Investing - SP 26/05/2023
O quadro de oferta de aço plano no mercado interno já tem dificultado aumentos de preços e a situação tende a se agravar no segundo semestre para as usinas siderúrgicas, quando uma série de instalações paradas para manutenção atualmente voltarem a operar, segundo expectativas do presidente da associação de distribuidores, Inda, Carlos Loureiro.
As usinas tentaram reajustes de preços de dois dígitos no mercado interno recentemente, mas acabaram conseguindo implementar apenas 5%, afirmou o executivo, citando ainda que parte desse percentual teve que ser absorvido pelos distribuidores já que não pode ser repassado na totalidade aos clientes.
"As vendas nossas (distribuidores) estão sendo feitas com muita dificuldade...O último aumento de 5%, a grande maioria dos associados (do Inda) não conseguiu repassar", disse Loureiro.
Para os distribuidores, momentos repentinos de quedas de preços do aço geram prejuízos contábeis já que o estoque comprado a preços mais caros acaba perdendo valor.
Loureiro citou que, além da parada para reforma geral de alto forno da Usiminas (BVMF:USIM5) em Ipatinga (MG), que só deve ser retomado em agosto, instalações da usina Vega do Sul, da ArcelorMittal, e da Gerdau (BVMF:GGBR4), passam por períodos de manutenção. "Mesmo a CSN (BVMF:CSNA3) está tendo diversos problemas de produção."
Além da questão da oferta nacional, as importações são outra ameaça, avançando 46,7% em abril sobre um ano antes, a 161 mil toneladas de aços planos e acumulando no ano alta de 18,5%, a 659,5 mil toneladas, segundo os dados do Inda.
Isso tem ocorrido diante da queda dos preços internacionais da liga, na esteira de temores de recessão global em razão da elevação dos juros em economias desenvolvidas. Segundo Loureiro, o chamado "prêmio" - o quão mais caro o aço nacional está em relação ao preço internacional - está atualmente em cerca de 25%. "É um dos mais altos da história", disse o executivo.
Os distribuidores encerraram abril com 817,6 mil toneladas de aços planos estocados, um crescimento de 2,1% ante março e equivalente a 2,7 meses de vendas, acima da média histórica de 2,5 meses. Um ano antes, o inventário estava em 721,8 mil toneladas.
Diante do cenário, o Inda reviu sua expectativa de crescimento de cerca de 3% nas vendas em 2023 para uma visão "pessimista" de estabilidade, com risco de queda.
Em abril, a entidade que representa as siderúrgicas, Aço Brasil, já havia revisto para baixo a previsão de vendas este ano, que passou de alta de 1,9% para queda de 0,7%.
As vendas dos distribuidores de aços planos despencaram 18,7% no mês passado sobre março e recuaram 0,5% sobre abril de 2022, para 301,1 mil toneladas, segundo os dados do Inda. No acumulado do ano, o segmento que é responsável por cerca de um terço da produção das usinas siderúrgicas do país, apura queda de 0,6% nas vendas, a 1,28 milhão de toneladas.
"Estamos mais pessimistas...Agora achamos que deveremos terminar o ano muito próximo de zero, já que aqueles 3% (de crescimento de vendas) que achávamos que seria possível, nos parece muito distante", disse Loureiro.
Diário do Comércio - MG 26/05/2023
O setor de distribuição de aços planos encerrou abril com forte queda de 18,7% nas vendas se comparado com março. Com o resultado negativo e uma tendência de mercado retraído, o Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda) revisou para baixo a perspectiva para o ano. Se antes a projeção era de crescimento de cerca de 3% sobre 2022, a revisão aponta para estabilidade ou uma pequena variação de 1% para cima ou para baixo.
Conforme os dados do Inda, as vendas de aços planos, em abril, pelas distribuidoras, chegaram a 301,1 mil toneladas, contra 370,3 mil realizadas em março.
Frente a abril de 2022, o recuo foi de 0,5%. O resultado mensal fez com que, no acumulado do ano, as vendas ficassem 0,6% menores, com a comercialização de 1,28 milhão de toneladas.
“O resultado nos leva, hoje, a um maior pessimismo. No início do ano, achávamos possível crescer 3% em 2023, mas esse resultado parece muito distante. Devemos terminar no zero a zero ou com uma variação de 1% para cima ou para baixo”, disse o presidente do Inda, Carlos Loureiro.
Calendário afeta o comércio de aços planos
A redução das vendas se deve, principalmente, a abril ter menos dias úteis que em março e também ao mercado menos demandador. No mês passado, houve ainda um aumento dos preços por parte das usinas, que ficou em torno de 5%.
“As usinas tentaram repassar um aumento maior e não conseguiram, isso mostra uma resistência muito forte do mercado com relação aos preços, tanto compradores quanto a concorrência. O último aumento, que ficou ao redor de 5%, a grande maioria dos nossos associados não conseguiu repassar. Esse aumento foi, em quase totalidade do setor, absorvido nas margens que já estavam muito fracas. A distribuição passa por um período de bastante aperto”.
Quanto às compras, em abril, foi verificada queda de 11,8% perante março, com volume total de 318 mil toneladas contra 360,7 mil. Frente a abril do ano passado (250,1 mil toneladas), o movimento foi de alta: 27,2%. No ano, as compras somam 1,19 milhão de toneladas, aumento de 7,1%.
Broadcast - SP 26/05/2023
O presidente-executivo do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda), Carlos Jorge Loureiro, afirmou hoje que as expectativas para o desempenho do setor no ano estão mais pessimistas do que em comparação com o início do ano.
Segundo Loureiro, era previsto um aumento de 3% nas vendas de aço no início do ano, mas a perspectiva foi revisada para uma faixa entre 1% e 0%. A expectativa negativa ocorre em função das altas taxas de juros, que afetam a demanda pelo produto no País.
“Vamos ver como evolui o mercado com a aprovação do arcabouço fiscal. Hoje o mercado está muito sensível aos juros, apesar de haver uma revisão de crescimento da economia, em 1,5%, nós estamos vendo uma dificuldade muito grande”, afirmou Loureiro.
Money Times - SP 26/05/2023
A forte correção nos preços do minério de ferro nos últimos dias acertou em cheio as ações do setor de mineração e siderurgia. Nesta quinta-feira (25), o minério de ferro voltou a cair na China, desta vez para o nível mais baixo em quase seis meses, com traders avaliando uma demanda mais lenta pela matéria-prima siderúrgica durante o período de verão no país asiático.
O ingrediente para a siderurgia é atualmente negociado abaixo dos US$ 100 a tonelada, de um pico de US$ 130 há apenas alguns meses. Como consequência, os papéis expostos à commodity também sofreram pressões baixistas, com Vale (VALE3) acumulando perdas de aproximadamente 20% desde o início de abril.
Apesar disso, alguns analistas seguem firmes na recomendação do setor. É o caso do Credit Suisse, que ainda tem rating de “outperform” (desempenho esperado acima da média do mercado, equivalente a “compra”) para a Vale e a Gerdau (GGBR4), preferência dentro do segmento de aço.
Ainda vale ter Vale
Embora reconheça que o desequilíbrio de vendas e distribuição de aço chinesa e a desaceleração nos dados do mercado imobiliário possam manter os preços do minério de ferro sob pressão no curto prazo, o banco suíço entende que a Vale está melhor posicionada que os pares para se beneficiar do processo de descarbonização da indústria nos próximos anos.
A exposição da companhia a um minério de ferro com baixo teor de impurezas é uma vantagem competitiva que deve ser gradualmente precificada, à medida que a demanda e os produtos de minério de ferro de alta qualidade aumentam, diz.
No caso da Gerdau, o Credit Suisse destaca que a companhia deve conseguir entregar um forte yield de fluxo de caixa livre de 19% em 2023. Analistas do banco enxergam um bom espaço para pagamentos de dividendos, com estimativa de cerca de R$ 6 bilhões a serem distribuídos ainda neste ano (yield de 14%).
Para o Credit Suisse, as ações de Vale e Gerdau são negociadas a valuations atrativos, com Vale a 3,6 vezes EV/EBITDA (valor da empresa sobre Ebitda) para 2023 e Gerdau abaixo da média histórica de cinco anos de 5,5 vezes EV/Ebitda a 3,1 vezes EV/Ebitda para 2023.
O banco cortou o preço-alvo da ADR (American Depositary Receipt) da Vale, de US$ 25,50 a US$ 18. O preço-alvo da ação da Gerdau também caiu, de R$ 44,50 para R$ 34.
Downgrade em CSNA3
O Credit Suisse rebaixou a recomendação da CSN (CSNA3) para “neutro” e cortou o preço-alvo de R$ 23,50 para R$ 14. Segundo a instituição, a companhia é negociada a 4,6 vezes EV/Ebitda em 2023, em linha com a Usiminas (USIM5), mas acima da Gerdau.
Analistas estão preocupados com a deterioração das métricas de alavancagem, que subiram rapidamente de 1,69 vez dívida líquida/Ebitda no terceiro trimestre de 2022 para 2,45 vezes no primeiro trimestre de 2023.
“Vemos chegando a 2,84 vezes no segundo trimestre de 2023, já que existe um desembolso de caixa programado de R$ 2,3 bilhões relacionado a pagamento de dividendos”, diz o Credit Suisse.
Considerando o cenário de deterioração da alavancagem, a instituição avalia que pode haver pressão no caixa da CSN, impactando a remuneração aos acionistas daqui em diante (previsão de 6% de yield de fluxo de caixa livre e 5% de dividend yield para 2024).
O rating “neutro” também vale para Usiminas, que tem preço-alvo de R$ 8 pelo banco.
CNN Brasil - SP 26/05/2023
O IPCA-15, prévia da inflação oficial do Brasil, registrou desacelerou para 0,51% em maio, resultado abaixo do projetado pelo mercado. Em abril, o índice marcou 0,57%. Especialistas ouvidos pela CNN afirmam que a perda de força do aumento de preços corrobora a ideia de que a política monetária pode ser afrouxada, com queda da taxa básica de juros a partir do segundo semestre.
Na análise da economista-chefe do Inter, Rafaela Vitória, a boa notícia foi uma queda mais disseminada pelos vários grupos que compõem o IPCA-15 e o índice de difusão do índice, que voltou a cair para 64%. Ele mostra o quanto o aumento de preços está disseminado ou não pelos vários setores da economia. Índices acima de 70% indicam inflação disseminada.
Nos últimos 12 meses, o índice acumula alta de 4,07%, abaixo dos 4,16% registrados em abril. E, no acumulado do ano, variação positiva de 3,12%. Os números foram divulgados nesta quinta-feira (25) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“Houve redução da inflação de serviços e da média dos núcleos, que ficou em 0,42% em maio e acumula 6,8% em 12 meses”, afirma a economista.
“A prévia de maio indica que teremos uma inflação menor no mês, abaixo de 0,4%, com o impacto maior da redução dos combustíveis na segunda quinzena e expectativa de desaceleração dos preços dos alimentos. Com isso, é bem provável que as expectativas de inflação tenham nova queda nas próximas semanas, o que deve reforçar o debate sobre o corte de juros no segundo semestre que, na nossa opinião, pode se iniciar em agosto”, reforma Rafaela.
No mês, sete dos nove grupos de produtos e serviços pesquisas registraram alta. Dois grupos tiveram maior influência sobre o índice: Alimentação e bebidas (0,94%) e Saúde e Cuidados Pessoais (1,49%) – ambos contribuíram em 0,20 p.p.
Dentro do primeiro grupo, a alta foi puxada pela alimentação no domicílio (1,02%), enquanto no segundo, chamamos a atenção para alta nos produtos farmacêuticos (2,68%) após a autorização do reajuste de até 5,60% no preço dos medicamentos a partir de 31 de março. Do lado negativo, passagens áreas contribuiu para puxar o índice de preços para baixo.
Segundo Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research, quando se analisa alguns grupos, há uma melhora nos dados. “Apesar da inflação de boa parte desses grupos ainda estarem acima do desejado pelo Banco Central, os números de maio mostram um arrefecimento importante.”
Sung avalia que esses dados podem ajudar positivamente o cenário do Banco Central, mas ainda é cedo para afirmar que essa será uma nova tendência. Apesar de ter vindo melhor do que o esperado, o economista acredita que a autoridade monetária deve manter a taxa de juros inalterada na próxima reunião do Copom, em junho.
“Mas, abre-se uma janela para o BC começar a discutir possíveis cortes em breve. A nossa expectativa é de cortes apenas no terceiro trimestre.”
Na visão de Igor Cadilhac, economista do Banco Original, qualitativamente falando, a composição da inflação veio melhor. “Por um lado, a dispersão, que mede a porcentagem de itens do IPCA-15 com variação positiva, subiu de 63,2% para 64,3%. Por outro, tanto a pressão sobre os preços de serviços quanto a média dos núcleos, que vem sendo a lupa para o Banco Central, recuaram no mês. Serviços foi o principal destaque, passando de 0,53% em abril para uma deflação de 0,06% em maio.”
Para ele, ainda que a inflação e sua composição tenham surpreendido positivamente, o comportamento dos serviços e núcleos continua a demandar cautela. “Para os próximos meses, a redução nos preços dos combustíveis pela Petrobras vai arrefecer ainda mais a queda prevista no 1º semestre e suavizar a alta a partir do 2º semestre. Sendo assim, projetamos uma inflação de 5,7% em 2023.”
Por fim, as economistas Julia Gottlieb, Julia Passabom e Luciana Rabelo, do Itaí, afirmam em relatório, que a leitura do IPCA-15 de maio corrobora o cenário de desinflação em curso, embora as medidas de núcleo ainda sigam rodando acima do compatível com o cumprimento da meta de inflação.
“Nas próximas leituras, devemos seguir observando recuo da inflação acumulada em 12 meses para ao redor de 3,7%, influenciado pelo efeito base dos cortes de impostos no ano passado e pelos cortes recentes de combustíveis na refinaria. Projetamos 5,8% para o IPCA em 2023 e 4,5% em 2024”, concluem.
IstoÉ Dinheiro - SP 26/05/2023
O industrial e atual presidente da Fiesp, Josué Gomes, voltou a criticar o que ele classifica de elevadas taxas de juros nominal e real vigentes no País. Ele fez as críticas durante sua fala na abertura do evento “O Dia da Indústria” que a entidade patrocina nesta quinta na capital paulista.
A taxa nominal de juro, a Selic, encontra-se em 13,75% ao ano e a taxa real, a que desconta a inflação, está rodando em torno de 7%, segundo cálculos dos economistas e analistas do mercado financeiro. Josué tem um cálculo que coloca o juro real em 8%.
Para o presidente da Fiesp, se a sociedade é contrária aos incentivos dados pelo governo a alguns setores da economia ela deveria se posicionar ao lado daqueles que defendem a redução da taxa de juro.
Segundo o presidente da Fiesp, o câmbio parece estar hoje ajustado, porém o “excesso de juros pagos no País” mantém o risco de sobrevalorização cambial, o que afeta a competitividade dos produtos brasileiros. “Não podemos mais, como sociedade, admitir que se pratiquem esses juros que temos praticado”, declarou Josué, acrescentando que já há 30 anos os juros inibem o crescimento e definham a indústria de transformação.
Ele disse ainda que as pessoas contrárias aos subsídios deveriam apoiar a redução da Selic porque, nas palavras dele, se o Brasil passar a praticar juros compatíveis com as taxas praticadas no mundo os subsídios perderão a razão de existir.
Reforma tributária
Ao apontar a urgência da reforma tributária, com a criação de um imposto sobre valor agregado que elimine o peso da cumulatividade dos tributos carregada pelo setor, Josué disse que nenhuma política industrial conseguirá produzir desenvolvimento sem a correção de distorções no plano macroeconômico.
Apelo à imprensa
O presidente da Fiesp iniciou seu discurso fazendo um apelo aos profissionais da imprensa presentes para que abracem a indústria para, com isso, ajudar a reconstruir a classe média brasileira.
Para o executivo, dono da Coteminas, uma das maiores indústrias têxteis do País, um país democrático e inclusivo como o Brasil tem se proposto a ser requer a recuperação da sua indústria da transformação.
Representante do setor, Josué defende que a indústria perdeu com o passar dos anos e com a adoção do neoliberalismo a força que tinha na década de 1940, quando o Brasil crescia a taxas iguais a 7% ao ano.
“Quero me dirigir aqui à imprensa e pedir que abrace a indústria para podermos recuperar a nossa classe média”, disse o presidente da Fiesp, para quem é a indústria o setor que mais emprega, agrega valores a seus produtos, paga os melhores salários e abre oportunidades para o primeiro emprego de muitos jovens.
Josué teceu também críticas ao atual modelo econômico e disse que o processo antigo de substituição de importações não cabe mais no mundo de hoje e defendeu a participação da indústria nas cadeias globais de produção.
Infomoney - SP 26/05/2023
O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) voltou a subir em maio, registrando alta de 1,4 ponto, para 88,2 pontos, atingindo o maior nível desde outubro de 2022, informou nesta quinta-feira (25) o FGV/Ibre. Em abril, o indicador teve ligeira queda de 0,2 ponto. Em médias móveis trimestrais, o índice subiu pelo segundo mês seguido (1,2 ponto), para 87,3 pontos.
Em maio, a alta da confiança foi influenciada pela melhora das perspectivas para os próximos meses, com o Índice de Expectativas (IE) avançando 2,8 pontos, para 100,4 pontos, melhor resultado desde março de 2019 (101,1 pontos). No entanto, o Índice de Situação Atual (ISA) recuou 0,8 ponto, para 71,3 pontos, após crescer mais de 2,0 pontos em março e estabilizar em abril.
Anna Carolina Gouveia, economista do FGV/Ibre, afirmou em nota que essa melhora das expectativas para os próximos meses aconteceu de forma disseminada entre as faixas de renda, com exceção das famílias de maior poder aquisitivo, cujas perspectivas futuras pioraram.
“O resultado pode estar associado à sensação de alívio da inflação no curto prazo, resiliência do mercado de trabalho e aumento do salário mínimo. Em paralelo porém, o cenário de alto endividamento das famílias, crédito caro e incertezas econômicas ajudam a manter o indicador em patamar baixo e sensível a flutuações constantes, tornando difícil uma sinalização mais clara de uma recuperação sustentada da confiança”, disse.
O Estado de S.Paulo - SP 26/05/2023
Com a rejeição dos destaques, a Câmara concluiu a votação do arcabouço fiscal. O projeto segue agora para o Senado, onde a expectativa é aprová-lo antes do recesso parlamentar. Na Câmara, o espaço extra para gastos foi reduzido de mais de R$ 80 bilhões para algo entre R$ 15 bilhões e R$ 28 bilhões, condicionado ao cumprimento do ambicioso objetivo de zerar o déficit em 2024. Mais rígido do que o governo queria e mais frouxo do que a oposição desejava, o sucesso do arcabouço dependerá fortemente do aumento de receitas.
Bem ou mal, trata-se da primeira vitória do governo Lula no Legislativo, e ainda que ela se deva menos à articulação política do petista e de seus ministros e mais à liderança do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e ao esforço do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, é fato que o mercado financeiro reagiu bem à aprovação da proposta.
Mais do que o reconhecimento do compromisso fiscal do governo, da credibilidade das projeções, da perenidade do dispositivo e de sua capacidade para estabilizar a trajetória da dívida pública no médio prazo, o movimento foi um ajuste de posições de investidores diante da diminuição da percepção de risco. Afinal, bem ou mal, o País voltará a ter algum limite para o crescimento das despesas, o que não existia desde a completa desmoralização do teto de gastos.
Assim, as atenções se voltam imediatamente para o Banco Central (BC), alvo preferencial de Lula. O BC já havia afirmado, nas atas das reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom), que a apresentação do arcabouço reduzia incertezas, embora não houvesse relação mecânica entre a aprovação da proposta e a convergência da inflação. A autoridade monetária havia reconhecido, no entanto, que um arcabouço sólido e crível poderia levar a um processo desinflacionário mais benigno, reduzindo as expectativas e, consequentemente, as projeções com as quais o Copom trabalha.
Horas antes da aprovação do arcabouço, no entanto, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, foi instado a levar em conta em suas decisões, além das expectativas do mercado, a percepção das empresas sobre a economia brasileira. Como mostrou o Estadão, em um almoço com a cúpula do Congresso, ele ouviu de alguns dos maiores empresários do País críticas sobre o patamar da taxa básica de juros e alertas sobre a situação delicada por que passa o setor produtivo.
Para completar o quadro, no dia seguinte à aprovação do arcabouço, o IPCA-15, prévia do índice oficial de inflação do mês de maio, subiu 0,51%, menos do que o esperado. Ainda assim, Campos Neto manteve o discurso. Disse que ainda é preciso ter certeza de que a inflação vai convergir à meta e mencionou a lentidão do ritmo do processo desinflacionário, um trabalho que requer “paciência e sinergia”.
Há dúvidas sobre se o arcabouço será capaz de estabilizar a dívida pública – e o endividamento, afinal, é um fator que contribui para manter os juros em níveis elevados. O que é certo é que a pressão sobre o BC deve aumentar ainda mais.
O Estado de S.Paulo - SP 26/05/2023
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, disse nesta quinta-feira, 25, que o governo vai promover estímulos de natureza tributária para a indústria brasileira modernizar seu parque fabril. Esses benefícios, contudo, só deverão valer a partir de 2024.
Segundo Alckmin, o tema foi levantado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante a reunião no Planalto para discutir com o setor medidas para a reindustrialização do País. “Haddad falou na reunião sobre depreciação acelerada na indústria. Precisamos modernizar o parque fabril, máquinas e equipamentos. Vai ter estímulo de natureza tributária”, disse à imprensa.
Segundo ele, o tema será tratado no orçamento de 2024. “Define o porcentual da depreciação acelerada e o montante para a lei orçamentária de 2024", disse.
Alckmin também anunciou a ideia do governo de dar descontos no IPI e PIS/Cofins para carros com valor de até R$ 120 mil. A benesse, que teria duração limitada, deverá ser aplicada ainda neste ano, mas depende de um parecer da equipe econômica, apontou o ministro. “Teremos proposta de estímulo transitório e anticíclico para a indústria”, afirmou Alckmin.
O ministro acredita que, com essa medida e outros temas que estão sendo encaminhados, será possível que o carro popular seja vendido em patamar inferior a R$ 60 mil. Alckmin citou a possibilidade de venda direta para ajudar nessa meta.
Após a reunião com o setor no Planalto, Alckmin ainda listou uma série de eventos que, na avaliação do ministro, irão possibilitar a “neoindustrialização” do País. Citando o tripé câmbio, juro e imposto, afirmou que o primeiro está num patamar competitivo para a exportação, em torno de R$ 4,9 e R$ 5, “sem grandes oscilações”. Os juros, contudo, ainda elevados, poderão ser reduzidos a partir do novo regime fiscal, já aprovado pela Câmara, avaliou Alckmin. “O juro futuro já está em queda e com a aprovação do novo regime fiscal estamos confiantes que podemos ter redução da taxa Selic”, disse.
No pilar de tributos, Alckmin citou a reforma tributária. “Indústria esta super tributada, e acabamos tributando exportação indiretamente, porque acumula na cadeia, e o caminho é reforma tributária, estamos muito otimistas”, disse. “Reforma tributária ajuda exportação reduz custo Brasil, simplifica a questão tributária”, afirmou.
O vice-presidente ainda reforçou o anúncio feito mais cedo pelo BNDES sobre linhas para a Indústria que devem chegar a R$ 4 bilhões. Segundo o ministro, o financiamento será feito em dólar, o que tira o risco de variação cambial dos empresários. Alckmin afirmou que R$ 2 bilhões do BNDES serão direcionados para o financiamento a exportação, e outros R$ 2 bilhões disponibilizados para investimento e modernização das empresas.
Alckmin ainda citou a necessidade de aprovação da Lei de Garantias, assunto sobre o qual disse ter tratado ontem com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. “Já está no Senado e ele designou relator ontem na CAE, e nós acreditamos que a votação da lei pode tornar o crédito mais barato no Brasil”, disse.
O Estadão/Broadcast mostrou na segunda-feira, 22, que a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado começou a se movimentar para votar o Marco das Garantias. O projeto foi aprovado pela Câmara em junho de 2022.
IstoÉ Dinheiro - SP 26/05/2023
Como parte dos esforços para induzir uma redução na taxa Selic, atualmente no patamar de 13,75% ao ano, o Governo Federal analisa flexibilizar o regime de metas de inflação para que seja adotado um horizonte de tempo mais longo para o cumprimento do objetivo, substituindo o parâmetro de “ano-calendário”. Hoje a meta de inflação para 2023 é de 3,25%, podendo variar 1,5% para mais ou para menos.
A ideia defendida pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de meta de inflação contínua estabelece um percentual de longo prazo, não mais definido ano a ano. Dessa forma, o BC (Banco Central) tentaria levar a inflação acumulada em 12 meses ao objetivo determinado pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) em um período mais amplo.
A ideia, entretanto, é vista com certa desconfiança pelo mercado por gerar incertezas quanto ao cumprimento da meta e pelo cenário de pressão inflacionária ainda existente no país.
“A mudança proposta pelo ministro Haddad pode ter efeito positivo para a redução da taxa de juros, porém ele tem um desafio que é o contexto. Mudar hoje em um cenário em que a inflação ainda tem um componente de pressão alta pode derrubar a credibilidade do Banco Central como guardião da meta de inflação”, afirma Joelson Sampaio, economista da FGV EESP.
Segundo o especialista, flexibilizar a meta de inflação (ter uma tolerância para uma inflação mais elevada) faz com que o BC não precise de uma taxa de juros tão alta para reduzir a inflação a níveis mais baixos. “Hoje para o Banco reduzir a inflação para 3,25% ele precisa ter uma taxa de juros que leve a inflação para essa meta o que leva os juros a um nível muito alto, que é o caso da atual taxa de 13,75%”, diz.
O professor de Políticas Econômicas da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Jefferson Prado, não vê com bons olhos a proposta e acredita que ela não trará redução de juros.
“A medida não fará com que a taxa de juros caia porque a proposta consiste em alongar o prazo e tentar mexer na forma como os juros reagirão frente a evolução da inflação. Para que os juros caiam, é preciso de uma tomada de decisão em relação à política fiscal. Para isso, o governo precisaria fazer uma gestão mais transparente e barata, propor uma redução de carga tributária junto com a reforma tributária e isso até agora não foi feito”, justifica.
De acordo com Prado, mesmo que a taxa de juros caia essa redução seria superficial porque os juros refletem tanto questões externas, como a guerra da Ucrânia e a recessão nos EUA e na Europa, quanto internas, como o endividamento do Brasil. “Enquanto o país não tiver uma política fiscal austera, responsável, que reduza a dívida pública, não adianta o governo querer estender prazo de meta e colocar a culpa no BC. Se o governo está incomodado com a taxa de juros, ele precisa controlar o gasto fiscal porque se ele gasta menos significa que ele faz menos dívida e assim emite menos títulos contribuindo para que a taxa de juros caia”, complementa.
Outro lado
Em nota enviada a IstoÉ Dinheiro, o ministério da Fazenda afirma que “o modelo de meta de inflação auferida no ano-calendário é mais rígido que outros modelos como meta de médio prazo e meta contínua, mais comuns em outros países, tendo em vista que eventuais choques exógenos pressionam a política monetária no curto prazo”.
Ainda segundo o órgão, “nos modelos mais modernos, o BC poderia utilizar instrumentos disponíveis dentro do horizonte relevante para a política monetária para direcionar as expectativas de forma suavizada. Outra vantagem é o caráter mais perene da meta que não precisaria ser estabelecida ano a ano. Em recente avaliação da política econômica brasileira conforme artigo IV, o corpo técnico do FMI (Fundo Monetário Internacional) indica a superioridade de um arranjo com metas não vinculadas ao ano calendário e que tenham sua consecução no horizonte relevante da política monetária”.
O professor do Mackenzie, entretanto, discorda da avaliação do ministério. “Ele justifica dizendo que essa flexibilização foi adotada em alguns países desenvolvidos, mas são países que estão em outro momento da economia. A nossa economia sofre até hoje impactos da Covid-19. Nós tivemos um problema crônico de fornecimento e abastecimento que gerou uma inflação no país cujos efeitos ainda são sentidos. Soma-se a isso o fato de termos um governo que entregou um arcabouço fiscal que, embora tenha feito com que o mercado entendesse que pelo menos agora há uma meta, ninguém acredita que o Executivo conseguirá cumprir o que está propondo”, conclui.
O Estado de S.Paulo - SP 26/05/2023
A sinalização de que o governo planeja adotar políticas industriais para alavancar a economia foi considerada “alentadora”, “amplamente positiva” e “meritória” por executivos do setor e economistas ouvidos pelo Estadão — ainda que eles apontem a necessidade de estudos mais profundos, projetos detalhados e uma rápida execução dos planos.
Nesta quinta-feira, 25, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o vice-presidente Geraldo Alckmin publicaram um artigo no Estadão em que afirmam que “a indústria será o fio condutor de uma política econômica voltada para a geração de renda e de empregos mais intensivos em conhecimento e de uma política social que investe nas famílias”.
O presidente executivo da Associação Brasileira da Infraestrutura e da Indústria de Base (ABDIB) e integrante do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI), Venilton Tadini, afirmou que as intenções do governo se afastam “da tendência predominante nos últimos anos de demonizar qualquer tentativa de organizar uma política industrial para o País” e que a sinalização é “alentadora”.
Para o executivo, diante do cenário de reestruturação das cadeias globais de valor e da transição energética, o Brasil precisa definir uma estratégia de desenvolvimento que priorize a infraestrutura e a indústria. “É necessário, além de estabelecer políticas horizontais e verticais, articular programas de apoio aos setores a serem priorizados. Não há mais tempo a perder. Precisamos acelerar a implementação dessas medidas”, acrescentou.
Na visão do presidente executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Haroldo Ferreira, o governo tem de detalhar o que planeja fazer. “O governo está dando sinais positivos para nós. A demonstração é importante, mas precisamos de anúncios específicos para a indústria.”
Ele ponderou, porém, que o governo já trabalha em medidas que beneficiam a indústria — como o arcabouço fiscal e a reforma tributária —, ainda que elas não tenham sido desenhadas especificamente para atender o setor.
Ferreira defendeu o que chama de “reconstrução” do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), para a entidade voltar a fomentar o setor. “A industrialização precisa de financiamento com taxa de juros que a favoreça.”
O presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Fernando Pimentel, também afirmou que o artigo de Lula e Alckmin “está em linha com a agenda que vem sendo trabalhada pelo setor”. “A questão maior agora é operacionalização e governança”, disse.
Pimentel lembrou que, além da taxa de juros, os tributos têm dificultado a atuação do setor e destacou que políticas industriais não serão suficientes se não houver um ambiente de negócios positivo. “Previsibilidade, confiabilidade e estabilidade, dentro do que é possível em um mundo instável, são essenciais. Não podemos criar instabilidades internas.”
Já o economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) Rafael Cagnin avaliou que as sinalizações de Lula e Alckmin são “amplamente positivas”. Do lado crítico, ele destacou que assuntos importantes, como ganhos de produtividade e um fortalecimento da relação comercial com os países do Norte, ficaram de fora do texto.
“O artigo é mais positivo, porque reconhece a indústria como um eixo motor fundamental do desenvolvimento econômico dos países, tenta nos colocar num movimento global e enfrenta desafios que são mundiais, como a questão da transição energética”, disse Cagnin.
Na leitura do economista do Iedi, a indicação no artigo de promover uma diversificação “a partir dos setores em que já temos know-how” é correta. “Ou seja, evitar querer dar saltos muitos grandes, sem ter perna para isso.”
Cagnin afirmou ainda que o presidente e o vice-presidente acertaram ao dar ênfase para a importância da sustentabilidade. “A tendência internacional — e numa velocidade relativamente rápida — é migrar para um matriz energética completamente sustentável.”
Como ponto crítico, ele destacou a falta de discussão sobre a produtividade em setores com maior agregação de valor e intensidade tecnológica e a ausência de um destaque para uma integração com países do Norte, em especial sobre o acordo entre Mercosul e União Europeia.
“Para todas as ambições sociais do governo, os limites serão dados justamente pela trajetória de crescimento da produtividade. Não adianta o Brasil ter pretensão de um desenvolvimento social elevado se os ganhos de produtividade da nossa economia não acompanharem essa ambição.”
Na avaliação de Armando Castelar, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), a preocupação de Lula e de Alckmin com a política industrial é “meritória”, mas falta uma visão mais crítica sobre o que já foi tentado por diferentes governos nos últimos anos para o setor, mas deu errado.
“É válido pensar na indústria porque ela vem perdendo participação no PIB brasileiro há bastante tempo”, afirmou o pesquisador. “Mas (o artigo) falha em não olhar atrás e tentar tirar lições das várias políticas industriais que o País teve.”
Segundo ele, o texto não trouxe um diagnóstico “muito elaborado” sobre as razões que levaram o setor industrial a acumular um desempenho tão negativo nas últimas décadas.
“Em geral, o que a gente vê é que a política industrial do Brasil foca em setores que não são mais competitivos. Só foca em proteger setores que perderam competitividade. Se olhar para os dois primeiros governos do presidente Lula, não vão faltar exemplos, como é o caso da indústria naval.”
No artigo publicado no Estadão, Lula e Alckmin falam numa neoindustrialização para o País e destacam a importância do conteúdo nacional, “seja para a construção de cadeias produtivas mais resilientes a choques, como o que provocou escassez de insumos na pandemia; seja para dar conta do imperativo da mudança climática, a corrida espacial do nosso tempo”.
O texto também aponta a importância da reativação do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI). “Eu acho que tentar fazer uma política industrial a partir de um conselho nacional é um caminho para conceder benefícios para os setores que já estão aí”, disse Castelar.
O pesquisador do Ibre apontou também que o custo de capital mais baixo e a melhora do ambiente de negócios — como pedem o presidente e o vice-presidente no artigo — não foram suficientemente enfatizados no artigo. “A solução não me parece ser simplesmente o Estado conceder crédito subsidiado para as empresas. Precisaria ser alguma coisa mais ampla.”
Globo Online - RJ 26/05/2023
Não é possível falar em política industrial com o sistema tributário que o país tem hoje. A avaliação é do secretário extraordinário da reforma tributária, Bernard Appy, que disse que empresários do setor têm atualmente uma bola de aço amarrada aos pés.
— Não dá para fazer política industrial com o sistema tributário que temos hoje, que é contra a competividade e o investimento — afirmou Appy durante sua participação no evento do Dia da Indústria, realizado na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
No seminário, estão sendo discutidos temas como a nova política industrial, a reforma tributária para o crescimento econômico e a desindustrialização, entre outros.
Appy rebateu as críticas de que a reforma tributária que está sendo proposta tende a beneficiar somente a indústria, prejudicando o setor de serviços com um imposto único (Imposto sobre Valor Agregado) na tributação de bens e serviços e consumo.
Em cinco meses, atual presidente já se encontrou com mais chefes de governo do que seu antecessor em quatro anos
— A reforma tributária não é para favorecer a indústria e prejudicar outros setores. Estudos mostram que todos os setores da economia serão beneficiados, inclusive de prestação de serviços para o consumidor final, que em princípio, seria o mais prejudicado — disse.
Appy afirmou que indústria de transformação será beneficiada pela simplificação do sistema tributário porque hoje é o setor mais prejudicado, com perda de competitividade e é mais onerado pela complexidade dos impostos no Brasil.
Ele disse que com certeza, o sistema tributário no Brasil é o pior do mundo e que a reforma que trará a não cumulatividade dos impostos, tributação no destino, fim da chamada guerra fiscal para atrair indústria vai trazer o Brasil para o padrão internacional, reduzindo litígios e burocracia tributária.
Appy disse que já há apoio dos pequenos municípios para a reforma, que são muitos fortes, e que entre os estados ainda há pontos sendo discutidos, por exemplo, dos benefícios fiscais que estão validados até 2032.
Mas esses pontos já estão no foco dos parlamentares e do ministério da Fazenda. Entre os grandes municípios, alguns já estão apoiando a reforma. Ele disse que acredita que será possível construir maioria necessária para aprovação da reforma no Congresso.
Valor - SP 26/05/2023
Diretora comercial disse que as vendas secundárias no mercado imobiliário “continuam fortes” e que o pensamento sempre foi de que as construções aumentam após alta nas "vendas e imóveis concluídos"
A BHP está confiante de que o conturbado mercado imobiliário da China irá se recuperar nos próximos meses, apesar dos sinais econômicos preocupantes que levaram os preços do minério de ferro e do cobre de volta aos níveis vistos pela última vez durante a época da extinta política chinesa Covid Zero.
As vendas secundárias no mercado imobiliário “continuam fortes, muito fortes”, disse Vandita Pant, diretora comercial da BHP, em entrevista nesta quinta-feira (25). “Sempre pensamos que as vendas e imóveis concluídos vão se recuperar primeiro, e depois construções iniciadas”, disse. Ela acrescentou que “essa trajetória está se mantendo”.
O tom confiante da maior mineradora do mundo vem na esteira de uma atividade econômica na China que decepcionou as expectativas desde que as rigorosas medidas de combate à pandemia foram removidas no final do ano passado, com forte impacto na demanda por metais. A potência asiática é de longe a maior importadora de minério de ferro e cobre.
A atividade de construção mais fraca do que o esperado, particularmente no setor imobiliário, empurrou o minério de ferro — principal produto exportado pela BHP — abaixo de US$ 100 a tonelada. O cobre, outra de suas principais commodities, caiu abaixo de US$ 8 mil a tonelada pela primeira vez em seis meses nesta semana, o que reforçou o pessimismo sobre a economia global.
Mas Pant disse que a BHP ainda espera que a demanda por metais da China “seja uma fonte de estabilidade no segundo semestre”, que deve, aliás, “ser melhor do que o primeiro”, ecoando as palavras do CEO, Mike Henry, durante a divulgação dos resultados semestrais da empresa em fevereiro.
O primeiro trimestre de 2023 foi “melhor do que esperávamos”, mas o mercado se empolgou no segundo trimestre, levando os preços das commodities a níveis irrealistas, disse Pant. A economia da China não deve sentir a totalidade do “vento de cauda” das medidas de estímulo do governo, introduzidas no início deste ano, antes de 2024, destacou.
Infomoney - SP 26/05/2023
Os contratos futuros de minério de ferro na bolsa de Dalian caíram para o nível mais baixo em quase seis meses nesta quinta-feira, devido às expectativas de que a demanda da China pelo ingrediente siderúrgico permanecerá lenta durante a típica calmaria do verão na atividade doméstica de construção.
A referência do minério de ferro em Cingapura, no entanto, mostrou certa estabilidade após um “sell-off” de cinco sessões, sugerindo que os preços de curto prazo podem ter chegado ao fundo do poço.
O minério de ferro mais negociado para setembro na Dalian Commodity Exchange da China encerrou o pregão diurno com queda de 2,2%, a 681 iuanes (98,52 dólares) a tonelada, depois de atingir mais cedo 674 iuanes, a cotação mais baixa desde 2 de dezembro.
Na Bolsa de Cingapura, o minério de ferro mais ativo em junho caiu 0,2% para 95,25 dólares a tonelada, depois de atingir uma baixa de três semanas de 94,70 dólares no início da sessão.
O minério de ferro em Cingapura caiu mais de 15% este ano, devolvendo os ganhos anteriores, já que o otimismo inicial em torno das perspectivas de demanda da China para 2023 desapareceu.
As preocupações com a recuperação econômica pós-Covid da China agora dominam o mercado. O controle da produção de aço no país também deve reduzir a demanda por minério de ferro.
A fraqueza do iuan e o “sell-off” no mercado de ações da China, estimulado por uma disputa comercial e tecnológica crescente entre os EUA e a China, contribuiu para o clima sombrio.
A demanda de aço chinesa durante o pico da temporada de construção da primavera ficou abaixo das expectativas, e não se espera que melhore com a calmaria do verão chegando.
“A estação chuvosa no sul está chegando, a demanda downstream por produtos acabados continua enfraquecendo, enquanto o lado da oferta está estável, no geral”, disseram analistas da Huatai Futures em nota.
O clima quente e a chuva na China durante o verão de junho a agosto geralmente diminuem a atividade de construção, reduzindo a demanda por aço.
IstoÉ Dinheiro - SP 26/05/2023
O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Márcio Lima Leite, afirmou, após reunião no Palácio do Planalto, que o corte de impostos para a indústria automotiva, anunciado nesta quinta-feira, 25, pelo governo, deve tornar possível a venda de carros abaixo de R$ 60 mil, como quer o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Tudo depende da política de preços de cada montadora, disse Leite.
Nesta quinta-feira, o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, anunciou que a União irá promover um desconto por tempo limitado no IPI e PIS/Cofins de automóveis que hoje custam até R$ 120 mil.
De acordo com o ministro, essa redução vai possibilitar um desconto no valor dos carros que irá variar de 1,5% até 10,79%. Carros acima de R$ 120 mil estão fora do programa.
“Sobre o preço, cada montadora tem sua política. Pelos números que vêm sendo apresentados, é muito possível termos preços abaixo de 60 mil. Com as reduções tributárias em discussão e o esforço conjunto de todo setor, é bem possível que tenhamos queda nos preços”, disse Leite, após a reunião no Palácio do Planalto com Lula, Alckmin, e os ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Rui Costa (Casa Civil).
O presidente da Anfavea avaliou o diálogo com o governo como “bom”.
Não há definição sobre a renúncia fiscal que a medida vai acarretar, nem o impacto porcentual sobre os impostos.
Os números dependem da duração da medida. Para Leite, é preciso que o corte de impostos dure ao menos um ano para aumentar a produção e os investimentos da indústria automobilística, que hoje trabalha com 50% de sua capacidade.
“Ao que nos pareceu, o ministro da Fazenda está fazendo as contas para identificar se a validade da Medida Provisória se dará por um ano, seis meses, dois meses, quatro meses. O tempo é fundamental para falar do tamanho da renúncia”, afirmou o presidente da Anfavea a jornalistas. “Em princípio, entendemos que o ministério discute o tempo, não o conceito”, acrescentou.
De acordo com Márcio Lima Leite, a redução de impostos vai contemplar os veículos que estão nas concessionárias, sem mudanças tecnológicas nesses carros. A medida ainda tem o potencial de evitar greves ao ajudar na retomada do setor. Também terá bom impacto ambiental, porque a renovação da frota significa uma diminuição nas emissões de gases do efeito estufa. “O carro usado emite 23 vezes mais que o novo”, declarou o presidente da Anfavea.
Valor - SP 26/05/2023
Crescimento da produção de automóveis em abril foi de 9,9%
A produção de automóveis no Reino Unido aumentou 9,9% em abril, marcando o terceiro mês de crescimento, com a escassez global de chips e outros componentes continuando a diminuir, disse um órgão da indústria na quinta-feira (25).
A Society of Motor Manufacturers and Traders (SMMT) disse que 66.527 carros saíram das linhas de produção em abril, em comparação com 60.554 em abril de 2022, elevando o total nos primeiros quatro meses deste ano para 286.414, em comparação com 267.901 no mesmo período do ano anterior.
Desses carros fabricados no mês passado, 11.707 foram para o mercado doméstico, em comparação com 12.768 em abril de 2022.
O SMMT acrescentou que os volumes combinados de veículos elétricos a bateria, híbridos plug-in e elétricos híbridos aumentaram 56,2% em abril.
"A produção de automóveis do Reino Unido está começando a crescer novamente, uma boa notícia para o setor e para os muitos milhares de empregos e meios de subsistência que ele sustenta", disse o presidente-executivo da SMMT, Mike Hawes.
Ele observou que o aumento das exportações, principalmente para a Europa, destaca a necessidade de salvaguardar relações comerciais competitivas.
"Imediatamente, isso significa encontrar uma solução para o desafio das regras de origem enfrentado pelos fabricantes em ambos os lados do Canal, caso contrário, corremos o risco de aplicar tarifas e, portanto, custos desnecessários nos próprios veículos que estamos tentando incentivar os consumidores a comprar", disse Hawes.
Para o ano como um todo, 842.200 carros devem ser fabricados de acordo com uma perspectiva independente, em comparação com 775.014 no ano passado e 859.575 em 2021, disse o órgão da indústria.
O Estado de S.Paulo - SP 26/05/2023
O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Márcio de Lima Leite, estima que o mercado deve consumir entre 200 mil a 300 mil veículos a mais neste ano em razão do pacote anunciado hoje, 25, pelo governo, dependendo de como as medidas serão implantadas.
Pela manhã, o vice-presidente Geraldo Alckmin informou que os preços dos automóveis de até R$ 120 mil serão reduzidos de 1,5% a 10,96%, mas os detalhes de como serão aplicadas as medidas serão definidos ao longo das próximas duas semana.
Para isso, as medidas de corte de impostos (IPI, Pis e Cofins) precisariam ter duração de pelo menos um ano. O prazo de validade ainda não foi definido pelo Ministério do Desenvolvimento, que está à frente desse processo.
Segundo Leite, três montadoras que pretendiam anunciar paradas de produção nos próximos dias suspenderam as medidas. Uma delas é a Volkswagen, que cancelou férias coletivas antes agendadas para sua fábrica de Taubaté (SP). Segundo ele, só neste ano já ocorreram 14 paralisações de fábricas.
As medidas, diz Leite, não incluem qualquer compromisso das montadoras e concessionárias em relação a redução de margens de lucro nem de manutenção de empregos, embora o tema tenha sido tratado com o presidente Lula.
Em evento na sede da Fiesp na tarde de hoje, onde Leite falou com a imprensa, o presidente Lula voltou a dizer que “carro de R$ 80 mil não é popular, é carro para a classe média”. Na parte da manhã, em Brasília, ele se reuniu com montadoras mas quem fez o anúncio das medidas foi o vice-presidente, que também é ministro do Desenvolvimento (Mdic).
O maior corte deve ocorrer nos preços dos modelos de entrada, os mais baratos à venda no País, hoje em R$ 69 mil. Carros de até R$ 80 mil também terão índices superiores de desconto, mas todos terão de atender metas sociais (preços mais baixos), eficiência (menos emissões) e nacionalização (maior conteúdo de peças fabricadas no Brasil).
É provável que tenha modelos à venda por menos de R$ 60 mil, afirma o executivo, pois cada empresa poderá definir estratégias de preços. Ele também acredita que fabricantes que hoje não têm modelos na faixa de preço que será beneficiada, poderá se interessar em lançar produtos nessa linha.
Além da redução tributária, as empresas poderão realizar vendas diretas, feitas pelas montadoras, sem a intermediação do concessionário, que fará a entrega do modelo e se responsabilizará pela manutenção.
Leite informa que Banco do Brasil e possivelmente a Caixa estão avaliando formas de “facilitar o crédito para a compra de veículos de até R$ 120 mil”. Uma das medidas sugeridas pela Anfavea, de uso de parte do FGTS para a compra de carros novos, não foi aceita. Também não há previsão de participação dos Estados com redução de ICMS.
“Não haverá nenhuma alteração nos veículos para baratear custo no nível de tecnologia, segurança e questões ambientais”, diz o executivo. Cada empresa, porém, poderá adotar medidas alternativas. O presidente da Stellantis, Antonio Filosa, citou recentemente como exemplo a substituição do tipo de tecido dos bancos para algum menos sofisticado.
Leite diz ainda que as medidas podem contribuir com a recuperação da indústria. “As fabricantes operam hoje com 50% de ociosidade, seja por problemas globais mas também pelas taxas de juros altas”.
Vendas estão paradas
O presidente da Anfavea afirma que, nos últimos dias, as vendas de carros novos caíram bastante porque vários consumidores, principalmente as locadoras, suspenderam compras à espera do pacote. Para que a paralisação não se mantenha ao longo das próximas semanas, ele acredita que as concessionárias adotarão formas de efetivar negócios, como projetar os novos preços ou, eventualmente, aceitar encomendas.
Em nota, a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) informa que mas medidas são positivas, mas ainda existem pontos a serem definidos que permitirão melhor análise.
“A Fenabrave acredita que uma provável redução dos preços dos carros a patamares abaixo de R$ 60 mil, se atrelada a um crédito mais farto e barato, possa alcançar os consumidores que hoje estão fora da faixa de consumo de automóveis zero”, diz a nota.
A entidade acrescenta, contudo, que “não se pode fazer projeções e estimativas de volumes e porcentuais , sem antes ter conhecimento do decreto a ser publicado em até 15 dias e sua efetiva aplicabilidade pelas montadoras”.
IstoÉ Dinheiro - SP 26/05/2023
O efeito da desoneração dos três impostos federais (PIS, Cofins e IPI) sobre os carros anunciada nesta quinta-feira, 25, pelo governo é imediato, disse no período da tarde desta quinta o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Márcio Lima Leite. Tanto é imediato que, de acordo com Leite, três montadoras já informaram à associação nesta quinta que desistiram de colocar em prática a suspensão de contratos de trabalho (layoff) que estavam previstas.
“Apenas agora, neste momento, nós tivemos notícias de três fábricas que suspenderam lockdowns que estavam previstos. Então o efeito é imediato e por isso a urgência destas medidas. Na nossa avaliação, isso contribui sim para a redução das paralisações nas fábricas”, disse o presidente da Anfavea, participante do “Dia da Indústria”, evento que acontece desde as 9 horas da manhã na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), na capital paulista, e que contará ainda nesta quinta com as presenças do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Lula, do vice-presidente, Geraldo Alckmin, e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Ele não quis dar os nomes das três montadoras sob a alegação de que elas não o teria autorizado a identificá-las.
Sabe-se que a Volkswagen, que tinha cogitado a possibilidade de suspender contratos com seus funcionários, mesmo antes do anúncio da desoneração dos carros, havia postergado para o mês que vem.
Leite disse também que nesta quinta, durante reunião do setor com o presidente Lula, teria sido discutido a questão do emprego nas montadoras e sua relevância para a economia, mas não há nenhum compromisso de manutenção dos postos de trabalho por parte das empresas.
Valor - SP 26/05/2023
Dado significa que, do total do segmento, 74,4% foi demandado pelo setor privado em 2021
Puxado pelo segmento de infraestrutura, o setor privado ganhou participação na indústria da construção como um todo nos últimos anos, em contraponto à perda de representatividade do setor público.
Em 2007, o setor privado respondia por 59,7% da indústria, parcela que subiu para 74,4% em 2021, aponta a Pesquisa Anual da Indústria da Construção (PAIC) 2021 nesta quinta-feira (25) pelo IBGE. É a maior taxa de toda a série histórica do indicador, iniciada em 2007. Já a fatia do setor público caiu de 40,3% para 25,6%, em igual base de comparação. No segmento de infraestrutura, a fatia da iniciativa privada subiu de 44,3% em 2007 para 56,8% em 2021.
Ao longo dos anos, o setor privado tem ganho cada vez mais relevância no total da indústria da construção e atingiu o maior valor da série em 2021. O dado significa que, do total da indústria da construção, 74,4% foi demandado pelo setor privado.
Segundo o analista da PAIC 2021 Marcelo Miranda, a expansão da representatividade do setor privado em infraestrutura reflete o avanço das Parcerias Público-Privadas (PPPs), mas também pode ser resultado da recessão dos anos de 2015 e 2016 e da redução dos gastos do setor público nos últimos anos, que perde participação no todo.
“Quem puxa mais esse avanço do setor privado é justamente o segmento de obras de infraestrutura. A principal explicação para isso é o início de Parcerias Público-Privadas (PPPs). Também teve em 2015 e 2016 uma recessão, então traz impacto para o setor público. [...] Esse crescimento do setor privado também pode significar mais queda do valor do setor público que essencialmente o aumento do setor privado. Essa questão de redução dos gastos do setor público nos últimos anos pode ter impactado também”, afirma.
A pesquisa do IBGE também aponta outra tendência da indústria da construção nos últimos dez anos: o recuo da concentração no setor. Em 2021, as oito maiores empresas correspondiam a 4,3% da indústria da construção, abaixo dos 4,6% de 2020 e menos da metade dos 10,8% de 2012. O resultado de 2021 é o menor de toda a série histórica da pesquisa, iniciada em 2007.
No segmento de infraestrutura, 24,6% da indústria era concentrada nas oito maiores empresas em 2012, participação que caiu para 9,4% em 2020 e 8,4% em 2021. É também o menor patamar da série histórica. De acordo com Marcelo Miranda, a Lava-Jato e o fim do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) podem ajudar a explicar esse movimento.
“A gente percebe ao longo dos anos cada vez mais uma diminuição dessa concentração. Essa queda ocorre justamente pelo segmento de obras de infraestrutura. Uma explicação que pode dar é uma instabilidade jurídica que ocorre ali a partir de 2014 e 2015 e o novo arcabouço político-institucional. [...] A Lava-Jato pode ter sido também uma influência para esse tipo de movimento. Também tem as obras do [Programa de Aceleração do Crescimento] PAC, que acabaram nos últimos anos. Na época tinham os campeões nacionais, as empresas ganhavam relevância”, diz.
Valor - SP 26/05/2023
De 2012 para 2021, a fatia da Região Norte no total de pessoal ocupado do setor caiu 7,1% para 6,1%, e na Região Nordeste, diminuiu de 22,9% para 18,8%
As regiões Norte e Nordeste perderam espaço nas participações em pessoal ocupado e em valor de incorporações, na indústria da construção do país, de 2012 a 2021. Em contrapartida, a região Sul foi a que mais avançou, nesses dois quesitos, no mesmo período. Os dados constam da Pesquisa Anual da Indústria da Construção (Paic) 2021, veiculada nesta quinta-feira (25) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
No levantamento, os pesquisadores do instituto realizaram panorama da indústria da construção para grandes regiões, em horizonte de longo prazo. De 2012 para 2021, a fatia da Região Norte no total de pessoal ocupado da indústria da construção caiu 7,1% para 6,1%.
Na Região Nordeste, por sua vez, diminuiu de 22,9% para 18,8% a parcela da localidade no total de ocupados no setor, no período. No Centro-Oeste, por sua vez, diminuiu de 8,8% para 8,7%, a participação da região no total de ocupados nessa indústria.
Em contrapartida, subiu de 47,8% para 49,4% a fatia da Região Sudeste no total de pessoal ocupado na construção – e, na Região Sul, o avanço foi mais intenso. Aumentou de 13,5% para 17% a parcela da localidade no total de trabalhadores em construção no país, de 2012 para 2021.
A Região Sul também foi o destaque positivo quando os pesquisadores do IBGE investigaram participação das grandes regiões, no total de valor das incorporações, obras e/ou serviços da construção, de 2012 para 2021. Nesse período, subiu de 13,5% para 18,6% a fatia da localidade no valor total das incorporações da construção, maior avanço entre as grandes regiões.
Também no mesmo período, subiu de 8,6% para 9,3% a parcela da Região Centro-Oeste no total do valor das incorporações no setor.
Em contrapartida, caíram de 6,9% para 6%; de 51,7% para 48,2%; e de 19,4% para 17,9%, respectivamente, as parcelas das regiões Norte, Sudeste e Nordeste, no valor total das incorporações.
Segundo o analista da PAIC 2021, Marcelo Miranda, a redução da participação de Norte e Nordeste, no valor de incorporações, está ligada ao fim de obras de infraestrutura em Pernambuco e na região Norte, como hidrelétricas, no período.
Na pesquisa, os técnicos do IBGE comentaram que, mesmo com perda de participação nos dois tópicos, pessoal ocupado e valor de incorporações, o Sudeste continua a ser a principal grande região em ambas as variáveis.
Sobre o avanço do Sul, os pesquisadores pontuam que, entre 2012 e 2021, a localidade se tornou a segunda maior região no valor gerado na construção, ultrapassando o Nordeste. Além disso, o ganho de participação de pessoas ocupados na região Sul pode ser explicado pelo fato de ter apresentado a menor queda em termos percentuais, considerando as cinco Grandes Regiões, observam ainda os pesquisadores, na pesquisa.
Jornal de Brasília - DF 26/05/2023
Situado no meio do trajeto da Ferrogrão, o Parque Nacional Jamanxim precisaria ter sua área alterada para que a ferrovia pudesse ser feita.
Os limites da floresta chegaram a ser mudados durante o governo Michel Temer (MDB), mas, em março de 2021, o ministro Alexandre de Moraes suspendeu a lei em liminar. A definição sobre o caso está marcada para 31 de maio, no STF.
Segundo Renan Filho, a Ferrogrão tem este primeiro desafio jurídico e depois um ambiental.
“Espero que, juridicamente, a gente tenha condição de avançar e, entendo, vamos fazer uma discussão aprofundada do ponto de vista ambiental, para que tenhamos o melhor projeto para a região, e que melhore a eficiência para transportar a carga produzida no Brasil central, especialmente de grãos”, disse.
O ministro afirmou que a obra é uma das mais arrojadas do tipo, mas defende que é possível fazer este tipo de investimento com sustentabilidade.
“A gente não defende -e eu nunca vi o presidente [Lula] defendendo isso– não ter investimentos para melhorar a competitividade nacional por conta dessas outras questões [ambientais]. Mas é óbvio que o contrário também é falso”, afirmou.
A Ferrogrão é vista por ambientalistas como um dos empreendimentos de maior potencial de impacto no país, junto com a exploração de petróleo na foz do Amazônia e o asfaltamento da BR-319 -rodovia que corta o bioma.
Em julho de 2021, a Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil) enviou uma carta à Internacional Progressista, entidade que reúne lideranças globais de esquerda, alertando sobre os impactos do projeto no ecossistema da região.
“O projeto da Ferrogrão só pode ser comparado a catástrofes humanitárias e ambientais como a rodovia Transamazônica e a usina hidrelétrica de Belo Monte”, diz carta.
No governo Lula 3, a Ferrogrão tem sido motivo de embate entre ministérios. Enquanto a pasta dos Transportes quer tirar a obra do papel, a titular do Ministério dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, atua no sentido contrário.
Na semana passada, a ministra pediu à AGU (Advocacia Geral da União) que se manifestasse junto ao STF contra a mudança nos limites do Parque Nacional Jamanxim.
Questionado sobre a divergência interna do governo, Renan Filho disse ser natural haver posições distintas.
“Cada pasta tem seu interesse e tem as suas atuações mais determinadas. É óbvio que a gente vai ter que conversar com o Ministério dos Povos Originários e com a área ambiental do governo, mas isso precisa ocorrer no momento apropriado. Agora nós estamos aguardando a decisão do Supremo”, afirmou.
“Mas a posição central é garantir os investimentos em infraestrutura que permitam o Brasil avançar e gerar riqueza com sustentabilidade. Esse é o equilíbrio que o presidente Lula visa buscar”, acrescentou.
Demanda antiga do agronegócio, a Ferrogrão ganhou celeridade durante o mandato de Jair Bolsonaro (PL). Para tirar a ferrovia do papel, o governo buscou apresentá-la como ambientalmente sustentável, o que envolveu, inclusive, assinatura de memorando com a CBI (Climate Bonds Initiative), que certifica obras com uma espécie de “selo verde”.
Um dos principais articuladores, à época, foi o então ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, hoje governador de São Paulo.
O argumento sustentável se baseia na promessa de reduzir a emissão de toneladas de carbono –graças à redução esperada de 90% no fluxo de caminhões na BR-163, que hoje leva a soja mato-grossense para o porto no Tapajós.
Apesar de ganhar tração no governo Bolsonaro, o projeto havia sido defendido anteriormente pelo PT, e chegou a constar de uma versão do PIL (Programa de Investimentos em Logística), anunciado pelo governo Dilma Rousseff, em 2015. Mas nunca foi adiante.
Agora, a obra tem apoio do próprio presidente. A Ferrogrão pode azeitar a relação de Lula com o agronegócio, setor que apoiou massivamente a reeleição de Bolsonaro e que ainda tem uma relação conflituosa com o petista.
Valor - SP 26/05/2023
Em comentário ao jornal "Izvestia", o vice-premiê russo disse que um novo corte de oferta da Opep+ é improvável, já que o cartel acabou de implementar uma redução voluntária de produção
O petróleo encerrou a sessão desta quinta-feira (25) com fortes perdas no mercado futuro. Além da desaceleração da economia global e o impasse sobre o teto da dívida nos Estados Unidos, a commodity também foi pressionada por falas do vice-primeiro-ministro da Rússia, Alexander Novak, que rejeitou a ideia da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) de anunciar novos cortes de oferta no mês que vem.
Assim, o barril do petróleo WTI, a referência americana, com entrega prevista para julho recuou 3,38%, a US$ 71,83, enquanto o do Brent, a referência global, para agosto caiu 2,62%, a US$ 76,18.
Em comentário ao jornal russo "Izvestia", o vice-premiê e representante do país na Opep+ disse que um novo corte de oferta é improvável, já que o cartel acabou de implementar uma redução voluntária de produção.
“Não creio que haverá novos passos, porque, há apenas um mês, foram tomadas algumas decisões sobre a redução voluntária da produção de petróleo por parte de alguns países pelo fato de termos assistido a um ritmo lento de recuperação económica mundial”, afirmou Novak.
Nesta semana, o petróleo vinha em ritmo de recuperação, depois que o ministro de Energia da Arábia Saudita, Abdulaziz bin Salman, sinalizou para a possibilidade de anúncio de um novo corte na próxima reunião da Opep+, marcada para 4 de junho.
Além da Opep+, investidores seguem de olho no embate para elevar o teto da dívida dos EUA. Segundo o vice-presidente sênior da Rystad Energy, Matthew Fitzsimmons, o impasse ameaça a capacidade produtiva da indústria americana, o que afeta a demanda interna por petróleo.
“Potências manufatureiras globais, como a China, continuam ávidas por encomendas internacionais para aumentar os níveis de atividade. Se os incentivos fiscais da Lei de Redução da Inflação forem removidos, os EUA terão dificuldades para competir em escala global”, avalia Fitzsimmons.
Para aprovar uma lei que aumente o teto da dívida americana, a Câmara — controlada pela oposição republicana — exige que a Casa Branca reduza os gastos fiscais do governo por meio da revogação de parte dos incentivos adotados nos últimos anos.
O Estado de S.Paulo - SP 26/05/2023
A Câmara anulou nesta quarta-feira, 24, alterações feitas pelo Senado em uma medida provisória editada ainda no governo Bolsonaro e voltou a permitir a instalação de linhas de transmissão de energia, gasodutos e sistema de abastecimento público de água na Mata Atlântica sem estudo prévio de impacto ambiental ou compensações. A matéria segue agora para sanção presidencial, mas há expectativa no Congresso de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vete esse trecho da MP. A liderança do governo, contudo, orientou de forma favorável ao afrouxamento das regras de combate ao desmatamento no bioma.
O texto aprovado pelos deputados altera legislação de 2006, que dispõe sobre a utilização e proteção da vegetação nativa da Mata Atlântica. A permissão havia sido incluída no texto pela Câmara, durante a primeira análise da MP, mas esse trecho havia sido retirado da medida pelos senadores, com o argumento de que as mudanças poderiam trazer riscos ao bioma e fugiam da temática do texto original, o que é chamado no Congresso de “jabuti”.
Pelo texto aprovado hoje, em casos de implementação de empreendimentos localizados na faixa de domínio e servidão de ferrovias, estranhas, linhas de transmissão, minerodutos e outros empreendimentos, a supressão da vegetação “é limitada a faixa de domínio do empreendimento, não cabendo medidas compensatórias de qualquer natureza”.
A medida estabelece ainda que há exceção no caso das áreas de preservação permanente. Neste caso, é exigido área equivalente a que foi desmatada, aprovada pelo órgão licenciador competente. O texto ainda determina que “não se aplica às atividades de implantação e ampliação de empreendimentos lineares, a realização de estudo prévio de impacto ambiental (EIA) para emissão da licença de supressão da vegetação”.
A MP, apoiada pela Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), também dispensa, em casos de empreendimentos lineares, a captura, coleta e transporte de animais silvestres, garantida apenas sua afugentação.
Originalmente, a medida apenas ampliava prazos para proprietários de imóveis rurais aderirem ao Programa de Regularização Ambiental (PRA). “Ainda há um déficit do Cadastro Ambiental Rural bastante significativo, e é critério para fazermos o Programa de Regularização Ambiental a entrega do CAR. No entanto, só se pode fazer o PRA se os Estados implementarem o CAR. E só temos seis Estados no Brasil que conseguiram implementar”, disse o relator da MP, deputado Sérgio Souza (MDB-PR), em 30 de março, quando a medida foi analisada pela primeira vez na Câmara.
O prazo para a adesão de proprietários rurais ao programa já foi prorrogado várias vezes. Antes da MP, acabaria no final de 2022. Em março, o relator havia acatado as mudanças que, na prática, afrouxam as regras de combate ao desmatamento na Mata Atlântica. De acordo com Souza, contudo, foi feito um acordo, com a participação do Ministério do Meio Ambiente, que permite ao governo vetar esses trechos se assim quiser.
“O acordo que nós promovemos para acatar essas emendas foi de que colocamos no texto como acatado pelo relator [as emendas], mas não há compromisso por parte do governo de sanção. E, se houver sanção, fica o compromisso [da Câmara] de manter o veto”, afirmou o deputado.
Valor - SP 26/05/2023
Secretário-executivo do ministério diz que cabe ao governo decidir sobre produção de petróleo.
Marina Silva recebeu apoio de centenas de entidades do agro, sociedade civil, setor financeiro e academia que se manifestaram contra o esvaziamento do MMA — Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil
“Não está sendo dito que não se pode explorar petróleo na Foz do Amazonas”, diz João Paulo Capobianco, secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente. “O MMA não tem o poder de dizer se vamos ou não explorar petróleo ali, não é o nosso papel. Para isso tem o governo.”
“É preciso esclarecer que o Ibama negou uma licença específica porque não se ofereceram as condições necessárias para que fosse deferida”, segue Capobianco.
Ele adianta que o MMA e o Ministério das Minas e Energia estão contratando a Avaliação Ambiental de Área Sedimentar, como ficou acertado em reunião na Casa Civil na terça-feira entre os ministros Marina Silva, do MMA e Alexandre Silveira, das Minas e Energia.
O instrumento foi previsto em portaria interministerial de 2012 - entre MMA e MME-, que torna a avaliação obrigatória, mas que, na prática, quase nunca foi cumprida. Deve ser feita por bacia sedimentar. Há cinco bacias na Margem Equatorial, a nova frente de expansão de petróleo que a Petrobras quer explorar.
“Essa avaliação tem que ser feita antes da oferta pública dos lotes para exploração de petróleo. Mas a legislação não está sendo cumprida”, diz a advogada Suely Araújo, especialista sênior em políticas públicas do Observatório do Clima.
Suely presidiu o Ibama de 2016 ao início do governo Bolsonaro. Em 2018, durante o governo Temer, vetou o licenciamento de perfuração de petróleo em cinco blocos próximos ao 59, rejeitado há alguns dias por Rodrigo Agostinho, atual presidente do Ibama. Os blocos eram da francesa Total.
Segundo Suely, a avaliação permite que se tenha uma visão macro dos impactos, além de delimitar áreas aptas para a produção de petróleo, outras não aptas e algumas em moratória. “Tudo isso deveria ocorrer antes da oferta pública dos blocos”, diz ela. “Isso jogaria no mercado blocos com mais segurança jurídica e o licenciamento seria mais simples”, explica. “Os impactos ambientais seriam vistos de forma mais robusta e o empreendedor não perderia dinheiro”.
A advogada esclarece que há três fases na exploração de petróleo no mar. A pesquisa sísmica, a perfuração (conhecia por exploração) e a produção. “A perfuração não é isenta de riscos”, diz.
“O Ibama não está em campanha contra o petróleo. O órgão dá licenças à Petrobras a toda hora”, diz Suely. Na Margem Equatorial, área que se extende do Amapá ao Rio Grande do Norte, existem mais de 200 blocos previstos. “É uma região pouco estudada e a Petrobras não conseguiu provar que o empreendimento é viável”.
Na quarta-feira, Marina Silva disse que o processo de análise de um novo pedido de licenciamento ambiental para exploração de petróleo na Foz do Amazonas pode levar mais de dois anos. “Infelizmente, neste caso, atropelou-se o processo. O empreendedor tem que trazer todas as informações necessárias”, diz Capobianco.
O Ministério do Meio Ambiente recebeu apoio de quase 800 entidades da sociedade civil em outra frente, a da medida provisória 1.154, com relatório aprovado por Comissão Mista do Congresso há dois dias. O substitutivo da MP desidrata o MMA.
São 790 entidades signatárias entre organizações ambientalistas, entidades do setor privado, de movimentos sociais e academia. Trata-se de um recorde de adesões nas ações pelo meio ambiente.
O manifesto, enviado a líderes do Congresso, condena o substitutivo para a MP 1.154, que reorganiza a Esplanada na visão do governo Lula. A proposta busca corrigir quatro equívocos como as retiradas do Cadastro Ambiental Rural e da coordenação do Sistema Nacional de Recursos Hídricos do MMA.
A mudança do CAR irá dificultar o uso de “instrumento fundamental para o sucesso de estratégias de combate ao desmatamento e de regularização ambiental de imóveis rurais no país”, diz a nota.
No caso da mudança na gestão dos recursos hídricos há “grandes chances de aumentar conflitos nesse campo, no médio e longo prazo”. Outra crítica é a intenção de retirar do MMA os serviços públicos de saneamento e a gestão de resíduos sólidos, “deixando o MMA enfraquecido”, diz a nota.
Na leitura da sociedade civil, o quarto erro é retirar do Ministério dos Povos Indígenas a competência para demarcação de terras indígenas. “Votar a favor desses equívocos significa apoiar a diminuição da capacidade de o Brasil combater o desmatamento, principal fonte nacional de emissões de gases estufa, de assegurar o equilíbrio no uso múltiplo das águas e de garantir a efetividade dos direitos constitucionais dos povos indígenas”, diz o manifesto.
Marina Silva e o MMA também receberam apoio da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, movimento composto por mais de 350 organizações entre entidades e empresas do agronegócio, da sociedade civil, setor financeiro e academia. A crítica mira a mudança do CAR. “O agronegócio não pode ficar à mercê de constantes mudanças administrativas e operacionais, que geram ineficiência e insegurança”, diz a nota. “As novas legislações internacionais sobre o comércio e desmatamento demandam celeridade e eficiência na implementação da lei florestal, sob risco de sofrermos indesejáveis restrições comerciais.”
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