Valor - SP 24/03/2023
Produção de aço turca fechou o mês em 2,1 milhões de toneladas, com o país caindo para o 10º lugar no ranking de produtores
Desastre, que ocorreu em 6 de fevereiro e atingiu também a vizinha Síria, deixou um rastro de mais de 50 mil pessoas mortas – Fotos:Hussein Malla/AP
A siderurgia turca registrou queda de 28,9% na produção de aço bruto em fevereiro na comparação com mesmo mês de 2022, afetada pelo forte terremoto que atingiu o país. O impacto dos abalos sísmicos atingiu 11 províncias do país, envolvendo áreas de produção de aço e comprometendo vias de infraestrutura viária e portuária.
A produção de aço turca fechou o mês em 2,1 milhões de toneladas, com o país caindo para o 10º lugar no ranking de produtores.
O desastre, que ocorreu em 6 de fevereiro e atingiu também a vizinha Síria, deixou um rastro de mais de 50 mil pessoas mortas. Além disso, provocou distúrbios no mercado mundial de sucata de ferro e aço — a Turquia é o maior importador dessa matéria-prima para abastecer suas usinas.
Sucata ferrosa
Com isso, os preços da sucata ferrosa no mercado global — que tem os EUA como maior exportador — caíram. O Brasil, importante exportador para a Ásia, sentiu baixa de até 10% nos preços, conforme entidade dos produtos.
A produção mundial de aço bruto, por sua vez, mostrou desaceleração do desempenho negativo mensal do último ano, graças à China. Em fevereiro, foi registrado recuo de 1% no volume do mês, ante um ano atrás, para 142,4 milhões de toneladas, reportou nesta quinta-feira (23) a World Steel Association (WSA).
A entidade, baseada em Bruxelas, na Bélgica, informa que os números representam a produção siderúrgica de 63 países que passam seus dados à WSA. No acumulado do ano, registrou volume de 297,8 milhões de toneladas, com retração de 0,8%.
Na China
A produção da China, maior produtor e consumidor de aço no mundo — mais de 50% do total global —, foi estimada pela WSA em 80,1 milhões de toneladas no mês passado, o que representou aumento de 5,6% ante fevereiro de 2022.
No ano, o volume acumulado de aço bruto das siderúrgicas chinesas também cresce, na mesma base de comparação — alta também de 5,6%.
Demais países e Brasil
Entre os demais países do ranking dos dez maiores produtores globais, somente Coreia do Sul e Irã apresentaram crescimento de volume em fevereiro. Índia, Japão, Estados Unidos, Rússia, Alemanha, Brasil e Turquia tiveram desempenhos negativos.
No Brasil, conforme a WSA, a produção ficou em 2,5 milhões de toneladas, o que representou recuo de 6,7% no mês ao se comparar com fevereiro do ano passado. O volume acumulado de 2023 somou 5,3 milhões de toneladas, baixa de 5,8% em relação ao mesmo período de 2022.
Money Times - SP 24/03/2023
A Gerdau (GGBR4) deve apresentar resultados melhores no primeiro trimestre de 2023, com lucros maiores e mais distribuição de retorno aos acionistas ao longo do ano, aponta o Itaú BBA.
Segundo o relatório do banco, a expectativa para o próximo trimestre da empresa é positiva, após um resultado fraco no quarto trimestre de 2022, com margens sequencialmente mais fortes no Brasil e nos EUA.
A Gerdau registrou uma queda de 65,8% do lucro líquido do 4T22, considerando a base de comparação anual, a R$ 1,22 bilhão.
Considerando a prévia de resultados da Gerdau no primeiro trimestre, os analistas do Itaú BBA esperam um aumento no volume de aço no trimestre, resultando em margem Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de 29% (ante 28% no 4T22).
Daniel Sasson e a equipe de analistas do banco ainda esperam que as margens no Brasil aumentem 3,0 pontos percentuais no trimestre, para 14%, com maiores volumes e menores custos.
Enquanto isso, “as operações da Gerdau na América do Norte provavelmente continuarão a se beneficiar da demanda resiliente dos setores não residencial e industrial”, avaliam os especialistas.
Para 2023, o Itaú BBA projeta um Ebitda de R$ 15,0 bilhões, aumento de 7% em relação à projeção anterior, “principalmente devido ao desempenho acima do esperado nos EUA, que mais do que compensou os resultados mais fracos no Brasil”.
Enquanto isso, o banco calcula um FCF (Fluxo de Caixa Livre) yield de 15% em 2023, “abrindo caminho para fortes retornos contínuos aos acionistas (em forma de dividendos ou recompras)”.
O BBA reiterou a avaliação “outperform” para as ações da Gerdau, mas reduziu o preço-alvo para a companhia a R$ 34 (frente R$ 37 anteriormente), “com base em premissas mais altas de custo de capital e projeções de capex (despesas de capital)”.
IstoÉ Online - SP 24/03/2023
Os contratos futuros de minério de ferro na bolsa de Cingapura reverteram o curso e passaram a cair nesta quinta-feira, com uma demanda muito mais fraca do que o esperado por aço prejudicando o sentimento.
O minério de ferro de referência em abril na Bolsa de Cingapura foi negociado em queda de 0,72%, a 119,4 dólares a tonelada.
O contrato futuro de minério de ferro para maio mais negociado na Dalian Commodity Exchange (DCE) encerrou as negociações diurnas com recuo de 2,01%, a 854 iuanes (125,25 dólares) a tonelada, ampliando as perdas pelo quarto dia consecutivo e no menor nível desde 14 de fevereiro.
“Os dados divulgados hoje mostraram que a demanda aparente de produtos de aço para construção registrou uma queda drástica, pesando sobre o sentimento”, disse Pei Hao, analista sênior de Xangai da corretora internacional FIS.
A demanda aparente de produtos de aço para construção, incluindo vergalhão e fio-máquina, caiu 6,1% na semana, para 4,53 milhões de toneladas na semana encerrada em 23 de março, calculou a Reuters com base em dados da consultoria Mysteel.
“O impacto da reabertura da China pode ser de curta duração em meio a problemas subjacentes no mercado imobiliário chinês. Isso pode levar a uma fraqueza ainda maior no preço do minério de ferro este ano”, disseram analistas do banco ANZ em nota.
Os preços de outras matérias-primas siderúrgicas, como carvão metalúrgico e coque, também enfraqueceram no pregão da tarde, com o primeiro caindo 0,36% e o último recuando 0,99%.
Melhorando o sentimento do mercado pela manhã, as cidades de Handan e Tangshan, no norte da China –dois grandes centros siderúrgicos– decidiram remover a última rodada de restrições à produção, uma vez que a qualidade do ar melhorou.
IstoÉ Dinheiro - SP 24/03/2023
O comunicado mais duro do que o esperado do Banco Central em sua reunião de política monetária reforçou a visão de grandes bancos e outras instituições financeiras de que reduções na taxa Selic ficarão para o segundo semestre do ano, possivelmente só no final desse período, mesmo diante da pressão do governo por cortes de juros.
Na véspera, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC manteve a Selic em 13,75% ao ano e não deu indícios de planejar cortá-la em breve. Pelo contrário, o texto divulgado ao fim da reunião reafirmou que o colegiado poderá retomar as altas na Selic se necessário para reduzir a inflação.
Apesar da indicação mais austera, na manhã desta quinta-feira o mercado de juros futuros chegou a embutir um corte de 0,25 ponto percentual na Selic já na reunião de junho do Copom, antes de as expectativas mudarem para uma redução de 0,50 ponto em agosto. Mas bancos globais e casas financeiras brasileiras de peso não compraram em nenhum momento a visão de afrouxamento já no próximo trimestre.
“O comunicado reforça nossa visão de que o afrouxamento da política monetária ocorrerá apenas em novembro”, disse o JPMorgan em relatório, embora tenha citado os recentes problemas no setor bancário internacional –após o colapso de bancos nos EUA e um resgate forçado do Credit Suisse na Europa– como um risco para essa projeção.
Na mesma linha, Citi e Itaú acreditam que o Banco Central só poderá iniciar um processo de redução dos custos dos empréstimos no último trimestre de 2023, com estimativas de que a Selic fique, respectivamente, em 12,25% e 12,50%.
“A menos que vejamos uma mudança significativa no conjunto de informações que possa reduzir significativamente as estimativas de inflação, não vemos espaço para o Copom iniciar os cortes de juros no segundo trimestre de 2023, conforme atualmente embutido na curva de juros”, avaliou o Citi em relatório.
Entre as instituições de cenários mais agressivos, a XP sequer espera cortes de juros neste ano, mantendo em seu cenário base projeção de que a Selic seguirá nos atuais 13,75%.
Somente se a economia desacelerar mais do que o esperado devido aos riscos financeiros globais recentes seria possível observar um ciclo de cortes graduais dos juros a partir do segundo semestre de 2023, disse a instituição em relatório.
Enquanto isso, UBS BB, Goldman Sachs e Bradesco projetam o início de um processo de afrouxamento monetário a partir do segundo semestre, com o primeiro mantendo expectativa de corte de 0,50 ponto percentual dos juros no final do terceiro trimestre, em setembro.
Já o Goldman Sachs –que não especificou em que mês da segunda metade do ano virão seus estimados cortes da Selic– alertou em relatório que, “devido às perspectivas incertas da política fiscal e às expectativas de uma inflação à deriva, uma espera mais longa para começar a afrouxar é uma possibilidade”.
O credor norte-americano disse ainda que a credibilidade do Banco Central foi “reforçada pela mensagem clara e focada” do comunicado de política monetária de quarta-feira.
“Apesar da intensa pressão política, o Copom parece totalmente focado na busca de restabelecer as expectativas de inflação e no cumprimento de seu mandato fundamental de levar a inflação ao redor da meta por um período de tempo razoável”, escreveu Alberto Ramos, diretor do grupo de pesquisas econômicas para América Latina do Goldman Sachs.
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem criticado constantemente a conduta da política monetária pelo BC, alegando que não há justificativas para o nível elevado da Selic e que as condições apertadas minarão o crescimento econômico e a oferta de crédito. Isso por sua vez, tem causado turbulências no mercado financeiro.
Finalmente, o Bank of America, instituição com uma das projeções mais baixas para o patamar da Selic ao final de 2023, reconheceu os riscos de um adiamento do processo de afrouxamento monetário. O banco manteve a projeção de Selic de 11% ao fim de 2023, com início de sua redução já em maio, mas citou “maiores riscos de isso ser adiado, dado o tom do comunicado” do Copom.
Globo Online - RJ 24/03/2023
Depois que as cobranças do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de diversos ministros pela queda dos juros não surtiram efeito, o governo deve aguardar a divulgação da ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) para definir os próximos passos. Isso não significa uma trégua nas críticas. Petistas e ministros da ala política condenaram a manutenção da Selic em 13,75% ao ano logo após a decisão. Mas avaliar o teor da ata pode abrir espaço para uma correção de rota na estratégia do governo para alcançar a redução da taxa.
O comunicado da reunião de quarta-feira foi um balde de água fria nas expectativas do governo de uma sinalização de corte na Selic adiante. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, classificou o comunicado de ontem como "muito preocupante" e disse esperar que, tal qual ocorreu na primeira reunião do Copom no governo Lula, a ata do encontro, que será divulgada na próxima semana, atenue o tom da nota divulgada na noite de quarta-feira.
- Vamos fazer chegar ao Banco Central as nossas observações. O primeiro comunicado veio muito duro. A ata atenuou. Tomara que isso aconteça de novo. Nós esperamos que isso aconteça de novo. Vamos fazer chegar ao Banco Central a nossa análise sobre o que é recomendado para a economia brasileira encontrar o equilíbrio - afirmou Haddad, após a decisão do Copom.
Impacto na política fiscal
Ao comentar o resultado, o ministro sinalizou qual pode ser o novo front na batalha que o governo trava com o Banco Central pela queda da taxa: o impacto no fiscal. Segundo Haddad, a depender das decisões futuras, o Banco Central pode comprometer a política fiscal e afetar a arrecadação.
- Daqui a pouco vai ter problema de empresas para vender e recolher impostos - afirmou.
O argumento encontra eco no setor produtivo, que condenou a decisão de manter os juros em 13,75% ao ano. Federações de indústrias e de setores como o automotivo já apontam impacto negativo no dia a dia em razão do patamar atual da taxa.
Até então, os demais integrantes do governo, inclusive o presidente Lula, vinham focando suas críticas no impacto dos juros altos para o crescimento da economia e a geração de empregos. No comunicado, porém, o Banco Central deixa claro que não hesitará em agir para evitar a piora das projeções do mercado para a inflação. As estimativas deste ano já superam em muito o teto da meta. O mercado espera alta de 5,95% no IPCA, enquanto a margem de tolerância da meta vai até 4,75%.
Liderança negativa: Brasil continua como o país com maior taxa de juros reais em ranking global
As preocupações com o quadro fiscal têm sido citadas reiteradamente nos comunicados do Banco Central. Haddad ponderou, no entanto, que o governo está conseguindo fazer o ajuste prometido e mencionou o relatório bimestral de receitas e despesas, que revisou de R$ 231 bilhões para R$ 107 bilhões o déficit previsto nas contas deste ano.
Movimentação nas redes
A própria ministra do Planejamento, Simone Tebet, afirmou antes do resultado da decisão de quarta-feira que esperava uma queda da taxa em um horizonte de 45 dias, na reunião marcada para o começo de maio. A senha para a possibilidade de queda dos juros seria o detalhamento da nova regra fiscal, o que se espera que já tenha ocorrido até lá.
Ao apontar para o fiscal como foco de preocupação e impacto da política de juros altos, Haddad se destaca como a voz mais moderada do governo. Lula não comentou o assunto na noite de quarta-feira, mas já deixou claro que pretende seguir cobrando o BC publicamente. Dessa forma, ficam com ele, a ala política e os integrantes do PT a tarefa de movimentar as redes sociais com acusações diretas contra o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, perguntou logo após a decisão se Campos Neto não entendeu seu compromisso com o país e indagou como os empresários podem captar com a maior taxa de juro real do mundo. O ministro da Casa Civil, Rui Costa, chamou de "insensibilidade" a decisão do BC em entrevista à EBC.
O deputado federal Lindbergh Farias publicou em uma rede social que ou "Campos Neto desiste de sabotar o Brasil" ou iria defender "sua demissão imediata". O deputado federal, Guilherme Boulous, disse que vai convocar o presidente do BC para "se explicar" na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara.
O Estado de S.Paulo - SP 24/03/2023
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), disse nesta quinta-feira, 23, que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central só terá instrumentos para indicar uma possível baixa na taxa básica de juros após o anúncio do novo arcabouço fiscal que será apresentado pelo Ministério da Fazenda. Em meio a críticas do governo à manutenção da Selic em 13,75% ao ano, o deputado afirmou que a autoridade monetária não pode se guiar por um texto de regra fiscal que ainda nem é público.
“Quando você faz uma análise econômica, técnica, o Copom não pode ficar longe da meta de inflação. Se a meta de inflação está longe, está distante da régua, e ele baixa os juros, a gente corre o risco de ter um processo inflacionário. E o processo inflacionário custa muito mais caro que o efeito danoso do aumento dos juros”, afirmou Lira a jornalistas.
Ao comentar o arcabouço fiscal, o deputado voltou a elogiar o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. O ministro, segundo ele, tem agido com “muita coerência” e tem o respaldo da Câmara em relação ao texto da regra que substituirá o atual teto de gastos. Lira afirmou que o petista tem “tido dificuldades de um lado e de outro”, mas tem transitado com “serenidade” para chegar a um texto equilibrado do projeto de lei complementar do arcabouço.
“O Copom não pode fazer uma análise em cima de uma perspectiva de um texto que sequer foi apresentado. Mas, com o texto apresentado, o Copom vai ter instrumentos para começar a fazer a indicação da baixa de juros responsável”, declarou Lira, ao defender um “armistício” entre Fazenda, Planalto, BC e Congresso para se discutir o arcabouço fiscal na volta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva da China.
Na terça-feira, 21, Lira disse que continuaria ajudando o Executivo nas discussões sobre a regra fiscal. O presidente da Câmara também afirmou, durante um jantar, que tem dado “todos os sinais públicos” para o fortalecimento de Haddad. A expectativa era de que a proposta de arcabouço fiscal fosse apresentada ainda nesta semana, mas Lula decidiu adiar o anúncio para depois de sua viagem à China, que ocorrerá de 26 a 31 de março.
Lira e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), “receberam bem” as linhas gerais do arcabouço mostradas a eles por Haddad. Na proposta, havia gatilhos para que o gasto público tenha um perfil “anticíclico” e para que possa haver crescimento de despesas em momentos de desaceleração econômica. Esses gatilhos estariam atrelados à arrecadação.
No último dia 16, o ministro da Fazenda já havia se reunido com Lira para tratar da regra fiscal. Logo depois do encontro, em entrevista à GloboNews, o presidente da Câmara elogiou a interlocução de Haddad com o Congresso.
De acordo com interlocutores, Lira vê em Haddad o único integrante do governo que entende o contexto político atual, de polarização do País e vê o ministro se esforçando para “construir pontes”.
IstoÉ Dinheiro - SP 24/03/2023
A China nunca buscou deliberadamente um superávit comercial com os Estados Unidos, disse nesta quinta-feira Shu Jueting, porta-voz do Ministério do Comércio, apesar dos sinais de que a China continua reduzindo sua dependência das exportações norte-americanas.
Embora os dados de exportação norte-americana publicados em 7 de fevereiro mostrem que as exportações para a China aumentaram 2,4 bilhões de dólares no ano, atingindo uma “máxima recorde” de 153,8 bilhões de dólares em 2022, esse é um “comunicado vazio”, de acordo com um novo relatório do Peterson Institute for International Economics (PIIE). Ele identifica a inflação como a principal responsável por esse número.
Em resposta a uma pergunta da Reuters sobre se as autoridades chinesas deveriam estar preocupadas que um superávit crescente com os Estados Unidos possa prejudicar os esforços da China para reduzir as tarifas dos EUA sobre produtos chineses, Shu disse que os Estados Unidos deveriam “suspender as restrições comerciais às empresas chinesas assim que possível”.
Ela disse que isso é necessário para “criar as condições para as empresas de ambos os lados expandirem a cooperação comercial e reduzirem o déficit comercial por meio do diálogo”.
A diferença comercial de bens com a China aumentou 29,4 bilhões de dólares, para 382,9 bilhões em 2022.
“Com base na demanda do mercado, as empresas chinesas importam uma grande quantidade de produtos agrícolas, automóveis, ciência e tecnologia, energia e produtos petroquímicos”, acrescentou Shu, afirmando que “as exportações da China reduziram a inflação nos EUA”.
Pesquisadores do PIIE alertaram que “os dados recém-divulgados de 2022 mostram que as exportações dos EUA estão caindo cada vez mais, atrás de seus pares estrangeiros que vendem no mercado chinês”.
As tensões comerciais entre os Estados Unidos e a China estão em alta desde que a Fase Um do Acordo Comercial EUA-China expirou no final de 2021.
Infomoney - SP 24/03/2023
A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) nesta quarta-feira (22) de manter inalterada em 13,75% a taxa básica de juros, sem sinalização de quedas futuras e mesmo com o reconhecimento de que já existe um cenário de forte restrição ao crédito, desencadeou uma série de críticas e alertas por entidades de classe.
As associações e federações pedem uma coordenação entre as políticas fiscal e monetária para que as expectativas de inflação caiam e permitam juros menores.
Em nota divulgada ainda ontem, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) afirmou que a manutenção da taxa de juros é, neste momento, desnecessária para o combate à inflação e apenas traz custos adicionais para a atividade econômica.
Para a entidade, a taxa básica de juros no patamar atual foi um dos fatores determinantes para a desaceleração da atividade econômica no final de 2022, com destaque para a retração de 0,2% no PIB do último trimestre.
“E seguirá sendo um limitador significativo para o crescimento da atividade em 2023, quando as previsões para o PIB indicam alta de apenas 0,88%, segundo o Boletim Focus do BC”, destacou a CNI.
Foi lembrado ainda que é preciso levar em consideração que os eventos adversos relacionados a grandes empresas varejistas no País terão influência negativa sobre o mercado de crédito. Esses acontecimentos, disse a associação, têm levado ao aumento de provisões por parte dos bancos, o que reduz a oferta e tende a encarecer o crédito.
“Assim, deve haver retração das concessões de crédito nos próximos meses, com reflexos negativos sobre a atividade econômica”, destacou a nota, lembrando ainda as dificuldades enfrentadas pelos bancos nos Estados Unidos e na Europa.
Mas a entidade não jogou toda a pressão apenas sobre o BC e fez o alerta que “é preciso que o governo tenha cautela na condução dos gastos públicos, para evitar que a taxa Selic permaneça em patamar alto, com prejuízo para a atividade econômica”.
Na mesma linha, a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) comentou que o elevado patamar da taxa de juros tem imposto severos sacrifícios à atividade econômica e representado entrave para as condições de crédito, prejudicando os investimentos das empresas e o consumo das famílias.
“No entanto, a federação reforça que, para que a redução da taxa Selic ocorra de forma responsável, é preciso que as incertezas no âmbito das contas públicas sejam superadas e que a ancoragem das expectativas de inflação em torno da meta esteja garantida”, ponderou.
Nesse contexto, a federação afirmou que anúncio de uma nova regra fiscal – que seja compatível com a sustentabilidade da dívida – é fundamental para um ambiente de crescimento econômico perene.
A Firjan ressaltou ainda que, com a intensificação das incertezas globais, torna-se urgente a adoção de uma forte coordenação das políticas fiscal e monetária.
“Não há mais espaço para atalhos. A concretização de um novo arcabouço fiscal e a aprovação reformas estruturais contribuirão para ganhos de competitividade e para a adoção de medidas necessárias para o desenvolvimento econômico e social”, comentou.
A Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) também disse enxergar com preocupação a manutenção dos juros em 13,75%, considerando que a atividade econômica brasileira vem mostrando claros sinais de desaceleração.
“Entende-se como necessário o debate sobre as elevadas taxas de juros no Brasil, uma vez que esta medida pode dificultar o acesso das empresas a crédito e investimentos, prejudicando o desenvolvimento do país e o bem-estar da população”, explicou em nota.
A Federação também colocou a questão dentro de um quadro geral macroeconômico, considerando relevante a promoção de reformas estruturantes e a apresentação de uma nova âncora fiscal
Para a Fiemg, isso deve fomentar o aumento da eficiência dos gastos do governo, a sustentabilidade das contas públicas e o incremento da produtividade. “Somente assim a redução das taxas de juros e o crescimento econômico sustentável e duradouro do país serão alcançados”, afirmou a nota oficial da entidade.
Setores imobiliário e de construção
A economista, Ieda Vasconcelos, da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), lembrou que a Selic está no mesmo patamar desde agosto do ano passado e que essa taxa elevada não estimula as atividades produtivas e contribui para acrescentar mais incertezas nos investimentos produtivos, necessários para a continuidade de geração de emprego e renda na economia.
“Nesse sentido, a expectativa de crescimento do setor, de 2,5% para esse ano, poderá ser revisada”, apontou.
A Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) também divulgou uma nota afirmando que entende que a autoridade monetária precisa reduzir a taxa. “Os juros altos são entraves ao desenvolvimento econômico do Brasil e podem prejudicar a geração futura de emprego”, argumentou a representante das incorporadoras.
A Abrainc ressaltou que os financiamentos habitacionais de médio e alto padrão são os mais impactados com a Selic. Neles, a taxa de financiamento habitacional do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) ainda segue em valores inferiores ao Certificado de Depósito Interbancário (CDI).
Todavia, o setor considera que seria relevante que o Banco Central já adotasse medidas que aumentem a oferta de funding ao setor. Uma possível medida, para manter o crédito habitacional em patamar similar ao de 2022, seria o aumento no porcentual de recursos da poupança, que é direcionado obrigatoriamente ao financiamento de imóveis – dos atuais 65% para 70%.
Outras medidas defendidas pela associação para preservar o crescimento do setor nesse ambiente de alta na Selic seria a dedução dos juros de crédito imobiliário no imposto de renda e a elevação do teto para que quem usar o FGTS na compra de um imóvel – atualmente esse valor está em RS 1,5 milhão.
A Abrainc ponderou ainda que a principal fonte de financiamento para compradores de imóveis de baixa renda é o FGTS, que não é influenciado pela Selic. Dessa forma, com a implantação do novo Minha Casa, Minha Vida há boas perspectivas de aumento de produção para esse segmento.
Money Times - SP 24/03/2023
Ontem, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu manter a taxa Selic em 13,75% ao ano, apesar de toda a pressão que o governo vem fazendo no Banco Central.
Este é o maior patamar da taxa básica de juros desde janeiro de 2017, onde a Selic está estacionada desde agosto. Na visão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, este nível de juros está prejudicando o crédito no país e dificultando a recuperação econômica.
Desde que tomou posse, o novo governo já tentou de tudo: desde ameaças à autonomia da autoridade monetária até uma aproximação mais amigável do ministro Fernando Haddad com o Roberto Campos Neto. O Ministério da Fazenda até tentou correr contra o tempo para deixar a proposta de novo arcabouço fiscal pronto antes da reunião de ontem.
No entanto, não deu certo e no comunicado de ontem, o Banco Central deixa claro o porquê.
“A pressão do Governo sobre o BC aumentou e deve piorar ainda mais nos próximos dias, mantendo ambiente estressado na condução da política monetária. Esperava-se algum aceno sobre antecipação do corte. Vale notar: devemos voltar a ter discussões sobre aumento da meta de inflação e nomes mais heterodoxos para as diretorias do BC”, afirma Rafael Passos, analista da Ajax Capital.
Comunicado do Copom e Selic em 13,75%
Segundo o Copom, alguns fatores foram decisivos na manutenção da taxa de juros. O primeiro deles é que o cenário internacional piorou desde a última reunião, em fevereiro.
“Os episódios envolvendo bancos nos EUA e na Europa elevaram a incerteza e a volatilidade dos mercados e requerem monitoramento”, diz o texto. Vale lembrar que, há duas semanas, o banco Silicon Valley Bank (SVB) quebrou e elevou o risco de uma crise financeira.
Além disso, a inflação global segue firme e forte, enquanto os demais bancos centrais seguem com os seus ciclos de aperto monetário.
Do lado do Brasil, a inflação ainda preocupa. Segundo o comunicado, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), assim como as projeções para o indicador a médio e longo prazo, seguem acima da meta para a inflação. As expectativas de Banco Central são de uma inflação de 5,8% em 2023 e de 3,6% em 2024, um pouco abaixo das projeções do mercado de 6% e 4,1%, respectivamente.
Acontece que o Banco Central tem um compromisso de manter a inflação controlada e, enquanto o indicador não começar a apresentar uma redução, a política monetária seguirá restritiva.
“O Comitê entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui os anos de 2023 e, em grau maior, de 2024”, diz o comunicado.
Entre os riscos que estão mantendo a inflação alta estão:
Por outro lado, o Banco Central também reconhece que o cenário inflacionário pode mudar. Nesse caso, os fatores que mais impactam são:
uma queda adicional dos preços das commodities internacionais em moeda local; uma desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que a projetada, em particular em função de condições adversas no sistema financeiro global; uma desaceleração na concessão doméstica de crédito maior do que seria compatível com o atual estágio do ciclo de política monetária.
Outro ponto a favor para um futuro corte na Selic foi a reoneração dos combustíveis no início de março. Segundo a autoridade monetária, isso reduziu a incerteza dos resultados fiscais de curto prazo.
“Reconhecemos que aumentou a probabilidade de que a taxa Selic fique estável ao longo do ano ou só comece a cair nas últimas reuniões”, aponta Sérgio Goldenstein, estrategista-chefe da Warren Rena.
CNN Brasil - SP 24/03/2023
O Banco Central (BC) decidiu, na quarta-feira (22), manter a taxa Selic em 13,75% a.a. mais uma vez.
O recado do comunicado, porém, não trouxe o comedimento que o mercado esperava, mas um tom pesado sobre as incertezas na economia brasileira, indicando que o juro não deve cair tão cedo.
O resultado é que, nos próximos 45 dias, até a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), a disputa entre a autoridade e o governo federal deve esquentar, cada qual defendendo o que entende ser o melhor para a economia do país.
O BC cumpre à risca o livro-texto do sistema de metas para a inflação, que impõe juros altos quando as expectativas para o comportamento dos preços estão longe do objetivo, como é o caso agora.
Um ex-diretor do BC já chegou a dizer, certa vez, que política monetária é “70% arte e 30% matemática”. Ou seja, mesmo com a imposição do sistema, são os diretores que escolhem a banda de acomodação para os efeitos dos juros.
A literatura dos banqueiros centrais conta que a preferência é errar para cima, porque o custo de perder o controle inflacionário é mais alto do que promover um aperto maior no agora. Ainda assim, se a dose for forte demais, o desarranjo pode piorar além da conta.
Roberto Campos Neto e os demais diretores da autarquia decidiram esperar por mais evidências sobre a intenção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com os gastos públicos e sobre a intensidade do arrocho no crédito, tanto aqui, quanto lá fora. E bancaram, literalmente, a independência que têm sobre o governo.
No episódio desta quinta-feira (23), o CNN Money ainda traz as repercussões do aumento de 0,25 p.p. dos juros norte-americanos, promovidos pelo Federal Reserve na última tarde. O dia ainda guarda a decisão do BC da Inglaterra, o Bank of England (BoE).
Apresentado por Thais Herédia, o CNN Money apresenta um balanço dos assuntos do noticiário que influenciam os mercados, as finanças e os rumos da sociedade e das dinâmicas de poder no Brasil e no mundo.
O Estado de S.Paulo - SP 24/03/2023
Grandes projetos de infraestrutura – que marcaram os governos PT e foram alvo de denúncias de mau uso de dinheiro público – voltaram à agenda econômica nesses primeiros meses do novo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), indústria naval e trem-bala (ainda que esse deva ser uma iniciativa do setor privado) estão na mesa novamente, mas são vistos com desconfiança por economistas e especialistas em infraestrutura.
Entre os motivos do ceticismo estão o fato de muitos empreendimentos anunciados no passado terem projetos mal estruturados e de parte das obras não ter sido finalizada, além do envolvimento em grandes escândalos de corrupção.
No caso da primeira edição do PAC, por exemplo, relatórios do governo apontavam que os empreendimentos concluídos entre 2007 e 2010 chegavam a R$ 444 bilhões, o que correspondia a 82% do previsto para o período. Para o PAC 2, os documentos indicavam R$ 796,4 bilhões, ou 99,7% do previsto.
Estudo da consultoria Inter.B de 2016, porém, mostra que esses números foram superestimados, dado que houve uma superposição de cerca de 61% das ações do PAC 1 e do PAC 2. Indica ainda que, na verdade, apenas 50,9% das ações do PAC 1 haviam sido concluídas e 52,9% das do PAC 2.
A consultoria também analisou uma amostra dos principais projetos do PAC e concluiu que, entre dezembro de 2010 e dezembro de 2014, o aumento médio do custo e do prazo de entrega das obras no setor de transportes foi de 46% e 89%, respectivamente. Em energia, foi de 51% e de 78%.
“O que aconteceu no PAC – e em muitos projetos fora do PAC também – é que os gastos foram acima do planejado, a execução foi falha e, por isso, houve grandes atrasos. O grande desafio desses novos projetos é a governança”, diz Claudio Frischtak, fundador da Inter.B.
Ele afirma que o País precisa, sim, de maiores investimentos em infraestrutura. Hoje, eles correspondem a 1,8% do PIB, mas, para prover uma cobertura minimamente razoável, seria preciso elevar esse número para 4%. Se o governo pretende aumentar esses aportes, acrescenta, é preciso melhorar a governança para ter certeza de que as obras serão concluídas em tempo hábil e terão qualidade.
O economista Marcos Lisboa, ex-presidente do Insper e secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda no primeiro governo Lula, destaca, no entanto, que no Brasil não há o costume de se fazer projetos de política pública detalhados. “Tem de analisar a correlação entre o programa e a geração de emprego, mas também precisa analisar o custo de oportunidade.” Lisboa afirma que políticas que já não deram certo estão sendo retomadas sem que sejam estudados os motivos dos fracassos dessas experiências anteriores.
Na análise de Frischtak, mesmo que o governo queira alavancar os aportes em infraestrutura, ele sempre precisará do apoio de empresas privadas, dado o tamanho da demanda que existe no Brasil. Por isso, é importante que marcos regulatórios sejam preservados, garantindo que as companhias tenham segurança para investir.
Para o professor de administração pública da Fundação Getulio Vargas (FGV) Ciro Biderman, o Estado pode ter um papel relevante na retomada do setor de infraestrutura, mas ele alerta que, “se os investimentos não forem bem direcionados, o governo vai queimar recursos e não chegar a lugar nenhum”. “Tem de ter diretriz estratégica”, acrescenta.
Escolha de projetos
Biderman lembra dos investimentos feitos para desenvolver a indústria naval nos governos anteriores do PT. Entre 2005 e 2012, o Fundo de Marinha Mercante, liberou R$ 33,6 bilhões (em valores atualizados) para reformas e construção de estaleiros, que, principalmente, atenderiam a Petrobras. No período, o número de trabalhadores no setor naval também passou de 2 mil para 70 mil. Com os escândalos de corrupção envolvendo a Petrobras e as grandes empreiteiras que investiam no setor, porém, o segmento encolheu e o total de empregados caiu para os 20 mil atuais.
“Por que o governo vai dar novamente subsídio para a indústria naval? Se o setor se provasse competitivo, até entenderia. Mas não me parece fazer sentido subsidiar uma produção privada”, diz Biderman. O professor acrescenta que hoje o portfólio de um programa de incentivo à indústria tem de fazer sentido social e ambiental.
Coordenador do Núcleo de Infraestrutura da Fundação Dom Cabral, Paulo Resende acrescenta que, para o governo não cometer os mesmos erros do passado, além de governança e transparência, precisa trabalhar em um programa de investimentos com poucos e bons projetos. “Os dois PACs eram grandes demais. Isso provoca dispersão de atenção e perda de previsibilidade. O governo deveria focar em poucos projetos, mas estruturantes e capazes de mudar a infraestrutura brasileira.”
Para Resende, o transporte de carga ferroviário seria a melhor opção de investimento. Hoje, 63% do transporte de carga no País é feito por rodovias, apesar de trens serem apropriados para levar mercadorias como commodities dos centros de produção aos portos.
Em relação à retomada da ideia de construção de um trem-bala entre São Paulo e Rio de Janeiro, Resende afirma que só faz sentido se for um empreendimento totalmente realizado pela iniciativa privada – como se tem falado atualmente. Isso porque o risco de um projeto como esse é alto e, nesse caso, o setor privado seria responsável por assumi-lo.
No caso da antiga proposta do PT para construir o trem-bala, apenas o projeto executivo (que acabou não sendo feito) tinha um custo de R$ 900 milhões. Em 2007, no entanto, o governo gastou R$ 69 milhões (em valores atualizados) para realizar estudos que balizariam o edital do leilão.
Biderman, da FGV, diz ser improvável que um projeto da magnitude do trem-bala seja completamente feito pela iniciativa privada. “No mundo inteiro, quem banca empreendimentos assim, até pelo porte, são os governos.”
Efeito no PIB
Ao alavancar os investimentos em infraestrutura, o governo pretende também impulsionar a economia, dado que a construção é um dos setores que mais geram empregos. Na visão do economista Armando Castelar, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), entretanto, um programa de infraestrutura não é suficiente para fazer o Produto Interno Bruto (PIB) avançar de forma significativa.
“Obviamente é bom fazer investimentos, sobretudo em um país que investe pouco em infraestrutura. Mas, quando você olha como proporção do PIB, não é isso que vai fazer a economia andar mais rápido, principalmente se a obra parar no meio”, diz Castelar. O economista pondera que, por outro lado, recursos são necessários para fazer investimentos e, se ocorre um aumento de tributação para gerar esses recursos, o resultado final na economia pode ser negativo.
Estudo da Inter.B aponta que a contribuição direta e indireta do PAC para o PIB no período entre 2007 e 2014 variou de 0,89% a 1,45% do PIB, ficando em média em 1,23%. Frischtak destaca que o cálculo é aproximado, mas que, com base nele, é possível concluir que o investimento não foi suficiente para alterar a trajetória do PIB.
Procurada, a Casa Civil não quis comentar os problemas que ocorreram nos projetos anteriores do PT.
Valor - SP 24/03/2023
Até outro dia havia fila de espera para comprar carro zero-quilômetro
Uma tempestade perfeita atingiu a indústria automotiva no Brasil. Além do aumento de preço dos componentes, da escassez de semicondutores e da desvalorização do câmbio, a demanda arrefeceu, afetando todas as montadoras. Esse contexto levou a Volkswagen, Hyundai, Mercedes-Benz, GM e Stellantis a programar férias coletivas e, em alguns casos, a suspender a produção de suas fábricas (veja abaixo a estratégia de cada uma).
Mas o que explica a queda na procura dos compradores, se até outro dia havia fila de espera para comprar carro zero-quilômetro? A resposta é a perda do poder de compra dos brasileiros. Com a taxa básica de juros a 13,75% no país, a média dos financiamentos de veículos gira em torno de 25% ao ano, o que coloca um freio na demanda.
Essa diferença nos percentuais se dá tanto pela natureza da operação quanto pelo risco elevado no mercado de crédito no Brasil. "Os bancos estão bastante restritivos com financiamentos – em especial, depois da crise da Americanas – e têm exigido uma parcela maior de entrada para tentar mitigar a inadimplência. Isso torna a venda de veículos mais difícil", afirma o consultor financeiro Jurandir Macedo.
A fragilidade do varejo fica ainda mais patente quando o fornecimento de peças começa a se normalizar, o que, em teoria, permitiria às fábricas a voltar a operar a todo o vapor. Mas essa fraqueza não apareceu da noite para o dia. Especialistas apontam que já faz tempo que a demanda está fraca, só que estava encoberta pela fila de espera por carros novos.
“A perda do poder aquisitivo e a alta dos juros afetam as vendas para a pessoa física. Muita gente perdeu o emprego durante a pandemia e agora é contratado por salários mais baixos”, destaca o consultor Cassio Pagliarini, diretor da Bright Consulting, em entrevista ao Valor.
“Diante de taxas de juros que estão oscilando em torno de 26% a 27% (no mercado de carros novos) o consumidor percebe que é preferível fazer uma poupança e quitar um carro adquirido futuramente do que fazer uma compra a prazo agora”, afirma.
Levantamento feito pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) comprova isso. As vendas à vista respondiam por 47% do total comercializado em dezembro de 2018, mas passaram a ser maioria (51%) no mesmo mês de 2020. Já no fim do ano passado, atingiram 70% do total.
“O Brasil passou de uma crise de produção, pela falta de semicondutores, para um ano que começa com sinais de demanda (fraca)”, diz Márcio Lima Leite, presidente da Anfavea, ao Valor. A elevação nos juros, admite o dirigente, impacta o mercado interno e tem levado a um envelhecimento da frota.
O ponto é que a competitividade acirrada da indústria automotiva não deve permitir que as montadoras fiquem paradas por muito tempo, segundo Antonio Jorge Martins, professor da Fundação Getulio Vargas. "A forte concorrência no setor exige uma retomada rápida, assim como implica na tentativa das empresas de se diferenciarem e produzirem caixa, sempre de olho na rentabilidade."
Estratégia das montadoras
A Volkswagen do Brasil vai conceder 10 dias de férias coletivas na fábrica de Taubaté (automóveis), a partir de 27 de março, "para manutenção na linha de produção da unidade e em razão da instabilidade na cadeia de fornecimento de componentes", diz a companhia, em nota. A ferramenta faz parte do pacote de flexibilidade previsto em acordo coletivo com o Sindicato e trabalhadores da VW.
Seguem operando normalmente as outras três unidades da Volkswagen do Brasil: a fábrica de automóveis Anchieta, em São Bernardo do Campo (SP); a fábrica de automóveis em São José dos Pinhais (PR) e a fábrica de motores em São Carlos (SP).
Por sua vez, a Mercedes-Benz vai adotar férias coletivas parciais nas fábricas de São Bernardo do Campo (SP) e Juiz de Fora (MG). Serão envolvidos colaboradores somente de algumas áreas produtivas durante o período de 3 de abril a 2 de maio de 2023.
"Esta necessidade de ajuste no programa de produção das fábricas é resultado da adequação dos volumes de vendas do mercado de veículos comerciais", diz a companhia, em nota. "Mais uma vez asseguramos a nossa prioridade em atender nossos clientes e seguir com a nossa missão de entregar os melhores caminhões, chassis de ônibus, serviços e tecnologias ao mercado."
Já a Hyundai Motor Brasil já está em férias coletivas, que começou em 20 de março e vai até 2 de abril, com retorno em 3 de abril, para os três turnos de produção e equipes administrativas de sua fábrica de veículos em Piracicaba, interior de São Paulo. Essa medida não inclui as operações da fábrica de motores, localizada no mesmo complexo industrial, que seguirão normalmente.
"A ação tem como objetivo adequar os volumes de produção para o mês de março, evitando a formação de estoques e acompanhando a dinâmica do mercado interno de veículos para o primeiro trimestre do ano. Os volumes originais de produção programados para os demais meses de 2023 permanecem inalterados", diz a montadora, em nota.
Já na GM, a fábrica em São Jose dos Campos fará ajuste temporário na produção da picape Chevrolet S10 e áreas afins. Também irá conceder férias coletivas aos empregados entre os dias 27 de março e 11 de abril. As demais fabricas seguem produzindo normalmente.
Por fim, a Stellantis informa que concedeu férias coletivas na planta de Goiana, Pernambuco, liberando um dos três turnos de trabalho a partir de 22 de março, com retorno ao trabalho programado para 10 de abril. Já no dia 27 de março, as atividades também serão interrompidas nos demais turnos, com retorno previsto para 6 de abril. Segundo a companhia, as demais plantas da empresa continuam a produzir normalmente. "A medida se deve à necessidade de ajustar o volume de produção à disponibilidade de componentes", diz, em nota.
Money Times - SP 24/03/2023
A Ford estima que sua unidade de negócios de veículos elétricos perderá 3 bilhões de dólares este ano, mas continua no caminho para atingir uma margem antes dos impostos de 8% até o final de 2026, disse a empresa.
A perda projetada foi revelada antes de um briefing no meio da manhã para investidores e analistas na quinta-feira para discutir detalhes do novo formato de relatório financeiro da montadora.
A partir dos resultados do primeiro trimestre, que serão anunciados em 2 de maio, a Ford começará a reportar por unidade de negócios como Model e (veículos elétricos), Blue (veículos a combustão) e Pro (veículos comerciais e serviços).
A Ford projeta o prejuízo acumulado de três anos da unidade de veículos elétricos de 2021 a 2023 em 6 bilhões de dólares, incluindo um prejuízo pró-forma no ano passado de 2,1 bilhões de dólares, mas espera que a unidade seja lucrativa antes dos impostos antes do final de 2026.
O diretor financeiro John Lawler disse que a Ford não divulgará mais os resultados financeiros por região, apenas por unidade de negócios, porque “é assim que estamos administrando a empresa agora”.
Ele disse que a Ford fornecerá vendas trimestrais e anuais e participação de mercado para os cinco principais mercados globais da empresa, mas não fará mais relatórios por região.
No ano passado, a montadora teve um prejuízo antes dos impostos de 600 milhões de dólares na China, empatou na Europa e registrou um modesto lucro de 400 milhões de dólares na América do Sul, com a maior parte de seu lucro antes dos impostos (Ebitda) de 9,2 bilhões de dólares vindo da América do Norte.
A empresa espera que seu negócio de veículos comerciais Ford Pro quase dobre o Ebitda este ano para 6 bilhões de dólares, enquanto o negócio tradicional Ford Blue deve ter um aumento modesto para 7 bilhões de dólares.
Lawler reafirmou a meta da empresa de uma margem Ebitda ajustada de 10% até o final de 2026.
Ele disse que a montadora terá capacidade global para fabricar 600 mil veículos elétricos até o final de 2023 e 2 milhões até o final de 2026 – “e pretendemos usar totalmente essa capacidade”.
Valor - SP 24/03/2023
A concessão de crédito depende de muitos fatores, incluindo onde as baterias e os materiais das baterias são adquiridos e onde as baterias e os veículos são montados
As montadoras adoraram quando o governo dos Estados Unidos lançou seu crédito fiscal de US$ 7,5 mil para pessoas que compram veículos elétricos. Agora, o setor pode não ter tanta certeza de como se sente.
A agência de notícias “EV Electrek”, citando pessoas familiarizadas com o assunto, informou que a Tesla espera que seu sedã Modelo 3 de preço mais baixo perca a elegibilidade para o crédito fiscal total de US$ 7,5 mil, porque o carro usa baterias LFP provenientes da China.
A Tesla e o Internal Revenue Service (IRS), a agência governamental responsável pela implementação do crédito fiscal, não responderam imediatamente a um pedido de comentário. As baterias LFP — que significa baterias de lítio-ferro-fosfato — custam menos, mas têm menos energia por unidade de volume. A indústria automobilística tende a usá-los em veículos elétricos com uma faixa por carga menor.
Perder todo o crédito, aprovado pela Lei de Redução da Inflação, seria uma surpresa. O crédito depende de muitos fatores, incluindo onde as baterias e os materiais das baterias são adquiridos e onde as baterias e os veículos são montados. O Model 3 é montado em Fremont, Califórnia. Um Model 3 com tração traseira custa cerca de US$ 43 mil para começar. Uma versão de melhor desempenho do Model 3, que provavelmente continuaria a se qualificar para o crédito de US$ 7,5 mil, começa em cerca de US$ 54 mil.
A Tesla seria capaz de corrigir qualquer possível problema de crédito fiscal das baterias LFP colocando baterias mais caras de origem americana no Model 3 básico. O custo extra provavelmente seria muito menor do que o benefício de US$ 7,5 mil. Tal mudança também dependeria se a Tesla tivesse baterias suficientes disponíveis em suas fábricas em Nevada e Texas.
O IRS deve atualizar os regulamentos em algum momento nas próximas semanas, à medida que trabalha com vários problemas, incluindo a origem das baterias. Isso significa que a lista de créditos para os quais vários veículos elétricos se qualificam pode mudar, uma fonte de incerteza para os investidores que pode levar a algumas mudanças de preço dos carros e nas margens, mas não deve levar a mudanças no comportamento de compra ou na participação de mercado de veículos elétricos.
O Estado de S.Paulo - SP 24/03/2023
Hoje, 24 de março de 2023, o carro flex completa 20 anos de sucesso. Há muito para celebrar. A data é um marco para a liberdade de escolha de consumidores, para a mobilidade sustentável no País e para a imensa contribuição da qualidade do ar nas grandes cidades brasileiras. Essa tecnologia disruptiva deu ao brasileiro mais autonomia, passando a poder optar pelo etanol na bomba, uma solução acessível, disponível e verde.
Foi uma adoção natural que veio confirmar o êxito do carro flex. Atualmente, representa quase 90% dos automóveis leves comercializados no Brasil, o que se explica em parte por políticas de estímulo ao desenvolvimento do setor automotivo nacional, mas, sobretudo, pela ampla oferta de etanol e pelo interesse do consumidor pelo biocombustível.
Desde o seu lançamento, graças à engenharia automotiva nacional, o desempenho com o etanol só melhorou. Segundo o Instituto Mauá, o rendimento energético do biocombustível em relação à gasolina pode chegar à proporção de 75% nos novos motores flex. Com a produção de etanol tendo se multiplicado mais de 300% desde 2003 e com a redução real do seu preço no período, são muitos os motivos para o consumidor optar pelo combustível verde.
Conforme o século 21 vai avançando, o etanol e o carro flex ganham mais impulso, uma vez que a necessidade da descarbonização da economia e a busca pela sustentabilidade tornaram-se objetivos prementes no âmbito global. A mudança de que o mundo precisa passa, sem dúvida, por um novo olhar para o transporte. É fundamental a discussão sobre o impacto ambiental dos veículos em toda a sua vida útil, do berço ao túmulo.
Neste debate, vale ressaltar que o etanol vem contribuindo para a melhor qualidade do ar e a redução significativa da emissão de poluentes nas nossas grandes cidades. De acordo com dados da Traffic Index, apesar de a capital paulista, uma das dez cidades mais populosas do planeta, apresentar o 24.º pior trânsito do mundo, é apenas a 1.476.ª colocada no ranking mundial de cidades mais poluídas (IQAir). Parte importante desse resultado está no fato de a cidade ter a maior frota urbana do mundo de veículos flex e alto consumo do etanol – este com participação de mais de 40% da matriz de combustíveis de carros leves nos últimos dez anos.
Olhando para o futuro próximo, é importante deixar claro que não há uma solução única para o mundo inteiro quando o assunto é sustentabilidade da mobilidade urbana. Embora os carros elétricos a bateria ganhem espaço, ainda estão distantes do consumidor médio e, portanto, longe da realidade nacional. Além disso, a construção de uma rede eficiente no território brasileiro para alimentar carros apenas a bateria exigiria um investimento de aproximadamente R$ 1 trilhão.
Já para as soluções que contam com o etanol como rotas para a eletrificação, a questão da infraestrutura está equacionada. O biocombustível tem uma rede de distribuição pronta, disponível e eficiente, abastecendo mais de 40 mil postos de combustíveis em operação em nosso país, de dimensão continental.
Outro ponto a considerar é que a contribuição ambiental de um carro 100% elétrico não é necessariamente maior do que a de um movido a etanol. No Brasil, o veículo flex movido a etanol emite, proporcionalmente, quantidade de carbono inferior a um carro 100% elétrico na Europa e nos Estados Unidos em razão da fonte de geração da energia elétrica.
No contexto atual, o carro movido apenas a bateria não parece ser aplicável mundialmente, mas novas tecnologias vêm sendo adotadas, como o veículo híbrido, em que se usa a eletrificação através de bateria apoiada pelo motor a combustão para gerar movimento com maior eficiência. Com a alternativa flex (híbrido flex), além da autonomia e da economia, os motoristas podem ainda contribuir com o meio ambiente e a sociedade, optando pelo uso do etanol.
Também na rota da eletrificação, há outra tecnologia com potencial de futuro que poderá usar o etanol: a célula a combustível. Esse tipo de motorização seria abastecido com o etanol, usando um reformador para converter o biocombustível em hidrogênio, que, por sua vez, alimenta a energia que movimenta o veículo.
O carro flex, o híbrido flex ou, ainda, híbrido a etanol, e a célula a combustível apresentam um enorme potencial para serem replicados em outros locais com características semelhantes às do Brasil. É o caso da Índia, um dos países que mais crescem e que, de acordo com a S&P Global, deve se tornar a terceira maior economia do mundo até 2030. Produtor de açúcar em larga escala, tem 80% da sua energia proveniente da importação de petróleo. Já existe um esforço bastante relevante para difundir o etanol por lá e em outros lugares no mundo, com o setor proporcionando troca de tecnologia para fomentar este processo. Por isso, o etanol ainda tem muitos quilômetros para percorrer, durante muitas décadas, prestando uma contribuição relevante para o desafio de contenção do aquecimento global e para a melhoria do ar que respiramos.
Um brinde ao etanol.
O Estado de S.Paulo - SP 24/03/2023
A Volkswagen vai iniciar a venda do seu primeiro carro elétrico no Brasil no segundo semestre. O utilitário-esportivo ID.4 estava em testes no País há mais de um ano. A marca alemã é uma das últimas a oferecer um modelo eletrificado no mercado brasileiro, mas entra no segmento com projeto de produção local em cerca de três a quatro anos.
A subsidiária brasileira trabalha, em conjunto com a matriz alemã, no desenvolvimento de carros híbridos flex de baixo custo, os chamados modelos de entrada. Com essa tecnologia, o carro terá um motor elétrico e outro a combustão, que poderá ser abastecido com gasolina ou etanol.
O investimento de R$ 7 bilhões anunciado para o período de 2022 a 2026 será ampliado para incluir o projeto que exigirá uma nova plataforma (base) para uma linha de veículos, segundo disse o presidente executivo da Volkswagen América do Sul, Alexander Seitz.
O executivo participou nesta quinta-feira, 23, de evento em comemoração aos 70 anos da chegada da marca do País, realizado na fábrica de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, a primeira das quatro plantas atuais, três delas para produção de automóveis e uma para motores.
“O híbrido flex vai ser muito importante para o mercado brasileiro nos próximos anos, até que modelos 100% elétricos tenham volume significativo (para venda e produção local)”, disse Seitz. “O ID.4 marca a largada da estratégia de eletrificação da marca no País.”
Segundo o executivo, há outros carros elétricos e híbridos previstos para chegarem ao mercado brasileiro entre os 15 lançamentos da marca previstos no plano atual de investimentos, a maioria importados.
Lançado na Europa em 2021 e com mais de 165 mil unidades vendidas até o momento, o ID.4 é o primeiro carro 100% elétrico da marca alemã e chega ao Brasil importado da Alemanha. Ele vai disputar o segmento premium de carros eletrificados. Terá recursos digitais como frenagem de emergência, sistema de permanência em faixa, detector de fadiga do motorista e de ponto cego, entre outros. O preço só será revelado no lançamento.
Primeiro presidente brasileiro
Seitz também anunciou durante o evento que Ciro Possobom é o novo presidente do grupo no Brasil, o primeiro brasileiro a ocupar o cargo. Desde janeiro do ano passado ele era chefe de operações da montadora.
Possobom afirmou que o mercado brasileiro de veículos nesses primeiros meses do ano está abaixo do esperado, mas disse que as recentes férias coletivas anunciadas em fevereiro para as fábricas de São Bernardo, São Carlos (SP) e São José dos Pinhais (PR) e neste mês para a unidade de Taubaté (SP) não estão relacionadas a queda de demanda, mas a falta de componentes.
“Não há crise de demanda e não reduzimos planos de produção”, ressaltou ele, que acredita numa melhora das vendas a partir do segundo semestre.
Recentemente, pelo menos três fabricantes de automóveis – General Motors, Hyundai e Stellantis –, anunciaram paradas em algumas linhas de produção e férias coletivas aos funcionários alegando baixa demanda do mercado. “Nós temos uma programação de produção para o ano que já inclui alguns períodos de férias coletivas que eventualmente são antecipados em razão de falta de componentes”, afirmou Possobom.
O Estado de S.Paulo - SP 24/03/2023
O economista e analista legislativo Leonardo Ribeiro construiu boa parte de sua carreira no setor público voltada às finanças do Estado, de olho também nas formas de tornar o gasto público mais eficiente. Neste ano, foi escolhido para atuar diretamente no segmento de infraestrutura, nomeado em fevereiro como Secretário Nacional de Transporte Ferroviário do Ministério dos Transportes, comandado por Renan Filho (MDB).
Agora, alocado em uma das pastas tidas como mais “gastadoras” na Esplanada dos Ministérios, Ribeiro vê a responsabilidade e a previsibilidade fiscal como “aliança” fundamental ao desenvolvimento da infraestrutura no Brasil, que enfrenta um déficit gigantesco de investimentos. “Estou otimista de que teremos um programa de controle de gastos correntes, possibilitando espaço fiscal para investimento em infraestrutura”, afirmou em entrevista ao Estadão/Broadcast. A falta de priorização ou de espaço no Orçamento para investir em ferrovias são historicamente obstáculos para o desenvolvimento do modal, que carrega apenas 17% das cargas no País. Governos passaram com a promessa de aumentar de forma significativa esse número, sem sucesso. Ribeiro avalia existir hoje uma combinação de fatores para mudar esse cenário.
Assim como integrantes da Casa Civil e da Fazenda, o secretário e o ministro dos Transportes dizem acreditar no uso das Parcerias Público-Privadas (PPP) para impulsionar o modal. Como a viabilização desse instrumento, que depende de recursos públicos, sempre esbarrou na falta de um sistema de garantias, Ribeiro defende uma solução ao problema que passa pela reforma fiscal do Estado.
Entre as ideias estaria prever uma despesa obrigatória para sustentar as contraprestações da União nas PPPs. “O País já teve todo tipo de despesa obrigatória, só não teve uma das mais importantes, que é para viabilizar PPP para infraestrutura”, disse Ribeiro, que também é um dos idealizadores da Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado.O secretário ganhou mais experiência no setor de infraestrutura ao propor – quando atuava como assessor no gabinete do ex-senador José Serra – o que se tornou em 2021 o novo Marco Legal das Ferrovias. Na entrevista, ele indicou possíveis rumos na regulamentação da lei, falou sobre o futuro da Ferrogrão, além das renovações antecipadas de contrato de concessões.
A seguir, os principais trechos da entrevista:
Qual foi a missão que o senhor recebeu do ministro Renan Filho para a secretaria?
O ministro Renan Filho me passou a missão de aumentar a participação do setor ferroviário na matriz de transporte, ouvindo os stakeholders, e trazendo a experiência que tenho nas áreas fiscal, legislativa e econômica para a infraestrutura. É uma secretaria inédita desde a Constituinte. O novo governo mostra que teremos um ciclo de planejamento de infraestrutura mais estável, e com esse novo arcabouço fiscal podemos ter um compromisso fiscal de longo prazo com a infraestrutura.
O governo anterior anunciou intenções de expandir a malha ferroviária, mas trabalhava com cenário de restrição fiscal. Como o modal pode se beneficiar nesse novo cenário?
O teto de gastos teve sua importância lá trás, mas não funcionou porque foi criado para controlar gastos ineficientes, mas ele foi sendo alterado, e a infraestrutura foi a principal vítima. Quando se vê a relação entre gasto corrente e gasto com investimento, vemos uma queda brutal de investimentos. A situação que herdamos no setor de transportes é caótica. Com o ministro Renan Filho estou otimista. Eles fizeram uma grande gestão em Alagoas, com George Santoro (ex-secretário de Fazenda em Alagoas e escolhido para ser secretário executivo nos Transportes), um programa de investimentos com responsabilidade fiscal. Precisamos caminhar nesse programa de investimento em infraestrutura com estabilidade macroeconômica, com estabilidade fiscal, porque isso é importante para deixar sob controle a inflação, os juros. O ambiente econômico é muito importante para infraestrutura. Estou confiante de que a equipe econômica é muito qualificada. Otimista que teremos um programa de controle de gastos correntes, possibilitando espaço fiscal para investimento em infraestrutura.
E como atingir esse ambiente?
O novo arcabouço fiscal com reforma tributária vai transformar o Brasil. E não estou falando só de investimento público direto, mas PPPs. A grande questão da PPP é o viability gap fund (recurso para viabilizar um projeto que, repassado à iniciativa privada sem recursos do Estado, não se sustenta financeiramente).
E para entrar nesse tipo de projeto o investidor precisa ter claro o nível de sustentabilidade fiscal da União, que ela não deixará de pagar sua parte pelo projeto...
A aliança na infraestrutura com previsibilidade fiscal é fundamental. Isso permite que o privado tenha confiabilidade de que aquela fonte de recursos para contraprestação de uma PPP vai se dar dentro de um arcabouço. Pode-se fazer isso de formas distintas. Tem fundos garantidores. O exemplo da Bahia é muito interessante. Mas no governo federal existem algumas dificuldades para operacionalizar o fundo garantidor. Acho que uma saída, que parece estar sendo discutida, é ter uma despesa obrigatória para contraprestação. Se você coloca isso num arcabouço que terá uma despesa para fazer equalização de uma PPP, que não pode ser contingenciada, aí você cria instrumento que o Brasil nunca teve. O País já teve todo tipo de despesa obrigatória, só não teve uma das mais importantes, que é para viabilizar PPP para infraestrutura.
E hoje o time da Fazenda é muito simpático às PPPs…
Estou dando meu pitaco. Acho que poderia resolver essa questão da previsibilidade colocando isso. Se tem espaço fiscal para fazer essa equalização, o que você precisa, que é o mais importante, são bons projetos. Com isso, vejo o Brasil deslanchar, porque não vai faltar PPP para bons projetos.
Já tem algum novo projeto que vocês enxergam para ser construído com suporte orçamentário da União? Hoje temos o corredor Fico-Fiol construído em parte com investimento cruzado (a partir de recursos obtidos com as renovações antecipadas de contratos de concessão de ferrovias).
O corredor com Fiol 1, 2 e 3 e Fico faz a integração entre Centro-Oeste e os portos de Santos (SP), de Ilhéus (BA). No trecho da Fiol 2, estamos com cerca de 58% (de execução), faltam dez pontos percentuais para chegarmos num nível viável para fazer concessão (do corredor - com exceção da Fiol 1, já concedida). Quanto à Fico, tem boas notícias. Chegaram 1,8 mil toneladas de trilhos no canteiro (e mais 5,2 mil toneladas de trilhos já descarregadas no porto).
Qual é o prazo para esse trecho da Fico, que é executada pela Vale?
Cinco anos. E nosso trabalho será para reduzir. Os trilhos estão chegando. E nosso trabalho é acelerar e isso virar possibilidade de concessão.
A renovação da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) travou no último governo porque cada Estado por onde a ferrovia passa pedia por um projeto diferente, que atendesse a sua região…
O governo anterior não teve nenhuma preocupação com a coordenação intergovernamental. Pelo contrário, eu chamaria de federalismo de colisão. Tinha uma briga danada entre Estados e municípios e União toda hora. Agora não. Fica muito mais fácil. O comitê de federação é uma boa prática internacional. Dá para ouvir os subnacionais e fica mais fácil na hora de selecionar os projetos. E isso pode ser importante na renovação da FCA.
Mas já está definido se vocês vão renovar ou não a concessão da FCA?
Não tem nada decidido.
Isso passa por uma reavaliação da política de renovação antecipada de contratos como um todo?
Eu não diria que é uma reavaliação. Estamos olhando como foram feitas as últimas renovações, estamos fazendo as contas e vendo o que pode ser aprimorado e melhorado, dentro de um ambiente de interação.
O presidente da Infra SA, Jorge Bastos, nos falou sobre a possibilidade de usar trechos devolvidos da FCA para formatar trechos como PPP, se a renovação for assinada…
A FCA é uma grande malha. Tem trechos sem operacionalidade. Tem trecho de Corinto (MG) a Campo Formoso (BA) que está com pouca operacionalidade. O concessionário precisa indenizar caso aquele trecho devolvido não esteja em condições. E esse é um recurso que pode ser usado numa PPP. Estou falando que pode, uma possibilidade. Estamos avaliando as opções para apresentar propostas. Tem que ser conversado com a Casa Civil, o PPI, a própria empresa.
E para Ferrogrão, o que vocês estão pensando? Hoje está suspensa por decisão do STF por questão envolvendo o Parque do Jamanxim, no Pará.
A Ferrogrão tem importância porque ela vai escoar a produção de grãos para Miritituba (PA), escoando a produção de Mato Grosso. Tem tratativas que nós devemos fazer com o Ministério do Meio Ambiente.
Ela é olhada como um ‘projeto verde’, mas com críticas de ambientalistas…
Acho que podemos pensar dessa forma: se não fizermos a Ferrogrão, o que vai acontecer? Se tiver que duplicar a BR-163 você vai ter um problema ainda maior ambiental. Acho que Ferrogrão é muito importante. Inclusive, discute-se a viabilidade de se fazer um trecho menor. A grande questão da Ferrogrão é a MP que alterou o Parque do Jamanxim. A Constituição fala que isso deveria ter sido proposto por projeto de lei. É uma questão que será decidida pelo STF, pautada para maio. Mas aqui estamos estudando, levantando diagnóstico.
Em novembro, o governo editou decreto para regulamentar o marco legal das ferrovias. Vocês pensam em ajustar ou editar novo decreto?
A discussão do marco legal foi incrível (o relator era o petista Jean Paul Prates, que negociou o projeto com o governo Bolsonaro). O senador José Serra tem uma frase muito boa: a política é a arte de ampliar os limites do possível. E nessa discussão, vimos isso. E na regulamentação, temos muitas possibilidades. A lei fala de um plano nacional de transporte ferroviário, estamos pensando como poderia ser. E tem a questão do compartilhamento de malha. A economia mostra que você pode fazer a cooperação entre os agentes econômicos. Quando eles percebem que cooperar é melhor que competir, entra num ambiente onde você pode fomentar negócios. Em vez de fazer duas autorizações de ferrovias, uma do lado da outra, por que não juntamos forças? Por que não fazer cooperação com uma malha estruturante, e mostrar que vamos ter carga para passar? E o importante também é ter as definições do que é ferrovia estruturante, do que é shortline, porque a estruturante pode demandar um planejamento mais atuante do Estado.
Diário do Comércio - MG 24/03/2023
O leilão do Lote 3 do Programa de Concessão Rodoviária, que contempla um trecho entre Varginha e Furnas, no Sul de Minas, inicialmente previsto para esta sexta-feira, foi adiado para 25 de maio. Os investimentos previstos no sistema rodoviário devem totalizar R$ 2,6 bilhões.
De acordo com a Secretaria de Estado de Infraestrutura e Mobilidade (Seinfra), o lote possui 432,8 km de extensão passando pelas rodovias BR-146, BR-265, MG167, CMG369, CMG491, entre os municípios de São Sebastião do Paraíso e Três Corações. O Lote 3 irá contemplar 22 cidades no total.
O investimento previsto para o empreendimento é de R$ 2,6 bilhões ao longo de 30 anos, sendo R$ 1,3 bilhão nos oito primeiros anos de concessão, incluindo trechos de duplicação. A expectativa é de que esses recursos sejam destinados na inclusão de serviços aos usuários, como socorro mecânico, atendimento médico, combate a incêndios e apreensão de animais.
Além de se responsabilizar pelos serviços de operação, manutenção e conservação dos trechos ao longo dos anos de contrato, a concessionária que vencer o leilão também terá que realizar a duplicação do trecho de aproximadamente 8 km da MGC-491, entre Varginha e Três Corações. A empresa ainda será responsável pela implantação de cerca de 30 km de faixas adicionais e de 236 km de acostamentos e da execução de diversos dispositivos nas interseções rodoviárias.
Ela também terá que realizar inventário de emissões de gases de efeito estufa anualmente com metas voluntárias de redução de emissões. O Lote 3 contará ainda com um plano de implementação de estruturas para gestão de recursos naturais e eficiência energética e análise de risco de desastres naturais e mudanças climáticas.
Programa de Concessões Rodoviárias
O Programa de Concessões Rodoviárias prevê a concessão de sete lotes pelo Estado, que abrangem cerca de 3 mil km de rodovias, impactando mais de 100 municípios mineiros e mais de 5 milhões de pessoas.
No total, o governo de Minas espera que o programa atraia mais de R$ 11 bilhões em investimentos privados para a ampliação de capacidade e recuperação das rodovias. O plano também conta com o apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG).
A expectativa é de que esse programa de concessões possa melhorar a qualidade das estradas mineiras, impactando diretamente na redução dos acidentes e na segurança de seus usuários.
Lotes negociados
Os dois primeiros lotes, Triângulo Mineiro e Sul de Minas, foram leiloados em agosto do ano passado. Ambos foram adquiridos pelo Consórcio Infraestrutura MG, formado pela Equipav S.A e Perfin S.A.
No caso do Lote 1 (Triângulo Mineiro), o investimento previsto é de R$ 3,17 bilhões, além de R$ 2,8 bilhões de custos operacionais. Esse lote contempla as rodovias BR-452, BR-365, CMG-452, CMG-462, LMG-782, LMG-798, LMG-812, MG-190, MG-427, e possui 627,4 km de extensão.
Já os investimentos no Lote 2 (Sul de Minas) devem ser de aproximadamente R$ 2 bilhões. Ele é composto pelas rodovias BR-459, MG-173, MG-290, MG-295, MG-455, além da CMG-146 e da LMG-877, e se estende por 466,4 km.
Os lotes quatro (São João del-Rei), cinco (Itapecerica-Lagoa da Prata) e seis (Arcos-Patos de Minas) estão em consulta pública; enquanto o Lote 7 (Ouro Preto) já está na fase de documentos licitatórios.
Diário do Aço - MG 24/03/2023
A VPorts, empresa que comprou em leilão de privatização a antiga Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa), anunciou que a partir desta semana passa de R$ 1.103,50 para R$ 18.729,65, a taxa cobrada por navio que ancora em seus portos. A aumento é de 1.800% e gerou preocupação entre os empresários capixabas e mineiros, que são os maiores clientes dos serviços nos portos capixabas.
Os empresários alertam que a decisão da Vports criou uma forte pressão, levando os sindicatos a marcarem uma reunião urgente com representantes do setor para definir como o nicho atuará diante da decisão de reajuste. A VPorts explicou que a taxa engloba todos os navios que acessam o Complexo Portuário de Vitória e Tubarão.
O caso foi parar no Congresso Nacional. Nesta quarta-feira, o deputado federal Elder Salomão (PT-ES) ocupou a tribuna para questionar os efeitos da privatização dos portos no seu estado. O deputado mostrou uma manchete de jornal de 25 de abril de 2022 em que o governo federal afirma que a privatização dos portos no Espírito Santo iria proporcionar uma redução das tarifas portuárias em até 65%. Dessa forma, a Codesa foi privatizada pelo governo Bolsonaro em março de 2022.
“Pois vejam a manchete de hoje (22/3), menos de um ano depois: ‘Taxa para navios sobe 1.800% no Espírito Santo em todos os portos’. Quem tá dizendo isso são empresários que atuam na atividade portuária. Estão dizendo que este aumento das tarifas vai gerar demissões e encarecimento dos produtos para o consumidor. Olha aí, povo brasileiro, e povo capixaba o que fez o governo anterior. As tarifas portuárias onde a Codesa foi privatizada há seis meses hoje é enunciado aumento de 1.800%. E quem vai pagar essa conta? É a população brasileira, porque os empresários estão dizendo que vai ter demissão e aumento de preços dos produtos que passam por esses portos”, disparou o deputado.
Para o deputado, seguidas decisões que beneficiaram grupos empresariais levaram à condição em que a inflação voltou a subir e, para conter a alta da inflação, aumentaram os juros, o que pesa no bolso do consumidor, obrigado a reduzir o consumo.
Privatização em março de 2022
Conforme publicado pelo jornal A Gazeta, em 30 de março de 2022, a Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa) foi vendida por R$ 106 milhões à Quadra Capital, representada pela FIP Shelf 119 Multiestratégia, em leilão. O projeto de privatização havia recebido duas propostas, sendo a outra do Consórcio Beira Mar .
Conforme o governo federal, esse foi o primeiro leilão de uma estatal do setor portuário no país e servirá como um tipo de “teste” para privatização de outros portos, inclusive o de Santos (SP). Além de arrematar a Codesa, a empresa também assumiu a concessão do Porto de Vitória e do Terminal de Barra do Riacho (Aracruz), num contrato de 35 anos, em que estão previstos investimentos de R$ 850 milhões, dos quais, R$ 335 milhões na ampliação dos portos.
Globo Online - RJ 24/03/2023
O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, disse que a companhia avalia voltar a investir em nova infraestrutura de gás no Brasil, como gasodutos. O movimento vai ocorrer após a estatal ter vendido ativos como a TAG e NTS, as duas maiores malhas do Brasil, e ter colocado à venda o gasoduto Brasil-Bolívia.
— Com certeza vamos participar do desenvolvimento de infraestrutura. Antes de assumir a presidência da Petrobras , ainda na transiçào, visitei NTS e TAG e conversamos sobre essa questão de investimento novo. O governo vai reger essa orquestra e os violinos e os violoncelos estão todos afinados para tocar - disse Prates.
O presidente da Petrobras destacou ainda que em 2027 os planos envolvem produzir gás suficiente para o país não depender mais de importação de gás, feito através de GNL (em estado liquido, que segue por preços internacionais).
Segundo sua previsão, haverá mais 54 milhões de metros cúbicos por dia em 2027 com base em projetos na Bacia de Campos, Sergipe-Alagoas, a Rota 3 (gasoduto) e produção de biometano.
Ao citar os investimentos e os projetos, Prates criticou novamente a politica de preços atrelada ao cenário internacional como petróleo e dólar.
-Será gás suficiente para não depender de importação. Daqui a pouco vamos ter PPI de gás. Era para onde estávamos caminhando. Daqui a pouco vão impor PPI de gás. O preço que vamos fazer será o melhor preço que vamos fazer. Vamos disputar a tapa esse cliente. Estou praticando o melhor preço que posso.
Ministério de Minas e Energia congelou processos por 90 dias
Mais cedo, em evento na Fundação Getúlio Vargas, Prates criticou a atual política de paridade de preços dos combustíveis com o mercado internacional e comparou a situação da estatal com a da rede de fast food McDonalds. Disse que, se o presidente do MCDonalds tivesse que fazer ações para permitir o crescimento do Burger King, ele provavelmente seria demitido.
Prates disse ainda que, com os novos projetos, a estatal deve reduzir o volume de injeção de gás nos campos, que hoje é de 52%.
-Temos um gap até 2027 que nos faz ficar nessa situação. Mas é super temporária pois em 2027 começa a entrar gás — afirmou Prates.
Prates afirmou ainda que ser sócio da Petrobras é bônus e não ônus.
— Ao contrário de ser ônus é bônus ser sócio do governo brasileiro. Ser sócio da Petrobras é ser sócio do estado brasileiro. E isso não pode ser coisa feia, uma desvantagem. Passamos por traumas e vamos continuar.
Valor - SP 24/03/2023
Motivo da exposição é a volatilidade dos preços que existe atualmente no mundo, explicou o diretor-geral da agência, Rodolfo Saboia
O diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Rodolfo Saboia, afirmou nesta quinta-feira (23) que o desenvolvimento de terminais de gás natural liquefeito (GNL) no mundo faz com que Brasil fique mais exposto ao mercado externo.
O motivo da exposição, segundo ele, que participa de evento de energia da Fundação Getúlio Vargas, é a volatilidade dos preços que existe atualmente no mundo.
Saboia contou que estão em construção nos estaleiros pelo mundo um total de 182 navios gaseiros, em busca de melhores contratos.
Rodolfo Saboia, diretor geral da ANP — Foto: Leo Pinheiro/Valor
Valor - SP 24/03/2023
O barril do petróleo WTI com entrega prevista para maio recuou 1,33%, a US$ 69,96, e o barril do Brent para junho cedeu 1,15%, cotado a US$ 75,50
O petróleo fechou em baixa de mais de 1% nesta quinta-feira (23) e devolveu boa parte dos ganhos acumulados na sessão passada, enquanto investidores ponderam riscos de recessão em grandes economias desenvolvidas após decisões de juros e sinalizações de bancos centrais nos Estados Unidos e Europa.
O barril do petróleo WTI, referência americana, com entrega prevista para maio recuou 1,33%, a US$ 69,96. Já o barril do Brent, referência global da commodity, para junho cedeu 1,15%, a US$ 75,50.
O dia começou positivo para o petróleo, mas, aos poucos, perdeu força no mercado futuro, diante da persistente preocupação de que o aperto do crédito nos EUA e a postura agressiva de bancos centrais na Europa levem ambas as regiões para uma recessão este ano.
Um dia depois do Federal Reserve (Fed) elevar os juros em 0,25 ponto percentual (p.p.), o Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) adotou decisão similar e subiu a taxa bancária a 4,25%. Segundo Filippos Papasavvas, economista de mercados da Capital Economics, as altas dos dois BCs, mesmo diante da turbulência recente no setor bancário, devem pesar sobre ativos de risco e aumentar a demanda por títulos da dívida soberana, pressionando mais os rendimentos da renda fixa global.
“Embora os bancos centrais estejam prontos para responder se a turbulência do setor bancário piorar novamente, os juros básicos ainda aumentarão um pouco mais, dado o quão acima da meta a inflação está na maioria das economias”, prevê Papasavvas.
Além dos fundamentos desfavoráveis, o petróleo recuou hoje após uma sequência de três sessões seguidas de fortes ganhos. Na semana, os contratos futuros mais líquidos do WTI e do Brent ainda avançam de 3% a 4%.
Petro Notícias - SP 24/03/2023
O segmento de exploração de novos poços de petróleo no Brasil receberá cerca de US$ 1,5 bilhão em investimentos no ano de 2023. A previsão foi revelada nesta semana pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), que publicou o dado em um novo painel dinâmico sobre os contratos em fase de exploração. A maior fatia de recursos (US$ 1,1 bilhão) será aplicada na perfuração de até 33 novos poços durante este ano. Desse total, 22 poços serão perfurados em campos terrestres, enquanto que os 11 restantes serão do ambiente marinho.
Na parte de sísmica, a ANP estima que as atividades de levantamento de sísmica 2D em 2023 resultarão na aquisição de 2.646 km e no processamento de 2346 km. Já as atividades referentes à sísmica 3D deste ano terão 522 km² de aquisição e 925 km² de processamento. A agência prevê ainda 21 testes de poços exploratórios em 2023.
A atividade exploratória no Brasil seguirá aquecida pelo próximos dois anos. Ainda de acordo com a ANP, em 2024, os recursos previstos em áreas exploratórias serão de aproximadamente US$ 1,5 bilhão. Desse total, uma parcela de US$ 1,2 bilhão será empregada na perfuração de 36 novos poços. Já para 2025, o total de investimentos estimado é de cerca de US$ 1,4 bilhão – sendo que US$ 1,2 bilhão será destinado especificamente para a perfuração de ao menos 18 novos poços.
A fase de exploração é a primeira dos contratos de áreas de petróleo e gás. Nessa etapa, as áreas exploradas são chamadas de blocos, e as empresas realizam estudos e atividades (como levantamentos sísmicos e perfuração de poços) para detectar a presença de petróleo e/ou gás natural em quantidade suficiente para tornar sua extração economicamente viável. Em caso positivo, a empresa apresenta uma declaração de comercialidade à ANP e o bloco (ou parte dele) se transforma em um campo produtor, dando início à fase de produção. Em caso negativo, a empresa pode devolver o bloco (ou parte dele) à ANP.
Os dados divulgados nesta semana pela ANP constam nos Planos de Trabalho Exploratório (PTE) das empresas detentoras de contratos de exploração e produção de petróleo e gás. O PTE é o instrumento pelo qual são especificadas as atividades, juntamente com seus respectivos cronogramas e orçamentos, para cada bloco sob contrato, bem como para o período em que forem executadas as obrigações remanescentes, atividades vinculadas ao descomissionamento de instalações após o término do contrato de exploração e produção na fase de exploração.
Anteriormente, a ANP já havia divulgado um painel dinâmico com previsões de atividades, investimentos e produções de campos na fase de produção. Neste caso, somente em 2023, serão US$ 22,8 bilhões de investimentos. A maior fatia dos recursos terá como destino a Bacia de Santos (US$ 14,3 bilhões). Em seguida, aparece a Bacia de Campos, com US$ 7,6 bilhões estimados. Para 2024, os investimentos esperados para os campos já em produção somam quase US$ 26,6 bilhões.
Valor - SP 24/03/2023
No Senado americano, ‘Belt and Road’ preocupa, e muito
A viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China tem um significado na política interna brasileira que não passa despercebido nem por um especialista em política externa, como o cientista político Oliver Stuenkel, professor-adjunto da FGV de São Paulo.
Cerca de um terço da caudalosa comitiva que acompanha o presidente à Ásia é do agronegócio, e do agronegócio ligado à indústria da carne. São mais de cem representantes do setor. Não à toa, o primeiro anúncio oficial relacionado à visita foi a decisão chinesa de suspender o embargo às importações de carne do Brasil, suspensas desde fevereiro em função de um caso de vaca louca no Pará. A divulgação da liberação foi feita nessa quinta-feira, em Pequim, pelo ministro da Agricultura Carlos Fávaro.
O agronegócio no Brasil tem uma vocação natural para o bolsonarismo, mas a condução da política externa de Bolsonaro calcada na ideologia criou uma brecha, por onde Lula ganha a ocasião de se mostrar mais “business friendly” que seu antecessor em ao menos um aspecto, observou Stuenkel. A centena de empresários e executivos do setor em companhia de Lula é o gesto mais efetivo desde o início do governo para cindir o monolítico alinhamento do agronegócio com a direita.
No Senado americano, ‘Belt and Road’ preocupa, e muito
É uma aproximação que ainda tem muitas zonas de sombra, representadas pela tolerância do governo com invasões de propriedades produtivas pelo MST e que podem crescer, a partir do momento que o Supremo Tribunal Federal rever seu entendimento sobre o marco temporal da terra indígena, abrindo caminho para Lula fazer as novas demarcações que prometeu.
A contrapartida brasileira ao gesto da China deve ser a provável assinatura do memorando da iniciativa “Belt and Road”, um acordo de caráter global para investimentos chineses em infraestrutura, que o governo do Brasil relutava há tempos em firmar e que surpreende especialistas em China como o historiador Marcos Cordeiro Pires, professor da Unesp de Marília. Ele enxerga nesta assinatura, que deve ser confirmada durante a visita, “uma encrenca indesejável com os Estados Unidos”.
A questão é geopolítica. Nessa quinta-feira, 23, em sessão de uma comissão especializada do Senado americano, a general Laura Richardson, comandante do Comando Sul, demonstrou imensa preocupação com a iniciativa chinesa. Em sua visão, a “Belt and Road” construirá uma relação de dependência da América do Sul em relação a China, o que é “definitivamente preocupante”. Ela destacou que 21 países da região já assinaram o documento. “A China expande a sua capacidade de manipular governos com práticas de investimento predatório”, afirmou Richardson.
De acordo com a militar, a pandemia de covid-19 enfraqueceu os governos locais, incapazes de entregar às suas nações uma saída econômica. É nessa circunstância que chega a China com bilhões de dólares para a construção de rodovias, represas e portos. “Eles [governantes latino-americanos] precisam mostrar que estão fazendo entregas para suas populações e os projetos de infraestrutura são provavelmente a melhor maneira de mostrar progresso”, disse a militar.
O resultado dessa dinâmica foi sinalizado pela general, que lembrou que os Estados Unidos têm um monte de investimentos na região para mostrar e, em suas palavras, “fincar a bandeira americana”. O depoimento da general está disponível no site do Comando Sul dos Estados Unidos.
É uma dinâmica que pode ser favorável para o Brasil. “Quanto maior a relação com a China, mais espaço de manobra se tem com os Estados Unidos”, afirmou Stuenkel.
Essa possibilidade de relação pendular ficou absolutamente comprometida durante o governo Bolsonaro. O ex-presidente envenenou a relação com a China por motivos ideológicos e de vassalagem ao projeto político de Donald Trump. Não foi preciso aos Estados Unidos conceder muito.
O que os Estados Unidos poderiam oferecer ao Brasil para compensar a ofensiva chinesa? Há um ponto frágil na relação econômica entre Brasil e China. Se a China pode abrir o mercado agrícola ao Brasil de uma maneira que os Estados Unidos jamais serão capazes, não se pode contar com a China para uma política ampla de reindustrialização do Brasil. Em termos de valor agregado, a relação com a China é menos atraente.
Na viagem de Lula à China, o ponto mais arriscado, nas palavras de Stuenkel é superestimar o país anfitrião, conferindo uma importância global que ele ainda não tem.
É altamente improvável que a China possa ser mediadora da guerra da Ucrânia. Esse horizonte ficou ainda mais distante depois da reunião bilateral entre Xi Jinping e Vladimir Putin, em que os dois líderes usaram retórica antiocidental. No comunicado conjunto, divulgado quarta-feira na página em mandarim do site da chancelaria da China, Xi e Putin protestam contra a “narrativa hipócrita da chamada ‘democracia’ contra o autoritarismo”.
É longa a sucessão de frases desastrosas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva desde sua vitória eleitoral no ano passado, mas talvez nada supere a dessa quinta-feira no Rio de Janeiro. Considerar a operação da Polícia Federal uma “armação de Sergio Moro”, além de ser uma “fake news” evidente, no pior estilo de Bolsonaro, recolocou os holofotes em sua nêmesis política. Lula deixou Moro no lugar em que o ex-juiz sempre quis estar: polarizando com o petista e com todos os microfones à sua disposição.
O presidente expõe-se a riscos desnecessários. Se ocorrer algo ruim com o senador ou sua família, como um gesto tresloucado de militância, ou ação de um marginal, ou outra coisa qualquer, a fatura pode terminar sob sua mesa.
Quanto ao novo bombardeio em cima de Campos Neto, o cálculo político falou mais alto. Em um cenário econômico ruim (ou “desafiador”, para usar um dos chavões do momento), é conveniente para o presidente ter como transferir responsabilidades. Em relação ao BC, é jogo jogado.
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