Investing - SP 27/09/2023
A indústria siderúrgica brasileira cobrou nesta terça-feira do governo federal medidas de proteção contra o que vem chamando de "inundação" de aço chinês, e defendeu a criação de uma alíquota temporária de imposto de importação de 25% sobre o material.
"Isso é uma emergência que está recaindo sobre um setor que investe e não pode continuar a ficar vulnerável", disse o presidente-executivo do Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes, a jornalistas.
Mais cedo, o presidente do conselho da entidade e presidente da ArcelorMittal Brasil, Jefferson De Paula, afirmou que o setor siderúrgico brasileiro está operando com um nível de ociosidade de 40%.
As importações de aço pelo Brasil de janeiro ao final de agosto cresceram 49,5% sobre um ano antes, para 3,18 milhões de toneladas, com China e Rússia entre as principais origens, segundo dados da entidade. Apenas em agosto, as importações de aço pelo Brasil atingiram o maior patamar desde julho de 2021, a 495,7 mil toneladas, avanço de 55,6% sobre o mesmo período de 2022, afirmou o Aço Brasil na semana passada.
A expectativa da entidade para as vendas de aço no Brasil é de queda de 6% este ano e a projeção para a produção é de recuo de 5%.
"Se continuar entrando nesse nível (importações de aço), certamente muitas siderúrgicas vão ter de parar planta... Isso gera desemprego... e isso para os investimentos", disse De Paula.
O executivo afirmou mais cedo durante congresso do Aço Brasil que o setor programa investimentos de cerca de 63 bilhões de reais para os próximos quatro anos.
Há uma semana, o governo federal anunciou que decidiu antecipar para 1º de outubro o fim da redução de 10% da tarifa de importação de 12 produtos de aço que começou a vigorar em 2022 e estava prevista para ser revertida em 31 de dezembro.
Mas, segundo Lopes, a medida, que vinha sendo cobrada pelo setor desde pelo menos o início do ano, "não é mais suficiente" e atualmente é "inócua".
Também na semana passada, o presidente da entidade representativa dos distribuidores de aços planos, Inda, Carlos Loureiro afirmou que as importações de aço em setembro provavelmente serão iguais ou maiores que as de agosto. Segundo ele, a principal entrada de aço importado no Brasil, o porto de São Francisco do Sul (SC), tem cerca de 300 mil toneladas de aço plano aguardando nacionalização e ainda há "muito material chegando".
AMEAÇA?
Presente de forma online no congresso, o presidente-executivo da ArcelorMittal, Aditya Mittal, citou que os países devem "garantir um comércio justo", mas que o risco representado pelas exportações da China nos próximos anos "é menor do que há 10 anos".
Segundo o executivo, isso ocorre diante da forte ênfase da China em controlar suas emissões de poluentes, o que deve ajudar a limitar o crescimento de capacidade de produção de aço do país. Mittal comentou ainda que o governo da China "não está necessariamente apoiando as exportações" de aço do país, e citou ainda as inúmeras ações comerciais contra o país asiático nos últimos anos que também têm limitado as exportações chinesas da liga.
"Não vejo a China como um problema tão grave quanto há 10 anos", afirmou Mittal.
O executivo afirmou também que a demanda por aço no mundo deve crescer para 2,5 bilhões de toneladas até 2050, ante 1,9 bilhão de toneladas atualmente.
Além das críticas contra o nível de importações brasileiras de aço, De Paula, presidente do conselho do Aço Brasil, disse que o atual nível de juros é um fator restritivo ao consumo da liga no país.
"Os juros são hoje o principal impeditivo para o crescimento deste país de forma sustentável", disse De Paula.
Valor - SP 27/09/2023
Projeto em tramitação no Senado desafia o setor de siderurgia antes mesmo de virar norma
Principal emissor no ramo da indústria, o setor siderúrgico contribui com o agravamento das mudanças climáticas. De acordo com dados da plataforma SEEG (Sistema de Estimativa de Emissões de Gases), as emissões de CO² na produção de ferro-gusa e aço aumentaram mais de seis vezes nos últimos 50 anos. Em 2020, atingiu 38,8 milhões de toneladas de CO² - cerca de 5% das emissões totais do país. Pesquisadores que monitoram o setor contam que as usinas já ajustaram vários processos para reduzir emissões, mas lembram que descarbonizar é uma tarefa permanente.
O projeto de lei de regulamentação do Mercado Brasileiro de Regulação de Emissões (MBRE), previsto na Política Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC) e em tramitação no Senado, desafia o setor mesmo antes de virar norma. “Siderurgia e cimento são os segmentos que mais terão que suar para se adequar. O mercado vai ter que apresentar um plano. Onde não conseguir mitigar, vai ter que compensar com créditos”, prevê Luiz Firmino, professor do Centro de Estudos em Regulação e Infraestrutura (CERI), da FGV, que defende que a lei irá garantir mais clareza sobre as contribuições do país ao Acordo de Paris.
Para o pesquisador, a siderurgia tem deveres de casa a fazer. “Ajustar processos ainda mais, considerar o uso de carvão vegetal de florestas plantadas, tecnologias de sequestro e captura de carbono e apostar no hidrogênio são soluções que devem considerar. Por outro lado, a pressão sobre a siderurgia pode ser menor se o país conseguir fazer um manejo mais qualificado do solo, como melhores práticas agropecuárias, ajustando os cálculos. Dá para equilibrar essa conta”, coloca. O hidrogênio verde, combustível livre de carbono, está sendo testado como substituto do gás natural. Até então, testes feitos por siderúrgicas no exterior apresentaram resultados promissores.
O físico Shigueo Watanabe, pesquisador do Instituto Talanoa, acompanha o tema desde que o país instituiu a PNMC, em 2009. Para ele, siderurgia e cimento não gozam de muita margem para a transição. “Tratam-se de indústrias difíceis de reduzir a emissão. Nas reações do alto-forno, por exemplo, todo o carbono que restava da fundição ia para a atmosfera. Então, foram feitos muitos investimentos, sobretudo na coqueria, para reaproveitamento do CO² e monóxido de carbono. Em termos de processos, não tem muito mais onde mexer”, conta. “A siderurgia está em compasso de espera para ver como o hidrogênio vai avançar. Acho que o setor será o primeiro a entrar no mercado de carbono, comprando créditos. Durante algum tempo irão compensar”, acrescenta.
O projeto de lei do MBRE tramita na Comissão do Meio Ambiente do Senado. Se aprovado, deve seguir para a Câmara em breve, já que é terminativo (sem necessidade de votação no plenário). Para Watanabe, a proposta de regulação é a melhor dos últimos 15 anos. O substitutivo reúne contribuições da Comissão de Assuntos Econômicos, também do Senado, anexa outros projetos que tramitavam em conjunto e sugestões de entidades da sociedade civil feitas durante audiências públicas. “Há anos de discussão embutidos ali”, comenta o pesquisador. A minuta faz parte do ‘Plano de Transformação Ecológica’, lançado em agosto, que inclui captação de recursos no exterior para emissão de títulos verdes. O plano pretende unificar os Ministérios da Fazenda e Meio Ambiente em prol do desenvolvimento sustentável e mitigação dos efeitos das mudanças climáticas.
O professor-adjunto do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (COPPE), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Ismael Flores, confirma que não existem soluções prontas para a descarbonização do segmento. Ele percebe, porém, tendência de substituição de insumos tradicionais, como o carvão mineral, por materiais verdes como saída no longo prazo. “Para 2050, quando o país tem o compromisso de chegar a carbono zero, há possibilidade que as rotas de fabricação mudem. O Brasil tem uma vantagem no uso do carvão vegetal, da biomassa de eucalipto, para produção do gusa. Já temos a primeira usina carbono neutro do mundo, no Maranhão”, lembra.
Para ele, a regulação do MBRE é bem-vinda. “As regras irão nivelar o jogo. Nosso parque siderúrgico é grande e o cenário climático de curto prazo não é favorável. Podemos ser beneficiados com a regulamentação”, afirma. O projeto de lei, baseado no modelo europeu “cap and trade”, estabelece permissões para as emissões, com cotas-limite. A prioridade será sobre segmentos intensivos que emitam mais de 25 mil toneladas ao ano. As empresas excedentes em emissão poderão comprar permissões de outras que, eventualmente, tenham sobras por emitir menos que o autorizado. A cada ano, no entanto, o total de licenças é reduzido para garantir queda nas emissões.
Valor - SP 27/09/2023
Os comentários de Mittal surgem num momento que a indústria está preocupada com a possibilidade de as fábricas chinesas inundarem o mercado global já que a procura interna permaneceu moderada
As siderúrgicas globais finalmente começarão a ver algum alívio na enxurrada de exportações chinesas que têm inundado o mercado e pressionado outros fornecedores.
Isso é de acordo com Aditya Mittal, CEO da ArcelorMittal SA, a segunda maior siderúrgica do mundo. Ele vê que os mandatos do governo chinês para cortes na produção ajudam a reduzir as exportações do país durante os próximos cinco a 10 anos. Ele também citou requisitos para aprovações do governo local antes da construção de novas instalações siderúrgicas no país, bem como ações comerciais da Europa e dos EUA contra o país asiático.
Quando se trata das exportações de aço chinesas, “não espero que a pressão aumente dramaticamente devido às limitações que foram impostas à capacidade chinesa”, disse ele durante uma palestra virtual na conferência anual do aço do Brasil. “No entanto, como indústria, temos que trabalhar para identificar se há surtos e determinadas gamas de produtos e o que podemos fazer para combater isso.”
A decisão da China de restringir a produção de aço marca o fim de uma era para a indústria, após anos de crescimento vertiginoso, durante os quais as exportações do país pressionaram os produtores ocidentais. A ArcelorMittal perdeu a coroa de maior usina do mundo para a estatal China Baowu Steel Group Corp. em 2020, depois de ser forçada a fechar algumas de suas capacidades de custo mais elevado.
Os comentários de Mittal surgem num momento que a indústria está particularmente preocupada com a possibilidade de as fábricas chinesas inundarem o mercado global este ano porque a procura interna permaneceu moderada. A maior economia da Ásia tem lutado para se recuperar após um ano de confinamentos para conter o coronavírus, e Pequim tem estado relutante em responder com estímulos em grande escala.
Mittal disse que está “muito otimista” quanto às perspectivas para a indústria, mesmo que o fornecimento da China continue a ser uma preocupação para os concorrentes.
Os EUA cobraram direitos sobre alguns produtos siderúrgicos chineses. As autoridades americanas também têm conversado com os seus homólogos europeus sobre como medir e combater o excesso de oferta de países como a China. No Brasil, a associação de produtores locais Aço Brasil solicitou recentemente ao governo que aumentasse as taxas de imposto de importação para 25%, numa medida para proteger a indústria de uma abundância de embarques.
Outros desafios da indústria incluem garantir a segurança das operações siderúrgicas, melhorar a diversidade e atrair novos talentos, além da necessidade de reduzir a pegada de carbono do setor, disse Mittal. A indústria siderúrgica é responsável por cerca de 7% das emissões globais de carbono.
“Sabemos como fazê-lo – é uma questão de custo”, disse Mittal, referindo-se à redução das emissões. “Não se trata de duplicar o preço – trata-se de aumentar o custo do aço em 20% a 30%.”
IstoÉ Dinheiro - SP 27/09/2023
A Fitch reafirmou o rating da Usiminas em BB, com perspectiva estável. Segundo comunicado da agência, a avaliação reflete os níveis baixos da dívida da empresa, em termos absolutos e relativos, seu perfil de amortização de dívida gerenciável, e também considera a transição da melhora operacional de suas operações de aço no Brasil.
Em suas projeções, a Fitch espera Ebitda médio de R$ 2,5 bilhões, com dívida total de R$ 6,2 bilhões, o que representa uma alavancagem bruta de 2,4 vezes nos próximos três anos. Para a agência, há um realinhamento operacional em andamento na empresa, mas o mercado local fraco, pressões inflacionárias e necessidades de capital maiores devem pressionar seu desempenho no curto prazo. Já a eficiência de energia e o fim de gargalos podem permitir um aumento na capacidade utilizada. O ambiente para o aço enfraquece no Brasil, mas a reabertura chinesa puxou para cima preços do minério de ferro, aponta ainda.
A Fitch destaca também o fato de que a Usiminas tem mantido alavancagem bastante baixa.
Diário do Comércio - MG 27/09/2023
A substancial elevação do nível de importação de aço no Brasil pode resultar na paralisação das siderúrgicas, bem como na postergação dos aportes previstos para os próximos anos. Somente em agosto de 2023, o País importou 496 mil toneladas de aço, o maior volume desde julho de 2021 e um patamar bem acima da média dos últimos dez exercícios, de 250 mil toneladas. Para o corrente ano, frente a 2022, a previsão é de uma alta de 40% na quantidade de importados. Os temas foram debatidos ontem no primeiro dia da 33ª edição do Congresso Aço Brasil, em São Paulo.
De acordo com o presidente do Conselho Diretor do Instituto Aço Brasil, Jefferson de Paula, se nada for feito para que esse cenário se altere, certamente, até o fim deste ano, várias usinas de aço terão que paralisar as atividades, gerando, inclusive, desemprego no País. Outra consequência da manutenção da situação, segundo ele, será o adiamento dos investimentos já programados pelas companhias, cuja estimativa atual indica mais de R$ 63 bilhões nos próximos quatro anos.
Para combater a invasão de aço no Brasil, o dirigente, que ainda é presidente da ArcelorMittal Brasil e CEO da ArcelorMittal Aços Longos e Mineração Latam, disse que o setor tem conversas com o governo federal para que se crie uma proteção à indústria nacional. O produto importado, majoritariamente, provém da China, mas grande parte chega da Rússia. Os dois países são acusados de práticas alusivas ao comércio predatório ao subsidiar os preços dos produtos.
Conforme Paula, foi solicitado que a tarifa de importação do aço seja de 25%, percentual adotado pelos Estados Unidos, México e países da Europa. A alíquota atual praticada pelo Brasil está na casa dos 9,6%, salvo algumas exceções. De acordo com o executivo, as tratativas estão em andamento, reuniões foram realizadas e o governo se mostrou aberto e sensível à discussão.
Investimentos em infraestrutura, juros baixos e disponibilidade de crédito são soluções para o setor
Além da medida vista como efetiva para barrar a importação de aço, o presidente do Conselho Diretor do Instituto Aço Brasil elencou as soluções, a longo prazo, para que o setor volte a crescer e mantenha os aportes previstos no País. Vale ressaltar que a previsão para este ano é de uma queda de 6% nas vendas brasileiras. Na avaliação do dirigente, investimentos em infraestrutura, juros baixos e disponibilidade de crédito são as soluções para as siderúrgicas brasileiras.
“O que mais consome aço são máquinas e equipamentos, setor automobilístico e construção civil. Esses três segmentos, principalmente, têm que crescer e, para isso, é muito importante investimento em infraestrutura e juros baixos. O governo está no caminho certo, já baixou um ponto percentual, mas ainda temos uma taxa de juro real muito alta, de quase 8%. Isso não existe em nenhum outro país”, salientou Paula em entrevista coletiva no Congresso Aço Brasil 2023.
Ainda de acordo com ele, se os juros permanecem em queda, os bancos disponibilizem crédito e o governo tenha um plano de infraestrutura robusto e que, de fato, funcione, o Produto Interno Bruto (PIB) deverá subir, em média, 4,5% ao ano e o consumo de aço em torno de 5% a 6%.
Temáticas foram amplamente debatidas no 1º dia da 33ª edição do Congresso Aço Brasil
As dificuldades do setor do aço brasileiro e as políticas comerciais de outros países foram amplamente discutidos no primeiro dia da 33ª edição do Congresso Aço Brasil. O evento, que teve início nessa terça-feira (26), em São Paulo, e termina hoje (27), reúne os principais stakeholders da indústria siderúrgica, além de especialistas e lideranças do cenário econômico e empresarial.
Palestras sobre o cenário atual e as perspectivas da geopolítica do aço, assim como a inserção do Brasil na nova ordem econômica mundial e a recuperação da competitividade sistêmica da indústria foram temas de destaque no encontro. Cerca de 500 pessoas participaram presencialmente e 200 on-line. Nessa quarta-feira (27), um painel com os CEOs das principais siderúrgicas do País discutirá as tendências e desafios do setor siderúrgico brasileiro.
CEO da ArcelorMittal lista desafios da indústria global de aço
De forma remota, o CEO da ArcelorMittal, Aditya Mittal, participou da Conferência Magna do Congresso Aço Brasil 2023. Em uma conversa moderada por Jefferson de Paula, o executivo listou os principais desafios da indústria global de aço. Abordou ainda a preocupação do setor com a China e disse acreditar que os próximos anos serão promissores para a atividade. Por fim, detalhou o plano de investimento da empresa no País, de US$ 5 bilhões nos próximos três anos.
Conforme Mittal, os três maiores desafios para as siderúrgicas mundiais estão relacionados com a segurança das operações, a atração de talentos e o processo de descarbonização das empresas. Na opinião dele, é preciso certificar que, cada vez mais, as plantas do setor operam de modo seguro, bem como demonstrar que esse ambiente protegido existe para conseguir atrair pessoas para a indústria, além de entender como as companhias vão neutralizar as emissões de carbono.
“Quando eu olho para os grandes desafios, em uma base de longo prazo, é termos certeza de que tenhamos as plantas mais seguras e, como indústria, atraiamos os melhores talentos e demonstremos como podemos desempenhar o nosso papel para salvar o planeta. Esses são os maiores desafios e tenho certeza que todos nós estamos conectados e vamos ser bem sucedidos”, disse, citando ainda o que a ArcellorMittal tem feito em termos de ações sustentáveis.
Com relação à concorrência chinesa, o dirigente afirmou ser uma questão crítica para todos e que é preciso criar mecanismos de proteção. Ele ressaltou, porém, que não vê os chineses como um problema tão grave quanto foi em 2015. Para o CEO, a tendência é que a indústria do aço tenha mais oferta e demanda nos próximos dez anos em comparação ao mesmo período anterior.
O Estado de S.Paulo - SP 27/09/2023
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central afirmou, na Ata da reunião realizada na última semana, que é “pouco provável” uma intensificação do ritmo de cortes da taxa Selic, considerando o atual passo de queda de 0,50 ponto porcentual. Além disso, reforçou a necessidade de manter a política monetária ainda contracionista pelo “horizonte relevante”, até que se consolide a convergência da inflação para a meta e a ancoragem de expectativas. Na semana passada, o Copom reduziu a Selic pela segunda vez consecutiva, de 13,25% para 12,75% ao ano.
“Com relação aos próximos passos, os membros do Comitê concordaram unanimemente com a expectativa de cortes de 0,50 ponto percentual nas próximas reuniões e avaliaram que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”, disse o Copom, na ata divulgada nesta terça-feira, 26. “O Comitê julga como pouco provável uma intensificação adicional do ritmo de ajustes, já que isso exigiria surpresas positivas substanciais que elevassem ainda mais a confiança na dinâmica desinflacionária prospectiva”, disse o BC, repetindo o que já havia sido dito na ata de agosto.
Nesse contexto, o colegiado reafirmou as condições que indicariam uma maior confiança nesse processo, como “uma reancoragem bem mais sólida das expectativas, uma abertura contundente do hiato do produto (o espaço que o PIB tem para se expandir sem que estimule uma inflação de demanda) ou uma dinâmica substancialmente mais benigna do que a esperada da inflação de serviços”.
Segundo o comitê, o ritmo de 0,50 ponto porcentual “conjuga o firme compromisso com a reancoragem de expectativas e a dinâmica desinflacionária e o ajuste no nível de aperto monetário em termos reais diante da dinâmica mais benigna da inflação antecipada nas projeções do cenário de referência”.
Antes da reunião do Copom da semana passada, uma parte do mercado - 12 de 69 instituições ouvidas pelo Projeções Broadcast - acreditava que poderia haver pelo menos um corte de 0,75 ponto na Selic em uma das próximas reuniões do Copom deste ano. Serão mais duas até dezembro.
Tamanho do ciclo de queda
O Copom ainda considerou que o cenário econômico inspira cautela. “Não há evidência de que esteja em curso um aperto além do que seria necessário para a convergência da inflação para a meta e que o cenário ainda inspira cautela, reforçando a visão de serenidade e moderação que o Comitê tem expressado.”
Em relação à extensão do ciclo de afrouxamento monetário, o Copom também reforçou a necessidade de manter uma política monetária “ainda” contracionista pelo horizonte relevante. O colegiado repetiu que o tamanho do ciclo ao longo do tempo vai depender da evolução da dinâmica inflacionária, em especial dos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação, em particular as de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos.
“O Comitê mantém seu firme compromisso com a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante e reforça que a extensão do ciclo refletirá o mandato legal do Banco Central.”
Expectativa de inflação maior
De acordo com o Copom, o aumento de suas projeções oficiais de inflação na reunião deste mês teve como causas principais um hiato do produto mais apertado e a alteração de condições como preço do petróleo, depreciação cambial e redução da trajetória da taxa Selic no Boletim Focus.
As projeções oficiais do BC subiram em todos os anos considerados. No horizonte relevante (ou seja, o período levado mais em conta na hora de decidir o rumo dos juros), houve alta de 3,4% para 3,5% para 2024, principal foco da política monetária, e de 3% para 3,1% para 2025, que tem peso minoritário nas decisões. O centro da meta para os dois anos é de 3%.
Na ata, o BC também mostrou que houve divergências entre os membros do Copom na evolução do cenário. O documento destacou que as expectativas de inflação seguem acima da meta e se mantiveram relativamente estáveis recentemente - para 2025 e 2026, o boletim Focus mostra a mediana parada em 3,5% há semanas. Segundo a ata, alguns membros do Copom “se mostraram particularmente preocupados com a possibilidade de metas desancoradas por um período longo”.
Em relação ao processo desinflacionário, o documento destacou que segue em curso, com a inflação de serviços desacelerando na margem. Nesse ponto, parte dos membros teve uma visão mais positiva e o restante ainda se mostrou cauteloso. “Alguns membros enfatizaram em particular a composição benigna recente da inflação e a queda na inflação de serviços, enquanto outros enfatizaram que os fundamentos subjacentes para a dinâmica da inflação de serviços, em particular a resiliência da atividade econômica e do mercado de trabalho, ainda não permitem extrapolar com convicção o comportamento benigno recente.”
Quanto ao hiato do produto, conforme antecipado pela diretora de Assuntos Internacionais, Fernanda Guardado, em evento recente, o Copom considerou que houve um aperto na margem, em função da “maior resiliência da atividade econômica”. O colegiado ainda informou que foram avaliadas as implicações de formas alternativas de mensuração do hiato do produto e seus respectivos impactos nas projeções.
Agência Brasil - DF 27/09/2023
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) mostrou preocupação com as incertezas nos mercados e as expectativas de inflação acima da meta. São fatores que impactam a decisão do BC sobre a taxa básica de juros, a Selic.
Para os membros do colegiado, em reunião na semana passada, entre as razões estaria a preocupação de agentes financeiros com a política fiscal de equilíbrio das contas públicas do país.
“As expectativas de inflação, após apresentarem reancoragem parcial, seguem sendo um fator de preocupação”, diz a ata da reunião, divulgada nesta terça-feira (26) pelo BC, em Brasília.
“Entre as possibilidades que justificariam observarmos expectativas de inflação acima da meta estariam as preocupações no âmbito fiscal, receios com a desinflação global e a possível percepção, por parte de analistas, de que o Copom, ao longo do tempo, poderia se tornar mais leniente no combate à inflação”, explica o documento.
Para o BC, a redução das expectativas virá por meio de “uma atuação firme, em consonância com o objetivo de fortalecer a credibilidade e a reputação tanto das instituições como dos arcabouços econômicos”.
O Copom avalia que, parte da incerteza observada nos mercados, com reflexo nas expectativas de inflação, estava anteriormente mais em torno do desenho final do arcabouço fiscal e atualmente se refere mais à execução das medidas de receita e despesas compatíveis com o arcabouço e o atingimento das metas fiscais.
No projeto do Orçamento de 2024, o governo federal prevê zerar o déficit primário nas contas públicas, conforme estabelece o novo arcabouço fiscal. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já manifestou que o cumprimento dessa meta é um desafio, que depende do aumento da arrecadação.
“Tendo em conta a importância da execução das metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política monetária, o Comitê reforça a importância da firme persecução dessas metas”, reforçou o colegiado do Banco Central, em ata.
Inflação
Na semana passada, o Copom decidiu reduzir a taxa Selic, de 13,25% ao ano para 12,75% ao ano. O comportamento dos preços fez o BC cortar os juros pela segunda vez no semestre, em um ciclo que deve seguir com cortes de 0,5 ponto percentual nas próximas reuniões. Após sucessivas quedas no fim do primeiro semestre, a inflação voltou a subir na segunda metade do ano, mas essa alta era esperada por economistas.
A taxa Selic é o principal instrumento de BC para alcançar a meta de inflação, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
“A inflação ao consumidor segue com uma dinâmica corrente mais benigna, exibindo desaceleração tanto na inflação de serviços, quanto nos núcleos de inflação. Os indicadores que agregam os componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária, que possuem maior inércia inflacionária, apresentaram menor inflação, mas mantêm-se acima da meta”, informou o BC.
Dessa forma, o Copom reforçou a necessidade de se manter uma política monetária ainda contracionista para que se consolide a convergência da inflação para a meta em 2024 e 2025 e a ancoragem das expectativas. A meta definida pelo Conselho Monetário Nacional para os próximos dois anos é de 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é 1,75% e o superior 4,75%.
Na ocasião do Copom, as expectativas de inflação para 2023, 2024 e 2025 estavam em torno de 4,9%, 3,9% e 3,5%, respectivamente. Os dados são do boletim Focus, pesquisa divulgada semanalmente pelo BC com a projeção de analistas do mercado para os principais indicadores econômicos.
Para 2023, já é previsto o estouro da meta, que é de 3,25%, com o mesmo intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual.
Em agosto - influenciado pelo aumento do custo da energia elétrica - o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) - considerada a inflação oficial do país - foi de 0,23%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O índice é superior ao registrado em agosto do ano passado, quando houve deflação (queda de preços) de 0,36%. O IPCA acumula taxa de 3,23% no ano. Em 12 meses, a inflação acumulada é de 4,61%.
Juros neutros
Em sua ata, o Comitê de Política Monetária do BC também apontou preocupação com a possibilidade de elevação da taxa de juros neutra.
“O esmorecimento no esforço de reformas estruturais, o aumento de crédito direcionado e as incertezas sobre a estabilização da dívida pública têm o potencial de elevar a taxa de juros neutra da economia, com impactos deletérios sobre a potência da política monetária e, consequentemente, sobre o custo de desinflação em termos de atividade”, afirmou.
A taxa neutra é aquela que nem estimula, nem desestimula a economia, ou seja, é a taxa de juros real consistente para manter o nível de atividade econômica, com o fomento ao pleno emprego e a inflação na meta.
Quando o BC quer conter a demanda aquecida e frear a inflação, ele aumenta a taxa básica de juros para uma posição acima do juro neutro. Já para incentivar a produção e o consumo, o Copom diminui a Selic. Em caso de economia estável, com a inflação no centro da meta, a Selic tende a ficar próxima da taxa neutra. Então, quanto maior for o juro neutro, maior será a Selic.
De acordo com o último Relatório de Inflação do BC, a média da taxa de juros real neutra está em 4,8%, com intervalo entre 4,5% e 5%.
Projeções e riscos
Com relação aos próximos passos da política de juros, os membros do Copom concordaram, por unanimidade, que a expectativa de cortes de 0,50 ponto percentual na Selic nas próximas reuniões é o ritmo apropriado “para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”. No mesmo sentido, o BC afirmou, na ata, que é pouco provável que haja cortes maiores.
José Cruz/Agência Brasil/Arquivo
“Avaliou-se, ainda, que não há evidência de que esteja em curso um aperto além do que seria necessário para a convergência da inflação para a meta e que o cenário ainda inspira cautela, reforçando a visão de serenidade e moderação que o Comitê tem expressado. O Comitê julga como pouco provável uma intensificação adicional do ritmo de ajustes, já que isso exigiria surpresas positivas substanciais que elevassem ainda mais a confiança na dinâmica desinflacionária prospectiva”, diz a ata.
“Enfatizou-se que a extensão do ciclo ao longo do tempo dependerá da evolução da dinâmica inflacionária, em especial dos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação, em particular as de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto [capacidade ociosa da economia] e do balanço de riscos [para a inflação futura]”, acrescentou o BC.
As projeções de inflação do Copom são de 5% para 2023, acima do teto da meta, 3,5% para 2024 e 3,1 para 2025. Para fazer essas estimativas, o Banco Central adotou a hipótese de bandeira tarifária “verde” em dezembro desses três anos, além de taxa de câmbio partindo de R$ 4,9 e preço do petróleo seguindo a curva de alta pelos próximos seis meses e aumentando 2% ao ano posteriormente.
Em ata, o Copom ressaltou que, em seus cenários para a inflação, permanecem fatores de risco em ambas as direções. Entre os riscos de alta para o cenário inflacionário e as expectativas de inflação, destacam-se uma maior persistência das pressões inflacionárias globais e uma maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais apertado.
Entre os riscos de baixa de inflação estão uma desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que a projetada e os impactos do aperto monetário sincronizado sobre a desinflação global se mostrarem mais fortes do que o esperado.
“A conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento e por expectativas de inflação com reancoragem parcial, demanda serenidade e moderação na condução da política monetária”, informou o BC.
Atividade econômica
O Copom ainda avaliou um conjunto de indicadores recentes que indica “maior resiliência da atividade econômica”. Superando as projeções, no segundo trimestre do ano a economia brasileira cresceu 0,9%, na comparação com os primeiros três meses de 2023, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. Em relação ao segundo trimestre do ano passado, a economia brasileira avançou 3,4%.
O Produto Interno Bruto (PIB - a soma dos bens e serviços produzidos no país) acumula alta de 3,2% no período de 12 meses. No semestre, a alta acumulada foi de 3,7%.
Segundo o BC, nos indicadores setoriais, observou-se alguma desaceleração no setor de comércio, moderada reaceleração na indústria e estabilidade do crescimento no setor de serviços, após ritmo mais forte nos trimestres anteriores. “O mercado de trabalho segue resiliente, mas com alguma moderação na margem”, explicou.
Entre os fatores para o crescimento mais resiliente nos últimos trimestres, o Copom citou que a “pujança do setor agropecuário” tenha tido efeitos indiretos sobre outros setores na economia, “o que é corroborado nos dados, mas não justifica toda a magnitude da surpresa”.
“Outra possibilidade é que a elevação de renda disponível, seja em função do dinamismo do mercado de trabalho, da queda de preços de alimentos ou de programas de transferência de renda, também tenha fornecido algum suporte para o consumo. O Comitê se deteve sobre esse tema, identificado como muito relevante, e destacou que a conjectura de um crescimento sustentado pela elevação da renda é corroborada pela resiliência no consumo de serviços das famílias. Ademais, discutiu-se, consequentemente, o possível impacto que poderia ocorrer sobre a dinâmica da inflação de serviços em caso de um crescimento sustentado pela renda e pelo consumo”, explica a ata.
O Estado de S.Paulo - SP 27/09/2023
O economista americano Paul Krugman, vencedor do Prêmio Nobel de Economia em 2008, disse nesta terça-feira, 26, que o fato de a inflação nas economias globais ter desacelerado sem causar recessões dificulta a redução dos juros. Segundo ele, este cenário deixa as autoridades monetárias com medo de causar um superaquecimento da economia, e portanto da inflação, caso cortem os juros no curto prazo.
“A economia tem sido muito resiliente diante da alta dos juros. É bom saber que não vimos uma recessão até agora”, disse, durante participação na Fides 2023, evento internacional do mercado de seguros que acontece no Rio de Janeiro. “Os reguladores podem comemorar, mas o fato de que as economias não desaceleraram faz com que tenham medo de reduzir juros, porque a economia pode superaquecer, então se fala em manter os juros mais altos por mais tempo, ou então para sempre.”
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Segundo ele, é “surreal” o fato de que o aperto monetário global não levou a recessões nas maiores economias do mundo. Krugman afirmou que provavelmente a inflação de fato era transitória, embora mais duradoura do que se esperaria.
Na visão do Nobel de Economia, preços de alimentos e de energia não são as melhores medidas da alta de preços no período pós-pandemia, porque são mais voláteis. De acordo com ele, isso faz com que os países comecem a buscar novas leituras sobre os índices inflacionários.
“A maior parte dos países agora também calcula algum tipo de núcleo inflacionário, o que ajuda a extrair um sinal dos ruídos”, disse.
Estabilidade financeira no foco
Krugman disse também que a principal preocupação econômica ao redor do mundo está mudando da alta da inflação para a estabilidade financeira. De acordo com ele, as economias têm lidado melhor que o esperado com a alta dos preços, o que reduz preocupações vistas no início deste ano.
“Estamos em uma fase em que algumas das maiores preocupações que tivemos no começo do ano estão recuando, mas talvez algumas novas preocupações estejam chegando. Estamos mudando de um mundo em que a inflação é a principal preocupação para um mundo em que a estabilidade financeira se torna uma grande preocupação”, disse.
Para o economista, boa parte dos debates econômicos no começo do ano girava em torno do custo que as economias teriam para controlar a inflação. Krugman disse que o combate à inflação nos Estados Unidos e na Europa na década de 1980 trazia temores sobre o impacto da alta dos juros sobre a atividade. “Controlar a inflação era uma proposição custosa, e havia temores de que houvesse uma repetição dessa experiência [dos anos 1980]”, disse ele.
O economista afirmou que estava errado ao estimar a inflação que a pandemia da covid-19 provocaria no mundo todo. Segundo ele, ao longo da emergência sanitária, a capacidade produtiva das economias foi reduzida, mas os programas de auxílio dos governos mundo afora mantiveram a capacidade de consumo das famílias - um cenário que gerou inflação.
Elevar juros era a única opção
Na avaliação dele, os bancos centrais do Brasil, dos Estados Unidos e da zona do euro não tinham outra opção no período pós-pandemia se não elevar as taxas de juros. Segundo ele, guardadas as devidas diferenças, o cenário visto no Brasil não é tão diferente do que se viu nas outras duas economias.
“Não acho que esses bancos centrais (do Brasil, dos EUA e da UE) tinham outra opção que não elevar os juros”, disse. Krugman afirmou que o cenário visto após a reabertura das economias não era de superaquecimento, mas que os BCs tiveram de apertar a política monetária para evitar que esse risco se concretizasse.
O economista afirmou que não comentaria de forma mais específica sobre o caso do Brasil, por conhecer pouco das especificidades do atual cenário econômico brasileiro. De modo geral, segundo ele, os juros poderiam ser mais baixos nas principais economias do mundo se as políticas fiscais estivessem menos expansionistas. “Os Estados Unidos estão gerando gigantescos déficits fiscais”, disse ele, em um exemplo.
Krugman afirmou ainda que os juros mais altos por mais tempo trazem riscos à estabilidade financeira global, por dois motivos. O primeiro é o fato de que as instituições financeiras detêm uma série de títulos públicos, que perdem valor de face com a alta dos juros. O segundo é a própria dívida pública, que está alta na maioria dos países. “Se os juros ficam mais altos por mais tempo, esses fatores se tornam uma preocupação.”
Mudanças climáticas
Para o economista, os riscos trazidos pelas mudanças climáticas começam a aparecer no presente. Segundo ele, a tecnologia pode ajudar a evitar perdas maiores, mas o mundo corre contra o tempo para controlar os efeitos da crise do clima. “A mudança climática não é mais uma fonte hipotética de preocupação, os desastres estão acontecendo no presente”, disse.
Krugman afirmou que a tecnologia é aliada da humanidade no combate às mudanças climáticas, o que é uma boa notícia. Segundo ele, os benefícios estão na capacidade de prever eventos e os efeitos da própria mudança climática. Entretanto, essa ajuda não significa que os efeitos não existirão. “A questão é se vamos fazer o suficiente a tempo”, disse ele.
IstoÉ Dinheiro - SP 27/09/2023
Presidente da distrital do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) em Minneapolis, Neel Kashkari estima 60% de chance o BC norte-americano alcançar um ‘pouso suave’ após mais uma elevação potencial de 25 pontos-base nos juros e manutenção das taxas por tempo suficiente para levar inflação à meta de 2% ao ano. Kashkari tem direito a voto nas reuniões de política monetária do Fed deste ano.
“Fizemos progresso substancial na redução da inflação enquanto se manteve um mercado de trabalho saudável”, afirmou ele em artigo publicado no site do Fed.
Em contrapartida, Kashkari calcula 40% de probabilidade de a inflação subjacente se mostrar mais entrincheirada que o esperado, chegando a 3% em vez de 2%. Nessa situação hipotética, o dirigente disse que o Fed elevaria ainda mais as taxas, “potencialmente indo significativamente mais alto para empurrar a inflação à meta”.
“O argumento que sustenta esse cenário é que a maior parte dos ganhos desinflacionários que observamos até hoje foram devidos a fatores do lado da oferta, como a reentrada dos trabalhadores na força de trabalho e a resolução das cadeias de suprimento, em vez de a política monetária conter a demanda”, comentou, acrescentando que a inflação de serviços também tem sido persistente e continua alta em relação aos níveis pré-pandemia.
Ele afirmou ainda que estaria mais confiante no cenário de pouso suave se tivesse mais certeza de que a política está verdadeiramente em nível restrito em relação à neutralidade hoje.
Para Kashkari, existe a possibilidade de que a taxa neutra de juros tenha subido em comparação com antes da pandemia. “A boa notícia é que não precisamos tomar essa decisão agora. Podemos observar o progresso real na redução da inflação ao longo dos próximos meses para determinar qual cenário é o dominante”, concluiu.
Veja - SP 27/09/2023
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), considerado a prévia da inflação, registrou aumento de 0,35% em setembro, segundo informações divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira, 26.
O índice avançou 0,07 ponto percentual comparado com o mês passado, momento em que se situava em 0,28%. Em doze meses, o IPCA-15 acumula alta de 5% e de 3,74% no ano.
Das categorias avaliadas pelo IBGE, seis tiveram aumento neste mês. O grupo que registrou maior aumento foi o de Transportes, que teve alta de 2,02%, sendo a maior entre os nove grupos avaliados pelo IPCA-15. Dentro do grupo, o grande responsável por essa elevação foi o preço da gasolina, que sofreu um aumento de 5,18% só neste mês, tendo o maior impacto no resultado de setembro. Com o reajuste anunciado pela Petrobras em 15 de agosto, o preço da gasolina e do diesel subiram R$ 0,41 e R$ 0,78 por litro, respectivamente. E não foi só a gasolina que teve alta significativa, o diesel também disparou, com aumento de 17,93% no mês.
Além dos Transportes, o grupo de Habitação também chamou atenção com um aumento de 1,08%, seguido pelo segmento de Vestuário, com aumento de 0,41%; pelo de Despesas Pessoais, que registrou alta de 0,35%; e o setor de Educação, que teve uma sutil elevação de preços, com uma variação positiva de 0,05%. Já o grupo de Alimentação e Bebidas foi na contramão, com uma queda de 0,77%, seguido pelos Artigos de Residência, com uma variação negativa de 0,47%, e Comunicação, que registrou queda de 0,15%.
CNN Brasil - SP 27/09/2023
A China e a União Europeia concordaram em trocar informações sobre seus dados de exportação como parte dos esforços para reduzir a tensão comercial e geopolítica entre as partes.
O comissário europeu para o Comércio, Valdis Dombrovskis, disse que a relação estava numa “encruzilhada” e que os exportadores do bloco precisavam de melhor acesso à segunda maior economia do mundo.
“Nossa relação precisa ser reequilibrada para ser mutuamente benéfica, baseada na transparência, justiça, previsibilidade e reciprocidade. Estou satisfeito por termos feito progressos na resolução de algumas questões de acesso ao mercado”, disse Dombrovskis em comunicado.
As duas partes também concordaram em melhorar a transparência em relação às cadeias de abastecimento de matérias-primas e consideram um novo “mecanismo” que facilite o processo, afirmou a Comissão Europeia na segunda-feira (25).
Reforçar laços
Dombrovskis está encerrando uma visita a Pequim, onde se encontrou com o vice-premiê chinês, He Lifeng, na segunda-feira.
As duas partes trabalharão especificamente no fluxo de produtos agrícolas e bebidas alcoólicas, enquanto a China se comprometeu a resolver um “acúmulo de pedidos de licenças para fórmulas infantis”, afirmou a Comissão.
Após a reunião, He disse que a China estava disposta a importar mais da UE e que esperava que a Europa eliminasse as restrições às exportações de produtos de alta tecnologia para a China.
Os laços bilaterais se deterioraram recentemente, especialmente depois de a União Europeia ter lançado uma investigação sobre o apoio estatal da China aos fabricantes de veículos eléctricos (VE), à medida que as crescentes importações dos seus automóveis alimentam receios quanto ao futuro dos fabricantes de automóveis europeus.
O Ministério do Comércio da China classificou a investigação como “descaradamente protecionista” no início de setembro.
Horas antes da reunião com He na segunda-feira, Dombrovskis disse que as práticas comerciais da China forçaram a União Europeia a tornar-se mais assertiva nas suas relações com a segunda maior economia do mundo.
“Estamos numa encruzilhada”, disse ele num discurso na Universidade de Tsinghua. “Podemos escolher um caminho para relações mutuamente benéficas. Um caminho que se baseie no comércio e no investimento abertos e justos… Ou podemos escolher um caminho que nos afaste lentamente.”
Em 2022, o déficit comercial do bloco com a China atingiu 396 bilhões de euros (R$ 2,085 trilhões), o que foi “o mais alto da história da humanidade”, afirmou Jorge Toledo, embaixador da UE na China.
Metade da dívida está relacionada a veículos e maquinaria, enquanto o restante soma bens manufaturados, produtos químicos e energia, de acordo com estatísticas da UE.
Os veículos tornaram-se um ponto de discórdia fundamental, à medida que as crescentes importações de carros chineses abalam as montadoras europeias.
Impactos da “encruzilhada”
As tensões já sobrecarregaram as cadeias de abastecimento de tecnologia.
A China recentemente impôs restrições à exportação de dois metais essenciais na produção de semicondutores, num alerta à Europa e aos Estados Unidos, depois de terem imposto restrições ao acesso da China a equipamentos avançados de fabricação de chips.
Entretanto, as empresas europeias manifestaram preocupações sobre o ambiente operacional da China, temendo esteja se tornando mais político e imprevisível, disse Dombrovskis na terça-feira (26).
O comissário europeu disse que a posição da China em relação à guerra na Ucrânia também afetava a imagem do país, não apenas para os consumidores europeus, mas também para as empresas que procuram investir.
“É difícil para nós compreender a posição da China”, disse Dombrovskis aos jornalistas.
Moscou tornou-se cada vez mais dependente de Pequim desde a invasão em grande escala da Ucrânia em 2022, com o comércio entre a Rússia e a China disparando em 2023. A China insistiu que é neutra e só quer a paz na Ucrânia.
IstoÉ Dinheiro - SP 27/09/2023
O economista americano e vencedor do Prêmio Nobel de Economia Paul Krugman acredita que os dias de crescimento acelerado da economia chinesa ficaram para trás. De acordo com ele, a segunda maior economia do mundo enfrenta agora o desafio de mudar o motor do crescimento do investimento para o consumo, missão que tem se mostrado mais difícil que o esperado pelo governo chinês.
“O crescimento heroico da China acabou. A China é um grande comprador de commodities, então, para países produtores, isso é um problema”, disse ele durante participação na Fides 2023, evento internacional do mercado de seguros que acontece no Rio de Janeiro nesta terça-feira, 26. “O Brasil é muito mais do que isso, então não vejo como uma preocupação.”
De acordo com ele, os números mais recentes mostram que o crescimento sustentável da economia chinesa provavelmente está próximo de 3%, taxa muito inferior à vista nas últimas décadas. Com isso, é impossível sustentar os patamares de investimento que o país observou na história recente. “Sinais de desaceleração da China eram óbvios, mas foram cobertos por uma bolha imobiliária que faz a bolha de 2008 nos EUA parecer trivial”, disse ele.
A saída é estimular o consumo das famílias, que na China são historicamente mais poupadoras. “A China agora precisa estimular o consumo, mas descobriu que é difícil fazer isso”, afirmou o Nobel de Economia. Na visão dele, o cenário no restante do mundo é diferente: a desaceleração vista no último ano é transitória.
O Estado de S.Paulo - SP 27/09/2023
A redução da contribuição da indústria brasileira no PIB é um tema que atrai discussões significativas sobre políticas públicas. Em 1947, a indústria manufatureira representava quase 14% do PIB do País, atingindo um pico de 25% na metade da década de 1980. Desde então, houve um declínio progressivo, levando essa participação de volta ao nível de 1947.
Essa queda é geralmente atribuída à realocação da indústria para outros países, como a China, impulsionada pela globalização. No entanto, a questão vai além disso. A queda na participação da indústria manufatureira no PIB não é exclusiva do Brasil. Vários países como Estados Unidos, Alemanha e Reino Unido têm enfrentado experiências semelhantes. Mesmo na China, a participação da indústria manufatureira no PIB diminuiu de 32% em 2004 para 28% em 2022. Isso indica uma explicação comum relacionada a mudanças estruturais.
O crescimento econômico depende do aumento da produtividade e do avanço tecnológico. Quando uma indústria se torna mais produtiva e eficiente, seus produtos se tornam relativamente mais baratos. No entanto, a demanda por esses produtos pode não responder significativamente a essas mudanças de preço. Como resultado, o valor da produção geral da indústria como parte do PIB diminui à medida que recursos são realocados para outros setores.
Nas economias modernas, essa realocação favorece principalmente os serviços. À medida que as pessoas se tornam mais ricas, tendem a consumir mais serviços e, relativamente, menos bens. Nos Estados Unidos, por exemplo, dados do Bureau of Economic Analysis mostram que os gastos com serviços aumentaram de cerca de 25% do PIB no início dos anos 1950 para 45% atualmente.
A mudança estrutural orientada para os serviços tem levado muitos a se preocuparem com uma nova era de baixo crescimento, já que, em média, o crescimento da produtividade historicamente tem sido mais lento nos serviços do que na indústria. Embora não seja sem mérito, essa visão é simplista. As atividades modernas de serviços, como tecnologia da informação, fintech e serviços digitais, são caracterizadas por um crescimento de produtividade elevado e rápido.
A avaliação sem esse contexto da queda da participação da indústria no PIB tem sido usada como justificativa para políticas de “reindustrialização”. Esse processo não é isento de riscos, e a história mostra como muitas políticas industriais fracassaram no passado. A linha entre o uso de incentivos para impulsionar a produtividade ou políticas protecionistas que levam a uma utilização ineficiente de recursos é tênue.
O Estado de S.Paulo - SP 27/09/2023
Os mercados globais estão observando um movimento de aversão a risco de grande magnitude, o que vem causando nas últimas semanas forte valorização do dólar, tombo das Bolsas de Valores mundiais e disparada nos juros futuros de vários países. Esse estresse atingiu o Brasil em cheio.
A turbulência teve como gatilho a sinalização do principal banco central do mundo, o Federal Reserve (Fed), dos Estados Unidos, de que manterá os juros básicos americanos em patamar elevado por muito mais tempo do que se imaginava inicialmente. Houve analistas que até chegaram a esperar que o Fed fosse começar a cortar os juros já no início de 2024 e que, após o início desse ciclo, a redução da taxa básica fosse agressiva.
Nada disso. Na sua última reunião de política monetária, na semana passada, o Fed não somente indicou que ainda pode fazer uma elevação derradeira dos juros até o fim deste ano, como também reduziu – assim que começar o afrouxamento monetário – a sua estimativa de cortes em 0,50 ponto porcentual tanto em 2024 quanto em 2025. Depois dessa sinalização, os juros dos títulos do Tesouro americano com vencimento em 10 anos atingiram o maior patamar desde 2007.
Por trás desse movimento, está mais um erro de diagnóstico do mercado e, em especial, dos próprios diretores do Fed. O primeiro foi quando o Fed disse que a disparada da inflação americana, logo após a pandemia de covid, seria transitória. Não foi. E o Fed teve de correr atrás do prejuízo ao promover o maior ciclo de alta de juros desde a década de 1980, com a taxa atualmente na faixa entre 5,25% e 5,50%.
Agora, tanto o Fed quanto analistas e investidores erraram feio ao não anteciparem a resiliência da atividade econômica. Houve quem tivesse projeção de recessão dos EUA já no quarto trimestre deste ano. Mas a economia americana vem surpreendendo todos: o PIB cresceu bem acima do esperado no primeiro trimestre (alta anualizada de 2%) e no segundo (2,1%). E, neste terceiro trimestre, o monitor do Fed de Atlanta – referência no mercado – aponta para um crescimento anualizado de 4,9%. Já a taxa de desemprego, apesar de toda a alta de juros, se encontra em 3,8%, próxima do seu nível histórico de baixa.
Não à toa, o Fed revisou sua projeção de PIB para 2023 (de 1% para 2,1%) e 2024 (1,1% para 1,5%). Nesse cenário, a desinflação em direção à meta será bem mais lenta do que o Fed gostaria. Como os EUA exercem maior influência nas condições financeiras globais, diagnósticos equivocados sobre a inflação e a economia assumem proporções de crise.
Infomoney - SP 27/09/2023
Os contratos futuros do minério de ferro ampliaram as quedas nesta terça-feira, com os investidores realizando lucros antes dos próximos feriados na China e com as preocupações sobre a demanda crescendo em meio à desaceleração da reposição de estoques e aos iminentes cortes na produção de aço na segunda maior economia do mundo.
O contrato do minério de ferro mais negociado para janeiro na Dalian Commodity Exchange (DCE) encerrou as negociações do dia com queda de 1,64%, a 841 iuanes (US$ 115,04) a tonelada, após uma queda de 2% na segunda-feira.
Os mercados da China, maior produtora de aço do mundo, estarão fechados em razão dos feriados de 29 de setembro a 6 de outubro.
O minério de ferro de referência para outubro na Bolsa de Cingapura caiu 0,67%, para US$ 115,35 a tonelada, o nível mais baixo desde 11 de setembro.
“As perspectivas de uma demanda de aço mais fraca estão aumentando as preocupações com os cortes de produção no quarto trimestre, o que se traduziria em uma menor demanda de minério de ferro”, disseram os analistas do ANZ em uma nota.
“Os investidores continuam cautelosos com relação aos desafios contínuos nos mercados imobiliários da China. Apesar de muitas medidas de estímulo para reanimar o setor imobiliário, houve impactos mínimos na retomada da demanda e do investimento em imóveis.”
O mercado imobiliário é o maior consumidor de aço na China e sua fraqueza contínua tem sido um vento contrário para o mercado de ferrosos.
Outros ingredientes de fabricação de aço também perderam terreno, com o carvão metalúrgico DJMcv1 e o coque em Dalian caindo 3,93% e 4,37%, respectivamente.
Os índices de referência do aço na Bolsa de Futuros de Xangai também recuaram ainda mais.
Os analistas da consultoria Mysteel disseram em um relatório que 58% das 92 empresas de downstream pesquisadas não tinham planos de reabastecer os produtos de aço antes do feriado.
Isso se deve ao fato de essas empresas não estarem otimistas quanto às perspectivas de demanda, já que há menos projetos de infraestrutura novos no segundo semestre do ano, acrescentaram.
IstoÉ Dinheiro - SP 27/09/2023
A Vale informou nesta terça-feira, 26, que assinou um Memorando de Entendimento (MoU) com o Porto do Açu Operações para estudar o desenvolvimento de um hub (Mega Hub) no Porto, localizado em São João da Barra (RJ), para produção de HBI (hot briquetted iron ou ferro-esponja) via a rota de redução direta.
Segundo a empresa, o Mega Hub deverá receber em um primeiro momento pelotas da Vale e poderá futuramente contar com uma planta de briquete de minério de ferro para atendimento da planta de redução direta do local. “Com esse compromisso firmado, as empresas buscarão atrair investidores e clientes que construam e operem a planta de redução direta, com uso de gás natural, que já estará disponível no Porto do Açu, e a possibilidade de convertê-la no futuro para hidrogênio verde, produzindo HBI com emissão de carbono próxima a zero”, diz a mineradora.
Em comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a Vale afirma que a iniciativa é pioneira ao contemplar um estudo técnico coordenado pelo Porto do Açu e acadêmicos do setor, que propõem a utilização de HBI como carga parcial em altos-fornos, reduzindo a emissão de gases de efeito estufa e aumentando a produtividade do processo siderúrgico sem a necessidade de substituição dos ativos produtivos existentes, como os próprios altos-fornos e as aciarias. Hoje, o HBI é mais comumente utilizado em fornos elétricos a arco. O uso do HBI nesse tipo de forno permitirá ao parque siderúrgico brasileiro uma transição mais suave no processo de descarbonização.
Segundo a mineradora, o acordo com o Porto do Açu é mais um passo da Vale para desenvolver no Brasil o modelo dos Mega Hubs, complexos industriais voltados à fabricação de produtos siderúrgicos de baixo carbono, que está sendo implantado pela empresa em três países do Oriente Médio (Arábia Saudita, Emirados Árabes e Omã).
“Acreditamos que o Brasil tem um grande potencial para ser um polo da siderurgia de baixo carbono. Temos minério de ferro de alta qualidade, reservas de gás natural abundantes e potencial para desenvolver o hidrogênio verde. Como uma empresa brasileira, a Vale busca se associar a empreendimentos que contribuam nessa direção. Queremos ser indutores da ‘neo-industrialização’ do Brasil, que será baseada na indústria verde”, afirma o vice-presidente executivo de Soluções de Minério de Ferro, Marcello Spinelli, no comunicado.
Localizado na região norte do Rio de Janeiro, o Porto do Açu é o maior complexo porto-indústria de águas profundas da América Latina, segundo a Vale. Em operação desde 2014, é administrado pela Porto do Açu Operações, uma parceria entre a Prumo Logística, controlada pelo EIG, e o Porto de Antuérpia-Bruges Internacional.
Valor - SP 27/09/2023
Em um primeiro momento, o local receberia pelotas da mineradora e poderá futuramente contar uma fábrica de briquete de minério de ferro para redução de distância na cadeia de produção
A Vale assinou um acordo com a operadora do Porto do Açu, em São João da Barra (RJ), para estudar o desenvolvimento de um centro para o desenvolvimento de ferro-esponja via roda de redução direta.
Em um primeiro momento, o local receberia pelotas da mineradora e poderá futuramente contar uma fábrica de briquete de minério de ferro para redução de distância na cadeia de produção.
As empresas vão buscar atrair investidores e clientes que construam e operem o centro, com uso de gás natural, já disponível no Porto de Açu, com a possibilidade de convertê-la, no futuro, para hidrogênio verde.
O acordo é mais um passo da Vale para o desenvolvimento do modelo dos chamados “mega hubs”, complexos industriais voltados à fabricação de produtos siderúrgicos de baixo carbono, implementado em países do Oriente Médio.
A utilização do ferro-esponja como carga parcial em altos-fornos de siderúrgicas é visto por acadêmicos como um dos passos necessários para reduzir a emissão de gases das operações ao mesmo tempo em que mantêm produtividade dos processos.
Valor - SP 27/09/2023
A indústria automotiva da Malásia está passando por uma megafusão liderada pelo governo, reunindo dois conglomerados que controlam mais de metade do mercado para acompanhar a mudança do resto do mundo para veículos elétricos.
Nos termos de um acordo anunciado em agosto, o grupo malaio Sime Darby comprará a participação de 61,2% da empresa estatal de investimentos Permodalan Nasional na UMW Holdings por 3,57 bilhões de ringgits (US$ 761 milhões). O grupo planeja fazer uma oferta também pelas ações restantes e retirar a UMW da Bolsa de Valores da Malásia. A Permodalan também possui 50,3% da Sime Darby.
“Este é um movimento estratégico para ampliar e fortalecer ainda mais a nossa presença no setor automotivo da Malásia, adicionando duas marcas de alto desempenho ao nosso portfólio, a Toyota e a Perodua”, disse o executivo-chefe (CEO) do grupo Sime Darby, Jeffri Salim Davidson. “O acordo consolidará a posição da Sime Darby como principal player automotivo da Malásia.”
O acordo sublinha a opinião do governo malaio de que é necessária uma reforma drástica para tornar a indústria automotiva do país competitiva em nível internacional. A Tailândia produziu 1,88 milhões de veículos no ano passado e a Indonésia 1,47 milhões, enquanto a Malásia produziu menos de 800 mil.
A Sime Darby desmembrou em 2017 as suas então principais operações imobiliárias e agrícolas e, desde então, expandiu-se em áreas como automóveis, maquinaria pesada e cuidados de saúde. O grupo vende veículos de marcas estrangeiras, como BMW e Land Rover, e possui joint ventures na fabricação de automóveis com a Mazda e a Hyundai.
Nos últimos anos, o grupo tem enfatizado os veículos elétricos. A Sime Darby começou a vender veículos elétricos da BYD no ano passado e, em maio, anunciou uma parceria com outro fabricante chinês de veículos elétricos, a Chery Automobile, que deverá iniciar a produção na Malásia neste trimestre.
Para a UMW, os automóveis estão no centro do seu negócio. O conglomerado possui 51% da UMW Toyota Motor, que fabrica veículos Toyota na Malásia, e detém uma participação de 38% na montadora nacional Perodua. Perodua e Toyota ficaram em primeiro e terceiro lugar, respectivamente, em vendas de veículos novos na Malásia no primeiro semestre de 2023.
As marcas sob a bandeira Sime Darby têm uma participação menor no mercado.
“Com a Toyota e a Perodua, vamos diversificar para o segmento de mercado de massa e complementar a nossa presença no segmento de luxo, ao mesmo tempo emque adicionaremos segmentos de distribuição e produção para complementar o nosso negócio de varejo”, disse um representante da Sime Darby ao “Nikkei Asia”.
A RHB Securities vê o acordo Sime Darby-UMW como "em grande parte orquestrado" pela Permodalan, dadas as suas participações majoritárias em ambos os conglomerados.
No seu comunicado de imprensa sobre a mudança, a Permodalan disse que está "em alinhamento com o Novo Plano Diretor Industrial do Governo para 2030, que apoiará o crescimento adicional do setor automotivo, especialmente no posicionamento do país como centro automotivo da região".
Sime Darby e UMW combinaram vendas - incluindo aquelas fora de automóveis - superando US$ 13 bilhões, com base nas vendas de Sime Darby de 48,3 bilhões de ringgit no ano encerrado em junho e nos 15,8 bilhões de ringgit da UMW até dezembro passado. Espera-se que a consolidação lhes dê mais recursos para canalizarem para o desenvolvimento de novos modelos de veículos e para a expansão das suas operações de automóveis no estrangeiro.
Embora outros países do Sudeste Asiático tenham se concentrado em atrair fabricantes de automóveis japoneses, europeus e americanos, a Malásia enfatizou a construção de players nacionais. Em 1983, o então primeiro-ministro Mahathir Mohamad fundou a Proton, a primeira montadora nacional do país. Em 1993 veio a criação da Perodua.
A Malásia favorece as empresas automobilísticas locais com incentivos fiscais, ao mesmo tempo que impõe tarifas elevadas sobre veículos importados. Como resultado, a Proton e a Perodua desfrutam de uma quota combinada de 60% do mercado malaio, mas têm sido lentas em melhorar a qualidade das suas ofertas e têm pouca presença fora do país.
Eles também ficam atrasados na eletrificação. A Perodua lançou seu primeiro modelo híbrido em 2022, seguida pela Proton este ano. Enquanto isso, a Tailândia e a Indonésia atraíram fabricantes de veículos elétricos chineses e sul-coreanos. Já a vietnamita VinFast começou a fabricar os seus próprios produtos.
O Novo Plano Diretor Industrial da Malásia para 2030, lançado em 1º de setembro, visa expandir o produto interno bruto da manufatura em uma média de 6,5% ao ano até esse ano e prevê o lançamento de um veículo elétrico fabricado localmente como parte desse esforço.
A Malásia pretende que os veículos elétricos e os híbridos representem 15% das vendas de automóveis novos até 2030. Mas apenas 2.600 veículos elétricos foram vendidos no país em 2022, uma pequena fracção dos 720 mil automóveis novos vendidos nesse ano.
A Proton, que não faz parte da reorganização, está trabalhando para mudar para veículos elétricos com investimento da montadora chinesa Geely.
Valor - SP 27/09/2023
Comissão Europeia diz que investigação se aplica aos carros elétricos de todos os fabricantes se eles recebem subsídios de Pequim
A Tesla e os fabricantes europeus de automóveis que exportam da China para a União Europeia (UE) estão a ponto de entrar na mira da investigação do bloco sobre se o setor de veículos elétricos do país recebe subsídios injustos, segundo a mais alta autoridade da área comercial de Bruxelas.
O vice-presidente executivo da UE, Valdis Dombrovskis, disse ontem que já existem “evidências, à primeira vista, suficientes” para justificar uma investigação sobre as importações de veículos movidos a bateria da China, que Bruxelas teme que possam suplantar o setor automobilístico do bloco.
“Falando estritamente, isso não se limita a veículos elétricos de marcas chinesas, também pode se aplicar a carros de outros fabricantes se eles recebem subsídios do lado da produção”, afirmou Dombrovskis, ao ser indagado se a Tesla ou a Geely, a proprietária da sueca Volvo, poderão se tornar alvos da investigação.
Dombrovskis conversou com o “Financial Times” ao fim de uma viagem de cinco dias a Pequim, e contou que durante a visita as autoridades chinesas o pressionaram sobre a investigação.
Para Pequim, o fato de a UE ter anunciado a investigação sobre subsídios neste mês, dias antes da visita de seu vice-presidente executivo, abriu uma nova frente nas tensões recentes entre as duas superpotências comerciais.
Dombrovskis disse que a UE está “aberta à concorrência” no setor dos veículos elétricos, mas “a concorrência precisa ser justa”. Ele acrescentou que outras grandes economias já tinham adotado tarifas sobre baterias para veículos elétricos provenientes da China.
Cerca de 1/5 de todos os veículos elétricos vendidos na Europa são de fabricação chinesa
“É provável que hoje a UE seja o maior mercado aberto aos produtores chineses”, afirmou.
Na viagem à China, Dombrovskis tinha uma agenda ambiciosa de convencer Pequim a desmantelar o que as empresas europeias chamam de centenas de barreiras comerciais que contribuíram para um déficit comercial recorde em 2022, de quase US$ 400 bilhões.
Os dois lados disseram ter conseguido alguns avanços durante a visita do vice-presidente executivo europeu. Na segunda-feira à noite, eles anunciaram a adoção de um “mecanismo” para discutir controles de exportação - um paralelo com uma iniciativa semelhante combinada entre Pequim e Washington -, assim como a concordância da China em comprar mais bens agrícolas da UE.
A China também se comprometeu a resolver problemas como o atraso na aprovação de licenças para fabricantes europeus de produtos que substituem o leite materno e o das barreiras às importações de artigos de luxo.
Mas Pequim também deixou claro seu descontentamento com a investigação sobre subsídios. Dombrovskis contou que essa questão foi levantada em todas as reuniões de que participou.
O ministro do Comércio chinês, Wang Wentao, disse a Dombrovskis no domingo que o rápido crescimento do setor de veículos elétricos da China era resultado da inovação em pesquisa e desenvolvimento, da livre concorrência e de um “sistema industrial completo”.
O Ministério do Comércio chinês informou ontem que “Wang Wentao manifestou grande preocupação e forte insatisfação com o fato de a UE iniciar uma investigação contra subsídios voltada aos veículos elétricos chineses”. O Ministério acusou Bruxelas de promover “protecionismo”, o que afetaria a cooperação em termos ambientais e a estabilidade das cadeias mundiais de fornecimento para o setor automobilístico.
A Tesla já exporta carros elétricos de sua enorme fábrica de Xangai para a Europa, mas esse número deve cair como consequência da abertura de uma fábrica em Berlim no ano passado. Cerca de um quinto de todos os veículos elétricos (VEs) vendidos na Europa são fabricados na China.
No primeiro semestre deste ano, os carros fabricados na China representaram 11,2% de todos os VEs vendidos na Alemanha, de acordo com um relatório do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais divulgado este mês.
Segundo o relatório, cerca de 91% desses carros eram de marcas europeias de propriedade chinesa, como a britânica MG, da chinesa SAIC, ou a Polestar da Volvo, ou ainda de joint-ventures entre empresas europeias e chinesas, como Dacia Spring, Smart ou BMW iX3.
Dombrovskis também enfatizou que as novas leis de dados chinesas eram um “problema sistêmico” para as empresas estrangeiras que operam no país. Empresas europeias reclamam de que essas leis, que exigem que os dados sejam armazenados localmente, são vagas e complicadas de cumprir.
“Se as empresas... precisam ter autorização para transferências de dados importantes, mas ninguém define o que é importante, então fica difícil”, disse Dombrovskis. “Oferecer mais clareza já seria um bom ponto de partida.”
Valor - SP 27/09/2023
A fabricante sul-coreana de baterias Samsung SDI planeja investir quase US$ 2 bilhões em uma segunda fábrica com sede nos EUA para a joint venture com a montadora Stellantis.
A Samsung SDI disse na quarta-feira que investirá 2,656 trilhões de won (US$ 1,98 bilhão) para garantir uma participação de 51% na nova planta da StarPlus Energy, uma joint venture com a Stellantis.
O investimento planejado será feito ao longo de três anos, de abril de 2024 a novembro de 2027, disse a empresa sul-coreana em documento regulatório.
A fábrica pretende iniciar a produção em massa em 2027, com capacidade de produção anual de 34 gigawatts-hora, acrescentou.
A Samsung SDI e a Stellantis, que administram a StarPlus Energy JV em Indiana, estão atualmente construindo a primeira fábrica, com produção prevista para começar no início de 2025.
Valor - SP 27/09/2023
A montadora decidiu interromper a construção da fábrica de US$ 3,5 bilhões em Michigan, em meio ao escrutínio de seus laços com uma empresa chinesa de baterias
A Ford Motor Co. foi criticada por seu maior sindicato por interromper a construção de uma fábrica de baterias de US$ 3,5 bilhões em Michigan, em meio ao escrutínio de seus laços com uma fabricante de baterias chinesa por legisladores republicanos.
A fábrica deverá empregar 2.500 trabalhadores e produzir baterias suficientes para alimentar 400 mil veículos elétricos por ano. Mas a decisão da Ford na segunda-feira coloca a instalação – e seus empregos – no limbo.
“Esta é uma ameaça vergonhosa e mal-velada da Ford de cortar empregos”, disse o presidente da United Auto Workers, Shawn Fain, em uma postagem na segunda-feira no X, anteriormente conhecido como Twitter. “Fechar 65 fábricas nos últimos 20 anos não foi suficiente para as Três Grandes [montadoras], agora querem nos ameaçar com o fechamento de fábricas que ainda nem foram abertas.”
O sindicato, que representa 57 mil trabalhadores horistas da Ford nos EUA, está em greve contra a montadora e seus rivais, General Motors Co. e Stellantis NV. Na manhã de segunda-feira, o UAW disse que as negociações com a Ford estavam “muito ativas”.
A fábrica teria licenciado tecnologia da Contemporary Amperex Technology Co. Ltd. da China, que alguns legisladores acusaram de ser afiliada ao Partido Comunista Chinês.
“Estamos pausando o trabalho e limitando os gastos com a construção do projeto Marshall até que estejamos confiantes sobre nossa capacidade de operar a usina de forma competitiva”, disse T.R. Reid, porta-voz da Ford. “Ainda não tomamos nenhuma decisão final sobre o investimento na fábrica.”
A Ford disse que há “uma variedade de considerações” sobre a fábrica, mas recusou-se a dizer se a controvérsia política que a rodeia ou a atual greve do UAW teve alguma coisa a ver com a sua decisão.
A Ford está reduzindo os ambiciosos planos de produção de veículos elétricos à medida que o crescimento das vendas abranda devido à resistência dos consumidores ao elevado preço dos modelos movidos a bateria. O CEO, Jim Farley, diz agora que a empresa pretende quadruplicar as vendas de modelos híbridos gasolina-elétricos nos próximos cinco anos.
O Detroit News foi o primeiro a noticiar a pausa na construção da usina.
IstoÉ Dinheiro - SP 27/09/2023
O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC-M) avançou 0,24% em setembro, repetindo a variação registrada na leitura de agosto, informou nesta terça-feira, 26, a Fundação Getulio Vargas (FGV). Com o resultado, a taxa acumulada em 12 meses pelo indicador atingiu 3,21% no período.
Em setembro, o índice relativo a Materiais, Equipamentos e Serviços subiu 0,07%, ante queda de 0,07% na leitura de agosto. Já o referente à Mão de obra arrefeceu a 0,48%, após ter subido 0,71%, no mês anterior.
Nas aberturas, houve avanço em Materiais e Equipamentos ( -0,11% para 0,04%), com destaque para a aceleração de materiais para acabamento (-0,22% para 0,33%). Em Serviços também houve aceleração nesta leitura (0,22% para 0,38%), puxado pelo item aluguel de máquinas e equipamentos (0,44% para 0,78%).
Influências
As principais influências para cima no INCC-M de setembro foram massa de concreto (0,74% para 1,17%); eletricista (1,64% para 0,97%); tubos e conexões de PVC (-0,20% para 1,53%); engenheiro (0,72% para 0,99%) e impermeabilizante (0,32% para 1,52%).
Por outro lado, puxaram o resultado para baixo os itens vergalhões e arames de aço ao carbono (-0,33% para -1,71%); cimento Portland comum (-2,12% para -1,14%); condutores elétricos (-1,22% para -1,57%); pias, cubas e louças sanitárias (-0,99% para -1,19%) e materiais elétricos (-0,07% para -0,23%).
Capitais
Quatro das sete capitais pesquisadas apresentaram aceleração nas suas taxas de variação: Brasília (0,16% para 0,26%); Recife (-0,35% para -0,02%); Porto Alegre (0,56% para 0,85%) e São Paulo (0,04% para 0,13%).
Em contrapartida, houve desaceleração em Salvador (0,40% para 0,21%), Belo Horizonte (0,14% para 0,12%) e Rio de Janeiro (0,83% para 0,35%).
Infomoney - SP 27/09/2023
O Índice de Confiança da Construção (ICST) subiu 2,2 pontos em setembro, para 98,1 pontos, o maior nível desde outubro de 2022 (100,9 pontos). Em médias móveis trimestrais, o ICST aumentou 1,4 ponto. As informações foram divulgadas nesta terça-feira (26) pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Apesar do avanço na margem, a coordenadora de Projetos da Construção do FGV/Ibre, Ana Maria Castelo, destacou, em nota, que o crescimento não está ocorrendo de forma uniforme dentro do setor.
“Em setembro, foram as empresas do mercado imobiliário que se mostraram menos confiantes em relação à situação dos negócios corrente e dos próximos meses. A falta de mão de obra qualificada e o acesso ao crédito têm dificultado o cenário empresarial, a despeito de uma percepção mais positiva em relação à demanda futura”, avaliou.
Para Ana Maria Castelo, o revés na confiança de Edificações foi mitigado pela melhora no ambiente de negócios das empresas de serviços especializados e de infraestrutura. “Estas últimas voltaram a se destacar como as mais confiantes dentro do setor”, apontou.
Nas aberturas do mês, o Índice de Situação Atual (ISA-CST) subiu 1,9 ponto, para 96,5 pontos, o maior nível desde dezembro de 2022. Já o Índice de Expectativas cresceu 2,4 pontos, para 99,8 pontos, o maior nível desde outubro do ano passado.
Nas expectativas, houve avanço do indicador que mede a demanda prevista para os próximos três meses, de 4,5 pontos, para 102,5 pontos. Também houve avanço da tendência de negócios para os próximos seis meses, que aumentou 0,4 ponto, atingindo 97,1 pontos.
O Nível de Utilização da Capacidade (Nuci) da Construção subiu 0,4 ponto porcentual, para 79,4%. O Nuci de Mão de Obra aumentou 0,6 p.p. para 80,7%, enquanto o Nuci de Máquinas e equipamentos caiu 1,3 p.p., para 73,0%.
Valor - SP 27/09/2023
A concessão, que deverá gerar R$ 10,8 bilhões de investimentos, será leiloada na sexta-feira (29)
O leilão do Lote 2 de rodovias do Paraná, marcado para esta sexta-feira (26), recebeu apenas uma oferta, que, segundo fontes, foi da EPR Participações, empresa formada por Equipav e Perfin.
Fontes contam que a Ecorodovias chegou a ir até a sede da B3 durante a entrega de propostas, que aconteceu na segunda-feira (25). Porém, a empresa acabou não apresentando oferta.
Procurada, a EPR disse que “tem como disciplina avaliar as oportunidades do setor, respeitando seu modelo de negócios, que prevê estudo criterioso de cada projeto e estruturação financeira”. A Ecorodovias preferiu não se manifestar.
O Lote 2 de rodovias do Paraná, que deverá gerar R$ 10,8 bilhões de investimentos, vinha sendo considerado um dos mais atrativos entre os seis blocos de estradas no Paraná, que estão sendo estruturados e leiloados pelo governo federal em parceria com o Estado. Há cerca de um mês, no fim de agosto, o Lote 1 foi arrematado pela gestora de investimentos Pátria, que ofereceu um desconto de 18,25% sobre a tarifa de pedágio. Naquele leilão, houve duas ofertas. A concorrência se deu entre Pátria e a EPR.
A concessão do Lote 2 inclui um trecho considerado atrativo, que conecta a capital Curitiba à região portuária de Paranaguá. O bloco também contempla estradas ao Nordeste do Estado. Ao todo, o bloco abarca 605 km de rodovias, das quais 350 km serão duplicadas. Também estão previstos 138 km de faixas adicionais, 73 km de vias marginais e 72 km de ciclovias. Além dos R$ 10,8 bilhões em obras, o contrato prevê ainda outros R$ 6,5 bilhões em despesas operacionais ao longo dos 30 anos da operação.
Na concorrência, que será realizada na sede da B3, em São Paulo, vence o grupo que apresentar o maior desconto sobre a tarifa de pedágio. Assim como no Lote 1, o edital prevê um mecanismo de aportes adicionais caso a proposta ultrapasse os 18% de deságio — uma forma de coibir lances agressivos demais. Porém, diante da baixa competição, a expectativa é que não haverá desconto.
O leilão ocorre em meio a um ciclo de baixa concorrência no setor de rodovias, que nos últimos anos viveu uma disparada no número de leilões estruturados — a qual, no entanto, não foi acompanhada na mesma proporção pelo interesse do mercado.
Para analistas do setor privado, a baixa competição prevista para o leilão desta sexta pode ser explicada por um conjunto de fatores, como o fato de ser um lote muito grande — tanto em extensão quanto em volume de investimento — e da taxa de juros no país ainda estar elevada.
Outro fator relevante é que os grandes operadores estão seletivos, avalia Rodrigo Campos, sócio do Vernalha Pereira Advogados. “As empresas que já atuam no setor estão em intensa renegociação com o governo federal de seus contratos antigos estressados. Essa repactuação deve demandar compromissos de execução de investimentos, que concorrem com um novo leilão”, diz ele. Além disso, o advogado aponta que, nos últimos anos, esses grupos também conquistaram contratos relevantes.
Procurado, o Ministério de Transportes não se manifestou.
No mercado, a avaliação é que a dificuldade de atrair novos atores não é “culpa” dos editais, que têm sido bem estruturados, mas da conjuntura econômica.
Ainda assim, há expectativa de entrantes no setor nos próximos anos, com grupos financeiros e de engenharia. “Observamos um movimento de empresas que não têm tamanho para entrarem sozinhas, mas que estão buscando parcerias”, afirma Carlos Magno Neiva, sócio da Porto Lauand.
Diante da baixa competição, há dúvidas no setor sobre como ficará o cenário para os próximos leilões de rodovias — neste ano, o governo federal já agendou outra grande licitação, da BR-381 em Minas Gerais, e há outros grandes projetos em modelagem.
Para Eduardo Carvalhaes, sócio do Lefosse, a perspectiva é que a concorrência continue baixa, mas com interesse. “Não vejo os leilões dando deserto, mas acho difícil vermos três, quatro competidores, na conjuntura atual.”
A própria EPR é uma das novas operadoras que estreou no setor recentemente, e já tem apresentado uma expansão acelerada. A parceria entre Equipav e Perfin despontou em agosto de 2022, quando as empresas conquistaram duas concessões em Minas Gerais. De lá para cá, as acionistas estruturaram uma holding para o setor, já conquistaram um terceiro contrato em Minas Gerais, e chegaram a disputar dois outros leilões de grande porte: o do Rodoanel Norte de São Paulo, e o Lote 1 de rodovias do Paraná, ambos sem sucesso. Caso a expectativa se confirme, o Lote 2 será o primeiro contrato federal do grupo.
Valor - SP 27/09/2023
A ideia é garantir que haja capital suficiente e acessível para projetos de petróleo em águas profundas no Brasil
A Petrobras pediu a bancos chineses para financiar o avanço de sua exploração de petróleo em águas profundas, em um sinal de laços crescentes entre a petrolífera brasileira e a segunda maior economia do mundo.
A estatal reuniu-se recentemente com instituições financeiras chinesas para negociar financiamentos para si mesma, e principalmente para sua cadeia de fornecedores de equipamentos e serviços, disse o diretor executivo financeiro Sergio Caetano Leite em uma entrevista. A ideia é garantir que haja capital suficiente e acessível para projetos de petróleo em águas profundas no Brasil.
A iniciativa da Petrobras ocorre no momento em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva busca investimentos chineses para concretizar seus ambiciosos planos de reindustrialização da economia brasileira. A China é o maior parceiro comercial do Brasil e compra quase um terço de todas as exportações do país.
“A Petrobras tem crescido em um ritmo acelerado e quer garantir que seus fornecedores possam acompanhar esse crescimento”, disse o executivo em entrevista na sede da Petrobras.
Muitas das plataformas flutuantes, de produção, armazenamento e transferência que a Petrobras compra ou aluga são montadas em estaleiros chineses. Isso torna mais fácil para os construtores das chamadas FPSOs obterem empréstimos chineses para as embarcações, que podem custar até US$ 3,5 bilhões cada. Os bancos chineses também ajudarão a Petrobras a financiar seus projetos de energia renovável, disse Leite.
As instituições financeiras chinesas já respondem por mais de 25% dos empréstimos da Petrobras, e Leite vê essa participação crescendo, embora a empresa pretenda manter seu endividamento total abaixo de US$ 65 bilhões. A Petrobras assinou memorandos com prazo de cinco anos com o China Development Bank e o Bank of China durante uma viagem de negócios ao país no mês passado.
A diretoria da estatal se reuniu ainda com outras instituições financeiras, incluindo Sinosure, CITIC Bank, ICBC e fundos soberanos chineses. A Petrobras está estudando a abertura de uma subsidiária chinesa no próximo ano para se concentrar em finanças e compras, disse ele.
A Petrobras tem a maior frota de FPSOs e a que mais cresce no mundo. A empresa acrescentará mais 14 até o final de 2027 e, se seus fornecedores tiverem melhor acesso ao crédito, isso reduzirá os custos gerais, disse Leite.
As transações financeiras em yuan também são um tópico que os bancos chineses gostariam de discutir com a Petrobras, disse ele. Atualmente, a Petrobras não tem nenhuma operação em andamento na moeda chinesa.
A Petrobras também está trabalhando para se aproximar dos países do Oriente Médio. Após uma viagem à China no mês passado, os executivos da empresa pararam em Abu Dhabi para reuniões com empresas como Adnoc e Mubadala Capital. A estatal também planeja uma visita à Arábia Saudita em breve, disse Leite.
Leite vê os países do Golfo como atores importantes na transição energética, pois “buscam reverter sua imagem de vilões do petróleo” e estão dispostos a gastar muito na descarbonização da economia. A própria Petrobras está planejando destinar até 15% de seus investimentos totais a projetos de energia renovável e está procurando parceiros para compartilhar os custos de investimento.
“Quem vai bancar a transição energética é o setor financeiro e a indústria de petróleo e gás”, disse o executivo.
Valor - SP 27/09/2023
Grupo de oito empresas reunidas na Refina Brasil iniciou conversas com a Pré-Sal Petróleo (PPSA) para disputar certames em 2024
Pinheiro, da Refina Brasil: “Existe bastante interesse das empresas [menores] em adquirir petróleo disponível do pré-sal” — Foto: Divulgação
As refinarias privadas de petróleo do Brasil, grupo que não inclui a estatal Petrobras, já abriram conversas com a Pré-Sal Petróleo (PPSA) para participar dos próximos leilões da estatal. A PPSA é a responsável pela comercialização da parcela a que a União tem direito de petróleo e gás produzidos no pré-sal. Os próximos leilões devem ser realizados em março e setembro de 2024.
“Existe bastante interesse das empresas [menores] em adquirir o petróleo disponível do pré-sal”, diz Evaristo Pinheiro, presidente da Refina Brasil, que representa as refinarias privadas.
Em ocasiões anteriores, a participação majoritária nos leilões da PPSA foi da Petrobras, ainda que refinarias independentes também tenham marcado alguma presença. Pinheiro afirma que as empresas menores vêm “encontrando portas abertas” na PPSA, classificada por ele como “uma parceira da atração de investimentos privados no setor”. Ele define a atuação da presidente interina da estatal, Tabita Loureiro, como “excepcional”.
“A PPSA é que tem buscado entender quais seriam as dificuldades do setor para que mais empresas possam participar dos leilões”, afirma Pinheiro.
Segundo o dirigente, o maior “desafio” está ligado ao transporte do petróleo do pré-sal entre as plataformas e as refinarias. “Mas não é algo impossível de ser resolvido.”
Fundada em dezembro do ano passado, a Refina Brasil tem oito empresas filiadas: Acelen, Atem, Dax Oil, Brasil Refino, Paraná Xisto, Refinaria de Petróleo Riograndense, SSOil Energy e 3R Petroleum. Juntas, elas têm faturamento anual de R$ 65 bilhões e respondem por 20% do refino de petróleo no país.
A entidade vem elencando diversas “frentes de batalha” que considera essenciais. Uma delas, na qual está inserida justamente a participação nos leilões da PPSA, é a busca por “condições isonômicas para aquisição de petróleo nacional”. Outra frente é a reversão, por meio do Supremo Tribunal Federal (STF), da monofasia do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre combustíveis. O ordenamento jurídico em vigor obriga as empresas a estornarem créditos tributários para os Estados, o que causa prejuízo total por ano de R$ 1,8 bilhão para as filiadas à Refina Brasil, de acordo com a entidade. Uma terceira frente são as “flexibilizações regulatórias” da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) que permitam “ao refino privado ser mais eficiente”.
“A ANP proíbe que a refinaria privada armazene combustível de terceiros para revender ao distribuidor”, afirma Pinheiro. “Se eu tenho autorização para armazenar o meu próprio combustível, por que não posso armazenar o combustível de terceiro?”
A entidade também monitora com atenção possíveis impactos da reforma tributária, enfatizando, por exemplo, a necessidade de o texto “deixar clara a manutenção do crédito” tributário. “Olha o problema que está dando com o ICMS monofásico”, diz.
Pinheiro afirma ainda que a decisão do governo russo, anunciada na semana passada, de suspender as exportações de petróleo terá impacto relevante sobre os preços em território brasileiro. “O Brasil importava muito petróleo dos Estados Unidos, que agora estão exportando para a Europa, justamente porque os países europeus não estão mais importando da Rússia”, diz. “Então o Brasil passou a importar da Rússia.”
G1 - RJ 27/09/2023
A busca por investimentos em maquinário agrícola e novas tecnologias têm sido cada vez mais crescente e rentável para o produtor rural. Entre outras formas de potencializar o setor, o consórcio se destaca como uma modalidade que já injetou quase R$ 12 bilhões de 2019 a 2023 no desenvolvimento do agronegócio.
Segundo uma pesquisa divulgada pela Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (Abac), divulgada em junho de 2023, somente as adesões ao consórcio de máquinas e implementos agrícolas cresceram mais de 350% em cinco anos. Ainda segundo a entidade, de janeiro a maio deste ano, o seguimento de veículos pesados apresentou resultados positivos em créditos comercializados e contemplações, com aumentos de 15% a 22,8%, respectivamente.
Com tradição nesse mercado, o Consorcio Jacto lançou um novo grupo para aquisição de máquinas novas ou seminovas Jacto. A comercialização de cotas teve início em agosto e a previsão é inaugurar as contemplações já em dezembro desse ano. Os créditos vão de R$ 200 mil a R$ 400 mil e prazo de 102 meses, com taxa adm de 1,53 a.a.
“O produtor rural tem investido cada vez mais em consórcio pela vantagem do planejamento, sem burocracia e com baixo custo de investimento, o que vem a contribuir no aumento de sua rentabilidade. O consorciado já sabe os valores das parcelas, assim como o prazo em que vai receber a máquina. Além disso, não descapitaliza o seu dinheiro, que pode ser investido em outras necessidades da propriedade”, comenta Guilherme Reis, responsável pelo Consórcio Jacto.
De acordo com o especialista, o novo grupo de Consórcio Jacto conta com três contemplações mensais, por meio de sorteio, lance livre e programado com 50%. As parcelas são flexíveis, podendo ser mensais, semestrais ou anuais.
Oportunidade de modernizar a frota
A partir da modalidade do consórcio, os empresários do setor agrícola podem ter acesso a equipamentos sofisticados, que possuem valores elevados, por conta da alta tecnologia embarcada. Cliente do Consorcio Jacto, Tércio Azevedo é produtor de soja, milho e pecuária em Mato Grosso (MT) e aproveitou o consórcio para modernizar a sua frota com a compra de um pulverizador Uniport 3030.
“Faço consórcio há muitos anos para trocar mais de 90% dos equipamentos da minha fazenda. Essa é uma modalidade que recomendo bastante por ser uma compra programada em que você consegue se organizar financeiramente", destaca.
Quem aproveitou também para renovar a frota foi a produtora de soja, milho e algodão, também de Mato Grosso, no centro-oeste do país, Karoline Previdello, que adquiriu duas novas máquinas Jacto através do consórcio.
“Há todo um histórico da família em observar as condições e colocar na balança o que compensa melhor. O consórcio vem apresentando as melhores taxas e benefícios. É um serviço que futuramente pode ser adquirido novamente sem complicações”, explica.
Para o especialista da Jacto, a modalidade de consórcio tem crescido também porque a população ganhou mais confiança.
“O Banco Central passou a auditar, regulamentar e fiscalizar os grupos, além de criar regras específicas para esse tipo de venda. Especialmente no Consórcio Jacto, a contemplação não é para crédito, mas sim para a máquina, oferecendo uma garantia extra ao cliente de ter uma grande empresa por trás”, conclui Guilherme Reis.
Confira o portfólio de produtos da Jacto para modernizar a sua frota!
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