Investing - SP 26/09/2024
Analistas do UBS afirmaram em nota na terça-feira que a produção mundial de aço sofreu uma retração em agosto, com queda de 7% em relação ao ano anterior.
Essa queda foi particularmente intensa na China, onde a produção recuou 13% no mesmo período.
A redução reflete uma tendência mais ampla de enfraquecimento da demanda no setor, o que levou os produtores de aço a interromper a produção com maior frequência devido às margens de lucro negativas.
Apesar da queda geral, a produção de aço fora da China registrou um aumento de 2% em comparação ao ano anterior. Em mercados importantes como a União Europeia, Reino Unido e América do Sul, houve um crescimento moderado na produção, mesmo em uma época do ano normalmente mais fraca.
Por outro lado, a América do Norte registrou uma queda na produção em comparação ao ano passado. O UBS estima que a taxa de utilização da capacidade global do setor de aço caiu 5 pontos percentuais em relação ao mês anterior, atingindo cerca de 70% em agosto, em comparação a 75% em julho.
Em relação aos preços, o mercado de aço apresenta dinâmicas regionais distintas. Na China e nos Estados Unidos, os preços do aço laminado a quente (HRC) mantiveram-se firmes, com aumentos de 7% na China e 4% nos EUA, mês a mês.
Essas altas de preço resultam de fatores como aumento nos preços das usinas, menor número de paradas de manutenção e demanda constante.
Por outro lado, o mercado europeu enfrenta dificuldades, com queda de 7% nos preços do HRC no mesmo período. A contínua fraqueza na demanda e a competição com importações mais baratas têm pressionado os preços na UE.
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Apesar das dificuldades nos preços, os custos das matérias-primas estão em queda, com os preços do carvão metalúrgico caindo 7% m/m e os preços do minério de ferro recuando 1%. Curiosamente, enquanto as margens de lucro na Europa sobre o HRC e os insumos caíram 7%, nos EUA houve um aumento de 9%.
Olhando para o futuro, os analistas do UBS identificam vários fatores que podem impactar o mercado de aço. Nos EUA, os preços do aço subiram para US$ 720 por tonelada, após tocarem o patamar de US$ 645 por tonelada em julho.
Essa recuperação é resultado de aumentos nos preços das usinas e menor número de paradas de manutenção. No entanto, grandes players como Nucor e Steel Dynamics projetaram lucros por ação para o terceiro trimestre de 2024 abaixo das expectativas de mercado, devido à queda nos preços de venda e menores volumes de fabricação.
Na Europa, o mercado continua lidando com demanda fraca e a entrada de importações mais baratas, sem sinais claros de fatores que possam elevar os preços no curto prazo.
O UBS, no entanto, prevê que um ambiente de redução nas taxas de juros, aumento dos gastos federais através de diversos programas legislativos, juntamente com o recente corte de 50 pontos-base pelo Federal Reserve, pode aumentar a demanda e os preços em 2025.
O UBS recomenda compra para várias empresas do setor de aço, incluindo ArcelorMittal (AS:MT), SSAB (ST:SSABa), JFE Holdings (TYO:5411), BlueScope Steel (ASX:BSL), Steel Dynamics (NASDAQ:STLD), Nucor (NYSE:NUE) e Commercial Metals Company (NYSE:CMC). Por outro lado, a POSCO (KS:005490) recebeu recomendação de venda devido a indicadores fracos.
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Embora existam oportunidades de investimento no setor de aço, ele também enfrenta vários riscos. O UBS destaca desafios importantes, como a imprevisibilidade dos preços do aço e a possibilidade de restrições comerciais globais.
O setor é altamente cíclico, e um retorno precoce ao excesso de oferta pode comprometer as expectativas de preços, colocando em risco as projeções de lucro e as avaliações das empresas.
A indústria é vulnerável a uma série de questões políticas, financeiras e operacionais, que podem afetar de maneira significativa o desempenho geral.
Diário do Aço - MG 26/09/2024
O Instituto Aço Brasil divulgou dados preocupantes em relação à importação de Aço: no mês de agosto, atingiram 646 mil toneladas, o maior volume registrado na série histórica da entidade, iniciada em 2013. Segundo o Instituto, o nível dos importados cresceu 30,3% se comparado ao mesmo período do ano passado. E como não poderia deixar de ser, a China respondeu por 57,3% do total das importações.
Este aumento surpreendeu o setor, pois a tonelagem de aço importado já atingiu 4 milhões de toneladas este ano, prenunciando crescimento em relação a 2023.
Como sabemos, o MDIC (Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio), após dez meses de negociação, implementou no início deste ano barreira para diminuição da importação de aço. Estipulou alíquota de 25% sobre 13 produtos, caso sua importação superasse a cota estimada por aquele ministério.
E agora o setor pergunta: essa medida vai funcionar ou o setor ficará pressionado pelas importações predatórias vindas sobretudo da China?
Por enquanto, felizmente, os números da produção siderúrgica brasileira estão positivos. A siderurgia brasileira produziu até agora 22,4 milhões de toneladas de aço, sendo que Minas produziu 6,8 milhões - aumento de 9,8% em relação ao ano passado.
A Usiminas contribuiu até julho com a produção de 1,5 milhão de toneladas, devendo chegar até agosto com 1,8 milhão, correspondendo a 26% do total da produção de Minas Gerais.
O setor acredita que a partir de setembro os resultados serão positivos e o Presidente da ArcelorMittal Brasil, Jefferson de Paula, declarou à imprensa que, caso as medidas não funcionem, "o governo já se comprometeu a agir para melhorar".
No entanto, a situação não é simples. Ha setores da economia que se beneficiam dos preços mais baixos do aço importado da China e tem seus canais de pressão junto ao governo. Daí o governo fica entre dois campos e, como não há uma política industrial claramente formulada, que enfatize a importância de incentivar o crescimento da indústria de base no Brasil, as decisões Ministeriais parecem ter um componente de aleatoriedade, pouco informada por eixos econômicos claros.
“Ha setores da economia que se beneficiam dos preços mais baixos do aço importado da China e tem seus canais de pressão junto ao governo”
O fato é que o Brasil é o 9º produtor mundial de aço, com 1,8% da produção mundial, mesmo sendo o segundo maior produtor mundial de minério de ferro.
Há ainda outro componente que enfraquece o setor que é a falta de coesão das indústrias. A CSN não participa do Instituto Aço Brasil, que faz o papel de representação técnica do setor, embora muito acanhada.
Aquela empresa possui também problemas financeiros importantes e procura equacioná-los por meio de ações judiciais absurdas, como a que moveu contra a Usiminas, em busca de R$ 5 bilhões.
A pauta do setor siderúrgico perante o Governo é imensa. Basta notarmos a importância crescente da descarbonização do aço. Segundo relatório da GEM - Global Energy Monitor, o "Brasil tem potencial para liderar o mercado de aço verde, graças à sua abundância de energia renovável e reservas de minério de ferro de alta qualidade. No entanto, 75% da siderurgia brasileira ainda dependem do carvão, e as emissões do setor podem aumentar 33% até 2050 se não houver medidas para promover o aço de baixo carbono", afirma o Instituto.
Seria fundamental a definição de parâmetros e incentivos para a descarbonização do setor. Basta dizer que uma das maiores emissoras de Gases Efeito Estufa no Brasil é a CSN, emissora de mais de 50 milhões de toneladas de Gases efeito estufa, para o ano de 2023.
A descarbonização do aço aumentaria a competitividade internacional da indústria siderúrgica, agregaria valor às nossas exportações e contribuiria para a transição energética no Brasil.
Outros setores, como o Extrativo Mineral tem abordado a questão de maneira criativa, que pode gerar benefícios econômicos para as empresas e ambientais para todos.
Por fim, fica aqui o registro do extraordinário trabalho que a Ternium vem fazendo para derrubar a absurda decisão do STJ, a "reviravolta" que a condenou a pagar mais de R$ 5 bilhões de indenização à CSN. O Protocolo da Ação Direta de Inconstitucionalidade pela Associação Brasileira de Comercio Exterior no STF tem tudo para dar certo, pondo fim à insegurança jurídica criada pelo STJ, que é fundamental para atração de investimentos.
Brasil Mineral - SP 26/09/2024
A ArcelorMittal Brasil decidiu paralisar, momentaneamente as obras de expansão da usina de João Monlevade (MG) devido à redução da demanda brasileira por aço. A ampliação da unidade é um dos projetos da empresa, que havia revisado o valor de investimento dos US$ 500 milhões iniciais para US$ 800 milhões. “Frente ao cenário macroeconômico e às oportunidades de mercado, a ArcelorMittal Brasil vem revisando seu plano de investimentos e decidiu, por ora, paralisar as obras do projeto de expansão da Unidade de Monlevade. Como em todo projeto desse porte, a empresa acompanha o cenário macroeconômico e do setor siderúrgico no País, impactado pelo aumento das importações, e o crescimento da demanda por aço tem sido inferior ao previsto”, comunicou a empresa em nota.
O Laminador 3 que integra o projeto foi finalizado e está em operação desde 2022 e atingiu em julho desse ano a marca de 1 milhão de toneladas produzidas desde o início de sua atividade. O novo laminador dobrou a capacidade de produção de laminados da unidade, e está em linha com a estratégia da empresa de ampliar a produção de produtos de alto valor agregado. Já as linhas de sinterização, alto-forno e aciaria serão paralisadas, e parte dos recursos será redirecionado para modernização da planta. “A ArcelorMittal continua a acreditar no País e reafirma a importância da Unidade de Monlevade para o negócio da empresa no Brasil e o seu papel de destaque, decorrente da produção de fio-máquina para aplicações especiais, sendo a única planta industrial no País a produzir steel cord voltado para o mercado automobilístico. A empresa reforça ainda que prossegue investindo e contribuindo para o desenvolvimento socioeconômico do município e região”.
A ArcelorMIttal Brasil continua com plano de investimentos de US$ 25 bilhões no setor de aço brasileiro. Em 2023, o investimento para a unidade de Monlevade foi revisado de US$ 500 milhões para US$ 800 milhões – cerca de R$ 4 bilhões – em função de mudanças relacionadas a mais automação, atualização de equipamentos, obras civis mais complexas e efeito da inflação.
Revista Mineração - SP 26/09/2024
Vem da Universidade Federal do Ceará (UFC) uma tecnologia verde que possibilita a produção de um tipo de cimento mais resistente e sustentável e que reduz emissões de carbono.
O cimento geopolimérico é constituído de mais de 90% de resíduos industriais como escórias de aciaria, um resíduo inerente à produção do aço, além de cinzas volantes, material resultante da queima de combustível nas centrais termoelétricas a carvão.
Desenvolvida pelo Departamento de Engenharia Estrutural e Construção Civil da UFC, a fórmula de eco-cimento recebeu a carta patente do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) no último mês de março.
O professor Lucas Babadopulos assina como inventor responsável pela patente e explica que, devido à instalação da indústria siderúrgica no Ceará há quase 10 anos, os resíduos siderúrgicos são abundantes no estado.
“Quando há queima de carvão mineral nas termelétricas locais há excesso de cinzas de carvão mineral. Combinados em proporções inteligentemente escolhidas, e reagidos em meio fortemente alcalino, forma-se um poderoso cimento que pode ser produzido dando destinação nobre para o que seriam resíduos industriais acumulados, normalmente em pilhas ou em gigantescas piscinas impermeabilizadas de materiais inservíveis”, pontua.
Segundo o pesquisador, além dos ganhos para o meio ambiente, o uso do cimento geopolimérico promete bons resultados quanto aos custos das construções.
“Uma vez que os materiais utilizados para produção do cimento geopolimérico são resíduos industriais de baixo valor agregado, o cimento produzido a partir desse material tende a ser economicamente competitivo no futuro, desde que haja escala de produção industrial, em locais em que os resíduos estejam disponíveis. Além disso, podem ser utilizados em aplicações com necessidade de redução de pegada de carbono”, afirma.
Também integraram o estudo os pesquisadores: Antonio Eduardo Bezerra Cabral, Heloina Nogueira da Costa, Daniel Lira Lopes Targino, Manoel Adrielton Macedo Moreira e Lucas Benício Rodrigues Araújo.
Sustentabilidade
Atualmente, a indústria cimenteira é responsável pela emissão de cerca de 5% de gases de efeito estufa no mundo. Assim, a busca pela redução da pegada de carbono tem sido uma máxima para pesquisadores e relevantes empresas do setor.
Uma alternativa com bons resultados ao cimento Portland, o cimento tradicional amplamente disponível no mercado e o mais utilizado para a elaboração de concretos e argamassas, é o cimento dito “geopolimérico”.
Tratado mais rigorosamente na literatura como “álcali-ativado”, ele tem potencial para reduzir as emissões de dióxido de carbono (CO2) em até 75% em relação ao tradicional.
O cimento geopolimérico recebe esse nome porque reage formando cadeias de alumínio e silício em meio alcalino. No estado fresco, a mistura dos pós de materiais ricos em alumínio – normalmente os resíduos industriais como cinzas e escórias – forma a pasta geopolimérica que, após o endurecimento, atinge boas propriedades mecânicas, como alta resistência à compressão e boa estabilidade térmica.
Ela pode ser feita a partir de diferentes elementos e modos de preparo, sendo a sua fórmula adaptada à aplicação.
Apesar das vantagens constatadas na literatura científica do chamado cimento verde, a metodologia para elaboração das pastas geopoliméricas ainda não é consolidada e universal.
Desse modo, a pesquisa da UFC destaca-se não apenas pela escolha dos materiais, como também pela proposta de um método eficaz para formular o cimento geopolimérico.
“A aplicação combinada das escórias com as cinzas em meio alcalino para geopolimerização e geração dos cimentos ainda pode ser considerada uma inovação, particularmente no Brasil, e o processo de dosagem, principalmente, ainda é um gargalo tecnológico, em que a patente contribui com um procedimento”, detalha o pesquisador.
A patente é resultado de estudo de dissertação de mestrado defendida em 2023 pelo aluno Lucas Benício de Araújo, no Programa de pós-graduação em Engenharia Civil: Estruturas e Construção Civil (PEC). Esta é a patente de número 52 da UFC, sendo a segunda do Departamento de Engenharia Estrutural e Construção Civil e a 8ª do Centro de Tecnologia.
Veja - SP 26/09/2024
O rombo das transações correntes brasileiras, resultado de todas as trocas do país com o resto do mundo em bens, serviços e rendas, mais que dobrou neste ano, chegando a 30,4 bilhões de dólares no acumulado até agosto. É um aumento de 125% na comparação com o mesmo período do ano passado, quando o saldo desta parte das contas externas ficou negativo em 13,5 bilhões de dólares.
Por outro lado, as entradas de capital por meio de investimentos estrangeiros diretos no país cresceram 14%, de 44,8 bilhões de dólares entre janeiro e agosto de 2023 para 51,2 bilhões até aqui em 2024. É um volume que representa 3,5% do PIB e segue cobrindo com folga o déficit externo (2,1% do PIB), ajudando a garantir o equilíbrio das contas internacionais do país. Os resultados do balanço de pagamentos de agosto foram divulgados nesta quarta-feira, 25, pelo Banco Central.
“Os dados continuam mostrando conta corrente mais pressionada do que no último ano, especialmente em função da perda de dinamismo da balança comercial e aumento do
déficit de serviços”, escreveu a economista do banco Itaú, Julia Gottlieb, em relatório a clientes. “Ainda assim, o financiamento externo segue em patamar historicamente confortável, com IDP [Investimento Direto no País] cobrindo mais do que integralmente o déficit em conta corrente.”
As reservas internacionais do país também cresceram e somaram 369,2 bilhões de dólares em agosto, um aumento de 7%, ou 25 bilhões mais que em agosto do ano passado (344,2 bilhões de dólares).
As transações correntes levam em consideração, além das exportações e importações, também o que o país transaciona com o resto do mundo em serviços, como viagens e pagamento de royalties, por exemplo, e rendas, que incluem pagamentos de salários, lucros, juros e outras remessas entre fronteiras. Sempre que as saídas superam as entradas, há déficit.
O saldo da balança comercial, que considera as diferenças entre as exportações e as importações, caiu de 58,6 bilhões de dólares para 48,4 bilhões de dólares entre 2023 e 2024, considerado o acumulado de janeiro a agosto, retração de 17%. As exportações estão estáveis, em 229 bilhões de dólares, mas as importações avançam 7% neste ano, para 180 bilhões de dólares, resultado da atividade e consumo internos mais fortes. Já o déficit externo na conta dos serviços subiu 25%, para 31,6 bilhões de dólares entre janeiro e agosto deste ano.
O Estado de S.Paulo - SP 26/09/2024
A decisão da equipe econômica de liberar recursos do Orçamento, mesmo com as contas públicas no piso da meta fiscal, significa o mesmo que o Banco Central reduzir a Selic com a inflação no teto da meta de inflação. Na última semana, a autoridade monetária aumentou os juros e recuperou a confiança. Já os Ministérios do Planejamento e da Fazenda reduziram a contenção de gastos, e isso desencadeou uma nova onda de pessimismo na economia.
Secretários das duas pastas estão incomodados com as críticas. Alegam que as projeções no início do ano apontavam para um déficit em torno de 1% do PIB, e agora o governo se aproxima do piso da meta, que permite um déficit de 0,25% do PIB. Houve, na visão deles, um enorme esforço fiscal que não está sendo reconhecido pelo mercado financeiro.
Um dos problemas, como vêm apontando exaustivamente analistas em contas públicas, é que resultado fiscal desconsidera R$ 40 bilhões em despesas, que não são contabilizados para fins de cumprimento da meta, ao mesmo tempo em que incorpora qualquer tipo de receita atípica, ainda que ela aconteça uma única vez.
Pela contabilidade da Fazenda e do Planejamento, dinheiro novo entra no caixa e serve para cumprimento da meta. Já as despesas imprevistas saem da conta – como precatórios e gastos com efeitos das mudanças climáticas. Ainda que tudo esteja dentro da lei, já que houve autorização do Congresso, do ponto de vista econômico, trata-se claramente de dois pesos e duas medidas.
Com a dívida bruta se aproximando de 80% do PIB, o risco é que a economia entre em um cenário de “dominância fiscal”, quando o Banco Central se vê impedido de elevar a taxa Selic. Isso porque o aumento dos juros teria um impacto tão grande sobre a dívida, que os investidores entenderiam o seu custo como impagável. A consequência seria uma forte desvalorização do real, com aumento da inflação. Exatamente o oposto do objetivo pretendido.
A encruzilhada da economia depende de o ministro Fernando Haddad conseguir convencer o presidente Lula a enfrentar a indexação dos gastos obrigatórios. O tempo está passando sem que essa agenda avance.
Ao contrário: Lula continua a repetir convicções sem sentido na área econômica, o que só aumenta as incertezas. Sem essas medidas, o resultado fiscal melhor de 2024 será apenas um ponto fora da curva, que não mudará em nada as estimativas sombrias para os próximos anos.
IstoÉ Dinheiro - SP 26/09/2024
A diretora do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Adriana Kugler, disse que, se o progresso na inflação continuar como espera nos Estados Unidos, apoiará cortes adicionais na taxa de juros daqui para frente. Na visão da diretora, os desenvolvimentos econômicos recentes, tendo como pano de fundo a experiência dos últimos quatro anos, validaram o foco do Federal Reserve em reduzir a inflação e prepararam o cenário para a mudança na política monetária que ocorreu na semana passada, quando a taxa básica de juros foi reduzida em 50 pontos-base.
O progresso na redução da inflação até agora, juntamente com o abrandamento no mercado de trabalho, significa que agora as autoridades devem mudar a atenção para o lado do emprego máximo do mandato duplo do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), afirmou Kugler.
As falas foram divulgadas em um texto preparado para sua participação em evento promovido pela Harvard Kennedy School, em Cambridge, Massachusetts.
“O mercado de trabalho continua resiliente, mas o Fomc agora precisa equilibrar seu foco para que possamos continuar progredindo na desinflação, evitando dor e fraqueza desnecessárias na economia, à medida que a desinflação continua na trajetória correta”, afirmou a diretora.
Para a dirigente, certamente, a política monetária rigorosa contribuiu para esfriar a demanda agregada e desacelerar a economia. “Isso foi feito em grande parte pela desaceleração dos gastos com despesas sensíveis a juros, como moradia, bem como automóveis e outros bens duráveis”, disse.
Kugler afirmou que espera um crescimento mais moderado dos gastos pessoais daqui para frente, dado o aumento da inadimplência de cartões de crédito e automóveis, um aumento nos saldos de cartões de crédito e um mercado de trabalho em esfriamento.
IstoÉ Dinheiro - SP 26/09/2024
Lideranças industriais que fazem parte do grupo Coalizão Indústria expressaram preocupação nesta quarta-feira, 25, com movimentos em direção a uma negociação pelo acordo de livre comércio entre Mercosul e China. Segundo os presidentes de entidades que representam diversos setores industriais, o setor já enfrenta uma “invasão chinesa” que coloca em risco investimentos previstos da ordem de R$ 825,8 bilhões. Assim, um acordo com a China seria um desastre, conforme definiu Fernando Valente Pimentel, presidente da Abit, associação da indústria têxtil.
O Uruguai, que assumiu em julho a presidência pro tempore do Mercosul, é entusiasta de um tratado de livre comércio com os chineses. Altos representantes do bloco sul-americano e da China retomaram recentemente conversas com o objetivo de aprofundar a relação.
Presidente da Abiplast, entidade que representa a indústria de produtos plásticos, José Ricardo Roriz Coelho observou em entrevista coletiva à imprensa que, diante de barreiras enfrentadas em outras grandes economias, os produtos chineses estão buscando mercados abertos para entrar – entre eles, o Brasil. Segundo Roriz, embora a capacidade da economia esteja tomada, “ninguém está investindo”.
“As indústrias estão receosas em investir. Precisamos investir mais, mas com essa espada no peito, não temos perspectiva futura melhor para que esses investimentos aumentem”, declarou Roriz.
Marco Polo de Mello Lopes, coordenador da Coalizão Indústria, classificou como “predatória” a importação vinda da China em certos mercados. O “ataque chinês”, como foi descrito o avanço de produtos do gigante asiático, resulta de uma política de Estado cujo objetivo é escoar uma gigantesca capacidade ociosa, com redução de preços e exportações feitas com margens negativas, comentou Marco Polo. Ele também é presidente do Instituto Aço Brasil.
“Sem acordo já vivemos esse tsunami, com o acordo vocês podem imaginar o que pode acontecer”, declarou o coordenador do grupo industrial ao abordar os movimentos entre Mercosul e China. Ele projetou que R$ 500 bilhões em investimentos – ou seja, 60% do total previsto – serão paralisados se o “tsunami chinês” não for contido.
Também presente na coletiva de imprensa da coalizão, o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, defendeu que não é momento de falar de acordo comercial com a China, já que a indústria automotiva passa por momento de transição tecnológica, para a qual estão sendo anunciados pesados investimentos. As montadoras vêm cobrando do governo a volta imediata do imposto cheio, 35%, sobre carros híbridos e elétricos importados, cuja origem, principalmente, é a China.
Globo Online - RJ 26/09/2024
O Brasil corre o risco de perder R$ 500 bilhões em investimento da indústria de transformação, até 2027, caso o governo não tome medidas para conter a avalanche de produtos chineses que estão sendo importados, entre eles aço, automóveis, brinquedos. A previsão é da Coalizão Brasil, grupo que representa 14 entidades de 13 setores da indústria da transformação, da construção civil e do comércio exterior.
Segundo a Coalização, estão previstos R$ 825,8 bilhões em investimentos desses setores no ciclo 2023 e 2027. Mas esse número está ameaçado se o cenário atual de invasão de produtos chineses se mentiver e 57% do total de investimentos pode ser cortado.
Os representantes desses setores defendem uma taxa de juros competitiva, que permita a retomada dos investimentos (atualmente uma empresa paga em média 23% de juros ao ano), um sistema de impostos mais justo (que tem como pano de fundo a reforma tributária) e condições de competição equânimes, mas sem protecionismo da indústria nacional.
— Existe um verdadeiro tsunami chinês em curso e há uma grande preocupação com essas importações predatórias. Num primeiro momento, isso pode parecer choro de empresários que estão defendendo seu setor. Mas isso está acontecendo em diversos segmentos. A indústria brasileira está sob ataque — disse Marco Polo de Mello Lopes, presidente do Instituto Aço Brasil, que integra a Coalização.
Os setores têm conversado com o governo de forma sistemática sobre o problema e afirmam sua posição de não terem contra a China. Diversos integrantes do grupo têm tido encontros com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para explicar como estão sendo afetados. Mas eles reafirmam que é preciso ter uma decisão política por parte do governo para que os investimentros e empregos sejam preservados no país.
Os integrantes da Coalizão lembram que com baixo crescimento, o governo chinês tem adotado uma posição de exportar o excedente de produção, vendendo com preços abaixo do mercado e com margens negativas. Portanto, dizem, trata-se de uma ação do estado chinês.
— Estamos dispostos a discutir com o governo brasileiro o melhor mecanismo a ser adotado. Um acordo Mercosul/China, por exemplo, que tem sido aventado, é considerado um desastre para a indústria nacional — disse Mello Lopes, que lembrou que mecanismos como cotas de importação e tarifas podem ser adotados, desde que haja disposição política do governo. Os representantes de cada setor observaram que diversos países impuseram barreiras aos produtos chineses.
Por aqui, os setores que estão sendo afetados pelas importações chinesas representam 43,3% do PIB da indústria, o equivalente a US$ 572 bilhões. E são responsáveis por 57% das exportações da indústria de manufaturados, o equivalente a US$ 335 bilhões anuais.
A Coalização Brasil, que é aparditária e foi criada em 2018, defende também a retomada do crescimento econômico de forma sustentável do país e redução do chamado Custo Brasil, que representa R$ 1,7 trilhão em gastos excedentes para produzir no Brasil em relação aos países que integram a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Também está na agenda da Coalizão a transição energética e descarbonização.
Setores relatam crescimento das importações
No setor têxtil, por exemplo, Fernando Pimentel, presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), lembrou que as importações de têxteis cresceram 13% no primeiro semestre, dez vezes mais do que a produção nacional, que teve expansão de 3%.
No caso de automóveis, Marcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, que representa uma parte das montadoras do país, observou que as importações de veículos cresceram 35% no ano entre os já emplacados, e 70% considerando os que estão em estoque nas montadoras e concessionarias.
— Considerando apenas os veículos importados da China, o crescimento foi de 800% — afirmou.
No setor de brinquedos, Synésio Batista, presidente da Abrinq, lembra que a produção física tem queda de 14,7% até agosto deste ano, enquanto a geração de empregos recuou 16,45%. Já as importações de brinquedos crescem 18% no ano, enquanto os preços desses itens caíram 28%.
— A queda dos preços mostra que há subfaturamento. Declaram preços menores e crescem o volume de importação — afirmou.
Estudo confirma preços mais baixos
Os economistas do Itaú também detectaram num estudo um aumento do volume de importações da China, com queda de preços em muitos casos. Os setores cujos produtos experimentaram aumento de volume importado e queda de preços foram, segundo o levantamento, produtos químicos, metais semi-acabados, plásticos e borrachas, têxtil e automotivo. O estudo compara as importações realizadas entre os períodos de 2022/2023 a 2017/2019.
Segundo o levantamento, a dinâmica da economia chinesa não é mais a mesma da década passada. A crise estrutural no setor imobiliário, o cenário geopolítico conturbado e a demografia estão impactando as perspectivas de crescimento. Taxas de crescimento de dois dígitos, não são mais esperadas, diz o estudo. O Itaú projeta crescimento de 4,8% para a China neste ano e 4,5% no próximo.
Ontem, a China anunciou um programa de estímulo à economia, que vem sendo considerado o maior da história.
Por conta dessa desaceleração, a orientação da política econômica tem sido estimular, entre outros setores, a indústria de transformação, com foco nas exportações. No caso de resinas plásticas, por exemplo, as importações para o Brasil cresceram mais de 300%. Fios sintéticos tiveram mais de 200% de alta e itens de aços mais de 100%.
O levantamento mostra que houve queda na produção nacional de itens que tiveram crescimento das importações entre 2019 e 2023. Produtos de metalurgia tiveram crescimento das importações de 98% no período, enquanro a produção nacional encolheu 1%. A importação de produtos farmacêuticos cresceu 25% enquanto a produção local decaiu 18%. Já o item produtos químicos teve alta de 23% nas importações, enquanto na indústria local a produção encolheu 6%.
— A exportação de manufatura da China acontece para vários países. Há um excesso da capacidade e a venda é feita com preços menores. Por aqui, o governo colocou cotas de importação de aço, mas o espaço que o Brasil tem para colocar barreiras é menor do que os EUA e a União Europeia porque a China é o maior parceiro comercial do país e isso tende a ser mais custoso — diz o economista Igor Barreto, do Itaú, que aponta a necessidade de o Brasil promover uma agenda de competitividade, melhoria no ambiente de negócios, com reformas como simplificação tributária, redução da burocracia, melhoria da infraestrutura, além de garantir uma estabilidade macroeconômica duradoura.
O Estado de S.Paulo - SP 26/09/2024
Prévia da inflação oficial de setembro, que considera o período do dia 16 do mês anterior ao dia 15 do mês atual, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA-15) surpreendeu o mercado nesta quarta-feira, 25. A variação divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) foi de 0,13%, enquanto o piso das estimativas coletadas pelo Projeções Broadcast era de 0,18%; e a mediana, de 0,28%. É a a taxa foi a mais branda em mais de um ano (desde julho de 2023). Isso significará uma redução na inflação fechada do mês e, por consequência, um alívio na pressão do juro?
Para saber a resposta, o Estadão/Broadcast consultou economistas do mercado financeiro. Confira as análises resumidas abaixo:
Em relatório, o economista-chefe para Brasil do Barclays, Roberto Secemski, destaca o aumento aquém do esperado no preço das passagens aéreas e as quedas nos preços de seguro de automóveis e ingressos para cinema como fatores que contribuíram para o resultado benigno da inflação.
Como exemplo, Secemski cita o resultado do núcleo Ex3, que agrega apenas itens selecionados de serviços e bens industriais do IPCA-15. Este indicador subiu 0,07% em setembro na margem. Em agosto, havia registrado avanço de 0,28%.
A desaceleração, diz o economista, foi provocada principalmente pelo núcleo de serviços, que ficou estável em setembro ante agosto, ante projeção do Barclays de alta de 0,34%.
“Se o seguro automotivo e os preços do cinema permanecessem estáveis, o núcleo dos serviços teria aumento mensal de 0,23%, ilustrando a contribuição substancial destes dois itens à surpresa para baixo nesta métrica”, acrescenta.
O economista pondera que os descontos nos cinemas devem ser revertidos, e que a queda no preço do seguro de automóvel ainda é uma reversão do aumento registrado em julho, após as enchentes no Rio Grande do Sul.
Como influências que desaceleraram serviços nesta leitura, Alexandre Maluf, da XP Investimentos, destaca os subitens de cinema, teatros e concertos, com queda de 5,8%, e seguro voluntário de veículo, com deflação de 2,8%.
Em relação ao grupo de Alimentação e bebidas (-0,80% para 0,05%), o economista destaca a surpresa com Alimentação no domicílio (-1,30% para -0,01%) ainda estar em terreno negativo. “Esperávamos já efeito maior de secas, principalmente em frutas veio uma inflação um pouco menor e também em açúcar, por conta das queimadas”, avalia. “Ainda não apareceu no IPCA de setembro, então ele deve aparecer mais adiante”.
Em termos de composição, os núcleos do IPCA-15 vieram “extremamente melhores” e serviços subjacentes, considerados como “calcanhar de Aquiles do Banco Central” pela economista, vieram zerados. Entre as deflações, Andrea Damico, economista-chefe da Armor Capital, destaca cinema, seguro de automóvel, e bens industriais.
O dado, segundo Damico, mostra que a inflação ainda não reagiu a uma atividade econômica mais forte. “Acho que tem outros drivers importantes para a inflação e estamos vendo uma certa moderação das pressões subjacentes, seja de núcleos, seja de serviços subjacentes”, afirma.
O economista-sênior do Banco Inter, André Valério, destaca a deflação dos grupos Transportes (-0,08%), refletindo o recuo da gasolina, e Despesas Pessoais (-0,04%), contra as pressões altistas de Habitação (0,50%) e Alimentação e bebidas (0,05%). Nas aberturas, o destaque positivo vai para os serviços (0,29% para 0,17%), mesmo com a alta das passagens aéreas.
Qual é a previsão de IPCA de setembro?
“Temos que tomar cuidado para não extrapolar isso (o PCA-15) como uma tendência”, diz o economista Alexandre Maluf, da XP Investimentos.
O economista destaca como fatores a atividade econômica bastante aquecida, o mercado de trabalho apertado, os salários reais em elevação e as expectativas de inflação acima da meta. “Tudo isso sugere, pelo fundamento, que a inflação dos serviços, olhando para os próximos meses e trimestres, não deva ceder muito”, observa.
Para o IPCA de setembro, o Barclarys estima um aumento de 0,45% — bem acima da leitura do IPCA-15, de 0,13% —, dada a expectativa de aceleração nos preços da energia em função da mudança na bandeira tarifária e a perspectiva de recuperação nos preços de alimentos após dois meses de deflação.
A expectativa do Citi para o IPCA fechado do mês é a mesma: de alta de 0,45%. O banco ainda prevê alta de 0,35% em outubro, 0,25% em novembro e 0,45% em dezembro.
O IPCA-15 de setembro apresentou um resultado positivo tanto do ponto de vista qualitativo, como quantitativo, com melhora substancial em todas as métricas, na avaliação do economista-sênior do Banco Inter, André Valério. Ele pondera, no entanto, que o IPCA cheio do mês deve apresentar uma piora de perfil.
“(Isso é) devido à metodologia de cálculo que irá levar em consideração todo o período de vigência da bandeira vermelha (na tarifa de energia)”, diz. “A inflação de alimentos dá sinais de piora mais intensa na margem, o que também não foi capturado pelo IPCA-15", detalha.
“Ainda assim, vemos a continuidade de uma dinâmica benigna, que deve se manter em meio ao ciclo de alta da Selic, recém iniciado pelo Banco Central”, ressalta o economista.
Para o índice cheio de setembro, Maluf espera que os preços administrados (0,81% para 0,16%) acelerem, influenciados por energia elétrica residencial. Para outubro, o cenário do economista é da mudança da bandeira vermelha 1 para vermelha 2.
O ceticismo sobre o cenário futuro da inflação se mantém, na avaliação do Citi, em relatório.
“Consideramos que os salários estão em torno de 9% e que as queimadas que continuam ocorrendo pelo País devem impactar os preços dos alimentos nos próximos meses”, alerta o banco, que também chama atenção para a escalada dos preços de energia elétrica devido à escassez hídrica.
Como fica a projeção de inflação para o ano?
“Nossa previsão para o IPCA em 2024 de 4,1% ainda possui riscos de alta que podem levar a taxa para acima do teto da meta (4,5%)”, diz Roberto Secemski, do Barclays.
Na lista de condicionantes estão a possibilidade de a bandeira tarifária ser vermelha em dezembro - hoje o Barclays prevê bandeira amarela —, a permanência dos preços dos combustíveis nos níveis atuais - o banco espera redução — e choques climáticos capazes de aumentar os preços dos alimentos nas próximas semanas.
“Esse movimento é importante por si só, mas especialmente em um momento em que o crescimento tem surpreendido para cima, com mercado de trabalho aquecido”, escreveu o Bradesco.
Até o final do mês, porém, a expectativa do banco é que o acionamento da bandeira vermelha na energia continuará pressionando a inflação, assim como o reajuste nos cigarros.
A projeção do Bradesco é de alta de 4,4% para o IPCA de 2024 e de 4% para a média dos núcleos de inflação.
O Citi manteve a projeção de alta para o mesmo índice projetado pelo Bradesco: 4,4%.
Como fica o juro?
A fotografia apresentada pelo IPCA-15 de setembro foi bastante positiva, mas insuficiente para impedir a intensificação do ritmo de aperto do Banco Central, que deve elevar a Selic em 0,50 ponto porcentual em novembro, na avaliação do head de macroeconomia da Kínitro Capital, João Savignon.
Ele considera que “sem dúvida” a divulgação desta quarta-feira, 25, apresentou um qualitativo benigno, já que houve desaceleração e resultados abaixo do esperado em métricas importantes, como os serviços subjacentes (4,73% para 4,0%, pelo critério da média móvel trimestral anualizada e dessazonalizada) e nos serviços intensivos em trabalho (4,4% para 3,6%).
Parte significativa dessas surpresas, explica Savignon, está muito relacionada a fatores pontuais e atípicos e por isso não deve, por ora, tirar do radar a preocupação com o nível da inflação tanto corrente quanto das expectativas à frente.
Entre as variações que surpreenderam para baixo no IPCA-15 de setembro ele enumera as passagens aéreas, energia elétrica, seguro de automóveis, cinema e cigarro.
Entre os pontos de atenção desta leitura, porém, Savignon chama a atenção para a inflação da alimentação no domicílio, que embora tenha registrado mais uma variação negativa (-0,01% em setembro, após -1,30% em agosto) acelerou acima das expectativas. “E já há uma pressão contratada para alimentos por causa das questões climáticas à frente”, ressalta.
Para o economista-chefe da G5 Partners, Luis Otavio de Sousa Leal, a leitura positiva do IPCA-15 de setembro não deverá “passar despercebida” pelos membros do Comitê de Política Monetária (Copom), especialmente em um momento como o atual, em que se discute a necessidade de elevar ou não o ritmo de alta nos juros.
“Certamente o BC não irá pautar as suas decisões futuras por um resultado pontual, ainda mais sendo este o IPCA-15, índice famoso por seus ‘falsos positivos’, mas, sem dúvida, esse é um resultado que não deverá passar despercebido pelo Copom”, escreveu o economista em nota.
Para Leal, o IPCA-15 de setembro veio “muito melhor” que o esperado e, mais importante do que isso, essa surpresa não partiu apenas de um único vetor. “Não tivemos nenhum item, ou grupo específico, ao qual poderíamos atribuir a ‘culpa’ pelo resultado”, considera o economista.
Para além da surpresa no número cheio, Leal destaca que a métrica que tem sido mais citada pelo BC como determinante do processo inflacionário, os serviços subjacentes, passaram de 0,39% em agosto para variação zero em setembro, resultado mais baixo desde junho de 2020, no auge da pandemia.
O cenário da XP para a Selic é de duas altas de 0,50 ponto porcentual para as reuniões de novembro e dezembro do Copom, e uma alta de 0,25 ponto em janeiro de 2025, com Selic terminal de 12%. “Ainda existe um viés de alta em relação a nossa projeção de 12%, para levar a inflação à meta”, pontua o economista.
A surpresa positiva com o IPCA-15 não vai impedir que o BC continue subindo juros, mas contribui eventualmente para um ciclo de aperto monetário menor, na avaliação de Andrea Damico, economista-chefe da Armor Capital.
A economista afirma que o IPCA-15 foi “extremamente benigno” tanto em headline, que veio abaixo da mediana do mercado, quanto em composição.
A Armor Capital mantém um ciclo total de alta da Selic de 150 pontos-base. Além da alta de 25 pontos-base na reunião de setembro do Copom, a casa espera mais três elevações: duas de 50 pontos-base, e uma de 25 pontos-base.
Na projeção da Armor Capital, a Selic encerraria 2024 em 11,75%, e encerraria o ciclo de aperto monetário em 12% em janeiro de 2025. /Com Anna Scabello, Caroline Aragaki, Daniel Tozzi Mendes, Gabriela Jucá, Gustavo Nicoletta e Renata Pedini
Infomoney - SP 26/09/2024
Os preços dos contratos futuros de minério de ferro subiram nesta quarta-feira, atingindo os níveis mais altos em mais de três semanas, com um novo lote de políticas de flexibilização monetária da China impulsionando o sentimento do mercado, enquanto a menor oferta global também deu suporte.
O contrato de janeiro do minério de ferro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) da China encerrou as negociações do dia com alta de 4,19%, a 709 iuanes (101,02 dólares) a tonelada.
O contrato atingiu uma alta intradiária de 730,5 iuanes, maior patamar desde 2 de setembro.
O minério de ferro de referência para outubro na Bolsa de Cingapura avançava 1,7%, a 96,35 dólares a tonelada.
Os futuros do minério de ferro se recuperaram devido às esperança depositadas nas medidas de apoio ao mercado imobiliário da China, disseram analistas do ANZ em uma nota.
O anúncio dos estímulos impulsionou o sentimento nos mercados locais de commodities ferrosas, estimulando um aumento nos preços do minério de ferro importado em 24 de setembro, disse a consultoria chinesa Mysteel.
Na quarta-feira, o banco central da China reduziu a taxa de instrumento dos empréstimos de médio prazo para os bancos.
A medida segue o anúncio de Pequim, na terça-feira, do maior pacote de estímulos desde a pandemia, incluindo cortes nas taxas e flexibilização das exigências de hipotecas, em uma tentativa de reanimar a atividade e estabilizar o mercado imobiliário atingido pela crise.
Embora as medidas de estímulo devam impedir a piora das condições do mercado siderúrgico, é improvável que elas impulsionem a demanda de curto prazo, uma vez que a produção de aço deste ano continua apontando para uma queda ante 2023, disseram os analistas do ANZ.
Enquanto isso, o volume de embarques de minério de ferro despachado globalmente a partir de 19 portos e 16 empresas de mineração na Austrália e no Brasil diminuiu 4% em relação à semana anterior, de 16 a 22 de setembro, informou a Mysteel.
Valor - SP 26/09/2024
As empresas chinesas foram responsáveis por mais de 80% das remessas globais de componentes-chave de baterias de íons de lítio em 2023, expandindo sua presença nas cadeias de suprimentos.
As baterias de íons de lítio são compostas de quatro partes principais: cátodos, ânodos, eletrólitos e separadores. As empresas chinesas detinham uma participação de mercado de 89,4% em volume para cátodos, 93,5% para ânodos, 87,4% para separadores e 85% para eletrólitos, relata o Yano Research Institute, sediado em Tóquio.
A participação chinesa em separadores, em particular, cresceu 13,1 pontos percentuais em dois anos. Em contraste, a participação japonesa caiu de 20% para 9,7%.
O aumento da fatia da China em materiais de bateria é impulsionado pela crescente demanda por veículos elétricos em casa. Mais de 30% dos veículos novos vendidos na China no ano passado eram elétricos ou híbridos plug-in.
"Aproximadamente dois terços da demanda global por baterias automotivas vêm da China", disse o pesquisador do Mizuho Bank, Tang Jin.
Os fabricantes de componentes na China também estão olhando para o exterior, seguindo clientes como a Contemporary Amperex Technology (CATL), a maior produtora de baterias automotivas do mundo.
O BTR New Material Group está investindo um total de US$ 700 milhões em novas instalações de produção de cátodos e ânodos no Marrocos, programadas para entrar em operação em 2026. O país africano tem grandes reservas de minério de fosfato, um componente dos cátodos. A nova planta de cátodos da BTR no Marrocos terá capacidade para equipar cerca de 500 mil veículos elétricos anualmente e deve abastecer fábricas de baterias chinesas nos Estados Unidos e na Europa.
O fornecedor de separadores Shenzhen Senior Technology Material começou a construir no ano passado uma planta de aproximadamente US$ 700 milhões na Malásia. Em abril, assinou um contrato de fornecimento com a fabricante de baterias sul-coreana Samsung SDI que vai até 2030.
O setor de baterias enfrenta, porém, adversidades crescentes. Muitos governos estão reduzindo subsídios para veículos elétricos, enfraquecendo a demanda. As vendas da Tesla caíram 4,8% no ano em volume no trimestre de abril a junho. A Toyota e outros players japoneses estão mudando seu foco para híbridos.
Em resposta, a LG Energy Solution interrompeu em junho a construção de uma nova fábrica de baterias no Arizona. A Panasonic Holdings descartou sua meta de vendas até o ano fiscal de 2030.
Os fabricantes de componentes de bateria do Japão veem a América do Norte como a chave para resistir à queda global na demanda.
Em uma tentativa de reforçar as cadeias de suprimentos de veículos elétricos americanas, a administração do presidente Joe Biden está exigindo que os veículos usem baterias e componentes de bateria fabricados na América do Norte para se qualificarem para créditos fiscais de veículos elétricos.
Os Estados Unidos também restringem a entrada de players chineses em seu mercado, deixando mais espaço para fabricantes de componentes japoneses na América do Norte.
A Asahi Kasei, um fornecedor líder de separadores, está construindo uma fábrica de 200 bilhões de ienes (US$ 1,38 bilhão) no Canadá em parceria com a Honda. A instalação deve começar a operar em 2027.
A Sumitomo Metal Mining está considerando expandir a produção de cátodos de fosfato de ferro-lítio (LFP), inclusive em uma planta existente no Vietnã. Embora os participantes chineses controlem grande parte do mercado, "estamos vendo mais consultas de montadoras dos Estados Unidos e da Europa que estão se afastando da China", disse a empresa.
As baterias LFP oferecem uma autonomia menor em comparação com as baterias alternativas de óxido de alumínio-lítio-níquel-cobalto de alto desempenho, ou NCA. Os participantes chineses estão expandindo sua participação no primeiro, enquanto as empresas japonesas continuam a ter uma vantagem em cátodos para o último.
As preocupações com as baterias de veículos elétricos chinesas também estão crescendo. Vários veículos elétricos equipados com baterias chinesas pegaram fogo espontaneamente na Coreia do Sul em agosto, alimentando temores sobre sua segurança.
Os governos dos Estados Unidos e da Europa também estão se movendo para conter sua dependência de baterias chinesas, preocupados que Pequim possa ameaçar suspender as exportações como moeda de troca nas negociações comerciais.
Investing - SP 26/09/2024
A porta-voz do ministério do comércio da China apelou aos Estados Unidos para que cessem a "supressão irracional" das empresas chinesas. Este apelo surge após a recente proposta do Departamento de Comércio dos EUA de proibir o uso de software e hardware chineses em veículos que operam no país, citando riscos à segurança nacional.
A regulamentação proposta, anunciada na segunda-feira, visa obrigar as montadoras americanas e outras grandes fabricantes a eliminar a tecnologia chinesa relacionada à conectividade à internet e sistemas de navegação de seus veículos nos EUA.
A porta-voz criticou a proposta dos EUA, alegando que carece de base factual e contraria os princípios de uma economia de mercado e concorrência justa, classificando-a como uma medida protecionista. A declaração do ministério expressou preocupação com a potencial perturbação da cadeia de suprimentos automotiva global e o efeito prejudicial na cooperação entre EUA e China no setor de veículos conectados.
A regulamentação proposta pelos EUA poderia efetivamente excluir carros e caminhões chineses do mercado americano, destacando temores sobre veículos chineses coletando dados sobre motoristas e infraestrutura dos EUA, bem como o risco de manipulação externa desses veículos.
As tensões contínuas entre China e EUA têm resultado na implementação de proibições significativas de exportação de semicondutores para a China por parte dos EUA. A última proposta regulatória marca uma intensificação adicional das restrições dos EUA sobre veículos chineses e tecnologias relacionadas.
A porta-voz do ministério do comércio instou os Estados Unidos a revogar prontamente essas medidas restritivas.
Globo Online - RJ 26/09/2024
A Volkswagen e os sindicatos iniciaram negociações sobre cortes de custos nesta quarta-feira, num clima de aprofundamento das tensões. Trabalhadores com bandeiras e apitos se aglomeraram em frente à unidade da empresa em Hannover. As discussões giram em torno do plano da montadora de fechar fábricas na Alemanha pela primeira vez, após eliminar, no início deste mês, acordos trabalhistas que existiam há décadas.
O sindicato IG Metall prometeu lutar contra esses planos, ameaçando greves que poderiam paralisar o maior fabricante de automóveis da Europa por semanas.
— Não haverá conversas sobre fechamento de fábricas e demissões em massa conosco — disse Thorsten Gröger, principal negociador do sindicato, reforçando que, se a VW mantiver seus planos de corte, então "dezenas de milhares de colegas forçarão a empresa a voltar ao caminho certo."
A disputa é um grande teste para o CEO Oliver Blume, após confrontos com sindicatos terem derrubado vários de seus antecessores. O executivo advertiu que os custos na Alemanha são muito altos à medida que as vendas diminuem e fabricantes chineses avançam na Europa.
Pedido de reajuste de 7%
A VW também perdeu força no importante mercado asiático, onde marcas locais dominam o setor de carros elétricos.
Os dois lados da mesa ainda estão distantes de um consenso. O IG Metall exige aumento salarial de 7% para os trabalhadores da indústria. Líderes sindicais afirmam que os funcionários não devem sofrer pelas falhas da administração, incluindo o fraco desempenho da Volkswagen nos Estados Unidos.
O principal alvo de Blume é a marca de carros de passageiros da VW, que está com as margens de lucro pressionadas em meio à lenta transição para veículos elétricos e à desaceleração dos gastos dos consumidores.
A VW poderia forçar decisões sobre o fechamento de fábricas ainda este ano, abrindo caminho para mais de 15.000 cortes de empregos, disseram analistas da Jefferies no início deste mês. A montadora está considerando o fechamento de duas a três fábricas, com até cinco unidades na Alemanha sob análise, afirmaram os analistas.
No início deste mês, a montadora experimentou a ira provocada por seus planos de cortes, com milhares de trabalhadores vaiando os gestores na fábrica de Wolfsburg, a maior da Europa. Os executivos lamentaram as vendas fracas que deixaram a empresa com cerca de duas fábricas a mais do que o necessário.
Cortes de empregos na VW são mais difíceis de serem implementados do que em outros lugares. Metade dos assentos no conselho de supervisão é ocupada por representantes dos trabalhadores, e o estado alemão da Baixa Saxônia — que detém uma participação de 20% da empresa — muitas vezes apoia os sindicatos.
— A Volkswagen precisa de soluções agora— disse Stephan Weil, governador da Baixa Saxônia e membro do conselho de supervisão, nesta quarta-feira, no parlamento estadual. Tornar a montadora competitiva "é a base para o sucesso econômico a longo prazo e para garantir empregos seguros", acrescentou.
As greves podem começar já em 1º de dezembro, quando expira um período de carência entre a Volkswagen e o sindicato.
IstoÉ Dinheiro - SP 26/09/2024
O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC-M) desacelerou de 0,64% para 0,61% na passagem de agosto para setembro, informou nesta quarta-feira, 25, a Fundação Getulio Vargas (FGV). Apesar do arrefecimento, a tendência aponta para uma aceleração nos custos da construção, conforme indicado pela taxa acumulada em 12 meses de 5,23%, afirma a FGV, de 4,84% até o mês anterior.
Entre agosto e setembro, houve desaceleração em Materiais, Equipamentos e Serviços (0,69% para 0,59%). Por outro lado, houve aceleração de Mão de Obra (0,57% para 0,64%).
Influências
As principais influências para baixo no INCC-M de agosto partiram de condutores elétricos (-0,16% para -1,14%), impermeabilizante (0,07% para -0,46%), portas e janelas de madeira (0,02% para -0,28%), argamassa (0,63% para -0,26%) e tela de proteção para fachada (0,09% para -0,25%).
Na outra ponta, puxaram o índice para cima os itens vergalhões e arames de aço ao carbono (0,79% para 1,61%), pedreiro (0,73% para 0,76%), blocos de concreto (0,11% para 0,72%), massa de concreto (0,56% para 0,67%) e armador ou ferreiro (0,29% para 0,87%)
Capitais
Cinco das sete capitais pesquisadas pela FGV registraram desaceleração no INCC-M entre agosto e setembro: Brasília (0,30% para 0,20%), Belo Horizonte (0,39% para 0,29%), Recife (0,61% para 0,60%), Rio de Janeiro (0,96% para 0,58%) e Porto Alegre (1,37% para 1,23%).
Houve, por outro lado, aceleração em Salvador (0,46% para 0,49%) e São Paulo (0,51% para 0,64%).
IstoÉ Online - SP 26/09/2024
O Índice de Confiança da Construção (ICST) recuou 0,4 ponto em setembro, chegando a 97,1 pontos, após quatro meses de alta. Com o resultado, o ICST ficou relativamente estável ao avançar 0,2 ponto na média móvel trimestral, conforme divulgou nesta quarta-feira, 25 a Fundação Getulio Vargas (FGV).
A queda nesta leitura refletiu a piora das perspectivas nos próximos meses, enquanto a avaliação sobre o momento corrente variou positivamente. O Índice de Expectativas (IE-CST) retraiu 0,9 ponto, para 97,1 pontos, enquanto o Índice de Situação Atual (ISA-CST) avançou 0,3 ponto, atingindo 97,3 pontos.
“A confiança setorial não resistiu à mudança de direção da política monetária. A alta na taxa de juros ocorrida em setembro e a perspectiva de novas elevações afetaram particularmente as expectativas dos empresários dos segmentos de Infraestrutura e de Edificações Residenciais, que ficaram mais pessimistas”, destacou, em nota, a coordenadora de Projetos da Construção do Ibre/FGV, Ana Maria Castelo.
Ela aponta, porém, que as empresas que têm expectativas positivas para os próximos meses continuam a superar os pessimistas. “Do ponto de vista da atividade, o cenário de crescimento não mudou: refletindo o ciclo de negócios recente, a demanda por mão de obra se mantém forte e pressionando o mercado de trabalho”, acrescentou.
O Nível de Utilização da Capacidade (Nuci) da Construção, por sua vez, recuou 0,8 ponto nesta leitura, atingindo 79,2%. O Nuci de mão de obra contraiu 1,0 ponto, a 80,4%, enquanto o Nuci de Máquinas e Equipamentos caiu 0,8 ponto, a 73,8%.
IstoÉ Dinheiro - SP 26/09/2024
Os investimentos previstos na indústria de transformação, junto com a construção civil, já chegam a R$ 825,8 bilhões, conforme anunciou nesta quarta-feira, 25, a Coalizão Indústria, grupo formado por 14 entidades de setores produtivos diversos, que vão da indústria de brinquedos à siderurgia e montadoras de carros.
O maior montante de investimentos, de R$ 200 bilhões, é da construção civil. Na sequência, aparecem as indústrias de alimentos (R$ 150 bilhões), máquinas e equipamentos (R$ 87,3 bilhões) e produtos plásticos (R$ 83 bilhões).
Os números foram apresentados em coletiva de imprensa promovida pela Coalizão para atualizar cenários das entidades.
Coordenador do grupo, Marco Polo de Mello Lopes, que também preside o Instituto Aço Brasil, salientou em sua intervenção inicial que a agenda do grupo tem três eixos: a retomada do crescimento sustentado, tendo como premissa o ajuste fiscal; a recuperação da competitividade sistêmica, com redução do Custo Brasil, estimado em R$ 1,7 trilhão; e transição energética/descarbonização.
Valor - SP 26/09/2024
Tesouro diz que valores estimados e cronograma de desembolso de concessionários colocam em dúvida arrecadação de R$ 9,78 bilhões
Vilma Pinto: “Frustração de receitas é ruim do ponto de vista do planejamento e da execução orçamentária” — Foto: Wenderson Araujo/Valor
O Ministério da Fazenda voltou a considerar receitas incertas de outorgas ferroviárias no Projeto de Lei Orçamentária (PLOA) 2025, enviado ao Congresso ao fim de agosto, repetindo, assim, uma prática que ocorreu no último ano com uma arrecadação que não tem se concretizado.
Segundo documentos obtidos pelo Valor via Lei de Acesso à Informação (LAI), técnicos do Tesouro Nacional apontaram “incertezas em relação aos valores estimados e aos cronogramas das operações” informadas pelo Ministério dos Transportes sobre uma receita de R$ 9,78 bilhões de outorgas em 2025, além de apontarem que “ainda restam etapas a serem superadas para a sua conclusão".
Dessa forma, decidiram que a deliberação dessa inclusão precisaria ser tomada pela Junta de Execução Orçamentária (JEO) ou diretamente pelo secretário do Tesouro, Rogério Ceron. Eles recomendaram em nota técnica considerar para o Orçamento de 2025 somente R$ 5,6 bilhões a título de concessões e permissões.
Dias depois, o secretário do Tesouro assinou um ofício no qual decidiu incluir a previsão de arrecadação dos R$ 9,78 bilhões. No despacho, Ceron justificou a decisão ao assinalar que “há anúncio público por parte do Ministério dos Transportes sobre a iminência de acordo com as empresas envolvidas, em tratativas avançadas de negociação”. Com essa deliberação, o PLOA 2025 foi enviado com a previsão de arrecadação de R$ 15,43 bilhões com concessões e permissões.
Segundo a Secretaria Nacional de Transporte Ferroviário do Ministério dos Transportes (SNTF), do montante de R$ 9,79 bilhões, a arrecadação estimada para a repactuação de contratos é de R$ 2,6 bilhões para o ano 2025. Há, ainda, uma previsão de R$ 7,2 bilhões referentes a novas receitas de prorrogação antecipada de contratos de concessões ferroviárias.
Em entrevista ao Valor, Ceron justificou sua decisão ao defender que, ao longo deste ano, a Fazenda tem feito diversos cortes em receitas oriundas do Ministério dos Transportes que não estão se realizando. Caso os montantes não se concretizem em 2025 novamente, ele garantiu que o procedimento será o mesmo.
“A história joga ao nosso favor. Estamos fazendo ajustes bimestralmente, em todos os meus despachos estou reduzindo [receitas com concessões]”, falou o secretário. “Caso no próximo ano não estiver performando, começamos o processo de ajuste, não há nenhum problema quanto a isso”, complementou Ceron.
O secretário ainda falou que, como ele próprio tem realizado ajustes nas projeções no orçamento deste ano, não havia necessidade em deliberar esse tema na JEO para o PLOA 2025.
Dentro desse montante de R$ 9,7 bilhões previsto, segundo apurou o Valor, há a expectativa de receita de dois contratos ferroviários que ainda precisam ser analisados pelo Tribunal de Contas da União (TCU).
Um deles, segundo uma fonte, ainda nem foi enviado para deliberação do Tribunal. A avaliação, nos bastidores, é que a operação poderia render um valor “substancial” que daria suporte à estimativa dos Transportes. Esse acordo já estaria “endereçado” e pronto para envio à corte de contas. No entanto, é um processo demorado - o que pode explicar a cautela da área técnica do Tesouro.
Incerteza continua muito grande em relação a essas concessões”
— Tiago Sbardelotto
O contrato faz parte de um grupo de três processos objeto de pactuação de concessão ferroviária. Além do que ainda precisa ser enviado para deliberação no TCU, outro já se encontra em análise pelo tribunal. Apenas um já foi celebrado. Outros R$ 5 bilhões poderão ser obtidos com a renovação do contrato da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA). Esse processo está numa etapa anterior aos demais, em audiência pública.
Há negócios na carteira do Ministério dos Transportes que poderão reforçar as receitas em 2025 mas não foram incluídos pela pasta em suas previsões de receita. É o caso dos contratos da Malha Oeste e da Transnordestina.
Técnicos e especialistas ouvidos pela reportagem apontam riscos dessa inclusão no PLOA, já que há chances de essa receita mais uma vez não se concretizar. Membros do próprio TCU dizem, sob a condição de anonimato, que é arriscado considerar receitas com contratos que ainda nem foram analisados pela Corte.
No âmbito do orçamento deste ano, o governo tem feito sucessivos cortes em projeções de arrecadação de outorgas ferroviárias - no total, a LOA 2024 apontava para uma receita de R$ 44 bilhões com concessões, mas o valor revisado no último bimestral é de R$ 20,7 bilhões. Em agosto do ano passado, reportagem do Valor já havia mostrado que os técnicos do Tesouro apontaram as mesmas incertezas sobre essas receitas.
Para a economista Vilma Pinto, diretora da Instituição Fiscal Independente (IFI), há mais uma vez um risco de não materialização das receitas, dado que a própria área técnica apontou incertezas. “A frustração de receitas é ruim do ponto de vista do planejamento e da execução orçamentária. Neste ano, já temos observado uma revisão bimestral para baixo”, alertou.
Quem avalia em sentido semelhante é o economista Tiago Sbardelotto, da XP Investimentos. Para ele, o ideal seria o governo adotar as “premissas das mais conservadoras possíveis” na hora de considerar essas receitas no orçamento, principalmente após o ocorrido este ano. “A incerteza continua muito grande em relação a essas concessões ferroviárias. Não há detalhes sobre esses acordos”, comentou.
Procurado, o Ministério dos Transportes não respondeu ao pedido para comentar a questão.
Valor - SP 26/09/2024
A ideia é tornar o trabalho de manutenção mais eficiente com monitoramento em tempo real
Hitachi e Nvidia trabalharam juntas para desenvolver um sistema baseado em inteligência artificial (IA) que inspeciona a segurança da infraestrutura ferroviária, disse o grupo industrial japonês na terça-feira. A ideia é tornar o trabalho de manutenção mais eficiente com monitoramento em tempo real.
O novo sistema -- batizado de Hyper Mobility Asset Expert (HMAX) -- foi revelado na InnoTrans, a maior exposição de tecnologia ferroviária do mundo, que foi aberta em Berlim na terça-feira.
Dados sobre a condição dos trilhos, cabos de energia aéreos e sinais são coletados de sensores, câmeras e outros equipamentos conectados aos trens, com as informações coletadas analisadas no próprio trem usando chips de inteligência artificial da Nvidia.
Ao processar os dados no trem e enviar apenas informações relevantes para os centros de controle, todo o processo de compreensão e resolução de problemas pode ser acelerado. Um comunicado à imprensa disse que anteriormente poderia levar "até dez dias para que os dados fossem processados em locais de manutenção".
O sistema HMAX pode obter dados como trilhos e fios aéreos são afetados pelo clima e pela temperatura. Além de detectar descuidos durante inspeções visuais dessa infraestrutura por trabalhadores, ele pode reduzir a frequência de substituições de peças ao determinar com mais precisão quando os itens devem ser trocados.
O HMAX foi introduzido em algumas linhas ferroviárias no Reino Unido e na Itália em caráter experimental.
O sistema também pode detectar alterações no trem e sugerir quando substituir suas peças. Em testes, o número de peças substituídas durante reparos regulares foi reduzido em até 30%, e os custos de manutenção do veículo foram reduzidos em até 15%, disse a empresa.
Um representante da Hitachi afirmou que, ao trabalhar com a Nvidia, a empresa pode melhorar rapidamente o HMAX e responder a solicitações detalhadas.
A indústria ferroviária da Europa está se movendo em direção a um modelo em que empresas privadas operam os trens enquanto empresas públicas gerenciam os trilhos e outras infraestruturas.
Instalar equipamentos de inspeção nos trens de propriedade das empresas operacionais pode reduzir a carga de trabalho para empresas de infraestrutura. A Hitachi atuará como promotora e explorará a criação de um negócio que seja útil para ambos os lados da indústria ferroviária europeia.
A alemã Siemens também fez parceria com a Nvidia para desenvolver um serviço baseado em inteligência artificial que reduz os custos de reparo para veículos ferroviários. Na InnoTrans, a Siemens anunciou uma nova plataforma que pode agilizar operações ferroviárias complexas e acomodar o aumento do número de passageiros.
Valor - SP 26/09/2024
Apesar de aprovação, TCU pede revisão dos valores do contrato e na forma de concorrência do ativo; proposta inicial é de R$ 7 bi de investimentos
O Tribunal de Contas da União (TCU) aprovou, nesta quarta-feira (25), a primeira repactuação de uma concessão rodoviária, da Eco101, da Ecorodovias, responsável pela operação da BR-101 no Espírito Santo. O acórdão do relator Walton Alencar Rodrigues foi aprovado por unanimidade. Porém, foram exigidas as revisões no acordo, que devem alterar a proposta inicialmente protocolada.
O ministro afirmou que “ao comparar a solução ora proposta com a relicitação, concluiu-se que o acordo é a opção mais vantajosa para o interesse público, por permitir a realização de investimentos com antecedência de cerca de cinco anos e com tarifa de pedágio inferior à média dos estudos de outros projetos de concessão”.
O caso da Eco101 é o primeiro de uma série de renegociações de concessões de rodovias, que estão em discussão entre governo e empresas no âmbito da Secretaria de Controle Externo de Solução Consensual e Prevenção de conflitos (Secex Consenso) do TCU.
Uma das mudanças exigidas pelo TCU diz respeito à realização de uma concorrência pelo contrato repactuado — processo no qual, além da Ecorodovias, outros grupos interessados poderão disputar a concessão, sob os novos termos. A ideia é mitigar o risco moral de a renegociação beneficiar uma empresa específica.
A proposta apresentada prevê um prazo de 70 dias entre a publicação do edital e a competição, período que o relator considerou curto demais para que outras companhias façam uma análise devida. “Permitir a realização do procedimento em setenta dias significa incorrer em grande risco de que o processo competitivo seja ineficaz e represente apenas dispêndio de energia e recursos sem o alcance do benefício esperado”, diz o acórdão.
Além disso, foi exigida a realização de consulta pública antes do processo competitivo.
Caso um outro grupo saia vencedor do processo competitivo, o novo concessionário terá que pagar e R$ 320 milhões à Ecorodovias pela transferência do ativo. Essa previsão de pagamento foi questionada pela área técnica do tribunal e pelo Ministério Público do TCU, mas acabou sendo aceita.
O TCU também determinou uma revisão dos custos estimados do projeto, cujos cálculos foram questionados no relatório. Esses valores são determinantes para a definição da tarifa de pedágio e dos investimentos que terão que ser realizados.
A proposta inicial encaminhada ao TCU prevê investimento de R$ 7,07 bilhões, dos quais R$ 1,17 bilhão seria alocado nos três primeiros anos. As obras previstas nesse valor preveem a duplicação de 221 km de rodovia, a execução de 2 contornos menores e a previsão de a construção de um contorno rodoviário maior.
A proposta também prevê a cobrança de tarifa de pedágio inicial de R$ 7,10 por cada 100 km, valor que gradualmente sobe até R$ 15,60 ao fim do contrato. O acordo estabelece ainda a extensão do prazo do contrato por mais dez anos, além dos nove anos ainda restantes.
Porém, esses números podem mudar, diante das condições apresentadas pelo TCU. No acórdão, o ministro relator disse que “é possível afirmar que a tarifa está superestimada, resultante do acordo de solução consensual, favorecendo a concessionária em detrimento dos usuários”. Ele também destacou questionamentos feitos por órgãos técnicos a respeito do cálculo dos investimentos, como a “existência de sobrepreço de 42% no valor das duplicações, que é um dos custos mais significativos do projeto” e a “má qualidade dos orçamentos que foram apresentados pela Eco101, por impossibilitarem o rastreamento das memórias de cálculo dos custos”, destacada pela Infra S/A.
Próximas renegociações
Após a votação, o presidente do tribunal, Bruno Dantas, destacou que se trata de primeira solução consensual de uma lista de outros processos em curso. “[O relatório] endossa condicionantes importantes e nos traz um verdadeiro ‘leading case’ que vai parametrizar todas as futuras negociações em concessões de rodovias”, disse.
As próximas repactuações na fila do TCU, no setor de rodovias, são a MSVias, da CCR, que administra a BR-163 no Mato Grosso do Sul, e a Arteris Fluminense, que opera a BR-101 no Rio de Janeiro. Os dois casos já chegaram a um acordo na Secex Consenso, mas precisam ser votados pelo plenário do tribunal. A expectativa é que os acordos sigam o mesmo modelo da Eco101. Há ainda outros casos em estágio menos avançado. Foram feitos 14 pedidos de renegociação de rodovias, porém, nem todos serão aceitos.
No setor aeroportuário, em que há outras repactuações de concessões em curso, o modelo da Eco101 também é aguardado com expectativa, dado que deverá haver necessidade de competição pelos contratos que forem aditivados. Como esse modelo de concorrência é inovador — no governo e no TCU o processo tem sido visto como uma aquisição mediada —, o formato adotado neste primeiro caso da Ecorodovias também deverá servir de referência.
As repactuações são uma forma que o governo federal buscou para solucionar de forma mais rápida uma série de concessões de infraestrutura licitadas no passado e que fracassaram. Outro mecanismo para isso é a relicitação das concessões, porém, a avaliação no governo foi que o processo se mostrou lento demais.
Investing - SP 26/09/2024
A Transpetro, subsidiária da Petrobras (BVMF:PETR4), prorrogou até 8 de novembro o prazo para recebimento de propostas no processo de licitação pública para a aquisição de quatro navios da classe Handy, segundo nota divulgada nesta quarta-feira.
A licitação pública para a aquisição dos navios de 15 a 18 mil toneladas de porte bruto (TPB), da classe Handy, marca a retomada da contratação de embarcações próprias do Sistema Petrobras.
As encomendas integram o TP 25, Programa de Renovação e Ampliação da Frota, lançado pela Transpetro, com o objetivo de gerar novas oportunidades para a indústria naval brasileira, disse a companhia.
A decisão da prorrogação do prazo atende a diversos pedidos de empresas interessadas, segundo a companhia.
Até o momento, mais de 20 empresas nacionais e estrangeiras manifestaram interesse no edital lançado pela Transpetro.
De acordo com o cronograma da concorrência, o lançamento do primeiro navio Handy é estimado para o primeiro semestre de 2026. Os demais navios serão entregues sucessivamente a cada seis meses, até meados de 2028.
O Plano Estratégico 2024-2028 da Petrobras prevê 16 desses navios.
O TP 25 se insere ainda na estratégia do Sistema Petrobras de ampliar a frota própria na logística de petróleo e derivados para reduzir a exposição ao afretamento e à oscilação do preço dos fretes.
Revista Mineração - SP 26/09/2024
As obras do novo terminal do Porto Sul, em Ilhéus, vão receber R$ 4,6 bilhões em empréstimos do Ministério dos Portos e Aeroportos, com verba vinculada ao Fundo da Marinha Mercante (FMM).
Com autorização realizada para a Bahia Mineração (Bamin), o investimento foi confirmado pelo ministro Rui Costa, juntamente com o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Filho e o governador Jerônimo Rodrigues.
O Porto Sul terá integração com a Ferrovia Oeste Leste (Fiol) e a previsão de entrega é para 2027. Até o momento, as intervenções “onshore” [em terra] já foram iniciadas.
Inicialmente, o projeto do porto prevê a construção de um terminal para minério e, na sequência, outro destinado a grãos.
A Bamin deve investir cerca de R$ 20 bilhões nas atividades da região. O montante contempla inclui aportes na operação da Mina Pedra de Ferro, já em atividade em Caetité, com previsão de chegar a 26 milhões de toneladas anuais de minério de ferro em 2026, quando Fiol e Porto Sul entrarem em operação.
Com 537 km de extensão, o Trecho 1 da Fiol ligará Caetité à costa de Ilhéus, onde está sendo construído o terminal marítimo Porto Sul.
Junto com a expansão do terminal de contêineres Tecon Salvador, que receberá R$ 942,4 milhões, o projeto do Porto Sul terá impacto significativo na economia local. A expansão aumentará a capacidade de movimentação de cargas, facilitando o comércio na região.
Com esses investimentos, estima-se que cerca de 7.200 empregos sejam gerados, criando novas oportunidades e contribuindo para o desenvolvimento econômico das comunidades ao redor.
Valor - SP 26/09/2024
Sistema está sendo adaptado para bombear gás no sentido contrário para o qual foi concebido
As obras de infraestrutura física que permitirão à Argentina exportar gás das reservas de Vaca Muerta para o Brasil deverão estar prontas em março do ano que vem. A primeira fase dos trabalhos que vão alterar o fluxo do gasoduto deverá terminar em 7 de outubro, enquanto a segunda fase estará pronta em março de 2025, segundo o secretário de Energia da Argentina, Eduardo Javier Rodríguez Chirillo.
Desenhado para que a Argentina recebesse o gás produzido na Bolívia, o gasoduto opera no sentido norte-sul e as obras são necessárias para que o fluxo passe a ser sul-norte, permitindo que o insumo seja exportado para o Brasil por meio da Bolívia.
A reversão do gasoduto envolve instalação e adaptação de equipamentos para permitir inverter o sentido do gás natural para o norte argentino, com possibilidade de exportação para a Bolívia. Lá, o gás poderia chegar ao Brasil por meio do Gasoduto Bolivia-Brasil (Gasbol), que pertence à TBG. A expectativa é que toda a reversão seja concluída no ano que vem, antes do inverno, quando a demanda por gás natural aumenta na Argentina.
Chirillo, que participou de painel sobre o cenário energético argentino na ROG.e (antiga Rio Oil & Gas), no Rio de Janeiro, destacou que o país passa por um processo de transição regulatória que ainda impede determinar com clareza qual seria a oferta potencial de gás para o Brasil. Um número que tem sido considerado factível por parte do mercado é algo em torno de 4 milhões de metros cúbicos por dia (m3 dia).
A reestruturação do marco legal do setor energético da Argentina passa por temas como redução de subsídios e incentivo de novos investimentos para a inciativa privada.
O secretário explicou que, por causa da transição, o governo argentino ainda precisa olhar para aspectos como preços e demanda interna, antes de definir quanto o gás será enviado para o Brasil. Chirillo adiantou, porém, que as projeções de demanda que forem apresentadas pela iniciativa privada vão balizar os volumes a serem enviados. “A oferta tem a ver com a transição e tudo depende da iniciativa privada”, disse.
Segundo ele, a expectativa é que um memorando de entendimentos (MoU, na sigla em inglês) com o governo brasileiro seja assinado nas próximas semanas. O memorando vai estabelecer a criação de um grupo de trabalho que vai tratar do desenvolvimento de infraestrutura e das condições comerciais para a exportação de gás da Argentina para o Brasil. Entre os temas, está a possível fixação de regras para um intercâmbio “regular e sustentável” de gás natural.
Em paralelo, explicou Chirillo, a Argentina ainda tem que buscar soluções para aspectos como o preço de exportação do gás, uma vez que o envio para o Brasil depende de questões como a tarifa de transporte que será estabelecida pelo lado boliviano.
“O MoU é muito significativo porque somos facilitadores para que as empresas façam as coisas [que são necessárias para viabilizar a exportação]. Não é que o Brasil vai assumir compromisso com a Argentina de colocar dinheiro ou vice-versa”, disse Chirillo.
As discussões entre Brasil e Argentina sobre a exportação de gás natural ocorrem no momento em que a relação entre os dois países é de distanciamento, desde a vitória de Javier Milei nas eleições presidenciais. O mandatário argentino participou de evento conservador em Santa Catarina em julho e já chamou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de “corrupto e comunista”.
Ao mesmo tempo, o Brasil assumiu a custódia da embaixada argentina na Venezuela desde que o governo de Nicolás Maduro cercou o local, que abrigava opositores do presidente.
TN Petróleo - RJ 26/09/2024
O setor de petróleo e gás no Brasil vive uma fase de retomada, impulsionada por avanços tecnológicos, o lançamento de novas plataformas na Bacia de Campos e no pré-sal, além de projetos de exploração como a Margem Equatorial, que abrange uma vasta e inexplorada área ao longo da costa norte e nordeste do país. Esse cenário de recuperação abre novas oportunidades para empresas especializadas, como o Grupo I Can, que, com uma década de atuação, se consolida como parceira estratégica de grandes players da indústria, oferecendo expertise em gestão de ativos, consultoria e inovação.
Segundo Tereza Soares (foto), CEO do Grupo I Can, a empresa está preparada para atender à crescente demanda do setor. "Estamos prontos para apoiar nossos clientes em todas as fases dos projetos, desde a construção naval até o descomissionamento de plataformas, processo que envolve a retirada de instalações de produção que atingiram o fim de sua vida útil. Nossa experiência em gestão de ativos é um diferencial nesse momento de expansão", afirma Tereza.
O crescimento da produção de petróleo e gás no Brasil também reforça a necessidade de práticas sustentáveis. De acordo com o consultor Master do Grupo, Ricardo Blanco, o descomissionamento de plataformas, com foco em reciclagem verde, exige uma gestão cuidadosa e especializada, tanto nos aspectos ambientais quanto de segurança. "O descomissionamento responsável de plataformas é um desafio que demanda expertise técnica. Estamos comprometidos em oferecer soluções que combinem eficiência operacional e preservação ambiental", destaca Ricardo.
Atualmente, o Grupo I Can realiza a avaliação patrimonial de antigas plataformas da Petrobras. "Essas embarcações descomissionadas podem ser alienadas como sucata pela estatal. O Grupo I Can, por meio de sua equipe, é responsável pela valoração patrimonial desses ativos, com o objetivo de oferecer valores reais de mercado para orientar a Petrobras nas alienações", explicam os assistentes Técnico Ramon Areias e de administração Romulo Oliveira.
Além disso, o consultor de TI Daniel Bisneto, ressalta que o avanço dos programas de transição energética e a transformação digital, com a integração de inteligência artificial e outras tecnologias emergentes, estão redefinindo a maneira como as empresas operam, otimizando processos e garantindo maior eficiência. Ele explica que o Grupo I Can é uma das empresas que investe fortemente em inovação: "Para garantir a precisão de nossas análises, investimos em inteligência artificial como ferramenta de double check nas análises de dados realizadas por nossas equipes, agregando uma camada extra de segurança e confiabilidade aos nossos serviços".
Um dos principais diferenciais da empresa é seu Certificado de Registro e Classificação (CRC) da Petrobras, válido até junho de 2025, que reafirma o Grupo I Can como um parceiro de alta confiança. "O critério técnico é um fator determinante para a renovação do CRC, mas a empresa também se destaca nos quesitos econômico, legal e de integridade, sendo avaliada com nota 10 em todos esses aspectos", conclui Tereza Soares.
Money Times - SP 26/09/2024
A Prio (PRIO3) confirmou que está em negociação para comprar participação no Campo de Peregrino, no Rio de Janeiro, mostra fato relevante publicado nesta quarta-feira (25).
“Até o momento, as partes não entraram em acordo vinculante que caiba informar ao mercado”, informou.
Segundo a Folha de S.Paulo, a companhia deverá comprar 40% da participação da chinesa Sinochem. Ainda de acordo com o jornal, o preço da aquisição vai girar entre US$ 1,6 bilhão e US$ 1,9 bilhão (R$ 8,7 bilhões a R$ 10,3 bilhões, na cotação atual).
Os outros 60% do campo de Peregrino é da petroleira norueguesa Equinor, que é a operadora do campo.
De acordo com dados fornecidos pela ANP (reguladora de petróleo e gás do Brasil), a produção em julho do campo foi de 78 mil barris de óleo equivalente por dia (kboed), ou 31 kboed para a participação de 40% da Sinochem, contra produção média de 90 kboed da PRIO no segundo trimestre.
Na bolsa, a PRIO caia 1,96% por volta das 11h em meio ao recuo do petróleo.
Compra da PRIO não seria surpresa
Em relatório, o BTG diz que não ficaria surpreso se o acordo fosse concretizado em breve. O banco recorda que a administração da companhia vem reforçando que vai gerar valor para o acionista por meio de fusões e aquisições.
Os analistas dizem ainda que a compra, caso seja realizada nestes termos, poderá ser não apenas positiva como transformadora.
“Algumas semanas atrás, atualizamos nossas suposições para o campo Peregrino e, mesmo com estimativas conservadoras, acreditamos que este preço permitiria que as TIRs (taxa interna de retorno) denominadas em USD se aproximassem de 20%”, destaca.
O modelo não considera atualmente nenhuma redução no Opex (despesas operacionais) do nível atual de US$ 450 milhões por ano, em grande parte impulsionado por custos de energia mais altos desde que a plataforma Peregrino começou a usar diesel em vez de gás para geração de energia.
“Se esse problema for resolvido, ele poderá desbloquear mais vantagens em nossas estimativas”, diz.
O BTG também não descarta que essa aquisição seja apenas o primeiro passo em uma estratégia mais ampla para eventualmente comprar o campo inteiro. “Esperamos que a Equinor venda sua participação no ativo nos próximos anos”.
“Continuamos compradores da PRIO, que continua sendo nossa principal escolha no setor. As ações estão sendo negociadas a um rendimento de 18% FCFE em 2025 e 29% em 2026, com base nos preços do Brent de US$ 75/bbl e US$ 70/bbl, respectivamente”, coloca.
Já o Goldman Sachs disse que embora não tenha nenhuma opinião sobre a probabilidade da transação potencial seguir adiante, destaca que a administração da PRIO argumentou anteriormente que é capaz de gerar mais valor alocando capital a maiores taxas de retorno em novos projetos (buscando TIRs de >20% em termos de USD) versus remunerar os acionistas por meio de dividendos.
Sucesso no Campo - GO 26/09/2024
O agronegócio brasileiro é um dos mais dinâmicos e promissores, considerando o âmbito global. Em 2023, o setor agrícola representava cerca de 25% do PIB e respondia por aproximadamente 42% das exportações totais do país. Em 2024, até o momento, o PIB do agronegócio brasileiro foi de R$ 2,45 trilhões, sendo 1,65 trilhão referente ao ramo agrícola e 801 bilhões relativos ao ramo pecuário, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da USP
A expansão desse setor não apenas reforça a posição do Brasil como um dos maiores exportadores de commodities agrícolas do mundo, mas também coloca em evidência a necessidade de modernização constante do maquinário agrícola para maximizar a produtividade
Diante do aquecimento das atividades do agronegócio, o consórcio vem conquistando significativa participação por parte dos produtores, uma vez que permite a aquisição de maquinário de alto valor com parcelas acessíveis
Setor aquecido
Segundo dados da ABAC, de janeiro a julho, o consórcio de veículos pesados, que reúne caminhões, tratores, implementos rodoviários e agrícolas, apontou boas performances em quatro de seis indicadores, em comparação com o mesmo período de 2023: participantes ativos (10%), tíquete médio mensal (83%), contemplações (10%) e créditos disponibilizados (30%)
Apesar da retração observada nas vendas de cotas, o tíquete médio mensal apresentou um avanço notável, alcançando R$ 195,47 mil em julho de 2024, em contraste com R$ 106,40 mil em julho de 2023. Além disso, o volume de créditos concedidos acumulados entre janeiro e julho/24 foi de R$ 8,73 bilhões.
Seguindo os bons resultados do setor, o Consórcio New Holland, administrado pela Ademicon, movimentou até agosto deste ano, mais de R$ 732 milhões em créditos comercializados, com 2.372 cotas negociadas, valor aplicado, em grande parte, na alta tecnologia no campo.
Diante das informações acima, gostaria de sugerir uma entrevista com o Eyji Cavalcante, gerente comercial do Consórcio New Holland. O especialista pode explicar mais sobre os benefícios do consórcio e como ele pode ser uma boa forma de adquirir e renovar o maquinário agrícola.
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