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25 de Abril de 2023

SIDERURGIA

TN Petróleo - RJ   25/04/2023

O ano de 2022 foi muito bom para a ArcelorMittal Brasil. Em função da base de comparação extremamente elevada de 2021, ano que se consolidou como o melhor da sua história, já era esperado um recuo significativo nos resultados no ano passado. O influxo, no entanto, representou apenas um retorno aos patamares de normalidade do mercado nacional de aço que, no entanto, se manteve em ritmo aquecido de produção e demanda.

Mesmo com a queda no consumo aparente de aço no país de 10,9% (para 23,4 milhões de toneladas), do recuo das vendas internas em 9,1% (para 20,2 milhões de toneladas) e do encolhimento da produção de aço bruto em 5,8% (para 34 milhões de toneladas), segundo balanço do Instituto Aço Brasil, ainda assim, 2022 mostrou-se como um ano de excelente performance para a ArcelorMittal Brasil.

A receita líquida da empresa subiu 3,8% em 2022, totalizando R$ 71,6 bilhões. O Ebitda, de R$ 14,9 bilhões, recuou de 26% sobre 2021, mas ainda suficiente para o alcance de uma margem Ebitda de significativos 21%. A produção de aço também foi expressiva, totalizando 12,7 milhões de toneladas de aço e 3,3 milhões de toneladas de minério, queda de 5,3% e 1,4% respectivamente em relação ao ano anterior.

O volume de vendas de aço diminuiu menos, para 12,4 milhões de toneladas (-0,9%) sendo que, desse montante, 7,4 milhões de toneladas (60%) foram destinadas ao mercado interno e 5,0 milhões (40%) ao mercado externo. No encerramento do ano, a empresa registrou significativo lucro líquido de R$ 9,1 bilhões (-33,4%). Os resultados incluem as operações brasileiras de aço e mineração e as operações das empresas controladas da Acindar, na Argentina, da Unicon, na Venezuela, e ArcelorMittal Costa Rica.

"Estes resultados foram possíveis por nossa resposta rápida e assertiva para períodos de oscilações, ajustando a produção com agilidade às demandas dos mercados nacional e internacional e implementando medidas para a preservação do caixa, redução de custos, otimização de processos e aumento da produtividade", disse Jefferson De Paula (foto), presidente da ArcelorMittal Brasil e CEO da ArcelorMittal Aços Longos e Mineração LATAM.

Investimentos em expansão- A empresa manteve seu programa de investimentos em expansão, o maior em andamento atualmente no setor siderúrgico brasileiro, de R$ 7,7 bilhões. O objetivo é o aumentar a capacidade instalada, modernizar a base industrial e capacitar as unidades para fabricação de aços tecnológicos e exclusivos, além de ampliar a produção de minério de ferro, entre 2022 e 2025.

A empresa está investindo R$ 2,5 bilhões na unidade Monlevade para quase duplicar a capacidade de produção, de 1,2 milhão para 2,2 milhões de toneladas/ano de aço bruto. Na Mina do Andrade, fornecedora de minério de ferro para a planta, a produção passará de 1,5 milhão para 3,5 milhões de toneladas/ano. Já na usina de Vega, em São Francisco do Sul (SC), o R$ 1,9 bilhão é destinado para inserção de novos itens ao portfólio de produtos revestidos de alta resistência destinados aos setores automotivo e de eletrodomésticos, e a previsão é que seja inaugurada no 4º trimestre deste ano. Na Mina Serra Azul, em Itatiaiuçu, o aporte é da ordem de R$1,8 bilhão para elevar a produção de 1,6 milhão para 4,5 milhões de toneladas/ano de minério de ferro.

Na planta industrial de Barra Mansa, no Rio de Janeiro, os recursos somam R$ 1,3 bilhão para aumentar a fabricação de aço em 500 mil toneladas ao ano com ampliação do portfólio de produtos e soluções voltados aos mercados da indústria (setor automotivo e energia) e construção civil. Na planta industrial de Sabará, os investimentos são de R$ 144 milhões, que permitirão aumentar a capacidade em 35% de trefilados.

Aquisição da CSP - Em 2022, a ArcelorMittal deu mais um passo importante para reforçar sua atuação no Brasil e iniciou o processo de aquisição de 100% das ações da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), no Ceará. O negócio foi concluído em março de 2023, consolidando sua liderança como a maior produtora de aço do Brasil e da América Latina. A usina tem a capacidade de 3 milhões de toneladas/ano e está estrategicamente localizada no Complexo do Pecém, tendo acesso, via correias transportadoras, ao Porto do Pecém. Essa estrutura possibilitará a integração da unidade à rede global de produção de aço da ArcelorMittal. Foram investidos R$ 11,4 bilhões (US$ 2,2 bilhões) nessa aquisição. "Trata-se de um investimento estratégico, de grande sinergia com as operações globais do Grupo ArcelorMittal. Além disso, a ArcelorMittal Pecém também apresenta a oportunidade para a criação de um novo centro de produção de aço de baixa emissão de carbono, capitalizando a ambição do estado do Ceará de desenvolver um centro de hidrogênio verde de baixo custo", afirma Jorge Oliveira, CEO da ArcelorMittal Aços Planos LATAM.

Inovação - Pesquisa e desenvolvimento também estão na base da estratégia de negócios e de crescimento sustentável da empresa. O Programa de Inovação Digital iNO.VC é uma iniciativa inédita do segmento de Aços Planos que desenvolve novas tecnologias e amplia as das unidades Tubarão (ES) e Vega (SC). Já o Açolab, liderado pelo segmento de Longos, é o primeiro hub de inovação do setor de aço do mundo, que gere um fundo de investimentos para aceleração de startups e pequenas empresas inovadoras. No ano passado, foram realizados investimentos em quatro startups por meio do Açolab Ventures, fundo com recursos internacionais do Grupo ArcelorMittal, escolhidas entre 900 projetos, que somaram mais de R$ 26 milhões. A inovação é ainda apoiada pela ArcelorMittal Sistemas (de desenvolvimento de soluções de tecnologia de informação) e pelo Centro de Pesquisa & Desenvolvimento da ArcelorMittal para a América do Sul, em funcionamento na unidade de Tubarão.

ESG - As boas práticas de ESG se estendem a todo o grupo, e não apenas à estrutura diretamente ligada à produção e administração. A ArcelorMittal está comprometida em liderar a descarbonização na indústria do aço. É a pioneira em estabelecer o compromisso mundial de ser carbono neutro até 2050 e empenhada em liderar o processo de transição para uma economia de baixo carbono.

Em relação aos produtos e soluções sustentáveis, a produtora de aço lançou o XCarb©, que reúne todas as iniciativas e produtos de aço fabricados com baixa emissão de CO2, bem como iniciativas mais abrangentes e projetos de inovação verde, em um único esforço para alavancar a economia de baixo carbono. E, como primeiro produto dentro dessa iniciativa, a empresa colocou no mercado o vergalhão 50 S XCarb©, produzido com 100% de material metálico reciclado e 100% de energia renovável com baixa emissão de carbono.

A empresa também foi a primeira do país a conquistar a certificação ResponsibleSteel, um padrão internacional de excelência, que atesta o respeito às comunidades locais, aos recursos naturais, às relações trabalhistas e aos direitos humanos em toda a cadeia produtiva. Em 2022, foram certificadas as unidades ArcelorMittal Tubarão, no Espírito Santo, e a ArcelorMittal Monlevade, em Minas Gerais. No mês passado, foi a vez da unidade de Vega, em Santa Catarina. Até o final de 2024, a empresa espera ter todas as suas unidades certificadas.

A ArcelorMittal conta com o Programa de Diversidade & Inclusão, lançado em 2019. O programa tem foco em quatro dimensões: Equidade de Gênero, Diversidade Racial, Pessoa com Deficiência e LGBTI+. A empresa possui a meta de ter 25% de mulheres entre as lideranças até 2030.

Investimentos sociais- No ano passado, a Fundação ArcelorMittal investiu R$73 milhões, entre recursos próprios e incentivados, prioritariamente nas áreas de educação, cultura e esporte, em projetos dos quais participaram 2,9 milhões de pessoas. Na área da Educação, foi lançada a Liga STEAM, que prioriza a abordagem metodológica Steam (Ciência, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática), por meio da aprendizagem baseada em projetos.

A empresa é a maior investidora em projetos esportivos em Minas Gerais e está entre as cinco maiores do país, com recursos das Leis de Incentivo. Para além das iniciativas realizadas nas comunidades, a empresa patrocina o Sada Cruzeiro, o Corredores de Aço, a Stock Car Pro Series e o projeto "Juntos Nessa Onda", do Instituto Neymara Carvalho, de aulas gratuitas de bodyboarding para crianças no Espírito Santo. Além disso, é patrocinadora do Palácio das Artes (maior centro de difusão cultural de Minas Gerais); do Grupo Corpo, uma das mais importantes companhias de dança contemporânea brasileira; e é parceira da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais no projeto Fora de Série e mantenedora do Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro.

Valor - SP   25/04/2023

No cenário macro, declarações de integrantes do governo, arcabouço fiscal e medidas tributárias também ficaram no foco

O Ibovespa fechou a sessão desta segunda-feira em queda, pressionado pelo recuo firme das ações de Vale e siderúrgicas. A valorização de papéis ligados ao petróleo compensou parte das perdas, mas foi insuficiente para sustentar o índice no campo positivo. No cenário macro, declarações de integrantes do governo, e a expectativa com o arcabouço fiscal e medidas tributárias também ficaram no foco dos agentes.

No fim do dia, o referencial local caiu 0,40%, aos 103.947 pontos. Na mínima intradiária, o índice à vista tocou os 103.247 pontos, e, na máxima, os 104.822 pontos. O volume financeiro negociado na sessão foi de R$ 16,14 bilhões no Ibovespa e R$ 19,75 bilhões na B3. Em Nova York, o S&P 500 subiu 0,09%, aos 4.137 pontos, o Dow Jones fechou em alta de 0,20%, aos 33.875 pontos, e o Nasdaq recuou 0,29%, aos 12.037 pontos.

A performance do Ibovespa nesta segunda-feira foi fortemente atrelada ao desempenho das commodities. Os papéis ligados às metálicas acompanharam a queda do minério de ferro, que teve baixa expressiva em Dalian na sexta-feira e hoje. Nesta segunda-feira, a commodity fechou em baixa de 3,1%, aos 721,50 yuans (cerca de US$ 104,50) a tonelada. No mercado à vista, o minério caiu 4,8%, para US$ 106,80 a tonelada, o patamar mais baixo em cinco meses. Vale ON caiu 3,62%, CSN ON recuou 3,60%, Gerdau PN cedeu 2,90% e CSN Mineração ON registrou queda de 5,36%.

A commodity sofre pressão tanto da demanda quanto da oferta. A procura pelo material na China não tem sido suficiente para sustentar os preços nos patamares anteriores, de acordo com relatos do mercado. Além disso, a oferta vem aumentando — a Rio Tinto informou na semana passada que os embarques a partir de Pilbara subiram mais de 15% no primeiro trimestre e alcançaram recorde de 82,5 milhões de toneladas; enquanto a Vale produziu 66,7 milhões de toneladas no período, alta anual de 5,8%.

“Desde a confirmação do processo de reabertura da China, os preços do minério e das ações andaram bastante, mas muito na base da expectativa. Ainda existem problemas estruturais em setores importantes para a commodity, como a construção civil, e os próximos dados macro precisam apoiar a recuperação econômica do país como um todo. Ainda não voltamos a alocar no setor depois do último movimento de alta, mas o patamar atual já parece mais confortável”, diz Antonio Heluany, sócio e analista de commodities da Taruá Capital.

No noticiário local, o foco seguiu em declarações de integrantes do governo e no arcabouço fiscal. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou em entrevista ao jornal “O Estado de S.Paulo” que pretende divulgar os benefícios fiscais a cada CNPJ, e que o objetivo é o corte de R$ 150 bilhões dos atuais R$ 600 bilhões anuais em renúncias tributárias no Brasil. Ele disse ver com “bons olhos” uma mudança nas metas de inflação para um período contínuo, e não para um ano-calendário. Haddad afirmou, ainda, que já conversou sobre o assunto com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

Além disso, o ministro disse que a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos golpistas de 8 de janeiro não deve atrapalhar a pauta do arcabouço. “Está claro o que aconteceu no dia 8: uma tentativa de criar no Brasil um ambiente de ruptura institucional”.

Valor - SP   25/04/2023

País perdeu a posição para o México, que registrou 24,8 milhões de toneladas em 2022 e projeta volumes ainda maiores neste ano e no próximo

Relevante no mundo na produção mundial de aço, posicionado ora em oitavo lugar, ora em nono, e líder na América Latina, o Brasil nem aparece no ranking global dos dez maiores consumidores de produtos siderúrgicos da World Steel Association (WSA), divulgado na semana passada.

O país perdeu a posição para o México, que registrou 24,8 milhões de toneladas em 2022 e projeta volumes ainda maiores neste ano e no próximo.

O consumo brasileiro de aço patina há décadas — em alguns momentos tem o chamado “voo de galinha”, como em 2013, quando bateu o recorde de 28 milhões de toneladas. Na crise econômica de 2015-2018, retroagiu ao patamar de 18 milhões de toneladas.

Os altos e baixos do consumo brasileiro — muito mais baixos —, são um retrato do que ocorre na economia do país. Cresce, em geral, com baixos índices, salvo raras exceções, e cai noutros anos, fruto de crises econômicas, juros altos, inflação, restrições de crédito, baixo poder de consumo das pessoas, entre outros problemas.

No ranking divulgado pela WSA, os nove principais países consumidores são China — líder disparada com 921 milhões de toneladas em no passado —, Índia (que avança a cada ano), Estados Unidos, Japão, Coreia do Sul, Rússia, Turquia, Alemanha e Itália.

O Brasil prevê para este ano volume de consumo aparente — vendas internas mais importações — de 23,2 milhões de toneladas, menos 1% que o do ano passado, segundo projeções do Instituto Aço Brasil.

O volume per capita brasileiro varia de 100 a 125 quilos por habitante/ano há várias décadas — e não consegue romper essa barreira. Um exemplo de comparação, na China já superou 500 quilos e na Coreia do Sul passa 1 mil quilos.

Projeções para 2023 e 2024 no mundo

Há no horizonte uma perspectiva mais promissora para o consumo de aço no mundo deste ano comparado ao péssimo resultado de 2022, e também em 2024. O setor viveu uma euforia inesperada em plena pandemia de covid-19, a partir de meados de 2020 e durante 2021. Mas essa euforia se diluiu ao longo do ano passado, fruto de uma série de fatores. É o que retrata o novo relatório da WSA, publicado duas vezes ao ano, sempre em abril e outubro.

Na reunião realizada na capital do México, o Comitê de Economia da WSA apontou que prevê recuperação de 2,3% na demanda de 2023, alcançando 1,82 bilhão de toneladas de produtos siderúrgicos. É uma reversão sobre o ano passado, marcado por inflação global em alta, guerra da Rússia na Ucrânia e medidas de covid zero adotadas na China.

Como consequência, o volume consumido de aço chegou ao final de dezembro com retração de 3,2%, comparado a 2021.

O boletim Short Range Outlook (SRO) da entidade mundial do aço, que reúne 63 países produtores, indica alta de demanda para 2024, porém menos relevante — 1,7%. O desempenho é ofuscado principalmente pela estimativa de zero crescimento da China, a maior potência siderúrgica do mundo, que responde por metade do consumo mundial.

Segundo a avaliação da WSA, as altas taxas de juros continuarão pesando sobre a demanda de aço no mundo. Em 2024, espera-se uma aceleração do crescimento na maioria das regiões, mas, ao mesmo tempo, uma desaceleração chinesa.

Máximo Vedoya, presidente do Comitê Econômico da WSA, e CEO do grupo Ternium, comentou que, no ano passado, o ímpeto de recuperação após o choque pandêmico foi prejudicado pela alta inflação e aumento das taxas de juros, a invasão russa da Ucrânia, e os bloqueios na China.

Como resultado, afirmou o executivo, a atividade dos setores usuários de aço caiu no último trimestre de 2022. “Isso, combinado com o efeito dos ajustes de estoque, levou a uma contração pior do que o esperado na demanda de aço”, disse.

Na sua avaliação, a inflação persistente e as altas taxas de juros na maioria das economias limitarão a recuperação da demanda por aço em 2023, apesar de fatores positivos como a reabertura da China, a resiliência da Europa diante da crise energética e a diminuição dos gargalos da cadeia de suprimentos.

Em 2024, aponta, o crescimento da demanda é impulsionado por regiões fora da China, mas enfrenta desaceleração global devido ao crescimento zero previsto no país, ofuscando o ambiente melhorado. “A inflação sustentada continua sendo um risco negativo, potencialmente mantendo taxas de juros altas”.

Vedoya observa que, à medida que a população da China diminui e se move para um crescimento impulsionado pelo consumo, a contribuição do país para o crescimento da demanda global de aço diminuirá. “O futuro crescimento da demanda global de aço dependerá de drivers reduzidos, principalmente concentrados na Ásia”.

Ele diz que investimentos em descarbonização e economias emergentes dinâmicas é que vão impulsionar a demanda, mesmo com menor contribuição chinesa.

Incertezas no mercado da China

O SRO aponta que a demanda chinesa por produtos siderúrgicos caiu em 2021 e 2022, à medida que a economia do país desacelerou acentuadamente devido a bloqueios inesperados que se estenderam por todo o país.

O momento negativo no setor da construção imobiliária que se viu em 2021 ampliou-se em 2022: investimentos caíram 10%, a primeira queda em 25 anos.

A expectativa é que a retração pressionará as atividades de construção em 2023-2024, “mas é provável que haja uma ligeira recuperação no setor imobiliário no final de 2023 devido às medidas de apoio do governo”, diz o SRO. A recuperação do setor deverá continuar em 2024, mas será apenas moderada”, aponta.

Um cenário similar é esperado para investimentos em infraestrutura, que se recuperou 9,4% graças ao apoio do governo. Mas se prevê enfraquecimento em 2024, sem grandes projetos. No setor manufatureiro, que foi fraco em 2022, estima-se apenas uma recuperação moderada neste e no próximo ano, com desaceleração das exportações.

Também no setor automotivo, um grande consumidor de aço na China — carros de passeio, veículos comerciais e veículos de nova energia (elétricos, com total de 7,06 milhões de unidades em 2022) — não se espera uma reativação relevante. Ao contrário, a previsão é de um desempenho ligeiramente mais fraco, pois não se prevê novas medidas de estímulo pelo governo chinês.

Traçado esse cenário, o SRO indica que, após cair 3,5% no ano passado, a demanda total de aço da China deve crescer 2% em 2023. Porém, ficar estável no próximo ano (zero de crescimento).

Estados Unidos e Japão

O panorama para os EUA considera a forte recuperação da economia americana pós-pandemia, o que gerou aumentos acentuados das taxas de juros do Fed [banco central do país] para combater a inflação.

Assim, é previsto crescimento em 2023-2024, mas moderado, devido à pressão da recessão. Além disso, é mencionado o impacto da quebra do banco SVB.

Espera-se que a demanda por aço no mercado americano cresça 1,3% em 2023 e 2,5% em 2024, após ter registrado recuo de 2,6% no ano passado.

O Japão, outra economia de peso e quarto maior consumidor global de aço, atrás de EUA, conforme as projeções do SRO, deverá ter aumento na demanda de 4% neste ano e de 1,2% em 2024, revertendo a retração sofrida de 4,2% em 2022.

Em 2022, o mercado japonês se contraiu devido à fraca produção e redução de estoques. O fraco ambiente econômico global pode pesar sobre a demanda de aço, mas como o Japão é uma economia de oferta restrita, o impacto não deve ser significativo, avalia o comitê da WSA.

Europa, Emergentes e América Latina

Após a contração considerável de 6,2% em 2022 na demanda por aço nas economias desenvolvidas, englobando países da União Europeia, devido ao aperto monetário e aos altos custos de energia, o SRO projeta aumento de 1,3% neste ano e uma recuperação de 3,2% em 2024

Nos países emergentes e em desenvolvimento, exceto a China, os quais têm dinâmica divergente, a região asiática projeta mais resiliência do que em outros lugares.

O SRO estima expansão de 3,6% neste ano e 3,9% em 2024, deixando para trás o mirrado crescimento de 0,3% em 2022.

Por sua vez, destaca o relatório, a América Latina está entrando em um período desafiador, com fracas perspectivas de crescimento e incerteza política. A demanda por aço contraiu em todos os países da região em 2022. Todos os setores devem ter crescimento moderado em 2023 e 2024.

“As perspectivas econômicas do México são enfraquecidas pela alta inflação e pela fraca economia dos EUA. No entanto, espera-se que a manufatura mexicana tenha um desempenho relativamente bom nos próximos anos, especialmente o setor automotivo”, diz o SRO. O setor cresceu 9,2% em 2022 e projeta manter-se em alta no ano e em 2024.

No Brasil, depois de recuar 11% em 2022, as perspectivas para 2023-2024 são moderadas devido à política monetária restritiva e à incerteza fiscal.

“As altas taxas de juros, as dívidas das famílias e o enfraquecimento do mercado de trabalho suprimirão as atividades de construção, bem como a demanda por bens duráveis”, conclui o relatório.

IstoÉ Dinheiro - SP   25/04/2023

A Gerdau, produtora de aço, está com 130 vagas de estágio abertas no G. Start, programa de iniciação para jovens talentos na empresa. Há oportunidades para Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Ceará, Sergipe, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo. As inscrições vão até 22 de maio através do site de Carreiras.

O modelo de trabalho é presencial, com horário comercial para estagiar. A Gerdau tem os seguintes pré-requisitos para os candidatos:
Formação entre Julho/2024 e Dezembro/2026; Disponibilidade para estagiar 6h por dia, por pelo menos 1 ano, podendo estender até 2 anos; Disponibilidade para estagiar presencialmente nas localidades: Barão de Cocais, Contagem, Divinópolis, Itabirito, Ouro Branco, Ouro Preto e Três Marias.

Aqui é possível consultar os cursos aceitos por localidade. Engenharia Ambiental, Engenharia Civil, Engenharia de Automação Industrial, Engenharia da Computação, Engenharia de Controle e Automação, Engenharia de Materiais, Engenharia de Produção, Engenharia Elétrica, Engenharia Mecânica, Engenharia Metalúrgica e Engenharia Química aparecem na lista, por exemplo.

Não há informações sobre o salário, mas a empresa oferece vale transporte, vale refeição e plano de saúde para os estagiários.

Construção Latino-americana - SP   25/04/2023

O aço está presente em todas as infraestruturas que habitualmente utilizamos: estradas e autoestradas, aeroportos, hospitais, edifícios, habitações, etc., quer como reforço de betão, coberturas, revestimentos, cavilhas e grelhas de pavimentos. Como exemplo, o novo Aeroporto Internacional de Santiago utilizou mais de 24.000 toneladas de aço de reforço e outras 20.000 toneladas de aço estrutural no edifício, e a futura Ponte Chacao (em 2025) exigirá mais de 34.000 toneladas do material. .

Em particular, o aço nacional tem demonstrado um excelente comportamento face aos eventos sísmicos, devido ao cumprimento das normas que regulam os requisitos de dimensionamento sísmico e de desempenho mecânico, que andam de mãos dadas com a filosofia de cálculo estrutural consubstanciada nos códigos de dimensionamento. pela Aceros AZA, empresa nacional que produz um dos aços com menor pegada de carbono do setor.

Normas sobre o assunto são obrigatórias e são citadas em códigos de construção. Enumerando, estão: a norma NCh430, que estabelece os requisitos de projeto e cálculo para elementos e estruturas de concreto armado, a NCh433 para projeto sísmico em edificações e a NCh2369 para projeto sísmico de estruturas e instalações industriais. Existe também a NCh 427 para cálculo de estruturas metálicas; NCh203 para aço estrutural, NCh204 para barras de reforço de concreto e NCh428 para construções de aço.

Deve-se notar que as regras e regulamentos para a construção de infraestrutura crítica foram revistos e atualizados após o grande terremoto de 27 de fevereiro de 2010 para proporcionar maior segurança. Em 2017, também foi publicada a norma NCh3572 para a fabricação e utilização de grades em barra de aço carbono, bem como para grades de piso e degraus, mais conhecidas na construção civil como grades, grades ou grades.

No meio da avenida Alameda, em Santiago, as pessoas costumam passar por essas grades de chão, enquanto vagões do metrô em movimento são vistos abaixo. Ele mencionou esse cotidiano para refletir o quanto é importante a implantação e montagem da grade; com isso garantimos a vida das pessoas.

Grande parte das obras industriais que envolvem pisos gradeados são anteriores à norma NCh3572, sendo, portanto, passíveis de descumprimento dos novos requisitos e prioridade técnica. Por isso a montagem da grade é imprescindível; deve estar sempre nas mãos de especialistas; de engenheiros a instaladores de pisos especializados.

Uma grelha de piso pode ser certificada em sua tabela de carga, matéria-prima, fabricação e sistema de revestimento para sua finalidade final, mas se for instalada no sentido errado em relação aos seus suportes, pode ser reduzida em menos de 50% do seu valor nominal. capacidade de carga, expondo os transeuntes a um iminente acidente devido a colapso estrutural, surpreendente ou aparentemente inexplicável.

ECONOMIA

O Estado de S.Paulo - SP   25/04/2023

Apesar do mau humor do mercado financeiro com a versão final do arcabouço fiscal proposto pelo governo, o ajuste de gastos previsto pelo projeto só perderia para o governo de Michel Temer se estivesse em vigor desde 1998, mostram os cálculos da consultoria Buysidebrazil.

Além do número de exceções à regra de limite de despesas, os investidores se incomodaram com a falta de punições mais rígidas em caso de descumprimento das metas fiscais no texto enviado ao Congresso, assim como com a alta dependência de receitas extras. “As metas fiscais são ambiciosas”, concorda Ariana Zerbinatti, uma das sócias e economista-sênior da Buysidebrazil.

A regra proposta pelo arcabouço é de que o crescimento real das despesas a cada ano seja limitado ao avanço real das receitas até junho do ano anterior (em 12 meses), respeitando um piso de 0,6% e um teto de 2,5%. Se houver descumprimento da meta fiscal, o aumento real do gasto no ano seguinte passa a ser limitado a 50% da elevação das receitas, já desconsiderando a inflação.

Considerando a média do mandato, as despesas cresceram apenas 0,8% em termos reais na gestão de Temer (2016-2018), o que coincide com a criação do teto de gastos. Se a regra proposta pelo atual ministro da Fazenda, Fernando Haddad, estivesse em vigor, o aumento no período seria de 1,6%.

Mas o mecanismo previsto no novo marco fiscal geraria um volume de despesas muito menor do que nas administrações anteriores do PT. Nos dois primeiros mandatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o crescimento real dos gastos foi de 7,5% e 9,5%, respectivamente. Com o novo arcabouço, seria de 2,2% e 2%, nessa ordem. No governo de Jair Bolsonaro, os desembolsos avançaram 3,1%, contra 2% se a nova regra estivesse em vigor.
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Considerando os resultados anuais, desde 1998, apenas em nove oportunidades o crescimento real efetivo da despesa teria sido menor ou igual ao proposto pelo arcabouço - quatro deles depois do teto de gastos (2017, 2018, 2019 e 2021 - após a explosão de despesas em 2020 devido à pandemia de covid-19).

De forma similar, os economistas Felipe Salto e Josué Pellegrini, da Warren Rena, já calcularam que a economia, caso o novo arcabouço estivesse em vigor desde 2011, seria de R$ 775,3 bilhões ou R$ 64,6 bilhões ao ano e que os resultados primários seriam melhores nesse período.

“A proposta de arcabouço fiscal tem seu mérito, ela é até bem rígida se considerarmos o histórico de gastos públicos dos últimos anos”, diz Ariana Zerbinatti, economista e sócia da Buysidebrazil.

A economista reconhece que a regra do teto era mais dura, mas lembra que, depois da pandemia de covid-19, iniciada em 2020, ficou mais difícil de ser cumprida, com diversos furos. Quanto às exceções previstas no novo marco, Zerbinatti tampouco vê “grandes problemas”, já que são bem similares ao teto, com poucos acréscimos e já esperados, como o piso da enfermagem.

Metas ambiciosas

Apesar da visão mais construtiva sobre o arcabouço, Zerbinatti compartilha da preocupação de muitos de seus colegas em relação à dependência de receitas extras para alcançar as “ambiciosas” metas de resultado primário previstas pelo governo.

Em suas contas, considerando estimativas próprias de PIB e arrecadação, faltam cerca de R$ 100 bilhões em receitas para chegar ao resultado primário zero no ano que vem. Segundo ela, as metas de 2025 (superávit de 0,5% do PIB) e de 2026 (superávit de 1% do PIB) são ainda mais desafiadoras.

Considerando que o Ministério da Fazenda vai ser bem-sucedido no esforço de arrecadação sem aumento de carga tributária e consiga R$ 100 bilhões em receitas extras, a consultoria estima que o superávit em 2024 seria de 0,06% do PIB. Em 2025 e 2026, o resultado superavitário seria de 0,22% e 0,52% do PIB, nessa ordem - aquém das metas fiscais, mesmo considerando a banda de 0,25 ponto porcentual para mais ou para menos.

O cenário para a dívida pública também é mais pessimista do que o do governo, que prevê estar próximo da estabilização ao fim do Lula 3. Já a consultoria estima que a estabilidade ocorreria em 2029, caso os R$ 100 bilhões de receitas extras sejam obtidos a partir de 2024. Sem os R$ 100 bilhões, o endividamento continuaria crescendo e encostaria em 90% do PIB em 2032.

Agência Brasil - DF   25/04/2023

A previsão do mercado financeiro para o crescimento da economia brasileira este ano subiu de 0,9% para 0,96%. A estimativa está no boletim Focus de hoje (24), pesquisa divulgada semanalmente pelo Banco Central (BC) com a projeção para os principais indicadores econômicos.

Para o próximo ano, a expectativa para o Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos no país) é crescimento de 1,41%. Em 2025 e 2026, o mercado financeiro projeta expansão do PIB em 1,7% e 1,8%, respectivamente.

A previsão para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerada a inflação oficial do país, também subiu, de 6,01% para 6,04% neste ano. Para 2024, a estimativa de inflação ficou em 4,18%. Para 2025 e 2026, as previsões são de 4%, para os dois anos.

A estimativa para este ano está acima do teto da meta de inflação que deve ser perseguida pelo BC. Definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), a meta é 3,25% para 2023, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é 1,75% e o superior 4,75%. Segundo o BC, a chance de a inflação oficial superar o teto da meta em 2023 é de 83%.

A projeção do mercado para a inflação de 2024 também está acima do centro da meta prevista, fixada em 3%, mas ainda dentro do intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual.

Em março, a inflação desacelerou para todas as faixas de renda. Ainda assim, puxado pelo aumento dos preços dos combustíveis, o IPCA ficou em 0,71%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado é inferior à taxa de fevereiro, de 0,84%. Em 12 meses, o indicador acumula 4,65%, abaixo de 5% pela primeira vez em dois anos.

Taxa de juros

Para alcançar a meta de inflação, o Banco Central usa como principal instrumento a taxa básica de juros, a Selic, definida em 13,75% ao ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom). A taxa está nesse nível desde agosto do ano passado, e é o maior nível desde janeiro de 2017, quando também estava nesse patamar.

Para o mercado financeiro, a expectativa é de que a Selic encerre 2023 em 12,5% ao ano. Para o fim de 2024, a estimativa é que a taxa básica caia para 10% ao ano. Já para o fim de 2025 e de 2026, a previsão é de Selic em 9% ao ano e 8,75% ao ano, respectivamente.

O patamar da Selic é motivo de divergência entre o governo federal e o Banco Central. Quando o Copom aumenta a taxa básica de juros, a finalidade é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Desse modo, taxas mais altas também podem dificultar a expansão da economia.

Quando o Copom diminui a Selic, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle sobre a inflação e estimulando a atividade econômica.

A expectativa para a cotação do dólar está em R$ 5,20 para o fim deste ano. Para o fim de 2024, a previsão é de que a moeda americana fique em R$ 5,25.

IstoÉ Online - SP   25/04/2023

O Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) arrefeceu a 0,43% na terceira quadrissemana de abril, após alta de 0,52% na segunda leitura do mês. A informação foi divulgada nesta segunda-feira, 24, pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Em 12 meses, o indicador acumula variação positiva de 3,37%, ante 3,46% na segunda quadrissemana.

Entre as oito classes de despesas que compõem o indicador, duas apresentaram decréscimo no período, com destaque para o grupo Transportes (1,47% para 0,70%), puxado por gasolina (4,40% para 1,84%). Também houve desaceleração no grupo Habitação (0,75% para 0,57%), puxada por tarifa de eletricidade residencial (2,10% para 1,05%).

Em contrapartida, a FGV registrou aceleração dos grupos Alimentação (0,24% para 0,43%), Saúde e Cuidados Pessoais (0,77% para 0,91%), Comunicação (0,10% para 0,28%) e Vestuário (0,15% para 0,34%), enquanto houve perda do ímpeto da deflação de Educação, Leitura e Recreação (-1,12% para -0,85%).

Nestas classes de despesa, vale citar o comportamento dos itens: hortaliças e legumes (-1,60% para 0,01%), medicamentos em geral (1,29% para 2,30%), tarifa de telefone móvel (0,32% para 0,75%), roupas infantis (-0,22% para 0,24%) e passagem aérea (-6,37% para -4,82%), respectivamente.

Já o grupo Despesas Diversas repetiu a taxa de variação de 0,17% registrada na última apuração. As principais influências partiram dos itens conselho e associação de classe (0,57% para 1,38%), em sentido ascendente, e alimentos para animais domésticos (1,06% para 0,71%), em sentido descendente.

Influências

As principais pressões de baixa do IPC-S nesta leitura partiram de Passagem aérea (-6,37% para -4,82%); xampu, condicionador e creme (-1,45% para -4,66%); maçã (-14,34% para -12,61%); banana-prata (-9,67% para -8,30%) e cebola (-9,32% para -8,08%).

Por outro lado, as principais pressões de alta vieram de gasolina (4,40% para 1,84%); aluguel residencial (1,41% para 1,29%); plano e seguro de saúde (1,08% para 1,08%); tarifa de eletricidade residencial (2,10% para 1,05%) e licenciamento – IPVA (1,49% para 1,49%).

Exame - SP   25/04/2023

A China intensificará esforços para estabilizar o desempenho do comércio exterior e melhorar a estrutura do comércio por meio de um conjunto de medidas políticas, disseram autoridades do governo em uma coletiva de imprensa no domingo (23).

Especialistas disseram que o país espera revitalizar ainda mais as empresas do setor de comércio exterior, enquanto fortalece a cooperação comercial com economias desenvolvidas e emergentes, em meio a fatores negativos, como o aumento do protecionismo e o enfraquecimento da demanda global.

Esses esforços expandiram e atualizarão o comércio da China e também serão propícios à recuperação econômica global, disseram eles.

Wang Shouwen, vice-ministro do comércio e representante de comércio internacional da China, disse na coletiva de imprensa que as empresas nacionais envolvidas no comércio exterior enfrentam aumento de riscos comerciais, pressão para melhorar a lucratividade e inconvenientes na participação em feiras de comércio exterior, embora a incerteza na demanda externa permaneça o maior problema.

“Vamos tentar criar mais oportunidades comerciais”, disse ele, acrescentando que, para isso, o país irá amplamente retomar as feiras de comércio offline, melhorar a eficiência do processamento de pedidos de cartão de viagem de negócios da APEC e facilitar a retomada ordenada de voos internacionais de passageiros.

Wang disse que o país estabilizará o comércio exterior em produtos-chave, como automóveis, garantirá o desenvolvimento das empresas de comércio exterior e aprimorará os formatos e o ambiente para o comércio exterior.

Redes globais

As medidas-chave incluirão ajudar as montadoras a estabelecer e aprimorar suas redes globais de marketing e serviço, garantir financiamento para projetos de equipamentos de grande escala e acelerar a revisão do catálogo de tecnologias e produtos encorajados para importação.

Elas também incluirão incentivar os bancos a atender melhor à demanda de financiamento das pequenas e médias empresas de comércio exterior, orientar as empresas que estão envolvidas no processamento comercial para se mudarem para as regiões central, oeste e nordeste do país e apoiar a Área da Grande Baía de Guangdong-Hong Kong-Macau no desenvolvimento do comércio digital.

Wu Haiping, diretor-geral do departamento de operações gerais da Administração Geral das Alfândegas, disse que, para enfrentar as dificuldades e gargalos enfrentados pelas empresas de comércio exterior, a autoridade alfandegária se concentrará na melhoria da facilitação comercial, na otimização da logística de importação e exportação, no aprimoramento do ambiente de negócios nos portos, na redução das cargas de custo das empresas e no apoio ao desenvolvimento de novos formatos de comércio exterior.

“Vamos enriquecer, ajustar e melhorar continuamente medidas relevantes e explorar novas iniciativas de suporte ao comércio exterior da China este ano”, disse ele, acrescentando que 90.000 empresas se registraram no primeiro trimestre do ano para se envolver em atividades de importação e exportação, um aumento de 59,8% ano a ano.

Alto custo

Segundo Zhou Maohua, analista do Banco China Everbright, as empresas de comércio exterior, especialmente as pequenas e médias, ainda enfrentam altos custos para matérias-primas, dificuldades para obter financiamento, flutuações no mercado global de câmbio e incertezas na demanda externa.

“A China possui um sistema industrial completo e cadeias de abastecimento resilientes, e o setor de comércio exterior do país ganhou força nos últimos anos devido a melhorias contínuas nos produtos e na estrutura comercial, crescente diversificação de parceiros comerciais e desenvolvimento de modelos de negócios, incluindo o comércio eletrônico transfronteiriço”, disse Zhou.

“Mas espera-se que as autoridades adotem mais ações para aliviar os encargos das empresas e incentivá-las a fortalecer a pesquisa de novos produtos, enquanto diversificam as fontes de importação e os destinos de exportação”, acrescentou.

Segundo Ning Jizhe, vice-presidente do Centro de Intercâmbio Econômico Internacional da China, o país deve tomar mais medidas para estabilizar as exportações para importantes parceiros comerciais, incluindo a Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), a União Europeia (UE), os Estados Unidos, o Japão e a Coreia do Sul.

Ao mesmo tempo, o país deve explorar ainda mais o potencial de novos mercados em economias participantes da Iniciativa do Cinturão e Rota, bem como em economias do Oriente Médio, África e América Latina, disse ele.

Enric Tria, diretor administrativo da Taurus Group na Europa, fabricante espanhola de eletrodomésticos, disse que os produtos chineses são conhecidos por sua acessibilidade, qualidade e versatilidade, tornando-os uma escolha popular para empresas de todo o mundo que procuram peças, componentes e produtos acabados.

Ansiosos para vender mais produtos para outras partes do mundo, fabricantes domésticos, especialmente aqueles dos hubs de manufatura e exportação, como as províncias de Zhejiang, Jiangsu, Shandong, Fujian e Sichuan, têm se apressado para adicionar valor técnico aos seus produtos e participar de feiras de comércio em larga escala em mercados domésticos e globais.

Retomada

Com a retomada completa das atividades no local, a segunda fase da 133ª Feira de Importação e Exportação da China, também conhecida como Feira de Cantão, atraiu quase 12.000 empresas – 3.800 a mais do que o nível pré-pandêmico em 2019. A feira foi aberta em 15 de abril e vai até 5 de maio.

A segunda fase da feira, que será realizada de domingo a quinta-feira em Guangzhou, província de Guangdong, tem uma área total de exposição de 505.000 metros quadrados e mais de 24.000 estandes apresentando bens de consumo diário, presentes e decorações para o lar.

“Na Feira de Cantão, nossa expectativa obviamente é procurar por novos produtos e ver o que os principais parceiros e fornecedores nos apresentam”, disse Tria, da Taurus Group. “Estamos principalmente procurando por quaisquer tipos de produtos relacionados a pequenos aparelhos domésticos”.

Chen Dexing, presidente da Wenzhou Kanger Crystallite Utensils Co, fabricante de vidro e cerâmica em Wenzhou, província de Zhejiang, disse que a produção da empresa no primeiro trimestre deste ano foi aproximadamente a metade do total do ano passado, devido a pedidos aumentados de países desenvolvidos.

O comércio exterior da China cresceu 4,8% em relação ao ano anterior, para 9,89 trilhões de yuans (US$ 1,44 trilhão) no primeiro trimestre de 2023, de acordo com dados da Administração Geral das Alfândegas do país.

Zhou, o analista do China Everbright Bank, previu que as exportações do país provavelmente crescerão de 6% a 8% em relação ao ano anterior durante o primeiro semestre de 2023, enquanto o crescimento das importações provavelmente será de cerca de 0,3% a 0,7%.

Infomoney - SP   25/04/2023

A balança comercial brasileira registrou superávit comercial de US$ 1,304 bilhão na terceira semana de abril. De acordo com dados divulgados nesta segunda-feira, 24, pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), o valor foi alcançado com exportações de US$ 5,629 bilhões e importações de US$ 4,324 bilhões.

O saldo acumulado em abril chegou a US$ 6,334 bilhões e, no ano, o superávit é de US$ 22,178 bilhões.

A média diária das exportações registrou na terceira semana de abril aumento de 1,8%, com alta de 16,1% em agropecuária, queda de 6,02% em indústria da transformação e baixa de 0,15% em produtos da indústria extrativa.

Já as importações caíram 2,4%, com baixa de 24,22% em agropecuária, queda de 3,32% em indústria extrativa e alta de 14,74% em produtos da indústria da transformação, sempre na comparação pela média diária.

Monitor Digital - RJ   25/04/2023

A taxa de utilização da capacidade industrial da China foi de 74,3% no primeiro trimestre de 2023, uma queda de 1,5 ponto percentual em relação ao mesmo período do ano passado, mostraram dados oficiais.

Em relação ao trimestre anterior, o número caiu 1,4 ponto percentual, de acordo com o Departamento Nacional de Estatísticas.

Entre os três principais setores, a taxa de utilização do setor de mineração foi de 75,2% no 1º trimestre, caindo 1,8 ponto percentual em termos anuais.

Para os setores manufatureiro e de produção e fornecimento de serviços públicos, o índice ficou em 74,5% e 71,9%, respectivamente.

O Estado de S.Paulo - SP   25/04/2023

O saldo da visita de Lula à China foi positivo, mas, de novo, o marketing foi muito negativo em razão dos arroubos verbais presidenciais sobre a guerra na Ucrânia e a parceria estratégica com a China. Apesar de toda sua experiência, Lula está ignorando alguns princípios básicos na diplomacia: saber ficar calado, falar pouco e ter um discurso moderado. Era previsível a repercussão na mídia norte-americana e nacional, pelo que foi interpretado como mudança da posição do Brasil e pelas críticas aos EUA. A coincidência da visita do chanceler da Rússia, Sergei Lavrov, logo em seguida à visita a Pequim, e a notícia do veto russo à venda de munição à Alemanha para fornecimento à Ucrânia e possível cooperação nuclear também ajudaram a colocar em dúvida a equidistância brasileira.

Quando a China propôs uma parceria estratégica com o Brasil na década de 1990, o governo brasileiro apreciou o gesto e proclamou o novo nível do relacionamento bilateral. Ocorre que o governo chinês havia estudado por muito tempo o que queria dessa parceria e, nos últimos 15 anos, definiu seus interesses e objetivos nas áreas agrícola e mineral. Passadas três décadas dessa parceria estratégica, o Brasil ainda não definiu como quer se beneficiar dela.

O comunicado conjunto publicado ao final da visita, em grande parte, incluiu declarações de intenção que poderiam estabelecer as bases da parceria estratégica, segundo o interesse brasileiro: cooperação nas áreas de economia digital, comércio eletrônico, tecnologia da informação, inteligência artificial (IA), centro de pesquisa, desenvolvimento e inovação, luz síncrotron, cooperação espacial. Se o governo, o setor privado e a universidade realmente se empenharem para concretizar essas intenções, tecnologia e inovação poderiam sintetizar o interesse brasileiro na parceria estratégica. Assim como fez a China nas áreas de seu interesse, cabe ao Brasil tomar as medidas internas necessárias para desenvolver a cooperação em todas essas áreas.

O Brasil está atrasado nos avanços científicos e tecnológicos em muitas áreas. Surge a oportunidade de recuperar o tempo perdido e colocar o País na linha de frente da pesquisa e do desenvolvimento na inovação, no 5G e na IA. Este pode ser, no longo prazo, o principal resultado da visita. Caso a parceria estratégica entre o Brasil e a China se desenvolva e se amplie, será importante dinamizar os mecanismos de cooperação existentes com os EUA, assinar o acordo com a União Europeia e continuar os entendimentos para a adesão à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) ou com quem estiver disposto a colaborar com o Brasil.

Apesar da retórica da reforma da governança global, o comunicado defende o fortalecimento da ONU e da Organização Mundial do Comércio (OMC). A China evitou comprometer-se quanto à candidatura brasileira ao Conselho de Segurança da ONU, quanto à proposta de formação de um grupo da paz para o fim das hostilidades na Ucrânia e à compra de aviões da Embraer. E o Brasil, a aderir à Rota da Seda. Houve, em separado, uma longa declaração sobre meio ambiente e mudança de clima, acordo do BNDES e do banco chinês para empréstimo de US$ 1,3 bilhão para investimento em infraestrutura, além de acordos comerciais entre empresas e Estados.

Os contrastes e os resultados entre a visita a Washington e a Pequim ficaram evidentes, mas podem ser explicados pela diferente natureza dos encontros com Biden e com Xi Jinping. Nos EUA, a ênfase foi política, com o fortalecimento da democracia e das instituições, além da nova prioridade de meio ambiente e mudança de clima. Na China, foi econômica e comercial – tanto que os aspectos políticos da guerra na Ucrânia, da Rota da Seda, dos semicondutores e da moeda foram minimizados no comunicado conjunto.

Apesar das críticas, até aqui não há evidência concreta de que o Brasil esteja abandonando a política, na defesa do interesse nacional, de manter-se equidistante nas tensões entre os EUA e a China, mesmo com a contradição entre princípios e valores e interesses, como de resto ocorre com todos os países, inclusive os EUA e as nações europeias. As declarações presidenciais sobre a guerra na Ucrânia – retificadas no discurso escrito durante a visita do presidente da Romênia e atenuadas ainda mais na visita a Portugal – não devem gerar consequências negativas contra o Brasil, mas podem acelerar o gradual esvaziamento do Itamaraty, como evidenciado na entrevista ao final da visita a Pequim, conduzida por Mercadante e Haddad, e não por Mauro Vieira, e nas viagens de Amorim à Colômbia, à Rússia e à Ucrânia.

Com a crescente tendência geopolítica de formação de dois polos, repetindo em outras bases a guerra fria entre os EUA e a União Soviética, o Brasil tem de definir de forma mais clara seus interesses a fim de sobreviver à divisão das atuais superpotências. Para manter uma autonomia estratégica na confrontação, não ideológica e militar, mas econômica, comercial e tecnológica, entre as superpotências e apoiar a multipolaridade, o Brasil tem de manter seu relacionamento com os EUA, a China e a Rússia afastado de considerações partidárias, ideológicas e agora também geopolíticas, que possam de uma maneira ou de outra acarretar algum tipo de restrição econômica ou comercial contra interesses concretos brasileiros.

O Estado de S.Paulo - SP   25/04/2023

Resistências e críticas à proposta de arcabouço fiscal encaminhada pelo governo Lula ao Congresso Nacional na semana passada surgiram à esquerda e à direita, e não apenas no ambiente político-parlamentar. Talvez isso possa significar que, para estruturar a proposta, a equipe coordenada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tenha buscado o caminho médio entre os muitos rumos examinados. Se verdadeira essa hipótese, pode até ter sido um bom método de trabalho, que implicou escolhas políticas. Nem por isso, porém, será fácil a trajetória do projeto. São muitos os riscos de que ele acabe desagradando a todos.

Há, da direção do Congresso, disposição de acelerar a tramitação da proposta. O presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), disse que a votação poderá ser concluída até o dia 10 de maio, embora o governo ainda não tenha assegurado votos suficientes (257) para a aprovação. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), de sua parte, assegurou que o projeto “será aprovado” também com presteza na Casa que preside, ainda que com “eventuais mudanças” para torná-lo melhor. Nem a instalação, nos próximos dias, da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) sobre os atentados à democracia praticados em 8 de janeiro prejudicará a tramitação do projeto, previu Pacheco. “Temos senso de urgência em relação ao arcabouço fiscal.”

Tal disposição não é observada, porém, na base governista. A bancada do PT na Câmara afirmou que as propostas do arcabouço fiscal e da reforma tributária, ainda em elaboração, destinam-se a superar problemas gerados por governos anteriores “que tantos prejuízos trouxeram aos investimentos, programas e políticas sociais”. Mas não fez elogio claro à proposta. A oposição, como previsto, reagiu com dureza, sugerindo que a proposta pode gerar “uma fábrica de crimes de responsabilidade fiscal”, como disse o deputado André Fufuca (PP-MA). De fato, ela estabelece que o descumprimento da meta de resultado primário não configura crime de responsabilidade fiscal, daí não haver previsão de punição.

Em análise serena publicada no Boletim Macro do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getúlio Vargas, Armando Castelar Pinheiro e Silvia Matos apontam os principais desafios que a proposta terá de superar. As metas primárias (evolução de um déficit de 0,5% do PIB em 2023 até um superávit de 1,0% em 2026) exigirão, além de contenção da alta do gasto, “significativo aumento da carga tributária”, por meio de correção de “algumas distorções tributárias”. Além disso, parte do aumento da arrecadação pode vir de receitas não recorrentes, isto é, que não se repetirão automaticamente no futuro, razão pela qual não mais contribuirão para a redução da dívida pública a partir de determinado período. Por fim, os autores advertem que a regra do aumento real das despesas, acompanhada do piso para um conjunto de rubricas do orçamento federal, exigirá crescimento real e perene da receita.

Outras críticas foram feitas à exclusão, do limite de despesas, de mais de dez itens, alguns com peso expressivo nos gastos da União. Os que exigem ajuste fiscal rigoroso, com estabilização imediata da dívida pública como proporção do PIB e sua queda em seguida, apontam para a projeção do crescimento dessa relação nos próximos anos como sinal de inconsistência.

Sob esse manto de críticas, aspectos positivos da proposta estão sendo ignorados ou menosprezados. O limite de dispêndios sugerido no arcabouço é mais rigoroso do que o do antigo teto de gastos, pois a relação entre despesas e PIB no final do governo Lula será menor do que a observada no governo anterior. A lista de gastos excluídos dos limites é, em grande parte, decorrência de exigências constitucionais.

Em recente artigo, o ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega observou que a reclamação dos que exigem corte imediato e profundo de gastos é injusta. O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse praticamente a mesma coisa em Londres. Ambos estão certos. A maior parte das despesas orçamentárias é de natureza obrigatória, ou seja, não pode ser cortada por decisão administrativa. Reduzir tais despesas depende até de mudança constitucional. E em boa parte elas crescem vegetativamente em valores reais. Por isso, nos últimos anos, os cortes de gastos, quando ocorrem, implicam sacrifício de um item essencial para a qualidade do serviço público, que são os investimentos. E um dos objetivos centrais do arcabouço fiscal é justamente recuperar a capacidade do governo de investir – embora com limites, o que gerou críticas em partidos da base governista.

Por fim, mais do que desafios, a tramitação da proposta de política fiscal enfrentará riscos à sua integridade e coerência. Escolhido para relatar o projeto na Câmara, o deputado Cláudio Cajado (PP-BA) afirmou que eventuais alterações no texto original serão para melhorá-lo. Os contribuintes e os cidadãos em geral adorariam acreditar.

MINERAÇÃO

Money Times - SP   25/04/2023

As ações ligadas a metais eram destaque negativo do Ibovespa nesta segunda-feira (24), pressionando o índice da Bolsa.

Por volta das 11h, os papéis da Vale (VALE3) recuavam 3,11%, a CSN Mineração (CMIN3) perdia 4,29% e a Gerdau (GGBR4) tinha queda de 2,43%.

O movimento das ações do setor acontece na esteira do desempenho do minério de ferro na China, com contratos atingindo as mínimas de quatro meses no gigante asiático.

Os contratos futuros de minério de ferro aprofundaram as quedas nesta segunda, devido à demanda mais fraca por aço na China, que provocou uma desaceleração da produção.

Ao mesmo tempo, as últimas divulgações das principais mineradoras sinalizaram ampla oferta da commodity siderúrgica.

O minério de ferro mais negociado para setembro na Dalian Commodity Exchange da China encerrou as negociações diurnas em queda de 3,1%, a 721,50 iuanes (ou US$ 104,69) a tonelada.

Já na Bolsa de Cingapura, o minério de ferro de referência em maio chegou a recuar até 4,9%, para US$ 102,80 a tonelada, a menor cotação desde o fim de novembro.

“Apesar da temporada de construção em andamento (na China), os preços do aço continuaram caindo em meio à demanda fraca e estoques crescentes”, disseram estrategistas de commodities da ANZ em nota.

Consultor Jurídico - SP   25/04/2023

Quatro famílias de pequenos agricultores de Teixeiras (MG) estão sem fornecimento de água desde junho de 2022, após a ruptura de um córrego que abastecia suas propriedades há anos. As famílias não conseguiram na Justiça uma liminar contra a mineradora Zona da Mata Mineração, que acusam de provocar o desabamento do córrego.

A 12ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Minas Gerais decidiu dar provimento ao recurso da mineradora.

No recurso, a empresa alegava que o córrego era um "mero desvio clandestino e ilegal" e que os agricultores "jamais obtiveram qualquer licença ou autorização do órgão ambiental competente".

A mineradora afirmava ainda que "suas atividades são ambientalmente licenciadas e não causaram ou sequer contribuíram para a ocorrência do evento natural, inexistindo qualquer conduta antijurídica ou nexo causal capaz de caracterizar sua responsabilidade", a respeito da erosão do córrego.

O desembargador José Augusto Lourenço dos Santos, relator do acórdão, entendeu que "a restaurac¸a~o do curso d'água, em exi´guo espac¸o de tempo, se mostra temera´ria, pois na~o ha´ nos autos comprovac¸a~o de que o curso d'a´gua captado e´ sua u´nica fonte hi´drica que possa ser utilizada pelos agravados", escreveu.

"Cabe salientar que fazendo a distinc¸a~o (distinguish) entre o julgado citado pelos agravados e o que se analisa nestes autos, ha´ uma situac¸a~o peculiar. Na~o se sabe se, no curso d'a´gua, pode haver rejeitos da mineradora nocivos a ponto de causar danos aos agravados", entendeu o relator. "Posto isso, dou provimento ao recurso, para reformar a decisa~o agravada e manter a decisa~o unipessoal que concedeu o efeito suspensivo", afirmou.

A mineradora foi, portanto, desobrigada de fazer obra para a reconstrução do córrego. As famílias seguem abastecendo suas propriedades com um poço semiartesiano e um caminhão-pipa fornecido pela própria mineradora.

A empresa trabalha na extração do minério de ferro magnetita, extraído através de detonações. Além da ruptura do córrego, as famílias se queixam das explosões constantes e da intimidação de moradores por vigilantes e câmeras instaladas no local.

A revista Consultor Jurídico ouviu a proprietária de um dos sítios que subsistia do fornecimento de água interrompido após a ação da mineradora.

"Em 2017, quando chegou a mineradora, fomos averiguar a licença dela e a licença omitia a existência desse córrego", afirmou a agricultora.

"Minha família vive aqui há cinco gerações, na mesma casa, no mesmo terreno", relata. "Eu, todos os meus irmãos e minha mãe de 84 anos moramos e trabalhamos aqui. Nós e outras três famílias somos abastecidos por esse córrego há mais de cem anos", diz.

Em junho de 2022, após uma obra feita pela mineradora, o córrego desabou. A mineradora passou a fornecer um caminhão-pipa, que, no entanto, só chega em dias úteis. O uso intensivo do poço semiartesiano foi desaconselhado às famílias por um técnico que visitou o local.

"Recebemos um técnico que alertou que não podemos continuar usando o poço para abastecer os animais, que se fizermos isso vamos ficar sem água", conta a agricultora. "A Justiça determinou que a mineradora nos forneça água, eles passaram a fornecer um caminhão-pipa que não vem em feriados nem em domingos e a água chega suja para os animais beberem", se queixa.

Ainda de acordo com a agricultora, a mineradora tomou 70% do terreno de seu sítio, com aval da Justiça. "Hoje, a divisa da exploração do terreno é colada no curral. Fica tudo misturado: cachorro, curral, mineração, detonação, tudo junto", lamenta.

"Colocaram câmeras em tudo e seguranças 24 horas. Eles ficam intimidando a gente, não podemos receber visita que eles vêm intimidar, é horrível", reclama a moradora.

Violação de direitos humanos
O advogado dos agricultores, Leonardo Rezende, sócio do Rezende, Guimarães e Araújo Advogados, afirma que o caso se trata de uma "grave violação de direitos humanos".

"Juntamos laudos para comprovar que a ruptura do córrego ocorreu por culpa da mineradora. O desembargador suspendeu, disse que, na dúvida, tem que deixar como está. Isso assusta, porque até ter a instrução probatória do processo, as famílias ficam sem água. Entramos com pedido de liminar, mas perdemos", lamentou o advogado.

Ainda de acordo com ele, não é mais possível fazer a perícia no córrego, uma vez que as máquinas da mineradora destruíram o desvio d'água que abastecia as famílias.

"A mineradora tomou até parte do terreno das famílias, e tudo com aval da Justiça. Um caso como esse, com aval da Justiça, eu nunca vi. Privilegiam quem causa o dano em vez de privilegiar o uso humano", lamenta.

Diário do Comércio - MG   25/04/2023

Preço do insumo siderúrgico apresenta uma retração de US$ 128 por tonelada em janeiro para US$ 105

março e abril foram mais de US$ 20 de diferença. Nesta segunda-feira (24), o mineral atingiu o menor patamar dos últimos cinco meses, o que derrubou as ações das mineradoras mundo afora. O preço do insumo siderúrgico no mercado internacional passou de US$ 128 a tonelada em janeiro para cerca de US$ 105 nos últimos dias, uma queda de 13% nos primeiros meses deste exercício.

A reportagem do DIÁRIO DO COMÉRCIO conversou com especialistas do setor e do mercado financeiro para entender o comportamento dos preços da commodity. Em suma, as avaliações dão conta de que os valores refletem a situação da economia chinesa, a menor demanda pelo mineral e os elevados patamares dos juros em todo o mundo, cenário que deverá ser mantido, pelo menos, até o fim do primeiro semestre.

Vale dizer que a combinação da fraca demanda por aço na China, em função das restrições de produção de siderúrgicas induzidas por medidas de proteção ambiental, com as últimas divulgações das principais mineradoras sinalizaram ampla oferta do ingrediente siderúrgico, contribuiu para a derrubada dos preços.

O analista da Terra Investimentos, Luis Novaes, recorda que logo no início do ano, a cotação do minério de ferro entrou em uma tendência de alta refletindo o otimismo dos investidores quanto à retomada econômica potencial da China e a expectativa de reposição dos estoques no setor industrial do país asiático. E que, como esperado, o fim da sazonalidade acarretou uma correção nos preços do insumo siderúrgico, somado à uma deterioração nas expectativas quanto ao crescimento econômico do gigante asiático.

“O otimismo dos investidores foi um fator importante para a valorização do minério de ferro, com o objetivo de se adiantar a um movimento de retomada no crescimento. Entretanto, os dados econômicos do país, principalmente o recuo na produção industrial divulgado há algumas semanas, demonstram que a realidade está distante das expectativas, intensificando esse movimento de correção que já era previsto”, diz.

Segundo ele, após esse movimento, o minério de ferro opera em um patamar mais condizente com o atual cenário. “Mas a incerteza permanece alta, o que pode trazer mais volatilidade ao minério”, pondera.

Da mesma forma, o analista de investimentos da Mirae Asset Corretora, Pedro Galdi, explica que embora a China tenha dado sinais de melhoria após o fim do programa Covid 0, o Norte do país passa novamente por um período de poluição pesado e, diante de orientação do governo, tem ocorrido um movimento de redução de produção de aço. Porém, ele classifica o movimento como pontual.

“A siderurgia no mundo todo busca pela descarbonização. Por isso, continuo com a visão de que US$ 100/tonelada é um piso aceitável. Os preços podem até cair abaixo deste patamar, mas fatalmente vão retornar”, antecipa.

E o sócio e head de renda variável da Monte Bravo Investimentos, Bruno Madruga, recorda os patamares próximos a US$ 130 a tonelada atingidos pelo minério de ferro no começo do ano, muito por influência da expectativa de reabertura do mercado chinês. Depois disso, a demanda pelo mineral começou a ficar estagnada.

“Passados alguns meses, o cenário atual é de grande oferta de minério disponível versus uma demanda bastante reprimida, até mesmo pela expectativa de menor crescimento global”, explica.

Neste contexto, mineradoras inglesas e australianas apresentam boas perspectivas de produção, mas a demanda segue muito baixa. Juntamente a isto surgem os esforços da China no quesito emissão de gases, que implica em maior controle do consumo de minério de ferro por aquele país. “Tudo isso elevou o preço da commodity próximo a US$ 105 a tonelada”, diz.
Valor do minério de ferro deve continuar a cair

Para os próximos períodos, segundo Madruga, os preços devem diminuir ainda um pouco mais em virtude de uma taxa de juros bastante elevada globalmente, uma vez que a inflação global também permanece em patamares superiores e isso tende a trazer um crescimento global menor em 2023, o que também afeta o minério de ferro.

“Existe uma demanda mais fraca pelo minério de ferro, ao mesmo tempo em que há oferta bastante representativa no mercado e isso deve permanecer pelo menos até o fim do primeiro semestre”, conclui.

CONSTRUÇÃO CIVIL

Infomoney - SP   25/04/2023

Os empresários da indústria da construção estão menos confiantes e preocupados com as condições atuais da economia brasileira e da empresa nos primeiros quatro meses do ano. Isso é o que mostra a Sondagem Indústria da Construção, divulgada nesta segunda-feira  (24) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).

De acordo com o levantamento, a avaliação negativa está mais intensa e disseminada neste ano, principalmente pelo impacto da elevada taxa de juros. Quatro em cada 10 empresários do setor veem impacto da alta da taxa Selic na desaceleração da atividade econômica.

No primeiro trimestre de 2023, 37,4% das empresas assinalaram a taxa de juros como um dos três principais problemas enfrentados no período, um crescimento de 6,8 pontos porcentuais em relação ao quarto trimestre de 2022, destaca a CNI.

Em seguida, o problema mais citado foi a elevada carga tributária, a falta ou alto custo da matéria-prima. Apesar de o insumo ter deixado de ser o principal problema para a indústria da construção no terceiro trimestre de 2022, a avaliação do gerente de Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo, é de que a aquisição de matéria-prima é ainda uma questão relevante.

Atualmente, 21,3% dos industriais consideram a falta ou o alto custo da matéria-prima um problema. Segundo a CNI, antes da pandemia e da desorganização das cadeias produtivas, a média das respostas era de 8,2%.

Com relação à empresa, houve aumento da insatisfação no primeiro trimestre do ano com o lucro operacional e com a situação financeira, com recuo da atividade e do emprego no mês de março. O índice que mede a intenção de investimento da indústria da construção caiu 5,5 pontos em abril, para 39,8 pontos, após dois meses consecutivos de alta.

Confiança do Empresário

O Índice de Confiança do Empresário (Icei) da indústria da construção caiu 1,1 ponto, para 50 pontos. “O resultado do ICEI indica que os empresários estão observando a economia em compasso de espera, com o setor da construção sem mostrar confiança, tampouco desconfiança. A piora da avaliação sobre as condições atuais explica o resultado”, destaca a entidade.

A Sondagem mostra que a percepção dos empresários da indústria da construção em relação às condições atuais é negativa desde janeiro de 2023. Em abril, esse indicador ficou em 43,7 pontos, o menor valor desde abril de 2021.

O índice de expectativa recuou 0,7 ponto, para 53,1 pontos, ficando acima da linha de 50 pontos. Os indicadores da pesquisa variam de zero a 100 pontos, sendo que acima de 50 pontos indica uma expectativa positiva.

“O otimismo é sustentado por perspectivas positivas para os próximos meses sobre a empresa. Já as expectativas para a economia brasileira seguem no campo negativo desde novembro de 2022 e tornaram-se mais negativas na passagem de março para abril”, destaca a CNI.

A Sondagem da Indústria da Construção ouviu 356 empresários, sendo 136 pequenos, 141 médios e 79 grandes empresas, entre os dias 3 e 13 de abril.

O Estado de S.Paulo - SP   25/04/2023

A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) passará por uma mudança no seu comando após nove anos. O atual presidente, José Carlos Martins, chegará ao fim do seu mandato em junho. Ele assumiu o cargo em agosto de 2014 e foi reeleito por duas vezes. No seu lugar entrará Renato de Sousa Correia, que atualmente é vice-presidente da CBIC para a Região Centro-Oeste. Correia será confirmado na presidência mês que vem, quando haverá eleição com chapa única.

Martins ficou à frente da CBIC por um dos ciclos mais difíceis para a indústria da construção. Ele assumiu a liderança em agosto de 2014, quando o Brasil mergulhava na recessão econômica que detonou problemas graves para o setor, como queda nas vendas de imóveis, a onda de distratos, além de atrasos de pagamentos de obras do Minha Casa Minha Vida (MCMV) e do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Mais recentemente, ainda houve a pandemia e a explosão de custos de materiais.

Lei dos distratos foi implementada na atual gestão

Na última década, mais de 1 milhão de empregos na construção foram cortados. Ao longo desse período, Martins trabalhou para implementar a lei dos distratos, aprimorar os programas habitacionais e colocar o PIB da construção em rota de crescimento de novo, recuperando centenas de milhares de empregos perdidos.

Correia, seu sucessor, é engenheiro civil de formação e diretor da Vega Incorporações. Logo no começo da sua gestão, pode pegar a votação da reforma tributária em Brasília (caso não seja votada até a metade do ano) e terá que ajudar conduzir o setor em um ciclo de juros altos.

FERROVIÁRIO

Portos e Navios - SP   25/04/2023

A VLI, empresa de soluções logísticas que opera portos, ferrovias e terminais, registrou aumento de 18% no volume de cargas transportado pela Ferrovia Norte-Sul (FNS), corredor para escoamento da produção do agronegócio brasileiro por meio do sistema portuário de São Luís (MA). A movimentação ferroviária passou de 12,7 milhões de toneladas em 2021 para cerca de 15 milhões de toneladas em 2022. A VLI é responsável pela concessão do tramo norte da FNS.

“A estabilidade operacional permite o crescimento dos volumes movimentados no Corredor Norte ano a ano, o que também demonstra a confiança dos clientes da VLI nos serviços que ofertamos por meio do nosso sistema logístico integrado”, afirma o diretor de Operações do corredor, Daniel Schaffazick.

Um dos destaques de 2022 no corredor logístico foi a entrada em operação do Terminal Integrador de Porto Franco (TIPF) no Maranhão. Essa unidade possui capacidade de movimentar 600 mil toneladas por ano, em especial soja e milho provenientes do Maranhão, Pará e Piauí. Também no último ano, o Terminal Portuário São Luís (TPSL), administrado pela VLI, registrou recorde na movimentação de cargas. Foram 5,4 milhões de toneladas de carga geral transportadas.

Para 2023, segundo a empresa, as expectativas são positivas, com boas perspectivas para as safras de soja e milho e a inauguração oficial do novo corredor de fertilizantes do Arco Norte brasileiro, fruto de uma parceria entre a VLI e a Companhia Operadora Portuária do Itaqui (Copi). A operação liga o terminal da Copi, no Maranhão, ao Terminal Integrador de Palmeirante, da VLI, no Tocantins.

Os investimentos iniciais do projeto giraram em torno de R$ 200 milhões e a capacidade inicial de movimentação proporcionada por esta nova estrutura é de 1,5 milhão de toneladas ao ano. A partir do Terminal de Palmeirante, os insumos atenderão aos produtores situados numa área que abrange os estados do Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Bahia e Piauí, além de Tocantins, Maranhão e do Distrito Federal.

PETROLÍFERO

Infomoney - SP   25/04/2023

A Petrobras (PETR4) informou nesta segunda-feira o adiamento, em um ano, da entrada em operação de três sistemas de produção (FPSOs) em relação às previsões divulgadas anteriormente em seu Plano Estratégico 2023-27, mas ressaltou que não espera impacto em suas metas de produção de petróleo e gás.

A previsão para entrada da plataforma Búzios 7, com capacidade de 225.000 barris de óleo/dia, passou de 2024 para 2025; para Integrado Parque das Baleias (IPB), com 100.000 barris de óleo/dia, de 2024 para 2025; e Búzios 10, com 225.000 barris de óleo/dia, de 2026 para 2027.

“Considerando o portfólio consolidado de ativos e projetos da companhia, não são esperados impactos nas suas metas de produção de óleo e gás natural divulgadas”, destacou a Petrobras, ao comentar os adiamentos.

No plano 2023-27, anunciado em novembro do ano passado, a companhia projetou atingir 3,1 milhões de barris equivalentes de óleo e gás por dia em 2027, ante 2,6 milhões estimados para 2023.

As metas da Petrobras consideram uma variação de 4% para mais ou para menos.

No mesmo comunicado, a Petrobras informou que o Ministério de Minas e Energia solicitou informações sobre projetos da companhia para subsidiar a elaboração do novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Segundo a estatal, foram encaminhadas à Casa Civil informações da carteira vigente de projetos de investimentos em fase de implantação, das áreas de Exploração e Produção (E&P), Refino, Transporte e Comercialização (RTC), Gás e Energia (G&E) e Renováveis.

A companhia também incluiu projetos exploratórios da Margem Equatorial ou de biorrefino, mesmo que em fase de planejamento. A Petrobras acrescentou que todos esses projetos estão previstos em seu plano estratégico 2023-2027.

Valor - SP   25/04/2023

Movimento é mundial no setor de petróleo, mas a América Latina tem suas particularidades


A nova gestão da Petrobras afirma querer colocar a empresa na “vanguarda global da transição energética justa”, em linha com pares internacionais — Foto: Dado Galdieri/Bloomberg

Os planos de transição energética do Brasil, com grande impacto na Petrobras, levantaram preocupações entre analistas em relação à atividade principal da estatal - exploração de petróleo e gás - e seu foco de investimentos. Apesar das incertezas, é unânime entre especialistas que o país acompanha uma tendência global, liderada pela Europa e já em marcha na América Latina, que implica uma mudança gradual no portfólio das petrolíferas.

A nova gestão da Petrobras diz querer colocar a empresa na “vanguarda global da transição energética justa”, em linha com pares internacionais, segundo as propostas encaminhadas pelo presidente Jean Paul Prates à diretoria executiva no final de março.

As diretrizes citam parcerias técnicas, descarbonização, aprimoramento do parque de refino e foco em ativos rentáveis de exploração e produção (E&P).

A região teve a queda mais acentuada na produção de petróleo em relação a outras na última década

“Vemos [essa estratégia] como positiva, embora sugira um aumento do investimento”, escrevem os analistas do Bank of America (BofA), Frank McGann e Leonardo Marcondes, em relatório no início de abril. Para eles, a implementação será o fator-chave e o movimento deve dar à Petrobras uma base crescente de produtos, que podem ser favorecidos na transição energética e reduzir riscos de longo prazo.

O UBS BB tem uma análise mais cautelosa. Em dezembro, antes da posse de Lula e da indicação oficial de Prates à presidência da estatal, o banco disse que usar a Petrobras como parte da “caixa de ferramentas” do Brasil para a transição energética poderia levar a problemas, com “atrasos significativos, perdas e derrapagens de investimentos”.

“A empresa pode não ter a experiência necessária em tais investimentos e, no passado, não foi capaz de desenvolver retornos semelhantes em ativos não essenciais, como renováveis, fertilizantes e petroquímicos”, diziam os analistas Luiz Carvalho, Matheus Enfeldt e Tasso Vasconcello em relatório. A diversificação poderia afetar a lucratividade e os retornos aos acionistas.

Prates vem afirmando, como o fez na CERAWeek em Houston (EUA), que a estatal “seguirá contribuindo para a segurança energética do Brasil com a produção de óleo e gás, cujos ganhos devem financiar a ampliação do uso de energias renováveis”, como eólicas no mar e hidrogênio limpo.

A avaliação dos especialistas é que esse processo faz parte de uma estratégia de longo prazo das empresas

Na América Latina, esse movimento tem acelerado com a virada de governos à esquerda, avalia o pesquisador da FGV Energia, João Victor Marques Cardoso. Ele observa, contudo, que o setor energético costuma gerar mais consenso do que divergências entre a direita e a esquerda na região e que, mesmo governos de direita, já vinham com metas de descarbonização e diversificação de matrizes, ainda que tímidas.

“A pauta na transição energética não significa que os países vão acabar com o setor de petróleo. O que está em jogo é transformar as estatais em companhias de energia”, diz. Cardoso, que tem formação em relações internacionais, afirma que a intenção de diversificar o portfólio das petrolíferas reflete, em parte, a perda de participação global da América Latina como produtora de petróleo.

A região teve a queda mais acentuada na produção em relação a outras do mundo na última década: passou de 7,4 mil barris por dia em 2011 para 5,9 mil barris por dia em 2021, recuo de 2,3% no período, segundo a BP Statistical Review of World Energy em 2022. A produção da África, segunda maior baixa, caiu 1,5% no mesmo intervalo, enquanto a Europa cedeu 1,3%. Na América Latina, o recuo foi impactado pela Venezuela e México, enquanto Brasil e Guiana ainda mostram crescimento.

Mais do que preocupações socioambientais, a aceleração de investimentos em energias limpas no mundo tem origens econômicas. “A motivação principal [das estatais] é a segurança energética e oportunidades de negócio”, diz Rodrigo Leão, coordenador técnico do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), que integrou o grupo de transição de Minas e Energia do novo governo Lula.

A diretora-executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), Elbia Gannoum, destaca o potencial de captação de investimento estrangeiro na região. “Os países latino-americanos têm uma riqueza e potencial de energias renováveis muito grande, mas suas economias precisam crescer, por isso apresentam suas potencialidades para atrair os investimentos necessários para desenvolver a cadeia produtiva”, afirma.

O Chile tem liderado os esforços de transição energética na região, com a Lei de Mudança Climática aprovada em 2022, avalia Gannoum. Além disso, tem planos de usar 80% de energias renováveis até 2050 (com foco em solar e geotérmica), de acordo com a estratégia nacional de 2021.

A Enap, petrolífera estatal chilena, que atua essencialmente no refino de combustíveis, é cogitada para desenvolver o mercado do hidrogênio verde mais barato do mundo até 2030, segundo os planos da equipe de Energia de Gabriel Boric, presidente de esquerda eleito em março de 2022.

O país, cujo forte não é o setor petrolífero e importa a maior parte do petróleo que usa, tem investido também em tecnologia para a produção de gasolina sem petróleo. Além disso, por ser o maior produtor de cobre e o segundo maior produtor de lítio do mundo, tem uma posição estratégica na atividade mineradora.

Argentina, Bolívia e Chile formam o chamado triângulo do lítio, com ricas reservas do mineral em salares. “Há uma oportunidade para esses três países apoiarem significativamente as transições energéticas rumo a um mundo com baixas emissões de CO2 ”, disse ao Valor o ex-ministro de Energia do Chile (2010-2011) Ricardo Raineri, professor da Pontifícia Universidade Católica do país.

“Os desafios são basicamente como desenvolver essa indústria de maneira sustentável. A mineração utiliza muita energia e, assim como a indústria do cimento, usa combustíveis fósseis”, afirma Raineri, destacando que é necessário investir em tecnologia.

A YPF Luz, na Argentina - braço da petrolífera estatal Yacimientos Petrolíferos Fiscales (YPF) -, foi escolhida para liderar a transição energética do país. Ainda assim, a estatal continua investindo na exploração de óleo e gás, como no caso do gasoduto Vaca Muerta - que poderá receber investimentos do Brasil via BNDES em uma cooperação bilateral.

O vizinho Uruguai encabeça a descarbonização da matriz energética na América Latina, com quase toda energia elétrica já produzida por meio de fontes renováveis, principalmente eólica e solar. A Ancap, estatal de petróleo, tem um papel-chave para que o país atinja sua merda de “carbono zero” até 2050. Para isso, a empresa apostará na produção de hidrogênio verde e derivados, mas ainda investirá na exploração de petróleo em mar, reconhecendo que a migração levará “um par de décadas”.

Na Bolívia, a queda na reserva de gás natural - que ainda corresponde a 80,7% da produção de energia do país, segundo dados da WWF Bolívia de 2021 - tem conduzido a uma transição energética mais urgente. Cerca de 80% dos campos de gás em operação estão em declínio, enquanto 17% estão em desenvolvimento e 3% operam com produção máxima, de acordo com a Fundación Milenio.

Desde 2014, quando o governo de Evo Morales apresentou o Plano de Eletricidade para o Estado Plurinacional da Bolívia 2025, fala-se em transição energética no país, projeto que avançava a passos lentos até agora. Apesar dos esforços, a Bolívia, como a maioria dos países da região, ainda é financiada por combustíveis fósseis.

A petrolífera estatal Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB) faturou mais de US$ 3,4 bilhões pela venda de gás natural para o Brasil, Argentina e mercado interno em 2022. A empresa anunciou sua entrada na comercialização de biocombustíveis, um dos primeiros passos que dá dentro da diversificação de unidades de negócios.

“Os biocombustíveis e a ureia tornaram-se a ponta de lança da diversificação da YPFB. É apenas o começo, pois, com a tendência mundial de transição energética, as empresas tradicionalmente ligadas aos hidrocarbonetos devem ter uma visão mais ampla para se aventurar em energias mais ecológicas”, diz em seu site.

A Petróleos Mexicanos (Pemex) avalia que está atrasada em relação a rivais e que os compromissos ambientais assumidos pelo México “afetam as metas e objetivos” da estatal. Em seu plano de negócios 2023-2027, a empresa diz que as regulações externas em políticas ESG ameaçam o mercado internacional da Pemex e que a aceleração da transição energética reduz o tamanho do mercado para petróleo.

Na Colômbia, o governo de Gustavo Petro, primeiro presidente de esquerda do país, eleito em junho de 2022 com uma bandeira de sustentabilidade, pôs fim aos projetos piloto de fraturamento hidráulico (“fracking”) da companhia, com intenção de minimizar impactos socioambientais.

Ainda assim, a Ecopetrol continua encabeçando projetos de exploração de petróleo. Entre eles, o Bloco Tayrona, na costa colombiana, no qual a Petrobras detém 44,44% de participação e a Ecopetrol, 55,56%. O diretor de exploração e produção da Petrobras, Fernando Borges, citou recentemente que a companhia brasileira deve direcionar seus planos de E&P nesta região e na Margem Equatorial.

O presidente colombiano também tem focado no hidrogênio verde e pedido à Ecopetrol que priorize investimentos na área. A companhia alocará entre 25,3 trilhões e 29,8 trilhões de pesos colombianos - US$ 5,58 bilhões e US$ 6,58 bilhões, na cotação atual - em 2023 para acelerar a transição energética. Há ainda projetos de geração de energia solar por meio da estatal e, em um cenário que ainda não envolve a companhia, de eletrificação e mineração para a transição energética.

A Petroperú já anunciou planos para se tornar uma empresa de energia, por meio da introdução de tecnologias renováveis, para reduzir a dependência de combustíveis fósseis. As medidas, contudo, são incipientes, e o Peru, liderado por Dina Boluarte após a destituição do ex-presidente de esquerda Pedro Castillo, enfrenta uma turbulência política que pode dificultar a implementação desses planos.

Independentemente da velocidade maior ou menor de cada empresa, a avaliação dos especialistas é que esse processo faz parte de uma estratégia de longo prazo. “As empresas precisam se diversificar, mas se vão deixar de ser empresas de petróleo é uma leitura que exige calma”, observa Rodrigo Leão, do Ineep. “Costumamos ver a transição energética como uma mudança única, mas a tendência é que a sociedade saia do petróleo para várias matrizes, e isso vai depender de como cada país conduzirá a transição”.

Infomoney - SP   25/04/2023

Com isso, as reservas estratégicas do país estão em 366,9 milhões de barris de petróleo, na mínima desde 28 de outubro de 1983.

Por Estadão Conteúdo 24 abr 2023 18h35

O Departamento de Energia dos Estados Unidos informou que vendeu mais 1,1 milhão de barris de petróleo da Reserva Estratégica de Petróleo.

A negociação é parte das vendas planejadas de um total de 26 milhões de barris, entre 1º de abril e 30 de junho, no âmbito de um acordo de 2015 do governo Barack Obama.

A administração Joe Biden vendeu mais de 200 milhões de barris das reservas estratégicas em 2022, em um esforço explícito para apoiar a oferta comercial de petróleo e evitar altas excessivas nos preços de gasolina.

Com isso, as reservas estratégicas do país estão em 366,9 milhões de barris de petróleo, na mínima desde 28 de outubro de 1983. Fonte: Dow Jones Newswires.

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