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26 de Novembro de 2024

SIDERURGIA

IstoÉ Dinheiro - SP   26/11/2024

Conglomerado se junta a outras empresas alemãs, como Volkswagen e Bosch, que vêm promovendo demissões em massa. Sindicato chama decisão de “catástrofe”. Fechamento de postos deve pressionar “cinturão da ferrugem” alemão.Após Bosch e Volkswagen anunciarem demissões, foi a vez de a divisão europeia de siderurgia do conglomerado industrial alemão Thyssenkrupp AG informar nesta segunda-feira (25/11) que também pretende desligar 11 mil funcionários nos próximos seis anos, reduzindo sua força de trabalho no setor de aço de 27 mil para 16 mil pessoas.

A divisão Thyssenkrupp Steel Europe (TKSE), sediada em Duisburg, no oeste da Alemanha, justificou a decisão citando dificuldades causadas pelo aumento das importações baratas de aço, especialmente da Ásia, que geraram uma “pressão significativa sobre a competitividade”.

“São necessárias medidas urgentes para melhorar a produtividade e a eficiência operacional da própria TKSE e para atingir um nível de custo competitivo”, apontou um comunicado da empresa.

Os 27 mil empregados da TKSE estão todos concentrados em unidades siderúrgicas da Europa, sendo a maior parte no oeste da Alemanha.

Segundo o comunicado da empresa, cerca de 5 mil empregos em suas operações siderúrgicas europeias devem ser cortados até o final de 2030 por meio de “ajustes na produção e na administração”. Outros 6 mil postos devem ser terceirizados ou eliminados completamente com a venda de unidades.

Pressão sobre “cinturão da ferrugem” alemão

O plano ainda inclui o fechamento total de uma siderúrgica na região de Siegerland, no estado da Renânia do Norte-Vestfália, que emprega cerca de mil pessoas.

Quase metade dos 27 mil postos da TKSE está concentrada na cidade de Duisburg, um centro urbano no “cinturão da ferrugem” alemão que já vinha sendo duramente afetado pela desindustrialização e perda de população nas últimas décadas.

O governador da Renânia do Norte-Vestfália, o conservador Hendrik Wüst, descreveu o anúncio da TKSE na segunda-feira como um “choque para milhares de funcionários e suas famílias” e, mais uma vez, uma má notícia para a Alemanha.

A TKSE informou ainda que planeja reduzir sua capacidade de produção dos atuais 11,5 milhões de toneladas métricas de aço para uma meta futura de 8,7 a 9 milhões de toneladas.

O anúncio não envolve as operações da Thyssenkrupp AG no Brasil, onde o conglomerado atua nas áreas automotiva, naval e química, entre outras. A Thyssenkrupp emprega 4 mil pessoas na América do Sul. Em 2017, a Thyssenkrupp AG vendeu a usina siderúrgica brasileira CSA após registrar prejuízos recordes.

A ThyssenKrupp AG foi formada em 1999, com a fusão de duas gigantes da siderurgia, a Thyssen e a Krupp, fundadas no século 19 e que ganharam notoriedade pela produção de armamentos na Primeira e Segunda Guerra mundiais e pelo seu envolvimento com o regime nazista (1933-1945).

Sindicato classifica cortes como “catástrofe”

O CEO da TKSE, Dennis Grimm, argumentou que o objetivo da reestruturação é “garantir perspectivas de emprego de longo prazo para o maior número possível de funcionários”. “A otimização e a racionalização abrangentes de nossa rede de produção e de nossos processos são necessárias para nos prepararmos para o futuro”, disse ele.

“Estamos cientes de que esse caminho exigirá muito de muitas pessoas, especialmente porque teremos que cortar um grande número de empregos nos próximos anos para nos tornarmos mais competitivos”, afirmou Grimm.

A empresa disse ainda que espera evitar demissões forçadas e que, em vez disso, pretende reduzir o quadro de funcionários por meio de desligamentos voluntários.

O influente sindicato IG Metall, que representa grande parte da força de trabalho, descreveu o plano como “uma catástrofe” para os funcionários.

Juntamente com as medidas de corte de custos, a Thyssenkrupp AG anunciou que pretende levar adiante um plano para transformar sua divisão de aço em uma empresa totalmente independente. Essa proposta também enfrenta oposição do sindicato. O copresidente do IG Metall, Jürgen Kerner, criticou os planos e afirmou que eles são uma “declaração de guerra” contra a força de trabalho. “O que é necessário agora é um plano ousado para o futuro, e não um corte explicito e sem imaginação.”

Atualmente, a holding tcheca EPCG, do empresário Daniel Kretinsky, detém uma participação de 20% na ThyssenKrupp Steel, e, segundo a própria empresa, há planos para que ele aumente sua participação para 50%. O sindicalista Kerner afirmou à revista Der Spiegel que a direção da empresa “pretende entregar a TKSE por uma ninharia para Daniel Kretinsky”.

A ThyssenKrupp AG, cujos produtos vão de aço à fabricação de submarinos, registrou um prejuízo de € 1,5 bilhão no ano fiscal de 2023-24, após perda de € 2 bilhões no ano anterior.

Demissões em massa na Alemanha

Os planos da Thyssenkrupp se somam a um cenário sombrio na Alemanha nos últimos meses, que vem sendo palco de uma série de anúncios de demissões em massa no setor industrial da maior economia da Europa.

Empresas como a Volkswagen e os fornecedores automotivos ZF Friedrichshafen, o Grupo Schaeffler e a Bosch já anunciaram que pretendem cortar dezenas de milhares de empregos em meio à desaceleração das vendas de carros novos na Europa.

A Volkswagen, por exemplo, planeja fechar pelo menos três fábricas na Alemanha, demitir dezenas de milhares de funcionários e reduzir o tamanho das unidades fabris restantes no país. Já a multinacional alemã de produtos eletrônicos Bosch planeja cortar 5,5 mil empregos.

ECONOMIA

O Estado de S.Paulo - SP   26/11/2024

O economista Luiz Fernando Figueiredo, ex-diretor do Banco Central e presidente do conselho de administração da JiveMauá Investments, uma empresa de gestão de recursos, não tem ilusão em relação à situação das contas públicas no governo Lula. “As pessoas simplesmente não acreditam mais que esse governo esteja comprometido com uma política fiscal sustentável. Não acreditam porque ele já demonstrou ‘n’ vezes que não está”, afirma.

Segundo Figueiredo, o pacote de contenção de gastos que o governo deve anunciar nestes dias poderá até impedir que haja uma piora do quadro até o fim do atual mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2026, mas não vai resolver o problema fiscal do País ao longo do tempo. “O mercado está tão negativo que, se o governo entregar alguma coisa razoável, vai surpreender positivamente”, diz. “Agora, vamos ver o que vai acontecer na prática, porque não adianta ficar falando, falando, falando, e depois fazer tudo diferente.”

Nesta entrevista ao Estadão, ele fala também sobre a perspectiva de o Banco Central promover novos aumentos de juros, para “esfriar” a economia e conter as pressões inflacionárias, e sobre a “incompatibilidade” da atual política fiscal do governo com a política monetária praticada pela instituição. Para Figueiredo, o próximo presidente da República, seja quem for, terá de realizar um duro ajuste fiscal a partir de 2027, para colocar em ordem as finanças públicas. “O que o Lula recebeu de herança bendita ele vai deixar de herança maldita”, afirma. Confira a seguir os principais trechos da entrevista.

Como o sr. está vendo a política fiscal no governo Lula?

O governo, como a gente sabe, está expandindo muito os gastos. Isso tem uma série de consequências: no déficit público, no endividamento, nos riscos dos ativos. Agora, há outro aspecto, cujo efeito também é muito negativo, que a gente tem de levar em conta: o governo está expandindo tanto os gastos que a economia está andando mais do que poderia. Hoje, o Brasil está crescendo na faixa de 3% do PIB (Produto Interno Bruto) ao ano e boa parte disso se deve à expansão dos gastos públicos. É algo que os economistas chamam de “impulso fiscal”, que é um indicador que mostra o quanto essa política ajudando a economia a crescer. Em 2023, o impulso fiscal chegou 2% do PIB. Neste ano, ele diminuiu um pouco, mas ainda está entre 1% e 1,5% do PIB, mais para 1,5% do PIB. É muita coisa, considerando que o nosso crescimento potencial, ou seja, o nível de crescimento que o País pode ter sem superaquecer a economia e gerar pressões inflacionárias, é de 2% a 2,5% do PIB ao ano. Do ponto de vista da atividade econômica, isso está tendo um impacto tão grande que o Banco Central já disse algumas vezes que a atual política fiscal é incompatível com a política monetária praticada pela instituição.
O que está levando o Banco Central a dizer que essa gastança promovida pelo governo é incompatível com a política monetária?

Se o governo expande muito os gastos quando o Banco Central está tentando brecar a economia, para evitar que a atividade econômica fique superaquecida e haja um aumento da inflação, acontece um desequilíbrio. É como se você estivesse num carro em que o motorista acelera e breca ao mesmo tempo. Quando isso ocorre, há um conflito e o carro pode até capotar. Na economia, isso significa que o breque tem de ser mais forte. Se o governo não estivesse acelerando muito a atividade econômica, o Banco Central poderia ser mais gentil no breque. É simples assim. É por isso que, a partir de um juro que já era altíssimo, de 10,5% ao ano, o Banco Central está tendo de subir ainda mais a taxa. Nós estávamos com um juro de 10,5% ao ano e a economia continuava em ritmo acelerando. O Banco Central vinha reduzindo o juro e a inflação estava vindo para baixo. Mas, com essa expansão fiscal toda, a atividade econômica ficou muito mais forte e o Banco Central teve de abortar o processo de corte dos juros. Essa é uma consequência muito negativa de você ter tanta expansão de gasto.

Como isso está afetando o mercado financeiro?

Esse conjunto de coisas acaba se refletindo nas expectativas, na confiança dos agentes econômicos. O que os mercados estão nos dizendo? Os ativos brasileiros estão nos dizendo que se está praticando uma série de medidas que vão colocar o Brasil lá na frente numa situação muito pior do que a que ele está hoje. O Banco Central ter de parar de reduzir os juros e começar a subir de novo as taxas com a inflação em 4,5% ao ano é uma loucura. Hoje, os títulos de longuíssimo prazo, para 2050, 2060, estão pagando inflação mais 6,70%, 6,80% de juros ao ano. É um absurdo! É um juro que não existe em lugar nenhum do mundo. Em 2024, a Bolsa brasileira está com uma queda em dólar de 22%, enquanto a Bolsa americana está subindo 25% e as Bolsas europeias estão subindo, em média, 5%. A depreciação do real em relação ao dólar está em quase 20% no mesmo período. O que aconteceu com o câmbio é uma barbaridade. E por que tudo isso? Porque todos estão com receio do que vem pela frente. Isso é um sintoma de que a gente não está fazendo a coisa certa. Enquanto o mundo deu uma esfriada, vem reduzindo os juros, baixando a inflação, o Brasil está indo na direção oposta, porque tem feito um conjunto de políticas para o lado errado. Hoje, o Brasil é muito mais dependente do que acontece localmente que do que ocorre lá fora. O País está crescendo 3%, o investimento está até aumentando, embora ainda seja baixo em relação a outros países emergentes, tem um desemprego baixo, mas quando você olha para a frente, não tem como ficar animado. Realmente não tem.

O sr. falou que o governo está fazendo um monte de coisas para o lado errado. Além da expansão dos gastos, o que mais, na sua opinião, o governo tem feito de errado na economia?

Várias coisas. A primeira é esse intervencionismo gigante nas estatais e onde mais der para ele intervir. O intervencionismo só não está sendo maior porque o Congresso tem barrado o que dá para barrar. Há também uma narrativa muito forte do “nós contra eles”. Eu não sei para quem essa narrativa faz bem, porque para o País não é, certo? A própria briga do presidente Lula com o Banco Central tem sido muito ruim. Outra coisa é a insegurança jurídica crescente que há no País, com uma série de decisões que se tem tomado, inclusive com efeito retroativo, como no caso em que o STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu que o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) deve incidir sobre a base do PIS/Cofins (Programa de Integração Social e Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social). Isso afetou não só o que as empresas pagam, mas também o que deveriam ter pago de imposto.
Agora, o governo vem prometendo há várias semanas um pacote de corte de gastos, que deve sair por estes dias, pelo que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, falou. Como isso deve mudar esse quadro que o sr. traçou?

Finalmente, o governo está olhando para o gasto. Está discutindo um pacote de corte de despesas que, pelo que está sendo dito, parece que será mais para bom do que para ruim. Depois, ainda vai ter de passar pelo Congresso. Dependendo do que vier, já que ainda não foi anunciado, isso pode melhorar um pouco as expectativas. Mas, como até agora só veio o pior, como toda vez que houve muito gasto o governo mudou a meta (de resultado primário) e ainda tirou o excesso de gasto do arcabouço fiscal, está todo mundo querendo ver primeiro o que vai acontecer, para avaliar depois.

A rigor, decorridos quase dois anos desde a posse do presidente Lula, o governo não cortou nada substancial nas despesas. Isso acaba contribuindo para gerar esse tipo de incerteza em relação à política fiscal, não?

Com certeza. Hoje existe uma negatividade muito grande. As pessoas simplesmente não acreditam mais que esse governo esteja comprometido com uma política fiscal sustentável ao longo do tempo. Não acreditam porque ele já demonstrou “n” vezes que não está. Quando o governo vai lá e tira mais de R$ 100 bilhões do arcabouço para falar que vai cumprir a meta, fica complicado. Ele não está cumprindo a meta. Está gastando R$ 100 bilhões a mais do que podia gastar. Então, para quê serve o arcabouço? Até por conta disso, o governo agora tem uma oportunidade. O mercado está tão negativo que, se o governo entregar alguma coisa razoável, vai surpreender positivamente. Vamos ver o que será anunciado, como é que será esse pacote de contenção de gastos. E vamos ver o que vai acontecer na prática, porque não adianta ficar falando, falando, falando, e depois fazer tudo diferente.

Foi a mudança feita na meta fiscal lá em abril que provocou essa piora tão grande nas expectativas

O sr. pessoalmente, acredita que essa “surpresa positiva” vai ocorrer?

Eu acho que o governo não irá na direção de resolver o problema e gerar sustentabilidade fiscal no tempo, como eu disse há pouco. Isso não vai acontecer. Mas haverá, sim, na minha visão, uma contenção da piora fiscal. A situação vai continuar ruim, mas, na margem, não vai piorar. Acredito que haverá um esforço para não colocar nada mais fora do arcabouço e para não deixar que aqueles mínimos constitucionais continuem a crescer muito mais do que o arcabouço pode aguentar. Então, até em função do pessimismo que existe hoje, eu acredito que o pacote vai vir mais para positivo do que para negativo. Agora, eu espero que o governo não venha com mais uma tentativa de aumento de arrecadação. Acho que isso não será bem visto. O próprio (deputado Arthur) Lira (presidente da Câmara) falou outro dia: “Olha, vocês vão ter de olhar para o gasto. Não vão conseguir resolver a questão fiscal via arrecadação”. Dito isso, eu acredito que, na margem, o impulso fiscal vai ser menor. Isso vai acabar atrapalhando menos a política monetária. É provável que a gente tenha um processo melhor na política monetária do que a gente está estimando hoje. Eventualmente, o Banco Central não vai precisar subir tanto mais o nível da taxa de juros. Acredito que a taxa básica, que hoje está em 11,25% ao ano, irá até 13%, 13,5% ao ano, mas não muito além disso. Se isso se concretizar, acho possível, até provável, que, no último trimestre do ano que vem, o Banco Central já possa começar a reduzir os juros novamente.
O sr. acredita que esse pacote de corte de gastos vai permitir o cumprimento da meta de zerar o déficit nas contas públicas em 2025?

Pode ser que esse pacote gere, sim, uma situação de maior sustentabilidade fiscal, de pelo menos manter os gastos dentro do arcabouço. Acredito que o governo não vá querer mexer mais nessa meta, não. Foi a mudança feita na meta lá em abril que provocou essa piora tão grande nas expectativas dos agentes econômicos.

Se o Lula não tivesse essa narrativa horrorosa contra o Banco Central, com certeza o cenário hoje seria diferente

Considerando isso que o sr. está colocando, como se encaixa a troca do presidente do Banco Central, em janeiro? Até que ponto o mercado acredita que o Gabriel Galípolo, que foi indicado pelo presidente Lula para substituir o atual presidente da instituição, Roberto Campos Neto, vai manter essa política monetária de alta dos juros, para esfriar um pouco a economia?

Há vários aspectos aí que a gente tem de levar em conta. O primeiro é que o Galípolo já está há quase um ano e meio no Banco Central, como diretor de Política Monetária. Ele tomou um “banho de loja” nesse período, teve um aprendizado grande, com uma turma espetacular. O Roberto e esses caras todos que estão lá hoje são muito bons. Eu estive quatro anos no Banco Central e a cada seis meses eu falava: “Meu deus, como eu aprendi aqui um monte de coisas”. É impressionante o quanto a gente aprende. O segundo aspecto é que o governo tem vindo com uma narrativa muito ruim contra o Banco Central, mas a prática tem sido melhor que a narrativa. E o Galípolo é uma pessoa que tem alguma experiência no mercado e está mostrando que quer tomar decisões pelo lado técnico. Os outros dois diretores indicados pelo atual governo, também. O Galípolo deu uma certa escorregada quando ele disse “não, porque o Lula está topando a independência do Banco Central”. Como assim? O Lula não tem nada a ver com isso. A independência foi uma medida aprovada pelo Congresso. O Banco Central passou a ser um ente de Estado e não mais de governo. Então, quando ele fala um negócio desse você fala “opa, espera aí”. Mas, na prática, ele tem se mostrado firme. Nessa alta de juro, ele tem sido o mais vocal. Agora, nós temos três novos diretores a serem indicados no atual governo e, dependendo do perfil, da história de cada um deles, a gente vai ver se a política monetária daqui para a frente será ok ou se vai ficar comprometida.
Quer dizer, apesar desse histórico relativamente positivo do Galípolo, ainda há dúvidas em relação ao que pode acontecer após a saída do Campos Neto do Banco Central. É isso?

Sem dúvida. Isso só a prática realmente vai demonstrar. É um pouco aquela história: como é que você ganha credibilidade? Vai fazendo coisas corretas que, em algum momento, o pessoal vai falar: “Opa, ele está indo pelo caminho certo”. Se o Lula não tivesse essa narrativa horrorosa contra o Banco Central, com certeza seria diferente. Pode estar certo de que uma parte considerável da alta de juros tem a ver com isso.
Teve também o agravante, se não me engano, de que o Galípolo participou de uma reunião outro dia no Palácio do Planalto com o Lula e com o ministro Fernando Haddad. Isso também gerou ruído no mercado.

Ter esse tipo de reunião às vezes faz parte. Outros presidentes do Banco Central tiveram. Mas ele está perto demais. Você tem de manter uma certa distância. O próprio Roberto Campos mantinha uma certa distância, para deixar claro que era independente.

Quem for governar o País a partir de 2027 terá de fazer um enorme ajuste nas contas públicas

Para finalizar, olhando para a frente, levando em conta tudo isso que o sr. está falando, como o sr. acha que estará a questão fiscal no fim do governo Lula, em 2026?

Como eu falei, não acredito que esse governo vá tratar a questão fiscal do jeito que é necessário. Não acredito. Eu acho que, no máximo, ele pode conter uma piora expressiva. Isso quer dizer que quem for governar o País a partir de 2027 terá de fazer um enorme ajuste nas contas públicas, para tornar a política fiscal sustentável. É como aquele médico com quem você tem de marcar uma consulta com muita antecedência. A gente já tem uma consulta marcada com o médico para 2027. Considerando que o déficit primário do País está na faixa de 0,5% do PIB ao ano, isso significa que a gente precisa de um superávit em torno de 2% a 2,5% do PIB para que a dívida pública pare de crescer. Nós estamos falando, então, de um ajuste fiscal de mais ou menos R$ 250 bilhões. É claro que isso não será feito num ano só, mas terá de começar, de um jeito ou de outro, em 2027. Ou nós vamos começar a fazer um ajuste que vai tornar o nosso endividamento sustentável ou a inflação vai subir se o novo governo não estiver focado nisso. Uma das duas coisas vai acontecer. Se a gente faltar na consulta com o médico, a gente vai pegar uma baita pneumonia. Agora, se a gente for ao médico, começar a tomar um remédio para combater o problema, eventualmente isso vai ser uma gripe que vai passar. Eu acho que não tem conversa. Isso vai ter de acontecer.

Por que o sr. diz que a gente terá de fazer esse ajuste de qualquer forma a partir de 2027?

Porque a nossa dívida pública já estará num nível bem superior a 80% de PIB. E, como a gente tem um custo muito alto para rolar a dívida, não tem jeito. Se a gente tivesse uma política fiscal razoável, que apontasse para sustentabilidade, o juro cairia bastante e o próprio custo de rolagem da dívida, também. Só que não é isso o que acontece. O Brasil teima em ir sempre para o lado errado, de ficar sempre à beira do precipício, sendo que seria muito mais fácil se fizesse o contrário. Por isso, é que a gente tem um juro real de 7%, 8%, 9% ao ano. É uma loucura!
O sr. está dizendo, então, que o próximo presidente, a ser eleito em 2026, seja quem for, vai receber uma herança maldita do ponto de vista fiscal?

Exatamente. O que o Lula recebeu de herança bendita ele vai deixar de herança maldita.

IstoÉ Dinheiro - SP   26/11/2024

Analistas consultados pelo Banco Central subiram novamente sua projeção para o nível da Selic no próximo ano, em meio a uma expectativa também mais alta para o avanço do IPCA em 2025, de acordo com a pesquisa Focus divulgada nesta segunda-feira, 25.

O levantamento, que capta a percepção do mercado para indicadores econômicos, mostrou que a mediana das expectativas para a taxa básica de juros ao fim do próximo ano agora é de 12,25%, de 12% na semana anterior.

Para 2024, a projeção para a Selic, atualmente em 11,25%, manteve-se em 11,75% pela oitava semana consecutiva. O BC volta a se reunir em dezembro para a última decisão de política monetária do ano.

Neste mês, o Copom decidiu acelerar o ritmo de aperto nos juros ao elevar a taxa Selic em 0,50 ponto percentual, em decisão unânime de sua diretoria, que não indicou os próximos passos da política monetária.

A pesquisa semanal com uma centena de economistas mostrou ainda um aumento sólido na projeção para o IPCA no próximo ano, agora com alta de 4,34% — próximo do teto da meta perseguida pelo BC –, ante 4,12% há uma semana. Em 2024, o avanço do índice deve chegar a 4,63%, ligeiramente abaixo dos 4,64% projetados anteriormente.

As contas para 2026 e 2027 também mostraram alta, com a inflação calculada respectivamente em 3,78% e 3,51%, de 3,70% e 3,50% na semana anterior.

O centro da meta oficial para a inflação é de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
Pressão inflacionária

As alterações nas projeções para a Selic e para a inflação ocorrem na esteira da piora das previsões do próprio governo para a alta dos preços, elevando os temores dos agentes financeiros de um cenário de descontrole inflacionário.

Na segunda-feira passada, a Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda apontou uma deterioração em sua visão para a inflação, com a projeção para o IPCA indo a 4,40% em 2024, ante previsão de 4,25% feita em setembro, enquanto o índice para 2025 foi ajustado de 3,4% para 3,6%

A secretaria apontou para a “aceleração significativa” nos preços de carnes, de leite e derivados e do café e para o aumento nas tarifas de energia elétrica, que levaram o IPCA a acumular alta de 4,76% nos 12 meses até outubro, mas disse que os preços devem voltar a desacelerar até o fim do ano.

O mercado também vem demonstrando desânimo com a economia brasileira em meio à demora do anúncio de medidas de contenção de gastos pelo governo, que busca garantir a sustentação do arcabouço fiscal no longo prazo. A expectativa é que a divulgação do pacote possa ocorrer nesta semana.
Dólar e PIB

No Focus desta segunda, houve ainda novo aumento na expectativa para a cotação do dólar em 2024, agora em 5,70 reais, de 5,60 reais na semana anterior. No próximo ano, a moeda norte-americana deve atingir 5,55 reais, segundo os analistas, ante 5,50 reais há uma semana.

Sobre o PIB brasileiro, a previsão é de que a economia do país cresça 3,17% neste ano, acima da expectativa de 3,10% da semana anterior. Em 2025, a projeção é de que a expansão seja de 1,95%, um aumento ligeiro sobre a alta de 1,94% da pesquisa anterior.

IstoÉ Dinheiro - SP   26/11/2024

A balança comercial brasileira registrou superávit comercial de US$ 2,062 bilhões na quarta semana de novembro. De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) divulgados nesta segunda-feira, 25, o valor foi alcançado com exportações de US$ 6,533 bilhões e importações de US$ 4,471 bilhões. No mês, o superávit acumulado é de US$ 6,262 bilhões e, no ano, de US$ 69,284 bilhões.

Até a quarta semana de novembro, a média diária das exportações registrou alta de 10,6% em relação à média diária do mesmo mês de 2023. O resultado se deu devido à queda de US$ 52,93 milhões (-17,6%) em Agropecuária; crescimento de US$ 36,85 milhões (9,9%) em Indústria Extrativa; e avanço de US$ 160,27 milhões (22,5%) em produtos da Indústria de Transformação.

Já as importações tiveram crescimento de 14,6% na mesma comparação, com alta de US$ 3,24 milhões (18,3%) em Agropecuária; recuo de US$ 3,13 milhões (-5,4%) em Indústria Extrativa; e avanço de US$ 138,56 milhões (15,9%) em produtos da Indústria de Transformação.

Infomoney - SP   26/11/2024

No relatório de perspectivas de novembro da Associação Nacional de Economia Empresarial (Nabe, na sigla em inglês) dos Estados Unidos, as previsões de crescimento econômico para este e o próximo ano ficaram mais altas do que as projeções anteriores.

“A previsão atual espera que o Produto Interno Bruto (PIB) ajustado pela inflação aumente 2,7% em 2024 e 2,0% em 2025, em comparação com 2,6% e 1,8% na pesquisa de perspectivas de setembro. Além disso, 44% dos entrevistados agora consideram os riscos em torno das perspectivas como equilibrados, enquanto a maioria dos entrevistados na pesquisa anterior achava que os riscos de queda eram mais prováveis”, diz a presidente da Nabe, Emily Kolinski Morris.

As projeções medianas dos painelistas para a inflação global e o deflator de despesas de consumo pessoal (PCE, na sigla em inglês) – a medida de inflação preferida do Federal Reserve (Fed o banco central norte-americano) – não sofreram alterações em relação às projeções de setembro.
Segundo a Nabe, a previsão reflete a expectativa de que o Fed reduza a taxa de juros em mais 25 pontos-base (pb) até o final deste ano, deixando a taxa de final de ano inalterada em relação à previsão de setembro.

Os entrevistados esperam outros 100 pontos-base de cortes em 2025.

Exame - SP   26/11/2024

As exportações da China estão a caminho de atingir um recorde histórico em 2024, impulsionadas pela antecipação de pedidos por parte de clientes internacionais temerosos das ameaças do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump. Durante a campanha, o futuro presidente sinalizou a possibilidade de aumentar tarifas de importação sobre produtos chineses para até 60%, o que pode desencadear uma nova guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo.

De acordo com a Bloomberg, as exportações chinesas devem crescer 7% no último trimestre deste ano em relação ao mesmo período de 2023, uma melhora em relação à previsão anterior de 5%. Isso elevaria o total de exportações de 2024 para US$ 3,548 trilhões (R$ 20,6 trilhões), superando o recorde de 2022.

Esse crescimento é atribuído ao "estoque de pânico" realizado por empresas estrangeiras que buscam proteger suas cadeias de suprimentos antes de possíveis novas tarifas. "Nos próximos meses, as exportações chinesas podem se beneficiar desse comportamento, mas há um alerta para 2025, quando as tensões comerciais devem aumentar", afirma Erica Tay, economista do Maybank Investment Banking Group.

Superávit histórico e dilemas domésticos

O superávit comercial da China também deve alcançar um recorde, possivelmente chegando a quase US$ 1 trilhão (R$ 5,81 trilhões). Este desempenho sólido nas exportações tem ajudado o país a compensar a fraqueza da demanda interna, enquanto o governo promove estímulos econômicos para sustentar o crescimento.

Apesar desse desempenho, as importações chinesas continuam estagnadas, reflexo da dificuldade em impulsionar a economia doméstica. Esse desequilíbrio gera preocupações globais sobre a inundação de mercados com produtos chineses mais baratos, potencialmente prejudicando indústrias locais de outros países.

A perspectiva de um segundo mandato de Trump trouxe incertezas adicionais. Durante sua primeira presidência, Trump impôs tarifas de até 25% sobre mais de US$ 300 bilhões (R$ 1,74 trilhão) em produtos chineses, o que levou a retaliações de Pequim. O retorno de Trump pode resultar em um aumento ainda maior nas tarifas e em um impacto significativo no comércio global.

Expectativas econômicas

Para lidar com as possíveis consequências de uma nova guerra comercial, analistas esperam que a China intensifique os estímulos econômicos em 2025. Uma das medidas projetadas é a redução adicional da taxa de reserva obrigatória dos bancos em até 50 pontos base, permitindo maior disponibilidade de crédito para impulsionar a economia.

O Produto Interno Bruto (PIB) da China deve crescer 4,9% no último trimestre deste ano, segundo a Bloomberg, levemente acima da previsão anterior de 4,8%. Economistas acreditam que Pequim usará sua experiência acumulada em conflitos comerciais anteriores para mitigar os danos. Entre as estratégias potenciais estão a desvalorização do yuan e o aumento do estímulo doméstico.

Apesar das tensões, a política comercial chinesa segue focada em expandir o mercado externo. Em 2024, o governo prometeu ajudar empresas a exportar mais, enfrentando reações de diversos países preocupados com a competitividade dos produtos chineses.

O Estado de S.Paulo - SP   26/11/2024

Um dos principais nomes do mercado financeiro brasileiro já não enxerga grandes riscos com a transição no Banco Central. Para Luis Stuhlberger, CEO da Verde Asset e gestor do Fundo Verde, não há um cenário “Alexandre Tombini” com a gestão de Gabriel Galípolo à frente do órgão, a partir de janeiro, no lugar de Roberto Campos Neto.

O grande problema, diz, é a política fiscal, já que o déficit nominal do governo brasileiro, que inclui as despesas com juros, está no mesmo nível de países que precisam financiar grandes conflitos: “Só Ucrânia, Rússia e Israel, países em guerra, têm déficit tão alto quanto o Brasil”, afirmou em entrevista ao Estadão.

Ao lado do novo economista-chefe do Verde, Marcos Fantinatti, em sua primeira entrevista no cargo, Stuhlberger diz que a ideia do governo de isentar o Imposto de Renda até R$ 5 mil terá um custo de R$ 70 bilhões a R$ 80 bilhões por ano, e que isso é um risco que pode ofuscar os ganhos com o pacote de cortes gastos a ser anunciado pelo governo Lula.

Mesmo se enquadrando entre os chamados “super-ricos” do País, Stuhlberger diz que a ideia em elaboração pelo Ministério da Fazenda de garantir uma tributação mínima sobre todas as fontes de renda “não é ruim”, mas pode ser difícil de ser aprovada, em função dos lobbies que atuam no Congresso. A seguir, os principais pontos da entrevista.

Qual a avaliação do sr. sobre o momento atual da economia?

Stuhlberger: O Lula imagina que a melhor forma de governar é distribuir dinheiro. Ele pensa o desenvolvimento sob a ótica do Estado. Juntando-se funcionários públicos, aposentados e benefícios sociais, dá um número que está beirando R$ 1,5 trilhão, distribuído a 110 milhões de pessoas. É sobre esse número que se discute dar um limite para o crescimento do gasto. Agora, existe essa vontade de subir a isenção de Imposto de Renda para R$ 5 mil. Por que ele quer isso? Porque da faixa de renda entre zero a R$ 3 mil, praticamente todo mundo vota no Lula. De R$ 3 mil a R$ 5 mil, ele já perde muitos votos; e de R$ 5 mil para frente, ele perde com folga. Então, são muitos votos a ganhar com a isenção. Só que isso vai custar entre R$ 70 bilhões a R$ 80 bilhões.

E esse tipo de pensamento dificulta o controle das contas públicas?

Stuhlberger: O que o Lula pensa da Faria Lima? Que as empresas têm um monte de benefícios, o que é verdade, porque há mecanismos, como as debêntures incentivadas, que não pagam impostos. Temos uma carga tributária de 34% de Imposto de Renda mais Contribuição Social. Mas, se olhar as empresas de capital aberto, elas pagam muito menos. E aí ele pensa: por que eu vou cortar dos pobres, se os ricos ganham bilhões em dividendos e não pagam impostos? Então, esse é dilema do Lula: a Faria Lima me pressiona, ameaça jogar o dólar para R$ 6 - embora não seja assim - para eu cortar dos pobres. E o que os ricos vão me dar, nada? Esse é o escopo da discussão com o ministro (da Fazenda) Fernando Haddad. E o Haddad claramente fala: se você não fizer nada, vai ficar muito pior: a inflação vai subir, o dólar vai para R$ 7 e você vai perder a eleição. Então, essa é a síntese simples, o dilema do governo.

Fantinatti: Temos uma dívida que terminou o ano passado em 74,7% do PIB e já está rodando quase em 78%. Se pensar do ponto de vista estrutural, temos um déficit de 1% do PIB, talvez 1,5%. E você joga isso sobre uma dívida alta e não consegue enxergar uma trajetória sustentável. O arcabouço (fiscal) prevê uma margem de crescimento da despesa entre 0,6% e 2,5% (ao ano acima da inflação), mas ninguém fala mais nisso. Agora, tudo virou 2,5%. Por que não faz esforço para jogar para 0,6%? Parece que prefere o teto. E, nesse cenário, a dívida vai crescer a três ou quatro pontos por ano; daqui a pouco vai para 85% e 90% (em relação ao PIB).
Vocês projetam estabilização da dívida?

Fantinatti: Não consigo enxergar; pelo menos até 2030, começo da década que vem. E esse eu acho que é o grande problema da economia, que não é fácil resolver.

Stuhlberger: Por que os juros reais do Brasil são os mais altos do mundo? Primeiro pela alta indexação: tudo corrige pelo IPCA. Em segundo lugar, porque quando o governo sobe os gastos da maneira que o PT sobe, e mais o incentivo fiscal com o parafiscal, isso faz a economia crescer acima do potencial, e a inflação aparece. O governo gastou em 2023 por conta da PEC da Transição cerca de R$ 170 bilhões - sem contar que o Bolsonaro já tinha subido um monte, porque ele que triplicou o Bolsa Família. Então, tem inflação crônica, e o Banco Central fica preso em armadilhas das quais não consegue sair - e aí entra num círculo vicioso: juros vão ter que subir para 13% ou 13,5%. E vem o gasto do governo com juros, que é o que incomoda o PT raiz. O Brasil vai fazer déficit nominal de 10%, crescendo mais do que 3% do PIB.

É um déficit muito elevado...

Stuhlberger: Só Ucrânia, Rússia e Israel, países em guerra, têm déficit tão alto quanto o Brasil. A gente está com déficit de quem está em guerra. Por isso o mercado está tão cético, mesmo com pacote de R$ 30 a R$ 40 bilhões, mesmo que se aprove uma PEC rápida, que tudo caiba no (teto de) 2,5%. O problema é que ainda tem os R$ 70 bilhões da ideia da isenção do Imposto de Renda até R$ 5 mil. O gasto vai ficar controlado, mas a arrecadação vai cair. E aí, o que dizem Haddad e Lula? Vamos na Faria Lima e dizer que eles têm que pagar mais.
Como se recupera a confiança?

Fantinatti: São duas questões. Uma é: o Haddad consegue levar o limite do arcabouço até 2026? E a outra é a sustentabilidade da dívida. Com esse arcabouço, a gente sempre teve muita dificuldade de ver estabilização - a não ser que ele consiga outros R$ 150 bilhões de receita nova todo ano. Mas o que a gente vê é que, politicamente, está muito difícil. Mas se o pacote for bem feito, com magnitude importante, em torno de R$ 30 bilhões, ajuda.
Mas R$ 30 bi não é pouco?

Fantinatti: É que seriam R$ 30 bilhões estruturais mais R$ 25 bilhões de pente-fino. Tem que garantir os R$ 25 bilhões de 2025. Isso vai ser entregue? Até agora, ninguém sabe. Se somar os dois, aí já são R$ 55 bilhões. Seria positivo para endereçar o cumprimento do (teto de) 2,5% real até 2026, mas não é suficiente para estabilizar a dívida. Se olhar os ciclos políticos do Brasil, o ajuste fiscal é sempre nos dois primeiros anos de governo. Agora, o que a gente está querendo é fazer o contrário. Por isso, 2025 é decisivo. E tem o último governo (Bolsonaro), que foi ruim nesse aspecto do precedente gerado: houve mudanças na Constituição, mudaram a LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal) e a lei eleitoral para permitir gasto grande na boca da eleição. STF deu decisão que foi boa, não culpou ninguém, mas disse que era inconstitucional. Será que isso vai evitar para frente?
Quando vocês conversam com a equipe econômica, sentem que eles querem fazer o ajuste, mas isso para no Lula?

Fantinatti: Sim.

Stuhlberger: O Lula sabe que precisa do Haddad, porque sem ele é o caos. Mas é claro que, se você pensar do ponto de vista do Haddad, o que ele gostaria mesmo é de aumentar impostos. Mas eles têm essa noção de que está muito difícil aprovar isso no Congresso.

A ideia de colocar o teto de 2,5% para todos os gastos é viável?

Fantinatti: Tem que desindexar tudo. Esse é o grande problema.
E o salário mínimo com reajuste máximo de 2,5%?

Fantinatti: Do ponto de vista das contas públicas, o salário mínimo deveria ser analisado ano a ano, ter um prazo, pelo menos. Lá atrás, eram quatro anos; desta vez, ficou para sempre. Uma coisa é a política terminar e aprovar outra lei para prorrogar. Outra coisa é ter que aprovar uma lei para terminar com a política. Isso é muito mais difícil. Salário mínimo tem um impacto muito grande nas contas públicas. No teto de gastos, o salário mínimo crescer zero real foi ajuda enorme. Se pegar a reforma da Previdência, 50% da economia é salário mínimo. Os outros 50% são mudança de regra.

Stuhlberger: O gasto com Previdência está perto de R$ 1 trilhão. Se ele cresce 4% ao ano, como vai caber no teto de 2,5%?
E isso não vai ajustado agora. O que poderia ser feito?

Fantinatti: O jeito mais simples seria mudar a regra do salário mínimo, colocar só a inflação (e não o crescimento do PIB). Já teria um ganho enorme do ponto de vista fiscal. Não adianta colocar 2,5% de teto do arcabouço se o mercado não vai acreditar que vai cumprir.

O que o mercado espera?

Fantinatti: Vai depender muito da composição. Se vier R$ 50 bilhões, mas com combates a fraudes aí dentro, não ajuda.

Stuhlberger: Se for R$ 30 bilhões, mas R$ 20 bilhões for combates às fraudes, aí é algo que nunca se consegue.
O mercado já está no limite da paciência? O ganho de confiança com a equipe econômica acabou?

Stuhlberger: Isso o mercado não vai dar, porque seja lá o que eles economizarem agora, vão gastar com redução de receita para ir até o R$ 5 mil de isenção de Imposto de Renda.
Essa ideia da isenção do IR virou uma fonte grande de incerteza?

Stuhlberger: O Lula quer emparedar o Congresso, e o Congresso não vai ter o menor problema de aprovar isso.

Fantinatti: Dificulta ter uma lua de mel com o pacote também, por causa disso - porque a isenção dos R$ 5 mil está ali na mesa.
Mas a ampliação para R$ 5 mil não teria uma compensação específica?

Stuhlberger: Isso nunca foi dito claramente, mas a ideia é ter uma alíquota de imposto mínima para quem ganha mais de R$ 1 milhão - que é o super-rico, cerca de 250 mil pessoas. O que estaria incluído? Tudo. Você tem o seu salário, que paga 27,5%; tem renda de aluguel, 27,5%; tem renda de LCI e LCA, paga zero; você vendeu ação com lucro e pagou 15%; tem cinco empresas no Simples que pagaram 5%. Você junta um pacote, vê o IR que foi pago em cima de todas as rendas. Deu 7%? Como o mínimo é 10%, na declaração de ajuste, paga a diferença. Não é uma coisa ruim, mas os lobbies empresariais, que geram debêntures de infra, LCI e LCA, quando for comprar aquilo, se tem alíquota muito baixa, no limite acabou a sua isenção. Então, é difícil o governo aprovar. Alguns consultores políticos acham a ideia boa, mas inviável. Vai enfrentar o lobby do agro, da indústria.

Essa compensação resolve?

Stuhlberger: O plano do Haddad é fazer algo equânime, ou seja, não ter exceção. Todo mundo que tem renda acima de R$ 1 milhão junta toda a renda, e quem pagou menos de 10% completa. Se for assim, sem exceções, acho que arrecada uns R$ 20 bilhões a R$ 30 bilhões, o que ajuda. Agora, esse é o plano deles; executar com o Congresso é outra história. Se executar as duas coisas, redução de despesa e mais essa alíquota mínima de 10%, aí até pode subir a isenção do IR a R$ 5 mil sem muito estresse. O Congresso é muito cético em aumento de carga, primeiro porque não quer dar essa moleza para o Lula; segundo, porque eles têm o pé atrás de o governo dizer que vai cortar gastos, e depois não corta.

Fantinatti: Grande dificultador que vejo, pelo lado da arrecadação, é a eleição no ano seguinte. Votar a isenção de IR do ponto de vista político, na boca da eleição, tem baixíssima restrição. Mas a contrapartida, de aumentar o imposto, em ano pré-eleitoral é difícil. Se fosse no primeiro ano de governo, seria outra coisa.

Como veem a transição de comando do Banco Central?

Fantinatti: As entrevistas e discursos de diretores estão sendo bem positivas, com discurso de fato de defender o regime de inflação e fazer o que for possível. Isso está escrito no comunicado (da última reunião do Copom).
O que precisa para o Banco Central ganhar mais confiança?

Fantinatti: O grande problema é o fiscal. Com o BC, do ponto de vista do mercado, a preocupação diminuiu bem. Claro que, ao longo do tempo, os diretores vão ter que entregar. Mas diminuiu bastante, tanto que todo mundo está revendo cenário de juros para cima. Se não, estariam colocando a Selic em 8%. Isso demonstra que ganhou credibilidade do ponto de vista do mercado. Neste momento, o Banco Central deixou bem encaminhado.
As três diretorias que vão ser indicadas são um risco?

Stuhlberger: Não acho que o Banco Central seja um problema; o problema é o fiscal.

Fantinatti: Já está garantido que vai ser feito um trabalho de levar a inflação para a meta. O Banco Central vai fazer o trabalho.
Então não é cenário Tombini...

Stuhlberger: Não. Eu acho que o Lula tem esse medo, que a Dilma não tinha (de ter um BC leniente com a inflação). O Lula tem dois medos: ministro da Fazenda e Banco Central.
Qual a avaliação de vocês sobre a reforma tributária?

Fantinatti: É uma simplificação grande, mas tem uma transição de dez anos. Ao longo deste tempo, teremos dois sistemas e pode ficar mais complexo. Ao final do processo, vai ser muito bom; falta ver como vai ser a transição.
Que mundo teremos com a eleição de Donald Trump nos EUA? Os economistas criticam as ideias dele, mas a bolsa subiu no dia seguinte.

Stuhlberger: O mundo se preparou para o Trump, achando que os juros dos títulos americanos iriam para 5%, mas não foram. A minha opinião é que vai ser melhor do que a gente imagina. Ele já foi presidente, vai executar algum aumento de tarifas, talvez vá começar com a China, e vai dar um tempo para negociar com Europa, para não gerar duas inflações consecutivas. E acho que esse trabalho de reduzir o tamanho do Estado com a equipe do Elon Musk pode ser muito interessante. Dito isso, é dólar forte e juros altos, mas acho que o mercado já antecipou - o pior momento foi dia anterior à eleição. Ele não é um líder bom para o mundo, mas é um líder forte, enquanto os democratas são fracos. Trump é um cara tipo Alexandre de Moraes (ministro do STF): sou “cachorro louco”, então tenha medo de mim. Estou mais animado; e isso, no limite, é bom para as eleições brasileiras em 2026. Achei melhor essa mudança do mundo, de sair da esquerda.
Isso pode levar o PT mais para a esquerda ou para o centro?

Stuhlberger: Essa é a grande interrogação. No limite, afora tudo que o Lula pensa, tem outra, que é: “espelho, espelho meu, dado que o PT foi trucidado nas eleições municipais, se eu gastar menos, o que vai acontecer?”

Fantinatti: Por isso a decisão é difícil e atrasam o pacote.

O Estado de S.Paulo - SP   26/11/2024

Ao contrário das ciências exatas, como a física, em economia há correntes de pensamento que se opõem fortemente, tendendo, muitas vezes, para acirradas batalhas ideológicas. A questão mais polêmica é o papel da política fiscal, ou seja, tributação e gastos públicos, sobre a inflação e o crescimento econômico. Por simplificação, mas com perda de rigor, vou dividi-los em dois grupos.

De um lado, encontram-se os neoclássicos, que se intitulam por aqui de liberais. Eles acreditam que as regras do livre mercado ajustam naturalmente os preços e salários para alcançar a estabilidade econômica. Os governos devem intervir o mínimo possível na economia, limitando-se ao suprimento de bens públicos, correção de falhas de mercado e redução do risco dos agentes privados. Com essa visão, defendem a autorregulação e enfatizam o efeito inflacionário dos gastos públicos, sejam de custeio ou de investimentos.

No outro extremo estão os keynesianos, que seguem, principalmente, as ideias de John Maynard Keynes (1883-1946). Para estes, frequentemente, dadas as imperfeições do mercado, a economia pode passar por crises de escassez de demanda, o que exige política fiscal ativa para restaurar o pleno-emprego e possibilitar a continuidade do crescimento econômico. O pós-keynesiano Hyman Minsky (1919-1996) ofereceu valiosa colaboração ao mostrar que os humores do sistema financeiro podem gerar ciclos econômicos, com bolhas e recessões.

Como sempre, a verdade parece estar no meio. O governo pode e deve se preocupar com muitas questões que vão bem além das propostas pelos neoclássicos, tais como desigualdade, oportunidades e investimentos, especialmente em saúde, educação, pesquisa e inovação, meio ambiente e infraestrutura. E se aceitarmos que a economia pode endogenamente entrar em recessões decorrentes de escassez de demanda, os estímulos fiscais e monetários são necessários para tirá-la dessa situação.

No entanto, quando a economia está no limite de sua capacidade produtiva, a expansão fiscal pode ser danosa, pois tende a provocar pressões inflacionárias e a deteriorar a balança de transações correntes (diferença entre exportações e importações de bens e serviços).

E há uma profusão de indicadores mostrando que é esse o estágio atual da economia brasileira. A inflação (IPCA), medida pela média móvel anualizada dos últimos seis meses, já está em 6% ao ano, e as expectativas para 2025 e 2026 estão cada vez mais distantes da meta de 3% ao ano. Da mesma forma, embora ainda não haja dificuldade para o financiamento externo, o déficit em conta corrente deve saltar de US$ 22 bilhões em 2023, para US$ 60 bilhões em 2025.

Pouco importa se os keynesianos ou os neoclássicos estão com a razão. A economia brasileira dá fortes sinais de que, na atual situação, políticas de expansão de demanda podem levar a uma grave crise econômica.

IstoÉ Dinheiro - SP   26/11/2024

A mediana das previsões do mercado financeiro no relatório Focus do Banco Central para a inflação medida pelo Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) de 2024 passou de 5,45% para 5,98%. Um mês antes, ela estava em 4,57%.

A estimativa para 2025 passou de 4,00% para 4,08%, contra 3,93% quatro semanas atrás.

Os índices gerais de preços, da Fundação Getulio Vargas (FGV), medem um agregado da inflação para três grupos: produtores (atacado, com impacto do câmbio e da variação e commodities), com peso de 60%; consumidores, com peso de 30%; e construção, com peso de 10%.

O Estado de S.Paulo - SP   26/11/2024

A reforma tributária em discussão no Brasil, embora busque modernizar e simplificar o sistema tributário, apresenta falhas significativas que ameaçam a competitividade das indústrias nacionais. A carga tributária sobre a indústria brasileira já é uma das mais elevadas do mundo. Dados do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT) indicam que a carga tributária total no Brasil atinge cerca de 33% do PIB, e a indústria suporta uma parcela desproporcional dessa carga, aproximadamente 35% de sua receita bruta em impostos diretos e indiretos. Em contraste, a média da carga tributária sobre a indústria nos países da OCDE é de cerca de 21%.

A proposta de reforma tributária visa a substituir tributos como PIS, Cofins, IPI, ICMS e ISS pelo Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS). Embora a unificação dos tributos possa simplificar a burocracia fiscal, as alíquotas sugeridas não consideram as especificidades do setor industrial. A alíquota padrão proposta para o IBS é de 25%, enquanto para a CBS é de 12%, resultando em uma carga tributária combinada de 37% sobre a receita das indústrias. Isso aumentaria a carga tributária sobre a indústria, inviabilizando sua competitividade no mercado internacional.

Consideremos um exemplo: uma indústria que atualmente paga 18% de ICMS e 9,25% de PIS/Cofins passaria a pagar 37% de IBS e CBS, um aumento de 9,75 pontos porcentuais na carga tributária. Esse aumento pode significar a diferença entre operar com lucro ou prejuízo para muitas empresas.

Além disso, a indústria brasileira enfrenta desafios adicionais, como altos custos de energia e infraestrutura deficiente. O gás natural, por exemplo, é três vezes mais caro no Brasil do que nos Estados Unidos. Acrescente-se a incerteza jurídica e a frequente mudança nas regras tributárias que desestabilizam o planejamento financeiro das empresas.

Outro ponto crítico é a ausência de mecanismos claros e eficazes de compensação de créditos tributários. A indústria exportadora brasileira enfrenta dificuldades significativas para recuperar créditos de PIS e Cofins, agravando sua competitividade no mercado global. A reforma, ao não abordar essa questão de forma robusta, perpetua um problema que há muito penaliza a indústria nacional.

Em conclusão, a reforma tributária, em sua forma atual, representa uma ameaça substancial à competitividade da indústria brasileira. Para alcançar seus objetivos de simplificação e justiça fiscal, é necessário revisar profundamente o texto, garantindo um ambiente tributário que promova o crescimento econômico sustentável e a competitividade da indústria nacional.

MINERAÇÃO

Infomoney - SP   26/11/2024

Os contratos futuros do minério de ferro se fortaleceram nesta segunda-feira, impulsionados pela maior produção global de aço, embora as crescentes tensões comerciais em torno da China, principal mercado consumidor do minério, tenham limitado os ganhos.

O contrato de janeiro do minério de ferro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) da China encerrou as negociações do dia com alta de 0,84%, a 781,5 iuanes (107,88 dólares) a tonelada. Mais cedo, o contrato chegou a subir até 791,0 iuanes, valor mais alto desde 8 de novembro.

O minério de ferro de referência para dezembro na Bolsa de Cingapura avançava 1,61%, a 102,2 dólares a tonelada.
A produção global de aço bruto em outubro subiu 0,4% em relação ao ano anterior, atingindo 151,2 milhões de toneladas, mostraram dados da Associação Mundial do Aço na sexta-feira.

Na China, o maior produtor e consumidor de metais do mundo, a produção de aço bruto cresceu 2,9%, para 81,9 milhões de toneladas no mesmo período, segundo os dados.

Os estoques mais baixos de produtos siderúrgicos chineses, impulsionados por exportações robustas, também sustentaram os preços do minério de ferro acima de 100 dólares por tonelada, disseram os analistas da Westpac em nota.

Enquanto isso, exportadores chineses e formuladores de políticas estão se preparando para interrupções no comércio, já que o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, ameaçou impor tarifas superiores a 60% sobre todos os produtos chineses.

A segunda maior economia do mundo poderá enfrentar tarifas de quase 40% sobre suas exportações para os EUA no próximo ano, segundo economistas consultados pela Reuters, o que poderá reduzir o crescimento em até 1 ponto percentual.

Na sexta-feira, os EUA proibiram uma série de importações chinesas, incluindo minério de ferro, por causa de suposto trabalho forçado envolvendo os uigures, de acordo com um aviso do governo publicado online.

Valor - SP   26/11/2024

Pesquisa realizada pela KPMG com líderes brasileiros do setor de mineração mostra que 65% dos executivos entrevistados acreditam que a maneira mais eficaz de as companhias atingirem as metas de descarbonização é integrar essas metas à estratégia corporativa. O estudo “Panorama Global do Setor de Metais e Mineração 2024” apontou que 43% dos entrevistados pretendem transformar a pegada de carbono nas operações das empresas que lideram por meio de investimentos em tecnologia. O mesmo percentual tem a intenção de ampliar os recursos em pesquisa e desenvolvimento. O levantamento é um recorte que ouviu 46 executivos do Brasil dentro de uma pesquisa mundial, num total de 450 participantes. “Os dados mostram que a descarbonização eficaz pode revolucionar a eficiência e a lucratividade dos negócios e os líderes reconhecem que a indústria enfrenta grandes desafios para alcançar os objetivos de descarbonização”, analisa o sócio-líder do setor de energia e recursos naturais da KPMG no Brasil e na América do Sul, Manuel Fernandes..

AUTOMOTIVO

InfraRoi - SP   26/11/2024

O Grupo Volkswagen e a thyssenkrupp Steel assinaram um memorando de entendimento (MoU) para uso de aço de baixo carbono nas operações da montadora na Alemanha, que deve vir de uma futura planta operada pela thyssenkrupp Steel. Prevista para entrar em operação em 2027 e com início de entregas no ano seguinte, a operação será alimentada por hidrogênio e eletricidade verde, possibilitando uma pegada de carbono significativamente reduzida na comparação com a produção de aço convencional.

Inicialmente, a planta será operada com gás natural como agente redutor e será gradualmente convertida para o uso de hidrogênio. O produto resultante, o aço bluemint, será certificado de acordo com padrões reconhecidos e poderá alcançar o rótulo LESS de categoria A quando operado com hidrogênio 100% renovável. Essa classificação foi desenvolvida pela Associação Alemã do Aço com o apoio do Ministério Federal de Economia e Ação Climática da Alemanha.

A Volkswagen pode se beneficiar significativamente desse processo para evitar emissões de COâ‚‚, uma vez que de 15% a 20% das emissões de um veículo elétrico são atribuídas ao aço utilizado. Além disso, esse conceito de descarbonização permite a fabricação de todo o portfólio de produtos de acordo com as especificações habituais e com qualidade comprovada. A montadora quer ser neutra em carbono até 2050.
thyssenkrupp Steel quer ser referência para eletromobilidade

O aço é o material básico para a mobilidade e o preferido para a produção de veículos. Em média, são necessários 1.000 quilos de aço por veículo para diversas aplicações. O metal ganha ainda mais destaque no contexto da eletromobilidade, já que mais aço é necessário em veículos elétricos – devido às grandes unidades de bateria – do que em veículos a combustão. Ao combinar expertise em materiais e conhecimento de aplicação, a thyssenkrupp Steel quer se posicionar como um ator-chave no desenvolvimento da eletromobilidade.

O Estado de S.Paulo - SP   26/11/2024

A montadora chinesa Great Wall Motors (GWM), que pretende inaugurar sua fábrica no Brasil no primeiro semestre de 2025 – após dois anos de atraso –, estabeleceu uma meta ambiciosa para o índice de nacionalização de peças. Segundo o presidente da GWM International, Parker Shi, até o fim de 2026, a companhia deverá ter 60% das peças usadas nos carros produzidos no Brasil fabricadas localmente. Ele mesmo, no entanto, reconhece que não será fácil atingir o objetivo.

“60% é o alvo. Não sei se posso atingir, para ser honesto. Mas preciso de uma meta agressiva para pressionar nossas equipes”, disse o executivo em conversa com jornalistas na semana passada, em São Paulo. Shi acrescentou que ter fornecedores próximos à fábrica é a “chave do sucesso” para uma montadora, dado que o custo de logística diminui. Ainda de acordo com ele, a empresa poderá trazer para o Brasil subsidiárias que produzem autopeças. “Faz parte de um possível projeto, mais para frente.”

A intenção da chinesa é aproveitar o tamanho do mercado brasileiro (de pouco mais de dois milhões de veículos por ano) para estabelecer aqui uma “plataforma de crescimento”, o que inclui concessionários, rede de fornecedores, mão de obra e exportação para países vizinhos. Hoje, o Brasil já é o terceiro maior mercado da GWM no exterior, depois da Rússia e da Austrália.

A GWM vem trabalhando para adaptar uma antiga fábrica da Mercedes-Benz em Iracemápolis (SP) em uma planta de carros eletrificados. Na unidade, produzirá inicialmente veículos híbridos (com dois motores, um elétrico e outro a combustão). O primeiro modelo será o Haval.

A montadora não tem previsão de começar a produzir carros totalmente elétricos no Brasil, devido à dificuldade de esses modelos competirem aqui com os veículos abastecidos com etanol. “Um 100% elétrico não vai ter crescimento tão rápido no País. Mas um plug-in (veículo híbrido cujo motor elétrico pode receber carga pela tomada) vai funcionar bem”, disse Shi.

O projeto da GWM no Brasil prevê R$ 10 bilhões em investimentos até 2032. Quando o plano foi divulgado, em janeiro de 2022, a montadora anunciou que a produção começaria no primeiro semestre de 2023 e que a unidade empregaria 2 mil pessoas. Um ano depois, no entanto, adiou o início das operações para 2024 e, no começo deste ano, postergou a abertura novamente.

A necessidade de mais tempo para definir as tecnologias adequadas para o mercado brasileiro estão entre os motivos que explicam o atraso. A montadora também alterou estratégias durante esses dois anos. Inicialmente, a intenção era começar a produção no País com uma picape, que, apesar do custo pesado do motor elétrico, poderia competir em preço com as concorrentes movidas a diesel. A empresa, porém, mudou de ideia no meio do caminho para apostar no Haval.

A meta de nacionalização de peças também foi alterada nesse período. No fim de 2023, o então presidente da empresa no Brasil e na América Latina, James Yang, afirmou ao Estadão que o objetivo era atingir 40% no médio prazo, o que permitiria a exportação de veículos para países da região que têm acordo comercial com o Brasil. Agora, o número foi ampliado para 60%.

Para tentar se aproximar do objetivo, executivos da companhia conversaram na semana passada com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, sobre incentivos a fornecedores. De acordo com Shi e com o novo presidente da GWM no Brasil e no México, Andy Zhang, foi discutida a possibilidade de concessão de financiamento a empresas fornecedoras que se instalarem em um raio de 50 quilômetros da fábrica da empresa, sejam elas brasileiras ou estrangeiras. Também se falou de melhorar a infraestrutura na região para facilitar a logística. Por ora, já está confirmada a instalação da fabricante chinesa de pneus LingLong em Santa Bárbara d’Oeste (a 25 km de Iracemápolis).

Para dar início às operações em 2025, a montadora promete contratar cem funcionários até o fim de dezembro – hoje são apenas 40 empregados na fábrica. Outros 600 estão previstos para o primeiro semestre do ano que vem, de acordo com o presidente da empresa no Brasil.

Zhang afirmou ainda que a GWM deve encerrar este ano com 28 mil carros vendidos no Brasil. Até outubro, haviam sido 23.452 veículos, ou 1,5% do total comercializado no País, de acordo com a Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores). Para 2025, a previsão é de um crescimento de 11% nas vendas, atingindo 31 mil automóveis. Parte desses carros será importada e parte, produzida no Brasil – a companhia, no entanto, não divulgou quantos serão fabricados aqui.

Hoje, a GWM é a 13ª maior montadora no Brasil em número de vendas. Sua grande concorrente, a também chinesa BYD, está em 10º lugar, com 3,74% do mercado e 58.456 carros comercializados entre janeiro e outubro de 2024.

Segundo Shi, mesmo após a inauguração da fábrica brasileira, a GWM continuará com uma estratégia mais conservadora de marketing e crescimento no País. “Olhamos mais para o crescimento estável e de longo prazo. Não gostamos de sobe e desce (nos resultados), porque, quando há quedas, os custos aumentam. Não estamos em uma corrida de 100 metros, mas em uma maratona.” O executivo acrescentou que o foco da empresa é criar uma marca confiável e de qualidade para, depois, avançar com a propaganda boca a boca.

Monitor Digital - RJ   26/11/2024

A Câmara de São Paulo aprovou por unanimidade, em primeira votação, o Projeto de Lei 414/2024, que prorroga até 2030 a devolução da quota-parte do IPVA transferida ao município e isenção de rodízio para veículos elétricos, híbridos e movidos a hidrogênio.

Apesar de a medida ainda depender de segunda votação pelos vereadores e da sanção do prefeito Ricardo Nunes, a ABVE avalia que esse avanço já representa uma vitória importante para o setor e para a sociedade, pois estimula maior procura por automóveis eletrificados, o que também contribui para a redução das emissões.

“O apoio das montadoras e associações do setor, como a ABVE, além dos parlamentares e do prefeito, tem sido fundamental para garantir o sucesso e a continuidade desta política pública”, afirma o vereador Rodrigo Goulart (PSD), autor do projeto. “São Paulo, como uma das maiores metrópoles do mundo, não pode ficar para trás em relação às grandes cidades globais na eletrificação e descarbonização do transporte”, acrescentou.

O Projeto de Lei 414/2024 foi aprovado pelos 39 vereadores presentes à sessão do dia 21/11. Ele altera um dos parágrafos da Lei nº 15.997, de 2014, de autoria do atual deputado estadual Antonio Donato (PT), na época secretário de Governo do então prefeito Fernando Haddad.

Em 2021, uma mudança na Lei 15.977 tinha fixado prazo até 31 de dezembro de 2024 para a vigência dos benefícios. O PL do vereador Rodrigo Goulart prorroga esse prazo até 31 de dezembro de 2030. Se for sancionado pelo prefeito, entrará em vigor a partir de 1º de janeiro de 2025.

A devolução da quota-parte municipal do IPVA para proprietários de carros elétricos e híbridos em São Paulo tem um limite de 103 Ufesp (Unidade Fiscal do Estado de São Paulo), hoje correspondente a R$ 3.642,08.
Referência

“Essa prorrogação não é apenas a extensão de um incentivo fiscal, é um passo estratégico para consolidar São Paulo como referência em mobilidade limpa e sustentável, além de melhorar a qualidade de vida dos moradores da cidade”, disse o presidente da ABVE, Ricardo Bastos.

“Iniciativas como essa viabilizam o acesso da população a tecnologias mais verdes, fomentam a indústria do setor automotivo e geram impactos positivos na qualidade do ar e na saúde da população”.

Para a ABVE, políticas públicas como a aprovada pela Câmara paulistana têm impacto significativo na adoção de tecnologias sustentáveis. Só nos últimos três anos as vendas de veículos elétricos e híbridos leves de todas as tecnologias cresceram 160% na cidade São Paulo, segundo a ABVE Data, passando de 7.484 emplacamentos em 2022 para 19.492 até outubro de 2024.

O projeto está alinhado com as metas de descarbonização da cidade e prevê que a devolução do IPVA continue a ser inserida no orçamento municipal.

“Embora haja um impacto financeiro inicial, o retorno à sociedade, seja por meio de redução de emissões ou melhorias na saúde pública, é inestimável”, ressaltou Rodrigo Goulart.

Além de incentivar os veículos leves (autos e comerciais leves), o município de São Paulo avança no programa de eletrificação do transporte coletivo previsto pela Lei 16.802/2018, que prevê metas anuais de troca dos ônibus a diesel por modelos elétricos.

CONSTRUÇÃO CIVIL

Grandes Construções - SP   26/11/2024

A Utilização da Capacidade Operacional (UCO) da indústria da construção subiu três pontos percentuais em outubro, chegando aos 70%, maior patamar para o mês desde 2013.

É o que revela a Sondagem Indústria da Construção, divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), em parceria com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), nesta segunda-feira (25).

De acordo com a pesquisa, a UCO de outubro de 2024 ficou seis pontos percentuais acima da média histórica para o mês, que é de 64%. O indicador está acima do usual em todos os setores.

• Construção de edifícios: 64%. A média histórica é de 61%;
• Obras de infraestrutura: 68%. A média histórica é de 62%;
• Serviços especializados para a construção: 71%. A média histórica é de 66%.

“O setor está vivendo um momento importante, com crescimento significativo nas contratações e na compra de materiais ligados à construção, sobretudo com relação à construção de edifícios, que ganhou impulso com as mudanças realizadas no programa Minha Casa, Minha Vida, que acontecem desde o fim do ano passado”, avalia o gerente de Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo.

Desempenho e emprego no setor - O índice de evolução do nível de atividade da indústria da construção ficou em 48,7 pontos. O resultado é um ponto acima da média histórica para outubro (47,7 pontos). Já o indicador que mede a evolução do emprego fechou o mês em 47,5 pontos, 1,2 ponto acima da média histórica. Isso mostra que os empresários percebem que o desempenho e o número de trabalhadores evoluíram de forma mais favorável.

Tanto para o nível de atividade quanto para o de número de empregados, os setores de obras de infraestrutura e de serviços especializados para a construção registraram indicadores acima da média histórica em outubro; ao contrário do segmento de construção de edifícios, cujo índice ficou abaixo.

Confiança dos empresários - Na passagem de outubro para novembro, o Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) da Construção diminuiu 0,7 ponto. O indicador marca 53,8 pontos, o que revela que os industriais do setor estão menos confiantes.

Segundo a CNI, a queda do ICEI da Construção, de modo geral, ocorreu devido a pior avaliação dos empresários quanto às condições atuais e futuras das empresas e da economia.

No recorte por segmento, o ICEI dos empresários de obras de infraestrutura aumentou 2,3 pontos em novembro, chegando aos 53,7 pontos. Já os indicadores que medem a confiança dos industriais de construção de edifícios e de serviços especializados para a construção caíram 0,7 ponto e 1,9 ponto, respectivamente.

Expectativas e intenção de investir - Em novembro, todos os índices que medem a expectativa dos industriais da construção para os próximos seis meses diminuíram. O índice de expectativa de nível de atividade caiu de 54 pontos para 52 pontos; o de novos empreendimentos e serviços foi de 53,9 pontos para 51,7 pontos; o de compras de insumos e matérias-primas recuou de 52,8 pontos para 51,1 pontos; e o relativo ao número de empregados diminuiu de 53,5 pontos para 52 pontos.

Apesar da queda generalizada, todos os indicadores continuam acima da linha divisória de 50 pontos, o que significa que eles ainda têm expectativas positivas para o próximo semestre.

O índice de intenção de investimento da indústria da construção caiu 0,6 ponto em novembro; de 46,4 pontos para 45,8 pontos. Apesar disso, a queda reverteu parcela pequena do forte avanço registrado em outubro, de 2,5 pontos. Mesmo com o resultado negativo, o indicador está 8 pontos acima da média histórica.

FERROVIÁRIO

Revista Mineração - SP   26/11/2024

A ArcelorMittal e a Multitex Logística fecharam um acordo para a criação da joint venture TITAM Intermodais S.A, com sede no município de Arcos, no Centro-Oeste de Minas Gerais.

Além de garantir o acesso ao transporte ferroviário para indústrias e produtores da região, as instalações da TITAM garantem à ArcelorMittal o embarque de cal e calcário pela ferrovia para suas plantas industriais produtoras de aço no Espírito Santo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.

A estratégia busca a manutenção operacional e a competitividade da produtora de aço, com previsão de posterior aumento do embarque de insumos transportados na ferrovia.

A redução dos custos de transporte resultante da parceria, além de aumentar a competitividade, também vai reduzir a dependência do modal rodoviário e as emissões de CO2 em função do menor número de caminhões em circulação.

Rodoviário

Valor - SP   26/11/2024

Quatro grupos entregaram proposta pela concessão rodoviária da Nova Raposo, que o governo de São Paulo pretende licitar nesta quinta-feira (28). A CCR, a EPR (Equipav e Perfin), a Via Appia (da Starboard) e a Ecorodovias estiveram presentes na entrega de ofertas, realizada nesta segunda-feira (25), na sede da B3, em São Paulo.

Ao todo estão previstos R$ 7,9 bilhões de investimentos na concessão.

O trecho a ser leiloado inclui 92 km de estradas e abarca parte do sistema Raposo Tavares-Castello Branco, na região metropolitana da capital.

Na disputa, vencerá o grupo que oferecer o maior valor de outorga, que será paga ao Estado. O mínimo exigido no edital é de R$ 4,6 milhões.

A Nova Raposo inclui trechos da atual concessionária ViaOeste, da CCR, contrato que chega ao fim em março de 2025. Para a nova licitação, a concessão foi dividida em duas e cada novo bloco passou a incluir também estradas hoje operadas pelo Estado. O primeiro lote, o Rota Sorocabana, foi leiloado no fim de outubro, e foi conquistado pela CCR, que ofereceu outorga de R$ 1,6 bilhão, superando as ofertas de Ecorodovias, Pátria e EPR.

O segundo lote, o Nova Raposo, é considerado mais complexo, principalmente por prever obras que demandam desapropriações na chegada à capital. Ao mesmo tempo, o trecho prevê grande fluxo de veículos.

Entre as principais obras previstas no projeto estão a construção de marginais e uma quarta faixa entre a capital e a cidade de Cotia, para que os acessos não sejam feitos por meio da via expressa, o que hoje é motivo de acidentes na região.

NAVAL

Portos e Navios - SP   26/11/2024

O Terminal Portuário de Vila Velha (TVV) registrou um aumento de 39% na produtividade operacional entre setembro e outubro de 2024, resultado das modernizações concluídas até agosto. Essas melhorias reduziram em 18% o tempo médio de permanência das embarcações, aumentando a rotatividade e a capacidade de atendimento, além de gerar um crescimento de 15% no volume médio de contêineres movimentados por escala.

A Log-In Logística Integrada, administradora do terminal, investiu R$ 48 milhões em 2024 para implementar um projeto de retrofit que modernizou os guindastes Ship-to-Shore (STS) com sistemas de automação avançados, como o Crane Management System (RCMS), Twin de Vazio, Reconhecimento Óptico de Caracteres (OCR) e sistemas de pesagem integrados. Essas tecnologias aumentaram a confiabilidade e eficiência das operações. Futuramente, o TVV incorporará sistemas de operação remota (RCOS) e o Simocrane TPS (Truck Positioning System).

O terminal também conta com guindastes Mobile Harbor Crane (MHC) que operam com energia elétrica de fontes renováveis, alinhados aos princípios ESG, contribuindo para a redução de emissões de carbono e o impacto ambiental. As iniciativas consolam o TVV como referência em inovação e sustentabilidade, fortalecendo sua capacidade de atender demandas logísticas nacionais e internacionais, enquanto impulsiona o desenvolvimento econômico regional. A Log-In Logística Integrada possui uma frota de nove navios porta-contêineres e uma rede de transporte rodoviário que integra serviços de cabotagem e distribuição terrestre.

PETROLÍFERO

Infomoney - SP   26/11/2024

A equipe de transição de Donald Trump está elaborando um amplo pacote de energia, para ser lançado poucos dias após sua posse, que aprovaria licenças de exportação para novos projetos de gás natural liquefeito (GNL) e aumentaria a perfuração de petróleo na costa dos EUA e em terras federais, de acordo com duas fontes familiarizadas com os planos.

O checklist de energia reflete em grande parte as promessas feitas por Trump durante a campanha, mas o plano de divulgar a lista já no primeiro dia garante que a produção de petróleo e gás será classificada, ao lado da imigração, como um pilar da agenda inicial de Trump.

Republicano, Trump também planeja revogar algumas das principais legislações e regulamentações climáticas de seu antecessor democrata, como créditos fiscais para veículos elétricos e novos padrões para usinas de energia limpa que visam eliminar gradualmente o carvão e o gás natural, disseram as fontes.
Uma prioridade inicial seria suspender a pausa imposta por Joe Biden, em ano eleitoral, sobre novas licenças de exportação para GNL e agir rapidamente na aprovação de permissões pendentes, disseram fontes. Trump também buscaria acelerar a emissão de permissões de perfuração em terras federais e reabrir rapidamente os planos de perfuração de cinco anos na costa dos EUA para incluir mais vendas de arrendamento, disseram as fontes.

Em um gesto simbólico, Trump buscaria aprovar o oleoduto Keystone, que era um ponto ambiental crítico e que foi interrompido depois que Biden cancelou uma licença importante em seu primeiro dia no cargo. Mas qualquer empresa que queira construir o empreendimento multibilionário para transportar petróleo bruto canadense para os EUA precisaria começar do zero, já que elementos como servidões foram devolvidos aos proprietários de terras.

Muitos dos termos do plano exigiriam tempo para passar pelo Congresso ou pelo sistema regulatório do país. Trump prometeu declarar uma emergência energética no primeiro dia no cargo, o que poderia testar se ele consegue contornar essas barreiras para impor algumas mudanças em cronograma acelerado.

Trump também pediria ao Congresso que fornecesse novos fundos para que ele pudesse repor a Reserva Estratégica de Petróleo do país, fixada como um suprimento emergencial de petróleo bruto e que foi esgotada sob Biden para ajudar a administrar os picos de preços causados pela crise da Ucrânia e a alta inflação durante a pandemia. Repor a reserva aumentaria a demanda de petróleo de curto prazo e encorajaria a produção dos EUA.

Também espera-se que Trump pressione a Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês), órgão sediado em Paris que aconselha países industrializados sobre política energética. Os republicanos criticaram o foco da IEA em políticas para reduzir emissões. Os conselheiros de Trump o instaram a reter recursos de financiamento a menos que a IEA assuma uma posição mais pró-petróleo.
Trump “planeja se fortalecer” no GNL

Biden congelou novas licenças de exportação de GNL em janeiro para estudar os impactos ambientais, em um movimento visando obter ganhos em ano eleitoral. Sem as licenças de exportação, os desenvolvedores não podem prosseguir com os planos de construção para novos projetos. Os projetos atrasados incluem o CP2 da Venture Global, o Commonwealth LNG e o Energy Transfer Complexo Lake Charles, todos na Louisiana.

Os Estados Unidos são o maior produtor mundial de gás natural e se tornaram o maior exportador de GNL em 2022, quando a Europa recorreu ao país para se livrar do vasto suprimento de energia da Rússia após a invasão da Ucrânia.

O governo Biden prometeu divulgar o estudo ambiental antes de Trump assumir a Casa Branca em 20 de janeiro, mas isso não teria influência para o novo governo, disseram as fontes.

“A questão do GNL é uma oportunidade fácil, e ele planeja agir com firmeza sobre o tema”, disse uma das fontes.

Perfuração offshore em terras federais

Trump tentaria acelerar a perfuração na costa dos EUA e em terras federais.

O tempo médio para concluir uma licença de perfuração em terras federais e indígenas foi de 258 dias nos três primeiros anos da administração Biden, acima dos 172 dias durante os quatro anos da presidência de Trump, de acordo com dados federais.

A expectativa é de que Trump acelere as licenças pendentes, realize leilões com mais frequência e ofereça terras com maior probabilidade de fornecer petróleo, disseram as fontes.

Apesar do atraso na aprovação de licenças, o Departamento do Interior de Biden aprovou, em média, mais licenças de perfuração de petróleo em terra do que o primeiro governo Trump, mostram registros federais.

A produção de petróleo em terras e águas federais atingiu recorde em 2023, enquanto a produção de gás atingiu seu nível mais alto desde 2016, de acordo com dados federais.

A atividade de perfuração em terras e águas federais é responsável por cerca de um quarto da produção de petróleo dos EUA e 12% da produção de gás.

Monitor Digital - RJ   26/11/2024

Conversamos com Adriano Pires, diretor do CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura), sobre o Plano de Negócios 2025-2029 da Petrobras.

Qual a sua avaliação sobre o Plano de Negócios 2025-2029 da Petrobras?

O Plano não trouxe nenhuma grande novidade se você olhar todo o discurso das autoridades do atual governo em relação ao que eles pensam sobre a Petrobras. O Plano coloca um pouco mais de 2/3 dos investimentos na exploração e produção de petróleo e gás e traz de volta um investimento significativo em refino, além de acenar para a questão das energias renováveis e dos fertilizantes. O mercado não teve nenhuma surpresa, já que esse era o Plano que todo mundo aguardava.

Qual a sua avaliação sobre os investimentos em refino, transporte e comercialização?

Eu defendo a tese de que a Petrobras deveria focar, o máximo possível, em explorar e produzir petróleo. Esse é o core business da empresa e onde ela é uma das melhores do mundo. O pré-sal está fazendo o Brasil ser protagonista na cena internacional de óleo, sendo que o país já é o nono produtor de petróleo no mundo e, provavelmente em 2027, 2028, será o quinto. Além disso, o país possui novas bacias para serem desenvolvidas, como a Bacia de Pelotas e a Margem Equatorial, que tem causado polêmica em função de o Ibama não liberar as licenças ambientais. Por mais que isso tenha acontecido, acredito que no final do dia o bom senso vai prevalecer e as licenças serão liberadas de forma a que o Brasil possa explorar as riquezas que existem nessa bacia.

Com isso, não faz sentido a Petrobras se dedicar às atividades de refino, comercialização, transportes e fertilizantes. Essas atividades deveriam ser feitas, tranquilamente, pelo setor privado, até porque as margens desses negócios são infinitamente menores do que as margens de exploração e produção. Do ponto de vista dos acionistas, eles vão perder dinheiro com a Petrobras investindo nessas atividades, que poderiam, volto a repetir, ser desenvolvidas pelo setor privado.

No governo Bolsonaro, a Petrobras assinou um TCC (Termo de Compromisso de Cessação) com o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) através do qual se comprometia a vender 50% da sua capacidade de refino, sendo que a empresa vendeu apenas as Refinarias de Mataripe, na Bahia, e de Manaus, o que foi pouco, apesar da Refinaria de Mataripe ser responsável por uma parte significativa da capacidade brasileira de refino. Além disso, a Petrobras vendeu toda a malha norte e nordeste de gasodutos para um consórcio da Engie com um fundo canadense, o que deu origem à TAG, e vendeu para a Brookfield a malha do Sul-Sudeste, o que deu origem à NTS.

Essas vendas foram corretas, pois pela história da Petrobras, quando ela se mete a investir em muitos setores, ela acaba não dando conta. Do ponto de vista de retorno, isso dá margem a investimentos ruins. Pior: às vezes, o critério de decisão desses investimentos é político, e não técnico. Já está provado que essa estratégia de investir em tudo o que é canto não é boa para empresa e muito menos para os seus acionistas.

O Plano de Negócios ataca a questão da dependência do país da importação de derivados?

O governo e a Petrobras defendem a volta do investimento no refino para que possamos diminuir a nossa dependência das importações. Hoje, o país importa, praticamente, todos os derivados, mas essa dependência deveria ser suprimida pelo investimento privado, e não pela Petrobras. Isso porque o refino é uma atividade industrial que não tem nenhum segredo. O Brasil tem todo potencial para atrair investidores privados para o refino, desde que haja uma política de preços que não traga subsídios, já que uma grande barreira de entrada de investimentos privados nesse setor foi a política de subsídios que o Brasil sempre teve, em diferentes governos, para se tentar controlar a inflação e ganhar eleições.

Quando o Brasil fez a abertura do mercado de petróleo através da Lei 9.478/97, os leilões de exploração e produção de petróleo foram um sucesso tremendo, tanto que o Brasil hoje, volto a dizer, é o nono maior produtor de óleo do mundo, tendendo a ser o quinto nos próximos anos. Em termos de produção, os países que mais estão confrontando a Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) são os Estados Unidos, o Brasil e, agora, a Guiana.

Se o Brasil tivesse feito a mesma abertura para refino, atraindo empresas privadas para essa atividade, certamente hoje nós não seríamos importadores de derivados. Inclusive, nós poderíamos ser exportadores. Isso porque dentro da lógica econômica, não faz sentido o país ser exportador de óleo e importador de derivados, já que o valor agregado está muito mais no derivado do que no petróleo, apesar do petróleo brasileiro ter muito valor agregado, já que o petróleo do pré-sal, em particular, é leve, ou seja, ele é muito bom em termos ambientais. É por isso que a Petrobras é a maior exportadora de petróleo da América Latina.

Como disse, a nossa dependência tem que ser combatida e reduzida com investimento privado, e não com investimento da Petrobras. Como a empresa não tem o dinheiro do mundo, o melhor lugar para que ela bote seus recursos, de forma a que eles possam gerar mais retorno para ela e seus acionistas, sendo que o seu principal acionista é a União, ou seja, todos nós, é investir na exploração e produção de petróleo, e não no refino.

Como o país poderia agregar valor às suas exportações de petróleo?

Como disse, o Brasil já agrega valor naturalmente pelo fato do petróleo brasileiro ser leve, o que faz com que ele tenha um preço muito maior do que os petróleos pesados. Hoje, o grande comprador do petróleo brasileiro é a China.

Em termos de país, o que poderia agregar valor seria exportar menos petróleo e importar menos derivados, como diesel e gasolina. Não necessariamente para sermos autossuficientes, pois não há necessidade disso, até porque gasolina e diesel são commodities que são negociados no mundo, mas esse petróleo poderia gerar mais riqueza para o Brasil. Isso porque, é importante lembrar, todo país que exporta tem a vocação de refinar. Da mesma forma que você vai pagar um frete para exportar petróleo, também vai pagar um frete para importar os derivados. Só a diferença desses dois fretes já poderia aumentar a margem de refino no Brasil, mas, infelizmente, essa não é a política e o governo acha que refino é estratégico, quando ele não é nada estratégico.

Qual a sua avaliação sobre a projeção de dividendos que consta no Plano de Negócios?

Hoje, a Petrobras é diferente dos outros governos petistas. Como ela produz muito óleo, mesmo que ela invista errado, colocando recursos em segmentos de menor retorno como fertilizantes, energia renovável ou refino, a Petrobras vai conseguir ter resultados muito melhores do que os obtidos no passado. Cabe lembrar que a Petrobras quase quebrou no Governo Dilma. Isso fica mais difícil agora, pois com o petróleo rondando US$ 70, US$ 80, e com o lifting cost do pré-sal muito baixo, a Petrobras tem sempre uma margem muito garantida, então ela vai conseguir, de qualquer maneira, pagar dividendos.

Como a Petrobras é uma exportadora de petróleo e a sua produção vai continuar crescendo até, pelo menos, 2030, ela vai ter uma receita muito grande para aturar decisões de investimento erradas e pagar dividendos. Agora, se a Petrobras tivesse uma gestão mais empresarial, mais preocupada com os acionistas, e menos preocupada com a questão da política, ela poderia pagar mais dividendos do que vai pagar.

Com relação ao ano de 2030, como a produção do pré-sal vai começar a cair a partir desse ano, nós já deveríamos começar a ter leilões da Margem Equatorial e da Bacia de Pelotas para substituirmos a Bacia de Santos, onde está o pré-sal.

Qual a sua avaliação sobre o histórico de Planos de Negócios da Petrobras?

Toda empresa petroleira faz o seu plano de negócio. Aliás, qualquer empresa. Como esse planos são sempre revistos, todo final de ano a Petrobras revê o seu plano para ver como está o preço do barril e o mercado, mas ela também revê o seu plano em função de quem está sentado na cadeira de presidente do país. Isso porque o acionista majoritário da Petrobras muda a cada quatro ou oito anos, e quando isso acontece, muda o plano de investimentos da empresa.

Como o Governo Temer e o Governo Bolsonaro eram mais pró-mercado, o plano de investimento ia em uma direção, mas como o Governo Lula é mais pró-estado, o plano de investimento vai em outra. Isso faz com que a Petrobras tenha muita volatilidade no seu plano de investimentos.

Como a Petrobras é muito usada em termos políticos, principalmente em épocas de eleição ou para controlar a inflação, ou seja, para agradar e fazer populismo, nós também vemos que o presidente da companhia também é muito trocado. Como a Petrobras é a petroleira que mais troca de presidente do mundo, isso faz com que a empresa não tenha uma certa continuidade de plano de investimento. Agora, obviamente que de anos para cá, e de maneira correta, o foco passou a ser exploração e produção, graças a Deus, mas, como disse, poderia ser mais.

Como você está vendo o futuro das empresas petrolíferas e do próprio petróleo?

O futuro ainda é muito promissor. Depois da demonização que os ambientalistas fizeram do petróleo antes da pandemia, o cenário começou a ir para outra direção. A partir da Guerra da Ucrânia e da pandemia, todo mundo percebeu que não se pode ter transição energética só com elétron, pois é preciso ter molécula no meio. Com esses dois eventos, o petróleo foi a mais de US$ 100 e houve uma inflação energética no mundo, o que fez com que os países da Opep voltassem a investir em produção, e os Estados Unidos, no shale (xisto), que é responsável por 64% da produção de petróleo e 78% da produção de gás do país. Cabe mencionar que os Estados Unidos são os maiores produtores de petróleo e de gás do mundo. Além disso, o Brasil continuou investindo e se tornou importante, e a Guiana se tornou a grande novidade.

O mundo está mais consciente que não dá para fazer transição sem petróleo, e as empresas petroleiras estão investindo em tecnologias de captura de carbono de maneira a que a questão do óleo não seja tão impactante na discussão do clima. Por exemplo, o próprio outlook da Opep está dizendo que até 2050 a participação do óleo e do gás na matriz energética mundial vai ser mantida em torno de 50%, sendo que hoje ela já é de 50%.

O petróleo e o gás natural, que é considerado a energia da transição, pois por mais que seja fóssil, é mais limpo, têm o papel fundamental para que o preço da energia não suba muito e para que tenhamos segurança energética. Isso porque essa conversa de transição só com fontes renováveis é para países ricos e para pessoas ricas. Eu não sou terraplanista de achar o que o mundo não está esquentando, pois está, mas o grande tripé para que possamos fazer uma boa transição para todo mundo, principalmente para os mais pobres e para as pessoas de menor renda, é baseado em sustentabilidade, segurança energética e acessibilidade de energia.

Valor - SP   26/11/2024

Segundo vice-presidente de finanças, suprimentos e relações institucionais da companhia, Pedro Freitas, a companhia estuda alguns projetos de expansão no Brasil, menos relevantes em termos financeiros

A Braskem está em conversas com a Petrobras, que é também sua acionista, em torno dos preços do gás natural que poderá ser direcionado a uma potencial expansão do complexo petroquímico do Rio (antiga Riopol), indicou o vice-presidente de finanças, suprimentos e relações institucionais da companhia, Pedro Freitas.

“O etano [matéria-prima que é uma fração do gás natural] existe. O que está em discussão é a negociação de como seria esse contrato para eventual expansão no Rio”, disse o executivo, durante o Braskem Day.

Conforme Freitas, a companhia tem em estudo alguns projetos de expansão no Brasil, que não são tão relevantes em termos financeiros. “De mais relevante, vejo o projeto de expansão da central do Rio, que está colocada exatamente em frente ao pré-sal”, observou. Ele acrescentou que o governo tem se movimentado em torno da regulamentação do gás natural, o que deve gerar disponibilidade adicional de etano como matéria-prima petroquímica.

Em outras frentes, a Braskem também tem apoiado a expansão de capacidade da produtora de plásticos reciclados Wize, cujo controle foi adquirido pela petroquímica, e está estudando alternativas de investimento em combustível sustentável de aviação (SAF, na sigla em inglês), com um projeto “mais bem estruturado” no Sul do país.

Conforme o executivo, além da maior disponibilidade de gás natural, algumas medidas de defesa da indústria brasileira podem incentivar novos investimentos. A Braskem, junto com a Unipar, pediu a revisão da alíquota antidumpig aplicada sobre o PVC importado e, mais recentemente, pediu a adoção de tarifa antidumping para o polietileno (PE).

“Essas medidas, que são mais estruturais, podem ajudar a recompor a base de geração de caixa e capacidade de investimento da companhia”, disse o executivo.

Além dessas iniciativas, a Abiquim, que representa a indústria química instalada no país, está discutindo com o governo um programa para incentivar investimentos em transição energética e de matéria-prima no Brasil, convertendo parte da petroquímica base nafta para base etano ou renovável.

A Braskem tem ainda um projeto de expansão da capacidade produtiva de PVC tanto em Alagoas quanto na Bahia, na esteira da demanda crescente gerada pelo novo marco regulatório do saneamento básico.

“Já estamos sentindo os efeitos do marco do saneamento. Nossos clientes veem demanda maior por PVC e já estamos em processo de fazer esse aumento de capacidade, que deve ser concluído em um ano e meio”, disse a vice-presidente global de vinílicos e especialidades da companhia, Isabel Figueiredo.

O Estado de S.Paulo - SP   26/11/2024

O preço do barril do petróleo tipo Brent tende a cair de US$ 5 a US$ 9 nos próximos 12 meses com a grande oferta mundial da commodity, sobretudo de países que não são membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), e problemas de demanda devido a incertezas econômicas na China e Europa. Essas questões podem se agravar caso o novo governo Donald Trump nos Estados Unidos adote tarifas sobre importados da nação asiática e do velho continente (o que poderia afetar o desempenho econômicos dos países).

Os esforços dos membros da Opep com cortes voluntários da produção de petróleo neste ano geraram reduções de estoques e pressões de alta dos preços, o que deve levar em 2024 a um déficit de 310 mil barris diários da oferta ante a demanda global da commodity, estima o banco HSBC. Mas essa situação deve se reverter em 2025, com um superávit de 500 mil barris diários do fornecimento do combustível ante a demanda, pois atingirão 104,4 milhões e 103,9 milhões de barris diários, respectivamente. “O preço médio do barril do Brent deve cair de US$ 79 em 2024 para US$ 70 no ano que vem”, disse Kim Fustier, chefe de pesquisas na Europa para petróleo e gás do HSBC.

Há uma grande expansão da oferta do petróleo por países que não participam da Opep, especialmente dos EUA, Brasil e Guiana. Por outro lado, a demanda mundial da commodity enfrenta vários obstáculos macroeconômicos, sobretudo na China, com a profunda crise do setor imobiliário que reduz o consumo e exerce uma força desinflacionária no país. O crescimento modesto da Europa também é outro problema para o aumento do consumo de petróleo.

“A China foi o principal motor de expansão da demanda mundial de petróleo neste século, mas ela está em uma diferente era, pois atingiu o pico o seu consumo de gasolina e de diesel”, comentou Jim Burkhard, vice-presidente da S&P Global Commodity Insights. “Isto ocorreu por causa de dificuldades para a expansão do seu Produto Interno Bruto e também devido à eletrificação do transporte no país, o que se tornou uma questão ambiental e de segurança energética. Cerca de 50% das vendas de carros novos na China são de veículos elétricos.”
Tarifas

A possível adoção de tarifas sobre importados da China e União Europeia pelo novo governo Trump eleva os temores de que pode ser deflagrada uma guerra comercial que amplie a inflação nos Estados Unidos e zona do euro. Em tais circunstâncias, o Federal Reserve (Fed) e o Banco Central Europeu (BCE) podem retomar a alta de juros, o que tende a desacelerar a demanda agregada nos EUA, Europa e em nível mundial.

Este quadro econômico pode reduzir ainda mais o preço do Brent no próximo ano. “Poderão ser implementadas pelos EUA elevadas tarifas sobre importados da China e um patamar médio de tarifas de 25% a 30% para outras partes do mundo, o que elevaria a cotação do barril do petróleo para uma marca inferior a US$ 60", afirmou Vikas Dwivedi, estrategista global de energia do Macquarie.

A resposta da Opep a uma eventual queda firme dos preços do petróleo em 2025 poderá continuar por todo o próximo ano com os cortes voluntários da produção pelos países membros. O cartel anunciou em junho que aumentaria a produção da commodity em 2,2 milhões de barris por dia em um horizonte de 1 ano, o que foi adiado.

A Opep enfrenta a necessidade de equilibrar condições estruturais difíceis para o mercado de petróleo, como a demanda mais fraca que a oferta, e as pressões de investidores em países membros para produzir a commodity e gerar receitas, o que ganha maior apelo devido à transição energética mundial para a emissão neutra de carbono em 2050.

Há um foco especial de especialistas internacionais sobre como o governo Trump lidará com as exportações de petróleo do Irã, próximas a 1,6 milhão de barris diários. Embora exista a expectativa de que a futura administração adotará firmes sanções comerciais contra o governo de Teerã para reduzir seu poder sobre o Hezbollah, Hamas e Houthis, na prática, as ações de Washington poderão ter impactos limitados para coibir tais vendas do combustível.

“Pouco mais de 95% das exportações de petróleo do Irã são direcionados a um único país, a China, especialmente para refinarias independentes que tendem a atuar fora do sistema do dólar”, disse Kim Fustier, do HSBC. “São muito pequenas as chances de que os EUA serão bem sucedidos ao aplicar pressão sobre estas entidades.”

Por outro lado, há amplo ceticismo de que Donald Trump conseguirá elevar a produção de petróleo nos EUA no curto prazo a ponto de baixar bem seus preços globais, como prometeu durante a campanha eleitoral. “Companhias de petróleo realizam investimentos com base no preço subjacente da commodity, algo que qualquer presidente americano de qualquer partido não pode influenciar”, disse Joel Hancock, analista de petróleo do Natixis. “A administração pode afrouxar regulações ambientais e facilitar a extração em terras federais. Qualquer impacto significativo à produção apenas ocorrerá em 3 ou 4 anos.”

AGRÍCOLA

Agrolink - RS   26/11/2024

Apesar dos desafios impostos pelas mudanças climáticas, a produção brasileira de grãos deve alcançar um recorde no ciclo 2024/2025, com estimativa de 326,9 milhões de toneladas, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em parceria com o Banco do Brasil. O estudo também aponta para um aumento expressivo na área plantada com algodão, que pode atingir 2 milhões de hectares, e com soja, com projeção de 47,4 milhões de hectares.

No entanto, o cenário promissor esbarra em obstáculos financeiros significativos. Thays Moura, sócia-fundadora da Agree, especializada em captação de recursos para o agro, alerta que os produtores precisam reforçar sua organização financeira para acessar as melhores linhas de crédito. "Apesar de ser um ano desafiador para o setor, com margens mais apertadas, ainda existem várias oportunidades no mercado", explica.

As condições climáticas adversas, como secas e enchentes, complicam ainda mais o panorama, impactando diretamente a produtividade e o fluxo de receita. Para mitigar riscos, Thays recomenda a utilização de instrumentos de hedge, como contratos futuros, e a diversificação de culturas, além de contratos antecipados com cooperativas e indústrias. Essas medidas ajudam a reduzir a exposição à volatilidade de preços e garantem maior estabilidade no caixa.

Outro ponto crucial é a gestão integrada de riscos, incluindo o seguro agrícola, que protege contra perdas causadas por fatores climáticos e pragas. Com esses cuidados, produtores podem enfrentar melhor os desafios de um ciclo agrícola promissor, mas cheio de incertezas.

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