Infomoney - SP 24/09/2025
Apesar do cenário mais desafiador para a indústria siderúrgica brasileira, o Itaú BBA continua otimista com as ações da Gerdau (GGBR4), que acumulam queda de 8% no ano, recomendando compra com preço-alvo de R$ 23.
A visão positiva do banco baseia-se em valuation atrativo, com potencial de valorização de 37% em relação ao fechamento de segunda-feira e múltiplo Valor da Firma (EV)/EBITDA estimado em 3,6 vezes para 2026.
O BBA também cita a expectativa de recuperação das margens de EBITDA da Gerdau Brasil para cerca de 15% em 2026, impulsionada pelo início do projeto de mineração no 4T25, além da melhora na geração de fluxo de caixa livre (FCF) no próximo ano, com rendimento esperado de aproximadamente 10%, resultado do aumento do EBITDA e da redução de investimentos (capex).
Analistas observam que o cenário mais desafiador do que o esperado para a indústria siderúrgica brasileira mais do que compensou o ambiente operacional mais favorável nos EUA, levando analistas e investidores a revisarem o Ebitda estimado para 2025 de cerca de R$ 12 bilhões, no início do ano, para aproximadamente R$ 10 bilhões.
Por outro lado, o BBA prevê maior visibilidade sobre aspectos operacionais-chave em 2026, como investimentos em mineração e energia, durante o Gerdau Day, em 1º de outubro, que pode servir como gatilho para a ação.
O Itaú BBA observa que a posição técnica do mercado parece leve, com investidores não favorecendo o setor e alto short interest (alta quantidade de ações vendidas a descoberto, indicando expectativa de queda no preço).
O Estado de S.Paulo - SP 24/09/2025
A licitação da Petrobras para o primeiro projeto-piloto de captura e armazenamento de carbono (CCS, na sigla em inglês), que pretende captar até 100 mil toneladas de CO2 por ano em Macaé (RJ), será a próxima oportunidade explorada pela multinacional de tubos de aço de origem francesa Vallourec para ampliar a parceria com a estatal. O recebimento de propostas começou em 10 de setembro e vai até 8 de dezembro.
“Vamos participar dessa primeira licitação histórica, oferecendo as nossas soluções tecnológicas e tentando ser o mais competitivos possível para que, nesse momento que a Petrobras vai injetar CO2 de CCS no reservatório salino, utilize as soluções tubulares sem costura produzidas aqui em Belo Horizonte”, disse à Coluna o diretor-presidente da Vallourec South America, André Lacerda, referindo-se a uma das fábricas da empresa no Brasil.
Lacerda explica que assumir o risco do projeto - cuja contratação contempla, entre outras etapas, a interligação e o comissionamento (condicionamento, testes funcionais, pré-operação e operação assistida) das instalações - é justificável mesmo sem um ambiente regulatório claro para CCS no Brasil. “Mesmo sem toda a parte de legislação, isso tem que começar de alguma forma. E ninguém melhor do que por um gigante, como a Petrobras.”
Importação de tecnologia
Após assegurar em setembro seu maior contrato de fornecimento de produtos e serviços para as operações offshore da Petrobras, de até US$ 1 bilhão, a Vallourec vê espaço para iniciar a produção local do Cleanwell, tecnologia de aperto mecânico de tubos que dispensa lubrificantes. “Esse contrato vai possibilitar validar uma tecnologia nova. A Petrobras dando sinal verde de que é essa a tecnologia que quer, esse será o nosso próximo investimento no Brasil”, declarou Lacerda.
Entre as vantagens da tecnologia patenteada pela empresa, presente em 20 países, estão a redução do risco de contaminação do poço por excesso de lubrificante e a diminuição de acidentes na estação de trabalho. O contrato com a Petrobras prevê o uso do Cleanwell, mas com parte do serviço executado na França. “O nosso objetivo é desenvolver o Brasil para o mercado doméstico e para o da América do Sul e, assim, fortalecer a empresa também para exportação.”
O Estado de S.Paulo - SP 24/09/2025
O Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior (Gecex-Camex) aprovou nesta terça-feira, 23, a redução tarifária para 15 produtos não produzidos pelo Brasil e que, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), são “cruciais” para diferentes cadeias produtivas e contribuem para a competitividade do setor produtivo nacional.
A lista dos produtos ainda não foi divulgada.
O comitê também renovou medidas de proteção à indústria nacional contra “surtos de importação derivados da atual conjuntura internacional”, que afetam produtos químicos, de papel e de pneus para carros de passageiros.
Com isso, ficaram mantidos por mais 12 meses os aumentos de imposto de importação para 30 códigos tarifários de produtos químicos, dois de papel cartão e um de pneus para automóveis de passeio.
Nos três casos, foram mantidas as tarifas de importação que já vinham sendo aplicadas desde as decisões anteriores - de até 20% para químicos, de 16% para as duas NCMs de papel e de 25% para pneus de carros de passeio.
Defesa comercial
O Gecex também renovou medidas de defesa comercial de laminados planos de baixo carbono, de laminados planos de aço inoxidável e de alhos frescos ou refrigerados.
No primeiro caso (laminados de baixo carbono), a medida foi renovada para produtos originários da Coreia do Sul e da China. No segundo (laminados de aço inoxidável), para China e Taipé Chinês. No terceiro caso, para alho importado da China, ficaram de fora da medida empresas chinesas que se comprometeram com o governo brasileiro a vender o produto a preços que não comprometem a competitividade nacional.
Por fim, foram aprovadas novas propostas de Política de Subscrição de Riscos para o Fundo Garantidor de Operações de Comércio Exterior (FGCE) e para o Fundo de Garantia à Exportação (FGE), no âmbito da regulamentação da MP do Brasil Soberano, o plano de contingência do governo federal para mitigar os efeitos do tarifaço do presidente dos EUA, Donald Trump, sobre produtos brasileiros.
O MDIC sustentou que a medida “visa otimizar a utilização dos fundos de garantia, proporcionando mais segurança e previsibilidade para as operações de comércio exterior”.
A ata da reunião, que traz um detalhamento de todas as deliberações, ainda não foi divulgada pela Camex.
IstoÉ Dinheiro - SP 24/09/2025
As incertezas do cenário econômico externo e indicadores que mostram a moderação no crescimento interno estão entre os fatores que fizeram com que o Comitê de Política Monetária (Copom) decidisse, na semana passada, manter a taxa básica de juros da economia (Selic) em 15%. A avaliação foi divulgada nesta terça-feira (23) na ata da última Reunião do Copom, que ocorreu nos dias 16 e 17 de setembro, .
Após uma “firme elevação de juros”, o Comitê optou por “interromper o ciclo e avaliar os impactos acumulados”. A intenção é, de acordo com a ata, manter a taxa de juros atual “por período bastante prolongado” para garantir que a meta da inflação seja alcançada.
“O cenário atual, marcado por elevada incerteza, exige cautela na condução da política monetária. O Comitê seguirá vigilante, avaliando se a manutenção do nível corrente da taxa de juros por período bastante prolongado é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta. O Comitê enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso julgue apropriado”, afirma o documento.
Cenários interno e externo
Na Ata, o Comitê cita a conjuntura econômica dos Estados Unidos e as tarifas impostas pelo país como fatores externos que têm tido “maior impacto” do que temas estruturalmente desafiadores, que, por sua vez, têm tido menor impacto na formação dos preços de mercado do que esperado.
“Sobressai, assim, o debate sobre o início do ciclo de corte por parte do Federal Reserve [Banco Central dos Estados Unidos] e o ritmo de crescimento norte-americano, ao mesmo tempo em que persistem dúvidas sobre o impacto das tarifas sobre a inflação norte-americana. De todo modo, os riscos de longo prazo, que inclusive contribuem para tornar o cenário incerto, como a introdução de tarifas e a elevação de gastos fiscais, se mantêm presentes”, diz a Ata.
No cenário interno, o Copom avalia que “a conjuntura de atividade econômica doméstica segue indicando certa moderação no crescimento”. O comitê diz ainda que estímulos fiscais ou de crédito ainda não provocaram impactos relevantes para alterar esse cenário. “As pesquisas setoriais mensais e os dados mais tempestivos de consumo corroboram, em geral, o prosseguimento de uma redução gradual de crescimento”, diz o documento.
Meta da inflação
Em relação à inflação, o Comitê ressalta que as expectativas, medidas por diferentes instrumentos e obtidas de diferentes grupos de agentes, “permanecem acima da meta de inflação em todos os horizontes, mantendo o cenário de inflação adverso”.
Diante desse cenário, o Copom optou por manter a taxa Selic em 15%. “Após uma firme elevação de juros, o Comitê optou por interromper o ciclo e avaliar os impactos acumulados. Agora, na medida em o cenário tem se delineado conforme esperado, o Comitê inicia um novo estágio em que opta por manter a taxa inalterada e seguir avaliando se, mantido o nível corrente por período bastante prolongado, tal estratégia será suficiente para a convergência da inflação à meta”, diz a Ata da última reunião.
Projeções
A Selic é o principal instrumento do Banco Central para alcançar a meta de inflação. Quando o Copom aumenta a taxa básica de juros, a finalidade é conter o impulso que a demanda aquecida provoca no aumento de preços. Os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança, freando a atividade econômica.
Quando a taxa Selic é reduzida, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle sobre a inflação e estimulando a atividade econômica.
Os bancos consideram outros fatores além da Selic na hora de definir os juros a serem cobrados dos consumidores, entre eles risco de inadimplência, lucro e despesas administrativas.
Com a decisão, o Copom prevê que a variação da inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), feche 2025 em 4,8%, ainda acima da margem de tolerância. A meta estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CNM) é 3%, com intervalo de tolerância de menos 1,5 ponto percentual e mais 1,5 ponto percentual, isto é, de 1,5% a 4,5%.
Já a projeção para 2026 é uma variação do IPCA de 3,6%, que deve cair para 3,4% no primeiro trimestre de 2027, índices mais próximos do centro da meta.
O Estado de S.Paulo - SP 24/09/2025
A arrecadação de impostos e contribuições federais somou R$ 208,791 bilhões em agosto, informou a Receita Federal. O montante ficou abaixo da mediana da pesquisa Projeções Broadcast, de R$ 214,50 bilhões. As estimativas do mercado financeiro iam de R$ 207,20 bilhões a R$ 219,30 bilhões.
O resultado equivale à queda de 1,50% ante agosto de 2024, descontada a inflação do período. Frente a julho deste ano, a arrecadação caiu 17,78% em termos reais. Comparações entre meses distintos podem ser distorcidas por fatores sazonais.
No relatório da divulgação, a Receita destaca a queda real de 8,27% na arrecadação de Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), que juntos somaram R$ 28,933 bilhões. PIS/Pasep e Cofins caíram 3,70%, devido à redução na atividade do varejo.
“Salienta-se o desempenho negativo de algumas atividades econômicas, especialmente o setor de combustíveis e comércio atacadista”, diz a Receita.
A arrecadação federal somou R$ 1,889 trilhão entre janeiro e agosto de 2025, uma alta real de 3,73% frente ao mesmo período de 2024.
Nesse comparativo, a receita previdenciária teve crescimento real de 3,37%, para R$ 436,301 bilhões, puxada pela massa salarial (5,96%) e pelo montante de compensações tributárias com débitos de receita previdenciária (13,64%).
A arrecadação com PIS/Pasep e Cofins atingiu R$ 378,917 bilhões, uma alta real de 3,55%, puxada pelo aumento do volume de serviços no acumulado do ano. “Ressalta-se ainda o desempenho positivo das entidades financeiras e das atividades de exploração de jogos de azar e apostas (decorrente de alteração na legislação)”, diz a Receita.
O Imposto de Importação (IPI) e o IPI vinculado à Importação tiveram arrecadação de R$ 81,758 bilhões, alta real de 18,29%. Esse desempenho é explicado pelo aumento do volume de importações e de 9,22% na taxa média de câmbio.
IOF
A Receita Federal informou que a arrecadação com o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) em agosto de 2025 foi de R$ 8,449 bilhões, um crescimento real de 35,57% ante o mesmo mês de 2024. O aumento é decorrente da elevação das alíquotas estabelecida por decreto presidencial.
No acumulado de janeiro a agosto deste ano, foram arrecadados com o IOF R$ 51,918 bilhões, uma alta real de 12,96% em relação a igual período do ano passado. O total arrecadado nos primeiros oito meses foi de R$ 1,822 trilhão.
A Receita listou a alta no IOF como componente da arrecadação total do acumulado do ano. “Elevação da arrecadação do IOF, em razão de alteração na legislação do tributo por meio dos Decretos 12.467/25 e 12.499/25”, destacou o Fisco.
Desonerações
As desonerações concedidas pelo governo resultaram em uma renúncia fiscal de R$ 10,156 bilhões em agosto de 2025, valor menor do que o registrado no mesmo mês de 2024, quando ficaram em R$ 10,350 bilhões, a preços correntes.
No acumulado de 2025, as desonerações totalizaram R$ 81,010 bilhões, volume inferior ao registrado no mesmo período do ano passado (R$ 82,698, a preços correntes).
Esse é um tema sensível ao governo, que vetou integralmente a prorrogação da política de desoneração da folha de pagamentos de 17 setores econômicos, e apresentou uma medida provisória com uma proposta de reoneração gradual. Sem a concordância do Congresso com o texto, o governo aceitou enviar o tema como projeto de lei com urgência constitucional para tentar negociar uma alternativa.
Após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que cobrava uma medida de compensação para a benesse, o Legislativo avançou numa proposta, que foi sancionada em setembro de 2024 pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Adotada desde 2011, a desoneração da folha de pagamentos é um benefício fiscal que substitui a contribuição previdenciária patronal de 20%, incidente sobre a folha de salários por alíquotas de 1% a 4,5% sobre a receita bruta, a depender do setor produtivo. Na prática, a medida reduz a carga tributária da contribuição previdenciária devida pelas empresas.
Globo Online - RJ 24/09/2025
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, avaliou nesta terça-feira que a taxa básica de juros do país está acima do necessário para o atual cenário econômico e disse acreditar que não é justificável a manutenção da Selic em 15%. Ele afirmou que a inflação já caminha para dentro do sistema de metas, o que abre espaço para cortes, e disse confiar na condução do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo.
— Se você me perguntar: você acha justificável o juro estar nesse patamar? Eu acredito que não. Eu entendo que tem espaço para esse juro cair, eu acredito que nem deveria estar em 15% — pontuou o ministro em entrevista concedida para o ICL Notícias.
Haddad destacou que Galípolo assumiu a presidência do BC em meio a um cenário desafiador —com inflação acima do teto da meta, dólar mais valorizado e expectativas de mercado elevadas. A transição também envolveu ajustes em políticas fiscais e monetárias, que segundo Haddad, foram herdadas da gestão anterior.
— O Galípolo assumiu agora numa crise grande em dezembro Eu não estou no lugar dele, quando você herda um problema. Foi uma transição muito complexa, não foi uma transição simples — afirmou.
Para Haddad, a inflação deve encerrar o ano igual ou abaixo da registrada em 2024, mesmo após a alta do dólar no fim do ano passado. Ele destacou que juros muito altos podem prejudicar investimentos e reduzir oferta de crédito, afetando a economia.
— Penso que no Brasil a gente erra pra cima. Até para inflação é ruim porque você começa a diminuir oferta, começa a ter problema de investimento. O ideal é o traçado mais preciso possível — afirmou.
Haddad disse acreditar que o Banco Central vai reduzir a Selic em breve.
— Penso que o Galípolo vai chegar num momento em que ele vai juntar a diretoria e tomar essa decisão. Ele tem os quatro anos de mandato dele e ele, na minha opinião, vai entregar um resultado consistente para o Brasil — declarou.
Manutenção da Selic e ata do Copom
Nesta terça-feira, o Banco Central divulgou a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), confirmando que a Selic seguirá em 15% ao ano por enquanto. Segundo o documento, o colegiado decidiu interromper o ciclo de alta e monitorar os impactos acumulados da política de juros antes de definir novos ajustes.
"Agora, na medida em que o cenário tem se delineado conforme esperado, o Comitê inicia um novo estágio em que opta por manter a taxa inalterada e seguir avaliando se, mantido o nível corrente por período bastante prolongado, tal estratégia será suficiente para a convergência da inflação à meta", destaca a ata.
O BC reforçou que a meta central de inflação é de 3%, com intervalo de tolerância entre 1,5% e 4,5%. O comitê observa a inflação projetada para o primeiro trimestre de 2027, que deve ficar em 3,4%, e se mostrou atento aos riscos externos, incluindo cortes de juros do Federal Reserve, nos Estados Unidos, e impacto de tarifas internacionais.
IR e desafio da compensação
O ministro também afirmou que acredita que o Congresso está "maduro" para aprovar a isenção do Imposto de Renda (IR) para aqueles que recebem até R$ 5 mil por mês, mas destacou que o grande desafio continua sendo a compensação fiscal.
— O Congresso está muito maduro para aprovar a isenção. O problema é aprovar a compensação, que é o andar de cima — disse Haddad.
O ministro projetou ainda que o presidente Lula deve sancionar a medida já em outubro, embora o texto ainda não tenha sido votado.
— Penso que o presidente vai sancionar os R$ 5 mil em outubro — afirmou.
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou que a votação da proposta deve ficar para a próxima semana. Nesta terça-feira, o colégio de líderes se reúne para avaliar o relatório da comissão especial, relatado pelo deputado Arthur Lira (PP-AL), e definir os próximos passos para levar o projeto ao plenário.
Paralelamente, a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado analisa nesta terça-feira o projeto alternativo do senador Renan Calheiros (MDB-AL), que propõe isenção semelhante à defendida pelo governo. A votação do PL 1.952/2019 é vista como uma forma de pressionar a Câmara a destravar a tramitação do PL 1.087/2025.
IstoÉ Dinheiro - SP 24/09/2025
O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, afirmou, em evento da Câmara de Comércio da região metropolitana de Providence nesta terça-feira, 23, que a cautela do BC dos EUA em retomar cortes de juros considerava temores de que a inflação americana não estivesse sob controle, antes do enfraquecimento do emprego alterar a balança de riscos. “Não queríamos cortar cedo demais e arriscar provocar novo aumento da inflação”, disse.
Os riscos voltados ao emprego incentivaram o BC norte-americano a reaproximar a política monetária de uma instância mais neutra, mas os dirigentes continuam atentos a possível persistência da inflação em nível elevado, ponderou Powell.
O presidente do Fed notou que os preços voltaram a subir recentemente nos EUA e projetou que a inflação de gastos com consumo (PCE, em inglês) avançou 2,7% na taxa anual de agosto, com alta de 2,9% no núcleo.
Sobre as tarifas, Powell avaliou que o impacto das novas políticas comerciais não parece ser grande até o momento, ressaltando que o trabalho do Fed é garantir que o efeito de alta nos preços seja único e temporário mesmo que demorem a aparecer na cadeia de oferta.
O presidente do BC norte-americano observou, contudo, que empresas dos EUA de varejo e indústria parecem ser as responsáveis por lidar com o peso das tarifas, atuando como mediadoras para diminuir os custos aos consumidores ao invés das exportadoras estrangeiras. Segundo ele, o ambiente incerto ainda se reflete sobre a trajetória da inflação.
Sobre a economia em geral, Powell apontou que os gastos com consumo desaceleraram e que o setor imobiliário continua fraco, mas lembrou que o banco central não é o responsável por definir taxas de hipoteca.
Ele ressaltou ainda que os dirigentes não possuem metas específicas para preços de ativos americanos ou interferem nos mercados, mas reconheceu que o mercado acionário está “altamente valorizado” e que este é um dados considerados em decisões monetárias.
O Estado de S.Paulo - SP 24/09/2025
O afago de Donald Trump ao presidente Lula na manhã desta terça-feira, 23, em discurso na ONU ajuda a atenuar o cenário de riscos para o Brasil na economia. Isso porque, ao abrir espaço para negociações com o governo brasileiro, Trump diminui a possibilidade de o Brasil ser atingido por novas barreiras tarifárias pelos americanos e, o que seria ainda pior, de os bancos do País serem atingidos de forma mais dura pela LEi Magnitsky.
Imediatamente após a fala do presidente americano, por volta de meio-dia, as ações do Banco do Brasil passaram a subir 2,46%, mostrando essa leitura por parte do mercado financeiro.
O dólar já vinha em queda desde a abertura do pregão, repercutindo o tom duro da ata do Copom pelo Banco Central, que reforçou que os juros permanecerão altos por um período prolongado. Mas foi depois de Trump dizer que “rolou uma química”com Lula e que ambos se abraçaram, que a moeda americana caiu abaixo de R$ 5,30 e a bolsa firmou novo recorde histórico nominal.
Com o dólar mais baixo, a inflação corrente fica menos pressionada, e as expectativas também tendem a cair. Isso melhora o cenário para o Banco Central, o que pode facilitar o início dos cortes de juros, previsto para o início do ano que vem pelo mercado financeiro.
Trump anunciou o tarifaço no início de julho, distorcendo números de sua relação bilateral com o Brasil e acusando o governo brasileiro de perseguição contra Bolsonaro. No final do mesmo mês, abriu exceções para uma série de produtos, o que atenuou o impacto das medidas. Em sequência, passou a mirar as “pessoas físicas”, em especial os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), como o ministro Alexandre de Moraes e seus familiares.
As razões do recuo de Trump têm menos relação com o Brasil, e mais com os efeitos que as tarifas terão sobre os próprios EUA. Ao encarecer a oferta de produtos importados por lá, Trump ajuda a pressionar a inflação americana.
Se o tarifaço nunca chegou a ser visto como uma hecatombe sobre a economia brasileira, a aplicação da Magnitsky, por sua vez, vinha deixando os bancos em uma posição delicada, porque existe um alto grau de arbitrariedade sobre as ações do Tesouro americano. Elas poderiam colocar o sistema financeiro brasileiro em xeque, em especial as instituições públicas, que poderiam sofrer constrangimentos em usar produtos e serviços dos EUA. Agora, com a abertura de uma fresta para negociações, esse risco diminui de forma considerável.
Trump é um líder imprevisível e, da mesma forma que elogiou o presidente brasileiro, também pode voltar atrás. Mas o elogio desta terça-feira aconteceu de forma surpreendente e altera o equilíbrio de riscos para o Brasil.
Opinião por Alvaro Gribel
Repórter especial e colunista do Estadão em Brasília. Há mais de 15 anos acompanha os principais assuntos macroeconômicos no Brasil e no mundo. Foi colunista e coordenador de economia no Globo.
CNN Brasil - SP 24/09/2025
A OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) elevou a projeção para crescimento global este ano.
Em relatório divulgado nesta terça-feira (23), a entidade explica que a atividade ficou mais resiliente do que o previsto na primeira metade de 2025, especialmente para as economias de mercados emergentes, devido a antecipações antes de tarifas mais altas entrarem em vigor.
Investimentos fortes relacionados à inteligência artificial impulsionaram os resultados nos EUA, enquanto o apoio fiscal na China superou o impacto negativo dos ventos contrários do comércio e a fraqueza do mercado imobiliário, diz a OCDE.
"Os efeitos completos dos aumentos tarifários ainda não foram sentidos - com muitas mudanças sendo implementadas ao longo do tempo e as empresas inicialmente absorvendo algumas taxas através das margens -, mas estão se tornando cada vez mais visíveis nas escolhas de gastos, mercados de trabalho e preços ao consumidor", pontua a análise.
O crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) global está projetado pela OCDE para desacelerar de 3,3% em 2024 para 3,2% em 2025, 0,3 p.p (pontos porcentuais) acima da projeção de junho, e 2,9% em 2026, à medida que as tarifas mais altas e a ainda elevada incerteza reduzem o investimento e o comércio.
Nos EUA, o crescimento anual do PIB deve arrefecer de 2,8% em 2024 para 1,8% em 2025 (+0,2 p.p. em relação a análise anterior) e 1,5% em 2026, com o forte crescimento do investimento nos setores de tecnologia compensando as taxas tarifárias mais altas e uma queda na imigração líquida.
O crescimento do PIB da zona do euro deve ser de 1,2% em 2025 (um pouco acima da projeção anterior) e a de 2026 foi reduzida em 0,2 p.p., a 1,0%.
Já na China, o crescimento foi revisado levemente para cima, em 4,9% este ano e 4,4% no próximo ano - à medida que a antecipação se desfaz, as tarifas mais altas entram em vigor e o apoio fiscal diminui, enfatiza a organização.
Par a inflação, a expectativa da OCDE é de queda na maioria das economias do G20. A inflação geral está projetada para recuar de 3,4% em 2025 para 2,9% em 2026. Ambas foram revisadas para baixo em relação à análise de junho.
Infomoney - SP 24/09/2025
Os preços futuros do minério de ferro fecharam em queda nesta terça-feira, pressionados por sinais de abrandamento da demanda de aço para uso final na China, embora a reposição de estoques antes do feriado do Dia Nacional da China tenha fornecido algum suporte aos preços durante a sessão.
O contrato de janeiro do minério de ferro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) da China, caiu 1,23%, a 802,5 iuanes (US$112,83) a tonelada.
O minério de ferro de referência de setembro na Bolsa de Cingapura recuava 0,19%, a US$105,6 a tonelada.
Embora o consumo de aço industrial tenha aumentado no primeiro semestre do ano em mais de 7% em relação ao ano anterior, a demanda de aço para uso final caiu acentuadamente no terceiro trimestre, mantendo os preços do minério de ferro sob pressão, disse a corretora chinesa Galaxy Futures em nota.
Enquanto isso, a China, maior produtora mundial de aço, restringirá “estritamente” a nova capacidade no setor siderúrgico, já que o país vem enfrentando um excesso de produção que levou à queda dos preços.
Grandes produtores de aço, Japão e Índia divulgaram resultados mistos na produção de aço bruto. A produção de aço bruto do Japão caiu 3,4% em agosto, para 6,64 milhões de toneladas em relação ao ano anterior, enquanto a produção da Índia aumentou 14,2% em comparação com o mesmo período do ano passado.
O presidente do banco central da China prometeu na segunda-feira lançar mão de uma variedade de ferramentas de política monetária para apoiar a recuperação econômica. O anúncio foi feito após a divulgação de dados econômicos decepcionantes na semana passada, incluindo a queda da produção industrial para o nível mais baixo em 12 meses.
Exame - SP 24/09/2025
Empresas chinesas de veículos de nova energia estão intensificando sua internacionalização, exportando tecnologia e produtos para diversos mercados globais.
A expansão das montadoras no setor de veículos elétricos e inteligentes vem acelerando, com destaque para iniciativas no Porto de Chancay, no Peru, e em várias regiões da Europa e América Latina.
Conectividade global: redução de custos logísticos
Inaugurado em novembro de 2024, o Porto de Chancay, a 80 km de Lima, opera com veículos de nova energia equipados com tecnologia de condução inteligente da Utopilot, subsidiária do grupo Saic. Os caminhões transportam mercadorias entre a América do Sul e a Ásia, reduzindo o tempo de transporte de 35 para 23 dias, o que diminui significativamente os custos logísticos e fortalece a conectividade entre continentes.
Yan Cheng, gerente de operações, lidera uma equipe de 12 funcionários locais, enquanto Heng Liang, cientista-chefe da Utopilot, destaca o alto nível de percepção, planejamento e controle dos caminhões, que operam com estabilidade, mesmo em condições adversas.
A Horizon Robotics está exportando chips de direção inteligente para veículos de nova energia, apoiando sete montadoras chinesas em mais de 25 modelos, distribuídos pela Ásia, Europa, Oriente Médio, América do Sul e Austrália. A empresa inaugurou uma sede em Munique para oferecer suporte local às montadoras.
Além disso, a XPeng iniciou a produção local de veículos elétricos na fábrica da Magna, em Graz, Áustria. Com modelos como o G6 e G9, a XPeng se posiciona como líder nas vendas de veículos elétricos premium na Europa, com um índice de recomendação líquida (NPS) superior a 80%.
Fábricas e investimentos: expansão para o mercado europeu
A Calb também está se expandindo na Europa, com um investimento de € 2 bilhões na construção de sua primeira fábrica europeia em Sines, Portugal.
A fábrica, que produzirá células, módulos e pacotes de baterias para veículos de nova energia, começará as entregas em 2027. A diretora de projeto, Peng Danli, afirma que o projeto fortalecerá o posicionamento da Calb na Europa e ampliará sua rede global.
Em julho, 108 veículos chineses partiram de Chongqing pelo Terminal Internacional de Veículos de Waigaoqiao, em Xangai, com destino ao Porto de Lázaro Cárdenas, no México. O modelo de transbordo marítimo-fluvial foi empregado para reduzir custos logísticos e aumentar a eficiência no processo de exportação. O Porto de Xangai consolidou-se como líder nas exportações de automóveis, representando 36,7% do total nacional no primeiro semestre de 2025.
A internacionalização da indústria automotiva chinesa
De acordo com Zhan Yubo, pesquisador do Instituto de Economia da Academia de Ciências Sociais de Xangai, a internacionalização das empresas chinesas deixou de se limitar à exportação de veículos completos. Agora, elas formam um "ecossistema completo" que inclui veículos, baterias, novos materiais, tecnologia e equipamentos de direção inteligente. Empresas da cadeia industrial também investem em fábricas no exterior e expandem canais internacionais por meio de licenciamento, P&D conjunto e serviços localizados.
Zhan destaca que, ao combinar inovação, produção em larga escala e cooperação tecnológica, as empresas chinesas conseguem reduzir custos globais, oferecer produtos de alta qualidade e contribuir para soluções climáticas, consolidando a posição da China na indústria internacional de veículos de nova energia.
Auto Industria - SP 24/09/2025
Aliada à alta das importações, a queda das exportações para os Estados Unidos começa a contribuir para o aumento do déficit da balança comercial das autopeças brasileiras.
O saldo negativo cresceu consecutivamente nos últimos três meses, alcançando US$ 10,4 bilhões no acumulado até agosto, alta de 19,3% frente a igual período de 2024.
Dados publicados no site do Sindipeças mostram que a tendência de alta nas exportações foi revertida no mês passado em decorrência, principalmente, das sobretaxas impostas pelos Estados Unidos, primeiro em abril e depois em agosto.
No acumulado do ano ainda verifica-se expansão de 8,1%, para US$ 5,43 bilhões em embarques para outros países, mas em agosto – com total de US$ 681,5 milhões – as exportações caíram 5,4% sobre o mesmo mês do ano passado e 7,6% em relação a julho.
Em contrapartida, as importações seguem crescendo. Atingiram US$ 2,17 bilhões em agosto, elevação de 12,7% sobre idêntico mês de 2024. No ano, a alta nas compras em outros países é de 15,2%, com total de US$ 15,8 bilhões em 2025 frente aos R$ 13,7 bilhões dos primeiros oito meses de 2024.
O vaivém nas exportações e importações
Sobre as exportações, o Sindipeças destaca que as vendas para os Estados Unidos seguem em retração, “refletindo a perda de dinamismo” provocada pelas sobretaxas impostas pelo presidente Donald Trump.
A alíquota que era de 10% para autopeças de todos os veículos, passaram a ser de 25% a partir de abril para modelo até 5 toneladas e de 50% para os acima de 5 toneladas a partir de agosto.
As vendas para os EUA limitaram-se a US$ 97,9 milhões em agosto deste ano, recuo de 13,9% em relação ao mesmo mês de 2024 (US$ 113,7 milhões). No acumulado do ano, as exportações para o mercado estadunidense caíram 6,8%, para US$ 828,4 bilhões.
Em contrapartida, os Estados Unidos ampliaram em 12,8% suas vendas de autopeças para o Brasil nos oito meses, de U$ 1,48 bilhão ne janeiro a agosto do passado para US$ 1,67 bilhão este ano.
Como o mercado estadunidense em segundo lugar, a Argentina permanece como o principal destino das autopeças brasileiras, somando US$ 275,2 milhões em agosto, o equivalente a 40,4% do total exportado. No ano, os embarques para o país vizinho atingiram US% 2 bilhões, alta de 22,5$.
Em termos de importação, a China manteve a sua posição de principal país de origem das compras brasileiras, com aumento de 5,8% em agosto frente ao mesmo mês de 2024 e expressiva elevação de 19,6% no acumulado dos primeiros oito meses, com US$ 2,9 bilhões embarcados este ano.
Valor - SP 24/09/2025
A alta liderança chinesa decidiu reforçar as restrições à construção de arranha-céus, visto que alguns prédios altos permanecem sem uso devido à baixa demanda.
A decisão foi tomada na Conferência Central de Trabalho Urbano, com a presença de membros do Comitê Permanente do Politburo, em meados de julho, a primeira em dez anos. Líderes de alto escalão, incluindo o presidente, Xi Jinping, e o premiê, Li Qiang, discutiram a política de desenvolvimento urbano.
Os líderes decidiram impor "controles rigorosos" à construção de "prédios superaltos". Eles ressaltaram que o crescimento urbano está passando de uma expansão incremental em larga escala para um estágio focado na melhoria da qualidade e eficiência da capacidade existente.
A China vem restringindo gradualmente a construção de novos arranha-céus. Em abril de 2020, foi anunciada a proibição de novos prédios com mais de 500 metros de altura.
Em 2021, novas regras proibiram edifícios com mais de 250 metros de altura em cidades com população de 3 milhões de pessoas ou mais. Em cidades com menos de 3 milhões de habitantes, o limite de altura foi fixado em 150 metros.
O anúncio de julho tem peso extra porque foi decidido em uma reunião com a presença de membros do Comitê Permanente do Politburo. Os governos locais levam em consideração as decisões da liderança e as incorporam em suas políticas, ocasionalmente com interpretações amplas.
A reunião de julho não mencionou nenhuma altura específica que estaria sujeita a restrições. Mas a China define "prédios superaltos" como qualquer edifício com mais de 100 metros de altura. Em outras palavras, os governos locais provavelmente se tornarão cautelosos ao aprovar novas construções que excedam esse limite.
O mundo tinha 7.591 arranha-céus com mais de 150 metros de altura na última contagem do Conselho de Edifícios Altos e Habitat Urbano, uma organização internacional composta por arquitetos e outros especialistas.
A China foi responsável por quase metade disso, com 3.562. A construção acelerou a partir da década de 2000, à medida que a economia chinesa crescia.
Arranha-céus fazem uso eficaz de terrenos limitados, mas custam mais do que outras construções, pois exigem proteções contra terremotos e ventos fortes. Mecanismos especiais de combate a incêndios também são necessários.
A China tende a enfatizar a aparência e o prestígio. Governos locais e incorporadoras imobiliárias competiam entre si em altura e design exclusivo, independentemente da demanda real, destacou o Ministério da Habitação e Desenvolvimento Urbano-Rural.
Na metrópole de Dalian, no nordeste do país, por exemplo, há dois arranha-céus no coração da cidade, um com 370 metros de altura e o outro com 383 metros. Se construídos no Japão, esses arranha-céus seriam facilmente os marcos mais altos do país.
As estruturas foram concluídas na década de 2010, mas permanecem praticamente sem uso. Como quase não há luzes acesas nos prédios, os arranha-céus ficam completamente escuros quando o sol se põe, e os edifícios parecem sombras sinistras contra a paisagem noturna.
Um arranha-céu de 597 metros está sendo construído na cidade de Tianjin. Este seria um dos três arranha-céus mais altos da China. O projeto começou em 2009, mas a construção foi interrompida por quase uma década, até abril deste ano, devido à falta de financiamento.
De acordo com o grupo global de serviços imobiliários CBRE, a taxa de vacância de edifícios de escritórios na China atingiu um recorde de 23,5% em 2024. Os edifícios de escritórios em Tóquio tiveram recentemente uma taxa de vacância de 2,5% e no centro de Londres, de 8%.
O tempo necessário para planejar e construir um arranha-céu costuma ser uma fonte de problemas. Um projeto pode ser decidido em um momento de crescimento econômico, apenas para se deparar com uma recessão e menor demanda no meio da construção.
Questões estruturais também desempenham um papel. Em comparação com os Estados Unidos, Europa e Japão, os governos locais na China estão menos preocupados com a aparência da cidade após a aprovação dos projetos de construção.
Na China, a terra é estatal e os governos locais geram receita vendendo direitos de uso para incorporadoras imobiliárias. Para as autoridades locais, é lucrativo lançar projetos de construção.
Mas essa corrida para construir arranha-céus traz riscos de prejuízo para muitas partes interessadas, incluindo credores e inquilinos.
Não é incomum que trabalhadores da construção civil fiquem sem receber seus salários. Se a indignação pública sobre o assunto aumentar, o governo provavelmente se tornará o alvo da ira.
"Na China, o excesso de oferta que excede a demanda real não se limita a edifícios altos, mas é um fenômeno observado em todos os setores, incluindo veículos elétricos e painéis solares", disse Yusaku Nishimura, professor da Universidade de Negócios e Economia Internacionais da China.
IstoÉ Dinheiro - SP 24/09/2025
O ano de 2025 está morno para construção civil no Brasil e as perspectivas de melhoras são pequenas. Seis em cada dez executivos do setor consideram que há uma estagnação na área e que a conjuntura deverá se manter ao longo dos próximos meses.
A leitura do mercado faz parte de estudo realizado pela consultoria Falconi, chamado “Termômetro da Construção Civil”. O documento aponta que o alto custo do dinheiro (taxa de juros) para financiar as obras e a falta de profissionais qualificados são, atualmente, os principais desafios enfrentados por construtoras e incorporadoras.
Apesar da conjuntura pouco favorável, o mercado da construção civil se mostra otimista. Mais de 58% dos líderes do setor demonstram otimismo com os próximos seis meses, enquanto 41,7% mantêm uma postura mais cautelosa ou pessimista.
Entre os que pretendem realizar investimentos ainda em 2025, a prioridade estará na aquisição ou desenvolvimento de novas tecnologias (75%), seguida de ampliação e uso de métodos construtivos industrializados (50%) e de melhoria na gestão de custos da obra (50%).
Obstáculos para a construção civil
Contudo, entre os obstáculos, a falta de mão de obra lidera as preocupações, citada por 71% dos respondentes (contra 52% em 2023). Em seguida, aparecem as altas taxas de juros (48%), o custo de materiais e serviços (37%) e a demanda de mercado (36%). Em 2023 (o estudo é feito a cada dois anos), a demanda de mercado era a questão mais relevante, mencionada por 63%.
“É inegável que a dificuldade em atrair e reter mão de obra qualificada atrasa a transformação do setor”, disse o vice-presidente da unidade de Indústria de base e bens de capital, André Chaves.
Para superar os desafios no curto prazo, os executivos apostam nos investimentos para melhorar a gestão de custos da obra (74%), treinamento e qualificação da mão de obra (57%) e fortalecimento de marca (43%). Na pesquisa feita há dois anos, as empresas priorizavam concluir projetos no prazo (66%), melhorar a experiência do cliente (44%) e investir em industrialização (41%).
O “Termômetro Falconi da Construção Civil” contou com a participação de 120 executivos do segmento, sendo 35% deles CEOs, proprietários e diretores. As entrevistas foram feitas entre 2 de junho e 10 de julho.
Valor - SP 24/09/2025
Índice de evolução do número de empregados do setor também registrou queda em agosto, de 3,8 pontos, para 46,3 pontos
O desempenho da indústria da construção em agosto de 2025 foi o pior para o mês em nove anos. O índice de evolução do nível de atividade do setor encolheu 3,5 pontos em relação a julho, para 46 pontos, índice mais baixo para o mês desde 2016. Os dados foram divulgados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), em parceria com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), nesta terça-feira (23).
“A elevação da taxa de juros vem trazendo, progressivamente, problemas para a indústria da construção, tanto pelo encarecimento do crédito para investimentos quanto pela perda de ritmo da demanda”, avaliou o gerente de Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo.
O índice de evolução do número de empregados também registrou queda em agosto, de 3,8 pontos, para 46,3 pontos. O resultado é inferior à média da série histórica para o mês, de 46,6 pontos, e é o menor para o mês desde 2018.
A Utilização da Capacidade Operacional (UCO), por sua vez, recuou 2 pontos percentuais, para 66%, nível inferior ao observado em agosto dos últimos três anos.
Após alta de 1,2 ponto, o Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei) da Construção chegou aos 47 pontos em setembro. O indicador permanece abaixo da linha divisória de 50 pontos, sinalizando falta de confiança. No entanto, o aumento sinaliza que o pessimismo está menor do que em agosto.
O principal responsável pela melhoria do Icei foi o índice de expectativas, que cresceu 1,7 ponto, para 48,9 pontos. O movimento contribuiu para reverter boa parte da queda de 2,4 pontos do mês anterior. Os empresários estão mais otimistas com o futuro das próprias empresas nos próximos seis meses e menos pessimistas quanto ao futuro da economia no mesmo período.
Já o índice de condições atuais variou 0,2 ponto, para 43,2 pontos. Apesar da pequena variação, os empresários avaliam que as condições atuais dos negócios e da atividade econômica permanecem negativas.
Nesse cenário, os empresários passaram a ter maior intenção de investimento. O indicador que mede essa propensão cresceu 1,1 ponto na passagem de agosto para setembro, chegando aos 41,1 pontos. O resultado positivo interrompe sequência de três quedas consecutivas, mas reverte apenas parte da queda de 3,5 pontos acumulada no período.
Expectativas
Em setembro, todos os índices de expectativas caíram. O índice de expectativa de compras de matérias-primas recuou 0,4 ponto, para 49,4 pontos. O indicador se distanciou da linha divisória de 50 pontos, sinalizando que as expectativas para aquisição desses itens se tornaram mais negativas.
O índice de expectativa de novos empreendimentos e serviços diminuiu 0,9 ponto, passando de 50,1 pontos para 49,2 pontos, sinalizando perspectiva de redução de novos empreendimentos e serviços.
O indicador de expectativa de número de empregados cedeu 0,6 ponto, passando de 50,8 pontos para 50,2 pontos. Com a queda, o índice se aproximou da linha divisória de 50 pontos, demonstrando expectativa de estabilidade dos postos de trabalho da construção. O índice de expectativa de nível de atividade diminuiu 0,7 ponto, para 50,7 pontos. O indicador continua acima da linha divisória, mas mostra moderação da perspectiva de alta da atividade nos próximos seis meses.
Para esta edição da Sondagem Indústria da Construção, a CNI consultou 298 empresas, sendo 122 pequenas, 118 médias e 58 grandes, entre 1º e 10 de setembro de 2025.
Veja - SP 24/09/2025
O mercado imobiliário brasileiro vive uma fase singular em 2025. Em meio ao ambiente de juros elevados e crédito restrito, o programa habitacional Minha Casa, Minha Vida se consolidou como o grande motor do setor. Responsável pela maior parte dos lançamentos e vendas residenciais no primeiro trimestre do ano, o programa ganhou fôlego com a criação da nova Faixa Média, que ampliou o acesso a famílias de renda intermediária e ajudou a sustentar a demanda em um período de desaquecimento no mercado tradicional. As condições de financiamento subsidiadas, muitas vezes com juros reais próximos de zero, contrastam com o custo proibitivo das linhas convencionais, reforçando o apelo do programa como única alternativa viável para grande parte da população.
Não por acaso, cresce o número de investidores interessados em trabalhar com o Minha Casa, Minha Vida. O negócio atraiu até o publicitário-apresentador Roberto Justus, nome sempre muito mais associado ao mundo do luxo e da ostentação. À frente da SteelCorp, empresa criada em 2023, o empresário decidiu apostar em habitação social, utilizando tecnologia de steel frame para fabricar casas pré-moldadas em escala industrial. O modelo reduz desperdícios, acelera prazos e se encaixa perfeitamente nas exigências de programas como o Minha Casa, Minha Vida. A nova fábrica inaugurada em Cajamar, em São Paulo, dobrou a capacidade da empresa, que agora projeta entregar até 10 mil casas por ano. Justus, que já firmou parcerias com a CDHU e incorporadoras privadas, mira contratos de larga escala e pretende redirecionar 90% de sua operação para o segmento popular.
O movimento embute um bom cálculo estratégico. As habitações de interesse social são hoje o destino mais seguro e previsível do setor. Trata-se de uma demanda estrutural, pouco afetada por ciclos políticos ou econômicos, e que encontra no Estado um aliado sólido e com bala na agulha para conceder subsídios e incentivos. Ao alinhar sua operação a esse nicho, Justus busca não apenas capturar um mercado em franca expansão, mas também posicionar sua empresa como player relevante em um setor em transformação. A meta declarada de alcançar R$ 1 bilhão em faturamento até 2026 revela a confiança no modelo.
A entrada de empresários com capital e experiência em gestão acelera a profissionalização desse mercado. Fora as líderes MRV e Plano & Plano, boa parte dos competidores são construtoras locais e de médio porte. A industrialização da construção, por meio de sistemas modulares e processos padronizados, pode representar um salto de produtividade, reduzindo custos e tornando o programa ainda mais competitivo. A lógica da escala, defendida por Justus, reforça a ideia de que habitação popular deixou de ser apenas uma política pública e se tornou uma oportunidade de negócios de alta relevância.
Por outro lado, a movimentação também expõe um desafio cultural: a necessidade de superar a resistência do setor a métodos construtivos inovadores. Ainda há desconfiança em relação à durabilidade e ao valor de revenda das casas modulares, embora dados mostrem que o desperdício é menor e a qualidade, mais uniforme. O avanço de empresas que atuam com essa matéria prima, como SteelCorp, Brasil ao Cubo e Tech Verde, indica que essa barreira tende a se dissipar com o tempo. E, se a tendência se confirmar, o Minha Casa, Minha Vida não apenas sustentará o mercado imobiliário, mas também se tornará o palco de uma transformação estrutural na forma de construir no Brasil.
Além da questão técnica, há também o impacto social de iniciativas que combinam escala com eficiência. Ao oferecer moradias a preços mais acessíveis, dentro de padrões de qualidade superior à média do setor, empresas que aderem ao modelo industrializado contribuem diretamente para a redução do déficit habitacional, que ainda ultrapassa hoje os 5 milhões de unidades no país conforme os últimos dados divulgados sobre o assunto, referentes ao ano de 2023. Isso cria um ciclo virtuoso: mais famílias com acesso à casa própria, maior movimentação na economia local e reforço do papel do setor imobiliário como indutor de desenvolvimento.
Valor - SP 24/09/2025
Empresas preferem diminuir imóveis e vender para rendas mais baixas; menos de 10% do orçamento da faixa 4 do Minha Casa, Minha Vida foi usado, mas entidade espera recuperação
A faixa 4 do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV), lançada em maio, registrou até agosto um consumo de R$ 2,8 bilhões, 9,3% dos R$ 30 bilhões destinados para o orçamento do novo grupo no ano.
Em relatório publicado na semana passada, a equipe de analistas do Santander destaca que isso indica um “início suave” da faixa, mas que está de acordo com o consumo de financiamento imobiliário da faixa de renda do novo grupo, de acordo com fontes do mercado ouvidas pelos analistas.
A faixa 4 é destinada para famílias com renda de R$ 8,6 mil a R$ 12 mil mensais, que podem comprar imóveis de até R$ 500 mil. Na faixa 3, o limite é de R$ 350 mil. Ela foi lançada com a proposta de atingir um consumidor de classe média, que não era beneficiado pelo programa social, mas tem dificuldade para se encaixar no financiamento tradicional dos bancos, com o aumento da taxa de juros.
O consumo menor de recurso combina com uma menor disponibilidade de imóveis que se enquadram na nova faixa.
A incorporadora Holos, que atua na zona leste de São Paulo e deve lançar 3 mil unidades neste ano, ainda não lançou nenhum produto para a faixa 4, conta o CEO Gabriel Cançado.
Há um motivo de tempo: o ciclo do projeto imobiliário é longo e a empresa não tinha imóveis adequados, em seu pipeline, para serem lançados quando a nova faixa começou a funcionar. No entanto, Cançado afirma que também existe uma insegurança sobre a disponibilidade futura de recursos para a faixa. Os R$ 30 bilhões deste ano foram possíveis graças a um aporte de R$ 15 bilhões do Fundo Social do Pré-Sal para o MCMV, que liberou recursos do FGTS para a nova faixa, e a outros R$ 15 bilhões da Caixa Econômica Federal.
Por não ser todo bancado com recursos do FGTS, a taxa de juros da faixa 4, em 10% ao ano, é um pouco maior do que no restante do programa, que vai de 4% a 8,16%, embora esteja abaixo da taxa praticada pelos bancos no financiamento fora do MCMV.
“Vamos comprar terreno e fazer produto para o faixa 4, mas aí [e se] acaba o funding no ano que vem e não tem suplementação? Não tem como fazer ‘downgrade’ (rebaixamento) de venda”, diz Cançado.
Ainda de acordo com ele, já é difícil conseguir encaixar um imóvel no teto da faixa 3, de R$ 350 mil, na parcela que o cliente típico da incorporadora consegue pagar. Se o valor for mais alto, a dificuldade só aumenta.
Também seria preciso, por exemplo, aumentar o prazo de financiamento dos 30% de entrada do imóvel, geralmente feito direto com a incorporadora, para encaixar o valor maior em uma parcela que a renda desse consumidor comporta. Isso é um risco para a incorporadora, porque a garantia do imóvel está com a Caixa. “Hoje, tem como recuperar [esse valor], mas tem que entrar na justiça contra o cliente”, diz.
Para o CEO da Holos, mesmo que o preço por metro quadrado seja relativamente baixo, o que conta no MCMV é a parcela que o cliente vai pagar. E a maior parte dos clientes tem renda de R$ 4 mil a R$ 6 mil, longe do faixa 4.
Outro ponto é que o cliente de renda mais baixa tem mais necessidade de comprar o imóvel, porque o aluguel pesa mais no seu orçamento doméstico. “Para o cliente de [renda] de R$ 10 mil a R$ 12 mil, não é tão óbvia a necessidade de comprar o apartamento”, afirma Cançado.
Na Vinx, outra incorporadora que atua no MCMV em São Paulo, a percepção é de que há pouca demanda pela nova faixa. “Imaginamos que conseguiríamos vender com mais facilidade”, afirma o sócio-fundador Rafael Sevieri. A empresa pretende lançar quase 3 mil unidades neste ano, ante mil em 2024.
Sem investir em novos produtos para a faixa 4 — a empresa decidiu se manter focada nos grupos 2 e 3 do MCMV, a Vinx tem aproveitado para vender imóveis do seu estoque por meio da nova faixa. “Está ajudando no estoque de produtos que entregamos no ano passado”, conta Ronaldo Santoro, diretor comercial da incorporadora.
São unidades com 47 a 49 metros quadrados, com vaga de garagem e suíte, lançadas com o objetivo de serem vendidas fora do MCMV, mas que se encaixam nos R$ 500 mil de teto de valor.
Já os apartamentos lançados atualmente pela Vinx se limitam à faixa 3. Apesar de terem área de lazer grande, que é um dos destaques para venda dos produtos, Sevieri conta que o tamanho dos imóveis caiu para 33 a 39 metros quadrados.
Para manter a unidade no limite de R$ 350 mil, o setor da construção faz o mesmo que o setor de supermercados, afirma. “Vai diminuindo a metragem”.
Para acelerar as contratações do faixa 4 — e incentivar mais incorporadoras a produzirem unidades — os analistas do Santander sugerem que o governo federal implemente mudanças no grupo, como no limite do preço da unidade, da renda familiar ou da taxa de juros.
Luiz França, presidente da Associação Brasileira das Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) avalia que a produção atual no faixa 4 “não é ruim”. “A expectativa é que vá começar a crescer, não existe virada de chave da noite para o dia”, afirma.
No geral das quatro faixas, o MCMV consumiu, até junho, 66% do orçamento de recursos do FGTS destinados para o programa neste ano, que é de R$ 133,5 bilhões. O valor empregado até agora, de R$ 88,3 bilhões, é um crescimento de 8,5% sobre o mesmo período de 2024, destacam os analistas do Santander.
Automotive Business - SP 24/09/2025
Começaram nesta segunda, 22, e vão até quarta-feira, 24, as sessões públicas de abertura das propostas da licitação para contratar as obras civis da Linha 19-Celeste do metrô de São Paulo.
Essa linha começou a ser estudada na década de 1970 e teve a primeira proposta formalizada em 2004 pelo então governador Geraldo Alckmin. O projeto original previa uma linha de aproximadamente 26,3 km, que ligava a estação Tancredo Neves, em Guarulhos, à estação Campo Belo, em São Paulo, com 27 estações.
Linha Celeste do metrô ficou mais curta
O projeto atual é mais modesto: contempla um trecho de 17,6 km que conecta a estação Anhangabaú (São Paulo) à futura estação Bosque Maia (Guarulhos), com 15 estações.
A nova linha será integrada às linhas 1-Azul, 2-Verde e 3-Vermelha do metrô, além de permitir futuras conexões com linhas da CPTM, como a Linha 11-Coral. A expectativa é a de transportar 630 mil pessoas por dia.
O início das obras está previsto para 2026 e o custo estimado para a construção será de R$ 20 bilhões. Segundo a Agência SP, o prazo de conclusão da linha Celeste do metrô é de 75 meses a partir do início das obras.
A construção envolverá mais de 5,7 milhões de m³ de escavação, 1,37 milhão de m³ de concreto, 187 mil toneladas de aço e 610 mil m³ de calda de cimento.
O Metrô dividiu o projeto em três lotes, que serão licitados separadamente: o primeiro vai abranger um trecho com cinco estações e seis poços de ventilação (VSE) entre Bosque Maia e Itapegica, o segundo terá cinco estações e seis VSEs entre Jardim Julieta e Vila Maria, além do Pátio Vila Medeiros, enquanto o terceiro compreenderá cinco estações e seis VSEs de Catumbi ao Anhangabaú.
A ideia de dividir o projeto se deve à rapidez: cada concessionária irá cavar os túneis com uma tuneladora própria, de modo que será possível avançar nas três frentes simultaneamente.
Além de ficarem encarregados de construir os túneis, estações e pátios, os consórcios vencedores também serão responsáveis pela elaboração do projeto executivo que fornece o detalhamento técnico da construção assim como o fornecimento e instalação de sistemas auxiliares, como escadas rolantes, elevadores, ventilação, iluminação e bombas hidráulicas.
O Estado de S.Paulo - SP 24/09/2025
A “onda” de novas concessões rodoviárias no Brasil, com o maior número de leilões em 17 anos, vem esbarrando em um gargalo: a escassez de mão de obra especializada. O avanço acelerado de projetos, somado à redução no ritmo de formação de profissionais, tem levado concessionárias a adotar diferentes estratégias para driblar esse problema. As iniciativas incluem investimentos em tecnologia, assim como programas de capacitação e retenção.
Entre 2015 e 2018, auge das ações da Operação Lava Jato e da crise fiscal, o Brasil realizou apenas dois leilões de rodovias federais. De 2019 a 2022, foram sete. Entre 2023 e 2025, o número saltou para 16, enquanto a meta do governo federal é entregar 35 concessões até o final do atual mandato. Só em 2024, foram sete, maior marca em 17 anos. Os números não incluem os projetos estaduais, que também têm ganhado tração.
Para Ronei Glanzmann, CEO da MoveInfra (entidade que reúne seis dos principais grupos de infraestrutura do País), a aceleração reflete um amadurecimento dos aspectos jurídicos e econômicos no setor de concessões. No entanto, ele identifica uma “dor de crescimento”, com o descasamento entre a demanda e oferta de profissionais.
“Temos financiamento disponível, bons contratos e leilões competitivos, um atrás do outro, mas está na hora de executar os projetos e há um gargalo de mão de obra”, diz Glanzmann.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) estima um déficit de 75 mil engenheiros no Brasil. O País forma cerca de 40 mil profissionais da área anualmente, enquanto outros integrantes do Brics, como Rússia e China, contabilizam mais de 450 mil graduandos, de acordo com dados do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea).
O fechamento e reestruturação de grandes empresas de construção após a Lava Jato e o maior apelo de outros setores ajudam a explicar o menor interesse pela área de engenharia, segundo Roberto Paolini, diretor executivo de Pessoas e Organização da Arteris (concessionária de rodovias como a Fernão Dias e a Régis Bittencourt). “As novas gerações migraram muito para serviços, tecnologia e inteligência artificial, que se tornaram mais atrativas. No entanto, ainda precisamos muito dos engenheiros ‘hard’, aqueles que projetam, constroem e executam”, afirma.
A regionalidade é uma das estratégias da EcoRodovias para atrair e reter talentos, segundo o diretor de engenharia do grupo, Filippo Chiariello. “Contratar pessoas em faculdades próximas ao local que irão atuar gera mais fidelidade, porque cria um senso de pertencimento. Funciona melhor do que trazer alguém de um grande centro e levá-la para o interior, por exemplo”, diz.
O foco na qualidade do ambiente de trabalho é outra iniciativa adotada pela EcoRodovias, que tem sob concessão a Rodovia dos Imigrantes, a Raposo Tavares e a Castello Branco, entre outras. “Salário e benefícios são importantes, mas o clima pesa muito”, afirma Chiariello. O executivo cita ainda a tecnologia como aliada. “Equipamentos mais autossuficientes reduzem a necessidade de mão de obra altamente especializada, enquanto a engenharia digital oferece ferramentas que ampliam a base de profissionais capazes de atuar.”
A inovação também é utilizada pela Motiva (ex-CCR) para reduzir a mão de obra nos canteiros e melhorar as condições de trabalho, segundo a diretora de Pessoas da companhia, Danila Cardoso. A executiva destaca que a empresa contratou quase 500 engenheiros entre janeiro de 2024 e julho deste ano, enquanto cerca de 80 vagas seguem abertas para serem preenchidas até dezembro.
De olho nessa demanda, a Motiva (que tem a gestão de rodovias como a Dutra e a Rodovia dos Bandeirantes) fomenta parcerias com universidades. “Além de atrair jovens, buscamos profissionais experientes e criamos programas de mentoria. Também estamos em conversas com a PUC-Rio para montar nossa própria escola de engenharia, focando no ‘upskilling’ (aprimoramento) de funcionários”, diz Danila.
A Arteris, por sua vez, aponta foco em capacitação e clima organizacional para reter talentos. Paolini ressalta que a empresa busca absorver profissionais após grandes entregas, conciliando ciclos de investimento e de pessoal. “Temos feito programas de desenvolvimento para lideranças e áreas técnicas em parceria com instituições como Fundação Dom Cabral e Fundação Getúlio Vargas”, diz o executivo.
Diante do descompasso entre formação e demanda, a Arteris criou programas próprios de capacitação para fidelizar engenheiros e reduzir o “canibalismo” entre concorrentes. Paolini alerta, no entanto, que a escassez eleva salários e pode levar a promoções aceleradas de profissionais ainda juniores, o que “compromete a qualidade da execução”.
Portos e Navios - SP 24/09/2025
O Ministério de Portos e Aeroportos (MPor) prevê que os portos catarinenses receberão investimentos de R$ 436,6 milhões, entre obras e autorizações, destinados ao fortalecimento da infraestrutura portuária no estado. Nesta terça-feira (23), o ministro da pasta, Silvio Costa Filho, participou da assinatura da ordem de serviço da dragagem da Baía da Babitonga e da celebração dos investimentos, públicos e privados, previstos para os portos e terminais locais. A cerimônia ocorreu no Porto de São Francisco do Sul (SC).
Atualmente Santa Catarina possui seis portos, sendo Itajaí, São Francisco do Sul e Imbituba, públicos; e Itapoá, Portonave e Teporti, privados voltados a cargas específicas. O destaque é a movimentação de contêineres, cargas gerais e granel, conectando a produção regional e nacional a importantes mercados internacionais.
Costa Filho destacou que, entre investimentos públicos e privados, Santa Catarina conta hoje com mais de R$ 5,3 bilhões. “O estado é dos que mais cresce no Brasil. É um novo hub de desenvolvimento para o setor portuário nacional. Hoje, nós temos seis portos estratégicos e chegaremos a oito portos nos próximos anos. Isso será fundamental para que a gente possa ampliar as nossas operações do setor portuário aqui no estado”, afirmou o ministro.
De acordo com o MPor, entre janeiro e julho de 2025, os seis terminais movimentaram 16,8 milhões de toneladas: 10,5 milhões em São Francisco do Sul, 4,2 milhões em Imbituba e 2,1 milhões em Itajaí. “Tivemos um crescimento de mais de 10% no setor. Um crescimento exponencial na operação de contêineres, mais de 20% das operações de contêineres no Brasi passam aqui pelos portos de Santa Catarina”, afirmou.
Durante a agenda no estado, Costa Filho fez um sobrevoo ma Baía da Babitonga para observar as instalações do Porto de São Francisco e do Porto de Itapoá. Ele destacou que mais de R$ 10 bilhões dos R$ 20 bilhões de investimentos do PAC em Santa Catarina são referentes a aportes públicos e privados no setor portuário.
Dragagem
No evento, o ministro assinou a ordem de serviço da dragagem da Baía da Babitonga, que receberá mais de R$ 300 milhões dentro do Novo PAC para garantir segurança à navegação, eficiência logística e ampliar a capacidade operacional do porto. O prazo previsto para execução é de 10 meses.
Essa obra permitirá o atendimento a embarcações de maior porte, aumentando a competitividade e assegurando o fluxo com mais eficiência e segurança. O governador de Santa Catarina, Jorginho Mello, salientou que, com os investimentos em dragagem, a iniciativa privada está dando um pontapé decisivo no crescimento e desenvolvimento do setor.
O secretário nacional de portos, Alex Ávila, chamou a atenção para união de esforços dos governos federal e estadual junto à agência reguladora para trazer benefícios logísticos e elevar a qualidade e o nível de serviço dos portos catarinenses. O diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), Frederico Dias, acrescentou que a movimentação portuária no estado é fundamental para que a iniciativa privada continue investindo no setor.
“O empresário espera ambiente de negócio sadio, segurança jurídica e as agências reguladoras são importantes para poder preservar esse ambiente. Estamos aqui vendo o melhoramento de acesso aquaviário, o melhoramento dos acessos terrestres e o que a gente precisa é da união do setor privado, com o Governo do Estado, com o Governo Federal para melhorar a vida da população, baratear os produtos, reduzir o custo do Brasil”, disse Dias.
O Porto de Imbituba contará com R$ 87 milhões de recursos federais para a manutenção e o reforço do molhe. As obras têm prazo estimado de 18 meses e visam aumentar a proteção e eficiência da infraestrutura local. Também em Imbituba, os aportes incluem R$ 17 milhões para o acesso rodoviário sul e R$ 14 milhões para o acesso rodoviário norte.
No Porto de São Francisco do Sul, R$ 12,6 milhões serão destinados à melhoria da infraestrutura viária. O pacote também contempla outros investimentos estratégicos. Serão destinados R$ 4,3 milhões para a contratação do Plano Estadual de Logística e Transportes (PELT), em parceria com a Infra S.A. O estudo, segundo o MPor, será importante para o planejamento integrado da infraestrutura, com foco no escoamento de cargas e no desenvolvimento logístico.
Outro investimento previsto vai para a construção de um novo posto avançado da Marinha do Brasil em Imbituba, que contará com R$ 2,2 milhões em recursos. De acordo com o ministério, essa unidade reforçará a presença da autoridade marítima na região, ampliando a segurança das operações e o monitoramento do tráfego aquaviário local.
Portal Fator Brasil - RJ 24/09/2025
Relatório da ATP mostra que terminais de uso privado (TUP) movimentaram 422,3 milhões de toneladas, no primeiro semestre, representando 64,6% do total. Importações crescem 4,8% e balança comercial marítima do Brasil recua.
Em meio às incertezas da economia global, o comércio exterior brasileiro foi impactado no primeiro semestre do ano, especialmente o segmento marítimo, influenciado por alterações tarifárias em grandes mercados, conflitos geopolíticos e eventos climáticos adversos. De acordo com o Relatório Semestral da Associação de Terminais Portuários Privados (ATP), divulgado no dia 22 de setembro (segunda-feira), o saldo da balança comercial brasileira por via marítima totalizou US$ 46,99 bilhões em valor FOB (Free On Board), com queda de 17,2% em relação ao mesmo período de 2024. O resultado é reflexo da redução das exportações, que somaram US$ 144,7 bilhões (-3,5%), e do aumento das importações, que atingiram US$ 97,7 bilhões (+4,8%). A corrente de comércio (exportações mais importações), por sua vez, ficou em US$ 242,2 bilhões, com leve retração de 0,3%.
Segundo o Relatório da ATP, elaborado pela Coordenação de Pesquisas e Desenvolvimento, a retração das exportações foi puxada principalmente por soja, petróleo e minério de ferro, que juntas perderam mais de US$ 8 bilhões em relação a 2024. No caso dos combustíveis, observa-se que a queda ocorreu tanto pela redução na quantidade exportada (-3,3%) quanto na redução do valor médio da commodity (-7,9%). Já a soja e o minério apresentaram seus volumes de exportações relativamente estáveis, mas tiveram um forte recuo no valor médio por tonelada (-9,6% e -16,6%, respectivamente).
Entre os destaques das exportações, as maiores altas no primeiro semestre foram verificadas nas vendas de “Gorduras e óleos animais ou vegetais”, com um avanço de 53,4%, e “Café, chá, mate e especiarias”, que cresceram 49,1%.
Nas importações, o crescimento foi impulsionado pelo aumento da demanda por máquinas e equipamentos industriais, que alcançaram US$ 13,8 bilhões de valor importado (+12,4%), resultado do avanço expressivo nos volumes adquiridos em 2025. Dois segmentos registraram as maiores altas nas importações: “Produtos farmacêuticos”, com expressivos 32,94%, e “Produtos químicos orgânicos” (23,37%).
Para o segundo semestre de 2025, as projeções da ATP indicam um cenário de cautela, com expectativa de estabilidade nos preços da soja e do petróleo, mas ainda sujeito à volatilidade internacional e a riscos geopolíticos.
—As mudanças nas políticas comerciais e nas condições externas podem seguir impactando o comércio marítimo, reforçando a necessidade de adaptação dos terminais portuários e da cadeia logística para sustentar a competitividade do Brasil —diz Murillo Barbosa, presidente da ATP, que reúne empresas de grande porte com 72 terminais privados no país, atuando em áreas como agronegócio, mineração, siderurgia, petróleo e gás, contêineres e complexos logísticos, relevantes para o comércio exterior brasileiro.
No ranking dos dez principais destinos das exportações brasileiras, a ATP constatou que as vendas para a China recuaram 7,56% no primeiro semestre, totalizando US$ 47,5 bilhões (em valor FOB). Por outro lado, houve aumento das vendas para os Estados Unidos, de 2,83%, somando US$ 17,3 bilhões.
No período, cresceram ainda as exportações do Brasil para Argentina (57,62%), Coreia do Sul (16,52%), Índia (11,45%) e Alemanha (4,6%). Na outra ponta, caíram as vendas para Singapura (-22,38%), México (-13,87%), Espanha (-10,47%) e Holanda (-1,07%).
. Dez principais destinos das exportações brasileiras:
Terminais privados lideram movimentação portuária — O estudo da ATP mostra que o sistema portuário brasileiro movimentou 653,7 milhões de toneladas (+1%) no primeiro semestre de 2025, conforme dados da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq). Os terminais de uso privado (TUP) movimentaram 422,3 milhões de toneladas (crescimento de 1,9%), com o markert share de 64,6% do total movimentado pelos terminais portuários no Brasil. Os portos públicos, por sua vez, movimentaram 231,5 milhões de toneladas (redução de 0,53%).
A carga conteinerizada foi o perfil de maior destaque ao longo do primeiro semestre de 2025, com crescimento de 6,2%, considerando todo o setor. A carga geral e o granel sólido também obtiveram crescimento de 5,2% e 0,7%, respectivamente. Já o granel líquido e gasoso apresentou uma queda de -1,4%, reflexo da redução na movimentação de combustíveis minerais.
Analisando a movimentação portuária por regiões, o destaque foi o Centro-Oeste, que apresentou maior crescimento no período (77,1%). Apesar do aumento expressivo, o número absoluto foi apenas de 4,8 milhões de toneladas. Isso se deve a recuperação em 2025 da seca severa enfrentada em 2024, que baixou os níveis do Rio Paraguai e paralisou operações portuárias, gerando prejuízos significativos.
Outra região relevante foi a Sul, que cresceu 2,9%, registrando 93,8 milhões de toneladas, seguida pelo Nordeste (+0,8%) e Sudeste (+0,5%). Observa-se uma queda apenas na Região Norte (-1,2%)
Já análise da movimentação dos TUP por região, traz alterações significativas. Os terminais autorizados na Região Norte tiveram aumento de 2,35% na movimentação, e não uma queda, como observado no contexto nacional. Os TUP também apresentaram um crescimento superior no Nordeste (+1,9%) e Sudeste (+1,2%).
ATP— A Associação de Terminais Portuários Privados (ATP) representa os interesses e atua em defesa do segmento privado e na modernização dos portos brasileiros, relevantes para a infraestrutura econômica e o desenvolvimento do país. Atualmente, a associação reúne 37 empresas de grande porte e congrega 72 Terminais Privados do país. Juntas, as empresas movimentam 60% da carga portuária brasileira e respondem pela geração de 47 mil empregos diretos e indiretos.
A ATP reúne associadas que atuam em áreas como mineração, siderurgia, petróleo e gás, agronegócio, contêineres e complexos logísticos, relevantes para o comércio exterior e a economia brasileira.
Portos e Navios - SP 24/09/2025
A movimentação de cargas registrada na cabotagem totalizou 26 milhões de toneladas em julho. De acordo com a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), esse foi o maior volume movimentado nesse período pelo modal desde o início da série histórica que computa esse movimento, em 2010. Os dados constam no Painel Estatístico da agência reguladora, que verificou naquele mês aumento de 2,09% no movimento de cargas entre portos brasileiros.
O boletim informa também que houve, no sétimo mês de 2025, alta de 5,8% na movimentação de cargas em operações de longo curso, em comparação com julho de 2024. No período, segundo a Antaq, foram movimentadas 90,8 milhões de toneladas de cargas. Já na navegação interior o volume transportado foi 7,8 milhões de toneladas.
Em julho, o setor aquaviário movimentou 124,7 milhões de toneladas de cargas, com crescimento de 4,16% frente ao mesmo mês de 2024. Segundo o painel estatístico da agência, essa movimentação também representa recorde para o período. Já a movimentação acumulada de janeiro e julho atingiu 780,4 milhões, com alta de 1,76%.
A movimentação nos portos públicos cresceu 4,32% e nos Terminais de Uso Privado (TUPs), 4,07%, em julho, sendo o maior volume de cargas registradas nas instalações portuárias para o mês. Entre os 20 portos públicos que mais movimentaram no país, o com maior crescimento percentual foi o de São Francisco do Sul (SC), que teve alta de 51.04% e movimentou 1,7 milhão de toneladas. Entre os 20 TUPs que mais movimentaram no período, o com o maior crescimento foi o Terminal Marítimo Ponta Ubu, no Espírito Sant. Por ele, passou 1,2 milhão de toneladas de cargas em julho, o que representou alta de 61,68%.
Segundo a Antaq, movimentação foi puxada pelas cargas conteinerizadas, os granéis sólidos e as cargas gerais. As cargas conteinerizadas atingiram 13,9 milhões de toneladas, com aumento de 3,32% frente a julho do ano passado, sendo 9,3 milhões de toneladas no longo curso, 4,5 milhões na cabotagem e 0,1 milhão na navegação interior e na de apoio portuário. Em TEUs, a movimentação de contêineres foi de 1,3 milhão.
Os granéis sólidos, que representaram 61,4% de tudo que foi movimentado pelos portos brasileiros, registraram 76,6 milhões de toneladas e crescimento de 3,73%, a carga geral apresentou alta de 0,89%, com movimentação de 5,4 milhões, e os granéis líquidos apresentaram movimentação de 28,8 milhões de toneladas e acréscimo de 6,38%.
Valor - SP 24/09/2025
Em 2010, quando a cotação média do Brent foi pouco inferior à do ano passado, foram perfurados 105 poços
A tão propalada necessidade de reposição de reservas de petróleo tem encontrado dificuldade de ser atendida no Brasil. O baixo nível de atividades de exploração de petróleo e gás que vinha sendo registrado nos últimos anos chegou ao menor patamar da série histórica, desde que a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) foi criada, em 1998. A reversão do cenário tem sido apontada por especialistas como urgente para assegurar ao Brasil a manutenção da autossuficiência na produção de petróleo.
Uma das mais importantes atividades da exploração de petróleo e gás do país e principal indicador de desempenho, a perfuração de poços em 2024 resume as preocupações sobre as reservas provadas do país. Segundo a ANP, no ano passado, foram perfurados apenas dez poços, sendo sete marítimos e três terrestres. O total é 55% menor do que foi realizado em 2023, quando foram perfurados 22 poços, aponta o Relatório Anual de Exploração 2024, divulgado pela ANP neste mês.
A perfuração dos dez poços se deu em um ano com preço médio do barril do Brent de US$ 80,52. Em 2023, a cotação média era um pouco superior, de US$ 82,49. No ano de 2022, quando foram realizadas perfurações de 23 poços, o Brent teve cotação média de US$ 100,93. Em 2010, quando o preço médio foi de US$ 79,61 - pouco abaixo de 2024 - foram perfurados 105 poços.
Considerando os últimos 15 anos, o relatório da ANP aponta que o ano de 2011 foi o de maior número de poços perfurados para fins exploratórios, com 150 operações. Naquele ano, o preço médio do barril ficou em US$ 111,26, segundo o relatório da ANP.
A exploração ocorre após a realização de estudos prévios, como sísmicas, para apurar a existência potencial de petróleo e gás em determinadas áreas. Com menos poços perfurados, não se pode avançar na confirmação de eventuais descobertas. Foram registrados no ano passado apenas quatro poços com descobertas: três no mar e uma em terra, aponta o documento.
“A queda acentuada do volume de atividades exploratórias executado nos últimos anos evidencia a relevância da implementação de ações visando impulsionar o desempenho do segmento de exploração”, diz a ANP, no relatório.
Autoridades e executivos do setor têm afirmado recorrentemente que o país pode se tornar importador de petróleo na próxima década, se nada for feito para acelerar a reposição de reservas. O tema, por sinal, fez parte dos discursos dos novos diretores da ANP, que assumiram os respectivos cargos no início do mês.
Um dos novos diretores do órgão regulador, Pietro Mendes afirmou que a agência precisa se engajar no debate sobre reposição de reservas de petróleo. Ele defendeu a regularidade de ofertas de novas áreas de petróleo e disse que o licenciamento ambiental de projetos de exploração e produção é um gargalo.
Na mesma linha, o novo diretor-geral, Artur Watt, disse que um dos desafios do setor e da ANP é a transição energética justa. Para ele, reduzir a pegada de carbono não pode significar o retorno do país à condição de importador de petróleo.
O relatório da ANP mostra também que o ano passado encerrou com 420 blocos de petróleo sob contrato, o maior número desde a criação da agência. É a primeira vez que a marca de 400 contratos foi superada. O motivo foi a assinatura de 182 contratos de áreas arrematadas nos leilões realizados em dezembro de 2023. Para a ANP, isso sinaliza uma possível retomada do setor. Também houve baixa devolução de blocos: apenas 13.
Money Times - SP 24/09/2025
Petroleiras que atuam no Brasil, incluindo Petrobras e Exxon Mobil, acionaram o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) contra a fusão das empresas prestadoras de serviços ao setor Subsea7 e Saipem, disseram duas fontes com conhecimento direto do assunto.
Documentos sobre o processo publicados pelo órgão antitruste e vistos pela Reuters indicam que Petrobras e Exxon apontaram “fortes” preocupações concorrenciais com a fusão, e pediram que o Cade leve em conta os impactos de uma “elevada” concentração que pode ser gerada no mercado de serviços submarinos para óleo e gás.
As petroleiras argumentam que um acordo entre a italiana Saipem e a norueguesa Subsea7 pode gerar uma “concentração excessiva”, elevando custos e reduzindo a concorrência no país, segundo as fontes, que falaram na condição de anonimato por atuarem com empresas clientes das fornecedoras de serviços.
Com a fusão, anunciada em julho, as companhias passariam a deter cerca de um terço do mercado de serviços para a indústria de petróleo e gás offshore, segundo as fontes. O grupo combinado, que passará a se chamar Saipem7, terá uma carteira de pedidos de 43 bilhões de euros e receita de cerca de 21 bilhões de euros, informaram as empresas anteriormente. A previsão é de que o acordo seja concluído no segundo semestre de 2026.
As petroleiras já lidam com uma concentração dos fornecedores desde a fusão de Technip e FMC há alguns anos.
“Não dá para deixar as petroleiras nas mãos de três players São empresas altamente especializadas, com navios que custam ao menos US$1 bilhão cada”, afirmou uma das fontes.
A Petrobras afirmou em ofício ao Cade, ao demandar ser terceira parte no processo, que a operação “traz fortes impactos concorrenciais que afetam a companhia”, uma vez que a empresa “depende diretamente das instalações das estruturas de dutos rígidos e a respectiva interligação entre os poços e as unidades de produção para o desempenho de sua atividade econômica principal”.
Já a Exxon destacou que a operação gera “elevada concentração no ramo de projetos SURF, com redução de concorrência, diminuição de escolha para os clientes, redução da inovação e potencial deterioração da qualidade dos serviços”.
A Technip Brasil pediu para ser integrada no processo como interessada, destacando que a operação criará distorções no mercado, “com a eliminação virtual de um terço dos concorrentes em licitações públicas e uma concentração significativa de embarcações”.
Conforme a Technip, a fusão “limitaria significativamente a capacidade dos agentes atualmente ativos de competir de forma eficaz em diversas licitações”.
Segundo as fontes, o setor já enfrenta desafios com o preço do barril abaixo de US$70 e tensões geopolíticas, além de impactos da guerra tarifária iniciada durante o governo de Donald Trump, que encareceu insumos e serviços.
“Essa fusão seria a tempestade perfeita para um setor que já lida com pressões complexas”, disse uma das fontes.
“Seria uma nova concentração de um setor que há pouco tempo já viu a união entre FMC e Technip”, acrescentou, observando que dependendo do projeto os custos para as petroleiras podem representar cerca de 40% do valor total, e a concentração do mercado pode inviabilizar os empreendimentos.
A indústria pede que o Cade barre a fusão ou imponha medidas que preservem a concorrência, como a venda de ativos ou a criação de uma nova empresa, segundo as fontes.
“Ou o Cade veta a operação, ou impõe remédios, como a obrigação de abrir mão de embarcações ou criar um novo modelo de negócios”, disse.
O Cade não forneceu mais informações, além daquelas publicadas no processo. Petrobras, Exxon, Technip e IBP também não comentaram de imediato. A Saipem e a Subsea7 também não comentaram o tema.
Valor - SP 24/09/2025
Os contratos futuros de petróleo Brent com entrega para novembro avançaram 1,59% e os do WTI com vencimento para o mesmo mês encerraram em alta de 1,81%
Os contratos futuros do petróleo encerraram esta terça-feira (23) em alta, em meio aos contínuos ataques ucranianos a instalações petrolíferas russas e aos temores sobre a oferta da commodity no mercado global. O petróleo pouco reagiu aos dados de atividade econômica dos Estados Unidos e ao discurso do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, mais cedo.
Assim, os contratos futuros de petróleo Brent com entrega para novembro avançaram 1,59%, a US$ 67,63 por barril, na Intercontinental Exchange (ICE). O WTI com vencimento para o mesmo mês encerrou em alta de 1,81%, a US$ 63,41 por barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex).
"O caos russo colocou um desafio no mercado, hoje, com o presidente Donald Trump renovando seu apelo para que os países da União Europeia parem de comprar petróleo russo", afirma Robert Yawger, do Mizuho, em nota. "O principal problema é, na verdade, a compra de gás natural russo pela União Europeia", afirma ele, e a última rodada de sanções propostas pela UE não encerra essas compras até 2027.
Os investidores também aparentam ter deixado de lado o acordo entre o Iraque e o Curdistão para retomar as exportações de petróleo bruto via Turquia, o que injetaria mais oferta da commodity no mercado global, que já travava uma batalha contra o saturamento de petróleo, especialmente diante dos recorrentes aumentos de produção pela Opep+.
Valor - SP 24/09/2025
A Petrobras produziu, em agosto, 2,5 milhões de barris de óleo equivalente por dia domesticamente, um aumento de 0,4% ante o mês anterior, impulsionado por volumes mais fortes em Jubarte e Búzios. Os dados são da Agência Nacional do Petróleo (ANP).
Para os analistas Rodrigo Almeida e Eduardo Muniz, do Santander, os números preliminares de 1º a 16 de setembro sinalizam estabilidade na produção da maioria dos campos, com exceção de Búzios, que contribui significativamente para a estatal.
O banco estima que a companhia entregará 2,3 milhões de barris por dia no ano, sendo um avanço de 8% frente 2024, mas acredita que a maior produção nos últimos meses provavelmente permitirá à Petrobras alcançar a faixa superior de sua projeção de produção para 2025.
Embora maior produção e reduções de investimento para 2026 possam permitir que a petroleira mantenha sua solidez financeira nos próximos trimestres, a visibilidade do fluxo de caixa livre no curto prazo é baixa, em meio a discussões sobre potenciais investimentos — leilão da estatal Pré-Sal Petróleo (PPSA) e potencial aquisição de etanol —, destaca o relatório.
O Santander tem recomendação neutra para Petrobras, com preço-alvo de US$ 13 para os recibos de ações (ADRs).
Valor - SP 24/09/2025
Estatal possui processo de licenciamento para perfurar outros sete poços na Bacia da Foz do Amazonas
A Petrobras vai manter toda a estrutura que foi disponibilizada para a perfuração do bloco FZA-M-59, utilizada em recente simulação das atividades, para uso em outros cinco blocos localizados na Bacia da Foz do Amazonas (AP), na Margem Equatorial, nos quais a estatal possui participação. A empresa busca licença para perfurar sete poços na região.
A estatal realizou em agosto a avaliação pré-operacional (APO), para testar o plano de emergências para a perfuração de um poço no bloco FZA-M-59. A APO é a última etapa antes da emissão da licença ambiental, pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
A Petrobras também tem processos de licenciamento em andamento no Ibama, relativos a outras cinco áreas, todas na Bacia da Foz do Amazonas: FZA-M-57, 86, 88, 125 e 127. Segundo o processo, ao qual a reportagem teve acesso, serão perfurados sete poços exploratórios: três no bloco FZA-M-57, três no bloco FZA-M-88 e um no bloco FZA-M-127.
Em nota ao Valor, a Petrobras afirmou que os processos “seguem ativos e em andamento” e disse que toda a estrutura utilizada no bloco FZA-M-59 será mantida para os outros cinco blocos. A estrutura, destacou a Petrobras, inclui os centros de atendimento à fauna que foram construídos pela empresa em Belém e Oiapoque.
Além do centro de fauna, a estatal utilizou na APO seis embarcações de contenção e recolhimento de óleo, seis embarcações para monitoramento, resgate e atendimento à fauna e três aeronaves. A simulação também envolveu a sonda que será usada, caso a licença seja concedida, além de 400 profissionais.
As cinco áreas que também estão sob licenciamento foram arrematadas por um consórcio formado por Total, Petrobras e bp, em um leilão realizado em 2013 pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). A Total e a bp deixaram o consórcio entre 2020 e 2021, quando a estatal assumiu as áreas.
Valor - SP 24/09/2025
Petroleira americana pretende recuperar uma baixa contábil de US$ 4,6 bilhões
A petroleira americana Exxon Mobil e a gigante estatal russa de energia Rosneft assinaram um acordo inicial não vinculante para ajudar a Exxon a recuperar uma baixa contábil de US$ 4,6 bilhões registrada em suas atividades na Rússia em 2022, após a invasão da Ucrânia por Moscou, segundo duas fontes familiarizadas com as negociações.
O acordo marca um passo inicial e provisório em direção à reparação das relações comerciais entre os dois países, embora poucos avanços adicionais sejam prováveis até que Moscou faça progressos suficientes rumo a um acordo de paz na Ucrânia e tanto os Estados Unidos como a União Europeia relaxem as sanções à Rússia.
O porta-voz da Exxon Terry Wade recusou-se a comentar. Questionada sobre as negociações na semana passada, a Rosneft disse à Reuters que não havia assinado um acordo de cooperação para trabalhar com a Exxon na Rússia. Em uma consulta posterior, a Reuters perguntou à Rosneft se havia assinado um acordo inicial não vinculante com a Exxon para ajudar a petroleira americana a recuperar dinheiro de suas operações na Rússia. A Rosneft não respondeu.
A Exxon recebeu permissão para negociar com a Rosneft durante os governos tanto do presidente dos EUA, Donald Trump, quanto de Joe Biden. As negociações sobre a recuperação das perdas estão em andamento desde 2023, disse o diretor-presidente, Darren Woods, à Reuters na semana passada.
Exxon e Rosneft mantiveram conversas enquanto autoridades dos Estados Unidos e da Rússia se reuniam para discutir a Ucrânia, relatou a Reuters em agosto.
Trump se encontrou com o presidente russo, Vladimir Putin, no Alasca em meados de agosto em uma tentativa de convencer Moscou a aceitar um acordo de paz com a Ucrânia. Desde então, os esforços de paz estagnaram, mas Exxon e Rosneft continuaram as negociações, disseram as fontes. As empresas assinaram o acordo no fim de agosto ou início de setembro, disse uma das fontes.
O novo acordo com a Rosneft define os termos para negociações que poderiam ajudar a Exxon a recuperar a baixa contábil de US$ 4,6 bilhões e não é legalmente vinculante, disseram as duas fontes. Questionado em entrevista na quarta-feira (17) se a Exxon e a Rosneft haviam chegado a algum acordo, Woods disse que as discussões eram sobre a recuperação de perdas, sem dar mais detalhes.
A Exxon registrou uma baixa contábil de US$ 4,6 bilhões em sua participação de 30% como operadora em um projeto de petróleo e gás na costa do Pacífico da Rússia, conhecido como Sakhalin-1, em abril de 2022. Muitas empresas ocidentais, incluindo a Exxon, disseram que sairiam da Rússia poucos dias após a invasão da Ucrânia em fevereiro de 2022, quando governos em todo o mundo condenaram a invasão e começaram a impor sanções. A Exxon disse que a saída da Rússia significou a perda de acesso a 150 milhões de barris de reservas provadas de óleo equivalente.
Os Estados Unidos e a União Europeia impuseram várias sanções à Rosneft e a seu chefe, Igor Sechin, aliado próximo de Putin. A Rússia expropriou vários ativos ocidentais mais tarde, em 2022 e 2023, em resposta ao congelamento de cerca de US$ 300 bilhões em ativos russos no Ocidente e à expropriação das participações de Moscou em várias empresas ocidentais.
Outras grandes petroleiras também registraram baixas contábeis de ativos na Rússia. Em fevereiro de 2022, a BP sofreu um impacto de até US$ 25 bilhões ao sair de sua participação de quase 20% na Rosneft, que representava cerca de metade das reservas de petróleo e gás da BP e um terço de sua produção. A Shell registrou uma baixa contábil de US$ 3,4 bilhões em suas participações na planta de GNL de Sakhalin 2 e em campos de petróleo da Sibéria.
Moscou está pronta para aprofundar as discussões com os Estados Unidos sobre cooperação energética, incluindo no projeto Sakhalin-1, disse na semana passada o vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Ryabkov, em comentários à mídia local. “Posso citar o Sakhalin-1 como o exemplo mais óbvio de discussões que já começaram”, disse Ryabkov.
O retorno da Exxon à Rússia seria útil, afirmou o governador da ilha de Sakhalin, Valery Limarenko, neste mês. “Precisamos nos desenvolver mais e, nesse sentido, seria mais eficiente desenvolvermos ainda mais em conjunto”, disse Limarenko.
Agrolink - RS 24/09/2025
A Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA) realizou nesta terça-feira (23) a entrega de maquinários agrícolas destinados a diversos municípios paulistas, em evento promovido na Fazenda Santa Eliza, em Campinas (SP).
Segundo a pasta, foram entregues 304 maquinários para 267 municípios por meio do programa Patrulha Rural, “sendo 90 rolos compactadores, 90 pás carregadeiras, 35 retroescavadeiras, 39 tratores agrícolas e 50 roçadeiras hidráulicas”. Além disso, foram distribuídos 20 caminhões-pipa pelo programa Agro SP + Seguro. O investimento total do Governo do Estado é de R$ 86 milhões.
As entregas integram a estratégia do Governo do Estado de São Paulo para incentivar a produção agropecuária e apoiar os produtores rurais. Desde 2023, a SAA “entregou cerca de 608 equipamentos aos municípios paulistas, totalizando mais de R$ 125 milhões”, informou a secretaria.
Durante o evento, a Diretoria de Pesquisa de Tecnologia dos Agronegócios (Apta) homologou 37 pesquisadores científicos aprovados no último concurso público. Eles passam a integrar equipes responsáveis pelo desenvolvimento de estudos e inovações para a agropecuária paulista e nacional. “A iniciativa reforça o compromisso da SAA com o avanço do agronegócio por meio da pesquisa científica”, destacou a pasta.
Associe-se!
Junte-se a nós e faça parte dos executivos que ajudam a traçar os rumos da distribuição de aço no Brasil.
© 2019 INDA | Todos os direitos reservados. desenvolvido por agência the bag.