portos e Aeroportos não se manifestou.
A Autoridade Portuária de Santos (APS) nega que haja saturação dos terminais de contêineres. A APS diz que hoje a capacidade ocupada é de pouco mais de 50%, e que “até 2030, as atuais condições atendem perfeitamente o movimento e o crescimento previsto”.
A Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários) afirmou que estudos realizados no fim do ano passado em Santos “apontam que os terminais de contêineres apresentavam alta demanda e movimentação crescente”. A agência destacou que há 28 processos de arrendamentos portuários em andamento - nem todos eles de contêineres - e destaca o do porto de Itajaí (SC), com leilão previsto para 2024.
A preocupação quanto à capacidade para contêineres, em especial em Santos, não se restringe às empresas de navegação. Especialistas do setor também compartilham da visão.
Em 2019, um estudo da Solve Shipping já apontava esse risco. “A situação piorou. O problema já existia antes e foi escancarado na pandemia. Agora voltamos às condições normais, com crescimento, e já temos alguns terminais acima do limite”, diz o sócio da consultoria, Leandro Barreto.
Na avaliação de Roberto Levier, coordenador do MBA em Gestão Portuária da FGV, o temor de gargalo se dá principalmente porque a expansão da capacidade leva tempo. “O governo está atrasado para fazer o STS 10. Depois do leilão, o ganhador ainda vai ter que aprovar projetos, obter licenças, iniciar as obras, encomendar equipamentos. Isso leva tempo.”
Casemiro Tércio Carvalho, ex-presidente da APS (em 2019 e 2020) e sócio da 4 Infra, destaca a necessidade de a infraestrutura chegar antes da demanda. Além disso, ressalta a importância de o porto de Santos se tornar um “hub”, o que significa ampliar a movimentação, com mais carga de transbordo. “O Brasil precisa de um porto de referência, e é natural que seja Santos. Para isso, é preciso ampliar a capacidade.”
Já a ABTP (Associação Brasileira dos Terminais Portuários), que reúne empresas como Santos Brasil, DP World e Ecoporto, e que tem sido a maior crítica às empresas de navegação, nega os gargalos. “Nos mais de 12 associados do setor de contêineres, a ocupação está abaixo de 50%”, diz o presidente, Jesualdo Conceição Silva. Ele afirma que a Santos Brasil está com ociosidade acima de 37% e, com os investimentos em curso, a taxa subirá para 55%.
Para além da capacidade dos terminais, o Centronave também aponta gargalos ao mar, em especial no Porto de Santos. O problema é a profundidade do canal de acesso, de 14,5 metros, que não é suficiente para receber os maiores navios do mercado global.
As embarcações mais novas em produção no mundo têm capacidade de até 24 mil TEUs (contêineres de 20 pés). Hoje, o Brasil recebe navios de até 11,5 mil TEUs. O próximo passo seria receber aqueles de 13 mil TEUs a 16 mil TEUs, com 366 metros.
Porém, as empresas de navegação se queixam de que em Santos nem mesmo as embarcações de 11,5 mil TEUs conseguem operar com capacidade plena, devido a restrições de profundidade.
O cálculo da entidade é que, por ano, deixa-se de transportar cerca de 500 mil TEUs no Porto de Santos devido a essas restrições, considerando rotas para Ásia, Europa e Mediterrâneo. Em valor, isso significa perda anual de US$ 20,6 bilhões, entre importação e exportação, estima a associação.
Sobre o tema, a APS diz que está em fase de estudos técnicos para o aprofundamento do canal. A companhia docas informa que apresentará o edital para o serviço de aprofundamento para 16 metros no final de 2024, após o respectivo licenciamento ambiental. Já o aprofundamento para 17 metros deve ser atingido em 2030, com possibilidade de antecipação, que está em estudo.
A Antaq afirma que irá fiscalizar os investimentos da APS. O ministério não se pronunciou também sobre esse tema.
CNN Brasil - SP 28/08/2023
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou nesta sexta-feira (25) que espera que o Ibama dê continuidade ao processo de licenciamento ambiental para a exploração de petróleo e gás natural na foz do Rio Amazonas, após a decisão da Advocacia-Geral da União (AGU).
“É importante que o Brasil saiba: já existe um processo de licenciamento em andamento”, disse Silveira durante painel realizado pelo Fórum Esfera Brasil.
A AGU publicou na última terça-feira (22) um parecer que concluiu que a elaboração de uma Avaliação Ambiental de Área Sedimentar (AAAS) não impede o Ibama de conceder licença ambiental para explorar petróleo e gás natural na foz do Rio Amazonas.
O parecer foi elaborado a partir de um pedido de Silveira. Ele havia solicitado um posicionamento jurídico sobre o imbróglio envolvendo a perfuração de um poço em alto-mar na chamada margem equatorial, próximo ao Amapá.
“Eu tenho absoluta convicção que, vencida a questão da discussão da AAAS, que foi vencida no parecer da AGU, agora resta ao Ibama continuar o licenciamento”, disse o ministro.
“E as condicionantes colocadas vão ter todo o apoio, eu tenho absoluta certeza, de todo o governo, para que nós possamos ter essas riquezas pra combater a desigualdade no Brasil”, concluiu.
O parecer da AGU joga pressão política sobre a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que é contra a exploração na Foz do Amazonas.
Em maio, o Ibama negou um pedido de licença apresentado pela Petrobras para perfuração de um poço no bloco FZA-M-59, localizado naquela bacia marítima. Uma das principais exigências da autarquia ambiental era justamente a realização de uma AAAS pela empresa.
Silveira discordou da análise feita pelo Ibama e pediu formalmente à AGU que analisasse as normas aplicáveis ao caso.
Economia verde em debate
A declaração do ministro Alexandre Silveira foi proferida durante um painel sobre economia verde do Fórum Esfera Brasil.
Também participaram do debate o governador do Piauí, Rafael Fonteles (PT), o presidente da Vale, Eduardo Bartolomeo, a CEO da Sigma Lithium, Ana Cabral-Gardner e a diretora de sustentabilidade da JBS, Liège Vergili Correia.
Durante a conversa, o governador do Piauí destacou que o estado tem potencial de ter energia barata para produzir o hidrogênio verde.
“O único ponto de alerta que a gente coloca é a regulamentação disso o mais rápido possível. É urgente a regulamentação deste mercado no Brasil. Apesar disso vingar mais daqui a cinco ou 10 anos, as decisões de investimento estão sendo tomadas agora”, afirmou.
Para Fonteles, é necessário que o hidrogênio verde seja inserido nos dutos de gás natural.
“Temos que colocar, assim como existe a política do etanol na gasolina, do biodiesel dentro do diesel. Tem que ter um percentual de fertilizante verde no fertilizante consumido e do aço verde no aço consumido para a gente poder incentivar isso”, acrescentou.
Ao longo do debate, o presidente da Vale afirmou que a transição energética, na verdade, se trata de uma “revolução”.
“Esse termo ‘transição’ é um pouco diferente, no nosso caso é revolução energética”, destacou Bartolomeo.
“A gente tem uma capacidade de ancorar um desenvolvimento violento e transformar o hidrogênio verde numa velocidade ainda até mais rápida do que a solar”, disse.
Valor - SP 28/08/2023
Enquanto o gás que pode chegar a consumo é reinjetado, a indústria é obrigada a retardar a transição da matriz energética, o que para o país é muito ruim
O Brasil tem gás em volume suficiente para, além de viabilizar uma maior produção de óleo, contribuir com o crescimento econômico e a expansão da indústria nacional. Temos o potencial de triplicar a oferta nacional de gás natural no horizonte 2030.
Essa é a principal conclusão do estudo do Instituto de Energia da PUC Rio, que realizou uma análise detalhada, poço a poço, com foco na área de exploração e produção do pré-sal brasileiro. O estudo considerou os novos projetos que irão disponibilizar gás natural e fez uma avaliação criteriosa de todo o gás que vem sendo e aquele que será - por novos sistemas de produção - reinjetado nos reservatórios.
No cenário que considera a redução da reinjeção para níveis técnicos, ou seja, somente o volume necessário para garantir a especificação do gás natural, teríamos a oportunidade de adicionar em torno de 30 milhões de metros cúbicos do energético diariamente na oferta. Essa adição pode ocorrer tão rápido quanto para 2026, sem prejudicar a recuperação de óleo.
Mais a longo prazo, olhando o final da década, é possível atingir a marca de 120 milhões de metros cúbicos de gás por dia de oferta nacional, diante dos 40 milhões ofertados atualmente.
Para que tudo isso ocorra, existem atrasos que precisam ser reparados com urgência. É o caso da Unidade de Tratamento de Gás Natural (UTG) em Itaboraí, no Rio, que precisa ser finalizada para que o Rota 3 possa finalmente operar. A expectativa é para o final de 2024. A UTG já existente em Caraguatatuba, São Paulo, também deve ser modernizada para processar o gás rico do pré-sal.
No caso do Espírito Santo, a maior oferta de gás pode mudar o quadro de subutilização das UTGs capixabas. Com uma capacidade de tratamento da ordem de 22 milhões de metros cúbicos por dia, atualmente as unidades estão com uma ociosidade superior a 70%.
Além desses projetos, o BM-C-33, chamado de Pão de Açúcar, e sua rota de escoamento para cidade de Macaé no Rio de Janeiro, e o polo de produção em Sergipe-Alagoas devem ser concretizados. Por fim, revisitar a condição de reinjeção de 100% do gás natural em campos com teor de gás carbônico (CO2) abaixo de 20%, permitirá o desenvolvimento de novas rotas de escoamento.
E falando do assunto “carbono”, o estudo confirmou uma outra verdade que já sabíamos. Ao contrário do que vem sem postulado, temos sim gás sem grandes concentrações de contaminantes. Pelo contrário, a maior parte do nosso gás produzido vem de reservatórios com baixo teor de CO2 - como em torno de 5% em Tupi e de 20% em Búzios - e temos áreas com baixíssimo ou quase 0% de CO2, como é o caso do campo de Bacalhau.
Aliás, no que concerne a reinjeção não há como observar somente do ponto de vista de quem produz. Enquanto o gás que pode chegar a consumo é reinjetado, a indústria é obrigada a retardar a transição da matriz energética e a utilização de fontes mais sustentáveis, o que para o país é muito ruim. Com esses fatos em mãos, cai por terra a narrativa de descarbonização usada como justificativa para a reinjeção do gás.
Em outras palavras, o aprisionamento do gás natural nos reservatórios aumenta o CO2 emitido pelo país nas atividades industriais. Na siderurgia, por exemplo, o potencial de substituição de coque por gás, e consequente redução da pegada de carbono de suas operações, é dificultado ou mesmo inviabilizado.
No agronegócio, a necessidade de importar fertilizantes por navios faz com que o Brasil seja importador também de CO2. Substituir ureia importada por ureia nacional com base no gás natural brasileiro é o que de fato nos colocará na correta trilha da descarbonização.
Entrando na seara da demanda pelo gás, enquanto era discutido o novo marco legal para o energético, muitos afirmavam que novos volumes de gás não chegavam ao mercado por supostamente não existir consumo que justificasse investimento.
Como anteriormente apontado em diversos mapeamentos apresentados pela indústria, o estudo do IE-PUC também reforça que existe demanda firme de gás natural garantida pela indústria brasileira. Como exemplo claro, reforçou-se a visão de Polos Gás-Químicos como potencial para ancorar a demanda pelo nosso gás, incluindo a questão de fertilizantes - tema tão sensível para o nosso agronegócio.
Ademais, o gás natural se apresenta como a opção correta de uma ampliação de oferta energética em um momento em que a sociedade clama por opções mais limpas, menos emissoras de carbono.
A molécula é alternativa viável em muitas linhas de produção que têm nele insumo imprescindível e também nas quais ela atribui valor agregado ao produto final, que pode ser entregue com menor pegada de carbono.
O gás natural também é âncora para projetos de energias renováveis, garantindo segurança em momentos de menor incidência de sol, de vento ou de chuva.
Por fim, para chegarmos a uma nova realidade, em que oferta e demanda pelo gás são ampliadas, principalmente com objetivo da neoindustrialização, o preço do gás precisa estar adequado ao seu maior uso. Nesse ponto, não faz sentido persistir com a Paridade de Preço Internacional (PPI) para o gás natural cujo único destino é o mercado nacional.
Preço esse que, por sinal, pode chegar até dez vezes um preço de referência de molécula no Brasil, conforme dados públicos e chega até três vezes o preço do gás natural, considerando todas as variáveis que compõem o preço final ao consumidor - transporte, distribuição e impostos.
A mensagem é muito clara. O Brasil tem gás, e gás na qualidade que é possível tratar. O Brasil tem demanda e a indústria garante demanda firme que irá sustentar os investimentos necessários. E o que viabiliza tudo, o preço, deve ser justo e adequado às condições do país.
O momento é de recuperar o tempo perdido e garantir que os investimentos necessários sejam concretizados. Sem esquecer da regulação dedicada, que precisa estar adequada ao novo marco legal, e contemplar o acesso às infraestruturas essenciais de oferta de gás.
A maturidade do mercado de gás no Brasil depende da melhor coordenação de esforços entre os agentes públicos e privados, onde o senso de urgência é, sim, relevante.
O Brasil tem gás. A janela de oportunidade para o desenvolvimento do país não ficará aberta para sempre.
Cristhine Samorini e Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira são, respectivamente, presidentes da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes) e da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan).
Cultivar - RS 28/08/2023
A John Deere, empresa global de tecnologia que fornece software e equipamentos para os setores agrícola, de construção e florestal, apresenta na 46ª edição da Expointer uma linha completa de equipamentos e soluções que atendem do pequeno ao grande produtor ao longo de toda a safra. Com destaque nacional e internacional, o evento ocorre entre 26 de agosto e 3 de setembro na cidade de Esteio (RS). As principais novidades da companhia na feira são as linhas de tratores 5EN e 5E, que ganharão upgrades, disponíveis a partir de 2024, com versões atualizadas de cabine e conexão ao modem MTG.
Focados em atender às necessidades dos pequenos produtores, os tratores estreitos da série 5EN estão com uma nova cabine, que foi projetada de forma ergonômica para ter até 15% mais visibilidade e 25% menos vibração com a opção do assento pneumático, resultando em mais segurança, produtividade e menos fadiga ao operador. A partir de 2024, os modelos da série e a linha 5E estarão conectados pelo modem MTG, o que permitirá fazer todo o acompanhamento da máquina, desde sua saúde até as operações que estão sendo realizadas, tudo em tempo real.
“A conectividade veio para facilitar a vida do produtor e estimular cada vez mais a agricultura de precisão. Por meio do modem MTG, o agricultor pode monitorar sua operação no John Deere Operations Center e outras ferramentas digitais, sendo capaz de planejar e analisar todas as etapas do ciclo produtivo”, relata Marcelo Lopes, diretor de Vendas da John Deere Brasil.
Equipamentos
Pensando em oferecer uma linha completa de tratores que atendam do pequeno ao médio produtor, está presente na feira o 3036EN, o menor e mais versátil trator comercializado pela John Deere no Brasil, com foco na agricultura familiar e em culturas especiais; a série 6M, que conta com um portfólio com potências de 135 a 210 cv; e os modelos 7M, altamente versáteis e que atendem às necessidades de clientes dos segmentos de grãos e cana. Para as grandes propriedades, há a linha 9R, com seis modelos, que vão de 390 a 640 cv.
Outros equipamentos expostos na Expointer 2023 buscam oferecer aos clientes soluções que vão do plantio até a colheita, como a plantadeira 1109, o novo pulverizador M4040 com Inc Pro e o autopropelido PLA 125J, além das colheitadeiras S790 e a S440.
Além disso, há equipamentos da linha amarela para reforçar a primeira feira do concessionário SLC Máquinas como representante das soluções de construção da John Deere para a região Sul, como a retroescavadeira 310L, a pá-carregadeira 444 G e a escavadeira 210G. A empresa também está sendo representada pelo concessionário Alvorada.
Banco John Deere
Na Expointer 2023, os clientes que desejarem adquirir um equipamento da marca podem contar com as linhas de crédito exclusivas do Plano Safra 2023/24 e com financiamento direto pelo Banco John Deere. Para o agricultor enquadrado no Pronaf, as taxas de juros serão de 5% a.a. O Moderfrota tem taxas de 12,5% a.a., enquanto o Moderfrota Pronamp oferece 10,5% a.a. Para todos os recursos, o prazo de pagamento é de até sete anos. Além disso, o Banco John Deere oferecerá taxa de 1,49% a.m. para o financiamento de peças e serviços, com até 12 meses para pagar.
Conectividade e pós-vendas
Os visitantes da feira podem conhecer mais de perto o Centro de Soluções Conectadas (CSC), um serviço de suporte remoto às operações dos clientes e parceiros que usam uma base de dados – colhidos pelas próprias máquinas durante as operações – para identificar oportunidades de redução de custos e otimização de equipamentos.
O Brasil tem hoje 42 Centros de Soluções Conectadas para auxiliar a gestão do produtor – a maior concentração do mundo desses centros de tecnologia em um único país. Essa é uma inovação que altera o modo de trabalhar: atualmente 85% dos chamados são abertos ou resolvidos a distância. Além da eficácia, o suporte remoto exerce influência positiva no bolso do produtor: o custo médio dos serviços/assistência técnica, quando feitos ou iniciados de forma remota, fica até 60% mais baixo, com grande economia em gastos de deslocamento e, acima de tudo, redução do tempo de máquina parada.
No pós-vendas, o John Deere Fidelidade, um programa de benefícios que faz com que compras de serviços e peças virem prêmios, oferece uma ativação especial para aqueles que já são clientes ou para quem realizar seu primeiro cadastro.
Também há um espaço exclusivo da Unimil by John Deere. A marca é uma alternativa em peças para todas as etapas do ciclo produtivo: preparo, plantio, tratos e colheita. Por meio da Unimil by John Deere, o cliente de longa data tem acesso a um portfólio completo com ótimo custo-benefício para reposição em equipamentos fora da garantia, além de todo o suporte da maior Rede de Concessionários do Brasil.
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