Valor - SP 26/06/2023
Empresa diz que ajustes no cronograma são comuns, e que o prazo mencionado poderá sofrer alterações conforme avanço do projeto
A Usiminas comunicou que o cronograma de execução do projeto de reforma de seu alto-forno nº 3, da Usina de Ipatinga (AF3), segue dentro das expectativas, e que “alterações são naturais para um projeto desta magnitude”. A conclusão segue prevista para agosto e dentro do orçamento aprovado, diz a empresa.
A manifestação da companhia ocorre após “questionamentos recebidos de veículos de imprensa”, segundo o comunicado.
A empresa disse que ajustes no cronograma são comuns, e que o prazo mencionado poderá sofrer alterações conforme avanço do projeto.
Agência Catarinense de Notícias – SC 26/06/2026
O polo siderúrgico do Norte do Estado é o principal destino das cargas de aço que chegam ao Porto de São Francisco do Sul.
Entre janeiro e maio, foram descarregadas 1,4 milhão de toneladas de bobinas, barras e chapas de aço, representando um crescimento de 9% com relação a 2022 (1,3 milhão de toneladas). As grandes empresas de beneficiamento, como ArcelorMittal Vega, recebem o aço e o transformam em peças que são usadas na indústria automotiva, na construção civil e na produção de geladeiras e fogões.
E as fábricas catarinenses são as maiores clientes: das 885 mil toneladas recebidas este ano pela Arcelor, por meio do Porto de São Francisco do Sul, 350 mil toneladas (40%) foram destinadas a empresas do estado. O restante do aço beneficiado pela multinacional foi negociado, principalmente, nos vizinhos Rio Grande do Sul e Paraná, além da região Sudeste do país. O Porto recebe aço do Espírito Santo e também do exterior, principalmente, da China.
“Esses números comprovam que a nossa indústria está crescendo. Entra mais material porque temos mais demanda. E o nosso trabalho é criar um ambiente ainda mais favorável para que as empresas cresçam cada vez mais. Anunciamos nessa semana R$ 220 milhões em obras para ampliar o fornecimento de energia elétrica no setor produtivo. Criamos a Secretaria de Portos, Aeroportos e Ferrovias justamente para olhar com a atenção merecida o nosso setor logístico”, ressaltou o governador Jorginho Mello.
Segundo o presidente do Porto, Cleverton Vieira, os municípios localizados num raio de 100 quilômetros de distância do Porto de São Francisco concentram 50% do PIB industrial dos estados de Santa Catarina e do Paraná. O fato torna o Porto uma das principais portas de entrada de matéria-prima para abastecer a indústria metalmecânica do Norte catarinense.
“Assegurar as melhores condições para a recepção e o transporte dos insumos até as indústrias é um compromisso do governador Jorginho, sendo uma das principais metas do Porto”, garante Vieira, acrescentando que a eficiência da cadeia logística é um elemento essencial para que a produção industrial catarinense continue sendo referência no segmento.
Dados gerais do Porto de São Francisco
– 3º melhor porto em desempenho do Brasil em 2023.
– 5º lugar no ranking ambiental entre os 35 portos públicos brasileiros.
– 9º maior porto do Brasil em movimentação de carga geral.
– Maior extensão de cais entre os portos catarinenses (1,5 km), dividido em sete berços de atracação.
Assessoria de Comunicação do Porto de São Francisco do Sul
Billy Culleton | billy@portodesaofranciscodosul.com.br
(48) 99968-3091
Diário do Comércio - MG 26/06/2023
O governo brasileiro reativou, em abril, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI), após sete anos paralisado, visando debater e elaborar uma nova política industrial para o País, com foco em inovação, sustentabilidade, competitividade e responsabilidade social. Na última semana, a União estabeleceu 21 instituições da sociedade civil que vão compor o colegiado ao lado de 20 ministérios e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Entre as instituições participantes do colegiado, estão o Instituto Aço Brasil, o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) e a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). Em entrevista ao DIÁRIO DO COMÉRCIO, dirigentes das três entidades celebraram o convite para compor o CNDI e destacaram a sua importância.
O presidente do Instituto Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes, disse que a instituição se sente honrada em participar. Ressaltou também que das 14 entidades que compõem a coalizão indústria, 12 fazem parte do CNDI, sendo oito membros titulares e quatro convidadas.
“Por que isso é extremamente importante? Porque a agenda da indústria do aço está perfeitamente em sintonia com a agenda da coalizão indústria. Então, fundamentalmente, temos a expectativa de que no âmbito do CNDI, a gente continue tratando das questões prioritárias para o setor e para a indústria como um todo”, afirmou.
Já o presidente da Abimaq, José Velloso, disse que a volta do CNDI foi uma excelente iniciativa. Isso porque o Brasil está carente de política industrial e atravessa, há bastante tempo, um processo de desindustrialização, se mostrando um País ruim para negócios, devido ao alto custo de se produzir por aqui e do pouco estímulo dado aos empresários. Ainda ressaltou que a indústria de máquinas se faz presente em quase todos os setores e que o setor industrial é um pilar fundamental para o crescimento da economia brasileira.
“O Brasil entrou em um processo de desindustrialização precoce. Precoce porque o Brasil não melhorou sua renda e brasileiro tem uma renda baixa. É um País pobre, que precisa de geração de empregos de qualidade, que tenham melhores remunerações e que tenham mais tempo de estudo, e também em um setor que tenha mais inovação. Isso tudo você só consegue na indústria”, salientou.
Fonte: CNDI
Enquanto isso, o diretor-presidente do Ibram, Raul Jungmann, destacou que a inclusão do setor mineral no CNDI é uma conquista tanto para a atividade quanto para o País. Conforme ele, o setor extrativo mineral está alinhado com importantes questões como a sustentabilidade ambiental. E investirá entre 2023-2026 cerca de US$ 50 bilhões, especialmente em minerais críticos na transição para uma economia de baixo carbono, e que esta não existirá sem o setor mineral.
“Celebramos essa inclusão como algo muitíssimo importante para o setor, mas não só para ele, mas também para o Brasil e para o próprio futuro da humanidade, até porque o País tem um potencial extraordinário para abastecer o mundo no que diz respeito aos minerais estratégicos. Sem eles não há transição possível, nem solução para a crise do clima”, disse.
Recriação do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial
No decreto de recriação do CNDI ficou definido que compete ao comitê executivo, fórum técnico do Conselho, composto apenas por representantes governamentais, diversas tarefas. Caberá a eles, por exemplo, propor diretrizes e medidas para a melhoria da produtividade e da competitividade da indústria nacional e do ambiente de negócios nacional.
Na primeira reunião do comitê, em maio, os membros determinaram um conjunto de sete macrodesafios a serem enfrentados pela política industrial a ser elaborada. As missões como foram chamadas foram estabelecidas a partir dos grandes problemas sociais e de desenvolvimento brasileiro. O grupo também decidiu sobre a divisão das atividades do colegiado por grupos temáticos, cada um relacionado a uma missão específica.
Os macrodesafios do CNDI são os seguintes: cadeias agroindustriais sustentáveis e digitais para erradicar a fome; complexo da saúde resiliente para a prevenção e o tratamento de doenças; infraestrutura sustentável para a integração produtiva; transformação digital da indústria; descarbonização da indústria, viabilização da transição energética e bioeconomia; tecnologias críticas para a soberania e a defesa nacionais; e moradia e mobilidade sustentáveis para o bem-estar nas grandes cidades.
Confira as 21 instituições integrantes do CNDI
Além da Abimaq, do Ibram e do Instituto Aço Brasil, integram o CDNI as seguintes instituições: Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia); Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim); Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea); Grupo FarmaBrasil; Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast); Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic); Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib); Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee); Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi); Associação Brasileira da Indústria de Semicondutores (Abisemi); Associação de Empresas de Desenvolvimento Tecnológico Nacional e Inovação (P&D Brasil); Embraer S.A.; Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e de Tecnologias Digitais (Brasscom); União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Única); Central Única dos Trabalhadores (CUT); Força Sindical; União Geral dos Trabalhadores (UGT) e a Confederação Nacional da Indústria (CNI)
O Estado de S.Paulo - SP 26/06/2023
Um incêndio de grandes proporções atingiu três galpões de uma distribuidora de aço na região da Grande SP na noite desta sexta-feira, 23. De acordo com o Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado, a empresa fica em Santo André, na rua Felipe Camarão, na altura do nº454, em região considerada divisa com o município de São Caetano.
De acordo com a corporação, o chamado foi feito às 21h30. No início da ocorrência, 14 viaturas foram acionadas para controlar as chamas. Por volta das 23h, porém, o número já tinha aumentado para 21. Segundo os Bombeiros, o fogo foi extinto por volta de 1h deste sábado, 24, sem vítimas.
Pelas redes, pessoas que estão próximas da distribuidora gravaram a cena. Preocupadas, algumas questionam os Bombeiros sobre a eventual necessidade de moradores da região evacuarem a área, e alertam para o fato de que outras empresas instaladas na região também poderiam pegar fogo por trabalharem com produtos inflamáveis.
Na última quinta-feira, 22, uma unidade da empresa petroquímica Braskem também pegou fogo em um tanque. Uma pessoa morreu e outras quatro ficaram feridas. Em nota, a empresa informou que o tanque estava em manutenção e a brigada de emergência do polo industrial foi acionada assim que o incêndio começou.
A vítima era um funcionário de uma terceirizada que prestava serviços para a Braskem no momento do incêndio. Na hora do acidente, estava sendo feito um trabalho de pintura no tanque onde as chamas começaram.
Globo Online - RJ 26/06/2023
Apesar da ausência do esperado sinal de que o Banco Central iniciará em breve o seu ciclo de cortes nos juros, boa parte dos economistas continua acreditando que o Copom reduzirá a Selic quando chegar a próxima reunião do comitê, em agosto.
O conservadorismo do comunicado desta semana foi considerado sem sentido por governo, indústria, varejo e até por uma parte do mercado financeiro.
Então por que as apostas em uma queda em agosto, quando os juros em 13,75% ao ano farão aniversário, se mantém? Para se ter uma ideia, uma pesquisa feita pela XP com fundos de investimento após a decisão mostrou que 52% deles continuam acreditando em corte.
Lentidão do Focus em refletir as expectativas
Há algumas razões para isso, e uma delas é curiosa: a lentidão dos economistas ouvidos semanalmente pela pesquisa Focus, do BC, em atualizar suas projeções para a economia no sistema da instituição.
Tanto que muitos economistas acreditam que, quando o Copom se reunir de novo, daqui a pouco mais de um mês, a expectativa para o IPCA do ano que vem já estará bem abaixo de 4% (que é o número atual). E mais perto da meta de 3%.
- Muita gente acredita que está contratada uma redução da expectativa de inflação do Focus em algumas semanas – explicou Ivo Chermont, economista-chefe da Quantitas, ao blog. - É claro que o BC não pode trabalhar com estimativas informais. Mas o fato é que o Focus demora um pouco para ser atualizado.
Chermont explica que parte dos especialistas deixa para inserir suas projeções atualizadas no sistema na data limite (ou data crítica, que é o termo técnico) para que essas expectativas sejam levadas em conta para o Top 5 do Banco Central, que calcula os bancos e corretores que mais acertam as previsões.
Esta sexta, por exemplo, é uma data crítica.
Isso é importante porque um dos principais pontos que o Copom leva em conta para decidir os juros é exatamente a expectativa do mercado para indicadores como inflação, juros, PIB e dólar (a razão é que uma decisão sobre taxa de juros tomada hoje só terá impacto muitos meses à frente).
Na avaliação de Chermont, o BC pode ter dado o recado de forma mais conservadora exatamente para reduzir ainda mais as projeções para a inflação, o que permitirá um ciclo mais intenso ou mais rápido de queda da Selic à frente.
- O Banco Central não é o lobo mau que quer assustar criança. Eles olham parâmetros e trabalham para colocar a inflação na meta – ponderou o economista. - O recado pode ter sido propositalmente mais conservador para criar condições que criem uma queda mais intensa ou rápida lá na frente.
Ele lembra que há um comparativo feito pelo BC e pelo Itaú das condições da economia, inflação e atividade em momentos de início de ciclos de corte da Selic.
- Quando se olha os últimos quatro ciclos, as condições de hoje são piores para redução de juros.
Indicadores continuarão melhorando
Além dessa demora do Focus em refletir a realidade das expectativas, o fato é que a avaliação atual é que os indicadores continuarão a melhorar nas próximas semanas, o que dará segurança ao BC para iniciar o ciclo de afrouxamento da Selic.
A tendência cada vez mais é de desaceleração da inflação (é só lembrar que a última prévia do IGP-M mostra queda de 6,72% em 12 meses) e atividade cada vez mais fraca, pelo menos na parte da economia que não está sendo impulsionada pela safra recorde de grãos prevista para este ano. O indicador de atividade do Itaú Unibanco, por exemplo, apontou para um recuo de 1,3% em maio.
- É claro que o BC não pode trabalhar com estimativas informais – afirmou Chermont. - Mas muita gente olha os dados e conclui que tem uma série de coisas acontecendo que permitirão ao BC cortar os juros lá na frente.
Frase do comunicado entreabre a porta para um corte
Parte dos economistas aposta em um corte de juros já no próximo encontro do Copom por causa do trecho final do comunicado da decisão desta semana, em que o comitê diz que acompanhará os próximos dados de inflação e de expectativas.
Como a avaliação é que os dados e expectativas continuarão a melhorar, como explicado acima, o mais provável seria que há espaço para redução.
- [O Copom] relembra que os passos futuros da política monetária dependerão da evolução da dinâmica inflacionária, em especial dos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação, em particular as de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos - diz o comunicado.
Na linguagem complicada dos bancos centrais, o comitê estaria apontando que, se os próximos dados de inflação e atividade econômica continuarem vindo positivos, há espaço para corte.
- O Copom não sinalizou explicitamente ou implicitamente um corte no encontro de agosto - avaliou o economista Alberto Ramos, do Goldman Sachs, que acredita em corte na reunião de agosto ou sinalização de redução em setembro. - Mas ao adotar uma posição mais neutra e dependente de dados, apontou que a inflação, expectativas e balanço de riscos continuam a melhorar.
Monitor Digital - RJ 26/06/2023
Um dia após a decisão do Banco Central de não reduzir a taxa Selic, mantendo os juros reais (descontada a inflação) no Brasil no topo do ranking mundial, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, fez os cálculos do impacto da decisão sobre as contas públicas.
“Cada um ponto percentual da taxa Selic custa R$ 38 bilhões. Na prática, se a taxa estiver cinco pontos percentuais acima do aceitável, o custo da dívida aumenta R$ 190 bilhões. Você fica fazendo economia de R$ 1 bilhão, de meio bilhão, e acaba gastando quase R$ 200 bilhões a mais, em razão de ter uma taxa Selic nessa altura”, explicou Alckmin em coletiva à imprensa na noite desta quinta-feira.
“Não há oposição do governo ao Banco Central e nem ao Copom; agora a crítica, ela é importante”, advertiu o presidente em exercício. “A manutenção da taxa Selic não prejudica apenas a atividade econômica, na medida em que inibe investimento, dificulta o comércio, prejudica a indústria e o setor do agro. Mas ela também tem outro impacto que é do ponto de vista fiscal, porque quase metade da dívida pública brasileira é ‘selicada’”, explicou.
Alckmin fez referência à situação internacional que, atualmente, tem juros negativos e queda de inflação. No Brasil, a inflação oficial (IPCA, calculado pelo IBGE), está em queda, e o IGPM em deflação.
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“Veja que, em 2020, a inflação era maior”, comparou. Hoje ela está em 3,9%, enquanto em 2020 era um pouco acima de 4% (e a taxa Selic era 2%). “Você tinha juros negativos de 2%; inflação de 4%; taxa Selic de 2%. É claro que em determinados momentos você tem que subir. O problema é manter por tanto tempo, essa que é a questão”, concluiu.
A coordenadora nacional da Auditoria Cidadã da Dívida (ACD), Maria Lucia Fattorelli, destacou que as afirmações de Alckmin vão ao encontro do que a ACD sempre destacou.
Fattorelli lembrou ainda que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, está cumprindo o que havia declarado. “Os exemplos brasileiros mostram que você tem que colocar o País em recessão para recuperar a credibilidade”, afirmou o neto de Roberto Campos em dezembro de 2021, durante entrevista virtual com jornalistas sobre o Relatório Trimestral de Inflação (RTI).
IstoÉ Dinheiro - SP 26/06/2023
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a defender nesta sexta-feira, 23, o uso de moedas alternativas ao dólar para transações comerciais internacionais. Em Paris, Lula disse que irá pautar o debate nas cúpulas do Brics (bloco formado com Rússia, China, Índia e África do Sul), em Johanesburgo, em agosto, e do G20, em Nova Délhi, em setembro.
A pauta agrada a potências rivais dos Estados Unidos, por contestar a predominância da moeda norte-americana como padrão internacional.
O presidente já propôs a criação de uma moeda sul-americana com essa finalidade, bem como uma no âmbito do Brics. Brasil e China estabeleceram neste ano as bases para transações diretas entre real e yuan, sem necessidade de conversão ao dólar.
“Tem gente que se assusta quando eu falo que é preciso a gente criar novas moedas para fazer comércio. Não sei por que Brasil e Argentina têm que fazer comércio em dólar. Não sei por que Brasil e China não podem fazer nas nossas moedas. Por que eu tenho que comprar dólar? Essa discussão está na minha pauta e se depender de mim ela vai acontecer na reunião do Brics e também na reunião do G20.”
O Estado de S.Paulo - SP 26/06/2023
Dia 29 haverá mexida na meta de inflação. Não será o que o presidente Lula pretendia há alguns meses, quando já malhava impiedosamente o Banco Central na condução de sua política de juros e, também, o que entendia como alta demais a atual meta. Mas alguma coisa será feita para evitar atribuir ao presidente Lula uma pressão indevida.
Vamos por partes. A meta de inflação é definida pelo governo, 30 meses antes do início do ano a que se refere. No dia 29, deverá sair a meta de 2026. Cabe ao Banco Central calibrar o volume do dinheiro no mercado (e, portanto, um dos seus preços, os juros – o outro é o câmbio), de maneira a empurrar a inflação para a meta.
O governo, no caso, é o Conselho Monetário Nacional (CMN) que conta com três membros: o ministro da Fazenda, o ministro (no caso, a ministra) do Planejamento e o presidente do Banco Central.
Para manter silêncio a respeito do tema, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, vem alegando que “a meta de inflação é um não assunto”, pelo menos até o dia 29. Mas não pode ser um não assunto o objeto de tantos ataques por parte do presidente Lula, membros do governo e da base aliada.
A novidade é a de que, no momento, a inflação está em queda. Em junho, provavelmente não ficará muito distante dos 3% em 12 meses. Isso indica que não há como elevar a meta de 2026, dos atuais 3,0% (em 2024) para 4,0%, como pretendia o presidente Lula, para que o Banco Central reduzisse mais rapidamente os juros, já que poderia trabalhar com uma meta mais larga.
Mas, para evitar que digam que o governo teria feito uma enorme tempestade inutilmente, é provável que a decisão desta vez seja de apenas acabar com a obrigação de obter a inflação anual na meta a cada 31 de dezembro. Ou seja, em vez de considerar o ano-calendário, a meta de inflação poderá agora ser contínua – a ser perseguida no período de 12 meses, como vem defendendo o ministro Fernando Haddad.
A pergunta que fica no ar é se, nessas condições, faria sentido manter o intervalo de tolerância, tanto para cima como para abaixo da linha da meta, para que o objetivo possa ser atingido. No momento, essa faixa de tolerância é de 1,5%. Isso significa que a meta de 2023, que é de 3,25%, será considerada formalmente cumprida se, ao fim do ano, a inflação terminar em um ponto qualquer entre 1,75% e 4,75%.
Essa área de escape existe porque é difícil cravar a mosca no alvo numa data determinada. Se a meta passa a ser contínua, como é na maioria dos países avançados do mundo, os níveis de tolerância deixam de ter importância.
O Estado de S.Paulo - SP 26/06/2023
Longe ficou o tempo em que os grandes nomes da indústria, desde a Avenida Paulista, no coração do Estado mais rico do País, pontificavam na vida nacional. Nas últimas quatro décadas em que o Produto Interno Bruto (PIB) passa por altos e baixos, o protagonismo da indústria tem se desintegrado e as perdas passaram a se refletir também no poder de influenciar nas políticas que atingem o setor diretamente. Empresários e políticos avaliam que a situação poderá mudar. Há menos dois meses, parlamentares, com o apoio da Confederação Nacional da Indústria (CNI), resolveram organizar um grupo nos moldes da bem-sucedida Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA).
O primeiro teste para a atuação conjunta do grupo que ganhou o nome de Frente Parlamentar Mista da Indústria e reúne, até agora, 290 deputados e senadores, já tem data para ocorrer: a discussão da reforma tributária. “Temos menos indústria e muito menos representatividade do que poderíamos ter”, admite o gerente-executivo de Economia da CNI, Mário Sérgio Telles.
“Se a frente influenciar e trabalhar em defesa da visão da indústria, em um projeto que consiga equalizar o peso dos impostos, simplificando e trabalhando por justiça social, certamente conquistará um importante espaço no Parlamento”, acredita o presidente em exercício da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), Luiz Césio Caetano. Até agora, pondera ele, o setor tem ficado a reboque de iniciativas isoladas e interesses individuais. “Devemos acabar com a omissão. Precisamos ser relevantes nas decisões do Congresso que se refletem nos nossos negócios e na vida nacional”, completa.
É um setor muito disperso, de concorrência entre os principais interlocutores. Veja o caso da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e da CNI (Confederação Nacional da Indústria) que disputam protagonismo. Não há união
José Rocha (União Brasil-BA), coordenador da nova frente parlamentar
O coordenador da nova frente, deputado José Rocha (União Brasil-BA), reconhece que o desafio é “imenso”. Diferentemente do que ocorre com o agronegócio, Rocha explica que o setor industrial carece de líderes fortes que defendam seus interesses. “É um setor muito disperso, de concorrência entre os principais interlocutores. Veja o caso da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e da CNI que disputam protagonismo. Não há união”, observa. A frente parlamentar é suprapartidária.
Não é preciso perguntar muito para perceber que conciliar interesses, até mesmo ideologias e preferências políticas, exigirá muito jogo de cintura de quem quiser chegar a um consenso. No Rio Grande do Sul, Estado eminentemente bolsonarista, a Federação das Indústrias local (Fiergs) acompanha a evolução das medidas econômicas do governo Luiz Inácio Lula da Silva para aumentar ou diminuir investimentos no setor. “Há muita incerteza econômica e a confiança está em baixa, neste começo de governo. A indústria gaúcha deverá ser cautelosa e esperar um cenário com melhores condições para efetivar os investimentos”, afirma o presidente da Fiergs, Gilberto Porcello Petry.
Pesquisa da Unidade de Estudos Econômicos (UEE) da entidade aponta que, em 2022, a proporção de empresas que investiram cresceu pelo segundo ano consecutivo. Foram 2,5% acima do registrado em 2021 e 11,2% maiores do que em 2020. Entretanto, para 2023, o levantamento sinaliza um cenário desfavorável. Apenas 54% das empresas têm intenção de investir. “A indústria gaúcha, sem uma sinalização de estabilidade, continuará esperando o desenrolar dos acontecimentos”, acrescenta Petry.
Por sua vez, o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Flavio Roscoe Nogueira, afirma que o País vive uma conjuntura “muito ruim” para a indústria. “O que conta ainda em nosso favor é que somos um segmento muito importante da economia e, em qualquer nação desenvolvida, ele acaba sempre tendo relevância política”, observa. Ele diz não acreditar que seja fácil aglutinar os interesses do setor em uma frente, mas considera positiva a iniciativa.
Alguns dos grandes entraves precisam ser decididos no Congresso. Veja, por exemplo, a reforma trabalhista. É preciso reformar a reforma rapidamente porque aquela que foi feita é pífia. (...) É a mais cara mão de obra do mundo e a Justiça trabalhista continua sendo a mais protetora do mundo também
Flavio Roscoe Nogueira, presidente da Fiemg
“Alguns dos grandes entraves precisam ser decididos no Congresso. Veja, por exemplo, a reforma trabalhista. É preciso reformar a reforma rapidamente porque aquela que foi feita é pífia”, critica Nogueira. “É a mais cara mão de obra do mundo e a Justiça trabalhista continua sendo a mais protetora do mundo também”, reclama.
De acordo com estimativa apresentada pela CNI no Dia da Indústria, o Custo Brasil (que inclui os encargos trabalhistas) retira R$ 1,5 trilhão das empresas, o equivalente a 20,5% do PIB.
Indústria de transformação estagnada e divergências
Na opinião do presidente da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast), José Ricardo Roriz Coelho, à medida que a indústria de transformação não cresce, o setor perde reconhecimento e o consenso entre os representantes se torna muito difícil. Ele cita como exemplo o agronegócio que tem uma das mais poderosas frentes do Congresso. “Eles pensam todos iguais? Não. Mas debatem suas divergências, chegam a um acordo e levam essa posição adiante. Eles têm um Roberto Rodrigues (ex-ministro da Agricultura). Nós temos quem?”, pergunta.
Os nomes que a indústria tem, acrescenta Roriz, brigam entre si até nas mesmas instituições. No começo deste ano, a CNI precisou interferir numa disputa territorial em que o ex-presidente da Fiesp Paulo Skaf tentou organizar um levante entre os filiados para derrubar do cargo o presidente eleito, Josué Gomes da Silva.
O episódio, segundo Roriz, demonstra o grau de vaidade e intrigas envolvendo o setor industrial. E, pior, os industriais não são, considera ele, bem vistos pela população. Outro ponto que difere é que o agro produz alimentos e, segundo Roriz, consolidou uma imagem de que “alimenta o Brasil e o mundo”. “A opinião pública acha que os industriais vivem de subsídios e que estão sempre chorando.”
Segundo o presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), o empresário e engenheiro Rafael Cervone, também primeiro-vice-presidente da Fiesp, o agro, desde 1973, trabalha com um plano estruturado e consolidado. O mesmo não acontece na indústria, que vem perdendo espaço no panorama nacional. “Nós não precisamos de Protec ou de campeãs. Necessitamos apenas de segurança jurídica e previsibilidade. Isso, sim, vai permitir agregar valor à indústria. E são essas questões que precisam ser defendidas no Congresso”, afirma Cervone.
Para ele, uma frente parlamentar vai ajudar na mobilização e trabalhará melhor as questões mais importantes. “A indústria tem mais de 130 setores, é bem difícil fazê-los convergir. Por isso precisamos de uma bancada que seja forte, que pense no País, e não no setor. Porque não podemos seguir vivendo em um País onde os únicos que ganham dinheiro são os bancos. Algo está muito errado”, afirma Cervone.
Perda de peso da indústria de transformação
Um estudo do Observatório da Produtividade, da FGV-Ibre, consegue traçar as razões da perda do peso da indústria de transformação nacional. O documento mostra uma queda em torno de 1% ao ano na produtividade nos últimos 30 anos. No mesmo período, a produtividade na agropecuária aumentou em média 5,5% ao ano. “E por quê?”, pergunta o professor e coordenador do Núcleo de Contas Nacionais na FGV-Ibre, Claudio Considera, respondendo ele mesmo: “O agro tem um plano estruturado, e é isso que vai agregar valor à indústria e ajudar a sair da crise. O que não podemos é ficar, por exemplo, criando incentivos para a indústria automobilística. Isso é uma besteira. Uma estupidez do tamanho de um bonde”, critica Considera.
O deputado José Rocha, por enquanto, diz que está tomando pé do terreno onde vai pisar. Mas está convencido de que com o apoio da CNI e os dados negativos que vêm sendo colhidos pela indústria de transformação, há uma boa chance de união. “Vamos deixar de ser um setor desarticulado”, afirma.
O Estado de S.Paulo - SP 26/06/2023
Roma é um excelente lugar para reclamar dos juros e acusar o presidente do Banco Central (BC) de jogar contra a economia brasileira. Paris, etapa seguinte da mesma viagem, também serviria, mas o assunto estava quentíssimo na quinta-feira. A dolorosa taxa de 13,75%, uma das mais altas do mundo, havia sido mantida no dia anterior pelo Copom, o Comitê de Política Monetária do BC. Com mais uma visita à Europa, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva completou sete idas ao exterior em menos de seis meses de mandato. Pouco se dedicou às prosaicas tarefas da administração, mas o ministro da Fazenda vem batendo o ponto regularmente e as projeções têm melhorado. Em um mês o crescimento econômico estimado para este ano passou de 1,20% para 2,14%, segundo a pesquisa Focus, conduzida semanalmente no mercado financeiro. Mas continuaram deprimidos e deprimentes os números calculados para os anos seguintes: 1,20% para 2024, 1,80% para 2025 e 1,90% para 2026. Todo o cenário é medíocre. Culpa do BC com sua política de juros altos? O presidente Lula, alguns economistas e muitos empresários insistem nessa explicação, tão simples e cômoda quanto enganosa.
O Brasil está emperrado há pelo menos dez anos, tendo raramente superado, nesse período, a taxa anual de expansão de 2%. A economia pouco avançou mesmo em fases de juros baixos. Além disso, o País pouco se preparou para ganhar dinamismo. Desde o ano 2000 o investimento em meios físicos de produção, como equipamentos, máquinas e obras de infraestrutura, equivaleu em média a 18% do Produto Interno Bruto (PIB). Manteve-se, portanto, muito abaixo dos níveis observados em outras economias emergentes, frequentemente superiores a 24%. Além disso, a partir de 2015 a média nacional foi inferior a 17%, segundo o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre-FGV).
Crescimento econômico envolve muito mais que dinheiro barato e estímulo ao consumo, outra condição valorizada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Juros baixos são importantes, mas a decisão de investir depende também da confiança no governo, da segurança institucional e da expectativa de condições favoráveis. Mas também é preciso levar em conta a formação do chamado capital humano, por meio da educação em todos os níveis e do treinamento para o trabalho. A qualidade da mão de obra é especialmente importante quando se investe em sistemas de produção modernos e tecnicamente complexos. Isso se aplica tanto à indústria quanto à agropecuária, atualmente o setor mais dinâmico e mais competitivo da economia brasileira.
A condição especial do agronegócio é explicável tanto pela evolução do setor nas últimas quatro décadas quanto pelo enfraquecimento da indústria. O setor industrial brasileiro está em crise há pelo menos dez anos. As perdas mais graves têm ocorrido no segmento de transformação, o mais diversificado e mais presente no dia a dia da maior parte das pessoas. Sua produção inclui roupas, sapatos, comida, bebida, equipamentos elétricos e eletrônicos, móveis e outros bens de uso doméstico, veículos, máquinas e equipamentos industriais, cosméticos, material de higiene e limpeza e medicamentos, entre outros bens.
A crise talvez tenha ficado mais perceptível a partir da pandemia. Em abril, a produção da indústria foi 0,6% menor que a do mês anterior e 2,7% inferior à de um ano antes, ficando 2% abaixo da alcançada em fevereiro de 2000, quando se confirmaram os primeiros casos de covid. Em quatro meses, o setor produziu 1% menos que entre janeiro e abril de 2022. Em 12 meses o resultado foi 0,2% inferior ao do período precedente. Além disso, a média móvel do trimestre fevereiro-abril foi 18,5% menor que o volume alcançado em maio de 2011, pico da série histórica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O quadro é especialmente dramático no caso dos bens de consumo duráveis, com produção 42,7% inferior à de março de 2011.
Essas e outras comparações em períodos longos tornam indisfarçável o encolhimento da atividade fabril. Não se trata da migração para um estágio pós-industrial, semelhante ao observado em economias avançadas, mas de um retrocesso. O Brasil vem perdendo uma condição alcançada em décadas de muito investimento e de enorme esforço de industrialização.
Não se pode falar de um desastre repentino. A desindustrialização tem sido um processo longo e atribuível a fatores bem definidos. Houve uma inegável desatualização das políticas. Pouco se cuidou da integração global e da competitividade, perderam-se recursos com benefícios fiscais mal desenhados, manteve-se uma tributação inadequada e faltaram estímulos ao investimento em capacidade e em tecnologia. O vice-presidente Geraldo Alckmin, ministro do Desenvolvimento, tem um programa de reindustrialização, mas falta verificar se o governo conseguirá executá-lo com eficiência. Se o governo, além disso, mostrar seriedade na gestão das contas públicas, facilitará a redução dos juros. Essa é uma agenda muito melhor que brigar com o Banco Central.
O Estado de S.Paulo - SP 26/06/2023
Nos últimos três anos, os analistas vêm subestimando, por larga margem, a taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Os dados a seguir comparam as projeções medianas da pesquisa Focus, do Banco Central, no final do ano anterior (exceto 2020, quando eclodiu a pandemia, em que tomei as previsões do final de abril do mesmo ano) com as taxas efetivamente observadas. Vejamos.
Projeção para 2020: -6,48%; realizada: -3,3%.Projeção para 2021: 3,4%; realizada: 5,0%.Projeção para 2022: 0,36%; realizada: 2,9%.
Para 2023, as projeções ao final do ano passado indicavam crescimento do PIB de 0,8%. Assim que foi divulgado o resultado do primeiro trimestre, a projeção mediana saltou para 2,14%. Erros de projeção são comuns, mas o que vemos nesses dados são subestimativas persistentes e de grande magnitude.
Vários fatores podem explicar isso e não cabe aqui uma análise detalhada. Limito-me a destacar o que parece ser o principal motivo: os analistas não têm dado a devida importância para o efeito sobre a demanda agregada do expressivo crescimento da renda associada aos setores agropecuário e de óleo e gás.
De acordo com conceito utilizado pelo Banco Mundial (BM), essa renda, altamente correlacionada com o valor adicionado do PIB, é igual à diferença entre o preço de mercado e o custo médio de produção, multiplicada pela quantidade produzida. Conforme estimativas do BM (até 2021), complementadas pelo economista Bráulio Borges (FGV e LCA Consultores), essa renda saltou de 2,9% do PIB (média de 2015 a 2020) para cerca de 7,5% do PIB no biênio 2021/2022, devendo se manter nesse patamar em 2023. Observe-se que em 2011, no auge do superciclo de commodities, foi de 5% do PIB.
É voz corrente que o crescimento surpreendente do PIB no primeiro trimestre de 2023 decorreu apenas do grande salto na produção do setor agropecuário, ou seja, de um choque positivo de oferta. Dado que a demanda interna está fraca e o choque positivo não vai se repetir, haveria expressiva desaceleração da economia no restante do ano.
Sem dúvida, o crescimento do PIB no início deste ano foi excepcional e não se manterá nos demais trimestres. No entanto, não se pode esquecer que o PIB é igual à renda interna bruta. Ou seja, o crescimento da renda no setor de recursos naturais aumenta a poupança dos produtores e posteriormente tende a elevar a demanda interna.
Quem vive ou viveu no interior sabe que posteriormente às boas safras se compram tratores, implementos agrícolas e carros do ano e lotam-se os shopping centers. Assim, não será surpresa se a taxa de crescimento do PIB, em 2023, se igualar ou até mesmo superar os 2,9% de 2022. Lula da Silva comemorará, mas dificilmente esses números se repetirão no restante do seu mandado. A economia já opera no seu potencial, e reformas estruturais, se ocorrerem, demoram para surtir efeitos.
Infomoney - SP 26/06/2023
Os dias tranquilos da China sustentando a demanda por metais como cobre, alumínio e ferro acabaram, de acordo com a Jefferies.
Com a China enfrentando uma população em queda e desafios geopolíticos, a demanda de longo prazo agora será dominada pelos EUA e pela Europa, disseram analistas da Jefferies liderados por Christopher LaFemina, em nota.
“É mais provável que a China seja um vento contrário do que um vento favorável para a demanda na próxima década”, disseram eles. O superciclo da China, impulsionado pela urbanização e industrialização, acabou, e o ciclo de transição energética e descarbonização apenas começou, disseram os analistas.
A maior economia da Ásia tem sido um suporte crucial para os mercados de metais nas últimas duas a três décadas, enquanto o país entrava em uma farra de construção de infraestrutura. No entanto, a lenta recuperação pós-vírus da China mostra que pode não ter a potência necessária para impulsionar a demanda global à medida que faz a transição para uma economia mais voltada para serviços.
Essa dinâmica se refletiu nos mercados este ano, com a maioria dos metais caindo mesmo depois que Pequim abandonou sua política Covid Zero no final do ano passado.
O minério de ferro caiu 3,6% esta semana, negociado abaixo de US$ 110 a tonelada nesta sexta-feira (23) em Singapura, e acumula queda de 17% desde meados de março. O alumínio caiu cerca de 3% em Londres esta semana, e está em tendência de queda desde o final de janeiro. O cobre também chegou ao final da semana no vermelho.
Money Times - SP 26/06/2023
Em razão de feriados, os mercados chineses estão fechados nesta sexta-feira (23). Os contratos futuros de minério de ferro nas bolsas de Dalian e Cingapura ampliaram as perdas na quarta-feira (21), último dia de negociação, em uma semana marcada pela queda e quebra de expectativas.
Em consequência, as mineradoras apresentaram queda nesta semana. Na quinta (22) e na quarta, a Vale (VALE3) registrou variações de -0,54% e -1,01%, respectivamente. Na terça-feira (19), o resultado também foi negativo, caindo em 2,58%, a R$ 67,61.
Na pré-abertura do mercado de Nova York desta sexta-feira, a ação Vale ADR apresenta queda de -1,38%.
O contrato de minério de ferro de setembro mais negociado na Dalian Commodity Exchange, da China, encerrou as negociações diurnas de quarta com queda de 1%, a 797,50 iuanes (US$ 110,86) por tonelada métrica.
Na bolsa de Cingapura, o contrato de referência do minério de ferro caiu ainda mais, em 2%, a US$ 110,75 por tonelada métrica.
Os índices de referência de Dalian e Cingapura recuaram na terça de uma máxima de mais de dois meses. O movimento veio após cortes modestos nas taxas de juros de empréstimos da China desapontarem traders que esperavam por um suporte mais amplo, particularmente, para o setor imobiliário.
A taxa básica de empréstimo de cinco anos da China, que serve como taxa de referência para hipotecas, foi reduzida em apenas 10 pontos-base.
Valor - SP 26/06/2023
PIF, fundo soberano saudita, é favorito para ficar com 10% do negócio por US$ 2,5 bilhões
Bartolomeo, presidente da Vale: executivo tem destacado potencial de valorização da nova empresa, que poderia atingir valor superior ao da mineradora — Foto: Leo Pinheiro/Valor
No mundo dos negócios, quando duas empresas negociam uma associação ou compra de fatia acionária, mas a transação ainda não está fechada, os executivos costumam usar uma figura de linguagem segundo a qual existe um “namoro”, embora o “casamento” ainda possa demorar. Mesmo que a metáfora seja surrada, ela se aplica bem ao caso da mineradora Vale, uma das principais ações da bolsa brasileira. Em outubro de 2022, tornou-se pública a informação de que a companhia buscava um sócio para a unidade de metais básicos, o qual poderia comprar participação de 10% do negócio por cerca de US$ 2,5 bilhões.
Desde então o “namoro” avançou e está próximo de virar compromisso firme, o que é esperado para agosto ou setembro deste ano, apurou o Valor. O pretendente é o fundo soberano saudita, o Fundo de Investimento Público (PIF). Em maio, este jornal publicou que a mineradora havia recebido uma série de propostas vinculantes envolvendo os metais básicos.
Houve muitos interessados na transação. A lista, dizem fontes, começou com mais de 20 potenciais parceiros, foi reduzida para pouco mais de uma dezena para ser limitada, no fim, a meia dúzia. Na reportagem de maio, o Valor informou que a lista de interessados incluía grandes empresas da indústria automobilística, caso da GM, mas também fundos soberanos e de pensão, aí considerados o CPP, do Canadá, e os árabes QIA, do Qatar, e PIF, da Arábia Saudita. A relação considerava ainda tradings como a japonesa Mitsui, cujo grupo econômico é sócio da Vale.
A Vale não endossa publicamente nenhum dos nomes. Na terça (20), em comunicado ao mercado, confirmou que está buscando “ativamente” parceria para o negócio de metais não ferrosos como parte da estratégia de atrair investimentos e acelerar o crescimento do negócio. “A Vale vem atualizando o mercado sobre este assunto de forma regular, no entanto, neste estágio, não pode confirmar ainda o valor de um eventual investimento nem as partes envolvidas”, disse em um trecho do comunicado. Informou ainda que a transação faz parte de uma série de ações estratégicas, tomadas ao longo dos últimos 18 meses, para melhor posicionar o que chamou de Vale Metais Básicos e acelerar os planos de crescimento da empresa no Brasil, Indonésia e Canadá, países onde tem suas operações de produção de cobre e níquel, os principais produtos metálicos do portfólio.
Especialistas habituados a operações de fusão e aquisição (M&A, na sigla em inglês) dizem que transações como a que a Vale conduz nos metais precisam passar por diferentes etapas. Esse processo começa com ofertas não vinculantes para se chegar a propostas firmes. O candidato escolhido faz auditorias (“due diligence”, na linguagem corporativa) e entra-se então na fase final de contratos e documentações.
Embora o preço seja um fator importante para a transação, há outros elementos considerados e que, no caso da Vale, também têm peso relevante. O alinhamento na visão de governança corporativa é um deles. Fontes dizem que a proposta do PIF foi mais interessante para a Vale por considerar esses fatores combinados. O fundo soberano saudita também teria sido mais flexível em alguns pontos, tendo exigido condições consideradas “mínimas” para o acordo.
Transação vai permitir à Vale ter duas histórias diferentes, afirma análise BTG Pactual
Um executivo disse que há casos em que o potencial parceiro pode exigir um acordo mais restritivo, o que tenderia a dificultar, por exemplo, a entrada de outros parceiros no negócio no futuro. Não parece ser o caso com PIF. A transação já recebeu sinal verde do conselho de administração da mineradora e existe a possibilidade, mesmo que remota, de que os sauditas, se assim o desejarem, tragam com eles outro investidor ao qual poderiam ceder uma parte da fatia dos 10% no negócio.
O M&A nos metais na Vale é complexo e vem demorando pois trata-se de um negócio de grande monta. A Vale é a segunda maior produtora de níquel do mundo, atrás da russa Nornickel, e tem ativos de porte em cobre, embora não esteja entre os líderes no setor. Tomando por base o montante da transação (US$ 2,5 bilhões por 10% do negócio), se conclui que a unidade de metais da mineradora está sendo avaliada na casa dos US$ 25 bilhões (R$ 120 bilhões).
O presidente da Vale, Eduardo Bartolomeo, disse ao Valor, em dezembro, que a nova empresa de metais pode vir a superar o próprio valor de mercado da mineradora. Na sexta-feira (23), esse valor era de US$ 62,6 bilhões (R$ 299,1 bilhões), segundo o ValorData.
Todo o dinheiro arrecadado na transação será destinado ao caixa da nova empresa, que deverá ter sede em Toronto, no Canadá. Esse aporte de caixa será importante para fazer crescer o negócio. Só no Brasil existe a expectativa de que a empresa invista cerca de R$ 50 bilhões na próxima década em projetos de cobre e níquel na região Norte do país, entre expansões e projetos novos.
Em termos globais, considerando as operações também no Canadá e na Indonésia, a expectativa da Vale é triplicar a produção de cobre e também elevar o volume produzido de níquel. No Vale Day, encontro com investidores na bolsa de Nova York em dezembro, a Vale projetou que a produção de cobre possa chegar a cerca de 900 mil toneladas a partir de 2030 ante um volume de 253 mil toneladas em 2022. No níquel, a estimativa é alcançar mais de 300 mil toneladas no mesmo horizonte de tempo diante de 179 mil toneladas no ano passado.
O pano de fundo de todo esse movimento é a transição energética, a busca de governos e empresas por investir em fontes de energia mais limpas e reduzir as emissões de gases poluentes. Metais como cobre, níquel, cobalto e lítio são insumos para a produção de carros elétricos. O cobre também é usado como matéria-prima para projetos de geração eólica e solar.
Como a própria Vale indicou no comunicado de terça-feira (20), a empresa vem trabalhando há um ano e meio na separação do negócio de metais do restante da companhia, cujo carro-chefe é o minério de ferro, insumo da indústria siderúrgica para produzir aço. Com a separação dos metais, a Vale deve ter dois negócios independentes: minério de ferro e metais básicos.
Em relatório sobre os metais este ano, o BTG Pactual avaliou que a transação vai permitir à Vale ter duas histórias diferentes. Uma é a do minério de ferro, atividade que continuará a ser uma forte geradora de caixa (“cash cow”). Nesse segmento, disse o banco, as oportunidades de crescimento são limitadas e há perspectiva de que a geração de caixa livre siga sendo destinada para os acionistas na forma de dividendos e recompra de ações. Já o negócio dos metais é visto como uma plataforma para a transição energética que vai exigir fortes investimentos para atender a demanda do mercado.
Nesse período de 18 meses, no qual a Vale vem trabalhando na cisão dos metais, houve a separação gerencial do negócio. Foi contratado Mark Cutifani, ex-CEO da Anglo American, para o cargo de “chairman” da nova empresa. O colegiado também será integrado por Jerome Guillen, ex-executivo da Tesla. O novo sócio da Vale nos metais também terá um assento no conselho da nova companhia, que contará ainda com a participação de Eduardo Bartolomeo, o CEO da mineradora.
O cargo de presidente-executivo da nova empresa deverá ser ocupado por Deshnee Naidoo, que assumiu a vice-presidência de metais básicos da Vale em dezembro de 2021. Apesar de todos os esforços, a Vale ainda tem um longo caminho e um dever de casa a fazer nos metais, negócio no qual a empresa perdeu muito dinheiro na última década e meia por problemas operacionais nas minas herdadas da antigo Inco, no Canadá e na Nova Caledônia, esta já vendida. A expectativa é que o novo sócio chegue para facilitar essa nova fase de crescimento. Mas só o tempo dirá se o casamento vai dar certo.
O Estado de S.Paulo - SP 26/06/2023
O caminho do Brasil até a produção em massa de carros elétricos vai ser longo e gradual e deverá adentrar a próxima década. Até lá, o País deve cumprir metas de descarbonização com soluções locais, como veículos híbridos flex, que podem usar etanol. Caminhões e ônibus serão movimentados com gás, biodiesel e biometano, mas o segmento está mais avançado e já tem elétricos em produção.
Ainda assim, o País não deve ficar para trás no processo de descarbonização no transporte. Ao contrário, diz o CEO da Bright Consulting, Paulo Cardamone. “O Brasil pode ser um dos primeiros a atingir a meta de redução das emissões assumida na COP26 mesmo com porcentual pequeno de carros elétricos”.
Na Conferência do Clima das Nações Unidas (COP26), realizada em 2021, o governo brasileiro se comprometeu em reduzir à metade as emissões de gases do efeito estufa até 2030. Para Cardamone, o futuro será elétrico, mas o formato da transição será diferente de acordo com o país. O Brasil deve adaptar suas competências em combustíveis sustentáveis como etanol e biodiesel.
Estudo da Bright mostra que 7,4% das vendas de veículos no País em 2030 serão de modelos elétricos, enquanto a participação global será de 37,2%, puxada por China, Europa e EUA.
Masao Ukon, sócio diretor da consultoria BCG, ressalta que o mercado brasileiro já dá seus primeiros passos na eletrificação com a produção de caminhões e ônibus, mas concorda que o processo será gradual, principalmente no segmento de automóveis.
Ele lembra que carros híbridos, flex ou não, compartilham muitas tecnologias com os elétricos, como baterias, cabeamento e inversor de potência, o que permitirá a produção local de componentes e dos próprios veículos nos próximos anos. “O País tem tempo para se preparar.”
Veja as fases que o Brasil terá até o início da produção em série de carros elétricos e de quem é a responsabilidade pela implantação de medidas.
Apoio ao uso de etanol nos carros flex
Campanha de esclarecimento sobre o benefício do etanol. Seu uso reduz em cerca de 60% as emissões de CO2 ante a gasolina. A ideia é usar postos de combustível com ações como programa de milhagem para quem abastece com etanol. Competência do governo e de montadorasMelhora da eficiência do etanol, hoje de 70% da gasolina, para aumentar o desempenho do veículo e diminuir as paradas para abastecimento. Competência de montadoras e autopeças.Criação de uma política industrial que inclua o aumento da produção de etanol para que a maior oferta reduza o preço na bomba. Competência do governo, produtores e usinas.Ampliação de 27% para 30% na mistura de etanol na gasolina. Decisão de governo.
Renovação da frota
Programa de inspeção veicular. Iniciativa tem de partir de governos.Programa de renovação da frota para retirada de circulação de veículos velhos. Decisão tem de partir de governos e iniciativa privada.
Importação de carros elétricos
Volta da cobrança de Imposto de Importação (II) de 35% para carros elétricos, que está zerada desde 2015, e híbridos. Decisão do governo será anunciada em breve.Anfavea (associação das montadoras) defende a criação de cotas com imposto zero por cinco anos. A cota seria de 2 mil automóveis/ano e 1 mil de comerciais leves/ano para montadoras e importadores. Proposta da entidade ao governo.
Mudança na forma de calcular o IPI
Cálculo do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) passaria a ser feito de acordo com a eficiência energética e as emissões de cada automóvel. Proposta da Anfavea ao governo.Hoje a tarifa varia de acordo com a cilindrada do motor. Para modelos 1.0 flex é de 5,27%; acima de 1.0 até 2.0 é de 9,78% (gasolina) e 8,28% (flex); e acima de 2.0 a taxa é de 18,81% (gasolina) e 13.55% (flex).
Produção de carros híbridos flex
Empresas aguardam definição do governo sobre uma política industrial para a eletrificação. O híbrido opera com uma bateria e um motor a combustão – no caso do flex, pode usar etanol ou gasolina. Não é carregado na tomada e custa, em média, duas a três vezes menos que os elétricos.Não exige nova infraestrutura pois o País tem postos de combustíveis. Toyota e Caoa Chery já produzem híbridos flex. Volkswagen, Renault, Stellantis e GWM prometem produção local para 2024.Segunda fase do Rota 2030, ainda em discussão, vai estabelecer novas metas de emissões e eficiência energética, o que pode levar mais empresas a fabricarem carros híbridos ou importarem elétricos para atender as normas.O Rota 2030 também deve regular normas de segurança, estabelecer a medição da eficiência energética dos carros utilizando o método chamado de “poço à roda” (mede as emissões do escapamento do carro e da produção do combustível) e alinhar incentivos em P&D relacionados a combustíveis alternativos.
Produção de carros elétricos
Incentivo para pesquisa e desenvolvimento. Depende de política industrial do governo, iniciativa privada, universidades e centros de P&D.Incentivo à fabricação de baterias. Governo já informou que trabalha em projetos para atrair produtores.Incentivo à mineração e processamento de matérias-primas como lítio e níquel. Depende de política industrial do governo e iniciativa privada.Financiamento para infraestrutura pública de recarga rápida e ultrarrápida. A instalação de 100 mil postos de recarga em todo o País exigiria investimentos de R$ 10 bilhões. Hoje há cerca de 3,2 mil eletropostos, a maioria em grandes centros urbanos, segundo a ABVE (associação dos veículos elétricos). De competência dos governos e iniciativa privada.Desenvolver uma cadeia de reciclagem de baterias e do carro elétrico como um todo. De competência dos governos e iniciativa privada.
Carros a célula de combustível
Vários países estudam o uso do hidrogênio para gerar a energia dos automóveis, solução considerada a mais eficiente para o longo prazo. A Toyota já tem no exterior veículos com essa tecnologia, mas a produção ainda é restrita.O Brasil também está nessa rota, e, de novo, o etanol aparece como possível solução para ser o gerador da eletricidade. Empresas como Nissan, Toyota, GWM, Shell, Raízen e Hytron, universidades (USP) e centros de pesquisa (Ipen, RCGI e Senai CETIQT) trabalham no desenvolvimento dessa tecnologia. Necessidade de investimentos de governos e iniciativa privada.
O Estado de S.Paulo - SP 26/06/2023
Desde 2020, a revisão do Plano Diretor de São Paulo divide urbanistas. Após a primeira votação na Câmara, há três semanas, a celeuma se espraiou pelo debate público paulistano. Isso é positivo. Cidadãos se responsabilizando por sua cidade são, por definição, a base de uma cidadania construtiva. Mas as emoções extremadas sugerem uma contaminação desastrosa das políticas urbanas pela política partidária.
Planos Diretores são obrigações constitucionais dos municípios reguladas pelo Estatuto da Cidade, que normatizam o uso da propriedade urbana. O Plano vigente em São Paulo foi aprovado em 2014 para valer até 2029, com a meta de “reduzir as desigualdades socioterritoriais para garantir, em todos os distritos da cidade, o acesso a equipamentos sociais, a infraestrutura e a serviços urbanos”.
Como outras metrópoles nas Américas, o crescimento de São Paulo foi rápido, desordenado e orientado ao transporte individual. O resultado são as chamadas cidades 3D: distantes, desordenadas e desconectadas. Ao contrário da expansão típica dos EUA em subúrbios de classe média e baixa densidade, no Brasil prevaleceu a aglomeração de pessoas pobres nas periferias, de onde realizam longos deslocamentos em transportes públicos parcos e precários atrás de emprego, serviços e lazer no centro.
Para dar uma ideia desse espraiamento, o distrito mais denso de São Paulo, a República, tem a densidade média de Paris, que é mais que o dobro da média de São Paulo. Afora o centro, as zonas mais densas – como Sapopemba, Cidade Ademar ou Aricanduva – são periféricas, horizontalizadas e pobres.
O Plano reverte a dinâmica do espraiamento desordenado às periferias, mas não pela lógica da concentração indiscriminada no centro, e sim por um “adensamento inteligente”. A ideia é estimular construções próximas aos corredores e núcleos de transporte, ou seja, conectar a edificação imobiliária privada com a estrutura mobiliária pública, como as partes de um corpo conectadas por ossos, artérias e neurônios. São zonas vocacionadas a ser 3C, compactas, conectadas e coordenadas.
O Plano previu mais potencial construtivo e incentivos à construção para que espaços num raio de 600 metros das estações de metrô e numa margem de 300 metros dos corredores de ônibus sejam mais densos, verticalizados e de uso misto. A revisão propõe ampliar essas áreas, respectivamente, para 800 e 450 metros.
É legítima a preocupação de moradores com a descaracterização ou o congestionamento de seus bairros por excesso de construções. Mas, primeiro, essas zonas, qualitativamente cruciais, quantitativamente cobrem só 6% da área urbana. De resto, a verticalização em eixos de transporte público pode não só dinamizar a mobilidade, como preservar os “miolos de bairro” menos verticalizados, com mais comércio familiar, residências e espaços verdes. Há controles regionais de potenciais construtivos e, quanto à memória da cidade, há ferramentas, como os inventários, para preservar espaços e edifícios de valor histórico.
Assim, a revisão segue a proposta de “adensamento inteligente”. Longe de fazer terra arrasada do Plano, ela o amplia. Pode-se divergir se essa ampliação é mais ou menos inteligente, mas é estranho os críticos denunciarem o “caos” e a “destruição” a serviço da “voracidade” das incorporadoras. Se há essa voracidade, ela reflete o desejo dos cidadãos de morarem, trabalharem e se divertirem próximos uns aos outros, anseio que é a essência da cidade. A de São Paulo continua crescendo em população e renda. Construtores procuram atender a essa demanda onde for permitido, e, quanto maior a oferta, menor será o custo para viver na cidade.
É legítimo questionar a ideia do Plano de concentrar as ofertas nos eixos de transporte e, também, a ideia da revisão de ampliar essa concentração. Mas parece exagero, politicamente motivado, prever o “caos” se elas forem aprovadas. Pode-se discutir se 100 metros a mais ou a menos farão alguma diferença, mas o Plano, no seu conjunto, busca aproximar as pessoas da infraestrutura, dos serviços urbanos e dos equipamentos sociais, de modo a cumprir sua promessa de “reduzir as desigualdades socioterritoriais”.
O Estado de S.Paulo - SP 26/06/2023
A Câmara Municipal de São Paulo, que discute a revisão do Plano Diretor, apresentou esta semana o texto final do projeto de lei, que deve ser votado nesta segunda-feira, 26. Projeções feitas por pesquisadores indicam que a expansão dos eixos de verticalização ficou muito próxima ao que foi aprovado pelos vereadores em 1º turno, no dia 31 de maio.
A alteração havia sido anunciada inicialmente como recuo pelo Legislativo, que foi alvo de pressões diante da leitura de parte dos especialistas e das associações de bairro de que a proposta aprovada pela Câmara trazia aumento excessivo das áreas onde serão permitidos prédios sem limite de altura na cidade.
A alteração traz uma “pegadinha”, segundo parte dos urbanistas. Hoje, o perímetro dos eixos de verticalização é um limite de até 600 metros das estações de metrô e trem. A proposta atual aumenta para uma área “alcançada” por um raio de 700 metros. Mas isso, na prática, engloba porções a uma distância ainda maior das estações de metrô e trem, uma vez que pode incluir no perímetro de verticalização quadras inteiras que sejam, em alguma parte, atingidas por esse raio de influência.
Levantamento feito pelo Laboratório Arq.Futuro de Cidades do Insper aponta que o atual texto da revisão aumenta em até 148% a expansão dos eixos. A proporção da alta é parecida com a da versão aprovada pelos vereadores em maio (lotes a até um quilômetro da estação e a até 450 metros de corredor de ônibus), que permitia avanço de 160% dos trechos de verticalização.
Além disso, projeções realizadas por especialistas e confirmadas pelo Estadão mostram que o raio de influência poderá até alcançar imóveis a mais de um quilômetro do metrô e do trem.
No caso abaixo, mais de uma dezena de quadras no entorno da Estação Tatuapé, da Linha 3-Vermelha, poderão se tornar eixo de transporte mesmo com imóveis a mais de 700 metros do metrô, alguns com distância superior até mesmo a um quilômetro.
O distrito da zona leste é um dos polos de arranha-céus da cidade. Com a expansão das áreas sem limite de altura, poderá ver ainda mais edifícios altos despontarem na paisagem — o que é criticado por uma parte dos moradores e apoiado por outros.
Segundo o levantamento do Arq.Futuro, coordenado pelo professor Adriano Borges Costa, a mudança no Plano Diretor pode ampliar as áreas de eixo dos cerca de 51 quilômetros quadrados atuais para mais de 127 quilômetros quadrados. A versão do texto aprovada em primeira discussão (de lotes a até um quilômetro) previa expansão para 130 quilômetros quadrados. Para o pesquisador, trata-se, portanto, de uma diferença pequena.
No caso dos corredores de ônibus, a expansão foi aplicada para quadras alcançadas pela área de influência a 400 metros, ante a determinação anterior de quadras dentro de uma área a até 300 metros. Nessa redação do texto, quadras parcialmente atingidas pela linha de influência poderão ser totalmente transformadas em eixo.
Anunciada pelo relator, vereador Rodrigo Goulart (PSD), como um recuo dias antes da divulgação do novo substitutivo, a mudança foi um dos principais temas das duas audiências públicas devolutivas realizadas. A última está marcada para a segunda-feira, 26, pela manhã, horas antes da segunda e definitiva votação pelo Legislativo. Depois, o texto será encaminhado para promulgação do prefeito Ricardo Nunes (MDB).
O que é o Plano Diretor?
É a mais importante lei urbanística municipal, com uma série de regras e incentivos construtivos hoje evidentes na cidade, como a concentração da verticalização perto de metrô, trem e corredor de ônibus;A revisão estava prevista na própria lei e passou por adiamentos por causa da pandemia;O texto apresentado pela Câmara tem diversas mudanças em relação ao entregue pela PrefeituraA revisão terá a segunda e definitiva votação na Câmara Municipal nesta segunda-feira, 26, dias antes do recesso legislativoDepois de aprovado, o projeto será encaminhado para a promulgação pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB)
Relator do atual Plano Diretor, o ex-vereador e urbanista Nabil Bonduki falou sobre a questão na audiência pública de sexta-feira, 23. Ele ponderou que essa expansão pode ser barrada na revisão da Lei de Zoneamento, mas que é preciso discutir uma diretriz mais clara. “Se não, vai ser uma briga quarteirão a quarteirão”, afirmou.
“O nosso parcelamento do solo, os nossos loteamentos, não são regulares, como em Buenos Aires e Nova York, que têm quadras quadradas e do mesmo tamanho. São Paulo tem quarteirões de 500 metros, sem interrupção. Ao tocar nos 700 metros, podemos chegar a mail de mil (metros)”, disse.
Também divulgada na sexta, uma nota técnica divulgada pelo Fórum SP 23 — que reúne pesquisadores de urbanismo de diferentes universidades e instituições, o qual é coordenado por Bonduki — faz apontamento semelhante. “Continua gerando considerável incremento de área para adensamento”, destaca a publicação.
O texto aponta que incentivos para os eixos fazem com que empreendimentos nesses locais possam chegar a 14 vezes a área do terreno, ao incluir as várias “áreas não computáveis” (como comércio no térreo etc) no cálculo total do volume construtivo permitido para esses trechos. Isso seria algo a ser discutido ao envolver quadras mais para dentro dos “miolos de bairro”.
Além disso, a nota técnica pontua que uma expansão tão expressiva dos eixos criaria uma concorrência expressiva, uma vez que outras zonas de verticalização são ativadas por projetos específicos (os projetos de intervenção urbana, os PIUs, como os recentemente aprovados para a Vila Leopoldina e o Arco Jurubatuba) e uma parte ainda não foi tão transformada. No caso da expansão dos eixos, a mudança depende ainda de alterações na Lei de Zoneamento, que será enviada para a revisão pelos vereadores neste mês.
Esses locais são chamados de “eixos” e recebem incentivos atrativos para atrair o mercado imobiliário e aumentar a construção de apartamentos perto do transporte. Entre os incentivos, estão a autorização para prédios sem limite de altura (o máximo varia pela cidade, mas não costuma passar de 48 metros) e com volume construído de quatro vezes a metragem do terreno (a proporção é de até duas vezes no restante da capital).
Os empreendimentos também ganham “isenção” na cobrança de parte de uma taxa paga pelas construtoras, a outorga onerosa, quando adotam projetos com padrões incentivados pelo Plano, como comércio no térreo, uso misto etc.
Com o Plano Diretor atual, de 2014, os eixos passaram a concentrar mais da metade dos apartamentos lançados, principalmente em distritos valorizados, como Brooklin, Butantã e Pinheiros. A lei prevê incentivos para esses locais a fim de aumentar o número de apartamentos e, assim, a população que mora perto e é usuária frequente de meios de transporte coletivo.
Além disso, em geral, são locais com mais oferta de infraestrutura, comércios, emprego e serviços, reduzindo os longos deslocamentos pela cidade. A versão revisada permanecerá ao menos até 2029, quando novas mudanças deverão ser discutidas na Câmara.
Em entrevista à Rádio Eldorado na quinta-feira, 22, Goulart disse que as mudanças foram feitas após a análise de “diversos estudos e levantamentos” apresentados nas últimas semanas. Justificou que a incidência dos raios para as quadras inteiras, mesmo que parcialmente seccionadas, foi definida para manter uma unidade no regramento dos imóveis dentro de uma mesma quadra. “Estamos abrindo a possibilidade da expansão dos eixos. Tudo isso será tratado na revisão da Lei de (Parcelamento,) Uso e Ocupação do Solo (mais conhecida como Lei de Zoneamento)”, destacou.
Já a vereadora Silvia Ferraro, da Bancada Feminista (PSOL), criticou o volume de novos trechos acrescentados ao texto e disse que não há tempo hábil para analisar as mudanças até a votação. “São linguagens técnicas. Muitas vezes a mudança de uma palavra muda todo o sentido do que vai ser a diretriz da construção da cidade”, afirmou em audiência pública na quinta. Para ela, o projeto não avança em relação ao Plano Diretor atual. “Da forma como está, não está bom.”
Até mesmo Nunes chegou a intervir na proposta de aumento expressivo das áreas de verticalização, que não estava no texto original que enviou ao legislativo, em março. Em agenda pública no Anhembi na terça, disse a jornalistas que se reuniu com Goulart para tratar de “calibragens” na redação final da revisão. “A gente ponderou que o raio para metrô de 600 metros para um quilômetro era muita coisa. Apresentamos estudos e pedimos para diminuir”, disse.
A ampliação dependerá de anuência da Lei de Zoneamento, que será enviada pela Prefeitura para revisão na Câmara em breve. O texto do projeto do Plano Diretor diz que a autorização para expansão deverá ser norteada pelos seguintes critérios: características de uso e ocupação local, áreas de interesse histórico, cultural, ambiental e de paisagem urbana e características do sistema viário e relevo.
A revisão do Plano Diretor também tem atraído críticas à gestão Nunes. Embora parte dos pontos mais controversos tenha sido incluída pela Câmara, toda a base governista e até integrantes da oposição votaram favoravelmente ao substitutivo na primeira votação, que teve apenas 12 votos contrários entre 55 vereadores. Além disso, as principais organizações do setor imobiliário haviam defendido as mudanças propostas na versão aprovada em 31 de maio.
Na data da votação, a vereadora Luana Alves (PSOL) chegou a exibir um cartaz que insinuava que Nunes havia colocado São Paulo à venda. As mobilizações contrárias ao texto da Câmara também têm destacado a figura do atual prefeito, que deve ser candidato à reeleição no próximo ano.
Outro estudo do Insper apontou que o Plano Diretor potencializou a construção de prédios mais altos nos eixos de transporte. A média de andares subiu de 11,1 pavimentos, em 2013, para 16,4 pavimentos, em 2021. Esse mesmo levantamento também já havia detalhado como os incentivos municipais atraíram o mercado imobiliário para os entornos de metrô, trem e corredor de ônibus. Os eixos passaram a concentrar 54,1% dos lançamentos voltados ao público em geral de 2019 a 2021, ante 16,7% do período de 2013 e 2015.
Quais áreas que podem ganhar prédios mais altos?
Confira abaixo um mapa interativo com uma projeção do Laboratório Arq.Futuro de Cidades do Insper sobre a expansão permitida para os eixos, que poderá chegar a aumento de 148%.
A maioria da ampliação dependerá de aval da Lei de Zoneamento, que será revisada nos próximos meses pela Câmara. No caso de eixos no entorno do chamado “Arco Tietê”, serão oficialmente ativados pelo Plano Diretor com a promulgação, por isso, alguns locais não tinham áreas de verticalização e/ou terão aumento mais expressivo que a média, como a Lapa, na zona oeste.
O mapa interativo até o momento não inclui as vilas, pois não há uma base de dados oficial com todas as que existem na cidade. O projeto prevê que esses conjuntos não sejam transformados em eixo mesmo quando localizados perto de transporte. Uma zona de exceção semelhante também foi criada para o Bixiga, na região central, como é assinalado no mapa. Confira como a expansão pode mudar o seu bairro:
Garagens e microapartamentos
Os eixos devem passar por mais mudanças após a revisão. Outra delas, também alvo de críticas, é a alteração no critério de vagas de garagem, com desestímulo a mais microapartamentos e um incentivo municipal para que grandes unidades tenham mais de um espaço para estacionar.
A mudança permite que empreendimentos perto de metrô e outros eixos de transporte criem mais vagas de garagem não contabilizadas na área construída – que é limitada a quatro vezes a metragem do terreno mediante o pagamento da “outorga onerosa”, espécie de taxa pelo direito de construir. Isto é, serão espaços para carros isentos da principal cobrança feita pela Prefeitura ao setor imobiliário e que não impactarão no limite de tamanho dos edifícios.
A mudança proposta restringe que os empreendimentos construam uma vaga “gratuita” para cada apartamento de ao menos 30 m², o que torna menos atraente a construção dos compactos, que tiveram um boom com 250 mil unidades lançadas nos últimos anos.
Por outro lado, permite um espaço para carros “grátis” para cada 60 m² de área privativa. Ou seja, a nova regra estimula que apartamentos grandes tenham mais de uma vaga.
O Plano Diretor hoje em vigor permite um espaço de estacionamento “grátis” por apartamento, independentemente da metragem. Essa regra (e a mudança proposta) envolve empreendimentos dos eixos de transporte.
Outro levantamento do Insper estima que a nova regra pode aumentar o total de vagas perto dos eixos em cerca de 12%. Uma simulação aponta que o novo texto permitiria que empreendimentos com unidades medianas (de 60 m² a 80 m²) tenham até 33% mais vagas do que hoje.
Valor - SP 26/06/2023
Previsão de investimento para a malha federal inclui participação do setor privado
O investimento nas rodovias federais pode alcançar R$ 30 bilhões em 2023, somando o aporte do governo federal em obras públicas e recursos aplicados nas estradas concedidas à iniciativa privada. Com grande volume de obras, após período de estagnação causado pela desaceleração da economia e efeitos da pandemia, o setor monitora os riscos de gargalos com a falta de profissionais qualificados e escassez de insumos.
A maior parte dos investimentos, quase R$ 20 bilhões, virá do orçamento do Ministério dos Transportes. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) tem a missão de contratar empreiteiras para realizar a recuperação e conservação da malha rodoviária que administra.
A conta tem ainda outros R$ 11 bilhões que grandes grupos de concessionárias planejam investir neste ano, estima a Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR). Este montante, que abrange as rodovias ligadas à entidade, supera o valor histórico alcançado há dez anos de R$ 10,7 bilhões (veja quadro acima).
Será que o ecossistema que sustenta esse investimento está preparado?”
— Marco Aurélio Barcelos
A alta demanda por insumos e mão de obra parte especialmente de 17 contratos celebrados no triênio 2020-2022. Sete são de concessões federais com prazo de 30 anos que somam investimentos de R$ 48,8 bilhões, parte importante concentrada nos primeiros anos. Outras dez contratações são de obras públicas voltadas para duplicação de corredores viários considerados estratégicos para o país.
O presidente da ABCR, Marco Aurélio Barcelos, ressalta que, no fundo, o país está diante de uma “notícia excelente”, com a chance de atingir o “ápice de investimento privado” em rodovias na série histórica do últimos dez anos associada a um novo “paradigma orçamentário” do Ministério dos Transportes que “há muito tempo não se via”.
Barcelos, porém, avalia que o atual quadro de investimentos requer uma ponderação. “Sem querer trazer um tom alarmista, será que o ecossistema que sustenta esse investimento está preparado? Talvez precisemos de alguma avaliação do poder público e do próprio setor privado sobre a real capacidade de entrega”, disse.
Concessionárias associadas à ABCR já relatam enfrentar dificuldades de contratar projetistas e consultorias especializadas. Para contornar o problema, as gestoras de rodovias estão antecipando a ida ao mercado, enquanto existe disponibilidade, para garantir a contratação.
Barcelos defende que o momento atual é de identificar os possíveis gargalos e pensar em “medidas de apoio e fomento” para superá-los. O executivo mencionou que talvez seja o caso de avaliar a necessidade de linhas de crédito para áreas específicas ou buscar articulação do setor público, no nível federal e estadual, para “racionalizar” a agenda de investimentos.
“Não queremos puxar o freio de mão, mas a gente precisa fazer essa reflexão: que medidas podem ser tomadas para nos antecipar, evitar que gargalos em alguns setores, entre os prestadores de serviço, se materializem?”, destacou.
Venilton Tadini, presidente da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), admitiu que o risco para o setor de rodovias já foi notado pela entidade, que fará workshop na sexta-feira (30) para discutir o problema com integrantes do governo e representantes da cadeia de fornecimento de bens e serviços.
Tadini afirmou que desde o ano passado a Abdib tem alertado autoridades públicas sobre como a elevação de preços dos insumos afeta o equilíbrio econômico-financeiro dos contratos de concessão. Ele lembra que o setor pagou caro não só pelos produtos asfálticos, devido à alta do preço do petróleo, mas também pela “elevação significativa” dos custos de itens básicos da construção civil, como aço, cimento e areia.
Para ele, a organização da força de trabalho em todo mundo mudou na pandemia impondo dificuldades para a indústria e para a construção civil: “O Brasil chegou a quase 14% de desemprego no auge da pandemia. Essas pessoas não ficaram durante dois anos em casa esperando para voltar para aquele emprego que elas tinham. As pessoas se recolocaram em atividades distintas.”
O presidente da Associação Brasileira de Engenharia Industrial (Abemi), Joaquim Maia, defende que a retomada mais forte dos investimentos em alguns setores da economia precisa estar apoiada em programas de qualificação profissional: “Estamos falando de mais de cem categorias profissionais para a execução de qualquer empreendimento de infraestrutura. São profissionais com diferentes níveis de especialização que estão envolvidos no processo como um todo, desde o projeto até a entrega da obra.”
Questionado, o Ministério dos Transportes disse que “está atento a todas as movimentações de mercado” e que a retomada de investimento tem “consequências na cadeia produtiva”. A pasta ressaltou inclusive que criou um grupo de trabalho com a Petrobras e o Dnit, em fevereiro, para monitorar o suprimento de asfalto.
Investing - SP 26/06/2023
O volume de embarques de granéis de exportação pelo Porto de Paranaguá pode chegar a 9,4 milhões de toneladas no terceiro trimestre, aumento de mais de 30% ante o embarcado no mesmo período do ano passado, com destaque para o escoamento da safra de milho, apontou nesta sexta-feira a administração portuária em nota.
"A expectativa dos terminais e operadores do segmento para o terceiro trimestre do ano é alta. A demanda vem, principalmente, pela chegada da nova safra de milho. Estão nessa previsão soja, milho, açúcar e farelo", disse o porto.
Para o diretor de operações da Portos do Paraná, Gabriel Vieira, a performance alcançada em maio, quando foi registrado um recorde, reforça a capacidade que o porto e operadores têm para que a expectativa se confirme com bons resultados.
"Nossa performance neste ano foi melhorada. O navio tem conseguido carregar mais e, assim, garantido mais eficiência na operação", disse o diretor.
Ele disse também que os tempos de espera, de atracação e desatracação dos navios foram reduzidos. Um dos fatores que contribui para a produtividade no embarque dos granéis sólidos de exportação foi a dragagem de berços, afirmou.
Do total previsto para embarques, o porto espera exportações de 4 milhões de toneladas de soja em grão, 1,92 milhão de toneladas de açúcar, 1,9 milhão de milho e 1,6 milhão de farelo de soja.
Portos e Mercados - SP 26/06/2023
Entre as principais movimentações dos portos públicos gaúchos nos cinco primeiros meses do ano estão os graneis sólidos que atingiram 10.058.915 toneladas
A movimentação de graneis sólidos foi destaque no período de janeiro a maio deste ano nos portos públicos do Rio Grande do Sul, atingindo mais dez milhões de toneladas. Os resultados foram divulgados na manhã desta quinta-feira (22) pela Portos RS, a partir de dados coletados e compilados pelo setor de estatística da Empresa Pública.
O Porto do Rio Grande apresentou crescimento de 6,04% em relação ao mesmo período do ano passado, atingindo 15.833.814 toneladas. Ao longo desses cinco meses, passaram pelo cais público e pelos terminais privados do distrito industrial 1.280 embarcações, total que engloba navios mercantes e barcaças.
A lista de mercadorias com variação positiva das movimentações é puxada pela soja em grão, com aumento de 88,64%, seguida pela ureia (32,91%), pelo fosfato (31,56%), pelo farelo de soja (19,05%) e pelo cloreto de potássio (11,44%). O fluxo de contêineres também apresentou aumento de 10,21% e atingiu 244.649 unidades.
Com relação à origem das importações, a Argentina segue na liderança, com 456.247 toneladas. Ela é acompanhada pela China (398.655t), Canadá (283.904t), Marrocos (236.153t), Arábia Saudita (233.202t), Estados Unidos (227.933t), Rússia (207.704t), Peru (173.901), Alemanha (135.049t) e Argélia (132.602t), nesta ordem.
Quanto ao destino das exportações, a China é a primeira colocada com 2.032.401 toneladas movimentadas. A lista é seguida pela Indonésia (765.623t), Vietnã (434.679t), Portugal (397.950t), Estados Unidos (391.559t), Arábia Saudita (358.601t), Marrocos (336.021t), Espanha (281.470t), México (230.155t) e Tailândia (229.936t).
Porto de Pelotas
O Porto de Pelotas recebeu ao longo desse período 214 embarcações, todas elas barcaças utilizadas para o transporte de mercadorias na hidrovia da Lagoa dos Patos. No total, foram 520.554 toneladas, divididas entre 436.732 toneladas de toras de madeira e outras 83.822 toneladas de clínquer, que é o cimento em sua fase bruta de fabricação.
Porto de Porto Alegre
De janeiro a maio de 2023 passaram pelo Porto de Porto Alegre 52 embarcações transportando mercadorias e insumos considerados importantes para a economia. Nesse período, foram 216.082 toneladas de insumos para a produção de fertilizantes, 36.854 toneladas de cevada, 28.577 toneladas de sebo bovino, 7.703 toneladas de trigo e outras 219 toneladas de carga geral.
Graneis sólidos no topo das movimentações
Entre as principais movimentações dos portos públicos gaúchos nos cinco primeiros meses do ano estão os graneis sólidos que atingiram 10.058.915 toneladas. No Porto do Rio Grande foram 9.714.454 toneladas, em Pelotas 83.822 toneladas e em Porto Alegre 260.639 toneladas. Na sequência aparecem as cargas gerais, com 4.882.412 toneladas, e granel líquido, com 1.702.476 toneladas.
TN Petróleo - RJ 26/06/2023
A PBGÁS inicia, até o final de ano, as obras de construção do gasoduto para o município de Cabedelo para atender a novos clientes residenciais, comerciais e industriais. Esta semana a PBGÁS e o Moinho Dias Branco assinaram contrato de fornecimento de gás natural canalizado a partir de 2025.
A indústria do ramo de alimentos será o cliente âncora após a Companhia Paraibana de Gás construir 19 km de rede de gasodutos para atender aos clientes residenciais e comerciais dos bairros de Intermares, Ponta de Campina, Poço, Camboinha até a região portuária com a ligação do Moinho Dias Branco.
De acordo com o diretor presidente da PBGÁS, Jailson Galvão (foto), a companhia investirá mais de R$ 7 milhões na implantação da rede de gás no município de Cabedelo. Galvão destacou que a cidade é estratégica por ser a 3ª maior em arrecadação do estado e pela quantidade de prédios, condomínios, indústrias e o próprio Porto de Cabedelo.
Jailson informou que está no planejamento da companhia desenvolver o projeto de ampliação de rede de gás de Cabedelo com início previsto das obras para o mês de novembro deste ano de forma a em abril de 2025 possa ligar o Moinho Dias Branco, que será o cliente âncora, com grande potencial de consumo de gás. “Será um marco para a PBGÁS e para o governo da Paraíba levar a nossa rede de gás ao município de Cabedelo, gerando infraestrutura energética e desenvolvimento econômico, na perspectiva de ligação de novos clientes nos diversos segmentos.
O Estado de S.Paulo - SP 26/06/2023
Nos meses seguintes à invasão da Ucrânia pela Rússia, qualquer suspeita de más notícias fazia o preço da energia ir parar na estratosfera. Quando um incêndio forçou o fechamento de uma usina de gás americana, as greves na França fizeram os pátios dos terminais de petróleo ficarem congestionados; a Rússia exigiu que a Europa pagasse por combustível em rublos e os mercados enlouqueceram.
Entretanto, desde janeiro, a situação tem sido diferente. O barril de petróleo Brent, a referência global da commodity, tem oscilado em torno de US$ 75, em comparação com os US$ 120 de um ano atrás; na Europa, os preços do gás, a € 35 (US$ 38) por megawatt-hora (MWh), estão 88% abaixo do pico registrado em agosto.
Não é que as notícias tenham de repente se tornado mais amenas. A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e seus aliados anunciaram cortes drásticos na produção. Nos Estados Unidos, o número de plataformas de petróleo e gás diminuiu durante sete semanas consecutivas, conforme os produtores reagem às escassas recompensas oferecidas.
Várias das instalações de gás da Noruega – agora vitais para a Europa – estão em manutenção extensa. A Holanda está encerrando as atividades da maior reserva de gás da Europa. No entanto, qualquer aumento no preço desaparece rapidamente. O que está mantendo os preços baixos?
Uma demanda decepcionante pode ser parte da resposta. Nos últimos meses, as expectativas para o crescimento econômico global foram reduzidas. A falência de vários bancos este ano suscitou temores de uma recessão iminente nos EUA. A inflação está assolando os consumidores na Europa.
Em ambos os casos, o impacto total dos aumentos das taxas de juros ainda não foi sentido. Enquanto isso, na China, a recuperação pós-pandemia está se mostrando muito mais fraca do que o esperado. O crescimento fraco, por sua vez, está diminuindo a demanda por combustível.
Porém, observe com mais atenção e a narrativa da demanda não vai lhe convencer totalmente. Apesar de sua recuperação decepcionante, a China consumiu 16 milhões de barris por dia (bpd) de petróleo bruto em abril, um recorde. Uma melhora no transporte de mercadorias, no turismo e nas viagens depois do preocupante período das medidas de tolerância zero contra a covid significa que mais diesel, gasolina e combustível de aviação estão sendo usados.
Nos EUA, uma queda de 30% nos preços da gasolina em comparação com um ano atrás é um bom presságio para a temporada de viagens que se aproxima. Na Ásia e na Europa, as altas temperaturas devem durar, criando mais demanda por geração de energia com gás natural para atenuar o calor.
Uma explicação mais convincente pode ser encontrada no lado da oferta da equação. Os últimos dois anos de preços elevados incentivaram a produção fora da Opep, a qual agora está começando a entrar no mercado.
O petróleo está jorrando das bacias do Atlântico, por meio de uma combinação de poços convencionais (no Brasil e na Guiana) e produção de xisto e areias asfálticas (nos EUA, na Argentina e no Canadá). A Noruega também está produzindo mais. O JPMorgan Chase estima que a produção fora da Opep aumentará em 2,2 milhões de bpd em 2023.
Em teoria, isso deve ser equilibrado pelos cortes de produção anunciados em abril pelos principais membros da Opep (de 1,2 milhão de bpd) e pela Rússia (de 500 mil bpd), aos quais a Arábia Saudita adicionou outro milhão de bpd em junho. Contudo, a produção nesses países não caiu tanto quanto o prometido – e outros países da Opep estão aumentando as exportações.
As da Venezuela cresceram graças ao investimento da Chevron, a gigante americana. As do Irã estão em seu maior nível desde 2018, quando os EUA impuseram novas sanções. Aliás, hoje, um quinto do petróleo do mundo é proveniente de países sob embargos do ocidente, sendo vendido com desconto e, dessa forma, ajudando a diminuir os preços.
Para o gás, a situação da oferta é mais complicada: o principal gasoduto russo que abastece a Europa continua fechado. Mas a Freeport lng, que lida com um quinto das exportações de gás natural liquefeito (GNL) dos EUA e foi prejudicada por uma explosão no ano passado, voltou a funcionar. As demais exportações da Rússia para a Europa continental continuam.
O abastecimento pela Noruega será totalmente restabelecido em meados de julho. O mais importante é que os estoques atuais da Europa são enormes. As instalações de armazenamento do bloco estão 73% cheias, em comparação com 53% há um ano, e no caminho certo para atingir a meta de 90% antes de dezembro. Os países asiáticos ricos, como o Japão e a Coreia do Sul, também têm bastante gás.
Quando a inflação estava disparada e as taxas de juros continuavam baixas, as commodities, em particular o petróleo bruto, eram uma proteção interessante contra os preços em alta, fazendo os preços subirem conforme os investidores eram atraídos aos montes. Agora que os especuladores esperam que a inflação caia, o interesse diminuiu – assim como as taxas mais altas tornaram os ativos mais seguros, como dinheiro e títulos, mais atraentes.
Como consequência, a posição líquida dos especuladores (o balanço entre as apostas de longo e curto prazo feitas pelos apostadores nos mercados futuros de petróleo) caiu. As taxas mais altas também aumentam o custo de oportunidade de manter ações de petróleo bruto, por isso os traders físicos estão se livrando de suas ações. O volume de petróleo mantido em armazenamento flutuante caiu de 80 milhões de barris, em janeiro, para 65 milhões de barris, em abril, o menor nível desde o início de 2020.
Os preços podem subir no final do ano. A Agência Internacional de Energia projeta que a demanda global por petróleo alcançará um recorde de 102,3 milhões de bpd em 2023. A oferta de petróleo também vai atingir um recorde, mas a agência calcula que o mercado entrará em déficit no segundo semestre de 2023 – uma perspectiva compartilhada por muitos bancos. À medida que o inverno se aproxima, a concorrência por GNL entre a Ásia e a Europa se intensificará. As taxas de frete para o inverno já estão aumentando de antemão.
Entretanto, é pouco provável que o pesadelo do ano passado se repita. Muitos analistas esperam que o barril de petróleo Brent continue por volta de US$ 80 e não chegue a valores de três dígitos. Os mercados de futuros de gás na Ásia e na Europa apontam para uma alta de 30% em relação aos níveis atuais no segundo semestre, em vez de algo mais extremo. Nos últimos 12 meses, os mercados de commodities se adaptaram. Agora é preciso mais do que uma suspeita de más notícias para fazer os preços dispararem. TRADUÇÃO DE ROMINA CÁCIA
O Estado de S.Paulo - SP 26/06/2023
Em meio às pressões do Ministério de Minas e Energia para que a Petrobras mude sua política de reinjeção de gás em reservatórios de petróleo, o presidente da petroleira, Jean Paul Prates, voltou a endossar neste sábado, 24, o uso da tecnologia pela empresa, não apenas como forma de impedir a emissão de gás carbônico na atmosfera, mas também como uma ferramenta necessária para aumentar a produção de petróleo, elevando assim a arrecadação de tributos.
Em uma rede social, Prates postou um artigo defendendo a reinjeção de gás carbônico nos poços de petróleo, de autoria de Tiago Homem, gerente executivo de Reservatórios da Petrobras. O texto foi publicado pelo portal Metrópoles, e repostado por Prates em sua conta no Twitter.
A petroleira prevê aumentar, junto com outras empresas do setor, a oferta nacional atual de aproximadamente 40 milhões de m3 de gás natural por dia para o patamar de 60 milhões de m3/dia em 2027, conforme estimado por estudo da Empresa de Pesquisa Energética (EPE).
“Este aumento inclui a entrada de novos campos de petróleo e gás e de novos gasodutos para escoar a produção, lembrando que o incremento previsto ajuda a substituir a produção de campos já em declínio natural. Esse volume não atende integralmente a demanda de gás do país. Por isso, é necessário importar gás da Bolívia via gasoduto e de outros países por meio de navios de Gás Natural Liquefeito - GNL”, defendeu Tiago Homem.
“Este é o volume que o país dispõe para atender, de fato, às necessidades reais da população e do mercado. Para viabilizar essa produção a 300 km da costa e, muitas vezes, a 6 mil metros de profundidade, são empregadas soluções de alta tecnologia e análises de reservatórios que consideram milhares de cenários para implementar o melhor projeto do ponto de vista técnico, de segurança e de maximização da oferta de recursos para o país. Cada projeto é aprovado pela ANP antes de sair do papel. É a chancela do governo federal para que a concessão dada pelo Estado tenha o melhor aproveitamento possível para a sociedade brasileira.
No último dia 16, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), disse lutar diariamente para reverter a prática de reinjeção de gás pela Petrobras, mirando produzir mais gás para fornecer a grandes consumidores e fomentar a “reindustrialização” do País.
“A média mundial de reinjeção das petroleiras no mundo é bem menor. Os Estados Unidos reinjetam 12,5% do seu gás para impulsionar produção de petróleo. A África, 23,9%, e a Europa 24,7%. O Brasil reinjeta 44,6% do gás”, argumentou Silveira, na ocasião.
Money Times - SP 26/06/2023
O Plano Safra 2023/2024 será lançado na próxima semana, segundo o ministro da Agricultura e Pecuária (Mapa), Carlos Fávaro.
Com isso, o Agro Times ouviu com exclusividade à Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) sobre os recursos solicitados no programa.
De acordo com Pedro Estevão, presidente da Abimaq, a entidade pede R$ 34 bilhões para o Moderfrota, programa de financiamento de máquinas agrícolas como colheitadeiras, semeadoras e tratores.
“Precisamos de recursos robustos, que durem todo o ciclo agrícola, com juros compatíveis com a atividade. Nos últimos anos, o volume foi escasso, durando cerca de 3 meses, o que obriga os agricultores a realizarem financiamento com juros de mercado em torno de 17% ao ano”, comenta.
Além disso, a Abimaq solicita R$ 11 bilhões para o Pronaf Mais Alimentos.
O programa permite que o produtor financie investimentos destinados à implantação, ampliação ou modernização da estrutura das atividades de produção e de armazenagem na propriedade rural.
“O mercado se mostra desafiador em 2023. Além da falta de recursos no primeiro semestre, os preços das principais commodities caíram nesta safra, reduzindo a rentabilidade das lavouras. Se tivermos um Plano Safra robusto, podemos ver uma melhora, mas já estimamos uma queda de 15% no faturamento do setor de máquinas agrícolas”, conclui.
Lançamento Plano Safra
O lançamento do programa será feito em duas datas.
Assim, na terça-feira (27), será feito o lançamento do programa empresarial pelo Mapa, enquanto na quarta-feira (28), será divulgado o plano para agricultura familiar pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA).
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