Money Times - SP 28/04/2023
A Usiminas (USIM5) informou nesta quinta-feira (27) que pagará o montante de R$ 383,6 milhões em dividendos, aprovados em assembleia geral, para seus acionistas.
O valor corresponde a R$0,29887933082 por ação ordinária e R$0,32876726390 por ação preferencial, que serão pagos em 27 de junho.
Segundo a companhia, os dividendos terão como base de cálculo a posição acionária de 27 de abril deste ano. Com isso, as ações negociadas a partir da sexta-feira (28) não terão direito aos proventos.
Conforme divulgado pela Usiminas, o valor do dividendo aprovado não estará sujeito à atualização monetária ou qualquer remuneração entre a presente data e a data de seu efetivo pagamento.
Veja o comunicado da Usiminas: https://pt.scribd.com/document/641269886/Usiminas#download&from_embed
O Estado de S.Paulo - SP 28/04/2023
O Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) registrou deflação de 0,95% em abril, após alta de 0,05% em março, informou nesta quinta-feira, 27 a Fundação Getulio Vargas (FGV). O indicador caiu 2,17% nos últimos 12 meses. No ano, o índice acumula queda de 0,75%.
O IGP-M de abril caiu mais do que a mediana negativa de 0,71% das estimativas na pesquisa do Projeções Broadcast (-1,04% a -0,41%).
O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA-M) aprofundou a deflação, de 0,12% em março para 1,45% nesta leitura. Com o resultado, o indicador de preços no atacado cai 4,53% nos 12 meses encerrados em abril. Em 2023, o índice cede 1,66%.
O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC-M) acelerou de 0,18% para 0,23% no período e acumula alta de 7,48% em 12 meses e de 0,93% em 2023.
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O Índice de Preços ao Consumidor (IPC-M) arrefeceu de 0,66% em março para 0,46% em abril. O índice sobe 3,24% em 12 meses e tem alta de 2,13% no ano.
Cinco das oito classes de despesa do IPC-M que compõem o indicador registraram aceleração no período: Alimentação (0,14% para 0,36%), Vestuário (0,20% para 0,31%), Saúde e cuidados pessoais (1,00% para 1,01%), Educação, leitura e recreação (-1,50% para -0,96%) e Despesas diversas (0,13% para 0,18%).
Em contrapartida, outras três classes de despesa diminuíram o ritmo de alta nesta medição: Habitação (0,84% para 0,62%), Transportes (2,22% para 0,85%) e Comunicação (0,46% para 0,21%).
Influências
As principais pressões para cima sobre o IPC-M em abril partiram de gasolina (6,52% para 2,39%), tarifa de eletricidade residencial (2,04% para 1,31%), aluguel residencial (2,73% para 1,31%), plano e seguro de saúde (1,11% para 1,08%) e licenciamento - IPVA (3,27% para 1,51%).
Em contrapartida, puxaram o índice para baixo passagem aérea (-8,21% para -5,59%), maçã (-5,67% para -12,24%), banana prata (-7,04% para -8,37%), batata inglesa (-12,22% para -6,65%) e xampu, condicionador e creme (7,15% para -2,60%).
IPAs
Os preços ao produtor industrial mensurados pelo IPA Industrial apresentaram deflação de 1,04% no IGP-M de abril, após queda de 0,16% no mês anterior, informou a FGV. No período, a inflação ao produtor agropecuário medida pelo IPA Agrícola apresentou queda de 2,50%, após apresentar estabilidade em março.
Com o desempenho dos setores, o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA-M) aprofundou a deflação de 0,12% em março para 1,45% em abril. O IPA-M industrial acumula queda de 3,52% em 12 meses e de 1,18% em 2023. O índice de produtos agropecuários cai 7,04% em 12 meses e 2,90% no ano.
Nas aberturas por estágios de processamento, a inflação de bens finais acelerou de 0,12% em março para 0,81% em abril. O grupo acumula alta de 1,71% em 12 meses e de 1,17% no ano. Os bens intermediários aprofundaram a deflação, de 1,08% para 1,74% no período. Com o resultado, caem 5,38% em 12 meses e 4,78% no ano.
A inflação de matérias-primas brutas desacelerou de 0,71% em março para recuo de 3,20% nesta leitura, conforme a FGV. O grupo cai 8,94% nos 12 meses encerrados em abril. No acumulado do ano, o componente tem declínio de 0,80%.
As principais pressões para baixo sobre o IGP-M em abril partiram de soja em grão (-3,24% para -9,34%), minério de ferro (4,95% para -4,41%), farelo de soja (-2,36% para -10,98%), óleo diesel (-6,67% para -4,72%) e milho em grão (-1,34% para -4,33%).
Em contrapartida, puxaram o índice para cima os itens bovinos (-2,47% para 2,65%), leite in natura (1,06% para 1,99%), ovos (11,53% para 3,14%), medicamentos para uso humano (0,09% para 3,61%) e mamão (21,70% para 12,98%).
Agência Brasil - DF 28/04/2023
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que, mesmo não tendo cumprido por algumas vezes as metas de inflação, o Brasil segue caminho similar ao de outros países, mantendo-se “a maior parte do tempo dentro da banda”. O país registrou, segundo ele, “sete estouros em 24 anos”.
A meta de inflação tem um centro e uma banda de tolerância. Por exemplo, no ano passado, a meta era 3,5%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, ou seja, limite inferior de 2% e superior, de 5%. Entretanto, a meta foi estourada porque a inflação encerrou 2022 em 5,79%. Para este ano, o centro da meta é 3,25%, com tolerância de 1,5 ponto percentual.
A afirmação de Campos Neto foi feita nesta quinta-feira (27), em uma sessão de debates no plenário do Senado sobre juros, inflação e crescimento econômico. “Vejo alguns questionamentos, [segundo os quais] o sistema de metas no Brasil fica muito tempo fora da banda. Não é verdade. Ele ficou grande parte do tempo dentro da banda, com sete estouros em 24 anos”, disse o presidente da autoridade monetária.
“Quando a gente olha a situação do Chile, da Colômbia e do Peru, que têm sistemas de metas parecidos, o número de vezes que estourou a banda foi muito parecido com o do Brasil. Alguns outros países, obviamente do mundo desenvolvido, [o número foi] um pouco menor”, acrescentou.
De acordo com Campos Neto, o sistema de meta de inflação brasileiro tem “uma meta cadente”, que vem “meio caindo”, chegando a 3% em 2024, disse ele ao lembrar que a meta é determinada pelo governo, cabendo ao Banco Central executá-la de forma autônoma, em termos operacionais.
Também participaram da sessão de debates os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet.
Razões
O presidente do BC reiterou as defesas que faz do sistema de meta. “Olhando a literatura e estudando os casos, a gente vê que em alguns momentos de fato você teve descolamento do sistema de metas, por diversas razões.”
“As mais comuns, por considerarem valer mais a pena trocar um pouco mais de inflação por crescimento. Essa é a razão mais comum do descolamento do sistema de meta”, disse. “Tem uma segunda, que acredita que o fiscal não é tão relevante nesse tripé do sistema de metas, e que se pode testar um fiscal um pouquinho mais frouxo. Foi o caso da Inglaterra recentemente, onde, inclusive, o primeiro-ministro caiu após essa tentativa. Houve uma reação rápido de mercado, e então [a tentativa] teve que ser abortada”, acrescentou.
“E tem os casos de emergentes mais conhecidos, como a Argentina e Turquia, que começaram a ter uma troca entre inflação e crescimento, com a visão de que se pode ter inflação mais alta para, depois, crescer. No final das contas, há mais inflação e menos crescimento”, complementou.
Infomoney - SP 28/04/2023
O Índice de Confiança da Indústria (ICI), calculado pelo FGV/Ibre ficou estável ao variar 0,1 ponto em abril, para 94,5 pontos, o maior nível desde outubro de 2022, quando atingiu 95,7 pontos. Em médias móveis trimestrais, o índice subiu pelo segundo mês consecutivo ao variar 0,5 ponto, para 93,6 pontos.
Segundo Stéfano Pacini, economista do FGV/Ibre, pelo lado das expectativas, houve compensação de parte dos resultados positivos do mês anterior. “As perspectivas são mais favoráveis para a produção, porém voltam a ficar cautelosos no horizonte de seis meses”, destacou em nota.
Para ele, os empresários estão vendo alguma melhora após um longo período de dificuldades para o escoamento dos estoques. “Apesar disso, o nível da demanda ainda está abaixo do normal, e é um sinal de alerta, tendo vista as dificuldades que o Brasil enfrenta para reacelerar a atividade econômica com a manutenção da taxa de juros em patamar elevado.” comentou.
Em abril, houve alta da confiança em 9 e estabilidade em um dos 19 segmentos industriais pesquisados pela Sondagem. O resultado reflete melhores avaliações sobre a situação atual, apesar de piora nas expectativas em relação aos próximos meses.
O Índice Situação Atual (ISA) avançou 2,0 pontos, para 93,5 pontos, e se reaproximou do nível observado em dezembro de 2022 (93,8 pontos). Após o forte avanço observado em março, o Índice de Expectativas (IE) recuou 1,8 ponto para 95,7 pontos.
CNN Brasil - SP 28/04/2023
A Fundação Getúlio Vargas (FGV) divulgou nessa quinta-feira (27) o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), conhecido como “inflação do aluguel” de abril. No mês, o índice recuou de 0,95% após alta de 0,05% em março.
Na visão da economista-chefe do Inter, Rafaela Vitória, o índice ficou abaixo da expectativa de -0,7%. “A inflação de bens comercializáveis, inclusive alimentos, medida pelo IPCA (Índice de Preço do Consumidor Amplo), deve continuar baixa nos próximos meses, contribuindo para um processo de desinflação mais rápido, o que, por sua vez, deve aumentar a pressão no BC para a redução dos juros.”
Em 12 meses, o índice acumula -2,17%, a menor variação da série. O IGP-M negativo reflete uma queda generalizada das matérias-primas, inclusive agrícolas, com a normalização das cadeias produtivas, demanda global arrefecendo e indústria mais fraca no Brasil, pontua Vitória.
Apesar de já haver espaço para reduzir o grau de restrição na política monetária — com a queda da inflação corrente — Vitória destaca que os comunicados do BC ainda apontam para a manutenção da taxa de juros nas próximas reuniões, com muita ênfase ainda nas expectativas de inflação, que seguem contaminadas pela incerteza do arcabouço fiscal e discussão sobre a meta.
“No entanto, as commodities em queda, e o reflexo no IGP-M mais baixo nos últimos meses, pode já contribuir para uma mudança na visão do Copom do balanço de risco para a inflação no próximo comunicado, e preparar o terreno para o início da queda de juros no segundo semestre.”
Ricardo Jorge, especialista em renda fixa e sócio da Quantzed, diz que os números apresentados hoje são positivos e são reflexos de desaceleração de preços. “A gente sabe que, na composição do IGP-M, há uma influência muito grande dos atacados e, dentro desta classe, tem uma influência grande do próprio câmbio. Mas, de maneira geral, a gente teve um alívio em termos de cotação do dólar e teve um alívio também em termos de atacado.”
Para ele, o resultado, mais uma vez, vem demonstrando um arrefecimento na dinâmica dos preços. “Isso é um resultado positivo, apesar de afetar pouco a curva de juros, dado que ele não é o principal indicador para tomada de decisão de política monetária.”
Jorge explica que o indicador do Banco Central é o IPCA. “Mas, é claro, quando outros indicadores demonstram desaceleração, isso acaba corroborando para a possibilidade de o IPCA ser menor também.”
O Estado de S.Paulo - SP 28/04/2023
O Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos cresceu ao ritmo anualizado de 1,1% no primeiro trimestre de 2023, segundo estimativa inicial divulgada nesta quinta-feira, 27, pelo Departamento de Comércio do país. O resultado ficou abaixo das expectativas de analistas consultados pelo Estadão/Broadcast, que previam alta de 1,3% a 2,9% no período, com mediana de 2%.
A primeira leitura mostra forte arrefecimento da economia norte-americana em relação ao quarto trimestre de 2022, quando o PIB dos EUA teve alta anualizada de 2,6%.
O Departamento do Comércio informou também que o índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) subiu à taxa anualizada de 4,2% no primeiro trimestre, ganhando força depois de avançar 3,7% no quarto trimestre.
Já o núcleo do PCE, que desconsidera preços de alimentos e energia, aumentou 4,9% entre janeiro e março, após alta de 4,4% no trimestre anterior. O PCE é a medida de inflação preferida do Federal Reserve, ou Fed, como é conhecido o banco central dos EUA.
IstoÉ Online - SP 28/04/2023
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, voltou a defender nesta quinta-feira o atual patamar da taxa de juros, o sistema de metas de inflação e a autonomia do Banco Central, ressaltando que eles ajudam no controle da inflação e da volatilidade.
Em debate no plenário do Senado sobre juros, inflação e crescimento, com a presença dos ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e do Planejamento, Simone Tebet, Campos Neto disse que o BC toma suas decisões de política monetária de forma técnica e afirmou que o trabalho de aperto feito pela autarquia é necessário para controlar a inflação.
A taxa Selic está atualmente em 13,75% ao ano, nível que tem sido criticado repetidamente por membros e aliados do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva por restringir a economia e a oferta de crédito.
Campos Neto disse, em meio à pressão política por cortes de juros, que reduzir a taxa básica não necessariamente aliviaria a situação do crédito no país e geraria mais altas de preços. Segundo ele, não se consegue estabilidade social com uma “inflação descontrolada”.
Ainda assim, Campos Neto disse que o governo e o BC têm “caminhado na direção correta”, aparentemente num aceno ao arcabouço fiscal proposto pela equipe econômica de Lula, liderada por Haddad.
O presidente do BC acrescentou que o Banco Central tenta suavizar ao máximo seu ciclo de aperto monetário para trazer a inflação à meta com “o menor custo possível”.
Campos Neto fez seus comentários no segundo dia do período de silêncio antes da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) da semana que vem, em que as autoridades do BC devem evitar ao máximo proferir discursos sobre assuntos que influenciam ou são influenciados por decisões de seu colegiado.
Investing - SP 28/04/2023
Além da perda de força dos preços do minério de ferro, analistas demonstraram surpresa com os custos de produção da Vale (BVMF:VALE3), apontados em balanço referente ao primeiro trimestre deste ano. A Vale ainda anunciou hoje a nomeação de Mark Cutifani, que será o presidente do recém-formado Conselho de Administração do negócio de metais básicos.
Após iniciarem o dia em queda, os papéis subiam ao final da manhã, com alta de 0,56%, a R$70,67 às 12h04 (de Brasília).
A Vale reportou uma diminuição no lucro, impactado por vendas e preços do minério de ferro menores, em contraponto aos custos mais elevados. O lucro líquido atribuível aos acionistas foi de US$1,837 bilhão, contra US$4,456 bilhões entre janeiro e março do ano passado e US$3,724 bilhões no quarto trimestre de 2022. Já o Ebitda ajustado das operações continuadas totalizou US$3,7 bilhões, US$2,7 bilhão inferior na comparação com o 1T22.
Segundo a XP Investimentos (BVMF:XPBR31), os custos de produção mais altos resultaram em Ebitda 12% mais fraco do que o esperado pela companhia e 7% inferior ao consenso. Conforme o analista Guilherme Nippes, a dinâmica de custos acende um alerta sobre o desempenho no futuro, ressaltando ainda o aumento dos gastos das operações de níquel. A XP mantém recomendação de compra, com preço-alvo de R$97,10.
O Santander (BVMF:SANB11) também considerou o Ebitda abaixo do esperado devido aos volumes e preços fracos, fatores que foram elencados como destaques negativos. De acordo com os analistas Rafael Barcellos e Arthur Biscuola, enquanto o custo caixa ficou em linha com as expectativas, o breakeven para minério de ferro e pelotas aumentou. Por outro lado, a Vale apresentou um fluxo de caixa sólido. O Santander possui classificação outperform para as ações, com preço-alvo de US$19 para as ADRs negociadas nos Estados Unidos. No entanto, diz preferir exposição a cobre em relação ao minério de ferro.
O Itaú BBA avaliou o balanço negativo, principalmente no desempenho de custos. O Ebitda esteve em linha com as estimativas do banco, que ressaltou o fluxo de caixa como sólido diante de menores necessidades de capital de giro, enquanto a dívida líquida subiu de US$14,1 para US$14,4 bilhões. Entre os pontos de atenção, está a “deterioração sequencial dos resultados na divisão de ferrosos, uma vez que a melhor realização dos preços do minério de ferro foi compensada por menores volumes e um maior custo de entrega na China”, apontam os analistas Daniel Sasson, Edgard Pinto de Souza e Marcelo Furlan Palhares. As ações da Vale são consideradas outperform pelo Itaú BBA, com preço-alvo de US$18.
Na visão da Ativa Investimentos, os custos frustraram as expectativas e seguem afetando o segmento de siderurgia, enquanto o de transição de energética mostra fraqueza da operação de cobre e níquel. Para a Ativa, os indicadores vieram abaixo do esperado, com perspectiva de que os preços do minério de ferro sigam sem força.
A Ativa afirmou que esperava receitas mais fracas com vendas menores e preços mais baixos do minério de ferro, além de pior mix de produtos, mas disse estar surpreendida negativamente pela dinâmica de custos pela realização de one-offs visando a manutenção de plantas. O lucro líquido também decepcionou, de acordo com o analista Ilan Arbetman. “Ainda que tenha registrado um positivo fluxo de caixa livre em função de uma rubrica de capital de giro positiva, entendemos que o mercado recepcionará os resultados de forma negativa se indagando sobre a dinâmica de custos nos próximos trimestres”, acredita. A Ativa possui recomendação neutra para a ação, com preço-alvo de R$92.
IstoÉ Dinheiro - SP 28/04/2023
A mineradora Vale prevê prêmios maiores para o minério de ferro e pelotas, assim como custos mais baixos, no segundo semestre, afirmou nesta quinta-feira o vice-presidente executivo de Finanças e Relações com Investidores, Gustavo Pimenta.
A expectativa para o segundo semestre é melhorar o mix de produção, com mais volumes de projetos com maior teor de ferro, e compensar vendas que não foram realizadas nos três primeiros meses do ano devido a dificuldades no embarque por problemas climáticos.
Pimenta explicou que os prêmios foram mais baixos, mas por conta do mix de produção. “Se a gente resolver o mix, trazer (a barragem de) Torto e também Carajás, a gente deve ter sim um prêmio melhor e portanto um (custo) ‘all in’ abaixo do que tivemos no primeiro trimestre”, afirmou.
O plano de emergência para a barragem do Torto, na mina de Brucutu, em Minas Gerais, foi aprovado em março, e a expectativa da empresa é obter a licença operacional até o final do segundo trimestre. A estrutura irá permitir o aumento geral da qualidade e do volume de pelotas, melhorando o mix e o preço médio do prêmio.
Executivos da empresa enfatizaram ainda o avanço da mina S11D, em Canaã nos Carajás, no Pará, que “foi construída para compensar a perda que teríamos na exaustão na faixa Norte”, de onde “virá o crescimento da produção” desse sistema.
O custo caixa C1 da Vale (custo de produção da mina ao porto) excluindo compras de terceiros, aumentou 4,9 dólares por tonelada no primeiro trimestre na comparação anual, mas parte disso foi devido a problemas pontuais.
“O impacto majoritário (no custo caixa C1) que enfrentamos tem a ver com as restrições de embarque no (Terminal) Ponta da Madeira (no Maranhão). Se não fosse isso, nosso custo seria 2 dólares mais baixo, portanto vamos normalizar o custo C1 no segundo semestre do ano”, disse Pimenta.
Do lado do mercado, a Vale vê o balanço de oferta e demanda de minério de ferro apertado e risco de alta para os preços, disse Spinelli, ao comentar perspectivas para a China.
Valor - SP 28/04/2023
Segundo a mineradora, a venda marca a conclusão do seu principal programa de desinvestimento, em curso desde 2019
A Vale anunciou nesta quinta-feira que assinou um acordo para vender sua participação de 40% na Mineração Rio do Norte (MRN) para a Ananke Alumina, controlada pela norueguesa Hydro. O valor da operação não foi divulgado.
A MRN é a maior produtora e exportadora de bauxita do Brasil, localizada no distrito do Porto de Trombetas (PA). A South32 detém participação de 32% na companhia, a Rio Tinto tem 12%, a Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) tem 10% e a Hydro tem 5%.
Segundo a mineradora, a venda marca a conclusão do seu principal programa de desinvestimento, em curso desde 2019, que visou simplificar e reduzir a exposição ao risco dos seus negócios e eliminando até US$ 2 bilhões em despesas por ano.
“Isso reforça a estratégia da Vale de simplificação de portfólio e permite à empresa focar nos seus principais negócios e oportunidades de crescimento, através de uma alocação disciplinada de capita”, diz a companhia.
Valor - SP 28/04/2023
No primeiro trimestre, a mineradora teve Ebitda abaixo do registrado em igual período de 2022, em uma queda provocada principalmente pelo recuo dos preços e pelas menores vendas de minério de ferro
O presidente da Vale, Eduardo Bartolomeo, afirmou nesta quinta-feira (27), em teleconferência com analistas, que a companhia segue "muito confiante" no cumprimento das metas para o ano.
No primeiro trimestre de 2023, a mineradora teve lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) pro forma de US$ 3,687 bilhões, abaixo dos US$ 6,374 bilhões de igual período do ano passado, em uma queda provocada principalmente pelo recuo dos preços e pelas menores vendas de minério de ferro, além do aumento dos custos.
Bartolomeo destacou que houve um "gap" entre produção e vendas devido às condições climáticas no Norte, que afetaram os embarques, além do reequilíbrio de estoques na cadeia de suprimentos. "Como a produção não foi afetada, esperamos que [esse gap] seja compensado ao longo do ano", disse Bartolomeo.
O executivo afirmou ainda que a companhia segue "progredindo de forma contínua" na segurança de barragens e lembrou que a empresa distribuiu ainda US$ 1,8 bilhão em dividendos aos acionistas.
O presidente também destacou que a Vale anunciou nesta quinta-feira a venda da MRN, "a última etapa no processo de desinvestimento de ativos da empresa".
O vice-presidente executivo de finanças e relações com investidores da Vale, Gustavo Pimenta, afirmou que a companhia mantém o objetivo de alcançar um custo de produção C1 - da mina ao porto, excluindo compras de terceiros - entre US$ 20 e US$ 21 por tonelada de minério de ferro. Entre janeiro e março deste ano, esse custo ficou em US$ 23,6 por tonelada.
A companhia espera que aumentos de volume vendido e melhoras no mix de produtos reduzam em cerca de US$ 2 por tonelada esse custo C1 ao longo do ano, enquanto ganhos de produtividade devem ajudar com outros US$ 0,5 a US$ 1/tonelada de redução.
"Houve um impacto transitório de US$ 2 por tonelada no custo. Se a gente resolver o mix [de produtos], a gente deve sim ter um prêmio melhor e, portanto, um [custo] 'all-in' abaixo do que tivemos no primeiro trimestre", disse Pimenta. Ele acrescentou que a companhia está focando desde 2022 na eficiência de custos.
Gustavo Pimenta, afirmou, por sua vez, que, em termos de alavancagem, a empresa não pretende “ir além” da meta de US$ 20 bilhões. Ele também disse acreditar que a reforma tributária deverá buscar a “neutralidade”. “Estamos otimistas e acompanhando as discussões.”
Projeto de níquel
Bartolomeo disse ainda que a mineradora está muito bem posicionada para o aumento da demanda esperado pela eletrificação de veículos.
Nesse sentido, ressaltou, a Vale fechou um acordo vinculante com Ford e com a produtora chinesa de cobalto Huayou para o projeto de níquel de Pomalaa, na Indonésia.
Ainda no setor de metais básicos, o executivo destacou que a empresa avança na produção do projeto de cobre de Salobo III, no Pará. A expectativa da companhia é atingir a produção máxima de Salobo III no quarto trimestre, chegando a dezembro com um ritmo de produção de sete mil toneladas por mês.
Eduardo Bartolomeo, presidente da Vale — Foto: Leo Pinheiro/Valor
Recompra de ações
Pimenta destacou que a empresa vai concluir até outubro o terceiro programa de recompra de ações. O executivo ressaltou que, quando o programa estiver concluído, cerca de 20% das ações da mineradora em circulação terão sido recompradas. "É um programa que contribui para criar valor para a companhia", afirmou.
Aço
O vice-presidente executivo de ferrosos da Vale, Marcelo Spinelli, notou que acabou de voltar da China e ressaltou que a expectativa é de que a produção de aço no país este ano vai estar “flat”.
Segundo ele, o balanço de oferta e demanda de minério de ferro está “apertado”, os estoques estão baixos e pode haver um acréscimo. “Pode haver oportunidade de alta no preço do minério de ferro, mas a tendência é de estabilidade.”
O presidente da Vale destacou que a companhia teve a última licença ambiental para exploração na Serra Norte de Carajás, no Pará, em 2014.
O executivo reafirmou que a empresa segue confiante quanto às metas de produção de 2023 e ressaltou que a Vale está “bem posicionada” para continuar crescendo. Ele não descartou um IPO (abertura de capital) no negócio de metais básicos e ressaltou que a mineradora busca alternativas para “destravar valor”.
“E estamos propondo para nos concentrar nos dois principais negócios, minério de ferro e metais”, disse Bartolomeo. O executivo disse ainda que a Vale poderá crescer de forma orgânica ou inorgânica, a depender das oportunidades.
“Estamos no momento correto para participar da transição energética”, disse Bartolomeo. Ele acrescentou que, se a Vale não encontrar um parceiro para a área de metais, desenvolverá o negócio “de qualquer forma”.
“Teremos um conselho independente do negócio de metais”, disse o presidente da Vale, que emendou que o colegiado será presidido por Mark Kutifani, ex-Anglo American. “Até meados do ano teremos mais notícias para compartilhar sobre a nova empresa de metais”, afirmou Bartolomeo.
Valor - SP 28/04/2023
Investimentos de US$ 50 bilhões até 2027 focam em aumento de produção e maior eficiência ambiental
A indústria mineral programa investimentos de US$ 50,4 bilhões no quinquênio de 2023 a 2027, valor 24,8% maior ao previsto no período de 2022 a 2026. Os recursos serão destinados a aumentar a capacidade produtiva, principalmente em minério de ferro, bauxita, ouro e em substâncias minerais estratégicas para a transição a uma economia de baixo carbono, como níquel, cobre e lítio.
Os investimentos também servirão para adequar os processos produtivos das mineradoras, proporcionando maior eficiência energética, uma melhor gestão da água e o tratamento adequado de resíduos, reduzindo os riscos representados pelas barragens de rejeitos.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), os aportes socioambientais previstos pelas mineradoras até 2027 somam US$ 6,56 bilhões, uma expansão de 55% em relação à projeção anterior. “Hoje, o mercado consumidor valoriza muito os produtos que apresentam uma cadeia produtiva ambientalmente responsável. As mineradoras estão cientes que precisam se adaptar à nova realidade se quiserem o aval da sociedade e dos clientes para continuar a operar”, diz Ricardo Marques, sócio líder de mineração da KPMG.
Essa nova realidade mercadológica pode gerar benefícios competitivos para a produção. Um exemplo é a cadeia produtiva do aço, que tem no minério de ferro seu principal insumo. A siderurgia mundial, como admite a World Steel Association, é uma das maiores emissoras de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera, respondendo por entre 7% e 9% do total, e muitas siderúrgicas estão empenhadas em reduzir sua pegada de carbono por pressão de autoridades ambientais e de seus clientes finais.
O Brasil é um dos poucos países capazes de ofertar minério de ferro com alto teor de pureza, acima de 62%, o que permite processos siderúrgicos mais limpos.
Os investimentos programados na commodity até 2027 somam US$ 16,9 bilhões e privilegiam empreendimentos onde o minério supera 67% de teor de ferro, como o realizado pela Vale na expansão do Projeto Serra Sul em Canaã dos Carajás, no Pará, que prevê aporte de US$ 1,5 bilhão para aumentar em 20 milhões de toneladas anuais as capacidades da mineração e beneficiamento da mina S11D, que passará a um total de 120 milhões de toneladas anuais em 2024.
A oferta de insumos siderúrgicos com menor impacto ambiental também motiva a inovação na Vale. A companhia desenvolveu um briquete “verde”, um aglomerado tecnológico de minério de ferro, que permite uma redução de 10% nas emissões de CO2 nos altos-fornos siderúrgicos, produto que entrará em produção no segundo semestre.
Outra inovação em fase avançada de desenvolvimento é o uso de biocarbonato, obtido de biomassa, no lugar do carvão antracito, um combustível fóssil, no processo de cura de aglomerados de minério de ferro em pelotas. Camilla Lott, diretora de sustentabilidade corporativa da Vale, informa que nos últimos dois anos, a companhia fechou 30 memorandos de entendimento com clientes visando a colaboração em projetos de descarbonização siderúrgica.
A Vale é responsável pelo maior orçamento de investimentos da indústria mineral brasileira. Em 2023, estão programados US$ 6 bilhões e os planos anunciados para o período de 2024 a 2027 contemplam recursos anuais em média entre US$ 6 a US$ 6,5 bilhões entre projetos no Brasil e no exterior.
No Brasil, além dos investimentos em Carajás, a Vale está reativando a mina de ferro Capanema, em Minas Gerais, e desenvolve no Pará, por meio de subsidiárias criadas em 2022, dois projetos de expansão na produção de cobre na mina Salobro III e níquel no projeto Onça-Puma.
A Vale também anunciou investimentos de US$ 4 a US$ 6 bilhões até 2030 com o objetivo de zerar as suas emissões líquidas de gases de efeito estufa (GEE) em atividades diretas até 2050. “Uma das estratégias é substituir o combustível fóssil por fontes limpas nas operações, com foco no uso de energia renovável e melhoria de eficiência energética”, diz o vice-presidente executivo de projetos, Alexandre Pereira.
O início da operação em 2022 do parque fotovoltaico Sol do Cerrado, em Minas Gerais, permitiu à companhia alcançar 90% de suprimento elétrico com geração própria no Brasil. A meta é chegar a 100% em 2025. Outra iniciativa, ainda em teste, é substituir o uso do diesel, com eletrificação de equipamentos, locomotivas e caminhões de até 72 toneladas.
A disponibilidade no Brasil de reservas ainda pouco exploradas de níquel, terras raras, cobre e lítio, minérios estratégicos para a transição energética por serem utilizados em baterias de veículos elétricos e estruturas de geração e transmissão de energia fotovoltaica e eólica, tem potencial de se transformar em vetor importante da expansão mineral nos próximos anos.
O consultor Ricardo Marques, da KPMG, relata um aumento relevante de interesse dos investidores, principalmente estrangeiros, em projetos de minérios estratégicos. Para Raul Jungmann, presidente do Ibram, falta ao país uma política nacional para o aproveitamento destes minerais. O assunto foi tratado por Jungmann com a diretoria do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no início de abril. “Foram bastante receptivos”, diz Jungmann.
Na prática, os investimentos já estão ocorrendo. Em abril, a companhia canadense Sigma Lithium iniciou a produção de lítio, substância utilizada em baterias de veículos elétricos, no Vale do Jequitinhonha (MG), investimento de R$ 1,2 bilhão, que prevê 270 mil toneladas anuais de concentrados espodumênio, insumo do lítio, obtido em processo produtivo que utiliza em suas atividades 100% de energia renovável e apenas água reciclada.
No Pará, a britânica Horizonte Minerals desenvolve dois projetos de níquel. O Araguaia, um projeto que em sua primeira fase demanda US$ 560 milhões para a produção de 14,5 mil toneladas anuais de ferro-níquel, insumo utilizado na produção de aço inoxidável, mercado em expansão por conta da demanda de produtores de turbinas eólicas e painéis solares. O início da produção está previsto para 2024.
A redução e fusão de níquel e ferro ocorrerá em forno elétrico que já tem contratado o abastecimento com 100% de energia renovável para os próximos cinco anos. “O processo nos permitirá uma produção com emissões de CO2 abaixo da média do setor”, diz o diretor financeiro Tiago Miranda. “Vamos emitir 29 toneladas de CO2 por tonelada de ferro níquel, enquanto projetos mais antigos emitem acima de 40 toneladas de CO2 ”, afirma.
Um estudo de viabilidade já está sendo realizado para a implementação de uma segunda linha para dobrar a produção de ferro-níquel no Projeto Araguaia, demandado mais US$ 250 milhões em investimentos.
A Horizonte Minerals também já iniciou um estudo de viabilidade para um segundo projeto, o Vermelho, que prevê a produção de 24 mil toneladas anuais de níquel e 1,25 mil toneladas de cobalto, insumos voltados para o mercado de baterias de carros elétricos.
Atualmente, a produção global de níquel soma 3,3 milhões de toneladas e a previsão é que chegue a 5,4 milhões de toneladas em 2040. “A estimativa do mercado é que será uma produção deficitária em 2,4 milhões de toneladas”, diz Miranda. Hoje, as baterias consomem 12% da produção de níquel, chegarão em 48% em 2040, projeta a Benchmark Mineral Intelligence.
Valor - SP 28/04/2023
Após um ano fraco, o ritmo atual já é suficiente para manter o minério de ferro brasileiro valorizado
A produção mineral brasileira em 2023 deve apresentar um desempenho equivalente à verificada em 2022, quando o país produziu 1,05 bilhão de toneladas de minérios, quantidade 12% menor do que a efetuada em 2021. O faturamento e as receitas obtidas com as exportações em 2023, porém, devem superar o desempenho do ano passado, quando a mineração brasileira faturou R$ 250 bilhões e obteve receitas de US$ 41,67 bilhões com as vendas internacionais, um total 27,9% inferior ao obtido em 2021.
A estimativa é de Júlio Nery Ferreira, diretor de sustentabilidade e assuntos regulatórios do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram). “Os valores de negociação do minério de ferro estão mais elevados e vão contribuir para um desempenho melhor de nossa balança comercial neste ano”, afirma.
O minério de ferro responde por aproximadamente 67% das exportações minerais brasileiras e dita o desempenho da balança comercial do setor. O preço médio da commodity em 2023, na casa de US$ 120 a tonelada, tem permitido uma recuperação das receitas internacionais. No primeiro trimestre do ano, o país exportou 75,2 milhões de toneladas de minério de ferro, total 15,1% inferior ao trimestre anterior, o último de 2022. O faturamento de US$ 6,2 bilhões, no entanto, foi 4,5% superior.
A queda nos embarques no primeiro trimestre de 2023 está diretamente relacionada a uma menor produção. “Devido ao excesso de chuvas”, explica Nery. Os preços internacionais, porém, dependem da demanda chinesa, país que responde por mais de 50% da produção mundial de aço e destino de 62% do ferro brasileiro.
Em 2022, o Produto Interno Bruto (PIB) da China cresceu 3%, seu pior desempenho em 50 anos, puxando para baixo as compras de minérios. No primeiro trimestre de 2023, a economia chinesa superou as expectativas e cresceu 4,5%, promovendo a recuperação dos preços internacionais do minério.
Os sinais gerados pela economia chinesa não permitem, por ora, certezas em relação ao comportamento da demanda por minério de ferro ao longo do ano. “As projeções são de que a produção de aço chinesa recue em 2,5%”, diz Nery.
A possível queda na produção chinesa de aço está diretamente relacionada à necessidade de o país reduzir a poluição atmosférica. O parque siderúrgico da China mescla indústrias modernas e antigas, com processos altamente poluentes, fábricas que estão sendo gradativamente desativadas.
Por outro lado, a retomada da economia chinesa gera expectativa de ganho de poder de compra de sua gigantesca população, de 1,4 bilhão de habitantes, e, portanto, mais demanda por bens duráveis, imóveis e infraestrutura. “A China voltou a crescer e o ritmo atual já é o suficiente para manter o minério de ferro valorizado”, diz Ricardo Marques, sócio líder de mineração da KPMG.
O faturamento do conjunto do setor mineral brasileiro no primeiro trimestre de 2023 foi de R$ 54,6 bilhões, o que significou uma queda de 3% em relação ao mesmo período de 2022. As exportações somaram US$ 9,2 bilhões, total 2,9% inferior ao obtido no primeiro trimestre do ano passado. Os embarques físicos totalizaram 7,5 milhões de toneladas, um aumento de 4,2% quando comparado ao primeiro trimestre de 2022.
O ouro, segundo item da pauta de exportações minerais do país, com cerca de 10% das receitas internacionais, apresentou um desempenho fraco no primeiro trimestre do ano, com embarque de 19,6 toneladas e receita de US$ 941 milhões, uma queda de 8,4% em volume e 18,3% em receita na comparação com o mesmo período de 2022. “Houve um problema específico na produção de uma única mineradora e a situação deve se normalizar na sequência do ano”, diz Nery.
A AngloGold Ashanti suspendeu o processamento de ouro na planta Queiroz, em Nova Lima, Minas Gerais, para reforçar sua barragem de rejeitos. Queiroz faz parte do complexo de mineração Cuiabá, que em 2022 produziu 241 mil onças de ouro. No total, a companhia produziu no país 399 mil onças em 2022, o equivalente a 12,5 toneladas de ouro.
Cobre e nióbio foram respectivamente a terceira e quarta substâncias minerais mais exportadas no primeiro trimestre do ano. Os embarques de cobre renderam US$ 724,4 milhões, expansão de 14,2% em relação ao primeiro trimestre de 2022, enquanto as exportações de nióbio somaram US$ 609,9 milhões, crescimento de 7,7% na comparação do mesmo período do ano passado.
As importações no primeiro trimestre totalizaram 9,35 milhões de toneladas e geraram uma despesa de US$ 2,9 bilhões, uma queda de 3,2% em volume e 10,1% em valores. O potássio foi responsável pela maior parcela das importações minerais, 42%, seguido pelo carvão 37%. O saldo da balança comercial do minério foi de US$ 6,32 bilhões no trimestre, 1% acima do trimestre inicial de 2022.
Valor - SP 28/04/2023
Após vender em 2022 ativos de aço, carvão, manganês e até de minério de ferro em MS, Vale sai de vez do negócio de alumínio
Gigante da mineração de ferro no mundo, a Vale tem feitos vários movimentos ao longo dos anos como parte de sua estratégia de reduzir o portfólio de ativos e de focar nos chamados negócios ‘core’ - minério de ferro, cobre e níquel. A empresa diz que isso está alinhado a uma disciplina de alocação de capital.
Nesta quinta-feira (27), a empresa anunciou a venda da participação de 40% na Mineração Rio do Norte, produtora de bauxita (minério de alumínio), para o grupo norueguês Hydro, que é um grande produtor europeu do metal.
A MRN foi criada quase no fim da década de 1970, extraindo bauxita de reservas localizadas nas proximidades do rio Trombetas (afluente do Amazonas), no Pará. A empresa se transformou num consórcio reunindo, além de Vale, a Alcoa, a CBA (Votorantim), Rio Tinto, BHP e a própria Hydro.
Com isso, a mineradora encerra sua aventura no negócio de alumínio. No início de 2011, a Vale já tinha vendido para a Hydro sua participação de 51% na Albrás (metal primário), o controle da Alunorte (alumina) e o da mineradora Paragominas (bauxita), todos no Pará. Ficaram para trás os 40% na MRN.
Ontem mesmo, a Hydro passou essa fatia mais os 5% que já detinha na MRN, além de 30% da Alunorte, para trading suíça Glencore, em um negócio que foi avaliado em US$ 1,1 bilhão.
No alumínio, a Vale também montou no Brasil a Valesul, no Estado do Rio de Janeiro, em parceria com a Billiton. Considerada uma usina (smelter) de baixa escala - cerca de 100 mil toneladas - tornou-se pouco competitiva em razão de baixa dos preços do metal vis-a-vis os custos de energia no Brasil - e foi vendida.
O movimento de limpeza do portfólio da Vale passou também pela área de aço. Em fevereiro de 2022, a empresa concluiu a venda da participação de 50% na laminadora Califórnia Steel Industries, nos EUA, para Nucor Corp., por US$ 437 milhões. Em julho, com as sócias sul-coreanas Posco e Dongkuk, transferiu o controle total da siderúrgica CSP, situado no Ceará, para a ArcelorMittal por US$ 2,2 bilhões. A Vale detinha 50%.
Segundo a Vale, o processo de enxugamento do portfólio foi acelerado desde 2019. Mas, conforme informações da própria mineradora, desde 2010, quando decidiu sair do alumínio, já foram realizadas mais de 40 operações de desinvestimentos.
As de maior relevância envolveram o desmonte de investimentos que não foram bem sucedidos em carvão (metalúrgico e energético) e em fertilizantes.
No caso do carvão, o principal foi a montagem de uma mina em Moçambique, com obras iniciadas em 2010, onde a Vale despejou muito dinheiro. O projeto envolveu a construção de uma ferrovia e de um terminal portuário no Oceano Índico. A empresa saiu de vez desse negócio em 2022.
Em fertilizantes, ao longo dos anos foram vendidas várias operações no Brasil, indo até 2018. Antes, havia vendido participação em um projeto, Bayovar, no Peru. Na Argentina, após problemas, saiu de um projeto de potássio já com obras bem avançadas.
A entrada da Vale em fertilizantes e siderurgia foi alvo de forte pressão do governo Lula (segunda gestão) e da ambição de diversificação da Vale do então presidente executivo, Roger Agnelli (falecido em 2016).
Na década passada, a empresa saiu de vários outros negócios: ferroligas e manganês (Europa e Brasil), caulim, concessões de óleo e gás e de energia, operação de navegação e logística, entre outros.
Mesmo no minério de ferro, em julho de 2022, a empresa se desfez do chamado Sistema Centro-Oeste, na região de Corumbá (MS). Considerado um negócio de pequeno porte e fora da logística da Vale, foi vendido po R$ 815 milhões à J&F Investimentos. os ativos envolveram minério de ferro e manganês e o sistema de logística.
Valor - SP 28/04/2023
Enquanto o lucro líquido de US$ 1,94 bilhão, teve queda de 32%, a receita cresceu 17% em base anual, para US$ 15,9 bilhões
A Caterpillar reportou lucro líquido de US$ 1,94 bilhão no primeiro trimestre de 2023, queda de 32% em comparação com o mesmo período do ano anterior. A receita cresceu 17% em base anual, para US$ 15,9 bilhões.
O lucro ajustado de US$ 4,91 por ação superou as previsões dos analistas de US$ 3,80, de acordo com a FactSet. A receita também veio acima das expectativas dos analistas de US$ 15,1 bilhões, de acordo com a FactSet.
A receita cresceu em todos os três principais segmentos de negócios, devido principalmente à realização de preços favoráveis e maior volume de vendas, diz a Caterpillar. Já as despesas cresceram refletindo maiores custos de materiais, e a empresa afirma que está trabalhando contra as flutuações desfavoráveis das moedas estrangeiras.
A margem de lucro operacional foi de 17,2% no primeiro trimestre de 2023, em comparação com 13,7% no primeiro trimestre de 2022. Segundo a empresa, a receita forte compensou um impacto de US$ 586 milhões em custos de reestruturação relacionados ao desinvestimento de seu negócio de mineração subterrânea.
“Alcançamos um crescimento de receita de dois dígitos e registramos lucro ajustado por ação, ao mesmo tempo em que geramos um forte fluxo de caixa livre”, de acordo com o diretor-presidente, Jim Umpleby, em comunicado.
As ações da Caterpillar operam em queda de 0,32% nas negociações de pré-mercado na Bolsa de Nova York, cotadas a US$ 215,50.
Valor - SP 28/04/2023
Em 2022, foram vendidas 49,3 mil unidades, um salto de mais de 1.000% ante as 4 mil comercializadas em 2018
Embora inacessíveis para a maioria dos consumidores devido aos altos preços, os veículos elétricos e híbridos no Brasil tiveram crescimento exponencial de vendas nos últimos anos, quando comparado ao desempenho dos veículos a combustão. Em 2022, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), foram vendidas 49,3 mil unidades, um salto de mais de 1.000% ante as 4 mil comercializadas em 2018.
A projeção para este ano é vender 71 mil veículos desse tipo, mais de 44% além do registrado em 2022. Com 14,7 mil unidades, a venda de eletrificados de janeiro a março cresceu 50% na comparação com o primeiro trimestre de 2022.
A seguir nesse ritmo, a Anfavea estima que, em 2030, os carros eletrificados representarão de 12% a 22% das vendas totais no país, passando a 32% ou até 62% em 2035. Para a entidade, os veículos pesados também terão parcela importante nessa onda de novas tecnologias, alcançando entre 10% e 26% do mix em 2030, e de 14% a 32% em 2035. “Mesmo em um cenário conservador, o mercado vai demandar milhares de unidades de veículos eletrificados até a metade da próxima década”, diz Henry Joseph Jr., diretor-técnico da Anfavea. Pelos cálculos da entidade, 432 mil veículos leves eletrificados devem ser comercializados em 2030 e 1,3 milhão em 2035.
Para ele, ter de importar volumes dessa magnitude traria prejuízos à balança comercial, além de elevar a ociosidade da indústria. Joseph Jr. explica que, com mais de 40 fábricas, sem contar as de autopeças, a indústria automotiva nacional precisará entrar em um novo ciclo de investimentos para se manter competitiva, ao mesmo tempo que garante ou até amplia o 1,3 milhão de empregos diretos e indiretos na cadeia do setor. “Não dá para imaginar uma indústria importante como a nossa fora das rotas globais de descarbonização.”
Entretanto, além dos preços altos, atribuídos ao custo das baterias, a falta de infraestrutura de recarga é outro obstáculo para a popularização dos elétricos no país. Um estudo da entidade aponta a necessidade de instalação de ao menos 150 mil carregadores para atender os veículos, o que implicaria investimentos de R$ 14 bilhões. “Além disso, é imprescindível haver pesados investimentos em geração e distribuição de energia a partir de fontes limpas, a fim de suprir a frota de elétricos, o que criará demanda adicional de 7.252 GWh, ou 1,5% de tudo o que é gerado atualmente”, lembra Joseph Jr.
Enquanto essa demanda não se concretiza, players importantes do setor trabalham em soluções de eficiência energética. A Nissan, por exemplo, está desenvolvendo uma bateria que deve equipar os elétricos da marca a partir de 2028. Entre as vantagens estão o custo, que pode cair pela metade, e a velocidade de recarga até três vezes maior. “Essa bateria tem densidade de energia cerca de duas vezes maior, em comparação às de íons de lítio convencionais”, diz Gonzalo Ibarzábal, presidente e diretor-geral da Nissan do Brasil.
Até a chegada dessa nova bateria, a Nissan anunciou, no fim do ano passado, a tecnologia e-Power, considerada revolucionária pela companhia, que estará disponível já neste ano no Brasil, Argentina, Chile e Peru. A tecnologia, segundo Ibarzábal, garante ao carro condução eficiente e silenciosa como a de um elétrico, mas sem necessidade de carregamento de baterias. “Basicamente, combina um motor a combustão, que carrega a bateria elétrica, e um motor elétrico, que faz a tração nas rodas”, diz.
A deficiência na infraestrutura de recarga e a baixa autonomia dos modelos, o que dificulta seu uso fora de perímetros urbanos, também são apontadas pela Toyota como obstáculos à popularização dos elétricos. “No futuro, todas essas tecnologias devem conviver, ampliando o leque de soluções para diferentes demandas”, afirma Roberto Braun, diretor de relações governamentais e regulamentação da Toyota do Brasil. Segundo ele, a marca já investiu mais de R$ 2 bilhões para o desenvolvimento e produção da tecnologia híbrida flex no Brasil.
Braun acredita que, no país, há mais de um caminho para a eletrificação. Por isso a empresa busca oferecer soluções diversificadas, conforme a infraestrutura das regiões em que atua. “Considerando a ampla disponibilidade de etanol e a falta de infraestrutura de recarga, entendemos que o híbrido flex seja a melhor alternativa neste momento.” Para ele, além de sustentável, também é prática – a bateria é autocarregável, dispensa a recarga externa e é a mais acessível tecnologia de eletrificação disponível.
A Stellantis, grupo franco-ítalo-americano, também avalia que a eletrificação de veículos no Brasil avançará na forma de modelos que combinem propulsão elétrica e etanol. “É uma solução inteligente e natural, que se apoia em uma vantagem competitiva, a grande capacidade de produção de etanol, que é de baixo impacto ambiental”, diz Antonio Filosa, COO da Stellantis América do Sul. Para ele, os elétricos, embora eficientes no processo de descarbonização, têm custo maior, o que impede sua aquisição por amplas faixas de consumidores. “A solução 100% elétrica ainda não tem a escala necessária e precisa ser desenvolvida e aprimorada para que possa entrar como alternativa de massa em uma estratégia efetiva de descarbonização em um país em desenvolvimento com características de renda como as do Brasil”, explica Filosa.
Para ele, a propulsão elétrica é a tendência dominante do setor automotivo mundial. “Nosso objetivo estratégico é nacionalizar soluções, tecnologia e produção, impulsionando uma onda setorial de reindustrialização. Não se trata, portanto, de contrapor descarbonização e eletrificação”, acrescenta. Ele ressalta que a empresa está investindo na construção de uma rede global de cinco gigafábricas de baterias capazes de fornecer até 400 GW/hora em produção de baterias até 2030.
Portos e Mercados - SP 28/04/2023
O local físico também foi revitalizado: o recinto é maior, com uma sala climatizada e dotada de cadeiras para eventual espera, o que oferece mais conforto aos visitantes
O Porto de São Francisco do Sul concluiu a instalação do novo controle de acesso de pessoas à área operacional. O sistema implantado esta semana oferece mais agilidade e segurança no processo de entrada e saída ao local onde os navios realizam a movimentação de carga.
Por ser uma área alfandegada, o sistema tem que estar de acordo com as regras e determinações da Receita Federal. Para isso, foram renovados e modernizados todos os equipamentos. A nova instalação agora conta com quatro detectores de metais e quatro catracas torniquete, além de um scanner de bagagem, similar aos existentes em aeroportos. Por ele devem passar, obrigatoriamente, todas as mochilas e malas que entrarem na área operacional.
Também foram instaladas quatro câmeras de controle geral da área, que podem ser acessadas remotamente pela Receita Federal. Antes, havia somente duas câmeras para o órgão federal e o espaço não possuía scanner.
O local físico também foi revitalizado: o recinto é maior, com uma sala climatizada e dotada de cadeiras para eventual espera, o que oferece mais conforto aos visitantes.
“Estamos priorizando as obras que melhorem as condições de funcionamento do porto”, afirma o presidente do Porto, Cleverton Vieira. “O emprego de tecnologias mais modernas de controle de acesso de pessoas faz parte da estratégia de assegurar que São Francisco do Sul possa se tornar referência em matéria de segurança portuária”.
Vieira acrescenta que a obra foi concluída em menos de um mês graças ao empenho da equipe técnica do Porto, que superou as dificuldades e tirou o projeto do papel.
Diariamente, as catracas rodam em média 10 mil vezes, contando a entrada e saída de trabalhadores portuários, tripulantes dos navios e servidores do Porto (muitos, passam várias vezes por dia).
O novo sistema também é integrado aos gates de acesso dos caminhões ao Porto. Assim, o motorista que fizer a biometria manual ao adentrar no complexo portuário com o veículo, também poderá entrar e sair da área operacional, a pé, quando necessário, utilizando o mesmo sistema.
TN Petróleo - RJ 28/04/2023
A região continental de Florianópolis terá um aumento na infraestrutura de gás canalizado, além de mais uma opção de abastecimento de Gás Natural Veicular (GNV). A SCGÁS está executando a expansão de 2 km da rede de distribuição do energético no bairro Estreito, a fim de interligar novos consumidores urbanos, incluindo um novo posto.
As obras se iniciaram na terça (25), e seguem pelas próximas duas semanas. Durante este período, as ruas General Eurico Gaspar Dutra e Coronel Liberato Bittencourt recebem as equipes da SCGÁS, e a implantação da rede vai até a praça Nossa Senhora de Fátima. Após a conclusão das obras, outros estabelecimentos poderão consumir o Gás Natural.
Para reduzir os contratempos na construção da rede, a SCGÁS utiliza um método não-destrutivo, que abre pequenos pontos ao invés de escavar valas extensas ao longo das vias. A recomposição definitiva das vias e calçadas será concluída após a realização de testes na rede de gás construída. Antes disso, é feita a recomposição provisória do pavimento nestes pontos. É importante ressaltar que as obras estão autorizadas pela Prefeitura Municipal, seguindo assim todas as normas e orientações de segurança aplicáveis.
Investing - SP 28/04/2023
Os preços do petróleo subiam em uma sessão volátil nesta quinta-feira, 27, diante de sinais de aperto na oferta dos EUA, que ajudaram a equilibrar as recentes preocupações com a desaceleração da economia do país, maior consumidor de energia do mundo.
Às 12h20 Brasília, o petróleo norte-americano avançava 0,78%, a US$ 74,83 por barril, enquanto o Brent se valorizava 0,53%, a US$ 78,12 por barril, no mercado futuro.
Segundo dados da Administração de Informações Energéticas dos EUA divulgados na quarta-feira, os estoques de petróleo no país tiveram uma queda de 5,1 milhões de barris na semana passada, após uma queda de 4,6 milhões de barris na semana anterior e abaixo da expectativa de diminuição de 1,5 milhão de barris.
O que contribuiu para o sentimento positivo nesta quinta-feira foram os comentários de Alexander Novak, vice-primeiro-ministro da Rússia e ex-ministro de Energia do país, apontando que os mercados petrolíferos estavam equilibrados.
Novak disse ainda que não havia necessidade de os membros da aliança de países produtores Opep+ realizarem novos cortes de produção neste momento, mas salientou que o cartel poderia ajustar sua política sempre que necessário.
No início deste mês, a Opep+, que abrange os membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados externos sob os auspícios da Rússia, surpreendeu os mercados ao anunciar um corte de produção.
Na quarta-feira, ambas as referências do petróleo recuaram quase 4%, ficando perto da mínima de um mês abaixo do patamar de US$ 80 por barril, que é amplamente visto como o preço-alvo da Opep+.
Esse movimento de baixa se deveu a preocupações com uma desaceleração econômica nos EUA, capaz de provocar uma queda na demanda petrolífera no maior país consumidor de energia do mundo.
Essas preocupações se intensificaram na quinta-feira, quando foram divulgados dados referentes ao Produto Interno Bruto (PIB) do país, que avançou a uma taxa anual de 1,1% no primeiro trimestre de 2023, o que representa uma forte desaceleração em relação ao crescimento de 2,6% nos últimos três meses de 2022.
A previsão dos economistas era que houvesse um crescimento de 2%, o que acabou reforçando os sinais de que a agressiva elevação de juros do Federal Reserve no último ano para conter a inflação está exercendo efeito negativo sobre o crescimento.
"A ação dos preços que vimos nas últimas duas semanas sugere que a Opep+ tomou a decisão certa ao anunciar mais cortes de oferta", escreveram analistas do ING em nota aos clientes. "No entanto, nossa projeção enxerga um aperto considerável ao longo do segundo semestre do ano, o que abre espaço para que o mercado consiga empreender alta".
A expectativa é que o Banco da Inglaterra, o Banco Central Europeu e, em particular, o Federal Reserve elevem as taxas de juros nos próximos dias, arrefecendo ainda mais o crescimento econômico, o que pode acarretar uma recessão global mais tarde no ano.
IstoÉ Dinheiro - SP 28/04/2023
O secretário-geral da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), Haitham Al Ghais, publicou comunicado nesta quinta-feira, 27, no qual rebate críticas feitas pela Agência Internacional de Energia (AIE). O cartel diz que não tem metas para o preço do petróleo, “com foco apenas nos fundamentos do mercado e em permitir investimentos vitais no setor de que o mundo precisa desesperadamente”.
Al Ghais diz que a AIE “sabe muito bem” que há uma “confluência de fatores que afeta os mercados”, como os efeitos da covid-19, da política monetária, dos estoques, negociações por meio de algoritmos, a liberação de reservas estratégicas e o quadro geopolítico, por exemplo.
O secretário-geral da Opep ainda critica o que vê como uma representação errada da Opep e aliados (Opep+). E acrescenta que “culpar o petróleo pela inflação foi errôneo e tecnicamente incorreto, já que houve muitos outros fatores que provocaram inflação”.
Al Ghais afirma que outros mercados de energia “têm se mostrado muito mais voláteis”, mas os de petróleo têm sofrido menos, “graças sobretudo ao papel estabilizador da Opep e da Opep+”.
O secretário-geral ainda diz que o que pode levar a mais volatilidade “são os pedidos reiterados da AIE para se parar de investir no petróleo”.
A Opep argumenta que “todas as perspectivas movidas por dados apontam para a necessidade de mais desta preciosa commodity para impulsionar o crescimento econômico global e a prosperidade nas próximas décadas, em especial no mundo em desenvolvimento”.
TN Petróleo - RJ 28/04/2023
A ANP realizou ontem (26/4), o workshop “Regulamentação do inciso VI do Art. 7° da Nova Lei do Gás: caracterização de gasodutos de transporte”. O evento foi online, com transmissão no canal da ANP no YouTube.
O workshop teve como objetivo debater junto aos agentes que atuam no mercado de gás natural e à sociedade a regulamentação do disposto no Art. 7º, inciso VI da Lei nº 14.134/2021. Segundo esse inciso, a ANP deverá estabelecer limites de diâmetro, pressão e extensão para auxiliar no processo de classificação de gasodutos de transporte.
Durante a abertura, o Diretor Cláudio Jorge Souza informou que a ANP pretende realizar uma Análise de Impacto Regulatório (AIR) sobre o assunto, e o evento é importante para definir melhor o objeto desse estudo junto ao mercado, identificar os atores afetados e levantar as experiências nacionais e internacionais sobre o tema.
“O workshop tem o objetivo de colher subsídios para confeccionar o mais rápido possível uma Análise de Impacto Regulatório e dar celeridade ao preparo da minuta de resolução, que deverá entrar em consulta pública juntamente com a AIR. A delimitação entre competências federal e estadual é a primeira questão a ser criteriosamente observada durante a regulamentação do inciso VI do art. 7º da Lei 14.134/2021. Os critérios ali presentes são importantes para dirimir dúvidas que estão pairando sobre a legislação” – explicou o Diretor.
O público-alvo do workshop foram os transportadores e distribuidores de gás natural, agências estaduais e associações, bem como quaisquer interessados em acompanhar o assunto.
Valor - SP 28/04/2023
Expansão passa pela exploração da área que vai do Amapá até o Rio Grande do Norte, na chamada Margem Equatorial
O governo quer fazer do Brasil o quarto maior produtor de petróleo do mundo, levando a produção atual de 3 milhões de barris diários para 5,4 milhões em 2029, com 80% desse volume oriundo do pré-sal. Para isso, articula medidas de estímulo ao setor. Na próxima reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), ainda sem data definida, deve ser lançado o programa Potencializa E&P (sigla para exploração e produção), voltado para a atração de investimentos em óleo e gás natural.
Um dos focos do programa é o potencial da Margem Equatorial, nova fronteira exploratória brasileira em águas profundas e ultraprofundas, que fica no litoral entre os Estados do Amapá e Rio Grande do Norte. Outro é a promoção do desenvolvimento regional, fomentando produtores independentes, que costumam se interessar por campos maduros ou de economicidade marginal.
A Petrobras pretende investir na região cerca de US$ 3 bilhões entre 2023 e 2027. A ideia é perfurar 16 poços, mas a atividade depende de licenças ambientais. O plano estratégico da empresa para os próximos cinco anos foi aprovado em novembro de 2022 e soma US$ 78 bilhões em investimentos. Deste montante, 83% irão para exploração e produção, com foco no pré-sal. O segmento ainda terá US$ 20 bilhões em novos afretamentos de plataformas.
“As petroleiras apresentaram lucros extraordinários em 2022, em consequência do conflito na Ucrânia, que jogou os preços da energia nas alturas”, diz Marcelo Fonseca, sócio da HLB Brasil. Para ele, as empresas de petróleo seguirão com seus investimentos por vários motivos. O declínio natural dos campos, que exige esforços para ao menos manter o nível atual de oferta, é um deles. Outro é para compensar os baixos volumes de aporte dos últimos anos. “Isso tendo em vista o novo quadro energético imposto pela guerra”, afirma.
Já Walter de Vitto, analista de óleo e gás da Tendências Consultoria, aponta que a elevação dos riscos geopolíticos, somada à crescente demanda por combustíveis renováveis, eleva a cautela. Assim, ele acredita que a prioridade é aumentar a rentabilidade e reduzir os riscos. “Apenas investimentos em áreas em que o retorno é mais certo tendem a se concretizar.”
Para o analista, 2023 será um ano de ajustes para o setor. Isso porque o rearranjo dos fluxos globais, a retirada de estímulos fiscais e o aperto monetário global para domar a inflação, com destaque para os Estados Unidos, completam um quadro de menor pressão sobre os preços do petróleo em relação a 2022. Segundo Vitto, a retomada da economia na China e os cortes de oferta da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), a exemplo do que foi anunciado no começo de abril, poderão servir de atenuantes a uma queda mais expressiva nas cotações do barril.
Em meio ao debate e iniciativas sobre descarbonização, petroleiras presentes no país seguem com seus projetos fósseis. A anglo-holandesa Shell produz no Brasil cerca de 400 mil barris diários e exporta toda a sua produção. Em janeiro, decidiu, com os sócios TotalEnergies e Repsol Sinopec, fazer um investimento conjunto de cerca de US$ 1 bilhão no projeto Sudoeste de Lapa, na bacia de Santos.
“Prevemos o início da produção para 2025”, diz o vice-presidente de relações corporativas da Shell, Flavio Rodrigues. Em 2023, há avanços em algumas frentes: uma é a campanha de perfuração no bloco C-M-659, na bacia de Campos. Outra é o início da operação da usina termelétrica de Marlim Azul, em Macaé (RJ), no segundo semestre. “Vamos fornecer gás natural do pré-sal para a unidade, comercializando a energia tanto no mercado cativo quanto no mercado livre.”
A capacidade de Marlim Azul é de 565 MW e o empreendimento é uma joint-venture entre Pátria Investimentos, Shell e Mitsubishi Hitachi Power Systems. A Shell, diz Rodrigues, também tem acordos de suprimento de gás natural por meio da Shell Energy Brasil. Ele salienta que a guerra na Ucrânia mudou o debate sobre combustíveis: antes a preocupação principal era com o ritmo da transição energética. “Agora passou a ser a segurança energética global, além dos impactos causados pelo desequilíbrio entre oferta e demanda. Governos que buscavam uma redução ativa nos investimentos em petróleo e gás natural foram obrigados a reconsiderar suas posições.”
Rodrigues, da Shell: "Vamos fornecer gás natural do pré-sal, comercializando a energia no mercado cativo e no mercado livre.” — Foto: Foto: Divulgação
A norueguesa Equinor é outra multinacional com programa de investimentos no Brasil. São US$ 26 bilhões entre 2009 e 2030, com mais da metade aportada. Entre os projetos mais relevantes, há o campo de Bacalhau, na bacia de Santos, e o BM-C-33, na bacia de Campos.
“Na fase 1 de Bacalhau, serão investidos cerca de US$ 8 bilhões pela companhia junto com os parceiros”, diz a presidente da petroleira no Brasil, Verônica Coelho. Bacalhau terá um FPSO com capacidade para 220 mil barris diários, com previsão do primeiro óleo em 2025. Já o BM-C-33 está às vésperas de uma decisão final de investimentos. O campo tem estimativa, segundo ela, de escoar 16 milhões de metros cúbicos de gás por dia. Em 2022, a Equinor firmou contrato com a Companhia de Gás do Ceará (Cegás) para a venda de 200 mil metros cúbicos por dia do campo de Roncador.
Caçula entre as gigantes, a independente Enauta tem o campo de Atlanta, na bacia de Santos, como seu principal projeto. “Planejamos o primeiro óleo do sistema definitivo em meados de 2024”, diz o diretor de operações, Carlos Mastrangelo. Avaliado em US$ 1,2 bilhão, a capacidade do FPSO, espécie de navio-plataforma definitivo, será de 50 mil barris diários.
Atualmente, a empresa produz cerca de 27 mil barris de óleo equivalente (boe, inclui petróleo e gás), somando Atlanta – com um sistema de produção antecipada, o FPSO Petrojarl I – e o campo de gás de Manati, na bacia de Camamu (BA). O óleo produzido em Atlanta é comprado pela Shell. O gás de Manati é vendido para a Petrobras e o condensado ofertado ao mercado baiano.
Depois de um período emperrado, o setor dá sinais de aumento de encomendas. Para o country manager da Aker Solutions, Volmir Korzeniewski, o momento é positivo para a indústria de óleo e gás no país e a empresa está investindo R$ 100 milhões neste ano na ampliação da capacidade de produção de equipamentos submarinos. É o montante anual que vem sendo aportado desde 2021, mas a expectativa é superar essa marca em 2024. “Em outubro do 2022, tínhamos uma carteira de projetos em execução de cerca de 80 árvores de Natal molhadas (ANM). Hoje, são 130 equipamentos.”
Segundo a Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Petróleo (ABESpetro), os diversos segmentos do setor de óleo e gás – atividades de sísmica, perfuração e construção de poços, fabricação e instalação de equipamentos submarinos e construção e operação de unidades flutuantes de produção – têm dinâmicas e velocidades distintas de crescimento, mas como um todo houve expansão de dois dígitos em 2022 sobre o ano anterior.
A maior parte desse crescimento na demanda por bens e serviços é puxada pela Petrobras, que responde por 90% da produção nacional. “O preço do barril elevado viabiliza uma série de projetos que estavam estagnados”, avalia Anderson Dutra, sócio da KPMG. Segundo ele, o país tem no pré-sal um ativo interessante, porque possui um custo de extração competitivo, com volumes bem elevados de produção. Isso gera um grande estímulo para investimentos relevantes.
Pedro Souza, sócio da consultoria Bip, diz que a tendência para este ano é a demanda por petróleo seguir elevada como em 2022. Ele aponta para uma remodelação do contexto geopolítico da indústria, a partir de fatores como a guerra na Ucrânia, que fez o Ocidente isolar a Rússia. O país governado por Vladimir Putin se voltou para a Ásia. Já os Estados Unidos liberaram suas reservas estratégicas de petróleo e pressionaram a Opep a aumentar a ofertas.
“No entanto, contrariando as expectativas do mercado, a Opep e seus aliados anunciaram cortes mais agressivos na produção”, diz Souza. Para ele, mesmo com investimentos crescentes em fontes renováveis, um cenário de curto prazo sem hidrocarbonetos é inviável. E o gás, visto como combustível da transição para uma economia de baixo carbono, tem atraído as empresas.
O setor de gás tem mostrado números positivos. As distribuidoras seguem investindo em suas redes de distribuição. No ano passado, esse aumento foi de 3,1% acima de 2021. Em consumidores conectados, a alta foi maior: 5,8%. Sem contar o segmento térmico, o consumo médio de gás natural em 2022 no Brasil foi de cerca de 45,1 milhões de metros cúbicos por dia, 7,2% acima de 2021. O destaque foi a indústria: 31,6 milhões de metros cúbicos por dia ante cerca de 29,5 milhões em 2021.
Para Augusto Salomon, presidente da Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás), o aumento da capacidade do gasoduto Bolívia-Brasil (Gasbol), operado pela TBG, é uma prioridade para o setor. Por isso, ele vê como fundamental o sucesso da chamada pública da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíves (ANP), prevista para este semestre, visando expandir a capacidade da malha de transporte no Centro-Sul.
“O Sul é uma região estratégica, com elevada demanda térmica e que precisa de mais investimentos em infraestrutura essencial”, diz. Segundo ele, as limitações do Gasbol estão impedindo o desenvolvimento do mercado de gás natural nos três Estados sulistas, especialmente Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Valor - SP 28/04/2023
Sob novo comando, Petrobras enfrenta um velho dilema: definir uma política de preços capaz de atender acionistas e consumidores e evitar alta na inflação
A Petrobras, sob novo comando, enfrenta um velho dilema: definir uma política de preços dos combustíveis capaz de atender acionistas e consumidores e evitar alta na inflação. Com o corte extra da produção decidido pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) no começo de abril – o que força uma subida do barril –, o assunto está, mais uma vez, na berlinda. E acrescido de um tempero extra: a mudança na forma de cobrar o ICMS sobre derivados, que entra em vigor em maio para diesel e gás de cozinha e, em junho, para a gasolina.
Bingemer, do BMA: "Paridade com mercado internacional e margem de risco deverão ser consideras para definir política de preços" — Foto: Foto: Divulgação
Na esteira desse debate, a autossuficiência em derivados de petróleo é uma ideia que vem tomando corpo no governo, defendida, por exemplo, pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. Diretrizes definidas na reunião de março do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) podem dar impulso a essa intenção.
Uma delas é a decisão de ampliar a produção de derivados – seja pela maior utilização da capacidade, seja pelo aumento do parque refinador – e ainda pela da expansão da infraestrutura. Parte desse caminho está sendo indicada pelos dados do Plano Estratégico da Petrobras para o período 2023-2027.
Nele, há US$ 9,2 bilhões reservados para investimentos na área de gás e refino, sendo que boa parte desses recursos será usada para expansão e aumento da qualidade e eficiência de refinarias. O resultado esperado é uma alta de 154 mil barris por dia na capacidade de processamento e conversão e um acréscimo de 300 mil barris diários na produção de diesel S-10.
A tendência no Brasil é de alta na demanda de combustíveis. De acordo com a edição de fevereiro do estudo Perspectivas para o Mercado Brasileiro de Combustíveis no Curto Prazo, da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o crescimento projetado neste ano para as vendas de diesel é de 3,1%. Para a gasolina C, de 2,4%, e para o etanol hidratado, de 2,5%. As vendas de GLP (gás de cozinha) devem aumentar 1,4% e o QAV (querosene de aviação) é destaque, com estimativa de 14% de alta.
A guerra na Ucrânia, lembra o analista de óleo e gás da Tendências Consultoria, Walter De Vitto, mostrou o risco de desabastecimento quando há dependência forte das importações. “A escassez de combustíveis, se severa, pode levar ao colapso da economia. Também há os impactos sobre o saldo comercial do país e a oferta de dólares”, diz. Ele ressalta que atualmente esse não é um problema enfrentado pela economia brasileira. Mas, mesmo assim, acha que o tema merece atenção.
Segundo o especialista, o foco do Brasil não necessariamente precisa ser a busca pela autossuficiência em derivados, apostando, por exemplo, em novas refinarias. “Se houver abundância de oferta, como há alguns anos, importar uma parcela da demanda pode ser vantajoso”, sugere De Vitto.
As unidades da Petrobras operaram abaixo da capacidade no ano passado – o fator de utilização ficou em 88% na média de 2022. O CNPE, na reunião de março, ainda indicou oportunidades de investimentos em modernização e ampliação de refinarias. Elas somam 19 atualmente no Brasil, sendo 13 da Petrobras e seis privadas. Juntas, têm capacidade para processar cerca de 2,4 milhões de barris de petróleo por dia. O CNPE também revogou o processo de desinvestimento de ativos de refino no Brasil.
De Vitto, da Tendencias: "se houver abundância de oferta, importar uma parcela pode ser vantajoso" — Foto: Foto: Divulgação
Os preços da estatal seguem a chamada Paridade de Preços Internacional (PPI), ou seja, atrela seus valores ao mercado global e ao custo de internação dos produtos. O Brasil importou no ano passado cerca de 25% do volume de diesel vendido e aproximadamente 10% da gasolina. Assim, uma alteração na formação dos preços da Petrobras poderia afetar o mercado, hoje aberto à importação por agentes privados.
“Do ponto de vista empresarial e de mercado, a política de preços dos combustíveis da Petrobras não deve se distanciar muito dos parâmetros internacionais, em especial no caso do diesel, já que o Brasil ainda depende da importação de um volume significativo”, observa Marcio Couto, superintendente de pesquisa da FGV Energia.
Dados da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom) indicam que em fevereiro de 2023 foram importados 1.044.089 metros cúbicos de óleo diesel A e 631.775 metros cúbicos de gasolina A. Esses volumes representam uma alta de 86% e 275%, respectivamente, em comparação ao mesmo mês do ano passado.
Para Couto, da FGV Energia, a nova sistemática de cobrança do ICMS deve aliviar o impacto da alta dos combustíveis sobre a inflação. “Isso porque o imposto não irá acompanhar toda e qualquer variação de preços, reduzindo muito a volatilidade e ajudando a economia”, avalia.
Ele explica que, num primeiro momento, pode haver alta nos valores das bombas, mas ao longo do tempo outras elevações da cotação internacional do petróleo “não terão a mesma repercussão de antes, porque agora o imposto é fixo”.
Pela nova regra, o cálculo do ICMS levará em conta um valor fixo por litro e por quilo, em vez de cobrar um percentual sobre o preço médio dos postos. A alíquota será uniforme em todo o país e entra e vigor em maio para diesel e gás de cozinha, o GLP (R$ 0,94), e para a gasolina e álcool anidro (R$1,22), em junho.
Para equacionar anseios dos acionistas da Petrobras, a segurança energética e o interesse nacional – aí incluídos os esforços de controle da inflação –, ressalta o sócio da área de energia do BMA Advogados, Carlos Frederico Bingemer, a paridade com o mercado internacional e a margem de risco deverão ser levadas em consideração para definir a política de preços da estatal. E de uma forma que seja conjugada a uma maior preocupação em evitar choques e volatilidade para o mercado interno.
Na primeira semana de abril, a Petrobras divulgou um comunicado, no qual reafirma seu compromisso com a prática de preços competitivos e em equilíbrio com o mercado nacional. “Ao mesmo tempo que evita o repasse imediato das volatilidades externas e da taxa de câmbio causadas por eventos conjunturais.”
Valor - SP 28/04/2023
Incerteza fiscal e preços administrados mantêm IPCA sob pressão
Felipe Kotinda: Queda em preços aos produtores pode chegar ao consumidor, ainda que não na mesma proporção — Foto: Silvia Zamboni/Valor
O impulso da agropecuária deve trazer importante contribuição ao crescimento da atividade brasileira neste ano, sobretudo no Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre, sem gerar pressões inflacionárias, pelo contrário, dizem economistas. Apesar disso, enquanto as projeções para o PIB geral e agro em 2023 sobem, as previsões para o IPCA também avançam, por causa, principalmente, das incertezas em torno da necessidade de recomposição de receitas para o governo fechar a conta fiscal.
A mediana das projeções do boletim Focus, pesquisa do Banco Central com o mercado, para o crescimento do PIB em 2023 se aproxima de 1%, com o agro crescendo quase 7%. No ano passado, o PIB brasileiro avançou 2,9% apesar da queda de 1,7% do agro, puxada pela quebra de safras importantes em meio a problemas climáticos e à elevação dos custos de produção, principalmente com restrições no mercado de fertilizantes por causa do envolvimento da Rússia na guerra com a Ucrânia.
“Esse cenário bom do agro é, sim, desinflacionário. É o que estamos acompanhando: tem, no cenário de PIB, uma produção boa que pega, principalmente, o primeiro trimestre, e isso acaba ajudando a inflação”, diz Felipe Kotinda, economista do Santander.
No cenário atual do banco, a previsão para a alta do PIB neste ano é de 0,8%, com avanço de 7,6% da agropecuária. “Ajuda bastante o fato de que o Brasil está colhendo uma safra recorde de 155 milhões de toneladas de soja, aumento de 20% em relação ao ano passado”, afirma Kotinda. “Além disso, em 2022, teve um pânico global de que faltaria fertilizante por questões geopolíticas. Em dólares, esses preços já caíram. Isso até estimula o produtor a aumentar a área produtiva, o que também é baixista para a inflação”, acrescenta.
Os índices de preços aos produtores vêm precificando essas quedas, observa Maurício Une, economista-chefe do Rabobank Brasil. O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), calculado pela FGV no âmbito do Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M), recuou 1,45% em abril e, em 12 meses, acumula queda de 4,5%. “Temos a expectativa de que o IGP-M possa ficar ao redor de 4% em 2023. É um sinal de que está ocorrendo normalização das cadeias globais de produção e maior equilíbrio dos choques da pandemia e da guerra na Ucrânia. A dissipação desses choques ajuda a ter a visão de que a agropecuária pode contribuir para esse quadro geral de desinflação”, diz Une.
Nos índices de preços no atacado, soja e milho acumulam quedas, em 12 meses, ao redor de 20%, nota Kotinda. “É um impacto significativo nos preços aos produtores. Isso é propagado e acaba chegando ao consumidor, principalmente pela cadeia da proteína, já que soja e milho são muito usados em ração animal”, diz. Em 12 meses até a prévia de abril, a alimentação no domicílio no IPCA acumula inflação de 5,8%, mas os preços das carnes em geral recuam 4,1%.
Ao mesmo tempo, a exportação brasileira de commodities deve registrar níveis bastante elevados neste ano, principalmente por causa da demanda forte da China. Soma-se a isso o fato de que a Argentina, importante fornecedor de grãos para o mundo, passa por uma situação contrária à do Brasil: sob o efeito do fenômeno natural La Niña, o vizinho deve colher metade da soja do ano passado, segundo Kotinda. “Se a Argentina não vai exportar, naturalmente, quem consome dela vai ter de comprar mais dos Estados Unidos e do Brasil. E a Argentina também é grande exportadora de farelo e óleo de soja e pode comprar o grão do Brasil para processar na sua indústria”, explica o economista.
Apesar do impulso às exportações do agro brasileiro, economistas dizem não ver restrições para a oferta interna, o que poderia barrar a contribuição benigna da agropecuária para a inflação.
“A atividade mais forte advinda do agro é desinflacionária, porque não vemos só preços domésticos caindo. Isso é muito importante”, diz a economista Mirella Hirakawa, da AZ Quest.
“A produção de soja é revisada sucessivamente para cima e é um dos grandes fatores que devem impulsionar o PIB no primeiro trimestre. Nesse sentido, a contribuição desinflacionária vem da soja, que é um dos itens dos quais o Brasil é formador de preços internacionais, mas também de outros em que o país acaba não tendo grande contribuição, como o trigo, cujos preços foram fortemente impactados pela guerra na Ucrânia, mas temos visto alguma acomodação na margem”, afirma Hirakawa.
A partir das curvas internacionais em dólares e “sem nenhuma premissa forte para o câmbio”, Hirakawa diz esperar que o preço da soja caia neste ano, em média, 7%, o do milho, 10%, e o do trigo, 21%. “São diversos fatores ocorrendo simultaneamente e que acabam contribuindo para que a produção interna não tenha pressão de escoamento e diminuição da oferta”, diz Hirakawa.
Kotinda, do Santander, observa ainda que o “estoque de passagem” de grãos de um ano para outro deve ficar acima do estimado como necessário. “No fim, acaba sobrando mais para o mercado doméstico”, afirma.
Entre o início do ano e agora, a expectativa da AZ Quest para o PIB geral em 2023 passou do terreno ligeiramente negativo para um crescimento de 0,5%, enquanto a perspectiva para o PIB agro foi de 2% para 5%. “Nesse período, revisamos mais de 30 pontos-base [0,3 ponto percentual] de inflação para baixo vindo de alimentação e com potencial de ser mais, caso o PIB agro fique mais perto da projeção do Banco Central de 7%”, diz Hirakawa.
Apesar disso, a expectativa da AZ Quest para o IPCA cheio passou de 4,8% para 5,9%, enquanto a mediana do Focus foi de 5,3% para 6%. “Por que o mercado reavaliou a inflação cheia para parâmetros mais altos? Foi tudo excluindo alimentação. A maior parte veio de preços administrados, da recomposição de tributos”, diz Hirakawa, reconhecendo que parte da mudança também ocorreu nas medidas de núcleo, mais ligadas à resiliência da atividade e do consumo.
As expectativas do Santander para inflação em 2023 também subiram na última revisão de cenário do banco, de 5,9% para 6,1%. O câmbio esperado em dezembro de 2023 é de R$ 5,40 por dólar.
“O câmbio está rodando abaixo disso, em grande parte, por questões mais ligadas a fluxo de dólares para o Brasil”, diz Kotinda. Com o dólar a R$ 5,40, o Santander espera, por exemplo, inflação de 2,3% para a alimentação no domicílio. “Se o câmbio se mantivesse [mais próximo do nível atual], seria [um viés] baixista”, diz o economista, ponderando que o cenário ainda é incerto por causa do fiscal.
Para Hirakawa, a apresentação do novo arcabouço pelo governo retirou o que ela chama de “riscos de cauda”. “Elimina parte dos prêmios que traziam um descolamento grande do câmbio em relação ao preço ‘justo’. Ainda não mudamos nossa projeção de câmbio a R$ 5,20/dólar. A dúvida era se teria uma desvalorização para patamares ainda mais altos, mas parece que esse risco diminuiu. Um câmbio um pouco mais fortalecido atribui viés baixista para a inflação, que não contempla R$ 5/dólar”, observa.
O real mais valorizado pode até ajudar a inflação no curto prazo, diz Une, do Rabobank. “Mas a gente ainda tem a perspectiva de que o dólar possa ficar mais próximo de R$ 5,30 ao longo do segundo semestre, que será mais desafiador”, afirma.
Um risco para o repasse da melhores dos preços no atacado ao varejo, reconhece Kotinda, é que a alta para o produtor nos últimos anos foi tão forte que ele pode querer aproveitar o “espaço” para recompor margens. “Preços no atacado e no varejo não desacelerariam na mesma proporção”, diz.
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