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26 de Agosto de 2024

SIDERURGIA

Diário do Comércio - MG   26/08/2024

As usinas siderúrgicas devem enfrentar dificuldades para implementar as novas altas de preços anunciadas recentemente, de acordo com Instituto Nacional dos Distribuidores de Aços Planos (Inda). Isso porque o preço do aço plano no Brasil continua sendo impactado pelas importações, sobretudo, da China, segundo o presidente da entidade, Carlos Loureiro.

Previstas para impactar o setor no segundo semestre, as cotas e o aumento das tarifas de importação ainda não foram suficientes para estabilizar o mercado. Conforme os dados apresentados pelo Instituto, a alta de importação para o mês de julho foi de 8,45%, passando de 202,2 mil toneladas para 219,2 mil. No acumulado do ano, o acréscimo é de 19,8%, somando 1,5 milhão de toneladas.

A expectativa é que as importações diminuam ao serem impactadas pelas medidas de defesa comercial e fechem próximo do “0 a 0”, de acordo com Loureiro. “Não podemos esquecer que ano passado houve recorde de importação. Dessa forma, meu sentimento é que chegaremos a um crescimento de 0 a 5% este ano”, explica.

Segundo o Inda, são muitas as variáveis que ditarão o futuro das importações: desde preços da matéria-prima à variação do dólar, passando por preços externos e, principalmente, o desempenho chinês. “Na medida em que a China está em desespero de venda, já que o mercado de lá está encolhendo, eles vão forçar bastante a venda para fora, o que é um problema para o Brasil”, disse Loureiro.

Preços das matérias-primas caem no mercado internacional e reduzem preço do aço
A queda do custo das matérias-primas impactam diretamente no preço de venda do aço. “É uma queda quase paralela, fazendo com que o spread (US$/ton) entre carvão e minério e o preço de venda fique praticamente estável, mostrando que a eventual vantagem que as usinas chinesas estão tendo com relação ao menor custo de carbono e minério está sendo repassado para o mercado”, explica o presidente do Inda.

Carlos Loureiro lembra que o Brasil exporta mais de 90% da China, e que os preços de lá estão “imbatíveis”, sendo trabalhados abaixo do preço marginal, que é o custo direto da produção, esquecendo depreciação e custo de capital. Na visão de Loureiro, isso é “claramente um dumping”, e dificulta o desempenho das usinas brasileiras.

Com isso, as usinas brasileiras são forçadas a anunciar o aumento, como o caso da CSN, que anunciou alta de 5% no preço praticado a partir do dia 1º de setembro. Entretanto, na opinião do presidente da entidade, as empresas brasileiras terão dificuldade de implantar a alta. “Depende muito da necessidade delas: até que ponto estão mais dispostas a perder algum mercado e implantar preço do que eventualmente tentar barrar as importações somente via preço”, diz.

Desempenho em julho é de queda nas vendas
De acordo com os dados do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aços Planos, o setor encerrou o mês de julho com queda nas compras (1%) e nas vendas (0,9%) se comparado ao mês de junho. O desempenho está dentro do previsto pelos distribuidores, que mantêm a previsão de crescimento de 3% para o ano.

De acordo com os dados, as compras em julho registraram queda de 1% perante junho, com volume total de 349,5 mil toneladas contra 352,9 mil. Frente a julho do ano passado (301,8 mil toneladas), a alta foi de 15,8%.

As vendas de aços planos em julho contabilizaram queda de 0,9% quando comparada ao mês anterior, alcançando o volume de 335,7 mil toneladas contra 338,7 mil. Já em comparação ao mesmo mês do ano passado, quando foram vendidas 310,2 mil toneladas, a alta foi de 8,2%.

Conforme o presidente do Inda, Carlos Jorge Loureiro, o aumento está dentro das expectativas. Ele ressalta que apesar dos registros de queda, quando observados os dados do acumulado do ano, o desempenho está dentro do previsto. “O crescimento das vendas no acumulado do ano, de janeiro a julho, é de 3%, que é o que a gente está imaginando que seja nosso crescimento para o ano todo”.

Sobre o volume de vendas diárias, o número não alcançou o volume do mês passado, mas o presidente fez questão de ressaltar que em junho deste ano, as vendas bateram recorde no Brasil, superando a última grande marca registrada em 2015 (12,3 mil toneladas), alcançando 16,9 mil toneladas. Em julho, foram 14,6 mil toneladas por dia.

Apesar da instabilidade dos preços, os estoques estão dentro do que é considerado ideal. Em número absoluto, o estoque de julho obteve alta de 1,5% em relação ao mês anterior, atingindo o montante de 943,3 mil toneladas contra 929,5 mil, fechando o giro em 2,8 meses. “Está havendo uma certa disciplina dos distribuidores, não deixando que o estoque suba demais”, disse o presidente do Inda.

IstoÉ Dinheiro - SP   26/08/2024
O Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação da China disse nesta sexta-feira, 23, que interromperia o processo de concessão de permissão para siderúrgicas construírem novas usinas. O ministério disse que desenvolveria um novo processo, mas não deu um cronograma.

A interrupção abrupta do mecanismo de substituição de capacidade ocorre em um momento em que a queda dos preços do metal afeta as siderúrgicas chinesas. Com a demanda doméstica lenta, os produtores chineses têm tentado exportar para sair do problema, pressionando as siderúrgicas de outros países. A enxurrada de aço chinês barato nos mercados globais acendeu tensões comerciais, aumentando as reclamações de outros governos sobre o excesso de capacidade industrial da China em várias áreas, como veículos elétricos.

A própria China tentou conter o que considera “expansão desordenada da capacidade”. Ela estabeleceu pela primeira vez os programas de substituição de capacidade para indústrias pesadas há cerca de uma década para controlar a explosão de atividade desencadeada pelo estímulo implementado durante a crise financeira global.

Nesta sexta, o ministério da indústria disse que o equilíbrio entre oferta e demanda na indústria siderúrgica enfrenta “novos desafios”, mas não deu detalhes.

Valor - SP   26/08/2024

Depois de comprar a Elizabeth Cimento, a LafargeHolcim Brasil, hidrelétricas e a geradora gaúcha CEEE-G, a companhia de Benjamin Steinbruch avalia oportunidades

Benjamin Steinbruch: Ameaça da Ternium de retirar investimentos do Brasil é “inusitada, inaceitável e ofensiva à nação” — Foto: Rogerio Vieira/Valor

Dona de uma das maiores carteiras de investimento do setor no país nos últimos anos, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) segue com apetite por crescimento. Depois de comprar a Elizabeth Cimentos, a LafargeHolcim Brasil, hidrelétricas e a geradora gaúcha CEEE-G, além de anunciar aportes bilionários em suas operações de aço e minério, a companhia de Benjamin Steinbruch avalia oportunidades e mantém conversas com a Mover (ex- Camargo Corrêa) para potencial aquisição da InterCement, apesar do encerramento do período de exclusividade.

Com a conclusão, em 2023, de um ciclo de investimentos que chegou a quase R$ 20 bilhões em três anos, a CSN concretizou o plano de se tornar um conglomerado, com operações em aço, mineração, cimento, energia e logística. Apesar da alavancagem financeira elevada, hoje o principal ponto de atenção de investidores e agências de classificação de risco, a companhia reitera o pacote de desembolsos previsto para os próximos anos, com controle dos índices de alavancagem. Olhando até 2028, serão mais R$ 23 bilhões em desembolsos, iniciados a partir de 2023 e sem considerar potenciais aquisições, que continuam no radar, sobretudo no negócio de cimentos.

“Vamos fazer um M&A, desde que respeite nossos níveis de alavancagem. Estamos comprometidos com os credores e com o mercado. Vamos continuar perseguindo a desalavancagem”, afirmou ao Valor o diretor de Finanças e Relações com Investidores da siderúrgica, Marco Rabello. Ao fim de junho, a alavancagem financeira da companhia, medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda (sigla em inglês para resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização), estava em 3,36 vezes, frente a 3,13 vezes em março, pressionada sobretudo pela desvalorização cambial e apesar dos fortes resultados operacionais nos negócios na mineração e na siderurgia. A meta é levar esse índice para 2,5 vezes até o fim do ano.

Na semana passada, a S&P Global Ratings reduziu a perspectiva das notas de crédito da CSN, de estável para negativa, por causa da alavancagem elevada. A agência manteve a nota de crédito global em “BB”, mas ponderou que a alavancagem financeira da companhia saltou nos últimos trimestres, diante das margens menores no negócio de aço, dos pesados investimentos e juros e remuneração aos acionistas.

Conforme Rabello, a melhora de resultados e a venda de uma fatia minoritária na CSN Mineração e de uma participação mais relevante na C-EEE, operações que devem ser concretizadas ainda em 2024, vão contribuir para a desalavancagem. A siderúrgica se associou à EDF na corrida pela privatização da elétrica gaúcha, mas pouco antes do leilão, os franceses desistiram do negócio. “A primeira ferramenta [para buscar a desalavancagem] é a melhora dos resultados. A CSN encerrou o segundo trimestre com excelência em termos de operação em mineração e cimento. Em siderurgia, fez investimentos pesados no ano passado e vai colher frutos no segundo semestre, com performance e redução de custos”, disse.

A segunda fonte, acrescentou, serão as “operações estratégicas que podem fazer uma reciclagem de capital”. “Vender uma fatia minoritária na mineração, e esperamos fazer isso ainda neste ano. E estamos perseguindo, ainda em 2024, a venda de uma parcela importante da C-EEE”, reiterou. A venda das ações detidas na Usiminas também está no radar. No balanço, os papéis estão lançados na conta de aplicações, o que indica que o grupo vai de desfazer deles.

Além da esperada venda de ativos, a CSN está investindo cerca de R$ 8 bilhões na modernização em sua operação siderúrgica, especialmente na Usina Presidente Vargas, em Volta Redonda (RJ). Outros R$ 15,3 bilhões serão aportados na expansão da mina de Casa de Pedra, em Congonhas (MG), para ampliar a produção de minério de ferro. “A CSN vinha se preparando para esse crescimento e vislumbrou que precisava crescer também em outros segmentos. Então, entrou em cimentos e geração de energia, que assim como logística, têm muita sinergia com os demais negócios”.

Vamos fazer um M&A, desde que a operação respeite nossos níveis de alavancagem”

— Marco Rabello

Os planos de investimento da CSN ganharam nova conotação, recentemente, como resposta à Ternium, que sofreu sua primeira derrota na disputa com em torno da Usiminas, um conflito que se arrasta há mais de uma década, e avisou que vai reavaliar sua estratégia para o país se o veredito for mantido. “A ameaça dessa empresa estrangeira de retirar investimentos do Brasil é inusitada, inaceitável e ofensiva à nação. Nós somos uma empresa 100% brasileira e não deixaremos de investir no Brasil”, disse o presidente e chairman da CSN, Benjamin Steinbruch, em nota ao Valor.

Em operação consumada em 2012, a Ternium comprou fatia inicial de 27,7% da Usiminas, que pertencia a Votorantim e Camargo Corrêa e à Caixa dos Empregados da Usiminas, que estavam no bloco de controle da siderúrgica mineira junto com a Nippon Steel. Enquanto a Ternium defende que não houve troca de controle, a CSN alega que houve alteração de direitos políticos e, por isso, busca uma compensação de R$ 5 bilhões.

A disputa sofreu reviravolta em de junho, quando o Superior Tribunal de Justiça (STJ), depois de já haver decidido a favor da Ternium, acabou condenando o grupo ítalo-argentino a indenizar a CSN. Conforme informou ao Valor o CEO da Ternium, Máximo Vedoya, o grupo vai rever seus investimentos no país se o veredito for mantido, uma vez que estabelece um ambiente de insegurança jurídica. Até então, Justiça e Comissão de Valores Mobiliários (CVM) tiveram o mesmo entendimento do grupo ítalo-argentino, que não seria necessário estender a oferta de compra de ações da Usiminas para os demais acionistas (OPA), incluindo a CSN.

A CSN informou que não comentaria o processo, “respeitando o sigilo imposto pela Justiça”, mas Steinbruch se posicionou. “Em respeito à sociedade brasileira, a companhia repudia qualquer tentativa de utilizar ameaças como mecanismo para pressionar o Judiciário, buscando impor interesses mercantis acima das leis nacionais”.

Procurada, a Ternium disse que, desde 2014, “a CSN se nega a vender as ações do seu principal concorrente Usiminas, compradas de forma ilegal”. “Essa postura contraria todas as regras de defesa da concorrência e prejudica a Usiminas”. O grupo apontou que, “com mais 16 mil funcionários diretos no país e investimento de R$ 25 bilhões desde 2012, respeita o Judiciário do Brasil e vai continuar tomando as iniciativas para defender o marco regulatório brasileiro que só é necessário uma OPA quando há mudança de controle”. “Reviravolta na jurisprudência que cria uma multa de R$ 5 bilhões para beneficiar a CSN, que permanece ilegalmente no capital da Usiminas, cria insegurança jurídica e tira investimento e desenvolvimento econômico do Brasil. No país desde 1947, o grupo Techint aposta que a Justiça irá prevalecer no final”, acrescentou.

Valor - SP   26/08/2024

Balanço anual do Programa brasileiro do GHG Protocol foi divulgado nesta quarta (22); número de inventários de emissões de gases de efeito estufa com máxima pontuação chegou a 324. Prática ESG ouviu empresas para entender que ações estão fazendo a diferença

A pressão de clientes e investidores pela descarbonização dos negócios e a iminência de uma regra de precificação do carbono, que está no Congresso Nacional para votação, tem contribuído para mais empresas investirem no mapeamento de suas emissões de gases de efeito estufa (GEE).

Em 2024, ao mesmo tempo em que o número de inventários cresceu 24% em relação a 2023, somando 985 no total, também aumentou significativamente a lista de documentos com o chamado “Selo Ouro”, a classificação mais alta do GHG Protocol.

Nesta edição, 324 documentos conquistaram o selo ouro, 25% a mais do que em 2023, quando 259 membros conseguiram.

Segundo o Centro de Estudos em Sustentabilidade da FGV (FGVCes), responsável pelo protocolo no Brasil, para ser qualificado como Selo Ouro, o inventário de GEE precisa ser completo, ou seja, abranger as emissões vindas da operação da companhia (escopo 1), das fontes de energia utilizadas na operação (escopo 2) e da poluição gerada por terceiros que se relacionam com a companhia, tais como fornecedores, consumidores, e o pós-vida útil dos produtos (escopo 3).

Além disso, o inventário “Selo Ouro” necessariamente precisa passar pela verificação de uma terceira parte independente e acreditada pelo Inmetro, órgão parceiro do programa. A verificação deve seguir as "Especificações de Verificação do Programa Brasileiro GHG Protocol", garantindo a transparência e a robustez do processo. A escolha da empresa verificadora deve considerar seu histórico e experiência.

Guilherme Lefèvre, pesquisador e gestor do Programa Brasileiro GHG Protocol no Centro de Estudos em Sustentabilidade da FGV, comenta que há dois principais benefícios visíveis para uma organização almejar o selo ouro. Um deles, tem a ver com a transparência com os stakeholders e a possibilidade de mostrar que está em "busca de excelência no trabalho de diagnóstico de emissões".

Outro aspecto é a assertividade na tomada de decisões. "É uma forma de eles também se assegurarem da qualidade da informação que estão mensurando, uma vez que tem uma terceira parte independente [auditoria] buscando inconsistências e trazendo opções de melhorias", comenta Lefèvre. "A empresa pode tomar decisões de investimentos com base em um diagnóstico certo, e não uma conta aproximada da realidade", adiciona.

O GHG Protocol classifica os inventários corporativos de gases de efeito estufa em três categorias: Bronze, Prata e Ouro, cada uma com diferentes níveis de abrangência e rigor. O escopo 3, de emissões indiretas, não é obrigatório, mas desejável.

Em 2024, entre os inventários publicados seguindo a metodologia, 60% conquistaram o patamar máximo, 37% o selo prata e apenas 3% o bronze.

Para ser classificado como Bronze, a organização deve publicar o um relatório que cubra apenas um subgrupo de suas operações, fontes ou gases e pode deixar partes parcialmente sem serem preenchidas. Já o Prata requer um inventário que cubra todas as emissões de GEE da organização, de acordo com as diretrizes estabelecidas obrigatórias (escopos 1 e 2 das Especificações do Programa Brasileiro GHG Protocol). Não é exigido, em nenhum dos dois casos, a verificação de terceira parte independente.

Segundo a FGVCes, a criação de categorias visa promover a transparência e a precisão na contabilização das emissões de GEE, além de incentivar a participação e a melhoria contínua das organizações. “Este ano, nos surpreendeu que 52% das empresas possuem metas de escopo 3, enquanto 93% têm de escopo 1 e 88% de escopo 2”, comenta Lefèvre, da FGVCes.

O Prática ESG conversou com algumas empresas que receberam o selo ouro do GHG Protocol este ano - algumas, inclusive, com histórico de alguns anos no patamar - para entender o que elas fizeram que está movendo o ponteiro.

Mudanças internas

A indústria de transformação é uma das mais engajadas. Em 2024, somou o maior número de representantes que publicam inventário de carbono pela metodologia do GHG Protocol: 152 organizações.

Na produtora de aço Ternium, o C-Level se envolve nas reuniões de descarbonização, que são rotineiras. A meta é reduzir em 20% as emissões de escopo 1 até 2030, com base nos dados de 2018. Cada unidade operacional e industrial do grupo tem suas especificidades e formas de atingir o objetivo. No Brasil, a planta de Santa Cruz, na zona oeste do Rio, por exemplo, tem um projeto em andamento de ampliação do pátio de sucata, por ser um local onde a oferta é grande do material.

O uso de maior percentual de sucata em algumas linhas de produto é uma das frentes para a empresa reduzir emissões do escopo 1, a poluição direta da sua produção. Para comportar um volume maior, foi preciso investir em maquinários, balanças e organização do espaço. O investimento no projeto é da ordem de US$ 20 milhões.

“Pela lógica, o uso de mais sucata na afiaria reduz a necessidade de ferro gusa, o que, por sua vez, reduz a utilização do carvão no processo produtivo”, explica Pedro Teixeira, vice-presidente Institucional da Ternium no Brasil. Só em Santa Cruz, a capacidade de produção é de 5 milhões de toneladas de placas de aço por ano.

Mas, para operações industriais grandes como a da Ternium e do tipo “hard to abate”, ou seja, de difícil redução de emissões, as soluções não terão uma única bala de prata. “A melhora de processos e eficiência energética é importante e ampla, vai desde alternativas ao combustível nos fornos até o maior aproveitamento de todos os gases gerados na produção do aço, que depois é destinado a termoelétrica para produção de energia”, diz. Ele se refere a outro projeto da empresa, que não apenas produz eletricidade para abastecer a operação, como também gera excedente que é exportado ao sistema elétrico nacional.

Um processo de transição que a Ternium já adotou em parte da produção é o uso de gás natural no lugar do carvão mineral. Mas, a falta de disponibilidade de moléculas de gás natural no mercado nacional ainda é um desafio para expandir essa ação. “Nós estamos preparados para utilizar até o limite máximo permitido, não precisamos fazer mais investimento. Mas falta mais gás disponível a preços competitivos”, comenta Teixeira.

Mas há outras frentes mais desafiadoras, como a substituição do PCI (injeção de carvão pulverizado e granulado) por carvão vegetal nos altos-fornos para a produção de ferro-gusa, como tem sido já testado pelo setor. A Gerdau, outra grande produtora de aço nacional, já se vale disso na sua maior planta do mundo, em Ouro Branco (MG). Com utilização de biomassa de eucalipto e casca de serragem como combustível para os altos-fornos, em 2023, a planta atingiu 2% no uso do chamado biocoque, o que equivale a cerca de 30 mil toneladas de biomassa, evitando a emissão de mais de 90 mil toneladas de gás carbônico equivalente (tCO₂e).

O problema deste tipo de solução é a necessidade de a planta estar próxima a uma área florestal e ter condições de esperar o ciclo de crescimento do eucalipto. O uso de hidrogênio verde no lugar do carvão mineral no aquecimento de fornos ainda é uma fronteira pouco viável, por ora.

“A Gerdau planeja reduzir as emissões de gases de efeito estufa ampliando o uso de sucata ferrosa como matéria-prima para a produção de aço, expandindo sua área florestal para a produção de carvão vegetal e aumentando o uso de energia renovável, incluindo os parques solares já anunciados no Brasil e nos Estados Unidos”, comenta Cenira Nunes, gerente geral de meio ambiente da siderúrgica. A Gerdau investe em pesquisa sobre o hidrogênio em escala industrial na produção do aço na nossa usina em Monroe, no estado norte-americano de Michigan.

A executiva conta ainda que há um investimento grande sendo feito na instalação de usinas solares e busca por redução de consumo de energia elétrica. Hoje, 66% da energia elétrica usada na operação da Gerdau vem de fontes renováveis ou de baixa emissão.

A média de emissão de gases de efeito estufa (CO₂e) da empresa é de 0,91 tonelada de CO₂e por tonelada de aço, cerca de metade da média global do setor, de acordo com os dados de 2022 divulgados pela World Steel Association (worldsteel). A meta da companhia é reduzir as emissões de GEE relacionadas aos escopos 1 e 2 até 2031 para 0,82 tCO2e por tonelada de aço.

Sozinha, a indústria do aço é responsável por aproximadamente 7% das emissões globais de CO2.

Ainda que menos intensiva em emissões que as siderúrgicas, a Ypê, empresa brasileira de produtos de higiene e limpeza Ypê, pertencente à Química Amparo, também apostou na substituição da caldeira a gás natural por caldeiras alimentadas por biomassa (cavaco de eucalipto). O investimento de R$ 26 milhões feito em 2017 já rendeu frutos: a companhia contabilizou mais de 50% de redução nas emissões diretas entre 2017 e 2019.

Em 2023, a empresa também cortou em mais de 60 milhões de megajoule (MJ) no consumo de energia térmica na caldeira, equivalente a mais de 5 mil toneladas de cavaco de eucalipto, graças à recuperação de isolamentos térmicos e ao aumento da recuperação de condensado.

Outra frente importante foi o investimento de R$ 300 milhões na construção de um centro de distribuição 4.0, em 2022, que permitiu uma série de melhorias operacionais, como a substituição de equipamentos a gás por 72 robôs autoguiados, melhora substancial de no consumo de energia e aumento da eficiência na expedição dos produtos.

O uso de energia ligado ao escopo 2 também é uma preocupação. A fabricante de produtos de limpeza investiu em uma participação na no Complexo Eólico Rio dos Ventos no Rio Grande do Norte, gerido pela Casa dos Ventos e com 1.038 MegaWatts de capacidade instalada. Dessa forma, assegurou a fonte de energia renovável de cerca de 40% do consumo de energia previsto para os próximos 15 anos. O investimento foi de R$ 250 milhões e a expectativa é evitar a emissão de cerca de 2 milhões de toneladas de CO2 por ano.

Também faz treinamentos e manutenções regulares em equipamentos em busca de eficiência energética. Só em 2023, essas ações significaram uma redução de consumo equivalente ao abastecimento de 22.296 casas durante um mês.

Eficiência energética na veia

Energia é, certamente, um dos principais focos de trabalho das companhias na estratégia de mitigação. Segundo o estudo, contabilizando os inventários de todas as empresas que reportam, as emissões do escopo 2, que se refere a fontes de energia usadas na operação, somaram 5,25 milhões de toneladas de CO2 equivalente em 2023. Pelo Brasil ter uma matriz elétrica mais limpa do que muitos outros mercados, o desafio é menor do que outros países. Mesmo assim, há muito investimento sendo feito para que o problema seja endereçado.

No Grupo Globo, por exemplo, Maurício Gonzalez, diretor do Centro de Serviços Compartilhados da empresa, conta que a busca por formas, ações e processos para reduzir as emissões é constante. “Nossa meta é reduzir 30% das emissões absolutas até 2030, considerando as emissões diretas (Escopos 1 e 2) e as emissões indiretas (Escopo 3)”, diz.

Este é o terceiro ano consecutivo que recebe o selo ouro, dos cinco anos que faz inventário. A empresa é ‘carbono neutro ’desde 2019, com compensação de emissões não reduzidas via ações ambientais e compra de créditos de carbono.

“O reconhecimento é, claramente, o ápice do caminho que estamos pavimentando, com movimentos contundentes como possuir 99,5% de nossa matriz energética provenientes de fontes renováveis, sendo mais de 3,3 MWp de potência gerados a partir de plantas fotovoltaicas”, conta.

Em 2023, com a nova usina de geração distribuída inaugurada em Minas Gerais, o parque solar atingiu uma geração estimada de 5.067.470 kWh e mais de 8.600 placas fotovoltaicas – o equivalente ao atendimento de aproximadamente 2.800 residências. E a empresa também deve concluir até o fim do ano um projeto carport, no estacionamento da sede de São Paulo, com mais 1.050 novas placas solares.

Mauricio Gonzalez, diretor do Centro de Serviços Compartilhados da Globo — Foto: Globo/ Divulgação

Além desses locais, a Globo também possui usinas de geração distribuída nos estados do Rio de Janeiro e Pernambuco. “Somos inquietos quando o assunto é a inovação para consumir cada vez menos recursos naturais do planeta, a busca por eficiência energética e redução de energia e redução de emissão”, diz Gonzalez.

Outros exemplos são a substituição de 61 mil lâmpadas por LED nos prédios do Rio e São Paulo e a troca de geradores a diesel por nobreaks nos Estúdios Globo - que são apenas ligados no caso de falta de energia longa durante programas ao vivo. No caso das lâmpadas, até o momento, 85,6% das lâmpadas convencionais já foram trocadas por LED, o que representa uma economia, por mês, de mais de 545 mil kWh de consumo. O objetivo é chegar a 100% até o fim do ano. Quanto aos geradores, a previsão é de evitar a emissão de 323 toneladas de CO2e por ano, segundo Gonzales. “Até 2026 seguiremos implementando esse processo”, diz, citando que o investimento na ação é de mais de R$ 10 milhões.

Mas no inventário de emissões, não é apenas a eletricidade que alimenta os prédios que conta. A frota de veículos da Globo agora conta com um dispositivo de gestão que permitiu a redução de pelo menos 6% o consumo de combustível. A preferência também é pelo etanol na hora de abastecer.

Desafio do portão para fora

O escopo 3 é, sem dúvida, o maior desafio da maioria das empresas. O próprio mapeamento de emissões é complexo, por envolver todas as possíveis emissões indiretas, que vão desde qual o meio de transporte que os funcionários chegam ao trabalho até como o cliente usa o produto e o que acontece com ele no fim da vida útil.

Na Ypê, ele passa pelo necessariamente reporte das emissões oriundas do ciclo de vida de bens, considerando as emissões desde a extração, produção até transporte dos bens comprados pela empresa. Os obstáculos aumentam quando as cadeias de embalagens e matérias-primas entram na conta, especialmente porque elas extrapolam as fronteiras nacionais.

Gustavo de Souza, diretor de Pesquisa, Desenvolvimento e Sustentabilidade da Ypê. — Foto: Ypê/ Divulgação

“Uma grande base de fornecedores implica em definir a melhor estratégia para fazer o engajamento de toda a sua cadeia de fornecimento de forma progressiva”, comenta Gustavo de Souza, diretor de Pesquisa, Desenvolvimento e Sustentabilidade da Ypê. “Posteriormente, o desafio é conseguir trabalhar junto com os fornecedores a partir de dados confiáveis e com rastreabilidade para manterem o nível da qualidade do inventário e permitirem que a tomada de decisões seja feita a partir de um cenário que tenha lastro na realidade dos negócios”, completa.

Entre as ações em curso para reduzir emissões dentro do escopo 3, está a otimização da logística da distribuição, que envolve fornecedores de frete terceirizados. Negociou, por exemplo, a utilização de veículos com maior capacidade de carga em cada viagem, implementou a paletização inteligente nos veículos para otimizar o espaço, e refez as rotas de distribuição de supermercados e varejo, precisando, para isto, concentrar a fabricação de mais produtos em algumas unidades e abrir dois novos centros de distribuição, um em Itapissuma (PE) e outro em Extrema (MG), para encurtar as distâncias das viagens. O número de viagens realizadas por terceiros caiu e, consequentemente, o consumo de combustível e as emissões de poluentes.

“Essa maior ramificação no território permite que a cadeia logística possa atuar mais em trechos de curta distância, carregando em média 10% a mais de produto por viagem e trazendo maior alto ganho logístico, sem comprometer o abastecimento que faz a Ypê estar presente em 95% dos lares brasileiros”, explica Souza, diretor da Ypê.

Além disso, a empresa diversifica seus modais de transporte, utilizando o marítimo, principalmente nas regiões Norte e Nordeste, e o ferroviário, predominante nas regiões Centro-Oeste e Norte, opções menos intensivas em emissões de CO2 por tonelada transportada em comparação ao transporte rodoviário.

“Portanto, apesar de sozinho representar 85% das emissões totais da Ypê, a gestão da logística realizada pela Ypê tem conquistado grandes avanços na redução das emissões mesmo com aumento do volume de vendas”, aponta Souza.

Na Globo, o foco tem sido um programa de compras sustentáveis, com a criação de uma política específica e avaliação em sustentabilidade para fornecedores. Também investe em treinamentos para os funcionários e os parceiros.

As viagens de avião necessárias e os deslocamentos terrestres também têm sua poluição compensada por meio de projetos de preservação, reflorestamento de florestas nativas e de agricultura regenerativa, por meio de parcerias com a Gol Linhas Aéreas e Ticket Log. A empresa também está

“Os desafios são inúmeros, diários e de todos. Por exemplo, quando falamos de descarte de materiais, temos um desafio importante com alguns resíduos críticos como o isopor, usados na construção dos nossos cenários nos Estúdios Globo”, conta Gonzalez, diretor do Centro de Serviços Compartilhados da empresa. Para isso, tem estudado formas de repassar a empresas de materiais recicláveis, pois parte dos materiais podem ser usados na produção de revestimentos para a indústria da construção e até mesmo para uso na cenografia.

A Ternium é uma das companhias que está ativamente buscando engajar fornecedores para auxiliá-la nas metas de escopo 3. O primeiro passo foi começar a pedir informações cada vez mais detalhadas e padronizadas sobre as atividades produtivas dos parceiros. “O ponto fundamental desse processo de coleta de informações, tratamento e depois divulgação das informações é ter uma certeza grande quanto à origem e qualidade das informações”, destaca Teixeira, VP da Ternium no Brasil.

Ele comenta que as informações que saem de “dentro de casa” são mais fáceis de serem controladas e verificadas, mas, quando se trata de fornecedores, ainda é um desafio. “É um trabalho pedagógico, que é produtivo não só para a gente, mas para eles também. Eles passam a refletir sobre os procedimentos internos e fazem alterações que também diminuem sua pegada de carbono”, conta o executivo.

Como Ternium, a produtora de aço faz seu inventário de gases de efeito estufa desde 2017, mas, sob a marca ThyssenKrupp Companhia Siderúrgica do Atlântico (TKCSA), nome anterior à compra da CSA, publica o relatório desde 2012.

Teixeira explica que o fornecimento de dados e o alinhamento com a pauta climática passou a ser um crivo de quem continua se relacionando com a empresa. Ele cita como exemplo os fornecedores de frete marítimo de cargas de matérias-primas que chegam em seu terminal portuário.

A partir do momento em que passa a pedir informações de sustentabilidade e indicar a seus parceiros que este é um aspecto relevante para a tomada de decisão sobre qual empresa contratar, ele percebe que alguns mudam sua postura, a começar pela busca de navios que operem com combustíveis alternativos (etanol e metanol, por exemplo).

“À medida que começamos a contabilizar esse tipo de informação e provoca nos parceiros questionamentos, eles entendem que é um diferencial de mercado, inclusive para manterem o market share”, diz Teixeira.

Nunes, da Gerdau, concorda que o escopo 3 é o calcanhar de Aquiles e as ações de engajamento também passam por incentivar os fornecedores a medir, divulgar e gerenciar informações sobre gestão climática, incluindo dados de emissões de GEE. Foi feita uma parceria com o CDP, organização global de informações ambientais autodeclarados, para dar acesso a 44 fornecedores a uma plataforma de reporte de informações sobre gestão climática e treinamentos sobre o tema. “A ideia é permitir que esses parceiros desenvolvam e aprimorem suas práticas de gestão.”

ECONOMIA

O Estado de S.Paulo - SP   26/08/2024

Os alimentos deram uma trégua na inflação percebida pelas famílias de baixa renda em julho, movimento que pode se repetir em agosto, com uma ajuda do clima mais favorável às lavouras. No entanto, remarcações de preços anteriores ainda pesam no orçamento familiar. Os itens alimentícios estão atualmente 50% mais caros do que os brasileiros pagavam no pré-pandemia de covid-19, mostram cálculos do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) feitos a pedido do Estadão/Broadcast.

Em julho deste ano, a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da FGV acumulava uma alta de 27,18% ante o patamar de janeiro de 2020, no pré-pandemia. Os gêneros alimentícios subiram 50,53% no período. O custo das hortaliças e legumes mais que dobrou: alta de 104,65%. A mistura favorita dos brasileiros, o arroz e feijão, subiu 86,67%. As frutas ficaram 75,99% mais caras, e os óleos e gorduras, 71,06%.

Já a alimentação fora de casa, que é um serviço, não registrou aumento real, ficando abaixo da inflação geral, ressaltou André Braz, coordenador dos Índices de Preços do Ibre/FGV. Os alimentos consumidos fora de casa tiveram elevação de preços de 26,65% ante o pré-pandemia, abaixo do resultado do IPC no período.

“Os gêneros alimentícios subiram quase o dobro da inflação pelo IPC/FGV”, pontuou Braz. “Os alimentos in natura foram os que mais subiram, portanto, é natural que estejam caindo mais neste momento. Apesar das quedas atuais, o consumidor não sente alívio no orçamento. A renda dele avança na velocidade do IPC, mas os supermercados subiram quase o dobro.”

O coordenador do Ibre/FGV aponta sucessivos choques de oferta como responsáveis pela alta acumulada nos alimentos nesses últimos anos, entre eles a demanda maior durante a pandemia, a crise hídrica de 2021 e a guerra da Rússia na Ucrânia em 2022.

No mês de julho de 2024, dentro do IPC da FGV, os preços do grupo Alimentação recuaram 1,06%, com destaque para a queda de 11,72% nas hortaliças e legumes.

“A inflação de alimentos, desde 2020, subiu muito mais do que a inflação média, e isso tem a ver com os eventos que vêm se acumulando. Então esse efeito de mais curto prazo é bem-vindo, claro, de alguma forma o preço está caindo, mas ele não apaga o que os alimentos subiram nos últimos quatro anos, desde 2020", reforçou Braz.

Já a inflação no varejo apurada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), verificou uma queda de 1,00% no custo da Alimentação e bebidas em julho. Os alimentos para consumo em casa ficaram 1,51% mais baratos no mês.

“É sazonal, porque está acontecendo em cima daqueles alimentos in natura, tanto ao produtor quanto ao consumidor”, afirmou Braz. “Batata, cenoura, cebolas, enfim, só coisas que a gente compra em hortifruti e feira livre. Dá para ver que boa parte da deflação está muito concentrada nesse grupo, até porque foram justamente os que subiram mais em 2024, no início do ano, período em que normalmente a oferta deles é fraca. A oferta deles é fraca no verão, onde eles sobem muito de preço, e é mais forte agora no inverno, quando o clima ajuda mais a produção. É em cima desses itens que a devolução (de altas anteriores) está acontecendo”, justificou.

A inflação pelo IPCA foi de 0,38% em julho. Graças à redução no custo dos alimentos, as famílias de renda mais baixa perceberam uma inflação mais branda do que a média nacional no período: de 0,09%, com contribuição de -0,31 ponto porcentual do grupo Alimentação e bebidas.

Nos 12 meses encerrados em julho, as famílias mais pobres também sentiram um aumento de preços na economia abaixo dos 4,50% apurados pelo IPCA. Porém, nessa perspectiva de mais longo prazo, o encarecimento dos alimentos respondeu por 30% de toda a inflação de 4,05% absorvida pelas famílias de renda muito baixa no período, uma contribuição de 0,88 ponto porcentual. Os cálculos são do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Aumento acima da inflação

“Teve os eventos climáticos, teve alguns problemas do Rio Grande do Sul, tudo acabou afetando. A gente já imaginava que 2024 não seria um ano tão bom quanto foi 2023 por conta da supersafra, que não seria um ano de comportamento de alimentos tão bom com o ano passado. A gente esperava no começo do ano uma inflação de alimentos, mas um pouco mais confortável do que aquela que de fato aconteceu. No primeiro semestre, teve de fato uma alta acima da prevista, e muito por conta de efeito climático”, apontou Maria Andreia Parente Lameiras, técnica de Planejamento e Pesquisa do Ipea.

De janeiro a julho de 2024, os alimentos aumentaram 3,65%, acima da inflação geral de 2,87% apurada pelo IPCA no período. O Ipea calcula que, como resultado, o grupo alimentação e bebidas tenha respondido por cerca de 40% do aumento de 2,96% na cesta de consumo das famílias de renda muito baixa neste ano, uma contribuição de 1,11 ponto porcentual.

O Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda calcula a inflação percebida por seis diferentes grupos de renda familiar, através das variações de preços medidas pelo IPCA. Os grupos vão desde uma renda familiar menor que R$ 2.105,99 por mês, no caso da faixa com renda muito baixa, até uma renda mensal familiar acima de R$ 21.059,92, no caso da renda mais alta.

IstoÉ Dinheiro - SP   26/08/2024

O número é o mesmo: a inflação avançou 0,38% em julho e bateu a meta de 4,5% nos últimos 12 meses, cinco meses antes do previsto pelo governo e pelo Banco Central. Esse é o fato. A forma como cada um dos protagonistas da política econômica e monetária do Brasil o encaram, bem, isso é variável.

Fernando Haddad, ministro da Fazenda, emplaca a narrativa dos panos quentes. Usa argumentos matemáticos para explicar como os preços vão se acomodar para baixo nos próximos meses, cita a melhora do ambiente externo e pede cautela com as especulações no mercado financeiro.

Roberto Campos Neto, atual presidente do Banco Central e já em ritmo de saída, adota outro olhar sob o mesmo número. Não nega a possibilidade de subir os juros para segurar os preços, diz que a avaliação do BC é qualitativa, e não quantitativa, e não é contaminada por pressão — nem popular nem do mercado. Com as duas versões contadas, vale aquela dada por quem bate o martelo e, nesse caso, é o presidente do BC. “Não hesitaremos em elevar a taxa de juros, se assim for apropriado. Nossa missão, enquanto Banco Central, é prezar pelo controle de preços, não há política ou pressão ideológica nisso”, disse Campos Neto em audiência na Câmara.

Ainda que a opinião de Haddad vá de encontro à do presidente do BC, a estratégia do governo, neste momento, não será mais o ataque público. Entre junho e julho Lula subiu o tom das críticas à condução da política monetária, e o resultado foi forte instabilidade no mercado financeiro, em especial da bolsa de valores e do dólar. Agora, a postura é outra. Com a aproximação do fim do mandato de Campos Neto, o governo gostaria de evitar um aumento na taxa Selic na próxima reunião do Copom, marcada para os dias 17 e 18 de setembro. Para isso, a equipe econômica deve encontrar soluções para ajudar a manter a inflação dentro da meta. Algumas alternativas estudadas, mas ainda não definidas, envolvem o uso da Conab na compra de alimentos, revisão da tarifa de energia e avaliação de cenários para amortecer eventuais oscilações positivas no preço do petróleo.

A informação sobre a meta foi reforçada no Boletim Focus, elaborado pelo Banco Central semanalmente com as expectativas de agentes do mercado. Na edição de segunda-feira (19) houve o primeiro sinal de que se espera a inflação superando a projeção inicial. Isso exigiria que o presidente do BC fizesse uma carta explicando os motivos do estouro da meta. Em seus anos à frente da autoridade monetária, Campos Neto já fez isso pelo menos duas vezes.

Para a estrategista de inflação da Warren Investimentos, Andréa Angelo, há chance entre 60% e 70% de o IPCA superar o teto da meta. O cenário-base dela já contempla um alívio de 0,1 ponto porcentual no IPCA devido à antecipação de recursos da Eletrobras para quitar as contas Covid e de Escassez Hídrica. “Não sabemos como o Ministério de Minas e Energia e a Aneel vão contabilizar essa medida e, se não der certo, isso terá um impacto de 0,1 ponto para cima na nossa projeção”, ela explica.

4,5%
é o teto da meta de inflação medida pelo IPCA para 2024, cifra batida cinco meses antes do previsto inicialmente

70%
é a chance de o Brasil não conseguir manter a inflação dentro da meta de 3% em 2024, segundo estimativa da Warren Investimentos

0,38%
foi o avanço do IPCA em julho, puxado pela alta no preço dos alimentos e reajustes da indústria e serviços

Na LCA Consultores, a projeção também foi revista para cima. Segundo Fábio Romão, a empresa já subiu a régua da inflação para este ano de 4,20% para 4,40%, devido à desvalorização do real e à resiliência do mercado de trabalho. Incorporando esses dois fatores, ele espera que os bens industrializados terminem o ano com alta de 3,3% (revisada de 2,5% antes) e os serviços, subindo 4,6%. “Há pressão de fatores que justificam esse aumento. Entre eles o aumento do imposto de cigarro, o mercado de trabalho apertado e o comportamento do câmbio”, diz Romão, que ressaltou a importância de colocar a energia nesta variável. “Se a bandeira [tarifária] for amarela, há um impacto de 0,08 ponto percentual na projeção.”
Novo comando

Diante da briga de narrativas, o mercado fica atento aos passos de Gabriel Galípolo, principal cotado para assumir a presidência do BC a partir de janeiro de 2025. Atualmente ele é diretor de Política Monetária da instituição e, apesar de ser a potencial escolha de Lula, tem dado recados diretos – e que podem incomodar a cúpula do governo. “Todos diretores [do BC] estão dispostos a fazer o que for necessário para cumprir a meta [de inflação].”

De acordo com ele, em qualquer cenário, fica mantido o plano da autoridade monetária em perseguir uma inflação de 3%. Haddad, por sua vez, segue com o discurso de que a régua da meta não é mais adequada, e que um teto de inflação na casa dos 4,5% em um ano não caracteriza descontrole de preços. Uma disputa de narrativa que, até aqui, deu vitória para Campos Neto, mas pode ganhar outro rumo assim que Lula decidir quem comandará o BC ano que vem.

IstoÉ Dinheiro - SP   26/08/2024

Os dois maiores bancos privados do Brasil, Itaú e Bradesco, querem apostar no mercado de investimentos da China e anunciaram parcerias com grandes gestoras de recursos do país asiático, no ano em que a relação diplomática dos dois países completa 50 anos, comemorada na quinta-feira, 15, e que os fluxos de comércio têm sido crescentes. O movimento vai permitir que brasileiros invistam na China e chineses invistam no Brasil.

O Bradesco deu um passo mais concreto e, conforme antecipado ao Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), deve ter ainda este ano um fundo de ativos brasileiros listado na Bolsa de Xangai, provavelmente até outubro, por meio de um ETF (fundo de índice). Um fundo de índice de papéis chineses será listado na B3, disponível para qualquer investidor. A ofensiva será possível porque o banco, que administra R$ 857 bilhões em ativos sob gestão, fechou um acordo de cooperação com a China Universal Asset, gestora com US$ 178 bilhões.

“Os nossos fundos em Xangai, para dar acesso ao mercado brasileiro para o chinês, e os deles aqui, para dar acesso ao mercado chinês para o brasileiro”, explica o CEO da Bradesco Asset, Bruno Funchal, que vê enorme potencial na estratégia. “Acreditamos muito no mercado chinês, que tanto apresenta grandes oportunidades de investimento em setores como veículos elétricos, biotecnologia, painéis solares entre outros, quanto no interesse chinês em acessar o mercado brasileiro, que também tem setores como o de commodities, que tem apelo estratégico para a economia chinesa”, comenta o ex-secretário do Tesouro.

No Itaú, a gestora do banco quer buscar colaboração com a E Fund em “múltiplas plataformas”, de acordo com um comunicado conjunto divulgado nesta sexta-feira. A gestora chinesa tem US$ 464 bilhões sob gestão, enquanto a Itaú Asset tem R$ 971 bilhões em ativos e mais de 2,6 milhões de clientes. O grupo chinês tem como clientes não só pessoas físicas, mas também grandes investidores institucionais, incluindo bancos centrais, fundos soberanos, fundos de pensão e seguradoras.

A ofensiva dos bancos vem em um momento de maior proximidade entre Brasília e China. Desde 2009 Pequim é o maior parceiro comercial do Brasil e, em 2023, o comércio bilateral atingiu um recorde de US$ 157 bilhões. Em novembro, o presidente da China, Xi Jinping, deve vir ao Brasil para uma visita de Estado, pouco antes da reunião de cúpula do G20, que reúne as maiores economias do mundo, no Rio. Lula foi a Pequim em 2022.

O cochairman da E Fund, Xiaoyan Liu, destaca que a gestora chinesa está acelerando sua estratégia de internacionalização. “A cooperação e a troca com a Itaú Asset vai ajudar a E Fund a oferecer uma gama mais diversificada de produtos e serviços”, afirma no comunicado. A parceria, explica o chinês, também servirá como uma ponte para os investidores no Brasil investirem no país asiático.

A Itaú Asset também vê na estratégia um passo a mais em sua expansão internacional, segundo o chefe de Gestão de Investimentos Globais na gestora, Carlos Augusto Salamonde. “A parceria com a E Fund está alinhada com a agenda estratégica do Itaú de sempre buscar as melhores oportunidades de investimento, em qualquer cenário e com diversificação geográfica e de ativos”, afirma ele na nota.

 

O Estado de S.Paulo - SP   26/08/2024

O mercado financeiro brasileiro tem enfrentado alta volatilidade em 2024, marcado por incertezas fiscais e pressões econômicas tanto no cenário interno quanto internacional. No curto e médio prazos, a tendência é praticamente a mesma.

No Brasil, a sustentabilidade da dívida pública segue tirando o sono de investidores, analistas e economistas. “Por aqui, o principal problema é fiscal, com o governo gastando como se não houvesse amanhã”, afirma Felipe Castro, planejador financeiro e sócio da Matriz Capital.

O especialista destaca que isso provoca dois problemas principais. O primeiro é a necessidade de o País arrecadar mais por meio de impostos. O segundo é o aumento dos juros. “O mercado exige taxas maiores para emprestar dinheiro para o governo, diante do risco de calote ou da necessidade de imprimir dinheiro”, afirma.

Wilson Barcellos, CEO da Azimut Brasil Wealth Management, concorda que as preocupações sobre a dívida pública são o principal fator de insegurança para os investidores atualmente. “Os juros altos, também sustentados pela atual política fiscal, encarecem o crédito e desestimulam investimentos produtivos”, diz.

De acordo com o executivo, a falta de progresso nas reformas limita o potencial de crescimento da economia e cria incertezas regulatórias no País. “Esses fatores impactam a alocação de portfólio, levando investidores a serem mais cautelosos e a optarem por ativos mais seguros, aproveitando o retorno elevado da renda fixa”, afirma.

Mas a atenção dos investidores não se concentra apenas dentro das fronteiras brasileiras. Nos EUA, depois que os juros atingiram o intervalo entre 5,25% e 5,5% ao ano – o maior patamar das últimas duas décadas –, a pergunta que fica é quando o Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA) deve começar a reduzir as taxas e qual será a magnitude dos cortes.

“No dia da última reunião do FOMC (Comitê de Mercado Aberto, na sigla em inglês), o mercado chegou a precificar quase 75 pontos-base de cortes. Essa parece ser uma precificação mais condizente com a leitura do comitê e representaria reduções de 25 pontos-base em cada uma das três reuniões que restam no ano”, afirma Barcellos.

Jefferson Laatus, estrategista-chefe do grupo Laatus, avalia que, assim que os Estados Unidos começarem a diminuir os juros, é natural que haja uma migração de capital para outros países, especialmente os emergentes. “O Brasil vai concorrer com outras nações, como o México, mas a situação interna precisa estar mais organizada. Enquanto isso não acontecer, o investidor sempre vai ficar com o pé atrás. O resultado são esses movimentos que a Bolsa vem apresentando no ano: sobe um pouco, cai um pouco, mas não segue uma direção”, pontua. Tendência que mudou um pouco na segunda metade do mês de agosto, com o Ibovespa atingindo números históricos.

Eleições nos EUA

Um outro evento nos EUA deve mexer com os mercados este ano: a eleição presidencial, que promete ser bastante acirrada e polarizada. De um lado, está Donald Trump, representando os republicanos; do outro, a atual vice-presidente, Kamala Harris, será a candidata pelo Partido Democrata após Joe Biden desistir de concorrer à reeleição.

Felipe Castro, da Matriz Capital, diz que em anos eleitorais o mercado costuma ficar em compasso de espera. “A partir do resultado da eleição, normalmente observamos altas mais relevantes”, afirma. Ele lembra que a bolsa norte-americana atingiu suas máximas históricas recentemente, mas o movimento foi impulsionado pelas chamadas “big techs”, como Alphabet, Meta, Microsoft e Amazon, e pelo entusiasmo com o avanço da inteligência artificial, que valorizou os papéis da Nvidia. “A maior parte das ações que compõem os principais índices não acompanhou esse desempenho. A expectativa é de que o tradicional rali pós-eleições seja mais bem distribuído entre as ações”, analisa.

Especialistas também entendem que uma vitória de Trump pode azedar ainda mais a relação entre os EUA e a China. “Se isso acontecer, haverá um impacto direto nos mercados emergentes, especialmente no Brasil. Trump provavelmente tentará impor mais impostos à China e criar sanções, o que pode levar a uma desaceleração da economia chinesa”, afirma Jefferson Laatus. E o gigante asiático vem enfrentando problemas desde a pandemia.

Além das tensões entre China e EUA, Wilson Barcellos, da Azimut, destaca que há um conjunto de outros fatores globais que, combinados, têm aumentado as incertezas, fazendo com que os investidores exijam um retorno mais elevado para alocar seu capital. “Inflação elevada, tensões geopolíticas, como as guerras entre Rússia e Ucrânia, Israel e Hamas, além da recente alta nas taxas de juros pelo Banco do Japão (BOJ), influenciam a liquidez e a disposição para assumir riscos”, afirma.

O Estado de S.Paulo - SP   26/08/2024

Juro não é tarifa pública. Não é um preço (taxa) que a autoridade fixa arbitrariamente, em qualquer número que julgue conveniente. Parece, mas não é. Tempos atrás, havia um debate semelhante com relação ao câmbio.

No sistema de controles cambiais, que vigorou desde a República Velha, era mesmo o BC a definir a taxa. Com a desregulamentação que começou no final dos anos 1980, o mercado passou a ser o senhor dessa definição.

O BC passou a atuar, em mercado, comprando e vendendo, de muitas maneiras, mas era preciso obedecer aos “fundamentos”. Rapidamente ficou claro que não era possível, senão efemeramente, desafiar o consenso de mercado, e muita gente não gostava desses consensos.

É parecido com os juros. Muito torcedor, muitas dúvidas fundamentais e poucas certezas.

Uma delas, sublinhe-se, é que os juros não são “um preço administrado”, no sentido acaciano definido pelo então ministro Mercadante nos tristes tempos da Nova Matriz, quando justificava o uso dos preços dos derivados de petróleo para o combate à inflação: “Preços administrados são preços administrados. Você administra em função do interesse estratégico da economia”, segundo a fala paradigmática do ministro.

Será que estamos no caminho dos juros assim “administrados”? Bem, tal como se passa com o câmbio, também para os juros há “fundamentos” a obedecer, sendo certo que a Autoridade tem poder de intervir – muito mais nos juros do que no câmbio –, mas não de forma ilimitada.

O ideal é deixar o mercado funcionar e trabalhar nos “fundamentos”.

Pois bem, mas quais são exatamente os “fundamentos” dos juros? É oferta e procura do que exatamente? Negociado de que jeito?

É aqui que entra a conversa sobre as contas fiscais e a dívida pública. O juro alto é um problema fiscal. Vale repetir, para os que não prestaram atenção: o assunto do juro é de natureza fiscal.

Esta é a grande tese polêmica dos próximos anos. Tanto quanto, em sua época, foi a ideia de que a hiperinflação era uma doença da moeda, e não uma epidemia de ganância.

O problema com o juro alto não vai se resolver na base do voluntarismo, ou da coragem política. Será preciso trabalhar nos “fundamentos”. Quem vive acima de seus meios acaba se endividando, e como o governo não é como qualquer pessoa seu endividamento compulsivo empurra para cima o custo de se endividar.

Ninguém em Brasília gosta da ideia que o juro alto tem a ver com o fiscal, pois o assunto deixa de ser a vilania do BC e passa a ser o da irresponsabilidade coletiva resultante de um processo orçamentário torto.

O Estado de S.Paulo - SP   26/08/2024

Não culpe os investidores americanos por estarem enjoados. As últimas semanas trouxeram um turbilhão de notícias econômicas contraditórias: os preços das ações afundaram e depois se recuperaram; os números de empregos foram mais fracos do que o previsto, mas as vendas no varejo foram muito mais fortes. As conversas sobre um corte emergencial imediato da taxa de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano) aumentaram e depois diminuíram.

Após a exuberância do primeiro semestre de 2024, os observadores da economia estão se debruçando ansiosamente sobre cada novo lançamento de dados. As declarações de Jerome Powell, presidente do Fed, no encontro de banqueiros centrais em Jackson Hole, em 23 de agosto, depois da publicação deste artigo, serão examinadas ainda mais de perto do que o normal.

O que está acontecendo? Os dados econômicos geralmente podem ser voláteis em torno de pontos de inflexão, e várias estranhezas estão obscurecendo o quadro. No entanto, se dermos um passo atrás, a economia dos Estados Unidos parece estar preparada para uma desaceleração gradual, não para um colapso.

A área de fraqueza mais acentuada até o momento tem sido o mercado de trabalho. O desemprego saltou para 4,3% em julho, um salto grande o suficiente para invocar a Regra Sahm, um indicador baseado no aumento do desemprego que identificou todas as recessões americanas desde 1960 (mas que tem um registro mais irregular em outros países).

Outra regra, que usa tanto o desemprego quanto os números de vagas de emprego, implica que uma recessão pode ter começado já em março. Os mercados aguardam com nervosismo a próxima divulgação de empregos em 6 de setembro.

No entanto, ao analisar os dados, parece que essa fraqueza pode estar sendo exagerada. Grande parte do aumento do desemprego nos últimos números veio de demissões temporárias, que tendem a ser voláteis. O recente aumento da imigração nos EUA também pode estar influenciando os dados; os novos migrantes geralmente não trabalham até um pouco depois de sua chegada inicial. Portanto, parte do aumento do desemprego pode ser de curto prazo.

A história também pode estar confundindo as coisas. Os investidores podem estar tão nervosos porque aprenderam demais as lições das duas grandes recessões anteriores: durante a crise financeira global de 2007-2009 e o crash da covid-19. Ambas foram mais rápidas e profundas do que uma queda típica, amplificadas por um sistema bancário frágil e uma pandemia, respectivamente. Eles podem não ser o melhor guia para o que se pode esperar hoje.

As desacelerações convencionais costumam ser graduais e de início intermitente. Um guia melhor do que 2008 ou 2020 pode ser o ambiente mais moderado da década de 1990 e do início dos anos 2000. Outro precedente mais recente pode ser meados de 2019, quando o Fed suavizou um soluço de crescimento ao reverter alguns aumentos anteriores da taxa de juros.

Como, então, descrever a situação atual da economia? Ela certamente está desacelerando e é provável que desacelere ainda mais. Uma característica peculiar desse ciclo tem sido o fato de que a política monetária restritiva e a política fiscal frouxa têm se movido em direções opostas.

Até o momento, o cabo de guerra fez com que a economia se expandisse em um ritmo acelerado; o crescimento do PIB foi de 3,1% no ano passado. Mas um ritmo tão acelerado não pode ser sustentado para sempre: a maioria das estimativas coloca a taxa de crescimento potencial de longo prazo dos Estados Unidos mais próxima de 1,5% a 2% ao ano.

Uma boa medida do impulso geral dos dados econômicos mais recentes é o “nowcast” do Fed de Atlanta sobre o crescimento do PIB, que se baseia em uma ampla gama de dados. Essa previsão caiu nas últimas duas semanas, mas ainda está em um nível saudável de 2%. As condições ainda podem se deteriorar ainda mais se o efeito defasado das altas taxas de juros começar a se fazer sentir. Algumas famílias já estão se sentindo pressionadas: a parcela de contas de cartão de crédito que não foram pagas aumentou para o maior valor em 13 anos.

No entanto, deve ajudar o fato de que a economia está muito mais bem situada hoje do que em 2019 em um aspecto crucial: há muito espaço para o Fed flexibilizar. Os investidores esperam que as taxas de juros caiam de sua faixa atual de 5,25 a 5,50% em mais de dois pontos porcentuais no próximo ano. Esses cortes já estão refletidos nos rendimentos mais baixos dos títulos de longo prazo.

Mas as taxas de juros poderiam cair ainda mais e mais rapidamente se notícias piores sobre a economia assim o exigissem. Em contrapartida, uma queda de dois pontos porcentuais em 2019 teria levado as taxas novamente a zero.

Quanto do combustível restante no tanque do Fed será necessário? Em Jackson Hole, no ano passado, Powell sinalizou sua determinação em aumentar as taxas até que a inflação voltasse à sua meta de 2%. Atualmente, a inflação está quase de volta ao ponto em que precisa estar e a perspectiva de crescimento está mais instável. Um corte na taxa de juros de um quarto de ponto porcentual (0,25 pp) em setembro parece quase certo.

Powell, tão confuso

Mas os banqueiros centrais devem tomar cuidado para não reagir de forma exagerada. Os mercados financeiros ainda estão precificando uma chance em três de um corte de meio ponto porcentual na taxa de juros. A menos que surjam outras notícias ruins, uma mudança tão acentuada poderia ir longe demais.

O Fed enfrenta o perigo de dois lados: se cortar demais, poderá arriscar outro aumento da inflação; se cortar de menos, o crescimento poderá se enfraquecer ainda mais. Até o momento, Powell fez um progresso admirável no combate à inflação. Sua recompensa é que agora ele enfrenta um novo inimigo, mesmo que o antigo ainda não tenha sido totalmente derrotado.

Globo Online - RJ   26/08/2024

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que o mercado de trabalho apertado tornou a tarefa de controlar a inflação um desafio, já que o processo para reduzir as pressões de preços para trazer a inflação de volta à meta tem sido mais lento do que o previsto.

— Tem sido desafiador promover um processo de desinflação com o mercado de trabalho aquecido, especialmente em mercados emergentes como o Brasil — disse Campos Neto.

A fala aconteceu neste sábado durante a conferência anual do Kansas City Fed em Jackson Hole, Wyoming. Campos Neto também disse que os aumentos de preços ao consumidor estão acelerando em toda a América Latina.

— O Brasil sempre teve um histórico de inflação mais alta do que os outros mercados emergentes, mas estamos em um momento em que o processo de desinflação está paralisado — disse, acrescentando que parte disso “tem a ver em como você continua esse processo com aperto trabalhista?”

O Banco Central brasileiro manteve os juros em 10,5% na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) no fim de julho, após pausar um ciclo de flexibilização de quase um ano em junho. A inflação anual atingiu o limite da meta em julho, de 4,5% em 12 meses, e os indicadores de atividade superaram as estimativas. Além disso, os banqueiros centrais têm monitorado o mercado de trabalho em busca de sinais de novas pressões de preços à medida que os custos dos serviços aumentam.

Os programas de transferência do governo, antes usados para amenizar os impactos da pandemia no mercado de trabalho, aumentaram ultimamente, disse Campos Neto. No entanto, a melhora das expectativas sobre a perspectiva fiscal do país ajudou a reduzir as taxas de juros do Brasil no passado, apoiando a ideia de que quanto mais coordenadas as políticas fiscais e monetárias forem, “mais eficaz você será”, ele acrescentou.

Os banqueiros centrais em todo o mundo “precisam entender que a inflação está convergindo, mas o processo teve um custo significativo para a sociedade”, disse ele.

Taxa de juros

Em uma série de discursos públicos nesta semana, muitos membros do BC, incluindo Campos Neto, disseram que continuam dependentes de dados e se abstiveram de dar orientação sobre a trajetória das taxas de juros. Campos Neto disse que a inflação do Brasil deve desacelerar nos próximos meses, acrescentando que o banco está disposto a aumentar a Taxa Selic, se for necessário.

Ainda assim, analistas e um número crescente de economistas esperam que o Banco Central reverta a posição e comece a elevar os juros já no próximo mês.

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, que criticou os altos custos dos empréstimos como um obstáculo ao crescimento, deverá indicar em breve o nome do substituto de Campos Neto antes do mandato do atual terminar em dezembro.

O diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, indicado por Lula e cotado para se tornar o próximo presidente do BC, disse esta semana que um aumento está na mesa para a próxima decisão sobre a taxa de juros em setembro.

Analistas consultados pelo Banco Central preveem que os aumentos de preços ao consumidor permanecerão acima da meta de 3% até pelo menos 2027.

O Estado de S.Paulo - SP   26/08/2024

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, destacou o processo de desinflação lenta diante de índices de atividades mais fortes em palestra no Simpósio de Jackson Hole. No painel que se propunha a reavaliar a eficácia e transmissão da política monetária, Campos Neto ponderou sobre as razões para o processo lento de desinflação, de acordo com a apresentação divulgada pela organização do evento, já que o painel não foi transmitido.

O documento aponta que ele pontuou sobre uma mudança no poder da política monetária e nos parâmetros e sobre as intervenções e choques, ponderando sobre uma eventual obstrução de canais. Essa reflexão foi mostrada após a apresentação de ações coordenadas dos Bancos Centrais e os ciclos de aperto monetário.

A apresentação prossegue tratando das medidas de apoio, intervenções e endividamento, com dados sobre a energia de medidas fiscais de alívio do Brasil e Europa e balanços dos Estados Unidos. Sobre o Brasil, Campos Neto falou das medidas com impacto fiscal, como o avanço de programas sociais como o Bolsa Família, do crédito direcionado do BNDES e estimativas da taxa neutra de juros.

O presidente destacou três situações de outros países. O primeiro ponto foi em relação à política monetária do Japão e o impacto nos mercados - no início de agosto, a elevação dos juros no País provocou forte turbulência nos mercados, com um tombo na Bolsa de Tóquio que afetou outras bolsas. Ele também falou sobre o impacto das eleições dos Estados Unidos na inflação, com mudanças possíveis em política fiscal, tarifas de importação e regras para imigração. No caso da China, ele destrinchou alguns dados de atividade econômica, como mercado imobiliário e índice de utilização da capacidade e como isso reflete na economia global.

Na sequência, foi abordado o pouco espaço para a política econômica, destacando o comportamento das treasuries, dados da dívida norte-americana e o potencial anual de crescimento e gastos públicos até 2030. Ele mencionou a fragmentação das cadeias globais de abastecimento e a inflação verde e finalizou a apresentação pontuando sobre o custo de rolagem de dívida global e aperto de liquidez.

MINERAÇÃO

Portal Fator Brasil - RJ   26/08/2024

Companhia reforça atuação no segmento minerador e amplia portfólio de tecidos filtrantes, válvulas e bombas.

Como peça fundamental para o crescimento de diversas indústrias, a mineração no Brasil está atraindo cada vez mais investimentos e consolidando as empresas do setor. Segundo dados da Agência Nacional de Mineração, esse segmento é responsável por 4% do PIB nacional e fornece matérias-primas essenciais para indústrias como siderúrgicas, fertilizantes e petroquímicas. Além disso, um estudo recente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) confirmou a relevância econômica da mineração para o país, revelando que as mineradoras planejam investir US$ 64,5 bilhões no país entre 2024 e 2028. É importante destacar que a sustentabilidade será o foco central desses investimentos, com a indústria prevendo aumentar em 62,7% os recursos alocados para projetos socioambientais até 2028.

A Valmet, líder global em desenvolvimento e fornecimento de tecnologias, automação e serviços para diversas indústrias, tem ampliado seu foco na mineração ao longo dos anos. A multinacional finlandesa, reconhecida pela sua expertise, consolidou-se como uma marca estabelecida e confiável no processamento de metais e aço.

Reforçando seu objetivo de oferecer um portfólio amplo ao mercado, a Valmet disponibiliza uma gama completa de soluções e serviços, incluindo tecidos filtrantes, sistemas de automação, bombas e válvulas. A empresa oferece uma linha abrangente de válvulas e bombas, com as renomadas marcas Neles, Jamesbury e Flowrox.

No campo da automação, a Valmet disponibiliza atuadores, chaves de fim de curso e posicionadores inteligentes que coletam dados de processo para otimizar a operação de bombas, válvulas e outros instrumentos. Essa tecnologia permite melhorias nos processo, resultando em economias de matéria-prima e energia. Além disso, auxilia no gerenciamento da manutenção, antecipando falhas com base em dados precisos e garantindo a melhor performance das válvulas. A manutenção preventiva, possibilitada por essa tecnologia, pode gerar economia de até 70% em comparação com a manutenção corretiva. Com essas ferramentas, os clientes têm a capacidade de monitorar o funcionamento das válvulas e as condições das malhas de controle, proporcionando uma avaliação detalhada do desempenho desses componentes em aplicações críticas.

A tecnologia de filtragem tem sido amplamente utilizada nos processos de concentração há muito tempo, e recentemente, o setor também a tem aplicado no tratamento e na deposição de rejeitos. A Valmet apresenta um portfólio abrangente de soluções em tecidos filtrantes, projetados para atender às necessidades específicas dos processos em plantas de concentração nas indústrias de mineração e química. Estas soluções garantem confiabilidade na produção, economia de energia e redução dos custos de manutenção.

Entre os produtos disponíveis, estão tecidos filtrantes para todos os tipos de filtros a vácuo ou pressão, como filtros de disco, filtros tambor, filtros esteira, filtros prensa verticais e horizontais, entre outros. A Valmet também dispõe de uma linha completa de soluções avançadas de filtragem, adequadas para diversas aplicações nas indústrias de mineração e química.

A companhia tem realizado investimentos significativos nos últimos anos para expandir seu market share, com foco especial no Brasil, um mercado altamente desenvolvido. Além de fortalecer a equipe de atendimento para se aproximar ainda mais dos clientes, aumentar o estoque de válvulas e peças de reposição, a Valmet está investindo na construção de uma nova unidade que triplicará a capacidade produtiva da planta Brasil (uma das nove unidades no mundo). Situada em Belo Horizonte (MG), a nova unidade fabrica desde os tecidos até o processo de confecção dos elementos filtrantes. O investimento, anunciado recentemente, está previsto para ser concluído até o primeiro trimestre de 2026. Com essa estratégia, a multinacional se posicionará de maneira ainda mais destacada no setor de mineração do Brasil.

Valmet participará da Expo & Congresso Brasileiro de Mineração (Exposibram) 2024 — A Valmet estará presente na Expo & Congresso Brasileiro de Mineração (Exposibram) 2024, um dos eventos mais relevantes para o setor de mineração na América Latina, organizado anualmente pelo Ibram. O evento reúne as principais companhias mineradoras nacionais e internacionais, fornecedores de equipamentos e serviços, instituições de pesquisa e universidades, além de renomados executivos e especialistas para discutir questões cruciais da indústria mineral. A edição de 2024 será realizada entre os dias 09 e 12 de setembro no Expominas, em Belo Horizonte (MG). A programação completa e informações sobre o credenciamento estão disponíveis no site oficial do evento: https://exposibram2024.ibram.org.br.

A Valmer apresentará suas soluções para o mercado de mineração e metais no estande Y55, localizado no Foyer.

Revista Mineração - SP   26/08/2024

Para contribuir com o fortalecimento do ecossistema de inovação em Belém (PA) além de debater e difundir a importância da inovação para a indústria e a sociedade, a Vale promove o Summit de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação.

Após dois eventos realizados em Minas Gerais, a terceira edição reúne convidados renomados do setor de inovação, universidades, startups, instituições parceiras e colaboradores da empresa. A programação, voltada para empregados da empresa e convidados, seguirá de 27 até 29 de agosto, na Estação das Docas.

Durante o evento, que tem como tema “Conectando ideias, transformando o amanhã”, serão apresentados cases voltados para o combate às mudanças climáticas, Gestão de Ativos, Ecoshipping, Qualidade de Produtos, Estruturas Geotécnicas, Saúde e Segurança, Sustentabilidade e Exploração Mineral. As soluções inovadoras foram desenvolvidas por empregados da empresa em colaboração com parceiros e convidados como universidades e startups.

“A realização de eventos como este é de grande importância, pois promove a interação entre equipes, áreas e instituições para a construção de soluções inovadoras fundamentais para mercados, negócios e que também contribuem para o compartilhamento de valor com a sociedade”, afirma o vice-presidente executivo Técnico da Vale, responsável pela estratégia de Inovação da mineradora, Rafael Bittar.
Representatividade feminina no universo da inovação

O Summit trará ao Brasil a palestrante Ariel Furst, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), dos Estados Unidos, uma das universidades mais renomadas do mundo em inovação. Sua pesquisa concentra-se no desenvolvimento de tecnologias para melhorar a saúde humana e ambiental, utilizando biomoléculas e eletroquímica. A pesquisadora também é referência no aumento da participação feminina na ciência, tecnologia, engenharia e matemática.

Essa diversidade estará em pauta no evento, no dia 28 agosto. Dentro da programação, uma roda de conversa sobre “Mulheres na Inovação” contará com a presença de Fabíola Murta (Head de Inovação na ArcelorMittal), Priscila Freitas (Head de Inovação na Nestlé), Virgínia Ciminelli (UFMG e ABC) e representantes da mineradora.

“Este encontro será uma oportunidade para discutir o papel fundamental das mulheres no ecossistema de inovação, destacando suas contribuições e os desafios enfrentados nesse campo. Com a participação de líderes e especialistas, a roda de conversa promete ser um espaço inspirador para compartilhar experiências, promover a diversidade e estimular novas ideias que impulsionem a inovação no Brasil e no mundo”, comenta a gerente de Ecossistemas de Inovação da Vale, Crisley Pacheco.

A programação contará ainda com a criatividade da cultura local e o talento de artistas paraenses como a cantora e apresentadora Júlia Passos.

Valor - SP   26/08/2024

Aumento da produção exigiu um investimento de R$ 1,6 bilhão e a abertura de 3 mil vagas de trabalho, todas preenchidas nos últimos meses

A mineradora Samarco vai antecipar, para este ano, um aumento na produção de pelotas de minério de ferro. Dos atuais 9 milhões de toneladas anuais, a empresa passará a produzir 15 milhões. As pelotas da Samarco abastecem siderúrgicas da Ásia, Europa, Oriente Médio e Américas.

O plano anterior era que o salto na produção fosse possível somente no primeiro trimestre de 2025. Pela nova previsão, isso começa a ocorrer em dezembro deste ano.

O aumento da produção exigiu um investimento de R$ 1,6 bilhão e a abertura de 3 mil vagas de trabalho, todas preenchidas nos últimos meses. Entre funcionários diretos e indiretos, são hoje cerca 15 mil.

A Samarco — cujos sócios são Vale e BHP Billiton — ainda colhe os efeitos da tragédia ocorrida em 2015, quando a barragem de rejeitos que a empresa mantinha numa área rural da cidade de Mariana (MG) se rompeu. Dezenove pessoas morreram e uma avalanche de lama e rejeito de minério de ferro cobriu grandes porções de terra, engoliu casas, invadiu rios, afetando fauna e flora e comunidades na região. A mancha chegou até a costa do Espírito Santo.

As operações da Samarco em Minas Gerais e no Espírito Santo ficaram interrompidas até 2020. Naquele ano, a primeira fase da retomada começou a ser posta em marcha, com apenas parte dos equipamentos funcionando e produção restrita a 9 milhões de toneladas anuais. A segunda fase começa este ano e a terceira, em 2028, quando só então a empresa espera voltar à produção de antes de 2015.

Processamento de rejeitos

Não há mais lagoa de rejeito no processo da companhia. O rejeito é filtrado, empilhado a seco numa área da empresa, em Mariana, e uma parcela menor, depositada em uma cava.

A Samarco tinha capacidade de produzir 30 milhões de toneladas de pelotas de ferro por ano. Antes do rompimento da barragem, a produção efetiva girava em torno dos 27 milhões.

“Estaremos em ritmo de produção de 15 milhões de toneladas a partir do fim do ano”, disse Gustavo Selayzim, diretor financeiro da mineradora.

No mercado internacional de pelotas, dois dos grandes “players” são a Vale e a sueca LKAB. A Samarco avalia que tem condições de ampliar sua fatia de mercado uma vez que tenha mais capacidade de oferta.

Ao antecipar sua programação de incremento na produção dos atuais 9 milhões de toneladas de pelotas para 15 milhões, a empresa antecipa também a perspectiva de reforço na receita.

Previsão de receita de US$ 1,2 bilhão

Selayzim diz que a mineradora deve fechar 2024 com uma receita de aproximadamente US$ 1,2 bilhão, e que o aumento da produção vai levar – num cenário de preços semelhantes aos atuais – a uma receita entre US$ 1,8 bilhão e US$ 2 bilhões.

“A Samarco é extremamente saudável financeiramente”, define o executivo. Desde o início da volta das operações, em 2020, até o ano passado, a companhia, disse ele, teve uma sobra de caixa que a permitiu fazer um total de aportes de US$ 2,2 bilhões nos trabalhos de reparação da tragédia.

Os recursos para a expansão atual também vieram do caixa próprio, sem necessidade de endividamento ou de aportes das sócias. “Desde 2020, a Samarco é 100% independente do ponto de vista operacional.”

A companhia, no entanto, ainda está em recuperação judicial. Afirma ter pago o que devia a funcionários e a fornecedores, seguindo o plano de recuperação.

Mas ainda há uma dívida bilionária com detentores de títulos que a Samarco havia emitido antes do rompimento da barragem em 2015. Em dezembro, no âmbito do plano de recuperação, a companhia emitiu novos títulos no valor de US$ 3,98 bilhões. Os papéis têm vencimento em 2031.

Reparação pela tragédia de 2015

Além dos credores financeiros, a Samarco precisa seguir arcando com custos da tragédia de 2015. A empresa afirma que desembolsou até o momento, a título de reparação, R$ 37 bilhões, e desse total, R$ 17 bilhões foram pagos em indenizações.

Mas desde 2021, a Samarco e os sócios controladores discutem com a União, os governos de Minas Gerais e Espírito Santo, Ministérios Públicos e Defensorias Públicas os moldes de uma repactuação do acordo de reparação.

Em um cálculo inicial, o poder público havia definido que as mineradoras precisariam desembolsar R$ 126 bilhões para as ações necessárias frente aos danos causados.

Samarco, Vale e BHP propuseram um valor de R$ 72 bilhões para as medidas. Em junho, o poder público formalizou a apresentação de uma nova contraproposta no valor de R$ 109 bilhões a serem pagos ao longo de 12 anos.

“Estamos otimistas, os termos são sigilosos, mas entendemos que vamos chegar a um ponto comum rapidamente” diz Selayzim.

Quase dez anos após a tragédia, ninguém foi condenado. Familiares das vítimas e moradores afetados continuam cobrando por justiça. “Esses casos continuam sendo discutidos na Justiça”, diz o executivo.

Infomoney - SP   26/08/2024

Os preços futuros do minério de ferro caíram nesta sexta-feira, já que uma queda contínua da demanda de curto prazo da China renovou a cautela entre os investidores, mas as expectativas de uma melhora no consumo durante a próxima alta temporada de construção mantiveram os preços em alta no acumulado da semana.

O contrato de janeiro do minério de ferro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) da China encerrou as negociações do dia com queda de 2,24%, a 719,5 iuanes (100,81 dólares) a tonelada.

Na semana, o contrato registrou ganhos de 1,8%, mas permanece em patamar 23,2% inferior ao do início do ano.

O minério de ferro de referência de setembro na Bolsa de Cingapura caía 1,18%, a 96,2 dólares a tonelada, um aumento de 4,6% até agora nesta semana, apesar de uma queda de 26% desde o início de janeiro.

A produção de metal quente, um indicador para medir a demanda de minério de ferro, continuou caindo pela quinta semana consecutiva, mostrando que o consumo de minério no curto prazo permaneceu moderado, disseram os analistas.

A produção média diária de metal quente entre as siderúrgicas pesquisadas pela Mysteel caiu 1,9% na semana, para 2,24 milhões de toneladas em 23 de agosto, a menor desde o início de abril, segundo dados divulgados pela consultoria.

As perdas cada vez maiores entre as usinas siderúrgicas chinesas também pesaram sobre o apetite de compra do principal ingrediente da fabricação de aço.

A lucratividade entre as siderúrgicas caiu por sete semanas consecutivas para 1,3%, de 4,76% anteriormente, mostraram os dados da Mysteel.

O ganho semanal ocorreu à medida que quedas persistentes e acentuadas nos preços impulsionaram uma onda de compras na baixa, especialmente antes do “setembro dourado”, quando as atividades de construção costumam aumentar.

O preço do minério de ferro caiu para o nível mais baixo em um ano na semana passada, arrastado pelo enfraquecimento do mercado de aço.

Brasil Mineral - SP   26/08/2024

A corretora de seguros, gestão de riscos e consultoria Gallagher acaba de lançar relatório global, elaborado pelos escritórios do Brasil e de Londres, onde apresenta um panorama sobre o mercado segurador com foco em mineração. O documento explica as renovações do primeiro trimestre na indústria mineral, além de fornecer uma previsão sólida para o restante do ano, com sinalização de manutenção de taxas a agravos menos agressivos se comparado a anos anteriores. É possível, inclusive, ver riscos bem gerenciados e sem sinistros, alcançando descontos na renovação de suas apólices.

O relatório aponta ainda que os subscritores de risco irão manter o foco em elementos de engenharia e qualidade de risco, influenciados por cenários recentes de sinistros e segurança de suprimentos. A invasão da Rússia à Ucrânia e a instabilidade política e civil em territórios como África do Sul, Estados Unidos e Peru, também impactam diretamente na análise do risco para o mercado de mineração. Outros fatores de impacto foram as greves trabalhistas do setor, em prol de melhores condições e salários, e as eleições em mais de 40 países, previstas para 2024. “As seguradoras também têm reavaliado certos elementos de clausulado, em particular, definições de enchentes, margens de preços de commodities ou volatilidade de interrupção de negócios (BI). Exceto por eventos significativos de perda no mercado de mineração, prevemos um ano otimista para o setor, com boas projeções e apólices diversificadas”, reforça Cristiane Alves, Head de mineração da Gallagher Brasil.

As credenciais de ESG para avaliação dos riscos também aparecem na análise. “Do lado de investimentos, instituições internacionais que atuam fortemente em outros países têm contribuído localmente com o amadurecimento das práticas voltadas para os aspectos ambiental, social e de governança. A necessidade de atender aos anseios por uma economia verde também tem gerado maior comprometimento por parte das mineradoras. Para esta indústria, a missão é ser verde em suas operações e entregar produtos verdes para o mundo”, comenta a executiva.

O documento alerta ainda para o risco das mudanças climáticas e o impacto que essas alterações já estão causando nas operações de mineração em todo o mundo. “Vimos recentemente o que aconteceu no Sul do país e tantos outros casos atípicos, reforçando a necessidade de estarmos cada vez mais atentos à nova realidade que se apresenta, com uma avaliação personalizada e conhecimento técnico necessário para compreender as necessidades dos clientes”, comenta Cristiane. Nos últimos seis anos houve uma redução significativa da capacidade de produção do carvão, resultando em uma demanda maior do que a oferta. Paralelamente, as avaliações do mercado segurador para o uso do carvão térmico ainda continuam inflacionadas e, consequentemente, pouco utilizadas pelos clientes. Com isso, muitas empresas já adotaram medidas proativas, como a implantação das cativas e a transferência de risco alternativa. A corretora indica ainda que há sinais de que a capacidade de resseguro para o carvão possa estar diminuindo, fazendo com que os clientes busquem a autossuficiência a longo prazo.

O relatório mostrou ainda que os clientes devem esperar uma leve redução nos aumentos de taxas para Responsabilidade Civil, após vários anos de crescimento. “Essa queda se deve à entrada de nova capacidade no mercado em 2024 e um aumento do apetite entre as seguradoras existentes, à medida em que retornam a mercados e territórios dos quais tinham se afastado nos últimos 12 meses”, pondera a executiva. A análise também traz a notícia positiva sobre dois novos entrantes no mercado, focado exclusivamente em riscos africanos.

Segundo o Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), o setor mineral receberá um investimento aproximado de US$ 64 bilhões até 2028, destinados a atender à transição energética e às reservas em níquel, terras raras, nióbio, lítio, cobre entre outros. Os investimentos devem gerar ainda mais oportunidades para o mercado segurador, com novas possibilidades de negócios e aprimoramento das apólices. “As mineradoras que demonstram maior amadurecimento na sua gestão de riscos e governança vêm buscando melhorar suas proteções securitárias. Os seguros de Riscos Operacionais e Responsabilidade Civil, acompanhados do seguro de D&O tem sido os mais contratados entre os nossos clientes. Cyber e Risco Ambiental também estão na lista. Os seguros de Riscos de Engenharia com ALoP (Advanced Loss of Profit) juntamente com o Project Cargo com DSU (Delay in Start up) também têm função importantíssima, pois mantêm protegido o lucro esperado, caso ocorra algum evento na obra ou no transporte de equipamentos, comprometendo o início das operações na data programada”, analisa Cristiane.

Investing - SP   26/08/2024

Em uma nota datada de sexta-feira, analistas da Citi Research sinalizaram que, embora o mercado de minério de ferro esteja enfrentando desafios atualmente, há fatores importantes a considerar ao avaliar se é hora de "pegar a faca caindo" ou esperar por novos desenvolvimentos.

O preço do minério de ferro, atualmente oscilando em torno de US$ 80 por tonelada, está se aproximando de níveis significativos de suporte de custo. "Nossa visão de que o minério de ferro poderia atingir US$ 85/t nos próximos três meses recebeu muito pouca resistência", disseram os analistas.

As principais questões dos investidores giram em torno do que os vários níveis de preço do minério de ferro implicam para a demanda de aço na China, os pontos de dados a monitorar para sinais de recuperação e as surpresas na dinâmica do mercado nos últimos três meses.

Nos últimos meses, algumas surpresas positivas forneceram suporte à demanda de minério de ferro. O uso de sucata na produção de aço diminuiu notavelmente, o que, por sua vez, impulsiona a demanda por minério de ferro.

Além disso, os estoques de minério de ferro nas siderúrgicas permaneceram baixos, com média de apenas 18 dias de uso em comparação com a média histórica de 27 dias.

Isso ocorre apesar dos estoques recordes nos portos. Além disso, os estoques de aço nos distribuidores e siderúrgicas estão próximos das mínimas de cinco anos para esta época do ano.

Do lado negativo, o estímulo esperado da China não se materializou. O Financiamento Social Total (TSF) se contraiu, potencialmente levando ao maior declínio em décadas se continuar.

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Adicionalmente, os inícios de construções na China caíram para níveis não vistos desde 2005, e os pedidos de infraestrutura permanecem estagnados, parcialmente devido à redução do TSF.

A Citi sugere focar em vários indicadores-chave para sinais de uma virada positiva no mercado de minério de ferro. Uma mudança nas tendências de crescimento do TSF poderia sinalizar uma recuperação na demanda de aço chinesa, fornecendo o indicador mais confiável de uma tendência de alta.

Além disso, sinais de estabilização nos dados imobiliários, embora seja improvável que atinjam os níveis de 2019, poderiam indicar uma melhora no sentimento. Além disso, interrupções significativas no fornecimento de fornecedores tradicionais de baixo custo poderiam elevar os preços.

Para que os preços do minério de ferro se estabilizem em US$ 85 por tonelada, a China precisaria ver uma redução de 6-9% ano a ano na demanda de aço em relação aos níveis de 2023. Este cenário é baseado nas estimativas da Citi sobre a elasticidade de preço da oferta de fontes não tradicionais de minério de ferro, oferta doméstica chinesa e oferta tradicional de alto custo.

Durante a última grande queda do aço em 2015, a produção de aço na China diminuiu 2,3% ano a ano, com a demanda aparente caindo 4,3%.

Sazonalmente, os preços do minério de ferro geralmente se recuperam do final de setembro ao início de outubro, continuando até o feriado do Ano Novo Chinês. No entanto, dados os níveis de preços atuais, qualquer recuperação provavelmente será moderada, com expectativas limitadas a cerca de US$ 110-120 por tonelada na melhor das hipóteses.

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Em termos de oferta, não houve interrupções significativas de fornecedores tradicionais como Austrália, Brasil e África do Sul, com a oferta dessas fontes crescendo conforme o esperado. No entanto, a oferta não tradicional, que é altamente sensível aos preços, flutuou, inicialmente aumentando no início do ano quando os preços estavam mais altos, mas diminuindo à medida que os preços caíram.

A oferta doméstica chinesa de minério de ferro mostrou elasticidade de preço, embora os dados sejam voláteis. Enquanto isso, a oferta de sucata, que havia se normalizado após um declínio no ano passado, forneceu algum suporte à demanda de minério de ferro, já que seu uso na produção de aço permanece reduzido.

O preço atual do minério de ferro está agora se aproximando do topo da curva de custo para fornecedores tradicionais, com US$ 90 por tonelada visto como um nível de "suporte suave" e US$ 80 por tonelada como um nível de "suporte forte". Nos preços atuais, o mercado de minério de ferro já está no 95º percentil da curva de custo para empresas listadas, sugerindo potencial de queda limitado, a menos que haja uma mudança significativa na dinâmica da demanda.

Os estoques de minério de ferro nos portos chineses, embora tenham diminuído ligeiramente, permanecem próximos das máximas históricas. No entanto, são os níveis de estoque nas siderúrgicas que são particularmente reveladores, atualmente em apenas 18 dias de uso, bem abaixo da média de longo prazo. Este baixo nível de estoque nas siderúrgicas é um forte indicador de demanda, pois reflete a prontidão das usinas para aumentar a produção quando necessário.

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Da mesma forma, os estoques de aço nos distribuidores e siderúrgicas estão em seus níveis mais baixos em cinco anos, sublinhando a abordagem cautelosa no mercado e o potencial para uma futura recuperação na demanda de minério de ferro uma vez que esses estoques precisem ser reabastecidos.

Infomoney - SP   26/08/2024

A Vale (VALE3) distribuiu R$ 12,4 bilhões em proventos no primeiro semestre deste ano, figurando como a terceira maior pagadora de dividendos do período. O montante previsto para o restante do ano, no entanto, deve ser menor, segundo especialistas, por causa de uma série de fatores. Os principais são a queda do preço do minério de ferro, o imbróglio jurídico da barragem de Mariana (MG) e as recentes decisões estratégicas de alocação de capital.

A redução do preço da commodity, que atingiu a mínima de 14 meses na semana passada, foi causada principalmente pelo mercado imobiliário chinês, um grande importador do minério de ferro produzido pela companhia. Esse cenário prejudicou substancialmente a capacidade de geração de caixa da companhia, disse Matheus Falci, sócio da One Investimentos.

“Com uma variação anual negativa nos preços de finos (-0,3% a/a) e de pelotas (-2,0% a/a) de minério, e nos preços de níquel (-19,2% a/a), a companhia apresentou uma redução de 4,0% a/a em seu Ebitda, que acabou prejudicando tanto o seu fluxo de caixa, quanto a sua necessidade de capital de giro, fatores que acabam se tornando sinais de alerta para investidores que buscam o papel como alternativa para distribuição de dividendos”, observa.

Barragem de Mariana e dívida expandida

Outro fator que impacta o pagamento de dividendos é o processo sobre o rompimento da barragem de Mariana, ocorrido em 2015. Em junho, a companhia apresentou junto com as mineradoras BHP e Samarco uma proposta de R$ 140 bilhões para acordo de reparação pelo desastre. Enquanto aguarda o desfecho da história, a Vale pode ter adotado um comportamento cauteloso em relação à distribuição de proventos, disse a equipe de research do BTG Pactual em relatório publicado neste mês.

“A empresa provavelmente está adotando uma abordagem cautelosa em relação aos dividendos extraordinários, o que entendemos estar relacionado à falta de visibilidade nas negociações da Samarco e aos preços (pressionados) de minério de ferro. Nossa opinião é que os pagamentos extraordinários este ano dependerão em grande parte do resultado do acordo com a Samarco”.

Ainda segundo o BTG Pactual, outro ponto que pode afetar os proventos é o fato de a empresa continuar comprometida em manter sua dívida líquida expandida (indicador que mostra detalhes da saúde financeira) na faixa intermediária de sua meta de US$ 10 a 20 bilhões.

“No que diz respeito à alocação de capital, a administração permanece focada em atingir aproximadamente US$ 15 bilhões da sua dívida expandida, o que acreditamos proporcionar espaço limitado para pagamentos extraordinários de dividendos”, escreveram os analistas da corretora, sinalizando que mantêm uma recomendação neutra para ações da companhia até que os “riscos/desafios” sejam superados e haja uma “melhoria da situação macro chinesa e da indústria siderúrgica”.
Política sustentável

No final de julho, no mesmo dia em que divulgou o balanço, a Vale anunciou o pagamento de R$ 8,940 bilhões em juros sobre capital próprio (JCP), o equivalente a um dividend yield de 3,5% para o semestre. Para o ano, o dividend yield esperado é de 7% a 8%, segundo o BTG Pactual, inferior aos 12,35% dos últimos 12 meses. A política de remuneração aos acionistas da Vale determina uma distribuição mínima de 30% de seu lucro operacional.

Hugo Baeta, analista de renda variável da AF Invest, disse que, apesar do impacto da queda do minério de ferro e dos outros desafios, a Vale tem um balanço sólido e uma dívida baixa em relação à geração de caixa. Esse cenário, segundo o especialista, mostra que a estratégia de dividendos da companhia é equilibrada.

“A Vale tem uma política de distribuição de dividendos sustentável, um dos menores custos produção do mundo, tem um balanço muito sólido, tem pouca dívida e não tem projetos de expansão relevantes, que necessitem de investimentos relevantes, então toda a geração de caixa dela vai ser distribuída para o acionista em torno de dividendos e recompra de ações”.

AUTOMOTIVO

Valor - SP   26/08/2024

Montadoras japonesas, cuja força está nos veículos movidos a gasolina, estão ficando para trás

 

A chinesa BYD ultrapassou Honda e Nissan para se tornar a sétima maior montadora do mundo em número de carros vendidos no segundo trimestre de 2024, impulsionada pela demanda por seus veículos elétricos acessíveis. Os dados são de montadoras e da empresa de pesquisa MarkLines.

As vendas de veículos novos pela BYD cresceram 40% entre abril e junho, na comparação com o mesmo trimestre de 2023, para 980 mil unidades, mesmo com a maioria das principais montadoras, incluindo Toyota e Volkswagen, sofrendo declínio. Grande parte do bom desempenho da BYD decorreu das vendas no exterior, que quase triplicaram no período de um ano, para 105 mil unidades.

A BYD havia ficado em 10º lugar no ranking mundial no segundo trimestre de 2023, com vendas de 700 mil veículos. Ela ultrapassou a Nissan e a Suzuki desde então e superou a Honda em uma base trimestral pela primeira vez no último trimestre.

A única montadora japonesa com vendas maiores que a BYD é a Toyota, que liderou o ranking global no segundo trimestre, com 2,63 milhões de veículos. As "Três Grandes" ds Estados Unidos também estão à frente, embora a BYD esteja rapidamente alcançando a Ford.

A Geely e a Chery Automobile da China ficaram entre as 20 primeiras em vendas globais no período de abril a junho.

Os veículos elétricos acessíveis da BYD ganharam força na China, o maior mercado automotivo do mundo, impulsionando um salto de 35% no ano em suas vendas de junho no país.

Em contraste, os players japoneses, cuja força está nos veículos movidos a gasolina, estão ficando para trás. As vendas da Honda na China caíram 40% em junho, e a montadora planeja reduzir sua capacidade de produção no país em cerca de 30%. Mesmo na Tailândia, onde as empresas japonesas detêm cerca de 80% do mercado, a Suzuki está encerrando a produção enquanto a Honda está reduzindo a capacidade pela metade.

A China exportou 2,79 milhões de veículos no semestre de janeiro a junho, 780 mil a mais que o Japão. A BYD abriu sua primeira fábrica de montagem de veículos em larga escala no exterior na Tailândia, com planos para centros adicionais na Hungria e no Brasil. Ela também está considerando a produção no México.

Alarmados pelo impacto potencial sobre as montadoras nacionais, os Estados Unidos aumentaram a tarifa sobre veículos elétricos fabricados na China para 100%. O Canadá está considerando introduzir tarifas próprias.

A União Europeia começou a impor tarifas adicionais sobre veículos elétricos fabricados na China em julho e propôs na terça-feira aumentar a taxa para até 36,3%. A BYD agora planeja construir uma nova fábrica na Turquia para evitar as tarifas.

Para os participantes japoneses que estão ficando para trás, o mercado norte-americano — onde os fabricantes chineses de veículos elétricos quase não ganharam força devido às altas tarifas — está se tornando cada vez mais importante. À medida que a demanda por veículos elétricos diminui no mercado americano, os híbridos da Toyota e da Honda estão se mostrando populares, mas ainda não se sabe se isso compensará a queda nas vendas na China e em outros lugares.

A escala é crucial para que as montadoras mantenham os custos sob controle e desenvolvam novos modelos lucrativos. A Honda está fazendo parceria com a Nissan e a Mitsubishi Motors no desenvolvimento de veículos elétricos, e uma consolidação mais ampla na indústria é uma possibilidade, já que as montadoras buscam sobreviver à competição com rivais chineses.

Exame - SP   26/08/2024

A Volkswagen anunciou, nesta sexta-feira, 23, um investimento total de R$ 13 bilhões nas três fábricas localizadas no estado de São Paulo (Taubaté, São Bernardo do Campo e São Carlos). Outros R$ 3 bilhões também serão aplicados na planta de São José dos Pinhais, no Paraná. Tudo isso faz parte de um ciclo de aportes da montadora alemã no Brasil até 2028, com o lançamento de 16 novos modelos, entre fabricados localmente e importados.

O valor robusto chama bastante a atenção, mas há vários segredos — alguns mais revelados, outros nem tanto — por trás dessa história, especialmente no que se refere aos novos modelos que serão lançados no Brasil. Um dos segredos mais bem guardados envolve o desenvolvimento de um SUV mais compacto e barato que o novo T-Cross, em um segmento que caiu no gosto do brasileiro.

A Volkswagen confirma que um novo carro será desenvolvido na planta de Taubaté e garante que será um automóvel "inédito, 100% desenvolvido no Brasil". A montadora também mencionou que vai lançar híbridos, além de novidades em modelos 100% elétricos e flex.

Incluindo esse modelo inédito, pelo menos outros dois novos carros devem ser produzidos no Brasil, incluindo uma picape para concorrer com a Fiat Toro e a Chevrolet Montana, que será montada na planta do Paraná, onde o T-Cross é produzido. Na planta de São Bernardo do Campo, será produzido o Novo Virtus, a partir de 2025.

A Volkswagen também lançará uma nova plataforma tecnológica, flexível e sustentável, chamada de projeto MQB Hybrid.

Engenharia brasileira

A Volkswagen do Brasil foi a primeira a estabelecer, em 1965, um centro de desenvolvimento de veículos, abrangendo desde o design até o início da produção, fora da matriz na Alemanha. A montadora mantém o Centro de Design e Engenharia na fábrica Anchieta, em São Bernardo do Campo, que também receberá parte do valor investido.

A área conta com quase 1.000 profissionais que atuam nas fábricas de Anchieta, Taubaté e Pacheco (Argentina). Neste ano, mais de 100 engenheiros e engenheiras foram contratados para fortalecer o time de Inovação e Tecnologia.

O centro foi responsável pelo desenvolvimento de alguns dos sucessos da marca no Brasil, como o Gol GTI, em 1988, o primeiro modelo brasileiro com injeção eletrônica, e o Fox, lançado em 2003, modelo 100% desenvolvido no Brasil.

Mudança no T-Cross

Em maio deste ano, a montadora alemã apresentou o novo T-Cross, o SUV compacto mais vendido do país. O modelo é um produto global, mas recebe adaptações de acordo com a região. Há cinco anos no mercado brasileiro, o T-Cross conquistou os consumidores, com mais de 320 mil unidades vendidas desde seu lançamento.

José Carlos Pavone, head de design Américas da Volkswagen, explica que as montadoras faziam evoluções nos carros a cada dois anos, em média. Nos últimos anos, as mudanças cada vez mais rápidas do mundo, não só no setor automotivo, pressionaram a demanda por novidades. "Depois de seis meses que lançamos um carro, já pensamos no facelift (mudanças de design)", conta.

O novo T-Cross ganhou um ar mais tecnológico e moderno. "É complicado mexer em uma receita que está ganhando. O carro tem um design mais evolutivo e não totalmente novo", explica Pavone.

IstoÉ Dinheiro - SP   26/08/2024

A concessão e o saldo de crédito para o financiamento de veículos aceleraram ao longo do último ano, com a retomada na produção das montadoras e uma melhora no perfil de crédito dos clientes. Os efeitos foram vistos na carteira de crédito dos bancos no segundo trimestre, em um marco da retomada do apetite das instituições por linhas de maior risco.

Em junho deste ano, a concessão de financiamentos automotivos no País somou R$ 16,8 bilhões, de acordo com o Banco Central. O número foi 32,5% maior que o do mesmo mês do ano passado, em que apareciam os primeiros sinais de recuperação das concessões após um 2022 de crédito restrito. A inadimplência caiu de 5,5% para 4,5% no espaço de um ano.

A liberação de crédito acompanha o crescimento dos emplacamentos de veículos novos, de 15,6% no primeiro semestre deste ano, de acordo com dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). As vendas de seminovos e usados subiram 9,6% no mesmo período.

“Passamos 2022 desacelerando o transatlântico, e da mesma forma que fomos o primeiro banco a tirar um pouco o pé, começamos a perceber no começo de 2023 uma situação melhor”, afirma Cezar Janikian, diretor da Santander Financiamentos, líder em financiamento automotivo no País. “As montadoras começaram a ter uma maior agressividade comercial, e a aceleração efetivamente começou no final de 2023.”

O impulso comercial produziu um fenômeno incomum: um primeiro semestre de vendas fortes, sendo que a sazonalidade do mercado de automóveis é mais positiva na segunda metade do ano. “Isso geralmente não acontecia, em janeiro geralmente acontecia uma queda em relação a dezembro”, diz o diretor da Bradesco Financiamentos, Henrique Fernandes.

Este desvio à regra produziu recordes nos bancos. No Santander, foram R$ 26,5 bilhões liberados no primeiro semestre; no BV, que lidera o financiamento a veículos leves usados, foram R$ 13,6 bilhões.

“Tem fatores macroeconômicos que ajudaram o mercado a ser maior, mas nós estávamos preparados em termos de capacidade de crédito e preço para fazer valer a nossa presença e liderança”, diz Jamil Ganan, superintendente de Auto Finance, Solar e Empréstimo do BV. O banco tem cerca de 1.000 agentes comerciais espalhados pelo País, e mais de 50 filiais.

Equação

No primeiro semestre, a cada carro novo emplacado no Brasil, cinco usados foram vendidos. Os bancos acreditam que esse número deve convergir para uma relação de um para quatro, diante da normalização da produção das montadoras. Entre 2021 e 2022, a pandemia da covid-19 afetou as cadeias de suprimento, reduziu a produção e fez o preço, tanto dos novos quanto dos seminovos, disparar.

“A base de ativos potenciais deve ter um aumento de cerca de 15%”, diz o presidente da Associação Nacional das Empresas Financeiras de Montadoras (Anef), Paulo Noman. De acordo com ele, o giro aquecido no mercado de usados ajuda os bancos de montadoras e também as financeiras a recuperarem valores quando retomam carros cujo financiamento não foi pago.

Ainda assim, a relação não deve voltar à paridade que, segundo Noman, se via em 2014. Além de a produção das montadoras estar menor, o preço médio do carro novo subiu, com a alta dos custos, em especial os atrelados ao dólar. “No passado, as montadoras vendiam também os carros populares, que eram a tração desse mercado”, afirma Rodrigo Paulino Duarte, superintendente executivo da Bradesco Financiamentos.

Outro impulso para os bancos foi o fato de que o brasileiro está financiando mais a compra do carro, e pagando menos à vista. O número de veículos financiados chegou a 49% do total no primeiro semestre, de acordo com a Anef, a maior fatia em quatro anos. Dados da B3, que faz o registro dos veículos dados em garantia, apontam um crescimento de 26% em um ano na quantidade de compras que foram financiadas, para 1,773 milhão no segundo trimestre deste ano.

Prazo e preço

A retomada dos financiamentos se dá com planos diferentes dos vistos no começo da década passada, que foi o auge da indústria automotiva nacional em produção e vendas. O prazo médio das operações, por exemplo, caiu para 48 meses, praticamente extinguindo os parcelamentos longos, de até 96 meses, vistos no começo dos anos 2010. Além disso, a entrada passou a ser mais representativa.

De acordo com o BC, em junho, a taxa média anual dos financiamentos estava em 25,5%, uma queda de 1,3 ponto porcentual em um ano. Embora mais barato que linhas de crédito pessoal, já que o próprio automóvel é a garantia, o financiamento automotivo não teve um barateamento maior porque os juros futuros não arrefeceram.

“Em um financiamento de 48 meses, a taxa futura base para a captação é a de 48 meses”, afirma Janikian, do Santander. A partir do piso, definido com os juros futuros como balizador, os bancos atribuem a cada cliente uma taxa diferente, a depender do tamanho da entrada, da idade do veículo e do perfil de risco do tomador.

CONSTRUÇÃO CIVIL

Globo Online - RJ   26/08/2024

As vendas de imóveis novos cresceram 15,2% no primeiro semestre deste ano em comparação ao mesmo período do ano passado, com 180.162 unidades vendidas. No acumulado dos últimos 12 meses (de julho de 2023 a junho de 2024) foram com 353.949 novas unidades vendidas.

Os motivos apontados pelos agentes do setor são o efeito benéfico da combinação de inflação controlada; redução da taxa de juros (sete cortes consecutivos até junho), aumento na geração de novos empregos e disponibilidade de recursos tanto do FGTS quanto da caderneta da poupança para aplicação em moradia.

Na linha de frente, as vagas de emprego na construção civil também aumentaram, e algumas construtoras já indicam problemas de contração de mão de obra. No primeiro semestre deste ano, o setor criou 180.779 novos postos de trabalho com carteira assinada, segundo dados do Ministério do Trabalho. A construção de prédios corresponde a mais de 40% deste número.

No ano passado, eram 2,66 milhões de trabalhadores formais e a expectativa é que supere os três milhões até o final de 2024. Será o melhor resultado nos últimos dez anos, já que última vez que o setor teve esse número foi em setembro de 2014 .

Sylvio Pinheiro, diretor da G+P Soluções, hub de negócios voltados para a construção civil, analisa que o mercado da construção civil no Brasil está vivendo um paradoxo: de um lado, temos um crescimento impressionante das empresas do setor, do outro, uma escassez de mão de obra qualificada.

- A falta de profissionais já está causando atrasos ou maiores prazos para a entrega de projetos e, consequentemente, aumentando os custos indiretos. Isso impacta fortemente no custo de construção, tornando-a muito mais onerosa do que deveria ser - relata.

A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) está fazendo estudos para identificar e confirmar este déficit de mão de obra. A pesquisa Sondagem Indústria da Construção, feita pela CNI, realizada em julho deste ano, mostra que a falta ou alto custo de trabalhador não qualificado foi assinalada por 24,7% dos industriais e ficou em segunda posição no ranking de principais problemas enfrentados pelo segmento. Em comparação ao primeiro trimestre, a dificuldade aumentou 9,9 pontos percentuais. Só fica atrás da preocupação com a carga tributária.

- Quem é entrante no setor, quem é novato, precisa passar por uma qualificação. O setor passou ao longo desses anos por uma transformação nos critérios de produção, nos procedimentos de execução de serviços, nas questões de segurança de trabalho, com muito treinamento, com muita metodologia, então há essa necessidade de trabalhadores mais qualificados - destacou Marcelo Azevedo, gerente de análise econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Marcelo do Nascimento, sócio da Elvas Empreendimentos, construtora responsável pela obra do Niemeyer 360º, projeto da Capital 1 na Barra da Tijuca, relata que tem percebido uma crescente falta de qualificação em profissões como pedreiro, gesseiro e pintor, especialmente agora que o empreendimento está na fase de acabamento.

- A mão de obra que trabalhou comigo há uns 10 anos, por exemplo, já não está mais na construção civil. Muitos desses profissionais migraram para outras áreas e não demonstram interesse em retornar ao setor. Além disso, há uma preocupante escassez de mão de obra especializada, como líderes de canteiros, encarregados e mestres de obra. Os profissionais que ainda estão no mercado, em sua maioria, têm uma boa formação, mas muitos já se aposentaram - explica.

Já Ricardo Affonseca, CEO da Aros, destaca que as questões mais latentes hoje são a falta de mão de obra e o envelhecimento, porque os mais jovens não querem mais trabalhar na construção civil.

Para contornar a dificuldade, o setor já está investindo em novas tecnologias, com a automação de processos, o uso de BIM (Building Information Modeling) e drones para inspeção e mapeamento estão se tornando comuns, explica Pinheiro.

- Além disso, empresas e entidades de classe estão lançando programas de treinamento e qualificação para atrair e preparar novos talentos já sabendo operar as mais modernas tecnologias de construção.

FERROVIÁRIO

O Estado de S.Paulo - SP   26/08/2024

A espanhola Acciona, responsável pela Linha 6-Laranja do Metrô de São Paulo, está mirando um novo empreendimento de mobilidade na capital, segundo fontes ouvidas pelo Broadcast. A companhia manifestou ao governo paulista o interesse de assumir o projeto de R$ 25 bilhões da Linha 16-Violeta. O empreendimento ganhou o apelido de “Linha dos Parques”, por prever estações próximas aos parques do Ibirapuera, da Aclimação e da Independência.

A proposta de interesse em parceria público-privada (Manifestação de Interesse Privado) é considerada uma sinalização positiva sobre o apetite do mercado para tirar as obras do papel. No entanto, o projeto ainda precisará passar pelos trâmites normais para depois estabelecer uma previsão para o início da execução.

As próximas etapas incluem a qualificação do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), assim como a abertura para o mercado do Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI), que deve ocorrer até o fim deste ano.
Outras empresas podem entrar na disputa

Com isso, outras empresas podem entrar na disputa para executar o projeto. Ainda assim, a leitura é de que, por já ter familiaridade com obras deste tipo, a Acciona teria uma vantagem competitiva. A proposta apresentada pelo conglomerado espanhol prevê a utilização dos tatuzões que atualmente operam na escavação da Linha 6-Laranja, entre as estações Brasilândia e São Joaquim.

A implantação da Linha 16 faz parte do programa SP Nos Trilhos. A primeira fase deverá ter 16 quilômetros de extensão, com 16 estações - entre Oscar Freire, na Zona Oeste, e Abel Ferreira, na Zona Leste. O trajeto deverá ser percorrido em 30 minutos. A previsão é transportar 550 mil passageiros diariamente.

O desenho final não está determinado, pois depende dos traçados que serão elaborados e apresentados pelas concorrentes interessadas. Mesmo sem a localização exata das estações, a expectativa é que fiquem próximas aos três principais parques da capital paulista, facilitando o acesso.

Procurada, a Acciona confirmou o interesse no projeto. “A empresa está ativamente em busca de oportunidades nos setores de infraestrutura e transportes que estejam alinhadas à sua estratégia de gerar impacto positivo para a sociedade e todas as iniciativas que se enquadram nesses critérios são cuidadosamente analisadas”, afirmou a empresa, em nota.

Rodoviário

Diário do Aço - MG   26/08/2024

Na próxima segunda-feira (26), representantes da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) estarão na Bolsa de Valores de São Paulo para receber os envelopes das empresas interessadas em participar do Leilão de Concessão da BR-381, de Caeté a Governador Valadares, agendado para o dia 29/8 (quinta-feira da próxima semana) no mesmo local. Caso não haja nenhuma proposta no dia 26, o leilão será mais uma vez cancelado.

Para o movimento Pró-Vidas da BR-381, a situação atual é diferente, e o edital não deve resultar em deserto. "Estamos otimistas, pois com as modificações feitas no edital, a concessão ficou mais atrativa para que grupos empresariais se interessem em fazer o investimento", pontuou Clésio Gonçalves.

Leilão

O edital de concessão refere-se a 303,4 km da BR-381/MG, entre Belo Horizonte e Governador Valadares. Com mais de R$ 9 bilhões de investimentos, o projeto será leiloado no próximo dia 29 de agosto. O investimento da futura concessionária será de R$ 9 bilhões ao longo dos 30 anos de contrato. Serão 134 quilômetros de duplicações (entre obras remanescentes e novos trechos), 83 quilômetros de faixas adicionais, quase 10 quilômetros de marginais, 20 passarelas e 15 passagens de fauna.

Propostas para o gargalo da saída de Belo Horizonte
Nesta semana, o Movimento Pró-Vidas da BR-381 entregou um documento com sugestões para reduzir os engarrafamentos da rodovia, na saída da capital, em direção ao Vale do Aço. As possíveis soluções são resultados de uma pesquisa feita com instituições e lideranças, que apresentaram propostas de intervenções que podem ser feitas para amenizar a situação agora e, principalmente, durante as obras de duplicação da estrada.

As propostas foram entregues ao supervisor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Alexandre Oliveira; ao superintendente executivo da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Waldeir Vieira; e ao deputado estadual Celinho Sintrocel (PCdoB), que irá solicitar uma audiência pública para tratar do assunto e apresentar as solicitações.

"Todos ficaram de avaliar em suas respectivas áreas e discutirão posteriormente a implementação das mesmas na audiência pública a ser realizada na Assembleia Legislativa. Também foi enviado para o Carlos Alvisi da ANTT e Pedro Bruno da Secretaria de Infraestrutura, Mobilidade e Parcerias de Minas Gerais", completou o líder do movimento.

Propostas
Segundo Clésio Gonçalves, foram recolhidas em torno de 40 propostas, algumas repetidas, mas as principais são a criação de faixas adicionais, retirada da lombada eletrônica, substituição por passarelas e limitação dos locais permitidos para cruzamento de pista. "A mais importante é a faixa adicional, porque, com a faixa adicional, o caminhão sai da pista principal e libera a passagem para os veículos menores. Então, os engarrafamentos são causados por isso. A carreta anda devagar, trava tudo atrás, e com a faixa adicional melhoraria bastante", defendeu.

NAVAL

TN Petróleo - RJ   26/08/2024

A Firjan SENAI SESI promoveu o lançamento da 6ª edição do Panorama Naval no Rio de Janeiro, em 20/8. O evento da Federação das Indústrias do Rio de janeiro (Firjan) destacou o papel estratégico da indústria naval para a economia do estado e a importância da publicação como ferramenta para o desenvolvimento desse mercado. A nova edição explicitou, por meio do Mapa Naval, o Rio como um hub para atendimento à retomada as demandas da indústria naval, com ampla base industrial de cerca de 2.400 fornecedores de bens e serviços no estado incluindo amplo parque siderúrgico.

Raul Sanson (foto), vice-presidente da federação, ressaltou a contribuição da Firjan na retomada das atividades de construção naval. "Temos promovido diversas ações para destacar os impactos da indústria naval no estado do Rio de Janeiro e no Brasil. Já fomos o segundo maior fabricante de navios do mundo, e essa ampla cadeia fornecedora está preparada para dar todo suporte necessário. O Sistema Firjan, por meio do SENAI e SESI, com seus centros de tecnologia, capacitação profissional e investimentos, está pronto para seguir nessa jornada, contribuindo para que a indústria naval retome seu papel central no cenário nacional", afirmou.

Subsecretário Adjunto de Economia do Mar, Marcelo Felipe Alexandre abordou o potencial fluminense, ressaltando a presença de mais da metade dos grandes estaleiros do Brasil no estado do Rio. "Temos aqui instalados mais da metade dos grandes estaleiros do Brasil e um potencial gigantesco na área de indústria naval. Esta ferramenta é essencial para analisarmos o cenário atual e as perspectivas futuras". Alexandre também mencionou políticas públicas, como a inclusão das temáticas da economia azul nas grades curriculares, visando desenvolvimento de conhecimento sobre o potencial do mar.

O impacto da indústria naval na economia nacional e a geração de empregos foi pautado por Dino Batista, secretário Nacional de Hidrovias e Navegação do Ministério de Portos e Aeroportos: "A indústria naval brasileira tem o potencial de revitalizar a economia e gerar empregos significativos. A política pública deve atuar como um elo entre a iniciativa privada e a realidade". Ele destacou o investimento de R$ 24 bilhões no Fundo da Marinha Mercante e a importância de políticas públicas bem elaboradas para estimular o mercado.

Karine Fragoso, gerente-geral de Petróleo, Gás, Energias e Naval da Firjan, expressou seu entusiasmo ao ver os principais agentes do mercado reunidos: "Estamos muito animados de fazer esse trabalho junto com vocês. É um recado positivo na direção correta para contribuirmos pelo crescimento sustentável de nossa industrial naval". Ela também destacou o alinhamento do lançamento com a participação da federação na Navalshore, feira de negócios em construção naval e offshore, e reafirmou o compromisso com a cadeia produtiva de óleo e gás.

Mercado preparado para atender à demanda

João Augusto Azeredo, vice-presidente do Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval), reforçou a capacidade de atender a demanda. "Os estaleiros estão preparados e capacitados, com certificações e aprovações que os colocam entre os mais avançados em termos de tecnologia, governança e engajamento comunitário. Precisamos de um novo fundo garantidor para a construção naval e melhorar nossa capacidade de resposta ao crescente tensionamento geopolítico".

Presidente da Câmara Setorial de Equipamentos Navais, Offshore e Onshore da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Leandro Pinto acrescentou: "A construção naval exige mão de obra altamente especializada, e a integração entre capacidades de suporte e conhecimento local é vital. O crescimento da indústria naval promove inovação significativa e gera uma demanda constante por novas tecnologias, fortalecendo a cadeia de suprimentos e a competitividade global".

PETROLÍFERO

Valor - SP   26/08/2024

Com isso, o Estado de Pernambuco, que não possui reservas de gás natural em terra ou no mar, deve se beneficiar da nova infraestrutura, ampliando o acesso ao GNL

O Comitê Gestor do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) aprovou a inclusão do terminal de regaseificação de gás natural liquefeito (GNL) de Suape, em Pernambuco, no plano de investimentos, conforme publicação no "Diário Oficial da União" (DOU) desta sexta-feira (23).

O projeto do Terminal de Regaseificação Suape faz parte de um conjunto de iniciativas voltadas para o fortalecimento da malha integrada de GNL no país. A instalação do terminal inclui o afretamento de uma “floating ship regasification unit” (FSRU), um navio-indústria que permitirá a entrada adicional de gás natural liquefeito no Brasil a partir do Estado de Pernambuco.

O Novo PAC é um programa de investimentos coordenado pelo governo federal, em parceria com o setor privado, Estados, municípios e movimentos sociais. Com isso, o Estado de Pernambuco, que não possui reservas de gás natural em terra ou no mar, deve se beneficiar da nova infraestrutura, ampliando o acesso ao GNL.

“Com o novo empreendimento, teremos um ‘player’ privado fazendo a regaseificação em Suape e oferecendo o produto para o mercado, trazendo economia nos custos de produção e, consequentemente, redução de preços para os consumidores”, disse o diretor-presidente de Suape, Marcio Guiot.

O terminal é um projeto liderado pela Oncorp com investimentos previstos de quase R$ 2 bilhões. A segunda fase da recuperação integral do Cais de Múltiplo Uso (CMU) do Porto de Suape terá início em setembro, com um investimento de R$ 60 milhões. Para o diretor-presidente da Oncorp, João Guilherme Mattos, a aprovação do terminal no novo PAC é um passo crucial para consolidação de uma matriz energética mais diversificada.

Triunfo

A Triunfo informou nesta sexta-feira que sua controlada Terminal Portuário Brites Ltda (“TPB”) também foi incluída no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

O Estado de S.Paulo - SP   26/08/2024

O governo federal prepara um decreto para alterar regras do setor de gás natural no País. O objetivo é aumentar a oferta do produto e reduzir preços entre 35% a 40%, uma bandeira antiga que vem atravessando diversos governos, mas sem sucesso.

A expectativa é de que o pacote seja anunciado na próxima segunda-feira, após reunião e aprovação das medidas pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE). A informação foi divulgada primeiramente pelo jornal Valor Econômico, e confirmada pelo Estadão.

De acordo com uma minuta do decreto ao qual o Estadão teve acesso, haverá quatro medidas que são consideradas principais pelo governo.

A primeira vai permitir que a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Brasil (ANP) tenha instrumentos para estabelecer um preço-teto pelo uso dos gasodutos que levam o gás do alto-mar, onde ele é extraído, até a costa brasileira. A agência terá que levantar informações sobre os custos e investimentos amortizados por esses gasodutos, para então definir a remuneração máxima de uso.

Hoje, há uma reclamação entre os grandes consumidores de gás de que a Petrobras tem como parâmetro o custo de oportunidade de venda do produto. Com isso, a petrolífera estabelece o preço tendo como referência o Gás Natural Liquefeito (GNL), que chega ao País de navio, e tem um custo mais elevado.

Em paralelo, o governo estuda uma medida par que a empresa estatal Pré-Sal Petróleo (PPSA) possa concorrer com a Petrobras na venda de gás, acessando também sistemas de escoamento e processamento do produto. Na prática, a União passará a ter um braço próprio para a venda direta do produto, sem depender da Petrobras, empresa de capital misto, apesar de o governo federal ser o seu acionista controlador.

Além disso, serão criadas medidas para diminuir a reinjeção de gás natural nos poços de petróleo em alto-mar. Essa prática é de interesse das petrolíferas, porque aumenta a pressão dos campos e facilita a extração do óleo, mas significa, também, a perda desse gás, que não é recuperado. Com a limitação da reinjeção, o governo quer que esse gás chegue ao consumidor brasileiro, em terra.

Uma quarta medida considerada essencial pelo governo é a criação do Comitê de Monitoramento do Setor de Gás Natural, que será desmembrado do Comitê do Setor Elétrico, para ter maior autonomia e atuação. Os detalhes do projeto ainda estão em fase final de elaboração, por isso, o texto pode sofrer mudanças.
Consumidores têm visão positiva

Hoje, o custo do gás natural no País gira em torno de US$ 14 o milhão de BTUs. Segundo o presidente-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Vidro (Abividro), Lucien Belmonte, a expectativa é de que as medidas possam ter uma redução de custo entre 35% a 40%, ou seja, para algo próximo a US$ 8,5 ou US$ 9,0.

Ele pondera, contudo, que o texto que circulou pelo setor ainda é uma minuta, e é preciso que seja feita uma análise criteriosa de cada um dos seus artigos.

“Ainda é preciso aguardar os detalhes, porque eles fazem diferença, mas o que saiu até agora veio em linha com o que os grandes consumidores queriam. É uma forma de dinamizar o mercado e aumentar a competitividade no mercado de gás”, afirmou.

Belmonte lembra que esse vai ser o terceiro plano, em três governos diferentes, para tentar a redução do preço do gás no Brasil. Nos governos Temer e Bolsonaro, também houve tentativas, mas sem que o produto reduzisse de fato.

Para o presidente da Associação dos Grandes Consumidores de Energia (Abrace), Paulo Pedrosa, a medida vai na direção correta.

“Trazer mais transparência ao acesso às infraestruturas essenciais é um movimentos muito positivo que resgata a Lei do Gás. Ela prometeu um grande mercado competitivo e não veio até hoje. Permite otimismo e se soma a outras iniciativas para aumentar a oferta de gás e reduzir as emissões da indústria brasileira”, afirmou.

Gás turbinou disputa entre Prates e Silveira

A reinjeção de gás por parte da Petrobras foi um dos pontos de atrito entre o ministro de Minas e Energia (MME), Alexandre Silveira, e o ex-presidente da Petrobras, Jean Paul Prates. Silveira chegou a cobrar publicamente o presidente sobre a reinjeção de gás por parte da empresa. Já Prates, por sua vez, sempre alegou que havia justificativas técnicas.

“Entre agradar o Jean Paul e cumprir o compromisso do governo com a sociedade brasileira, de gerar emprego e combater desigualdade, prefiro que ele feche a cara, mas que nós possamos lograr êxito na política pública”, disse o ministro, em junho do ano passado.

Alguns dias depois, Prates rebateu, também publicamente. “Não adianta só berrar pelo jornal, nem achar que um está rindo demais e outro está fazendo careta. Não adianta nem careta nem sorriso, adianta trabalhar junto e convergir”, disse, durante coletiva no Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ao lado do presidente do banco, Aloizio Mercadante. “Se não tem gás para todos os segmentos, vamos trabalhar o mix (de oferta de energia) em vez de criar polêmica onde não existe.”

Procurado, o Ministério de Minas e Energia não respondeu aos questionamentos da reportagem.

O Estado de S.Paulo - SP   26/08/2024

O decreto que o governo federal prevê editar nesta segunda-feira, 26, que altera o setor de gás natural no País, para tentar reduzir o preço do produto, pegou o setor de petróleo de surpresa. Fontes ligadas ao segmento, em conversas reservadas com o Estadão, já falam em quebra de contrato, risco de judicialização, além de entenderem que as medidas serão inócuas, com pouco efeito sobre os preços no curto e médio prazos.

Os grandes consumidores de gás, como as indústrias química e de vidro, por outro lado, entendem que o decreto é benéfico para a economia e apoiam as medidas encabeçadas pelo Ministério de Minas e Energia (MME).

Procurado, o Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP) afirmou que só irá se manifestar após a publicação do texto. Mas o entendimento entre executivos e especialistas do setor de petróleo que pediram para não ser identificados pela reportagem do Estadão é de que o MME está cometendo vários erros, tanto jurídicos quanto econômicos. O ministério por sua vez, não respondeu aos questionamentos da reportagem.

De maneira geral, o setor de petróleo entende que o governo federal está fazendo uma intervenção no segmento de óleo e gás, quebrando contratos já firmados e jogando por terra planos de negócios e de exploração e produção das petrolíferas. Além disso, dizem que o decreto é uma afronta a Lei do Gás, aprovada pelo Congresso, e que somente uma nova lei teria força para fazer esse tipo de mudança.

A consequência mais imediata, dizem, será a paralisia nos investimentos e a busca por saídas jurídicas para amenizar as perdas.

A expectativa é de que o decreto seja assinado na manhã deste segunda-feira, após reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), que contará com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e também do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Setor põe em xeque queda dos preços

Para o professor do Instituto de Energia da PUC-Rio Edmar Almeida, o decreto, além de intervencionista, não terá o efeito esperado pelo governo, de redução de preços.

“A minha impressão é que o decreto ficou muito amplo, abrangente, com viés muito intervencionista, e acho que vai trazer muita incerteza e insegurança jurídica, porque afronta os princípios da Lei do Gás. Qualquer resultado sobre os preços só pode acontecer no muito longo prazo”, afirmou.

Entre as petrolíferas, ninguém aposta em queda imediata dos preços, como acreditam os consumidores de gás e o MME. Uma das principais medidas do decreto é a diminuição da reinjeção de gás nos poços de petróleo - o que é feito pelas petrolíferas para acelerar a extração do óleo. Na visão da pasta, isso iria obrigar as empresas a venderem mais gás, o que aumentaria a sua oferta.

“Isso é muito estanho, porque o plano de desenvolvimento de cada poço é aprovado pela ANP, para só então ser colocado em prática pelas empresas, que fazem investimentos elevados. O decreto diz que a ANP poderá mudar de ideia e forçar uma redução da reinjeção. O custo será altíssimo, porque cada plataforma é feita sob medida e pode custar até US$ 5 bilhões (cerca de R$ 27,5 bilhões)”, afirmou Almeida.

Além de ter um custo elevado, as empresas alegam que isso poderá levar cerca de três anos, a depender da disponibilidade das grandes estaleiros. Outros elos da cadeia também precisarão ser adaptados, como as unidades de processamento de gás natural (UPGN), o que também levaria tempo.
Planejamento de todo o setor de gás

De acordo com minuta do decreto ao qual o Estadão teve acesso, e que ainda poderá sofrer modificações, será criado o Comitê de Monitoramento do Setor de Gás Natural, com a finalidade de “Assessoramento, articulação, monitoramento de políticas públicas, formulação de propostas e deliberações para o setor de gás natural”.

Esse papel de “monitoramento e deliberação” do Comitê foi visto como forma de rebaixar o papel da ANP, já que será criada uma outra instância, acima dela, para atuar no setor. Também será criado um Plano Nacional Integrado das Infraestruturas de Gás Natural e Biometano (PNIIGNB), sob responsabilidade da Empresa de Planejamento Energético (EPE).

As duas medidas são vistas como uma intervenção direta do governo no setor de gás.

“O que foi proposto é que o governo vai definir toda a cadeia e infraestrutura de gás. Isso não é viável. Deveria ser apenas indicativo. As empresas não vão gastar dinheiro para realizar estudos geológicos para depois ter que vencer licitações em leilão e outro concorrente pegar o projeto dele”, disse Almeida.

Uma outra medida questionada é a possibilidade de a ANP estabelecer um preço teto de remuneração pelo uso dos gasodutos de escoamento. Eles passarão a ser classificados como “infraestrutura essencial”, sob regulação da agência.
Visão dos consumidores

Para o presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), André Passos Cordeiro, contudo, o decreto é a melhor norma regulatória para o setor de gás natural “em décadas”.

“Vai completamente na direção certa. É o melhor decreto em décadas para o mercado de gás no Brasil, ao colocar a necessidade de revisar a reinjeção de gás natural, ao estabelecer que tem que fazer a precificação adequada das infraestrutura de escoamento, processamento e transporte de gás natural. Para a indústria química, vai destravar investimentos”, afirmou.

Ele explica que, para a indústria química, o gás é matéria prima fundamental. E vários outros setores da economia, como aço, vidro, alumínio, dependem de gás barato no País para serem competitivos, mas não conseguem.

“Há um ruído de que seria intervenção do Estado brasileiro. Não tem nada disso, todas as etapas são reguladas. Deixar desregulado é que era o problema. Para mim, que trabalho com gás há quase duas décadas, é o melhor instrumento regulatório desde a descoberta do pré-sal. Cabe agora implementação”, afirmou.

Como funciona a extração?

A produção de petróleo é sempre acompanhada de produção de gás em alto-mar. Cada campo tem a sua realidade, mas, de modo geral, parte do gás é reinjetado no poço, para aumentar a sua pressão, o que aumenta a produção de petróleo.

O elo de produção se divide em várias etapas: no Brasil, a maior parte acontece em alto-mar com a extração do petróleo e do gás. Esse gás, posteriormente, é escoado até a costa, por meio de gasodutos. Em terra, ele passa por uma Unidade de Processamento de Gás Natural (UPGN), para depois ser transportado até os chamados citygates, que vão mudar a pressão do gás. Só depois haverá a distribuição até os consumidores.

Uma das queixas dos consumidores de gás é de que o produto é de interesse nacional, e as petrolíferas acabam privilegiando a extração de petróleo, que é mais lucrativo. Com a escassez de gás, o preço do produto sobe, o que torna o segmento mais interessante para o negócio das companhias: “vende-se metade do gás possível pelo dobro do preço”, queixou-se um representante dos consumidores.

Já as petrolíferas entendem que a reinjeção de gás cumpre normas ambientais e seguem os planos de exploração e produção que já foram aprovados pela ANP. Uma alteração por decreto representaria quebra de contrato.

AGRÍCOLA

O Estado de S.Paulo - SP   26/08/2024

O agronegócio brasileiro deu um salto desde o início da pandemia. A resposta dos governos frente à parada súbita foi transferir grandes quantidades de recursos para famílias e empresas.

Com isso, a demanda foi mantida. Mas a resposta da oferta foi atribulada, especialmente depois da invasão da Ucrânia pela Rússia em fevereiro de 2022.

Os preços de commodities subiram: entre 2020 e 2022, a soja aumentou mais de 60% e o milho, mais de 90%. A resposta do Brasil foi fulminante, elevando rapidamente a produção e as exportações.

Parte da explicação da elevada velocidade de resposta de nossa produção foi a disponibilidade de financiamentos a custos relativamente baixos. De um lado, a taxa Selic se manteve na faixa de 2% de junho/2020 a maio/2021, ao mesmo tempo que cresceram muito as operações de mercado de capitais, utilizando-se de novos instrumentos financeiros criados recentemente.

Com isso, o sistema expandiu-se muito, especialmente na área de grãos, puxando o crescimento brasileiro até 2023. A região Centro-Oeste brilhou intensamente.

Entretanto, não há bem que sempre dure. Com o fim da pandemia, as cadeias de suprimentos se normalizaram e as políticas monetárias ativas trataram de reduzir a inflação e a atividade em boa parte do mundo. Com isso, os preços de commodities começaram a cair e estão voltando aos níveis pré-pandemia.

Em paralelo, o clima adverso começou a cobrar um preço em boa parte do País, sendo particularmente cruel no Rio Grande do Sul.

Produtores e outros players começaram a se dividir em dois grupos: aqueles que se aproveitaram da oportunidade, mas mantiveram qualidade operacional e disciplina de capital, e os que elevaram seu tamanho, arrendando ou comprando terras, à custa de grande alavancagem, mesmo quando as taxas de juros se elevaram significativamente a partir do final de 2021.

Não é preciso muita informação para concluir que a alavancagem financeira em situação de juros reais positivos é um risco enorme, especialmente quando eventos climáticos prejudicam a produção.

Daí os pedidos de recuperação judicial que estamos vendo, especialmente no Centro-Oeste. Veremos muita fragmentação e consolidação, típicas dessas freadas de arrumação.

A nota boa é que o setor voltará a crescer depois desse rearranjo. Mas fica uma grande lição: excelência operacional, ganhos de produtividade e disciplina de capital são fundamentais em países propensos a volatilidade e crises.

Revista Manutenção e Tecnologia - SP   26/08/2024

O tão aguardado Plano Safra 2024/2025, recém lançado pelo Governo Federal no âmbito do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), divulgou as linhas de crédito, incentivos e políticas agrícolas para a classe produtora.

Serão R$ 400,59 bilhões destinados para financiamentos, um aumento de 10% em relação à safra anterior. O grande destaque ficou por conta do conjunto de medidas com a meta de fortalecer a agricultura familiar e promover a produção sustentável de alimentos saudáveis para o Brasil.

Com juros menores e mais garantias de acesso, a iniciativa assegura R$ 85,7 bilhões para o desenvolvimento da agricultura familiar. Do total de recursos, a maior parte é destinada ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf): R$ 76 bilhões, valor 43,3% maior ao anunciado na safra 2022/2023 e 6,2% maior do que o da safra passada.

Com essa estratégia, o objetivo do governo é auxiliar aproximadamente 4,6 milhões de propriedades com menos de 100 hectares, espalhadas pelo país.

De acordo com o especialista de mercado Rafael Luche, gerente de vendas, pós-vendas e marketing da FertiSystem – empresa desenvolvedora de tecnologias de plantio, o Plano Safra 2024/25 tem dois cenários a se analisar, do ponto de vista do mercado de máquinas.

Segundo ele, no que se refere à agricultura empresarial (médios e grandes agricultores) o anúncio ficou aquém das expectativas no que se diz respeito a taxas de juros, pois esperava-se que os valores fossem mais atrativos, refletindo no não aumento do apetite de compra.

“Esses produtores só vão realizar uma compra se ela for realmente necessária. Por outro lado, para a agricultura familiar, a taxa de juros veio mais competitiva e, essa classe sim, tende a fazer mais investimentos”, destaca.

Com este cenário, as indústrias de máquinas agrícolas focadas na agricultura familiar ganharam novo fôlego e melhoraram suas expectativas de vendas. A FertiSystem, por exemplo, recentemente fechou parceria com a Solumont Indústria e Comércio Agrícola, com sede em Nova Prata/RS, e que possui forte atuação regional.

No intuito de atender essa importante classe, no final do mês de agosto, as empresas farão um lançamento conjunto de novo maquinário com preço mais atrativo, porém composto com todo portfólio de tecnologias para plantio da FertiSystem.

Segundo Luche, empresas como a Solumont tendem a crescer com este novo cenário. “No Rio Grande do Sul, a agricultura familiar tem algumas importantes particularidades. Até pouco tempo, era um segmento vocacionado para produção de aves, suínos, fruticultura, horticultura, entre outros. Porém, nos últimos anos, em algumas regiões a soja ganha espaço, e por serem áreas menores, os produtores conseguem demandar mais atenção à cultura, possibilitando atingir maior produtividade a cada safra”, detalha.

Tecnologias para a lavoura – Com esse incentivo do Plano Safra, os agricultores familiares terão a oportunidade de aderir a novas tecnologias, possibilitando trabalhar de forma mais incisiva com a automação, afinal, são propriedades que dependem da oferta de mão de obra da família.

Pensando justamente nesse perfil de produtores que a FertiSystem, afirma Luche, lançou recentemente o Virgo, um novo dosador mecânico de semente graúda.

Embora pareça desconexo com o mercado que caminha para o modelo pneumático, Luche explica que há muitas regiões, principalmente no interior do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, que vão continuar plantando com máquina mecânica, pois a característica faz parte do perfil regional.

“Esses produtores necessitam de um equipamento menor, mas que ao mesmo tempo possuam tecnologias importantes, como acionamento elétrico e sensoriamento, e é nisso que estamos focados”, comenta.

O recém lançamento, explica, se destaca por ser simples, confiável e preciso, além de proporcionar um novo padrão de eficiência no campo. O produto, desenvolvido para o plantio de soja e milho, apresenta uma solução de baixa manutenção, com o mínimo de componentes para troca.

Além disso, não há limitação para o uso de discos e anéis de uma única marca, podendo ser possível utilizar esses componentes de modelos universais.

Ainda segundo o profissional da FertiSystem, outra importante solução da empresa são os dosadores de adubo, como o Auto-Lub AP NG. “Eles garantem uniformidade, alta durabilidade, fácil manutenção e precisão ao longo da linha de plantio de diferentes culturas, além de fornecer a dose certa de fertilizante no local certo”, finaliza o especialista.

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