Valor - SP 25/01/2023
O desempenho ficou um pouco abaixo das projeções traçadas em meados do ano, de 4% a 4,5% de alta
Com a demanda fraca nos dois últimos meses do ano, o mercado de distribuição de aços planos encerrou 2022 com crescimento de 3,9%, na comparação com as vendas de 2021. O desempenho, no entanto, ficou um pouco abaixo das projeções traçadas em meados do ano — de 4% a 4,5% de alta.
Os dados foram divulgados nesta terça-feira (24) pelo Inda, entidade que reúne as distribuidoras de aços planos, tanto independentes quanto as vinculadas as siderúrgicas que operam no país.
De acordo com boletim mensal do Inda, o volume comercializado atingiu 3,73 milhões de toneladas de aços nos tipos laminados a quente e a frio, folhas metálicas, zincados e chapas grossas. O desempenho foi puxado por chapas grossas (alta de 10%) e zincados (mais 10,3%) na comparação com o ano anterior.
Em dezembro, as vendas da rede, conforme o Inda, foram de 257 mil toneladas — recuo de 1,7% ante um ano atrás, e queda de 11,6% em relação a novembro.
Alguns setores consumidores de aços planos — construção civil, equipamentos, máquina de linha amarela, implementos agrícolas e veículos pesados — seguraram a demanda na maior parte do ano. A recuperação no setor automotivo leve foi baixa, conforme avaliações do Inda.
Devido ao cenário de demanda retraída no final de ano, as distribuidoras atuaram de forma conservadora nas compras de aço junto às usinas em dezembro. O volume adquirido foi de 242,8 mil toneladas, 14,5% abaixo de novembro e 2,3% a menos que no mesmo mês de 2021.
As empresas encerraram o ano com compras praticamente iguais ao volume do ano anterior — 3,73 milhões de toneladas. Os destaques nos pedidos foram para zincados (+13,1%) e chapas grossas (+6,9%).
A rede, segundo os dados do Inda, fechou dezembro com 817 mil toneladas, similar ao volume de um ano antes, correspondendo a 3,2 meses de vendas. Isso representa um nível de material estocado nos armazéns das distribuidoras levemente acima do índice considerado saudável, de três vezes o volume vendido.
IstoÉ Online - SP 25/01/2023
Os fabricantes de veículos do país com contratos de preços de aço com siderúrgicas vencendo em janeiro conseguiram neste mês uma redução de cerca de 10% nos valores cobrados pelas usinas, afirmou o presidente da associação de distribuidores de aços planos, Inda, Carlos Loureiro nesta terça-feira.
Loureiro afirmou ainda que “a maioria dos contratos” foi fechada com prazos menores em relação ao período tradicional de um ano comumente utilizado no setor.
“O desconto de 9% a 12% para as montadoras com contratos em janeiro ficou dentro do esperado. A novidade foi que a grande maioria deles deixou de ser anual e passou a ser semestral”, disse o presidente do Inda. “Uma das usinas fechou só trimestral”, acrescentou sem dizer nomes.
A CSN manifestou alguns meses atrás interesse em reduzir a periodicidade dos contratos de fornecimento de aço às montadoras de veículos. Procurada, a empresa não comentou o assunto.
Loureiro afirmou que vê pouco espaço para as usinas declararem aumentos de preços de aço para a distribuição em fevereiro diante de um quadro em que há sobra de oferta no Brasil, apesar de a situação de prêmios não favorecer importações. Além disso, acrescentou, os estoques dos distribuidores estão em nível baixo. O setor terminou dezembro 817 mil toneladas estocadas, praticamente estável sobre um ano antes e queda de 1,7% ante novembro.
Segundo o presidente do Inda, o aço nacional está 10% mais caro que a liga importada, diferença conhecida no setor como “prêmio”, e este nível não é suficiente para compensar o risco de se acertar contratos de importação.
Em 2022, as importações de aço plano pelo Brasil caíram 17,2%, para 1,68 milhão de toneladas, segundo dados do Inda divulgados nesta terça-feira.
As vendas de aço pelos distribuidores em 2022 subiram 3,9%, para 3,73 milhões de toneladas. Em dezembro apenas, as vendas caíram 1,7% sobre um ano antes, para 257 mil toneladas, recuando 11,6% ante novembro, num desempenho melhor que os 20% de queda esperados pelo Inda. Para janeiro, a expectativa é de crescimento de 11% nas vendas, para 285 mil toneladas.
Para este ano, a entidade espera expansão de 2% a 3% nas vendas. “O mercado não está brilhando…devemos crescer ao redor de 2,5% este ano, o que é muito baixo”, disse Loureiro.
Apesar disso, ele afirmou que vários setores da economia consumidores de aço – energia eólica e solar, saneamento, máquinas agrícolas e de construção – “estão performando bem”.
Questionado sobre o anúncio do Ministério de Relações Exteriores na véspera, de que os Estados Unidos decidiram encerrar tarifa antidumping imposta em 1993 sobre chapas grossas de aço carbono produzidas no Brasil, Loureiro afirmou que o efeito sobre o setor siderúrgico será pequeno.
Isso porque o país ainda mantém medidas de proteção ao mercado interno impostas durante o governo de Donald Trump. “A 232 continua funcionando e pouca coisa mudou. Ela continua vigente e não acredito que possa acontecer grandes alterações nas exportações para os EUA”, afirmou o presidente do Inda, referindo-se à medida adota por Trump sob a alegação de proteção à segurança nacional.
Já sobre as falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Argentina, na véspera, sobre interesse do governo brasileiro na criação de uma moeda comum na América do Sul, Loureiro afirmou que primeiro os países precisam buscar estabilizar suas economias. Ele lembrou as décadas de esforços dos países da União Europeia para a formação do euro.
“Esse plano de moeda comum é um pouco sonho de uma noite de verão…Acho difícil…É absolutamente impossível enquanto não se tiver uma estabilidade maior na Argentina principalmente e nos outros países”, disse Loureiro.
Atualmente, a Argentina importa pequenos volumes de aço do Brasil, em especial produtos galvanizados para a indústria automotiva local, afirmou.
Diário do Comércio - MG 25/01/2023
As vendas de aços planos por distribuidores do Brasil, em dezembro, somaram 257 mil toneladas, queda de 11,6% ante novembro e de 1,7% frente ao mesmo mês de 2021. Com o resultado, segundo o Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda), as vendas encerraram 2022 com crescimento de 3,9%, na comparação com 2021, ficando abaixo das projeções divulgadas em meados do ano, que previam um avanço de 5%.
Apesar do índice de crescimento menor que o esperado, o resultado é considerado favorável para o setor, uma vez que o consumo está em queda.
Em relação às compras, em dezembro, foi registrada retração de 14,5% frente a novembro, com volume total de 242,8 mil toneladas contra 284 mil. Frente a dezembro do ano passado (248,6 mil toneladas), a queda foi de 2,3%.
No ano, as compras do setor de distribuição ficaram estáveis, com pequena alta de 0,1% e totalizando 3,73 milhões de toneladas.
Para janeiro de 2023, a expectativa da rede associada é de que as compras e vendas tenham uma alta de 11% em relação ao mês de dezembro de 2022. O crescimento anual das vendas deve ficar em torno de 2% a 3%.
O crescimento será pautado pela boa demanda de importantes setores consumidores de aço que estão performando bem, como o de energia eólica e solar, saneamento, máquinas agrícolas, linha amarela e o setor automotivo.
Portal Fator Brasil - RJ 26/01/2023
Importações brasileiras em alta.
As compras de aços planos do mês de dezembro registraram queda de 14,5% perante a novembro, com volume total de 242,8 mil toneladas contra 284 mil. Frente a dezembro do ano passado (248,6 mil toneladas), apresentou queda de 2,3%, de acordo com dados divulgados no dia 24 de janeiro(terça-feira), pelo Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda).
Vendas — As vendas de aços planos em dezembro contabilizaram queda de 11,6% quando comparada a novembro, atingindo o montante de 257 mil toneladas contra 290,6 mil. Sobre o mesmo mês do ano passado, quando foram vendidas 261,5 mil toneladas, registrou queda de 1,7%.
Estoques — Em número absoluto, o estoque de dezembro obteve queda de 1,7% em relação ao mês anterior, atingindo o montante de 817,1 mil toneladas contra 831,3 mil. O giro de estoque fechou em 3,2 meses.
Importações: (chapas grossas, laminados a quente, laminados a frio, chapas zincadas a quente, chapas eletro- galvanizadas, chapas pré-pintadas e galvalume) — As importações encerraram o mês de dezembro com alta de 5,8% em relação ao mês anterior, com volume total de 165,7 mil toneladas contra 156,7 mil. Comparando-se ao mesmo mês do ano anterior (161 mil toneladas), as importações registraram alta de 2,9%.
Projeções — Para janeiro de 2023, a expectativa da rede associada é de que as compras e vendas tenham uma alta de 11% em relação ao mês de dezembro de 2022.
Infomoney - SP 25/01/2023
Os produtores de aço do Brasil aguardam com ansiedade a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao colega norte-americano Joe Biden no início de fevereiro como um primeiro passo mais concreto para revisão de tarifas que limitam exportações brasileiras da liga desde 2018.
Três missões brasileiras aos EUA já tentaram convencer os norte-americanos a retirarem ou flexibilizarem as medidas de proteção comercial sobre o aço impostas no governo de Donald Trump sob pretexto de garantia à segurança nacional, previsto na chamada “Seção 232” da legislação norte-americana.
Uma quarta missão já deveria ter ocorrido, mas as tratativas passaram por alguns entraves que incluíram a pandemia, troca do governo norte-americano e, agora, novo governo no Brasil.
“A expectativa é que com a maior aproximação do presidente Lula com o Biden haja uma maior receptividade aos nossos pleitos”, afirmou o presidente-executivo do Aço Brasil, entidade que congrega siderúrgicas do país, Marco Polo de Mello Lopes.
Na véspera, o Ministério de Relações Exteriores informou que os EUA decidiram encerrar tarifa antidumping imposta em 1993 sobre chapas grossas de aço carbono produzidas no Brasil, único país excluído da sobretaxa, segundo a pasta.
A medida veio depois de revogação de medidas restritivas contra laminados a quente, em outubro, e a frio, em julho.
Segundo o presidente do Aço Brasil, a retirada das medidas sobre os laminados e sobre chapa grossa – considerados como produtos acabados para uso em aplicações como veículos e grandes obras de infraestrutura – é uma sinalização positiva que traz uma “expectativa mais favorável” a uma eventual mudança nas restrições da Seção 232.
Com esse mecanismo, os EUA impuseram cotas fixas de exportação de aço ao Brasil, seu principal parceiro comercial no setor. No caso dos produtos acabados – os laminados e chapa grossa -, a cota se deu sob uma média das exportações realizadas entre 2015 e 2017 reduzida em 30%.
Como os produtos já eram alvo de processos antitruste que haviam reduzido as exportações do Brasil para os EUA, a média calculada pela cota acabou se dando sob uma base muito baixa, disse Lopes, acrescentando que no caso da chapa grossa a média a cota é de apenas 10 mil toneladas por ano.
“(O fim das ações antidumping) é uma boa medida no ponto que retira uma restrição, mas não favorece a exportação brasileira porque continuamos com o impedimento da 232, com o agravante das médias baixas”, disse Lopes.
Desde a imposição das medidas de salvaguarda de segurança nacional dos EUA (Seção 232), o setor siderúrgico nacional tem tentado uma revisão das cotas e mantém os pleitos agora com a visita de Lula a Biden.
O setor nacional pede o fim das cotas para aços semiacabados sob o argumento de que o material bruto é usado como matéria-prima pela indústria norte-americana produzir outros bens como laminados. “Se não for possível, que a gente trabalhe em um aumento importante da cota”, disse Lopes, em referência ao limite de 3,5 milhões de toneladas. No caso dos acabados, o pleito é retirada do redutor de 30% sobre a média calculada em 2018.
O presidente do Aço Brasil afirmou que a entidade teve uma reunião como o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, na semana passada, quando tratou do assunto.
“Com a mudança da administração (no Brasil), vamos ter um primeiro movimento que é ida do presidente Lula aos EUA e a ideia é que tão logo seja possível enviemos uma nova missão nossa”, disse Lopes.
O comércio siderúrgico envolve 3,2 bilhões de dólares em aço do Brasil para os EUA, dos quais 85% são semiacabados, e cerca de 1 bilhão em carvão dos EUA para o Brasil, maior importador do produto norte-americano, disse Lopes.
Valor - SP 25/01/2023
A Nippon Steel está considerando capturar as emissões de dióxido de carbono de suas siderúrgicas japonesas para armazenamento subterrâneo em instalações ligadas à Exxon Mobil em países como Austrália, Malásia e Indonésia, apurou o “Nikkei Asia”.
A Nippon Steel, a unidade da Exxon Mobil em Cingapura e a trading japonesa Mitsubishi assinarão um memorando de entendimento na quarta-feira para iniciar as discussões sobre o projeto. A Mitsubishi, que conectaria a Nippon Steel e a Exxon, cuidaria do transporte, como o envio de dióxido de carbono liquefeito para campos de gás esgotados e outros locais de armazenamento usando embarcações especializadas.
Detalhes como a data de início do projeto e a capacidade precisam ser resolvidos.
A Nippon Steel pretende cortar suas emissões de dióxido de carbono em 30% até 2030 em relação aos níveis de 2013 e alcançar a neutralidade de carbono em 2050. Como parte dessa meta, ela está migrando para fornos elétricos a arco, que produzem um quarto das emissões dos altos-fornos. Uma delas iniciou as operações comerciais em outubro na siderúrgica Setouchi Works.
A empresa também está trabalhando em novas tecnologias siderúrgicas baseadas em hidrogênio. Ele testará um processo de redução direta de ferro usando hidrogênio a partir do ano fiscal de 2025.
Mas será difícil eliminar as emissões de dióxido de carbono apenas com esses esforços. A Nippon Steel estava procurando por opções de captura e armazenamento de carbono como uma etapa essencial em seu caminho para a neutralidade de carbono.
A Exxon aumentou os investimentos na área nos últimos anos. A empresa americana agora pode capturar e armazenar 9 milhões de toneladas de carbono por ano, representando um quinto da capacidade global.
A Exxon deve colocar em funcionamento uma nova instalação de captura e armazenamento de carbono no sudeste da Austrália durante 2025, adicionando até 2 milhões de toneladas à sua capacidade anual. Está fazendo parceria com empresas locais de energia na Malásia e na Indonésia para explorar oportunidades também nesses países.
A indústria siderúrgica do Japão produziu 131 milhões de toneladas de dióxido de carbono no ano fiscal de 2020, mais do que qualquer outra indústria e respondendo por mais de 10% das emissões nacionais, informa o Ministério do Meio Ambiente.
O Estado de S.Paulo - SP 26/01/2023
Após se reunir em Montevidéu com o presidente do Uruguai, Lacalle Pou, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva acenou nesta quarta-feira para negociações de um acordo comercial do Mercosul com a China. Ele também prometeu destravar o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia, chamado por ele de urgente, e se comprometeu a discutir uma renovação do Mercosul, uma demanda do país vizinho.
As negociações comerciais unilaterais entre Uruguai e China são justamente o nó górdio desta viagem de Lula, que tenta impedir esse movimento para evitar a fragilização do Mercosul.
“Disse a Lacalle e digo a meus ministros, vamos intensificar as discussões com a União Europeia e vamos ficar esse acordo para que a gente possa discutir apenas um possível acordo entre China e Mercosul. E eu acho que é possível”, declarou Lula em Montevidéu após a reunião.
Depois de lembrar as boas relações que o Brasil teve com o Uruguai ao longo dos mandatos petistas - e chamar o ex-presidente Michel Temer de “golpista”, apesar da legalidade da destituição da ex-presidente Dilma Rousseff -, Lula afirmou que agora recebeu um país semidestruído e disse ser preciso “trabalhar junto” para o crescimento da região. Ele também reconheceu a necessidade de abrir mais o comércio bilateral.
“Quero dizer para o presidente que as ideias de discutir a chamada inovação ou renovação do Mercosul estávamos completamente de acordo. O que precisamos fazer para modernizar o Mercosul? Primeiramente, queremos sentar a mesa com nossos técnicos, depois com nossos ministros e finalmente com os presidentes para que a gente possa renovar aquilo que for necessário renovar”, prometeu Lula. O Mercosul ainda envolve Argentina e Paraguai.
Uruguai e China
Antes de Lula, Lacalle Pou reiterou sua disposição de flexibilizar o Mercosul e de manter as negociações por um acordo comercial com a China.
“O Uruguai vai avançar nas suas negociações com a China. O Brasil pode paralelamente fazer seu caminho e após isso vamos compartilhar tudo o que foi negociado. E o Uruguai pode se ajustar com aquilo que o Brasil propuser. O Brasil pode dizer o que conseguiu negociar com a China”, afirmou o presidente uruguaio. “Para resumir, o Mercosul que queremos precisa ser moderno, flexível e aberto ao mundo”, acrescentou.
De acordo com Lacalle Pou, a reunião com Lula e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, foi intensa e extensa, mas desprovida de ideologias e sem brigas. “Nós poderíamos ter brigado, mas não fizemos isso. Simplesmente marcamos algumas diferenças dos pontos que nós queremos para poder avançar, principalmente o relacionamento entre o Uruguai e Brasil como membros do Mercosul”, destacou o líder de centro-direita. “Dissemos quais são os interesses de nossos povos, de nossos países. Sempre tentamos que interesses de nossas nações coincidam”.
A possibilidade tornar o aeroporto de Rivera um aeroporto internacional também foi citada na reunião, disse Lacalle Pou, assim como a necessidade de melhorar a balança comercial.
Infomoney - SP 26/01/2023
Uma acelerada recuperação da economia chinesa em 2023 (as projeções variam de alta de 4,5% a 5,5% para o PIB) motivada pelo levantamentos da restrições de mobilidade no gigante asiático que – em maior ou menor medida – perdurou por quase três anos deve oferecer ao mundo uma oportunidade de crescimento superior às mais recentes estimativas. Mas coloca também na conta um risco de pressão inflacionária que não deve ser desprezado.
Durante a realização do Fórum Econômico Mundial, realizado na semana passada em Davos, na Suíça, a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, explicitou essa preocupação durante um debate. “A mudança da política de covid vai reavivar a economia. Isso é positivo para o resto do mundo, mas haverá mais pressão inflacionária”, afirmou.
Numa mesa redonda patrocinada pelo The Wall Street Journal na quarta-feira (18), o presidente do Federal Reserve de St. Louis, James Bullard, também disse acreditar que a reabertura da China, combinada com uma chance menor de recessão na Europa, pode fazer com que a inflação reacelere.
“Eles (a China) abandonaram sua política de covid-zero e estão caminhando para a reabertura mais cedo do que o esperado. Isso soa como uma pressão ascendente renovada na margem dos mercados globais de commodities”, disse Bullard, acrescentando que esse risco terá de ser levado em consideração pelo Fed ao fazer sua política monetária. “Alguns dos fatores que favoreceram a história transitória de 2022 podem estar se invertendo aqui”, alertou.
O principal ponto de atenção de Lagarde é quanto a possível nova alta de preços de energia, o maior vilão dos índices de inflação europeus no último ano. A desinflação experimentada nos últimos meses está relacionada à menor pressão nos preções de gás no continente, após uma dura busca de alternativas ao produto russo, que escasseou tanto pela guerra na Ucrânia, quanto pelas sanções aplicadas pela União Europeia.
Mas a China é concorrente desse tipo de energia em todos os mercados e uma demanda exagerada deve naturalmente implicar em preços mais altos. Um relatório recente da S&P Global Commodity Insights apontou que a atividade econômica renovada pode aumentar a demanda total de energia da China em 3,3 milhões de barris de petróleo óleo equivalente por dia em 2023, contra um crescimento nulo em 2022.
O fato é que a China sofreu fortemente os impactos da política mais restritiva de combate à pandemia, especialmente no atual surto da Omicron e suas subvariantes. Com bloqueios, quarentenas forçadas e testagem em massa, o PIB cresceu apenas 3% em 2022, metade do ritmo observado antes da crise sanitária, em 2019. Em 2020, o desempenho tinha sido pior, com alta de 2,2%. Partindo dessa base baixa, a economia cresceu 8,1% em 2021.
Um dos efeitos disso foi um forte represamento do consumo. Segundo dados oficiais, os saldos bancários das famílias chinesas saltaram 48% desde o início de 2020, com um aumento líquido nas contas atingindo cerca de US$ 5,6 trilhões. A gestora americana Mattews Asia destaca que isso é maior do que o PIB do Reino Unido em 2021 e igual a 96% das vendas no varejo da China em 2019.
Só isso, segundo a gestora já aponta para um combustível significativo para uma recuperação dos gastos do consumidor, bem como uma recuperação contínua das ações da China continental, onde os investidores domésticos detêm cerca de 95% do mercado.
Impactos
Um relatório elaborado pelo Morgam Stanley procurou mensurar o quão inflacionária pode ser essa retomada chinesa no aspecto do transbordamento (“spillover”) para o restante do mundo, em especial para as demais economias asiáticas. O banco de investimentos tem um cenário -base de reinflação modesta na China no campo doméstico e efeitos moderados de transbordamento para o resto da Ásia. Mas avalia que há riscos de alta.
O primeiro risco está relacionado à manutenção da expansão fiscal na segunda economia do planeta, com formuladores de políticas continuando a pressionar pelo crescimento, em vez de remover o suporte de forma anticíclica. O segundo é a recuperação do combalido mercado imobiliário chinês tiver um ritmo mais rápido do que o esperado, afetando os preços das commodities.
Também existe uma apreensão com os efeitos de uma forte recuperação no turismo externo da China, o que elevaria a inflação de serviços em outros países, inicialmente os asiáticos. Por fim, existe a possibilidade de tensões geopolíticas crescerem no ano, também empurrando para cima os preços das commodities. Já há leituras, por exemplo, de que uma reaquecimento rápido na China possa levar o preço médio do barril de petróleo para um patamar acimados US$ 100 em 2023.
Choques
Para a Bloomberg Economics, além de elevar preços globais de commodities, a atividade aquecida na China poderia criar choques na cadeia de suprimentos que pressionariam os preços de muitos bens e serviços.
Supondo que a China esteja totalmente aberta em meados de 2023, incluindo aí o fim de restrições ocidentais a viajantes chineses, a Bloomberg Economics estima que os preços da energia aumentarão 20% e o índice de preços ao consumidor (CPI) dos EUA pode interromper o processo de desinflação atual
O relatório diz que uma China em recuperação aumentaria as importações de petróleo, commodities e matérias-primas, ao mesmo tempo em que elevaria a demanda por assentos de avião, quartos de hotel e imóveis no exterior.
A Tenax Capital cometou em sua última Carta ao Gestor que a Ásia é a primeira região a ser impactada pela reabertura da China por conta do turismo. “Na média, os gastos chineses com turismo no exterior têm rodado perto de US$ 100 bilhões desde a pandemia contra um padrão de US$ 250 bilhões antes do Covid-19.
Segundo o relatório da Tenax, nos casos de Hong Kong, Tailândia e Vietnam, os gastos de turistas chineses em 2019 corresponderam a 6,1%, 3,0% e 1,1% do PIB, respectivamente. “Aproximadamente 12 milhões de turistas chineses foram à Taiwan em 2019, cerca de 50% da população do país, ou seja, a volta da movimentação dos turistas chineses terá grande representação para muitos dos menores países asiáticos.”
Para a empresa, a reabertura chinesa vem num momento em que os ciclos de aperto monetário já se encontram bastante avançados nas principais economias globais. Portanto, é natural que o tema “inflação” passe a dar espaço ao tema “atividade/recessão”.
“Nesse contexto, o religamento da segunda maior economia do mundo suscita dúvidas sobre como isso pode afetar essa dinâmica ‘inflação x atividade’, potencialmente prolongando os ciclos de aperto ou atrasando o tão esperado pivô dos bancos centrais”, afirmou o relatório.
Visão otimista
Para a Julius Baer, no entanto, é exatamente no efeito de uma produção maior chinesa que está depositada a esperança de que não vai haver uma reativação da inflação global. “A combinação de uma recuperação da produção industrial e das cadeias de suprimentos na China com uma recuperação bastante gradual e moderada da demanda chinesa elimina o risco de que a reabertura da China reavive a dinâmica da inflação global”, afirmou em relatório.
O diagnóstico é o mesmo apresentado pelo secretário-geral da OCDE, Mathias Cormann, em entrevista à CNBC durante o Fórum Econômico Mundial. “Um dos impulsionadores da inflação foi o choque relacionado ao fato de a oferta global não ser capaz de acompanhar a demanda com a rapidez necessária. Assim, a China voltando ao mercado global com seriedade e as cadeias de suprimentos funcionando com mais eficiência ajudarão a reduzir a inflação”, afirmou.
Infomoney - SP 26/01/2023
A confiança do consumidor caiu 2,2 pontos em janeiro ante dezembro de 2022, na série com ajuste sazonal, informou nesta quarta-feira (25), a Fundação Getulio Vargas (FGV). O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) ficou em 85,8 pontos. A queda ocorre após avanço de 2,7 pontos em dezembro. Em médias móveis trimestrais, o índice caiu 0,9 ponto, para 86,4 pontos, na segunda queda seguida.
“O resultado reflete o pessimismo em relação aos próximos meses, embora as famílias de menor poder aquisitivo ainda se mantenham otimistas. A percepção sobre a situação atual não se altera muito em relação aos meses anteriores, ou seja, há uma desaceleração do mercado de trabalho, endividamento e taxa de juros elevados que continuam diminuindo as intenções de compras nos próximos meses”, diz nota divulgada pela FGV.
Entre os dois principais componentes do ICC, o Índice de Expectativas (IE) recuou 3,6 pontos, para 96,7 pontos, puxando a queda do indicador agregado. O Índice de Situação Atual (ISA) se manteve “relativamente” estável pelo segundo mês seguido, com alta de 0,2 ponto, para 71,1 pontos.
Dentro do ISA, houve piora da satisfação das famílias sobre a situação econômica e melhora das avaliações sobre as finanças pessoais, informou a FGV. “O indicador que mede a satisfação sobre a situação financeira das famílias subiu 0,8 ponto, para 64,4 pontos, enquanto o indicador que mede as avaliações sobre a situação econômica recuou 0,5 ponto, para 78,3 pontos e chega ao seu pior resultado desde julho de 2022 (77,9 pontos)”, diz a nota da FGV.
Já no IE, o que mais contribuiu para a queda de janeiro foi o componente que mede a perspectiva sobre a situação financeira das famílias nos próximos seis meses, cujo indicador caiu 7,6 pontos, para 97,4 pontos. “Os indicadores que medem o grau de otimismo com a situação econômica geral e a intenção de compra de bens duráveis recuaram 1,7 e 1,2 ponto, para 113,4 e 79,6 pontos, respectivamente”, diz a nota da FGV.
A entidade destacou ainda que houve “uma equiparação do nível de confiança entre as faixas de renda, mas que não significa um resultado favorável, já que todas se mantêm girando em torno dos 80 pontos, nível baixo em termos históricos”. “Consumidores de menor poder aquisitivo estão mais otimistas pelo segundo mês consecutivo, enquanto os de maior seguem com as expectativas em queda pelo quarto mês consecutivo”, diz a nota.
A Sondagem do Consumidor coletou as informações com entrevistas entre os dias 1º e 21 de janeiro
Monitor Digital - RJ 26/01/2023
Taxas de juros mais altas estão elevando os custos do serviço da dívida para os países em desenvolvimento. Na Índia, os pagamentos adicionais de juros representam 8,7% do total das despesas do governo, 1 ponto percentual a mais do que a parcela da educação no orçamento total em 2020. No Brasil, Indonésia e África do Sul, o aumento nos pagamentos de juros representaria cerca de 6% a 7% das despesas totais, calcula a Organização das Nações Unidas (ONU) no relatório Situação Econômica Mundial e Perspectivas 2023.
No Brasil, pagamentos de juros sobre a dívida do governo central representam cerca de 23% das receitas fiscais, estima a ONU. Os cálculos das Nações Unidas não incluem a rolagem da dívida. A taxa real brasileira (descontada a inflação projetada para os próximos 12 meses) é de 8,16%, quase 3 pontos superior à do segundo colocado (México, com 5,39%), de acordo com cálculos da Infinity Asset.
O resultado é um crescimento fraco na economia. A ONU projeta uma alta de 0,9% do Produto Interno Bruto (PIB, expressão do tamanho da economia) em 2023 e 2% em 2024. Ambos os percentuais são inferiores à previsão para os países em desenvolvimento (3,9% e 4,1%, respectivamente) e mesmo da média mundial (1,9% este ano e 2,7% em 2024).
O crescimento da produção mundial estimado para 2022 é de 3%. A projeção para 2023 marca uma das taxas de crescimento mais baixas nas últimas décadas, de acordo com a ONU. Nos Estados Unidos, o PIB deverá crescer apenas 0,4% em 2023, após alta estimada de 1,8% em 2022, disse o relatório. O crescimento econômico da China deve acelerar para 4,8% em 2023.
Em 2022, o número de pessoas que enfrentam insegurança alimentar aguda mais que dobrou em relação a 2019, chegando a quase 350 milhões. Um período prolongado de fraqueza econômica e crescimento lento da renda não apenas prejudicaria a erradicação da pobreza, mas também restringiria a capacidade dos países de investir nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável de 2030 de forma mais ampla, enfatizou o relatório.
“Não é hora para raciocínio de curto prazo ou austeridade fiscal irrefletida, que exacerbe a desigualdade, aumente o sofrimento e coloque os ODS fora de alcance. São tempos sem precedentes, que demandam ações sem precedentes”, afirmou o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres.
Segundo ele, “esta ação inclui pacote de estímulo transformador dos ODS, gerado através de esforços coletivos e organizados de todos os atores envolvidos.”
Lenta recuperação no mercado de trabalho
Em meio a alta inflacionária, agressivo aperto monetário e crescimento de incertezas, a recessão atual tem diminuído o ritmo da recuperação econômica da crise da Covid-19, ameaçando diversos países – desenvolvidos e em desenvolvimento – com previsão de recessão em 2023. O impulso de crescimento diminuiu significativamente nos EUA, União Europeia e outras economias desenvolvidas em 2022, impactando de maneira adversa o restante da economia global através de diversos meios.
Restrições das condições financeiras globais, aliadas ao fortalecimento do dólar, exacerbaram as vulnerabilidades fiscais e a dívida dos países em desenvolvimento. Mais de 85 bancos centrais de todo o mundo ajustaram a política monetária e aumentaram as taxas de juros seguidas vezes em 2021, para domar as pressões inflacionárias e evitar a recessão. A inflação global, que alcançou uma alta de cerca de 9% em 2022, está projetada para cair mas ainda se manter em elevados 6,5% em 2023.
A maioria dos países em desenvolvimento tem visto uma lenta recuperação no mercado de trabalho em 2022 e continuará a enfrentar um cenário consideravelmente fraco. As perdas desproporcionais de empregos das mulheres durante o início da pandemia ainda não foram completamente revertidas, com recuperação em trabalhos informais.
De acordo com o relatório, o crescimento lento, a inflação elevada e a vulnerabilidade de dívidas ameaçam retardar conquistas de desenvolvimento sustentável, aprofundando os já negativos efeitos da crise atual. Ainda em 2022, o número de pessoas sofrendo de grave insegurança alimentar mais do que dobrou em comparação a 2019, alcançando quase 350 milhões. Um período prolongado de fragilidade econômica e lento crescimento de renda irá não apenas dificultar a erradicação da pobreza como também limitar a capacidade dos países em investir nos ODS de maneira mais ampla.
O relatório pede que os governos evitem austeridade fiscal que possa reprimir crescimento e afetar desproporcionalmente os grupos mais vulneráveis, afetar o progresso da igualdade de gênero e travar perspectiva de desenvolvimento através de gerações. O documento recomenda a realocação e nova priorização de gastos públicos através de políticas intervencionistas diretas que criem postos de trabalho e revigorem o crescimento. Isto irá exigir o fortalecimento de sistemas de proteção social, garantindo apoio continuado para subsídios temporários e específicos, transferência de recursos e descontos em tarifas de serviços, que podem ser complementadas com reduções nas taxas de consumo ou em impostos aduaneiros.
O Estado de S.Paulo - SP 26/01/2023
A infraestrutura do setor público brasileiro enfrenta uma situação catastrófica, apresentando forte deterioração dos ativos sob gestão do Estado. Os investimentos públicos realizados pelo governo federal atingem pisos históricos, não sendo suficientes nem mesmo para cobrir a depreciação dos ativos. Nesse contexto, lideranças políticas dos Poderes Executivo e Legislativo devem atuar de forma coordenada para promover uma agenda fiscal favorável à realização de investimentos na formação bruta de capital fixo do Estado.
Para começar, é preciso ter claro que infraestrutura é um setor reconhecido como dos mais importantes para a retomada do crescimento econômico de um país. Em estudo recente do Fundo Monetário Internacional (FMI) – intitulado Investimento público para a recuperação –, a importância do investimento público ganha destaque como fator essencial para o dinamismo das economias. Os analistas do FMI demonstram resultados instigantes. Por exemplo, o aumento de 1% do Produto Interno Bruto (PIB) do investimento público pode elevar a confiança na recuperação e reforçar o PIB em 2,7%, o investimento privado, em 10%, e o emprego, em 1,2%. Em outras palavras: gasto público em infraestrutura gera emprego e renda.
Sabe-se que o Brasil enfrenta gargalos importantes na área da infraestrutura. A preços constantes, os investimentos públicos e privados realizados em 2014 somaram R$ 81,8 bilhões e R$ 125,7 bilhões, respectivamente. Foram aplicados R$ 207,5 bilhões no setor de infraestrutura. No ano de 2021, o setor público investiu somente R$ 29 bilhões – o menor valor da série histórica –, enquanto o setor privado aplicou R$ 119,2 bilhões. Ou seja, o investimento total somou R$ 148,2 bilhões, o que representa uma queda de quase 30% em relação ao número de 2014.
Para ter-se uma ideia do que esses valores representam, a Alemanha iniciou recentemente um plano de investimentos públicos de 86,2 bilhões de euros – ou R$ 480 bilhões – ao longo de dez anos, com objetivo de modernizar a malha ferroviária. Ou seja, o governo alemão pretende investir por ano, em um único segmento do modal de transportes, muito mais do que o setor público brasileiro aplicou em todo o setor de infraestrutura em 2021. A necessidade de ampliar o parque ferroviário brasileiro foi um dos motivos que me inspiraram a apresentar o projeto de lei que deu origem ao atual marco jurídico das autorizações no setor ferroviário.
Segundo projeções da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), os investimentos em infraestrutura no Brasil deveriam atingir 4,3% do PIB nos próximos dez anos para o País reduzir gargalos ao desenvolvimento econômico e social. Isso corresponde a algo em torno de R$ 430 bilhões, isto é, o dobro do que se investiu em 2014.
Nota-se que o setor de transportes e logística é um dos que mais sofrem com a falta de recursos, apresentando grande defasagem em relação ao que é necessário investir. Estima-se uma necessidade de investimentos anuais de 2,26% do PIB no setor, mas o volume investido atingiu somente 0,35% em 2021. O desafio é ainda maior quando se considera a baixa qualidade das estradas: dois terços das rodovias sob gestão pública apresentam péssimo estado de conservação, segundo pesquisa da Confederação Nacional dos Transportes (CNT).
Para reverter esse quadro, lideranças políticas do Executivo e do Legislativo precisam promover uma agenda capaz de impulsionar os investimentos públicos no setor de infraestrutura. A Emenda Constitucional (EC) n.º 126, aprovada no final do ano passado com o apelido de “PEC da Transição”, representou um primeiro passo nesse sentido. Ao introduzir mudanças no teto de gastos constitucional, a emenda ampliou em R$ 145 bilhões o espaço fiscal para novos gastos no Orçamento deste ano, permitindo a recomposição do orçamento de diversos ministérios, inclusive aqueles que fazem a gestão dos investimentos em infraestrutura.
O atual ministro dos Transportes, o senador eleito Renan Filho, apresentou na semana passada um plano de investimentos para os próximos cem dias, com transparência e objetividade. Na ocasião, detalhou o planejamento dos investimentos que serão realizados no setor de rodovias e ferrovias, destacando obras estruturantes que poderão ampliar a capacidade de escoamento da produção agrícola.
O principal desafio da equipe econômica – Ministérios da Fazenda e do Planejamento – é manter as contas públicas em equilíbrio para sinalizar que esses investimentos em infraestrutura serão realizados em um ambiente fiscalmente responsável. A grande questão a ser discutida será a nova âncora fiscal de médio e longo prazo que irá substituir o teto de gastos, dado que a EC 126 prevê um novo regime fiscal a ser regulamentado por meio de lei complementar.
Esse novo arcabouço fiscal precisa tratar os investimentos públicos de forma diferenciada, sem perder de vista a importância do controle dos gastos correntes. É bom para o País que as novas regras fiscais não impeçam a necessária retomada dos investimentos do governo federal em infraestrutura.
O Estado de S.Paulo - SP 26/01/2023
Uma pesquisa sobre o desenvolvimento de mais de 160 países com realidades políticas variadas, no período de 1960 a 2018, comparou o desempenho de regimes democráticos com aqueles nos quais a democracia é parcial, incompleta ou, em uma palavra, instável. A conclusão foi inequívoca: no longo prazo, o Produto Interno Bruto (PIB) per capita das chamadas democracias defeituosas, iliberais ou híbridas cresceu cerca de 20% menos do que em regimes democráticos estáveis. A democracia é fator de avanço econômico.
Com uma longa revisão bibliográfica sobre o tema, o estudo foi publicado em setembro do ano passado, um mês antes das eleições presidenciais. No Brasil, ganhou mais visibilidade depois dos eventos de 8 de janeiro. No entanto, não é de agora que a democracia brasileira vem sendo testada e atacada, o que, como a pesquisa indica, é também caminho de enfraquecimento da economia do País.
Os autores do estudo são economistas vinculados a instituições europeias: Nauro Campos, da Universidade College London; Fabrizio Coricelli, da Paris School of Economics; e Marco Frigerio, da Universidade de Siena. Segundo eles, uma das consequências negativas da instabilidade democrática é a prevalência de visões de curto prazo. “A instabilidade induz a comportamento míope com o objetivo de obter rendas no curto prazo e desconsiderar os efeitos a longo prazo”, diz o texto. Uma revisão bibliográfica apontou que essa visão curto-prazista típica de regimes instáveis acaba diminuindo investimentos no setor produtivo.
Uma característica das democracias estáveis são os chamados checks and balances (conhecidos aqui como “freios e contrapesos”) - a fiscalização que os diferentes Poderes exercem uns sobre os outros, com o objetivo de conter arroubos autoritários. A concentração de poder enfraquece a democracia. Não surpreende que a maioria dos regimes populistas, de esquerda ou de direita, esteja nessa zona cinzenta de democracias pela metade. Sob pretexto de estabelecer uma comunicação direta com as massas, populistas desprezam as instituições e, especialmente, a contenção que elas exercem. Bom para seus projetos pessoais de poder, ruim para a sociedade e para o crescimento econômico.
A democracia, conforme outro pesquisador citado no estudo, aumenta as chances de reformas econômicas e de ampliação das matrículas na educação básica. Segundo o professor Nauro Campos, em entrevista ao jornal O Globo, democracias frágeis e debilitadas prejudicam a execução de políticas públicas. Um exemplo disso é a nomeação de pessoas despreparadas para órgãos técnicos que prestam serviços à população. Esse tipo de problema, afirmou Campos, faz cair a confiança nas instituições.
O regime democrático prevê direitos civis, sociais, políticos e de propriedade. Capaz de solucionar pacificamente conflitos por meio da política, em vez da guerra, a democracia é chave também para o crescimento econômico. Atacar a democracia é, portanto, um retrocesso civilizatório, com amplas consequências.
CNN Brasil - SP 26/01/2023
Depois de encerrar dezembro com saídas líquidas de US$ 12,482 bilhões, o país registrou fluxo cambial negativo de US$ 992 milhões em janeiro, até o dia 20, informou nesta quarta-feira (25), o Banco Central. Em 2022, o saldo foi positivo em US$ 9,574 bilhões.
O canal financeiro apresentou saídas líquidas de US$ 909 milhões no período. Isso é o resultado de aportes no valor de US$ 29,780 bilhões e retiradas no total de US$ 30,689 bilhões. O segmento reúne os investimentos estrangeiros diretos e em carteira, remessas de lucro e pagamento de juros, entre outras operações.
No comércio exterior, o saldo de janeiro, até o dia 20, foi negativo em US$ 83 milhões, com importações de US$ 12,619 bilhões e exportações de US$ 12,536 bilhões. Nas exportações, estão incluídos US$ 1,388 bilhão em Adiantamento de Contrato de Câmbio (ACC), US$ 2,276 bilhões em Pagamento Antecipado (PA) e US$ 8,872 bilhões em outras entradas.
Semanal
O Brasil registrou fluxo cambial positivo de US$ 666 milhões na semana passada, de 16 a 20 de janeiro, informou o Banco Central.
O canal financeiro apresentou entradas líquidas de US$ 724 milhões no período. Isso é o resultado de aportes no valor de US$ 10,101 bilhões e retiradas no total de US$ 9,377 bilhões.
No comércio exterior, o saldo da semana passada foi negativo em US$ 57 milhões, com importações de US$ 3,767 bilhões e exportações de US$ 3,710 bilhões. Nas exportações, estão incluídos US$ 553 milhões em ACC, US$ 655 milhões em Pagamento Antecipado e US$ 2,502 bilhões em outras entradas.
Globo Online - RJ 26/01/2023
Qual a sua avaliação da decisão do novo governo de fazer o BNDES retomar financiamentos a empresas privadas no exterior?
Ao que tudo indica, o presidente Lula está propenso a retomar a política exterior que adotou em governos anteriores. Dará prioridade ao fortalecimento das relações com países próximos e ao eixo Sul-Sul, o que vejo como estratégia pouco pragmática. O país deveria buscar bons acordos para exportar manufaturados, principalmente com os países que estão mais inseridos no comércio exterior deste tipo de produto.
A decisão tem mais viés político do que econômico?
Vejo essa opção de apoiar projetos nos países vizinhos mais como uma decisão mais geopolítica que econômica. E há um custo político. Vamos falar sobre o caso do gás argentino, por exemplo (Lula falou em financiar um gasoduto na Patagônia e o gás poderia ser comprado pelo Brasil).
A Petrobras reinjeta o gás natural do pré-sal porque não vem sendo utilizado no país. Não seria melhor fazer o gasoduto que possibilitasse o transporte adequado desse gás para os setores e locais demandantes no nosso país? A não ser que o gás argentino seja muito mais barato. E, nesse caso, mais uma vez, a Petrobras deveria se esforçar para barateá-lo.
A médio prazo, essa decisão de favorecer os vizinhos pode gerar bons frutos econômicos, mas acho que há outras prioridades hoje, em termos de infraestrutura e estímulos a setores produtivos, que precisam se desenvolver no Brasil e o BNDES deveria privilegiar.
Mas, como disse Lula, esse empréstimo pode ajudar empresas brasileiras a atuar no exterior e os países a crescerem?
Esse tipo de empréstimo ajuda as empresas brasileiras porque via de regra os recursos terão que ser gastos com bens e serviços produzidos em nosso país. Então deverá estimular a produção nacional. As companhias poderão atuar no exterior ou exportar insumos para os países em que as obras estarão sendo realizadas.
Se forem projetos bem feitos, poderão ajudar os países a crescerem e nosso país a vender mais no exterior. Tudo depende da qualidade do projeto, e o BNDES possui um corpo técnico muito competente.
Mas ao voltar a conceder esses empréstimos não haveria um retrocesso na atuação do BNDES?
Acho que, antes de tomar essa decisão, o BNDES deveria fazer um planejamento juntamente com o MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio) para definir áreas e projetos prioritários. Afinal o caixa do BNDES tem limites, e mesmo que os empréstimos gerem retorno, as prioridades do país, como já afirmei, devem ser outras.
Não vejo problemas em o BNDES financiar obras e projetos no exterior, desde que inicialmente sejam atendidas as prioridades do país. E seja também considerado o impacto positivo em termos de emprego e produção nos setores que serão afetados.
Depois da Lava-Jato, as construtoras brasileiras encolheram. Hoje, elas têm condições de atuar no exterior?
As construtoras brasileiras foram consideravelmente esfaceladas em função da Lava-Jato, infelizmente. Elas deveriam ter sido preservadas enquanto seus dirigentes deveriam ter sido processados separadamente.
Não foi feito dessa forma e perdeu-se a capacidade de projeto e execução destas empresas, que eram muito fortes no exterior. Ainda temos diversas boas empresas de engenharia no Brasil, mas para determinados tipos de obras, infelizmente, esse conhecimento foi esfacelado. Mas acho que deveriam ser contratadas apenas empresas que tenham mudado suas regras de governança e transparência.
Outros bancos de fomento no mundo exercem esse papel?
Veja por exemplo o One Belt One Road, da China, que desenvolverá projetos de infraestrutura em todo o mundo — atendendo interesses dos chineses, é lógico. Esse é o ponto essencial, atender os interesses do próprio país. Pode ser atuando localmente ou no exterior.
E as taxas de juros para projetos de investimento têm que ser inferiores à taxa de juros para outros tipos de aplicação. Assim é em qualquer banco de desenvolvimento no mundo, que também faz aplicações e projetos em outros países.
Valor - SP 26/01/2023
Segundo o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, oito ministros vão se reunir na Casa Civil para discutir o assunto
Nesta quinta-feira (26), oito ministros vão se reunir na Casa Civil, em Brasília, para dar início efetivo à participação do governo Lula na repactuação do acordo de reparação de Mariana (MG). A repactuação se arrasta desde 2020.
"O presidente Lula [PT] tem deixado claro que é importante avançar nesse acordo para que a reparação seja feita o mais rápido possível. Vamos ouvir os movimentos sociais, aproveitando o trabalho que foi feito até agora por pessoas muito competentes e preparadas", afirmou o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. De acordo com Silveira, amanhã os ministros tomarão conhecimento da situação atual da negociação para criar uma agenda para avançar na repactuação a partir da semana que vem.
Em novembro de 2015, a barragem da Samarco rompeu, causando a morte de 19 pessoas e deixando centenas de desabrigados. Houve ainda poluição do Rio Doce em Minas e no Espírito Santo. Em 2016, o ex-governador de Minas Gerais Fernando Pimentel (PT) fechou um acordo de R$ 24,4 bilhões, que previa o pagamento de R$ 4,4 bilhões em indenizações e a criação de um fundo de R$ 20 bilhões para recuperar a Bacia do Rio Doce em 15 anos. Também foi criada a Fundação Renova para administrar as ações de reparação e indenizações.
Em 2020, como previsto no acordo fechado em 2016, a Samarco e suas sócias Vale e BHP começaram a revisão dos 42 programas de reparação executados pela Fundação Renova. Os programas fazem parte do Termo de Transação e de Ajustamento de Conduta (TTAC) assinado pela Samarco, seus acionistas, governos de Minas Gerais, Espírito Santo e União.
No fim do ano passado, os órgãos públicos chegaram a propor à Samarco e suas sócias o pagamento de R$ 64 bilhões em 16 anos, mas as empresas foram contrárias à propostas porque querem fazer o pagamento em um prazo mais longo. Com isso, a negociação que era mediada no Conselho Nacional de Justiça foi encerrada. Os governos de Minas Gerais e do Espírito Santo têm mantido conversas sobre o assunto.
"O ministério entende que a mineração é uma atividade econômica muito importante para a geração de emprego, geração de renda e de divisas, mas tem que ser feita na mais estreita legalidade, preservando vidas e o ambiente. Precisamos transformar as tragédias em uma política nacional que não tolerará qualquer tipo de transigência com relação à segurança e a sustentabilidade", acrescentou Silveira.
Em relação ao rompimento da barragem da Vale em Brumadinho (MG), que hoje completa quatro anos, o ministro disse que o governo federal reconhece a dimensão na vida das pessoas dessa tragédia e que também vai discutir o que foi feito até agora em termos de reparação de danos ambientais e sociais.
O ministro participou de um evento realizado com o Ministério Público de Minas Gerais, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e outras entidades no auditório da Faculdade de Direito da UFMG. Depois, Silveira seguiu para Brumadinho, onde é realizado hoje um ato em homenagem às vítimas da tragédia. Às 12h28, horário em que a barragem se rompeu em 2019, familiares das vítimas fizeram um minuto de silêncio e soltaram balões brancos, representando as 270 pessoas que morreram na tragédia. Também foi instalado na entrada da cidade um outdoor com os nomes de todas as vítimas. Junto ao letreiro da cidade, foram colocadas cruzes, fotos das vítimas e flores.
BOL - SP 26/01/2023
Mesmo após o rompimento das barragens de Mariana e de Brumadinho — esta última completa quatro anos hoje — a equipe de fiscalização da ANM (Agência Nacional de Mineração) dedicada exclusivamente às barragens de rejeito sofre com a falta de 40% de pessoal.
São 928 barragens para fiscalizar em todo o País, mas o time conta com 34 pessoas, sendo que as regras internas exigem 55 profissionais.
Apenas cinco servidores estão dedicados à fiscalização de cerca de 35 mil processos de pagamento da chamada Cfem (Compensação Financeira pela Exploração Mineral), o encargo bilionário que deve ser pago pelas mineradoras. Sem condições de realizar esse trabalho, já se acumulam na ANM 8 mil processos sem análise.
Em julho do ano passado, a ANM fez um concurso para contratação de 40 engenheiros, mas ninguém assumiu o posto devido ao calendário eleitoral. Os aprovados aguardam uma portaria do governo federal para começar a trabalhar.
Paralelamente, a ANM espera, ainda, a equiparação salarial de seus cargos em relação aos pagos pelas outras dez agências federais. Em média, a remuneração na ANM para um cargo de mesma categoria é 46% inferior. Procurada, a ANM não se manifestou.
Em nota, o Ministério de Minas e Energia disse apenas que "acompanha a questão, respeitada a autonomia das agências reguladoras" e que a pasta "tem buscado zelar pelo pleno cumprimento das ações de regulação e fiscalização".
No setor de transportes o cenário não é muito diferente. A ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) precisa fiscalizar 24 concessões rodoviárias, que somam mais de 13 mil quilômetros.
Nas ferrovias, são mais 16 concessões com 29.925 quilômetros, além de outros 3.228 quilômetros em construção.
O número estimado pela própria agência como "o ideal para que houvesse uma melhor cobertura de presença" seria de 650 fiscais, mas a ANTT dispõe de 363 pessoas.
"Atualmente, o quadro de servidores da ANTT conta com uma defasagem de 45,51%, contabilizando 776 vagas não providas em relação às 1.705 previstas na lei", declarou a agência. A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) também não consegue autorização para renovar seu quadro desde 2010. Hoje o déficit de mão de obra é de 24%.
A situação é a mesma na ANP (Agência Nacional do Petróleo e Biocombustíveis), que sofre com a defasagem de 125 cargos efetivos previstos em lei.
O último concurso público foi realizado em 2015, com apenas 34 vagas de técnicos voltadas à substituição de terceirizados. A defasagem salarial dos servidores é outro problema.
De 2017 para cá, chega a 34,18%. "Isso contribui diretamente para pedidos de exoneração de servidores da agência", afirmou a ANP.
Na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) há necessidade de recorrer frequentemente a funcionários do Ministério da Saúde e demais órgãos.
Por meio de nota, a Anvisa declarou que a realização de concurso público para recomposição de sua força de trabalho é uma "condição essencial para qualquer esforço presente e futuro das atividades da agência". Seu quadro está 7% abaixo do que exige a lei.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Money Times - SP 26/01/2023
A expectativa é que a Vale (VALE3) alcance a faixa de baixo do seu guidance de produção anual de minério de ferro em 2022, avalia a Ativa Investimentos. Segundo as estimativas da corretora, a mineradora deve reportar uma produção de minério de 83 milhões de toneladas no quarto trimestre de 2022 (4T22).
A companhia estimava produção de 300 milhões de toneladas de minério de ferro no ano.
Os analistas explicam que o último trimestre do ano é sazonalmente favorável à vendas. Se esse fenômeno se concretizar para a Vale e as vendas ficarem mais concentradas mais próximas ao fim do ano, a mineradora pode ser beneficiada, uma vez que o minério de referência fechou o ano em US$ 114.
Ainda devido à vendas, pode-se esperar um fluxo de caixa naturalmente mais pressionado por um maior capital de giro.
Quanto aos prêmios do minério, os analistas esperam números próximos ao do terceiro trimestre de 2022 (3T22), quando totalizou US$ 6,6 por tonelada.
Já as margens das siderúrgicas chinesas seguem “muito ruins”. “Lembremos que no 3T, o prêmio de pelotas estava alto, o que favoreceu a margem de Vale, o que não deve se repetir neste 4T22”, avaliam.
A previsão é de que a Vale divulgue seu balanço no dia 16 de fevereiro, após o fechamento do mercado.
O que esperar dos metais básicos da Vale?
Os analistas da Ativa afirmam que, no lado de metais básicos, as notícias devem ser positivas, uma vez que os preços de referência de cobre e níquel avançaram.
Como a Vale acumulou estoques ao longo dos três primeiros trimestres de 2022, espera-se um maior volume de vendas entre outubro e dezembro.
No entanto, eles chamam atenção para o fato da manutenção da Salobo — principal site de cobre da empresa no país — no trimestre, “o que pode impactar negativamente as margens do segmento”.
Agenda de resultados do 4T22: Veja datas e horários da divulgação de balanços das empresas da Bolsa (B3)
Infomoney - SP 26/01/2023
A Nissan e a Renault estão perto de uma ampla reformulação de sua aliança mundial, com os principais executivos se reunindo na quinta-feira para negociações para redefinir a parceria de duas décadas e traçar um curso para uma futuro elétrico incerto.
Os líderes da Nissan Motor Co Ltd e da Renault SA estão se reunindo por meio de videoconferência para um encontro do conselho da aliança, disseram fontes anteriormente à Reuters. Eles optaram por esse formato –em vez de o presidente-executivo da Renault, Luca de Meo, e o presidente do conselho, Jean-Dominique Senard, viajarem para o Japão– porque as negociações estão progredindo bem, disseram as fontes.
A Renault está buscando a montadora japonesa para investir em seu novo negócio de veículos elétricos, enquanto a Nissan quer que a Renault, sua principal acionista, venda sua participação de cerca de 43% e coloque a aliança de 23 anos em pé de igualdade.
As negociações estão em andamento há meses e se concentraram principalmente em questões como o compartilhamento de propriedade intelectual. Um anúncio formal das empresas pode ocorrer já em 1º de fevereiro.
O formato futuro da aliança franco-japonesa tem implicações para ambas as empresas, bem como para seu parceiro júnior, a Mitsubishi Motors Corp. Também destaca como a imensa reviravolta tecnológica na indústria automobilística está forçando as empresas a fazer parcerias e competir com um número expressivo de firmas recém-chegados e empresas de tecnologia.
A Renault, por exemplo, disse que fará parceria com empresas da chinesa Geely Automobile Holdings à gigante de semicondutores Qualcomm Inc.
A Renault está trabalhando separadamente para finalizar um acordo com a Geely e trazer a produtora de petróleo estatal da Arábia Saudita Aramco como investidora e parceira para desenvolver motores a gasolina e tecnologias híbridas.
A Nissan teme que a tecnologia que desenvolveu em parceria com a Renault possa vazar para os parceiros da montadora francesa à medida que ela se reestrutura.
Globo Online - RJ 26/01/2023
A Tesla, fabricante de veículos elétricos do bilionário Elon Musk, anunciou nesta quarta-feira lucro líquido de US$ 3,687 bilhões no último trimestre de 2022, avanço de 59% na comparação com igual período de 2021. A receita do quarto trimestre atingiu US$ 24,3 bilhões, superando ligeiramente as expectativas do mercado.
A líder do mercado de veículos elétricos disse que iria aumentar a produção "o mais rapidamente possível" - de acordo com as orientações anteriores para um crescimento médio anual de 50% em vários anos, afirmando que está no caminho certo para entregar cerca de 1,8 milhão de veículos este ano.
A receita da venda de créditos regulatórios - usados por outras montadoras para compensar as emissões de gases do efeito estufa - chegou a US$ 467 milhões, ante US$ 286 milhões no trimestre anterior e US$ 314 milhões em igual período de 2021.
A Tesla disse esperar que essa receita diminua com o tempo, à medida que os concorrentes lançam mais veículos elétricos para cumprir os regulamentos de emissões e atender à crescente demanda.
Conheça os negócios de Elon Musk
A empresa alertou para um ambiente econômico incerto, especialmente com o aumento das taxas de juros.
“No curto prazo, estamos acelerando nosso roteiro de redução de custos e buscando taxas de produção mais altas, mantendo o foco na execução da próxima fase de nosso roteiro”, afirmou em comunicado aos acionistas.
A montadora tornou-se uma espécie de indicador para o mercado automobilístico global à medida que suas entregas crescem e grande parte da indústria muda para a fabricação de veículos movidos a bateria.
A Tesla conta agora com quatro fábricas de automóveis em três continentes, incluindo sua mais nova unidade em Austin. A empresa disse que suas fábricas têm capacidade para produzir mais de 1,9 milhão de veículos anualmente.
A Tesla confirmou que dará início à fabricação do tão esperado Cybertruck em Austin ainda este ano. Detalhes sobre sua plataforma de veículos de última geração serão discutidos em um dia para investidores em 1º de março.
A expectativa é de que Elon Mus, participe da conferência da companhia para falar sobre os resultados ainda nesta quarta-feira, o que seria a primeira sessão com analistas desde a compra do Twitter por US$ 44 bilhões, em outubro.
A decisão de financiar essa aquisição, em parte com a venda de ações da Tesla, pesou sobre os papéis, que caíram 53% nos últimos 12 meses.
Valor - SP 26/01/2023
A startup japonesa de carros voadores SkyDrive planeja iniciar o serviço comercial em 2026, decolando no estado norte-americano da Carolina do Sul, informou a empresa na quarta-feira.
A SkyDrive pretende operar voos entre aeroportos e centros de cidades. A empresa, com sede na prefeitura de Aichi, no centro do Japão, abriu um escritório na Carolina do Sul e iniciou negociações com autoridades estaduais e dois aeroportos rumo à comercialização do projeto.
A startup iniciará as operações com seu veículo elétrico de decolagem e pouso vertical SD-05, que também está programado para ser colocado em prática na Expo Mundial de 2025 em Osaka. O veículo multipropulsor pode acomodar o piloto e um passageiro.
A Carolina do Sul, onde a Boeing mantém uma instalação de montagem de aeronaves, é um centro da indústria de aviação dos Estados Unidos. A decisão da SkyDrive de estrear as operações no local também decorre da presença de uma empresa afiliada da Toray Carbon Magic, uma subsidiária do grupo químico japonês Toray Industries e um dos principais fornecedores da SkyDrive.
Muitos países pretendem comercializar carros voadores e abrir negócios nos Estados Unidos, que tem potencial para se tornar um grande mercado.
A SkyDrive vem expandindo seus negócios no exterior e assinou um memorando de entendimento com uma empresa vietnamita de desenvolvimento de infraestrutura em 2022 para um pedido de até 100 aeronaves.
InfraRoi - SP 26/01/2023
O Porto de Santos registrou em 2022 a sua melhor marca histórica, movimentando 162,4 milhões de toneladas de carga – 10,5% a mais do que no ano anterior. Também houve recorde na movimentação de contêineres, que alcançou 5 milhões de TEUs (medida que equivale ao volume de um contêiner de 20 pés), 3,2% a mais do que em 2021 e 21% a mais do que em 2018.
No entanto, o porto paulista está quase no limite de sua capacidade para operações com contêineres, que é de 5,3 milhões de TEUs por ano. De acordo com a project44, plataforma de visibilidade de transporte de cargas em tempo real, a Autoridade Portuária de Santos (SPA), que gerencia o porto, afirma que está prevista a construção de um novo terminal, que deve possibilitar o processamento adicional de 2,3 milhões de TEUs por ano
A ampliação será fundamental se o desejo for aumentar a movimentação no Porto de Santos. Alguns índices já revelam a limitação do porto, como os aumentos expressivos do dwell time (tempo de permanência de contêineres carregados nos portos, à espera das viagens) registrados nos últimos dois anos nos embarques de produtos pelo Porto de Santos.
De acordo com a plataforma da project44, em julho de 2021 e em agosto de 2022 o dwell time para exportações por Santos chegou a dez dias e a oito dias, respectivamente. Normalmente, o índice médio é de cinco ou seis dias.
Na visão da project44, novos aportes no porto paulista podem evitar gargalos e acelerar os fluxos das operações. Em certos portos de estrutura mais moderna, os tempos de permanência para exportações costumam ficar em dois ou três dias, segundo a plataforma.
A situação do Porto de Santos, o maior do País, também gera o debate sobre possíveis privatizações de autoridades portuárias. O assunto ganhou força nas últimas semanas com as transições no Poder Executivo federal e nos governos de alguns Estados. Mas o novo ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França, já descartou a desestatização da SPA.
O novo ministro da Casa Civil, Rui Costa, no entanto, afirmou que não existe uma definição e que o assunto deve ser discutido. O comentário foi feito logo após um encontro entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-ministro da Infraestrutura e novo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, em 11 de janeiro.
Valor - SP 26/01/2023
À medida que se fortalece o argumento contra o uso de combustíveis fósseis, várias empresas petrolíferas ocidentais reavaliaram seu compromisso com o petróleo; empresa saudita, por sua vez, está dobrando a aposta
Em Abqaiq, a maior unidade de processamento de petróleo do planeta, nada indica que o mundo possa estar chegando ao fim da era do petróleo. O complexo, a 40 quilômetros da costa do Golfo Pérsico, é do tamanho de 350 campos de futebol. Em uma das três salas de controle, cerca de dez funcionários da Saudi Aramco trabalham à frente de telas de computador monitorando um sistema capaz de processar nada menos que 7 milhões de barris de petróleo ao dia, o que representa 1 em cada 14 barris comercializados mundialmente.
À medida que se fortalece o argumento contra o uso de combustíveis fósseis, várias das maiores empresas petrolíferas ocidentais reavaliaram, nos últimos cinco anos, seu compromisso com o petróleo que alicerçou a economia global por mais de cem anos. A Aramco está fazendo o contrário: está dobrando a aposta.
A estatal, que já produz cerca de 10% do petróleo mundial, está aumentando a capacidade máxima de produção de 12 milhões de barris/dia para 13 milhões de b/d até 2027 e com meta de aumentar sua produção de gás em mais de 50% até 2030. A Aramco também investiu na produção de petroquímicos e em projetos de hidrogênio.
Em última análise, a maior produtora mundial de petróleo está apostando que poderá continuar a fazer o que faz melhor: extrair petróleo por muitas décadas e conquistar mais poder de mercado, num momento em que outras produtoras se retraem. “Temos mais em jogo do que a maioria em termos desse setor”, diz o diretor de tecnologia, Ahmad al-Khowaiter.
Funcionário de segunda geração da Aramco com formação na Universidade da Califórnia e no Massachusetts Institute of Technology (MIT), Al-Khowaiter é personagem-chave no esforço de “sustentabilidade” da empresa.
O argumento publicitário do grupo é de que ele tem capacidade de fornecer o barril de petróleo “de mais baixo carbono” do setor e que, enquanto o mundo precisar usar petróleo, esse petróleo deve ser o da Aramco.
No primeiro relatório de sustentabilidade de todos os tempos da empresa, publicado em junho, as expressões “de mais baixo carbono” e “o menor carbono” aparecem pelo menos 14 vezes nas 33 primeiras páginas. “Como você sabe, somos a menor emissora de gases-estufa por barril de petróleo entre as grandes produtoras, cerca de 10,7 quilos [de equivalência em CO2 por barril equivalente de petróleo]”, continua al-Khowaiter.
O aumento da produção de petróleo e da participação de mercado por parte da Aramco é, portanto, “melhor para o mundo”, argumenta o executivo. “As pessoas vão querer realmente que a menor emissora de carbono alcance uma fatia de mercado maior, porque isso vai reduzir a pegada total de carbono do setor petrolífero.”
Mas a questão sobre se o corte de emissões operacionais terá ou não impacto climático real se o mundo ainda estiver queimando milhões de barris de petróleo da Aramco é questionável. Em média, cerca de 85% das emissões ligadas a um barril de petróleo são produzidas durante a sua combustão e apenas 15% durante sua produção.
“Não dá para descarbonizar o petróleo, devido às emissões fundamentais do consumo final”, diz Michael Coffin, ex-geólogo da BP que é agora diretor de petróleo, gás e mineração do instituto de análise e pesquisa Carbon Tracker. “Isso é um mito.”
Política e tecnologia
Sempre orgulhosa da contribuição ao desenvolvimento da Arábia Saudita contemporânea, a Aramco tenta casar o antigo e o novo. Os corredores de sua sede estão cobertos de fotos em preto e branco do passado, enquanto uma geração de sauditas jovens trabalham nas mais recentes tecnologias nas salas adjacentes.
Fundada em 1933 como uma sócia da Standard Oil dos EUA, a Aramco produziu seu primeiro petróleo em 1938. O governo saudita adquiriu 25% do capital da empresa em 1973 e assumiu seu pleno controle em 1980.
As concorrentes, como a americana ExxonMobil e a europeia Shell, têm carteiras globais de ativos de petróleo e gás, que elas podem reformular segundo as mudanças das prioridades políticas e comerciais. Os campos de petróleo da Aramco, por sua vez, ficam todos na Arábia Saudita, onde continuam sendo fundamentais para os planos econômicos do governo.
A empresa produziu mais de 145 bilhões de barris de petróleo desde que perfurou o primeiro poço bem-sucedido, mais de 80 anos atrás, e diz ter pelo menos 253 bilhões de barris em reservas comprovadas disponíveis no reino — o suficiente para atender a demanda global total por cerca de sete anos.
Numa notável mudança, em outubro de 2021 a Arábia Saudita prometeu baixar suas emissões para um líquido de zero até 2060 por meio de investimentos em energia renovável e em tecnologia de captura de carbono a fim de reduzir as emissões geradas por seus campos de petróleo. O governo, no entanto, não tem planos de reduzir a produção de hidrocarbonetos.
Na verdade, transferir a geração de energia doméstica para fontes renováveis terá a vantagem adicional de liberar mais petróleo para exportação e, assim, de gerar mais receita para o reino, segundo o ministro da Energia, o príncipe Abdulaziz bin Salman. “É uma situação muitíssimo vantajosa para todos os lados”, disse ao FT em 2022.
Investimentos em energia limpa são parte de um plano ambicioso do príncipe herdeiro Mohammed bin Salman de modernizar o país conservador. Mas, para financiar cada megaprojeto, ele precisa que os petrodólares continuem a fluir, ao mesmo tempo em que ele tenta diversificar a economia.
Em decorrência disso, a Aramco está ainda mais concentrada do que seus concorrentes em maximizar a longevidade de seus campos.
Em 2021, a Aramco tinha 864 patentes concedidas pelo Escritório de Patentes dos EUA, a maioria delas cobriam inovações em tecnologia “de subsuperfície” criada para melhorar a eficiência de sua produção de petróleo e prolongar a vida de seus campos, diz al-Khowaiter. Esse total é um número de patentes entre duas e três vezes maior do que a segunda colocada nesse ranking, estima ele.
O elevado número de patentes também reflete o envolvimento da Aramco em todas as fases da cadeia de suprimentos do hidrocarboneto, desde a prospecção até o refino e a distribuição — uma característica que, segundo a empresa, será uma vantagem na medida em que crescem as exigências de divulgação de informações sobre emissões da parte de órgãos reguladores e de clientes.
“Você vai ver nossa capacidade de rastrear cada gota de petróleo, cada pé cúbico de gás, desde a origem até o ponto de venda saudita, pelo menos”, diz al-Khowaiter. Comparativamente, em partes do setor de petróleo e gás americano, por exemplo, diferentes empresas estão envolvidas na produção, transporte e liquefação, diz ele. “Isso nos dá uma vantagem porque podemos nos comprometer, com uma precisão muito grande, com as pegadas de carbono que geramos para os nossos produtos.”
Parte dos esforços para reduzir as emissões operacionais por todas as operações da Aramco são fáceis de identificar. Em Abqaiq são usados drones para checar os equipamentos e detectar possíveis vazamentos de metano, um gás-estufa que é o segundo maior contribuinte para a mudança climática após o dióxido de carbono.
Na unidade de recuperação de líquidos de gás natural de Hawiyah, a 150 quilômetros mais ao sul, o primeiro projeto de captura e sequestro de carbono (CCS, nas iniciais em inglês) do reino recolhe dióxido de carbono e o reúsa para ampliar a recuperação de petróleo em parte do vizinho campo de petróleo de Ghawar, o maior do mundo.
Reforçar o uso de tecnologia de CCS é fundamental para a estratégia da Aramco. A unidade de Hawiyah, que abriu em 2015, tem hoje capacidade para capturar cerca de 800 mil toneladas de CO2 ao ano. A Aramco tem como meta capturar 11 milhões de toneladas, no total de suas unidades, até 2035, que poderão ser usadas para a fabricação de produtos químicos, plásticos e polímeros, diz.
Em última instância, argumenta a Aramco, seus barris de “carbono mais baixo” receberão um preço maior no futuro do que barris concorrentes, com um volume maior de emissões associadas.
“Se você tem de compensar as emissões associadas a esse petróleo, esse é um custo de compensação menor, também há economia por trás disso”, diz al-Khowaiter. “Acreditamos que, na medida em que... criarmos produtos que são de emissões menores, com créditos compensados de carbono, isso vai se tornar ainda mais atraente.”
Prós e contras
Alguns especialistas concordam com Al-Khowaiter. “Salvo quaisquer obstáculos políticos, a Saudi Aramco será a última produtora de petróleo a se manter” (em operação), diz Valérie Marcel, especialista em petrolíferas nacionais da Chatham House. “”Eles têm os custos mais baixos e, agora, as emissões mais baixas. Evidentemente trata-se de um barril de petróleo que tem um lugar mais justo nos mercados internacionais.”
No entanto, apesar do compromisso da empresa em reduzir o carbono gerado por suas operações, as emissões absolutas dos ativos totalmente controlados pela Aramco praticamente continuarão as mesmas entre a data atual e 2035, segundo seu próprio relatório de sustentabilidade.
As operações da Aramco e a energia consumida por elas emitiram 68 milhões de toneladas de carbono em 2021. Em 2035, essas emissões, conhecidas como as emissões de âmbito 1 e de âmbito 2, deverão ser de 67 milhões de toneladas, segundo previsões.
A Aramco diz que, sem mitigação, essas emissões aumentariam para 119 milhões de toneladas de equivalência em CO2 até 2035, em vista de seus planos de aumentar a produção de petróleo e gás ao longo do período. Os planos para “mitigar” esse crescimento significam que a “intensidade de carbono” de seus produtos de petróleo e gás cairão, então, em 19%, no decorrer do período, de 10,7 quilos de equivalência em CO2 por barril equivalente de petróleo para cerca de 8,7 quilos, diz. Comparativamente, a intensidade de carbono dos projetos de petróleo e gás da Chevron em 2021 foi de 28,6 quilos, enquanto a da BP foi de 15,5 quilos.
A Carbon Tracker, que analisa o impacto da transição energética sobre as produtoras de combustíveis fósseis, descreveu o relatório de sustentabilidade da Aramco como “carregado em retórica e leve em substância”.
Até para avaliar a conformidade de uma empresa com as metas do Acordo de Paris de 2015, o instituto diz que as metas da empresa têm de ser fixadas com base em redução absoluta das emissões, incluir o carbono produzido quando os produtos forem levados à combustão pelo consumidor, conhecido como emissões de âmbito 3, e cobrir todas as vendas e a produção da empresa.
“As metas da Aramco não cumprem qualquer dos três dos nossos parâmetros, que vemos como pré-requisitos para as metas climáticas serem potencialmente alinhadas com [o Acordo de] Paris”, diz Coffin, da Carbon Tracker.
Ele vê o argumento da Aramco de que seus barris são “de mais baixo carbono” do que outros como manobra diversionista, acrescentando que a média das emissões de âmbito 3 de um barril de petróleo é de 430 quilos de equivalência em CO2. Reduzir as emissões operacionais à metade apenas diminuirá o total das emissões de carbono de um barril em 7%, diz. “Isso é envolver-se pela metade e ignorar o fato incômodo, mas inegável, de que você está, quer queira, quer não, queimando petróleo.”
A Aramco, no entanto, não é a única produtora de petróleo que não fixou metas de âmbito 3. A Exxon não tem meta de âmbito 3, enquanto a Shell e a Chevron se comprometeram apenas em reduzir as emissões do consumidor final em termos de “intensidade de carbono” — uma medida relativa, que permite que o carbono produzido pelo petróleo e o gás seja compensado no comparativo com produtos energéticos de baixo carbono e de carbono zero de uma empresa.
Guerra na Ucrânia
A Agência Internacional de Energia (AIE) prevê que a demanda mundial por petróleo poderá cair a partir dos atuais mais de 100 milhões de b/d, para 24 milhões de b/d em 2050, se o mundo for bem-sucedido em cortar as emissões para um líquido de zero até então. Em contraposição, a Aramco diz que a transição energética evoluirá a um ritmo diferente em mercados diferentes, e que perdurará a necessidade de usar seus hidrocarbonetos “bem além de 2050”.
“Só produzimos petróleo porque as pessoas querem comprá-lo, portanto cabe aos países decidir como querem administrar isso”, diz Olivier Thorel, vice-presidente da Aramco de produtos químicos e hidrogênio. Enquanto houver demanda, acrescenta, a Aramco visará atendê-la “de uma maneira confiável.”
É um argumento que encontrou novo respaldo da parte de governos e de investidores nos últimos 12 meses, após a invasão da Ucrânia pela Rússia ter subvertido totalmente os mercados energéticos, fazendo com que os países europeus corressem para garantir fontes alternativas de abastecimento de combustíveis fósseis.
Em maio, a Aramco reivindicou para si, por pouco tempo, o título da Apple de empresa mais valiosa do mundo, num momento em que seu valor de mercado disparou para US$ 2,426 trilhões, após a alta dos preços do petróleo.
Na mais recente reunião COP sobre o clima, no Egito, autoridades sauditas mantiveram debates sobre tornar verde a indústria automobilística, ao mesmo tempo em que defenderam, ao lado de outros países, com sucesso, que se mantivesse a defesa da eliminação gradual de todos os combustíveis fósseis fora da declaração.
“Eles são o mais poderoso participante do mercado neste momento, devido à concentração de capacidade que detêm e à sua flexibilidade de fornecimento”, diz Ahmed Mehdi, especialista em mercado de petróleo da consultoria Renaissance Energy Advisors.
Até 2050, acredita Mehdi, a Aramco ainda será a maior produtora mundial de petróleo. No entanto, a empresa se beneficiaria de ser “mais transparente sobre sua afirmação enorme em termos de relações públicas de que ‘temos a intensidade [de carbono] mais baixa do mundo’”, diz ele, acrescentando que comprovar é fundamental para acumular confiança nas divulgações de informações sobre emissões. “Eles fizeram afirmações arrojadas. Tudo bem, então que tornem pública a metodologia, que mostrem os dados.”
Há outras dificuldades a serem enfrentadas pelos planos de longevidade da Aramco mesmo se a demanda por petróleo bruto acabar ingressando numa queda acelerada. A primeira, dos petroquímicos, tem sido um foco desde que a Aramco concluiu a construção da unidade de produtos químicos de Sadara, de US$ 20 bilhões, na Província Oriental saudita em 2017. Na época, quase 12% do petróleo bruto da empresa era usado para produzir petroquímicos.
Thorel, cidadão francês que passou 15 anos na Shell, disse que a Aramco quer aumentar esse percentual para cerca de 33% — perto de 4 milhões de barris equivalentes de petróleo — até 2035. Em 2020, a empresa adquiriu participação de 70% na estatal saudita de petroquímicos Sabic.
Os produtos químicos especiais, que podem ser encontrados em uma multiplicidade de produtos, desde sacos plásticos até autopeças, passando por cosméticos, geralmente não passam por combustão e não têm emissões de âmbito 3. No entanto, essa mudança significa que os produtos da Aramco tenderão a contribuir para um maior volume de lixo plástico.
A segunda dificuldade, o hidrogênio, que é alardeado como uma alternativa de baixo carbono aos combustíveis fósseis, é uma área de foco mais embrionária. Em 2020, a Aramco produziu e entregou a primeira remessa mundial de hidrogênio ao Japão sob a forma de amônia. A Aramco produz hidrogênio a partir do gás natural, ao mesmo tempo em que capta o CO2 gerado durante o processo. Pretende produzir 11 milhões de toneladas ao ano da chamada amônia azul até 2030.
Estão entre as outras áreas de trabalho do centro de pesquisa da Aramco os “sistemas de combustão avançada” para baixar as emissões dos motores de veículos tradicionais, uma “gasolina sintética de baixo carbono” e uma tecnologia de captura de carbono móvel, que, segundo a empresa, cortará as emissões de CO2 dos veículos em até 40% ao impedir a liberação da fumaça.
“A Aramco reconhece que há uma janela de tempo significativamente mais longa do que o Ocidente percebe, na qual eles conseguirão otimizar o petróleo”, diz Christyan Malek, diretor global de estratégia energética do J.P. Morgan. “O Ocidente pensa em 5 a 10 anos. Eles estão pensando em 20 a 30 anos. Isso faz toda a diferença.” (Tradução de Rachel Warszawski)
Investing - SP 26/01/2023
Os contratos futuros mais líquidos do petróleo fecharam sem direção única na sessão desta quarta-feira, 25, em pregão de alta volatilidade, com investidores em dúvida quanto à demanda e com os negócios sendo influenciados pela desvalorização do dólar ante moedas fortes.
Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para março de 2023 fechou em leve alta de 0,02% (US$ 0,02), a US$ 80,15 o barril, enquanto o Brent para abril, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), fechou em leve queda de 0,07% (US$ 0,06), a US$ 86,19 o barril.
Nesta quarta, o relatório semanal de estoques do Departamento de Energia (DoE, na sigla em inglês) dos Estados Unidos registrou "ganho modesto" e uma melhora na demanda, o que contribuiu para a alta dos preços da commodity, segundo o analista Edward Moya, da Oanda. Entretanto, para a CMC Markets, com os estoques subindo pela segunda semana seguida, as preocupações do mercado se voltaram mais para os temores de uma possível desaceleração econômica nos Estados Unidos do que com o que acontece na China.
Entretanto, o Bank of America (NYSE:BAC) (BofA) diz que a previsão é positiva para a demanda no segundo semestre, já que "a reabertura da economia chinesa pode desencadear uma grande onda de demanda reprimida". No "curtíssimo prazo", porém, o aumento dos casos de covid-19 no país fez com que os estoques da commodity aumentassem, influenciando na quantidade da oferta.
Em relatório enviado para clientes, a Wells Fargo (NYSE:WFC) afirmou que espera uma ligeira maior resiliência da economia global em 2023, com a melhora impulsionada também pelo fim da política de 'covid zero' na China.
Valor - SP 26/01/2023
Brasil vai precisar de novos dutos de transporte para importar gás de jazida argentina, dizem especialistas
Rogério Manso, presidente da ATGás: “Consumidor precisa ter acesso a diversas fontes para ter competitividade” — Foto: Luciana Whitaker/Valor
O sonho de interligação dos mercados de gás do Brasil, Argentina e Bolívia deu mais um passo esta semana com o anúncio dos presidentes brasileiro e argentino de que o BNDES pode ajudar a financiar a segunda etapa do gasoduto Néstor Kirchner, que vai ligar a região produtora de gás não-convencional de Vaca Muerta à grande Buenos Aires. Esse projeto sozinho, entretanto, ainda não garante a integração e vão ser necessários mais investimentos em dutos de transporte no Brasil para fazer o gás chegar ao mercado consumidor. A conexão terrestre pode também não ser a melhor alternativa do ponto de vista econômico para o Brasil, pois existe a opção de suprimento por gás natural liquefeito (GNL), dizem especialistas do setor.
Hoje as malhas de gás de Brasil e Argentina são conectadas por um duto de 25 quilômetros que sai do país vizinho e chega à cidade de Uruguaiana, no Rio Grande do Sul, onde está uma usina termelétrica operada pela Âmbar. Esse duto é operado pela Transportadora Sulbrasileira de Gás (TSB), que também responde por outro duto de mesmo tamanho que conecta o Polo Petroquímico de Triunfo (RS) à capital Porto Alegre, onde termina o Gasoduto Bolívia-Brasil (Gasbol). Para fechar, de fato, a conexão entre os três países, é necessário completar a integração dos dutos argentinos, além de realizar a conexão entre Uruguaiana e Porto Alegre, de 565 quilômetros.
O presidente da Associação de Empresas de Transporte de Gás Natural por Gasoduto (ATGás), Rogério Manso, diz que há interesse de transportadoras em investir na conexão no sul do país, que poderia ficar pronta em três anos. Para ele, o gás argentino pode criar uma competição saudável no mercado brasileiro: “O consumidor precisa ter acesso a diversas fontes para ter competitividade”, diz.
Segundo fontes, no governo de Michel Temer uma proposta similar havia sido analisada pelo Ministério de Minas e Energia (MME), mas na época os estudos mostraram que a interligação não seria financeiramente viável. De acordo com técnicos que participaram das discussões, seria mais barato para o Brasil comprar a produção de Vaca Muerta no modelo de GNL, no mercado internacional.
Além disso, o Brasil tem grandes reservas de gás no pré-sal. Parte da extração é reinjetada nos reservatórios por falta de infraestrutura para transportar a produção para a costa, mas grandes projetos estão em fase de maturidade e podem se viabilizar no futuro. É o caso do gasoduto que vai ligar a descoberta de Pão de Açúcar, operada pela Equinor na Bacia de Campos, ao Rio de Janeiro, e das descobertas em águas profundas da Petrobras na Bacia de Sergipe-Alagoas.
Para a diretora-executiva de gás natural do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), Sylvie D’Apote, se esses dois projetos nacionais forem adiante, é provável que o gás esteja no mercado em até cinco anos, antes de ocorrer a conexão com a Argentina, que demanda mais obras de infraestrutura. Ainda assim, ela considera que a oferta argentina pode ajudar a competição no mercado brasileiro: “Num mundo globalizado, quanto mais fornecedores, maior a segurança do abastecimento”, diz.
A região da Patagônia argentina tem a segunda maior reserva de gás não-convencional do mundo, atrás dos Estados Unidos. A produção nessas áreas ocorre por meio de técnicas de fraturamento hidráulico, diferente das reservas tradicionais de petróleo e gás. “Nos Estados Unidos, o gás fez renascer a indústria petroquímica. A integração energética e economia dos países do Cone Sul é positiva. O mundo inteiro está revendo as cadeiras logísticas e trazendo as indústrias para perto do consumo”, diz o ex-diretor da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Aurélio Amaral.
Uma outra possibilidade para viabilizar a importação seria aproveitar o fluxo do duto que conecta a Argentina à Bolívia e trazer o gás para o Brasil por meio do próprio Gasbol, com a perspectiva de redução das reservas bolivianas.
Mas a compra do gás pela via terrestre não é vantajosa hoje nem mesmo para a térmica da Âmbar no Rio Grande do Sul, que já tem conexão por duto ao país vizinho. Fontes dizem que empresa calculou que compensa mais abastecer o projeto com GNL do que com o gás argentino. Se a Argentina optar por exportar o gás de Vaca Muerta liquefeito, no entanto, há incertezas se as cargas viriam para o Brasil. “Com as recentes crises, o preço do GNL ficou elevado e a Argentina pode optar por vender para quem pagar mais. A Europa, por exemplo, precisa de gás”, diz o ex-secretário do MME, Márcio Félix.
Especialistas dizem que a conexão pelo duto terrestre com o país vizinho pode se justificar se houver demanda firme do lado brasileiro, por meio de termelétricas ou da indústria. “É necessário ter um mercado âncora, que permita com que a tarifa de transporte pague a construção do duto”, diz o ex-diretor geral da ANP, Décio Oddone.
Um dos receios de fontes do setor no Brasil é que se crie um modelo de compra compulsória e obrigue as distribuidoras a contratar o gás importado. A Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás) diz que é importante que o acordo com a Argentina represente um primeiro passo de um plano para ampliar a demanda. “Uma das chaves para o desenvolvimento do mercado de gás natural no Brasil é a diversificação da oferta”, diz.
O presidente da consultoria Gas Energy, Rivaldo Moreira Neto, lembra que a demanda de gás industrial cresceu pouco no Brasil na última década. “Seria mais óbvio que a Argentina exportasse para o Chile, onde já existe uma conexão. Além disso, a Argentina tem um déficit, pois há uma demanda bastante alta por gás no inverno, o que deixa dúvidas em relação à capacidade de exportar”, diz.
Há dúvidas quanto à viabilidade de projetos de longo prazo de combustíveis fósseis, no contexto da transição energética. “Esses investimentos têm que se pagar dentro da vida útil deles”, diz D’Apote.
CNN Brasil - SP 26/01/2023
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu nesta terça-feira (24) o financiamento para a construção de uma rede de gasoduto para transportar gás natural produzido no campo de Vaca Muerta, na Argentina. O país passaria a oferecer gás natural para o Brasil.
A questão é que o tipo de gás explorado por lá polui mais do que o produto que o Brasil produz, segundo especialistas ouvidos pela CNN.
O principal argumento do governo brasileiro ao defender um possível financiamento do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para o segundo trecho das obras do gasoduto Néstor Kirchner, na Argentina, é que o Brasil terá mais gás natural, por um preço menor.
A obra é considerada um instrumento chave para impulsionar a extração de gás de xisto na região que abriga uma das maiores reservas do mundo. A ideia é que no futuro este gás chegue ao Brasil.
Na visão do economista Adriano Pires, o financiamento deste gasoduto traria alguns benefícios neste momento. Para ele, o país precisa de térmicas para dar mais confiabilidade ao sistema elétrico.
“O Brasil necessita de fertilizante e vimos, com a guerra na Ucrânia, que o país importa praticamente 80% produto. E, para fazer fertilizante, precisa de gás natural. Você tem siderurgia, tem indústria cerâmica, tem indústria química. Então, esse leque de consumidores podem ser beneficiados com a oferta de gás”, destaca.
Riscos ambientais
Apesar das possíveis vantagens, especialistas ligados ao meio ambiente, são contra o financiamento, porque a técnica usada para extrair o gás de xisto é altamente poluente.
O argumento é de que isto iria na contramão da agenda verde, que tem sido uma das prioridades do BNDES nos últimos anos.
Para Pedro Côrtes, professor tutelar da USP ou professor titular do instituto de energia e ambiente da USP, a questão como produzir gás de xisto. “Injetam gás no subsolo para forçar o gás sair e quando usa esse processo, polui todo o subsolo. É muito danoso ao meio ambiente”.
De acordo com Côrtes, o governo quer investir em um combustível fóssil quando deveria incentivar outro tipo de produção. “Nós produzimos e nossa produção está associada a outro tipo de rocha. No caso do pré-sal, tem muito gás, quando perfuram extrai o gás e não existe o fraturamento da rocha. O nosso dano ambiental na exploração é menor”.
O especialista explica que ambos os casos são combustíveis fóssil e quando queimam causam poluição comprometendo o meio ambiente.
Entretanto, em um ponto, os dois especialistas concordam: o ideal seria o governo investir no gás encontrado no Brasil, que é menos poluente, possui grandes reservas e não é mais utilizado por falta de estrutura. Hoje, é preciso reinjetar parte do gás extraído por falta de dutos de escoamento.
Gás do Brasil
No Brasil, o gás explorado é o do pré-sal. A extração é feita perfurando camadas do solo, uma por uma, com o mínimo de danos ao meio ambiente.
Já na exploração do gás de xisto, presente na Argentina, é feita uma perfuração vertical e depois uma horizontal. Em seguida, são inseridos água e produtos químicos para liberar o gás e o óleo que possam estar “presos” entre as rochas. Isto pode contaminar o solo e o lençol freático da região.
A exploração de gás de xisto não é regulamentada no Brasil. No paraná existe inclusive uma lei que proíbe o uso da técnica.
Mas, esta questão ambiental ainda divide opiniões, para o Pires, esta deve ser uma preocupação da Argentina, onde a exploração acontece, e não do Brasil.
“Hoje, o Brasil tem um problema que é aumentar a oferta de gás. Aliás, não apenas o Brasil, pois, a Europa também sofre com essa questão. Trazer gás da Argentina é bom, mas o problema é a questão da oferta de gás brasileiro. Não podemos ficar reféns dos importadores. É necessário aumentar a oferta de gás natural”, conclui.
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